ARQUI #10

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Dezembro de 2018 edição 1/2018 nº 10

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Dezembro de 2018 edição 1/2018 nº 10

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Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo



editorial D

ez! Ao chegar a sua décima edição a Revista Arqui homenageia as revistas de Arquitetura e Urbanismo, entre as quais orgulhosamente se inclui. Em nosso campo de conhecimento e de prática profissional, há um leque de periódicos de natureza muito variada: das revistas científicas às comerciais, das publicações impressas aos sites virtuais. Muito além da mera divulgação de projetos de arquitetura, as revistas tornaram-se veículo de difusão de ideias e informações que nem sempre foram valorizadas em ambientes de ensino tradicionais. Tornaram-se também lugar privilegiado de crítica e de expressão de opiniões sobre obras, publicações e eventos. Entre tantas e tão significativas revistas de Arquitetura, a Arqui surgiu em 2014 com uma proposta bem definida, mas não de todo simples: a de documentar a produção de alunos e professores da FAU-UnB e fornecer um panorama das atividades realizadas na Faculdade em cada um dos semestres letivos. A participação dos alunos na elaboração do conteúdo e na equipe de produção da revista, ao lado de professores de diferentes áreas da Faculdade, contribui para manter a Arqui aberta aos diversos temas e experiências de ensino, extensão e pesquisa. Diante dos graves problemas enfrentados pelas universidades públicas nos últimos tempos e dos cortes de recursos a elas destinados, chegar a este número dez da Revista é, afinal, motivo de justa comemoração. Nesta edição, os trabalhos de Diplô e Ensaio apresentam, além da usual diversidade de temas e abordagens, uma tendência a tratar de contextos

e problemas que não se restringem a Brasília ou a outras cidades brasileiras. Em projetos e pesquisas aqui registrados, Portugal, Itália, Japão e África, entre outros países, foram objetos de análise e discussão, fonte de referências ou espaço de projetos. Esta abertura para a internacionalização está visível também em eventos realizados pela Faculdade, nos quais há diálogo com especialistas e pesquisadores estrangeiros. Deve-se observar, porém, que essa fértil ênfase em trocas internacionais não implicou descuido com problemas da metrópole brasiliense. Ceilândia, Gama, Taguatinga e vários outros núcleos ou assentamentos do DF estão presentes nos trabalhos selecionados. A percepção da grande carência de equipamentos e espaços públicos qualificados nas regiões administrativas inspirou a elaboração de projetos de praças, museus, escolas e centros culturais. Por outro lado, os projetos e pesquisas também se depararam com dinâmicas urbanas específicas do Plano Piloto, onde propostas de intervenção requerem posicionamentos diante da controversa questão de preservação do patrimônio. Ao chegar a sua décima edição, a revista espera atuar não apenas como repositório de trabalhos de pesquisa e projeto ou registro da produção da Faculdade, mas também como parte ativa de processos de troca de conhecimentos e de ensino-aprendizagem.

A equipe editorial


sumário 8 PESQUISA 10 ensaio 12 arquitetura contemporânea portuguesa angela viana pereira 14 a habitação popular do rio de janeiro na literatura brasileira dos anos 1890 a 1920 clarisse oliveira cunha 15 experiência de percepção multissensorial deyse chagas mendes 16 relações socioespaciais das cafeterias do plano piloto fernanda pimentel andré

17 transporte público de média e alta capacidade no distrito federal maria emília monteiro silva 18 moda e cidade giovana canellas 20 memória e história em construção laura santos siqueira 22 arquitetura para todos rachel benedet de sousa martins 23 a cor na bauhaus yasmin rodrigues da costa 24 cidades brasileiras, cinema e não-pertencimento nirvana dos santos

26 NOVOS ARQUITETOS 28 diplô 51 espaços do cuidar e educar 30 destaques 32 laboratório de produtos florestais cecília manavella 34 quando há medo jéssica moraes 36 casa brasileira juliana jenkins 38 sede da google em milão luíza solano 40 hydropolis pedro muza 42 complexo religioso raquel dias guedes 44 espaços da espiritualidade e cultura 45 centro cultural de brasília bruna bacelar 46 cinema, espaço público e o efêmero danillo arantes 47 central do lazer e da cultura do guará felipe alves de carvalho lopes 48 complexo cultural santana das antas maycon moreira dos santos 49 centro cultural lelé sarah da silva almeida 50 sentido kalunga talita xavier maboni

52 53 54 55 56 57 58 59 60 61

estação das artes fernanda reis ribeiro en.tre flávia de souza meireles hospital oncológico gabriela reis garcia centro de ensino fundamental praça do recanto jordana nascimento almeida instituto do câncer julia resende kanno colmeia mariana verlangeiro vieira semear mayanna rebello nogueira vila-escola piriá tiago nunes do carmo hospital maternidade do gama vanessa de andrade souza centro de capacitação profissionalizante para pessoas com deficiência vitor ramos

62 espaços do morar e trabalhar 63 co.criar camila garrido 64 ocupação de edifícios abandonados em áreas centrais débora quinderé


65 hiszeb fabíola ramos da cunha 66 coworking público de brasília georgia durand de sá leitão cardoso 67 cohabitação gisele fernandes de oliveira 68 vila 33 isabela martins ribeiro de paula 69 casa-biblioteca linda tchinyere 70 retrofit arquitetônico nas 700 norte luiza rita lemos da silva 71 co.habitat maria clara filgueiras lima gabriele 72 habitação universal nathalia cristina pereira 73 pensar a cidade 74 essência aline freitas de araújo 75 complexo bernardo sayão allyson moreira

90 FAU PREMIADA 92 28º ópera prima 94 concurso de quiosques para o icc

112 HOMENAGEM 114 as revistas de arquitetura e urbanismo

76 cidade tangram amanda farinati 77 manual de desenho urbano para o campus darcy ribeiro ana karine ramos siqueira 78 universidade de brasília e mobilidade bruna raíssa mangoni rambo 79 integração brasília carolina moura 80 projeto rima caroline soares nogueira 81 a nova avenida central felipe franklin 82 the graveyard book joão capoulade nogueira 83 jóquei larissa alves lacerda 84 pavilion collector I of piacenza lucas bandeira calixto 85 entre a cidade e o mar marina patury 86 mestre imaginário natália machado côrtes 87 green conection nayara de jesus rodrigues 88 intervenção para o transporte ativo renata cortopassi sales dias

96 ENCONTROS pé na estrada elas da fau do coletivo à coletividade palestra lima barreto cidades africanas cultura e arquitetura em angola 106 ninhos cidade e crianças 108 palestra cunhas verdes no urbanismo 110 paisagem metropolitana workshop de projeto 98 104 105 105


PES QUI SA




O

campo ampliado de investigação em Arquitetura e Urbanismo que se abre com a disciplina de Ensaio Teórico é deveras impressionante. Tamanha riqueza é vista semestre após semestre, quando se exploram temas múltiplos e transdisciplinares. No período letivo 2018.1 não foi diferente. Nossas alunas e alunos versaram sobre cenografia, literatura, moda e outras tantas interfaces do projeto de arquitetura e urbanismo com a sociedade, em seus aspectos técnicos ou simbólicos. E, com prazer de debruçarmo-nos sobre tão variado corolário, mais uma vez colocou-se diante nós a árdua tarefa de fazer uma seleção de um conjunto de Ensaios para compor esta Revista. Infelizmente, ainda não dispomos de páginas suficientes para expor todos os excelentes trabalhos produzidos. Portanto, fica o convite para que haja mais participação discente nas bancas de apresentação final dos trabalhos nas quais cerca de 60 pesquisas individuais são apresentadas por semestre. Agradeço imensamente ao trabalho da Comissão de Seleção formada pelas professoras Maria Claudia Candeia (Departamento de Projeto e Representação), Vanda Alice Garcia Zanoni (Departamento de Tecno-

logia) e por mim, Ana Paula Campos Gurgel (Departamento de Teoria e História e atual coordenadora da disciplina de Ensaio Teórico), que após ler os 29 trabalhos indicados pelas bancas por meio de critérios de originalidade dos temas por sua escolha e abordagem, bem como sua profundidade crítica, chegou ao veredito dos 10 trabalhos de destaque apresentados nas páginas a seguir. Gosto de ressaltar o quão difícil é o trabalho da Comissão, pois todos os Ensaios possuem alta qualidade de escrita, em termos conceituais e críticos, bem como se esmeraram na apresentação gráfica das pesquisas. Portanto, uma das intenções nessa seleção é propiciar um breve desfrute das amplas possibilidades temáticas. Aos alunos que em breve enfrentarão essa mesma tarefa, fica o convite de buscarem expandir ainda mais as interfaces da Arquitetura e Urbanismo, aliadas às suas habilidades e interesses pessoais. Aos demais leitores, fica o convite para deleitar-se nas aventuras acadêmicas que a FAU-UnB proporciona.

Ana Paula Campos Gurgel Coordenadora de Ensaio Teórico


arquitetura contemporânea portuguesa continuidade e renovação

Angela Viana Pereira O ensaio trata de uma investigação sobre os processos de continuidade e renovação entre duas gerações da arquitetura portuguesa: a moderna e a contemporânea. Notou-se, numa primeira aproximação do conjunto de obras realizadas pelo grupo mais jovem, um parentesco com os principais representantes do modernismo português, com quem a maioria teve contato direto na vida profissional ou acadêmica. No entanto, em suas obras percebeu-se uma abordagem que transcende as tradições e os paradigmas estabelecidos pelas gerações anteriores, construindo assim uma linguagem própria. Partindo de uma leitura contextual, buscou-se oferecer um panorama dos eventos, arquitetos e obras que foram entendidos como importantes para a trajetória da arquitetura moderna portuguesa, a fim de compreender aspectos que possam ter influenciado a formação da singular cena arquitetônica contemporânea nesse país. Sem intenções de montar uma abordagem classificatória ou esgotar as questões 12

referentes aos grupos apresentados, buscou-se refletir sobre os processos, contribuições e caminhos que os aproximam e os distanciam. Dessa forma, organizou-se a pesquisa em três partes. A primeira diz respeito a uma breve contextualização histórica da arquitetura moderna em Portugal, e tem como propósito compreender em que termos se desenvolveu o modernismo nesse país e as repercussões dos acontecimentos históricos na atuação desses arquitetos. A segunda parte trata de figuras tutelares da arquitetura moderna portuguesa. Foram abordadas as obras de Fernando Távora e Álvaro Siza, dois personagens-chave na trajetória da arquitetura do país durante o século XX e influências de peso para as gerações que os sucederam. A terceira parte trata da arquitetura contemporânea portuguesa e para isso faz um breve apanhado do contexto nacional após o fim do governo autoritário, das transformações ocorridas e das discussões pós-modernas. Logo, é realizada uma apresentação da geração contemporânea a partir da análise de dois edifícios, o Museu do Farol de Santa

Marta e o Centro de Artes Contemporâneas Arquipélago. A escolha desses projetos se justifica por três motivos: são equipamentos culturais, tipologia que ganhou bastante espaço dentro do contexto de abertura do país ao cenário global e que foi oportunidade para a projeção de muitos arquitetos dessa geração; a representatividade dos projetos em seus contextos, onde atuam como espaços de revitalização importantes para a cidade em que se localizam; a autoria de grupos relevantes, que se acredita serem representativos para a arquitetura contemporânea portuguesa. Por fim, uma análise comparativa entre as obras das duas gerações que reflete sobre pontos de permanência e ruptura tendo como base três critérios estruturantes: as relações com a paisagem e o território, a metodologia de projeto e a materialidade explorada em seus edifícios.

Orientadora: Elane Peixoto Banca: Augusto Esteca e Natália Lemos


Casa de Chรก da Boa Nova, ร lvaro Siza. Imagem por Angela Viana.

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a habitação popular do rio de janeiro na literatura brasileira dos anos 1890 a 1920 do cortiço à favela

Clarisse Oliveira Cunha Rio de Janeiro, 1890. Era lançado o livro “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, pouco tempo depois da abolição da escravidão e da Proclamação da República. A cidade crescia rapidamente e passava por um acelerado processo de industrialização, o que modificou a ordem social e a configuração da cidade. Neste contexto, uma grave crise habitacional se instaurava no Brasil. O estudo investiga a formação da habitação popular do Rio de Janeiro entre os anos 1890 e 1920 por meio de obras da literatura ficcional brasileira. Victor Hugo, romancista francês, dizia que a história, antes de ser transmitida através da palavra impressa, é narrada pelas cidades, que seriam como livros, sendo as construções as palavras. Tal ideia demonstra a estreita relação do espaço físico, natural ou edificado com a literatura. No período estudado, muitas famílias moravam em cortiços insalubres e com baixa infraestrutura. O crescimento desordenado favorecia a disseminação de doenças, o que trouxe à tona as reformas higienistas. O prefeito Pereira Passos iniciou a reforma urbana 14

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do Rio de Janeiro em 1903. Considerados uma “ameaça à ordem, à segurança e à moralidade”, diversos cortiços foram demolidos, sob a justificativa de higienizar e modernizar o Rio de Janeiro, que deveria ser “um verdadeiro símbolo do novo Brasil”. Os habitantes dos cortiços ficaram sem moradia e ainda mais pobres. Não foram tomadas medidas quanto à reposição de moradia. Parte da população construiu novas moradias no Morro da Providência, onde já habitavam algumas pessoas. A partir daí, muitos morros começaram a ser ocupados e se iniciaram as favelas cariocas. Por meio das obras do Naturalismo e do Pré-Modernismo, é possível analisar a habitação social focando na escala humana. Na obra “O cortiço”, Azevedo descreve detalhadamente a estalagem e as relações dos moradores, sobretudo os conflitos entre classes sociais presentes na época. A trama envolve tanto as relações internas dos habitantes que convivem nos espaços públicos do cortiço, como sua relação com a cidade e com o sobrado vizinho, onde moravam pessoas de classe mais alta.

Já os escritores pré-modernistas, como Lima Barreto, João do Rio e Olavo Bilac, escreviam sobre as mudanças no país na transição para o século XX. Barreto, por exemplo, tinha uma visão crítica; repudiava as reformas higienistas, considerando-as superficiais e autoritárias, já que só se preocupavam com o embelezamento e não com a origem dos problemas da vida urbana, como a pobreza. Apesar de se tratar de um trabalho sobre o início do século passado, há muitas características e críticas políticas encontradas nas leituras que continuam contemporâneas. Por mais que programas de habitação de interesse social tenham sido desenvolvidos ao longo do tempo, estes nunca foram capazes de suprir a necessidade real, permanecendo o déficit habitacional. A população pobre continuou a ter o direito à moradia e à cidade restringidos por interesses políticos e econômicos.

Orientadora: Ana Paula Gurgel Banca: Cristiane Guinâncio e Vânia Loureiro


experiência de percepção multissensorial arquitetura e os sentidos

Deyse Chagas Mendes A interação entre o comportamento humano e os ambientes estabelece uma comunicação imediata que se faz através dos sentidos. Deste modo, ao invés de ser apenas objeto estético e funcional, a arquitetura projeta significados. O trabalho propõe através do uso dos sentidos uma solução para os problemas da falta de comunicação com o ambiente; para projetar uma arquitetura emocional é preciso vivenciá-la, ou seja, criar atmosferas capaz de induzir emoções espaciais e assim dirigir-se à experiência do corpo no espaço. Os sentidos são o meio de conhecer a realidade do mundo desde pequenos. Nossas memórias são formadas por várias nuances de cor, formas, aromas, sons, variação de luz e temperatura, diferentes texturas, movimentos, que somos expostos todos os dias. Por isso, o estudo baseia-se na composição destes elementos para uma arquitetura sensível, pois usá-las ao conceber um projeto é uma dimensão que pode aumentar a percepção e fruição do espaço e o estímulo de descobrí-lo. A cada um dos sentidos está associado no corpo um órgão espe-

cializado: olhos, pele, nariz, ouvidos e língua, reagem à luz, à pressão, vibrações mecânicas e sonoras, variações de temperatura, às moléculas químicas, sendo classificadas através da contribuição de várias disciplinas como a psicologia e a filosofia da percepção. A pesquisa baseia-se na Teoria de Gibson (1966) em que os espaços oferecem uma multiplicidade de estímulos e a percepção é uma consequência direta das propriedades do meio, que consistem de fontes e variações que determinam a maneira de se perceber o espaço. Fatores internos (organismo) e externos (ambiente) influenciam as sensações e estas podem gerar diferentes percepções, uma vez que cada indivíduo possui experiências próprias, construídas em aspectos e situações diversos. Assim, os sentidos podem ser elencados como sistemas perceptivos: o sistema visual, sistema auditivo, sistema paladar-olfato, sistema háptico (tato, músculo, pressão, calor/frio, dor, cinestesia) e sistema básico de orientação (equilíbrio, acima/abaixo, direita/ esquerda, frente/atrás). Através de cada sistema perceptivo

foi proposto o uso de composições que influenciam na estimulação sensorial e condiciona a percepção do espaço, exemplificado através de estudo de caso (Termas de Vals; Capela de Santo Inácio; Museu Judaico de Berlim e Praça das Artes de São Paulo) que utilizaram recursos e estratégias que propiciaram uma experiência de percepção sensorial. Assim, obteve-se o entendimento de que uma arquitetura pode envolver emocionalmente o usuário por meio dos sentidos, gerando múltiplos significados e interpretações. Os sentimentos não se desassociam do ser humano e, deste modo, os projetos sempre o impactará, positiva ou negativamente. A arquitetura pode ser a mediadora das experiências que acontecem dentro do espaço, conectando memórias, laços, pessoas, sentimentos e, até mesmo, se comunicando com nós mesmos e nossa realidade existencial dentro do ambiente construído.

Orientadora: Cláudia Garcia Banca: Frederico Flósculo e Luciana Jobim Navarro 15


relações socioespaciais nas cafeterias do plano piloto

Fernanda Pimentel André As cafeterias são um dos principais polos de encontros em cidades, possuem múltiplas formas de atrair o público, seja pelo seu cardápio, localização ou por seu arranjo espacial agradável. O fomento da sociabilidade em seus espaços é tão essencial quanto a qualidade dos seus produtos e é possível notar singularidades arquitetônicas que levam o público a frequentar mais assiduamente alguns estabelecimentos. O presente artigo analisa a arquitetura comercial de três cafeterias de forma comparativa e por meio da Teoria da Sintaxe Espacial. Após rodadas de seleção, escolheu-se os cafés Los Baristas, Rapport Cafés Especiais e Bistrô e L’amour du Pain. Suas escolhas basearam-se na localização, nas propostas comerciais e na distinção dos públicos, sendo a primeira reconhecida como um local mais despojado na Asa Norte, a segunda um estabelecimento de público empresarial mais central e a última, a mais clássica, na Asa Sul. A primeira cafeteria foi a única com maior porcentagem do gênero masculino e existência de público transexual. Avalia-se então a possibilidade de vinculação entre os atri16

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butos desse estabelecimento – despojado, jovial e clara –, com este público; as duas últimas cafeterias, por outro lado, foram caracterizadas como: muito românticas, muito elegantes e meio luxuosas, demonstrando a associação estabelecida entre locais românticos e ambientes de menor iluminação. A Los Baristas é uma cafeteria mais despojada e que atrai seus clientes por meio do sentimento de pertencimento que os transfere. Possui maior visibilidade em sua área, uma vez que toda região está dentro do campo de visão dos funcionários. O balcão é central, destinado aos clientes, valorizando ainda mais a comunicação com o público. Além disso, o fluxo de pessoas é facilitado, com poucas barreiras visuais e físicas. Já a Rapport, por sua localização em área empresarial, possui público diverso, com enfoque na valorização tanto da área interna quanto da externa. Além disso, seus clientes – característicos com vestimenta formal – sugerem uma fuga rápida entre expedientes, o que pode ser demonstrado em sua planta, que possui acesso direto a todos os

ambientes do nível inferior sem segregações. Também há equilíbrio entre o estar (a copresença) e o movimentar. A L’amour du pain possui valorização da área externa coberta como ambiente central da loja, o que gera grande aceitação do público. A cafeteria enaltece o estar sobre o movimentar, comporta grupos pequenos e possui diversos espaços segregados possibilitando pouca visualização entre os usuários, bem como o torna um ambiente mais calmo e íntimo. Apesar das distinções apresentadas há pontos comuns em todas as cafeterias como as características de tranquilidade, beleza e aconchego, de forma que o público valorize arranjos espaciais que prezem por essas qualidades. Por fim, notou-se preferência pelos ambientes externos com paisagens vegetadas, trazendo quebra da vida urbana ao público para um local de fuga da rotina da Metrópole.

