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Jornal Araguaia Jornal Laboratório da Faculdade Araguaia - Goiânia - 2010/1

O enigma dos fora da lei

Corumbá: mente assassina desafia a habilidade dos homens que estudam o comportamento de homicidas Vestibular

Voluntariado

Saúde

Casa de Apoio São Luiz:

Escolha da profissão:

Ética Médica:

Instituição filantrópica mantida por dona Carmen Divina Costa, mãe do cantor Leandro - que morreu em 1998, vítima de câncer -, ajuda pacientes do interior e de outros estados que vêm a Goiânia para buscar tratamento da doença.

Dúvida antes do vestibular, o desgaste na escolha da profissão, pode ser amenizado com ações como o Espaço das Profissões, evento criado pela Universidade Federal de Goiás - UFG. Gabriela Barbosa, 16. agora sabe o que quer ser.

Novo código de ética, aprovado em abril deste ano, traz novidades em relação a temas polêmicos como tratamentos paliativos, receituário, participação em propagandas, pacientes em fase terminal e sigilo médico.

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cidades Os vendedores de vale-transporte Nara Bueno

Debaixo de Sol e chuva, lá estão eles, prontos para vender os bilhetes Sit-Pass e embarcar a população no cotidiano da Capital

Nara Bueno

A

vida de quem vende Sit-Pass, como autônomo, não é nada fácil. Mas, segundo os vendedores, o lucro sustenta a família e paga os estudos dos filhos. “Não é fácil porque é debaixo de sol e chuva que ganhamos o pão-nosso. No ano passado, tive pneumonia e fiquei 17 dias hospitalizado. Estou bem, mas estou de volta ao mesmo trabalho”. Por que o senhor ainda continua? “Sem oportunidade. Sem estudo. Sem isso fica difícil”, conta Olavo Gama, 52 anos, vendedor autônomo dos bilhetes de viagem. Ele mora no Setor Madre Germana. Sai cedo: às 5 horas. “E só volto às 11 da noite”. Segundo as informações do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia – Setransp, no início de 2007, com o intuito de dar maior segurança ao usuário, foi criado o lacre de segurança do bilhete. Por ação do Setransp e concessionárias, o transporte público

de Goiânia foi o primeiro no Brasil a implantar um completo sistema de bilhetagem eletrônica. Desde meados de 1998, o sistema SITPASS se tornou referência nacional, por automatizar o pagamento das passagens. Além dos pontos de vendas cadastrados, muitos autônomos também vendem os cartões. Homens e mulheres. Adolescentes e até os mais velhos, como é o caso do senhor Olavo. Outro exemplo é Daniel Hermínio Pereira, de 39 anos. Ele disse que acorda tão cedo, mas trabalho cerca de 8 horas por dia. Não estuda, e possuí apenas o ensino médio completo. “Sonho em fazer o curso de Direito, no futuro”. Ele comenta que, nos dias de chuva, corre para o Goiânia Shopping. O ponto onde ele vende o Sit-Pass fica em frente ao shopping. “Quando tem sol procuro ficar na sombra, embaixo dos coqueiros do parque”. Merecida sombra. Daniel disse que possui casa própria. E o trabalho foi o responsável por isso. “Trabalhar é sempre

Daniel vende vales-transporte no Parque Vaca Brava

preciso”. Ele fala ainda da mudança do sistema: “A proibição de vendedor entrar nos ônibus fez com que as vendas melhorassem, pois trocaram os bilhetes de maiores viagem para bilhetes com uma ou duas viagens”. Daniel disse que compra a viagem por 10% mais barato. Quanto você ganha por mês vendendo Sit-Pass? Ele responde, com satisfação: “Ganho, mais ou menos, um salário e meio por mês. Não tenho família para cuidar, sou solteiro e não tenho filhos. Poucas despesas, mas muito trabalho”, revela o vendedor. Daniel diz que a violência está à solta: “Já fui assaltado duas vezes, e à mão armada. É muito perigosa essa profissão, a de ficar exposto na rua. Um dia as coisas mudam para o meu lado”.

EXPEDIENTE O Jornal Araguaia é o jornal laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Araguaia. Participaram desta Edição os alunos da disciplina Produção de Jornal Impresso II, do primeiro semestre de 2010, sob a orientação da Profª. Patrícia Drummond, e os alunos da disciplina de Diagramação II, sob a orientação do Prof. Flávio Gomes

Editoria de Cidades Allan David Editoria de Política França Junior Editoria de Cultura Max Miranda

Editor-Chefe:

Edição e Diagramação:

Allan David

Allan David Ana Cláudia Messias Ludimila Oliveira

Editoria Ciência & Tecnologia Marcelo Giovane

Supervisão: Ana Cláudia Messias Ludimila Oliveira

Edição Geral:

Orientador:

Profª. Patrícia Drummond

Prof. Flávio Gomes


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Veja como funciona o sistema de comercialização e distribuição de sitpass na capital

Conheça um pouco do vendedor de Sit-Pass, Orlando Antunes Sousa Orlando Antunes Sousa

Nara Bueno

Segundo o Setransp, a comercialização e distribuição dos bilhetes de cartões é feita de forma distinta, de acordo com o tipo de usuário de serviços da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia - RMTC: Passageiros comuns adquirem seus bilhetes em aproximadamente 1.700 postos de vendas, constituídos por, dentre outros, bancas de revistas, drogarias e lanchonetes, localizados na rede metropolitana, e também através dos cerca de 500 vendedores autônomos distribuídos nas estações do Eixo Anhanguera e nos terminais de integração.

PERFIL

- 29 anos; - Trabalha há quatro anos como vendedor de Sit-Pass; - O seu lucro por mês é de R$ 1.200 reais; - Compra o Sit-Pass por R$ 2,10 ou R$ 2,05 centavos; - Não é satisfeito com a profissão. “Se achar algo melhor, eu saio dessa profissão”; - Acorda cedo. “Trabalho oito horas por dia”; - E quando chove? “Vou embora”; - E quando faz sol? “Enfrento”; - Solteiro. “Mas pai de uma filha”.

Próxima parada: solidariedade EM MEIO AO STRESS E AO DESGASTE DE QUEM TRABALHA AO VOLANTE DE UM ÔNIBUS COLETIVO, O MOTORISTA VAGNO PEREIRA, REVELA FATOS INUSITADOS E COMOVENTES. “EU QUERIA PODER AJUDAR TODO MUNDO” Ana Cláudia Messias

