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A CAPOEIRA COMO MEIO DE DIFUSÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

VIDAL, Rafael Gemin

RESUMO

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O presente estudo apresenta como objetivo uma discussão sobre o uso da capoeira como meio de difusão da cultura afro-brasileira, utilizando-se da prática esportiva como meio interdisciplinar, relacionando-se com a história, sociologia e filosofia. Trata-se de uma pesquisa aplicada, qualitativa, descritiva e de campo. A amostra do tipo não probabilística intencional foi composta por 30 alunos do 6º ano do ensino fundamental, sendo 17 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, com idade média de 11,87±1,12 anos. A proposta de trabalho teve como finalidade desenvolver conteúdos teóricos e práticos da capoeira, nas aulas de educação física, com as turmas do 6º ano do ensino fundamental, no sentido de dinamizar as aulas da disciplina e também garantir a visibilização da cultura afro-brasileira. As atividades foram desenvolvidas com uma frequência semanal de três dias, e cada encontro teve duração de uma hora, durante cinco semanas, totalizando 15 horas ao decorrer do projeto. Como instrumento para coleta de dados, utilizou-se a observação participante, explorada através de um diário de campo. A prática utilizada neste estudo apresentou importantes inferências quando o assunto é a ligação percebida entre a capoeira, a cultura afro-brasileira e suas relações com as relações sociais apresentadas pela comunidade. O despertar do interesse pela vivência prática de uma modalidade pouco difundida nas aulas de educação física escolar fez com que os participantes fossem protagonistas de ricas discussões relacionadas a temas que mantêm sua atualidade desde sua origem na escravidão. Palavras-chave: Cultura afro-brasileira; Capoeira; Educação física escolar; Discriminação racial.

ABSTRACT

The present study aims to use capoeira as a means of disseminating Afro-Brazilian culture in physical education classes, using sports as an interdisciplinary means relating to history, sociology and philosophy. It is an applied, qualitative, descriptive and field research. The intentional non-probabilistic sample consisted of 30 students in the sixth year of elementary school, 17 of whom were female and 13 were male, with an average age of 11.87 ± 1.12 years. The purpose of the work proposal was to develop theoretical and practical content of capoeira, in physical education classes, with the classes of the 6th year of elementary school, in order to streamline physical education classes and also ensure the visibility of Afro-Brazilian culture. The activities were developed with a weekly frequency of three days, where each meeting lasted one hour, for five weeks, totaling 15 hours during the project. As an instrument for data collection, participant observation was used, explored through a field diary. The practice used in this study showed important inferences when it comes to the perceived connection between capoeira, Afro-Brazilian culture and its relations with the social relations presented by the community. The awakening of interest in the practical experience of a modality that is not very widespread in school physical education classes made the participants protagonists of rich discussions related to themes that maintain their relevance, since their origin in slavery. Keywords: Afro-Brazilian culture; Capoeira; School physical education; Racial discrimination.

INTRODUÇÃO

Para entender melhor este trabalho, devemos saber o que é a cultura afro-brasileira. Segundo Vidor e Sousa Reis (2013), ela pode ser denominada como um conjunto de manifestações culturais que ocorreram no país, que foram alteradas ou influenciadas pela cultura vinda da África, podendo ter acontecido desde a época do Brasil Colônia ou até mesmo nos dias de hoje.

Com essa base, sabe-se, assim, que a capoeira faz parte deste grupo cultural afro-brasileiro e é de origem escrava, mas, para Lussac e Tubino (2009), a origem exata não pode ser dada. São apresentadas hipóteses, no entanto, algumas são tendenciosas ou até mesmo romantizam o seu início com uma história controversa. Fontoura e Azevedo Guimarães (2002) afirmam que grande parte da documentação da época da escravatura foi queimada a mando de Ruy Barbosa, que era o ministro da Fazenda durante o governo de 1890, de Deodoro da Fonseca.

Apesar de sua origem específica não ser certa, os indícios são de que a capoeira tem sua origem na África e que o começo de sua prática aconteceu durante a escravidão que ocorreu no Brasil. Entretanto, não é algo simples, sendo carregada de uma vasta história. Ela pode ser chamada de “esporte brasileiro” ou “arte marcial brasileira”, pois se trata de uma forma de expressão, misturando a dança e a luta, fato que justifica o porquê é considerada um patrimônio cultural afro-brasileiro.

