Exponential Magazine - Nº 16 (novembro/2018)

Page 1

A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

O POLÊMICO ROWLES MAGALHÃES ABRE A CAIXA PRETA E ANALISA A ELEIÇÃO MAIS BIZARRA DA HISTÓRIA DA NOSSA DEMOCRACIA.

PANASONIC CRIA O WEAR SPACE, DISPOSITIVO QUE FAZ PESSOAS FICAREM TÃO FOCADAS QUANTO BURROS DE CARGA.

Foto: Panasonic

GLÁUCIA ALVES DA COSTA REVELA PORQUE ALGUMAS EMPRESAS TÊM FALHADO NA MISSÃO DE INOVAR.



Foto: divulgação EM.

Rowles Magalhães conta o que só ele sabe sobre a política brasileira.

A

cabou!!! Finalmente acabou!!! A eleição mais circense da história da recente democracia brasileira chegou ao seu capítulo final no dia 28 de outubro, com a vitória do capitão Jair Bolsonaro, apelidado por seus seguidores de "Mito". O assunto tomou conta de todas as rodas de discussão nesse mês marcado pelas eleições de 1º e 2º turno. E é por isso que trouxemos para a capa dessa edição de novembro o cara que mais pintou e bordou no Exponential Politics (grupo dedicado exclusivamente à discussões sobre política): o polêmico e midiático Rowles Magalhães. Vamos ver o que esse figuraça tem a dizer sobre o término da disputa presidencial e sobre seu envolvimento espalhafatoso com a política. Mas calma que a edição desse mês tem outros assuntos nada relacionados com política para aliviar sua impaciência. Tem a matéria escrita pela Gláucia Alves sobre a dificuldade que algumas empresas têm em inovar. E tem também o curioso Wear Space da Panasonic, que promete acabar com a distração das pessoas ao torná-las mais parecidas com burros de carga. E para fechar em grande estilo, uma entrevista sensacional com Francine Lima, jornalista do canal Do Campo à Mesa. Ela contou um pouco sobre seu incansável trabalho de promover a transparência no comércio e na distribuição de alimentos. Dito isso, desejo paz e reconciliação a todos que brigaram ou desfizeram amizades nesse mês de outubro devido às desevenças sobre política. Tivemos um período muito conturbado e a tendência é que essa polarização, troca de ofensas e futebolização eleitoral se mantenha por muito tempo ainda (infelizmente). Felicitações aos vencedores e juízo aos derrotadas: ficar de birra e torcer para que o candidato vitorioso fracasse é a atitude mais egoísta e canalha a se tomar. A partir de agora é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos!

Boa leitura! ;) Bruno Seidel

Que saber por que as empresas falham em inovar? A Glau conta pra você. Foto: br.fotolia.com

Conheça Wear Space, o dispositivo anti-distração da Panasonic Foto: Panasonic

Entrevista com a Francine Lima do canal Do Campo à Mesa.

Curte escrever sobre futurismo, inovação ou tecnologia? Gostaria de usar esse espaço para apresentar seu projeto ou divulgar algo bacana? Então chega mais! Essa revista nasceu para ser colaborativa. Quanto mais cabeças pensando em rede, mais exponencial será o conhecimento! :)


