A rua, o urbanismo e a arte e book

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Nora Alejandra Patricia Rebollar (organizadora)

A rua, o urbanismo e a arte Vivenciando a cidade

1ª edição

LEDIX (Livraria Editora Xavier) Florianópolis – Santa Catarina 2017


Nora Alejandra Patricia Rebollar (organizadora)

A rua, o urbanismo e a arte Vivenciando a cidade © Nora Alejandra Patricia Rebollar Editoração gráfica e arte final: Marcos Roberto Rosa (marcosrrosa@gmail.com) Capa: Gabriella Kurtz Oliveira (gabriella.oliveira@unigranrio.edu.br) Supervisão: Larisa Hemkemeier Webber de Mello (larisa.mello@unigranrio.com.br) Organizadora: Nora Alejandra Patricia Rebollar (nora.rebollar@unigranrio.edu.br)

REBOLLAR, Nora Alejandra Patricia et al (Org.). A rua, o urbanismo e a arte: vivenciando a cidade. Florianópolis: Ledix, 2017. Supervisão de: Larisa Hemkemeier Webber de Mello. 1. Arquitetura, 2. Urbanismo, 3.. I. Título

ISBN: 978-85-86251-57-3

CDD 720

Proibida a reprodução total ou parcial (exceto a última, com citação expressa da fonte), sob qualquer forma, meio eletrônico, mecânico ou processo xerográfico, fotocópia e gravação, sem permissão do Editor (Leis nº 5.988/1973, 9.610/1998 e 12.853/2013.). Reservados os direitos de propriedade desta edição pela Livraria Editora Xavier (LEDIX), Av. Atlântica, 409 – Fone (48) 3240-1642 – Florianópolis, SC – 88095-700 (editoraledix@gmail.com)


Dedicamos este e-book para os moradores e gestão pública do município de Palhoça para que entendam como podemos tornar a cidade que moramos com maior qualidade de vida.


SOBRE OS AUTORES NORA

ALEJANDRA

PATRICIA

REBOLLAR

Possui

graduação em Arquitetura E Urbanismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1985), mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003), doutorado em Engenharia Civil ( 2010) na área de Cadastro Técnico Multifinalitário com o tema Habitações irregulares em encostas com áreas de APP e degradação do meio ambiente, e pós doutorado na área de Cadastro Técnico Multifinalitário com o tema: Análise do cadastramento e apresentação de propostas de uso sustentável e produtivistas nas áreas de interesse social no maciço central de Florianópolis( 2013). Regressou em 2009 de Angola, África onde acompanhou o processo de implantação da Universidade de tecnologia e ciência UTEC e coordenou a implantação do curso de Engenharia civil. Tem experiência em docência nas áreas de desenho, projetos (arquitetônico e urbano) historia da arquitetura, estudos ambientais e topografia nos cursos de Arquitetura, Engenharia ambiental, Engenharia Civil e Design, e desenvolve pesquisas nas áreas de Processos Construtivos, saneamento básico, habitação, assentamentos, encostas, planos diretores e perícias ambientais. Docente e coordenadora do curso de design de interiores da faculdade de tecnologia

nova

palhoça

FATENP/

UNIGRANRIO.

É


coordenadora do NDE do curso de design de interiores da FATENP/UNIGRANRIO assim como compõem o NDE dos cursos de engenharia civil e engenharia de produção em implantação na mesma instituição. Presta consultoria em perícias ambientais e auditoria, traduções. Participou do processo de implantação e aprovação do curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição ESUCRI Escola Superior de Criciúma onde está coordenadora.Está a frente da implantação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Tecnologia Nova Palhoça FATENP/UNIGRANRIO como também coordena o NDE do curso em implantação. PATRICIA AMANTE Possui graduação em Educação Artística Habilitação Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1985). Atualmente é técnica em assuntos culturais da Fundação Catarinense de Cultura, professora da Fundação Catarinense de Cultura, horista do Curso Técnico Geração, professora de nível superior da FATENP no curso de Design de Interiores. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes Plásticas, prática e teoria, atuando principalmente no seguinte tema: geração 80, pintura, desenho, escultura, gravura, crítica, teoria. Professora Horista da Faculdade DE Tecnologia Nova Palhoça.


MARISETE MACHADO COLBEICH é Artista Visual e professora do curso de Design de Interiores Fatenp/Unigranrio. Professora concursada da rede Estadual de Educação SC. Especialista em Mídias na Educação pela FURG/RS (2012), Especialista em Gestão Educacional pela UFSM/RS (2005). Bacharel e Licenciada em Desenho e Plástica (Artes Visuais) pela UFSM/RS (2003). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Arte, Educação e Cultura (UFSM), Diretório CNPq. Membro do grupo de Pintura Apotheke (UDESC). Possui publicações na área de arte e ensino da arte e diversas exposições coletivas e individuais bem como participação com premiação em salão de Artes Visuais. Atuação nas áreas de Design,

cerâmica,

pintura,

escultura,

Linguagens

Contemporâneas, Desenho, História da Arte e Ensino. Tendo sido por três anos aluna bolsista do projeto “Interferências Artísticas

no

Espaço

Comunitário

como

Laboratório

Reflexivos Sobre as Linguagens Contemporâneas – UFSM – RS”. Experiência que tem levado para sua prática profissional enquanto professora e artista. Participou da edição de 2015 da Bienal brasileira de Design com a intervenção Urbana “cidade novos olhares”.


SUMÁRIO

SOBRE OS AUTORES _____________________________ 6 Prefácio __________________________________________ 7 INTRODUÇÃO ___________________________________ 9 ESTADO DA ARTE DAS RUAS DAS CIDADES ______ 11 A RUA E O URBANISMO _________________________ 20 A IMAGEM DA CIDADE _________________________ 34 RUA E A ARTE__________________________________ 52 ARTE PÚBLICA COMO INTERVENÇÃO URBANA: PRIMEIRAS REFLEXÕES ________________________ 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________ 83



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Prefácio Professores do curso de Design de Interiores da Faculdade de Tecnologia Nova Palhoça (Fatenp), sob o comando da coordenadora Nora Alejandra Patrícia Rebollar, estão realizando uma série de estudos voltados à qualidade de vida, que impactam o cotidiano de todos nós. E os conhecimentos gerados a partir dessas pesquisas estão sendo compartilhados com a comunidade, gestores e poder público por meio de e-books, uma forma contemporânea de facilitar o acesso à informação. A primeira publicação teve como tema os telhados verdes e, a segundo, é esta, que trata da ocupação dos centros urbanos, mais especificamente de questões urbanísticas para tornar as cidades mais humanas. E, neste caso, destacam as intervenções por meio da arte pública. Como se percebe, é um assunto de extrema importância dentro de um cenário de expansão urbana no qual parece imperar o conceito de que é necessário ocupar todos os espaços disponíveis com construções e criar opções para a circulação cada vez maior de carros, em detrimento a soluções alternativas que priorizem o componente humano. Novamente, a Fatenp toma a iniciativa de participar da discussão de temas relevantes ao seu entorno, propondo um


pensamento diferenciado que traga uma vida melhor para todos. Novamente, oferecemos conteúdo para se pensar uma cidade diferente. É assim que pensamos a produção do conhecimento: que ele deve ter, sim, base científica, mas que deve ser complementado para práxis, trazendo impacto positivo e ser constantemente renovado com ideias contemporâneas

Larisa Hemkemeier Webber de Mello Diretora executiva da Fatenp


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INTRODUÇÃO

Ao estudar qualquer cidade medieval europeia pode-se ver como as ruas eram antes do uso do carro: lindas, pequenas, estreitas, íntimas, em escala indiscutivelmente humanas. Existem poucas cidades no Brasil onde é possível ainda encontrar ruas como estas. Em sua grande maioria, o que se vê são ruas projetadas para os carros de grande escala e avenidas para alta velocidade. Existe uma grande preocupação dos urbanistas hoje em tornar as ruas mais humanas, seguras para caminhar e pedalar. Projeta-se um aumentando das larguras das calçadas, transforma-se faixas de carros em ciclovias e procura-se diminuir cada vez mais a velocidade dos carros dentro do perímetro urbano. Hoje os urbanistas trabalham com as ruas típicas que possuem entre 18 a 24 m de largura, comparada a uma rua medieval de antes do evento carro que possui entre 3 e 6 metros de largura. O urbanista, trabalha projetos onde intervém em grandes áreas e as subdivide em quadras ao introduzir as ruas. Essas novas ruas são uma oportunidade rara de lançar um novo olhar aos tipos de ruas voltadas para carros que habitualmente se propõem e ao invés disso, projetar ruas


que priorizem a segurança e conforto dos pedestres. Estes projetos darão a chance de projetar ruas mais humanas que serão apenas para pessoas. Pode-se imaginar propostas destas novas ruas como as medievais, estreitas, íntimas e na escala humana. Quando se visita cidade históricas as pessoas se sentem acolhidas por aquelas ruelas e sentem-se protegidas já que as paredes das habitações estão próximas aos pedestres. Porém mesmo que se projete ruas que podem nunca ver um carro, cada vez mais percebe-se que as ruas devem se tornar muito mais do que apenas lugares para caminhar e dirigir. Existe, portanto, uma série de atividades com as quais os projetistas devem se preocupar, além da habitual dicotomia pedestre-carro.


