estúdio gravataí I/V
Os projetos aqui apresentados foram desenvolvidos pelos estudantes e enviados para a publicação durante o processo de conclusão do semestre. A versão final dos trabalhos pode ser consultada em: www. equipamentospublicos.fau.usp. br/estudiogravatai2015 estúdio gravataí - volume I
estĂşdio gravataĂ I/V
organizadores:
andrĂŠ vitiello bellizia carolina silva oukawa dalton bertini ruas guilherme pianca moreno juliana stendart mariana caires souto mariane alves martins paola trombetti ornaghi
sĂŁo paulo fauusp dezembro de 2015
agradecimentos
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À Universidade de São Paulo e à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, pelos programas PAE e de monitoria de Graduação, sem os quais não teria sido possivel esta publicação. Somente o fortalecimento desses programas poderá expadir esse tipo de atividade extracurricular. Aos professores das disciplinas AUP0158 e AUP0162, pela colaboração e incentivo ao desenvolvimento desta publicação. Aos convidados do seminário intermediário, pela contribuição que trouxeram ao debate interno às disciplinas. Aos alunos, nos quais se fundamenta a finalidade de todo o trabalho. Aos monitores da disciplina Atelie Livre de 2015, por dividirem conosco a experiência que tiveram no primeiro semestre ao publicarem os trabalhos realizados naquela disciplina. Ao José Tadeu de Azevedo Maia e demais funcionários da seção técnica do LPG-FAUUSP, por viabilizarem a impressão destes volumes. À Lucila, bibliotecárias da FAUUSP, pela orientação na elaboração do ISBN.
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índice
o estúdio gravatai
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programas
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oficina de representação
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monitoria da graduação
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projetos
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como fazer pedra virar valor humano?
-entrevista: Marta Bogéa
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projetos
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seminário intermediário: sala 807
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projetos
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o conhecimento não elimina as possibilidades
-entrevista: Angelo Bucci
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projetos
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ficha técnica
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índice remissivo
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-projetos: sala 807
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o estúdio gravataí Antonio Carlos Barossi
Duas disciplinas: monitoria e publicação Esta publicação, proposta e realizada como atividade de monitoria pelos estudantes da pós e da graduação da FAUUSP, com apoio do comitê editorial da escola, compreende os trabalhos realizados pelos estudantes para as disciplinas de Projeto de Edificações do Departamento de Projeto: AUP0158-Arquitetura: Projeto 2 (Habitação) e AUP0162-Arquitetura Projeto 4 (Equipamentos). O conjunto de obrigatórias O grupo de Disciplinas de Edificações tem quatro disciplinas obrigatórias no currículo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP. São disciplinas de dois dias, com 4h por dia e que trazem uma estrutura subjacente com ênfases específicas, constituindo três Estúdios de Projeto. ESTÚDIO 1, constituído pela disciplina AUP0156-Arquitetura Projeto 1 cujas ênfases são: Infraestrutura / Arquitetura do lugar / Transposições. ESTÚDIO 2, constituído pelas disciplinas AUP0158-Arquitetura Projeto 2 e AUP0160-Arquitetura Projeto 3 cujas ênfases são, respectivamente: Habitação / Arquitetura da construção / Modulações Espaciais e Habitação / Arquitetura da construção / Modulações Construtivas. ESTÚDIO 3, constituído pela disciplina AUP0162-Arquitetura Projeto 4 cujas ênfases são: Equipamentos públicos / Arquitetura do programa / Transições. Apesar de na estrutura “ideal” estarem posicionadas em sequência nos segundo e terceiro anos, nenhuma delas é pré-requisito, o que permite ao estudante cursá-las a qualquer tempo depois da primeira disciplina de projeto, AUP0608-Fundamentos de Projeto do primeiro semestre do curso. Ciclo de abordagem de diferentes condições urbanisticas Os quatro semestres necessários para cursar as disciplinas formam um ciclo de abordagem de diferentes situações urbanas em que se situam as
áreas de intervenção. Três na região metropolitana de São Paulo: centro histórico/área consolidada; centro expandido/em consolidação e regiões vulneráveis/consolidação precária; e um numa cidade de pequeno ou médio porte, fechando o ciclo que reinicia no semestre seguinte. Calendário e áreas de intervenção em comum, com orientação autônoma e alternância entre trabalhos de equipe e individual A cada semestre são oferecidas duas disciplinas nos mesmos dias (2ª e 3ª) e horário. No semestre ímpar o trabalho é em equipe e nos pares individual. A área de trabalho de ambas compreende o mesmo setor urbano com algumas alternativas de locais de intervenção para escolha dos estudantes. Embora cada disciplina tenha abordagens específicas, além da área de trabalho, o calendário de atividades é comum, permitindo compartilhar aulas e palestras; criar eventos marcantes nos dias de exposição; otimizar a confecção das bases e seus desdobramentos na produção de novos dados pelos estudantes, propiciando assim uma maior sinergia entre os estudantes das duas disciplinas. A monitoria criou uma base de dados comum para compartilhamento dos trabalhos e uma página Facebook. 2º semestre de 2015 Neste semestre, descontados os feriados, tivemos 32 dias de atividades didáticas. Oito com atividades comuns: apresentação do curso; visita à área; palestra do secretário de Cultura e pesquisador de habitação prof. Dr. Nabil Bonduki; uma exposição intermediária dos trabalhos; uma exposição final; cinco seminários simultâneos de discussão e avaliação dos trabalhos no mesmo período da exposição com um professor de cada disciplina e convidados (outros departamentos e externos); e dois dias (uma semana) de participação nas bancas de TFG. Nos outros quatorze dias, cada professor coordenou 28 reuniões, duas por dia, de orientação e discussão dos trabalhos. Com duas horas de duração e abertas à todos os estudantes, cada reunião previa a apresentação de 5 projetos em 20 minutos cada e 50 min de discussão, de forma que o estudante
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pudesse apresentar seu trabalho em 7 etapas de desenvolvimento (Estudos iniciais, Partido, Estudo Preliminar, Estudo Preliminar Revisado, Anteprojeto, Anteprojeto 2, Projeto Final), uma por quinzena, além das finalizações com prancha acabada e modelo volumétrico (uma intermediária e uma final). Rua Gravataí, Moradia e Cultura numa relação de vizinhança. A área de intervenção situa-se em um trecho urbano de aproximadamente 5 ha que compreende a rua Gravataí na região central de São Paulo. Foram indicadas 5 áreas de intervenção a escolher, todas voltadas para a rua Gravataí, que na realidade é o que constitui o objeto primordial de interesse do projeto. O interesse na rua Gravataí, além de estar na região do centro histórico de acordo com o ciclo de abordagem dos quatro semestres, deve-se ao fato de constituir um local que, apesar de totalmente inserido numa região de caráter predominantemente metropolitano, tanto do ponto de vista da mobilidade, como dos usos, ainda preserva uma bonita relação de vizinhança dos seus moradores, que insistem em permanecer ali. Essa condição é particularmente adequada aos programas dos projetos das disciplinas, na perspectiva da caracterização espacial da rua e afirmação dos usos que correspondem às relações de vizinhança. Tanto em relação à Habitação Coletiva a ser desenvolvida na AUP0158, pelos motivos óbvios, como em relação à Casa de Cultura desenvolvida na AUP0162, que visa contemplar mais as atividades artísticas e culturais da comunidade do que realizar eventos culturais em geral. Além dos edifícios residenciais, vale destacar a existência na rua de um teatro desativado originalmente pertencente à escola Caetano de Campos, uma creche, um abrigo infantil e uma escola pública infantil. Para alguns trabalhos, foi solicitado ao estudante escolher para acrescentar na implantação, um projeto da outra disciplina, em outro terreno, que estúdio gravataí - volume I
melhor compusesse com o seu na obtenção de uma espacialidade da rua como um todo. A Habitação e a Casa de Cultura Na AUP0158 foi proposto o projeto de um edifício típico urbano de Habitação com Lojas e Serviços no pavimento térreo podendo conter, além das áreas comerciais de vizinhança, a creche e/ou o alojamento infantil substituindo os existentes. O dimensionamento do programa a partir da definição da quantidade e tipo de unidades residenciais e comerciais, e da inclusão ou não dos equipamentos, constituiu decisão de projeto em função da área escolhida e dos parâmetros urbanísticos de São Paulo indicados pela disciplina. Na AUP0162, foi proposto um programa definido: uma Casa de Cultura voltada prioritariamente para atividades da vizinhança, com quatro ambientes principais de 270m2 cada: Apresentações (eventos); Exposições (mostras); Leitura (biblioteca) e Oficinas (produção). O programa resulta em 2.600 m2 de construção, acrescentadas as áreas complementares: acessos, administração, depósitos, manutenção, pessoal, sanitários, infraestrutura e circulação, que para esse tipo de uso compreende os espaços de estar e encontro a serem resolvidos conforme cada projeto. Aqui os parâmetros urbanísticos (Taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, recuos, permeabilidade, etc.) foram indicados como referência de conhecimento obrigatório, mas de atendimento livre a critério de cada projeto. Parâmetros gerais como segurança e acessibilidade foram indicados para serem contemplados.
Números 002 disciplinas 011 professores 003 monitores PAE 007 monitores da graduação 388 alunos 035 alunos por professor 128 horas de aula (32 dias) 008 dias de atividades comuns 32 horas de aulas, visitas, palestras, seminários, etc. 014 dias de reuniões de orientação cada professor 1.120 horas de reuniões com um professor nas duas disciplinas 002 reuniões por dia, cada professor 002 horas cada reunião de orientação 010 alunos em média por reunião de orientação 028 reuniões de duas horas por professor 280 reuniões de duas horas com 1 professor nas duas disciplinas 005 apresentações de trabalho por reunião 010 apresentações de trabalhos por dia de orientação 007 etapas de desenvolvimento 007 apresentações do trabalho pelo aluno em reuniões 002 exposições gerais dos trabalhos 005 seminários (simultâneos) com alunos e professores das duas disciplinas mais convidados 012 convidados de outros departamentos para os seminário 006 convidados externos para os seminários 035 alunos tutorados e avaliados por cada professor 002 finalizações de projeto 200 projetos publicados
programas
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Programa AUP0158: habitação e equipamento
Parâmetros de projeto: CA = de 2,0 a 4,0; TO = 0,7
Proposta: projeto de um edifício típico urbano de habitação com lojas/serviços no pavimento térreo em na área central da cidade.
área permeável: 15% da área do lote não há limite de gabarito unidades habitacionais devem atender três tipologias: unidade de 1 quarto - 68 m2 unidade de 2 quartos - 85 m2 unidade de 3 quartos - 102 m2 5% das unidades devem considerar acessibilidade universal em todos os cômodos pé direito mínimo 2,50 m em ambientes de permanência prolongada e 2,30 m em ambientes de permanência transitória unidades comerciais área mínima de 50 m2 que engloba dois sanitários acessíveis e uma pequena copa equipamento social é desejável que o edifício habitacional comporte uma creche municipal (800 m2) ou um abrigo para menores (20 moradores) em seu embasamento. as áreas de estudo abrigam atualmente esses equipamentos programas complementares áreas técnicas do edifício: hidráulica, eletricidade, gás, depósitos comuns (manutenção), depósito de lixo (orgânico, reciclável e escombros) e serviços comuns
estúdio gravataí - volume I
Programa AUP 162: equipamento cultural
Parâmetros de projeto: CA = 4; TO = 0,5
Proposta: edifício deequipamentos públicos municipais de cultura (biblioteca, teatro, museu e casa decultura) na Rua Gravataí.
gabarito 8 pavimentos áreaconstruída total 2529 m2 Relação de áreas setor de acesso público - área total 2178 m2 praça de entrada e marquise 445 m2 saguão de entrada 270 m2 loja e cafeteria 36 m2 sala/balcão de informações 18 m2 salão de exposições/museu 270 m2 salão de apresentações/teatro 270 m2 salão de leitura/biblioteca 270 m2 salão de oficinas 270 m2 (subdividido em 6 salas de 36 m2) sanitários 144 m2 circulações 324 m2 terraço descoberto 270 m2 terraço coberto 90 m2 setor administrativo - área total 220,5 m2 secretaria 18 m2 diretoria 18 m2 sala de reunião 36 m2 coordenação - 72 m2 (4 salas de 18 m2) depósitos 45 m2 (5 depósitos de 9 m2) copa e despensa 13,5 m2 sanitários 18 m2 setor de serviços manutenção - área total 130,5 m2 setor de máquinas - área total total 108 m2
oficinas de representação Carolina Oukawa Dalton Ruas Guilherme Pianca
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Dentro da ampla gama de assuntos abordados nas disciplinas obrigatórias de projeto arquitetônico, a representação acaba sendo um item anexo, que se converte muitas vezes em obstáculo à compreensão e ao aprofundamento dos aspectos do projeto propriamente dito. Para contribuir com a comunicação entre aluno e professor nas orientações, e com o intuito de tornar mais fluida aquela “comunicação interna” (do estudante-arquiteto consigo mesmo ao longo do processo de projeto), foram propostas oficinas de representação, ministradas pelos estagiários do Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino da Reitoria (PAE). Na prática, as oficinas configuraram-se como encontros semanais de estudantes matriculados nas disciplinas com estagiários PAE e monitores de Graduação, ao longo do primeiro bimestre, no próprio estúdio. O conteúdo das oficinas foi organizado em três módulos, em torno dos seguintes assuntos: croquis, maquete e representação gráfica para apresentação de projetos. A sequência dos módulos foi definida a partir de uma possível relação entre distintos momentos do projeto e diferentes modos de representar, conforme esboçado brevemente a seguir:
apresentação parcial | final Assunto abordado mais especificamente no módulo III das oficinas e, em partes, no módulo II. No contexto das disciplinas de projeto, podem ser entendidos como momentos de apresentação desde a orientação com os professores aos seminários e entregas intermediários e finais. No contexto profissional, compreende todas as sínteses anteriores ao projeto executivo. A apresentação requer representações mais bem acabadas, mais precisas, elaboradas com atenção a normas técnicas. execução Esta etapa requer representações voltadas à construção, que expressem dimensões e detalhamento necessário à execução da obra, considerando a compatibilização entre projeto de arquitetura e projetos complementares. No curso de arquitetura, constitui uma etapa à qual não se costuma chegar. análise | estudo Utilizam-se representações num contexto de pós-produção da obra, com intuito de aproximação e leitura.
