estúdio gravataí IV / V
Os projetos aqui apresentados foram desenvolvidos pelos estudantes e enviados para a publica巽達o durante o processo de conclus達o do semestre. A vers達o final dos trabalhos pode ser consultada em: www. equipamentospublicos.fau.usp. br/estudiogravatai2015
estúdio gravataí IV / V
organizadores:
andré vitiello bellizia carolina silva oukawa dalton bertini ruas guilherme pianca moreno juliana stendart mariana caires souto mariane alves martins paola trombetti ornaghi
são paulo fauusp dezembro de 2015
agradecimentos
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À Universidade de São Paulo e à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, pelos programas PAE e de monitoria de Graduação, sem os quais não teria sido possivel esta publicação. Somente o fortalecimento desses programas poderá expadir esse tipo de atividade extracurricular. Aos professores das disciplinas AUP0158 e AUP0162, pela colaboração e incentivo ao desenvolvimento desta publicação. Aos convidados do seminário intermediário, pela contribuição que trouxeram ao debate interno às disciplinas. Aos alunos, nos quais se fundamenta a finalidade de todo o trabalho. Aos monitores da disciplina Atelie Livre de 2015, por dividirem conosco a experiência que tiveram no primeiro semestre ao publicarem os trabalhos realizados naquela disciplina. Ao José Tadeu de Azevedo Maia e demais funcionários da seção técnica do LPG-FAUUSP, por viabilizarem a impressão destes volumes. À Lucila, bibliotecárias da FAUUSP, pela orientação na elaboração do ISBN.
estúdio gravataí - volume IV
índice
o estúdio gravatai
v
programas
viii
oficinas de representação
x
monitoria da graduação
xiv
projetos
196
o projeto de habitação na rua gravataí: duas versões de processo
-entrevista: Oreste Bortolli Junior e
estudantes da AUP0158
202
projetos
205
seminário intermediário: sala 812
208
projetos
210
arquitetura do programa: casa de cultura
-entrevista: Alexandre Delijaicov
218
projetos
29
ficha técnica
235
índice remissivo -projetos: sala 812
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rua
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estúdio gravataí - volume IV
10
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o estúdio gravataí Antonio Carlos Barossi
Duas disciplinas: monitoria e publicação Esta publicação, proposta e realizada como atividade de monitoria pelos estudantes da pós e da graduação da FAUUSP, com apoio do comitê editorial da escola, compreende os trabalhos realizados pelos estudantes para as disciplinas de Projeto de Edificações do Departamento de Projeto: AUP0158-Arquitetura: Projeto 2 (Habitação) e AUP0162-Arquitetura Projeto 4 (Equipamentos). O conjunto de obrigatórias O grupo de Disciplinas de Edificações tem quatro disciplinas obrigatórias no currículo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP. São disciplinas de dois dias, com 4h por dia e que trazem uma estrutura subjacente com ênfases específicas, constituindo três Estúdios de Projeto. ESTÚDIO 1, constituído pela disciplina AUP0156-Arquitetura Projeto 1 cujas ênfases são: Infraestrutura / Arquitetura do lugar / Transposições. ESTÚDIO 2, constituído pelas disciplinas AUP0158-Arquitetura Projeto 2 e AUP0160-Arquitetura Projeto 3 cujas ênfases são, respectivamente: Habitação / Arquitetura da construção / Modulações Espaciais e Habitação / Arquitetura da construção / Modulações Construtivas. ESTÚDIO 3, constituído pela disciplina AUP0162-Arquitetura Projeto 4 cujas ênfases são: Equipamentos públicos / Arquitetura do programa / Transições. Apesar de na estrutura “ideal” estarem posicionadas em sequência nos segundo e terceiro anos, nenhuma delas é pré-requisito, o que permite ao estudante cursá-las a qualquer tempo depois da primeira disciplina de projeto, AUP0608-Fundamentos de Projeto do primeiro semestre do curso. Ciclo de abordagem de diferentes condições urbanisticas Os quatro semestres necessários para cursar as disciplinas formam um ciclo de abordagem de diferentes situações urbanas em que se situam as
áreas de intervenção. Três na região metropolitana de São Paulo: centro histórico/área consolidada; centro expandido/em consolidação e regiões vulneráveis/consolidação precária; e um numa cidade de pequeno ou médio porte, fechando o ciclo que reinicia no semestre seguinte. Calendário e áreas de intervenção em comum, com orientação autônoma e alternância entre trabalhos de equipe e individual A cada semestre são oferecidas duas disciplinas nos mesmos dias (2ª e 3ª) e horário. No semestre ímpar o trabalho é em equipe e nos pares individual. A área de trabalho de ambas compreende o mesmo setor urbano com algumas alternativas de locais de intervenção para escolha dos estudantes. Embora cada disciplina tenha abordagens específicas, além da área de trabalho, o calendário de atividades é comum, permitindo compartilhar aulas e palestras; criar eventos marcantes nos dias de exposição; otimizar a confecção das bases e seus desdobramentos na produção de novos dados pelos estudantes, propiciando assim uma maior sinergia entre os estudantes das duas disciplinas. A monitoria criou uma base de dados comum para compartilhamento dos trabalhos e uma página Facebook. 2º semestre de 2015 Neste semestre, descontados os feriados, tivemos 32 dias de atividades didáticas. Oito com atividades comuns: apresentação do curso; visita à área; palestra do secretário de Cultura e pesquisador de habitação prof. Dr. Nabil Bonduki; uma exposição intermediária dos trabalhos; uma exposição final; cinco seminários simultâneos de discussão e avaliação dos trabalhos no mesmo período da exposição com um professor de cada disciplina e convidados (outros departamentos e externos); e dois dias (uma semana) de participação nas bancas de TFG. Nos outros quatorze dias, cada professor coordenou 28 reuniões, duas por dia, de orientação e discussão dos trabalhos. Com duas horas de duração e abertas à todos os estudantes, cada reunião previa a apresentação de 5 projetos em 20 minutos cada e 50 min de discussão, de forma que o estudante
vi
pudesse apresentar seu trabalho em 7 etapas de desenvolvimento (Estudos iniciais, Partido, Estudo Preliminar, Estudo Preliminar Revisado, Anteprojeto, Anteprojeto 2, Projeto Final), uma por quinzena, além das finalizações com prancha acabada e modelo volumétrico (uma intermediária e uma final). Rua Gravataí, Moradia e Cultura numa relação de vizinhança. A área de intervenção situa-se em um trecho urbano de aproximadamente 5 ha que compreende a rua Gravataí na região central de São Paulo. Foram indicadas 5 áreas de intervenção a escolher, todas voltadas para a rua Gravataí, que na realidade é o que constitui o objeto primordial de interesse do projeto. O interesse na rua Gravataí, além de estar na região do centro histórico de acordo com o ciclo de abordagem dos quatro semestres, deve-se ao fato de constituir um local que, apesar de totalmente inserido numa região de caráter predominantemente metropolitano, tanto do ponto de vista da mobilidade, como dos usos, ainda preserva uma bonita relação de vizinhança dos seus moradores, que insistem em permanecer ali. Essa condição é particularmente adequada aos programas dos projetos das disciplinas, na perspectiva da caracterização espacial da rua e afirmação dos usos que correspondem às relações de vizinhança. Tanto em relação à Habitação Coletiva a ser desenvolvida na AUP0158, pelos motivos óbvios, como em relação à Casa de Cultura desenvolvida na AUP0162, que visa contemplar mais as atividades artísticas e culturais da comunidade do que realizar eventos culturais em geral. Além dos edifícios residenciais, vale destacar a existência na rua de um teatro desativado originalmente pertencente à escola Caetano de Campos, uma creche, um abrigo infantil e uma escola pública infantil. Para alguns trabalhos, foi solicitado ao estudante escolher para acrescentar na implantação, um projeto da outra disciplina, em outro terreno, que estúdio gravataí - volume IV
melhor compusesse com o seu na obtenção de uma espacialidade da rua como um todo. A Habitação e a Casa de Cultura Na AUP0158 foi proposto o projeto de um edifício típico urbano de Habitação com Lojas e Serviços no pavimento térreo podendo conter, além das áreas comerciais de vizinhança, a creche e/ou o alojamento infantil substituindo os existentes. O dimensionamento do programa a partir da definição da quantidade e tipo de unidades residenciais e comerciais, e da inclusão ou não dos equipamentos, constituiu decisão de projeto em função da área escolhida e dos parâmetros urbanísticos de São Paulo indicados pela disciplina. Na AUP0162, foi proposto um programa definido: uma Casa de Cultura voltada prioritariamente para atividades da vizinhança, com quatro ambientes principais de 270m2 cada: Apresentações (eventos); Exposições (mostras); Leitura (biblioteca) e Oficinas (produção). O programa resulta em 2.600 m2 de construção, acrescentadas as áreas complementares: acessos, administração, depósitos, manutenção, pessoal, sanitários, infraestrutura e circulação, que para esse tipo de uso compreende os espaços de estar e encontro a serem resolvidos conforme cada projeto. Aqui os parâmetros urbanísticos (Taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, recuos, permeabilidade, etc.) foram indicados como referência de conhecimento obrigatório, mas de atendimento livre a critério de cada projeto. Parâmetros gerais como segurança e acessibilidade foram indicados para serem contemplados.
Números 002 disciplinas 011 professores 003 monitores PAE 007 monitores da graduação 388 alunos 035 alunos por professor 128 horas de aula (32 dias) 008 dias de atividades comuns 32 horas de aulas, visitas, palestras, seminários, etc. 014 dias de reuniões de orientação cada professor 1.120 horas de reuniões com um professor nas duas disciplinas 002 reuniões por dia, cada professor 002 horas cada reunião de orientação 010 alunos em média por reunião de orientação 028 reuniões de duas horas por professor 280 reuniões de duas horas com 1 professor nas duas disciplinas 005 apresentações de trabalho por reunião 010 apresentações de trabalhos por dia de orientação 007 etapas de desenvolvimento 007 apresentações do trabalho pelo aluno em reuniões 002 exposições gerais dos trabalhos 005 seminários (simultâneos) com alunos e professores das duas disciplinas mais convidados 012 convidados de outros departamentos para os seminário 006 convidados externos para os seminários 035 alunos tutorados e avaliados por cada professor 002 finalizações de projeto 200 projetos publicados
programas
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Programa AUP0158: habitação e equipamento
Parâmetros de projeto: CA = de 2,0 a 4,0; TO = 0,7
Proposta: projeto de um edifício típico urbano de habitação com lojas/serviços no pavimento térreo em na área central da cidade.