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ESTADO DA ARTE DAS RUAS DAS CIDADES

Para descrever debater sobre um tema tem-se que considerar diversas variáveis, logo, para constatar o que se está se fazendo no Brasil e no mundo acerca das cidades das ruas, das pessoas que a usam e dos profissionais que as projetam. Melhorar a qualidade de vida nas cidades deve ser um compromisso dos gestores públicos e dos urbanistas que são responsáveis pelos projetos das cidades. Um movimento silencioso começa a tomar forma em grandes cidades que é o grito de moradores que percebem que não possuem mais o domínio da cidade que vivem. No início da modernização, partindo da Revolução Industrial, os processos de produção, foi possível um maior desenvolvimento da sociedade, gerando um crescimento populacional desproporcional ao que as cidades não estavam preparadas para receber. Desta forma, com a expansão desordenada das cidades, a falta de um planejamento urbano populações começam a ficar em segundo plano ao se projetar uma cidade. Hoje o homem não possui mais o domínio da cidade, porém já se iniciou a conscientização do fato pelos


12 urbanistas aos gestores e públicos e a população que usa a cidade. A seguir demostra-se como é possível, com algumas ações e boa vontade dos gestores, tornar as cidades mais humanas e com qualidade de vida para seus cidadãos.

AÇÕES QUE VEM SENDO TOMADAS PARA TORNAR AS CIDADES PARA OS CIDADÃOS.

Sabe-se que hoje com a especulação imobiliária e com o excesso de veículos as cidades possuem sua essência voltada para as ruas e para as aglomerações de moradias. O trânsito das grandes cidades hoje são a principal preocupação dos urbanistas e gestores. As ações efetivas voltadas para a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, visando o combate ao aquecimento global e ao transito pesado nos grandes centros, medidas que visam a manutenção dos bens naturais comuns, planejamento e qualidade nos serviços de transporte público, principalmente utilizando fontes de energia limpa, incentivo e ações de planejamento para o uso de meios de transporte não poluentes como, por exemplo, bicicletas, ações para melhorar a mobilidade urbana, diminuindo consideravelmente o tráfego de veículos,

planejamento

urbano

eficiente,

principalmente


13 levando em consideração o longo prazo e as pessoas, criação de espaços verdes (parques, praças) voltados para o lazer da população e programas voltados para a arborização das ruas e espaços públicos. A exemplo de cidades que vem tornando essas ações efetivas em prática podemos citar algumas no Brasil e que é possível constatar uma grande melhoria na qualidade de vida de seus cidadãos. A capital do estado do Paraná - Curitiba na década de 1960 deu seus primeiros passos para se tornar destaque mundial em termos de desenvolvimento sustentável. Na época, a cidade adotou um sistema de transporte público rápido, sustentável e econômico, considerado exemplo de mobilidade urbana em todo o mundo. Copenhague capital da Dinamarca possui excelência na infraestrutura para o uso de bicicletas. É uma cidade pioneira na área da mobilidade, com o ambicioso objetivo de se tornar a melhor do mundo para os ciclistas Freiburg na Alemanha possui programas eficientes voltados para o uso racional de veículos automotores. Amsterdã capital da Holanda na década de 1970, a bicicleta foi priorizada como meio de transporte eficaz, de baixo custo e não poluente já que crescia a preocupação


14 ambiental e crise do petróleo. O uso da bicicleta foi incentivado de maneira planejada: foram distribuídas as sinalizações especiais com integração nas redes ferroviária e metroviária e estacionamentos distribuídos por todo o território, isso facilita a locomoção de ciclistas por toda a cidade. A elaboração do plano local de mobilidade se deu com a integração das secretarias de transportes, habitação e meio ambiente. Desenvolveram um novo plano onde houve também, uma categorização das ruas da cidade, isto é uma seleção dos meios de transporte a serem utilizados nas diferentes vias, de acordo com sua infraestrutura e a função de cada território. Essa iniciativa facilitou em muito o planejamento público. Atenas, Grécia

Image © Flickr usuário: Dimitris Graffin. Licencia CC BY 2.0


15 Já nas américas durante a última reunião em dezembro de 2016 do Grupo de Lideranças de Cidades contra as Mudanças Climáticas, realizada na cidade do México o prefeito de Atenas Giorgios Kaminis deu um depoimento relatando que a única ação para melhorar a qualidade o ar de Atenas tem sido restringir a circulação de veículos movidos a diesel pelo centro da cidade dependendo de seu número de placa. Porém, seu plano até 2025 é que nenhum automóvel a diesel transite pelo centro da capital grega. Outro evento anual que ocorre na capital Belga em setembro, desde 2002 no qual a prioridade das discussões tem sido viabilizar uma priorização do transporte público ao privado. No decorrer desse evento, durante um dia, é proibida a circulação de veículos no centro da cidade. Bruxelas

Bruselas, Bélgica. Image © Flickr usuario: Maria Firsova. Licencia CC BY 2.0


16 Apesar disso a capital belga procura entender o impacto desse tipo de medidas durante o resto do ano. Com isso Bruxelas que é considerada a segunda cidade com as maiores vias para pedestres da Europa, perdendo somente para Copenhague, procura com todos os esforços atingir o primeiro lugar incorporando essas ações em novos setores da cidade. Além disso adicionou a ação em 2016 que os automóveis movidos a diesel anteriores a 1998 seriam proibidos de circular na cidade a partir de 2018.

Cidade do méxico

Zócalo de Ciudad de México. Image © Flickr usuario: Comefilm. Licencia CC BY-SA 2.0


17 Por sua vez a cidade do México e sua má condição de ar levaram as autoridades a implementar uma restrição veicular que se chama “Hoje não circula” Essa iniciativa entrou em vigor em 2016 e esclarece quais os automóveis podem e qual não podem circular e qual os dias, dependendo dos números de suas placas e do nível de emissões contaminantes. Assim, estabeleceu-se que alguns automóveis não podem circular de segunda à sexta-feira, entre as 5:00 até as 11:00 da manhã, somando aos sábados das 5:00 até as 22:00, e, por último, um dia por semana em forma de rodízio. Já se nos atermos a cidade de Madrid na Espanha a sua principal avenida já se encontra nos planos para restringir o uso do automóvel. Madri

Madrid, España. Image © Flickr usuario efradera Licencia CC BY-ND 2.0


18 A ideia é que todo o eixo desta avenida seja destinado somente para pedestres, ciclistas, usuários dos transportes público de ônibus e taxis até o ano de 2019. Esta iniciativa faz parte de um plano empreendido por uma equipe atual de urbanistas do município que também considera em proibir os automóveis movidos a diesel a partir de 2025. Até hoje todos

os

planos das

cidades

acima

mencionadas apontam diretamente para a restrição do uso do automóvel e principalmente os movidos a diesel. Todas elas possuem um mesmo objetivo: melhorar a qualidade do ar e tornar a cidade mais humana onde o cidadão possa usufruir e apoderar-se da mesma. Com o mesmo objetivo, porém usando uma outra estratégia, Vancouver atingiu este objetivo. Nesse sentido, os urbanistas procederam no plano dessa cidade canadense partindo do aumento dos espaços de pedestres e da construção de mais ciclovias. O Foro Econômico Mundial publicou que Vancouver atingiu o número de metade das viagens que são realizadas pelos habitantes sendo feitas à pé, de bicicleta, ou transporte público (ônibus e metrô), de acordo com os valores das Nações Unidas.


19 Vancouver Canadรก

Dylan Passmore Licencia CC BY-NC 2.0


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A RUA E O URBANISMO A RUA É UM DIREITO PÚBLICO LOCAL DE IR E VIR

Uma rua é uma propriedade pública, o que significa que as pessoas têm o direito de ocupar. Em um país democrático, as ruas são locais onde as pessoas transitam caminham, correm passeiam com seus filhos se manifestam e se reúnem para serem vistas enquanto grupo. Tem-se presenciado a importância deste fato em todo o mundo. Urbanistas e gestores públicos estão com a grande preocupação de devolver a cidade a seus verdadeiros donos. Dizem os americanos que o protesto é uma das funções mais importantes das ruas de Nova York Como um todo as ruas são os lugares onde a vida pública é vivenciada diariamente. Nas ruas há pessoas fazendo coisas do dia a dia, como conversar com seus vizinhos, regar as plantas, estender roupa, comprar comida, socializar as crianças e caminhar com o cachorro. É preciso repensar a ideia da rua é necessário manter sua alma e garantir a sua vitalidade em todas suas formas para que os cidadãos façam delas a extensão do seu morar. As ruas devem ser novamente de poder público como em tempos remotos eram.