fases de projeto | representações de arquitetura levantamento Momento anterior e concomitante ao processo de projeto; compreende levantamento planialtimétrico, registro fotográfico e observação (também por meio de desenhos e modelos) de características do lugar da intervenção. concepção | verificação Princípio e desenvolvimento do projeto. Requer recursos de representação compatíveis com a flexibilidade e fluidez características da etapa inicial de proposições. Algumas técnicas de representação correspondentes a esta etapa foram discutidas nos módulos I (croquis) e II (maquetes). estúdio gravataí - volume I
O conteúdo apresentado acima sugere que a representação em arquitetura não deve ser considerada como algo absoluto, direcionado a um único propósito. É necessário que as técnicas expressivas estejam de acordo com os objetivos intrínsecos de cada etapa do projeto. módulo I – croquis O fato de uma representação não abarcar, simultaneamente, todas as etapas e informações do projeto de arquitetura liberta sobremaneira as possibilidades do desenho. Os croquis são instrumentos para que se cumpram os objetivos do projeto na etapa de concepção e verificação. São desenhos rápidos, em geral à mão livre, sempre
figura 1: Croqui de Artigas durante elaboração do projeto do edifício da FAUUSP. O aspecto final demonstra que o desenho de concepção e verificação não é um fim em si mesmo, mas instrumento à busca de soluções de projeto. Uma evidência disso seria o fato de o edifício desenhado não apresentar semelhança com o que veio a ser o edifício da FAU.
que possível em escala ou proporcionados. Podem ser feitos sobre uma base cartográfica coletada na fase de levantamento, eventualmente apontando a necessidade de coleta de novos dados, já que as etapas do processo de projeto não são estanques. Em aparência, quanto mais próximo do início do processo, menos definido e acabado é o aspecto desses esboços. O recurso da sobreposição (aproveitando a transparência do papel) substitui o uso excessivo da borracha, o que auxilia o fluxo das ideias na verificação de cada proposição. É fundamental compreender que o croqui não deve ser visto como “bonito” ou “feio”. A beleza desse tipo de desenho, se há, reside na função que desempenha ao servir de veículo para o pensamento a respeito do próprio projeto: o croqui torna visíveis as proposições inicialmente imperfeitas, que podem desse modo ser verificadas e desenvolvidas em sucessivos novos desenhos. Gradualmente, amplia-se a escala, para aprofundar a elaboração de detalhes que surgem conforme o todo vai se resolvendo. Por se tratar de uma representação processual, dificilmente são encontrados croquis de concepção e verificação de fato. É comum que se use o termo para designar um desenho à mão livre genérico, uma mera ilustração de arquitetura; ou, quem sabe, um desenho que sintetiza uma obra em linhas gerais, feito após o final do processo, quando o projeto ou até mesmo a obra está concluída. Um dos poucos exemplos de publicação de croquis de processo é o Caderno dos riscos originais: projeto do edifício da FAUUSP na Cidade Universitária (figura 1). É importante que os jovens estudantes de arquitetura tenham consciência das particularidades do desenho de concepção e verificação. Primeiro, para desenvolverem a habilidade de “pensar com a ponta do lápis”, adquirindo a flexibilidade e a fluidez próprias do início do processo de projeto. Segundo, para não se tornarem reféns de modos de representação paralisantes, ao esperarem muito mais da aparência final do desenho do que dos significados nele contidos.
módulo II – maquetes Ambicionou-se neste módulo o desafio de desmistificar “crenças” enraizadas quanto à confecção de modelos tridimensionais físicos de arquitetura: A) A confecção de maquetes é identificada com o final do processo de projeto. B) Mesmo quando se admite a maquete de estudo na elaboração do projeto, sua finalidade não é clara, assim como seu desenvolvimento em paralelo aos desenhos bidimensionais. Como resultado, os modelos “de estudo” são apresentados muitas vezes no final, e constituem-se como uma extrusão das escolhas realizadas em planta, em uma mera ilustração. C) Fazer um modelo é muito trabalhoso, uma atividade “braçal” que consome mais tempo do que a elaboração “intelectual” do desenho, assim como exige uma capacitação ainda maior para a sua correta execução. Na prática, sua realização é descartada ou, recentemente, relegada à produção “imediata” e “automática” das impressoras tridimensionais. Dado o tempo exíguo para o enfrentamento destas questões, foram elaboradas duas atividades para problematizá-las, sem a intenção de oferecer uma resposta instântanea. Primeiro, buscou-se mostrar por meio de uma seleção de imagens que os modelos físicos devem estar presentes em diversos momentos do projeto, em várias escalas, conforme o interesse da questão a ser pesquisada em cada fase, assim como explicado na introdução deste texto.Antes mesmo da maquete de estudo do projeto, os modelos de levantamento são importantes para a percepção da topografia, da densidade e da trama urbana da área destinada à intervenção. Já no momento de elaboração, ela pode ser tanto conceitual como de verificação de uma ideia. A rapidez na execução permite o surgimento de questões analógicas de projeto, possibilidade que os croquis não oferecem: somente na maquete são percebidas todas as dimensões do espaço simultaneamente, sem nenhuma ambiguidade. Em relação às maquetes de apresentação discutiu-se a escolha dos materiais, que não são neutros
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figura 2: para desmitificar a produção de maquetes de estudos,realizou-se em 20 minutos o modelo da topografia da Rua Gravataí. HASEGAWA, Go. Thinking, Making Architecture, Living. Tóquio: Inax, 2011.
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e reafirmam ou contradizem o partido escolhido pelo projeto. Por fim, foram abordadas as maquetes para a construção, os protótipos construtivos, como os nós estruturais realizados por Marcos Acayaba na escala 1:1, com o material final. Também poderiam ser feitas em outros materiais para informar a volumetria da peça ou para indicar na obra a forma correta de execução. Neste contexto, podem ser mais eficazes à comunicação do que o desenho dos detalhes arquitetônicos do projeto executivo. Os modelos tridimensionais vistos nestes casos assumem posições ativas na eleição das soluções a serem adotadas nos projetos. Vale lembrar que no contexto internacional há situações em que a produção de modelos está internalizada na atividade de projeto em todos os momentos. O arquiteto japonês Go Hasegawa define a prática de fazer modelos como “a capacidade de saber formular perguntas pertinentes, e quanto mais precisas estas forem, tanto mais os modelos se tornam simples e menos numerosos”1. E por que na FAU fazer modelos de estudo ainda parece ser uma eventualidade? A oficina trouxe uma atividade demonstrativa que problematizou a ideia de que a execução da maquete é mais trabalhosa do que o desenho (figura 2). Em vinte minutos, confeccionou-se a topografia do terreno da Rua Gravataí na escala 1:500, a partir de duas placas A3 de spumapaper. Isso possibilitou uma compreensão imediata da situação planaltimétrica da área de intervenção, que de outra maneira poderia levar semanas para ser alcançada, mediante a realização de muitos desenhos. Portanto, existem falsas noções de tempo, de execução e de apreensão do lugar, que a não-execução da maquete acaba por induzir. módulo III – representação gráfica para apresentação de projeto A preparação da apresentação de um projeto vai muito além de um mero procedimento burocrático, no qual se formatam croquis, maquetes, ideias e anseios do arquiteto, fazendo-os caber numa prancha desta ou daquela dimensão. A representação gráfica estúdio gravataí - volume I
depende de uma série de recursos e pode constituir um enorme campo de experimentação e busca por uma estética visual própria. No caso principalmente do estudante de arquitetura, este momento configura-se como aquele em que se pode aprofundar o contato com as referências sob a luz das estratégias de comunicação de um projeto. É importante perceber como arquiteturas distintas e seus respectivos discursos manifestam-se, além das diferenças formais e espaciais, em formas de representação que busquem expressar tais características específicas e próprias. Trata-se de uma oportunidade única de ampliação do vocabulário, integrada a uma compreensão de significados subjacentes ao projeto de arquitetura. Essa compreensão vai além de questões básicas e normativas de representação (indicação de cotas, níveis, escadas, espessuras de linha, etc.) também importantes, mas que, sozinhas, carecem de sentido. Aprofundar-se no potencial de expressar significados é o que pode alimentar a experimentação, ao mesmo tempo em que torna a apreensão do conteúdo básico de representação gráfica uma consequência natural. Em suma, o conteúdo normativo ganha sentido quando o estudante sabe o que quer dizer. Por esse viés, o módulo III das oficinas procurou debater com os estudantes, com base no material que estavam preparando para a apresentação dos projetos no seminário intermediário, as seguintes questões: Como expressar graficamente o projeto? Quais os caminhos possíveis para expor conceitos arquitetônicos e urbanísticos nos desenhos? Como o domínio do código amplia as possibilidades projetuais? Essas questões podem encontrar respostas parciais no processo do estudante, mas esperamos que, face à força de seu eco na prática arquitetônica, as oficinas tenham sido um primeiro ensaio de autoconhecimento e reflexão crítica acerca da própria linguagem; e dos significados que podem ser trazidos à tona por meio da prática projetual no momento de expressar e comunicar a um terceiro as descobertas que vão sendo feitas a cada novo projeto (figura 3).
figura 3 :Planta de situação em que a proposta do novo edificio na extrema direita tem a mesma identificação dos rios existentes: uma estratégia de conduzir a leitura da inserção urbana dos edifícios. Arquiteto:James Stirling
Carolina Silva Oukawa é graduada, mestre e doutoranda pela FAUUSP. Monitora PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo I das oficinas. Professora de Projeto e Desenho Arquitetônico da UNIP – Universidade Paulista, tem se dedicado à pesquisa das relações entre desenho e projeto de arquitetura, em interlocução direta com os professores Sérgio Augusto M. Hespanha, Maria Zarria U. Dubena e Corina Bianco.
Dalton Bertini Ruas é graduado e doutorando pela FAUUSP. Possui mestrado pela Universidade Nacional de Yokohama. Monitor PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo II das oficinas. Foi professor de maquetes e de projeto arquitetônico na Unibero Vila Mariana.
Guilherme Pianca é graduado e mestrando pela FAUUSP. Monitor PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo III das oficinas. Trabalhou no escritório de arquitetura MMBB de 2008 a 2015, com experiência em desenvolvimento de projetos e representação gráfica.
monitoria da graduação Andre Vitiello Bernat Pedro Paola Ornaghi Juliana Stendard Mariana Caires Mariane Martins
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A monitoria da graduação contou com a participação de sete alunos. Três deles na disciplina AUP0162 e os demais na disciplina AUP0158. Estamos na graduação, assim como os demais alunos, portanto nossa participação diferiu da atuação dos monitores da pós-graduação vinculados ao PAE (Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino). O processo de acompanhamento dos alunos e auxílio aos professores resultou sobretudo em aprendizado. Conforme o semestre avançou renovamos, cada qual à sua maneira, o modo de encarar o exercício de projeto. Por estarmos diante de outra perspectiva, pudemos presenciar as mais variadas leituras, propostas e desenhos para um mesmo recorte projetual: a Rua Gravataí, o que nos aproximou da complexidade do ato de projetar e de ensinar e nos fez perceber que não existe apenas uma maneira, e muito menos a maneira correta, de propor um edifício para um programa e um lugar. Assim, a pretensão em esclarecer as dúvidas dos colegas cedeu espaço a conversas que resultaram em um entendimento conjunto dos questionamentos, além da troca de referências e experiências. Com essa proximidade, pudemos ajudar na comunicação entre os alunos e os professores, facilitando a compreensão das orientações e da metodologia característica de cada um. Além da relação com os professores, estruturamos nossa atuação, em conjunto com os monitores PAE, por meio de frentes de trabalho idealizadas no início do semestre. A proposta surgiu de carências e fragilidades que nós mesmos presenciamos em disciplinas anteriores. Desse modo gostaríamos que essa experiência servisse como um incentivo aos próximos monitores, criando, assim, uma cultura de atividades pensadas para os alunos. As frentes de trabalho da monitoria da graduação foram, portanto: um blog com compilação de referências de projeto, acompanhamento e auxílio nas oficinas de representação gráfica, organização do seminário intermediário e elaboração desta publicação. A ocorrência de cada uma das atividades foi resultado do comprometimento de todos os envolvidos. estúdio gravataí - volume I
O blog de referências (disponível em: http:// estudio-gravatai.blogspot.com.br/) reuniu projetos citados pelos professores durante as orientações e referências nossas, adquiridas ao longo do curso. A seleção desses trabalhos significou também um exercício de leitura de projeto, um processo muito rico e pouco explorado durante a graduação. A participação nas Oficinas de Representação Gráfica junto aos estagiários PAE foi uma experiência muito interessante. Aprendemos e ensinamos em um diálogo de igual para igual. O Seminário Intermediário foi uma grande celebração da disciplina, em que os alunos tiveram a oportunidade de ouvir, e não mais de apresentar, seus projetos a partir da visão de professores do Departamento de História, de Tecnologia e outros do próprio departamento de Projeto, além de contar com considerações de professores externos à escola. Ajudamos na organização do seminário e participamos como ouvintes atentos. Junto às frentes, houve também a produção de cartazes para a publicização das atividades. Ao lado os cartazes das Oficinas de Representação e do Seminário Intermediário. A organização da Publicação do Estúdio Gravataí, que envolveu o esforço de todos igualmente, significa a síntese de todo o processo. A proposta era não apenas registrar o projeto de cada aluno, mas oferecer um cenário que pudesse contextualizá-los. Registar o que foi o Estúdio Gravataí. Diante dessas considerações, acrescentamos que apesar de compartilharmos a mesma sensação de aprendizado, cada um de nós teve uma experiência única e enriquecedora, possível pela liberdade de atuação e confiança depositada a nós pelos professores e monitores PAE.
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projetos
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Bianca Nissi Habitação
Visando a utilização de um mesmo terreno para um abrigo de crianças e adolescentes e um edifício habitacional, foi necessário separar os dois programas em dois blocos distintos. Um dos blocos comporta toda a estrutura do abrigo, resultando em quatro pavimentos, além de um pequeno jardim interno para a realização de atividades ao ar livre. O outro bloco abriga um pequeno café no térreo. Nos pavimentos superiores, os apartamentos se dispõem nos dois volumes, ligados por uma pequena passarela. Os apartamentos, de 36m2, 25m2 (quitinetes), 58m2 e 66m2 (tipologia de dois quartos) foram pensados para abrigar famílias diversas, favorecendo uma maior densidade populacional na região central e a interação das crianças do abrigo com outras crianças do edifício.
