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> OPINIÃO SAÚDE

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Paulo Reis é cuidador de Cátia. Há 20 anos que ela conta apenas com ele para acorrer a todas as suas necessidades. Desde o primeiro momento, Paulo sabia que iria ter de cuidar da sua companheira diagnosticada com dermatomiosite juvenil, uma doença que condiciona severamente a mobilidade e a obriga a andar numa cadeia de rodas. Olhando para o futuro, Paulo Reis, que é diabético e já ultrapassou a barreira dos 50 anos, teme não conseguir dar continuidade a este trabalho. «Não é uma situação em que se possa tirar “férias”. É fisicamente desgastante e tenho consciência que, com o avançar do tempo e da doença, vai ser cada vez mais difícil conseguir cuidar da Cátia e garantir a minha própria saúde. Preocupa-me a possibilidade de não conseguir continuar a prestar este apoio no futuro», reflete. Mas não é apenas futuro que o preocupa. Também «no dia a dia é difícil separar a relação pessoal da de cuidador, uma vez que não existem apoios ou acompanhamento para os cuidadores», anota. Paulo Reis é um dos 250 mil cuidadores informais que existem e resistem em Portugal. As estatísticas estimam que no universo de 800 mil cuidadores, 240 mil fazem-no a tempo inteiro. Estas e outras preocupações levaram um grupo de cuidadores a insistir junto dos governantes pelo reconhecimento do Estatuto de Cuidador Informal. O objetivo foi conseguido em meados do ano passado. 30 CONCELHOS EM PROJETO-PILOTO

Ainda em fase de teste-piloto, desde abril de 2020, que os cuidadores informais residentes em 30 concelhos de Norte a Sul do país podem solicitar o seu estatuto junto dos serviços da Segurança Social. Os projetos-piloto têm a duração de um ano, ficando a sua monitorização e avaliação a cargo de uma comissão de acompanhamento. Alcoutim, Alvaiázere, Amadora, Arcos de Valdevez, Boticas, Cabeceiras de Basto, Campo Maior, Castelo de Paiva, Coruche, Évora, Figueira da Foz, Fundão, Grândola, Lamego, Mação, Matosinhos, Mértola, Miranda do Corvo, Moita, Montalegre, Mora, Moura, Penafiel, Portimão, Sabugal, Seia, Viana do Castelo, Vieira do Minho, Vila Real e Vimioso são os 30 concelhos com projetos-piloto já em marcha, porém os cuidadores informais que não residam nestes territórios também poderão pedir o estatuto de cuidador informal. “A estes cuidadores residentes serão atribuídos profissionais de referência, da área da Saúde e da Segurança Social, os quais delinearão um plano de intervenção que irá incluir medidas de acompanhamento, aconselhamento, capacitação

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FARMÁCIA HOLON: SEMPRE AO SEU LADO!

Toda a ajuda é pouca quando falamos de cuidar da saúde de alguém. Bem perto de si, as Farmácias Holon disponibilizam um conjunto de serviços, na forma de soluções integradas de saúde, que podem fazer a diferença e retirar alguma carga ao dia a dia dos cuidadores. «Num único espaço, encontram várias soluções para os diversos problemas de saúde da pessoa que cuidam, o que é uma vantagem para os cuidadores. Falamos de um acompanhamento especializado através dos nossos serviços farmacêuticos, de enfermagem, Nutrição, Podologia, Dermofarmácia e Pé Diabético», refere Joana Brito, Gestora de Projetos e Serviços das Farmácias Holon. Para quem não se pode deslocar à farmácia, a opção de ter apoio ao domicílio é uma realidade muito útil. Sempre por via do agendamento de uma consulta - diretamente na farmácia ou por via do serviço online - também aqui, um leque de profissionais de saúde desloca-se a casa onde executam os tratamentos necessários. Mas as opções não se ficam por aqui! As teleconsultas também já são uma realidade nas Farmácias Holon. Através do site www.farmaciasholon.pt/on, é possível ter uma avaliação por via de uma consulta online. «A pessoa não precisa de sair de casa e tem, na mesma, o apoio de um profissional de saúde», reforça a farmacêutica. As equipas multidisciplinares das Farmácias Holon disponibilizam outros serviços que contribuem para o aumento da efetividade e segurança das terapêuticas. «A Consulta Farmacêutica e a Preparação Individualizada da Medicação (PIM) são serviços que se destinam, sobretudo, a pessoas que vivem com vários problemas de saúde, com doenças crónicas e que tomam vários medicamentos ao mesmo tempo», refere Joana Brito.

A farmacêutica acrescenta que o serviço de PIM acaba por dar um apoio extra ao cuidador, porque lhe «permite recolher na farmácia, num pillpack próprio para o efeito, toda a medicação da pessoa que está a cuidar, sem ter de se preocupar com questões como “Já dei esta medicação? Será que estou a dar em duplicado? Será que temos medicação suficiente”».

e formação para o cuidador”, refere comunicado divulgado no portal do SNS, pelo gabinete da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. TER ACESSO AOS APOIOS NECESSÁRIOS

Em termos gerais, o novo estatuto prevê medidas que incluem: a “identificação dos cuidados a prestar pelo cuidador informal, bem como a informação de suporte a esses cuidados” e a “avaliação da qualidade de vida e sobrecarga do cuidador informal ou acesso a medidas de saúde e apoio social promotoras da autonomia, da participação e da qualidade de vida da pessoa cuidada”. Ainda no âmbito deste projeto-piloto, os cuidadores informais principais terão direito a um novo Subsídio de Apoio ao Cuidador Informal, com um valor de referência de 438,81 euros, variável em função dos rendimentos. Para a vice-presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais, o Estatuto é ainda suscetível de sofrer alterações. «Nesta fase, há que aguardar pelo fim dos projetos-piloto e pela regulamentação final. Só nessa altura teremos plena consciência das eventuais alterações». Maria Anjos Catapirra admite ainda que o Estatuto deveria ser «simplificado» para agilizar a inclusão de mais cuidadores. «O Estatuto contempla todos os cuidadores informais deste país que queiram pedir o seu reconhecimento, mas a forma como o mesmo está legislado é que tem de ser devidamente alterado na sua redação final», remata. De acordo com os dados oficiais da Segurança Social, até ao momento só 3.400 pessoas solicitaram ao Instituto de Segurança Social (ISS) o reconhecimento do Estatuto de Cuidador. Muito há ainda que fazer.

CONSEGUIR, NUNCA DESISTIR!

Diariamente, o cuidador é posto à prova. A sobrecarga permanente exige que o cuidador informal adote estratégias que o ajudem a olhar o futuro com esperança. - Distribua algumas tarefas por pessoas que também estão próximas da pessoa cuidada; - Procure alguém da rede relacional para partilhar as emoções e inquietações; - Reforce as suas redes sociais (família e amigos); - Não se feche. Fale sem receio e manifeste os seus sentimentos e inquietações; - Mantenha-se informado para melhor saber lidar, e de forma eficaz, com as tarefas relativas ao cuidar (associações, centros de saúde, entre outras); - Planifique o trabalho e as tarefas familiares; - Defina tempos de descanso para si; - Planifique tempo para si próprio e para o autocuidado;

- Treine uma respiração mais adequada (inspirar e expirar calmamente) para ajudar no autocontrolo; - Aprenda a relaxar e a recorrer ao relaxamento em situações de stress; - Substitua os pensamentos negativos e pessimistas por pensamentos realistas e positivos; - Recorra ao humor para lidar com situações adversas.

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