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M AG A Z I N E
soal Foto: Arquivo pes
NA MIRA DO MPF EX-NAMORADA DE ALBERTO YOUSSEF, DOLEIRA E DELATORA DA LAVA-JATO ENVOLVE-SE EM SUPOSTO CASO COM O LOBISTA ROWLES MAGALHÃES. Foto: stock.adobe.com
REALIZE THE SINGULARITY! KAMEN RIDER ZERO-ONE, NOVA SÉRIE DE SUPER-HERÓI DO JAPÃO, ABORDA OS AVANÇOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. EM Foto: Divulgação
THE DRONE LAWYER O QUE OS DRONES RESERVAM PARA O FUTURO DA PRÁTICA JURÍDICA NO BRASIL E NO MUNDO? Foto: stock.adobe.com
Foto: stock.adobe.com
PÁG. 4 e 5 MPF pede investigação sobre viagem romântica de Nelma Kodama e Rowles Magalhães. Foto: Divulgação EM
PÁG. 6 e 7
P
ara você que achou que a Exponential Magazine terminaria assim como as ATAs, pode sossegar. A Magazine continua! Pelo menos enquanto tivermos pique! Explicando, para quem não entendeu: o serviço de ATAs no Whatsapp e no Telegram chegou ao fim no último dia 24 de outubro, assim como a campanha no apoia.se para quem contribuía mensalmente com a curadoria de conteúdo diária e também com essa revista mensal. Mas, se você valoriza esse trabalho e quer continuar contribuindo financeiramente de outra forma, na página 11 dessa edição tem uma outra alternativa que eu encontrei para manter esse tipo de serviço como algo remunerado (o que, claro, dá um belo incentivo a mais para continuar). Desde já, fica o meu enomre agradecimento a todos que prestigiaram as atas nesses mais de 20 meses. Foi muito divertido! Mas falando da Exponential Magazine: já foi dito na edição passada que o projeto segue como uma produção independente do que rola nos grupos de Whatsapp ou seja lá o que for. É uma revista de conteúdo e assuntos que eu (Seidel) e demais pessoas interessadas em escrever aqui tenham. Um desses assuntos é o que o Bernardo de Azevedo e Souza publicou no seu novo site pessoal, falando sobre a relação dos drones com o futuro da advocacia. Bem bacana para quem curte matérias relacionadas a tecnologia. Outra matéria que eu particularmente adorei publicar foi a do Kamen Rider Zero-One, série que estreou recentemente no Japão (quem me conhece sabe que eu sou apaixonado por super-heróis japoneses e que é sempre um prazer enorme poder falar desse assunto). Já a entrevista dessa edição é com o nosso amigo César Paz, um dos fundadores e articuladores do PoA Inquieta, movimento que está ganhando um destaque cada vez mais bacana na capital gaúcha. E não podemos nos esquecer da matéria de capa, claro! Ele está de volta: Rowles Magalhães! Não é a primeira vez que ele é assunto aqui na Magazine, mas dessa vez o Rowles ganhou a atenção do Ministério Público Federal por estar supostamente envolvido com a doleira Nelma Kodama, delatora e pivô da Operação Lava-Jato. A imprensa andou pintando e bordando pra cima do Rowles depois dessa mas, aqui, vamos dar a chance dele se explicar e dizer que história é essa de namoro. Nada como ter contato direto com a fonte, né?! Simbora!
Boa leitura! ;) Bruno Seidel
O super-herói que preside uma empresa que fabrica robôs humanóides. Foto: Divulgação EM
PÁG. 8 e 9 Bernardo de Azevedo faz um panorama sobre os drones e o futuro da prática jurídica. Foto: stock.adobe.com
PÁG. 10 Um papo inquieto e pacífico com César Paz.
Curte escrever sobre futurismo, inovação ou tecnologia? Gostaria de usar este espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Esta revista nasceu para ser colaborativa. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)
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REAÇÃO EM CADEIA A VERDADE SOBRE A SUPOSTA RELAÇÃO DE NELMA KODAMA COM ROWLES MAGALHÃES.