Orientador: Orlando Vinicius Rangel Banca: Ana Paula Campos Gurgel e Vânia Loureiro


transporte público de média e alta capacidade no distrito federal um estudo das características espaciais facilitadoras da mobilidade

Maria Emília Monteiro Silva O ensaio tem como objetivo identificar e estudar como os elementos da estrutura urbana viabilizadores da mobilidade (densidade, uso misto, continuidade e conectividade) se manifestam nos corredores de transporte público de média e alta capacidade do DF. Para analisar a macroacessibilidade da rede do DF aplicou-se dois índices do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), o RTR e o PNT. O RTR indica a quilometragem de corredor de transporte por residente sendo a do DF 28,0km/mi.hab, ou seja, o traçado modernista disperso e a baixa densidade da cidade, fazem com que sejam necessários mais quilômetros para atender um mesmo número de pessoas. Enquanto em São Paulo e no Rio de Janeiro existem 15,3km e 19,8km, respectivamente, para cada milhão de habitante, no DF esse valor sobe para 28,0km. Visando relacionar essa distribuição de transporte com a densidade populacional, aplicou-se o PNT para calcular a relação entre a população realmente influenciada pelos corredores e a população total do município. O PNT do DF é baixíssimo

e mostra que apenas 18% da população mora próximo às estações de metrô e BRT. Dentre as cidades onde o índice já foi aplicado, o DF apresenta o pior resultado, novamente, por causa do desenho da cidade. A partir desse valor percebe-se como a baixa densidade do DF e os vazios urbanos prejudicam a eficiência dos corredores. Para avaliar a microacessibilidade da rede do DF, ou seja, o acesso a suas estações, foram aplicadas métricas desenvolvidas pelo ITDP que avaliam o potencial DOTS da área de influência da Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto. A análise mostrou que o DF apresenta uma configuração urbana singular que dificulta a aplicação de metodologias desenvolvidas para as cidades tradicionais. Para uma avaliação fiel de sua realidade é preciso ferramentas que levem em consideração suas peculiaridades. O processo de aplicação da ferramenta mostrou, contudo, que as características que tornam Brasília única dificultam a mobilidade da cidade. Brasília apresenta: baixa densidade; segregação das funções em setores e, consequen-

temente, deslocamentos pendulares; desenho urbano com contorno bem definido que prejudica o crescimento da cidade como extensão de sua malha viária; expansão espraiada por meio de regiões administrativas independentes fisicamente; e baixa conectividade e acessibilidade. Como o Distrito Federal segue muitos desses preceitos, pode-se concluir que falha quanto à presença das características facilitadoras da mobilidade ao longo dos seus corredores de transporte de média e alta capacidade. A pesquisa se desenvolve sobre a hipótese que falta integração entre planejamento urbano e transporte nos projetos de expansão dos transportes de média e alta capacidade do DF e isso foi confirmado. Projetos de mobilidade que visam apenas a expansão dos corredores não são suficientes, é preciso tratar a área urbana que os recebe.

Orientadora: Giselle Chalub Martins Banca: Maria do Carmo Bezerra e Patrícia Gomes 19 17


moda e cidade um olhar a partir do 29rooms

Giovana Canellas Apesar de ser um assunto muitas vezes tratado como fútil, banal ou “senso comum”, a moda está intrínseca à vida e ao cotidiano do ser humano. Mais do que isso, como Gabriel Tarde (TARDE in Rainho, 2002: p.21) afirma, “A moda é essencialmente uma forma de relação entre os seres”, visto que pode ser considerada um mecanismo de comunicação. Historicamente, todo o sistema da moda só ganhou força graças a um fator específico: a rua. Foi o espaço urbano, com sua função de comunicação, que permitiu à moda se expressar, tanto na escala do vestuário quanto na escala de espaços como lojas e galerias. Além disso, paralelo às ideias de luxo e status que a moda costumava trazer consigo, as ruas deram espaço a uma face social da moda, de liberdade e contestação, como foi o caso de grupos como os hippies ou punks, que utilizaram da moda para ganhar voz na sociedade. Tudo isso demonstrou a relação recíproca entre estes dois conceitos, onde a moda e a urbe se alimentam uma da outra – enquanto a moda encontra espaço para divulgação e transformação nas ruas, estas ganham novos significados que interferem no imaginário social e do consumidor. Vale ressaltar que o viés mercado18

lógico da moda não deve ser ignorado. Se por um lado ela tem funções sociais e identitárias, por outro o sistema se aproveita de tais características com intenções lucrativas de vender uma ideia ou produto por preços exorbitantes. Utilizando-se de diversos veículos como desfiles, eventos e lojas, a moda encontrou no ambiente urbano mais um meio de alimentar e difundir essa fantasia do consumo inconsciente, que se adaptavam de acordo com as necessidades do consumidor. E entre tantas tipologias de espaços, surgiram os brand spaces. Criados com o intuito de retomar a ideia da experiência de compra como algo particular, estes espaços – arquitetônicos ou urbanos - oferecem não apenas um produto, mas experiências relacionadas à identidade de certa marca. Criados inicialmente para o marketing da moda, como uma estratégia de fidelização entre marca e consumidor, estes espaços têm se expandido para meios que interferem de forma mais significativa na dinâmica social e urbana, como é o exemplo da quadra de basquete abandonada reformada pela Nike em Paris, que agora tem atraído milhares de turistas, além de ser frequentemente utilizada pelos moradores da vizinhança.

Este movimento começou a dividir opiniões, sendo considerada uma nova ferramenta de revitalização urbana por alguns autores, e um estímulo para os processos de gentrificação por outros. Com base nisso, a pergunta que se quis responder foi “Qual o efeito das ações relacionadas à moda na cidade; é possível torná-la uma aliada no desenvolvimento dos espaços urbanos?”. A análise do objeto de estudos deste Ensaio, o evento 29Rooms, foi capaz de mostrar que infelizmente ainda é difícil desvencilhar a moda de uma intenção econômica, mas que ainda assim, seu sistema está intrinsecamente conectado à construção da urbe, e vice-versa, mostrando um funcionamento e influência simultâneos. A moda cumpre seu papel principal como veículo de comunicação, independente de qual seja a mensagem, e como nenhum outro sistema, ela é capaz de unir pessoas e dar-lhes individualidade, liberdade de expressão. E isso é algo essencial para o bom funcionamento de qualquer sociedade.

Orientadora: Ana Elisabete Medeiros Banca: André Costa e Frederico Flósculo


Imagem por Giovana Canellas.

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Ponte Rio-NiterĂłi. Imagem fornecida por Laura Santos.

ConfluĂŞncias. Imagem por Laura Santos.

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memória e história em construção um estudo das narrativas sobre a ponte rio-niterói

Laura Santos Siqueira A história e a memória estabelecem relações de interdependência, onde uma molda a existência da outra. A arquitetura se insere nesse ciclo como um meio de influenciar quais memórias, e consequentemente quais histórias, serão mantidas, estratégia muito utilizada em regimes autoritários para a construção de símbolos. A ditadura brasileira não fugiu a essa regra, com a Ponte Rio-Niterói como um dos símbolos de maior orgulho do período, o qual demonstrava a grandeza e modernização do regime. Não se pode negar que a Ponte foi uma impressionante obra de engenharia, chegando a ocupar o posto de terceira maior ponte do mundo à época da inauguração. Justamente por ser tão impactante, existem, além da narrativa oficial defendida pelo governo por meio de discursos, diversas outras narrativas paralelas latentes. Assim, foram reunidos e analisados quatro discursos de figuras políticas da época da construção (1969 a 1974) e quatro relatos de moradores do Rio de Janeiro ou Niterói no mesmo período, buscando encontrar as narrativas contidas em cada um deles.

A partir da leitura inicial, foi feito um mapeamento visual pela criação de “círculos narrativos” que reúnem os principais temas em cada fala. Esses círculos foram confrontados, buscando as coincidências e possíveis continuidades existentes entre temas, fosse por equivalências ou por contradições, a partir de linhas, onde cada cor indica uma possível confluência. Com base no mapa visual final, é interessante analisar que, apesar de ser uma pesquisa com número de participantes reduzido, existem diversas narrativas contidas em cada círculo, que podem unir-se criando narrativas mais ou menos universais e muito diversas entre si – construindo, assim, memórias coletivas e, consequentemente, histórias. A construção de uma narrativa oficial, que serve de base para a construção de uma versão histórica, conta com um processo seletivo entre lembranças e esquecimentos, o qual envolve a poda de inúmeras e diversas linhas narrativas e é reforçado pela existência de um suporte físico - como a Ponte Rio-Niterói. O que se conclui após esse estudo

é que a memória não é imparcial nem imutável, assim como a história. Ambas são plurais e polifônicas, tão variadas que realmente não é possível que todas as narrativas sejam consultadas antes que alguma versão da história seja consagrada. Porém, principalmente no contexto de regimes autoritários, o ato de explorar memórias individuais tem maior relevância, por estarem sujeitas a um processo mais intenso de apagamento. A Ponte se coloca como marco de um governo e legado para o futuro de um período polêmico e de interpretações ambíguas, mas ainda assim símbolo presente na vida de milhares de brasileiros. As narrativas construídas em seu entorno são inúmeras, opostas, complementares, governamentais e sociais, tão diferentes devido às circunstâncias da obra. Assim, é necessário compreender a importância da busca por novas memórias e, futuramente, possíveis novas histórias, evitando uma única versão, representativa de uma narrativa frágil e limitada. Orientadora: Ana Elisabete Medeiros Banca: André Costa e Frederico Flósculo 21


arquitetura para todos a função social do arquiteto

Rachel Benedet de Sousa Martins A precariedade de grande parte das construções no Brasil demonstra um problema recorrente entre a maioria dos brasileiros que pretende construir ou reformar suas casas: a falta de assistência técnica durante o período de projeto e obra. Mas por que a sociedade recorre quase sempre à autoconstrução? A partir desse questionamento, encontra-se a raiz do problema: o profissional qualificado é visto como inacessível pela população de menor poder aquisitivo. Essa visão resulta em uma quantidade significativa de habitações em condições insalubres e precárias do ponto de vista espacial, estrutural e de conforto. Entretanto, mesmo com o número alarmante de déficit e de habitações inadequadas (FJP, 2015), outra pesquisa promovida pelo CAU/BR em parceria com o Instituto Datafolha, indica uma barreira entre os arquitetos e a construção popular. Revelou-se que 54% dos entrevistados já realizaram reformas ou construções e, destes, menos de 15% já utilizou serviço de arquiteto ou engenheiro para acompanhar a obra. Isto é, mais de 85% da população não está sendo atendida por arquitetos. 22

A pesquisa qualitativa também descobriu uma percepção irreal do custo do trabalho do arquiteto comparado ao valor total da obra. A maioria dos participantes acreditava que a contratação de um arquiteto custaria de 20% a 40% do total da obra, enquanto o valor estimado pelo CAU/BR aproxima-se de 10% do total da obra. Ao passo que este dado não reflete o real valor de comercialização no mercado, pode-se inferir que o preço dos serviços de arquiteto pode se tornar mais acessível, a depender do posicionamento do profissional perante o mercado. O ensaio explora, a fim de ressaltar a importância de maiores discussões sobre o tema: a obra do grupo Arquitetura Nova, composta por Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre e Flávio Império, e as políticas públicas de produção habitacional desde o Banco Nacional da Habitação à Lei da Assistência Técnica. Em seguida, aborda-se o recente enfoque da arquitetura mundial dado ao surgimento de iniciativas voltadas para o público de renda baixa, em busca de tornar a arquitetura mais acessível. No Brasil, há escritórios privados,

organizações não-governamentais e instituições públicas que trabalham para pessoas de menor poder aquisitivo (faixas de renda C, D, E). O estudo mostra a importância da atuação de arquitetos para essas famílias, e oferece exemplos de como isso pode ser desenvolvido na carreira dos profissionais, por meio apresentação de 25 iniciativas de impacto social. Por fim, infere-se que a contribuição de arquitetos e arquitetas para as famílias de renda baixa ainda é bastante limitada. Somente por meio da conscientização, da crítica e da atuação de mais arquitetos para esse público é que será possível a ampliação da nossa contribuição para a sociedade como um todo.

Orientadora: Maria Cláudia Candeia Banca: Ana Paula Gurgel e Maribel Aliaga Fuentes


a cor na bauhaus ensino e metodologia

Yasmin Rodrigues da Costa A Bauhaus, fundada na Alemanha pelo arquiteto Walter Gropius, em 1919, e criada pela unificação da Academia de Belas Artes de Weimar com uma escola de artes e ofícios, foi um centro de ensino que, além de todas as reflexões teóricas, deu ênfase aos aspectos práticos e manuais das atividades artísticas. Visava eliminar as divisões entre a arte, indústria e arquitetura, com a proposta de um estabelecimento que tivesse cooperação entre mecanização e artesanato. Gropius idealizou e fundou a Bauhaus, mas teve o respaldo e o apoio de um grupo de artistas, que, muito embora com formações diversas, o ajudaram a formar o corpo docente da escola. Todos os artistas convocados, por seu reconhecimento e criatividade, formaram um grupo heterogêneo, que colaborou com o enriquecimento da experiência dos alunos. Entre todos os mestres da Bauhaus, os pintores Itten, Kandinsky, Albers e Klee foram os que mais se dedicaram ao estudo da cor, forma e criação, tendo desenvolvido metodologias voltadas à experimentação,

em que o aluno era convidado a participar, contribuindo com seus questionamentos, suas próprias percepções e tirando conclusões acerca do que estava sendo explicitado. Muitos dos avanços obtidos na área de colorimetria foram aperfeiçoados na Bauhaus, principalmente pelas teorias de cor, forma e criação, levando em conta todo o desenvolvimento histórico cromático, com as diversas descobertas e teorias já abordadas. A motivação desse ensaio foi não somente a cor, mas, principalmente, a reflexão sobre seus aspectos e propriedades a partir das metodologias abordadas na Bauhaus. Cada um desses mestres citados anteriormente partiu de aspectos e influências pessoais para compor uma didática coletiva de ensino, que encorajou o fazer artístico em suas diferentes modalidades. Dessa forma, para melhor abordar a metodologia de ensino utilizada por esses quatro mestres da cor, o ensaio foi dividido em três capítulos, sendo o primeiro referente a um panorama geral da cor, que apresenta os principais estudos cromáticos desenvolvidos

ao longo do tempo e que colaboraram com a formação das teorias pelos mestres na Bauhaus. No segundo capítulo tratou-se da origem da Bauhaus, seu contexto histórico e fundamentos, até chegar ao capítulo terceiro, dedicado a um aprofundamento sobre as metodologias de ensino desenvolvidas por Itten, Albers, Klee e Kandinsky, considerados para o Ensaio como os de maior relevância no que se refere aos temas de cores e formas. A partir dessa pesquisa ficou claro que esses mestres construíram um amplo legado de conceitos, técnicas e reflexões, que não só foram aplicadas na Bauhaus, como serviram de amplo legado para a arte das mais diversas formas. Todo esse desenvolvimento de estudos e metodologias proporcionaram uma maior sensibilidade artística para os estudantes, assim como a proximidade aos fenômenos cromáticos e criativos, permitindo todo esse conhecimento que se estende até os dias de hoje. Orientadora: Neusa Cavalcante Banca: Ana Paula Gurgel e Ana Zerbini 23


cidades brasileiras, cinema e nãopertencimento

Nirvana dos Santos O não-pertencer é o efeito subjetivo mais imediato da perda de identidade e fragmentação dos espaços urbanos. Pertencimento é a busca pelo bem-estar na relação do sujeito com seus lugares existenciais e se desdobra como desejo de pertencer à cidade, a um grupo, cultura, emprego ou profissão. Logo emerge a problemática da pesquisa: hoje, na busca por pertencimento nos corpos transformados, fragmentados e segregatórios das cidades contemporâneas, o sujeito se depara muito mais com o sentimento de não-pertencer. A produção de filmes do Novíssimo Cinema Brasileiro, tipo de cinema da última década deste século, é um dos produtos da cultura audiovisual que mais revela este fenômeno. Os filmes e cidades analisados foram: Insolação (2009), de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, que trata de Brasília e o urbanismo modernista-racionalista; O som ao redor (2012), de Kleber Mendonça Filho, que mostra Recife e a segregação sócio-espacial; e O homem das multidões (2013), de Marcelo Gomes e Cao Guimarães, que encena a opressão do universo do trabalho em Belo Horizonte. Em Insolação, as questões do não-pertencimento são diretamente ligadas à morfologia espacial da cidade como ela é mostrada. Os espaços 24

públicos dentro da cidade, em sua grande maioria, ultrapassam a escala do sujeito. Isso é devido aos grandes espaços vazios projetuais, reflexos do urbanismo rodoviarista/modernista de Brasília. Essa forma de conceber o espaço fragmenta e setoriza a cidade, e acaba por privilegiar o carro e excluir o pedestre. O sujeito real não se confirma diante das expectativas racionalistas de “homem ideal”. Ele habita um espaço projetado para o carro e para o “homem perfeito”, por ser uma cidade rodoviarista e modernista. Por esses motivos, ele se sente não-pertencente, resultando na constante busca por abrigos adequados a sua escala pela vontade permanente de fuga. Em O som ao redor, Recife é problematizada a partir do enquadramento de um quarteirão, onde o medo e a insegurança são focos principais. O filme critica um cenário nacional de segregação sócio-espacial. Há um incômodo do sujeito com a obstrução da paisagem e a proximidade do outro. O sujeito se enclausura nos espaços fechados, dentro da cidade, em busca de segurança e pertencimento. A fuga do morar na cidade aumenta as fronteiras, fragmentando-a, e consequentemente modificando sua paisagem. Em O homem das multidões, Belo Horizonte é retratada pela perspectiva do

trabalho. A estação de metrô, ambiente de trabalho do personagem, é um espaço desprovido de identidade. A planificação de tipologias como estações de metrô, aeroportos, shoppings, etc., faz com que elas não caracterizem a cidade diversa. No filme, os personagens se sentem não-pertencentes a um tipo de cidade, a qual impõe a eles um trabalho que os desliga das possibilidades de encontro de uma cidade orgânica. O não-pertencimento à cidade resulta na constante busca por refúgios. Quando já no abrigo o desconforto e a estranheza com o espaço permanecem, assim como o medo e a insegurança, percebe-se uma necessidade da identificação do sujeito como ser não-pertencente, para que a busca por pertencimento aconteça. Identificou-se a propensão de espaços sem identidade se proliferando devido aos processos especulativos de transformação das cidades brasileiras. O que reflete diretamente na homogeneização da paisagem urbana. Porém, mesmo identificando esses cenários como universais, as particularidades morfológicas das cidades precisam ser levadas em consideração.

Orientador: André Costa Banca: Ana Elisabete Medeiros e Frederico Flósculo


Fotograma O Homem das multidĂľes: 00.03.46. Imagem por Nirvana dos Santos.

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NOVOS ARQUI TETOS



diplô O

Projeto de Diplomação, ou apenas Diplô, como é carinhosamente chamado, corresponde a um momento especial e decisivo de todo o processo de aprendizagem dos alunos de Arquitetura e Urbanismo. Especial porque, pela primeira vez ao longo do curso, os estudantes, sob supervisão de um orientador, trabalham a partir de um tema de sua livre escolha; e decisivo porque os resultados são tornados públicos, cabendo à comunidade da FAU-UnB discutir e avaliar, a partir deles, o conjunto de conhecimentos adquiridos por cada um dos alunos durante sua trajetória acadêmica. Enquanto a liberdade temática constitui uma oportunidade para os alunos imprimirem sua marca pessoal e se posicionarem politicamente em relação ao mundo e ao contexto social em que vivem, a divulgação dos projetos enseja uma apreciação e um debate aberto em torno de seus conteúdos e propostas. Cabe acrescentar que os trabalhos contemplam e celebram as experiências e vivências possíveis no âmbito de uma universidade pública, vez que todo aprendizado, dentro e fora de sala de aula, decorrentes de diálogos com colegas e professores, experiências em estágios, grupos de pesquisa, viagens, atividades de extensão etc. concorrem para a construção das referências de projeto. A Diplomação, subdividida em 1 e 2, estende-se por dois semestre letivos, período este dedicado ao estudo do tema e à elaboração de uma proposta que responda satisfatoriamente às demandas pretendidas. Para tanto, num primeiro momento, de caráter mais analítico, é necessário empreender um esforço de pesquisa, via leituras, coleta de dados, levantamentos, diagnósticos, entrevistas, estudo de casos etc., com vistas à construção de um referencial teórico. Em seguida, as sucessivas experimentações plástico-formais e os aprofundamentos técnicos conduzem a uma síntese projetual consolidada e materializada.

