Revista Escola de Pais do Brasil - RS 2014

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Nยบ 33



Escola de Pais do Brasil

esta edição de número 33, de nossa revista, escolhemos o tema: FAMILIA-RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS, trazendo de maneira prática, textos para nossa reexão, de como anda nosso compromisso com a educação de nossos lhos. Será que estamos construindo lhos emocionalmente saudáveis. É verdade que somente as reexões contidas aqui, não são sucientes para educarmos, é preciso uma atitude mais forte de nós pais, precisamos estar muito presentes em suas vidas. A educação dos lhos nunca foi tão importante como nos dias de hoje, baseada em respeito mútuo, diálogo e muita franqueza capaz de moldar novos comportamentos das próximas gerações, capaz de mudar o mundo ao nosso redor. Para um bom relacionamento entre pais e lhos é necessário estabelecer regras e limites, participar na formação da autoestima e propiciar uma comunicação de mão dupla. Saber falar, saber ouvir. Os pais devem ocupar o seu lugar na educação do lho compartilhando as oportunidades de crescimento, tanto dos lhos quanto de si próprios no processo educativo. A leitura desta nossa revista, no entanto, nos oferece importantes princípios e diretrizes para a educação de nossos lhos, o qual se espera que possa contribuir um pouco para sermos pais educadores. Com relação a nossa revista, os textos nela apresentados foram enviados por diversos membros da Escola de Pais do Brasil e preparadas com muita dedicação na escolha e compilação dos textos nela apresentados, pelo casal Therezinha e Luiz Mazzurana, que tornou possível esta edição. Agradecemos também a nossos apoiadores que através de suas publicidades em nossa revista, zeram um gesto concreto para a sua realização. Assim, chega a suas mãos pais, mães e agentes educadores, no maior número possível, este precioso conteúdo. Nossa gratidão a todos que participarem e boa leitura a todos! Mari e Luiz Carlos Muraro Casal Presidente da EPB-Seccional Gramado


Escola de Pais do Brasil

6 Tempo de qualidade é tempo em quantidade Paulo Eduardo Vieira

www.escoladepais.org.br REVISTA "ORIENTAÇÃO FAMILIAR" Circulação Nacional

7 A participação de mães e pais no dia a dia dos lhos é fundamental para seu desenvolvimento emocional e educacional Adriana Carvalho

8 Coisas que você não deve dizer ao seu lho Stephanie Kim Abe

Utilidade Pública Federal Decreto 72.220, de 11.05.73 Registro no CNSS MEC 262-234-76 Utilidade Pública Municipal, Lei 3.229 CNPJ: 88.890.298/0001-01 Tiragem: 2.000 exemplares

11 A caixa do nada Carla Leidens

12 A ética do provisório Maria Cecília Fritsche

13 O m do inverno Veridiana Ghesla

14 A ética nasce nos bebês Marlene de Fátima Merege Pereira

N° 33

16 A importância da parceria pais, lhos e escola Cleusa Thewes

Órgão de divulgação da Escola de Pais do Brasil da Região Nordeste do Rio Grande do Sul, seccionais de Caxias do Sul, Canela, Gramado, Ivoti e São Marcos.

18 A importância de aprender a esperar e ouvir: Não Shirley Hilgert

20 Não importa se o sexo é raro. Ele não pode é tornar-se automatizado Alberto Lima

21 Ansiedade de separação Portal da Psiquiatria

23 As cinco linguagens do amor Gary Chapman

EDITORES

Casal editor: Therezinha e Luiz Mazzurana Fone: (54) 3286-2278 / 9142-8077 e-mail: theremazzurana@hotmail.com Casal DR de Canela, Gramado, e Ivoti Colaboração: casais da Região Nordeste do RS DIAGRAMAÇÃO Evandro Luís Böhm Rua Albino Fiss, 1021 Cidade Alta / Venâncio Aires/RS Fone: (51) 98220853 / 9204.4175 E-mail: evandrolb@hotmail.com Blog: elbdesigner.blogspot.com

25 Os contos de fadas Andressa Basílio

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Seccional São Marcos Seccional Canela e Gramado Seccional Caxias do Sul Retalhos sobre o amar e o educar Brigas entre os pais geram insegurança para os lhos Ceres Araujo

32 Carta entre uma mãe que trabalha fora... E uma mãe em tempo integral Shirley Hilgert (tradutora)

35 De 0 a 3 Maria Luiza Paim Paganella

36 Dicas para educar seu lho para o futuro pro ssional Adriana Carvalho

39 Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas Rubem Alves

40 Eduque sem bater IMPRESSÃO Editora Treze de Maio Ltda. Av. Ruperti Filho, 1554 / V. Aires/RS Fone: (51) 3741.1327 E-mail: editora@viavale.com.br

Beatriz Acampora e Silva de Oliveira

41 Sem palmada Beatriz Acampora e Silva de Oliveira

43 Erotização precoce Regina Celi de Santana

44 Experimente perdoar Maria Helena Brito Izzo

46 Família arte de cuidar Ceres e Nilton Sampaio

48 Exausta e sobrecarregada? Tem remédio Melina Dias

50 Limite é educar Zoraide F. Rizzon Vanin

51 Escolha seus lhos, o resto pode esperar Andrea C. Lovato Ribeiro

52 Pais, mães e adolescentes Maria Tereza Maldonado


Missão Ajudar pais, futuros pais e agentes educadores a formar verdadeiros cidadãos

Como a Escola de Pais realiza essa missão? Realiza através de círculos de debates em escolas, empresas, associações de bairros, em sete encontros, conforme temário a seguir:

TEMÁRIO 1º - Educar, um desa o 2º - Valores e limites na educação dos lhos 3º - Pai e Mãe e Agentes Educadores 4º - A educação desde a infância até a puberdade 5º - Adolescência, o segundo nascimento 6º - A sexualidade no ciclo de vida da família 7º - Cidadania e cultura de Paz

O trabalho da EPB é voluntário e gratuito. Realize-o em sua empresa, em sua escola. Solicite-o ao casal presidente de sua cidade. Nomes, endereços e telefones dos casais presidentes encontram-se na página 53.


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Tempo de qualidade é tempo em quantidade Ele escreve de forma emocionante sobre a paternidade e o tempo. Tempo que gastamos, tempo que perdemos, tempo que devemos aproveitar! Paulo Eduardo Vieira

V

iver é superar ciclos. Nascer. Crescer. Experimentar. Morrer. Ciclos que também contêm outros ciclos. Crescer signi ca ganhar dentes, cabelos (e perder os dois depois), andar, cair, namorar, se formar, casar e fazer lhos. En m, da nossa concepção à morte o tempo rege nossas vidas e é implacável. Ainda me lembro da minha infância. Quando de tão implacável o tempo me fazia esperar um ano inteiro pelo próximo Natal. De fato, 365 dias de expectativa. Hoje ele como quem não gosta da felicidade alheia me traz um Natal a cada semana e os cabelos vão cando brancos. Outro capítulo especial da nossa luta contra o tempo é a chegada dos lhos. Quem diria que nove meses pareceria tanto tempo Beira a eternidade. Se é que conseguimos ter alguma noção do que seja uma eternidade para quem tem a vida regrada pelos dias, horas e minutos. Mas o fato é que os exercícios da paternidade e da maternidade oferecem aos pais uma experiência única de lidarem com o tempo. São nove meses na barriga. Uma data escolhida ou estimada para o parto. Os dias para sair do hospital. Uma semana para voltar ao médico. Um mês para a vacina tal. Um dente a mais. Um ano. Um dente a menos. Um passinho e lá se foi meu bebezinho. Volte aqui criaturinha!!! Tarde demais! E se há um con ito de fato travado pelos pais envolvendo o tempo e os lhos é o quanto dedicar ao exercício de estarem com eles. O que foi planejado para ser o centro das atenções logo tem de dividir espaço com o trabalho, as obrigações domésticas, carreira, e por que não, o lazer? A nal, também somos humanos e temos nossas necessidades. E nisso temos pais e mães fugindo do que parece ter se tornado uma escravidão: a necessidade de atenção dos lhos. Porque criança machuca. Bebê faz cocô na fralda. Acorda assustado de noite. Tem dever de casa pra fazer, reunião de pais, compra de material, festinha na casa do amigo. Ufa! Haja dedicação. Nessa batalha rotineira dos afazeres e obrigações não é incomum percebermos que na divisão do tempo quem perde é a família. Contraditoriamente perde com todos pensando de alguma forma em exatamente salvá-la . As horas a mais no trabalho são para garantir uma escola melhor pra criança. As férias canceladas visam a promoção que nos dará um passeio melhor no ano que vem. O m de semana perdido é transformado em investimento no passeio do mês que vem. E nesse mês que vem , a vida passa. O tempo passa e não volta mais. Você que é pai pode até tentar não pensar nisso. Mas cedo ou quase sempre tarde, isso vai ser uma preocupação sua. Lá em casa estamos preparando o aniversário de quatro anos do pequeno Davi. Pouco? Claro! Se você pensa na expectativa de vida crescente do brasileiro ele alcançou apenas cinco porcento

do que poderá usufruir na Terra. Mas quanto desse tempo eu conviverei com ele? Considerando a saída de casa, estudar fora ou sair pra trabalhar, na verdade estou celebrando o fato de que 25% do tempo que passarei na companhia diária do meu lho já passou. Ou, em termos mais práticos, que um de cada quatro dias de nossa convivência diária já era. Mais que isso serão apenas encontros semanais, mensais ou pior anuais no futuro. Quando nas férias o então grande Davi resolver dedicar uns dias ao velho pai que mora lá em Minas . É meu caro pai, agora a coisa cou séria não é!?! Nessa hora a gente começa até a achar bonitinho aquele dia que viramos a noite no hospital com a criança febril. Pelo menos estávamos juntos. E aquele dia que ele insistia pra brincar e você só queria dormir? Ô saudade não é!?! Fatalmente sentiremos falta disso. Às vezes esse sentimento vem na Igreja, no dia do casamento, vendo nossos pimpolhos embarcando na vida adulta. Ou no dia da formatura. Da mudança para outra cidade. Lembramos com nostalgia de cada fralda que tivemos de trocar. Ou a birra por causa de um picolé. Mas aí já é tarde. Não adianta valorizar o tempo quando ele já passou. Ficam só a saudade e o sentimento de culpa. Aquela máxima de o que importava é a qualidade e não a quantidade do tempo que passamos com nossos lhos , soa como a desculpa de nossas falhas como pais. O tempo é mesmo implacável. Realmente não temos como controlá-lo. Mas temos como valorizá-lo. E sobretudo valorizar quem passa o tempo com a gente. Que vê na gente algo importante que nem nós reconhecemos que temos. Somos isso para nossos lhos. Um parâmetro de eternidade. Uma meta a conquistar( quero car do tamanhão do papai , quando eu crescer eu quero ser ). Mas tudo isso acontece por tempo contado. E antes que um quarto disso passe, aprenda a valorizar o tempo. Dedique tempo. Gaste e desperdice tempo. Porque se tem algo que não vai aumentar quando você economiza é essa entidade chamada tempo. Paulo Eduardo Vieira, Escritor, pai do Davi, de 4 anos. Artigo publicado no site Topmothers.


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A participação de mães e pais no dia a dia dos lhos é fundamental para seu desenvolvimento emocional e educacional Sob forma perguntas e respostas, Adriana Carvalho , nos proporciona um a bela reflexão sobre o tempo que dedicamos aos nossos filhos. Trabalho postado no site: Educar Para Crescer. A autora se assessorou de conteúdos de renomados profissionais da educação. Adriana Carvalho

É importante dar qualidade de tempo aos lhos em todas as idades? Sim. "Os lhos precisam da presença de seus pais em todas as suas fases de crescimento", segundo Caio Feijó, psicólogo, educador e mestre em psicologia da infância e da adolescência pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). A primeira infância, por exemplo, é a fase mais importante do desenvolvimento humano. "É o período no qual a nossa personalidade será formada. Quase tudo que seremos na vida adulta será construído nesse momento. Os valores sociais e culturais da família deverão ser registrados nos lhos nesse período, tarefa que não pode ser delegada em hipótese alguma", a rma o pro ssional. De acordo com ele, pais e mães deverão estar presentes oferecendo modelos e referências comportamentais, ensinando-os a falar, pensar, comer, higienizar, ensinando valores e dando limites. Já a fase que vai dos 6 aos 14 anos é um período em que os pais devem participar com muito diálogo e estímulos à socialização. "Com os limites estabelecidos e os bons hábitos adquiridos na primeira infância, os pais devem preparar seus lhos para a busca progressiva da autonomia. A presença física já não será tão necessária quanto na da primeira infância, porém a

supervisão se faz necessária", diz Feijó. Na adolescência, por sua vez, o psicólogo diz que os lhos não precisarão da presença constante dos pais, mas a supervisão parental deverá ser mantida. "A principal tarefa dos pais nessa fase é conhecer as rotinas dos lhos, o que eles gostam, quem são seus amigos, aonde vão, com quem, quais são seus hábitos sociais, seu desempenho na escola, etc". Como se preparar para dar tempo de qualidade ao lho? Tempo de dedicação ao lho é algo que deveria ser planejado antes de a criança nascer. O casal deveria se fazer perguntas como: "Com o atual ritmo de trabalho que tenho, terei tempo para cuidar do meu lho ou deveria procurar outro emprego?", "Quem vai cuidar da criança no dia a dia?", "Precisarei mudar de hábitos como viajar e sair à noite ou adiar planos como o de fazer cursos?". Caso esses questionamentos não tenham sido feitos antes de o bebê chegar, ainda é válido, a qualquer momento, que os pais reavaliem sua rotina para pode proporcionar uma convivência de melhor qualidade com suas crianças. "Ter um lho não pode ser algo improvisado. O ideal é que o casal converse muito e com sinceridade. Saber que muitas vezes cuidar de uma criança i m p l i c a rá e m a b r i r m ã o d e a l g u n s

hábitos e projetos", a rma o psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires. "Se o casal percebe que não haverá tempo para cuidar dos lhos, o melhor é não tê-los ou adiar sua chegada para um momento mais adequado. Trazer lhos ao mundo e criá-los não é um jogo que se pode abandonar quando não temos tempo ou quando nos cansamos. Não podemos dedicar a nossos lhos apenas o tempo que nos sobra", diz ele. Garantir o futuro ou o presente dos lhos? Ao serem questionados sobre por que dedicam tanto tempo ao trabalho, muitos pais costumam responder que estão cuidando do futuro de seus lhos. Porém essa escolha muitas vezes implica em não dar o devido cuidado no tempo presente em que as crianças estão vivendo. "Muitos pais pensam no futuro de seus lhos apenas em termos econômicos. Dizem que trabalham muito para que não falte nada a eles. Mas muitas vezes com isso deixam que falte aos lhos o que eles mais necessitam: a presença dos pais, seu carinho, seu exemplo, sua orientação", a rma o psicólogo e escritor argentino Sergio Sinay, da Escola de Psicologia da Asociación Gestáltica de Buenos Aires. Adriana Carvalho é escritora do site: www.educarparacrescer.com.br


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Coisas que você não deve dizer ao seu lho Nem sempre a mensagem que os pais passam é aquela entendida pelas crianças. Saiba como e por que é preciso escolher bem as palavras antes de dar broncas e falar com o seu filho. Stephanie Kim Abe

pai e a mãe que ela ama tanto estão dizendo que ela é aquilo, tem aí uma necessidade de preencher essa expectativa", explica Rosana Augone, psicóloga com especialização em psicodrama pedagógico, psicomotricidade e psicopedagogia.

2. "Com a sua idade, seu irmão já sabia escrever perfeitamente." Não compare.

1. "Esse aqui é o bagunceiro da família." Não rotule. "Meus três lhos. Esse aqui é o cabeça da família, entende tudo de videogame. Esse aqui não, é o palhaço - só sabe fazer palhaçada. Agora esse aqui a gente nem sabe, não abre a boca para nada". Mal sabem os pais que, ao fazerem esse tipo de apresentação clássica, eles estão rotulando os lhos e, muitas vezes, contribuindo para que eles sejam apenas isso. "Os pais são a referência da criança, então se o

Em algum momento da criação, é quase inevitável que os pais soltem algum tipo de comparação entre os irmãos. A maioria das vezes, a intenção é mostrar o outro como exemplo: "olha como seu irmão é inteligente, você poderia se espelhar nele!". Para a psicóloga Rosana Augone, porém, a comparação entre lhos nunca é boa ou saudável, porque a criança não consegue se colocar no lugar do pai e entender isso - pelo contrário, ela se vê como uma decepção para os pais e acaba criando uma rivalidade entre irmãos. "Ela se sente como burra, que é pior do que o irmão, que o irmão é melhor do que ela", diz.


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3. "Seu pai não vai gostar nem um pouquinho de você se você zer isso" Não misture amor e castigo. Muitos pais usam essa tática de vincular castigo à ideia de afeto na hora de dar limites para o lho. Mas para a psicóloga Rosana Augone, isso jamais deve ser feito, porque deixa a criança insegura e ansiosa. "Porque a criança entende que se ela zer alguma coisa errada, os pais vão deixar de gostar dela. Nesse caso, ela não sente só a insegurança de fazer a coisa certa, de ser adequada, de ser aprovada, mas também a insegurança do amor, do afeto do outro", explica. 4. "Que ideia mais besta! Você não vai conseguir fazer isso!"

Não desencoraje seu lho. "E se a gente zer um carro movido à energia do vento, pai?". "Acho que queria fazer moda, mãe!". Confrontados com ideias mirabolantes ou desejos que não são os mesmos deles, os pais muitas vezes soltam frases que desencorajam os lhos e que podem acabar com os sonhos deles. Quando o pai corta abruptamente a ideia que surge do momento de pró-atividade da criança, com frases como "que coisa mais idiota, l h a ! ", e l a p a s s a a p re fe r i r n ã o comentar as ideias - ou mesmo não ter ideias nenhuma, já que os pais acham que é tudo bobagem. Outras frases como "você não vai ter coragem de pular de asa delta" ou "Imagina, isso aí não vai dar d i n h e i ro, p o d e p ro c u ra r o u t ra pro ssão" também entram nessa

categoria: em todas elas, os pais mostram uma descrença na imaginação, habilidades ou vontades dos lhos, que não só desmotivam a princípio, mas também podem comprometer a criatividade.

