ISSN 2358-5900
REVISTA DA FAU-UnB
ARQUI N°03 | 2/2014
DIPLÔ ENSAIOS TEÓRICOS ESCALA 2014 CINEMA E ARQUITETURA ARQUITETAS INVISÍVEIS LINA BO BARDI PREMIO ANPRAC PIBIC RANKING 2014
REVISTA DA FAU-UnB
ARQUI faunb
Março de 2015 Edição: 2/2014 - No 03
Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A772 Arqui / José Manoel Morales Sánchez, editor ; Maria Fernanda Derntl, editora executiva - n. 3 (mar. 2015)- Brasília : Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo , 2014- . 128 p. ; 29 cm. Periodicidade semestral Descrição baseada em: n. 3 (mar. 2015) ISSN 2358-5900 1. Arquitetura. 2. Urbanismo. I. Morales Sánchez, José Manoel (ed.). II. Derntl, Maria Fernanda (ed.). CDU 72
Ficha Catalográfica Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Brasília – UnB Instituto Central de Ciências – ICC Norte – Gleba A Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte – Caixa Postal 04431 CEP: 70904-970 – Brasília / DF – E-mail: fau-unb@unb.br Fone: (+55) (61) 3107-6630 / Fax: (+55) (61) 3107-7723
REVISTA DA FAU-UnB
ARQUI
Universidade de Brasília Reitor: Ivan Marques de Toledo Camargo Vice-reitora: Sonia Báo Decana de extensão: Thérèse Hofmann Gatti Rodrigues da Costa Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB Diretor: José Manoel Morales Sánchez Vice-diretora: Cláudia Naves David Amorim Coordenador de pós-graduação: Márcio Augusto Roma Buzar ARQUI é uma publicação semestral da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB. EDITOR José Manoel Morales Sánchez EDITORA EXECUTIVA Maria Fernanda Derntl CONSELHO EDITORIAL Andrey Rosenthal Schlee, Benny Schvarsberg, Cláudio José Pinheiro Villar Queiroz, Elane Ribeiro Peixoto e Luiz Alberto Gouvêa EQUIPE EDITORIAL DA REVISTA Ana Elisabete de Almeida Medeiros (Coordenação de Ensaio Teórico), Caio Frederico e Silva, Danilo Fleury, José Manoel Morales Sánchez, Maria Fernanda Derntl, Marilia Alves e Paola Caliari Ferrari Martins (Coordenação de Diplomação) COORDENAÇÃO EDITORIAL: Maria Fernanda Derntl EDITORA DE IMAGENS Marilia Alves | GRUPO arquitetura etc REVISÃO EDITORIAL Frederico Maranhão de Mattos REVISÃO ORTOGRÁFICA Sueli Dunck COMISSÃO DE DIPLOMAÇÃO Bruno Capanema, Cláudia da Conceição Garcia, Luciana Saboia Fonseca Cruz e Raimundo Nonato Veloso Filho COMISSÃO DE ENSAIO TEÓRICO Ana Elisabete de Almeida Medeiros e Oscar Luis Ferreira PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Danilo Fleury e Marilia Alves | GRUPO arquitetura etc | grupoarquiteturaetc@gmail.com
Imagem da capa: composição criada a partir das ilustrações originais de Ana Carolina Macedo Moreth e Gabriel Ernesto Moura Solórzano
© Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB Universidade de Brasília, Instituto Central de Ciências – ICC Norte, Gleba A, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília DF, Brasil 70904-970 tel. (+55) 61.3107.6630 fax. (+55) 61.3107.7723 http://www.fau.unb.br/ no 03 1/2014 IMPRESSÃO Gráfica Coronário
Imagens das sessões: Ana Carolina Macedo Moreth e Gabriel Ernesto Moura Solórzano
As opiniões expressas nos artigos desta revista são de responsabilidade exclusiva dos autores. www.facebook.com/arquirevistadafauunb | revistadafauunb@gmail.com
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editorial Tal como as figuras que ilustram a capa e as seções desta edição da ARQUI, os conhecimentos pertinentes à Arquitetura e Urbanismo são multifacetados e podem se recombinar de infinitas maneiras, dando origem a soluções sempre renovadas. A seleção de trabalhos, eventos e iniciativas aqui reunidos expressa bem essa natureza ampla e multidisciplinar da formação em nossa área. Mostra também um universo de preocupações e rumos próprios da FAU-UnB. No segundo semestre de 2014, nossos alunos, professores e pesquisadores tiveram de se desdobrar para participar de tantas atividades: botaram o pé na estrada, discutiram cinema, questões de gênero e sustentabilidade, sentaram-se para conversar com historiadores, geometrizaram, fotografaram, fizeram projetos, dedicaram-se a pesquisas e, ufa!, publicaram. A ARQUI buscou entrar nesse clima de colaboração e de expressão de vozes diversas. Nesta edição, professores e alunos tiveram um envolvimento mais amplo, opinando sobre a revista e produzindo textos e imagens inéditos especialmente feitos para ela. O projeto gráfico também foi aprimorado e, como se pensou desde o início, mantém-se flexível para dar conta da variedade do material recolhido a cada semestre. Em nossa página no Facebook, é possível fazer o download da versão digital da revista, deixar mensagens e inteirar-se de novidades como o concurso para a seleção de imagens. Sabe-se que na universidade o processo de ensino-aprendizagem não deve acontecer de modo encerrado, mas articulado com atividades diversas de pesquisa e ações junto a uma comunidade mais ampla. As páginas seguintes apontam para realizações nesse sentido, às vezes inusitadas, às vezes divertidas, mas de todo modo instigando a reflexão. A equipe editorial
SUMÁRIO
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encontros da fau ARQUITETAS INVISÍVEIS
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Tirando a capa da invisibilidade Maribel Aliaga
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ESCALA 2014
Caio Frederico e Silva A super semana universitária Frederico Flósculo CASAS na semana ESCALA Liza Andrade
Eliel Américo e Neusa Cavalcante
CINEMA E ARQUITETURA
SHCU
Tempos e escalas da cidade e do urbanismo Sylvia Ficher
ARQUI + DIDÁTICOS
FAU lança revista acadêmica Ádila Tavares Faculdade de Arquitetura e Urbanismo publica série de livros didáticos Ádila Tavares
OS PALÁCIOS ORIGINAIS DE BRASÍLIA Romullo Baratto
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GEOMETRIZANDO 8
Fernando Meirelles na FAU Eduardo Rossetti
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FAU IMPRESSA
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FAU pesquisa
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ENSAIO TEÓRICO
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PERMACULTURA URBANA PARA CIDADES EM TRANSIÇÃO
Ana Elisabete Medeiros
Lucas Parahyba
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URBANISMO ECOLÓGICO
POR TRILHO E (C)ASAS, O FRAGMENTADO ESPAÇO DO CANTO Stephanie Souza
Caio Frederico e Silva
34 36 38
FAU NA RUA PÉ NA ESTRADA
VIAGEM DIDÁTICA AO RIO DE JANEIRO
GALERIA FOTOGRÁFICA
Brasília Monumental Eduardo Rossetti
A ARQUITETURA COMO OBJETO DE MUSEU Ingrid Siqueira
54
Pés em Curitiba Ricardo Trevisan
Vivenciar a cidade como proposta de ensino Camila Gomes
42
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HABITABILIDADE E CIDADES SENSÍVEIS À ÁGUA
Regina C. Ribeiro Miranda
55
PARTICIPAR É MAIS
56
AS PRAÇAS E PARQUES DE ANÁPOLIS
Pedro Ernesto Chaves Barbosa
Lara Garcia
58
MOBILIDADE URBANA Nágila Ramos
59
DULCINA E BRASÍLIA
68
FAU pREMIADA
70
RANKING
72
PRÊMIO ANPRAC
102
ESTAÇÃO DA DANÇA
106
CENTRO CULTURAL 25 DE OUTUBRO
Laura Camargo
Matheus Maramaldo
Diogo Lins
60
MOBILIDADE URBANA
Projeto de habitação autossuficiente Lanna Santana
Bianca Rabelo
74 62
As cidades: da industrialização à estética relacional Danilo Fleury
TRANSFORMANDO O LUGAR Caroline Nogueira
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MAPA PARA O USO DO PARQUE DA CIDADE DONA SARAH KUBITSCHEK EM BRASÍLIA/DF
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MEMÓRIA E CIDADE
80
GALERIA FOTOGRÁFICA
65
A PERDA DE EXEMPLARES NÃO EXCEPCIONAIS PARA A ARQUITETURA MODERNA
Viviane Moreira
NOVOS ARQUITETOS
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66
DIPLÔ
94
CENTRO DE CULTURA ÁRABE
MANUAL DE CICLISMO URBANO
67
O LUGAR DO PEDESTRE NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO
118
Juliana Lopes Vasconcelos
A NOVA PLATA[FORMA] DA RODÔ
Gabriela Cascelli Farinasso
CENTRO ONCOLÓGICO
Isabel Cabral Alencar
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INSTITUTO DE ARTES
Jana Cãndida Castro dos Santos
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NZEB EDIFÍCIO DE BALANÇO ENERGÉTICO NULO NA UNB Márcia Bocaccio Birk
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ESPAÇO DE AÇÕES DE MELHOR IDADE
Ninivy Caroliny Melo de Oliveira
Ana Júlia Maluf
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KARTÓDROMO DO GUARÁ Hanna Augusta de Andrade
Paola Caliari Ferrari Martins Catálogo de projetos Projetos em destaque
José Henrique Freitas
COMPLEXO CULTURAL EM PLANALTINA Fabrícia de Souza Figueiredo
Jéssica Gomes da Silva
88
CASA DE RETIRO RELIGIOSO
Erick Welson Mendonça
100 anos Eduardo Rossetti
Sobre Lina Bo Bardi Laura Camargo e Luiz Eduardo Sarmento
86
112
116 LINA BO BARDI
ANTI-UTOPIA URBANA Danilo Fleury
HOMENAGEM
78
Camila Abrão
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PIBIC MENÇÃO HONROSA
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CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Rubiana Lemos
+
en con tros da fau
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ARQUI TETAS I NV I S ÍVEIS TIRANDO A CAPA DA INVISIBILIDADE Maribel Aliaga
SE QUERO DEFINIR-ME, SOU OBRIGADA INICIALMENTE A DECLARAR: “SOU MULHER”. ESSA VERDADE CONSTITUI O FUNDO SOBRE O QUAL SE ERGUERÁ QUALQUER OUTRA AFIRMAÇÃO. UM HOMEM NÃO COMEÇA NUNCA POR SE APRESENTAR COMO UM INDIVÍDUO DE DETERMINADO SEXO: QUE SEJA HOMEM É NATURAL (SIMONE DE BEAUVOIR)
Em novembro de 2014, tivemos na FAU-UnB uma semana intensa de atividades: oficinas, palestras, discussões, exposições. Dentre os vários grupos de alunos que internamente se organizaram para participar, gostaria de destacar as Arquitetas Invisíveis, formado inicialmente por um pequeno grupo de meninas, que ao longo de um ano promoveu grandes inquietações, com as suas descobertas e com seus questionamentos quanto à invisibilidade das mulheres na arquitetura. Comecei a tomar conhecimento dessas indagações ainda no fim de 2013, e as inquietações foram surgindo como um desabafo. Era necessário entender um pouco mais sobre o assunto que envolvia o feminismo, era preciso identificar a participação feminina na Arquitetura e Urbanismo ao longo do tempo, mas, sobretudo, era preciso entender a nós mesmas. Seria mesmo necessário que nos colocássemos como “mulheres”? Os diálogos cibernéticos foram tomando corpo, procuramos saber sobre a participação feminina no mercado de trabalho, na historiografia da arquitetura. Deparamo-nos com questionamentos ainda maiores, que envolvem as minorias e as relações de classes sociais. Paralelamente, o grupo iniciou um trabalho de pesquisa e inventário das arquitetas, para o desenvolvimento da página no Facebook. Enfim, a página saiu em meados de março ainda sob o efeito das comemorações do dia internacional da mulher. As meninas se organizaram para fazer ao menos uma postagem semanal. O
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fotografias por Daniel Melo
trabalho procurou uma linguagem dinâmica, que atingisse não apenas os arquitetos. A diagramação teve um trabalho delicado e meticuloso, as pesquisas dos verbetes procuravam seguir com um mínimo de rigor. A página #arquitetasinvisiveis crescia em conteúdo e em “curtidas”. Era necessário criar condições para tirar a capa de invisibilidade que envolvia as arquitetas e todas(os) que entusiasticamente participavam dos trabalhos. O trabalho transformou- se então em exposição, que propunha discutir a invisibilidade e o opacamento das arquitetas em seu tempo e em nossas próprias disciplinas. Às reuniões semanais juntaram-se muitas, e aos poucos os meninos também foram chegando. Os grupos de trabalho se dividiam entre o planejamento, as pesquisas, a execução do projeto, os orçamentos. Agora não éramos sós, e já se pensava em outras atividades, atreladas à semana universitária. Graduação e pós-graduação trabalharam juntas, na excelente organização das palestras e debates. O grande dia enfim chegou, a exposição mostrou a criatividade e a versatilidade das arquitetas selecionadas, e do grupo. O evento resumiu, nos mínimos detalhes, todas as inquietações iniciais – “somos mulheres” e queremos o nosso reconhecimento acompanhado de flores, chita e chá com bolinho. Porém, os trabalhos da semana estavam apenas começando. Vieram as oficinas, as palestras e os debates. Sucederam-se discussões de gênero, colocações instigantes sobre o feminino e plural, sobre o ensino de arquitetura e sobre a atuação política das mulheres na profissão. A afirmação “sou mulher” só faria sentido, ou melhor, perderia seu sentido de afirmação, se começássemos a olhar para nós mesmas e fizéssemos a nossa parte como profissionais que se preocupam com uma arquitetura detalhada, delicada e inclusiva, que imaginam a cidade que também pertence às mulheres. E, principalmente, que querem ter, entre seus precedentes e suas inspirações, o reconhecimento de tantas outras que foram pioneiras em seu tempo. A semana Arquitetas Invisíveis, creio eu, foi o início de uma pequena revolução que terá desdobramentos acadêmicos, dentro e fora da UnB. Já não somos mais invisíveis, agora é tempo de refletir e amadurecer. T
Quem foram as cabeças do projeto? Maribel Aliaga Gabriela Cascelli Luiza Dias Lara Pita Hana Augusta Júlia Mazzutti
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ESCALA 2014
Caio Frederico e Silva
Entre os dias 3 e 8 de novembro de 2014 tivemos, na Universidade de Brasília, a Semana Universitária. Neste ano, contamos com uma grade adesão da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que tornou sua semana universitária bastante frutífera. Foram mais de trinta atividades de extensão promovidas na FAU, desde palestras técnicas, oficinas lúdicas, cursos e minicursos dos mais variados temas, como tecnologia da construção, leiaute de pranchas e design de mobiliário, para citar alguns dos mais concorridos. Abrimos na FAU mais de três mil vagas para as atividades ofertadas por dezoito professores e conseguimos uma adesão de quase 40% dos alunos, ou seja, mais de 1.200 vagas das atividades da semana foram preenchidas. Recebemos convidados de alguns estados do Brasil, e alunos de diferentes cursos da UnB puderam desfrutar dos momentos que a Semana Escala proporcionou ao ambiente acadêmico. O sistema eletrônico ofertado pelo Decanato de Extensão (DEX) permitiu que todas as atividades fossem cadastradas online utilizando a infraestrutura administrativa da própria Faculdade. Neste âmbito, contamos com a equipe
da recém-criada Secretaria de Apoio Departamental e de Extensão (SADE), que concentrou os sistemas de inscrição dos participantes. O sistema da semana universitária ainda possibilitará que este ano os participantes recebam um certificado digital a ser enviado pelo DEX para o e-mail cadastrado no site da Semana, o que funcionou como um incentivo à participação e a uma maior organização das listas de frequência para as atividades. Incentivo a extensão universitária: a Semana Universitária funciona como uma grande incentivadora das atividades extensionistas na UnB. É o momento em que diversas ações continuadas dão os seus primeiros passos. É também a oportunidade para que professores da Faculdade promovam atividades transdisciplinares e que não possuam formato acadêmico no que tange à graduação. Prova disso é o sucesso do Curso de Mobiliário, que possibilitou aos alunos investigar e dialogar com novas escalas de trabalho e novas especialidades. Troca de experiências: A palestra da abertura da Semana Escala contou com a presença do arquiteto paulista Tomaz Lotufo. O foco de trabalho de Tomaz é a bioarquitetura, assim como é a abordagem do grupo CASAS – escritório 15
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modelo da FAU. Na palestra, o convidado pôde apresentar sua imersão em comunidades de São Paulo, nas quais experimenta a autoconstrução e o uso de materiais regionais na construção das casas. Tomaz foi convidado pelo CASAS porque tem trabalhado com a temática da Bioconstrução há muitos anos e no momento está elaborando projeto de urbanização para uma Ecoagrovila no entorno de Brasília, comunidade rural na cidade de Planaltina. Viu-se uma rica troca de experiências promovida pela Semana Escala. Com base na experiência paulista, percebeu-se que a UnB participa de um debate nacional acerca da contribuição do escritório modelo como serviço de Arquitetura e Urbanismo na promoção de qualidade de vida. O envolvimento dos professores e alunos foi decisivo para o sucesso da Semana Escala, nome que foi dado por um grupo de alunos ainda em 2012, e que tornamos como nome oficial da semana universitária da FAU. O sucesso da Semana deve-se ao empenho dos alunos da comissão organizadora, no nome do estudante e estagiário da Extensão Arthur Moraes e das colegas Maribel Aliaga e Liza Andrade que, com os grupos das Arquitetas Invisíveis e o Escritório Modelo CASAS, contribuíram para abrilhantar ainda mais a nossa Semana Escala 2014. T
A SUPER SEMANA UNIVERSITÁRIA Frederico Flósculo
Não teve precedentes, de tão intensa e tão gostosa. Em geral, dizem as más línguas, metade da Universidade viaja na Semana Universitária, e a outra metade fica em casa. Desta vez não: metade da metade da metade, talvez metade disso, mas uma agitadíssima metade, fez a melhor semana universitária que a UnB já teve. Na FAU-UnB, graças aos esforços da Coordenação de Extensão – que desburocratizou barbaramente os desencorajadores protocolos administrativos exigidos ordinariamente –, uma boa “metade” dos estudantes e professores entrou “de cabeça” nas atividades. Ainda teremos parti16
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cipações mais massivas. Mais de uma vez divulguei as atividades que protagonizei como “canaval-acadêmico-fora-de-época”. Nesse carnaval, dirigido ao amplo público externo – à comunidade moradora do Distrito Federal e quem mais chegasse – uma ampla pauta de atividades foi oferecida. No conjunto de cinco palestras que ofereci, três foram dedicadas à cidade, ao debate de seus problemas urbanos, centradas: (a) na “ADVOCACIA URBANA” de interesses comunitários, de soluções inovadoras para problemas urbanos irresolvidos; (b) no debate da LUOS – a polêmica Lei de Uso e Ocupação do Solo, que permite especu-
Intervenção Sobreurbana fotografia por Bruna Ruperto fotografia por Caio Frederico e Silva
lação especialmente projetada, e; (c) na apresentação de um importante grupo de defesa de Brasília, denominado NÓS QUE AMAMOS BRASÍLIA, que assumiu um protagonismo crucial nas redes sociais. Uma quarta atividade, voltada para a apresentação e divulgação de livro didático de minha autoria, Metodologias da projetação arquitetônica, também foi associada ao debate urbano, com a exibição de documentário Superquadras, dos diretores Mário Salimon e Marcelo Feijó, da FAC/UnB. Finalmente, minha “grande palestra” foi mesmo sobre a presença crítica da arte numa universidade perdida em
meio a um projeto institucional confuso, que copia intensamente as experiências didáticas e institucionais, sem discuti -las decentemente. A palestra “Contos de Cartomantes: a imaginação de um professor desocupado” foi realmente autoral e crítica, e colocou aos estudantes tanto a obra pessoal, artística, de um professor de arquitetura (seus desenhos, romances, contos, projetos de arquitetura e urbanismo), quanto os graves problemas dessas universidades que se envolvem em projetos “tecnologizantes” e “cientificistas” de caráter essencialmente burocrático. Trata-se da necessidade da arte para que haja inteligência universitária.
