Exponential Magazine - Nº 8 (março/2018)

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Foto: Tesla, Inc.

WAITING IN THE SKY SPACEX LANÇA O FOGUETE MAIS PODEROSO DO MUNDO AO ESPAÇO E, DE QUEBRA, COLOCA O TESLA ROADSTER DE ELON MUSK EM ÓRBITA TERRESTRE.

A CURA ESTÁ A CAMINHO? DOIS AGENTES PODEM SER A CURA RÁPIDA PARA DIVERSOS TIPOS DE CÂNCER.

ALTERED CARBON NOVA SÉRIE SCI-FI DO NETFLIX SE PASSA EM UM FUTURO EM QUE CORPOS HUMANOS SÃO COMO CAPAS DESCARTÁVEIS.

Foto: andadorurbano.com

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M AG A Z I N E Foto: Tesla, Inc.

PÁG. 4, 5 e 6 O dia em que Elon Musk mandou seu automóvel de estimação pro espaço. Foto: Divulgação EM

PÁG. 7 e 8 Temos novidades otimistas na luta contra o câncer!

Boa leitura! ;) Bruno Seidel

Foto: Divulgação EM

PÁG. 9 Nova série do Netflix traz uma interessante visão sobre o futuro em meio a muita ação e clichês. Foto: Divulgação EM

PÁG. 10 Foto: Divulgação EM

O que você faria com um carrão esportivo com autonomia de até 1.000km, vidro removível, tração integral e que, segundo o fabricante, é capaz de superar 400 km/h? Um carro avaliado em cerca de R$ 656 mil! Muita gente certamente estaria impressionando a vizinhança, mas o magnata Elon Musk, proprietário do veículo, optou por algo que ninguém mais poderia fazer: mandou carro pro espaço. Literalmente! No dia 6 de fevereiro, Musk mandou pra Marte o seu Tesla Roadster a bordo do Falcon Heavy, o foguete mais poderoso do mundo. Foi um dia histórico para os fãs da exploração espacial e, claro, assunto de capa dessa nossa edição da Exponential Magazine. Mas pra você que acha esse tipo de assunto fútil ou dinheiro desperdiçado com algo superficial, relaxa que temos também uma matéria super animadora falando sobre importantes passos que a ciência deu rumo à cura do câncer, assinada pela Lilia do site O Futuro das Coisas. E para os fãs de ficção científica cyberpunk, temos uma matéria sobre Altered Carbon, nova série do Netflix que discute sobre como seria se, no futuro, pudéssemos trocar de corpos mantendo nossa consciência e nossas memórias numa "capa nova" (ou um novo corpo). Para completar essa edição em grande estilo, temos uma entrevista com a nossa lady ninja Dani Yoko Taminato.

Entrevista com a "innovaholic" e sempre prestativa Daniela Yoko Taminato.

A Exponential Magazine chega até você graças aos seguintes apoiadores: Ana Cláudia Seibel Schuh, Andrea Bisker, Bernardo de Azevedo e Souza, Brenno Faro, Bruno Sabino, Caio Vinicius de Matos, Ciro Avelino, Cristiano Borges Franco, David Medeiros Ortenzi, Debora Cristina Moraes Santos, Debora Souza, Dennis Altermann, Diogo de Souza, Diogo Tolezano Pires, Dom Queiroz, Eduardo Azeredo, Eduardo Seelig Hommerding, Everton Kayser, Fabiane Franciscone, Fatima Fernandes Rendeiro, Felipe Couto, Felipe Menezes, Gi Omizzolo, Gisele Hammerschmidt, Gustavo Nogueira, Hugo Santos, Ivan de Souza Cardoso, Jacques Barcia, José Luiz Gomes Ramos, Karla Rocha Liboreiro, Kelly Inoue, Leonardo Aguiar, Letícia Pozza, Ligia Zotini Mazurkiewicz, Lucie Alessi, Lucio Mello, Luis Gustavo Delmont, Luiz Augusto Ferreira Araújo, Marcelo Amado, Marcelo Freitas Chamarelli, Márcio Silva (Frango), Marcos Vinícius Antunes dos Reis, Mariana Francisco, Mariana Marcílio, Marcelo Ferraz, Mauro Federighi, Mine Caxeiro, Murilo Souza, Natasha Pádua, Paulo Henrique Azevedo, Pedro Godoy, Régis Klein Amorim, Renato Bliacheriene, Ricardo Neves, Ricardo Pelin, Roberta Ramos, Ruben Feffer Binho, Sephora Lillian, Thelma Nicoli Wiegert, Thiago Abreu, Thomas Erh, Valeria Farias de Queiroz, Vanessa Mathias, Victor Morganti, Vinicius Soares e Vitor Signori.

