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Dezembro de 2017 - edição 1/2017 - n˚ 08

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Imagem da capa e do início das seções: Desenhos de Reinaldo Guedes Machado, com intervenção gráfica da equipe da revista.


Dezembro de 2017 - edição 1/2017 - nº 08

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Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo




editorial C

roqui, esboço ou risco... o desenho à mão livre é o tema desta oitava edição da revista ARQUI. Um pouco esquecido e menosprezado diante de tantas possibilidades tecnológicas de representação, o desenho à mão livre sobrevive e permanece tendo encanto e valor próprios. As imagens da capa e do início das seções da revista foram feitas a partir de desenhos e anotações do professor da FAU-UnB Reinaldo Guedes Machado. Essas imagens ilustram de forma magistral como se pode alinhar pesquisa e a produção artística no trabalho do arquiteto. Incluímos também uma pequena amostra de desenhos de alunos e professores feitos em situações variadas e com propósitos diversos: estudos de projeto, anotações de aula, visitas de campo, desenhos de observação, registros de viagem ou apenas croquis feitos para deleite pessoal. Esta pequena amostra reafirma a vitalidade dessa forma insubstituível de representação e sua relevância para o campo da Arquitetura e do Urbanismo. Ao reunir uma seleção de trabalhos finais de curso nas áreas de Projeto, História e Tecnologia, ao

lado de notícias sobre palestras, encontros, prêmios e eventos de natureza diversa realizados no semestre anterior, a revista busca documentar algumas das atividades que envolveram a comunidade acadêmica da Faculdade, em diálogos entre si e com pesquisadores, profissionais e membros de outras comunidades. Mas não é só isso que a revista propicia, ao colocar lado a lado essas atividades diversas, podemos ver sincronicidades e indagar sobre inquietações partilhadas entre nós. Uma questão levantada em uma palestra pode reaparecer em uma pesquisa de Ensaio Teórico, fundamentar um projeto de urbanismo e voltar a ser lembrada numa aula ou num encontro de alunos. Em ziguezagueante circulação, as ideias são apropriadas de modos distintos e ganham novos sentidos em processos conjuntos de ensino-aprendizagem. E, nesses percursos, as ideias também podem se expressar sob a forma de desenhos, como aqueles que vemos nesta revista.

A equipe editorial


Sketch, draft or doodle... freehand drawing is the theme of ARQUI journal’s eighth issue. Slightly overlooked and underrated when compared to so many technological possibilities of representation, freehand drawing survives and remains with its own charm and value. The images of the cover and the beginning of the journal’s sections were made from drawings and notes of FAU-UnB professor Reinaldo Guedes Machado. These images illustrate masterfully how one can align research and artistic production in the work of the architect. We have also included a small sample of drawings of students and teachers made in varied situations and for several purposes: design studies, class notes, field trips, observational drawings, travel diaries or just sketches made for personal enjoyment. This small sample reaffirms the vitality of this irreplaceable form of representation and its relevance to the field of Architecture and Urbanism. By gathering a selection of term works in the areas of Design, History and Technology, along with news about lectures, meetings, awards and diversified events held in the previous semester, the journal seeks

to document some of the activities that involved the Faculty’s academic community, in dialogues among themselves and with researchers, professionals and members of other communities. But that is not all that this journal provides. By putting these diverse activities side by side, we can see synchronicities and question the concerns shared among us. An issue discussed during a lecture may reappear in a Theoretical Essay survey, motivate an urban planning project, and be mentioned again in a class or at a student’s gathering. In a zigzagging motion, ideas are appropriated in different ways and gain new meanings in joint teachinglearning processes. And in these routes, ideas can also express themselves in the form of drawings, such as the ones we see in this magazine.

The editorial team


sumário 10 PESQUISA 12 ensaio 14 cidade editorial danillo alves arantes 16 neuromancer fernando longhi pereira 18 mobilidade e preservação do patrimônio em brasília filipe oliveira conde 19 não me abandone aqui giovana de almeida martins azevêdo 20 jardins do cerrado helena bokos

21 planejar, projetar e construir: um papel dos moradores? isabela de paula 22 memórias em série júlia mazzutti bastian 24 cidades genéricas mariana verlangeiro vieira 25 vila tecnológica do df vanessa cristine silva cardoso 26 quase-padrões algorítmicos matheus bastos tokarnia oliveira

28 NOVOS ARQUITETOS 30 diplô 32 destaques 36 a nova piscina de ondas ana cristina silva 38 projeto de requalificação do sia andré viana 40 construção da interface ambiental urbana na arie jk anna carollina queiroz palmeira 42 edifício de uso misto danilo gasparotto 44 + beco jéssica schmitt pereira 46 linha ave branca juliana santiago lima 48 aquário de brasília juliano veríssimo alves 50 abrigo soma marcelle pinheiro de abreu 52 cidades 53 estudo e proposta urbanística para habitação social amanda almeida rodrigues 54 interbairros ana catarina ferreira lima 55 qi 33 andrea costa de lucena 56 revisão e integração de transportes na asa norte arthur vilela santos 57 sos samambaia caroline machado da silva 58 varjão mais verde helena magalhães garcia 59 vicente pires gleba 02 larissa martins 60 orla e cidade luisa correa de oliveira 61 a urbanização do tororó vivien destord 62 habitação 63 conjunto habitacional beira-lago bruno godeiro

64 qnm 12 natália maria brasil de carvalho 65 aloja 700 rebeca couto crisóstomo 66 habitação popular sol nascente renan davis 67 cotidiano 68 espaço cultural w3 ana carolina moreth 69 paróquia sant’ana e são joaquim camila rocha coelho 70 ludus elias campos de jesus filho 71 vila do saber grazielli villasbôas cavalcanti 72 feira do produtor de águas claras larissa guerra santos 73 taguaparque leandro pereira fernandes 74 biblioteca comunitária origami luciana ruas 75 centro de educação primeira infância riacho fundo I natália melo silva 76 n.a.v.e. tharla stambassi ferreira de melo 77 tópicos especiais 78 novo polo cerâmico poti velho alexssandra silva souza 79 flora urbana bárbara gomes 80 aquário da orla joão lucas santos flores 81 parque zoológico de brasília marina nakamura 82 cerne maysa gonçalves valença 83 polen pedro henrique avelino 84 abrigo de emergência thais de arvelos 85 complexo aquático giovani casilo thiago abreu


86 FAU PREMIADA 88 27o ópera prima 90 anpur 2017

92 ENCONTROS 94 pé na estrada um semestre e as várias faces do projeto 98 apontamentos etnográficos sobre escalas e mobilidades na capital chinesa a experiência de transformação urbana 99 joão almino cidade e literatura 100 poeira e batom cine-debate do coletivo feminista 102 semana concreta além do diploma 103 seminário internacional de projeto, estrutura e arquitetura 103 mies é mais! 104 I semana de cenografia da fau-unb

106 GALERIA 108 desenho e arquitetura

116 HOMENAGEM 118 o desenho



PES QUI SA


N

o prefácio de “Heavenly mansions...”, John Summerson assinala que longe de ser tomado como um tratamento final sobre um assunto, um ensaio deve ser tomado como tentativa, experiência ou resultado de um esforço empenhado para tratar tal assunto. Menos que falta de compromisso, trata-se de abrir oportunidades para arriscar, especular e testar hipóteses. Ensaio Teórico é uma disciplina criada em 1989, pela atuação da Profa. Sylvia Ficher. Desde então, a disciplina proporciona aos alunos da FAU-UnB uma oportunidade de definir um tema para dedicar especial atenção e especular sobre seus limites, qualidades, pesquisar as circunstâncias, definir abordagens, e apresentar os resultados de tal empenho à comunidade acadêmica da FAU. Mais uma vez, os Ensaios apresentados nesta edição da revista resultam das pesquisas dos alunos em meio à diversidade de temas, assuntos, questões e demonstram os bons termos a que tais especulações podem atingir, ao proporcionar aos alunos esta situação particular de reflexão. Colaboraram para esta seleção: Ana Paula Gurgel (THAU), Maria Cláudia Candeia (PRO) e Carlos Eduardo Luna de Mello (TEC). Ao encerrar as atividades conexas à coordenação desta disciplina em implementar pequenas

“An essay is an attempt...” John Summerson

transformações e ajustes relativos ao andamento da disciplina, é preciso agradecer o apoio fundamental dos colegas do Departamento, todos os professores que colaboraram com o andamento e estruturação da disciplina, professores que participaram das comissões ad hoc de seleção para revista ARQUI, os professores que orientam e/ou participam das bancas. Neste período ao menos algumas coisas parecem ser positivas: 1) organização de bancas coletivas; 2) ficha unificada de avaliação; 3) formatação digital da versão final do ensaio, a fim de oportuna disponibilização e consulta; 4) organização do calendário articulado Ensaio/Diplô. Aproveito o ensejo e faço votos para que a nova Coordenação sob o comando da Profa. Dra. Ana Paula Gurgel seja tenaz e paciente com os desafios cotidianos que Ensaio Teórico apresenta, corrigindo e aprimorando o que não foi possível, a fim de fortalecer a disciplina.

Eduardo Rossetti Coordenador de Ensaio Teórico


“An essay is an attempt...” John Summerson

In the preface to “Heavenly mansions...”, John Summerson points out that far from being taken as a final treatment on a subject, an essay should be taken as an attempt, an experience, or a result of a committed effort to treat such subject. Less than a lack of commitment, it is about opening up opportunities to risk, speculate and test hypotheses. Theoretical Essay is a discipline created in 1989 by Professor Sylvia Ficher. Since then, the course has given FAU-UnB students an opportunity to define a theme to devote special attention to and speculate about its limits, qualities, research circumstances, define approaches, and present the results of such commitment to FAU’s academic community. Once again, the Essays presented in this journal’s issue are the result of student’s research in a diversity of subjects and matters, and demonstrate the good terms to which such speculation can go, when providing students with this particular reflection circumstance. This selection’s collaborators are: Ana Paula Gurgel (THAU), Maria Cláudia Candeia de Souza (PRO) and Carlos Eduardo Luna de Mello (TEC). When finishing the activities related to the coordination of this discipline in implementing small changes and adjustments related to the progress of the course, we must thank the fundamental support of

the Department’s colleagues, all the professors who collaborated with the course direction and structure, professors who participated in the ad hoc committees selection for ARQUI journal, the professors who guide and/or participate in examining boards. In this term at least some things seem to be positive: 1) organization of collective examining boards; 2) unified assessment form; 3) digital formatting of the essay’s final version allowing for timely availability and consultation; 4) organization of the articulated Theoretical Essay/ Graduation calendar. I take this opportunity to express the hope that the new Coordination under the command of Professor Ana Paula Gurgel will be tenacious and patient with the daily challenges that Theoretical Essay presents, correcting and improving what was not possible, in order to strengthen the discipline.

Eduardo Rossetti - Theoretical Essay coordinator


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cidade editorial city magazines - comunicação, identidade e representação das grandes cidades norte-americanas Created in the United States and widely spread after the 1960s, city magazines became a means of communication capable of not only informing but also consolidating the imaginary of the great American cities. Being called, mostly, by the name of their cities of origin, they served (and serve until today) as articulators between readers and urban space users. Thus, this essay seeks to better explain what city magazines are, to present their history, and to deepen the understanding of the identities’ construction, the relationship between urban space and communication, and the elaboration of narratives about this relationship.

Danillo Alves Arantes Cidades seguem em constante afirmação e reconstrução de seus imaginários locais. Baseiam-se em seus próprios habitantes e nos anseios comerciais do atual mundo globalizado para definir seus valores estéticos, sociais e comerciais, os quais formam sua representação e identidade locais. Comunicam-se de diversas formas a fim de atrair tanto investimentos quanto indústrias e turistas, convencendo-os por meios imagéticos e midiáticos sobre a existência de uma marca regional. Muitas são as formas de representação do imaginário local, desde intervenções na paisagem até a reprodução de imagens e conceitos. Os meios de comunicação exercem um papel fundamental neste processo e, dentre tais meios, pode-se destacar a mídia editorial. As revistas destacam-se pelo trabalho mais detalhado no processo de transmissão de determinadas informações. Diferentemente de muitos dos outros meios de comunicação, elas se aprofundam nas temáticas reportadas e não só transmitem a notícia, mas também opinam, conferem mais detalhes e se apresentam como um conjunto 14

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de informações que interessam ao seu leitor específico. Justamente por se consolidarem na segmentação de temáticas e públicos, possibilitam a criação de segmentos que discorram a respeito de assuntos de determinados interesses, incluindo cidades. Em trecho apresentado pela Boston Magazine, em sua página de apresentação, a publicação afirma: “Nossas reportagens expositivas, narrativas, perfis e reportagens investigativas relatam aos nossos leitores como esta cidade (Boston) funciona, enquanto nosso inigualável e sofisticado jornalismo de serviço os ajudam a extrair o máximo que a cidade pode lhes oferecer”. Em meio a estas palavras a revista não só define aquilo que lhe interessa publicar, mas também resume o papel e a intenção de boa parte das city magazines. Com base nisso, a pergunta que se quis responder, portanto, foi “Como as city magazines constroem a narrativa de representação da identidade de suas cidades?”. Sete publicações americanas foram então selecionadas para análise através do material divulgado em seus

websites, revelando-se muito mais interessantes do que aparentam ser do ponto de vista de estudo da cidade. Os formatos são muito semelhantes, a forma como escrevem também e até a representação física dos espaços públicos, e no fim, o que faz toda diferença são justamente as decisões editoriais e “o tom” que apresentam em cada texto. Procuram representar não a cidade enquanto espaço físico e nem a cidade enquanto marca, literalmente, mas sim a cidade que seus leitores/ habitantes construíram e assimilaram ao longo dos anos e aquilo que de fato lhes diferencia dos demais usuários de outros diferentes espaços urbanos. A cidade a nível mental e intelectual que acontece em espaços físicos diferentes – uma dimensão ainda mais interessante para ser estudada por urbanistas que vai além da pura espacialidade física.

Orientadora: Ana Elisabete Medeiros Banca: João da Costa Pantoja e Pedro Paulo Palazzo


Jesco Von Putt Kamer. Fonte Arquivo BrasĂ­lia (2010), Lina Kim e Michael Wesely

Imagens de Danillo Arantes.

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neuromancer desesperanรงa do futuro This essay discusses and problematizes questions about the dystopian urban representations present in one of the exponent works of the science fiction literature, Neuromancer, written by William Gibson and published in 1984. The research seeks to contextualize the work as well as explore its described cities. When relating the complexities of the present and the themes evoked by history, the possibility of this cyberpunk dystopia as a mirror of a present future emerges, assimilating fears and yearnings of its time that still reverberate in our everyday life.

Fernando Longhi 16

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Júlia Huff Theodoro Imagem de Fernando Longhi.

Não são poucas as mídias que inspiram o pensamento sobre o futuro: “Admirável Mundo Novo”, “1984”, “Blade Runner” etc. todas são obras que nos transportam instantaneamente para mundos fantásticos onde a tecnologia e a máquina imperam. Encontram-se nesses títulos um ponto em comum: o exagero dos males da cidade do futuro. A arquitetura e o urbanismo presentes em todos esses casos não são meros cenários, mas personagens. “Neuromancer” é uma aclamada obra literária de William Gibson que estabelece o subgênero cyberpunk. Foi datilografada em uma Hermes 1927 verde-oliva, em uma modesta e tradicional casa em Vancouver. Na época (1984), Gibson não possuía nem mesmo um modem, achava a internet difícil de usar e reclamava de suas terríveis interfaces; uma bela ironia para quem prenunciou o domínio da internet sobre a vida e a sua difusão em todas as esferas da sociedade. O personagem principal da obra se chama Case, um cowboy do ciberespaço que se aventura em diversas paisagens ora reais, ora virtuais, começando no

que se entende por ser o Japão indo ao território da monstruosa conurbação de Sprawl e chegando às colônias orbitais da Companhia Tessier-Ashpool. O livro nasce de uma realidade familiar vista de outra maneira. O resultado é uma projeção incerta dos elementos negativos da sociedade de seu tempo. Na narrativa, as aglomerações humanas perderam suas fronteiras, cresceram infinitamente, invadiram o mundo virtual e foram povoadas por sociedades multiculturais. São espaços como Sprawl, a megacidade que se estende por Boston e Atlanta — uma mancha urbana prolongada incessantemente, como a explosão de uma supernova no espaço. A problemática essencial de “Neuromancer” é o embate do corpo frente à eliminação do espaço. A combinação entre espaço real e virtual concebe a cyber-cidade e, no caso do livro, a cidade cyberpunk. A anomalia urbana de Gibson é a alegoria da pós-cidade, ela cresce de maneira irregular e descontrolada para suprir as demandas de seus fluxos comandados por intencionalidades corporativas, manifestando muta-

ções irreversíveis em seu tecido social. A rica e complexa cidade-personagem de “Neuromancer” é uma paisagem sensorial que se materializa pela descrição detalhista. Gibson utiliza esse recurso para observar a sociedade e assimilá-la em sua narrativa. Suas representações traduzem o embate com uma nova cultura tecnicista em que todas as estruturas, política, econômica e social, são confrontadas. Não mais, o espelho de um futuro, a obra de Gibson, escrita há mais de trinta anos, atinge nosso tempo com suposições estranhamente verossímeis. “Neuromancer” pôde situar e catalogar aspectos muito importantes que ajudam a clarificar o atual processo de transformação de nossa história, influenciando diretamente, as futuras formas de se pensar a arquitetura e o urbanismo. Entender estas especulações é tomar conhecimento do contexto em que foram construídas, da personalidade por trás de palavras escritas e dos anseios que permeiam aqueles que habitam a pós-cidade. Orientador: Elane Ribeiro Peixoto Banca: Sérgio Rizo e Neusa Cavalcante 17


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mobilidade e preservação do patrimônio em brasília When discussing mobility in the Brazilian capital, it is necessary to go through its recognition as a historical and cultural heritage of humanity. The essay seeks to create an understanding of the modernist characteristics of the city, which shape its identity, and then generate a discussion about the notion of heritage and its preservation within the cities, with the purpose of proposing solutions to a possible urban revision in favor of mobility

Filipe Oliveira Conde O Modernismo se entende pelos movimentos difundidos no final do século XIX e início do século XX, buscando romper com os padrões estéticos vigentes da arte, da literatura e da arquitetura tradicionais, ao passo que modernismo — assim com letra minúscula — seria o gosto pelo moderno, aquilo que é atual, recente, inovador e avançado. Está internalizada na arquitetura moderna — Modernista — a busca pela inovação, pela ruptura, seja ela tecnológica, formal ou ideológica. Seria de grande decepção para os modernistas verem sua obra se tornar o padrão que suplanta o inovador ou, ainda pior, transformar-se nas ruínas dos tempos porvir, no novo velho. Brasília nasce em um ambiente de ruptura: mais que a transferência da capital, a cidade traz um novo modo de viver urbano. Assim, nascida da genialidade humana, torna-se um importante objeto de preservação, exemplar de um momento histórico. E tal como surge da inovação, tal ela se torna passado, ao transformar o ato em fato. A cidade nasce de uma ideologia funcional: habitar, trabalhar, recrear-se. Essas são as funções básicas de 18 19

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uma cidade, definidas pelo arquiteto modernista Le Corbusier, acrescidas de uma quarta: o circular. Brasília, à sua maneira, organiza-se nas mesmas funções, com o circular — acrescente-se: viário — sendo o esqueleto dinamizador da vida urbana e a forte setorização responsáveis por acolher as demais funções. Adaptando-se e moldando a identidade da cidade, as funções se chamaram escalas: residencial, monumental, gregária e bucólica. No projeto e nos textos originais de Lucio Costa, criador do Plano Piloto, é evidente desde o princípio a presença da mobilidade: a importância do traçado viário, os eixos, os cruzamentos — ou a ausência destes —, a separação entre veículos e pedestres e a diferenciação de escala e função das vias. No estudo da mobilidade urbana, a abordagem adotada pelo ensaio entende quatro fatores presentes na forma das cidades como vinculados à sua promoção: uso do solo, densidade, acessibilidade e continuidade. Sob a ótica destes fatores, faz-se uma análise à situação atual de Brasília, buscando soluções de adequação àquelas condições que seriam ideias à promoção da

mobilidade na cidade. Na busca de soluções, entretanto, a discussão se faz tendo como ponto de partida não a legislação e os entendimentos atuais acerca do tombamento da cidade, mas as características que formam a sua identidade, levantadas na análise de documentos históricos de sua concepção e suas influências; e as que conceituam um patrimônio, sua significância e sua preservação. Faz-se, então, uma ruptura com o pensamento vigente, buscando trazer à cidade, outra vez, aquilo que a deu origem: sua modernidade.

