Jornal araguaia 2009 2

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Jornal Araguaia GOIÂNIA, SETEMBRO DE 2009 1 GOIÂNIA, SETEM-

O jornal da nossa faculdade

Goiânia, 2009/2 - http://www.faculdadearaguaia.edu.br

O outro lado das redes sociais Sites de relacionamento podem se transformar em ‘faca de dois gumes’, tornando-se ferramentas importantes para agressores localizarem suas vítimas e também em investigações realizadas pela polícia [2] Comunidades virtuais podem se voltar contra os próprios usuários

eSPORTES:

foto dema

OPINIÃO: Gostei, copiei, não pedi! [5]

Caia na rede do futebol digital [7] Curiosidades sobre o apito [8]

Eu não acredito no Orkut [6]

COMPORTAMENTO:

Sozinhos, em meio à multidão virtual [5]

Alegria de fazer o bem [6]

CIDADES:

Muito além do mundo virtual, a rede social do trabalho voluntário pode ser a única esperança para pessoas carentes. [4] tWITTER, A MAIS NOVA ONDA DA INTERNET [8]

Delegacia Estadual do Meio Ambiente divulgA lista de pichadores na capital. [2]

Estabelecimentos reúnem pessoas em busca de amigos e diversão, mas também prestam serviços terceirizados. Saiba mais a respeito das regras legais para o setor [3]

Textos:

EXPEDIENTE

Adriane Gonçalves, Beatriz Cardin, Daniel de Paula, Jackeline Gonçalves, Juliana Nogueira, Mayara Rosa Sobrinho, Roldão Júnior, Rosana Virote, Sílvio Túlio, Viturino Teles O Jornal Araguaia é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade Araguaia. Participaram desta Edição os alunos da disciplina Produção de Jornal Impresso II, do segundo semestre de 2009, sob a orientação da professora Patrícia Drummond, e os alunos da disciplina de Diagramação, sob a orientação do professor Flávio Gomes. Eixo temático: Redes Sociais e Comportamento.

Edição:

Daniel de Paula, Diego Joaquim, Paulo Henrique Assis e Rafael Vaz

Diagramação: Leandro Santos

Edição Geral:

Professora Patrícia Drummond

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CIDADES

Jornal Araguaia

O outro lado das redes sociais Sites de relacionamento podem se transformar em ‘faca de dois gumes’, tornando-se ferramentas importantes para agressores localizarem suas vítimas e também em investigações realizadas pela polícia Adriane Gonçalves O mundo virtual vem ganhando diariamente novos adeptos. A tecnologia empregada nas redes sociais propicia uma interação maior e melhor entre os internautas. Cada vez mais, as pessoas têm procurado as comunidades virtuais com o objetivo de se socializarem. Formou-se um ciberespaço onde todo mundo pode encontrar novos amigos e até namorar. É o caso de Eliana Souza, de 20 anos, que conheceu seu atual namorado através do Orkut. Tudo começou quando o rapaz a encontrou na rede de amigos de seu tio, que estuda na mesma faculdade que ela. Ele mandou um convite para Eliana, a jovem aceitou e, então, iniciou-se a paquera. Nem mesmo a distância foi motivo para impedir o namoro: um mora em Formosa e, o outro, em Aparecida de Goiânia. Ambos procuram minimizar a saudade por

meio das conversas via Orkut e MSN. Para quem não consegue manter uma interação física com outras pessoas, as redes sociais podem ser uma excelente ‘válvula de escape’. Virtualmente, é possível exprimir sentimentos, prazeres, vontades e medos. Talvez seja essa a explicação para o sucesso dos blogs e do mais novo hit cibernético: o twitter. Se, por um lado, as redes sociais funcionam como um espaço de interatividade, por outro, podem acabar se tornando um verdadeiro pesadelo na vida daqueles que as utilizam. É o que popularmente chamaríamos de ‘faca de dois gumes’... O estudante P.D., de 16 anos, conheceu os dois lados do Orkut: foi através do seu perfil – utilizado de forma leve, para contato com os amigos e por pura diversão – que seu agressor o identificou. O

garoto ‘ficou’ com uma menina da escola – também menor de idade – em uma festa. A menina, que havia terminado um namoro, contou ao ex sobre o rápido romance. Enciumado, ele acabou identificando P.D. por meio do Orkut da garota, e deixou uma mensagem de ameaça em sua página. No dia seguinte, na saída da escola, no Jardim América, P.D. foi agredido pelo rapaz, que estava acompanhado de outros 19 colegas. A briga só foi separada quando os professores chegaram à instituição, para as aulas da tarde. Após a violência sofrida, os pais do garoto retiraram o filho da escola. P.D., entretanto, ainda mantém seu perfil no Orkut, só que, agora, se cerca de todos os cuidados possíveis. Para ele, a rede continua sendo uma fonte de relacionamento, para encontrar e fazer novos amigos.