área permeável: 15% da área do lote não há limite de gabarito unidades habitacionais devem atender três tipologias: unidade de 1 quarto - 68 m2 unidade de 2 quartos - 85 m2 unidade de 3 quartos - 102 m2 5% das unidades devem considerar acessibilidade universal em todos os cômodos pé direito mínimo 2,50 m em ambientes de permanência prolongada e 2,30 m em ambientes de permanência transitória unidades comerciais área mínima de 50 m2 que engloba dois sanitários acessíveis e uma pequena copa equipamento social é desejável que o edifício habitacional comporte uma creche municipal (800 m2) ou um abrigo para menores (20 moradores) em seu embasamento. as áreas de estudo abrigam atualmente esses equipamentos programas complementares áreas técnicas do edifício: hidráulica, eletricidade, gás, depósitos comuns (manutenção), depósito de lixo (orgânico, reciclável e escombros) e serviços comuns
estúdio gravataí - volume IV
Programa AUP 162: equipamento cultural
Parâmetros de projeto: CA = 4; TO = 0,5
Proposta: edifício deequipamentos públicos municipais de cultura (biblioteca, teatro, museu e casa decultura) na Rua Gravataí.
gabarito 8 pavimentos áreaconstruída total 2529 m2 Relação de áreas setor de acesso público - área total 2178 m2 praça de entrada e marquise 445 m2 saguão de entrada 270 m2 loja e cafeteria 36 m2 sala/balcão de informações 18 m2 salão de exposições/museu 270 m2 salão de apresentações/teatro 270 m2 salão de leitura/biblioteca 270 m2 salão de oficinas 270 m2 (subdividido em 6 salas de 36 m2) sanitários 144 m2 circulações 324 m2 terraço descoberto 270 m2 terraço coberto 90 m2 setor administrativo - área total 220,5 m2 secretaria 18 m2 diretoria 18 m2 sala de reunião 36 m2 coordenação - 72 m2 (4 salas de 18 m2) depósitos 45 m2 (5 depósitos de 9 m2) copa e despensa 13,5 m2 sanitários 18 m2 setor de serviços manutenção - área total 130,5 m2 setor de máquinas - área total total 108 m2
oficinas de representação Carolina Oukawa Dalton Ruas Guilherme Pianca
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Dentro da ampla gama de assuntos abordados nas disciplinas obrigatórias de projeto arquitetônico, a representação acaba sendo um item anexo, que se converte muitas vezes em obstáculo à compreensão e ao aprofundamento dos aspectos do projeto propriamente dito. Para contribuir com a comunicação entre aluno e professor nas orientações, e com o intuito de tornar mais fluida aquela “comunicação interna” (do estudante-arquiteto consigo mesmo ao longo do processo de projeto), foram propostas oficinas de representação, ministradas pelos estagiários do Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino da Reitoria (PAE). Na prática, as oficinas configuraram-se como encontros semanais de estudantes matriculados nas disciplinas com estagiários PAE e monitores de Graduação, ao longo do primeiro bimestre, no próprio estúdio. O conteúdo das oficinas foi organizado em três módulos, em torno dos seguintes assuntos: croquis, maquete e representação gráfica para apresentação de projetos. A sequência dos módulos foi definida a partir de uma possível relação entre distintos momentos do projeto e diferentes modos de representar, conforme esboçado brevemente a seguir:
apresentação parcial | final Assunto abordado mais especificamente no módulo III das oficinas e, em partes, no módulo II. No contexto das disciplinas de projeto, podem ser entendidos como momentos de apresentação desde a orientação com os professores aos seminários e entregas intermediários e finais. No contexto profissional, compreende todas as sínteses anteriores ao projeto executivo. A apresentação requer representações mais bem acabadas, mais precisas, elaboradas com atenção a normas técnicas. execução Esta etapa requer representações voltadas à construção, que expressem dimensões e detalhamento necessário à execução da obra, considerando a compatibilização entre projeto de arquitetura e projetos complementares. No curso de arquitetura, constitui uma etapa à qual não se costuma chegar. análise | estudo Utilizam-se representações num contexto de pós-produção da obra, com intuito de aproximação e leitura.
fases de projeto | representações de arquitetura levantamento Momento anterior e concomitante ao processo de projeto; compreende levantamento planialtimétrico, registro fotográfico e observação (também por meio de desenhos e modelos) de características do lugar da intervenção. concepção | verificação Princípio e desenvolvimento do projeto. Requer recursos de representação compatíveis com a flexibilidade e fluidez características da etapa inicial de proposições. Algumas técnicas de representação correspondentes a esta etapa foram discutidas nos módulos I (croquis) e II (maquetes). estúdio gravataí - volume IV
O conteúdo apresentado acima sugere que a representação em arquitetura não deve ser considerada como algo absoluto, direcionado a um único propósito. É necessário que as técnicas expressivas estejam de acordo com os objetivos intrínsecos de cada etapa do projeto. módulo I – croquis O fato de uma representação não abarcar, simultaneamente, todas as etapas e informações do projeto de arquitetura liberta sobremaneira as possibilidades do desenho. Os croquis são instrumentos para que se cumpram os objetivos do projeto na etapa de concepção e verificação. São desenhos rápidos, em geral à mão livre, sempre
figura 1: Croqui de Artigas durante elaboração do projeto do edifício da FAUUSP. O aspecto final demonstra que o desenho de concepção e verificação não é um fim em si mesmo, mas instrumento à busca de soluções de projeto. Uma evidência disso seria o fato de o edifício desenhado não apresentar semelhança com o que veio a ser o edifício da FAU.
que possível em escala ou proporcionados. Podem ser feitos sobre uma base cartográfica coletada na fase de levantamento, eventualmente apontando a necessidade de coleta de novos dados, já que as etapas do processo de projeto não são estanques. Em aparência, quanto mais próximo do início do processo, menos definido e acabado é o aspecto desses esboços. O recurso da sobreposição (aproveitando a transparência do papel) substitui o uso excessivo da borracha, o que auxilia o fluxo das ideias na verificação de cada proposição. É fundamental compreender que o croqui não deve ser visto como “bonito” ou “feio”. A beleza desse tipo de desenho, se há, reside na função que desempenha ao servir de veículo para o pensamento a respeito do próprio projeto: o croqui torna visíveis as proposições inicialmente imperfeitas, que podem desse modo ser verificadas e desenvolvidas em sucessivos novos desenhos. Gradualmente, amplia-se a escala, para aprofundar a elaboração de detalhes que surgem conforme o todo vai se resolvendo. Por se tratar de uma representação processual, dificilmente são encontrados croquis de concepção e verificação de fato. É comum que se use o termo para designar um desenho à mão livre genérico, uma mera ilustração de arquitetura; ou, quem sabe, um desenho que sintetiza uma obra em linhas gerais, feito após o final do processo, quando o projeto ou até mesmo a obra está concluída. Um dos poucos exemplos de publicação de croquis de processo é o Caderno dos riscos originais: projeto do edifício da FAUUSP na Cidade Universitária (figura 1). É importante que os jovens estudantes de arquitetura tenham consciência das particularidades do desenho de concepção e verificação. Primeiro, para desenvolverem a habilidade de “pensar com a ponta do lápis”, adquirindo a flexibilidade e a fluidez próprias do início do processo de projeto. Segundo, para não se tornarem reféns de modos de representação paralisantes, ao esperarem muito mais da aparência final do desenho do que dos significados nele contidos.
módulo II – maquetes Ambicionou-se neste módulo o desafio de desmistificar “crenças” enraizadas quanto à confecção de modelos tridimensionais físicos de arquitetura: A) A confecção de maquetes é identificada com o final do processo de projeto. B) Mesmo quando se admite a maquete de estudo na elaboração do projeto, sua finalidade não é clara, assim como seu desenvolvimento em paralelo aos desenhos bidimensionais. Como resultado, os modelos “de estudo” são apresentados muitas vezes no final, e constituem-se como uma extrusão das escolhas realizadas em planta, em uma mera ilustração. C) Fazer um modelo é muito trabalhoso, uma atividade “braçal” que consome mais tempo do que a elaboração “intelectual” do desenho, assim como exige uma capacitação ainda maior para a sua correta execução. Na prática, sua realização é descartada ou, recentemente, relegada à produção “imediata” e “automática” das impressoras tridimensionais. Dado o tempo exíguo para o enfrentamento destas questões, foram elaboradas duas atividades para problematizá-las, sem a intenção de oferecer uma resposta instântanea. Primeiro, buscou-se mostrar por meio de uma seleção de imagens que os modelos físicos devem estar presentes em diversos momentos do projeto, em várias escalas, conforme o interesse da questão a ser pesquisada em cada fase, assim como explicado na introdução deste texto.Antes mesmo da maquete de estudo do projeto, os modelos de levantamento são importantes para a percepção da topografia, da densidade e da trama urbana da área destinada à intervenção. Já no momento de elaboração, ela pode ser tanto conceitual como de verificação de uma ideia. A rapidez na execução permite o surgimento de questões analógicas de projeto, possibilidade que os croquis não oferecem: somente na maquete são percebidas todas as dimensões do espaço simultaneamente, sem nenhuma ambiguidade. Em relação às maquetes de apresentação discutiu-se a escolha dos materiais, que não são neutros
0’01”
2’30”
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7’30”
10’00”
12’30”
15’00”
17’30”
20’00”
figura 2: para desmitificar a produção de maquetes de estudos,realizou-se em 20 minutos o modelo da topografia da Rua Gravataí. HASEGAWA, Go. Thinking, Making Architecture, Living. Tóquio: Inax, 2011.
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e reafirmam ou contradizem o partido escolhido pelo projeto. Por fim, foram abordadas as maquetes para a construção, os protótipos construtivos, como os nós estruturais realizados por Marcos Acayaba na escala 1:1, com o material final. Também poderiam ser feitas em outros materiais para informar a volumetria da peça ou para indicar na obra a forma correta de execução. Neste contexto, podem ser mais eficazes à comunicação do que o desenho dos detalhes arquitetônicos do projeto executivo. Os modelos tridimensionais vistos nestes casos assumem posições ativas na eleição das soluções a serem adotadas nos projetos. Vale lembrar que no contexto internacional há situações em que a produção de modelos está internalizada na atividade de projeto em todos os momentos. O arquiteto japonês Go Hasegawa define a prática de fazer modelos como “a capacidade de saber formular perguntas pertinentes, e quanto mais precisas estas forem, tanto mais os modelos se tornam simples e menos numerosos”1. E por que na FAU fazer modelos de estudo ainda parece ser uma eventualidade? A oficina trouxe uma atividade demonstrativa que problematizou a ideia de que a execução da maquete é mais trabalhosa do que o desenho (figura 2). Em vinte minutos, confeccionou-se a topografia do terreno da Rua Gravataí na escala 1:500, a partir de duas placas A3 de spumapaper. Isso possibilitou uma compreensão imediata da situação planaltimétrica da área de intervenção, que de outra maneira poderia levar semanas para ser alcançada, mediante a realização de muitos desenhos. Portanto, existem falsas noções de tempo, de execução e de apreensão do lugar, que a não-execução da maquete acaba por induzir. módulo III – representação gráfica para apresentação de projeto A preparação da apresentação de um projeto vai muito além de um mero procedimento burocrático, no qual se formatam croquis, maquetes, ideias e anseios do arquiteto, fazendo-os caber numa prancha desta ou daquela dimensão. A representação gráfica estúdio gravataí - volume IV
depende de uma série de recursos e pode constituir um enorme campo de experimentação e busca por uma estética visual própria. No caso principalmente do estudante de arquitetura, este momento configura-se como aquele em que se pode aprofundar o contato com as referências sob a luz das estratégias de comunicação de um projeto. É importante perceber como arquiteturas distintas e seus respectivos discursos manifestam-se, além das diferenças formais e espaciais, em formas de representação que busquem expressar tais características específicas e próprias. Trata-se de uma oportunidade única de ampliação do vocabulário, integrada a uma compreensão de significados subjacentes ao projeto de arquitetura. Essa compreensão vai além de questões básicas e normativas de representação (indicação de cotas, níveis, escadas, espessuras de linha, etc.) também importantes, mas que, sozinhas, carecem de sentido. Aprofundar-se no potencial de expressar significados é o que pode alimentar a experimentação, ao mesmo tempo em que torna a apreensão do conteúdo básico de representação gráfica uma consequência natural. Em suma, o conteúdo normativo ganha sentido quando o estudante sabe o que quer dizer. Por esse viés, o módulo III das oficinas procurou debater com os estudantes, com base no material que estavam preparando para a apresentação dos projetos no seminário intermediário, as seguintes questões: Como expressar graficamente o projeto? Quais os caminhos possíveis para expor conceitos arquitetônicos e urbanísticos nos desenhos? Como o domínio do código amplia as possibilidades projetuais? Essas questões podem encontrar respostas parciais no processo do estudante, mas esperamos que, face à força de seu eco na prática arquitetônica, as oficinas tenham sido um primeiro ensaio de autoconhecimento e reflexão crítica acerca da própria linguagem; e dos significados que podem ser trazidos à tona por meio da prática projetual no momento de expressar e comunicar a um terceiro as descobertas que vão sendo feitas a cada novo projeto (figura 3).
figura 3 :Planta de situação em que a proposta do novo edificio na extrema direita tem a mesma identificação dos rios existentes: uma estratégia de conduzir a leitura da inserção urbana dos edifícios. Arquiteto:James Stirling
Carolina Silva Oukawa é graduada, mestre e doutoranda pela FAUUSP. Monitora PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo I das oficinas. Professora de Projeto e Desenho Arquitetônico da UNIP – Universidade Paulista, tem se dedicado à pesquisa das relações entre desenho e projeto de arquitetura, em interlocução direta com os professores Sérgio Augusto M. Hespanha, Maria Zarria U. Dubena e Corina Bianco.