Foto: Mathilde Missioneiro / Folhapress
N
a mesma semana em que lançou seu polêmico livro de memórias do cárcere, a d o l e i ra N e l m a K o d a m a f o i surpreendida por uma decisão da Lava Jato, a mesma operação que cumpriu mais de mil mandados de busca e apreensão, visando apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina e colocou atrás das grades nomes como o expresidente Lula, o ex-deputado Eduardo Cunha, os engenheiros Eike Batista, Otávio Azevedo e Marcelo Odebrecht, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e tantos outras personalidades. Nelma ficou conhecida ao tentar embarcar com 200 mil euros no aeroporto de Guarulhos, sendo presa em flagrante pela Polícia Federal. Ela foi investigada, presa e condenada no esquema da Petrobras, pela força-tarefa do Ministério Público Federal, na Operação Lava Jato. Em 20 de junho de 2016 foi solta, passando para prisão domiciliar após firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na quarta-feira do dia 23 de outubro, quinze procuradores do MPF, em Curitiba, pediram à Justiça para que Nelma seja investigada por uma viagem "romântica" feita à Europa entre os dias 2 e 15 de outubro com seu suposto namorado, ninguém menos do que ele: o lobista Rowles Magalhães. Rowles, para quem não conhece, já rendeu matéria de capa na Exponential Magazine (novembro/2018) e tem seu nome bastante relacionado com casos mal resolvidos com a Justiça: o ex-governador do Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB), chegou a dizer, em depoimento ao MPF, que foi obrigado a pagar propina de R$ 5 milhões para Rowles (que foi assessor da vicegovernadoria) por causa de uma licitação fraudulenta para construção de um veículo leve sobre trilhos (VLT) em Cuiabá. Rowles nega tudo.
Nelma narra suas memórias numa prosa simples, com bom humor e fina ironia no livro "A Imperatriz da Lava Jato" (Editora Matriz, 2019).
Os trilhos do VLT para a Copa de 2014 saíram do papel, mas nunca receberam o trem. A obra foi alvo da Operação Descarrilho da PF em Cuiabá. Como Nelma colabora com as investigações da Lava Jato, na condição de delatora, para poder sair do Brasil, ela teve de comunicar à Justiça Federal as cidades por onde passaria (Madri, Barcelona, Paris e Portugal). No entanto, o Ministério quer saber quem é que bancou essa viagem. Foto: stock.adobe.com
A N O 3 | N º 2 8 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 9 Nelma terá de apresentar notas fiscais de todos os gastos desde que tirou os pés do Brasil, inclusive das passagens aéreas. “Considerando que a colaboradora estava habitualmente envolvida na prática de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, conforme desvelado no curso das investigações, o MPF requer informações onde [o casal] ficou hospedado no exterior. ” Após sair da cadeia, Nelma voltou a se relacionar com o doleiro Alberto Youssef, conforme revelou em seu recente livro, A Imperatriz da Lava-Jato (Editora Matrix, 2019). Mas o que consta no portal de notícias da revista Época é que, ao ser “paquerada” por Rowles Magalhães no Instagram, a doleira terminou com Youssef e selou namoro com o lobista.
No mesmo dia em que Nelma embarcou de São Paulo para Madri, ela deu um depoimento por duas horas para os procuradores Roberson Pozzobon e Laura Gonçalves Tessler. “Eu cumpro o meu papel de colabora. Fui até desrespeitada porque eles atrasaram uma hora e quase perdi o voo”, reclama. Nelma acredita que é perseguida pelos procuradores por causa da exposição que tem na mídia. No lançamento de seu livro, ela causou ao levar uma cela cenográfica para dentro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Agora, ela investe no sonho de ser apresentadora de televisão. “Ninguém me segura. Nem o Ministério Público”, avisa.
Foto: Arquivo pessoal
Apontado como suposto namorado de Nelma, Rowles Magalhães negou tudo. Ele diz que nunca teve qualquer tipo de relação além de uma antiga amizade com a doleira e que os dois não viajaram juntos para a Europa. A revelação da ligação de Rowles com a doleira foi feita pela Revista Época, depois que o MPF começou a apurar quem pagou a suposta viagem que os dois teriam feito à Europa. Rowles falou sobre o assunto: "Primeiro: não viajamos juntos. Segundo: não somos namorados ou qualquer coisa parecida. É, sim, é minha amiga de muito tempo. E quisera eu estar podendo bancar uma mulher dessa nesse tipo de viagem. Sinal que estava cheio da grana, o que não teria mau algum", declarou Rowles.
