“Vamos precisar de todo mundo Pra banir do mundo a opressão Para construir a vida nova Vamos precisar de muito amor A felicidade mora ao lado E quem não é tolo pode ver” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) Chegamos à décima edição do nosso Curta o Gênero! Seria já a décima primeira se não contássemos as dezoito noites do Curta o Gênero realizado no último trimestre de 2020 e mais os vinte dias de ações em agosto de 2021, período mais crítico da pandemia do Covid-19, como uma única edição com duas partes. Assim, desde 2012 não houve um ano sequer sem Curta o Gênero! Dois movimentos nos impelem a escrever nesse momento em que preparamos cuidadosa e meticulosamente nosso X Curta o Gênero. Por um lado, um olhar retrospectivo e, de algum modo, uma avaliação de nossa trajetória de 2012 para cá. Por outro lado, uma avaliação da cena cultural e política do nosso país, os desafios que se avizinham e as orientações, tanto do Curta o Gênero quanto da Fábrica de Imagens – ações educativas em cidadania e gênero. O Curta o Gênero já nasceu em 2012 com uma ideia nítida de que produção/difusão artístico-cultural e produção/incidência teórico-política se constituem como campos inseparáveis que sempre estão se retroalimentando ou se tencionando e que, portanto, qualquer fazer artístico ou processo cultural nunca será ingênuo ou neutro. Compunha o Curta o Gênero naquele nosso primeiro ano apenas três atividades – o Seminário, constituído basicamente por mesas, a Mostra Audiovisual e a Exposição Fotográfica Contrastes – gênero, tempos, lugares, olhares. No decurso desse tempo de pouco mais de dez anos, o Curta o Gênero foi crescendo e amadurecendo. Crescimento notável quando observamos que saímos de quatro ou cinco dias de evento para vinte dias e que a quantidade de atividades mais que triplicou, sendo hoje ao todo dez. Mas, isso ainda não revela com precisão essa ampliação, pois a Mostra Audiovisual, por exemplo, saltou da exibição de vinte e poucos curtas-metragens para uma média de oitenta e o nosso Seminário passou a não ter apenas mesas, mas também apresentações de trabalhos, minicursos, oficinas, encontros de redes e rodas de conversa. Produzimos, nesse período ainda, livros, anais, catálogos, entrevistas e um significativo acervo visual e audiovisual. Já o amadurecimento se revela principalmente no entendimento de que o Curta o Gênero precisava caminhar para além do gênero e mesmo dos feminismos, quisera ele ter alguma relevância
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