Exponential Magazine - Nº 9 (abril/2018)

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EDUCAÇÃO, INTERATIVIDADE, MÚSICA, CINEMA, COMÉDIA E JOGOS NO MAIOR EVENTO DE ECONOMIA CRIATIVA DO MUNDO.

CONHEÇA O MUNDO VUCA DANI YOKO TAMINATO APRESENTA ESSE MUNDO DE QUATRO LETRAS E SUAS INCRÍVEIS POSSIBILIDADES.

ADEUS, STEPHEN! O MUNDO PERDEU UMA DAS MENTES MAIS BRILHANTES DA CIÊNCIA DA NOSSA ÉPOCA. ENTENDA A IMPORTÂNCIA QUE A BREVE HISTÓRIA DE STEPHEN HAWKING REPRESENTOU.

Foto: TIMES NIE

Foto: br.fotolia.com

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SAVE THE DATE!

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26.5.18 SÁBADO

LOCAL:

EBAC Vila Madalena Rua Mourato Coelho, 1404 São Paulo - SP

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Foto: Guilherme R. Alves

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PÁG. 4, 5 e 6 O que será que chamou a atenção desse bonitão aí no SXSW EDU 2018?

PÁG. 7 e 8 Enquanto algumas pessoas se mandaram para Austin nesse mês de março para participar do SXSW, um dos maiores eventos de inovação e economia criativa do mundo, outros ficaram aqui, de molho. Mas a vida é assim mesmo, né? A parte empolgante disso é que hoje em dia praticamente todo conhecimento e experiência podem ser compartilhados e é por isso que temos na capa dessa edição de abril uma matéria feita pelo nosso amigo Guilherme Rodrigues Alves, um cara totalmente engajado em repensar e melhorar a Educação no mundo. E foi justamente com essa perspectiva que o Gui foi ao SXSW, de onde ele voltou fritando as ideias. E para as pessoas que estão confusas nesse mundo volátil, complexo, incerto e ambíguo (quem nunca?), a Dani Yoko Taminato preparou um texto explicando o que é o tal do mundo VUCA. Uma matéria que se encaixa perfeitamente no nosso cenário atual. Mas é claro que a edição desse mês não poderia deixar de falar também de uma grande perda que o mundo sentiu recentemente: o falecimento de Stephen Hakwing, um dos cientistas mais famosos dos últimos séculos e um dos maiores exemplos de persistência e superação que a humanidade já presenciou. E pra fechar em grande estilo a edição desse mês, temos uma entrevista sensacional com ele: Guga Delmont! O cara é um figuraça, manja muito do ramo industrial e do contexto econômico. E ainda tem umas histórias bem curiosas pra contar. Vai por mim: ficou sensacional! Boa leitura! ;) Bruno Seidel

Está tudo cada vez mais confuso? Talvez esteja na hora de você conhecer o mundo VUCA.

PÁG. 9 O adeus ao cientista mais famoso da nossa geração.

PÁG. 10 Entrevista com o Chuck Norris Luís Gustavo Delmont.

QUER ESCREVER PARA A EXPONENTIAL MAGAZINE? Curte escrever sobre futurismo e assuntos derivados? Gostaria de usar esse espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Essa revista nasceu para ser colaborativa. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)


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O MEU SXSW NÃO SERÁ APENAS MEU por Guilherme Rodrigues Alves

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Foto: Guilherme R. Alves

reze dias de SXSW e cada dia uma razão diferente para vivenciar tudo isso. Cada parte do festival tem sua contribuição: Educação, Interatividade, Música, Cinema, Comédia e Jogos. Como um correspondente novato, comecei a escrever reportagens diariamente. Porém, minha inexperiência na escrita demandou muito tempo. E o tempo é escasso na dinâmica de múltiplas palestras e constante interação - seja por parcerias comerciais como pela busca por mais conhecimento. Com certeza você já recebeu notícias frescas do front por especialistas das áreas, mas não vou deixar de passar minhas descobertas e impressões. Portanto, relaxe e aproveite minhas anotações sobre Educação.

