Revista H#17

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Índice EDItOrial

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Editorial

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Atualidade

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Não se deixe dormir Agora que já se instalou o outono, trazendo com ele dias em que o tempo é mais chuvoso e as temperaturas são mais frias, chegou também aquela altura do ano em que trazemos de volta ao nosso armário as roupas para combater este tempo menos simpático. Assim, e além desta preparação ao nível do vestuário que, em boa verdade já nos facilita um pouco a vida, temos também de nos preparar para as temperaturas mais frias com outro tipo de precauções, como o aquecimento da casa ou a vacinação para nos protegermos da gripe, por exemplo. Como em tudo, o importante é estarmos alerta para os problemas que poderão chegar, ou como se diz na gíria: “não nos deixarmos dormir”, seja nestes ou em quaisquer outros assuntos relativos à saúde. Desta maneira e tendo em atenção o nosso tema de capa, que nesta edição da revista H é a apneia do sono, vamos ajudá-lo a perceber o que é exatamente esta doença respiratória, uma vez que com certeza muitos de nós já ouvimos falar algumas vezes nela mas, na verdade, não sabemos com exatidão o que realmente é, quais os sinais de alerta ou em que tipo de população tem maior prevalência. Neste exemplar da H17, além de lhe darmos um total esclarecimento sobre o que é a apneia do sono, também não o vamos deixar a dormir sobre outros temas igualmente importantes e que abordamos nesta edição: explicamos-lhe tudo sobre frieiras na nossa rubrica “Cuidamos de si” e sobre o glúten na secção “Viva Mais”. O nosso foco é, e será sempre a sua saúde, por isso as Farmácias Holon não só explicam tudo sobre as várias doenças, como os nossos colaboradores estão totalmente disponíveis para o atender, aconselhando-o sempre da forma mais competente, simpática e profissional. Nas Farmácias Holon nunca nos deixamos dormir no que toca à saúde dos nossos utentes, e é também por isso que acreditamos que um dia todas serão assim. Miguel Goulão Diretor da Revista

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Opinião Receita eletrónica: Via aberta para a criação de um SNS integrado O que Dizem os Especialistas Cancro de Cabeça e Pescoço: «Diagnóstico precoce pode salvar uma vida» Em Foco Apneia do sono: «Ressonar não é normal» Um Dia Todas Serão Assim 14 Serviço do Pé Diabético: Evite complicações, adote medidas preventivas 17 Calendário & Ações Farmácias 18 Farmácia Holon Alcobaça: 121 anos em prol da comunidade

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Cuidamos de Si 19 Frieiras: Um problema do inverno 22 Joanetes: Muito mais do que uma questão estética

H Júnior 27 Diverte-te 28 Trocado em Miúdos 30 Dentro & Fora de Casa 31 Pinta o desenho Bebé e Mamã Brincar faz bem à saúde: Já tomou a sua dose hoje? Dia a Dia Lesões desportivas: A farmácia também pode ajudar Cuide Aqui da sua Saúde Incontinência Urinária: O longo percurso até à casa de banho Viva Mais 43 Glúten: Um perigo para todos? 45 Trail running: A natureza como pano de fundo 47 Receita saudável Atuar SOS Hepatites: Ajudar quem sofre com as hepatites

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NOVIDADES

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Saúde Digital

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Breves

Edição: Hollyfar – Marcas e Comunicação, Lda. – Rua Aquiles Machado, nº 5F 1900-077 Lisboa Coordenador Editorial: Maria João Costa Lobo (Holon) e Inês Marujo (Hollyfar) • Colaboram nesta edição: Ana Albernaz, Andreia Cruz, Carmen Silva, Susana Henriques, Jorge Freitas, Ana Luísa Pinto, Daniela Pires, Margarida Esteves • Fotografia: David Oitavem Publicação bimestral • E-mail: revistah@farmaciasholon.pt • Tiragem deste número: 30.000 exemplares • Os artigos assinados apenas veiculam a posição dos seus autores. Layout: Series – Comunicação e Design, Lda. – Rua Rodrigues Sampaio, 31, 1º Dto. 1150-278 Lisboa; Site: www.series. com.pt • United Creative – Estrada da Luz nº 90, 10ºH 1600-160 Lisboa; Site: www.unitedcreative.com • Paginação: Helena Diretor: Miguel Goulão • Propriedade: Holon – Comunicação Global,

Freitas • Execução Gráfica: Finepaper – Rua do Crucifixo,

Unipessoal, Lda. • Capital Social: 5.000,00 euros • Órgãos Sociais:

86, 3º Dto. 1100-184 Lisboa; E-mail: info@finepaper.pt •

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atualidade

Revisão anual de preços pou-

Demência é das doenças mais

Sumos detox não substituem

pa 270 milhões aos utentes e

temidas pelos portugueses

refeições completas

A demência é das doenças que os portugueses mais receiam, sendo apenas superada pelo cancro e pelo acidente vascular cerebral (AVC). Este é um dos resultados preliminares de um inquérito online que avaliou a perceção que os portugueses têm sobre a demência. Cerca de um quarto (26,1%) dos inquiridos dizem que a demência é a condição médica que mais temem, noticiou a “Renascença”. O inquérito contou com a participação de 950 pessoas, 70% das quais com menos de 45 anos. Portugal apresenta uma taxa de incidência de demência na população de 1,7 %, superior à média europeia (1,55%). São cerca de 183 mil pessoas já diagnosticadas, 130 mil das quais com Alzheimer. Portugal é um dos países mais envelhecidos da Europa e essa é uma realidade que explica os valores relativos à demência. O envelhecimento é o principal fator de risco da doença, que atinge essencialmente pessoas com mais de 65 anos.

Os batidos à base de frutos e vegetais estão na moda e são vistos como a solução ideal para uma alimentação saudável e uma perda de peso rápida e efetiva. Em comunicado, a Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa alerta para o consumo equilibrado destes batidos, de forma a não comprometer a saúde. «O termo detox surgiu de desintoxicante, sendo esta uma dieta que promete ajudar a eliminar as toxinas do organismo, que diariamente se acumulam. Contudo, não existe evidência científica que o comprove, além dos já conhecidos benefícios dos vegetais quando consumidos nas formas mais comuns (em sopas, cozinhados ou crus)», explica Ana Rita Lopes, coordenadora da Unidade de Nutrição do Hospital Lusíadas Lisboa. «A integração dos batidos detox num plano alimentar diversificado e completo pode ser uma medida saudável e um importante contributo para o aumento da ingestão diária de frutos e vegetais. Contudo, a alimentação jamais deve ser composta exclusivamente por batidos, uma vez que necessitamos diariamente de outros macro e micronutrientes obtidos através do consumo de outros grupos alimentares», conclui a nutricionista.

ao Estado A revisão anual de preços dos medicamentos, entre 2012 e 2014, permitiu uma poupança de 91,5 milhões de euros aos utentes e de 177,5 milhões de euros ao Estado, de acordo com um estudo realizado pelo INFARMED. Segundo revelou a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde num comunicado, no mercado ambulatório (farmácias) esta medida conduziu a poupanças, para o Estado e para os utentes, de 100 milhões de euros em 2012, 80 milhões em 2013 e 26 milhões em 2014. Os medicamentos de ambulatório que registaram maiores quebras de preços, devido a este mecanismo entre 2012 e 2014, foram os destinados a doenças do aparelho cardiovascular e do sistema nervoso central. Nos hospitais do SNS, cujos medicamentos são integralmente pagos pelo Estado, foram poupados 47 milhões de euros em 2013 e 16 milhões de euros em 2014. A redução de preços por esta via foi, de acordo com o mesmo estudo, um dos fatores que influenciou a inversão da tendência crescente da despesa em medicamentos hospitalares nos últimos anos, assinala o INFARMED. Em ambiente hospitalar, os preços dos medicamentos oncológicos e dos destinados ao VIH/sida foram aqueles que registaram uma maior quebra graças a este mecanismo.

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Colheita de órgãos em Portugal atinge recorde histórico No primeiro semestre deste ano, o número de dadores de órgãos atingiu os 162. Este é o melhor valor de sempre em termos de doação. Os dados publicados pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) revelam uma recuperação já iniciada no ano passado. O número de transplantes ficou, contudo, abaixo de anos anteriores, essencialmente devido à incapacidade de aproveitamento de órgãos, motivada sobretudo pela idade do dador, mas também pelo elevado estado de degradação dos órgãos provocado por acidentes graves, avançou o “Diário de Notícias”. Ana França, a coordenadora nacional na área da transplantação do IPST, refere que «este é o melhor primeiro semestre de sempre. Houve 162 dadores contra 157 do ano passado». Isto significa que Portugal atingiu os 15,5 dadores por milhão de habitantes, acima dos 14,8 de 2009, ano em que o país foi o segundo melhor do mundo na doação de órgãos, recorde-se.



OPINIÃO

Pedro Gonçalves Técnico de Farmácia, Farmácia Martins Baltazar (Sarilhos Grandes)

Receita eletrónica: Via aberta para a criação de um SNS integrado Já está totalmente implementada a receita eletrónica em todos os distritos do nosso país. Este processo iniciou-se em fevereiro com quatro distritos e terminou em agosto, sendo que a prescrição em papel continuará, ao que tudo indica, até ao final do presente ano civil. A pergunta que parece agora impor-se é: será que a desmaterialização da receita em papel trará vantagens, tanto para o Estado como para os utentes? Se sim, de que forma? No meu entendimento, a vantagem mais visível e direta para o Estado é a poupança em consumíveis inerentes à impressão em papel. Sem grande precisão, parece-me que são prescritas mensalmente mais de três milhões de receitas, sendo, parte delas, originárias de entidades privadas. Com o desaparecimento do papel, os utentes poderão aviar a receita em mais do que uma farmácia, ou seja, caso a primeira farmácia onde o utente se dirija não tenha algum medicamento dos que constam na receita, o mesmo poderá dirigir-se a outra farmácia e aviá-lo lá, o que é uma vantagem, principalmente nas situações onde é urgente iniciar o tratamento com antibióticos, por exemplo. Desta maneira, pergunto: porque não considerar também a hipótese de alterar o número de embalagens que o médico prescritor pode colocar na receita? Assim, terminaria a situação em que o utente, antes da próxima consulta, já tem falta de uns medicamentos e tem excesso de outros. Outro ponto que considero importante neste tema prende-se com a janela de oportunidade que a desmaterialização da receita em papel pode abrir para a criação de um sistema nacional de saúde integrado, onde participem os hospitais, centros de saúde, farmácias e associações de doentes, partilhando a base de dados dos utentes, respeitando sempre e obviamente a sua proteção e sigilo profissional. 6

A farmácia deverá então ser um parceiro estratégico do Serviço Nacional de Saúde porque para além de ter nos seus quadros profissionais qualificados, estes são os profissionais de saúde mais próximos dos utentes, recebendo em média, dez vezes mais visitas de um utente durante o ano do que os médicos que o acompanham. A farmácia pode, e deve, desempenhar um papel fundamental junto dos utentes, promovendo a adesão à terapêutica e fazendo o acompanhamento dos doentes crónicos. É frequente os utentes duplicarem a toma da medicação, tomando o mesmo medicamento mas de marcas diferentes ou tomarem os medicamentos fora do horário indicado. Fazendo um controlo destas situações, o Estado poupa na comparticipação dos medicamentos, reduz o número de consultas e de internamentos, ao mesmo tempo que cria condições para que médicos e enfermeiros dos hospitais públicos e centros de saúde fiquem mais disponíveis e possam prestar um serviço de melhor qualidade. As Farmácias Holon têm vindo a implementar este modelo de farmácia, sustentado na oferta de serviços e na qualidade de atendimento, sendo consideradas parceiras oficiais do Serviço Nacional de Saúde. Além dos serviços prestados, têm estabelecido várias parcerias com associações de doentes e outras entidades ligadas à saúde e ao medicamento, onde se destacam vários tipos de rastreios e ações que têm como finalidade a prevenção e a deteção precoce de várias patologias e que têm tido um excelente impacto na comunidade. O mais importante a retirar da implementação de todas estas medidas, são os benefícios que os utentes terão na melhoria do seu bem-estar e da sua qualidade de vida.