Orientadora: Maria do Carmo de Lima Bezerra Banca: Liza Maria Souza de Andrade, Maria Claudia Candeia de Souza e Maria Fernanda Derntl.


“não me abandone aqui”

um caminhar pelos espaços do louco na história da loucura The importance of bringing the context of insanity to be approached in the parameters of Architecture, starting from the analysis of the spaces of the insane person in different periods of history, is in the valuation of a type of design that is still very little explored. The idealization of antimanicomial environments for this context goes together with the Psychiatric Reform in the reformulation of the social imaginary about insanity and in the substitution of the hospitalcentered model for the process of hosting the current Mental Health System, aiming at insertion and recognition of the role of the insane person in society.

Giovana de Almeida Martins Azevêdo Estudar os espaços destinados àqueles ditos loucos, nas sociedades atuais, requer, como ponto de partida, o entendimento da conceituação da loucura, um processo histórico em constante mudança. Junto ao desenvolvimento das sociedades e da construção de imaginários sociais sobre a loucura, este processo vem se reestruturando ao longo do tempo e deixando marcas na maneira de conceber os lugares do louco. Da Antiguidade Clássica até a era cristã, a loucura foi vista de diferentes modos. Tem-se registros da loucura interpretada como fruto da vontade e castigo de divindades na Grécia Antiga; a ideia de possessão diabólica na Idade Média; a visão mística da questão no Renascimento que, segundo Foucault, passa a ser até fascinante; e o processo de institucionalização da loucura, vista como patologia, na Modernidade, a ser diagnosticada pela Psiquiatria. Nestes períodos, os espaços destinados ao louco variaram entre características asilares e de confinamento, até a chegada da Reforma Psiquiátrica, que vem tomando força nas sociedades contemporâneas como meio de transformação do entendimento da loucura, do papel do louco

e dos espaços a ele destinado. Neste ponto, percebe-se os atuais espaços do louco como reflexos da trajetória da loucura junto à história da humanidade - frutos de um modo rígido de interpretação - a fim de entender a situação das unidades de atendimento da Saúde Mental. Como arquétipos da realidade atual, estas unidades são pontos estratégicos das Redes de Atenção Psicossociais (RAPS). Elas acolhem os diversos territórios brasileiros no processo de substituição do modelo hospitalocêntrico e consolidação da Reforma Psiquiátrica, previstos pela Lei Federal 10.216/2001, e devem ser tratadas como pontos fundamentais para a melhoria das questões da loucura. Este tema é base para uma discussão atual importante, quanto aos caminhos a serem seguidos para que mudanças nos modelos de acolhimento possam ser concebidas. Neste contexto, entende-se a importância de interpretação da Arquitetura - que cria espaços, percepções, abrigos e laços importantes entre o indivíduo e o ambiente - como uma das pontes entre o usuário e a Saúde Mental, a ser estruturada em prol da melhoria da qualidade de vida

das pessoas ditas loucas. O trabalho apresenta dois estudos de caso sobre espaços arquitetônicos que representam o processo de transformação atual: o CAPS II do Paranoá, como unidade da Rede de Atenção Psicossocial essencial para o processo de substituição do modelo hospitalar manicomial, no qual foram vivenciadas oficinas terapêuticas de rotina, a fim de compreender a relação dos espaços físicos com a dinâmica da unidade; e o Hospital São Vicente de Paulo, em Taguatinga, como exemplo de hospital psiquiátrico ativo hoje, e da onde surgiu o título deste trabalho, “Não me abandone aqui”. A relação existente entre estas duas unidades, que se complementam no Sistema de Saúde Mental, evidencia os principais pontos a serem corrigidos para que haja a total implementação das normas decorrentes da Reforma Psiquiátrica, em busca da reinserção dos usuários.

Orientadora: Carolina Pescatori Banca: Maria Cecília Filgueiras e Sérgio Rizo 19


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jardins do cerrado ideias para a criação de uma identidade paisagística utilizando a flora nativa The perception of similarities between the cerrado vegetation and undergrowth flora of temperate climates - as opposed to tropical species that predominate in the gardens of Brazil - led to the search for other landscape references that could be related to the modernist identity of the Brazilian landscape architecture. Therefore, the study explored aesthetic relationships between native vegetation, the naturalistic style of the temperate gardens and the Brazilian modernist expression, to formulate strategies for developing a language of the biome, based on the work of the Jardins do Cerrado group.

Helena Bokos O cerrado é considerado a savana mais rica e, ao mesmo tempo, mais ameaçada do mundo. Apesar disso, não se observa uma linguagem paisagística própria do cerrado e sim uma apropriação da expressão tropical brasileira. A baixa representatividade do bioma contribui para sua destruição e o paisagismo pode ser instrumento de preservação e sensibilização para a causa. Assim, o estudo buscou elaborar formas de desenvolver uma expressão mais identitária para a arquitetura paisagística no cerrado. O ensaio está estruturado em três partes: a primeira, “Estudos”, apresenta a vegetação do cerrado, classificada em fitofisionomias; o movimento naturalista contemporâneo, especificamente, os princípios do New Perennial Movement; e a metodologia de projeto de Piet Oudolf, seu principal expoente e projetista dos jardins do High Line em Nova York. Em “Experiências”, é apresentado o projeto Jardins de Cerrado, uma iniciativa pioneira idealizada pela arquiteta paisagista Mariana Siqueira, que busca estudar e introduzir espécies nativas no paisagismo utilizando os princípios 20

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do New Perennial Movement. Foram apresentados dois projetos do grupo: o experimento no Jardim Botânico de Brasília, que estuda o desenvolvimento e reprodução de espécies rasteiras nativas; e a Restauração Paisagística no Parque Nacional de Brasília, o primeiro projeto paisagístico naturalista com utilização estrita de espécies nativas. Com o intuito de fornecer subsídios para futuros projetos, foi produzido um catálogo com informações botânicas de espécies utilizadas nas experiências, classificando seus potenciais de utilização paisagística, segundo a metodologia de Oudolf. A terceira parte, “Ideias”, estabelece relações entre cerrado, naturalismo e modernismo, sintetizando três estratégias para a criação de uma identidade paisagística do cerrado: o potencial de utilização da flora e do cerrado em jardins naturalistas — baseado em suas semelhanças, notoriamente a predominância de flora rasteira e a mudança marcada de estações, utilizadas como principais recursos estéticos do estilo naturalista; a tradução da paisagem do cerrado como forma de expressão identitária, uma vez que não se pretende a transposição de um modelo estran-

geiro, além de estratégia ecológica; e as relações estéticas entre os jardins naturalistas contemporâneos e os jardins modernistas brasileiros no uso das cores e da geometria como forma de expressão. A utilização de espécies nativas não só possibilita a criação de uma linguagem paisagística própria do bioma como constitui uma abordagem mais ecológica que o paisagismo tradicional. Acredita-se que a valorização da paisagem do cerrado e da flora nativa, aliada às relações formais estabelecidas entre as linguagens naturalista e modernista, possa atuar como base na criação de uma identidade paisagística do cerrado. A experiência do Jardins de Cerrado é fundamental, nesse momento, ao comprovar a funcionalidade da proposta de utilização de espécies rasteiras nativas no paisagismo.

Orientadora: Carolina Pescatori Banca: Cecília de Sá e Oscar Ferreira


planejar, projetar e construir: um papel dos moradores? um estudo sobre projetos de autogestão habitacional na frança e no brasil

The present essay deals with the subject of self-management in French and Brazilian housing production and seeks, through the historical study of this practice and respective products in both countries, to understand the similarities, the differences, as well as the particularities of self-management in each chosen context. A small contribution to the debate on national participatory housing production that understands the importance of these practices to the production of architectures that respond to the real needs of its users.

Isabela de Paula A questão da autogestão vem sendo cada vez mais discutida pela sociedade e está presente desde as últimas décadas em projetos de habitação no Brasil e em diversos países, como a França. A lógica da autogestão se diferencia daquela de mercado, que visa ao lucro dos incorporadores imobiliários. Na autogestão, a habitação é produzida para uso próprio e em benefício dos usuários, construída com o auxílio técnico de profissionais e financiada, por vezes, pelo Estado. O processo de autogestão ocorre mediante a definição do terreno, o auxílio na elaboração do projeto, a escolha da equipe técnica e das técnicas construtivas. A comunidade, no exercício de sua cidadania, pode também controlar os recursos financeiros e a execução da obra, garantindo assim a obtenção de uma moradia adequada às suas necessidades e viável economicamente. A história da autogestão na França está fortemente ligada à habitação cooperativa da metade do século XIX. A primeira lei de habitação social data de 1894, no entanto as iniciativas que serviram de base para os movimentos atuais são de 1968: o Mouvement de l’Habitat Groupé Autogéré — MHGA

(Movimento da Habitação Comunitária Autogerida). A concepção de habitat participatif existente hoje na França tem suas origens nessa época. A autogestão se caracterizou pela iniciativa de pessoas que possuíam interesses em comum como: a diminuição da especulação imobiliária; a diversidade social; o desejo de compartilhar bens e espaços com a vizinhança; a sustentabilidade; entre outros. Elas queriam reunir seus recursos para conceber e realizar sua moradia em um edifício coletivo. No Brasil, a habitação social está fortemente ligada às moradias operárias de início do século vinte nas grandes cidades, sobretudo em São Paulo. Porém, o Estado só começou a atuar de maneira mais enérgica nessa produção a partir da Era Vargas (1930–45). Foi a partir de um contexto de pressão sobre o poder que se institucionalizou a autoconstrução como política pública, sendo marcantes as práticas ocorridas durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (1989–92), na cidade de São Paulo, a qual implementou um programa de financiamento de mutirões. Em 2009, foi então lançado o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), cuja modalidade Entidades

se baseia em práticas participativas. Mediante esse panorama e da análise dos estudos de caso se pode perceber que as origens dessas práticas, em ambos os contextos, estão vinculadas aos movimentos sociais. Contudo, devido aos diversos fatores na França (menor concentração de renda, menor extensão territorial, menor déficit habitacional, maior conscientização da população para aspectos ambientais), essa produção se difere da do Brasil. Por fim, vale destacar a importância dada à produção de um produto final de qualidade e o bem-estar dos futuros habitantes. A grande contribuição trazida pelo modelo francês são as iniciativas por partes de grupos de classe média, cujos projetos podem servir de exemplo para nossa sociedade, contribuindo-se para o bem-estar das nossas futuras gerações.

Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Carlos Henrique de Lima, Eduardo Rossetti e Elane Peixoto 21


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Imagem de Júlia Solé.


memórias em série reabilitação de edifícios industriais no norte da frança Rehabilitation of old buildings into museums and cultural centers is a recurrent scenario. In the north of France, the theme is transformed by the rich industrial patrimony. In this study, research and analysis surpass the architecture scope, aiming at understanding the recovery of cultural value and the use value of these constructions as tools for valuing the heritage and the local collective memory. Based on the ideas and formulations of Beatriz Kuhl, Françoise Choay and Alois Riegl on heritage, we examine the historical context that formed this industrial architectural complex in the region, as well as the patrimonial policies and spatial reformulations employed in the two selected case studies and the return of these rehabilitations to the community.

Julia Mazzutti Bastian Solé Conceitos, ideias e análises arquitetônicas nos auxiliam a entender como o passado pode ser trabalhado na atualidade, de forma a oferecer efeitos de recuperação social, econômica e identitária para um lugar e sua população. Em meio a programas renovados e construções reabilitadas, percebe-se o sucesso dessas intervenções a partir do momento em que se estabelece a relação de memória e reconhecimento da comunidade com o edifício e o contexto urbano em questão. Essas investigações sobre patrimônio, memória e identidade, foram discutidas e analisadas a partir de um cenário específico: a região Nord-Pas-de-Calais. Um recorte que pode parecer não evidente inicialmente, mas que se mostrou extremamente adequado a partir da história que permeia a região e a vivência pessoal de trocas e experimentações dessas relações no local. O papel fundamental da região na produção industrial dos séculos XIX e XX foi analisado mais especificamente sobre as cidades de Lille e Roubaix, ambas de origem medieval, fortemente baseadas no comércio, que passaram pelo sucesso e declínio do período industrial e hoje estão enquadradas na mesma região metropolitana, reestruturando-se a partir da cultura e

da valorização patrimonial. A reestruturação dos valores de uso desses locais, por meio da resposta a necessidades contemporâneas, passa constantemente pelos equipamentos culturais, escolha que pode ser entendida a partir do conceito antropológico de cultura e dos museus como consequências dessa construção cultural local que os forma como lugares de criação, representação e memória. O resgate da memória e localidade de um local está intrinsecamente ligado às formas de reabilitação e tratamento do patrimônio material que, para se fazerem efetivas, devem ser pensadas e realizadas evocando o passado em usos presentes. A interatividade, ferramenta indispensável nos dias atuais, deve ser construída e usada como um reconhecimento crítico, com conexões que vão além do tato, tocando o imaginário e o emocional desse público. Os passos iniciais de reconhecimentos e reestruturação física dos locais permitem que a população obtenha o reconhecimento e legitimação daquele local e do período histórico que ele representa. A partir disso, apropria-se efetivamente desse, tornando-o parte da memória coletiva local e fonte de desenvolvimento econômico e social. Os estudos de caso escolhidos —

Museu La Piscine em Roubaix e Centro Cultural Gare Saint Sauveur em Lille — permitiram-nos compreender e exemplificar melhor tais efeitos de recuperação econômica e social promovidos pelas reabilitações. Os edifícios são modificados em suas formas e usos, mas sempre se atentando à conservação de elementos da edificação original, como a piscina, as duchas do museu de Roubaix e os revestimentos externos e estruturas industriais da estação de Lille, de forma a marcar o valor histórico e simbólico daqueles locais. Os valores de identidade e formação cultural construídos entre as necessidades do presente e a valorização da tradição. As adaptações e modificações nos edifícios para abrigarem uma exposição contemporânea o trazem para a atualidade e ativam a sua função social e educacional nos visitantes e moradores do entorno. A manutenção e preservação de fachadas e partes da construção original ativam nos usuários o apreço pela arquitetura e pelas histórias por ela contadas. A fábrica agora é museu — produzimos memórias em série! Orientadora: Maria Cecília Filgueiras Banca: Eduardo Rossetti e Reinaldo Guedes Machado. 23


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cidades genéricas pequim, um ponto privilegiado de observação This essay aims to introduce the problem of contemporary urbanization with regard to the confrontation between tradition and modernity, perceptible in the city of Beijing, a city marked by contrasts. Aspects of the history and the process of urbanization, as well as of the traditional architecture, Sino-Soviet and contemporary, were identified, together with the architectural enclaves, for a better understanding of the relations of these generic parcels with the rest of the city. This was complemented by a trip to the city of Beijing, as a way of including specific analysis, linked to the experience in these spaces.

Mariana Verlangeiro Vieira A dinâmica e a materialização das cidades são fenômenos particulares de cada núcleo urbano. As sensações provenientes da articulação do espaço constituem um conjunto único no qual o todo, por meio de suas particularidades, se faz singular. Mas o que há em comum entre as cidades, sobretudo entre as grandes metrópoles? Para que sejam capazes de apresentar possibilidades de viver equiparáveis, fazem-se presentes lugares comuns, ou seriam “não-lugares”? Trata-se de arquiteturas características das “cidades globais”, possibilitadas pelo fenômeno da globalização. A ancoragem das forças globalizadoras em Pequim se dá em meio a grandes contrastes advindos do paradigma tradição x modernidade. Demandas por edificações modernas são inquestionáveis em uma cidade que cresce a níveis anuais surpreendentes. Com 23 milhões de habitantes, sedes transnacionais, edifícios coorporativos, indústrias e sendo um importante polo cultural e turístico, a capital da China elabora sua interface com o Ocidente. Contudo, o fenômeno da substituição do patrimônio cultural para 24

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a reconfiguração dos espaços a partir de projetos “contemporâneos”, não é um fenômeno advindo apenas da demanda por novas edificações em Pequim. Trata-se de um paradoxo, cujo legado histórico chinês defende a falta de preservação e de apego às heranças da tradição cultural. Soma-se a isso, ainda, o processo de ressignificação de espaços, convertidos para novos usos, como forma de internacionalizar símbolos culturais que passam a fazer parte de rotas turísticas, o que resulta em um processo de fragmentação da paisagem urbana. Tem-se, assim, a impressão de se estar diante de bolhas urbanas desconectadas do entorno, o que evidencia a conformação das parcelas de cidades genéricas. Suas escalas grandiosas as tornam ainda mais notáveis, mesmo em meio às silhuetas cinzentas de poluição. Talvez este seja um dos fatores que conforte os responsáveis por projetos de tamanho impacto no cenário de Pequim: a pouca visibilidade decorrente do smog de uma cidade com índices de poluição do ar alarmantes. Talvez as máscaras que cobrem narizes e bocas não precisem tapar os olhos já cegos

pela busca incessante e veemente de uma realidade “modernizadora”. Desta forma, esses enclaves parecem ter como principal objetivo sustentar seus estúdios a partir de uma arquitetura destoante, que caminha de mãos dadas com a desarticulação histórica, contribuindo para o imaginário de uma Pequim que perde sua característica mais singular: ela própria. Assim, pode-se perceber a vulgarização deste tipo de arquitetura, que deveria ser marco característico de um recorte específico de cidades. O que antes era traço definidor de uma identidade, hoje é uma marcação de aspectos de uma cidade genérica, de um não lugar, que se explica na vaga justificativa de que essa nova arquitetura poderia se tornar símbolo da construção de uma identidade comum do homem contemporâneo; um cidadão sem pátria. Seria isto possível?

Orientadora: Elane Ribeiro Peixoto Banca: Neusa Cavalcante e Sérgio Rizo


a vila tecnológica do df The operation period of the BNH (“Brazilian National Housing Bank”) (1964-1986) was the scene of great transformations in housing production, as from the rapid construction of social housing in order to solve the Brazilian housing deficit. This stimulated the search for new methods, systems and materials that would transform housing into a more rational and economic construction. In this context, the Essay sought to problematize the housing policies in Brazil and the Federal District with the implementation of Vilas Tecnológicas, projects of houses with different construction systems, with a greater focus in the Federal District’s Vila Tecnológica.

Vanessa Cristine Silva Cardoso No período de operação do BNH foram testadas novas tecnologias que pudessem baratear o custo e, ao mesmo tempo, incentivar as pesquisas no setor da construção civil. O reflexo disso foi a criação do Programa de Difusão de Tecnologia para Construção de Habitação de Baixo Custo (PROTECH), de iniciativa do Governo Federal e atualmente extinto, cuja finalidade era estimular a construção de habitações populares utilizando novas tecnologias econômicas e sustentáveis. Somente as que apresentassem melhores condições, vantagens e desempenho seriam utilizadas para a construção de conjuntos habitacionais em todo o país, as Vilas Tecnológicas. Estas foram previstas em vinte cidades brasileiras, mas apenas doze foram consolidadas. A Vila Tecnológica do DF visou à criação e financiamento de habitações destinadas aos servidores do Governo do Distrito Federal residentes no Guará. Propunha-se a ser um grande mostruário de tecnologias alternativas com materiais ousados, como entulhos de construções, resíduos plásticos, isopor e casca de arroz, além de atender às necessidades de expansão do Plano Piloto.

Está localizada no Guará, às margens da Estrada Parque Taguatinga (EPTG), inserida na poligonal das Quadras Econômicas Lúcio Costa (QELC), aproximadamente a 15 km da Rodoviária do Plano Piloto. O programa de necessidades foi formado basicamente por equipamentos públicos, áreas institucionais, comércio e área residencial. As tecnologias usadas foram todas pré-fabricadas, constituídas de elementos leves e pequenos, de fácil montagem, rapidez e menor custo. Cada uma delas compunha um sistema fechado, proposto por cada construtora para próprio consumo; fato que não permitiu intercâmbio entre elas. Percebeu-se que as tecnologias foram precárias; a proposta arquitetônica impunha limites em relação à flexibilidade do espaço; as concepções não apresentaram projetos de destaque; esteticamente as casas são resultado de um entendimento pragmático, sem cuidado com os detalhes e com praticamente a mesma proposta para todos. Concluiu-se que a oportunidade de a Vila do DF impulsionar um novo modo de implantação de habitação popular se perdeu; pois, além de não

se realizar de forma planejada, foi uma experiência ignorada. Assim como nas outras Vilas, o programa habitacional passou por vários empecilhos e mudanças, principalmente por conta dos impasses governamentais. Os projetos foram iniciados, interrompidos, não continuaram ou continuaram de forma ineficiente, não obtendo o sucesso esperado. Outro fato foi a visão errônea acerca da inovação tecnológica para habitações sociais, concebidas somente como um meio de baratear as unidades e não como uma forma de avanço da construção civil, com o decréscimo da qualidade e uso ineficaz da técnica. Enquanto as políticas habitacionais não forem pensadas de forma diferente, continuará havendo déficit habitacional e projetos falhos, com materiais de baixa qualidade, problemas estruturais e moradores insatisfeitos. Habitação social se tornou sinônimo disso.