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

C

ampeão de polêmicas, empresário e envolvido em escândalos midiáticos sobre corrupção e propina. Esse é Rowles Magalhães Silva (48 anos), uma dessas figuras ilustres que dão as caras em eventuais discussões que ocorrem nos vários grupos da franquia Exponential. Nesse caso, em específico, estamos falando das tretas que mexeram com os ânimos de todo mundo nesse mês de outubro: os embates sobre política, é claro! Rowles é um cara bastante polêmico e assíduo no meio político. Já viu e vivenciou muita coisa podre, suja e perigosa nesse mar de lama. Também já ganhou os holofotes da mídia do estado do Mato Grosso, onde mora, por denunciar uma propina de R$ 80 milhões paga a membros do Governo do Estado para direcionar a licitação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Também foi candidato a Deputado Federal pelo estado do Mato Grosso em 2014, pelo partido Solidariedade. Mas renunciou à candidatura e, claro, não recebeu nenhum voto. Em junho de 2013, liderou uma comitiva no Vaticano, em Roma, quando foi discutir a possibilidade de viabilizar a instalação de uma instituição da Igreja Católica, para atendimento nas áreas de saúde e educação, para o Mato Grosso. Na ocasião, ele encontrou-se com o Papa Francisco e foi recebido pelo cardeal Giovani Batista. Em uma conversa exclusiva com a Exponential Magazine, Rowles contou sobre alguns babados (sabemos que vocês adoram) sobre política e sobre o que o futuro reserva a esse país que será comandado por Jair Bolsonaro a partir de 1º de janeiro de 2019.

O que você tem a dizer sobre Jair Messias Bolsonaro, nosso futuro presidente? R - Ele é um político de carreira e não vai fazer tudo que prometeu sem se unir a outros partidos (MDB, PP, PR...)

Você chegou a fazer campanha contra o "Mito" nessa eleição, deixando bem claro de que lado estava. Qual seu sentimento após o resultado final? R - Como brasileiro, estarei apoiando o novo governo. Só espero que o futuro presidente não faça com os mais necessitados e oprimidos o que ele dizia fazer. Durante a campanha, em alguns momentos, podemos ter tido indisposições e pontos de vistas diferentes mas, caso alguém tenha se ofendido por qualquer coisa que eu disse ou escrevi, peço desculpas a todos. Vamos, juntos, lutar pelo Brasil e pelos brasileiros. Todos sem exceção!

Você chegou a ser chamado de lobista pela mídia matogrossense. Que história é essa? R - Isso foi apenas um filho da puta que trabalhava no governo e usou esse termo para que, na ocasião, tentasse me denegrir, pois sempre fui dono dos meus projetos, inclusive no VLT, como sócio de uma pequena porcentagem. Então, não fazia lobby para ninguém.


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

Você teve uma passagem controversa em Rondonópolis,quando dirigiu a Clínica Imamed, que prestava serviço de exames de imagem sem licitação à prefeitura, na gestão do ex-secretário de Saúde, Valdecir Feltrin. Como foi isso? R - Controversas, na verdade, são as pessoas. Participei da campanha da prefeitura ativamente e mostrei ao prefeito que poderíamos fazer algo a mais pela Saúde. Quando ele nos credenciou a prestar os serviços não houve licitação pois, quando se trata de certos exames e a valores tabelados pelo SUS, você credencia quem quer fazer e nós fomos os únicos que aceitávamos tabela SUS. Jamais pagamos ou demos qualquer vantagem financeira ao prefeito ou ao Secretário Valdeci Feltrin. Um dia fui chamado na presidência do CRM, quando pediram para eu não mais fazer exames a valores SUS e cobrar valores maiores pois eu estava sendo desleal com um amigo do presidente (e meu concorrente). Eu o chamei de assassino dentro da sala da presidência! Aí eles lutaram de todas as maneiras para eu fechar a clínica, o que acabou acontecendo. Ao encerrar, eu pedi para meu advogado informar que estava me desligando da empresa e pedi ao Ministério Público para fazer a contagem dos exames para verificar e ter certeza de que jamais cobramos um exame não realizado

Tendo trajetória de 30 anos ligada à política, diz aí: qual foi a coisa mais podre que você já viu e qual o político mais sujo que você conhece? R - A política por si só é podre. Os políticos, de um modo geral, não pensam na população, aprovam e fazem matérias de seu interesse pessoal ou que tenham retorno financeiro. O pior político é aquele que diz ser honesto e que não rouba ou não aceita algo errado. Te falo que esses são os piores e citaria como o pior deles o atual Governador derrotado na reeleição do Mato Grosso, esse sr. José Pedro Taques, ex-promotor de justiça federal, ex-procurador geral. Dizia ser honesto, o paladino da moralidade. Eu o conhecendo há muitos anos sempre soube que nunca foi. Quando se candidatou, eu dizia que ele era um embuste, afinal, já tinha comido no coxo de vários, inclusive no meu e de meus sócios. Não apoio pessoas falsas. Prefiro me casar com a prostituta, sabendo, a me casar com a freira e descobrir que é prostituta.