O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

Cancro de Cabeça e Pescoço «Diagnóstico precoce pode salvar uma vida»

Um inchaço no pescoço ou uma ferida na boca que não cura são os primeiros sintomas que podem indiciar um problema mais grave como um cancro de cabeça e pescoço. Contudo, estes são normalmente negligenciados, o que faz com que muitos destes casos só sejam diagnosticados já em estadios avançados. Ana Castro, presidente do Grupo de Estudos do Cancro de Cabeça e Pescoço (GECCP), deixa o alerta: «se fuma e/ou consome bebidas alcoólicas com frequência esteja atento a estes sinais». H - O cancro de cabeça e pescoço continua a ser um dos mais prevalentes na Europa. E em Portugal, quantas pessoas são afetadas pelo problema? Ana Castro - O cancro de cabeça e pescoço, não sendo o mais prevalente, é um dos maiores responsáveis pela mortalidade por doenças oncológicas. Cerca de 143 mil novos casos de cancro de cabeça e pescoço são diagnosticados por ano na Europa, sendo que 68 mil são mortais devido ao diagnóstico tardio. O grande problema do cancro de cabeça e pescoço é o desconhecimento acerca dos seus sinais e sintomas, o que leva os doentes a procurarem ajuda em estadios já muito avançados, onde a possibilidade de cura é muito limitada. H - A que sintomas se deve estar alerta? AC - Em geral, o cancro de cabeça e pescoço tem como sintomas um inchaço no pescoço ou uma ferida/afta na boca que não cura, dificuldade em

engolir, dores de ouvidos, rouquidão ou dores de garganta que se prolongam no tempo e que não melhoram com a terapêutica instituída. Estes sintomas são frequentemente menosprezados pelos doentes, que procuram tarde o tratamento, o que torna o prognóstico mais reservado. H - Ainda há alguma confusão acerca deste tipo de cancro. No fundo, como o podemos caracterizar? AC - O cancro de cabeça e pescoço tem origem na pele ou nos tecidos moles, na parte superior dos aparelhos respiratório e digestivo: cavidade oral, glândulas salivares, seios perinasais e fossas nasais, faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe), laringe e gânglios linfáticos. Ao contrário do que podemos pensar, o cancro de cabeça e pescoço não inclui o cérebro. Outros tipos de cancro como o dos olhos, tiroide, couro cabeludo, músculos e ossos situados na cabeça ou no pescoço também não são considerados cancro de cabeça e pescoço.

Consumo de tabaco é o maior fator de risco H - E quais são os fatores de risco? AC – Oitenta e cinco por cento das pessoas que sofre de cancro de cabeça e pescoço, fuma ou já fumou. Assim, o consumo de tabaco é o maior fator de risco associado a esta doença. O consumo de álcool é também um fator de risco importante, pelo que a junção dos dois aumenta muito a probabilidade de vir a sofrer desta doença. Tal como acontece na sintomatologia, também os fatores de risco dependem do tipo de cancro de cabeça e pescoço em causa. A infeção por HPV (Papiloma Vírus Humano) é cada vez mais uma das causas importantes de novos diagnósticos em doentes jovens sem outros fatores de risco associado. H - Como se pode prevenir este tipo de cancro? 7


“1 sintoma durante 3 semanas”

3ª semana de sensibilização Com o objetivo de alertar para uma patologia que mata três portugueses por dia, a 3ª semana de sensibilização decorreu entre os dias 21 e 25 de setembro. Como alerta Ana Castro, «todos os anos surgem três mil novos casos e urge dar a conhecer os sinais e sintomas, os fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce. O tratamento numa fase inicial permite aos doentes uma taxa de sobrevivência entre os 80 e os 90%». O lema deste ano, “Uniting Voices”, «procurou dar voz às pessoas que, em consequência desta doença, ficam com determinadas limitações, nomeadamente na voz». Em Portugal, a campanha contou com o apoio de Ruy de Carvalho, Pedro Lima e Mafalda Luís de Castro. As Farmácias Holon juntaram-se, este ano, à causa, apoiando na divulgação da campanha e sensibilizando os seus utentes para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

AC - Naturalmente, a melhor forma de prevenir este tipo de cancro é evitando os fatores de risco que já referi. A chave para a prevenção é, no fundo, a adoção de um estilo de vida saudável. Idas regulares ao dentista podem permitir a identificação de lesões pré-cancerígenas na cavidade oral.

à endoscopia, a testes de laboratório através da análise de sangue, à radiografia para avaliar a existência de metástases pulmonares, à tomografia computorizada ou à ressonância magnética. Pode ainda recorrer à biópsia, um ato cirúrgico no qual se colhe uma amostra de tecidos ou células para posterior análise em laboratório.

H - Como é feito o diagnóstico? AC - Como na maioria dos cancros, um diagnóstico precoce pode salvar uma vida. Quando o doente sente alguns dos sintomas acima descritos – sobretudo se for fumador ou consumidor de álcool – deve visitar imediatamente o médico. Depois, há que fazer a avaliação por estadios quando o diagnóstico é cancro, um método que se usa para determinar a dimensão de um cancro e, assim, contribuir para orientar a terapia e definir o prognóstico. Os cancros de cabeça e pescoço são classificados conforme o tamanho e a localização do tumor original, o número e o tamanho de metástases nos gânglios linfáticos do pescoço e a evidência de metástases em outros órgãos. O estadio I é o menos avançado e o IV o mais avançado. H - Mas quais os meios de diagnósticos utilizados? AC - O médico pode recorrer ao exame físico, 8

«Há pouca evolução nos tratamentos» H - Atualmente quais os tratamentos mais eficazes e como têm evoluído nos últimos anos? AC - Os tratamentos mais eficazes continuam a ser a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, sendo que os dois primeiros podem ser utilizados com intuito curativo. No que diz respeito à evolução dos tratamentos, infelizmente nesta área passaram muitos anos até aparecer um agente novo, que foi o Cetuximab, e que neste momento já conta com cerca de 10 anos no mercado. Desde aqui, nada mais tem surgido. Neste momento, estão a decorrer ensaios clínicos em Portugal com agentes de imunoterapia para esta indicação.

O claim “1 sintoma durante 3 semanas” foi o mote da campanha do ano passado, lançado pela Sociedade Europeia de Cancro de Cabeça e Pescoço. Este mote visa alertar a população para os sinais e sintomas que podem levar a um diagnóstico precoce e chamar a atenção para todo e qualquer sinal ou sintoma que não fique resolvido ao fim de três semanas, após ter sido diagnosticado e devidamente tratado pelo médico assistente. Estes sintomas devem ser alvo de uma avaliação por um médico especialista na área de cancros de cabeça e pescoço (otorrinolaringologia, cirurgia maxilo-facial, cirurgia geral, oncologia, estomatologia e medicina dentária).

H - Associado sobretudo ao consumo de álcool e ao tabagismo, este tipo de cancro também pode afetar os mais jovens e até crianças. Quais os sinais de alerta? AC - Raramente este tipo de patologia afeta as crianças, o que assistimos hoje em dia é a um aumento do número de casos em doentes jovens sem fatores de risco, e que se pensa poder estar relacionado com uma maior incidência de infeção por HPV.

Investir no diagnóstico precoce H - Como tem sido a ação do Ministério da Saúde no que diz respeito à prevenção e alerta para este tipo de cancro? AC - O Ministério da Saúde criou um programa de cheques biópsia em conjunto com a Ordem dos Médicos Dentistas, e lamentavelmente sem ter sido articulado com o GECCP que tem sido nos últimos anos, o motor das atividades de sensibilização sem qualquer apoio público. H - Considera que se devia investir mais no rastreio? AC - Não se pode falar em rastreio, mas sim em diagnóstico precoce. O que penso é que se poderia investir mais na formação dos colegas da medicina geral e familiar para que estes possam conhecer as opções existentes e quais os doentes que devem ser referenciados. Na nossa opinião, faria ainda sentido, harmonizar os grupos profissionais envolvidos, criando parcerias entre o GECCP e a Ordem dos Médicos Dentistas.



em foco

Apneia do sono «Ressonar não é normal»

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Além de provocar grande incómodo social, dado o característico ressonar, a síndrome de apneia obstrutiva do sono é uma doença respiratória que pode acarretar consequências graves para a saúde. Embora não haja dados sobre este problema em Portugal, estima-se que afete 4 a 6% dos homens e 2 a 3% das mulheres, sendo mais frequente entre os 40 e os 60 anos, com a obesidade a surgir como um importante fator de risco.

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EM FOCO

A apneia do sono é a paragem da respiração ocorrida durante o sono e «pode ser causada por obstrução da via aérea (a mais frequente), apneia obstrutiva do sono (AOS) ou por causas centrais (apneia central)», explica o especialista Anselmo Pinto, da Clínica do Sono, no Porto. Já as causas podem ser várias, mas as mais comuns na apneia obstrutiva do sono são «anomalias anatómicas primárias ou secundárias que direta ou indiretamente causem diminuição do diâmetro da via aérea, como o desvio do septo nasal, genético e/ou traumático com obstrução nasal, a retração da mandíbula, a deiscência do palato, o tamanho da língua, o excesso de peso, o aumento das adenoides e/ou amígdalas ou tumores no nariz, faringe ou laringe».

Os hospitais são cada vez mais procurados por doentes com os sintomas típicos da apneia do sono. Quase sempre obesos, quase sempre hipertensos, quase sempre do sexo masculino.

Há ainda que ter em conta hábitos, «voluntários ou não», que levam, para além de outros problemas, ao relaxamento excessivo da parede da via aérea e consequentemente à diminuição e/ou colapso da mesma, caso do «excesso de alimentação antes do sono, excesso de álcool antes do sono (as quantidades variam consoante o indivíduo, para alguns acima de zero prejudica), o uso de medicamentos que possam causar relaxamento muscular (antidepressivos, indutores do sono e outros), ou outras substâncias, tóxicas ou não, que causem relaxamento muscular excessivo», enumera Anselmo Pinto.

Maior incidência no sexo masculino Embora a doença continue subdiagnosticada e relativamente ausente dos currículos dos cursos de medicina, os hospitais são cada vez mais procurados por doentes com os sintomas típicos da apneia do sono. Quase sempre obesos, quase sempre hipertensos, quase sempre do sexo masculino. Há uma mulher por cada dois homens com apneia do sono, embora a doença também seja frequente no sexo feminino, sobretudo, após a menopausa, sublinham os especialistas. Maria do Pilar Rente, médica pneumologista e diretora da Clínica do Sono em Lisboa, confirma estes dados e refere que «a incidência tem aumentado ao longo dos anos e resulta, sobretudo, de um maior reconhecimento da doença, não só por parte dos médicos, como também pela população em geral e pelos próprios doentes que, ao sofrerem da doença, com elevada facilidade conseguem identificar outros casos com sintomas sugestivos de padecerem de apneia do sono». Para esta especialista, apesar de «o excesso de peso tornar a doença mais frequente, indivíduos magros podem também sofrer deste problema. E não nos podemos esquecer que existe uma incidência familiar elevada. É frequente encontrarmos vários membros da mesma família com apneia do sono».