Orientadora: Elane Ribeiro Peixoto Banca: Carlos Henrique Magalhães, Eduardo Rossetti e Ricardo Trevisan 25


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quase-padrões algorítmicos Imagine for a moment a repetitive pattern. Now try to imagine that each of its parts instead of repetitions are unique elements. Finally, one last detail, together these elements maintain a strong relation of unity between them. From this exercise comes the idea of algorithmic “quasi-patterns”. In a mixture of computation and tradition, this essay tries to understand how these compositions would be, defining them conceptually and executing them with the aid of computational algorithms written specifically for this.

Matheus Bastos Tokarnia de Oliveira Padrões repetitivos estão presentes nas artes desde tempos imemoriais, sendo encontrados nas produções das mais antigas civilizações ao redor do mundo. Repetindo um único elemento, conseguimos expandi-lo infinitamente e cobrir largas superfícies de forma regular e constante. Partindo da ideia de repetição, este estudo sugere um pensamento: e se buscássemos essa mesma expansibilidade e constância, mas de forma irregular? Existiria uma possibilidade de manter a unidade do conjunto e ainda evitar a repetição de seus elementos? Como seria essa variação? Pensar nessa quebra de repetição em meios tradicionais comprometeria a ideia de replicabilidade do padrão, exigindo que cada variação fosse pensada e executada. Entretanto, explorando meios digitais possibilitados pelos computadores e sua programação flexível, torna-se possível obter elementos constantemente novos e únicos, gerados de forma aleatória, à medida que a malha se expande e esses se tornem necessários. Desse questionamento inicial, o trabalho começa a buscar responder: Seria possível reinterpretar a herança 26

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cultural da produção de padrões geométricos por meio da aleatoriedade e do design algorítmico? Busca-se a exploração do processo de produção de padrões somado ao uso de algoritmos computacionais para gerar aleatoriedades controladas que rompam parcialmente sua rígida repetição. O trabalho busca encarar a realidade do design computacional de uma forma mais franca. Assim, o computador aparece não como um simulador de um processo tradicional, mas como uma ferramenta com capacidades únicas. Por meio dos algoritmos, são desenvolvidos conjuntos de desenhos que não poderiam ser jamais criados de outra forma. O ensaio propõe, então, um novo termo, o dos “quase-padrões” algorítmicos, advindo da intersecção de três campos de conhecimento: os padrões repetitivos, os algoritmos e a aleatoriedade. Com esses três campos sempre em vista, o trabalho se estrutura nas seguintes partes: “Teoria”, “Estudos de Caso” e “Experiências Práticas”. Em sua porção “Teoria” foram estudados esses três campos individualmente de maneira teórica. Nos “Estudos de Caso”, foram escolhidas obras que contemplassem não cada

campo individualmente, mas suas intersecções. Para isso, estudaram-se, então, os Padrões Islâmicos (algoritmos e repetições), e as obras de Athos Bulcão (repetição e aleatoriedade) e de Frieder Nake (algoritmos e aleatoriedade). O trabalho é concluído em sua terceira parte, “Experiências Práticas”. Nesta, o termo “quase-padrões” algorítmicos é definido precisamente e, com base nessas definições, são escritos diversos algoritmos computacionais que geram desenhos para validar ou não a definição proposta. Na criação dos algoritmos, são usados diversos tipos de informações como “geradoras da aleatoriedade”, a saber: mapas e malhas urbanas, músicas, fotos, ilustrações e mais. Essas informações são processadas por meio do software Rhinoceros 5, utilizando o plug-in de programação Grasshopper.

Orientadora: Ana Elisabete Medeiros Banca: João da Costa Pantoja e Pedro Paulo Palazzo


PercursĂľes_Belle and Sebastian Imagem de Matheus Tokarnia.

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NOVOS ARQUI TETOS



diplô S

ão de cinco a sete anos, em teoria - mas facilmente de sete a dez anos, na prática -, o tempo que os estudantes da FAU/UnB se dedicam a entender problemas, explorar soluções, inventar programas e desenvolver projetos arquitetônicos destinados a melhorar a vida de usuários, bem como a qualidade das paisagens urbanas e naturais em que se inserem. Durante esses anos, os estudantes são munidos das mais diversas ferramentas disponíveis para projetar o século 21, tornando-se capazes de desenvolver, ao longo de sua formação acadêmica, tanto a arte de projetar e construir na era digital, quanto o know-how básico da experimentação projetual e construtiva. Os Trabalhos Finais de Graduação (TFGs) constituem essa fase final de experimentação. Realizados em formato de trabalho acadêmico individual de caráter projetual durante os dois últimos semestres na FAU, os TFGs estão obrigatoriamente relacionados com as atribuições profissionais que expressam os conhecimentos adquiridos pelo estudante durante o Curso de Arquitetura e Urbanismo. No TFG, o estudante deve ser capaz de demonstrar sua capacidade de realização em face da sua realidade, do método de trabalho e da temática escolhida. Variedade! Não conseguimos pensar em termo mais adequado para introduzir os temas dos projetos de diplomação da FAU/UnB do primeiro semestre de 2017. A variedade de temas reflete a diversidade de interesses individuais certamente, mas também

demonstra a variedade de possibilidades de intervenções no mundo real, com o objetivo de melhorar o ambiente em que vivemos e garantir maior qualidade de vida às populações. Um projeto de arquitetura e urbanismo tem capacidade de ser uma solução não somente para o problema espacial que originou sua demanda, mas também de contribuir para a solução de problemas de requalificação do sítio físico em que será implantado, de fornecer parte da solução para problemas de ordem sociocultural e econômica existentes e até mesmo, em alguns casos, de ser parte importante da solução de determinados problemas políticos. Nesta edição, apresentamos trinta e nove projetos concluídos em junho de 2017, dos quais oito recebem mais espaço de apresentação por terem sido considerados destaques pela comissão de diplomação a partir de critérios como: relevância do tema, abordagem conceitual, soluções físico-espaciais, integração urbano-arquitetônica, inovação e desenvolvimento técnico, além da qualidade de representação gráfica. Os demais trabalhos são apresentados em quatro grandes temas: cidades, habitação, cotidiano e tópicos especiais. Esperamos que o leitor aprecie a seleção e se sinta inspirado pela grande variedade de possibilidades apresentadas! Giselle Chalub Martins Coordenadora de Diplomação


Five to seven years, in theory — that can easily range from seven to ten years, in practice — that FAU -UnB students are dedicated to understanding problems, exploring solutions, inventing programs and developing architectural projects aimed at improving the life of users, as well as the quality of the urban and natural landscapes in which they are inserted. During these years, students are provided with the most diverse tools available to design the 21st century, becoming able to develop, throughout their academic training, both the art of designing and building in the digital age, and the basic know-how of projective and constructive experimentation. The Final Project of Graduation (TFG) constitutes this final phase of experimentation. In the course of the student´s last two semesters at FAU, in the form of individual academic study of a design nature, the TFG must be related to the professional assignments that express the knowledge acquired by the student during the Architecture and Urbanism Course. In the TFG, the student must be able to demonstrate their capacity of achievement in view of their reality, the work method and the chosen theme. Variety! We cannot think of a more appropriate term to introduce the themes of FAU-UnB’s graduation projects of 2017’s first semester. The variety of themes reflects the diversity of individual interests, certainly, but also demonstrates the variety of possibilities for real-world interventions, with the objective of improving the environment in which

we live and guaranteeing a better quality of life for the populations. A project of architecture and urbanism should have the capacity to be a solution not only to the spatial problem that originated its demand — and contribute to the solution of problems of requalification of the physical site in which it will be implanted — but also will provide part of the solution to existing sociocultural and economic problems, and, in some cases, be an important part of solving certain political problems. In this issue, we present thirty-nine projects completed in June 2017, eight of which receive more space for presentation because they were considered, by the graduation commission, highlights, and were selected according to some criteria, such as theme relevance, conceptual approach, physical-spatial solutions, urban-architectural integration, innovation and technical development beyond the quality of graphic representation. The other works presented belong to four main themes: cities, housing, daily life and special topics. We hope you enjoy the selection and feel inspired by the wide variety of possibilities presented!

Giselle Chalub Martins Graduation Project Coordinator


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destaques

a nova piscina de ondas Aluna: Ana Cristina Azevedo da Silva /// Orientação: Eduardo Pierrotti Rossetti

A nova Piscina surge como uma ideia de reaproveitamento da área da antiga Piscina de Ondas, abandonada no Parque da Cidade desde 1997. O projeto propõe resgatar a atração para a população de Brasília tentando conciliar as necessidades do presente e a herança do passado: amplia-se o programa e moderniza-se sua linguagem ao mesmo tempo em que se tenta destacar e reaproveitar a arquitetura característica existente, trazendo questões como a importância do reuso e da valorização no patrimônio moderno.

projeto de requalificação do sia Aluno: André Tenório Trancoso Viana /// Orientação: Giselle Chalub

O projeto de requalificação do Setor de Indústria e Abastecimento busca redefinir, em escala urbana e arquitetônica, os usos e os parâmetros de ocupação não só para reafirmar o caráter do setor enquanto importante centralidade no Distrito Federal, mas também para intervir no espaço aplicando princípios baseados na cidade compacta, de forma a valorizar a dimensão humana e a garantir uma maior dinamização de usos. Para tanto, buscou-se aproveitar o potencial oferecido pela localização central no DF e pela facilidade de acesso ao espaço. 32

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construção da interface ambiental urbana na arie jk Aluna: Anna Carollina Queiroz Palmeira /// Orientação: Maria do Carmo Bezerra

O projeto objetiva promover a articulação entre usos do solo adequados aos espaços urbanos e de preservação no entorno da Área de Relevante Interesse Ecológico Parque Juscelino Kubitschek – ARIE JK localizada entre as cidades de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Foram estudadas as pressões antrópicas e as condições do meio físico para identificar diferentes graus de suscetibilidade para ancorar a intervenção adequada.

edifício de uso misto Aluno: Danilo Gasparotto Costa /// Orientação: Caio Silva

A diversidade de usos nas cidades tem o potencial de gerar áreas dinâmicas e atrativas para a população, já que tende a promover a utilização dos espaços urbanos em diferentes horários e a proximidade entre trabalho, moradia e serviços variados. Em Brasília muitas vezes isso não ocorre, e setores centrais são mal aproveitados por apresentarem características da setorização de usos. Neste contexto, propõe-se um Edifício de Uso Misto no Setor de Autarquias Norte, que busca ser benéfico à vida urbana da região por meio da diversidade de usos. 33


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+beco Aluna: Jéssica Schmitt Pereira /// Orientação: Éderson Oliveira Teixeira

O projeto surge de uma vontade de trazer para a população de Taguatinga - DF, um espaço adequado para desenvolvimento de cultura, criado a partir do Mercado Sul, já consolidado hoje na região. O projeto é integrado ao espaço que a população conquistou e idealizou, por meio da cor, da sustentabilidade, da forma de fazer junto, do espaço voltado para todos e fazendo uma arquitetura com o intuito de unir, de agregar, nasce o +BECO. Com mais opções, mais qualidade de vida, mais oportunidade de encontros, mais vontade de viver a rua e o espaço público.

linha ave branca Aluna: Juliana Santiago Lima /// Orientação: Cláudia Garcia

A Linha Ave Branca é uma proposta de parque linear urbano na cidade de Taguatinga. O projeto busca transformar um espaço pouco movimentado e com características físicas desfavoráveis em um espaço público funcional, atribuindo-lhe funções, criando a possibilidade de permanência e execução de atividades diversas. Para isso foram utilizadas estratégias sustentáveis que envolvem desde a escolha dos materiais e das espécies de vegetação até a decisão de preservar as características do entorno em favor da comunidade local. 34

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aquário de brasília Aluno: Juliano Veríssimo Alves da Rocha /// Orientação: Oscar Luís Ferreira

Um Aquário é uma instituição zoológica especializada no bioma aquático e semiaquático. Atualmente existem apenas 13 aquários no Brasil, sendo a maioria na região Sudeste e nenhum no Centro-Oeste. O Aquário proposto deverá servir como mais uma atração de lazer e cultura para Brasília e agir como instituição cientifica para pesquisa e preservação da vida animal, com ênfase no bioma Brasileiro. Seu grande objetivo é aproximar o público das criaturas aquáticas de modo a conscientizá-lo sobre a importância da vida desse rico bioma e como preservá-lo.

abrigo soma Aluna: Marcelle Pinheiro de Abreu Abrantes /// Orientação: Ricardo Trevisan

O projeto de um Centro de Coleta [+] Abrigo temporário para catadores de material reciclado, é uma proposta que visa trabalhar com a demanda de ajudar pessoas em situação precária ou inexistente de moradia. No caso deste público, em especial, foi possível associar, à esta demanda, a realidade dos catadores autônomos e a reciclagem. Surgindo assim, um leque para atuação da arquitetura nas esferas social, ecológica e arquitetônica. 35


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a nova piscina de ondas intervenção e recuperação na piscina de ondas do parque da cidade The new Pool arrives as a new idea of re-utilising the area of the old Wave Pool, which has been abandoned in the City Park since 1997. The project proposes to rescue the attraction for the population of Brasilia, while trying to reconcile the necessities of the present and the heritage of the past: amplifying the program and modernizing its languages as well as trying to emphasize and reuse the existing characteristic architecture, bringing issues such as the importance of reusing and the valuation of modern patrimony.

Ana Cristina Azevedo da Silva 36

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Imagens fornecidas pela autora.

Inaugurada em 1978, a Piscina de Ondas do Parque da Cidade se tornou uma grande atração durante as décadas de 80 e 90, sendo uma importante forma de lazer do seu gênero, acessível principalmente para a população de baixa renda, que não tinha acesso aos clubes privados da cidade. Ainda hoje, é possível perceber essa elitização dos programas de lazer aquático em Brasília, e o projeto se estruturou como uma forma de possibilitar não só o reaproveitamento da antiga área, abandonada desde 1997, como também de redemocratizar o acesso a esse tipo de atividade. Durante o desenvolvimento do projeto, buscou-se um resgate de elementos que remetessem ao contexto e à arquitetura característica do Parque, projetada por Glauco Campello a partir dos estudos preliminares de Oscar Niemeyer; e trazer valores compositivos e vegetações condizentes com os valores propostos por Burle Marx no projeto paisagístico original. A questão da preservação e do reuso entrou, então, como uma forma de reaproveitamento do espaço. Nesse processo, não foram consideradas somente as questões funcionais, mas também as históricas e afetivas, tratando sobre a importância da preservação do patrimônio moderno que, muitas vezes, recebe o estigma de passado recente e,

portanto, de preservação dispensável. Pensamento este que existe porque a antiguidade é, por vezes, entendida como um fator determinante na questão da significância. A intervenção se estruturou em quatro etapas. Em uma primeira fase, fez-se a coleta de dados e análise do sítio, de modo que se entendesse o contexto, embasando a intervenção; na segunda fase, o diagnóstico da situação atual; e na terceira, o novo projeto, dividido em três etapas: restauração do que seria reutilizado, intervenção arquitetônica no edifício e intervenção paisagística. No edifício, os objetivos eram a ampliação do programa e inserção de novas atividades complementares. A antiga arquitetura, pela sua configuração, facilita a inserção de volumes adjacentes com o preenchimento dos vazios. Assim, buscou-se a apropriação dos espaços com uma nova arquitetura, que mesmo que remetesse àquela dos edifícios característicos do Parque (com uso modulação, concreto aparente, jardins internos), ainda trouxesse uma linguagem nova e contemporânea (uso de concreto branco, vidro, pilares de seção circular, cobertura em balanço), sempre com cuidado para que a intervenção não ofuscasse o que já existia. A intervenção na área externa da Piscina também vai surgir como uma necessidade de ampliação do espaço e

inserção de novas atividades, oferecendo não só novas piscinas, mas também uma diversidade de atividades. Como o antigo tanque era o elemento principal, foi natural sua valorização. Assim, a geometria da piscina foi o eixo gerador do traçado das novas piscinas e do paisagismo. A implantação foi feita em níveis, com plataformas que acompanharam os desníveis naturais do terreno e proporcionaram uma ocupação espontânea, como em uma praia. Ao redor do lote, uma faixa verde fez a transição entre o Parque e a Piscina, utilizando-se da própria topografia aliada à vegetação como forma de isolamento, mas, ao mesmo tempo, integração.

Orientador: Eduardo Rossetti Banca: Maria Assunção Pereira, Oscar Ferreira, Paulo Tavares e Thalita Fonseca 37


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projeto de requalificação do sia The requalification project of the Industrial and Supply Sector seeks to redefine, in an urban and architectural scale, the uses and parameters of the occupation not only to confirm the character of the sector as an important centrality of the Federal District, but also to intervene in the space by applying the principles based in the compact city, in such a way as to value the human dimension and guarantee a greater dynamism of uses.Therefore, we sought to harness the potential offered by the central location in the Federal District and the space’s accessibility as inductive instruments of the project.

André Tenório Trancoso Viana Atualmente, a discussão por uma cidade mais compacta e sustentável, baseada na mobilidade ativa, está em alta, não só pelos estudos que apontam a ocorrência do aquecimento global e emissão de gases poluentes, mas também pelas reflexões da sociedade em buscar melhorar a experiência que a cidade tem a oferecer. Diante disso, a revalorização dos centros das cidades e a consequente revitalização desses setores, espaços que se portam como centralidades, são posicionamentos marcadamente presentes no planejamento urbano do Brasil e no âmbito mundial. Brasília, como cidade modernista, apresenta um desenho urbano com rigidez de zoneamento, grandes áreas verdes e uma consequente dispersão da ocupação urbana. Logo, a cidade foi projetada com a valorização de avenidas rápidas, priorizando os veículos motorizados e não os pedestres, o que levou a cidade a ganhar o estigma de “rodoviarista”. No âmbito de setores comerciais e industriais em Brasília, o SIA (Setor de Indústria e Abastecimento), que inicialmente serviu como lugar de depósito de materiais das obras da construção da 38

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cidade, apresenta-se como um reflexo desse rígido zoneamento defendido pelo desenho urbano modernista. Localizado entre importantes eixos viários (Via EPCL, Via EPIA e Via EPTG), o setor mantém o seu papel de espaço de comércio e de serviços, sendo formado por grandes lotes (inclusive, alguns vazios e subutilizados), já que abriga empresas diversas de caráter regional. Tendo isso em vista, o projeto de requalificação buscou reafirmar o caráter de importância econômica e de geração de empregos no DF, mas também de melhorar e modernizar os espaços existentes, possibilitando a existência de outros usos do solo na região. As intervenções começariam pela alteração do sistema viário, através do ajuste e da criação de novas vias, permitindo a existência e qualificação de calçadas e ciclovias. Em seguida, quando necessário, haveria uma reestruturação fundiária, buscando-se adequar os tamanhos dos lotes às novas necessidades previstas no projeto. E por fim, haveria a qualificação e a implantação de novos espaços públicos, como praças e parques. Para tanto, o projeto prevê a oferta

de variedades de tipos de edilícios e de usos, possibilitando menores intervalos de deslocamentos, além de haver um melhor aproveitamento da infraestrutura existente e do terreno. A intervenção em um setor consolidado como o SIA se baseou na demonstração de cenários, exemplificando diversos processos de transformação, os quais foram fundamentados em alguns instrumentos urbanísticos previstos pelo Estatuto da Cidade.

Orientadora: Giselle Chalub Banca: Benny Schvarsberg, Camila Sant’Anna, Mônica Gondim e Patricia Gomes


Imagens fornecidas pelo autor.

