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Os projetos aqui apresentados foram desenvolvidos pelos estudantes e enviados para a publica巽達o durante o processo de conclus達o do semestre. A vers達o final dos trabalhos pode ser consultada em: www. equipamentospublicos.fau.usp. br/estudiogravatai2015


estĂşdio gravataĂ­ V/V

organizadores:

andrĂŠ vitiello bellizia carolina silva oukawa dalton bertini ruas guilherme pianca moreno juliana stendart mariana caires souto mariane alves martins paola trombetti ornaghi

sĂŁo paulo fauusp dezembro de 2015


agradecimentos

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À Universidade de São Paulo e à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, pelos programas PAE e de monitoria de Graduação, sem os quais não teria sido possivel esta publicação. Somente o fortalecimento desses programas poderá expadir esse tipo de atividade extracurricular. Aos professores das disciplinas AUP0158 e AUP0162, pela colaboração e incentivo ao desenvolvimento desta publicação. Aos convidados do seminário intermediário, pela contribuição que trouxeram ao debate interno às disciplinas. Aos alunos, nos quais se fundamenta a finalidade de todo o trabalho. Aos monitores da disciplina Atelie Livre de 2015, por dividirem conosco a experiência que tiveram no primeiro semestre ao publicarem os trabalhos realizados naquela disciplina. Ao José Tadeu de Azevedo Maia e demais funcionários da seção técnica do LPG-FAUUSP, por viabilizarem a impressão destes volumes. À Lucila, bibliotecárias da FAUUSP, pela orientação na elaboração do ISBN.

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índice

o estúdio gravatai

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programas

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oficinas de representação

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monitoria da graduação

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projetos

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seminário intermediário

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projetos

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a relação entre programa e projeto

-Antonio Carlos Barossi

projetos

273 275

janela não é buraco na parede

-entrevista: Helena Ayoub

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projetos

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ficha técnica

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índice remissivo -projetos: sala dos departamentos

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o estúdio gravataí Antonio Carlos Barossi

Duas disciplinas: monitoria e publicação Esta publicação, proposta e realizada como atividade de monitoria pelos estudantes da pós e da graduação da FAUUSP, com apoio do comitê editorial da escola, compreende os trabalhos realizados pelos estudantes para as disciplinas de Projeto de Edificações do Departamento de Projeto: AUP0158-Arquitetura: Projeto 2 (Habitação) e AUP0162-Arquitetura Projeto 4 (Equipamentos). O conjunto de obrigatórias O grupo de Disciplinas de Edificações tem quatro disciplinas obrigatórias no currículo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP. São disciplinas de dois dias, com 4h por dia e que trazem uma estrutura subjacente com ênfases específicas, constituindo três Estúdios de Projeto. ESTÚDIO 1, constituído pela disciplina AUP0156-Arquitetura Projeto 1 cujas ênfases são: Infraestrutura / Arquitetura do lugar / Transposições. ESTÚDIO 2, constituído pelas disciplinas AUP0158-Arquitetura Projeto 2 e AUP0160-Arquitetura Projeto 3 cujas ênfases são, respectivamente: Habitação / Arquitetura da construção / Modulações Espaciais e Habitação / Arquitetura da construção / Modulações Construtivas. ESTÚDIO 3, constituído pela disciplina AUP0162-Arquitetura Projeto 4 cujas ênfases são: Equipamentos públicos / Arquitetura do programa / Transições. Apesar de na estrutura “ideal” estarem posicionadas em sequência nos segundo e terceiro anos, nenhuma delas é pré-requisito, o que permite ao estudante cursá-las a qualquer tempo depois da primeira disciplina de projeto, AUP0608-Fundamentos de Projeto do primeiro semestre do curso. Ciclo de abordagem de diferentes condições urbanisticas Os quatro semestres necessários para cursar as disciplinas formam um ciclo de abordagem de diferentes situações urbanas em que se situam as

áreas de intervenção. Três na região metropolitana de São Paulo: centro histórico/área consolidada; centro expandido/em consolidação e regiões vulneráveis/consolidação precária; e um numa cidade de pequeno ou médio porte, fechando o ciclo que reinicia no semestre seguinte. Calendário e áreas de intervenção em comum, com orientação autônoma e alternância entre trabalhos de equipe e individual A cada semestre são oferecidas duas disciplinas nos mesmos dias (2ª e 3ª) e horário. No semestre ímpar o trabalho é em equipe e nos pares individual. A área de trabalho de ambas compreende o mesmo setor urbano com algumas alternativas de locais de intervenção para escolha dos estudantes. Embora cada disciplina tenha abordagens específicas, além da área de trabalho, o calendário de atividades é comum, permitindo compartilhar aulas e palestras; criar eventos marcantes nos dias de exposição; otimizar a confecção das bases e seus desdobramentos na produção de novos dados pelos estudantes, propiciando assim uma maior sinergia entre os estudantes das duas disciplinas. A monitoria criou uma base de dados comum para compartilhamento dos trabalhos e uma página Facebook. 2º semestre de 2015 Neste semestre, descontados os feriados, tivemos 32 dias de atividades didáticas. Oito com atividades comuns: apresentação do curso; visita à área; palestra do secretário de Cultura e pesquisador de habitação prof. Dr. Nabil Bonduki; uma exposição intermediária dos trabalhos; uma exposição final; cinco seminários simultâneos de discussão e avaliação dos trabalhos no mesmo período da exposição com um professor de cada disciplina e convidados (outros departamentos e externos); e dois dias (uma semana) de participação nas bancas de TFG. Nos outros quatorze dias, cada professor coordenou 28 reuniões, duas por dia, de orientação e discussão dos trabalhos. Com duas horas de duração e abertas à todos os estudantes, cada reunião previa a apresentação de 5 projetos em 20 minutos cada e 50 min de discussão, de forma que o estudante


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pudesse apresentar seu trabalho em 7 etapas de desenvolvimento (Estudos iniciais, Partido, Estudo Preliminar, Estudo Preliminar Revisado, Anteprojeto, Anteprojeto 2, Projeto Final), uma por quinzena, além das finalizações com prancha acabada e modelo volumétrico (uma intermediária e uma final). Rua Gravataí, Moradia e Cultura numa relação de vizinhança. A área de intervenção situa-se em um trecho urbano de aproximadamente 5 ha que compreende a rua Gravataí na região central de São Paulo. Foram indicadas 5 áreas de intervenção a escolher, todas voltadas para a rua Gravataí, que na realidade é o que constitui o objeto primordial de interesse do projeto. O interesse na rua Gravataí, além de estar na região do centro histórico de acordo com o ciclo de abordagem dos quatro semestres, deve-se ao fato de constituir um local que, apesar de totalmente inserido numa região de caráter predominantemente metropolitano, tanto do ponto de vista da mobilidade, como dos usos, ainda preserva uma bonita relação de vizinhança dos seus moradores, que insistem em permanecer ali. Essa condição é particularmente adequada aos programas dos projetos das disciplinas, na perspectiva da caracterização espacial da rua e afirmação dos usos que correspondem às relações de vizinhança. Tanto em relação à Habitação Coletiva a ser desenvolvida na AUP0158, pelos motivos óbvios, como em relação à Casa de Cultura desenvolvida na AUP0162, que visa contemplar mais as atividades artísticas e culturais da comunidade do que realizar eventos culturais em geral. Além dos edifícios residenciais, vale destacar a existência na rua de um teatro desativado originalmente pertencente à escola Caetano de Campos, uma creche, um abrigo infantil e uma escola pública infantil. Para alguns trabalhos, foi solicitado ao estudante escolher para acrescentar na implantação, um projeto da outra disciplina, em outro terreno, que estúdio gravataí - volume V

melhor compusesse com o seu na obtenção de uma espacialidade da rua como um todo. A Habitação e a Casa de Cultura Na AUP0158 foi proposto o projeto de um edifício típico urbano de Habitação com Lojas e Serviços no pavimento térreo podendo conter, além das áreas comerciais de vizinhança, a creche e/ou o alojamento infantil substituindo os existentes. O dimensionamento do programa a partir da definição da quantidade e tipo de unidades residenciais e comerciais, e da inclusão ou não dos equipamentos, constituiu decisão de projeto em função da área escolhida e dos parâmetros urbanísticos de São Paulo indicados pela disciplina. Na AUP0162, foi proposto um programa definido: uma Casa de Cultura voltada prioritariamente para atividades da vizinhança, com quatro ambientes principais de 270m2 cada: Apresentações (eventos); Exposições (mostras); Leitura (biblioteca) e Oficinas (produção). O programa resulta em 2.600 m2 de construção, acrescentadas as áreas complementares: acessos, administração, depósitos, manutenção, pessoal, sanitários, infraestrutura e circulação, que para esse tipo de uso compreende os espaços de estar e encontro a serem resolvidos conforme cada projeto. Aqui os parâmetros urbanísticos (Taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, recuos, permeabilidade, etc.) foram indicados como referência de conhecimento obrigatório, mas de atendimento livre a critério de cada projeto. Parâmetros gerais como segurança e acessibilidade foram indicados para serem contemplados.


Números 002 disciplinas 011 professores 003 monitores PAE 007 monitores da graduação 388 alunos 035 alunos por professor 128 horas de aula (32 dias) 008 dias de atividades comuns 32 horas de aulas, visitas, palestras, seminários, etc. 014 dias de reuniões de orientação cada professor 1.120 horas de reuniões com um professor nas duas disciplinas 002 reuniões por dia, cada professor 002 horas cada reunião de orientação 010 alunos em média por reunião de orientação 028 reuniões de duas horas por professor 280 reuniões de duas horas com 1 professor nas duas disciplinas 005 apresentações de trabalho por reunião 010 apresentações de trabalhos por dia de orientação 007 etapas de desenvolvimento 007 apresentações do trabalho pelo aluno em reuniões 002 exposições gerais dos trabalhos 005 seminários (simultâneos) com alunos e professores das duas disciplinas mais convidados 012 convidados de outros departamentos para os seminário 006 convidados externos para os seminários 035 alunos tutorados e avaliados por cada professor 002 finalizações de projeto 200 projetos publicados


programas

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Programa AUP0158: habitação e equipamento

Parâmetros de projeto: CA = de 2,0 a 4,0; TO = 0,7

Proposta: projeto de um edifício típico urbano de habitação com lojas/serviços no pavimento térreo em na área central da cidade.

área permeável: 15% da área do lote não há limite de gabarito unidades habitacionais devem atender três tipologias: unidade de 1 quarto - 68 m2 unidade de 2 quartos - 85 m2 unidade de 3 quartos - 102 m2 5% das unidades devem considerar acessibilidade universal em todos os cômodos pé direito mínimo 2,50 m em ambientes de permanência prolongada e 2,30 m em ambientes de permanência transitória unidades comerciais área mínima de 50 m2 que engloba dois sanitários acessíveis e uma pequena copa equipamento social é desejável que o edifício habitacional comporte uma creche municipal (800 m2) ou um abrigo para menores (20 moradores) em seu embasamento. as áreas de estudo abrigam atualmente esses equipamentos programas complementares áreas técnicas do edifício: hidráulica, eletricidade, gás, depósitos comuns (manutenção), depósito de lixo (orgânico, reciclável e escombros) e serviços comuns

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Programa AUP 162: equipamento cultural

Parâmetros de projeto: CA = 4; TO = 0,5

Proposta: edifício deequipamentos públicos municipais de cultura (biblioteca, teatro, museu e casa decultura) na Rua Gravataí.

