Lula Marcondes Igor Villares Diego Inglez de Souza orgs.
INTERVENÇÃO NA CIDADE GRÁFICA 1
ORGANIZADORES
PROJETO GRÁFICO:
ESTAGIÁRIO: REVISÃO DE TEXTO: CAPA: FICHA CATALOGRÁFICA: INSTITUCIONAL:
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INTERVENÇÃO NA CIDADE GRÁFICA INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
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PARTE.1: Meus Lugares – 2016-2017 Uma experiência pedagógica de descoberta da própria cidade
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À Madalena
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Pega o Beco
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Atrás dos Prédio o Parque
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Seu Hemetério Bombou
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O Grito do Bode
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O Caso de Descaso
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Meu nome é Holiday
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Fantasmas de Areias
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PARTE.2:
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ÍNDICE
Intervenção na Cidade Gráfica – 2018-2019 O fazer gráfico na Cidade
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Maria do Beco
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Chá-Mate Brasília
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Grupo Nau
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Rede de Mulheres Negras de Pernambuco
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A.R.O.
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Vai de Barco
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Marcelo Pescados
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AR.Pifano
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CONCLUSÃO A dimensão ideal: Intervenção na Cidade Gráfica
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AGRADECIMENTOS
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MEUS LUGARES 2016-2018
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Diego Inglez de Souza Professor licenciado da Unicap e Pós doutorando na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho (Guimarães, Portugal)
APRESENTAÇÃO
UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA DE DESCOBERTA DA PRÓPRIA CIDADE
O exercício “Meus Lugares”, proposto durante quatro semestres entre 2015 e 2017 no âmbito da disciplina obrigatória Expressão gráfica na arquitetura por mim e pelo professor Lula Marcondes, surgiu do desafio de transmitir de maneira criativa e responsável um conhecimento bastante específico e um tanto árido - o uso de softwares de editoração gráfica e tratamento de imagens aplicado à arquitetura e ao urbanismo. Ainda que tenha sido solicitado pelos próprios alunos durante o processo de reestruturação do curso da Universidade Católica de Pernambuco, o conteúdo a ser transmitido nos parecia essencialmente instrumental, correndo o risco de se tornar desinteressante, tanto para os alunos como para os professores. Vale lembrar que, apesar de utilizamos cotidianamente estas ferramentas digitais nas nossas atividades profissionais, nós havíamos aprendido a usar tais softwares de maneira intuitiva, a partir da experiência e do compartilhamento de pequenas descobertas com colegas e colaboradores, continuando a aprender uns com os outrosao longo das aulas e trabalhos. Esta trajetória nos levou a perceber que não havia um jeito certo ou errado de manipular as imagens e textos, mas que as ferramentas digitais abriam múltiplas possibilidades de processos e resultados extremamente ricos para o campo profissional e acadêmico, desde que relacionadas a um conceito e à formulação de respostas para problemas concretos, que antecedem a produção de uma solução gráfica. Em outras palavras, não queríamos ensinar aos alunos uma série de comandos e operações previamente testadas por nós, mas estimulá-los a empreender suas próprias descobertas em termos de linguagem e expressão. Assim, depois de introduzir os alunos em cada um dos principais softwares de criação e edição de imagens, vetores, páginas e apresentações, propusemos aos grupos que elaborassem e realizassem peças de uma campanha de valorização e conhecimento de um determinado bairro, praça ou rua da Região Metropolitana do Recife, escolhido pelos alunos, com total liberdade. A escolha era debatida com cada um dos grupos e coletivamente; a partir da justificativa, identificava-se uma problemática, a qual as peças gráficas tratavam de responder. Propositalmente, determinamos quais seriam os produtos mínimos desta campanha de incentivo
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ao conhecimento da nossa própria cidade: um cartaz no formato A3, um cartão postal e uma camiseta. Ainda que as relações entre estes produtos e o campo da arquitetura não sejam evidentes, sua elaboração demandou um processo de pesquisa e de tomada de consciência acerca das etapas envolvidas na construção de um projeto, que conduz à reflexão acerca dos agentes envolvidos no resultado final do trabalho do arquiteto e urbanista. Através do processo de elaboração de cada um destes elementos, os alunos foram obrigados a refletir sobre os meios disponíveis, os custos, a escala e a circulação dos produtos do trabalho do arquiteto e urbanista, que sempre envolve outros profissionais e processos exteriores ao espaço de trabalho, seja ele o escritório ou a sala de aula. Condicionando-os a trabalhar em pequenos grupos, os induzimos para que eles encontrassem os meios e tom adequados para apresentar, defender e criticar propostas, buscando consensos possíveis e composições coerentes dentro do universo de ideias por vezes divergentes ou concorrentes daquelas inicialmente imaginadas. Ao partir de uma escolha feita livremente pelos alunos, procuramos mobilizar os interesses e particularidades de cada grupo em função de suas escolhas e referências, resultando em um panorama plural de possibilidades ao invés da reprodução mecânica e desinteressada de tarefas repetidas e preestabelecidas por nós. Se alguns alunos escolheram trabalhar com os bairros onde moravam, procurando dividir com o resto da turma e da cidade a riqueza da experiência urbana de seus territórios de origem muito além dos estereótipos, outros preferiram usar da oportunidade e destas ferramentas para dar visibilidade à problemas ‘escondidos’ na paisagem, num processo carregado de tomada de consciência e debate dos problemas cotidianos das nossas cidades como o abandono de infra-estruturas e espaços públicos ou a invisibilidade e o silenciamento de determinadas populações. Houve ainda quem aproveitasse a oportunidade para experimentar e propor novas leituras e percursos através do tecido urbano, revelando situações e características singulares do Recife e região metropolitana. Ao colocar os grupos como parte ativa do processo de avaliação, dividimos proporcionalmente a responsabilidade pelas notas obtidas no final do trabalho, afastando qualquer possibilidade de subjetividade aleatória, indo muito além do gosto pessoal e inserindo-os horizontalmente como futuros colegas nos desafios da profissão, que incluem o exercício da crítica circunstanciada e construtiva e da camaradagem responsável, muito além do corporativismo. Para nós, o que poderia ser a mera reprodução de habilidades e conhecimentos estáticos, converteu-se em uma enriquecedora experiência pedagógica, através da qual pudemos comprovar a validade das propostas emancipatórias do educador pernambucano Paulo Freire aplicadas ao nosso campo profissional, ao relacionar o aprendizado ao contexto, interesses e desafios de cada grupo de alunos. “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho - a de ensinar e não a de transferir conhecimento. É preciso insistir: este saber necessário ao professor - que ensinar não é transferir conhecimento - não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser - ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido.” (Freire, 2002, p.21)
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Ao trabalhar comcom objetos aparentemente distantes do do Ao trabalhar objetos aparentemente distantes campo específico da arquitetura do urbanismo, mobilizando campo específico da arquitetura e doeurbanismo, mobilizando questões da cultura visual e urbana, construímos coletivamente, questões da cultura visual e urbana, construímos coletivamente, ao longo do desenvolvimento destes trabalhos, representação ao longo do desenvolvimento destes trabalhos, umauma representação analógica do processo criativo absolutamente válida a vida analógica do processo criativo absolutamente válida parapara a vida profissional dos futuros arquitetos e urbanistas. Alimentados profissional dos futuros arquitetos e urbanistas. Alimentados por por desejos e limitados por condicionantes concretos, norteados desejos e limitados por condicionantes concretos, norteados por por posicionamentos éticos e problemas reais, os alunos puderam posicionamentos éticos e problemas reais, os alunos puderam perceber - talvez primeira entre quais determinantes perceber - talvez pela pela primeira vez, vez, entre quais determinantes e e forças se situa hoje o campo da arquitetura e do urbanismo, forças se situa hoje o campo da arquitetura e do urbanismo, testando possibilidades de ação dos horizontes convencionais testando possibilidades de ação fora fora dos horizontes convencionais da profissão. da profissão.
Referências: Referências: P.. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática Feire,Feire, P.. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ªSão ed.Paulo: São Paulo: e Terra, educativa. 25ª ed. Paz ePaz Terra, 2002.2002. Oliveira, I. e Labastida, M..Experiências pedagógicas território Oliveira, I. e Labastida, M..Experiências pedagógicas sobresobre território nas escolas de arquitetura. Guimarães: Lab2PT / Escola nas escolas de arquitetura. Guimarães: Lab2PT / Escola de de Arquitetura da Universidade do Minho, Arquitetura da Universidade do Minho, 2017.2017.
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À Madalena Grupo: Andressa Zerbinatti Camila Colaço Felipe Carvalho Hugo Travassos Maria Clara Calado Thais Mariana Wanessa Lima
Madalena. As postagens nessas redes sociais, feitas com fotos ou vídeos, autorais, tiveram repercussão de pessoas que já estiveram nos locais, que os acharam interessantes ou que tem vontade de conhecê-los.
Ano: 2016.1 Local:Bairro da Madalena Madalena, uma história que começa no século XVI e que vem sendo escrita até hoje. Um bairro que começou a partir da venda das terras de Jerônimo de Albuquerque pelos seus filhos, após sua morte. Com as terras adquiridas por Pedro Afonso Duro, através dessas vendas, é fundado um engenho de açúcar que posteriormente dão origem ao bairro. Anos depois esse engenho é vendido para João de Mendonça e Madalena (homenagem à esposa de Pedro Afonso, Madalena) e era, na época um dos melhores produtores de açúcar. Locais marcantes do bairro como o a casa grande) e a Praça João propriamente dito) pertenceram a esse engenho.
descobrir tudo que a Madalena pode oferecer, tornado assim o ponto de partida para o desenvolvimento do trabalho. O título do trabalho: À Madalena, faz referência ao modo de ser, viver do bairro, seguido da frase “ENQUANTO VOCÊ PASSA, A MADALENA ACONTECE!”, base de todo o desenvolvimento do projeto, pois se refere aos locais que são ignorados por estarem no trajeto de muitos recifenses. Começamos, assim, a produzir material de divulgação desses locais. Nesse sentido, o Museu da Abolição e o Mercado da Madalena seriam os locais mais enfatizados no projeto, pois estão localizados na via de maior tráfego da região, fazendo com que muitas pessoas desconheçam sua importância para o bairro ou até mesmo sua existência. Além do museu e do mercado, foram visitada a Praça Eça de Queirós, a Igreja da Madalena e o Clube Internacional, pois também são locais importantes para o bairro. Com as visitas a esses locais, foi obtido um excelente material fotográfico, o qual foi utilizado em diferentes formas: para a produção de cartões-postais, camisas, ecobags, entre outros; foi
A Madalena foi escolhida por ser um bairro de passagem, onde muito dos marcos da região passam despercebidos. Sendo assim, o trabalho À Madalena buscou mostrar o que acontece no bairro, enquanto e uma fanpage no Facebook as pessoas o transitam, e para auxiliar a divulgação e convidá-las a permanecer para mostrar todos esses locais da
Além disso, foi produzido um curta com o enfoque no Mercado da Madalena, intitulado “Bacurau”, fazendo referência à feira noturna que existia antes de surgir o mercado propriamente dito e que possuía esse nome, mesmo nome do pássaro que possui hábitos noturnos, o bacurau. O curta tem depoimentos de funcionários e comerciantes do mercado, contando como é o modo de ser do local, por que ir ao mercado e o que ele tem a oferecer. Com a problemática das pessoas não notarem o que está à sua volta quando passam na Madalena, o trabalho À Madalena mostrou para elas a riqueza de lugares interessantes que o bairro possui, através de materiais gráficos como panfletos, lambe-lambes, camisas, ecobags, cartões-postais; através da mídia, com o curta e através das redes sociais. Portanto, a cada postagem, a cada divulgação que é feita mais e mais pessoas se interessam pelo bairro atingindo o real propósito do projeto, conhecer o bairro da Madalena, à Madalena.
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s.m. Bras. Nome comum de várias aves noturnas da América tropical. São de plumagem macia, coloração parda salpicada de preto e amarelo e faixa branca no pescoço. Através da pesquisa desenvolvida o grupo À Madalena produziu diversos materiais com a proposta de evidenciar e enaltecer o bairro, atraves do conceito exposto anteriormente “enquanto você passa a madalena acontece”.
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Pega o Beco Grupo: Alice Nóbrega Ivison Guedes Maria Ayala Valéria Oliveira Vanessa Cavalcanti Ano: 2016.1 Local:Becos do Recife
a Sete de Setembro, que com seus diversos bares e lanchonetes funciona como alternativa às ruas agitadas desse bairro. Quando a noite chega, é ponto de encontro de estudantes e trabalhadores da região, que são atraídos pela comida, cerveja gelada e pelas máquinas de jukebox. Os comerciantes se dividem quando o assunto é o beco: uns acreditam na possibilidade de valorização do local por meio de iniciativas públicas, como ações de saneamento e limpeza, enquanto outros mazelas existentes. Assim, é possível afirmar que o Beco da Fome é um lugar de vivências singulares que vai se reinventando ao longo dos anos, enquanto carrega a memória poética do Recife.
Estreitos e improvisados, os becos do Recife recheiam o imaginário urbano da cidade, seja pelo desprezo de seus frequentadores ou pela poética de suas origens. Assim, o presente trabalho buscou adentrar não somente nos espaços marginais e esquecidos da malha urbana recifense, mas também vivenciar cada peculiaridade proporcionada por esses desarranjos urbanos.