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construção da interface ambiental urbana na arie jk The project aims to promote the articulation between the adequate uses for both urban and preservation areas around the Relevant Ecological Interest Area of the Juscelino Kubitschek Park - ARIE JK, located between the cities of Taguatinga, Ceilândia and Samambaia. We studied the anthropic pressures and conditions of the environment in order to identify the different degrees of proneness to anchor the adequate intervention. The proposal had the definition of the porous limit in the enthrone of ARIE, constituted by a landscaping road with different treatments throughout its path with a definition of zones of urban uses which were compatible with the integrity of its environmental attributes in neighboring areas.

Anna Carollina Queiroz Palmeira O Distrito Federal é uma das poucas aglomerações urbanas no país que continua a crescer em um ritmo acelerado, recebendo cerca de 70.000 novos moradores anualmente (IBGE, 2015). Isso representa uma pressão considerável sobre os recursos ambientais do DF, onde a maior parte dos seus 32 núcleos urbanos estão inserido em Unidades de Conservação, que abrangem 92% do território do Distrito Federal. O objeto de estudo deste trabalho é a Área de Relevante Interesse Ecológico Parque Juscelino Kubitschek (ARIE JK), localizada no centro geográfico de três grandes Regiões Administrativas do 40

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DF: Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Essas regiões, juntas, correspondem a cerca de 33,15% da população total do DF, e totalizaram 966.388 habitantes em 2015, sendo, então, o maior aglomerado urbano do DF (PDAD, 2015). O contexto de crescimento populacional e expansão de áreas urbanas neste aglomerado trouxe para a ARIE JK pressões antrópicas consideráveis no que diz respeito à ocupação de suas áreas. A partir disso, a ARIE JK se tornou alvo de grileiros, de forma que chácaras de uso rural localizadas em seu interior foram parceladas irregularmente para o uso urbano, adulterando os usos finalísticos

estabelecidos em lei e gerando uma série de conflitos ambientais e urbanos. Assim, o trabalho se propôs a consolidar os limites da ARIE JK através de uma via paisagística, identificando em suas adjacências zonas potenciais de usos urbanos compatíveis com a integridade de seus atributos ambientais. Para isso, utilizou-se do método de sobreposição de mapas de Ian L. McHarg, denominado por ele como “suitability analysis” (análise de adequação). O método possibilita, através da sobreposição ou combinação de mapas, a identificação das limitações e/ou das oportunidades de usos potenciais das


Imagens fornecidas pela autora.

áreas de análise. Neste estudo, foram analisadas com maior enfoque as áreas tangentes aos limites da poligonal, tanto no imediato interior da ARIE JK quanto no seu exterior, para a posterior determinação das áreas urbanizáveis — e o nível de urbanização — nas proximidades da ARIE JK. Utilizaram-se para a análise os aspectos ambientais (tais como os tipos de solo, a vegetação e a hidrografia), e os aspectos urbanos (tais como o uso do solo e a densidade construtiva). A sobreposição desses mapas gerou níveis de sensibilidade (ambiental) e de intensidade de danos potenciais rela-

cionados à ocupação, respectivamente. Tais dados foram compilados e utilizados como base para as propostas de uso e ocupação dessas áreas adjacentes e da via de delimitação. Em resumo, a diretriz proposta foi a de articulação entre preservação ambiental e uso urbano, por meio da integração entre uso do solo e área de menor sensibilidade ambiental, ou por meio da segregação em áreas de maior sensibilidade ambiental. A configuração e espacialização desta diretriz se deram a partir de duas estratégias: uma de sistema viário e outra de uso e ocupação do solo.

Orientadora: Maria do Carmo Bezerra Banca: Carlos Henrique Magalhães, Giselle Chalub, Mônica Gondim e Tatiana Mamede Chaer 41


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edifĂ­cio de uso misto - setor de autarquias norte The diversity of uses in cities has the potential of generating dynamic and attractive areas for the population, since it tends to promote the use of urban spaces in different times and the proximity between work, housing and varied services. In BrasĂ­lia, this does not occur many times, and central sectors are misused because they present characteristics of the zoning of uses. In this context, we propose a Mixed-use building in Setor de Autarquias Norte, which aims to be beneficial to urban life in the region through the diversity of uses and the connection with public spaces.

Danilo Gasparotto Costa 42

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Imagens fornecidas pelo autor.

A d i ve r s i d a d e d e u s o s n a s cidades, com a relação entre habitação, comércio, serviços e outros, tem o potencial de gerar áreas dinâmicas e atrativas para a população. Isso ocorre porque o uso misto tende a promover a utilização dos espaços urbanos em diferentes horários e a proximidade entre trabalho, moradia e oferta de serviços variados. Uma região pode, por exemplo, ser ocupada por pessoas que trabalham nesta durante o dia e quando elas deixam o local, a região passa a ser ocupada por seus moradores. Além disso, tanto os moradores quanto os trabalhadores da área podem usufruir de uma ampla variedade de comércio e serviços sem precisar de grandes deslocamentos em automóveis. A outra opção, a separação de usos ou setorização, tende a gerar zonas que passam grandes períodos desocupadas e que quando estão ocupadas não são capazes de atender às demandas de sua população, fazendo com que as pessoas tenham de procurar opções em regiões mais distantes. Em Brasília, vários setores

centrais com infraestrutura amplamente desenvolvida são mal aproveitados por apresentarem estas características da setorização, e que poderiam se beneficiar de uma mistura maior de usos. O Setor de Autarquias Norte, ainda pouco edificado, apresenta a oportunidade de se construir algo diferente, que produza uma região mais agradável às pessoas a partir do uso misto e de outras estratégias. Por estar em desenvolvimento e por sua proximidade do centro da cidade e de quadras residenciais, a área foi considerada ideal para o desenvolvimento do projeto do Edifício de Uso Misto. Para trazer a vitalidade urbana esperada, o projeto propõe a habitação, além do uso atual de autarquias, escritórios e comércio. O uso residencial pode ser o responsável pela presença constante de pessoas em diversos horários, principalmente à noite, o que outros usos dificilmente são capazes. Para complementar e estimular o uso residencial, o projeto também propõe um supermercado e uma academia. Além disso, propõe-se um auditório que

possa ser utilizado durante o dia, mas que também possa servir para eventos culturais no período noturno, levando pessoas à área neste horário. Outro aspecto fundamental para que o edifício seja benéfico à região é a presença de um comércio variado, voltado e aberto aos espaços públicos. Por isso, o projeto traz galerias comerciais e nenhum ponto de fachadas cegas, procurando estar assim abertamente conectado à cidade. A característica do edifício com duas torres em balanço também foi pensada para que ele se relacionasse com a cidade, já que os balanços geram um espaço público parcialmente coberto que pode ser utilizado das mais diversas maneiras, dando oportunidade para a vida urbana se desenvolver a partir do edifício.

Orientador: Caio Silva Banca: Cristiane Guinâncio, Ricardo Meira, Cynthia Nojimoto e Maria Eduarda Almeida 43


arqui #8

+beco extensĂŁo do mercado sul The project emerges from a desire to bring to the population of Taguatinga, Federal District, an adequate space for the development of culture, created from Mercado Sul, which is already consolidated in the region. The project is integrated into the space that the population acquired and idealized, by means of the color, sustainability, the way of working together, the space designed for all and the creation of an architecture with the intention of unifying and aggregating, the +BECO is born. With more options, better quality of life, more meeting opportunities, and greater will to enjoy the streets and public spaces.

JĂŠssica Schmitt Pereira 44

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Imagens fornecidas pela autora.

O projeto +BECO é uma extensão de um ponto de cultura existente em Taguatinga/DF chamado Mercado Sul. Por meio do movimento “Mercado Sul Vive”, edifícios comerciais antes abandonados foram transformados em polo cultural. Tal ponto de cultura se estende por uma área relativa a três blocos, formando dois becos, por isso é chamado pelos moradores e frequentadores do local de “Beco”. Devido à falta de ambientes para desenvolvimento de atividades culturais na cidade (e também por outros movimentos), surgiu a ideia de criar um lugar adequado para o fortalecimento dessa atividade já consolidada na região. O projeto mantém a identidade do local, valorizando os aspectos sustentáveis e próprios da comunidade, fortalecendo os laços e cultura desta. O eixo principal em que se desenvolve as atividades do Mercado Sul foi mantido como diretriz de projeto, assim como o fluxo do vento e o fluxo de pessoas que moldaram a forma dos edifícios. O +BECO traz uma proximidade do seu programa e forma com o entorno, possuindo diversos acessos que convidam o público a participar e conviver no espaço. Os acessos acontecem em níveis diferentes, devido à declividade existente no terreno. São reforçados ainda pelo desenho da paginação de piso e paisagismo que “apontam” direções e caminhos a serem percorridos. Por sua configuração formar pequenos “becos”, as perspectivas são muito valorizadas no projeto, possibilitando o enquadramento de algumas visuais. A principal preocupação foi sempre respeitar o Mercado Sul, integrando o +BECO a ele, com o intuito de somar. Esta união é feita por meio do piso e da cobertura que se estende sobre ele. O ritmo do Mercado Sul foi trazido para o interior do projeto na continuação do Beco. Na fachada noroeste, o ritmo criado pelos blocos do Mercado Sul é diminuído até virar o brise vertical utilizado no bloco da galeria. O projeto possui ainda muitas dicotomias e contrastes a fim de torná-lo mais dinâmico e interessante para quem o vivencia, criando diversas percepções e sensações, estreito/largo, translúcido/opaco, público/privado, luz/ sombra, claro/escuro. Os dois blocos mais próximos ao Mercado Sul seguem a mesma configuração deste, com uso comercial embaixo e residencial em cima. No bloco com acesso ao nível superior encontram-se salas multiuso, um auditório e uma galeria.

Orientador: Éderson Oliveira Teixeira Banca: Liza de Andrade, Luiz Sarmento, Patrícia Silva Gomes e Vânia Loureiro 45


arqui #8

linha ave branca um parque linear urbano em taguatinga

The Ave Branca Line is a proposal of urban linear park in the city of Taguatinga. The project aims to transform a space with little traffic and unfavorable physical characteristics into a functional public space, by assigning functions, creating the possibility of permanence and execution of many activities. To that end, we used sustainable strategies that involved from the choice of materials and species of vegetation to the decision of preserving the characteristics of the surrounding area in favor of the local community. This new space aims to improve the connectivity of the city and to encourage its appreciation.

Juliana Santiago Lima Hoje em dia, parques lineares são recorrentes ao redor do mundo. São espaços de respiro que permeiam a cidade, ocupando lugares muitas vezes estreitos ou residuais, criando áreas verdes, e, frequentemente, cenários impressionantes. Em inglês, é usual chamá-los de “lines” (em português, linhas). A Linha Ave Branca é uma proposta de um pequeno parque linear para a Região Administrativa de Taguatinga, no Distrito Federal. A ave branca está presente na bandeira da cidade e é um símbolo local, além de ter sido por um tempo a tradução atribuída à “Taguatinga”, proveniente do tupi. Hoje se sabe que, na verdade, o nome significa “barro branco”. Taguatinga é uma cidade repleta de pedestres, comércio e serviços. Sua malha viária é constituída sumariamente por três avenidas principais paralelas e vias de ligação transversais que mantêm um ritmo relativamente constante entre si. Em alguns casos, esse ritmo é mantido não por vias de ligação comuns, mas por ruas exclusivas de pedestres. Destinadas a serem espaços públicos, possuem um tratamento superficial que faz com que sejam locais de passagem, mas raramente de permanência. O local de intervenção se trata de uma dessas passagens, localizada em Taguatinga Sul. Ela liga a Avenida 46

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Comercial, principal corredor de transporte interno da cidade, a uma rua comercial local menos movimentada. Cercado de lotes residenciais unifamiliares e uma área escolar, apresenta muros cegos em todo o seu comprimento. Esse local poderia estar abandonado devido às suas características morfológicas, mas graças à intensa movimentação do entorno e à comunidade local, apresenta vida e identidade. A criação de um parque linear busca implantar ali novas funções e atividades a fim de trazer dinamicidade, constituir espaços de convívio, estimular possíveis manifestações culturais e o uso noturno do local. Busca-se atingir esses objetivos sem modificar o modo de vida local, contornando as características físicas desfavoráveis com estratégias projetuais. Para a população, que possui uma parcela significativa de idosos, é extremamente importante a existência de locais de lazer e permanência próximo às áreas residenciais, que promovam a interação entre diferentes faixas etárias, prevenindo o isolamento. Em áreas residenciais, espaços públicos também podem assumir o papel de fortalecer a comunidade local e promover contato com conceitos como sustentabilidade e solidariedade. Em resposta a essas premissas, o projeto propõe uma rees-

truturação física do local, incluindo implantação de iluminação pública própria para pedestres e nova pavimentação, utilizando materiais permeáveis que também contribuam para melhoria da acessibilidade. Além disso, propõe a implantação de mobiliário urbano diverso para incentivar permanência e atividades de lazer, inserção de vegetação nativa do cerrado, frutífera e ornamental, além de distribuição de outros elementos como hortas comunitárias e pequenas unidades comerciais (quiosques). As funções do parque foram atribuídas se utilizando um macrozoneamento baseado nos espaços formados pela intersecção das vias locais, formando salas urbanas que se propõem a sanar as necessidades do entorno imediato, como servir de apoio à escola, às vias comerciais e às residências. Apesar do zoneamento, a continuidade do piso e a linguagem arquitetônica e paisagística do local garantiriam a sensação de unidade do espaço.

Orientadora: Cláudia Garcia Banca: Cecília Sá, Maria Cecília Gabriele e Mônica Gondim


Imagens fornecidas pela autora.

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arqui #8

aquário de brasília An Aquarium is a zoological institution specialized in the aquatic and semi-aquatic biome. Currently, there are only 13 aquariums in Brazil according to the Brazilian Association of Zoos and Aquariums, the majority in the Southeast region and none in Central-West. The proposed aquarium should serve as another leisure and cultural attraction for Brasília and act as a scientific institution for research and preservation of animal life, with emphasis on the Brazilian biome. Its greater objective is to approximate the public to these aquatic creatures in order to raise awareness on the importance of life in this rich biome and how to preserve it.

Juliano Veríssimo Alves da Rocha O sítio escolhido para o Aquário se situa no Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN) na quadra 901. A quadra é alvo constante de construtoras e empresas que tentam modificar a legislação de uso, ocupação e gabarito do terreno de forma que poderia comprometer a escala e o legado modernista de Brasília. A proposta do Aquário visa também a preservar a escala da cidade, dando ao terreno um projeto que respeite as características propostas por Lúcio Costa para a cidade, e respeite o uso de instituição previsto à quadra pela NGB 01/86. O terreno faz parte da escala bucólica de Brasília e fica próximo das demais 3 escalas: a escala monumental, a gregária e a residencial, fazendo-o um ponto de conexão entre elas. É também ponto de interesse por sua proximidade a hotéis, comércios, ao eixo monumental e outros locais de âmbito cultural e de entretenimento da cidade. O principal conceito do projeto é o de imersão. A edificação convida o visitante a submergir em um mundo aquático, começando com a rampa de 48

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acesso cercada por dois espelhos d’água com cascatas nas laterais, como se a água houvesse sido “aberta ao meio”, dando passagem às profundezas. No Hall, onde há uma praça, é possível ver o interior dos espelhos d’água que se transformam em tanques com peixes, que é o primeiro vislumbre do interior aquático. Após isso, seguindo o percurso principal, o visitante pode subir as escadas e voltar à superfície para encontrar aves, répteis e anfíbios, criaturas que dependem fortemente da água para sobreviver. A cobertura do Hall e da Ala das Aves é feita com estrutura metálica em uma formação geométrica matemática chamada Diagrama Voronoi. Os espaços abertos da cobertura são fechados em material translúcido e a composição constrói um jogo de luz e sombras no Hall que lembra o efeito da cáustica causado pela luz em um ambiente submerso, dando ao visitante a impressão de estar debaixo d’água, e dando vida às palavras de Lucio Costa: “O céu é o mar de Brasília”. Continuando pelo caminho, o visitante adentra um tanque em forma de

túnel, que o faz sentir novamente que está submergindo. Ao fim do túnel, a ala das esponjas com paredes revestidas de material esponjoso e com tanques de toque faz uma aproximação do visitante com os residentes locais: os animais. No grande espaço, com pé direito de 5 metros de altura, ao lado do tanque principal dos tubarões e arraias que vem desde o pavimento inferior até o teto do pavimento superior: é transmitida a sensação de vastidão do mar. O visitante então pode descer novamente ao pavimento inferior, como se estivesse mergulhando mais fundo no mar, e no fim se encontra na ala de animais de rio, que desemboca na praça da entrada, de frente à uma área de exposição permanente: um museu em memória aos animais já extintos e sobre criaturas lendárias das águas.

Orientador: Oscar Luís Ferreira Banca: Eduardo Rossetti, Maria Assunção, Paulo Tavares e Thalita Fonseca


Imagens fornecidas pelo autor.

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arqui #8

abrigo soma centro de coleta e abrigo temporĂĄrio para catadores do final da asa norte, brasĂ­lia The project of a Collection Center [+] temporary Shelter for collectors of recycled material is a proposal that aims to work with the demand to help people in a precarious or nonexistent situation of housing. In the case of this community, in special, we could associate to this demand the reality of autonomous collectors and recycling. Thus, arriving at a range of action for architecture in the social, ecological and architectonic scopes. The project counts with modular solutions for shelters, integration of the existing structure with new adjustment, in the administrative block, and solution for great spans, associated with ecological structures, in the sorting shelter with bamboo.

Marcelle Pinheiro de Abreu Abrantes 50

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Imagem fornecida pela autora.

O Abrigo SOMA, desde os primeiros passos do meu projeto, foi um reflexo das minhas experiências e aprendizados. A realidade que eu encontraria não estava prevista em nenhuma pesquisa que eu pudesse fazer ou me preparar e, por este motivo, o resultado foi um projeto pessoal e íntimo da minha vontade e responsabilidade profissional em ajudar aqueles que precisam, através da arquitetura. O centro de coleta, aliado ao abrigo temporário, configurou-se um projeto de funções complexas ao abordar questões sociais, arquitetônicas e ecológicas em seu programa de necessidades. Consistindo de abrigo, administração e triagem de material reciclado, a sua configuração básica se deu em 3 zonas principais. A primeira procurou abarcar as questões sociais ligadas ao público alvo, tratando das relações interpessoais e de pertencimento de um grupo eclético, e de questões arquitetônicas por meio de soluções de familiaridade e efetivas na solução espacial — questão mais sensível de todo o projeto. O abrigo temporário contou com soluções construtivas que facilitassem sua construção, adaptabilidade e manutenção, sem contar com a solução estética adotada, visando ao sentimento de pertencimento e segurança para aqueles que se hospedassem nele. O terreno foi escolhido devido à

sua aproximação com os catadores e ao fato de ter uma cobertura metálica abandonada. A ideia de reciclar, reaproveitar e reapropriar a estrutura fez parte da escolha e dos conceitos trazidos para esse projeto. Sendo assim, era na segunda zona, no bloco administrativo, que a cobertura se localizava e foi nela que implantei a administração de todo o centro e do abrigo. Com as intervenções e os diferentes usos, aliados à nova arquitetura projetada, foi possível revitalizar e dar novos ares à segunda zona. Com o uso da estrutura metálica e telhas tipo sanduíche em sua vedação, todo o bloco administrativo ganhou uma relação forte com a cobertura, criando identidade e contraste ao mesmo tempo. O bloco administrativo, por sua vez, ganhou funções gerais ligadas a todo o centro; como manutenção do espaço e funções específicas das suas outras duas zonas: a primeira sendo todas as questões relacionadas ao abrigo dos catadores; e a segunda, a triagem e o repasse do material recolhido pelos catadores. Quanto à terceira zona, desde o princípio, era partido fazer um grande galpão que pudesse receber todo o material trazido pelos catadores e consequente triagem para que fosse feito o repasse para as empresas específicas. Dentro do conceito de ressignificação, de diferenciação do espaço,

de identidade visual e das propriedades estruturais do bambu, a escolha foi perfeita. Material de fácil acesso, produção menos poluente que qualquer outro, alta trabalhabilidade estética especial fizeram com que o galpão de triagem fosse o maior ponto visual e estrutural do projeto. A geometria e os cálculos, orientados pelo professor Jaime, da FAU, permitiram-me criar essa estrutura que atende de forma eficaz e diferenciada, sem assustar os usuários pela simplicidade do material. Na zona três tudo foi projetado para receber e encaminhar o material recolhido pelos catadores. Desde o acesso deles ao acesso dos caminhões até toda a logística que envolve o processo de triagem, pensados para facilitar e baratear os custos desta etapa da reciclagem. Por fim, todo o projeto e estudo foram pensados para trazer mais dignidade àqueles que escolheram a profissão de catadores autônomos e, por meio deste centro de coleta e abrigo temporário, acredita-se que eles poderiam ter uma chance maior de exercê-la com qualidade e segurança.

Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Maria Cecília e Ivan Vale 51


arqui #8

tema

cidades Cada vez mais presentes entre os temas selecionados pelos alunos da FAU/ UnB, as propostas urbanísticas variam em localidade, forma de abordagem e abrangência, mas apresentam como objetivo comum a estruturação de espaços urbanos bem definidos — diversos e mais compactos, bem conectados, com ruas e espaços públicos mais atraentes aos pedestres, ao mesmo tempo em que valorizam o meio natural. No entanto, apesar de guiadas por objetivos semelhantes, as soluções apresentadas não são definidas por fórmulas ou padrões pré-estabelecidos, e sim pela compreensão do conjunto de particularidades de cada localidade trabalhada. As propostas de planejamento e desenho urbano aqui apresentadas são capazes de solucionar problemas importantes ao mesmo tempo em que conservam e melhoram aspectos da realidade física de cada localidade em específico, tornando-as áreas mais atraentes para residentes e visitantes.

Amanda Almeida Rodrigues Ana Catarina Ferreira Lima Andrea Costa de Lucena Arthur Vilela Caroline Machado Helena Garcia Larissa Barros Luisa Correa Vivien Rodrigues Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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estudo e proposta urbanística para habitação social cidade estrutural, brasília, brasil Amanda Almeida Rodrigues De modo resumido, o projeto apresenta as seguintes diretrizes gerais: 1. Continuidade de vias, como forma de integração com a ocupação existente; 2. Implantação de quadras acompanhando a topografia, visando causar menor impacto ambiental e deslocamentos de terra; 3. Mantimento da área de chácaras próxima ao Córrego Cabeceira do Valo - lado oeste do parcelamento, para preservação do mesmo e continuidade à produção rural; 4. Diversidade de tamanhos de lotes - que resulta em possibilidades diferentes de tipologias habitacionais; 5. Centralidade de bairro, já que os edifícios de uso misto e os equipamentos públicos estão ao centro do parcelamento, com o objetivo de atender radialmente as necessidades diárias básicas da população; 6. Infraestrutura para transporte público e privado, além do cicloviário, integrado à malha urbana já existente; 7. Existência de medidas para maior preservação e consciência ambiental dos usuários, como implantação de sistema alternativo de drenagem por biovaletas, avenidas arborizadas, criação de um parque no perímetro leste, áreas para agricultura urbana nas praças e árvores frutíferas.

Orientadora: Cristiane Guinâncio Banca: Ana Carolina Correia Santana, Frederico Flósculo e Ricardo Meira 53


arqui #8

interbairros eixo de dinamização e integração urbana

Ana Catarina Ferreira Lima A escolha do Eixo Interbairros como tema de projeto é motivada pela enorme potencialidade do local em termos de articulação da malha urbana fragmentada, a atração de novas polaridades territoriais e a possibilidade de implantação de corredores de transporte coletivo. A Interbairros está prevista em diversos documentos oficiais de planejamento urbano, como o Plano Diretor de 1997 e de 2009 e o Plano de Transportes de 2012. O desenvolvimento do projeto foi realizado em duas etapas. Primeiramente, concebeu-se a proposta geral de intervenção, a partir da definição das subcentralidades, a relação com os diversos parques e áreas de proteção ambiental, as interseções viárias e a articulação com a linha de metrô, levando em consideração as três macro diretrizes: paisagem urbana, mobilidade e usos e ocupação do solo. A segunda etapa do projeto consistiu no detalhamento de uma dessas Subcentralidades. Foi escolhida a região entre Águas Claras e o Park Way, por apresentar potencial de adensamento, com provisão de centros comerciais e habitações de diferentes tipologias, além da possibilidade de se prever uma nova estação de metrô e sua integração com a própria via interbairros e as demais existentes. 54

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Orientador: Benny Schvasberg Banca: Giselle Martins e Mônica Gondim


qi 33 intervenção do espaço público do Guará Andrea Costa de Lucena As imediações do metrô, que se desenvolveram primariamente na Avenida Central, apresentam edifícios mais parecidos com os construídos no Guará I durante as décadas anteriores, ou seja, edifício sobre pilotis, cercado com grades e garagem térrea. Alguns ainda possuem áreas de lazer, como quadras de esportes e playground infantil no térreo, mas em sua maioria, mantendo a permeabilidade visual. No entanto, com a valorização do local e o boom imobiliário a partir de 2006, as empreiteiras têm investido em apartamentos mais luxuosos com grandes áreas de lazer e o fechamento total do edifício para o espaço público, adotando inclusive fachadas cegas para a avenida. Assim, em uma tentativa de avivamento da rua, a comunidade vem promovendo o uso da Avenida Central para lazer comunitário durante os finais de semana, incentivando a cultura, o esporte, experiências colaborativas e o protagonismo social, semelhante ao que acontece no Eixão do Lazer situado no Plano Piloto. Apesar de vazia, a área do Centro Comunal II, inserida na QI 33, abriga grandes eventos temporários da comunidade, mas de abrangência regional como festas juninas, blocos de carnaval, tendas de circo e outros, necessitando de infraestrutura temporária para receber essa agenda cultural. Dessa forma, o redesenho da quadra buscou integrar tanto o uso habitacional destinado primariamente ao local, como o uso cultural espontâneo do espaço.

Orientador: Eduardo Rossetti Banca: Giselle Chalub, Maribel Aliaga e Patricia Silva Gomes 55


arqui #8

Imagem fornecida pelo autor.

revisão e integração do transporte na asa norte Arthur Vilela Santos A área estudada é a Asa Norte, bairro planejado no centro do Distrito Federal que faz parte do Plano Piloto. Baseando-se nas previsões para a expansão do metrô nessa parte da cidade e na implementação de um VLT, o projeto se propõe a redesenhar a malha cicloviária nos padrões recomendados por manuais nacionais e internacionais para se integrar com esses novos modos de transporte. Analisando-se a carga de ônibus na via W3, percebe-se que já há demanda para a instalação de um VLT, além da redução de danos ao meio ambiente. A expansão do metrô se daria com estações nas quadras ímpares, também alinhadas com as paradas de ônibus e acessíveis por ciclovias. Cada nó na malha criado por esses encontros serão equipados com o mobiliário necessário, como paraciclos e bicicletários. Para solucionar uma das maiores reclamações de pedestres e ciclistas em relação ao trecho Leste-Oeste, foi proposto repensar o Eixão como uma avenida, e não como uma rodovia. A instalação de semáforos e faixas de pedestre ao longo de todo o Eixão e Eixinhos, em conjunto com a redução no limite de velocidade, mostrou-se uma forma viável para reduzir acidentes fatais. A malha cicloviária é repensada com eixos arteriais e secundários que aceleram o trajeto e o torna mais seguro. 56

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Orientador: Benny Schvarsberg Banca: Giselle Chalub e Mônica Gondim


sos samambaia

por um centro vivo e seguro Caroline Machado da Silva A Região Administrativa de Samambaia, localizada a 30 km do centro de Brasília, possui uma ocupação de cidade horizontal, com grandes áreas vazias e altas taxas de criminalidade (esta RA é a terceira mais violenta do DF). Os espaços existentes no Centro Urbano de Samambaia são bastante propícios para realização de crimes que se configuram principalmente por grandes áreas muradas, grandes quadras, largas avenidas e também são impulsionados pela presença de grandes vazios urbanos, que são áreas “sem olhos”. O projeto teve como foco principal a segurança pública, criando uma área viva, atrativa e segura para todas as pessoas. Para essa elaboração, levou-se em conta os aspectos formais, físicos e funcionais acerca do desenho urbano que se apoiam em paradigmas contemporâneos para a promoção da qualidade nos espaços públicos. Dentre os aspectos desse planejamento, têm-se: uso de quadras curtas, aumentando a densidade da área, replanejando os usos e gabaritos na área; edifícios com janelas em todas as fachadas; comércio ou serviços no piso térreo; materiais que permitam a permeabilidade visual dos edifícios; malha urbana com boa orientabilidade; criação de marcos visuais; iluminação geral e ampla dos espaços públicos, com espaços de fácil manutenção urbana, evitando becos; grandes áreas de estacionamentos; espaços públicos próximos a locais de maior movimentação; promoção da vigilância natural contínua; entre outros.

Orientadora: Mônica Gondim Banca: Ana Elisabete Medeiros, Cláudia Garcia, Priscila Erthal e Carina Cardoso 57


arqui #8

varjão mais verde Helena Magalhães Gomes Garcia O Varjão, 23ª Região Administrativa do DF, surgiu de forma irregular e espontânea em meados da década de 60. Cercada por áreas de preservação ambiental, as primeiras ocupações comprometeram os córregos e os cursos d’água existentes na região, além de inúmeras residências que foram erguidas de forma desordenada em direção às áreas ecológicas. Considerando-se a baixa qualidade urbanística do local, que se soma à subutilização dos Parques Ecológicos que envolvem a área, o projeto propôs uma expansão do território, de forma a se aproveitar da potencialidade do local em ofertar espaços públicos de lazer e vivência, uma vez que os Parques existentes não oferecem à população uma forma adequada de tal uso, tampouco são referências de lazer para a comunidade. Um replanejamento do sistema viário buscou colocar o pedestre e o ciclista como personagens principais do projeto urbano. As alterações visam a desencorajar o uso do carro e valorizar as rotas não motorizadas, uma vez que o Varjão ocupa uma pequena área e os percursos internos são facilmente percorridos a pé ou via bicicleta. O projeto pretende transformar o Varjão em uma referência de bairro integrado à natureza e, ao adequar os parques para uso dos moradores, proporcionar que estes Parques sejam locais de lazer e descanso para toda a comunidade do Distrito Federal, não se limitando apenas aos moradores do Varjão. Acredita-se que o Urbanismo seja uma ferramenta para a transformação social e que a partir dele seja possível (re)construir uma cidade mais justa, acolhedora e acessível. 58

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Orientadora: Mônica Fiuza Gondim Banca: Ana Elizabete Medeiros, Carina Cardoso, Cláudia Garcia e Priscila Risi


vicente pires gleba 02 um projeto de cidade Larissa Martins Barros Vicente Pires, objeto deste trabalho, situa-se no principal eixo de expansão urbana de Brasília e pode ser compreendida em quatro unidades ambientais, ou glebas. Caracteriza-se por uma ocupação predominante de condomínios horizontais irregulares, oriundos do loteamento de glebas rurais, uma prática que resultou em uma alta gama de situações instáveis em seu território: a mobilidade e a acessibilidade da região é problemática devido à sua estrutura em enormes quarteirões e seus poucos acessos externos; possui uma escassez de espaços livres de uso público, apesar de ser permeada por APPs; existe um descompasso entre sua baixa densidade populacional e elevada densidade ocupacional; e se reitera a falta de qualidade do espaço público, fazendo deste um espaço não convidativo.

A atual Gleba 02 é a perfeita imagem dessa situação. No entanto, ao longo dos estudos desenvolvidos, identificou-se justamente nesta Gleba uma função estratégica para este todo. Visando a fazer da “cidade dos condomínios” um núcleo urbano completo, foi elaborado neste trabalho um projeto de estruturação da ocupação urbana da Gleba 02, fornecendo diretrizes urbanísticas e projetos complementares para a área, de modo a reorientar o desenho urbano, partindo de três estratégias: o rio, a rua e o lote. Para a Estratégia 01: o rio, foram identificadas as incompatibilidades entre o construído e as APPs e propostas vias paisagísticas ao longo dos cursos d’água, a fim de reintegrar os corpos hídricos à cidade, delimitando a ocupação urbana e o meio preservado. A Estratégia 02 se constituiu na asso-

ciação de um projeto de alinhamento a um projeto viário, por meio do rompimento estratégico dos muros de alguns condomínios, propondo ao titular do lote o realinhamento requerido por um aumento do potencial construtivo de seu lote. Esse rompimento possibilita a abertura de novas vias na área, algo fundamental para a dinâmica dessa região, a fim de sanar os problemas de acessibilidade e de mobilidade identificados. A Estratégia 03 vem atrelada à 02: os parâmetros urbanísticos dos lotes foram reestabelecidos e revisados, de modo a garantir o proposto e definir uma densidade que faça deste um território mais sustentável.

Orientadora: Mônia Fiuza Gondim Banca: Giselle Chalub e Maria do Carmo Bezerra 59


arqui #8

orla e cidade

o lago para uma brasília contemporânea Luisa Correa de Oliveira O Setor de Clubes Esportivos Sul se localiza em uma área privilegiada de Brasília, tanto pelas condições ambientais proporcionadas pela proximidade com o Lago Paranoá, quanto pela facilidade de acesso às demais áreas da cidade. Além disso, sua atual condição de subutilização e paisagem urbana caracterizada por grandes vazios que fizeram com que o local apresentasse potencial para ser palco de uma proposição de ocupação urbana experimental, visando a questionar e discutir o que se tem hoje na legislação. O projeto, embasado por importantes referências teóricas de desenho e planejamento urbanos contemporâneos, propõe requalificação de vias e calçadas, implantação de sistemas de captação de água da chuva e drenagem, nova proposta de zoneamento, uso e ocupação, paisagismo, pavimentação, mobiliário, e desenho de espaços públicos. A implantação de tudo segue a lógica fundamental do transecto urbano, que cria uma distribuição gradual, partindo-se do meio mais natural, no caso o Lago Paranoá com baixíssima densidade, estendendo-se até a via L4, local de maior ocupação. Por se compreender em diferentes caráteres, configurações e uma área muito grande, o projeto foi dividido em três subáreas/escalas e sua implementação pensada estrategicamente para o prazo de 13 anos. 60

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Orientadora: Giselle Chalub Banca: Benny Schvarsberg, Camila Gomes Sant’Anna, Mônica Gondim e Patrícia Silva Gomes


a urbanização do tororó diretrizes urbanísticas da nova r.a. tororó Vivien Rodrigues Pereira Destord A área estudada, chamada de Região Sul/Sudeste, era reconhecida como rural, o que impedia a implantação de parcelamentos urbanos. O PDOT foi atualizado e a legislação abriu possibilidades para o crescimento urbano da região. A necessidade de se fazer um projeto urbanístico se deve ao fato de a região não estar enfrentando um êxodo de pessoas ocupando ilegalmente a área sem fiscalização do governo, que sempre ocorre no DF e que acaba gerando forçadamente uma nova RA. Essa situação é típica do DF, estratégia que leva à regularização das áreas mesmo sem infraestrutura e urbanismo para evitar greves e reivindicações. O objetivo deste trabalho é evitar isso, trabalhar em um projeto de um período anterior à ocupação, em que existe ainda espaço para uma urbanização correta, trazendo conforto e bem-estar aos seus futuros habitantes. Sem um caráter prioritário e emergencial, a implantação desse projeto pode ser realizada de forma gradual e contínua. A ideia é se aproveitar desse tempo anterior à ocupação e reverter o projeto em um que conte com um urbanismo sustentável, melhorando as condições de vida dos futuros residentes.

Orientador: Frederico Flósculo Barreto Banca: Eduardo Rossetti e Ricardo Meira 61


arqui #8

tema

habitação

É um dos temas mais antigos na arquitetura, mas também um dos seus maiores desafios! E, por essa razão, um tema sempre tão atual. Na visão do futuro que se deseja, todas as pessoas têm acesso a uma habitação segura: um lar adequado e acessível. À medida que sociedades e cidades se transformam, o arquiteto deve demonstrar sensibilidade e habilidade de fornecer o abrigo capaz de atender aos novos arranjos sociais, favorecendo a construção de laços de vizinhança e fortalecendo recursos comunitários e instituições culturais já estabelecidos. Ao longo de todo tecido urbano, espera-se que existam opções de alojamento de qualidade para todos! Bruno Godeiro Natalia Brasil Rebeca Crisóstomo Renan Davis

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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conjunto habitacional beira-lago Bruno Costa Godeiro Trajetórias são inerentes às coisas. Um projeto final de graduação que representasse a trajetória de aprendizado sempre foi uma ambição. Dessa forma, nasceu o Conjunto Habitacional Beira-Lago como uma ideia de brincar com diferentes escalas que viessem a conciliar diferentes matérias do ensino. O projeto fica localizado em Cidade Ocidental/GO, que é uma cidade do entorno do DF. É uma cidade bastante pobre em termos arquitetônicos, urbanísticos e paisagísticos. O projeto tem como ambição proporcionar qualidade em todos esses aspectos a uma população social e economicamente desfavorecida. Por conseguinte, nasce um conjunto com 21.847m² que abriga 253 famílias em habitações uni e multifamiliares. As habitações unifamiliares são compostas por 4 tipologias (todas com 3 quartos) que se adaptam às diferentes demandas. As habitações multifamiliares são compostas por 2 tipologias (uma com quitinete e apartamento com 2 quartos) — todas adaptas ao seu contexto em todos os aspectos: relevo, clima, plástica e cultura. Elas se distribuem em dois tipos de ruas (locais e coletoras), que foram pensadas para priorizar os pedestres por meio de generosas calçadas, arborização e fluxo de fácil entendimento. Como costura final, vem o paisagismo, conectando as duas escalas e harmonizando com o verde; a arquitetura e ao urbanismo, o lago ao centro, e o verde ao árido. No fim, revelou-se um conjunto habitacional de interesse social de uma simplicidade difícil, mas necessária.

Orientadoras: Carolina Pescatori e Maria Cecília Gabriele Banca: Elane Ribeiro e Cristiane Guinâncio 63


arqui #8

qnm 12

proposta para renovação de quadra multifamiliar Natália Maria Brasil de Carvalho O projeto original de Ney Gabriel de Souza para Ceilândia já previa a ocupação de espaços próximos à avenida Hélio Prates por edifícios de habitação multifamiliar. A ocupação dessas áreas, porém, se deu de forma muito diferente: sem planejamento, com edifícios individualizados e espaços públicos abandonados. A quadra QNM 12, em particular, possui grande potencial desperdiçado, visto que está próxima a dois pontos icônicos da cidade: a Feira Central e a Praça dos Eucaliptos. Assim surgiu a ideia de se fazer um projeto habitacional para toda a quadra que integrasse construções novas e existentes, trazendo à tona a vida comunitária de Ceilândia (um dos pontos fortes da cidade) e surgindo como contraponto à nova moda de condomínios murados. O projeto consiste em edifícios multifamiliares de seis pavimentos e pilotis, posicionados de forma a se criar espaços comunitários. Foram estudados os fluxos de pedestre existentes, dentro e fora da quadra; o espaço deveria ser de fácil acesso aos arredores e incentivar a permanência de vizinhos e forasteiros. Os edifícios são construídos a partir de sistema pré-fabricado, com estrutura metálica combinada com tijolo ecológico, de fácil assentamento e manutenção. Uma vez que o projeto conta com dezesseis edifícios, distribuídos em três tipologias diferentes, tal escolha pouparia custos ao sistematizar a execução. 64

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Orientador: Eduardo Rossetti Banca: Ivan do Valle, Oscar Ferreira e Paulo Roberto Tavares


aloja 700 alojamento estudantil nas 700 Rebeca Couto Crisóstomo Inserida em terrenos geminados, a ALOJA busca atender à demanda existente, pela sua proximidade com as instituições de ensino do setor 900, e afirma a ocupação de grupos econômicos variados numa área pensada para o núcleo familiar tradicional. O translado do estudante da aula para ALOJA foi garantido. Uma proposta de intervenção urbana e paisagística traz melhorias para as quadras 709 sul (projeto de Niemeyer), 714 sul (projeto de Lelé), e 711 norte (uma quadra com a futura ligação ao Parque Burle Marx comprometida). Assim foram desenvolvidas três tipologias específicas para cada quadra mencionada, permitindo atender a um setor tão diversificado e possibilitando sua construção em terrenos de 8x20m, 8,5x20m e 10x24m, garantindo capacidades variadas. Acomodando oito estudantes, a ALOJA 709 atende às necessidades do dia-a-dia estudantil no menor terreno apresentado. Desde o Canto quieto até a Laje, os estudantes têm acesso às comodidades que os farão se sentirem em casa, possuindo biblioteca própria, áreas de lazer e contato com a natureza, garantindo um equilíbrio de espaços coletivos e individuais. Buscando atender a uma maior variedade de perfis de estudante, cada ALOJA possui três tipologias de habitação: a Q1, quarto com cama de casal; a Q2, quarto para pessoa deficiente; e a Q3, quarto com cama de solteiro. Todos são equipados com banheiros individuais, indispensáveis para uma convivência harmoniosa.

