Junho de 2017 - edição 2/2016 - n˚ 07
faunb
Junho de 2017- edição 2/2016 - n˚ 07
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Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
editorial A
s relações entre arquitetura e política despontaram de modo intenso e peculiar no segundo semestre de 2016. Por isso, tais relações deram o tom desta edição e sugeriram a seleção das imagens que inspiraram a capa e as seções desta revista: os afrescos Alegoria do bom e do mau governo e seus efeitos sobre o campo e a cidade, de Ambrogio Lorenzetti. A arquitetura como ato político é a tônica de escritos do professor Edgar Graeff, homenageado nesta edição. E a noção de espaço urbano como produto e instrumento político, caracterizado por conflitos e contradições, subjaz muitos dos trabalhos e discussões apresentados nesta revista. Esta edição apresenta um grande número de trabalhos de fim de curso selecionados pela qualidade e variedade de suas proposições. Os projetos de Diplomação do semestre anterior foram agrupados em conjuntos temáticos para facilitar a visualização e para sugerir possíveis questões compartilhadas. As pesquisas de Ensaio Teórico trazem uma diversidade de temas, expressando as preocupações individuais dos alunos, mas também esforços e inquietações correntes de grupos de pesquisa, coletivos e laboratórios. As atividades de Extensão envolveram aulas abertas, debates, oficinas e seminários. Um momento privilegiado nesse sentido foi a tradicional Semana Escala. Nas atividades daquela Semana, alunos e
professores reúnem-se em torno de atividades que aprofundam interesses e desenvolvem temas despertados durante aulas ou pesquisas, mas nem sempre cabem nos cronogramas de disciplinas. A Faculdade abriu-se então para receber grupos e convidados de procedências diversas, alguns deles pouco usuais na Universidade, tais como as crianças de uma escola pública. Nos dois últimos meses de 2016, as atividades da Faculdade foram transformadas pela ocupação de ateliês e salas de aula por alunos em protesto contra a nova conjuntura política e a Proposta de Emenda Constitucional nº 287. Durante a mobilização, aulas públicas, debates e eventos trataram de temas ligados a arquitetura, universidade, política – e muito mais. Estamos bem longe do ideal harmônico de comunidade política expresso nas alegorias de Lorenzetti com base em conceitos e formulações da Baixa Idade Média. Aqueles que pensam, produzem e vivenciam a cidade podem se pautar por uma miríade de valores e posturas ideológicas da contemporaneidade. Sem abrir mão dessa diversidade, as páginas seguintes compartilham e renovam o ideal de espaços construídos em conjunto e onde deve ser possível a livre ocorrência de encontros.
A equipe editorial
The relations between architecture and politics emerged rather intensely and peculiarly in the 2016second semester. For that reason, those relations set the tone for this issue and suggested the selection of images that inspired the cover and the opening of sections of this magazine: the frescoes Allegory of good and bad government and its effects on the countryside and the city, by Ambrogio Lorenzetti. Architecture seen as a political act is the keynote of writings by Professor Edgar Graeff, who is honoured in this magazine. And the notion of urban space as a product and political instrument, characterized by conflicts and contradictions, underlies many of the works and discussions presented in this magazine. This edition features a great number of term works selected by the quality and variety of their propositions. Graduation projects of the previous semester were grouped in thematic sets for easy viewing and to suggest possible shared issues. The theoretical essays’ researches bring a diversity of subjects, expressing individual concerns of students, but also efforts and current concerns of research groups, collectives, and laboratories. Extension activities involved open classes, debates, workshops, and seminars. A privileged moment in this sense was the traditional Escala (Scale) Week. In such week of events, students and faculty gather around activities that deepen and develop themes aroused during
classes or research, but not always fit in the timelines of the disciplines. The School opened to receive groups and guests from various origins, some of them unusual, as the children of a public school. In the last two months of 2016, the college activities were transformed for the occupation of studios and classrooms for students in protest against the new political situation and the proposed Constitutional Amendment nº 287. During the mobilization, public lectures, debates, and events discussed themes related to architecture, university, politics – and even more. We are quite far from the ideal of the harmonic political community expressed in the Lorenzetti’s allegories based on concepts and formulations from the early Middle Ages. Those who think, produce and experience the city can be guided by the abundance of values and ideological postures of contemporaneity. Without overlooking this diversity, the following pages share and renew the ideal of spaces that may be built collectively and where free social gatherings must be possible.
The editorial team
sumário 10 PESQUISA 12 ensaio 14 avenidas comerciais de brasília andré tenório trancoso viana 15 arquitetura escolar inclusiva elias campos 17 tom & oscar bruno simões arsky 18 cenogra a em foco cecília neves vieira 20 o urbanismo em áreas socialmente fragilizadas helena magalhães gomes
21 lago paranoá iara martins carvalho 22 módulos tridimensionais gabrielli de mendonça dos santos 24 a cidade no escuro luisa correa de oliveira 25 candomblé entre o material e o imaterial mariane da silva paulino 26 retratos da modernidade marianna resende da silva 29 estradas-parque raul maravalhas
30 NOVOS ARQUITETOS 32 diplô 34 destaques 38 40 42 44 46 48 50 52 54
setor comercial sul amanda brasil de l a w amanda sicca lopes o refúgio ana beatriz azevedo de lima mercado w3 bárbara maria madeira espaço de habitação mínimo bruno ganem corredor cultural do cerrado caio monteiro [cine]2 elizabeth cristina tenreiro e.n.t.r.e. maíra boratto xavier viana a escala do pedestre e a escala gregária marco antonio de mello 56 brasília 2032 matheus augusto de oliveira 58 o lado b da w3 nara maria costa da cunha 60 515 s rafaela gravia pimenta 62 transformações urbanas 63 no meio da cidade, há uma avenida (eptg) dalyana de medeiros lima 64 planejamento vivo erika cesarino 65 diretrizes e plano de ocupação para o parque da cidade juliana carvalho ozelim 66 a nova orla da unb lara araújo garcia 67 parque urbano sensível à água praia do cerrado marina siqueira eluan 68 avenida são francisco taís da silveira eng 69 a terceira margem thais lacerda de castro 70 novas formas de morar
71 hostel container ana luísa lauxen scalia 72 centro de convívio para terceira idade ariadna jesus lopes da silva 73 projeto 8 e 80 diogo augusto lima ribeiro 74 (re)comece juliana monteiro de carvalho 75 albergue comunidade laianna de souza 76 arquitetura e cultura 77 clube do jazz ana luísa meira de oliveira 78 edac guilherme veloso floriano 79 acumulação, infinito e um acervo helena daher gomes 80 centro de inovação de brasília mariana frota 81 complexo drive-in marina nascimento 82 instituto recrie paula maria ribeiro levi 83 centro cultural de eventos e exposições raissa monteiro pimentel 84 cine parque tamara cortez grippe 85 cotidiano 86 centro esportivo parque da cidade christiani haddad 87 divino espírito santo deborah cintra 88 disco hindenburg de alencar coelho 89 a escola parque da 303/304 sul marina lira 90 comércio local norte mylena lopes 91 fábrica de reciclagem + parque da estrutural letícia lopes viana 92 centro de ensino integral montessoriano tâmara meneses da silva
94 FAU PREMIADA 96 (re)fazer urbano vida e história no bairro buritis 98 1° prêmio lasus 100 os melhores trabalhos de conclusão de curso do brasil e portugal 102 33 casas de lina bo bardi
104 ENCONTROS 106 110 114 116 117 117 118 118 119 119 120 120
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pé na estrada na bahia semana escala workshop design em revista existe uma cidade além dos edifícios? por uma nova agenda urbana palestra de thiago de andrade o II ciclo políticas urbanas e regionais no brasil landscape as urbanism palestra de charles waldheim urbanização na área metropolitana de brasília palestra de aldo paviani quando a rua vira casa palestra de arno vogel rio metropolitano: guia para uma arquitetura palestra de guilherme lassance o que é uma capital? palestra de nari shelekpayev iphan e as novas portarias de preservação do conjunto urbanístico de brasília a casa em pauta
122 GALERIA 124 fotos bruno castro 126 arquitetura e política
140 HOMENAGEM 138 edgar graeff
PES QUISA
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ma disciplina que tem como pressuposto ser um campo de experimentação para testar e ensaiar hipóteses, percepções e ideias é sempre uma instância de risco. Mesmo diante das possibilidades de desdobramento futuro que um ensaio teórico provoca, esse momento de incertezas e tensões para manter controle do referencial teórico e/ou das abordagens que são construídas é sempre instigante. Para atingir resultados bem-sucedidos, os ensaios teóricos demonstram que a disciplina alcança seus propósitos ao garantir uma situação particular de reflexão aos alunos. Diante das certezas já consolidadas em um campo do conhecimento, Vilém Flusser argumenta sobre a importância de cultivar a dúvida. Mais do que mera falta de convicção, Flusser propõe a ação de construir a dúvida como um artifício para embasar a reflexão e ampliar o entendimento sobre um assunto, um objeto ou uma situação. Os ensaios teóricos publicados exploram, cada qual à sua maneira, essa tensão entre seguranças
e incertezas por meio de dúvidas que, embora nem sempre evidentes, manifestam-se de forma latente para resolver os temas tratados. Para tanto, assim como nos semestres anteriores, o diálogo com orientadores, membros da banca e colegas se mostra bastante proveitoso. Esses ensaios teóricos foram selecionados a partir das indicações realizadas pelas bancas. Agradeço o apoio fundamental de Maria Fernanda Derntl, Ana Elisabete Medeiros e Oscar Ferreira, professores que compuseram comigo uma comissão ad hoc para esta seleção. Agradeço também todos os demais professores da FAU que participaram das bancas. Em meio à diversidade de temas, assuntos e questões, esses ensaios teóricos apresentam especulações, resultados e certezas que indubitavelmente foram muito bem construídos. Eduardo Rossetti Coordenador de Ensaio Teórico
A subject that has an assumption of being an experimentation field to test and rehearse hypothesis, perceptions, and ideas is always a risky instance. Even facing the possibilities of future unfolding that a theoretical essay causes, this moment of uncertainties and tensions to keep control of the theoretical framework and/or approaches that are built is always thought-provoking. Aiming at achieving meaningful outcomes, theoretical essays demonstrate that the subject reaches its goals in providing to students a privileged moment for in-depth thought. Before certainties already consolidated in a knowledge field, VilĂŠm Flusser argues about the importance of keeping doubts. More than a mere lack of conviction, Flusser proposed the action of elaborating doubt as an instrument to base critical thought and expand the understanding of a subject, object or situation. Theoretical essays herein published examine, each one on its way, this tension among safety and
uncertainties through doubts that, if not evident, manifest themselves latently to solve the issues. For that, likewise other semesters, the dialogue with mentors, members of the examining board and colleagues seems quite profitable. The theoretical essays have been selected from indications made by the examining board. I would like to thank the fundamental support from Maria Fernanda Derntl, Ana Elisabete Medeiros and Oscar Ferreira, professors that, besides me, compounded an ad hoc commission for this selection. In addition, thanks to other professors from FAU who took part in the examining boards. Amid the diversity of themes, subjects, and issues, these theoretical essays present speculations, results, and certainties that, undoubtedly, were very well built.
Eduardo Rossetti - Theoretical Essay coordinator
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avenidas comerciais de brasília
análise comparativa de estudos de caso quanto ao espaço do pedestre This study sought to assess whether there has been an improvement in the provision of pedestrian spaces in commercial avenues built over the last fifty years, namely (by project date): W3 Norte (W3 North in Asa Norte, 1957), Avenida Comercial Norte (North Commercial Avenue in Taguatinga, 1958) Avenida Central (Main Avenue in Núcleo Bandeirante, 1965), Primeira Avenida (First Avenue in Sudoeste, 1988) and Avenida W9 (W9 North Avenue in Noroeste, 2008). The aim was, therefore, to verify whether Brasilia, in its commercial avenues, as well as in public spaces, became less car destined over time.
André Tenório Trancoso Viana Ao final do século XIX, com a chegada do automóvel, o planejamento urbano das cidades mudou, uma vez que se tornou necessário prever espaços para o deslocamento rápido proporcionado pelo transporte motorizado, que em várias ocasiões fez-se instrumento prioritário de desenho urbano. Portanto, transformar a rua comercial em um ambiente agradável para o pedestre torna-se essencial para a qualidade de vida nas cidades. Para isso, não só uma boa calçada interfere na opção de se caminhar pelo espaço, mas também a forma na qual ela foi desenhada, considerando vários aspectos que protegem e encorajam o transporte ativo. Essa transformação de paradigma nos projetos urbanos, cujo início se deu timidamente na década de 1960 sob a liderança de Jane Jacobs e tomou maior vulto na década de 90 com a Agenda 21, está presente em reformas urbanas e em novos projetos de espaços públicos em diferentes cidades, inclusive nos discursos da política urbana em Brasília, uma cidade modernista. Numa revisão dos seus projetos viários das últimas décadas, teria a capital brasileira acompanhado essa transformação urbana a favor do pedestre? Desta forma, o trabalho teve como objetivo evidenciar a evolução 14
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das condições de caminhada por meio de uma análise comparativa e quantitativa da oferta de espaços destinados aos pedestres, ao transporte público e ao automóvel em cinco avenidas comerciais em Brasília com configuração urbana semelhante: são corredores de transporte público e possuem lojas de ambos os lados. A avaliação foi feita através da análise de seções viárias e plantas típicas das avenidas, ou seja, de seções e plantas da situação que mais se repete ao longo delas, em suas partes comerciais. Para efeito do estudo das avenidas, foram selecionados alguns parâmetros, agrupados em categorias: prioridade de pedestres, segurança, ambiente, estética e vitalidade. Os critérios de avaliação tiveram como referência os parâmetros de alguns manuais técnicos especificados no trabalho. Os resultados obtidos nas análises mostraram que, dentre as avenidas analisadas, a W9 Norte foi a que obteve melhor resultado e, em seguida, a Avenida Central do Núcleo Bandeirante. É interessante notar que todas as avenidas favorecem os veículos na distribuição de espaços em detrimento dos pedestres, inclusive a W9 Norte. No quesito segurança, nenhuma avenida analisada se destacou. Já com relação aos aspectos ambientais e estéticos, as
piores condições são as das avenidas W3 Norte e as da Primeira Avenida do Sudoeste. É surpreendente que a W3 Norte configura-se na última posição dentre as avaliadas. Vale ressaltar que o projeto dessa via foi realizado em um contexto mundial, encabeçado por Jane Jacobs, no qual se discutia a configuração da cidade e a importância da valorização dos espaços para os pedestres. Sintetizando o resultado deste trabalho, elaborou-se um gráfico no qual há representação das avenidas estudadas em função das respectivas pontuações de análise e datas de projeto. Dessa forma, pode-se concluir que, considerando os aspectos relacionados aos projetos, Brasília, ainda que tardiamente, encontra-se no processo de melhoria de suas avenidas comerciais, levando em consideração o pedestre. É notável o fato de termos demorado, enquanto cidade, cinquenta anos para realizar vias comerciais que favoreçam os pedestres. Contudo, quiçá estejamos caminhando ao encontro de uma direção alternativa àquela que nos consagrou rodoviarista.
Orientadora: Mônica Gondim Banca: Giselle Chalub e Marcos Thadeu Magalhães
arquitetura escolar inclusiva
indicadores espaciais para o desenvolvimento de crianças com transtorno do espectro autista (tea). The essay seeks to understand how the environment stimulates senses and the learning quality of children with Autistic Spectrum Disorder (ASD). This disorder has increased by 600% in the last 30 years, according to the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) of the U.S. Government. Therefore, the essay analyzes physical aspects and sensations on the learning environment, delimiting parameters and project guidelines targeting a school environment adapted to sensory-spatial needs of children with ASD.
Elias Campos Filho A educação no Brasil encontra-se em um momento de inquietação e de mudanças, especialmente a educação infantil (creches e pré-escolas). Atualmente, a diretriz é a integração das crianças com necessidades especiais em escolas regulares. Para que isso ocorra efetivamente, é necessária a capacitação (dos professores e dos profissionais envolvidos), apoio didático e pedagógico (estímulos sensoriais e materiais didáticos específicos) e espaços físicos adaptados para as crianças com necessidades. Ao se tratar de pessoas portadoras de TEA, o desafio para a escola toma uma proporção ainda maior, uma vez que a sua percepção espacial e interação social são diferentes das convencionais. As diferenças, crises e comportamentos involuntários são o retrato do desconforto da parte dos não familiares da criança diagnosticada com o espectro. Nesse sentido, o desenvolvimento da criança nos domínios cognitivos, motores e sociais são estimulados na educação infantil. De acordo com Lima, a experiência espacial seria a forma com a qual a criança perceberia o ambiente (como se distingue do lugar e do outro e como se organiza e
se apropria do espaço de forma pessoal e intransferível). Assim, a infância é repleta de experiências afetivas que podem ser traduzidas em sentimentos como alegria, segurança, bem-estar, conforto, ou até mesmo medo, insegurança, disciplina e opressão. Portanto, o ensaio analisou os aspectos físicos e as sensações decorrentes do ambiente de aprendizado visando a delimitação de parâmetros e de diretrizes projetuais para um ambiente escolar adaptado às necessidades sensório-espaciais da criança com TEA, adotando como linha de pensamento a correlação entre arquitetura escolar, psicologia ambiental e técnicas pedagógicas. A metodologia envolveu revisão bibliográfica acerca do tema e duas amostras de pesquisa, provenientes do corpo docente de uma escola inclusiva, que foi entrevistado através de um questionário semiestruturado, e da percepção espacial dos alunos, que foi compreendida através da aplicação de mapas mentais. Os resultados obtidos na pesquisa estabeleceram uma relação entre a arquitetura e a interação criança-ambiente, na qual o espaço transmite imagens para as crianças que
são recebidas em seu imaginário de forma positiva ou não. Por conseguinte, a percepção espacial configura-se de maneira diferente em cada indivíduo e com variações para as crianças portadoras de TEA. Dessa forma, alguns fatores encontrados nas teorias de Vigotsky, Piaget e Decroly possibilitaram a reflexão sobre indicadores espaciais que auxiliassem nas necessidades de desenvolvimento físico-motor, sócio-afetivo e intelectual, que são essenciais para formulação do espaço educativo. Ou seja, é preciso incitar o desenvolvimento sensório-motor das crianças, assim como se faz necessário um espaço bem adaptado e confortável. Conclui-se, portanto, que o espaço físico não é indiferente, podendo certamente influenciar no comportamento infantil, no papel de dispositivo complementar ou limitador do desenvolvimento, sobretudo para as crianças dentro do espectro autista.
Orientadora: Ana Suely Zerbini Banca: Claudia Garcia, Isolda Gunther e Julia Issy 15
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2 1. Estudo sobre croqui de Oscar Niemeyer. 2. Estudo sobre melodia de Se todos fossem iguais a você. Imagens fornecidas por Bruno Simões Asrsky.
Foto por Marcos Corrêa.
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tom & oscar
diálogo entre duas linguagens brasileiríssimas The study aims to investigate the formation of an aesthetic language, originated in Rio de Janeiro during the 1950s, by engaging the Arquitetura Moderna Carioca (the modern architecture school of Rio de Janeiro) and the Bossa Nova musical genre. The essay puts across a historical contextualization, after deploying similarities between architecture and music in the theoretical and aesthetic field. It proceeds to the aesthetic analysis and establishes a dialogue between the case studies: "O Palácio da Alvorada" (Alvorada Palace by Oscar Niemeyer, 1956) and "Se Todos Fossem Iguais a Você" (if everyone was like you by Tom Jobim and Vinícius de Moraes, 1956).
Bruno Simões Arsky O estudo investiga a formação de uma linguagem estética nascida no Rio de Janeiro durante a década de 1950, ao analisar duas vertentes artísticas – arquitetura e música – com as próprias feições daquele retrato histórico: a Arquitetura Moderna Carioca e a Bossa Nova. O contexto urbano, as novas construções modernistas e o estilo de vida do Rio de Janeiro permitiram à Bossa Nova moldar-se sem manifestos redigidos, com caráter espontâneo, pela juventude artística da década de 1950. A crise de identidade, ainda alimentada pelo Samba-Canção e por aspirações políticas advindas do fim do Estado Novo, criou o cenário perfeito para a rebeldia da Bossa. A Arquitetura Carioca, no contexto do Movimento Moderno, cenário desses encontros musicais, pretendia levar o sistema construtivo do concreto armado às últimas consequências. As possibilidades trazidas pelo material permitiram uma riqueza plástica excepcional e ainda promoveram a construção veloz de edificações em altura. Unidos aos ideais corbusianos, os arquitetos cariocas
repensaram a paisagem do Rio de Janeiro. A modernização é iminente quando o Ministério da Saúde e Educação é erguido em 1942 (projeto de 1936). Ao importar as técnicas mais avançadas da época, tanto a música quanto a arquitetura carioca criaram, dentro do que o mundo buscava alcançar, qualidade e inovação. Aplicando este conhecimento à farta bagagem de cultura popular brasileira (e apoiando-se nas pregações doutrinárias da Semana de Arte Moderna de 1922) criou-se, assim, uma linguagem tipicamente nossa. A pesquisa demonstra similaridades entre dois expoentes da cultura carioca no contexto do movimento moderno: Antônio Carlos Jobim - o Tom - e Oscar Niemeyer - o Oscar. A partir da análise estética das obras desses artistas, “Se Todos Fossem Iguais a Você” (1956, com letra de Vinícius de Moraes) e “Palácio da Alvorada” (1956), pretendeu-se desvelar um ideário comum presente na elite cultural do Rio de Janeiro (comprovando a essência de um Kunstwollen de Aloïs Riegl, ao tratar paralelos linguísticos e ideais artísticos
entre as duas expressões). Nesses termos, a pesquisa enfatiza a palavra identidade, que caracteriza o indivíduo como algo único no universo e que, assim, possui traços próprios; compreende sua individualidade e se torna singular e reconhecido. Os estudos de casos remetem, pela natureza estética de suas composições, ao caráter identitário da cultura brasileira: rica e colorida nas artes, nas tradições e no povo. A produção artística nacional é extensa, assim como a definição de Brasil. Quem nasce aqui é acolhido como brasileiro; quem nasce aqui, com o propósito de ser único e pertencente a essa nação será denominado, neste trabalho, Brasileiríssimo. O ensaio aborda a Arquitetura e a Música como identidades Brasileiríssimas; Tom e Oscar como Brasileiríssimos. Não por serem o indivíduo – a cultura brasileira – personificado fielmente, mas por serem um traço único que distingue esse indivíduo de todo o resto do mundo. Orientadora: Claudia Garcia Banca: Ana Elisabete Medeiros e Elane Peixoto 17
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cenografia em foco entre a marcação teatral e a composição digital
The essay analyzed two less traditional forms of scenography: the first with a near-theatrical language, used in the movie Dogville, by Lars von Trier, besides a second one, currently used in films and television scenarios, the Chroma Key. In addition, it analyzes the scene interaction and the purposes of each choice of scenography.
Cecília Neves Vieira De acordo com Cyro del Nero, cenografia é a arte de construir cenários, sejam locados em vitrines, parques de diversão ou pertencentes ao universo da dramaturgia, onde atuam com grande influência na construção da cena teatral, cinematográfica ou televisiva. Auxiliando na peça teatral desde os primórdios dessa forma de arte, a cenografia se desenvolveu juntamente com o espaço cênico, adaptando-se a novas formas de encenação trazidas com o advento do cinema. Neste ensaio foram estudadas duas formas distintas de elaboração do cenário para filmes. A primeira abordagem apresenta o cenário de Dogville, filme de Lars von Trier, gravado em 2003, com uma linguagem teatral conceitual, no qual a técnica empregada na montagem do cenário tem forte ligação com as intenções do filme. A mesma abordagem foi utilizada na continuação de Dogville, o filme Manderlay (2005), também de Lars von Trier. A cenografia nessas obras é composta por marcações no piso e 18
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poucos elementos tridimensionais, permitindo uma grande permeabilidade visual, o que dialoga com conceitos do filme ao expor as interações sociais e a índole das personagens. O cenário é primordial para a construção das cenas, auxiliando também na percepção das emoções e da passagem do tempo. A outra técnica de concepção de cenário analisada é o Chroma Key, um processamento de imagem construído com a utilização de uma tela de fundo azul ou verde. Essa técnica consiste na substituição do fundo da filmagem, isolando objetos ou pessoas para colocá-los em outro plano de fundo ou cenário virtual. O processo distancia-se enormemente do cenário teatral, pois sua finalização só acontece com a pós-produção depois da atuação. O Chroma Key auxilia na redução dos orçamentos restringindo locações, transporte da equipe do filme, mão de obra, materiais e tempo de produção. Entretanto, essa técnica acaba por substituir a cenografia corpórea em diversas cenas, mesmo sem a real necessidade
de sua utilização. O trabalho aborda, primeiramente, os princípios da cenografia sob a ótica de Cyro del Nero, com a evolução da história teatral até o advento da quarta parede, uma ponte que conecta o teatro ao cinema. A técnica cenográfica utilizada por Lars von Trier difere grandemente da técnica do Chroma Key. Enquanto a primeira explora uma volta ao cenário teatral, a segunda representa uma modernização da filmagem, valorizando a tecnologia digital em detrimento das formas mais tradicionais de cenografia. A análise cenográfica dessas duas técnicas tão divergentes busca demonstrar como a cenografia interage com os preceitos que a produção anseia para o filme, analisando aspectos como cenografia, cena, iluminação, efeitos sonoros, quarta parede, atuação e locação.
