Exponential Magazine - Nº 24 (julho/2019)

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UCOS! ANDO DE LO COM UM B O IC ÉP TO EVENTO : UM EVEN NFERENCE²

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EXPONENTI

IRMÃO DO JOREL É IRMÃO DO JOREL!

Foto: FRANCE PRESS

IRRESISTIVELMENTE TOSCO! CONHEÇA UM DOS MAIORES SUCESSOS DA ANIMAÇÃO BRASILEIRA.

EM Foto: Divulgação

007 INSPIROU A CRIAÇÃO DO UBER VOCÊ SABIA QUE O UBER SURGIU GRAÇAS A UMA IDEIA INSPIRADA EM UM FILME DO AGENTE BOND, JAMES BOND?


http://bit.ly/kaospilot_brasil

KAOSPILOT EXPERIENCE DESIGN IS COMING BACK TO BRAZIL SEP 5th - 7th 2019 OUTSIDE SÃO PAULO

3 days Immersion + 21 day Online Stillpoint Neuroscience Sprint


Foto: Marcos Hirano

PÁG. 4, 5 e 6 Saiba o que rolou de mais espetacular na Exponential Conference²! Foto: Marcos Hirano

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laro que essa edição de julho não poderia ter outra matéria de capa! No último dia 8 tivemos, em São Paulo, a realização do evento mais exponencial de todos os tempos: a Exponential Conference². Mais de 500 pessoas compartilhando conhecimento, conexões e trocas que sabe-se lá no que vão dar futuramente. Na matéria principal desta revista, a ideia foi tentar resumir o mix de sensações que foi esse dia tão especial e um pouco daquilo que os palestrantes e painelistas compartilharam no palco. Como eu estava dividido entre as funções de organizador e apresentador, confesso que não deu muito para "curtir" o evento plenamente. Mas, para quem não conseguiu assistir às palestras, aos painéis e aos pocket shows, relaxa que temos tudo registrado e já disponível no Youtube. E já que falamos nos pocket shows, vale dizer que um dos pontos altos do evento foi a apresentação surpresa com as músiscas do Irmão do Jorel (além da intervenção do próprio, que chegou a ligar pra mim enquanto eu estava no palco!). Irmão do Jorel é um dos maiores sucessos da animação brasileira e pauta de uma das matérias dessa edição. E, pra não deixar a poeira nerd baixar, temos também uma reportagem falando sobre como o personagem James Bond influenciou a criação do "Uber do transporte", também conhecido como "o pai de todos os Ubers" (já que hoje em dia todo mundo quer ser o "Uber de alguma coisa"). Ah! Essa edição também traz uma entrevista com a Jaqueline Viana, engenheira de software e diretora de filmes para Realidade Virtual (chique, né?). Agora pode virar a página e ser feliz! Boa leitura! ;) Bruno Seidel

Irmão do Jorel, desenho animado made in Brazil que já é um grande sucesso entre todas as gerações. Foto: Divulgação EM

PÁG. 8 e 9 Um dos aplicativos mais bem sucedidos da história surgiu de um dos inúmeros filmes do agente 007. Foto: Divulgação EM

PÁG. 10 Um papo 360 com a Jaqueline Viana.

Curte escrever sobre futurismo, inovação ou tecnologia? Gostaria de usar este espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Esta revista nasceu para ser colaborativa. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)


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UM EVENTO TRANSCENDENTAL!

Mediado por André Secco Richter, o Painel Sports contou com a presença da nadadora Susana Schnarndorf e de Terence Gargantini. Foto: Gonzalo Krings

A segunda edição da Exponential Conference já deixou saudade! Foram tantas palestras, painéis, oficinas e atividades incríveis com uma avalanche de conteúdo de primeira, pessoas inspiradoras, histórias de vida fascinantes, pocket shows memoráveis, momentos de lazer, conexões maravilhosas e uma programação bem intensa! Tudo isso num só dia e no mesmo lugar. Definitivamente, só quem foi sabe.