1) Rowles beija a mão do Papa no Vaticano; 2) dando explicações à imprensa do Mato Grosso; 3) candidato a Deputado Federal antes de renunciar; 4) fazendo campanha nas mídias sociais.

Por que você renunciou à candidatura de Deputado em 2014? Ainda pensa em disputar alguma eleição no futuro? R - Eu renunciei à candidatura a deputado estadual e fui a deputado federal. Sempre vivi os bastidores e pensava que poderia ser político para ajudar as pessoas. Porém, no meio do caminho, deixei de fazer campanha por entender os políticos que, em sua maioria, são sujos e desonestos. Não vou dizer que nunca mais serei candidato porque não sabemos o dia de amanhã mas, se a cabeça dos políticos e dos brasileiros não mudar, melhor não ser político. Penso que o Brasil perdeu a chance de fazer uma reforma política. Não deveriam ter tirado a Dilma, deveríamos ter ido para a rua e permanecer na rua até mudar tudo de errado. Temos que acabar com a carreira política, o cidadão deveria ser político uma única vez na vida. Não podendo se candidatar nunca mais depois de exercer um mandato qualquer (vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, senador e presidente). Uma vez político, nunca mais político.


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

Foto: br.fotolia.com

por Gláucia Alves da Costa

I

novação é a palavra da vez. E não seria de se esperar diferente. Corporativamente falando, perder ou vencer está ocorrendo mais rápido do que nunca. Não existe futuro viável para nenhuma organização atualmente que não passe por aumentar a sua capacidade de inovar. Programas de inovação (fechados e abertos) aumentaram drasticamente nos últimos anos. Todos os dias surgem novas chamadas no ecossistema para conexões para inovação, mas ainda assim poucas são as empresas que de fato tem conseguido capturar os resultados e se tornarem mais competitivas. Se a tecnologia é disponível e a necessidade é clara, porque as empresas tem falhado em inovar? A seguir, listei sete pontos que, em minha opinião, trabalho e vida acadêmica no tema, são as principais razões para estes fracassos.

FALTA DE CONHECIMENTO E CAPACIDADES INTERNAS: diferentemente de outras funções como finanças e jurídico, poucas são as organizações que valorizam heads de inovação com conhecimento e experiência no tema. Via de regra, o que presencio normalmente é a inovação ser tratada como um apêndice, algo extra que é anexado a uma área já existente e com pessoas que não possuem nem o conhecimento nem os skills necessários para inovar. Isto já mostra que a inovação é marginalizada de partida e que o conceito de inovação não é compreendido: uma invenção que deu resultado. Se este fosse o conceito enraizado nas empresas, se estas percebessem de fato o poder e o retorno da inovação, provavelmente colocariam o tema como central e aumentariam a capacitação interna para inovar.

AVERSÃO A RISCO: como dito, inovação pressupõe resultado. Porém, diferentemente de outros investimentos, muitas vezes não se é possível uma over análise preliminar quando se trata de inovação. O risco é inerente ao processo de inovar e não gostamos (nem estamos acostumados) a assumir riscos, ainda mais quando não sabemos exatamente o que pode acontecer. Outro ponto ligado a isso é a qualificação em si dos resultados de inovação. Existem inovações incrementais que surgem por exemplo da redefinição simples de um processo ou da adoção de tecnologias existentes que podem sim ser medidas por ROI. Porém, em termos de inovação transformacional; conhecimento adquirido que realimenta a estratégia, o fato de continuar a existir e ser relevante no ecossistema, podem ser sim considerados como resultados positivos também.

