Exponential Magazine - Nº 23 (junho/2019)

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CONFERENCE CHEGOU A VEZ DE SE REENCONTRAR NO EVENTO MAIS EXPONENCIAL DE 2019!

IT’S SUPER HERO TIME! NUNCA FOI TÃO BOM E TÃO FÁCIL SER FÃ DE SUPER-HERÓIS. Version) - Prototype Shown Foto: Ultraman Suit (Anime

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM DIGISSEXUALIDADE? ESPECIALISTAS AFIRMAM QUE ESTAMOS PRESTES A TESTEMUNHAR UM NOVO TIPO DE ORIENTAÇÃO SEXUAL E, SIM, ISSO É "MUITO BLACK MIRROR". Foto: br.fotolia.com


CRIE UM MUNDO MELHOR APRIMORANDO VOCÊ MESMO E O SEU AMBIENTE.

Iniciativa para o Desenvolvimento de uma Transição.

idetra.org Projeto alinhado com as ideias centrais do The Venus Project (thevenusproject.com)


Foto: Robert Wagner

PÁG. 4, 5 e 6 Vem aí a Conference², o evento que todo mundo tava esperando!

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E

sta é a edição de junho da Exponential Magazine, que aterrisa no mês do evento mais épico do ano para essa comunidade de entusiastas da inovação, da tecnologia, do futurismo e de tantos outros assuntos legais que se misturam e se complementam. Enquanto a ansiedade bate forte, a gente preparou uma matéria falando sobre tudo o que você precisa saber sobre esse evento que tem data marcada para o dia 8 de junho, na Unibes Cultural, em São Paulo. Será uma edição bem maior do que a primeira e vai contar com inúmeras atividades, como palestras, painéis, oficinas, feira de artesanato, show musical, card games e, claro, toda aquela interação que conecta pessoas e transforma vidas. Nessa 23ª edição da revista temos também uma matéria que pegou carona num dos assuntos do momento: o auge dos filmes de super-heróis no cinema, com destaque para o fenômeno Vingadores - Ultimato (que foi matéria da edição passada, por sinal). Nesta matéria aqui, o objetivo é analisar como esse império foi se erguendo e que impactos isso pode trazer para o mundo. Outra matéria desta edição fala de um assunto passível de polêmica e que tem a ver com orientação sexual: os chamados digissexuais, pessoas que se relacionam ou se afeiçoam por seres que só existem no mundo virtual ou no formato cibernético. Essa matéria, escrita pelo Bernardo de Azevedo e Souza, pode parecer maluquice para alguns, mas pode também ser uma realidade que já está entre nós. Para fechar em grande estilo esta edição, temos ainda uma entrevista com a Cris Vieira, especialista em Educação e fundadora da CODE - Escola de Inteligências Livres. E, se a gente não se falar mais até o dia 8, até a Conference! Boa leitura! ;) Bruno Seidel

Os super-heróis estão nas alturas! Entenda como surgiu esse fenômeno e no que isso vai dar. Foto: Divulgação EM

PÁG. 8 e 9 Eles sentem atração e se afeiçoam por seres virtuais e tecnológicos. Eles são os digissexuais. Foto: br.fotolia.com

PÁG. 10 Um papo cabeça sobre escola e ensino com a Cris Vieira.

Curte escrever sobre futurismo, inovação ou tecnologia? Gostaria de usar este espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Esta revista nasceu para ser colaborativa. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)


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A VOLTA DO EVENTO MAIS EXPONENCIAL DO ANO! TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A 2ª EDIÇÃO DA EXPONENTIAL CONFERENCE.

PROGRAMAÇÃO DO TEATRO - PALCO PRINCIPAL 9h - Recepção 10h - Introdução / abertura do evento • Painel 1: EDTECH (Cris Kussuki, Carla Zeltzer, Samir Iásbeck de Oliveira e Will Ceolin) • Francine Lima (Se ninguém perguntar, não precisa responder)

Foto: Divulgação EM

[Intervalo do Almoço]

Unibes Cultural, local da Exponential Conference².