O produto dessa Diplomação – Trabalho Final de Graduação (TFG) – é um exercício bastante complexo, uma vez que deve englobar as diversas variáveis integrantes da atividade de projeto, seja ele de arquitetura, urbanismo e/ou paisagismo. Além de demonstrar um domínio plástico-visual, o trabalho precisa ser inteligível, o que exige dos alunos uma capacidade de compreender e saber usar o desenho não somente como representação mas, sobretudo, como ferramenta de comunicação universal, ou seja, como linguagem capaz de traduzir ideias para um público amplo e diversificado. Indo além das soluções possíveis para um presente conhecido, o TFG é uma ocasião para as especulações em torno de territórios imaginários ou desejáveis, e para as inovações experimentais com vistas à construção de utopias. É o momento de se aprofundar no conhecimento do real mas também de abrir as portas do mundo dos sonhos. Convidamos a todos para a apreciação dos trabalhos produzidos em 2018, esperando que esses, estimulando as reflexões, possam ampliar os horizontes do pensamento. Nesta edição apresentamos cinquenta e cinco projetos concluídos ao final do primeiro semestre de 2018, dos quais seis recebem mais visibilidade por terem sido considerados destaques pela comissão de diplomação a partir de critérios como: relevância do tema, abordagem conceitual, soluções físico-espaciais, integração urbano-arquitetônica, inovação e desenvolvimento técnico além da qualidade de representação gráfica.

Maria Cláudia Candeia Coordenadora de Diplomação


destaques

laboratório de produtos florestais Aluna: Cecília Manavella /// Orientação: Ivan Manoel Rezende do Valle

O Laboratório de Produtos Florestais - LPF é um centro de pesquisa público sobre madeira e desde sua criação, em 1973, desenvolve estudos para a utilização sustentável dos recursos florestais. A inadequação das construções existentes às demandas atuais e o avanço nas pesquisas tornam necessária a sua reformulação. Aliando aspectos importantes da arquitetura laboratorial - segurança, funcionalidade e flexibilidade com as possibilidades formais, estruturais e construtivas da madeira, o projeto para o novo LPF pretende ser um demonstrativo do potencial de seu próprio objeto de estudo.

quando há medo Aluna: Jéssica Moraes /// Orientação: Patrícia Silva Gomes

O projeto de diplomação Quando há medo: Planejamento e desenho para uma praça do Solar comunitária, trata-se de um plano de requalificação de uma praça de vizinhança em Taguatinga, que embora tenha passado por um processo de requalificação sofre das mesmas mazelas de muitas outras praças do DF: o medo e a insegurança. Propõe-se solução criativa que permeia a aglutinação da sociedade, desenho e planejamento urbano como resposta a esse problema mal resolvido por cercas e câmeras de segurança.

casa brasileira Aluna: Juliana Jenkins /// Orientação: Ricardo Trevisan

A Casa Brasileira foi concebida para ser um espaço de fortalecimento social da comunidade brasileira no Japão e uma possibilidade de reunir as duas culturas - japonesa e brasileira - em um espaço onde ambas têm a mesma força e a mesma oportunidade de se expressar. Apesar de parecer em nome com a Japan House em São Paulo, a Casa difere muito em proposta. Ela está voltada a ser mais utilitária do que um centro expositivo, ao oferecer espaços para funções diversas como cursos, biblioteca, restaurante, loja e auditório. 30


sede da google em milão Aluna: Luíza Solano de Carvalho /// Orientação: Eliel Américo Silva

Essa edificação, que teria por fim trazer a empresa para dentro do país, com uma estrutura dinâmica que atendesse não só aos funcionários, como ao público, e que remetesse à cultura e características do país em harmonia com as da empresa. O intuito principal da obra foi fazer uma edificação que fosse não só corporativa, mas que promovesse cultura, entretenimento e capacitação das pessoas que ali visitam. O resultado foi uma edificação multiuso e interativa, com arquitetura impactante, criativa e tecnológica.

hydropolis Aluno: Pedro Muza /// Orientação: Raquel Blumenschien

A ideia do museu é, sobretudo, exaltar o meio ambiente e relacionar a natureza com o cotidiano das pessoas. O espaço tem como intuito modificar a ótica de seu visitante por meio de estímulos sensoriais e pelo contraponto dos ambientes artificiais e da tecnologia com o ambiente natural.

complexo religioso Aluna: Raquel Dias Guedes /// Orientação: Eliel Américo Santana da Silva

O caráter subjetivo da religião, assim como a busca sobre questões existenciais, oferece uma reflexão do espaço que vai além no parâmetro funcional. Projetar um espaço religioso também envolve a relação entre o usuário e o ambiente e como a percepção e apreensão podem colaborar com uma atmosfera de silêncio e oração. Estes foram os elementos de consolidação deste projeto, somados à relação do edifício com o entorno, que trata-se de um espaço dominado pela natureza – Escala Bucólica de Brasília. 31


laboratรณrio de produtos florestais

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Imagens fornecidas pela autora.

Cecília Manavella A madeira, considerada o material do século XXI, é um recurso renovável, biodegradável, que possui boa relação entre peso e resistência mecânica e contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa na construção civil. Apesar do grande potencial florestal brasileiro, as espécies ainda são pouco estudadas, tornando a pesquisa de extrema importância para o avanço do uso da madeira e seus derivados no Brasil. O Laboratório de Produtos Florestais - LPF é um dos poucos centros especializados em tecnologia de produtos florestais existentes hoje no país. Localizado em Brasília, as construções existentes possuem mais de 30 anos, tornando necessária a sua reformulação para adequá-lo às demandas atuais e consolidá-lo como centro de referência nacional em pesquisa de madeiras tropicais. Do ponto de vista urbano, propõe-se a criação de um novo acesso ao lote, próximo ao ponto de ônibus e ciclovia existentes, que privilegia os usuários do transporte coletivo, pedestres e ciclistas e garante maior integração do LPF com seu contexto, em especial,

a Universidade de Brasília. Com a demolição de parte das construções existentes, já bastante deterioradas ou que não atendem às necessidades atuais, a implantação dos novos edifícios cria uma praça interna arborizada mais reservada, que conecta os diferentes blocos e promove um bom fluxo de pessoas por todo o complexo. As novas construções apresentam três tipologias distintas e os elementos organizacionais da edificação estão setorizados de acordo com suas funções para facilitar o controle de acessos, as rotas de fuga e o transporte de materiais. O edifício principal é a porta de entrada para quem visita o Laboratório de Produtos Florestais e concentra o programa voltado ao público externo. Apresenta estrutura de pilares “em árvore”, vigas de madeira laminada colada e painéis portantes de CLT (sigla em inglês para Cross Laminated Timber) utilizados em paredes e lajes. O centro de usinagem é o local de chegada de madeiras em grandes dimensões que, depois de processadas, são encaminhadas às diversas áreas de

pesquisa do laboratório. Treliças de madeira maciça, apoiadas em pilares de madeira laminada colada, vencem um vão de 15 metros criando uma ampla área livre para a disposição do maquinário e depósito de madeiras. Os laboratórios, áreas com acesso restrito aos pesquisadores, contam com salas que exigem cuidados especiais no controle de temperatura, umidade e iluminação. As paredes, em wood frame, garantem a flexibilidade desejada e facilitam a passagem das instalações. Aliando aspectos importantes da arquitetura laboratorial - segurança, funcionalidade e flexibilidade - com as possibilidades formais, estruturais e construtivas da madeira, o projeto para o novo LPF pretende ser um demonstrativo do potencial de seu próprio objeto de estudo.

Orientador: Ivan Manoel do Valle Banca: Ana Carolina Sant’Ana, Ana Clara Giannecchini, Cynthia Nojimoto e Luiz Alejandro Peña 33


quando há medo planejamento e desenho para uma praça do Solar comunitária

Jéssica Moraes O espaço público é o retrato da democracia de um país. Observando os parques e praças do Distrito Federal (DF), percebe-se a crise econômica, política e democrática que vivenciamos. Essas áreas superdimensionadas, equipadas com academias ao ar livre e com sombras pouco eficientes, tem outro fator em comum: estão, na maior parte do dia, vazias ou subutilizadas. Em uma Unidade Federativa espraiada e desigual, se torna incompreensível que sejam assim tratados os espaços públicos. Sim, incompreensível, mas seria ao menos justificável? A priori, o investimento no lazer público brasiliense dificulta que sejam espaços agradáveis. Em meio a tal contexto está a Praça do Solar, localizada em Taguatinga-DF, sem nome oficial, mas assim conhecida por sua relação com o mercado que ali se localiza e cujo dono se responsabiliza pela manutenção e reformas há mais de 10 anos. Com tais investimentos, a praça se valoriza e se destaca. Todavia, isso não é suficiente para que haja ali vida pública e isso coincide com a sensação de insegurança resultante de um histórico de crimes que trazem ao imaginário popular 34

um grande motivo para não sair de casa: o medo. O medo configura o espaço urbano diariamente, mas não existem dados que comprovem que esses aparatos de segurança reduzam índices criminalísticos, ao contrário, podem até aumentar. Mas se a resposta natural ao medo não é o suficiente, como proceder? A crise do espaço público reflete crises maiores, e uma das mais relevantes é a da estrutura social. Fica evidente a necessidade de se intervir não apenas morfologicamente, não acreditar que tijolos fazem milagres, mas conceber projetos para comunidades ativas e ativá-las, estruturar, regulamentar e integrar. Nesse sentido, são tomadas duas premissas: o desenho urbano acadêmico e o projeto atuante em fragilidades sociais não se anulam, ao contrário, é o casamento das duas disciplinas que permite mudanças embasadas em estrutura e autonomia. A segunda premissa é respaldada pelo fato de que o projeto de arquitetura e urbanismo não deve ser lido como um produto final e sim um catalisador que ao assumir seu papel como processo, deve abrir-se para a liberdade do usuário em

interferir, permitir e induzir um ser ativo, desde crianças a idosos. A partir dessas reflexões, o projeto busca a conciliação entre o Estado, Instituições e comunidade para responder a questão inicial do medo. Acredita-se que a transformação e requalificação permeiam diversas disciplinas. Para tanto, propõem-se mudanças a curto, médio e longo prazo, em escala de planejamento, desenho urbano e táticas de conscientização e ativação social com objetivo de reconhecimento, empoderamento e transformação a partir do programa gerado pela avaliação pós-ocupacional, roda de conversa e intervenções táticas. Propondo anexos para maior integração do construído ao novo, tanto fisicamente quanto ideologicamente. Ao final da concepção projetual, houve uma caminhada exploratória para apresentar o projeto à comunidade com dinâmicas e conversas educativas a respeito da responsabilidade individual quanto ao espaço público. Orientadora: Patrícia Silva Gomes Banca: Liza Andrade, Paulo Tavares e Vânia Loureiro


Imagens fornecidas pela autora.

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Imagens fornecidas pela autora.

casa brasileira centro brasileiro de cultura e encontros no japĂŁo

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Juliana Jenkins A relação entre Brasil e Japão se iniciou com o começo da imigração japonesa em território brasileiro em 1908, 110 anos anos atrás. Desde então, as duas culturas, tão diferentes e tão opostas, começaram a se interligar. Conhece-se muito o fruto dessa conexão aqui no Brasil, mas raramente falamos sobre os efeitos dessa mistura no Japão. O Japão é a terceira nação com maior número de brasileiros fora do país, muitos deles descendentes de japoneses, que imigraram à procura de uma melhor qualidade de vida. Ocupando cargos negados pela população japonesa, é comum sofrerem preconceito e dificuldade de se integrar à comunidade nipônica. Dentro deste cenário, a Casa Brasileira surge como um espaço para servir de ferramenta aos brasileiros residentes no Japão. Ao escolher ver as diferenças entre as duas culturas como algo positivo - onde os dois opostos se atraem -, a Casa é um um espaço de fortalecimento social da comunidade brasileira no Japão e uma possibilidade de reunir as duas culturas em um espaço onde ambas têm a mesma força e a mesma oportunidade de se expressar. Uma reunião de hábitos e crenças sob um mesmo teto, sem discriminação ou rejeição. Um lugar onde as duas culturas e uma terceira, criada pela

união delas, possam “se sentir em casa”. Ao pensar o espaço físico que a Casa iria ocupar, rapidamente percebeu-se que esse ambiente deveria ser composto por 4 elementos, sendo 3 principais e um secundário. Um seria o elemento com referência maior ao Brasil, o outro ao Japão e um terceiro sendo a união dos dois. O quarto elemento seria encarregado do espaço em que essa aproximação aconteceria. Assim nasceu a casa fechada, a casa aberta, a união e o jardim. Tanto a colocação desses elementos no lote, quanto a própria arquitetura desenvolvida para cada um dos elementos partiu de uma particularidade do terreno: os dois acessos ao lote, com duas escalas distintas. De um lado temos uma via local, pequena e menos movimentada, e do outro uma via com grande papel conectivo na cidade. No acesso local, colocou-se o elemento introspectivo, no acesso mais exposto à cidade, colocou-se o elemento extrovertido. Casa Fechada: é o polo introvertido, contido, fechado em si. A distinção entre externo e interno é clara, como também é a distinção entre o que é nacional e o que é de fora. A aparência impermeável do edifício, no nível acima do solo disfarça o acesso ao interior do espaço que se dá através de um jogo de planos de

sua casca rígida. Essa espécie de impermeabilidade representa a dificuldade de adentrar uma cultura e as barreiras culturais entre países. Casa Aberta: é o polo extrovertido, expansivo e convidativo. A distinção entre o externo e interno não é clara. O edifício convida o externo a adentrar aquele novo terreno. Convida tanto o local como o estrangeiro a estarem ali. O edifício se comporta como uma espécie de convite que suaviza barreiras culturais e possibilita a interação entre o que está dentro e o que está fora. Jardim: é onde a atração dos opostos acontece. Ele é o vazio e o cheio entre os pólos. Ele simboliza tanto o vazio, a separação, como também aquilo que os conecta, a natureza. Edifício da União: é o ponto médio entre os opostos. É o momento em que eles se encontram e onde há forças iguais dos dois lados. O elemento escultural que marca a entrada reflete a abertura da casa aberta, enquanto o programa no subsolo retoma ideias da casa fechada.

Orientador: Ricardo Trevisan Co-Orientadora: Maria Cláudia Candeia Banca: Augusto Esteca, Eurípedes Afonso e Gabriel Solorzano 37


sede da google em milão

Luíza Solano de Carvalho Com a finalidade de criar um campus para a Empresa Google, tendo estudado o conceito e história da mesma, Milão foi escolhida como cidade anfitriã. Milão, com sua característica de destaque na moda e design, é também promotora do tempo arquitetônico e artístico, Futurismo. Este tempo remete a essência da Google no sentido vanguardista de pensar. Sempre com ideias diferentes e revolucionárias, trazendo não só para a gestão empresarial, mas também para o meio ambiente de trabalho, cheio de cores e formas que incentivam e despertam a criatividade dos funcionários. Com o programa de necessidades da empresa, seu conceito e semelhança de ideias, o projeto foi concebido com essência na arquitetura futurista, remetendo aos princípios de Sant’Elia e seu pensamento vanguardista e revolucionário. O terreno escolhido foi nomeado como “porta da Itália para o mundo”, onde está disponibilizando seu espaço para novas ideias e projetos não convencionais. A proposta é utilizar desta “liberdade” e criar uma Sede de destaque e inovação dentre as já existentes. O projeto seguiu a forma que a 38

empresa funciona. Não houve setorização, nem hierarquização dos espaços. Os ambientes são livres ao acesso de quem ali trabalha e de uso cooperativo. Também foram pensados os ambientes próximos que atendam a equipe, como cozinhas, refeitórios e áreas de lazer, facilitando seu uso e dinamizando os espaços. Além disso, o edifício promove a experiência dos visitantes conhecerem o mundo Google, com atividades que incentivem a criação, o estudo e a integração das mesmas. Metade do edifício foi dedicada à capacitação da população, cultura e entretenimento. A Google é uma empresa que é responsável por conectar dados, interligar informações, com isso conectando pessoas em todo o mundo. Sua sede não poderia ser diferente. Foi feito um estudo de uma forma que se inspirasse na cidade de Milão, que representasse essa “conexão” da Google, e que gerasse uma forma inovadora e tecnológica. A linha metropolitana foi inspiração para o projeto, suas linhas que conectam pontos turísticos, casas, empresas, que conectam pessoas, foi a solução para idealizar o partido arquitetônico do edifício.

O compilado de linhas deu origem aos eixos centrais dos grandes blocos formados pelo partido. Além do conceito conexão que deu origem ao partido do edifício, a temática tecnológica foi inspiração para as fachadas, mobília, paginação de forro, paisagismo e a toda parte criativa do projeto. Para remeter à tecnologia, o processo criativo foi baseado no desenho dos circuitos impressos gravados nas placas mãe de computadores. Os desenhos são filamentos de cobre que levam energia para os diversos equipamentos presentes na placa. Usando-se dessa utilidade, o mesmo desenho teria a função de conectar as fachadas, deixando o edifício com sua forma integrada e única. Dessa forma, o princípio de não hierarquização da empresa seria mantido ao ponto de que todos os ambientes e andares seriam unidos e sem distinção de relevância.

Orientador: Eliel Américo Silva Banca: Carolina Pescatori, Juan Carlos Guillén, Márcia Urbano Troncoso e Neusa Cavalcante


Imagens fornecidas pela autora.

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hydropolis museu interativo

Pedro Muza 40


Imagens fornecidas pelo autor.

Tendo o panorama de escassez de água em uma escala global, o projeto nasce da ideia de que medidas socioeducativas são um dos pilares de uma população mais consciente dos desafios de preservar este recurso natural. A proposta une lazer à educação ambiental, envolvendo o visitante em uma experiência multissensorial de intuito lúdico e dinâmico. O partido arquitetônico materializa os conceitos de fluidez e força da água juntamente com o conceito de biofilia. Assim, por se tratar de uma área sensível à implantação, o desenho do edifício considera a necessidade de preservar manchas de vegetação natural, assumindo formas compactas articuladas em um percurso sinuoso e mimético. O visitante é convidado a trilhar esse percurso às margens do Lago Paranoá onde intercalam-se volumes que contrastam com o cerrado circundante. Nesse sentido, ao criar esse contraste entre espaços, o museu ganha dimensões para além de suas áreas de exposição, instigando o visitante a uma reflexão sobre o ambiente construído e a paisagem natural.

Orientadora: Raquel Blumenschien Banca: Augusto Esteca, Cláudia Garcia e Caio Frederico e Silva 41


complexo religioso santuário do santíssimo sacramento

Raquel Dias Guedes O edifício religioso contemporâneo demanda cada vez mais espaços diversificados para desempenhar todas as suas atividades. Diante disso, este projeto para Santuário do Santíssimo Sacramento busca oferecer espaços amplos e flexíveis para a reflexão. A intenção da composição geral foi de sintonia entre a natureza e a geometria. Os eixos e volumes definem a composição geral da implantação. Toda área de apoio está no subsolo e os únicos 42

volumes no térreo são a capela maior e o campanário. O posicionamento assimétrico da capela maior permitiu o alinhamento com os eixos dos subsolo assim como conferiu sua maior contemplação de onde encontra-se o espelho d’água e o muro de contenção dos patamares gramados. O volume é contido e fechado, apesar disso as paredes são em balanço e afastadas do piso da nave, isso fornece uma boa ventilação e entrada

de luz natural, assim como abriga os acessos secundários (rampa e escadas). O aspecto contido da capela maior se repete nos espaços de apoio do subsolo. Um painel de pilares de madeira faz o fechamento do corredor em frente à igreja, enquanto os adjacentes possuem paredes cegas, excluindo apenas o salão para eventos, onde pode-se abrir todas as portas e criar uma atividade integrada com a praça principal. Essa atmosfera desliga


Imagens fornecidas pela autora.

o usuário do ambiente externo, permitindo espaços com qualidades variadas. Nos ambientes externos, essencialmente contemplativos, os patamares gramados recebem sombra em parte do ano, podendo ocorrer reuniões informais ou apenas a contemplação dos jardins lineares. A área de pilotis, abaixo da capela, é um local protegido de chuva e sol e útil para reuniões, almoços comunitários ou palestras no tablado de madeira. Possui um depósito de apoio à liturgia e banheiros, além disso, a parede suspensa emoldura os jardins já citados, criando outra forma de contemplá-los. A praça principal é uma ampla área para festas que acontecem cada vez mais no âmbito da Igreja Católica. Os espaços externos também oferecem, na parte posterior do terreno, um altar externo para missas campais, além de

toda cobertura gramada acima da área de apoio, que age como um mirante de contemplação da Escala Bucólica. O eixo principal do projeto (passarela) dá acesso à capela maior e faz o alinhamento entre esta e a capela de adoração, situada no subsolo, e também une os volumes em destaque – capela maior e campanário. Este último marca o acesso ao conjunto, seja pela passarela ou pela rampa de acesso ao subsolo. Os projetos religiosos permitem refletir a sensibilidade do espaço e como a geometria influencia na sua apreensão e cria uma identidade para ele. Este projeto não se trata apenas de um edifício para uma instituição religiosa, é uma oferta de espaço público, que assenta uma relação forte com o local, fortalecendo o espírito do lugar, uma verdadeira celebração a natureza.