Nossas universidades desvalorizam e desmerecem a arte, não entendem o seu sentido libertador, pois são autoritárias e intelectualmente limitadas pelo produtivismo acadêmico – que, paradoxalmente, não gera boas e inovadoras tecnologias, nem gera ciência na proporção de sua pretensão. Nesse processo, a universidade perde e desvaloriza as referências da arte, tornando-se sem imaginação e capacidade crítica, argentária e cortesã. A Semana Universitária deve ser fomentada como essa grande reflexão aberta, em que novas dimensões de nossas vidas intelectuais devem ser expostas, debatidas, avaliadas. T 17
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CASAS NA SEMANA ESCALA texto por Liza Andrade e estudantes EMAU/CASAS: Luiz Felipe Machado, Samuel Prates, Bruna Ruperto Duarte e Sofia Portugal
Ofina de Jardim Agroflorestal fotografia por Samuel Prates
A Semana Escala corresponde à tradicional Semana da Arquitetura e Urbanismo da FAU, que acontece durante a Semana Universitária da UnB; neste ano, ocorreu no início de novembro. O objetivo de organizar a Semana Escala partiu do interesse dos estudantes em retomar a extensão universitária, envolvendo a FAU como um todo. O Escritório Modelo CASAS (Centro de Ação Social em Arquitetura Sustentável), como um programa de extensão da UnB, foi convidado para ajudar na organização do evento e para apresentar seus trabalhos de 2014, por meio da exposição Mostra CASAS, que trata das comunidades rurais dos assentamentos da reforma agrária no DF. Outros grupos também foram convidados, como o Pé na Estrada, que expôs fotos e análises da viagem a Curitiba, e o grupo Arquitetas Invisíveis, que abordou a discussão da valorização de gênero dentro do exercício da arquitetura por meio de palestras, cursos e uma bela exposição. A Semana Escala também abriu um espaço para os professores e estudantes 18
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da FAU interessados em oferecer cursos, oficinas e palestras abertas aos estudantes, o que permitiu aos participantes apresentar suas pesquisas ou temas para debates. Cada grupo de pesquisa e extensão, com seus projetos e programas, promoveu atividades relacionadas ao seu tema. O Círculo Criativo CASAS proporcionou aos estudantes uma roda de discussão com os convidados, dividida em dois momentos: a conversa com as organizadoras do Pé na Estrada e o debate com os estudantes que voltaram do Ciências sem Fronteiras. O CASAS Convida promoveu atividades e cursos ligados à educação para a sustentabilidade, ao desenvolvimento de projetos de arquitetura sustentável e à função social do trabalho do arquiteto. No primeiro dia, na parte da manhã, ocorreu uma prática de tai chi chuan com a professora Monica Han, com o objetivo de demonstrar os benefícios da prática para a mente e para o processo de aprendizado, bem como para a saúde física, além da possibilidade de fazer conexões
importantes com a natureza. Na parte da noite, na palestra de abertura – Um novo ensino para outra prática: contribuições para o ensino de arquitetura no Brasil –, com Tomaz Lotufo, debateu-se a necessidade de trazer o canteiro experimental para dentro das universidades, para que os estudantes experimentem a prática de construção junto às comunidades mais carentes. No decorrer da semana ocorreram as seguintes oficinas: (1) UnBike Tour, com o estudante José Henrique Freitas (Ciclistas de Brasília), que promoveu um passeio de bicicleta entre as obras de arquitetura do câmpus Darcy Ribeiro; (2) Jardim Agroflorestal, com o estudante André Dantas, que propiciou a construção de um canteiro com a integração de espécies agroecológicas aos estudantes; (3) A permacultura como instrumento para o desenvolvimento de arquitetura para um novo milênio, com a estudante Ariel de Lima, que fez uma introdução sobre permacultura e, ao final, promoveu uma oficina com a construção de um pergolado de bambu, que foi incorporado
Oficina de Tear fotografia por Victor Cruzeiro Reforma da Pracinha e Oficina de Espaços Subutilizados do Campus fotografia por Bruna Ruperto Palestra de Abertura do arquiteto Tomaz Lotufo fotografia por Bruna Ruperto
nas obras da Pracinha do CA. A Reforma da Pracinha também foi organizada pelos estudantes do CASAS, visando a intervenções no piso do jardim com restos de madeira, bancos de pallet e de restos de pneus. Um ponto importante do evento foi a oficina Comunidade Promove, na qual membros da Comunidade Renascer proporcionaram um minicurso de tear, ensinando aos estudantes e funcionários como fazer tapetes, toalhas e jogos americanos. No último dia foram convidados os arquitetos do Ministério das Cidades do Programa Nacional de Habitação Rural e o do Programa Minha Casa Minha Vida, com foco no programa PMCMV- Entidades, para expor sobre a questão do processo participativo nos projetos e aspectos culturais das habitações na cidade e no campo, além de discutir sobre importância da Lei da Assistência Técnica para projetos de Arquitetura e Urbanismo. Para encerrar, o CASAS convidou os membros do Sobreurbana de Goiânia, que trabalha com mobilização e sensibilização de comunidades para a construção de cidades mais acessíveis, sustentáveis e humanas, por meio de processos participativos, para ministrar uma palestra e implantar a Oficina de Sombrinha – uma instalação com sombrinhas no jardim/ praça do ICC, para chamar a atenção quanto aos aspectos bioclimáticos e estéticos da intervenção. O resultado dos eventos foi positivo no que tange à satisfação e ao envolvimento das pessoas que deles participaram, suscitando discussões sobre novas formas pedagógicas para os cursos de arquitetura e urbanismo que incluam processos participativos e trocas de saberes entre estudantes, professores e comunidades. Porém, estamos longe de alcançar o sucesso, tendo em vista o alto índice de ausências de professores e estudantes na Semana Universitária da UnB. T 19
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GEOMETRIZANDO
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Eliel Américo e Neusa Cavalcante - organizadores da exposição
A mostra GEOMETRIZANDO 8 reuniu mais de 400 trabalhos produzidos entre 2011 e 2013 pelos alunos de Geometria Construtiva, disciplina que, sendo obrigatória para o Curso de Arquitetura e Urbanismo, vem sendo oferecida também para estudantes de outros cursos da Universidade de Brasília. A ideia da realização do evento surgiu a partir da constatação de que a referida disciplina vem produzindo, como resultado do desenvolvimento de seu conteúdo e de sua metodologia didático-pedagógica, um expressivo material que merece ser divulgado além das fronteiras da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB. A necessidade de manter o espírito de busca constante como força motriz da disciplina faz com que haja, ao longo dos semestres letivos, uma sucessão de exercícios que possibilitam o repasse gradual e evolutivo do conteúdo programático específico. Cada resultado parcial é, ao mesmo tempo, o experimento e o produto, configurandose uma estratégia pedagógica que tem no processo a possibilidade do erro e no produto a probabilidade do acerto. Experimento e produto devem permitir a liberdade, mas A BELEZA SUGERE MAIS DO QUE UMA também acolher a ordem e a beleza. Não a ordem autoritária ou burocrática, mas aquela que rege os seres, os animados, SIMPLES ORDENAÇÃO... ESPECIFICA a natureza. Ritmo, equilíbrio, proporção e contraste são al- UM TIPO PARTICULAR DE ORDENAÇÃO. guns dos princípios estudados, surgindo de seu aprendizado POSTULA A ORDEM COMPATÍVEL COM A o amadurecimento necessário para avançar no campo das SINGULARIDADE. (PAUL WEISS) variações, do inusitado e da liberdade plástica. Tida frequentemente como assunto de caráter hermético, afeito a alguns poucos eleitos, a geometria transforma-se num instrumento privilegiado para a especulação lúdica, que se torna agradável ao olhar do cidadão comum. O caráter lúdico da disciplina é predominante tanto no processo de produção como na forma em que os resultados concretos se apresentam. E o clima saudável
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que reina no ateliê é garantido pela harmoniosa alternância A ARTE NÃO REPRODUZ O VISÍVEL, MAS entre os momentos de concepção/criação – profundos e tensos TORNA VISÍVEL. A ESSÊNCIA DA ARTE – e os momentos de elaboração/acabamento. O fazer manual acaba por propiciar uma situação de “relaxamento mental” GRÁFICA CONDUZ FACILMENTE, E COM que, capaz de neutralizar a ebulição cerebral/intelectual do ato TODA RAZÃO, PARA A ABSTRAÇÃO. criador, garante as condições e a motivação necessária para (PAUL KLEE) enfrentar novos temas e desafios. As atividades desenvolvem-se de forma dinâmica e descontraída, sugerindo um verdadeiro espaço do brincar. Papéis, colas, fios diversos, madeiras, tintas etc. contribuem para criar um espaço da invenção e do exercício, da inspiração e da transpiração, do fazer e do refazer. A crítica construtiva e verdadeira, exercida de forma plena e constante pelos professores e por toda a turma, faz com que os alunos sejam motivados a lutar pela superação de suas próprias limitações. A exposição foi organizada em dois grandes ambientes: o primeiro foi dedicado às especulações formais em torno de padrões observados na Natureza; o segundo, sobre o tema Corpo e Movimento, às formas presentes na dança, no carnaval e no circo. Enquanto os produtos derivados de padrões observados em elementos da natureza expressaram predominantemente um abstracionismo de caráter geométrico, aqueles resultantes do movimento privilegiaram um abstracionismo lírico, mais adequado ao resgate do significado e do caráter simbólico de tais manifestações e de suas figuras/ personagens emblemáticas. E é no cenário da fantasia de cada um que a produção da Geometria Construtiva se traduziu no espetáculo para os mais curiosos e atentos. T
fotografias por Nonato Veloso
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CINEMA E A R Q U I T E T UR A FERNANDO MEIRELLES NA FAU
fotografia por Eduardo Rossetti
Eduardo Rossetti Brasília sempre foi uma cidade com forte apelo visual para arquitetos, artistas plásticos, fotógrafos e cineastas. Desde a construção da cidade há registros em diferentes suportes visuais, difundindo imagens da cidade e construindo discursos sobre sua modernidade e sobre sua intrínseca vocação para o futuro. Se até Glauber Rocha já filmou a cidade, nas últimas décadas, entretanto, poucas vezes a cidade foi explorada pela televisão de modo mais cotidiano, seja em novelas ou mesmo em propagandas, mantendo a imagem de Brasília numa aura política exclusiva, muitas vezes atrelada a escândalos diversos. De modo caricato, a imagem da cidade se reduz às imagens da Esplanada e dos palácios enquadrada pelos telejornais. Recentemente, em outubro deste ano, o diretor de cinema Fernando Meirelles esteve em Brasília filmando a série Felizes para sempre, que explora espaços, paisagens e ambientes urbanos de Brasília para além do clichê EsplanadaCongresso-Praça. Neste processo de ampliar a visão sobre a cidade, os espaços
do Minhocão (ICC-UnB) foram utilizados para um episódio, em que também foram explorados os espaços da FAU como cenário para situações de dramaturgia. Depois da divulgação da presença do diretor e de atores circulando pela FAU e trabalhando nos espaços da faculdade, Meirelles fez uma palestra e conversou com alunos e com a curiosa plateia que se formou ao redor dele na pracinha do CAFAU. Tranquilamente sentado numa das cadeiras Eames que circulam entre os ateliês, Fernando Meirelles tratou da singularidade e da potencialidade de filmar em Brasília, respondeu a perguntas técnicas sobre cinema, sobre o trabalho com atores nacionais e estrangeiros, sobre roteiros, futuros trabalhos, relação das mídias com o cinema e a TV, processos de filmagens e sobre os filmes que compõem sua profícua carreira de diretor. Diante de uma conversa tão agradável e de um público tão interessado deixo o convite para que ele volte à FAU numa próxima vez em que estiver em Brasília! T
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TEMPOS E ESCALAS DA CIDADE E DO URBANISMO Sylvia Ficher
O 13º Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, realizado de 9 a 12 de setembro de 2014 na Assembleia Legislativa do Distrito Federal, foi mais um encontro acadêmico de grande porte levado a cabo com grande sucesso pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Novamente nossa escola e seus professores estiveram à altura da empreitada, com a competência que vêm demonstrando há décadas, desde os pioneiros Seminários de Desenho Urbano nos anos oitenta, passando pelo congresso internacional do Docomomo em 2000, até a sequência constituída pelo encontro nacional do Docomomo em 2011, o Pluris em 2012 e o ENCAC/ELACAC em 2013. Antes de discutir como se constituiu esse 13º Seminário, cabe uma nota de tristeza, para lembrar alguns colegas que há pouco nos deixaram. Murillo Marx, velho companheiro ainda dos tempos de graduação e cúmplice de longas conversas, e Roberto Segre, que conheci bem mais recentemente, para logo se tornar um amigo dileto com cujo apoio contei em diversas ocasiões. Dor profunda nos deixou Ana Clara Torres Ribeiro, interlocutora privilegiada que tive e de quem somos todos nós órfãos. Para iniciar uma apresentação do
que representou nosso evento, permitome uma breve referência às minhas próprias memórias. Dos seminários de história da cidade e do urbanismo participei pela primeira vez em sua segunda edição, em Salvador, em 1993. Quiçá tivesse participado da primeira edição, mas na ocasião nem estava no Brasil. Depois foram participações salteadas, cobrindo quase a metade dos treze seminários realizados até hoje. Campinas em 1998, Niterói em 2004, São Paulo em 2006 e Porto Alegre em 2012. O que é significativo para mim – falando mais como arquiteta do que historiadora ou socióloga, e sem desprezar a contribuição dos encontros da Anpur – está na constatação de que, finalmente, a partir de 1990 nossa área de estudos urbanos passou a contar com um evento de cunho eminentemente acadêmico, um evento que não teve vida efêmera, perdurando já por um quarto de século. E por tal fato devemos agradecer a seus proponentes originais, a Ana Fernandes e o Marco Aurélio Gomes. Por outro lado, avaliar esses seminários já se tornou uma tradição: afinal, historiadores, por ofício, gostam de historiar. Além da Ana e do Marco, estou na insigne companhia de Maria Stella Bresciani, Milton Santos, Eloisa Petti, Margareth Pereira, Beatriz Piccolotto, Sarah
135 COMUNICAÇÕES 28 MESAS 40 PÔSTERES
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Feldman, entre outros. Todos estes estudiosos nos contemplaram com panoramas temporais amplos sobre temáticas, enfoques e metodologias. Na edição de Brasília, tivemos uma brilhante conferência de Carlos Sambricio, três mesas-redondas sobre as escalas do Cotidiano, das Representações e do Território, e reuniões de cinco grupos de pesquisa. Como cerne, foram 135 comunicações apresentadas em 28 mesas, e 40 pôsteres. Numerologia que confirma a tendência, há muito constatada, do crescente engajamento de pesquisadores no campo disciplinar da história urbana. Como memória e registro desse 13º Seminário, os textos dos conferencistas convidados foram reunidos em um livro. Quanto às comunicações, além de sua divulgação por meio do Caderno de Resumos e dos Anais online, a Comissão Científica selecionou aquelas que considerou as mais significativas, publicadas em número especial da Paranoá, revista do Programa de Pós-Graduação da FAU-UnB. Temáticas Focando agora nesse conjunto de 135 trabalhos e 40 pôsteres, acredito que as quatro temáticas, ou melhor, as quatro escalas propostas foram extremamente felizes por serem, ao mesmo tempo, específicas e abrangentes. Vejamos como se deu a participação em cada uma delas. Território Conforme esclarece o programa do Seminário, a primeira escala, aquela do Território, aborda aspectos referentes à “apropriação de espaços para estabelecer efetivo domínio, mas também pode se referenciar numa construção simbólica, expressiva de um determinado imaginário temporalmente localizado”. Como era de se esperar, dadas a participação predominante de arquitetos e a tradição de estudos na área, os trabalhos aqui enquadrados foram em maior número, da ordem de 40%. As 56 comunicações, apresentadas em doze mesas, trataram de assuntos que
vão da formação do território nacional à habitação popular, passando pela dimensão ambiental, em especial pela questão das águas urbanas; pela economia e pela urbanização; pela morfologia; pelos fluxos e dinâmicas urbanas; e pelas questões patrimoniais. O mesmo se verifica nos pôsteres, dos quais quase a metade se inclui nessa temática. A presença dominante foi aquela de comunicações sobre a formação do território nacional nos períodos colonial e imperial. Essas investigações exigem levantamentos mais dificultosos em arquivos históricos e acervos iconográficos dispersos, o que indica a ampliação dos estudos pós-graduados em nível de doutorado, possibilitando pesquisas mais alongadas e com recursos financeiros mais avantajados. Mas também vem sendo incentivadas pela disponibilidade cada vez maior de material documental na internet. Discurso profissional Objeto de interesse mais recente, em parte pelo enfoque crescente na hermenêutica do métier do urbanista e pela maior facilidade de acesso a suas fontes, o Discurso Profissional – pelo programa entendido como “todo tipo de produção de conhecimento, seja ele analítico ou propositivo, na forma de textos, projetos ou planos” – foi a escala seguinte em termos quantitativos, representada em um quarto dos trabalhos. As 34 comunicações foram expostas em sete mesas, abarcando teorias e conceitos; tendências historiográficas; ensino de urbanismo; legislações e projetos urbanísticos; teoria, prática e história do planejamento no Brasil, além de questões referentes novamente à habitação popular e ao patrimônio. Nos pôsteres, sua presença foi ainda mais marcante, sendo o Discurso Profissional objeto de cerca de um terço do conjunto. Significativamente, tendo por objeto o “discurso”, alguns trabalhos apoiaram-se em um caráter discursivo, expondo posições e entendimentos; mesmo
assim, predominaram os estudos de caso. Oportuna foi a ocasião para uma revisão histórica das raízes do planejamento urbano no Brasil na década de 1970. Representações Em certo sentido, a escala das Representações – pelo programa do Seminário referindo-se a “iconografia, literatura, cartografia, rituais, patrimônio histórico, e mais quaisquer objetos que possam ser analisados sob sua ótica” – teve uma presença menor que a esperada, se se consideram, mais uma vez, o predomínio de arquitetos e sua facilidade de ofício no trato de material visual. Pouco mais de 20% dos trabalhos aceitos, as trinta comunicações dedicadas a essa temática foram apresentadas em seis mesas e versaram sobre os usos do espaço urbano; sua morfologia e paisagem; a presença da cidade na literatura e nas artes; e, insistindo, também as questões patrimoniais. Percentual semelhante caracterizou sua presença nos pôsteres. Desenhos e gravuras, mapas e plantas, maquetes materiais ou virtuais são objetos correntes no cotidiano dos arquitetos, contudo foram pouco abordados nas comunicações, indicando um potencial a ser explorado mais sistematicamente. Por outro lado, se quantitativamente pouco representativa, as Representações foram abordadas sob grande variedade de aspectos, o que igualmente recomenda seu potencial. Cotidiano Por fim, comunicações sobre temáticas do Cotidiano – proposto no Seminário
TERRITÓRIO 56 COMUNICAÇÕES 12 MESAS DISCURSO PROFISSIONAL 34 COMUNICAÇÕES 7 MESAS COTIDIANO 15 COMUNICAÇÕES 3 MESAS
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fotografias do evento por Proforme Photo
como enfocando a “perspectiva de quem vivencia o espaço citadino, suas memórias e vivências, de modo a se perceber a cidade numa escala diferente daquela do especialista” – foram em número bem menor, agora confirmando as expectativas, uma vez que mais afeitas à sociologia e à antropologia. Os quinze trabalhos, expostos em apenas três mesas, trataram a cidade do ponto de vista filosófico e político, e de seus bairros e logradouros. No caso dos pôsteres, a presença da escala do Cotidiano foi ainda mais reduzida, não passando de dois ou três exemplos. Apesar de permitir uma grande variedade de abordagens e de possibilitar incontáveis estudos de caso, essa escala foi pouco explorada, indicando uma potencialidade a ser incentivada. Mesmo assim, curiosamente, certos assuntos mais limitados continuam na moda, como ocorre com o situacionismo, demonstrando mais uma vez a força e a sedução da palavra escrita. Comentários finais Após percorrer a extensa contribuição deste 13º Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, duas problemáticas me parecem merecer especial referência. Uma algo otimista, sobre o patrimônio histórico, e outra, pelo oposto, pessimista, quanto à habitação social. Evidentemente, as questões pa-
trimoniais estão em alta, em especial aquelas referentes à dimensão urbana do patrimônio – a despeito da pouca relevância dada à indústria do turismo no Brasil, oportunidade mais uma vez perdida, como bem se pode observar com a Copa do Mundo. Por um lado, tal fato é um bom indicador de felizes mudanças paradigmáticas, como a superação, ainda que tardia entre nós, da renovação urbana pela requalificação urbana e a mudança de foco das obras de arquitetura, das edificações propriamente, para seu contexto espacial. Por outro, reflete as próprias demandas do mercado de trabalho profissional, agora que os órgãos públicos de preservação têm atuação bem mais valorizada e participam mais ativamente dos processos de planejamento urbano. Nesta perspectiva a preservação, tanto arquitetônica como urbana, começa a constituir um campo autônomo, contando com instâncias de formação especializada e mesmo fóruns próprios de debate, como é o caso do Arquimemória e do Arquitetura e Documentação. Por sua vez, não é surpreendente que a habitação, tradicional presença nas pesquisas da área, tenha tido uma boa representação nas comunicações. O que causa apreensão, isto sim, é o progressivo descompasso que se verifica entre a esfera acadêmica, a atuação profissional e as instâncias de governo. Por boa parte do século passado, a habitação,
Cadernos de resumos e programação do XIII SHCU. Organização : Elane Ribeiro Peixoto, Maria Fernanda Derntl, Pedro Paulo Palazzo e Ricardo Trevisan. Programação visual: Gabriela Bilá | GRUPO arquitetura etc. fotografia por Marilia Alves