Pichadores identificados

Juliana Nogueira

Em abril deste ano, a Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema) divulgou uma lista de 14 grupos de pichadores na capital. Eram 13 supostos líderes e 145 pichadores participantes, responsáveis por sujar 1.910 pontos em Goiânia. Há cerca de um ano, a Dema já fazia uma investigação desses grupos. E um dos métodos utilizados pela polícia, na investigação, foram exatamente as redes sociais, como Orkut, blogs e You Tube. Em alguns casos – como esse –, a quebra do sigilo de IP pode ser feita. Os investigadores descobriram que, por meio desses sites de relacionamento, os grupos de pichadores espalhados •

pela cidade se comunicavam, em códigos, fazendo apologia ao crime e até mesmo marcando brigas. O trabalho da polícia consistiu em pesquisar essas comunidades na internet, além de perfis de seus membros. Há situações em que os agentes até se infiltram como amigos ou membros das comunidades. De acordo com o agente de polícia Daniel Vila Verde de Oliveira – um dos cinco agentes que participaram da operação –, em geral, as redes sociais auxiliam em 30% na investigação. Daniel conta que, no que diz respeito aos pichadores, eles costumam imprimir nos muros e monumentos que sujam as iniciais do

grupo ao qual pertencem, seguidas do apelido de cada um dos integrantes. “Isso é feito para marcar território, obter fama e sentir um pouco de adrenalina”, afirma o policial. “Além do ato de vandalismo, eles têm como característica comportamentos agressivos. Os mais violentos são os de classe média alta, do Setor Jaó e do Setor Sul”, revela. Para a psicóloga Magna Maria de Abreu, o comportamento dos pichadores, nesse caso, revela algo muito além da agressividade ou da adrenalina: “Na verdade, eles se comportam de forma agressiva e exibicionista para esconderem a insegurança”.

O crime de Pichação é previsto no Artigo 65 da Lei 9605/98, capítulo Crimes contra o Ornamento Urbano e Patrimônio Cultural. A pena prevista vai de três meses a um ano de detenção, mais multa. • As multas são estipuladas pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e podem variar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. • Para denunciar qualquer tipo de crime contra o meio ambiente e a patrimônios culturais, ligue para o número 197, da Policia Civil • Para obter mais informações, acesse o site: www.policiacivil.go.gov.br.


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CIDADES

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Lan House: ponto de encontro virtual Estabelecimentos reúnem pessoas em busca de amigos e diversão, mas também prestam serviços terceirizados. Saiba mais a respeito das regras legais para o setor

Foto: Mayara Rosa Sobrinho

Mayara Rosa Sobrinho

Wesley, de 17 anos, frequenta a lan house para jogar e conversar com os amigos

Uma pesquisa realizada em março de 2009, pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estética (Ibope)/ Netranking, revela que cerca de 16 mil pessoas em nove regiões metropolitanas do Brasil acessam a internet em lan house. Estudos apontam que essas pessoas gastam, em média, entre 10 e 15 reais por mês nesses locais. Aristóteles José Machado – Maguila, como é chamado –, de 33 anos, é proprietário de uma lan house há três anos, localizada na Região Central de Goiânia. Ele afirma que as pessoas, na maior parte do tempo, procuram esse tipo de ambiente em busca de entretenimento, para se conectarem a sites de jogos e de relacionamentos, como MSN, Orkut e salas de bate-papo.