Orientadora: Maria Cecília Filgueiras Banca: Amanda Casé, Cecília Sá e Liza Andrade
1. Cenário de Dogville. Disponível em: www.filmes.film-cine.com/dogville 2. O Hobbit, Ian McKellen sozinho em estúdio para gravação de cena. Disponível em: www.rebrn.com
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o urbanismo em áreas socialmente fragilizadas Approximately one-fifth of the Brazilian urban population lives in subnormal agglomerates known as slums, highlighted in the urban mesh for their organic character from a self-construction process. Given this scenario, both urbanization and slum redevelopment policies arise to improve housing conditions, regularizing the area and giving it an infrastructure. This study analyzes these urban interventions from the morphological perspective, observing the configuration space performance and comparing the periods before and after the interventions. The Theory of Spatial Syntax was applied to Varjão as a case study.
Helena Magalhães Gomes Garcia O crescimento das favelas no Brasil é consequência de um histórico de injustiças sociais e concentração de terra e renda que remonta à época do Brasil Colônia. O poder público sempre buscou formas de intervir nas favelas, seja para erradicá-las, reurbanizá-las ou urbanizá-las. Para Bueno, “a erradicação e a reurbanização são formas de negação do espaço informal e de sua tipologia”, já a urbanização é a afirmação da favela na malha urbana, preservando suas características originais, melhorando a infraestrutura e a qualidade de vida. Entende-se a composição morfológica da favela brasileira como um sistema de relações espaciais que surge de modo espontâneo à margem da regulamentação urbanística. Grandes cidades brasileiras são caracterizadas por um padrão de “colcha de retalhos”, segundo Medeiros, no qual identificam-se as áreas mais precárias que se encontram naturalmente mais segregadas como produto da descontinuidade dos traçados ao longo do processo de crescimento urbano. A respeito dessa temática, o ensaio buscou investigar os discursos intrínsecos aos projetos de intervenção que prometem melhorias estruturais e sociais. Porém, tais projetos não exploram o desempenho configuracional do espaço, negando suas características originais e, por fim, levando à adaptação desses espaços a uma malha regular e ortogonal. Em Brasília, a origem do processo 20
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de favelização está relacionada à construção da capital e ao caráter extremamente segregador da cidade. À medida que o governo reservava as áreas centrais para abrigar os trabalhadores do funcionalismo público, também determinava a criação de núcleos urbanos em periferias distantes para absorver o contingente populacional proveniente das ocupações consolidadas nos canteiros de obras da capital. Entretanto, essa medida não isentou Brasília da insurgência de novas ocupações irregulares. Devido à seletividade do acesso à moradia no Plano Piloto e à distância das cidades satélites, outras localidades mais próximas ao centro foram ocupadas informalmente, como é o caso da Vila Varjão, objeto de interesse deste trabalho. O estudo de caso consiste em uma análise comparativa, baseada na Teoria da Sintaxe Espacial (Hillier e Hanson, 1984), de dois momentos do Varjão: o primeiro do ano de 2002 e o segundo do ano de 2015, quando o local já estava consolidado como região administrativa. A partir de imagens de satélites dos dois anos, foram confeccionados mapas axiais por meio do software Depthmap e deles foram extraídas as variáveis provenientes da rede de caminhos, as quais foram identificadas no local para interpretação das relações espaciais. As imagens observadas em 2002 demonstram que havia no local uma “complexidade organizada”, que
segundo Salingaros, era proveniente da malha orgânica e autorizava uma melhor hierarquização do espaço. A substituição dessa malha por um ordenamento reticular comprovam a preferência pela simplicidade visual, que suprime a complexidade existente. Com a interpretação dos dados provenientes das variáveis do programa, percebe-se que a linguagem baseada na quadrícula foi aparentemente benéfica para as relações de acessibilidade dentro do conjunto, aumentando a integração e a conectividade. No entanto, a acessibilidade inter partes apresentou uma polarização de áreas com potencial de acesso e fluxo, relegando valores inferiores para grande parte da área e gerando espaços com menos pessoas e menos atividades. Observou-se também que o desenho detém um potencial ao qual a realidade edilícia não corresponde, uma vez que há capacidade de geração de centralidades locais em vias conformadas por fundos de lote. O trabalho aponta que, enquanto outros problemas são efetivamente resolvidos pelas intervenções, as relações espaciais não parecem ser observadas de modo sistemático, fazendo com que a realidade construída careça de espaços ativos e inclusivos de modo geral, tendendo à homogeneização. Orientadora: Vânia Teles Loureiro Banca: Liza Andrade e Maria da Assunção Rodrigues
lago paranoá apropriação e percepção dos espaços públicos nas margens dos cursos d’água This theoretical essays is an analysis of the existing relation between the people of Brasilia and Paranoa Lake, contextualized by an analysis of the historical relations of the cities with their watercourses, considering the uses of their margins. It covers the first contact of civilization with water, the evolution of river margins appropriation and rivers in contemporary cities. The essay deals with the relations between people and public spaces and shows that there is a strong contrast in the uses of spaces at the borders of Paranoá Lake.
Iara Martins Carvalho A água é, inevitavelmente, um recurso vital. Como base da vida, sua presença no cotidiano das cidades foi interpretada de diversas maneiras, mas nunca deixou de coexistir com a vida urbana. Historicamente, o nascimento das cidades sempre esteve ligado à presença de água; rios e lagos eram sinônimos de sobrevivência e a água se fazia necessária como fonte de abastecimento à população, além de proporcionar viabilidade e estrutura às cidades. Ao longo dos anos os rios fizeram parte do desenvolvimento das cidades. A evolução da era industrial e o rápido crescimento populacional passaram a prejudicar os cursos d’água no mundo todo, trazendo uma grande degradação. Mas após os impactos causados, surgiu a necessidade de melhores condições de salubridade nas cidades. Muitos rios foram regenerados e muitas cidades conseguiram voltar a ter uma boa relação com seus espaços na beira d’água. De acordo com Gehl (2014), o meio urbano necessita de encontros, vida e sustentabilidade, assim como as pessoas necessitam de um sentimento de pertencimento ao local. Essas questões são refletidas dentro dos espaços
públicos das cidades, espaços necessários à qualidade de vida. Tais espaços podem ser qualquer local de acesso livre, o que inclui espaços com a presença da água, um diferencial na paisagem se bem valorizado. Em Brasília, o quesito espaço público é um tanto polêmico. Por se tratar de uma cidade modernista, as áreas livres normalmente são grandes e de difícil acesso e circulação de pedestres. De acordo com os estudos sobre espaços públicos, essas distâncias causam maior formalidade e para a realização das atividades é necessário um espaço mais convidativo e bem estruturado. Considerando ainda os conceitos de percepção, tanto a situação física de espaço quanto a forma das pessoas de se relacionarem com ele interferem na vida urbana. Às margens do Lago Paranoá, mesmo com a falta de infraestrutura adequada nos espaços públicos e as ocupações irregulares, é possível notar o interesse e a busca da população em se apropriar desses espaços e utilizar o lago, que é o grande atrativo. Em meio ao stress da vida na capital do país, a presença da água funciona como um
local de refúgio, descanso e lazer. A cada ponto da margem é possível vivenciar experiências, sensações e momentos diferentes. A Prainha e o Pontão do Lago Sul são os mais contrastantes. O primeiro é um espaço menor e sem estrutura, mas mais próximo ao lago, integrando mais o espaço e as pessoas com a água. O segundo possui um distanciamento maior em relação a água, sendo incorporado mais na paisagem do que no uso, com atrativos comerciais e estrutura que permite passeio e diferentes momentos. A falta de infraestrutura, planejamento, acesso adequado e manutenção dos espaços reduz a apropriação dos espaços públicos nas margens do Lago Paranoá. Porém, se mesmo assim boa parte da população faz questão de estar à beira do lago aproveitando seus benefícios, se tivesse uma orla bem preservada e estruturada, o Lago Paranoá poderia contribuir ainda mais para a qualidade de vida de Brasília.
Orientadora: Liza Maria de Andrade Banca: Maria Assunção Rodrigues e Vânia Raquel Loureiro 21
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módulos tridimensionais tipologias e aplicações
The industrialized construction system in three-dimensional modules is characterized by industrialization-closed cycle, in which a single company or a group of companies runs the final product. Low architectural flexibility is usually seen as a characteristic of this industrialization, apart from mass production, modular coordination, and component standardization. However, the analysis of the architectural projects selected for this theoretical essay showed that the monotony derived from formal rigidity and regularity of modern prefabrication could be overcome by the versatility of tools and contemporary prefabricated components.
Gabrielli de Mendonça dos Santos Na linha do tempo, ao longo da história da arquitetura e especialmente desde o século XIX, os conceitos de sistema construtivo industrializado em módulos tridimensionais foram difundidos por projetos pré-fabricados com estruturas rígidas e padronizadas próprias de arquitetos modernistas como Le Corbusier, Walter Gropius, Frank Lloyd Wright, Buckminster Fuller, Moshie Safdie, Paul Rudolph e o Grupo Archigram. Porém, a concretização e disseminação do conceito ocorreram com os metabolistas Kenzo Tange, Kisho Kurokawa e Masato Otaka, que contribuíram com projetos de caráter urbano, arquitetura flexível e formas geométricas arrojadas em unidades tridimensionais. Por um lado, o modelo precursor da habitação pré-fabricada destinada à produção em massa, conhecido como Dom-Ino e desenvolvido por Le Corbusier em 1914, representou a síntese da habitação mínima e da industrialização para a nova cidade moderna. Tal modelo resultou em projetos singulares que compatibilizam flexibilidade e pré-fabricação, como a Casa Citrohan (1920), que se caracteriza como uma célula de habitação unifamiliar, concebida por 22
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meio da produção em série e a unidade de Habitação de Marselha (1952), na França, que é um ícone da habitação coletiva moderna. Por outro lado, o Grupo Archigram, fundado por arquitetos ingleses em 1960, ampliou o debate da cultura arquitetônica através da experimentação de uma nova estética e vocabulário criativo e inventivo. O conceito de casa cápsula ou módulo tridimensional, como unidade flexível, foi amplamente pesquisado pelo grupo, com o intuito de abrir novas possibilidades para a produção arquitetônica industrializada e buscar maior eficiência no processo construtivo tradicional. A concepção de cápsula, ou módulo tridimensional, também foi pesquisada por Kurokawa em 1959. O crescente aumento da mobilidade da população japonesa deu origem a um novo modelo de vida, tornando-se essencial a necessidade de conceber uma estrutura residencial conciliada ao movimento. Assim, Kurokawa defendia que o módulo tridimensional era a solução para a civilização moderna e seria a unidade habitacional ideal para o homem em movimento. Dessa forma, diversos edifícios projetados com esse
conceito tornaram-se exemplos internacionais, como os Nakagin Capsule Tower e Takara Beautilon, ambos do Kisho Kurokawa, a Sky House, do Kiyonori Kikutake, entre outros. Baseado nas referências arquitetônicas citadas, este ensaio teórico buscou caracterizar quatorze estudos de casos em módulos tridimensionais quanto a seus usos (habitacional, empresarial, educacional, objeto de exposição ou usos variados) e materiais de fabricação (concreto, aço, madeira e gesso acartonado), além de analisá-los segundo os critérios de flexibilidade, materialidade, tempo, custo, contexto urbano e expressão arquitetônica. Em vista disso, foi possível perceber que todos os módulos tridimensionais analisados foram pré-fabricados fora do canteiro de obra e foram levados finalizados para o local de implantação independentemente do uso e dos materiais estruturais. Foi possível também caracterizar o sistema construtivo industrializado em ciclo fechado, no qual uma única empresa ou grupo de empresas executa o produto final, assim como foi possível constatar que a monotonia da rigidez formal e a regularidade da pré-fabricação moderna foram
superadas, com base na versatilidade das peças e dos componentes pré-fabricados contemporâneos, resultando na customização em massa como estratégia de projeto. Como conclusão, constatou-se que a padronização e a customização em massa dos módulos tridimensionais não impossibilitam a flexibilidade arquitetônica da composição do edifício. Essas características apenas permitiram a redução das variedades de tamanhos dos componentes e dos módulos tridimensionais (coordenação modular), assim como permitiram o aumento da velocidade, a redução do custo e o desperdício de materiais durante a construção. Como contribuição, este ensaio permitiu classificar os estudos de caso em tipologias, caracterizadas pelo arranjo dos módulos tridimensionais. As respectivas tipologias são: único volume (Casa Chassi), combinação vertical (Habitat 67) e horizontal (Hyperion Lyceum) dos módulos e empilhamento de unidades (50 Modular Timber Apartments).
Orientadora: Vanda Alice Zanoni Banca: Andrea Prado, Caio Frederico e Silva, João Pantoja
Imagens por Gabrielli de Mendonça dos Santos
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a cidade no escuro urbanismo, sentidos, percepção e inclusão The theoretical essay covers the visual impairment and its impact on the urban experience. Firstly, it presents a theoretical study of human perception through senses, its insertion in architecture and its relations with accessibility. The study is based on interviews with visually impaired people, focusing on urban issues. The method was based on the experience of a pathway of sensitive interpretation. As a conclusion, the essay proposed guidelines for defining morphological attributes of space, aiming at a more sensitive and inclusive city.
Luisa Correa de Oliveira Você e eu vivemos em um mundo claro. O escuro nos incomoda, assusta e limita. Tudo é criado e pensado para impressionar o olhar de quem enxerga e, por conseguinte, negligencia quem enxerga de outras maneiras que não através dos olhos. Os rápidos avanços tecnológicos e a desenfreada urbanização tornaram nossas cidades frias e distantes. O papel de usuário ativo do ser humano foi esquecido e ele se tornou mero observador de seus próprios espaços. Nós não somos convidados a explorar, tocar, ouvir e sentir a cidade com todo nosso corpo. É responsabilidade do arquiteto, nesse contexto, a aplicação dos princípios básicos de acessibilidade, a capacidade de transmitir os valores de espaço e a imersão dos usuários na compreensão do que está sendo experienciado além do sentido tradicional da visão. As pessoas utilizam estratégias perceptivas para explorar e identificar espaços no processo de aquisição de informações espaciais por meio dos sentidos. Esses espaços são apreendidos e codificados de forma única a cada indivíduo, o que faz com que nossa percepção de mundo seja singular e especial. Essa percepção não pode ser resumida em simples orientações por piso tátil ou por sinais sonoros. Ela é muito mais. 24
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As pessoas que não enxergam geralmente recorrem às informações sonoras, cinestésicas, táteis, térmicas e olfativas em um determinado ambiente para se orientarem. Nesse sentido, a forma como um ambiente está organizado e capacitado para repassar essas informações é muito importante. Entretanto, os arquitetos geralmente tendem a centralizar, na instância de um projeto, a sua própria vivência espacial, em detrimento das experiências dos outros e, assim, criam espaços focados somente na percepção adquirida pela visão. Por fim, acabamos por criar muitos espaços que se distanciam dos seres humanos, que são os principais objetos da arquitetura. Como seria possível fazer o proposto resgate da sensibilidade? Sugiro, como solução, diálogo e aproximação com a realidade das pessoas. Em sequência a uma discussão com pessoas cegas acerca da sua vivência urbana, mapeei seus maiores problemas e quis vivê-los a fim de criar soluções o condizentes com sua realidade. A maioria das informações convergiram na dificuldade de locomoção por transporte coletivo e eu procurei entender o porquê. Criei um Percurso Sensitivo Interpretativo, do qual 13 voluntários participaram, partindo de ônibus do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais e indo até a rodovi-
ária. No grupo, algumas pessoas estavam vendadas, simulando a cegueira, outras não, para auxiliar as primeiras e registrar a experiência. Esse é o percurso mais utilizado por deficientes visuais, então, ele se tornou crítico e crucial para a discussão. Após o percurso, discutimos o que nós, enquanto profissionais que mudam o espaço, poderíamos fazer. Vários pontos em comum foram levantados e, a partir deles, criei diretrizes de intervenção de curto, médio e longo prazos. Elas variam entre soluções de paisagem, infraestrutura e desenho voltados para ônibus e meio-fio. A criação de um documento que garanta a padronização da trama de acessos da cidade, por meio de um manual de ruas e calçadas, é imprescindível para a construção de um futuro no qual haja uma cidade melhor. Ao padronizar um espaço, garantimos a todos a possibilidade de um mapa mental completo da cidade, proporcionando segurança e conforto. Nesse mapa mental, teríamos a noção de onde se encontram, em linhas gerais, o mobiliário, a vegetação e a infraestrutura. Dessa forma, o acesso ao espaço público seria universalizado mediante o conhecimento espacial. Orientadora: Giselle Chalub Banca: Gabriela Tenorio e Paola Ferrari
candomblé entre o material e o imaterial
uma abordagem da relação entre o espaço físico e o culto afrodescendente This essay proposes an analysis of the relationship of the material heritage of traditional African matrix communities and their immaterial patrimony, considering the construction of the signs that constitute their rituals. From the historical analysis of Candomblé, Brazilian equity issues are discussed, as well as historical preservation issues. This analysis of the materiality of two Terraces of Candomblé is concerned with their specific urban and historical context.
Mariane da Silva Paulino Desde os primeiros batuques nas fazendas dos senhores de escravos, até o que conhecemos hoje como Comunidades Tradicionais de Terreiro, a vivência e principalmente a resistência cultural são um dos principais aspectos desses espaços, de suas celebrações e seu povo. Essas comunidades configuram-se não somente por um caráter religioso, mas também pela preservação de tradições ancestrais, constituindo um território próprio, pautado numa vivência comunitária organizada a partir de valores civilizatórios ancestrais trazidos pelos africanos que aqui desembarcaram. Com diferentes denominações ao longo do país, as religiões afrodescendentes são tão diversas quanto as tribos vindas sob a condição de escravos, e se diferenciam não somente em nome, mas em ritos e tradições. Estes cultos estabeleceram-se e disseminaram-se por todo território brasileiro. São comunidades em que a fé e a reestruturação de uma sociedade ancestral funcionavam como instrumentos de suporte e sobrevivência na desumana realidade em que se
encontravam e desempenhavam o papel de uma nova África reinventada no Brasil. Os terreiros de candombé, espaços dessas comunidades tradicionais, não podem ser vistos isoladamente como um espaço exclusivamente religioso, mas devem ser considerados também referência cultural, espaço de tradição secular. Os Terreiros – casas de santo – são a materialização de uma ligação entre o mundo físico e o espiritual e são espaços sagrados onde o povo-de-santo cultua seus orixás – deuses – e onde celebram sua ancestralidade. Tendo os conceitos de patrimônio histórico e cultural estabelecidos como bens constituídos pelos povos conformadores da sociedade brasileira, é inegável que os negros africanos são parte destes povos constituintes, com a sua cultura que abarca sua religiosidade. E, como afirma o Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais de Matriz Africanas (SEPPIR, 2013), políticas públicas afirmativas de promoção da igualdade que incluem as questões de preservação do
patrimônio negro, tanto material quanto imaterial, se veem necessárias para um processo de equiparação e valorização cultural e também de enfrentamento de iniquidades raciais. Dessa forma, a preservação do patrimônio histórico em suas duas dimensões – material e imaterial – pode ser vista como um valor de resistência. Estas dimensões indissociáveis remontam à memória desses povos, suas construções e modo de fruição do espaço, sendo carregadas de significados que contam a sua história e sua trajetória. Portanto, o que se pretende com este ensaio é, a partir de referenciais teóricos, uma revisão histórica da formação da religião e um estudo de caso de espaços de culto, com intuito de refletir sobre a abordagem do patrimônio material e do patrimônio imaterial, onde se percebe uma lacuna e um distanciamento entre o espaço físico e a manifestação do culto religioso. Orientadora: Ana Elisabete Medeiros Banca: Claudia Garcia e Elane Peixoto 25
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retratos da modernidade moda e arquitetura nas fotos de brasília na década de 1960 This essay made an analyzis of the historical context in which Brasília was built, identifying the main architectural, urban and fashion references at that time. This analyzis based on photographies of Brasília in the 1960s in order to identify links between the city, its architecture and women´s fashion. The essay concluded that there was a "dressing Brasilia" of the candanga and pioneer woman.
Marianna Resende da Silva Quando se pensa na construção de Brasília, vem logo em mente os candangos, homens que trabalhavam dia e noite para transformar uma utopia em realidade. Dificilmente ouvimos histórias das poucas, porém fundamentais mulheres, que também fizeram parte desse momento tão importante para a história do país e para o mundo. Em sua pesquisa sobre 50 mulheres na construção de Brasília, Tânia Fontenele registra relatos que ilustram como era ser mulher na época da construção da cidade-capital. Brasília tinha uma importância diferente para elas: representava a quebra de paradigmas, a conquista da independência econômica e social e o rompimento dos valores patriarcais, oferecendo oportunidades de emprego que as colocavam no mesmo patamar dos homens. Essas mulheres também sentiam a necessidade de se mostrar parte da grande empreitada que era a construção da nova capital do Brasil. Eram corajosas mulheres que não se arrependiam da mudança de vida em curso: apenas “vestiam Brasília”. Os anos 60 foram marcados por 26
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muitas realizações culturais, ideológicas e políticas em todo o mundo. Surgiram vários movimentos civis que definiram novos comportamentos que influenciavam não só a sociedade, mas a política, a música, as tecnologias, a televisão, a moda e a arquitetura. O mundo passava por um momento de autocrítica e experimentação e, no Brasil, essa foi uma década marcada pela busca da identidade nacional e do fortalecimento da produção original. Assim, o objetivo geral deste ensaio foi, por meio da análise de fotografias de Brasília da década de 60, compreender e registrar a relação entre a cidade, a arquitetura e a moda feminina na época, percebendo a existência de um “vestir Brasília” da mulher candanga e pioneira. Para identificar as principais referências arquitetônicas, urbanísticas e de moda da época, foi necessário estudar o contexto histórico no qual Brasília foi construída, buscando a relação entre moda e arquitetura no mundo e no Brasil daquela época. Foram coletadas fotografias de Brasília, na década em
estudo, que mostrassem o dia-a-dia das mulheres residentes da nova capital, para que fosse possível fazer as devidas relações entre suas vestimentas e a cidade. A busca por esse material foi feita principalmente nos acervos fotográficos do Arquivo Público de Brasília e do Instituto Moreira Salles. Por fim, foram entrevistadas quatro senhoras que protagonizaram o cenário e a década em estudo neste trabalho a fim de obter informações referentes às roupas que utilizavam, a suas procedências e de onde vinham as referências na hora de confeccioná-las. As informações colhidas por meio dessas conversas foram fundamentais para as considerações finais do trabalho, percebendo que as mulheres de Brasília são a mistura de estilos de cada cidade representada por elas, sempre procurando o conforto, a simplicidade, a praticidade e a identidade feminina que as destacam no cenário da nova cidade-capital. Orientadora: Amanda Rafaelly Casé Banca: Cecília Gomes, Liza Andrade e Maria Cecília Filgueiras Lima
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1. Foto por Chico Albuquerque com inserções feitas por Marianna Resende da Silva. 2. Foto por Thomaz Farkas com inserções feitas por Marianna Resende da Silva. 3. Foto por Rene Burri graficada com inserções feitas por Marianna Resende da Silva.
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Foto por Raul Maravalhas
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estradas-parque ensaio sobre a urbe e o território do df a partir de suas rodovias This paper analyzed urban expansion dynamics in the Federal District by focusing on the role played by the so-called parkways, the road system of the capital city. Firstly, the essay made an analysis of the creation and reformulations of the concept of parkway ithroughout the history of urban planning. It also showed specific features of parkways built in Brasilia´s metropolitan space. The essay pointed out conflicts between the purpose of territorial integration through parkways and the fragmentation of local urban fabric served by them.