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Na grande maioria das vezes são as(os) companheiras(os) que alertam para a doença. Não só se queixam do ressonar, «que é muito incomodativo e as impede de dormir na mesma cama, como referenciam as paragens da respiração, que observam como uma situação muito preocupante. O doente na maior parte das vezes nega a existência destas queixas, embora em alguns casos possa referir que acorda com a sensação de falta de ar», conta Maria do Pilar Rente, fruto da sua experiência clínica.

Consequências em cadeia As consequências desta patologia, caso as AOS sejam em número considerado patológico, podem ir muito além de uma mera noite mal dormida e chegam a levar, em alguns casos, ao divórcio. Conforme esclarece Anselmo Pinto, este tipo de problema pode ser causa de diminuição de oxigénio durante o sono, fragmentação do sono, cansaço diurno, sonolência diurna excessiva, diminuição da memória, hipertensão, diabetes, afetação do sistema imunitário com maior propensão a cancros e outras doenças, diminuição das capacidades sexuais (libido e ereção) em ambos os sexos, diminuição da autoestima, diminuição do crescimento, diminuição das capacidades de concentração e resposta rápida, maior propensão para enfartes e tromboses, dificuldade em controlar o peso, entre outras. Há então que estar atento ao sinais de alarme, tais como: - Ressonar; - Sono não reparador, em que se acorda com cansaço matinal; - Cefaleias matinais; - Sonolência diurna; - Acordar com boca seca; - Acordar de noite com falta de ar; - Irritabilidade matinal; - Dormir com a boca aberta; - Babar-se durante o sono; - Excesso de peso. Contudo, tenha em atenção que nem todos os sintomas levam «obrigatoriamente ao diagnóstico de SAOS (Síndroma de Apneia Obstrutiva do Sono), nem a sua ausência o exclua», frisa o diretor da Clínica do Sono do Porto.


Há quem considere o ressonar como «algo normal», mas Anselmo Pinto reitera que «ressonar nunca é normal, apesar de ser usual. Sempre que alguém ressone de forma crónica, homem, mulher ou criança, deve ser avaliado clinicamente». Além disso, há que estar atento aos casos de pessoas com excesso de peso, com o pescoço baixo e diâmetro aumentado, com hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides, com retração da mandíbula, obstrução nasal ou outras anomalias, pois são mais suscetíveis de vir a sofrer deste tipo de patologia.

Consultar um especialista Importante é consultar um especialista que, através do estudo polissonográfico do sono, um exame feito durante a noite que, para além da deteção da apneia obstrutiva, central ou mista, pode detetar outras patologias, associadas ou não à SAOS. Conforme explica Maria do Pilar Rente, durante um registo de sono são avaliados «a estrutura do sono, a respiração, os movimentos respiratórios (torácicos e abdominais), o ressonar, a atividade muscular nas pernas, a frequência cardíaca, a oxigenação arterial e a posição na cama». A partir do resultado do exame avança-se para o tratamento da apneia do sono, que «depende sobretudo do estadio da doença. A apneia do sono é uma doença evolutiva, que tende a agravar com o passar dos anos e sobretudo se houver um acréscimo do peso corporal. Durante vários anos o ressonar é muitas vezes a única manifestação», refere Maria do Pilar Rente. Em termos médicos, uma apneia do sono é considerada grave quando existem mais de 30 paragens respiratórias numa hora de sono. No

entanto, sublinha a médica pneumologista, «a presença de um número menor e se houver doenças cardíacas associadas e/ ou o doente estiver sintomático é também preocupante e deve ser tratada».

«Não existe um tratamento garantido e definitivo» Anselmo Pinto defende que o tratamento dependerá sempre das causas e consequências da situação. «Em alguns casos, ao tratar a causa da SAOS resolvemos a situação; noutros casos podemos usar técnicas que diminuem ou eliminam as apneias noturnas enquanto usarmos essas técnicas». Os tratamentos mais comuns iniciam-se logo com a higiene do sono (conjunto de regras que incluem exercício físico, refeições ligeiras, evitar álcool, tabaco, drogas, sedativos, entre outras). Depois, há que «tentar manter o peso ideal». Em seguida, avança-se para cirurgias simples ou conjugadas: «cirurgia nasal, septo e/ou cornetos; cirurgia palato; cirurgia adenoides e/ou amígdalas; cirurgia mandíbula ou outras cirurgias». Doentes obesos com número elevado de apneias durante o sono devem ter como primeira opção terapêutica a utilização de um aparelho de ventilação (CPAP ou Auto-CPAP), que «consiste na utilização durante o sono de ventilador que fornece ar sob pressão através de uma máscara nasal, para permitir a abertura da faringe e impedir o aparecimento das apneias. É um tratamento crónico que deve ser usado diariamente. Os resultados são imediatos e experimentados logo na primeira noite de utilização», refere Maria do Pilar Rente que acrescenta que este «é um tratamento sem custos para o doente, sendo

comparticipado pelo nosso sistema de saúde». Existem também as próteses mandibulares, que «devem ser ajustadas a cada doente e colocadas por médicos dentistas, mas que têm as suas limitações. É um tratamento crónico e deve ser sempre controlado com a realização de um novo registo de sono para confirmar que não persistem apneias durante o sono», considera a médica pneumologista. Anselmo Pinto reforça que «não existem medicamentos, sejam comprimidos, sprays ou outros, que tratem a AOS». Além disso, é importante referir que «não existe um tratamento garantido e definitivo para a SAOS».

Dez mandamentos da higiene do sono No Dia Mundial do Sono, que se assinala a 13 de março, foram lançados os Dez Mandamentos do Sono, que contribuem para prevenir problemas como a apneia do sono: • Estabeleça um horário regular para se deitar e acordar. • Se tem o hábito de fazer a sesta, não exceda os 45 minutos de sono diurno. • Evite beber álcool se se for deitar nas quatro horas seguintes. E não fume. • Evite a ingestão de cafeína seis horas antes de se deitar. O mesmo é dizer: evite o café, chá, muitos dos refrigerantes existentes e o chocolate. • Evite alimentos pesados, picantes ou açucarados quatro horas antes de ir dormir. Para uma ceia leve, não há contraindicações. • Faça exercício com regularidade, mas não imediatamente antes de se deitar. • Use roupa de cama confortável. • Mantenha o quarto bem ventilado e com uma temperatura amena. • Evite todos os ruídos que o possam perturbar e elimine o máximo de luz possível. • Reserve a cama para dormir e fazer sexo, evite usá-la para trabalhar ou qualquer atividade de lazer. E se quiser saber qual é a qualidade do seu sono, faça o teste no site da Associação Portuguesa de Sono (www.apsono.com).

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Um Dia Todas Serão Assim

Serviço do Pé Diabético Evite complicações, adote medidas preventivas O descontrolo da glicemia é a principal característica que se associa à diabetes. O que muitas vezes a maioria das pessoas desconhece são as complicações que advêm dos elevados níveis de açúcar no sangue, nomeadamente as complicações tardias, como os eventos cardiovasculares, a retinopatia, ou mesmo a amputação de membros inferiores. Sabe-se atualmente que a prevenção das complicações tardias depende de um bom acompanhamento da doença desde o momento em que esta é diagnosticada. O risco de vir a desenvolver complicações pode ser medido e, conhecendo esse risco, é possível adotar as medidas preventivas e 14

evitar o desenvolvimento e/ou progressão de uma lesão.

mais adequado para si e qual a periodicidade necessária para reavaliação do pé.

O Serviço do Pé Diabético Holon surge assim nas Farmácias Holon como parte de uma solução de saúde integrada, permitindo oferecer aos utentes diabéticos (tipo 1 e 2) uma resposta que vai para além da dispensa dos medicamentos para tratar a sua doença. Neste serviço, pode contar com um enfermeiro especializado que, recorrendo a diversos testes, irá identificar lesões potencialmente graves e qual o seu grau de risco de vir a desenvolver complicações. De acordo com a avaliação feita, será determinado qual o nível de cuidado

Sabendo que o corte das unhas pode acarretar alguns riscos para quem é diabético, devido ao perigo de aparecimento de feridas, no Serviço do Pé Diabético Holon é possível fazer o corte preventivo das unhas em segurança. Adicionalmente, e porque esta é uma doença que requer uma abordagem a vários níveis, o enfermeiro irá ajudá-lo a compreender melhor a sua diabetes e como controlá-la. Assim, cada consulta, com uma duração de 45 minutos, é totalmente personalizada às suas necessidades.




Um Dia Todas Serão Assim

CALENDÁRIO

Um Dia Todas Serão Assim

AÇÕES FARMÁCIAS

“B Planet, B Fit”

Outubro

Novembro

16_ Dia Mundial da Alimentação | Rastreio Nutricional Sénior

14_ Dia Mundial da Diabetes | Sessões “Dia a dia com a Diabetes”

01_ Dia Internacional do Idoso | Projeto Holon: “Conhecer a Urgência Urinária”

sobre a alimentação saudável. Foram preparadas gelatinas de iogurte para oferecer aos clientes e foram expostos vários exemplos de lanches saudáveis, confrontandoos com alguns exemplos de lanches menos saudáveis. A dietista Holon Filipa Ramalho esteve presente e aconselhou os utentes sobre as escolhas com maior benefício para a saúde. O objetivo de sensibilizar a população para a importância de uma alimentação saudável foi cumprido!

Caminhar pela saúde, em Cabeço de Vide A Farmácia Holon B Planet, o Ginásio Factor Físico e a Decathlon Barreiro, promoveram o dia “B Planet, B Fit”. Objetivo: promover o cuidado com a saúde através do exercício físico e da vigilância dos fatores de risco para a mesma. Neste sentido, realizaram-se rastreios de avaliação do risco cardiovascular e de podologia, que resultaram na deteção de situações que requeriam acompanhamento mais personalizado e que, por isso, foram encaminhadas para os Serviços Holon. Os participantes tiveram ainda direito a um brinde Holon.

Merendas Saudáveis No dia 11 de setembro, a Farmácia Holon Barreiro realizou mais um projeto, desta vez

15_ Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica | Respirar Melhor: Campanha de espirometrias gratuitas

Mães em forma em Almada

As Farmácias Holon voltaram a marcar presença no evento “Mães em Forma” organizado pelo “Mais Vida Portugal”. No Parque da Paz, em Almada, grávidas, mamãs, bebés e seus familiares, tiveram oportunidade de fazer uma caminhada, participar em workshops e usufruir das experiências proporcionadas pelos parceiros do evento, como os rastreios de saúde realizados pelas Farmácias Holon.

Farmácia Almeida Vaz a caminhar A Farmácia Vaz organizou no dia 19 de setembro uma caminhada e aula de ginástica que contou com a presença de 82 participantes. Para além da atividade desportiva, os participantes foram ainda brindados com um sorteio de produtos Holon e a projeção de um filme.

No dia 26 de setembro, a Farmácia Almeida Vaz desafiou os seus utentes para uma caminhada saudável. Este evento, para além de promover a atividade física e o convívio, foi também uma oportunidade de dar a conhecer os Serviços Holon, em especial o Serviço de Nutrição.