O empresário aponta que os maiores fluxos de movimento ocorrem à noite e nos finais de semana. “Nesses casos, é comum ver pessoas na fila à espera de um PC (computador)”, atesta Maguila. Segundo ele, durante a semana o público é formado por jovens, estudantes em especial, que acessam a internet após o término da escola. O proprietário da lan house relata, ainda, que costuma fazer amizade com os clientes mais assíduos. Ler e mandar recados; criar perfis e deixar comentários; postar fotos; jogar; manter conexão com outras pessoas via fonevoz por meio da web. Fazer novos amigos, se divertir e manter contatos na rede, em um único lugar, são possibilidades que movem

adolescentes e jovens, cada vez mais, às lan houses. O acesso virtual tornou mais fácil marcar encontros, iniciar uma paquera e compartilhar amigos, construindo o que os especialistas chamam de ‘memória sentimental’ e ‘coletiva’. Eles se sentem parte de um grupo, inseridos e identificados por um contexto, onde trocam idéias e se divertem. O jovem Wesley Prado Rezende, de 17 anos, é um exemplo de usuário que procura se conectar à internet diariamente para manter o bom relacionamento com os amigos e se divertir com jogos on line. O estudante diz ter computador em casa, mas a disputa pela máquina, com o irmão, o faz freqüentar uma lan house próximo a onde mora. “É um lugar onde me sinto mais à vontade”, argumenta. Como Wesley, o que poucos sabem é que as lan houses, além de disponibilizar o acesso à internet e se manter como um ponto de encontro virtual, também presta serviços terceirizados. Nesses locais são realizadas, por exemplo, a emissão de boletos bancários e contracheques para órgãos como a Prefeitura. Também existem parcerias com escolas públicas, que, muitas vezes, não dispõem de estrutura para oferecer bons laboratórios de informática a seus alunos. Vale lembrar que o ingres so e a permanência de menores de 18 anos de idade neste tipo de estabelecimento deve obedecer à legislação em vigor (veja quadro).

O que diz a lei Normas - As lan houses devem atender ao que estabelece o Artigo 258 da Lei Federal 8.609 de 1990. “O responsável pelo estabelecimento ou empresário que deixar de observar o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação em espetáculos, incorre em infração administrativa.” - Segundo a Lei Municipal, Artigo 14 da Portaria nº 06/2003 JIJ GYN, “É expressamente proibida a entrada e a permanência, em casas de diversão eletrônicas, de crianças ou adolescentes trajando uniforme escolar e/ ou materiais escolares”. - “Os proprietários de estabelecimentos que comercializam jogos eletrônicos devem buscar o Juizado da Infância e Juventude para retirar Alvará de Funcionamento, sob pena de, em transgredindo tal disposição, ser punido nos termos dos artigos 258 e 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente”. Horário e faixa etária - Até dez anos de idade, somente será permitida a permanência na companhia dos pais ou responsável legal; - Maior de dez anos e menor de 14 anos, desacompanhados dos pais ou responsável legal, só poderão permanecer no local das 9 às 20 horas, e, das 20 às 23 horas, mediante autorização dos pais; - Maior de 14 anos e menor de 18, desacompanhados dos pais ou responsável legal, só poderão permanecer no local das 9 às 23 horas, e, após as 23 horas, mediante autorização dos pais.


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COMPORTAMENTO

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De coração e olhos bem abertos para o outro Muito além do mundo virtual, a rede social do trabalho voluntário pode ser a única esperança para pessoas carentes. É o caso do Casc, que funciona na Igreja Matriz de Campinas

Foto: Mayara Rosa Sobrinho

Viturino Teles

Trabalho voluntário no Casc: mais de 50 pessoas ajudam no desenvolvimento de vários projetos

Nem só de internet vivem as redes sociais. Muitas pessoas se unem de outra forma em torno de uma vontade ou de um ideal, trocando impressões e experiências no mundo real. O Centro de Assistência Social de Campinas (Casc) é um exemplo. Localizado na Igreja Matriz de Campinas, foi fundado em 6 de abril de 1968 e reativado em 2004. Ali, o trabalho voluntário surgiu da necessidade de pessoas carentes que vinham de todas as partes, pedir algum tipo de ajuda. A coordenação do trabalho pastoral entendeu, então, que a missão era maior e ampliou as atividades: hoje, o Casc está devidamente organizado para atender quem quer que seja que busque apoio, prestando assistência nos planos social, educacional, cultural e assistencial.

São mais de 50 voluntários cadastrados junto ao Casc. Os projetos desenvolvidos abrangem as áreas de saúde – com prestação de serviço em psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia –, alfabetização de jovens e adultos e assistência jurídica. Há, também, atividades de capacitação profissional por meio do artesanato.