O

trabalho, para o motorista de ônibus coletivo, Vagno Pereira, começa às 6h. Sua primeira viagem, parte do Terminal Bandeiras, na zona oeste de Goiânia. No ônibus, há poucos passageiros que, assim como Vagno, saem às escuras para a jornada de todos os dias. A primeira parada é num ponto próximo ao terminal. Quando a porta se abre, ele é logo cumprimentado por algumas pessoas já conhecidas em função da rotina. “Bom dia!” - exclama uma jovem. Com a mesma cortesia, Vagno responde: “Bom dia!”. Uma música suave embala a viagem. Para quem acordou às 4h ou às 5h, a janela substitui o travesseiro. A maior parte dos passageiros dorme recostada, enquanto outros lêem jornal. O trânsito a essa hora ainda está tranqüilo. O motorista aproveita para desabafar. “Sabe, já fui motorista de caminhão, transportava cimento e outros material [sic] pra construção. Era cansativo, mas não tanto como de ônibus. Acho que o que mais

cansa no coletivo são as pessoas; alguns até que é [sic] educados”, confidencia Vagno com um sorriso. “Agora, tem umas pessoas tão mal humoradas, que acordam parece que procurando um pra brigar, e é aí que é a parte ruim”, esclarece. No painel do veículo, uma luz vermelha, acesa, indica o sinal de parada. Vagno para no próximo ponto. Ele interrompe a nossa conversa até o desembarque de alguns passageiros. O coletivo chega lotado ao centro da cidade. Um idoso viaja espremido no meio da lotação. O ônibus que Vagno dirige, faz o trajeto entre o Terminal Bandeiras e a Rodoviária – Araguaia Shopping. Às 6h40, a cidade está agitada. O trânsito, intenso, faz o motorista redobrar sua atenção. O dia, então, começa pra valer.

tão pedi pra uma moça chamar o SAMU e quando estava na metade do percurso, eles chegaram. Era ali na T-9, caminho pro Flamboyant, o shopping. Sabe?” Na porta do ônibus lotado, desta vez na viagem de volta, um inevitável empurra-empurra. Muitos passageiros estão sem o sit-pass – o bilhete de vale transporte. Enquanto alguns reclamam, outros viajam calados até o Terminal Bandeiras onde, enfim, todos desembarcam. Enquanto isso, Vagno tem cinco minutos pra ir ao banheiro e tomar um cafezinho. É tudo muito rápido diante de uma rota tão longa.

Sustos ao volante

“[...] esse é o grande problema de carregar pessoas; você vê de tudo e se sente incapaz por não poder ajudar.”

Retomada a conversa, Vagno conta que já passou por alguns apuros. “Uma senhora desmaiou dentro do ônibus e eu não sabia o que fazer; se parava o ônibus pra chamar pelo socorro, se pedia às pessoas para afastar dela ou... num gosto nem de lembrar. En-

O ônibus está cheio outra vez. Vagno está de volta, pronto para fazer o mesmo percurso. Um passageiro, vestido de camisa escura e gravata, se levanta com uma Bíblia na mão e começa a falar: “O fim está próximo! É um desamor entre as pessoas, uma falta de afeto, de


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respeito, que muitos não conseguem explicar.” Todos os passageiros ficam em silêncio. Uns, com um olhar de curiosidade e outros, de repugnação diante daquele sermão. “Sabe do que estou falando pra vocês, meus amigos? Da falta de Deus. Que com Ele você pode tudo e tudo isso, que falta entre as pessoas, pode ser desfeito. Basta crer em Jesus. Essas são as minhas palavras.

Quem puder me ajudar, eu estou com minha filha internada com um problema no pulmão, lá na Santa Casa. Pode ser com dez centavos, que seja. Eu agradeço.” As palavras deste senhor comovem algumas pessoas, que o ajudam. Outras, no entanto, balançam a cabeça, sinalizando não ter dinheiro. O motorista, vendo isso, confessa: “Isso acontece o dia todo. Uns pedem sit-pass, out-

ros dinheiro e assim vai... A gente fica até comovido né, mas como é que faz? A gente num dá conta de ajudar todo mundo.” Vagno para logo a frente e volta a falar com um olhar de tristeza. “Eu queria poder ajudar todo mundo. Sabe, esse é o grande problema de carregar pessoas; você vê de tudo e se sente incapaz por não poder ajudar”, lamenta.

JUSTIÇA O trabalho de quem trabalha com mentes criminosas A busca por um personagem: o serial killer Corumbá. Ele matou seis mulheres, barbaramente. Para especialistas, um elemento de estudo. Para a sociedade, um cruel assassino em série que matou duas goianas

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le é “objeto” de estudo diante do ofício das pessoas que trabalham com mentes assassinas. Estamos falando do trabalho de entender a mente de Vicente Mathias, vulgo Corumbá, acusado de ter matado seis mulheres em diferentes Estados – duas delas em Goiás, com crueldade. Trabalhar faz parte da vida do ser humano. Somos “educados” e nos “preparamos” para o mercado de trabalho com a meta de sucesso profissional. Porém, existem trabalhos diferenciados que necessitam de uma dose extra de aptidões e conhecimentos para exercê-lo. Psicólogos e psiquiatras nada possuem de diferente, a não ser aqueles que optam em dedicar-se às causas criminais. Ou melhor, aqueles que trabalham junto aos órgãos da justiça, ajudando a elucidar casos complexos de homicídios, estudando a mente dos criminosos e avaliando o indivíduo tem condições para ser reintegrado à sociedade, ou não. Conversei com o psicólogo forense Leonardo Ferreira Faria, formado em Psiquiatria. Com 34 anos, é perito judicial. Na época da prisão de José Vicente Mathias, Leonardo trabalhava no Instituto Médico Legal - IML, e foi convocado para resgatar o corpo de Lidiany, de 16 anos, que Corumbá havia “escon-

Kelly Brasil

Kelly Brasil

Vicente Mathias, o Corumbá, cumpre pena no CEPAIGO

dido” na região da Vila Mutirão, em Goiânia. Posteriormente, Leonardo também participou da reconstituição do crime e, na ocasião, conversou com José Vicente, com o “Corumbá”. Senti na pele o que estes profissionais passam para exercer o trabalho. Entrei em contato com o diretor da Penitenciária Odenir Guimarães do Estado de Goiás, Anderson Brasil. Lá está preso, há um ano, um dos criminosos mais “populares”, se é que podemos assim chamá-lo, José Vicente Mathias, o dito Corumbá, acusado de

ter matado essas seis mulheres, em diferentes Estados. Duas das vítimas são de Goiás. Ele matou com brutalidade. Pedi ao diretor a oportunidade de entrevistar o Corumbá. Ele, imediatamente, disse que autorizaria a minha entrada, porém, dependia ainda do próprio Corumbá querer ou não me receber. Pediu-me que passasse um fax com uma prévia sobre o que iríamos conversar: Corumbá e eu. Ele consultaria o reeducando e, na manhã seguinte, daria um retorno. Agendaria o horário.


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Passei a noite pensando em como seria, não sabia como abordá-lo, que tipo de roupa vestiria, se poderia ou não levar algo pra ele como forma de agradecimento pela entrevista. Enfim, a noite passou e a manhã chegou. Meu celular toca cedo e para a minha surpresa é Anderson Brasil, diretor da penitenciária, informando que Corumbá me receberia. Agendamos para quinta-feira, às duas horas da tarde, no presídio. Em primeiro momento, fiquei muito ansiosa e comecei a elaborar alguns tópicos sobre a entrevista, mas confesso que, ao esmiuçar detalhes sobre a vida de Corumbá e saber os crimes que ele cometeu, senti medo.