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cabou a espera! A segunda edição da Exponential Conference está finalmente chegando! Um ano depois de reunir a galera mais futurista do Brasil num evento idealizado, planejado, organizado e protagonizado pela própria comunidade, chegou a vez de se reencontrar para fazer algo ainda maior e mais épico! De um ano pra cá, a comunidade exponencializou seu tamanho, sua quantidade de membros e número de spinoffs. Literalmente! Fomos de 2 mil pessoas para mais de 5 mil. O número de grupos no Whatsapp, que era 50, passou para mais de 150. E isso sem falar no mais legal de tudo, que foram as conexões formadas, as amizades que surgiram, os contatos profissionais, as oportunidades e o senso de comunidade cada vez mais fortalecido. E pode ir se preparando porque vamos viver tudo isso de novo no próximo dia 8 de junho, novamente em São Paulo!

• Painel 2: VOICERS (Ligia Zotini, Solange Luz, Leonardo Fernandes, Samira Pegoraro e Milena Aquino) • Emerson Rodrigues (Superlogica) • Monique Wasserman (Encontre Saber) • Painel 3: SPORTS (com André Secco Richter, Susana Scharndorf e Terence Gargantini) • Dr.ª Carolina Nocetti (Medicina Canabidiol) • Ralph Peticov (Nova Economia) • Painel 4: SMART CITIES (com Isadora Ferraz, Guilherme Viotti, Lina Lopes e Professor Alberti) • Ricardo Cruz (Sempre Sonhando ~ ~) • Pocket Show com Ruben Binho: Tito & Os Pássaros [Intervalo] • • • • •

Clarisse Gomes (Tornando a Inovação Simples e Acessível) Roberto Stelzer & Sol Santin (Cultura Maker) Leandro Zayd (O Futuro da Humanidade) Laura Peña (O Futuro da Educação) Allan Melo (Palestra de Encerramento)

22h - Encerramento

OBS.: Programação sujeita a alterações pelos mais diversos motivos até o dia do evento.

Nessa segunda edição, temos novidades bem legais. Além das palestras e dos painéis para apitar a chaleira do conhecimento, vamos ter também oficinas com temas diversos, feira de artesanato, foodtrucks, cardgames, show acústico e, claro, aquele happy hour na finaleira para fechar em grande estilo. Tudo graças ao engajamento da comunidade Exponential e à parceria com o pessoal da Revolução Artesanal, que está promovendo o Festival do Fazer através de uma campanha de crowdfunding (catarse.me/festival_do_fazer). Será uma Conference com uma pegada diferente daquela que tivemos no ano passado: maior, mais diversificada e com um foco maior na cultura maker e nas histórias de vida das pessoas que subirão ao palco para compartilhar seu conhecimento com a gente. Mas é claro que as raízes futuristas, inovadoras e tecnológicas da comunidade, focadas no impacto positivo, terão um destaque todo especial, afinal, é isso que mantém e dissemina o mindset que permeia a franquia Exponential. E pra quem não puder ir, relaxa pois teremos transmissão ao vivo via streaming, assim como na primeira edição! Tudo abundante, irrestrito e ilimitado para impactar o maior número possível de pessoas!

Unibes Cultural Rua Oscar Freire, 2500 - Sumaré, São Paulo - SP


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PRESENÇAS CONFIRMADAS!