Orientador: Eliel Américo Silva Banca: Carolina Pescatori, Juan Carlos Guillén, Márcia Urbano Troncoso e Neusa Cavalcante 43


arqui #10

tema

espaços da espiritualidade e da cultura Espaços culturais e religiosos se apresentam como locais para preservação e divulgação de práticas culturais e espirituais de grupos diversos, mas também se manifestam como locais para encontro, trocas de experiências e aproximação com visões de mundo distintas. Os trabalhos apresentados no primeiro semestre de 2018 evidenciam as preocupações com a temática da cultura e da espiritualidade através de abordagens distintas: como discussão sobre espaços museológicos e suas estratégias expositivas, como criação de espaços culturais para ensino e divulgação de práticas artísticas, como local de preservação de patrimônio histórico e de referências culturais. Porém, o que permeia todos os projetos é o entendimento dos espaços de cultura como o local do encontro e da construção do conhecimento. São dez os projetos que trabalham com a temática e os autores dos projetos apresentados nessa seção são:

Bruna Bacelar Pontes Melo Danillo Alves Arantes Felipe Alves de Carvalho Lopes Maycon Moreira dos Santos Sarah da Silva Almeida Talita Xavier Maboni

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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centro cultural de brasília Bruna Bacelar Pontes Melo O Centro Cultural de Brasília surge com o papel de valorizar o desenvolvimento artístico e cultural da cidade, estimulando a troca de conhecimento das diversas artes por meio de aulas, eventos e de acervos teóricos. Buscou-se como parâmetro para o desenvolvimento do projeto características marcantes das artes, como a permeabilidade, o jogo dos cheios e vazios, de luz e sombra, o ritmo e, principalmente, a integração; a qual reflete uma peculiaridade existente das artes, a sua capacidade de unir diferentes pessoas em um único propósito. O projeto situa-se na 606 Norte e promove a conexão da L2 com L3 Norte para os pedestres, integrando também o espaço com a UnB e os demais centros de ensino da região. A proposta surgiu com o estudo de um Diagrama de Hierarquização Funcional, o qual setorizava o complexo de acordo com suas funções e necessidades. A partir desse estudo foi definida uma praça central, a “Praça das Artes”, para integrar as três edificações que compõem o projeto e abraçam a praça. Os três edifícios são o Auditório, com palco reversível; o Bloco Cultural, concentrando atividades de dança, teatro, biblioteca e atividades administrativas e, por último, a Escola de Música.

Orientadores: Raquel Blumenschein e Bruno Capanema Banca: Caio Frederico, Érica Mitie, Gustavo de Luna e Thiago Pacheco 45


cinema, espaço público e o efêmero

espaços para a 43ª mostra internacional de cinema de são paulo Danillo Arantes É inegável o impacto dos grandes festivais de cinema nas cidades, que carregam nomes. Modificam a realidade local não só com as atividades realizadas durante o evento, mas também na vida da própria população local. A realização de eventos como tais têm aumentado gradativamente e surgido por todo o mundo, inclusive no Brasil, como reflexo também do interesse e aumento do consumo e produção de produtos audiovisuais. Criada, em 1977, pelo Crítico Leon Cakoff, programador de cinema do MASP, a Mostra tornou-se ao longo dos anos uma das principais janelas do Brasil para o cinema mundial. A proposta do projeto aqui apresentado passa a ser, então, a expansão do evento para toda a cidade. Tendo a Avenida Paulista como centralidade do evento, a ideia foi propor o uso de três edifícios referenciais como “centros da Mostra” – MASP, MIS e a Cinemateca Brasileira) –, associados à praças espalhadas pela cidade e a pequenos estúdios levados às escolas da periferia. Tudo integrado por meio de linhas de transporte (efêmeras e permanentes), ferramentas de informação e pavilhões efêmeros. São Paulo, o cinema nacional e internacional, arquitetura, design e urbanismo integrados em um único projeto capaz de discutir questões antigas de ambos os meios: a sétima arte e o uso da cidade. 46

Orientadora: Luciana Sabóia Banca: Bruna Kronenberg, Orlando Nunes, Patrícia Gomes e Vânia Loureiro


central do lazer e da cultura do guará Felipe Alves de Carvalho Lopes O projeto surge como uma praça sobre o terreno, localizado na avenida Contorno em frente à estação de metrô Guará, ele é inserido como uma extensão do seu entorno e um convite a suas atividades. O centro cultural, contendo térreo livre e três pavimentos superiores mantém sua relação com o entorno imediato, mesclado entre residencial e comercial. O térreo livre funciona como uma praça servindo como o maior atrativo ao edifício, por meio de sua paginação de piso que se estende como dois braços a buscar o pedestre e o convida a usufruir de suas atividades. O edifício é conformado por duas alas laterais com um átrio em seu centro e é conectado por passarelas. Suas atividades são distribuídas em torno desse átrio e, gradualmente, ao longo dos pavimentos de acordo com o nível de atração do público. Dentro de um grid de 12 m x 12,85 m, o térreo do prédio é elevado 4,5 metros contando com duas linhas de pilares principais, partindo do térreo até a cobertura, que sustenta um jogo de vigas de 2,2 metros de altura, foi adicionado duas linhas de pilares secundários para dar suporte ao primeiro e segundo pavimento, o terceiro pavimento é sustentado por cabos de aço acoplados às vigas de cobertura. A primeira laje e a cobertura sobem mantendo a projeção do terreno de 90 m x 60 m, o segundo e o terceiro pavimento sofrem recuos de 6 m e 12 m respectivamente para melhor se adaptar à insolação, e para filtrar a quantidade ideal de sol e conformar a fachada do centro cultural é envolvida por uma pele metálica alaranjada, tridimensional, perfurada que aumenta a translucidez a medida que recebe menos insolação.

Orientador: Oscas Luis Ferreira Banca: Ana Zerbini e Maribel Aliaga 47


complexo cultural santana das antas Maycon Moreira dos Santos Moldado no conceito de um grande playground, nasce o Complexo Cultural Santana das Antas. Na procura de um espaço destinado à prática das artes e do encontro comunitário pensa-se em um local livre de regras, diferente, único e versátil. O Complexo Cultural abriga a Escola de Dança Municipal, a Escola de Artes Oswaldo Verano, Escola de Teatro, Escola de Música e a Biblioteca Municipal. Pensado em 3 diferentes níveis temos demarcado o grande cubo playground com as passarelas, a praça, parque e o subsolo. O programa de necessidades se revela totalmente versátil e livre de restrições, nada é destinado ao único uso, todos os espaços são ocupados pelos próprios usuários. Todas as funções se entrelaçam em único fim: um espaço dinâmico e aberto à imaginação do público. Nesta arquitetura o projeto nunca termina, as ideias estão constantemente em uso, ao longo de toda vida o prédio é modificado e ocupado diferentemente pela diversidade de cada ser, uma experimentação permanente, partindo de um conceito para todo o resto. No subsolo encontram-se as atividades específicas, biblioteca, salas de audiovisual, teatro de bolso, salas de aula, apoio e administração, mesclados aos largos corredores-galeria e aos ateliês versáteis que se abrem e se fecham conforme a necessidade. O acesso a esse nível se dá por uma grande rampa imponente e demarca muito bem o fim que se destina; jardins abertos ao nível da praça fazem a ligação do exterior com o interior. 48

Orientador: Eliel Américo Banca: Carolina Pescatori, Márcia Trancoso e Neusa Cavalcante


centro cultural lelé ressignificando a casa dos arcos Sarah da Silva Almeida Renomado arquiteto brasileiro, João Filgueiras Lima, Lelé ficou mais conhecido pelos projetos da Rede de Hospitais Sarah Kubitschek, entretanto, suas obras se estendem por todo o país e, provavelmente, muitas ainda passam despercebidas para aqueles que as percorrem. A residência Nivaldo Borges faz parte do rico repertório do arquiteto e arquitetura brasiliense. Também conhecida como Casa dos Arcos, ganhou esse nome pelo sistema construtivo escolhido, de arcos e abóbada, feito em tijolo cerâmico. O projeto é fruto da amizade do arquiteto com um expansivo advogado pernambucano, o Nivaldo. A casa, de 2000m², refletia os gostos do proprietário e sua necessidade de espaço para criar seis filhos. Várias são as justificativas para a proposta de transformar o local em um centro cultural. Entre elas, destaca-se a própria vontade da família. Segundo o filho Nelson Fonseca: “Não queremos que alguém compre apenas pelo valor imobiliário. Nosso sonho é que o local seja transformado em um centro cultural. A proposta arquitetônica do Centro Cultural Lelé teve como base a ideia de destacar a obra de Lelé, transformando a Casa dos Arcos em um local público que pudesse contribuir para a vida cultural de Brasília. As transformações propostas visaram a mínima interferência possível na casa e tentando sempre serem visualmente distinguíveis do projeto original.

Orientador: Maria Cecília Filgueiras Banca: Joara Cronemberger, Oscar Luis Ferreira e Paulo Tavares 49


arqui #10

sentido kalunga arquitetura como instrumento de qualificação do espaço turístico Talita Xavier Maboni Por ser a portaria de entrada para diversas cachoeiras e devido à sua especificidade natural e singularidade cultural, o Engenho II, comunidade pertencente ao Quilombo Kalunga, em Goiás, tem no ecoturismo uma importante fonte de renda e precisa ser bem estruturado para receber a atividade, entretanto, a infraestrutura existente ainda é muito precária. Na busca de uma arquitetura que garanta a sustentabilidade em todos os seus aspectos foi proposta a criação de um Centrinho Cultural que materialize a história e o modo de vida Kalunga em infraestrutura que incentive o turismo cultural na comunidade, desafogando o ecoturismo concentrado nas cachoeiras do território. Delimitou-se um núcleo de intervenção que conecta elementos comunitários já existentes com os propostos, além de qualificar áreas verdes com intervenções paisagísticas. O Centrinho é voltado para o turismo e cria um circuito entre as edificações tais como o Espaço da Memória Kalunga, a Casa de Farinha, de algodão e cana, o parquinho, a feirinha e a loja de produtos quilombola, o palco para apresentações culturais, a biblioteca comunitária, o novo CAT e a réplica da casa Kalunga. Com isso, espera-se que não apenas o território se altere com a readequação do espaço e a instalação de equipamentos comunitários, mas que os laços entre os moradores sejam restabelecidos e reforçados, unindo mais ainda a comunidade a partir do processo participativo. 50

Orientadora: Liza de Andrade Banca: Caio Frederico e Silva, Luciana Sabóia, Luiz Sarmento e Paulo Tavares


tema

espaços do cuidar e do educar Espaços da saúde e escolares exigem um programa complexo e uma rigorosa atenção às normas técnicas e às especificidades de cada uso. Não significa, no entanto, que a sensibilidade projetual do arquiteto para com os usuários e para com a comunidade sejam colocadas em segundo plano. Os projetos apresentados com a temática do cuidar e do educar evidenciam a necessidade de se pensar os espaços da saúde e do aprendizado com olhos sensíveis para aqueles que usam o espaço e para a inserção do projeto na cidade, embora tenham programas específicos e distintos: campus universitário, escolas e creches infantis, escola de dança, centro profissionalizantes, laboratórios de pesquisa, hospitais e centros de práticas psicoterapêuticas. Os autores dos projetos apresentados nesta seção são:

Fernanda Reis Ribeiro Flávia de Souza Meireles Gabriela Reis Garcia Jordana Nascimento Almeida Julia Resende Kanno Mariana Verlangeiro Vieira Mayanna Rebello Nogueira Tiago Nunes do Carmo Vanessa de Andrade Souza Vitor Ramos de Quadros

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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estação das artes intervenção na estação ferroviária de brasília Fernanda Reis Ribeiro Ponto de entrada de Brasília e a primeira visão da capital para muitos que chegavam à cidade, a Estação Ferroviária de Brasília teve grande importância na configuração da cidade. Lúcio Costa posicionou a estação na extremidade oeste do Eixo Monumental e em seu ponto mais alto, local depois modificado, mas que visava atender a logística militar e o abastecimento da cidade. Em 1970, Oscar Niemeyer projetou a Estação Ferroviária dentro da perspectiva da arquitetura modernista: um edifício de volume horizontal sob pilotis. A inauguração ocorreu em 1976, e o lugar permaneceu fechado até 1981 quando o governo do DF passou a utilizá-la como rodoviária Interestadual. O Edifício foi desativado em 2010, quando foi inaugurado um novo edifício para a Rodoviária Interestadual. Dessa forma, este trabalho propõe que o Parque Ferroviário, volte a abrigar um terminal de passageiros, devido aos projetos dos trens Brasília-Luziânia e Brasília-Anápolis-Goiânia. Além disso, para melhor aproveitar a localização e a facilidade de acesso, propõe-se um campus da Escola Superior de Artes, pertencente à futura Universidade Regional de Brasília e Entorno (URBE). Denominado de Estação das Artes, o edifício se conecta com a estação de metrô do eixo monumental por meio de um edifício passarela. 52

Orientadora: Luciana Saboia Banca: Mário Pacheco, Orlando Nunes, Patrícia Gomes e Vânia Loureiro


en.tre espaço de apoio psicossocial Flávia de Souza Meireles O en.tre é um espaço de apoio psicossocial voltado ao tratamento e acompanhamento clínico de pessoas que sofrem de algum distúrbio de cunho psicológico. A localização é a SGAS 606 Brasília-DF/Brasil, para possibilitar que uma maior quantidade de pessoas usufrua do espaço, vide a conectividade das linhas de transportes públicos do entorno com o Plano Piloto. No intuito de produzir uma arquitetura de cunho hospitalar menos gélida e mais inclusiva, surgiu o conceito do projeto, o en.tre, que sugere a ideia de convite para a cidade usufruir do espaço criado; e também indica a relação entre cidade x paciente x espaço de tratamento, que sempre foi uma ponto delicado em instituições de acolhimento de pacientes com transtorno mental. Com o intuito de fortalecer o convite para a sociedade usufruir do espaço criado, a arquitetura do edifício foi pensada para garantir permeabilidade visual e espacial, juntamente com uma conexão eficiente entre os diversos setores do projeto. O en.tre também está presente na relação entre o edifício e a natureza, uma vez que ela é fundamental no processo de humanização do espaço, criando dessa forma promenades agradáveis ao usuário no decorrer do projeto.

Orientadora: Ana Paula Campos Gurgel Banca: Carlos Henrique Magalhães e Maria Cecília Gabriele 53


hospital oncológico Gabriela Reis Garcia O projeto Hospital Oncológico nasce da demanda crescente pelo atendimento especializado no Distrito Federal. Humanização, flexibilidade e eficiência, são conceitos que dão base à arquitetura moderna do complexo. Localizado na península do Lago Norte em Brasília, local atrativo paisagisticamente, a forma do projeto abraça o lago aproveitando ao máximo o seu visual. Assim, respeitando o bairro residencial, integra de maneira acolhedora o estado da fragilidade humana com a natureza e estilo arquitetônico brasiliense. O uso de elementos como pilotis, cobogó, brises, mezanino e jardins sustentam a proposta. Com 92 leitos, 4 salas de cirurgia, 3 salas de radioterapia e 20 poltronas para quimioterapia, o projeto tem potencial para atender cerca de 20% da demanda anual de tratamento da doença. Possui uma estrutura de diagnóstico completa para os exames, salas de imagem, laboratórios específicos, e 22 consultórios para áreas diversificadas de acompanhamento. O projeto cumpre com o objetivo de buscar atendimento completo para o câncer em um ambiente integrador que reforça positivamente a busca da saúde e fortalecendo com eficaz controle de fluxos de funcionários, pacientes e visitantes. 54

Orientador: Frederico Flósculo Banca: Carlos Eduardo Luna, Erica Umakoshi e Ivan do Valle


centro de ensino fundamental praça do recanto Jordana Nascimento Almeida O projeto do CEF (Centro de Ensino Fundamental) localiza-se na Região Administrativa Recanto das Emas (RA XV, DF), próximo ao centro urbano da cidade. A região possui uma alta demanda de escolas e de espaços de vivência públicos. Em razão disso, a inclusão da comunidade e espaços abertos ao público no ambiente escolar foram os princípios norteadores do projeto. Juntamente ao projeto arquitetônico é elaborada uma reestruturação da praça vizinha ao lote, diversificando suas atividades, de forma que ela se integre à escola por uma via exclusiva de pedestres e seja um espaço de livre uso da comunidade. A conexão entre o CEF, a comunidade e o seu entorno imediato parte do princípio de que o edifício se destaque no contexto urbano, tanto pelo caráter social inclusivo, quanto pela arquitetura, que segue as linhas gerais da cidade (gabarito predominantemente horizontal e materialidade) mas que se diferencia das demais escolas pela permeabilidade, marco visual e qualidade de permanência. Dessa forma, o foco principal do CEF é ser mais que uma escola, é ser um espaço de vivência com atividades variadas ao alcance de públicos diversos. É, portanto, um espaço urbano que estimula o seu uso pela população da cidade como um todo.

Orientadora: Ana Carolina Sant’Ana Banca: Ana Clara Giannecchini, Cynthia Nojimoto, Ivan do Valle e Maria Cecília Gabriele 55


instituto do câncer Julia Resende Kanno O Instituto do Câncer é um centro de referência em Oncologia com 434 leitos, sendo 66 leitos de UTI, localizado em um terreno em Ceilândia de aproximadamente 92.000m². O acesso principal foi determinado pela avenida menos movimentada, dispondo o Bloco Principal, onde encontra-se as principais atividades de atendimento aos pacientes externos como: quimioterapia, radioterapia, diagnóstico por imagem, consultórios e emergência. Ao centro do terreno, temos o Bloco Centro Cirúrgico/UTI, de forma que fosse fácil o acesso a todas as demais áreas do hospital. Conectado a ele, temos o Bloco de Internação dividido entre Clínica Cirúrgica, Clínica Médica e Pediátrica. Temos ainda ao norte, o Bloco de Apoio Técnico com acesso independente e restrito, e ao sul, temos o Bloco Administrativo e de Ensino e Pesquisa. O hospital foi pensado em como humanizar os ambientes para trazer menos “traumas” e contribuir para a recuperação dos pacientes enfermos e dos familiares que os acompanham. Assim, o Bloco da Internação foi projetado com solários para os pacientes apreciarem o horizonte cercados por vegetação, criando um microclima agradável e saudável. 56

Orientador: Frederico Flósculo Banca: Carlos Eduardo Luna, Érica Umakoshi, Ivan do Valle e Jesiel Amorim


colmeia uma proposição de arquitetura efêmera, modular e adaptável Mariana Verlangeiro Vieira O projeto, fundamentado no modelo orgânico de organização de abelhas, baseia-se em composições a partir de módulos básicos (escala macro), categorizados como essencial, de banheiro e de infraestrutura, de acordo com sua finalidade. O tamanho destes módulos levou em consideração as possibilidades de transporte, já que podem ser pré-montados, ou montados in loco, a partir de elementos pré-fabricados. As articulações dos módulos dependem do programa de necessidades em questão. Estes módulos, por sua vez, são compostos por elementos arquitetônicos (escala meso), dos quais destacam-se painéis, pilares, conectores, etc. Estes elementos variam de acordo com aspectos topográficos e bioclimáticos. O mobiliário modular (escala micro) é responsável pelo melhor aproveitamento dos espaços internos. Voltado especificamente à área de pesquisa no departamento de biologia, o estudo de caso deste projeto, ao levar em consideração as particularidades locais, organiza-se em composições arquitetônicas específicas: os “Favos” (com dormitórios, banheiros, infraestrutura e um pequeno espaço de vivência); e a “área comum”, com cozinha, mini laboratórios, área de serviço, enfermaria e infraestrutura.