gabarito 8 pavimentos áreaconstruída total 2529 m2 Relação de áreas setor de acesso público - área total 2178 m2 praça de entrada e marquise 445 m2 saguão de entrada 270 m2 loja e cafeteria 36 m2 sala/balcão de informações 18 m2 salão de exposições/museu 270 m2 salão de apresentações/teatro 270 m2 salão de leitura/biblioteca 270 m2 salão de oficinas 270 m2 (subdividido em 6 salas de 36 m2) sanitários 144 m2 circulações 324 m2 terraço descoberto 270 m2 terraço coberto 90 m2 setor administrativo - área total 220,5 m2 secretaria 18 m2 diretoria 18 m2 sala de reunião 36 m2 coordenação - 72 m2 (4 salas de 18 m2) depósitos 45 m2 (5 depósitos de 9 m2) copa e despensa 13,5 m2 sanitários 18 m2 setor de serviços manutenção - área total 130,5 m2 setor de máquinas - área total total 108 m2


oficinas de representação Carolina Oukawa Dalton Ruas Guilherme Pianca

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Dentro da ampla gama de assuntos abordados nas disciplinas obrigatórias de projeto arquitetônico, a representação acaba sendo um item anexo, que se converte muitas vezes em obstáculo à compreensão e ao aprofundamento dos aspectos do projeto propriamente dito. Para contribuir com a comunicação entre aluno e professor nas orientações, e com o intuito de tornar mais fluida aquela “comunicação interna” (do estudante-arquiteto consigo mesmo ao longo do processo de projeto), foram propostas oficinas de representação, ministradas pelos estagiários do Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino da Reitoria (PAE). Na prática, as oficinas configuraram-se como encontros semanais de estudantes matriculados nas disciplinas com estagiários PAE e monitores de Graduação, ao longo do primeiro bimestre, no próprio estúdio. O conteúdo das oficinas foi organizado em três módulos, em torno dos seguintes assuntos: croquis, maquete e representação gráfica para apresentação de projetos. A sequência dos módulos foi definida a partir de uma possível relação entre distintos momentos do projeto e diferentes modos de representar, conforme esboçado brevemente a seguir:

apresentação parcial | final Assunto abordado mais especificamente no módulo III das oficinas e, em partes, no módulo II. No contexto das disciplinas de projeto, podem ser entendidos como momentos de apresentação desde a orientação com os professores aos seminários e entregas intermediários e finais. No contexto profissional, compreende todas as sínteses anteriores ao projeto executivo. A apresentação requer representações mais bem acabadas, mais precisas, elaboradas com atenção a normas técnicas. execução Esta etapa requer representações voltadas à construção, que expressem dimensões e detalhamento necessário à execução da obra, considerando a compatibilização entre projeto de arquitetura e projetos complementares. No curso de arquitetura, constitui uma etapa à qual não se costuma chegar. análise | estudo Utilizam-se representações num contexto de pós-produção da obra, com intuito de aproximação e leitura.

fases de projeto | representações de arquitetura levantamento Momento anterior e concomitante ao processo de projeto; compreende levantamento planialtimétrico, registro fotográfico e observação (também por meio de desenhos e modelos) de características do lugar da intervenção. concepção | verificação Princípio e desenvolvimento do projeto. Requer recursos de representação compatíveis com a flexibilidade e fluidez características da etapa inicial de proposições. Algumas técnicas de representação correspondentes a esta etapa foram discutidas nos módulos I (croquis) e II (maquetes). estúdio gravataí - volume V

O conteúdo apresentado acima sugere que a representação em arquitetura não deve ser considerada como algo absoluto, direcionado a um único propósito. É necessário que as técnicas expressivas estejam de acordo com os objetivos intrínsecos de cada etapa do projeto. módulo I – croquis O fato de uma representação não abarcar, simultaneamente, todas as etapas e informações do projeto de arquitetura liberta sobremaneira as possibilidades do desenho. Os croquis são instrumentos para que se cumpram os objetivos do projeto na etapa de concepção e verificação. São desenhos rápidos, em geral à mão livre, sempre


figura 1: Croqui de Artigas durante elaboração do projeto do edifício da FAUUSP. O aspecto final demonstra que o desenho de concepção e verificação não é um fim em si mesmo, mas instrumento à busca de soluções de projeto. Uma evidência disso seria o fato de o edifício desenhado não apresentar semelhança com o que veio a ser o edifício da FAU.

que possível em escala ou proporcionados. Podem ser feitos sobre uma base cartográfica coletada na fase de levantamento, eventualmente apontando a necessidade de coleta de novos dados, já que as etapas do processo de projeto não são estanques. Em aparência, quanto mais próximo do início do processo, menos definido e acabado é o aspecto desses esboços. O recurso da sobreposição (aproveitando a transparência do papel) substitui o uso excessivo da borracha, o que auxilia o fluxo das ideias na verificação de cada proposição. É fundamental compreender que o croqui não deve ser visto como “bonito” ou “feio”. A beleza desse tipo de desenho, se há, reside na função que desempenha ao servir de veículo para o pensamento a respeito do próprio projeto: o croqui torna visíveis as proposições inicialmente imperfeitas, que podem desse modo ser verificadas e desenvolvidas em sucessivos novos desenhos. Gradualmente, amplia-se a escala, para aprofundar a elaboração de detalhes que surgem conforme o todo vai se resolvendo. Por se tratar de uma representação processual, dificilmente são encontrados croquis de concepção e verificação de fato. É comum que se use o termo para designar um desenho à mão livre genérico, uma mera ilustração de arquitetura; ou, quem sabe, um desenho que sintetiza uma obra em linhas gerais, feito após o final do processo, quando o projeto ou até mesmo a obra está concluída. Um dos poucos exemplos de publicação de croquis de processo é o Caderno dos riscos originais: projeto do edifício da FAUUSP na Cidade Universitária (figura 1). É importante que os jovens estudantes de arquitetura tenham consciência das particularidades do desenho de concepção e verificação. Primeiro, para desenvolverem a habilidade de “pensar com a ponta do lápis”, adquirindo a flexibilidade e a fluidez próprias do início do processo de projeto. Segundo, para não se tornarem reféns de modos de representação paralisantes, ao esperarem muito mais da aparência final do desenho do que dos significados nele contidos.

módulo II – maquetes Ambicionou-se neste módulo o desafio de desmistificar “crenças” enraizadas quanto à confecção de modelos tridimensionais físicos de arquitetura: A) A confecção de maquetes é identificada com o final do processo de projeto. B) Mesmo quando se admite a maquete de estudo na elaboração do projeto, sua finalidade não é clara, assim como seu desenvolvimento em paralelo aos desenhos bidimensionais. Como resultado, os modelos “de estudo” são apresentados muitas vezes no final, e constituem-se como uma extrusão das escolhas realizadas em planta, em uma mera ilustração. C) Fazer um modelo é muito trabalhoso, uma atividade “braçal” que consome mais tempo do que a elaboração “intelectual” do desenho, assim como exige uma capacitação ainda maior para a sua correta execução. Na prática, sua realização é descartada ou, recentemente, relegada à produção “imediata” e “automática” das impressoras tridimensionais. Dado o tempo exíguo para o enfrentamento destas questões, foram elaboradas duas atividades para problematizá-las, sem a intenção de oferecer uma resposta instântanea. Primeiro, buscou-se mostrar por meio de uma seleção de imagens que os modelos físicos devem estar presentes em diversos momentos do projeto, em várias escalas, conforme o interesse da questão a ser pesquisada em cada fase, assim como explicado na introdução deste texto.Antes mesmo da maquete de estudo do projeto, os modelos de levantamento são importantes para a percepção da topografia, da densidade e da trama urbana da área destinada à intervenção. Já no momento de elaboração, ela pode ser tanto conceitual como de verificação de uma ideia. A rapidez na execução permite o surgimento de questões analógicas de projeto, possibilidade que os croquis não oferecem: somente na maquete são percebidas todas as dimensões do espaço simultaneamente, sem nenhuma ambiguidade. Em relação às maquetes de apresentação discutiu-se a escolha dos materiais, que não são neutros


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figura 2: para desmitificar a produção de maquetes de estudos,realizou-se em 20 minutos o modelo da topografia da Rua Gravataí. HASEGAWA, Go. Thinking, Making Architecture, Living. Tóquio: Inax, 2011.

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e reafirmam ou contradizem o partido escolhido pelo projeto. Por fim, foram abordadas as maquetes para a construção, os protótipos construtivos, como os nós estruturais realizados por Marcos Acayaba na escala 1:1, com o material final. Também poderiam ser feitas em outros materiais para informar a volumetria da peça ou para indicar na obra a forma correta de execução. Neste contexto, podem ser mais eficazes à comunicação do que o desenho dos detalhes arquitetônicos do projeto executivo. Os modelos tridimensionais vistos nestes casos assumem posições ativas na eleição das soluções a serem adotadas nos projetos. Vale lembrar que no contexto internacional há situações em que a produção de modelos está internalizada na atividade de projeto em todos os momentos. O arquiteto japonês Go Hasegawa define a prática de fazer modelos como “a capacidade de saber formular perguntas pertinentes, e quanto mais precisas estas forem, tanto mais os modelos se tornam simples e menos numerosos”1. E por que na FAU fazer modelos de estudo ainda parece ser uma eventualidade? A oficina trouxe uma atividade demonstrativa que problematizou a ideia de que a execução da maquete é mais trabalhosa do que o desenho (figura 2). Em vinte minutos, confeccionou-se a topografia do terreno da Rua Gravataí na escala 1:500, a partir de duas placas A3 de spumapaper. Isso possibilitou uma compreensão imediata da situação planaltimétrica da área de intervenção, que de outra maneira poderia levar semanas para ser alcançada, mediante a realização de muitos desenhos. Portanto, existem falsas noções de tempo, de execução e de apreensão do lugar, que a não-execução da maquete acaba por induzir. módulo III – representação gráfica para apresentação de projeto A preparação da apresentação de um projeto vai muito além de um mero procedimento burocrático, no qual se formatam croquis, maquetes, ideias e anseios do arquiteto, fazendo-os caber numa prancha desta ou daquela dimensão. A representação gráfica estúdio gravataí - volume V

depende de uma série de recursos e pode constituir um enorme campo de experimentação e busca por uma estética visual própria. No caso principalmente do estudante de arquitetura, este momento configura-se como aquele em que se pode aprofundar o contato com as referências sob a luz das estratégias de comunicação de um projeto. É importante perceber como arquiteturas distintas e seus respectivos discursos manifestam-se, além das diferenças formais e espaciais, em formas de representação que busquem expressar tais características específicas e próprias. Trata-se de uma oportunidade única de ampliação do vocabulário, integrada a uma compreensão de significados subjacentes ao projeto de arquitetura. Essa compreensão vai além de questões básicas e normativas de representação (indicação de cotas, níveis, escadas, espessuras de linha, etc.) também importantes, mas que, sozinhas, carecem de sentido. Aprofundar-se no potencial de expressar significados é o que pode alimentar a experimentação, ao mesmo tempo em que torna a apreensão do conteúdo básico de representação gráfica uma consequência natural. Em suma, o conteúdo normativo ganha sentido quando o estudante sabe o que quer dizer. Por esse viés, o módulo III das oficinas procurou debater com os estudantes, com base no material que estavam preparando para a apresentação dos projetos no seminário intermediário, as seguintes questões: Como expressar graficamente o projeto? Quais os caminhos possíveis para expor conceitos arquitetônicos e urbanísticos nos desenhos? Como o domínio do código amplia as possibilidades projetuais? Essas questões podem encontrar respostas parciais no processo do estudante, mas esperamos que, face à força de seu eco na prática arquitetônica, as oficinas tenham sido um primeiro ensaio de autoconhecimento e reflexão crítica acerca da própria linguagem; e dos significados que podem ser trazidos à tona por meio da prática projetual no momento de expressar e comunicar a um terceiro as descobertas que vão sendo feitas a cada novo projeto (figura 3).


figura 3 :Planta de situação em que a proposta do novo edificio na extrema direita tem a mesma identificação dos rios existentes: uma estratégia de conduzir a leitura da inserção urbana dos edifícios. Arquiteto:James Stirling

Carolina Silva Oukawa é graduada, mestre e doutoranda pela FAUUSP. Monitora PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo I das oficinas. Professora de Projeto e Desenho Arquitetônico da UNIP – Universidade Paulista, tem se dedicado à pesquisa das relações entre desenho e projeto de arquitetura, em interlocução direta com os professores Sérgio Augusto M. Hespanha, Maria Zarria U. Dubena e Corina Bianco.

Dalton Bertini Ruas é graduado e doutorando pela FAUUSP. Possui mestrado pela Universidade Nacional de Yokohama. Monitor PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo II das oficinas. Foi professor de maquetes e de projeto arquitetônico na Unibero Vila Mariana.

