Meus Lugares - Pequeno Tratado do Imaginário Afetivo das Cidades (Volume IV)

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MEUS

LUGARES PEQUENO TRATADO DO IMAGINÁRIO AFETIVO DAS CIDADES

VOLUME Iv




Este Livro de Memórias Afetivas da Cidade é parte da prática lúdica da disciplina de Expressão Gráfica na Arquitetura do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco, ministrada pelos professores Diego Inglez e Lula Marcondes, e com monitoria dos alunos Eduarda Lobo, Mykaella Moura, Nadyne Cardozo, Priscyla Durão e Vinícius Maciel.


O Projeto Meus Lugares - Pequeno Tratado do Imaginário Afetivo da Cidade, tem como objetivo principal conduzir os alunos do curso de Expressão Gráfica na Arquitetura em uma jornada lúdica e poética aos mais variados e inusitados recantos da cidade para que eles potencializem, por meio do design, as qualidades encontradas nesses locais. Essas qualidades se apresentam neste livro com diferentes interpretações e sentidos e são o epicentro das ideias transformadoras das diferentes propostas criadas pelos alunos. Por fim, o presente livro é fruto de um delicado trato com a cidade e seus recantos onde a sensibilização do olhar se fez necessária para enxergar além das aparências e entender a dimensão da riqueza por trás das ações humanas no seio da cidade.



Equipes e Lugares:

As Mulheres do Bom Pastor

Antes Descolorida, Rua do Atalho

(Colônia Penal Feminina do Bom Pastor)

(Av. Manoel Borba)

Bianca França

Beatriz Rodrigues

Fernando Aureliano

Helder Henrique

Igor Menezes

Luana Ribeiro

Julianne Berzin

Marina Lins

Letícia Oliveira

Victor Urquiza

Fantasmas de Areias (Mercado Público de Areias)

Aqui Tem Uma Feira, Visse! (Feira de Jaboatão)

Anna Sofia

Elizângela Silva

Bárbara Lima

Gabriela Macedo

Beatriz Regina

Joelma Marques

Germana Tinoco

Ednadja Maria

João Vitor Macedo

Susanna Lima

Meu Nome é Holiday (Edifício Holiday)

As Margens da Aurora (Rua da Aurora)

Jackson Freire

Anderson Mendes

João Paulo

Ellen Silva

Larissa Castro

Keilla Noberto

Mariana Gomes

Larissa Azevedo

Marina Proto

Rute Alcântara

Meu Sol Nascente

Negócio da China (Chinatown do Recife)

(Alto do Sol nascente)

Ana Luiza

Bárbara Dantas

Breno Luiz

Gabriel Dias

Juliana Pinto

Lucas Venâncio

Maria Carolina Simon

Luciclécio Silva

Marina Cavalcanti

Matheus Henrique

Marina Santos

Vila das Memórias (Vila Operária de Camaragibe)

Salve o Nascedouro (Nascedouro de Peixinhos)

Brenda Calife

Cassia Beatriz

Bruna Yamamoto

Isabela Carvalho

Julia Santana

Maria Luiza Marinho

Mareike Winne

Rayzlla Lais

Milena Valença

Vera Chen Luo

In Memory... (Cemitério dos Ingleses)

Água Fria é Quente! (Feira Livre de Água Fria)

Heloísa Marletti

Amanda Oliveira

Isabella Maranhão

Carolina Souza

Juliana Victor

Fernando Cortizo

Nathalia Ribeiro

Isabelly Ribeiro

Thaís Lima

Nathalia Gabrielly



Índice As Mulheres do Bom Pastor (Colônia Penal Bom Pastor)

Fantasmas de Areias (Mercado Público de Areias)

Meu Nome é Holiday (Edifício Holiday)

Meu Sol Nascente (Alto do Sol Nascente)

08

12

16

20

Vila das Memórias (Vila Operária de Camaragibe)

24

In Memory... (Cemitério dos Ingleses)

28

Antes Descolorida, Rua do Atalho (Av. Manoel Borba)

32

Aqui Tem Uma Feira, Visse! (Feira de Jaboatão)

36

As Margens da Aurora (Rua da Aurora)

Negócio da China (Chinatown do Recife)

Salve o Nascedouro (Nascedouro de Peixinhos)

Água Fria é Quente! (Feira Livre de Água Fria)

40

44

48

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AS MULHERES DO BOM PASTOR


A Colônia Penal Feminina do Recife, conhecida popularmente como Bom Pastor, é um centro de triagem e presídio feminino instalado nas mediações do bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. A Colônia é instalada dentro do antigo Convento do Bom Pastor, que pertence a Igreja Católica Apostólica Romana, há mais de 50 anos. O instituto, antes de ser alugado pelo governo, era administrado pelas freiras que moravam no convento. Elas acolhiam mulheres delinquente e com o decorrer do tempo o convento foi dando mais espaço para mulheres até virar a Colônia Penal Feminina do Bom Pastor.

Por não ser projetado para suportar um presidio, o Bom Pastor sofre um défice estrutural. Esse défice causado pelas faltas de celas, pela carência de salas para refeitórios, banheiros, aulas, de uso misto e de ambientes externos, gera superlotação do presidio. A superlotação do presídio influencia totalmente no cotidiano das dententas, visto que elas perdem sua privacidade, sendo expostas a condições, muitas vezes subumanas, e isso tende a causar conflitos internos.

INSTALAÇÃO E ORGANIZAÇÃO: Sua capacidade é de 270 detentas, no entanto, abriga recentemente 630 mulheres. As presas estão distribuídas em 33 celas de 12m², 6m² e de até 18m², são organizadas por grau de educação, problema de saúde, histórico criminal, e opção sexual (LBT). A superlotação é um problema constante nos presídios brasileiros, independente se feminino ou masculino, mas a organização e harmonização das presas do Bom Pastor é que faz a Colônia funcionar, desde a copa até a manutenção são as próprias detentas que trabalham, ao todo são 140 presas trabalhando, 55 presas que trabalham são oficialmente empregadas do governo e 85 são terceirizada, todas recebem 1 salário mínimo (75% recebem em dinheiro em espécie e o resto vai para uma poupança que é disponibilizada para a presa quando ela entrar em liberdade). O BERÇARIO: A Colônia dispõe de uma área destinada para as carcerárias grávidas ou que acabaram de ter filho. Chamado de Berçário, as mães ficam com os seus filhos até os 6 meses de vida - O art. 396 da CLT estabelece que a mulher tem o direito de amamentar (licença maternidade) o próprio filho, até que este complete 6 meses de idade- se necessário, o período de 6 meses poderá ser estendido, a critério da autoridade competente. O berçário é uma das áreas mais novas da instalação, e chama bastante atenção pela boa condição e estruturada, com berços para os bebês, cama ao lado do berço para as mães, área para amamentação e banho e uma pequena área aberta para banho de sol. Todas as mães e bebês compartilham essas áreas juntas e são as próprias mães que cuidam do local.