Raul Maravalhas Quem, no DF, trafega em estradas-parque (EPs) e em suas siglas características, deve sentir algum estranhamento. EPTG, EPIA, EPCL são vias com três ou mais faixas de rolamento para cada direção, por vezes complementadas por marginais. São carregadas, intensas, imensas, distantes da imagem bucólica de um parque. Essa contradição, de fato, revela a que distância a maior parte dessas EPs se encontram de sua inspiração originária: as parkways americanas, vias integradas a concepções paisagísticas, gestadas por Olmsted e Vaux nos EUA oitocentistas para conexão por entre os espaços verdes de uma cidade. Pouco a pouco, a ideia da parkway se transforma, adaptando-se a novas condições e concepções urbanísticas. Momento importante foi o da introdução do automóvel ao seu traçado nos anos 20; outro foi o de seu emprego na cidade-jardim nos anos 30, quando deixaria de conectar espaços verdes para ligar os núcleos isolados das cidades-jardim através de espaços verdes. A ênfase em espaços de caráter bucólico e isentos de ocupação urbana, característica das parkways, foi uma maneira de impedir a conurbação, grande mal enfrentado pelo urbanismo daquele contexto. A partir daí, tais vias adquirem uma dupla função: de conexão e segregação. Eventualmente, parece ter sido essa a
formulação que chegou ao Brasil para inspirar a criação das EPs do DF. Seu emprego era conveniente ao modelo polinuclear adotado na expansão da nova e ainda não inaugurada capital, onde as EPs atuariam ligando e segregando os diversos núcleos satélites. A manutenção da feição da Brasília de Lucio Costa deveria ser, nas palavras do arquiteto, “preceito constitucional”, bem como “o não prolongamento suburbano ao longo das vias que conduzem a esses núcleos periféricos” (COSTA, 1974). Daí a conveniência das EPs, que cruzariam grandes espaços verdes destinados à atividade agrícola. Uma concepção de planejamento urbano de núcleos isolados interligados por vias totalmente livres de ocupação não durou muito, pois entre 1967 e 1970 estabelece-se o Guará às margens da EPTG e Ceilândia em contiguidade com Taguatinga. Nos anos seguintes, a mancha urbana de Brasília cresce principalmente sobre os seus interstícios, com as EPs atuando como irônicas condutoras desse processo; assim, tais vias deixariam marcas inequívocas no que veio a ser a metrópole do DF. Hoje o território metropolitano do DF é de um conjunto conurbado, mas conectado quase que exclusivamente pelas EPs. As grandes áreas verdes, que separavam o chamado Plano Piloto das primeiras cidades-satélites, hoje são
novos núcleos, setores habitacionais, condomínios horizontais e empreendimentos mistos. Na área da EPTG, escolhida neste estudo como recorte para análise mais detalhada, esses fragmentos urbanos articulam-se quase exclusivamente à estrada-parque, em detrimento de uma integração mais estreita com os demais núcleos que os circundam. O polinucleamento de Brasília não parece superado pela progressiva conurbação advinda dos loteamentos isolados que têm constituído a malha urbana adjacente à EPTG. Ao monopolizar os fluxos, a via desestimula outras conexões, impondo-se como barreira à circulação transversal, e como elemento de difícil articulação com tecido urbano restante. De fato, a inserção da EP na malha urbana parece revelar um conflito entre escalas: de um lado a da infraestrutura territorial; de outro, a das pessoas, do local. Enquanto em outros contextos a centralização de fluxos é abandonada em prol de uma capilaridade da circulação, os alargamentos da EPTG (rebatizada de Linha Verde em 2010) parecem indicar que no Brasil os impactos dos grandes eixos rodoviários seguem se dilatando na mesma medida que suas vias. Orientadora: Maria Fernanda Derntl Banca: Lila Donato, Pedro Paulo Palazzo e Sylvia Ficher. 29
NOVOS ARQUI TETOS
diplô D
iplomação, ou Diplô, como os Trabalhos Finais de Graduação (TFG) são carinhosamente chamados na FAU-UnB, pode ser compreendida sob duas perspectivas. Uma, pragmática e necessária, da diplomação como momento síntese do curso; outra, poética e utópica, do projeto como síntese de uma busca por melhorias multidimensionais no ambiente construído. O projeto de diplomação coroa os anos de graduação dos futuros arquitetos urbanistas. Momento de trabalho intenso, por vezes exaustivo, a Diplô sintetiza as capacidades do aluno de interpretação, análise, organização, composição, diálogo, aplicação das técnicas e tecnologias, reconhecendo os saberes acumulados durante os anos de graduação. Se nossa sociedade é caracterizada pela privatização, pela mixofobia, pela cidade como espaço do medo e da desconfiança, a Arquitetura e o Urbanismo em muito colaboram para este cenário. Os projetos arquitetônico-urbanísticos aqui apresentados procuram, em um conjunto bastante significativo, criar costuras no tecido urbano rompido pelas práticas de segregação socioespacial, pelo abandono dos espaços públicos e pela crise ambiental da nossa sociedade. Ainda que distintos em seus escopos, embasamentos teóricos e referenciais práticos, os trabalhos propõem costuras que produzem conexões, permitem fluxos antes interrompidos, concebem marcos urbanos coletivos, ressignificam espaços abandonados, cons-
troem de forma participada novos espaços de ação e do habitar, entregam programas antes inexistentes para comunidades. Estes projetos-costura, das mais diversas matizes, escalas e dimensões, materializam Arquitetura e Urbanismo como campos indissociáveis, como partes do mesmo processo de compreensão e intervenção no mundo por meio do projeto. Nesta sétima edição da revista ARQUI, temos a alegria de apresentar 41 projetos que receberam distinção acadêmica. Dentre esses, 12 foram considerados trabalhos de destaque, selecionados a partir de critérios como relevância temática das propostas, respaldo social ou originalidade. Sobre os trabalhos-destaques, a comissão de Diplô chama a atenção para a sensibilidade do estudante. Mostrou-se com clareza a capacidade do aluno encarar problemas reais, com forte inserção e compromisso social. Aliado ao olhar atento, foi valorizado o trabalho no qual aspectos arquitetônicos e urbanísticos são amplamente discutidos, seja num projeto de edifício seja num projeto de urbanismo. A qualidade e a profundidade dos trabalhos são recompensadores. Aos leitores, a crítica.
Giselle Chalub Martins e Carolina Pescatori Coordenadoras de Diplomação
Diplô, as term projects (TFG – Graduation Final Projects in Portuguese), are nicknamed in FAU-UNB, can be understood from two perspectives. Firstly, a pragmatic and necessary one, taking graduation as the moment of the course synthesis. Secondly, poetic and utopian, from the project as a synthesis of a search for multidimensional improvements in the built environment. The graduation project crowns the years of study of future urban planners. A moment of intense work, exhausting at times, diplô synthesizes the student’s abilities of interpretation, analysis, organization, composition, dialogue, application of techniques and technologies, recognizing the knowledge accumulated over the years of graduation. If our society is characterized by privatization, by mixophobia, by the city as a space of fear and distrust, Architecture and Urbanism collaborate much for this scenario. Architectural-urbanistic projects herein presented seek, in a quite significant set, to create seams in the urban fabric ruptured by the socio-spatial segregation practices, by the abandonment of public spaces and the environmental crisis of our society. Although distinct in their scopes, theoretical foundations and practical references, these projects propose seams that produce connections, enable flows once interrupted, conceive urban collective landmarks, resignify abandoned spaces, build in a participatory way new spaces for action and living and bring new architec-
tural agendas to communities.. These sewing projects, from the most diverse hues, scales, and dimensions, materialize Architecture and Urbanism as inseparable fields, as parts of the same process of comprehension and intervention in the world through the project. In this seventh edition of the ARQUI journal, we are happy to present 41 projects that received academic distinction. Among them, 12 were considered prominent works, selected from criteria such as the thematic relevance of proposals, social support or originality. Over the outstanding projects, the graduation board draws attention to the student's sensitivity. Student's ability to face real problems with strong social insertion and commitment can be seen in these projects. The graduation project board selected works that showed a watchful eye and based on a larger discussion on architectural and urban aspects, whether in a building project or in an urban plan. The quality and depth of the projects are rewarding. The floor is open.
Giselle Chalub Martins e Carolina Pescatori Graduation Project Coordinators
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destaques
setor comercial sul Aluna: Amanda Brasil Cavalcante /// Orientação: Gabriela Tenorio
Este trabalho pretende mudar a imagem que você tem do Setor Comercial Sul, destacando espaços que podem ser aproveitados por toda cidade, repensando-os sob a ótica de quem caminha por lá e não mais sob a ótica do automóvel. Ele baseia-se em uma análise do cotidiano do Setor, que há muito tempo ficou desprestigiado e que sofre um lento processo de revitalização. A análise foi embasada em entrevistas e pesquisas de campo com frequentadores e trabalhadores locais, tentando abordar todas as classes sociais que ali frequentam, a fim de identificar aspectos negativos e positivos da área.
de l a w Aluna: Amanda Alves Sicca Lopes /// Orientação: Gabriela Tenorio
O Eixão provou ser a maior barreira existente para o pedestre no Plano Piloto. Hoje, quem atravessa a via possui duas opções: as perigosas passagens subterrâneas, ou se arriscar, por entre os carros, para a travessia em nível. De L a W busca solucionar o problema imposto por essa rodovia a partir da criação de travessias em nível seguras para o pedestre. Assim, ele passa a transitar na superfície, de forma segura e igualitária. Este trabalho busca questionar até quando Brasília continuará reafirmando valores retrógrados na formação do seu espaço.
o refúgio Aluna: Ana Beatriz Azevedo de Lima /// Orientação: Ana Suely Zerbini
Uma área da cidade de Turim que sofreu grandes alterações para as olimpíadas de inverno de 2006 mostra-se atualmente como uma zona degradada e com uma população bastante heterogênea. O projeto visa a eliminar as formas de discriminação e instigar a mudança no sistema cultural e social para, então, incentivar a participação plena e ativa de todos os cidadãos. Enfim, em um lugar que abriga um refúgio antiaéreo da Segunda Guerra Mundial e refugiados de guerras civis africanas, o Centro Cultural Multifuncional é o Refúgio para todos aqueles que querem ser reinseridos no sistema e na história da cidade. 34
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mercado w3 Aluna: Bárbara Maria Madeira Alvarenga /// Orientação: Oscar Luís Ferreira
O Mercado W3 é uma proposta de um novo centro destinado à gastronomia. Englobando um mercado e espaços de cultura e lazer, o projeto objetivou reunir diversos tipos de atividades em um só local. O caráter espontâneo e descontraído dos mercados traduz ambientes que vão além da compra de produtos. A sensação de troca é sentida na nova dimensão de espaços de encontros e intercâmbio entre as pessoas. Foi proposto um projeto que pudesse abranger todas essas funções, remetendo-se à tipologia conhecida de grandes mercados: espaços permeáveis e plantas flexíveis sustentados por uma estrutura que ditou a execução do projeto.
espaço de habitação mínimo Aluno: Bruno Ganem Coutinho /// Orientação: Raquel Blumenschein
Questionando a maneira como habitamos, o projeto sugere um espaço de habitação baseado no conceito de autoconstrução, tendo o mínimo como reflexão e ponto de partida que permita a manifestação da sustentabilidade dentro uma escala humana.
corredor cultural do cerrado Aluno: Caio Monteiro Damasceno /// Orientação: Liza Maria de Andrade
O projeto Corredor Cultural do Cerrado surgiu a partir do interesse em resgatar a história e a cultura da cidade de Cavalcante – GO, que é um exemplo do desenvolvimento social do interior do Brasil. Este trabalho tem o intuito de proporcionar, a partir das demandas levantadas na comunidade durante o processo participativo, um entendimento mais apurado sobre a escala local e seus reflexos no projeto de melhoria da infraestrutura urbana. Utilizando-se da arte urbana como linguagem, o Corredor Cultural do Cerrado inclui a comunidade no processo prático de valorização do espaço urbano, integrando as áreas públicas à vivência coletiva. 35
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[cine]² Aluna: Elizabeth Cristina Tenreiro Cavalcante /// Orientação: Raquel Blumenschein
O [CINE]² é um centro cultural de cinema itinerante que tem por objetivo disseminar a diversidade artística que a sétima arte representa. O projeto traz o conceito de arquitetura efêmera, provisória, representando assim o dinamismo da sociedade atual e suas novas necessidades e relações com o espaço/tempo. Ao viajar e explorar as várias regiões do país, vivenciando as suas diversidades culturais, econômicas e sociais, o projeto busca trazer conhecimentos, curiosidades, valorização cultural e questionamentos por meio do cinema. Atuará dessa forma como um espaço para a expressão de culturas locais e um ambiente de trocas, educação e integração da diversidade cultural brasileira.
e.n.t.r.e. Aluna: Maíra Boratto Xavier Viana /// Orientação: Ricardo Trevisan
O projeto propõe uma mancha urbana, como uma praça de passagem, entre dois edifícios híbridos na quadra 607 do Setor de Grandes Áreas Norte em Brasília. A proposta é criar um espaço urbano de qualidade, que extrapole as dimensões do lote, a fim de acolher, estimular e atrair o fluxo existente de pessoas em direção à UnB, entre as vias L2 e L3 Norte. Observando a atual situação deficitária de moradia estudantil, o edifício híbrido implantado apresenta uso comercial e de serviços no pilotis e residência estudantil nos pavimentos superiores.
a escala do pedestre e a escala gregária Aluno: Marco Antonio de Mello /// Orientação: Giselle Chalub
O que fazer com os bolsões de estacionamentos, áreas livres e vias largas do centro de Brasília? A proposta trazida pelo projeto A Escala do Pedestre e a Escala Gregária busca a requalificação do centro urbano de Brasília, otimizando os espaços de circulação e melhorando os espaços de permanência, por meio de técnicas de Sprawl Repair da escala gregária, valorizando a escala humana. Trabalhando-se nas três escalas de atuação do urbanismo – regional, urbana e local – apresenta-se um plano de mobilidade sustentável para a área central do Plano Piloto de Brasília. 36
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brasília 2032 Aluno: Matheus Augusto de Oliveira e Carvalho /// Orientação: Benny Schvarsberg
Considerando um cenário hipotético e fictício em que a cidade de Brasília, contando com situação econômica favorável e amplo apoio da população, decide candidatar-se a cidade-sede das Olímpiadas de Verão de 2032, formulou-se um dossiê de candidatura, detalhando os principais condicionantes e propostas urbanas para a realização dos Jogos Olímpicos na capital federal. O projeto visa, portanto, alçar Brasília à condição de “cidade do futuro”, aliada a novos conceitos da modernidade urbana como a requalificação de centros urbanos e o papel de destaque da mobilidade alternativa.
o lado b da w3 Aluno: Nara Maria Costa da Cunha /// Orientação:Liza Maria de Andrade
O lado B da W3 é o resultado de um projeto de requalificação da via “W3 e meia” através do envolvimento comunitário. Esta via abriga os edifícios de serviços da W3 Norte, que, apesar de estar situada no maior corredor de transporte público do Plano Piloto e possuir grande movimentação, apresenta espaços carentes de arborização, calçamento, mobiliário urbano e elementos de lazer. A comunidade local do trecho escolhido, 715 e 716 Norte, teve participação importante neste projeto por meio de questionários, painéis interativos e reuniões.
515 s Aluno: Rafaela Gravia Pimenta /// Orientação: Bruno Capanema
O projeto 515 S – Projetando para uma nova W3 tem por foco a situação crítica em que se encontra uma das principais avenidas de Brasília, a W3 Sul. A via é um dos principais e mais importantes eixos de Brasília, mas se encontra em estado de abandono. O trabalho se dispõe a ocupar os vazios existentes da quadra 515 Sul com projetos arquitetônicos que se baseiam na multiplicidade de usos e na promoção de encontros na cidade, contribuindo para uma maior vivência e apropriação da W3.
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setor comercial sul intervenção na imagem
This project aims to change the image of the Commercial Sector South by adapting it to the needs and perspectives of those who walk there rather than to the use of cars. It examines everyday routine in that place, which long ago became neglected and is now being regenerated. The analysis drew on interviews and field research with pedestrians and local workers, trying to address people from all social classes that may be found there.
Amanda Brasil Cavalcante O objeto desta intervenção é o Setor Comercial Sul, em Brasília, um lugar que atrai milhares de pessoas, diariamente, e que está inserido em seu centro funcional. A falta de manutenção e o esvaziamento em certos horários colaboraram para transformá-lo em uma área degradada. Esses fatores acabaram por levar ao enfraquecimento de sua identidade, ao desprestígio de suas praças, à complicada circulação de pedestres e ao domínio do carro na paisagem. O projeto propõe uma ressignificação do Setor por meio de uma intervenção urbana que traga ao lugar urbanidade e permanência de pessoas, levando em consideração os períodos diurno e noturno. Com a proposta, o Setor deve se transformar num lugar que supra as necessidades e demandas de comércio, serviços e lazer, no centro da cidade, dentro e fora do período comercial. O Setor, por funcionar apenas em horário comercial, acaba sendo ocupado pelas camadas marginais da sociedade, como prostitutas e moradores de ruas, cuja existência não foi negada, mas sim considerada parte integrante do 38
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espaço, de modo a não criar lugares que remetem à “arquitetura hostil”. O projeto criou espaços onde a atividade cultural faz parte de sua ressignificação e a arquitetura fornece soluções que facilitam e estimulam esse tipo de atividade. Com essa requalificação do Setor, pretende-se gerar uma maior diversidade social no lugar, de modo a atrair e fixar pessoas. A diversidade social permite o encontro de pessoas de diferentes realidades, o que pode transformá-las, deixando-as mais tolerantes. Também se propõe a reflexão sobre a quantidade desproporcional de espaço viário destinado ao carro. O projeto desencoraja o uso do automóvel, repensando o sistema de conexões com o entorno. As diretrizes de projeto são as seguintes: integração de um nova ciclovia interna ao SCS com demais espaços da cidade, como o Parque da Cidade e o Eixo Monumental; fechamento de ruas internas para carros e abertura dessas ruas para pedestres; criação de passarela elevada para conectar o SCS com o Setor Hoteleiro
Sul; novas projeções e mudança no uso de todas as edificações, com possibilidade de uso residencial; requalificação de vias e praças, com reforço na arborização; criação de uma linha de ônibus que integra o Parque da Cidade e o Setor, e a retirada quase total de bolsões de estacionamento. A intervenção transforma a experiência do pedestre ao caminhar pelo SCS, propondo fluxos mais diretos e desníveis menos íngremes que facilitam o deslocamento das pessoas internamente no Setor, e entre os setores adjacentes. As atividades acrescentadas resultarão em uma maior diversidade de usuários, mais segurança e mais interação. As novas edificações serão investimentos para melhoria do espaço público, já que, com a venda dessas áreas desafetadas, a arrecadação de capital aumentará e poderá ser investida.
Orientadora: Gabriela Tenorio Banca: Monica Gondim, Tatiana Mamede e Vânia Loureiro Convidada: Mariana Bomtempo
Imagensfornecidas por Amanda Brasil Cavalcante. Imagens pela autora.
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de l a w
equalificação do eixo rodoviário de brasília The "Eixão" (referring to the Residential Axis of Brasilia) proved to be the largest barrier to the pedestrian in the Pilot Plan. Today, people who cross the road have two options: the dangerous underpassages, or the risky crossing among cars. From L to W tries to solve the problem imposed by this road by creating pedestrian crossings. The aim is to provide a safer way to walk in the surface. This project seeks to challenge outdated urban space concepts that have been used in Brasília.
Amanda Alves Sicca Lopes 40
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Geralmente, quando se fala em mobilidade urbana, pensa-se no direito de ir e vir do cidadão, o que não deixa de estar correto. A mobilidade urbana é essencial não apenas para que seja assegurado este direito do cidadão, mas também todos os demais direitos que, em conjunto, viriam a proporcionar ao indivíduo a experiência da cidadania plena. Porém, a cidade, atualmente, não possibilita aos seus usuários o completo usufruto de seus direitos, tendo em vista que não são proporcionadas a todos as mesmas condições para se locomoverem no espaço, a partir do momento em que se prioriza apenas um meio de transporte em relação aos demais. Levando em conta o movimento mundial em direção a cidades mais democráticas e igualitárias, vale nos questionar até que ponto continuaremos construindo e referendando uma
Imagens fornecidas pela autora.
cidade desigual e inacessível. Deve-se compreender que o reinado absoluto do carro gera não só danos ambientais, mas também sociais e precisa acabar. Assim, será dado ao pedestre o protagonismo que ele merece. Brasília, projetada sob a lógica rodoviarista, favorece exclusivamente um meio de transporte: o carro. Consequentemente, beneficia apenas quem tem meios de possuí-lo ou acessá-lo. Dentro de um cenário de crescente sensibilização em relação à temática da mobilidade peatonal, este trabalho busca questionar se Brasília ainda continuará sendo uma cidade desigual, no sentido em que não fornece a todos as possibilidades de se locomoverem no espaço de forma segura e confortável. O Eixo Rodoviário é composto por três avenidas paralelas, definindo um total de quatorze faixas de rola-
mento nos seus 13,5 quilômetros de extensão: os eixinhos, cada um com duas pistas para cada sentido, e o Eixão, composto por um conjunto de sete pistas para cada sentido e uma faixa central para emergências separando as pistas. Não existe barreira física entre os dois sentidos, apesar de já terem existido propostas para tanto que visavam impedir colisões e a passagem de pedestres em nível. Hoje, para atravessar o Eixão, o pedestre possui duas opções. A primeira, pelas passagens subterrâneas, que, devido à sua configuração, apresentam uma grande ameaça à segurança dos pedestres, além de serem espaços insalubres. Infelizmente, essa provou não ser uma boa solução ao problema. A segunda opção, a travessia em nível, que talvez seja a mais perigosa, mas muitas vezes é escolhida em vista da falta de coragem
em atravessar pelas passagens. No Eixão, em 2015, ocorreram 69 acidentes, sendo 15 deles atropelamentos. De L a W busca solucionar este problema imposto pelo Eixão por meio da travessia em nível do pedestre. O projeto cria trajetos mais curtos, acessíveis e conectados, priorizando a rota dos pedestre e do ciclista; valoriza a escala humana, tornando o percurso mais agradável a partir da criação de calçadas mais largas e espaços de permanência; e, o mais importante, o pedestre passa a transitar na superfície, de forma segura e igualitária.
Orientadora: Gabriela Tenorio Banca: Monica Gondim, Tatiana Mamede e Vânia Loureiro. Convidada: Mariana Bomtempo 41
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Imagens fornecidas pela autora.
o refĂşgio
um centro cultural multifuncional na ĂĄrea ex-moi, em turim An area of the city of Turin which suffered great changes for the Winter Olympics in 2006 is now a deteriorated zone with a very heterogeneous population. The project aims to eliminate social discrimination and instigate change in the cultural and social system, and then encourage a full and active participation from citizens. In a place that houses an underground shelter from the Second World War and refugees of African civil wars, the Multifunctional Cultural Center is a refuge for those who want to be reintroduced in the system and in the town's history.
Ana Beatriz Azevedo de Lima 42
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O projeto encontra-se no distrito 9 da cidade de Turim, na Itália. No centro da área de interesse encontra-se o “MOI”, um mercado de grande porte construído nos anos 30, que se encontrava completamente abandonado até as Olimpíadas de inverno de 2006, quando, temporariamente, voltou a funcionar. Após o evento, a área voltou a ser abandonada tornando-se perigosa e alvo de vandalismo. Em uma lateral do MOI encontra-se um terreno vazio, abrigo para um refúgio antiaéreo subterrâneo, e na outra, a antiga Vila Olímpica. À frente do mercado, temos a Praça Galimberti e, atrás, uma passarela metálica que passa acima da ferrovia que corta a cidade. Apesar dos problemas críticos da área, como por exemplo a sensação de insegurança, a falta de pontos de encontro e de lazer, assim como de espaços verdes equipados ou com instalações desportivas públicas, vale citar que, para dar novamente um uso à estrutura do antigo mercado, a administração de Turim decidiu transformá-lo em um polo tecnológico científico universitário, o que possivelmente trará desenvolvimento para a região. Outro ponto crítico da área é a antiga vila olímpica. Com a crise no sistema de assistência aos refugiados, foi decretado, em 2013, o fim dos projetos de acolhimento ligados à Emergência Norte Africana. Assim, os refugiados usavam as ruas como moradia. Sem trabalho ou inserção social, viam-se, então, obrigados a buscar lugares na cidade que pudessem ocupar, decidindo invadir alguns edifícios da obsoleta Vila Olímpica, abandonados há anos. Hoje, são 4 edifícios ocupados e a estimativa é de que existam, no total, mais de 1100 pessoas de 30 países diferentes. Após uma minuciosa análise espacial e sociológica, a proposta do projeto desenvolve-se em duas escalas diferentes. No âmbito urbanístico, as mudanças foram na via que passa atrás do MOI, aproximando-a da ferrovia e transformando o espaço em um parque linear; na praça Galimberti, que foi redesenhada, com a inclusão de uma pista de corrida que passa nas laterais do MOI, até chegar no parque linear; e no terreno vazio, foi concebido um novo edifício que será um Centro Cultural Multifuncional com um novo acesso para o refúgio antiaéreo existente onde ficará o museu do Politécnico de Turim, função exigida pela universidade. Já no âmbito edilício, o Centro Cultural Multifuncional foi o foco. O conceito maior deste projeto é o de inclusão social, não só do povo italiano, mas também das pessoas que foram excluídas de seus próprios países. O estreito contato com a população e a análise da zona permitiram a criação de um programa de necessidades adequado às carências locais, com o objetivo de oferecer inclusão econômica, de trabalho, de cultura e de lugar. Dessa forma, o novo edifício intenta oferecer um intercâmbio cultural, artístico, de línguas, de conhecimento, de gastronomia e de trabalho entre as pessoas de diferentes nacionalidades e idades.
Orientadora: Ana Suely Zerbini Banca: Gustavo de Luna, Ivan do Valle e Raquel Blumenschein Convidado: Thiago Turch 43
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mercado w3
centro gastronômico e cultural de brasília W3 marketplace is a proposal for a new center for gastronomy at one of the main streets in the south of Brasília, W3 Sul. It comprises a market and spaces for culture and leisure. The aim of the project was to gather several activities in one place. The spontaneous and casual nature of markets was considered to create places that serve more purposes than just buying products. The project created spaces for gathering together and sharing. Inspired by the typology of big markets, the project provides permeable places and flexible layouts sustained by a structure that had a key role in the design.