Dúvidas? Nós esclarecemos. No dia 1 de outubro, em parceria com a Junta de Freguesia de Arroios, a Farmácia Holon Morais Soares promoveu a realização de uma sessão de esclarecimento sobre nutrição, com o objetivo de desfazer mitos e esclarecer dúvidas sobre o que significa, afinal, ter uma alimentação saudável. 17


Um Dia Todas Serão Assim

Farmácia Holon Alcobaça 121 anos em prol da comunidade

A Farmácia Holon Alcobaça, antiga Farmácia Belo Marques, faz parte do quotidiano dos alcobacenses há 121 anos. Mais de uma centena de anos no coração e centro histórico da cidade de Alcobaça e sempre pronta a receber toda a população da forma mais acolhedora e profissional possível.

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Uma farmácia histórica de olhos postos no futuro. Neste processo de evolução, a Farmácia Belo Marques, decidiu mudar de instalações, estando agora numa zona de maior passagem, em frente ao Mosteiro de Alcobaça. Esta mudança tornou-se necessária, pois os 121 anos de história acarretam uma enorme responsabilidade em servir sempre da melhor forma cada um dos seus utentes acompanhando e tentando até superar todas as suas expetativas. A semelhança de valores e da cultura da equipa da Farmácia Belo Marques levou a que se juntasse à rede nacional das Farmácias Holon. Neste processo de parceria, decidiu-se alterar também o nome, passando a chamar-se Farmácia Holon Alcobaça. Esta parceria permitiu ainda unir esforços com o projeto das Farmácias Holon, contribuindo assim para a melhoria da atividade, dos cuidados e do acompanhamento farmacêutico de todos os utentes. «Esta comunhão é uma parceria de sucesso, pois enquadra-se na perfeição na filosofia da nossa farmácia, possibilitando-nos acrescentar um contributo significativo em termos de saúde para os nossos utentes, pois o nosso principal objetivo é ajudar a melhorar os índices de saúde das pessoas e não apenas vender

medicamentos», atesta Sandra Vitorino Ribeiro, proprietária e diretora técnica da farmácia. Desta forma, a equipa da Farmácia Holon Alcobaça decidiu arriscar e virar a página, sempre a pensar no melhor para as pessoas que diariamente entram pela sua porta, sabendo que, aliado ao atendimento de excelência e à simpatia habitual, têm agora um espaço ajustado às suas necessidades, permitindo-lhes maior privacidade e maior conforto. Um espaço mais alegre e um maior número de serviços de saúde disponíveis a todos. «Com esta nova etapa sentimos que estamos a cumprir com a nossa quota-parte de responsabilidade em servir bem os nossos utentes e a honrar todas as pessoas que antes de nós construíram este projeto que faz a diferença há mais de 121 anos. Esperamos que este novo capítulo permita que a Farmácia Holon Alcobaça continue a marcar a diferença por muitos mais anos», conclui a proprietária e diretora técnica da farmácia. Relativamente ao futuro, Sandra Vitorino Ribeiro espera «ter um impacto positivo em toda a comunidade, pois foi a pensar nela que iniciámos este novo capítulo nesta histórica farmácia».


Frieiras Um problema do inverno Aparecem com o frio e provocam um desconforto extremo. Se sofre de frieiras, saiba como atenuar os sintomas.

cuidamos de si

De um modo geral, a perniose, vulgarmente conhecida como frieiras, resulta de uma reação exagerada ao frio. Normalmente afeta crianças, mulheres e idosos. Podem ocorrer em indivíduos completamente saudáveis ou, mais amiúde, com problemas de circulação ou doenças reumáticas. É um problema frequente dos portugueses, que afeta principalmente quem habita edifícios sem aquecimento, pois o frio e a humidade constituem os seus principais fatores de risco. As lesões variam desde o edema (inchaço) acompanhado de eritema (vermelhidão) até à cianose (cor arroxeada), e distribuem-se simetricamente pelos dedos das mãos e pés e, menos frequentemente, nos tornozelos, nariz e orelhas. É comum a sensação de dor, formigueiro e prurido (comichão), podendo mesmo surgir, em

estados mais graves, ulcerações e fissuras. A causa exata das frieiras é desconhecida mas pensa-se que resultem de um estado inflamatório dos pequenos vasos sanguíneos da pele, que causa dor. Na verdade, este estado inflamatório (vascular), acompanha-se de vasoconstrição intermitente e prolongada que cursa com hipoxemia (baixa concentração de oxigénio no sangue arterial), e daí a vermelhidão e cianose (cor arroxeada) característicos. As frieiras são benignas e autolimitadas, melhorando normalmente ao fim de três semanas. Contudo, sobretudo nos idosos e se houver exposição contínua aos fatores de risco, podem tornar-se crónicas.

Susana Henriques, Farmacêutica

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Fatores de risco e prevenção São diversos os fatores que podem desencadear o aparecimento de frieiras, nomeadamente: • Exposição ao frio; • Sexo feminino - Por motivos desconhecidos, as mulheres são mais suscetíveis a desenvolver frieiras;

As frieiras não necessitam de ser uma causa de sofrimento. Para prevenir o seu aparecimento é fundamental cumprir as seguintes medidas: • Evitar a exposição ao frio e humidade nas mãos e nos pés; • Manter quentes e secas as zonas mais expostas ao frio. Aconselha-se sempre o uso de luvas, meias grossas e sapatos ou botas que isolem a humidade, cobrir as orelhas com um gorro e o nariz com um cachecol; • Não fumar. Os fumadores são mais predispostos a sofrer desta condição;

• Má circulação – As pessoas com má circulação são mais sensíveis às mudanças de temperatura; • Baixo peso – As pessoas com um índice de massa corporal baixo apresentam maior risco; • Local de residência – São mais frequentes em locais frios e húmidos do que em regiões frias e secas; • Estações do ano – São mais comuns no início do inverno até à primavera, desaparecendo na totalidade a partir dessa altura; • Doença de Raynaud – Afeta o fluxo sanguíneo com a exposição a baixas temperaturas, o que propicia o desenvolvimento de freiras.

• Limpar cuidadosamente as lesões com um produto de limpeza suave (sem sabão) e secar levemente. A limpeza excessiva também não é aconselhada por retirar a película protetora da pele que constitui a barreira cutânea e protege do meio externo; • Proteger de traumatismos; • Não aplicar calor diretamente sobre a pele afetada. Aconselha-se o aquecimento gradual do meio ambiente com o uso de aquecimento e se possível, o uso de desumificadores que ajudam a retirar a humidade do ar.

Tratamento Normalmente utilizam-se as medidas preventivas para tratar as frieiras, mas em casos mais graves deverá recorrer a aconselhamento médico. O tratamento farmacológico varia entre os corticosteroides tópicos ou anti-inflamatórios não hormonais (AINEs) e medicamentos vasodilatadores. Na farmácia pode encontrar alguns produtos não sujeitos a receita médica que permitem o alívio do desconforto como cremes com indicação para frieiras que contêm ativos calmantes, antipruriginosos e venotónicos. O próprio ato de aplicar o creme, massajando as mãos, ajuda a ativar a circulação e a prevenir o seu aparecimento. Alguns medicamentos orais, não sujeitos a receita médica, contendo, por exemplo, Vitis vinífera ou Ginkgo biloba, podem ser uma ajuda na prevenção e tratamento, pois melhoram o fluxo sanguíneo e protegem a parede dos vasos. Aconselhe-se com o seu farmacêutico. Atualmente, a indústria têxtil mais desenvolvida (que permite um maior isolamento da roupa através dos tecidos sintéticos), as melhores condições de aquecimento nas habitações e até mesmo o conhecimento antecipado das condições meteorológicas, são aspetos que contribuem para diminuir substancialmente a gravidade deste problema. Na verdade, fazendo uso apenas das medidas preventivas e produtos de saúde, é possível reduzir o tratamento farmacológico e aumentar a qualidade de vida.

Uma situação aguda ou crónica As frieiras podem ser classificadas como agudas ou crónicas, de acordo com a natureza e persistência dos sintomas que as caracterizam. Situações agudas são limitadas no tempo, e a circulação arterial mantém-se normal. Ocorrem 12 a 24 horas após a exposição ao frio, são acompanhadas de prurido intenso, podem afetar mais do que uma zona (geralmente pés e dedos das mãos) e duram 7 a 14 dias. Situações crónicas acontecem quando a repetida exposição ao frio provoca lesões persistentes, que podem ter início no outono e só desaparecer na primavera. Nestes casos, as zonas da pele onde surgem as frieiras podem sofrer alterações mais acentuadas e permanentes.

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CUIDAMOS DE SI

Joanetes Muito mais do que uma questão estética Causa frequente de dores nos pés e mobilidade deficiente, estima-se Jorge Freitas, Podologista

que 23 a 35% da população mundial sofra de joanetes. Uma tendência acompanhada pelos portugueses.

Hallux Valgus, conhecido vulgarmente por joanete, é uma alteração muito comum no pé, sendo uma das principais causas de queixas no mesmo e em que se observa uma necessidade de recorrer a um especialista. Segundo os estudos mais recentes, esta patologia surge duas vezes mais em mulheres, mas são os idosos quem mais padece desta alteração, com uma prevalência estimada de 74% dos indivíduos. A

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elevada prevalência desta patologia no género feminino, deve-se em grande parte ao uso de calçado menos apropriado, como o salto alto. Em relação aos idosos, o Hallux Valgus conduz a uma função anormal do pé, muitas vezes acompanhada por sintomatologia dolorosa, que condiciona o caminhar, afeta o equilíbrio e contribui para o aumento de quedas e das complicações associadas.

Afinal, o que é o Hallux Valgus (Joanetes)? Hallux Valgus caracteriza-se pela deformidade da primeira articulação metatarso-falângica do pé, ou seja, o primeiro dedo grande do pé desvia-se lateralmente para cima dos restantes dedos. Por causa desta deformação dos dedos, podem aparecer sintomas em três aspetos particulares.



Em primeiro lugar, e mais frequentemente, surgem as dores no “bunion”. O “bunion” refere-se à proeminência óssea provocada pelo desvio da articulação do dedo grande que, pelo aperto causado pelo uso do calçado, causa dor. Em consequência direta desta alteração, a articulação do primeiro dedo apresenta-se com sinais de inflamação, ou seja, avermelhada, inchada e quente. De salientar que, nestes casos, é importante que se perceba a origem desta inflamação: se realmente é causada pelo calçado ou se faz parte de uma alteração mais ampla, como por exemplo, uma doença reumática. Em segundo lugar, o desvio do primeiro dedo lateralmente faz com que este “invada” o espaço destinado aos restantes dedos, que tendencialmente irão deformar, geralmente para cima. Esta deformação dos dedos para cima denomina-se de dedos em garra ou martelo, e resulta na pressão dos mesmos contra o sapato, provocando dor e formação de calosidades. Finalmente aparecem dores debaixo dos pés, especialmente na zona plantar dos metatarsos, devido ao excesso de pressão. Isto acontece porque a função do pé depende em grande parte do dedo grande, que nestes casos está desviado, alterando a forma normal de caminharmos. São várias as causas para o aparecimento dos joanetes, mas as que se afiguram mais importantes são o calçado inapropriado, hereditariedade e um deficiente apoio plantar. O uso de calçado apertado e saltos altos são fatores extrínsecos importantes no desenvolvimento desta patologia. Porém, a hereditariedade é descrita como um dos fatores que mais favorece o aparecimento da patologia, com 68% dos utentes a revelarem ter uma tendência familiar.

