Exponential Magazine - Nº 10 (maio/2018)

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TORA! TORA! TORA!

M AG A Z I N E

PROGRESSÃO GEOMÉTRICA A MANIA DOS EXPONENTIALS DETONA NO BRASIL

HUMANOS X DINOSSAUROS 135 MILHÕES DE ANOS DOS DINOSSAUROS CONTRA 300 MIL DA ESPÉCIE HUMANA. QUEM BAGUNÇOU MAIS O PLANETA?

A MEDICINA DO FUTURO AS PROJEÇÕES OTIMISTAS DO DR. LEONARDO AGUIAR SOBRE O FUTURO DA SAÚDE E AS TRÊS TENDÊNCIAS QUE NOS AGUARDAM.


JÁ GARANTIU O SEU INGRESSO PARA O EVENTO MAIS EXPONENCIAL DO ANO?

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ANDREA BISKER

BRUNO MACEDO

CATARINA PAPA

CAMILA ACHUTTI

DANIELA TAMINATO

DR. LEO AGUIAR

EDUARDO AZEREDO

FILIPE B. IVO

GUILHERME ALVES

HUGO SANTOS

JACQUES BARCIA

MARCELO SPAZIANI

MARCELO TAS

MARCIA PADILHA

MARI MARCÍLIO

PAULO RENAN

SEPHORA LILLIAN

TATIANA TOSI

VANESSA MATHIAS

SÁBADO

ADQUIRA SEU INGRESSO EM app.lets.events/events/exponential-conference facebook.com/exponentialconference @exponentialconference

26/MAIO NA EBAC Rua Mourato Coelho, 1404 Vila Madalena São Paulo - SP


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Foto: WTF!School

M AG A Z I N E

PÁG. 4, 5 e 6 A breve história de uma galerinha exponencialmente foda!

Chegamos à décima edição da Exponential Magazine! E eu confesso que isso tem um significado todo especial para mim. Não só porque 10 é um número redondo e comemorativo, mas porque a 10ª edição da revista me remete a uma publicação que marcou demais a minha vida, que foi a décima edição da Revista Herói (fevereiro de 1995). Eu tinha nove anos quando peguei aquela revista nas mãos pela primeira vez. Foi a minha porta de entrada no universo dos super-heróis japoneses e da cultura geek/nerd, no qual estou preso e enraizado até hoje. Aquela revista tinha uma matéria incrível escrita pelo Alexandre Nagado (hoje meu amigo) sobre a diferença entre Power Rangers e Super Sentais e até uma página falando sobre dinossauros. E, claro, essa matéria comparando dinossauros com humanos na página 9 dessa edição não é por acaso. Não é por acaso também que essa 10ª edição traz na matéria de capa a história da comunidade Exponential e suas origens. Uma comunidade que viverá, nesse mês de maio, mais um importante capítulo: a realização da Exponential Conference! Um dos palestrantes confirmados na Conference será o Dr. Leo Aguiar, que escreveu a matéria das páginas 7 e 8, na qual ele fala sobre o Futuro da Saúde. E pra fechar essa edição super especial, temos uma entrevista com a Natasha Pádua, responsável pelo site Eat Innovation. Tomara que essa Magazine impacte tanto a sua vida quanto a Herói nº 10 impactou a minha. Boa leitura! ;) Bruno Seidel

PÁG. 7 e 8 O Dr. Leo Aguiar fala da sua visão sobre o Futuro da Saúde.

PÁG. 9 Dinossauros: eles viveram bem mais e fizeram bem menos do que a gente.

PÁG. 10 Entrevista com Natasha Pádua, do site Eat Innovation.