Chegada: partidas Na quinta-feira, eu estava muito agitada, separei um roupão esportivo do meu marido e resolvi que iria vestida com ele, assim não deixaria à mostra nenhuma evidência de um corpo feminino. Pedi uma peruca emprestada e comprei algumas coisas no supermercado para levar. Separei também um livro: “Jesus, o Maior Psicólogo do Mundo”. Pensei que seria interessante alguém tão cruel conhecer um pouco sobre o mestre do cristianismo. A hora chegou e tudo que eu havia planejado foi por água abaixo. Resolvi que seria eu mesma: tirei o roupão, que estava enorme, e fui com a cara e a coragem. Me senti corajosa e pensei que as mulheres que ele havia seduzido eram umas “bobocas” de cair na conversa do sujeito, eu era “descolada” e já estava presumidamente preparada para o encontro. Fui para penitenciária, acompanhada do meu marido, advogado criminal. Na portaria, passamos por um detector de metal e meu celular e minha máquina fotográfica foram barrados, e só me permitiram entrar com o gravador, papel e caneta. Fui conduzida até a sala do diretor e, em seguida, ele pediu ao agente penitenciário que fosse buscar o Corumbá na cela. Em poucos minutos, o agente retorna, dizendo que Corumbá está em surto na enfermaria, não havia tomado seu remédio e estava muito nervoso - ele perguntou ao diretor se deveria algemá-lo para trazê-lo ou se poderia trazê-lo com escolta, mas sem algemas. O diretor mandou que trouxessem sem algemas mesmo. Fiquei parada junto à porta sem saber o que fazer, queria deixar para outro dia, desistir daquela

empreitada - sei lá, estava com muito medo. De repente, escuto uns gritos e lá vem ele, escoltado por três agentes e se debatendo. O diretor mandou que ele se sentasse numa cadeira em frente à sua mesa e começou a falar com ele. Eu continuei sem ação, paralisada como uma estátua, me sentei na cadeira ao lado. Corumbá falava muito e chorava. O diretor perguntava a ele o que havia ocorrido e ele balbuciava algumas palavras e chorava. O diretor pediu ao agente que fosse a enfermaria e trouxesse o remédio. O remédio chegou, ele tomou e foi se acalmando. Tomei coragem e me dirigi a ele, dizendo: Olá, meu nome é Kelly, e gostaria de conversar com você. Você está mais calmo, dá pra gente falar? Ele, de cabeça baixa, respondeu que sim e foi sentar-se numa cadeira próxima da janela. Em nenhum momento me olhou, seu olhar estava direcionado para fora, olhava para o céu.

Corpo frio Comecei então com minhas perguntas. No primeiro momento, falei sobre coisas corriqueiras, e quando achei que ele estava mais calmo, parti para perguntas mais incisivas sobre sua infância, seus pais, familiares e que tipo de vida havia levado. Corumbá foi se soltando e me contado fatos interessantes e que me deixaram surpresa, como a questão de ter frequentado uma igreja evangélica, no Paraná, e “batizado nas águas”, ato que os evangélicos consideram o compromisso máximo com Deus e seus mandamentos, é o renascimento, surge uma nova criatura, segundo eles, os evangélicos. Durante a conversa, fiquei observando a expressão daquele rosto, os gestos e a posição das mãos, enfim, todos os seus movimentos. Ao falar sobre os filhos, ele diz ter oito, se emocionou e chegou a chorar. Ao relatar a morte da russo-israelense Katryn Rakitov, 29 anos, ele demonstrou ter desenvolvido por ela um sentimento “especial”. Durante a entrevista, fui me sentindo segura e fui ficando mais próxima dele, no intuito de que ele me dissesse algo novo sobre os fatos, diferente de tudo que as pessoas já conheciam. Falamos durante duas horas, e fui ficando mais à vontade. Sobre as mortes ele diz não se lembrar de como as coisas aconteciam, somente tinha recordação de que

estava em companhia delas, se divertiam muito, faziam uso de entorpecentes e, no dia seguinte, ele amanhecia ao lado de um corpo, segundo ele, “frio e inchado”.

Uma narrativa cruel Lidiany: a menina morta aos 16 anos Em relação à morte de Lidiany, de 16 anos, na Vila Mutirão, ele admitiu que a matou e fez uma narrativa de como as coisas ocorreram: “Ela morava duas ruas abaixo da casa do meu tio, e me procurou lá em casa para fazer uma tatuagem. Ela usava droga e arrumou um problema com um traficante do bairro e pediu pra ficar lá em casa uns dias, ela estava se escondendo. Um dia eu cheguei e ela tinha sumido, na madrugada seguinte ouvi um barulho e vi que alguém estava entrando em casa, peguei o facão e enfiei na barriga dela, estava escuro não vi direito quem era, quando acendi as luzes vi que era Lidiany. Fiquei desesperado e resolvi esconder o corpo, cortei a cabeça dela e enrolei num plástico e guardei numa sacola. Carreguei o corpo até um ribeirão próximo, a sacola com a cabeça estava no meu braço pendurada e caiu no caminho, aí enterrei o corpo e voltei pra pegar a cabeça, mas no escuro não encontrei, mas tinha um mato muito alto. Voltei pra casa, e aí no dia seguinte ninguém procurou por ela, limpei tudo e resolvi fugir com a Valéria para o nordeste – uma namorada? Mas não deu tempo, a policia chegou me batendo e aí eu confessei e fui mostrar onde estava o corpo. O dia já tinha clareado e achamos a cabeça também, mas foi sem querer.Eu não queria matar ela. As outras eu não sei, mas se eu fiz tudo isso que as pessoas estão me acusando, eu tenho que pagar por isso. Eu só queria um lugar tranquilo pra puxar a minha cadeia sossegado”.

Quem é Valéria? Após a narrativa pensei que ele de fato era um “coitado”, um homem que não teve nenhuma oportunidade na vida, vindo de uma família desestruturada: a mãe era dona de uma casa de prostituição; e não sabia se o homem que a mãe havia apresentado a ele era de fato seu pai. Irmãos, ele disse não saber notícias sobre eles . Quando ofereci o livro a ele, me disse que não


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sabia ler e que nunca tinha ido à escola. Segundo Corumbá, a infância sofrida foi trabalhando duro na roça e, aos 8 anos, ele já estava nas ruas. Mesmo assim, ele me pediu que deixasse o livro, pois havia um companheiro de cela que lia e ele escutava, segundo ele, era bom. Na narrativa acima feita por Corumbá, ele me contou sobre um outro relacionamento com uma mulher chamada Valéria. Segundo ele, Valéria tinha com ele um relacionamento doentio, uma paixão avassaladora, a ponto de abandonar um casamento de muitos anos para viver um “louco amor”. Corumbá disse que a cada morte, Valéria estava com ele, “e depois sumia por 15 ou 20 dias e tornava a aparecer”. Ela o acompanhava nas viagens, e dizia que jamais se separaria dele. Após ouvir esta história, perguntei a ele se havia contado isso para polícia e se ele tinha alguma notícia de Valéria. Ele disse: “Contei, sim senhora, mas a polícia pensa que sou um louco e nem ligou”. Perguntei também se ele não tinha nenhuma notícia sobre Valéria, após ter sido preso, e ele me disse que não, e que uns dias antes de ele ter sido preso, a Valéria o chamou para ir para o Nordeste, e ela teria ido a casa dele pegar umas fotos, mas não deu tempo de viajar. Ele foi preso. Eu já estava satisfeita com o conteúdo da entrevista e assim me despedi dele, agradecendo a sua colaboração. Repeti por Três vezes a despedida e, em cada uma das vezes, ele começava a falar, sem me deixar ir. Por fim, disse que teria mesmo que ir - pedi ao agente que fosse até meu carro e trouxesse a sacola com as compras que eu havia feito pra ele. O agente voltou e entregou a sacola para Corumbá dizendo que eu havia trazido.