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Foto: br.fotolia.com

Foto: Flickr

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Foto: sxswedu.com

Em Reinventing Corporate Education, o admirável Anant Agarwal (CEO da edX) defende o reconhecimento do micro certificado como necessário para o avanço na nova economia, pois promove a capacitação ágil para novas atividades em um mundo tão dinâmico. Afinal, dois anos no mesmo trabalho é uma eternidade para os millennials. Neste mesmo painel, aprendi que a Boing é como a Apple: não produz, cria! Este é o principal conceito em agilidade de produção: o poder de inovação!

Danah Boyd (Keynote Speaker) abordou a “des”informação da mídia e como o Facebook e o Google são parte deste cenário de crise. Em quem acreditar? Como cooperar positivamente com o ponto sem contribuir com intrigas? Como não potencializar o bullying dando menos atenção aos agentes?

Em What Is & Who Should Be Afraid of Global Pedagogy?, descobri que o Japão tem a diretriz de mudar o formato da educação a cada dez anos. Mas que este período já não é mais suficiente para acompanhar a inovação e a adaptação necessárias, e propõem que as Softskills (competências socioemocionais), assim como o conteúdo e as disciplinas, também precisam ser mensuradas, preferencialmente por badges (ou "insígnias"). Até mesmo a Google não avalia mais seus novos recrutados por graduação. Matt Keller, do XPrize de Educação, defende que o termo Pedagogia - que é o processo de ensino - não deveria ser visto como algo limitado à esfera literária, e sim vinculado à exploração e à descoberta. Um aprendizado por experiência, ativo e investigativo, onde os professores devem promover o desenvolvimento autônomo, como mentores. O Direito à Educação promovido pelo Estado deve ser pela democratização e pela disponibilidade universal que a inovação digital proporciona, não por obrigatoriedade.

LINK PARA OS VÍDEOS DO SXSW EDUCATION: https://goo.gl/ExyaeS

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ALGUNS INSIGHTS • O déficit de educação mundial está estacionado na margem de 15%, sendo que 2/3 dos prejudicados por esse índice são mulheres que, quando provedoras, reinvestem o dobro de tempo e recursos do que os homens no desenvolvimento da família e da comunidade; • As crianças devem ter suporte incondicional, não baseado em conquistas; • Atualmente a prioridade de pesquisa dos adolescentes é YouTube, Redes Sociais (amigos), biblioteca (mesmo que virtual) e, em seguida professores; • Um futuro melhor é construído através das oportunidades e opções que a universalização do conhecimento promove;

Assisti e vivenciei muito mais do que isso. Também deixei de ver muitas sessões. E a sensação é de que nunca será o suficiente, porque o aprendizado é inesgotável! Para mim, ainda há um significado especial, pois em 2017 o SXSW me mostrou o caminho para um futuro brilhante e, com o curso da Singularity University, aprendi a visualizar o que nos espera. Assim, idealizei a Explore (www.explore.org.br), um espaço de aprendizagem complementar para o desenvolvimento personalizado de competências socioemocionais, conhecimento e criatividade investigativa, que proporciona crescimento holístico e amplas possibilidades. Agora, no SXSW 2018, fiz a validação de cada parte de minha proposta. Feliz por poder contribuir para o desenvolvimento deste pequeno grão de areia dentro de um imenso universo. Volto na próxima edição para compartilhar os resultados e colaborar em promover a mudança que a educação

Foto: Guilherme R. Alves

• O Quottly ganhou a premiação de Startups que avaliam os cursos em que você se encaixa de acordo com suas competências e possibilidades. Sabe do melhor? O Chief Data Scientist é o brasileiro Stephen Muchovej!

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Matéria escrita por Guilherme Rodrigues Alves Gui é o fundador da Explore, um espaço extracurricular, com ferramentas de artes, corpo, música, tecnologia e conhecimento com o apoio de mentores e conteúdo digital personalizado.


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VOCÊ ESTÁ VIVENDO NO MUNDO

E NEM SABE O QUE É ISSO? por Daniela Yoko Taminato Vamos lá! Se você não sabe o que é VUCA, precisa saber já! E se você já sabe... bem, imagino que o desespero possa estar batendo por aí. Mas não entre em pânico! Apesar de complexo, o mundo VUCA também traz possibilidades incríveis para quem se permite observar e tentar entender melhor essa realidade desafiadora.