“É um trabalho muito gratificante” (Pedro Henrique, voluntário do Casc na área jurídica)

“Para ser voluntário, é preciso ter o coração aberto”, ensina a irmã Maria José de Oliveira, coordenadora do Centro de Assistência de Social

de Campinas. “O voluntário do Casc entra em ação oferecendo, de forma espontânea, parte do seu tempo, ao perceber a necessidade do outro‘’, acrescenta. Pedro Henrique é um desses voluntários citados por irmã Maria José. Ele atua na área jurídica do Casc. E afirma: “Aqui se faz de tudo um pouco; é um trabalho muito gratificante. Além de bom para a sociedade”. As pessoas carentes atendidas pelo Casc podem se encaixar em algum dos vários projetos da entidade: o psicossocial, direcionado a gestantes; o Programa Eterno Aprendiz, para a terceira idade; o Projeto Flanelinha; ou a Escola de Informática. Outras atividades envolvem assistência médica, cidadania e saúde da mulher.


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OPINIÃO

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Gostei, copiei, não pedi! “Sem dificuldades encontramos alunos que retiram trabalhos inteiros na internet e apresentam para seus professores como se fossem produzidos por eles. É o jeitinho brasileiro que invade o espaço da ‘blogosfera’”

Você provavelmente acessa alguns blogs por dia, ou até por semana, para ler conteúdo de seu interesse. Mas já parou para pensar se aquele texto pertence realmente ao dono do blog que você acessa? O plágio é cada vez mais comum nos blogs brasileiros, e tem incomodado – e muito – os autores dos textos originais. O tema tem sido discutido em blogs dos mais variados segmentos, desde os especializados em informática até os de ciências sociais. A regra é clara: plágio é crime. Esses autores não reclamam apenas o tempo gasto para redigir o conteúdo que deveria ser exclusivo, mas ponderam também sobre algumas questões, como a queda do posicionamento do blog em sites de busca – como o Google –, por existir mais de um texto exatamente igual, na rede. Esses blogs deixam, então, de ser possíveis concorrentes à ‘primeira página’ de links encontrados na busca, o que pode diminuir a visibilidade do site, já que algumas pessoas conhecem páginas de internet através do Google. Além disso, acusam que quem copia o conteúdo, leva – inclusive – as imagens utilizadas para ilustrar os textos. Isso traz um prejuízo grande ao autor original, que tem de pagar a banda gasta a cada vez que a imagem é visualizada – ou seja,

CARDIN

Roldão Jr.

fora o fato de ter o seu texto ‘roubado’, o autor original ainda paga pela quantidade de vezes que a imagem foi visualizada fora de seu blog. Quem copia se defende. O discurso é sempre o mesmo: gostei do texto e copiei. Parece simples e inocente, mas, acredite, não é. Em uma briga entre blogueiros, o autor original do texto pediu para que seu artigo fosse retirado. A resposta? Uma lista de nomes

indelicados que prefiro não citar aqui. O plágio, em si, não é raro no Brasil. Sem dificuldades encontramos alunos que retiram trabalhos inteiros na internet e apresentam para seus professores como se fossem produzidos por eles. Isso obriga o professor a procurar o texto na rede para avaliar corretamente o seu aluno. É o jeitinho brasileiro que invade o espaço da ‘blogosfera’.

Sozinhos, em meio à multidão virtual “Estamos socialmente acom-panhados e pessoalmente afastados de tudo e de todos” Jackeline Gonçalves As redes sociais on line estão alcançando um número cada vez maior de adeptos. No Brasil, oito em cada dez pessoas conectadas têm o seu perfil em algum site de relacionamentos. E utilizam estes sites para fazer novas amizades, manter as já existentes, por questões profissionais – uma minoria – ou para bisbilhotar, mesmo, a vida alheia. Os contatos virtuais, enfim, parecem estar no auge. O problema – declarado por sociólogos, psicólogos e antropólogos – é que as pessoas estão relegando a um segundo plano os contatos pessoais e construindo

histórias de relacionamentos sobre uma base virtual. A maioria dos pesquisadores que tratam desse assunto, criticam este novo modelo de relação social. No entanto, acredito que devemos levar algo mais em consideração: estas redes, na internet, só se transformam em algo negativo se deixarmos que isso aconteça. O controle, por enquanto, ainda é nosso. Infelizmente, muita gente aproveita a impessoalidade que estas redes oferecem para criar um mundo imaginário, uma personalidade que gostaria de assumir, e se torna dependente deste mundo... Aí, não se manter plugado, passa a ser

um desespero! O que não é muito interessante nessa relação é que fazemos amizades, paqueramos, conversamos com o mundo inteiro, e, mesmo assim, continuamos sozinhos. Estamos socialmente acompanhados e pessoalmente afastados de tudo e de todos. Talvez os pesquisadores estejam certos com os seus questionamentos sobre os impactos destes sites nos relacionamentos de verdade e a solidão de que tanto nos queixamos. No entanto, ainda é nossa a escolha de sair da página virtual e viver o mundo lá fora. Basta querer.