5. "Você não tem malícia, é muito bobo!" Não ridicularize as atitudes de seu lho. Ser uma pessoa prestativa, ingênua ou um bom amigo não devem ser características ruins ou d e p re c i a d a s - p r i n c i p a l m e n t e quando o seu lho as considera aspec tos for tes dele mesmo. É preciso valorizar essas qualidades relacionadas à ética e à integridade. "As pessoas altruístas, que fazem mais pelos outros, têm mais chances de ser felizes, costumam ter mais amigos e estar mais de bem com a vida", explica Andrea Ramal em seu livro Filhos bem-sucedidos (Editora Sextante). Os pais que ridicularizam esse tipo de comportamento ou fazem essa crítica . 6. "Vamos parar com esse quebracabeça, está muito difícil!" Não proteja seu lho do fracasso. Muitos pais usam esse tipo de frase na tentativa de proteger os lhos da decepção ou frustração. Mas, independentemente de o jogo ser mais avançado que a idade do lho ou de a criança não estar apta a vencê-lo, ao fazer isso, os pais passam a ideia - e os lhos entendem - de que diante de desa os não tem problema desistir. A realidade, porém, é justamente o contrário. É preciso ensinar

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os lhos desde pequenos que os erros são como oportunidades de progresso e que esforço e dedicação são essenciais para conseguir se autossuperar e ter persistência para alcançar os seus objetivos. "Associar a diversão, uma coisa positiva, ao esforço é muito bom, porque cria pessoas mais dispostas a realmente enfrentar os desa os", explica a educadora Andrea Ramal.

7. "Ler é impor tante, mas confesso que eu mesmo não lia quando criança" Não seja incoerente. Po r m a i s q u e o p a i e s t e j a q u e re n d o p a s s a r a m e n s a g e m correta, o que a criança entende é só a parte "negativa" da frase. "Esse eu mesmo não lia e a criança vai ouvir muito mais do que o ler é importantel. Ela até se justi ca falando que os próprios pais não têm esse hábito", explica Luciana Fevorini, diretora escolar do Colégio Equipe, em São Paulo. Isso acontece porque os pais são os exemplos da criança, daí o peso recair muito mais na atitude do que na fala. A mesma coisa acontece com outras ideias, como "Matemática é chato mesmo, eu não gostava", que acabam reforçando uma aversão à escola e aos estudos. É muito difícil conseguir que o seu lho goste de matemática, de ler, de fazer esporte, se os pais não praticam aquilo que pregam.

8"Fique longe de mim, você me mata de desgosto." Não rejeite. "Você me mata de desgosto", "eu não quero mais te ver", "saia

ESCRITÓRIO

AMPESSAN


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d a q u i ". Pa r a Lu c i a n a Fe vo r i n i , diretora escolar do Colégio Equipe, o problema aqui não é nem o lho, mas sim os pais - que são autocentrados. "Esse tipo de frase mostra adultos que estão focados em si mesmos e mostra até uma certa indiferença dos pais", explica ela. Se você fechar a porta do seu quar to, sentar e falar para você mesma "esse moleque me mata de d e s g o s t o e , j á é m e l h o r ", d i z a especialista. A nal, não é algo que os lhos precisam ouvir dos pais. E quando o fazem, entendem que são um lixo - "eu mato a minha mãe de desgosto" -, e têm certeza que os pais não gostam mais deles - "já que eles não querem mais me ver, me querem longe deles". Daí eles se sentirem rejeitados e, na maioria das vezes, reagirem com agressividade.

9. "Se você comer tudo, vai ganhar um prêmio!" Não faça chantagem. A ideia de mostrar reconhecimento por obedecer ao pai pode até parecer interessante, mas a verdade é que car premiando cada gesto que o lho faz revela uma educação pela chantagem. "Se ele aprende isso, mais tarde vai fazer o contrário: ,eu só vou para a escola se você me der o carrinho!e", explica a psicóloga Rosana Augone. A criança deve aprender que é preciso comer tudo porque é saudável e porque os pais, autoridades da casa, assim o querem, assim como ela deve fazer a lição de casa porque é importante e ajuda nos estudos - não por causa de um prêmio por algo que deveria ser uma obrigação.

Reconheça o esforço e elogie e premie as atitudes, não tanto os resultados. Fa l e d e o u t r o j e i t o : " Vo c ê precisa comer tudo porque precisa car forte e saudável, para poder estudar melhor e ter disposição para brincar!"

10. "Você ainda não entendeu?" Não subestime a inteligência de seu lho. A frase, aparentemente, não tem nada de errado e parece não ser u m a o fe n s a p a ra o l h o. M a s o problema dela está na palavra "ainda". "É apenas uma expressão, mas passa uma série de conceitos e julgamentos", explica a educadora Andrea Ramal. É por causa desse termo, em uma situação de estresse e impaciência dos pais, que a criança entende que ela é lenta, não é inteligente, que demora a perceber as coisas. Para a psicóloga, o melhor é passar essa responsabilidade da explicação para os pais, e não para os lhos, mostrando que o erro foi na forma como a questão foi explicada.

11. "Você está muito gordo, lho!" Não deprecie seu lho. "Seu burro!", "sua gorda!". São frases que parecem muito fortes e pouco prováveis de saírem da boca dos pais, mas em um momento de tensão ou impaciência frases que agridem a criança do ponto de vista físico ou moral acabam escapando. Ou pelo simples fato de o pai querer alertar o lho sobre o seu estado de saúde, mas fazendo-o dessa forma

“Eu acompanhei muito sofrimento de pais que não sabiam mais o que fazer com seus filhinhos, depois que os problemas de uma erotização precoce estavam instalados e estabelecidos! Cuide de seu bem mais precioso! A infância passa muito rápido e você sentirá arrependimento ou saudade de um tempo que inspirava cuidados e vigilância…” Por Regina, uma mãe atenta.

inadequada. Para a criança, ouvir esse tipo de comentário agressivo gera uma insegurança e uma dúvida em relação ao afeto da família por ela. "No geral, as palavras dos pais pesam muito mais do que a de um colega de classe que fala a mesma coisa. A criança se questiona: "será que meus pais não gostam de mim porque eu sou gordo?s", diz Luciana Fevorini, diretora escolar do Colégio Equipe. Achar uma forma mais carinhosa e delicada para dizer esse tipo de questão é a melhor saída. "Você pode até falar isso, mas uma coisa é falar de uma forma afetiva e outra é você agredir com essa verbalidade", explica a especialista. Fa l e d e o u t r o j e i t o : " Vo c ê precisa comer menos, lho, porque a sua saúde está em jogo".

12. "Vou à escola reclamar da professora! Somos nós que pagamos o salário dela!" Não coloque seu lho acima dos outros. A professora deixou a criança sem intervalo porque ela cou a aula toda dormindo, se distraindo ou importunando os amiguinhos. O pai, ao invés de procurar entender a questão, já se posiciona ao lado do lho e contra a escola, desautorizando o professor e soltando esse tipo de frase. Escritora de Educar para crescer www.educarparacrescer.com.br


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A caixa do nada “Sem pretensão de descrições científicas, mas com um bom fundo de verdade, Carla aborda, o tema das diferenças entre a mulher e o homem. De maneira quase cômica, descreve o conteúdo de palestra de um pastor americano.” Carla Leidens

O

cérebro do homem é composto por uma quantidade limitada de caixas. Em cada uma delas há um assunto especí co. Uma caixa para o carro, outra para o trabalho, outra para as nanças e uma especialmente para os jogos da dupla Grenal. Pelo menos é assim que um americano descreve as reações masculinas aos mais diversos assuntos. Diz ele que as caixas, no cérebro masculino, não se tocam. Ou seja: não exija de um homem que ele execute duas tarefas ao mesmo tempo. Não queira que ele escute os seus problemas e os da vizinha ao lado ao mesmo tempo e de nitivamente não espere que os h o m e n s q u e i r a m c o nve r s a r n a mesma proporção que nós mulheres o fazemos. Simplesmente porque eles não se importam tanto. O palestrante ainda diz que a maior caixa que o homem tem no cérebro se chama a Caixa do Nada. O que há lá dentro? Nada. Para que ela serve? Para nada. Em que situações os homens recorrem a essa ferramenta? Sempre que possível. Está pensando em quê? Pergunta a mulher. - Em nada, responde o marido. - Não é possível, você deve estar pensando em alguma coisa. Não está. Pode apostar. Como pode isso? Sim, eles conseguem

pensar em nada. As mulheres têm o cérebro recheado por os de alta tensão, todos ligados entre si e em geral regidos pela emoção. Se um dia você teve a infelicidade de dizer que o vestido preto deixava-a um pouco mais robusta, pode apostar: daqui a 50 anos ela vai lembrar direitinho desse episódio com toda a mágoa do mundo estampada na teimosa lágrima que rola queixo abaixo. As caixas no cérebro dos homens não têm ligação. Se ele está disposto a conversar sobre os lhos, esse é o foco, não adianta tentar mostrar que a mãe dele não está ajudando na educação das crianças. Ele vai se perguntar -o que a minha mãe tem a ver com isso? Nós não estamos falando dos nossos lhos? Mas e a Caixa do Nada? Esse sim é o segredo deles. Foi desvendado. Está aí na internet, para quem quiser e tiver paciência, nos quase dez minutos de vídeo; basta olhar. A maior de todas as caixas na cabeça deles serve para nada. É para lá que eles fogem quando estamos na TPM e queremos discutir a relação. É para lá que eles andam quando cortamos o cabelo, milímetros, e acreditamos que vão notar. É para a grande Caixa do Nada que os homens fogem nos churrascos da terça à noite com os amigos.

Onde ca esse lugar? Há endereço cer to? Se há, eles não contam, para ninguém. Eles conseguem fazer nada e respirar. Conseguem fazer nada e trocar insistentemente o canal da televisão. Eles conseguem estar na Caixa do Nada e deixar o circo pegar fogo ao seu redor, simplesmente porque conseguem fazer nada e se concentrar nisso. Nós não conseguimos. Estamos s e m p r e p e n s a n d o, p e n s a n d o, pensando. Pensamos demais. Pra que tanto? Pensamos em como resolver, como ajudar, como dar a volta, como escapar, como pagar as contas, como se desculpar, como ser compreendida, como emagrecer e como, claro, entrar na Caixa do Nada deles. Posso ir na sua Caixa do Nada? Não. Claro, que não. Infelizmente não tenho uma Caixa do Nada e se tivesse nascido com uma, cer tamente já estaria ocupada. Livros, amigos, bons vinhos e blá, blá, blá. Muito blá,blá,blá. Carla Leidens é pro ssional da área de Marketing e escritora. Para quem quiser assistir e dar boas risadas, vale à pena: https://www.youtube.com/watch?v=pbzvY 6AxQyQ


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A ética do provisório Quando sexo é só mais um produto de consumo Maria Cecília Fritsche

N

ão é raro, durante uma balada, um adolescente trocar beijos e abraços com alguém e, logo depois, já estar nos braços de outro. Há casos de jovens que chegam a beijar mais de cem pessoas numa festa. E, em lugares onde a música é um imperativo para a transa, alguns já saem de casa preparados para" o que der e vier". Os pais atentos, na maioria das vezes, percebem este comportamento. Seja nas conversas informais dos seus lhos com amigos, seja pela estranha movimentação de parceiros. Além de contribuir para a ausência de auto-reconhecimento por meio do "outro", a conseqüência desse comportamento é a gravidez indesejada, às vezes acompanhada da disseminação de DSTs e até da AIDS. Para esses encontros efêmeros e descartáveis os adolescentes usam o termo " car". Os pares que estão cando são transitórios, duram apenas algumas horas, talvez alguns dias. Mas podem durar só uns minutos. É o tempo do desejo saciado, nos quais ver, ser visto e aparecer reduzem os casais a machos e fêmeas. A disposição para o relacionamento com o outro sobrevive sob o ímpeto do exagero, da aceleração e da competitividade. Entre os adolescentes existe esta competição - de quem ca mais - como condição de se manter no grupo e de ser aceito por ele. Desta forma, a sexualidade é experimentada como mais um produto de consumo e acaba ocorrendo a "coisi cação" do sexo, em que o parceiro, depois de usado é facilmente colocado de lado como um objeto que cou obsoleto ou sem atrativos. E o adolescente ca nova-

mente disponível num mercado de troca que não vai além da dimensão ilusória. Nesse contexto a mídia exerce grande in uência na retroalimentação de falsas necessidades e pseudo desejos, inspirados por corpos exuberantes e guras estereotipadas de homens e mulheres perfeitos, mas esvaziados de sua interioridade e privados de individualidade. Nessa exibição indiscriminada, os sentimentos não contam. Só importa o que é manifesto, visto e protuberante. O afeto é desvalorizado porque o que vale mesmo é o desempenho sexual. Sentimentos não contam; só importa o que é visto, manifesto e protuberante. O afeto é desvalorizado porque o que vale mesmo é o desempenho sexual. E assim os lares estão cada vez mais ameaçados de decomposição e não só a família, mas também a escola, a nação, a pátria e principalmente a paternidade. Neste caso, o que é que os jovens podem esperar de um relacionamento sério, comprometido e profundo se os próprios pais demonstram conscientemente e inconscientemente que o casamento e a construção de uma vida a dois não valem a pena? O adolescente tem como constituição psíquica uma imagem vazia de si próprio - como um espelho sem re exo. Por insegurança e inferioridade, sentimentos típicos deste estágio, os jovens experimentam aquilo que não são ou gostariam de ser e desenvolvem a fobia da entrega, do compromisso e da rejeição, pois são proibidos de entrar no mundo adulto e foram expulsos do mundo infantil, vivem no limbo, tentando obedecer aos pais desobedecendo-os e, desta maneira,

autorizam se a uma ética a ética do provisório. Exercer a sexualidade desta forma vazia é como estar numa montanha russa sem emoção. O medo da rejeição e do fracasso, que dão aquele "friozinho na barriga e palpitação no coração" quando se trata de um encontro amoroso é perdido, já que bocas, curvas, seios, músculos e genitais estão sempre disponíveis. DESENCONTROS Quando se adota o provisório como padrão nos relacionamentos, ocorre uma grande desvantagem na questão do aprendizado e na evolução da espécie. Pois a grande vantagem do homem é sua capacidade de ser moldado pela relação com o outro, com a sua própria história e com a cultura. É no encontro com o olhar do parceiro amado que o sujeito vai se reapropriar de sua nova identidade, que é tão buscada pelos adolescentes. O não envolvimento funciona como uma vacina que imuniza os jovens contra prováveis desencontros, que invariavelmente ocorrem. Muitos jovens optam por relacionamentos compulsivos e super ciais, que alternam a necessidade de amar e abandonar. Vivem como verdadeiros camaleões, que se defendem dos predadores assumindo as características que o meio lhes impõe. E passam a reproduzir in nitamente tal comportamento até que uma pálida e astuta inquietação interna os desarme para um primeiro contato com suas próprias demandas. Maria Cecília Fritsche é Psicóloga Texto publicado na Revista Dimensão


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O m do INVERNO A nona sempre foi muito especial para todos nós, principalmente para mim. Escrevi este texto um mês depois que ela faleceu, não sem antes parar, várias vezes por não conseguir segurar a emoção enquanto escrevia. Veridiana Ghesla

S

i l ê n c i o. E r a s ó o q u e re s t a v a a Aninha. Não mais ouvia os gols de todos os times comemorados, nem as meninas de saias curtas sendo xingadas nem as pipocas meladas sendo feitas ou as canções italianas sendo cantadas. As unhas não foram mais pintadas, seus cabelos bagunçados e seu pijama listrado não mais foram elogiados. As longas, repetitivas e incríveis histórias não foram mais contadas. A pequena Ana agora observava a casa laranja e verde e pensava que, apesar de sua paixão pelo inverno, aquele não fora bom com ela. Ana não lidava nada bem com a morte, enquanto alguns já sorriam e remexiam nas coisas de sua nonna, ela ainda não tinha coragem de entrar na casa laranja e encontrar lá apenas lembranças e não mais o sorriso sincero e feliz de sua avó. Não conseguia mais comer roscas de polvilho nem ouvir músicas italianas sem sentir um aperto no coração. Depois de passado algum tempo, Aninha foi até o quintal há tempos conhecido, mas agora tão quieto, escorou-se no tronco da velha árvore, sentiu o vento já não tão frio do m daquele inverno e adormeceu. A menina acordou e reparou que ao redor da casa da avó surgiram inúmeras ores, altas e baixas, gordas e magras, porém eram todas amarelas, algumas de um amarelo muito claro, mas outras tão amarelas que pareciam gemas de ovos ou até grandes sóis que olhavam para ela com desdém. Ana não podia permitir tão grande afronta a nal a avó, sua avó tão querida, odiava amarelo. Dizia que tudo cava bem melhor se fosse vermelho, desde as ores até as geladeiras. Ela então, não pensou duas vezes, t a l q u a l n a h i s tó r i a d e Al i ce n o Pa í s d a s Maravilhas saiu pintando todas as ores de vermelho. Uma a uma Ana foi pintando as ores surgidas no quintal da avó: todas rubras, afogueadas e não mais doentes com aquele amarelão que a avó tanto detestava.

Aninha acordou em seu quarto e de um salto levantou de sua cama, abriu a janela e olhou para aquela casinha de madeira, que fazia com que o verde e o laranja, combinassem tão bem. O lugar de onde sempre lhe acenava aquelas de mãozinhas enrugadas e, muitas vezes, de unhas vermelhas que lhe fazia sentirse feliz apenas por existir... mas desta vez, não viu ninguém, apenas as lembranças que lhe acenavam por meio de várias ores coloridas que desabrochavam: vermelhas, azuis, brancas e até, amarelas, pois, en m, a primavera havia chegado e sua vida poderia, sim, car mais colorida. Esse carinho lindo entre neta e avó, nos sirva como re exão sobre nossos relacionamentos em família. Veridiana Ghesla, gramadense, é professora formada em Língua Portuguesa. Essa é uma homenagem a sua vó, Jose na Ghesla.

O amor que não se expressa na ação, se assemelha a um rio congelado: continua sendo um rio, mas perde a sua função principal. "Amores congelados não têm como atuar dinamicamente na relação parental”. Ceres e Nilton Sampaio são os representantes da Diretoria Nacional da Escola de Pais do Brasil em Salvador. Fazem parte do movimento há 40 anos.


