Revista Brasileira de Quiropraxia Vol. 5 nº 2

Page 1

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 66 de 158


Revista Brasileira de

Quiropraxia Brazilian Journal of Chiropractic Apoio:


REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF CHIROPRACTIC Volume V - Número 2 – Julho a Dezembro 2014 ÍNDICE – CONTENT 1. EDITORIAL E INSTRUÇÕES AOS AUTORES

2.

REVISÃO E ATUALIZAÇÃO

3.

Neurodynamics of spinal segmental dysfunctions in clinical practice Vinícius Tieppo Francio Proloterapia

76

82

89

Carlos Braghini Jr 4.

5.

ARTIGOS ORIGINAIS

Inserção da Quiropraxia no Sistema Único de Saúde Insertion of Chiropractic in Health System Liana A. Linhares, Marta C. Saraiva, Carlos P.B. de Almeida Alterações no limiar de dor em atletas universitários tratados por meio da Técnica ART® Changes in pain threshold in college athletes treated by the ART ®Technique Stephanie Carolina R. Steigleider, Tiago Augusto Zago

96

105

6.

A influência do ajuste quiroprático na qualidade de vida em paraplégicos The influence of the chiropractic adjustment in the quality of life in paraplegic 115 Marina Spadari Lusa, Tiago Augusto Zago

7

Expectativas profissionais de acadêmicos de quiropraxia no Brasil Professional chiropractic academic expectations in Brazil 126 Inajara Maciel dos Santos, Márcia A.B. de Alexandre

8.

9.

Correlação entre desigualdade funcional do comprimento de membros inferiores e simetria pélvica Correlation between functional inequality of the length of the lower limbs and pelvic symmetry

137

Germana Borghetti, Danilo Messa da Silva Hanseníase: sintomatologia associada ao diagnóstico quiroprático Leprosy: symptoms related to the chiropractic diagnosis 152 Julio Cesar Tomé, Marta Casagrande Saraiva


EDITORIAL

Este periódico é pioneiro na área de Quiropraxia no Brasil e como canal de comunicação cientifica tem a função de disseminar estudos de caráter educacional teórico e prático na área. Buscando maior segurança e excelência na qualidade de suas publicações, os gestores editoriais, optaram por preservar seus arquivos eletrônicos utilizando o Digital Object Identifier (DOI). O DOI foi desenvolvido pela Associação de Publicadores Americanos (AAP), representa um sistema de identificação numérico para conteúdo digital, como livros, artigos eletrônicos e documentos em geral. Também auxilia a localização e o acesso de materiais na web, facilitando a autenticação de documentos. No Brasil a utilização deste sistema é recente e é adotado pela plataforma lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). A adoção do sistema facilitará a divulgação do conteúdo publicado dando maior visibilidade e credibilidade à revista. É uma nova conquista para a nascente quiropraxia no País. Sabedores que o conteúdo documental torna-se patrimônio marcante para a história, esperamos assim contribuir para preservação da memória social e cultural de nossa profissão.

Corpo Editorial

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 76 de 158


REVISTA BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA - BRAZILIAN JOURNAL OF CHIROPRACTIC Corpo Editorial

Editor científico Djalma José Fagundes

Editores assistentes Ana Paula Albuquerque Facchinato Campos Evergisto Souto Maior Lopes

Jornalista científico Anna Carolina Negrini Fagundes Martino

Consultor da língua inglesa Ricardo Fujikawa

Conselho nacional de consultores (Brasil) Eduardo S. Botelho Bracher Fernando Redondo Aline Pereira Labate Fernandes

Conselho internacional de consultores David Chapman Smith Reed Phillips Fábio Dal Bello

Assessoria e Gerência Executiva Mara Célia Paiva

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 77 de 158


AGRADECIMENTOS

A Revista Brasileira de Quiropraxia publica trabalhos científicos e culturais de interesse aos profissionais da área ósteomioarticular. A qualidade das informações neles expressas é avaliada de forma sistemática por colegas experientes. Todo trabalho de investigação submetido à revista é enviado a especialistas encarregados de revê-los de forma detalhada, visando obter avaliações abalizadas sobre a qualidade técnica do texto. Outros colegas também disponibilizam seu tempo para elaborar revisão ortográfica e formatação dos textos. Em reconhecimento à espontânea colaboração desses especialistas, bem como a conduta ética demonstrada nesse processo, expressamos aqui o nosso agradecimento. Revisão científica Aline de Almeida Ferreira Camila de Carvalho Benedicto Carlos Podalirio B. de Almeida Cley Jonir Foster Jardeweski Daniel Facchini Katherine Palmina Cassemiro Colomba Marcos Vinícius Zirbes Mariana Wentz Faoro Vivian Roca Vinícius Tieppo Francio

Revisão ortográfica da língua Inglesa Rodrigo Alves da Cunha

Formatação de texto Elisangela Zancanário

Doações: Daisy Renosto

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 78 de 158


INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Apresentação A Revista Brasileira de Quiropraxia (Brazilian Journal of Chiropractic) é uma entidade aberta de comunicação e divulgação de atividades científicas e profissionais na área de Quiropraxia. Ela recebe colaboração em suas diversas seções, após avaliação de pelo menos dois de seus membros do Conselho de Consultores e que irão julgar a relevância, formatação e pertinência da comunicação. Os autores e coautores devem ter participação efetiva na elaboração do trabalho publicado, seja no seu planejamento, seja na execução e interpretação. O autor principal é o responsável pela lisura e consistência das informações do artigo. Os indivíduos que prestaram apenas colaboração técnica devem ser designados na secção de agradecimentos. O original do artigo ou comunicação deve ser acompanhado de uma carta ao editor-chefe apresentando o título do trabalho, autores e respectivos graus acadêmicos, instituição de origem e motivo da submissão. Deve acompanhar uma carta de cessão dos direitos autorais e compromisso de exclusividade de publicação segundo o modelo: Cessão de Direitos Os autores abaixo assinados estão de acordo com a transferência dos direitos autorais (Ato de Direitos Autorais /1976) do artigo intitulado: ........................................................................

à

Revista

Brasileira

de

Quiropraxia. Por outro lado, garante ser o artigo original, não estar em avaliação por outro periódico, não ser total ou parcialmente publicado anteriormente e não ter conflito de interesses com terceiros. O artigo foi lido e cada um dos autores confirma sua contribuição e está de acordo com as disposições legais que regem a publicação. Cidade, data Nome legível e assinatura de todos os autores.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 79 de 158


Submissão de artigos Os originais podem ser submetidos para a apreciação da revista por via eletrônica

(e-mail)

ou

por

cópia

em

CD-ROM

(ou

equivalente),

preferencialmente em inglês e ser produzidos em editor de texto compatível com Windows Word, em Times New Roman ou Arial, tamanho 12, margens superior e inferior de 2,5 cm e laterais 3,0 cm. Os parágrafos devem ser separados por espaço duplo, não ultrapassando 12 (doze páginas incluindo referências, figuras, tabelas e anexos). Estudos de casos não devem ultrapassar 6 (seis) páginas digitadas em sua extensão total, incluindo referências, figuras, tabelas e anexos. Os artigos e comunicações enviadas serão analisados pelo editor-chefe; sendo pertinentes e tendo respeitado as normas de formatação da Revista eles serão encaminhados ao Conselho Consultivo da revista para avaliação do mérito científico da publicação. Os originais poderão ser devolvidos para correções e adaptações de acordo com a análise dos consultores ou podem ser recusados. A Revista reserva o direito eventual de recusa sem a obrigação de justificativa. Os artigos originais recusados serão devolvidos aos autores. Figuras, Tabelas e Quadros As figuras e tabelas devem ser enviadas em arquivos separados. As imagens devem ser designadas como “Figuras”, numeradas em algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto e enviadas em arquivo JPG ou TIF com alta resolução. As tabelas devem ser numeradas em algarismos romanos de acordo com a ordem em que aparecem no texto. Quadros deve ser numerado em algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto. Formato do Artigo Os originais devem conter um arquivo separado com a página de título (title page) onde deve constar: - o título do artigo (máximo de 80 caracteres) - nome completo dos autores - afiliação e mais alto grau acadêmico ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 80 de 158


- instituição de origem do trabalho - título abreviado (running title) máximo de quarenta caracteres - fontes de financiamento - conflito de interesses - endereço completo do autor correspondente (endereço, telefone, fax e email). Formato das Referências As referências devem ser numeradas em algarismos arábicos de acordo com a ordem em que aparecem no texto, no qual devem ser identificadas com o mesmo número no formato sobrescrito. Os autores devem apresentar as referências seguindo as normas básicas de Vancouver com Sobrenome, Prenome do(s) autor(es). Título do artigo. Título do Periódico. Ano; Volume (número); páginas inicial-final. Exemplos de formatação: Artigo: Santos C, Baccili A, Braga P V, Saad I A B, Ribeiro G O A, Conti B M P, Oberg T D. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo - Revista Paulista Pediatria. 2009; 27(1): 74-80. Monografia (Livros, Manuais, Folhetos, Dicionários, Guias): Wyatt, L, Handbook of clinical Chiropractic care, 2ª edição. United States: Jones and Bartlett Pusblishers, 2005. Resumo: Ostertag C. Advances on stereotactic irradiation of brain tumors. In: Anais do 3° Simpósio International de Dor; São Paulo: 1997,p. 77 (abstr.). Artigo em formato eletrônico: International Committee of Medical Journal Editors: Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals. Disponível

em

URL:

http://www.acponline.org/journals/annals/01jan97/unifreg.htm. Acessado em 15 de maio 2010. Resumo (abstract)

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 81 de 158


Em arquivo separado deve ser enviado um resumo estruturado (objetivos, métodos, resultados e conclusões) com no máximo 250 palavras. Deverá ter uma versão em português e outra em inglês. Unitermos (keywords) Ao final do resumo devem constar pelo menos cinco palavras - chaves de acordo com a normatização dos Descritores em Ciências da Saúde da BIREME (Biblioteca Regional de Medicina). Texto Devem

constar

de

Introdução,

Objetivos,

Métodos,

Resultados,

Discussão, Conclusão, Agradecimentos e Referências. Comissão de ética Os artigos devem trazer o número do protocolo da aprovação do Comitê de Ética da Instituição de origem e declaração do preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Contato Revista Brasileira de Quiropraxia/Brazilian Journal of Chiropractic Secretaria Geral: Rua Columbus, 82 - Vila Leopoldina. CEP 05304-010, São Paulo, SP, Brasil. E-mail:

rbquiro@gmail.com

-

Tel.:

+55(11)3641-7819

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 – Página 82 de 158


REVISÃO E ATUALIZAÇÃO

Neurodynamic of spinal segmental dysfunctions in clinical practice A neurodinâmica disfunção espinhal na prática clínica Author: Dr. Vinícius Tieppo Francio* *Vinicius Tieppo Francio, MS, DC. Chiropractic Physician & Researcher Oklahoma Sports Science & Orthopedics Community Hospital SW Oklahoma e-mail: drviniciusfrancio@gmail.com

The principles, art and science behind the chiropractic profession have always been and will continually be a topic of discussion within the chiropractic and other health care disciplines. The theoretical process, mechanisms, clinical applications and effects behind segmental spinal dysfunctions, or segmental artrokinesiopathologies of the spine, traditionally and historically defined as “Vertebral Subluxation Complex (VSC)”, are considered extremely multifarious, and requires a greater understanding of the intricacy of the neuro-musculoskeletal spinal system. Each portion of this process is complex and interconnected, expressing the biological response of the body in relationship to a structural dis-relation, brought by stressors from the external or internal environment, or by a combination of both. The traditional term ‘subluxation’ has its ambiguous definition with other professions and, does not clearly define the current functional and structural dis-relation in question.

Rather, currently

definitions describe it as a disturbance of normal functional movement within spinal segments, better expressed as spinal motion unit dysfunctions, or spinal fixations, or even more so as, ‘spinal articular kinetic aberration’ – stated as disturbances of spinal kinematics with reflective significant effect in the neural and mechanical function. The general effects of spinal kinematics dysfunctions results in alterations within the adjacent structures of the neuromusculoskeletal systems, therefore the purpose of this short commentary is to describe contemporary clinical applications of this theoretical process, in clinical practice. ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 83 de 158


In reference to the skin, subcutaneous tissues and associated musculature, alterations can vary from a thin, glossy texture to a thick, rough, discolored patch, resembling a callus formation. Clinically in the past, infrared thermography has been utilized to determine its specific locations, as indicated by vascular changes in the dermatome. Usually, palpatory findings may range from a “slimy” feeling to a “skin-slip” granular feel. The surrounding musculature demonstrates natural resiliency, to a contracted ‘cord-like’ or ‘stringy’ band according to its chronicity. Subjectively, the most convincing evidence for the patient is the acute ‘sore-spot’ and the tenderness experienced upon posteriorto-anterior palpation of spinal segments with mutual translation. The process of ongoing spinal kinematic dysfunction is complex and comprehensive within the neuromusculoskeletal arrangement. Any stressor from external or internal environment can disturb the receptor endings in the joint capsules, ligaments, intervertebral discs, musculo-tendinous junctions, etc. Such dis-relation evokes an abnormal flow of afferent impulses into the reciprocal neurological bed, which is no longer equivalent to the opposite side, as it would be in a physiological homeostatic balance. The excessive persistent stimulation alters the function within the respective neuronal pool and those adjacent to the main structure, for a variable distance. Such sensorial neurological disruption, succeed in making synaptic connections with the motor pool in the anterior gray horn, through either collateral branches, or intercommunicated neurons, therefore motor response to an aberrant sensorial stimulus is perpetuated. Clinically, the most noticeable muscular contraction putatively associated with spinal kinematic dysfunctions is to be found within segmental spinal muscles, such as the rotators, stabilizers and the deep layer of multifidus. Due to the intermingling and intricacy of the fiber arrangements, those fibers supplied by the same neuronal bed may experience a degree of hyper tonicity, although not readily detected by spinal palpation. However, in addition to the time factor, there may be evident changes in muscle texture on the long postvertebral chain, such as paraspinal groups, as fibrosis develops. Minimal loss of active range of motion is one of the first appreciable alterations of major ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 84 de 158


muscles fibrosis and, focal non-specific myalgia without evoked contraction on elevated compressive stress may be an earlier indication of a smaller muscle groups involvement. Nevertheless, the musculature supplied by the anterior primary ramus of the associated nerve trunk does not escape from alterations in tone either. Those muscles, whose action is antagonist to the prime movers, are inhibited by a decrease in tonus of the respective myofibrils due to a decrease in nerve supply from the aberrant neuronal pool. Afferent impulses will also involve the lateral horn cells for the control of the vascular tone of the corresponding musculature, experiencing hyperactivity and an increase in arterial blood supply. The vascular bed undergo dilation, upon a decrease of adequate neuronal flow to their tunica intima, strongly evoking a central state of preganglionic sympathetic inhibition of the lateral horn. The hypothalamus may play a role with the cerebral motor cortex and the sub-collicular area stimulating the postganglionic sympathetic fibers to these vessels by the secretion of acetylcholine, resulting in vasodilation. Therefore, the vascularity of the corresponding area of spinal kinematic dysfunction is greatly decreased, as may be detectable by thermocouple heat measuring instruments, commonly used in clinical practice. Associated with the vascular activity, the sudoriferous glands are activated by stimulation of other preganglionic sympathetic fibers of the lateral gray horn, which in turn, activate postganglionic fibers via the posterior primary ramus at the corresponding level of segmental dysfunction. This enhanced activity of sudoriferous gland may be clinically perceived by sensitive instruments measuring skin resistance, or by trained hands of the manual medicine providers. Noxious afferent impulses may arise form any of the contributory elements injured by chemical stressors or mechanical trauma, which may be the causative factor in the process of the spinal dysfunctions. Such impulses take precedent over the proprioceptive impulses and result in the cascade effect of muscular ‘splinting’, a natural response of the musculoskeletal system to prevent further damage to the area of the injured joint, thereby preventing further motion that might aggravate the injured tissues, and release more ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - PĂĄgina 85 de 158


chemical mediators of an inflammatory and painful response – such as histamine-like, and bradykinin-like factors. In general, these chemicals cause a greatly increase in capillary permeability, permitting extravasation of blood plasma in to interstitial space, with protein and fibrinogen-like substances. This interaction promotes coagulation and in conjunction with necrosin-like chemicals, may generate a ‘brawny-edema’ appearance surrounding the joint and damaging more cells. This swelling can produce pressure upon receptor nerve endings in the area, perpetuating the flow of centripetal noxious impulses to the neuronal pool at the spinal cord, in a vicious-cycle arrangement to the similar neuronal pathways arc or to higher neural center. Incontestably enough, the mechanisms from which vertebral kinematic dysfunctions may disturb physiological functions are quite unique and comprehensive, as the distinctiveness of the neuromusculoskeletal system. Researchers are far from the absolute true regarding this concept, but progress has been made through the past hundred years, and evidence-based care has been validating these new models. As any other field of study, chiropractic shouldn’t be stationary to new discoveries. Evolution and growth of a profession is a process, and incorporating new ideas is a part of this development. It is important to focus major efforts to overcome current difficulties and barriers within, and out of our profession. In addition, it is fundamental to integrate this contemporary model within the application of our traditional principles, science, and art – without losing our professional identity, for the benefit of the chiropractic profession, and future generations.

REFERENCES Bolton P. Reflex Effects of Vertebral Subluxations: The peripheral nervous system. An update. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, Chicago,23(2):101 - 103, Feb. 2000. Budgell B. Reflex Effects of Subluxation: The autonomic nervous system. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago, 23(2): 90 - 93, Feb, 2000. Chung Ha S. Recollections of the Biomechanics Research Project at the University of Colorado and Recommendations for Future Research. 10th Annual Vertebral Subluxation Research Conference. December 7-8, 2002; Hayward, CA.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 86 de 158


Cleveland C, Researching the subluxation on the domestic rabbit: a pilot research program conducted at Cleveland Chiropractic College, Kansas City. International Review of Chiropractic Scientific. 1965;1(8): 01-23. Colloca C. Articular neurology, altered biomechanics and subluxation pathology. In: Fuhr A; Green J; Colloca C; Keller T. Activator methods chiropractic technique. St. Louis, Missouri: Mosby, 1997. DeBoer K. An attempt to induce vertebral lesions in rabbits by mechanical irritation. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago. 1981;4(1):131-142. DeBoer K. Surgical model of a chronic subluxation in rabbits. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1988;11(2):366-372. DeBoer K, Hansen J. Biomechanical analysis of the induced joint dysfunction (subluxationmimic) in the thoracic spine of rabbits. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1993;16 (3):74-81. Denslow J, Armour T, Bruns E, Kassicieh V, Vomastek R. Evidence of osteopathic lesion in an experimental animal (dog) part I. Journal of American Osteopathic Association. 1967;66 (10): 94-95. Dun NM, Slaugher R, Edington K. Is there a chiropractic science? Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago, Mai,1993;13(7): 412-417. Evans J, Hill C, Leach R, Collins D. The minimum energy hypothesis: a unified model of fixation resolution. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago, 2002;25(2):105110. Gatterman M. Foundations of Chiropractic: Subluxation. 2ed. St.Louis: Mosby, 2005. Haavik-Taylor H. et al, Cervical spine manipulation alters sensorimotor integration: A somatosensory evoked potential study. Clinical Neurophysiology. 2007; 118(2):391-402. Haldeman S. The influence of the autonomic nervous system on cerebral blood flow. Journal of Canadian Chiropractic Association. 1974;19(16):06-14. Haldeman S. Neurologic effects of the adjustment. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago. 2000;23(5): 112-114 Haldeman S, Meeker W. Chiropractic: a profession at the crossroads of mainstream and alternative medicine. Ann of Internal Medicine. 2002;136(3):217-222. Harrison D et al. A review of the biomechanics of the central nervous system. Part I: spinal canal deformations due to change in posture. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1999;22(4): 227. Harrison D et al. A review of the biomechanics of the central nervous system. Part II: strains in the spinal cord from posture loads. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1999;22(5):322.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Pรกgina 87 de 158