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Juliana Nogueira Ao entrar em um ônibus na Avenida Araguaia, sentei-me ao lado de duas mocinhas de aproximadamente 16 anos, que conversavam alegremente. Eram jovens simples, mas uma estava com um modelito mais simples ainda e parecia ter chegado de viagem, pois trazia consigo duas malas. De inicio, não prestei atenção na conversa, mas, após alguns minutos, notei que falavam sobre internet. A dona das malas estava muito feliz: disse à amiga que tinha acabado de se cadastrar no Orkut. Pelo que percebi, a mocinha morava em uma chácara afastada da cidade de Formoso, interior de Goiás. Mas a distância real não a impediu de chegar ao mundo virtual. É incrível como a tecnologia tem se espalhado. E aqueles que ainda não a conhecem, se deslumbram com o primeiro contato. Mesmo distante em quilômetros reais, a moça estava matriculada em um curso de computação oferecido por um

OPINIÃO/COMPORTAMENTO

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Eu não acredito no Orkut centro comunitário da zona urbana, na região onde morava. A jovem relatava, entusiasmada, à amiga, a experiência vivida com o computador. “Nossa, amiga, mexê naquela televisão é bão de mais”, dizia. Nessas aulas, ela descobriu que poderia ‘viajar’ pelo mundo todo sem sair do lugar. “Fui lá nos Estados Unidos e voltei sem pagá nada!” Pobre moça... Tão inocente que acabou caindo nessa grande teia social chamada Orkut. Não sabia dos riscos que a gente corre ao fazer parte deste site de relacionamentos. Em raros casos, podemos encontrar pessoas boas, que buscam uma amizade verdadeira, ou, quem sabe, um compromisso mais sério. Porém, a maioria quer apenas se exibir por meio das fotos postadas em seus perfis. E olha que tem cada figura... Sem falar nos malandros que usam de personagens para atrair gente sem malícia para suas tocas e, lá, eles a devoram psicologicamente – às

vezes, fisicamente também, se há um encontro fora do mundo virtual. É o que parece estar acontecendo com a pobre moça que vi no ônibus. Ela está caindo no conto do vigário! Conheceu um tal de “anjo bom” – mais um desses nicks de sentido figurado. É de Portugal e tem 25 anos; diz que sonha em se casar com uma brasileira. Acreditando na conversa do sujeito, a jovem diz não ver a hora de conhecê-lo pessoalmente... O meu ponto estava próximo, mas, antes de descer, ainda ouvi uma frase que me deixou preocupada: “Preciso olhar logo o meu vestido de noiva, né? O moço anjo bom já tá quase chegando pra marcar o casamento”. Quem sabe? Eu posso até estar enganada, e esse “anjo bom”, no final das contas, seja mesmo um bom cara... Mas pode ser também uma boa moça... Coisas das redes virtuais. O final dessa história, jamais saberemos de verdade.

Alegria de fazer o bem Grupo TruPcando em Sonhos mostra a importância de uma rede social direcionada ao próximo. Saraus, oficinas para crianças carentes e free hugs fazem parte do trabalho

Foto: mariana oliveira

Beatriz Cardin

No Bosque dos Buritis, em frente à Assembleia Legislativa de Goiás, jovens voluntários pedem e oferecem abraços grátis

Nas telas, pudemos ver o médico norte-americano Patch Adams usando a alegria para dar uma perspectiva de esperança aos seus pacientes. A iniciativa inspirou um grupo de jovens a usar os mesmos métodos para levarem alegria não somente aos enfermos em hospitais, mas também às pessoas que caminham pelas ruas, todos os dias. Aspirante a Doutores da Alegria, o grupo TruPcando em Sonhos (Trupe) usa a música, o teatro, a pintura de rosto, os malabares, a arte circense e o bom humor para entreter quem quer que cruze o seu caminho. São várias ‘filiais’ espalhadas pelo Brasil. Em Goiânia, o projeto é encabeçado por Renato Lacerda, de 20 anos, estudante