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Bruna Caroline Teixeira Habitação
O projeto parte da integração entre o eixo Parque Augusta e a Praça Roosevelt, como lugar de fruição pública, passível a permanência. Dessa maneira e devido a pequena proporção do terreno, o térreo urbano é expandido ao mezanino, que funciona como uma espécie de térreo elevado. O primeiro abrange uma loja, um bicicletário e a área verde que forma uma pequena praça ao fundo do terreno, enquanto no mezanino, encontra-se um café-doceria parcialmente ao ar livre, áreas de serviço da loja e as do próprio edifício. Os pavimentos superiores são de uso privado – são seis pavimentos de habitação. Na cobertura, é proposto um terraço com as áreas de lazer condominiais, proporcionando um largo espaço para a convivência dos moradores.
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Cibele de Avila Habitação
O projeto foi concebido partindo do cumprimento do programa base que deveria conter edifício residencial, uma creche e área comercial. Optei por unir as três funções em único lote, criando um local de passagem entre as ruas Gravataí e Caio Prado. O acesso principal ao lote se dá pela esquina e se torna convidativo pelapraça pública,lojas e creche localizadas no térreo. A habitação tentou ao máximo criar um ambiente acolhedor para a creche. O acesso aos apartamentos se dá pela Rua Gravataí, por meio de dois elevadores conectados às passarelas de circulação horizontal. O edifício proporcionaintegração entre os moradores, notável pelos pátios que constituem o eixo do edifício e tambémpelasplantas as quais não possuem corredores.
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Enzo Nico Habitação
O projeto de habitação aqui apresentado baseia-se na conexão do espaço privado com o público, visando reduzir a separação entre cidade e lar, ainda que preservando conceitos básicos de privacidade e reclusão. O térreo do edifício está ocupado por módulos comerciais que dão vida ao local, ativando a cidade. No terceiro andar, acima das lobrelojas, a laje é ocupada por uma horta coletiva que busca suprir a demanda dos condôminos por vegetais de simples cultivo criando assim uma iniciativa de autogestão por parte dos moradores, além de adicionar valor paisagístico ao projeto. O projeto da quadra também foi revisto de forma a proporcionar novos fluxos de circulação, inserido o edifício na malha urbana de maneira dinâmica e facilitando o deslocamento de seus usuários.
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Fabrício Carvalho Miolo
O edifício da rua Gravataí considera a independência material de cada unidade habitacional. assim, o projeto, como relação de cheios e vazios, se constitui pela soma de diferentes volumes. Utilizando como parâmetros a situação de meio de quadra e a grande árvore da calçada, estes volumes (cada um com 2 apartamentos por andar) se dispõem em duas torres alinhadas à faces opostas do lote que e são conectados pela circulação horizontal central. Objetivando a redução de custos do processo construtivo, serão usados basicamente 4 elementos pré-fabricados na obra, que contará com 3 fases de canteiro: estrutura metálica (fase 1); vigotas treliçadas, compondo lajes e vedações (fase 2); paredes de concreto e esquadrias (fase 3).
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Francesca Tedeschi Habitação
Tendo como dados um terreno de dimensões reduzidas e o desejo de adensamento vertical próprio ao centro de São Paulo, partiu-se da premissa de criar blocos independentes que dessem conta de abarcar um número considerável de unidades e, ao mesmo tempo, criar vazios de transição e respiro. Pensou-se, então, em três volumes soltos aos quais se soma um embasamento de uso comercial. O programa proposto, por sua vez, conta com um café e um espaço de coworking, de forma a incentivar o tipo de atividade “não-convencional” que gradativamente toma o centro da cidade. O fosso inglês que caracteriza o pavimento térreo e o acesso ao edifício dialoga com outros edifícios da rua Gravataí e a diferença de meio-nível entre as torres reforça visualmente a independência entre eles.
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João P. Nogueira Casa de Cultura
Na definição do programa pegadagógico e arquitetônico das escolas parque — concebidas por Anísio Teixeira e projetadas por Hélio Duarte — “a instituição precisava educar em vez de instruir, formar homens livres em vez de homens dóceis (...) O interesse do estudante devia orientar o seu aprendizado num ambiente de liberdade e confiança mútua entre professores e alunos, em que esses fossem ensinados a pensar e julgar por si mesmos”. Este projeto pretende uma alternativa de Escola Parque, a Escola Praça, que já não segue cegamente os dogmas do movimento moderno para condicionar a integração do uso tradicional da sala de aula com espaços livres, pois justapões escola e praça, através da reunião, em um só edifício, do programa da Casa de Cultura e do Núcleo Extra-Curricular da EE Caetano de Campos.
estúdio gravataí - volume I
Julia Jobim Casa de Cultura Gravataí
O Centro Cultural Gravataí se projeta como uma expressão de leveza, constituído principalmente por livres espaços sustentados por colunatas.O conjunto arquitetônico projetado tem como característica a flutuação entre o movimento do interior e do exterior, formando uma ligação de intercâmbio artístico e cultural. A ideia central baseou-se na circulação por rampas interativas, deslocadas, que envolvem o bloco principal de atividades, separando-os apenas por uma parede envidraçada, permitindo grande integração entre as atividades e o movimento interno do edifício. A decisão de suspender o bloco principal do solo, permite visualizar livre e desimpedidamente a paisagem ao redor. Procura-se desta forma levar maior dinamismo à simples ação de locomoção, tornando o percurso não apenas necessário, mas uma experiência ao usuário, promovendo aberturas ora para dentro, ora para o exterior circundante a fim de incentivar as atividades culturais e sociais.
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Julia Lopes Conjunto Cultural
O projeto do conjunto cultural para a rua gravataí se configura a partir de dois elementos principais – um volume maior, dedicado aos espaços de exposição e teatro experimental, e um menor, com espaços para ateliês, workshops e biblioteca.espera-se uma forte ligação entre os espaços construídos e os existentes, como o parque augusta e a praça roosevelt. Ambos os edifícios funcionam a partir da criação de abertos e fechados, conseguida pela substituição do tradicional sistema pilar-viga, por paredes autoportantes, que funcionam como estrutura e também definem os espaços internos de cada edifício. tanto nas fachadas, como no interior dos volumes, há um constante jogo entre a leveza das aberturas, e o peso das paredes autoportantes.
estúdio gravataí - volume I
Julia Rocha Casa de Cultura
_Programas concentrados no átrio projetado para a rua _Separação entre permanente e transitório: salões (parte transitória) e áreas administrativas (partes permanentes) separados por meio do bloco de circulação vertical, sanitários públicos, vazios e “passarelas internas” _Fachada determinada pela alternância dos fechamentos _Ortogonalidade dos Salões e espaço livre entre os vãos da estrutura: flexibilidade do uso do espaço _Terraços cobertos, semi-cobertos e abertos: conecta os espaços/programas _Visibilidade das circulações nas escadarias abertas e passarelas internas aproximando os pedestres do edifício _Abertura da esquina por meio de praça pública, cafeteria e acessos laterais ao edifício _Mirante aberto ao público na cobertura com vista.
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Alexia Piesco Habitação
O presente projeto inspira-se no caráter intimista da Rua Gravataí. Para tal, escolheu-se o lote localizado no meio da quadra, o qual, juntamente a um gabarito médio, enfatiza essa característica. O edifício busca uma conversa com a cidade, mais especificamente com a rua, ao ampliar a calçada para dentro do lote, mantendo o mesmo material de revestimento do piso. Enquanto os dois blocos de habitação são separados da torre de circulação vertical. Os volumes, levemente deslocados, compõem um L na fachada, que é enfatizado com a utilização de dois materiais: concreto para o contorno da edificação, e madeira para dentro do L. Essa divergência de volumes, também produz duas unidades habitacionais de diferentes tipologias, que abriga diversos tipos de família. A estrutura é composta por uma malha de pilares de concreto, embutidos na parede, que medem 60x20cm. O projeto utiliza apenas três materiais: concreto, madeira e metal, sendo este para a circulação horizontal dos pavimentos. estúdio gravataí - volume I
Augusto Longarine Habitação
Inserido no coração da cidade de São Paulo, o projeto é desenhado a partir da união de três programas distintos - habitação, comércio e equipamento público - distribuídos em dois volumes distintos, organizados de maneira a garantir o máximo aproveitamento da configuração espacial do sítio. A torre, dotada de térreo + 11 pavimentos, abriga 40 unidades habitacionais distribuídas em três diferentes tipologias, incluindo unidades dotadas de acessibilidade universal. O volume térreo, paralelo ao eixo da Rua Gravataí, é responsável pela reinserção do Teatro Lucas Pardo Silva no contexto da metrópole. Tal reinserção passa a ser marcada pela existência de dois acessos principais (Rua Gravataí e Complexo Educacional), realizando a conexão entre o interior da quadra e a cidade.
como fazer pedra virar valor humano? entrevista: Marta Bogéa
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A pergunta do título foi proferida por Marta Bogéa no seminário intermediário, e por sugestão nossa, foi aprofundada nesta entrevista. O tema, desde o início acompanhado por uma miríade de dúvidas, foi tateado indiretamente, como um esforço inicial para ampliar possíveis interpretações. Apenas na derradeira pergunta é que se chega a uma resposta direta, um possível subtítulo para a entrevista:
o espaço mais protegido da casa e o espaço mais público dessas praças, quais são os espaços intermediários? A questão do abrigo, da creche, onde as crianças estão, faz ser muito presente estas discussões: como um quintal acolheria a brincadeira da criança que não tem juízo ainda para saber que ela não pode sair e correr em direção a Caio Prado e ser atropelada pelo próximo ônibus que passa.
“só faz sentido delinearmos paisagens materiais se tivermos em vista paisagens humanas.”
Qual seriao umbral? Como você faz isso sem construir muros necessariamente? Como você delimita territórios, como você protege silêncios, quietudes ou algazarras no caso de muitas crianças brincarem juntas sem precisarem serem tuteladas? Qual o local onde tomo sol em um dia convalescente ou de uma notícia triste, sem que precise falar com qualquer um. Para nós que trabalhamos com habitação esse é um desafio importante, qual éo território coletivo, mas que ainda não é público, qual o território que é compartilhado, mas que ainda tem um certo controle de atravessamentos, de ruídos.
Estúdio Gravataí: Em uma de suas palestras anteriores, você chegou a comentar que “as pedras infringem marcas no tempo”. Quais são as marcas que o ensino de projeto deveria infligir aos alunos para que se constituísse como um sistema resiliente, passível de se reacomodar junto as transformações ocorridas ao longo do tempo? Marta Bogéa: Neste exercício da Gravataí tem uma característica que me interessa muito que é trabalhar com um território irrequieto. A rua é muito variada, não só de natureza tipológica, mas também de programas, de gabaritos. Uma variedade que conta com um abrigo para 20 crianças, um teatro que está abandonado, uma escola, algumas habitações, pequenos edifícios, grandes vazios, uma rua muito intensa de um lado, enfim, se instalar ali significa pensar o que se reconhece como valor daquela paisagem e o que se amplia, continua, ecoa, e o que iremos criar de inflexão, o que iremos reinventar, quais seriam as novas bases que poderíamos colocar aí, no sentido de transformação necessária de um território. O que é que tem ali? Essa variedade. Quando você esta diante de tamanha diversidade, diferente de uma quadra inglesa ou uma superquadra em Brasília, necessariamente é preciso ganhar uma posição crítica, comprometida, de como enfrentar essa paisagem, o que nela vale a pena permanecer e o que nela vale a pena transformar. A primeira coisa nesse sentido que me desafia, por exemplo, é uma espécie de construção de gradientes, de uma paisagem matizada, que eu tenho tentado trabalhar com os grupos próximos a mim. Não adianta só trabalhar com o “grande” Parque Augusta, a “grande” Praça Roosevelt, entre estúdio gravataí - volume I
Esse lugar me interessa, é claro que o tempo inteiro, o que me ajuda pensar em arquitetura é pensar nas pessoas, nos espaços, nos lugares e observar. Eu gosto daquelas que ficam fora e dentro na janela, ou na porta da calçada. A soleira é aquele lugar que a criança está protegida pela casa, pela mãe, e ao mesmo tempo vislumbra a excitante cidade, de tudo que esta por vir. Tem um filme de Kurosawa, “Sonhos”, que apresenta uma cena em que um menininho sai correndo da casa sob a chuva, para em uma espécie de umbral, no muro da casa, e a mãe lhe diz que ele não pode sair em dia de chuva e sol, porque no dia que tem sol e chuva ao mesmo tempo as raposas procriam, e elas não gostam de serem vistas assim. Eu gosto muito de pensar que aquela arquitetura só faz sentido porque garante àquela criança o lugar da dúvida, em que ela olha para mãe e diz: então eu vou – porque o portão está aberto, ele poderia ir – mas pensando bem, é melhor não ir, e a mãe, parece segura de que ele não irá depois de seu aviso, ainda que nós mesmos gostaríamos de ir, afinal, onde é que estariam as raposas? Mas então como desenhar isso, se independente da
A entrevista foi realizada no dia 09/11 inicialmente pelo monitor PAE Dalton Ruas na mesa comunal do departamento de projeto, e gradualmente contou com a presença dos demais monitores e professores a caminho do estúdio.
criança, poderíamos imaginar um ancião, sentado naquela sombra, aguardando, e vendo a vida passar lá fora, mas resguardado pela casa. Trabalhar a habitação, muito diferente do equipamento cultural, é trabalhar esses gradientes. As paisagens não são materiais somente, elas são antes de tudo humanas, senão elas ficam descaracterizadas; é pura maestria, é como um bailarino que dança sem saber o quê e para quê está dançando; é só virtuose, e a virtuose pela virtuose se exaure. Esse é o desafio de qualquer grande arquiteto, músico, literato, qualquer um que almeja o âmbito da estética. Porque a estética é justamente algo que vai para além da técnica, para além de uma certa razoabilidade apenas do mundo. E essa é a ambição que temos na formação dos estudantes, uma formação que exige um raciocínio construtivo, uma construtividade do mundo, uma abstração brutal, um necessário domínio técnico e ao mesmo tempo uma maturidade para justamente observar os homens, porque é para homens, no sentido geral da palavra, que desenhamos. EG: E como lidar com a dicotomia de projetar sem construir para um estudante de arquitetura? MB: Isso faz falta mesmo nas nossas formações. Algumas escolas tentam a proximidade com o canteiro, mas não adianta ir lá e fazer visita, tem a ver com uma experimentação própria, os modelos de ensaio são uma boa estratégia, e não a maquete de representação, o modelo de ensaio, inclusive o modelo que estuda o nó, como realizado pelo Marcos Acayaba. Quantas vezes é o modelo que instrui o pensamento de projeto, a precisão de projeto. No sentido da escola, esse é um bom desafio, de como aproximar esse pensamento abstrato, de uma construtividade, não porque queremos uma virtuose, mas porque queremos usufruir de uma materialidade bem urdida para que as paisagens pareça ao mesmo tempo surpreendentes e naturais. EG: Como fica a produção de novos modos de habitar, novas ficções no projeto de habitação, e como sair dos modelos fechados muitas vezes trabalhados e já induzidos na cidade?