Bárbara Maria Madeira Alvarenga O mercado faz parte do cotidiano de diferentes sociedades desde muito tempo. Em vários momentos o Mercado colaborou para o desenvolvimento das cidades, do comércio, fortaleceu tradições e foi um ponto considerado muito importante na socialização e encontro de pessoas. A edificação proposta aqui consiste em um equipamento estratégico para a tentativa de recuperar o espaço urbano. Ao mesmo tempo em que pretende criar áreas de socialização e convívio, o Mercado W3 busca ser um espaço que potencialize o comércio local, valorize a cultura e que se consolide, enfim, como um local destinado a trocas, encontros e como legitimador de coletividades. O Mercado W3 propõe ser um 44
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novo Centro Gastronômico e Cultural de Brasília, localizado na 512/ 513 sul na Avenida W3. A escolha desse terreno se deu pela importância que a via W3 possui, com um grande fluxo de transeuntes e por ser o maior corredor de transporte público do Plano Piloto. Diante da demanda crescente da população por espaços destinados à gastronomia atrelados ao lazer, o projeto veio para suprir essa necessidade, visto que Brasília encontra-se, atualmente, dentro dos cinco maiores polos gastronômicos do Brasil. O projeto buscou respeitar o entorno e recuperar o espaço destinado ao pedestre de forma a dar prioridade a ele. A principal vontade é de que o Mercado W3 se torne um pequeno
catalisador do espaço e seja um atrativo para mais usos não só da edificação, mas também da via W3 sul em si. Para realizar o projeto, foi proposta a demolição da Biblioteca Pública de Brasília, de forma a permitir a revisão e a junção de ambos os lotes, somando a área dos fundos, que anteriormente era um estacionamento público. Esse local adicionado criaria uma praça externa urbanizada, essencialmente pública (que abrigaria pequenos eventos – feiras de pequeno porte, encontros de food trucks – com possibilidade de uso de coberturas efêmeras), como continuação do espaço público urbano. A implantação do Mercado W3 buscou uma forma sutil de configurar um novo espaço público e coletivo sem, contudo, descaracteri-
Imagens fornecidas pela autora.
zá-lo como estrutura comercial privada. Houve também a preocupação com o diálogo com o entorno optando-se pela reconfiguração do espaço lindeiro, trocando o asfalto por bloquetes de concreto, na tentativa de diminuir a velocidade dos carros ao passarem perto do terreno e também de facilitar o livre trânsito dos pedestres, sem obstáculos como subidas ou descidas de calçadas. A concepção arquitetônica buscou aplicar palavras-chaves de gastronomia junto aos conceitos norteadores de projeto. A permeabilidade se faz presente no uso da cobertura contínua. Já a visibilidade é traduzida nas visuais criadas voltadas para a via W3 e para a Comercial. A integração e o acesso se fazem presentes ao buscar
a conexão com as superquadras, de uma forma coerente, e integrar a “fachada contínua” com a W3, mantendo a horizontalidade da via. O ritmo é ordenado, com o uso contínuo de pilares do tipo “árvore”, de forma a proporcionar harmonia na estrutura. Já a modulação busca continuidade com o uso da grelha de madeira laminada colada, na cobertura, com módulos iguais. Esses conceitos foram pensados para desenvolver o projeto de uma forma mais coesa. A grande cobertura de madeira laminada colada, sustentada por pilares do tipo “árvore”, deu-se pela vontade de relembrar os grandes mercadões com vãos generosos. Um elemento fundamental em grande parte desses
mercados é a acessibilidade, ou seja, fazer com que as circulações alcancem todos os ambientes de forma fluida. Outro elemento presente é a viabilização desses grandes vãos que permitiriam a ventilação e a luz natural. O Mercado W3 tem por finalidade reunir diversos tipos de atividades num só local, abrangendo o maior número de pessoas, gerando mais encontros, além de ser um novo ponto de compra e consumo de alimentos.
Orientador: Oscar Luís Ferreira Banca: Ana Suely Zerbini, Bruno Capanema, Ricardo Meira e Ricardo Trevisan Convidada: Giuliana de Brito 45
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espaço de habitação mínimo Questioning the way we inhabit, the project suggests a housing space based on the concept of self-construction, having the idea of minimum as a starting point for a discussion on sustainability at human scale.
Bruno Ganem Coutinho 46
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Imagens fornecidas pelo autor.
Nosso conceito de progresso parece ser pautado no “mais”: mais complexo, mais consumo, maior é sempre melhor. Tendemos a enxergar o futuro de maneira linear, sem volta. Mas a sustentabilidade exige consciência sobre o que de fato precisamos. De forma a sustentar a maneira como vivemos atualmente, seria preciso, em média, a capacidade de geração de recursos de 1,5 planetas Terra. O futuro pode, e talvez deva, ser menos, menor, mais simples. Repensar necessidades não é um retrocesso. Se já ultrapassamos o máximo, talvez possamos nos perguntar qual é o mínimo. E, pelo mínimo, compreender o que é de fato necessário. Nesse sentido, qual é o espaço mínimo que podemos habitar? Uma redução no espaço em que vivemos traz consequências positivas imediatas: menor consumo de material e de energia, menor manutenção. Quanto maior uma casa, mais espaço a ser preenchido. Menos espaço reduz a necessidade de mais coisas, reduz o consumo. Pensando no mínimo, é possível conceber um espaço que trabalhe dentro
de uma escala humana de produção que seja projetada tendo como base de fato o ser. Investir numa escala humana significa empoderar o indivíduo e as comunidades de forma que qualquer um possa construir o futuro. É uma questão de resiliência na medida em que promove autonomia, flexibilidade, diversidade de pensamentos e maneiras de viver; fortalece comunidades e elos não materiais, por meio da cooperação e do compartilhamento de ideias e espaços. Menos espaço individual significa mais espaço coletivo. A redução do espaço de habitação individual é um processo que conduz a uma mudança de mentalidade e talvez seja essa a consequência mais importante de assumir uma arquitetura que procura o mínimo. Optar por um espaço reduzido é, inevitavelmente, optar por uma vida mais simples. É abrir mão de consumir em excesso, valorizar conexões imateriais, procurar se definir pelo que se é e não pelo que se tem, valorizar o coletivo em detrimento do individual, aceitar diferenças e valorizar a diversidade. Trabalhar com o mínimo talvez nos permita entender o que para nós
é supérfluo e assim reavaliar necessidades e conduzir nossas vidas dentro dos limites ecológicos. Isso não significa que precisamos viver com o mínimo – mas precisamos respeitar o máximo. Propõe-se o mínimo não como limitação, mas como ponto de partida. Pensando no mínimo, retornando a uma escala que permita a manifestação do potencial criativo da pessoa humana, uma escala onde o indivíduo é o próprio criador. Um espaço de habitação que trabalhe com o princípio de autoconstrução, que possa ser construído por qualquer um, em uma celebração da capacidade humana. Não pelo que podemos fazer em série, não como indivíduos máquina, mas como indivíduos criativos dentro de uma comunidade que compartilha o conhecimento, considerando conceitos de flexibilidade e sustentabilidade, empoderando pessoas e contribuindo para resiliência por meio da valorização do que pode ser feito numa escala não industrial. Orientadora: Raquel Blumenschein Banca: Ana Carolina Correia, Ariane Borges, Camila Gomes e Claudia Garcia 47
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Imagens fornecidas pelo autor.
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corredor cultural do cerrado The project “Cultural Hall of Cerrado” came up from the interest in rescuing the history and culture of the city of Cavalcante - GO (Goiás, a Brazilian State), which is an example of the social development in the countryside of Brazil. This project has the intention to provide, from the requests raised in the community during the interactive process, a more ascertained understanding about the local scale improvements in the urban infrastructure. Using urban art as a communication system, Cultural Hall of Cerrado includes the community in the process of appreciation of the urban space, integrating the public areas in a collective experience.
Caio Monteiro Damasceno A cidade de Cavalcante, localizada na região da Chapada dos Veadeiros, nasceu com o período do Ciclo do Ouro em Goiás. Sua população é de aproximadamente 10 mil habitantes, divididos entre as zonas urbana e rural. Devido aos seus inúmeros recursos naturais, distribuídos em paisagens exuberantes, a cidade é foco do Ecoturismo e conta com questões sociais que não podem ser negligenciadas durante o seu estudo. Com embasamento na vivência local e no levantamento do Plano Diretor de 2011, realizado na cidade, ficou evidente a necessidade de melhoria na infraestrutura urbana, além do resgate social, cultural e histórico do interior do Brasil, que tem grande importância para o entendimento antropológico nacional. Mas, o Plano Diretor existente não contemplou expectativas e anseios da comunidade. Desenvolvido com a metodologia do processo participativo, experienciada no grupo de extensão Periférico, este projeto se consolidou com a influência direta da comunidade. O projeto foi trabalhado em duas escalas, de macro e micro planejamento, atendendo às quatro dimensões de sustentabilidade urbana – ambiental, social, econômica e
cultural. O Corredor Cultural do Cerrado se inicia na ponte do Rio Almas (entrada da cidade) e se estende até o centro, dividindo-se em 4 setores com identidades definidas: a estrada GO-241, a Vila do Morro Encantado, o Centro Histórico e o Circuito Jovem – denominação da área esportiva da Praça da Rodoviária e o Colégio Estadual. No contexto do macro planejamento, cujo escopo se volta para a escala global do espaço urbano, foram definidas diretrizes de intervenção e valorização do desenvolvimento sustentável. Planejamento de drenagem pluvial, tratamento de insolação solar em percursos públicos, utilização de fontes de energia renováveis, renovação da infraestrutura e a criação de pequenos pólos comerciais foram pontos colocados para atender à sustentabilidade ambiental e econômica. Já no aspecto sociocultural, a criação de marcos visuais, pontos de encontro e permanência, elementos identitários como estandartes e resgate da memória das comunidades sertaneja e kalunga, buscou um desenvolvimento urbano que não negligencia a cultura de um povo. Na escala do microplanejamento, a condução do projeto foi realizada de forma prática. Com foco em espaços
pontuais, ações como a Oficina de Horta Coletiva e Oficina de Arte Urbana foram desenvolvidas com o engajamento direto da comunidade nas intervenções urbanas. Na escala local, o trabalho foi realizado através de melhorias do espaço público; relacionando a história e cultura da população. O resultado do processo ultrapassa as modificações físicas na cidade, alcançando a relação afetiva com o espaço e o imaginário coletivo do passado e presente daqueles que vivenciam o ambiente diariamente. Como resultado do processo, é possível ver os impactos do projeto na comunidade. Um exemplo disso foi o desenvolvimento de um Guia Turístico para Cavalcante, realizado em conjunto com os guias locais, e disponível no Centro de Atendimento ao Turista para o uso público. O Corredor Cultural do Cerrado continua em desenvolvimento e tem perspectiva de vários desdobramentos ao se construir com a participação comunitária.
Orientadora: Liza Maria de Andrade Banca: Gabriela Tenorio e Tatiana Mamede Convidado: Luiz Eduardo Sarmento 49
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[cine]²
centro cultural de cinema itinerante [CINE]² is a cultural center of itinerant movies which has as a goal disseminating the artistic diversity that the seventh art embodies. The project bases on the concept of ephemeral architecture; it is temporary, addressing in this way the dynamism of today’s society and new needs and relations of space/time. The project tries to bring knowledge, curiosities, cultural appreciation and questioning through the cinema and its areas of knowledge. Therefore, the project creates space for the expression of local cultures and an environment of exchanges, education, and integration of Brazilian cultural diversity.
Elizabeth Cristina Tenreiro Cavalcante Em uma era definida pela dualidade entre a permanência e mobilidade, o modo de vida atual vem se desenvolvendo na incessante mobilidade entre o homem e o espaço em que vive, definindo novas relações entre espaço versus tempo. O espaço, antes tido como estático e absoluto, hoje deve apresentar flexibilidade e eficiência para mutar-se e adaptar-se às ágeis e constantes transformações do tempo. Entendendo cidade e arquitetura como um grande sistema que envolve interferências mútuas, observa-se a necessidade de renovação constante das formas de ocupação do espaço e, desse modo, geram-se constantes novas relações a partir das arquiteturas existentes. Nesse contexto em que o grande desafio é trazer a materialidade estável da arquitetura para uma inquietante realidade móvel, nasce o [CINE²]. O projeto itinerante traz características imprescindíveis como a flexibilidade – tanto do espaço ocupado como do próprio objeto – a mutabilidade, ao mostrar novas formas e abordagens dadas pela sua liberdade formal e a dinamicidade, traduzida na capacidade de gerar mudanças, temporárias ou permanentes onde se instalar. “Não mais arquiteturas necessariamente construídas num determinado 50
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lugar e presas a ele. Como premissa, nem mais arquiteturas que atendem a um determinado uso, inalterado desde sua concepção.” (Bógea, 2006) E, conjuntamente a estes conceitos, está o cinema. Em um contexto em que a imagem tornou-se um forte meio de comunicação, é importante entender o cinema como aliado nos processos de ensino sobre a diversidade humana e o dinamismo mundial. Mediante sua forte função político-pedagógica, torna-se possível construir ideologias e culturas de conscientização de maneira mais didática e interessante para a população, principalmente em regiões carentes. Assim, interligando itinerância e cinema, o projeto define-se como um centro cultural de cinema itinerante, cujo principal objetivo é disseminar a diversidade artística que a sétima arte representa, promovendo a conscientização da população como agente cultural e pensador crítico. Em termos de espaço e definição arquitetônica, por não possuir condições controladas do terreno de implantação, o projeto é construído de acordo com uma malha de orientação de 3mx3m, com 19 eixos horizontais e 19 eixos verticais. O sistema estrutural utilizado é o Sistema Multidirecional All- round LAYHER de andaimes. Este material foi
escolhido pela extrema versatilidade e flexibilidade que propicia na definição dos espaços. As atividades foram organizadas em cinco pavilhões: os Pavilhões de Criação e Produção, onde estão localizadas as oficinas educativas relacionadas ao cinema como figurino, fotografia, cenografia, entre outras; o pavilhão Administrativo, onde a equipe do [CINE²] estará instalada realizando a organização do conjunto; o Pavilhão Social, onde estarão cafeterias e lanchonetes locais e, finalmente, o Pavilhão Cinema, que traz a sala de exibição e um palco para apresentações teatrais e musicais. Como complemento das atividades e conceitos desenvolvidos ao longo dos pavilhões, três praças foram projetadas a fim de intensificar a experiência e o contato do visitante com as oficinas e com a sétima arte. A Praça Expositiva traz pequenos cenários interativos e trabalhos de alunos anteriores. A Praça Social constrói um espaço de estar com mobiliários em pallets e a Praça visual é onde se localiza a torre de observação do parque. Orientadora: Raquel Blumenschein Banca: Ana Suely Zerbini, Gustavo de Luna e Ivan do Valle
Imagens por Elizabeth Cristina Tenreiro Cavalcante.
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e.n.t.r.e.
espaço norte de transição e residência estudantil The project proposes a square for transition between two hybrids buildings in the block 607 in the “Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN)” in the north zone of Brasilia. The proposal is to create a high-quality urban space that exceeds the dimensions of the lot in order to welcome, encourage and attract the flow of people towards the University of Brasilia, between the roads L2 and L3 Norte (L2 and L3 North). Considering the current poor-quality of the student accommodation at UnB (University of Brasilia) and at other graduate schools of Brasília, the project of this hybrid building presents commercial use and services at the ground level between pilotis and student accommodations in upper floors.
Maíra Boratto Xavier Viana O Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN) e as vias L2 e L3 Norte formam um espaço de transição entre a Universidade de Brasília e a área residencial do Plano Piloto, as superquadras. Contudo, o principal campus da UnB começa a entrar em um processo de segregação do restante da cidade, o que se deve à falta de permeabilidade física no SGAN causada pelo uso do solo restrito ao institucional e a colocação de cercas ao redor das edificações existentes. Isso contraria o planejamento inicial da Universidade, que deveria atrair pessoas para suas atividades, fazendo com que o campus fosse parte da cidade. 52
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A proposta do projeto é ocupar o Setor de Grandes Áreas Norte com espaços públicos e edificações que prezem pela permeabilidade e facilitem, ao invés de dificultar, a passagem e o fluxo de pessoas no local, principalmente o maior fluxo que acontece nas superquadras residenciais e comerciais da Asa Norte até a UnB. Surgiu, então, a ideia de criar um espaço com edifícios híbridos permeáveis com pilotis e lojas no térreo e habitações nos pavimentos superiores. Sem muros e sem grades, como um espaço de passagem, de transição, com jardins e locais de estar. A ideia é atrair pessoas para o
local, melhorando a segurança e gerando ambientes de convívio agradáveis, e não somente um ambiente inóspito de passagem como acontece no local atualmente. O projeto em questão vai além do edifício em si mesmo, pois atinge o espaço urbano, ultrapassa o universo privado e invade o coletivo. As edificações, projetadas em concreto armado e estrutura metálica, pousam no terreno de forma a criar um espaço central livre, público e coletivo, a praça de passagem. A área de intervenção proposta tem dimensões de aproximadamente 378 metros de comprimento e, em alguns momentos,
Imagens por Maíra Boratto Xavier Viana.
pode chegar a 105 metros de largura, como na via L2. Porém, a dimensão principal da praça é de 50 metros de largura. Após uma análise histórica das residências estudantis da UnB, que desde 1970 não disponibiliza novas vagas para atender a um número de alunos que mais que dobrou desde então, e considerando também as demais faculdades do Plano Piloto, chegou-se à conclusão de que seria interessante ocupar esses pavimentos residenciais com habitações estudantis. São três tipos de apartamentos: um individual, com quarto, banheiro e varanda; outro compartilhado, com quartos separados,
varanda e banheiro compartilhados; e um adaptado, semelhante ao apartamento individual, porém, adaptado a portadores de necessidades especiais. Além dos apartamentos, as edificações possuem ambientes de uso comum: seis cozinhas, duas lavanderias, quatro salas de estudos e uma sala administrativa. Os edifícios são interligados por três passarelas em pavimentos diferentes para facilitar o fluxo interno entre os espaços comuns e integrar ainda mais as habitações. São quatro torres de circulação vertical com escadas e elevadores que dão acesso ao corredor de circulação dos pavimentos. Este corredor possui uma
espécie de banco-corrimão que cria um ambiente agradável de estar e integra os apartamentos à área comum. Abaixo do pavimento da praça, no subsolo, há um pavimento garagem com vagas para os moradores, bicicletário, sala de máquinas, depósito e algumas vagas rotativas. O quarto e último pavimento abriga um terraço-jardim para uso dos moradores, com vista para o Lago Paranoá.
Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Carolina Pescatori, Ederson Teixeira e Oscar Luís Ferreira Convidada: Thalita Fonseca 53
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a escala do pedestre e a escala gregária
plano de mobilidade para a área central do plano piloto de brasília - df How should we deal with parking lots, free areas and large avenues in downtown Brasilia? The proposal brought by the project "The Pedestrian Scale and the Gregarious Scale" pursues requalification of the urban center of Brasilia, optimizing circulation and improving housing areas by means of a technique of sprawl repair of the gregarious scale, emphasizing human scale. The analysis dealt with three scales of urban design – regional, urban and local – in order to present a sustainable mobility plan for the central area of the Pilot Plan of Brasilia.
Marco Antonio de Mello Estudar a forma urbana e suas consequências é compreender a vida das pessoas e o que elas fazem em sua cidade. O urbanismo é capaz de definir o que a cidade pode nos oferecer e como isso influencia nossas vidas. O centro urbano é área de grande importância na cidade, seja por motivos econômicos e políticos ou por motivos históricos e culturais; há sempre um interesse particular ali. O Plano Piloto de Brasília é um centro de grande destaque no Brasil devido à sua importância econômica e política nacional, histórica, bem como por ser centro urbano tombado e reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade, pelo IPHAN e pela UNESCO. A preservação do patrimônio local se dá por meio da valorização das escalas urbanas de Brasília, como definido por Lucio Costa: monumental, residencial, bucólica e gregária. Contudo, 60 anos após a criação de Brasília, os conceitos do Modernismo que definem sua estrutura urbana se mostram em falência. A forma urbana dispersa da cidade não favorece o encontro das pessoas. As distâncias são muito longas, a setorização de usos é disfuncional e as baixas densidades, seletivas. A escala humana parece ser ignorada; o caminhar é dificultado, seja pelas distâncias ou pela precariedade do passeio, e pedalar é, frequentemente, colocar a vida em risco. Sendo assim, para equilibrar esse sistema urbano, o trabalho propõe a requalificação da escala gregária, respeitando suas características originais e reforçando-as, de modo a conseguir um centro urbano mais dinâmico e adequado. O trabalho se divide em três etapas: diagnóstico, diretrizes e propostas, que são desenvolvidas em duas categorias: espaços de circulação e espaços de permanência. 54
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Imagens fornecidas pelo autor.
A mobilidade sustentável é a diretriz principal de projeto. E, dentro das categorias definidas, trabalhou-se prioritariamente o deslocamento sustentável de pessoas – caminhada e bicicleta. Além disso, foi trabalhada a oferta de atividades 24h por dia em 7 dias por semana, para viabilizar as mudanças desejadas. Seguindo esses preceitos, a área central de Brasília foi trabalhada em seu contexto local, central e regional. Na escala regional, compreendida como o conjunto do Plano Piloto, propõe-se a otimização da circulação por meio da integração dos diferentes modos de transporte coletivo. Na área central, correspondente à própria Escala Gregária, tem-se a otimização das seções viárias, inclusão de 18 km de ciclovia, criação de 17 novas áreas pedestrianizadas e 12 zonas de redução de velocidade. No que diz respeito à permanência de pessoas, há uma organização de área pública e ocupação dos bolsões de estacionamento e terrenos baldios, aumentando em 40% a taxa de ocupação do solo, incluindo residências e priorizando o uso misto. A escala do pedestre, ou local, apresenta-se em quatro percursos diferentes. Essa escala abrange as problemáticas encontradas e, por meio do desenho urbano, reforça e efetiva as propostas de mudança para a escala gregária através da criação de novas vias e aproveitamento de áreas livres, inclusão de ciclovias, zonas pedestrianizadas e de redução de velocidade e novas edificações de tipologia mista. Mas, ao mesmo tempo, respeita características já existentes, como vegetação voltada para o pedestre e o ciclista e definição de áreas públicas que possam oferecer espaços de qualidade à população.
Orientadora: Giselle Chalub Banca: Benny Schvarsberg, Monica Gondim e Tatiana Mamede Convidada: Erika Luz 55
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brasília 2032
postulação para os jogos olímpicos The project envisages a hypothetical and fictitious scenario where the city of Brasilia, relying on a favorable economic situation and large population support, decides to apply for the 2032 Summer Olympics as host city. An application file detailing the main determinants and urban propositions which are fundamental for the accomplishment of the Olympic Games in the Federal Capital was formulated. Thus, the project aims to raise Brasilia to the condition of "City of the Future", based on new concepts of urban modernity, such as the requalification of urban centers and the leading role of alternative mobility.
Matheus Augusto de Oliveira e Carvalho Em meio aos conturbados eventos da geopolítica mundial, os Jogos Olímpicos acontecem a cada quatro anos como uma forma de união entre os povos e celebração do talento e esforço humano. Graças ao seu caráter de interesse global que extrapola fronteiras nacionais, os Jogos são realizados de modo oportuno em diferentes locais do planeta, dando a cada quatro anos uma nova oportunidade para mais de uma metrópole exibir seu potencial urbanístico e ser colocada sob os holofotes do mundo ao sediar o evento esportivo mais renomado da Terra. 56
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Este trabalho formulou um dossiê de candidatura incluindo planos diretores para os polos olímpicos, contendo a distribuição de modalidades pela cidade, análise de condicionantes turísticos como capacidade hoteleira e aeroportuária, reformulação do sistema de transporte público e padrões de identidade visual e sinalização. Pretendeu-se, dessa forma, colocar novamente a cidade na posição de vitrine do país para o mundo, uma cidade moderna e inovadora. Tal pretensão foi ideada através da requalificação de centros urbanos, descentralização integrada
de equipamentos, mobilidade urbana, uso consciente das paisagens naturais e corpos d’água, importância do esporte para a qualidade de vida, turismo como gerador de renda, entre outros. Foram planejados cinco polos olímpicos, em diferentes pontos da cidade, dispostos em regiões subutilizadas ou carentes de revitalização. Nestes pontos foram distribuídas as arenas olímpicas, estruturas de apoio e alojamentos para delegações, onde cada uma conta com plano diretor e tratamento paisagístico inspirado em um dos cinco artistas de Brasília: Lucio
Imagens fornecidas pelo autor.
Costa, Oscar Niemeyer, Burle Marx, Athos Bulcão e Marianne Peretti. Em seguida, esses polos foram conectados por um sistema de mobilidade que atenda não apenas aos Jogos, mas também às demandas de Brasília a longo prazo. Os eixos de carregamento previstos para os próximos vinte anos foram analisados, bem como diferentes projetos de mobilidade que nunca saíram do papel, utilizando-se de modais como o VLT e o BRT para criar uma verdadeira malha integrada e articulada de transporte público para o Distrito Federal e entorno. Em seguida, pensou-se no futuro
da cidade e no legado que as Olímpiadas Brasília 2032 deixarão. Ao fim dos jogos, os polos olímpicos serão reapropriados como espaços públicos e centros urbanos, sendo renovados em regiões carentes de infraestrutura e revitalização. No Pólo Marianne Peretti, por exemplo, que inclui o Estádio Mané Garrincha e o Ginásio Nilson Nelson, as arenas olímpicas temporárias seriam desmontadas e vendidas novamente para dar lugar a inúmeros espaços: cinemas, escolas, lojas de materiais esportivos, academias, quadras de esporte, pistas de skate, fontes inte-
rativas, amplas galerias de lojas, bares e restaurantes com áreas sombreadas. Tais equipamentos seriam dispostos ao longo de um amplo domínio central com tratamento paisagístico. O projeto visa preencher o vazio urbano existente, articular o Setor de Administração Municipal aos Setores Comercial e Hoteleiro Norte e tornar a região mais confortável e convidativa ao brasiliense.
Orientador: Benny Schvarsberg Banca: Giselle Chalub, Monica Gondim e Tatiana Mamede 57
arqui #7
o lado b da w3
requalificação da via “w3 e meia” por meio de processo participativo The project “side B of W3” articulates a requalification project of the route “W3 e meia” (W3 and a half) with community involvement. This route houses business buildings of W3 Norte (W3 North), a major public transportation route of the Pilot Plan, where there is intense flow of people. However, its public spaces are in need of reforestation, pavement, street furniture and leisure elements. In this context, the local community of the chosen stretch, superblocks 715 and 716 Norte (715 and 716 North), had an important role in the process of outlining this project through surveys, interactive dashboards and meetings.