Orientadora: Maria Cecília Gabriele Banca: Joara Cronemberger, Patrícia Garcia, Paulo Tavares e Oscar Ferreira 57


semear

espaço intergeracional Mayanna Rebello Nogueira O que uma criança e um idoso podem oferecer um ao outro se eles tiverem a chance de conviver? Constata-se, nas sociedades atuais, um aumento da população idosa, requerendo medidas que valorizem a terceira idade, iniciando-se pela forma educacional de ver e compreender o idoso. As atividades intergeracionais surgem como uma dessas medidas pois o convívio da criança desde cedo com esse grupo possibilita a troca de conhecimentos, construção do respeito e melhoria das relações sociais entre eles. Assim, a criação do espaço intergeracional Semear tem o objetivo de unir em um único conjunto arquitetônico duas importantes gerações. O projeto arquitetônico prevê uma atmosfera lúdica, com espaços arejados, disposição dos setores de forma objetiva e com fluxos bem definidos. A partir da entrada principal, o público infantil é direcionado para a escola e os idosos para o centro de convivência. Cada público volta a se encontrar no espaço central onde ocorrem as atividades intergeracionais. Foram utilizados sistemas para captação de água de chuva e painéis solares visando a racionalização de recursos. As áreas verdes foram mescladas com os espaços construídos trazendo conforto visual e térmico, além de propiciar espaços de encontro e lazer. O conforto térmico também passa pelo cuidado com a insolação direta em fachadas mais críticas, uso de ventilação cruzada e pelo bom aproveitamento da luz natural. Com relação ao edifício, optou-se por uma arquitetura ortogonal em concreto com uso de platibanda e marquise para harmonizá-lo com as tipologias edilícias locais. 58

Orientadora: Maria Cecília Gabriele Banca: Ana Paula Gurgel, Carlos Henrique Magalhães e Oscar Ferreira


vila-escola piriá

uma abordagem sustentável para o espaço do ensino sobre as águas Tiago Nunes do Carmo Seguindo três etapas metodológicas, onde na primeira obteve-se, a partir de levantamento bibliográfico o encontro e envolvimento com os temas relacionados a identidade amazônica marajoara, diretrizes para a escola do campo e na região do Marajó, assim como um forte encontro com a identidade local; seguindo para o diagnóstico que se deu pela análise das dimensões da sustentabilidade, dentro dos temas abordados pelo grupo de extensão Periféricos, pela avaliação dos edifícios escolares existentes na comunidade do Piriá e entrevista com moradores, alunos e professores; obtendo-se padrões que buscassem atender as demandas encontradas, para a proposição de um desenho urbano capaz de envolver as dimensões ambientais, econômicas, sociais e culturais e o fomento para uma estrutura que possa auxiliar no desenvolvimento de uma educação para o território. Obteve-se como resultado uma proposta arquitetônica que envolveu intervenções nos dois edifícios escolares em uso e a quadra esportiva existente, traçando, além de diretrizes para um sistema de infraestrutura envolvendo diretamente benefícios para a água do Rio Piriá, um percurso estendendo-se no objetivo de valorizar as técnicas de construções encontradas no local, a memória e cultura da região e o abastecimento de equipamentos urbanos que possam servir para a comunidade como locais de vivência, lazer e troca de saberes, podendo-se estruturar o local como Vila-Escola.

Orientadora: Liza de Andrade Banca: Caio Frederico e Silva, Luciana Saboia, Luiz Sarmento e Paulo Tavares

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hospital maternidade do gama Vanessa de Andrade Souza O projeto possibilita, através de seu programa, todo o apoio médico e psicológico à gestante: jardim para deambulação e solário completam o cuidado no parto. O edifício cumpre o desafio de ao mesmo tempo oferecer segurança à mãe e ao bebê e de provocar nos visitantes a sensação de pertencimento através de seu exterior que conversa com a paisagem. A estrutura física do Hospital Maternidade exigiu a maior flexibilização possível tanto de instalações quanto de layout, para isso, foi seguida uma modulação que permite a alteração dos espaços e materiais que promovem assepsia e transmitem conforto às parturientes. Brises de madeira em conjunto com jardins nas varandas em balanço transmitem conforto térmico e luminoso, além de uma visual natural e agradável. O programa de necessidades compreende: Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Central de Material Esterilizado, Banco de Leite, Unidade de Terapia Intensiva neonatal, internação obstétrica e demais setores de apoio e logística do hospital. O projeto teve como referência principal a obra Ambiente de Nascer: reflexões e recomendações projetuais de arquitetura e conforto ambiental, do professor e arquiteto Fabio Bittencourt. 60

Orientador: Ivan do Valle Banca: Carlos Eduardo Luna, Érica Mitie e Frederico Flósculo


centro de capacitação profissionalizante para pessoas com deficiência Vitor Ramos de Quadros Este equipamento público foi pensado para ter caráter regional e atender a população do DF inteiro. Dessa forma, o programa apresenta duas grandes áreas relacionadas diretamente a atividades de ensino: aulas teóricas e aulas práticas. Apesar de ambas estarem relacionadas, foi entendido que suas diferenças são primordiais, principalmente tendo em vista o público atendido, merecem atenção especial e abordagens diferentes. Diretamente relacionado tanto a atividades práticas quanto teóricas, estão áreas de exposição de trabalhos e apresentações, na forma de galeria de exposição. O partido teve como base mais primordial a própria acessibilidade. o uso de rampas e passarelas foiamplamente utilizado, tanto em conexões horizontais, quanto em circulação vertical. o uso de cores, formas e texturas diferentes também foi explorado, como no jardim geométrico, o uso de variados tipos de material, em réguas coloridas em cores primárias. em composição geral, o programa dividiu o complexo em dois edifícios conectados por áreas de descanso, jardins e passarelas abertas. na fachada posterior, rampas conectam cada pavimento ao outro, em inclinações leves e amplos patamares de descanso. a orientação solar foi utilizada a favor da eficiência, utilizando-se de sheds com ventilação permanente, além de inclinações de parede que por sua orientação evitam a insolação mais intensa e abraçam a insolação mais agradável.

Orientador: Frederico Flósculo Banca: Carlos Eduardo Luna e Ivan do Valle 61


tema

espaços do morar e trabalhar Os espaços do morar e do trabalhar apresentados no primeiro semestre de 2018 refletem questões da contemporaneidade: tendências comportamentais voltadas para o fenômeno dos movimentos colaborativos e e de produção coletiva; cultura maker e opensource; esgotamentos de nossos recursos naturais e portanto na necessária reflexão sobre a produção de edificações nesse cenário; e o acesso à moradias de qualidade. Dos treze projetos desta seção, três apresentam espaços de trabalho colaborativos, cinco focam em demandas da habitação de interesse social, assistência técnica e reconfiguração de edifícios desocupados para habitação, e cinco exploram a temática da habitação com uso misto, incorporando ainda questões da sustentabilidade e acessibilidade. São autores destes projetos:

Camila Jurema Garrido Leão Débora Quinderé Cháves Lopes Fabíola Ramos da Cunha Georgia Duranda de Sá Leitão Cardoso Gisele Fernandes de Oliveira Isabela Martins Ribeiro de Paula Linda Tchinyere de Menezes de Carvalho Luiza Rita Lemos da Silva Maria Clara Filgueiras Lima Gabriele Nathália Cristina Silva Pereira

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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co.criar w2-3 sul Camila Garrido O co.criar é uma edificação com arquitetura contemporânea, novas formas de utilização e entendido como um primeiro passo na transformação e revitalização da quadra 515 Sul e da avenida W3 Sul, em Brasília. Com forma prismática retangular, o projeto apresenta coworking, oficina criativa, loja colaborativa, auditórios e um café ao ar livre destinados à economia criativa. O terreno escolhido é adjacente a um beco, normalmente dotado de empenas cegas é um espaço estreito, sem atrativos, que dificulta a permeabilidade visual e gera a sensação de insegurança para os transeuntes. A proposta busca requalificar os becos. Com fachadas ativas, aberturas voltadas para o beco, iluminação e diferentes usos, o projeto busca transformá-lo em um espaço de permanência e passagem atrativo, seguro e iluminado. É buscando conectar a avenida W3, a via W2 e o beco que surge o edifício do co.criar. Com térreo sob pilotis, os conceitos troca, integração e permeabilidade se materializam em um espaço amplo, destinado aos diversos profissionais criativos. O projeto busca transformar a quadra 515 Sul, priorizando os pedestres e retomando o uso da avenida W3 Sul com qualidade, buscando um aumento da urbanidade.

Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Augusto Esteca, Eurípedes Afonso, Gabriel Solórzano e Maria Cláudia Candeia 63


ocupação de edifícios abandonados em áreas centrais uma cartilha de orientação Débora Quinderé Chaves Lopes Entende-se que a habitação adequada está diretamente relacionada à configuração do espaço urbano na qual está inserida. Portanto, é importante o questionamento sobre as políticas públicas habitacionais que produzem moradia alheia à dinâmica urbana existente privando parte da sociedade do direito à cidade e à moradia digna. Nesse sentido, o trabalho busca dar uso a edifícios abandonados nos centros urbanos que não cumprem sua função social determinada pelo Plano Diretor como prevê o Estatuto da Cidade. Assim, a associação do direito a cidade e a moradia é fundamental para o entendimento da necessidade desse tipo de projeto para os habitantes, à medida que visa a garantia de dignidade e acesso à cidade e seus serviços. Objetivo principal deste projeto de Diplomação é desenvolver uma cartilha de orientação para movimentos sociais se informarem sobre situações de ocupação de edifícios abandonados. Temos a transformação do Torre Palace Hotel em habitação de interesse social como a aplicação desta cartilha. Essa transformação demonstra a possibilidade de empreendimentos de recuperação de edifícios abandonados destinados à moradia de baixa renda a partir do aproveitamento de estrutura e infraestrutura já existentes. 64

Orientadora: Liza de Andrade Banca: Patricia Gomes, Paulo Tavares e Vânia Loureiro


hiszeb habitação de interesse social de balanço energético nulo Fabíola Ramos da Cunha O projeto HISZEB localiza-se em Nerópolis, cidade do interior de Goiás que faz a ligação entre os dois maiores pólos econômicos do Estado, Anápolis – Goiânia. O bairro no qual se insere é destinado à habitações de baixo custo, fazendo parte do Programa Minha Casa, Minha Vida. Visto que é um projeto de larga escala, tem-se o objetivo de reduzir ao máximo o impacto ambiental a curto e longo prazo, além de movimentar a economia da região, visando utilizar materiais produzidos no local. Com relação ao urbanismo, notou-se que a região possuía um loteamento impróprio, com lotes muito estreitos e quadras muito longas. Sendo assim, fez-se uma nova proposta de loteamento, com o objetivo de encurtar espaços e acomodar melhor as habitações. Tem-se ainda a proposta de uma área comum e via para pedestres para proporcionar encontros entre a população. Por sua vez, as habitações pretendem atender diversos perfis de moradores, oferecendo quatro opções em planta. Além disso, aplicou-se o conceito de ZEB, ou seja, são residências de Balanço Energético Nulo, ou seja, produzem a energia que consomem, desafogando o sistema elétrico e ajudando-o a fornecer energia para outras regiões.

Orientadora: Cláudia Amorim Banca: Cinthya Nojimoto, Cristiane Guinâncio, Joara Cronemberger e Luíza Landim Fontes 65


coworking público de brasília Georgia Durand de Sá Leitão Cardoso O objetivo desta diplomação foi desenvolver um edifício de escritórios no modelo coworking colocando em prática a definição de um ambiente de trabalho que vise o lucro, mas por meio da busca pelo bem-estar e produtividade dos funcionários que ali trabalham. Para isso, foram levados em conta fatores estudados anteriormente, tais como a configuração do layout e as barreiras visuais do espaço (por meio de análises da sintaxe espacial), as texturas, materiais e cores, a integração com a natureza e com o sistema viário existente, os métodos construtivos econômicos, rápidos e limpos e a criação de uma identidade própria, mas que respeite e enalteça a superquadra de Brasília. A principal diretriz do projeto foi a busca, por meio da arquitetura, pelo equilíbrio entre o lucro das empresas e o bem-estar dos funcionários. O meio para isso é buscar que as pessoas se sintam bem para que produzam mais. Assim, foram usados os parâmetros estudados no Ensaio Teórico “A Arquitetura e a Produtividade do Ambiente de Trabalho” - Durand (2017), segundo Evans & Cohen (1987): Estimulação, Coerência, Affordance, Controle e Restauração e segundo a Cartilha de Ambiência (2006): Morfologia, Luz, Cheiro, Som, Sinestesia, Arte, Cor, Privacidade e Individualidade e Confortabilidade. Por isso as soluções foram pensadas de modo que a construção não tenha um custo muito mais alto do que o necessário, utilizando uma estrutura modular, mecanismos que facilitem a manutenção, como shafts, forros de gesso e garantindo maior flexibilidade de usos para que a construção possa sempre se adequar às novas necessidades e demandas do mercado. 66

Orientadora: Ana Paula Gurgel Banca: Carlos Henrique Magalhães e Maria Cecília Gabriele


cohabitação regenerando o subúrbio Gisele Fernandes de Oliveira O projeto surgiu de uma inquietação com a expansão horizontal e supervalorização das áreas centrais de Brasília. Com foco no crescimento de grandes condomínios horizontais e apropriação irregular de terras, impulsionados pela busca de um estilo de vida bucólico, buscou-se chegar a uma alternativa inserida no Park Way, bairro que faz parte do plano de Brasília e dispõem de inúmera quantidade de terrenos vazios ou subutilizados. O modelo proposto de ocupação visa a utilização do máximo do potencial do bairro, intensificando a sensação de tranquilidade e proximidade com a natureza tão buscada nos subúrbios, e ainda garantindo a manutenção dos recursos naturais e valorizando o coletivo. O conforto do usuário foi priorizado, e as estratégias adotadas inseridas em sistemas que garantem a manutenção, regeneração e retroalimentação dos ciclos que compõem o viver humano: a energia, o abrigo, a água, os alimentos e resíduos. Foram aplicados sistemas de produção e redução do consumo energético, materiais naturais que atuam como reguladores hidrotérmicos do ambiente interno, sistemas de captação e aproveitamento de água, sistemas de produção de alimentos e compostagem de resíduos, entre outros, sempre buscando sobreposição dos ciclos e sua máxima eficiência. O desenho promove a integração da comunidade a fim de criar laços de coletividade e afeto, por meio do convívio e da cooperação.

Orientadora: Cláudia Amorim Banca: Cristiane Guinâncio, Joara Cronemberger, Luíza Landim Fontes e Maria Claudia Candeia 67


vila 33 habitação multifamiliar no guará Isabela Martins Ribeiro de Paula O projeto visa a criação de laços comunitários, a sustentabilidade social, e a qualidade de vida das famílias por meio da oferta de unidades habitacionais diferenciadas, da criação de espaços de convívio e da inserção de moradias de interesse social em um tecido urbano consolidado, com ampla oferta de infraestrutura, serviços e transporte. Para tanto, propõe a implantação de volumes, com alturas variadas, que distribuídos pelo terreno ao longo de eixos integradores formam espaços compartilhados, uma vila com a mesma densidade da forma de ocupação tradicional em torres isoladas do entorno. A concepção projetual teve início com o desenho das unidades habitacionais que possuem área máxima de 60m², devido às limitações orçamentárias impostas pela faixa 3 do PMCMV, única faixa possível de ser atendida na QI33 do Guará. As unidades possuem iluminação natural em todos os ambientes, ventilação cruzada e o sombreamento das fachadas dá-se através de recuos, brises e venezianas. A solução adotada para o layout interno, por sua vez, proporciona flexibilidade na organização espacial, devido à concentração das áreas molhadas em núcleo e a existência de paredes internas não estruturais. 68

Orientadora: Cristiane Guinâncio Banca: Claudia Amorim, Joara Cronemberger, Luiza Landim Fontes e Maria Claudia Candeia


casa-biblioteca habitação unifamiliar para a terceira idade em contêiner Linda Tchinyere de Menezes de Carvalho Este trabalho buscou efetuar um estudo sobre a habitação unifamiliar tendo-se como intuito a realização de um projeto residencial para um casal de idosos, professores aposentados e com um percurso intelectual. Teve-se a intenção de realizar um projeto conforme as necessidades dos clientes e de se explorar métodos construtivos alternativos e modulares: a construção com contêineres marítimos. Foi buscada também uma abordagem teórica da 3ª idade e da relação da arquitetura residencial com as atividades realizadas pelas pessoas após a aposentadoria. O idoso de hoje busca uma habitação que respeite as suas limitações quanto à acessibilidade, mas também que propicie uma vivência com autonomia e em contato com a natureza. Em resumo, buscou-se uma abordagem teórica e prática ligada à sustentabilidade, ao conforto ambiental e à acessibilidade para a concepção de um projeto residencial em contêiner numa chácara rural no Distrito Federal com foco na maior necessidade do cliente: uma biblioteca. Desta forma, teve-se o intuito de compreender as demandas reais de um arquiteto no mercado de trabalho quando se depara com a realidade de um projeto executivo e da relação arquiteto-cliente.

Orientador: Caio Frederico e Silva Banca: Eduardo Rossetti, Gustavo de Luna, Lucas de Abreu e Márcio Buson 69


retrofit arquitetônico nas 700 norte eficiência energética na escala residencial Luiza Rita Lemos da Silva Do ponto de vista de uma usuária e moradora da quadra, o objetivo foi realizar uma intervenção arquitetônica nas unidades residenciais unifamiliares que foram construídas na década de 70 e já apresentam sistemas defasados, os quais podem ser melhorados através do retrofit e de um programa de necessidades condizente com a realidade atual. Com o novo layout arquitetônico, projeto de iluminação adequado, sistema de produção de energia na cobertura e a inserção de elementos arquitetônicos e materiais adequados, buscou-se o melhor conforto dos usuários e o melhor desempenho energético da edificação, considerando estudos históricos, caracterização do setor e quadra, coleta de dados, medições in loco, simulações computacionais, referencial teórico relevante e normativas vigentes. A ampliação das casas térreas também foi posta como uma possibilidade, apresentando assim projetos de layout e fachadas para as duas condições – térrea e com segundo pavimento. Constatou-se, a partir das simulações de autonomia da luz natural, a eficiência das novas aberturas e seus respectivos materiais, em comparação com a situação do projeto original. A requalificação das áreas verdes próximas aos renques de casas geminadas também fez parte do projeto com a inserção de hortas e espaços comunitários. 70

Orientadores: Marcia Troncoso e Eliel Américo Banca: Claudio Queiroz, Oscar Ferreira e Patrícia Melasso


co.habitat

um novo modelo de habitação para a maturidade Maria Clara Filgueiras Lima Gabriele Esta proposta de um novo modelo de habitação coletiva para idosos busca respeitar sua individualidade, independência, autonomia e dignidade. Não é um asilo, mas um edifício residencial onde os moradores contam com apoio de acordo com suas necessidades, em parceria com a UnB. O modelo tem 3 instâncias que se relacionam - a residencial, a de atividades e a de saúde. A residencial cria um senso de comunidade, com tipos diferentes de apartamentos para que os residentes escolham o que melhor se encaixa com seu perfil. A de saúde foi pensada como um anexo do HUB para profissionais e estudantes da UnB, dedicado aos moradores. Também conta com áreas abertas à comunidade, para eventos educacionais e de lazer, que têm o objetivo de manter o vínculo dos idosos com a comunidade, evitando sua reclusão, a partir de atividades variadas que exercitam corpo e mente. A área pública possui comércio no térreo, estimulando o movimento, e escritórios onde os próprios residentes podem estabelecer salas comerciais, tornando o complexo economicamente viável. O principal objetivo é combinar independência com assistência, criando uma moradia mais completa que busque aumentar a qualidade de vida de idosos.