Dalton Bertini Ruas é graduado e doutorando pela FAUUSP. Possui mestrado pela Universidade Nacional de Yokohama. Monitor PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo II das oficinas. Foi professor de maquetes e de projeto arquitetônico na Unibero Vila Mariana.
Guilherme Pianca é graduado e mestrando pela FAUUSP. Monitor PAE da disciplina AUP0162, ministrou o módulo III das oficinas. Trabalhou no escritório de arquitetura MMBB de 2008 a 2015, com experiência em desenvolvimento de projetos e representação gráfica.
monitoria da graduação Andre Vitiello Bernat Pedro Paola Ornaghi Juliana Stendard Mariana Caires Mariane Martins
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A monitoria da graduação contou com a participação de sete alunos. Três deles na disciplina AUP0162 e os demais na disciplina AUP0158. Estamos na graduação, assim como os demais alunos, portanto nossa participação diferiu da atuação dos monitores da pós-graduação vinculados ao PAE (Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino). O processo de acompanhamento dos alunos e auxílio aos professores resultou sobretudo em aprendizado. Conforme o semestre avançou renovamos, cada qual à sua maneira, o modo de encarar o exercício de projeto. Por estarmos diante de outra perspectiva, pudemos presenciar as mais variadas leituras, propostas e desenhos para um mesmo recorte projetual: a Rua Gravataí, o que nos aproximou da complexidade do ato de projetar e de ensinar e nos fez perceber que não existe apenas uma maneira, e muito menos a maneira correta, de propor um edifício para um programa e um lugar. Assim, a pretensão em esclarecer as dúvidas dos colegas cedeu espaço a conversas que resultaram em um entendimento conjunto dos questionamentos, além da troca de referências e experiências. Com essa proximidade, pudemos ajudar na comunicação entre os alunos e os professores, facilitando a compreensão das orientações e da metodologia característica de cada um. Além da relação com os professores, estruturamos nossa atuação, em conjunto com os monitores PAE, por meio de frentes de trabalho idealizadas no início do semestre. A proposta surgiu de carências e fragilidades que nós mesmos presenciamos em disciplinas anteriores. Desse modo gostaríamos que essa experiência servisse como um incentivo aos próximos monitores, criando, assim, uma cultura de atividades pensadas para os alunos. As frentes de trabalho da monitoria da graduação foram, portanto: um blog com compilação de referências de projeto, acompanhamento e auxílio nas oficinas de representação gráfica, organização do seminário intermediário e elaboração desta publicação. A ocorrência de cada uma das atividades foi resultado do comprometimento de todos os envolvidos. estúdio gravataí - volume IV
O blog de referências (disponível em: http:// estudio-gravatai.blogspot.com.br/) reuniu projetos citados pelos professores durante as orientações e referências nossas, adquiridas ao longo do curso. A seleção desses trabalhos significou também um exercício de leitura de projeto, um processo muito rico e pouco explorado durante a graduação. A participação nas Oficinas de Representação Gráfica junto aos estagiários PAE foi uma experiência muito interessante. Aprendemos e ensinamos em um diálogo de igual para igual. O Seminário Intermediário foi uma grande celebração da disciplina, em que os alunos tiveram a oportunidade de ouvir, e não mais de apresentar, seus projetos a partir da visão de professores do Departamento de História, de Tecnologia e outros do próprio departamento de Projeto, além de contar com considerações de professores externos à escola. Ajudamos na organização do seminário e participamos como ouvintes atentos. Junto às frentes, houve também a produção de cartazes para a publicização das atividades. Ao lado os cartazes das Oficinas de Representação e do Seminário Intermediário. A organização da Publicação do Estúdio Gravataí, que envolveu o esforço de todos igualmente, significa a síntese de todo o processo. A proposta era não apenas registrar o projeto de cada aluno, mas oferecer um cenário que pudesse contextualizá-los. Registar o que foi o Estúdio Gravataí. Diante dessas considerações, acrescentamos que apesar de compartilharmos a mesma sensação de aprendizado, cada um de nós teve uma experiência única e enriquecedora, possível pela liberdade de atuação e confiança depositada a nós pelos professores e monitores PAE.
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Amanda Moreira Abrigo, comércio e habitação vertical
Tendo em vista um modo urbano potencialmente mais compacto, três funções distintas (abrigo, comércio e habitação vertical) coabitam um único edifício de forma imbricada. Implantado na Rua Gravataí, centro de São Paulo, seu pequeno porte condiz com o caráter mais residencial que ainda permeia a rua. O acesso a cada função do edifício é distinto, oferecendo maior privacidade tanto ao morador da habitação como do abrigo. Dois espaços comerciais encontram-se no nível da rua, estabelecendo, assim, um diálogo direto com ela. O abrigo, dividido em quatro níveis, apresenta espaços que possibilitam diferentes graus de integração a seus moradores. A habitação vertical apresenta uma área comum e 20 apartamentos, com duas tipologias distintas.
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André Valverde Habitação e comércio
Dois blocos laminares de habitação são conectados por passarelas de aço. Por meio delas também resolve a circulação vertical, com a caixa do elevador e sua escada ao centro das passarelas. A tipologia dos apartamentos é de 3 por andar, com 1, 2 e 3 dormitórios. E com o distanciamento das torres, o térreo abre-se para a cidade, com lojas em seu térreo, convidando as pessoas a entrarem.
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Flávia Theodorovitz Verticalização, verde e cidade
A verticalização do verde em meio a cidade é elemento central deste projeto, através da utilização de materiais orgânicos em suas fachadas como madeira e a vegetação disposta por entre as jardineiras angulares e irregulares em cada pavimento. Os apartamentos e a disponibilização de áreas, o edifício conta com 10 pavimentos tipo, com três apartamentos por andar, sendo duas unidades de dois dormitórios e uma unidade estúdio. O subsolo conta com restaurantes e um espaço para exposição fixa de mercadorias artesanais; o térreo para acesso exclusivo de moradores e visitantes às residências e um pavimento intermediário utilizado para a lavanderia aberta a todos os moradores do edifício.
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Henrique Muniz Projeto Gravataí
O Projeto Gravataí visa à realização de um pensamento em que a rua recupere seu papel de sociabilidade. Quatro dos cinco lotes foram escolhidos para o alcance de nossa intenção (ver o projeto de Pedro Fernandes). No edifício Porto Seguro (L4), a preocupação está na busca por uma resposta mais inclusiva à questão do lote típico do centro de São Paulo, conciliando o adensamento populacional nas regiões centrais e a reaproximação do homem com a natureza e o espaço público. O térreo público está diretamente ligado ao ginásio e teatro vizinhos (L3), que se tornam articuladores entre o espaço da escola e o espaço democrático de sociabilidade. O abrigo, também ligado aos espaços de educação, lazer e cultura, abre-se para a rua e garante condições para reinserção dessas crianças na sociedade.
projeto de habitação na rua gravataí: duas versões de processo Oreste Bortolli Junior Carolina Oukawa1
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Ao ser consultado sobre o tema que gostaria de abordar na entrevista para esta publicação, o professor Oreste Bortolli propôs uma investigação do processo de projeto dos alunos. Os estudantes Vanessa Balbino e João Bittar concordaram em participar, respondendo a um questionário formulado para, primeiro, identificar as estratégias implicadas no próprio projeto; em seguida, as perguntas propunham o olhar para a evolução, o aproveitamento e o aprendizado do aluno longo do semestre. O que se segue é uma síntese dessa reflexão acerca da atividade projetual na formação do arquiteto, ainda no segundo ano de Graduação. O programa da moradia trouxe à cena o tema da habitabilidade. Vanessa enfrentou a questão do ponto de vista do conforto ambiental, relacionando a orientação solar das aberturas aos usos de cada ambiente. Em outra escala, procurou analisar a transição entre público e privado, propondo uma transição gradual entre ambos. João preocupou-se em trabalhar com um certo grau do que chamou “realismo”. Buscou referência nas metragens definidas pelo município de São Paulo para HIS (Habitação de Interesse Social), em vez de seguir os números “mais confortáveis” sugeridos pelo programa da disciplina. Essa escolha, segundo ele, restringiu as soluções de habitabilidade. As visitas foram fundamentais para a leitura do lugar. João realizou visitas no começo e na metade do semestre. A segunda visita tornou mais sensível a presença do projeto, então em andamento, no contexto existente. Vanessa levantou fluxos e usos para complementar as percepções coletadas na visita, registrando as ocorrências em um mapa. A discussão com colegas também contribuiu no processo de leitura da área de intervenção. Assim, ela justifica o uso de estratégias de implantação que buscassem responder à demanda de adensamento, ao mesmo tempo respeitando o gabarito relativamente baixo da área. Em consonância com as preocupações em relação ao conforto ambiental estúdio gravataí - volume IV
na escala da unidade, a aluna realizou seções para estudar a ventilação na escala da quadra, pensando também em verificar a viabilidade da iluminação natural. Os cortes também foram explorados para aferir as possibilidades de propiciar visuais aos transeuntes. João também levou em conta a questão do adensamento ao pensar a implantação do edifício, adotando os coeficientes máximos de ocupação. Elegeu o centro da cidade como “urbanamente, o melhor lugar de São Paulo”, diante do que, “ocupar a área tonou-se um dever”. Coerente com as restrições que se auto impôs desde o início, escolheu o menor terreno, de proporção mais alongada, que, segundo ele, teria características de um lote que poderia ser destinado à HIS. A partir do levantamento de usos, considerou a existência de uma creche no entorno e alterou mais uma vez o programa da disciplina, substituindo a creche por uma clínica de pediatria. Ao tratar a implantação, ambos os estudantes ponderaram sobre a situação da Rua Gravataí, entre as áreas livres da Praça Roosevelt e o Parque Augusta, e procuraram estabelecer critérios para restringir o acesso ao térreo. Vanessa estudou esse aspecto também por meio de modelos físicos feitos no próprio estúdio ou em casa, que a auxiliaram a refletir sobre a relação de gabaritos com vizinhos e entre edifício e terreno, especialmente na leitura do térreo. João utilizou modelo somente na etapa de apresentação, valendo-se de recursos do LAME (Laboratório de Modelos e Ensaios). Cercando as relações do próprio edifício, tais como circulações e fluxos, Vanessa diz ter concentrado as circulações na área interna, a fim de possibilitar que os moradores de um edifício pudessem visualizar os vizinhos, imaginando até a troca de cumprimentos entre eles, numa atmosfera de vizinhança e sensação de pertencimento a um conjunto. As circulações verticais foram posicionadas de acordo com as distâncias máximas indicadas nas normas de segurança contra incêndio. João isolou a circulação
Estudos do pavimento tipo e implantação desenvolvidos por Vanessa. A circulação comum volta-se para o pátio interno, a fim de caracterizar uma atmosfera de vizinhança. O térreo é parcialmente aberto, prevendo usos públicos em parte da projeção do edifício; a área restante é exclusiva dos condôminos.
vertical em uma torre entre os dois blocos que, ao longo do processo, foram sendo distanciados entre si, a fim de permitir “respiros” aos usuários, em trechos de maior amplitude espacial. Segundo Vanessa, as unidades habitacionais foram pensadas em conjunto com o pavimento tipo. As áreas sociais estariam mais próximas da entrada, os dormitórios mais afastados e as áreas molhadas contíguas, para otimizar o projeto hidráulico, sempre atenta às condições de iluminação e ventilação natural. João, por sua vez, precisou enfrentar as restrições impostas pelas metragens mínimas que adotou para as unidades. Identificou uma possível proximidade da área de serviço aos dormitórios, mas até o momento da entrevista ainda estava buscando uma solução para a planta das unidades. Quanto à solução estrutural e aos fechamentos, Vanessa adotou vãos de 7,5 metros, em média, para o concreto armado. A estudante também menciona o uso do cobogó como elemento de composição de fachada e de controle de ganhos térmicos. João optou por explorar a estrutura metálica, em partes para conhecer um sistema com o qual ainda não havia trabalhado, em partes por opção estética. Os referenciais teóricos consultados por Vanessa constavam na bibliografia da disciplina. Além da habitação, foram pesquisados os temas da estrutura, infraestrutura e legislação. As referências projetuais foram listadas indicando os aspectos em que exerceram influência: implantação, relação com a cidade no térreo, transição público-privado, desenho da unidade habitacional, materialidade, proteção solar, aberturas. Ao elencar suas referências, João tinha em mente projetar um edifício “sem a elegância moderna” (sic) o que, segundo ele, acabou não se concretizando. (Ele afirma não ter conseguido “escapar das grandes superfícies”). Nos dois casos, chamou atenção o fato de haver uma intencionalidade anterior ao contato com referências.