QUER ESCREVER PARA A EXPONENTIAL MAGAZINE? Curte escrever sobre futurismo e assuntos derivados? Gostaria de usar esse espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Essa revista nasceu para ser colaborativa. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)


Foto: Aerolito

BECOMING EXPONENTIAL

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ontar a história de evolução dos grupos da franquia Exponential pode ser uma narrativa cheia de contradições e pontos de vistas distintos. Oficialmente, o primeiro grupo de Whatsapp, que é chamado até hoje de "grupo principal" e que originou todos os demais, foi criado por Filipe Braga Ivo na tarde do dia 16 de agosto de 2016. Na época ele ainda nem se chamava "Exponential Group" e levou quase um ano para finalmente lotar pela primeira vez. E também não era o único grupo que reunia entusiastas de futurismo, inovação e tecnologia. Havia diversos grupos formados basicamente por alunos e ex-alunos da Perestroika, mais especificamente do curso Friends of Tomorrow, que teve dezenas de edições espalhadas por várias cidades do Brasil entre 2015 e 2016. A maioria desses grupos,claro, era formado por comunidades locais, da galera que fazia o mesmo curso numa mesma cidade. Havia também uma curiosa interação entre pessoas de diferentes cidades e estados que acabou se conectando graças às Master Classes promovidas pela própria Perestroika: os alunos do curso tinham direito a prestigiar palestras internacionais com professores convidados em eventos espalhados por todo o Brasil entre os meses de abril e agosto. E essa mesma galera que se encontrava em eventos promovidos pela Perestroika tomou a iniciativa de continuar essa peregrinação por eventos nacionais.

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Um desses eventos foi o Hack Town de 2016, realizado em Santa Rita do Sapucaí. Foi quando Filipe Braga Ivo e mais um grupo de amigos de Belo Horizonte criaram um grupo de Whatsapp chamado "Hack Town" para viajarem juntos até o Sul de Minas.

O evento passou e o grupo continuou, com a curiosa característica de todos os membros serem administradores e, com isso, poderem adicionar mais pessoas e de se encontrarem em eventos vindouros. Aconteceu assim com o Day After Tomorrow, realizado em Porto Alegre nos dias 21 e 22 de outubro de 2016, com o Colaboramerica (novembro de 2016, no Rio de Janeiro) e Wired Festival Brasil (dezembro de 2016, também no Rio). Foi só no dia 30 de dezembro de 2016 que o grupo finalmente foi renomeado pela Rebeca Xavier e ganhou o nome de “Exponential Group”.

Quem frequentou o grupo até meados de junho de 2017 deve lembrar que, naquela época, era “tudo mato”. O grupo estava bem longe da lotação máxima, chegando a passar por eventuais debandadas e um número irrisório de mensagens diárias que em nada se assemelha ao que vemos hoje. Aliás, era só mais um entre tantos outros grupos com uma quantidade razoável de entusiastas espalhados pelo território nacional.

Foto: br.fotolia.com

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O grande pulo do gato, possivelmente, foi o 7º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que ocorreu em São Paulo nos dias 27 e 28 de junho de 2017 e que reuniu, no mesmo lugar, vários membros que já estavam no grupo, , trouxe de volta alguns membros que haviam saído e apresentou nossos integrantes da comunidade. O evento contou com a presença de ninguém menos do que Peter Diamandis, fundador da Singularity University e da X Prize, além de autor do best seller “Abundance - The future is better than you think”. Graças à influência política de Guga Chuck Norris Delmont, Diamandis concedeu um momento VIP aos integrantes do Exponential Group, com direito a tietagem, conversas, muitas fotos e autógrafos. O próprio Peter Diamandis publicou, em sua conta no Facebook, uma selfie que ele tirou com a galera do grupo. Foi a arrancada rumo ao joelho da curva.

E não parou por aí: no dia 1º de agosto surgiu a primeira edição da Exponential Magazine, uma revista feita especialmente para a galera do Exponential Group, destacando os eventos presenciais, entrevistas com os membros do grupo, reportagens e matérias escritas pelos próprios integrantes. Tudo totalmente colaborativo, de acordo com a essência da comunidade. Ser membro do Exponential Group virou um certo “status”. Quem não estava, queria entrar. E quem já estava queria convidar mais gente para usufruir do mesmo ambiente. Não demorou muito para que as 257 vagas fossem preenchidas e o grupo lotasse pela primeira vez no dia 13 de agosto.