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oi um dia intenso! Mais de quinhentas pessoas estiveram na Unibes Cultural no dia 8 de junho de 2019 para prestigiar a 2ª Exponential Conference, que se mostrou muito maior do que a primeira edição (um crescimento de 150%). Com o desafio de fazer algo exponencialmente maior, era preciso mais do que apenas palestras e painéis memoráveis. Tivemos, dessa vez, diversas atividades simultâneas, como oficinas, feira de artesanato, jogos de tabuleiro, food truck e toda ampla estrutura que a Unibes oferece, além de toda ação promovida pela equipe do Data is Mine. Foi preciso muita interação e uma avalanche de conteúdos intensos para manter a galera ligada nas mais de 12 horas de evento (com a promessa de engatar um happy hour memorável logo na sequência). No palco principal, tivemos o painel sobre EdTechs dando início às atividades com a mediação de Cris Kussuki e a participação de Will Ceolin, Samir Iásbeck de Oliveira e Carla Zeltzer. Muitas histórias bacanas sobre empreendedorismo, sobre o papel da Educação na sociedade e sobre o potencial transformador do aprendizado em nossas vidas. Antes do intervalo do almoço, tivemos uma atração surpresa e totalmente inesperada, que foi o pocket show com as músicas do desenho Irmão do Jorel. Quem esteve no palco para agitar a galera nesse número foram os próprios compositores da trilha da série: Ruben Feffer (Binho) e Zé Ruivo. Além deles, tivemos também a participação dos atores e cantores Edy Consciente e Robson Nunes. Na parte da tarde, foi a vez da Francine Lima falar sobre sua relação com a Indústria dos Alimentos através do canal Do Campo à Mesa, que lhe deu enorme projeção nas mídias sociais. Depois, ainda tivemos um talk sobre o case da startup Superlogica, apresentado pelo Emerson Rodrigues. Em sua fala, Emerson destacou a mistura de criatividade, cultura e exponencialidade. Logo depois foi a vez do quinteto do Voicers, formado pela Ligia Zotini, Leonardo Fernandes, Milena Aquino, Samira Pegoraro e Solange Luz subir ao palco e conduzir o painel que foi uma das grandes sensações do evento. O quinteto fez a galera pirar com tantos depoimentos e visões de futuro fascinantes! Em seguida, tivemos o talk da bonequinha de porcelana Monique Wasserman, que falou sobre sua experiência de fazer centenas de cursos nos últimos meses e o desafio de compartilhar esse conhecimento adquirido no canal Encontre Saber. Monique aproveitou para propor um momento muito bacana de interação para que as pessoas se aproximassem daquelas que ainda não conhecem, numa excelente oportunidade de fazerem novos contatos e novas descobertas. Logo depois foi a vez do painel sobre Sports, que contou com a mediação do André Secco Richter, da Alster, da nadadora Susana Schnarndorf e do super profissional Terence Gargantini (cara foda demais!). E pode apostar: não teve quem não se emocionou com a história de vida da Susana. De arrepiar mesmo!

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1) Painel sobre EdTechs abriu a Conference² para discutir o futuro da Educação; 2) Pocket Show do Irmão do Jorel foi um dos pontos altos do evento; 3) Francine Lima trouxe sua história e sua experiência como jornalista; 4) pela primeira vez reunido em cima do palco, o quinteto do Voicers arrasou e superou todas as expectativas; 5) a Dr.ª Carolina Nocetti trouxe histórias comoventes sobre a sua relação com a medicina canabinoide; 6) painel sobre Smart Cities só tinha feras discutindo um tema super pertinente; 7) Clarisse Gomes falou sobre o desafio de trazer a Inovação como algo simples e acessível para todos; 8) Allan Melo agitou a galera com a palestra de encerramento! Fotos: Gonzalo Krings

Ricardo Cruz falou sobre sua inspiradora trajetória de fã a vocalista da maior banda de animesongs do mundo.


A N O 3 | N º 2 4 | E D I Ç Ã O D E J U L H O D E 2 0 1 9 Por volta da meia tarde, tivemos um talk sobre a Nova Economia com o figuraça Ralph Peticov. Cheio de exemplos divertidos e desconcertantes, ele jogou muitas provocações na cabeça da galera, além de trazer algumas discussões polêmicas. Mas quem tinha o talk mais polêmico era, seguramente, a Dr.ª Carolina Nocetti, que subiu ao palco para falar sobre Medicina Cannabinoide. Acontece que a Dr.ª fala com tanta propriedade e autoridade sobre o assunto que fica difícil não admirar profundamente o seu trabalho. É tão difícil quanto não se emocionar com as histórias que ela relatou em seus depoimentos e ao responder as perguntas da plateia. Outra história de arrepiar foi a do Ricardo Cruz, brasileiro que hoje é integrante do JAM Project, uma das maiores bandas da super prestigiada indústria de animesongs (temas musicais de desenhos, séries e games japoneses). Ricardo falou sobre como passou de um fã sonhador ao ápice de uma carreira artística e sua mais recente façanha, que foi compor o tema de abertura do anime One Punch Man, um dos grandes sucessos da atualidade. Ainda nessa pegada artística e cultural, tivemos um dos grandes momentos do dia e, certamente, um dos mais emocionantes. Ruben Feffer voltou ao palco acompanhado de seu parceiro Gustavo Kurlat, co-produtor da trilha de Tito e os Pássaros. Com eles se apresentaram a cantora Anamaria Leme e o violinista Vitor Zafer. O pocket show de Tito e os Pássaros teve um bis que foi a cereja do bolo: a música Airgela, de Menino e o Mundo. Sério, teve gente chorando essa hora! Impossível descrever a emoção do momento, ao vivo!