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O CONVERSÍVEL NO ESPAÇO por Renata Lea

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gora é fato, as palavras de David Bowie se tornaram realidade: there is a starman waiting in the sky. Ele dirige um carro esportivo vermelho, veste um traje espacial de primeira geração e não tem a mínima expectativa de retorno ao planeta azul, apesar de estar a bordo do veículo sensação do momento, um super foguete branco. A previsão é que ele se mantenha eternamente ao redor do sol, mais precisamente na órbita de transferência Hohmann, orbitando entre as trajetórias de Marte e da Terra. Starman deixou as fronteiras terráqueas no dia 06 de fevereiro de 2018, e seu carro virou assunto nos grupos da franquia Exponential - justamente porque a maior parte dos antenados participantes não entenderam muito bem a função dele a bordo do foguete. O automóvel em questão é um Roadster vermelho, conversível, capaz de comportar duas pessoas - mas Starman segue solitário. Trata-se do primeiro modelo fabricado pela montadora de carros elétricos Tesla Motors. Antes de Starman assumir o controle do veículo, o proprietário do esportivo era o empresário Elon Musk, que, por sinal, também é dono do foguete Falcon Heavy, a bordo do qual seguem Starman, o Roadster e uma miniatura do conversível fabricada pela Hot Wheels.

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O Falcon Heavy é o foguete mais poderoso já lançado na órbita da Terra. Ele possui 27 motores; juntos, eles chegam a gerar um impulso de 23.000 kilonewtons (isso é mais que duas vezes superior ao Delta Heavy IV, segundo foguete mais potente do mundo). Com tal capacidade, o Falcon Heavy pode carregar até 64 toneladas (cerca de 8 elefantes!). É claro que o peso da carga interfere na distância máxima alcançada, especialmente quando se considera a estratégia de uma missão. A ideia da SpaceX é apostar em viagens de ida e volta com apenas uma carga de combustível. Com tamanha capacidade de carga e sem necessidade de parar para reabastecimento em uma estação espacial, o Falcon X tem, de cara, grandes diferenciais de mercado. Ele poderá levar mais de um satélite ao mesmo tempo, possibilitando, por exemplo, que um bom número de empresas se reúnam numa espécie de consórcio. (Calafrios ao pensar no lixo cósmico?) Indo mais longe, traz solução para um gap importante na indústria espacial, que precisa limitar o tamanho de satélites justamente pela inexistência de foguetes capazes de transportar as peças maiores, como alguns super satélites que setores militares já têm projetados.


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Ainda assim, Elon Musk escolheu um carro de 1,305 toneladas para deixar em órbita no espaço… Na coletiva (https://youtu.be/ROnomVVQ2cU) de que participou logo depois do lançamento, quando perguntado a respeito do carro enviado ao espaço, o empresário disse que “foi uma ideia boba, mas coisas boas e divertidas são importantes”. Ele até comentou que outro foguete levaria um bloco de concreto, mas isso seria algo sem graça; o Roadster Tesla, por outro lado, é um elemento bem mais interessante e capaz de empolgar as pessoas. Bem humorado, considerou que, talvez, aliens do futuro encontrem Starman em seu conversível e se perguntem: “O que esses caras estavam fazendo? Eles idolatravam esse carro?” Parece que Musk cumpriu bem a promessa feita em março de 2017, quando disse, em um post no twitter, que a carga levada pelo Falcon Heavy seria a mais boba que poderíamos imaginar. Enfim, pode ter sido apenas uma piada, algo sem grandes propósitos num mundo onde tudo tem que ter um porquê ético.