Inicialmente, a equipe trabalhou com os becos da Fome, Marroquim e Sirigado. Entretanto, existe interesse em relatar vivências de outros becos do Recife, além dos abordados na disciplina. O B e c o d a Fo m e , localizado no Bairro da Boa Vista, é um estreito que liga a Rua do Hospício e
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Já o Beco do Marroquim, no Bairro de São José, proporciona uma experiência genuinamente única em seus frequentadores. Entre redes, panos e mosquiteiros, é um beco quase que artisticamente pensado, tamanha a beleza da disposição dos produtos e a experiência sensorial da sua travessia. As cores, texturas e iluminação são os fatores que fazem desse beco um ambiente tão singularmente belo e apreciado pelos turistas. Já foi local de prostituição e drogas, devido ao seu formato, mas foi transformado graças à população, que exigiu o fechamento do beco durante a noite para evitar a degradação. A l é m d i s s o, o e s p a ç o é remontado diariamente, revelando o zelo de seus comerciantes com o local de trabalho, que procuram manter o beco sempre limpo.
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Assim, o objetivo do projeto ‘Pega o Beco’ foi criar uma identidade visual com base nas características comuns aos becos: a perspectiva, a espontaneidade e a desordem. Não se pretende resolver os problemas dos Becos, mas revelar suas funcionalidades em meio ao caos que estão inseridos. Além disso, buscouse incentivar a utilização e até mesmo a descoberta desses lugares, muitas vezes esquecidos e desprezados pela população. O Beco transborda as paredes emprestadas de seus edifícios vizinhos para abrigar experiências sensoriais únicas, além de guardar as memórias afetivas de uma cidade que, tal como seus becos, mistura o afeto e o desprezo de seus habitantes.
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se parar em meio à passagem. A experiência de se atravessar o Beco do Sirigado revela as características de uma cidade de urbanização espontânea e desorganizada: o tráfego caótico, o traçado irracional e o improviso.
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intenso. A proximidade entre as pessoas favorece o comércio, que é majoritariamente de peças intimas e consertos em
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Finalmente, o Beco do Sirigado, também conhecido como Beco das Calcinhas, é um estreito que liga a Rua das Calçadas e a Rua Direita
Recife, Pernambuco, Brasil
Bem estreito e sujo como compete a um beco genuíno. Esquecido e abandonado, no destino resumido dos becos, no desamor da gente da cidade. Cora Coralina
@pegaobecorecife
beco da fome
beco do marroquim
BECO DO SIRIGADO
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Por Trás Dos Prédios O Parque Grupo: Camila Souza Camilla Motta Clara Cavalcanti Karolina Santana Maria Júlia Lemos Ano: 2016.2 Local: Teatro do Parque
e arredores ficavam abertos até a madrugada, hoje fecham no a programação cultural que o Teatro proporcionava se perdeu. Atualmente, restaurantes goumerts começaram a surguir numa área que antes era predominantemente popular. Apesar disso, o Teatro ainda está muito vivo na memória afetiva das pessoas . Pensamos em todo contexto atual de Recife, uma cidade que substitui seus cinemas de rua, seus espaços públicos por prédios com playground, academia, salão de beleza;
O Teatro do Parque, histórico centro cultural da cidade do Recife, localizado na Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista, está fechado desde 2010 em sua coberta. Entretanto as obras que so começaram em janeiro de 2015 duraram apenas 6 meses, deixando a reforma inacabada. O Teatro comemorou o seu centenário em agosto de 2015 de portas fechadas, e desde então tudo está parado. Quando o parque fechou, o seu entorno começou a mudar, antes, por causa deles, os bares-
Por espaços privados, como shoppings com salas de cinema que tentam atrair mais pessoas ultilizando Imax, salas VIPs, Chandon sendo servido durante a sessão; Cada vez mais as ruas ficam abandonadas, consequentemente mais inseguras. Estamos perdendo de vivenciar a cidade, seus espaços, seu encontros; O Parque se encontra escondido no meio desse caos, no meio desses prédios, mas ele não foi esquecido. “ATRÁS DOS PRÉDIOS, O PARQUE”. É isso que queremos mostrar, que o parque existe, resiste, e que ele não foi esquecido por nós, e não queremos que ele seja esquecido pela cidade como um todo. Dentro desse contexto, a ideia do trabalho foi criar imagens e frases que fizessem a população olhar e relfetir sobre a atual situação do Teatro, tendo como principal inspiração para a realização do trabalho o movimento de Maio de 68, que ocorreu na França. O movimento comandado por estudantes que reivindicavam c a u s a s s o c i a i s . Pa ra o s prostestos criaram frases de efeito e imagens simbólicas, tais frases e imagens chamam atenção como forma de protesto rápido , entre elas, as conhecidas são: “Sejam realistas, exijam o impossivel.”, “Parem o mundo, eu quero descer” e “É proibido proibir”. A frase que inspirou o trabalho foi: “Sob o calçamento a praia”, usada para pedir mais locais de lazer, “a praia” em Paris , e carrega um duplo sentido, pois na época existia um bar no subsolo de Paris, onde havia uma praia que era ponto de encontro dos estudantes da época.
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A aplicação da frase do trabalho “Atrás dos pédios, o Parque ” faz analogia com a frase “Sob o calçamento a praia” onde o Parque simboliza espaços de convivência cultural da cidade, cada vez mais necessárias nos dias atuais diantes de um cenário em que a arquitetura que mais se desenvolve são pédios que negam o espaço público. Assim, os prédios “escondem” o teatro esquecido no meio da cidade, o negando, criando um duplo sentido da mesma forma que o próprio prédio do teatro esconde detro dele um parque.
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As imagens ultilizadas no movimento francês eram todas monocromáticas, com o objetivo de facilitar a reprodução das mesmas, de maneira que as imagens pudessem ser espalhadas pela com a ultilização do estencil. Na tentativa de expressar essa técnica graficamente, utiizamos o arco-iris que fica localizado na fachada principal, marca registrada do teatro, jutamente com os prédios, porém o que chama mais atenção na
imagem é o arco-íris atrás deles. Pensamos em como ficaria a arte nas camisas e bolsas, colocamos a imagem em negativo devido a aplicaçao em estencil. Das duas frases que escolhemos, vimos que “O PARQUE R.EXISTE” se encaixava melhor na camisa, e “ATRÁS DOS PRÉDIOS O PARQUE” na bolsa. Fizemos dois modelos de cartaz com as duas frases, já o cartão postal foi elaborado com a fonte ultilizada no letreiro do teatro, escrito “PARQUE” ação cultural que o teatro proporcionava.
o teatro do parque foi inaugurado em 1915. esta fechado para reforma desde 2010. obras que so comecaram em janeiro de 2015. pararam 6 meses depois, ainda inacabadas. a empresa responsavel pela obra faliu. e o teatro esta abandonado. mas nao esquecido.
O PARQUE R.EXISTE
o teatro do parque foi inaugurado em 1915. esta fechado para reforma desde 2010. obras que so comecaram em janeiro de 2015. pararam 6 meses depois, ainda inacabadas. a empresa responsavel pela obra faliu. e o teatro esta abandonado. mas nao esquecido.
o teatro do parque foi inaugurado em 1915. esta fechado para reforma desde 2010. obras que so comecaram em janeiro de 2015. pararam 6 meses depois, ainda inacabadas. a empresa responsavel pela obra faliu. e o teatro esta abandonado. mas nao esquecido.
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SEU HEMETÉRIO BOMBOU
MAR ACA TU & MÚSIC A& CAR NAVAL & AR TE & CULTURA & BACNARÉ & DAN ÇA & ORQUESTRA & ARTE SANATO & BOI MIMOSO & SAM BA & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CARN AVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQU ESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOMB OU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BAC NARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOM BOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CAR NAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & B OMBOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTES ANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNA RÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CAR NAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BO MBOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESAN ATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVA Seu José & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & SAMBA L & ARTE & CULTURA & ARTESANATO & BOI MIMOSO & SAMBA & BOMBOU . 22 MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA & ORQUESTRA & ARTESANATO & B OI MIMOSO & SAMBA & BOMBOU . MARACATU & MÚSICA & CARNAVAL & ARTE & CULTURA & BACNARÉ & DANÇA
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SEU HEMETÉRIO BOMBOU Grupo: Alana Rosa Amanda Gonçalves Laysa Dias Maria Lúcia Romaguera Maria Paula Cavalcanti
Ano: 2016.2 Local: Bomba do Hemetério
Nos anos 40, a região que vinha a ser o bairro era um matagal com sítios e vacaria, e começou a ser habitada por muitas pessoas vindas do interior do estado à procura de melhores condições e oportunidades de vida, que foram instalando suas moradias aos poucos. Naquela época, a região não possuía transporte, escolas, postos de saúde, nada. O bairro foi batizado a partir da história de José Hemetério, habitante do local que possuía uma bomba d’água em sua casa, onde outros moradores iam se abastecer: daí o nome “Bomba do Hemetério”. Progressivamente, os habitantes da região foram reinvidicando melhorias na área, e hoje a Bomba está muito mais evoluída do que um dia já foi: dispõe de escolas, postos de saúde, áreas de lazer, transporte, ruas asfaltadas, programas culturais e entre outras coisas que ajudaram o bairro a ganhar força. Vale ressaltar que a
Bomba do Hemetério só conseguiu se expandir e tornar o que ela é hoje por meio do esforço de seus habitantes, que segundo eles mesmos, o bom é estar junto e dizer “Vamos fazer? ”, que é exatamente uma característica do povo dessa comunidade: Enquanto moradores de outros bairros, quando encontram em seu bairro, mudam seu local de moradia. Já os moradores da Bomba tentam e n c o n t ra r u m a s o l u ç ã o, ajudar uns aos outros, pois possuem esse sentimento de afetividade por eles mesmos e pelo bairro, além de serem muito receptivos e prestativos com quem é de fora. A escolha desse bairro para o desenvolvimento do trabalho teve como objetivo desmistificar a suposta imagem que as pessoas têm da Bomba, que por ser uma periferia, já recebe uma reputação de um lugar violento e sem atrativos culturais,
e fizemos disso a nossa problemática. A princípio, não sabíamos o que esperar do lugar, até por que alguns integrantes sequer haviam ouvido falar dele. Com as visitas, fomos mudando nosso olhar e criando um carinho por esse bairro tão rico e ao mesmo tempo tão inexplorado e desvalorizado pela cidade. A cultura da Bomba do Hemetério é algo muito forte entre os moradores, que sempre quiseram tornar o lugar reconhecido no Recife, trazendo à tona todas as manifestações culturais que existem por lá. Dentre as coisas que nos chamou a atenção, está o projeto “O que é da Bomba é bom”, feito por Dona Eli, artesã que homenageia o bairro em seus produtos, fazendo ecobags, bolsas, sandálias, blusas, pesos de porta, acessórios e entre outros, utilizando o símbolo de uma bomba d’água e as cores do bairro (vermelho, laranja, amarelo, azul e preto).
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O u t ra c o i s a q u e s e destaca na comunidade é a grande quantidade de troças carnavalescas, maracatu e escolas de samba; é como os moradores do local costumam comentar: “Se não fosse pela Bomba, o Recife não teria carnaval”, pois a maioria dos blocos saem de lá. Como exemplo, destacamos a escola Gigantes do Samba, o Maracatu Nação e a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, que são grandes nomes no carnaval da cidade. Também é importante salientar que durante todo o ano, a Bomba do Hemetério possui programas culturais, como o Festival de Delícias da Comunidade, Circuito da Bomba Cultura, Arraial de Seu Hemetério, Bombarte, Cine Bomba, ensaios e apresentação. Logo em nossa primeira visita á Bomba, notamos um ambiente de caráter caloroso e, percebemos dessa forma, que a vivência dos moradores se assemelha bastante à vida
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interiorana, talvez pelo fato do bairro ter surgido a partir de pessoas do interior. Assim sensação de segurança no local, por ter sempre várias pessoas andando nas ruas, sentadas nas calçadas e conversando com os vizinhos, gerando um relacionamento amigável entre eles. No decorrer do desenvolvimento do trabalho, fomos nos envolvendo e sendo cativadas pelo lugar e começamos a dar mais valor à cultura local; o bairro possui grande potencial para crescer ainda mais e se tornar lugar de atrativos turísticos mais conhecido no Recife. A Bomba nos deixa uma grande lição: se há um objetivo e todos estiverem dispostos a alcançá-lo em conjunto, dá certo: foi o que vem acontecendo desde seu surgimento. E foi assim que Seu Hemetério Bombou.
“ME CONSIDERO DA BOMBA AT É M O R R E R . V I V E R N O BAIRRO É UMA QUESTÃO DE COMPROMISSO SOCIAL. ACREDITO MUITO NA TRANSFORMAÇÃO DA BOMBA, SEMPRE ACREDITEI. HOJE EM DIA, ESTUFO O PEITO E DIGO: ‘SOU BOMBENSE’. ” ANDRÉ LUIZ LIRA, MORADOR DA BOMBA DO HEMETÉRIO O processo criativo do trabalho se deu com o princípio de querer dar outra cara à Bomba, mostrar e enfatizar a alegria daquele povo, e por isso, foi dada vida e cor às fotos editadas a partir das cores do bairro (vermelho, laranja, azul, amarelo e preto) e adicionamos o verde, que é a cor da escola Gigantes do Samba. Utilizamos também a imagem de uma bomba d’água, que fala sobre o início da história daquele lugar, presente em nossos produtos. A ideia da capa foi mostrar uma bomba jorrando cultura, e tudo de bom que há nela, e foi daí que veio o título do trabalho: Seu Hemetério Bombou, realçando a explosão de cultura local e força da região.