21 Quando se desenha uma rua em planta, se traça uma linha central que delimita o espaçamento em ambos os lados. É literalmente uma linha que liga dois lugares com uma certa largura. Essa largura é sempre determinada por algum engenheiro que define para quantos carros será necessário atender

e

quantas

instalações

e

serviços

irão

caber

confortavelmente ali. Ao invés disso, dever-se-ia pensar nas ruas para pessoas e seus usos variados como grandes jardins para viver em maior contato com a natureza, local de encontro, local de passeio ou até local para sentar e ler um livro ou tomar um sol. A questão e o congestionamento viário é um dos grandes temas que se debate em todas as cidades do mundo por ser o maior motivo da diminuição da qualidade de vida. A primeira cidade latino-americana a aparecer no ranking do trânsito é Bogotá, onde os habitantes passam semanalmente 79 horas no trânsito, enquanto em São Paulo são 77 horas. Cada vez mais cidades estão tomando um rumo a uma sustentabilidade de mobilidade urbana, seja incentivando ou aprovando medidas para retirar os automóveis particulares de certos setores da cidade.


22 Exemplo disso é a cidade de Berlim e Paris que já anunciaram que suas principais avenidas (Unter del Linden e Champs-Élysées) estarão livres de automóveis para criar espaços para pedestres e ciclistas. Assim como também a liberação do centro de Oslo deverá estar livre de automóveis privados até 2019 e Hamburgo que eliminará os automóveis em menos de 2 décadas. Estas são algumas das cidades que já sofrem ações para melhorar a qualidade do ar e, portanto, a qualidade de vida de seus habitantes.

AS RUAS E O ECOSSISTEMA

Ecossistema é um conjunto de comunidades de seres vivos que convivem em harmonia em determinada região e que geralmente são afetadas por ações abióticas. Ações abióticas são aquelas que o homem interfere no meio natural ou no ecossistema que pode ocorrer de forma natural ou artificial. O

sistema

natural

pode

dessa

forma

possuir

intervenções bióticas (naturais) e as abióticas que são as que tiveram intervenção do homem. A formação original de um ecossistema não possui nenhum tipo de interferência humana e justamente por esse motivo é chamado de “natural”. No ecossistema natural a natureza é responsável pela criação do


23 ambiente, pela evolução das comunidades e também pelos acidentes

que

as

atingem.

Exemplo

disso

é

um

desmoronamento de um morro por excesso de chuvas onde não houve nenhuma ação do homem. Já o ecossistema artificial é aquele que foi criado pelo homem como por exemplo áreas de reflorestamento, fazendas de criação de camarões ou ostras. Em outras palavras é a ação do homem na tentativa de imitar o ecossistema natural. No ecossistema natural não há controle do homem no desenvolvimento de certas espécies elas foram determinadas pela natureza ao decorrer de milênios de anos de transformações. Já no ecossistema artificial o homem pode determinar todos os detalhes, desde uma flor até o tipo de vegetação predominante e as espécies de animais que irão viver ali. Se for observada uma cidade com uma rede urbana, pode-se perceber que as ruas assumem 30% da área total urbanizada, o que representaria se não fossem os automóveis, uma quantidade significante de espaço no domínio público. Por isso não deveria surpreender que as ruas acabem sendo o local onde existe a maior biomassa das cidades na forma de canteiros jardins públicos e árvores. As árvores além de sua função estética, podem atuar como habitat da fauna local na cidade. Paisagistas ao


24 desenvolver projetos selecionam árvores pela sua altura, por sua copa, por sua durabilidade, porém cada vez mais estão se preocupando e optando pela vegetação que venha a contribuir com um ecossistema maior. Exemplo disso são as colônias de borboletas ao longo da Market Street em São Francisco. Uma vez que as árvores seguem um alinhamento nas ruas, podem criar por natureza uma rede rica e conectada para a fauna que dependem delas também, conectando os parques em toda a cidade. As boas novas são que as espécies utilizadas na arborização urbana são em sua maioria selecionadas, plantadas e recebem manutenção de apenas uma agência da prefeitura, o que significa que ao acrescentar uma performance ecológica ao critério de seleção ecológica pode ser uma maneira bastante efetiva para implementar corredores de vida selvagem em uma grande escala, e converter as ruas em corredores ecológicos que beneficiam todas as escalas, inclusive a humana. Falando das ruas como ecossistemas é importante notar que as ruas são elementos que envolveram a paisagem natural de um sector específico, que por sua vez está sujeita a fatores climáticos. É importante que as ruas sejam beneficiadas com recursos naturais existentes.


25 Para isso, é necessário se concentrar na gestão de águas pluviais e vegetação para permitir que a temperatura ambiente seja agradável. Assim, é possível incorporar ecologia como sendo parte do ambiente e assegurar uma concepção sustentável

A RUA, OS CARROS E O CIDADÃO

As ruas hoje são de domínio dos carros. A urbanização moderna levou a construção de cidades insustentáveis e segregadas. As cidades hoje são responsáveis por dois terços da emissão de gases do mundo que formam o efeito estufa. O futuro está no planejamento urbano já que mais da metade da população mundial vive nas cidades.

Elas

consomem muita água, enormes quantidades de energia, contaminam o solo, derrubam florestas e incentivam a indústria de automóveis que poluem e ocupam em cem por cento nossas ruas. Por outro lado, quando existe grande concentração de pessoas significa que de uma forma mais eficiente se pode fornecer agua, energia e alimentos. Nem toda concentração de pessoas significa grandes poluições. Portanto o impacto ambiental se dá maior ou menor pelo tipo de urbanização que se dá a cidade. Podemos pegar como exemplo a cidade de Nova York e Denver que fica no subúrbio. Imediatamente


26 pensa-se que em Nova York o impacto ambiental é maior que o de Denver. Mas não é. Em Denver todos os moradores pegam seus carros para ir trabalhar para ir ao mercado, escola clube e outros. Já os novayokinos que moram em apartamentos no centro usam o transporte público ou andam a pé.

Figura – Los Angele – Pershing Square.

Foto: Daquella Manera.

Isso

leva

a

pensar

que

a

cidade

projetada

horizontalmente é pior que a cidade vertical com grandes arranha céus. O novo urbanismo que é um movimento de


27 profissionais arquitetos e urbanistas segue alguns princípios dos quais devolvem as ruas aos cidadãos.

- Cidades compactas e de alta densidade - Caminhabilidade - Trânsito de massa (transporte urbano) - Uso misto do solo

Com estes princípios as cidades seriam redesenhadas em função dos movimentos das pessoas e não dos carros. Os carros encorajam a expansão urbana exigindo mais tubulações e de infraestrutura. Os centros das cidades seriam mais ocupados com áreas comerciais residenciais e serviços de modo que as pessoas não necessitassem usar os carros para ir de um lugar a outro ou a pé ou por meio de transporte público liberando dessa forma as ruas para as pessoas. Dessa forma os centros das cidades deixariam de ser lugares fantasmas após o anoitecer ou nos fins de semana. As residências seriam substituídas por prédios altos que poderiam conter restaurantes, jardins e serviço. Edifícios multiusos são encontradas em cidades asiáticas e funcionam muito bem. A malha urbana sendo menor ela pode dar espaço as ruas livres para passeio,


28 parques e arte ao ar livre como acontece em Barcelona na rua Las Ramblas e em Manhattan. CondomĂ­nio em Manhattan

Construtoramanhattan.com La Ramblas - Barcelona

Wesaidgotravel.com


29 A maioria das cidades latino americanas adotaram a cultura automobilística o que resulta em engarrafamentos diários. Florianópolis capital do estado de Santa Catarina por exemplo esqueceu-se que é uma ilha pequena que está com uma superpopulação e não em uma vasta área continental. Os municípios que cercam a capital também sofrem com o excesso de veículos que dominam as ruas dificultando o bem-estar do cidadão como também o uso mais profundo da cidade. Apesar de tudo, estes erros podem ser reparados. Havendo vontade política já dizia Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ganhador do Prêmio Ambiental das Nações Unidas, que apenas 3 anos são suficientes para transformar uma cidade para melhor. Jaime Lerner em sua administração implantou o transporte público de circulação rápida que na década de 70 era usado por 25.000 passageiros dia. Hoje o transporte é usado por mais de 2 milhões de pessoas. A população de Curitiba duplicou da implantação do transporte até os dias de hoje porem a circulação de veículos diminuiu em 30%. Existindo um transporte público eficiente modificar a cultura do automóvel

é

mais

simples,

Londres

comprovou

isso

implantando os pedágios urbanos. A comunidade alemã de Vauban conseguiu banir os carros, as pessoas andam de