Orientador: Raquel Blumenschein Banca: Caio Frederico e Silva, Erica Mitie Umakoshi, Gustavo de Luna e Thiago Turschi 71


habitação universal habitação de interesse social e desenho universal Nathalia Cristina Silva Pereira A escolha do tema deste trabalho só foi possível com a pesquisa iniciada na disciplina Ensaio Teórico, pois através dela pode-se estudar o Desenho Universal aplicado à Habitação de Interesse Social. No ensaio teórico foram investigados a história, as diretrizes e parâmetros do D.U, assim como, o mobiliário popular e três estudos de caso diante de formação metodológica para análise de habitações sociais no Brasil. Diante disso, chegou-se à conclusão que os conceitos e diretrizes são pouco pensados na concepção dos projetos de habitação, ou tão pouco nas possíveis condições futuras de seus moradores. A aplicação do Desenho Universal à Habitação Social de Interesse Social visa a requalificação dos espaços e a promoção de melhorias no desempenho de funções relacionada ao habitar (SEHAB, São Paulo, 2013). Pensando na qualidade de moradia, o Desenho Universal torna-se aliado da produção de habitações que atendam às necessidades e às expectativas do usuário. Essa postura tem o intuito de democratizar, facilitar e simplificar o uso, assim como promover o conforto e a segurança dos usuários. Além disso, existem outros fatores relevantes de discussão como a falta de acessos a serviços, que geralmente são concentrados no centro da cidade. Diante a pesquisas e levantamentos de dados, o trabalho apresenta uma proposta de projeto que engloba a Habitação Social e a acessibilidade, por meio do uso do Desenho Universal na Região Administrativa II – Gama, Distrito Federal. 72

Orientador: Carlos Henrique Magalhães Banca: Maribel Aliarda e Oscar Ferreira


tema

pensar a cidade A expressiva quantidade de projetos dedicados ao tema “pensar a cidade” evidencia a latente preocupação dos novos arquitetos com questões relacionadas à escala urbana. Os projetos focam em requalificações de grandes áreas urbanas com o redesenho de seus espaços e propostas de apropriação pela comunidade local; na necessária discussão sobre mobilidade urbana das nossas cidades através de propostas para transporte público e para o sistema viário. Ainda se destacam projetos cuja participação da comunidade se torna essencial para a compreensão dos espaços urbanos e como instrumento para ação propositiva e por que não, projetos de e para cidades que se constroem no imaginário. Nesta seção, os autores dos projetos são:

Aline Freitas de Araújo Allyson Pires Moreira Amanda Farinati Leite Ana Karine Ramos Siqueira Bruna Raissa Magoni Rambo Carolina Simões Gonçalves de Moura Caroline Soares Nogueira Felipe Franklin Bomfim da Silveira João Capoulade Nogueira Arrais de Souza Larissa Alves Lacerda Lucas Bandeira Calixto Marina de Araújo Patury Natália Maria Machado Cortes Nayara de Jesus Rodrigues Renata Cortopassi Sales Dias

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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essência um festival cultural em são sebastião Aline Freitas de Araújo Para a construção de Brasília as terras que hoje formam a RA XIV foram transformadas em uma grande olaria de onde saíram os tijolos que construíram a capital. Com a baixa demanda da construção civil, essas terras foram arrendadas e as olarias desativadas. Contudo, a população permaneceu na área acarretando no desenvolvimento de um vilarejo que ficou conhecido como Agrovila São Sebastião. A cidade possui um importante parque urbano, o Parque Ambiental do Bosque que possui área de quase 19 ha e há cerca de 22 anos foi tomado como APA, considerado como o pulmão ecológico da cidade. O Festival Essência nasce do desejo de promover um resgate identitário em São Sebastião tomando a história das olarias como ponto de partida e visa fomentar o desenvolvimento econômico local ao mesmo tempo que funciona como uma ferramenta de qualificação urbana para o Parque, prevendo ações de reforma de espaços/equipamentos públicos degradados e implantação de novos como é o caso do Centro de Pesquisa voltado para a catalogação e conhecimento das espécies vegetais. O foco é permitir o resgate identitário pela própria população e abrir espaço para os produtores locais desenvolverem e comercializarem seus produtos, transformando o Parque num espaço agradável e acessível à toda população. 74

Orientadora: Ana Zerbini Banca: Pedro Paulo Palazzo e Sérgio Rizo


complexo bernardo sayão Allyson Pires Moreira Para promover um relacionamento ativo entre a Estação e a cidade, foi proposto o Complexo Bernardo Sayão. A função primordial da arquitetura no Complexo é a de transformar, e vem de encontro a duas problemáticas locais - intervir nos elementos icônicos e históricos, trazendo uma nova função social ao mesmo tempo que se faz renascer o histórico, e transformar um amplo vazio urbano, com intensa movimentação de pessoas, em um ambiente articulador que atenda necessidades distintas, como lazer, descanso, trabalho, alimentação, contemplação, compromissos sociais, muitas vezes de forma concomitante, e ainda, garantir o estímulo constante ao uso. Para isso, o projeto baseia-se em 3 máximas: Luz: A horizontalidade do ambiente promove a iluminação natural, fator determinante para a proposta; Ar: A racionalidade construtiva apresentada não foi impeditiva para um aproveitamento da ventilação natural; Liberdade de movimentação: o usuário circula livre em qualquer direção, de forma fluida, sem enfrentar barreiras. Como resultado, um centro de atividades integradas, público, dinâmico, polivalente, com respeito ao histórico e com equilíbrio espacial, estético e funcional.

Orientador: Eduardo Rossetti Banca: Cynthia Nojimoto, Giselle Chaim e Paulo Roberto Tavares 75


cidade tangram Amanda Farinati A “Cidade Tangram” se desenvolve como o mundo futuro se conformaria se existisse um novo meio de transporte que permitisse se viver em todas as cidades do mundo ao mesmo tempo, a partir do advento da tecnologia. Desta forma, é discorrido teoricamente como esse mundo funcionaria, culminando no estudo de implementação do novo meio de transporte, as Estações de Conexão, e no projeto arquitetônico de seus três modelos A sua funcionalidade se baseia na conexão, por meio da mente, entre corpos orgânicos e corpos sintéticos. O controle do organismo sintético funciona da mesma forma do desempenho de um robô, existe a máquina e quem o controla, mas a grande diferença está contida no controle, em que, diferentemente de um robô, o controle é feito pela mente humana, e não por inteligência artificial. A divisão dos tipos de estações se dá entre três modelos principais: as Estações de Conexão Central, as Estações de Conexão Secundária e as Estações de Conexão Individual. Cada uma é diferenciada devido ao seu tamanho; seguindo a ordem crescente de Estações de Conexão Central, Secundária e Individual. Sua forma de aplicação se dá com o intuito de parasitar e se impregnar na cidade existente, de forma a ilustrar, fisicamente, como a Internet estranha na vida da sociedade atual, como um organismo vivo, que vive concomitantemente a sociedade. A concretização desse projeto se dá com a criação da minha própria malha urbana, onde as cidades de Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Turim, se mesclam e geram a minha própria Cidade Tangram. 76

Orientadora: Giselle Chalub Banca: Elane Ribeiro e Raquel Naves Blumenschein


manual de desenho urbano para o campus darcy ribeiro Ana Karine Ramos Siqueira O manual parte da premissa que a rua é importante elemento na identidade da cidade, e uma vez atingido seu potencial máximo, os benefícios vão além da esfera funcional para social, econômica e ambiental. Para criar um manual que atenda às demandas atuais e previstas, a parcela urbana foi submetida a uma análise em três etapas, seguida por uma proposta de intervenção. A contextualização insere o campus no contexto regional; a caracterização do meio urbano se divide entre uso do solo, ocupação e espaço viário. Finaliza-se a análise com um estudo das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, que sintetizam-se em um diagnóstico. O campus apresenta características de planejamento urbano semelhantes ao de Brasília, com zoneamento rígido, hierarquia viária predominante para o automóvel, grandes lotes e ocupação dispersa. Apesar do caráter bucólico, grandes áreas do campus são residuais ou destinadas a estacionamentos. As diretrizes do projeto são: aproveitar as amenidades naturais; espaços conectados; reforçar a identidade; rua para pedestre; rua para ciclista e rua para transporte coletivo. O desenho foi feito para atender aos propósitos de segurança; funcionalidade e eficiência; sustentabilidade e economia. O Manual se estrutura em cinco partes: Desenho das vias, Mobiliário e materiais, Interface dos edifícios, Paisagismo e Iluminação.

Orientadora: Giselle Challub Banca: Gabriela Tenório, Letícia Claro, Mônica Gondim e Patrícia Gomes 77


universidade de brasília e mobilidade percursos e vivências no campus-parque Bruna Raissa Mangoni Rambo Os vetores de crescimento urbano e os projetos do Governo do Distrito Federal apresentam um novo panorama para a mobilidade distrital, revelando a potencialidade do campus Darcy Ribeiro em se estabelecer como conector urbano. Atualmente, o campus representa uma zona de atração significativa no território do Distrito Federal, gerando até 53 mil viagens diárias, número inferior apenas à zona central de Brasília. Diante da situação atual do campus Darcy Ribeiro e do panorama futuro: a implantação de uma estação intermodal de transporte às margens do Lago Paranoá, o fluxo da Nova Ponte do Lago Norte e a ausência de alternativas de transporte que conectem o Plano Piloto no sentido leste-oeste, o atual projeto propõe o resgate do microônibus de Brasília e a criação de um ramal da linha de metrô prevista para a Asa Norte que se conecte à estação intermodal locada no lago, implantando uma estação de metrô no campus. O projeto visa também reestruturar a malha viária do campus Darcy Ribeiro e retomar seus espaços livres. Propõe-se uma rede de percursos pedonais que busca reforçar a ideia da conexão entre paisagem natural e construída, consolidando o espaço universitário como um campus-parque. 78

Orientadora: Luciana Saboia Banca: Bruna Kronenberger, Orlando Nunes, Patrícia Gomes e Vânia Loureiro


integração brasília reformulação dos deslocamentos internos no conjunto urbanístico tombado - cub Carolina Moura A capital federal, Brasília, vem demonstrando graves problemas na mobilidade urbana. A manutenção do sistema da forma em que se encontra, além de insustentável ambientalmente, evidencia uma disparidade socioeconômica existente desde sua inauguração. A preocupação em especial sobre a área tombada decorre do questionamento da relação dos deslocamentos na área central com a preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – CUB - e de que forma os congestionamentos de trânsito ferem as amenidades da cidade parque, retirando as pessoas das ruas e contribuindo para uma cidade vazia. Apesar do foco na área central, o projeto traz uma solução que permite integrar todo o território do Distrito Federal, utilizando o sistema de deslocamento tronco-alimentado. Para isto, propõe-se a implantação de terminais de integração nos limites do CUB e dois internos (Estação de Integração do Cruzeiro e da Universidade de Brasília), linhas e rotas específicas (troncais, distribuidoras, alimentadoras) e a posterior distribuição da população na área central. Como resultados, espera-se reduzir o excesso de carros no CUB, minimizar as dificuldades de deslocamento no sentido leste-oeste, reduzir a pressão sofrida pela Rodoviária do Plano Piloto e oferecer infraestruturas para meios de transporte alternativos ao carro, com prioridade aos meios sustentáveis.

Orientadora: Giselle Chalub Banca: Letícia Claro, Mônica Gondim e Orlando Nunes 79


projeto rima fazendo da cidade um grande aprendizado Caroline Soares Nogueira Itapoã é uma das Regiões Administrativas do Distrito Federal onde há uma grande concentração de jovens vítimas da criminalidade, da falta de espaços públicos de qualidade e de atividades destinadas a eles. Realizou-se um laboratório participativo de pedagogia urbana com alunos de 14 a 16 anos do Centro de Ensino Fundamental Doutora Zilda Arns buscando dar mais sentido ao ato de aprender e fomentando maior interação entre eles e o espaço público circunscrito à escola. A temática e metodologia derivam da dissertação da autora defendida pelo Politécnico de Turim através do acordo de dupla titulação da FAU-UnB. Integrou-se ao método, as dimensões da sustentabilidade do grupo de pesquisa Periférico. Partiu-se de problemáticas urbanas vivenciadas pelos jovens e utilizaram-se linguagens próxima a realidade deles e aos seus interesses, como o estilo musical RAP que originou o nome do projeto. Suas percepções foram em padrões espaciais que possibilitaram criar cenários urbanos alternativos à realidade vigente. O processo foi mais valorizado do que os produtos, proporcionando novas perspectivas para a criação de um território de aprendizagem que favoreça a educação para além dos muros da escola. 80

Orientadora: Liza de Andrade Banca: Benny Schvarsberg, Mariana Bomtempo, Natália Lemos e Vânia Loureiro


a nova avenida central Felipe Franklin Bomfim da Silveira A reestruturação da Avenida Central de Taguatinga foi pensada de forma pontual, de modo que com poucas e precisas intervenções fosse possível proporcionar uma grande melhora na vida de todos os usuários da Avenida. Ao todo foram desenvolvidas cinco intervenções: 1- Ao longo da Avenida foram propostas novas faixas de pedestres, novos cruzamentos, arborização em ambos os lados e mobiliários público; 2 – No Canteiro Central foram propostos quiosques, mobiliários, uma ciclovia e uma pista de pedestres; 3 – Nos cruzamentos foram propostas faixas de pedestres elevadas, nova iluminação e o aproveitamento das áreas de esquina para uso público; 4 – Dois terços dos estacionamentos da Avenida foram substituídos por bolsões de permanência que contam com bancos, canteiros e arborização; 5 – O balão da rodoviária da Avenida foi transformado na Praça Central da cidade, para isto o trânsito foi desviado e a rodoviária foi deslocada para a extremidade da praça, assim, esta passou a ser suporte para atividades da rodoviária e opção de lazer para os habitantes da cidade, pois passou a abrigar comércio, quiosques, serviços e áreas de permanência sombreadas.

Orientador: Benny Schvasberg Banca: Carolina Pescatori, Giselle Challub e Vânia Loureiro 81


the graveyard book projeto cenográfico para animação João Capoulade Nogueira Arrais de Souza O termo Concept Art refere-se a todo tipo de design e ilustração produzidos com o intuito de definir visualmente um universo narrativo. É um processo chave também conhecido como desenvolvimento visual na criação de filmes, jogos digitais, cinema de animação e quadrinhos. Embora a relação entre arquitetura e ficção tenha suas origens na literatura mais antiga, o estado atual da indústria do entretenimento gerou aumento da demanda de profissionais dotados de conhecimentos arquitetônicos capazes de contribuir com a qualidade dessas produções. É nesse recorte de atuação que se propõe o presente trabalho: o desenvolvimento conceitual e a direção de arte, através do ofício de concept art, de cenários para uma adaptação cinematográfica da obra. O livro, publicado no Brasil pela editora Rocco com o nome de “O Livro do Cemitério”, narra o início da vida de Nobody Owens, órfão criado pelos habitantes sobrenaturais de um cemitério após o assassinato de sua família. A partir da metodologia de fichamento e design thinking, criaram-se pinturas digitais, keyframe designs, design de personagens, maquetes físicas e estudos de animação. 82

Orientadores: Elane Ribeiro e Sérgio Rizo Banca: Ana Zerbini e Reinaldo Machado


jóquei Larissa Alves Lacerda A ideia do projeto é buscar soluções que façam do Jóquei uma centralidade local – fornecendo serviços, empregos e espaços públicos de qualidade – e que “costure” a ocupação proposta com seu entorno – Vicente Pires, Guará, SIA e Cidade Estrutural. De ocupação “compacta”, o projeto para o Jóquei se propõe a integrar diferentes meios de transporte – ônibus, bicicleta, locomoção a pé, carro e trem – e duas tipologias habitacionais: de média densidade (edifícios de 4 pavimentos) e de alta densidade (edifícios de até 8 pavimentos), sempre combinando áreas de comércio e serviço ora obrigatório, ora opcional, a depender da intenção para cada área (geração de emprego e maior vida urbana ou maior tranquilidade e caráter residencial). Permeando todo o bairro de norte a sul, foi implantado um parque linear. Além das funções bioclimáticas e de lazer para os moradores da região, o parque irá atuar como um conector ambiental entre reservas biológicas do entorno. Acredita-se que áreas ambientais urbanas que não estão inseridas no cotidiano e no imaginário dos habitantes, tornam-se áreas vulneráveis à invasão e maus cuidados. Para além disso, o parque também contará com hortas urbanas e um córrego de captação de águas pluviais, ajudando o escoamento de água da região.

Orientadora: Giselle Chalub Banca: Mônica Gondim, Orlando Nunes e Renata Seabra 83


pavilion collector I of piacenza fog harvesting para o contexto italiano Lucas Bandeira Calixto Fog Harvesting, um termo inglês que significa “colheita da névoa”, é utilizado para descrever o conjunto de procedimentos pelo qual se extrai água líquida do ar. O partido arquitetônico vale-se de uma área verde na cidade de Piacenza, região Emilia- Romagna, escolhida como sede da intervenção devido à sua crise hídrica em 2017 e paradoxal abundância de névoa. Identificam-se acessos principais, que são interligados por linhas de circulação que se consolidam como vias para pedestres. A massa construída do projeto é posicionada num espaço vazio de árvores, ao sul da área. Valendo-se de uma necessária modulação, o pavilhão contorna árvores e outros obstáculos, e faz alusão à loggia italiana, enraizada na cultura do país. O grande teto que o pavilhão assim configura dá origem à uma planta livre, e permite uma multiplicidade de usos pela população. Tais usos buscam fomentar a cultura urbanística colaborativa, como a criação de um mercado de produtos locais, pequenos e grandes eventos, smart área, entre outros. A água coletada pelo pavilhão alimenta hortas urbanas de dimensões consideráveis, prática tal que é enraizada na cultura italiana e muito presente na cidade. Sendo assim, o Pavilion Collector I of Piacenza busca ser ponto de referência, símbolo do lugar e apropriação social de um espaço urbano anteriormente subutilizado. 84

Orientador: Pedro Paulo Palazzo Banca: Ana Isabela Soares, Carlos Henrique Magalhães, Maria Cecília Gabriele e Maria Cláudia Candeia


entre a cidade e o mar requalificação da orla marítima de ilhéus Marina de Araújo Patury O projeto “Entre a cidade e o mar” consiste na reabilitação da orla marítima e territórios relevantes no centro histórico e comercial da cidade de Ilhéus, Bahia. Este trabalho intenta em observar, interagir, diagnosticar e sugerir novas formas de ocupação desses lugares a fim de conduzir um exercício de cidade mais afetiva, sustentável, eco-inclusiva e acessível ao cidadão e ao turista. Durante as visitas a Ilhéus, foi possível perceber com olhares mais atentos às experiências do pedestre e do ciclista, muitas vezes negativas, uma cidade na qual a conexão com o mar se rompeu. No cenário atual, é fundamental que a orla possa ser transformada num corredor cultural e ecológico, servindo como território de encontro entre mar, comunidade e cidade. Os territórios privados prevalecem sobre os locais de uso público, os quais são, muitas vezes, desprovidos de planejamento efetivo. O pedestre encontra obstáculos em travessias nas quais as calçadas são estreitas e emparelhadas onde, muitas vezes, depara-se com paisagens obstruídas por paredões cegos e bolsões de estacionamento. A Avenida Soares Lopes (via da orla) é uma via alternativa de ligação entre as regiões Norte e Sul da cidade. Apesar de configurar um percurso mais contemplativo do que conectivo, recebe fluxo intenso de carros durante o horário comercial. A proposta de novo desenho da orla prioriza o pedestre, o ciclista e o meio ambiente contemplando rotas funcionais e de passeio ao longo da costa central e orienta-se pelo uso ponderado dos cidadãos. Assim, trechos esportivos, culturais e de serviços acompanham os fluxos estabelecidos na história urbana e funcional de Ilhéus interagindo e respeitando os limites entre a cidade e o mar.

