4 minute read
ENTREVISTA ESPECIAL
A cozinha era um escape, mas acabou por se tornar o lugar onde se sente mais realizada. Mãe de 2 filhos, Filipa Gomes afirma que a saúde é uma preocupação, por isso, em casa, «90% das refeições começam com sopa, há sempre vegetais e a sobremesa é fruta».
Advertisement
H – Tem formação em Marketing e Publicidade e uma carreira nesta área, como surgiu a paixão pela culinária e o salto para o mundo da cozinha? Filipa Gomes (FG) - Desde que saí da faculdade que trabalhei em agências de publicidade. Gostava do que fazia, mas não estava muito feliz. A cozinha era o meu escape, o sítio “para onde ia” para me sentir mais realizada. Tanto fui, que acabei por lá ficar. H - Foi a grande vencedora do casting 24Kitchen sendo agora apresentadora do programa “Prato do Dia”. O que a levou a fazer o casting? FG - Não foi algo muito pensado. Eu nem sabia que o casting estava a acontecer. Foi o meu namorado que encontrou, insistiu e eu acabei por participar. E em poucos meses a minha vida deu uma volta de 180 graus.
H - Não é chef, mas é uma apaixonada pela gastronomia e acaba por inspirar uma série de pessoas a aventurarem-se nestas lides. É algo que a deixa feliz? FG - Sim, não sou chef. Não tenho formação académica nem faço a gestão de nenhum restaurante. Mas pesquiso muito, leio muito e, acima de tudo, experimento muito. Poder partilhar as minhas receitas com as pessoas e saber que, de alguma forma, as inspiro é algo para lá de gratificante. H - Batom vermelho e saias rodadas são imagem de marca. E interiormente, qual é a sua “marca”? FG - Sou muito grata pela vida que tenho e pela pessoa que sou, mas sou uma eterna insatisfeita. O que nem sempre abona muito a meu favor. Mas julgo que também é isso que me leva mais longe. Talvez seja esse um dos traços mais marcantes da minha personalidade. Isso e tentar sempre ser o mais fiel possível àquilo em que acredito. H - De onde vem a criatividade para criar novos pratos? FG - Das coisas nascem coisas. As ideias surgem de todos os lados. De um modo geral vêm da vida, dos restaurantes que frequento, dos países que visito, das pessoas com quem me relaciono, dos programas de culinária e site que vejo. Também vêm do passado, das memórias de infância, da família. E também podem vir de um problema, por exemplo: “Pandemia! O que vamos cozinhar?” Foi assim que aconteceu o “Pãodemia”. H - A Saúde é uma preocupação para si? Em que medida? FG - Sim, a saúde é uma preocupação muito presente e acredito que a alimentação tem um papel importantíssimo a curto e a longo prazo. Não só os alimentos que comemos, mas os hábitos alimentares que temos enquanto ritual em família. Desde muito cedo, por exemplo, que faço questão que os meus filhos comam à mesa, experimentem novos ingredientes e tentem comer aquilo que nós, adultos, comemos. Dá mais trabalho, mas acredito que no futuro vai fazer deles pessoas mais inteiras e saudáveis. H - Reflete essa preocupação nos seus pratos? FG - Acredito que os alimentos são o primeiro remédio. Uma espécie de seguro de saúde. E com dois filhos, acho mesmo importante passarmos-lhes esta herança. Em casa, 90% das refeições começam com sopa, há sempre vegetais e a sobremesa é fruta. Tento que os menus sejam variados e que coisas como fast food, doces, sumos e alimentos processados, só aconteçam aos fins de semana. Mas não sou perfeita e a minha profissão exige que esteja sempre a testar coisas novas que ficam ali muito à mão. Como adoro comer, acabo por cometer alguns excessos. Quando me apercebo que já estou a ultrapassar a linha, tento voltar aos eixos. H - A sustentabilidade ambiental preocupa-a? Espelha-a nas suas criações? FG - É uma preocupação e, especialmente nas minhas redes sociais, tento sempre ir alertando para essa tomada de consciência. Tenho vindo a perceber que coisas tão simples como a reciclagem, ainda não é obvia para todos. Ou que muita gente não só não sabe o que fazer com as sobras como inclusive nem as considera como opção de refeição. Dar alternativas nesse sentido, reinventar pratos, aproveitar restos é algo que faço de forma recorrente. H - Livros, televisão…Tem algum projeto futuro em mente? FG - Tenho sempre muitos projetos em mente, quase todos relacionados com a área da gastronomia. Ainda não posso contar muito, mas acredito que 2021 vai ser um ano produtivo e tenho a certeza que me vai manter perto das pessoas que me seguem e com quem partilho este amor pela cozinha. H - Que relação tem com a farmácia e com os farmacêuticos? FG - De confiança. Muitas vezes, antes de consultar um médico - isto quando o caso me parece “menor”, claro - é com os farmacêuticos das minhas farmácias de confiança que me aconselho. H - Têm algum hobby? FG - Há uma coisa de que gosto muito e que não tenho conseguido fazer: andar de bicicleta. H - O que é que a faz feliz? FG - Estar à mesa com a minha família, andar com os meus filhos pela natureza, viajar, poder trabalhar naquilo que gosto. H - O que é que a tira do sério? FG - A incompetência e o mau carácter.
FILIPA GOMES
Nome: Filipa da Silva Gomes Idade: 36 anos Onde nasceu: Almargem do Bispo, Sintra. Um filme: Que difícil! Adoro os filmes do Tarantino e do Wes Anderson. Um livro: Estou a ler “Os chouriços são todos para assar”, Ricardo Adolfo Música: Sou muito eclética. Gosto de Jazz, Rock n’ Roll, Bossa Nova, Indie, Blues. Viagem: Amei a Tailândia. Quero visitar o Japão. E volto a Madrid sempre que posso. Comida preferida: Comida que traz ou que cria memórias.