30 bicicleta ou viajam de bonde até a cidade de Freiburg. As avenidas asfaltadas e os espaços de estacionamento se transformaram em parques, gramados jardins com flores onde as crianças podem brincar e idosos fazem seus passeios sem restrições. Não basta construir prédios ecológicos os urbanistas necessitam modificar o conceito de projeto de cidade. O arquiteto dinamarquês Jan Gehl, consultor de projeto urbanístico das cidades de Londres e Sydney, amplia essa visão em uma entrevista concedida à BBC, em que ele começa apontando onde é que os urbanistas erraram: “Os urbanistas olhavam de cima os modelos em escala das cidades. O que faltou foi uma visão do ambiente na altura dos olhos." Na prática, isso resultou num projeto muito mais adequado a uma máquina urbana do que a um habitat humano, diz Gehl. Gehl comenta também que: Se os urbanistas tivessem o mesmo processo projetual dos designers ao desenvolver projetos de carros teria -se cidades mais humanas. Todas as cidades possuem um departamento de trânsito, mas é desconhecido um departamento de pedestres. Gehl explica como Copenhague iniciou o processo de valorização das pessoas nas ruas da cidade. Calçadões de


31 pedestres ampliados cruzam as esquinas, diluindo os limites entre áreas de trânsito e áreas de pedestres. Estudos explicam que estes espaços compartilhados entre carros e pedestres faz os motoristas diminuírem a velocidade aumentando a segurança no trânsito. O resultado é mencionado pelo próprio Gehl quando comenta que sua neta de 7 anos vai para escola sozinha e a pé sem ter que cruzar nenhuma rua. Uma cidade mais “caminhavel” será com certeza uma cidade mais ecológica. As chamadas eco cidades oferecem visões utópicas ao incorporarem muitas dessas inovações, porém as tão faladas cidades de Masdar em Abu Dhabi, e Dongtan, na China, por enquanto nunca saíram do papel. Masdar em Abu Dhabi

Fonte: Future Ambitions of Abu Dhabi. Masdar City (Arabic meaning source)


32 Dongtan, na China

Fonte: Ciudades del futuro — idealista/news

O Novo Urbanismo nos desafia a repensar as cidades existentes e a redefinir para que serve, na verdade, uma cidade ou um carro. Jaime Lerner resumiu a questão de forma bemhumorada: "Carro é como sogra: você precisa manter um bom relacionamento com ela, mas ela não pode controlar a sua vida. Quando a única mulher na sua vida é a sogra, você está com problema. No último meio século, a dimensão humana foi deixada de lado no planejamento A especulação imobiliária, a pouca preocupação dos gestores públicos com a qualidade de vida e a falta de estudos e de visão dos urbanistas para o que se chama de ound floor - o térreo, o nível da rua. Entre os edifícios que


33 todas as pessoas vivem e esse espaço está cada vez menor e cada vez mais negligenciado.

As cidades vêm sendo

construídas como aglomerações humanas e com edificações individualizadas e não como conglomerações de espaços urbanos Os urbanistas devem buscar criar as cidades criadas para as pessoas, para o convívio ao nível dos olhos, para a qualidade de vida. Hoje a busca da forma é mais importante do que a escala humana. Nesse cenário, a prioridade que é dada aos carros é um dos principais inimigos das cidades atuais. "O carro espreme a vida urbana para fora do espaço público", analisa. Jan Gehl. Copenhague, uma cidade que é prova de que, com vontade política, pode se transformar a qualidade da mobilidade urbana. Em 2013 em Copenhague, 37% das viagens na cidade são feitas por bicicleta e o objetivo foi chegar a 50% em 2015 o que foi alcançado.


34

A IMAGEM DA CIDADE Grande autor do urbanismo Kevin Lynch, responsável por uma das obras mais famosas e mais influentes: A Imagem da Cidade. Nesta obra o autor descreve como vemos a cidade e suas parcelas. O autor se baseia num estudo minucioso em três cidades americanas onde nelas questionou as pessoas sobre como elas viam a cidade. Dessa forma o autor consegue perceber, como as pessoas olham sua cidade e quais os pontos que elas levam em maior consideração: As ruas, os limites, os bairros, pontos de intercessão e marcos como portais, estatuas e outros. O autor em seu livro conclui também que essa percepção da cidade é feita pouco a pouco pois é quase impossível apreender a cidade em um só momento. Muitas vezes circula-se muito por um local da cidade porem não é avaliado se agrada, se desagrada ou se ele faz com que se tenha algum tipo de reação ou sentimento. Cada cidadão tem olhos diferentes em olhar e perceber a cidade. A imagem que cada um tem em sua memória e diferenciado, portanto mudanças drásticas na cidade muitas vezes não são aceitas pelos cidadãos pois ele não está acostumado com isso. Em geral as pessoas reagem ao novo e acham que não vai funcionar. Lynch deixa claro que existe


35 uma universalidade em ver a cidade, porém isso é variável em cada ponto e eles são diferentes de um cidadão a outro. Todo urbanista deve se ater a isso no momento de mudanças. Tirar o carro das ruas por exemplo pode causar um impacto negativo inicialmente, mas é comprovado que depois de um tempo o ser humano se acostuma e acaba por apreciar a mudança. Lynch em 1960 já dizia que para cada uma das partes ser reconhecida deve ser organizada em um padrão coerente A cidade deve ser lida, isto é: ela deve ter legibilidade. A legibilidade é aquela ofertada pelos aspectos visuais, ou seja, são letreiros, estátuas, painéis e tudo aquilo que as pessoas conseguem perceber visualmente e marcam de alguma forma. Um ambiente urbano sem legibilidade transmite uma sensação de desorientação, isto é um ambiente legível permite uma experiência urbana mais intensa e também segurança. Pode-se argumentar diante tudo isso que todo objeto de uma cidade deve ter algum significado para o observador, seja emocional ou prático e isso está diretamente ligado a identidade da cidade. Existe um conceito que Lynch coloca que é o de imageabilidade. Este conceito está ligado ao conceito de legibilidade, uma vez uma cidade com imagens “fortes”


36 aumenta a probabilidade de construir uma visão clara da cidade.

A IMAGEM DA CIDADE E SEUS ELEMENTOS

Os elementos da cidade mais importantes são as ruas. São os canais onde todo observador se movimenta para ir de um lugar ao outro. Em algumas cidades são variados como Veneza que possui os canais e outras cidades locomovem-se por meio de trens ou corredores de ônibus. Os caminhos de uma cidade podem ser considerados como o principal elemento estruturador de uma cidade. A cidade é percebida enquanto se deslocam por estes caminhos. Seja a pé de ônibus de veículo particular trem ou outro ela sempre estará olhando e percebendo imagens da cidade. A classificação das ruas pode ser de tipos variados como por exemplo: muito largas ou muito estreitas, com vegetação e cantar de pássaros, propiciam lindas vistas, são estritamente comerciais ou residencial. A tipologia ajuda na identidade e sem ela a imagem global da cidade ficará prejudicada. As esquinas por exemplo necessitam de uma identidade bem demarcada pois ela é um local de tomada de decisão ou escolha, logo estes locais devem ser tratados com mais


37 cuidados porque tendem a chamar mais atenção das pessoas pois são percebidos como referenciais. Pode-se também diferenciar em uma cidade elementos como barreiras ou locais de ligação. Barreiras por exemplo consideram-se os rios, estradas, viadutos ou trilhos de trens já os elementos de ligação são as praças lineares e ruas de pedestres. Um outro elemento muito importante em uma cidade são os bairros que são locais grandes da cidade e que possuem características comuns em seu interior. Os bairros possuem um papel muito importante na legibilidade da cidade, como bairros bem característicos de comércio, residência, gastronômicos entre outros. Os pontos de intercessão ou pontos nodais como são chamados em urbanismo, são pontos importantes da cidade pois eles demonstram de onde se vem e para onde se vai. Eles são as esquinas, praças, ou até bairros e não porque a cidade inteira já que algumas vezes para chegar em uma cidade devemos passar por outra. Estações de metrô, ônibus ou distribuição de trânsito pontos de intercessão.

também podem ser considerados


38 Rodoanel – São Paulo

Outro tipo de intercessão ou nó que podemos perceber são as “concentrações temáticas, como por exemplo os centros comerciais ou shoppings pelo motivo de atrair muitas pessoas e servir como ponto de referência. O último elemento de legibilidade de uma cidade são os Marcos. Pode-se considerar como marcos, torres, esculturas, portais ou edifícios de grande valor arquitetônico onde sua característica é a singularidade ou de valor memorável. Se a sua localização estiver em uma esquina engrandece mais ainda seu valor.

ESPAÇOS PÚBLICOS E IDENTIDADE URBANA

Cada vez mais e comprovado que as cidades são locais onde o homem produz ambientes que lhe sejam favoráveis.


39 Elas são o habitat natural do homem construído para o homem pelo homem. Acredita-se que em 2050 mais de 70% da população humana viverá em cidades. A maneira como elas são construídas ou como se desenvolvem é resultado da sociedade que nela está inserida e das oportunidades que o espaço urbano concede dentro de suas características. Todas as cidades têm sua rotina de horários, trabalho da era industrial e prazos. Elementos que tornam o meio urbano automatizado. Em geral as pessoas nem prestam atenção no caminho trabalho casa simplesmente somos levados por nossos pés ou veículos que já sabem o caminho que tem que seguir. Esse trajeto que deveria ser rico visualmente em geral ele é um caminho cheio de vazios urbanos ou simplesmente muros que nos impedem a visão para o outro lado. "Inicialmente nós moldamos as cidades, depois elas nos moldam." -Jan Gehl Este e-book possui o intuito de esclarecer questões urbanas para que assim os leitores enxerguem todo o potencial da sua cidade e porque é necessário que os espaços urbanos sejam mantidos e cuidados, tanto pela população como pelo poder público.