Allan Melo

André Secco Richter

Carla Zeltzer

Clarisse Gomes

Cris Kussuki

Dr.ª Carolina Nocetti

Elisabete Santana

Emerson Rodrigues

Francine Lima

Guilherme Forton Viotti

Isadora Ferraz

Laura Peña

Leandro Zayd

Leonardo Fernandes

Ligia Zotini

Lina Lopes

Luciane Bottamedi

Marilia Nunes Paulino

Milena Aquino

Monique Wasserman

Orlando Cappi Closs

Ruben Feffer

Samira Pegoraro

Prof. Antonio Marcos Alberti

Sofia Antonio

Ralph Peticov

Solange Luz

Roberto Stelzer

Ricardo Cruz

Sol Santin

Susana Schnarndorf

Terence Gargantini

Vanessa Mathias

Samir Iásbeck de Oliveira

Will Ceolin

APOIOS E PARCEIROS A Exponential Conference² só é possível graças ao engajamento e à colaboração voluntária de pessoas incríveis que fazem parte de uma comunidade sensacional. Veja quais são as iniciativas, projetos e empreendimentos que, de alguma forma, foram responsáveis pela realização desse evento.

ATIVIDADE SAUDÁVEL

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ATIVIDADES ABERTAS AO PÚBLICO GERAL

OFICINAS

DATA IS MINE

Um dos grandes diferenciais desta edição da Conference são os workshops! Serão duas salas exclusivas para atividades hands on com programação de chatbots e gestão & liderança na era digital. Também teremos um espaço com diversas oficinas oferecidas pela Revolução Artesanal*, com atividades artesanais e manuais.

Data is Mine é um movimento que desafia o atual status quo, fomentando transparência na coleta e uso de dados pessoais em todos os setores e buscando soluções que empoderem as pessoas com ferramentas para gerir o acesso e o uso de seus dados pessoais online. Na Exponential Conference², eles estarão presentes em um espaço exclusivo e com uma importante missão para o futuro: propor o empoderamento das informações pessoais pelos usuários.

(*) inscrições à parte em revolucaoartesanal.com.br/festival/#oficinas

JOGOS DE MESA

SHOW ACÚSTICO | 18h30

Fundada em 2009, a Galápagos Jogos é a principal editora brasileira de jogos de mesa modernos. Por meio de licenciamento, tradução e distribuição, a empresa foi uma das pioneiras no Brasil a trazer acesso aos principais títulos de jogos de tabuleiro de sucesso internacional da atualidade. A empresa conta com um catálogo de mais de 300 produtos voltados para diferentes idades e públicos. Entre os grandes sucessos estão Dixit, 7 Wonders, Ticket to Ride, Concept e a linha Star Wars: XWing. Eles estarão na Exponential Conference² promovendo atividades para fãs e praticantes dessa modalidade.

Show Abôrigens e Banda de Jardim a Jardim A performance musical do Abôrigens terá a participação especial da Banda JD a JD, que reúne músicos dos diversos Jardins (bairros) da cidade de São Paulo, como mais um ato que integra o Movimento De Jardim a Jardim que busca aproximar pessoas do centro e da periferia a partir da música e da cultura. *Atividade oferecida pela Revolução Artesanal.

INGRESSOS À VENDA! Ainda não adquiriu seu ingresso do evento mais exponencial do ano? Então torce para ainda ter vaga, garante já tua presença e vai com fé, porque vai ser legal demais!

http://bit.ly/exponentialconference OBS.: a Exponential Conference² é sem fins lucrativos. Todo o valor arrecadado com os ingressos será revertido na infraestrutura do evento e aberto à comunidade.


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OU

aqui a uns 10 anos, você estará numa dessas conversas nostálgicas que discutem e relembram o que se fazia em 2019, que hábitos a gente tinha, que tecnologias acompanhavam nossas rotinas, que notícias tomavam nossa atenção, que tipo de roupas usávamos, quais cortes de cabelo predominavam, qual era a música que grudava em nossos ouvidos... Se a sua memória funcionar bem, você lembrará que, em 2019, o mundo efervecia com a febre dos Vingadores, o filme que bateu todos os recordes no cinema e colocou os super-heróis da Marvel Comics no trono da cultura pop. Será como lembrar que os anos 1980 foram a época do VHS, da Rede Manchete, dos Trapalhões e da Xuxa; que os anos 1970 tinham a cara dos Embalos de Sábado à Noite e aquelas cores psicodélicas (alguém disse LSD?); ou que os anos 1960 eram ambientados ao som dos Beatles e da Jovem Guarda. A maior reunião de heróis da história das telonas e seu sucesso sem precedentes é um dos grandes produtos culturais da nossa época e nós ainda estamos tentando entender que fenômeno é esse. Somente o tempo dirá quais impactos isso vai trazer para a cultura em geral, para as novas gerações, para a economia, para a indústria do entretenimento, para a tecnologia, para o marketing e para a própria evolução da humanidade que, por sua vez (e justificando o exagero), depende dos fatores anteriores. Heróis da DC e da Marvel, as duas maiores franquias de super-heróis do mundo.