A capoeira é, portanto, uma manifestação criada pelos escravizados que era usada para se defender da opressão, feita fisicamente ou em sua cultura, onde, no seu universo, existem vários elementos importantes, como a música, a religião, a capacidade física e outras peculiaridades que a diferencia de outras práticas, podendo ser considerada uma luta, jogo e dança (MELLO, 2002).

A capoeira, assim como as demais lutas, é prevista como conteúdo estruturante da educação física escolar segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Sua prática deve ser trabalhada em um contexto interdisciplinar sobre aspectos físicos, histórico e social (BRASIL, 2017). Lançanova (2007) ressalta que as lutas, como um ramo da educação física escolar, reúnem um conjunto de conhecimentos e oportunidades que contribuem para o desenvolvimento integral do educando. Se considerado o seu potencial pedagógico, é um instrumento de enorme valor nas mãos do educador por sua ação corporal exclusiva, sua natureza histórica e o rico acervo cultural que traz dos seus povos de origem.

Uma maneira eficiente, dinâmica e interdisciplinar de trabalhar o conteúdo de lutas está na relação que elas têm no decorrer da história da humanidade e no desenvolvimento da arte. Adotar contextos históricos para reproduzir acontecimentos marcantes, sendo, para tal, desenvolvido material artístico, como cenário, armas e vestimentas, dentro dos contextos de luta pela sobrevivência (comida, luta com animais), luta territorial (guerras) e até mesmo as lutas sociais (por ideais), torna a visão dos alunos e da sociedade perante as lutas uma maneira atrativa de desenvolvimento físico, psicológico e social.

Apresentada a importância histórica da capoeira e sua introdução no ambiente escolar, pode-se afirmar que a sua difusão na sociedade seja benéfica, agregando aqueles que a conhecem como uma nova prática esportiva ou como conhecimento sobre a cultura afro-brasileira, destacando que 53,92% da população brasileira que é composta de negros e pardos.

Na mídia televisiva e em redes sociais, é comum o aparecimento de casos revoltantes de discriminação racial contra pessoas negras. Esse preconceito, na sociedade atual, em que mais da metade da população brasileira é parda e preta, é inadmissível. Dados apontam que, entre jovens brancos de 15 a 29 anos, são assassinados 34 a cada 100 mil habitantes, e já entre pretos e pardos, esse número sobe para 98,5, quase o triplo. Essa diferença gritante entre um e outro ocorre devido a anos de preconceito presente na sociedade e de uma desigualdade social (OLIVEIRA; TORRES; TORRES, 2018).

Frente a essa realidade, devem ser tomadas medidas que mudem e melhorem a vida dessas pessoas. Uma das melhores formas de fazer isso é através da educação, pois, através dela, novas perspectivas são abertas, abrindo o entendimento sobre uma sociedade que deve ser construída com justiça e igualdade. O meio que se buscou usar para lidar com essa temática foi a capoeira na educação física escolar por causa da gama de benefícios que ela apresenta ao aluno.

A capoeira, além de trazer as lutas e a dança para dentro da educação física, algo deixado para trás e não trabalhado por muitos professores, também apresenta o conhecimento de uma cultura que deve ter seu destaque frente à riqueza de informações. Com o aprofundamento na parte histórica durante a prática da capoeira, consegue-se fixar melhor o conteúdo, além de aprender sobre uma cultura nova que o aluno vivencia, apresentando, assim, uma noção maior da capoeira (FALCÃO, 2015).

A educação física pode ser e é mais que a simples prática esportiva, ela tem muitos outros pontos positivos a agregar que podem ser devidamente explorados, ganhando, assim, seu espaço na comunidade científica e mostrando seus valores à sociedade como um todo. Frente ao exposto, o presente estudo apresenta como objetivo uma discussão sobre o uso da capoeira como meio de difusão da cultura afro-brasileira, utilizando-se da prática esportiva como meio interdisciplinar, relacionando-se com a história, a sociologia e a filosofia.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa aplicada, qualitativa, descritiva e de campo. Segundo Gil (2008), a pesquisa aplicada visa gerar conhecimentos para problemas específicos, como os destinados por esse projeto. O enquadramento como pesquisa descritiva e de campo se dá pelo fato de o estudo desenvolver a temática da capoeira no âmbito escolar, proporcionando relação entre as variáveis da prática esportiva e cultural.