ipe equ a d &b op s). t o sto af o ta! r r a p pre os o n a ç r d a ca bor esp (fo rar i t e s. r Ob

AS MULHERES DO BOM PASTOR Grupo: Bianca França Fernando Aureliano Igor Menezes Julianne Berzin Letícia Oliveira Local: Colônia Penal Feminina do Recife Para todos, a área do berçário é um lugar que demonstra uma maior tranquilidade e felicidade dentro de ambiente triste. Após os 6 meses de amamentação o bebê é destinado a família fora da prisão e as mães voltam a antiga rotina da colônia. “O trabalho não propõe melhorar as condições de aprisionamento. Não é só deixar as prisões maravilhosas. Quando a gente prende uma mulher, causa um impacto na família toda porque ela é, normalmente, a responsável pelos cuidados da casa e dos filhos. Mesmo nos melhores lugares, ainda existem falhas estruturais e todas as conquistas no aparato legal não foram revertidas em aplicações práticas por conta de uma Defensoria Pública que não é atuante"


A invisibilidade da mulher carcerária é um grande problema durante e após sentença, visto que as mesmas vivem em condições precárias. Apesar de serem mantidas em cárcere “pelo bem da sociedade”, o preconceito gerado por essa invisibilidade limita a ressocialização da mulher na comunidade, e durante o cárcere passa por situações e condições extremas de abandono e solidão. A colônia penal feminina do Bom Pastor é um bom exemplo de respeito entre detentas e funcionários, lá elas são respeitadas como mulheres dignas, que erraram e estão pagando pelos seus erros. Isso causa uma certa tranquilidade e segurança na colônia, mas ainda assim como dito antes o Bom Pastor tem muito a melhorar, principalmente na parte estrutural, gerada pela falta de verba do governo, e consequentemente faz com que as presas dependam de doações e ajuda de ONGs. Monotonia é uma palavra que reflete o dia a dia das reeducandas na Colônia, mas os trabalhos voluntários e de inclusão vêm quebrando um pouco dessa rotina. O Bom Pastor conta com a ajuda de projetos de reclusão como aulas de dança, canto, teatro, reike e entre outras. E além dessas atividades, tem instalada duas empresas de costura, que fornecem emprego para as presas, e uma escola (EJA) para ressocialização das presas, mas mesmo com todas as oportunidades e melhorias na qualidade da vida da presa, não chega nem perto de ser o melhor que o governo deve oferecer.

A existência de presídios superlotados e sem infraestrutura correta não é exclusividade da cidade do Recife, mas em grande parte do território nacional, e não deve ser um ponto a ser deixado de lado, pois as detentas são mais que apenas delinquentes, são pessoas que vivem lá, cada uma com sua vida e com seus sentimentos, que por vezes são esquecidas e tratadas de modo quase que desumano, o que por si só é uma falha enorme no processo de ressocialização do detento, onde vem a causar cada vez mais raiva e indignação por parte das pessoas que por lá, além de gerar uma sensação de insegurança para aqueles que vem a se relacionar com eles em suas vidas pós cárcere. Aliás que vida pós cárcere? O processo de reclusão social para um preso praticamente inexiste, é feito de modo que fica cada vez mais comum a reincidência de crimes e a volta dessas pessoas a sua rotina trancafiada e excluída.

“35% dos estabelecimentos com mulheres têm médico de plantão; 25%, atividades educacionais; 19%, berçário; e 16%, creches.”


A parte grĂĄfica do trabalho foi concebida atraves de visitas e pesquisas relacionada ao universo carcerĂĄrio feminino brasileiro. O preto e branco foram utilizados com a finalidade de expressar a invisibilidade e o dia a dia das mulheres. A aquarela foi escolhida para representar o universo individual de cada detenta, que antes de ser uma criminosa ĂŠ um ser humano.


FANTASMAS DE AREIAS AREIAS


Fantasmas de Areias Grupo: Anna Sofia Cavalcanti Bárbara Fernandes Beatriz Regina Germana Tinóco Construído em 1959, o Mercado de Areias - localizado no centro do Bairro de Areias, na zona Sudoeste do Recife - PE – foi por muitos anos ponto de referência de compras e de uma grande variedade de produtos, atendendo aos moradores dos bairros vizinhos - Estância, Jardim São Paulo, Vila Cardeal, Jiquiá, Imbiribeira, Ipsep, Caçote, Ibura e Barro -, possuindo 229 boxes na área interna e outros 21 na parte externa. Ao passar do tempo, o Mercado foi se degradando até que, em 2006, devido às fortes chuvas, parte do teto da edificação desabou. Por conta dos riscos que oferecia para a população, a Prefeitura da Cidade do Recife removeu o restante do teto do local. Desde então, não houveram mais reparos. A estrutura se deteriora mais a cada dia, sendo tomada por plantas e animais, além de ter se tornado vulnerável à violência. “As pessoas ficam com medo por conta da violência e da estrutura ” - Estefânio, 40 anos no mercado A construção, que chama a atenção por conta de sua fachada marcante de brises, está entregue ao descaso. Alguns poucos comerciantes continuam na edificação até hoje, já que é dali que tiram sua fonte de renda há anos, ocupando as calçadas ao redor do mercado, como se fosse uma feira livre; onde o esgoto encontra-se à céu aberto e não há saneamento, gerando acumulo de lixo e insetos. Alguns boxes da parte externa resistem, apesar do medo do desabamento e do fraco comércio, atuando de forma desesperançosa e limitada. Alguns comerciantes relataram inclusive a grande queda do lucro após o acontecido, influenciando diretamente na renda daqueles que dali tiram o

sustento de suas famílias. O mercado, que era muito frequentado e valorizado nos anos 1980 e 1990, é hoje, uma edificação fantasma.

João Vitor Macêdo Local: Mercado de Areias

“Só observo, pois acho que o mercado acabou” “Todo ano a prefeitura visita mas não faz nada” - Isaías, 30 anos no mercado 2 anos como administrador É possível a realização da reforma pela prefeitura através de uma PPP (parceria-público-privado), desapropriando o imóvel privado do Mercado de Areias para fins de utilidade pública, porém há três mandatos prefeitos ignoram a solução que traria de volta a vida no local. Um projeto de reforma foi elaborado, contudo segue sem nenhuma previsão de licitação e posterior ordem de serviço para execução. O trabalho propõe tornar o Mercado de Areias ponto de máxima visibilidade diante a sociedade, com objetivo de denúncia, já que a maioria das pessoas não conhecem sua história e sua importância, devido ao seu abandono e descaso.