Harrison D et al. A review of the biomechanics of the central nervous system. Part III: neurologic effects of stresses and strains. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1999;22(6):399. Henderson C, DeVocht J, Kirstukas S, Cramer G. In vivo biomechanical assessment of a small model of the vertebral subluxation. Proceedings of the International Conference of Spinal Manipulation. 2000:193-195. Henderson C. Animal models in the study of subluxation and manipulation: 1964-2004. In: Gatterman M. Foundations of Chiropractic Subluxation. 2ed. St.Louis: Mosby: 47-104, 2005. Henderson C, Cramer G, Budgell B, Khalsa P, Pickar J. Basic science research related to chiropractic spinal adjusting: the state of art and recommendations revisited. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago. 2006:29(3): 726-761. Hu J,Yu X, Vernon H, Sessle B. Excitattory effects on neck and jaw muscle activity on inflammatory irritant applied to cervical paraspinal tissues. Journal of Pain. 1993;55(2):243-250. Homewood AE. The Neurodynamics of the Vertebral Subluxation. The Parker Chiropractic Research Foundation. 1981 Kaptchuck Tj, Eisenberg Dm. Chiropractic: origins, controversies, and contributions. Arch Intern Med. 1998; 158(20): 2215-24. Kent, C. Models of Vertebral Subluxation: A Review. Journal of Vertebral Subluxation Research. New York, Ago, 1996:1(1):1-7. Kokjohn K et al. The effect of spinal manipulation on pain and prostaglandin levels in women with primary dysmenorrhea. Journal Manip Physiol Ther. 1992; 15(5):279-85. Lipton Bh. The Biology of Belief: Unleashing the Power of Consciousness, Matter and Miracles. 2008. Hay House. New York, NY. Lin H, Fujii A, Rebechini-Zasadny H, Hartz D. Experimental induction of vertebral subluxation in laboratory animals. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1978:1(8): 63-66. Murphy Dr et al. How can chiropractic become a respected mainstream profession? The example of podiatry. Chiropr Osteopat. 2008;16:10. Nansel D. Somatic dysfunction and the phenomenon of visceral disease stimulation: a probable explanationfor the apparent effectivenes of somatic therapy in patients presumed to be suffering from visceral disease. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 1995:18(2):379397. Owens Jr E. Chiropractic subluxation assessment: what the research tell us. Journal of Canadian Chiropractic Association. Montreal. 2002:46(4):215-220. Panjabi Mm: The Stabilizing system of the spine. Part I. Function, dysfunction, adaptation, and enhancement. J Spinal Disord. 1992;5:383-389.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Pรกgina 88 de 158


Patterson M, Steinmetz J. Long-lasting alterations of spinal reflexes: a potential basis for somatic dysfunction. Journal of Mannual Medicine. 1986:2(8):38-42. Phillips R et al. A contemporary philosophy of chiropractic for the Los Angeles College of Chiropractic. Journal of Chiropractic Humanities. Chicago, 1994:4(20): 20-22. Pickar J, Wheller J. Responses of muscle proprioceptors to spinal manipulative-like loads in the anesthetized cat. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago 2001:24(5):02-11. Pickar J, McLain R. Responses of mechanosensitive afferents to manipulation of the lumbar facet in the cat. Spine. 1995:20(23):79-85. Pickar J. The neurophysiological effects of spinal manipulation. Spine. 2002:2(7):357-371. Rahlmann J. Intervertebral Joint Fixation. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago, 1987:10(4):177-187. Seaman D. Joint Complex Dysfunction: a novel term to replace subluxation: etiological and treatment considerations. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago, 1997:20(4). Singer M. Discussion of the trophic functions of nerves and their mechanisms in relation to manipulative therapy. In: Korr, I. The Neurobiologic mechanisms in manipulative therapy. 1ed. New York: Plenum Press, 1978. Sjostrand J, Rydevik B, Lundlborg G, McLean W. Impairment of intraneural microcirculation, blooed nerve barrier and axonal transport in experimental isquemia and compression. In: Korr I. The Neurobiologic mechanisms in manipulative therapy. 1ed. New York: Plenum press, 1978. Vernon H. Qualitative review of studies of manipulation-induced hipoalgesia. Plenary paper for the 1999 World Chiropractic Congress. Journal of manipulative and Physiological Therapeutics. Chicago,2000:23(3):137-142. Wenban A. Subluxation research: a survey of peer-reviewed chiropractic scientific journals. Chiropractic Journal of Australia. Sydney, Ago, 2003:33(7):122-130. Whatmore G et al., Dysponesis. A neurophysiologic factor in functional disorders. Behavioral Science. 1968;13(2):102-124.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Pรกgina 89 de 158


REVISÃO E ATUALIZAÇÃO

Proloterapia Autor: Carlos Braghini Jr. Médico e Quiropraxista. Autor dos livros “A História das Artes Médicas – da pré-história à idade moderna”, “O Que é Quiropraxia – um guia para todos aqueles que se tratam com terapias manuais” e “Ecologia Celular – o papel da alimentação e do meio ambiente no envelhecimento e na longevidade”. Palestrante e consultor empresarial sobre Controle da Dor, Reequilíbrio Metabólico e Reeducação Alimentar. Filiado ao TSNMA – Texas State Naturopathic Medical Association. Membro da Brasil Academy of Anti-Anging & Regenerative Medicine (BARM). E-mail: carlos.braghini@gmail.com

O conceito de criar uma lesão para estimular a recuperação de lesões remonta a tempos antigos. Agulhas aquecidas eram introduzidas nos ombros de gladiadores romanos. A própria acupuntura pode ser considerada uma forma de proloterapia, mesmo que outros mecanismos estejam envolvidos e não façam parte deste artigo. A proloterapia como conhecemos hoje tem sua origem na década de 1930, usada do tratamento da frouxidão ligamentar . Entretanto, foi George S. Hackett, cirurgião norte-americano, na década de 1950, quem começou a usar soluções irritantes com o propósito de recuperar articulações e hérnias discais.

George S. Hackett

Hackett se gradou pela Cornell Medical School, em 1916 e era frequentemente chamado pelas companhias de seguro devido a suas avaliações certeiras, incluindo diagnóstico e prognóstico. Em 1939 chegou à conclusão de que o relaxamento dos ligamentos articulares era responsável por inúmeros casos de incapacitação por dor lombar. Ele cunhou o termo relaxamento ligamentar que descreveu como uma condição onde a força das fibras ligamentares estaria comprometida, não protegendo o ligamento como ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 90 de 158


deveria durante um alongamento. Ele usou o mesmo raciocínio com os tendões e cunhou o termo relaxamento tendinoso. Decidiu, então, injetar uma solução proliferativa na tentativa de fortalecer as fibras pela produção de tecido fibroso. O sucesso terapêutico fez com que ele estendesse o procedimento para outras áreas da coluna vertebral e articulações. Ele nomeou a técnica proloterapia (prolotherapy), que significa terapia proliferativa. Os detalhes de sua técnica podem ser encontradas em seu livro, Ligament and Tendon Relaxation Treatment by ProlotherapyI Ele usou a proloterapia em seus pacientes e conduziu vários trabalhos experimentais, publicando muitos de seus estudos. Um deles, em particular, acompanhou 206 pacientes com cefaleia pós-traumática, onde 79% obtiveram alívio completo e 89% encontraram algum tipo de diminuição das dores com a proloterapia. Outro envolveu 1857 pacientes com dor lombar, nos quais identificou que 1583 evidenciavam algum tipo de frouxidão ligamentar na articulação sacrilíaca; nestes, houve resposta clínica em 90% dos atendidos pela proloterapia, com melhora persistente após 14 anos do término do tratamento, quando foi feito um estudo de acompanhamento. Estes dados foram publicados no Journal of the American Medical Association, em 1957. É perturbador constatar que um trabalho tão extenso mostrando que 82% dos pacientes com dor lombar crônica foram curados com uma técnica não cirúrgica onde uma simples injeção foi feita no consultório não ter recebido muita atenção. Exceto por um homem, Gustav A. Hemwall.

Gustav A. Hemwall

Hemwall se encontrou com o Dr. Hackett num encontro na American Medical Association, em 1957. Ele estava fascinado com os resultados apresentados por ele e passou a observá-lo em seu consultório até se tornar experiente na técnica. Hackett morreu aos 81 anos, em 1969 e foi Hemwall que ensinou a maior parte dos médicos as técnicas da proloterapia, até sua morte em 1998, aos 90 anos.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 91 de 158


A técnica mais utilizada atualmente recebe o nome destes dois pioneiros: Hackett-Hemwall, como uma justa homenagem a ambos. Graças a eles, sabemos hoje que a proloterapia pode eliminar a dor crônica em todas as articulações do corpo, não apenas a coluna vertebral. Também é uma técnica que pode ser feita com segurança no próprio consultório sem requerer qualquer tipo de sedação. Há ainda a vantagem adicional de poder ser feita em várias partes do corpo ao mesmo tempo. E o tempo mostrou que uma simples solução glicosada (dextrose) funciona como um excelente proliferante, tornando-a uma técnica biológica, ou seja, que não utiliza substâncias estranhas ao organismo.

A importância da proloterapia na prática clínica

Certamente, a proloterapia é uma importante ferramenta para tratar tecidos conjuntivos danificados (ligamentos, tendões, cartilagens, meniscos, labrum, fáscias etc.). Entretanto, é provável que a importância da proloterapia seja ter trazido à visão médica a importância da saúde de estruturas que os quiropraxistas dão a devida atenção desde que se formaram no final do século XIX. A proloterapia trata das estruturas lesionadas e não recuperadas, uma vez que nossos mecanismos de reparação são limitados em alguns tecidos, principalmente nos tecidos conjuntivos. Quando ocorre uma lesão, ocorre uma sinalização eletroquímica que ativa e atrai os fibroblastos para a produção de colágeno e outras substâncias . Uma vez ativados, os fibroblastos produzem novas fibras colágenas por cerca de 40 dias. Estudos realizados em diversas revistas demonstram casos de recuperação com técnicas de proloterapia, um estudo de 2014 demonstrou recuperação em casos de fascite plantar (KIM) e outro estudo também da mesma época com resultados na recuperação de síndrome do isquiofemoral (KIM et Al). Isso significa que leva pelo menos seis semanas para recuperar um tendão ou ligamento lesionado em sua totalidade. Isso considerando que o tecido seja mantido em repouso para não produzir lesão adicional. A dor ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 92 de 158


advinda da lesão é apenas a sinalização neurológica, numa tentativa desesperada do corpo para avisar ao indivíduo: não faça este movimento! A dor é a indicação clara de que seu corpo sabe que uma estrutura está danificada. Ela é também um indicativo que houve a criação de uma resposta inflamatória, fundamental para completar as etapas subsequentes da reparação. A dor pode aparecer aos pequenos movimentos (pequenos alongamentos) ou em repouso (ponto-gatilho). Algumas vezes a dor é intensa ou pode vir acompanhada de uma linguagem figurativa, mostrando que a percepção dolorosa não envolve somente nocicepção. A dor pode ser localizada ou recrutar uma área maior, como o pescoço ou a região lombar. E pode envolver todo um segmento, um dermátomo, um miótomo... Ou pode ser percebida à distância, como na dor referida. Se atuarmos com competência e sabedoria, recuperamos os tecidos e os pacientes passam a se movimentar como antes. Entretanto, se a lesão for motivada por um movimento anômalo constante, a recuperação total pode nunca aparecer. Os ligamentos não conseguem mais fazer seu trabalho (segurar a articulação em seu lugar) e passam a ser estirados além do limite fisiológico. Os ossos acabam se movimentando com uma amplitude maior do que o originalmente previsto, recebendo um impacto que acaba por estimular a produção de osteoblastos por corrente piezoelétrica. Novas células ósseas são produzidas e aparecem os esporões ou osteófitos, inicialmente, podendo chegar à osteoartrite ou osteoartrose, até terminar na fusão óssea nos estágios avançados. O Journal of the Japanese Orthopaedic Association conseguiram bons resultados em uma pesquisa relacionada a osteoartrite do primeiro metacarpo (Jahangiri,2014).

Um estudo de Rabago publicado em 2013

demonstrou resultados positivos para dor, amplitude de movimento com proloterapia se comparado a exercícios em casa. Se estes fenômenos acontecerem na coluna vertebral, a frouxidão ligamentar acaba por permitir que uma vértebra se movimente excessivamente em relação à outra, sobrecarregando os discos intervertebrais que, uma vez fragilizados, começam a se degradar, desidratar ou romper.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 93 de 158


O problema acaba por envolver o tecido muscular, com espasmos protetores, principalmente nas regiões posteriores (como pescoço e lombar, por exemplo). Se a musculatura envolvida localizar-se na região cervical alta, pode interferir nos primeiros nervos segmentares e até mesmo no sistema nervoso autônomo. Nesse momento, aparecem as cefaleias persistentes, visão borrada, zumbidos, sinusites e outros sintomas. A proloterapia e a quiropraxia Várias condições musculoesqueléticas respondem bem ao tratamento conservador: fisioterapia, bloqueios nervosos, osteopatia, quiropraxia..., sozinhas ou em combinação. O monitoramento ao longo do tratamento é que vai assegurar que a condição está se resolvendo. Entretanto, em várias situações, a dor se torna crônica exatamente pela lassidão ligamentar. Sem o devido cuidado, ajustes quiropráticos de alta velocidade (thrust) podem agravar o problema, causando síndromes dolorosas pelo excesso de manipulação. Reconhecemos estes pacientes quando o ajustamos e, apesar de uma melhora fugaz (1 a 3 dias), o quadro doloroso retorna a despeito da continuidade do tratamento. Nestes casos, a proloterapia pode ser a opção mais adequada, pois fortalece os ligamentos envolvidos produzindo a estabilidade articular necessária. Os músculos adjacentes não precisam mais manter seu espasmo e a amplitude de movimento é restaurada. Isto não significa que o tratamento quiroprático não tenha seu papel na recuperação do paciente durante a proloterapia. Ajustes nas articulações restringidas e o uso de técnicas sutis nos tecidos moles comprometidos podem ajudar. O uso do Activator é alternativo ao impulso. Técnicas de massoterapia visando o relaxamento dos tecidos moles e a liberação de pontos-gatilho também podem ajudar. Até mesmo o uso de equipamentos de terapia física, como

ultrassom

e

estimulação

elétrica,

que

atuam

no

aumento

a

vascularização local, pode auxiliar no processo de recuperação.

Como funciona a proloterapia ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 94 de 158


A proloterapia provoca uma reação inflamatória temporária no local da aplicação. Quando injetamos a solução de dextrose (açúcar) a reação corporal é semelhante à corrente de injúria descrita no início do artigo. Quando isso ocorre, sinais eletroquímicos são liberados atraindo e ativando os fibroblastos. O aumento da proliferação tecidual vem junto com o aumento da produção de novas fibras colágenas. De maneira ainda pouco compreendida, em vez de apenas ocorrer a produção de tecido cicatricial, as células produzem novo tecido, idêntico ao lesionado, mesmo quando examinado à luz do microscópio eletrônico. O pico de produção de colágeno ocorre entre duas e quatro semanas, mas o ciclo de cura se completa por volta de sexta semana. Dependendo do quanto de tecido é necessário recuperar mais aplicações são necessárias até que a estrutura previamente lesionada recupere sua capacidade de absorver cargas e sua força de tensão.

Proloterapia, PRP (Plasma Rico em Plaquetas) e células tronco

Nas aplicações de proloterapia podemos utilizar outras substâncias que induzam à produção de fatores de crescimento teciduais. A obtenção do PRP através na centrifugação do sangue do paciente e a coleta de células tronco por técnicas ambulatoriais de coleta de medula óssea aumentam a capacidade de regeneração tecidual e a resposta clínica. Em resumo  A maior causa de dor crônica e degeneração das cartilagens é a instabilidade articular. E isso precisa ser tratado pela proloterapia.  A maioria das estruturas cronicamente dolorosas envolve lesão ligamentar. E esta precisa ser adequadamente tratada para restaurar a estabilidade articular.  A frouxidão ligamentar deve ser estimulada intensamente para induzir proliferação suficiente para produzir efeito clínico.  A maioria das tendinopatia (por exemplo, tendinose do supraespinhoso) é causada por frouxidão ligamentar que produz\ instabilidade articular. ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 95 de 158


Para tratar a maior parte das tendinopatia, a instabilidade articular subjacente precisa ser tratada.  É melhor tratar todos ou a maioria dos ligamentos de uma articulação instável se as estruturas circundantes também são dolorosas.  Muitas injeções são necessárias para produzir reação curativa suficiente para restaurar a função articular normal.  Múltiplas articulações e estruturas são tratadas em cada sessão.  As articulações facetárias, presentes na coluna vertebral, podem ser seguramente tratadas, sejam elas na porção lombar, torácica ou cervical.  Diferentes tipos de solução podem ser usados na busca da reação mais ampla possível para recuperar a estrutura lesionada.  As aplicações são feitas a cada 4 a 6 semanas para permitir tempo suficiente para a produção de novo colágeno. Normalmente a melhora ocorre após 4 a 8 aplicações, mas casos mais graves necessitam de 10 a 15 aplicações.  Os pacientes podem até experimentar alívio depois da primeira aplicação, mas a maioria nota melhora depois de 3-4 aplicações. Consideramos uma taxa adequada de sucesso 50-70% de melhora na dor.  O reinício das atividades após as aplicações deve ser cuidadoso, seguindo a tolerância de cada paciente. As primeiras 24h merecem um descanso, voltando a fazer caminhadas leves após quatro dias. Exercícios físicos estão liberados após uma semana na maior parte dos casos. As outras modalidades terapêuticas não precisam ser interrompidas; quiropraxia, acupuntura, massagem, fisioterapia, dentre outros, auxiliam no processo curativo.  Na proloterapia não são usados medicamentos analgésicos, antiinflamatórios ou corticoides, pois bloqueiam a resposta curativa.  A proloterapia tem ganhado prestígio no mundo do controle da dor por uma característica especial: FUNCIONA! ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 96 de 158


1

Banks A. A rationale for prolotherapy. Journal of Orthopaedic Medicine. 1991;13(3):54–59 1

http://www.hacketthemwall.org/Prolo_textbook_%26_DVD_sales.html

1

O nome original da técnica descrita por Hackett era fibroproliferative herapy.

REFERÊNCIAS Rabago D, Patterson J.J,Mundt M, Kijowski R., Grettie J, Segal N.A, Zgierska A. Dextrose prolotherapy for knee osteoarthritis: a randomized controlled trial. Annals of Family Medicine 2013, May-Jun;11(3):229-37. Kim W.J, Shin H.Y, Koo GH, Park HG, Há YC, Park YH. Ultrasound-Guided Prolotherapy with Polydeoxyribonucleotide Sodium in Ischiofemoral Impingement Syndrome. Pain Practice: The official journal of World Institute of Pain. 2014, April. Solmaz I, Deniz S, Cifci O.T. Treatment of advanced stage gonarthrosis with prolotherapy: case report. Anesthesiology and pain medicine 2013. eCollection 2014. Dec 16;4(1):e9171. Rabago D, Patterson JJ, Mundt M, Zgierska A, Fortney L, Grettie J, Kijowski R. Dextrose and morrhuate sodium injections (prolotherapy) for knee osteoarthritis: a prospective open-label trial. Journal of Alternative and Complementeray Medicinie. 2014 May;20(5):383-91. Epub 2014 Mar 17. Zhou H, Hu K, Ding Y. Modified dextrose prolotherapy for recurrent temporomandibular joint dislocation. The British Journal of oral & maxillofacial surgery. 2014 Jan; 52(1):63-6. Epub 2013 Sep 21. Kim E., Lee J.H. Autologous platelet-rich plasma versus dextrose prolotherapy for the treatment of chronic recalcitrant plantar fasciitis. PM & R : The journal of injury, function and rehabilitation. 2014 Feb;6(2):152-8. Epub 2013 Jul 19. Jahangiri A, Moghaddam FR, Najafi S. Hypertonic dextrose versus corticosteroid local injection for the treatment of osteoarthritis in the first carpometacarpal joint: a double-blind randomized clinical trial. Journal of orthopaedic science: official journal of Japanese Orthopaedic Association. 2014 Sep;19(5):737-43. Epub 2014 Aug 27.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 97 de 158


ARTIGO ORIGINAL

Inserção da Quiropraxia no Sistema Único de Saúde Insertion of Chiropractic in Health System

Liana de Andrade LinharesI, Marta Casagrande SaraivaII, Carlos Podalirio Borges de AlmeidaIII I. Quiropraxista BC. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Feevale. Rio Grande do Sul. Brasil. II. Docente na Universidade Feevale e Mestra em Enfermagem (UFSC). III. Docente no Depto de Biologia e Farmácia, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Mestre e Doutorando em Ciências Pneumológicas (UFRGS). E-mail do autor correspondente: carlosalmeida1410@hotmail.com. ABSTRACT OBJECTIVES: To show Chiropractic for the users of the public Health System and the secretary of Health-office of a city and to investigate the possibility of including Chiropractic in the SUS (Brazilian Health System), specifically to the population of the city of Osorio-RS. METHODS: Quantitative, exploratory and descriptive study carried out was accomplished among senior users of the Family Health Strategy Caravagio, located in the city of Osorio / RS, and the County Health-office secretary. Data were collected from a questionnaire prepared by the researchers, after a presentation about the chiropractic’s concepts. RESULTS: The sample consisted of 47 individuals, which 41 women, representatives of their families. The mean age of the total sample was 50 years old. Among women, the mean age was 50.41 and 47.17 years for men. The youngest individual was 21 years old and the oldest 77, both female genders. The interest to receive Chiropractic care by the SUS among women was 97.6% and among men were unanimity. The Secretary of Health showed up interested in including the chiropractic care as an alternative in the municipal service. CONCLUSION: Given the favorable opinions of the Department of Health and the WHO that the services offered by SUS are insufficient to meet all the needs of the citizens, it is undeniable and beneficial integrating Chiropractic in the new complementary and integrative practices, to the health promotion policy nationwide. KEYWORDS: Chiropractic, health assistance, therapeutic practices, unified health system.