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A ética nasce nos bebês Adelaide e Domingos Campagnolo

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osto muito da observação de Guimarães Rosa (Grande Sertão, Veredas): "O mais importante e bonito do mundo: que as pessoas não estão sempre iguais; ainda não foram terminadas; elas vão sempre mudando. Mas nesse processo de mudança... Haja tempo! O espírito caminha rápido, convence-se muito tempo antes de a realidade mudar. A realidade muda, mas "muda de mansinho". Aparentemente, parece que foi assim que aconteceu com a questão do amor. O amor foi a descoberta da época em que os primatas desceram das árvores e passaram predominantemente a caminhar no chão, no período chamado por alguns estudiosos de "noite do Paleolítico". No chão, caminhando lado a lado, com sensibilidade, "olho no olho", o cérebro expandiu-se, descobriu, que em associação era mais fácil, menos perigosa a obtenção do alimento. Descobriu o amor. Começou a caminhada para a civilização. Um dos impasses para a questão da ética, em minha opinião, é o problema do tempo. I mpasse co m p l i c a d o t a m b é m p o r o u t ra variável eminentemente humana: a liberdade. Convencêmo-nos fácil e rapidamente da necessidade da ética como conjunto de valores e princípios que usamos para guiar nossa conduta" (Cortella e Clóvis de Barros,

"Ética e Vergonha na Cara"). Ou, então, como a descreveu o budista Dalai Lama: Um agir para favorecer a realização da felicidade do outro. A sociedade brasileira convenceu-se na pele da necessidade, da urgência e da ética. Mas quanto tempo esperar para que as pessoas e as estruturas se tornem éticas!? Valores ... Uma das pérolas de preocupação da Escola de Pais! No primeiro círculo de debates, encontra-se que "educar é inter vir no processo de crescimento e desenvolvimento da criança, imprimindo-lhe uma direção". C o m o i m p r i m i r d i r e ç ã o ", respeitando a liberdade? Depois de muito pensar, para minha orientação pessoal, convenci-me de que pode e deve ser impressa, não por meio de comandos, mas de valores. O comando pode agredir, o valor assumido

canaliza para uma vivência e convivência com saudabilidade. Se tudo é permitido, nada tem valor. O vazio desespera, deprime. Para implantar os valores é preciso tempo, espera e paciência. Os valores são estruturantes da personalidade. Daí porque a ética nasce bebê. A e x p e r i ê n c i a re l a c i o n a l é particularmente importante nos primeiros anos de vida, aliás, começa já antes de nascer, segundo o que se conhece hoje. E torna-se algo que o ser humano faz ininterruptamente ao longo de sua existência, em processo de complexi cação progressiva, até a idade avançada. Somente na velhice, talvez com alguma exceção, pode c h e g a r u m m o m e nto e m q u e a mencionada complexi cação pare ou diminua. A experiência relacional é o magma constitutivo da personalida-


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de e se prolonga durante a vida toda. Sabe-se hoje que existe atividade psicológica antes do nascimento, pois o feto reage a todo tipo de estímulos sensoriais lá no seu habitat, cheio de líquido amniótico. Um clarão, um ruído, uma pressão ou um movimento brusco da mãe, até mesmo um cheiro forte, bastam para perturbar a sua quietude e fazê-lo mexer-se. O processo de dar sentido às coisas já está em movimento, as histórias começam a ser construídas e vão acompanhá-lo durante toda a existência: luzes, sons, movimentos e cheiros que surgem, amanhecem e desaparecem, que excitam ou acalmam. É muito provável que determinados aspectos da personalidade do futuro cidadão, aqueles mais difíceis de compreender na vida fora do útero, tenham suas raízes nesse misterioso universo relacional fetal. Os bebês, as crianças da primeira infância são verdadeiros computadores em termos de construção da narrativa. Registram, constroem histórias in nitas, de ternura, de solidão, de alegria, de tristeza, de medo, de consolo. Sentem e ouvem pela pele. "A área abrangida pela superfície da pele tem um número enorme de receptores, sensoriais, captando estímulos de calor, frio, toque, pressão e dor" (Montagu, "Tocar - O Signi cado Humano da Pele"). Tudo isso são sensações físicas, mas que recebem uma atribuição psicológica de signi cado. Para um bebê - feto ou criança - nada é indiferente. Nesse contexto, as crianças reagem com con ança ou medo, com entrega, com desconforto ou raiva, colocando em jogo os componentes cognitivos, emocionais e pragmáticos da narrativa em um extraordinário panorama no qual se combinam fantasias, afetos e comportamentos. As histórias que formam a narrativa incluem o pensar e o armazenamento de conhecimentos, que estabelece uma estrutura coerente de atribuição de sentido, incluem um sentir, uma ressonância afetiva que faz vibrar, dando relevância especí ca ao próprio sujeito, um fazer que introduz uma dimensão prática e real imprescindível no plano relacional.

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Somente porque são pensadas e colocadas em prática as histórias se convertem em narrativas psicologicamente operantes e ultrapassam o mero plano imaginário. Há outra dimensão a in uenciar também na constituição da narrativa: o meio social. O meio também exerce grande in uência. O meio é a família mais extensa, onde a criança se insere. Não é só a escola, é também a igreja, o bairro, a rua. E de tudo isso a criança colhe os elementos de que precisa para enriquecer ou tumultuar a sua relação. Carinho e ternura são fundamentais na relação pai e lho, meio e criança devem ser percebidos como tais, porque é o objeto do carinho e da ternura. Imagino que a ética nasce no colo da mãe amamentando. Não é por nada que "há mais de quatrocentos anos, William Painter escreveu que o seio materno é "a mais sagrada fonte do corpo, a fonte educadora da humanidade" (Montagu, 9ª edição, página 97). Aí nasce a ética como valor para ser a inteligência compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência com todas as condições materiais que são as nossas" (Clóvis, op. cit. página 35). Trata-se fundamentalmente de um valor quali cante da vida pessoal e da convivência humana. É a arte de conviver bem, ela transcende o prazer individual. Para isso é preciso ter a experiência da convivência saudável interiorizada pela vivência familiar e pela convivência no sistema no qual a criança se insere e cresce. 0 Dalai tem razão: "um agir para favorecer a realização da felicidade do outro". É preciso semear a ética, cultivá-la em casa e no meio social, semear e esperar. "Considerar o outro leva em conta sua alegria e sua tristeza como conseqüência da nossa conduta. Para concluir, as pessoas ainda não foram terminadas, como defende Guimarães Rosa. "Toda criatura viva está num uxo constante, ao mesmo tempo, sendo e se tornando (Michael Foley). A Ética nasce bebê! Adelaide e Domingos Campagnolo casal coordenador de círculos da escola de Pais de Brasília.

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A importância da parceria pais, lhos e escola Marlene de Fá ma Merege Pereira

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ão se discute a importância da família na vida dos lhos e da sociedade. Ela serve de base para todos os aconteciment o s. A E s c o l a f a z p a r t e d e s s a jornada, não como depósito dos lhos por algumas horas, mas como parceira na melhor maneira de conduzir a orientação em seu sentido pleno, ou seja, mostrar caminhos, indicar uma direção diante de tantas opções nem sempre saudáveis a que nossos lhos estão sujeitos. No passado, as di culdades para estudar de nossos avós, pais e até mesmo de alguns de nós era grande. Hoje, as di culdades não existem para nossos lhos. O que existem são opções mais atraentes que desviam da dedicação e da disciplina necessárias ao bom resultado do estudo. Os lhos têm di culdade em enxergar a longo prazo em uma sociedade imediatista, consumista e de valores questionáveis e alguns nada éticos. Porém, o educando não aprende apenas no papel de lho, mas também no papel de aluno. No papel

bom deixar claro as obrigações e direitos de cada um. Seguem algumas sugestões de palavraschaves:

de aluno, adquire importância a escolha da escola pelos pais: pais, professores e direção formam uma equipe forte e imbatível na missão de melhor educar os lhos/ alunos. A concorrência externa existe, é forte e, como não existe educação neutra, quer tomemos ou não atitudes, a parceria torna-se o melhor caminho. Nessa parceria alguns valores em comum são fundamentais. Para um resultado positivo e harmonioso nessa parceria de pais, professores e alunos (nossos lhos), é

RESPEITO - saber que é preciso comportar-se, respeitando todos os membros da escola (direção, colegas e demais pessoas). Mas que na fase da adolescência é muitas vezes esquecido. A crise de desrespeito que povoa as escolas passa certamente pela família. A maneira como os pais falam sobre os professores, sobre a escola são absorvidas e praticadas pelos nossos lhos. Cuidado, pais e mães! FREQUÊNCIA - ir para a aula e chegar no horário é dever básico de todo aluno e, se necessário, os pais devem acompanhar o cumprimento d e s s a o b r i g a ç ã o. Fa l t a r à a u l a somente em casos sérios como doenças e morte. A falta faz perder a explicação, o que pode levar ao desinteresse se o aluno não tiver disciplina e interesse em recuperar a matéria, podendo até mesmo atrapalhar o andamento dos demais

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em sala de aula. ESTUDO - proporcionar um local adequado para o estudo e para também fazer os trabalhos e temas diários. Cabe aos pais ajudar os lhos e afastar os irmãos menores nesse momento. O estudo é a maior herança para os lhos. LIMITES - deixar claro que para o bom aluno, tem o momento certo para conversar e dar opiniões, para não atrapalhar a aula e o aproveitamento dos demais colegas. Nós, pais, devemos estabelecer os limites, assegurar que os lhos entenderam os limites estabelecidos e cobrar deles essas atitudes que envolvem respeito ao outro. Um exemplo prático é estabelecer limites quanto ao horário para brincar, para assistir à TV, utilizar o computador e passear. A obrigação deve ser colocada em primeiro lugar. Devemos saber que as ordens e a paciência dos pais e professores são constantemente testadas pelos educandos como lhos e alunos. E eles sabem muito bem como ultrapassar os limites. É só descuidar-se. PARTICIPAÇÃO - os lhos sentem-se valorizados quando seus pais se envolvem em seu ambiente escolar. Opor tunidades de envolvimento existem, tais como - pais amigos da escola, associação de pais e professores, palestras (dar e/ ou assistir) e colocar seus talentos como pro ssional à disposição da escola. Essa participação é um bom exemplo de cidadania. DISCIPLINA - o futuro pessoal e pro ssional dos lhos depende do esforço, do aproveitamento dos ensinamentos repassados, do estudo e da leitura. Deve-se deixar de lado a preguiça, a acomodação e até mesmo por vezes o lazer, pois as brincadeiras são mais atraentes que o estudo. O compromisso de olhar os cadernos, acompanhar os trabalhos e períodos

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de provas é de responsabilidade dos pais, e não de babás ou empregadas. O educando sente, como lho e como aluno, quando há desinteresse por parte dos responsáveis por eles. Estudar é obrigação, é o trabalho deles, e não se deve remunerar o mero cumprimento do papel de estudante. Ter disciplina leva ao bom relacionamento com colegas e com certeza a um melhor relacionamento pro ssional no futuro. DIÁLOGO - uma boa conversa resolve muito e com ela sabemos o que a outra parte quer e espera. Temos dois ouvidos e uma boca. Sem diálogo, o relacionamento pais, lhos e e s co l a c a p re j u d i c a d o. Co m o d i á l o g o, deixamos claro o que cabe aos pais, à escola e aos lhos e alunos. E sempre um diálogo respeitoso seja entre pais e lhos ou entre pais, lhos e escola. AUTORIDADE - cabe aos responsáveis a autoridade visando ao bem maior, afastar o que não é saudável. A autoridade deve ser exercida preferencialmente por meio da conversa e, se for necessário, deve-se fazer uso da rispidez para evitar um mal maior. É comum os pais que chegam exaustos do trabalho impor as coisas, sem explicar os motivos. A falta de explicação gera contestação por par te dos lhos e, conseqüentemente, há o desgaste emocional nesse relacionamento. Exercer-se a autoridade, mas, quando exercida com amor, torna-se mais fácil aceitá-la. Lembre-se: Autoridade e nunca Autoritarismo . AMOR - em tudo deve existir. O amor na família, na escola, dos pais, dos professores e dos educandos como lhos e alunos. Se o amor for demonstrado por meio de atos e palavras, os problemas serão enfrentados, mas de maneira mais leve. Quem não gosta de sentir-se amado? Todos nós. Então, mãos à obra. Presidente da Seccional de Curitiba da Escola de Pais do Brasil


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A importância de aprender a esperar e ouvir: Não Shirley Hilgert

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ma das di culdades que e u p e rce b o s e r m a i s comum a mães de primeira viagem (mas também pode acontecer em casos de segundo, terceiro, quarto lho ) é a maternidade tornar-se uma prisão (palavra forte essa, mas é mais ou menos isso sim). Ou seja, o tempo passa e a vida não volta ao normal (ou pelo menos próximo disso). Para algumas mães, isto é encarado como natural, fazendo parte do pacote, mas outras se questionam se precisa mesmo ser assim e, o mais impor tante, até quando? Em muitos dos meus textos já comentei que é natural e esperado que os bebês sejam muito agarrados às mães no início da vida, pois a situação de dependência e a proximidade da dupla cria um vínculo com características únicas, mas a intensidade e a duração desta ligação, que muitas vezes parece simbiótica, onde não se encontra o limite entre um e o outro, depende, em grande parte, da forma como a mãe lida com este momento. Até os 3 ou 4 meses o bebê necessita de uma atenção bem intensa, que suga literalmente todas as energias da mãe, e aí ca difícil dar atenção ao marido, à casa e até

mesmo para si própria. Isso é totalm e n t e n o r m a l . N e s t e p e r í o d o, acontece inclusive um incremento na capacidade da mãe de comunicarse de forma quase que subliminar com o lho. Estas mudanças fazem parte do que chamamos de fase de Preocupação Materna Primária, onde ocorre uma espécie de regressão (para o bem) que permite que a mãe se aproxime do estado do bebê.

A par tir deste período, é esperado que a mãe comece a retomar, pouco a pouco, sua vida e voltar-se para suas necessidades (como mulher), o que naturalmente cria uma situação em que o bebê não mais poderá ser atendido prontamente. Quando esta transição se dá de forma gradual, o bebê vai tendo que lidar com esperas e pequenas frustrações e, desta forma, ele vai

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desenvolvendo recursos para lidar com a falta, pois aos poucos se depara com elas e desenvolve esta capacidade. Quando as mães não se permitem este afastamento, muitas vezes por pensarem que esta fase de bebê é tão gostosa e passa tão rapidamente, de alguma forma elas impedem que o bebê aprenda a esperar, o que na vida é fundamental. Nesta fase é muito bom correr e dar um colinho ou o peito, mas é importante pensar que este bebezinho vai crescer e aos dois anos, geralmente, nem mesmo a mãe vê com bons olhos uma criança que não é capaz de esperar pelo menos um pouquinho. E a capacidade de receber um não ou esperar começa a se formar desde o nascimento. No inicio, como já comentei, atender prontamente um bebê torna-o integrado e seguro, mas depois, não sendo tão e ciente , ou seja, deixando-o esperar um p o u c o, e s t a m o s a j u d a n d o - o s a tornarem-se preparados para a vida, que nem sempre é aquela tranquilidade e facilidade que se encontra no colinho de mãe. Vejo em fóruns e em conversas da vida real, crianças de um ano ou mais que ainda não permitem que a mãe faça nada e que não aceitam que outras pessoas as atendam, nem mesmo o pai e aí eu chegou à conclusão que, possivelmente, elas não venham se deparando com estas frustrações de forma gradual. Ta l v e z , n a m a i o r d a s b o a s intenções, estas famílias estejam atendendo todas as necessidades da criança, evitando todas as lágrimas de seus lhos. Sim, eu sei que é duro ver estes pedacinhos de gente que tanto amamos chorando e fazendo-os entenderem que esperar faz parte da vida, dói na gente, ou em muitos casos, irrita e cansa, mas acredite, é importante. Como tudo na vida, existe um limite e é uma experiência importante se deparar com a falta de algo que

desejamos e até mesmo precisamos. Crescer implica em se separar, em car independente, e para isso precisamos crescer por dentro e só cresce quem precisa. Quem tem tudo na mão, como e quando quer, acaba perdendo muito e sofrendo mais no futuro. Quando se cresce, ganha-se muitas coisas, mas perde-se outras. Assim é a vida. Percebo nestes muitos anos trabalhando com crianças que aqueles que são excessivamente protegidos pelos pais, sendo vistos como frágeis, no futuro tem mais di culdades para lidar com agruras da vida em sociedade, que exige dividir o brinquedo, não ser o primeiro a ser atendido, esperar, não ganhar, não fazer Claro que é ruim perder ou abrir mão de algo que desejamos, mas precisamos aprender. Renúncias que ajudam na construção da capacidade de lidar com as perdas que a vida irá nos trazer. Esta responsabilidade, de dizer acabou , não tem , não dá , espere , é dos pais e não das crianças. Mal vai fazer continuar conseguindo o que quer, na hora que quer, pelo choro. Hoje é por você, amanhã será pelo brinquedo, pelo chocolate, pra car mais na amiginha, por muitas coisas. Não, é não. O signi cado destas negativas é muito simbólico. Pense o seguinte: se você ganhasse um presente sempre que chorasse e gritasse, algo que você quisesse muito, você não choraria e se jogaria no chão a toda hora? Eu sim!!!! Então, vale a pena re etir um pouco sobre o tipo de comportamento dos nossos lhos que nós estamos reforçando. Se é o de ganhar o que quer pelo choro e gr i to o u s e é o d e e nte n d e r q u e esperar ou receber um não são coisas naturais e fazem parte da vida. É com vocês. Shirley Hilgert, mãe e escritora para o blog Top Mothers

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A Escola de Pais considera essa questão de aprender a lidar com pequenas perdas desde a infância, como fundamental na educação. Esse aprendizado sendo de forma gradativa, aos pouquinhos, levará nossos pequenos, a serem pessoas resilientes, isto é for tes diante das di culdades. E isso se faz desde pequenos, ensinando-os a esperar até que a mãe ou o pai possam atendê-la, p or exemplo. Quando maiorzinhas, poderão superar muito bem, o u p e l o m e n o s d e fo r m a mais tranqüila, surpresas que a vida possa trazer. Na vida jovem e adulta, pessoas resilientes serão com certeza, pessoas mais felizes. Resiliência é a capacidade de voltar ao normal, no menor tempo possível, após uma perda. Então, mãe, pai, façam de seus lhos pessoas for tes, corajosas. Assim estarão preparando-os para viver e conviver em nosso mundo e ser mais felizes. Não é isto que todos queremos? Por Therezinha e Luiz Mazzurana Casal DR deGramado, Canela e Ivoti

Mãe aconchega, mas também precisa ser aconchegada, mãe embala, mas precisa ser embalada, mãe faz, mas precisa ser ajudada, mãe é forte, mas também é frágil Cleusa Thewes


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Não importa se o sexo é raro. Ele não pode é tornar-se automatizado Alberto Lima

Muitos casais reclamam que a vida sexual cou pouco assídua ou sem graça . Ora, sexo raro, desde que bom, não é exatamente um problema. Quanto à graça, quem imprime ao sexo é o casal. Se ele passou a ser praticado sem alma, isso pode ser indício de que a relação foi construída sobre bases pouco sólidas ou de que os parceiros não estão cuidando bem da vida conjugal.