Orientadores: Luciana Saboia e Ricardo Trevisan Banca: Elane Peixoto, Joara Cronemberger, Maria Cecilia Gabriele e Patricia Garcia 65


arqui #8

habitação popular sol nascente Renan Davis Durante a atual gestão da CODHAB, no comando do Arquiteto e Urbanista Gilson Paranhos, o órgão reviveu a cultura de realização de Concursos Públicos de Arquitetura e Urbanismo, modalidade de contratação que visa a melhorar a qualidade arquitetônica de obras públicas, sobretudo no âmbito do programa Morar Bem, programa de produção de habitação social no Distrito Federal, vinculado ao Minha Casa Minha Vida. Esse trabalho utiliza como base o concurso na busca pelo melhor projeto de moradia para famílias de baixa renda, em área ainda não ocupada, compreendendo 14 lotes para Unidades Habitacionais Coletivas no Setor Habitacional Sol Nascente, hoje em dia uma das maiores favelas da América Latina, que se encontra em processo avançado de regularização, já em fase de implantação da infraestrutura. Diante de uma análise crítica, a qualidade arquitetônica dos conjuntos habitacionais do PMCMV, este projeto elencou alguns conceitos que nortearam o seu desenvolvimento: Aproveitamento adequado do solo, com o aumento da densidade populacional da região; Valorização do espaço público, ampliando e dando uso aos espaços externos; Diversidade e Flexibilidade, ao criar diferentes tipos de unidades habitacionais aliadas a um método construtivo flexível; e Tecnologia e Sustentabilidade, pelo método construtivo racional, utilização de sistemas de aproveitamento de águas e aquecimento solar. 66

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Orientador: Frederico Flósculo Banca: Ana Carolina Correia Santana, Cristiane Guinâncio e Ricardo Meira


tema

cotidiano A arquitetura exterior de um edifício, as formas e cores das fachadas, os materiais empregados para revestir as diferentes estruturas que a compõem, sua inserção no ambiente, assim como a definição de seus espaços internos, são diferentes manifestações do trabalho arquitetônico. A criatividade de um arquiteto também é expressa por meio da aparência de seu edifício e de sua disposição no meio ambiente, constituindo uma manifestação física, original e, algumas vezes, notável da cultura. Temas cotidianos, como os aqui apresentados, de caráter mais popular e menos monumental, oferecem um campo rico de experimentação projetual, ao mesmo tempo em que atendem à urgência de demandas sociais da atualidade. Ana Carolina Moreth Camila Rocha Coelho Elias Campos Filho Grazielli Cavalcanti Larissa Guerra Leandro Pereira Fernandes Luciana Ruas Guimarães Natalia Melo Silva Tharla Stambassi

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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arqui #8

espaço cultural w3 Ana Carolina Macedo Moreth Situado na entrequadra 502/503 e 302/303 Sul, o projeto tem por objetivo difundir a expressão cultural e artística brasiliense e, ao mesmo tempo, recuperar a avenida W3: seus usos, sua paisagem, retomando sua posição como polo de lazer e cultura da Capital Federal. A fim de fortalecer o fluxo de pedestres que vão da W3 para o comércio e vice-versa, pensou-se em um partido monolítico, que tivesse relação com o entorno, mas que não atuasse como barreira, e sim como passagem. Então o bloco superior foi colocado sob pilotis, fazendo com que o edifício sirva de abrigo ao pedestre, acompanhando o seu percurso de um lado a outro através da transposição de níveis. Assim, o edifício foi dividido em 4 níveis: subsolo, térreo inferior, superior e terraço. O primeiro é estritamente técnico. O segundo, presente no nível do comércio local, atua como uma extensão da rua, dando a ideia do que afirma Lucio Costa, sobre o chão que continua. O terceiro, presente no nível da avenida W3, por se tratar de um pavimento mais fechado, permite a interação do usuário com a arquitetura em si. O último, nível mais elevado, atua como espaço bucólico, propiciando a interação do usuário com o céu de Brasília. 68

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Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Ana Zerbini, André Gonçalves, Joara Cronemberguer e Oscar Ferreira


paróquia sant’ana e são joaquim Camila Rocha Coelho Projeto de um templo Católico e um centro pastoral, onde funcionarão as catequeses e atividades de evangelização, atividades administrativas, e casa paroquial. Por meio de formas geométricas, busca-se fazer referência às antigas igrejas católicas, a partir de uma releitura contemporânea. A volumetria sugere uma planta retangular, porém ao entrar no templo os espaços se organizam de maneira circular, retomando a eucaristia, símbolo da aliança entre Deus e o povo. O espaço é permeado por luz, captada diretamente por vitrais que revestem a volumetria. Para evitar um ambiente quente e desconfortável, utilizou-se a tecnologia de vidros laminados da linha azul energy special, da Glassec. Para ventilação natural utilizou-se o efeito chaminé. Todos os vitrais permitem ventilação constante. Na cobertura, optou-se pelo sistema de isolamento termoacústico, que é formado por duas telhas trapezoidais que formam um “sanduíche” com o núcleo de poliestireno. O Centro Pastoral abrigará importantes funções de evangelização e, por isso, sua volumetria segue a linguagem do templo. A estrutura é composta por pilares metálicos, dispostos em módulos, e lajes nervuradas. Como na nave, a solução adotada para a cobertura é o sistema de isolamento termoacústico.

Orientador: Frederico Flósculo Banca: Maria Cláudia Candeia, Paola Ferrari e Ricardo Meira 69


arqui #8

ludus

arquitetura sensorial: espaço autista Elias Campos de Jesus Filho A proposta consiste em um centro de desenvolvimento inclusivo para crianças com transtorno do espectro autista (TEA). É uma instituição que propicia o desenvolvimento sensoriomotor de crianças com TEA, nesse sentido crianças de 2 a 15 anos têm a oportunidade de aprender e desenvolver suas atividades por meio do espaço. O projeto nasce da ideia de propor a integração entre crianças com TEA e pessoas comuns; logo, baseia-se em um espaço que concentra um programa arquitetônico compreendido entre creche, ensino fundamental 1 e 2, centro de apoio psicológico e ginásio poliesportivo. Esta integração é proposta na forma de um espaço paisagístico de transição entre o programa de arquitetura e o terreno ao lado destinado a uma instituição tradicional educacional. Este espaço de transição promove a interação entre mundos, cria áreas comuns onde haja mais tolerância entre diferentes grupos sociais. Esse conjunto insere a cidade como um playground, voltando a um pensamento do arquiteto holandês Aldo van Eyck (1918–99): “a arquitetura tem que facilitar a atividade humana e promover a interação social”. Espaços mais criativos estimulam um contato intenso com a cidade, convidando todas as crianças, inclusive as portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a saírem de suas bolhas de enclausuramento. Ao retirá-las do isolamento de suas casas, elas aprenderiam muito, convivendo socialmente e brincando em mais espaços lúdicos criados nas redondezas de seu bairro. 70

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Orientadores: Marcia Troncoso e Eliel Américo Banca: Claudio Queiroz, Oscar Ferreira e Patrícia Melasso


vila do saber centro de ensino e comunitário da vila telebrasília Grazielli Villasbôas Cavalcanti Embasado nas esferas social e comunitária, a Vila do Saber explora a ideia de integração — social, física, metodológica e funcional — e tem como premissa os conceitos de aprendizado, encontro e lazer. O projeto Vila do Saber é uma Instituição Pública de Ensino Fundamental para crianças de 06 a 14 anos, que (além de se identificar com o entorno: materialidade) representa uma nova perspectiva para a população local, uma vez que o lugar servirá de apoio às atividades da comunidade nos finais de semana, propiciando atividades como: oficinas de arte e rodas de conhecimento. O espaço foi criado com base na metodologia pedagógica do construtivismo, que prioriza o conhecimento por meio da relação com o meio e do processo constante de reconstrução de hipóteses para explicar o mundo, visando à construção do conhecimento, e não apenas ao resultado. A sala de aula reforça a importância dos espaços não convencionais, que fornecem flexibilidade de uso, assim como o layout informal do mobiliário, possibilitando a formação de pequenos grupos de trabalho.

Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Ivan do Valle e Maria Cecília Gabriele 71


arqui #8

feira do produtor de águas claras Larissa Guerra Santos A feira localiza-se na cidade de Águas Claras — DF, entre a Av. Pau Brasil e as Ruas Blvd. Norte e Sul. O partido se fundamenta na apropriação do fluxo principal, por meio da criação de um caminho no sentido diagonal do terreno, como forma de percurso mais reduzido e atrativo para os transeuntes. Dessa forma, um morador da região, e usuário do metrô, pode associar a rotina de abastecimento de sua casa ao percurso diário de trabalho. Além disso, a feira atuará como ponto de passagem agradável, com vegetações, sombras e paisagismo. Desde o princípio, a ideia é a de uma feira associada a uma praça. A praça teria importância tão grande quanto à estrutura do galpão propriamente dito, atendendo à exigência de mais áreas verdes para a cidade. A posição destinada à praça ficaria delimitada à porção leste do terreno, atuando como barreira de resfriamento evaporativo dos ventos predominantes à leste. Optou-se por criar uma cobertura ampla, atendendo às exigências do programa de necessidades comuns de feiras. A transição entre o edifício (cobertura) e a praça é feita de uma forma muito sutil, de modo que os frequentadores fossem habituados por meio de elementos permeáveis entre os espaços. 72

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Orientador: Éderson Teixeira Banca: Liza Maria de Andrade, Vânia Loureiro, Patrícia Silva Gomes e Luiz Sarmento


taguaparque Leandro Pereira Fernandes A proposta de intervenção no Taguaparque surgiu diante do cenário caótico vivido na RA III: Taguatinga, onde suas potencialidades não eram devidamente aproveitadas. Localizado às margens do pistão norte na RA Taguatinga/DF, o Taguaparque espacialmente apresenta uma relação consolidada com o seu entorno: Vicente Pires (Colônia Agrícola Samambaia) e Pistão Norte (Taguatinga). O parque é importante para a manutenção da qualidade de vida da cidade de Taguatinga, no que tange à contenção da expansão urbana nas proximidades do parque; pois, como na maioria das cidades satélites, Taguatinga é altamente urbanizada, sendo assim, o parque se encaixa como uma espécie de pulmão verde entre Taguatinga e Vicente Pires. A intervenção tem como objetivo tornar o parque mais atrativo, acessível e valorizado, favorecendo a convivência e outros aspectos para a melhoria do espaço público. Desse modo, a criação de acessos diretos como passarelas e calçadas que circundam o parque em toda a sua extensão atrairiam a população com um acesso rápido e eficaz. Equipamentos espalhados em toda sua gleba evitam espaços ociosos e ajudam na manutenção e na preservação do parque.

Orientadora: Maria Assunção Rodrigues Banca: Eduardo Rossetti, Oscar Ferreira e Paulo Roberto Tavares 73


arqui #8

biblioteca comunitária origami Luciana Ruas Guimarães A Biblioteca Comunitária Origami consiste em um espaço público voltado para o acesso democrático à informação e à inclusão social. Assim, seu programa de necessidades abrange áreas de cultura, lazer, serviços e convívio. O sítio escolhido para implantação foi a RA Guará II, atualmente bem provida de áreas comerciais, institucionais e residenciais, mas que carece de áreas de lazer, cultura e convivência. A implantação na zona central oferece fácil acesso às linhas de metrô e ônibus, fator importante para que fossem atendidas outras regiões similares, como Ceilândia, Taguatinga e Águas Claras. O projeto é dividido em três blocos: dois volumes interligados compõem a edificação principal (um comporta espaços conceituais de multiuso e tecnologia; e o outro, espaços tradicionais de acervo e estudo) e um terceiro volume adjacente consiste em auditório e cafeteria. Paralelamente, foi projetada uma praça para interação local, contando com hortas comunitárias, espaço para feiras, cinema ao ar livre e concha acústica para apresentações. A temática do origami entra em ação nos grandes painéis das fachadas, resultado do sistema construtivo (paredes-cortina em concreto armado). Essa abordagem artística e apelativa foi escolhida para que o projeto se tornasse uma referência icônica. Já o conforto térmico e luminoso foi alcançado pelo uso de sheds metálicos. 74

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Orientador: Frederico Flósculo Banca: Paola Ferrari e Ricardo Meira


centro de educação da primeira infância riacho fundo I Natália Melo Silva A educação pré-escolar no Brasil é marcada por diversos desafios, dentre os quais se ressalta a deficiência de sua rede de infraestrutura tanto em aspectos qualitativos como quantitativos. Tendo em vista essa realidade e estudos correlatos, o projeto elaborado para a cidade de Riacho Fundo I se desenvolve, sinteticamente, em torno de quatro aspectos fundamentais no espaço de aprendizado infantil: o convívio e a interação, o bem-estar, o protagonismo, e a responsabilidade social. Em primeiro lugar, a concepção volumétrica prioriza a disposição do programa em cinco blocos lineares com orientação norte-sul, separados por espaços verdes de convivência hierarquizados e permeáveis. Em segundo lugar, os espaços internos ganham destaque através da generosidade do pé direito e da iluminação natural, fornecendo às crianças e educadores a possibilidade de livre ocupação e interação com o espaço. Por fim, o uso de estrutura leve de madeira em seções comercias juntamente com vedações em alvenaria cerâmica foi proposto visando ao equilíbrio entre o custo, a rápida execução e a estética desejada para o CEPI. Dessa forma, a concepção do projeto busca ir além da ideia comum de espaço de aprendizado infantil como um gesto de reconhecimento das particularidades e importância de tal etapa de ensino na formação do indivíduo.

Orientadora: Ana Carolina Correia Sant’Ana Banca: Cristiane Guinâncio, Frederico Flósculo, Ricardo Meira e Sandra Henriques 75


arqui #8

n.a.v.e. núcleo acadêmico de vivência ecumênica Tharla Stambassi Ferreira de Melo Pensando na diversidade de crenças existente na Universidade de Brasília, a N.A.V.E., além de contemplar a vivência de religiosos e não religiosos, é um espaço de responsabilidade por ser voltado à prática da meditação e introspecção com fins ao tratamento de doenças como a depressão e a ansiedade, que atingem um grande percentual de alunos universitários. O edifício se encontra na parte norte do Campus Darcy, em uma área nobre e de fluxo considerável, porém carente de estrutura e valorização de sua grande característica marcada por caminhos de terra: o encontro. Situado em um terreno com 3 metros de desnível, a obra circular traz rampas helicoidais como principais elementos, dividindo-a em três pavimentos e dois acessos em níveis diferentes. Seu acesso principal se dá em um pavimento onde diferentes direções levam o caminhante a descer e ter acesso à praça, que é rodeada de salas de atividades, ou a subir e ter acesso ao salão de atos, que conta com uma vista para o Lago Paranoá. Em sua fachada, brises verticais e vitrais coloridos condicionam um ambiente lúdico marcado pela luz e cores e, em seu exterior, uma correnteza de água forma um cinturão em volta do edifício. 76

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Orientadora: Maria Cecília Gabriele Banca: Cecília Gomes de Sá, Cláudia Garcia e Mônica Gondim


tema

tópicos especiais Especiais pela singularidade de seus temas ou pela monumentalidade de suas propostas, os projetos apresentados nesta seção trazem abordagens conceituais diferenciadas de temas cotidianos. Têm como ponto comum o entendimento de uma realidade imperfeita que precisa ser transformada ou complementada, ao mesmo tempo em que nos oferecem uma imagem de futuro, de destino. A arquitetura singular ou monumental dos projetos que se seguem abre uma brecha no presente, ligando uma tradição herdada a uma tradição que se pretende fundar. Vale a reflexão! Alexssandra Silva Souza Barbara Gomes João Lucas Santos Flores Marina Nakamura Maysa Valença Pedro Henrique Avelino Thais de Arvelos Thiago Abreu

Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.

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arqui #8

novo polo cerâmico poti velho Alexssandra Silva Souza O projeto se encontra dentro dos limites do bairro Poti Velho, localizado na Zona Norte de Teresina, local de referência do artesanato piauiense. O atual Polo Cerâmico foi construído em 2007, contudo a estrutura existente hoje em dia é falha, com condições precárias. Sendo assim, o projeto traz uma nova estrutura ao local e também propõe ampliá-lo. O edifício foi pensado para atender à função de venda e confecção do artesanato e, também, para ser um lugar de passeio e permanência. Assim, foram projetadas lojas (integradas à suas respectivas oficinas de cerâmica) sob uma grande cobertura, onde o usuário consegue percorrer todo o conjunto por dois extensos corredores abertos que visam a possibilitar ao pedestre uma vista livre para o Rio Poti e também para a Rua Flávio Furtado e a Rua Três. Circundando o prédio, encontram-se áreas públicas que favorecem o uso e permanência dos usuários. A maior referência do projeto foi o Mercado Central de Abu Dhabi do Foster, pela configuração dos espaços e o marco visual da segunda pele amadeirada. O conjunto do novo Polo foi elaborado a partir da definição de um bloco comum para todos os artesãos (exceto a administração que está em conjunto com a Cooperativa). Neste bloco, encontra-se uma loja voltada ao acesso do público e, junto a ela, uma primeira parte da oficina, que seria exclusiva para a modelagem, secagem das peças e guarda da argila. No primeiro piso existe a segunda parte da oficina, onde se faz o acabamento e a queima das peças. 78

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Orientadora: Maria Cecília Gabriele Banca: Cecília Gomes de Sá, Cláudia Garcia e Mônica Gondim


fIora urbana arquitetura no espaço audiovisual Bárbara Gomes Em busca de alternativas à arquitetura convencional e em fundamentações de interesse pessoal da autora pela dança e por sensações espaciais, elaborou-se o projeto cenográfico de um videoclipe. A música escolhida, “Unfold”, integra o álbum “Urban Flora” dos artistas Alina Baraz & Galimatias. A faixa de encerramento possui elementos presentes ao longo de todo o álbum que foram retomados sob a forma de um labirinto de experiências, divididos em cenas, com conceitos inspirados na coletânea, possibilitando sensações espaciais diversas para a personagem dançante. “Unfold”, contudo, sugere o reinício do ciclo musical, característica que induziu o formato circular e o movimento giratório do projeto. Com a estrutura metálica giratória de oito metros de raio, sua base é dividida em um centro estático e um anel giratório. A câmera é posicionada no centro e a cenografia no perímetro, assim o cenário gira em torno da câmera. Como desdobramento desse projeto de diplomação, a autora desenvolveu uma produção audiovisual independente: um álbum visual em que videoclipes de dança foram produzidos de acordo com estudos de sensação e conceitos de todas as músicas do “Urban Flora”. Essa produção audiovisual — “Flora Urbana: o álbum visual” — foi lançada em agosto e estará disponível em breve na internet.