Com o grupo lotado e uma variedade de assuntos complexos em evidência, logo sentiu-se a necessidade de criar grupos adjacentes para tratar de temas específicos. No dia 4 de agosto, foi criado por Tácito Viero um grupo específico sobre criptomoedas e que, dias depois (no dia 1º de setembro), passou a se chamar Exponential CryptoFuture. Foi o primeiro grupo concebido como “spinoff”. Poucos dias depois, algo semelhante aconteceu com a pauta religião, que deu origem ao grupo “Exponential Church”, criado por Everton Kayser em 8/9. O já existente Exponential EDU (criado no dia 8/8 por Guilherme Rodrigues Alves), que estava jogado às traças e sem muita interação, foi o próximo a ser incorporado à franquia.

Um curioso surgimento de spinoffs passou a ocorrer, a ponto de virar matéria de capa da 3ª edição da Exponential Magazine (outubro de 2017). Na época, existiam apenas cinco spinoffs: CryptoFuture, EDU, Church, Food e Comedy.

Não demorou muito tempo para o Exponential Group se tornar uma panela de pressão com uma qualidade e quantidade insana de informações diárias. No dia 5 de julho, uma semana depois do Congresso de Inovação, tivemos a publicação da primeira ata que resumia, num único post, o que havia de mais relevante naquele tsunami de mensagens que muita gente não tinha condições de acompanhar. A ata caiu no gosto do pessoal e ajudou a manter a galera informada sobre o que acontece no universo do futurismo, da inovação e da tecnologia, apesar do excesso diário de informação. Três semanas depois, no dia 24 de julho, tivemos a primeira ata em áudio num formato podcast para acudir aqueles que têm preguiça de ler ou que simplesmente precisavam do auxílio de outra mídia para consumir o conteúdo.

Estava basicamente instituída a ideia de que o Exponential Group não era mais apenas um grupo, e sim uma franquia de grupos com características em comum. Qualquer pessoa poderia criar um spinoff novo, desde que o grupo se chamasse Exponential “algumacoisa” e que todos os membros fossem administradores. Todos spinoffs passaram a receber diariamente a ata em texto e em áudio, bem como o PDF da revista mensal.

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O surgimento de novos spinoffs aumentou exponencialmente, o que fez aumentar também a quantidade de “usuários únicos” espalhados por dezenas de grupos. Vários desses spinoffs chegaram a lotar e provocaram o surgimento de novos subgrupos (o que podemos chamar de “spinoffs dos spinoffs”). Também foi criado um grupo no Telegram como alternativa às limitações do Whatsapp e uma forma de dizer que essa comunidade não corresponde a um único aplicativo de mensagens instantâneas, e sim a uma série de interesses e propósitos em comum. Mas talvez o fato mais bonito desse crescimento todo seja as constantes interações offlines causadas por esse fenômeno online. A comunidade Exponential é, por essência, composta por gente espalhada pelo mundo inteiro que se comunica graças ao “milagre da tecnologia”. Essa comunicação ocorre basicamente 24h por dia em múltiplas plataformas, com picos de intensidade surreais. E, no meio dessa efervescência toda de interações, surgem incontáveis amizades, oportunidades profissionais, parcerias, sociedades, relacionamentos e o que mais você possa imaginar. Formam-se ciclos de confiança entre pessoas que raramente ou nunca se vêem pessoalmente, mas que possuem uma intimidade mais forte do que aquela que possuem com seus colegas de trabalho ou de sala. Isso porque a interação virtual, ao contrário do que pensam os mais rabugentos, não é menos legítima do que a interação “real” (aliás, o que é real?). chool Foto: WTF!S