“Antes até as vagas para estacionar bicicletas eram concorridas, atualmente, vive em um cenário de perguntas sem respostas. Esse mercado tá precisado que homens lembrem da gente.” - Biu, 50 anos no mercado


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A parte gráfica do trabalho foi pensada na problemática dos comerciantes que ali trabalham e estão caindo no esquecimento, dessa forma o uso do então nome “Fantasmas de Areias”. Houve inspiração, também, na fachada do Mercado de Areias, enaltecendo a presença dos brises, elemento arquitetônico em forma de placas horizontais, fixas, aplicadas sobre a fachada do edifício, com função de barrar a incidência direta dos raios solares. A logomarca foi feita utilizando-se da técnica de xilogravura, de origem chinesa, e é praticada sobre madeira, entalhando um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza-se tinta para pintar a área em relevo do desenho. Na fase final, é utilizada uma prensa para transferir o desenho para o papel, de forma com que fique espelhado.

S




Apresentação O Edifício Holiday foi escolhido a partir do interesse do grupo em estudar um espaço que fosse estigmatizado pela sociedade e que tivesse um grande valor arquitetônico. Assim, nossa intenção foi desconstruir e poetizar a atual imagem do local escolhido, evidenciando apenas aspectos positivos e motivos para a permanência de moradores naquela construção.

Meu Nome é Holiday Grupo: Jackson Freire João Paulo Marques Larissa Castro Mariana Gomes Marina Proto Local: Edifício Holiday

A torre das meninas alegres O Edifício Holiday, construído entre 1957 e 1959, foi um dos primeiros arranha-céus do Recife. Erguido no bairro de Boa Viagem, foi considerado um símbolo de modernização para o bairro, que era pouco habitado. Inicialmente, o Edifício Holiday era destinado para veraneio e frequentado, principalmente, por homens solteiros e de classe média-alta. Com o passar do tempo, o edifício tornou-se um ponto de prostituição, tráfico de drogas e outros tipos de ações criminosas. Além disso, deixou de ser utilizado apenas para veraneio pois, com a expansão do bairro, muitas pessoas começaram a morar lá e por causa da violência que se instaurou no edifício, os preços baixíssimos atraíram pessoas de várias classes sociais. Atualmente, a edificação abriga cerca de três mil pessoas, nos 400 apartamentos distribuídos em seus 17 andares e é considerado pelos moradores da cidade uma favela vertical, localizada no coração de um dos bairros mais nobres.


“Aqui não é uma coisa morta não.” - D. Noêmia

Conclusões Apesar de apresentar diversos problemas, o Edifício Holiday cativa os seus moradores. Para a maioria, o edifício é considerado o melhor lugar para se morar em Recife pelos mais diversos motivos, tais como: facilidade de deslocamento devido a localização central, proximidade à praia, qualidade dos apartamentos quanto à ventilação e iluminação, baixo custo, etc. Além disso, por causa da grande quantidade de pessoas que moram na edificação, existe um grande volume de serviços oferecidos, dos mais variados tipos.

“Fica no coração de Boa Viagem. Tudo perto.”

- S. Pedro

“O Holiday é uma mãe.” - D. Iolanda

Dentro daqueles apartamentos residem costureiras, sapateiros, encanadores, cozinheiras, pedreiros… é uma infinidade de funções e serviços que facilitam a vida dos próprios moradores e da vizinhança, além de estreitar os laços afetivos entre todos. Constatamos que definitivamente o Edifício Holiday não carrega essa negatividade que a população recifense insiste em proclamar, mas pelo contrário: o Holiday é lugar de vida, de cores, de diversidade, de respeito, de afeto.


Material Gráfico O material gráfico procura, em sua natureza, avivar a moradia e a rotina dos residentes do Edifício Holiday. A imagem principal que aparece no cartaz, nas camisas, no caderno e nos adesivos é a representação das fachadas principais do edifício. As áreas coloridas das imagens selecionadas evidenciam o fato do edifício ser cheio de vida e de afeto; nos cartões postais, as citações de elogios feitos por alguns moradores que tivemos a oportunidade de conversar também são prova dessa afetividade. No geral, as principais cores escolhidas são o azul e o salmão, que fazem alusão às cores mais presentes originalmente no edifício.



A princípio, a escolha da Escola compartilhem o sentimento de Municipal Ministro Marcos Freire, pertencimento. Prejudicada por se situada na Comunidade Alto do Sol encontrar na divisa de duas cidaNascente, foi feita após relatos de des, o local sofre com o descaso, um dos integrantes do grupo, que uma vez que nenhuma das prefeipor sua vez, já estudou no local, turas se prontifica em atender suas sobre uma serie de problemáticas necessidades básicas, atingindo que existem atualmente, e existiram tanto as famílias que lá residem, na época que antecedeu a dele quanto à escola. A ausência de enquanto

estudante.

Depois

pe qui e a bd p& o s). t fo sto a! a o r r ret s pa p o o n a aç car ord esp rb (fo a r i et s. r Ob

Meu Sol Nascente

de saneamento básico, segurança, visitarmos, vimos então grande postos de saúde e áreas de lazer, Grupo: potencial teórico a respeito de como por exemplo, são problemas Bárbara Dantas a escola estava excluída da comuni- enfrentados por seus moradores. Gabriel Dias dade, e como o urbanismo, define e

Lucas Venâncio influencia na realidade das pessoas, É verdade que já existiram alguns Luciclécio Silva confirmamos também, certa perse- projetos sociais, por parte do Mateus Santos guição, um preconceito, com aquilo Estado, que visavam em outras que deveria servir como estímulo palavras, romper à exclusão da Local: para os jovens, por certo, a escola escola dentro da comunidade, onde Escola Municipal Ministro Marcos Municipal Ministro Marcos Freire já tentaram criar um elo escola- Freire, Alto do Sol Nascente vivera dias melhores.