Segundo Nelma, ela e o lobista fizeram uma viagem de lua de mel. “Ele bancou tudo porque não tenho dinheiro. A Lava Jato me deixou na penúria. Essa viagem foi um presente de aniversário”, assegura. E completa: “Eu o amo de paixão”. A doleira cumpriu cinco anos de pena por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa (entre o regime fechado e domiciliar). Quando arrancou a tornozeleira, em agosto, foi com o namorado que Nelma foi festejar a liberdade, numa boate. Ela encheu a cara e, depois de muito champanhe, deu PT e foi parar numa enfermaria, em coma alcoólico. “Foi a noite mais feliz da minha vida”, conta.
Indignada com o MPF, Nelma se diz perseguida pelos procuradores da Lava Jato. “Isso é abuso de poder. Eles tiraram tudo que eu tinha e agora querem me ver encalhada? Pra titia? Eles não vão interferir na minha vida amorosa”, avisa. “Eu tenho indulto. Não devo nada para a Justiça. Não sou obrigada a dar satisfação da minha vida amorosa, muito menos informar com quem eu deito”, dispara.
A VERSÃO DE ROWLES
"Esposa e namorada tenho apenas uma, em Cuiabá. Linda e amo muito! Devo dar Ibope para falarem de mim", completou Magalhães. Dadas as explicações, Rowles também foi questionado sobre quem o interpretaria numa eventual dramatização baseada em histórias reais (Nelma, por exemplo, virou a personagem Wilma Kitano na série O Mecanismo, do Netflix). Sem perder o senso de humor, ele respondeu: "Pode ser eu mesmo. Eu topo! Preciso ganhar uma grana." Rowles e Nelma: relação de amizade que ativou o radar do Ministério Público Federal.
Foto: Priscila Jammal
Na série O Mecanismo (do Netflix), Nelma inspirou a criação da personagem Wilma Kitano, interpretada pela atriz Alessandra Colasanti.
FONTE: https://epoca.globo.com/brasil/mpf-pede-investigacaosobre-viagem-romantica-de-nelma-kodama-24039066
Foto: stock.adobe.com
https://www.gazetadigital.com.br/colunas-e-opiniao/ fogo-cruzado/lobista-de-mt-nega-namoro-com-doleirainvestigada-na-lava-jato/596342
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YOU’RE THE ONLY ONE! COM A CHEGADA DE UMA NOVA ERA, O JAPÃO CONHECE SEU NOVO IMPERADOR. E UM NOVO KAMEN RIDER TAMBÉM.
Fotos: Toei Company Foto: Japan Times
Q
uando o Imperador do Japão, Naruhito, assumiu oficialmente o Trono de Crisântemo, na manhã do dia 1º de maio, inicou-se a Era
Reiwa (
),
que sucede a Era Heisei (1989 -
71)
2019). Essa é uma forma dos japoneses dividirem seu calendário através de eras que trocam conforme a sucessão hereditária do imperador. Na prática, essa mudança não possui grande influência direta na vida dos japoneses, pois o poder do imperador, como nas principais monarquias constitucionais do mundo, é meramente figurativo e sem interferência política. Isso, contudo, não impede que o marketing e os supersticiosos tirem proveito dessa mudança de eras, algo que só tivemos quatro vezes desde 1968 (início da Era Meiji e do "Japão Moderno"). Com a chegada do período Reiwa (que significa algo que une "boa fortuna", "paz" e "harmonia"), um forte sentimento de "reinvenção" toma conta do Japão e é nessa "singularidade" que surge Kamen Rider Zero-One, o mais novo super-herói da Toei Company.