O que fazer e qual o melhor tratamento? Na maioria dos casos, o Hallux Valgus pode ser abordado com tratamento conservador, ou seja, sem intervenções invasivas, desde que acompanhado de forma precoce. Um calçado adequado oferece algum alívio na sinto24

matologia dolorosa, desde que tenha algumas características destinadas a estes casos, tais como: ser feito com materiais moldáveis ao pé (ex: pele suave), largo à frente, com caixa alta para garantir a ausência de atrito com o joanete e acomodar os dedos sem apertar. O seu podologista, após análise pormenorizada do tipo de pé e avaliação da deformação, é quem melhor saberá ajudá-lo na escolha do calçado mais adequado, de forma a evitar as lesões subjacentes aos joanetes e o aumento da sua severidade. Em muitos casos, o uso de ortóteses plantares personalizadas, que são palmilhas feitas à medida do pé do doente após análise biomecânica pormenorizada, podem ajudar a compensar e/ou corrigir algumas questões associadas aos joanetes, tais como o pé plano. As palmilhas personalizadas não deverão diminuir a deformação, mas podem evitar a sua progressão e providenciar um caminhar mais fisiológico, através do alívio dos sintomas, adiando a necessidade de recorrer a cirurgia. A prevenção é o melhor remédio, no entanto, a maioria das pessoas recorre ao especialista demasiado tarde, quando a deformação já se encontra muito avançada, e após já ter experimentado diversos tratamentos sem sucesso. Nesses casos, e quando existe dor persistente, a cirurgia é o último recurso.

Sabia que… Na sua generalidade, o Hallux Valgus restringe 80% das pessoas quanto à escolha do seu calçado, 70% tem dores na proeminência óssea, 60% tem preocupações estéticas e sentem “vergonha” dos seus pés e 40% tem dores por baixo dos pés.










Bebé e mamÃ

Brincar faz bem à saúde Já tomou a sua dose hoje?

Instituído na Declaração Universal dos Direitos da Criança, o direito a brincar é muitas vezes desvalorizado. Brincar 10 minutos diários com os filhos, sem direito a fazer mais nada em simultâneo, traz inúmeros benefícios tanto para os pais como para as crianças. Contrariamente às ideias defendidas durante décadas que desvalorizavam as brincadeiras entre pais e filhos, sabe-se agora que brincar é uma atividade bastante importante desde

o nascimento da criança. Tatiana Carvalho Homem, psicóloga clínica de crianças e adolescentes e docente universitária, explica que «os bebés são inteligentes desde o nascimento e, desde as suas primeiras horas de vida observam e apreendem tudo o que se passa à sua volta. No entanto, inicialmente o cérebro dos bebés é imaturo e necessita de uma estimulação adequada para que possa desenvolver-se de forma saudável».

E é aqui que as interações e brincadeiras entre os pais e os bebés são «uma importante fonte de estimulação, contribuindo assim para o adequado desenvolvimento do bebé a todos os níveis e para a determinação de parte do que será a sua personalidade», esclarece a psicóloga da Psikontacto, Núcleo de Formação e Intervenção Terapêutica, em Coimbra. As brincadeiras desempenham ainda um papel

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Programa “Anos Incríveis” Desenvolvido há décadas nos Estados Unidos e replicado em vários países, o programa “Anos Incríveis” chega agora a Portugal pela mão de duas investigadoras da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. O programa vai ser implementado em 60 jardins-de-infância do distrito de Coimbra, e centros de saúde das respetivas áreas, e favorece aquilo a que se chama “parentalidade positiva”. Trata-se de uma espécie de guia que oferece aos pais um conjunto alargado de competências e estratégias de educação que promovem os bons comportamentos e desincentivam as atitudes de oposição, desafio e agressividade das crianças. Uma dessas estratégias é dedicar aos filhos dez minutos de “atenção positiva”, por dia, todos os dias. Dez minutos em que os pais estão simplesmente a escutar os filhos e a brincar segundo as suas regras e os seus ritmos. O livro “Anos Incríveis”, escrito pela mentora do projeto, a Drª Carolyn Webster-Stratton, apresenta práticas parentais positivas, princípios para gerir o comportamento infantil e estabelecer relações positivas com as crianças; além de abordar temas comuns à infância, como os medos, o roubo, a mentira e a promoção das competências sociais, emocionais e académicas.

ser estimuladas as brincadeiras com os amigos. Também podem começar a fazer-se jogos de tabuleiro, cartas e leitura de livros.

fundamental no estabelecimento do vínculo pais-filhos, fazendo com que o bebé perceba que é amado e se sinta seguro. «Desta forma, as brincadeiras entre os pais e o bebé devem começar durante o primeiro mês de vida do bebé, nos períodos em que este está acordado e alimentado, procurando desde sempre respeitar os seus ritmos e características pessoais», aconselha a especialista. Também a educadora de infância Ana Amaral explica que «toda interação com o bebé é brincar. Falar, cantar é considerado brincar». O ideal é então «aproveitar todos os minutos».

Adaptar as brincadeiras a cada idade? De uma forma geral, «as brincadeiras devem respeitar as características, interesses e nível de desenvolvimento da criança, mais do que a sua faixa etária», elucida Tatiana Carvalho Homem, acrescentando que «à medida que as crianças crescem e se desenvolvem, a sua forma de brincar e os seus interesses vão-se modificando». Assim, a psicóloga nota que: - Dos 0 aos 3 anos de idade, as crianças gostam de explorar os objetos recorrendo aos diferentes sentidos (por exemplo, os bebés levam muitos objetos à boca, gostam de sons diferentes) e de brincadeiras que estimulam o movimento. Nestas idades, não se recomenda a exposição à televisão, jogos ou outro tipo de aparelhos eletrónicos. - Dos 3 aos 7 anos de idade, as crianças já são mais independentes e gostam de brincar sozinhas, com os irmãos ou com amigos. Atividades boas para esta faixa etária são o contacto com a natureza e os animais, brincadeiras ao ar livre nos baloiços, andar de bicicleta, jogar à bola. Também é importante, a partir dos 3 anos, brincar a jogos de faz de conta, que estimulam a imaginação e a criatividade e estimular desde cedo a leitura de livros com a criança. - Dos 7 aos 10 anos de idade, altura da entrada no primeiro ciclo, a grande maioria das crianças aprecia as brincadeiras com pares. Devem assim 34

Reservar espaço na “agenda diária” Apesar de cada vez mais especialistas destacarem a importância de brincar, continuamos a assistir a uma desvalorização dessa atividade, muitas vezes encarada como uma perda de tempo. Os pais acabam por preencher a agenda semanal dos filhos com uma panóplia de atividades extracurriculares não sobrando tempo para simplesmente brincar. A criança deve ter diariamente um período de tempo reservado para “não fazer nada” e é aí que surge o brincar. Ana Amaral considera mesmo que, «até entrarem para a escola, o tempo reservado às crianças para brincar deve ser o máximo possível». Já em idade escolar, «além da escola, todo o outro tempo deve ser dedicado à brincadeira, seja ela qual for e não apenas nos intervalos da escola». A educadora de infância defende que «brincar não é apenas estar a jogar à bola com os filhos. Podem brincar enquanto estão a dar banho à criança, falando sobre determinados assuntos, cantando uma canção, contando uma história, enquanto o levam para a creche/escola podem fazer jogos sobre o que vão vendo na rua», exemplifica Ana Amaral. Embora, no contexto atual, seja difícil para os pais conseguir reservar diariamente um tempo fixo para brincarem com os filhos, a psicóloga entende que, «tendo em conta os benefícios que decorrem do tempo de brincar entre pais e filhos, os pais devem reservar 10 minutos diários para brincarem com os filhos (se possível, num contexto de um para um, ou seja, com uma criança de cada vez)». E as vantagens são inúmeras, uma vez que há estudos que comprovam que a introdução deste tempo diário na rotina dos pais «ajuda a tornar as crianças mais colaborantes, mais obedientes e a reduzir o número de birras». Caso não seja possível aos pais reservarem diariamente 10 minutos, «é importante que procurem fazê-lo pelo menos três vezes por semana e que, quando brincam estejam totalmente disponíveis e presentes nas brincadeiras com os filhos (ou seja, sem televisão, telemóvel ou tablet a distraí-los!)», reitera Tatiana Carvalho Homem.



dia a dia Se for uma lesão de menor gravidade, o farmacêutico pode ajudar aconselhando medidas farmacológicas e não farmacológicas. Em casos mais graves, não hesitará em encaminhar para o médico.

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Lesões desportivas A farmácia também pode ajudar O desporto faz bem à saúde, mas por vezes pode resultar em momentos menos felizes quando, por exemplo, o praticante se lesiona. Ninguém está livre de vir a sofrer uma lesão desportiva, no entanto, existe um conjunto de atitudes que podem ser tomadas de modo a salvaguardar uma possível lesão. Em primeiro lugar, é importante que antes de se iniciar uma atividade física «procure um médico, com especialidade na área, de modo a realizar uma série de exames para aferir a condição para o treino», aconselha Cláudio Correia, fisioterapeuta e delegado do movimento “Stop às Lesões do Desporto – Movimento Nacional de

Prevenção das Lesões no Desporto”. Por outro lado, o tipo de desporto praticado, o nível de exigência e/ou os volumes e intensidades de treino são fatores que influenciam seriamente os resultados. «É comum encontrarmos uma grande percentagem de lesões musculares, lesões capsulo-ligamentares (vulgo entorse) e fraturas», revela o fisioterapeuta, sendo que a maior prevalência deste tipo de lesões está associada, genericamente, ao tipo de treino. Ou seja, em cada modalidade existe «um conjunto de lesões que são “próprias” face às exigências desportivas e aos gestos técnicos realizados», refere Cláudio Correia, salvaguardando que, para


Avaliar as lesões O farmacêutico está habilitado para ajudar ao nível de algumas lesões desportivas. Por isso, nas farmácias, perante o utente que menciona uma lesão desportiva é frequente tentar perceber-se se as lesões desportivas «são frequentes e quais os seus hábitos, no sentido de avaliar se as lesões se devem a uma prática de desporto intensa ou a maus hábitos», declara Mélanie Duarte. No caso de uma prática intensa e regular de exercício físico, «costumamos apresentar algumas soluções disponíveis na farmácia para minimizar as lesões, como por exemplo suplementos com glucosamina e condroitina para proteção das articulações, e as terapêuticas disponíveis para o seu tratamento», salvaguarda a farmacêutica. Caso o utente apresente maus hábitos, «como por exemplo uma postura incorreta, reforçarmos as medidas não farmacológicas», declara Mélanie Duarte, acrescentando que, «em todos os casos, salientamos a importância da avaliação de cada situação por um profissional de saúde qualificado, como é o caso do farmacêutico, no sentido de minimizar o risco de mascarar situações mais graves com a utilização de terapia farmacológica inadequada». Assim sendo, quando é possível atuar de imediato, o farmacêutico aconselha a terapia mais adequada à situação em causa, mas em casos mais graves o utente é encaminhado para o médico.

além disso, «a distribuição do número de atletas por desporto varia consideravelmente face ao mediatismo de cada um deles». Deste modo, tendencialmente, os desportos onde surgem mais lesões são «o futebol, o basquetebol e o atletismo». Depois de aferida a condição para a prática da modalidade desportiva de eleição, o praticante, na hora de iniciar a atividade, deve sempre, com o intuito de salvaguardar uma possível lesão, proceder ao aquecimento. «No sentido de evitar lesões, reforçamos a importância de um bom aquecimento antes da prática de exercício físico e do uso de roupa e calçado apropriados para as atividades desenvolvidas», expõe a farmacêutica Mélanie Duarte, da Farmácia Luciano & Matos, uma Farmácia Holon em Coimbra.