Depois ainda tivemos um painel sensacional que reuniu quatro grandes feras no palco: Lina Lopes, Guilherme Forton Viotti e o Professor Antonio M a r c o s A l b e r t i r e u n i ra m s e u s va s t o s conhecimentos para discutir o futuro das cidades. Sob a mediação de Isadora Ferraz, o painel Smart Cities foi um dos melhores exemplos de como as discussões sobre assuntos extremamente relevantes se tornam ainda mais incríveis quando temos pessoas super esclarecidas debatendo em alto nível. Na sequência, a Clarisse Gomes foi ao palco para falar sobre sua experiência à frente do Inova Simples, unindo sua formação como engenheira e seu papel de consultora. Depois da Clarisse, ainda tivemos quatro talks que não estavam na programação e que encaixaram perfeitamente na pauta do evento. Eram as apresentação das oficinas que acabaram virando palestras. O primeiro a se apresentar foi o Jorge Groove, que falou sobre produção e pós produção de conteúdo 3D para ambientes imersivos (XR) e cinema. Depois, foi a vez do professor Yuri Cunha chegar chegando no palco esbanjando energia e com uma apresentação sensacional que contou com a participação do tenente Rubens Portugal, responsável por fazer interessantes contrapontos e uma visão totalmente distante da nossa habitual bolha. E ainda deu tempo de uma palestra do Caio Vinicius Matos sobre Community Building (gestão e construção de comunidades), o que resultou na criação de um novo spinoff da franquia: o Exponential Community que, adivinha só, lotou em menos de 24 horas! E, por fim, uma apresentação sobre metodologias para criação de projetos Transmidia (Multiplataformas) com a dupla Jaqueline Oliveira e Rodrigo Arnaut.

Quase no apagar das luzes, tivemos uma palestra com Leandro Zayd sobre o sistema SPLASH (shared plataform linking all scientific humans), na qual ele falou sobre novas alternativas para a democracia e o futuro da humanidade, bem como a dificuldade do ser humano se desprender de velhos vícios do sistema. Tudo em menos de 10 minutos! Um tremendo desafio para um cara acostumado a fazer vídeos com mais de 4 horas de duração. Antes da palestra de encerramento, tivemos ainda mais um talk surpresa. Só que longe de ser um talk qualquer. Foi com o melhor palestrante do Brasil: Dado Schneider e sua inédita Palestra Imaginária! De forma totalmente inesperada, o próprio Dado foi pego no improviso e subiu ao palco sem slides e sem saber ao certo quanto tempo e nem qual assunto teria para falar. E deu show!!! Dado levantou o clima e arrebatou novos fãs ao improvisar slides imaginários e ao traçar o paradigma do ser X ver X parecer X aparecer. E para finalizar, tivemos um sorteio bastante divertido, informal e bagunçado, o que deixou tudo ainda mais descontraído no clima de fim de evento. Tudo para que o último palestrante subisse ao palco para fazer o grande encerramento: Allan Melo, com pinta de mágico, trouxe para a discussão uma abordagem otimista e não menos responsável sobre nosso papel como co-criadores de futuros desejáveis. Tanto para o mundo como para o Brasil. Uma reflexão que ele mesmo propôs que continuasse no bar. Isso porque, claro, o evento acabou no Teatro mas continuou no happy hour, no after e se estendeu até as 5h da manhã. E pra quem já está com saudades da Exponential Conference, relaxa: dias 16, 17 e 18 de agosto tem mais! Dessa vez, contudo, teremos outras cidades e outros estados recebendo o evento. Aguarde! Isso é ser, literalmente, exponencial! ;)