C

om a rotina que se estabelece na vida do casal, o sexo tende a cair na mesmice, car sem graça e rarear, certo? Erradíssimo! Caso esse seja o retrato da vida de algum casal, di cilmente terá sido na sexualidade que nasceu o con ito. O mais provável é que o declínio nesse setor da vida a dois, seja resultado de falhas do casal na avaliação das bases da união, antes de consolidá-la, ou nos cuidados com a intimidade conjugal, posteriormente. O sexo não anda sozinho, da mesma forma como a despensa não volta a car suprida sem que providências sejam tomadas ou o vaso não volta a ter ores, se alguém não as coloca lá. O que quero dizer é que, tomada isoladamente, a assiduidade das relações sexuais não é termômetro para medir o sucesso ou o fracasso de uma relação. No período quente , de intenso envolvimento emocional, comum nos primórdios de uma relação, a sexualidade de fato ocupa enorme espaço. É muitas vezes, a principal forma de contato entre amantes. Natural. Nessa fase, ainda paira certo mistério entre eles, pois não se

conhecem direito. Disso resulta, inclusive, que as pessoas reais acabam por ser sobrepostas ou preenchidas pelas projeções e idealizações do outro.

O enlevo que costuma acompanhar tais idealizações cria uma aura de magia, que di cilmente sobrevive depois que os parceiros passam a se conhecer bem. O que entra no lugar dessa magia, porém, é algo ainda melhor: a consciência, o chão seguro, a chance mais cer teira de que a paixão se transforme em amor. O sexo, como modalidade de contato, deixa de ser um veículo que leva ao paraíso e passa a ser uma maneira de se abrir para o outro e para si mesmo, aproxima-se da verdade e afasta-se da cção. Vencida essa etapa, a preservação da motivação sexual será a prova de que a relação está destinada ao sucesso. Daí a importância de se avaliar com calma o terreno antes de um casamento, dando o tempo necessário para que as bases mais sólidas da relação tenham sido checadas. Garantido o chão, uma redução na assiduidade das relações não será indício de perda de motivação, desde que os parceiros tenham tido o cuidado de substituir a quantidade pela qualidade. Amores maduros trazem sexo melhor, mais intenso,

mais degustado ainda que mais raro. Que o sexo caia na mesmice também não é necessariamente uma má notícia. Onde não se preserva o mesmo não se tem noção de identidade. Não falo de cristalização, mas de um processo em movimento e evolução, embora conhecido. O problema é quando a mesmice se traduz por ausência de alma . O corpo comparece à cena feito um autômato, sem que a pessoa inteira esteja presente. Mesmice com alma é vida pulsante. Mesmice sem alma é morte. Por m, não faz sentido dizer que sexo cou sem graça , porque ele não é sujeito, não pode car ou deixar de car bom ou ruim. O sexo é função do relacionamento e só existe quando colocado em movimento pelas pessoas nele interessadas. A graça é algo que se imprime a ele, da mesma forma que se confere graça à decoração de uma casa, quando se investe energia psíquica nessa empreitada. A cor de uma residência, o alimento nela ser vido, a vida cultural da família, a qualidade da sexualidade de um casal tudo isso expressa a visão de conjugalidade dos parceiros. Há que se cuidar dessa visão com car inho, para que se mantenha consistente a cheia de graça. Publicado na Revista Caras, Edição 990 26/10/2012. Alberto Lima, psicoterapeuta de orientação junguiana, é professor-doutor em Psicologia Clínica e autor de O Pai e a Psique (Editora Paulus) e de Alma: Gênero e Grau (Editora Devir).


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Ansiedade de separação Transtorno pode ocorrer com crianças e jovens exigindo atenção especial do adulto e busca de apoio profissional.

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t ra n s to r n o co n h e c i d o co m o Ansiedade de Separação é mais comum em crianças e muitas vezes seus sintomas não são facilmente identi cados principalmente no período imediatamente anterior ou posterior à separação, quando muitos problemas práticos exigem a atenção e o esforço dos pais. O simples medo de separar-se da mãe, pai ou qualquer outra gura de forte ligação afetiva não é, por si só, sinal de patologia emocional. Pelo contrário, é um fenômeno normal no desenvolvimento infantil, surgindo naturalmente por volta dos 1O meses de idade e persistindo até a idade pré-escolar. Só signi ca realmente um problema quando impede a realização das atividades cotidianas normais. A criança se recusa a ir para a escola, evitar passear na casa de amigos, participar de excursões. Até mesmo o sono pode ser prejudicado, inclusive com aparecimento de pesadelos repetidos. O sofrimento excessivo ou antecipado diante da possibilidade de se separar dos pais ou

pessoas de vinculação afetiva é sintoma importante. Se a separação realmente acontece, as crianças manifestam o desejo insistente de saber o paradeiro dos pais e sentem necessidade de permanecer em contato constante, como por exemplo, através de telefonemas repetidos. Este transtorno é mais freqüentemente

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diagnosticado na pré-puberdade, quando algumas crianças chegam a somatizar o problema apresentando febre, diarréia e vômito. Outros sintomas incluem preocupação excessiva com algo de mal que possa acontecer a si mesma ou aos pais, recusa em ir à escola e relutância em dormir sozinha. Quando essas crianças com Tr a n s t o r n o d e A n s i e d a d e d e Separação estão fora de casa, elas tendem ao retraimento social, apatia, tristeza ou di culdade para concentrar-se no trabalho, estudo ou brincadeiras. Dependendo da idade, podem manifestar medo de animais, monstros, do escuro, de ladrões, bandidos, seqüestradores, acidentes automobilísticos, viagens aéreas e outras situações percebidas como perigosas para a integridade, sua própria ou da família. Preocupações com a morte e o morrer são comuns. Este comportamento dependente pode provocar ressentimento e con ito na família. Às vezes, as crianças com o transtorno de ansiedade são descritas como excessivamente meticulosas, obedientes e ávidas por agradar. Este transtorno pode preceder o desenvolvimento de transtorno de pânico. Fique atento!

Diversos sintomas, tanto na esfera psicossomática quanto na área comportamental, revelam o sofrimento dos lhos.

Fonte: Ballone GJ, Transtorno de Ansiedade de Separação na Infância, in. PsiqWeb Portal da Psiquiatria, Internet, http://virtualpsy.locaweb.corn br

ALGUNS SINTOMAS DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência

ou previsão de afastamento de casa ou de guras importantes de vinculação;

 preocupação persistente e excessiva acerca de perder ou sobre possíveis perigos envolvendo guras importantes de vinculação;

 preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma gura importante de vinculação (perder-se ou ser seqüestrado);

 relutância persistente ou recusa a ir para a escola ou a qualquer outro lugar;

 temor excessivo

e persistente ou relutância em car sozinho ou sem as guras importantes de vinculação em casa ou sem adultos signicativos em outros contextos;

 relutância ou recusa persistente a ir dormir sem estar próximo a uma gura importante de vinculação ou a pernoitar longe de casa;

 pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação;  repetidas queixas de cefaleias, dores abdominais, náusea ou vômitos quando ocorre separação de guras importantes.


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As cinco linguagens do amor Que bom quando nos apaixonamos por alguém! Os nossos sentimentos são tão fortes e queremos fazer tudo para agradar ao outro. Não somos conscientes dos seus defeitos e fraquezas e estamos convencidos que vai ser sempre assim. Na realidade, depois de um tempo de estarmos apaixonados (talvez dois anos), os nossos sentimentos mudam. Começamos a ver coisas no nosso cônjuge que nos irritam, e não estamos dispostos a fazer tudo que ele quer. Pelo contrario, é difícil agradar ao outro quando não queremos. Gary Chapman

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ue bom quando nos apaixonamos por alguém! Os nossos sentimentos são tão fortes e queremos fazer tudo para agradar ao outro. Não somos conscientes dos seus defeitos e fraquezas e estamos convencidos que vai ser sempre assim. Na realidade, depois de um tempo de estarmos apaixonados (talvez dois anos), os nossos sentimentos mudam. Começamos a ver coisas no nosso cônjuge que nos irritam, e não estamos dispostos a fazer tudo que ele quer. Pelo contrario, é difícil agradar ao outro quando não queremos. Vasos vazios Emocionalmente todos nós somos como vasos vazios que precisam de ser preenchidas com amor, mas somos preenchidos em m a n e i ra s d i fe re nte s. Pa ra u m a pessoa, receber ores e prendas vai preencher a sua necessidade de amor. Para outra pessoa, intimidade física signi ca que é amado. Precisamos aprender como suprir as profundas necessidades de

amor do parceiro. Basicamente as pessoas sentem-se amadas através de uma ou várias das seguintes maneiras: PRIMEIRA LINGUAGEM DO AMOR: PALAVRAS DE AFIRMAÇÃO Elogios verbais e palavras de apreciação são poderosos comunicadores do amor. São os melhores comunicados em forma de expressão direta e simples, como: Você cou tão elegante com esse terno ; Você está muito bem com esse vestido ; Ninguém faz essas batatas melhor que você . Não sugiro que use de bajulação para conseguir o que deseja de seu cônjuge. O objetivo do amor não é obter o que se quer, mas fazer algo pelo bem-estar daquele a quem se ama. É verdade, porém, que ao recebermos palavras elogiosas, de a rmação, tornamo-nos mais motivados a sermos recíprocos e a fazermos algo que nosso cônjuge deseje. Além de elogios verbais, outra maneira de expressar palavras de

a rmação é com palavras encorajadoras. Em determinadas fases da vida todos nós nos sentimos inseguros. Não possuímos a coragem necessária, e esse medo impede-nos de realizarmos certos atos positivos que gostaríamos de concretizar. O potencial latente do seu cônjuge, nestas áreas de instabilidade, talvez espere suas palavras de encorajamento. O perdão não é um sentimento, mas um compromisso. É a opção de se mostrar misericórdia e não de se jogar a ofensa no rosto do ofensor. Perdão é uma expressão de amor. SEGUNDA LINGUAGEM DO AMOR: QUALIDADE DE TEMPO Ter um tempo de qualidade com seu cônjuge. Querer ser alvo da sua atenção, que lhe dedique mais tempo e possam realizar algumas atividades juntos. Qualidade de tempo signi ca dedicar a alguém sua inteira atenção, sem dividi-la. Não é sentar no sofá e assistir TV. É assentar-se ao sofá, com a TV desligada, olhar um para o outro e conversar, no processo de dedica-


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ção mútua. É dar um passeio juntos, só os dois. É ambos saírem para comer fora. O aspecto central da qualidade de tempo é estar sempre juntos. Não quero dizer simples proximidade. Duas pessoas sentadas em uma mesma sala estão próximas, mas não necessariamente juntas. O estar junto tem a ver com o focalizar a atenção. Uma conversa de qualidade deve envolver disposição para ouvir e aconselhar, quando solicitado, e jamais de forma arrogante. Dicas para uma conversa de qualidade: - Procure olhar nos olhos do seu cônjuge quando ele lhe falar (ajuda a não divagar e comunica atenção); - Não faça outra coisa enquanto ouve seu cônjuge; - Escute o sentimento . Pergunte-se o tipo de emoção que seu cônjuge sente no momento. Certi que-se de que seu pensamento está correto - Observe a linguagem corporal. Punhos cerrados, mãos trêmulas, lágrimas, cenho franzido indicam o sentimento; - Recuse interrupções. Se eu lhe dedicar minha total atenção enquanto você fala, evitarei defender-me a m de fazer-lhe acusações. Meu objetivo é perceber seus sentimentos e pensamentos. O alvo não é auto defender-me ou permitir que você ganhe uma discussão. A intenção é compreender o outro. TERCEIRA LINGUAGEM DO AMOR: RECEBER PRESENTES Antes de comprarmos um presente para alguém, pensamos naquela pessoa. O objeto em si é um

símbolo daquele pensamento. Não importa se foi caro ou barato. Símbolos visuais do amor são mais importantes para uns do que para outros. Por esse motivo, existem os que, após se casarem, nunca mais tiram a aliança porém, também há alguns que nem chegam a usá-la. Essa é uma evidência de que as pessoas possuem linguagens do amor diferentes. Quem tem essa linguagem vive grandes emoções ao receber presentes. Vê neles expressões de amor. Sem lembranças como símbol o s v i s u a i s, o a m o r d o c ô n j u g e poderá até ser questionado. Se a primeira linguagem de seu cônjuge for receber presentes , você deve se tornar um expert nessa área. Não espere uma ocasião especial. Se esta for a primeira linguagem de seu cônjuge, praticamente tudo o que você lhe conceder será recebido como expressão de amor. S e ele foi muito cr ítico em relação aos presentes que recebeu no passado, então essa é uma grande dica de que receber presentes não é a primeira linguagem do amor do seu cônjuge. A presença do cônjuge, em tempos de crise, é o maior presente que se pode dar a um cônjuge cuja primeira linguagem do amor seja receber presentes. Q UA R TA L I N G UAG E M D O AMOR: FORMAS DE SERVIR É fazer aquilo que você sabe que s e u cô n j u g e g o s t a r i a q u e vo cê zesse. É procurar agradar realizando coisas que ele aprecia, expressando amor através de diversas formas de servir. Jesus deu uma ilustração

simples, porém profunda, ao expressar amor através de uma forma de serviço quando lavou os pés dos discípulos. Q U I N TA L I N G U A G E M D O AMOR: TOQUE FÍSICO No casamento, o toque de amor existe em várias formas. Considerando-se que os receptores ao toque localizam-se por todo o corpo, um afago amoroso em qualquer par te pode comunicar amor a seu cônjuge. Seu cônjuge apreciará alguns toques mais do que a outros. Aprenda com ele. Não insista em tocar de seu jeito e em seu tempo. Aprenda a falar o dialeto do outro, pois alguns toques podem ser considerados desconfortáveis ou irritantes. Não caia no erro de achar que o que lhe traz prazer também trará a seu cônjuge. As crises propiciam uma o p o r t u n i d a d e s i n g u l a r p a ra s e expressar amor. Toques afetuosos serão lembrados muito tempo ainda após as di culdades terem passado. Porém, a ausência de seu toque talvez jamais seja esquecida. Um gostoso cafuné, andar de mãos dadas, abraços apertados ou não, relações sexuais, tudo isso faz parte das necessidades de quem possui o toque físico como sua primeira linguagem do amor. Por que não falar com o seu cônjuge e tentar descobrir o que você pode fazer para ele sentir-se amado por si, e o que ele pode fazer para você sentir-se amada por ele? As cinco linguagens do amor de Gary Chapman (extraído e adaptado)


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Os contos de fada Sua lha quer ser uma princesa? Andressa Basílio

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se você perguntar para a sua lha como seria uma princesa? Em uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), as respostas foram: magra, linda, bondosa, tem cabelos longos e, é claro, um príncipe para chamar de seu. Durante um ano, a antropóloga Michele Escoura, responsável pela pesquisa, estudou a in uência das princesas da Disney em crianças e descobriu que as meninas se identi cam mais com as personagens clássicas, como Cinderela e Bela Adormecida, as mesmas que ajudam a reforçar estereótipos de feminilidade. Em sua pesquisa observacional, feita com 200 crianças na faixa dos cinco anos de três escolas no interior de São Paulo, a antropóloga percebeu que muitas crianças, independentemente da classe social, tinham algum material escolar com temática das princesas, de lápis à mochila, e que isso servia para que elas mesmas se rea rmassem para as pessoas

como meninas. Uma das metodologias de pesquisa envolveu a exibição de dois lmes da Disney para as crianças: Cinderela, uma princesa mais tradicional que está sempre à espera de alguém para resolver seus problemas, e Mulan, que tem comportamento mais rebelde e próativo. Ao nal da exibição, Michele formou uma roda de discussão com as crianças e percebeu que muitas delas não percebiam a Mulan como princesa porque tinha roupas 'feias', não usava maquiagem e, principalmente, porque ao nal do lme não cava claro se a personagem havia se

casado. Elas tinham mais identi cação com a Cinderela, sabiam de cor todas as falas do lme. Já a Mulan, q u e e ra u m a p r i n ce s a c h i n e s a , poucas haviam assistido ao lme. Quando pedi que elas representassem no papel a parte do lme que elas mais gostaram, uma das crianças desenhou a Mulan com cabelos loiros , conta Michele. A problemática estabelecida pela antropóloga é a de que há p o u c o e s p a ç o p a r a a p re n d e r a diversidade no dia a dia das crianças e isso começa a se manifestar primeiro dentro de casa. Quando uma menina nasce tem toda aquela imagem de que ela é delicada, meiga, uma princesinha. Menina gosta das princesas e da Barbie, meninos do Ben 10 , de ne a pesquisadora. Mundo cor de rosa Mas qual o problema da sua lha gostar das princesas da Disney? Ter bonecas Barbie? Adorar vestir roupas cor de rosa? Nenhum, se os pais tiverem consciência de que é preciso criar crianças mais abertas a enxergar outros referenciais. Michele

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Escoura discute que lmes, músicas e produtos não podem ser a única fonte de informação sobre o que é ser feliz. As princesas da Disney carregam consigo um conteúdo que acaba funcionando como uma restrição da idéia do que é ser humano, enquanto mulher. É necessário garantir que a formação das crianças tenha também outros tipos de exemplos. A diversidade existe, e as crianças devem saber que não há apenas uma maneira de ser feliz, bonita e aceita , conclui a antropóloga. Para a psicóloga infantil Vera Blondina Zimmermann, da Unifesp, tudo começa com os pais e são eles que devem, antes de mais nada, fazer uma re exão sobre como estão criando seus lhos. É difícil perceber onde acertamos ou erramos quando estamos educando, mas sempre cabe a re exão: ' O que eu quero passar para os meus lhos? Que valores eu gostaria que eles tivessem? Que tipo de mulher ou homem eu quero que eles se tornem?'. É assim que vamos percebendo se o que estamos fazendo vai ao encontro disso ou não , re ete. A não segregação de gênero é muito

bené ca, principalmente quando o assunto é brincar. Quando você estimula seu lho a se divertir com vários tipos de brinquedos, dá a ele a chance de desenvolver habilidades que vão ser importantes para o futuro dele, incluindo até a escolha da carreira. Se uma menina se diverte com blocos, ela tem mais chance de conseguir um desempenho melhor se pensar em ser engenheira; se tiver carrinhos, vai desenvolver mais a motricidade e o pensamento espacial e pode ser uma melhor motorista, por exemplo. O menino que br inca com bonecas pode ter mais facilidade para se relacionar com outras pessoas e entender melhor as mulheres. É importante entender que meninos não vão assumir o papel das meninas e vice-versa. Eles vão dividir e isso é muito saudável. Publicado por Andressa Basilio na Revista Crescer Online, abril de 2014.