O processo de projeto colocou desafios aos estudantes. Para Vanessa, foi importante “pensar o projeto de dentro para fora” e o diálogo com as pré-existências, com os espaços da cidade, sem necessariamente mimetizar as fachadas, neutralizando a presença do edifício na paisagem. João enumera o desafio de pensar vários aspectos ao mesmo tempo: unidade, estrutura e fluxos, o que requer lidar com muitas escalas simultaneamente. Para ele, foi uma novidade significativa a importância do mobiliário na percepção da escala da moradia. Tanto Vanessa como João utilizaram o horário das aulas para produzir, sendo que Vanessa incluiu os finais de semana. João chamou atenção para a carga horária da grade do segundo ano, com oito disciplinas concomitantes. Ambos concordam que seria melhor se cada professor acompanhasse menos alunos, mais ou menos seguindo a relação professor-aluno do semestre anterior, quando o trabalho foi desenvolvido em grupos de três a quatro alunos, otimizando a orientação no ateliê2. O trabalho individual, no entanto, para Vanessa trouxe ganhos ao entendimento do projeto como um todo, em oposição à tendência de cada estudante se acomodar na atividade em que já é mais habilidoso, como pode acontecer no trabalho em grupo. A aluna explica que teve apenas discussões pontuais com colegas durante o processo e diz perceber que, no trabalho individual, é maior a dificuldade de se enxergarem novas possibilidades e soluções imprevistas. João, por outro lado, criou a oportunidade de trabalhar ao menos de maneira complementar a um colega da disciplina de equipamentos, que ocupou todos os demais lotes da rua, inclusive parte do térreo do edifício de habitação projetado por ele, o que lhe permitiu a interlocução, ao mesmo tempo em que continuou responsável por responder individualmente pelo projeto de um edifício. Os dois estudantes apontaram como uma das principais contribuições da disciplina a seu conhecimento anterior o trabalho no contexto urbano, ainda que
Croquis realizados por João para estudo do pavimento tipo e modulação estrutural. A torre de circulação vertical distancia-se gradualmente dos blocos de habitação.
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avaliem não terem conseguido responder a todas as questões que lhes foram apresentadas. Vanessa diz valorizar a liberdade que o âmbito acadêmico permite ao pensamento dessas soluções. A estudante também aponta para um avanço na análise de referências, o que se comprova no cuidado como selecionou e classificou aquelas que a orientaram durante o processo. João afirma ter percebido uma evolução no raciocínio da estrutura e retoma o fato de ter ficado impressionado com a questão do manejo de diferentes escalas, em especial com o que chamou de “escala do MDF”, referindo-se à escala do mobiliário no projeto das unidades. O aluno também diz ter se sensibilizado quanto às questões de representação do projeto, algo em que gostaria de se aprofundar e que, sugere, poderia cumprir uma carga horária maior no curso. Os relatos de Vanessa e João, ainda que particulares e distintos entre si, expõem a seu modo os desafios que o aluno da FAU enfrenta desde o início de sua formação. O estudante de arquitetura é responsável por reunir, de maneira autônoma, todo o conhecimento que lhe é apresentado em uma série de partes mais ou menos isoladas. A disciplina Projeto de Habitação, atualmente locada no segundo ano do curso, oferece a possibilidade de realização de algumas sínteses, semelhantes às que foram narradas neste texto: a compreensão de que o processo de projeto requer um raciocínio totalizante, que reúne contexto, necessidade dos usuários, estrutura e funcionalidade do edifício e, ainda, a beleza. Diante disso, o aluno desempenha um papel ativo. Mesmo com toda a sobrecarga disciplinar, é preciso estar desperto e disposto a descobrir qual a graça em estabelecer essas relações. A cada novo projeto durante a faculdade surge uma oportunidade de se aproximar desse conhecimento que se consolida aos poucos, por meio de muito trabalho. Os professores entram em campo como companheiros mais experientes nesse caminho de descobertas.
estúdio gravataí - volume IV
Notas: Carolina Silva Oukawa, doutoranda pela FAUUSP e estagiária PAE, conduziu as entrevistas ao alunos, sob orientação do Professor Dr. Oreste Bortolli Jr.
1
Durante o semestre, a relação professor-aluno atingiu 41 alunos por professor.
2
Larissa Gonçalez Delanez Habitação
Pensando na possibilidade de preservação das condições de iluminação natural e de ventilação dos edifícios vizinhos, que já são bastante prejudicados pelos prédios altos do entorno, o partido adotado no projeto privilegia a manutenção de um gabarito não muito elevado. Além disso, a ideia central é criar uma conexão entre os espaços público e privado. Para isso foi construído um teto verde no primeiro andar do edifício, criando assim uma área comum destinada aos moradores que é uma área de transição entre a rua e o edifício, além de ser um espaço de convívio e contato entre seus habitantes. Além disso, a organização dos apartamentos foi pensada de modo a evitar grandes corredores e áreas de circulação cruzada, visando facilitar o acesso a todos os ambientes, especialmente aos portadores de necessidades especiais. Desse modo, as unidades estão adequadas aos padrões e às normas de acessibilidade. Todos os ambientes foram desenhados em remanso, facilitando assim sua organização e criando diversas possibilidades de ocupação.
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Ignacio Barrios Casa-Parque da Cultura Rua Gravataí
O projeto visa a integração entre a rua e o edifício, com a instalação de um pátio com entrada pela Rua Caio Prado, uma lanchonete localizada na esquina e o abrigo para vinte crianças. Contando com 3 tipologias distintas, os apartamentos se dividem em unidades de 1, 2 e 3 dormitórios, abordando assim, as necessidades de diversos tipos de habitantes. A fachada do edifício é composta por venezianas, que desenham sua forma. Integração com a rua, interação de funções e conforto são as linhas-guia do projeto aqui representado.
estúdio gravataí - volume IV
Jeanny Pires de Camargo Edifício Linhas da Gravatai
O projeto foi feito tendo em vista o local em que o terreno se encontra, na esquina da rua Gravataí com a rua Caio Prado. Para isso, a esquina teve grande valorização no projeto, convidando o pedestre a entrar nos comércios do piso abaixo do nível da calçada, formando um “poço inglês”, que seria uma continuação do espaço público, conversando com seu prédio vizinho, que possui um poço inglês, porém fechado ao pedestre, tendo acesso privado. Como habitação social, são propostos apartamentos com 95 m² de área e dois dormitórios, com cômodos espaçosos e que interagem com a rua, devido às grandes aberturas em seus espaços. A principal abertura se dá no quarto de maior área, com abertura para os dois lados do prédio. A área comum possui um bicicletário, visto que na região possui grande disponibilidade de ciclovias.
seminário intermediário
O projeto e o discurso: O Projeto pode ser um discurso ultra potente sobre as questões da cidade, as questões culturais, artísticas, tudo o que você pensa, mas só que é uma linguagem tão difícil que você não consegue, que
A reflexão dos trabalhos em desenvolvimento foi realizada simultaneamente em cinco
você precisa de anos, décadas, depois da faculdade,
salas distintas. Em cada uma delas, foi apreciada a produção conjunta do Estúdio Gravataí
talvez, você resolva isso. Afinar esse discurso para que
por dois a três professores das disciplinas, professores de todos os departamentos e
fique muito claro, (...) e ter o cuidado para dizer o que
professores convidados externos. Nesta seleção de falas, com destaque à sala 812, estão
vocês pensam através do projeto. (...) Deste modo, tem
reunidos alguns dos pontos mais significativos levantados pelos professores externos às disciplinas. A multiplicidade de pontos de vista suscitados pelos trabalhos são evidenciados em pelo menos três eixos distintos de leitura: interno, externo e entre as salas.
uma certa contradição entre as observações do texto e o projeto que vocês estão apresentando, uma distância entre o discurso e a forma proposta.(...) No projeto mesmo, fica um pouco falho (...) mas é isso mesmo que de-
Convidados da sala: Beatriz Kuhl (BK), João Sette Whitaker (JW), João P. Gouvea (JG) Outras salas: Caio S. Carvalho (CC), Ana Lanna (AL), Leandro Medrano (LM)
veríamos fazer aqui, conversar sobre o projeto e tentar traduzir essas ideias que temos sobre a cidade para uma forma propriamente.(JG)
Relação do projeto com o térreo: O projeto deveria justamente aproveitar o po-
A necessidade de justificar o projeto: Uma das coisas que insisto no projeto de
tencial construtivo para fazer as habitações, ou fazer o edifício cultural, conside-
restauro é fazer não apenas o memorial descritivo, mas o memorial justificativo,
rando que aí já tem duas áreas de lazer próximas, e a Rua Gravataí já é a área de
que é o mais importante. (...) Se vocês conseguirem sintetizar a intenção projetual
conexão(...), para que se use melhor a infraestrutura existente e fazer a população
de vocês de uma maneira clara e concisa, que justifiquem as escolhas de projeto,
usar mais o térreo. (...) Qual é o programa que vamos colocar no térreo? (...) Uni-
para um mesmo problema as soluções são tão numerosas quanto os próprios
dade de habitação? Isso para mim é um pouco contraditório com a região, a urba-
arquitetos envolvidos. (...) E quando vocês têm de escrever e explicar isso a ou-
nidade local é tão forte, que colocar uma unidade (...) pode empobrecer um pouco
tra pessoa, isso muda de figura, porque muitas vezes não são claras para nós
o térreo. É justamente neste lugar vocês deveriam ativar o térreo, que é o térreo da
mesmos. E muitas vezes os equívocos aparecem em um desenho incongruente,
cidade, o contato do chão da cidade com o edifício que vocês estão criando(...)
as inconsistências aparecem em uma fala infundada. (...) Assim, se as soluções
Não basta fazer um piloti e liberar o térreo pura e simplesmente; não é isso; é
não estiverem muito límpidas, muitos solidárias e muito coerentes, é algo que
justamente achar qual programa que caiba inserir ali;(...) cada trabalho tem uma
salta a vista. Não é só o desenho.(...) E isto é um exercício importante para ser
questão individual, para que a articulação do térreo seja a melhor para o lugar. (JG)
desenvolvido.(BK) A ausência de elementos neutros: Não se esqueçam que os materiais
Pensar a intervenção a partir das existências e dos vazios: Quando pensamos
não são aleatórios, eles tem textura, vibração superficial, temperatura de
em um projeto de restauro arquitetônico, partimos de um projeto de intervenção em
cor, no olhar, na percepção, no tato, isto tudo não pode ser desprezado.