Nara Maria Costa da Cunha 58
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Imagem por Nara Maria Costa da Cunha.
A Avenida W3 nasceu juntamente com Brasília e, assim como a capital, sofreu alterações ao longo do tempo. Apesar de estar localizada no Plano Piloto, paralelamente ao Eixo Rodoviário, e ser seu maior corredor de transporte público, a avenida não é tratada como tal. Faltam espaços públicos acessíveis, arborizados e mobiliário urbano, o que acaba gerando muitas discussões em relação a sua caracterização e preservação. A parte sul, que foi construída e ocupada primeiramente, apresenta habitações de um lado e comércio do outro. Já a W3 Norte apresenta configuração diferente: comércio de um lado e uma rua de serviços do outro. A rua comumente chamada de “W3 e meia” e seu entorno são os objetos deste projeto. A área possui grande potencial, porém suas características físicas e padrões espaciais não são adequados, o que dificulta sua apropriação pela comunidade. Portanto, a partir de análises, foi escolhido um trecho da via, localizado na “ponta” da Asa Norte, para iniciar-se um modelo de requalificação das quadras 715 e 716 Norte por meio do processo participativo.
Tal processo foi de extrema importância para entender a real demanda da comunidade local, além de suscitar uma reflexão sobre uso, conservação e valor da “W3 e meia” para seus frequentadores. Para isso, durante o desenvolvimento do projeto, baseado na metodologia do grupo Periférico, foram utilizadas estratégias para o envolvimento comunitário e também táticas urbanas tais como o uso de painel interativo, questionários, piquenique comunitário, reunião com a comunidade para o jogo dos padrões e passeio guiado. Dessa forma, juntamente com o diagnóstico elaborado da área e seu entorno, o resultado foi uma proposta de requalificação da área em três escalas: a escala da via; a escala maior – da praça – e a escala dos espaços pequenos – becos, estacionamentos e espaços entre os prédios. Os objetivos gerais da proposta resumiram-se em maior acessibilidade, conexão e funcionalidade para o local em questão, bem com técnicas de infraestrutura ecológica para amenizar as enchentes na região. Partindo dessas ideias gerais, para a escala da via o projeto sugere nova
“W3 e meia”, um espaço compartilhado entre todos os meios de transporte, com elementos de acalmamento do tráfego, que também são elementos paisagísticos e de drenagem. Para a escala maior, onde há uma parada de ônibus muito utilizada e um grande espaço verde subutilizado, sugeriu-se a valorização de seu fluxo e dos usuários da parada, com maior cobertura para a espera do ônibus, mais quiosques do mesmo padrão dos que já existem no local, além das atividades demandadas pela comunidade. Os espaços menores, em sua maioria, são de conexão, e, de acordo com a frequência de seu uso, foram propostos elementos para marcar e melhorar seu fluxo, além de pequenas intervenções de lazer e contemplação. Por fim, acredita-se que com o diálogo e a participação da comunidade é possível realizar uma proposta que atenda funcionalmente a suas demandas, além de ampliar seu engajamento com a área. Orientadora: Liza Maria de Andrade Banca: Gabriela Tenorio e Tatiana Mamede Convidado: Luiz Eduardo Sarmento 59
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515 s
projetando para uma nova w3 “515 S- Designing for a new W3” focuses on the critical state in which one of the main avenues of Brasilia lies, the W3 Sul (W3 South). The road is one of the main axes of Brasilia, but it is in a state of abandonment. The project proposes to occupy gaps in the blocks 515 Sul (515 South) with architectonic interventions that enable a variety of uses and gatherings of people, thus fostering social appropriation of the spaces of W3 and a richer urban experience in that place.
Rafaela Gravia Pimenta A avenida W3, principalmente sua parte sul, é um dos principais acessos ao Plano Piloto. Consequentemente, diversas pessoas passam por ali todos os dias, seja de carro, transporte público ou a pé. Deste modo, há uma preocupação visível e necessária de revitalização ou minimamente de renovação do que é a W3 hoje. Visando a essa preocupação, algumas medidas provindas do governo foram tomadas, mas não incorporadas à realidade da avenida; enquanto isso, a sensação é que a W3 está apenas se tornando ainda mais abandonada e deteriorada, com diversas lojas fechadas, lotes vazios desde a construção de Brasília, além de calçadas destruídas e completamente inacessíveis. É visível que há pessoas que utilizam a W3 e passam por ela em seu cotidiano, contudo, não são atraídas por diversos trechos nem por seu espaço público. Apesar dos diversos problemas encontrados na W3 Sul, os quais fazem a avenida ser vista como um ponto degradado e decadente da cidade, a via possui inúmeras qualidades em potencial a serem exploradas. Em uma cidade moderna como Brasília, que tende a dispersar os fluxos de pedestres, poucos 60
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espaços urbanos têm o poder de concentrar pessoas como a avenida. Assim, não apenas as diretrizes urbanas devem ser destinadas aos espaços da W3 Sul, mas também opções de serviços privados que demandem um público que pretende usufruir da cidade. Desta forma, usos que fomentem a diversidade social e cultural na W3 sul devem ser pensados e discutidos para maior dinâmica urbana. Este trabalho se dispõe a gerar ideais urbanos e de ocupação que promovam melhor utilização do espaço público, com usos que mesclem o privado e o público, e que proponham maior interação urbana. Deste modo, a quadra 515 Sul foi escolhida para estudo e realização do projeto pela sua potencial localização e por ainda ser constituída de diversos lotes vazios. No total, são dois becos e quatro lotes vazios em uma mesma quadra, subutilizados como forma de estacionamentos e locais de entulho. O intuito do projeto foi criar edifícios nestes vazios da quadra, para que modifiquem o espaço da W3 Sul com projetos que proponham intervenções no meio urbano. Os conceitos utilizados englobam a interação e a integração, dinâmica do espaço, adaptação e
mudança, permeabilidade e visibilidade do espaço público e privado. A multiplicidade de usos é essencial para gerar vida nos espaços urbanos e, assim, é necessário ocupar os vazios existentes na quadra, utilizando-os para atividades de cunho cultural, semi-público e que proponham encontros. Deste modo, os três edifícios propostos nos vazios buscam manter interrelações de uso entre si, sendo o primeiro composto por um hostel e um coworking, além de um comércio no térreo do mesmo. O edifício central abriga uma grande praça para passagem e manifestações artísticas, além de contar com um café/restaurante, um bar em seu terraço, uma galeria ao ar livre e estúdios/escritórios particulares. O último edifício abriga jardins de respiro na cidade e uma midiateca que atende à região e ao seu entorno. Apesar de serem edifícios distintos e separados fisicamente, procurou-se manter a conexão por uma identidade única do complexo a partir de diretrizes projetuais e pela escolha de materiais. Orientador: Bruno Capanema Banca: Eduardo Rossetti, Elane Peixoto e Luiz Alberto Gouvea Convidada: Sandra Henriques
Imagens fornecidas pela autora.
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tema
transformações urbanas Cada vez mais presente nos projetos de diplomação desenvolvidos na FAU-UnB, o tema das requalificações urbanas demonstra o engajamento dos nossos futuros arquitetos nos problemas das cidades. O espaço urbano, aqui, é entendido como espaço economicamente produzido, socialmente vivenciado e apropriado, e que é transformado com base em ações racionais e afetivas. São apresentados, a seguir, projetos urbanos com foco em mobilidade, uso e ocupação do solo e reestruturação de paisagens, com escalas adequadas segundo as especificidades de cada intervenção. São trabalhos que levam em conta o tamanho das quadras para gerar mudanças na cena urbana; que fragmentam espaços superdimensionados utilizando elementos temporários ou definitivos, de modo a se adaptarem às necessidades dos cidadãos; que priorizaram pedestres e modos não motorizados de circulação na busca do equilíbrio urbano entre espaços dedicados à passagem e espaços de permanência. Esta temática compreende trabalhos dos seguintes alunos: Dalyana Lima Erika Saman Juliana Carvalho Lara Araújo Marina Eluan Taís Sobral Thais Lacerda
Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.
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no meio da cidade, há uma avenida (eptg) Dalyana de Medeiros Lima O objetivo geral do projeto foi transformar a avenida EPTG em uma via agradável para seus usuários, sem perder a vocação de servir ao tráfego pesado de longa distância. Para isso, como metodologia, foi necessário identificar os níveis de urbanização lindeiros de cada trecho. Os trechos classificados como mais urbanizados foram aqueles em que o uso residencial era predominante nos dois lados da rodovia. Para tanto, foram feitas as seguintes propostas: · Redução da velocidade sinalizada pela diferenciação do piso da rodovia ao longo de todo o trecho; · Aumento da arborização nas calçadas e canteiros centrais para proporcionar um fechamento ótico da via e contribuir também para a redução da velocidade; · Melhoria das calçadas; · Implantação de faixas de pedestres com semáforos com botoeiras; · Implantação de ciclovias nos dois lados da avenida; · Adaptação das estações do BRT no canteiro central com faixa exclusiva. Com o projeto, os trechos mais urbanizados da rodovia adquiriram feição de um bulevar e, apesar de terem a velocidade reduzida para 60 km/h, no cômputo geral de tempo, isso significaria apenas o aumento de 3 minutos de viagem para o trajeto em toda a rodovia de 20 km.
Orientadora: Mônica Gondim Banca: Benny Schvasberg e Giselle Chalub 63
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planejamento vivo
plano de uso e ocupação do campus darcy ribeiro Erika Saman D. Cesarino A cidade pode ser definida como um conjunto de ruas e edifícios cuja composição pode ser legível e, portanto, agradável. Um espaço com boa legibilidade influi positivamente no cotidiano do pedestre, facilitando seus deslocamentos. A fácil leitura de um bairro é particularmente importante onde predomina o uso público, como bairros centrais e áreas institucionais. Entretanto, isto nem sempre acontece. Este é o caso do campus Darcy Ribeiro, em Brasília, que, apesar de abrigar edifícios de arquitetura icônica, é de difícil leitura para o pedestre. O trabalho tem como intenção melhorar esse aspecto espacial do campus através de seu Plano de Uso e Ocupação, após entender a disposição de seus elementos urbanos – os edifícios, os cruzamentos, as ruas e os espaços livres – e como eles influenciam no cotidiano do pedestre, e na forma como se utiliza o espaço público da Universidade de Brasília-DF. Também se analisou o histórico de ocupação da UnB, como a Universidade cresceu e por que algumas decisões foram tomadas. O Plano revitaliza o espaço urbano do campus, intervindo no sistema viário e no sistema de uso e ocupação do solo. Através dos mapas gerados, é visível como o Plano prioriza o pedestre sobre o carro, e se integra melhor com o bairro que o circunda, devido a reorganização edilícia e diminuição dos espaços ociosos intra e em torno do campus. 64
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Orientadora: Mônica Gondim Banca: Gabriela Tenorio, Tatiana Mamede e Vânia Loureiro. Convidada: Mariana Bomtempo.
diretrizes e plano de ocupação para o parque da cidade Juliana Carvalho Mendes Ozelim O projeto reflete a variedade de atividades possíveis de serem abordadas pelas empresas privadas e pelo Governo. A proposta é fruto de preocupações acerca da infraestrutura atual e do modelo de concessão adotado pelo Governo. Os princípios projetuais são: ordenamento e princípios de uso e ocupação do solo, novos acessos para pedestres, transporte público exclusivo, novos caminhos conectados com os existentes, novas atividades para interesse público e privado e reestruturação do zoneamento. O Parque foi dividido em cinco zonas: Esportiva, Contemplativa, Cultural, Educação e Lazer e Administrativa. O projeto possui diretrizes específicas e gerais. A premissa é que o parque tenha diferentes empresas para administrar as diferentes atividades e espaços. As diretrizes específicas serão feitas para cada uma das áreas de atividades públicas e privadas. As empresas privadas não poderão cobrar acesso ao parque, pois muitos espaços permanecerão públicos. Elas somente poderão cobrar serviços e atividades oferecidas dentro de seu limite de ocupação estipulado no projeto. Será cobrada uma taxa mínima de aluguel das empresas para auxiliar na manutenção e qualidade dos espaços, e em atividades e equipamentos urbanos que permanecerão públicos. Serão vedados os usos industriais e residenciais.
Orientadora: Giselle Martins Banca: Carolina Pescatori, Elane Peixoto e Vânia Loureiro Convidada: Carina Folena 65
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a nova orla da unb Lara Araújo Garcia A área do Setor Península, apesar de próxima à zona central de Brasília, é isolada e ladeada por setores de grandes áreas como o IBAMA, a Universidade, os Correios, o Setor de Mansões Isoladas e Setor de Clubes. A morfologia mal definida dessas ocupações, junto com um precário sistema de mobilidade, gera grandes barreiras entre a cidade e o campus, e também entre o Setor Península e a área principal do campus. Este projeto busca dar soluções aos problemas analisados, além de buscar realizar a vocação natural de parque do Setor Península como área de relevância ambiental, que possibilite à população acesso à orla do lago e a sua área verde. Para isso, é proposto um novo zoneamento, dinamizando a área, associando e expandindo usos complementares de moradia social estudantil, expandindo as instalações institucionais do Centro Olímpico e da Faculdade de Educação Física e estabelecendo características de parque público para as vastas áreas verdes do terreno; além da reestruturação do sistema de mobilidade, priorizando os modos não motorizados e coletivos, com o intuito de melhorar e intensificar os acessos e os fluxos campus-campus, campus- Lago, Brasília-Lago. Por fim, é importante citar a adoção de técnicas de projeto de infraestrutura verde, harmonizando a ocupação do ambiente construído com o ambiente natural. 66
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Orientadoras: Flaviana Lira e Carolina Pescatori. Banca: Cristiane Guinancio e Mônica Gondim
parque urbano sensível à água praia do cerrado Marina Siqueira Eluan O enfoque do parque é a sustentabilidade do ciclo da água e a preservação do ambiente, coexistindo com a vivência da população na Orla do Lago Paranoá. A conexão da cidade é incentivada com a criação de uma passarela em baixo da Ponte Honestino Guimarães, que conecta o Pontão do Lago Sul ao Parque. O desenvolvimento do projeto utilizou dois métodos: uma tabela que aglomera padrões de linguagem para analisar parques urbanos sensíveis à água e o processo participativo. A tabela tem como fonte o trabalho da Doutora Liza Andrade, que correlaciona os padrões de linguagem de Christopher Alexander com as diretrizes definidas pelo programa australiano Desenho Urbano Sensível à Água. O processo participativo foi baseado na aplicação de um questionário aos usuários do parque e em informações fornecidas pelo criador do programa esportivo que acontece no local. A inspiração da forma orgânica do desenho urbano do parque são as ondas da água, e a geometria da arquitetura foi criada a partir das estruturas em membrana existentes no local. Uma área de restaurante, banheiros, decks, passarelas, lagoas de drenagem, quadras de esportes e um lookout formam a estrutura do parque, fornecendo uma área de lazer para Brasília.
Orientadora: Liza Maria Andrade Banca: Caio Frederico e Silva, Gabriela Tenorio e Tatiana Mamede Convidado: Luiz Eduardo Sarmento 67
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avenida são francisco um projeto de revitalização Taís da Silveira Eng Sobral A Avenida São Francisco é a principal e única via do Grande Colorado-DF responsável por articular o público com o privado. É importante por ser um espaço que pode ser compartilhado por todas as pessoas, entretanto, sua atual situação carece de atenção. O objetivo deste trabalho foi organizar o espaço urbano do perímetro da Avenida São Francisco, transformando-a em uma via bela, atrativa e integrada com seu entorno. Inspirado em uma metodologia de planejamento que prioriza as pessoas, o trabalho procurou estabelecer um projeto urbanístico capaz de promover segurança, conforto e prazer no ato de caminhar. A proposta de intervenção foi dividida em duas etapas: a primeira é uma intervenção de curto prazo, com a proposta de um novo desenho do sistema viário intervindo somente no espaço público; e a segunda etapa, uma intervenção em médio prazo, com a implantação de novas vias de acesso e com a retirada das barreiras dos condomínios, intervindo também no espaço privado. A Avenida São Francisco torna-se mais atrativa ao se integrar de forma mais harmoniosa ao tecido urbano, oferecendo espaços de lazer, padronização de calçadas, mobiliário urbano, arborização, implantação de ciclovias, organização de áreas de estacionamento, de redes de infraestrutura urbana, definição de gabaritos e de ocupação do solo. 68
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Orientadora: Mônica Fiuza Gondim Banca: Benny Schvarsberg e Giselle Chalub
a terceira margem requalificação da orla norte Thais Lacerda de Castro Ao longo da história, os corpos hídricos sempre tiveram importância nas cidades, desde suas origens até o imaginário coletivo. Em Brasília, o Lago Paranoá estava previsto desde a concepção urbana inicial, e sua integração com a cidade passou por diversas fases, tendo hoje um grande potencial de aproveitamento para lazer, apesar de apresentar diversos problemas de acessibilidade. O projeto consiste na requalificação da Orla Norte, uma região de encontro de importantes avenidas da cidade, caracterizada como uma área de barreiras físicas, principalmente para pedestres e ciclistas. A requalificação explora as potencialidades do lugar de maneira natural e sensível, preserva e intensifica a paisagem do Lago e a vegetação natural do cerrado, a fim de criar um parque urbano com diversidade de usos e percursos, que funcione tanto em escala da cidade, como em escala da vizinhança. Os percursos e conexões criados permitem e incentivam o deslocamento do pedestre e do ciclista por toda a região, com caminhos dinâmicos e diversos atrativos, como jardins, mirantes, apoios esportivos, passeios sobre o lago, entre outros. O projeto transforma os vazios urbanos e barreiras físicas em espaços de lazer e vivência da cidade, possibilitando uma transição harmônica e convidativa entre a escala residencial e a escala bucólica.
Orientadora: Elane Peixoto Peixoto Banca: Carolina Pescatori, Giselle Chalub e Vânia Loureiro Convidada: Carina Folena 69
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tema
novas formas de morar Habitar talvez seja a função primeira da arquitetura. Cabanas, domus, castelos, villas, palazzi, malocas, choupanas, entre outras, são denominações históricas do espaço de morar. Hoje, a ideia da casa, unidade unifamiliar tradicional conforme conhecemos, já não atende a todas as demandas da nossa sociedade. Na busca do abrigo, a arquitetura deve se adaptar aos novos arranjos sociais e econômicos e apresentar novos espaços de morar. Nesta edição da revista ARQUI, somos presenteados com estudos originais de possibilidades de habitação, desenvolvidos a partir de perspectivas diferentes mas com resultados que demonstram o saudável equilíbrio entre o conhecimento do passado e as aspirações atuais. Esta temática compreende trabalhos dos seguintes alunos: Ana Scalia Ariadna Jesus Diogo Augusto Juliana Monteiro Laianna Santos
Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.
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hostel container Ana Luísa Lauxen Scalia A palavra hostel serve para denominar um modelo de hospedagem com quartos coletivos e econômicos. Buscando ampliar esse conceito, o Hostel Container tem por objetivo ser não apenas um local para o hóspede dormitar, mas também um espaço acolhedor e seguro, com foco na troca de experiências, diversão, respeito à individualidade e praticidade para a estadia do turista em Brasília. Esses objetivos se refletem no projeto ao buscar boas áreas coletivas, atividades de comércio com foco no turista, diferentes tipos de quartos, acessibilidade em todo o edifício e excelente localização. O local escolhido para o hostel é um edifício abandonado na quadra 507 Sul, que propõe tirar o hóspede da inóspita zona hoteleira e colocá-lo na área residencial. Na quadra, o hóspede estará a apenas alguns metros de bares, restaurantes, mercados e de locais turísticos como a Igrejinha e a Superquadra 308, além do corredor de transportes que é a avenida W3. O projeto aproveita a estrutura do edifício abandonado, revitalizando-o, e cria, ao lado do prédio, uma nova estrutura feita com contêineres. A escolha desse material visa a mostrar essa inovadora e sustentável forma de construção aos brasilienses e às demais pessoas que passarem por ali.
Orientadora: Cláudia Garcia Banca: Eliel Santana e Maria Cecília Filgueiras Lima 71
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centro de convívio para terceira idade Ariadna Jesus Lopes da Silva O objetivo principal do presente trabalho é desenvolver no Gama/DF o projeto de um centro de convívio para pessoas idosas, onde elas possam ter acompanhamento especializado por profissionais preparados, realizar diversas atividades, conviver com outras pessoas da mesma idade e, assim, ter uma vida com qualidade e saúde física e mental. Além dos idosos residentes, a intenção do projeto é também proporcionar um espaço de convívio e atividade para os idosos que residam com a sua família. Desta forma, eles podem passar o dia no centro e retornar para casa à noite. O número de idosos que se pretende atender são sessenta residentes, e outros trinta que poderão passar o dia, totalizando noventa idosos. Por meio da arquitetura é possível conceber um espaço de qualidade com características acolhedoras que asseguram a estética e funcionalidade dos ambientes, de forma que consiga, confortavelmente, atender parte das necessidades dos idosos e fazer com que eles consigam ter o máximo de autonomia possível. Dois dos conceitos escolhidos foram bastante norteadores no desenvolvimento do projeto. Um deles foi o de pertencimento – adotar um caráter aconchegante para acolher os idosos–, o segundo foi o conceito de solidez – uso de formas arquitetônicas equilibradas para fortalecer a sensação de estabilidade e segurança. 72
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Orientadora: Raquel Blumenschein Banca: Ana Carolina Correa, Camila Sant’anna, Claudia Garcia
projeto 8 e 80
uma proposta para um abrigo intergeracional Diogo Augusto Lima Ribeiro Baseando-se nos já existentes intergerational learing centers, foram também levados em consideração aspectos sociológicos, educacionais, bioclimáticos e as normas de acessibilidade para a concepção do Projeto 8 e 80. A escolha dos conjuntos estruturais em madeira, dispostos como pórticos radialmente e que se tangenciam, busca uma analogia ao comportamento das bolhas de sabão. O uso das proteções solares coloridas também foi pensado com essa finalidade, além de servir para a orientação do usuário no espaço por meio da associação de cores. Tudo isso objetivando remeter a um conceito de “arquitetura divertida”. É preciso falar sobre a abordagem que o Brasil tem com seus idosos, demonstrando um exemplo de como é possível o uso da arquitetura para propor uma possível solução para o problema proposto. Almejou-se contrariar a visão negativa sobre a terceira idade, sendo esta vista como a inexorável transformação do ser em fardo, resultando, muitas vezes, em exclusão social e abandono. Pela interação entre idosos e gerações mais novas, elas terão muito a aprender de seus anciãos e anciãs, que, em contrapartida, ganharão com novas interações sociais e aprendizados, promovendo o respeito e a aproximação de duas matrizes geracionais inicialmente tão distantes.
Orientadora: Raquel Blumenschein Banca: Ana Suely Zerbini, Gustavo de Luna e Ivan Manoel do Valle 73
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(re)comece
recomeçar em algum lugar Juliana Monteiro de Carvalho No mundo, atualmente, existem 59,5 milhões de pessoas em situação de refúgio. Caso fossem a população de um país, representariam a 24ª nação mais populosa do planeta. Emergencialmente, essas pessoas são acomodadas em campos de refugiados, que são o produto final de parcerias entre diferentes organizações dispostas a colaborar. Ainda que as ações conjuntas sejam feitas em benefício dos desabrigados, são nítidas as diferenças entre os campos ao redor do mundo. Diferentemente do que se imagina, estes campos de refugiados tendem a durar em média 17 anos, contrariando o caráter de provisoriedade que estes ambientes aparentam ter. Sob esta problemática, o projeto (RE)começar tem como objetivo propor uma solução duradoura para os campos de refugiados, de forma igualitária, barata e sustentável. Sendo assim, o ponto de partida deste projeto foi a concepção de uma cidade mínima, modulada, centrada na lógica de ocupação. Essa ocupação mínima multiplicável é ocupada de forma gradual, conforme sua necessidade, até atingir o seu número máximo de ocupantes (7 mil habitantes). Esse novo conceito de cidade foi pensado de forma que possa gerar um sentimento de pertencimento, urbanidade e humanidade dentro deste ambiente emergencial. Outro ponto fundamental foi o foco nas pessoas. Desta forma, o desenho do módulo urbano favorece a escala humana e é o caminhar do pedestre que determina as distâncias a serem percorridas dentro deste bairro assim como o posicionamento de seus equipamentos urbanos. 74
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Orientadora: Raquel Blumenschein Banca: Ana Carolina Correia, Claudia Garcia e Camila Sant’anna Convidada: Ariane Borges
albergue comunidade Laianna de Souza Santos O reaproveitamento do contêiner de carga como elemento construtivo na arquitetura vem aumentando exponencialmente ao longo do tempo. Esse crescimento não se deve apenas ao seu caráter sustentável. São inúmeras as vantagens de se construir com contêiner, por conta de sua versatilidade, gerada pela modulação, a facilidade de transporte e a repercussão positiva na mídia. O principal ponto a ser alcançado é a geração de benefícios econômicos e sociais à comunidade, além de proporcionar ao turista uma verdadeira imersão na vida e no cotidiano dos habitantes locais. Para tanto, o conceito tradicional do funcionamento de um hotel foi totalmente deixado de lado. Nesta proposta, o hóspede poderá pagar por sua estadia através de serviços prestados à comunidade, sendo estes de qualquer natureza, desde que tragam benefícios aos moradores. Médicos, dentistas e outros profissionais da saúde poderão oferecer consultas grátis, professores poderão oferecer aulas de reforço escolar, advogados, arquitetos, engenheiros e muitos outras profissionais poderão também oferecer serviços de consultoria à comunidade. Ainda buscando a troca de experiências entre os próprios visitantes, são oferecidos dois tipos de hospedagem: a coletiva e a individual. Além disso, foi reservado um espaço de uso público da comunidade dentro do complexo, onde poderão ser realizados feiras e eventos culturais.