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TĂtulo do Projeto 26
O Grito do Bode Grupo: Eduarda Lobo Jéssica Lucena Mariana Melo Mykaella Moura
Ano: 2017.1 Local: Comunidade do Bode
Inicialmente a escolha do local para o projeto se deu a partir de pesquisas sobre comunidades do Recife que sofrem com a ameaça eminente da especulação imobiliária, entre elas, destacou-se a comunidade do Bode, localizada numa área nobre do Pina, que constitui o 5º metro quadrado mais caro do Brasil. Outros fatores também influenciaram nessa escolha, foram eles a utilização da maré como fonte de renda e o principal: a resistência constante da comunidade à tentativas de desocupação dessa área por grandes investimentos imobiliários. Assim, encurralada e comprimida na miséria poluída da periferia urbana do Recife, às margens do Pina, a história de um povo que ultrapassa as marcas da sobrevivência é o puro resultado de um “grito” o grito da resistência: “O GRITO DO BODE”. A comunidade do Bode surgiu por volta dos anos de 1920 formada por pessoas que encontravam na pesca uma saída para adquirir renda. Por ser uma área alagada, o terreno
diminuiu e o único caminho era o aterro, feitos com a lama da própria maré. Com o passar dos anos, o que era feito de de lama passou a ser feito com entulho e cascas de sururu. As muitas palafitas aos poucos se transformaram
do local é extremamente precária e a segurança também deixa muito a desejar. Embora localizada numa zona ZEIS (Zona Especial de Interesse Social),alguns prédios foram construídos irregularmente em torno da comunidade formando, de maneira bastante expressiva um “cerco” físico e social em volta do bode. Mas o bode é livre, é forte, ele resiste e nunca desiste. A comunidade não foge, ela aumenta; e tem orgulho em expressar que ali é o seu lugar.
em pequenos sobrados mal planejados e o que antes era maré agora é chão. Diversas visitas foram feitas para que fosse possível conhecer a realidade do lugar, ao fazê-las, constatou-se que o dia a dia da comunidade vai além daquela mostrada nos noticiários. À primeira vista é possível sentir-se em uma cidade interiorana: pessoas na rua, crianças brincando, vizinhos conversando, embora não se possa deixar de crescimento populacional não mencionar que a infraestrutura
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A maré é mais do que sobrevivência, é vivência, e embora tenha sido muito prejudicada com essa ocupação a comunidade encontra outras maneiras de conscientizar as pessoas através de projetos comunitários. Esses projetos ajudam também a evitar que as crianças sigam para a marginalidade e mostram que além da maré, o Bode também tem cultura. Como uma das principais mostras de resistência cultural da comunidade, destaca-se o projeto da Livroteca Brincante do Pina, uma iniciativa idealizada por Ricardo Gomes ou “traficante de livros”, que é morador da comunidade e reúne crianças e adolescentes com o intuito de disseminar a leitura como a solução de rande parte dos problemas da sociedade, pois como diz o próprio Ricardo: “cada livro é uma carta de alforria”
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O CU DA NAÇÃO
MARÉ
Eu moro num ovo Perto do cu da nação Entre o atraso E a evolução Vejo revoltados Sem revolução Procurando algo Na escuridão Meus amigos desistiram Antes de tentar Mas eu sigo em frente Pra o barco não afundar Jovens fracassados No auge da decadência A miséria dói A fome Gera violência Não há diferenças entre a droga e o amor Ambos dão prazer, Alegria, Dor E uma ressaca do caralho.
A mar é lixo, merda, carniça Criação do criador Criaturas submissas A maré Viveiro de miseráveis Por inércia ou falta de opção Latrina de Boa Viagem A maré abriga E alimenta Que a mata Amar é sair da lama Reluzente como prata A maré procura o rio Para desabafar Mas inevitavelmente A maré vai abortar
em essência poetizar a beleza desse grito de resistência. A arte principal do projeto que aparece no cartaz e nas camisas é composta por uma imagem das empresariais do RioMar, sendo as palafitas destacadas com um efeito laranja, retratando como na prática essa voz de resistência se manifesta. Não se trata de um ocupar em estado precário porque é bom, mas, porque é melhor ali do que sair dali. As cores escolhidas originam-se de uma paleta complementar laranja, cores vibrantes que nesse contexto representam a vivacidade e a força desse grito.
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O Caso do Descaso
Grupo: Camila Holder de Siqueira Larissa Fonseca Natália Lopes de Castro Raisa Mariá P. G. Fragoso Stella C. Ferreira de Castro Ano: 2017.1 Local: Cinema Duarte Coelho O Cine Duarte Coelho, vendidos por aqui”. localizado na praça Coronel João Lapa, em Olinda, foi construído O espaço pertencia no ano de 1941 e inaugurado em às Empresas de Cinemas 16 de outubro de 1942, com a R e u n i d o s , d i r i g i d a p o r Benjamim Ramos, até os Rio”, protagonizado por Carmem anos 60, em período de Miranda. O cinema de rua tem efervescências do cinema uma excelente localização, pois pernambucano, quando foi repassado para o Grupo saída de Olinda, e apesar da sua Severiano Ribeiro e por falta única sala, com 270 lugares, de público, fechou as portas tinha uma grande variedade em 1980. Logo em seguida, o local foi desapropriado e relembrado por um morador do tombado pela Prefeitura de Varadouro, Mauro de Barros, de Olinda. 76 anos: Em 1991, uma reforma foi prometida, todavia, apenas em outubro de 1998 foi Era muito bom. Bang iniciada, como continuação de dois outros projetos. d e h u m o r . . . A q u i O M i n i s t é r i o d a C u l t u ra disponibilizou, em parceria f r e q u e n t a v a a a l t a com a Prefeitura de Olinda, sociedade olindense”. uma verba de R$ 800 mil, dos quais 500 mil seriam A popularidade do cinema gastos exclusivamente com movimentava o entorno do a restauração do cinema. mesmo, trazendo pessoas Entretanto, este orçamento de toda a cidade, o que não cobriria as despesas com consequentemente tornava o a parte interna do teatro, V a r a d o u r o u m l o c a l m a i s como tratamento acústico, seguro. Além de incrementar o espaço cênico, climatização, comércio local, como descreveu p r o j e ç ã o m e c â n i c a e um comerciante dono de uma vestimenta cênica. Devido ao loja em frente ao cinema, inacabamento da revitalização, estabelecida há mais de 60 o local permaneceu fechado. anos: Posteriormente, foi invadido duas vezes por integrantes do “Naquela época, muita MST (Movimento Sem Terra) gente vinha pra cá e moradores da região que, além de depredaram o prédio, roubaram seus carpetes, consumindo os produtos poltronas e móveis.
Um novo documento prometendo a requalificação do Cinema, iniciada apenas em 2005. Não houve recursos ações e a execução teve de ser interrompida. Oito anos depois, em 2013, o secretário Municipal de Patrimônio de Olinda informou que o espaço abrigaria uma escola de cineanimação, com capacidade para 267 pessoas, mas suas obras nunca começaram. Mais uma vez um projeto de restauração foi sugerido, analisado e encaminhado em 2016, com orçamento de aproximadamente 4,8 milhões de reais, e ainda aguarda liberação de recursos federais. Como forma de protesto contra o abandono do imóvel, o Coletivo Brigada da Hora pintou o prédio de vermelho em 19 de junho de 2016. Mesmo com essa forma de tentar chamar atenção, o cine segue entre ruínas, tomado por vegetação e pichações, sendo utilizado como depósito da prefeitura. A escolha do tema foi baseada na vontade de chamar atenção para a indiferença com o equipamento público, abordando neste trabalho, de forma particular, o caso do Cine Duarte Coelho. Com a enorme perda dos cinemas de rua do Recife, procuramos direcionar o olhar da população para o absurdo em que se encontra este desenvolvido para que servisse de denúncia do descaso, com inspiração em temas do campo cinematográfico, desde o cinema dos anos 50 até uma temática mais construtivista. ‘O Caso do Descaso’ é um tema crítico e que pretende ser além de um trabalho acadêmico, ocupando as ruas com sua denúncia.
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bastante original para época, e a fachada. Para evidênciar mais um caso de abandono de um espaço cultural pelo governo, a frase escolhida para representar o trabalho, que aparece no logo, foi “O Caso do Descaso”.
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Tomando como base O logo foi desenvolvido inspiração no o auge de funcionamento do c o m cinema, a produção artística do construtivismo russo. Usando cartaz foi inspirada nos anos 50 cores monocromaticas com o objetivo de facilitar a sua reprodução de maneira período. O título do cartaz “O que as imagens possam se espalhar rápido pela cidade. atenção para o fato de que O vermelho foi escolhido o cinema já está abandonado há tomando como base a cor tanto tempo que já tem história que o cinema se encontra suficiente para se fazer um hoje, após a intervenção da filme. Já a frase “Em cartaz Brigada da Hora. O preto desde 1980” é uma correlação foi escolhido por ser a cor entre a data de fechamento do cinema com a data em que um nas suas paredes. Escolhemos evidenciar o letreiro em forma filme estaria em cartaz. de arco de ferro, considerado
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Os cartões postais foram escolhidos de forma a r e p r e s e n t a r a g ra n d e que passavam no cinema e foram inspirados em tickets As fontes e cores foram escolhidas foram baseadas no mais verossímil possível com o estilo desejado.
As fotos abaixo mostram o cartaz elaborado pelo grupo na parede do cinema e em outro local da cidade com o intuito de divulgar a causa não apenas perto do cinema, como também em outras regiões, como as cidades de Olinda e Recife.
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Meu Nome é Holiday Grupo: Jackson Freire João Paulo Marques Larissa Castro Mariana Gomes Marina Proto Ano:2017.2 Local: Edifício Holiday O Edifício Holiday foi escolhido a partir do interesse do grupo em estudar um espaço que fosse estigmatizado pela sociedade e que tivesse um grande valor arquitetônico. Assim, nossa intenção foi desconstruir e poetizar a atual imagem do local escolhido, evidenciando apenas aspectos positivos e motivos para a permanência de moradores naquela construção. O E d i f í c i o H o l i d a y, construído entre 1957 e 1959, foi um dos primeiros arranhacéus do Recife. Erguido no bairro de Boa Viagem, foi considerado um símbolo de modernização para o bairro, que era pouco habitado. Inicialmente, o
Edifício Holiday era destinado para veraneio e frequentado, principalmente, por homens solteiros e de classe médiaalta. Com o passar do tempo, o edifício tornou-se um de drogas e outros tipos de ações criminosas. Além disso, deixou de ser utilizado apenas para veraneio ,pois, com a expansão do bairro, muitas pessoas começaram a morar lá e por causa da violência que se instaurou no edifício, os preços baixíssimos atraíram pessoas de várias classes sociais. Atualmente, três mil pessoas nos 400 apartamentos distribuídos em seus 17 andares e é considerado pelos moradores da cidade uma favela vertical, localizada no coração de um dos bairros mais nobres.
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Apesar de apresentar diversos problemas, o Edifício H o l i d a y c a t i va o s s e u s moradores. Para a maioria, o edifício é considerado o melhor lugar para se morar em Recife pelos mais diversos motivos, tais como: facilidade de deslocamento devido a localização central, proximidade à praia, qualidade dos apartamentos quanto à ventilação e iluminação, baixo custo, etc. Além disso, por causa da grande quantidade de pessoas que moram na volume de serviços oferecidos, dos mais variados tipos.
Dentro daqueles a pa r ta m e n to s r e s i de m costureiras, sapateiros, encanadores, cozinheiras, de funções e serviços que facilitam a vida dos p r ó p r i o s m o ra d o r e s e da vizinhança, além de estreitar os laços afetivos entre todos. Constatamos que definitivamente o Edifício Holiday não carrega essa negatividade que a população recifense insiste em proclamar, mas pelo contrário: o Holiday é lugar de vida, de cores, de diversidade, de respeito, de afeto.
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“Fica no coração de Boa Viagem. Tudo perto.” - S. Pedro “O Holiday é uma mãe.” - D. Iolanda
“Aqui não é uma coisa morta não.” - D. Noêmia
O material gráfico procura, em sua natureza, avivar a moradia e a rotina dos residentes do Edifício Holiday. A imagem principal que aparece no cartaz, nas camisas, no caderno e nos adesivos é a representação das fachadas principais do edifício. As áreas coloridas das imagens selecionadas evidenciam o fato de o edifício ser cheio de vida e de afeto; nos cartões postais, as citações de elogios feitos por alguns moradores que tivemos a oportunidade de conversar também são prova dessa afetividade. No geral, as principais cores escolhidas são o azul e o salmão, que fazem alusão às cores mais presentes originalmente no edifício.