‘'A qualidade do pensamento é à base da qualidade de vida.'' Maria Tereza Maldonado

''Para cuidar bem dos outros, não é preciso abandonar-se.'' Maria Tereza Maldonado


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São Marcos sedia a Revisão Regional da Escola de Pais do Brasil – região Nordeste Ocorreu em 12.04.2014 a revisão regional da Escola de Pais – região nordeste, com a presença de representantes das EPBs de Caxias do Sul, Gramado/Canela e São Marcos. Durante o evento foram discu dos diversos assuntos rela vos aos interesses das Seccionais, bem como sobre os novos temas que serão incorporados aos Círculos, em con-

sonância com as orientações emanadas pela Diretoria Execu va Nacional, discu das e divulgadas na revisão Nacional ocorrida em Itaici-SP. Também importante frisar a brilhante palestra proferida pelo Pe. Tadeu Libardi o qual encantou os presentes com o tema “Escolhendo Caminhos”. A revisão foi um sucesso !!

Fotos do Grupo no Monte Calvário, em momento de oração no intervalo das a vidades da revisão

3º Seminário da EPB de São Marcos A EPB São Marcos, ao ensejo de comemoração de seus 10 anos de existência em São Marcos, programou e realizou em 26 de Novembro de 2013 um grande seminário, tendo como painelistas Ivo Pioner que falou em nome da Escola de Pais e Frei Jaime Be ega que discorreu sua fala com o tema “Valores do ser humano na sociedade de hoje”.

Composição da mesa principal no seminário (esq. para dir.), Eliana e Flavio (casal DR), Demétrio Lazare (Prefeito Municipal), Frei Jaime Betega, Liete e Marcílio (Casal Presidente) e Claire e Ivo Pioner (casal RN)

Publico presente no seminário

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Seccional de Canela A EPB Seccional Canela realizou no período de 08 de abril à 27 de maio de 2014, um Ciclo de palestras na Escola Estadual de Educação Básica CIEP. O ciclo foi coordenado por Mônica Lied Felippetti. Pelos relatos e debates nos encontros observamos que houve crescimento do grupo que participou. Os círculos mais intensos foram ação educativa na ado-

lescência e sexualidade humana.

Alguns comentários dos participantes: Gostei muito da liberdade e informalidade dos encontros, permitindo a participação de todos. Foram bastante positivas. Sr. Marino

Aprendi que podemos mudar a maneira de agir, ser diferente e melhorar o relacionamento. Sr. Leomar Compreendi que precisamos apreciar o entendimento do mundo pelo adolescente. Sr. Leandro E nós, enquanto participantes da EPB, aprendemos a cada encontro, a cada círculo acrescentamos algo nesta incrível caminhada e agradecemos a Deus as bênçãos derramadas sobre nossas famílias. Sabemos que nosso trabalho é de formiguinha, mas continuamos porque acreditamos que podemos fazer a diferença na construção de um mundo melhor.

Encontro em Canela, na Escola Neusa Mari Pacheco, em 2014

Seccional de Gramado O trabalho da Escola de Pais acontece em Gramado desde 2001, quando foi fundada nossa seccional. Formamos assim uma equipe de oito casais que, até o presente momento já realizou nas escolas do município, 29 círculos de estudos, sendo cada um com 08 semanas consecutivas, atingindo assim um total de 237 encontros de aproximadamente

duas horas cada um. Em 2014, nossa seccional realizou um círculo com 09 encontros, no primeiro semestre na escola de Educação Infantil CAIC e nesse semestre, realiza na Escola Pompéia da Serra Grande, sob coordenação de Neusa e Mário Ecker.

Revisão de estudos e aperfeiçoamento das equipes da Escola de Pais do Brasil, em Camboriu em 2014, com a presença de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Gramado se fez presente com 04 casais. Muito aproveitamento e entusiasmo.


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Seccional de Caxias do Sul Atividades 2014 A Escola de Pais do Brasil, seccional de Caxias do Sul durante o ano de 2014 está realizando círculos em dois projetos diferenciados. Para atender a uma solicitação da Secretaria Municipal da Educação em Projeto Pais na Escola. A Escola de Pais pelo currículo e experiência que possui foi convidada pela Secretaria para se integrar neste projeto de educação. Os círculos acontecem nas escolas abaixo nomeadas sob a coordenação dos seguintes casais: - Adriana e Ivandro Pioner – E.M.E.F Papa João

XXIII e E.M.E.F. Profª Ester Benvenu - Evanir e Otávio Bernardi – E.M.E.F José Protázio de Souza e E.M.E.F. Villa Lobos - Clair e Sidnei Cunico – E.M.E.F. Ramiro Pigozzi e E.M.E.F. Luiza Morelli. - Liane Beatriz e Sergio Ribeiro – E.M.E.F. Basilio Tecacenco e E.M.E.F. Luiz Antunes - Karla e Vagner Marçal – E.M.E.F. São Vicente de Paulo e E.M.E.F. Profª Leonor Rosa (foto abaixo). São 10 Escolas Municipais cujos pais e responsáveis estão recebendo a mensagem da Escola de Pais.

Foto de Karla Marçal na parceria EPB com a Escola para Pais da Secretaria de Educação de Caxias do Sul

Projeto Pescar Outra parceria em que a EPB seccional Caxias do Sul está inserida é o Projeto Pescar que é desenvolvido junto a empresas e en dades mantenedoras do projeto. O Projeto Pescar foi criado com o intuito de que adolescentes em situação de vulnerabilidade social possam ser inseridos numa sociedade melhor e capacitados para o primeiro emprego. O curso funciona em turno inverso a escola. Pode ser numa empresa comercial, industrial ou prestadora de serviços. Os pais e responsáveis destes adolescentes são contemplados com os círculos da EPB, a fim de adquirir maiores conhecimentos sobre a fase da adolescência em que os filhos se encontram. Assim acontece uma formação completa na família. Filhos e pais sendo integrados numa sociedade melhor e capacitados para a cidadania. Os Círculos junto ao Projeto Pescar estão sendo coordenados pelo casal Claire e Ivo Pioner nos seguintes locais: - CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas.

- Hospital Pompéia. - PCP - Produtos Siderúrgicos Ltda. - Expert Alimentação Ltda. - Paróquia São José - Bairro São José

Casal Claire e Ivo Pioner coordenadores junto ao Projeto Pescar


RETALHOS SOBRE O AMAR E O EDUCAR “A primeira idéia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e mal. E a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade.” - Maria Montessori “Sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá­los para plantar as mais belas sementes no terreno de sua inteligência.” ­ Augusto Cury “Desenvolver força, coragem e paz interior demanda tempo. Não espere resultados rápidos e imediatos, sob o pretexto de que decidiu mudar. Cada ação que você executa permite que essa decisão se torne efetiva dentro de seu coração.” Frase de Dalai Lama para inspirar educadores em todo o mundo e incentivar a educação

“Há críticas maravilhosas, belíssimas. Elas nem seriam críticas, mas verdades ditas em momentos de encontro, de orientação, de ajuda, de troca. Quem critica bem, critica a sós. Chama o outro e diz: "Olha, assim não tá legal. Você tem capacidade de fazer diferente, de fazer melhor. Que tal tentar de novo; fazer outra vez?" Quem critica positivamente, critica mansamente,

pensando em acertar, em elevar o outro.” - Maria Helena Brito Izzo “A arte da existência não se ensina somente, nem principalmente pela palavra. É pela existência que se ensina os jovens a existir. É importante que, por detrás de cada palavra, haja um peso de verdade vital e que seja incontestável. Mais cedo ou mais tarde, o lho vai ver a realidade da vida de seu pai. Esta é a razão pela qual a mediocridade não é permitida para aqueles que desejam ou já são, pai ou mãe.” Padre Paul Eugènne Charbonneau, canadense, cofundador da Escola de Pais..

Em um Congresso da EPB, Charboneau, sacerdote co-fundador da EPB, visivelmente emocionado, demonstrando querer falar ao coração ou à alma dos casais presentes, após sonoro soco na mesa, bradou:

“ Se querem ser pais de verdade, amem-se, vocês dois.” “A vida são deveres que trouxemos para fazer em casa. / Quando se vê, já são seis horas. Quando se vê, já é sexta-feira. Quando se vê, já é Natal. Quando se vê, já terminou o ano. / Se me fosse dado um dia, uma oportunidade, eu teria feito tudo bem melhor.” Mário Quintana

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Brigas entre os pais geram insegurança para os lhos Ceres Araujo

"Brigas entre o casal, são sempre nocivas aos lhos, na presença deles ou não. As crianças têm sensores de alta precisão, pois sabem "ler" a mente dos seus pais. As palavras, os gestos e o tom de voz podem sinalizar a hostilidade. As brigas sempre acarretam um nível de estresse elevado que afeta a criança, gerando sofrimento e medo. Quando as brigas são constantes, esse estresse se transforma em um estresse crônico e p o d e t ra z e r s i n to m a s e d o e n ça à criança" As relações interpessoais são sempre relaçõ es delicadas. O ser humano necessita do outro para se desenvolver e todo o seu comportamento é modelado pelas trocas afetivas e intelectivas, que ele aprende a fazer ao longo da vida Q u a nto m a i s p róx i m a s s ã o a s relações entre as pessoas, mais delicadas também são, pois um maior envolvimento afetivo, necessariamente, estará em jogo. É na família que se tem o aprendizado das relações amorosas, assim como também é na família, que se tem o aprendizado de relações hostis. Na família, uma relação conjugal viva, favorece muito o desenvolvimento dos papéis de mãe e de pai. Ver os pais de mãos dadas é tranquilizador e mesmo apaziguador para quaisquer fantasias de perda da criança. É evidente que os lhos apreciem muito ver os pais em harmonia.

É preciso deixar claro, porém, que discutir não é brigar, pois antes e depois de se constituírem como casal, existem duas pessoas com suas próprias identidades, o que signi ca: interesses, desejos e motivações que podem ser diversas. Para se constituírem como casal, a nidades são importantíssimas, mas as diferenças também são atraentes e podem trazer ganhos consideráveis ao relacionamento. As diferenças, entretanto, trazem discussões muitas vezes. Discussões e brigas são fatos bem diferentes. As d i s c u s s õ e s p o d e m s e r s a u d á v e i s. Debates entre o casal de pais pode ser até interessante para que o lho perceba que existem pontos de vista diferentes sobre os mesmo temas e que consensos podem ser atingidos. O lho pode aprender com o comportamento dos pais a ser exível, pode veri car que o ceder e aceitar o ponto de vista do outro é também legítimo. As brigas entre o casal, entretanto, são sempre nocivas aos lhos, na presença deles ou não. As crianças têm sensores de alta precisão, pois sabem "ler" a mente dos seus pais. As palavras, os gestos e o tom de voz podem sinalizar a hostilidade. As brigas sempre acarretam um nível de estresse elevado que afeta a criança, gerando sofrimento e medo. Quando as brigas são constantes, esse estresse se transforma em um estresse crônico e pode trazer sintomas e doença à criança.

As brigas entre o casal trazem, com frequência, a desquali cação das pessoas. As pessoas que exercem os papéis parentais cam denegridas, desvalorizadas e são elas que constituem os modelos de identidade para o lho. Na infância, é importantíssimo que as guras parentais sejam valorizadas e mesmo idealizadas, para que a criança se sinta segura, protegida e internalize princípios, normas e valores de conduta. Da mesma maneira, o casal constitui o modelo de par para as futuras relações do lho. Hoje a criança convive com muitos amigos que são lhos de pais separados e, frente à briga de seus pais, imediatamente antecipa a possibilidade deles se separarem e sofre pelas fantasias antecipatórias catastró cas, que passam a povoar sua cabecinha. Brigas constantes entre os pais mostram que o casamento está indo mal e nenhuma criança consegue viver ilesa, do ponto de vista psicológico, no velório de uma conjugalidade, que não mais existe mais entre os pais. A vivência de relações de hostilidade na família leva à insegurança, ao medo e, o que é muito perigoso, ao enfraquecimento dos comportamentos éticos, isto é, ao enfraquecimento do respeito e do amor ao outro e à vida. A ética depende de processos de consciência, que precisam ser instalados primordialmente na família. Psicóloga especializada em psicoterapia de crianças.


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Carta entre uma mãe que trabalha fora... E uma mãe em tempo integral Carta mãe em tempo integral Tradução por Shirley Hilgert. Extraído de The Healty Doctor, da americana Carolyn, médica e mãe de dois lhos. Algumas pessoas têm questionado o que você faz em casa o dia todo. Eu sei o que você faz. Eu sei porque eu sou mãe e porque, por um tempo, eu z isso também. Eu sei que você faz um trabalho não remunerado, muitas vezes um trabalho ingrato, que começa no momento em que você acorda e nem termina quando você vai dormir. Eu sei que você trabalha aos nais de semana e durante a noite, sem que consiga identi car claramente quando acaba o seu dia ou a sua semana. Eu sei que as recompensas existem, mas nem sempre são muitas.

Fisioterapia

Eu sei que você raramente tem tempo para uma xícara de chá ou café. Eu sei que sua atenção está sempre dividida e que quase sempre inicia uma tarefa antes de concluir a outra. Eu sei que você, provavelmente, não tem tempo de descansar, mesmo estando em casa, a não ser que tenha somente um lho e que este ainda tire sonecas durante o dia. Eu sei dos desa os que você tem que encarar diariamente, geralmente sem o apoio do seu companheiro ou de alguém que possa substituí-la. As birras, os acidentes na fase do desfralde, as batalhas travadas para alimentar os lhos, a comida jogada no chão, os lápis de cor na parede, a rivalidade entre irmãos, o bebê que parece nunca parar de chorar. Eu sei como o trabalho parece incessante, como um ciclo sem m: você compra alimentos, prepara-os, cozinha-

os, tenta alimentar seus lhos, limpa o chão, lava os pratos e repete isso de três em três horas. Eu sei que você fantasia sobre ter uma hora para si mesma para almoçar em paz ou tirar um cochilo à tarde. Eu sei que, às vezes, você se questiona se tudo vale vale à pena m e s m o e s e nte i nve j a d a s s u a s amigas que tem pausas para um café


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no meio do expediente. Eu sei que, às vezes, quando seu parceiro chega em casa à noite, após um dia de trabalho, ele quer colocar os pés para cima exatamente quando você precisa de um descanso e isso pode levá-la às lágrimas. Eu sei que você é mal vista por muitas pessoas que não percebem as di culdades de se cuidar sozinha de crianças pequenas, o dia todo, e se referem a você como alguém que está curtindo a vida. Eles imaginam que você passa o seu dia tomando café enquanto seus lhos brincam em silêncio. Eu sei que você perdeu a sua independência nanceira. Eu sei que você acha engraçado e, muitas vezes, ca irritada quando alguém proclama (Graças a Deus é Sexta) porque para você todos os dias é a mesma coisa, não há sexta-feira nem pausa alguma no trabalho. Eu sei que muitas pessoas não entendem que você trabalha você simplesmente trabalha em uma pro ssão não remunerada e em casa. Eu não sei como fazer tudo isso. Eu admiro sua paciência in nita, a sua capacidade de enfrentar cada dia com alegria e levar alegria para a vida de seus lhos mesmo quando eles a desa am. Admiro a sua dedicação em ser uma presença constante na vida de seus lhos , mesmo que isso nem sempre seja uma tarefa fácil. Admiro a sua maneira de trabalhar sem esperar qualquer recompensa sem promoções, sem fama, sem salário. Eu sei que você quer que seus lhos sintam-se importantes e amados você faz isso como ninguém. Eu apenas queria que você soubesse que eu entendo. Nós duas somos mães. E eu sei .

Carta mãe que trabalha fora Eu sei que, às vezes, você é julgada por deixar seus lhos aos cuidados de outras pessoas para ir trabalhar. Algumas pessoas, inclusive, sugerem que você não ama seus lhos tanto quanto nós, mães em tempo integral, e que é melhor para as crianças

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car em casa com suas mães. Como eles podem dizer isso de você? Eu sei que você ama seus lhos, tanto quanto qualquer outra mãe. Eu sei que voltar ao trabalho não foi uma decisão fácil. Você pesou os prós e contras, inclusive muito antes de você conceber um bebê. E esta foi uma das decisões mais importantes de sua vida. Eu vejo você em todos os lugares. Você é a médica que a quem eu levo os meus lhos quando eles estão doentes. Você é a alergologista do meu lho, aquela que diagnosticou a sua alergia a amendoim. Você é a sioterapeuta que curou o meu marido. Você é a contadora que fez as nossas declarações scais. A professora da escola primária do meu lho. A diretora do nosso centro de acolhimento de crianças. Professora de ginástica da minha lha. A corretora imobiliária que vendeu a nossa casa. E que tipo de mundo teríamos se você não estivesse lá por nós? Se você tivesse sucumbido às pressões daqueles que insistiam que lugar de mãe é em casa? Eu sei que você analisa qualquer proposta


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de trabalho para ter certeza de que ele não irá prejudicar sua família. Eu sei que você acorda uma hora antes que todo mundo, pois só assim você tem tempo de fazer algum exercício e de ter alguns instantes de silêncio. Eu sei que você já par ticipou de reuniões após ser acordado a noite to d a p e l o s e u b e b ê. Eu s e i q u e quando você chega em casa, à noite, o segundo turno começa. Os críticos não entendem que você cuida da sua família e cuida do seu emprego. Você chega em casa, faz o jantar, dá banho nos seus lhos e lê histórias para eles. Você os coloca na cama e os dá um beijo de boa noite. Você paga as contas, faz as compras do supermercado, cuida da roupa e das refeições assim como qualquer outra mãe faz. Eu sei que, muitas vezes, você se sente culpada por car muito tempo longe dos seus lhos e aí sacri ca o seu tempo livre. Eu sei que você não pode tirar um dia para si enquanto

seus lhos estão na creche ou escolinha. Eu sei que você passou a aceitar que o trabalho é o seu tempo livre agora. Eu sei que, quando você está no trabalho, você não perde um minuto sequer. Eu sei que você almoça na sua mesa, não sai para tomar um café e é totalmente dedicada ao seu trabalho. A nal, você escolheu estar lá. Eu sei o quanto você é exigente com relação a quem cuida dos seus lhos e eu sei que você só deixa seus lhos em um lugar no qual você tem certeza de que eles são amados e bem cuidados. Eu sei que você passa muitos dias cuidando de seus lhos em casa quando eles estão doentes e assim sacri ca a sua remuneração. Eu sei que você gosta secretamente destes dias e se realiza em poder estar com seus lhos. Eu sei que, às vezes, você se sente culpada por não estar lá o tempo todo, mas saiba que você está dando um exemplo maravilhoso

para seus lhos. Você está mostrando a eles que uma mulher pode ter uma carreira, contribuir de alguma forma fora de casa e ainda ser uma mãe amorosa. Você está mostrando a suas lhas que elas podem fazer o que querem fazer de suas vidas. Você está exibindo a força, a resistência, a dedicação, a tenacidade e você faz isso com muita alegria e amor. Eu apenas queria que você soubesse que eu entendo. Porque nós duas somos mães.