Há um ditado popular que diz que a diferença entre homens e meninos é o preço de seus brinquedos. Pois bem, a imagem do carro de playboy lançado no espaço ganha novos ares em um paralelo com milionários modernos Elon Musk, Jeff Bezos e Richard Branson - assumindo os riscos da corrida espacial. De acordo com o Space Report, estudo desenvolvido pela Space Foundation, 330 bilhões de dólares é o que se gasta, hoje, no espaço. A cifra abrange desde negócios de governos e de grandes conglomerados de comunicação até empreendimentos de menor porte - como aqueles que envolvem meteorologia ou dependem de GPS para levar seus serviços a pessoas que andam despreocupadas pelas rotas terráqueas. Boa parte dessa verba vem de empresas privadas, que já representam 76% da economia espacial.

Francisco Estivallet

Caio Vinícius Matos

Historicamente, os negócios de abrir fronteiras começam nas mãos do Estado, as empresas privadas entram em cena aos poucos. Nesse setor, os investimentos realizados por empresários não afastam a presença do governo, embora ele acabe por assumir um novo perfil de atuação, se concentrando em questões de segurança de territórios. A exploração espacial não é diferente, por mais que as tais fronteiras sejam um pouco mais amplas e distantes. Da mesma forma que a América foi descoberta em uma expedição patrocinada pela coroa espanhola, as primeiras viagens espaciais foram bancadas por dinheiro público. Passado o primeiro momento, interesses privados entraram em cena - nos idos do século XVI, oportunidades relacionadas ao comércio levaram empresários a se interessar pela exploração de terras distantes e, consequentemente, cresceram os investimentos em transporte marítimo. Com o tempo e o desenvolvimento das tecnologias de navegação, os custos foram caindo, esses negociantes ganharam mais e mais terreno, começaram a bancar as próprias viagens, incrementando ainda mais a queda de preços, até que a ideia de fazer uma viagem de família entre Londres e Nova York tornou-se acessível a particulares, e alguém bancou a ideia de construir o Titanic.

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Em nosso tempo, em vez do vasto oceano, temos, inexplorado ao nosso redor, o espaço. Entre as primeiras viagens e os dias de hoje, foram os governos e a indústria de comunicação que mais impulsionaram a exploração espacial, ainda com muito dinheiro público investido em pesquisa e muitas parcerias público-privadas levando satélites para perto das estrelas. Era nesse ponto claro e cômodo que estávamos até o final da tarde de 06 de fevereiro de 2018, quando, desafiando 50% de chances de fracasso, um foguete subiu ao espaço são e salvo. Na partida, o estrondo, segundo quem assistiu ao lançamento, foi absurdamente alto, potente e empolgante. No entanto, a certeza do chão firme se manteve, apesar da breve vibração causada pelo som dos motores. Se in locum, o lançamento do Falcon Heavy foi assim, entre os players da economia espacial, ainda há certo silêncio. A sensação é de que as estruturas foram mexidas e a comodidade pode ter chegado ao fim. Quando a SpaceX lançou um baita foguete para a órbita de Marte, o recado foi claro: sim é possível explorar o espaço sem financiamento público. De quebra, um dos grandes desafios ao custo de uma missão espacial foi vencido, e foi mágico ver dois dos núcleos pousarem em sincronia quase perfeita e (mais importante) a salvo, em condições de fazer outras viagens.