40 Os espaços públicos em geral são áreas oferecidas pela cidade, isto é, pela gestão pública com infraestrutura e manutenção do estado, acesso a todos e voltados para o lazer, encontros,

descanso,

deslocamento,

desenvolvimento

de

atividade física, formação cultural e de educação de uma população. Os espaços urbanos também proporcionam o convívio entre pessoas e dessa forma desenvolvem questões básicas nos cidadãos que são a convivência compartilhada, a cuidar da natureza, cuidado com o próximo com os bens comuns em fim com a sua cidade. Estes espaços públicos são os que caracterizam a identidade de uma cidade apresentando suas pessoas e sua cultura. Dessa forma os urbanistas devem desenvolver espaços públicos humanizados considerando o clima local, os costumes e a cultura local. Eles têm uma missão fundamental que é a manutenção da cultura de um povo. As cidades antigas possuíam espaços públicos muito melhores do que temos hoje. Como os deslocamentos eram todos a pé as distancias eram pequenas os encontros eram mais frequentes. Dessa forma os espaços públicos eram muito mais ricos pois lá acontecia tudo, a política, os negócios, o mercado e as crianças brincando. Tudo acontecia ao ar livre em geral em um grande largo preparado antecipadamente para esse uso.


41 A industrialização os automóveis e a modernização afastaram as pessoas, com ruas largas e edificações maiores cercada por muros para aumentar a segurança sem nenhuma relação com a rua. Jane Jacobs (1961) previu, que o aumento drástico no tráfego

de

automóveis

e

a

ideologia

urbanística

do

modernismo, que setoriza as funções da cidade e dá autonomia a edifícios individuais, acabaria com o espaço urbano e a vitalidade das cidades. Podemos dessa forma concluir que o principal impedimento de uso dos espaços públicos é a falta de segurança. Seja pelo excesso de carros na rua ou pela falta de pessoas transitando. Nossas cidades mesmo tendo espaços públicos não oferecem segurança e as pessoas optam por lugares fechados e privados como shoppings ou condomínios fechados como áreas de lazer. Essa opção dos espaços privados prejudica a vivência urbana e a identidade cultural da cidade vai se perdendo. Os espaços vão se tornando sem vida e sem a s particularidades de uma população. A identidade cultural deve existir pois somente assim as pessoas se sentirão representadas pelo espaço urbano, assim elas se sentem como parte da cidade e se interessarão por sua história e em preservala.


42 "A identidade gera o sentimento de pertencimento, a referência que nos orienta enquanto cidadãos. No âmbito urbano, a identidade se reflete nos vínculos que estabelecemos com os espaços da cidade, seus elementos de referência patrimônio histórico, rios, ruas, praças e parques - que passam a fazer parte constitutiva do nosso cotidiano. " Jaime Lerner

As pessoas são peças chaves para o funcionamento de uma cidade para a perpetuação de sua história e de seu patrimônio. É nas ruas que acontece a relação entre cidade e usuário. No espaço público deve-se sentir que as pessoas fazem parte da cidade e a cidade parte das pessoas. Assim arquitetos e urbanistas vivem imaginando como projetar vitalidade nos espaços urbanos. Profissionais que sonham com cidades vivas coloridas e saudáveis que possam abraças as pessoas de forma plena para que a cidade atinja todo seu potencial de abrigo social. Arquitetos e urbanistas acreditam que a cidade deve ter um foco único quando projetada – As pessoas. Dessa forma tudo deve acontecer nas ruas. A relações humanas, as artísticas e também as culturais.


43 POLUIÇÃO VISUAL

Um dos tipos de poluição moderna que é imperceptível é a poluição visual encontrada nos centros urbanos. Ela consiste no excesso de informação contidas, postes, outdoors, banners, cartazes, táxis, em placas, carros e outros veículos de anúncios, além da degradação urbana fruto das pichações, excesso de fios de eletricidade, internet e acúmulo lixo e de resíduos. O consumo do capitalismo é que provoca toda poluição e ultimamente tem ficado descontrolado pela cultura de massa que incentiva o consumo descontrolado. Muitas vezes a história local, a arquitetura e outras características da cidade são encobertas por essa poluição visual. O excesso de informações e a desarmonia do espaço por não seguir um padrão leva as pessoas a um grande conforto visual afetando dessa forma a qualidade de vida muitas vezes imperceptível.


44

Exemplo de Poluição Visual: Times Square, Nova York, Estados Unidos

O cidadão caminha pelas ruas de um centro urbano com poluição visual de anúncios, pichações e outdoors como um expectador bombardeado pelas marcas do consumo. Finalmente a poluição visual que é muito discutida na atualidade pelos urbanistas que desejam cidades sustentáveis, agradáveis e a com a arte expressiva na rua Por fim, a poluição visual vai contra a harmonia estética do ambiente urbano, sendo um tema muito discutido na atualidade, afinal todos queremos uma cidade bonita e limpa, locais agradáveis para habitar e que promovam o bem-estar da população.


45 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Empresas privadas principalmente o comércio em geral com intuito de gerar um lucro cada vez maior apostam em seu sucesso na divulgação de seus produtos por meio de placas, luminosos, outdoors ou até mesmo divulgação sonora. Cada vez mais aparecem nos centros urbanos esses tipos de divulgações pois a falta de leis faz com que os atos não tenham limites apesar de todos saberem os prejuízos que pode acarretar a saúde a população. Além das empresas muitas vezes os cidadãos muitas vezes também contribuem com a poluição ao degradar o patrimônio público por meio de pichações ou áreas verdes deterioradas. Estes problemas de saúde podem vão desde o stress até acidentes de trânsito que podem ocorrer por excesso de informações e sinalizações podendo distrair os motoristas. Com o intuito de melhorar e solucionar esses problemas estéticos urbanos as cidades brasileiras vêm desenvolvendo legislações que promovem a melhoria do espaço urbano. Isso melhoraria a qualidade de vida não somente as cidades, mas dos seres humanos que nela habitam. A prefeitura de São Paulo apostou na implementação de políticas públicas para promover o bem-estar de todos seus habitantes denominado a “Lei Cidade Limpa” (Lei nº.


46 14.223/06), que entrou em vigor em 2007, proibindo esse descontrole

visual

na

metrópole,

potencializado

pelas

propagandas publicitárias em outdoors, banners, letreiros. No artigo segundo da Lei, podemos definir essa proposta com o conceito de paisagem urbana: “Para fins de aplicação desta lei, considera-se paisagem urbana o espaço aéreo e a superfície externa de qualquer elemento natural ou construído, tais como água, fauna, flora, construções, edifícios, anteparos, superfícies aparentes de equipamentos de infraestrutura, de segurança e de veículos automotores, anúncios de qualquer natureza, elementos de sinalização urbana, equipamentos de informação e comodidade pública e logradouros públicos, visíveis por qualquer observador situado em áreas de uso comum do povo.”

Observada a informação acima, o artigo terceiro pontua os benefícios que esta lei pode trazer ao cidadão paulista melhorando, assim sua qualidade de vida: “Art. 3º. Constituem objetivos da ordenação da paisagem do Município de São Paulo o atendimento ao interesse

público

em

consonância

com

os

direitos

fundamentais da pessoa humana e as necessidades de conforto ambiental, com a melhoria da qualidade de vida urbana, assegurando, dentre outros, os seguintes:


47 I - o bem-estar estético, cultural e ambiental da população; II - a segurança das edificações e da população; III - a valorização do ambiente natural e construído; IV - a segurança, a fluidez e o conforto nos deslocamentos de veículos e pedestres; V - a percepção e a compreensão dos elementos referenciais da paisagem; VI - a preservação da memória cultural; VII - a preservação e a visualização das características peculiares dos logradouros e das fachadas; VIII - a preservação e a visualização dos elementos naturais tomados em seu conjunto e em suas peculiaridades ambientais nativas; IX - o fácil acesso e utilização das funções e serviços de interesse coletivo nas vias e logradouros; X - o fácil e rápido acesso aos serviços de emergência, tais como bombeiros, ambulâncias e polícia; XI - o equilíbrio de interesses dos diversos agentes atuantes na cidade para a promoção da melhoria da paisagem do Município. ”

Além do incentivo de políticas públicas que priorizem a diminuição da poluição nas cidades promovendo a qualidade


48 de vida do cidadão, a conscientização das empresas de publicidade e dos próprios cidadãos são essenciais a aplicação de leis sem a conscientização da população não se pode chegar mesmo tendo leis a uma melhoria na qualidade de vida das cidades. A arte de rua é uma das mais importantes manifestações culturais e sociais de um povo. Ela é predominante nas grandes e importantes cidades, como um meio de transmitir mensagens por meio da sociedade.