RESUMO OBJETIVO: Apresentar a Quiropraxia aos usuários do Sistema Único de Saúde e ao secretário de saúde de um município e investigar a viabilidade da inserção da Quiropraxia no SUS, especificamente para a população do município de Osório-RS. MÉTODOS: Estudo observacional descritivo quantitativo e exploratório realizado entre idosos usuários da Estratégia de Saúde da Família Caravágio, localizada no município de Osório/RS e o Secretário de Saúde municipal. Os dados foram coletados a partir de um questionário elaborado pelos pesquisadores, após uma apresentação sobre os conceitos de Quiropraxia. RESULTADOS: A amostra contou com 47 indivíduos, dos quais, 41 mulheres, representantes de suas famílias. A média de idade da amostra total foi de 50 anos. Entre as mulheres a mesma foi 50,41 e entre os homens 47,17 anos. O representante mais jovem tinha 21 e o mais

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 98 de 158


velho 77, ambos do gênero feminino. O interesse em receber os cuidados quiropráticos pelo SUS entre as mulheres foi de 97,6% e entre os homens houve unanimidade. O secretário Municipal de Saúde mostrou-se interessado em adotar a terapia Quiroprática como mais uma alternativa no serviço municipal. CONCLUSÃO: Tendo em vista os pareceres favoráveis da Secretaria da Saúde e da OMS que os serviços oferecidos pelo SUS são insuficientes para suprir todas as necessidades dos cidadãos, é inegável e benéfica a inserção da Quiropraxia nas novas práticas integrativas e complementares, à política de promoção à saúde em todo território nacional. PALAVRAS-CHAVES: Quiropraxia, atenção à saúde, práticas terapêuticas, saúde pública, sistema único de saúde.

INTRODUÇÃO O Sistema Único de Saúde

Ministério da Saúde, com o objetivo

(SUS) tem como seus principais

de alterar o modelo assistencial

objetivos a promoção, prevenção e

tradicional

assistência

Garante

passivo das unidades básicas de

assistência integral e gratuita para a

saúde, foi criado no ano de 1994, o

população, por meio de ações de

Programa de Saúde da Família

responsabilidade

municípios

(PSF). Este prioriza o trabalho com

organizadas principalmente pelas

a comunidade promovendo a saúde

Unidades Básicas de Saúde (UBS)

e prevenção de doenças, valendo-

e Equipes de Saúde da Família

se de equipes multiprofissionais que

(ESF)1. A assistência integral está

garantem assistência às famílias,

associada

da

com atendimento humanizado e

medicina e constitui-se de atitudes

resolutivo dos problemas de saúde

adequadas dos profissionais que a

mais frequentes4.

à

à

saúde.

dos

integralidade

praticam de não reduzir o ser humano a um sistema biológico2. A

Constituição

com

comportamento

No intuito de estabelecer políticas que integram a atenção à

Brasileira

saúde

da

população

garante que a saúde é um direito de

reconhecendo

todos e dever do Estado, e compete

diferentes terapias complementares,

ao SUS garantir redução do risco de

o Ministério da Saúde implantou em

doenças e agravos, pelo acesso

2006 a Política Nacional de Práticas

universal e igualitário aos seus

Integrativas

serviços

e

ações3.

Segundo

o

a

e

efetividade

e de

Complementares

(PNPIC). Esta política incentiva a

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 99 de 158


pesquisa

de

novos

modelos

realizado pelo Sistema Nacional de

terapêuticos, buscando um contato

Saúde10. Na China e Índia estas

mais humanizado nas práticas de

práticas fazem parte da atenção

saúde,

primária à saúde11.

permitindo

vistas

antes

que

como

terapias

alternativas,

No Canadá, cerca de 70% da

agora sejam utilizadas de modo

população

integrativo

terapia

e

complementar

nas

UBS5.

faz

uso

de

alguma

complementar

e

alternativa11-13. Nos Estados Unidos, Internacionalmente,

as

somente no ano de 2007, quatro em

alternativas

e

cada dez adulto utilizou-se de algum

contrapondo-se

tipo de Medicina Complementar e

práticas

complementares,

ao modelo da medicina alopática,

Alternativa13,14.

vêm se ampliando e conquistando

desenvolvimentos não dispõem de

cada vez mais, adeptos de todas as

dados

classes sociais, por focar-se na

embora

saúde integral6. A literatura sobre o

população e os serviços públicos

tema

continente

utilizem de forma significativa as

africano 90% da população da

práticas medicinas complementares

Etiópia

para suprir a necessidades de

relata

que

busca

no

atenção

médica

dentro da visão integralista para

Os

países

firmados

sobre

haja

indícios

o

em

tema,

que

a

saúde de seus usuários7,11,14-17.

suprir suas necessidades de saúde.

No ano de 2008 o Ministério

Em Benin e Ruanda 70% e 60% em

da Saúde declarou que existiam no

7

Uganda . Na Europa o percentual

país

de

realizando

adeptos

Complementar

da e

Medicina Alternativa

mais

integrativas

de

e

800

municípios

algumas

práticas

complementares14,

representa 31% na Bélgica e 75%

porém acrescentou que a situação

na França. Na Austrália são 48%7-9.

da saúde no país ainda não atingiu

No Reino Unido, um em cada dez

as metas idealizadas pelo SUS,

adultos consulta anualmente um

visto que os serviços oferecidos

médico em Medicina Complementar

ainda

e Alternativa, sendo que em 90%

necessidades dos cidadãos e, por

dos casos esse atendimento não é

consequência,

não

suprem

todas

necessita

as

de

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 100 de 158


profissionais

com

o

perfil

generalista16. A

apresentado, ciência

com os propostos pelos planos de

partir

profissionais

da prática quiroprática são similares

da com

fica

quiroprática

carência o claro pode

de perfil

que

a

trazer

saúde do governo, visam a saúde e informação

ao

indivíduo,

promovendo melhora na qualidade de vida e prevenção em saúde18-19.

benefícios à saúde da população se

Baseados

nas

premissas

integrada ao SUS. A Quiropraxia é

expostas, objetivou-se investigar a

uma profissão na área de cuidado

viabilidade

em saúde que visa diagnóstico,

Quiropraxia

promoção, prevenção e tratamento

especificamente para a população

de desordens mecânicas do sistema

do município de Osório-RS.

da

inserção no

da SUS,

musculoesquelético17. Os objetivos MÉTODOS Pesquisa

observacional

mantidas em sigilo e os dados

descritiva, quantitativa, de caráter

foram utilizados somente para fins

exploratório

acadêmicos.

e

delineamento

transversal. A mesma foi analisada

Critérios de inclusão e exclusão

pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Feevale e após aprovação recebeu o número de

Foi realizada a pesquisa com indivíduos acima de 18 anos, de ambos os gêneros, que assinaram o

protocolo 4.00.03.11.2056.

Termo de Consentimento Livre e Amostra

Esclarecido

Realizou-se um estudo com 47 representantes familiares de um

afirmando

que

aceitavam participar do estudo. Procedimentos

universo de 293 famílias. Foram entrevistados dois grupos distintos: a população usuária do Sistema Único de Saúde e o secretário de saúde da cidade de Osório. As informações

recebidas

foram

formas

Foram

elaboradas

de

apresentação:

duas ao

Secretário de Saúde foi realizada palestra informativa, na Secretaria de Saúde municipal, discorrendo

sobre os conceitos básicos de ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 101 de 158


Quiropraxia,

da

Os dados desta pesquisa

implantação da mesma no Serviço

foram transcritos, para uma planilha

Único

principais

do software Microsoft Office Excel

empregos da terapia. Os demais se

2007 e a estatística utilizada foi a

apresentaram na Unidade Básica de

descritiva. Para a associação das

Saúde para uma entrevista com a

variáveis nominais dicotômicas foi

pesquisadora

utilizado o Teste Qui-quadrado e

de

benefícios

Saúde

e

que

distribuiu

um

folheto explicativo sobre a prática

coeficiente

quiroprática,

considerado

expôs

os

de

Pearson,

sendo

estatisticamente

procedimentos da pesquisa e se

significativo p<0,05. Ao término da

disponibilizou a prestar qualquer

coleta,

esclarecimento

apresentados em forma de tabelas

que

se

fizesse

os

necessário.

e

apresentados

Dados Estatísticos

acadêmica.

dados

à

foram

comunidade

RESULTADOS A amostra contou com 47 indivíduos, sendo 41 mulheres, representantes de suas famílias, e que fazem parte da Estratégia de Saúde da Família do bairro Caravágio, no município de Osório.A média de idade da amostra total foi de 50 anos. Entre as mulheres a mesma foi 50,41 e entre os homens 47,17 anos. O representante mais jovem tinha 21 e o mais velho 77, ambos do gênero feminino. O interesse em receber os cuidados quiropráticos pelo SUS entre as mulheres foi de 97,6% e entre os homens houve unanimidade (Tabela 1). O secretário Municipal de Saúde mostrou-se interessado em adotar a terapia Quiroprática como mais uma opção no serviço municipal. Tabela 1. Gênero dos usuários e interesse pela Inserção da Quiropraxia no Serviço de Saúde Municipal. Gênero n 6

Masculino % 12,72%

Feminino n % 41 87,28%

n 47

39 2

45 2

Total % 100%

Interesse na inserção da Quiropraxia

Sim Não

6 0

100% 0%

97,6% 2,4%

95,74% 4,26%

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 102 de 158


DISCUSSÃO

de

A entrevista com o secretário

suprir

saúde

população geriátrica.

municipal

e

o

as

necessidades

da

preenchimento do questionário com

O interesse em receber os

os usuários da UBS no município de

cuidados quiropráticos pelo SUS

Osório

entre as mulheres foi de 97,6% e

tiveram

a

intenção

de

investigar a viabilidade da inserção

entre

os

homens

houve

da Quiropraxia nos serviços de

unanimidade (Tabela 1). Não houve

saúde desta população.

significância estatística entre os

Dos 47 entrevistados 87,2%

fatores gênero e demonstração de

eram mulheres, o que confirma a

interesse na inserção da quiropraxia

afirmação do Ministério da Saúde,

no SUS, pelo fato de apenas um

que diz que as mulheres buscam

indivíduo

diagnóstico

negativamente.

precoce

mais

frequentemente que os homens20. A

Quanto

ter

ao

respondido

interesse

do

média de idade total encontrada foi

Secretário Municipal de Saúde o

de 50%, o que difere dos achados

mesmo fez o seguinte comentário:

de 2010 e 2011, em que se traçou o

“Entendo que a diversidade de

perfil dos usuários de quiropraxia

atividades na área da saúde pode

em unidades básicas de saúde

ser alternativas que complementem

(UBS) no Rio Grande do Sul, em

umas às outras, beneficiando os

que a média de idade apresentada

pacientes nas diversas formas de

foi

atendimento

de

46,04

respectivamente

e

44

anos,

21,22

. É possível que

existentes”.

Na

palestra apresentada ao mesmo,

a diferença ora apresentada se

demonstraram-se

justifique pelo fato de, no dia da

científicos os benefícios que a

coleta, a população presente na

prática apresentou em outras UBS:

unidade

fosse

como a diminuição do uso de

idosos,

medicamento após tratamento para

participantes do grupo de Estratégia

algias vertebrais21 e aumento da

de Saúde da Família, voltado a

amplitude de movimento na coluna

de

essencialmente

saúde de

com

trabalhos

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 103 de 158


cervical22,

evidenciando

que

o

A

inclusão

de

exercício da Quiropraxia se incluiu

ocupações,

nos serviços de saúde pública,

Quiropraxia entre 2009 e 2010 na

apresentam benefícios ao Estado,

Classificação

diminuindo

com

Ocupações (CBO) possibilitou a

e

expansão de seus procedimentos

cirurgias, e à população é mais uma

no SUS após a permissão do seu

opção de tratamento não invasivo

exercício

quando

fisioterapeutas e outros profissionais

os

internações,

custos

medicamentos

comparado

ao

médico

convencional18.

da

Durante o levantamento nas bases

de

dados

eletrônicas

entre

as

novas quais,

Brasileira

por

saúde27.

a

de

enfermeiros,

Na

opinião

de

importantes órgãos mundiais avaliar a oferta das práticas integrativas e

observou-se que entre os anos de

complementares

2007 e 2011, o cadastramento de

contribuir com as estratégias que a

serviços de práticas integrativas e

OMS tem desenvolvido para a

complementares

expansão

no

Cadastro

no

SUS

das

Medicinas

Nacional de Estabelecimentos de

Tradicional/Complementar

Saúde

Alternativa

aumentou

de

505

para

3.565, ou seja, 7,06 vezes. Entre as

em

pode

seus

e países

membros7,11,28.

práticas cadastradas destacam-se:

O ponto forte desta pesquisa

o serviço de Práticas Corporais,

foi à receptividade encontrada junto

Medicina

aos funcionários e usuários da

Tradicional

Acupuntura e

Chinesa, 23

Homeopatia .

As

unidade

de

saúde

durante

o

práticas corporais são as mais

preenchimento do questionário e na

comuns

público

fase de coleta de dados. O ponto

brasileiro, o que difere de estudos

fraco foi a escassez de tempo para

realizados em países da América

levantamento da amostra.

Latina

no

serviço

24,25

. A utilização da prática

CONCLUSÃO

faz parte das estratégicas para a promoção da saúde, e é justificada por estudos internacionais26.

Tendo em vista os pareceres favoráveis da Secretaria da Saúde e da OMS que os serviços oferecidos

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 104 de 158


pelo SUS são insuficientes para

práticas

integrativas

suprir todas as necessidades dos

complementares

cidadãos, é inegável e benéfica a

promoção

inserção da Quiropraxia nas novas

território nacional.

da

à

política

saúde

em

e de todo

REFERENCIAS: 1. Vasconcelos CM, Pasche DF. O Sistema Único de Saúde. In Campos GWS. et al. Tratado de Saúde Coletiva. 2 ed. São Paulo, SP:Hucitec; 2009. 2. Mattos RA. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos. In: Pinheiro R, Mattos RA, organizadores. Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ, IMS, ABRASCO; 2001. 3. Kasper E. O ensino de saúde pública prepara adequadamente o profissional as saúde? 2006. 119p. [Tese de doutorado em Ciências Pneumológicas], Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre-RS;2006. 4. Weber CAT. Programa de Saúde da Família: educação e controle da população. Porto Alegre, RS:AGE;2006. 5. Brasil. Diário Oficial da União. Portaria n° 902 de 10 de abril de 2006 – seção 1 n° 71, quarta-feira, 12 de abril de 2006, página 9. Brasília: Imprensa Nacional, 2006. 6. Tesser CD, Barros NF. Medicalização social e medicina alternativa e complementar: pluralização terapêutica do Sistema Único de Saúde. Revista Saúde Pública, 2008;42(5):914-920. 7. Organización Mundial de la Salud. Estratégia de la OMS sobre medicina tradicional 2002-2005. Genebra: Organización Mundial de la Salud; 2002. 8. Nogales-Gaete J. Medicina alternativa y complementaria. Rev Chil Neuro-Psiquiatr, 2004;4:243-50. 9. Flaherty JH, Takahashi R. The use of complementary and alternative medical

therapies among older persons around the world. Clin Geriatr Med 2004;20:179-200. 10. Thompson T, Gene F. Complementary therapies and the NHS. BMJ 2005; 331:856-7. 11. World Health Organization. Report of the WHO Interregional Workshop on the Use of Traditional Medicine in Primary Health Care. Ulaanbaatar: World Health Organization; 2009. 12. Lewis MBA. Risk and efficacy in biomedical media representations of herbal medicine and complementary and alternative medicine (CAM). Evid Based Complement Altern Med 2011; 16:210-7. 13. McFarland B, Biegelow D, Zani B, Newson J, Kaplan M. Complementary and alternative medicine use in Canada and the United States. Am J Public Health 2002;10:1616-8. 14. Departamento de Atenção Básica, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Relatório do 1º Seminário Internacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. [Internet]. Acesso em 2010/Jan/20. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/semi_praticas_integ rativas.php 15. Queiroz MS. O itinerário rumo às medicinas alternativas: uma análise em representações sociais de profissionais da saúde. Cad Saúde Pública 2000; 16:363-75. 16. Andrade MA, Soares DA, Cordini JR L. Bases da saúde coletiva. Paraná:UEL,2001. 17. ABQ – Associação Brasileira de Quiropraxia. 2011. [Internet] Acesso em: 2011/Abr/15. Disponível em: < http://www.quiropraxia.org.br >.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 105 de 158


18. Chapman-Smith, DA. Quiropraxia: uma profissão na área da saúde. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2001. 19. Simoni DP. A Importância da Quiropraxia no Sistema Único de Saúde. [Monografia de Conclusão do Curso de Quiropraxia] –Universidade Feevale-RS, 2008. 20. Medrado B, Lyra J Azevedo, M Granja, E, Vieira S. Princípios, diretrizes e recomendações para uma atenção integral aos homens na saúde. Recife: Instituto PAPAI, 2009. 21. Oliveira Neto, PG. A Quiropraxia no Tratamento das Desordens Musculoesqueléticas em Usuários do Sistema único de Saúde. [monografia de Conclusão de Curso de Quiropraxia]. Universidade Feevale-RS, 2010. 22. Almeida CPB. Perfil Sociodemográfico dos Usuários do Serviço de Quiropraxia de uma Unidade Básica de Saúde de um Município da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. [Monografia de Conclusão de Curso Quiropraxia]. Universidade Feevale-RS, 2011. 23. Sousa IMC, Bodstein RCA, Tesser CD, Santos FAZ, Hortale VA. Práticas integrativas e complementares: oferta e produção de atendimentos no SUS e em municípios selecionados. Cad. Saúde Pública [Internet]. 2012 Nov [citado 2014 Mar 05]; 28(11): 2143-2154. Disponível em :

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_a rttext&pid=S0102311X2012001100014&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0102311X2012001100014. 24. Departamento de Atenção Básica, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Relatório do 1º Seminário Internacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. [Internet] acessado em 2010/jan/20). Disponível em: http://dab.saude.gov.br/semi_praticas_inte grativas.php 25. Nigenda G, Mora-Flores G, Aldama-López S, Orozco-Núñez E. La práctica de la medicina tradicional en América Latina y el Caribe: el dilema entre regulación y tolerancia. Salud Pública Méx 2001; 43:41-51. 26. Eisenberg DM, Kessler RC, Foster C, Norlock FE, Calkins DR, Delbancoet TL. Unconventional medicine in the United States. Prevalence, costs, and patterns of use. N Engl J Med 1993; 4:246-52. 27. Santos FAS, Gouveia GC, Martelli PJL, Vasconcelos EMR. Acupuntura no Sistema Único de Saúde e a inserção de profissionais não médicos. Rev Bras Fisioter 2009; 13:330-4. 28. Consejo Ejecutivo de la Organización Mundial de la Salud. Resolución EB111.R12/2003. Medicina tradicional. [Internet] Acesso em 2011/Out/18. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/eb/2003/EB111_R1 2_spa.pdf.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 106 de 158


ARTIGO ORIGINAL Alterações no limiar de dor em atletas universitários tratados por meio da Técnica ART®

Changes in pain threshold in college athletes treated by the ART ®Technique Stephanie Carolina R. SteigleiderI Tiago Augusto ZagoII I. Quiropraxista. Instituto de Ciências da Saúde FEEVALE-Novo HamburgoRS. Brasil. II. Quiropraxista e docente na FEEVALE. E-mail do autor correspondente: stephaniesteigleder@gmail.com ABSTRACT ®

OBJECTIVES: To evaluate the changes in pain threshold through the technique ART in college athletes, as well as compare the pain threshold before and after treatment. METHODS: The population of this study was comprised of college athlete’s collective teams of both sexes, aged between 18 and 28 years, participants of Sport Rehabilitation Project. Data collection was conducted in three attendances with an interval of one week. At each visit, was measure with ® the algometer, the pressure pain threshold pre and post application of the technique ART , in the main miofascial pain complaint in athlete, where was applied the Borg Scale as well. RESULTS: The results indicate that 80% of the sample has an increase in pressure pain threshold compared to the pre-and post-treatment (p<0,05), and may require at least three intervention in order to obtain a response in fruitful compared to the same (p<0,05). The data of this study also suggest that 30% of the sample had no pain after treatment, while 90% had a decreased level of pain (p<0,01). CONCLUSION: The ART®technique proved to be consistently effective in the pain reduction after three interventions. The algometer instruments and BERG scale proved easy to use in the assessment of pain threshold. Its use has allowed an objective and quantitative evaluation of the pain. KEYWORDS: Chiropractic adjustments, pain threshold, musculoskeletal pain.