Pelo menos uma vez por semana acontece algum evento presencial entre membros dessa comunidade em algum lugar do país (ou fora dele), seja um grande evento, um congresso, um cafezinho, um happy hour, um churrasco com sal fino ou um choppinho informal. Alguns desses encontros são registrados através de fotos, selfies com bocões ou boletins de ocorrência (né, Luiz?). Outros se tornam tão rotineiros que parecem ter sido incorporados à realidade cotidiana. Em 7 de abril de 2018 tivemos a realização do Future Talks em Porto Alegre, mais um dos muitos eventos que reuniu dezenas de membros da comunidade Exponential (alguns, inclusive, como palestrantes). Já nos dias 23 e 24 de abril foi a vez do Summit da Singularity University em SP. Em maio, será a vez de São Paulo receber a Exponential Conference, um evento feito especialmente para a galera dos grupos e que vai reunir presencialmente centenas de pessoas que conversam todos os dias no ambiente virtual. Será, certamente, mais um lindo capítulo dessa história que está apenas começando.

Foto: WTF!School

di Vieira Foto: Andrey Libar

Foto: WTF!School

Foto: Blau

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Guia de sobrevivência Exponential (para recém chegados): https://drive.google.com/file/d/1DTqHYtlIumeaZWC36a4N2jm_23z__2dc/view?usp=sharing


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COMO A MEDICINA DO FUTURO PODE SER UM SISTEMA EXPONENCIALMENTE por Leonardo Aguiar MELHOR E MAIS HUMANO

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PRIMEIRA TENDÊNCIA A moda hoje é ser saudável e a saúde é percebida como símbolo de status. Por exemplo, participar de um grupo de corrida ou de yoga, fazer Pilates, ter o seu próprio personal trainer, entender sobre alimentação saudável... Isso tudo virou virou sinônimo de disciplina, sofisticação e consciência, que são valores semelhantes aos praticados pela indústria do luxo. Segundo o Global Wellnes Institute o potencial de faturamento da indústria do bem estar pode chegar a mais de 3,7 bilhões de dólares em 2017. Essa é a grande tendência atual da saúde e que deve se manter no futuro emergente pelos próximos cinco anos, pelo menos.

Foto: br.fotolia.com

a disruptura da saúde, o verdadeiro diferencial competitivo do médico é a sua capacidade de ser humano. Quando falamos de futurismo, dividimos o futuro didaticamente em 3 períodos ou blocos de tempo: Futuro emergente, o qual está relacionado com os acontecimentos nos próximos cinco anos; Futuro pósemergente relacionado com os acontecimentos que irão ocorrer entre cinco e dez anos e o terceiro período conhecido como Futuro propriamente dito, que estaria relacionado aos eventos que irão ocorrer a partir dos próximos dez anos. Uma das experiências mais marcantes da minha vida foi poder fazer esse exercício de Futurismo, imaginando qual seria o impacto das tecnologias exponenciais na área de saúde nos três blocos de tempo. Fiz esse exercício no último dia do FutureMed, em fevereiro de 2013, com um grupo de pessoas que naquela época, pelo menos para mim, eram ilustres desconhecidos. Confesso que, depois que terminei essa experiência, fui pesquisar sobre meus colegas de turma e professores. Só hoje, alguns anos depois eu consigo ter a dimensão do que foi aquele momento. Foi uma experiência incrivelmente atordoante e hoje, acredito, tenho um pouco de maturidade para entender o que realmente aconteceu e o impacto que aqueles dias causaram em minha vida. As previsões do futuro da saúde realizadas durante aquele momento, hoje podem ser agrupadas em três grandes tendências.