Elon Musk não perdeu a oportunidade e, na coletiva de imprensa, logo após o grande feito de sua empresa, disse com todas as letras “Isso me dá confiança de que BFR é realmente bastante viável.” BFR é a sigla para Big Falcon Rocket - pois é, a SpaceX já está adiantada nos planos de um novo foguete de grandes proporções, só que idealizado para levar uma carga muito mais preciosa que o Tesla Roadster e o Spaceman. O BFR está sendo projetado para transportar humanos pelo sistema solar afora. Se as expectativas dos desenvolvedores se concretizarem, a possibilidade de ver com os próprios olhos se a Terra é redonda está bem perto. (Aliás, boatos dizem que os terraplanistas são um grupo organizado esperando receber viagens grátis ao espaço a fim de serem dissuadidos de suas “firmes” convicções. Será?!) A SpaceX acredita que, dentro de três ou quatro anos, o primeiro lançamento do BFR pode acontecer. Pode soar muito otimista, principalmente considerando os vários adiamentos da missão do Falcon Heavy, que deveria ter tido seu tiro de largada entre 2013 e 2014. Mesmo levando alguns anos extras, as missões espaciais tripuladas já estão no horizonte, saltos maiores virão em seguida. É burburinho suficiente para balançar os players da economia espacial, afinal, Musk provou que não tem medo de desafiar o dito impossível e começou derrubando uma parcela razoável da barreira de custos. Resumindo: o discurso do espaço como destino turístico deu seu primeiro passo concreto.

Matéria escrita por Renata Lea exclusivamente para a Exponential Magazine

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Renata é formada em Comunicação e pós-graduada em Marketing. Com longa experiência no mercado editorial, tanto no desenvolvimento de produtos editoriais como em redação, tradução e revisão. Também atua como ghostwriter e é pesquisadora de transmídia, com interesse especial no estudo das transformações do storytelling em diferentes tecnologias.


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DOIS AGENTES PODEM SER A CURA RÁPIDA PARA DIVERSOS TIPOS DE CÂNCER por Lilia Porto

Ronald Levy e Idit Sagiv-Barfi lideram o trabalho sobre esse possível tratamento contra o câncer. Foto: Steve Fisch

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cura do câncer está cada vez mais próxima: pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford injetaram em tumores sólidos desenvolvidos por camundongos pequenas quantidades de dois agentes* imunoestimulantes. Essa vacina conseguiu eliminar todos os vestígios de câncer – incluindo metástases espalhadas em outros locais. O estudo, publicado em 31 de janeiro na Science Translational Medicine, descobriu que a nova abordagem pode funcionar para diversos tipos de câncer, inclusive aqueles que surgem de forma espontânea. Esse novo método de “vacinação in situ” pode ser uma terapia rápida, relativamente barata e que não causa efeitos colaterais, frequentemente observados com a estimulação imunológica do corpo, esperam os pesquisadores. “Ao aplicarmos os dois agentes juntos, vimos a eliminação de tumores em todo o corpo”, explicou

Ronald Levy, professor de oncologia de Stanford e autor do estudo disse: “Esta nova abordagem ignora a necessidade de identificar alvos imunes específicos de tumores e não requer a ativação completa do sistema imunológico ou a customização das células imunes de um paciente”. Muitas das abordagens atuais de imunoterapia são bem-sucedidas, mas cada uma delas tem desvantagens – desde os efeitos colaterais difíceis de tratar à demora e o alto custo dos tratamentos. “Nossa abordagem tem uma única aplicação com quantidades muito pequenas de dois agentes para estimular as células imunes apenas dentro do próprio tumor”, compara Levy. “Nos ratos, vimos efeitos surpreendentes no corpo inteiro, com a eliminação total de tumores”. O método de Levy reage às células T específicas de câncer – um grupo de glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos (antígenos) – apenas injetando microgramas (um milionésimo de grama) dos dois

* Foi utilizada, a combinação de oligodesoxinucleótidos enriquecidos com CG não metilado (CpG) que induz uma resposta imune em um curto trecho de DNA chamado de oligonucleotídeo CpG, trabalhando com outras células imunes próximas para amplificar a expressão de um receptor ativador chamado OX40 na superfície das células T. O outro agente, um anticorpo que se liga ao OX40, ativa as células T para atuar contra as células cancerígenas.

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Apenas as células T que se infiltraram no tumor são ativadas. Com efeito, essas células T são “préselecionadas” pelo corpo para reconhecer apenas proteínas específicas de câncer. Algumas dessas células T ativadas, deixam então o tumor original para encontrar e destruir outros tumores idênticos em todo o corpo. Conforme explicou os pesquisadores, a abordagem funcionou “surpreendentemente bem” em ratos de laboratório com tumores de linfoma transplantados em dois locais em seus corpos. Injetar os dois agentes apenas no local de um tumor fez regredir não apenas o tumor tratado, mas também o segundo não tratado. Desta forma, 87 dos 90 ratos foram curados de câncer. Embora o câncer tenha ocorrido em três ratos, os tumores voltaram a regredir depois de um segundo tratamento. Os pesquisadores viram resultados semelhantes em camundongos com tumores de mama, cólon e melanoma.