uma obra existente. Neste caso de projeto, são obras novas em um contexto que
(...) Não adianta colocar o vidro fazendo de conta que ele não vai estar
existe, que tem uma característica própria e uma forma, qualidades e problemas
lá.(...) Assumam a repercussão que a materialidade das coisas tem no es-
que o projeto de vocês deverão dialogar.(...) Quanto mais estudarmos a morfologia
paço. (BK)
urbana e arquitetônica(...)para que seja um auxílio ao raciocínio projetual, e não de mimetismo(...), tanto mais ela será uma obra que dialoga com o contexto urbano. Neste sentido, algo que ajuda a enxergar fatos que ainda não percebemos, em diferentes momentos e escalas, é fazer uma planta de vazios. O que é urbano, dentro do lote, o que vocês estão propondo neste projeto, e ver o que isso resulta do ponto de vista do desenho. Surge uma outra percepção, é possível perceber nexos ou outras
O habitar e o habitat na cidade: Se vocês compreendem que o
conexões entre os espaços que proporcionam uma realidade totalmente distinta.
objeto do programa, seja cultural ou a própria habitação, como um
Ajudam a inserir novos elementos no projeto e no contexto urbano, no modo de tra-
elemento arquitetônico que só pode ser pensado a partir do enten-
balhar esses espaços de interligação, esses espaços públicos e semi-públicos que
dimento do que é a cidade, todos essas posturas em relação aos
vocês estão criando, uma possibilidade para auxíliar a resolução de determinadas
recuos, dimensionamento, ordenamento gabaritos, etc, mudam de
questões de desenho.(BK)
entendimento. Se o projeto da unidade habitacional é de 45 m2 no máximo, 15 m2 por pessoa, até em dimensões menores, não é por-
Explorar os extremos e novas formar de morar: Em relação as minhas experiên-
que se entende que esse seria a metragem ideal ou suficiente para
cias com o patrimônio industrial, muitas vezes você lida com um edifício existen-
uma pessoa viver ou morar; se entende que ele não vai viver apenas
te(...) e o fato de trabalhar com uma realidade distante obriga você a pensar fora da
nesta área. (...)Entre o habitar e o habitat, um jogo de palavras de
normalidade. São Paulo é uma cidade muito construída, de determinadas soluções,
Henri Lefèbvre e que se refere a um determinado momento em que
homologadas pelo mercado. (...) Há uma forma predominante de uso e ocupação
os arquitetos transformaram o habitar em um habitat, e resolveram o
do solo, e algumas formas muito limitadas de morar. E na verdade, a partir da expe-
problema da habitação como quem resolve o problema da cidade. E
riência dos complexos industriais, o morar, o habitar, pode se dar de modos os mais
habitar não é o habitat. Habitar é você em contato com a densidade,
variados possíveis. (...) E se vocês conseguirem pensar a partir da lógica urbana,
a trama, os conflitos, com a consistência social envolvida na cidade, a
talvez vocês consigam reverter um pouco determinadas soluções (...) e perturbem
trama urbana que é uma trama histórica, de uma consciência coletiva
um pouco determinadas certezas (...) que foram muito naturalizadas, formatadas e
que é da onde vem o melhor que existe na humanidade. (...)E é na
impostas de modos muitas vezes desagradáveis. O morar e o habitar, esse espaço
cidade. Não é em uma casa bonita envolta em 40 milhas de muros
interno de nossas casas, de nosso cotidiano, pode e deve ser um espaço muito rico,
em Alphaville. (...) O entendimento nosso nesta escala urbana, se vo-
e esse momento de vocês na universidade deveria ser usado para ousar, mesmo
cês querem trabalhar na Rua Gravataí, no centro da cidade, e com a
que resulte no erro. (...) Raciocinar pelas condições extremas, pelo absurdo, para
compreensão de que ali existe uma certa tensão morfológica, social e
depois ir depurando, até chegar em algo mais amadurecido(...) e factível. (BK)
histórica, vocês terão de ver o projeto a partir destas tensões, e que a cidade é um reflexo morfológico de uma forma social. (LM)
O projeto como um organismo aberto: Uma das coisas mais im-
Maquete como processo de trabalho: Olhando as plantas e os cor-
portantes quando pensamos em restauração, em qualquer escala,
tes dos projetos, vocês estão muito tempo trabalhando em planta, e
do edifício a cidade, é pensar as coisas como um organismo, e
depois “extrudam” as plantas, e no final, na hora de entrega, são obri-
tentar ver as relações internas, como elas funcionam dentro de um
gados a fazerem cortes, que estão espacialmente pobres. (...) Nós não
determinado sistema. E nesse sentido, em relação aos projetos e
podemos pensar o projeto dessa forma, como a simples extrusão das
aos programas, como vocês querem que funcionem? O que aqui
plantas. Os cortes devem ser feitos durante o tempo todo, senão vai
vou instalar? Como hoje está funcionando aquela região da cidade
resultar em uma espacialidade pobre, assim como o desenvolvimento
e como vocês acham que poderia funcionar de uma outra maneira
do projeto deveria ser com maquetes. Embora o desenho seja funda-
a partir do projeto de vocês? Pensar desse ponto de vista mais sis-
mental, a maquete é obrigatória, cada trabalho deve ter uma maquete,
têmico também ajuda em determinadas soluções de desenho, mas
que não é maquete final, mas uma maquete de estudo que revela essa
sempre mantendo o raciocínio de não tentar congelar ou colocar as
preocupação com a volumetria que vocês estão propondo. (...) A ma-
questões em modos muito fechados, porque isso é fadar o projeto
quete tem uma urgência de tentar resolver o trabalho, de tentar ver o
de vocês a uma vida útil muito curta ou depois a uma reapropriação
seu próprio olho, de tentar checar o seu caminho correto(...) e te obriga
muito penosa, (...) dado as constantes mudanças da atuais situa-
a fazer sínteses, você vê se está ruim ou não,(...) você tem que tentar
ções urbanas, politicas e sociais. (BK)
representar só o que é o essencial. (JG)
O projeto para a cidade: Em alguns projetos, há uma preocupação de tentar reproduzir
Processo de trabalho na habitação: Algumas plantas estão mui-
alguma personalidade pré-definida. Na verdade, o projeto vai tão mais ter a sua própria
tos interessantes para a habitação, mas de modo geral, a solução
personalidade quanto menos nós tentarmos definir um partido de uma ideia pré-concebida
da verticalização, em nenhum desses projetos, surpreendeu-me. A
de projeto. (...) E em outros, há uma busca por uma personalidade própria com projetos não
grande dificuldade é fugir de uma verticalização óbvia e conseguir
muito óbvios, (...) e o entorno pede uma coisa e ele mostra outra. (...) Tem que se tomar mui-
trazer um elemento inovador na esquina, no espaço urbano, no tér-
to cuidado, o projeto tem essa facilidade, é só um papel, sem os constrangimentos reais,
reo. Alguns projetos estão burocráticos porque não conseguem sair
então fica-se muito livre para brincar de ser um grande arquiteto. Mas ao fazer isso, como
da camisa de força que é imposta pela necessidade de resolver as
não se têm a bagagem da discussão muitas vezes por atrás destes projetos, eles acabam
solictações do programa. (...) Mas isso não é um demérito de vocês,
por se tornar esdrúxulos, quase uma excrescência. (...). São projetos que exageram nas
é um problema brasileiro de se prender metodologicamente a iniciar
soluções e acabam se tornando individualistas, porque, antes de tudo, acabam por propor
o projeto a partir da planta da unidade para fora, o Minha Casa
o MEU projeto.
Minha Vida que o diga. Então o projeto sempre vai ser um invólucro
(...)Isto é a última coisa que ele deve ser, já que, quando o projeto se insere no ambiente
de unidades habitacionais. O H é isso, uma praga. (...) Parte-se da
urbano, ele tem que ser é dos outros, o projeto de quem usa, o projeto da cidade.(...) Ele
planta mais prática, é feito de dentro para fora, uma lógica proje-
tem que partir de uma interpretação do que acontece ali(...) mas é antes de tudo o projeto
tual que começa pela unidade para depois entender prédio em si.
para quem vai usar; esse diálogo é muito sutil, e ainda sim, por pequenas coisas, dá errado.
Enquanto que um projeto de arquitetura tem que ser pensado tudo
(...) A grande dificuldade é conseguir em um processo de aprendizado do projeto urbano
ao mesmo tempo, agora. Eu tenho que pensar a unidade ao mes-
uma proposta que seja mais generosa para com o resto, e menos comigo, com o autor. E
mo tempo que penso a volumetria, o conjunto, a fachada, o corte,
é este projeto que vai projetar muito melhor o autor para outras propostas, (...) dada a sua
como atravesso o entorno, etc, porque ai eu consigo ajustar uma na
capacidade de se melhor colocar no lugar dos outros. (JW)
outra, permanentemente. (JW) Repensar a implantação e os fluxos: Alguns projetos entenderam a questão de escala. Pensaram os fluxos (...) de um desenho da cida-
Falsas questões de tamanho e autoria do projeto: Eu
O que é esta casa e qual é a família? Em re-
de, que mostra uma situação urbana
não vejo que a contraposição entre a arquitetura e a escala
lação ao Programa de HIS, todos eles têm um
bem mais ampla. Poucos projetos,
urbana seja um problema de tamanho. É uma outra lógica.
esforço de chegar a uma resposta, isto é muito
entretanto, detiveram-se a desenhar
São as perguntas que você faz para aquilo que você está
importante. Mas discutir HIS num terreno, nes-
uma praça enquanto praça sem
fazendo. (...) Temos de romper com essa ideia de que pen-
se lugar, nesta situação urbana, (...) com apar-
nada, apenas como espaço de fluxo
sar a escala urbana é pensar em algo grandioso, e pensar
tamentos de 120m2 e depois é descrito como
e passagem, como se ficasse como
do ponto de vista da arquitetura é pensar no lote. A outra
social e, bom, pronto, virou social? O que deve
está, um terreno vazio, uma praça
questão, do quanto eu me dissolvo na paisagem e o quan-
ser essa habitação de interesse social, pode-
urbana, uma continuação da Pra-
to eu marco minha autoria, eu acho que é mais uma falsa
ríamos pensar sobre isso. Pensar em quem
ça Roosevelt. E poucos imaginaram
questão.(...) Seja o que for que você fizer neste lugar,(...)
mora nesses apartamentos,(...) qual é a família,
como explorar esse espaço vazio,
haverá uma marca, que no nosso mundo é nomeada como
o congresso está discutindo o estatuto da fa-
para entendê-lo como espaço, para
a marca autoral, não tem jeito de você escapar. Entao
mília, a família é papai, mamãe e filhinhos?(...)
entender o que vão fazer com ele
esse impasse, não me parece que seja verdadeiramente
Qual é o morador da região central, a família
depois. E em decorrência disto, so-
um problema, porque ele está resolvido, você deixará a
que habita esses espaços.(...) Nas soluções
bretudo nos projetos de habitação,
sua marca, pelo simples fato do que você fez e que o nos-
das unidades, foram vistos vários projetos com
muitos mataram esse espaço livre
so mundo reconhece individualmente as intervenções.(...)
salas gigantescas (...) inclusive um quarto com
ao colocar uma torre ali. Estão bem
Portanto, o problema está colocado nas outras questões,
a necessidade de se entrar de lado para se
resolvidas, em termos de planta, mas
na escala, nas soluções nas apropriações possíveis, e na
deitar na cama. Deve-se ensar que a casa do
será que é aquilo que deveríamos fa-
multiplicidade. Não existe uma questão singular, elas são
nosso projeto foi feita para morar; imagina-se
zer? A situação urbana demanda um
plurais, (...)e a cidade é assim mesmo, ainda bem! (AL)
morando lá. (CC)
voo muito mais ousado para o que deveria ser feito no tratamento deste piso de passagem.(JW)
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João Pini Portal Gravataí
A circulação central e aberta - que leva aos jardins comuns e convida o morador a ver e ouvir a rua gravataí sob perspectiva elevada - é o ponto de partida do projeto. Os jardins, nos andares ímpares, elevam-se apenas 30cm do piso, num gesto leve que os separa da zona de circulação. Nos andares pares o morador não encontra um jardim imediato, mas uma vista do jardim inferior, que se confunde com a rua. A modulação dos vasos dos jardins divide a vegetação em 3 tipologias, que, ordenadas de forma diversa em cada andar, promovem na ordem o seu exato oposto. Espera-se que a vegetação, com o tempo, transpasse seus perímetros limites e tome posse dos vasos, assim como do edifício.A circulação comum encontra-se sempre aerada, aberta, e ao mesmo tempo protegida pelos jardins. A idéia é que sua amplitude transpasse a pequena metragem na qual ela se insere.