RESUMO OBJETIVOS: Avaliar as alterações no limiar de dor em atletas universitários tratados por meio ® da técnica ART e compará-la no pré e pós-tratamento. MÉTODOS: A população do presente estudo foi composta por atletas universitários de equipes coletivas, de ambos os gêneros, com idade entre 18 e 28 anos, participantes do Projeto Reabilitação Desportiva. A coleta de dados foi realizada em três atendimentos, com intervalo de uma semana. Em cada consulta, foi ® mensurado com o algômetro, o limiar de dor à pressão, pré e pós-aplicação da técnica ART , na queixa álgica miofascial principal do atleta, onde também foi aplicada a Escala de Borg. RESULTADOS: Os resultados obtidos indicam que 80% da amostra teve um aumento do limiar de dor à pressão quando se comparou os momentos pré e pós-tratamento sendo necessárias pelo menos três intervenções para que se obtenha uma resposta profícua em relação ao mesmo (p<0,05). Os dados deste trabalho demonstraram ainda, que 30% da amostra apresentaram-se sem dor após o tratamento, sendo que 90% obteve diminuição no nível de ® dor (p<0,01). CONCLUSÕES: A técnica ART mostrou-se eficaz na redução consistente do quadro álgico após três intervenções em uma população esportista variada. Os instrumentos

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 107 de 158


algômetro e a escala de Berg se mostraram de fácil utilização na avaliação do limiar de dor. Sua utilização permitiu uma avaliação objetiva e quantitativa da dor em atletas. PALAVRAS-CHAVES: ajustamento quiroprático, limiar da dor, dor musculoesquelética.

INTRODUÇÃO A

saúde do

deve ser como a

atleta não

reabilitação e, ainda, à abreviação

apenas

da carreira esportiva. As lesões que

doença

afetam com maior frequência os

conceituada ausência

ou lesão, mas ser

de vista

como

a

atletas são as musculoesqueléticas

totalidade no potencial do atleta,

e de tecidos moles5-8. Estes danos,

tanto

além

nos

seus

de

afetarem

seu

aspectos biológicos, psicossociais e

condicionamento, interferem no seu

emocionais como em todas as suas

estado

atividades, o que inclue o seu

reabilitação

desempenho atlético1. Os atletas,

atividades esportivas. Assim, para

de qualquer modalidade esportiva,

atingir bons níveis de rendimento é

estão sujeitos a sofrer inúmeras e

necessário que o esportista esteja

variadas lesões físicas em razão da

em

prática

esportiva,

durante

o

que

ocorrem

treinamento

ou

emocional,

boa

e

no

na

sua

retorno

às

condição

física

e

5

psicológica .

até

A dor é um sintoma comum

mesmo em competições. Impacto,

na

colisões

intensidade pode impedir a plena

em

treinamento física,

assim

estresse,

alta

velocidade,

excessivo como

e

fadiga

fatores

podem

de

ocasionar

prática

esportiva,

participação

do

sua

esportista

na atividade profissional e pessoal promovendo

um

impacto

desequilíbrios musculoesqueléticos

significativo na qualidade de vida3,9.

que

Pelo fato da dor ser um sintoma

propiciam

lesões

nessa

população específica2-4. Estes desempenho

danos do

subjetivo e individual é fundamental afetam

esportista,

o em

que sua quantificação se baseie em critérios

rígidos

alguns casos podem até mesmo

minimizem

os

levar ao afastamento da atividade, a

mensuração10,11.

para

que

erros

se de

um longo e delicado processo de ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 108 de 158


Esta pesquisa utilizou dois

atleta retornar rapidamente às suas

instrumentos para aferir o nível de

atividades normais20.

dor dos atletas: o primeiro é um

Dentro

do

contexto

instrumento de pressão validado,

apresentado, este trabalho buscou

denominado algômetro de pressão,

avaliar as alterações no limiar de

cuja técnica mensura a fisiologia do

dor das queixas álgicas miofasciais

sistema nociceptivo, o qual permite

em atletas universitários tratados

o estudo da integridade desse

pela técnica ART®.

sistema em indivíduos normais ou

MÉTODOS

portadores de diferentes síndromes Estudo quantitativo analítico

álgicas12-16 e a escala de Borg que consiste em uma tabela numérica em que o usuário sinaliza com um “X” o nível de dor atual com notas

Atualmente, uma das áreas mais

Quiropraxia

crescem é

a

dentro

desportiva.

pré-experimental,

adotado por conveniência. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e obteve o protocolo

que variam de um a 1017,18.

que

transversal

da A

inclusão do quiropraxista em uma equipe esportiva tem sido abordada como benéfica na prevenção de

de

aprovação

número

4.00.03.11.2099. Os sujeitos foram informados sobre o teor da pesquisa e

assinaram

o

Termo

de

Consentimento Livre e Esclarecido. Amostra

lesões, redução de algias e na

A população deste estudo foi

melhora dos componentes físicos

composta por 10 atletas de equipes

relacionados com

em

coletivas da Universidade Federal

esportistas de competição e de

em Novo Hamburgo-RS, de ambos

19

elite .

Uma

das

a

saúde

técnicas

de

tratamento é a técnica de liberação ativa Active Release Technique ®

(ART ).

Este

28

anos,

jogadores

de

futsal,

voleibol, handebol, basquetebol ou

mostra-se

futebol de campo. A pesquisa foi

eficaz e rápido no tratamento de

realizada no próprio campus da

lesões,

universidade.

o

método

®

os gêneros, com idade entre 18 e

que

possibilita

ao

Critérios de inclusão e exclusão ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 109 de 158


Foram incluídos na amostra

miofascial. Posteriormente, aplicou-

atletas de ambos os gêneros, com

se a pressão do algômetro no ponto

idade

da

entre

participante

18

e

28

anos

do

Projeto

queixa

e

anotado

o

valor

de

encontrado do limiar de dor à

Reabilitação

Desportiva

da

pressão (LDP). Na sequência, foi

Universidade

Federal

que

aplicada a técnica de liberação

apresentavam quadro álgico de dor

miofascial ativa ART® no local da

musculoesquelética

queixa, sendo a mesma anotada na

aguda

ou

crônica. Foram excluídos aqueles

folha

que

Prosseguindo, foram quantificadas

faziam

uso

medicamentosa iniciaram

de

terapia

analgésica

demais

de

atendimento.

e

novamente as algias por meio da

condutas

Escala de Borg, sendo também

terapêuticas, incluindo fisioterapia,

reverificado

crioterapia e massoterapia; assim

registrado.

como aqueles que estiveram com

No

o

LDP

segundo

e

o

valor

atendimento,

dor há menos de quinze dias e que

após uma semana de intervalo, e no

participaram de competição até 48

terceiro atendimento, também com

horas antes da coleta.

uma semana de intervalo e após

Procedimentos

duas semanas a partir da primeira aplicação,

No primeiro atendimento foi realizada avaliação quiroprática do participante por meio da ficha de atendimento

padronizada

do

projeto, composta por dados de identificação pessoal e da queixa álgica

principal,

ortopédica,

avaliação

listagem

das

solicitado

o

preenchimento

da

Escala Borg para quantificar a dor

realizada

uma

avaliação de rotina do atleta. Foram também aplicadas a Escala de Borg e a pressão do algômetro no mesmo ponto de dor da queixa álgica miofascial principal do atleta antes e após a utilização da técnica ART®, da mesma forma como no primeiro atendimento.

subluxações e avaliação de lesões de tecidos moles. A seguir, foi

foi

Os três atendimentos para a coleta de dados da pesquisa, nos quais os procedimentos e a ordem dos

mesmos

não

sofreram

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 110 de 158


alterações, tiveram intervalo de uma

para verificar se ocorreu alguma

semana, portanto a pesquisa teve

mudança significativa nos valores

duração total de três semanas.

do limiar de dor à pressão entre o

Todos

e

pré e pós-tratamento. O valor de 5%

posteriormente

(p<0,05) foi adotado como limite

os

anotados

valores foram

obtidos

comparados.

para

rejeição

Estatística

nulidade.

da

hipótese

de

Os dados da pesquisa foram analisados

pelo

software

SPSS

17.0, a partir do teste T de Student, RESULTADOS

®

Gráfico 1: Valor do LDP antes e após a primeira aplicação da técnica ART .

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 111 de 158


®

Gráfico 2: Valor do LDP antes e após a segunda aplicação da técnica ART .

®

Gráfico 3: Valor do LDP antes e após a terceira aplicação da técnica ART .

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 112 de 158


®

Gráfico 4: Comparação do LDP pré e pós-tratamento com a técnica ART .

Gráfico 5: Intensidade da dor pré e pós-tratamento, conforme a Escala de Borg.

DISCUSSÃO Durante o levantamento do referencial bancos

teórico

de

realizado

dados

obteve aumento no limiar de dor à

em

pressão. Esse dado demonstra que

eletrônicos

o aumento do limiar de dor pode

internacionais,

identificou-se

um

favorecer o desempenho do atleta22.

baixo

na

de

Em contrapartida, observou-se que

artigos científicos que correlacionem

o indivíduo quatro encontrava-se

à

com o LDP mais elevado que o

número

atuação

do

literatura,

quiropraxista

na

população de esportistas. No

primeiro

padrão, esse número pode indicar

atendimento,

maior

suscetibilidade

à

lesão

utilizou-se o algômetro no local da

esportiva, pois se considera que a

queixa álgica antes e após a

convivência com a dor amplia o

aplicação da técnica ART® para

limiar de sua tolerância, expondo o

mensurar o limiar de dor à pressão

atleta a situações de risco3,22.

(gráfico 1). Na ocasião a amostra

No

segundo

atendimento,

apresentou um LDP menor que 3

repetiram-se os procedimentos do

kg/cm²,

o

indica

condição

primeiro atendimento por meio do

Observou-se

também,

algômetro. Os valores do limiar de

que após a aplicação de ART®,

dor à pressão obtida antes e após a

21

anormal .

que

apenas o sujeito número seis não segunda aplicação da técnica ART ® ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 113 de 158


(gráfico 2) demonstra que, antes da

da amostra, mantendo-se com o

aplicação da técnica, três sujeitos

LDP mais elevado que o padrão. Tal

apresentavam um LDP menor que 3

achado

kg/cm², o que mantém a indicação

particularidade da percepção da dor

de que os mesmos apresentam uma

e sugere a possibilidade de maior

condição anormal21. Observou-se

suscetibilidade à lesão esportiva,

também que os indivíduos número

podendo expor, assim, o atleta a

quatro e dez mantiveram-se com o

situações de risco3,22.

LDP mais elevado que o padrão.

número sete não obteve aumento

Além disso, verificou-se que, após a

do limiar de dor à pressão o que

®

aplicação de ART , todos obtiveram

configura uma resposta satisfatória,

um aumento do limiar de dor à

como a remissão de dor miofascial

pressão.

que evita uma interferência na

Este

dado

importante

está

associado

capacidade

eficiente na prevenção de lesões

possibilita que o mesmo possa

durante as atividades e aumentou a

atingir bons níveis de rendimento3,9. Na

do

atleta

indica que, o tratamento aplicado foi

capacidade de concentração dos

global

O

à

comparação

atleta

entre

os

atletas, resultado que favorece a

atendimentos

correlação

como

relação ao quesito limiar de dor à

interferência em todas as atividades

pressão após as três aplicações da

do atleta assim como no estado

técnica ART® (gráfico 4) percebeu-

emocional 6,11.

se que antes da primeira aplicação

No foram

da

dor

terceiro

adotados

atendimento

técnica,

seis

em

atletas

mesmos

apresentavam um LDP inferior a 3

procedimentos anteriores. Detectou-

kg/cm² e após as três intervenções,

se que dois sujeitos apresentavam

o índice do LDP se elevou para oito

um LDP menor que três kg/cm²

dos dez participantes da amostra

(gráfico 3). Este resultado aponta

(80%). Estes dados demonstram

que os demais atletas apresentaram

que

um

alcançou uma condição considerada

limiar

normal21.

de

dor

os

da

realizados,

e

considerado

Identificou-se

o

grande

parte

da

amostra

atleta

normal quanto ao limiar de dor à

número dez foi o que mais destoou

pressão, o que corrobora com a

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 114 de 158


afirmação que, o ART® fornece

ausência de dor, para a queixa

um meio eficaz e rápido de tratar as

principal após a última aplicação da

lesões e permite ao atleta um rápido

técnica

retorno as

considerado satisfatório, pois se

suas

atividades

20

normais .

Este

retorno

é

sabe que a prática esportiva eleva o

Ressalta-se que o indivíduo número

ART®.

quatro

obteve

pequena

risco de lesões, tanto durante o treinamento

quanto

em

redução na comparação com a

competições, sendo que estas, além

primeira coleta, mas manteve o

de causarem dor, podem limitar as

limiar de dor à pressão elevado, e

atividades e os treinos e impedem a

apenas

não

obtenção do rendimento máximo4,23.

apresentou resultados satisfatórios,

Em resumo: 90% da amostra obteve

abaixo do valor padrão do LDP.

diminuição do nível de dor (p<0,01),

Ambos os resultados condizem com

apenas o indivíduo número três

a afirmação de que existe grande

apresentou elevação na nota, este

variação no limiar de dor das

dado pode estar relacionado à

pessoas, o que mantém a dor como

sensibilização que a técnica de

uma experiência individual, com

liberação miofascial gera no local

características próprias pessoais10.

logo após a aplicação. O tratamento

o

indivíduo

Notou-se,

cinco

ainda,

que

os

com esta técnica pode gerar um

indivíduos quatro e dez foram os

desconforto durante a quebra das

que mais destoaram da amostra,

adesões, embora desapareça após

mantendo-se com o LDP mais

o

elevado que o padrão. Uma das

imediatamente20.

possíveis explicações para este

comparação, foi verificado também

achado é a convivência com a dor,

que

a qual pode ampliar o seu limiar3,22.

manteve um nível de dor mais

Quando se utilizou a Escala

tratamento

o

indivíduo

quase

que Nesta

número

sete

elevado que os demais, tanto no pré

de Borg (gráfico 4) para mensurar o

como

limiar de dor, pode se observar que

resultado pode estar relacionado à

dos dez atletas avaliados, três

quantidade e qualidade do esforço

(30%)

físico realizado pelos atletas, A

atribuíram

nota

zero,

no

pós-tratamento.

Tal

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 115 de 158


pesquisa indica que a convivência com a dor amplia o limiar de

5. Massada L. Lesões musculares desporto. Lisboa: Caminho, 1989.

no

tolerância, o que eleva o risco de 6. Zachazewski JE, Magee DJ, Quillen WS. Athletic injuries and rehabilitation. Philadelphia, Pennsylvania: W. B. Saunders, 1996.

lesões3,22. CONCLUSÕES A técnica ART® mostrou-se eficaz na redução consistente do quadro

álgico

após

7. Starkey C, Ryan JL. Avaliação de lesões ortopédicas e esportivas. São Paulo, SP: Manole, 2001.

três

intervenções em uma população esportista variada. Os instrumentos algômetro e a escala de Berg se revelaram de

8. Redwood D, Cleveland CS, Micozzi M. Fundamentals of chiropractic. St. Louis, Missouri: Mosby,2003. 9. Yap EC. Myofascial Pain – An Overview. Annals Academy of Medicine Singapore. Janeiro 2007;36(1):43-48.

fácil utilização na estimativa do limiar

de

dor.

Sua

utilização

permitiu uma avaliação objetiva e quantitativa da dor em atletas. CONFLITOS

DE

INTERESSES:

Não há.

10. Porto CC. Exame clínico: bases para a prática médica. 6 ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2008. 11. Magee DJ. Avaliação musculoesquelética. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2005. 12. Cox J M. Dor lombar: mecanismo, diagnóstico e tratamento. São Paulo, SP: Saraiva, 2002.

REFERÊNCIAS 1. Hyde T, Gengenbach M. Conservative Management of Sports Injuries. 2.ed. Sudbury, MA: Jones and Bartlett Learning, 2007. 2. Mootz RD, Mccarthy K A. Sports Chiropractic. Gaithersburg, MD: Aspen Publishers Inc., 1999. 3. Rubio K, Moreira FG. A representação de dor em atletas olímpicos brasileiros. Revista Dor: pesquisa, clínica e terapêutica. 2007;8(1): 926-935. 4. Beers MH, Porter RS et al. Manual Merck de medicina: diagnóstico e tratamento. 18. ed. São Paulo, SP: Roca, 2008.

13. Harden R, Kirincic M, Houle T, Zumsteg J, Revivo G, Song S. Pain pressure threshold values of fibromyalgia tender points in normal and fibromyalgia populations. The Journal of Pain. Março 2003;4(2):21. 14. Prushansky T, Dvir Z, Defrin-Assa R. Reproducibility indices applied to cervical pressure pain threshold measurements. The Clinical Journal of Pain. [Internet] setembro/outubro 2004;20(5):341-347. Acesso em 30/04/2011. Disponível em <http://journals.lww.com/ clinicalpain/Abstract/2004/09000/Reproduci bility_Indices_Applied_to_Cervical.9.aspx>.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 116 de 158


15. Ylinen J. Pressure algometry. Australian Journal of Physiotherapy, Finlândia. 2007;53(3):207. 16. Piovesan EJ. et al. Utilização da algometria de pressão na determinação dos limiares de percepção dolorosa trigeminal em voluntários sadios: um novo protocolo de estudos. Arquivos de Neuropsiquiatria. Março 2001;59(1): 92-96.

Randomized Controlled Trial In: Congress biennial da WFC, 9º, 2007, Vilamoura – Portugal. Proceedings. Vilamoura:2007: 163-164.

17. ______. Borg's Perceived Exertion and Pain Scales. Champaign, IL: Human Kinetics; 1998. [Internet] Acesso em 22/04/2011. Disponível em <http://books.google.com.br/books?hl=ptR& lr=&idMfHLKHXXlKAC&oi=fnd&pg=PR6&dq =borg+pain+scale&ots=6LYkjs3cEq&sig=7ri 4M_zouxDt62D4tHKBl5ltqVE#v=onepage& q=chapter%206&f=false>.

21. Fischer AA. Pressure algometry over normal muscles: Standard values, validity and reproducibility of pressure threshold. Pain. Julho 1987;30(1):115-126. Acesso em 01/05/2011. Disponível em <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3614 975>.

18. Evans R. C. Illustrated essentials in orthopedic physical assessment. St. Louis, Missouri: Mosby, 1994. 19. Hoskins W, Pollard H. The Effect of Sports Chiropractic on the Prevention of Athletic Injuries in Elite Athletes: A

20. Abelson B, Abelson K. T. Release your pain: resolving repetitive strain injuries with active release techniques. 2. ed. Canada: Rowan Tree Books, c2004.

22. Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2006. 23. Cohen M, Abdalla RJ. Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção, tratamento. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, 2003.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 117 de 158


ARTIGO ORIGINAL A influência do ajuste quiroprático na qualidade de vida em paraplégicos The influence of the chiropractic adjustment in the quality of life in paraplegic Marina Spadari LusaI, Tiago Augusto ZagoII I. Quiropraxista. Centro Universitário FEEVALE-Novo Hamburgo. RS. Brasil II. Quiropraxista. Especialista e docente na Universidade FEEVALE. E-mail do autor correspondente: nina.sl@ibest.com.br

ABSTRACT OBJECTIVES: To evaluate the impact of the chiropractic care on quality of life in paraplegic. METHODS: Research pre-trial basis, composed of six individuals, male, aged 30 to 55 which have part of an institution of spinal cord injured in Rio Grande do Sul. Participants filled in questionnaire of the QoL, the WHOQOL-BREF and received four sessions of chiropractic, lasting 30 minutes once a week. At the end of the treatment was reapplied the questionnaire. RESULTS: The pre and post-treatment between the domains was: physical domain: (Z =-1,51, p=0.13) and(Z =-1.51, p>0.05); psychological domain: (Z =-0.44, p = 0.65)or (Z=-0.44, p>0.05)social:(Z =-1.99, p = 0.046)or (Z= -1, 99,p <0.05); environment:(Z =-0.81, p =0.414) or (Z=-0.81, p> 0.05). The social domain achieved a statistically significant increase (p <0.05) when compared to others. CONCLUSIONS: Although there is a divergence in the domain that most affect the QOL of patients with spinal cord injury is no denying the negative impact that this condition produces in its sufferers. The proposed chiropractic treatment was effective in improving QOL, especially in the social field, in the population studied herein. KEYWORDS: Pain, spinal cord injury, paraplegia, quality of life, questionnaires.

RESUMO OBJETIVOS: Avaliar o impacto do tratamento quiroprático na qualidade de vida em paraplégicos. MÉTODOS: Pesquisa de caráter pré-experimental, composta por seis indivíduos, do gênero masculino, com idades compreendidas entre 30 e 55 anos que fazem parte de uma instituição de lesionados medulares no Rio Grande do Sul. Os participantes preencheram o questionário de QV, WHOQOL-bref e receberam quatro sessões de quiropraxia, com duração de 30 minutos, uma vez por semana. Ao final do tratamento, foi reaplicado o questionário. RESULTADOS: A comparação pré e pós-terapêutica entre os domínios foi: domínio físico: (Z = -1,51, p = 0,13) ou (Z = -1,51, p > 0,05); domínio psicológico: (Z = -0,44, p = 0,65) ou (Z = -0,44, p > 0,05); domínio social: (Z = -1,99, p = 0,046) ou (Z = 1,99, p < 0,05); domínio ambiental: (Z = -0,81, p = 0,414) ou (Z = -0,81, p > 0,05). O domínio social obteve um aumento estatisticamente significativo (p < 0,05) quando comparado aos demais. CONCLUSÕES: Embora haja divergência nos domínios que mais afetam a QV dos portadores de lesão medular é inegável o impacto negativo que esta condição produz em seus portadores. O tratamento quiroprático proposto mostrou-se eficaz na melhora de QV, especialmente no domínio social, na população estudada.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 118 de 158


PALAVRAS-CHAVE: Dor, lesão medular, paraplegia, qualidade de vida, questionários.