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FANTASMAS DE AREIAS AREIAS
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Fantasmas de Areias Grupo:
Bárbara Fernandes Beatriz Regina Germana Tinóco João Vitor Macêdo Ano:2017.2 Local: Mercado de Areias
o sustento de suas famílias. O mercado, que era muito frequentado e valorizado nos anos 1980 e 1990, é hoje, uma “Só observo, pois acho que o mercado acabou” “Todo ano a prefeitura visita, mas não faz nada” - Isaías, 30 anos no mercado 2 anos como administrador
Construído em 1959, o Mercado de Areias - localizado no centro do Bairro de Areias, na zona Sudoeste do Recife PE – foi por muitos anos ponto de referência de compras e de uma grande variedade de produtos, atendendo aos moradores dos bairros vizinhos - Estância, Jardim São Paulo, Vila Cardeal, Jiquiá, Imbiribeira, Ipsep, Caçote, Ibura e Barro -, possuindo 229 boxes na área interna e outros 21 na parte externa. Ao passar do tempo, o Mercado foi se degradando até que, em 2006, devido às fortes chuvas, parte do teto da
É possível a realização da reforma pela prefeitura através de uma PPP (parceria-públicoprivado), desapropriando o imóvel privado, do Mercado de Areais para fins de utildade pública, p o r é m h á t r ê s mandatos prefeitos ignoram a solução que traria de volta a vida ao ter se tornado vulnerável à local. Um projeto de reforma foi elaborado, contudo segue violência. sem nenhuma previsão de A construção, que chama licitação e posterior serviço a atenção por conta de sua para execução. fachada marcante de brises, O trabalho propõe tornar está entregue ao descaso. o Mercado de Areias ponto de Alguns poucos comerciantes máxima visibilidade diante a sociedade, com objetivo de hoje, já que é dali que tiram denúncia, já que a maioria sua fonte de renda há anos, das pessoas não conhecem ocupando as calçadas ao redor sua história e sua importância, do mercado, como se fosse devido ao seu abandono e uma feira livre; onde o esgoto descaso. encontra-se à céu aberto e não há saneamento, gerando acumulo de lixo e insetos. Alguns boxes da parte externa resistem, apesar do medo do desabamento e do fraco comércio, atuando de forma medo por conta da violência desesperançosa e limitada. e da estrutura ” - Estefânio, Alguns comerciantes relataram 40 anos no mercado inclusive a grande queda do lucro após o acontecido,
dos riscos que oferecia para a população, a Prefeitura da Cidade do Recife removeu o restante do teto do local. Desde então, não foram feitos mais reparos. A estrutura se deteriora mais a cada dia, sendo tomada por plantas e animais, além de renda daqueles que dali tiram
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A parte gráfica do trabalho foi pensada na problemática dos comerciantes que ali trabalham e estão caindo no esquecimento, dessa forma o uso do então nome “Fantasmas de Areias”. Houve inspiração, também, na fachada do Mercado de Areias, enaltecendo a presença dos brises, elemento arquitetônico em forma de placas horizontais, fixas, aplicadas sobre a fachada do edifício, com função de barrar a incidência direta dos raios solares.
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G R AV E A I C N DENÚ
O logotipo foi feito utilizando a técnica da xilogravura, de origem chinesa, que consiste em entralhar na madeira um desenho, deixando em relevo a parte da qual se pretende fazer a repordução. Em seguida, utiliza-se tinta para pintar a área em relevo do desenho. Na fase final, é utilizada uma prensa para transferir o desenho para o papel, de forma que fique espelhado.
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INTERVENÇÃO NA CIDADE GRÁFICA 2018-2019
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Igor Villares Professor da Unicap, Mestre em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente pela Politecnico di Milano (Milão, Itália).
O FAZER GRÁFICO NA CIDADE A Busca pela Expressão
APRESENTAÇÃO
A representação gráfica se enquadra dentro da esfera e do campo do conhecimento da comunicação “assim como a linguagem escrita e falada, a linguagem gráfica (ou a expressão gráfica) também possui uma gramatica para poder ser bem entendida” (GRIZ at al. 2007). Considerando tal afirmação, podemos refletir que o trabalho principal da disciplina de Expressão Gráfica é ensinar as ferramentas de comunicação necessárias para o aluno se expressar e comunicar os conteúdos gráficos em seu trabalho como estudante e futuro arquiteto e urbanista. A expressão gráfica, como ferramenta de comunicação do arquiteto, é o meio gráfico por excelência, como comenta Griz at al. (2007) “a expressão gráfica [...] possui o caráter de linguagem universal, fazendo com que sua comunicação seja imediata”. A disciplina de Expressão gráfica e este projeto didático tiveram como objetivo oferecer ferramentas gráficas que possam justificar e apresentar as ações de seus intentos, o que facilita o processo de comunicação entre diferentes sujeitos- O elemento visual é argumentativo e um facilitador da transmissão de intenções e ações (MONTANER, 2017). O experimento dos primeiros dois anos levou à exploração do território, dos espaços físicos e das dinâmicas urbanas, reunidos e representados em uma identidade imagética. A evolução deste contato com o mundo passou a ser as pessoas, o contato com o outro. Então, dentro deste ímpeto, o desenvolvimento da experiência passou a explorar o fazer gráfico e as dinâmicas de comunicação da cidade, compreendidas na riqueza de seus espaços, visíveis e invisíveis, e seus agentes. Para isso, e por isso, é importante observar a aplicação do projeto no curso de Arquitetura e Urbanismo, uma vez que a evolução da própria experiência espacial e urbana remontam significados e permeiam questionamentos basilares como: Que cidade é esta em que vamos intervir? Por que intervir de forma gráfica? Como?
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A Busca pela Intervenção O projeto Intervenção na Cidade Gráfica incentivou os alunos a procurarem, dentro de seu convívio, pessoas que precisam comunicar algo. Desde pequenos comerciantes, trabalhadores liberais, artistas até ONGs para que ganhassem visibilidade utilizando a gramática plástica e estética transmitidas na disciplina. Os próprios estudantes encontraram a oportunidade, o potencial, de intervir nos pequenos e ocultos atores da cidade, dando-lhes uma voz e levando a quem não teria espaço no mercado formal de Comunicação Visual uma oportunidade de serem valorizados. Fazendo da prática da disciplina um caminho para promover voz de quem não seria ouvido e atingindo o objetivo de popularizar, mostrar ser concebível e útil a aplicação da Expressão Gráfica como uma ferramenta de comunicação possível. O protagonismo do aluno é essencial na construção deste exercício, que é, de fato, um laboratório para sua formação profissional na qual as competências de relações interpessoais, trabalho em equipe, relação com um “cliente”, compõem o dia a dia. Tudo isso dentro de um contexto muito próximo ao de uma prática profissional. O projeto é uma plataforma para o desenvolvimento de competências essenciais para a carreira do estudante e gera impactos para aqueles que se dispuseram a abrir seus espaços, trabalhos e vidas para este exercício acadêmico. A prática das relações interpessoais, trabalho em grupo, exposição às diferentes vertentes do design, da arte e o trabalho de criação, são as ferramentas para lidar com as problemáticas apresentadas e a própria independência profissional. Tudo isso ocorre num período inicial do curso e se apresenta como um momento real de teste das habilidades que o aluno já possui e a busca por novas competências para atingir os objetivos lançados durante a disciplina.
O Processo de Intervenção O caminho para a elaboração do exercício deste projeto passa por fases: inicialmente os alunos praticam ferramentas de expressão gráfica (digital e analógica) e enquanto isto, em grupos, buscam um cliente em potencial. Depois, sondam as necessidades e expectativas deste cliente com o objetivo de encontrar o que poderá ser de fato entregue. O objetivo é que tudo o que seja proposto seja exequível e de fato executado. Com as ferramentas, necessidades e produtos a serem desenvolvidos, os alunos partem para a fase de experimentação, teste, erro, acerto e assessorias com os professores. Por fim, com o material aprovado são executados os materiais gráficos, impressos e/ou digitais, e entregues ao cliente. Esse processo é por fim compilado e organizado em um volume, que é então apresentado publicamente a uma banca formada pelos professores, monitores e um convidado externo, de notória prática no campo da expressão gráfica. Além do mais, os próprios alunos avaliam o trabalho. Utilizando o sistema de notas, de 0 a 10, as médias são calculadas considerando a avaliação de todas as partes. Tal processo torna a decisão da nota democrática, crítica e participativa, pois, aqueles que gerem a disciplina e acompanham o processo podem avaliar, os próprios colegas avaliam seus pares e os estudantes se auto-avaliam, além de contarem com a opinião externa de um profissional convidado que conhece o trabalho pela primeira vez e não tem envolvimento com o processo. Nesse contexto, os professores ensinam as ferramentas e os alunos vão para o mundo aplicá-las dentro dos princípios do método do Aprendizado Baseado em Problemas (ABP ou PBL no original em
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inglês) e desenvolvem competências: inglês) e desenvolvem competências: “um método de aprendizagem que tem a utilização de problemas “um método de aprendizagem que por tembase por base a utilização de problemas comocomo pontoponto de partida para a aquisição e integração de novos conhecimentos. de partida para a aquisição e integração de novos conhecimentos. Em essência, promove uma uma aprendizagem centrada no aluno, sendo os os Em essência, promove aprendizagem centrada no aluno, sendo professores meros facilitadores do processo de produção do conhecimento. professores meros facilitadores do processo de produção do conhecimento. NesseNesse processo, os problemas são um para para a aprendizagem e para processo, os problemas sãoestímulo um estímulo a aprendizagem e para o desenvolvimento das habilidades de resolução.” (SOUZA & DOURADO, 20152015 o desenvolvimento das habilidades de resolução.” (SOUZA & DOURADO, p.3) p.3)
O ensino através do método ABPABP levaleva o aluno a tomar um um O ensino através do método o aluno a tomar papel ativo na sua aprendizagem e nae experiência de construir o o papel ativo na sua aprendizagem na experiência de construir conhecimento. Os professores repassam a problemática e e conhecimento. Os professores repassam a problemática acompanham o desenrolar dos dos trabalhos. O protagonismo dos dos acompanham o desenrolar trabalhos. O protagonismo estudantes é iniciado na busca de oportunidades comcom possíveis estudantes é iniciado na busca de oportunidades possíveis clientes, contatam aqueles queque se voluntariam a participar da da clientes, contatam aqueles se voluntariam a participar atividade acadêmica, produzem o material gráfico (digital e/oue/ou físico) atividade acadêmica, produzem o material gráfico (digital físico) e trazem parapara avaliação. e trazem avaliação. ComCom estaesta dinâmica, o estudante “deve ser capaz de tomar dinâmica, o estudante “deve ser capaz de tomar parte em um parapara que que possa aprender a prática substantiva” parte em diálogo, um diálogo, possa aprender a prática substantiva” (SCHÖN, 2000) e a relação comcom o professor é uma relação de reflexão (SCHÖN, 2000) e a relação o professor é uma relação de reflexão e diálogo. Dessa forma, as competências são são desenvolvidas no no e diálogo. Dessa forma, as competências desenvolvidas decorrer da resolução do problema central, é aoé criar as peças decorrer da resolução do problema central, ao criar as peças gráficas que que surgem as oportunidades parapara ensinar ferramentas, gráficas surgem as oportunidades ensinar ferramentas, orientar e encontrar o caminho de maneira coletiva. O diálogo entre orientar e encontrar o caminho de maneira coletiva. O diálogo entre o grupo, comcom o cliente e com o professor é o espaço de reflexão e ose os o grupo, o cliente e com o professor é o espaço de reflexão elementos estéticos e gráficos que que se constroem, o resultado final.final. elementos estéticos e gráficos se constroem, o resultado Como Emmel e Krul (2016) desenvolvem, o professor é oé ente Como Emmel e Krul (2016) desenvolvem, o professor o ente reflexivo de sustentação do diálogo parapara a resolução do problema. reflexivo de sustentação do diálogo a resolução do problema. Podem surgir críticas ao caminho queque foi escolhido e e Podem surgir críticas ao caminho foi escolhido desenvolvido nesse projeto, talvez por por não não ser ser “arquitetônico” o o desenvolvido nesse projeto, talvez “arquitetônico” suficiente, porém, os resultados apresentados a seguir mostram umauma suficiente, porém, os resultados apresentados a seguir mostram exploração estética, imagética e deeconstrução de competências por por exploração estética, imagética de construção de competências vias vias paralelas a doaensino da Arquitetura que que são são aplicáveis na vida paralelas do ensino da Arquitetura aplicáveis na vida profissional e acadêmica dos dos estudantes. Produzindo trabalhos profissional e acadêmica estudantes. Produzindo trabalhos consistentes e lidando comcom agentes atuantes dentro do contexto consistentes e lidando agentes atuantes dentro do contexto social e urbano. social e urbano.