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ais que um acrônimo, VUCA é um estado geral do mundo atual e representa quatro características d e s s a n o s s a r e a l i d a d e : V O L A T I L I T Y, UNCERTAINTY, COMPLEXITY e AMBIGUITY. Na nossa língua portuguesa: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Parece o caos, não é mesmo? E é! Curiosidades à parte, o termo não é nem um pouco novo. Foi usado pela primeira vez pela U.S. Army War College pra descrever a realidade pós-Guerra Fria. Era um termo que ficou bastante conhecido nos anos 90 entre pessoas do meio militar. E vejam: é um dos termos mais usados para descrever a nossa realidade na atualidade. Uma realidade em que os impactos da revolução digital transformam profissões, exterminam mercados, mudam comportamentos, criam novos nichos e oportunidades, solucionam problemas que se arrastavam por anos e criam outras questões desafiadoras que nunca existiriam se não houvessem as tecnologias disponíveis de hoje.

O mundo VUCA e seus desa os: organizações e indivíduos A velocidade acelerada dessas mudanças está fazendo com que a maioria das organizações, hoje em dia, esteja enfrentando dois problemas: 1) Elas estão em algum lugar no gap transformacional entre o passado e o futuro, incapaz de se desfazerem completamente das práticas antigas, mas ao mesmo tempo querendo estar estrategicamente comprometidas com a transformação necessária para encarar o novo mundo.

2) Elas estão lutando para criarem um discurso significativo sobre o futuro que engaje seus funcionários e, mesmo quando conseguem, enfrentam imensa dificuldade de colocá-lo em prática. Além das organizações, cada um de nós também está perdido tentando encontrar sua posição no meio desse mundo VUCA. Não é uma posição confortável. Na verdade, é extremamente incômoda. Seres humanos foram treinados para esperar certeza, durabilidade e permanência. Foi essa a promessa que sustentou o homem moderno - a natureza caótica poderia ser domesticada pela engenharia humana. A vida antes desagradável, brutal e curta do homem hobbesiano poderia ser transformada em uma vida confortável, luxuosa e longa. Hoje, as novas tecnologias estão acelerando a velocidade das mudanças, tornando possível o mundo VUCA, e fazendo com que sejamos forçados a adentrar um novo “LEVEL” na jornada da evolução humana e nos colocando de volta (ironicamente) os mesmos desafios que lutamos tanto para nos livrar no mundo antigo: a ameaça de nossa zona de conforto composta por certezas, durabilidades e permanências, porém com novas roupagens, contextos e consequências.

Para os indivíduos, em termos de carreira, os desafios do mundo VUCA vem na forma de questões sobre o Futuro do Trabalho. Algumas profissões serão totalmente remodeladas, outras, extintas. Novas profissões surgirão. A velocidade dessas alterações coloca em cheque nosso modelo educacional que, HOJE, não está apto para dar conta desse mundo VUCA cheio de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade: em 4 anos muita coisa mudará no mundo se a velocidade dessas mudanças continuar exponencial. Será que grandes universidades ainda farão sentido nesse contexto? Como deverá ser o novo modelo educacional?

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2) Como será programada a tomada de decisão de um carro autônomo ao detectar uma criança que correu para o meio da rua? (frear bruscamente e bater gravemente com outros carros causando outros possíveis feridos? Tentar desviar da criança? Qual será o critério para a tomada de decisão: menor impacto? Até que ponto essa decisão será ética ou não?).

O MUNDO VUCA É A MORTE DO PLANEJAMENTO?

3) E quando a impressora 3D for acessível à maioria da população? Como vamos lidar? E se, com a difusão e maior acessibilidade às tecnologias, um cidadão resolver imprimir um dispositivo militar em sua casa?