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JORNADA DO CONSUMIDOR NOS CUIDADOS COM A SAÚDE

SEGUNDA TENDÊNCIA A segunda grande tendência iniciou nos anos de 20122013 e está crescendo fortemente no Brasil: é o que chamamos de digitalização da saúde. Da mesma forma que a digitalização de processos mudou a forma como organizamos e planejamos nossas viagens, como também mudou a nossa relação com os bancos, diminuindo cada vez mais a necessidade da nossa presença física para efetuar algum pagamento ou transação financeira, esses conceitos de digitalização estão chegando na experiência de consumo da saúde. A experiência de consumo, ou melhor, a jornada de saúde, inicia no momento em que sentimos algo fora do normal e pesquisamos por uma solução até o momento em que esta situação está resolvida. As experiências de consumo em saúde são muito mais sensíveis, pois o medo, a angústia, a dor e questões familiares estão sempre presentes. Até pouco tempo atrás, o único ponto de contato digital dessa jornada era o Google, onde o paciente podia pesquisar seus sintomas e suas queixas. A partir daí, todo o restante da experiência/jornada ocorria de uma forma tradicional.

Sintoma / Necessidade Por enquanto, o Google é o único ponto de "contato digital" para busca de informações sobre sintomas e possíveis tratamentos.

Visita ao médico

Diagnóstico

Prescrição

Compra

Em um futuro próximo, haverá uma maior penetração de "health gadgets"; os canais digitais serão cada vez mais relevantes nessa jornada do consumidor, inclusive influenciando a decisão de compra de medicamentos baseada em diagnóstico digital.

Acessibilidade / Preço

Experiência de consumo

Persistência / Lealdade

Acompanhamento / Suporte

TERCEIRA TENDÊNCIA

TECNOLOGIA COMO DIFERENCIAL

A terceira tendência é a convergência de novas tecnologias. É preciso, sim, incorporar as novas tecnologias na prática da profissão, no tratamento das doenças e na gestão de saúde, mas, acima de tudo, ouvir mais o paciente, olhar nos olhos dele e pegar na sua mão. Essa é a principal função da tecnologia: favorecer o contato humano. No futuro, os pacientes se tornarão os gestores, programadores e co-criadores de seus índices em tempo real. E os médicos terão que ressignificar a essência de sua profissão, pois serão vistos pelos pacientes como novos parceiros e como curadores das novas camadas de informação que irão emergir com a convergência dos novos dados de saúde obtidos.

Vivemos um período de transição na área da saúde: do analógico para o digital, e do digital para a convergência das tecnologias exponenciais. Já e possível monitorar o corpo humano, medindo os passos, o sono, as calorias, os batimentos do coração, as ondas cerebrais e muito mais. As pessoas terão dados. E esses dados serão os indicadores de saúde. Já sabemos que tudo que pode ser medido pode ser monitorado, e tudo que pode ser monitorado pode ser melhorado. Este é o novo paradigma. A medicina do futuro é aquela que mistura os conceitos da medicina tradicional com a medicina alternativa e complementar, e faz do paciente o centro das decisões, autônomo no autocuidado e na busca pelo seu bem-estar, que pode não ser perfeito, mas é seu.

Matéria escrita pelo Dr. Leonardo Aguiar para o site ofuturodascoisas.com Leo busca humanizar a transição disruptiva da saúde. Ele é médico cirurgião plástico na Laduo e consultor médido da Jolivi.

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https://goo.gl/8bihbR


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CHUPA DINOSSAUROS! H á um consenso de que os dinossauros "dominaram" a Terra durante 135 milhões de anos. E "dinossauros" aqui significa todo o grupo de diversos animais pré-históricos membros do clado Dinosauria. Se comparados aos seres humanos na taxonomia, eles seriam equivalentes à ordem dos Primatas, que engloba a família Hominidae, que engloba o gênero Homo que, por sua vez, engloba a espécie Homo Sapiens e a subespécie Homo Sapiens Sapiens, da qual todos nós somos pertencentes (suponho eu).

Nossa espécie Homo Sapiens surgiu na Terra há cerca de 300 mil anos, bem depois da extinção completa dos dinossauros, que sumiram definitivamente há cerca de 65 milhões de anos. É bem provável que a espécie humana jamais teria existido se os dinossauros sobrevivessem ao asteróide que os eliminou da história. Isso porque os mamíferos que deram origem à ordem dos primatas dificilmente teriam evoluído para se tornar o que somos hoje. E o reinado dos dinossauros teria durado mais do que 135 milhões de anos. Esse reinado de 135 milhões de anos foi bem mais tempo do que a gestão atual do planeta, que pertence aos humanos.