A pesquisa foi aplicada em uma escola da rede municipal de ensino do município de Canoinhas, em Santa Catarina. A população da pesquisa foi composta por alunos de uma escola da rede municipal de ensino do município de Canoinhas. A amostra do tipo não probabilística intencional foi composta por 30 alunos do 6º ano do ensino fundamental, sendo 17 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, com idade média de 11,87±1,12 anos.

A proposta de trabalho teve como finalidade desenvolver conteúdos teóricos e práticos da capoeira, nas aulas de educação física, com as turmas do 6º ano do ensino fundamental, no sentido de dinamizar as aulas de educação física e também garantir a visibilização da cultura afro-brasileira.

As atividades foram desenvolvidas com uma frequência semanal de três dias, e cada encontro teve duração de uma hora, durante cinco semanas, totalizando 15 horas ao decorrer do projeto.

Para responder ao objetivo da pesquisa, as atividades foram executadas em dois momentos: atividade teórica, em que foram apresentadas informações sobre a história da capoeira e sua evolução até os dias atuais; e, no segundo momento, a prática da atividade física em que os alunos vivenciaram essa cultura corporal através dos movimentos da capoeira com o intuito de desenvolver as habilidades motoras e também atividades referentes à musicalidade como cânticos e utilização de instrumentos.

O planejamento de execução de conteúdos está exposto no Quadro 1, desenvolvido com base no estudo de Kerber e Almeida (2018).

Quadro 1 – Desenvolvimento dos conteúdos relacionados à prática da capoeira

Momento Conteúdo Teórico Conteúdo Prático

1º História da capoeira 2º Escravidão

3º Quilombos

Roda e ginga Ginga e defesa Ritmos e cânticos 4º Libertação dos negros escravizados Movimentos de ataque 5º Mestre Bimba e Mestre Pastinha Continuação dos movimentos de ataque 6º Evolução da capoeira Circuito de habilidades motoras com movimentos da capoeira 7º Luta, dança ou arte Musicalização com instrumentos musicais 8º Roda de capoeira

Devido ao tamanho da população envolvida e à natureza comportamental e social dos fenômenos estudados, de difícil objetivação e avaliação, optou-se pela adoção de um instrumento qualitativo de aferição de resultados. A observação refere-se a uma estratégia básica e fundamental de pesquisa, tendo em conta que o próprio método experimental tradicionalmente se utiliza dela. Existem diferentes modalidades de observação, variando conforme seu nível de estruturação, envolvendo maior ou menor participação do pesquisador, possibilitando diferentes arranjos conforme objeto e estudo. No caso em questão, optou-se por uma postura participante, uma vez que o pesquisador ocupa também o lugar de aplicador do projeto de capoeira, em contato direto com o grupo e os sujeitos envolvidos e, ainda, por um baixo nível de estruturação da observação, definindo focos de atenção em termos de comportamentos individuais, atitudes sociais e relações grupais e interpessoais ao longo do desenvolvimento do programa.

Em termos de registro de informações, nesse período, adotou-se uma técnica de “diário de campo”, anotando atitudes e comportamentos, com foco individual e grupal, assim como a relação social entre os participantes da pesquisa e deles com o instrutor/pesquisador. O diário foi transcrito pelo próprio pesquisador imediatamente após o término de cada sessão do projeto de capoeira.

Após a aplicação do projeto e o levantamento de dados realizado através do diário de campo, uma análise qualitativa dos textos foi realizada, destacando pontos positivos e negativos do desenvolvimento do projeto.

Aos indivíduos que aceitaram participar deste estudo, foi dada uma explicação verbal sobre os objetivos da pesquisa, bem como um esclarecimento sobre todos os procedimentos que seriam realizados, dando-lhes total liberdade e resguardando o sigilo das suas respostas, da sua identidade, assim como a privacidade do seu anonimato. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi entregue em duas vias, assinado tanto pelo pesquisador quanto pelos responsáveis dos colaboradores, firmando, assim, o vínculo ético necessário para a realização desta pesquisa. A metodologia proposta foi formulada respeitando as resoluções 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e aplicado após ser aprovado pelo Núcleo de Ética e Bioética do Centro Universitário Vale do Iguaçu – Uniguaçu sob o protocolo 2020/054.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realização desta atividade, cujo objetivo foi incluir uma discussão sobre o uso da capoeira como meio de difusão da cultura afro-brasileira em escolares do 6º ano do ensino fundamental em uma escola no município de Canoinhas (SC), foi bastante significativa. Primeiramente, inferimos que, por meio da capoeira, é possível implementar um ambiente favorável ao entendimento da cultura afro-brasileira e, mais do que isso, aprofundar a temática racial, debatendo preconceitos e injustiças. Segundo a filosofia da capoeira, à luz de atividades teóricas e práticas, são possibilitados aprendizados para a vida. Referente ao projeto, pode-se dizer que os jovens apresentaram evolução técnica, social e afetiva no decorrer das aulas.