O mundo VUCA parece ser um grande balde de gelo para os planejadores de plantão! Como planejar 5 anos, 10 anos à frente (como nos ensinam no MBA de Gestão Empresarial) se mal sabemos como serão os próximos 3 meses? Todo mundo jogando fora o diploma de MBA? Nada disso! Porém é inegável que a forma como planejamos deverá mudar. Treinar a habilidade da rápida adaptação e resiliência, além de possuir maior dinamismo no planejamento será essencial. As equipes que executarão os planos traçados também deverão ser mais dinâmicas e velozes para implementar mudanças súbitas que sejam necessárias. O trabalho realmente colaborativo será a bola da vez! Quem souber melhor trabalhar essa característica de grupos diversificados, inteligentes e focados na colaboração ganhará em velocidade de adaptação. O talento em harmonizar e direcionar grupos multidisciplinares e multiculturais também renderá soluções mais criativas para problemas.

4) E os drones? Todos poderão ter acesso e permissão de pilotar? Como será controlada a frota de entrega de uma logística baseada em drones? Eles poderão filmar e registrar indivíduos em seus lares ou percursos? Essas gravações poderão ser utilizadas pela polícia, pelos governos? Pelas empresas de drones? Big Brother? Como será o trânsito desses drones nos céus das cidades? Quais implicações para aeroportos? 5) E se drones forem utilizados por militares? 6) E quando um robô quer ter direito a uma cidadania? E a ter uma família? 7) E quando esses mesmos robôs inteligentes discutem o futuro da humanidade? (ISSO JÁ ACONTECEU: sim, você está "no futuro" e nem sabia! Em algumas linhas já deu pra perceber que essas questões todas só podem acontecer em um mundo VUCA. Volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade já fazem parte há um tempo da nossa realidade. Mesmo sem você nem saber disso!

Algumas questões gerais do mundo VUCA Questões desafiadoras que nunca existiriam se não houvessem as tecnologias disponíveis de hoje: 1) Como tratar a questão da privacidade em um futuro em que a IoT possibilitará que a casa e até mesmo seus objetos reconheçam os moradores? Como será tratada a privacidade das crianças dessa casa? A Amazon lançou um serviço de entrega domiciliar em que o entregador entra na casa do cliente monitorado por uma câmera de segurança da fechadura. Quais outras questões isso implica? Estamos preparados para isso?

O momento atual é assustador, mas também INCRÍVEL! Temos a oportunidade de desenhar o futuro através das incríveis tecnologias existentes. O surgimento de inovações disruptivas nos mais diversos setores nos parecerá amedrontador, até que saibamos lidar com essas novas tecnologias e as implicações complexas de seus usos. As discussões abertas são potencialidades de criarmos novos mundos melhores. Eu estou empolgadíssima, e você?

Matéria escrita por Daniela Yoko Taminato Dani é comunicóloga, marketeira e administradora. Apaixonada por livros, viciada em mochilões, ligada no mundo da inovação e das organizações exponenciais. Link do post original:

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https://www.linkedin.com/pulse/você-está-vivendo-mundo-vuca-e-nem-sabe-o-que-é-isso-taminato/?published=t


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Foto: National Geographic

Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar. Enquanto há vida, há esperança. STTEPHEN HAWKING

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aleceu no último dia 14 de março uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo. O físico teórico e cosmólogo britânico Stephen Hawking nos deixou aos 76 anos. Além de ser um dos cientistas mais conhecidos no mundo por abordar temas como a natureza da gravidade e a origem do universo, Hawking foi um exemplo de determinação por resistir por muitos anos à esclerose lateral amiotrófica. Aos 22 anos, quando Hawking foi diagnosticado com a doença, os médicos lhe deram apenas dois anos de vida. Como sabemos, ele conseguiu viver mais 52 anos além da expectativa. A doença o deixou em uma cadeira de rodas e incapaz de falar sem a ajuda de um sintetizador de voz. Reduziu o controle de seu corpo à flexão de um dedo e ao movimento dos olhos. “Apesar de haver uma nuvem sobre meu futuro, descobri, para minha surpresa, que desfrutava mais do que nunca da vida no presente”, disse Stephen Hawking, em uma ocasião. Os buracos negros marcaram sua vida. Em janeiro de 2014 apresentou um polêmico artigo defendendo que eles não existiam. Ao menos que não existiam da forma como eram entendidos até então. Um buraco negro é um lugar de grande densidade e energia. A teoria dizia que, a partir de certo ponto, a energia – a luz – não poderia escapar de sua gravidade. Hawking argumentou que poderia sim, que não existia um horizonte de eventos, isto é, um ponto de não retorno, mas um horizonte aparente. Assim, o buraco negro conteria a energia durante algum tempo antes de deixá-la escapar.