CULTURA ANTI INOVAÇÃO: uma cultura de inovação é crucial para a captura de valor da inovação. Ela é a forma pela qual a inovação se torna sustentável e sistêmica. Uma cultura de inovação pressupõe abertura e valorização do erro, autonomia, experimentação, diversidade, menos comando e controle, valorização das melhores ideias e não das patentes, exemplos claros da liderança, sistemas de gestão de pessoas e processos que valorizem de fato os comportamentos inovadores, menos politicagem interna e menos hierarquias.


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

FALTA LINK CLARO COM A ESTRATÉGIA: a inovação, quando não conectada à estratégia das corporações, se transforma num conjunto de iniciativas desconexas e que não potencializam o resultado, tampouco geram aprendizagem organizacional. Vemos uma proliferação de ações de adoção de tecnologia, criação de aplicativos, hackathons, dentre outros e não conseguimos entender o motivo real de todas essas iniciativas nem sua conexão com a direção que a empresa pretende seguir. Veja startup engagement por exemplo, quantas empresas decidem do nada se conectar a startups porque está na moda mas não entendem o que buscam com isso, não possuem uma cultura interna que potencialize esta relação, possuem tratamento diferente entre os funcionários internos e as startups e acabam não obtendo resultados e ainda se queimando no ecossistema de empreendedorismo (sim, os founders se falam e a reputação da sua empresa está neste meio também).

HEADS DE INOVAÇÃO CENTRALIZADORES: O perfil do head de inovação de sucesso mudou drasticamente nos últimos anos. Em 2010 o perfil ideal era o de um líder de P&D, praticamente um cientista, que ajudava, por meio de conhecimento técnico especializado, a criação de novos produtos e serviços. Graças às tecnologias exponenciais, o conhecimento e o acesso à informação foram descentralizados e isso tornou o ecossistema muito mais capaz que as organizações. Em um mundo em que o acesso é democrático, mesmo que sua empresa possua milhares de pessoas, o mundo possui bilhões, então a probabilidade de a melhor ideia estar fora dos limites da organização é muito alta. Não faz sentido hoje falar de inovação fechada, inovação tem de ocorrer em ecossistema com relações efetivas de parceria, ganha-ganha, e mindset de crescimento e abundância. O perfil ideal de um head de inovação hoje é ser o conector entre pontos do ecossistema e da empresa e um fomentador nato da cultura de inovação. Inovação quando centralizada morre.

NÃO HÁ PROCESSOS DE GESTÃO DA INOVAÇÃO: existe um mito de que inovação não se controla. Falando-se em organizações isso não faz absoluto sentido. Um sistema de gestão da inovação que verifique iniciativas, potencialize, acelere, permita errar rápido e aprender rápido, é crucial para a sustentabilidade da capacidade de inovação. É sabido que o aumento do número de inovações incrementais de maneira sistêmica apoia na criação de uma cultura onde as pessoas se sintam seguras para darem ideias, aumentando por consequência a ocorrência de inovações radicais. Processos de gestão da inovação têm de ser dinâmicos e flexíveis, mas não inexistentes.

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL INADEQUADA: As empresas tem ainda a cultura do head count, na qual um novo projeto requer necessariamente mais recursos. Porém, ao se inovar em ecossistema, estes recursos externos se potencializam e o custo certamente será diferente dos cálculos tradicionais de FTE. Diversas pesquisas já demonstraram que quanto mais hierárquica a estrutura organizacional, menor sua capacidade de inovar. Times orgânicos, voltados a resolver problemas, trabalhando em conjunto com o ecossistema são a forma organizacional que atualmente mais tem gerado resultados por meio da inovação. A grande pergunta é: como vencer estas barreiras? Falaremos sobre esse assunto em breve.