Vídeo com a programação completa do palco principal na Exponential Conference²: https://youtu.be/HC1InUrTJFQ Álbum de Fotos do evento: https://photos.app.goo.gl/dNnBJwSRdriQE9rRA

Foto: Marcos Hirano


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TODOS AMAM O

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rmão do Jorel é irmão do Jorel. E é irmão do Nico também. E Jorel é irmão do Irmão do Jorel. Se você não pegou a referência, é porque está por fora desse que é, possivelmente, o maior sucesso da animação brasileira dos últimos anos. Um desenho que lembra muito os adoráveis "cartoon cartoons" que marcaram gerações na programação do Cartoon Network (O Laboratório de Dexter; Johnny Bravo; As Meninas Superpoderosas; A Vaca e o Frango; Du, Dudu e Edu...), mas com uma característica toda especial: é uma produção genuinamente brasileira, feita inteiramente por brasileiros! Criado pelo ator, humorista e quadrinista Juliano Enrico, Irmão do Jorel é a primeira animação original do Cartoon Network feita no Brasil e na América Latina. Já são três temporadas produzidas desde 2014, totalizando 78 episódios repletos de humor pastelão, personagens inconfundíveis e sarcasmo. O protagonista, que dá nome ao desenho, é chamado o tempo inteiro de "Irmão do Jorel" pelo fato de ser o irmão mais novo do garoto mais bonito e popular da escola. É aquele típico caso em que a pessoa deixa de ter identidade própria e passa a ser chamada de irmão / filho / primo / sobrinho / vizinho de alguém mais "importante". O curioso é que o próprio Jorel nem aparece tanto assim no desenho e sua voz sequer chega a ser ouvida. O foco mesmo está no irmão mais novo, que divide as atenções com tantos outros personagens divertidíssimos. A melhor amiga do Irmão do Jorel, Lara, é uma das figuras mais legais do desenho. Sempre otimista e disposta a ajudar seu amigo, Lara é quem participa da maioria das aventuras bizarras e alucinantes que tomam conta dos episódios, sempre cheias de ester eggs e referências a outros elementos da cultura pop. Na família do Irmão do Jorel também estão outros personagens curiosos: além do próprio Jorel, tem o Nico, o "outro irmão", que é um adolescente que curte bandas de rock e tem o cabelo tapando metade do rosto. Seu Edson é o pai da família e vive da profissão de jornalista. A mãe, Danuza, é uma ex-bailarina em plena forma e sempre ativa.

Moram na mesma casa as duas avós: Vovó Gigi (mãe da Danuza), que passa o dia inteiro sentada na poltrona em frente à TV e a Vovó Juju (mãe do Seu Edson), que caiu nas graças do público como uma das personagens mais queridas do desenho graças a seus bordões, sua adoração por abacates e seu estilo de "vovó fofinha". Também merecem destaque outros personagens geniais como o ator de filmes de ação Steve Magal (uma paródia que mistura Steven Seagal com Sidney Magal); o trio de patos formado por Gesonel - Mestre dos Sisfarces, Danúbio e Fabrício (que nomes maravilhosos!); o cão falante Tosh; a Ana Catarina (paixão platônica do Irmão do Jorel); o sempre oportunista Roberto Perdigoto; o vocalista Carlos Felino (que canta a maioria das músicas da série), o Mendigo dos Mares, os Microwave Warriors... Por trás das vozes desses personagens adoráveis estão talentos incríveis que fazem toda a diferença. Irmão do Jorel é dublado pelo animador e ilustrador Andrei Duarte. Já a talentosa Melissa Garcia é quem faz as vozes da Lara, da Vovó Juju e da Ana Catarina. A trilha sonora da série, outro elemento indispensável nesse sucesso absoluto, é toda obra da equipe da Ultrassom, liderada pelo super profissional Ruben Feffer. Aliás, impossível falar de Irmão do Jorel sem lembrar das músicas que marcam a série, como "Amor Impossível", "Viagem na Isla Bonita" e o jingle de "Sprok Maçã". Todos "chicletes de ouvido"! Irmão do Jorel é um desenho com elementos e características bem brasileiras, mas que poderia certamente ganhar destaque e projeção no mundo afora, assim como outros sucessos produzidos pelo Cartoon Network. Disponível também no Netflix (temporadas 1 e 2), essa animação elevou demais o nível dos desenhos animados produzidos aqui no país. E o mais legal: uma série para todas as idades sem ser piegas, sem "lacração", sem piadas ofensivas, sem lições de moral fúteis e com todo aquele humor lindamente tosco que só nós, brasileiros, sabemos fazer.