Sua vida, tanto no âmbito profissional como no pessoal, foi um desafio aos limites. Stephen Hawking viajou por todos os continentes, incluindo a Antártida. Ganhou inúmeros prêmios, como o Fronteiras do Conhecimento da Fundação BBVA em 2016. Mas nunca venceu o Nobel. Casou-se duas vezes e foi pai de três filhos. Tornou-se uma espécie de ícone pop, que apareceu em séries como Os Simpsons e The Big Bang Theory, da qual era fã confesso. Em 2012, discursou na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Londres: "Vivemos em um universo governado por leis racionais, que podemos descobrir e entender. Olhemos para cima, em direção das estrelas e não para baixo, para os nossos pés. Trate de dar sentido ao que vê. Sejam curiosos". Quando lhe perguntaram por que fazia tudo isso, respondeu: “Quero demonstrar que as pessoas não devem se limitar por suas deficiências físicas se o seu espírito não estiver deficiente.” Seu intelecto avassalador, sua intuição, sua força e seu senso de humor, combinados com uma doença destrutiva, transformaram Hawking em símbolo das infinitas possibilidades da mente humana, e de sua insaciável curiosidade. Junto a seu colega Roger Penrose, no final da década de 1960, defendeu a teoria da singularidade do espaço-tempo. Os dois físicos aplicaram a lógica dos buracos negros ao universo inteiro, tema que ganhou destaque no livro "Uma Breve História do Tempo - do Big Bang aos buracos negros" (1988). Que o exemplo de persistência de Stephen Hawking nos acompanhe no restante de nossa jornada e que o conhecimento compartilhado por ele continue impactando exponencialmente as futuras gerações!

FONTE: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/14/ciencia/1521000039_928701.html

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ENTREVISTA com Guga Delmont Especialista no Senai Nacional

1- Como você traçaria um comparativo do cenário atual da indústria no Brasil com o que está por vir nas próximas décadas? GD - Acho que primeiro vale a pena olhar a indústria como um todo no mundo. Há uma clara diminuição da participação industrial na composição do PIB. Isso tem ocorrido de forma generalizada. É a tal da desindustrialização que se tem ouvido por aí. Isso de fato tem acontecido. Porém, não desse jeitão que falam. O que tem ocorrido é que uma parcela grande do valor adicionado tem sido produzido pelo setor de serviços e comércio. As coisas começam a se misturar. Veja o iPhone, por exemplo, é um produto ou uma plataforma de servicos que gera comércio? Na verdade é um pouco de tudo. O Prof. Arbache explica isso por meio da densidade industrial, uma nova medida para que incluir toda a parte de serviços e comércios. Porém, como tudo no Brasil pode ser mais complicado, estamos andando mal nas duas: no Pib industrial e na densidade industrial. Nossa produtividade acumulada foi de menos de 6% entre 1980 e 2014. Precisamos de mecanismos para reverter essa situação. Investimentos em inovação serão ainda mais fundamentais para que possamos dar os saltos em produtividade que precisamos. E isso deve ser um papel de todos: governo, empresários e sociedade. 2- Você acredita que as impressoras 3D representam uma ameaça pro sistema industrial atual? GD - De forma alguma. As impressoras 3D podem se tornar um nova forma de fabricar coisas, mas não será o único modelo. Para que as impressoras possam vingar serão necessários que alguém fabrique os seus componentes, seus insumos, e etc, vamos continuar precisando de indústrias. O que vai mudar serão as formas de fabricar coisas e os modelos de negócio associado. Talvez essas sejam as novas indústrias. Os modelos que irão vingar estarão associados ao aumento de produtividade, à melhoria da relação tempo X custo e empoderamento das pessoas, tudo que está envolvido na Indústria 4.0. Isso sem contar os novos materiais e etc. Indústria não acaba, ela se reinventa E isso é importante! 3 - Com a automação desempregando geral no setor industrial, quais alternativas de curto e médio prazo você enxerga para que evitemos um colapso e a escassez? GD - Confesso que ainda não vi esse desemprego geral que você fala por conta da tecnologia. Há sim um clima no ar sobre isso, mas ainda temos muito a fazer até isso chegar (se chegar). Em todas as revoluções industriais que tivemos, o número de empregos aumentou, foi justamente o contrário! Claro que houve um momento de estabilização, de ajuste. Isso é natural. Veremos nos próximos 10 anos uma mudança de habilidades que serão requeridas, uma diversidade de novos postos de trabalho, um olhar mais humano nas (e das) coisas.