Portanto, mesmo que você não curta muito esse lance de super-heróis uniformizados saindo na porrada com vilões em meio a faíscas e explosões, saiba que reconhecer o mérito e a importância dessas produções é compreender um dos grandes produtos culturais do momento que estamos vivendo. E entender como esse momento virou uma realidade, bem como o que pode emergir desse fenômeno, é saber decodificar o presente.

Antes mais nada, é preciso entender que produções cinematográficas e febres de super-heróis não são nenhuma novidade. Quem viveu a infância no Brasil nos anos 80 e 90 deve lembrar do sucesso que foram as séries de super-heróis japoneses (os chamados Tokusatsu): Jaspion, Changeman, Jiraiya... A própria Marvel Comics, que hoje é referência mundial no assunto, chegou a viver altos e baixos antes de tecnicamente falir em 1996, se reerguer graças a medidas ousadas como a venda de alguns personagens e, por fim, iniciar o seu bem sucedido Universo Cinematográfico, que começou em 2008, com o primeiro filme do Homem-de-Ferro e a brilhante atuação do ator Robert Downey Jr. Foi um ano antes da Disney comprar a Marvel e impulsionar os filmes de super-heróis para o patamar atingido recentemente. Já a DC Comics, eterna concorrente da Marvel e que hoje parece estar comendo poeira, também já teve seus dias de glória no cinema, com os filmes do Batman nos anos 1990 e a mais recente trilogia dos filmes do Cavaleiro das Trevas dirigida pelo aclamado Cristopher Nolan. Isso sem falar nas animações da Liga da Justiça e o sucesso inabalável de personagens como Super-Homem, Mulher Maravilha e o próprio Batman. Para os fãs mais fervorosos da Marvel, isso talvez não signifique muita coisa, mas vale destacar que a DC pavimentou esse terreno muito antes de Stan Lee esboçar suas primeiras ideias e, sim, se não fosse a DC, não existiria a Marvel.

E isso nos mostra que essa histeria provocada pelos Vingadores pode ser muito positiva para todo tipo de fã de super-heróis ou amante da cultura pop, sejam estes fãs da Marvel, da DC, de Tokusatsu, de animes shönen (como Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e Naruto) ou seja lá quais forem suas preferências. E quer saber por quê? Porque um novo nicho de mercado está consolidado.

Assim como o sucesso de Blade - O Caçador de Vampiros (1998) e Homem-de-Ferro encorajaram os estúdios a investirem cada vez mais nesse tipo de filme, novas apostas serão feitas a partir de agora. Mais produtores, diretores e atores de primeiro escalão deverão embarcar nessa, afinal, o status e as chances de lucro agora são outros. Mais produtoras toparão repaginar potenciais superheróis engavetados (ou criar novas franquias) para disputar uma preciosa fatia desse mercado. Para os fãs, não existe momento melhor para gostar de super-heróis, vide a vasta quantidade (e qualidade) de filmes que têm pintado no cinema. Filmes que chegam para disputar o Oscar, como o caso do Pantera Negra (2018), ou esquentar discussões sobre viagem no tempo, física quântica e universos paralelos. Definitivamente, não é só porrada e cenas de ação com pirotecnia. Nós ainda não sabemos como serão as mentes que conduzirão nosso mundo nas próximas décadas. Mas, uma coisa é certa: a geração de hoje é privilegiada por crescer cercada por esses super-heróis apaixonantes, que nunca estiveram tão bem na fita (ou na telona).