A série protagonizada por Zero-One é a primeira da Era Reiwa, mas surge logo depois do término de outra produção da franquia Kamen Rider: Zi-O. Aliás, séries protagonizadas por um super-herói chamado Kamen Rider não são uma novidade no Japão: existem desde 1971, com o surgimento do primeiro herói mutante com um visual que assemelha-se ao de um gafanhoto e que combate um império do mal com sua moto e seus superpoderes. Kamen Rider Ichi-Go (ou Nº 1, como costuma ser chamado) fez um enorme sucesso na época e desencadeou diversas outras produções que, com alguma variação aqui ou ali, mantiveram sempre o mesmo formato. E sempre com o nome de Kamen Rider. Ichi-Go foi criado pelo lendário quadrinista Shotaro Ishinomori, que faleceu em 1989 (mesmo ano do fim da Era Showa). Um total de 15 Kamen Riders foram produzidos durante a Era Showa: Ichi-Go; Ni-Go; V3; Riderman; X; Amazon; Stronger; Sky Rider; Super 1; ZX; Black, RX; Shin; ZO e J.
Kamen
Rider
000) Kuuga (2
Kamen R
ider Ich
i-Go (19
Em 2000, já na Era Heisei, a Toei Company, que produz e detém os direitos de todas as séries Kamen Rider, resolveu revitalizar a franquia com a criação de uma nova série: Kamen Rider Kuuga. O sucesso foi tão grande que outras produções semelhantes vieram na sequência, ano após ano: Agito; Ryuuki; 555; Blade; Hibiki; Kabuto; Den-O; Kiva; Decade; W; OOO; Fourze; Wizard; Gaim; Ghost; Ex-aid; Build e Zi-O. Um total de dezenove! A Toei sempre fez questão de dividir os Kamen Riders em suas respectivas eras: os Riders Showa (de Ichi-Go a J) e os Riders Heisei (de Kuuga a ZiO). E é no embalo de mais uma troca de Eras que Zero-One apresenta uma série de novidades para os fãs de Kamen Riders, mas sem perder algumas características fundamentais, como o próprio visual de "homem-gafanhoto". Para quem é fã de histórias que abordam Inteligência Artificial, tecnologia, futurismo e singularidade tecnológica, já fica avisado que, apesar de ser uma série voltada ao público infanto-juvenil, merece uma atenção à parte! Isso sem falar no altíssimo padrão de produção.
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OUTROS RIDERS Mas é claro que Aruto não está sozinho nessa. Ele conta com a companhia de sua fiel assistente na empresa e nas horas de combate. É a simpática Izu, que é, claro, uma HumaGear. Na Hiden, o herói precisa lidar com o ciúme e a antipatia de seu vice-presidente, Jun Fukuzoe.
Outros personagens centrais da trama são Isamu Fuwa e Yua Aiba. Eles são membros da Artificial Intelligence Military Service (A.I.M.S.), uma espécie de tropa de combate do governo especializada em exterminar os Magias que comprometem a segurança dos humanos. Isamu transforma-se em Kamen Rider Vulcan e Yua é a Kamen Rider Valkyrie (pela primeira vez, uma mulher Kamen Rider desde o início da série). Há ainda a dupla de vilões que também se transforma em Kamen Riders: Horobi e Jin. São eles os responsáveis pelo corrompimento dos HumaGears que se transformam em Magias. Seu objetivo é promover a Singularidade Tecnológica (no mau sentido) e acelerar a extinção da espécie humana.
Aruto Hiden, interpretado por Fumiya Takahashi, transformase em Kamen Rider Zero-One.
Kamen Rider Zero-One se passa em um futuro próximo e nada impossível no qual robôs humanóides trabalham a serviço dos seres humanos e desempenhando, num primeiro momento, tarefas domésticas, repetitivas e braçais. Quem já assistiu a séries como Humans ou Better Than Us já deve estar familiarizado com essa premissa.
Foto: Toei Company
Zero-One e Izu, sua indispensável assistente pessoal e profissional.