A arte de rua

http://obviousmag.org/archives/uploads/2014/06/Calk-Art-by-David-Zinn2.html


49 ARTE E A CULTURA INTERVINDO NO ESPAÇO URBANO

Como viu-se anteriormente a cidade deve abraçar o cidadão para ele se sentir parte dela. Sendo assim a arte que mexe com os sentimentos dos homens que consegue retratar o cotidiano desde os tempos mais remotos resolve sair às ruas para abraçar os cidadãos. A arte e a cultura podem intervir no espaço urbano, beneficiando o bem-estar das pessoas. O grafite e as intervenções urbanas sejam com monumentos, painéis ou pinturas começam a fazer parte de cidades para melhoria dos espaços urbanos. O grafite surge nas ruas brasileiras como uma arte transgressora, da rua, da marginalidade, que grita nas paredes da cidade, que incomodaram gerações e que não pediu licença. Inicialmente era uma arte sem assinatura que surgia do dia para a noite sem deixar vestígios, mas como um importante veículo de comunicação urbana como se as vozes noturnas deixassem suas vozes no clarear do dia. Desta forma a arte se mistura com o cidadão desde a época que surgiu até os dias de hoje com mensagens de cunho político, social, cultural, humanitário e, sobretudo, artístico, porém hoje com assinaturas. Hoje a arte encontra-se não apenas nos museus, mas também em ruas, muros, prédios e túneis da cidade. O grafite é


50 na verdade uma nova forma de ocupação do espaço urbano diante uma percepção artística. Mural na Times Square Chelsea New York, por Eduardo Kobra

http://obviousmag.org/archives/uploads/2014/06/7-street_art_november_23d.html

Na realidade o grafite possibilita a comunicação em todos os níveis de instrução como também comunicação de diferentes culturas e de todos os moradores da cidade, periferia e centro. Rio comunidade colorida

http://obviousmag.org/archives/uploads/2014/06/Rio.html


51 Em março de 2009 o governo brasileiro aprovou a lei 706/07 que descriminaliza a arte de rua e sua legalização também é realizada pelo consentimento dos proprietários de muros e fachadas grafitadas. Isso se torna um reflexo da paisagem evoluindo em arte nas ruas brasileiras.


52

RUA E A ARTE

A arte norteia todo o pensamento criativo e se conecta com a história da humanidade, discutindo, questionando, revelando e perseguindo as inquietações do homem epocal. Estudiosos afirmam que essa Arte de Rua remonta períodos muito antigos; desde a pré-história através das pinturas rupestres o homem registrava seu cotidiano deixando sua marca, suas impressões para o mundo. Já os gregos e romanos transmitiam mensagens pelas ruas através da música, teatro e a dança. A Arte de Rua é uma manifestação artística disseminada por todo o mundo, surgiu nos Estados Unidos, na década de 70, e possui um caráter dinâmico e efêmero, perpetuado pela fotografia. Paralelamente a arte de rua surge no Brasil na década de 70 em meio à ditadura militar quando os artistas começaram a transmitir mensagens de cunho político, denunciando as atrocidades daquela época e sendo um importante instrumento de protesto e denúncia. Como um grito de liberdade a rua começa a se configurar não só como um lugar de passagem, mas como uma


53 polifonia em meio ao caos urbano, se impondo além das estruturas

clássicas

dos

lugares

institucionalizados,

se

relacionando com questões como o espaço/tempo, a estética, a expressão e a composição, popularizando e disseminando novos conhecimentos, promovendo inclusão através de mudanças sociais e políticas, viabilizando a emancipação, liberdade e autonomia intelectual às pessoas, promovendo reflexões.

Grafite de muros

http://obviousmag.org/archives/uploads/2014/06/Street-Art-7335.html

A arte não pode ser vista como um objeto finito, limitado, mas sim como um processo de criação e o efeito subjetivo que conecta a pessoa que o aprecia, construindo um


54 conjunto de significados podendo ser revelados e identificados com suas próprias vivências. Muitos artistas optam pela rua e conquistam os espaços para a plenitude de suas ideias, fazendo críticas sociais, políticas e econômicas já que dialoga com as pessoas, dando movimento e cor à cidade, criando uma tela na paisagem urbana.

Paulo Ito - http://www.hypeness.com.br/2014/05/

As coisas acontecem como uma cidade de extremos. A cidade como um sítio arqueológico usa o espaço criativo como uma opção reflexiva, o conhecimento expande, ganha


55 diversidade, buscando uma multidimensionalidade humana, repleta de subjetividades, objetividades e subliminariedades. O mundo e a sociedade estão em uma crise cultural, econômica, social e ambiental atacando toda a sociedade desde os seus primórdios, pelo fato da vida ser uma dinâmica ininterrupta fazendo com que, em cada momento, se esteja diante de vários desafios. O artista tem essa consciência e ao apreender o espaço urbano, projeta ações inéditas e inovadoras, podendo promover mudança de paradigmas de pensamentos sobre uma determinada visão de realidade, criando um diálogo que impulsione mudanças que contribuam para reduzir a miséria e a exclusão. A inércia e a ação se fazem presentes na escolha do lugar, na construção da pintura no instante da ação: formas, traços, cores se concretizam na paisagem urbana. O artista olha e percebe sua obra. O toque, o olhar é complemento na percepção do artista e também para o observador, ou seja, o artista produz e o observador completa. As informações do exterior são transformadas pela percepção e se estruturam na mente, implicando numa construção e visão de mundo. A arte de rua percebe o mundo como uma postura renovadora, presenciar e perceber não somente o meio, mas também os pensamentos e os sentimentos, a uma reflexão inclusiva que pensa não só a respeito da obra, mas inclui o


56 sujeito. Existe, portanto, uma relação entre sujeito e obra. Dessa relação dialógica, nasce o conhecimento, fruto de vivências e não somente de observação, ampliando os recursos de compreensão dos seus códigos específicos para o entretenimento do público em geral, senão estará fadada somente aos círculos de artistas e ao mercado de arte. A socialização acompanhada do diálogo com a cidade, pode desencadear um processo de humanização nos espaços públicos, fazendo com que o outro seja alguém que ocupe o pensamento e dedicação do artista. É o fazer voltado para o bem estar de si e do outro, como relação reflexiva e crítica geradora

de

autonomia

e

libertação,

proporcionando

crescimento e legitimidade humana. O sujeito se dispõe à reflexão e à compreensão dessa obra que se transforma em discernimento, com um diálogo que valoriza as diferenças, promove tanto o sujeito como a obra, refletida e debatida.


57

Grafite em Belo Horizonte, Brasil

A arte de rua promove um diálogo a um pensamento crítico viabilizando uma ação voltada às mudanças e a uma reflexão de mundo. Esses aspectos precisam estar caminhando lado a lado. Somente a reflexão leva à verbalização e consequentemente, a ação se transforma em ativismo, numa ação pela ação. A cidade experimenta, se comunica e constrói suas ideias e conceitos. Essa relação se efetiva na moldura, no recorte, no suporte. Há o reconhecimento do espaço.


58

Arte pública

Beco do Batman – Vila Madalena – SP

Nessa cultura marginal o existir é fazer-se presente no mundo, é invocar as possibilidades humanas de criação e intervenção na cidade, construindo novos significados, estimulando as pessoas para compreensão da multiplicidade e simultaneidade de ações e relações com o espaço apesar de inconclusas, possibilitando uma ação mais realista da sociedade, a criação de proposições, soluções e conhecimento que atendam às singularidades humanas, já que a arte também é mencionada como elemento da formação humana.


59

A primeira galeria de arte a céu aberto de Florianópolis está sendo ampliada – No Morro do Mocotó – Florianópolis - SC

A arte de rua articula várias dimensões de conhecimento, cria uma maior abertura de afinidades com o meio. A compreensão e leitura do mundo se tornam ampliada, gerando uma nova perspectiva. É o desafio em favor de uma reflexão e consciência que resultem em atitudes humanizadoras.