em especial a habitação de cunho social, ocupou papel de destaque na pauta de arquitetos e urbanistas, seja em sua reflexão conceitual, seja na aplicação prática. Prioridade nas políticas públicas desde a República Velha, teve especial relevo durante o período da ditadura militar, em virtude da ação do BNH. Contudo, restaurado o regime democrático, paradoxalmente as ações governamentais nessa área prescindiram e cada vez mais prescindem da contribuição altamente qualificada de arquitetos e urbanistas. Trinta anos de tal falta de apreço, de tal desmazelo e negligência – apesar dos rompantes populistas com que o assunto tem sido tratado –, e as consequências maléficas para as cidades brasileiras são evidentes para todos. Mais uma vez, parabéns àqueles que se empenharam na construção e sucesso deste 13º Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. E até o próximo, a realizar-se no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP-São Carlos. T 27
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FAU IM PRE SSA
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arqui + Didáticos FAU LANÇA REVISTA ACADÊMICA Ádila Tavares - Secretaria de Comunicação da UnB publicação original do site da UnB
PERIÓDICO REÚNE FOTOS, PESQUISAS E PROJETOS DOS ESTUDANTES DE ARQUITETURA E URBANISMO, ALÉM DE PUBLICAÇÕES QUE SAÍRAM NA IMPRENSA SOBRE A FACULDADE
fotografia por Marilia Alves
A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) lançou nesta quarta-feira (22) [de outubro de 2014] a revista ARQUI. O evento ocorreu no recém-inaugurado auditório da faculdade. O periódico reúne projetos desenvolvidos na área e divulga os trabalhos finais de curso que mais se destacaram nas bancas avaliativas do último semestre letivo. A publicação terá periodicidade semestral e pode ser acessada em formato impresso ou virtualmente. A revista ARQUI nasce com edição de número 2, em referência ao primeiro periódico da faculdade, publicado há quinze anos, em uma única edição. “Pensamos em homenagear a revista anterior e criar esta linha na história”, explica o estudante Danilo Fleury, que participou da produção gráfica. A edição possui 111 páginas divididas em sete seções, nas quais são destacados conteúdos comuns ao universo da Arquitetura, como fotos, pesquisas e projetos arquitetônicos. “A revista é muito visual e tem uma força natural e poderosa dos estudantes”, avalia o diretor da FAU, José Manoel Morales Sánchez. A publicação apresenta também uma homenagem ao fundador da FAU e professor emérito da UnB, João Filgueiras Lima, falecido em 21 de maio deste ano [de 2014]. Idealização: A ARQUI surge com três responsabilidades definidas: “Docu31
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mentar a história da FAU, servir de canal para os ex-alunos e de estímulo pedagógico aos graduandos”, aponta o diretor da faculdade. A documentação histórica é realizada a partir da compilação e publicação na revista dos textos divulgados na mídia sobre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O canal com o ex-aluno acontece naturalmente, uma vez que a revista, em sua publicação impressa e digital, aproxima o cotidiano da faculdade dos graduados que estudaram na FAU. Para a concretização do objetivo pedagógico do periódico, os professores definiram publicar na revista os trabalhos de conclusão de curso (TCC) avaliados com a nota máxima. “Assim eles servem de estímulo para os novos alunos a partir da comparação dos futuros trabalhos com os realizados e da expectativa de sair na revista”, explica Sánchez. Para o diretor, isso deve colaborar para a melhoria da qualidade dos trabalhos acadêmicos. T TAVARES, Ádila. FAU lança revista acadêmica. Disponível em: <http://www.unb.br/noticias/unbagencia/ unbagencia.php?id=9022>. Acessado em: 21 jan. 2015
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PUBLICA SÉRIE DE LIVROS DIDÁTICOS Ádila Tavares - Secretaria de Comunicação da UnB publicação original do site da UnB
INICIATIVA INÉDITA É COMPOSTA POR TRÊS COLEÇÕES INTITULADAS: TEORIA E HISTÓRIA, PROJETO E TECNOLOGIA
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Os professores e pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (FAU/UnB) ganharam um espaço inédito para divulgação e consulta acadêmica. A FAU lançou nesta semana a Série Didáticos, uma publicação periódica composta por três coleções de livros didáticos, divididas de acordo com a linha dos departamentos da faculdade: Teoria e História, Projeto e Tecnologia. “A publicação tem como objetivo apresentar resultados de pesquisas e estudos em formato acessível aos estudantes de graduação e fornecer material de apoio para as disciplinas da faculdade”, aponta a editora executiva da FAU, professora Maria Fernanda Derntl. A Série Didáticos é mais uma inicia-
Danilo Fleury e Luiz Eduardo Sarmento expõem os conceitos das publicações fotografia por Julia Seabra/UnB Agência Lançamento da Revista ARQUI da FAU fotografia por Julia Seabra/UnB Agência
tiva da Editora FAU/UnB, estruturada em 2012. Neste período, houve a produção de diversos trabalhos, como a revista ARQUI; o livro Cidade Rural, do professor Luiz Alberto Gouvêa; o CD Urbanismo no Rio de Janeiro, organizado pelos professores Rodrigo de Farias e Vera F. Rezende; e publicações derivadas do seminário História da Cidade e do Urbanismo, organizado pela FAU, neste ano. Teoria e história: O primeiro volume da Série Didáticos foi divulgado na última quarta-feira (22) [de outubro de 2014]. O lançamento ocorreu durante a cerimônia de inauguração do auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O livro faz parte da coleção Teoria e História. Intitulada Arquitetura, Estética e
Cidade, a obra possui dez textos escritos por professores do departamento de Teoria e História (THA) da FAU. “Temas importantes para a formação do arquiteto são analisados em perspectivas que derivam das pesquisas originais dos professores”, define Maria Fernanda Derntl. Ela e a professora Elane Ribeiro Peixoto dividem a organização desse primeiro livro. Os livros da editora da FAU-UnB são distribuídos gratuitamente a faculdades de Arquitetura e Urbanismo de universidades públicas e aos principais arquivos e bibliotecas do país. Também podem ser encontrados na livraria do Chico, no ICC Norte. A expectativa é de que, no ano que vem, sejam publicados mais dois volumes da Série Didáticos. T
TAVARES, Ádila. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo publica série de livros didátivos. Disponível em: <http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=9024>. Acessado em: 21 jan. 2015
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OS PALÁCIOS ORIGINAIS DE BRASÍLIA Romullo Baratto - ArchDaily Brasil publicação original do site do ArchDaily Brasil
Em comemoração ao Dia do Arquiteto e Urbanista e ao aniversário do mestre Oscar, a Câmara dos Deputados lançou o livro Os palácios originais de Brasília, de autoria do arquiteto Elcio Gomes da Silva. Trata-se do resultado de sua tese de doutorado, em que o autor examinou cuidadosamente os primeiros palácios construídos para a inauguração da nova capital federal na década de 1960. Motivada pela necessidade de preservação do patrimônio, a tarefa teve por base o estudo dos registros de arquitetura e de engenharia estrutural da época para identificar nas obras construídas o conjunto de valores declarados pelos autores de projetos. O livro descreve, ao longo de mais de quatrocentas páginas, o processo de concepção e construção dos Palácios da Alvorada, do Congresso Nacional, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, acompanhados de um rico conjunto de fotografias de maquetes e desenhos ori34
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ginais de Oscar Niemeyer e Joaquim Cardozo, produzidos entre 1956 e 1960, além de desenhos elaborados especialmente para o livro. T
BARATTO, Romullo. Livro “Os palácios originais de Brasília” disponível online. Disponível em: <http://www.archdaily. com.br/br/759279/livro-os-palacios-originais-de-brasilia-disponivel-online>. Acesso em: 21 jan. 2015.
URBANISMO ECOLÓGICO Caio Frederico e Silva
Guarda do Palácio fotografia fotografia porpor Marilia Marilia Alves Alves
Simpósio Internacional Urbanismo Ecológico em São Paulo, 2014 fotografia pela Editora Gustavo Gili
No dia 16 de outubro tivemos uma inauguração “fora de época” do novo auditório da FAU. Foi lançado no Brasil – em São Paulo no dia 15 e em Brasília no dia 16 – o livro Urbanismo ecológico organizado e coeditado pelos professores Mohsen Mostafavi e Gareth Doherty da Faculdade de Arquitetura da Paisagem de Harvard University. O evento foi organizado pelos professores Caio Silva, Liza Andrade e José Marcelo (Universidade Federal do Amapá), contou com palestra de abertura de ambos os professores e a presença da Editora Gustavo Gili, que fez a venda exclusiva dos primeiros exemplares do livro em sua versão portuguesa. O tema instigante das novas formas de urbanização, levando em conta as dimensões da sustentabilidade, atraiu mais de 150 estudantes, que promoveram um rico debate com os professores convidados. Os professores Carolina Pescatori e Daniel Sant’Ana contribuíram com as traduções no evento. T 35
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FAU NA RUA
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PÉ NA ESTRADA
Praça de Bolso do Ciclista fotografia por Bárbara Gomes
PÉS EM CURITIBA Ricardo Trevisan
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Entre os dias 20 e 25 de agosto ocorreu a segunda edição do projeto Pé na Estrada, dessa vez com destino à cidade de Curitiba (PR), sob a coordenação dos docentes Caio Silva e Ricardo Trevisan e organização das discentes Bárbara Gomes e Brenda Pamplona. Cidade reconhecida dentro e fora do país por seu planejamento urbano e modelo inovador de transporte público, a capital paranaense foi a escolha para receber os pés de quarenta curiosos estudantes e as contri-
buições imprescindíveis das professoras Gabriela Tenório, Giselle Chalub, Liza Andrade e Mônica Gondim. O projeto Pé na Estrada, institucionalizado pela professora Elane Ribeiro Peixoto em 2010 (SigProj), teve como parada inaugural Goiânia (GO) em dezembro daquele ano. Surgiu com o objetivo de estimular a reflexão e a discussão sobre Arquitetura e Urbanismo a partir da vivência de diferentes localidades brasileiras, contribuindo para a formação de nossos
Professora Mônica explicando sobre o sistema de transporte inovador de Curitiba fotografia por Bárbara Gomes
alunos, revelando realidades distintas à do Distrito Federal e, simultaneamente, compartilhando os conhecimentos adquiridos por meio de ações in loco ou exposição de trabalhos. Como ocorre desde a primeira versão, o Pé na Estrada estrutura-se em três etapas: (1) Pré-viagem (escolha do local, organização operacional, criação de roteiro, divulgação, inscrição, seminário com temáticas específicas); (2) Viagem (visitas, palestras com personagens locais, ações pontuais, registros e produção de material); e (3) Pós-viagem (sistematização e exposição pública dos produtos obtidos). Para essa jornada, o Pé ganhou logomarca e qualidade operacional, graças ao trabalho árduo de um grupo de engajados alunos. Assim, partimos: do Planalto Central ao Paranaense, dos ipês-amarelos às simbólicas araucárias, do Plano Piloto à acupuntura urbana. As vinte e quatro horas de viagem serviram para integrar o grupo e aproveitarmos das paisagens
Selfie da fofura das professoras no Jardim Botânico fotografia por Bárbara Gomes
urbanas e rurais por quais passamos. Nos quatro dias em Curitiba, o ritmo foi intenso por conta da ampla agenda a cumprir – aos desavisados: o Pé não é uma mera viagem turística, mas aulas de campo intensivas! Caminhando ou valendo-nos do transporte coletivo, pudemos confrontar a imagem da cidade ideal, aquela promovida em palestras por órgãos públicos e profissionais (URBS, Jaime Lerner etc.), com a realidade vivenciada nas ruas (Centro Histórico, Rua das Flores, Rua da Cidadania, Centro Cívico, Praça de Bolso do Ciclista, Largo da Ordem), nos parques (Botânico, Tanguá e Tinguá) e nos equipamentos urbanos (Mercado Municipal, Universidade Livre do Meio Ambiente, Ópera de Arame, Museu Oscar Niemeyer). Ao experimentar o real – suas escalas, suas cores, seus cheiros, suas temperaturas, seu povo e seus costumes, sua cultura etc. –, reavaliamos (positiva ou negativamente) as expectativas geradas a partir de estudos adqui-
ridos em aulas, livros, sítios eletrônicos, vídeos etc. Ao fim, sabemos que cada participante é capaz de não apenas repetir rótulos como Curitiba sustentável ou Curitiba marketing, mas de atribuir julgamentos e apreciações fundamentadas sobre a arquitetura, o urbanismo, o planejamento e a urbanidade da capital paranaense. Diante da importância e eficácia desse instrumento na formação complementar do futuro arquiteto-urbanista e na contribuição pública para conhecimento de nossas cidades, o projeto Pé na Estrada pode adquirir status de regularidade dentre as atividades acadêmicas e de extensão da FAU-UnB. Fato é que sua terceira edição foi lançada, com destino a Minas Gerais, ao colonial de Ouro Preto, à modernidade de Belo Horizonte e à expressividade artística e paisagística de Inhotim. Assim, pessoas, pé na estrada! T
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VIAGEM DIDÁTICA AO RIO DE JANEIRO VIVENCIAR A CIDADE COMO PROPOSTA DE ENSINO Camila Gomes
A metrópole fluminense tem sido pensada para seus habitantes? Foi dentro desta discussão que se inseriu a viagem didática “Vivenciando a cidade do Rio de Janeiro”, realizada de 4 a 9 de novembro de 2014, propondo-se a consolidar os arcabouços teórico-práticos ministrados nas disciplinas de Projeto Urbano 1 e Projeto Paisagístico 2 pela professora Camila Gomes Sant’Anna. A interlocução entre as disciplinas se faz fundamental para que os alunos entendam a importância dos espaços livres como nós articuladores de intervenções urbanas ocorridas ao longo do desenvolvimento das cidades. Foram analisados, em especial, os recentes projetos de mobilidade, de reestruturação de áreas centrais, de reordenamento de assentamentos informais e de expansão urbana no Rio de Janeiro. A escolha da 40
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capital fluminense se deu por uma conjunção de fatores que enriqueceriam a discussão do espaço urbano: a cidade, de 450 anos, possui marcas acumuladas de vários períodos históricos e remodelações urbanas de diferentes épocas, além de viver um momento de expressivas intervenções urbanísticas por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas. A atividade contou com colaboração e acompanhamento do Prof. Mateus Rosada, da FAAL (Faculdade de Administração e Artes de Limeira), que fez importantes aportes sobre a história da cidade, o patrimônio cultural e as reformas urbanas que o centro histórico sofreu, além de estimular os alunos a desenhar e a fotografar suas impressões sobre a cidade. Foi definido um itinerário que não só discutisse in situ o objeto estudado, mas também permitisse aos alunos a
construção de um olhar crítico sobre a cidade, sua paisagem, sua dinâmica e sua mobilidade. Essa imersão cultural foi orientada em quatro eixos: No eixo História, Formação Urbana e Patrimônio Construído foram realizados percursos pelo centro do Rio, explanando-se sobre a evolução da cidade, os morros desmontados e aterros realizados sobre o mar. Também se observaram a inserção e o papel na imagem urbana de edificações coloniais (Convento de Santo Antônio, Paço Imperial, Praça XV de Novembro), neoclássicas/ecléticas (edifícios da Cinelândia e da rua Uruguaiana, Real Gabinete, comércio do Saara, CCBB, Casa França-Brasil) e do movimento moderno (ABI, Palácio Capanema). No âmbito do Urbanismo, foi possível percorrer algumas avenidas do Plano Pereira Passos e as que vieram após o Plano Agache,
Palacio do Catete fotografia por Mateus Rosada
resultados das várias reformas estruturais pelas quais a cidade passou. Analisou-se também a Paisagem Carioca, por meio do estudo de passeios públicos, largos, praças e parques do sistema de espaços livres da cidade, articulando-a com áreas institucionais e ambientais de grande relevância (Barra da Tijuca, Aterro do Flamengo, Parque Guinle e Jardim Botânico). Dentro da tentativa de compreender a inter-relação entre os edifícios institucionais e culturais e as áreas livres, insere-se o eixo das Grandes Obras Arquitetônicas, nos quais se observaram os equipamentos de cultura existentes e em implementação, suas características de cunho patrimonial existentes ou não, sua proposta de expografia e sua relação estabelecida com o usuário e da obra arquitetônica com o entorno (Cidade das
Artes, MAM, MAR e as obras do MIS e do Museu do Amanhã). No eixo Intervenções e Projetos Urbanos, houve a visita e interlocução com o escritório Atelier Metropolitano, do arquiteto Jorge Jauregui, especializado em reurbanização de favelas. Ainda dentro desse eixo, procurou-se compreender melhor a operação urbana de remodelação da área portuária: os alunos percorreram a região, visitando a sala de exposições do Projeto do Porto Maravilha, o que lhes permitiu compreender a história do local e como ficará o redesenho da área. Ao final, percebemos que a viagem didática instigou a exploração do território fora do ambiente universitário, transformando a cidade em sala de aula, estabelecendo parcerias diversas e enriquecedoras com empresas privadas, profissionais liberais e territórios de cultu-
Palacio Capanema fotografia por Mateus Rosada
ra. Promoveu-se um maior entrosamento entre os alunos e destes com os professores, o que enriqueceu a participação no desenvolvimento das disciplinas. Para as próximas viagens, planejam-se parcerias com outras universidades, de modo a conhecer sua estrutura, seu corpo docente e seu programa de curso. Torna-se interessante também a promoção de um ciclo de palestras com docentes de outras disciplinas para instigar intercâmbios de conhecimento entre os diferentes conteúdos do curso. Por fim, gostaríamos de deixar o nosso agradecimento a todas as pessoas e instituições que prestaram inestimável apoio, em especial ao Prof. José Manoel M. Sanchez e à Profa. Luciana M. B. Schenk (IAU-USP) e aos funcionários Josué, Adriana e Soemes. T
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IMS fotografia por Ana de Abreu Altberg MAM fotografia por Mateus Rosada Real Gabinete PortuguĂŞs de Leitura fotografia por Mateus Roasada
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BRASร LIA MONUMENTAL POR EDUARDO ROSSETTI
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FAU PES QUI SA
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ENSAIO TEÓRICO diplomação
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rquitetura e Urbanismo são, ao mesmo tempo, arte, estética, teoria, projeto, técnica, representação e também texto. Isto é, impressos, a Arquitetura e o Urbanismo por escrito constroem-se em linhas e entrelinhas e ora expressam, manifestam, discutem, debatem, apresentam e divulgam, ora complementam, esclarecem, analisam ou acompanham ideias, conceitos e conteúdos de maneira bem mais acessível que a obra edificada. A Arquitetura e o Urbanismo, ensaiados por escrito nas páginas que se seguem, revelam a riqueza e a complexidade do campo profissional que definem. Tratase de Arquitetura e Urbanismo em palavras, pausas, pontuação e significados que se edificam a partir de temas escolhidos pelos próprios alunos, em momento de conclusão da cadeia de disciplinas do departamento de Teoria e História da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Entretanto, ao contrário do que se pode imaginar, os temas elencados não se restringem à teoria e história da Arquitetura e Urbanismo que, de fato, são apenas o alicerce por meio do qual se desenvolvem também questões de projeto e tecnologia. Dos cinquenta e oito trabalhos apresentados à disciplina Ensaio Teórico no segundo semestre de 2014, quinze foram selecionados para compor esta pequena amostra. Dentro deste universo, notam-se uma preocupação e o interesse cada vez maiores com o espaço urbano. Assim é que, subvertendo a noção geral de que é
o edifício isolado o objeto primordial de atenção do arquiteto urbanista, é a cidade que em primeiro plano aparece. Uma cidade que se questiona sob o ponto de vista da sustentabilidade, da mobilidade, da acessibilidade, da participação popular, da apropriação dos espaços públicos, das praças e parques e da memória materializada também em edifícios que nela se inserem e da qual fazem parte, indissociavelmente. Sintam-se, portanto, convidados por Bianca Rabelo e Nágila Ramos ao desafio de comparar, respectivamente, as cidades tradicionais de Paris e Budapeste, de um lado, com a cidade modernista de Brasília, do outro, sob o ponto de vista da mobilidade urbana. Também Juliana Lopes Vasconcelos e José Henrique Freitas oferecem à leitura a questão da mobilidade urbana, cada um à sua maneira. À Juliana interessa mostrar o pedestre, de uma maneira geral e, especificamente, o seu papel dentro do câmpus da Universidade de Brasília. A José Henrique importa o ciclista, ou melhor, a possibilidade de metamorfosear ele mesmo, você ou outros em ciclistas, a partir da definição de um manual do ciclista urbano. A cidade como espaço de vida pública, socialmente justo, democraticamente acessível é a preocupação que baliza o convite às reflexões de Lara Garcia, Camila Abrão, Caroline Nogueira e Diogo Lins. Lara e Camila pensam o espaço público a partir de áreas verdes, de praças e parques em Anápolis, ou da proposição de um mapa de uso do Parque da Cidade, em Brasília,
respectivamente. Caroline toma de empréstimo a metáfora da cidade post-it, de Giovanni de la Varra, e compara as ocupações dos espaços vazios de Brasília à escrita temporária destes, ou seja, assim como os papéis adesivos e coloridos marcam páginas e desaparecem sem deixar vestígios, as ocupações pontuam a cidade e também se vão. Diego pensa a reapropriação dos espaços a partir do Conic e, especificamente, da Fundação Brasileira de Teatro, evocando, do passado, Dulcina de Morais, numa aproximação à questão da memória e da identidade, também exploradas por Ingrid Siqueira e Jéssica Gomes. De fato, tendo por objeto de estudo de caso os museus a céu aberto, Ingrid discute o papel da autenticidade e sua relação com o território. Jéssica, por sua vez, traz à tona o problema da declaração de significância de bens modernistas sem reconhecimento oficial. E ainda: Lucas Parahyba e Regina Miranda oferecem à leitura a cidade a partir do ponto de vista da sustentabilidade; Pedro Ernesto Barbosa enfoca o planejamento urbano participativo a partir do estudo de caso de dois bairros em Salvador, e Stephanie Souza lança um olhar por trilhos e casas por meio e em meio ao universo de Tu não te moves de ti, obra de Hilda Hilst. T
Assim, saibam que, aonde quer que as páginas que se seguem os levem, vocês não se moverão de si mesmos. Boa viagem, boa leitura!