Quem fabrica esses robôs, chamados de HumaGears, é uma grande corporação de tecnologia chamada Hiden Intelligence, fundada pelo recém falecido Korenosuke Hiden. E quem surpreendentemente herda a presidência da empresa é seu neto de 22 anos, Aruto. Só que o jovem não tem interesse e nem vocação nenhuma para assumir um posto de tamanha responsabilidade. Seu sonho mesmo é ser humorista de stand-up, apesar dele ainda ter muito que aprender e suas piadas e trocadilhos estarem mais para "tio do pavê". O que Aruto (e mais ninguém) imaginava é que, herdando o cargo de "zero um" da empresa, ele herdaria também o Zero-One Driver, que permite que ele se transforme no poderoso Kamen Rider Zero-One. Seus poderes surgem meio que instantaneamente com o acesso imediato que ele possui à base de dados e recursos da própria Hiden. Ou seja, já no primeiro episódio, sem muita enrolação, ele descobre como se transformar pela primeira vez e já sai descendo a lenha nos inimigos. Esses inimigos são, na verdade, HumaGears trabalhadores que acabaram sendo hackeados misteriosamente e que se voltaram contra os humanos, passando a ser chamados de Magias e violando o mandamento básico das Leis de Asimov. Recapitulando, mesmo para quem curte ficção científica:
!
É curioso observar que um tema como a relação entre humanos e a Inteligência Artificial, há décadas explorado pela ficção científica, reaparece em tempos nos quais muito se discute sobre o avanço exponencial da tecnologia e a chamada Singularidade Tecnológica (profetizada por Ray Kurzweil no livro "The Singularity is Near", de 2005). O nome "Singularidade" é uma referência ao que os astrofísicos classificam como a passagem por um buraco negro: não se sabe o que vem depois. É dessa forma que Kurzweil acredita que a Singularidade impactará a humanidade e um futuro imprevisível, segundo ele, a partir de 2045 (será mesmo?). E é dessa forma que o Japão se vê na troca da Era Heisei para a Era Reiwa: num universo de incertezas.
2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei. 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Matéria feita em parceria com o Ivan de Souza do Toku Blog: tokusatsu.blog.br
Foto: Arquivo pessoal
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
Ao explorar tantos assuntos instigantes e levantar a discussão sobre a evolução (ou extermínio) da espécie humana no tsunami da evolução tecnológica, Kamen Rider Zero-One inaugura a nova era colocando uma semente na cabeça dos jovens japoneses. Esses mesmos jovens, que nasceram no final da Era Heisei, terão a missão e a responsabilidade de governar o mundo na Era Reiwa. Que essa nova geração possa se espelhar na determinação e no senso de propósito de Aruto Hiden para que tenhamos um futuro de paz e harmonia.
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COMO OS DRONES VÃO INFLUENCIAR O FUTURO DA PRÁTICA JURÍDICA por Bernardo de Azevedo e Souza
Foto: stock.adobe.com
O
s drones estão se tornando cada vez mais presentes em nossas sociedades. Eles já são capazes de entregar encomendas, registrar imagens das localidades mais inabitáveis do planeta e até dançar com estrelas da música pop. As capacidades das máquinas crescem a cada dia e em ritmo inquietante. Mas, com o uso comercial de drones em ascensão, o que muda na prática jurídica? Para o australiano Tom Pils, conhecido como The Drone Lawyer, os veículos voadores influenciarão (e muito) o futuro do Direito, sobretudo a prática jurídica. Em recente entrevista, o advogado destacou que em poucos anos observaremos drones voando em todos os lugares, e os profissionais do Direito terão então de enfrentar questões jurídicas até então restritas ao plano da ficção científica.
O fato de o Governo estar pressionando isso fortemente significa que você os verá mais rápido do que pensaria. Tom Pils Foto: Divulgação EM
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS DOS DRONES O especialista está convencido de que os drones desempenharão funções administrativas normalmente delegadas a assistentes jurídicos e paralegais, como a entrega de documentos. De acordo com ele, as máquinas não apenas economizarão custos aos escritórios, como também permitirão que as empresas dediquem mais tempo e recursos para cuidar de assuntos prioritários dos clientes. Conforme Pils, a autoridade nacional australiana responsável pela regulamentação da aviação civil, intitulada Civil Aviation Safety Authority (CASA), já está desenvolvendo um sistema de gerenciamento de tráfego com essa finalidade. A iniciativa, que também conta com o apoio da Airservices Australia, permitirá que os drones entreguem documentos a magistrados, partes e clientes. De acordo com o australiano, drones desempenhando administrativas serão uma realidade dentro de dois anos.
funções
É claro que nem tudo são flores. Colocar drones nos céus para entregar documentos judiciais envolve antecipar possíveis problemas. Além das costumeiras preocupações de segurança, relacionadas aos riscos de acidentes aéreos (as máquinas voadoras ainda não são 100% seguras), não se pode descartar a potencial disseminação de documentos confidenciais no espaço aéreo público.
