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Consolidação
O processo de consolidação do setor produtor de etanol e açúcar segue em marcha no Brasil, em meio a um mercado extremamente pulverizado com cerca de 430 unidades agroindustriais. Bruno Bosz, analista da AgraFNP, lembra que o setor tem chamado a atenção de investidores em todo o mundo, como mostra a negociação para formação de joint venture, anunciada por Cosan e Shell no início do ano e a aquisição da Brenco pela ETH Bioenergia. “O setor brasileiro cresceu rapidamente, apostando na abertura do mercado externo e levou um tombo, porque as expectativas não se consolidaram. Agora as empresas estão buscando se tornarem cada vez mais competitivas e não vai ter espaço para usinas poucas eficientes”, explica Bosz, prevendo mais concentração do setor nos próximos anos.
O diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, também aposta em novos movimentos de consolidação. “O número de empresas com potencial de crescimento, expansão ou fusão ainda é grande, de quase 50% das unidades”.
De acordo com dados da consultoria KPMG, houve 13 transações de fusões e aquisições no setor sucroalcooleiro no primeiro trimestre de 2010.
“Mas precisamos rever essa questão da logística para dar conta de uma volatilidade muito grade na demanda. Com o veículo flex , o consumidor reage ao preço rapidamente”, enfatiza. Para se ter uma ideia, as vendas diárias de etanol em dezembro eram de 47 milhões de litros, recuando para 35 milhões de litros em janeiro e para 28 milhões em fevereiro, de acordo com números da Unica. Na segunda quinzena de março, o total subiu para 38 milhões de litros diários, em meio à maior competitividade do produto, que em fevereiro só era vantajoso em relação à gasolina em um estado. Ao final do primeiro trimestre, contudo, já valia à pena abastecer com etanol em oito Estados brasileiros.
Em relação à formação dos estoques reguladores, Pádua informou que todas as propostas seguem em avaliação no governo, sem que qualquer definição tenha sido anunciada. Governo e produtores negociam já há alguns meses uma nova linha de crédito para financiar a formação de estoques, que seriam acionados no período da entressafra ou quando houvesse oscilações buscas de preços ou de oferta.
Uma das grandes reclamações dos produtores refere-se ao fato de caber somente a eles o ônus do carregamento dos estoques para a entressafra. No ano passado, o governo chegou a oferecer R$ 5 bilhões em linha de crédito, com taxa de juros de 11,25%, mas a maior parte das usinas não conseguiu ter acesso ao financiamento, em meio às dificuldades financeiras enfrentadas devido à crise econômica, que deixou muitos empresários inadimplentes com seus impostos. n