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E Bowser criou a bomba
Indispensável para o funcionamento dos postos, a bomba surgiu na segunda metade do século XIX, para manusear querosene iluminante e óleo lubrificante. De lá para cá, novos combustíveis chegaram ao mercado, mudanças tecnológicas foram incorporadas e o equipamento só ganhou importância
n Por Rodrigo Squizato
A bomba de combustíveis foi inventada antes da gasolina e no mesmo ano do que é considerado o primeiro automóvel. Entre as diversas inovações tecnológicas que causaram surpresa ao mundo na segunda metade do século XIX, estava a do pouco ilustre Sylvanus Bowser.
Embora não tenha atingido o status de um Thomas Edison, ou de um Karl Benz, o nome de Bowser ainda permanece como sinônimo de bombas de combustível. Na Austrália e na Nova Zelândia, Bowser ainda é a denominação genérica para o seu invento.
O produto da patente de Bowser chegou ao mercado em 1885, o mesmo ano do motorwagen de Karl Benz. Mas, naquela época, o carro ainda não havia ganhado o espaço dos cavalos. Bowser o inventou para manusear os principais derivados de petróleo da época: querosene iluminante e óleo lubrificante.
A bomba primitiva de Bowser era formada por um tanque de armazenamento feito em metal, com capacidade para cerca de 190 litros (50 galões). O tanque ficava dentro de uma caixa de madeira e podia ser colocado no meio fio, na frente das lojas para venda a granel dos produtos aos clientes, que precisavam trazer seus próprios galões. Para servir o líquido, havia uma bomba manual de sucção que fazia o produto sair por uma mangueira.
Vinte anos depois da primeira bomba, Bowser desenvolveu um modelo que media o volume servido. Nesta época, os carros já estavam se popularizando, depois de uma longa batalha para conquistar a confiança do público.
O embrião dos postos
Um dos primeiros lances do desenvolvimento do mercado dos automóveis foi a viagem feita por Bertha Benz em 1886 pela Alemanha. Bertha resolveu unir o útil ao agradável. Promoveu o invento do marido, Karl Benz, ao fazer uma das primeiras viagens longas com um automóvel e foi visitar a mãe. Ela conseguiu cumprir os cerca de 194 quilômetros de ida e volta, apesar de dois grandes obstáculos: a falta de estradas pavimentadas e de postos de gasolina.
Bertha precisou improvisar o reabastecimento, comprando combustível em uma farmácia na cidade de Wiesloch, que acabou se tornando, provavelmente, o primeiro posto de combustível do planeta.
O segundo e mais importante impulso para a bomba de combustível foi a popularização do automóvel, promovida por Henry Ford nos Estados Unidos.
Isso levou à necessidade crescente de pontos de reabastecimento. Anos depois de Bowser colocar seu invento no mercado, surgiram concorrentes.
Talvez o mais longevo deles seja o da Dresser Wayne, que colocou a primeira bomba para petróleo no mercado em 1891. A primeira bomba de gasolina da empresa chegou ao mercado norte-americano em 1907, apenas dois anos depois do modelo da S. F. Bowser & Company. A partir dali, teria início uma corrida tecnológica que ainda não terminou.
O Brasil embarcou nesta corrida relativamente cedo. Logo após a segunda guerra mundial, a Dresser Wayne abriu seu escritório no Rio de Janeiro para cuidar inicialmente das operações na América do Sul. Atualmente, a base brasileira exporta os produtos da empresa para diversos locais do mundo.
Mais de uma década depois, foi a vez da Veeder-Root, que havia surgido nos Estados Unidos em 1928 pela fusão da Veeder, criada em 1895, e da Root Company, fundada em 1866 para fabricar dobradiças de piano. Em 1967, foi a vez da Gilbarco entrar no mercado. Posteriormente Gilbarco e Veeder-Root se tornariam apenas uma empresa, controlada pela Danaher Corporation.
Evolução tecnológica
Um dos aspectos mais curiosos da história das bombas de combustíveis é sua evolução tecnológica. Não fosse a mangueira, seria praticamente impossível dizer que um equipamento moderno e aquela caixa de metal e madeira de Bowser tenham a mesma finalidade.
Entre as bombas antigas se destacam aquelas que têm vaso de vidro no topo. Este modelo foi desenvolvido para que o cliente tivesse certeza de quanto combustível estava sendo colocado em seu tanque. Contudo, foram produzidos inúmeros modelos com características e, principalmente, designs diferentes.
Em 1933, a Dresser colocou no mercado o primeiro computador mecânico da sua linha de bombas, para medição do volume. Na década de 1950, a empresa criou a primeira bomba capaz de misturar dois combustíveis, ainda hoje usada em alguns países para misturar, por exemplo, gasolina com óleo para veículos com motores dois tempos.
Na década de 1970, o mercado presenciou a chegada no exterior das primeiras bombas eletrônicas, tornando-se um dos primeiros equipamentos usados pelo público em geral a incorporar os avanços da microeletrônica.
No Brasil, a década de 1970 marcou o desafio de adaptar as bombas ao novo combustível que chegava ao mercado. Até hoje, lidar com a corrosão causada pelo etanol é um desafio na manutenção de bombas. No final da década de 1970, começaram a chegar ao mercado de postos de combustíveis sistemas de medição e monitoramento de tanques.
Em 1982, as bombas começaram a chegar ao mercado com mais uma novidade: elas se tornaram capazes de servir mais de um produto. Em 1981, a Veeder-Root colocou no mercado seu primeiro sistema de inventário e detecção de vazamentos.
O final dos anos 1970 e começo dos 1980 se mostraram como o início de um novo capítulo na história das bombas, que ainda não foi encerrado. Ali os fabricantes começaram a aproveitar os avanços em outras áreas como a eletrônica e a informática para tornar a bomba um instrumento de auxílio na administração do posto. n
Não devemos esquecer que no próximo dia 1º de maio voltaremos a ter a mistura de 25% de etanol anidro à gasolina, ou seja, passaremos dos 20% para 25% e, se o anidro estiver mais caro, irá refletir nos preços das bombas