MB: O primeiro valor no ensino de projeto é justamente o fato de ele não ser simplesmente assertivo naquilo que eu já sei. Sempre entendo o acompanhamento de projeto com os estudantes no sentido de quem formula uma pergunta que os instigue e ao mesmo tempo usufrui daquilo que os perturba. Então a primeira coisa que tem me chamado a atenção é uma certa saudade das singularidades, nos cansamos de sermos “mil e uma abelhas zumbidoras”, então por mais que sejamos todos aptos a viver em plantas livres, que cada um mexe como quer e como pode, há já aí a evidência de um cansaço desse modelo. Isso aparece em projetos no qual cada unidade tem uma qualificação, um modo de estar, um é como um sobrado, outro é um campo térreo, outro é um duplex. De tal sorte como se pudéssemos dizer assim: quem tem gato, cachorro e planta precisa de uma varanda com cara de quintal e não de uma sacada. Quem toca bateria, prefere a casa mais fechada para resguardar o som. Quem guarda livros, prefere que o sol não entre tanto. E não é o caso de desenhar especificamente para cada um, pois os seres humanos são mais recorrentes do que imaginamos, somos repetitivos e facilmente reconhecíveis por natureza. Assim, a primeira questão que proponho para os estudantes é de que modos morar, que tipo de gente é essa, como é que usufruem do espaço, e então estudamos tipologias que não tenham uma variação dimensional apenas, porque isso a arquitetura moderna já avançou bastante. O que eu tenho tentado é de fato esgarçar um pouco isso, que limita as dimensões da unidade de modo impositivo, a minha pergunta tem sido outra, não quero saber como eles resolvem o módulo apenas, quero saber como uma pessoa que tem o gato, o cachorro, o quintal e a horta vive ao lado em um condomínio coletivo de alguém que quer a casa sombreada, silenciosa, quer dizer, como é que os modos de morar podem estar abrigados sem o histrionismo da torre pluralista. Não dá para ter mais saudade da casa, não cabe mais nas metrópoles as casas térreas. Mas temos saudades daquilo que a casa guardava das nossas variedades nos modos de entender cada casa, nossas singularidades, nossas idiossincrasias.
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Eu gosto de pensar que para projetar eu preciso imaginar a vida que ocorrerá lá, porque justamente já aprendemos a lidar com as métricas padrão. Na calça jeans, na camisa branca e no apartamento formulado como uma média muito boa daquilo que se pode esperar de uma certa vida. Mas a vida é mais variada do que métricas numéricas. EG: No caso dos estudantes que projetam em distintas localidades na Rua Gravataí, como pode vir a ser trabalhada a diversidade de situações entre um equipamento cultural e outro habitacional? MB: É interessante que todos estejamos na mesma Rua com questões diferentes, até porque é possível demarcá-lo. Quando se trabalha com um equipamento público, desenha-se uma excepcionalidade desejável, esperada, necessária, que cria um outro modo de estar ali e o que seria construir uma casa lindeira a isso, próxima a esse território, que tem um térreo que queria se abrir mas precisa se resguardar em certa medida. Tenho visto alguns alunos que avançam na pergunta de vizinhança de um modo bem bonito: foram construir habitação, junto com creche ou com abrigo, as vezes não abrem mão das lojas e se perguntam: então como é que a criança do abrigo, fazendo aniversário, convidam as crianças que moram no prédio para que ela não precise sair e passar pela rua para chegar lá. Então que lugar comum é esse que eu compartilho e faço a vida mais rica. EG: No caso da habitação, como são fortalecidas estas vizinhanças? MB: O desafio técnico é: passagens, acessos, aberturas, e quantas vezes vamos redefinir isso? Quais são as portas da arquitetura? Esse é o lugar mais claro do umbral que caracteriza Kurosawa, a rua, a paisagem lá fora, que está atrás e que demarca a mudança de um território. E que será necessariamente muito diferente a cada projeto, no âmbito desse estúdio temos propostas que criam no térreo biblioteca, teatro, creche, assim como outras que desenham um atravessamento para a escola. E neste ponto, cada estudante formula a seu modo a questão. Essa liberdade é também uma ambição de formação de um certo autor, que vai se comprometer com o que é formulado desde o início, mas estúdio gravataí - volume I
interpretar e projetar de modo singular. EG: Citando Louis Kahn, é preciso conversar com as pedras para saberem o que elas querem ser na arquitetura? MB: Eu conversaria com as pessoas (risos). Por que o Kahn, apesar de querer conversas com as pedras, guarda uma habilidade de fazer uma paisagem encantadora para qualquer um que esteja lá. E o primeiro enfrentamento e a primeira sedução são construídos pela luz. Ao tentar tratar de algo tão inefável quanto a luz, ele qualifica os espaços e enreda as pessoas no usufruto daqueles espaços. EG: E, por último, como se pode fazer pedra virar valor humano? MB: Um traço no trabalho da arquitetura que me interessa particularmente é que a princípio delineamos materialidades, esse é o desafio de todo o arquiteto, mas me chama sempre a atenção que só faz sentido esse esforço se ele efetivamente estiver delineando paisagens materiais tendo em vista paisagens humanas. É nesse sentido que eu compreendo a ideia de fazer pedra virar valor humano, ou seja, a ideia de que utilizando coisas tangíveis, eu delineio cenas esperadas, mesmo que elas nunca venham a acontecer. Para pensar arquitetura, eu primeiro preciso imaginar um modo de estar lá.
Yasmin Darviche Habitação
O partido orientador das formas e volumes do projeto advém da análise das necessidades do local. Considerando a existência do Parque Augusta, surge a necessidade de criação de elementos de interligação. Além disso, a existência de uma residência antiga, vizinha ao terreno, localizada na Rua Caio Prado, já quase totalmente desprovida de iluminação natural devido aos altos gabaritos dos edifícios no entorno, suscita a intenção de não obstruir sua única fachada livre. Dessa forma, o edifício não apresenta alto gabarito, sendo localizado na face leste do terreno, permitindo abertura à fachada da antiga residência, além de se justapor à empena cega vizinha. A solução encontrada para a interligação com o Parque Augusta foi criar o máximo possível de área permeável, que se resolve com um grande gramado materializado em um teto verde. A ideia de destacar o gramado do nível da rua, configurando uma laje inclinada que leva até a área de projeção do edifício, livre, como uma praça, surge da intenção de convidar os passantes a aproveitar do edifício e também proporciona visibilidade para o parque, funcionando como um mirante.
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Azul Campos Vivó Rua da Cultura
O projeto começou com a intenção de se levar a cultura para a rua. O bairro está repleto de cultura mas dificilmente as pessoas que não se interessam por ela, tornam a interessarem-se. Então meu objetivo sempre foi aproximar a cultura das pessoas. Minha solução foi criar espaços abertos com todas as infraestruturas necessárias ao nível da rua para permitir apresentações, cinema, música, palestras, feiras gastronômicas, teatro… Dessa maneira as pessoas que caminham pela rua podem assistir a arte da casa da cultura. E sobre a rua criar as aulas próprias para se aprender todas essas artes, para crianças, adultos e idosos. O objetivo é que dentro do espaço todos as artes misturem-se e todas as pessoas aprendam de todas em um lugar aberto para a arte. A conexão entre todos esses espaços é a sala de exposições, o principal espaço de circulação no qual a arte que acontece na cidade ficará exposta. Para aproveitar o terraço, projetou-se espaços de lazer envolto sem natureza; playground para crianças, espaço ao ar livre do restaurante, espaços de relaxamento e uma horta urbana. estúdio gravataí - volume I
Beatriz Gomes Habitação
Trata-se de uma mudança tipológica do teatro existente para se projetar uma habitação de interesse social. Seu uso se mantém no subsolo, cuja escada de acesso integra o recorte do térreo. A calçada - assim como a grande árvore que nela se situa - avança para dentro do lote e cria uma pracialidade agradável para habitantes e visitantes, de permanência ou de encontros, seja para usufruir do comércio ou esperar as crianças das escolas do lado oposto da rua. No fundo do lote, as 2 passarelas do bloco autônomo de circulação vertical interagem com os 4 apartamentos de diferentes tipologias e atribuem dinamismo à fachada. Devido ao posicionamento escalonado dos apartamentos e a distribuição de suas aberturas, aproveita-se da extensa fachada noroeste uma boa Insolação e ampla visão do entorno.
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Benjamin Gonçalves Habitação
O edifício, que constitui-se em uma região central da cidade de São Paulo, evoca em seu Partido as ideias de Acessibilidade, Permeabilidade e Eficiência. Enquanto projeto, abrange o conceito de Desenho Universal, permitindo encontros, convivências e apropriações irrestritas e inclusivas. Enquanto construção, utiliza-se da simplicidade estrutural e de um desenho claro que permita o desempenho de suas funções. Enquanto experiência, se introduz na cidade a partir das relações das habitações de interesse social popular com o lote, e as aberturas que o mesmo gera para a rua e para a cidade. Nas 30 habitações, as janelas em fita e a divisão interna cria espaços amplos, que podem ser integrados ou separados a partir de escolhas individuais. O aproveitamento de água da chuva, a utilização de placas solares, o planejamento da vegetação para oferecer oportunidades de convivência e simultaneamente aumentar a permeabilidade do solo e o vão livre térreo que permite diferentes interações dialogam diretamente com questões contemporâneas de sustentabilidade e racionalização. estúdio gravataí - volume I
Brunno Tolisani Resendes Casa de Cultura
O projeto foi dividido entre os programas cultural, habitacional e comercial, desenvolvido a partir da integração entre duas esquinas e teve como pressuposto a transformação da Rua Gravataí em uma rua compartilhada conectando o Parque Augusta e a Praça Roosevelt. Os edifícios foram alinhados em altura com seus vizinhos formando um conjunto de altura contrastante. A torre tema prumada de circulação vertical aberta e destaca o contato com o Parque enquanto que o gabarito do casarão da Rua Caio Prado, comércio da Casa de Cultura, é a medida considerada nos térreos projetados. A integração entre os dois edifícios se dá em dois níveis: um subterrâneo, o maior salão, e um aéreo. Os espaços foram pensados de modo a valorizar a pluralidade de usos, com salões versáteis de pés-direitos variáveis.
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Caio Lucio de Benedetto Moreira Casa de Cultura Gravataí
A Casa de Cultura Gravataí está localizada em um cenário urbano repleto de diversidade, cultura, história e cotidiano, o qual apresenta proximidade com o Centro Novo, com a Avenida Paulista e com a região de Higienópolis, ambas as regiões servidas de boa infraestrutura de mobilidade. O edifício proposto está implantado no lote menor. Este sítio foi escolhido com a intenção de projetar um edifício que ocupasse proporções mínimas no tecido da cidade e que também pudesse oferecer todos os serviços previstos no programa, com o intuito de prover uma futura reprodução de mais unidades de casas de cultura pelo município. O equipamento é constituído por 7 pavimentos mais o Terraço, onde acontecem as atividades de serviço, funcionais, culturais e educacionais do edifício. A ocupação e forma do edifício foi pensada com o objetivo de relevar e aproveitar as características do entorno, tais quais, uso mais permeável do solo pelos pedestres, fomentar a reunião da vizinhança na região e conceber a existência de espaços públicos presentes e futuros. estúdio gravataí - volume I
Carolina Menezes M. Vieira Casa de Cultura
Quatro aspectos foram pré-determinantes desta proposta para a Casa da Cultura: 1 – o exercício do estar 2 – interação com o parque augusta 3- criar uma imagem simples e vigorosa para quem da rua a aprecia 4 – a criação de espaços lógicos e organizados. A construção foi dividida em 3 volumes verticalizados que comportam separadamente: espaços compartimentados, circulação e grandes salões. A Casa aspira atrais diversos publicos e atividades, criando uma imagem adjacente a região e convidando aquele que passa por lá. As grandes escadarias permitem que os transeuntes parem para descansar, que o casal namore por lá no final da tarde ou que uma roda de amigos ponha a conversa em dia.
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Caroline Yamashita Habitação
O Projeto tem como principal partido o alargamento da calçada com o recuo do comércio e serviços no terreno e a elevação da edificação, abrindo um espaço de convivência no qual os bancos são resultado das diferentes cotas criadas pela própria calçada. Procurou-se, na implantação do projeto, manter o diálogo, já existente na rua, de falta de recuo lateral, assim como acompanhar o gabarito baixo, que também prevalece na Gravataí. A habitação divide-se em 2 blocos edificados: seu térreo, que está junto com comercio e serviços; e a parte da habitação propriamente dita. O segundo encontra-se suspenso em cima do primeiro. Outro elemento destacável é a forma laminada da edificação, que lhe permite ter seus pilares nas laterais, deixando seu vão interno livre.
estúdio gravataí - volume I
Christiane Aires Celeste Casa de Cultura
A composição do edifício está estabelecida pela divisão em dois blocos, um destinado a serviços (equipado com banheiros acessíveis e depósitos). Os dois blocos são conectados por uma pequena passarela que garante o passeio no decorrer da construção. O projeto tem comoobjetivo configurar os espaços de forma ampla e evitando o uso de divisões, já que elas estão presentes na diferença de níveis e alturas entre os pavimentos , sendo assim, cada andar está setorizado para atender uma determinada função. A permeabilidade e visibilidade interna está resguardada pelo uso de mezaninos, interligando os diferentes espaços e atividades. Determinados pavimentos possuem acesso exclusivo por rampas externas ao edifício (todas acessíveis, i=8,34%), como é o caso do acesso a cobertura, o que proporciona uma intrigante sensação de curiosidade ao usuário e vontade de desvendar e conhecer novos ambientes.