ENSAIO CLÍNICO O atual ensaio clínico deve selecionar 15 pacientes com linfoma de baixo grau. Se bem sucedido, Levy acredita que o tratamento pode ser útil para diversos tipos de tumores. Ele prevê um futuro em que médicos injetem em humanos os dois agentes em tumores sólidos antes da remoção cirúrgica do câncer. Isso evitaria a recorrência do câncer devido a metástases não identificadas ou células cancerígenas persistentes, ou mesmo evitar o desenvolvimento de futuros tumores que surjam devido a mutações genéticas como BRCA1 e BRCA 2.

Os ratos que foram geneticamente modificados para desenvolver espontaneamente o câncer de mama também responderam positivamente ao tratamento. Tratar o primeiro tumor que apareceu impediu o surgimento de futuros tumores, o que aumentou significativamente a vida útil dos animais.

Cientistas desenvolveram uma nova abordagem de imunoterapia que erradicou tumores em camundongos. Crédito: Sagiv-Barfi et al., Science Translational Medicine (2018)

“É uma abordagem bem direcionada”, acrescenta Levy. “Somente o tumor que compartilha alvos proteicos no local tratado é afetado. Estamos atacando alvos específicos sem termos que identificar exatamente quais proteínas as células T estão reconhecendo”.

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Matéria escrita por Lilia Porto para o site ofuturodascoisas.com Lilia é economista e curadora do site O Futuro das Coisas, dedicado a trazer conteúdo exclusivo em inovação, tecnologia, educação e medicina numa linguagem acessível.

Foto: br.fotolia.com

Por fim, os pesquisadores buscaram explorar a especificidade das células T. Eles transplantaram dois tipos de tumores nos camundongos, sendo em dois locais as células de câncer de linfoma e, em um terceiro local, uma linha celular de câncer de cólon. O tratamento em um dos locais (do linfoma) fez regredir os dois tumores de linfoma, mas não afetou o crescimento das células de câncer de cólon.


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NÃO JULGUE PELA CAPA Adaptação do livro “Carbono Alterado”, de Richard K. Morgan, série reflete sobre imortalidade com muitos tiros, cenas de sexo e intrigas cibernéticas. Foto: Divulgação EM

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akeshi Kovacs (Joel Kinnaman) é um mercenário que acorda 250 anos após sua suposta morte em um outro corpo totalmente diferente. Nesse futuro com o qual ele agora terá que se acostumar, a sociedade já absorveu a ideia de trocar de corpos como se fosse trocar de aparelho celular. Após armazenar a consciência e as memórias da pessoa, esta pode ser transferida para o que chamam de "capa" e, dessa forma, voltar a viver quantas vezes bem entender. Essa é a premissa central de Altered Carbon, série que estreou na programação do Netflix em fevereiro. A conquista da imortalidade, aqui, é apresentada através de um dispositivo capaz de armazenar toda a essência e as habilidades de uma pessoa, sendo facilmente transferido para outros corpos. Lógico que, com a destruição do dispositivo, a pessoa "morre pra valer" (ou seja, não chega a ser uma imortalidade definitiva). Como quase todo clichê distópico cyberpunk, temos um cenário de completa desigualdade onde a distribuição de renda só piorou. E o acesso à imortalidade, corpos sarados e a uma vida de regalias se tornou, claro, privilégio para os mais abastados, que conseguem se isolar do povão em suas casas construídas sobre as nuvens. Algo que, estética e conceitualmente, lembra muito obras como Blade Runner (1982 e 2017) e Elysium (2013).