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uga é pai de gêmeas de 4 anos (Bia e Lulu) e caçula de 5. É um cara dinâmico, empreendedor, analítico, curioso, inovador e inquieto. Atua como especialista no SENAI Nacional, na construção de modelos de fomento e interação com parceiros para alavancar a inovação no país, além de ser presidente do Conselho Fiscal da Embrapii e membro do Comitê Gestor do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos – PNI. É formado em Economia com mestrado em Economia Industrial pela Universidade Federal da Bahia. Recentemente, fez um curso supinpa em Desing de Experiências na KAOSPILOT.

4 - Quais são as maiores dificuldades que você percebe nas startups que tentam se conectar com o setor industrial? GD - As dificuldades vêm dos dois lados. Veja, uma startup quer vender uma solução para uma indústria. Porém, ela não tem escala, desconhece (em muitas vezes) o mercado. Tipicamente fez um produto e quer vender para o cliente. Outro ponto, e bastante importante, é que, para vender coisas hard para indústria, a startup tem que nascer certa. Não se pivota nesse caso. A margem de ajuste é muito pequena. Mas ela é ágil e isso conta muito. Uma solução hard para ir da ideia à venda no mercado demora, em média, sete anos. Por isso não tem muito investidor nessa rota. Para isso ocorrer, o ideal é conhecer a real necessidade e tentar coproduzir algo customizado, que pode ser escalado para outros mercados com pequenas variações. O Edital de Inovação da Indústria vai nessa linha. Ajudamos a grande a definir seu desafio, lançamos uma chamada para startups desenvolverem soluções com apoio dos Institutos SENAI de Inovação e ainda colocamos quase 66% dos recursos financeiros. Queremos aumentar as chances dessa parceria vingar! 5 - Quais são os impedimentos para o Brasil chegar na Indústria 4.0? Seria possível pegar carona na velocidade com a qual as coisas evoluem hoje, pular etapas e chegar direto nesse cenário mesmo sem ter passado pela 3.0 ou até a 2.0? GD - O Brasil precisa enxergar a indústria 4.0 como uma grande oportunidade. Para chegarmos lá, temos que fazer nosso dever de casa. Desmistificar o conceito é o primeiro. Estamos falando de tecnologias para aumentar a produtividade das empresas e, claro, de ferramentas para customização em massa. É disso que se trata. Conhecer o chão de fábrica, ver onde estão os gargalos e ajustar o que for necessário. Estamos falando de uma agenda de aprendizado, com base em informações reais e em tempo real. O Segundo ponto é mostrar que serve para qualquer empresa, independende do porte ou grau de maturidade tecnológica. Um pequeno pode instalar sensores (que hoje são bem baratos) e iniciar sua coleta de dados. Fazer um retrofit das máquinas será uma rota necessária e de custo acessível, não havendo a necessidade de seguir uma rota linear de passar pela 3.0 para chegar na 4.0. Pode-se dar saltos de produtividade. Outro passo é requalificar a mão de obra, etapa fundamental para se ganhar robustez no processo. Depois de quase 4 anos estamos (SENAI) preparados para ajudar as empresas daqui a seguir esse caminho. Convidamos a todos para avaliar o grau de maturidade tecnológica de sua empresa em www.senai40.com.br. Enfim, é possível surfamos e bem essa onda!