Ana Elisabete Medeiros Coordenadora de Ensaio Teórico
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Permacultura Urbana para Cidades em Transição: avaliando o programa Incredible Edible de Todmorden por Lucas Parahyba
Vários estudos de organismos internacionais alertam que nosso modo de vida é insustentável em termos socioeconômicos e ambientais, considerando uma população de 7,2 bilhões no planeta. Nossa principal matriz energética, o petróleo, chegou ao seu pico e sua extração vai ficar cada vez mais difícil e cara, levando ao declínio. É necessária uma mudança radical no estilo de vida dos moradores das cidades, uma vez que, em 2050, 70% da população mundial viverá nos centros urbanos. Diante desse cenário, alternativas para a construção de um modo vida mais sustentável vêm crescendo, como a permacultura, criada na década de 1970 na Austrália por David Holmgren e Bill Mollison. Inicialmente aplicada como solução para agricultura com um sistema integrado de espécies animais e vegetais perenes, foi ampliada para uma cultura sustentável de planejamento e aperfeiçoamento de esforços realizados por indivíduos, familiares e comunidades (HOLMGREN, 2002). A fim de conseguir subsídios para analisar técnicas ou ações sustentáveis investigou-se sobre a ética da permacultura e os princípios de design. No âmbito urbano, analisou-se o movimento “Transition Towns”, iniciado na Inglaterra como uma prática de mobilização para tornar as cidades resilientes, baseada em princípios holísticos da permacultura com foco no planejamento de adaptação das cidades ao declínio do petróleo. 52
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Este trabalho procurou estudar quais princípios da permacultura urbana e do movimento Transition Towns podem ser identificados no programa de agricultura urbana denominado Incredible Edible da cidade de Todmorden na Inglaterra, já expandido para o mundo todo. Este programa tem como objetivo fortalecer a comunidade por meio de construção de hortas urbanas na forma de canteiros e parques da cidade, que servem como propaganda com a função de criar oportunidade de discutir sobre “comida”. Identificou-se que vários aspectos foram estudados e trabalhados, como a ligação com a terra, alimentação saudável, produção local e senso de coletividade. Este programa teve alta aceitação da comunidade, o que possibilitou modificações na matriz curricular de colégios locais e criação de selos que autenticam produtos locais. Concluiu-se que o programa responde aos princípios permaculturais e o movimento Transition Towns na busca de uma sociedade mais resiliente e sustentável. Além disso, é um exemplo prático de como a coesão de uma comunidade é essencial para enfrentar crises econômicas, sociais e ambientais. Um programa replicável e com características que permitem sua implementação em cidades brasileiras. T Orientador: Liza Andrade Banca: Camila Sant´anna e Giuliana de Brito Sousa
Por trilhos e (c)asas, o fragmentado espaço do canto: tu não te moves de ti, de HH por Stephanie Souza
...SE ÉS POETA, ENTENDES. CASA É ILHA. E O TEU AMOR É SEMPRE TRAVESSIA. (HILDA HILST)
produção) nos traz reflexões sobre o próprio arquétipo de casa proposto por Bachelard. Segundo ele, é necessária uma associação sistemática entre o ato da consciência criadora e a imagem poética para apreendermos a fenomenologia da imaginação. A Casa do Sol, como as personagens de Tu não te moves de ti (e o espaço que as envolve), ascende, muda, transcende: como suas personagens, Hilda nutre carinho pelo canto, pela figueira e pelo céu encerrado no pátio interno. O perder-se pelas imagens, poéticas ou não, é quase simultâneo ao adentrarmos o mundo real, tão onírico, da Casa do Sol. Este universo é capaz de nos transportar a tantos outros, inclusive o envolvido pelo mantra: tu não te moves de ti. O movimento é espectro da casa. Bachelard, ao colocar a poesia como fenomenologia da alma, dá espaço para irmos além da imagem poética, além da própria casa, além da própria alma – o que faz dos conflitos das personagens na obra estudada material de extrema importância para absorver e recriar os universos espaciais que as contêm. A casa, ainda que por vezes esparsa e confundida a outros elementos, é muito presente e essencial, segundo Bachelard, para a representação da experiência humana. Busco relacionar (no sentido de pôr em relação) a poesia da autora com a experiência humana – infinita e inexplicável, embora sempre provocativa, instigante e sedutora (como os textos de Hilda; como a própria Hilda; como a própria vida). T
Longo ao tempo Foto da autora
Orientador: Elane Ribeiro Peixoto Banca: Alexandre Pilati e Miguel Gally
Por trilhos e (c)asas, o fragmentado espaço do canto: tu não te moves de ti, de HH, é um trabalho dedicado a mapear e analisar as imagens poéticas relativas ao espaço na obra Tu não te moves de ti (1980) de Hilda Hilst (1930-2004), tendo por base as propostas de Gaston Bachelard (1884-1962) em A Poética do Espaço (1989). Busco, por assim dizer, aproximações entre o espaço da narrativa literária e o espaço vivencial da escritora (A Casa do Sol) na procura da experiência do espaço físico pelo espaço poético (não de maneira refletida, tal como um espelho, mas amalgamada, retorcida). A poética de Hilst – rica na construção de imagens e símbolos – junta, e essencialmente, com a residência que ela construiu e morou a partir de 1963, A Casa do Sol (ainda que nem sempre reconhecida como um ponto de partida da sua
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A arquitetura como objeto de museu: O caso dos museus a céu a aberto por Ingrid Siqueira
Processo de enumeração das partes do edifício, a fim de ser transportado para o museu
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No desenvolvimento da Museologia ao longo dos séculos, passa-se a questionar os princípios dos museus tradicionais e a incitar a necessidade de estes se tornarem objetos mais próximos da sociedade. Assim, o museu passa por inúmeras transformações, que levam ao surgimento de tipos diversos de museus, em que dois serão, em diferentes medidas, tratados neste trabalho. Ambos apresentam a arquitetura como objeto museal e inovam na maneira de interagir com o público. O museu a céu aberto surge no final do século XIX, como uma forma de resgatar a cultura vernácula dos países e passá-la a outras gerações. Além de objetos que representavam a cultura da população, passou-se a deslocar edifícios históricos inteiros para dentro do museu, expondo-se um ambiente reconstruído da história. O ecomuseu entra na discussão porque trata de forma diferenciada a relação da arquitetura com o território, uma vez que esta não é deslocada de sua localização original. Além de objetos, costumes e a arquitetura, o próprio território
circundante é também artefato museológico. Questiona-se, assim, se o conceito de museu a céu aberto põe ou não em risco a ideia de autenticidade estabelecida no campo do patrimônio histórico. E até que ponto a noção da arquitetura deslocada com a autenticidade realmente importa. Introduz-se a noção de autenticidade, uma vez que o processo de deslocamento do edifício da sua localização original para o museu a céu aberto consiste, geralmente, no procedimento caracterizado pela anastilose, ou seja, desmonte e identificação das partes do edifício e em seguida a reconstrução. Tal método é bastante questionado por inúmeros teóricos no campo do patrimônio histórico. Tal pergunta é respondida por meio da análise do estudo de caso, o museu St. Fagans, localizado no sul do País de Gales, e também de um processo específico de deslocamento de um dos edifícios do museu. Apesar dos questionamentos, este museu é bastante popular não só no país, mas em toda a Europa.
Por meio da reconstrução de edifícios de variados locais e de diferentes épocas, consegue-se reafirmar o sentimento de pertença de toda a população. Esses edifícios, sozinhos e espalhados em diferentes localidades, não teriam acesso a um público tão extenso. O ecomuseu, por sua vez, reforça o sentimento de pertença de uma população específica, já que apenas tal comunidade e seus edifícios se tornam museu. Assim, a autenticidade é quebrada no sentido da localização no museu a céu aberto, mas entende-se que se faz um sacrifício em prol da cultura, uma vez que um maior número de pessoas tem acesso à história de seu país. T Orientador: Ana Elisabete Medeiros Banca: Maria Cecília Gabriele e Eduardo Pierrotti Rossetti
Dia 28/11/2014 às 16:00 Auditório da FAU - UnB Fonte: Imagem retirada do site < eyeonwales. wordpress.com>. Acessado dia 18/11/2014.
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HABITABILIDADE E CIDADES SENSÍVEIS À ÁGUA: Uma avaliação dos espaços públicos em Melbourne por Regina C. Ribeiro Miranda
“Habitar”, lembrando Heidegger, significa “nosso modo de estar no mundo”, constituindo-se, antes de tudo, num modo de relacionamento com o outro, com o lugar, com a cultura. Na construção das cidades, esse habitar tem sido marcado por variadas formas de interação com as águas: de aproximação, no passado, ao afastamento, no presente, seja pela fragmentação da cidade, pelo modo produtivo do consumo e descarte de recursos, pela crença na tecnologia como solução para todos os problemas, numa visão de dominação e controle da natureza, com impactos na qualidade de vida da cidade e bem estar das pessoas. (CORNELL, 1998; HERZOG; 2013; LOTUFO, 2011) Novas formas de habitar se tornam possíveis quando se leva em consideração os fluxos de água e o desenho urbano sensível à água, aliando tecnologia verde às variadas necessidades e desejos das pessoas e comunidades. O ciclo da água, como parte integrante dos processos e fluxos da natureza e da cidade, é influenciado pelos fatores climáticos, pelas ati56
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vidades humanas e pela forma urbana, configurando importante indicador da qualidade de vida que a cidade oferece aos seus cidadãos. (ANDRADE, 2014; DE HAAN ET AL, 2012; GORSKI, 2010) Tendo como base a Teoria das necessidades humanas de Alderfer (1969) E.R.G. (Existence, Relatedness, Growth), De Haan et al (2011) sugere uma conexão entre habitabilidade e água urbana, a partir de três categorias de necessidades sociais: Existência (física e material); Relacionamento (interação entre as pessoas, e destas com seu ambiente); e Crescimento (autoestima e realização social). Estas categorias auxiliam na promoção da qualidade dos espaços da cidade como um instrumento orientador do planejamento urbano nas escalas da cidade, da rua e do edifício. Este trabalho teve como objetivo investigar se o programa australiano Desenho Urbano Sensível à Água (WSUD), com foco na cidade de Melbourne, tem conseguido aplicar as categorias de necessidades sociais, além dos ganhos ambientais nas soluções inovadoras. T
Orientador: Liza Andrade Banca: Camila Sant’Anna Sant’Anna
e
Daniel
PARTICIPAR É MAIS: um estudo sobre planejamento urbano participativo e autonomia nos planos de bairro da saramandaia e dois de julho em salvador por Pedro Ernesto Chaves Barbosa
As transformações nas cidades ao longo dos anos, tanto no Brasil como no resto do mundo, têm mostrado uma acentuada predominância da heteronomia. Em outras palavras, técnicos, políticos e empresários/empresas controlam a vida das pessoas e o lugar onde elas moram sem que as mesmas possam manifestar suas intenções, desejos e expectativas. Com base em teóricos como Kapp et al. (2012), Lefebvre (1991), Vainer (2000) e Leite (2007) dividiu-se essa atuação no espaço urbano em quatro modelos: i) da tecnocracia; ii) da manutenção da ordem; iii) da terra que vale ouro e iv) da gestão empresarial. Esses modos de fazer a cidade não acontecem de forma isolada, são simultâneos e podem ser ilustrados com exemplos que vão desde Pereira Passos no Rio de Janeiro e Haussmann em Paris, até às Operações Urbanas Consorciadas (OUC) que se alastram por todo o país. O estudo sobre os movimentos sociais urbanos mostra que em contraponto às “reformas urbanas” heterônomas, há uma necessidade de ressignificar os modos de fazer a cidade buscando uma
maior sintonia com a ideia de “direito a cidade” levantada por Lefebvre (1991). Essa entrada das pessoas na luta pela democratização do planejamento e gestão urbanos deve estar atenta a não reprodução das relações heterônomas através da garantia da autonomia coletiva das populações. O foco na autonomia segundo Souza (2010) permite que a cidade seja de fato uma construção coletiva na qual as pessoas estão atentas aos problemas, propõem soluções coletivas e respeitam as diferenças. Dessa forma, a participação popular na construção do espaço urbano surge como uma forma de efetivar esse conceito, sendo necessário que planejadores e gestores saibam aplicar metodologias e técnicas que de fato consigam dar voz à população. Para buscar um maior entendimento das técnicas de participação comunitária foi feito um estudo dos planos participativos dos bairros de Saramandaia e Dois de Julho em Salvador. A estes foi aplicada uma matriz que quantificava a aplicação de técnicas com base em
um levantamento de 57 modalidades apresentadas pelo relatório português 41/2013 DED/NAU (Participação da Comunidade em Processos de Desenho Urbano e de Urbanismo). O estudo dos modos de participar na construção da cidade mostra que o caminho para que a população seja ouvida é longo e trabalhoso. Nesse sentido, as universidades devem estar mais envolvidas no processo de formação de profissionais reflexivos e responsáveis e, por outro lado, os governos devem aumentar os canais de participação. “Participar é mais” quando todos podem ter voz ativa, independente das diferenças de cor de pele, gênero, idade, crença religiosa e política. T
Orientador: Liza Andrade Banca: Benny Schvarsberg e Carolina Pescatori Candido da Silva
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As Praças e Parques de Anápolis: Discussões sobre seus efeitos na vida pública da cidade nos últimos 8 anos por Lara Garcia
Parque Ipiranga. Autor desconhecido. Fonte: Acervo do Museu Histórico de Anápolis
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Os espaços públicos são elementos estruturantes da cidade e importantes na construção do espaço democrático, pois são essencialmente todos os lugares a que qualquer um pode ter acesso, nos quais todas as pessoas têm o direito de permanecer e são livres para se manifestar e se expressar (TENORIO, 2012). Esse ensaio enfoca as áreas de praças e parques públicos, lugares que, por definição, oferecem ou deveriam oferecer atividades, atrativos e elementos convidativos para as pessoas estarem ao ar livre, para permanecerem e, mais do que isso, demorar-se. Áreas imprescindíveis para o uso contemporâneo dos espaços públicos. Anápolis, sítio do estudo, é uma cidade brasileira de médio porte. Distante e desconhecida pelos mais importantes pensadores da urbanidade. Apesar de longe, localizada no interior do Brasil e
escondida pelos troncos contorcidos do cerrado, a cidade tem passado por fortes intervenções nos seus espaços públicos de convivência. Desde 2009, cerca de cinquenta praças e parques foram revitalizados ou construídos. Questiona-se então: O modo de produção recente das praças e parques de Anápolis tem promovido a vida pública e a justiça social? A estrutura metodológica adotada para responder a esse questionamento tentou conciliar conhecimentos teóricos e observação empírica como forma de documentar e analisar os fatos presentes. Para isso, primeiramente, fez-se um embasamento teórico discorrendo sobre pensadores da urbanidade, como Jane Jacobs, Jan Gehl e William Whyte, estabelecendo-se assim os princípios de investigação. A análise em si é dividida em duas partes, o discurso da cidade e
o estudo macro. A primeira parte é composta por uma leitura comparativa dos dois últimos Planos Diretores de Anápolis, 1992 e 2006. A segunda parte é uma análise panorâmica do desempenho da expansão das áreas de praças e parques, a partir de parâmetros investigativos como o aumento de oferta, a democrática distribuição territorial e a diversidade de atividades oferecidas. Por último, foram divulgados resultados da pesquisa de uso e percepção realizada com 210 habitantes de Anápolis, expressando assim costumes, opiniões e demandas da população sobre essas áreas. T Orientador: Gabriela Tenorio Banca: Leandro de Sousa Cruz e Monica Gondim
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MOBILIDADE URBANA: CIDADE MODERNA VS CIDADE TRADICIONAL, OS CASOS DE BRASÍLIA E BUDAPESTE por Nágila Ramos
São vários os aspectos que determinam os deslocamentos das pessoas nas cidades: físicos, econômicos, sociais, culturais e outros. Porém, a configuração física e a distribuição das atividades no espaço urbano têm papel fundamental. Objetivando compreender como a configuração urbana influencia ou condiciona a mobilidade e a acessibilidade na cidade, foi desenvolvido um estudo em duas etapas: revisão da literatura sobre o tema e comparação entre a cidade moderna e a tradicional, através de dois estudos de caso, Brasília e Budapeste. Ambas são capitais nacionais, cercadas por áreas metropolitanas com cerca de 3,5 milhões de habitantes. À parte essas semelhanças, possuem estruturas urbanas, contextos social, cultural, histórico e de meio ambiente natural bastante distintos. Todavia, essa comparação pôde exemplificar como diferentes configurações urbanas geram padrões de mobilidade diversos. 60
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Foram analisadas informações (compiladas e representadas em mapas, tabelas e gráficos) relativas ao desenho urbano (através da sintaxe espacial), densidades, distribuição de usos, redes de transporte público (focando em sua distribuição e cobertura espacial) e dados estatísticos (repartição modal, taxa de motorização e evolução do uso de veículos privados). Constatou-se que ambas as cidades apresentam dificuldades à mobilidade. Contudo, a configuração de Budapeste (malha viária mais integrada e compacta, diversidade de usos, centro mais denso e acessível) propicia melhores condições de mobilidade e acessibilidade urbana do que a configuração de Brasília, que decorre direta ou indiretamente do seu desenho moderno (separação de usos, baixas densidades, malha viária mais labiríntica, muito espaço para veículos, longas distâncias entre os diversos bairros e entre funções diversas). Ou
seja, o que a literatura consultada propõe foi confirmado com os estudos de caso: mais uso misto, densidades urbanas mais altas e menores distâncias entre as atividades implicam menor necessidade de transporte motorizado, incentivo ao pedestre e ao ciclista, e, além disso, o transporte público pode ser mais bem distribuído, mais rápido e custar menos. Concluiu-se que as metrópoles têm um desafio: o planejamento permanente e integrado entre os sistemas de mobilidade/transporte e de uso e ocupação do solo, que busque costurar os diversos tecidos que compõem a malha urbana, promovendo melhores distribuições da ocupação urbana e conexões de seus usos no território. Dessa forma, é possível atingir níveis mais altos de sustentabilidade em relação à mobilidade urbana. T Orientador: Benny Schvarsberg Banca: Mônica Gondim e Gabriela Tenorio
DULCINA E BRASÍLIA
por Diogo Lins Dulcina de Moraes nos anos 30. Foto Acervo de Sérgio Viotti, retirada do livro Dulcina e o Teatro de Seu Tempo
Dulcina de Moraes nasceu em 1908, no Rio de Janeiro. É considerada a primeira dama do teatro brasileiro, por sua importância na luta pelo reconhecimento do Teatro como profissão e pela institucionalização do ensino dessa arte. No final da década 1960, motivada pela construção da nova capital, Dulcina decide construir, em Brasília, a Fundação Brasileira de Teatro (FBT), no Setor de Diversões Sul, o CONIC. A FBT é a mantenedora da Faculdade Dulcina de Moraes (FADM), tendo sido inaugura-
da em 21 de abril de 1980, com projeto inicial de Oscar Niemeyer. É a primeira faculdade de Teatro do país. Em 7 de dezembro de 2007, o Teatro da FADM e todo o acervo da atriz foram reconhecidos pelo governo como Patrimônio Cultural do DF. A urgência atual é assegurar a preservação desse patrimônio. A situação da FBT é crítica. A fundação mantém a faculdade, o teatro e o acervo, e corre risco de falência, pelas dívidas herdadas ainda do período da construção.