comunidade. Assim, quando existentes,

tais

projetos

também

como

uma

serviam

válvula

de

escape para os residentes da comunidade e estudantes que desejavam, de alguma forma, suprir a necessidade de interação social. Todavia, como boa parte dos projetos sociais ao redor da cidade, por falta de verba, estes projetos escolares não duraram muito tempo, isto causou um profundo impacto na comunidade, que passou a não ter locais para socialização, fazendo assim

com

que

a

comunidade

Com o fim desses projetos, a escola, infelizmente, foi perdendo espaço dentro da comunidade, e o elo, que um dia crescia, veio a se enfraquecer. Os alunos acabaram se desestimulando com a instituição, e a comunidade voltou a olhar para o colégio com desprezo e sem perspectivas de que seus aqueles jovens, algum dia, viriam a lutar por algo melhor. Sem a adesão da comunidade a instituição começou a privar-se, subindo os muros e pondo, cada vez mais grades, a escola veio a se

tornar mais parecida com uma Por definição, uma comunidade nada voltasse a ser nada mais que um prisão do que com uma instituição mais é que, um grupo local, de local de estranhos, que só utilizam de ensino, lugar que deveria dar tamanho variável, integrado por os espaços públicos para locomoeducação e esperança para o futuro pessoas que ocupam um território ção, e cada vez mais, a descrença e da nossa geração. geograficamente definido, unidas desesperança vem aumentando por interesses comuns. Entretanto, a cada vez mais na região. comunidade Alta do Sol Nascente, localizada na divisa entre as cidades de Olinda e Paulista, segue apenas a parte de ser um espaço onde pessoas vivem, mas sem conviver especificamente, pois existe uma dificuldade na socialização dos moradores. Criada há mais de 30 anos, tal comunidade ficara conhecida por ser um lugar que “abriga” diversas famílias de demasiados lugares diferentes, dessa forma, fazendo com que grande parte de seus moradores não


Contudo, fechar-se para a comunidade não veio a ser uma boa decisão, pois como a própria já não tinha o sentimento coletivo, os moradores acabaram ignorando a presença da escola, e alguns chegaram inclusive a depredar, pois não sentiam que aquele local lhes pertencia, para a comunidade, seria como se a escola tivesse fechado as portas para eles. É difícil compreender essa relação de escolacomunidade, pois é um problema que afeta muitos lugares e está diretamente ligado à desigualdade social que impacta em dificuldades socioeconômicas. Acreditar em si já não é uma tarefa fácil, porém se torna algo muito mais complexo quando outras pessoas também compactuam com esse sentimento. Tal analogia pode-se aplicar as escolas publicas no Brasil. Quem realmente acredita? Quem abre mão de um colégio particular para optar por uma escola pública?

Mostrar a importância da escola na vida dos jovens é difícil, infelizmente, não é somente dizer que isso pode mudar seus futuros, o problema é muito mais amplo. Dessa forma, a campanha “Meu Sol Nascente” se formará com a ideia de criar muito mais do que uma intervenção, ou modificar um espaço físico. É modificar culturalmente as pessoas, trazendo sentimento do coletivo a elas, mostrando que a cidade pertence a elas, assim como todos os instrumentos públicos, e que quando algo não está bom, eles têm que lutar por melhorias, ou seja, um projeto que visa abrir os olhos de toda a população que lá reside, com a finalidade de alerta-los que, qualquer reforma que seja, deve partir da própria comunidade, e mesmo que haja, de fato, uma obrigação de terceiros, nunca podemos esquecer nosso papel cidadão e deixar de preservar o que é nosso. Reformas essas que vieram a surgir efeitos positivos, no decorrer dos últimos anos, mas que, infelizmente, vieram a estancar. A realização de tarefas socioeducativas, atividades, a criação de projetos que promovam a interação da escola com a comunidade, e voltar a abrir as portas para o povo, tornam-se tarefas mais que crucias para o desenvolvimento da região, uma vez que já fora mais do que provado que a população percebe a importância quando participam das coisas de dentro, e por sua vez, quando ajudam na construção e aproveitam os espaços. Seus espaços.




Senhoras e senhores, É hora de atentar Uma história arretada Eu vou lhes contar. Pouca gente sabe É preciso destacar É de Camaragibe Um precioso lugar: A primeira Vila Operária De toda Latinoamérica No século dezenove Por estas bandas veio morar Um engenheiro fluminense, Carlos Alberto é o nome, De um homem singular. Tinha sonhos humanitários Para na vida dos operários Vim a realizar. Seu grande amigo e patrocinador, O industrial Pereira Carneiro, No seu sonho acreditou E a Vila da Fábrica fez brotar. Uma fábrica de tecidos Queriam conceber E de alvenaria Começaram a fazer Com tijolos de barro batido Pela fábrica produzidos Fizeram a vila nascer.

Aos 12 anos Veio à Camaragibe morar. E cafezinho na fábrica, Começara a entregar. E Deus já sabia Que de setor mudaria Depois de uma conta acertar. Secretária virou E administrando a entrega das casas O destino de muitas pessoas mudou. À igreja era temente E todo dia se fazia presente, Era lá onde ensinava Catequese à criançada E aos mais carentes ajudava. E assim sucedeu, 92 anos de jornada Plantando na estrada Uma história linda Mas pouco lembrada.

Grupo: Brenda Calife Bruna Yamamoto Julia Santana Mareike Carvalho Milena Valença

Local: Vila da Fábrica E indo mais à frente, Próximo à igreja do sagrado coração, Escuta-se preces e oração Casa das irmãs é o lugar E foi nela que fomos visitar.

Hoje cinco estudantes De um curso secular : Fazem arquitetura na Unicap E tentam resgatar Através dos moradores As memórias desse lugar. E andando sem cessar Fomos à vila adentrar, Chegando à Rua Carlos Alberto Encontramos o homem certo Seu nome, Seu João Um homem de grande recordação. Chegou em 1935 Para no acabamento trabalhar Linhas se transformavam em tecido E o tecido fazia a economia girar. E na passada do caminhar, Fomos 3 pessoas visitar. A primeira, Dona Maria Que frustrada sorria Por sua história querer lembrar. Sua filha querida Que da sua vida sabia E sua prosa, fez narrar.

E a história não acaba por ai, Pois nas máquinas ele fez admitir O que havia aprendido por ali Mas não vamos deixar de contar Quando ajudante de pedreiro Ele ajudou a vila brotar. 102 anos de pura recordação Entre elas, histórias do Guarani Seu Clube de grande admiração

Eloisa é nome Da última pessoa de quem vamos falar Mas que por sua vida religiosa Teve que seu nome alterar. Irmã Elizabeth passou a ser E sendo freira e professora Viu a Vila crescer. Professora da escola da corporação Mostrava rigor na sua instrução. Saudade é grande em lembrar De todos que formavam para ela uma família e um lar. Seguidora da Santa Emília de Rodat Seus ensinamentos sempre procurava praticar Ajudando a todos ao seu redor Fazendo da Vila um lugar melhor. E assim, termina-se de contar Uma história tecida pelo povo desse lugar.