Referências Referências EMMEL, R.; KRUL, A. J..A. A formação de professores e o professor reflexivo: Análise das das EMMEL, R.; KRUL, J.. A formação de professores e o professor reflexivo: Análise concepções de Donald Schön. In: XVIII ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e concepções de Donald Schön. In: XVIII ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Prática do Ensino., 2016, Cuiabá. AnaisAnais do XVIII ENDIPE - Encontro Nacional de de Prática do Ensino., 2016, Cuiabá. do XVIII ENDIPE - Encontro Nacional Didática e Prática do Ensino. Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto Didática e Prática do Ensino. Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto de Educação., 2016.2016. v. 1. v. p. 1. 4483-4488. de Educação., p. 4483-4488. GRIZ, C.; CARVALHO, G.; PEIXOTO, A.. Desenho de Perspectiva e História da da GRIZ, C.; CARVALHO, G.; PEIXOTO, A.. Desenho de Perspectiva e História Arquitetura: em busca de uma interdisciplinaridade. In: Graphica 20072007 - VII- VII Arquitetura: em busca de uma interdisciplinaridade. In: Graphica Internatinal Conference on Graphics Engineering for Arts 2007,2007, Curitiba. Internatinal Conference on Graphics Engineering for and Arts Design, and Design, Curitiba. AnaisAnais do Graphica 2007.2007. Curitiba: UFPR,UFPR, 2007,2007, 2007.2007. v. 01.v.p.01. 01-06. do Graphica Curitiba: p. 01-06. MONTANER, J. M..J.Do às experiências, rumorumo a uma arquitetura de ação. MONTANER, M..diagrama Do diagrama às experiências, a uma arquitetura de ação. Barcelona: G. Gili, Barcelona: G. 2017. Gili, 2017. SOUZA, S. C.;S.DOURADO, L.. Aprendizagem baseada em problemas (ABP): um método SOUZA, C.; DOURADO, L.. Aprendizagem baseada em problemas (ABP): um método de aprendizagem inovador para para o ensino educativo. HolosHolos (Natal. Online), v. 5, v. p. 5, p. de aprendizagem inovador o ensino educativo. (Natal. Online), 182-200, 2015.2015. 182-200, SCHÖN, D.. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para para o ensino e a e a SCHÖN, D.. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design o ensino aprendizagem. PortoPorto Alegre: ArtesMédicasSul, 2000.2000. 256 p. aprendizagem. Alegre: ArtesMédicasSul, 256 p.
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Maria do Beco Grupo: Gabriela Cabral Giovanna Beltrão Hana Gouveia Thalita Brasileiro Rafaela Black Yuri Paes
“A gente botou um negocinho aqui, e foi né? Na base da amizade a gente foi crescendo”
Ano:2018.1 Local: Beco da Olímpia
Bairro de Santo Amaro Quem é essa Maria?
Nascida em Timbaúba, e vivendo em Recife há 13 anos, dona Maria ou Maria do Beco (denominação criada pelos frequentadores do beco), como muitas Marias, veio para cidade grande trabalhar em casa de família. Após alguns anos e com muito esforço, junto de seu marido, conquistou seu próprio comércio (ponto de venda de água mineral), na Rua Olímpia, Bairro de Santo Amaro, da cidade do Recife. Aos poucos, e segundo suas palavras, “por ser uma mulher desenrolada”, conseguiu estabelecer uma mercearia, o seu orgulho de domingo a domingo.
Foi chamada pelos locais como beco largo por um tempo, depois, com o crescimento de vida universitária ao redor, de beco do vinho, ponto de encontro estudantil e, hoje, simples mente beco da Olímpia.
“De repente coloquei uma prateleirazinha de coisa, depois fui comprando e aumentando e deu certo, mas depois o negócio aqui do lado queimou tudo que era meu, aí eu comecei tudo de novo, e graças a Segundo Lefebvre, “A Deus deu tudo certo”. cidade é uma mediação entre mediações”, são vivências que podem e devem se encontrar Dona Maria e o beco Força da mulher do para o enriquecimento de interior, resiliência, trabalho uma cidade. Partindo dessa de domingo a domingo, são ideia, questionou-se que beco era aquele pelo qual diariamentee alguns itens que se pode os pedestres passam e não encontrar entre pães, cereais e laticínios na mercearia Maria “reparam”. A rua da Olímpia, do Beco. Em razão desta riqueza, segundo as palavras da e do fato de que muitos cabeleireira Ivanete, que mora e trabalha há 30 anos na estudantes, funcionários e região, sempre foi uma rua sem professores da unicap, passam saída, contudo, transformou- todos os dias pelo beco, mas, se com o passar dos anos de não o percebem: a proposta uma rua residêncial para uma potencialidades de dona Maria rua de comércios populares. e do beco da Olímpia.
Buscou-se na história de Maria as referências necessárias para elaborar u m a i n t e r ve n ç ã o g r áf i c a em sua mercearia, gerando os seguintes produtos: um logotipo para seu comércio, estampas para ecobags, arte para imã de geladeira, estampa para boné para entregadores de água e arte visual para redes sociais. Dona Maria por si só foi o elemento chave de coesão do seu rosto narram sua trajetória, e foi tudo que se precisava para criar um conceito diferenciado. A imagem de seu rosto vetorizado em preto e branco remete à conexão de sua família com xilogravura, a paleta de cores, com tons de amarelo, remete ao entardecer de Timbaúba, sua terra natal, e ao mesmo tempo faz com que se crie uma imagem expressiva o suficiente para chamar atenção de qualquer transeunte. O f l u xo d a c r i a ç ã o a área da imagética, fazendo da própria dona Maria um elemento forte, exprimível através de uma imagem, centralizadora de atenções e de já reconhecido, patrimônio do beco.
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Para a maioria das pessoas, os becos são, na melhor das hipóteses, zonas liminares. Habitando o espaço entre “aqui” e “lá”, eles existem, mas por causa de suas adjacências e na pior das hipóteses, eles são escuros, úmidos e até perigosos, vistos pelos habitantes da cidade como espaços mortos. No entanto, para alguns visionários, o espaço negativo que os becos ocupam não estão, absolutamente, mortos; estão apenas dormentes, esperando por um nascimento em algo funcional e novo
“De espaços mortos a espaços públicos: Como os becos podem melhorar nossas cidades” (Alderton, Matt. 24 Jan 2017)
1-Beco da Olimpia 2-Mercearia Maria do Beco
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“IMAGÉTICA” Adjetivo. Estrutura abstrata e genética advinda da dinâmica de imagens. Caracterizada pela observação humana.
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Chá-Mate Brasília
Chá-Mate Brasília
Grupo: Bianca Oliveira Lucas Lisboa Pedro Delgado Victória Rodrigues Vanessa Brito Ano: 2018.1 Local: Chá-Mate Brasília
Na busca por estabelecimentos comerciais de relevância histórica e sociocultural em Recife, a equipe tomou conhecimento da lanchonete Chá-Mate Brasília. Na loja 28 do edifício Brasília, localização privilegiada do centro da cidade, cuja dinamicidade fica por conta dos taxistas, comerciantes e transeuntes que circulam por esta região, a área é abraçada por um dos marcos locais da arquitetura modernista, o Edf. Pernambuco, e pela Praça do Sebo, um dos pontos de parada do Circuito da Poesia, com sua amistosa estátua de Mauro Mota. Foi na década de 60 que o Sr. Manoel Pinheiro, pai de José Pinheiro, deu início à história do negócio da família, ainda enquanto barraquinha de cachorro quente na Rua da Roda, em frente à loja n°1 do Edf. Brasília. Nos anos 70, Sr. Manoel abre a Lanchonete Popular no mesmo edifício. Por
foi depois de provar a bebida no “Dunga Mate” que o pai de José decidiu investir no negócio. Hoje, a lanchonete da família Pinheiro é uma das únicas referências à este período. Próximo à praça do sebo e ao Edf. Pernambuco, no coração da cidade, o CháMate Brasília completa seus 34 anos de história, atendendo a taxistas, comerciantes, moradores e transeuntes que contribuem para que se perpetue a vida ativa no centro.
Sr. José se formou em administração na UFPE em 1994. Em 87, saiu do CPOR e foi trabalhar na Lanchonete Popular do seu pai no intuito de juntar dinheiro para comprar uma câmera fotográfica Yashica MF1, devido ao seu interesse por Atualmente José administra o negócio do pai numa intensa jornada de trabalho. Às 4h30 sai do Hipódromo, bairro onde mora na zona norte de Recife, para abrir o estabelecimento, cujo horário de funcionamento se estende até às 19h. Além de Paulo, seu irmão, que trata de questões jurídicas, auxilia no translato e compra de mercadorias, também conta com o apoio de Sr. Manoel e sua Kombi.
Antigamente era possível encontrar vários o melhor mate do centro de estabelecimentos de chá Recife: o Chá-Mate Brasília. mate no centro de Recife, e
O carro chefe da lanchonete é o mate com limão que, servido geladinho, é a melhor pedida para amenizar o calor rotineiro da cidade. Sr. José conta com 6 funcionários que vão te atender com muito esmero e está aberto de segunda a sábado. Lamentavelmente, o interesse da população por esta área da cidade já não é mais o mesmo da década de 70. Com isso, a lanchonete, apesar de contar com seus sua marca, mantendo a essência concebida ao longo de seus 34 anos de história. A partir dessa demanda, foram propostas algumas intervenções para que Sr. José do seu negócio, sem perder a aura característica dos anos 70.
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Muito receptivo desde o primeiro encontro, Sr. José compartilhou um pouco da sua trajetória desde a época de estudante. Natural de Caruaru, firmou raízes em Recife com sua família e há quatro anos toca, com o auxílio do irmão, o negócio do pai aposentado. Sr. José que, por opção, nem possui aparelho telefônico, aceitou de muito bom grado as intervenções propostas, entusiasmado por enfim ter uma identidade visual mais o espírito do seu estabelecimento. Ao fim da intervenção física, no momento de fazer jus ao tradicional mate com limão, foi assim que Sr. José se colocou, fechando a caixa registradora: “dessa vez é por minha conta, fiquem à vontade. É minha forma de retribuir tudo que vocês 52
Com base nos produtos oferecidos pela “Dessa vez é por minha lanchonete, parte do proposto na intervenção foi a personalização de É minha forma de retribuir cardápio e descartáveis, mim. adesivação do balcão Sucesso!”
Além disso, a fachada principal, voltada para uma rua transversal à Av. Dantas Barreto, também recebeu a nova identidade visual, imediatamente despertando a curiosidade dos que ali passavam. A expectativa dos participantes desta ação é de que Sr. José possa atingir um número maior de pessoas, atendendo principalmente às demandas publicitárias de gerações contemporâneas.
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GRUPO NAU Grupo: Adriana Cantalice Bárbara Lopes Bruna Costa Rafaela Falcão Vinícius Almeida
Ano: 2018.2 Cliente: Barqueiros do Marco Zero Local: Bairro do Recife
procurou otimizar o espaço além do território para ampliar a diversidade de mobilidade. Isso trouxe efeitos gradativos para a locomobilidade da população até hoje, uma vez que o campo não fluvial recebeu investimento, tampouco incentivo público, social e publicitário, configurando, portanto, um caráter invisível
Conhecidos de forma tímida pelos recifenses, os barqueiros da travessia marco zero-parque das esculturas, realizam passeios diariamente, o que nos despertou interesse pelo caráter de invisibilidade do seu trabalho, tal como o modal por eles usado. O uso de transportes
Segundos estudos do arquiteto e urbanista José Luiz da Mota Menezes, percorrer bairros usando o rio como corredor viário era uma prática comum no século XIX. Ainda no século XVI, o Capibaribe havia sido usado como navegação fluvial, sendo posteriormente, século XIX transformado em um dos principais meios para a chegada ao Centro do Recife, desde os subúrbios por onde o curso da água passava. Além disso, esse sistema de navegação impulsionou a construção de cais frente às moradias das
no Recife, se mostra muito curioso pois, apesar da O processo urbanístico cidade ser cortada por
da cidade do Recife enfrentou impasses para com a organização da mobilidade e a distribuição de setores de comércio, serviço e habitação. Tal fato é perceptível no paradoxo, em plena década de 30, entre continuar
a presença de deslocamento via rios é praticamente inexistente. “Meu amor pela cidade e pelo trabalho me faz ter um empenho melhor.”
f u n d a d o n a s t e o r i a s d a - Ivson (18 anos de serviço) modernidade, que possibilitou a saturação de veículos privados posteriormente, e a renúncia desse saber, dada a inexistência de um outro modo de promover o ordenamento e o controle da cidade. Isso presente, tornando-se, ainda, fica evidente no atraso de de grande interesse visual pelos investimento nos rios do Recife. que possibilitaria um novo modal para descongestionar o inchaço do sucateamento do serviço de transporte público. O processo de u r b a n i z a ç ã o d o Re c i f e , por ter se dado de forma abrupta, sem planejamento da Corte portuguesa, não
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a arrecadação de fundos para continuar a realização desse projeto, são eles: dois tipos de nós e pelos barqueiros no Recife Antigo, nos locais de grande circulação de pessoas. A Ecobag, t-shirt e o próprio boné que também é utilizado pelos barqueiros. Também há o Instagram (@grupo.nau) como
D i a n t e d a p r o p o s t a Inicialmente, desenvolvemos feita pelos professores de a logo que foi colocada em todos os produtos criados. O trabalho de alguém, queríamos primeiro produto foi um colete, não só mudar a realidade de para todos os 11 barqueiros um pequeno empreendedor, cadastrados que trabalham mas da cidade. Devido a isso, nesse ponto (marco zero observamos a possibilidade parque das esculturas), devido de atuarmos com o turismo e a uma necessidade de melhora urbanismo concomitantemente do design já existente e do através dos barqueiros que desgaste das peças utilizadas trabalham na cidade do Recife. por eles; um boné, que é Elegemos como ponto uma necessidade decorrente inicial desse projeto o Marco do sol durante todo o tempo zero - Parque das Esculturas de trabalho. Além desses, Francisco Brennand, por ser um outro produto para facilitar dos principais pontos de turismo o trabalho deles foi um cartão do Recife e também local de de visita, com as informações travessia para quem mora em Brasília teimosa. A nossa proposta é valorizar o trabalho dos barqueiros, muitas vezes discriminados, e mostrar a importância desse tipo de transporte em uma cidade cercada de rios como o Recife.
informações sobre a travessia e passeios realizados nesse local. Temos como ambição dar continuidade a esse projeto e englobarmos todos os pontos de travessia realizados por pequenos empreendedores em embarcações de pequeno porte, para conseguirmos gerar uma mudança de hábito da sociedade diante desse meio de transporte. Para isso, criamos o Grupo Nau, pois através dele daremos continuidade a essa missão.