Claro que esse conceito de imortalidade proporcionado pela ciência aparece na série como um assunto constantemente debatido. Questões como alma, divindades, vida pós-a-morte ou relacionamentos passam por um ressignificado profundo. E o que parecia um futuro desejável, pelo fato de termos sempre à nossa volta as pessoas que amamos, ganha ares de uma completa distopia. Tudo isso ambientado numa trama de investigação noir repleta de ação, cenas de nudez, sexo, violência e psicodelias. Os clichês estão todos ali: um protagonista bonitão e marrento que, por vezes, lembra o policial John Spartan (personagem canastrão de Sylvester Stallone em "O Demolidor", de 1993), uma femme fatale, tecnologias avançadíssimas, inteligência artificial extrema, desavenças resolvidas na base da porrada ou no tiroteio e ricassos que esbanjam poder para terem o que desejam. Isso sem falar na direção e na fotografia dark e cansativa que chega a dar um lombeira. Para os fãs incansáveis de ficção científica e distopia cyberpunk pode até ser uma diversão, mas para aqueles que preferiam assistir à série pelo tema central e mergulhar no embate sobre imortalidade e transferência de consciência, talvez o livro original, de Richard K. Morgan apareça como uma opção melhor.

FICHA TÉCNICA Criado por: Laeta Kalogridis Gênero: Ficção Científica Elenco: Joel Kinnaman, Renée Elise Goldsberry, James Purefoy, Will Yun Lee, Martha Higareda, Dichen Lachman, Leonardo Nam, Chris Connor, Ato Essandoh, Trieu Tran. Formato de exibição: 4K (Ultra HD) Transmissão original: 2 de fevereiro de 2018 Nº de temporadas: 1 (10 episódios) Duração dos episódios: cerca de 58 minutos

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ENTREVISTA com Dani Yoko Taminato Business Development/ Startup and Innovation team em TozziniFreire Advogados

1 - Diferente da primeira leva de pessoas que entraram para os Exponentials, você não chegou a cursar o Friends of Tomorrow da Perestroika. Como e quando surgiu esse seu envolvimento com futurismo, inovação e tecnologias disruptivas? DT - Pois é! Inovação sempre foi aquele amor platônico desde quando eu estava na faculdade. Minha primeira formação foi em Comunicação Social com ênfase em Relações Públicas na USP. Perto de me graduar, conquistei uma bolsa de estudos na Itália para pesquisar ativismo digital e como as pessoas ganharam um certo poder e autonomia com a internet para influenciar mais fortemente seu mundo. Em 2016, ao finalizar o MBA da FGV em Gestão Empresarial, criei o plano de negócios de uma startup de seguros no modelo Pay-AsYou-Drive e fiz a tese teórica sobre gestão da inovação em corporações, sobre todo arcabouço teórico de modelos de gestão para potencializar o aproveitamento da inovação pelas corporações em seus negócios. E aí surgiu um forte interesse em Open Innovation. Eu palestrava bastante sobre marketing internacional, mas a paixão mesmo era inovação. No meio das férias, resolvi escrever sobre inovação no LinkedIn. A partir desse momento, mergulhei ativamente no mundo que há tanto tempo foi fruto dos meus estudos. Cheguei até o Exponentials através de um event o d e mo b i l i z aç ão d a Si ng ul ari ty University que aconteceu na IBM. Após o evento sugeri mantermos um grupo dos membros do Chapter SP e criei essa ponte de contato entre os participantes do evento. Eu via a oportunidade de manter contato com pessoas incríveis que lá estavam e que eu não tive tempo de interagir nos minutos de coffeebreak. Afinal, era muita gente! A galera curtiu a sugestão e o grupo acabou virando uma das franquias do Exponential. De lá pra cá criei mais outros grupos como o Exponential Business e o Exponential Open Innovation. Eu adoro ser uma Exponential! O contato com gente incrível não esgota e a troca é sempre surpreendente! Me estimula demais!

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ani é comunicóloga, marketeira e administradora. Apaixonada por livros, viciada em mochilões, ligada no mundo da inovação e das organizações exponenciais. Acabou estudando sociologicamente os impactos das mídias digitais na Itália, refinou os conceitos de marketing em Ohio e fechou com um MBA em terras brasileiras. Viajou o mundo até se deparar com essa fascinante e envolvente curva em velocidade exponencial que tomou conta dos ambientes de inovação, criatividade e empreendedorismo.