Guilherme Pianca é graduado e mestrando pela FAUUSP. Monitor PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo III das oficinas. Trabalhou no escritório de arquitetura MMBB de 2008 a 2015, com experiência em desenvolvimento de projetos e representação gráfica.


monitoria da graduação Andre Vitiello Bernat Pedro Paola Ornaghi Juliana Stendard Mariana Caires Mariane Martins

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A monitoria da graduação contou com a participação de sete alunos. Três deles na disciplina AUP0162 e os demais na disciplina AUP0158. Estamos na graduação, assim como os demais alunos, portanto nossa participação diferiu da atuação dos monitores da pós-graduação vinculados ao PAE (Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino). O processo de acompanhamento dos alunos e auxílio aos professores resultou sobretudo em aprendizado. Conforme o semestre avançou renovamos, cada qual à sua maneira, o modo de encarar o exercício de projeto. Por estarmos diante de outra perspectiva, pudemos presenciar as mais variadas leituras, propostas e desenhos para um mesmo recorte projetual: a Rua Gravataí, o que nos aproximou da complexidade do ato de projetar e de ensinar e nos fez perceber que não existe apenas uma maneira, e muito menos a maneira correta, de propor um edifício para um programa e um lugar. Assim, a pretensão em esclarecer as dúvidas dos colegas cedeu espaço a conversas que resultaram em um entendimento conjunto dos questionamentos, além da troca de referências e experiências. Com essa proximidade, pudemos ajudar na comunicação entre os alunos e os professores, facilitando a compreensão das orientações e da metodologia característica de cada um. Além da relação com os professores, estruturamos nossa atuação, em conjunto com os monitores PAE, por meio de frentes de trabalho idealizadas no início do semestre. A proposta surgiu de carências e fragilidades que nós mesmos presenciamos em disciplinas anteriores. Desse modo gostaríamos que essa experiência servisse como um incentivo aos próximos monitores, criando, assim, uma cultura de atividades pensadas para os alunos. As frentes de trabalho da monitoria da graduação foram, portanto: um blog com compilação de referências de projeto, acompanhamento e auxílio nas oficinas de representação gráfica, organização do seminário intermediário e elaboração desta publicação. A ocorrência de cada uma das atividades foi resultado do comprometimento de todos os envolvidos. estúdio gravataí - volume V

O blog de referências (disponível em: http:// estudio-gravatai.blogspot.com.br/) reuniu projetos citados pelos professores durante as orientações e referências nossas, adquiridas ao longo do curso. A seleção desses trabalhos significou também um exercício de leitura de projeto, um processo muito rico e pouco explorado durante a graduação. A participação nas Oficinas de Representação Gráfica junto aos estagiários PAE foi uma experiência muito interessante. Aprendemos e ensinamos em um diálogo de igual para igual. O Seminário Intermediário foi uma grande celebração da disciplina, em que os alunos tiveram a oportunidade de ouvir, e não mais de apresentar, seus projetos a partir da visão de professores do Departamento de História, de Tecnologia e outros do próprio departamento de Projeto, além de contar com considerações de professores externos à escola. Ajudamos na organização do seminário e participamos como ouvintes atentos. Junto às frentes, houve também a produção de cartazes para a publicização das atividades. Ao lado os cartazes das Oficinas de Representação e do Seminário Intermediário. A organização da Publicação do Estúdio Gravataí, que envolveu o esforço de todos igualmente, significa a síntese de todo o processo. A proposta era não apenas registrar o projeto de cada aluno, mas oferecer um cenário que pudesse contextualizá-los. Registar o que foi o Estúdio Gravataí. Diante dessas considerações, acrescentamos que apesar de compartilharmos a mesma sensação de aprendizado, cada um de nós teve uma experiência única e enriquecedora, possível pela liberdade de atuação e confiança depositada a nós pelos professores e monitores PAE.



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projetos


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Paula Lemos Habitação

O terreno escolhido apresenta uma implantação urbana interessante e recorrente na cidade, um lote estreito no meio da rua, com um certo recolhimento do intenso entorno urbano, porém que guarda relações com esse. Além disso, o terreno já tinha como uso um abrigo de menores, o que deu ao projeto a possibilidade de sua permanência e combinação com o programa de habitação e comércio proposto. A construção volumétrica do edifício se baseia na transição entre os distintos gabaritos do entorno, na manutenção do alinhamento da fachada com a rua, tentando ao máximo o diálogo com o construído e uma implantação que buscasse um bom aproveitamento do solo sem prejuízo a iluminação e ventilação dos ambientes. Dessa construção resultam três blocos de distintos gabaritos com dois espaços coletivos privados: o térreo, no qual o desenho buscou através de diagonais maximizar os espaços, de modo a evitar sua redução a corredores, e um terraço elevado com uma horta coletiva sobre o bloco central. estúdio gravataí - volume V


Carolina do Carmo Daniel Portal Gravataí

O conjunto habitacional Gravataí, localizado na esquina maior da rua Gravataí, consiste em um projeto de dois blocos, conectados por passarela, onde calçada ativa, creche e habitação compartilham o mesmo espaço. No térreo um amplo pátio interno destinado à comunidade permite fruição pública. Duas entradas são localizadas em ambas as ruas, permitindo conexão com seu arredor. O primeiro andar, disposto acima das lojas, é destinado inteiramente à creche. Um pátio exclusivo à esta é localizado neste andar. Já o pavimento superior é utilizado para a habitação e um extenso pátio privativo, exclusivo aos moradores. Acima do pátio, todos os pavimentos são utilizados para habitação, com seis apartamentos por andar, e os blocos atingido diferentes gabaritos.


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Caio Jovino Ramaglio Habitação + Creche

O ponto de partida foi criar um ambiente que, apesar de privado, se integrasse o máximo possível com a cidade. A partir desta ideia foi pensado o edifício em tira com varandas voltadas para a esquina da Rua Gravataí com a Caio Prado; a creche com um grande pátio em sua cobertura, e o térreo aberto ao comercio e à fruição publica. A esquina maior também foi escolhida com esse ponto em mente para aproveitar o grande fluxo de pessoas da Caio Prado devido ao ponto de ônibus na esquina oposta. A ideia de colocar o pátio na cobertura da creche partiu da ideia de manter as crianças em contato com a rua e o movimento sem comprometer sua segurança. O programa da creche se desenvolve entorno do vazio, com berçários e salas de atividades sempre com vista para a rua. Existe um desnível de 2,20 metros entre os dois ‘braços’ que compõem a creche cujo propósito é dividir o pátio em duas áreas distintas para garantir autonomia do espaço da creche. Conta com 10 andares de habitação contendo três unidades cada, que variam em tipologia para acomodar famílias de diferentes tamanhos e possíveis cadeirantes. estúdio gravataí - volume V


Adriana Ogawa Casa de Cultura

O terreno do projeto da Casa de Cultura situa-se na região delimitada pelo centro expandido, no distrito da Consolação, localizando-se na esquina da Rua Caio Prado com a Rua Gravataí. O edifício é composto por um conjunto de pavimentos desalinhados entre si, cada qual apresenta uma função e característica específica, formando um sistema cuja versatilidade e fluidez dos espaços configuram pavimentos livres e multifuncionais. A fachada é dividida por blocos sobrepostos, apresentando duas camadas de vidro na qual a segunda permite uma incidência de luz de acordo com a função de cada pavimento, configurando três níveis de opacidade. Os terraços voltam-se para o Parque Augusta e a verticalização do edifício busca alcançar uma escala de equipamento coerente com o parque e o entorno.


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Taís Galvão Rosa Habitação + Abrigo

O projeto visa a integração entre a rua e o edifício, com a instalação de um pátio com entrada pela rua Caio Prado, uma lanchonete localizada na esquina e o abrigo para vinte crianças. Contando com 3 tipologias distintas, os apartamentos se dividem em unidades de 1, 2 e 3 dormitórios, abordando assim, as necessidades de diversos tipos de habitantes. A fachada do edifício é composta por venezianas, que desenham sua forma. Integração com a rua, interação de funções e conforto são as linhas-guia do projeto aqui representado.

estúdio gravataí - volume V


Mateus Merighi Carolina Nossig Habitação + Equipamento

O projeto se dá ao longo da Rua Gravataí, em dois terrenos distintos, sendo que em ambos há um prédio de habitação junto à um dos equipamentos (creche e abrigo). Oferece um térreo de uso de interesse público, com os equipamentos, mas também apresenta um potencial para pequenos comércios e tratamento paisagístico, na escala da rua, uma vez que os terrenos, um de cada lado, englobam a rua e a trazem para si, enquanto garantem a privacidade para os diferentes usos privados existentes em cada terreno, onde as entradas distintas para a habitação e para os equipamentos também se diferem do passeio público através de uma diferença de nível de piso na entrada e no interior dos edifícios.


245

Fabiana Imamura Portal Gravataí

A proposta do projeto consiste na criação de um conjunto arquitetônico nas esquinas da Rua Gravataí com a Rua Caio Prado, configurando um portal simbólico alocado no eixo Parque Augusta - Praça Roosevelt. O programa conta com habitação de mercado popular, tendo em vista a demanda habitacional no centro hitórico de São de Paulo, habitação estudantil, devido à expressiva presença de intituições de ensino superior nas imediações da Gravataí e comércio, que potencializa as dinâmicas de fluxo e permanência entre os dois espaços públicos acima mencionados. Buscou-se criar um conjunto arquitetônico compreendido enquanto uma linguagem única, embora organizado em duas esquinas. Em vez de mimetizar os edifícios, as propostas organizacional e formal partiram da consideração das diferentes vocações de cada um dos usos e, portanto, dos espaços a eles destinados. Ambos foram projetados na tipologia lâmina, conformando volumes que permitiram moldar vazios entre as edificações pré-existentes, fundamental para garantir boas condições de insolação aos novos prédios, bem como preservar a dos demais. estúdio gravataí - volume V


Bruno Laginhas Boriola Casa de Cultura

A implantação do edifcio fora pensada de forma a não agredir seu entorno. A presença de um edifcio residencial bem ao lado do terreno, com janelas na fachada noroeste, foi uma das causas a se criar um grande átrio, permitindo, uma melhor iluminação e circulação de ar tanto no projeto, quanto no edificio ao lado. Esse átrio possibilita também uma maior percepção do espaço. Ele divide o projeto em 4 blocos. O primeiro: térreo. O segundo alto e fino com serviços. O terceiro bloco de passarelas, as quais criam a espacialidade do projeto e ligam o bloco de serviços com o de exposição, onde neste estarão localizadas as principais atividades da Casa de Cultura. A grande praça em seu térreo, em frente ao futuro Parque Augusta, e próxima à Praça Roosevelt cria um eixo à fruição do pedestre. E assim, o projeto situa-se logo acima desse eixo, de modo a fornecer abrigo, cultura e lazer à todos.


247

Albert Munuera Casa de Cultura

Uma das características da rua Gravataí é o seu caráter residencial, que se reflecte na maioria dos edifícios, por que para projetar uma casa de cultura deve ser baseada principalmente em este princípio, refletindo o ambiente e fornecendo um serviço acessível e popular para os moradores. Com isso, o projeto tem como objetivo criar um limite de acesso grande que leva para um espaço interior da trama, para conectar a rua Gravataí com a escola, e assim, criar uma conexão entre equipamentos. Desta maneira, é proposta uma disposição em forma de U assimétrica que reforça um dos aspectos mais importantes de um centro cultural, as circulaçãoes, caso em que eles são colocados na fachada com slides interior, dando visibilidade as pessoas da rua para refletir as atividades que ocorrem no interior do edifício. Esta abordagem destina-se a criar um conjunto de duplo aberto e espaçoso para facilitar a entrada de luz em todos os quartos e controle visual de todas as áreas que facilitam a comunicação entre elas. estúdio gravataí - volume V


Anna Ayumy Inoue Pompeia Habitação + Equipamento

Situado no centro de São Paulo, o projeto tem como diretriz o diálogo com o entorno. Reconhecendo preexistências significativas, sistemas urbanos consolidados e equipamentos já existentes, buscouse trabalhar inserções, estabelecer pontes entre tais estruturas e o espaço projetado. O edifício habitacional – que também abriga creche e comércio - vai no sentido de criar um espaço que proporcione experiências positivas de um habitar coletivo, que facilite momentos de encontro e troca. Estimula-se o fortalecimento das noções de vizinhança, pertencimento, apropriação social e construção coletiva do espaço. Optou-se por uma circulação rebaixada em relação a três dos cinco apartamentos de cada pavimento, de modo a possibilitar, nestes, sem comprometer a privacidade, janelas dando para o corredor.


249

Bruna De Ranieri Cavani Ferramenta Conjunto Habitacional + Casa de Cultura

O projeto prevê a construção de um conjunto habitacional e uma Casa de Cultura na esquina da Rua Gravataí com a Rua Caio Prado. A Casa de Cultura conta com: café, espaço de exposição, salas de oficina, biblioteca e espaço de leitura. Sua planta circular cria uma praça no centro do projeto possibilitando a circulação de pedestres na diagonal do terreno. O conjunto habitacional possui espaço livre coletivo, salão para reuniões e festas, administração, horta comunitária e bicicletário. As unidades habitacionais se conectam à circulação vertical, independente da circulação da Casa de Cultura, por passarelas. A disposição dos ambientes da UH torna a planta flexível, podendo-se criar unidades habitacionais com um ou três dormitórios, através do reposicionamento de uma única parede. CA=5,6 TO=61,68% estúdio gravataí - volume V


Carolina Herrera Habitação + abrigo

O projeto é composto de três volumes – dois edifícios habitacionais e um destinado ao abrigo para crianças – que, em conjunto, conformam um pátio interno ao lote, mas aberto no térreo. A proposta parte de um diálogo com o entorno para sua inserção: enquanto o abrigo se funde ao edifício vizinho, a implantação das habitações sugere um fluxo por dentro do lote de esquina. Essa conformação procura criar um espaço de uso público que atua como intermediário entre o Parque Augusta e a Praça Roosevelt, locais que encabeçam as duas extremidades da Rua Gravataí.