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PARÂMETROS PARA PILOTAR DRONES
DRONES E CRIMES
Ao mesmo tempo em que devem estar cientes das novas funcionalidades (administrativas) dos drones, os advogados também precisam conhecer os parâmetros em torno dos quais eles podem ser usados. Na Austrália, por exemplo, você pode pilotar comercialmente um drone com menos de 2 kg sem precisar de licença. Caso ultrapasse o peso, você precisa de uma remote pilot’s license.
No âmbito criminal, os drones estão sendo empregados para transportar drogas e armas dentro dos presídios. Nos Estados Unidos, por exemplo, a questão tem sido uma dor de cabeça para a administração prisional. Em 2015, o Federaul Bureau of Prisons (BOP), responsável pela gestão do sistema prisional federal, chegou a protocolar um requerimento para eliminar ação dos drones.
No Brasil, os drones para uso comercial são divididos em três categorias. Em resumo, aeronaves com peso entre 250 g e 25 kg precisam apenas de cadastro na ANAC; com peso entre 25 kg e 150 kg necessitam atender requisitos técnicos e de registro no RAB; já com peso superior a 150 kg precisam de registro no RAB e certificação similar ao existente para aeronaves tripuladas.
No Brasil, operações policiais prenderam quadrilhas que usavam drones para abastecer prisões com drogas e celulares. Os contornos penais dessas condutas ainda não estão bem definidos. Na prática, quem deve ser preso em flagrante? O piloto do drone? O mandante da entrega? Os criminosos capturados com peças? As questão são complexas e exigem novas linhas defensivas pelos advogados.
Mais cedo ou mais tarde, questões jurídicas relacionadas a drones baterão à porta do Poder Judiciário. Quando esse dia chegar, os profissionais deverão conhecer documentos como o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial nº 94/2017 (RBAC-E nº 94/2017), da ANAC, além das normas de operação de drones estabelecidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).
Foto: stock.adobe.com
PRIVACIDADE E DANOS MORAIS Aliás, a disseminação dos drones também tem gerado discussões sobre a privacidade. Com seus designs diversificados, os veículos tendem a ficar cada vez menores, mas não menos curiosos. Na Austrália, sobrevoar o quintal do vizinho para espiar a vida alheia transita entre o mero dissabor e o efetivo abalo moral. Em suma, o caso concreto é quem pauta os contornos da responsabilidade do piloto:
Um sobrevoo no seu quintal, embora seja muito irritante, normalmente pode não constituir um delito acionável, infelizmente. Tom Pils
CAMPO TEÓRICO ABERTO Conforme Pils, advogados criminalistas e civilistas devem estudar as especificações técnicas das aeronaves e dominar as legislações sobre o tema. Para ele, questões jurídicas relacionadas aos drones serão mais presentes nessas duas áreas. Enfim, embora estejamos diante de um campo teórico aberto, nunca é demais lembrar: profissionais que se preparam hoje se destacam no mercado jurídico amanhã.
Continue explorando o assunto: DORAISAMY, Jerome. How drones will influence the future of legal practice. LawyersWeekly, Nova Gales do Sul, 29 set 2019.
Matéria escrita por Bernardo de Azevedo e Souza empreendedor, advogado, escritor, pesquisador e entusiasta do futurismo. Fundador do site bernardodeazevedo.com
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C
com Cesar Paz Fundador e articulador do movimento Porto Alegre Inquieta.
esar Paz é empreendedor, engenheiro de formação e fundador da AG2, da Associação Brasileira de Agências Digitais (ABRADi), e de outras sete empresas do ramo da comunicação digital. O profissional é, também, mestre em Design Estratégico e professor do curso de Comunicação da Unisinos.