61

ARTE PÚBLICA COMO INTERVENÇÃO URBANA: PRIMEIRAS REFLEXÕES

Percebemos a existência de uma confusão entre as definições de arte pública e intervenções urbanas bem como a respeito dos modelos de exibição da arte e os papeis do artista e do arquiteto frente a tais questões. Tentaremos, num primeiro momento dar conta das definições no que se refere a arte pública e intervenções urbanas. A partir da década de 1960 após a chamada “falência do modernismo” a arte sai das galerias e museus, espaços institucionalizados e elitizados e começa a ganhar as ruas das grandes cidades. Onde, gradativamente se dilui. Arte e arquitetura se integram ou interagem em obras diversas. Estas duas práticas foram afetadas por novos valores culturais e encontraram uma resposta comum a este processo. A principal questão que irá permear estas duas disciplinas será a tendência crescente de uma percepção sensual do espaço e a ênfase no papel do observador. Foi neste momento que a arte deslocou-se do museu para o espaço público, dos trabalhos autônomos e autor referentes para instalações de site-specific, em que se exigia a participação do público. De forma uníssona, arte e arquitetura substituíram a contemplação dos objetos pela criação de ambientes para serem experimentados. Nessas circunstâncias, os pioneiros de obras situadas no


62 limite entre o ser arte e ser arquitetura estabeleceram novas diretrizes estéticas fundadas num diálogo mais incisivo com uma cultura popular: Daniel Buren, Richard Long, Vito Acconci, Gordon MattaClark etc. (CARTAXO, 2006, p. 73)

Parece que ambas as arte e arquitetura contemporânea buscam aproximar-se e dar conta da realidade e necessidades da vida diária. Se antes a arte se firmava na esfera do sublime, hoje ela almeja com as suas forças estéticas e conceituais se reencontrar com os sujeitos. Um sujeito real, comum e pertencente a um mundo intermediado pela cidade como locus. Colaborando com esse fato os novos modelos de política de democratização de acesso aos bens culturais entendem a intervenção urbana e mesmo a arte pública como forma de redimensionar

o

espaço

de

convivência

das

artes

contemporâneas. Além de ser uma nova maneira de reabilitar centros históricos e espaços comuns das cidades tais ações qualificam os espaços públicos atraindo inclusive turistas, apresentando potencial de geração de novas frentes de trabalho e valorizando os imóveis na região.

ENTRE UMA COISA E OUTRA


63 Segundo a enciclopédia Itaú Cultural Arte Pública vem a ser aquela realizada fora dos espaços tradicionais dos museus e galerias. Refere-se a arte em espaços públicos, ainda que o termo possa designar também interferências artísticas em espaços privados. Trata-se, portanto de uma arte fisicamente acessível, que modifica a paisagem ao seu redor, de forma permanente ou temporária. Dessa forma o expectador, passa de mero apreciador a parte integrante da obra. A arte pública é conhecida por articular diferentes linguagens tais como, música, dança, pintura, teatro, escultura, outras. Entre outras vertentes land art, o muralismo, o grafite e a body art estão associadas a arte pública. O termo intervenção urbana por sua vez designa, movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos, modificação de paisagens e a particularização de lugares. Grosso modo seria a modificação visual dos espaços urbanos. Tais ações podem ser de várias proporções, desde trabalhos simples, com adesivos e colagem, pintura de paredes, cartazes publicitários até grandes projetos, com estruturas e instalações artísticas. A duração destes atos também é variável. Desde trabalhos de permanência temporária ou apenas imediata como performances até trabalhos artísticos permanentes. As intervenções urbanas envolvem ações que


64 podem conter técnicas de designers, arquitetos, comunicadores sociais, grafiteiros, atores, músicos, etc. Como forma de arte, as intervenções tiveram sua origem na segunda metade do século XX. Trata-se também de uma forma de dar visibilidade a população, as memórias históricas e sociais. Na intervenção urbana há liberdade de expressão

podendo

conter

críticas,

protestos,

poesia,

informação, questionamentos, etc. Propostos com intuito pessoal ou social. Normalmente possui caráter inusitado, reflete o desejo de expressão individual ou coletiva. Herbet Head falando a respeito do homem criador argumenta: “O homem como criador é uma figura solitária. Mesmo que suas criações sejam apreciadas por outros homens, ele permanece isolado. É só quando alguém o toma pela mão, não como ‘criador’ mas como camarada, amigo ou amante, que ele experimenta uma reciprocidade íntima” (HEAD, 2001, p. 318).

O fato é que qualquer elemento ou ação capaz de intervir diretamente sobre o urbano causa impacto no cotidiano das cidades. Historicamente falando podemos pensar em diversas formas de intervir na paisagem. Na cidade, os lugares mais inusitados podem gerar potencial de suporte para uma intervenção. As intervenções urbanas enquanto vertente da arte pública de maneira geral, interfere numa determinada situação a fim, de promover reação ou transformações estéticas, físicas,


65 intelectuais ou mesmo sensoriais. Praças, muros, viadutos, postes, mobiliário urbano se transformam em espaços pictóricos nas mãos e na mente do artista. No caso de intervenções hibridas há uma apropriação temporária da arquitetura, essa passa a ser o suporte da obra ou a própria obra.

Disponível em: http://www.coolfriends.com.br/tag/intervencao-urbana/

A obra “Que tal um poste para chamar de seu” proposta pelo coletivo Escala Humana é um exemplo desse tipo de intervenção. A ação coletiva pretendeu envolver a população, com os cuidados de pequenas hortas fixadas em postes e espalhadas por determinadas avenidas da cidade e assim, motivar a todos a pensar o espaço público da cidade de São Paulo.


66 Espaço público da cidade de São Paulo

Disponível em:http://seeartadvisory.wordpress.com/category/exhibitions/

O imagem acima é outro ótimo exemplo de interversão temporária. O local ficou conhecido como "Casa Monstro" e foi idealizada para 7ª edição da Bienal de Arte do Mercosul, 2009 pelo artista Henrique Oliveira. Foi idealizada e executada em compensado flexível e reciclado e canos de PVC. A residencia localizada na

cidade de Porto Alegre – RS e


67 apresentando graves sinais de abandono e degradação fica na Rua dos Andradas. Nesse ponto é importante destacar as diferenças e convergencias entre arte publica no que se refere a intervenções urbanas pernamentes e intervenções efemeras ou temporarias. Como arte publica como já dissemos, entendemos aquela realizada em espaços publicos, e contextualidada na história da arte como pertencente a uma forte tendencia dentro da arte contemporanea. Tem o objetivo maior de tornar a arte acessivel as pessoas além de modificar a paisagem urbana. Para as intervenções de aspecto temporário ou efemero a cidade torna-se o campo perfeito. Democratico e visivel possibilita aos artistas amplas possibilidades de criações e temas. As interveções efemeras geralmente são fruto de ações e eventos culturais que requerem autorização publica ou privada ou por artistas mais ousados que literalmente se apropriam dos espaços das cidades. Muros, praças, canteiros, viadultos, prédios, postes, ruas e avenidas, cantos ou becos, todos os locais tem potencial pictórico. Abaixo exemplo de espaço coletivo criado em Bruxelas, na Bélgica com o objetivo de explorar e reinterpretar o papel das zonas industriais abandonadas que podem ser convertidas em áreas de lazer e zonas verdes para a cidade.


68

Disponível em: http://arquitetandonanet.blogspot.com.br/2014_10_01_archive.html

As intervenções urbanas permanentes têm caráter duradouro e são pensadas geralmente para serem incorporadas durante o processo de revitalização de centros históricos. E como mencionados anteriormente, qualificam os espaços públicos. Transformando assim, os cotidianos na esfera sócio espacial. São obras que geralmente redefinem a paisagem urbana. Na medida em que ganham reconhecimento ganham também significados estéticos, funcionais, comunicativos e sociais evidenciando o local onde se encontra. É o que tem ocorrido em comunidades nas diversas cidades brasileiras.


69 Projetos onde a partir de ações envolvendo a arte Pública e as intervenções conseguem levar a população local ao dialogo mediante sua interação crítica no cotidiano. “(...) é de vital importância para a função da arte pública em nossa presente condição reconhecer que seus limites se diluem à medida que interage criticamente no cotidiano, no espaço da esfera pública, entendida como espaço de conflito, o qual permite a prática contextualizada do diálogo. Ou seja, a arte pública na conquista e especificidade do seu saber e prática ao se relacionar com outras formas de representação que atuam na cidade, gera novas formas junto à realidade capazes de articular criativamente o sujeito frente suas relações com o outro e com seu próprio contexto. Isto indica que o processo criativo da arte pública na contemporaneidade se implementa quando o artista abandona seu espaço de conforto representacional, monumento, esculturas em lugares públicos, intervenções em lugares-específicos, e passa a invadir e a usar em suas propostas os próprios referentes de uma realidade que se faz a cada dia mais complexa” (KINCELER, 2006).

Em Porto Alegre no RS citamos o “Monumento aos Açorianos” do Artista Carlos Gustavo Tenius de 1974. A obra está localizada no Largo dos Açorianos. Uma homenagem aos primeiros casais de açorianos que chegaram para povoar a região fato que pertence a memória social e histórica de Porto Alegre e também faz parte da formação identitária. Outra iniciativa interessante agora nos Estados Unidos é o BUS Stop. Trata-se de uma obra de arte pública conceitual e permanente e deve funcionar como um ponto de ônibus.