Foto: Divulgação EM

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VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM

DIGISSEXUALIDADE? por Bernardo de Azevedo e Souza

Foto: br.fotolia.com

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alar de sexo é falar de um dos impulsos humanos mais poderosos. É falar de um desejo que ocupa uma parcela significativa de tempo no pensamentos de bilhões de pessoas. Como decorrência desse apetite intenso, as mais diversas orientações sexuais surgiram ao longo dos anos. Homossexualidade, bissexualidade, pomossexualidade, pansexualidade, ginossexualidade. Androssexualidade, sapiossexualidade, demissexualidade e skoliossexualidade. São apenas algumas das orientações sexuais existentes nos tempos atuais. Contudo, dão o tom de quão complexas são as relações humanas.

Usamos o termo ‘digissexuais’ para descrever pessoas que, principalmente como resultado dessas novas tecnologias mais intensas e imersivas, não necessariamente sentem a necessidade de se envolver com um parceiro humano, e que definem sua identidade sexual em termos do uso dessas tecnologias.

Neil McArthur

Foto: news.umanitoba.ca

Contudo, segundo especialistas, estamos prestes a presenciar o surgimento de um novo tipo de orientação sexual: a digissexualidade. À medida que as chamadas “tecnologias sexuais” avançam, sua adoção crescerá e muitas pessoas virão a se identificar como digissexuais. Mas o que significa “digissexualidade”? De acordo com o professor de filosofia Neil McArthur, da Universidade de Manitoba (Canadá), pessoas digissexuais são aquelas cujo apetite sexual é predominantemente satisfeito pelo mundo virtual. Em síntese, são pessoas cuja identidade sexual primária decorre da utilização da tecnologia. Segundo McArthur, já estamos vivendo a era do sexo virtual imersivo e, a partir de agora, as “tecnologias sexuais” se tornarão parte integrante da identidade sexual de muitas pessoas. Para ele, as novas tecnologias servirão, para muitas pessoas, como uma alternativa viável aos companheiros sexuais humanos.

Para McArthur, estamos vivendo a era do sexo virtual imersivo


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DIGISSEXUALIDADE NOS CINEMAS

UM FUTURO DIGISSEXUAL?

Embora pouco familiar, o conceito de digissexualidade vem sendo explorado pela indústria do cinema, em filmes como Ela (2013) e Blade Runner 2049 (2017). Em ambos, os protagonistas (Joaquin Phoenix e Ryan Gosling, respectivamente) desenvolvem laços sexuais-afetivos com inteligências artificiais.

McArthur pretende conduzir um estudo mais amplo sobre os digissexuais, com o objetivo de entender seus comportamentos, desvelar mitos e enfrentar alguns dos estigmas envolvendo o novo tipo de sexualidade. Como o fenômeno é bastante novo, há um risco de que a amostra de pesquisa seja reduzida.

Na mesma linha, o filme A Garota Ideal (2007), também estrelado por Ryan Gosling, conta a história de um jovem que estabelece um relacionamento não convencional com uma boneca sexual encontrada na Internet. Para Neil McArthur, os três filmes compreendem esse novo tipo de sexualidade:

O pesquisador reconhece também que as discussões relacionadas à digissexualidade são complexas. O tema envolve debater aspectos éticos e psicológicos de desenvolver relacionamentos sexuais com robôs. Além disso, busca-se discutir os riscos do mal funcionamentos da tecnologia.

[Os filmes são] os três melhores exemplos da cultura pop, porque todos eles retratam relacionamentos digissexuais de uma forma bastante complexa, e de maneira simpática. Neil McArthur

Por outro lado, a digissexualidade também tem suas representações mais obscuras. Na série Westworld (2016-), por exemplo, vemos uma versão mais distópica do conceito, na qual os anfitriões robóticos são projetados exclusivamente para atender às necessidades e desejos (sexuais) dos visitantes.