Orientadores: Ricardo Trevisan e Ademir Figueiredo Banca: Ana Zerbini, Oscar Ferreira, Joara Cronemberger e André da Costa 79


arqui #8

aquário da orla João Lucas Santos Flores Aquário na Orla do Lago, uma nova opção de lazer para a população. O aquário traz um desenvolvimento econômico, conscientização ambiental e a melhoria da infraestrutura do local. Local este que será o Parque das Garças, na ponta do Lago Norte. Parque utilizado pela população para diversas atividades, mas que ao mesmo tempo, apresenta uma infraestrutura precária para sua área de mais de 100.000 m². A proposta do aquário aliada à urbanização de seu entorno irá fortalecer os usos atuais do parque ligados ao lazer e à prática de esportes. Sobre o conteúdo, o aquário receberá peixes e outros animais dos principais rios de água doce do Brasil. Biomas como o Cerrado, o Pantanal e a Amazônia. Espécies em extinção podem ser ajudadas por intermédio de pesquisas desenvolvidas no novo aquário, além da difusão de conhecimento para a população a respeito dos biomas brasileiros ricos em biodiversidade. Por fim, a construção de um aquário requer grandes investimentos, mas depois de estabelecido, apresenta um bom retorno financeiro, pois se torna um atrativo turístico da cidade para pessoas de fora do DF e do país. 80

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Orientador: Ricardo Meira Banca: Caio Frederico, Cristiane Guinâncio e Cynthia Najimoto


parque zoológico de brasília modernização do zoológico de brasília Marina Mitiko Nakamura O crescente interesse por questões acerca do bem-estar animal, conservação e preservação da natureza, bem como a investigação científica e educação ambiental fizeram com que os zoológicos tivessem um papel de destaque na sociedade contemporânea, como equipamento urbano de ligação entre o mundo dos homens e o mundo natural. Valendo-se disso, o equilíbrio entre o homem e a natureza se traduz no projeto do Parque Jardim Zoológico de Brasília, um ambiente que oferece conforto e bem-estar para os animais, educação e lazer para os visitantes, e consequentemente recursos para os pesquisadores. O planejamento do espaço, pautado nos princípios conceituais de Landscape Immersion, sensibiliza emocionalmente e psicologicamente o público. A proposta busca o realismo e a espacialização adequada em cada detalhe, desde a utilização de plantas autênticas do habitat do animal até a correta replicação de texturas, cores e formas naturais. Para tanto, a preservação da dinâmica do cenário é garantida pela colocação estratégica de vegetação mimética na natureza, para dar a ilusão de que o recinto tem dimensões ilimitadas e impedindo a visibilidade de elementos exóticos à paisagem pretendida.

Orientador: Oscar Ferreira Banca: Eduardo Rossetti, Maria Assunção, Giuliana de Brito Sousa e Paulo Roberto Tavares 81


arqui #8

cerne instituto de pesquisas do cerrado Maysa Gonçalves Valença O Instituto de Pesquisas do Cerrado (CERNE) nasceu do desejo de projetar um lugar que viabilizasse uma das vocações de Brasília: a de geradora de conhecimento científico e que, ao mesmo tempo, promovesse a preservação do Bioma do Cerrado. As funções do CERNE estão assim reunidas: a captação de apoio financeiro; a cessão de espaços laboratoriais para pesquisadores locais e estrangeiros; a manutenção de banco de dados e de bibliotecas especializadas no tema, além de se converter em espaço de inclusão e em canal de comunicação entre as comunidades acadêmicas e a população. Para que o Instituto possa promover essa comunicação, uma parte 82

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foi pensada e projetada para os cidadãos, disponibilizando uma área livre para abrigar feiras e eventos dedicados ao Cerrado, e ainda um espaço definido para workshops e palestras. A escolha do terreno CGAN 612, entre a L2 e a L3 Norte, foi feita em razão da proximidade do local com a Universidade de Brasília, com o Lago Paranoá e outras áreas de contato com o Bioma do Cerrado, como o Parque Olhos D’água. A forma do edifício foi planejada para abrigar funcionalmente suas demandas e, ao mesmo tempo, simbolizar em sua construção a conexão entre a produção de conhecimento e o ensino. Em relação aos jardins e todos os sistemas de economia

e sustentabilidade (como a captação de água de chuvas), o projeto foi elaborado de forma a estabelecer ligação entre o Cerrado e a população, bem como destacar a necessidade de preservação desse Bioma por todos nós.

Orientadora: Raquel Naves Blumenschein Banca: Augusto Esteca, Frederico Flósculo, Neusa Cavalcante e Ariane Borges


polen parque orgânico ligado a ensinos da natureza Pedro Avelino A preocupação ambiental somada à preocupação com ambientes de aprendizado, quando exploradas, podem ajudar a pensar em maneiras e lugares onde aprendemos a ser agentes conscientes e realizados no contexto de crises do século XXI. Reconectar as pessoas a um sistema maior, possibilitando espaços onde se aprende sobre o meio e engrenagens do planeta é o papel do Polen, revendo o papel dos alunos, dos professores e do espaço educacional construído, assim criando uma nova possibilidade de experiência de se aprender na próxima metade do século. Ao se criar um programa para uma proposta em que se junta envolvimento com a realidade local e o sentimento de comunidade, elaboram-se zonas de trabalho estimulantes: áreas de choque de ideias e contato com a natureza, diretrizes comuns sentidas em todo o terreno, que se desenvolvem em zonas, fases de implantação e aumento de complexidade das atividades desenvolvidas. A proposta quer ser relevante no mundo seguindo a agenda de desenvolvimento sustentável da ONU para 2030, criando uma comunidade sustentável e promovendo o bem estar e uma educação de qualidade, com práticas de pegada ecológica reduzida. Destaca-se a região ecologica a 30 km de Alto Paraíso de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros, onde está o terreno triangular de 25 ha do Polen no assentamento rural Silvio Rodrigues.

Orientadora: Raquel Naves Blumenschein Banca: Ana Zerbini, Camila Sant’Anna, Gustavo Luna e Pedro Paulo Pallazzo 83


arqui #8

abrigo de emergência o desastre em mariana - mg Thaís de Arvelos Gonçalves Uma vez que acampamentos de desabrigados geralmente duram mais de 5 anos, o projeto faz uso de matérias primas utilizadas na construção civil tradicional, prezando pela construtibilidade e sua aplicação no mundo real. A ideia é que o resultado observado possa ser reaplicado quando houver a necessidade de soluções habitacionais rápidas e eficientes, com mínimo impacto pós-ocupação. A melhor opção seria, juntamente com o uso da madeira, fazer a reciclagem de rejeitos de barragens de mineração que não se romperam ainda, isso poderia evitar outras tragédias, além de impedir a contaminação com as impurezas da lama rompida. Ambos são materiais naturais, culturalmente aceitos no Brasil e renováveis que, em conjunto, garantem um conforto térmico e acústico excelentes para o clima tropical, predominante no país. A sala se une à cozinha sem paredes divisórias, mantendo a sensação de amplitude nas partes comuns da casa, reforçada pelo pé direito duplo. A estrutura surgiu da ideia de solidarização entre as peças. As vigas e pilares em cruz formam uma gaiola estrutural, ao mesmo tempo em que os painéis e paredes podem ser montados de diversas formas, para famílias de tamanhos e composições variadas. 84

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Orientador: Oscar Ferreira Banca: Cláudio de Queiroz, Eliel Américo e Márcia Troncoso


complexo aquático giovani casilo Thiago Abreu O Complexo propõe-se a ser um ponto de acesso da sociedade brasiliense em geral aos benefícios do contato com a água. Concretizar essa proposição implicou em significativa alteração do conjunto arquitetônico existente. O conjunto inicial compreende as piscinas da Secretaria de Esporte e Lazer (antigo DEFER) e o Ginásio Cláudio Coutinho, que se encontra em desuso já há vários anos. O projeto trata de retornar ao Ginásio sua função inicial como primeira piscina coberta de Brasília e integrá-lo ao resto das piscinas e expansões formando um Complexo. Fazem parte da área de expansão — que toma o espaço outrora ocupado por uma das arquibancadas — as piscinas lúdicas públicas e a piscina terapêutica, que visam a aumentar a quantidade de público que o Complexo pode servir, possibilitando ocupação inclusive aos finais de semana. Tendo como norte a garantia da permeabilidade tanto física quanto visual, valores marcadamente presentes na arquitetura e urbanismo brasilienses, optou-se por uma composição volumétrica que cria espaços diversos de apropriação, bem como situações de emolduramento dos visuais. Foi criado também um espaço de transição de modo a não prejudicar a permeabilidade do Complexo na arquibancada nova, que se volta tanto para o lado da piscina de 50 metros quanto para as piscinas lúdicas e é um convite à apropriação do usuário. Por fim, temos o edifício da academia, que age como elemento integrador entre as porções nova e antiga do Complexo, além de ser dono da estrutura visual mais privilegiada.

Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Ivan do Valle, Maria Cecilia Gabriele e Maria Cláudia Candeia 85


FAU PREMI ADA



arqui #8

27º ópera prima menções honrosas para os alunos da FAU-UnB

Autores /// José Henrique Freitas e Gabriela Bilá A Região 5, composta por Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins, teve a participação de 30 propostas (não houve trabalho concorrendo ao #ImagineComVidro nesta região). Coube aos arquitetos Aníbal Verri (PR), Lucas Obino (RS) e Manoel Dória (PR) a missão de julgar os projetos participantes. A Intervenção no Mercado Central de Goiânia (1) foi uma das propostas agraciadas com menção honrosa. De autoria de Huber Teixeira Costa (UFG, Goiânia; orientador: Bráulio Romeiro), o projeto tem como exercício a atualização da estrutura física do edifício datado de 1986 e de seu programa, que foi disposto em volta do vão central para permitir vistas para o exterior. Serão adicionados, ainda, um edifício de escritórios e espaços públicos. Por sua vez, José Henrique Freitas (UnB, Brasília; orientadores: Bruno Capanema e Eduardo Pierrotti Rossetti) propõe o projeto Setor Cultural Norte e o Espaço da Música Brasileira (2), no Eixo Monumental, área central do Plano Piloto. Trata-se de um grande espaço para shows, mas também galerias, midiatecas e estúdios. A solução de implantação interliga diversos espaços, fluxos e edifícios existentes, estabelecendo respeitoso diálogo com a área tombada. Também da UnB, Gabriela Bilá (orientadora: Elane Ribeiro Peixoto) apresenta, em Teleport City (3), uma série de hipóteses sobre o mundo depois do advento do teletransporte - novas formas de morar, transformações no espaço urbano, relações entre histórias e culturas, movimentos sociais pela defesa do ciclo biológico da vida humana, novas patologias etc. Tece, portanto, uma reflexão sobre a abolição do tempo e do espaço e extrapola o papel da arquitetura como exercício da simples projetação de edifícios. Por fim, Renato Esteves (UniCEUB, Brasília; orientadora: Júnia Marques Caldeira) desenvolveu proposta para um Museu da Imagem e do Som - MIS (4) em Brasília, sob a justificativa de que, apesar de nova, a cidade conta com vasto e valioso patrimônio imaterial, que dever ser organizado, administrado, contemplado e divulgado para moradores e visitantes. O equipamento respeita a linha arquitetônica presente no local de intervenção - o Eixo Monumental. 88

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Texto extraído de: https://www.arcoweb. com.br Publicado originalmente em Projeto Design na Edição 436


Projeto de José Henrique Freitas. Imagem extraida de https://www.arcoweb.com.br

Projeto de Gabrielá Bilá Imagem extraida de https://www.arcoweb.com.br

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anpur 2017 menção honrosa no prêmio anpur 2017 na modalidade tese de doutorado

A tese de doutorado da professora Carolina Pescatori, intitulada “Alphaville e a (des)construção da cidade no Brasil”, desenvolvida sob orientação do prof. Rodrigo de Faria no PPG-FAU, recebeu Menção Honrosa no I Prêmio Rodrigo Simões de Teses de Doutorado (2017). O prêmio foi concedido pela ANPUR — Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional — que premiou teses de doutorado defendidas no biênio 2015–2016 em todos os programas de pós-graduação filiados à ANPUR. A tese debate o papel de empresas urbanizadoras na produção da cidade e da dispersão urbana a partir de uma perspectiva historiográfica aprofundada. Foram inscritas 29 teses, que foram avaliadas pelo júri composto por Almir Francisco Reis (UFSC), Ana Cláudia Duarte Cardoso (UFPA), Heloísa Soares de Moura Costa (UFMG — 1ª Fase), Lúcia Leitão Santos (UFPE), Márcio Moraes Valença (UFRN), Maria Cristina da Silva Leme (USP) e Orlando Alves dos Santos Júnior (UFRJ). O primeiro lugar foi concedido à tese “Corpo, discurso e território: a cidade em disputa nas dobras da narrativa de Carolina Maria de Jesus”, de autoria de Gabriela Leandro Pereira, defendida no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. 90

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Texto de Carolina Pescatori Mais informações: http://www.anpur.org. br/ckfinder/userfiles/files/comunicacao_ resultado.pdf


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EN CON TROS



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pé na estrada um semestre e as várias faces do projeto This year, the extension project Pé na Estrada1 (Hit the Road), performed multiple events connected to its many trends, such as Pezinho (Little Foot) and Pé na esquina (Hit the corner). The many activities provided a contact with cultures of other regions, tours through the campus and the city and exchanges of knowledge on architecture and urbanism amongst the many diverse groups.

Foto por Camila Garrido.

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Foto por Camila Garrido.

No primeiro semestre de 2017, a atividade complementar “Pé na Estrada” da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu diversas atividades que trouxeram à tona discussões pertinentes ao universo do arquiteto e urbanista, abordando múltiplos pontos de vista e explorando lugares e vivências muitas vezes alheias ao nosso cotidiano.

EXPO SALVADOR A Exposição foi resultado da viagem realizada no segundo semestre de 2016 para a cidade de Salvador e aconteceu entre os dias 03 e 14 de abril na Galeria da FAU. A abertura contou com a participação do grupo de capoeira União, do qual a ex-membro do Pé, Gabriela Heusi, faz parte, trazendo a alegria e cultura marcantes da cidade para a Expo. O projeto da exposição foi coordenado pela aluna Camila Garrido em colaboração com os alunos do Pé na Estrada e buscou reproduzir elementos marcantes da cultura e da paisagem da cidade. O foco principal da exposição foi compartilhar com toda a comunidade acadêmica as vivências dos participantes por meio dos trabalhos realizados durante a viagem, como desenhos, fotos, palavras e vídeos que revelavam impressões da cidade, de sua cultura, de seus edifícios icônicos e de suas paisagens. A exposição foi composta pelo roteiro da viagem, ilustrado com fotos de autoria dos alunos, e por uma breve explicação dos pontos visitados; pela logomarca do projeto contendo as cores propostas na paleta da viagem, expressas por texturas encontradas na cidade; por desenhos iconográficos de elementos da arquitetura, cadernos de croquis, além de cartões postais, concurso de fotografia e uma grade de “fitinhas” representando a grade da Igreja do Senhor do Bonfim. Essas ações refletem o amadurecimento do projeto, graças ao envolvimento dos alunos, funcionários e professores. Esse projeto se expandiu em várias vertentes, as quais surgem da tentativa de promover e discutir o papel e a ação da arquitetura e do urbanismo, seja nas diferentes escalas da cidade, seja nas produções culturais do seu território. 95


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Foto por Giulia Gheno.

PÉ NA ESQUINA O Pé na Esquina do último semestre focou em mostrar aos estudantes de Arquitetura e Urbanismo de outros estados a riqueza e a história arquitetônica do Campus Darcy Ribeiro. Em parceria com a Escola da Cidade, localizada em São Paulo e, posteriormente, com o XXX Encontro dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Regional Centro (EREA Eixos), mostramos a esses estudantes de fora do Distrito Federal como o principal campus da UnB tem suas peculiaridades arquitetônicas e históricas, o que o torna um polo de grande interesse arquitetônico sobre o qual aprender. As duas visitas realizadas no campus tiveram uma resposta positiva dos participantes, incluindo dos professores da Escola Itinerante, o que nos mostrou a importância dessa vertente e das atividades que ela abarca. PEZINHO O Pé na Escola, carinhosamente chamado de Pezinho, no último semestre, propôs mais um passeio com o intuito de desenvolver a consciência patrimonial nos alunos da Escola Classe Aspalha. No dia 4 de maio, os alunos foram levados para conhecer melhor a Esplanada dos Ministérios. Acompanhados pela professora Elane Peixoto e pela equipe Pé na Estrada, a visita teve início no Espaço Lúcio Costa. A maquete da cidade apresentada no local despertou o interesse das crianças e nos permitiu discutir sobre questões de história, pertencimento, política e, é claro, arquitetura. O trajeto principal incluiu visitas breves ao Supremo Tribunal Federal, ao Panteão da Pátria, ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional. O ponto alto do passeio foi a visita à Catedral Metropolitana. As cores dos vitrais e a possibilidade de conversar pelas paredes encantaram os alunos. O simples ato de percorrer a Esplanada dos Ministérios de ônibus possibilitou uma série de questionamentos e a chance de apresentar aos alunos um pouco mais do papel dos arquitetos, urbanistas e paisagistas para uma cidade. 96

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Texto por Equipe Pé na Estrada: Camila Garrido, Caio César Nascimento, Sarah Almeida, Nayane Machado, Ana Luísa Pedreira, Amanda Vital, Brenda Oliveira, Camilla Ribeiro, Flávia Meireles, Giulia Gheno, Isabella Rodrigues, Júlia dos Anjos, Mayara Neres e Rayan de Sant’Anna. www.penaestradafaunb.wixsite.com facebook.com/penaestrada.faunb penaestrada.faunb@gmail.com


Foto por Sarah Almeida.

Foto por Sarah Almeida.

Equipe PĂŠ na Estrada.

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apontamentos etnográficos sobre escalas e mobilidades na capital chinesa The lecture “Apontamentos Etnográficos Sobre Escalas e Mobilidades na Capital Chinesa” (Ethnographic Notes on the Scales and Mobilities of the Chinese Capital), organized by professor Elna Ribeir and lectured by the anthropologist Cristina Patriota Moura, presented the social and urban contradictions of China, highlighting the modernity of its capital in relation to the other cities and to the countryside.

A China é atualmente o palco de uma urbanização sem precedentes, cuja escala e velocidade fazem jus aos números extraordinários presentes em quaisquer referências a esse país. Sua abertura econômica, iniciada na década de 1980 por Deng Xiaoping, implicava uma reversão da política maoísta de ruralização da população em detrimento das cidades. Substituir a agricultura pela indústria implicou crescimento, fortalecimento e “modernização” das cidades chinesas. A criação das Zonas Econômicas Especiais permitiu a abertura e o incentivo do país junto aos investimentos estrangeiros mediante a oferta de vantagens. Essas zonas se tornaram verdadeiras cidades-regiões, como atesta a conurbação das cidades de Shenzhen, Guangzhou, Foshan e Dongguan no delta do Rio das Pérolas, cuja população 98

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atinge cerca de 42 milhões de habitantes. As transformações ciclópicas vividas pela China estão presentes em sua capital e foram objeto de discussão da palestra de Cristina Patriota de Moura: “Apontamentos etnográficos sobre escalas e mobilidades na capital chinesa”, organizada pela professora Elane Peixoto, no dia 12 de junho de 2017. Coordenadora do Departamento de Antropologia da UnB, Cristina Patriota, com pesquisas realizadas em Pequim, ressaltou as contradições da atual modernização chinesa, implicando intervenções urbanas em que as formas tradicionais de moradia, como os hutongs, são eliminadas. Ao mesmo tempo em que se moderniza, a China continua a exercer um forte controle na mobilidade de seus habitantes com a manutenção dos documentos de identidade, chamados hukos, que atribuem

naturalidade por descendência, independentemente do local de nascimento de seu portador. O Huko foi criado a partir de 1949 e visava ao controle de mobilidade entre o campo e a cidade, e entre cidades. Essa forma de identidade permite o acesso aos serviços públicos somente disponíveis na cidade registrada nessa identidade. As contradições chinesas, como analisadas por Cristina Patriota, expressam-se nas suas paisagens urbanas, atualmente demarcadas por edifícios monumentais ou pelo aparecimento de cidades fantasmas, frutos das especulações imobiliárias desenfreadas.

Texto de Elane Ribeiro Peixoto Organização do evento: Elane Ribeiro Peixoto


joão almino cidade e literatura The Post-graduation of FAU-UnB received the diplomat and writer João Almino for a lecture related to the subject “Cidade e Literatura” (City and Literature), in an evening of talk on literature and urban experiences

Foto por Eduardo Rossetti.