A farmácia pode ajudar Mesmo seguindo religiosamente estes conselhos, ninguém está livre de se lesionar e, quando isso acontece, as farmácias podem dar uma ajuda, se falarmos em lesões desportivas «de menor gravidade, como entorses, distensões musculares e traumatismos ligeiros», aponta Marlene Santos, docente da unidade de Farmacologia do mestrado em Fisioterapia opção Desporto da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, acrescentando que a intervenção dos profissionais de farmácia nas lesões desportivas passa, «não só pelo aconselhamento farmacológico de medicamentos não sujeitos a receita médica, mas também pelo aconselhamento não farmacológico, incluindo a recomendação de medidas preventivas». Por outro lado, o profissional de farmácia poderá

ainda, dependendo do tipo de lesão, como traumatismos mais graves ou fraturas, e da duração do episódio, «aconselhar o utente a consultar o médico ou fisioterapeuta», conclui a docente.

Controlar os sinais Relativamente às situações mais comuns como entorses e distensões musculares, a primeira abordagem farmacológica (até 48-72 horas após a lesão) nas farmácias, e desde que não haja lesão/luxação óssea associada, «consiste em controlar os sinais inflamatórios e a dor», salienta Marlene Santos. Na Farmácia Luciano & Matos, de acordo com Mélanie Duarte, as lesões desportivas que os utentes mais frequentemente se queixam são, precisamente, «os entorses (sobretudo a nível do tornozelo) e as lombalgias», sendo que nestas ocasiões, a equipa da farmácia aconselha «analgésicos e anti-inflamatórios orais e/ou tópicos», como aponta a farmacêutica. A utilização de fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) é realmente a primeira linha de tratamento no alívio da dor e inflamação associada às lesões desportivas. Assim, de acordo com Marlene Santos, a administração oral de AINEs não sujeitos a receita médica «como o ibuprofeno (200 mg), o diclofenac (25 mg) ou mesmo o ácido acetilsalicílico (500 mg) poderá ser recomendada para o controlo dos sintomas indicados». Mas, por outro lado, a utilização de AINEs «pode ser limitada pela ocorrência de efeitos adversos, nomeadamente os gastrointestinais, em

doentes de risco». Deste modo, nestes doentes, segundo a docente, «pode ser aconselhado o paracetamol para o controlo da dor». Marlene Santos salvaguarda ainda que a aplicação no local da lesão de medicamentos com ação analgésica em creme, pomada, gel ou spray «permite aliviar a dor, reduzido o potencial de absorção sistémica e consequentemente os efeitos adversos».

Frio e calor O tratamento das lesões desportivas não pressupõe apenas a utilização de medicamentos. E, neste sentido, podem ainda ser aconselhadas uma série de medidas não farmacológicas. «No caso das contusões, distensões e entorses, aconselhamos a aplicação imediata de gelo, durante 10 a 15 minutos, duas a quatro vezes ao dia, por um período de 48 a 72 horas após a lesão», sublinha Mélanie Duarte, acrescentando que «passadas as 72 horas, depois de todos os sinais de inflamação terem desaparecido, aconselhamos a aplicação de calor (cerca de 40ºC durante três a 20 minutos), exercícios de alongamento da zona afetada e eventual massagem local». Por outro lado, de acordo com Marlene Santos, a utilização de meios de compressão (como o pé elástico) permite «a compressão do local sem restringir a circulação sanguínea e pode ser recomendada a sua utilização para reduzir o edema», assim como a «elevação da zona que sofreu a lesão acima do nível do coração permite reduzir igualmente o edema, por força da gravidade», acrescenta. 37



cuide aqui da sua saúde

Ana Luísa Pinto, Farmacêutica

Incontinência Urinária O longo percurso até à casa de banho A incontinência urinária é um problema que afeta significativamente a qualidade de vida das pessoas, interfere com os aspetos mais simples do seu dia a dia, restringindo a atividade familiar, laboral e social, podendo até causar distúrbios emocionais. 39


Apesar da incontinência urinária ser um problema de saúde com uma elevada prevalência na população em geral - estima-se que atinja meio milhão de indivíduos em Portugal - muitos não procuram apoio médico. Tal deve-se, provavelmente, ao fato de desconhecerem que a sua incontinência pode ser tratada ou controlada e, talvez, por não considerarem que os sintomas sejam suficientemente limitantes da sua vida diária para necessitarem de tratamento. Outros poderão sentir-se pouco à vontade para procurar apoio, devido ao estigma frequentemente associado a este problema. Muitos tentam controlar as manifestações da sua incontinência através da utilização de proteções mecânicas (fraldas e dispositivos afins), ou ajustando os seus hábitos de vida. Os “incidentes molhados” em público, mesmo que os outros não se apercebam, são suficientes para causar um grande desconforto físico e emocional. Afinal, são considerados próprios dos bebés, não dos adultos – é o que pensa a maioria das pessoas, desconhecendo que por detrás da incontinência se escondem múltiplas causas.

E que causas são essas? As causas de incontinência urinária podem ser múltiplas e podem ter, ou não, origem no aparelho urinário. Podem ser urológicas, ginecológicas, hormonais, ambientais, neurológicas (como por exemplo, Parkinson, Alzheimer, Esclerose Múltipla) e também podem ser devidas ao uso de determinados fármacos. Para uma melhor compreensão desta doença, é importante conhecer, de uma forma genérica, os intervenientes no ciclo urinário. O sangue que vem do coração é filtrado pelos rins, o que não é utilizado – constituindo

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cerca de 1 a 1,5 litros de urina, em 24 horas – segue pelos ureteres até à bexiga, que funciona como um reservatório. Quando se verifica uma acumulação de cerca de 300 centímetros cúbicos de urina, começam a “disparar” as primeiras mensagens para o cérebro, surgindo a necessidade de urinar. O cérebro tem a capacidade de modelar essas mensagens de acordo com as circunstâncias, por exemplo, adiando a satisfação dessa necessidade fisiológica. A maior parte das vezes, a incontinência surge quando um músculo que dá pelo nome de esfíncter, e que funciona como uma espécie de válvula (abre e fecha consoante a necessidade e a vontade da pessoa), perde eficácia. Estas estruturas anatomofuncionais podem sofrer alterações resultantes das diferentes causas citadas anteriormente. A incontinência de esforço, a incontinência por imperiosidade ou urgência, e a incontinência mista são os três tipos de perda involuntária de urina mais frequentes. O primeiro caso resulta de perda de urina por falha no pavimento pélvico, com bexiga e uretra “descaídas” e hipermóveis, ou por incompetência dos esfíncteres. É mais frequente nas mulheres, por causa das suas características anatómicas próprias, mas principalmente após partos e, mais tarde, como resultado das consequências hormonais da menopausa. A obesidade pode também contribuir para o enfraquecimento dos músculos que suportam a bexiga e a uretra, bem como as cirurgias pélvicas. Esta forma de incontinência é provocada por esforço físico como, por exemplo, tossir, saltar, correr, espirrar e levantar pesos. Dá- se o nome de incontinência por imperiosidade ou urgência, quando a falta de controlo da micção é acompanhada de uma vontade súbita e incontrolável de urinar. Ou seja, afeta pessoas cuja perda da capacidade de controlar o músculo da bexiga, ao sentirem vontade de urinar, origina


A reeducação períneo-esfincteriana, que consiste numa técnica de fisioterapia do aparelho pélvico, a terapêutica medicamentosa e a intervenção cirúrgica constituem possibilidades de tratamento, após confirmação do diagnóstico. Um tratamento ótimo depende da análise minuciosa do problema de forma individualizada e varia segundo a natureza específica desse problema. A ida à casa de banho pode deixar de ser uma verdadeira “odisseia”. O convívio com a incontinência pode mesmo ser evitado, especialmente quando o tratamento se inicia imediatamente. A incontinência urinária não deve ser vivida em segredo… Se algum dia se cruzar com ela, procure ajuda profissional.

Sinais de Alarme A incontinência urinária é precedida de alguns sinais de alarme, que devem ser tidos em conta e que importa conhecer: • Incapacidade de urinar; • Urinar mais frequentemente do que o habitual sem que exista uma infeção na bexiga; • Necessidade de correr para a casa de banho, perdendo urina quando não se chega a tempo; • Dores relacionadas com o ato de urinar; • Infeções frequentes da bexiga;

contrações involuntárias ou não inibidas, havendo perda de urina quando não chegam a tempo à casa de banho, durante o sono ou ao mudarem de posição (levantarem-se depois de um certo tempo sentadas, por exemplo). Tal como o nome indica, a incontinência mista ocorre nos indivíduos que apresentam os dois tipos de incontinência já mencionados.

O fim do desconforto As pessoas com incontinência têm ao seu dispor pensos e fraldas com uma grande capacidade absorvente. No entanto, tais produtos, apesar de protegerem a pele e permitirem que as pessoas se sintam cómodas e ativas, não resolvem a causa da incontinência, nem substituem um tratamento médico. As formas de tratamento são várias e dependem do tipo e das causas da incontinência, bem como de que grupo se trata – homem, mulher ou criança. Se for devido a uma causa reversível, como uma infeção urinária, o uso de determinado fármaco ou obstipação, deve ser corrigida a causa precipitante de forma apropriada para resolver o quadro de incontinência. Em termos de ingestão de água deve-se evitar os dois extremos: redução muito drástica da ingestão de líquidos para diminuir o número de episódios de incontinência, ou manutenção de uma elevada ingestão hídrica, nomeadamente à noite. Deve ingerir-se cerca de 1,5 litros de água por dia contando com a ingestão de líquidos e de alimentos sólidos.

• Enfraquecimento progressivo do jato urinário, com ou sem sensação de esvaziamento total da bexiga; • Urina em quantidade anormal.

Como falar sobre a incontinência urinária? Apesar de ser um assunto desconfortável de abordar, falar sobre o problema é o primeiro passo para obter o tratamento adequado. Se acha que poderá ter algum problema de incontinência ou urgência urinária, deve aconselhar-se com um profissional de saúde. Deixamos algumas dicas que poderão ajudá-lo a iniciar a conversa: 1) Tenho reparado que vou mais vezes à casa de banho durante o dia/ noite do que era habitual… 2) Às vezes, quando tusso, levanto pesos ou me rio, perco algumas gotas de urina… 3) Comecei a usar pensos absorventes por causa de algumas perdas de urina. Queria saber a sua opinião sobre opções de tratamento que existem para este problema. Uma vez iniciada a conversa, tornar-se-á mais fácil, pois os profissionais de saúde estão habituados a tratar destas questões mais sensíveis. O seu médico ou farmacêutico poderá colocar-lhe algumas questões sobre o que tem sentido, com o objetivo de identificar o problema e lhe apresentar as soluções de saúde que existem para o resolver.

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Glúten Um perigo para todos? Paralelamente à doença celíaca, surgem cada vez mais casos de

VIVA MAIS

indivíduos que descrevem sintomatologia semelhante, embora não acompanhada de alterações nas análises clínicas ou na mucosa intestinal. Esta condição tem vindo a ser classificada como sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC).