Embora reconheça que muitas pessoas serão digissexuais no futuro, McArthur não vislumbra que esse novo tipo de orientação sexual prevalecerá. Para ele, a digissexualidade tomará o seu lugar ao lado de outras identidades sexuais não convencionais. E a sociedade prosseguirá normalmente em direção ao futuro.

Haverá muitos digissexuais no futuro próximo, mas vai ficar tudo bem. Neil McArthur

O conceito de digissexualidade foi exposto no filme Blade Runner 2049 (Crédito: Warner Bros)

Matéria escrita por Bernardo de Azevedo e Souza empreendedor, advogado, escritor, pesquisador e entusiasta do futurismo. Fundador do site Futuro Exponencial (futuroexponencial.com)


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com Cris Vieira Pedagoga, doutora em Educação e fundadora da CODE - Escola de Inteligências Livres.

1- Como profissional da Educação, quais você considera os principais problemas de curto e longo prazo a serem resolvidos no Brasil e no mundo? CV - No Brasil, a curto prazo, precisamos resolver o problema da formação dos professores. A academia não tem conseguido, através do currículo que oferece, instrumentalizar os futuros professores com conteúdos mais atualizados e voltados às reais necessidades dos alunos de hoje. A maioria dos cursos de licenciatura ainda forma professores para trabalharem em salas de aula que não existem mais, para alunos que têm muito mais acesso à informação e que, justamente por isso, precisam de metodologias que o auxiliem a produzir conhecimento real e aprendizagem com sentido e significado. A longo prazo, precisamos mexer no sistema de avaliação e na burocracia gigante que envolve os órgãos do governo ou das mantenedoras e a relação com as escolas. Os processos são intermináveis, demorados e pouco eficazes. Com relação à educação no mundo, poderíamos investir em programas de parceria com instituições internacionais, para troca de experiência e inspiração. Existem experiências incríveis que poderiam ser replicadas, de acordo com a possibilidade de cada lugar. Isso seria fantástico! 2- Dizem que você costuma participar das reuniões escolares do seu afilhado, sempre com muitas ponderações e intervenções. Como é esse embate entre o ensino tradicional e as ideias inovadoras? CV - Não consigo manter distanciamento o tempo todo, mesmo entendendo que, se a família optou por determinada escola, é porque acredita na forma como a escola conduz a aprendizagem dele. Mas, em alguns momentos, vou na escola, sim. Mais para tentar entender alguns movimentos. Por incrível que pareça, a grande dificuldade ainda é de que os pais e responsáveis pelas crianças entendam que a escola mudou, que precisa trabalhar com metodologias diferentes de quando eles estavam na escola e não fiquem, por exemplo, exigindo que as crianças façam temas de casa intermináveis ou ainda que tenham um comportamento que não é próprio de uma criança da era digital. Isso é, muitas vezes, um grande problema para a própria escola. Por isso, as reuniões de pais precisam ser menos burocráticas e mais esclarecedoras disso tudo. A escola precisa ser um lugar de aprendizagem e produção de conheci-mento pra todo mundo.

ris é pedagoga e doutora em Educação. Presta assessoria e consultoria na área educacional e é founder da CODE - Escola de Inteligências Livres. Ela também pesquisa e trabalha com metodologia e práticas inovadoras de ensino, tendo mais de 20 anos dedicados à educação. Considera as questões que envolvem a aprendizagem e as formas de aprender uma das temáticas mais importantes da atualidade. Gosta de grandes cidades, de movimento, música e tecnologias.