Shirley Hilgert, tradutora deste texto, se apresenta a seguir: Olá, sou a Shirley Hilgert, mãe do Léo. Já fui publicitária e relações públicas. Hoje me realizo nas funções de mãe escrevo em Macetes de Mãe, do Blog Topmothers. Se eu pudesse mudar alguma coisa em mim, pediria mais paciência, e se pudesse ter um desejo realizado, pediria mais tempo.


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De 0 a 3 Maria Luiza Paim Paganella

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o nascer, a criança é quem deve adaptar-se ao ambiente que a cerca. É a hora do quem é esta gente que está ao meu redor? . A medida que o tempo segue ganha um aliado importante para seu desenvolvimento, que dali em diante será seu companheiro de viagem, o brinquedo. É no chão com roupas confortáveis, que ela entra em contato com mãos e pés, gira o tronco, pernas e braços, rola, vai para frente e para trás, engatinha, experimentando diferentes sensações na descober ta do primeiro brinquedo, seu corpo. Em seguida vêm outros, mais simples e de preferência confeccionados artesanalmente, conduzindo ao crescimento físico, mental e emocional sadio. Aqui os brinquedos eletrônicos, devem car de lado, pois, além de poder assustá-los, não acrescentam nada de positivo para si. Já com o passar do tempo os brinquedos buscam o equilíbrio, no andar, subir, descer, ver quicar bola... É aí também que surge a verdade como base das brincadeiras seguindo pela vida adulta. É a vez do descalço com o intuito de sentir o chão, se irregular, macio, frio ou quente, também texturas, madeira, tecido de algodão, palha, a exceção do plástico por não acrescentar nada natural. A criança carrega dentro de si o dom de imitar. Em sendo assim é neste momento que surgem as primeiras imitações. A presença da mãe ou de uma pessoa em quem a criança con e é indispensável neste período. Aqui já

tem ritmo nas brincadeiras pois com a ajuda da mãe pode manter seus brinquedos no lugar. Mesmo ainda não criando vínculos com amiguinhos e com brincadeiras, é nesta época que começa a procurar pelo outro e propõe brincadeiras em conjunto. É o faz e desmancha. Abastecida de controle físico e emocional, centrada na coerência, seu mundo interior desabrocha moldando sua personalidade e seu jeito de ser, crescendo com con ança, segurança e compreenção. Magia, encanto, mistério enlaçam estes primeiros tempos de infância, enquanto seu pedacinho de vida, ao dar asas aos movimentos, desperta para o conhecimento do mundo que o envolve. Maria Luiza Paim Paganella Professora, Escritora e Pós-graduada em Letras.

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Dicas para educar seu lho para o futuro prossional Desde cedo os pais podem ajudar os filhos a desenvolver valores e hábitos que serão úteis em seu futuro profissional. Entre eles a responsabilidade, a disciplina e a capacidade de trabalhar em equipe Adriana Carvalho

Dê responsabilidade Responsabilidade é uma qualidade essencial para a vida e para o trabalho. Esse valor deve ser ensinado desde cedo. "As primeiras responsabilidades das crianças estão relacionadas aos cuidados com seus brinquedos e objetos de uso pessoal. A criança precisa ser convidada a guardar seus pertences, embora os pais possam ajudá-la. Deve car claro para a cr iança que os adultos a ajudam e não a criança ajuda os adultos, porque a responsabilidade é dela. Para que a criança se sinta parte da família, ela deve gradativamente ser inserida em tarefas relacionadas à organização do próprio quarto e

futuramente tarefas coletivas, como tirar ou colocar a mesa da refeição, ajudar a secar a louça, alimentar o animal de estimação etc", a rma Maria Rocha, diretora pedagógica do colégio Ápice. Ensine a traçar objetivos Tr a ç a r m e t a s e o b j e t i vo s e desenvolver estratégias para alcan-

çá-las são formas de iniciação para o empreendedor ismo, confor me a rma a psicopedagoga Edith Rubinstein. Trata-se, portanto, de uma habilidade muito importante a ser desenvolvida, já que sair-se bem na vida pro ssional não signi ca apenas conquistar um emprego em uma empresa, mas pode incluir também abrir seu próprio negócio, ou seja, empreender. "Uma criança pequena que já conheça os dias da semana pode ser estimulada a planejar uma atividade que pretenda desenvolver no nal de semana. Essa atividade demanda antecipação, imaginação, organização. Ela poderá, com a ajuda do adulto, antecipar os


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passos necessários para atingir seu objetivo. Por exemplo, se quiser ir ao cinema com amiguinhos, ela pode ser mediada para identi car as providências necessárias para fazer este programa. Esta experiência trará também a oportunidade de viver o conceito de processo e as estratégias para alcançar um objetivo, tão necessários na vida de modo geral", a rma Edith.

"Quando isto ocorre, as crianças acabam aprendendo que sempre se ganha, que sempre há um "jeitinho" para se sair bem, o que não é saudável", a rma Edith. "Pequenas doses de frustração ajudam a criança a amadurecer seu grau de egocentrismo. Seus desejos nem sempre serão atendidos, assim como na vida em sociedade e pro ssional", diz Maria Rocha, diretora pedagógica do colégio Ápice.

Ensine a ser disciplinado Ter disciplina é ter a capacidade de seguir regras e normas, de realizar as tarefas necessárias para alcançar uma meta sem desviar a atenção ou perder a motivação. O primeiro passo para que os pais tenham um lho disciplinado é sendo eles mesmos pessoas disciplinadas. É preciso dar o exemplo. "A criança imita os adultos e irmãos, portanto ensinamos a disciplina sendo disciplinados. A criança aprende o que ela vive, não só o que ouve. "O aprendizado da disciplina começa na vivência de situações do cotidiano da criança. Um exemplo está na rotina das refeições, que devem ser feitas nos locais e horários adequados. Comer olhando para a TV, para o jogo no tablet no sofá ou no chão não são experiências que contribuem para a construção da disciplina.

Preste atenção como fala de seu trabalho com as crianças Você já prestou atenção sobre como fala de seu emprego ou de seu trabalho na frente de seus lhos? Está sempre insatisfeito, reclamando e desejando ganhar na loteria para poder parar com a "tortura"? Ou, embora se expresse quando há problemas, também conta sobre as vitórias e conquistas que teve em seu emprego e sobre a importância do trabalho que exerce? Pois saiba que a maneira como você fala sobre sua vida pro ssional também afeta a imagem que seu lho vai construir sobre o que signi ca trabalhar. "Queixar-se sempre da vida pro ssional dá à criança pistas de que trabalhar é algo negativo. Quando o adulto faz o que gosta vai demonstrar que vencer desa os é algo que lhe traz satisfação. Nem sempre expressamos com palavras nossa insatisfação, mas a criança tem a capacidade de absorver nossas mensagens subliminares", alerta Maria Rocha, diretora pedagógica do colégio Ápice.

Mostre como lidar com vitórias e fracassos A vida é feita de perdas e ganhos e na trajetória pro ssional seu lho também vai vivenciar isso. "Mas nem sempre os pais conseguem mostrar esses dois lados", diz a psicopedagoga Edith Rubinstein. Os jogos e as brincadeiras coletivas constituem uma boa oportunidade para aprender que ganhar e perder são parte do jogo da vida. O importante é fazer com que as crianças sempre sigam as regras e aprendam a lidar com suas vitórias - sem rebaixar os perdedores ou se sentirem melhor que os outros - e também com seus fracassos. Por isso, nada de burlar as regras ou deixar o lho ganhar para que ele não que frustrado com a brincadeira.

Proporcione atividades culturais a seu lho Atividades culturais como ir a um museu, ao teatro, ver lmes, ler livros ampliam o conhecimento das crianças sobre o mundo. "Isso gera maior poder de argumentação, de raciocínio lógico e capacidade de resolver problemas", a rma Maria Rocha, diretora pedagógica do colégio Ápice. Mesmo quando a família não tem condições nanceiras de realizar atividades que custam dinheiro é


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possível investir na bagagem cultural: procure saber quais atividades culturais gratuitas há em sua cidade ou faça em casa algumas atividades com ele, como ler um livro ou ver um lme. "Esta formação cultural é tão importante como a formação acadêmica", diz a psicopedagoga Edith Rubinstein. Incentive as atividades em equipe Brincar ou desenvolver tarefas em equipe traz grandes ensinamentos para a criança: assumir a responsabilidade na parte que lhe cabe no jogo ou trabalho, aceitar as diferenças que há entre os membros do grupo, saber ouvir a opinião dos outros, etc. "O trabalho em equipe é um aprendizado que também começa em casa e que mostra que naquela atividade cada um tem uma função para fazer algo que seja útil para todos. Crianças mais velhas podem dividir tarefas do lar entre si e entre os adultos, por exemplo", diz a psicopedagoga Edith Rubinstein. Maria Rocha, diretora pedagógica do colégio Ápice, ressalta que se a criança não cumprir a parte dela na tarefa em equipe, é preciso deixar claro que tal atitude não foi satisfatória para as pessoas envolvidas. Por outro lado, também é importantíssimo apontar os pontos positivos, isto é, a satisfação que o grupo teve quando a criança dá sua contribuição. "O elogio por ter participado é mais signi cativo que a repreensão por não ter participado", diz ela. Adriana Carvalho escreve para o site: Educar Para Crescer

A Escola de Pais propõe mais uma dica Ensine valores imortais: verdade, honestidade, amor, fé... Por Therezinha e Luiz Mazzurana Mas como ensinar valores? O melhor caminho será sempre o exemplo. Seja pai verdadeiro; seja mãe verdadeira. Seu lho irá aprendendo a ser assim. Enquanto pequenos os exemplos são simples inspirando a con ança dos lhinhos. Vou levar para o escritório essa caneta que eu trouxe por engano. Já adolescentes, se poderá observar com eles, pontos mais fortes como por exemplo: A caixa do supermercado se enganou no troco. Vou voltar até lá, para devolver a ela. Ou: Encontrei uma carteira com documentos e R$ 200, 00. Vamos ligar para o dono. Temos aqui seu telefone. E o AMOR? Ninguém aprende amar, senão amando. Passe amor de verdade com seu jeito de viver. Seus gestos falarão por si só. Sua casa, faça dela um lar com verdadeiras trocas. Fora dele, participe com seus pequenos, seus adolescentes, de tarefas em prol de outros. E a Fé? Ela nasce no colo dos pais. É só olhar para sua história de família e entenderá sua herança de fé. Passe-a a seus filhos. Leve-os a par cipar de sua igreja e concre ze na sua casa, uma prá ca cristã. Não deixe seus filhos à deriva. O ser humano carrega dentro de si, o desejo do infinito, que só Deus pode preencher. Fale-me e esquecerei, mostre-me e talvez lembrarei, mas faze-me participar e jamais esquecerei. Queridos pais e mães, é desde a infância que se formam esses conceitos. Compete aos pais preparar o lho para a vida. A escola poderá auxiliar, mas nunca será a responsável pela formação do caráter. Tudo se constrói no dia-dia, na intimidade do lar na convivência com os pais, irmãos, avós. Com caráter bem formado, certamente seu lho terá mais chance de ser NÃO APENAS UM PROFISSIONAL DE SUCESSO, MAS UMA PESSOA FELIZ. Por Therezinha e Luiz Mazzurana, Casal DR de Gramado, Canela e Ivoti “O cristianismo não é apenas uma doutrina, mas é um acontecimento, um encontro com uma pessoa, Jesus Cristo. Desse acontecimento, desse encontro, nasce um amor, nasce uma amizade, nasce uma cultura, uma reação e uma ação nos diversos contextos da vida humana, proporcionando o encontro profundo do homem com seu Criador.” Esse encontro se mostra no cotidiano, no comer, no descansar, no conviver,no trabalhar, nos contratempos da vida. Luigi Giussani , sacerdote , pesquisador e escritor.

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Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

Rubem Alves

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érolas são produtos da dor, resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia penetra nela, as células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada. O mesmo pode acontecer conosco. Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? Você já sofreu o duro golpe do preconceito? Já recebeu o troco da indiferença? Então, produza uma pérola! Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR.

Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos e mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem. Assim, na prática, o que vemos são muitas "Ostras Vazias", não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor. Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes, vale mais do que mil palavras! O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadãohonorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

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Eduque sem bater Beatriz Acampora e Silva de Oliveira

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riar espaços para o diálogo é fundamental e isso implica em ouvir o que o outro tem a dizer. Muitas vezes a criança/adolescente tem um motivo forte e plausível para se comportar de determinada maneira. É preciso buscar compreender a intenção positiva por trás de cada ato e oferecer ajuda para criar estratégias mais e cazes e funcionais para expressar as emoções e intenções. Toda criança quer ser amada, quer fazer parte de sua família, quer se sentir importante e a agressão no lar pode jogar fora toda e qualquer possibilidade de um sentimento de pertencimento. Cada um se comporta conforme seus recursos internos; se uma criança recebe agressividade e violência das pessoas das quais espera amor, a construção do afeto se dá por outra via. Existem pais que tocam no lho s o m e nte q u a n d o é p a ra b ate r. A criança aprende que aquela é a forma de receber afeto e faz bagunça até apanhar. Você já deve ter ouvido a frase: Esse menino só sossega quando apanha . Palmada não deve ser a demonstração de afeto a ser dada a uma criança. Faz-se relevante destacar que a violência física deixa marcas psicológicas. E existem marcas na alma que são mais difíceis de cicatrizar do que as cicatrizes que o corpo revela.

A impossibilidade da criança/adolescente defender-se das agressões pode gerar sintomas psicológicos, como: depressão, apatia, irritabilidade, agitação, ansiedade, medo exagerado, di culdades de r e l a c i o n a m e n t o, a u t o - c o n c e i t o negativo, bem como sintomas físicos:dores de cabeça, náuseas, dores de barriga, bruxismo, distúrbios do sono, falta de ar, dentre outros. Há que se ter o cuidado de olhar para a questão com a compreensão de que não bater não signi ca ser permissivo. Os limites são necessários para a convivência na sociedade. Portanto, a criança também deseja limites, um olhar atento que re ete o cuidado contra os perigos do mundo . Estabelecer limites é uma forma de amar, de cuidar e proteger. A questão aqui é a forma como estes limites são estabelecidos e, para isso, é preciso rever valores. Para nalizar, algumas sugestões que podem ser úteis: Educação exige o exercício da paciência. Crie estratégias para manter a calma nas mais diversas situações. Evite gritar, converse e apresente argumentos. Pense antes de falar e gerencie as próprias emoções em prol da relação que você deseja construir. Cuidado com o exemplo negativo, o cuidador é o primeiro espelho da

criança. P e r m i t a q u e a c r i a nça/adolescente expresse suas emoções de forma saudável, construindo uma relação de diálogo, respeito e amizade. Mostre exemplos de situações semelhantes que deram certo e ou/errado. Junto com a criança/adolescente crie sanções disciplinares que sejam coerentes e de comum acordo, ou seja, medidas que serão tomadas em caso de compor tamento inadequado (previamente conversado e acordado) e que tenham relação com o determinado comportamento. Elogie o comportamento adequado e estimule-o, ou seja, em vez de focar nos erros, foque na possibilidade de acerto. D e m o n s t re a fe to, e nvo l va a criança/adolescente nas atividades da família de acordo com seu nível de m a t u r i d a d e. D e l e g u e p e q u e n a s responsabilidades. Ofereça tempo com qualidade para a família. Beatriz Acampora e Silva de Oliveira Mestre em Cognição e Linguagem, Psicóloga, Jornalista e professora Texto extraído da REVISTA PSIQUE Ano VIII - N 103 Colaboração: Liete Maria de Araujo Escola de Pais- Seccional São Marcos- RS


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Sem palmada!! Beatriz Acampora e Silva de Oliveira

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discussão acerca de como educar os lhos nos tempos modernos sem bater tem gerado discussões polêmicas. Muitos pais acreditam que uma palmada não faz mal nenhum e que impõe limites à criança. Dizer não nem sempre é su ciente e os valores passados de geração para geração podem ser um tanto rígidos quando o assunto envolve bater para educar. REFORÇO O reforço é uma estratégia que vem sendo muito útil na educação. Ele pode se dar de muitas formas: através do poder do elogio, do incentivo, de palavras positivas, sorriso, reconhecimento, apoio, aconselhamento, dentre outros. Mas é importante nunca associar o comportamento da criança ao amor/afeto recebido. A criança deve se sentir amada. Por isso, é relevante demonstrar amor com trocas de carinho físicas e verbais, que contribuem muito para que a criança se sinta valorizada. Como agir quando a criança/adolescente faz algo efetivamente considerado errado? Nesses casos, a palmada não é a melhor solução, ela pode gerar sentimentos controversos e,

ao contrário da intenção de corrigir um erro, pode criar outro problema. Assim, é importante conversar, criar uma oportunidade de diálogo não agressivo, que não desquali que a criança enquanto pessoa, mas a faça re etir sobre o seu comportamento. Se for necessário, combinar uma reparação do erro cometido que seja coerente com a idade da criança e que não implique em humilhação ou constrangimento. Uma boa forma para se lidar com crianças pequenas consiste na representação ou encenação da maneira correta de agir, ao invés de diálogos longos, gritos ou agressões físicas. As crianças gostam do lúdico e ensinar a fazer algo de forma correta pode virar uma grande brincadeira. Já o adolescente lidará com seus pais conforme aprendeu em sua infância. Se foi muito agredido física ou verbalmente poderá, nas suas relações familiares, agir com atitudes agressivas, isolamento ou até mesmo apresentando sintomas psicológicos diversos. Não existe criança-problema , ela pode caracterizar um sintoma quando há algo errado na célula familiar.