6 - Seria utopia acreditar que a automação industrial poderá baratear o preço dos produtos até que cheguemos no que o escritor Jeremy Rifkin chama de “custo marginal zero”? GD - Rifkin fala muito da mão invisível operando em seu extremo para que isso ocorra. Não tenho certeza se um dia chegaremos lá e até que ponto isso seria bom para todos. Existem diversos interesses em jogo, desde a questão empresarial, onde se busca obter retornos financeiros, o que faz com que as pessoas invistam nisso, até questões ligadas ao quanto isso nos faria sermos mais produtivos ou mesmo querer sermos melhores. O ser humano é movido por desafios e curiosidade, mas também por viver à beira do abismo sempre (normalmente é aí que nos mexemos). Por outro lado, acredito numa sociedade mais justa e equalitária. O modelo econômico de hoje é muito perverso e precisa de ajustes rápidos. Não dá para ficar vendo diversas pessoas morrendo de fome, vivendo na miséria, enquanto tantos outros estão no extremo. Acredito que caminharemos para ajustes na forma como estamos e a tecnologia será fundamental para que isso ocorra. Precisamos parar de correr atrás das coisas que queremos e passar a construí-las! 7 - Para encerrar, conte como foi o dia em que o Peter Diamandis concedeu um momento exclusivo para a galera dos Exponentials durante o 7º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, em SP. GD - Rapaz, foi um dia muuuuuuiiiiito trabalho. Passei o tempo todo cuidando do espaço do SENAI (tava bem foda!! rs). Cara, essa história me remete ao dia em que fui adicionado ao Exponential. Fiquei puto da vida. Passei umas duas semanas quase sem responder. To lá, na minha, e de repente me adicionam num grupo estranho pacas. Aí vou dar uma olhada e já tinha uma lista de umas 15 ou 20 pessoas para eu colocar pra dentro do evento. Ahhhhh, mas vá!! Grupo de loucos! Nem me conhecem… kkkk Salvo engano quem me colocou lá foi o PH (me desculpe). Depois de umas duas semanas, entendendo direito a bagaça, vendo a quantidade de gente maneira e com vontade de fazer a coisa acontecer, comecei a me sentir mais honrado do que puto. Vualá! Tiveram vááááarios momentos legais lá. Eu mesmo estava no espaço do SENAI e aí alguém passava e mandava: “Guga, é você?” e eu: “sim, sou eu e você é… “ “Eu sou do Exponential, estou lá no grupo!” Confesso que ver o Peter ao vivo é bem interessante. Independente da Singularity ele é um cara que tá fazendo a diferença por aí. O livro dele é mais top do que a Singularity. (minha humilde opinião). Agora, quer saber mesmo o que foi mais legal? Ver essa galera unida e conhecer um monte de gente fascinante e disponível. Isso não se encontra por ai… Obrigado Bruno’S (Seidel e Sabino). Acho que eles são os culpados pelo grupo né… kkkk


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PERDEU ALGUMA C OISA? Relaxa que tudo de importante fica registrado na nossa pasta compartilhada no Google Drive. Lá você encontra de tudo, inclusive o acervo de todas as nossas ATAs diárias repletas de informações.

https://goo.gl/qb1Wz8 A N O 2 | N º 8 | E D I Ç Ã O D E M A R Ç O D E 2 0 1 8

NA EDIÇÃO ANTERIOR A edição de março da Exponential Magazine teve na capa o feito histórico de Elon Musk que foi colocar no espaço o foguete mais

Foto: Tesla, Inc.

WAITING IN THE SKY

poderoso do mundo e seu Tesla Roadster de estimação, para o delírio dos fãs da exploração espacial e da cultura geek. Outro

SPACEX LANÇA O FOGUETE MAIS PODEROSO DO MUNDO AO ESPAÇO E, DE QUEBRA, COLOCA O TESLA ROADSTER DE ELON MUSK EM ÓRBITA TERRESTRE.

assunto de destaque foi a matéria escrita por Lilia Porto sobre um importante passo que a ciência deu na luta contra o câncer. Pra

A CURA ESTÁ A CAMINHO?

completar, a edição ainda teve uma página dedicada à série Altered

DOIS AGENTES PODEM SER A CURA RÁPIDA PARA DIVERSOS TIPOS DE CÂNCER.