Matéria escrita por Gláucia Alves da Costa Gláucia é Diretor de Consultoria na Deloitte, palestrante, integrante do centro nacional de referência em inovação da fundação Dom Cabral, instrutora de Open innovation e head de missões para o Vale do Silício na Pieracciani. Engenheira civil pela UFMG, Mestre em engenharia de produção com ênfase em gestão e inovação pela UFRJ, MBA pela COPPEAD UFRJ e University of San Diego, Doutoranda em Global Business com ênfase em Open Innovation.


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

por Bernardo de Azevedo e Souza

PRODUTO FOI INSPIRADO NAS PERSIANAS (ANTOLHOS) QUE COLOCAM EM CAVALOS .

Foto: Panasonic

U

ma equipe de designers da Panasonic projetou um novo dispositivo para evitar distrações no local de trabalho. Chamado Wear Space, o equipamento se prende à parte de trás da cabeça do usuário, criando instantaneamente um espaço pessoal e bloqueando o mundo ao redor.

Wear Space foi inspirado nas persianas que colocam em cavalos. Normalmente chamadas de antolhos, essas peças são colocadas ao lado dos olhos para reduzir a visão lateral de animais de montaria ou carga. Em síntese, os acessórios evitam que os cavalos se distraiam, se espantem ou saiam do rumo. Os designers do Panasonic’s Future Life Factory pensaram que seria uma boa ideia aplicar os antolhos em humanos. Desse modo, em colaboração com o estilista japonês Kunihiko Morinaga, criaram o Wear Space. Em suma, o protótipo foi projetado para manter as pessoas livres de distrações no local de trabalho.

t Fo o: ic on

s na Pa


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

Foto: Panasonic

De acordo com os designers, o dispositivo atende à nova geração de nômades digitais ou pessoas cujo trabalho se dá em escritórios compartilhados. Ou seja, indivíduos que precisam definir seu próprio espaço pessoal, manter o foco, bloquear distrações e aumentar a produtividade.

O dispositivo é fácil de usar e pode ser transportado para qualquer lugar. Além disso, é feito de material flexível que pode ser torcido e dobrado instantaneamente. Conforme o nível de concentração que desejam, os usuários podem ainda ajustar e personalizar o dispositivo para se adaptar a várias situações. Wear Space foi apresentado no festival SXSW deste ano e ainda está em fase de protótipo. Enfim, uma campanha de crowdfunding está em andamento até 11 de dezembro. Até o momento de conclusão deste texto, a campanha havia arrecadado ¥ 8, 156.000 (54% da meta final de ¥ 15.000.000).

À medida que os escritórios abertos e os nômades digitais estão em ascensão, os trabalhadores estão achando cada vez mais importante ter espaço pessoal onde possam se concentrar. – Panasonic

Matéria escrita por Bernardo de Azevedo e Souza empreendedor, advogado, escritor, pesquisador e entusiasta do futurismo. Fundador do site Futuro Exponencial (futuroexponencial.com)


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

F

Jornalista e criadora do canal Do Campo à Mesa

1 - Você ganhou muitos admiradores e uma grande projeção com o site e o canal Do Campo à Mesa (hoje com mais de 148 mil inscritos), onde investiga e expõe as verdades sobre a indústria dos alimentos. O que te motivou a comprar essa briga e a se dedicar a esse assunto? FL - Sou jornalista. E sou de uma geração que chegou a usar máquina de escrever elétrica na faculdade e entrou no mercado de trabalho junto com a chegada da internet. Nossa espécie existe, ou existia, para apontar o dedo para causadores de problemas e jogar verdades no ventilador. Eu segui minha programação aplicada ao tema da saúde. Quando descobri alguns dos causadores de problemas como obesidade e doenças crônicas, peguei meu megafone digital e contei pra quem eu pude alcançar. Como o buraco tá bem lá embaixo, dá trabalho. Haja megafone.