Imagem de um assassino Corumbá me agradeceu e aproveitou a oportunidade: “Doutora, brigadu, mas to precisando de um prestobarba, a senhora pode me dar um dinheiro pra comprar?”. A minha bolsa havia ficado no carro, peguei cinco reais do bolso do meu marido e dei a ele, ele ficou muito grato e nos despedimos. Meu marido, que estava ao meu lado, deu a mão a ele, eu também, e disse: Fica em paz, e que Deus capacite você pra cumprir o que está determinado. Neste

momento foi a primeira vez que ele me olhou nos olhos e viu meu rosto e disse ter a impressão de me conhecer de algum lugar, me senti intimidada e respondi que deveria ser alguém parecido, e me despedi novamente. Ao sair no pátio, fui acompanhada por uma agente que pegaria o livro que havia ficado no carro, aí eu disse a ela: Aline (este era o nome dela), não é justo eu conseguir falar com ele todo este tempo e sair daqui sem uma foto pra minha matéria, me deixe entrar lá de novo com a máquina e tirar uma foto. Ela me olhou e riu. Foi à portaria da penitenciária e voltou com a máquina, dizendo para eu me apressar porque Corumbá já estava sendo conduzido à cela. Voltei correndo à sala e os agentes já estavam levando Corumbá, aí pedi para fazer a foto. Eles perguntaram para o próprio Corumbá se ele autorizava. Ele, imediatamente, disse que sim. Pedi a ele que se sentasse novamente, fiz a primeira foto e o mostrei. Ao fundo, na janela, tinha uma grade, ele não gostou das grades de fundo, aí me pediu para tirar uma foto ao lado de um quadro que havia na parede da sala. Ficou em pé ao lado do quadro e eu fiz mais duas fotos. Nos despedimos de vez e fiquei observando ele voltar para cela, acompanhado dos agentes e com a sacola nas costas, até sumir para o portão da ala de segurança máxima, onde está desde que foi preso. Segundo o diretor, ele não tem convívio na cadeia, se for misturado aos outros presos, ele morre. Fomos para casa, eu e meu marido, conversando sobre tudo que havíamos visto e ouvido. Saí de lá compadecida e achando que Corumbá era mais uma vítima da desigualdade social. Durante a entrevista, ele havia me pedido para encontrar uma filha sua que, segundo ele, mora em Aparecida de Goiânia. Disse o nome dela, da mãe, da avó dela – e ainda deu umas descrições sobre o local e o bairro. Achei que não seria difícil localiza-la e disse que tentaria, e se fosse bem sucedida falaria com o diretor do presídio para informálo.

“Doçura demoníaca” Demorei alguns dias pra escrever a matéria, eu precisava ainda conversar com Leonardo Faria, psicólogo forense para que ele me

desse algumas informações sobre o trabalho que exerce. Fui falar com ele e relatei como tinha sido meu encontro com o Corumbá. Invés de obter informações sobre o trabalho do psicólogo, ele me deu alguns detalhes sobre o Corumbá, e me explicou de que forma ele havia me manipulado: “Corumbá é um assassino psicopata perigoso e frio. Ao dizer que não sabia ler, o que ele queria é que você dissesse que de vez em quando você iria até ao presídio ler para ele. São comuns os casos de pessoas de bem que se envolvem com criminosos, desenvolvendo a Síndrome de Estocolmo, justamente porque o psicopata lida o tempo todo com a sedução. Ele foi consultado para querer ou não falar com você e teve tempo para criar um mecanismo de envolvimento para te seduzir. A cena da enfermaria, o relato sobre sua infância sofrida, as lágrimas, o olhar vago na janela, e ao final o olhar no seu rosto e nos seus olhos, dizendo que tinha impressão de que conhecia você de algum lugar”. Fiquei perplexa e me senti uma “idiota”. Eu que me achei “a pessoa” corajosa e destemida para conversar com aquele homem e ao final achei que havia descoberto dentro dele uma criatura doce, vítima da sociedade e que ainda conseguia derramar lágrimas ao falar dos filhos. Fui manipulada por uma mente doentia e que, segundo o psicólogo Leonardo Faria, é incapaz de olhar alguém como pessoa. “Psicopatas tratam os outros como objetos de realização de seus desejos mais secretos e absurdos”. Fiquei pensando nas mulheres que seduziu e matou, imaginei com que facilidade fazia isso, eu mesma que já sabia quem era ele, que já conhecia as atrocidades que havia cometido, fui envolvida por um sentimento de compaixão. Aquelas mulheres foram arrebatadas por aquela “doçura demoníaca” e não tiveram a oportunidade de contar esta história como eu estou fazendo agora. E, para concluir, entendi que alguns trabalhos, como o de Leonardo Faria, psicólogo forense, e o dos agentes do presídio, requerem do indivíduo uma dose de suor extra para ser realizado.


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VOLUNTAriado Histórias da Casa de Apoio São Luiz Amparar pessoas portadoras de câncer é uma tarefa que exige dedicação, perseverança e, acima de tudo, amor para com o próximo Rose Souza

É

Os pacientes ficam o tempo necessário para o tratamento. A casa oferece um ambiente familiar. Conta com um refeitório, que serve todas as refeições fora e dentro do horário, além de uma sala de estar para assistir TV, ler revistas, descansar a mente. Conta com um carro, no estilo van, para levar os pacientes para fazer consultas rotineiras. E também: duas ambulâncias para atuar nas emergências. Rose Souza

com o coração aberto que a Casa de Apoio São Luiz, instituição filantrópica que se localiza em Aparecida de Goiânia, mantém um grande sonho, que foi idealizado pelo cantor Leandro – vítima de câncer, em 1998. Ele não viu o sonho florescer. Mas a mãe dele, dona Carmem Divina Costa, se encarregou de cuidar do sonho do filho. Ela ajuda a cuidar da casa de apoio, “e com amor”. O trabalho da casa é receber bem pessoas carentes, portadoras de câncer, de toda região do Brasil. E não se resume só em acolhê-los, mas fazer com que eles se sintam em casa: Os pacientes encontram apoio para amenizar o sofrimento. As pessoas são carentes e muitas não têm recursos para manter os tratamentos em outra cidade. A casa trabalha para amparar, acolher e dar força aos portadores, para que eles continuem lutando pela vida. Eles chegam sem esperança, muitos não têm nem mais o que comer. Estão desiludidos, e gastaram o que tinham é o que não tinham. O câncer é uma doença que não escolhe a vítima. E os mais pobres sofrem pela falta de condição fi-

nanceira e, com isso, não tratam da saúde dignamente. Segundo Carmem, a casa foi fundada em 1999, e começou com 14 quartos, atendendo 40 pessoas. Hoje, conta com 42 apartamentos, todos mobiliados e com banheiros, e atende 84 pessoas. Todo paciente tem direito a um acompanhante, mas isso não impede que outras pessoas venham de fora para visitálos.