estúdio gravataí - volume IV
José Domingues Churruca Recorrido cultural en Gravataí
A Rua Gravataí conecta a Praça Roosevelt, cheia de vida e atividade, ao contrario ao Parque Augusta. Para estabelecer um equilíbrio de atividades, o projeto apresenta um Centro Cultural nos lotes mais próximos do limite do Parque Augusta. O projeto se torna num recorrido que atravessa a rua e permite a interação com ela. Este caminho é materializado por uma passarela que perfura o prédio principal, que consiste em uma caixa pura de três andares e um andar subterrâneo, partida em dois pela mesma passarela, de modo que se diferenciam uma metade mais permeável e outra mais opaca que receberá luz procedente da outra metade. O recorrido começa e termina em dois construçãos exteriores do programa cultural, ambas de caráter topológico: terraços para exposiçãos ao ar livre e um teatro exterior, que conecta mediante uma praça situada na cota 4 metros (correspondente com o andar primeiro do centro cultural) com o antigo teatro da Rua Gravataí, criando uma conexão total com os pontos culturais da Rua.
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Julia Galves Habitação e Comércio
O terreno elegido encontra-se entre um sobrado e o antigo teatro da EMEI São Caetano. A proximidade com a escola guiou a estratégia de ocupação ao criar um novo eixo de ligação entre a rua Gravataí e o EMEI. Assim, o lado que faz fronteira ao terreno da escola foi deixado livre, como extensão da rua. O intuito seria utilizar o mesmo acabamento de piso que a calçada, de forma a evidenciar essa continuidade. Ademais, o andar térreo é destinado ao uso de comércio, com lojas, restaurante e café. A ocupação vertical é compatibilizada com os gabaritos dos edifícios existentes da rua Gravataí. Tem-se um volume que apresenta o mesmo gabarito que o edifício vizinho, que no caso é o antigo teatro. Um volume ao fundo do lote sobe mais 3 andares, e essa altura foi determinada de forma que o pedestre não consiga observar esse volume elevado a nível da rua. Por fim, tem-se 3 tipologias de apartamentos, com 1, 2 ou 3 dormitórios. Estes tem respectivamente 45m², 75m² e 105m².
estúdio gravataí - volume IV
Luisa Capalbo Habitação
Pensando no ambiente em que esta inserido, o projeto visa atender algumas das necessidades dessa região de vastas possibilidades. Uma das principais inteções então foi atender interesses distintos, o que resultou no planejamento de tipologias diversas. Partindo de uma modulação de 120 mm, as unidades sugeridas derivam de retângulos de 6,9 m x 6,3 m, podendo conter um, para unidades de um quarto; 1, 75 para as com dois quartos; e dois, para as com três quartos – todas universalmente acessíveis. O tamanho das varandas também pode variar dependendo do pavimento em que estão inseridas. Outra orientação foi a relação do edificio com a cidade, dessa forma esforços foram feitos para que o terréo seja utilizado como lazer e que o projeto seja realizado como elemento de permanência e passagem, tanto para os moradores, quanto para todos os transeuntes que por ali circulam.
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Léo Schurman de Azevedo Habitação e Comércio
O edifício consiste em duas torres as quais abrigam 16 unidades habitacionais com apartamentos de 95 e 80 m². O térreo é ocupado por duas lojas, ambas com mezaninos. O espaço restante é dividido entre as áreas técnicas do edifício habitacional: depósito, caixa dágua, medidores, bicicletário, etc. O formato das torres surgiu ora para marcar faces, como na esquina, ora para buscar melhor orientação ou pontos de vista. Uma das torres termina 3 pavimentos antes da outra para criar um terraço olhando na direção do Paraíso e do vale da av. 23 de Maio. Todos os apartamentos contam com acessibilidade universal e ventilação cruzada. Buscou-se o máximo de flexibilidade possível numa estrutura principal de alvenaria armada (com exceção do térreo com vigas e pilares).
estúdio gravataí - volume IV
Marco Attucci Edificio Listello | Academia Genlisea
A ideia do projeto parte de um estudo preliminar da área que me levou a conhecer vários pontos interessantes da zona. O projeto mira criar uma rede de comunicação que sabe realizar não só uma living zona no piso térreo, mas também um ponto importante para a própria cidade. Foi de fato pensado um percurso que perpassa por entre os edifícios das quadras em questão e que conecta os pontos de interesse, tais quais: o teatro, edifícios habitacionais, Praça Roosevelt, o colégio adjacente e a academia que foi reprojetada para melhor se adaptar ao projeto. O edifício que tem o nome de “Edifício Listello” foi projetado e configurado partindo da ideia de módulo. Foi projetado um módulo que se baseia em cima de um pré-fabricado concreto armado, empilhado e encostado um ao outro, criando o mesmo edifício. Esse módulo adquire voluntariamente a dimensão de 15m2 cada um e permite realizar internamente três tipos de medidas (65 | 80 | 90).
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Luisa Nadalutti Casa de Cultura
A Casa de Cultura se configura como um endereço público catalizador da produção cultural da cidade. Um edifício abandonado na Rua Gravataí, que antes abrigava um ginásio e um teatro, se apresenta como um suporte físico potente para abrigar as atividades culturais do entorno. A proposta do projeto divide o programa da Casa de Cultura no edifício do antigo teatro e no novo edifício a ser implantado ao lado. Para isso, se faz necessárias intervenções no edifício existente, como a remoção dos anexos da fachada que bloqueiam a relação dos espaços internos com a rua. A nova circulação vertical é um elemento comum aos dois edifícios, correlacionando os fluxos internos. A marquise, que é também uma grande varanda para a rua, extrapola o mezanino do novo edifício e abraça o edifício antigo. Assim, o novo edifício se abstém de protagonismos, mas se impõe como elemento-chave na funcionalidade do conjunto, que agora apresenta sua fachada ativa para a Rua Gravataí. estúdio gravataí - volume IV
Maurício Shimao Casa de Cultura
O projeto da Casa de Cultura foi implantado no terreno do teatro fechado e as duas residências seguintes. Sua volumetria se desenvolve a partir de um térreo que contempla um saguão de entrada aberto à rua e um salão destinado à área administrativo. No 1º pavimento estão divididos os salões de exposições e apresentações. No 2º está o terraço aberto onde também se inicia o volume de salas de leitura e oficinas que juntas totalizam 4 pavimentos. Toda a área de caráter público do edifício se desenvolve na companhia de uma circulação em passeio, na qual a sua materialidade se destaca dando espaço à uma jornada de descoberta e convívio com o edifício e com a cidade já que esta circulação também saltam do volume edificado para se tornar uma série de mirantes para a paisagem urbana da rua Gravataí.
arquitetura do programa: casa de cultura entrevista: Alexandre Delijaicov
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Cultura de projeto de arquitetura pública Estúdio Gravataí: Gostaria que, para iniciar, você expusesse as bases que fundamentam a sua prática como arquiteto e professor. Alexandre Delijaicov: O nosso assunto é cultura de projeto de arquitetura pública. Sem nenhum tipo de ambiguidade, quando falo em equipamento público, refiro-me aos edifícios públicos, de propriedade e empreendimento públicos. Essa definição inicial se mostra necessária para evitarmos confusões de interpretação do conceito de espaço público. No âmbito das universidades públicas, deve-se instigar o estudante a identificar e formular problemas pertinentes, isto é, construir de forma coletiva a problematização e o foco de nossa pesquisa, de modo que a nossa atividade não se reduza a uma repetição de fórmulas destituídas de sentido. Considero importantíssimo o engajamento dos estudantes das escolas públicas brasileiras de arquitetura como servidores públicos e pesquisadores. Isto é válido desde o primeiro ano do curso de graduação por meio de atividades de ensino, pesquisa, cultura e extensão, tendo em vista aprimorar a construção coletiva do projeto de arquitetura de equipamentos públicos e estabelecer uma ponte de mão dupla entre as escolas públicas de arquitetura e os escritórios públicos de projetos e obras. EG: E quais seriam as dificuldades e possibilidades abertas para a condução da cultura de projeto de arquitetura pública? AD: A difícil arte de construção coletiva da cultura de projeto da arquitetura pública é inerente à condição dialética da produção da arquitetura da cidade. A arquitetura do lugar e a arquitetura do programa são uma construção de autoria coletiva, de ação intersetorial e participação engajada da sociedade civil organizada. Porém, as dificuldades são originadas em nossa fragilidade institucional, já que não temos políticas de Estado embasadas em programas e ações públicas integradas. Os poucos escritórios brasileiros públicos de projeto estão sendo desmontados, fruto de uma visão neoliberal estúdio gravataí - volume IV
a serviço do capital há mais de cinco séculos e responsável pela produção de um “urbanismo” mercantilista e rodoviarista. Um possível cenário de mudança se constrói a partir de políticas públicas, programas e ações de estímulo aos escritórios públicos de projetos em todos os municípios brasileiros, as escolas públicas de arquitetura e os conselhos de arquitetura e urbanismo. Esta estruturação fortaleceria a tríade saudável de esferas públicas de encontro, debate e aprofundamento da arte de construção coletiva do projeto de arquitetura pública, sobretudo tendo em vista a qualidade espacial e ambiental da arquitetura da cidade. O programa da casa de cultura EG: Vamos começar por um caso concreto: como foi fundamentado o programa da casa de cultura desenvolvido no Estúdio Gravataí? AD: O programa da casa de cultura proposto para o Estúdio Gravataí foi baseado nos programas dos Espaços Mais Cultura e das Praças de Equipamentos de Cultura, desenvolvidos no âmbito Federal entre 2009 e 2011. Neste programa foi reforçada a implementação da política nacional dos Pontos de Cultura, que abriu um diálogo com estados e municípios, para que esses entes federativos comecem realmente a promover políticas, programas e ações de cultura principalmente voltados aos jovens, extremamente expostos a violências de toda a ordem. Os Pontos promoveram uma oportunidade para as pessoas se organizarem coletivamente em torno de uma ação cultural no campo das artes de modo geral. EG: E quais são as implicações espacias envolvidas neste programa? AD: O programa Mais Cultura incluiu os pontos de leitura, cuja meta era zerar o número de municípios do Brasil sem equipamento cultural e biblioteca, que naquele momento contabilizava um quarto do total. A célula pioneira do equipamento cultural é a biblio-
A entrevista foi concedida ao monitor PAE Dalton Ruas na Vila Penteado no dia 09/11.