Daniela Pires, Nutricionista

Margarida Esteves, Dietista

O glúten é um conjunto de proteínas insolúveis, naturalmente presente em alguns cereais como o trigo, o centeio e a cevada. É o responsável pela elasticidade da massa do pão e é usado com frequência como substituto vegetal da carne (seitan). A aveia, embora não seja um cereal com glúten na sua composição, sofre uma grande contaminação durante o cultivo e processamento acabando por ser considerada como um. Em alguns indivíduos a ingestão de glúten pode originar uma reação imunológica contra o próprio intestino delgado - o sistema imunitário produz anticorpos específicos (IgA e IgG) contra esta proteína que vão acabar por lesar a mucosa intestinal. Esta lesão origina uma atrofia e diminuição das vilosidades intestinais, diminuindo a absorção de diversos nutrientes. Esta reação autoimune denomina-se doença celíaca.

Doença celíaca A doença celíaca pode surgir em qualquer idade desde que o glúten já tenha sido introduzido previamente na alimentação. É uma doença crónica e não se trata de uma alergia. Os sintomas mais comuns são, no caso das crianças, diarreia crónica ou prisão de ventre, distensão abdominal, vómitos, atraso no crescimento, perda de peso ou aumento de peso insuficiente e alterações de humor. A doença pode também manifestar-se só na idade adulta através sintomas como anemia e aftas recorrentes, dores ósseas e cãibras, alterações na pele, cansaço, alterações na fertilidade e no comportamento. No entanto, para diagnosticar a doença não basta a presença dos sintomas. É necessário fazer um conjunto de análises 43


clínicas e exames específicos (como biopsia intestinal) até se chegar ao diagnóstico final. Estima-se que a prevalência desta patologia em Portugal seja entre 1 a 3% da população. A doença celíaca encontra-se subdiagnosticada estimando-se que haja cerca de 70 a 100 mil casos por diagnosticar em Portugal. O controlo da doença depende exclusivamente da dieta alimentar, devendo por isso ser excluídas todas as fontes de glúten. A exclusão do glúten é para toda a vida – mesmo que haja ausência de sintomas. É por isso muito importante conhecer todos os alimentos que são ingeridos, tendo especial atenção à sua composição (a leitura dos rótulos é obrigatória), e como e onde são confecionados (perigo de contaminação cruzada). Atualmente o mercado dispõe de uma vasta gama de produtos isentos de glúten. Contudo, há que ter atenção à sua composição nutricional, já que alguns contêm um elevado teor de açúcar e gordura, devendo por isso o seu consumo ser equilibrado e inserido numa alimentação saudável.

Sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC) Paralelamente à doença celíaca, surgem cada vez mais casos de indivíduos que descrevem sintomatologia semelhante, embora não acompanhada de alterações nas análises clínicas ou

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Sabia que… … A doença celíaca é crónica e o único tratamento passa por adotar uma dieta isenta de glúten. … O glúten apenas constitui perigo para os doentes celíacos. Contudo, se acha que não tolera bem os alimentos que o contêm, aconselhe-se com um profissional de saúde qualificado e não se autodiagnostique. … Os testes de intolerância alimentar não são fidedignos, não tendo qualquer fundamentação científica e, quando mal interpretados, podem originar consequências graves para a saúde.

na mucosa intestinal. Esta condição tem vindo a ser classificada como sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC). A causa da SGNC é atualmente de origem desconhecida. O diagnóstico é muitas vezes feito pelo próprio individuo por exclusão de outras patologias, como doença celíaca ou alergia ao trigo, e com uma resposta positiva a uma dieta isenta de glúten. Contudo, as alterações alimentares não acompanhadas de aconselhamento nutricional podem trazer algumas consequências para a saúde. Por outro lado, já que os sintomas descritos são comuns a várias patologias, como por exemplo a síndrome do intestino irritável ou a doença de Crohn, o autodiagnóstico errado pode tardar a correta identificação e tratamento do problema real. Interessa ainda alertar para o autodiagnóstico com recurso a testes múltiplos de intolerância alimentar. Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica estes testes não têm validade científica e apenas identificam a exposição prévia ao alimento. A

interpretação dos resultados, sem integração numa avaliação clínica apropriada, pode levar a restrições dietéticas desnecessárias com consequências nutricionais, metabólicas e com impacto na qualidade de vida. Atualmente a comunidade científica tem-se debruçado em perceber se esta sensibilidade ao glúten existe realmente ou se, por outro lado, pode estar associada a outros fatores como um crescimento anormal da flora intestinal ou a uma reação aos açúcares fermentáveis – FODMAP. A sigla FODMAP representa os fruto-oligossacáridos, dissacáridos, monossacáridos e polióis. Estes açúcares estão presentes em vários alimentos como frutos, hortícolas, leguminosas, frutos oleaginosos, sementes, cereais e derivados, produtos lácteos, açúcares e adoçantes. Quando não são totalmente digeridos e absorvidos, acabam por ser fermentados pelas bactérias intestinais, originando flatulência, inchaço, distensão abdominal, dor e alteração do funcionamento intestinal.


VIVA MAIS

Trail running A natureza como pano de fundo Para quem gosta de corrida e de estar em permanente contacto com natureza, o trail running é o desporto ideal, na medida em que congrega estas duas vertentes. Correr em ambientes de montanha ou floresta é o que qualquer praticante desta modalidade pode esperar. Para Gonçalo Lourenço, farmacêutico, de 32 anos, a aventura do trail running começou há poucos anos, mas já é uma parte fundamental da sua vida. «A minha estreia no trail foi em novembro de 2013, portanto há dois anos. Em 2012 tinha-me iniciado numa prova de atletismo de estrada, na S. Silvestre de Coimbra, mas demorei alguns meses até descobrir o desafio e a beleza dos trilhos», conta o farmacêutico. O trail running é no fundo uma corrida pedestre em natureza, com o mínimo de percurso pavimentado/alcatroado, que poderá ter como cenários serra, montanha, alta montanha, planície, caminhos florestais, trilhos, etc.. O trail running deverá ser realizado idealmente em semi ou autossuficiência, mas não é obrigatório. Quanto a Gonçalo Lourenço, foi precisamente a “componente natureza” que o fascinou e o levou a abraçar o desporto. O trail running «coloca-me mais perto da natureza, a correr em locais muito bonitos que doutra forma não iria conhecer. É mais

estimulante e divertido que a corrida de estrada e é mais “fácil” na medida em que o esforço e os ritmos se gerem de uma forma muito própria».

Desenvolver a força O trail running é um desporto bastante completo e proporciona melhorias óbvias ao nível do sistema cardiovascular. É ainda responsável pelo desenvolvimento da força, da resistência, da rapidez de reação (fundamental nas descidas mais técnicas) e do equilíbrio. Por outro lado, de acordo com o farmacêutico, «a procura de melhores marcas levará ainda a estilos de vida mais saudáveis e a outros cuidados, nomeadamente com o peso, alimentação, tabaco, álcool, etc.». E porque a saúde mental é tão importante como a saúde física, «a capacidade de resistir ao sofrimento e a capacidade de superação, de não desistir e “ir mais longe”, são desenvolvidas em cada competição e podem ser uma grande maisvalia para a vida de cada um», salienta Gonçalo Lourenço, acrescentando que «esta é uma característica muito própria deste desporto».

Consultar um médico Antes de se abraçar o trail running há que ter em conta algumas recomendações: caso não esteja habituado à prática desportiva, deve consultar um médico para confirmar que não existe qualquer condição cardíaca, ou outra, que seja impeditiva da prática da modalidade. Gonçalo Lourenço aconselha a «começar por fazer umas caminhadas e treinos regulares antes de experimentar a competição, pois é importante conhecer o organismo e a forma como reage ao esforço». Por outro lado, já no “terreno”, a prática do trail running deve ser antecedida de um bom aquecimento e, durante a prova em si, é essencial

hidratação adequada e aporte calórico e mineral de acordo com o esforço que vai ser realizado. No final, fazer alongamentos e nos dias seguintes treino de recuperação. Quanto às contraindicações, o farmacêutico aponta que não se deve optar por esta modalidade desportiva quando «existe algum problema cardíaco em que o esforço físico seja contraindicado». Porém, «a osteoartrose também pode ser uma limitação, se bem que neste caso, a suplementação com condroitina/glucosamina pode resolver a situação», conclui Gonçalo Lourenço.

Trail running na farmácia Gonçalo Lourenço trabalha na Farmácia Luciano & Matos, em Coimbra, e já conseguiu “contagiar” os colegas. «Na altura da minha primeira prova, e tendo gostado bastante da experiência, desafiei a Dra. Helena (proprietária e diretora técnica da farmácia) a criar uma equipa de corrida com os colegas», relata o farmacêutico, acrescentando que «ela, que já era uma entusiasta das corridas, bem antes desta nova tendência, apoiou totalmente a ideia e ofereceu sapatilhas e t-shirts aos colegas que aderiram ao desafio». Nesta Farmácia Holon, «os namorados/ maridos/esposas juntaram-se à causa e hoje em dia até um utente, com mais de 60 anos, corre com as cores da Farmácia Luciano & Matos», revela Gonçalo Lourenço. A farmácia, enquanto equipa de trail running, estreou-se em junho de 2014, tendo participado no MIUT (Madeira Island Ultra Trail 2015) e obtido o 1º lugar de Equipas nos 25 km do MUT (Mondego Ultra Trail). 45



VIVA MAIS

Receita Saudável Salada Quinoa Arco-íris (4 porções) A quinoa, por ser semelhante a um cereal, pode ser introduzida na alimentação em substituição do arroz ou massa. Além de fornecer hidratos de carbono, fornece também aminoácidos essenciais sendo, por isso, uma proteína completa. É um ingrediente versátil, podendo ser consumido tanto frio como quente. A receita de quinoa que apresentamos pode ser adaptada ao seu gosto, permitindo combinar ou substituir os legumes mencionados por outros da sua preferência. Experimente combinar os legumes de acordo com a sazonalidade e terá uma salada diferente a cada estação do ano.

Ingredientes para a salada: 1 chávena de quinoa crua 1 chávena de ervilhas congeladas ¼ de couve roxa 2 mãos cheias de rúcula 1 lata pequena de milho doce 1 pimento vermelho pequeno 1 cenoura grande ralada Sal q.b.

Ingredientes para o tempero: 1 colher de sobremesa de azeite 1 colher de sobremesa de vinagre de cidra ou de arroz 1 pedaço pequeno (1 cm) de gengibre fresco Sal e sementes de sésamo tostadas q.b.

Modo de preparação: Lave bem a quinoa (para retirar o sabor amargo). Coza, juntamente com as ervilhas, em duas chávenas de água temperadas com o sal. Depois de cozidas, escorra bem e reserve. Corte a couve roxa em juliana, o pimento em cubos pequenos e rale a cenoura. Numa taça grande, junte a quinoa e as ervilhas (já arrefecidas), a couve, a rúcula, o pimento, a cenoura e o milho. À parte, prepare o tempero para que fique bem emulsionado, regue a salada e misture. Polvilhe com as sementes de sésamo tostadas.

Cálculos por porção Calorias (kcal)

Lípidos (g)

Hidratos (g)

Proteínas (g)

Fibra (g)

250

5,5

42

9,8

6,8

Quinoa A quinoa é um pseudocereal (botanicamente é uma semente mas a composição nutricional assemelhase a um cereal), rico em proteína e aminoácidos essenciais. É isenta de glúten e de digestão fácil, sendo bem tolerada por doentes celíacos. Rica em vitaminas do complexo B e em minerais como ferro, magnésio, fósforo e zinco, é uma boa fonte de fibra alimentar. Cozinha-se de forma semelhante ao arroz.