A Casa de Apoio São Luiz fica localizada em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital

Ambulância e escola Fátima Costa, 50 anos, filha e administradora da Casa de Apoio São Luiz, revela que as ambulâncias são essenciais no dia a dia. Por isso, estão sempre disponíveis para qualquer emergência. Também conta com assistente social e psicóloga para ajudar os que ali se encontram. Um dos trabalhos da casa de apoio é permitir que as crianças que estão fazendo tratamento não percam o ano escolar. A casa conta um projeto, reconhecido pelo MEC, e duas professoras que lecionam do maternal à 8ª serie. Os estudantes têm direito de ter a profes-

sora disponível uma hora e meia por dia. A professora Bárbara Paiva Telles, graduada em Educação Especial e Hospitalar, fala do prazer em ensinar as crianças: “O retorno é muito grande. Aqui eles me fazem em sentir rainha. Eu digo que eles são meus príncipes e princesas. O melhor é fazer com que eles não percam o ano”, comenta a professora. A sala é bem instalada: computadores, biblioteca, cantinho de leitura e muita dedicação das professoras. A casa também conta com uma brinquedoteca recheada de

brinquedos. As crianças se divertem e esquecem das dificuldades enfrentadas. E mais: consultório odontológico para tratamento diário.

Costura, orações e doações Todas as terças-feiras e quintasfeiras, Carmem Divina, a proprietária, e mais oitos amigas voluntárias, passam a tarde costurando, fazendo lençóis e tudo que dá para aproveitar. Segundo Carmem, elas ganham muitos retalhos e tecidos. Elas aproveitam tudo para fazer


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peças variadas - num clima de amizade. Cantando e conversando, assim fazem lindos trabalhos. As acompanhantes dos pacientes em tratamento, se quiserem, podem ajudar, “mas só se quiserem mesmo”. O lugar conta com 11máquina de costura. “E qualquer pessoa pode ser voluntária, basta querer”, completa Carmem. A religiosidade é presente na

casa conta, com uma igreja aberta para pacientes e acompanhantes. Ali eles fazem orações. O lugar é cheio de jardins e conta com uma área repleta de árvores frutíferas, além de muita natureza em volta. Fátima fala que não imagina mais a vida dela sem o trabalho da casa. “O que é mais importante é saber que estou ajudando o próximo. Podemos dar força e conforto a quem

se encontra fragilizado”. As doações são bem-vindas e fundamentais: “A família da Casa de Apoio São Luiz fica muito feliz com o trabalho. Por isso, toda e qualquer doação e bem aceita. Meu irmão, Leonardo, não deixa e nem permite que falte nada, ele tira do próprio bolso pra cobrir as despesas”, conta Fátima.

História de Dona Mariza Mariza Ferruda da Macedo, dona de casa, 40 anos. Ela é mãe de Gabriel Ferruda, dois anos de idade, vítima de um tumor na cabeça. É em momentos difíceis que as boas ações acontecem: quem necessita de ajuda, encontra na Casa de Apoio São Luiz. “Procurei o lugar certo”, conta a aposentada Mariza Ferruda, moradora da cidade de Campos Belos, Goiás. Vitima de paralisia quando era criança, viu o mundo desabar quando percebeu um “caroço” na cabeça de seu filho Gabriel. A mãe procurou saber os problemas, mas

os médicos não davam nenhum parecer. Segundo ela, num ato de desespero, veio para Goiânia por conta própria, e pagava R$ 27 reais, por dia, numa quitinete, além de gastar com alimentação. Com pouco o dinheiro, e com a certeza que seu filho era portador de um tumor na cabeça, ficou sem rumo “e sem recurso”. Mas no fim do túnel, sem esperança, foi aconselhada por uma moça: “Procure a Casa de Apoio São Luiz”. E foi o que dona Mariza fez. Sem dinheiro para ficar em Goiânia, e sem acompanhamento,

bateu na porta da casa de apoio - que os receberam “com muito amor”. Ela deixou claro: “Nós conseguimos através de Deus”, revela. Mariza teve a certeza que podia dar continuidade ao tratamento do filho. “Aqui, na casa, fui bem recebida e não colocaram nenhuma dificuldade para nos receber. A casa abriu todas as portas quando eu já não sabia como continuar o tratamento”. O apoio mudou toda a história e, segundo a mãe, o tratamento pode durar até três anos.

“Sou grata a essa família” A casa de apoio recebe, geralmente, um acompanhante por paciente, mas isso não impediu que o irmão acompanhasse também o tratamento, uma vez que não dá para dona Mariza segurar sozinha o Gabriel, assim que quimioterapia termina. Preocupada, procurou a diretora da casa e expôs essa dificuldade. A coordenadora e dona da casa abriu todas as portas para ela e nem colocou dificuldades - pediu apenas que se sentisse bem e em casa. “Estou sendo bem atendida, o pessoal aqui é muito bom”. “Antes de chegar aqui eu estava arrasada, sofrendo muito. Por um momento achei que não fosse conseguir. Pedir força a Deus. E entreguei Gabriel para ele cuidar, e pedi para que ele iluminasse as mãos dos médicos. E graças a Deus aqui estou sendo muito bem tratada. Temos alimentação, meu filho pode assistir TV, brincar à vontade. Eles fazem mamadeira para o Gabriel do jeito que ele gosta. Aqui a entrega é total, tenho liberdade. Falo sempre pra meu filho que foi Deus que trouxe a gente pra cá”. Apoio na casa é o que não falta. A equipe trabalha para não faltar nada. “Eu não compro nada aqui, nem um sabonete. Meu filho tem que tomar muito suco de beterraba, por conta da quimioterapia, e eles não deixam faltar nada e me

atende qualquer hora. Alimento do bom e do melhor. Tem comida que na minha casa não tem, e a qualquer hora”. Mariza fala que faz as orações na igreja da casa, e que hoje está mais viva do que nunca. Não tem o que reclamar e só tem que agradecer o trabalho que a família realiza e esperar que tudo dê certo no tratamento do filho. “Eu sou muito grata a esta família, não sei nem como agradecer, fico até com vergonha de como eles me tratam bem. Posso ficar aqui o tempo necessário, até o tratamento acabar. A casa não tem pressa na estadia, o que vale aqui é a recuperação dos pacientes. O paciente pode ficar o tempo necessário”.

Quimioterapia Eu vejo as lagrimas caindo num rosto de uma mulher que, desde criança, teve que lutar pela própria vida. Agora vê o filho, de dois anos, lutando contra um tumor raro na cabeça, mas com muita esperança. Tento não interferir, ofereço um pouco de água a dona Mariza. Mesmo chorando, ela não deixa de me contar as histórias. E fala, com lágrimas caindo e soluçando: “O Gabriel, quando faz quimioterapia, ele fica tão molinho, tadinho, não aguenta nem ficar em pé”. Cortou-

me o coração. Sentadas à mesa, por um momento, passamos a observar Gabriel. Ele tomava seu lanche, quietinho. A mãe continua: “Quando ele está aqui, parece que está no céu. Já, no hospital, ele fica triste. Ele me pede: mamãe vamo pra casa”. Nesse momento, as lágrimas descem pelo rosto da mãe e ela o abraça. “Estou feliz que o Gabriel, meu anjo, esteja reagindo bem à quimioterapia”. Entre choro e alegria, a emoção é forte quando ela fala da melhoria do filho. “Entreguei meu filho a Deus”.