“É uma forma diferente de ver a cidade, aprendi muito.”
-Ivson
“Gosto de trabalhar aqui porque é algo único.”
-Ítalo
básicas do barqueiro e local que atua, para ser entregue quando abordarem os clientes ou no final do passeio, facilitando a consolidação do cliente. Os demais produtos têm como foco divulgar o trabalho realizado pelos barqueiros e
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“Conheço pessoas de todos os lugares por causa do meu trabalho.”
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REDE DE MULHERES NEGRAS DE PERNAMBUCO Grupo: Aline Marques Micael Matheus Richard Barros Toni Carlos Yasmine Tvares Ano: 2018.2 Local: Boa Vista
principais: a ancestralidade, a resistência e a irmandade, onde elas observam que olhar para trás ajuda na compressão de quem somos, portanto, ao se compreender a ancestralidade ela ajudará portanto ao perceber-se quem se é se manifesta a resistência, expressa e consolidada na irmandade, que se acentua luta no outro.
A luta das mulheres negras tem colaborado com avanços notáveis na procura do cumprimento dos direitos básicos da população negra como um todo. A luta por representação e direitos tem sido constante.
Compreendendo a grande importância dos movimentos sociais e suas conquistas em detrimento do direito à cidade, percebemos a importância de contribuirmos para reforçar a identidade da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, assim coooperando com a visibilidade gráfica do grupo, que é muito importante no cenário local. A Rede de Mulheres Negras de Pernambuco lucrativos que atua contra o racismo, o machismo e pelo bem viver sem a violência. A Rede de Mulheres Negras de Pernambuco surgiu a partir da Marcha Nacional de 2015 realizada em Brasília, formada
por mulheres que não queriam mais se desvincular ao voltar para Recife. Chegando aqui resolveu se organizar com o objetivo de promover e dar uma maior visibilidade e buscando evidenciar e acolher as demandas da população negra. Desse modo a Rede passou a ser composta por militantes autônomas negras e por mulheres negras que fazem parte de coletivos, organizações e articulações diversas, com a proposta de mobilizar mulheres negras por todas as regiões do estado de Pernambuco. A partir disso, a Rede se consolidou tendo como base três pilares
A Rede tem sempre buscado atuar em vários setores da sociedade: na promoção e defesa dos direitos civis e políticos da população negra, valorização da identidade de gênero e raça/ etnia, contribuindo também, na área da educação, cultura e saúde. Para tal, tem levantado bandeiras de luta partindo da compreensão de que a realidade de desigualdades, violência e opressão só pode ser enfrentada com a organização e a incidência política das mulheres negras. Nesse sentido, as principais reações políticas promovida pela Rede de Mulheres Negras de Pernambuco são contra o racismo, sexismo, opressão de classe, lesbofobia e todas as formas de discriminação. Dessa forma, frente a todos os ataques que a população feminina negra enfrenta todo dia, percebemos o que o desenvolvimento como uma arte integrada à resistência da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.
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A partir do rico universo imagético em que se apresenta a Rede, decidimos tomar como partido os três pilares base sob os quaise sustenta. Desenvolvendo um desenho não só a essência do pensamento que constitui a Rede como também três tipos de mulheres negras. Nelas se evidencia a tentativa de compactar a variedade da beleza da mulher negra atenuando-as como símbolo de autoestima. Fomos em busca de algo que fosse perceptivo na identidade e reconhecimento da mulher negra para que assim pudéssemos desenvolver um desenho que passasse a visibilidade da representatividade e do emponderamento feminino negro. Assim ao observar o logotipo proposto, nota-se uma mulher com o cabelo black, outra com o cabelo amarrado em coque e outra com turbante, todas com traços de características físicas de uma mulher negra. Procuramos destacar as várias referências de Procurou-se, também, trabalhar uma composição com cores fortes e expressivas, outro traço cultural característico do continente africano, causando um impacto visual dinâmico e alegre. Como única condição proposta pelas clientes, a rede demandava uma logo para os membros e uma outra arte para a comercialização, assim conseguiu-se desenvolver uma arte que se desmontava, onde propomos que somente quem a logo com as três mulheres juntas e ao desassociar essa logo em três mulheres teríamos outros produtos que serviriam de comercialização. A partir daí foram desenvolvidos os seguintes produtos: camisa, botom, caneca, lenço, folder e também foi pensada uma intervenção na sala.
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O
ÃO AÇ CI SO
AS
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DE
DA LIN EO D S RE DO LA C CI RE
ARO
Grupo: Ana Zulmira Daniela Jucá Gabriela Ferreira Lara Vaz Marielle Batista Ano: 2019.1 Local: Aterro Sanitário de Aguazinha
ATERRO SANITÁRIO DE OLINDA que se joga fora e que se tira de um lugar para deixá-lo limpo. De acordo com os jornais e fontes de estatísticas locais, mais de 98% do lixo de Recife não é reciclado e não recebe tratamento adequado. O descarte desse material acaba sendo realizado nas ruas e comprometendo o meio ambiente. O que boa parcela da comunidade não sabe é que o que é descarte para ela é uma fonte de renda para os coletores de lixo.
permeiam todo o dia a dia.
Em 2013, eram gerados cerca de 2mil toneladas de lixo por dia, gerando um custo de 200 milhões por ano com coleta e reciclagem. De acordo com Fernando Jucá, engenheiro civil da UFPE, os bairros que possuem moradores com maior poder econômico geram 2 ou 3 vezes mais de lixo do que aqueles bairros com moradores de menor renda.
DESABAFO DE UM CATADOR Conheço minha cidade como a palma da mão E amo de coração, pois nela moro e trabalho E o que tenho e valho vou construindo aos pouquinhos Puxando um simples carrinho de catador, minha sina com suor e muito espinho [...] É do lixo que tiramos a comida e o sustento Enfrentando chuva e vento, sol que arde e tempo frio dia sempre a pé Realidade injusta até, de catador, do papeleiro Daqueles que são lixeiros, tratados como a ralé [...] Catadores e lixeiros, nós queremos ser parceiros De um mundo solidário, onde o rico e o operário Respeitem os seres vivos e se tornem mais ativos Na luta pela justiça: no lixo toda injustiça. POESIA POR LUIZA ARAÚJO
Tal fato ocorre com os integrantes da ARO, Associação “Ao reciclar vocês de Recicladores de Olinda, localizada no aterro sanitário não tão só ajudando a mim de Aguazinha (Olinda- PE). A como tá ajudando também o meio ambiente” associação conta com cerca de 11 colaboradores que vivem Lúcia, coletora da ARO. do lixo sem nenhum auxílio privado ou estatal. A realidade desses catadores é imersa
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D i a n t e d o d e s a f i o reciclagem; uma placa com o proposto pelos professores de logotipo para ser inserida no carrinho de coleta a vida de algum empreendedor, mergulhamos na oportunidade dos catadores e criando uma de dar voz a quem, mesmo de forma indireta, colabora com a cidade e com o meio Reciclar é um ato que ambiente. Dessa forma, vimos deveria a possibilidade de atuar na ser aplaudido sociedade e o meio ambiente de forma simultânea através da Se lixo é tudo aquilo que não tem mais serventia ARO. Aonde ia ser guardado tanto Como ponto inicial, entulho, todo dia? elegemos a sede da associação, Se ninguém se preocupasse O mundo que seria um lixo em Olinda, onde eles se reúnem E pra isso não ia ter e dividem todo o material reciclagem recolhido que será vendido para o benefício comum. Na Associação ARO em Olinda A nossa proposta é Tem um grupo de pessoas lindas valorizar e divulgar o trabalho Que trabalham com dos recicladores, que muitas transformação vezes são escanteados Lata amassada volta a ter socialmente, e evidenciar a função O plástico velho não vai pro importância dessa atividade na mar cidade do Recife. E o planeta agradece essas Inicialmente, mãos desenvolvemos um novo Que se importam em reciclar logotipo que foi aplicado em todos os produtos criados. Reciclar é um ato que deveria ser aplaudido O primeiro produto foi uma camisa para os 11 associados Lúcia é uma das catadoras da devido a necessidade de ARO Podemos dizer que Lúcia criar uma certa identidade e, também é professora também, da melhoria do design Nos ensinando a ter empatia e já existente e do desgaste das cuidado camisas já utilizadas por eles. É muito mais que merecedora Além de um boné, devido a de um prêmio milionário exposição ao sol nos dias de coleta no sítio histórico. Além Quem cuida do meio ambiente Tem zelo por natureza disso, foi desenvolvido um Nunca pode ser chamado de divulgar e facilitar o trabalho deles, contendo todas as informações necessárias da associação, como por exemplo, contato do catador, local de atuação e conteúdos e dados básicos sobre os benefícios da
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inconsequente Por dentro tem muita beleza
Reciclar é um ato que deveria ser aplaudido CORDEL POR RAFAELLA CAVALCANTE
Os outros produtos têm como função a divulgação do trabalho dos recicladores e a arrecadação de fundos para dar sequencia à realização do trabalho exercido por eles. São eles: lambe-lambe para grande circulação no sítio histórico e em outras áreas de atuação dos recicladores; Ecobag, boné e sacolas de papel semente remetendo ao caráter sustentável e a questão da preservação do meio ambiente. Temos a vontade de dar continuidade ao trabalho, pois acreditamos, assim como eles, que através da reciclagem do lixo, alguns problemas podem ser melhorados, ou ao menos amenizados. Assim como na potencialidade e importância desse projeto para a de gerar uma mudança de hábitos nas pessoas como um todo e atentando para os benefícios da reciclagem para precisamos dele para viver.
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ASSOCIAÇÃODE RECICLADORES DE OLINDA
CNPJ:03.165.798/0001-10 EM CASA
QUEM SOMOS Somos uma cooperativa de catadores de materiais reciclaveis com o intuito de p romover a preservação do m eio ambiente e d e reaproveitar e sses utensílios para novos usos.
COMO COLABORAR COM A ARO Separar o lixo r eciclável e o lixo orgânico em lixeiras diferentes
LIXO ORGÂNICO LIXO SECO
Obs: utilizar jornais paraenvolver o vidro evitando que os catadores se machuquem ao recolhe-lo EM LUGARES PÚBLICOS E ABERTOS
ORGÂNICO PAPEL PLÁSTICO METAL VIDRO
Lixo seco: Materiais recicláveis. ex: papelão, lata de refrigerante e etc. Lixo orgânico: materiais não recicláveis ex: guardanapou sado, restos de alimentos e etc As l ixeiras são separadas por c ores pelos q uatro materiais recicláveis além do lixo orgânico
ÁREA DE ATUAÇÃO Fazemos parcerias com empresa s, eventos, residências realizando um tratamento do residuo recicl ável com licenciamento do CPRH
COLETAMOS GRATUITAMENTE:
-Plástico -Eletrônicos -Vidro -Metal -Papel -Diversos
AGENDAMENTO (81)98498-3540/(81)98344-6027 (81)98890-3559 ASSOCIACAODOSRECLADORESDEOLINDA CLUBEM378@GMAIL.COM
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Vai de Barco Grupo: Laura Knauer Larissa Mendonça Mª Eduarda Melo Manuella Rivoredo Mariana Simplício Ano: 2019.1 Local: Bairro da Torre
Em diversas civilizações, a presença do rio foi um divisor de águas para o desenvolvimento de cidades e diferentes povos. No Egito foi possível erguer-se um império em pleno deserto pois viabilizou o desenvolvimento da agricultura, o transporte de cargas e meio de locomoção. Em recife não foi diferente, sendo uma cidade banhada por diversos rios, o transporte fluvial foi de extrema importância para o desenvolvimento da então mais rica capitania do Brasil Colônia. graças a um dos produtos mais caros da época, o açúcar. Com o crescimento urbano, o rio foi sendo aterrado para dar espaço a novas edificações e avenidas, bem como cada vez mais esquecido e negligenciado pelos recifenses. Hoje, a navegação perdeu espaço para
os automóveis, sendo cada vez menos utilizada pela população. Nesse contexto, desejando uma maior visibilidade a este meio e aos que dele vivem, fomos cativadas por Sr. Anísio, que cresceu ao lado do Capibaribe e faz dele o seu sustento desde os 14 anos e, atualmente, mantém seu negócio transporte fluvial junto a sua família. Ele relata, com tristeza, as mudanças decorrentes da crescente poluição, como a redução
Anísio passou tempo demais ao lado do rio, para saber o quanto ele foi impactado pela poluição, mas também que ainda resiste: “(...) o rio ainda tem vida, ainda tem jacaré, ainda tem capivara e alguns peixes ainda resistem à poluição. (...)” .