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007, O AGENTE QUE INSPIROU A CRIAÇÃO

DO UBER.

Foto: Divulgação EM

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Uber é muito mais do que um aplicativo que surgiu para revolucionar o transporte urbano e apresentar uma alternativa ao serviço de táxi. Através da tecnologia, o Uber protagonizou o advento da chamada “nova economia”, abrindo caminho para novas startups mergulharem na “uberização” dos mais variados tipos de serviço. Hoje avaliado em mais de US$ 120 bilhões, o Uber supera empresas como Ford e General Motors. Isso sem comprar nenhum carro que aparece na tela do celular. O que pouca gente sabe é que a ideia de criar um aplicativo, com o qual você pode chamar um carro para te transportar através de um simples toque no smartphone, surgiu quando Garrett Camp assistiu, em 2008, ao DVD do filme “Casino Royale”, em que o agente James Bond, interpretado por Daniel Craig, utiliza um aparelho celular para verificar a localização do seu carro. Com o tempo, Garrett ficou obcecado em transformar essa ideia em realidade. Ele comentava sobre isso com todos seus amigos, inclusive com o empresário Travis Kalanick, que não se empolgou muito num primeiro momento. Mas tudo mudou quando, numa noite em Paris, Garric e Kalenick acabaram pegando um taxi após uma bebedeira. Agindo como dois típicos embriagados, eles irritaram o taxista com bobagens alcoólicas ditas em voz alta (quem nunca?). Foi quando o impaciente motorista os xingou e até ameaçou expulsar os bêbados do taxi. Era tudo o que Kalanick precisava para entender que a ideia de Garrett, trazida de um filme de James Bond, merecia engatar a primeira marcha.

Agora vamos engatar a ré e voltar um pouco nessa história para observar um fato curioso: o filme que serviu de inspiração para Garrett ter a grande ideia de sua vida foi produzido em 2006 (o DVD que Garrett assistiu só foi lançado em março de 2007). É o 21º da vasta franquia de filmes do mundialmente famoso agente 007. Acontece que esse título em específico, Casino Royale, é o que leva o nome do livro original escrito por Ian Fleming, autor do personagem que veio a se tornar o espião mais famoso dos cinemas. Esse livro foi publicado em 1953 e, curiosidamente, levou mais de 50 anos para ser adaptado oficialmente na telona. “Oficialmente” porque chegamos a ter duas versões consideradas “não oficiais” de Casino Royale em 1954 e 1967. O motivo é uma longa e confusa disputa judicial entre as produtoras que pode ser resumida da seguinte forma: o título da obra “Casino Royale” pertencia à Sony, mas o personagem James Bond pertencia à EON, que concedia à MGM o direito de distribuição da franquia. Ou seja, a MGM poderia produzir quantos filmes quisesse com o espião sexy de smoking intocável, mas a obra original de Ian Fleming permanecia no colo da Sony.

O co-fundador do Uber, Garrett Camp, com toda essa pinta de nerd aí, é o tipo do cara que trocaria uma balada por um DVD do James Bond.

Ainda inspirado no agente 007, Garrett queria comprar uma frota inteira de Mercedes de alto luxo. Mas Kalenick discordava dessa ideia pois, para ele, o certo seria disponibilizar o aplicativo para os motoristas utilizarem seus veículos, em vez da empresa ter sua própria frota. Reza a lenda que Garrett até chegou a reservar um estacionamento inteiro para carros de luxo, sendo impedido pelo sócio. O aplicativo do “UberCab” então foi oferecido por motoristas que já prestavam serviço “concorrente ao taxi” com seus carrões. Foto: Divulgação EM


A N O 3 | N º 2 4 | E D I Ç Ã O D E J U L H O D E 2 0 1 9 Esse climão só começou a ser solucionado quando um famoso superherói dos quadrinhos entrou em cena: o Homem-Aranha, da Marvel Comics, estava solto na pista. Com a Marvel mergulhada em crise, o super-herói mais famoso do estúdio foi colocado à venda para adaptações cinematográficas.

O Homem-Aranha de 2002 foi a "moeda de troca" para que Casino Royale finalmente fosse produzido pela MGM.