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Claudia Mendonça Cintra Habitação
O projeto situa-sena região central e destaca-se pelas conexões que estabelece,que podem ser observadas em diferentes escalas, desde a urbana até a do lote. A casa de Cultura está em um local estratégico: no meio do quarteirão, no cruzamento entre o eixo Parque Augusta-Rua Gravataí-Praça Roosevelte o sugerido pelas duas escolas. Devido às restrições de tamanho do lote para o programa de uma Casa de Cultura, optou-se pela inexistência de recuo frontal e lateral, assim como recuo posterior mínimo. O térreo possui pé direito correspondente do antigo ginásio, é convidativo, permeado por grandes janelas e aberturas, que revelam o café/livraria, a praça coberta e o painel na empena dos fundos.Também há uma marquise no térreo, contínua à laje do prédio vizinho, que ampara quem passa.
estúdio gravataí - volume I
Constance Chen Casa de Cultura
Devido ao grande potencial da área, o projeto elaborado trata-se de uma casa de cultura. O edifício consiste na interligação de dois volumes por meio de passarelas. Enquanto um é caraterizado pela presença de grandes salões para exposições, ensaios e leitura, o outro abriga salas menores voltadas para oficinas e serviços. Além dos tipos de uso, os volumes se distinguem através de seu térreo. O volume com térreo livre volta-se para a área interna do terreno em questão, criando um espaço compartilhado com a casa ao lado. De maneira a deixar o edifício mais convidativo, trabalhou-se a idéia de fachadas de vidro leitoso para que a pessoa que caminhe pela Rua Gravataí possa ver a silhueta dos usuários nos espaços internos.
seminário intermediário
O desafio de projetar a relação entre a arquitetura e a cidade:(...) (Houve) um reconhecimento de todos vocês de que o desafio era conectar o projeto com a cidade.(...) Todos partiram deste lugar. (...). A
A reflexão dos trabalhos em desenvolvimento foi realizada simultaneamente em cinco
imensa maioria de vocês, quando começam a fazer
salas distintas. Em cada uma delas, foi apreciada a produção conjunta do Estúdio Gravataí
o projeto, (...) nos múltiplos arranjos realizados para
por dois a três professores das disciplinas, professores de todos os departamentos e
a construção do objeto no projeto, se apoiou na
professores convidados externos. Nesta seleção de falas, com destaque à sala 807, estão
relação do lote com a rua a partir da testada. Para
reunidos alguns dos pontos mais significativos levantados pelos professores externos às disciplinas. A multiplicidade de pontos de vista suscitados pelos trabalhos são evidenciados em pelo menos três eixos distintos de leitura: interno, externo e entre as salas.
mim é a coisa mais convencional possível na leitura da cidade, sendo que aquela cidade, naquele lugar, (...), como vocês mesmos reconheceram, era um lugar de conexões. Mas o que que aconteceu? Quase todos vocês pensaram a conexão do lote e
Convidados da sala: Ana Lanna (AL), Artur Rozestraten (AR), Cesar Shundi (CS) Outras salas: Beatriz Kuhl (BK) Luis A. Jorge (LJ), Luiz Recaman (LR), Maira Rios (MR)
rua com a Praça Roosevelt e o Parque Augusta. E muitos poucos de vocês pensaram a conexão do projeto com o miolo da quadra, portanto, a quadra
Reflexão sobre o urbano: Temos aí uma circunstância urbana muito clara, muito peculiar. E o projeto teria que ter claramente uma posição a respeito desse problema da cidade. E por que digo isso? Porque a arquitetura já respondeu a problemas grandiosos, a problemas da natureza, da técnica, da forma, e acho que hoje, se tem algum ponto que embasa a disciplina de fundamento social em arquitetura e urbanismo é a questão da cidade. Pelo menos a partir dos anos 60, não existe outra possibilidade de pensar a função do arquiteto que não seja a reflexão sobre o urbano. Claro, a arquitetura é uma
como um dado de projeto a partir do lote e não a rua, e a cidade, ou a escala do bairro, como um desafio de projeto. Então a minha primeira escolha são os projetos muito variados que colocaram esse desafio de pensar a relação do projeto com a cidade em uma escala diferente do lote urbano. (AL)
coisa complexa, tem que resolver o sofá, tem que resolver a estrutura, tem que resolver tudo. Mas se você pegar os grandes projetos hoje, os grandes enfrentamentos, as grandes questões da arquitetura colocadas, elas são afirmações sobre a cidade. Se os professores escolheram essa área, é porque provavelmente eles estão pensando a questão urbana. Então esta é a resposta primeira que vocês deveriam oferecer. O que eu penso a respeito desta cidade. Não é uma cidade tradicional, que se pode pensar em um terreno abstrato, numa tabula rasa (...) essa situação de centralidade, de urbanidade, de lote, e de uma tipologia edilícia muito variada, (...) uma confusão de paisagem, que é um dado, não é mais um problema. Temos que ter alguma coisa a dizer a respeito desta paisagem. É fácil fazer isso? Não, é praticamente impossível. Por quê? Porque todos os instrumentos que temos para pensar vieram a partir de outras realidades. A arquitetura é uma disciplina que foi construída em outros mundos com outros problemas. (LR)
Pilotis é a solução da permeabilidade do lote? Uma parte substantiva dos projetos (...) entende que levantar o prédio em pilotis garante uma conexão com a cidade. Eu não entendo porque um piloti garante a conexão com a cidade e um prédio solidamente embasada no solo não possa fazê-lo. Portanto, muitos de vocês deram uma resposta, que me parece ancorada em um conjunto de modelos e reflexões sobre a história de arquitetura, como se fosse um ponto assegurado de conexão da cidade. Eu me pergunto se, muito mais pelos usos que possam gerar ou pelas novas dinâmicas
Uma condição experimental das representações: Reconhecemos que no campo das representações há
urbanas que possam estimular não é capaz de revi-
uma abertura continua com a experimentação, e que a maquete não se extingue como maquete e pode ser
gorar e fazer daquilo um lugar da cidade diferente,
tomada pela fotografia, a fotografia da maquete pode ser tomada pelo desenho e assim sucessivamente,
muito mais do que simplesmente uma planta des-
podemos ir elaborando representações sobre representações. (...) A síntese desta etapa de projeto em uma
colada do solo. Talvez o que tenha me incomodado
prancha é bastante difícil de ser feita e justamente aí (...) que poderíamos refletir, primeiro sobre a experi-
na imensa maioria dos pilotis (...) é pensar como
mentação sobre as representações. Por que que a prancha não pode conter a maquete? (...) Maquetes em
esse vão livre fará essa conexão. É pelo desenho
escala menor e de papel que podem ser coladas e dialogar com os desenhos da prancha são um caminho
da calçada? Não basta dizer que vai ter comércio.
experimental possível, e de baixa estratégia, que pode ser aproveitado para tridimensionalizar a prancha. (...)
(...)E como a partir desta escolha, de levantar o
Ficou muito nítido que existem três naturezas que se aproximam, mas não se tocam: a fotografia, o desenho
edifício, poderá criar essa relação do edifício com
e a maquete. Cada uma fica no seu terreno, com poucas aproximações, mas podemos criar um circuito mais
a cidade. (...)Ele pode ser uma solução, mas não
intenso entre essas várias representações e explorar.(..) A riqueza desta condição coletiva é começarmos
é nenhuma garantia. (...) Mas é apenas o início do
a perceber na experiência de um colega um caminho exploratório, que podemos se apropriar em alguma
desafio(...) Vocês deveriam se perguntar porque é
medida,(...) e tentar oferecer isto mais no sentido da tentativa do que no acerto.(AR)
que vocês o estão usando e se a maneira de como vocês o usam vai de fato garantir aquilo que vocês estão querendo construir. (AL)
Noção estrita de cultura: Em relação ao programa, eu fiquei com dúvidas sobre a noção de cultura com a qual vocês operam: é basicamente oficinas, exposição e teatro. Eu achei essa cultura muito entediante. Ninguém vai querer ir lá, e apenas um projeto contemplou uma quadra esportiva. (...) Eu achei
Apresentação do projeto como narrativa: Precisa-se entender que a
estranhíssimo. (...) Quase todos colocaram o espaço de exposição no nível da
apresentação é uma narrativa. Se você desenha uma planta do segundo
rua, e a biblioteca, creche no sexto e sétimo andar. Porque será? (...) A expo-
pavimento que é idêntica ao terceiro pavimento, você está cansando o
sição tem sempre esse lugar impactante e quando me pergunto, uma pessoa
seu leitor e deixando de ocupar o espaço com outra peça gráfica que
que se desloca para ir ver uma exposição, ela irá vê-la de qualquer forma, e
trouxesse uma informação adicional.(...) Vamos ficar atentos para não
qual a razão de sua posição no térreo, não vai atrair transeuntes, e também
burocratizar a apresentação, com o desenho de todas as plantas, o
não vai criar um volume de cidade, (...)e se tivesse outro programa, talvez nos
corte longitudinal e assim por diante. Vamos inventar um jeito de contar
aventurássemos a olhar e entrar lá. Então o que significam essas escolhas,
história que melhor expressa os valores que o projeto tem. Esse é um
essa compreensão estrita de cultura? (AL)
jeito de defender o que foi pensado. (LJ)
Ruptura dos limites dos lotes e o convite da cidade
Critérios de análise dos projetos: Fiquei pensando como pode-
ao lote: Algumas propostas me deslocaram bastante
ria sintetizar essa conversa(...) e pensei, para ser franco, no que o
por apresentaram uma ruptura do lote, uma possibi-
Barossi faria em um momento como esse? Fiz uma tabela ao olhar
lidade de você ir além do lote tanto em um sentido
os trabalhos, e isso não é uma sistematização, na verdade agru-
horizontal quanto vertical, quer dizer, atravessar a rua,
pei ideias dos projetos e separei em itens, com comentários.(...) No
o lote se conecta com o lote do outro lado, e às vezes
caso dos itens comuns aos dois programas, comecei (...) a partir da
é mais visível, você conecta por uma passarela, sobre
implantação, (...), da relação do térreo e seus programas com a ci-
a rua, ou não tão visível, pelo subsolo, ou pode ser
dade (..). Outro item se referia as questões relacionadas a represen-
mais discreto, como na calçada que continua e funde
tação, incluindo aí os modelos físicos ou eletrônicos, os desenhos
dois terrenos para criar uma condição que privilegia o
bidimensionais como diagramas, croquis e perspectivas, os textos
pedestre. Isto me chamou muito a atenção nessa pos-
e também a questão da construção, sobretudo no que se refere ao
sibilidade de uma transgressão do limite do lote.(...)
desenho da estrutura. No caso dos edifícios de habitação, observei
Essencialmente eu organizei os projetos que mais me
a investigação do projeto no desenvolvimento das unidades, e o
chamaram a atenção em dois grandes grupos: o grupo
modo de organizá-las nos pavimentos em sua articulação com as
da ruptura, que explora essa possibilidade de ultra-
circulações horizontais e verticais, que gerou um pensamento sobre
Desenhar o que está fora
passagem dos lotes, e os projetos que se colocaram
a tipologia e o pavimento tipo. A catalogação da casa de cultura foi
do programa: Quando fala-
mais ao lote e convidaram a cidade em direção ao lote.
diferente, na medida em que procurei entender as pré-existências,
mos em desenhar as cone-
Assim, do lote para fora ou da cidade em direção ao
como a escola alemã e o teatro,(...) na relação com o novo e o an-
xões, o território, as esca-
lote, em um sentido mais centrípeto de uma arquitetu-
tigo; outro item seriam as relações volumétricas propostas, assim
das, as passagens, a relação
ra que pretende a sua apropriação pela cidade mesmo
como a espacialidade interior dos edifícios, quer dizer, na relação
com o vizinho, a arquitetura
em um terreno relativamente pequeno.(AR)
de cada programa com a articulação espacial dos volumes. (...)Uma
não está somente na resolu-
tabela como essa poderia ajudar a vocês neste processo de per-
ção do programa em si, mas
ceber as ênfases que cada deu ao seu projeto, e mostrar alguns
no que foge do programa.
itens que ficaram menos desenvolvidos pela prioridade, cada um
Mas agora se deverá libertar
Investigação coletiva de projeto: Fico impressiona-
iniciou de uma forma diferente e às vezes o projeto vem do todo
do peso do programa para
do com essa síntese no meio do processo. São ideias
para parte, às vezes uma pequena parte determina o todo, e fica
se desenhar só o que não
em formação. Acredito muito nessa troca importante
claro de perceber nesta leitura o que cada um de vocês colocou
seja. (MR)
que acontece diante dessa ampla amostragem de tra-
como desejo inicial. (CS)
balhos, que conforma uma espécie de produção coletiva, um laboratório. Todos estão imersos num grande debate, em que cada projeto apresenta uma contribui-
O círculo problema-projeto: Fiquei pensando
Falsas questões de tamanho e au-
ção. A somatória de todos os trabalhos nos interessa.
muito sobre uma dimensão difícil do projeto, em
toria do projeto: Eu não vejo que a
A atividade de projeto ganha o caráter de uma investi-
um campo de inúmeras dificuldades, com as quais
contraposição entre a arquitetura e a
gação acerca de um tema. É uma pesquisa. (CS)
entramos em um embate, e procuramos organiza-
escala urbana seja um problema de
-las de acordo com um universo pessoal, mas re-
tamanho. É uma outra lógica. São as
conhecendo seu entrelaçamento com a questão
perguntas que você faz para aquilo
Verticalidades desafiadoras: Por que nessa cidade tão ir-
coletiva, que a identifico com a polis, urbana, e
que você está fazendo. (...) Temos
regular, múltipla e diversa, a verticalidade é, ou não, uma
com um sentido ético desse enraizamento de um
de romper com essa ideia de que
solução de diálogo com a cidade? Pode ser, já que existem
desejo mais pessoal, subjetivo. Então essas di-
pensar a escala urbana é pensar em
coisas gigantescas, mas ela pode não ser, já que tem muitas
mensões se complementam. Penso em um círculo
algo grandioso, e pensar do ponto
casinhas. Isto foi uma questão que de alguma maneira per-
que se forma entre projeto e problema, e no fundo
de vista da arquitetura é pensar no
turbou quase todos os projetos.(...) Vocês tem as alturas das
não são duas palavras que se relacionam, são as
lote. A outra questão, do quanto eu
mais diversas, o aproveitamento dos coeficientes e das pos-
mesmas palavras em acepções distintas, porque
me dissolvo na paisagem e o quan-
sibilidades construtivas das mais diversas, e isto mostra que
eu entendo que esse movimento é contínuo, uma
to eu marco minha autoria, eu acho
a verticalização não é a única forma de apropriação de um
proposição é um novo problema, e o desenvolvi-
que é mais uma falsa questão.(...)