251

Catarina Polonio Habitação + abrigo

O projeto de uma habitação social urbana e abrigo de menores na Rua Gravataí busca se integrar com o entorno, mantendo um gabarito coerente com os edifícios presentes e abrindo-se para as ruas em uma pequena praça. O térreo possui quatro espaços de serviços, alinhados ao lote, uma lavanderia coletiva dos moradores e um espaço que pode ser apropriado de diversas maneiras por eles. Os edifícios possuem diferença de altura, para melhor diálogo com as edificações vizinhas. Os apartamentos variam seus tipos, de 49m² até 85m², sendo distribuídos sempre em dois para cada bloco de circulação vertical. O abrigo para menores localiza-se nos dois últimos pavimentos do edifício ao fundo do lote e usa a cobertura da porção mais baixa do projeto como um local descoberto de lazer.

estúdio gravataí - volume V


Guilherme Messias Casa

Por qué los árboles esconden el esplendor de sus raíces? Pablo Neruda, El libro de las preguntas O projeto parte de dois princípios básicos que estruturam a relação do edifício com a cidade: A inserção do conceito de praça no próprio edifício e a utilização do subsolo. A praça no stricto sensu é uma área livre com edifícios em todas as suas faces. Diante disso, o projeto ocupa o perímetro do lote, deixando uma praça descoberta no meio. O segundo princípio é a oportunidade de ocupar o subsolo com um programa aberto em qualquer período. A arquibancada é uma referência à apropriação que ocorre na escadaria da praça Roosevelt na rua Martinho prado. A possibilidade de uso noturno da casa de cultura reafirma este espaço no projeto.No limite, a praça descoberta do projeto pode ser entendida como parte de uma praça configurada pelo eixo da rua Gravataí.


253

João Vitor de Lima Santana Habitação

O projeto teve como principal objetivo qualificar vida urbana por meio de um térreo permeável e com fachadas ativas, além de equilibrando a distribuição de habitação na região central da cidade. Foi desenvolvida uma galeria de dois níveis que pretende ser versátil para diversos usos. A orientação das entradas da galeria busca uma interação direta com o futuro Parque Augusta e busca ser um eixo alternativo entre o parquet a Rua Gravataí. A solução escolhida foi o desmembramento das unidades habitacionais formando cinco blocos, interligados por uma grande sacada-corredor externa, cujo traçado busca valorizar a vista do céu e que cria um circuito de dinâmica social para os moradores. Os blocos otimizam a insolação e a ventilação e mantém a relação das unidades com a cidade e o parque.

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Júlia Tampellini Biá Pimenta Edifício Gravataí

Localizado no centro de São Paulo, na esquina da Rua Gravataí com a Rua Caio Prado, o edifício habitacional de térreo comercial e institucional tem um desenho regular em L e delimita um pátio aberto de uso público. As escolhas feitas no projeto foram resultado de reflexões acerca da qualidade dos espaços internos das unidades habitacionais, da acessibilidade universal a todas as partes do edifício, da segurança estrutural e contra incêndio, do aproveitamento da luz e ventilação natural. Outros dados – tais como o gabarito, os recuos laterais, a integração do passeio da calçada com o térreo e os acessos estabelecidos a partir de vetores insinuados no traçado urbano – são determinantes para entender o projeto, visto que expressam conexões entre aquilo que é edificado no terreno e a cidade.


255

Felipe Suzuki Ursini Habitação + abrigo

Situado na esquina maior das ruas Caio Prado e Gravataí, o edifício abriga unidades comerciais, abrigo para menores moradores de rua e 54 unidades habitacionais, divididas em 8 tipos (de 36m² e 1 dorm. a 90m² e 3 dorms.). A ocupação do terreno (T.O. = 53%) e a volumetria da construção, que visam unir boas condições de insolação e ventilação e aproveitamento do potencial construtivo (C.A. = 4), utilizam os alinhamentos da esquina e a faixa central do lote, criando dois pátios internos: o primeiro, com entradas pelas duas ruas, é aberto ao público e ao comércio térreo, além de conter os acessos aos blocos de circulação vertical das residências; o segundo, com acesso pela Gravataí, é de uso do abrigo, que está alocado nos dois primeiros pavimentos do prédio.

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Jéssica Sequeira Paiva Antonio Casa de Cultura

O projeto em questão propõe a criação de uma Casa de Cultura na Rua Gravataí. Esta rua possui grande potencial cultural, uma vez que faz a ligação entre a praça Franklin Roosevelt e o proposto Parque Augusta, além disso, apesar se localizar próximo ao centro, a rua mantém certo caráter de vizinhança. O edifício envolve uma grande praça central que se abre para a Rua Gravataí. Seu volume pode ser dividido em três, sendo que o maior abriga salões de 270m² destinados a exposições, apresentações, leitura e oficinas, o central concentra escadas, elevadores e banheiros e o terceiro volume recebe usos administrativos. A circulação externa se volta para o centro do lote, criando uma relação muito estreita entre a Casa de Cultura, a praça e a Rua Gravataí.


257

Julia Jacob Mori Habitação + abrigo

O projeto para a esquina maior da Rua Gravataí, localizada no centro da cidade de São Paulo, consiste em um edifício habitacional de uso misto, 550m² de implantação, com 8 pavimento de apartamentos. Ao todo o edifício conta com 48 unidades habitacionais, com tipologias variando de 53, 81 e 82 m² de área. No mesmo terreno há o abrigo para menores, de planta com 271 m², que pode comportar até 20 crianças. A área livre que serve o terreno é pública e possui acessos tanto pela rua Gravataí quanto pela Rua Caio Prado, que também atuam de pontos de acesso para as 6 unidades comerciais do térreo.

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Lucas de Andrade Abrigo + habitação interesse social

A consolidação do Parque Augusta constituirá na Rua Gravataí um importante vetor entre espaços de uso público, visto que ela passará a ser o eixo de ligação entre o parque e a Praça Roosevelt. Ao mesmo tempo, a rua destaca-se de seu entorno por conter, majoritariamente, edifícios de uso residencial ou institucionais de pequeno porte, possibilitando, assim, uma situação de maior domesticidade em relação às ruas do entorno. Nesse sentido, a opção pelos programas do abrigo para menores e da habitação de interesse social, em dois volumes articulados por um andar comum, vai ao encontro da adequação da rua ao uso residencial, enquanto que o térreo livre, que se constitui como praça e acesso ao teatro Lucas Pardo Filho, responde ao caráter urbano que a rua passará a conter.


seminário intermediário A reflexão dos trabalhos em desenvolvimento foi realizada simultaneamente em cinco salas distintas. Em cada uma delas, foi apreciada a produção conjunta do Estúdio Gravataí por dois a três professores das disciplinas, professores de todos os departamentos e professores convidados externos. Nesta seleção de falas, com destaque à sala dos departamentos, estão reunidos alguns dos pontos mais significativos levantados pelos professores externos às disciplinas. A multiplicidade de pontos de vista suscitados pelos trabalhos são evidenciados em pelo menos três eixos distintos de leitura: interno, externo e entre as salas. Convidados da sala: Caio S. Carvalho (CC), Gabriel Manzi (GM), Luiz Recaman (LR), Maria A. Faggin (MF). Outras salas: Luis A. Jorge (LJ), Leandro Medrano (LM), Ana Lanna (AL), Guilherme Wisnik (GW), João P. Gouvea (JG), Cesar Shundi (CS).

Integração entre os alunos das disciplinas: Acho muito in-

Afirmação da Inteligência: São Paulo hoje vive uma emergência estranhíssima dessa virtualidade

teressante essa iniciativa que vem dos alunos de fazer uma

e da urbanidade que vai exatamente na contramão da destruição da cidade das últimas décadas

disciplina como essa(...) Quando era aluno, havia os projetos

do Brasil e no mundo, dessa ideia do espaço social e coletivo. É exatamente nessa ruína do es-

iniciais, foi fundamental na minha formação, porque desde

paço coletivo que nasce uma exigência da urbanidade, que é uma virtualidade, nós temos que ter

o primeiro ano tive essa possibilidade de participar destes

alguma coisa a dizer a respeito disso. E por quê? Porque essa virtualidade só pode ser realizada a

projetos (...), (Em ambas) disciplinas misturam-se pessoas

partir de uma afirmação da inteligência da arquitetura, do urbanismo, que pode ser uma resposta

de vários anos, o que possibilita a todos maior integração,

para essa cidade incapaz de se constituir sem a filosofia, sem a racionalidade, sem a afirmação. Já

convivência e aprendizado.(GM)

não se pode reduzi-la aos conhecimentos parciais.(...) A FAU tem obrigação de dizer algo sobre a cidade, porque ela já fez isso. (LR)

A comunidade dos pedestres: A cidade não tem espaços públicos

O que é esta casa e qual é a família? Em relação ao Programa de HIS, todos eles têm um

que permitam a dispersão de pessoas: as pessoas andam na cida-

esforço de chegar a uma resposta, isto é muito importante. Mas discutir HIS num terreno,

de. Existe um traçado viário que obedecemos, (...) mas que pode

nesse lugar, nesta situação urbana, (..) com apartamentos de 120m2 e depois é descrito

ser refeito com formas de caminho alternativos: (...) há 12 milhões

como social e, bom, pronto, virou social? O que deve ser essa habitação de interesse so-

de pessoas que andam ocupando um lugar. Infelizmente, não temos

cial, poderíamos pensar sobre isso. Pensar em quem mora nesses apartamentos,(..) qual

esse pensamento, transferimos para uma outra situação, chamada

é a família, o congresso está discutindo o estatuto da família, a família é papai, mamãe e

de mobilidade (...) e pensada a partir da eficiência, do tempo levado

filhinhos?(...) Qual é o morador da região central, a família que habita esses espaços.(...) Nas

para se chegar de um lugar a outro, mas não na comunidade de pe-

soluções das unidades, foram vistos vários projetos com salas gigantescas (...) inclusive um

destres. Sua consideração nesta parte da paisagem é de interesse

quarto com a necessidade de se entrar de lado para se deitar na cama. Deve-se pensar que

quando se deve fazer um tipo de intervenção deste porte. (MF)

a casa do nosso projeto foi feita para morar; imagina-se morando lá. (CC)

Verticalidades desafiadoras: Por que nessa cidade tão irregular, múltipla e diversa, a verticalidade é, ou não, uma solução de diálogo com a cidade? Pode ser, já que existem coisas gigantescas, mas ela pode não ser, já que tem muitas

Projetar a partir de coeficientes

casinhas. Isto foi uma questão que de alguma maneira perturbou quase todos os projetos. (...) Vocês tem as alturas das

e índices urbanísticos: alguns

mais diversas, o aproveitamento dos coeficientes e das possibilidades construtivas das mais diversas, e isto mostra

projetos trabalharam coeficiente

que a verticalização não é a única forma de apropriação de um centro de cidade. (...) Até um pouco tempo atrás, a ver-

de aproveito e taxa de ocupação;

ticalização teria sido a solução para o centro, e isso mostra que as gerações se sucedem apesar de nós mesmos, elas

mas pouco os vi sendo usado

tem uma própria bagagem propositiva. A partir da apropriação do desenho do lote, estas relações com a cidade foram

como índices, e isso que era im-

enfrentadas em uma pluralidade de alternativas muito desafiadoras. (AL)

portante; eu sugeri no projeto de habitação ter alguns outros indi-

Relação do projeto com o térreo: O projeto deveria justamente aproveitar o potencial construtivo para fazer as ha-

cadores da eficiência desse pro-

bitações, ou fazer o edifício cultural, considerando que aí já tem duas áreas de lazer próximas, e a Rua Gravataí já é a

jeto: cota de terreno por unidade

área de conexão (...), para que se use melhor a infraestrutura existente e fazer a população usar mais o térreo. (...) Qual

habitacional

é o programa que vamos colocar no térreo? (...) Unidade de habitação? Isso para mim é um pouco contraditório com a

hab.); ou densidade (quantidade

região, a urbanidade local é tão forte, que colocar uma unidade (...) pode empobrecer um pouco o térreo. É justamente

de unidade por m2), são indica-

neste lugar vocês deveriam ativar o térreo, que é o térreo da cidade, o contato do chão da cidade com o edifício que

dores que podem falar a você:

vocês estão criando(...) Não basta fazer um piloti e liberar o térreo pura e simplesmente; não é isso; é justamente achar

bom, qual é o meu projeto e a

qual programa que caiba inserir ali; (...) cada trabalho tem uma questão individual, para que a articulação do térreo seja

solução formal do meu colega

a melhor para o lugar. (JG)

e a que índices ele chegou. São

(área/quantidade

ferramentas de projeto e concepção, não sendo algo que você projeta e depois calcula para ver o que é. (CC)