Orientador: Eliel Santana Banca: Cláudia Garcia, Maria Cecília Filgueiras Lima e Márcia Urbano 75
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tema
arquitetura e cultura Espaços culturais não configuram apenas espaços de espetáculos, mas também espaços de reflexão, de produção de conhecimento e de preservação de memória, cultura e arte, como nos mostram alguns projetos desenvolvidos na disciplina de diplomação da FAU-UnB. Os trabalhos apresentados a seguir consideraram diferentes manifestações artísticas e culturais. Os projetos tratam de espaços que visam a manter acervos e exposições, conservar e difundir música e artes audiovisuais, expondo os mais diversos testemunhos materiais produzidos pelo homem, além de proporcionar espaços qualificados para lazer e diversão. Esta temática compreende trabalhos dos seguintes alunos: Ana Luiza Meira Guilherme Floriano Helena Daher Mariana Cabral Marina Rebelo Paula Levi Raissa Monteiro Tamara Cortez
Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.
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clube do jazz Ana Luísa Meira de Oliveira O conceito principal do projeto é o movimento. Com base no fluxo de pedestres no terreno, foi possível reservar um espaço para a praça e desenvolver o edifício ao longo desses mesmos eixos. A partir da criação da área a ser trabalhada, o plano ganhou forma e evoluiu para ganhar dinamismo. A planta conta com salas de aula individuais e coletivas, administração, café, arquibancada para shows internos e externos, auditório com palco reversível, garagem subterrânea, banheiros e áreas técnicas. A acústica foi trabalhada em todo o edifício, com superfícies que promovem absorção, isolamento e difusão. A elaboração do projeto também levou em consideração insolação, ventilação e geração de energia através de placas fotovoltaicas. Além da preocupação com os espaços internos, a parte externa do edifício foi trabalhada para ser palco de shows e eventos. A grande praça é pensada para festivais de Jazz que sugerem o encontro do público, a troca de ideias e a apropriação do espaço pela cultura. Assim, o Clube do Jazz proporciona espaço de qualidade para ensino e apresentações musicais, participando da evolução do estudante e da transformação do público brasiliense como consumidor desse estilo musical de forma integral.
Orientador: Bruno Capanema Banca: Ricardo Meira, Ricardo Trevisan e Oscar Luís Ferreira Convidada: Thalita Fonseca 77
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edac
espaço de diversões, artes e cultura Guilherme Veloso Floriano Cultura é muitas vezes descrita como aquilo que define um povo, mas esse conceito vai muito além disso. Ao redor do mundo, manifestações de dança, pintura, música e outros produtos culturais são produzidos diariamente. A sociedade passou a se apropriar de lugares públicos para realizar essas produções, desde eventos gastronômicos a festivais de música. Uma das maiores deficiências desses espaços é a escassez de um edifício de apoio que seja totalmente voltado para áreas da produção cultural. Brasília não foge a essa regra, sendo uma cidade que conta com áreas livres bastante amplas, mas com falta de infraestrutura. Não existe um edifício na área central da capital que agregue todas as funções necessárias para eventos culturais em um só lugar. Pensando nisso, surgiu a proposta do EDAC, o Espaço de Diversão, Artes e Cultura. O objetivo do projeto é propor um ambiente que abrigue tanto um grande prédio flexível, com diversas funções, quanto uma praça convidativa para o público. O projeto, localizado no terreno ao lado do Hotel Nacional, no Setor Hoteleiro Sul, foi concebido como um ambiente de convergência de opções, um lugar onde qualquer um pode se divertir, produzir arte ou simplesmente vivenciar um espaço cultural. 78
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Orientador: Eliel Santana Banca: Marcia Urbano e Reinaldo Guedes Convidado: Sergio Parada
acumulação, infinito e um acervo a arquitetura do vinil Helena Daher Gomes Projeto arquitetônico de um edifício-sede para o enorme acervo de um colecionador/acumulador de discos de vinil. Como projetar um edifício para uma “coleção” de seis milhões de discos e ainda em expansão? A cidade de São Paulo é, em si, a metrópole máxima da acumulação. O fluxo incessante de veículos e pessoas é um paralelo ao “programa em fluxo” dos discos de vinil que, provenientes de todos os cantos do mundo, percorrem longos trajetos por mar, ar e terra. Partindo da negação de uma concepção estática da cidade, propõe-se um programa disperso na malha. A densidade do crescimento vertiginoso da metrópole deixa algumas falhas na trama irregular. Estes vazios seriam usados para implantar programas satélites relacionados à música. A sede central é um catalisador para essas pequenas transformações urbanas. O partido se desenvolveu a partir das muitas dicotomias relacionadas às peculiaridades do programa, como a torre que se reflete no subterrâneo – aqui a representação do egocentrismo implícito na acumulação desenfreada de bens ou na vontade “de ter todos os discos do mundo” – por outro lado, a torre que aflora é de acesso livre, um gesto de generosidade com a cidade e a cultura.
Orientadora: Luciana Saboia Banca: Ana Elisabete Medeiros, Carolina Pescatori e Cecília Gomes Convidada: Ana Clara Giannecchini 79
arqui #7
centro de inovação de brasília Mariana Frota Cabral A concepção do Centro de Inovação se desenvolveu a partir do desejo inicial de criar um edifício que, sem destoar da paisagem, fosse marcante e traduzisse arquitetonicamente sua função: um local de encontro, desenvolvimento e aprendizagem. Um espaço aberto para a cidade onde seus usuários se sentissem confortáveis e estimulados a interagir, apropriando-se dos espaços internos e do seu entorno. Dessa forma, o desenho do edifício começa com um bloco retangular, com a face da fachada principal aberta. A partir daí, o bloco é modelado e uma linha curva, mas não completamente orgânica, trabalha suas faces para trazer maior dinamismo e leveza para a edificação. Na parte central do edifício foi criado um vazio que atravessa verticalmente todos os pavimentos, criando um átrio verde e trazendo a escala bucólica presente no entorno do terreno para dentro do edifício. Na cobertura, mais jardins são inseridos para melhorar o conforto térmico do espaço e para tornar o terraço um espaço de convivência e contemplação. 80
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Orientador: Ederson Teixeira Banca: Ana Carolina Correia, Claudia Amorim e Paola Ferrari
complexo drive-in
a arquitetura como infraestrutura urbana Marina Nascimento Rebelo Brasília vem sofrendo uma transformação em sua dinâmica urbana: feiras, encontros gastronômicos, apresentações artísticas, festas e outras atividades reúnem uma população diversa do Distrito Federal em um único espaço, até então de uso escasso. A ideia do Complexo Drive-in veio dessa reapropriação “da rua” pelos brasilienses. Tendo em vista este contexto e o fato do autódromo ser um obstáculo urbano nos sentidos Norte-Sul e Leste-Oeste de Brasília, é clara a necessidade de um projeto que funcione como uma infraestrutura urbana que conecte o pedestre a essas infraestruturas. Propõe-se, então, um percurso contínuo parque à parque que cruza o autódromo através de uma passarela suspensa para pedestres e ciclistas. O traçado ortogonal contemporâneo da passarela metálica se contrapõe às curvas em asfalto e concreto do autódromo implementado nos anos 60. A mesma passarela abriga o Museu e a Biblioteca do Automóvel – hoje desativados –, cafés e locais para assistir às três telas do Cine Drive-in de cima – duas novas e a original –, configurando um programa que ocorre sobre o autódromo e, ainda sim, respeita o gabarito do marco visual presente: a tela original do Drive-In. Por fim, o Complexo Drive-in coloca pedestres e ciclistas em condição prioritária quando estão em constante movimento acima dos carros do autódromo ou mesmo estáticos no Museu.
Orientadora: Luciana Saboia Banca: Ana Elisabete Medeiros, Carolina Pescatori e Cecília Gomes Convidada: Ana Clara Giannecchini 81
arqui #7
instituto recrie
centro de desenvolvimento criativo para crianças Paula Maria Ribeiro Levi O projeto consiste em um Centro de Desenvolvimento Criativo. É um local focado no estímulo à criatividade de um único público: as crianças. Assim sendo, será uma instituição pública onde alunos de 0 a 14 anos poderão ter a oportunidade de descobrir, aprender e desenvolver suas habilidades, potencialidades e qualidades; conhecer quem realmente são, do que realmente gostam e o que os faz feliz de verdade. É um espaço que apresenta atividades diversificadas e complementares à escola tradicional, com a intenção de estimular o desenvolvimento artístico e pessoal das crianças. A intenção é ser um lugar onde elas aprendam a se relacionar e conviver socialmente de forma equilibrada e integrada por meio das artes, e entendam o que é ter autonomia, confiança e respeito. Isso será possível através de instalações arquitetônicas adequadas, com oficinas, aulas e workshops de dança; desenho, teatro, música, esportes, leitura, informática, gastronomia, meditação, circo, ou seja, o máximo de conhecimento possível que compreender a criatividade. Além disso, a proposta é receber crianças de diferentes idades para que elas possam se relacionar e aprender umas com as outras. O centro respeita a capacidade de compreensão de cada indivíduo e isso será evidenciado na disposição dos ambientes. 82
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Orientadora: Cláudia Garcia Banca: Bruno Capanema e Maria Cecília Filgueiras Lima Convidado: Igor Campos
centro cultural de eventos e exposições
intervenção na antiga sede do touring clube do brasil Raissa Monteiro Pimentel de Alencar Apesar do grande potencial quanto à sua localização privilegiada e ao seu papel de articulador urbano, o Edifício Touring sofreu e sofre com a subutilização, com uso incompatível ao definido para o Setor, com a degradação do seu entorno imediato e com o descaso das autoridades locais quanto a manutenção e preservação do patrimônio tombado pelo IPHAN e reconhecido pela UNESCO. O projeto de intervenção propõe retomar o caráter turístico cultural imaginado por Lucio Costa e Oscar Niemeyer para a edificação, de modo a criar no local e no caixão da estrutura – um dos quatro grandes espaços ocultos de sustentação da plataforma superior da rodoviária – adjacente a ele, o Centro Cultural e de Eventos e Exposições de Brasília. Além de abrigar e difundir as artes, o Centro Cultural faz uso da área livre entre o Edifício e a Biblioteca Nacional, da área livre entre o Edifício e o CONIC e da área desocupada do “caixão” para abrigar atividades de participação que possam trazer vivacidade para a área central, tais como eventos, feiras, oficinas, conferências, shows e diversos outros tipos de manifestações. O projeto mantém e evidencia o Edifício Touring como principal elemento da composição, ligando-o ao CONIC, no nível da Plataforma Superior da Rodoviária, por meio do novo desenho da Praça de Pedestre Sul e, no nível do Setor Cultural, à Biblioteca Nacional por uma grande praça arborizada criada. No interior da edificação dispõe-se a parte do programa mais acessível, compatível com seu caráter aberto e leve, como o museu local da cidade e o café cultural em sua varanda; e nos diversos níveis criados na área do "caixão", dispõem-se os usos e atividades de caráter mais fechado ou específico, que podem se beneficiar do pé direito alto e de certo isolamento luminoso e acústico, tais como auditório, palco e grandes espaços multiusos para eventos e exposições.
Orientadora: Luciana Saboia Banca: Ana Elisabete Medeiros, Carolina Pescatori, Cecília Gomes Convidada: Ana Clara Giannecchini 83
arqui #7
cine parque Tamara Cortez Grippe O Cine Parque pretende ser um complexo de cinema e gastronomia. Ele visa a atender a demanda do centro da cidade que é capital federal. Busca proporcionar atividades de lazer para as pessoas que trabalham no centro da cidade, seja nos setores bancários ou de autarquias, que são adjacentes ao lote que propõe ser implantado, seja na Esplanada dos Ministérios como um todo. Ademais, propõe oferecer opções de alimentação e busca atender a demanda por um espaço de entretenimento e lazer que valorize o cinema brasileiro, ou seja, é um espaço para todos. Tem ainda intuito de incentivar exposições, concertos, produções cinematográficas, workshops e demais eventos que possam acrescentar cultura ao moradores e visitantes de Brasília. O projeto teve como diretriz principal a inserção urbana através da observação dos dois fortes fluxos de pedestres existentes na área que hoje está vazia no lote e permitiu gerar travessias mais agradáveis. Ainda que haja permanência e convívio, independente de quantos volumes possam ser criados, o projeto pretende ser articulador do trajeto já mencionado e busca ser espaço para permanência, gerando convívio aos seus usuários. Para isso, é necessária uma área permeável e arborizada para dias quentes, contrapondo-se à porção sul do Setor Cultural. A ideia de criar um acesso através do nível superior do Teatro Nacional visou proporcionar ao usuário a vista da Esplanada dos Ministérios, além da praça, que une os volumes e cria um ambiente agradável e propício para a exibição de filmes de cinema ou espaço de happy hour após o trabalho. 84
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Orientador: Bruno Capanema Banca: Ricardo Meira, Ricardo Trevisan e Oscar Luís Ferreira
tema
cotidiano Engana-se quem acredita que a principal atividade do arquiteto seja a elaboração de projetos de grande complexidade. Não. Há um fazer no cotidiano que valoriza a simples, e não menos exigente, solução espacial para as atividades humanas diárias. A arquitetura pensada a partir do dia-a-dia é aquela que compreende as necessidades atuais de determinada população e, assim, é capaz de promover qualidade de vida de forma quase imediata. Não se trata de uma arquitetura menor ou de menor importância, ao contrário, são soluções que exigem sensibilidade e conhecimento, pois traduzem necessidades atuais reais. São trabalhos onde a criatividade é mais desafiada, como podemos verificar nos projetos desenvolvidos pelos alunos da FAU-UnB e apresentados a seguir. Esta temática compreende trabalhos dos seguintes alunos: Christanni Haddad Deborah Torres Hindenburg Coelho Marina Lira Mylena Lopes Leticia Lopes Tâmara Meneses
Todas as imagens foram fornecidas pelos autores dos trabalhos.
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arqui #7
centro esportivo parque da cidade Christiani Haddad O Centro Esportivo Parque da Cidade é um projeto idealizado para o maior parque urbano do mundo, que é centro de nossa capital e campo de interesse de diversos brasilienses. Sua concepção nasce e desenvolve-se a partir da latente decadência de sua Zona Esportiva (ZE), assim denominada por seu criador, Roberto Burle Marx. Tal área destinada à prática desportiva hoje sofre com o abandono e com a falta de interesse do público, devido à precariedade da infraestrutura oferecida e à falta de atratividade das atividades ou mesmo a ausência delas. O replanejamento da Zona Esportiva busca recuperar o caráter democrático e a vocação esportiva do parque através da consolidação e da implantação de diversas atividades que interagem funcionalmente com seu usuário; dessa forma, proporcionando lazer, conforto e incentivo ao desfrute das diferentes partes do projeto. O desenho paisagístico é inspirado nos traços de Burle Marx e, apesar de propor uma implantação distinta do projeto original do autor, integra de forma harmoniosa todas as funções esportivas e recreativas propostas. Orientado pelo desenho do novo lago, elemento indispensável para a proposta de recuperação do caráter bucólico e recreativo do espaço, o Centro Esportivo adquire uma nova identidade dentro do parque. Propõe assim transformar sua relação com a cidade balizando um novo horizonte de fruição do esporte público brasiliense. 86
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Orientadores: Camilla Sant’Anna e Oscar Luís Ferreira Banca: Bruno Capanema, Cláudio José de Queiroz e Leandro Cruz
divino espírito santo complexo paroquial Deborah Torres Cintra O Complexo Paroquial como um todo procurará reunir funções religiosas, tais como o espaço para celebração, aulas de catequese, espaço para festas etc., e incorporará a elas funções de cunho social, assim cumprindo o papel de apoio aos mais necessitados pregado pela própria religião católica, oferecendo serviços que pretendem agradar e atrair pessoas, independente de suas crenças, convidando-as a participar das atividades fornecidas pelo complexo e, com isso, estabelecendo uma aproximação com a religião cristã. De modo geral, o Complexo Paroquial do Divino Espírito Santo propõe, além do espaço da igreja em si, as seguintes funções: café, salas de aula, biblioteca, auditório, restaurante, creche, alojamentos e residência paroquial. As funções serão divididas em cinco blocos interligados por meio de pátios internos e praças, de forma a dar unidade à edificação. A primeira volumetria a ser pensada não poderia deixar de ser a Igreja, que atuaria como volume principal da edificação e marco de referência visual. O volume da Igreja baseia-se em uma repetição constante e ascendente, feita de tal forma que uma lateral do seu volume se sobressaísse, dando verticalidade a ele, realçando sua importância em relação ao complexo, que se afirma por sua função. A igreja foi, então, semi enterrada, de forma a exigir um mergulho para dentro da nave, gerando assim certa expectativa em relação a seu interior, que seria rodeado por um jardim interno. O volume da Igreja e uma ponta da edificação que sobressai em relação ao complexo, onde está localizado o café, conformam uma praça externa que fornece uma atmosfera agradável aos moradores da região, possibilitando-lhes desfrutar do complexo mesmo em horários em que não ocorrem atividades. O desenho da praça permeia toda a parte frontal do complexo, unindo o pátio interno à praça que se estende até o canteiro central, situado entre a W4 e W5 norte.
Orientador: Oscar Luís Ferreira Banca: Bruno Capanema, Ricardo Meira e Ricardo Trevisan 87
arqui #7
disco
casa noturna em brasília Hindenburg de Alencar Barreto Coelho Neto O projeto tem como principal conceito a integração, unindo quatro diferentes estilos musicais em uma única boate, em que cada andar tocará um gênero musical: Samba, Pop, Sertanejo e Eletrônica. O formato circular remonta ao início dos clubs – vinil, giro, movimento, dança, união. O local já é conhecido por ser um setor de realização de eventos, afastado o suficiente das zonas residenciais, com visual atraente para o Lago Paranoá e para a Ponte Juscelino Kubitschek, possuindo fácil acesso. DISCO é uma boate onde o público eclético se integrará no espaço público em seu entorno, desde o caminho para a entrada da festa. Círculos no piso iluminam o ambiente com tecnologia LED e ajudam a integrar o edifício ao espaço público. Food trucks servem o público, atraindo assim mais pessoas para o local. O térreo livre torna-se um mirante para o Lago e a Ponte, com um banco integrado em sua parte inferior, criando um ambiente bom para se estar, interagir e permanecer. O espaço ao redor, com uma mescla do público e do privado, também será um ambiente de lazer, bem-estar e alimentação; o Club, será um ambiente de diversão, interação, exploração de sentidos, entretenimento, deleite visual – nos andares superiores – e felicidade. 88
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Orientador: Ricardo Trevisan Banca: Bruno Capanema, Ricardo Meira e Oscar Luís Ferreira
a escola parque da 303/304 sul Marina Azevedo Lira A Escola Parque da 303/304 Sul supre parte da necessidade de educação pública de Brasília, sendo uma escola voltada para as aulas de artes visuais, artes cênicas, música e educação física. Atualmente, ainda existem na cidade lotes vazios que são destinados exclusivamente ao uso de Escolas Parque e, por conta disso, para o projeto, esse terreno foi escolhido. Localizado entre duas superquadras, o terreno tem um caimento de oito metros de altura entre os limites próximos à via W3 Sul e à igreja. Essa diferença de altura contribuiu para o partido do projeto, que também foi definido por três conceitos: flexibilidade, apropriação e valorização das áreas verdes (reforçando a ideia de parque da escola). Como resultado, tem-se o edifício principal de salas de aula bem marcado longitudinalmente, e, em suas laterais, seis blocos de apoio que contam com biblioteca, refeitório, administração, quadra coberta e piscina. Além da falta de uma escola parque nessa unidade de vizinhança, também não há áreas de lazer para os moradores. Tendo isso em vista, o edifício principal foi elevado sobre pilotis, criando um pátio coberto que se integra com as quadras esportivas e os pátios descobertos. Tal configuração atende à necessidade local ao permitir que a comunidade se aproprie do nível térreo nos finais de semana.
Orientador: Igor Soares Campos Banca: Bruno Capanema, Cláudia Garcia, Maria Cecília Filgueiras Lima e Wanda Meyer 89
arqui #7
comércio local norte Mylena Lopes Oliveira A proposta consiste no tratamento dos quatro blocos da CLN 105 como um conjunto, e da área pública adjacente. Os blocos são interligados de dois em dois, com um total de 38 estabelecimentos comerciais no térreo e 84 unidades de uso misto no 1º e 2º pavimentos, além de cobertura com área de lazer e sistema de captação fotovoltaica e elevadores. A intervenção busca melhorar o potencial de uso da área sem, no entanto, afetar os valores e atividades já existentes, melhorando assim os locais de alimentação, descanso e acessibilidade. Como uma forma de reabilitação, possibilitará um desenvolvimento contemporâneo do espaço e promoção da cultura. O uso comercial no subsolo foi eliminado e substituído por garagem coberta. Além disso, foram considerados sistema de brises para proteção da fachada e comércio; ventilação cruzada em todas as unidades; intervenção na caixa viária para a criação de uma calçada frontal contínua e nivelada e ponto de ônibus. As micro praças entre os edifícios aparecem como áreas de permanência, favorecendo a vitalidade do comércio e criando espaços públicos de qualidade para a vida urbana e as interações humanas no Comércio Local Norte de Brasília. 90
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Orientador: Eduardo Rossetti Banca: Bruno Capanema e Elane Peixoto Convidado: Luiz Alberto Gouvea
fábrica de reciclagem + parque da estrutural Letícia Lopes Viana Os conceitos norteadores do projeto foram: integração, permeabilidade, funcionalidade e sustentabilidade. A proposta pretende ligar a fábrica e o Parque da Estrutural à cidade, por meio de espaços verdes que são ausentes na região atualmente. O parque vai ser implantado sobre o atual lixão. Para isso foram consideradas algumas referências, como o Fresh Kills Park. Já uma das referências da fábrica foi o projeto da Fábrica Knorr-Bremse. A fábrica e o Parque são conectados de forma que um apoie a existência do outro e a ligação entre eles ocorra por meio de um grande portal que marca essa transição entre espaços. O projeto visa à conscientização das pessoas a respeito da reciclagem, de modo que uma das pistas de cooper do parque atravessará o complexo fabril. O projeto da fábrica teve como premissa atender à comunidade da estrutural, capacitando a população. Sendo assim, ele foi constituído por três blocos que abrigam diferentes funções: bloco de produção, bloco administrativo e o bloco profissionalizante e de educação infantil. Esses blocos possuem diferentes alturas, trazendo uma maior dinâmica para o espaço. A conexão dos blocos acontece por meio de uma grande passarela, um pergolado e uma cobertura. O bloco de educação infantil surgiu da carência de locais para as crianças na região, sendo assim, o complexo fabril incorporou essa necessidade dando um apoio completo aos usuários da área.
Orientadora: Maria Cecília Filgueiras Lima Banca: Claudia Garcia e Eliel Santana. 91
arqui #7
centro de ensino integral montessoriano Tâmara Meneses da Silva A escola tem uma função social e, portanto, um importante compromisso com a formação do cidadão e o fortalecimento de seus vínculos com a sociedade em que vive. A escola de período integral pode ser uma grande aliada no processo de formação de crianças e jovens, afastando-os da ociosidade. Por definição, a palavra integral significa inteiro, completo, total, o que é identificado nas diversas definições de escola e de educação propostas por Anísio Teixeira. A principal meta da educação integral é o desenvolvimento de ensino de qualidade, onde o cidadão, de maneira autônoma, consiga construir conhecimentos, atitudes e valores que o tornem solidário, crítico e criativo. Criada pela pedagoga Maria Montessori, a metodologia montessoriana valoriza a educação pelos sentidos e pelo movimento, estimulando a concentração e as percepções sensório-motoras da criança. As instituições montessorianas estimulam as crianças a desenvolverem a noção de responsabilidade pelo próprio aprendizado com a finalidade de adquirir autoconfiança. Diretrizes do Projeto · Evidenciar a claridade seja pela luz natural ou pelos materiais claros; · Escala da criança (mobiliário e pé direito); · Brises coloridos; · Aproveitar o desnível do terreno; · Ligação entre áreas internas e externas, acesso direto ao ambiente e ar livre; · Área verde, · Espalhar brinquedos pelos jardins e escola. 92
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Orientadora: Maria Cecília Filgueiras Lima Banca:Bruno Capanema, Cláudia Garcia e Wanda Meyer Convidado: Igor Campos
FAU PREMI ADA
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(re)fazer urbano vida e história no bairro buritis menção honrosa no concurso urban 21 Equipe // Giovanni Paulo Cristofaro, Juliana Alves Dullius, Juliana Rocha Jenkins de Lemos e Luiz Fellipe Machado Silva Orientadoras // Camila Sant’anna e Liza Maria Andrade Há muito o que ser feito nas cidades brasileiras no que diz respeito ao desenho urbano. Qualificar o espaço público, adensar a ocupação, potencializar infraestrutura ociosa, reconectar áreas desmembradas, melhorar o meio ambiente, dar uso a construções abandonadas. Pensando em questões como estas é que, em 2015, foi lançado o concurso universitário de urbanismo, URBAN21, iniciativa da revista PROJETO. Na segunda edição se inscreveram 99 instituições de ensino e 140 equipes, com 95 trabalhos entregues. Eles foram analisados pelo júri fixo do concurso - os urbanistas Elisabete França, Adriana Levisky, Marcos Boldarini, Carlos Leite e Marcelo Willer - e pelo jurado convidado desta edição, o arquiteto e crítico de arquitetura Guilherme Wisnik. Foram concedidas três menções honrosas no concurso, uma delas para o “(Re)fazer Urbano: Vida e história no bairro Buritis”, da Universidade de Brasília. A proposta consiste no redesenho urbano da Vila Buritis IV, bairro de Planaltina, região administrativa do Distrito Federal. O local resulta da última etapa do projeto de expansão do Bairro Buritis, iniciado em 1969 para receber 96
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estacionamentos
hortas urbanas
terraços verdes
escola
esportes traffic calming
bacia de infiltração
ZEIS
10/10
obrigação de um atendimento mínimo de unidades de HIS permitir a diversidade de tipologias e cultura local
vias verdes
via peatonal incentivo ao uso misto
usos não residenciais não contam como área constrída promoção da vitabilidade urbana
operação urbana consorciada
residencial geminado
poder privado assume a administração de parque e recebe benefícios urbanísticos promoção de espaços públicos de qualidade sem sobrecarregar o sistema
anfiteatro rebaixado
ciclovia
ESTATUTO DA CIDADE aplicação de instrumentos e estratégias de planejamento territorial como forma de garantir o compromisso social da proposta, inserida em um contexto de regularizações fundiárias e de interesse social
uso misto potencial construtivo adicional
aplicação de outorga onerosa pelo estado para promover melhorias urbanas promover o desenvolvimento urbano progressivo
ZEIS
parceria público privado
contarpartida do poder privado por benefícios urbanisticos recebidos
direito de preempção prioridade de compra de lotes estratégicos para o Município de Planaltina
50%
percentual do lote destinado a Habitações de Interesse Social
perspectiva feira de produtores locais
a população transferida de invasões do Plano Piloto de Brasília. Buscando não interferir no caráter histórico de Planaltina, esses assentamentos informais foram implantados sem conexão com a malha urbana existente, adquirindo função de bairros dormitórios e dependentes de centros próximos, sobretudo do Plano Piloto. Identificando os problemas e, a partir deles, possibilidades agregadas ao contexto da Vila Buritis IV, os estudantes da UnB propõem a criação de usos que possibilitem a permanência; infraestrutura ecológica; aproximação dos residentes ao espaço público; e habitações de cunho social. PARECER DO JÚRI A menção honrosa vai pela escala e soluções apresentadas para a ocupação e parcelamento da área. A solução espacial, por meio deste último e com a proposição de novas edificações, estabelece escala e densidade adequadas em torno do preexistente. Há integração com o espaço público, a malha urbana do entorno e a vegetação existente.