teca pública municipal, de propriedade pública, feita em um terreno público, embora o número real fosse ainda muito maior caso se tivessem sido contabilizados os edifícios precários e alugados. Os pontos de leitura apresentavam um kit inicial: estantes com os livros, mesa de leitura com computadores, lugar para contadores de história, entre outros. Sua implementação poderia ser provisória em algum outro equipamento público municipal quando não houvesse recursos financeiros. Deveria ser constituída em um cantinho de uma sala entre 200 a 300 m2, para que essa célula inicial se multiplicasse a partir da formação desses potenciais agentes culturais formados neste espaço. Por meio do livro e da leitura, você abre uma janela para imaginação e ação, isso é muito importante. EG: Esses espaços eram voltados exclusivamente à leitura? AD: Se não tivesse nenhum jeito de ter outro espaço, também abrigaria outros pontos do Mais Cultura, como o cinema e outras atividades de audiovisual, relacionado as novas mídias, não somente artes plásticas, artes cênicas e música, mas também linguagens mais próximas dos pré-adolescentes, como desenhos animados e sites da internet, entre outros. Além disso, os pontos do Mais Cultura não tinham endereço público, qualquer interessado poderia ter um coletivo e trabalhar na garagem de casa, no quintal na laje, na rua, e nas manifestações culturais de rua. O reconhecimento destes coletivos seria por meio dos editais federais articulados com estados e municípios para os Pontos de Cultura, Pontos de Leitura e Pontos de Memória. Visava-se fomentar a infraestrutura cultural, e caso houvesse interesse em cinema, seriam necessários equipamentos como projetores, câmeras e computadores para edição, tudo abrigado em um espaço físico de um edifício público. O Mais Memória era voltado a reforçar a dignidade local, e uma de suas ações era de promover conversas e diálogos entre várias gerações sobre a história e a memória da pessoa deste lugar. Era essa a tríade: o Museu da Memória, o Museu da Pessoa e o
Museu do Lugar. Os museus não deveriam ser vistos como conservadores, colecionadores de objetos. Na verdade, deveriam reconhecer e construir o imaginário existente para impulsionar a ação transformadora das pessoas e do lugar fomentadas pelas políticas gerais dos Pontos de Memória, Pontos de Leitura e os Pontos de Cultura. São estes os eixos estruturadores do programa da casa de cultura. EG: E como foi a viabilização física destes ideais no equipamento público da casa de cultura? AD: Tentou-se viabilizar um equipamento mínimo municipal, o equivalente a uma garagem, um salão, uma sala única, 300m2, representando o início para a configuração da proposta. Uma edificação alta, que se possa crescer por dentro e depois acoplar por fora. Na verdade, um casco, enquanto conceito, para garantir metros quadrados e metros cúbicos, de tal modo que se possa aproveitar essa cultura construtiva de vários lugares do mundo, que é o puxadinho, ou de, no mínimo, criar uma varanda perimetral. De início, já era desenhado com o pé-direito alto, duplo, com as fundações reforçadas para que posteriormente seja possível parafusar mezaninos ou montá-los em madeira, conforme a cultura construtiva de cada lugar do Brasil. Isso era a essência do espaço Mais Cultura. Esse espaço, que parece muito pequeno, mas se considerarmos que dentro dos 5.560, 1200 municípios não tem absolutamente nada, já é muito no âmbito federal. Desde a constituição de 1988, isto vem sendo cada vez mais calibrado, Governo Federal e Estadual não devem trabalhar na configuração física-espacial das cidades. Cada vez mais a atribuição deverá ser dos municípios, e a coautoria será feita pelas pessoas do lugar, e não de cima para baixo. Coordenação modular EG: Você tocou na questão da implementação municipal deste equipamento, um reflexo da articulação hierárquica necessária para as políticas públicas.
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Poderia esclarecer as estratégias envolvidas na coordenação modular destas diferentes escalas de intervenção? AD: As redes de equipamentos públicos municipais, estaduais e federais de educação, cultura, saúde, assistência social, esporte e lazer deveriam estar sistematizadas no município em seis políticas integradas, intersetoriais e intersecretariais. A coordenação modular acontece na hierarquia dos sistemas integrados de rede organizadas a partir no espaço físico do município. Por exemplo, em São Paulo, acontece por meio de 32 subprefeituras e 96 distritos, sendo eles gigantescos, com 100 mil habitantes em média. Em sua concepção físico-espacial e material, lida-se com a cidade como um edifício. É necessária uma coordenação modular desse edifício para fortalecer a qualidade e o bem-estar social individual, assim como a qualidade das estruturas ambientais urbanas. Ela pode ter vários fatores, principalmente dos percursos, do cotidiano, como ir de casa para o trabalho, situações apropriadas a uma escala, módulo e tempo. Os equipamentos públicos têm de gravitacionar em várias situações chamadas de polo de rede. Os CEUs não são escolas, são centros de estruturação urbana que promovem outras hierarquias de rede para almejarmos um sistema integrado das seis redes de equipamentos públicos municipais. É estabelecida uma coordenação modular correspondente ao lugar, no caso, o tecido urbano a ser estruturado, e os perímetros de abrangência das redes. No caso da saúde, o polo de rede é o hospital, que circunscreve um perímetro adequado para se chegar rapidamente às suas imediações, mas que infelizmente não coincide com os perímetros das redes educacionais, tampouco com a base hidro-geomorfológica, as bacias, sub-bacias e microbacias constituintes da unidade hidrográfica de planejamento e gestão. EG: Você comentou que existe uma estruturação de escalas correspondente ao lugar. Aprofundando um pouco esta questão, é possível pensar no programa sem ter um lugar definido de implantação? Como seriam enfrentadas as questões regionais? AD: Não dá para você falar do lugar e do programa estúdio gravataí - volume IV
separadamente. A arquitetura do programa ou a arquitetura do lugar é isso, a coordenação modular do programa está contida muito antes de falarmos daquele lugar, São Paulo, Salvador e outras cidades. Vejam a proposta escola-parque escolas-classe do educador Anísio Teixeira, em que isto é implícito na arquitetura. Não tem lugar. A concepção do programa de Anísio Teixeira é extraordinária, porque pressupõe o conceito de coordenação modular e de hierarquia de rede, de polo de rede, de capilar de rede. Sobretudo em áreas informais muito vulneráveis das regiões metropolitanas, em polos como São Paulo, com assentamentos periféricos e fragmentados, há uma maior dificuldade de acesso ao terreno, à terra pública. Isto é a base dos problemas sócio-espaciais comuns às demais cidades, que transforma a terra urbana provida de infraestrutura em mercadoria valiosa excludente dos mais pobres. Apesar de terem sido desenhados espaços Mais Cultura inclusive Quilombolas, em áreas periféricas das regiões metropolitanas já aparecem ocupações verticais de 5 andares, e a verticalização pautou a elaboração do programa da Casa de Cultura. Cultura regional EG: No Brasil, muitas vezes, o respeito à cultura construtiva local está alheio a questões como a verticalização. Como é possível em um projeto aliar uma cultura construtiva de regiões isoladas com questões de escala própria a grandes metrópoles? AD: A cultura construtiva local, do modo como as pessoas constroem a própria casa, tem muita inteligência, ao contrário do desdém muitas vezes expresso pela elite arquitetônica e da construção. Na cultura construtiva do Chuí a Roraima, as pessoas constroem, por incrível que pareça, com muita diversidade cultural, mas também com recursos semelhantes: o bloco de oito furos cerâmico aparece de ponta a ponta, assim como a massa única, e assim por diante. A questão da cultura construtiva, a cultura urbana, para depois incluir a cultura arquitetônica e urbanística, tem que também considerar a
cultura popular e anônima. Existe uma extraordinária coordenação modular de pessoas que não estudaram arquitetura, e a sabedoria daqueles que a fazem pela necessidade: pais, dois filhos e mãe fazem do resto uma casa, quatro paredes do jeito que dá, todos com fome, no meio da chuva. Depois, a construção é reforçada com uma fundação forte, e mesmo com recursos escassos, ele projeta o futuro com uma sabedoria: faço a fundação forte porque assim que for possível farei mais um andar, guardarei um carro para poder ser entregador de objetos, ou montarei uma vendinha. Depois, farei aqui em cima mais uma laje, já que é esperado um neto em decorrência do casamento do filho. Isso é feito em qualquer lugar, são quatro e cinco andares, estreitíssimos. Assim como se trata de uma coordenação modular presente em tempos remotos da história da construção; desde canais e poços, até os prédios e monumentos e também aparece desde as estruturas da natureza até as tessituras submoleculares do microuniverso. Por conta de sua diversidade não é uma camisa-de-força, muito menos algo monótono, que tende a ser limitado. Existe uma lógica, mesmo na força mais implacável do universo, a gravidade, que cria uma mecânica de coordenação modular que vai do mundo visível ao invisível. Na escala humana, quando uma pessoa tem de levantar um peso e vencê-lo, vai se produzir um tijolo na arte de empilhar pedras. Com toda a inteligência, o pedreiro sobe e ordena as pedras por meio da força da gravidade mediada pelo prumo, nível e esquadro. Se você acredita na difícil arte da construção coletiva da coisa pública para a cidade, você tem de acreditar nas pessoas que anteriormente refletiram sobre a construção e ainda constroem. Na verdade, é mais saudável a realização de uma obra de arte aberta e inconclusa, no bom sentido, para que outros tenham a possibilidade de a modificarem. EG: E como é essa abertura dos usos na casa de cultura? AD: No caso da pequena casa de cultura, as pessoas se encontram lá. Nos quatro salões principais,
em cada um deles, é preciso estabelecer uma agenda para o local, como você vai usar lá, definindo o uso e programação, mobiliário e equipamento, identificando os movimentos culturais e os coletivos de mobilização social. Para isso, seria estabelecido um conjunto de oficinas, que se iniciaria no lugar onde seria feito a casa de cultura, voltado a identificar os movimentos sociais, os líderes comunitários e os agentes culturais. Posteriormente seriam realizadas as oficinas de usos e programação, as oficinas de ambientação com a produção das capacidades locais dos mobiliários e equipamentos. Participantes fariam desde redes de pendurar a móveis de madeira no intuito de criar uma atmosfera na disposição destes objetos no ambiente construído, independente da edificação. E no último conjunto de oficinas, arquitetura e cidade correspondente a arquitetura do lugar. Os espaços de transição e o projeto da casa de cultura no âmbito acadêmico EG: Você interpreta a abertura da casa de cultura como uma possibilidade de intervenção dos usuários no espaço. Mas para que haja uma coexistência harmônica entre as várias atividades contempladas, é necessário uma intermediação, uma graduação de aberturas no espaço que lidem com estas diferenças. Atentando-se aos espaços de transição, gostaria que você analisasse os modos pelos quais foram pensados na casa de cultura. AD: Espaços de transição são muito importantes, mas de enorme confusão. Eles sempre vão lembrar aqueles mais eloquentes, visíveis, na escala urbana, mas o mais importante é que qualquer edifício público e privado venha a ter uma dimensão urbana de integrar a relação interior exterior, no mínimo pela janela, a construção do olhar interior e exterior. Sobretudo em um equipamento público, isso tem que ser potencializado, e se o edifício público não for aquele opressor e intimidador, mas aquele que promove o encontro e a convivência das diferenças, o condensador social, ele tem de estabelecer toda uma relação entre o dentro e o fora por meio de
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varandas, alpendres, marquises e calçadas cobertas. Conforme você caminha no interior do prédio, há uma alteração de escala, nas quais pequenas sacadas de 30 centímetros, como as de Ouro Preto, já se constituiriam como um espaço de transição: ao posicionar o corpo inteiro para fora da fachada, teria-se uma visão desobstruída do eixo inteiro da Rua Gravatai. Internamente, as transições seriam mediadas em diversas graduações como transparência, transparência com véus (os elementos vazados), translucidez e opacidade.
Não é possível falar em prédio público sem mencionar conservação de energia, já que não há justificativa para o gasto energético desnecessário nos edifícios públicos. Os recursos não são ilimitados, e não orientaria os estudantes de outra maneira, porque não é o fato de enfrentar essas dificuldades inerentes a qualquer projeto de arquitetura pública que vai tolher a sua imaginação no processo criativo. Em resumo, estudar os quatro lugares envolveria estas questões. Ver iluminação e ventilação, ver a rua, a praça da casa de cultura é a Rua Gravataí.
EG: No âmbito acadêmico, quais são as principais questões trabalhadas no projeto da casa de cultura? Qual o intuito de possibilitar uma escolha de terrenos na Rua Gravataí?