Orientadora: Giselle Chalub Banca: Eduardo Rossetti, Mônica Gondim, Orlando Nunes e Renata Seabra 85


mestre imaginário a inclusão do olhar infantil na construção do condomínio mestre d’armas Natália Maria Machado Côrtes Buscando incluir a perspectiva da criança sobre a cidade, O Projeto Mestre Imaginário tem por intenção a valorização dos espaços livres e comunitários, dedicados ao lazer e ao contato com a natureza. Desta maneira, a inclusão da percepção infantil ajuda na composição de cidades mais saudáveis e divertidas, que contemplem à todas as faixas etárias. O brincar e a escola, como suas duas atividades principais, fornecem o campo de experimentação e aprendizagem necessários para o crescimento consciente. Assim, a comunidade do Condomínio Mestre D’Armas e suas escolas acolheram o projeto, e a partir da atuação conjunta entre a comunidade-local-arquiteto formou-se um tripé de trabalho, com atuação por meio de oficinas. Os exercícios de reconhecimento territorial e histórico-local através do uso de desenhos, lendas, mapas, maquetes, dinâmicas e brincadeiras tinham como propósito elucidar, debater e encontrar padrões que culminassem em propostas para uma nova cidade dos sonhos. Esta mudança se personifica nos Mestres Imaginários, capazes de transformar as relações e os espaços. 86

Orientadora: Liza de Andrade Banca: Hiatiane Lacerda, Patrícia Gomes, Paulo Tavares e Natália Lemos


green conection o bairro ecologicamente sensível Nayara de Jesus Rodrigues A área de estudo com o passar dos anos se desenvolveu de forma exponencial, tanto em relação à sua mancha urbana e quase conurbação, quanto em relação ao potencial comercial, educacional e cultural. Ceilândia, Taguatinga e Samambaia não se conurbaram completamente devido à topografia local e aos leitos de água que correm na área central e devido à essas barreiras naturais a ocupação se tornou desordenada e os impactos ao meio ambiente evoluíram. A área de intervenção se localiza dentro do perímetro urbano da região administrativa de Ceilândia. De acordo com a Secretaria de Estado de gestão do Território e Habitação (SEGETH), a parte médio-superior da área é considerada uma zona urbana consolidada e a parte médio-inferior da área é considerada uma zona rural de uso controlado. A proposta, então, é seguir com a diretriz de adensamento na zona considerada urbana, com uso da potencialidade dos grandes equipamentos existentes na área e para a parte médio-inferior, traçar zonas de baixo impacto e que promovam a clara diferenciação da função dos espaços, além de tratar a natureza presente como elemento essencial para valorização do território. Sendo assim, um transecto é criado, a partir de uma zona urbana consolidada para uma zona de completa preservação ambiental.

Orientador: Benny Schvarsberg Banca: Mônica Gondim, Liza de Andrade e Vânia Loureiro 87


intervenções para o transporte ativo um estudo de caso da ra 10 - guará Renata Cortopassi Sales Dias A fim de substituir a cultura do “construir” por “requalificar” no DF, foi proposto um estudo de caso que demonstrasse que melhorando a qualidade do espaço público seria naturalmente incentivada a opção pelo transporte ativo. Para isso, optou-se pela RA X (Guará) como contexto, que por ter sido objeto de dois projetos cicloviários, seria uma excelente opção para avaliar o trabalho que vem sendo realizado pelo GDF. Visando propor essa requalificação foram analisadas cada uma das vias da RA, buscando compreender de que maneira poderia se dar esse novo projeto. Chegou-se à 07 tipos de caixas viárias para abrigo de infraestrutura cicloviária. Cada uma destas tipologias foi criada através da redução das larguras das faixas de rolamento (que em todos os casos são superiores ao necessário) e transplante desse espaço aos modais ativos, além da diluição de estacionamentos ou rotação para balizas, inserção de vegetação para sombreamento e mobiliário urbano, trabalhando com drenagem sustentável, inserção de iluminação dedicada aos pedestres e ciclistas, entre outros. Com uma rede conectada, segura e confortável, abusando de mobiliário urbano, iluminação, vegetação, barreiras, delimitadores, é viável, e provável, o sucesso na captação de usuários e na manutenção destes para o sistema de transporte ativo. 88

Orientadora: Giselle Chalub Banca: Mônica Gondim, Orlando Nunes e Renata Seabra


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FAU PREMI ADA


28º ópera prima menção honrosa para aluno da FAU-UnB

Autor /// João Gabriel Michetti Ferreira Do universo de mais de 12.300 formandos em arquitetura e urbanismo em 2016, foram inscritos 551 trabalhos pelas 176 escolas participantes, assim distribuídas nas zonas geográficas do concurso: 141 projetos, de 50 escolas, na Região 1 (PR, SC e RS), analisados por Maria Claudia Candeia, Ana Lúcia Abrahim e Eder Alencar; 197 projetos, de 51 escolas, no Estado de São Paulo, analisados por Fernando Diniz Moreira, Nivaldo Andrade e Pedro Rossi; 96 projetos, de 33 escolas, na Região 3 (RJ, ES e MG), analisados por Héctor Vigliecca, Lilian Dal Pian e Valerio Pietraroia; 51 projetos, de 18 escolas, na Região 4 (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE), analisados por Gustavo Utrabo, Alexandre Ruiz Rosa e Marcos Jobim; e 66 projetos, de 24 escolas, na Região 5 (AC, AP, AM, DF, GO, MS, MT, PA, RO, RR, TO), analisados por Miguel Pinto Guimarães, Carlos Teixeira e Fernando Lara - os jurados são originários de regiões distintas das quais julgam. A resposta, unânime, foi a favor da diversidade da atuação profissional, costurada através da sucessão de pronunciamentos individuais dos jurados ao longo do processo, como os listados a seguir: “o que indica uma sabedoria diferente?” (Vigliecca); “falta na nossa sociedade a crença de que a arquitetura pode mudar o mundo” (Maria Claudia); “problemas urbanos que, embora extravasem a questão arquitetônica, possam ser discutidos no nosso âmbito” (Utrabo); “precisamos premiar essa mente” (Miguel Pinto Guimarães).

Parkway - Um Bairro Sustentável para a Cidade do Futuro Intervenção urbana no Park Way, um dos maiores e mais antigos bairros de Brasília, situado a sudoeste da lago Paranoá e originalmente conformado por lotes muito grandes (dois hectares) que, mesmo após desmembramentos realizados a partir do final de 1990, continuaram sugerindo a ocupação residencial de médio poder aquisitivo. O intuito do trabalho é redesenhar o bairro, de modo a aumentar sua densidade (é elevada a taxa de ociosidade) e diversificar a ocupação, tanto em termos de usos quanto tipologias. Retraçado viário, com a diminuição do tamanho dos quarteirões, e otimização de vazios para a criação de áreas verdes qualificadas fazem parte do projeto. 92

Texto extraído de: https://www.arcoweb. com.br/projetodesign/arquitetura/28concurso-opera-prima-1 e https:// www.arcoweb.com.br/projetodesign/ especiais/28-opera-prima-mencoeshonrosas---regiao-5


Projeto de JoĂŁo Gabriel Michetti Ferreira Imagem extraida de https://www.arcoweb.com.br

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concurso de quiosques para o icc equipe de alunos e ex-alunos da FAU-UnB é a primeira colocada Autores /// Érica Umakoshi, Gabriel Solórzano, Isabella Derenusson, Luana Alves, Paulo Victor Ribeiro, Rodrigo da Cruz e Victor Itonaga A partir da compreensão do traçado que define o Instituto Central de Ciências, principal edifício da Universidade de Brasília, a proposta busca se inserir à estrutura existente, respeitando sua espacialidade e caráter. O ICC possui dois acessos principais resultantes de dois eixos: um longitudinal, que distribui as pessoas que circulam pelo edifício, e um transversal que determina a entrada e cria uma ligação entre estacionamento e a praça maior. Ambos os eixos são fundamentais não apenas para a circulação dentro do pavilhão, mas para a articulação de todo o Campus Darcy Ribeiro. O cruzamento desses fluxos conforma duas praças, “Ala Sul” e “Ala Norte” onde é possível contemplar a perspectiva gerada pela repetição estrutural do edifício, assim como a paisagem que varre o Campus até o Lago. A altura reduzida da laje nesses pontos compreende uma mudança de escala dentro do edifício, que deixa de ser monumental e adquire um caráter cotidiano. Essas praças configuram espaços significativos de encontro. Não à toa o comércio se instalou ali. MÓDULO DE COMÉRCIO GERAL O primeiro, se insere ao longo do eixo transversal, abalizado pelos dois pilares, em 4 módulos de 4,5m x 2,9m. A inserção do equipamento de leitura pavilhonar visa resgatar a continuidade visual dos jardins. A implantação dos quiosques delimita um deque, que consolida a ocupação e cria uma área de permanência em contraponto ao intenso fluxo da área central. Flexível com as possibilidades de uso, os módulos proporcionam duas possibilidades de interação. No centro, o atendimento ocorre através de um balcão delimitado por prateleiras, enquanto nas extremidades o cliente é convidado a entrar e conhecer a loja. A independência entre os módulos e a estrutura permite que o atendimento ocorra em duas frentes, uma voltada para a circulação e outra para os jardins. MÓDULOS DA LANCHONETE Os módulos alimentícios de 3m x 3m são elementos autônomos que permitem os comerciantes a adaptá-los de acordo com suas particularidades. O conjunto não é definido apenas pela forma regular, mas pela relação entre suas partes. Sua autonomia e versatilidade permitem ainda que o módulo possa ser implantado em outros locais do Campus. Ambos pavilhões se estruturam por meio de estrutura metálica, em perfis caixa, revestida por chapa metálica. 94

Coordenação do concurso: CEPLAN Texto de Gabriel Solórzano e Paulo Victor Ribeiro


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EN CON TROS


pĂŠ na estrada

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Expo - Belém Na segunda semana de abril de 2018, realizou-se na Galeria Christina Jucá a EXPO Belém, trazendo trabalhos dos estudantes viajantes do Pé na Estrada. A concepção do projeto cenográfico foi feita pelo Projeto Pé na Estrada, coordenado pela aluna Ana Luísa Pires Pedreira, em parceria com a Biombo, laboratório de cenografia da FAU-UnB. O espaço estava ambientado em dois momentos: a Belém Amazônica e a Belém Urbana. O primeiro foi marcado pela utilização de algumas plantas, madeira exposta e um barco como elemento chave, buscando-se a representação do bioma amazônico e a forte relação com as águas que ocorre na cidade. No segundo, buscou-se retratar uma Belém mais real, cidade de edifícios em altura de arquitetura globalizada, contrastando com o senso comum sobre a metrópole.

Texto de: Ana Luísa Pedreira, Júlia dos Anjos Marques e Nayane Batista Machado, Organização da exposição: Ana Carolina Michirefe, Ana Luísa Pedreira, Arissa Kaori Honda, Caio César Costa, Camila Jurema Leão, Jaqueline Louise Sales, Júlia dos Anjos Marques, Julia Lopes Soares, Júlia Luciano da Costa, Juliana Albuquerque da Silva, Iara Lemos Silva, Maria Clara Medeiros, Maria Emilia Silva, Maria Isabela de Araújo, Nayane Batista Machado, Vivianne Muniz Fontoura, Bruna Camurça, Giovana Soares, Jonanthan Bispo, Lorrany Arcanjo, Luiza Ceruti, Manuella Monção

Foto por Juliana Albuquerque.

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Foto por Júlia dos Anjos.

O painel “Escala Pantone” trazia fotografias do Centro Histórico de Belém em conjunto com uma paleta de cor, criada a partir dela. Esta atividade buscou renovar as discussões acerca da percepção sensorial e emotiva da cidade através de suas cores e materialidade. As fotos foram dispostas alternadamente com espelhos mostrando o contraste com a cidade contemporânea, descrita sobretudo por edifícios em altura espelhados. No painel “Natureza e Abstração” foi proposto um jogo para encontrar os pares: um desenho realístico e uma composição 2D. Tais composições foram geradas a partir da abstração geométrica de desenhos da flora e fauna encontradas no parque Mangal das Garças. O painel “Deriva Urbana” advém de uma atividade realizada em grupos pequenos de estudantes, no Campus da Universidade Federal do Pará – UFPA que teve como produto um mapa de percepções sensoriais. O painel buscou remeter à floresta amazônica formando uma cortina que instigava o visitante a explorar para revelar os mapas. Os painéis foram montados com a exibição de trabalhos realizados durante e após a viagem pelos estudantes participantes, fazendo referência a elementos marcantes na paisagem da cidade visitada e trazendo uma abordagem lúdica e interativa para os visitantes. 100


Foto por Júlia dos Anjos.

curso de projeto legal, projeto executivo e assuntos correlatos O curso Projeto Legal, Projeto Executivo e Assuntos Correlatos, ministrado pela arquiteta e urbanista Marina Nascimento Rebelo, entre os dias 12 e 16 de março de 2018 foi um curso oferecido pelo “Pé com Pé”. Vertente do Projeto Pé na Estrada, o Pé com Pé tem como objetivo criar uma rede de troca de conhecimento e ideias através de atividades para os estudantes da universidade. Certificado através da Coordenação de Extensão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, o curso foi aberto contendo 40 vagas que se encerraram em aproximadamente 10 minutos da abertura das inscrições. A arquiteta e urbanista, formada pela FAU - UnB e ex-membro da Equipe Pé na Estrada explicou que seu intuito foi contribuir para que os alunos tivessem um melhor entendimento sobre a legislação urbanística edilícia do Distrito Federal, tema pouco abordado na graduação e necessário para atuação no mercado de trabalho privado e público. Os estudantes tomaram notas sobre o Código de Obras, PDOT, LUOS, DIUR, DIUPE, NBR, Notas Técnicas do CBMDF, aprovação de Projeto Legal, alvará, habite-se entre outros assuntos correlatos. Posteriormente abordou-se o processo de compatibilização do Projeto Arquitetônico Legal com os projetos complementares para a produção do Projeto Executivo, algo muito recorrente dentro de escritórios. A turma teve acesso a procedimentos reais de projeto e tem na sala do Pé na Estrada conteúdo disponível para revisão e pesquisa, arquivos cedidos pelo curso.

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A troca de vivências rumo ao conhecimento

Foto por Vivianne Fontoura.

Foto por Vivianne Fontoura.

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Na vertente Pé com Pé, o ano de 2018 significou muitas trocas de conhecimento. Especialmente, sobre patrimônio com a Roda de Conversa sobre o tema “Patrimônio: Preservação e Projeto” com os arquitetos Felipe Musse sobre “Experiências de preservação do patrimônio histórico da Bahia” e Daniel Andrade sobre “A segurança contra incêndio em uma abordagem para edificações históricas: proposta de reuso para o antigo Grupo Escolar Augusto Severo”. Sem medo de colocar o Pé na Esquina, o projeto promoveu diversas vivências no primeiro semestre de 2018. Em um maio marcado por ótimas experiências foi realizada uma sequência de visitas juntamente com a Profa. Dra. Ana Paula Gurgel e a presença especial dos arquitetos Felipe Musse e Daniel Andrade, para os destinos: Mansão dos Arcos, Embaixada da Itália e Quadra Modelo (SQS 308). Bem como, quase que num prenúncio de estreitar as relações com São Paulo, tivemos também as visitas realizadas pelo projeto no campus da UnB com alunos de lá: secundaristas da Fundação Colégio Palmares de São Paulo e os graduandos do Instituto Federal de São Paulo - IFSP, esta última com a presença da Profa. Dra. Cynthia Nojimoto.


Textos: JĂşlia dos Anjos Marques e Marina Nascimento Rebelo, Juliana Albuquerque e Nayane Machado. Fotos por Juliana Albuquerque.

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elas da fau do coletivo à coletividade

Avançamos! Se em 2014 nos constituímos como coletivo, e como tal, éramos um conjunto de indivídu(a)s unidas por ideais comuns; em 2018, com a consolidação do grupo ELAS da FAU-UnB, conquistamos a coletividade, com um grupo que forma a sua unidade nas pesquisas acadêmicas sobre as mulheres na arquitetura. Inicialmente, com a proposta de mapear o universo de egressas do curso entre 1966 e 2016, período em que contabilizamos aproximadamente 1500 egressas, descobrimos que elas mudaram de profissão, residência e até mesmo nome, em virtude do casamento. Pudemos perceber que as nossas mulheres nasceram entre a década de 1950 e 1990, oriundas principalmente de Brasília, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em relação a cor da pele, 63% elas se definem como brancas, 22% como pardas, 3% como negras, e aproximadamente 1% como indígenas e como amarelas. Na nossa amostragem, 28% declararam-se casadas, aproximadamente 10% dizem ser conviventes, mais de 11% são divorciadas, duas são viúvas e 44% são solteiras. Neste caso a amostragem falha pois o tipo de abordagem por e-mail e 104

redes sociais torna o público alvo mais jovem. Porém é surpreendente perceber que a relação entre as que têm filhos e as que não tem é quase meio a meio, sendo que várias foram mães antes dos 30 anos. Mais da metade das nossas mulheres têm no mínimo pós-graduação, algumas buscaram especializações na área, várias seguiram mestrados e doutorados, e outras fizeram outra graduação em áreas correlatas como engenharia e artes. Quando questionadas se atualmente o seu trabalho possibilita independência financeira, apenas 34% responderam que não. O mesmo percentual se aplica ao questionamento sobre ser arrimo de família. Mais da metade das nossas egressas trabalha como projetista. E, por volta de 40% assinam seus projetos. Mesmo que os resultados ainda sejam preliminares, temos clareza da importância deste trabalho de base, e sua importância transcende a questão inicial da visibilidade, e propõe um reconhecimento de coletividade – “somos mulheres”. Crescemos! Em participantes e diversidade de temas, incorporando nos trabalhos futuras questões mais abrangentes e desafiadoras.

Texto de Maribel Aliaga Pibicanas 2017/2018: Carolina Moraes Vital do Rêgo, Cecília Azambuja Graf, Heloísa Ravena Soares Pereira, Marina Ceze Caram Zuquim. Pibicanas 2018/2019: Camilla Barbosa, Larissa Nascimento, Luiza Ceruti. Pesquisadoras: Luiza Rego Dias Coelho e Tarsila Louzano Moreira Ferreira Colaboradoras: Ana Carolina Medeiros, Alyssa Volpini, Marcelle Benevides e Raquel Freire.


palestra lima barreto cidade e literatura O seminário da pós-graduação Cidade e Literatura, sob a responsabilidade dos professores Elane Ribeiro Peixoto e Carlos Henrique Magalhães, organizou e realizou em junho a palestra “Lima Barreto e o Rio de Janeiro no início do século XX” proferida pela professora e pesquisadora da Universidade do Rio de Janeiro, Beatriz Resende, cujos trabalhos sobre o escritor tornaram-se uma referência imprescindível para o entendimento do Rio de Janeiro da Primeira

República. Beatriz Resende apresentou a trajetória de Lima Barreto (1881-1922), o cronista do Rio de Janeiro, que nos deixou registros tão preciosos da cidade quanto os de João do Rio. A cidade de Barreto é cindida entre o centro que se deixa ver por suas confeitarias e lojas de luxo da Rua do Ouvidor e a pobreza da periferia da Zona Norte. A trágica vida do escritor é também um testemunho comovente das dificuldades impingidas ao intelectual negro, cujo reconhecimento só ocorreu

quando Francisco de Assis Barbosa recuperou sua obra e escreveu sua biografia nos anos cinquenta. A palestra foi seguida de leitura dramática da crônica “O trem dos subúrbios” pelas atrizes Alice Stefânia Curi e Luciana Hartmann, professoras do Departamento de Artes Cênicas. Texto de Elane Peixoto e Carlos Henrique Magalhães. Organização: LABEURBE E PPG-FAU

cidades africanas cultura e arquitetura em angola O Coletivo de Negritude Calunga, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, tem como objetivo acolher e promover o empoderamento de estudantes negros e levantar a discussão racial dentro e fora da universidade. Ativo desde 2015, foi fundado por estudante negros (pretos e pardos) que viam uma ausência de representatividade no corpo acadêmico (discente e docente), e a invisibilidade de assuntos e debates que envolvesse a população negra e suas influências sobre as relações contemporâneas do corpo negro com o espaço urbano. O coletivo também era a proposta de fortalecimento desses poucos estudantes que tinham a oportunidade de ingressar e permanecer no curso de arquitetura e urbanismo.