Textos extraídos de arcoweb.com.br Publicado em 10/11/2016 97
arqui #7
1° prêmio lasus fau premia projetos de graduação com foco em sustentabilidade
1° lugar // Vivianne Martins de Oliveira Miranda e Guilherme Nery Lacerda 2° lugar // Caroline Ferreira Fernandes e Gabriela Ribeiro Moura Leandra 3° lugar // Vanessa Jung Santos, Roberta Carolina e Pedro Rodolfo Construções sustentáveis levam em consideração uso de materiais, temperatura, solo, ruído, fluxo de pessoas, ventilação, uso eficiente de energia, integração com a vegetação, entre outros fatores. Esse conjunto de critérios é explorado no Laboratório de Sustentabilidade Aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo (LaSUS), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília, em funcionamento há 10 anos. Coordenado pela professora Marta Adriana Bustos Romero, o Laboratório ofereceu o primeiro Prêmio LaSUS, no início deste semestre. Participaram estudantes das disciplinas Projeto de Arquitetura 4 e 5. “Queremos que os alunos levem esse conceito de sustentabilidade incorporado desde muito cedo”, comenta Romero. Quatro grupos de estudantes foram agraciados em primeiro, segundo e terceiro lugar, e duas alunas receberam menção honrosa. “Todos os projetos tinham conceito de inovação urbana, proteção solar, preocupação com pedestre, mobilidade urbana, uso de determinados materiais e humanização dos espaços. Cada projeto focou num aspecto mas todos trabalharam a sustentabilidade”, comenta a professora Ana Carolina Sant’Ana, que, junto com professor Ederson Teixeira, leciona a disciplina Projeto de Arquitetura 5 – Edificações 98
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em Altura (PA 5). Participaram também os professores Caio Frederico e Silva e Ana Zerbini, da disciplina Projeto de Arquitetura 4 – Grandes Vãos (PA 4). “A ideia é valorizar o trabalho dos estudantes. As disciplinas PA 4 e PA 5 são bem parecidas e geram produtos muitos bons”, conta Sant’Ana. “Sentimos que estamos no caminho certo, passando informações para a vida deles e sobre a realidade do mercado”, continua. O projeto desenvolvido por Vivianne Martins de Oliveira Miranda e Guilherme Nery Lacerda, nomeado Espaço BSB, ganhou o primeiro lugar. No quinto semestre de Arquitetura e Urbanismo, os estudantes desenvolveram proposta de centro cultural multifuncional localizado no Parque da Cidade. “A ideia é que fosse um local que respondesse às necessidades reais da população brasiliense. Há uma demanda muito grande por espaços assim no DF, para eventos ao ar livre e gratuitos”, diz Vivianne Martins. “Fizemos um pavilhão com infraestrutura para a população. A ideia era aproveitar o terreno no Parque da Cidade, planejado para acolher grandes eventos”, completa Guilherme Nery. O pavilhão propõe um espaço com funções comerciais, expositiva e cultural. A dupla ganhou tablets pela proposta. “Tentamos fugir da Brasília do cartão postal. Tentamos mostrar o
que a cidade realmente é. Todo mundo, quando pensa em Brasília, pensa no Plano Piloto. Queríamos levar as pessoas a mudar a forma de pensar a capital”, conta Nery. Para tanto, os vencedores do prêmio projetaram um passarela que representa as regiões administrativas do Distrito Federal. “O intuito é ser flexível, adaptável a outras realidades, de forma que o espaço pudesse ser apropriado à demanda”, destaca Vivianne Martins. “Nossa ideia era não criar barreiras visuais e fazer um projeto que se integrasse ao parque”, continua Nery. Os critérios de sustentabilidade estão nas escolhas de materiais de construção. No chão, utilizaram piso hidrante feito de borracha reciclável, que segue o ciclo da água. Foram usados também painéis solares. “Para promover conforto térmico, o pavilhão é bastante aberto para que haja muita ventilação e baixo uso de ar condicionado”, afirma Nery. “A proposta era a de que fosse um centro cultural acessível. Queríamos um lugar realmente público, fácil de chegar. E o Parque oferece isso: é bem posicionado, tem estacionamento, tem acesso por ônibus”, elaboram os estudantes. “Nós produzimos muitas coisas legais na Universidade, que podem ir para a comunidade e gerar discussão”, pondera Guilherme Nery.
Espaço BSB, 1° colocado. Imagem fornecida pelos autores.
Pavilhão BSB, 2° colocado. Imagem fornecida pelos autores.
Projeto multifuncional em Águas Claras, 3° colocado. Imagem fornecida pelos autores.
Texto de Nair Rabelo Extraido de unbciencia.unb.br Publicado em 03/02/2017 99
arqui #7
os melhores trabalhos de conclusão de curso do brasil e portugal seleção do archdaily brasil
Autora // Eduarda Aun No início deste mês o ArchDaily Brasil lançou uma chamada convidando nossos leitores do Brasil e de Portugal que estão terminando a graduação a enviarem seus trabalhos de conclusão de curso, para que pudéssemos selecionar os mais interessantes e, assim, compartilhar com todo o nosso público. Entre 274 propostas enviadas – chamadas TCC’s, TFG’s ou Projeto Final de Curso, dependendo da região e instituição de ensino – recebemos trabalhos de diversos estados brasileiros, além de propostas de Lisboa e do Porto. Antes de apresentarmos as 21 propostas selecionadas pela nossa equipe de editores, é preciso dizer que os melhores TCC’s não representam, necessariamente, os melhores projetos que recebemos, mas sim os trabalhos que julgamos mais bem apresentados, graficamente interessantes e cuja temática nos pareceu mais oportuna a um trabalho de conclusão de curso. Mais que simplesmente resolver um projeto de modo satisfatório, entendemos que um TCC – por condensar os esforços do estudante em um momento de passagem da academia para a vida profissional (mas, importante mencionar, ainda fazendo parte da trajetória acadêmica) – deve levantar questões e incitar a discussão acerca do tema proposto. 100
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O AVESSO DE BRASÍLIA AO AVESSO Localizado no centro de Brasília, o Setor de Diversões Sul, mais conhecido como Conic, foi concebido por Lucio Costa como um lugar sofisticado e cosmopolita, que abrigasse funções voltadas ao comércio e ao entretenimento. Hoje é considerado por muitos como o avesso de Brasília. Devido a irregularidades durante a sua construção e, principalmente, aos usos e apropriações do espaço ao longo da sua história, é um lugar esquecido por boa parte da população e notadamente pelas autoridades locais. Por um lado, este abandono acabou gerando um espaço único em Brasília que reúne muita diversidade social e cultural. Por outro, o descaso acabou gerando sobras espaciais e lugares ociosos que poderiam ser melhor aproveitados. No entanto, é preciso intervir de maneira delicada e consciente para que no processo de melhoria do espaço não ocorra um processo de gentrificação, descaracterizando o Conic que conhecemos hoje. Nesse contexto, o projeto reforça soluções que envolvem a participação da comunidade, o urbanismo tático e a arte urbana como orientações da regeneração urbana e da valorização do Conic. Sendo um espaço de encontro, de criação artística, de engajamento social e político e de diversão e lazer, a ideia é transferir essas qualidades para fora, ou seja, virar o Conic ao avesso.
Texto extraido de ArchDaily Brasil. Publicado em 15/12/2016 101
arqui #7
33 casas de lina bo bardi prêmio unb de dissertação e tese em 2015
Autora // Maíra Teixeira Apaixonada pela arquitetura que reflete o habitante e seu contexto cultural, a arquiteta Maíra Teixeira vasculhou durante quase dois anos o acervo do Instituto Bardi, em São Paulo, com o objetivo de identificar os projetos habitacionais de Lina Bo Bardi. “Até então, a historiografia identificava sete casas concebidas por Lina. A tese revela 33.”, conta Maíra, ao lembrar o tamanho do desafio no início da pesquisa que desenvolvia na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de Brasília. "Queria estudar toda a produção habitacional de Lina. Mas esse universo é muito maior do que se imagina”, afirma. Graduada e mestre pela Universidade Federal de Viçosa, com doutorado pela UnB, Maíra – que hoje é professora de Arquitetura na Universidade Estadual de Goiás – diz que a obra de Lina Bo Bardi já lhe chamava atenção 102
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quando era estudante. “Sempre entendi arquitetura como produto cultural, resultado de determinado contexto. Lina era uma arquiteta que tinha esse entendimento”, conta Maíra. Ela explica que toda intervenção da arquiteta em determinado local era resultado dessa compreensão mais ampla sobre o lugar que seria habitado. “Quando o visitava, Lina concebia vários desenhos e aquarelas, buscando capturar a identidade e a dimensão daquele ambiente.” As casas projetadas por Lina entre as décadas de 50 e 80 eram mais do que casas modernas que primam pelo funcionalismo. “Trata-se de casas que também dialogam com as tradições locais e a paisagem natural, o que permite ao usuário se identificar com esse espaço e seguir com seu modo de vida”, destaca. Essa sensibilidade para interpretar o lugar em que ia inserir sua obra, em toda a sua complexidade, era um dife-
rencial de Lina, segundo a pesquisadora. “Assim foram suas intervenções no Pelourinho, em Salvador, onde ela, já a partir de suas primeiras visitas, buscava entender o ritmo, a rotina e a vida naquele lugar”, cita. “Lina era uma italiana muito brasileira”, diz Maíra. "Ao incorporar elementos da arquitetura popular em suas obras, ela revelou outro Brasil ao mundo. Esse é, sem dúvida, um dos maiores legados para a arquitetura brasileira”, avalia. Defendida em 2014, a tese As casas de Lina Bo Bardi e os sentidos de habitat foi orientada pelos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Sylvia Ficher e Andrey Schlee. Contemplado, em 2015, com o Prêmio UnB de Dissertação e Tese, o trabalho ficou entre os finalistas do Grande Prêmio UnB de Tese.
Primeiro projeto construĂdo da arquiteta, a casa do Morumbi. Foto de Instituto Bardi.
Lina Bo Bardi, aos 24 anos, um ano antes de se formar em Arquitetura. Foto de Instituto Bardi.
Texto de Erika Suzuki Extraido de unbciencia.unb.br Publicado em 16/01/2017 103
ENCON TROS
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pĂŠ na estrada bahia Presentation of the experiences acquired by the PĂŠ na Estrada team on the trip to the city of Salvador.
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Ô BAHIA BAHIA QUE NÃO ME SAI DO PENSAMENTO... Ary Barroso
O pródigo Ary Barroso localizou na Baixa do Sapateiro um lugar específico na cidade de Salvador, a Bahia, para narrar uma desventura amorosa. O encontro, o encantamento, a desventura e a desesperança do amor que foi perdido na Bahia demarcam apenas uma dentre as inúmeras imagens da cidade da Bahia no cancioneiro nacional. Salvador é pródiga em imagens e citações das mais eruditas às mais populares. Entre a franja de encosta e as múltiplas tonalidades das águas da baía, não é preciso botar a “mão no joelho” e “dar uma abaixadinha” para se encantar com uma cidade riquíssima, culturalmente forte e que possui mais de quatro séculos de arquiteturas e transformações urbanas, para além das pistas de sua toponímia. É preciso caminhar... é preciso deambular e perder-se pela cidade para poder experimentá-la e ter com ela um contato mais que visual.
Foto por Camila Garrido.
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Fotos por Camila Garrido.
Salvador segue sendo uma cidade importante para ser explorada em uma viagem didática com alunos da FAU-UnB. Visitar Salvador, ao longo de 5 dias em agosto, foi uma oportunidade de ter contato, conhecer e poder vivenciar espaços, edifícios e situações urbanas bastante diversas, com grande heterogeneidade de escalas, elementos e linguagens arquitetônicas, materiais construtivos e cargas simbólicas. O contato com uma cultura urbana eivada de práticas e valores da matriz cultural africana —que define parte substantiva da cultura nacional— se revela em miríades de situações. Seja nas práticas sincréticas, seja no acarajé do Largo da Mariquita, seja na Feira de São Joaquim ou numa visita à Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, é importante vivenciar espaços e situações de outra cidade com a aguda curiosidade própria de jovens estudantes. Mesmo imersos numa dinâmica de informação excessiva, é sempre um exercício instigante poder tensionar quais aspectos, valores e impressões que formulamos sobre uma cidade antes e depois de conhecê-la em uma viagem. 108
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Neste exercício de antes/depois é possível calibrar nossa percepção, bem como ratificar a importância de estudar continuamente a fim de ampliar nosso domínio sobre as histórias da cidade e de suas arquiteturas. O roteiro da viagem se estruturou por territórios e lugares estratégicos, propondo deslocamentos a fim de possibilitar um entendimento propedêutico da cidade. É impossível “conhecer uma cidade” em quatro ou cinco dias, mas é possível conhecer algo substantivo desta cidade, mesmo que isso corresponda a um fragmento de sua complexidade contemporânea. Entre fortes, igrejas, monumentos, ladeiras, ruas sinuosas, praças, casario de feição colonial e arquiteturas do século XIX, edifícios modernistas e obras mais recentes, ruelas, grandes avenidas ou grandes aberturas visuais para a Baía de Todos os Santos, Salvador foi sendo revelada... Salvador continuará sendo uma cidade que não sai do pensamento e permanecerá em estado latente para ser explorada em novas e instigantes incursões.
Texto da Eduardo Rossetti. www.penaestradafaunb.wixsite.com facebook.com/penaestrada.faunb penaestrada.faunb@gmail.com 109
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semana escala semana universitária da faculdade de arquitetura e urbanismo da unb
The Escala (Scale) aims at promoting a week of a series of events in which students have the opportunity of getting in touch with aspects that may have been less approached during the graduation period. This edition theme evokes the architectural jargon "one to one" (1:1), with the purpose of analyzing the School of Architecture and Urban Planning of UnB, considering learning processes, internal and external relations and the alumni. The theme was divided into three thematic axes which address the scales used in projects. The scale "One to Ten" (1:10) considers students' relations amongst themselves, "One to a hundred" (1:100) relates directly to the student with the school, whereas one reflects the other in shaping the future professional, and the scale "One to a thousand" (1:1000) discusses the relationship of the architect and urban planner graduated in FAU-UnB with the society, how it is influenced by him and how he may act upon it.
Liza Maria de Andrade O papel histórico do estudante na Extensão e a importância da Extensão na formação do estudante No Brasil, a prática de atividades de Extensão Universitária teve início no começo século XX, na mesma época da criação do ensino superior, tendo seu primeiro registro no Estatuto da Universidade Brasileira. A Extensão, na Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional de 1961, é tratada como uma modalidade de curso, conferência ou assistência técnica rural, destinada àqueles que possuem diploma universitário. Dessa forma, a extensão voltava-se para os interesses da classe dirigente, fortalecendo as finalidades das universidades para o progresso da ciência, por meio da pesquisa, e transmissão do conhecimento, através do ensino. Havia um distanciamento entre a população e tais ações extensionistas, bem como entre a Pesquisa, o Ensino e a Extensão. O Movimento Estudantil no início dos anos de 1960 teve um papel importante na transformação da Extensão, que visava à discussão dos problemas político-ideológicos e da educação no contexto de ações nas universidades voltadas para as populações carentes, com predomínio do assistencialismo. Contudo, tais ações eram esporádicas e pontuais, desvinculadas dos planos pedagógicos e da pesquisa. Com o Golpe Militar de 1964, tais experiências foram interrompidas, voltando a ser exercidas novamente no Projeto Rondon em 1966 e com a criação dos Centros Rurais Universitários de Treinamento e Ação Comunitária. Com a Reforma Universitária de 1968, a Extensão retoma sob a forma de cursos e serviços especiais estendidos à comunidade, ainda de cunho assistencialista, desvinculada do ensino e da pesquisa. Somente com a Constituição Federal de 1988, no artigo 207, estabelece-se como meta a indissociabilidade entre Pesquisa, Ensino e Extensão. O Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras – FORPROEX, criado em 1987, contribuiu ativamente para a estratégia de articulação da Extensão com o Ensino e a Pesquisa, tendo em vista o compromisso social da Universidade Pública. Na visão do FORPROEX, o tripé Ensino-Pesquisa-Extensão deve ser o eixo de formação do estudante, no qual a graduação se torne um espaço de construção do conhecimento em que o estudante passa a ser sujeito crítico e participativo. Ao serem confrontados com a realidade, professores e estudantes são sujeitos do ato de aprender e de produzir conhecimentos. O espaço dentro e fora da 110
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universidade é onde se realiza o processo histórico social vivido por diferentes atores, uma forma de democratizar o saber acadêmico, ou de “ecologizar” os saberes, segundo Boaventura de Souza Santos, incluindo também o saber popular no processo de formação acadêmica-científica. A Semana de Extensão da UnB, hoje denominada Semana Universitária, que ocorreu entre os dias 24 e 27 de outubro de 2016, teve como proposta a discussão da questão da diversidade e da pluralidade com o tema "Diferenças que somam, ideias que multiplicam". A expectativa do Decanato de Extensão era reunir até 10.000 alunos no campus da universidade, numa oportunidade para promover reflexões sobre o “papel da instituição na formação do estudante, não só como acadêmico, mas como cidadão do mundo, por meio da indissociabilidade entre Ensino-Pesquisa-Extensão”. A SEMANA ESCALA da FAU-UnB tem se destacado no âmbito da UnB na organização da semana universitária, considerando que os estudantes assumem a gestão do processo, desde a formulação do edital para oficiantes, inscrição, desenvolvimento do cronograma e preparação dos espaços para as atividades no formato de oficinas de 4 horas, minicursos de 8 horas, mesas redondas de 2h, palestras de 2h e exposição e vivências externas. É um projeto que visa a promover atividades pertinentes à formação dos estudantes tanto nos aspectos relacionados à arquitetura e ao urbanismo, quanto nas discussões sobre as questões sociais, ambientais e econômicas que estão relacionadas ao futuro da profissão. Esta iniciativa intensifica o papel dos estudantes na Extensão e na discussão dos problemas político-ideológicos, como no passado, e fortalece a Extensão na formação dos estudantes. Entre as inúmeras atividades e cursos propostos pelos próprios estudantes, algumas se destacam como atividades de extensão de ação contínua, como o CASAS, em processo de institucionalização na Extensão, o Pé na Estrada com o Pé no Ensino, o Periférico, o Jardim da Louise e a Revista ARQUI. Algumas palestras também foram realizadas como subsídios de discussão para a construção de um novo Plano Político Pedagógico da FAU-UnB, coordenado pelo professor Jaime Almeida.
Luiza Dias Coelho, Isabela Bandeira, Isabella Rodrigues Nascimento, Beatriz Vicentin Gonçalves, Sofia de Freitas Portugal, Camila Jurema Garrido Leão, Amanda Vital Barbosa, Elisa Bermudez Zaidan, Iara Martins Carvalho, Luiz Fellipe Machado Silva, Gabriel Elias Parente Oka, Átila Rezende Fialho, Raquel Vitória Silva de Souza, Melissa Caetano Melo, Rayssa Ferreira Soares, Júlia dos Anjos Marques, Sacha Quintino Pereira, Rayan de Sant'Anna Silva, Manuella Monção Gonçalves e Isabella Cristina de Farias Goulart 111
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CASAS
Foto fornecida pela Equipe da Semana Escala.
Dentre as atividades desenvolvidas pelo CASAS, coordenado pela professora Liza Andrade, foi realizada uma visita técnica em conjunto com os técnicos da CODHAB para conhecer o trabalho do órgão em Assistência Técnica na Estrutural e no Sol Nascente. Foi desenvolvida uma parceria com o coletivo Mercado Sul Vive. Houve também uma exposição na UnB apresentando os produtos do coletivo, cultivados no local da ocupação. Foi realizada uma oficina com um dos produtores locais. Outra oficina realizada foi em um pré-assentamento em Brazlândia, onde os participantes puderam produzir o BTC, também conhecido como tijolo ecológico. Foram realizadas palestras abertas ao público com temáticas diversas. Tomaz Lotufo, um dos convidados, apresentou seus projetos como arquiteto e permacultor, Heliana Mettig apresentou o trabalho que realiza com o projeto de Residência na UFBA e tivemos um membro da USINA-CTAH, Maiári Lasi, que exibiu os projetos do grupo em Assistência Técnica. Texto de Beatriz Vicentin Gonçalves e Sofia de Freitas Portugal.
PERIFÉRICO
Foto por Bruno Ganem.
Visando melhorar a atuação dos arquitetos na produção do ambiente construído, que ainda gira em torno de 8%, o grupo “Periférico, trabalhos emergentes”, da FAU-UnB, coordenado pela professora Liza Andrade, surgiu para atender uma grande demanda de projetos sociais que o escritório modelo CASAS não consegue suprir. O grupo busca trabalhar com temas marginais, pouco abordados nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, envolvendo as comunidades na participação da elaboração de projetos de arquitetura e urbanismo nos Trabalhos Finais de Graduação. Até o momento, foram desenvolvidos os seguintes temas: habitação social no campo e na cidade, equipamentos socioculturais em territórios quilombolas, espaços socioprodutivos no campo, equipamentos comunitários, plano de bairro, espaços públicos e parques urbanos. O grupo vem atuando em áreas periféricas do Distrito Federal – como Itapoã, Ceilândia, Vila Telebrasília, Vila Planalto, Vila Cauhy, Varjão –, na região do entorno do DF em Goiás – como Luziânia e Valparaíso – bem como assentamentos da reforma agrária na região de Planaltina – como o Assentamento Pequeno William do MST e a cidade de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros -, além de áreas centrais, como o CONIC. Na Semana Escala os estudantes Daniel Melo, Kariny Nery, Caio Damasceno e Nara Cunha apresentaram seus trabalhos finais, contando a experiência de trabalhar o processo participativo envolvendo as populações. Texto de Liza Maria de Andrade
LITRO DE LUZ O Pé na Estrada realizou atividades em conjunto com o Litro de Luz, uma organização não governamental, presente em mais de 21 países, que busca o desenvolvimento comunitário através da capacitação e ação conjunta de voluntários e moradores. Com foco na iluminação pública, utiliza uma fonte de luz econômica e ecologicamente sustentável voltada para quem não possui acesso à eletricidade ou recursos para arcar com ela. O Litro compartilhou suas experiências e o modo como realizam o trabalho em diversas comunidades no Brasil. Em um segundo momento foi realizado um workshop de ideias para o design de um novo poste para o Litro de Luz. Foto por Nayane Machado.
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Texto de Equipe Pé na Estrada
PÉ NA ESTRADA
Foto por Dante Akira Uwai.