A FBT E O CONIC É impossível contar a história do Dulcina sem contar a do CONIC, que é visto por muitos como uma mácula na paisagem urbana da capital, por conta do período em que foi uma região marcada pelo tráfico de drogas, crime e prostituição. “É um caso raro de edifício tombado que de tempos em tempos cogita-se que seja demolido” (NUNES, 2009). O que ocorre é que, embora o CONIC seja um exemplar arquitetônico muito próprio de Brasília, é o único local em que a cidade se parece com qualquer outra, onde a cultura é acessível a tribos de realidades completamente diferentes. Recentemente, motivados a tornar Brasília uma cidade viva, diversos grupos independentes vêm criando eventos que estimulam a população a ocupar o espaço público. São eventos de cunhos diversos: culturais, comerciais, festivos, e acontecem em locais com pouca ou nenhuma infraestrutura, provando que mais importante que o espaço é a atividade. Nunes acredita que esses jovens, que não têm mais os antigos preconceitos das gerações anteriores, salvarão o CONIC. A FBT é muito compatível com esses movimentos, e talvez agora seja um momento oportuno para ela própria estimular esse tipo de uso naquele espaço, e beneficiar-se disso. A memória de Dulcina agradece. T Orientador: Reinaldo Guedes Machado Banca: Eliel da Silva e Marcia Troncoso 61
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mobilidade urbana: Os Casos de Paris e de Brasília por Bianca Rabelo
Acessibilidade e mobilidade urbana são assuntos atuais e cada vez mais discutidos no contexto das cidades. O excesso de carros e a má qualidade do transporte público coletivo configuram um problema atual em Brasília e em grande parte das cidades brasileiras. Em todo o mundo, as cidades vêm se renovando e tomando medidas para reduzir o tráfego de automóveis. Com o plano de mobilidade de 1998, Paris adotou medidas que, em um período de dez anos, contribuíram para uma redução de 24% do uso de automóvel e um aumento de 30% das viagens de trem, 18% das de metrô e 10% do uso de ônibus. O Ensaio Teórico teve como objetivo a análise da mobilidade urbana em Paris e em Brasília a fim de responder à seguinte questão: Após meio século desde a sua inauguração, a cidade modernista planejada para o automóvel realmente alcançou seus objetivos de transformar os espaços da cidade em expressões máximas do conforto e da fluidez de pessoas e bens quando comparada à cidade de origem medieval? Para tanto, definiu-se o conceito de mobilidade urbana, abordando os meios de transporte, suas transformações ao longo da história, problemas e desafios da mobilidade no contexto atual das cidades. Para melhor compreender os perímetros estudados, o Plano Piloto de Brasília e os 20 arrondissements de Paris, foi feito um estudo dos seus históricos. 62
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Brasília, cujo plano urbanístico de Lucio Costa buscou refletir a política implementada pelo presidente JK, é uma cidade modernista com um sistema de mobilidade pensado e voltado quase que exclusivamente para o automóvel. Já Paris, cidade centenária de origem romana e objeto de inúmeras expansões e reformas ao longo dos anos, foi abordada a partir da reforma do século XIX conduzida por Napoleão III e o prefeito Haussmann, que fez desaparecer a imagem da cidade antiga e insalubre, facilitando a circulação a partir dos novos eixos e valorizando os monumentos. No estudo de casos, os dados de mobilidade nas duas capitais foram analisados e comparados nos subcapítulos “As cidades e o ciclista”’, “As cidades e o transporte coletivo”, “As cidades e o automóvel” e “As cidades e o pedestre”. Com os dados obtidos, concluiu-se que o objetivo do urbanismo modernista de otimizar a fluidez e a velocidade na cidade não se cumpriu. A capital apresenta grandes problemas de mobilidade, que se intensificam em virtude do seu transporte público ineficiente e do número cada vez maior de automóveis particulares. Problemas que não acontecem somente por ter sido planejada segundo a prática rodoviarista, mas sim por uma questão de gestão pública. T Orientador: Ana Elisabete Medeiros Banca: Mônica Gondim e Giselle Chalub
Imagem produzida pela autora
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Transformando o lugar: a (re)descoberta dos espaços públicos brasilienses por Caroline Nogueira
Partindo da premissa do sociólogo Anthony Giddens de que a sociedade contemporânea está vivendo um momento de alta modernidade marcado pela efemeridade do “novo” e pela velocidade das comunicações interpessoais, é possível concluir que os espaços urbanos estão passando por mais um período de mudança ocupacional. Estas transformações geram novas demandas sociais, e a forma como elas interagem entre si, ocupando, além de um espaço físico, um espaço virtual, influencia todo o espaço urbano.
COMO UM TEXTO CHEIO DE POST-IT, A CIDADE CONTEMPORÂNEA ESTÁ OCUPADA TEMPORARIAMENTE POR COMPORTAMENTOS QUE NÃO DEIXAM RASTRO – COMO TAMPOUCO O DEIXAM OS POST-IT NOS LIVROS – QUE APARECEM E DESAPARECEM DE MODO RECORRENTE, QUE TÊM SUAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E DE ATRAÇÃO, MAS QUE CADA VEZ SÃO MAIS DIFÍCEIS DE IGNORAR. (LA VARRA) O arquiteto italiano Giovanni de la Varra foi o primeiro a utilizar o termo Post-it City, metáfora que compara o comportamento da cidade contemporânea aos blocos adesivos usados para anotar recados. A Post-it City seria a rede fragmentada e temporária de estruturas funcionais que ocupam os espaços públicos vazios do tecido urbano e promovem a escrita temporária deles. Esses modos temporais de ocupação do espaço público 64
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agem como um dispositivo de funcionamento da cidade contemporânea ligado às dinâmicas da vida coletiva fora dos canais convencionais. Revelando a habilidade de reconquistar o espaço público a partir de uma vontade da população, o post-it se torna um sensor da qualidade urbana latente de um espaço aberto a dinâmicas que garantem a diversidade de ideias e pessoas. Dadas a espontaneidade e a informalidade com que se disseminam no espaço, La Varra considera essas ocupações como formas de resistência à normatização dos padrões de comportamento público e ao consumismo da cidade. Considerando apropriações ocorridas em Brasília, projetada com base nas ideias do urbanismo moderno, onde a estrutura das ruas é completamente modificada, a análise de Transformando o lugar: a (re)descoberta dos espaços públicos brasilienses contrapõe estas ideias a opostas como as da americana Jane Jacobs, que acreditava que esta nova organização resultaria em uma cidade sem pessoas nas ruas, mantendo-as em parques sem muitas possibilidades de mudança. Entretanto, considerando a cidade como um organismo dinâmico, essas novas apropriações post-it dos espaços públicos brasilienses se contrapõem também à de Jacobs e podem ser uma resposta tanto às demandas criadas pelo projeto urbanístico de Brasília quanto às novas demandas contemporâneas. T Orientador: Luciana Saboia Fonseca Cruz Banca: Ana Elisabete Medeiros e Miguel Gally
Mapa para o Uso do Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek em Brasília/DF por Camila Abrão
Ao traçar o perfil evolutivo da história dos parques urbanos no mundo, percebe-se que sua evolução está atrelada ao desenvolvimento da sociedade com suas transformações e renovações, e também ao crescimento rápido das cidades com seus problemas dele advindos. Assim, ponderar qualidade de vida requer pensar em estratégias de proteção e preservação de espaços potenciais, para conservação de suas características em busca de um aperfeiçoamento. Foi nesse contexto que surgiu a ideia da criação de um Parque Recreativo em Brasília, mais tarde chamado de Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, em homenagem à mulher de Juscelino Kubitschek, e inaugurado em outubro de 1978. Nomes como o de Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Burle Marx participaram de sua criação. O interesse em desenvolver um trabalho de Ensaio Teórico a respeito do espaço público do Parque da Cidade Dona Sarah Kubistchek em Brasília surgiu após ter morado um ano na cidade de Paris na França pelo programa Ciências sem Fronteiras. Esse intercâmbio universitário me possibilitou conhecer diversos lugares novos, com culturas e pessoas diferentes. E me permitiu perceber e comparar como os espaços públicos podem ser diferentes em cada local
e contexto, tanto em relação aos seus espaços físicos quanto ao modo como são usados. Ao pensar em um espaço próximo a mim e também sendo usuária dele, percebe-se que o Parque da Cidade desempenha um papel de grande importância na estrutura urbana do Distrito Federal. Assim, estudar estratégias de uso de um parque urbano é fundamental para fomentar o uso desse espaço livre público para o lazer. Com o intuito de potencializar e estimular o uso do Parque foi elaborado um mapa para uso do Parque da Cidade como um documento orientativo para seus usuários, a fim de ressaltar as principais atividades e serviços existentes na região, fazendo com que o Parque da Cidade seja um espaço mais presente no cotidiano tanto das pessoas que já o utilizam quanto para os que serão novos usuários. Para desenvolver o mapa e fazer com que os resultados sejam mais próximos da realidade, alguns procedimentos metodológicos foram adotados como, por exemplo, visitas in loco, fotografias das principais atividades, zoneamento das áreas do Parque. No mapa, as atividades e os serviços existentes no Parque foram mostrados por meio de pictogramas, por ser uma
linguagem universal de fácil compreensão. Além disso, traz informações gerais sobre onde estão as estações de metrô próximas ao Parque, os acessos voltados para o carro, para os pedestres, as estações de bicicleta do Itaú e os pontos de ónibus. A parte do verso do mapa possui algumas fotos para mostrar ao usuário o que acontece no Parque. Também traz informações a respeito da localização do Parque na cidade de Brasília e quais são os principais meios que o usuário possui para acessar a área. Além disso, faz referência às zonas do Parque do projeto original de Burle Marx. Esse mapa foi pensado para fazer com que as pessoas tenham conhecimento das diversas opções de lazer que o Parque da Cidade oferece e também para incentivá-las a usufruírem desse espaço. Acredito que o mapa deve ser divulgado na Administração do Parque, na internet e nos jornais, pois com isso as pessoas terão melhor conhecimento do que existe no Parque e este desempenhará seu papel como um grande espaço público de lazer. T Orientador: Caio Frederico e Silva Banca: Camila Sant´anna e Giuliana de Brito Sousa
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Memória e Cidade: O caso do Touring Club por Viviane Moreira
Touring Club 1967 Fonte: Revista Brasília
O projeto de Brasília nasce em 1957 de um concurso, onde Lucio Costa foi vencedor. Primeiramente, no Relatório do Plano Piloto, a cidade surge de duas linhas formando o sinal da cruz e que levemente se adaptam ao relevo local. Desde seu surgimento, Brasília já se destacava por ser uma cidade fruto do movimento moderno, onde se vê as quatro funções básicas da Carta de Atenas: habitar, trabalhar, recrear e circular. Em 1987, Brasília fica conhecida pelo seu tombamento na UNESCO. Porém a imagem que surge, é que ela seria uma cidade “engessada”. Por ter sido planejada, entende-se que a cidade já estava pronta antes mesmo de ser construída. Todavia, Brasília foi construída e apropriada, com isso construiu sua própria identidade, que não era “prescrita” no Relatório. A cidade foi construída em partes e cada um dos edifícios que a compõe contribuem para a formação dessa identidade. Muitas das obras já eram previstas no Relatório do Plano Piloto, no entanto, tomaram usos e apropriações diferentes das idealizadas e contribuem para a caracterização da paisagem do cotidiano da cidade. Entre os edifícios descritos no Relatório, encontra-se o chamado Touring Club, localizado na região central de Brasília, mais especificadamente no Setor 66
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Cultural Sul. Descrito inicialmente no como uma “casa de chá”, foi inaugurado em 1967 como o edifício sede do Touring Club em Brasília. Desde os ano 90, o mesmo já passou por diversos usos, mas nunca o de “casa de chá”. Entretanto, em 2007, foi tombado em nível federal. Através da teoria dos valores patrimoniais de Alois Riegl, pretende-se entender que papel teve o Touring Club no dia-a-dia da cidade. Para isso será usado o conceito de narrativa do filósofo Paul Ricoeur, no intuito de entender como o edifício se reflete na memória da população e como ele se configurou na paisagem do cotidiano da cidade. Desenvolveu-se, então, a história do edifício e seu entorno por meio de fontes documentais
e entrevistas realizadas com arquitetos, ex-estudantes da Faculdade de Arquitetura de Brasília, em que narram suas memórias ao longo das 5 décadas de Plano Piloto afim de concluir: como o edifício se construiu na paisagem do cotidiano da cidade e como isso se reflete na memória das pessoas. T Orientador: Luciana Saboia Fonseca Cruz Banca: Luana Miranda Esper Kallas e Maria Cecilia Filgueiras
A perda de exemplares não excepcionais para a Arquitetura Moderna: Estudo de Caso O Centro de Dança do DF por Jéssica Gomes da Silva
Imagem do Teatro Nacional em construção com o Centro de Dança ao fundo. Fonte: Revista Brasília (21.04.1961)
Questões de preservação e reconhecimento dos bens edificados hoje são discutidas com ênfase nas transformações pelas quais vem passando a sociedade na forma como essa se relaciona com suas edificações. Mais ainda, hoje entra em discussão a dificuldade de se preservar bens que não possuem tombamento e que, portanto, não possuem o devido reconhecimento. Partindo desse tema principal, surge o Ensaio Teórico que tem por finalidade discutir exatamente a questão da valorização de bens não
excepcionais da Arquitetura Moderna, e como estudo de caso o Centro de Dança do DF. Essa é uma edificação de cunho unicamente cultural, voltado para a dança que, ao longo dos anos, desde a década de 1960, quando construída, passou por alguns diferentes usos e um longo processo de degradação que se estende até os dias atuais. O trabalho primeiro aborda a questão de preservação do patrimônio moderno, apresentando inicialmente as características dessa arquitetura, que a tornam única, e as premissas de sua
salvaguarda. O tema Brasília é inserido em seu contexto urbano e arquitetônico, de forma a apoiar o entendimento do movimento moderno e suas principais características. Assim, é inserida a problemática específica dos exemplares modernos que não são reconhecidos e preservados. Após um panorama geral, o Centro de Dança do DF é apresentado com todo o seu histórico e memórias a ele relacionadas, tentando juntar, desse modo, todas as peças desse quebra-cabeça. Fechando o Ensaio, a realidade do espaço é retratada por meio de fotos e croquis, demonstrando a situação atual da edificação, passando pelos valores que ela possui, para propor uma Declaração de Significância. Como conclusão são tecidos alguns comentários acerca de sua salvaguarda, não unicamente relacionados às memórias das pessoas, mas à sua história de fato. T Orientador: Cláudia da Conceição Garcia Banca: Ana Elisabete Medeiros e Elane Ribeiro Peixoto 67
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Manual de Ciclismo Urbano: Como sofrer uma metamorfose? por José Henrique Freitas
A VIDA É COMO ANDAR DE BICICLETA. PARA TER EQUILÍBRIO, É PRECISO MANTER-SE EM MOVIMENTO. (ALBERT EINSTEIN)
Este ensaio mostra e analisa, na teoria e na prática, a mudança na rotina de um cidadão comum na mobilidade urbana, identificando os principais desafios enfrentados pelo indivíduo que decide mudar de padrão de mobilidade, transformando-se em um ciclista em sua cidade. O processo é uma verdadeira metamorfose ou alomorfia, termos de sentido biológico, que se referem a uma mudança na forma ou na estrutura de um ser vivo no curso do desenvolvimento de sua vida. O autor coloca-se então como cobaia de seu próprio estudo e tenta sofrer a metamorfose proposta. Seria possível, em Brasília, largar de vez ou pelo menos um pouco o uso do automóvel e começar a fazer uso da bicicleta como meio de transporte? Os desafios e obstáculos, registrados e identificados durante a metamorfose, foram trabalhados e detalhados, formando o roteiro do conteúdo fundamental do “Manual do Ciclista Urbano”, um guia voltado especialmente às pessoas que pretendem se metamorfosear, apoiando novatos em ciclismo urbano, tirando dúvidas sobre a nova forma de 68
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vida e dando dicas e conselhos sobre o uso da bicicleta como meio de transporte. Além disso, aumenta a conscientização da necessidade da melhoria do transporte no Distrito Federal, com propostas de incentivos e campanhas, almejando-se novos modais de transporte, desaceleração de vias, investimentos em infraestruturas e restrições ao uso do automóvel individual. E esse roteiro somente pôde ser desenvolvido a partir da vivência da metamorfose, que permitiu ao autor caracterizar com clareza e precisão os temas principais a serem abordados no manual. Um dos motivos de se transformar o trabalho teórico em prático ocorre pelo fato de, muitas vezes, ao fazermos estudos sobre mobilidade ou urbanismo na faculdade, elaboramos planos de implantação de ciclovias, por exemplo, sem nunca termos feito uso da bicicleta em nossa cidade ou saber como é a vivência do ciclista. O novo estilo de vida sobre duas rodas parece desafiador, mas é também motivado por outras questões, como o fato de se aliar a necessidade de deslocamento cotidiano à prática de atividade física ou de economizar em combustível e manutenção do veículo. Adicionalmente, traz diversos benefícios à cidade, desde a não emissão de poluentes no meio ambiente até a economia em infraestrutura urbana e uso de espaço público. A cidade carece desse tipo de vivência atualmente, em que o carro se tornou um anfitrião em Brasília e deixou o pedestre e o ciclista como figurantes da vida urbana. T
Orientador: Carolina Pescatori Banca: Benny Schvarsberg e Maribel Aliaga O Ensaio completo pode ser acessado no portal Issuu, através do link: www. issuu.com/josehenriquefreitas/docs/ensaio_view As entrevistas podem ser acessadas na página de Facebook Ciclistas de Brasília, criada para o Ensaio, através do link: www.facebook.com/ciclistasdebrasilia
O Lugar do Pedestre no Espaço Universitário por Juliana Lopes Vasconcelos
Percurso longitudinal realizado
O trabalho se concentra em descobrir o real espaço dedicado ao pedestre dentro do câmpus universitário. O câmpus é o lugar de importantes manifestações culturais e acadêmicas dentro de uma cidade. Sendo assim, compõe uma importante área de estudo, abrangendo uma quantidade significativa de pessoas que fazem o uso desse espaço diariamente. A configuração espacial dos edifícios no câmpus universitário e os caminhos traçados a partir destes são características fundamentais para o entendimento da circulação do pedestre na universidade. O estímulo do usuário a caminhar e a valorização do pedestre no espaço, na perspectiva atual da mobilidade sustentável, são elementos essenciais para começar a mudança de hábitos e de paradigmas urbanos. Com isso, o pedestre se apresenta como a temática central desse estudo, em que se depara com o questionamento de como ele percorre o espaço universitário. Esse espaço está estruturado para o uso do pedestre? Qual é o lugar do pedestre no câmpus? Para responder a essas indagações, constrói-se, então, um panorama com a composição dos primeiros campi universitários do mundo até chegar à organização obtida nos dias de hoje no Brasil e depois em Brasília, com a Universidade de Brasília. Tendo como objeto principal de estudo o Câmpus Darcy Ribeiro, delineia-se sua evolução histórica desde as suas primeiras construções até a configuração das edificações em seu território atualmente. Depois, parte-se para o entendimento das dimensões e conceitos que valorizam a prática do caminhar na sociedade, isto é, procura-se entender quais são as diretri-
zes para valorizar e estimular os percursos e caminhos e, consequentemente, o pedestre. Com isso, são atribuídas quatro dimensões para definir critérios de análise desses percursos: (1) acessibilidade, (2) segurança e proteção, (3) conforto ambiental e (4) atratividade. Com base nessas dimensões estabelecidas, tem-se a análise do espaço do pedestre na qual se busca compreender se o usuário utiliza ou não esse espaço dedicado a ele, por meio da observação das condições que esses percursos se apresentam para o pedestre. Para isso, utiliza-se o Câmpus Universitário Darcy Ribeiro como um estudo de caso para elucidar o método elaborado e para obter
um diagnóstico do cenário das calçadas, percursos e demais espaços dedicados a esses pedestres dentro da universidade. Os resultados obtidos evidenciam que a universidade foi perdendo a qualidade das edificações construídas no início de sua construção, no que diz respeito à acessibilidade e à qualidade dos percursos, para dar lugar a novas edificações que priorizam o sistema viário em detrimento do espaço do pedestre dentro do câmpus. T
Orientador: Carolina Pescatori Candido da Silva Banca: Benny Schvarsberg e Frederico Flósculo 69
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FAU PRE MIA DA
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RANKING
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O jornal Folha de S. Paulo divulgou a edição 2014 do Ranking Universitário Folha (RUF), publicação anual que elege as melhores universidades e cursos do país a partir de quesitos como “Qualidade de Ensino” e “Avaliação do Mercado”. Em arquitetura e urbanismo, a Universidade de São Paulo (FAU-USP) encabeça a lista, que abrange 239 instituições de todos os estados brasileiros. Curiosamente, no ranking geral as dez primeiras posições são ocupadas por instituições públicas, onde figuram a Universidade de Brasília (UnB) no segundo lugar e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na terceira colocação. Já entre as instituições privadas, o top 10 destaca sete paulistas, tendo a Mackenzie no topo da lista. Nas duas posições seguintes estão a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. A ordem de classificação ainda pode variar de acordo com os quesitos selecionados. A FAU-USP tem a maior pontuação nas categorias “Avaliadores do MEC” e “Avaliação do mercado” – ao lado da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Mackenzie –, enquanto a UnB é a melhor em qualidade de ensino. O RUF também engloba os seguintes parâmetros: Doutorado e Mestrado; Nota no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade); e Professores com dedicação integral e parcial. Criado em 2012, o Ranking Universitário Folha é uma avaliação do ensino superior brasileiro, que utiliza informações coletadas pelo veículo em bases de patentes brasileiras e periódicos científicos, dados do Ministério da Educação (MEC) e pesquisas nacionais de opinião feitas pelo Datafolha. T
Confira abaixo os dez melhores cursos de arquitetura e urbanismo na classificação geral:
1º Lugar – Universidade de São Paulo (USP) 2º Lugar – Universidade de Brasília (UnB) 3º Lugar – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 4º Lugar – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 5º Lugar – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 6º Lugar – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 7º Lugar – Universidade Federal do Ceará (UFC) 8º Lugar – Universidade Federal do Paraná (UFPR) 9º Lugar – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 10º Lugar – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
Veja os dez melhores cursos de arquitetura e urbanismo no ranking de instituições privadas:
1º Lugar – Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo, SP 2º Lugar – Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) 3º Lugar – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo 4º Lugar – Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) – São Paulo, SP 5º Lugar – Universidade Paulista (UNIP) 6º Lugar – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) 7º Lugar – Universidade Positivo (UP) – Curitiba, PR 8º Lugar – Universidade Anhembi Morumbi (UAM) – São Paulo, SP 9º Lugar – Universidade Nove de Julho (UNINOVE) – São Paulo, SP 10º Lugar – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
RANKING 2014 dos melhores cursos de arquitetura do Brasil é divulgado. Disponível em: <http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!news/read/14189/ranking-2014-dos-melhores-cursos-de-arquitetura-do-brasil-%C3%A9-divulgado>. Acesso em: 21 jan. 2015. 73
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prêmio AnPRAC PROJETO DE HABITAÇÃO AUTOSSUFICIENTE Lanna Santana - Secretaria de Comunicação da UnB
IDEIA É CONSTRUIR UM ESPAÇO DE PESQUISA MULTIDISCIPLINAR PARA OS CURSOS DE ENGENHARIA E ARQUITETURA, COM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA POR FONTES RENOVÁVEIS
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Pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) propõe um prédio experimental que consuma a mesma energia que produz ao longo de um ano, conhecido como edifício com balanço energético nulo (nZEB). Por meio de simulações computacionais, os estudiosos calcularam o consumo de energia e a capacidade de produção para um ano típico e demonstraram o sucesso na meta de consumo líquido nulo inicialmente proposto. O estudo, intitulado “Proposta de edificação experimental com balanço energético nulo para a Universidade de Brasília”, ganhou o prêmio ANPRAC de melhor trabalho técnico apresentado no 9º Congresso Internacional de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação – MERCOFRIO 2014. Idealizado em conjunto, o artigo de Geraldo Pithon e João Pimenta, do Departamento de Engenharia Mecânica da
Fachada Noroeste-oeste - evidencia-se a separação clara entre o bloco de laboratórios (em amarelo) e o público (em azul). imagem por Gloria Lustosa Pires
Faculdade de Tecnologia (FT), foi feito em parceria com Cláudia Naves Amorim e Márcia Birck, ambas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). O projeto além de atender às atividades comuns de um edifício acadêmico, será uma plataforma de pesquisa com caráter multidisciplinar para as engenharias, além do uso por outras áreas como a Arquitetura. Dessa maneira, a edificação permitirá as mais diversas análises de mecanismos de eficiência energética, qualidade do ar interior, produção de energia por fontes renováveis e estudo de tecnologias prediais eficientes. “Um edifício nZEB só é possível quando todas as áreas de projeto envolvidas caminham juntas desde a sua concepção inicial, acompanhadas de ferramentas de simulação confiáveis que permitam análise do impacto de cada decisão de projeto tomada. Dessa manei-
ra, estamos criando um grupo de estudos vinculado à ASHRAE para reunir as áreas da universidade e dar continuidade à proposta” destaca Geraldo. Edifício de energia líquida zero, em inglês net Zero Energy Building (nZEB), é a nomeação dada a projetos que possuem alta eficiência energética para o mínimo consumo possível aliada à produção de energia por fontes renováveis. João Manoel Pimenta, professor de Engenharia Mecânica da UnB, aponta que no mundo já existem exemplos de edificações nZEB. “O intuito deste edifício experimental será um projeto pioneiro”, conclui Pimenta. No Brasil esse ainda é um assunto restrito, mas em países da Europa e nos Estados Unidos há denso material de pesquisa e edifícios já comprovadamente net zero. Cada país usa um tipo de energia alternativa diferenciada, pois os
diversos projetos envolvidos dependem das condições climáticas do local. MERCOFRIO – O evento que ocorreu de 25 a 27 de agosto em Porto Alegre (RS) trouxe 36 trabalhos de alta notoriedade na área. Cinco trabalhos da universidade foram apresentados, sendo um deles premiado como melhor trabalho do congresso. Promovido pela Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (ASBRAV), o Congresso MERCOFRIO acontece bianualmente nas principais capitais da região Sul do país desde 1998. Na premiação é selecionado o melhor trabalho no setor que visa aspectos ambientais, interesses industriais e socioeconômicos. T SANTANA, Lanna. Projeto de habitação autossuficiente. Disponível em: <http://www.unb.br/noticias/ unbagencia/unbagencia.php?id=8930>.