centro de cidade. (...) Até um pouco tempo atrás, a verticali-
mento desta proposição, a cada materialização
Seja o que for que você fizer neste
zação teria sido a solução para o centro, e isso mostra que as
máxima dela, que está colocada nos desenhos,
lugar,(...) haverá uma marca, que no
gerações se sucedem apesar de nós mesmos, elas tem uma
nos modelos, que nos oferecem o ponto de apoio,
nosso mundo é nomeada como a
própria bagagem propositiva. A partir da apropriação do de-
e ela é problemática, porque tem potência, ela ten-
marca autoral, não tem jeito de você
senho do lote, estas relações com a cidade foram enfrentadas
ciona continuamente porque ela não está posta e
escapar. Entao esse impasse, não
em uma pluralidade de alternativas muito desafiadoras. (AL)
acabada. Esse é o sentido que me interessa inves-
me parece que seja verdadeiramente
tigar neste momento. (AR)
um problema, porque ele está resolvido, você deixará a sua marca, pelo simples fato do que você fez e que o
O projeto como um organismo aberto: Uma das coisas mais importantes quando pensamos em restauração, em qual-
nosso mundo reconhece individual-
quer escala, do edifício a cidade, é pensar as coisas como um organismo, e tentar ver as relações internas, como elas
mente as intervenções. (...) Portanto,
funcionam dentro de um determinado sistema. E nesse sentido, em relação aos projetos e aos programas, como vocês
o problema está colocado nas outras
querem que funcionem? O que aqui vou instalar? Como hoje está funcionando aquela região da cidade e como vocês
questões, na escala, nas soluções
acham que poderia funcionar de uma outra maneira a partir do projeto de vocês? Pensar desse ponto de vista mais sis-
nas apropriações possíveis, e na
têmico também ajuda em determinadas soluções de desenho, mas sempre mantendo o raciocínio de não tentar congelar
multiplicidade. Não existe uma ques-
ou colocar as questões em modos muito fechados, porque isso é fadar o projeto de vocês a uma vida útil muito curta
tão singular, elas são plurais, (...)e a
ou depois a uma reapropriação muito penosa, (...) dado as constantes mudanças da atuais situações urbanas, politicas
cidade é assim mesmo, ainda bem!
e sociais. (BK)
(AL)
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Daniella Marrese Laje e Marquise
Para tornar o projeto de habitação mais palpável, me propus a criar um personagem e sua relação com o apartamento em que vive; um hábito característico que não poderia acontecer em nenhum outro edifício. Daí surgiu a ideia de uma laje planejada para abrigar os pedestres e, quase contraditoriamente, desabrigar este morador, que deseja aproveitar o sol do fim do dia em seu canto particular.
estúdio gravataí - volume I
Daniella Yamana Casa de Cultura
O lotepossui uma localização privilegiada, ao lado do Parque Augusta. Assim, a relação entre edifício e a rua se dá pelo térreo livre, que oferece uma área coberta de descanso e encontro, e pela escadaria principal na fachada oeste, que força o olhar do usuário para o Parque. O programa da Casa de Cultura foca na concepção de quatro grandes salões: exposição, apresentação, oficina e leitura. Para encorajar a comunicação entre os espaços internos, cada salãoé acompanhado de uma sala mezanino, onde podem ser localizadas as atividades secundárias de cada salão. A estrutura do edifício é modular, comvigas e pilares metálicos. A racionalização da estrutura possibilita a expansão dos mezaninos, caso seja necessário a criação de mais um salão, reafirmando a “polivalência” do programa. A fachada é composta por painéis de vidro e brises verticais reguláveis.
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Danielle Mie Kawamura Habitação
O projeto foi concebido tendo-se em vista a atual utilização do terreno como creche infantil, prevendo-se, no lugar desta, uma unidade comercial, apartamentos residenciais e uma creche infantil. O acesso ao abrigo se dá pela fachada norte, que, por ser maior, dá mais visibilidade à instituição. Nele buscou-se a incorporação de espaços tanto internos quanto externos para o desenvolvimento das atividades para as crianças. Foram projetadas duas tipologias de 80 e 65m², essa última contando com acesso universal aos cômodos. Finalmente, as unidades residenciais contam com acesso privado e circulação localizados na porção sul do lote, com iluminação menos privilegiada, porém possibilitando, através da criação de um recuo, a colocação de janelas na fachada sul.
estúdio gravataí - volume I
A
Eduardo Nudel Radomysler Casa de Cultura
Uma casa de cultura pressupõe um equipamento de escala local, porém a Rua Gravataí se situa no centro de São Paulo, entre os eixos metropolitanos da Rua Augusta e da Consolação. Apesar da sua localização a rua manteve traços de uma vida de bairro. O contraste entre seu uso e sua localização sugere um espaço flexível, o que tende a ser perigoso para sua coerência e qualidade enquanto desenho urbano. O projeto busca dialogar com essas duas facetas, com foco na aproximação com a escala local, porém sem se fechar para a cidade. O resultado foi o desmembramento do programa em 4 blocos principais, de três pavimentos cada: subsolo, térreo e primeiro pavimento. Volumes com proporções que se inseremna escala do pedestre. Sua disposição ocupa os limites do lote com seus vizinhos, sem que fiquem dispersos pelos 1551m² da área do terreno, pois todos dependem do bloco central, localdo elevador, dos banheiros e dos depósitos dos salões.
A
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Érica Saori Acamine Habitação
A habitação está situada na Consolação, próxima à Praça Roosevelt e ao Parque Augusta, sendo o lote projetado a esquina entre as ruas Gravataí e Caio Prado, atualmente ocupado por um estacionamento. A proposta divide o edifício em dois blocos de apartamentos dispostos longitudinalmente entre si, criando corredores de circulação externa entre os apartamentos e destes até o eixo de circulação vertical, localizado entre os dois blocos. Além desses espaços compartilhados, foi criado um espaço de vivência externo ao lado do acesso dos moradores. No térreo foi projetado uma creche que comporta dois pavimentos, o primeiro fica semi-enterrado e apresenta o pátio interno principal, as salas da administração e a sala do refeitório e da lavanderia, enquanto o segundo abriga as salas de atividades.
estúdio gravataí - volume I
Fernanda Machado Casa de Cultura
O projeto da casa da cultura quer-se relacionar com o que rodeia, mas que acima de tudo procura relacionar-se com ele próprio. Este foi o principal motivo do projeto, conjugar a relação que o mesmo deveria ter com a rua Gravataí, mas ainda assimmanter o edifício a funcionar como um todo. A casa da cultura trata as relações espaciais que os vários salões que compõem o projeto devem ter: o salão de exposições, de leitura, de oficinas e o de apresentações. A opção projetual foi manter a sala de apresentações isolada dos restantes, por considerar o uso do salão algo mais pontual e que deve ter um acesso diferenciado dos restantes. A implantação do edificio procura relacionar os dois lotes que fazem o cruzamento entre a rua Gravatái e a rua caio prado, sendo que apenas um dos lotes é ocupado, mantendo assim uma forte relação entre os mesmos.
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Florencia Rojas Muñoz Esquina Cultural
Localizada no centro de Sao Paulo, encontra-se a Rua Gravataí, entre o parque Augusta e Praça Roosevelt. Estranhamente tem uma escala muito diferente do resto do contexto: é uma rua de bairro imersa no centro da cidade. A proposta arquitectónica é o desenvolvimento de uma “casa da cultura” nos dois lotes de esquinas da Rua Gravataí com a Caio Prado. O projeto é constituído por dois edifícios, compostos por uma leve estrutura metálica, ligados por um acesso contínuo que se encontra em todo o perímetro do edifício menor em forma de rampa, dando acesso a cada um dos programas e ligando com edifício do prédio maior ,através de um curso que atravessa a rua e intercepta a escada depois de se tornar a circulação vertical deste edifício.
estúdio gravataí - volume I
Gabriel Andreoli Hirata Habitação e Abrigo infantil Gravataí
O projeto se propõe a utilizar ao máximo o potencial do lote urbano, o que é ainda mais relevante devido à sua localização central na cidade e abundância de equipamentos de cultura e parques no entorno. Logo o térreo tem apenas um pequeno recuo frontal, possui um café e parte do abrigo. As áreas de convivência deste se concentram no primeiro andar, onde as o vidro permite ver e ser visto da rua. Já o programa mais privado do abrigo, os quartos e sala, ficam no segundo andar, adentrando o volume da habitação. As 14 unidade são pequenos duplexes de um ou três quartos, com grandes janelas nas fachadas Leste ou Oeste. A abertura no meio da fachada Norte é uma cortina verde que dá para um vazio no corredor de circulação, criando um ambiente comum agradável
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Gabrielle Yuri Tamazato Santos Habitação
O edifício fica localizado na esquina entre as ruas Caio Prado e Gravataí, região central da cidade de São Paulo. A proposta é intensificar a fruição pública, proporcionando um espaço que o público e o privado não se distinguem. Assim, há uma praça interna ao lote. Pelo fato do lote pertencer à região central, e considerando o ‘valor da terra’, optou-se pelo Coeficiente de Aproveitamento 6. Dessa forma, o edifício proposto se destaca em altura em relação as demais edificicações do entorno.
estúdio gravataí - volume I
Iago Alvarenga Casa de Cultura
Incialmente o volume foi concebido com o intuito de criar um edíficio com apartamentos de vistas iguais para a rua, além de proporcionar boa ventilação e insolação para áreas molhadas. Dessa forma, a parte frontal de todos os apartamentos estão voltadas paras as ruas, numa orientação predominantemente sul, enquanto a parte traseira deles se volta para uma orientação norte. Todavia, a fachada oeste receberá insolação direta nos períodos da tarde, o que definiu o uso de brises em tal orientação. A distribuição dos mesmos foi feita de forma atribuir um ritmo ao volume. O pátio central foi criado para propiciar uma vivência ao público que passa pela região, de modo a desenvolver um ambiente atraente para o comércio e serviços projetados no térreo e mezanino.
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Laís Miki Inoue Nagano Casa de Cultura
O projeto de Casa de Cultura em questão está inserido na Rua Gravataí, entre o Parque Augusta e a Praça Roosevelt. O equipamento está implantadono antigo terreno do Teatro Lucas Pardo Filho, atualmente desativado, e de duas casas. Assim, objetiva-se realizar a integração com a comunidade, a priorizaçãoda vista da rua, bem como a visibilidade a partir desta última. Uma segunda premissa é a integração com os equipamentos públicos institucionais adjacentes (EMEI Patrícia Galvão e E.E. Caetano de Campos), com o térreo funcionando como local que permite a passagem para um espaço interior. Pretende-se também realizar uma integração posterior com o abrigo para crianças, situado na divisa sudoeste. Os espaços internos, por sua vez, possuem flexibilidade, exemplificada pelas portas de correr que permitem a integração dos salões e locais de encontro, evalorização da visibilidade da circulação para o espaço externo.
estúdio gravataí - volume I
Lucas Caprio dos Santos Casa de Cultura
A Casa de Cultura, situada no centro da rua Gravataí, entre a Praça Roosevelt e o terreno do Parque Augusta, convida os transeuntes a adentrarem o edifício através de uma praça, que dá acesso ao saguão, ao café e à loja da Casa e com vista para o espaço expositivo localizado no térreo. O edifício contempla um novo teatro para 146 pessoas, localizado no pavimento superior, bem como biblioteca e espaço para oficinas localizados no pavimento intermediário. Lindeira à quadra esportiva da Escola Estadual Caetano de Campos, uma área verde ao fundo proporciona a possibilidade de outros usos usos culturais e de recreação.
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Lúcia Angelo Furlan Edifício de Uso Misto Gravataí
Por estar em um lote de maior profundidade que largura, deu-se valor aos espaços internos de uso coletivo privado. Três vazios internos organizam o térreo, sendo que a circulação vertical destaca-se junto com os blocos de apartamento para a criação destes vazios. Sem recuos laterais no térreo, com gabarito baixo e um comércio de escala local, cria-se uma continuidade com a linguagem e os usos da rua Gravataí. O projeto visou maximizar as condições de conforto a partir da liberação das fachadas para a entrada de luz natural e para o efeito de ventilação cruzada. Foi optado pelo uso de brises-persiana para a criação de ritmo nas fachadas internas, com uma segunda “camada” de vidro que permite a visibilidade do exterior.
estúdio gravataí - volume I
Luciana Evans Casa de Cultura
O projeto principiou-se do conceito de incentivar a circulação ao redor do edifício afim de que os visitantes conheçam e explorem toda a sua arquitetura. A promenade proporciona diferentes sensações por meio do acesso ao prédio, quepromove o sentimento de confinamento, e a chegada ao pátio principal,um ambiente amplo e aberto. Otérreo livre de um dos edifícios possibilita a observação do que acontece no interior do pátio. Contudo, a presença de um fosso nega a entrada por essa abertura e faz com que a visão seja livre, mas o caminhar não. Logo, o transeunte é induzido a participar da caminhada sinuosa em torno do edifício. O mesmo conceito foi aplicado para a circulação entre os edifícios. Nas sacadas é possível observar o conjunto construído,o pátio central e caminhar entre os blocos.
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Luisa Duarte Milani Gravataí83
O edifício residencial foi pensado de forma que se integrasse à cidade, possuindo comércio, serviços e uma praça interna, atendendo uma variedade de público. O edifício se estendepela lateral noroeste do terreno, deixando a lateral nordeste livre para formar uma praça. No térreo e mezanino é deixado espaço para comércio e serviços, de forma a trazer pessoas para a praça. Foi reservado uma área de cerca de 190m2 nos fundos do terreno que será destinada à área condominial. Por fim, nos andares superiores estão as habitações, que se dividem em três tipologias, kitchenettes de 25m2, que tem como público alvo estudantes, e apartamentos de 2 dormitórios e apartamentos de 3 dormitórios, para famílias. Optou-se pelo adensamento populacional, dessa forma foi utilizado o C.A. máximo,4.
estúdio gravataí - volume I
Luisa Jaramillo Habitação
Este projeto proposto tem como objetivo gerar conexões entre bloco central, vizinhos e projeto de habitação social através os visuais que são criados pela volumetria e especialmente através das varandas que estão ao redor do prédio. O projeto é composto de três partes importantes. O primeiro é um abrigo para crianças que estão frente á rua Caio Prado. Este é um volume quadrado de dois andaressegurando uma ala do edifício sendo a segunda parte. O edifício e planteado em forma de L com a intenção de maximizar a iluminação natural em todos os apartamentos. Finalmente, tem zona de comércio no andar térreo, com a fim de promover a atividade na rua.