INTRODUÇÃO A

paraplegia

consequência

da

é

agressão

a na

por

armas

de

fogo,

acidentes

automobilísticos, de aviação, de

medula espinhal originando danos

trabalho,

neurológicos com perda parcial ou

esportiva4,7. O nível da lesão e a

total dos movimentos voluntários e

gravidade determinam o grau de

da

comprometimento: motor, sensitivo,

sensibilidade

nos

membros

1,2

quedas

ou

superiores e inferiores . Esta lesão

controle

impede a transmissão, modificação

funcionamento dos órgãos internos,

e coordenação motora sensorial,

circulação sanguínea e controle da

comprometendo

temperatura4.

o

controle

autônomo dos órgãos do corpo humano3.

A

lesão

medular

de

prática

esfíncteres,

O processo de reabilitação e

a

estabilização

do

quadro

traumática (LMT) é responsável por

neurológico dependem diretamente

80% das lesões medulares, atinge

da colaboração do doente8. As

cerca

algias

de

20

a

indivíduos/milhão/ano,

40 afeta

nesses

classificadas

indivíduos em

três

são tipos:

principalmente jovens do gênero

musculoesquelética, neuropática e

masculino, no auge da idade, com

visceral. A musculoesquelética é a

baixo grau de escolaridade, e têm

mais frequente e atinge 59% dos

se tornado, nos últimos anos, a

acometidos,

principal causa de paraplegia ou

maior quando a lesão ocorre na

tetraplegia2,4,5 .

região torácica. A dor neuropática

No

Brasil

o

índice

sua

intensidade

é

de

representa 41%, é mais intensa em

portadores desta lesão é elevado.

lesões no nível de L1 e S4 ou S5.

Estima-se que a incidência anual

Por último, a dor visceral, mais rara,

seja de aproximadamente 6.000

atinge 5% das pessoas com lesão

novos casos5,6.

medular. Em relação aos tipos de

Relatos na literatura apontam que a (LMT) é causada, geralmente,

dor

as

mais

neurológica

relatadas descrita

são:

a

como

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 119 de 158


“queimante”

59,9%

e

a

estudada, optou-se pela aplicação

musculoesquelética como “dolorida”

do questionário de (QV) World

54,4%8.

Health Organization Quality of Life

Estima-se que a dor seja a terceira

maior

Instrument

Bref

(WHOQOL-bref),

dificuldade

por se tratar de um instrumento

encontrada pelos indivíduos nesta

validado, em português, capaz de

condição,

avaliar a percepção da condição e o

sendo

seguida

pela

incapacidade motora e a disfunção

tratamento oferecido ao doente14.

sexual. Entre os tetraplégicos a

Segundo

a

Organização

incidência de dor na região do

Mundial de Saúde a Quiropraxia lida

pescoço,

membros

com a patogênese, terapêutica e

superiores representam 24,5% e

profilaxia dos distúrbios funcionais,

nos

ombros

e

11,2%9.

paraplégicos

paraplegia

causa

sequelas

A que

alterações mecânicas, síndromes de

dor

e

outros

efeitos

alteram a rotina e o estilo de vida do

musculoesqueléticos relacionados à

seu portador e de seus familiares,

estática e dinâmica do sistema

tornando difícil o retorno do mesmo

locomotor, relacionados a todas as

ao convívio social10,11.

articulações axiais, apendiculares e

As últimas décadas foram marcadas

por

crescente

destes distúrbios o quiropraxista se

interesse na avaliação da qualidade

utiliza de manobras manuais que

de

às

removem as interferências entre a

condições crônicas de saúde . O

comunicação do Sistema Nervoso e

conceito

os

vida

(QV)

um

craniofaciais15,16. Para a correção

relacionada 12

de

QV

é

complexo,

demais

sistemas

abrangente e está associado às

promovendo

dimensões biológica, psicológica,

homeostase16,17.

social, cultural e ambiental12,13. Para

avaliar

o

o

corporais,

retorno

à

Com esta pesquisa objetivou-

impacto

se avaliar o impacto do tratamento

causado pela paraplegia e suas

quiroprático na qualidade de vida

consequências na população ora

em paraplégicos.

MÉTODOS ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 120 de 158


Pesquisa pré-experimental,

Critérios de exclusão

seus participantes fizeram parte do

Foram excluídos aqueles que

grupo controle e análise, com teste

se recusaram assinar o TCLE; os

e reteste após tratamento.

que

O projeto foi submetido ao

apresentavam

traumatismo

raquimedular

com

Comitê de Ética em Pesquisa e

completa

incompleta;

obteve o protocolo de aprovação

apresentavam restrição ao método

número

4.00.03.11.2033.

participantes sobre

o

foram

teor

assinaram

informados

da

o

Os

pesquisa Termo

e de

Consentimento Livre e Esclarecido

de

e

aplicação

quiroprático

tetraplegia

do

que

tratamento

e

que

não

compareceram às consultas nos dias

e

horários

previamente

agendados.

(TCLE). Procedimentos Amostra Num A amostra foi composta por seis

indivíduos,

de

15

indivíduos nove foram excluídos

gênero

(60%). Estes foram avaliados em

idades

ambiente isolado, utilizando uma

compreendidas entre 30 e 55 anos

ficha específica contendo dados

que fazem parte de uma instituição

pessoais e informações referentes

de lesionados medulares no Rio

ao estado de saúde atual. Em

Grande do Sul.

seguida, foi aplicado o questionário

Critérios de inclusão

de QV, WHOQOL-bref. Após esses

masculino,

do

universo

com

Foram incluídos indivíduos portadores

de

traumatismo

procedimentos, receberam

quatro

os

mesmos

sessões

de

paraplegia

quiropraxia, com duração de 30

completa e incompleta; que não

minutos, uma vez por semana. Ao

apresentavam restrição ao método

final do tratamento, foi reaplicado o

de

questionário.

raquimedular

aplicação

com

do

tratamento

quiroprático e que compareceram às consultas nos dias e horários previamente agendados.

Estatística Os resultados obtidos foram

codificados, revisados e digitados ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 121 de 158


em banco de dados construído no

pelo

programa Pacote Estatístico para as

comparações,

Ciências

Sociais

Statistical

como

teste

de

Wilcoxon.

Nas

consideraram-se

significativas

as

Package for Social Science (SPSS)

probabilidades

18.0

em

testes menores que 0,05, ou seja,

IBM-PC

que possuem, no máximo, 5% de

for

microcomputador

Windows

compatível.

associadas

aos

chance de rejeitar a hipótese de

Os valores numéricos foram

igualdade de média verdadeira.

comparados pré e pós-tratamento, RESULTADOS

Gráfico 1 - Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio social.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 122 de 158


Gráfico 2 – Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio físico.

Gráfico 3 - Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio psicológico.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 123 de 158


recursos financeiros locais para lazer e recreação novas informações

Individuo I… Indivíduo I… Indivíduo II… Indivíduo II… Indivíduo III… Indivíduo III… Indivíduo IV… Indivíduo IV… Indivíduo V… Indivíduo V… Indivíduo VI… Indivíduo VI…

5 4 3 2 1 0

meio de transporte

Gráfico 4 - Representação da melhora dos indivíduos em relação ao domínio ambiental.

Tabela 1 – Comparação dos domínios físico, psicológico, social e ambiental pré e póstratamento quiroprático utilizando o Teste Wilcoxon. Nº paciente

Média

Desvio

Mínimo

Máximo

Domínios Físico Pré

6

13,417

1,8005

10,0

15,0

Psicológico Pré Social Pré Ambiental Pré Físico Pós Psicológico Pós

6 6 6 6 6

15,867 18,00000006 12,833 14,167 15,600

2,9683 2,022099921 1,5055 2,1602 3,9759

12,0 14,666667 11,5 10,5 9,6

20,0 20,000000 15,5 17,0 20,0

Social Pós Ambiental Pós

6 6

15,55555550 12,500

2,621845265 0,9487

10,666667 11,5

18,666666 13,5

Tabela 2 – Média dos domínios físico, psicológico, social e ambiental pré e pós-tratamento pelo Teste Wilcoxon.

Wilcoxon Signed Ranks Test Físico pós e pré A -1,5511

Z Asymp. Sig (2 - tailed)

0,131

Psicológico pós e pré b

-0,447

0,655

Social pós e pré b -1,992 0,046

Ambiental pós e pré -0,816

b

0,414

*Estatística significativa no domínio social quando comparado pré e pós-tratamento quiroprático (Z = -1,99, p < 0,05, Teste de Wilcoxon).

a. Baseado em ranks negativo ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 124 de 158


b. Baseado em ranks positivo DISCUSSÃO

Durante o levantamento do referencial teórico observou-se uma

impacta

positivamente

a

autoestima20.

lacuna em pesquisas científicas

Ainda no domínio social os

relacionando a QV e lesão medular.

participantes

No

é

revelaram que recebem o apoio de

considerada importante visto que a

familiares e amigos e não possuem

mesma facilita o retorno do paciente

insatisfação com a vida sexual.

entanto,

esta

avaliação

18

à sua vida familiar e social . resultados

do

presente

da

atual

pesquisa

Os

Esses dados concordam em parte

estudo

com os achados de 2008 em que os

evidenciaram que o domínio ligado

participantes

ao meio social obteve o melhor

recebem

escore de avaliação pré e pós-

amigos, no entanto, apresentam

tratamento (gráfico 1). Um estudo

problemas com a vida sexual15.

de 1997 menciona que a ausência de

atividade

física

produz

relataram

apoio

Com analisados,

familiar

base neste

nos

que e

dos

aspectos

estudo,

os

demonstravam,

no

imobilização nos membros afetados,

participantes

gerando mudanças na composição

domínio físico, energia suficiente

corporal, como o conteúdo mineral

para realizar as atividades do dia a

ósseo, massa muscular esquelética,

dia e o sono preservado (gráfico 2).

água, e por consequência aumenta

No

o nível de gordura corpórea19. Os

insatisfeitos com a capacidade para

principais objetivos da atividade

o

física são: desenvolver a aptidão

mobilidade de locomoção, o que

física, reabilitar funções orgânicas,

corrobora em parte com um estudo

desenvolver habilidades motoras

de 2008 em que os portadores de

e promover gasto energético. A

LMT possuíam energia suficiente

conquista

para realizar as atividades do dia a

dessas

habilidades

entanto,

trabalho,

mas

mostraram-se

mantinha

boa

dia, o sono se mantinha preservado, ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 125 de 158


estavam insatisfeitos com o trabalho

que os domínios psicológico e social

e

alcançaram as maiores médias, e

apresentavam

redução

na

mobilidade15.

os domínios ambiental e físico

No domínio psicológico, os

apresentaram valores menores em

participantes relataram que aceitam

relação aos demais15,24. No estudo

aparência física atual, consideram

atual o domínio ligado às relações

que suas vidas têm sentido para si e

sociais foi o único que apresentou

para

escore estatisticamente significante

o

próximo.

No

entanto,

relataram que possuem dificuldade

(tabelas 1 e 2).

para se concentrar (Gráfico 3). No

domínio

ambiental

Para

fomentar

as

os

divergências, em 2002 no Canadá,

participantes relataram escassez de

um estudo concluiu que a idade,

recursos financeiros, de locais para

emprego,

lazer e recreação, dificuldade no

qualidade de vida são os principais

acesso aos meios de transporte e

fatores que interferem na inserção

falta de informações primordiais

social desta população25. Em 2004

para seu dia a dia (Gráfico 4), o que

nos Estados Unidos, uma pesquisa

concorda com dados apresentados

realizada com descendentes afro-

em 200815.

americanos portadores de lesão

A literatura relata divergência

medular,

hospitalização

demonstrou

que

as

afetadas

na

nos domínios que mais afetam a

condições

QV, de acordo com o instrumento

qualidade desta população eram a

empregado

vida

e

a

amostra

estudada21,22. Em 2004 um estudo demonstrou

que

os

sexual,

mais

e

o

emprego

e

os

recursos financeiros26.

fatores

Entre

ambientais comprometem de forma

encontradas

importante a qualidade de vida das

desta pesquisa cita-se a escassez

23

as no

dificuldades desenvolvimento

pessoas . Já em relatos de 2005 e

de trabalhos relacionando QV e lesão

2006,

medular e o acesso a esta população

as

relações

prevaleceram21,22.

sociais

Utilizando

o

para

acompanhar

o

retorno

Questionário WHOQOL-bref

mesmos à vida familiar e social.

encontraram-se dois estudos em

CONCLUSÕES

dos

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 126 de 158


Embora haja divergência nos

domínio

social,

na

população

domínios que mais afetam a QV dos

estudada. No entanto, sugerem-se

portadores de lesão medular é

estudos mais aprofundados com

inegável o impacto negativo que

amostras e período de tratamento

esta condição produz em seus

maiores para melhor avaliação de

portadores.

resultados.

O tratamento quiroprático proposto

mostrou-se

eficaz

na

CONFLITOS

DE

INTERESSES:

Não há.

melhora de QV, especialmente, no REFERÊNCIAS 1. Mello MT. Avaliação comparativa dos índices de lesão, dor e da qualidade de vida em lesados medulares sedentários e praticantes de basquetebol em cadeira de rodas. Revista Neurociência. Junho 2008;16(2):86. 2. Brunozi AE et al. Qualidade de Vida na Lesão Medular Traumática. Rev. Neurociência. Agosto 2011.Goiás-GO.

States. In: Nesathurai S. The rehabilitation of people with spinal cord injury. Ed. Boston: Boston Medical Center, 2001:9-13. 7. Sartori P et al. Reabilitação física na lesão traumática da medula espinhal: relato de caso. Rev. Neurociência, Rio de Janeiro, setembro 2007/maio.2008, 2009.17 (4):364-70,

3. Garcia JC. Estudo da concepção do atleta com lesão medular sobre a fisioterapia e o esporte. [monografia de conclusão de curso de Fisioterapia]. Feevale. Novo Hamburgo-RS, 2005.

8. Huter-Becker e Dolken et al. Fisioterapia em neurologia. São Paulo-SP: Editora Santos, 2008. 10. Miguel M, Kraychete DC. Dor no Paciente com Lesão Medular: Uma Revisão. Rev. Brasileira de Anestesiologia. maio-junho, 2009;59(3).

4. Venturini DA, Decésaro MN, Marcon SS. Alterações e expectativas vivenciadas pelos indivíduos com lesão raquimedular e suas famílias. Rev. Esc. Enfermagem USP, Maringá, PR. 2007;41(4):589-96.

11. Widerström-Noga EG, Felipe-Cuervo E, Yezierski RP – Relationships among clinical characteristics of chronic pain after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil 2001;82:1191-1197.

5. Gonçalves AMT, Rosa LN, D’Ângelo CT, Savordelli CL, Bonin GL, Squarcino IM, et al. Aspectos epidemiológicos da lesão medular traumática na área de referência do Hospital Estadual Mário Covas. Arq. Med ABC, Santo André, 2007;32:64-6.

12. Loureiro SCC, Faro ACM, Chaves EC. Qualidade de vida sob a ótica de pessoas que apresentam lesão medular. Rev. Esc. De Enfermagem USP, São Paulo. Dezembro 1997;31(3);347-67.

6. Meyers AR. The epidemiology of traumatic spinal cord injury in the United

13. Seidl EMF, Zannon CMLC. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 127 de 158


metodológicos. Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2004;20:580-8.

internacionais. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 1992ª;06(2):47-58.

14. Fleck MP, Chachamovich E, Trentini C. Desenvolvimento e validação da versão em Português do modulo WHOQOL-OLD. Rev. Saúde Publica, São Paulo, 2006;40:785-91.

21. Kreuter MSA, Erkholm B, Bystrom U, Brown DJ. Health and quality of life of persons with spinal cord lesion in Australian and Sweden. Spinal Cord 2005; 43:123-9.

15. Bampi LNS, Guilherm D, Lima DD. Qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática: um estudo com o WHOQOL-bref. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo-SP. 2008;11(1):67-77.

22. Vall J, Braga VAB, Almeida PC. Estudo da qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática. Arq. Neuropsiquiatria. Fevereiro 2006;64(2B):451-455.

16. Organização Mundial de Saúde. Diretrizes da OMS sobre a formação básica e a segurança em quiropraxia/Organização Mundial de Saúde-Novo Hamburgo;Feevale, 2006. 17. Haldeman S. Principles and practice of chiropractic. 3. ed. Califórnia McGraw-Hill Medical, 2004. 18. Vall J, Batista-Braga VA, Almeida PC. Estudo da qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática. Arq. NeuroPsiquiatr.São Paulo, 2006;64:451-5. 19. Kocina P. Body composition of spinal cord injured adults. Sports Medicine, Auckland. 1997;23:46-60.

23. Whiteneck G, et al. Environmental factors and their role in participation and life satisfaction after spinal cord injury. Arch Phys Med Rehabil 2004;85:1793-803. 24. Rodrigues MPC. Reabilitação de pessoas com lesão medular: relevância, aplicações e desafios relacionados ao uso da internet. Brasília, março, 2011. 25. Leduc BE, Lepage Y. Health-related quality of life after spinal cord injury. Disabil Rehabil 2002;24(4):196-202. 26. Krause JS, Lynne EB, Broyles J. Subjective well-being among AfricanAmerican with spinal cord injury: an exploratory study between men and women. Neuro Rehabil 2004;19:81-9.

20. Nahas MV, Corbin CB. Aptidão Física e Saúde nos Programas de Educação Física: desenvolvimentos recentes e tendências

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 128 de 158


ARTIGO ORIGINAL

Expectativas profissionais de acadêmicos de quiropraxia no Brasil Professional chiropractic academic expectations in Brazil Inajara Maciel dos SantosI, Márcia A.B. de AlexandreII I. Quiropraxista. Universidade FEEVALE-Novo Hamburgo.RS.Brasil II. Educador Físico. Ma. e docente na Universidade FEEVALE E-mail do autor correspondente:inajaramaciel@yahoo.com.br ABSTRACT OBJECTIVES: To identify the expectations of the Brazilian scholars chiropractic regarding their future job prospects facing the current labor market in Brazil. METHODS: The research involved the participation of 170 students from the FEEVALE University who answered a questionnaire with multiple choices. RESULTS: It was identified that 69% of the students are women, 61% are aged 20 to 25 years old and 3% are over 40 years old. Upon graduating 38% wish to open their own clinic, 19% want to associate with another clinical health care and 30% have not decided yet. As a major concern currently 42% plan to do a good divulgation dissemination of its work and 21% are concerned to deciding which city to practice medicine. CONCLUSIONS: Chiropractic academics need to develop their capacity to plan, to manage the selected career and become autonomous, able to attend in specialized practices attend their preparation looking for the labor market. We suggest an adequacy adaptation on the part of the curriculum of the undergraduate course in order to provide subsidies for the construction of academic knowledge in their choices of his professional practice, mainly at the approaches of pediatric, geriatric, and obstetric care. KEYWORDS: Labor market, career, professional expectations, academic profile, chiropractic. RESUMO OBJETIVOS: Identificar as expectativas de acadêmicos brasileiros em quiropraxia com relação a sua inserção profissional futura frente ao mercado de trabalho. MÉTODOS: Participaram da pesquisa 170 acadêmicos da Universidade FEEVALE que responderam um questionário com questões de múltipla escolha. RESULTADOS: Identificou-se que 69% dos acadêmicos são mulheres, 61% estão na faixa etária dos 20 aos 25 anos de idade e 3% acima dos 40 anos. Ao se formar 38% desejam abrir sua clínica própria, 19% associar-se com clínico de outra área da saúde e 30% ainda não se decidiram. Como maior preocupação atualmente 42% pensa em fazer uma boa divulgação do seu trabalho e 21% preocupa-se na decisão de qual cidade clinicar. CONCLUSÕES: Os acadêmicos do curso de quiropraxia desta faculdade necessitam desenvolver capacidade de planejamento, para gerenciar a carreira escolhida e tornarem-se profissionais autônomos, aptos a atender em clínicas especializadas visando sua preparação ao mercado de trabalho. Sugere-se uma adequação na grade curricular deste curso no sentido de fornecer subsídios aos acadêmicos visando a construção de seu conhecimento nas escolhas de sua prática profissional, principalmente nas abordagens do atendimento pediátrico, geriátrico e obstétrico. PALAVRAS-CHAVES: Mercado de trabalho, carreira, expectativas profissionais, perfil acadêmico, quiropraxia.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 129 de 158


INTRODUÇÃO A literatura que discute a

permanece como o status de uma

configuração atual das carreiras

pessoa para o resto da vida. Não

destaca

basta

uma

transformação

somente

a

escolha

da

substantiva em sua estrutura e

profissão, após esta bem definida, a

reflete

especialidade dentro do universo no

sobre

as

mudanças

no

mercado de trabalho com a carreira

mercado

como

imprescindível para diferenciar o

trajetória

individual,

profissional

fundada

em

diversas

de

trabalho

é

fator

bom profissional do mediano4.

experiências de trabalho e não mais

A escolha de uma especialidade

como

caracteriza-se

sinônimo

de

trajetória

por

dinâmico,

única organização. Os indivíduos

tentam ajustar os seus valores, as

passam a serem os responsáveis

suas necessidades, capacidades,

pela gestão de suas carreiras,

as expectativas e necessidades dos

construídas não mais com base em

outros e por fim as características

cargos lineares oferecidos por uma

das

mesma

organização,

pelo

acreditam

trânsito

entre

diferentes

próprios5.

organizações,

de

acadêmicos

carreira,

adaptarem-se

a

motivado tanto pela procura de

Organização

novos desafios profissionais quanto

(OMS) afirma que a Quiropraxia é

pela diminuição de oportunidades

uma

periódicas

crescimento

e

mercado

trabalho,

nas

organizações contemporâneas1,2. A

preparação

com um

da

a

Saúde

sinais

de

excelente tanto

no

a

Brasil, quanto no exterior. Embora o

atividade ocupacional e para a vida

curso seja recente no país, cresce a

conjugal

procura desses profissionais por

são

os

para

Mundial

profissão

de

contexto

si

Dentro

ascensão

deste

que

este

de

movimento

opções

os

processo

profissional ascendente em uma

mas

onde

um

componentes

essenciais da vida do adulto jovem, fazendo parte do processo do seu amadurecimento.