E aqui entendemos "reinado" como espécie dominante do planeta, uma vez que os humanos são, até onde sabemos, a única espécie que pode tomar decisões por todas as outras e até optar por exterminar as demais (inclusive sem querer).

Os dinossauros governaram a Terra por um mandato 450 vezes maior do que o nosso e ainda assim não foram capazes de viajar até a Lua, de derreter geleiras, de mandar um conversível pro espaço, de desmatar a floresta amazônica, de criar um sistema de comunicação global e totalmente conectado, de descobrir a existência de outras galáxias, de poluir rios e oceanos, de investir em bitcoins, de viajar livremente por toda a superfície terrestre ou de produzir bombas atômicas. Foram 135 milhões de anos de impacto mínimo se comparados aos meros 300 mil aninhos desses humanos que "chegaram chegando". E impacto aqui significa tanto as coisas boas como as ruins, conforme os exemplos listados acima. Não se trata de uma comparação para bater no peito e dizer que nós, humanos, somos mais fodas do que os dinossauros. Apenas constatar que nosso impacto sobre o planeta (e até fora dele) é bem maior. E num tempo de gestão incrivelmente menor.

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ENTREVISTA com Natasha Pádua Apaixonada por inovação, tendências e comida (de preferência ao mesmo tempo).

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atasha é cientista de alimentos, gastrônoma, gestora da inovação e montadora de quebra-cabeças nas horas vagas. Criadora do Eat Innovation, onde traduz em palavras as tendências que identifica no mundo. Passa metade do dia pensando em inovação e tendências, a outra metade pensando em comida ou nas duas coisas ao mesmo tempo.

1 - Conte como foi sua experiência de "emancipação" do Brasil. NP - Por alguma razão que desconheço, as pessoas sempre me perguntavam se e u e s t ava m o ra n d o n o B ra s i l . O engraçado é que eu morei no país pelos primeiros 26 anos da minha vida (detalhe: eu só tenho 30 anos vividos até o momento!). A verdade é que eu passei mais tempo na minha terra do que fora dela. Mas, nesse tempo fora, foram cinco países (incluindo Portugal, onde estou atualmente). A primeira vivência fora foi na faculdade, num intercâmbio na Holanda, onde estudei disciplinas de gastronomia molecular. Depois saí quando fiz o mestrado e não voltei mais... Até agora!

3 - Como você enxerga o Brasil hoje, olhando de fora? NP - O Brasil é o eterno país do futuro, mas o futuro nunca chega. Hoje vejo que eu olho meu país com um carinho de quem foi criado aqui e grata pelas oportunidades que essa terra me deu, mas ciente de que temos falhas enormes. Falta tanto para sermos um país melhor! Prefiro não entrar no aspecto político: nossa população está contaminada desde a base, pagamos propina para o guarda, roubamos no supermercado... mas achamos que só os políticos são corruptos. Lá fora também existe corrupção e gente sacana e viver fora do Brasil nos faz ver que a grama do vizinho não é tão mais verde que a nossa.

2 - Quais movimentos você percebe hoje que nos dão sinais de como pode ser o futuro da alimentação? NP - Há uma série de movimentos que apontam para o futuro da alimentação e muitos são contraditórios. Mas assim também é o presente. O que acontece em um lugar pode ser diferente do que acontece em outro. Há um movimento forte de volta ao "natural", às origens, ao não processado. Por outro lado, há um movimento forte pelo avanço tecnológico com robôs, impressoras 3D, blockchain, modificações genéticas e muito mais aplicados aos alimentos. E ambos coexistem. Vejo um futuro assim, onde há espaço para a escolha, onde será possível aproveitar o melhor da tecnologia e, ao mesmo tempo, plantar seu próprio alimento se você quiser, onde a globalização favorece também que os sabores sejam globais, que possamos provar comida do mundo inteiro mesmo sem sair do país. As pessoas estão curiosas e mais receptivas à inovação alimentar, basta sabermos aproveitar esse momento para criar o futuro que queremos.