-

-




A Inglaterra, no início do dos como ferrugens, túmulos e século XIX, deu início ao seu legado jazigos rachados e cobertos por no Brasil, sendo as cidades portuá- mato, lixos jogados através do rias do Recife, da Bahia e do Rio de muro pela população do entorno e Janeiro, seus principais objetivos de incontáveis

casos

de

furto

das

lucro. Com sua estadia no país, foi lápides. Tal descuido seria evitado assinado o Tratado de Navegação e se os pagamentos das mensalidaComércio, no ano de 1810, onde des fossem efetuados regularmente estabelecia que os ingleses deveriam por todos os associados e o consuter um lugar próprio para serem lado assumisse toda ou parte de

In Memory...

sua responsabilidade como proprie- Grupo: Heloísa Marletti Criado em 1814, sendo o tário. Um projeto para restaura- Isabella Maranhão primeiro cemitério do recife, o cemi-

sepultados.

tério dos Ingleses, situado no bairro ção do local foi licitado, mas até Juliana Victor de Santo Amaro na cidade do Recife, então não foi aprovado e com isso o Nathalia Ribeiro já teve como nome “Estrada de Luís cemitério

segue

em

descaso

e Thais Lima

Rêgo. Atualmente passa a maior apesar de sempre parecer fechado,

parte do tempo com os portões o Cemitério dos Ingleses é aberto Local: fechados, devido à falta de seguran- ao público e continua a fazer sepul- Cemitério dos Ingleses ça existente em seu entorno. Um tamentos, mesmo que uma quantipedaço muito importante da história, dade irrisória por ano. por causa do legado que foi deixado,

Os ingleses não influenciaram

está sendo desprezado. Foi tombado apenas na criação do cemitério, como patrimônio de Pernambuco em mas em diversos fatores no nosso 1984 e hoje encontra-se em estado cotidiano.

Podemos

citar

como

de abandono e permanece esquecido exemplo palavras em nosso vocabulário como: Whisky, report, drink,

pela população.

ao poker,

foot-ball,

consulado britânico, que não se tantas

outras.

O

cemitério

pertence

lunch,

sport

e

Influenciaram

responsabiliza pela manutenção do também no esporte local, com a local, e é administrado, voluntaria- criação do Sport clube do Recife e a mente, por Esmeraldo Marinho, há criação cerca de 22 anos. O espaço sobrevi-

do

Caxangá

Então,

diante

golf

club. dessas

ve graças a contribuições dos poucos influencias que até hoje são preserassociados, porém as mensalidades vadas até hoje e utilizadas no dia a pagas são suficientes apenas para os dia da cidade, por que não se preoreparos básicos.

cupar e dar valor a história dos

No local, podem ser facil- ingleses e um dos seus marcos mente encontrados sinais de descui- históricos?

“No cemitério dos ingleses encontra-se o jazigo do general Abreu e Lima, que na época, embora cristão e não declaradamente protestante, não pôde ter seu corpo sepultado nos outros cemitérios existentes, também conhecidos como Campos Santos, devido à intransigência do bispo Francisco Cardoso Ayres.”


“Os

mortos

continuavam

vivos na memória dos seus familiares, presentes no cotidiano dos que lhes sobreviviam, permaneciam ligados por laços afetivos e de parentesco. Daí ser compreensível e coerente a falta de ostentação póstuma dos túmulos, uma vez que a crença estabelecida era a de que o fiel ressuscitaria num corpo novo, imperecível e num outro mundo intangível e eterno. Naquela

época,

as

necrópoles

existentes eram todas administradas pela Igreja Católica ou Irmandades Religiosas. Por isso, antes mesmo

de

erguerem

a

capela

anglicana para os serviços religiosos, os anglicanos viram-se na iminência

de

providenciar

uma

necrópole, já que seus mortos estavam proibidos de receberem sepultura nos cemitérios locais. Conhecido

popularmente

como

Cemitério dos Ingleses, a construção deste cemitério é consequência da presença inglesa e suas influências no cotidiano das cidades do Brasil-Colônia, que logo seria elevado à categoria de Reino Unido a Portugal. Especialmente naquelas onde se localizavam os principais portos coloniais e nas quais houvesse grande presença de britânicos. Tais como Recife, Salvador e Rio de Janeiro.”

(MELLO, 1972).




ANTES DESCOLORIDA, RUA DO ATALHO





No último quartel do século XIX teatro e nele o Grupo Teatral Frei (1875-1900) e nos primeiros anos Caneca encenava as suas peças e o do século XX, a feira desta cidade Pastoril de Erotildes fazia sucesso funcionava no princípio da Praça N. com suas apresentações. É bom S. do Rosário, defronte do prédio A notar que se tratava de um pastoril REFORMA. Nas imediações havia um familiar. galpão, a antiga “Casa de Mercado”.

Em 13.11.1956, a cidade viveu

Com a inauguração do prédio do momentos

de

apreensão

e

de

Mercado Público, hoje Câmara de inquietação provocados por uma Vereadores, em 1904, a feira deslo- atitude terrível do prefeito Aníbal

Aqui tem uma feira, visse!

cou-se para o outro extremo da Varejão. Sem aviso prévio, às cala- Grupo: Praça, defronte ao novo mercado, das da noite, depois das 22 horas, Ednadja da Silva onde permaneceu por várias déca- mandou transportar todas as barra- Elizangela E. Silva das; com o seu crescimento, invadiu cas, toldas e bancos para a Praça Gabriela Santana aos poucos, a praça. Antigamente, Diniz Passos, rua Diomedes Valois, Joelma Marques até o ano de 1920, os dias oficiais Floriano para realização da feira eram as (Sócrates

Peixoto,

Fábrica

Regueira)

e

União Susanna Lima

Brandão

quartas e domingos. Com a mudan- Cavalcanti. Ao amanhecer da sexta- Local: ça da feira e inauguração do novo -feira, a surpresados comerciantes Jaboatão dos Guararapes mercado, Samuel Campelo e outros e dos ferreiros era enorme e a transformaram

o

antigo

galpão, revolta foi geral. Elementos de

onde funcionou o mercado, num prestígio e seus próprios correligio- “A feira, antigamente, era ali onde era o cinema antigo, em frente ao Banco do Brasil por ali. O pátio da feira era ali. Onde hoje é a Casa da Cultura, ali era o mercado antigo, mercado da farinha, de carne...” “Era o mercado público aquilo ali, e ali era tudo no barro, aí, com o passar do tempo, foram calçando e tal. O mercado público, depois que a feira saiu dali, passou a ser ali onde era chamado buraco do tatu, aquele mercado passou a ser a Câmara de Vereadores, ficou vários anos ali, a Câmara de Vereadores ali. A feira passou a ser no braço do tatu.” correligionários foram ao prefeito levado à frente os srs. Ubaldino da