A fase inicial contou com grande empolgação dos alunos, sobretudo para a parte prática. O objetivo inicial foi embasar o surgimento da capoeira, fato que culminou na curiosidade dos participantes.

A capoeira, em si, tem mitos diferentes a respeito do seu surgimento, e eles são três: um que diz que a capoeira foi trazida da África Central por africanos e permaneceu aqui intacta, outro diz que ela foi criada aqui nos por escravizados dos quilombos, e o último diz que foi criada por indígenas e, por isso, a capoeira é chamada assim, devido à palavra indígena que significa “mato ralo” (IPHAN, 2008).

As três hipóteses apresentadas anteriormente ainda geram dúvidas, porém estudos dizem que há danças guerreiras similares à capoeira na África Central. No entanto, não se pode excluir o fator da mudança que sofreu em solo brasileiro. Nos centros urbanos, acredita-se que a capoeira se desenvolveu mais com base na parte que foi trazida da África. A questão indígena é algo que não há como provar, não há relatos de indígenas a respeito disso e nem documentações. A própria capoeira é algo difícil de conhecer a origem exata, uma vez que ela se desenvolveu em muitos lugares simultaneamente e sua origem é incerta (IPHAN, 2008).

Estudos históricos dizem que o início da capoeira, aqui no Brasil, acontece devido a inúmeros casos de injustiça social vinda da enorme violência sofrida pelos escravizados. Sendo assim, por causa disso, foi surgindo

de uma maneira escondida, camuflada e quase imperceptível de criação e, hoje, ela é uma das maiores manifestações culturais (FALCÃO, 2015).

A abordagem da origem da capoeira implementou, no ambiente educacional, a reflexão sobre as condições vividas pelos negros na época da escravidão, gerando ricas discussões sobre como as injustiças raciais e sociais estão presentes até os dias atuais. Exemplos não faltaram. Esse momento foi oportuno para conceitualizar características da sociedade que nutrem a desigualdade.

Para Guimarães (2017), nós recebemos da cultura grega e da cristã a polaridade do branco e do preto como um sendo algo puro e outro infernal. O véu negro de Teseu foi símbolo de derrota, quando usou o branco, foi a vitória, quando há eleitos no cristianismo, eles vestem roupas brancas, pois as negras são do diabo. Isso é presente até mesmo em jogos de cartas e quase ninguém percebe. Sem perceber essa visão de que negro é algo negativo, ligado a algo ruim, como a morte, trevas, pecado e coisas do tipo, acaba-se colocando uma visão no povo de pele negra, os africanos, como se um povo tivesse a sua pele amaldiçoada.

Sendo assim, é considerado preconceito racial uma disposição ou atitude negativa direcionada culturalmente aos membros de um grupo, estigmatizados pela forma como são fisicamente ou pela sua origem, sua etnia. Quando esse preconceito é mais voltado para a aparência da pessoa, seus traços físicos, fisionomia, o gestual, modo de falar, trata-se, portanto, de um preconceito de marca, e quando se deve à etnia, em si, do indivíduo, de onde ele vem, denomina-se, assim, preconceito de origem (NOGUEIRA, 2007).

Já engajados sobre a temática da origem da capoeira, e vivenciados os gestos característicos de sua prática, como a ginga, a roda, os movimentos de ataque e de defesa, foram apresentados os instrumentos e sons que compõem a luta (ou dança). O contato com os instrumentos despertou curiosidade e momentos de maior participação. Esse momento foi utilizado para relacionar a origem e o significado de cada um.

A roda de capoeira começa com o som do berimbau, e todos se agrupam em círculo, logo após começa o som de outros berimbaus, a viola e a violinha com o seu som mais agudo. Então, começa o atabaque com som pesado, e aí o agogô, o reco-reco, o pandeiro e o ganzá, aí está feito o início de uma roda de capoeira (ADORNO, 2010).