Ensaio de situações experimentais: A

Reflexão sobre o urbano: Temos aí uma circunstância urbana muito clara,

Atender ao programa? Nós esta-

oportunidade de dispor de vários possí-

muito peculiar. E o projeto teria que ter claramente uma posição a respeito

mos muito acostumados a pensar no

veis lotes e programas em uma rua - pró-

desse problema da cidade. E por que digo isso? Porque a arquitetura já

arquiteto muito genial: tira a lapisei-

xima a uma importante praça, e à cena

respondeu a problemas grandiosos, a problemas da natureza, da técnica,

ra e faz tudo. Mas o que que é essa

teatral que a acompanha - coloca o de-

da forma, e acho que hoje, se tem algum ponto que embasa a disciplina de

síntese que sai num croqui? Como

safio de se experimentar uma costura ur-

fundamento social em arquitetura e urbanismo é a questão da cidade. Pelo

aquele programa se encaixa? Se

bana entre os diversos lotes, articulando

menos a partir dos anos 60, não existe outra possibilidade de pensar a fun-

fosse um concurso de arquitetura, o

programas. Em vista disso, aponto o fato

ção do arquiteto que não seja a reflexão sobre o urbano. Claro, a arquitetura

júri vai olhar – cumpriu o programa?

de que o interesse maior não está na sim-

é uma coisa complexa, tem que resolver o sofá, tem que resolver a estru-

Tem quantas salas de aula, um audi-

ples resolução de um programa em um

tura, tem que resolver tudo. Mas se você pegar os grandes projetos hoje,

tório para mil pessoas? Cumpriu esse

lote, constituindo uma edificação correta,

os grandes enfrentamentos, as grandes questões da arquitetura colocadas,

programa todo? Não cumpriu, você

e sim em ensaiar situações experimen-

elas são afirmações sobre a cidade.

está desclassificado! Ou então você

tais, criando conexões aéreas sobre a

Se os professores escolheram essa área, é porque provavelmente eles es-

tem que ter um memorial muito con-

rua, por exemplo, e imaginando progra-

tão pensando a questão urbana. Então esta é a resposta primeira que vocês

vincente para dizer que você deixou

mas complementares para pisos térreos,

deveriam oferecer. O que eu penso a respeito desta cidade. Não é uma

de cumprir aquilo – olha, eu não pus

como áreas semi-públicas de transição

cidade tradicional, que se pode pensar em um terreno abstrato, numa ta-

o estacionamento,(...) porque está em

aos estabelecimentos comerciais. (GW)

bula rasa (...) essa situação de centralidade, de urbanidade, de lote, e de

um lugar com acesso de transporte

uma tipologia edilícia muito variada, (...) uma confusão de paisagem, que é

público e tem diversos estacionamen-

um dado, não é mais um problema. Temos que ter alguma coisa a dizer a

tos em volta. Quando você subver-

respeito desta paisagem. É fácil fazer isso? Não, é praticamente impossível.

te o programa, você tem que ter um

Por quê? Porque todos os instrumentos que temos para pensar vieram a

argumento muito forte para dar conta

partir de outras realidades. A arquitetura é uma disciplina que foi construída

daquilo. (CC)

em outros mundos com outros problemas. (LR)

As paisagens das cidades brasileiras: O mais essencial ao se fazer

Sensibilidade aos vetores próximos, médios e distantes: Tem projetos que tem uma sen-

um projeto é olhar a paisagem, mais do que o lote e a rua, olhar

sibilidade de localidade. Não é contexto e história, (...) existe uma estrutura urbana. E alguns

o lugar onde se está trabalhando. Uma paisagem é uma formação

projetos tiveram essa sensibilidade de apontar uma espécie de situação à morfologia, ao

social, um retrato de uma sociedade. No caso brasileiro, a paisagem

novo edifício. Do outro lado do espectro, alguns projetos ignoraram absolutamente a cir-

que se forma historicamente não é retrato de uma demanda dessa

cunstância da localidade.(...) A maioria dos grupos resolveu o projeto a partir das questões

sociedade, porque o Brasil era uma colônia, e sua paisagem foi ini-

internas, supostamente, como se fosse possível isso... a dificuldade de montar o programa,

cialmente formada para propósitos exteriores àquela sociedade que

a dificuldade de pensar a estrutura, e se cria uma espécie de aberração arquitetônica na me-

habitou aquele lugar.(..) Não vamos nos esquecer que contemporane-

dida em que isso tem que ser depois colocado em algum lugar. Hoje eu acho que não existe

amente grandes intervenções na paisagem brasileira foram gestados

mais como pensar essa forma do edifício que não seja a partir dos vetores de vem de fora.

no período da ditadura (...) Da mesma maneira, havia uma tomada de

Isso não significa que o projeto tenha que fazer algum tipo de relação histórica ou nada. Mas

decisão centralizada: isso aqui vai acontecer ali. As paisagens das

os vetores que vem da cidade tem que aparecer no projeto. Os projetos mais interessantes

cidades brasileiras têm este tipo de problema: dificilmente elas aten-

foram aqueles que foram sensíveis a essa vetorização: próxima, média e mais distante, com

dem a uma necessidade do cotidiano das pessoas que ali estão.(MF)

a infraestrutura, com a praça, etc; então eu separaria nesta linha os projetos que tem esse esforço e aqueles que não tem esforço.(LR)

Investigação

coletiva

Do isolamento à consideração das pré-existências: Vocês trabalham

Significado e arbitrariedade em ar-

de projeto: Fico impres-

já em uma chave de conhecimento de espaços e cidade que é outra do

quitetura: Se desenhamos uma linha,

sionado com essa sínte-

que minha geração trabalhou, do ponto de vista do conceito. A ques-

que tem uma direção, um ângulo, que

se no meio do processo.

tão da cidade, o próprio centro, as pré-existências, os gabaritos que

é agudo, isso tem que ter um sentido,

São ideias em formação.

por ventura existem naquele lugar, mesmo que fragmentados, parecem

preciso, não pode haver nada em que

Acredito muito nessa troca

mais natural a serem trabalhados a partir de uma questão, do “reener-

batemos o olho em arquitetura e soe

importante que acontece

vamento” da área central, que em outros tempos se via exatamente o

arbitrário. Aquilo tem que ter um sen-

diante dessa ampla amos-

oposto, a cidade se espalhou para as periferias, (...) em um sentido de

tido estético, funcional e construtivo,

tragem de trabalhos, que

espalhamento geral. (...) Pareceu-me que vocês colocam em evidencia

mas esse significado tem que ser per-

conforma

espécie

essa preocupação de fato mais urbana. De quem (...) procura aprender

cebido e fazer sentido, do contrário,

de produção coletiva, um

e compreender a cidade no que ela tem de melhor, ou seja, transformar

parece arbitrário.

laboratório.

uma Todos

Acontece quando

estão

esse emaranhado urbano que teoricamente se chama de cidade (....)

passamos a exigir uma funcionalidade

imersos num grande de-

São Paulo parecia que se encaminhava para o seu isolamento pleno. E

que explique essa forma, o desalinha-

bate, em que cada projeto

hoje vemos pessoas morando em condomínios horizontais e verticais e

mento e a inflexão, mas ao procura-

apresenta uma contribui-

pessoas frequentando shopping centers isolados e essa lógica funcio-

mos o sentido, não o encontrarmos

ção. A somatória de todos

nou para a classe média em várias escalas e resolvia de uma certa ma-

ao notar como estão funcionando os

os trabalhos nos interessa.

neira os entraves paulistanos. (...) Com 40 milhas, Alphaville é uma das

ambientes. É essa ideia de integridade

A atividade de projeto ga-

maiores muralhas do mundo; isso parecia ser um caminho, um meio

que a arquitetura exige, em cada com-

nha o caráter de uma inves-

natural, da nossa sociedade de enfrentar os problemas urbanos. E hoje

ponente, elemento, peça, forma, em

tigação acerca de um tema.

vemos o contrário. (...) Identifiquei em vocês esse olhar mais próximo

cada linha, isto tudo deve fazer parte

É uma pesquisa. (CS)

do espaço da cidade. (LM)

de um conjunto que seja íntegro. (LJ)


261

Marina Motta Casa de Cultura

O partido norteador deste projeto se baseia na manutenção do uso do espaço escolhido, o teatro da rua Gravataí. Dessa forma, o seu volume principal constitui um novo teatro. Além disso, desejou-se atender principalmente às escolas próximas. Portanto, o programa foi disposto pensando no uso pelos alunos e na administração pela escola. Também, a fim de configurar o edifício no espaço urbano, faz-se uso dos volumes existentes mas também das possíveis transformações que o espaço possa sofrer. Do ponto de vista da estrutura, foi projetado um pórtico metálico com viga treliçada na cobertura, a qual sustenta todos os volumes projetados através de tirantes, o que garante independência e visualidade às diferentes volumetrias.

estúdio gravataí - volume V


Rodrigo Chedid Casa de Cultura

Tendo em vista as dimensões do terreno escolhido e o estudo prévio das áreas necessárias do programa, percebeu-se que o programa poderia ser resolvido em uma faixa de aproximadamente 16 m de largura que se estendesse de um lado ao outro do terreno, em 4 diferentes níveis: subsolo (Serviços + Salão de Apresentações), térreo (Praça + Salão de Exposições), andar flutuante (Administração + Salão de Oficinas) e cobertura (Terraço + Salão de Leitura). Para que a distribuição das áreas de programa se consolidasse em uma volumetria eficiente, antes da elaboração formal, procurou-se a definição do esquema construtivo: uma parede estrutural engasta duas grandes treliças com 4,5m de altura estrutural. Essas treliças estão apoiadas na caixa estrutural de circulação vertical, por meio de vigas transversais. Apoiadas nos banzos superiores e inferiores dessas treliças, vigas secundárias apoiam as lajes da cobertura e do andar construído.


263

Vinícius Franzolozo Pavin Casa de Cultura Parque Gravataí

A proposta da Casa de Cultura Parque Gravataí, localizada no distrito da Consolação, mais precisamente na Rua Gravataí, está intimamente ligada à Escola EE. Caetano de Campos, localizada imediatamente atrás. A Casa possui um papel complementar às atividades desenvolvidas pela escola, além de atender à comunidade local. Desta forma, integra-se à escola através de um novo eixo de ingresso, o que possibilita a troca de espaços entre ambos, transformando-se num conjunto Escola-Parque que possivelmente seria aberto aos finais de semana para o desenvolvimento das atividades. Essa ligação gera uma permeabilidade no quarteirão, de modo que a Rua Gravataí se estenda pelo térreo do edifício até a Escola, através do vão livre criado pelo volume elevado por pilotis das oficinas.

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Alina Paias Casa de Cultura Ubirajara Fidalgo

O projeto da Casa de Cultura Ubirajara Fidalgo se pauta na cidade. Em terreno localizado exatamente ao meio da rua Gravataí, incorpora e aprende com o espaço que o circunda. É um edifício que recebe os alunos das escolas que se avizinham, mas que dele também cuida: o térreo fica entre o permeável e o intransponível, em um truque de volumes e profundidades, mas o acesso controlado pela face das escolas. É, também, um edifício que aprende com a cidade: evita a forma totalizante e, mesmo constrangido pelo lote, que ocupa até seus limites, busca se juntar à cidade não exatamente pelas vias da forma, mas em sua organicidade. Os pisos de oficinas, por exemplo, contam com grandes painéis pivotantes que fazem as vezes de fechamento frente às grandes varandas que se estendem ao longo da face leste, mas também de divisória, caso se deseje um espaço mais reduzido para a prática de atividades. Assim, em um dia de uso, um pedestre que venha à Casa de Cultura da Praça Roosevelt se deparará com uma miríade de painéis em constante movimento - uma fachada viva, que diz de seus usos.