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pibic menção honrosa AS CIDADES: DA INDUSTRIALIZAÇÃO À ESTÉTICA RELACIONAL Danilo Fleury
Pensar a respeito das cidades atuais requer uma regressão analítica e crítica das reflexões urbanas ocorridas na história. Este trabalho apresenta, de maneira introdutória, um panorama do pensamento urbano, desde a industrialização até as últimas ideologias urbanas do século XX (Internacional Situacionista), que colabore para o entendimento acerca da situação urbana na contemporaneidade. As transformações que ocorreram durante esses séculos, permeadas por diversas ideologias, construíram a complexa situação urbana das cidades atuais. Iniciamos um breve o passeio pelas utopias dos primeiros urbanistas (e pré -urbanistas), aqueles que se distinguiam entre progressistas e culturalistas. Visitamos então a imponente ideologia moderna e também as críticas urbanas pósmodernas até chegar, por fim, aos dias atuais. Percebe-se nesse breve passeio que a história urbana se dá como um traço tortuoso que vai e vem, cheio de esperanças e nostalgias, de revisões e contradições. Assim, a contemporaneidade nos vem aos olhos como esse complexo 76
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espaço/tempo que engloba simultaneamente críticas, elogios e reinterpretações do passado. Por compreender que a arte é o anúncio pioneiro dos novos tempos, apoiamo-nos nela, junto com o que se viu nessa regressão à história do pensamento urbano, para refletir sobre as cidades que estão por vir. Nos anos 90, Nicolas Bourriaud em seu livro “Estética Relacional” reflete sobre o lugar da arte na sociedade contemporânea e as interferências que o mercado e a cultura de consumo produzem no ambiente social. A diminuição progressiva de espaços de convívio e relação em prol de ambientes de consumo é o contexto onde surge a produção artística que ele denomina de arte relacional. Por mais que sua reflexão esteja voltada para a arte contemporânea, ela é de extrema relevância para o pensamento urbano. Agregar o valor da sensibilidade artística, suas potências sociais e políticas, pode ser de grande importância para a reflexão urbana atual. Nossa pesquisa investiga se e em que medida tais ideias permitiriam uma virada de chave
no pensamento e nas práticas urbanísticas, atualizando sua produção para as novas potencialidades da sociedade e da vida contemporânea. A pesquisa em questão teve importantes resultados e repercussões. O trabalho “As cidades, da industrialização à estética relacional” foi aceito como comunicação do XIII Seminário de História das Cidades e do Urbanismo realizado do dia 9 a 12 de setembro de 2014. A versão expandida do mesmo trabalho foi aceita para publicação na Revista de Estética e Semiótica (ISSN 2238-362X), no volume I de 2014. T
Aluno: Danilo Fleury Orientador: Miguel Gally Plano de Trabalho Pibic 2013/2014: “O corpo e a cidade: uma investigação preliminar sobre as aproximações entre arte visual e arquitetura a partir das intervenções urbanas”
Cidades utópicas pós industrialização
Cidade Industrial de Tony Gardier
Le corbusier e suas cidades utópicas
Plano Voisin de Le Corbusier
Críticas e utopias da Internacional Situacionista
Mapa psicogeográficos da Internacional Situacionista
Carta de Atenas e as cidades modernas
construção de Brasília
Estética Relacional de Nicolas Bourriaud
Documentation of 8 foot line tatooed on six remunerated people, 1999. Santiago Sierra
Arte contemporânea e as intervenções urbanas
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HO ME NA GEM
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LINA BO BARDI 80
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SESC POMPEIA 2013 fotografia por Eduardo Rossetti
LINA BO BARDI _ 100 ANOS Eduardo Rossetti - organizador do evento
Dentre as diversas comemorações sobre a obra de Lina Bo Bardi, que ocorreram em 2014 em universidades e instituições – tanto no Brasil, como no exterior – por ocasião de seu centenário de nascimento no dia 5 de dezembro, a FAU -UnB organizou no dia 13 de novembro o evento “Lina Bo Bardi _ 100 anos”. Tratouse de uma atividade singela voltada para comunidade acadêmica, a fim de instigar reflexões sobre a trajetória, a atuação e o legado da obra da arquiteta dentro do
campo cultural brasileiro. Houve a exibição do filme Lina Bo Bardi (1993), seguida de um debate com o diretor Aurélio Michiles, que antes de se tornar cineasta estudou arquitetura na UnB nos anos 1970. A Profa. Sylvia Ficher mediou o debate com a plateia que prestigiou o evento. Ainda no âmbito desta comemoração o jornalista e ensaísta Claudio Valentinetti – sobrinho da arquiteta – gravou um depoimento para a TV UnB, que foi ao ar T do dia do centenário. 81
fotogrรกfica
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SOBRE LINA BO BARDI CAPA POR LAURA CAMARGO GALERIA POR LUIZ SARMENTO
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Nテグ PROCUREI BELEZA, MAS LIBERDADE. OS INTELECTUAIS Nテグ GOSTARAM, O POVO, SIM (LINA BO BARDI)
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CAPA: exposição sobre a Lina Bo Bardi no Pavillion de l’Arsenal, em Paris, por Laura Camargo Trio de fotos: SESC POMPEIA, por Luiz Sarmento Foto anterior: SESC POMPEIA, por Luiz Sarmento Foto: MASP São Paulo, por Luiz Sarmento
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NO VOS ARQUI TETOS
DIPLÔ diplomação
O
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo estabelecidas na resolução no 2, de 17 de junho de 2010, deve ser realizado ao longo do último ano de estudos, centrado em determinada área teórico-prática ou de formação profissional, como atividade de síntese e integração de conhecimento e consolidação das técnicas de pesquisa. A FAU-UnB segue estes preceitos. Em nossa Instituição o trabalho é individual, com tema de livre escolha do aluno. É desenvolvido sob a supervisão do professor orientador. O TCC é dividido em duas partes: Introdução ao Trabalho de Conclusão de Curso, realizado no primeiro semestre, e o Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolvido no segundo semestre do ano letivo. No primeiro o aluno deve apresentar como produto final o anteprojeto de um objeto arquitetônico, na escala da edificação ou da cidade e o TCC possui ênfase na continuidade e evolução do anteprojeto. A fim de sistematizar o trabalho deste último ano do curso, foi criado o Plano de Curso da Diplomação. Neste são estabelecidas regras, cronograma, conteúdo mínimo, formato de apresentação, avaliação, entre outros, que devem ser seguidos pelos estudantes. A avaliação é feita por bancas. Estas são compostas pelo orientador mais dois professores. Os membros são fixos, participam e avaliam todo o processo. São acrescidos à banca final do TCC dois membros: um professor convidado e um
arquiteto convidado. Estes avaliam o produto final. Sendo assim, apresento, com enorme satisfação, os trabalhos deste último semestre. Foram defendidos 29 projetos. Destes, 13 estão sendo expostos de forma resumida e 4 ganharam maior destaque. Foram selecionados a partir de critério estabelecido por comissão composta para este fim. A comissão optou por publicar os trabalhos contemplados com menção superior (*). A produção apresentada a seguir nos permite observar a diversidade de temas. Estes refletem questões atuais relacionadas à estrutura da cidade, à sociedade, ao meio-ambiente. Mostram a maturidade desta nova geração de arquitetos -- seu engajamento e capacidade de conceber, de forma consciente, através de projetos práticos, toda a teoria apreendida durante o curso. Resultado, além do empenho do aluno, da qualidade do corpo docente. Diante do cenário atual de políticas públicas, estes novos arquitetos representam a perspectiva de uma cidade melhor, com menos problemas sociais e mais qualidade de vida. Agradeço imensamente por mais este semestre, a disponibilidade e empenho dos professores e arquitetos convidados, na participação das bancas. Temos a consciência de que é um trabalho árduo mas extremamente importante e gratificante. T (*) Dezoito trabalhos obtiveram menção superior. Treze apresentaram resumo para publicação.
Paola Caliari Ferrari Martins Coordenadora de Diplomação
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CATÁLOGO DE PROJETOS >>
CENTRO DE CULTURA ÁRABE
COMPLEXO ESPORTIVO
REQUALIFICAÇÃO DA AVENIDA COMERCIAL PARA O PEDESTRE
ANTI UTOPIA URBANA
CENTRO INTEGRADO DE MODA DO GUARÁ
Ana Júlia Maluf orientador: Oscar Luis Ferreira
Carolina Nascimento orientador: Bruno Capanema
Daniela Quinaud orientadora: Carolina Pescatori
Danilo Fleury orientadora: Elane Ribeiro Peixoto
Emanuelle Pereira orientador: Oscar Ferreira
CASA DE RETIRO RELIGIOSO
COMPLEXO CULTURAL EM PLANALTINA
CENTRO DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM SAÚDE
INTERVENÇÃO NA RODÔ - O CORAÇÃO DE BRASÍLIA
Erick Welson Medonça orientador: Cláudio Queiroz
Fabrícia Figueiredo orientador: Cláudio Queiroz
Gabriela Emi Akaboci orientadora: Raquel Blumenschein
Gabriela Farinasso orientadora: Gabriela Tenorio
PROTÓTIPO PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL INDUSTRIALIZADA E SUSTENTÁVEL. Guilherme Silva orientadora: Raquel Blumenschein
KARTÓDROMO DO GUARÁ
SETOR COMERCIAL SUL
CENTRO ONCOLÓGICO
INSTITUTO DE ARTES
CENTRO PARA IDOSOS
Hana de Andrade orientadora: Elane Ribeiro Peixoto
Íngrid de Araújo orientadora: Gabriela Tenorio
Isabel Cabral Alencar orientador: Cláudio Queiroz
Jana do Santos orientador: Cláudio Queiroz
Júlia Piccolo Cinquini orientador: Frederico Flósculo
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CENTRO DE DANÇA
ESTAÇÃO DA DANÇA
CONJUNTOS HABITACIONAIS DO GUARÁ II
ESCOLA PARQUE
ESCOLA INTEGRAL COM ENSINO ESPECIAL
Kenji Nakakura orientador: Bruno Capanema
Laura Camargo orientador: Bruno Capanema
Leandro Aguiar orientadora: Marta Romero
Luiz Filipe de Souza orientador: Oscar Luiz Ferreira
Manuela Marcelino orientador: Frederico Flósculo
URBANISMO
EDIFÍCIO DE BALANÇO ENERGÉTICO NULO (NZEB) NA UNB
IGREJA SÃO JOSÉ
CENTRO CULTURAL 25 DE OUTUBRO
HEMOCENTRO REGIONAL DO GAMA
Marcela Muniz orientadora: Gabriela Tenorio
Márcia Birck orientadora: Cláudia Amorim
Mateus Costa orientador: Claudio Queiroz
Matheus Maramaldo orientador: Jaime de Almeida
Moira Neves orientadora: Marta Romero
ESPAÇO DE AÇÕES DE MELHOR IDADE
IGREJA CATÓLICA CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
EMBAIXADA DE CABO VERDE EM BRASÍLIA
Ninivy de Oliveira orientador: Cláudio Queiroz
Rubiana Lemos orientadora: Raquel Blumenschein
Vander Delgado orientador: Cláudio Queiroz
Stella Junqueira orientador: Cláudio Queiroz
FAU-UnB fotografia por Marilia Alves
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projetos EM destaque >>
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CENTRO DE CULTURA ÁRABE ANA JÚLIA SAMPAIO MALUF Oscar Luis Ferreira O trabalho de conclusão de curso de Ana Júlia Sampaio Maluf, o Centro de Cultura Árabe, é, no meu entender, ao mesmo tempo o encerramento de um ciclo de dedicação e sucesso de uma aluna sensível não apenas à arquitetura, profissão escolhida, mas a princípios pessoais de origem familiar, que a fazem valorizar a
ética, o respeito aos colegas e a busca de uma ideal de perfeição. Como, também, a abertura de um universo profissional vasto. A edificação proposta é o exemplo desta afirmação, ao mesmo tempo em que celebra uma outra cultura, a cultura dos países cuja língua oficial é o árabe, respeita, ao fazer referência clara à arquite-
tura brasileira, à cidade de Brasília onde está implantada, marco da arquitetura e do urbanismo modernos e patrimônio da humanidade. Uma palavra traduz a busca constante e por que não dizer frenética empreendida por ela desde o início de nossas orientações: conhecimento!
A NOVA PLATA [FORMA] DA RODÔ GABRIELA CASCELLI FARINASSO Gabriela Tenorio A nova plata[forma] da Rodoviária, de Gabriela Cascelli Farinasso, é uma intervenção projetual no coração de Brasília. Ponto nodal dos fluxos de automóveis e pessoas, local de encontro e dispersão, de
diversidade, de possibilidades, a Rodoviária do Plano Piloto é um edifício-cidade. Com grande sensibilidade às questões de mobilidade sustentável e de preservação do patrimônio, Gabriela propõe uma in-
tervenção lúdica e cuidadosa, na qual o homem – e não o automóvel – é a medida. Espaços ociosos são ocupados, lugares de convivência são criados: uma nova [forma] para a velha Rodô.
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ESTAÇAO DA DANÇA LAURA CAMARGO Bruno Capanema O projeto da Estação da Dança se propõe a criar um centro de excelência para essa arte, bem como proporcionar um espaço cultural de permanência prolongada, aberto para a população em geral. A inserção na Avenida W3, com um partido aberto e receptivo aos pedestres, tem o intuito de contribuir para a revitalização da região e de disseminar a arte da dança, num local de grande movimenta-
ção de pessoas. O partido adotado baseou-se no uso de palavras-chave e conceitos relacionados à dança e à representação volumétrica e espacial de tais conceituações. Isso se reflete no ritmo do volume das salas de dança, bem como no equilíbrio entre cheios e vazios, força e leveza. Outro conceito, presente de maneira bastante sensível, é o da permeabilidade,
que se dá na manutenção e valorização dos caminhos existentes e na criação de novos trajetos, nos quais a arte se expressa com força e dinamismo. O Centro de Danças responde de maneira muito sutil e elegante ao desafio relativo a um projeto que alie força com leveza e beleza com técnica.
CENTRO CULTURAL 25 DE OUTUBRO MATHEUS MARAMALDO Maria Fernanda Derntl Este Centro Cultural propôs-se num momento oportuno de discussão do período de ditadura no Brasil. O projeto está fundamentado num estudo histórico escrito em tom original e apresenta-se em dese-
nhos à mão livre dotados de grande força expressiva. A proposta estimula uma reflexão crítica sobre nossa história de autoritarismos sem se limitar a uma visão única ou encerrada daquele período.
Os espaços do centro cultural permitem a exposição de documentos e artefatos de naturezas diversas, explorando aspectos sensoriais e estimulando os encontros e as discussões. 95
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CENTRO DE CULTURA ÁRABE ANA JÚLIA MALUF
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Aquilo que se considera civilização árabe ou mulçumana surgiu na Península Arábica, formada por povos nômades e comerciantes sem uma estrutura estatal estabelecida. No século VI iniciam-se, com o Profeta Maomé, a unificação e a expansão do império. Os guerreiros islâmicos, imersos da rica tradição de comércio, expandiram-se para além dos povos persas e bizantinos. No auge do império, os muçulmanos controlavam a Península Arábica, no norte da Índia, norte da África e a Península Ibérica, chegando a Constantinopla. Em vários aspectos, a civilização mulçumana caracterizou-se por sua tolerância na relação com outras culturas, resultado da extensão e da natureza comercial do império. Com isso espalhou cultura por toda a vastidão a que tinha acesso, difundindo desde técnicas agrícolas, a métodos astronômicos e medicinais. Uma estimativa desta importância pode ser mensurada com um exemplo na matemática. O zero, arimetizado, como o conhecemos e usamos, foi uma elaboração de um matemático e astrônomo do Observatório de Ujain, no século VI, na Índia. Os árabes passaram a chamar este número de zifr (vazio), em seus tratados de aritmética e análise numérica.