O berimbau é o carro-chefe dos instrumentos da capoeira, ele é o protagonista, podendo, assim, trabalhar sozinho ou junto com outros instrumentos. No entanto, ele não foi feito somente para a capoeira, já era conhecido em festas afro-brasileiras e nas rodas de samba, como, às vezes, ainda se vê (TAVARES, 2018).

Por revelar fatos históricos que marcaram uma época, a capoeira como educação física pode ser considerada uma atividade transformadora. Através da musicalidade, dos movimentos, dos cantos, a capoeira como educação física pode transmitir aspectos marcantes da sociedade brasileira, como as preferências dos negros, seus romances, trabalhos, crenças, amigos e inimigos, costumes, sofrimentos, características notáveis em suas cantigas.

A capoeira vem sendo valorizada e ocupando vagarosamente o seu espaço em várias partes da sociedade pelas suas características próprias e fixas de harmonia de movimento e beleza de uma roda de capoeira. Dá-se a entender que há outras coisas que entrelaçam a capoeira ao ambiente escolar por ser uma atividade brasileira bem ajustada aos alunos, por ser uma manifestação popular cheia de movimentos e música, com muita cultura e bastante difundida na sociedade brasileira (CAMPOS, 2010). Para Reis (2001), a capoeira provavelmente é um dos caminhos para a total democratização da escola.

A capoeira se apresenta como algo importante para uma formação completa de um aluno porque desenvolve o físico, o caráter, a personalidade e proporciona mudanças de comportamento, além do aumento do autoconhecimento e da habilidade de analisar melhor os seus limites e capacidades (CAMPOS, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática utilizada neste estudo apresentou importantes inferências quando o assunto é a ligação percebida entre a capoeira, a cultura afro-brasileira e suas relações com as relações sociais apresentadas pela comunidade.

O despertar do interesse pela vivência prática de uma modalidade pouco difundida nas aulas de educação física escolar fez com que os participantes fossem protagonistas de ricas discussões relacionadas a temas que mantêm sua atualidade desde sua origem na escravidão.

Decerto, não é fácil, no mundo demarcado pela desigualdade e discriminação racial, implementar programas que debatam o assunto. Todavia, a educação se mostra como a melhor vertente para mudar a sociedade, sendo a educação física parte da formação integral do aluno, apresentando a capoeira como ferramenta no debate da cultura afro-brasileira.

REFERÊNCIAS

ADORNO, C. A arte da capoeira. Copyright. 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: A educação é a base. Brasília, 2017. CAMPOS, H. J. B. C. de. Capoeira na escola. Salvador: EDUFBA. 2010. FALCÃO, J. L. C. O jogo da capoeira em jogo e a construção da práxis capoeirana. 2015. FONTOURA, A. R. R; AZEVEDO GUIMARÃES, A. C. História da capoeira. Journal of Physical Education, v. 13, n. 2, p. 141-150, 2002. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas SA, 2008. GUIMARÃES, A. S. A. Preconceito racial: modos, temas e tempos. São Paulo: Cortez Editora, 2017. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira. Brasília, 2008. KERBER, C; ALMEIDA, A. C. S. Arte na Escola: caminhos. São Paulo: LiberArs, 2018. LANÇANOVA, J. E. D. S. Lutas na educação física escolar: alternativas pedagógicas. São Paulo: Ática, 2007. LUSSAC, R. M. P.; TUBINO, M. J. G. Capoeira: a história e trajetória de um patrimônio cultural do Brasil. Journal of Physical Education, v. 20, n. 1, p. 7-16, 2009. MELLO, A. D. S. A história da capoeira: pressuposto para uma abordagem na perspectiva da cultura corporal. In: VIII Congresso Brasileiro de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, 2002. NOGUEIRA, O. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo social, v. 19, n. 1, p. 287-308, 2007. OLIVEIRA, C. B. F.; TORRES, E. N. S.; TORRES, O. Vidas negras: Um panorama sobre os dados de encarceramento e homicídios de jovens negros no Brasil. Revista Trama Interdisciplinar, v. 9, n. 1, p. 86-106, 2018. REIS, A. L. T. Educação física & capoeira: saúde e qualidade de vida. Brasília: Thesaurus Editora, 2001. TAVARES, L. C. V. O corpo que ginga, jogo e luta: a corporeidade na capoeira. 2018. VIDOR, E.; DE SOUSA REIS, L. V. Capoeira: uma herança cultural afro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2013.

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