1 - Existiria POA Inquieta sem os Exponentials? CP - O POA Inquieta é resultado das inquietações de pessoas que acreditam que podem transformar Porto Alegre a partir da Economia Criativa e já existia antes de assumir os grupos de Whatsapp como uma forma de conectar rapidamente as pessoas e distribuir informação com mais agilidade. O Exponentials é uma das inspirações por sua forma orgânica e distribuída de organização. Certamente existiria o POA Inquieta independente do Exponentials, mas talvez tivesse um outro formato, uma outra morfologia.
2 - Então conta pra gente um breve resumo do PoA Inquieta. CP - Detesto "breves resumos", mas vou tentar: no POA Inquieta buscamos articular e fomentar todas expressões de economia criativa da cidade de Porto Alegre, visando a transformação local. Não nos limitamos aos grupos de Whatsapp e todos grupos, que chamamos de "spins" (do termo inglês "spinoffs"), fazem, inspirados em Medellin, as "rodas de conversas", rito fundamental do POA Inquieta, que é onde construímos o campo do afeto e ganhamos confiança para realizar projetos de transformação da cidade. Hoje temos, aproximadamente, 3 mil pessoas no coletivo.
3 - Talvez a principal birra que algumas pessoas possuem com o PoA Inquieta é a "bajulação" do poder público: selfies e mais selfies com autoridades e um certo "puxassaquismo" para com figuras que divergem opiniões (como políticos). Como você vê essa situação? CP - O POA Inquieta é um coletivo de pessoas. É inclusivo e é diverso. Não regramos comportamentos. Nesse mundo desgraçadamente polarizado, tem, no POA Inquieta, gente à esquerda de Mao Tsé-Tung e à direita de Gengis Khan. Mas, quando o assunto é transformação local e economia criativa, todos sentam juntos para encontrar soluções. Definitivamente, o coletivo não é partidário e também não é ideológico. Selfies com pessoas ligadas à prefeitura é um comportamento pontual, de um ou outro membro do coletivo, que não representa nada além da manifestação e/ou expressão individual que não pensamos em tolir ou inibir. Cada um faz selfie com quem quiser.
Certamente existiria o POA Inquieta independente dos Exponentials, mas talvez tivesse um outro formato, uma outra morfologia. PAZ, Cesar
4 - Você pretende, num futuro próximo, se candidatar a algum cargo público? CP - Nem que a vaca tussa e o boi espirre!
5 - Diferente dos Exponentials, o PoA Inquieta tem uma liderança nítida, uma figura centralizadora e que assume a linha de frente do movimento: você. Isso significa estratégia, controle, vaidade, questão de princípio, de tudo um pouco ou nada disso? CP - Eu sempre achei que essa figura no Exponentials fosse o Bruno Seidel! Que decepção (risos)! As pessoas, especialmente de fora, têm dificuldade de entender as construções mais sistêmicas e orgânicas e buscam identificar, a todo custo, líderes. "Me leve ao seu líder." Eu chamei as primeiras reuniões para discutir transformação local e economia criativa e continuo ativamente influenciando no coletivo, mas hoje sou um dos quase 80 articuladores do POA Inquieta. Hoje, já tem gente mais ativa e realizando projetos mais importantes do que eu. Não é falsa modéstia, mas cada vez mais surgem lideranças que influenciam e falam pelo POA Inquieta que é um movimento sem hierarquia. Então não exercito essa função de poder e controle e sim penso em modelos que caminhem no sentido contrário. Agora, só para deixar claro, vaidade de participar disso tudo não me falta.