de Publicidade e Propaganda. Segundo ele, os integrantes do grupo foram, de certa forma, inspirados pelo grupo Teatro Mágico, de Brasília (DF), que também utiliza o circo para levar um pouco mais de colorido à vida das pesoas. “A Trupe é uma oportunidade de ajudar”, diz Renato. “Eu sempre tive vontade de participar de um grupo social, mesmo com minhas ocupações, e, querendo ou não, tenho uma vida boa. Pensava em como tanta gente tem tanto e ajudam tão pouco ou nem ajudam”, filosofa. Com média de 20 participantes, os integrantes da Trupe visitam entidades que abrigam crianças carentes em Aparecida de Goiânia e a Vila São Cottolengo, assim

como também se associam a projetos como o Vidas por Vidas, da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Essas visitas têm na programação, além da alegria, a doação de alimentos e brinquedos. Renato Lacerda explica que o grupo não tem nenhum fim lucrativo. “TruPcando só depende da boa vontade e da disponibilidade das pessoas”, declara. “Tudo acaba saindo do nosso próprio, por isso, tem que ter muita vontade de ajudar o próximo”. Além das visitas às instituições, a Trupe realiza eventos de Free Hugs (Abraços de Graça), quando todos se caracterizam como palhaços e aparecem segurando placas de “abraço grátis” ou “me dá um abraço”, em locais como o Mutirama, o Parque Flamboyant, o Bosque dos Buritis e nas proximidades do Lago das Rosas. Para Renato, é gratificante a reação das pessoas. “A minha satisfação é enorme ao ver que as pessoas veem com bons olhos o projeto; quando nos param e dão parabéns pela iniciativa”, destaca o jovem. “O mundo está precisando disso, e, afinal, se estamos fazendo bem ao próximo, estamos fazendo bem a nós mesmos”, considera. A Trupe também organiza Solais (saraus diurnos), oficinas para crianças carentes e o Sarau Prosa D’arte, que é relizado em lugares públicos, sempre abertos a quem quiser participar. O grupo conta com participantes amadores em malabares e que expressam interpretação teatral e poética. Mas, para fazer parte desta rede social não é necessário saber o segredo de nenhum truque. Basta s deixar contagiar pela a alegria.


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ESPORTES

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Caia na rede do futebol digital Goiás ganha o título de bicampeão brasileiro, enquanto entidade luta para tornar modalidade esportiva o que para muitos ainda não passa de brincadeira Muita gente joga futebol no videogame, mas nem deve imaginar que existe uma entidade na briga para transformar essa diversão em uma modalidade esportiva. É a Federação Goiana de Futebol Digital (FGFD), que promove campeonatos, federa jogadores e tenta dar um tom mais sério à brincadeira. A equipe goiana é bicampeã brasileira por equipe de futebol digital. O último torneio – onde também foram conquistados o terceiro e quarto lugares – rendeu à FGFD o prêmio de R$ 12 mil e foi realizado em junho de 2009, em Brasília (DF). Os candangos, aliás, são os maiores adversários dos goianos no game digital. “A rivalidade entre Goiás e Distrito Federal é parecida com a que existe entre Brasil e Argentina”, conta o professor de Educação Física Plínio Veloso Naves de Barros, de 22 anos, que é filiado à federação e integrante da equipe goiana campeã no último torneio – não por acaso, a turma brasiliense ficou com o título de vice. Plínio diz levar a sério as competições. “Uso meus fins de semana e meus momentos de lazer para poder treinar”, afirma. Segundo ele, quando ainda não trabalhava, os treinos chegavam a cinco horas diárias. Hoje, devido aos estudos e ao trabalho, o ritmo diminuiu. “Apenas mantenho o nível”, argumenta. “Quando se joga profissionalmente,

Equipe campeã brasileira: o cheque não ameniza a falta de patrocínio

não há muita coisa a aprender; basta não perder a prática e estar no mesmo patamar dos outros jogadores”. Além de jogar porque gosta, Plínio comemora o dinheiro extra que ganha fazendo o que, para ele, é puro divertimento: “Já ganhei uns R$ 6 mil em premiações”. O jogador

foto FGFD

Sílvio Túlio

de futebol digital comenta que a modalidade é bastante disputada além das fronteiras do Centro-Oeste, e aponta como destaques o sergipano Gustavo ‘Cabeça’ – líder do ranking brasileiro – e o último campeão na categoria individual, Marcos ‘Cruel’, natural do Maranhão.