Voluntária com amor Carmem Silva, “mineira de nascimento e goiana de coração”, de 57 anos, moradora de Goiânia, próximo à Casa de Apoio São Luiz, é cozinheira. Ser voluntário é doar um pouco do tempo para fazer o bem a quem precisa. Carmem começou o trabalho voluntário há 15 anos, no Hospital Araújo Jorge, em Goiânia. Lá, no começo, sem nenhuma informação, tinha muito receio de tocar nos pacientes. Há oito anos, atua na casa de apoio, onde não pretende mais sair: “Perdi todo o meu receio e criei coragem”, revela. O que a levou fazer esse trabalho foi o amor que sente pelas pessoas. “É colocar uma pi-


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tadinha de amor a mais, e isso não se explica”, conta - e o sorriso toma conta da feição de Carmem. Para ela, ajudar na cozinha é um trabalho que lhe dá muito prazer. Ela se sente honrada em poder dar um pouco do tempo a quem está precisando de carinho. “Adoro fazer almoço e ver todos satisfeitos”, conta a voluntária. De repente, chega um rapaz, com toda humildade, e pede para ela esquentar uma água. Ela se levanta, esquenta a água e entrega ao rapaz. Ele agradece. “Eles pedem, a gente atende na hora. Aqui tem de tudo pra eles na geladeira, que vive cheia do bom e do melhor”. Dona Carmem conta que alimentação é conforme o tratamento. “A família não deixa faltar nada,

e a qualquer hora que eles sentem vontade de lanchar é só pedir”. E continua: “Nosso trabalho é fazer as pessoas se sentirem bem na casa, e amenizar o sofrimento delas. Aqui, a gente aprende a gostar das pessoas que chegam. Quando vão embora, sentimos saudade. Por outro lado, ser forte é um diferencial para qualquer voluntário. Saber lidar com as emoções na medida certa é fundamental”, ensina e completa: “Estou sempre forte para passar ânimo ao paciente, para ele continuar a luta e não parar no meio do caminho”. Carmem relata que os pacientes da casa vêm do Acre, Tocantins, Bahia, do Sul do Brasil, interior de Goiás. “Enfim, de todas as regiões, e nem por isso ficam sem estadia, Geralmente, eles chegam muito

fragilizados e a casa não os deixam gastar com nada. Aqui, eles encontram tudo: do sabonete ao lençol. E se faltar doação, a família tira do bolso e coloca”. Disse que é como casa de mãe: “Sempre cabe mais um”. Com lágrimas nos olhos, Carmem fala que é preciso ser muito forte quando se perde uma batalha, para não demonstrar fragilidades àqueles que continuam lutando pela vida. “É preciso sempre trazer uma palavra amiga. Eles já estão doentes e sem esperança, por isso só levo palavras de amor, de amizade, nunca demonstro o contrario”. Comenta que não esquece as pessoas que passaram por lá. “Sinto saudades e fico muito feliz quando eles ligam”.

Orlando Oliveira Teles, o vaqueiro O câncer atinge milhões de brasileiros. A doença não escolhe sexo, idade, raça, nem posição social. Mas, em pessoas carentes, a doença acaba fazendo um estrago maior. Por não terem condições de fazer um bom tratamento, muitos procuram apoio. Foi assim que o vaqueiro Orlando Oliveira Teles, 45 anos, se deparou com a leucemia - um tipo de câncer. Teve que gastar o que tinha e o que não tinha. Já sem recurso, foi encaminhado à Capital, Goiânia. Ele saiu de Vanderlei, na Bahia, sua cidade natal, com um tratamento caro e sem recurso, foi encaminhado pelo Hospital Araújo Jorge.

Em meio a tanto sofrimento e desilusão, sem o apoio da Casa São Luiz teria desistido de lutar pela vida. “Eu teria voltado pra casa porque o custo é muito alto”. As dificuldades encontradas são muitas, o tratamento requer tempo, dedicação, além de pausas. O fardo é pesado para quem está lutando pela vida. Orlando gastou toda a economia em exames. “Só o meu patrão eu estou devendo R$ 20 mil reais”, revela. Ele chegou na casa de apoio e foi bem recebido. “Tinha ouvido comentários da casa, mas não imaginava tamanha dedicação e amor. Aqui eu não tenho gastos. A preocupação é apenas com o meu

bem-estar. O pessoal daqui é preocupado e dedicado. Estão sempre à disposição”. Diferente de muitos, Orlando tem esperança e está há 50 dias na casa. Ele conseguiu um doador de medula, o seu irmão, José Ribeiro Filho, de 38 anos, funcionário público municipal de Vanderlei. Ele fala que a doença pegou a todos de surpresa, mas está feliz em saber que vai poder doar sua medula ao irmão. “Eu doaria até minhas as unhas, e sem anestesia, se fosse preciso”, ressalta o irmão, que mostra satisfação com o apoio recebido: “Eu não imaginava que era tudo isso, o trabalho da casa é fantástico”.

VESTIBULAR Eu presto, sim, pra alguma coisa! “... VIVIA FAZENDO TESTES VOCACIONAIS, MAS QUANDO CONHECI MELHOR O CURSO DE BIOMEDICINA, ME APAIXONEI DE VEZ E, AGORA, VOU ESTUDAR ATÉ PASSAR.” Mônatha Tairine

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imulados, redações, vestibular, ansiedade. O ensino médio chega ao fim. A pressão característica na juventude -, entretanto, continua. Agora, um desafio: escolher uma profissão. A famosa pergunta, “o que você vai

ser quando crescer?”, precisa, então, ser respondida. Existem, atualmente, vários testes vocacionais que ajudam na hora desta decisão. Há quem afirma, de modo subjetivo, que a carreira está ligada ao dom da pessoa. Já para outros, esta escolha é uma questão de sorte. Para discutir este assunto, a Universidade Federal de Goiás realizou, nos últi-

mos meses, o I Espaço das Profissões. O evento funciona como uma feira educacional. A ideia é fazer com que o aluno do ensino médio saiba mais sobre os cursos oferecidos pela instituição. A estudante Gabriela Rodrigues Barbosa, de 16 anos, conheceu a exposição. Foi lá, inclusive, onde ela decidiu pelo curso que fará. Confusa quanto à escolha, Gabrie-


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la foi indicada por seus professores a ir conhecer o espaço que, segundo ela, é melhor que qualquer teste vocacional. “Quando fui à exposição, não imaginaria que fosse tão interessante conhecer cada curso de perto. Eu tinha muitas dúvidas e vivia fazendo testes vocacionais, mas quando conheci melhor o curso de biomedicina, me apaixonei de vez e, agora, vou estudar até passar”. Centenas de professores, de escolas de ensino médio em todo o Estado, também visitaram o evento. Eles aproveitaram a oportunidade e incentivaram seus alunos a esclarecer muitas dúvidas sobre a escolha da carreira. Outra preocupação, segundo eles, é não deixar com que os estudantes sejam influenciados pelos mitos que cada profissão carrega. É raro encontrar alguém que não sonha em entrar para a universidade e, enfim, fazer o curso tão desejado. Muitos alunos, no entanto, vão em busca da profissão sem antes analisá-la de forma correta. Eles, talvez pela inexperiência, observam apenas o que ela tem de melhor a oferecer. Por isso, levam em conta até os boatos que correm acerca de uma ou outra carreira. Há muita gente que, sem conhecer o cotidiano destas profissões, vislumbra algo que, na prática, é bem diferente do que parecer ser. Veja agora alguns mitos criados pela sociedade sobre alguns profissionais. Entenda um pouco mais sobre cada um deles.