A MGM chegou a adquirir esses direitos nos anos 1990, antes de também ficar mal das pernas. No meio de muita confusão, vai-e-volta e disputas judiciais, a Marvel acabou vendendo os direitos do Homem-Aranha para a Sony, mas a MGM ainda se via no direito de produzir um filme do superherói aracnídeo, chegando a ameaçar fazer exatamente isso. A Sony revidou dizendo que faria o mesmo com 007, a franquia mais lucativa da MGM (como já havia feito em 1967), gerando um tremendo climão entre as duas produtoras. No meio da treta, até o diretor James Cameron apareceu na jogada sendo cotado para dirigir um filme do Homem-Aranha que teria o ator Leonardo DiCaprio no papel de Peter Parker e Arnold Schwarzenegger no papel do Doutor Octopus (!). Não se sabe a veracidade dessa história, mas dá calafrios só de pensar, né?

Foto: Divulgação EM

O resultado desse embate entre Sony e MGM foi um acordo de cavalheiros, dando um sinal verde para que a MGM pudesse, enfim, produzir Casino Royale. A Sony produziu o primeiro filme da trilogia do Homem-Aranha em 2002, sob a direção de Sam Raimi e com Tobey Maguire no papel de Peter Parker, o que encheu seus cofres de dinheiro. Em 2005, a mesma Sony entrou num consórcio para abocanhar 20% da MGM e, adivinha, James Bond e Casino Royale estavam, finalmente, debaixo do mesmo guarda-chuva! Era tudo que precisava acontecer para que o primeiro livro de Ian Fleming, com seu icônico personagem, fosse finalmente adaptado de forma oficial para o cinema, tendo a própria EON na produção. Foi uma novela de bastidores, mas também foi importante para que as coisas acontecessem na hora certa e no lugar certo. Essa confusão toda, que teve até participação do Homem-Aranha, possibilitou que “007 – Casino Royale” fosse produzido em 2006, lançado em DVD em 2007 e chegado à casa de Garrett Camp em 2008.

Foto: Divulgação EM

MATÉRIA ORIGINALMENTE PUBLICADA EM:

http://bit.ly/007-uber

Foto: Divulgação EM

Foi assistindo a esse filme que o empresário e investidor canadense teve a ideia que revolucionaria para sempre o transporte nas grandes cidades e a economia criativa no Século XXI.


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com Jaqueline Viana Engenheira de software e entusiasta de tecnologias emergentes.

1 - Quais são as tecnologias que mais chamam a sua atenção atualmente e quais você vê com mais chances de vingarem num futuro próximo? JV - Nos últimos três anos, as tecnologias que mais me chamaram atenção foram as de VR/AR/MR. Mas a experiência nos ensina a dar o foco àquelas que temos a noção de que mais receberão investimentos se projetando pelas gigantes do mercado (Facebook, Amazon, Netflix, NVIDIA, Apple, etc.) e, nesse cenário, hoje tenho dado mais olhares a Big Data, Analytics, IA e ML. Entendo que a tecnologia que já está vingando e se manterá poderosa será a Inteligência Artificial, se bem admitirmos que a nova tendência é a engenharia da inteligência da decisão.

2 - Conta pra gente como foi sua experiência dirigindo o filme "Give me your bis" em 360 para Realidade Virtual! JV - A experiência foi mágica por exatamente eu não possuir nenhuma experiência no meio e ter concebido um produto em 10 dias. Foi a prova real de que quando aplicamos nossos esforços tentando extrair o que cada tecnologia pode oferecer para um bem coletivo a tendência é que o projeto aconteça. O projeto não tinha recursos avançados mas houve ganhos de oportunidades através dele.

aqueline Viana, teve formação em Engenharia de Software e Gestão da Tecnologia da Informação e cursos de extensão para Realidade Virtual. Possui atividades públicas em Brasília e tem contribuido em projetos imersivos com direção de arte em 3D, em programação para Unreal e com revista Mundo 360, na qual realizou posts sobre o tema e é entusiasta em tecnologias emergentes. Para sair da caixa, busca consumir conteúdos criativos, ama filmes principalmente os de narrativa não linear, , aprendeu que para sua evolução as melhores viagens não ocorrem quando viaja com prioridade turística e sim quando vai a festivais de inovação e turista de forma secundária. Se atrai e tem fascínio por pessoas subversivas e com sede por criação.