“A Feira e o Mercado” (BIRSON)

pedir que reconsiderasse a sua atitu- Costa Figueiroa e Leonardo Peixoto de, mas a resposta negativa e que dos Santos Oliveira, de realizar o não haveria pedido para o caso; seu intento. Tendo levado a pior, o afirmou o Dr. Aníbal Varejão: “a feira Dr. Aníbal Varejão retirou-se sem só voltara de pois de passar por cima poder levar os sacos e as mercadodo meu cadáver”. O próprio prefeito, rias, sendo vaiado pelos presentes. com um caminhão cheio de correli- E, para satisfação de todos, os gionáriose trabalhadores, dirigiu-se feireiros começaram a trazer de ao pátio da feira para levar, de qual- volta os bancos e barracas para o quer maneira, os sacos e mercado- antigo pátio da feira, sob o espourias dos comerciantes de estiva e de car de folguetes. farinha que lá ainda se achavam. Em lá chegando, o prefeito foi impedido pelos comerciantes e feireiros, tendo

Feira de Jaboatão


Colorida e criativa, com os mais diversificados produtos, que vão desde o arco-íris das frutas e verduras aos concretos materiais de construção, tudo junto e misturado, símbolos da resistência, de uma história que permeia e ultrapassa gerações, que entremeia becos, vielas e residências, compõe a feira livre da cidade.A escolha pelo tema e desenvolvimento do projeto se deu pela análise das problemáticas que envolviam tal temática, também possuindo a feira livre de Jaboatão, uma relação afetiva com integrantes do grupo por alguns de seus familiares trabalharem ou haver trabalhado no local, possuindo o projeto interesse de realizar uma campanha de reflexão e divulgação desta.

Localizada nas proximidades da Avenida Barão de Lucena, a feira livre da cidade existe desde os primeiros anos do século XX, onde funcionava no princípio da Praça N. S. do Rosário, defronte do prédio A REFORMA. Atualmente os comerciantes e trabalhadores da feira vivem um dilema resultante da transferência de parte de seus componentes para Prazeres, o que acarretou em desfocar as prioridades de Jaboatão Centro, além da incidência de grandes supermercados, o que afetou a movimentação econômica da feira, agregada à desvalorização e desorganização que nela assolam.A feira livre de Jaboatão representa resistência desde seus primórdios.


“Feira existe... Feira resiste”

Jaboatão dos Guara

rapes - PE

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Jaboa

es - PE

“A feira, antigamente, era ali onde era o cinema antigo, em frente ao Banco do Brasil por ali. O pátio da feira era ali. Onde hoje é a Casa da Cultura, ali era o mercado antigo, mercado da farinha, de carne.”

Jaboatão dos Meus Avós

Cartão Postal - Verso


As

a

d a s n A e g r u a r o r M


"As Margens da Aurora" é um tratado, uma evocação à cidade, arte e poesia, que é não palavra, canção, ou tinta, mas é vida, é o Recife. Escolhemos um dos pontos da cidade que conta um pouco sobre a poesia como um todo. A rua da Aurora, ou melhor, suas margens, nos proporciona o olhar do Capibaribe e através dele nos permitindo conhecer o Recife pelos prédios e monumentos, a história do nosso povo e a vida que nós damos à rua como um grande conto do que é a vida nessa singular margem do rio. Assim como a luz da aurora ou o raiar do dia que vai brilhando pouco a pouco até ser dia perfeito, a beleza e o encanto da rua acontecem majestosamente. Tanto seu começo quanto o fim são um convite. Cada ponto da Aurora, histórico, comercial, residencial, de passagem ou permanência, são pequenos focos da grande luz que é a Aurora, das proximidades do São Luiz ao Monumento Tortura Nunca mais, a vista para o Capibaribe e a vista para os prédios e monumentos nos contam histórias do passado, presente e futuro que se encontram nesse trecho da cidade talvez não tão bem aproveitados quanto em seus tempos de glória. Talvez o poema de Manuel Bandeira não tivesse mudado tanto se escrito hoje, o poeta está eternizado e enraizado, com o perdão do trocadilho, na Aurora não só pela presença de sua estátua na margem que tem vista para o rio mas através da sua poesia que

ainda evoca sobre uma Aurora atemporal. Como o Manuel Bandeira, mestre nas palavras, usou a poesia para evocar o Recife, olhamos e fizemos da rua da Aurora tal evocação. O olhar, recurso utilizado pelo poeta, o que nós podemos usar... a observação do belo que é a vida através de um ponto específico. A nossa campanha gráfica, ousou retratar imagens da rua a tratando como um grande quadro pintado. No livro, a Aurora é arte, como que feita a pincel e tinta, mas o artista fomos e somos nós: os que construíram seus prédios, os que olharam para a rua como um potencial, os residentes, comerciantes, executivos, estudantes e transeuntes.

As Margens da Aurora Grupo: Anderson Mendes Ellen Barbosa Keilla Noberto Larissa Azevedo Rute Alcantara Local: Rua da Aurora


... Nesse trecho da rua moravam lindas moças morenas, Lindas moças muito brancas moravam… Da prancheta em que desenhava, no primeiro andar, Vi-as de longe, nos seus vestidos claros e leves, Num passo tranquilo, conduzindo e ondulante, Quase sempre na direção da Rua da Aurora. Para esta rua saía, às quatro da tarde, Com os meus companheiros de trabalho; -Rua do Sol, pela manhã, e, à tarde, de sombra; Rua de margem de rio, de calçadas prediletas… Tinha-se a impressão que conosco, às vezes, Conosco, ao nosso lado, ia também um Poeta. ...


...

O que vimos na Aurora para a escolhermos? Talvez nada, talvez tudo.... Ao passearmos por ela descobrimos o Circuito da poesia, os diferentes usos da rua e contemplamos uma vista incrível para o Recife através do Capibaribe. O encanto imediato causado pela rua da Aurora transformou o trabalho que inicialmente tinha o foco em alguns dos prédios da rua em um tributo à Aurora e toda a sua riqueza.