“ Para mim, o rio é como se fôsse meu pai.” Sr. Anísio
é exageradamente demais mas por conta da poluição diminuiu muito a quantidade d e p e i xe s , p o r q u e t i n h a muita diversidade de peixe tinha camarão, tinha pitu e muitos outros animais.”Sr.
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Criamos uma página no Instagram, já que é a rede social mais utilizada atualmente, para divulgar o trabalho de seu Anísio, e também para que seja possível uma interação com os clientes. Também no Facebook, que era bem semelhante ao cartão de visitas anterior, para que o novo design fosse incorporado nas diferentes mídias.
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Inicialmente, pensamos em um nome para substituir o anterior, “passeio de barco pelo rio capibaribe”, que é muito extenso pouco comercial, além de não remeter a uma marca e sim ao serviço que está sendo prestado. Chegamos com o nome “Vai de Barco” como forma descontraída de convidar as pessoas a experimentarem essa forma alternativa de locomoção. Em seguida, desenvolvemos o logo da marca,que foi utilizada nos produtos que nós desenvolvemos, usando como inspiração o barco de Sr. Anísio, seu formato e sua cor. Para o nosso primeiro produto, decidimos criar um novo cartão de visita, para cliente. Decidimos, também, incluir em nossos produtos um boné por conta da radiação solar a qual eles são expostos diariamente, além de camisetas para que houvesse uma padronização e uma formalidade maior. Pensamos em uma bandeira para ser curiosidade e interesse aos que passam por ele.
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Marcelo Pescados Grupo: Beatriz Barros Grabriela Fernandes Gabriella Gouveia Marianna Almeida Raquel Dutra
os produtos para ganhar uma comissão. Depois de um tempo, ele conseguiu comprar uma moto, passou a entregar a domicílio e abriu um ambiente no bairro Escada na casa da sua sogra.
Ano: 2019.2 Local: Rua Comendador Sá Barreto, Candeias Este projeto tem como finalidade ajudar o microeemprendedor a aprimorar a identidade visual do seu negócio, a fim de ampliar seu público. Encontramos um cliente para esse projeto, Marcelo de Albuquerque Martins, um vendedor do bairro de Candeias. Um homem bastante conhecido, pelo seu carísma e boa qualidade de sua mercadoria, ele é vendedor de frutos do mar. Optamos por ele pela sua determinação e força de vontade para alcançar seus sonhos. Nascido na Paraíba, seu pai possuía até uma carteira de pescador. Então, desde pequeno, ele e o seu irmão mais velho, acompanharam o pai nas pescarias e suas viagens no período das férias. Quando ficou adulto, passou a construir sua própria família, veio a necessidade e vontade de melhorar, pois, a pescaria lá na Paraíba era muito fraca. Mesmo com toda situação de busca de melhoria, ele terminou o ensino médio,
mas, trabalhando ao mesmo tempo. Vem de uma família com poucos recursos e veio para Recife em 2010 em busca de melhoria de vida. Pois a sua cidade natal não tinha um desenvolvimento como Recife. Seu pai serviu como inspiração para o seu novo negócio. Logo em seguida trabalhou durante sete Com o passar do anos como zelador em um tempo, esse espaço foi se condomínio em Candeias, desenvolvendo, o comércio localizado proximo ao seu foi crescendo e a demanda atual ponto de vendas. Esse aumentando cada vez mais. foi o seu primeiro trabalho de Contudo, sua moto já estava carteira assinada. pequena demais para a Pediu demissão desse demanda de entrega. cargo, pois segundo ele: Marcelo conseguiu “Temos que ter um objetivo trocar sua moto por um na vida, querer ser algo e carro e agora trabalha na rua construir uma coisa a mais”. vendendo seus produtos no A partir disso resolveu porta mala. Atualmente seu dar início as suas vendas de pescados, começou a vender Comendador Sá Barreto. no boca a boca. Revendendo
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Após conversamos com Marcelo sobre ideias para a logotipo do seu negócio, ele nos falou que gostaria que houvesse ondas, um peixe e a cor azul. A partir disso nós reunimos para a criação da sua logotipo, inicialmente, foi criada uma logotipo com duas ondas, um peixe sob elas e abaixo das ondas o nome “Marcelo Pescados” em um tamanho grande, alinhando com o comprimento das ondas, tendo o peixe menor sob. Apresentamos a Marcelo que gostou e aprovou. Porém, após um assessoramento melhoramos a logotipo, aperfeiçoando suas proporções e alinhamento, deixando assim, 5 ondas do mesmo tamanho e alinhamento do nome (que diminuiu) e do peixe. Ao apresentar a Marcelo, ele foi sincero ao dizer que gostou mais da primeira, a partir disso, começamos a conversar com ele para saber o seu ponto de vista, o porque dele ter gostado mais da primeira e explicar os motivos da segunda ser melhor Foi explicado a ele sobre as proporções, o alinhamento, e que o nome maior não significava que chamaria mais atenção e sim ter mais ondas junto ao peixe e isso remeteria aos seus produtos. Depois dessa conversa, o cliente compreendeu e se convenceu de que a segunda era muito mais vantajosa para ele. Toda a logotipo foi vetorizada e feita no programa Illustrator. O próximo passo foi o desenvolvimento de um cardápio que pudesse auxiliar aos clientes que vão ao seu tipos de frutos do mar vendidos e os seus respectivos preços. Para isso, a ideia inicial era fazer algo simples, com cores que não se sobrepusessem aos da logotipo nem aos nomes e preços dos produtos. Para isso,
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foi criado um cardápio com escamas vetorizadas e em tons de azul mesclando do mais claro ao mais escuro, por toda a região da folha, contendo a logotipo no lado superior direito é uma barra clara embaixo com o contato de Marcelo. Porém, no final, não nos agradou e resolvemos aumentar a PRIMEIRA IDEIA DE Logoopacidade das escamas e tipo colocar apenas na lateral como se fosse uma margem. Quando a mudança foi realizada, todos aprovaram. Também foi feit uma capa para o cardápio, contendo as escamas e a logotipo na parte central para poder chamar atenção de quem estivesse vendo. A criação de um banner seria a próxima etapa a ser realizada, o propósito seria colocá-la em frete ao carro ,devido a temporada de pesca optamos por um cavalete onde ele pode escrever com giz os frutos do mar frescos que estão a venda no momento e o preço, já que ambos mudam com a temporada. Também foi feito cartões para ele poder distribuir aos fregueses, esses cartões contêm sua logotipo, as escamas na lateral seguindo o padrão do cardápio e seu contato. Durante a visita, o grupo perguntou a Marcelo se havia alguma predileção que quisesse incorporar ao trabalho que estávamos fazendo, ele respodeu sobre a importância da cor azul, por representar a cor do mar e era sua favorita. Então, todo o nosso trabalho foi feito em cima de quatro tons de azul, indo do mais claro ao mais escuro.
Logotipo FINAL
#365D72
#5694B5
Marcelo Pescados Vendedor de Frutos do Mar (81)99472-3047(CLARO) (81)99277-4800(CLARO) (81)99897-8361(TIM) Marcelopescados88
CARDÁPIO R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
MARCELO PESCADOS -
994723047 (CLARO) 992774800 (CLARO) 998978361 (TIM)
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Ar. Pífano Grupo: Beatriz Dantas Eduarda Alves Elena Clari Maria Amélia Patrick Lopes
Ano: 2019.2 Local: Itapissuma
de estudo mais simples para as crianças, de fácil transporte e que possibilita a produção pelas próprias crianças, Alexandre conseguiu recrutar diversos jovens e, hoje, o projeto tem uma média de 300 crianças, que participam de um coral e uma banda com orientação de Alexandre. De fabricação própria, os pífanos que Alexandre produz são feitos de cano de pvc ou de taboca - quando feito de taboca, faz a coleta do material na mata, em noite de lua minguante, quando o nível Alexandre Rodrigues foi de bactérias é menor, sendo o para Belo Jardim, interior de melhor período para a retirada. Pernambuco, fazer Licenciatura em Música, e, no tempo cerca de três meses em um que esteve por lá, teve uma processo de secagem e, ao aproximação forte com o Pífano, instrumento bastante antigo da uma semana mergulhada cultura regional pernambucana, na água, para tirar todo o através das bandas de Pifé da amido do bambu e limpa-lo por dentro. Após “tratar” o região e entorno. Ao voltar para sua cidade material, Alexandre faz o bocal natal, levou consigo o Pífano, e, posteriormente, as demais passando a tocar e confeccionar aberturas com ferro quente, seguindo a escala pitagórica, o instrumento. Há cerca de 3 anos, f o r m a n d o u m a e s c a l a Alexandre deu início a um diatónica. Depois, é feita projeto de iniciação musical para crianças carentes. Com a adesão das crianças ao projeto, ele viu a necessidade de confeccionar instrumentos para essas crianças, que não tinham condições de adquirir
média, 30 reais, para participar do projeto. Com o objetivo de confeccionar pífanos para esse projeto, por ser um instrumento
em que se remove a casca da taboca e se passa cera de abelha ou óleo de copaíba, para ajudar no acabamento. Logo após esse processo, o isntrumento vai ao fogo, para a remoção do exesso de óleo. Alexandre registra, com o pirógrafo, suas iniciais no instrumento já pronto. Porém, sem
nenhum material para usar como identidade visual, foi desenvolvido, pelo grupo, um logotipo que transmitesse a conexão entre Alexandre e o pífano. Além disso, foi produzido um santinho, para ser usado como cartão de visita, uma sacolinha ecolóica e uma camisa. O nome Ar.Pífano, surgiu a partir de uma brincadeira de Alexandre, com as suas iniciais e os instrumentos de sopro, que se utilizam do ar. Dessa forma, usamos o nome para o Instagram, criado para que ele possa divulgar o seu trabalho. Alexandre toca e dá aula de diversos instrumentos de sopro. Mas, o pífano marca sua trajetória pelo interesse em espalhar o instrumento pelos quatro cantos, mostrando que, apesar de ser um instrumento com poucas notas, é possível incorporá-lo em qualquer estilo musical. M ai s u t i l i z a d o e m ritmos como Maracatu, Baião, Forró e Xote, o pífano foi o instrumento que possibilitou que Alexandre ousasse, incorporando o instrumento ao ritmo quente do frevo. instrumento é pouquíssimo usado no frevo, que ele garante valer a pena. No momento, ele está no processo de produção de um disco, onde mostra diferentes estilos musicais tocados nesse instrumento tradicional cultura pernambucana. E tem o projeto de levar a cultura popular, através do pífano, para a Europa, no próximo ano (2020), por meio de um projeto de pesquisa voltado para a música popular brasileira. O Ar.Pífano vai além do trabalho de Alexandre, sendo um projeto de divulgação da cultura popular pernambucana e da incorporação de diversos estilos musicais ao pífano.
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O material foi desenvolvido pelo grupo com a orientação dos professores Lula Marcondes e Igor Villares, que, ao longo de aproximadamente 2 meses, acessoraram no que o grupo precisou. O grupo, no primeiro encontro com Alexandre, traçou as necessidades do músico, que solicitou um cartão de visita, uma bolsa para os pífanos que confecciona e uma camisa. Traçada as necessidades de Alexandre, o grupo desenvolveu u m a l o g o t i p o p a ra e l e , colocando nela a relação tão bela dele com o pífano. Essa logotipo foi o ponta pé incial para a produção dos demais produtos. O cartão de visitas foi pensado de forma a trazer a beleza do trabalho de Alexandre, contendo, na parte da frente, um verso, escrito pelo grupo, que representa o trabalho do músico andante, junto com a logotipo. No verso, os serviços prestados por Alexandre e os seus contatos. Na bolsa, desenvolvida para que o pífano coubesse de forma apropriada, a logotipo e uma pintura feita manualmente ao fundo. A camisa, levou a mesma pintura e logotipo na frente. Na parte detrás, os contatos de Alexandre.
O laranja foi escolhido pelo grupo para representar o Ar.Pífano, sendo uma cor que nos recorda os tons da taboca e é vívida. Foi a cor que regeu todo o trabalho, sendo uma das formas de identidade visual do grupo. No segundo encontro com Alexandre, foi sentida a necessidade de criar uma rede social para o músico, que não continha nenhuma voltada para seu trabalho. Foi criado um perfil no Instagram, chamado Ar.Pífano (@ar.pífano), voltado para a divulgação do trabalho de Alexandre: um espaço para ele divulgar suas músicas, os pífanos que confecciona e estão à venda, as aulas que dá e o projeto que possui, composto por um coral e uma banda formados por crianças carentes, que se apresentam de tempos em tempos. O último encontro foi marcado por muita música e, nele, foram gravados alguns vídeos, onde Alexandre contou um pouco sobre como se aproximou do pífano e como faz para confeccionálo. Ainda falou sobre seu projeto com as crianças carentes e como usa o pífano para inovar, tocando estilos músicas diversos nesse
Alexandre
Rodrigues
Produção e Venda de Pífanos Aulas de Instrumentos de Sopro Eventos
fano ar.pí @ar.pífano (81)9.8776-2605 alexandrerodrigues_77@hotmail.com
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instrumento tradicional da cultura pernambucana.Nos vídeos, Alexandre dá uma “palinha” de algumas músicas, entre elas, um frevo que fez para um amigo e uma música que fez para o grupo. O desenvolvimento do trabalho ocorreu de acordo com os assessoramentos e encontros com Alexandre, sendo os produtos enviados a ele para aprovação. Os produtos proporcionaram a Alexandre uma identidade visual forte e cheia de O Ar.Pífano saiu da boca do músico e se tornou sua marca, seu projeto, seu meio de divulgar, através do pífano, a cultura pernambucana.