3- Temos uma nova geração muito engajada e determinada a mudar os padrões de ensino arcaicos aos quais ainda somos submetidos. Quais são os acertos e os erros dessa gurizada? CV - Na minha opinião, os acertos dessa geração são justamente de serem enfáticos com relação às coisas que gostam ou não; que querem ou não querem para sua vida. A busca de um propósito hoje é muito mais importante e produz muito mais sentido do que foi para nossa geração, que buscava trabalho e sucesso, sem questionar o sentido disso tudo. O acesso à informação foi importante pra esse movimento. O equívoco, para mim, está no fato de acharmos que isso significa protagonismo e, por isso, não trabalharmos mais com uma tarefa importantíssima de pais, mães e professores, que é a orientação, o norte. A autonomia é um processo a ser construído. Ninguém nasce autônomo. É uma das competências mais importantes hoje, no mundo do trabalho. Mas precisa ser construída, desenvolvida. E a família tem um papel fundamental nisso. 4- Como você vê o papel do Youtube, do Netflix e dos jogos online na educação das crianças? CV - Acho sensacional! São plataformas de acesso a conteúdos que antes eram muito menos democráticos. O conhecimento precisa ser expandido, capilarizado. Quanto mais entregarmos repertório variado para as crianças e para essa gurizada, maior vai ser o entendimento do mundo. Mas, de novo, toda essa informação, sem ter quem decodifique tudo isso e ajude a transformar em conhecimento, não vai produzir um sentido para além do entretenimento. Isso também é incrível, mas precisa ter sempre o olhar das pessoas responsáveis, principalmente no caso das crianças pequenas. Criança é criança, não é um adulto em miniatura. É a fase do desenvolvimento mais importante e determinante para o sujeito quando se torna adulto.

5- Saindo um pouco da nossa "bolha", como você vê o presente e o futuro do ensino básico nas periferias, no interior e nos lugares onde "o futuro chega depois"? CV - Eu acredito que muita coisa bacana já está sendo feita e não recebe a mesma atenção da mídia e das pessoas de forma geral. As comunidades populares são muito organizadas e ainda idealizam a escola, o conhecimento como uma ponte para uma vida diferente das que eles têm. E isso é real. Mas a falta de estrutura dessas escolas é um grande entrave, porque de nada adianta ter uma sala de computadores que não comporta determinadas ações ou que não dá acesso à rede, por exemplo. Uma estrutura física e humana que comportasse as reais necessidades dessas escolas faria muita diferença e o futuro, aí sim, teria outra medida. 6- Conte um pouco sobre seu trabalho à frente da CODE e os projetos vindouros. CV - A CODE faz parte do meu propósito de vida e hoje, através dela, arrisco a dizer que estou cada vez mais próxima do que quero ser de verdade. Como venho do mundo acadêmico, a experiência que adquiri na área da gestão e dos processos relacionais foram muito importantes, mas a academia também me mostrou a importância de não sublimarmos aquilo que temos de potência, nossas verdadeiras habilidades e nossas competências. E tudo isso norteia o nosso trabalho: as questões relacionadas à inovação na educação, ao autoconhecimento e a todas as conexões possíveis a partir disso, tanto no universo escolar como no corporativo. Nesse sentido, o "aprender a aprender" norteia o alicerce do nosso trabalho e das nossas ações. Trabalhamos com uma gestão compartilhada e colaborativa e tudo o que fazemos de melhoria ou de mudança passa pela opinião de todas as pessoas que trabalham lá. E isso é outro diferencial! Hoje temos na CODE, além de mim, as gurias da Espaço de Projetos e duas psicólogas incríveis que têm um trabalho totalmente alinhado ao propósito da casa. Tá sendo uma experiência incrível e o nosso radar futuro já mira um projeto com crianças. Mas isso conto numa próxima entrevista. ;)


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Para você que tem dúvidas sobre a franquia de grupos Exponential, confira o nosso Guia de Sobrevivência e saiba mais sobre esse fenômeno das mídias sociais.

http://bit.ly/guia-sobrevivencia 1 9 2 0 D E I L B R E A O D Ç Ã D I E 1 | º 2 A N | N O 3 O 3 | N A N º 2 0 | E D I Ç Ã O D E M A R Ç O D E 2 0 1 9