O professor Para quem sonha em ser professor, não pense que ele sabe de tudo, nem que não precisa mais estudar! Sua rotina, realmente é baseada em torno do conhecimento. Daí, a justificativa pra que ele seja considerado, em todo o mundo, o principal propagador da educação.

O dentista A cirurgiã dentista Daniele Ferreira Costa, de 33 anos, dá a receita do sucesso. “Para manter um belo sorriso é necessário apenas uma escova de dente, uma boa alimentação e muita força de vontade”. Ela - como muitos colegas de profissão - se lamenta por alguns ditados populares. O pior deles, segunda a cirurgiã, é o que diz que o dentista não pode, de forma alguma, ser levado pela vontade de comer doces para que, assim, seus

AS PROFISSÕES, NUM CONCEITO BEM-HUMORADO SOB O PONTO DE VISTA DA SOCIEDADE ADMINISTRADOR: Aquele que, quando formado, vai administrar uma empresa perfeitamente. Para isso, vai usar tudo o aprendeu na faculdade e com ajuda, é claro, de sua super calculadora HP. BIOMÉDICO: É a pessoa que fará pesquisas em torno de doenças infecciosas, solucionando problemas. Há quem pense que é como um submédico, ou seja: é a fusão da biologia com a medicina. DESIGNER DE MODA: Aquele que sempre andará bem arrumado custe o que custar. O chik, para ele, pode até estar fora dos padrões de normalidade. ENGENHEIRO: É o verdadeiro “bambambã” da matemática; o responsável por todas as construções erguidas. Quando a “casa cai”, é ele quem paga o pato. FOTÓGRAFO: O profissional encarregado de registrar tudo, até que, um dia, dê sorte de pegar um ângulo bom com uma bela imagem. JORNALISTA: Gente convencida, que pensa que sabe tudo - no fundo, sabe mesmo. São os encarregados de propagar a noticia, isto é, os fofoqueiros. PSICÓLOGO: Ele te faz aceitar a vida como ela é. Todos pensam que eles são doidos, mas isso é apenas um detalhe que, por sinal, está em você e não neles. dentes permaneçam sempre impecáveis. Daniele ressaltou ainda, que também é humana e que gosta muito destas guloseimas. “Não é possível que pensem que dentista nunca teve cáries! Eu mesma colecionei algumas durante algum

tempo...”, confidenciou. Para quem quer ser dentista, então, não se preocupe pela cobrança exagerada em relação a seus dentes. Afinal de contas, dentista nenhum tem o sorriso perfeito.

O nutricionista Quem nunca se deparou com um nutricionista fora de forma? O nutricionista é visto como o especialista que ajuda as pessoas a manter uma boa alimentação e, assim, consequentemente, o corpo de bem com a balança. Por isso são inúmeras as consultas por

este profissional. Os principais pacientes são os gordinhos. Não se engane! Nutricionista nem sempre estará em forma. E não repare se algum dia for almoçar com algum e ele, de repente, pedir picanha como entrada.

Fique ligado! Não erre na escolha! Esteja bem informado sobre os prós e os contras de cada profissão. Se você não gosta de sangue, nem pense em fazer medicina ou algo do tipo. E se, por outro lado, você não gosta de matemática, faça jornalismo e seja feliz!

Trabalho não tem idade Luana Santana Ludimila Oliveira

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m senhor já de idade que chama a atenção pela humildade e pelo olhar cheio de vida e disposição. Vicente Pereira, 72

anos é um exemplo de trabalho para os moradores de Bela Vista de Goiás à 42 Km da capital. Ele conta que aposentou há dez anos, logo começou a fazer biscoitos em casa para vender nas ruas. Se ele já era acostumado a estar na cozinha? Não. Mas o medo de


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ficar sem o que fazer e sustentar uma casa com apenas um salário mínimo da aposentadoria, o fez passar a acordar todos os dias as 03h30min da madrugada, preparar a massa, ligar os fornos e assar seus biscoitos de queijo. Conta feliz que seu biscoito é o melhor da cidade, que é feito com muito capricho, dele e de sua esposa que o auxilia, dona Maria Augusta. Ao ouvir essa conversa, Maria Augusta vem pela sala da casa dizendo que ela só ajuda a enrolar a massa já depois de pronta, mas que praticamente tudo é feito por ele. “O Vicente gosta tanto dos biscoitinhos dele, que tem dia que ele nem quer dormir, ai ele dorme tarde por que fica preparando tudo, e acorda pela madrugada para começar o serviço.” Conta ela. Vicente realmente é um senhor muito educado, é impossível conversar com ele e não sentir atração pelos seus biscoitos, que inclusive, são mesmo uma delícia. Ele faz questão de mostrar sua cozinha, seu modo de trabalhar, a higiene impecável do local. No decorrer da conversa, um homem chama por “pai”, e ele pede licença e corre para o quarto para ver o que o rapaz queria. Foi ai que a conversa tomou outro rumo, Vicente pede desculpas sorrindo e

diz que era o filho, Paulo Vicente, de 35 anos que o chamava para perguntar quem estava na casa. Seu Vicente começa a contar que esse filho mora com eles, que há 5 anos teve um problema sério de saúde, e sua esposa interrompe dizendo que até fica brava por seu Vicente se esforçar tanto, não dormir bem, por que foi ele quem doou há 5 anos um rim para o filho. Perreira passa uma mão no queixo se mostrando preocupado e continua a conversa. “Tenho dois filhos, um casal. Minha moça infelizmente até hoje não conseguiu engravidar, e já meu filho me deu de presente 2 netos lindos, e ele precisou de um rim, eu tinha dois e dei um, só que provavelmente agora ele vai precisar de um coração...” Maria Augusta veio com jeitinho e encostou as duas mãos no ombro de seu velho, como ela mesma dizia, e ele logo começou a chorar como uma criança. Uma situação bastante constrangedora e estranha. Entrei naquela casa para falar com um homem conhecido por todos como um homem guerreiro, homem alegre, cheio de piadas, trabalhador, e de repente, me vi na frente de uma pessoa cansada, frágil e triste.

