Senac
Luz, câmera e gastronomia baiana por Alice Santiago
E
sse ano, assim como em outras esferas da vida de cada um de nós, o tradicional Seminário de Gastronomia Baiana precisou se adaptar. O palco do Teatro Sesc Senac Pelourinho deu lugar a um estúdio. A plateia, antes abraçada em calor humano, foi transferida para uma arena digital. Assim nasceu uma nova concepção de seminário, online e sem fronteiras – disposto a levar a cultura baiana para todas as casas ao redor do globo. A permanência de tradições de grandes eventos educativos é resultado do trabalho realizado pelo Senac, nesse momento em que as pessoas precisam se qualificar com segurança. É certo que o seminário, durante seus anos 14 anos de realização, sempre buscou enaltecer o território baiano, as tradições, a religião e sobretudo a gastronomia afetiva. Em 2020, com o tema “A cozinha patrimonial da Bahia: territórios e identidades” foi possível trazer para a roda personalidades que dia a dia ajudam a perpetuar crenças e costumes – como as presenças em vídeo de Nitinauã, da Aldeia Pataxó – Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro –, e também da Iyá Kekeré Ângela Ferreira do Gatois, membro do conselho religioso no corpo da associação de São Jorge Ebé Oxossi. Para Marina Almeida, diretora do Senac, realizar o seminário foi um desafio que gerou novas oportunidade de conhecimento. “Esse ano o seminário foi inovador, as pessoas puderam ter uma imersão virtual sem perder o ritmo do Senac. Nossos esforços estão voltados para que o público continue tendo acesso a conteúdos educacionais de qualidade através de nossos eventos”, disse a gestora.
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Com as cores e sabores dos temperos e especiarias, mesmo que online, o espectador teve noção dos aromas que passeavam pelo estúdio. O chef Emanuel Moreira, prestigiando a aridez e a doçura do sertão, preparou uma carne de bode manteada com mel de abelha nativa. Já a chef Jaqueline Bispo foi aos mares resgatar uma iguaria baiana, o Xangó – peixe dessalgado servido com vinagrete de biribirí. Além disso, as pessoas que assistiam ao seminário também acompanharam um show de harmonização de bebidas, apresentada pelo instrutor Nelson Rodrigues, com batida de gengibre e licor de tamarindo. “Foram manhãs memoráveis, trabalhos construtores que conseguiram mostrar a importância e a pujança da gastronomia da Bahia” comentou Raul Lody, antropólogo e curador do Museu da Gastronomia Baiana (MGBA). O idealizador do evento também já deu uma prévia do que podemos esperar para o próximo ano. “Em 2021 realizaremos a décima quinta
Revista do Sistema Fecomércio-BA Setembro 2020
edição do seminário com o tema ‘Frutas da Terra e de além mar nas bebidas e comidas da Bahia’”, revelou. Outras personalidades e movimentos passaram pelas telas, como é o caso do Slow Food Brasil, representado por Revecca Tapie e Marcelo Terça-Nada, além da presença da marisqueira e presidente da Repescar, Iranildes Santana.
O Seminário de Gastronomia Baiana sempre que acaba deixa um gosto de quero mais, mas para quem quer saber como foram esses dias de evento é só acessar o canal do Youtube do Senac. Comida boa é eternizada em conhecimento.