Mesmo separadas por 15,6 mil km, as cidades do Recife e de Fucheu, a capital da província de Fujian, estão falando cada vez mais a mesma língua. Em particular, uma palavra: o guanxi, o código de lealdade que rege a comunidade de comerciantes chineses na capital pernambucana. É de Fucheu, com reóriforço das colônias de São Paulo e de Foz do Iguaçu, que vêm os responsáveis pela mudança de cenário no bairro de São José, tradicional centro de comércio popular recifense. A venda de importados no “vuco-vuco” passou a atrair cada vez mais os asiáticos, beneficiados pela alta capacidade de importação proporcionada pelo Porto de Suape e pelo pouco controle dos estrangeiros. Instalados em lojas próprias, passaram a oferecer produtos pirateados, expandindo suas atividades para Caruaru, no Agreste. A mudança só se evidencia em pequenos comércios que se espalham nos arredores de Recife, imigrantes que abraçam a oportunidade e aos poucos se dispõem a aprender cada vez mais da cultura brasileira chamam a atenção na Rua das Águas verdes do Bairro São José no Recife.

Sofrendo com o preconceito crescente no que diz respeito a falsificações baratas e permanência ilegal no nosso país, a população já isolada pelo aspecto linguístico ainda muito fraco se mostra amedrontada com a cultura. Prova disso, foi quando visitamos a rua do comércio e percebemos uma certa insegurança em se comunicar conosco. Aos poucos, passamos a tentar compreender mais o contexto por trás da vinda deles para o Brasil e conhecer um pouco mais sua cultura. A maioria dos chineses que vem para o Brasil, já tem um emprego em vista. Entretanto, existem casos que algumas famílias investem tudo o que tem vindo para o país ilegalmente e tentam, através do comércio ilegal, fazer disso sua fonte de renda. Recém-chegados, eles procuram emprego no comércio, justamente porque é possível trabalhar sem falar português. Na maioria dos casos, os proprietários optam por contratar funcionários brasileiros, para facilitar a comunicação com os clientes, sendo assim, torna-se desnecessário o contato dos clientes com os proprietários do estabelecimento.

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Negócio da China Grupo: Ana Luíza Vaz Breno Ferreira Juliana Pinto Maria Caroloina Simon Marina Cavalcanti Marina Santos Local: Rua das águas verdes, bairro Santo Antônio

A escolha dessa rua para iniciar uma rede de comércio chinês deve-se, principalmente, ao fácil acesso e ao comércio já desenvolvido entorno da região. Tentamos entrevistar um casal de chineses, donos de um dos estabelecimentos, e o pouco que conseguimos extrair de informações, foi a confirmação de como eles valorizam a discrição ao se comunicar com brasileiros, e ao mesmo tempo, um certo interesse em se “encaixar” a nossa cultura. Prova disso, foi o nome americanizado que eles adotaram aqui.


Outro ponto que podemos destacar, é a variedade em relação a estrutura das lojas. A grande maioria possui uma estrutura bem desenvolvida, entretanto, há aquelas não tem uma complexidade tão grande como as outras. Podemos ressaltar também que, eles prezam pela segurança na loja, utilizando serviços de segurança para garantir o bem-estar dos clientes e dos próprios donos. Embora não seja fácil deixar para trás os familiares e parentes na China, os imigrantes que vem para o Brasil acreditam na oportunidade de ter uma qualidade de vida melhor, uma vez que, a mão de obra e oportunidade de emprego na Terra Natal deles está cada vez mais escassa, além de, eles acharam os brasileiros um povo mais receptivo a estrangeiros. Destacando um pouco os pontos negativos pela visão dos imigrantes, estão como queixas decorrentes, o clima, a escassez de água, e claro, a própria comunicação. Todos os chineses que vêm morar no Brasil são alertados sobre o risco de violência, em parte porque imigrantes anteriores abriram negócios bem-sucedidos, mas, como eram clandestinos, precisavam guardar dinheiro em espécie, o que os transformou em alvos. Como identidade visual para o nosso trabalho, foi escolhida a imagem do Ying Yang, no sentido de representar justamente, essa dualidade entre o povo asiático e os brasileiros, que apesar de, divergirem em alguns pontos, se inter-relacionam mutuamente nessa troca de culturas e experiências.

A decisão do título do trabalho foi bem longa, passamos as primeiras semanas sem ter um nome definido. Porém, quando ja estávamos na 4ª reunião, sentamos e decidimos que esse ia ser nosso foco principal. Chegamos a algumas ideias interessantes, mas sem muita criatividade, como chinatown e alguns outros, porém, o que mais chamou nossa atenção foi "negócio da China". Lembramos dele por ter sido o nome de uma novela da globo. É um titulo que achamos que tem tudo a ver com o nosso trabalho e com o tema que iremos abordar, uma vez que,consegue abordar de uma forma global, os comércios dos imigrantes chineses na região do centro do Recife.



SALVE O NASCEDOURO


O bairro de Peixinhos, fica na divisa entre Olinda e Recife. Seu nome deu-se devido ao fato de os primeiros habitantes do local referirem-se ao rio, que pescavam e lavavam suas roupas, de “Peixinhos”, pois havia cardumes de pequenos peixes. Tempos depois, quando o rio foi identificado como sendo o Beberibe, a tradição popular manteve a denominação antiga, a qual o bairro adotou. O intuito principal do trabalho é reformular a visão do bairro de Peixinhos. A comunidade exige, através dos movimentos culturais, que uma área maior do lugar seja requalificada. Com nossas visitas ao local, percebemos que dos 15 blocos que havia para o funcionamento do Matadouro, uma fração muito pequena foi reformada, ainda há enormes prédios em ruínas, tomados pela vegetação; espaços abandonados, ora ocupados para a prática de esportes, principalmente pelas crianças, ora sem ocupação produtiva, o que acaba se tornando abrigo para atividades criminosas.

Chamou nossa atenção por ser emblemático e cheio de história; abriga atividades culturais e socioeducativas, as quais podem e devem oferecer muito mais. É um dos locais mais interessantes da cultura na Região Metropolitana do Recife, todavia corrompido Salve o Nascedouro pela violência, devido ao descaso político sobre a renda Grupo: destinada ao desenvolvimento Cássia Beatriz Isabela Carvalho da comunidade. Maria Luíza Galvão O Matadouro e o seu papel na Rayzlla Laís Vera Chen Luo economia do bairro Local: Nascedouro de Peixinhos

seus arredores, tinha seu meio de sobrevivência no trabalho no Matadouro, dessa forma, a comunidade, antes pequena, foi crescendo e se desenvolvendose. Em 1970, o Governo de Pernambuco determina a desativação da área, sob a acusação de que normas exigidas pelo Governo Federal, para Em 1919, foi inaugurado o o funcionamento de locais Matadouro de Peixinhos. A como aquele, estariam sendo construção devia ter sido descumpridas, gerando um iniciada em 1874, entretanto grande impacto para a popuos projetos não saíram do lação, pois, encontravam-se, papel na época, os contratos repentinamente, desempregaeram assinados para execução dos, sendo a maioria, pessoas das obras, mas nunca eram com baixa ou nenhuma escocumpridos. Entre 1908 e 1911, laridade, sem perspectiva de finalmente um contrato foi trabalho. fechado e o Matadouro foi O fechamento do Mataconstruído e inaugurado. 15 douro, junto com o crescimento blocos, equipados com vários desordenado, resultou com que departamentos e galpões Peixinhos se tornasse um dos onde eram abatidos gados bairros de Olinda e Recife com bovino, suíno e aves. os maiores índices de criminaliA maioria da população, dade, consumo e tráfico de entre mulheres, jovens, drogas, e baixo Índice de crianças e homens, da área e Desenvolvimento Humano.