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Ananda de Souza Viana Habitação Social - Rua Gravataí

O projeto une habitação de interesse social e abrigo para menores, e estrutura-se a partir de uma proposta de integração e convívio. O térreo livre sugere interação com o entorno, enquanto as varandas coletivas, no primeiro e segundo pavimento, configuram espaços de vivência para os moradores do abrigo e das unidades habitacionais, que, por sua vez, possuem sacadas individuais que dão para a praça interna, constituindo espaços de uso privado articulados ao conjunto.

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Alice Schiavinato Casa de Cultura

O projeto busca manter diversas aberturas para a cidade que o cerca, com ambientes amplos e e interconectados visualmente por meio de diferenças de nível entre os pavimentos. As paredes de vidro permitem uma integração entre os ambientes externos e internos, além de colaborarem com a iluminação natural dos ambientes, fato este que também é realçado devido ao vão central onde se localiza o jardim principal. A cobertura/terraço descoberto se configura como um espaço de uso ilimitado, além de ter sido pensado como uma espécie de mirante para o futuro Parque Augusta. O térreo da Casa de Cultura se verifica como uma continuação do ambiente de passagem na escala do pedestre, mesclando rua e edificação, o que se torna convidativo para alterar o trajeto natural da calçada e cruzar o pátio coberto, onde é previsto que ocorram diversas atividades culturais e atrações realizadas pelos próprios frequentadores da Casa de Cultura.


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Aline de Almeida Adriana Sandre Habitação + abrigo + creche

A proposta da disciplina contempla um projeto de Habitação de Interesse Social, um abrigo para 20 adolescentes e uma creche para crianças de 0 a 6 anos. Os lotes escolhidos foram o 1 para habitação e abrigo e 3 e 4 para creche. O Coeficiente de Aproveitamento está baseado na Operação Urbana Centro (Lei n°. 12.349/97), que permite ampliar a área construída em 6 vezes a área do terreno e dispensa a necessidade de vagas de estacionamento. Para ambos terrenos tivemos como partido parques internos, na creche tem a função de espaço de lazer e horta para as crianças, sendo de uso privado. Para habitação e abrigo, esse parque tem acesso livre, com estímulo à fruição pública, tendo como objetivo a interação entre moradores da habitação, do abrigo, dos clientes do comércio e transeuntes.

estúdio gravataí - volume V


André Mendes Monfort Casa de Cultura

O projeto toma partido pela ideia de se usar o terreno maior com a intenção, como premissa básica, de estimular a ocupação e o maior permanecimento das pessoas que circulam pelas ruas Gravataí e Caio Prado. Tal ideia se dá optando-se por construir o programa de forma verticalizada a fim de se estabelecer uma nova área atrativa aos moradores e frequentadores da região. É proposto também uma comunicação com a casa vizinha. Com a criação de bares e/ou restaurantes, faz-se um uso de parte do terreno para acomodar confortável e convidativamente pessoas no local. O espaço, por fim, é pensado também para acomodar organizações de eventos da região de menor porte, como feiras e festas de âmbito local. Sua atratividade visa servir de conector entre outros polos já estabelecidos pela região.


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Beatriz Mendes Costa Casa de Cultura

O Centro já conta com equipamentos culturais e de lazer. Portanto, este deve atender, principalmente, necessidades locais. É importante para que a Casa de Cultura possa se integrar ao programa educacional das escolas vizinhas ao mesmo tempo em que atende as necessidades de coletivos e usuários dos espaços ofertados no entorno atual, como a Praça Roosevelt, que o programa seja bem aberto e o espaço comporte vários usos diferentes, funcionando principalmente como uma extensão da Rua Gravataí. Buscou-se a integração com os prédios vizinhos através também dos recuos, gabaritos e entradas. É estruturado por vigas que ligam 2 torres a pilares que formam uma parede no lado oposto e uma viga com nervuras entre as torres garantindo o vão livre. As duas lajes menores prendem-se as lajes superiores.

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Beatriz Sombra Casa de Cultura

O conjunto arquitetônico está organizado em duas partes: o bloco aéreo, no qual se concentram as salas referentes ao corpo administrativo e de funcionários, e um bloco superior, que abriga as atividades mais públicas do programa. O térreo livre se faz extensão da rua abrigando apenas o bloco de circulação vertical da Casa de Cultura e usos comerciais, como lojas e cafés. O edifício se desenvolve em torno de um vazio vertical que permite maior iluminação e transparência à circulação horizontal de cada pavimento. Além disso, este vazio permite a implantação da área permeável como um jardim central no térreo. Este espaço é definido por paredes estruturais de concreto travadas. Na face norte concentram-se os elementos da circulação vertical – relacionada com as vistas mais interessantes da paisagem urbana – e na face sul, os blocos sanitários. A verticalização do edifício se deu por causa dimensões reduzidas do terreno e com o objetivo de abrigar todo o programa. Entretanto ela é compatibilizada com os gabaritos já existentes na rua Gravataí.


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Daniela Reséndiz García Projeto Gravataí

São Paulo é uma cidade em grande escala, a sua densidade é uma identidade da cidade. A comunicação entre os edifícios e ruas, lida com diferentes escalas, deixando alguns encontros entre os dois. O objetivo deste desenho é a convergência da comunidade, ele vai marcar uma circulação definida. Parte de um conjunto de premissas que são pensadas não só para a interação cultural e social, mas também que o mesmo local seja sustentável de diversas maneiras. A comunicação com a Praça Rooselvelt e a rua Augusta é importante. A base deste conceito é a de criar uma comunicação com a cidade.

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Danielle Gregorio Casa de Cultura

A intenção deste projeto foi elaborar um edifício aberto para a rua Gravataí. Isto se traduz pela criação de uma área de circulação principal com varandas que dão vista à rua, ao Parque Augusta e a Praça Roosevelt, uma vez que o projeto se localiza no ponto médio da Gravataí. O edifício possui quatro pavimentos. O desenho da área de circulação de cada um varia, de forma que uma parte do piso possa ser visto por quem se encontra em outro. No térreo estão a cafeteria e a loja, em contato direto com aqueles que transitam pela Gravataí, e o salão de exposições, que, apesar de não possuir entrada pela rua, é vísivel pelos pedestres, convidando estes a entrar. No primeiro pavimento estão o salão de leitura e o salão de apresentações. Este último possui uma antessala, local de descanso e convívio, que realiza a transição entre o espaço externo e o interior do salão. No segundo pavimento se localiza uma grande praça coberta, local que permite atividades diversas. Esta possui um jardim iluminado naturalmente através de uma abertura zenital. Já no último pavimento estão o salão de oficinas e sua antessala , além de salas administrativas.


a relação entre programa e projeto Antonio Carlos Barossi

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE PROGRAMA E PROJETO

ou demandantes. A partir dessa sistematização o projeto deve resolver o programa como definido.

Uma das ênfases da disciplina AUP0162–ARQUITETURA: PROJETO 4 é o programa. O programa como sistematização e quantificação de atividades socialmente definidas que demandam um espaço a ser construído para seu abrigo.

Destaque-se que, apesar de em princípio essa sistematização ser realizada no início do projeto, ela não define regras imutáveis a serem cumpridas por ele, mas intenções prévias que podem ou não permanecer, sendo às vezes alteradas ao longo do desenvolvimento do projeto. Ao desenhar os espaços e a arquitetura que os contém, estudar criticamente os resultados obtidos, olhar através do desenho como as coisas vão acontecer, novas questões podem surgir e outras intenções podem ser definidas, reconfigurando a forma como se coloca o programa, para que ele possa instrumentar o desenvolvimento do projeto incorporando dali para a frente essas novas definições.

Conforme objetivos da ementa da disciplina: “...Aprendizado da teoria e da prática do Projeto de Arquitetura ... aprofundando-se no estudo do programa e das transições espaciais da cidade e da edificação...” E também: “Programa Funcional dos espaços: caracterização, dimensionamento e crítica, considerando-o como expressão de relações humanas e sociais no ambiente urbano em determinado momento histórico. ” Definido previamente como demanda, o programa é fornecido ao arquiteto por aqueles que demandam a edificação a ser projetada: seja uma pessoa, uma família, uma empresa ou instituição pública. O programa pode vir de várias formas: com usos definidos e sem as respectivas áreas (que então devem ser calculadas pelo arquiteto); com usos e áreas listados por critérios variados conforme a situação; ou mesmo pronto, como aqueles fornecidos para projetos de escolas pela FDE Fundação para o Desenvolvimento da Educação do Governo do Estado de São Paulo. Mas em qualquer caso, o programa pode ser sistematizado pelo arquiteto que, ao organizá-lo, toma decisões que já constituem intenções de projeto, “desenhos” além do desenho propriamente dito, como exemplificado no Programa Reorganizado, encaminhado junto com este documento. O programa, mesmo sendo expressão de necessidades sociais previamente constituídas, não é como um dado da natureza, exterior e pronto, ele requer uma interpretação do arquiteto ao organizá-lo para que possa ser atendido plenamente. Por vezes, dependendo da situação, essa sistematização pode modificar, incluir ou até excluir algum uso ou área conforme a interlocução com os usuários estúdio gravataí - volume V

Entre as decisões a serem tomadas nessa sistematização, está a definição dos conjuntos funcionais. Grupos de atividades para as quais se deseja atribuir unidade, identidade espacial própria dentro do edifício, características formais que permitam sua percepção como uma espacialidade própria, comum e claramente definida. Seja para exprimir e afirmar relações humanas pretendidas, seja para configurar alguma funcionalidade comum, seja para dotá-los de alguma expressão própria dentro do edifício. Vale dizer que essa condição pode ser obtida tanto pelo agrupamento de determinadas atividades num mesmo lugar (em planta ou corte), como pela atribuição de características formais que as identifiquem mesmo estando em locais diferentes. Finalmente, apresentamos a seguir um dos belíssimos aforismos do arquiteto Luigi Snozzi e que se refere justamente à ênfase do curso, o programa do projeto: “O aqueduto vive no momento em que deixa de transportar a água” Este aforismo de Snozzi sugere um fascinante paradoxo para a compreensão da arquitetura: sua beleza como expressão do fazer humano se manifesta com plenitude no momento em que cessa a função para a qual foi construída. Coloca em questão aquilo que diz respeito à natureza própria da arquitetura


no atendimento pleno as demandas sociais a que se destina. É como se a qualidade, a beleza da arquitetura, estivesse além, ou não se referisse propriamente às atividades a que se destina. Correto! Porém, desenhar o espaço é desenhar a vida humana no mundo, aí deve estar focado nosso esforço em busca da beleza. Quanto mais a arquitetura for capaz de incorporar e resolver na sua forma não somente as demandas circunstanciais e históricas do seu momento, mas também e principalmente a sua essência, colocadas pelas necessidades e relações sociais que a exigiram, maior a sua condição de transcendê-las revelando uma beleza de caráter universal que garanta sua permanência como produto do conhecimento humano no seu domínio sobre a natureza. É como se invertêssemos o aforismo de Snozzi ampliando e complementando seu significado: “O aqueduto sobrevive sem transportar a água por tê-lo feito bem”


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David Ricardo Sarmiento Cortés Um percurso é uma sequência de momentos Casa de Cultura

UM PERCURSO É UMA SEQUÊNCIA DE MOMENTOS expressa o conceito do movimento do cidadão dentro da cidade, da conformação da experiência a partir de percorrer o espaço público e privado, e portanto de que como diz Vilanova Artigas: “O edifício tenha que conter a cidade, e a cidade tenha que conter o edifício.” A Casa Cultural São Paulo procura evocar este conceito e estabelecer uma relação entre o ser humano e a arquitetura amigável onde além de constituir um prédio de uso cultural e público, consegue-se criar um sistema de conexão de espaços capaz de acolher as dinâmicas das pessoas. As rampas, as conexões que permitem levar os visitantes à diversas praças elevadas não são mais do que as dinâmicas mesmas de percorrer a cidade levadas dentro do prédio oferecendo absoluta abertura e liberdade.

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Dayana Yamamoto Projeto Gravataí

O edifício localiza-se nos terrenos do atual teatro Lucas Pardo Filho e casa ao lado do mesmo. Em contato direto com terreno da escola estadual Caetano de Campos, propõe-se enquanto entrada alternativa aos alunos da mesma àquela voltada para Praça Roosevelt. Portanto, libera seu térreo para passagem, criando uma praça intermediária, um espaço de permanência entre a rua Gravataí e Ágora da escola (proposta pelo escritório Apiacás Arquitetos em seu projeto de revitalização da escola). O programa desenvolve-se no entorno da nova praça podendo ser apropriado pelos estudantes através do volume que avança a sul.