Além de fazer parte da Comissão Organizadora, o Pé na Estrada promoveu quatro atividades na Semana Escala 2016, dentre as quais dois passeios pelo Campus Darcy Ribeiro. O primeiro foi realizado com 70 crianças da Escola Classe Aspalha, com o intuito de mostrar a elas um pouco da história do Campus e de seus principais edifícios como o ICC, a BCE e a Reitoria. Após o passeio, foi realizada uma brincadeira em que as crianças deveriam associar as fotos dos edifícios visitados com seus respectivos nomes, como um jogo da memória. Para essa atividade, contamos com a ajuda de alunos monitores, das professoras da Escola Aspalha e das professoras Elane Peixoto e Carolina Pescatori da FAU-UnB, que foram as guias e compartilharam seus conhecimentos com as crianças. O segundo passeio foi o Ponta Pé: a história do Campus com Humberto Pellizzaro. Humberto é um grande conhecedor da história do Campus Darcy Ribeiro, estudou no CIEM, um conceituado colégio da UnB, e graduou-se em Engenharia Eletrônica. Na sua longa passagem pela universidade como aluno, professor e funcionário, foi testemunha de acontecimentos marcantes de sua história, participando ativamente da vida universitária, em nível local e nacional, e compartilhou um pouco de sua vivência. Texto de Equipe Pé na Estrada
WORKSHOP JARDIM LOUISE RIBEIRO
Foto fornecida pela Equipe da Semana Escala.
Na Semana Universitária da Universidade de Brasília, os alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-UnB), em parceria com o grupo PET-BIO, reuniram estudantes, professores e profissionais, com o intuito de realizar ciclos de palestras e oficinas interdisciplinares que discutissem o direito à cidade das mulheres, em homenagem à luta das mulheres e, em especial, à aluna de biologia Louise Ribeiro, vítima de feminicídio no Campus Darcy Ribeiro há um ano. A proposta contou com a colaboração de professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-UnB), Gabriela Tenorio e Frederico Flósculo, professores do Instituto de Biologia (IB-UnB), Roberto Cavalcanti, Isabel Schmidt e Sarah Caldas, e professores e profissionais de outras instituições: professora Tatiana Lionço (IP-UnB), Luiza Dias Correa e Alyssa Volpini (Coletivo Arquitetas Invisíveis), professora Camila Gomes Sant' Anna (CAU-UFG) e os paisagistas Mariana Siqueira (Escritório de Arquitetura da Paisagem Mariana Siqueira) e Raul Isidoro Pereira (Raul Pereira Arquitetos e Associados). Este evento resultou em intervenções pontuais e temporárias no jardim do IB, no qual um desenho de mobiliário de pallets, com o plantio de espécies nativas, foi pensado para estimular o uso pelos estudantes da área do Ipê Rosa, plantado em homenagem à Louise e de iniciativa da direção do IB. Além disto, cartazes com artes e frases de apoio e denúncia foram elaborados pelos participantes do workshop e colados no local. Esse foi o pontapé inicial para a implementação do projeto participativo paisagístico, com espécies nativas do Cerrado, Jardim Louise Ribeiro no Instituto de Biologia. Uma grande cobertura em bambu foi proposta pelo grupo Bambuco, com o apoio do professor Jaime Gonçalves (FAUUnB). Este workshop se mostrou uma experiência enriquecedora de intercâmbio de conhecimento entre os alunos do IB e da FAU. Texto de Camila Gomes Sant'Anna, Caroline Ferreira Fernandes e Bruna Braz 113
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workshop design em revista In the workshop put on by the ARQUI designers Gabriela Bílá, Marilia Alves e Luiz Eduardo Sarmento, architects who graduated from FAU-UnB, with support of Karolyne Godoy, a debate was held over the close relationship architecture has with publications and graphic design, as well as over the role of new prototyping tools in the production of graphic resources. The theoretical discussion was followed by a hands-on typesetting exercise.
Texto de Marilia Alves. 114
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Muitos arquitetos, antes mesmo do término de sua formação acadêmica, trabalham e pesquisam no ramo do desenho gráfico, uma vez que a natureza multidisciplinar da arquitetura estimula a preocupação com as mais variadas formas de representação visual. Considerando essa característica dos estudantes de arquitetura, o minicurso de programação gráfica e produção editorial foi organizado junto com a sexta edição da revista ARQUI. Em sua segunda edição, o curso foi organizado em dois módulos, oferecendo aos alunos embasamento teórico sobre várias maneiras como uma revista pode ser pensada e editorada, para depois, em um exercício prático, diagramar e criar parte da identidade visual de uma revista no formato da ARQUI. O curso foi ministrado por membros da equipe editorial da ARQUI e também responsáveis por seu projeto gráfico atual, Gabriela Bílá, Luiz Eduardo Sarmento e Marilia Alves, arquitetos formados pela FAU-UnB. O minicurso foi organizado pelo Laboratório de Produção Gráfica e Editorial da FAU-UnB, coordenado pela professora Maria Fernada Derntl, com monitoria da aluna Karolyne Godoy.
Fotos por Marilia Alves e Gabriela BĂlĂĄ. 115
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Imagens fornecidas pela organização do evento.
existe uma cidade além dos edifícios? em busca da urbanidade no recife, palestra de luiz carvalho filho
Inserida no debate sobre densidade, forma urbana e qualidade espacial, a palestra traz à Brasília, mais uma vez, o Recife. A partir da revisão teórica do conceito de urbanidade, o Recife se revela primeiro em números da evolução do seu espaço construído. Depois, em tipologias arquitetônicas, espaços e sistemas de transporte identificados ora como restrições, ora como potenciais para a urbanidade nos domínio público e privado, uma urbanidade em diferentes 116
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dimensões que resulta no caráter local da cidade. Por fim, a capital pernambucana se apresenta como objeto de planejamento urbano, base de hipóteses para regras ou instrumentos urbanos que apontam soluções possíveis para um melhor desempenho da cidade, como lugar de encontro e troca. Em busca da urbanidade no Recife a dissertação que serve de alicerce à palestra, responde que sim, existe um Recife além dos edifícios!
Texto de Ana Elisabete de Medeiros
por uma nova agenda urbana
palestra de thiago de andrade O secretário de Gestão do Território e Habitação (Segeth), Thiago de Andrade, esteve na FAU-UnB apresentando o balanço das ações de governo em prol do ordenamento territorial no Distrito Federal. Em 2016, a Segeth e a Codhab (Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF) lançaram o Habita Brasília, a nova política habitacional que, pela primeira vez no DF, concilia a oferta de moradia com o planejamento
da cidade. Outros temas sensíveis são as novas propostas para Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), que têm sido construídos com a participação da sociedade civil. Paralelamente, destaca-se a edição de importantes leis urbanísticas como o Polo Gerador de Viagens (PGV) e o Decreto. Em fase final, estão a Lei da Compensação Urbanística, a Lei da Permeabilidade e o novo Código
de Edificações do DF, a ser enviado à Câmara Legislativa do DF. O presidente da Codhab, Gilson Paranhos, também compareceu ao encontro, apresentando as ações que envolvem a produção de unidades habitacionais, a regularização fundiária e a prestação de assistência técnica à população de baixa renda para projeto e construção de suas moradias. Texto de Cristiane Guinancio
o II ciclo políticas urbanas e regionais no brasil O II Ciclo Políticas Urbanas e Regionais no Brasil teve como objetivo apresentar e debater as diversas políticas urbanas e regionais no Brasil, a partir do olhar de pesquisadores de órgãos governamentais, incluindo a Universidade, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (IPEA), o Ministério de Ciência e Tecnologia, o Ministério das Cidades, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Secretaria de Relações Internacionais e Federativas-Prefeitura Municipal de São Paulo. O debate procurou abarcar as diferentes temáticas debatidas no âmbito das políticas urbanas e regionais,
incluindo o desenvolvimento urbano e as problemáticas ambientais dos municípios, temas relacionados ao patrimônio histórico-arquitetônico como processo de planejamento, assuntos relacionados ao campo da economia urbana e regional e ao desenvolvimento regional e das regiões metropolitanas no marco dos Estatutos das Metrópoles e Cidades. A conferência de abertura foi ministrada pela Profa. Dra. Marília Steinberger, do Departamento de Geografia da UnB, com o título A Retomada da Formulação de Políticas Urbanas e Regionais. O II Ciclo foi organizado pelo Grupo de Pesquisa em História do
Urbanismo e da Cidade – GPHUC-UnB/ CNPq, e foi coordenado pelos professores Rodrigo de Faria e Carolina Pescatori, e pela Coordenadora de Fomento e Fiscalização do IPHAN, Sandra Rafaela Magalhães Corrêa. O Ciclo ocorreu em conferências semanais, entre os dias 6 de maio e 24 de junho de 2016 e foi ofertado como uma atividade de extensão, oferecendo certificados aos participantes assíduos. No momento, os organizadores estão preparando uma publicação com as conferências, em parceria com o IPEA. Texto de Carolina Pescatori 117
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landscape as urbanism palestra de charles waldheim Ao longo das duas últimas décadas, a paisagem tem sido reivindicada como modelo e meio para a cidade contemporânea. A Paisagem como Urbanismo convoca uma série de discussões sobre o potencial da paisagem como meio de intervenção urbana nos contextos sociais, culturais, econômicos e ecológicos específicos das cidades latino-americanas. Charles Waldheim, arquiteto e urba-
nista canadense-americano, pesquisa as relações entre paisagem, ecologia e urbanismo. É autor, editor, ou co-editor de numerosos livros sobre esses assuntos, e seus escritos foram publicados e traduzidos internacionalmente. Waldheim é Professor da Escola de Pós-Graduação de Projeto da Universidade de Harvard, onde dirige o laboratório Office for Urbanization.
Texto de Luciana Saboia
urbanização na área metropolitana de brasília palestra de aldo paviani A convite dos professores Eduardo Rossetti e Maria Fernanda Derntl, o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAU recepcionou no dia 26 de novembro de 2016 o geógrafo e professor Aldo Paviani. Pesquisador e autor conhecido por discutir o território do Distrito Federal, Paviani palestrou sobre a área metropolitana de Brasília (AMB) – que distinguiu do conceito de Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) – sobre a expansão demográfica e urbana da cidade, como os indivíduos agem enquanto agentes urbanizadores e também sobre o papel fundamental do Estado – seja como indutor ou seja por omissão – nesse processo. O foco da palestra foi a discussão da área metropolitana de Brasília, cuja 118
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principal razão de ser são os laços e dinâmicas metropolitanos que a Capital Federal possui com os municípios goianos adjacentes. De acordo com Paviani, esse entendimento permite observar com mais clareza o funcionamento da cidade e seus fluxos – sejam eles econômicos ou em termos de mobilidade propriamente dita – e a interdependência entre essas diferentes localidades. Ainda conforme o geógrafo, é importante garantir que esses municípios na periferia do Distrito Federal adquiram mais independência com relação a Brasília, gerando dinâmicas mais autônomas e que despolarizem as necessidades de suas populações. Além disso, Aldo Paviani também comentou brevemente a obra do soci-
ólogo e urbanista François Ascher, cujos escritos considerou de grande valia por apontarem a necessidade de humanização dos processos de modernização e, consequentemente, de urbanização. Discutiu também a expansão dos cercamentos de áreas públicas e do surgimento de comunidades fechadas apartadas da malha urbana, além de responder perguntas relativas à segregação socioeconômica no espaço urbano, e à remoção de populações pobres da área do Plano Piloto durante o período de construção da cidade e seus anos iniciais.
Texto de Lucas Brasil
quando a rua vira casa palestra de arno vogel No dia 03 de Novembro de 2016, foi realizada uma palestra na FAU-UnB acerca do tema Antropologia Urbana, em relação com a publicação do livro Quando a Rua Vira Casa, em 1985 no Rio de Janeiro. O antropólogo convidado, professor Arno Vogel, discorreu acerca de sua experiência no contexto urbano das décadas de 70 e 80 em um trabalho de análise interdisciplinar da apropriação de espaços urbanos. O encontro de Arno com o arquiteto Carlos Nelson Ferreira dos Santos, num momento em que ambos realizavam suas teses de mestrado no Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ, foi o que o fez integrar uma equipe multidisciplinar para realizar e coordenar um estudo no bairro do Catumbi. O Catumbi era um bairro antigo e vitimado por interesses do capital imobiliário e possuía planos de erradicação por parte do governo. O objetivo era que, com a presença de um antropólogo na equipe, aquele estudo levaria em conta a importância do drama social (TURNER, 1987) e, segundo Ferreira dos Santos, seria uma trabalho with the people in, o que nos mostra a importância de um aporte antropológico, sociológico e etnográfico na realização de estudos e projetos participativos, assunto que atualmente é muito discutido. O livro foi resultado do trabalho de intensa pesquisa e de uma metodologia que procurou aliar o conhecimento arquitetônico e urbanístico à abordagem peculiar da antropologia social. Este trabalho gerou frutos como a criação do LeMetro – Laboratório de Estudos Metropolitanos – UFF, e a publicação do livro Como as Crianças veem a Cidade.
Imagem fornecida pela organização do evento.
Texto de Linda de Carvalho
rio metropolitano: guia para uma arquitetura palestra de guilherme lassance De acordo com Guilherme Lassance, Rio Metropolitano: guia para uma arquitetura defende uma atitude de projeto que seja consciente da premência de se reconhecer, compreender, valorizar e conceber a arquitetura como algo capaz de tirar proveito dessa condição metropolitana, a fim de potencializá-la. A ambição da publicação é constituir uma espécie de manual para interagir com a realidade construída na qual estamos irremediavelmente inseridos, tornando-nos capazes de projetá-la efetivamente. Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lassance pesquisa sobre arquitetura como infraestrutura urbana, teoria e ensino de projeto. Formado na École Nationale Supérieure d’Architecture de Toulouse possui experiência de pesquisa e ensina na França e Estados Unidos. Hoje é professor visitante na Columbia University.
Texto de Luciana Saboia 119
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o que é uma capital? palestra de nari shelekpayev Capitais são cidades que sediam os órgãos de governo central e administração de um Estado. Podemos, a princípio, nos contentar com essa definição simples. Mas se formos um pouco além, veremos que em países como a África do Sul as funções político-administrativas se dividem em mais de uma localidade. Além disso, como acontece no Brasil, o centro político nem sempre corresponde ao centro econômico ou cultural. Há capitais com funções regionais e capitais cujo alcance vai além dos limites nacionais, tal como Washington, nos EUA, que sedia órgãos internacionais diversos. Há capitais com mais de uma dezena de milhões de habitantes, como Tóquio, mas também outras cuja população não chega a mil habitantes, como a Cidade do Vaticano. Essa imensa diversidade de funções, escalas e contextos leva a
indagar sobre o potencial e as limitações do conceito de capital. Em sua palestra na FAU-UNB em agosto de 2016, o cientista político e historiador Nari Shelekpayev retomou a problemática da definição e conceituação das capitais contemporâneas a partir da análise da historiografia recente, da apresentação de mapas e de fontes visuais diversas. A palestra foi realizada como aula inaugural da disciplina de pós-graduação Brasília: Questões de Urbanização e História. Ao investigar os desafios teórico-metodológicos em torno da noção de capital, Nari Shelekpayev fez uma menção especial à Brasília, objeto de estudo de seu pós-doutorado, supervisionado na FAU-UnB pela professora Dra. Sylvia Ficher. A segunda parte da palestra tratou da concepção, do plano e da construção
de Astana, para onde se transferiu a capital do Casaquistão, tornado independente após o colapso da União Soviética em 1991. Como mostrou Nari Shelekpayev, Astana foi concebida como uma construção material e simbólica expressiva da soberania do novo Estado. A participação do arquiteto japonês Kisho Kurokawa na elaboração do plano foi um importante meio de afirmação de uma identidade que se pretendeu transnacional. Embora a questão “o que é uma capital” não tenha, talvez, resposta definitiva, serve para estimular a realização de estudos comparados e para lançar luz sobre as convergências ou dissonâncias, em diferentes capitais, entre projetos políticos, imagens e discursos de nacionalidade. Texto de Maria Fernanda Derntl
iphan e as novas portarias de preservação do conjunto urbanístico de brasília No dia 27 de outubro de 2016, no auditório da Reitoria, a FAU recebeu a Superintendência do IPHAN no Distrito Federal para debate sobre as portarias de preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília. O evento foi organizado pelo LabeUrbe, com os professores Ana Elisabete Medeiros, Benny Schvasberg, Oscar Luís Ferreira, Pedro Paulo Palazzo, Vanda Zanoni, Maria Emília Stenzel (Uniceub) e pelo Superintendente Carlos Madson Reis. O técnico Thiago Perpétuo discutiu o histórico do processo de patrimonialização de Brasília, resultado de sua dissertação de mestrado defendida no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. A coordenadora técnica da Superintendência, Sandra Bernardes, apresentou a gestão do patrimônio tombado de Brasília. O técnico Maurício Goulart explicou as Portarias 166 e 184/2016 do IPHAN, que atualizam e detalham a famosa Portaria 314/1992, dando critérios mais precisos para a proteção do Plano Piloto de Brasília. Seguiu-se proveitosa discussão com alunos e professores. 120
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Texto de Pedro Paulo Palazzo
a casa em pauta I colóquio habitação: teoria, história e prática Obter um panorama do universo habitacional foi o objetivo central do 1º Colóquio Habitação: Teoria, História e Prática, ocorrido na FAU-UnB entre os dias 07 e 21 de junho de 2016. O evento, aberto à comunidade, contou com a contribuição de trinta e dois trabalhos, distribuídos em seis sessões temáticas: 1) Habitação e suas representações; 2) Habitação, simbolismo e tradições; 3) Habitações modernistas; 4) Habitação contemporânea; 5) Habitação e paisagem urbana; e 6) Habitação e métodos construtivos. Inserido no conteúdo programático da disciplina História da Moradia no Brasil (pós-graduação), o colóquio foi a síntese dos estudos e reflexões debatidos por alunos e professores ao longo do semestre em aulas expositivas e seminários cujos enfoques permeavam desde conhecimentos, reflexões e discussões acerca do habitar, conceitos e diferentes enfoques disciplinares, da relação com o ambiente urbano, da evolução do espaço doméstico e do perfil dos usuários, além de propostas modernistas e contemporâneas analisadas em diferentes aspectos: construtivo, compositivo, estético-formal, econômico e produtivo. Uma coletânea de informações diversas reunidas, a fim de compreender um objeto arquitetônico tão familiar a todos nós: a casa.
Célula de cozinha, Jean Prouvé, 1956. Foto de Robert Doisneau.
Texto de Ricardo Trevisan 121
GALE RIA
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Fotos do aluno Bruno Castro. 124
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Ocupação da FAU-UnB, 2016
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arquitetura e polĂtica
O tema da cidade como o lugar da política remete a uma longa tradição de pensamento. Os afrescos do pintor italiano Ambrogio Lorenzetti (ca.1285- ca. 1348) que serviram de base e inspiração para as imagens desta revista são uma representação paradigmática de cidade regida por uma prática política equilibrada. Essas imagens combinam sentido pedagógico, descrição e idealização, numa alegoria acerca das tópicas do bom governo e da arte de governar. As construções têm papel fundamental na definição de uma imagem urbana virtuosa: casas e palácios não estão rigidamente ordenados, mas compõem um fundo contínuo, no qual ameias, balcões e fileiras de aberturas acentuam a regularidade e a harmonia do conjunto. Mas, a realização dessa cidade depende também da efetiva presença de seus habitantes. A cena urbana é animada pelo dia-a-dia dos vários ofícios e pelo grupo, ao centro, cantando e dançando a chegada da primavera. A escola também não foi esquecida, pelo contrário, está bem visível: ali um professor dá aula para alunos muito atentos – belo detalhe!
Texto de Maria Fernanda Derntl
O conjunto de afrescos intitulado Alegoria do bom e do mau governo e seus efeitos sobre a cidade e o campo foi executado entre 1338 e 1339 pelo pintor Ambrósio Lorenzetti (1290-1348) para adornar o salão da assembleia municipal no Palácio Público de Siena, sua cidade natal. Além de uma visão moral e religiosa sobre os deveres cívicos dos governantes, representa também uma visão de mundo explanando a relação entre cidade e campo, e definindo a prosperidade como o exercício harmônico e complementar de todas as profissões – que, na Idade Média, eram também as unidades básicas do corpo político municipal. Essa visão da república corporativa como o ideal de estabilidade e governança seria duramente atacada pelos iluministas quatro séculos mais tarde, mas vem ganhando nova vida tanto na visão liberal que define o ser humano pelo trabalho, quanto nos paradigmas progressistas que enxergam a cidade como a soma de grupos de interesse articulados coletivamente.
Texto de Pedro Paulo Palazzo
Detalhes dos afrescos Alegoria do bom e do mau governo e seus efeitos sobre a cidade e o campo, de Ambrogio Lorenzetti, com tratamento grรกfico de Gabriela Bilรก.
Ambrogio Lorenzetti (ca.1285 - ca. 1348) Fragmentos das obras À esquerda: Efeitos do Bom Governo na Cidade, 1338 -1340 (Effetti del Buon Governo in città) À direita: Efeitos do Bom Governo no Campo, 1338 -1339 (Effetti del Buon Governo in campagna) Palazzo Pubblico de Siena, Itália.
Ambrogio Lorenzetti (ca.1285 - ca. 1348) Fragmento da obra Efeitos do Bom Governo, 1338 -1339 (Allegoria del Buon Governo) Sala della Pace, Palazzo Pubblico, Siena
Ambrogio Lorenzetti (ca.1285 - ca. 1348) Fragmento da obra Efeitos do Mau Governo, 1338 -1339 (Allegoria del Cattivo Governo) Sala della Pace, Palazzo Pubblico, Siena
homenagem
edgar graeff
A reflexão acerca das relações entre arquitetura, universidade e política são tema recorrente de escritos do arquiteto gaúcho e professor Edgar Graeff (1921-1990). Ele mudou-se para Brasília em 1962 para participar da criação da UnB e da nossa Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Mas, logo após o golpe de 1964, foi detido e afastado da Universidade, junto com um grupo de professores. Em carta ao educador Anísio Teixeira de julho de 1964, pouco antes de regressar ao seu estado natal, Edgar Graeff lamentou o desmoronamento da obra que haviam realizado juntos nos dois últimos anos e clamou pela recomposição do ambiente de autonomia e liberdade na Universidade. Esta edição homenageia o espírito combativo de Graeff com a reprodução de uma pequena parte de seus escritos sobre a formação do arquiteto. Esses escritos são parte de um conjunto de textos de sua autoria – muitos deles inéditos – doados pelo professor Hugo Segawa ao Centro de Documentação Edgar Graeff (CEDIARTE- FAU-UnB). Essa generosa doação ocorreu no oportuno momento em que o CEDIARTE acaba de ser reestruturado como biblioteca setorial da Universidade.
Texto de Maria Fernanda Derntl
arqui #7
A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-UnB) foi criada com o desejo de renovação do ensino. De acordo com Graeff (1995, p.45) “o realmente novo na experiência de Brasília residiu na tentativa de instalar um curso radicalmente diferente, tanto no plano do sistema curricular como no da metodologia de abordagem das matérias”. O curso da UnB buscou uma síntese das discussões acerca da Arquitetura no âmbito internacional, por meio da experiência da Bauhaus, e no campo nacional, desde os debates iniciados em 1930, com a reforma da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) por Lucio Costa, até os grandes encontros de arquitetos, professores e estudantes de 1958 a 1962. 140
2/2016
Fragmento do texto A formação do arquiteto e a atividade profissional, de Edgar Graeff, de 1975.
Nesse período, o ensino de Arquitetura no país passou por grandes discussões, que geraram mudanças curriculares nas Faculdades de Arquitetura de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre e auxiliaram na criação do Currículo Mínimo de Arquitetura (1962). Após a luta dos arquitetos cariocas em busca de afirmações estéticas, os frutos foram a reafirmação da profissão e a inquietação dos jovens cobrando das universidades o enfrentamento do problema da formação dos arquitetos. Abria-se uma nova fase do desenvolvimento da arquitetura brasileira em que a universidade se apresentava “como fermento e rico fator de multiplicação de conhecimento e experiência” (GRAEFF, 1995, p.45).
Texto de Amanda Casé Referência: GRAEFF, Edgar A. Arte e Técnica na formação do arquiteto. São Paulo: Nobel, 1995. 141
Universidade de Brasília Reitora: Márcia Abrahão Moura Vice-reitor: Enrique Huelva Decana de extensão: Olgamir Amancia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB Diretor: José Manoel Morales Sánchez Vice-diretor: Ricardo Trevisan Coordenador de pós-graduação: Marcos Thadeu Queiroz Magalhães ARQUI é uma publicação semestral da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – UnB EDITOR – José Manoel Morales Sánchez EDITORA EXECUTIVA – Maria Fernanda Derntl CONSELHO EDITORIAL – Andrey Rosenthal Schlee, Benny Schvarsberg, Cláudio José Pinheiro Villar Queiroz, Elane Ribeiro Peixoto e Luiz Alberto Gouvêa EQUIPE EDITORIAL DA REVISTA – Giselle Chalub Martins e Carolina Pescatori (coordenação de Diplomação), Eduardo Pierrotti Rossetti (coordenação de Ensaio Teórico), Gabriela Bílá, José Manoel Morales Sánchez, Liza Andrade (coordenação de Extensão), Maria Fernanda Derntl, Rafael de Lima Adorno (estagiário) COORDENAÇÃO EDITORIAL – Maria Fernanda Derntl COMISSÃO DE DIPLOMAÇÃO – Ana Paula Campos Gurgel, Caio Frederico e Silva, Gabriela de Souza Tenorio, Giselle Chalub Martins e Carolina Pescatori COMISSÃO DE ENSAIO TEÓRICO – Ana Elisabete de Almeida Medeiros, Eduardo Pierrotti Rossetti, Maria Fernanda Derntl e Oscar Luís Ferreira PROJETO GRÁFICO – Gabriela Bílá (Novo Estúdio BSB) e Luiz Eduardo Sarmento IMAGENS DA CAPA E SEÇÕES – Afrescos de Ambrogio Lorenzetti com intervenções gráficas de Gabriela Bílá. IMPRESSÃO – Gráfica Coronário
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