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Luisa Kon Casa de Cultura Gravataí
Este projeto tem como implantação o terreno de um teatro abandonado e o de duas casas vizinhas que atualmente se encontram vazias. Esse teatro, embora bastante impactado pela falta de manutenção e uso, ainda apresenta uma estrutura interessante com cinco pórticos alinhados que mantinham uma caixa de concreto erguida sobre eles. A ideia foi, portanto, realizar um trabalho de restauro e inovação. Os pórticos foram mantidos e um novo caixote de concreto foi colocado sobre a estrutura. Mais andares foram incorporados de forma a cumprir o programa proposto. Além disso, foi criado um fosso inglês que permite a iluminação do subsolo (utilizado como biblioteca) e se coloca em diálogo com o prédio que se encontra na frente do terreno atravessando a rua Gravataí. O prédio não se fecha para a rua fisicamente, no entanto foi implantado de forma que apresenta certo isolamento: a entrada se dá por meio de uma passarela que atravessa o fosso e as escadas são o primeiro elemento que atrai o olhar do pedestre. estúdio gravataí - volume I
Luis Felipe Sakata Habitação
O Projeto do conjunto habitacional situa-se na esquina entre a Rua Gravataí e a Rua Caio Prado, na região central da cidade de São Paulo, e procura abranger famílias e moradores diversos, através da criação de unidades que variam de 1 a 3 quartos, apartamentos studio (pé direito duplo), e quitinetes. Através do deslocamento entre os volumes dos apartamentos, criam-se novos espaços externos, terraços e coberturas, que deixam a fachada do edifício mais viva, dinâmica, e variada. O térreo, por sua vez, foi aberto em direção ao Parque Augusta com a intenção de convidar os pedestres a entrarem na biblioteca, no café, e na praça que lá se encontram, e permitir a convivência e interação pública com o conjunto e com o abrigo, para 20 crianças, do primeiro pavimento.
o conhecimento não elimina as possibilidades entrevista: Angelo Bucci
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Na etapa de preparação das entrevistas para esta publicação, em setembro, foi feito um levantamento dos temas que cada professor gostaria de abordar. Quando consultamos Angelo Bucci, recebemos prontamente a seguinte inquietação: “Projeto não é ideia, é elaboração. Tenho me incomodado muito em ver como os estudantes têm razões para descartar tantas ideias em vez de elaborá-las”. Muita coisa foi pensada, a partir desta breve reflexão, até o dia 06 de novembro, quando encontramos o professor em seu escritório, a fim de realizar a entrevista. Começamos a conversa, então, pedindo a Angelo que esmiuçasse a colocação feita quase dois meses antes, na mesma sequência em que ele a havia esboçado: primeiro, explicando a oposição entre ideia e elaboração; depois, passando para a questão do descarte. Em menos de trinta minutos, ele falou com tanta tranquilidade e de maneira tão fluida e precisa, que optamos por publicar sua fala quase integralmente, sem interrupções e com pouquíssima edição, conforme consta a seguir. Angelo Bucci: Queria fazer, de início, uma distinção que tem relevância: para os temas que trataremos aqui, há duas ordens de considerações, aquelas que são circunscritas a um contexto específico, como o da nossa escola por exemplo, e aquelas mais amplas, que dizem respeito à natureza da atividade da arquitetura. Ainda que sejam duas coisas estreitamente relacionadas (no meu caso, por exemplo, este escritório não deixa de ser para mim uma extensão do que a gente conversa na FAU e, por outro lado, a conversa lá é extensão da minha atividade também aqui), porém cada uma tem o seu campo próprio, tem especificidades que precisam ser respeitadas. Quero me ater ao âmbito do que diz respeito à nossa escola, digo especificamente à FAU, não a qualquer escola. Quando eu digo projeto não é ideia, quero quebrar um mito circunscrito àquele contexto. Acreditar que projeto é uma “sacada” é paralisante, porque o sujeito fica esperando que surja uma ‘ideia’ que não pode surgir completa e, assim, negligencia o traestúdio gravataí - volume I
balho no processo de elaboração de um projeto. É por isso que eu digo que projeto não é uma ideia, é, isso sim, elaboração. Essa elaboração exige domínio do código. Sobretudo o código da construção, que pressupõe sua representação também, porque é pela representação que você tem mais condição de elaborar, digo elaborar a proposição, a sua configuração e a sua estratégia construtiva. Afinal é como construção que a proposição arquitetura se realiza, é assim que ela perdura e dialoga com o mundo construído. “Ideia” é uma palavra que me parece inadequada, pois ela carece de especificidade. Ideia não representa nossa especialidade. A nossa especialidade é saber como se constrói. Ideia todo mundo tem. E não são más nem são boas, são ideias. Então eu não acho que “ideia” seja uma palavra apropriada para se usar quando falamos de projeto. Também não usaria a palavra “criação” porque o termo parece remeter a algo que não tem origem. Considero mais adequado “imagem”, como se fosse a matéria prima que se evoca, que se mobiliza no processo de “imaginação” no processo de proposição arquitetônica. Prefiro me referir desse modo ao que fazemos. É claro que o processo de elaboração de um projeto não é só uma operação do código. Ele também opera significados. As coisas precisam “vir ao caso” na proposição e nos comentários. Mas aí, alguém pode perguntar: –Então, como você forma um arquiteto? Você ensina o código?Ensina a construção? –Sim. –Mas você ensina história, ensina antropologia? –Ensina. –E isso faz alguém um arquiteto? –Não... Sugiro a seguinte comparação: imagine que nós fôssemos uma escola de escritores. O que se ensinaria? Ler e escrever sim, é o código. Pois não pode existir um escritor analfabeto. Poderia ser um bom contador de histórias, mas não um escritor. Mas note que ler e escrever têm níveis que podem
Representaram a publicação Carolina Oukawa e André Vitiello, monitores da Pós e da Graduação
ser incrívelmente diferentes! Ainda nessa escola de escritores, alguém poderia perguntar: –Precisa ensinar literatura? (Ou seja, o aluno precisa conhecer o que já foi escrito?) –Precisa. –Mas conhecer literatura faz de alguém um escritor? –Não... Há um pré-requisito para que alguém se torne um escritor e ele não está na formação, não pertence ao mundo das normas, das regras da língua; tampouco pertence às precedências da literatura. Esse pré-requisito seria, simplesmente, a pessoa ter o que dizer. Isso se ensina? Eu não sei. Eu acho que se exercita. Nesse ponto, eu diria que a escola é o melhor ambiente para se exercitar. Saber olhar para os assuntos que interessam. Voltando à nossa área, isso significa que a escola precisa saber escolher suas questões, trazer temas de pertinência para a arquitetura. A escola precisa eleger e atualizar continuamente os seus preceitos de validade. Projeto é uma atividade que não pode parar de redefinir o seu estatuto. Ser arquiteto hoje não é a mesma coisa do que ser arquiteto daqui a dez ou cinquenta anos. O mito da genialidade, da criação, como se a atividade fosse para iluminados, é muito prejudicial ao âmbito da escola. É prejudicial à troca de ideias, ao debate, à aproximação e diálogo de aluno com professor, de aluno com outro aluno, da escola com outra escola e de um arquiteto com outro arquiteto. É um mito que turva a compreensão do que fazemos e o sentido da atividade. Um mito que desencaminha muita gente e não ajuda ninguém. Por isso considero que a palavra “elaboração” precisa reconquistar, no nosso contexto, um certo prestígio. Existe um desgaste da ideia de elaboração, como se isso fosse algo que se desenvolve numa sequência de tarefas “menos nobres”. Isso me incomoda muito, porque tem a ver com um desprezo pelo trabalho (e preconceito social), sendo que o trabalho é fundamental.
Para ilustrar o que queria me referir quando manifesto preocupação com a habilidade e recursos que se desenvolvem para o descarte de qualquer proposição arquitetônica que surja, eu chamaria atenção à estrutura com que estamos familiarizados na FAU, digo à divisão dos saberes organizadas aqui por “departamentos”. Claro, os saberes se agrupam em apenas dois grandes campos: humanidades e ciências da natureza. O arcabouço teórico, o senso crítico e a consciência, se alicerçam sobretudo no primeiro campo, humanidades. Aquilo que nos habilita, que dá potência e possibilidade propositiva, são as ciências da natureza. Na estrutura da nossa escola, o primeiro grupo está representado pelo AUH; enquanto o segundo, pelo AUT. A palavra “arquitetura” tem uma beleza particular, e única, no que diz respeito a essa relação com as ciências. O próprio nome que identifica nossa atividade se forma justamente como fusão dos dois grandes campos de conhecimento. Arqui se apóia nas ciências dos homens, enquanto tectura, nas ciências da natureza. A única atividade que convoca na sua totalidade os dois campos do conhecimento e que expressa essa fusão emblematicamente em seu próprio nome é a arquitetura. Diante disso, o que nós fazemos? Este é o terceiro viés, pois é justamente aos dois campos mobilizados numa ação é o que chamamos projeto. Sim, é claro, mas não é simples. Pois há desequilíbrios. Atualmente é flagrante que vivemos a hegemonia do mundo técnico científico. Por isso, todo saber ligado ao campo das humanidades é mais ou menos desprezado. A supervalorização de um conhecimento técnico tende a transformar a nossa atividade em uma exibição de capacidades técnicas sem razão de existir. Isso pode ser perigoso, é sem dúvida um viés possível da construção do fim do mundo. Digo, o fim do mundo não vai acontecer por descuido. Também isso, se vingar, será uma construção cuidadosamente elaborada, um passo depois do outro. (Basta parar e observar o que vimos ontem, a barragem que estourou lá em Minas Gerais, em Mariana).
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Albert Camus tem uma formulação bonita e clara sobre esse equilíbrio. Ele nos diz que há dois riscos que ameaçam a vida de todo artista. O primeiro é a angústia. A angústia aflora desse mundo da ciência dos homens; é um questionamento que mora ali. O segundo é a satisfação, que mora sobretudo no mundo da técnica. É muito interessante imaginar que pendular entre esses dois sentimentos é o equilíbrio saudável. Na formação do arquiteto, há o desafio contínuo de superar a ingenuidade, digo a conquista de uma maturidade crítica, ao mesmo tempo que se desenvolve uma capacidade propositiva. As duas coisas são elaborações crescentes, sucessivas, digo sem fim. Essas duas vertentes precisam confluir no sujeito. Amadurecer a capacidade de crítica descuidando do desenvolvimento da capacidade propositiva é castrar, anular e calar. Isso preocupa. Inclusive porque, para um arquiteto, a crítica se realiza também na proposição de um projeto. Não é por acaso que arquitetura é uma atividade que põe em movimento os dois campos. Preocupa-me, pois tenho visto, na FAU, uma crescente capacidade de argumentação mobilizada para promover uma incapacitação, e não um fortalecimento propositivo. Preocupa-me porque por esse caminho é muito cômodo seguir. Cômodo e inócuo. Pois crítica e proposição se desenvolvem juntas. Na atividade propositiva, nada está condenado na nascença, é no processo e no modo como se desenvolve que se pode fazer com que algo seja bom ou que seja “não tão bom” como proposta. Um filme não é o seu argumento; um quadro não é a descrição de um quadro, e um projeto não é a ideia do projeto. Nesse ponto eu gostaria de dizer algo para encorajar os jovens, para mostrar que há um risco inerente à proposição e relativizar o papel da experiência no processo. Digo, a experiência nem sempre é positiva. Ela pode ser um acúmulo de frustrações, de vícios, de um modo de fazer que cristaliza o medo de propor, o medo do ridículo. Quero dizer que nessa atividade, é importante se familiarizar com correr riscos. Embora seja verdade, que há limites para os riscos, há tolerâncias, pois o processo estúdio gravataí - volume I
de imaginação não se confunde com devaneio, a proposição não pode ser inconsequente. Mas quem não assume riscos não está fazendo uma atividade de gente viva. O sabidamente certo já está feito. É algo que já está cristalizado, que não precisa que a gente exista para repetir. O erro é, de certa forma, uma maravilha da atividade. Por isso, justamente, é possível dizer que nesse processo os erros não existem. E, para que não decorra de uma atitude inconsequente, esse amadurecimento paralelo é importante. É algo como “errar acordado”, saber reconhecer em que linha está a fronteira da nossa atividade e saber se dedicar a uma certa expansão do limite dentro de cada contexto, de cada coisa. Por isso digo que as nossas argumentações no processo propositivo não podem servir para nos incapacitar em tudo aquilo que poderíamos fazer. Tem que ser o contrário: elas precisam abrir todos os campos de proposição, para que possamos colocar na mesa todas as possibilidades e ter critérios para escolher aquilo que mais vem ao caso naquele momento, naquele contexto. Nossa atividade é uma coisa de processo de escolha. Nesse processo de escolha, temos a responsabilidade de fazer escolhas ricas. E escolhas ricas são baseadas em uma seleção criteriosa entre muitas alternativas, tantas quantas formos capazes de abrir antes de eleger uma. Por isso destaco: é preciso aliar a capacidade de argumentação e o senso crítico refinado à capacidade propositiva para ampliar nossa possibilidade de elaboração de projetos de arquitetura. O modo como um arquiteto fala, concorda ou discorda, protesta ou defende, afirma ou recusa se cristaliza no mundo com uma particularidade óbvia: é concreto como um edifício, tangível como arquitetura.
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Marina Campos Florez Casa de Cultura
O edifício transparece as diversas atividades em realização por meio de suas aberturas envidraçadas e pelas rampas. Estas sugerem um passeio pela casa, levando o público de um meio nível a outro. O último andar encontra-se o terraço, do qual é possível olhar o Parque Augusta e a Praça Roosevelt. O projeto ocupa um lugar privilegiado no centro da cidade e propõe-se que ele seja um polo de cultura importante nas proximidades, fomentando o interesse pela arte e cultura.
estúdio gravataí - volume I
Melina Akemi Casa de Cultura
Dentre os objetivos do projeto está a criação de um equipamento de escala local, do qual os usuários possam usufruir sem perder sua relação com o entorno no qual se insere a casa. Por esse motivo, optou-se por localizar o eixo de circulação vertical na fachada da construção, possibilitando ao transeunte observar de fora o movimento existente dentro do edifício, assim como é possível do interior observar a vida na rua. Há também a questão da construção volumétrica do equipamento, que busca a permeabilidade visual e preocupa-se em não se tornar um volume incisivo para seu entorno. O resultado foi a criação de volumes distintos que se intercalam a cada pavimento e marcam seus respectivos usos: os volumes maiores são de uso público, enquanto os volumes menores são referentes às áreas técnicas.