A

fase

adulta

empresas e clubes esportivos6. A Universidade ora estudada oferece a oportunidade de eventos

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 130 de 158


de extensão que contribui para fomentar

a

acadêmico,

curiosidade

pois

neste

do

espaço

Numa

de

quiropraxia

FEEVALE

experiências sentido

da

da

223

170

Universidade

(76%) aceitaram

movimentos

no

participar da pesquisa.

produção

do

Critérios de Inclusão

conhecimento, aqui reconhecidos como a articulação dos saberes da

de

acadêmicos matriculados no curso

podem ser vivenciadas diferentes e

população

Ser acadêmico do curso de Quiropraxia

ministrado

academia com os saberes sociais

faculdade

na direção do enfrentamento dos

adequadamente

e

nesta

responder o

questionário

7

problemas da sociedade .

proposto para coleta de dados.

O presente estudo se propõe a identificar as expectativas de acadêmicos

brasileiros

de

Procedimentos Foi

elaborado

um

quiropraxia com relação a sua

estruturado

inserção profissional futura frente ao

múltipla escolha e apenas uma

mercado de trabalho.

alternativa a ser assinalada de cada questão.

MÉTODOS

com

questionário

O

perguntas

questionário

de

foi

composto com dados pessoais e Pesquisa cientifica

de

iniciação

exploratória,

descritiva

expectativas profissionais. Estatística

quantitativa. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e obteve o parecer favorável número 66805. Os participantes foram informados sobre

o

teor

assinaram

o

da

pesquisa Termo

e

Os dados foram processados para análise e construção de gráficos comparativos e demonstrativos em planilhas de Excel.

de

Consentimento Livre e Esclarecido. Amostra RESULTADOS

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 131 de 158


O questionário sobre as expectativas profissionais se propôs a avaliar o nível de preparação dos pesquisados para o mercado de trabalho brasileiro. Dentre os 170 acadêmicos, 27 estão cursando o primeiro ano e 28 estão no último ano, em fase de estágio, doravante chamados iniciantes e estagiários, respectivamente.

Tabela 1 – Expectativas profissionais – interesse extracurricular Atividades extracurriculares

Total Pesquisado

Iniciantes

Estagiários

n.

%

n.

%

n.

%

Seminário Congresso Cursos Qual?

44 8 10

26% 5% 6%

5 0 0

19% 0% 0%

3 2 2

11% 7% 7%

As três alternativas Só não participei de congresso

44 30

26% 18%

0 0

0% 0%

13 7

46% 25%

Não me interesso por estas atividades

0

0%

0

0%

0

0%

Não participei de nenhuma

34 170

20% 100%

22 27

81% 100%

1 28

4% 100%

Tabela 2 – Expectativas profissionais – onde clinicar Objetivo profissional

Total Pesquisado

Iniciantes

Ficar em sua cidade ou região

n. 44

% 26%

n. 6

% 22%

n. 10

% 36%

24 28 6 68 170

14% 16% 4% 40% 100%

2 2 0 17 27

7% 7% 0% 63% 100%

5 6 1 6 28

18% 21% 4% 21% 100%

Ficar no Rio Grande do Sul Ir para outro estado brasileiro Ir para outro país Ainda não me decidi

Estagiários

Tabela 3 – Expectativas profissionais – área de preferência

Área que prefere atuar

Total Pesquisado

Iniciantes

Esportiva Geriatria Pediatria Obstetrícia Pesquisa laboratorial Saúde do trabalhador Somente na clínica geral Ainda não me decidi

n. 32 11 17 3 2 18 20 67 170

n. 4 3 3 0 0 1 2 14 27

% 19% 6% 10% 2% 1% 11% 12% 39% 100%

Estagiários % 15% 11% 11% 0% 0% 4% 7% 52% 100%

n. 5 2 0 1 1 6 3 10 28

% 18% 7% 0% 4% 4% 21% 11% 36% 100%

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 132 de 158


Tabela 4 – Expectativas profissionais – com quem clinicar Preferência profissional

Total Pesquisado

Iniciantes

Abrir clínica própria

n. 65

% 38%

n. 10

% 37%

n. 13

% 46%

4

2%

0

0%

0

0%

9

5%

1

4%

5

18%

4 5

2% 3%

0 2

0% 7%

2 0

7% 0%

32

19%

1

4%

4

14%

51 170

30% 100%

13 27

48% 100%

4 28

14% 100%

Compartilhar clínica com colega quiropraxista Trabalhar em clínica de quiropraxia já existente Trabalhar dentro de empresa Trabalhar em UBS, hospitais, creches e/ou asilos Clinicar junto com clínico de outra área da saúde Ainda não me decidi

Estagiários

Tabela 5 – Expectativas profissionais – interesse em continuar estudando Pós Graduação, Mestrado e/ou Doutorado

Total Pesquisado

Iniciantes

Estagiários

Sim Não Não sei

n. 157 2 11

% 92% 1% 6%

n. 24 0 3

% 89% 0% 11%

n. 25 1 2

% 89% 4% 7%

170

100 %

27

100 %

28

100 %

Tabela 6 – Expectativas profissionais – objetivo profissional Objetivo após colação de grau

Fazer pesquisa e estudos científicos Clinicar em quiropraxia Clinicar e dar aulas para o ensino superior Não clinicar em quiropraxia Ainda não me decidi

Total Pesquisado

Iniciantes

Estagiários

n.

%

n.

%

n.

%

13 86 52 1 18

8% 51% 31% 1% 11%

1 11 10 0 5

4% 41% 37% 0% 19%

3 16 7 0 2

11% 57% 25% 0% 7%

170

100%

27

100%

28

100%

Tabela 7 – Expectativas profissionais – maior preocupação Atualmente MAIOR preocupação

Total Pesquisado

Iniciantes

Estagiários

n.

%

n.

%

n.

%

Dinheiro para montar minha clínica

24

14%

3

11%

1

4%

Em fazer uma boa divulgação do meu trabalho Em que área de atuação preferir clinicar

72

42%

12

44%

14

50%

19

11%

5

19%

2

7%

Com que profissional associar-me para clinicar Em que cidade clinicar. Outra:

6

4%

0

0%

1

4%

35 14 170

21% 8% 100%

4 3 27

15% 11% 100%

8 2 28

29% 7% 100%

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 133 de 158


Tabela 8 – Expectativas profissionais – outras preocupações Outra

Total Pesquisado

Iniciantes

Aprender a ser um bom profissional Na continuação dos estudos (mestrado) Em que país clinicar. Regulamentação da profissão Nenhuma preocupação

n. 5 1 1 3 4 14

n. 0 0 0 0 3 3

% 36% 7% 7% 21% 29% 100%

Estagiários % 0% 0% 0% 0% 100% 100%

n. 1 0 1 0 0 2

% 50% 0% 50% 0% 0% 100%

DISCUSSÃO Há duas décadas, obter o

Sobre

o

interesse

diploma proveniente da conclusão

participar

de um curso superior era um fato

extracurriculares

que trazia tanto prestígio que podia

conhecimento 81% dos iniciantes

ser

não

considerado

a

certeza

do

de

em

tiveram

atividades

para

reciclar

oportunidade

o

de

sucesso. Com o passar dos anos a

participar de algum evento e dos

graduação se tornou essencial na

estagiários 46% participaram de

busca pelo sucesso, tornando-se

seminário,

apenas o ponto de partida, no qual

(Tabela

ainda necessita-se de muito estudo

extracurriculares

para

para

uma

determinada

especialização7.

congresso 1).

a

cursos

As

atividades

são

importantes

formação

principalmente

e

como

profissional, fonte

de

Para aprender uma profissão,

contato do aluno com o mundo do

a universidade é uma ferramenta

trabalho e as possibilidades de

eficiente em seu papel na formação

inserção em sua área2. Boa parte

de profissionais já que a mesma é

dos alunos que não participam de

atribuída à competência necessária

atividades

para

o

apresenta uma percepção distorcida

seus

do mercado, sem conseguir se

acadêmicos para o mercado de

identificar com um perfil consistente

trabalho fornecendo subsídios para

de características e oportunidades

a

relativas à sua área de trabalho. Os

gerar

conhecimento,

e

transmitir

capacitando

concretização

de

expectativas profissionais3,8.

suas

extracurriculares

acadêmicos mais envolvidos em

atividades no curso podem estar ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 134 de 158


mais

próximos

da

realidade

especialização

esportiva,

sendo

profissional, inclusive no sentido de

15% iniciantes e 18% estagiários. O

conseguirem

as

profissional quiropraxista está apto

e

a atuar em diversos segmentos na

identificar

dificuldades desempenho

de

inserção

6,9,10

.

área da saúde focando seu trabalho

No parâmetro onde clinicar

para

atender

pacientes

com

40% estão indecisos. Destes, 63%

determinadas

são iniciantes e 21% estagiários

escolher o público alvo em que vai

(tabela 2). A certeza de clinicar em

clinicar,

sua cidade de origem ou em cidade

especialização6.

de sua região representa 36% dos

características

porém

implica

e

em

Muitos consultores e autores,

estagiários e 22% dos iniciantes.

bem-sucedidos,

Cabe aos indivíduos envolvidos a

negócios e carreira dizem que

responsabilidade pela gestão de

estamos

suas carreiras, pois não estão mais

multiespecialistas.

sendo construídas com base em

entender de muitos assuntos e a

cargos lineares oferecidos por uma

única maneira de dominá-los é por

mesma organização como ocorria

meio do estudo e aprendizado

há alguns anos, mas pelo trânsito

contínuos. Devemos ficar alertas

entre

organizações,

sobre os conhecimentos/áreas que

movimento este motivado tanto pela

todo o profissional deve dominar,

procura

independente da sua profissão7.

diferentes

de

novos

desafios

profissionais quanto pela redução

No

de

vivendo

parâmetro

livros

a

de

era

dos

Precisamos

com

quem

das oportunidades periódicas de

clinicar: abrir clínica própria é a

crescimento

escolha

profissional

nas

organizações atuais1.

de

38%

do

total

pesquisado, sendo 46% estagiários

A opção área que prefere

e 37% iniciantes. Destes, 30% ainda

atuar 39% responderam ainda não

não se decidiram com quem clinicar,

decidi, destes, 52% são iniciantes e

entre

36% são estagiários (Tabela 3). A

indecisos (Tabela 4). Após colação

segunda opção recorrente, com

de grau o profissional poderá atuar

19%

em clínica própria ou associada a

dos

pesquisados,

foi

na

os

iniciantes

48%

estão

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 135 de 158


outros profissionais. Para tanto é

estagiários. Clinicar e dar aulas para

necessário

das

o ensino superior é a segunda

condições humanas, materiais e

opção dos pesquisados com 31%,

financeiras6.

sendo

cabe

uma

ao

analise

No mercado atual

indivíduo

gerenciar

a

37%

iniciantes

e

25%

estagiários (tabela 6).

própria carreira. Os jovens ainda

Há espaço no mercado de

poderão se frustrar com o tempo

trabalho para todos com formação

demandado

em curso superior, mas apenas

para

profissional,

a

pois,

ascensão em

seu

para aqueles que investem em sua

imaginário, a expectativa é não só

qualificação

e

de fazer carreira, mas também de

diferencial

em

progressão ágil1.

concorrência7,11.

A formação acadêmica é de instrução

básica

relação

à

divulgação

do

trabalho

quiroprático é a maior preocupação

necessidade do estudo continuado.

para 42% do total pesquisado,

A intensão de continuar os estudos

sendo 44% dos iniciantes e 50%

é da grande maioria, 92% com 89%

dos estagiários. Na segunda opção

dos iniciantes e mesmo valor dos

mais apontada, 19% dos iniciantes

estagiários (Tabela 5). É necessário

se preocupam em que área de

estar

se

atuação clinicar, enquanto que 29%

atualizando e investindo na carreira

dos estagiários preocupam-se em

escolhida. Estamos vivendo a era

que cidade clinicar (Tabela 7). A

da informação, da velocidade e da

transição do ambiente universitário

orientação para resultados7.

para o do trabalho é um processo

O

curso

ocorre

um

a

sempre

e

A

alcançam

estudando,

de

Quiropraxia,

dinâmico que pode trazer incerteza

como qualquer curso de graduação,

e

insegurança

expande um leque de opções ao

estudantes, mesmo nas áreas nas

acadêmico após colação de grau.

quais a demanda por profissionais

Entre as preferências profissionais

ainda é razoavelmente alta e o

clinicar em quiropraxia representa

mercado

51% do total pesquisado, sendo

favorável8.

é

para

percebido

muitos

como

41% dos iniciantes e 57% dos ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 136 de 158


Dos

14

acadêmicos

que

bibliografia atual aborda toda uma

listaram outras preocupações além

investigação técnica acerca do que

das

na

é e o que faz a Quiropraxia, mas

pesquisa, 36% preocupa-se em ser

pouco ou nada se sabe com relação

um bom profissional e 29% alega

ao profissional que a torna real e

não

efetiva.

alternativas

ter

citadas

preocupação

alguma

atualmente (Tabela 8). Como a elaboração

de

um

projeto

O ponto forte da pesquisa foi a receptividade dos acadêmicos no

profissional exige que o indivíduo

pronto

preenchimento

perceba-se capaz de desempenhar-

questionário.

se bem nas atividades profissionais

CONCLUSÕES

do

o jovem que decide sua profissão Os acadêmicos do curso de

deve acreditar-se capaz, isto é, crer na

auto

eficácia.

Este

fato

pressupõe que o jovem deva ter um senso de competência e segurança para o exercício profissional ao fim

prática

oferecida

aos

quiropraxia

pesquisa necessitam desenvolver sua capacidade de planejamento, para gerenciar a carreira escolhida e

do curso universitário10. A

Quiropraxia que participaram desta

supervisionada acadêmicos

proporciona

de uma

prestado

à

comunidade.

As

atividades de estágio são realizadas na Clínica-Escola ou em instituições parceiras, como: unidades básicas de

saúde,

empresas

e

clubes

clínicas especializadas visando sua preparação ao mercado de trabalho. Sugere-se uma adequação

Entre

na grade curricular neste curso de graduação no sentido de fornecer subsídios aos acadêmicos para a construção de seu conhecimento nas

escolhas

profissional, abordagens

esportivos9. as

dificuldades

profissionais

autônomos, aptos a atender em

vivência na prática profissional, a partir do atendimento quiroprático

tornarem-se

de

sua

prática

principalmente do

atendimento

pediátrico, geriátrico e obstétrico.

encontradas para elaboração desta

CONFLITOS DE INTERESSES:

pesquisa

Não há.

destaca-se

que

a

nas

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 137 de 158


REFERÊNCIAS 1. Cavazotte FSCN, Lemos AHC, Mila DA. Novas gerações no mercado de trabalho: expectativas renovadas ou antigos ideais? Caderno EBAPEBR, Rio de Janeiro, mar. 2012;cv. 10, nº 1, artigo 9;162-180.

7. Battisti J.O mercado de trabalho está mudando - fique atento! [Internet] Acesso em 07/10/2012. Disponível em: http://www.juliobattisti.com.br/artigos/carreir a/mercado.asp. Acesso em 07/10/2012.

2. Glaser SL, Bardagi MP. Habilidades sociais, auto eficácia e decisão de carreira em universitários em no final de curso. Boletim Academia Paulista de Psicologia,2011; 31(80); 148-165.

8. Bardagi MP, Hutz CS. Satisfação de vida, comprometimento com a carreira e exploração vocacional em estudantes universitários. Arquivos Brasileiros de Psicologia,2010; 62(1);159-170.

3. Zainaghi G, Goulart CP,Bremer CF. Estágio Integrado Universidade-Empresa: Uma Proposta De Formação Profissional. Escola de Engenharia de São Carlos– EESC/USP, Departamento de Engenharia de Produção Mecânica. São Paulo – SP, 2000.

9. PPC – Projeto Pedagógico do Curso De Quiropraxia, Currículo 2010-2. Novo Hamburgo-RS. FEEVALE. 2010.

4. Sanches MAC. Escolha, Motivos e Expectativas de Acadêmicos de Psicologia quanto à profissão: Uma Perspectiva Psicoeducacional. [dissertação de mestrado]. Universidade Federal de Londrina, 1999. 5. Mendes AS. Os Estudantes de Medicina: Expectativas Na Escolha Da Especialidade. [tese de mestrado]. Instituto Universitário de Lisboa, 2010.

10.Teixeira MAP, Gomes WB. Estou me formando... e agora?: Reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 5(1), 47-62. Porto Alegre/RS, 2004. 11. Oliveira LB. Percepções e estratégias de inserção no trabalho de universitários de Administração. Revista Brasileira de Orientação Profissional. Jan-jun. 2011;12(1); 83-95.

6. Diretrizes da OMS, sobre a formação básica e a segurança em quiropraxia. Organização Mundial de Saúde. Novo Hamburgo: FEEVALE. 2006.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 138 de 158


ARTIGO ORIGINAL Correlação entre desigualdade funcional do comprimento de membros inferiores e simetria pélvica Correlation between functional inequality of the length of the lower limbs and pelvic symmetry

Germana BorghettiI, Danilo Messa da SilvaII I. Quiropraxista BC. Instituto de Ciências da Saúde, Universidade FEEVALENovo Hamburgo.RS.Brasil II. Quiropraxista BC. MS e docente na FEEVALE. E-mail do autor correspondente: germanaborghetti@hotmail.com ABSTRACT OBJECTIVES: To correlate the length inequality of lower limbs, also known as anisomelia on prone position to pelvic rotation on the same position, as well as to correlate the pelvic rotation on prone position with pelvic rotation on upright position in two different groups, being the first compound by individuals with functional anisomelia and the second by individuals with anisomelia structural. METHODS: Descriptive, quantitative and cross-sectional research. The pelvic rotation degree was calculated in degrees using photogrammetry in prone and standing positions, and anisomelia was calculated in millimeters with the Chiroslide, instrument developed to quantify the lower limbs length inequality on the prone position in the prone position. The data was compared by the Pearson's coefficient. The value of 5% (p<0.05) was adopted as limit to rejection of the null hypothesis. Using the Pearson linear correlation was observed whether a relationship exists between anisomelia and pelvic torsion in prone and the relationship of pelvic torsion found in each position. RESULTS: The group with functional anisomelia (n=54).The result of structural anisomelia group showed low coefficient of the straight correlation and no results shown statistically relevant. The group with structural anisomelia (n=14) allowed that was perform a comparison of the test results between the two groups. Was noticed that the correlation between the length inequality of lower limbs and the pelvic rotation became inverse and the result kept low and without statistical significance. Regarding to the alteration of the pelvic torsion of the position to another, it was noticed that the group with structural anisomelia achieve an average straight correlation indicating that the articulation suffers lower alteration with the position change. Given that tests like the Prone Knee Flexion Test and the Long Sitting that evaluate of the length of lower limbs are often used in the clinical practice. It was not possible to reach a definitive conclusion, since the results were not statistically significant. It should be noted that the analysis considered only positioning and not joint restriction, also were not differentiated symptomatic individuals. CONCLUSIONS: Given that tests that assess the leg length difference are often used in clinical practice, as a support in the diagnosis of the sacroiliac joint, further studies are needed to obtain reliable results, which show the reliability of the relationship between anisomelia and pelvic torsion. KEYWORDS: Leg-length inequality, chiropract, pelvis, lower limb asymmetry.