4 - Como surgiu a ideia do site Eat Innovation? NP - Eu podia contar uma história linda de superação onde eu me encontrei com meu propósito, mas não foi assim que aconteceu. Eu estava desempregada, tinha dois diplomas de mestrado de um assunto que ninguém sabia bem o que era. O que eu poderia fazer com isso, num país estranho e me adaptando à nova vida de casada? Precisava fazer algo! Meu primeiro blog deu errado: Natigela tinha receitas que fiz para mim quando emagreci 25 kg, mas eu detesto dieta e, pior ainda, a cultura da dieta. Aguentei até a terceira semana. Inovação em alimentos era um assunto pouco conhecido, era difícil até para achar fontes de pesquisa. Assim o InovAlimentos nasceu, com a proposta e ser o lugar onde eu procuraria informação se ele existisse. Um lugar para ser a minha vitrine profissional onde as pessoas entendessem o meu trabalho e com isso eu conseguisse emprego. Quando o blog cresceu e se tornou bilíngue ele se tornou Eat Innovation e ganhou o .com. O fato é que o emprego veio, mas o blog é a minha casa online e, apesar de todo o trabalho, eu adoro o que faço.

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5 - Que conselhos você dá para quem quer tentar a vida fora do Brasil, seja trabalhando ou estudando? NP - Tenha uma boa base no seu país primeiro. Não adianta pensar que vai embora e os problemas somem. Eles só mudam de endereço. A vida lá fora não é fácil, além das necessidades básicas que já temos de suprir em qualquer lugar onde estejamos, há ainda o choque de culturas, a barreira do idioma, a saudade da família e dos amigos, a vontade de comer comida da nossa casa e muitas vezes um frio de rachar os ossos. É uma solidão muitas vezes acompanhada, difícil de explicar. Se ainda assim você estiver decidido a ir, faça um pé-de-meia (a gente gasta mais do que pensamos que gastamos!), cuide da documentação (ela demora muito para ficar pronta, faça com antecedência), prepare a família, se possível conheça o lugar onde vai morar antes de se mudar efetivamente e quando chegar, procure se integrar à cultura local, julgue menos e compreenda mais e aproveite o que o novo lar tem de melhor! 6 - Você ainda tem planos de voltar a morar no Brasil? NP - Sim. A minha família está aqui e, apesar de todas as dificuldades, é um país que nos abre portas. Se vou ficar para sempre? Não sei. Pra sempre é muito tempo. Prefiro dizer que estou mudando por agora, pelos próximos anos e depois logo se vê. Por que se limitar a um só lugar? Se a situação mudar, também mudamos nós. Há uma frase que gosto muito e que é especialmente válida na inovação: "não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças". Levo isso como a essência do meu trabalho e da minha vida.

ACESSE

eatinnovation.com

Foto: br.fotolia.com


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https://goo.gl/qb1Wz8 1 8 2 0 D E Ç O A R E M O D Ç Ã D I | E 8 º | N O 2 A N

NA EDIÇÃO ANTERIOR TING WAI SKY E IN TH

Na edição nº 9 da Exponential Magazine tivemos como matéria de capa a experiência de treze dias vivida pelo Guilherme Rodrigues Alves no SXSW que rolou no mês de março em Austin, nos EUA.

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mundo VUCA, apresentado pela queridíssima Daniela Taminato. A

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edição de março também teve uma matéria falando sobre a vida do

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físico Stephen Hawking, que faleceu no dia 14/3. E, pra completar, tivemos uma entrevista muito bacana com Guga Delmont,

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Outro assunto que ganhou destaque nessa edição foi o tal do

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Especialista no Senai Nacional.

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A SUA CAPACIDADE DE SER HUMANO É A TECNOLOGIA MAIS DISRUPTIVA QUE EXISTE.


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