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SOS Hepatites Ajudar quem sofre com as hepatites A Associação Grupo de Apoio SOS Hepatites tem lutado, ao longo dos anos, contra a marginalização, a discriminação e o ostracismo daqueles que são vítimas das hepatites. Alegando que há

atuar

milhares de portugueses que estão infetados pelo vírus sem saberem, a associação apela à importância do rastreio ao fígado.

A Associação Grupo de Apoio SOS Hepatites nasceu em 2005 com o intuito de alertar a sociedade e os profissionais da área de saúde para o flagelo das hepatites virais, nomeadamente os seus riscos, as formas de contágio, o tratamento e a prevenção. Através da consciencialização e da divulgação, a associação tem lutado contra a marginalização, a discriminação e o ostracismo que frequentemente estes doentes sofrem.

das três hepatites, A, B e C, e caso não tenham anticorpos da hepatites A e B, a solicitarem a vacinação». A SOS Hepatites compromete-se ainda, segundo a sua presidente, a «continuar a rastrear os combatentes da guerra do ultramar e a continuar com as nossas ações de informação junto da população e onde a nossa presença é solicitada».

Hepatite B

As dificuldades A luta da associação é diária. Emília Rodrigues, presidente da Associação Grupo de Apoio SOS Hepatites indica que «a nossa maior dificuldade é a falta de fundos para que possamos desenvolver alguns dos nossos projetos». Contudo, considerando o período de 2011 a 2014, a falta de acesso aos medicamentos inovadores foi um dos principais problemas com que a associação se deparou. «É um problema que está parcialmente resolvido, pois desde fevereiro deste ano que temos acesso ao medicamento inovador, mas é necessário que todos os outros sejam disponibilizados», alerta a responsável. Desde a fundação da SOS Hepatites em 2005 muita coisa mudou, mas muito caminho ainda há a percorrer. «Neste momento fala-se mais da doença e há um conhecimento diferente por parte da população, contudo o estigma e o ostracismo infelizmente ainda se sente», revela Emília Rodrigues, acrescentando que «ainda há receio por parte de alguns dos portadores da doença em “dar a cara”».

A cura As hepatites virais, nomeadamente a hepatite C e a hepatite B, são hoje um grave problema de saúde pública. A SOS Hepatites advoga a importância do rastreio ao fígado para se detetar atempadamente a doença, porque poderá haver milhares de portugueses infetados com a patologia, embora não

o saibam nem tenham sintomas. Quanto à medicação usada para tratar a doença, em 2005 «tínhamos somente um tratamento com vários efeitos secundários e uma taxa de “cura sustentada” de 50 a 60%. Somente dois a três anos após o final do mesmo e caso o vírus estivesse negativo, o portador era dado como curado», sublinha a presidente. Porém, atualmente, «temos vários medicamentos inovadores, embora somente um esteja aprovado, com taxas de cura acima dos 95%. E após três meses do final do tratamento se o portador continuar negativado é dado com curado», declara a responsável.

O trabalho continua Apesar das vitórias conseguidas nos últimos anos, a SOS Hepatites está longe de ver o seu trabalho terminado. Daí que faça parte dos projetos da associação continuar a incentivar a população a fazer o rastreio ao fígado. De acordo com Emília Rodrigues, este «deve ser pedido ao médico de família» e «consiste numa análise específica (anti VHC), que não consta do hemograma. Aconselhamos a população a solicitar o rastreio

- Estima-se que existam 240 milhões de portadores crónicos de hepatite B no mundo; - Os portadores crónicos são expostos a um risco elevado de morte por cirrose ou cancro do fígado; - O vírus provoca hepatite aguda num terço dos atingidos, e 1 em cada mil infetados pode ser vítima de hepatite fulminante. Em cerca de 10% destes infetados, a doença torna-se crónica, sobretudo nos homens. Todos os anos morrem mais de 780 mil pessoas devido a consequências da hepatite B; - Em Portugal, estima-se que existam cerca de 150 mil portadores crónicos deste vírus.

Hepatite C - Calcula-se que existam 150 milhões de portadores crónicos em todo o mundo; - Segundo a Organização Mundial da Saúde, é possível que surjam todos os anos 3 a 4 milhões de novos casos no mundo; - A hepatite C é hoje a principal causa de transplantes hepáticos no mundo e para cada novo caso de SIDA que aparece, 5 novos casos de hepatite C surgem; - Em Portugal, onde a hepatite C é uma das principais causas da cirrose e de cancro do fígado, estima-se que existam 150 mil portadores, embora somente cerca de 10 mil estejam diagnosticados.

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Posologia de Dormidina ®: 1 comprimido 30 minutos antes de deitar. Induz o sono de forma rápida e gradual, mantendo efeito prolongado durante 8 horas proporcionando, dessa forma, um sono reparador ajudando a restabelecer a energia necessária para o dia seguinte. Dormidina ® é uma solução eficaz e segura. A suspensão abrupta da terapêutica não induz o desenvolvimento da síndrome de abstinência. DORMIDINA® (Succinato de Doxilamina) é um medicamento não sujeito a receita médica, indicado na dificuldade temporária em adormecer. Está contraindicado na gravidez e lactação. Não deve administrar-se em algumas situações como asma, bronquite crónica e hipertrofia prostática. Não tomar mais do que 7 dias seguidos, salvo critério médico. Administrar com precaução em idosos. Leia cuidadosamente as informações constantes do folheto informativo. Em caso de dúvida, persistência ou aparecimento de outros sintomas, consulte o seu médico ou farmacêutico. Sob licença ESTEVE. DIDSAM150212.


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saúde digital

Escreva-nos,

dê-nos a sua opinião e sugestões para o e-mail: revistah@farmaciasholon.pt

APED – Associação Portuguesa para o Estudo da Dor http://www.aped-dor.org/ A Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) promove o estudo, o ensino e a divulgação de meios de prevenção, diagnóstico e terapêuticos da dor. Na sua página, disponibiliza publicações e informações sobre os vários tipos de dor, inclusivamente sobre dor crónica, que podem ser consultadas pelo público em geral. Quem aceder ao site encontrará ainda algumas recomendações referentes à toma de medicamentos para combater a dor.

APS – Associação Portuguesa do Sono http://www.apsono.com/ A Associação Portuguesa do Sono (APS) apoia o desenvolvimento e divulgação de estudos relativos ao sono e às suas perturbações. No seu site é possível encontrar materiais que elucidam sobre as doenças relacionadas com o sono, incluindo a apneia do sono, e que alertam para os perigos associados a estas perturbações, nomeadamente a possibilidade de se adormecer ao volante. Se visitar o site da APS poderá também aferir a qualidade do seu sono e perceber se sofre de alguma patologia, através de um teste disponível na página.

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breves

Cancro é a área da saúde com mais ensaios clínicos O número de ensaios clínicos realizados em Portugal continua a ser baixo, mas tem vindo a crescer lentamente. No ano passado o INFARMED recebeu 127 pedidos e autorizou 119. Em 48% dos casos as solicitações foram para testes na área oncológica, dos quais se registaram 61 pedidos. Segundo dados fornecidos pelo INFARMED ao “Público”, existem atualmente autorizações válidas para 322 ensaios clínicos a decorrer. «No âmbito do conjunto destes ensaios está prevista a inclusão de um número total, máximo, de 11.526 doentes». Em 2014, cerca de 90% dos ensaios foram pedidos pela Indústria Farmacêutica. Os restantes 10% foram propostos por centros de investigação, como as universidades. A burocracia exigida e a demora nas autorizações, juntamente com os poucos incentivos à investigação e as dificuldades na divulgação dos resultados, eram alguns dos problemas apontados para o baixo número de ensaios clínicos em Portugal, segundo um estudo de 2013 da PwC, feito a pedido da APIFARMA. Com a mudança de algumas regras, os dados do INFARMED mostram que há agora uma rapidez ligeiramente superior. Em 2014, o tempo médio de decisão foi de 33 dias, quando em 2013 era de 38 e em 2012 de 40 dias.

Neurónios de serotonina fabricados em laboratório Um grupo de cientistas da Universidade de Buffalo, em Nova Iorque, fabricou, em laboratório, neurónios de serotonina, as células do cérebro que libertam e absorvem o neurotransmissor responsável por regular o humor e os estados mentais humanos. A produção e absorção de serotonina está relacionada com o desenvolvimento de doenças mentais como a depressão. «O nosso trabalho demonstra que os preciosos neurónios de 54

serotonina escondidos nas profundezas do cérebro humano agora podem ser criados numa placa de Petri», disse Jian Feng, principal autor do estudo. Os investigadores usaram fibroblastos - as células humanas que geram tecidos conetores no corpo - que conseguiram converter em neurónios de serotonina, que são muito difíceis de obter. A investigação provou que é possível converter um tipo de célula noutra de menor disponibilidade para os cientistas. O investigador Jian Feng espera que a técnica que criaram possa ser utilizada para desenvolver outras células no futuro, noticiou o “DN”. Até hoje, os cientistas que estudam a serotonina e a sua produção e absorção pelos neurónios tinham que desenvolver o seu trabalho usando células de animais, mas agora poderão produzir neurónios deste tipo no laboratório, para compreender melhor esse funcionamento.

Medicamento para cancro pode destruir VIH Uma equipa do Instituto de Medicina Molecular, em consórcio com cientistas europeus e norteamericanos, está a investigar a possibilidade de “acordar” o VIH através de um fármaco para o cancro, com o intuito de o destruir com a medicação atual que combate o vírus. Foi publicado um artigo na revista “PLoS Pathogens” que mostra a eficácia do PEP005, um dos ingredientes de um medicamento usado para combater um cancro da pele, na ativação do vírus do VIH que está “adormecido” nas células humanas. João Gonçalves está a investigar há cinco anos - como elemento de um consórcio internacional que junta laboratórios americanos, europeus e também empresas farmacêuticas - estratégias para a eliminação do VIH. «Na nossa estratégia, quando os vírus acordam, faz com que as células morram automaticamente e por isso não é preciso um segundo cocktail de medicamentos. São testes apenas feitos em laboratório, com animais, que mostraram resultados positivos. Mas testar em humanos demorará mais dois a três anos», disse ao “DN”.

Quimioterapia pode potenciar tumores Uma equipa de investigadores do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra diz que a quimioterapia pode potenciar o desenvolvimento de tumores. O estudo desenvolvido pelos investigadores comprova que a origem das células estaminais cancerígenas é diversificada e que algumas podem mesmo tornar-se mais letais após os tratamentos. Através da investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, a equipa de quatro investigadores coordenada pela professora Maria Carmen Alpoim concluiu que dentro de cada tumor existe um vasto conjunto de subpopulações celulares, correspondentes a vários tipos de células estaminais cancerígenas que perante alguns estímulos podem tornar-se mais letais. Isto significa que os próprios tratamentos de químio e radioterapia poderão aumentar o potencial maligno e a metastização de um tumor, como explicou ao “DN” a coordenadora da investigação.

Estatuto Editorial A H é uma revista bimestral de caráter informativo, circunscrevendo-se nas temáticas da saúde e bem-estar, orientada por critérios de rigor e criatividade editorial. A H é uma revista dirigida a um público plural e é propriedade da Holon Comunicação Global, Unipessoal, Lda. O conceito da revista H passa pela abordagem às diversas questões nas áreas temáticas em que se insere, de modo prático e útil, em respeito pelo rigor científico. A H reconhece que os leitores são a sua principal razão de existência e, por isso, a satisfação das nossas necessidades de informação constitui o seu objetivo primordial. É, assim, uma revista idealizada e produzida com o propósito de ir ao encontro dos interesses dos seus leitores, procurando servi-los sempre de forma isenta e objetiva.




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