3 - Você ainda possui outros projetos de filmes em 360? JV - Sim! Já existem projetos escritos e modelados carecendo apenas de investimentos. Torcendo para algum investidor ler isso! =)

4 - Como profissional de TI, o que você tem observado de mais promissor nos eventos nacionais e internacionais que você tem frequentado? JV - Dentre os inúmeros segmentos, os que mais me chamaram atenção por suas aplicabilidades exponenciais foram AI com IOT, Augmented Analytics e Machine Learning.

5 - Que outros projetos pessoais e profissionais você ainda pretende tirar do papel e apresentar pro mundo? JV - Conteúdos que promovam novos olhares e experiências às pessoas. E curtiria muito contribuir com experiências sensoriais para realidade virtual, além de AI com IOT, Augmented Analytics e Machine Learning


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Para você que tem dúvidas sobre a franquia de grupos Exponential, confira o nosso Guia de Sobrevivência e saiba mais sobre esse fenômeno das mídias sociais.

http://bit.ly/guia-sobrevivencia

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esse grande encontro da comunidade Exponential! Mas tivemos também outras matérias sobre assuntos diversos, como o febre dos super-heróis que está mais forte do que nunca graças os filmes que têm arrastado multidões para os cinemas. E teve também uma matéria sobre digissexualidade (já ouiviu falar?), escrita pelo Bernardo do site futuroexponencial.com. De Inteligências Livres. Muito bacana, por sinal!

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entrou pra história! E a edição anterior da Magazine deu amplo destaque a

quebra, ainda teve uma entrevista com a Cris Vieira da CODE - Escola de

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https://issuu.com/exponentialmagazine

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Junho foi mês de Exponential Conference²! Um evento que certamente já

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A Exponential Magazine chega até você graças aos seguintes apoiadores: Aline Sordilli, Ana Cláudia S. Schuh, Andrea Bisker, André Coelho, Arthur Garcia, Bernardo de Azevedo e Souza, Bernardo Souza, Brenno Faro, Bruno Sabino, Caio Vinicius de Matos, Cecilia Ivanisk, Ciro Avelino, Cris Kussuki, Cristiano Borges Franco, Daniela Yoko Taminato, David Medeiros Ortenzi, Debora Cristina Moraes Santos, Debora Souza, Diogo de Souza, Diogo Monteiro, Dom Queiroz, Eduardo Seelig Hommerding, Eduardo Veiga, Emerson Zuccherato, Fabiane Franciscone, Fatima Fernandes Rendeiro, Felipe Couto, Felipe Menezes, Felipe Sotério, Fernanda Mello, Gi Omizzolo, Gisele Hammerschmidt, Guilherme Massena, Gustavo Nogueira, Hugo Santos, Jacques Barcia, José Luiz Gomes Ramos, Karla Rocha Liboreiro, Leonardo Aguiar, Lidia Cabral, Ligia Zotini Mazurkiewicz, Luciana Santos, Lucie Alessi, Lucio Mello, Luis Gustavo Delmont, Marcelo Amado, Marcelo Tas, Márcio Silva (Frango), Mariana Francisco, Mariana Marcílio, Mauricio Krambek, Mine Caxeiro, Monique Wasserman, Natasha Pádua, Paula de Souza Avila, Paulo Henrique Azevedo, Pedro Godoy, Rafael Lopes, Régis Klein Amorim, Renan Augusto Cardoso, Ricardo Morgado, Ricardo Neves, Ricardo Pelin, Roberta Ramos, Roberto Wickert, Robson Luís, Ruben Feffer Binho, Sephora Lillian, Tania Kulb, Thelma Nicoli Wiegert, Thiago Abreu, Vanessa Mathias, Victor Hugo Rocha, Victor Morganti e Vinicius Soares.

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EM AGOSTO TEM MAIS EXPONENTIAL CONFERENCE!

CE

16/8 SEXTA-FEIRA

NA EASE BRASIL RUA MONSENHOR BRUNO, N° 1153. LJ. 01 - ALDEOTA, FORTALEZA - CE

RJ

17/8 SÁBADO

NA WEWORK BOTAFOGO AV. PASTEUR, 154 - BOTAFOGO, RIO DE JANEIRO - RJ

RS

18/8 DOMINGO

NA CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA RUA DOS ANDRADAS, 736 - CENTRO HISTÓRICO, PORTO ALEGRE - RS

VAMOS EXPONENCIALIZAR O BRASIL INTEIRO!


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