Foi realizada, entre várias atividades do coletivo, a palestra chamada “Cidades Africanas: em Angola”, em que dois arquitetos angolanos apresentaram características gerais da arquitetura do país, as relações de cultura e sociedade e como tais aspectos se manifestaram em território angolano. Como convidados tivemos a Arquiteta Vanda Mavilacana, graduada pela Universidade Técnica de Angola (UGANDA), e o arquiteto Ariel Sebastião, graduado pela Universidade Agostinho Neto (UAN). O país em território nacional nos conta uma história que é perceptível em sua memória construída. Vê-se os conjuntos pré-coloniais com técnicas construtivas, feitos de alvenaria de adobe e pau-a-pique. As fortalezas e

igrejas realizadas no país pelas civilizações coloniais que desenham a paisagem litorânea. Seguindo até à arquitetura civil, que no auge dos anos 1950 viu sua arquitetura com uma linguagem moderna e neoclássica, reproduzida até os dias atuais - advinda dos arquitetos Le Corbusier, Vasco Vieira e Fernão Simões. Angola nos leva a refletir e questionar, diante de tantas referências, quais seriam as influências das populações negras dentro da arquitetura brasileira, entre outras relações que envolvam as origens e os processos urbanos de ambos os países.

Texto de Raquel Freire Organização: Coletivo Calunga 105


ninhos cidade e crianças

O grupo Ninhos, anteriormente Pé no Ensino, e a escola classe Aspalha concluem neste mês de outubro o curso e atividade de extensão “Uma abordagem do patrimônio cultural para as crianças” iniciado em 2017. Nosso propósito foi empreender uma discussão sobre o patrimônio cultural para as crianças e professores de forma a reforçar seus vínculos com o lugar onde moram, isto é, Brasília em sua escala metropolitana. Para tal, concebemos nossas atividades em duas dimensões: a primeira destinada aos professores da Aspalha e, a segunda, às crianças. Para os professores, ministramos um curso cujo conteúdo cingia discussões conceituais sobre o patrimônio cultural e conteúdos específicos sobre a história urbana de Brasília e suas Regiões Administrativas. Por sua vez, para as crianças, propusemos passeios pela cidade para os quais foram elaboradas atividades preparatórias ministradas na forma de jogos, construções de maquetes, entre outros. Dessas atividades, resultou um material didático que poderá ser reutilizado pelos próprios professores em turmas subsequentes. A título de exemplos apresenta-se um exemplar de jogo ainda em teste para aperfeiçoamento. Jogo “Candanguinho” Este jogo consiste em oferecer às crianças uma visualização do movimento dos trabalhadores, vindo das cinco regiões do Brasil, para construir a nova capital federal, Brasília. “Candanguinho” abrange conteúdos de geografia, história, português com a introdução de vocabulário, e matemática, a partir de sua dinâmica. É composto por um tabuleiro com o mapa do Brasil; cartões dos principais biomas de cada região e suas respectivas variantes culturais e cartões com perguntas sobre as características dessas, sob a guarda do professor. Completam os elementos do jogo, três dados, sendo dois convencionais e um terceiro, cujas faces contêm os sinais das operações aritméticas adição, subtração e multiplicação. Neste terceiro cubo, as três outras faces apresentam: a primeira um trevo de quatro folhas (para indicar boa sorte e os jogadores são premiados com vantagens), segunda, o número 13 (para indicar azar, o jogador deve perder vantagens) e a terceira, um sinal de pare ( os jogadores são excluídos de uma rodada). Os peões são figurinhas de papel na forma de crianças 106


Como jogar? O objetivo do jogo é o cruzamento de fronteiras de tal modo que os primeiros jogadores a chegar em Brasília são os vencedores da partida – sendo considerados os primeiros candanguinhos. São cinco equipes correspondentes as cinco regiões brasileiras. Cada jogador ou time escolherá sua região disputada por dois dados, sendo os primeiros a escolher sua região aqueles que obtiverem o maior número, assim, procedendo por ordem decrescente. Os cartões descritivos dos biomas são distribuídos para os jogadores das regiões respectivas e são lidos em voz alta. Os jogadores lançam os dois dados convencionais e depois o terceiro, aquele das operações aritméticas, que determinará a operação a ser

realizada, se o resultado for correto, os jogadores saltam uma fronteira estadual rumo à Brasília. Os vencedores poderão escolher o time para responder as perguntas dos cartões de posse do professor, cujo conteúdo é relativo aos cartões explicativos de cada região e que foram lidos no início do jogo. Ninhos e a Escola Aspalha realizaram uma experiência em parceria mediante a trocas mútuas. As atividades propostas para as crianças, visando a discussão da cidade, foram ao longo deste ano discutida e avaliadas, convidando ao prosseguimento de testes e aperfeiçoamento das propostas pedagógicas que as sustentaram. Portanto, nossas portas estão abertas para quem se interessar por nosso trabalho, que no fundo, tem sido uma grande e divertida aventura.

Texto de Carolina Pescatori e Elane Peixoto 107


palestra cunhas verdes no urbanismo

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A proposta de re-naturalização de cidades, intitulada infraestrutura verde, surge como uma forma de instrumentalizar o discurso da cidade sustentável em sua dimensão ecológica, o que se aproxima, ainda, da visão de cidade resiliente. Com o intuito de ampliar as parcerias com instituições internacionais que possuem experiência consolidada nessa base conceitual e na implantação de projetos de re-naturalização urbana, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo recebeu, de 18 a 20 de abril de 2018, a visita técnica do professor Fabiano Lemes da University of Portsmouth (UK). A visitação se deu pelo convite da professora Maria do Carmo de Lima Bezerra, líder do grupo de pesquisa em Gestão Ambiental Urbana g-GAU (UnB), que desenvolve um projeto de pesquisa com o tema, em conjunto com a professora da UFG, doutoranda do PPGFAU, Camila Sant’Ana. O professor Fabiano Lemes é coordenador do grupo de pesquisas “Future Cities” e do Mestrado em Cidades Sustentáveis da Universidade de Portsmouth (UK), e é responsável pelo desenvolvimento de pesquisas com instituições brasileiras. A exemplo deste, tem-se o projeto Re-Naturing Cities: Theories, Strategies and Methodologies com apoio do Conselho Britânico/FAPEG. No sentido de ampliar essa atuação, foi realizada a visita técnica à FAU-UnB, a qual culminou com a palestra no dia 19 de abril de 2018 intitulada: Green Wedge Urbanism e com o lançamento do livro homônimo, publicado pela editora Bloomsbury, UK. O evento, organizado pelos professores Joara Cronemberger e Caio Silva com o apoio dos coletivos Pé na Estrada e Ateliê Muda, foi realizado no auditório da FAU e contou com uma ampla plateia de alunos de graduação, pós-graduação e muitos colegas. A agenda da semana foi acompanhada pela professora Maria do Carmo Bezerra e iniciou com uma reunião junto

ao Diretor da FAU, professor Manoel Sanchez. Após tal compromisso, houve um encontro entre os membros das diferentes linhas de pesquisa do programa de pós-graduação, sob coordenação do professor Marcos Thadeu Magalhães, em que se discutiu as possíveis interfaces de trabalhos desenvolvidos lado a lado. Tendo como objetivo a concretude dessas parcerias, ocorreu uma reunião entre a Comissão de internacionalização da FAU, liderada pela professora Joara Cronemberger, e a Diretora de pesquisa do DPI, professora Claudia Amorim, quanto às formas de operacionalização da parceria, por meio da criação de rede de colaboração em pesquisa entre a FAU-UnB e University of Portsmouth /CNPq, sob o tema da infraestrutura verde. Como atividades didáticas, o professor Lemes colaborou, no PPGFAU, como membro da banca de qualificação de doutorado de Camila Gomes SantʼAnna, com o tema “Infraestrutura verde e sua contribuição para o desenho da paisagem da cidade” e participou de disciplina de Ateliê de Planejamento Urbano das professoras Maria do Carmo Bezerra e Gisele Chalub com monitoria de Camila Sant’Anna, onde se realizou exercícios práticos, utilizando os métodos e conceitos apresentados na palestra e no livro do próprio professor. Por fim, hoje, transcorridos alguns meses, um primeiro passo na construção da parceria foi realizado com a Visita Técnica, apoiada pela FAP-DF, da professora Maria do Carmo Bezerra à University of Portsmouth (UK) no período de 1 a 15 de outubro. O objetivo era conhecer as estratégias didáticas, o projeto pedagógico e o escopo dos trabalhos de conclusão do “Master em Sustainable Cities”, coordenado pelo professor Lemes, tendo em conta a implantação, no ano vindouro, do mestrado profissional do PPGFAU em Cidade, Ambiente e Patrimônio.

Texto de Camila Sant’Ana e Maria do Carmo Bezerra 109


paisagem metropolitana workshop de projeto

O workshop “Paisagem Metropolitana: (re)apropriações no Eixo Sudoeste em Brasília”, organizado pelo grupo de pesquisa Paisagem, Projeto e Planejamento (vinculado ao LabeUrbe) e demais envolvidos*, ocorreu de 06 a 11 de abril de 2018 na FAU-UnB. Criado a partir do convite do grupo de pesquisa TEMPU Teoria, Ensino e Metodologia do Projeto Urbano (UFRJ), coordenado pelo professor Guilherme Lassance, em parceria com a École Nationale Supérieure d’Architecture de Versailles - ENSA, França, o workshop reuniu 15 alunos da França, 15 do Rio de Janeiro e 15 de Brasília em grupos mistos liderados cada um por três professores de cada instituição. O objetivo do trabalho, desenvolvido em uma imersão de 6 dias, era de atribuir novos signifi110

cados às maneiras de apropriação social da paisagem metropolitana de Brasília, tomando como objeto de estudo o eixo metroviário do Distrito Federal e as áreas das respectivas estações de metrô: Central, 108 Sul, Shopping, Guará, Águas Claras, Centro Metropolitano e Guariroba. A análise sociomorfológica das áreas de estudo buscou investigar não apenas o simples espaço físico, mas como cada uma se comporta na cidade e no contexto metropolitano - qual é o papel representativo do micro no contexto macro? A diversidade de resultados dos trabalhos revelou uma Brasília de paisagem urbana que, mesmo fragmentada, é caracterizada por uma multiplicidade de significados e caráteres sobre o espaço urbano.

Texto de Luiza Coimbra Organização: Ana Elisabete de Almeida, Camila Abrão, Carlos Henrique Magalhães, Carolina Pescatori, Cristiane Guinâncio, Daniela Braga, Emília Wolf, Giselle Chalub, Juliana Dullius, Laura Camargo, Livia da Rocha, Lucas Brasil, Luciana Saboia, Luiza Coimbra, Maria Cláudia Candeia, Paola Ferrari, Pedro Paulo Palazzo, Ricardo Trevisan, Tadeu de Brito, Técio Luiz, Vanessa Schnabel, Vânia Loureiro.


Fotos por Luiza Coimbra.

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HO MENA GEM



revistas de arquitetura e urbanismo

Fonte da imagem: https://editorialelotus.it/


Quem lê tanta notícia Desde o começo de minha graduação, em Salvador, desenvolvi uma pequena obsessão por revistas de Arquitetura e Urbanismo. Aquele foi um momento singular, no começo dos anos 2000, em que a Biblioteca da FAUFBA tinha acabado de ser reformada e onde chegavam, periodicamente, não apenas as edições de Projeto e aU, como também, para deslumbrados neófitos como eu e muitos colegas, a “última” El Croquis ou Arquitectura Viva. A notícia corria rápido pela Faculdade. Com o tempo, passou a ser também o lugar onde descobri a arquitetura moderna brasileira ocupando as páginas da Architecture d’Aujourd’hui e os italianos “radicais” dos anos 1960-1970 dando o tom na Domus. Desde então surgiram muitas revistas eletrônicas, nem todas acertando no formato nem nos recursos possibilitados pela consulta em rede, assim como toda revista passou, necessariamente, a manter e atualizar suas páginas na Internet. Em uma versão anterior do endereço eletrônico da Lotus International havia uma seção chamada Lounge, com ilustrações de suas autoras e autores mais frequentes. Lá se encontravam, dentre outros, Jean Nouvel como um super-herói, os siameses Herzog & de Meuron prestes a terem suas cabeças cortadas por um Peter Eisenman com tesoura em punho, Kazuyo Sejima tendo que ficar de pé na poltrona para tentar conversar com um Steven Holl que medita, levitando sobre uma LC2, enquanto Alvaro Siza fuma seu cigarro, de costas, como quem está de partida desse mundo, sendo inevitavelmente parte dele. Por muito tempo guardei essa imagem como uma representação do boudoir tafuriano, uma ingenuidade mal disfarçada de engenho. Ao saber desta nova edição de ARQUI, revirei meus arquivos e os da própria Internet para finalmente reencontrá-la. Mais do que o lugar da prática íntima de prazeres e sadismos, de um circuito fechado e hermético, as revistas são o pretexto para experimentação, lugar de encontros insuspeitos, debates acalorados e da organização de dossiês temáticos inspiradores. O mercado do conhecimento, acentuado nos últimos anos, vem concentrando a produção acadêmica em portais de acesso restrito e estimulando o comércio e a leitura atomizada de artigos em formato digital retirados do contexto. Já morando em Brasília, a colaboração com a pesquisa Cronologia do Pensamento Urbanístico me fez circular entre a BCE e o CEDIARTE, quando pude encontrar de perto a experimentação gráfica da Architectural Design dos anos 1960, a ironia da Pampulha e as disputas entre Kenneth Frampton e Denise Scott Brown nas páginas da Casabella. Aqui também descobri a ARQUI e seu cuidadoso trabalho editorial na construção das pautas, na qualidade gráfica e no registro das atividades da FAU. O encontro com o material impresso, na heterotopia das bibliotecas, continua sendo o momento mais aguardado.

Texto de Leandro Cruz



“Ao percorrer a seção de revistas de uma boa biblioteca especializada em arquitetura, urbanismo, paisagismo e design (AUPD), ao mesmo tempo que um interessado encontrará uma coleção impressionante de publicações tratando de inúmeros aspectos em uma variedade de formatos, cores e acabamentos, um consulente com um olhar mais acadêmico terá dificuldade para identificar títulos que possam ser caracterizados como “periódicos científicos e técnicos”, nos padrões consagrados em outras áreas de conhecimento. Todavia, entre um boletim noticioso corporativo, volumes com o porte de livros, revistas fashion, sisudas publicações ou magazines de arranjos interiores, há um conjunto com um rico repertório de informações e documentação de uma época. [...] Periodismo multifacetado que se consolidou ao longo do século XX em uma cultura literária e visual que foi também responsável pela veiculação de idéias e imagens que ajudaram a transformar o ideário e a prática profissional, circunscrito naquilo que se convencionou chamar de arte, arquitetura e urbanismo modernos.”

SEGAWA, Hugo; CREMA, Adriana; GAVA, Maristela. Revistas de arquitetura, urbanismo, paisagismo e design: a divergência de perspectivas. Ciência da Informação, Brasília , v. 32, n. 3, p. 120-127, dez. 2003.

Foto por Bruno Castro


Na verdade, nas revistas técnicas, [no campo de Arquitetura e Urbanismo, desde fins da década de 80,] somavamse questões pragmáticas e imediatistas do meio profissional e programáticas advindas de posturas neo-marxistas – e, portanto, mais politizado. Ambas acabavam por favorecer a circulação e recepção de textos históricos de natureza operativa, estilística, preocupados mais com linguagens do que com poéticas, ou que se apoiavam claramente nas questões topofílicas-identitárias. Em outras palavras, pragmáticos e programáticos, ambos se preocupavam, embora por caminhos diversos, com uma prática da arquitetura socialmente “útil” e passível de ser também diretamente “aplicada”. Independentemente ora destas clivagens ora de seu entrelaçamento, certamente revistas desempenharam papel importante nesse momento inicial, de (re)construção da área, permitindo que a própria ideia de uma “produção de pesquisas históricas” começasse a se tornar perceptível no meio dos arquitetos e urbanistas ao conectar uns e outros com historiadores, em maior e menor grau, como se viu, nacionalmente.

PEREIRA, Margareth da Silva. O rumor das narrativas: a história da arquitetura e do urbanismo do século XX no Brasil como problema historiográfico – notas para uma avaliação. ReDObRa, v. 13, p. 201-247, 2014.

Foto por Bruno Castro




A primeira edição da revista brasília, de janeiro de 1957, começa a circular em todo o país em 18 de fevereiro como publicação mensal da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap). Segundo os editores, esta publicação aparece em consequência do art. 19, da Lei nº 2.874, de 1956, que estatuiu para a Novacap a obrigatoriedade de divulgar, por meio de um boletim mensal, os atos administrativos da Diretoria e os contratos por ela celebrados. Obrigatoriedade então assumida na forma da publicação de uma revista que tinha como objetivo, não apenas documentar, mas também defender a construção, a arquitetura e o urbanismo da nova Capital do Brasil. Por seu objetivo e periodicidade – 83 números entre 1957 e 1988 – sua coleção constitui uma importante fonte de pesquisa da história da construção, inauguração e consolidação de Brasília. [...] A revista conta com depoimentos de Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Israel Pinheiro entre outros importantes políticos, arquitetos, urbanistas e intelectuais do país. Os artigos, que defendem a ideia da mudança da capital, passam a relatar, com ampla cobertura fotográfica, inclusive com fotos aéreas, o cotidiano do canteiro de obras de Brasília, a história de sua construção, inauguração e consolidação, expondo os detalhes de sua arquitetura e urbanismo, acompanhando passo a passo o nascimento da cidade: a venda dos primeiros lotes, as primeiras construções, as primeiras casas populares, os primeiros blocos de apartamentos, as primeiras lojas, o estabelecimento das primeiras escolas e os primeiros eventos sociais. CAPPELLO, M. (2010). A revista brasília na construção da Nova Capital: Brasília, 1957-1962. Risco Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online), (11), 43-57.

Foto por Bruno Castro




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Arqui / José Manoel Morales Sánchez, editor; Maria Fernanda Derntl, editora executiva, - n. 10 (dezembro 2018)- Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2014134 p. ; 30 cm. Periodicidade semestral Descrição baseada em: n. 10 (dezembro 2018) ISS N2358-5900 1. Arquitetura. 2.Urbanismo. I. Morales Sánchez, José Manoel (ed.). II Derntl, Maria Fernanda (ed.). CDU 72


Universidade de Brasília Reitora: Márcia Abrahão Moura Vice-reitor: Enrique Huelva Decano de extensão: Olgamir Amancia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB Diretor: José Manoel Morales Sánchez Vice-diretora: Luciana Saboia Fonseca Cruz Coordenador de pós-graduação: Marcos Thadeu Queiroz Magalhães ARQUI é uma publicação semestral da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – UnB EDITOR – José Manoel Morales Sánchez EDITORA EXECUTIVA – Maria Fernanda Derntl CONSELHO EDITORIAL – Andrey Rosenthal Schlee, Benny Schvarsberg, Cláudio José Pinheiro Villar Queiroz, Elane Ribeiro Peixoto e Luiz Alberto Gouvêa EQUIPE EDITORIAL DA REVISTA – Ana Paula Gurgel (Coordenação de Ensaio Teórico), Caio Frederico e Silva (Coordenação de Extensão), Maria Claudia Candeia (Coordenação de Diplomação), Flávia Serra (Estagiária), Giovana Canellas (Estagiária), Sophia Brancaglion (Estagiária), Marcos Cambuí (Estagiário), Victoria Jannuzzi (Estagiária), José Manoel Morales Sánchez e Maria Fernanda Derntl. COORDENAÇÃO EDITORIAL – José Manoel Morales Sánchez e Maria Fernanda Derntl COMISSÃO DE DIPLOMAÇÃO – Ana Paula Gurgel, Maria Claudia Candeia e Vanda Zanoni COMISSÃO DE ENSAIO TEÓRICO – Ana Paula Gurgel, Maria Claudia Candeia e Vanda Zanoni DIAGRAMAÇÃO – Flávia Serra, Giovana Canellas, Sophia Brancaglion, Victoria Jannuzzi e Marcos Cambuí PROJETO GRÁFICO – Gabriela Bílá (Novo Estúdio Brasília) e Luiz Eduardo Sarmento IMAGENS DA CAPA E SEÇÕES – Marcos Cambuí IMPRESSÃO – Gráfica Coronário © Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB Universidade de Brasília, Instituto Central de Ciências – ICC Norte, Gleba A, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília DF, Brasil 70904-970 tel. (+55) 61.3107.6630 fax. (+55) 61.3107.7723 http://www.fau.unb.br/ n° 10 1/2018 As opiniões expressas nos artigos desta revista são de responsabilidade exclusiva dos autores. www.facebook.com/arquirevistadafauunb revistadafauunb@gmail.com


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