FALO CO Tive dois relacionamento monogâmicos e dois em que eu e o parceiro abríamos para experimentar sexo com outras pessoas mantendo a base principal. Hoje em dia, quando me relaciono com alguém e a pessoa diz não gostar de relação aberta, eu já desisto de tentar algo com ela. Será uma tendência as relações não mais se manterem mais apenas a dois? A.P. São Paulo/SP. De antemão sim, pode-se chamar de uma “tendência”. Desde que a sexualidade passou de algo concentrado apenas no intuito da procriação para ter o foco no prazer houve uma transformação no modo como as pessoas vivem e se relacionam entre si. O sexo agora não visto mais em sua totalidade como pecado e trazendo inúmeras possibilidades de experimentá-lo, os avanços conquistados por movimentos como o feminista, negro e LGBT e a chegada da tecnologia trazendo troca de informações com pessoas de vários lugares do planeta trouxeram à luz compatibilidades e semelhanças entre gostos individuais que, apesar de sabermos da existência, não eram antes facilmente vivenciados.
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As relações foram ressignificadas e o modelo central de família heteronormativa (pai, mãe e os filhos) ganhou novos formatos e possibilidades. Casais gays e lésbicas saíram das sombras da marginalidade e passaram a obter direitos perante à lei. Mulheres antes impossibilitadas de escolherem um marido, se separarem de uma relação abusiva ou experimentarem um novo amor em caso de viuvez, agora têm direito de fazer variadas escolhas sobre à própria vida, ainda que de forma limitada, já que colhemos os resquícios históricos do patriarcado. Todo esse movimento transformador na forma de se relacionar da sociedade vem possibilitando cada vez mais através dos tempos a formação de encontros e a possibilidade que eles aconteçam de maneiras mais inimagináveis e distintas: casais monogâmicos que de vez em quando abrem espaço para uma terceira pessoa, casais que fazem troca com outros casais mantendo a base sólida entre eles intacta (o chamado swing), trisais começaram a se formar tanto nos relacionamentos hétero como homoafetivos (ainda que mais comum no segundo grupo)... ou seja, experimentar o poliamor é uma realidade cada vez mais presente e menos carregada de culpa para quem vivencia, contudo ainda sob o olhar pesado do preconceito social. Não diria que a monogamia está fadada ao fim – porque sempre existirão pessoas interessadas nessa forma de relacionamento –, mas ela agora precisa aprender a partilhar seu convívio com as diversas formas que vem surgindo no cotidiano. É preciso entender e sempre deixar claro um(uns) para o(s) outro(s) quais as intenções e necessidades individuais, pois, caso isso não aconteça, o resultado a longo prazo poderá ser o desencontro. Ser sincero como você faz quando conhece alguém, ainda que possa ser dolorido para as partes, é mais assertivo que prolongar desejos. A sintonia acontece quando o jogo é limpo e os envolvidos estão dispostos a ganhá-lo juntos. Boa sorte em seus encontros! :)