2 - E qual tipo de publicidade ou "discurso velado" mais te incomoda no que temos visto por aí? FL - O que se aproveita da baixa literacia do público para dar a entender ideias que divergem dos fatos. Em geral, a publicidade não mente descaradamente. Ela usa brechas de conhecimento e atenção pra acelerar interpretações errôneas. É o caso do "sem colesterol" como alegação positiva em produtos de origem exclusivamente vegetal (somente células animais podem ter colesterol), do "sem hormônios" em frango (hormônios são proibidos, logo nenhum deveria ter) e de uma porção de produtos que têm alguma fibra e teor de açúcar típico de sobremesa.

3 - Isso é tipo candidato "diferenciado" se vendendo como ficha limpa (sendo que, do contrário, nem poderia se candidatar)? FL - É tipo candidato que nunca fez nada que preste posar de herói.

rancine Lima é jornalista com mestrado em nutrição em saúde pública pela USP. Seu trabalho é trazer informações e questionamentos para ajudar você a pensar melhor nos seus hábitos alimentares. Já são duas décadas dedicadas ao objetivo de criar e defender o tipo de comunicação capaz de reduzir a assimetria informacional entre quem oferece e quem consome. Porque, quando a mensagem é clara e relevante, o público entende e aproveita.

4 - Você já sofreu ameaças ou qualquer tipo de impedimento por parte de corporações que tenham se sentido confrontadas pelo seu trabalho? FL - Não

5 - Que ótimo! Aliás, recentemente você realizou uma pesquisa com o intuito de saber como seria se todas as empresas de alimentos e bebidas compartilhassem informação detalhada sobre seus produtos numa única plataforma, para os consumidores consultarem, compararem e fazerem escolhas bem informadas. Como tem sido essa apuração? FL - Estou dando minúsculos passos para saber se a ideia pode virar. Apresentei o formulário para duas pessoas, e uma respondeu. Agora quero entender melhor o que as empresas estão pensando, se é que estão pensando, sobre transparência. Tenho a impressão de que na maior parte dos casos ela ainda não é uma questão prioritária.

6 - Empresas que vivem da venda de produtos assumidamente nocivos à saúde, como o cigarro, têm investido muito dinheiro para se reinventar e se adequar aos tempos em que as pessoas têm cada vez mais acesso à informação. O que você pensa sobre isso? Acha que essa preocupação realmente existe? FL - Tenho certeza de que a preocupação com a perda nas vendas realmente existe! ;) Empresas que nasceram sem um compromisso social se moldam conforme as tendências de mercado, seguindo o dinheiro aonde ele for. Se a moda é verde, elas se pintam de verde e acreditam que é isso que devem fazer. Se a moda vai na contramão do que elas fizeram até então, elas decidem diversificar seus valores para agradar a gregos e troianos. Estou aqui na arquibancada esperando sentada pelo momento em que elas irão abandonar os negócios nocivos de vez.

7 - E você está otimista nessa arquibancada? Acha que a sociedade evoluiu positivamente nos últimos anos no que diz respeito à conscientização? FL - Tenho visto alguns dados de pesquisa animadores e o tema aparecendo mais em fóruns, eventos e publicações. Aqui e ali surgem notícias de mudanças bem-vindas ocorrendo na indústria e no varejo. Coisas que me fazem aplaudir com honestidade e expectativa de que cresçam e se espalhem. Pelo que li, são frutos de pressões e demandas vindas de consumidores e da sociedade civil organizada. Pra quem deseja essas mudanças há tanto tempo, é difícil conter a impaciência. Dá vontade de ver a mudança acontecendo mais rápido. Eu acredito que os retardatários saibam que a hora vai chegar, mas estão fazendo o que podem pra ganhar tempo e não desperdiçar seus estoques.