6 - Na Exponential Conference RS, de agosto, você mediou uma roda de conversa com a Adriane Ferrarini, a Isabel Kristin e a Sirley Carvalho. Na ocasião, vocês citaram o projeto da cidade de Medelín, na Colômbia, como um exemplo de revitalização a ser seguido por Porto Alegre. Para você, qual o grande segredo de Medelín? CP - Nesse painel, todas as três haviam voltado da segunda missão do POA Inquieta à Medellin. Medellin saiu da condição de cidade mais perigosa do mundo para a condição de uma das cidades mais criativas do mundo em pouco mais de 20 anos. O segredo de Medellin foi a capacidade de construir, a partir das rodas de conversa, e durante muitos anos, um projeto de longo prazo para a cidade. Fez isso pensando em inclusão, diversidade e sustentabilidade. Construiu, na prática, um tecido social capaz de projetar e fiscalizar a execução desse projeto, através da valorização de uma cultura cidadã. Hoje podemos dizer que o poder público executa um projeto de longo prazo que os cidadãos de Medellin pensaram, debateram e construíram. 7 - Em novembro de 2020 teremos um grande evento em Porto Alegre, que será o PoA 2020. Finalize essa entrevista com alguns spoilers. CP - O POA2020 acontecerá nos dias 12, 13, 14 e 15 de Novembro de 2020 e será o mais inclusivo Festival de Economia Criativa do mundo. Temos a ambição de colocar Porto Alegre no mapa das Cidades mais Criativas do Mundo e teremos espaço, na mesma proporção, para a cidade instagramável e para a cidade invisível. Serão 6 Arenas e mais de 20 hubs espalhados em toda cidade, especialmente nas comunidades da periferia. Vamos criar um projeto de mobilidade entre as Arenas, específico para o POA2020. E teremos alguns "prêmios Nobel" e diversos pensadores contemporâneos palestrando ao mesmo tempo entre o Teatro São Pedro e a Vila Bom Jesus. Vai ser lindo!
@cesarpaz
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Para você que tem dúvidas sobre a franquia de grupos Exponential, confira o nosso Guia de Sobrevivência e saiba mais sobre esse fenômeno das mídias sociais.
http://bit.ly/guia-sobrevivencia
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M AG A Z I N E MA GA ZIN O QUE SIG
COMMU
NIFICA
A edição de outubro veio no embalo de um dos filmes mais aguardados pelo público nerd
BUILDINNGITY
em 2019: Coringa! O arqui-inimigo do Batman, veja só que irônico, foi o grande
UMA ANÁL VINICI IS US DE E DO CA SOBR IO E GES MATOS COM UNID TÃO DE ADES .
personagem da DC nesse ano, que comemorou os 80 anos do homem-morcego. O filme, estrelado por Joaquin Phoenix no papel principal, foi matéria de capa da 27ª edição, que
NO ANO DO 80º ANIVERSÁRIO DO BATMAN, É O MAIOR VILÃO DE GOTHAM CITY QUEM ROUBA A CENA!
teve também uma matéria sobre o Future Talks Kids, evento que aconteceu no dia 12/10
CONFER
e teve crianças palestrando para adultos! Sensacional!! Outra matéria de destaque foi a
ENCE EM
SE E M CON JUNHO JÁ F FERE O NCE ² EM I LEGAL DE SÃO PAU MAIS T LO ER NUM , IMAGIN A EXPO NEN MES A TR TIAL MO E FIM ÊSTALKS FUTURE KIDS: UM EVENTO EM QUE AS CRIANÇAS DE S DIÇÕES EMA AS PALESTRAS E OS ADULTOS ASSISTEM. FAZEM NA?!
DOSE TR
IPLA!
Divulg ação
EM
THEY’RE THE FUTURE
Foto:
E
GOS TE O LA U
Escola de Inteligências Livres. Você pode conferir essa e todas as outras edições da Magazine sem gastar 1 centavo. Basta acessar o link: https://issuu.com/exponentialmagazine
EM Foto: Divulgação
O BELLA UP THE IRONS!
turnê do Iron Maiden que passou pelas cidades do Rio, São Paulo e Porto Alegre no mês passado. E a entrevistada da vez foi a nutricionista Mônica Broilo, residente da Code -
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NÃO METAL CA UMA DAS MAIORES BANDAS A DHEAVY A ID ENT SDE E PA DAO RE DE EIA, DE TODOS OS TEMPOS ESTÁ PEL BRASIL! NÓ VOLTA S.
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Foto: Divulgação EM
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