Em Veneza, ponta da Rota da Seda para entrada de especiarias orientais na Europa, zifr passou a ser chamado de cifra e zevero; e então “zero”. Vale ainda citar a disseminação da bússola e da pólvora, inventadas pelos chineses, e o cultivo de produtos agrícolas, como o café, canade-açúcar, algodão, arroz, laranja, limão, entre outros. Na arquitetura, perseguiram caminhos únicos, por conta das imposições das regras do Islã e das especificidades das terras quentes onde viviam. Em complexos como as madrassas, as escolas do Islã, a partir dos elementos estéticos disponíveis e possíveis, a azulejaria, as estruturas geométricas, as composições de ocupação espacial, tanto para o estudo como para a devoção, a iluminação e ambientação atingiram as formas mais requintadas e harmoniosas possíveis. Ainda hoje, é difícil a um viajante pela Península Ibérica ou a uma cidade islâmica, como Samarcanda, não se impressionar ou se comover com tais edificações. Desde o início do Islã, a relação dos árabes com os povos cristãos e judeus foi pacífica. Vale citar a famosa e respeitada comunidade judaica que floresceu na Babilônia. Esta atitude dos
mulçumanos se justificava, pois estes consideravam judeus e cristãos como povos coirmãos – ‘’os povos do livro”, como eram denominados. A deteriorização dessas relações radicalizou-se com dois marcos: o fim do Império Otamano, na primeira Guerra Mundial, e a criação do estado de Israel, após a segunda Guerra Mundial. Esse processo tem origem com o predatório processo de colonialismo e o neocolonialismo europeu nos séculos XIX e XX, com ocupações no norte da África, Oriente Médio e todas as regiões da Ásia. No final do século XX, conduzido principalmente pela indústria da guerra articulada com o projeto neoliberal e o fundamentalismo cristão, o Ocidente promove em larga escala a propaganda de identificação dos povos árabes com parcelas fundamentalistas do Islã. O resultado é uma tentativa de demonização de todos os povos mulçumanos e a desqualificação de sua vasta riqueza cultural. Mas, a despeito dessa situação atual, não é exagero quando Humberto Eco ou Jorge Luís Borges clamam que os árabes civilizaram a Europa; e por extensão os países das Américas, todos eles ex-colônias europeias. No Brasil, como interessante exemplo, cerca de 16 milhões de pessoas possuem ascendência
árabe (dados do IBGE), constituindo-se na maior colônia fora dos países de origem. Nessa população, a maioria é libanesa, seguida dos sírios. O projeto proposto trata de um Centro de Cultura Árabe localizado em Brasília, na entrequadra Norte, EQN712/912. O Centro é privado e pertencente à Embaixada da Arábia Saudita. Contudo, em posse da embaixada, o edifício possui um caráter público, sendo, portanto, aberto à população. Seu objetivo é a divulgação da cultura árabe na cidade. Por ser um centro cultural, o projeto possui uma função de abertura a diferentes atividades de interesses artísticos. A mesquita do Centro Islâmico do Brasil foi construída na década de 1960, com financiamento das embaixadas árabes. O Centro funcionou na 712/912 norte até a década de 1980, quando foi incendiado e hoje está abandonado. De modo a ocupar seu lugar, foi erguida, em terreno adjacente, a mesquita do Centro Islâmico do Brasil, localizada na 912 Norte, inaugurada em 1990. Essa mesquita é a maior da América Latina (com 2.800 m²) e foi a única mesquita da cidade até a inauguração da Mussala Muhammad Al-Rassullah (Muhammad, “O mensageiro de Deus”), na cidade satélite de Taguatinga. 97
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A mesquita abandonada é hoje, segundo o jornal Correio Braziliense e outros jornais locais, uma área de risco. Tornou-se um ponto de consumo de entorpecentes, abrigo para viciados em drogas e também está infestada de ratos e de outros animais transmissores de doença. Em decorrência dos danos causados pelo incêndio e do atual mau uso da mesquita, os moradores dos prédios vizinhos e a comunidade escolar reclamam da situação de abandono. Com queixas frequentes, o governo do Distrito Federal autorizou a demolição da mesquita e deu um prazo para a embaixada responsável tomar as devidas providências e resolver o que fazer com o terreno problemático. Até o momento, a área continua abandonada e a mesquita ainda não foi demolida. Assim, o projeto contempla um memorial islã que registra traços da mesquita desativada mediante o desenho da planta baixa. A projeção da cúpula é destacada por um banco em forma de anel. O salão principal (maior pé-direito) é rebaixado, o que forma um mural expositor. Nele, há um revestimento em mármore que possui registros acerca da cultura mulçumana. O salão e a rampa de acesso são contornados por um fino espelho 98
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d’água. As demais áreas são marcadas no chão com texturas (argila expandida). Parte dos arcos da mesquita é preservada e faz a divisão do centro com o memorial. O desnível provoca uma queda d’água que passa pelos arcos da ruína. O projeto arquitetônico do Centro de Cultura Árabe é uma fusão dos estilos moderno e árabe. O projeto tem um caráter contemporâneo, com inúmeras referências a elementos tradicionais da arquitetura árabe. O primeiro traço do projeto foi ligar o principal fluxo de pedestre à Mesquita. Ao longo desse percurso é possível enquadrar a Mesquita por meio de um proposital espaço vazio conforme imagem. Todas as árvores do terreno são existentes, exceto as palmeiras (somente sobre o seixo fino) que compõem o paisagismo juntamente com o espelho d’água, lembrando um oásis. A marcação da textura de argila expandida está alinhada com o terreno e com a Mesquita incendiada. Já a marcação da textura do seixo fino está alinhada com o edifício, com a Mesquita e com Meca. As duas texturas reforçam a torção proposital do edifício com relação ao lote. O painel é um marco do proje-
to que convida o pedestre a conhecer a Mesquita do Centro Islâmico do Brasil. Alinhado com Meca, o painel se curva de modo a lembrar uma reverência diante de Deus, conforme a oração da Alvorada (principal oração Islã). Sua curvatura tende a formar o arco otomano, semelhante ao arco utilizado na Mesquita. As alturas das placas do painel crescem de modo que, ao se traçar uma linha imaginária da ponta da primeira placa à ponta da mesquita, tem-se as demais alturas. T
Orientador: Oscar Luis Ferreira Banca examinadora: Ana Suely Zerbini, Bruno Capanema e Cláudio Queiroz Arquiteto convidado: Ricardo Theodoro
Renderizações imagens por Ana Júlia Maluf Implantação imagem por Ana Júlia Maluf
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A NOVA PLATA [FORMA] DA RODÔ
GABRIELA CASCELLI FARINASSO
Por que a Rodô? A forma como a Plataforma conduz o sistema viário de Brasília, concentrando o ponto nodal do transporte público no Plano Piloto e criando um imenso espaço suspenso e aberto que une os dois Setores de Diversões, ao mesmo tempo torna-a edifício e espaço público central da vida urbana. Ela permite a vista desimpedida de toda a Esplanada, tanto no sentido do Congresso Nacional quanto no sentido da Torre de TV. Hoje a Rodoviária recebe todos os dias cerca de 630 mil usuários de transporte público, mas sua configuração es100 2/2014
pacial reserva cerca de 65% de sua área para o tráfego de carros e 1.057 vagas de estacionamento. Com a intervenção proposta, chegou-se a mais que dobrar a área disponível para pedestres, passando dos atuais 36.061 m² para 75.809 m². O que muda? O projeto partiu da premissa de que o pedestre é o sujeito principal do centro da cidade, e então a área destinada aos automóveis foi convertida em espaços públicos. O sistema viário foi modificado para que, na plataforma superior, não seja mais permitida a passa-
gem de veículos particulares, criando-se quatro novos eixos de circulação vertical destinados a pedestres e ciclistas. Tanto na plataforma superior quanto na inferior foram inseridas ciclofaixas com barreira física e reservou-se área para cerca de mil vagas em bicicletários. A qualificação do espaço público foi pensada para propiciar ocupação e apropriação, com valorização das visuais, inserção de paisagismo e diversos elementos lúdicos. E o patrimônio? Fica claro, a partir das intenções projetuais de Lucio Costa, que muito se perdeu ao longo dos anos.
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O Plano fala em trânsito local, praças com piso sobrelevado para travessia de pedestres e ainda recomenda que não se tenham estacionamentos, justamente o contrário do que ocorre hoje. Com exceção das duas praças da plataforma superior, que foram preservadas e tombadas pelo IPHAN, a área de pedestres ficou restrita a calçadas estreitas e irregulares. E mesmo essas duas praças, que deveriam servir ao livre convívio de pessoas, só são utilizadas em determinados horários e dias, sendo desconfortáveia e desinteressantes a maior parte do tempo. Por isso seus desenhos de piso foram alterados, mas elas tiveram suas áreas
acrescidas e suas fontes d´água e a vegetação existentes preservadas, uma vez que elas têm importância simbólica para a história da consolidação das praças na plataforma superior. Sendo assim, o presente trabalho respeita o tombamento da Rodoviária, mantendo intactas as estruT turas e a arquitetura original.
Orientador: Gabriela Tenório Banca examinadora: Elane Ribeiro Peixoto, Giuliana de Brito Sousa e Mônica Godin Arquiteto convidado: Thiago Teixeira de Andrade
Esquema explodido infográfico por Gabriela Farinasso Sem título imagem por Gabriela Farinasso Módulo imagem por Gabriela Farinasso
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ESTAÇÃO DA DANÇA LAURA CAMARGO
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A Proposta: diante da demanda e da falta de estrutura dedicada à dança em Brasília, propõe-se a criação de um centro de excelência para essa arte. Surgiu com os objetivos de proporcionar à população um fácil acesso à dança; deselitizar a prática e a apreciação dessa arte; permitir a interação entre um maior número de pessoas; e possibilitar o desenvolvimento técnico dos bailarinos. A escolha do terreno na 512/513 sul, na W3, foi automática, visto que a avenida é o maior corredor de transporte público do Plano Piloto e necessita de urgente revitalização. Dentre as características do entorno estão a grande diversidade de usos e o alto fluxo de pedestres. O Partido: buscando palavras-chave relacionadas à dança, os conceitos se unem aos condicionantes do terreno para definir o partido. A força está expressa nos cheios. O ato de densificar uma parte do terreno e criar uma fachada contínua com a W3 fortalece a horizontalidade da via. A leveza está nos vazios. A liberação da outra parte faz a conexão com as superquadras, configurando uma praça entre elas. A permeabilidade refere-se a deixar passar. Com uso de pilotis, a edificação permite a passagem, e ao incluir atividades no térreo incentiva a permanência. Aumentar a visibilidade da dança no
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contexto urbano é uma forma de aumentar sua importância na cidade. Utilizando transparência, a edificação torna-se uma vitrine. O ritmo está no misturar movimentos contrários em intervalos periódicos de tempo. A modulação diz respeito à definição de um traçado regulador para disposição dos espaços, de forma a possibilitar a flexibilização e adaptação dos ambientes e dos usos, sem perder a unidade do conjunto. A disciplina refere-se à ordem e ao ato de manter os pés no chão, visando à valorização do pedestre. Acolhe o grande fluxo de pessoas que transitam, incentiva a curiosidade, convida-as a entrar e descobrir o edifício. A ousadia está no levantar voo, na criação de ambientes internos que se relacionam com o espaço externo. As salas de ensaio se tornam vitrines para os transeuntes de fora que veem os bailarinos dançando e molduras para os bailarinos que dançam tendo o céu de Brasília como cenário. O Programa: além de toda a estrutura necessária para a prática da dança, o edifício será composto pelo programa da atual Biblioteca Pública e acrescido de novos documentos voltados à dança, transformando-se em Midiateca. O espaço cultural complementa o espaço de dança, formado por espaços de convivên-
cia, estudo e descanso. Além da estrutura interna, a edificação proporciona à cidade um espaço público de qualidade, com atividades diferenciadas, estimulando o contato dos brasilienses com a dança. T
Orientador: Bruno Capanema Banca examinadora: Cláudia Garcia, Márcia Troncoso e Ana Suely Zerbini Arquiteto convidado: Ricardo Meira
Imagens renderizadas por Laura Camargo com colaboração de Filipe Berutti Monte Serrat
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CENTRO CULTURAL 25 de OUTUBRO
MATHEUS MARAMALDO
Você conhece aquele sabor metálico inconfundível de ferro? Que se dilui como chumbo através da garganta? Eu não conheço. Contudo, parece-me fácil falar como sendo sangue escorrido de outros. Como resistir? É o amargor de um anti-herói, de um esquecido prisioneiro. Vão-se palavras toscas recém-vomitadas... Sou mesmo um burguês escatológico de versos samaritanos e de consciência pesada, que vê na loucura e no nefasto sua perseguição, insistindo em falar do que não viveu: Ditadura branda, Ditadura hostil, Ditadura dos pobres, Ditadura dos liceus... sussurros medonhos
do passado e daqueles que insistem em reaparecer: “Deixe-me sair, senhor! Mostrar-lhe-ei os grilhões e cada farrapo sujo de rubro ou de escorbuto. Nada será como antes, poderei contar uma outra versão dos arquivos mortos... estupidamente mortos...”. Neste clima sanguíneo de balas perdidas, rostos sem nome, avanços e falácias, foi instigada a criação de um memorial que contasse uma narrativa de tempos não tão distantes: as ditaduras no Brasil. Pensando nisso, o que viria a sê-lo? Uma tradução literal de todos os palavrões pichados nas latrinas dos pre109
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sídios? Optou-se pelo mais ameno, a tradução desse profundo medo e total exasperação conjugada ao alívio do brilho do sol... já era um centro cultural. Este espaço mais aberto para o diálogo do passado com o futuro, na 916 Norte de Brasília, não seria mais um poço de lembranças, mas sim o ápice de novos olhares e ultrapassagens, na qual a perseverança paradoxal permitiu um desenho bastante cenográfico para o visitante. O contínuo esforço originou ambientações de forte introspecção e exteriorização, em um grande jogo perceptivo de luz e sombra, aura metafísica e cinzavermelho-sol, conferido pelas várias vibrações pixeladas rubras projetadas e as visuais tão intensamente marcadas. Tratando de forma lúdica e manicomial, espera-se que o visitante percorra a obra com curiosidade, sempre com mudanças de humor e visão a cada novo passo. Seu esboço foi feito para mostrar contrastes e discussões, estabelecendose, assim, como uma grande plataforma democrática, na qual o sol e o céu dão as respostas, porque o que há em frente é o puro clichê do esgotamento. T
Orientador: Jaime Gonçalves de Almeida Banca examinadora: Aleixo Furtado, Luciana Sabóia e Maria Fernanda Derntl Arquiteto convidado: Ricardo Theodoro
Teatro de Arena desenho por Matheus Maramaldo Módulo desenho por Matheus Maramaldo
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ANTI UTOPIA URBANA DANILO FLEURY
Idealizado para ser um oásis no meio do cerrado brasiliense, o R$ tinha uma proposta ousada e caríssima. Em uma área de 12,56km2, foi construído um gigantesco condomínio de luxo que abrigava cerca de 400 mansões mobiliadas com o que havia de mais tecnológico na época. Entre suas atrações encontravam-se: uma réplica fiel do extinto Jardim do Palácio de Versalhes; uma praia artificial com mais de 2 quilômetros de extensão; uma pista de esqui no alto de uma montanha nevada (também artificial); uma selva (artificial!) com espécies de flora e fauna, hoje extintas, como por exemplo o rinoceronte asiático, a arara azul e o urso polar; universidade; clínica de estética e campos de golfe. Tudo cercando uma belíssima reprodução de um château francês que abrigava o maior shopping center das Américas. No Versailles Shopping Center, os moradores e visitantes podiam encontrar desde artigos para o lar à concessionárias de carro. O Condomínio Residential Shopping era isolado do resto do mundo por uma grande cúpula que, além de purificar o ar, controlava o clima e a temperatura. Na época do Natal, fazia nevar; nos finsde-semana e feriados, um sol (filtrado) de rachar fazia a alegria de quem gostava de praia -- uma tecnologia inédita em 2016. Nenhum lugar do planeta abrigava um projeto tão megalomaníaco como aquele.