RESUMO

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 139 de 158


OBJETIVOS: Correlacionar a desigualdade de comprimento dos membros inferiores, também conhecida como anisomelia, em prono e rotação pélvica na mesma posição, bem como correlacionar a rotação pélvica em prono com a rotação pélvica em ortostatismo em dois grupos diferentes, sendo um composto por indivíduos com anisomelia funcional e outro por indivíduos com anisomelia estrutural. MÉTODOS: O método caracterizou-se como pesquisa descritiva quantitativa de corte transversal. A rotação pélvica foi calculada em graus pela fotogrametria nas posições prono e ortostática e a anisomelia em milímetros com o Chiroslide, instrumento desenvolvido para quantificar a desigualdade do comprimento das pernas na posição prono. Os dados foram comparados pelo coeficiente de Pearson. O valor de 5% (p<0,05) foi adotado como limite para rejeição da hipótese de nulidade. RESULTADOS: O grupo com anisomelia funcional (n=54) apresentou baixo coeficiente de correlação direta e nenhum resultado se mostrou estatisticamente significativo. O grupo com anisomelia estrutural (n=14) permitiu que fosse realizada uma comparação dos resultados do teste entre os dois grupos. Percebeu-se que a correlação entre a diferença de comprimento dos membros inferiores e a rotação pélvica se tornou inversa e o resultado continuou baixo e sem significância estatística. No que se refere à alteração da torção pélvica de uma posição para outra, percebeu-se que o grupo com anisomelia estrutural obteve uma média correlação direta, indicando que a articulação sofre menor alteração com a mudança de posição. CONCLUSÕES: Tendo em vista que testes como os Prone Knee Flexion Test e o Long Sitting que avaliam a diferença de comprimento dos membros inferiores são frequentemente utilizados na prática clínica, como auxiliares no diagnóstico de alterações na articulação sacroilíaca, são necessários estudos mais específicos para obtenção de resultados confiáveis, que demonstrem a fidedignidade da relação existente entre anisomelia e torção pélvica. PALAVRAS-CHAVE: Pelve, membros inferiores, assimetria, desigualdade no comprimento das pernas.

INTRODUÇÃO A

diferença,

real

ou

comprimento

dos

inferiores pode levar a alterações

encontrada

significativas de coluna, pelve e

aparente,

no

membros

inferiores,

frequentemente

durante

análise

comprimento

dos

extremidades

membros

inferiores,

clínica é também conhecida como

modificando a função biomecânica

anisomelia.

ser

das estruturas, podendo causar dor,

classificada como estrutural, quando

desgastes articulares precoces, que

a desigualdade se deve a uma

dão origem a diversas doenças3.

Ela

pode

alteração anatômica, congênita ou como

funcional,

que

é

uma

uma variedade de

técnicas de

compensação devido a alterações

medição para anisomelia

no

disponíveis para os profissionais da

posicionamento 1,2

estruturas .

A

de

outras

diferença

no

área da saúde2, destas, três tipos

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 140 de 158


de análise são mais utilizadas:

prono, pela observação cuidadosa

exames

da localização dos

radiográficos,

meios

pés2,7,8.

Os

ortopédicos e a checagem visual da

testes mais utilizados para verificar

diferença

dos

a existência de anisomelia funcional

membros inferiores. Para escolher

pelos Quiropraxistas é o Prone

qual o método a ser adotado, é

Knee Flexion Test e o Long Sitting

necessário saber se o tipo de

que

anisomelia

diferença funcional no comprimento

de

comprimento

que

se

procura

é

estrutural ou funcional1,2,4.

mais

determinar estrutural exames

confiáveis

uma são

os

uma

de uma disfunção pélvica causada

para

por torção ou rotação do ílio.

anisomelia

Quando a perna do lado que se

que

utilizam

imagem5.

de

identificar

dos membros inferiores, resultante

Há consenso de que os métodos

permitem

Caso

o

apresentava mais curta torna-se maior,

o

teste

sugere

uma

mesmo seja indesejado, o clínico

posterioridade do ílio desse mesmo

dispõe

de

lado. E quando a perna permanece

avaliação, como o Sinal de Allis, a

ou torna-se ainda mais curta, uma

medição métrica da espinha ilíaca

anterioridade

anterossuperior até a porção medial

diferença estimada visualmente em

do

torno de 2,54 cm é um indicativo

de

outros

métodos

maléolo

da

tíbia

escanometria.

No

entanto,

mesmos

são

validados

não

e

a os

sugerida9.

é

A

para o teste ser positivo10.

e

Como ferramenta de apoio

demonstram pouca confiabilidade,

a Chiroslide - Leg Length Analyzer,

não distinguindo uma anisomelia

é

estrutural de uma funcional2,4,6.

desigualdade do comprimento das

A verificação quiroprática

útil

para

quantificar

a

pernas, porém não classifica o tipo

dos membros inferiores, envolve a

de

determinação do “comprimento das

funcional) e até o momento, não se

pernas" aparente ou,

tem conhecimento de tentativas de

mais precisamente,

determinação

da posição relativa das pernas em um

paciente

em

anisomelia

(anatômica

ou

comparar seus resultados com outro método de medição4.

supino ou ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 141 de 158


Em busca de dados clínicos e científicos

mais

o

o protocolo n° 4.00.03.11.2020. Os

quiropraxista ainda recorre a testes

sujeitos foram informados sobre o

ortopédicos e a fotogrametria que

teor da pesquisa e assinaram o

realiza uma avaliação quantitativa

Termo de Consentimento Livre e

das assimetrias posturais, realizada

Esclarecido. A coleta de dados

a partir de fotografias, capaz de

ocorreu

medir

universidade.

ângulos

confiantes

Ética em Pesquisa, o mesmo obteve

e

medidas

lineares11,12. Este é um método não

na

Clínica

Escola

da

Amostra

invasivo, com fácil aplicação clínica,

A população do estudo foi

baixo custo do sistema de foto

composta

interpretação de imagens de alta

estudantes do estabelecimento de

precisão e reprodutibilidade dos

ensino

por

onde

pacientes

foi

realizada

e

a

13

resultados . O

pesquisa. A amostra foi composta

presente

se

por 71 indivíduos voluntários entre

propôs a verificar a existência de

19 e 56 anos e foi selecionada por

correlação

conveniência. Pacientes e alunos

funcional

entre do

trabalho

a

diferença dos

que se dispuseram a participar da

membros inferiores com a simetria

pesquisa, participaram de entrevista

pélvica, bem como a angulação

e avaliação física realizada pela

pélvica

pesquisadora.

nas

comprimento

posições

prono

e

ortostática, em pacientes e alunos da

clínica

escola

de

uma

Critérios de inclusão Foram

universidade localizada no Vale dos

indivíduos

Sinos.

transversal.

apresentaram

inferiores. presente

estudo

estruturou-se como uma pesquisa descritiva

que

os

encurtamento em um dos membros

MÉTODOS O

incluídos

quantitativa

de

Critérios de exclusão Foram

corte

Após aprovação

do

projeto de pesquisa pelo Comitê de

que

excluídos

apresentaram

fratura

de

aqueles

histórico

membros

de

inferiores,

escoliose lombar e/ou torácica, ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 142 de 158


malignidades

bursite

1,07m. Para manter estas distâncias

trocantérica e/ou sacral, alterações

fixas foram realizadas marcações

posturais patológicas, cirurgia de

no chão com fita reflexiva 3M.

membros

pélvicas,

inferiores,

alterações

Primeiramente

congênitas de membros inferiores,

fixados

indivíduos que apresentarem joelho

seguintes

varo ou valgo, pé plano unilateral e

Espinhas Ilíacas Ântero-superiores

indivíduos

como

(EIAS) e Espinhas Ilíacas Póstero-

obesos segundo o índice de massa

superiores (EIPS). O indivíduo foi

corpórea (IMC) superior a 31,1.

posicionado no local definido, em

Procedimentos

posição de repouso, com os pés

classificados

esferas

de

foram

pontos

isopor

nos

anatômicos:

encostados um no outro. Foi obtida sobre

O

convite

e

o

estudo

foi

pessoalmente universidade. constituiu

no A

de

explanação realizado

campus

avaliação

análise

de

da

peso

índice de massa corporal (IMC), ortopédicos

e

avaliação

postural antes das mensurações, a fim

de

identificar

aqueles

que

apresentavam algum dos itens do critério de exclusão. Para o registro fotográfico,

os

permaneceram posição

participantes descalços,

ortostática

posicionados

em

na

e

foram

um

local

previamente marcado, com uma distância-padrão

de

3,0m

sagital direito e outra no plano sagital esquerdo.

física

corporal e altura para o cálculo de

testes

uma imagem do mesmo no plano

da

máquina fotográfica, que estava posicionada no tripé a uma altura de

Após análises

em

a

realização ortostatismo,

das o

indivíduo se posicionou em prono na

mesa

pesquisadora

quiroprática. fixou

A

novamente

esferas de isopor nas EIPS e etiquetas autoadesivas brancas no trocânter maior de cada fêmur. Fotografias foram capturadas do lado esquerdo e direito da mesa quiroprática, com a máquina a uma distância

de

0,94m,

conforme

orientação do software. O participante se manteve na posição prono e foi realizado o Prone Knee flexion test, com auxílio do Chiroslide em uma mesa portátil

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 143 de 158


para mensurar a anisomelia em

pélvica

milímetros na posição I e II. Os

esquerdo

ângulos de rotação pélvica foram

significaram rotação pélvica anterior

calculados pela fotogrametria, com

maior à direita14. A diferença de

a utilização do software AutoCAD e

comprimento

das fotografias capturadas em cada

inferiores

posição.

posição

milímetros com o Chiroslide. Para

ortostática foi formado por uma linha

análise, valores negativos foram

da EIPS e EIAS e uma linha

adotados para perna encurtada à

paralela ao solo. O ângulo da

esquerda

posição prono foi formado por uma

positivos foram adotados para perna

linha da EIPS até o trocânter maior

encurtada à direita.

do fêmur e uma linha perpendicular

Estatística

O

ângulo

na

anterior e

maior

valores

dos foi

no

lado

negativos

membros

calculada

enquanto

em

valores

ao solo. As

angulações

foram calculadas subtraindo-se o ângulo encontrado no ílio esquerdo pelo ângulo encontrado no ílio direito.

Dessa

positivos

forma,

significaram

De acordo com a natureza

pélvicas

valores rotação

das

variáveis

os

dados

foram

comparados pela correlação linear de Pearson.

O valor de 5%

(p<0,05) foi adotado como limite para

rejeição

da

hipótese

de

nulidade. RESULTADOS Participaram deste trabalho 71 indivíduos, dos quais 17 foram excluídos, três deles devido à IMC acima de 31,1 e 14 devido à anisomelia estrutural. Assim obteve-se um número amostral de 54 indivíduos.

Tabela 1 – cruzamento dos achados da diferença de comprimento dos membros inferiores e rotação pélvica em indivíduos com anisomelia funcional.

Ílio posterior direito Ílio posterior esquerdo Ílio sem rotação

Perna curta direita 31,5 % (n=17) 44,6% (n=24) 1,8 % (n=1)

Perna curta esquerda 5,5% (n=3) 14,8 % (n=8) 1,8% (n=1)

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 144 de 158


Tabela 2 - cruzamento dos achados da diferença de comprimento dos membros inferiores e rotação pélvica em indivíduos com anisomelia estrutural.

Ílio posterior direito Ílio posterior esquerdo Ílio sem rotação

Perna curta direita 35,7% (n=5) 21,4% (n=3) 14,3% (n=2)

Perna curta esquerda 14,3% (n=2) 14,3% (n=2) 0% (n=0)

Torção Pélvica X Anisomelia

Gráfico 1 – Relação entre a diferença de rotação pélvica em prono e a diferença de comprimento dos membros inferiores em pessoas com anisomelia estrutural.

Torção Pélvica em prono X Torção Pélvica em ortostatismo

Gráfico 2 – Relação entre diferença da rotação pélvica em ortostatismo e diferença da rotação pélvica em prono em indivíduos com anisomelia estrutural.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 145 de 158


DISCUSSÃO Pelo

fato

da

anisomelia

percebido é puramente

estar associada a uma variedade de

funcional ou de natureza anatômica.

alterações,

Para

como

nível de

comparação,

no

formou-se

um

escoliose espinhal compensatória,

presente

inclinação

subgrupo para os indivíduos que

pélvica e sacral,

mudanças nos

tecidos

moles,

hipomobilidade ligamentar e doença articular

degenerativa,

pesquisadores

sua

atenção para estudar o fenômeno1,7. A

manobra

Barstow,

de

que

apresentavam

Weber-

avalia

as

anisomelia

estrutural4,16. A amostra de anisomelia

alguns

voltaram

estudo

funcional

foi

composta

por

54

indivíduos entre 19 e 53 anos de idade, gerando uma média de 25,77 anos (± 7,04).

A maioria era do

discrepâncias no comprimento dos

gênero feminino, compondo 61,12%

membros inferiores com o paciente

da amostra. A altura média foi

em posição ortostática, no presente

170,18mm

estudo, indicou a presença de uma

68,37kg

anisomelia estrutural em 20,6% da

diferença

amostra.

encontrada nos membros inferiores

Dados

diferentes

dos

encontrados em 2000 em que a anisomelia

funcional

representou

90% dos pacientes com diferença no

comprimento

dos

membros

(±10,23)

(±12,84).

e A

de

o

peso

média

da

comprimento

pelo Prone Knee Flexion Test na posição

1,

que

se

refere

ao

indivíduo em prono com os joelhos estendidos, foi de 2,26mm (±3,76) e

inferiores15. Em contrapartida um

na posição 2, com os joelhos

estudo

demonstrou

flexionados, foi de 0,56mm (±3,54).

anisomelia estrutural em 50% de

A maioria dos indivíduos (77,8%)

assintomática8.

apresentou um encurtamento do

uma

de

2009

população

Alguns autores afirmam que um dos

membro

principais problemas em relacionar

achados concordam com o estudo

anisomelia com rotação pélvica, é

no qual o membro inferior esquerdo

que tudo depende se a diferença do

se

comprimento

maioria das vezes17.

das

pernas

inferior direito.

apresentava

Estes

mais longo

na

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 146 de 158


Nenhum

indivíduo

apresentou

ausência

anisomelia,

dados

que

o

ílio

de

posteriormente2.

semelhantes

estatisticamente

total

está

rotado Embora

irrelevantes,

foram apresentados em 2005 que

achados

afirmam que pequenas diferenças

contrários ao que é sugerido pelo

no

membros

teste, uma vez que a maioria dos

inferiores são encontradas em torno

indivíduos teve o membro inferior

de 90% da população3,16.

direito encurtado e o ílio esquerdo

comprimento

dos

Diferentemente

da

neste

trabalho

os

foram

rotado posteriormente. O estudo de

anisomelia, oito indivíduos (14,81%

2003

, se mostraram sem torção pélvica

parecido,

em pelo menos uma das posições,

lado da perna curta estava

dois

de

associado com rotação anterior do

torção pélvica tanto na posição

ílio ipsilateral, a uma taxa de 73%17.

apresentaram

ausência

prono como na ortostática. Para a

apresentou

um

resultado

concluindo

Quando

se

que

leva

o

em

diferença de rotação entre os ílios

consideração a segunda parte do

do lado esquerdo e direito na

teste, com os joelhos flexionados,

posição prono, a média resultou em

46,3% da amostra, segue-se o

-1,95 graus (+5,11), e para a

pressuposto pelo teste, ou seja,

posição ortostática a média foi de -

perna curta na posição 1 que fica

1,46 graus (+3,61). No que se refere

longa na posição 2 apresenta um

ao posicionamento da pelve, 59,2%

ílio posterior do mesmo lado. Já

da amostra apresentou um ílio

uma perna curta na posição 1 que

rotado

continua curta ou igual na posição 2

posteriormente

esquerdo,

o

que

no

lado

novamente

concorda com um estudo de 2003, que encontrou o ílio direito rotado anteriormente

na

maioria

das

vezes17.

um

ílio

anterior

no

mesmo lado. Na comprimento

correlação dos

entre membros

inferiores e rotação pélvica em

O Prone Knee Flexion Test sugere

apresenta

que

o

lado

da

perna

encurtada corresponde ao lado em

indivíduos com anisomelia funcional percebe-se

que

maior

concentração dos pontos nos dois

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 147 de 158


quadrantes superiores, porém não

musculatura

influencia na pelve e fazendo com

uma

distribuição

homogênea

dos

linear

ou

dados.

O

coeficiente encontrado foi de 0,127,

relaxa, perdendo

a

que sua posição se altere16,18 Na

literatura

a

sendo uma fraca correlação direta e

documentação sobre a incidência

não significativa (Gráfico 1).

de assimetria dos ossos pélvicos

Alguns autores mencionam

não possui forte teor de validade

embora

de

científica. Testes de posição e

comprimento de membros inferiores

simetria pélvica, além de serem

seja

é

limitados, são comprometidos pelas

considerado um método confiável e

variações de formatos ósseos e

preciso,

alterações que ocorrem durante a

que

bem

a

análise

realizada,

não

especialmente

para

medidas menores que 6 mm4.

fusão natural17,19.

A amostra de

Não houve uma distribuição

anisomelia estrutural foi composta

linear ou homogênea dos pontos

por 14 indivíduos entre 19 e 56

referentes

variáveis

anos, com idade média de 25,78

(Gráfico 2) obteve um coeficiente

anos (+9,1). A maioria era do

de 0,16, o que indica uma fraca

gênero feminino, correspondendo a

correlação direta entre as rotações

64,28% da amostra. A altura média

pélvicas

foi de 169,43mm (+8,43) e o peso

às

duas

encontradas

posição,

não

significância

em

cada

apresentando

estatística.

Alguns

médio foi 64,78kg (+9,85). A média da diferença de

autores comentam que pode haver

comprimento

influência

no

membros inferiores na posição 1 do

pelve.

Prone Knee Flexion Test foi de

posição

1,71mm (+4,78) e na posição 2 foi

muscular

posicionamento Argumentam ortostática,

da que

a

na

musculatura

está

encontrada

nos

de 0,07mm (+2,16). A maioria dos

ativada, contraindo músculos como

indivíduos

apresentou

um

o quadrado lombar e a banda

encurtamento do membro inferior

íliotibial, que se inserem nos ílios e

direito, correspondendo a 71,43%

consequentemente podem alterar

da amostra, o que concorda com

sua posição. Já em prono, esta

um estudo de 2005 que afirma que

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 148 de 158


o membro inferior direito costuma

conjunto, que inclui testes posturais,

ser anatomicamente mais curto20.

teste de dor provocada, palpação

A diferença da rotação do

estática e dinâmica da articulação.

ílio esquerdo para o direito teve uma

Na amostra estudada, não foram

média de -0,14 graus (+4,62) na

feitos outros testes para constatar a

posição prono e -2 graus (+2,77) na

presença de uma torção pélvica.

posição ortostática20. Apesar da

Por ser a amostra formada

média estatística apresentar valores

por pacientes de uma Clínica Escola

negativos,

uma

de quiropraxia, bem como alunos do

rotação anterior do ílio à direita,

curso em questão, é muito provável

68,28% dos indivíduos apresentou

que

uma rotação do ílio posterior à

apresentassem torção pélvica por

direita.

serem

que

sugerem

Levando-se

em

alguns

indivíduos

ajustados

não

regularmente.

consideração o Prone Knee Flexion

Outra questão não avaliada foi a

Test, a maioria da amostra teve a

presença ou ausência de sintomas,

perna encurtada à direita e rotação

uma vez que a literatura sobre

do ílio posterior à esquerda, o que

torção

vai de encontro ao pressuposto pelo

frequentemente pacientes com dor

teste. Já analisando a mudança de

lombar e sintomatologia associada a

comprimento da posição 1 para a

articulação sacroilíaca21.

posição

CONCLUSÃO

2,

apenas

14,28%

da

pélvica

demonstra

mais

amostra apresentou concordância Neste

com o teste. Entre trabalho

as

cita-se

limitações que

a

do

análise

realizada foi apenas estruturalista, obtendo a posição do ílio, sem avaliar restrições de movimento articular.

Na

prática

clínica,

a

avaliação da articulação sacroilíaca não consiste em apenas de uma forma de análise, mas sim um

trabalho,

não

foi

possível chegar a uma conclusão definitiva no que se refere à relação da torção pélvica com a anisomelia, seja ela funcional ou estrutural. Existe a possibilidade das limitações terem influenciado nos resultados ou de realmente não haver relação entre

as

necessários

duas

variáveis. estudos

São mais

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 149 de 158


aprofundados para comprovar a fidedignidade

dos

testes

que

utilizam este tipo de análise como

CONFLITOS

DE

INTERESSES:

Não há.

forma de diagnóstico.

REFERÊNCIAS 1. Schneider M, Homonai R, Moreland B, Delitto A. Interexaminer Reliability of Prone Leg Length Analysis Procedure. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. 2007;30(7):514-521. 2. Holt KR et al. Interexaminer Reliability of a Leg Length Analysis Procedure Among Novice and Experienced Practitioners. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, USA. 2009;32(23):216-222. 3. Defrin R, Benyamin SB, Aldubi RD, Pick CG. Conservative Correction of Leg-length Discrepancies of 10mm or Less for the Relief of Chronic Low Back Pain. Archives of Physical Medicine Rehabilitation, USA. 2005;86:2075-2080. 4. Cooperstein R.Heuristic exploration of how leg checking procedures may lead to inappropriate sacroiliac clinical interventions. Journal of Chiropractic Medicine. USA. 2010;9:146-153. 5. Sabharwal S, Kumar A. Methods for Assessing Leg Length Discrepancy. The Association of Bone and Joint Surgeons, USA. 2008;466(12):2910-2922. 6. Magee D.J. Avaliação musculoesquelética. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2005. 7. Gibbons P, Dumper C, Gosling C. Interexaminer and intra- examiner agreement for assessing simulated leg length inequality using palpation and observation during a standing assessment. Journal of Osteopathic Medicine, Australia. 2002;5(2):53-58. 8. Cooperstein R, Lew M. The relationship between pelvic torsion and anatomical leg length inequality: a review of the literature. Journal of Chiropractic Medicine. USA. 2009;8:107-118.