Localizada na


70 cidade de Baltimore, as letras têm mais de quatro metros de altura e dois metros de largura. Criação do coletivo Espanhol

1.Monumento_aos_Açorianos 2. intervencao-urbana-bus-stop-uma-escultura-que-serve-como-ponto-deonibus

Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/ Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/627551/


71 Outro exemplo interessante de intervenção urbana permanente é a escultura Cloud Gate (Portal da Nuvem). 2004. Anish Kapoor. Cituada na peça central da AT & T Plaza em Millennium Park. Chicago. Illinois. EUA. A Obra é composta de chapas de aço inoxidável soldadas, altamente polidas e pesa 98,2 toneladas. Em formato do que seria um grão de “feijão” reflete uma paisagem distorcida da realidade. Dessa

forma,

dos

simples

objetos,

ações

ou

modificações até complexas obras, as intervenções artísticas estão cada vez mais presentes na arquitetura urbana mundo a fora. A

cidade

sempre

se

articulando

em

novos

desdobramentos se transforma e possui enorme potencial educador. Nesse sentido, intervir nesse entremeio através de uma ação artística, seja uma intervenção ou arte pública envolve pensar a cidade em toda sua complexidade sócio espacial, geográfica, populacional e histórica. Na intervenção urbana o suporte é a cidade, o expectador são todos os seus habitantes.


72 Cloud Gate (Portal da Nuvem). 2004. Anish Kapoor

Disponível em: http://www.deviantart.com/art/Cloud-s-Gate-54375541

É uma arte de grande alcance onde, a palavra intervir representa interagir, causar reações diretas ou indiretas, criticar, questionar, evidenciar, empoderar, embelezar, apontar, entre outros tantos adjetivos. Frente ao potencial ilimitado das cidades o papel da arte no contexto urbano é de extrema relevância, sendo que, o artista – integrado ou apocalíptico que seja – não pode deixar de existir no contexto social, na cidade; não pode deixar de viver suas tensões internas. A economia do consumo, a tecnologia industrial, os grandes antagonismos políticos que delas derivam, a disfunção do organismo social, a crise da cidade são realidades que não se pode ignorar e com relação às quais não se pode deixar de tomar – mesmo involuntariamente – uma posição. (ARGAN, 1998, p. 221)


73

Em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo merecem destaque projetos de Arte Urbana nas comunidades. Esses desenvolvidos geralmente com apoio da iniciativa privada objetivam modificar a imagem das favelas e devolver a autoestima dos moradores em relação ao local onde moram. Na imagem abaixo intervenção na comunidade do Cruzeiro com o projeto Favela Painting idealizado pelos artistas holandeses A obra pública, seja ela de cunho social, estético, político não passa desapercebida. O estranhamento e passividade iniciais aos poucos dão lugar a aceitação e reflexão. Se em outros tempos a arte raramente ultrapassava o local de objeto de adoração estética hoje, conforme Arantes 2007, “abre-se para novas zonas de experimentação ocupando espaços virtuais e/ou híbridos. Configuram se eixos de ação em espaços coletivos e colaborativos que, muitas vezes, colocam em debate as questões mais gerais da sociedade globalizada. ”


74 Dre Urhahn e Jeroen Koolhaas.

Disponível em: https://eusr.wordpress.com/arte-na-favela/

A cidade, em constante movimento apresenta no seu cotidiano as vezes caótico espaços públicos cada vez mais entendidos como locais de passagem. A cidade, que, no passado, era o lugar fechado e seguro por antonomásia, o seio materno, torna-se o lugar da insegurança, da inevitável luta pela sobrevivência, do medo, da angústia, do desespero. Se a cidade não se tivesse tornado a megalópole industrial, se não tivesse tido o desenvolvimento que teve na época industrial, as filosofias da angústia existencial e da alienação teriam bem pouco sentido e não seriam – como, no entanto, são – a interpretação de uma condição objetiva da existência humana. (ARGAN, 1998, p. 214)


75 Se no século XIX os indivíduos circulavam livremente pela cidade apreciando seus encantos e passeios públicos. (Di Felice, 2009). Hoje não há mais tempo, a rotina, a violência, o transito, a rapidez e estresse da vida moderna, as tecnologias usadas individualmente são fatores que colaboram para reduzir a possibilidade de um olhar atento para a paisagem urbana. É comum encontrarmos pessoas que habitam durante muito tempo em bairros e cidades, mas não as conhecem geograficamente falando. É um ir e vir automático guiado por GPS no lugar de pontos de referências físicos. A cidade contemporânea não é entendida a exemplo do modernismo somente por sua função, encontra-se numa dimensão maior, a de existir, de ter identidade. A arte pública, nesse contexto, entendemos, não é um produto a venda mas algo a ser consumido junto com a cidade, integrado ao seu contexto. Nesse sentido, o intervir através da arte nos espaços públicos também deseja rever as relações homem – mundo, sujeito – cidade. “É obvio que, não obstante o que se programe, planeje ou projete, o objeto é sempre a existência humana como existência social e que não se planejaria ou projetaria se não se pensasse que a existência social será, deverá ou deveria


76 ser diferente e melhor com relação ao que é.” (ARGAN, 1998, p. 212) Banksy

pseudônimo

do

famoso,

porém

animo

grafiteiro, pintor, ativista político britânico e conhecido também por questionar as dinâmicas da vida contemporânea por meio da arte em intervenções urbanas. É o artista autor de ferrenhas

críticas

sociais,

comportamentais

e

políticas

espalhadas pelos muros e paredes da cidade. Seus trabalhos são famosos por despertar no expectador sensação de concordância e de identidade na medida em que representam a realidade cotidiana de forma irônica e agressiva. Banksy - Grafitti

Disponivel em: https://rayanemagalhaes.com/tag/arte-urbana/


77 ARTE, CIDADE, INTERVENÇÃO

Como já foi dito, Arte Urbana é o termo que define os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais no contexto urbano. O grafite é sem dúvida a forma de intervenção urbana mais conhecida. Esse movimento tão discriminado ao longo dos anos é advento da cultura hip hop e vem ganhando força a partir da década de 1970. Os temas são os mais variados possíveis. Da não violência passando por temas regionais, políticos e sociais. Geralmente de fácil leitura os grafites se destacam e destacam espaços da cidade antes quase despercebidos dando vida e modificando a rotina das pessoas com seu quase sempre colorido ímpar. Entre os grandes nomes do grafite destacamos os gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo citados como responsáveis por dar estilo ao grafite brasileiro. Os irmãos, conhecidos mundialmente são da cidade de São Paulo.


78 Grafite dos gêmeos. - Gigante de Boston e Greenway

http://www.guiadasemana.com.br/arte/galeria/

Outro nome de peso do grafite nacional é Eduardo Kobra. O artista desenvolve um trabalho com traço rico em luz e sombra. Criando principalmente murais

com efeito

tridimensional permitindo ao público maior interação com a obra. Sua intenção é estabelecer relações entre a nostalgia e o romantismo em contraponto a agitação dos dias atuais.


79

Disponível em http://eduardokobra.com/

Em Santa Catarina entre os nomes de destaque no grafite está Thiago Valdi. Suas obras, murais, painéis e outros trabalhos espalhados por Florianópolis e cidades como Nova York, Nova Jersey, Milão, Barcelona e até em Mumbai tem como características o mar e a beleza feminina. Valdi


80

Disponível em: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/sc-que-dacerto/noticia/2016/09/arte-urbana-em-sc-se-reinventa-e-poe-o-grafite-nadecoracao-e-nos-negocios.html

Esses são apenas alguns exemplos de grafiteiros que compõem o cenário da arte urbana com intervenções mundo a fora. Pois, a Arte Pública possui caráter democrático e também habita em meio aos “não-lugares”, aos lugares de passagem, em locais pouco vistos de forma que os enriqueça com novos significados. Quando o “não lugar” passa a ser visto através da arte, porque foi modificado, ressignificado, independente da mensagem novas relações afetivas com a cidade são formadas.


81 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificando que a Arte Pública e em especial as Intervenções Urbanas tem despertado grande interesse em artistas, arquitetos, administradores e público em geral. Intervir no ambiente público agrega aos locais comuns, de passagem ou pensados, planejados, elaborados, reestruturados maior força e significado estético. Estes suficientes para marcar e transformar realidades locais como é o caso dos projetos em comunidades. As representações artísticas são a apresentação e a representação dos imaginários sociais. Possuem a capacidade de evocar e produzir memórias individuais e coletivas tornando-se uma potente fonte de referência contra o aniquilamento das identidades e referencias pessoais e coletivas

esmagadas

pela

racionalidade,

capitalismo

e

urgências da vida nos grandes centros urbanos. Por fim, procurando responder a questão central a que se destinou esse capitulo refletimos a certa dos conceitos de Arte Pública e Intervenção Urbana. Apesar do tema se mostrar amplo e complexo e se fazerem necessários maiores aprofundamentos sobre o assunto apontamos para o fato da Arte Publica se revelar em uma obra de arte pensada na completude dela mesma podendo, por fim, ser levada a um museu ou local público. Conforme Brenson (1998, p.19) a arte


82 pública é ainda uma prática social que se apropria do espaço urbano promovendo mudanças, interligando e modelando a construção afetiva/coletiva de uma cidade.

Enquanto a

Intervenção Urbana é pensada para interagir diretamente com a cidade, para a cidade e com o urbano. É integrada a arquitetura, concebida para se apropriar se integrar a um espaço pré existente a fim de modificá-lo e de forma permanente ou efêmera coexistir.


83

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para

pessoas',

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87


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