Para comprar uma das mansões dentro do condomínio, o cliente deveria entrar em uma lista de espera que contava com o nome de mais de 100 mil famílias. Os candidatos a moradores eram analisados por uma comissão e se fossem contemplados, poderiam desfrutar do maior empreendimento residencial e comercial da Era Pós-Moderna. De 2016 a 2029, o R$ era aberto para moradores e visitantes. Em sua inauguração, no dia 21 de abril de 2016, um congestionamento de mais de 300 quilômetros formou-se diante de seus portões. Eram consumidores curiosos para visitar e conhecer o R$. A cúpula poderia ser vista de muito longe, o local tornou-se um ponto de turismo da região de Brasília. Não era permitida a entrada a pé e o único transporte coletivo era o que levava e trazia os funcionários, uma grande caminhonete apelidada de “Camburão”. Nesse período que permaneceu aberto, o R$ tinha a maior concentração e a maior circulação de dinheiro do país. Porém, com o Colapso de 29, mudanças urgentes precisaram ser feitas... (to be continued)
Vista do Verssailes Shopping Centerpor Danilo Fleury
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Orientador: Elane Ribeiro Peixoto Banca examinadora: Carolina Pescatori, Pedro Paulo Palazzo e Leandro Cruz Arquiteta convidado: Cristina de Oliveira
112 2/2014 Centro de higienização subterrâneo por Danilo Fleury
futuro apocalĂptico por Danilo Fleury
113 Acesso ao R$ por Danilo Fleury
Praia artificial por Danilo Fleury
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CASA DE RETIRO RELIGIOSO ERICK WELSON MENDONÇA
O que se buscou foi a proposta de um projeto que atendesse a uma necessidade coletiva. Pensar um espaço edificável que expressasse o sagrado e que permitisse condições eficazes ao serviço dos agentes da Igreja Católica. O programa de uma Casa de Retiro se assemelha a uma hospedaria, restaurante, vestiários, auditórios, oratórios, jardins e espaços livres – é uma escola. Os usuários desta edificação não são pessoas consagradas/ ordenadas, ou seja, não são padres, freiras, monges, e sim, o que a igreja chama de “leigas” (pessoas comuns da comunidade, fiéis, que participam da Igreja e formam grupos de atividades). As considerações de maiores destaques que resultaram na “cara do projeto” foram: 1. as particularidades do programa de necessidades aliadas à compreensão do tema; 2. a articulação dos espaços à capacidade máxima de usuários (425 pessoas, sendo 300 cursistas e 125 evangelizadores); 3. a localização (área rural de Brazlândia/DF); 4. a topografia. O projeto possui a capacidade e flexibilidade para a realização de cinco retiros simultaneamente, de forma que atendesse à instituição EESA na sua escala 114 2/2014
estadual (no caso, DF). O edifício alto foi implantado na hipotenusa do lote triangular-reto, por ser a maior lateral e pela proteção a oeste que proporcionaria ao restante do lote. Pilotis + 2 andares + cobertura, com três caixas de escada e um de elevador, nele se concentram os dormitórios, e vestiários, separados por sexo e por funções, além do refeitório com duas cozinhas e trezentos lugares no subsolo e salas de eventos no térreo. Nele está o conjunto de banheiros de toda edificação. Na cobertura (3º nível) há dois terraços que permitem visuais para o horizonte, além de configurar mais um nível de área de interação além da plataforma. Na parte de cima da plataforma, pousa o cone inclinadamente cortado, por sobre o espelho d’água. De planta circular, é partido em cinco fatias, configurando cinco espaços de oração, acessíveis pelo corredor que os envolvem, num jogo de sombra e luz, a preparar a transição do espaço comum ao sagrado. Exatamente abaixo das capelas, e da plataforma, se instala o auditório, também circular, fatiado em cinco, porém com divisórias retráteis, por permitir fle-
xibilidade. Escondido abaixo da plataforma há o estacionamento para os carros dos evangelizadores e os cinco ônibus que transportam os cursistas (fretamento particular é o único jeito de se acessar a edificação, por estar em uma área muito isolada, conforme o “retirar-se” pede). Como elementos de ligação entre o edifício e as capelas, lançam-se a marquise e o teatro de arena, abrindo acesso e fornecendo vento e luz à parte inferior da plataforma, onde se encontram os auditórios. Apesar da complexidade do programa, buscaram-se a síntese e a leveza e abertura para a paisagem. Diante da sua conjuntura, configurou-se como um espaço dinâmico e simples que representa a proposta da Escola de Evangelização. T
Orientador: Cláudio Queiroz Banca examinadora: Ivan Manoel Rezende do Valle, Raimundo Nonato Veloso Filho e Ana Elisabete Medeiros Arquiteto convidado: Antônio Carlos Alvetti Imagens renderizadas por Erick Welson Medonça
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COMPLEXO CULTURAL EM PLANALTINA FABRÍCIA DE SOUZA FIGUEIREDO
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Planaltina tem por ela mesma uma propensão histórica no DF. Por sua condição particular e por suas múltiplas manifestações culturais existentes. Depois da inauguração de Brasília e como consequência, o aumento do contingente populacional, em 1966, foi elaborado um Plano de ocupação que garantisse a preservação da parte antiga da Cidade – Setor Tradicional – e que permitisse a nova expansão, ser um bairro autônomo – Vila Buritis. Entre esses dois bairros foi planejada uma faixa de integração. Nessa faixa se encontram os principais equipamentos urbanos da cidade como, por exemplo, o Setor Administrativo e a Rodoviária. O terreno do Complexo Cultural foi estabelecido 20 anos após esse plano, resultando da divisão do lote do Setor Administrativo. A parte destinada à construção do Complexo Cultural encontra-se vazia até hoje e recebe alguns eventos
provisórios como circos e Shows. Para desenvolver o programa de necessidades foi necessário analisar os eventos culturais e o cotidiano da cidade. Além disso, três projetos serviram como diretrizes. São eles: o Centro Cultural Georges Pompidou por sua escala em relação ao espaço medieval envolvente, preexistente, e a flexibilidade horizontal e vertical do edifício; o Centro Cultural Jean Marie Tjibaou devido a sua implantação, desfrutando da natureza paisagística e o simbolismo contido no caráter cultural dos “percursos étnicos” e por último o SESC Pompeia em São Paulo pela relação com as velhas instalações restauradas e reaproveitadas, mas em harmonia com a parte nova, arrebatadora, mas igualmente harmoniosa, face a área restaurada. No caso, trata-se da condição do novo equipamento, diante da tradição e da escala de Planaltina. Após muitos estudos volumétricos,
enfim, foram propostos quatro edifícios que integram a malha urbana preexistente. Eles Possuem alturas diferentes e formam entre si trajetos e praças. Essas volumetrias “fragmentadas” criam vários enquadramentos e ocupações diversas, ao mesmo tempo isoladas. Dessa forma podem acontecer eventos simultâneos no interior e no exterior dos edifícios. Os espaços principais são: as praças, o mirante, os salões de dança, o teatro, as salas de música, a biblioteca e o museu. T
Orientador: Cláudio Queiroz Banca examinadora: Kristian Schiel, Maribel Aliaga e Raimundo Nonato Veloso Filho Arquiteto convidado: Antônio Carlos
Imagens renderizadas por Fabrícia Figueiredo
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KARTÓDROMO DO GUARÁ HANA AUGUSTA DE ANDRADE
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Em todas as categorias do automobilismo, vê-se um denominador comum: todos os seus pilotos iniciaram-se no mundo do esporte através do kart. O Brasil é um exportador de pilotos para as categorias internacionais, porém são poucos os espaços adequados à sua formação. Como meio de garantir um espaço de treinamento de qualidade aos futuros campeões brasilienses, escolhi no projeto de diplomação propor uma reestruturação do Kartódromo Ayrton Senna, de forma que ele se torne uma referência nacional em centro de treinamento de kart. Porém, não se pode pensar no cartódromo sem levar em conta o espaço no qual está inserido, o Centro Administrativo Vivencial e Esportivo do Guará (CAVE), que demandava modificações urbanas. A proposta desenvolvida para o CAVE consistiu na criação de conexões
Proposta para o CAVE imagem por Hana de Almeida imagens renderizadas por Hana de Almeida
e ordenação espacial a partir das edificações existentes. As maiores alterações observadas foram o remanejamento do depósito da Administração e demolição das edificações obsoletas (antigo Rotary, antiga Casa da Cultura e Salão Multiuso), para a criação de novas áreas de lazer para a população. Outra grande intervenção foi feita na pista existente no meio do CAVE. Ela foi transformada em uma grande promenade que conecta a área esportiva às outras áreas do complexo. A nova pista iniciar-se-á ao lado da área de cross, contornando o CAVE e se conectando ao Guará I pela pista existente. Com a reformulação do CAVE foi possível a expansão da área do cartódromo. Com isso, a pista foi reformulada para se adequar às exigências internacionais. As arquibancadas foram alteradas de forma a se inserirem no terreno,
compondo a paisagem do parque. A edificação foi desenvolvida para acompanhar a pista e suas curvas. Pensou-se em dois blocos: um que abrangesse boxes e lojas (térreo, linear) e outro que reunisse toda a área administrativa (bloco vertical). A principal característica do projeto é a laje, que explora o espaço como uma fita. A laje, portanto, é o elemento de força da edificação, Toda sua volumetria e fechamento foram trabalhados para enfatizar este elemento arquitetônico. T
Orientador: Elane Ribeiro Peixoto Banca examinadora: Carolina Pescatori, Oscar Luis Ferreira e Raimundo Nonato Veloso Filho Arquiteto convidado: Breno Rodrigues
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CENTRO ONCOLÓGICO ISABEL CABRAL ALENCAR
Hospital do câncer de Brasília: unidade pública, instrumento facilitador na recuperação e tratamento, destinado ao suprimento de demandas regionais. Formulei esta proposta de projeto com intuito de investigar a potencialidade criativa e de síntese da arquitetura visando contribuir nos processos terapêuticos e incentivar, indiretamente, o atendimento a uma demanda existente no DF. Estruturei o princípio do projeto como uma analogia ao lar, mas logo percebi o engano: poderia surtir efeito positivo em crianças, mas não em adultos. Nenhum hospital se compara a um lar. Busquei definições do que é a “humanização” na arquitetura (o oposto seria “desumanização”?) e creio ter encontrado soluções satisfatórias. A necessidade de se “humanizar” a arquitetura e de aproximá-la às ações sociais foi um dos fatores que me guiaram nas resoluções do projeto hospitalar. As analogias mais usadas por arquitetos para a humanização da arquitetura hospitalar se resumem em “hotel”, 120 2/2014
“figura do espaço urbano e do convívio social”, “lar e possibilidade da intimidade” e, por último, “relação com a natureza e a integração com obras de artes”, sendo esta a que mais utilizei no projeto. Atenção Psiconeuroimunológica aplicada à arquitetura: a psiconeuroimunologia estuda as relações entre emoções e doenças físicas e a associação às disfunções imunológicas, como o câncer. Alguns autores apontam como o ambiente hospitalar pode auxiliar nos tratamentos, fazendo, por exemplo, bom uso da luz (influencia o controle endócrino, humor etc.) e utilizando-se das distrações positivas, como a boa relação exterior-interior. Partido: o uso de uma arquitetura horizontal e pavilhonar ajuda com a integração exterior-interior, facilitando as visuais da paisagem em vários pontos. Por exemplo, as varandas nas extremidades dos pavilhões; as sacadas na internação; percurso no jardim pelo pomar, interligando praças; estares em áreas comuns em corredores etc. O partido é suspenso no terreno,
permitindo o escoamento livre de águas pluviais e a permeabilidade do solo. Os pavilhões são estruturados por vigas vierendeel, que geram fachadas ventiladas com pergolados. No programa arquitetônico, dei amplo espectro às funções exercidas no hospital, com áreas que permitam tratamentos alternativos e atividades do cotidiano dos pacientes, como salas de aula para pacientes em escolarização, capelas, salas para musicoterapia, artesanato, entre outras, além de suporte social às famílias, por meio de hospedagem em situação de baixa renda, estação de ônibus com apoio e proximidade com equipamentos públicos de Paranoá (restaurante comunitário, Hospital geral). T
Orientador: Cláudio Queiroz Banca examinadora: Maribel Aliaga, Oscar Luis Ferreira e Reinaldo Guedes Machado Arquiteto convidado: Juan Carlos Guillén Salas
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imagem por Isabel Alencar croquis por Isabel Alencar
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INSTITUTO DE ARTES JANA CÂNDIDA CASTRO DOS SANTOS Vista do Conjunto imagem por Jana Santos Praça das artes imagem por Jana Santos
O Instituto das Artes contempla a necessidade de espaços para o ensino e traz para o câmpus universitário Darcy Ribeiro novos espaços de convivência e para encontro entre as pessoas, abrindo lugar para apresentações, eventos e mostras ao ar livre. O “de”, de Instituto de Artes, pressupõe todas as artes (Música, Dança, Pintura, Escultura/Arquitetura, Teatro, Literatura, Cinema); o “das” denota a integração pretendida pelo projeto. Este conceito revela-se em cada intenção projetual, na busca pela integração do conjunto ao entorno e aos principais eixos de acesso e circulação, bem como sua integração à paisagem construída. Mostra-se na busca por integrar os espaços, integrar a permanência e a passagem pelo edifício. O projeto se localiza na Gleba A, no SS-12, próximo ao Memorial Darcy Ribeiro e Instituto de Biologia, em unidade com o conjunto cultural do câmpus. Compõe-se por três edifícios dispostos em torno da Praça das Artes. O maior edifício molda-se à curva do terreno, respeitando e acompanhando sua topografia. O mesmo desenho é também acompanhado pela rampa que nos leva sinuosamente a sua entrada principal. A grande abertura permite o enquadramento do teatro que se coloca logo ao fundo e configura-se num espaço a ser ocupado pelos alunos e suas atividades. 122 2/2014
É neste edifício que se realizam as grandes oficinas, em salas e anfiteatros para o ensino coletivo, permeável pelo pilotis existente em toda sua extensão. O segundo, o bloco Apoio, coloca-se ao conjunto no eixo de ligação com o Beijódromo e paralelo ao IB, e também recepciona aqueles que chegam pelas principais vias de acesso ao terreno. Abriga o centro de documentação, a biblioteca das artes junto com áreas de estudo, pós-graduação e espaços administrativos. O terceiro edifício apresenta-se ao centro da grande praça, abrigando o teatro, café, alas para exposições, salas de aula e salas de ensaio. A praça das artes é um espaço de circulação e passagem, ligando os edifícios de suas proximidades à via L4, e fazendo ligação dos três edifícios no conjunto. E também de encontro, pois nos convida a um espaço de convivência aberto a todos os alunos do instituto e da universidade, onde o teatro integra-se a sua cena exterior. Sejam muito bem-vindos ao Instituto das Artes! T
Orientador: Cláudio Queiroz Banca examinadora: Raimundo Nonato Veloso Filho, Maria Cecília Gabriele e Ségio Rizo Dutra Arquiteto convidado: Antônio Carlos
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NZEB
EDIFÍCIO DE BALANÇO ENERGÉTICO NULO NA UNB
MÁRCIA BOCACCIO BIRCK
Net Zero Energy Buildings (nZEB) são edifícios altamente eficientes (do ponto de vista energético) e capazes de produzir, no período mínimo de um ano, pelo menos a mesma quantidade de energia que consomem. Combinam estratégias de redução de consumo com aumento de eficiência energética e geração de energia a partir de fontes renováveis. Localização: O terreno situa-se no 124 2/2014
extremo sul do Cãmpus Universitário Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília (UnB), a sudeste do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT). O edifício proposto localiza-se dentro da área prevista pelo projeto de urbanização da parte Sul e do Parque Científico e Tecnológico. O PCTecUnB tem como propósito ser um mecanismo a mais de construção de novas relações institucionais entre universidade, empresa, governo e sociedade.
Conceito: A função específica do nZEB da UnB é dar estrutura para o desenvolvimento de estudos em áreas tecnológicas da Universidade, conjugando laboratórios relacionados à eficiência energética em edificações de várias áreas (Arquitetura, Engenharia Mecânica, Elétrica e Civil). Entende-se que o edifício deveria ter imagem coerente com a UnB, bem como com a função ao qual o edifício se
Vista da cobertura - cobertura utilizada para exposição da tecnologia experimental imagem por Gloria Lustosa Pires Fachada Sudeste-leste - parte dessa fachada é interativa, permitindo-se que diferentes materiais sejam testados imagem por Gloria Lustosa Pires Vista aérea - Vista aérea demonstrando a implantação do edifício, bem como as placas fotovoltaicas na cobertura imagem por Gloria Lustosa Pires
propõe: testar tecnologias relativas à eficiência energética em edificações. Sendo assim, o projeto é regido pelos seguintes princípios: •Integração ao Câmpus Darcy Ribeiro. •Racionalidade e tecnologia: otimização da construção e diminuição dos danos ambientais. •Aproveitamento das condicionantes climáticas e visuais: maximização do potencial dos recursos naturais, para que, dessa maneira, a quantidade de energia demandada seja menor; aproveitamento das melhores vistas. •Caráter experimental do edifício: o
próprio edifício é objeto de estudos e pesquisas sobre o desempenho das várias tecnologias nele empregadas. O Projeto: As diferentes atividades realizadas no edifício, embora sejam em áreas afins e que demandem certo nível de integração, requerem uma separação física. Dessa maneira, divide-se o conteúdo do programa de necessidades em três volumes: um bloco destinado a escritórios, que produz pouco ruído e demanda silêncio; outro a laboratórios, que produz bastante ruído; e, por fim, um bloco público, contendo atividades diversas. Com o objetivo de integrar tais volumes, proje-
ta-se um elemento que envolve os diversos blocos e que também tem a função de proteção da radiação solar e da chuva. A geometria simples dialoga com os primeiros edifícios do Câmpus Darcy Ribeiro e a organização dos volumes auxilia o usuário a se localizar. T
Orientador: Claudia Naves Amorim Banca examinadora: Antônio Rodrigues Filho, Daniel Sant’ana e Raquel Blumenschein Examinador convidado: engenheiro João M. Pimenta
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ESPAÇO DE AÇOES DE MELHOR IDADE NÍNIVY CAROLINY MELO DE OLIVEIRA
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O aumento do número de idosos no cenário nacional é apresentado nos últimos anos através de pesquisas estatísticas. No Distrito Federal, esses dados são ainda mais expressivos: os idosos representam uma participação na população total acima da média nacional, somando pouco mais de 326 mil pessoas, o equivalente a 12,8% da população total. Mas o perfil desse grupo mudou. Nos últimos anos o idoso dependente e incapaz de seguir ativo na sociedade e economia brasileira não é mais a maioria. Os novos idosos apresentam boa disposição física, independência em suas atividades, expectativas de futuro e vontade de continuar atuando no mercado de trabalho. A análise crítica do perfil social brasiliense foi inspiração para o projeto do Instituto de Integração entre Gerações, elaborado a partir do projeto pedagógico SENAI PARA MATURIDADE,
Imagens renderizadas por Nínivy de Oliveira
desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizado Industrial. O espaço promoverá cursos técnicos e profissionalizantes, possibilitando ao idoso a integração com o público jovem. O espaço também proporcionará ao público jovem o conhecimento acerca de tradições trazidas pela experiente abordagem de quem já viveu mais anos. A partir do gesto simples, inspirado em uma fita, de dobrar e flexivelmente envolver partes tornando-a um conjunto, nasceu o conceito para o edifício escolar: integrar. Localizado no SGAN 606, o Instituto foi implantado no terreno que atualmente já exerce a função de integrar, já que é utilizado como caminho, unindo a L2 Norte ao Câmpus Universitário Darcy Ribeiro. Buscou-se no projeto valorizar a atividade já existente no local, pois a partir da disposição de rampas e espaços possibilita-se a travessia ou a permanên-
cia. Ao Idealizar os primeiros traços do projeto, optou-se pelas rampas para integrar as partes de maneira contínua e inclusiva. Deste modo, o projeto visa criar acessíveis e confortáveis condições de uso para jovens e idosos. A rampa externa liga de maneira sutil o público ao privado, possibilitando assim a integração. Entrando no edifício o usuário pode utilizar rampas para atravessá-lo, ou ainda acessar as partes do edifício e suas funções nos diversos pavimentos. Os espaços funcionais dentro do edifício encontram-se organizados ortogonalmente e quase simetricamente, facilitando a compreensão do espaço, formalidade relevante para um edifício de ensino. Os espaços verdes internos também se constituem como elemento integrador. O bucólico, conforme identificado nas
análises anteriores ao projeto, é utilizado tanto nas superquadras residenciais quanto no Câmpus Universitário como conector das diversas partes, tornando-a um conjunto. O Edifício propõe a relação de integração entre os grupos societários, proporcionando trocas, culturais, técnicas e temporais entre os distintos públicos. Entre, fique à vontade e nos ensine sobre o seu tempo. T
Orientador: Cláudio Queiroz Banca examinadora: Claudia Garcia, Maria Cecília Gabriele e Raimundo Nonato Veloso Filho Arquiteto convidado: Breno Rodrigues
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ARQUI
CENTRO ~DE EDUCAÇAO AMBIENTAL RUBIANA LEMOS
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Educação ambiental: dentre as contribuições dos vários atores sociais, jurídico, científico, político e econômico, o educacional traz um meio mais interativo para contribuir para o desenvolvimento de um Brasil sem pobreza, buscando ensinar que o homem faz parte do meio ambiente, e que desta forma um equilíbrio entre natureza e cidade deve ser alcançado, sem agressões e sim com uma interação harmoniosa. O parque e a cidade: o Parque Ecológico Mata da Bica, localizado na cidade de Formosa-GO, a 75 km de Brasília, abriga a nascente do Rio Preto, afluente da Bacia do São Francisco. Rico de variada flora e fauna, o parque é procurado por instituições de ensino locais e do entorno, incluindo o Distrito Federal, para aulas ao ar livre sobre botânica, biologia, ciências naturais, zoologia etc. Sendo um grande articulador municipal de Formosa, o parque sobreviveu ao crescimento não planejado da cidade por muitos anos, hoje cercado por quatro grandes bairros, incluindo o central. O parque não tem a atenção que merece da comunidade, daí então surgindo a necessidade de interagir os habitantes com este bem natural que participa do dia a dia do formosense sem que este lhe dê relevância. Seu entorno encontra-se marginalizado, em grande parte, sendo foco
Imagem renderizada por Rubiana Lemos
de insegurança para os transeuntes, que evitam os arredores do parque. A proposta do CEA não é uma novidade para a legislação da cidade, sendo sua necessidade abordada desde a criação oficial do parque como área de preservação em 2000, mas não concretizada. O CEA: Centro de Educação Ambiental seria implantado entre equipamentos urbanos que são foco de grande circulação – a rodoviária, um hospital e uma praça que está entre tais equipamentos. Abre-se para a cidade, buscando a interação com tais equipamentos e a curiosidade de quem transita pela região. Ao entrar no Centro, o visitante tem contato com a horta comunitária do lado esquerdo, cenário de aulas práticas, e do lado direito um jardim com flores típicas do cerrado. O caminho principal leva ao acolhimento do Centro – uma cafeteria e um Ponto de Informações/ Bilheteria –, de onde o visitante pode se direcionar para os vários ambientes de interesse. O CEA, organizado em dois pavimentos, conta, além dos espaços citados acima, com biblioteca, galeria, depósitos, salas de aula, laboratório de informática, administração, auditório, estufa/viveiro de mudas e sanitários de uso convencional e o dito seco, com compostagem da matéria orgânica para produção de adubo. Estes ambientes são alternados com
a presença de praças de convivência ao longo do edifício, que permitem também uma maior permeabilidade visual, buscando uma transição mais suave entre a cidade e a mata. O Centro traz para o cenário construtivo local materiais que buscam o equilíbrio ambiental, como o Bambu Laminado Colado (BLC), presente na estrutura, no piso e nos brises, o painel wallwood, feito de madeira sarrafeada e placas cimentícias, no contrapiso, e a cobertura com telhas Shingle, escolhidas por ser um material de fácil instalação e porque sua origem é do que é descartado do asfalto. O projeto também aborda a estruturação de um plano mínimo de manejo e zoneamento do parque, interagindo-o com o CEA e com a cidade. T
Orientador: Raquel Blumenschein Banca examinadora: Liza Andrade, Frederico Flósculo e Jaime de Almeida Arquiteto convidado: Stepan Krawctschuk
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sobre as ilustrações (VENCEDORES DO CONCURSO DE ILUSTRAÇÃO PARA AS SESSÕES)
ANA CAROLINA MACEDO MORETH GABRIEL ERNESTO MOURA SOLÓRZANO carolinamoreth@hotmail.com ernestgabriel@gmail.com
As ilustrações se encontram na capa e nas páginas 8, 26, 34, 46, 68, 76 e 86.
Quando soubemos do concurso para elaboração das ilustrações da revista ARQUI uma palavra nos chamou a atenção: multifacetado. Não apenas por ser um caráter da essência do arquiteto, mas também pela proposta que a revista apresenta, abordando as diversas faces presentes na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Brasília. Como não conheciamos o conteúdo decidimos usar como guia o arquiteto homenageado, no caso, Lina Bo Bardi. Agora que nós tinhamos esses dois conceitos buscamos junta-los de uma forma simples e ao mesmo tempo simpática, sem enormes reflexões ou palavras difíceis. Depois de estudar nossas possibilidades surgiu a ideia de trabalharmos com sólidos, principalmente por trazer essas diferentes faces do arquiteto mas também pelo seu significado filosófico. Os sólidos platônicos são importantes não apenas no campo da matemática, mas no da filosofia. Cada um deles representa um elemento como a terra, o fogo, a água, e o ar. A escolha nos pareceu bem pertinente já que no livro “Sutis Substâncias da Arquitetura”, Lina Bo Bardi usa o termo substâncias ao invés de materiais para explicar de que estaria feita a sua arquitetura. Assim, ela entende esses elementos como essenciais para a composição da sua obra.
REVISTA DA FAU-UnB
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