9. Bemis T, Daniel M. Validation of the long sitting test on subjects with lliosacral dysfunction. The Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, USA. 1987;8(7):336-345. 10. Cibulka MT, Koldehoff R. Clinical usefulness of a cluster of Sacroiliac joint tests in patients with and without low back pain. The Journal of Orthopaedic Sports Physical Therapy. [s.l.] 1999. 11. Sacco ICN, Alibert S, Queiroz BNC, Pripas D, Kieling I, Kimura AA, Sellmer AE, Malvestio RA, Sera MT. Confiabilidade da fotogrametria em relação à goniometria para avaliação postural dos membros inferiores. Revista Brasileira de Fisioterapia; 2007;11(5):411-417. 12. Baraúna MA, Morais EG, Oliveira ATM, Domingos LG, Sanchez HM, Silva Rav, Canto RST, Guimarães RC, Malusa S. Estudo correlacional e comparativo entre ângulo axilar e assimetria de ombro através de um protocolo biofotogramétrico. Fisioterapia em Movimento. 2006;19(1):1724. 13. Kavamoto CA, Vasconcelos JCP, Lopes JAF, Battistella LR. Avaliação computadorizada por fotografia digital do tratamento de crianças com alterações posturais – resultados preliminares. Acta Fisiátrica. 2002; 9(1): 27. 14. Alvim FC, Peixoto JG, Vicente EJD, Chagas PSC, Fonseca DS. Influência da porção extensora do músculo glúteo máximo sobre a inclinação da pelve antes e depois da realização de um protocolo de fadiga. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos. 2010;14(3):206-213. 15. Austin WM. Functional leg length discrepancy: Chiropractic response. Journal

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 150 de 158


of Bodywork and Movement Therapies, USA. 2000;4(1):68-71. 16. Knutson GA, Owens E. Erector Spinae and Quadratus Lumborum Muscle Endurance Tests and Supine Leg-Length Alignment Asymmetry: An Observational Study. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. USA. 2005;28(8):575-581. 17. Krawiec CJ et al. Static innominate asymmetry and leg length discrepancy in asymptomatic collegiate athletes. Manual Therapy. USA. 2003;4(8):207–213. 18. Faria CDCM, Lima FFP, TeixeiraSalmela LF. Estudo da Relação entre o Comprimento da Banda Íliotibial e o Desalinhamento Pélvico. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos. 2006;10(4);373-379. 19. Dar G, Peleg S, Masharawi Y, Steinberg N, Rothschild BM, Hershkovitz I. The association of sacroiliac joint bridging with other enthesopathies in the human body. Spine. 2007;32:303-308. 20. Knutson GA. Anatomic and functional leg-length inequality: A review and recommendation for clinical decisionmaking. Part I, anatomic leg-length inequality: prevalence, magnitude, effects and clinical significance. Chiropractic and Osteopathy, USA. 2005A;13(11):1-10. 21. McKenzie-Brown, AM. A Systematic Review of Sacroiliac Joint Interventions Pain Physician Physician. 2005;8:115-125.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 151 de 158


ARTIGO ORIGINAL

Hanseníase: sintomatologia associada ao diagnóstico quiroprático Leprosy: symptoms related to the chiropractic diagnosis

Júlio Cesar ToméI e Marta Casagrande SaraivaII I. Estudante de graduação em Quiropraxia. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Feevale – Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul. Brasil. II. Mestre e docente na Feevale. E-mail do autor correspondente: julio.c.tome@hotmail.com ABSTRACT OBJECTIVES: To stablish the similarities in the leprosy symptoms and neuromusculoskeletal originated disorders treated by chiropractic. METHODS: Literature review reld in electronic database: Scielo, Pubmed, Medline and Lilacs; irrespective of language. RESULTS: The symptoms found on the vertebrae subluxation complex are characterized by local or radiating pain, of intermittent feature, often associated with mobile restriction and may be aggravated by certain physic activities or body postures. Leprosy is a essentially cutaneous disease, infectious, that may present neuropathic alterations, as well as the ones found through chiropractic diagnosis, such as carpal tunnel syndrome and neuropathies associated with nerve compression. CONCLUSION: It is expected with chiropractic care the remission of clinical signs of mechanical pain, whilst when it comes to infectious diseases (affecting peripheral nerve), there is no evolution, being required appropriate medical treatment, including appropriate drugs. KEYWORDS: Chiropractic, subluxation, neuropathy, leprosy, m. leprae. RESUMO OBJETIVOS: Estabelecer as similitudes nos sintomas da Hanseníase e desordens de origem neuromusculoesqueléticas tratadas pela Quiropraxia. MÉTODOS: Revisão da literatura realizada em bancos de dados eletrônicos: Scielo, Pubmed, Medline e Lilacs, independente do idioma. RESULTADOS: A sintomatologia presente no complexo de subluxação vertebral é caracterizada por dor local ou irradiada, de caráter intermitente, está frequentemente associada à restrição de movimentos, podendo ser agravada por certas atividades físicas ou posturas corporais. A hanseníase é uma doença essencialmente cutânea, infectocontagiosa, que pode apresentar alterações neuropáticas que estabelecem um quadro de similitude ao diagnóstico quiroprático como, por exemplo, a síndrome do túnel do carpo e poli neuropatias associadas a compressões nevrálgicas. CONCLUSÃO: Ao tratamento quiroprático, espera-se remissão das manifestações clínicas em dores de origem mecânica, enquanto que, nas de origem infectocontagiosas que afetam os nervos periféricos, o tratamento não evolui, havendo a necessidade de intervenção médica com medicação apropriada. PALAVRAS-CHAVE: Quiropraxia, subluxação, neuropatia, hanseníase, m. leprae.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 152 de 158


INTRODUÇÃO O complexo de subluxação

Considerando

que

na

determina o diagnóstico quiroprático

literatura quiroprática há escassez

para o tratamento das alterações

de

neuromusculoesqueléticas.

doenças

geral

a

dor

referida

Em

por

seus

referências

a

respeito

associadas

a

de

agentes

bacterianos ou virais em relação ao

portadores é de origem mecânica,

complexo

caracterizada

ou

trabalho se propôs a relacionar os

irradiada, de caráter intermitente.

sintomas da hanseníase com as

Está frequentemente associada à

alterações neurológicas, motoras,

restrição de movimentos, podendo

nervosas e cinéticas do complexo

ser agravada por certas atividades

de subluxação.

físicas ou posturas corporais. O

MÉTODOS

por

dor

local

de

subluxação,

este

quadro sintomatológico pode estar Os livros-textos consultados

relacionado à radiculopatia distal, hiperalgesia, hipoalgesia, hipotonia muscular, hiperestesia, hipoestesia, temperatura

aumentada

ou

diminuída, sudorese ou ausência da

endêmica

Hanseníase, no

Brasil,

doença em

2012

apresentou 33.303 novos casos diagnosticados3.

É

infectocontagiosa alterações

uma

que

doença

apresenta

neuropáticas

estabelecem

um

similitude

a

Universidade Feevale. As bases de dados consultadas foram: Scielo, Medline, Pubmed e Lilacs sob os descritores:

mesma, entre outras1,2. A

foram retirados na biblioteca da

quadro

que de

subluxação, neuropatia, hanseníase e

pesquisa,

associadas

a

a

foi

leprae.

natureza

da

dispensada

a

apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa. REVISÃO DA LITERATURA Quiropraxia

quiroprático como, por exemplo, a

polineuropatias

Mycobacterium

Considerando

diagnósticos

síndrome do túnel do carpo e

quiropraxia,

A quiropraxia se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção das

alterações

do

sistema

compressões nevrálgicas. ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 153 de 158


neuromusculoesquelético

e

os

neuromusculoesqueléticas,

efeitos dessas alterações na saúde

ocasionando

em geral. Sua ênfase está na

que acometem o sistema nervoso

utilização

central e periférico9,10.

de

técnicas

manuais,

incluindo o ajuste com manipulação articular, com enfique particular nas vertebrais2,3.

subluxações

O

distúrbios

irritativos

Há dois tipos de subluxações: a

primeira

intervertebral

com do

disco

vertebral

exercício da Quiropraxia adota um

causado

tratamento conservador sem o uso

sedentarismo

de medicamentos e procedimentos

interferência de estruturas, fibras

cirúrgicos e enfatiza o poder de

nervosas protruídas ou alterações

recuperação inerente ao corpo para

na

curar-se

vertebral;

sem

o

uso

de

medicamentos ou cirurgia4.

por

afecção

impingimento que

biomecânica e

resulta

segmento

sem

afecção

intervertebral do disco, levando, inicialmente,

a

partem raizes nervosas que irão,

abaulamento

discal,

com sua especificidade, inervar as

segmento

diferentes

ocasionando

do

corpo

a

fibras

uma área específica de atuação e

perineurais11,12.

efeitos

locais

ou

5-7

sistêmicos particulares .

A

cinco

o

adjacente,

de

de

tecidos

subluxação

pode

componentes:

cinesiopatológico, neuropatológico, miopatológico,

Vertebral

ou

ou

irritando

compressão

nervosas

apresentar

Complexo de subluxação

protrusão

vertebral

humano. Cada raiz nervosa possui

apresenta

na

do

De cada segmento vertebral

regiões

ou

componentes

bioquímicos /fisio e histopatológicos. Referido caracteriza

complexo por

alterações

interarticulares

com

desalinhamento

articular,

apresenta

se

ou

instabilidade

sem porém

cinética8.

Esta instabilidade traz, por sua vez, complicações

Todos apresentam semelhanças na alteração da mobilidade11,13,14. Na síndrome de subluxação pode ocorrer a neuromialgia que está proximamente relacionada às alterações

como,

por

exemplo,

lombalgia, cervicalgia, hérnia de ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 154 de 158


disco, dor ciática, restrições às

visíveis e com limites imprecisos.

movimentações

ou

Nas áreas afetadas, ocorre perda

pernas, parestesia ou diminuição da

de sensibilidade térmica, perda de

sensibilidade e da força muscular

pelos e ausência de transpiração.

de

nas mãos ou pés

15,16

braços

.

Podem aparecer caroços e

O diagnóstico quiroprático do complexo

de

subluxação

é

ou

edema nas partes mais frias do corpo,

como

orelhas, e

mãos

alteração

e

determinado por um modelo teórico

cotovelos;

na

de disfunção dos segmentos de

musculatura esquelética causando

movimento em que se incorporam

deformidades nos membros18,19.

interações complexas: a presença

O Brasil é considerado o

de alteração patológica em tecido

segundo país em número de casos

nervoso,

desta

muscular,

vascular

e

doença,

tornando

um

conjuntivo. A imagem radiográfica é

problema de saúde pública, nas

útil para confirmar o diagnóstico, e

regiões do Norte, Centro-Oeste e

permite ao profissional realizar o

Nordeste20,21.

ajuste articular no local adequado17.

Este

microrganismo

é

considerado um parasita intracelular

Hanseníase

que apresenta afinidade por células Trata-se de uma doença, infectocontagiosa de evolução lenta e crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, conhecida também como bacilo de Hansen18. Essencialmente dermatológica, também

os

é

uma

doença

mas pode olhos,

os

afetar nervos

periféricos e, eventualmente, outros órgãos. O sintoma manchas

primeiro é

o de

eritematosas,

e

principal

aparecimento

de

cor

ou

que

parda, são

pouco

cutâneas (melanócitos) e células dos nervos periféricos (célula de Schwann)18,22. A temperatura entre 27 e 30 graus é ideal para o seu crescimento23,24. Ele é considerado aeróbico, de alta infectividade e baixa patogenicidade25-27. Supõe-se transmissão microrganismos

que

sua

ocorra

por

eliminados

pela

tosse, espirro, gotículas e secreção nasal19. Sua manifestação depende do sistema imunológico do seu

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 155 de 158


portador.

Condições

nutricionais,

motora

com

sociais e de higiene desfavoráveis

segurar

objetos

interferem na resposta e eficiência

apresentam placas e caroços em

desse sistema. Por esta razão, sua

diferentes locais do corpo20,29,30.

prevalência ocorre na população de baixa

renda.

O

período

de

dificuldade e

para

em

geral

Para o diagnóstico diferencial citam-se as doenças neurológicas,

incubação, em geral, varia de dois a

como

sete anos25.

alterações sensitiva, motoras ou

Existem

polineuropatias,

com

formas

ambas, por exemplo, síndrome do

clínicas da doença, a Hanseníase

túnel do carpo, lesões por esforços

Indeterminada,

repetitivos

Virchoviana

quatro

as

Tuberculóide, e

Boderline

Dimorfa18.

Todas

lesões

com

e,

(LER),

neuralgia

ou

parestésica, neuropatia alcoólica e

apresentam

diabética, além de outras como o

exceção

da

vitiligo, pitiríase versicolor, tineas

Hanseníase Indeterminada, exibem

corporis,

comprometimento

troncos

nevos hipocrômicos e anêmicos,

nervos

neurofibromatose

nervosos.

de Os

dermatite

seborreica,

de

Von

preferencialmente acometidos são o

Recklinghausen, sarcoma de Kaposi

ulnar,

e sífilis25.

mediano,

radial,

fibular

comum, tibial posterior, trigêmeo, facial e supraorbital25,28,29. Estas

quatro

O diagnóstico é clínico e laboratorial19,31.

formas

de

É

uma

doença

curável e o tratamento inclui a

manifestação provocam sensações

poliquimioterapia

de hiperestesia, fisgadas, parestesia

associação

nas

manchas

medicamentos. Em casos graves,

avermelhadas

acrescenta-se reabilitação física e

extremidades,

brancas

ou

geralmente

com

perda

de

sensibilidade ao frio, tato e calor. As regiões

da

permaneçam normal,

pele com

apresenta

utilizando

de

até

a três

psicossocial20,25,32. CONCLUSÕES

embora aparência

alteração

na

sensibilidade, diminuição da força

Considerando-se

a

importância da derme como refletor da saúde e da doença do corpo e o

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 156 de 158


fácil acesso à observação cutânea pelos profissionais que atuam na área

neuromusculoesquelética,

é

imprescindível que o terapeuta da área esteja familiarizado com as lesões

cutâneas

mais

comuns

apresentadas na prática clínica, no intuito de identificar as doenças que mitificam a sintomatologia comum do

complexo

de

subluxação

vertebral quando afeta os nervos periféricos. Ao tratamento quiroprático, espera-se

remissão

das

manifestações clínicas em dores de origem mecânica, enquanto que, nas de origem infectocontagiosas que afetam os nervos periféricos, o tratamento não evolui, havendo a necessidade de intervenção médica com medicação apropriada. CONFLITOS

DE

INTERESSES:

Não há. REFERÊNCIAS: 1. Associação Brasileira de Quiropraxia. Disponível em URL: www.quiropraxia.org.br. Acessado em 16 de agosto de 2013. 2. Chapman-Smith, D. Quiropraxia: uma profissão na área da saúde. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2001. 3. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico: situação epidemiológica da hanseníase no Brasil. Disponível em URL:

www.portalsaude.saude.gov.br/portalsaude . Acessado em 21 de setembro de 2013. 4. Organização Mundial da Saúde. Diretrizes da OMS sobre a formação básica e a segurança da Quiropraxia. Genebra, 2005. Disponível em URL: www.quiropraxia.org.br/portal/imagens/abq/ artigos/diretrizes_da_oms_sobre_educacao _e_seguranca_em_quiropraxia.pdf. Acessado em 2 de setembro de 2013. 5. Fagundes DJ e colaboradores. Quiropraxia: Diagnóstico e tratamento da coluna vertebral. São Paulo:Roca,2013;8. 6. Loures D L, Baldotto C S R, Sousa E B, Nóbrega A C L. Estresse Mental e Sistema Cardiovascular. Arq. Bras. Cardiologia. 2002; 78 (5): 525 – 530. 7. Raupp E G. A eficácia do tratamento quiroprático para lombalgia associada à espondilolistese grau um e dois. Centro Universitário Feevale, Novo Hamburgo – RS, 2005. 8. Gatterman, M I. Foundations of chiropractic: subluxation. St. Louis, Missouri: Mosby – Year Book, Inc. 1995. 9. Oliveira J P L. Análise dos efeitos do ajuste quiroprático na coluna cervical em pacientes com cervicalgia. Revista da FARN. 2009; 8 (1-2): 37 – 54. 10. Plaugher, G. Textbook of clinical chiropractic: a specific biomechanical approach. Baltimore: Williams e Wikins, 1993. 11. Kent C. Models of vertebral subluxation: a review. Journal of vertebral subluxation. 1996; 1 (1): 1 – 7. 12. Knuston G, Owens E. Active and Passive characteristics of muscle tone and their relationship models of subluxation/join dysfunction. Journal of the Canadian Chiropractic Association. 2003; 47 (3): 168 – 179. 13. Cantera L C. Palpação: Técnicas e Procedimentos. Novo Hamburgo: Feevale, 2006.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 157 de 158


14. Pettersson H, Green J R. How find a subluxation. Davenport, 2000. 15. Marques W, Herrera RF, Trade ES, Barreira AA. Diagnóstico das neuropatias periféricas, diagnósticos sindrômicos, topográficos e etiológicos. Arq. Neuro Psiquiatria. 1992; 50 (4): 448 – 457. 16. Souza MM. Manual de Quiropraxia, Quiroprática, Quiropatia: filosofia, ciência, arte e profissão de curar com as mãos. São Paulo: Ibraqui livros, 2006. 17. Cooperstein R. Gonstead chiropractic Technique. Journal of Chiropractic Medicine. 2003;2(1):16 – 24. 18. Orsini M, Freitas M, Antonioli RS, Mello MP, Reis JP, Reis CHM, Silva JG, Carvalho RW, Nascimento OJM, Guimarães RR. Estudos clínicos, imunológicos e eletrofisiológicos dos nervos periféricos na hanseníase. Rev. Neurocienc. 2008; 16 (3): 200 – 230. 19. Portal da Saúde. Disponível em URL: www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pd f/gve_7ed_web_atual_hanseniase.pdf. Acessado em 6 de setembro de 2013. 20. Araújo M G. Hanseníase no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2003; 36 (3): 373 – 382. 21. Edith L M. Breve história da Hanseníase: sua expansão do mundo para as Américas, o Brasil e o Rio Grande do Sul e sua trajetória na saúde pública Brasileira. Saúde e Sociedade. 2004; 13 (2): 76 – 88. 22. Madeira S. Aspectos microbiológicos do Mycobacterium leprae. In: Opromolla DVA. Noções da hanseníase. Centro de Estudos “Dr. Reynaldo Quagliato”, 2000.

25. Brasil. Guia para o controle da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 26. Gonçalves S D, Sampaio R F, Antunes C M F. Ocorrência de neurite em paciente com hanseníase: análise de sobrevida e fatores preditivos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2008; 41 (5): 464 – 469. 27. Lombardi, C. História Natural da Hanseníase. Hanseníase: epidemiologia e controle. São Paulo: IMESP ISASEP, 1990. 28. Garbino J A. Aspectos clínicos e diagnósticos da hanseníase primariamente neural. Artigo de investigação clínica, Hansen Int. 2004; 29 (2): 124 – 129. 29. Pimentel M I F, Borges E, Sarno E N, Nery J A C, Gonçalves RR. O exame neurológico inicial na hanseníase multibacilar: correlação entre a presença de nervos afetados com incapacidades presentes no diagnóstico e com a ocorrência de neurites francas. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2003; 78 (5): 561 – 568. 30. Leite V M C. Neuropatia silenciosa em portadores de hanseníase na cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil. Caderno de Saúde Pública. 2011; 27 (4): 659 – 665. 31. Goulart I M B, Penna G O, Cunha G. Imunopatologia da hanseníase: a complexidade dos mecanismos da resposta imune do hospedeiro ao Mycobacterium leprae. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2002; 35 (4): 365 – 375. 32. World Health Organization. Guide to the elimination of leprosy as a public health problem. Geneva, 2000.

23. Hasting RC, Gillis T P, Krahenbuhl J, Franzblau SG. Leprosy. Clin Microbiol Ver. 1988; 1 (3): 330 – 348. 24. Marrone LCP, Raya JP, Spohr RS, Oliveira FM, Theobald VD, Trentin S, Marrone ACH. Nevralgia do Trigêmeo associada à Hanseníase. Rev. Bras. Neurol. 2011; 47 (1): 43 – 45.

ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Página 158 de 158


ISSN 2179-7676 - RBQ - Volume V, n. 2 - Pรกgina 159 de 158


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.