Centro Cultural Desportivo Nascedouro de Peixinhos Nos anos 80 e 90, artistas, líderes comunitários, ativistas e demais personalidades do bairro começaram a promover movimentos pela restauração do lugar. Entretanto, antes do início da requalificação do antigo Matadouro, houve a ascensão do teatro e surgimento de grupos culturais como o Balé Afro Magê Molê e integrantes, que futuramente tornou-se a banda Chico Science e Nação Zumbi. Já utilizavam o espaço para reuniões e ensaios, numa tentativa também de chamar a atenção da sociedade para as reformas necessárias. Iniciou-se um intercâmbio entre Peixinhos, outros bairros e regiões. Eis aí a célula do Movimento Cultural Boca do Lixo. MCBL, nome dado em homenagem à “Luta contra o Lixo”. Tal coletivo organizou grandiosos eventos artísticos que imprimiram uma nova marca ao bairro. “Em sete anos de programação ativa recebeu artistas como Milton Nascimento. O último grande show no espaço foi em 2012 com a banda local Nação Zumbi, que inclusive batizou uma canção de “Nascedouro” em homenagem ao projeto. Hoje está abandonado, cheio de cupim, o palco ficou de um jeito que não dá para utilizar. Toda essa articulação é uma cocheira de cavalos.” O Nascedouro está desde 2013 sem reparos e a mercê da ação do tempo. No local ainda funciona um centro de saúde e outro de tecnologia, mas segundo moradores e articuladores culturais a maior parte está abandonada. O espaço faz muita falta para a população, principalmente para os movimentos locais, pois, muitos, ficaram sem espaço para ensaios.



ÁGUA FRIA É QUENTE É CULTURA É RAIZ


O bairro de Água Fria foi fundado a partir da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, quando começou a ser ocupado com o loteamento de alguns sítios e chácaras proveniente da especulação articulada pela modernização dos transportes coletivos que começaram a traçar os arrabaldes do Recife com os trilhos do trem a vapor e fazia parte da região do antigo Beberibe de Baixo, junto a outros bairros. Seu nome foi dado por conta da ligação do afluente ao Rio Beberibe, o riacho água fria, denominado justamente pela temperatura do seu manancial que posteriormente emprestou o nome ao bairro e formação foi devido ao processo de modernização e higienização dos centros urbanos do Recife que marginalizavam sua população pobre de negros e mulatos oriundos dos mocambos existentes nos manguezais dos bairros centrais, e também abrigavam os refugiados da seca do sertão e pessoas que migravam buscando melhores condições. Muitos deles que aqui chegaram, cultuavam seitas e religiões afros, os terreiros de culto nagô, gege, xanhá com predominância de nagô, invadiram estas áreas de Água Fria e seus vizinhos: Arruda, Fundão, Campo Grande, Encruzilhada e Beberibe, a ponto desta região ficar conhecida por muito tempo pela imprensa e pela população recifense pejorativamente de “catimbolândia”.

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Água Fria é Quente Grupo: Amanda Oliveira Carolina Souza Fernando Cortizo Isabelly Ribeiro Nathalia Molina Local: Bairro de Água Fria

Considerados como centros de bruxarias, os cultos afrodescendentes neste período eram disfarçados como agremiações carnavalescas e o sincretismo foram estratégias criadas com o intuito de impedir o

Por volta de 1875 surgia na Estrada Velha de Beberibe(A atual estrada velha de Água Fria, o terreiro de xangô O Ilê Obá Ogunté, também conhecido como Sítio de Pai Adão, o mais antigo terreiro de xangô(culto Nagô) em atividade do nordeste brasileiro, Pernambuco. Foi o Primeiro terreiro a ser tombado por um governo estadual. Foi fundado pela ex- escrava nigeriana e yalorixá Ifá Tinuké (conhecida por tia Inês) em 1919, assumiu o terreiro Felipe Sabino da Costa, o Pai Adão, que era filho de santo dela. O célebre Pai Adão faleceu em 25 de março de 1936, mais o terreiro continua em atividade até hoje. É um modelo de culto sob todos os pontos-de-vista: na sofisticação ritual, na beleza de sua música e da dança, no número de divindades cultuadas (ali são cultuadas divindades não encontradas em nenhum outro culto do Brasil), no poder espiritual das incorporações, tudo indicando uma tradição conservada com fidelidade às suas raízes. Além de divulgarem a raiz, eles também participam de atos e ações sociais, religiosos, políticos e são os responsáveis espirituais pelo bloco Afro Ilú Oba De Min, formado por mulheres percussionistas que fazem um trabalho de educação, cultura e arte negra, além deles serem incentivadores dos desfiles de maracatu no carnaval do Recife.


A escolha do local para o projeto se deu no início, pela feira livre que tinha no bairro, porém, ao chegarmos lá já havia uma intervenção no local da prefeitura pela criação da feira nova na organização dos ambulantes. Próximo aonde era a feira livre ainda possui o Mercado Público de Água Fria, que está localizado na Avenida Beberibe. Foi a partir das visitas ao local que descobrimos a forte influência do candomblé e da umbanda no bairro por ter vários dos seus artigos sendo vendidos como o forte do mercado. Além disso, nos encantamos com um lugar de intensa vivência carnavalesca e uma riqueza cultural enraizada, de origem e tradição afrodescendente. A falta de segurança, calçamento e de saneamento e o foco no comércio, faz com que as memórias deste lugar passem despercebidas, entretanto, não consegue apagar a identidade e a memória trazida pelos nativos da região. Uma cultura muito rica de pastoris, maracatus, afoxés, escola de samba, caboclinhos e terreiros como o do Pai Adão tendo muito a nos mostrar se procurarmos.


Avenida Beberibe - Ă gua Fria



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