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Estefania Jimenez Habitação

O projeto é um conjunto de habitação social, o qual ao mesmo tempo integra o corredor comercial no térreo e assim ajuda a criar uma interação social de diferentes classes sócias, já que com isso pode se gerar movimento nas ruas que ficam perto da praça Roosevelt e assim dar maior segurança na zona, assim mesmo se cria uma relação de espaços abertos, já que o projeto comercial consiste em gerar zonas e espaços de encontro pra uma melhor convivência e ao mesmo tempo permitir as pessoas ter diferentes atividades num mesmo lugar. O projeto integra diferentes tipos de apartamentos como são apartamentos pequenos desde 70m2, até 100 m2 onde pessoas com diferentes necessidades e gostos podem se encontrar. O projeto tem como objetivo unir áreas de habitação, comercio e áreas livres.

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Flávia Tadim Massimetti Habitação

Localizado na área central de São Paulo, o projeto cria uma habitação social que dialogue e reforce a relação do edifício com o a cidade. A rua Gravataí seria o eixo conector do futuro Parque Augusta à Praça Roosevelt, importantes áreas livres para a população. A ideia é dar continuidade à essas áreas de permanência, complementando o comércio local. O acesso às áreas pública e privada é dado de maneira independente. O bloco sobre pilotis permite a permeabilidade do lote, convidando o pedestre a chegar na praça interna, formada entre os dois edifícios. O objetivo é a criação de uma área verde que seja utilizada mesmo após o fechamento do comércio. Foram propostos cinco tipos diferentes: A1 (51 m²), A2 (56 m²), B1 (59 m²), B2 (45 m²) e B3 (90 m²), totalizando 48 unidades habitacionais.


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Hannah Campos Casa de Cultura

Neste projeto almejava-se celebrar a rua gravataí em algumas de suas particularidades observadas. Primeiramente, por apresentar muito pouco tráfego de carros esta via dota de singular ‘pracialidade’, o que procurou ser reforçada no projeto. Também, pelo entorno imediato apresentar um número significativo de equipamentos públicos infantis, com os quais buscou-se estabelecer relações. Assim, o projeto parte de uma praça de recepção, elevada em 1,5m do nível da rua, cuja escadaria-arquibancada voltada para a rua, serve de simpática parada aos transeuntes que desejem fazer uma pauzinha ou mesmo aos pais que podem esperar pelos alunos das creches ou escolas. O programa orbita em torno desta praça, e procura favorecê-la conferindo dinâmicas mais constantes e conta com uma diversidade de público potencial.

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Iulia Cruceru Projeto Gravataí

A cidade de São Paulo tem um terço da área verde mínima recomendada pela ONU. Para aumentar o espaço verde, o prédio é elevado do chão, criando um espaço livre, que é arranjado como um parque urbano. Para criar um ponto de encontro natural para os jovens locais, um número de instalações esportivas são inseridos no local, O local vai ser usado principalmente por moradores, usuários, e em uma proporção menor por pedestres e skatistas. O lugar é dotado com equipamento de jogo para bebés e crianças e parede de escalada, na fachada sul. O prédio é apoiado em quatro pilares inclinados. Foi escolhida uma estrutura leve, que reduziria o peso nas colunas. Dois tipos de estrutura foram comparados, CLT e metálica. Para os grandes vãos, é necessária uma estrutura com vigas metálicas. Para os brises da fachada sul, são usadas thermobimetals, materiais inteligentes que agem como a pele humana, de forma dinâmica e responsável, e podem sombrear e ventilar. O projeto analisa a possibilidade de colocar painéis solares para geração de energia fotovoltaica na cobertura do edifício.


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José Antonio Contreras Martínez Casa de Cultura

Câmbios constante são aqueles que vai-se refletindo nosso comportamento e relação social. Modas efêmeras e peças esquecidas. A gente fica numa transformação produtiva e tecnológica onde temos que resolver as demandas arquitetônicas projetadas há o futuro, espaços versáteis capazes de lograr experiências vivenciadas fundamentadas na igualdade social, e assim dando passo a uma evolução constante da cidade. O projeto é uma proposta que luta numa dualidade resumida nos processos artesanais e industriais. Na primeira fase compõe-se por uma estrutura exterior do concreto (processo artesanal) fabricada pelos construtores brasileiros brindando um teto a um espaço público. A segunda fase se penduram espaços pre-fabricados (processo industrial) capazes de modificar-se conforme passa o tempo sendo um projeto simultâneo dado pelas diversidades culturais que podem-se apresentar num futuro inevitável.

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Luciano Vergara Praça interna Gravataí cultural

Em uma rua estreita sem amplo espaço público, uma entrada escola é descoberto como uma alternativa, grande área dedicada à vida de serviços culturais de bairro fornecido pela o novo projeto. O projecto Casa da Cultura compreende o processamento em três lotes do setor, um teatro, que é ocupado no interior como parte do projeto. Definir um prédio da administração, que articula o teatro reformulado com 3 pontes projetos em o medio, no topo desta tem a sala de exposição que se estendem profundamente na propriedade para descer a Escola, formando assim um edificação contendo a nova praça interna que articula a Rua gravatai com á Escola.Para a construção, design contemplado o uso de perfis de aço vigas e pilares, enquanto no recinto coberto enchendo projeto concreto e vidro


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Renan Hayashi Habitação

O projeto é localizado na Rua Gravataí, local de grande importância para a região, pois promoverá um eixo de integração entre dois grandes espaços públicos: o Parque Augusta e a Praça Roosevelt. O partido desse projeto visa a concretização desse eixo atendendo também a necessidade de moradia e a característica residencial dessa rua, dentro das propostas adensamento populacional da região central. Para tanto é proposto a construção de HIS com uso misto e de livre fruição nos primeiros pavimentos do edifício. Ao todo é proposto a construção de 3 lâminas modulares de habitações interligadas por passarelas, sendo que os 2 primeiros pavimentos do terreno da esquina maior são destinados ao uso comercial e o primeiro pavimento da esquina menor é destinado ao uso institucional.

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Vitor Martins Cunha Habitação

O projeto de habitação de interesse social com térreo urbano buscou, através de sua implantação, uma experiência de ampliação do espaço público para dentro do lote, abrindo uma praça. Ao mesmo tempo, a relação público-coletiva entre os transeuntes e os moradores buscou ser organizada de forma a respeitar a intimidade das habitações sem, no entanto, segregar absolutamente estes convívios. De tal sorte, o térreo superior é uma área condominial que faz a transição do espaço público para o coletivo.Nas circulações horizontais, um sistema de filtros visuais e espaciais buscam reservar a intimidade de cada unidade, a cota rebaixada das circulações em relação aos apartamentos, os vãos entre a circulação e a janela da cozinha e a disposição das áreas mais íntimas para os fundos e para o segundo pavimento dos apartamentos de dois andares buscam dar forma a estes diferentes níveis de relações. A solução das plantas do edifício e de sua volumetria orientou um sistema de fachada marcado por blocos que, ora se projetam para cima das varandas, ora seguem seu alinhamento, conferindo ritmo à fachada.


‘‘janela não é buraco na parede’’ entrevista: Helena Ayoub

285

Para apresentar a nossa conversa com Helena Ayoub, professora da disciplina Projeto da Habitação, talvez valha a pena contar um pouco do próprio processo editorial da publicação Estúdio Gravataí. Quando surgiu a ideia de entrevistar os professores das duas disciplinas, houve um trabalho de levantamento que cada um gostaria de desenvolver. Dissemos que poderiam falar sobre qualquer assunto relacionado às aulas que lhes estivesse chamando atenção naquele semestre, desde aspectos gerais aos mais específicos. Elaboraríamos as perguntas da entrevista a partir das questões que eles mesmos trariam. No dia em que a consultamos, ela parecia profundamente incomodada com o projeto das aberturas. Soltou a frase “Janela não é buraco na parede”. E nós, monitores, nos preparamos para conversar com ela sobre o desenho das aberturas no processo de projeto do edifício. A entrevista tomou outro rumo logo no início. Quando lhe pedimos para que desenvolvesse “a questão das janelas”, recebemos a seguinte resposta: Helena Ayoub: Não é a questão das janelas. Estúdio Gravatai: Então, o que é? HA: Na verdade, é uma preocupação grande que é difícil de emplacar, que é desde o começo os alunos pensarem o projeto junto com o raciocínio construtivo. Quando você faz isso, você pensa a totalidade. Eu insisto, insisto nisso e não dá tão certo. Muitas vezes, os alunos pensam mais a forma, pensam primeiro as partes, e não o todo. Daí vira um amontoado, eles vão juntando as partes e no fim a totalidade fica fragmentada, você não consegue identificar o edifício como uma coisa única, pensada como um todo mesmo. Acho que, quando você lança uma ideia e ela tem uma força, essa ideia tem que ser pensada na sua totalidade. Então, a estrutura tem que estar pensada junto, a modulação pensada junto, e todo o resto tem que se construir neste pensamento. A solução das plantas nasce junto com a solução das aberturas. Nesse sentido, seria importante entender o próprio curso da FAU como uma totalidade. Na aula estúdio gravataí - volume V

de construção, eles falam a mesma coisa que eu. Eu estou repetindo o que o Ronconi e o Caio estão falando e os alunos precisam entender que o exercício da disciplina de construção é importante para o projeto, já que o curso é o mesmo. O curso, apesar dos três departamentos, está formando uma pessoa única. Tanto o aprendizado de história como o de tecnologia, tem que fazer a síntese no projeto. EG: Então as janelas eram, na verdade, uma vitrine para uma questão mais ampla? HA: Sim, “buraco na parede” quer dizer que é necessário compreender que janela não é a solução do problema, aquela “luz” que aparece do nada, no final do processo de projeto. Se a janela surge assim, desvinculada de um raciocínio mais amplo, ela vai ser só um buraco na parede mesmo. A solução, pelo contrário, tem que vir junto com todo o resto. EG: Você poderia contar algum caso desses, em que o aluno ainda não enxerga a relação do desenho das aberturas com o projeto todo? HA: Sim. Ontem, por exemplo, uma aluna queria fazer aberturas pequenas para o poente. Ela argumentava que “o poente é bom para fazer aberturas pequenas, pois o sol é horrível para o quarto nessa hora”. Acontece que esta é a vista do parque! Então você “olha pequeno” para o parque? Na aula de “Confortão”, ela já viu como resolver esse problema. Então, muitas vezes, na aula de projeto a gente repete o que os alunos já sabem. Eu sei que é difícil, que as vezes demora um tempo para fazer o “clique”. Eles já sabem tudo isso, só precisam entender como essas coisas se relacionam. O mesmo vale para escada de incêndio, hidráulica etc. EG: Oficialmente, os alunos da disciplina estão no segundo ano, certo? HA: Isso mesmo. Mas eles já aprenderam bastante conteúdo técnico! O problema não é eu ficar falando de caixa d´água vinte e cinco mil vezes. De vez em quando eu até acho ótimo falar várias vezes a mesma coisa, se isso servir para dar o “clique” de que é possível e desejável fazer a síntese desse conhecimento todo. O cérebro não é dividido em três departamentos. Então, é necessário que desde o início do curso o aluno aprimore essa habilidade


Representaram a publicação Carolina Oukawa e André Vitiello, monitores da Pós e da Graduação. A entrevista aconteceu em 11 de novembro, no escritório da professora.

de fazer a síntese. EG: Que “cliques” os alunos puderam ter neste semestre, com o exercício do projeto de habitação? HA: Ah, uma variedade de cliques. Essa coisa de misturar programa foi um desses cliques. Ou então, simplesmente conseguir pensar a totalidade, relacionando a atividade projetual com o conhecimento que advém de outras disciplinas – o que envolve pensar, por exemplo, a estrutura do edifício e o próprio desenho das aberturas. EG: Você acha que, se houvesse uma única disciplina que envolvesse todo esse conteúdo (como parece acontecer no curso de arquitetura de Delft), o aluno teria melhores condições para chegar a uma síntese? HA: Eu não sei se isso é bom, não tenho certeza. Acho que é melhor a abstração de algumas coisas. O aluno cresce mais. Talvez o aluno pudesse resolver mais as coisas dentro da FAU mesmo. Em vez de fazer o trabalho fora da escola, fazer lá dentro, seria mais fácil. A sobrecarga poderia ser um pouco menor. Mas tudo girar em torno de um projeto só pode ficar algo exageradamente girando em torno do mesmo. Até porque, é importante passar por várias escalas para entender a síntese, para dar o tal do clique. Nem sempre é no segundo ano que dá este clique, estou pedindo muito! Mas é bom eu querer muito! A gente tem que querer mais dos alunos, sempre. Aí fica mais fácil eles responderem. EG: O que, além das aulas, poderia orientar os alunos nesse processo de síntese? HA: Para fazer projeto tem que conhecer, então tem que ler projeto, ver projeto, conhecer como os outros arquitetos fazem. Que é a partir da totalidade do projeto. É entendendo o projeto de outros arquitetos, esmiuçando o projeto deles, descobrindo como eles projetam, que você descobre a maneira de fazer. EG: Se a síntese não é algo tão simples e imediato, que tipo de resultado você espera, então, de um estudante do segundo ano na disciplina obrigatória de projeto de edificações? HA: O resultado não quer dizer muita coisa. O processo é muito mais importante para a formação.