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Murilo Romeu Habitação Social com circulação por miolo de quadra
O projeto busca a ativação do miolo de quadra através da continuidade ao projeto do escritório Apiacás para readequação da Escola Caetano de Campos, funcionando como um caminho que interliga a escola com a EMEI e com a Creche Lar Nossa Senhora da Consolação. O novo eixo de circulação formado passa por comércio, pelo acesso às unidades habitacionais e por áreas passíveis de apropriação pela população local, como a praça central e a quadra poliesportiva, espaços antes confinados ao terreno da escola. A configuração do edifício de habitação social com comércio no térreo, localizado no terreno do antigo teatro da escola, se orientou a partir da economia em obra e manutenção sem abrir mão da qualificação das unidades habitacionais, que contam com insolação direta e ventilação
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Nicolas Le Roux Habitar a Cidade
Cada vez mais os edifícios residenciais paulistas tem se limitado ao lote, recuados de todos os lados terminam isolados e consequentemente geram espaços residuais travestidos das mais diversas desurbanidades. O projeto propõe uma inversão desse pensamento se aproveitando dos recuos para edificar até os limites do lote e definir os espaços públicos (rua, praça, etc.) com o próprio volume edificado. É proposta uma incorporação do recuo frontal do edifício vizinho na rua Caio Prado à calçada ao fazer o se mesmo em alinhamento. Um térreo e edifício anexo de centro livre de estudos articula fluxos e cria visuais para dentro da quadra, espaço livre e verde. Se prevê um futuro onde a quadra é parte do sistema de circulação pedonal urbano. Estrutura em aço e fachada ventilada pré-fabricada.
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Rafael Pegoraro Habitação
Visando o adensamento no centro de São Paulo, a estratégia de ocupação deste lote de esquina articula a volumetria construída pré-existente entre a Rua Gravataí e a Rua Caio Prado. Tal articulação quando somada ao programa misto a ser implantado, materializa-se através de dois volumes: um volume menor, que concentra o abrigo de menores e uso comercial no térreo, e outro maior, que concentra uso habitacional e se eleva sobre um auditório urbano que dá acesso ao subterrâneo. As aberturas foram dimensionadas de acordo com duas estratégias: com generosidade, de forma a estender a percepção do habitante para a paisagem e com estratégias de sombreamento que movimentam as fachadas, ou de forma discreta, buscando a incidência de iluminação difusa com maior delicadeza no espaço interior.
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Rebeca Coimbra da Silva Habitação
A esquina menor entre a Caio Prado e a Gravataí mostrou-se um potencial ponto de conexão entre a Praça Roosevelt e o Parque Augusta. Assim, o projeto buscou dialogo com ambos os espaços em seu térreo, que possui uma loja voltada para o publico skatista e um café, com desenho que convida o pedestre. Com 8 pavimentos residenciais, almejou-se uma diversidade tipológica para atender a todos os públicos, com unidades de 50, 70 e 100 m², além de dois “pavimentos república” para estudantes, pois o entorno possui numero considerável de universidades. A fachada, com brises móveis, revela em partes as divisões internas do edifício, sendo assim dinâmica. Por fim, o projeto prevê a abertura ao público do recuo frontal de um dos edifícios vizinhos, aumentando, a conectividade com os espaços já citados.
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Ricardo Yukio Sakurai Habitação
O terreno escolhido encontra-se na esquina maior da rua Gravatí, no qual foi posicionado duas torres de apartamentos. A primeira torre, com 10 andares de apartamento, com 4 unidades de 66m² por andar, possui uma fachada voltada para a rua Caio Prado e a outra para o interior do terreno, enquanto a segunda torre, com 6 andares de apartamento, com 2 unidades de 91,5m² por andar, possui uma fachada voltada a rua Gravataí. Os apartamentos foram pensados de forma a garantir uma melhor iluminação natural, minimizando o consumo de energia elétrica. A ocorrência de feiras e festas na rua Gravataí levou a escolha de se abrir o terreno para a rua, portanto, além de se colocar unidades comerciais no piso térreo, criou-se um pátio interno no mesmo nível para realização de eventuais festas e comemorações da rua e da comunidade próxima.
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Rose Raad Casa de Cultura
O projeto desenvolvido ao longo deste semestre contempla uma casa de cultura e uma biblioteca no terreno L1 na rua Gravataí.A inserção das volumetrias no terreno bem como o partido adotado tem como objetivo primário integrar o Parque Augustae a Rua Gravataí. A casa de cultura e a biblioteca se destacam, pelo contraste entre o aspecto sólido dos volumes e a leveza com que uma parte toca e a outra se desprende do chão, permitindo grande permeabilidade do térreo. O projeto estrutura-se com base em duas volumetrias paralelas que se interligam por um bloco central de circulação. A riqueza de transparências nas fachadas ao mesmo tempo em que confere um caráter mais fluido ao conjunto permite que o usuário tenha maior percepção de toda dinâmica e movimentação dos demais usuários nos diversos espaços do interior e exterior da edificação.A integração da arquitetura com seu entorno também se dá pela abertura de um generoso espaço na cobertura que permite aos visitantes a percepção e contemplação da região.
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Tais Sujuki Habitação
O projeto localiza-se no bairro Consolação, no centro expandido da metrópole paulistana, na esquina das ruas Caio Prado e Gravataí. O entorno imediato possui duas áreas livres significativas - praça Roosevelt e Parque Augusta. Além disso, o terreno fica próximo a Rua da Consolação, uma importante via que recebe alto fluxo de automóveis. Pelo fato do terreno ficar próximo a duas áreas livres importantes, foi tomado como diretriz projetual o estabelecimento de uma interrelação dessas áreas, de maneira que o projeto interligasse elas. Para isso, foi criada uma pequena praça, na qual encontra-se o acesso a creche. O programa foi dividido entre: creche, projetadocomo um edifício autônomo; comércio, localizado na base da habitação; serviços, localizado acima do comércio; e habitação.
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Teo Butenas Santos Habitação
O partido do projeto se apresenta em sua inserção diagonal no terreno, oque torna a esquina das ruas gravataí e caio prado um espaço de fruição publica que é ao mesmo tempo de permanência e de passagem. O projeto se organiza em duas torres que ladeiam a passagem criada. Na torre norte localizam-se as unidades de his bem como uma creche, enquanto na torre sul encontram-se as unidade de hpm e um café/restaurante no térreo. O principio dessa divisão entre as uh está na possibilidade de financiar parte o projeto de his com a venda das hpm, reduzindo custos. Toda a circulação vertical se dá através de um núcleo de circulação na torre norte. Essa disposição do conjuto de elevadores e escada permite liberar o térreo da torre sul, elevando o volume e amplando a visualidade no térreo.
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Thais Megumi Toguchi Habitação estudantil
O projeto é compostopor um cinema, comércio e serviços, áreas de lazer e habitação estudantil. A partir do estudo do entorno foi possível notar que há uma grande quantidade de Instituições de Ensino Superior, por isso optei por fazer uma habitação estudantil. O pavimento da habitação estudantil é composto por seis apartamentos, sendo quatro de 14 m², e dois de 20 m²;e áreas compartilhadas, de 20 m², com intercalação de usos, tais como: sala de estudo, sala de TV, lavanderia e cozinha. E no primeiropiso da habitação há dois apartmamentos com cômodos acessíveis. Por serem ambientes pequenos, as aberturas para as sacadas são grandes, para otimizar o uso da luz e ventilação natural, visto que a fachada que contém o terraço localiza-se ao norte do edifício.
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Thiago Vannuzini Habitação
Projeto Arquitetônico de condomínio de esquina com prédio misto, prédio residencial, jardim, garagem aberta no térreo e garagem subterrânea. Localizado em um terreno de 1551 m2, área total construída de 853,13 m2, sendo 47 m de alinhamento com a rua Gravataí (face sudeste) e 33 m de alinhamento com a rua Caio Prado (face sudoeste). Uma região importante e valorizada da cidade de São Paulo. Com base na circunvizinhança, no maior aproveitamento possível do terreno, e na melhor qualidade de vida.
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Tiago Oliveira Silva Habitação
O partido desse projeto foi incorporar uma das edificações existente, cuja qualidade arquitetônica representa uma época da produção edílica de São Paulo, ao novo edifício. Para isso, o primeiro pavimento de apartamentos residenciais está a 10 metros do nível do solo, passando por cima de toda a edificação preservada, vencendo um vão de 15 metros. Diante desse desafio, a escolha para a estrutura foi de peças em concreto pré-moldado, com dimensões adequadas a cumprir essa tarefa, servindo também de parapeito para receber as esquadrias industrializadas. Abaixo de desse pavimento está a área destinada ao comércio, com dois pavimentos tendo o pé direito de aproximadamente 5m. O edifício possui mais 10 pavimentos destinado ao uso residencial e o último, a cobertura, destinada a área de lazer.
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Vicente Heer Habitação
Um terreno situado no meio da rua Gravataí, atual abrigo para menores, cercado por edifícios já bem consolidados (uma igreja e uma escola e seu teatro). Como se encaixar no terreno, respeitando as preexistências? Este foi o maior desafio do exercício. Percebeu-se uma possível relação do edifício com o teatro criando uma pequenina praça entre os dois. Para isso, um muro que cobre parte da fachada original do teatro, criando um anexo (atualmente em desuso) seria retirado. Com o abrigo mantido como premissa, viu-se uma possível conexão direta do quintal do abrigo com a escola, se relacionando pelo interior do lote. Em meio a tantos usos peculiares do edifício, foi necessário deixar as circulações independentes para cada uso: Abrigo, comercio e demais moradores. O edifício foi modulado para facilitar a execução.
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Victor Martin Félix dos Santos Habitação
O objeto de estudo localiza-se no cruzamento da Rua das Rosas e da Avenida Senador Casemiro da Rocha. Um dos poucos espaços públicos verdes do bairro, a praça é ponto de convergência de fluxos e de encontro. Composta por cinco parcelas desconexas, a praça é circundada por casas, sobrados, alguns comércios locais e as igrejas, além de abrigar equipamentos menores. O objetivo principal do trabalho desenvolvido durante o semestre é reimaginar o espaço invertendo sua lógica de formação: a praça não é mais o resultado do cruzamento de duas vias, passa a ser um conjunto de elementos que molda o fluxo de pessoas e veículos. O objetivo secundário é a criação de um mobiliário com uma linguagem clara, que unifique as seções da praça e abrigue as atividades que nela ocorrem hoje.
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Viktoria Thierry-Mieg Habitação Social
De um ponto de vista urbano, a ideia principal deste projeto é de criar uma continuidade vegetal entre o parque Augusta de um lado e a praça Roosevelt de outro. De um ponto de vista arquitetônico, este projeto enche ao máximo a parcela, 70% de construido para poder expulsar 30% de espaços vazios permitindo a entrada da luz. A luz chega principalmente dentro dos apartamentos pelos espaços laterais que são sucessões de espaços comuns acessíveis para todos os moradores. A fachada da rua é uma continuidade de brise-sol verticais de madeira que permitem uma distribuição limitada dos raios do sol, para dar uma atmosfera mais agradável dentro dos apartamentos. O 7º andar é um grande espaço vegetal comum onde tem algum estùdios de artista ou « casa suspendida».
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ficha técnica
AUP0158 Prof. Dr. Álvaro Puntoni
AUP0162 Estúdio Gravataí volume I/V Prof. Dr. Alexandre Delijaicov Impressão: LPG FAU USP
Prof. Dr. Bruno Padovano
Prof. Dr. Angelo Bucci
Prof. Dr. Francisco Spadoni
Prof. Dr. Antonio Carlos Barossi
Prof. Dra. Helena Ayoub
Prof. Dr. Milton Braga
Prof. Dra. Marta Bogea
Prof. Dr. Rodrigo Queiroz
Prof. Dr. Oreste Bortolli
Andre Vitiello Bruna Bertucelli Bernat Pedro Paola Ornaghi
Número de páginas: 88 Papel capa: Reciclato 90g Papel miolo: sulfite 75 g Tiragem: 150
Estagiários PAE: Monitores de Graduação:
Tipologia: Helvética Neue
Carolina Oukawa Dalton Ruas
Formato: 31 x 22.5 cm Fotografias: Gal Oppido
Guilherme Pianca Monitores de Graduação: Juliana Stendard Mariana Caires Mariane Martins
A diagramação dos projetos foi realizada pelos monitores de Graduação e de Pós, a partir do material enviado pelos estudantes. O conteúdo das imagens e textos dos projetos é responsabilidade de seus autores. dezembro de 2015
índice remissivo
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projetos: sala 807 Alexia Piesco 13
Júlia Jobim 10
Augusto Longarine 14
Julia Lopes 11
Azul Campos Vivo 19
Júlia Rocha 12
Beatriz Gomes Ferreira 20
Laís Nagano 41
Benjamim Gonçalves 21
Lucas Caprio dos Santos 42
Bianca Nissi 3
Lúcia Angelo Furlan 43
Bruna Caroline Teixeira 4
Luciana Evans 44
Brunno Tolisani 22
Luisa Duarte Milani 45
Caio Lucio de Benedetto Moreira 23
Luisa Jaramillo 46
Carolina Menezes M. Vieira 24
Luisa Kon 47
Caroline Yamashita 25
Luiz Felipe Sakata 48
Christiane Celeste 26
Marina Campos Florez 53
Claudia Mendonça 27
Melina Akemi 54
Cibele de Avila Cintra 5
Murilo Romeu 55
Constance Chen 28
Nicolas Le Roux 57
Daniella Marrese 31
Rafael Pegoraro 57
Daniella Yamana 32
Rebeca Coimbra da Silva 58
Danielle Mie Kawamra 33
Ricardo Yukio Sakurai 59
Eduardo Nudel Radomysler 34
Rose Raad 60
Érica Saori Acamine 35
Tais Sujuki 61
Enzo Nico 6
Teo Butenas Santos 62
Fabrício Carvalho 7
Thaís Megumi Toguchi 63
Francesca Tedeschi 8
Thiago Vannuzini 64
Fernanda Machado 36
Tiago Oliveira 65
Florencia Munhoz 37
Vicente Heer 66
Gabriel Andreoli Hirata 38
Victor Martins dos Santos 67
Gabrielle Yuri Tamazato Santos 39
Viktoria Thierry-Mieg 68
Iago Alvarenga 40
Yasmin Darviche 18
João P. Nogueira 9
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angelo bucci marta bogéa artur rozenstraten ana lanna césar shundi estudantes aup 158 e 162
publicação das disciplinas aup 158 e aup 162 fauusp 2015