Transição tecnológica e falta de patrocínio A Federação Goiana de Futebol Digital conta com uma sede alugada, na capital, onde possui oito televisores de LCD 32 polegadas e oito videogames Play Station 3. Apesar de certa estrutura, o presidente da entidade, Edson Junio da Silva, 38, lembra que a FGFD não goza de uma saúde financeira tão tranqüila. “Nos últimos quatro anos, a federação se sustentou sozinha. Este ano, por causa de um período de transição, estou tendo, por enquanto, de bancá-la do meu próprio bolso”, revela ele, que também é empresário do ramo de móveis. A “transição” a que Junio se refere é a mais nova versão do game usado nos campeonatos. A Sony lançou o Play Station 3, uma versão superior ao utilizado anteriormente, o PS2. Com o lançamento, caiu o preço da

versão anterior do console, que é vendido, no máximo, por 600 reais, e subiu o preço da versão atual, que gira em torno de R$ 1,3 mil. Isso, sem contar que o ideal é que o videogame seja instalado numa TV de LCD ou plasma para melhores resultados em imagem, gerando ainda mais custos. Isso dificulta a aquisição e o acesso ao aparelho novo e uma grande procura pelo antigo. Mas é só falar do campeonato goiano – a ‘menina dos olhos’ do presidente da FGFD – que muda por completo a expressão de Edson Junio. Com um bem elaborado projeto, o torneio – “o maior campeonato regional do país, fora o brasileiro” – foi disputado em dois finais de semana, na primeira quinzena de outubro de 2009, no

Buriti Shopping, em Aparecida de Goiânia. A única reclamação é a velha falta de patrocínio: “O futebol digital não é visto como um grande negócio pelas empresas”, queixa-se o presidente da Federação. Segundo ele, só às vésperas da realização do campeonato a entidade conseguiu firmar parcerias com uma empresa de publicidade e uma emissora de rádio para divulgar o evento. Para os interessados em se filiar ou oferecer algum tipo de apoio à FGFD, basta procurar direto a entidade, pelo telefone (62) 3361-5499, site www. fgfd.com.br ou na própria sede, que fica na Avenida T-11, no Setor Bueno (ao lado da Trupe do Açaí). O preço da filiação é de 25 reais e qualquer um pode se associar; é só gostar de futebol digital. (S.T.)


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ESPORTES/COMPORTAMENTO

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Curiosidades sobre o apito No estádio, ele é o figurão. Mas nem tudo são flores nesta profissão onde as mães são sempre responsabilizadas pelo trabalho dos filhos Daniel de Paula conquistando reconhecimento pelo trabalho”. De acordo com ele, para ser juiz de futebol não é necessário apenas manter a postura ou a autoridade: “Para ser um bom profissional, é preciso conhecer a fundo as 17 regras que regem o futebol; se não for assim, melhor nem entrar em campo”. A profissão de árbitro não é regulamentada. Trata-se de uma prestação de serviço: o ganho é por partida e, dependendo da partida, pode compensar bastante. Na opinião de Evangelista, aliás, sempre compensa. “Até esqueço o que dizem da minha mãe”, brinca ele. “Sei que é tudo de momento, pois o torcedor é muito intenso em tudo, pela vitória de seu clube. Acaba culpando alguém pela derrota do time, e esse alguém é sempre o juiz”, reconhece. Com o pagamento do trabalho por partida – e os valores pagos por jogo variando de campeonato para campeonato – e a dificuldade de regulamentação da profissão, é comum encontrar árbitro de futebol atuando em outras áreas, com os mais diferentes empregos. É o caso do próprio Renato Evangelista, que, por algum tempo, dividiu a profissão de juiz com a carreira de professor. Mas, conforme ele mesmo diz, “são águas passadas”. Hoje, o trabalho do ex-árbitro é na Subsecretaria Estadual de Educação em Trindade, onde ele também ainda dá seus palpites futebolísticos, só que como comentarista esportivo de uma rádio da cidade.