Nota:
AD: O que é interessante da Rua Gravataí é a possibilidade política de usar as ruas como espaço público, como praça, justificada pela ausência nas cidades informais de espaços livres, uma hierarquia entre esquinas, largos, praças parques e assim por diante. A Rua Gravataí, por ela ser calma, sem trânsito, e ao lado da Praça Roosevelt, com aqueles teatros, e do outro a PUC, e um potencial Parque Augusta, poderia ter essa situação de virar uma rua cultural, com atividades do programa da casa de cultura que lá aconteceriam, uma praça que é os 146 metros por 16 metros de largura da Rua Gravataí. Acho importante como exercício o diálogo entre escola pública e escritório público de projeto. Muitas vezes compete ao escritório público de projeto fundamentar a exposição de motivos técnicos que justificam o investimento público em projeto e obra no terreno a ser indicado como de utilidade pública e desapropriado. E não vale mudar o programa, porque os custos já estão atrelados, não só de construir, mas os custos de manutenção, operação e do concurso público para os novos funcionários. E a outra questão está no local, os pesquisadores do projeto devem tentar colocar o programa nos quatro endereços1 para ver quais são as vantagens e desvantagens em relação a rua, aos ambientes internos, iluminados e ventilados.
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1 Embora tenham sido disponibilizados 5 terrenos de escolha ao aluno no Estúdio Gravataí, segundo o entrevistado, o terreno com o menor tamanho não comporta o programa disponibilizado para a Casa de Cultura na disciplina AUP0162.
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Renata Pante Casa de Cultura
Rua Gravataí constitui uma conexão entre a Praça Roosevelt e o Parque Augusta. O partido do projeto é que o edifício da Casa de Cultura seja inserido na paisagem como uma árvore de concreto entre esses dois ambientes. O térreo livre do edifício se configura como um alargamento da via pública, proporcionando um espaço de permanência coberta. A aparência externa do edifício é a de um cubo sobre pilotis revestido por uma película, a percepção interna do usuário é diferente. Os grandes salões de planta livre proporcionam variedade de usos. Os vãos livres proporcionam uma experiência única e integrada ao usuário que, independente do pavimento que se encontra pode observar todas as atividades sendo realizadas no prédio.
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Roberto Cornacchioni Alegre Casa de Cultura
A grande esquina da rua Gravataí com a Caio Prado representa um importante ponto de transição entre duas áreas públicas: a Praça Roosevelt e o futuro Parque Augusta. Dessa maneira, a configuração do projeto em dois volumes e o desenho dos mesmos criam uma viela interna que reforça esse caráter. Na cota da rua está localizado o café para atender àqueles que por ali transitam e no volume da esquina o térreo é rebaixado para que a área expositiva que ele abriga seja inteiramente visível pelos pedestres, fazendo com que esses se sintam convidados a entrar. No centro do lote uma cobertura recepciona os visitantes que podem ou descer para a área expositiva e biblioteca ou subir por escadas e varandas perimetrais até o auditório e as salas multiuso.
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Rodrigo Silva Casa de Cultura
O projeto busca a integração dos espaços com a cidade. Visto das duas ruas, o subsolo possui um auditório, um café, que tem pé direito duplo e possibilita a integração com o térreo, e espaços abertos com áreas permeáveis. O térreo possui praça, salão para exposições com pé direito duplo, que possibilita o contato direto deste com o primeiro pavimento, e vice-versa. Há uma marquise de entrada que surge graças a biblioteca, que se encontra no primeiro pavimento, e esta tem suas quatro divisórias compostas por paredes de vidro que possibilitam o contato com a cidade e com o interior da edificação, além de sua cobertura ser um terraço descoberto no segundo pavimento, onde ainda há um espaço para oficinas, e a cobertura deste compõe um teto verde, onde pode haver oficinas de jardinagem.
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Samara Falcão Casa de Cultura
O partido deste projeto de uma Casa de Cultura foi definido a partir da problemática de permanência-passagem da Rua Gravataí. Como conexão mais importante entre a Praça Roosevelt e o futuro Parque Augusta, a Gravataí será uma rua de intensa passagem, mas a intenção é transformá-la em uma área de permanência, como o são a Rua Augusta, a Roosevelt e as ruas Maria Antônia e Frei Caneca. Era também intencional projetar o complexo em uma região na qual não houvesse hierarquia entre motoristas, ciclistas e pedestres, e que os usuários pudessem se apropriar da rua para eventos todos os dias, não apenas aos domingos. Para tanto, no projeto não há diferenciação entre calçada e leito carroçável, como um “calçadão”, de forma que o desenho começou pelos vazios desejados, para que o bloco resultante fosse extraído deles.
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Tatiana Kuchar Habitação
A volumetria se caracteriza por três blocos ao redor de um núcleo de circulação vertical, com elementos de transição marcados. Ao nível do pedestre, o espaço se organiza por duas unidades comerciais associadas ao bloco de circulação vertical, e uma praça livre com pé direito duplo, potencializando um fluxo perimetral. A esquina é configurada por duas fachadas de vidro e uma marquise, que abriga passagem e permanência, na confluência entre calçada e ponto de ônibus. As unidades encontram-se alinhadas ao vizinho, propondo-se uma galeria comercial contínua no térreo dessas duas edificações, com corredor de circulação comum. O primeiro pavimento é proposto para as áreas sociais do edifício habitacional e nos oito pavimentos superiores se distribuem as unidades: duas com 76m² e uma de 48m² por pavimento.
1 Área de serviço 2 Cozinha 3 Sala 4 Dormitório 5 Banheiro
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Thalissa Burgi Casa de Cultura
Lugar de fábrica e produção cultural, o projeto se monta como um conjunto arquitetônico em que os diferentes blocos ao mesmo dividem o programa em oficinas, exposição, leitura, apresentações e serviços mas também os unem por passarelas que elevam o térreo e se aproveitam dos terraços. A união dos dois terrenos é marcada por uma laje que transpõem e acoberta a rua, tornando-a palco principal e parte do desenho de projeto, o qual dispensa a sarjeta e enfatiza seu potencial. A dimensão de fábrica se desenvolve no uso de estruturas metálicas periféricas, que liberam os vãos internos e, associadas à alvenaria, ao concreto e ao vidro, somam diferentes texturas, aguçando um olhar lúdico sobre o lugar.
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Vitor Potenza Ramos Habitação e Serviços
O projeto, localizado na rua Gravataí consiste na elaboração de um complexo composto por diversos usos; habitação, serviços e comércio, além de uma creche. O intuito foi criar um espaço em que público e privado dialogam de modo a se confundirem, prezando sempre pela privacidade das unidades habitacionais. Para tanto, buscou-se articular os espaços livres de modo a estabelecer um ambiente propício à livre circulação e apropriação dos espaços. Essa característica se estende desde o térreo livre, onde comércio e serviço foram posicionados visando facilitar o acesso, até os patamares sob o edifício habitacional, que foram pensados como áreas livres para uso tanto dos moradores quanto de pessoas externas. A escolha das duas esquinas para implantação do projeto se deve ao fato de que essa configuração contribui para o sucesso de dois dos principais objetivos do projeto: atração de movimento de pedestres e articulação dos espaços públicos. Tentou-se ocupar a menor área possível do terreno. O resultado desse esforço foi atingir uma taxa de ocupação de 0,3, consideravelmente inferior à permitida, de 0,7. estúdio gravataí - volume IV
Vivian Regner Casa Gravataí
O projeto CASA GRAVATAÍ figura-se como um meio de aproximação entre a Rua Caio Prado e a Praça Roosevelt no eixo da Rua Gravataí. Um espaço sem portas e aberto a atividades, inserido no meio urbano. Um corpo quase que estranho à cidade, mas que aproxima-se dela por meio da arte. O edifício surge como uma sobreposição de blocos, revestidos por placas de vidro e ardósia, cujo jogo dá forma aos terraços e jardins. Cada bloco corresponde a um grande salão, cuja principal característica é a possibilidade de diversidade de uso, que é garantida pela a estrutura composta por cinco grandes pilares e lajes protendidas que vencem os grandes vãos. Na cobertura, um jardim suspenso envolto por espelho d’água que vê a cidade sem obstáculos.
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Ximena Diaz Casa de Cultura
O projeto leva à discussão do espaço público em tempos de densificação. O conceito baseia-se na ideia de criar um espaço de convivência entre dois lugares que são muito lotados. Um local em que vai para baixo para chegar à entrada do edifício é criada. A idéia era criar um público, mas com alguma essência privacidade do espaço, de modo que é um a menos do que o nível da rua. Assim materiais densos para representar esta cidade e suas entradas pesados, mas de luz que apontam para áreas específicas dentro do Projeto
estúdio gravataí - volume IV
Natália Máximo Casa de Cultura
Entendendo a dinâmica do entorno imediato - Rua Augusta,Praça Roosevelt, Rua da Consolação - o projeto da Casa de Cultura tenta trazer essa dinâmica para a Rua Gravataí, buscando uma maior proximidade com a rua. Para tanto, as esquinas funcionarão em duas escalas distintas. Àquela voltada para a Rua Gravataí possui uma “entrada” mais convidativa, contando com uma grande escadaria que leva para o primeiro andar da casa de cultura, nesse passeio, o observador pode notar tanto a biblioteca - que se encontra no térreo e no subsolo - em que se separa em duas partes abrindo caminho para um recanto de leitura no interior do lote - além da visualidade para o subsolo. Como também, ao subir as escadarias, notará, pelas janelas dispostas na fachada, o movimento dos salões de apresentação, oficina, exposição. Transformando esse espaço tanto para fruição, como para permanência.
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estĂşdio gravataĂ - volume IV
ficha técnica
AUP0158 Prof. Dr. Álvaro Puntoni
AUP0162 Estúdio Gravataí volume IV/V Prof. Dr. Alexandre Delijaicov Impressão: LPG FAU USP
Prof. Dr. Bruno Padovano
Prof. Dr. Angelo Bucci
Prof. Dr. Francisco Spadoni
Prof. Dr. Antonio Carlos Barossi
Prof. Dra. Helena Ayoub
Prof. Dr. Milton Braga
Prof. Dra. Marta Bogea
Prof. Dr. Rodrigo Queiroz
Prof. Dr. Oreste Bortolli
Andre Vitiello Bruna Bertucelli Bernat Pedro Paola Ornaghi
Número de páginas: 56 Papel capa: Reciclato 90g Papel miolo: sulfite 75 g Tiragem: 150
Estagiários PAE: Monitores de Graduação:
Tipologia: Helvética Neue
Carolina Oukawa Dalton Ruas
Formato: 31 x 22.5 cm Fotografias: Gal Oppido
Guilherme Pianca Monitores de Graduação: Juliana Stendard Mariana Caires Mariane Martins
A diagramação dos projetos foi realizada pelos monitores de Graduação e de Pós, a partir do material enviado pelos estudantes. O conteúdo das imagens e textos dos projetos é responsabilidade de seus autores. dezembro de 2015
índice remissivo
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Projetos: Sala 812 Amanda Moreira 198
Maurício Shimao 217
André Valverde 199
Natalia Maximo 233
Flávia Theodorovitz 200
Paula Gerencer
Henrique Muniz 201
Pedro Henrique Barbosa Muniz Lima
Ignacio Barrios 206
Renata Pante 224
Jeanny Camargo 207
Roberto Cornacchioni Alegre 225
José Dominguez Churruca 211
Rodrigo Silva 226
João Pini 210
Samara Falcão 227
Julia Galves 212
Tatiana Kuchar 228
Larissa Delanez
Thalissa Burgi 229
Luisa Capalbo 213
Vitor Potenza Ramos 230
Luiza Nadalutti 216
Vivian Regner 231
Léo Schurmann de Azevedo 214
Ximena diaz 232
Marco Attucci 215
estúdio gravataí - volume IV
alexandre delijaicov oreste bortolli joão sette whitaker beatriz kuhl josé paulo gouveia estudantes aup 158 e 162
publicação das disciplinas aup 158 e aup 162 fauusp 2015