8 - Para finalizarmos, mande um recado para seus muitos fãs, empresários, educadores e marketeiros que acompanham seu trabalho! FL - Eu tenho tentado apelar para a índole e o bom senso das pessoas. O ser humano, no fundo, é gente boa. Só que às vezes esquece e faz umas besteiras. Eu inclusive, claro. Como eu sou CDF de alma, tento provocar a reflexão e o raciocínio a partir da conexão com aquilo que, no fundo, a gente sabe que é bom. A gente sabe que colo é bom. Comida de vó também. Falar a verdade também. Ser honesto e tal. Sabe, essas coisas básicas de viver em sociedade. Pra ter saúde, é só lembrar do que é bom e cuidar pra não perder. Muita gente que desembesta a se alimentar mal faz isso porque se jogou no consumismo e está ignorando o que é bom de verdade. Pra ter cliente, tem de saber cuidar do que é bom pra ele, de verdade; não fingir que tá fazendo algo bom pra ele. É simples, né? Basicão mesmo. Basta pôr em prática.

Acesse o site Foto: br.fotolia.com

canaldocampoamesa.com.br


A N O 2 | N º 1 6 | E D I Ç Ã O D E N O V E M B R O D E 2 0 1 8

Para você que tem dúvidas sobre a franquia de grupos Exponential, confira o nosso Guia de Sobrevivência e saiba mais sobre esse fenômeno das mídias sociais.

https://goo.gl/sqXtUo

A N O 2 | N º 1 5 | E D I Ç Ã O D E O U T U B R O D E 2 0 1 8

Outubro foi um mês louco, né? Mas finalmente a tempestade da eleição já passou, tenha você gostado do resultado ou não. Na edição do mês passado foi justamente esse o assunto trazido por Jaqueline Weigel na matéria de capa, que discutia o futuro do Brasil. A revista trambém apresentou uma matéria sobre supermodelos e digital influencers virtuais que andam causando nas mídias sociais, além das novidades sobre o lançamento do Apple Watch Series 4. A entrevistada da vez na edição anterior foi a gaúcha Rafa Riske. Pra quem não viu, tá aqui o link: https://issuu.com/exponentialmagazine/docs/exponential_magazine_015

A Exponential Magazine chega até você graças aos seguintes apoiadores: Ana Cláudia Seibel Schuh, Andrea Bisker, André Coelho, Arthur Garcia, Bernardo de Azevedo e Souza, Brenno Faro, Bruno Sabino, Caio Vinicius de Matos, Cassiano Calegari, Cecilia Ivanisk, Ciro Avelino, Cristiano Borges Franco, Daniela Yoko Taminato, Dan Queirolo, David Medeiros Ortenzi, Debora Cristina Moraes Santos, Debora Souza, Dennis Altermann, Diogo de Souza, Diogo Monteiro, Diogo Tolezano Pires, Dom Queiroz, Eduardo Azeredo, Eduardo Seelig Hommerding, Emerson Zuccherato, Everton Kayser, Fabiane Franciscone, Fatima Fernandes Rendeiro, Felipe Couto, Felipe Menezes, Felipe Sotério, Fernanda Mello, Gi Omizzolo, Gisele Hammerschmidt, Guilherme Massena, Gustavo Nogueira, Hugo Santos, Jacques Barcia, José Luiz Gomes Ramos, Karla Rocha Liboreiro, Kelly Inoue, Leonardo Aguiar, Letícia Pozza, Lidia Cabral, Ligia Zotini Mazurkiewicz, Lucie Alessi, Lucio Mello, Luis Gustavo Delmont, Luiz Augusto Ferreira Araújo, Marcelo Amado, Márcio Silva (Frango), Mariana Francisco, Mariana Marcílio, Marcelo Tas, Mauro Federighi, Mine Caxeiro, Natasha Pádua, Paula de Souza Avila, Paulo Henrique Azevedo, Pedro Godoy, Régis Klein Amorim, Ricardo Morgado, Ricardo Neves, Ricardo Pelin, Roberta Ramos, Roberto Wickert, Ruben Feffer Binho, Sephora Lillian, Tania Kulb, Thelma Nicoli Wiegert, Thiago Abreu, Vanessa Mathias, Victor Hugo Rocha, Victor Morganti e Vinicius Soares.


explore.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.