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ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS Uma criança/adolescente que apanha para que se comporte de uma determinada maneira cria estratégias comportamentais para lidar com a situação, podendo levar isso para toda a vida. Veja algumas estratégias: Entrega-se ao processo, podendo se tornar uma pessoa vitimada em todos os relacionamentos que estabelece, com medo de ser sempre agredida, fazendo de tudo para agradar ao outro ou até mesmo repetindo o padrão de se submeter a agressões. Passa a evitar toda e qualquer situação que possa acarretar uma agressão, podendo esconder seus sentimentos, desviar-se de relacionamentos, se isolar, se autopunir. Torna-se agressiva, com comportamento intolerante e irritadiço, podendo se tornar também agressora. Cada agressão recebida é devolvida e, às vezes, até mesmo ampliada. Quando os menores são agredidos física ou psicologicamente tendem a buscar fontes de satisfação e prazer compensatórios, substituindo o afeto por comida, por jogos, por drogas, dentre outros. A baixa autoestima também é uma das características de crianças e jovens que se sentem desquali cados diante do agressor. A criança age conforme as atitudes da família em que está inserida, se os valores agregam a violência, ela também fará parte do seu contexto íntimo. Portanto, se a violência é um recurso

forte, estruturado e reforçado na subjetividade do indivíduo, ela será projetada em suas relações. É certo que não há uma fórmula mágica para educar os lhos, contudo há caminhos sem volta. Ensinar pela agressão física ou psicológica, pela negligência nos cuidados, tende a gerar afastamento das relações, a suscitar comparações com outras crianças que recebem afeto e a promover uma sensação de fracasso, principalmente se a criança for alvo de agressão sucessivas vezes. DESAMPARO APRENDIDO Pode-se compreender bem a noção de fracasso sentida por uma criança que é agredida repetidas vezes. Dessa forma, quando a violência ocorre repetidas vezes, um animal ou ser humano pode chegar ao nível de desamparo aprendido, ou seja, comportando-se de forma impotente mesmo diante da oportunidade de enfrentar a situação. Crianças e jovens que sofreram perdas signi cativas em suas vidas, que sofrem abuso, que tiveram pouco afeto, tendem a apresentar di culdades escolares e de interação social. Muitos dos problemas relacionados à di culdade de aprendizagem estão relacionados à baixa autoestima, ao sentimento de ser um patinho feio , desquali cado para realizar tarefas, ao desamor validado pela violência doméstica. Apostar em um desenvolvimento saudável é investir na qualidade da relação afetiva e no vínculo familiar estabelecido. Mestre em Cognição e Linguagem, Psicóloga,Jornalista e professora Texto extraído da REVISTA PSIQUE Ano VIII - N 103 Colaboração: Liete Maria de Araujo Escola de Pais- Seccional São Marcos- RS


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Erotização precoce Regina Celi de Santana

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á estive ao lado de crianças, com cinco ou seis anos que, após um recreio, nem conseguíamos chegar perto delas! No verão, então, quanta angústia numa sala repleta de crianças suadas Seria normal, se o suor não exalasse aquele terrível cheiro de CC!!! Sinal de erotização precoce? Pode ser... A erotização infantil acontece debaixo de nossos olhos. Os pais e amigos insistem em brincadeirinhas com as crianças que levam a uma aceleração frenética do desenvolvimento Ninguém teria culpa alguma, se vivêssemos nos tempos de minha mãe, onde se aprendia na base do "vamos ver no que vai dar!" E sabe no que dá? Em muita confusão hormonal!!! Há tantas informações, hoje, no mercado sobre a questão da erotização infantil, mas isso custa mudança n o s h á b i to s U m l h o m e re ce mudanças na fala e no comportamento de seus pais. Se você quer que seu lho não tenha a aceleração hormonal que v i m o s a s s i s t i n d o, a t e n t e p a r a pequenas brincadeiras que julgamos inofensivas Se você mais do que a m a r, re s p e i t a r o s e u l h o, n ã o brincará e nem conversará, com ele sobre certos assuntos ou questões. Os hormônios borbulham

Sistemas e Equipamentos de Proteção Contra Incêndios

quando brincamos de perguntar s o b re n a m o ro o u s o b re a q u e l e beijinho que julgamos inofensivo e que, muitas vezes, constrangem os pequeninos!!! As músicas que não são infantis se tornam inadequadas, com as suas danças sensuais As roupas de adultos, cada dia mais adaptadas para as crianças fazemnas se sentirem acima da idade e parecidas com as Barbies da vida

O desrespeito começa, também, nos aniversários com o "com quem será, com quem será " que acompanha o m do "Parabéns" e que, tantas vezes, envergonham o aniversar iante Continua nos assuntos complicados de adultos enquanto elas brincam ao nosso lado e nas cenas horríveis e impróprias de novelas; na má escolha da programação infantil e no uso de pequenas peças íntimas É pintura nas meninas, o brinco no menino, as chamadas para as roupas de marcas; o dormir em meio aos pais e no

quarto deles ou meninos e meninas dormindo num mesmo quarto Eu poderia car aqui enumerando muitas e muitas outras coisas que estão fazendo as meninas menstruarem aos oito anos, sem chance de c re s ce re m u m p o u co m a i s e o s meninos acharem que namorar na primeira infância é legal, porque os pais acham bonitinho, podendo com isso, desrespeitá-las um pouquinho mais tarde!!! Eu acompanhei muito sofrimento de pais que não sabiam mais o que fazer com seus lhinhos, depois que o problema estava instalado e estabelecido! Cuide de seu bem mais precioso! A infância passa muito rápido e você sentirá arrependimento ou saudade de um tempo que inspirava cuidados e vigilância A infância é a fase mais linda de nossas vidas e as crianças estão perdendo o direito a ela, com a provação direta ou indireta de seus pais. Regina Celi de Santana é educadora, com especialização na área de Educação infantil, com mais de 40 anos de experiência.


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Experimente perdoar Maria Helena Brito Izzo

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ocê sabe qual é o ato mais difícil de ser praticado por um ser humano? Pois eu vou dizer: é saber perdoar. Usar esse verbo na primeira pessoa do presente e com ênfase eu perdoo! não é para qualquer um e para qualquer situação. Porque

o ato de perdoar exige um extremo sentimento de bondade e de pureza vindo do nosso interior mais profundo. Da alma e do coração. Exige amadurecimento e evolução. Exige grandeza de caráter e uma capacidade imensa de recomeçar do zero. Porque não adianta só perdoar, é preciso também esquecer. Não

adianta dizer que perdoa se você vai car sempre lembrando do erro cometido contra você. Por isso, perdoar é algo tão difícil. É algo tão humano que por vezes chega a tocar o divino. J e s u s C r i s to n o s e n s i n o u a perdoar 70 vezes sete. Foi uma grande lição de humildade seguida


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pelos exemplos que Ele pregou. Mas creio que naqueles tempos, sem calculadora ou computador, perdoar naquela proporção era algo sem limites. Hoje, Ele não nos diria para perdoar apenas 490 vezes, mas sim in nitamente. Se perdoar, hoje, é mais fácil do que naquele tempo, não sei. O que sei, sem dúvida, é que perdoar continua sendo algo muito difícil para os seres humanos, de modo geral. Perdoar parece ser mais difícil à medida que a pessoa que nos magoou é alguém próximo, é alguém de quem esperamos um compor tamento exemplar. Um exemplo: um pai ou uma mãe. Todo pai ou mãe, em determinado ponto da vida de seus lhos, é uma pessoa modelar, um ídolo que ser ve de referência, alguém que está acima do bem e do mal. E de quem o que menos se espera é: decepção... Mas às vezes isso acontece. Um belo dia, os lhos podem descobrir que os pais e as mães são h u m a n o s, n ã o s ã o p e r fe i t o s e, portanto, sujeitos a erros, falíveis. Como, aliás, são eles próprios. Como,

aliás, é todo mundo. Seja por ignorância, teimosia, fragilidade e, eventualmente, por amor, os pais podem errar.

Digno de compaixão Não se pode exigir de uma criança ou jovem algo que, sinceramente, nem nós mesmos às vezes somos capazes de apresentar. Mas podemos esperar que o amadurecimento e a experiência tragam a eles uma visão melhor d a re a l i d a d e e d o q u e é a v i d a . Perdoar pode ser algo muito difícil de fazer no momento da decepção, da d o r, d o d e s a p o n t a m e n t o e d a tristeza. Mas pode se tornar algo menos penoso com o passar do tempo. O tempo nos ensina que um erro grave quase sempre é cometido por uma pessoa mais frágil, em um

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momento de fraqueza e que, no fundo, quem o cometeu é, na verdade, digno de compaixão e não de um coração empedernido. Resta, por último, esperarmos que essa criança ou jovem um dia compreenda que um dos principais segredos de uma vida em paz é saber dar o perdão. Trato com pessoas em meu consultório todos os dias e sei que perdoar não é fácil. Mas também sei que muito mais difícil ainda é ter q u e v i ve r s e m p e rd o a r. J a m a i s perdoar não faz bem à vida. Perdoar, por incrível que pareça, faz bem e funciona como uma terapia. Carregar um sentimento negativo e pesado só contribui para entristecer e escurecer a nossa existência. Experimente ser um humano quase divino: experimente perdoar ao menos uma vez. Você tirará um imenso peso das suas costas e da sua alma. E o mundo pode se tornar um pouco melhor do que é. Maria helena Brito Izzo é Terapeuta familiar. Fonte: Família Cristã 907 - Jul/2011


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Família arte de cuidar Ceres e Nilton Sampaio

"Naquele dia, enquanto conversávamos, você falou do sabor de um pão que havia comido há muito tempo em um determinado dia na hora do lanche e que lembrava ainda hoje. Antes que eu zesse algum comentário, você mesma respondeu: - Acho que não era um pão especial. Era o cuidado, a mesa posta, o lanche preparado com carinho". Esse foi um momento vivido em família pondo, no pão, o sabor da lembrança. É nesses contatos interpessoais ricos de gratuidade feitos na família que se cria um ambiente de proximidade, satisfação e alegria. Família é, antes de tudo, lugar de partilha, comunhão, acolhimento, compreensão e aceitação. Lugar onde as primeiras experiências feitas têm enorme in uência na forma como cada um pessoalmente se situa no mundo. Os

pais têm um compromisso de amor para com seus lhos e amar os lhos é cuidar deles. O cuidado é a exteriorização desse amor. Cuidar implica em reconhecer que o desenvolvimento integral, a construção dos saberes, a constituição do ser, depende da dimensão afetiva e da forma como são oferecidos, tanto com os aspectos biológicos do corpo como com a saúde. O mais importante no cuidado humano é ajudar o outro a se desenvolver como ser. Na família, os pais, comprometidos em cuidar dos lhos, deverão ajudá-los a pensar em sintonia com a verdade e com o bem. Para isso, precisam conhecê-los, acompanhar cada fase do seu desenvolvimento, oferecer-lhes oportunidades cotidianas de aprendizagem que lhes permitam desenvolver o seu espírito crítico para serem capazes de escolher acertadamente. Um dos fundamentos do cuidado é a capacidade de conhecer profundamente a pessoa que está sendo cuidada, prestar

ate n ç ã o p a ra p e rce b e r q u e e l a precisa. Cuidar também é fazê-lo sentir que é um bem, é proclamar o seu merecimento. É o afeto que se expressa no elogio, no toque, no olhar, nos pequenos gestos de ternura e carinho. Pr e p a r a r u m j a n t a r, t i r a r a mancha de uma roupa ou ter no armário o lanche preferido de cada um são pequenos atos do cotidiano que na verdade signi cam muito na vida familiar. É o cuidar que se faz diariamente muito mais importante do que os grandes gestos praticados em datas especiais. O afeto traça e c r i a l a ço s f a m i l i a re s q u e s e rã o semeados e acalentados no dia a dia. "Provavelmente, a grande falha dos pais na construção de uma relação de afeto com os lhos reside na di culdade de expressar o amor que, sem dúvida, eles têm. É doloroso termos a certeza de que amamos sem que o objeto do nosso amor se disponha a aceitar a nossa doação


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afetiva por não encontrar evidências tranqüilizadoras deste amor . O amor que não se expressa na ação, se assemelha a um rio congelado: continua sendo um rio, mas perde a sua função principal. "Amores congelados não têm como atuar dinamicamente na relação parental . Deve-se aproveitar, então, todas as oportunidades do cotidiano com atitudes que favoreçam a formação desse vínculo afetivo. Onde estão os encontros familiares, em que se conversava ao redor da mesa e não um em cada canto da casa, vendo TV ou interagindo no computador? Onde estão as histórias na hora de dormir? A vida moderna com o excesso de trabalho, a correria de todo dia não pode ser usada como desculpa na formação de um bom vínculo afetivo, quando há qualidade nos momentos em que pais e lhos estão juntos. E nesses momentos, o afeto se coloca na boca, no coração, nos gestos. A presença do afeto, do carinho, da atenção, da disponibilidade, durante as trocas afetivas na família, favorece a formação de indivíduos equilibrados e desenvolvidos emocionalmente e projeta-se nas famílias que eles formam posteriormente. "Tudo começa com o sentimento. É o sentimento que nos faz sensíveis ao que está à nossa volta, que nos faz gostar ou desgostar. É o sentimento que nos une às coisas e nos envolve com as pessoas. É o sentimento que produz

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encantamento em face da grandeza dos céus, suscita veneração diante da complexidade da Mãe-Terra e alimenta enternecimento em face da fragilidade de um recém-nascido. É o sentimento que torna pessoas, coisas e situações importantes para nós. Esse sentimento profundo, repetimos, chama-se cuidado. Somente aquilo que passou por uma emoção, que evocou um sentimento profundo e provocou cuidado em nós deixa marcas indeléveis e permanece de nitivamente (BOFF, 2001)

REFERÊNCIAS FILHO, Luiz Schettini - Como o afeto pode ser parceiro das relações familiares - Internet FOREST, Nilza Aparecida - Cuidar e Educar Internet EMILIANO, Norma - Pensando em Família - Internet Ceres e Nilton Sampaio são os representantes da Diretoria Nacional da Escola de Pais do Brasil em Salvador. Fazem parte do movimento há 40 anos.

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Exausta e sobrecarregada? Tem remédio Sem perceber, você que é mãe e trabalha pode estar tornando sua rotina mais pesada do que precisa ser Melina Dias

A

jornada dupla de mãe e pro ssional está te deixando sem forças? Às vezes somos nós mesmas que, na ânsia de querer abraçar o mundo, tornamos nossa vida mais complicada. Essa conversa com a psicóloga Meiry Kamia, mostra bem isso. Meiry é também palestrante e mestre em Administração de Empresas e Consultora Organizacional. Melina: Estar sobrecarregada é uma queixa comum entre as mulheres que trabalham? Meiry: Não há como negar que as mulheres chegaram ao mercado de trabalho para car. Entretanto, essa conquista social não amenizou a responsabilidade da mulher com relação aos afazeres domésticos e educação dos lhos. E muitas mulheres acabaram assumindo jornadas duplas ou até triplas de trabalho por conta disso. Melina: Na sua prática diária co m o p s i có l o g a a c u l p a é u m assunto recorrente? Meiry: O sentimento de culpa é o grande vilão da história. Durante séculos as mulheres aprenderam que seu papel na sociedade era ser submissa, servindo o lar e o marido (provedor), procriando e, depois, cuidando da educação e saúde dos lhos. Ou seja, seu papel e importância ocorriam dentro da casa. Cabia apenas ao homem a projeção social. Melina: E hoje temos mães e pro ssionais estressadas e até ressentidas?

Meiry: Sim, existe um grande paradoxo nessa questão do papel social da mulher como dona de casa e como trabalhadora. A mulher ainda hoje é vista como responsável pela educação das crianças. E é justamente através da educação que passamos ideologias e valores. Melina: E essa questão também gera sofrimento... Meiry: Enquanto houver incoerência de valores dentro das mulheres, elas sofrerão ao executar os dois papéis. Por conta dessa culpa, a mulher acha que não conseguirá ser uma boa pro ssional se não for antes uma boa mãe. Como se não b a s t a s s e o c o n i t o i n t e r n o, a s mulheres ainda hoje são vítimas de p r e c o n c e i t o n o t r a b a l h o. E l a s perceberam que, para serem recon h e c i d a s co m o co m p e te nte s e inteligentes, precisam mostrar muito mais trabalho. Esse cenário faz com que as mulheres acabem assumindo uma carga de responsabilidade maior do que podem suportar. Tanto no ambiente doméstico como pro ssional, elas evitam pedir ajuda, delegar funções porque acreditam que a responsabilidade seja apenas sua. Melina: Qual o impacto desse con ito para os lhos? Meiry: O con ito interno também tem impacto negativo na educação dos lhos. As mulheres agem como se elas tivessem traindo o lar quando estão trabalhando. Sentem-se culpadas por não estarem

100% do tempo com os lhos, e quando trabalham em casa têm di culdade para colocar limites para trabalharem. Ao sentirem culpa, elas passam essa mensagem para os lhos, que logo farão chantagem com manhas ou quando quiserem alguma coisa. Melina: O que podemos falar para eles? Meiry: O ideal é que ela deixe b e m c l a ro p a ra a c r i a n ç a q u e o trabalho é necessário e importante para ela. Mostrar à criança os benefícios que o dinheiro adquirido por meio do trabalho traz, como saúde, lazer, alimentos etc. Dizer também quanto prazer o trabalho lhe dá e que ela se sente feliz e realizada por ele. Agradecer à criança por compreender essa felicidade e por lhe ajudar a trabalhar. A mulher deve passar a valorizar a qualidade e não só a quantidade de tempo juntos. Melina: Aceitar nossas limitações ajuda a diminuir a culpa? Meiry: Para deixar a culpa de lado, a mulher deve aceitar suas escolhas e consequências. Se escolheu ser mãe e pro ssional, precisa assumir que não pode ser 100% mãe, nem 100% pro ssional, porque seu tempo é um só e está dividido nos dois papéis. Exigir o impossível de si mesma é desumano, gera estresse e não é nada prazeroso nem produtivo. Uma vez que ela aceita que fará o melhor que pode fazer e não além do que pode fazer, a


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culpa se ameniza. Melina: Pedir ajuda também é importante? M e i r y : É p re c i s o e d u c a r o p a rce i ro e l h o s a a j u d a re m n a organização e manutenção do lar. Po i s a s s i m co m o e l a t a m b é m é provedora da casa, é preciso que os outros ocupantes da casa também assumam responsabilidades. O marido também deve ser educado para cozinhar, organizar a casa e dar atenção às tarefas escolares dos lhos. Isso é positivo porque aproxima os pais dos lhos. Melina: Como envolver nossos lhos nessa força-tarefa? Meiry: É importante educar as crianças desde pequenas a executar pequenas tarefas dentro de casa, como por exemplo: pedindo ajuda na hora de prender roupas no varal, o u p a r a g u a rd a r s e u s p ró p r i o s brinquedos, depois evolua para atividades como cuidar de uma plantinha ou dar comida ou água à algum animal. Mostrar aos lhos a impor tância do que ele faz e as consequências de suas ações: positivas quando são feitas da melhor forma possível, e negativas quando feitas de maneira incorreta ou quando não realizadas. Use a criatividade! Melina: Mães de meninos parecem sofrer mais com o acúmulo de tarefas. Meiry: As mulheres devem ter consciência de que são elas mesmas quem reproduzem os valores machistas. Não faça distinção entre meninos e meninas. Ensine suas lhas a serem independentes

nanceiramente e boas pro ssionais. Ensine seus lhos a cozinharem, lavarem e passarem roupa para que não busquem uma companheira apenas porque não sabem se virar s o z i n h o s . A l é m d i s s o, e s t a r ã o fazendo um grande favor às noras que, provavelmente, serão mulheres e mães que trabalham, portanto, irão precisar desse suporte em casa. M elina: S er controladora também é um erro? Meiry: Sim, dê adeus ao perfeccionismo! É preciso ter muita paciência e disciplina para não car criticando o marido e os lhos o tempo todo ao pedir ajuda. Muita atenção para não atropelar , por falta de paciência. Muitas mulheres acabam fazendo sozinhas o trabalho, alegando que fazem mais rápido e melhor. Mas depois se queixam porque ninguém ajuda e que estão sicamente esgotadas. Melina Dias é mãe de Caio. Entrevista com Meury Kamia, palestrante e mestre em Administração de Empresas e Consultora Organizacional. Texto publicado na Revista Pais e Filhos.