Dos campos locais à Copa do Mundo

foto divulgação

A principal figura de uma partida de futebol é o árbitro, que, quase sempre, só é notado quando erra. Se, por outro lado, o trabalho é bem realizado, ele passa despercebido pela torcida e pela imprensa. Olhando assim, parece fácil, mas a vida do ‘juiz de futebol’ tem lá as suas complicações, sobrando até para mães dedicadas, que devem lamentar a cada campeonato a profissão escolhida pelo rebento. O árbitro de futebol é a principal peça para que o espetáculo aconteça. Autoridade máxima do jogo de futebol, deve ter comportamento exemplar diante dos jogadores e de quem paga para ir ao estádio; caso contrário, perde o controle da partida. De técnico a torcedor, ele pode expulsar qualquer um que atrapalhe o andamento do jogo. Mas não carrega toda a responsabilidade sozinho: dois auxiliares ajudam no trabalho – os ‘bandeirinhas’ –, assumindo a tarefa de marcar impedimento de ataque, faltas e até mesmo solicitar ao juiz que aplique cartão a jogadores. Há, ainda, um quarto árbitro, que fica na reserva, anotando quem foi expulso, quem entra ou sai do jogo, e levantando a placa que mostra o tempo adicional da partida. Pronto. Agora você já sabe como é formado o quadro de arbitragem de um jogo de futebol. Ex-árbitro desse jogo, que é – sem clichês – a mais genuína paixão nacional, Renato Evangelista avalia que a carreira “não é a melhor do mundo”, mas lembra que, o que vale, “é o prazer de fazer aquilo que se gosta,

Os árbitros de futebol não contam com uma federação para representá-los, como em outras profissões da área do Esporte. Quem tem esse papel, institucionalmente, é o Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Goiás (Safego), responsável pelo treinamento e triagem de novos árbitros para o futebol goiano. Treinado e aprovado, o profissional já faz parte do quadro de arbitragem da Federação Goiana de Futebol (FGF), que, por sua vez, escala o juiz para trabalhar em partidas válidas por campeonatos organizados pela entidade no Estado. O bom desempenho do árbitro e a aprovação em um curso podem levá-lo ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF); daí, então, ele poderá apitar em competições nacionais. Se conquistar ainda mais louros na carreira, o árbitro pode pertencer ao quadro da FIFA, o que o credencia para competições internacionais, incluindo a Copa do Mundo de Futebol. Para isso, um dos requisitos é falar, no mínimo, mais dois idiomas.

Twitter, a mais nova onda da internet Em Goiás, PM está entre os usuários mais assíduos Rosana Virote O twitter é uma rede social e servidor de microblog que permite que os usuários enviem e leiam atualizações pessoais de outros contatos em textos de até 140 caracteres. Foi criado em 2006 por um americano e já é uma verdadeira mania entre os brasileiros. É uma ferramenta que permite atualizações rápidas e curtas. Apesar de contar com apenas duas versões – inglês e japonês – a rede cresce a cada dia e os seus seguidores já ultrapassam os 11 milhões, só no Brasil. A Polícia Militar (PM) do Estado de Goiás também já faz parte dessa rede. “O twitter veio ajudar para que tenhamos uma polícia mais próxima da população e dar transparência às ações da PM. É uma ferramenta que dá visibilidade institucional”, argumenta o comandante da PM, coronel Antônio Elias. “A rede virtual só tem somado ações positivas, pois, através dela,

recebemos denúncias, críticas e até elogios”, atesta. O coronel da PM também tem o seu próprio twitter e, pela rede, trata de assuntos internos, como pedidos de promoção dos policiais. “Para ser um líder, a principal arma é a comunicação. ‘Tuitar’ é isso: um canal a mais na comunicação”, aposta o comandante. Assim como para a PM, para muita gente o twitter é um instrumento de trabalho importante e de fácil execução. O gestor de negócios Bruno Bueno, que trabalha com marketing virtual, recentemente acompanhou a transação de uma construtora por meio da rede. “A empresa fez uma venda através do twitter. Ela postou um empreendimento inovador e, naquele exato momento, tinha uma seguidora interessada. O negócio foi concretizado em dois dias”, conta Bruno. Mesmo com essa ‘febre’ de ‘tuitar’,

há quem ainda não conheça a nova rede social disponibilizada pela internet. Ela pode ser utilizada como um diário virtual, onde são inseridas atividades diárias; ou seja: você posta o que está fazendo naquele momento e se comunica com seus seguidores. Pode, ainda, ‘seguir’ quem você quiser: celebridades, políticos e amigos. O espaço é democrático na rede. O usuário Robson Niedson comenta: “Em um primeiro contato, você acha o twitter meio bobo, mas, à medida em que as pessoas vão te seguindo e se interessam pelo que você faz, se torna bem interessante. Você encontra novos amigos e fica bem informado”. Gostou? Para ter o seu próprio twitter, é só acessar o site www.twitter. com . É necessário possuir um e-mail para registro e clicar em sin up now para criar a sua conta. Aí é só cadastrar sua senha e sair por aí, ‘tuitando’...


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