Carbon, do Netflix, e uma entrevista com Daniela Yoko Taminato.

ALTERED CARBON NOVA SÉRIE SCI-FI DO NETFLIX SE PASSA EM UM FUTURO EM QUE CORPOS HUMANOS SÃO COMO CAPAS DESCARTÁVEIS.

Foto: andadorurbano.com

Foto: br.fotolia.com

A Exponential Magazine chega até você graças aos seguintes apoiadores: Ana Cláudia Seibel Schuh, Andrea Bisker, Bernardo de Azevedo e Souza, Brenno Faro, Bruno Sabino, Caio Vinicius de Matos, Cassiano Calegari, Cecilia Ivanisk, Ciro Avelino, Cristiano Borges Franco, David Medeiros Ortenzi, Debora Cristina Moraes Santos, Debora Souza, Dennis Altermann, Diogo de Souza, Diogo Tolezano Pires, Dom Queiroz, Eduardo Azeredo, Eduardo Seelig Hommerding, Everton Kayser, Fabiane Franciscone, Fatima Fernandes Rendeiro, Felipe Couto, Felipe Menezes, Gi Omizzolo, Gisele Hammerschmidt, Guilherme Massena, Gustavo Nogueira, Hugo Santos, Ivan de Souza Cardoso, Jacques Barcia, José Luiz Gomes Ramos, Karla Rocha Liboreiro, Kelly Inoue, Leonardo Aguiar, Letícia Pozza, Lidia Cabral, Ligia Zotini Mazurkiewicz, Lucie Alessi, Lucio Mello, Luis Gustavo Delmont, Luiz Augusto Ferreira Araújo, Marcelo Amado, Marcelo Chamarelli, Márcio Silva (Frango), Marcos Vinícius Antunes dos Reis, Mariana Francisco, Mariana Marcílio, Marcelo Ferraz, Mauro Federighi, Mine Caxeiro, Murilo Souza, Natasha Pádua, Paulo Henrique Azevedo, Pedro Godoy, Plínio Carvalho, Régis Klein Amorim, Renato Bliacheriene, Ricardo Neves, Ricardo Pelin, Roberta Ramos, Ruben Feffer Binho, Sephora Lillian, Tania Kulb, Thelma Nicoli Wiegert, Thiago Abreu, Thomas Erh, Valeria Farias de Queiroz, Vanessa Mathias, Victor Morganti, Vinicius Soares e Vitor Signori.

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WISDOM AND TECHNOLOGY FOR THE FUTURE!

INTERESSE

MATRÍCULA

ENCONTROS

ATÉ 11/4

ATÉ 18/4

DE 21/4 A 24/11

A MISSÃO Você já pensou um dia que seu trabalho não faz sentido? Já buscou entender qual seu propósito de vida? Entende que a educação que recebemos hoje não está de acordo com as mudanças que a internet provocou? Já olhou ao redor e se sentiu um estranho no ninho? Tá pilhadão pra desenvolver um projeto massa e alinhado com o futuro que a gente quer? Então embarque nessa nave e venha com a gente!

PRA ONDE VAMOS Uma viagem de 8 meses de aprendizagem e autoconhecimento. Durante o percurso, os passageiros recebem conteúdo e mentorias (orientações com especialistas) sobre temas emergentes e relevantes para um projeto de vida alinhado às mudanças apresentadas pela era digital. De volta à Terra, os passageiros apresentam os projetos que desenvolveram, compartilhando suas reflexões e aprendizados ao longo do caminho.

O ROTEIRO Serão 15 encontros ao longo de 8 meses que totalizam 100 horas. Os encontros estão divididos em: • CONTEÚDO: desde o lançamento até o pouso, onde cada encontro tem uma temática específica com especialistas na área; • IMPULSOS: são encontros para compartilhar as aprendizagens e receber mentoria com especialistas para desenvolver seu projeto pessoal.

wtf.school/spaceship


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