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pelo Yuri Cunha sobre pets no local de trabalho. Uma discussão que vem dividindo opiniões e que apresenta uns números bem curiosos. Quem também virou assunto na última edição foram os super-heróis da Marvel, que arrastaram multidões para os cinemas em Vingadores - Ultimato, um

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Em maio, tivemos na capa da Exponential Magazine uma matéria escrita

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fenômeno de bilheteria! Outro assunto abordado e que merece ser levado

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mais a sério é a Depressão, uma das grandes vilãs dos tempos atuais. E para falar sobre esse e outros assuntos, batemos um papo com a psicóloga Gisele Rodrigues, uma profissional super atualizada e uma pessoa incrível! https://issuu.com/exponentialmagazine

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A Exponential Magazine chega até você graças aos seguintes apoiadores: Aline Sordilli, Ana Cláudia S. Schuh, Andrea Bisker, André Coelho, Arthur Garcia, Bernardo de Azevedo e Souza, Bernardo Souza, Brenno Faro, Bruno Sabino, Caio Vinicius de Matos, Cecilia Ivanisk, Ciro Avelino, Cris Kussuki, Cristiano Borges Franco, Daniela Yoko Taminato, David Medeiros Ortenzi, Debora Cristina Moraes Santos, Debora Souza, Dennis Altermann, Diogo de Souza, Diogo Monteiro, Dom Queiroz, Eduardo Seelig Hommerding, Emerson Zuccherato, Fabiane Franciscone, Fatima Fernandes Rendeiro, Felipe Couto, Felipe Menezes, Felipe Sotério, Fernanda Mello, Gi Omizzolo, Gisele Hammerschmidt, Guilherme Massena, Gustavo Nogueira, Hugo Santos, Jacques Barcia, José Luiz Gomes Ramos, Karla Rocha Liboreiro, Leonardo Aguiar, Lidia Cabral, Ligia Zotini Mazurkiewicz, Luciana Santos, Lucie Alessi, Lucio Mello, Luis Gustavo Delmont, Marcelo Amado, Marcelo Tas, Márcio Silva (Frango), Mariana Francisco, Mariana Marcílio, Mauricio Krambek, Mine Caxeiro, Monique Wasserman, Natasha Pádua, Paula de Souza Avila, Paulo Henrique Azevedo, Pedro Godoy, Rafael Lopes, Régis Klein Amorim, Renan Augusto Cardoso, Ricardo Morgado, Ricardo Neves, Ricardo Pelin, Roberta Ramos, Roberto Wickert, Ruben Feffer Binho, Sephora Lillian, Tania Kulb, Thelma Nicoli Wiegert, Thiago Abreu, Vanessa Mathias, Victor Hugo Rocha, Victor Morganti e Vinicius Soares.

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O EVENTO MAIS EXPONENCIAL DO ANO!

Allan Melo

André Secco Richter

Carla Zeltzer

Clarisse Gomes

Cris Kussuki

Dr.ª Carolina Nocetti

Elisabete Santana

Emerson Rodrigues

Francine Lima

Guilherme Forton Viotti

Isadora Ferraz

Laura Peña

Leandro Zayd

Leonardo Fernandes

Ligia Zotini

Lina Lopes

Luciane Bottamedi

Marilia Nunes Paulino

Milena Aquino

Monique Wasserman

Orlando Cappi Closs

Ruben Feffer

Samira Pegoraro

Prof. Antonio Marcos Alberti

Sofia Antonio

Ralph Peticov

Solange Luz

8.6 SÃO PAULO

Ricardo Cruz

Sol Santin

Roberto Stelzer

Susana Schnarndorf

Terence Gargantini

Vanessa Mathias

Samir Iásbeck de Oliveira

Will Ceolin

ATIVIDADES + PALESTRAS + PAINÉIS + OFICINAS + CARDGAMES + POCKET SHOW + FEIRA DE ARTESANATO + HAPPY HOUR NA UNIBES CULTURAL: Rua Oscar Freire, 2500 Sumaré, São Paulo - SP

http://bit.ly/exponentialconference


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