Com a grande educação, ele demonstra com a mão que quer continuar a falar disso. Levanta novamente a cabeça, já com o rosto molhado por lágrimas e diz, “e se ele precisar de um coração eu não tenho dois, mas o meu é dele. Eu já vivi demais, vi meus filhos crescerem, formarem e se casarem, quero que ele veja todas as fases dos meus netos. ”Um silêncio toma conta da área da casa daquela família, as palavras simplesmente sumiram. Mas foi nessa hora que seu Vicente honrou seu perfil visto por todos da cidade, mostrando sua maior qualidade que é o otimismo. “Ele levanta e anuncia com voz feliz, “eu vou trazer o remedinho para vocês, não quero ninguém triste.” Todos riram ao ver seu Vicente vindo com uma bandeja de biscoitos que acabara de sair do forno. Os netos que ali estavam, ao ver o avô com aquele tanto de biscoito, já gritam: “Oba!” Agora é possível entender por que esse homem conquistou uma cidade, mais do que biscoitos, ele leva também as ruas uma alegria, uma satisfação em fazer aquilo. Em pouco tempo de conversa foi possível ver não só o homem que vive do suor do seu trabalho, mas o pai que ama acima de tudo.

SAÚDE O Novo Código de Ética Médica O que muda na vida dos trabalhadores da saúde? Confira informações sobre tratamentos paliativos, atos de humanização e as recentes mudanças Anderson André

O

novo Código de Ética Médica está em vigor desde abril de 2010. Na história da medicina brasileira, cinco códigos de ética eram oficialmente reconhecidos pela classe médica. O primeiro código foi o de Deontologia Médica, aprovado em 1944. E o último é de 1988. Com varias mudanças benéficas, pacientes e profissionais da saúde estão diante de um novíssimo texto, revisado e atento a uma simples transcrição da receita médica, até aos mais audaciosos campos de pesquisas, como a biomedicina. Durante o processo de revisão, foram 2.677 sugestões enviadas por médicos e entidades civis or-

ganizadas de todo Brasil. Algumas foram acatadas e merecem destaque: “O médico aceitará as escolhas de seus pacientes relativos aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas”. Outra diz o seguinte: “Proibição de criar embriões com finalidades de escolha de sexo ou eugenia, mas os embriões podem sofrer modificações genéticas de células somáticas como forma de tratar doenças”. E mais: “É proibido usar placebo em pesquisas, quando há tratamento eficaz”. O novo código de ética reforça o caráter antiético da “Distanásia”, entendida como


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o prolongamento artificial do processo de morte, com sofrimento do doente, sem perspectiva de cura ou melhora. Aparece aqui o conceito de cuidados paliativos.

Tratamento paliativo O tratamento paliativo é voltado para o controle de sintomas físicos, para os aspectos emocionais, sociais e espirituais, para pacientes que se encontra com doenças ativas, progressivas e não responsiva aos tratamentos curativos. Este paciente recebe a denominação de terminal. Segundo Antônio Gomes Teles, médico especialista em Oncologia, com 24 anos de profissão, “os critérios para o encaminhamento aos cuidados paliativos são estabelecidos pela equipe médica que o assiste na sua doença de base”, explica e completa: “Constitui-se de um doente que apresenta doença incurável, progressiva, que não responde aos tratamentos curativos e que tem uma expectativa de vida de seis meses”, conclui Teles. Com a vigência do novo Código de Ética Médica, “o aspecto que se refere aos pacientes terminais evolui, pois libera o profissional assistente de não continuar o tratamento que já não proporciona a cura ou regressão da doença, consequentemente, não precisa temer de ser processado”. Os pacientes que atuam nos cuidados paliativos são, médico, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e todos os demais profissionais da saúde. A forma de atuar de cada profissional é definida pelo grupo que estes compõem. A partir da especificidade de cada profissional, só que voltado para o paciente terminal. As famílias recebem atenção psicológica e de assistência social, pois o comportamento do paciente que recebe os cuidados paliativos depende da fase em que se encontra. “Predomina-se o sentimento de negação da doença e da morte, ele comporta com repulsa a nossa atuação”, finaliza o médico Antônio Gomes.

História sobre os cuidados paliativos “Um caso bastante ilustrativo de atuação de uma equipe de cuidados paliativos é o da paciente Maria, dona de casa, 60, portadora de câncer no colo de útero. Foi tratada com cirurgia e radioterapia, mas a doença evoluiu apesar destes

tratamentos. Foi então caminhada para o nosso grupo de cuidados paliativos. Institui a terapêutica e evolui para medicamentos mais potentes, como preconiza a organização mundial de saúde. Percebi que não era só o componente físico, a partir de um determinado momento, a psicóloga entrou em ação. Foi relatada à psicóloga uma experiência que lhe ocorreu no dia do seu casamento. Ela referiu para psicóloga que tivera uma relação sexual com seu irmão neste dia. Daí ela não tinha certeza de quem era do seu primeiro filho. Isso estava angustiando-a nessa fase final de vida, fazendo com que ela sentisse necessidade de falar sobre isso e vislumbrar uma solução. A psicóloga iniciou a intervenção e percebeu que havia necessidade de atuação do religioso que lhe dava assistência. Acontece que o religioso apenas lhe referiu que ela foi perdoada por Deus. Isso não a deixou satisfeita. Então a psicóloga levou o caso para o grupo que decidiu que ela falasse a respeito da possibilidade de se realizar um exame de DNA para confirmação da paternidade. A psicóloga levou esta solução para a paciente que melhorou bastante os seus sintomas, sendo possível até mesmo lhe reduzir a medicação analgésica. A paciente foi a óbito antes do exame de DNA ser realizado, porém aliviada porque vislumbrou a possibilidade de ver essa dúvida resolvida”. Quem conta a história é o médico, especialista em Oncologia, Antônio Gomes Teles.

As principais mudanças do novo código de ética médica 1 - Letra legível A receita e o atestado médico têm de ser legíveis e devem ter a identificação do médico. 2 - Direito de escolha O médico deve apresentar todas as possibilidades terapêuticas – cientificamente reconhecidas – e aceitar a escolha do paciente. 3 - Consentimento esclarecido O paciente precisa dar o consentimento a qualquer procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. 4 - Abandono de paciente O médico não pode abandonar seu paciente.

5 - Pacientes sem perspectiva de cura O médico deve evitar procedimentos desnecessários nesses pacientes. Em caso de doenças incuráveis, deve oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis, levando sempre em conta a opção do paciente. 6 - Prontuário médico O paciente tem direito a receber a cópia do prontuário médico. 7 - Segunda opinião O paciente tem direito a uma segunda opinião e a ser encaminhado a outro médico. 8 - Anúncios profissionais É obrigatório incluir o número do CRM em anúncios dessa natureza. 9 - Participação em propaganda O médico não pode participar de propaganda. 10 - Receita sem exame O médico não pode receitar sem ver o paciente, seja por meio de veículo de comunicação ou internet. 11 - Relações com farmácias O médico não pode ter relação com o comércio e a farmácia. 12 - Sigilo médico O sigilo médico deve ser preservado, mesmo após a morte do paciente. 13 - Condições de trabalho O médico pode recusar a exercer medicina em locais inadequados. 14 - Denúncia de tortura O médico é obrigado a denunciar tortura, isso vale para atendimento de possíveis vítimas de violência doméstica, por exemplo. 15 - Descontos e consórcios O médico não pode estar vinculado a cartões de descontos e consórcios, em especial na área de cirurgia plástica. 16 - Falta em plantão Abandonar plantão é falta grave. 17 - Manipulação genética O médico não pode participar de manipulação genética. 18 - Sexagem A escolha do sexo do bebê é vedada na reprodução assistida.


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