“Cidade e Literatura” foi o tema de uma promissora disciplina de Pós-Graduação, sob a condução das professoras Elane Ribeiro Peixoto e Carolina Pescatori, que ocorreu no primeiro semestre de 2017. Com o desfecho da disciplina, houve uma palestra com o diplomata e escritor João Almino, membro imortal da Academia Brasileira de Letras — ABL. Trata-se de um autor que se destaca no panorama da literatura nacional por tomar Brasília como personagem e/ou como ambientação literária. Seja por meio do tema da utopia, dos estímulos imagéticos da fotografia, ou ainda pela atenção aos instigantes espaços da Capital Federal, Brasília se consubstancia como lugar estratégico para sua obra literária. Além de explorar aspectos de “Cidade Livre”, outras obras — “Ideias

para onde passar o fim do mundo”, “O livro das emoções”, “As cincos estações do amor” — foram tomadas como contrapontos ou desdobramentos para o autor expor seus interesses pela tecnologia, pelos meios de comunicação em massa, pelas questões de teoria da literatura e pela história. João Almino abordou também a estruturação dos personagens e a construção da ambientação urbana, questões recorrentes em sua obra. O autor proporcionou uma tarde memorável ao articular aspectos de sua literatura com suas experiências urbanas, por meio de percursos, pelo encanto por espaços citadinos de ruas e bairros em cidades brasileiras e no mundo. Paris, Londres, Beirute, Madri e outras cidades fazem parte de uma experiência pessoal e profissional do diplomata que muito contribui

com o escritor. Para além da rotina acadêmica, o diálogo intenso entre o escritor e a plateia se converteu em uma agradável conversa, pontuada pelas perguntas e comentários que ele desdobrou, provocando de volta uma plateia atenta e encantada. Para João Almino, “uma cidade não faz literatura” e Brasília é aquilo que também são as outras cidades b r a s i l e i r a s , co m s e u s i d ê n t i co s problemas de trânsito, violência urbana e outras mazelas, embora considere a capital brasileira como metáfora constante que acompanhou a ideia de “futuro do Brasil”.

Texto de Eduardo Rossetti Organização do evento: Elane Ribeiro Peixoto 99


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poeira e batom cine-debate do coletivo feminista The collective Mayumi Lima, a feminist collective of FAU-UnB, organized, in homage to the International Women’s Day, a movie debate with the exhibition of the documentary “Poeira e Batom” (Dust and Lipstick), which had the intention of giving visibility to the work of women during the construction of Brasília.

Criado em 2016, o Coletivo Mayumi Lima surgiu da manifestação de alunas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo perante o machismo e outras violências sofridas por mulheres dentro da Universidade. O coletivo veio com a proposta de garantir a discussão sobre as pautas do feminismo, combater atos de opressão e dar maior visibilidade e empoderamento às mulheres em nosso espaço acadêmico. No primeiro semestre de 2017, como pauta das práticas realizadas em homenagem ao dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, foi convidada a cineasta Tânia Fontenele para exibição de seu documentário “Poeira e Batom”, cujo conteúdo dá enfoque à perspectiva feminina, sua vivência e seus feitos durante a construção de Brasília. O evento contou com a participação das mulheres exibidas no documentário e promoveu um debate sobre a questão da invisibilidade da mulher perante a sociedade e sua inserção no contexto histórico da construção da capital. 100

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Texto pelo Coletivo: Amanda Carvalho, Amanda Dávina, Bárbara Barbosa, Cecília Almeida, Letícia Maria e Talita Reis


Fotos por Heloíse Gonçalves.

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semana concreta além do diploma Concreta, Junior Enterprise of Civil and Environmental Engineering and Architecture, annually promotes the Semana Concreta (Concrete Week), with the objective of approaching the reality of professionals of the area after the conclusion of their studies. This year, it had the presence of professionals such as professor and set designer Ana Serbini and the alumnus Gabriela Bilá.

Que a universidade oferece um leque infindável de opções de atuação no mercado, é de amplo conhecimento. O que deveria ser a solução, no entanto, é, para muitos, o problema: não saber o que fazer com o seu diploma. Foi sobre essa premissa que se alicerçou a montagem da segunda Semana Concreta, um evento anual promovido pela Concreta, empresa júnior de Arquitetura, Engenharia Ambiental e Engenharia Civil, a qual tem o propósito de levar um pouco de práticas, vivências e experiências do mercado de trabalho ao cotidiano dos alunos desses três cursos. O evento, que aconteceu entre 2 e 6 de maio de 2017, contou com palestras, mesas redondas e workshops distribuídos por cada um dos três cursos, havendo jovens empreendedores e alunos de graduação da UnB protagonizado a maioria da programação. No início da Semana, os participantes puderam ter contato com histórias de graduados em Engenharia Civil que hoje trabalham com o mercado financeiro; de estudantes desse curso que trabalham com a criação e desenvolvimento de startups e com a aplicação do método de design thinking, com a manutenção de um aplicativo para cadastro e agendamento de aulas com professores particulares... A palestra voltada para a Engenharia Ambiental foi mais uma amostra de como um diploma não define — ou pelo menos não precisa definir — uma carreira. Na ocasião, foi apresentado um caso de um graduando em Direito que queria cursar Engenharia Civil e abriu uma empresa de Engenharia Ambiental, fato que encheu de esperança os diversos participantes, os quais prontamente bombardearam o palestrante com perguntas esperadas sobre dificuldades inerentes ao processo, até outras ainda mais esperadas, sobre motivação. Ao fim da Semana, seguindo a mesma linha dos eventos antecessores, houve uma mesa redonda para os alunos da FAU, com profissionais que abrangiam áreas desde o ensino de softwares de modelagem até programação visual e cenografia. Ficou nítida, mais uma vez, a variedade de campos de atuação no mercado, além do fator comum em todas as falas sempre ser a necessidade de se arriscar e não temer pedir ajuda a quem eventualmente possui mais conhecimento ou experiência. A Semana Concreta foi fechada com um workshop de confecção em pallet, oferecido por alunos da FAU, a convite da Concreta, durante toda uma manhã de sábado. Este workshop foi a única parte da programação que fugia razoavelmente ao tema da semana, ele serviu não só de integração entre alunos dos três cursos, mas também com pais e mães desses, que fizeram questão de participar e ainda levaram para casa móveis como escrivaninhas, cadeiras e prateleiras muito bem executadas! 102

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Texto de Silvair Junior


seminário internacional de projeto, estrutura e arquitetura In November 2016, occurred the first activity derived from the Cooperation Agreement between FAU-UnB and the Faculté d’Architecture, d’Ingénierie Architecturale, d’Urbanisme of the Université Catholique of Louvain, Belgium.

Este seminário foi primeira atividade no âmbito do Convênio de Cooperação a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e Faculté d’Architecture, d’Ingénierie Architecturale, d’Urbanisme da Université Catholique de Louvain na Bélgica em novembro de 2016. O evento reuniu pesquisadores, professores e alunos de diversas abordagens em torno da questão do papel da representação, da teoria do projeto na concepção estrutural, arqui-

tetônica, urbana e territorial vis-à-vis o caso de Brasília. David Vanderburgh e Denis Zastavni, pesquisadores visitantes da Bélgica, os professores José Sànchez, Carolina Pescatori, Pedro Paulo Palazzo, Maria Fernanda Derntl e os pesquisadores Élcio Gomes e Fabiano Sobreira foram palestrantes no seminário. O projeto de pesquisa e cooperação acadêmica tem como objetivo estimular e promover a colaboração entre LOCI-UCL e FAU-UnB no âmbito de um novo acordo bilateral

que será firmado em novembro próximo em Louvain-la Neuve, Bélgica. A série planejada de seminários – para graduação e pós-graduação – que ocorrerá entre 2017 e 2020 terá também como parceira a Universidade ROMA 2 da Itália. Texto de Luciana Saboia Coordenação do Evento: Luciana Saboia, Pedro Paulo Palazzo e Marcos Thadeu Magalhães Organização: LABEURBE E PPG-FAU

mies é mais! In April 2018, FAU-UnB has received Prof. Dr. Carten Krohn, German architect and writer, in order to exhibit his studies on the work of one of the most important architects of the 20th century, Mies Van der Rohe. The lecture outlined an analysis on the many projects of Van der Rohe, including some that are not so emblematic, such as Riehl House, with the aim of acknowledging the fundamentals of the project which characterize the work of the architect as a whole.

Em abril, a FAU promoveu a palestra “Mies Van der Rohe: obra construída” proferida pelo Prof. Dr. Carsten Krohn, arquiteto alemão e autor de vários livros sobre história da arte e da arquitetura moderna. Emblemática figura do século XX, Ludwig Mies Van der Rohe se tornou um dos arquitetos mais importantes e influentes da arquitetura moderna. Seguindo o célebre mote “menos é mais”, sua obra revelou elegante simplicidade e rigor estrutural. É conhecida pelo racionalismo construtivo, uso extenso de planos retilíneos, vidro, aço e formas puras. Mas sua contribuição não para por aí. É o que defende o Prof.

Krohn ao constatar que, durante anos de pesquisa, pouco da obra de Mies é divulgada ou conhecida publicamente, ficando o brio substancialmente para suas obras canônicas . Krohn surpreendeu o público ao iniciar a palestra analisando uma das primeiras obras de Mies, a casa Riehl, de 1908. À primeira vista, a casa de telhado de duas águas com aspecto tradicional e janelas arqueadas e ornadas não parece ter relação com as posteriores obras do arquiteto. No entanto, a despeito de sua forma, Krohn se atentou em examinar aspectos projetuais que se tornaram temas recorrentes na obra de Mies, como a relação interior-exterior, manipulação

da luz, separação estrutural de paredes e pilares e o olhar artesanal do arquiteto. O objetivo da exposição se tornou claro: reconhecer os fundamentos de projeto que caracterizam a obra de Mies ao traçar uma genealogia do edifício construído. O palestrante finalizou alegando que o próprio Mies, ao ser questionado sobre seu edifício mais icônico, argumentou que não atribuía nenhum destaque especial. 1. KROHN, Carsten. Mies Van der Rohe: the built work. Birkhauser, 2014. Texto de Maria Claudia Candeia Organização:Comissão Permanente de Internacionalização da FAU 103


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I semana de cenografia da fau-unb In May 2017, the Set Designing Laboratory, BIOMBO, performed the I Semana de Cenografia da FAU-UnB (I Set Design Week of Fau-UnB), which had many activities that enabled the contact with professionals and acting fields inside set design.

Nos últimos semestres da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília (UnB), notou-se uma crescente demanda pelo estudo e produção de Arquitetura fora da atuação convencional. Desta maneira, outras alternativas artísticas se tornaram escape para os alunos, podendo se desdobrar em Direção de Arte e Cenografia, sendo esta última a que possui maior afinidade com a Arquitetura tanto pela investigação quanto pela utilização do espaço. As produções de trabalhos finais nas disciplinas de Ensaio Teórico, Diplomação e o surgimento de estágios e oportunidades de emprego na área da cenografia, mostraram necessária uma mobilização urgente de interessados sobre o assunto. Assim, um grupo de estudantes da Arquitetura se colocou como investigador deste tema e sua transdisciplinaridade. O Laboratório de Cenografia BIOMBO surgiu com o objetivo de compreender essas demandas e descobrir mais sobre essa área ainda pouco aprofundada na FAU. 104

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Fotos por Marcelo Menezes e Equipe Biombo.

Desta forma, a I Semana de Cenografia da FAU-UnB foi realizada pelo BIOMBO, visando a propor discussões sobre os diversos campos de atuação dos profissionais convidados. As áreas abordadas no evento transitaram pelo cinema, teatro, televisão, espetáculos de música e dança, eventos, etc. Foram três dias de evento com atividades abertas a toda comunidade, facilitando contatos e proporcionando trocas de experiências entre profissionais de mercado e pesquisadores do Instituto de Artes (IDA) e da FAU. Realizaram-se palestras e mesa redonda com participação de profissionais e professores referências na área: Ana Zerbini, Eric Costa, Gabriela

Bilá, Maíra Carvalho, Patrícia Meschick, Pedro Paulo Palazzo, Rodrigo Figueiredo e Sônia Paiva. Quanto à participação de estudantes, contou-se com a presença das alunas Alexandra Vinagre e Giovanna Buzzi, além do workshop com Pedro Rodolpho e da apresentação de Ensaios Teóricos pelos alunos Marina Paixão e Rafael Assis. Ao final, foram convidados alunos da FAU para se apresentarem no Som em Cena, encerrando assim Semana de Cenografia. A Banda Augusta, os artistas e estudantes Eduardo Ancrin, João Boavista, Lucas Augusto e Raquel Freire se apresentaram em um espaço cenográfico montado pela equipe BIOMBO no Centro Acadêmico CAFAU.

O BIOMBO pretende seguir com o objetivo de compreender as demandas da área de cenografia, promovendo capacitação de alunos e o fortalecimento entre laboratórios e departamentos afins na UnB. Texto de Ana Zerbini, Bárbara Gomes, Bruna Camurça, Luiza Ceruti e Marina Paixão Organização: Biombo Laboratório de Cenografia (Ana Zerbini, Aline Freitas, Arielle Martins, Bárbara Gomes, Bruna Camurça, Carolina Mignon, Francis Priscila, Iara Martins, Isabela Bandeira, Jéssica Oliveira, Luiza Ceruti, Marina Paixão, Maryam Torres, Rayssa Soares, Taís Cardoso e Vanessa Jung) 105


GA LE RIA



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desenhos de arquitetura e cidades uma seleção de imagens feitas por alunos e professores da FAU-UnB

Desenho por Flávio Roberto Castro Nóbrega.

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Desenho por Matheus Macedo.

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Desenho por EurĂ­pedes Neto.

Desenho por Luisa Moreira.

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Desenho por JĂŠssica Ferreira de Souza.

Desenho por JĂşlia Lopes Soares.

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Desenho por Gabriel Perucchi.

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Desenho por Matheus Tokarnia.

Desenho por Matheus Tokarnia.

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Desenhos por Sergio Rizo.

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HO MENA GEM


o desenho


O termo Disegno, bastante utilizado na Itália a partir do século XVI, compreende tanto a formulação mental da ideia quanto o desenho que resulta desta. Seu aspecto conceitual, muito usado entre os artistas e teóricos do Renascimento, desenvolveu-se como um anseio para incluir a pintura, a escultura e arquitetura entre as artes liberais. Buscava-se também ampliar a função do desenho, que no atelier medieval era baseada em modelos e na tradição, para um patamar mais complexo. Nessa mudança, a invenção e a composição elevaram o status de uma técnica essencialmente manual para o de uma intelectualidade, expressa na máxima de Leonardo da Vinci da arte como coisa mental. Foi aí que o desenho passou a ser a base comum de todas as artes visuais, a arquitetura como sendo uma delas. O desenho, na sua evolução semântica, espelhou a relação histórica entre a arte e a técnica e, como bem relatado por Vilanova Artigas na sua aula inaugural da USP em 1967, incorporou o significado do desenho industrial quando a tecnologia se tornou preponderante nas sociedades modernas. O desenho se evidenciou, então, como conhecimento e linguagem. Lúcio Costa, no seu notável trabalho didático para o curso secundário, propôs uma abordagem o mais vasta possível do ensino do desenho, abrangendo o desenho técnico, de observação e de criação como categorias que representavam a inteligência projetiva, o poder de registro e documentação e a expressão plástica, respectivamente. Atualmente, com o desenvolvimento em larga escala da tecnologia computacional, novas e fascinantes perspectivas se abrem e se somam a uma prática milenar, que tem refletido a incessante busca humana pelo conhecimento e arte no mundo. Texto de Sergio Rizo


“O “desenho” – como palavra, segundo veremos, traz consigo um conteúdo semântico extraordinário. Este conteúdo equipara-se a um espelho, onde se reflete todo o lidar com a arte e a técnica no correr da história. É o método da linguística; do “neo-humanismo filológico e plástico, que simplesmente


se inicia, mas que pode vir a ser uma das formas novas de reflexão moderna sobre as atividades superiores da sociedade”. O conteúdo semântico da palavra desenho desvenda o que ela contém de trabalho humano acrisolado durante o nosso longo fazer histórico.”

Vilanova Artigas. O Desenho, 1967. Desenho de Sérgio Rizo.



“ Clive Bell define arte como significant form. O rabisco não é nada, o risco – o traço – é tudo. O risco tem carga, é desenho com determinada intenção – é o ‘design’. É por isto que os antigos empregavam a palavra risco no sentido de ‘projeto’: o ‘risco para a capela de São Francisco’, por exemplo. Trêmulo ou firme, esta carga é o que importa. Portinari costumava dar como exemplo a assinatura, feita com esforço, pelo analfabeto (risco), com o simples fingimento de uma assinatura (rabisco). O arquiteto (pretendendo ser modesto) não deve jamais empregar a expressão “rabisco” e sim risco. Risco é desenho não só quando quer compreender ou significar, mas ‘fazer’, construir. ”

Lucio Costa. O Ensino do Desenho, 1940.


“ Em termos gerais, quem escolhe fazer arquitetura não tem necessidade de ‘saber desenhar’, e muito menos tem de ‘desenhar bem’. O desenho, entendido como linguagem autônoma, não é indispensável ao projeto. Muita arquitetura, e boa, se faz à bengala¹. Todos podem desenhar e sentem a necessidade disso. A obsessão pela especialização atrofia capacidades universais. A qualquer um é permitido, e imposto, desenvolver algumas coisas e outras, não. Porém, qualquer criança se exprime com o desenho de maneira imediata e rigorosa, e assim é com os desajustados e aqueles que são considerados loucos. Os erros e a prevaricação de quem ensina induzem a dizer, quase de quem quer que seja, que não tem ‘facilidade’. Ou a fazer com que ele mesmo o diga. O desenho é uma forma de comunicação consigo próprio e com os outros. Para o arquiteto, é também instrumento de trabalho, entre tantos outros. Um modo de aprender, compreender, comunicar, transformar uma forma de projeto. O arquiteto poderá utilizar outros instrumentos, mas nenhum substituirá o desenho sem danos graves, e o desenho não pertence a nenhum outro. A demanda do espaço organizado, a distinção entre o que existe e o que é desejo, passa pelas intuições que o desenho introduz repentinamente em construções mais lógicas e participativas, alimentando-as e sendo alimentado por elas. Cada gesto – assim também é o gesto do desenho – é dotado de história, de memória inconsciente, de um saber anônimo e infinito. É necessário não negligenciar seu exercício, para que os gestos não façam contratos, e com eles o resto. ” ¹ Expressão portuguesa que indica um projeto realizado sem desenhos, traçado na terra com um bastão. Álvaro Siza. A importância de desenhar, 1987.






Universidade de Brasília Reitora: Márcia Abrahão Moura Vice-reitor: Enrique Huelva Decano de extensão: Olgamir Amancia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB Diretor: José Manoel Morales Sánchez Vice-diretora: Luciana Saboia Fonseca Cruz Coordenador de pós-graduação: Marcos Thadeu Queiroz Magalhães ARQUI é uma publicação semestral da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – UnB EDITOR – José Manoel Morales Sánchez EDITORA EXECUTIVA – Maria Fernanda Derntl CONSELHO EDITORIAL – Andrey Rosenthal Schlee, Benny Schvarsberg, Cláudio José Pinheiro Villar Queiroz, Elane Ribeiro Peixoto e Luiz Alberto Gouvêa EQUIPE EDITORIAL DA REVISTA – Eduardo Pierrotti Rossetti Coordenação de Ensaio Teórico), Caio Frederico e Silva (Coordenação de Extensão), Giselle Chalub Martins (Coordenação de Diplomação), Giovana Canellas (Estagiária), Gabriela Bilá, José Manoel Morales Sánchez e Maria Fernanda Derntl. COORDENAÇÃO EDITORIAL – José Manoel Morales Sánchez e Maria Fernanda Derntl COMISSÃO DE DIPLOMAÇÃO – Ana Paula Gurgel, Caio Frederico e Silva, Eduardo Pierrotti Rossetti, Gabriela Tenório e Giselle Chalub Martins. COMISSÃO DE ENSAIO TEÓRICO – Ana Paula Gurgel e Eduardo Pierrotti Rossetti. DIAGRAMAÇÃO – Gabriela Bílá (Novo Estúdio Brasília) e Giovana Canellas PROJETO GRÁFICO – Gabriela Bílá (Novo Estúdio Brasília) e Luiz Eduardo Sarmento REVISÃO ORTOGRÁFICA – Quimera Consultoria TRADUÇÃO INGLÊS – Quimera Consultoria SELEÇÃO DE DESENHOS - Maria Fernanda Derntl, Sérgio Rizo e Giovana Canellas IMAGENS DA CAPA E SEÇÕES – Reinaldo Guedes Machado com intervenção gráfica da equipe da revista IMPRESSÃO – Gráfica Coronário © Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB Universidade de Brasília, Instituto Central de Ciências – ICC Norte, Gleba A, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília DF, Brasil 70904-970 tel. (+55) 61.3107.6630 fax. (+55) 61.3107.7723 http://www.fau.unb.br/ n° 08 1/2017 As opiniões expressas nos artigos desta revista são de responsabilidade exclusiva dos autores. www.facebook.com/arquirevistadafauunb revistadafauunb@gmail.com


versĂŁo digital: www.fau.unb.br revistadafauunb@gmail.com.br www.facebook.com/arquirevistadafauunb



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