2 - Quais invenções e inventores da história você considera mais importantes e influentes nos dias de hoje? DT - Inventores são pessoas fascinantes no geral. Eu acabo me interessando mais por eles do que pela própria invenção! Deve ser coisa de gente de humanas (risos). Eu poderia citar os grandes inventores mais conhecidos, como Thomas Edison, ou os mais pops do momento como Jobs, Zuckerberg... mas eu queria usar essa pergunta para falar das mulheres inventoras. No mundo da inovação temos muito nomes masculinos (que logicamente têm seus méritos), mas muito pouco se divulga o nome de grandes inventoras que criaram tecnologias que hoje impactam o mundo todo. Quero falar delas! Gosto muito da Hedy Lamar, uma austríaca naturalizada norteamericana, além de atriz de Hollywood, e que foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guerra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequência de rádio para que não fossem interceptados pelo inimigo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth. Outra é a Grace Hopper, com Ph.D em matemática pela Universidade Yale, e voluntária da Marinha. Ela foi responsável por inventar o primeiro compilador para linguagens de programação (ferramenta que transforma o código fonte em uma linguagem), levando à criação da primeira linguagem de programação voltada ao uso comercial. E a terceira seria a Marie Curie, mais conhecida. A primeira pessoa a ser contemplada duas vezes com um Nobel. O primeiro foi no ramo da física, por suas descobertas do campo da radioatividade. O outro, na química, pelo encontro de dois novos elementos até então desconhecidos, o rádio e o polônio.

3 - Como você acha que a tecnologia vai impactar o meio jurídico nas próximas décadas? DT - As revoluções tecnológicas estão acontecendo em um espaço de tempo menor. Os ciclos dessas revoluções estão mais frequentes e a velocidade das mudanças está crescendo exponencialmente. Essa maior velocidade faz com que a nossa capacidade, enquanto profissionais, de se adaptar a esse novo contexto tenha que ser MUITO mais veloz. Em um mundo em que a inteligência artificial e o big data existem, competir com uma máquina no quesito puramente racional e lógico será impossível! Ser um bom profissional vai depender do quanto ele consegue ser criativo para encontrar soluções não óbvias para contextos complexos. Isso estou falando em um âmbito geral. Para o mundo jurídico tem sido uma revolução muito bacana. Como toda mudança, amedronta no início. Mas como já ouvi dizer, não existe melhor momento para ser advogado. Muita coisa nova que não existia antes vai precisar ser regulada. Isso é um desafio muito estimulante para os advogados. Que as máquinas e robôs fiquem com esse trabalho operacional e repetitivo e que os humanos possam então estar livres para pensar e construir esse novo mundo que está surgindo. 4- Você considera os Exponentials uma comunidade de "futurismo" ou acredita que existe (se existe) algum termo mais apropriado? DT - Eu não sei se eu conseguiria definir em único termo. Mas eu acho que futurismo ainda é muito raso pra definir o que acontece nesses grupos. Muito mais do que os assuntos, a conexão que rola entre os integrantes (que são geralmente profissionais com o mesmo interesse em fazer a diferença no mundo) é uma das coisas mais interessantes na minha visão. Talvez eu conseguisse definir em um slogan: “Exponential - a construção do futuro é em rede e colaborativa”.


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NA EDIÇÃO ANTERIOR Tivemos, na primeira Exponential Magazine de 2018, uma matéria de capa que destacou a série de ficção científica mais badalada dos últimos tempos. Black Mirror ganhou destaque pela estreia de sua 4ª temporada, que entrou na programação do Netflix no dia 27 de dezembro. A revista também trouxe uma matéria que Vinícius Soares escreveu sobre as ameaças e as oportunidades da Inteligência Artifical, um texto mindblowing que Bernardo de Azevedo e Souza fez sobre o Possível Adjacente e uma entrevista espetacular com a nossa amiga Sephora Lillian.

QUER ESCREVER PARA A EXPONENTIAL MAGAZINE? Curte escrever sobre futurismo e assuntos derivados? Gostaria de usar esse espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Esse espaço nasceu para ser colaborativo. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)

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