Desenvolvemos uma logotipo e um santinho, que servirá como um cartão de visita para o nosso cliente, além de criarmos um instagram, e confeccionar ecobags e camisas. A cor escolhida dá um tom vívido ao material feito para Alexandre, que visa a transformação que a música causa na vida das pessoas. O Instagram “@ar.pifano” foi criado no intuito de melhorar a divulgação do trabalho de Alexandre, no qual antes não havia nenhuma rede social voltada para essa divulgação.
fano í p . r a
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REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Lula Marcondes - Luiz Ricardo Fonseca Marcondes Professor da Unicap, Mestre em Arquitetura pela University of Texas at Austin (Austin, EUA) e fundador do “O Norte: Oficina de Criação”.
A DIMENSÃO IDEAL: INTERVENÇÃO NA CIDADE GRÁFICA Experimentos Pedagógicos
CONCLUSÃO
Após quatro anos de experimentação pedagógica na disciplina de Expressão Gráfica na Arquitetura através dos projetos Meus Lugares – Pequeno Tratado do Imaginário Afetivo das Cidades e Intervenção na Cidade Gráfica em seus dois tipos distintos de abordagens: uma mais teórica e outra mais prática, e a partir do largo material produzido nesse período, cerca de 80 projetos, conseguimos ter uma ideia mais clara e uma perspectiva crítica desse processo de imersão no campo do design gráfico e das artes na busca de resoluções de pequenos problemas na cidade. Ao analisarmos os conteúdos dos trabalhos propostos, percebemos que uma das maiores conquistas desse eixo pedagógico experimental é a sensibilização do olhar dos alunos para encontrar oportunidades de intervenções criativas para resolução de pequenos problemas existentes quando da ausência da arte no dia-a-dia da população. Além disso, as demandas acadêmicas dessas abordagens exigem um certo desprendimento e abertura ao desconhecido para se explorar os recantos da cidade e seus atores anônimos, com seus ofícios mais diversos. Percebemos pelas temáticas dos trabalhos desenvolvidos que os alunos se abriram às experiências urbanas que diferem sobremaneira entre si e mostram quão rica e diversa é a cidade e quão profundo foi o envolvimento e mergulho dos mesmos na elaboração de seus respectivos projetos. Ao deixarmos o campo de escolha das temáticas dos trabalhos completamente em aberto – conteúdo, local, tipo de ação, tipo de mídia a ser trabalhada, entre outros, levamos os alunos a exercerem a maturidade na escolha da problemática adequada ao corpo da disciplina. Nem tão pequeno, nem tão grande, mas, sobretudo, simples. É importante frisar que em vários momentos os objetos de estudo não estavam próximos da realidade dos grupos envolvidos e que esses mesmos se deixaram levar pelo interesse de (re)conhecer o novo, o inusitado, o pitoresco. Essa abertura e curiosidade é pedra fundamental na formação dos futuros arquitetos e arquitetas. Como Fracalossi (2013) comenta, na formação do estudante muitas de suas capacidades expressivas
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são tolhidas pelo modelo educacional tradicional, este projeto foi uma forma de reativar esta pureza da criação imagética. Por fim, dentro da disciplina deixamos claro que os projetos precisavam seguir três premissas básicas: ser um processo prazeroso; ser um processo de baixo custo; e ser um processo que gere produtos com o máximo impacto possível na vida dos clientes.
As Mudanças das Abordagens Ao curso de dois anos (quatro semestres), sentimos que o projeto Meus Lugares – Pequeno Tratado do Imaginário Afetivo das Cidades já tinha cumprido sua missão de incensar os sentidos dos alunos em relação à percepção e entendimento da poética da cidade. Os trabalhos iniciais tinham trilhado um caminho desconhecido e após quatro edições do projeto começávamos a ver a repetição de certos padrões de abordagens e um menor grau de novidade e inventividade dentro das propostas e temáticas. A partir dessa observação e juntamente com uma certa vontade de sair da nossa zona de conforto e seguir novamente um rumo desconhecido na busca pelo novo, pelo criativo, pelo curioso, deixamos esse modelo que já nos tinha levado a resultados satisfatórios e partimos mais uma vez para uma nova fase de experimento sem padrões ou modelos pré-estabelecidos. Estava na hora de testar um modelo pedagógico novo. Pensamos que essa busca pelo aprofundamento pedagógico é o cerne do papel do educador e a insatisfação é prenúncio de mudança necessária. A pergunta que fizemos a partir do patamar que o projeto Meus Lugares – Pequeno Tratado do Imaginário Afetivo das Cidades nos levou foi: Qual será o próximo movimento para a produção do conhecimento? Como podemos avançar no aperfeiçoamento da maneira dos alunos se expressarem graficamente? A abordagem de projeto estava limitada a um debate conceitual sobre expressão gráfica, design, arte e a cidade. O desafio foi cruzar essa linha e ir além do viés teórico para uma abordagem mais prática, mais real e que pudesse deixar um legado na cidade. Seguindo uma formação estética similar ao trabalho expositivo Marginais (2015), lidando com a exploração da imagem do ícone cultural fora do eixo, explorando o tema através da composição gráfica. A partir desse incômodo, fomos levados a repensar a estrutura pedagógica na construção do projeto Intervenção na Cidade Gráfica que, além de prover aos alunos a bagagem necessária para elaborações conceituais mais refinadas sobre a poética da cidade, os trouxe para a realidade prática da profissão com a presença de clientela real e que jamais acessara os serviços e saberes refinados dos profissionais da criação e do design. Nesta segunda abordagem, os alunos passaram a garimpar a cidade em busca de clientes reais cujos ofícios ou estabelecimentos informais careciam de boa comunicação visual, de bom design gráfico e de sofisticação artística como um todo. Esta nova experiência, que também durou quatro semestres, foi vitaminada pela inserção de conteúdo prático vindo das intervenções gráficas reais na cidade, que vieram do processo de comunicação, considerando a questão de que “os modos pelos quais o desenho opera a arquitetura e o urbanismo são formas de reflexão e pensamento.” (MARTINS, 2013). Esse processo se revelou um ensaio de profissionalização para os alunos que, a partir do lançamento do projeto e suas demandas no início de cada semestre na disciplina, começaram a pesquisar situações, problemas ou oportunidades de transformação através de projetos de design gráfico para clientes reais que visivelmente careciam desses serviços. Esses clientes eram, em sua maioria, trabalhadores da informalidade ou prestadores de serviço sem
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nenhuma ou quase nenhuma informação visual sobre suassuas habilidades nenhuma ou quase nenhuma informação visual sobre habilidades e ofícios. e ofícios. Assim, tivemos nesse período umauma grande variedade de de Assim, tivemos nesse período grande variedade clientes e dee resultados gráficos. Foram sapateiros, marceneiros, clientes de resultados gráficos. Foram sapateiros, marceneiros, vendedores ambulantes, profissionais da costura, do artesanato, vendedores ambulantes, profissionais da costura, do artesanato, artistas plásticos, entidades semsem fins fins lucrativos enfim, umauma grande artistas plásticos, entidades lucrativos enfim, grande quantidade de profissionais que que foram “descobertos” pelos alunos, quantidade de profissionais foram “descobertos” pelos alunos, contatados e convencidos sobre a importância de terem umauma contatados e convencidos sobre a importância de terem identidade gráfica que que representasse seusseus trabalhos parapara um público identidade gráfica representasse trabalhos um público maior nasnas ruasruas e nas redes sociais. Iniciaram-se aí relações maior e nas redes sociais. Iniciaram-se aí relações profissionais que que alimentaram percepções e entendimentos sobre profissionais alimentaram percepções e entendimentos sobre empreendedorismo e que culminaram nas nas entregas de projetos de de empreendedorismo e que culminaram entregas de projetos identidade visual e suas aplicações diversas. identidade visual e suas aplicações diversas. Dentre essas experiências em empreendedorismo, salientamos Dentre essas experiências em empreendedorismo, salientamos umauma em em especial: a doa Grupo NAUNAU que que identificou o trabalho de de especial: do Grupo identificou o trabalho barqueiros que que fazem a travessia à remo entre o Marco ZeroZero e oe o barqueiros fazem a travessia à remo entre o Marco Parque de Esculturas de Francisco Brennand. EsseEsse grupo, alémalém de ter Parque de Esculturas de Francisco Brennand. grupo, de ter material gráfico carregado esteticamente e dee difícil leitura, tinha material gráfico carregado esteticamente de difícil leitura, tinha pouca visibilidade no local justamente por falta de material gráfico de de pouca visibilidade no local justamente por falta de material gráfico relevância. LogoLogo apósapós o término do semestre letivo, os membros do do relevância. o término do semestre letivo, os membros Grupo NAUNAU enviaram seu seu projeto iniciado em em salasala de aula parapara a a Grupo enviaram projeto iniciado de aula incubação dentro do Porto Social, entidade de suporte de aceleração incubação dentro do Porto Social, entidade de suporte de aceleração de iniciativas sociais, e foram aprovados parapara o ano de 2019. AlémAlém do do de iniciativas sociais, e foram aprovados o ano de 2019. Grupo NAU,NAU, todotodo semestre identificamos outras propostas dentro de de Grupo semestre identificamos outras propostas dentro salasala de aula que que têmtêm potencial parecido parapara ganhar vidavida fora fora dos dos de aula potencial parecido ganhar muros da Universidade. muros da Universidade. Como vimos, o projeto Intervenção na Cidade Gráfica nos nos Como vimos, o projeto Intervenção na Cidade Gráfica mostrou o grande potencial existente na abordagem empreendedora mostrou o grande potencial existente na abordagem empreendedora deste novonovo eixoeixo pedagógico. ApósApós quatro semestres, sentimos que que deste pedagógico. quatro semestres, sentimos esteeste processo também cumpriu sua missão pedagógica. processo também cumpriu sua missão pedagógica.
Próximos Desafios - Conclusões Próximos Desafios - Conclusões MaisMais umauma vez vez nos nos encontramos abertos parapara alçaralçar novos voosvoos encontramos abertos novos em campos desconhecidos. No momento, ainda estamos avaliando em campos desconhecidos. No momento, ainda estamos avaliando essas duasduas abordagens e seus resultados nesses quatro anosanos de de essas abordagens e seus resultados nesses quatro experimentação parapara pensarmos os nossos próximos desafios dentro experimentação pensarmos os nossos próximos desafios dentro da disciplina de Expressão Gráfica na Arquitetura. Sabemos da da da disciplina de Expressão Gráfica na Arquitetura. Sabemos importância de ações que que fomentem o empreendedorismo dentro da da importância de ações fomentem o empreendedorismo dentro academia, na formação dos dos nossos alunos. Temos acompanhado de de academia, na formação nossos alunos. Temos acompanhado perto o impacto transformador da imersão dos estudantes em práticas perto o impacto transformador da imersão dos estudantes em práticas profissionais reaisreais e deecomo o retorno obtido nessas experiências profissionais de como o retorno obtido nessas experiências ampliam o senso estético, o entendimento sobre a cidade e, e, ampliam o senso estético, o entendimento sobre a cidade sobretudo, o entendimento dos dos alunos sobre nossa composição social. sobretudo, o entendimento alunos sobre nossa composição social. EsseEsse “despertar” é fundamental no desenvolvimento do profissional de de “despertar” é fundamental no desenvolvimento do profissional arquitetura cujacuja sofisticada formação demanda certocerto refinamento do do arquitetura sofisticada formação demanda refinamento olhar estético e entendimento maismais profundo sobre as complexas olhar estético e entendimento profundo sobre as complexas formas das das relações sociais vigentes em nossas cidades. formas relações sociais vigentes em nossas cidades.
Referências Referências FRACALOSSI, I.. O Ensino do Desenho / Lucio Costa.Costa. ArchDaily Brasil,Brasil, 07 Nov FRACALOSSI, I.. O Ensino do Desenho / Lucio ArchDaily 07 Nov 2013.2013. Em: Em: Disponível em: em: Disponível <https://www.archdaily.com.br/151527/o-ensino-do-desenho-slash-lucio-costa>. <https://www.archdaily.com.br/151527/o-ensino-do-desenho-slash-lucio-costa>. Acesso em: 19 Jun. Acesso em: 192018. Jun. 2018. MARGINAIS HeróisHeróis (2015(2015 : Recife, PE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte MARGINAIS : Recife, PE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural deeArte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Itaú Cultural, 2019. Disponível em: em: Cultura Brasileiras. São Paulo: Cultural, 2019. Disponível <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento446683/marginais-herois-2015-recif <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento446683/marginais-herois-2015-recif e-pe>. Acesso em: 24 Out. 2019.2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: e-pe>. Acesso em:de24 de Out. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 978-85-7979-060-7 MARTINS, C. A..C. O A.. Desenho como como formaforma de comunicação da arquitetura. 141 f.141 f. MARTINS, O Desenho de comunicação da arquitetura. Dissertação (mestrado) – Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mestrado em em Dissertação (mestrado) – Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mestrado Arquitetura e Urbanismo. 2013.2013. 141 p.141 p. Arquitetura e Urbanismo.
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