Assim, mesmo que os alunos não tenham resolvido o projeto da maneira que eu acho mais adequada, o fato de hoje eles terem entendido o que não deu certo, para mim é muito mais importante do que eles terem sidos doutrinados por mim e se preocupado muito com algo que eu tivesse imposto, por exemplo: uma modulação determinada, estrutura resolvida etc. Seria interessante que os estudantes percebessem, ao final do semestre, quese tivessem tomado um caminho mais abrangente, do projeto como um todo, eles teriam chegado a um resultado melhor. Muita gente hoje, concluindo o semestre, percebe que esse teria um caminho mais produtivo. Sabendo que agora não adianta voltar ao começo, essa percepção, para mim, é muito mais importante do que o resultado final a que eles vão chegar. Ainda mais no segundo ano, era isso que eu queria. Este é o processo de aprendizado mais fundamental para a formação. EG: Então, para a fase final da disciplina, a reflexão que você considera a mais importante seria uma reflexão sobre o processo de projeto? HA: Sim, retomando as premissas iniciais e chamando atenção de como essas demandas eventualmente não foram atendidas. Então, como hoje, com o conhecimento ampliado, a gente resolveria estrutura, aberturas? É necessário encarar essas perguntas, mesmo com o projeto já desenvolvido. Os alunos, olhando para o próprio projeto, tem a oportunidade de perceber como não conseguiram resolver estes ou aqueles pontos. Como cada um poderia ter feito e não fez. Essa reflexão é importantíssima para que se possa dar o passo seguinte, no semestre seguinte. EG: Isso parece ser uma sugestão de leitura para esta publicação, você não acha? Seria como se todo o produto apresentado aqui pudesse ser lido como um “resultado em processo”, da formação do estudante no final do segundo ano, e não como um portfólio... HA: Isso mesmo! O resultado final, nesse contexto de ensino e aprendizado, pouco importa! Escreve isso daí...


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Amanda Vieira Casa de Cultura

A casa de cultura Estúdio Gravataí localiza-se na zona central de São Paulo, no distrito da Consolação, na esquina da Rua Gravataí com a Rua Caio Padro, região central que comporta duas escalas, uma macro de atração da população e uma micro referente a Rua Gravataí e sua utilização, a região ainda e constitui em um corredor de ligação entre a Praça Franklin Roosevelt e o Parque Augusta, onde a ocupação e utilização do espaço público é expressiva pensando assim em fornecer mais atividades culturais para os usuários. A edificação se constitui em dois eixos estruturais e um platô apoiado entre os eixos, desenvolvendo assim térreo mais cinco andares de atividades, tudo organizado em uma forma prismática cortada que inclinasse para o parque convidando à essa vista.

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Ana Lígia Magalhães Fluxo e Permanência: Casa de Cultura

No centro da cidade, eixo de ligação entre a Praça Roosevelt e o Parque Augusta, “extensão” do Minhocão. Rua pacata e de uma riqueza cultural que se destaca entre a intensidade e velocidade de seu entorno. Terreno pequeno, de esquina. Rua Caio Prado com Gravataí. Parque Augusta. Casa de cultura, escala local. Quem queremos ali? O que queremos ali? Térreo que permite fluidez. Fluxo. As pessoas precisam passar. Elas querem passar e chegar àquela rua... Elas também precisam ficar, mas precisam sentir que podem ficar. Permanência. Um térreo que convide ao interior. A simpatia da Gravataí expressa em arquitetura.


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Bárbara Mühle Habitação + creche

Situado em uma área central da cidade, com condições privilegiadas de infraestrutura urbana, o projeto aqui apresentado tem como objetivo a criação de espaços livres públicos e o adensamento habitacional com habitação de interesse social e uso misto. A implantação da edificação busca o melhor aproveitamento da luminosidade natural disponível. Os blocos foram dispostos de maneira a criar dois pátios internos: um pátio livre a fruição pública, rodeado por comércio e serviços, e outro reservado para a creche. Os dois primeiros andares da edificação são ocupados pela creche, restaurante, bicicletário e lojas, nos outros dez andares se localizam as habitações com tipologias simples e duplex – constituindo dois andares tipo na edificação, e na cobertura encontram-se as áreas condominiais comuns.

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Daniel Guimarães Projeto Gravataí

Situada praticamente no ponto médio de duas das mais tradicionais e movimentadas vias da capital paulista, rua augusta e rua da consolação - na altura da caio prado júnior - , a rua gravataí é daqueles lugares que apresentam um contraponto à lógica da cidade; um espaço de remanso em meio ao caos. da sua dimensão, com um leito carroçável menor do que as ruas do seu entorno imediato, ao uso, predominantemente residencial, a rua gravataí serve como um salto de escala para uma cidade mais amigável. Além disso, e não menos importante, a rua serve como um eixo óbvio entre o parque augusta e a praça roosevelt. sendo o primeiro, enquanto intenção de um possível espaço público da cidade, um símbolo da luta por uma política que prioriza a coletividade ao invés de interesses particulares, e o segundo, já consolidado como um dos exemplos mais felizes de apropriação da cidade através do uso.


291

Débora Nojiri de Moraes Arruda Casa de Cultura

Neste projeto, implantado no terreno da esquina da Rua Gravataí com a Caio Prado, buscou-se a separação dos usos principais da Casa de Cultura daqueles que os apoiam. Assim, área expositiva, biblioteca e oficinas estão no edifício mais próximo ao Parque Augusta, o qual toca o chão apenas com seus pilares, liberando espaço no térreo para uma grande praça coberta com um espelho d’água. O bloco a leste abriga os serviços, como as salas de administração da Casa de Cultura, os banheiros e a circulação vertical principal. Os blocos se ligam por meio de passarelas. No subsolo se localizam o auditório e seu foyer, um café e uma pequena livraria, que recebem luz e ventilação por meio do fosso inglês e podem ser acessados por uma escada que mergulha da praça coberta até o nível enterrado.

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Giuliano Salvatore F. Magnelli Habitação

A função social da propriedade ganha espaço nas diretrizes políticas da cidade, sendo notória a discussão pelo último PDE. Por meio de políticas públicas espera-se que seja atraído para o centro um grande fluxo habitacional, buscando ocupar imóveis e terrenos ociosos. Um novo fator que tem refletido nas dinâmicas de ocupação do centro paulista é o fluxo recente de imigrantes e refugiados vindos, sobretudo, do Haiti. Dados tais aspectos e uma concentração de jovens profissionais e estudantes na região de intervenção, propõe-se dois edifícios de uso misto com unidades compartilhadas para imigrantes e estudantes e outra de unidades unifamiliares. Trabalhando com uma área reduzida das unidades busca-se complementar a oferta de espaço por meio de áreas de uso comum.


293

Jayne Nunes Habitação

O terreno escolhido para o projeto de habitação social localiza-se na esquina da Rua Caio Prado com a Rua Gravataí, no centro de São Paulo, próximo a Praça Roosevelt, a Rua da Consolação e a Rua Augusta. O projeto é composto por dois volumes: um horizontal, onde se encontra uma galeria de lojas, que se integra com as ruas através de seus corredores internos, configurando fachadas ativas; e um vertical, composto pelas habitações, sendo o piso intermediário entre os dois volumes, uma grande área de convivência dos moradores do edifício, com vista para a Rua Caio Prado e para Rua Gravataí.

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Pedro Fernandes Projeto Gravataí

O Projeto Gravataí visa à realização de um pensamento em que a rua recupere seu papel de sociabilidade. Quatro dos cinco lotes foram escolhidos para o alcance de nossa intenção (ver o projeto de Henrique Castro e Silva). Na Praça Augusta, o foco está nas articulações (marcadas formalmente pelos dois eixos de ortogonalidade) que visam à abertura de novos horizontes para os espaços públicos. Nosso projeto alimenta a concretização do Parque Augusta como espaço de fruição democrático. Logo, devemos, além de considerar a questão do adensamento populacional no centro, garantir que o novo parque seja provido de infraestrutura capaz de mantê-lo como espaço dinâmico, completo e democrático. Propôs-se no L1 um espaço de estudos e um restaurante, que se integrarão com a creche no L2.


295

estĂşdio gravataĂ­ - volume V


ficha técnica

AUP0158 Prof. Dr. Álvaro Puntoni

AUP0162 Estúdio Gravataí volume V/V Prof. Dr. Alexandre Delijaicov Impressão: LPG FAU USP

Prof. Dr. Bruno Padovano

Prof. Dr. Angelo Bucci

Prof. Dr. Francisco Spadoni

Prof. Dr. Antonio Carlos Barossi

Prof. Dra. Helena Ayoub

Prof. Dr. Milton Braga

Prof. Dra. Marta Bogea

Prof. Dr. Rodrigo Queiroz

Prof. Dr. Oreste Bortolli

Andre Vitiello Bruna Bertucelli Bernat Pedro Paola Ornaghi

Número de páginas: 76 Papel capa: Reciclato 90g Papel miolo: sulfite 75 g Tiragem: 150

Estagiários PAE: Monitores de Graduação:

Tipologia: Helvética Neue

Carolina Oukawa Dalton Ruas

Formato: 31 x 22.5 cm Fotografias: Gal Oppido

Guilherme Pianca Monitores de Graduação: Juliana Stendard Mariana Caires Mariane Martins

A diagramação dos projetos foi realizada pelos monitores de Graduação e de Pós, a partir do material enviado pelos estudantes. O conteúdo das imagens e textos dos projetos é responsabilidade de seus autores. dezembro de 2015


índice remissivo

297

Projetos: Sala dos Departamentos Adriana Ogawa 242

Estefania Jimenez 277

Albert Munuera 247

Fabiana Imamura 245

Alice Schiavinato 266

Felipe Suzuki Ursini 255

Alina Paias 264

Flávia Tadim Massimetti 278

Aline de Almeida e Adriana Sandre 267

Giuliano Salvatore F. Magnelli 292

Amanda Vieira 287

Guilherme Messias 252

Ana Lígia Magalhães 288

Hannah Campos 279

Ananda de Souza Viana 265

Iulia Cruceru 280

André Mendes Monfort 268

Jayne Nunes 293

Anna Ayumy Inoue Pompeia 248

José Antonio Contreras Martínez 281

Bárbara Mühle 289

João Vitor de Lima Santana 253

Beatriz Mendes Costa 269

Jéssica Sequeira Paiva Antonio 256

Beatriz Sombra 270

Julia Jacob Mori 257

Bruna De Ranieri Cavani Ferramenta 249

Júlia Tampellini Biá Pimenta 254

Bruno Laginhas Boriola 246

Lucas de Andrade 258

Caio Jovino Ramaglio 241

Luciano Vergara 282

Carolina do Carmo Daniel 240

Marina Motta 261

Carolina Herrera 250

Mateus Merighi e Carolina Nossig 244

Catarina Polonio 251

Paula Lemos 239

Daniel Guimarães 290

Pedro Fernandes 293

Daniela Reséndiz García 271

Renan Hayashi 283

Danielle Gregorio 272

Rodrigo Chedid 262

David Ricardo Sarmiento 275

Taís Galvão Rosa 243

Dayana Yamamoto 276

Vinícius Franzolozo Pavin 263

Débora Nojiri de Moraes Arruda 291

Vitor Martins Cunha 284

estúdio gravataí - volume V



alexandre delijaicov oreste bortolli antonio carlos barossi joão sette whitaker helena beatriz ayoub kuhl maria angela faggin josé paulo gouveia caio santo carvalho estudantes aup 158 e 162 luiz recamán gabriel manzi estudantes aup 158 e 162

publicação das disciplinas aup 158 e aup 162 fauusp 2015


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