A EPB complementa: Mãe, esposa, mulher e pro ssional. Trabalhar fora de casa é uma necessidade para a maioria das mulheres. Hoje é quase um caminho sem volta. Seja por necessidade econômica, seja por uma questão de realização pessoal, o

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que se faz importante, é ter muita clareza ao tomar a decisão: Ficar em casa e subtrair de sua vida o lado pro ssional ? Ou assumir os quatro papéis sem culpas partilhando as responsabilidades do lar, da educação dos lhos com o esposo, com escolinhas sabiamente escolhidas, acompanhadas. Então mãezinha, olhe bem para teu momento e tome, junto a teu esposo, a melhor decisão para cada tempo da vida de tua família. Lembra que a casa, o lar, não é de tua responsabilidade apenas. Toda a família usa a casa, então todos são responsáveis pela sua manutenção. É divisão de tarefas mesmo. E i s s o a g e n t e c o nve r s a , decide juntos: Pai , mãe e lhos. E, se estiveres sozinha para tudo, se teu casamento não deu certo, ou se nunca foste casada, não te deixe abater. Vai à luta. Conquista cada dia, o coraçãozinho de teus lhos, faze-os participar desde pequenos, do diadia da casa.

O importante e o certo, é que, nada será motivo para não educar. Tudo é possível onde o amor faz a diferença. Coragem e seja muito feliz! Por Therezinha e Luiz Mazzurana Casal Dr de Gramado, Canela e Ivoti


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Limite é educar Zoraide F. Rizzon Vanin

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i m i te é u m a d e m a rc a ç ã o, u m a fronteira e na educação é uma questão ligada a moral que serve como critério para colocação de limites às crianças, o que exige escolhas re etidas de valores éticos ou morais, de nalidade e de meios. Limites são regras de como o mundo funciona. De maneira simples, estabelecer limites é determinar aquilo que pode ou não pode, pois quando não existem a criança terá di culdade para se adaptar à vida em grupo. Considero este tema bastante relevante para pais e educadores na medida em que, atualmente, vivenciam-se grandes mudanças na nossa sociedade e, consequentemente, nas maneiras de se educar nossas crianças. A partir de minhas experiências como educadora e, também como mãe, percebo como existem diferentes pontos de vista sobre o que é ter limite e como se chega a eles. Entendo limite como sendo um processo de construção da criança, que se desenvolve a partir das relações que está vivendo. A questão dos limites deve ser entendida como um processo de construção na criança, processo este que, na visão de Piaget (1996), nada mais é senão o desenvolvimento moral da criança. Para o autor, o desenvolvimento moral depende das relações sociais que a criança estabelece, nos espaços de convivência social, a família e a escola desempenham papéis fundamentais no processo de construção dos limites infantis, papéis estes compartilhados, porém distintos. A família independente da sua estrutura deve e sempre será o alicerce de sustentação no processo de educar e impor limites aos seus lhos, embora seja tarefa complexa, deve ser baseada num ambiente familiar de paz, carinho e diálogo. Outro fator de peso é que os lhos acabam sendo "terceirizados", ou seja, é legada a outra pessoa que não a mãe ou o pai a educação dos mesmos e em sendo assim muitas crianças são, agora criadas por babás, avós, ou passam o dia

inteiro em uma instituição educacional. Os pais por sua vez, sentindo culpa pela ausência diária, deixam de exercer a autoridade, de impor limites, "compensa-se muito que um presente ou uma permissão pode preencher aquele vazio que cou pela ausência". A criança necessita que os pais sejam uma referência positiva e segura, que irão educá-las e com rmeza e con ança, disponibilizando tempo e disposição para estar com elas, acompanhandoe valorizando suas experiências. Porém, é necessário que os pais façam valer seus direitos e deveres como educadores e disciplinadores de seus lares e também o primordial papel de ensinar valores, hoje quase extintos. A faltade rmeza e dúvidas dos pais sobre qual a melhor forma de educar contribui para a criança a impor a sua vontade. Dizer não a uma criança no momento certo não é prejudicial muito pelo contrário, essa palavra é necessária, uma vez que a criança está ainda a construir a sua concepção do mundo. A criança precisa conhecer os limites, saber distinguir aquilo que pode ou não ser feito. A escola, por sua vez, além de ser uma instituição responsável pelo desenvolvimento do conhecimento formal, também desempenha um papel importante na questão dos limites, por outro lado, depara-se com a falta de limites dos alunos, ou indisciplina, considerada hoje uma das principais di culdades no ambiente escolar. Lembre-se de que os nossos modos são imitados pelas crianças. Dizer que uma atitude não é correta e, mesmo assim, fazê-la, com certeza, deixará a criança insegura; ela não acreditará no que lhe é dito e fará exatamente o que não deveria, já que ela aprende muito mais pelo que vê do que pelo que ouve.Por isso, é preciso estar atento aos comportamentos que apresentamos. Zoraide F. RizzonVanin Educadora, Mãe e Membro da EPB Seccional de São Marcos


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Escolha seus lhos, o resto pode esperar Andrea C. Lovato Ribeiro

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uantas vezes você tomou café da manhã com seu lho nessa semana? Quantas vezes fez uma comidinha especial para ele nesse período? E, quantas vezes acompanhou o seu tema de aula ou o convidou para uma brincadeira especial? Na rotina apressada em que vivemos, não estar presente nas situações simples do cotidiano das crianças parece ser algo natural ou até mesmo esperado. Mas será que precisa mesmo ser desse jeito? Proponho essas re exões especialmente para as mulheres, pois muitas pensam que a única forma de manter as suas carreiras pro ssionais após a maternidade é através de uma dedicação em tempo integral ao trabalho, sem considerar outras possibilidades de retorno gradual ao emprego, e dessa forma abrindo mão de estarem mais presentes na vida dos lhos. Ao ser convidada para escrever sobre essa temática, não foi apenas pela minha formação em psicologia. Foi também por certas escolhas que z e ainda faço como mãe. Vou contar um pouco sobre elas para exempli car que é possível sim esperar para iniciar ou continuar uma carreira pro ssional e que essa é uma escolha que vale a pena. Engravidei no nal da minha graduação em psicologia, com 24 anos. Contra alguns argumentos contrários, diminuí o ritmo na faculdade e adiei em um semestre a minha formatura. Recusei a propost a d a e m p re s a o n d e e u z m e u estágio no nal do curso para

trabalhar por período integral, após a minha graduação, e mesmo com a minha lha já um pouco maior sempre optei por trabalhar apenas na parte da tarde. Após o nascimento da minha segunda lha, para car mais tempo com elas, optei por pedir demissão e iniciei um mestrado voltado para pesquisa. Trabalhava muito de casa e as levava junto para viagens. Estava sempre presente nos primeiros momentos delas juntas. Tive muito tempo para dar atenção para a mais velha, para que não tivesse dúvidas do tamanho do amor que sentia por ela. Mesmo sentindo ciúmes, ela nunca pensou que a irmã estava tomando o seu lugar. Fiquei dois anos sem trabalhar, apenas estudando. Cozinhava para minha família, fazias bolos e colhia ores para enfeitar a casa. Mesmo com as di culdades e desa os de ser mãe de crianças pequenas, foi um período maravilhoso. Hoje, mesmo com propostas para trabalhar mais, ainda co com as crianças no turno da manhã. Ainda faço o almoço muitos dias por semana, preparo o lanche e acompanho o tema da escola. Adoro fazer jantares gostosos. Controlo o tempo que passam no computador e televisão e acompanho o que estão assistindo. Delego o mínimo possível os cuidados com as crianças para outras pessoas. Poderia ganhar o dobro... poderia ter mais status... mas nada se compara aos sorrisos e abraços das crianças. De qualquer forma, hoje tenho 32 anos. Tenho um bom emprego em

um Instituto de Pesquisa. Não me parece que tenha perdido muito em termos pro ssionais. Tu d o t e m s e u t e m p o. N a maternidade também. Nós mulheres podemos esperar. Podemos adiar um pouco um curso de Pós-Graduação. Podemos adiar a volta ao trabalho. Podemos escolher trabalhar menos. Podemos escolher acompanhar os pr imeiros passos, os pr imeiros dentinhos caindo e a escrita das primeiras palavras dos nossos lhos. Podemos escolher ganhar muitos beijos de bom dia e de boa noite e o u v i r e u te a m o m u i t a s ve ze s durante o dia. Podemos escolher fazer as refeições com as crianças e acompanhá-las nas suas atividades. Estar perto dos lhos é mais importante do que ter mais dinheiro para comprar roupas e brinquedos caros. É mais importante do que uma viagem ao exterior nas férias. Por isso, escolha seus lhos. O resto pode esperar. Andrea é psicóloga, pesquisadora e professora de Yoga para crianças. É pesquisadora do Instituto Communitas para o Desenvolvimento Humano e Tecnológico, atuando principalmente em projetos na área da saúde física e saúde mental junto ao Ministério da Saúde. Andrea tem duas lhas e um enteado e divide com o marido o cuidado com as crianças. Mora com a família em uma chácara, valorizando o contato com a natureza e a vida vivida de uma forma simples. É NORA DE CASAL DA epb.


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PAIS, MÃES E ADOLESCENTES Maria Tereza Maldonado

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s pesquisas com adolescentes em diferentes países mostram grandes semelhanças: a família é a fonte de apoio principal; a maioria dos adolescentes gosta muito dessa etapa da vida; o otimismo predomina e eles acreditam que podem mudar o mundo. As preocupações também são semelhantes em diferentes culturas: saúde, integridade familiar, o futuro (que inspira ao mesmo tempo esperança e temor), amizade, amor, drogas (ilegais e legais), doenças, oportunidades de emprego, instabilidade global, experiências sexuais e violência. Para diminuir os riscos e aumentar a proteção na adolescência. Os pais precisam: · Amar e cuidar do vínculo oferecer apoio aos adolescentes e demonstrar aceitação, tratando-os como indivíduos singulares, dedicando tempo a eles; · M o n i to ra r e o b s e r va r saber em que atividades os adolescentes estão envolvidos, acompanhar o desempenho escolar, conhecer os amigos e as maneiras como se divertem; · Orientar e colocar limites manter as regras familiares, comunicar expectativas, renegociar responsabilidades e privilégios (ser exível, mas não perder as rédeas). Amor e limites precisam estar juntos; colocar limites para proteger, não para punir; · Agir como modelo e consultor oferecer informação e apoio para a tomada de decisões, ensinar pelo exemplo e pelo diálogo, expressar posições pessoais; · Prover e proteger clima familiar de apoio e rede de adultos cuidadores na família extensa e na comunidade.

Para prevenir a violência e fortalecer a resiliência, os adolescentes precisam aperfeiçoar habilidades para: · Solucionar problemas; · Lidar com o estresse; · Aprimorar a assertividade; · Administrar a raiva; · Controlar a impulsividade. O interesse dos pais pelo bemestar dos lhos parece ser um dos fatores principais para a construção de uma boa auto-estima nos adolescentes. Nas famílias em que adultos e adolescentes aprendem juntos a melhorar a auto- estima, a assertividade, a canalizar a raiva e a controlar os impulsos, é possível construir uma base sólida de solução de con itos. O reconhecimento de que a violência é um compor tamento aprendido que pode ser desaprendido é a base dos programas cujo objetivo é transformar a conduta anti-social em habilidades construtivas. Se os adolescentes fazem parte do problema, também fazem parte da solução. Por meio desses projetos, as famílias aprendem a reconhecer e a incentivar as habilidades construtiv a s d o s a d o l e s c e n t e s, c r i a n d o oportunidades para desenvolvê-las. O aperfeiçoamento das habilidades de comunicação é outro

caminho importante na prevenção da violência: quando adultos e adolescentes conseguem considerar os con itos como oportunidades para criar boas soluções, aprendem a atacar o problema sem se atacarem reciprocamente. Em vários países, há inúmeros programas, focalizando a educação em saúde, em sexualidade e em proteção ambiental. Reconhecer as possibilidades de crianças e adolescentes como poderosos agentes de mudança é um caminho a ser explorado e desenvolvido na formação de vínculos mais sólidos com a família humana global. Assim, pais, mães e lhos adolescentes estarão participando da construção da paz, desde o lar, até os con ns de nosso mundo. Maria Tereza Maldonado mora no Rio de Janeiro e trabalha no Brasil, como palestrante e consultora. Pessoa apreciadíssima pela Escola de Pais do Brasil. É Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRIO, onde lecionou no Departamento de Psicologia. É membro da ABRATEF (Associação Brasileira de Terapia Familiar).Tem 37 livros publicados sobre relações familiares, desenvolvimento pessoal e construção da paz, com mais de um milhão de exemplares vendidos.


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Seccionais Escola de Pais do Brasil Caxias do Sul Erechim Getúlio Vargas Gramado Gravatai Ivoti Marau Montenegro Passo Fundo Santa Maria Santo Ângelo São Marcos Sananduva Tapera

Minas Gerais Belo Horizonte Governador Valadares João Monlevade Passos Poços de Caldas Varginha

Alagoas Arapiraca Teotônio Vilela Bahia Alagoinhas Muritiba Salvador Santo Antônio da Patrulha

Paraíba Areial Campina Grande Esperança João pessoa Santa Rita

Ceará Fortaleza Distrito Federal Brasília

Santa Catarina Biguaçu Blumenau Campos Novos Chapecó Curitibanos Jaraguá do Sul Joinvile Joaçaba Herval D'Oeste Lages Maravilha Navegantes Orleans

Paraná Curitiba Foz do Iguaçu Paranavaí Ponta Grossa São Miguel do Iguaçu

Goiás Anápolis Goianésia Goiânia Mineiros Rio Verde Mato Grosso Primavera do Leste

Pernambuco Caruaru Recife

Mato Grosso do Sul Campo Grande Dourados

Rio Grande do Sul Canela Carazinho

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São Bento do Sul São Joaquim São José Timbó Urussanga Videira Xanxerê São Paulo Americana Bauru Brotas Dracena Garça Itararé Limeira Mogi das Cruzes Mogi Guaçu Osasco Piracicaba Praia Grande Santo André São José do Rio Preto São Paulo Santa Bárbara D'Oeste Sorocaba

ENDEREÇOS DAS ESCOLAS DE PAIS DO BRASIL SECCIONAIS DO CENTRO E NORDESTE DO RIO GRANDE DO SUL REPRESENTANTE NACIONAL Claire e Ivo Pioner

BR 116, - Km 148, nº 541,

Fone: (54) 3229-4614 / 9174-1257

Bairro Sagrada Família

Caxias do Sul (RS)

CEP: 95054-780

e-mail: ipioner@terra.com.br

DELEGADOS REGIONAIS Eliana e Flávio Moacir Chinelatto Fone: (54) 3291-2273 / 9905-6563

Rua: Luiz Borghetti, n° 62,

Bairro: Polo São Marcos (RS) CEP: 95190-000

e-mail: flavio.chinelatto@hotmail.com

Therezinha e Luiz Mazzurana Rua Maria Virgínia de Oliveira, 50, Fone: (54) 3286-2278 / 9142-8077

Bairro Centro Gramado (RS) CEP: 95670-000

e-mail: theremazzurana@hotmail.com

PRESIDENTES Canela: Tanara Spall e Elton Andrade

Rua: Assis Brasil, n°1063, Bairro: Leodoro Azevedo Canela (RS) CEP: 95680-000

Fone: (54) 3282-1382 e-mail: tanaraspall@ibest.com.br; adm@stport.com.br Caxias do Sul: Teresinha e Ermilo Guizzo

Rua: Sarmento Leite, n° 3354, Bairro: Rio Branco Caxias do Sul (RS) CEP: 95084-000

Fone: (54) 3226-1253 e-mail: ermilo.guizzo@superig.com.br; ermilo.guizzo@hotmail.com.br Gramado: Mari e Luiz Carlos Muraro

Rua: Pará, n° 74, Bairro: Dutra Gramado Gramado (RS) CEP: 95670-000

Fone: (54) 3286-2623 e-mail: lc.muraro@via-rs.net Ivoti: Marfisa e Jeferson Luiz Barbieri

Rua: Aloysio Gabriel Linck, n° 804,

Bairro: Jardim do Alto Ivoti (RS) CEP: 93900-000

Fone: (54) 3563-7332 e-mail: marfisabarbieri@sino.net; jefersonbarbieri@sinos.net São Marcos: Liéte e Marcílio de Araújo

Rua: Luiz Trevisan, n° 531,

Fone: (54) 3291-1798 e-mail: araujo@nsol.com.br

Bairro: Centro São Marcos (RS) CEP: 95190-000


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