Jornal Contramão - edição especial década de 70

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: SOMBRAS E LUZES DA DÉCADA DE 70

Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Multimídia - UNA - No.17 - Ano I V - Setembro / Outubro de 2011 - Distribuição gratuita

Os anos 1970 marcam gerações. Em pleno regime militar,o Brasil viveu momentos de fruição intelectual, mesmo sob forte censura. A década começou na vigência do governo Médici, o mais duro de todos os 21 anos de ditadura. Porém, a virada para os anos 1980 testemunhou o renascer da sociedade civil e dos movimentos culturais. Os alunos do curso de Jornalismo da UNA foram a campo e reviveram esse período, em reportagens sobre a Copa de 70, o jornal alternativo De Fato, a trajetória de Wilson Simonal, o cartunista Henfil e o movimento punk.

Paixão Nacional Renata Batista

colorir as ruas de verde e amarelo. INVICTO! Foi assim o futebol brasileiro, longe dos fiascos vividos, ao exemplo de 2010, aquela seleção gigantesca no fazer futebol, grandiosa na disciplina como afirma Wilson Piazza: “Fomos para jogar futebol!”, em entrevista concedida em

abril de 2011, quando os colegas Igor, Luigi, Antônio Carlos, Tomás e eu elaborávamos o trabalho para a disciplina Tidir sobre este tema. A seleção mostrou a que veio e além das fronteiras mexicanas, também veio nos dar a certeza do futebol do futuro e a qual deveríamos reverenciar até hoje.

Hoje já consigo assimilar um 4/4/2, já sei o que é ser impedido. E o gandula que “catava” as bolas foras de 70 parou para admirar a seleção “Canarinha” e, no mínimo, em algum lugar, se ainda vivo, guarda uma bola autografada por Pelé na certeza de possuir as melhores recordações do bom futebol em cena. Foto Igor Coelho

Sim, estamos falando de futebol, e não em ritmo de Copa, ainda, mas falando, sim, de uma das copas mais admiradas, reconhecidas e lembradas por nós brasileiros, a Copa de 70. Copa ocorrida em meio a um regime ditatorial, mas que, ao mesmo tempo, deu voz ativa ao povo como em grito de liberdade, afinal eram 90 milhões em ação. Uma experiência inusitada, ao menos para mim, que acreditava que impedimento era o nome de algum jogador, que escanteio ou gandula deviam ser algum tipo de xingamento autorizado nos jogos. Totalmente leiga, mas curiosa, ao desvendar os caminhos de 70 e me perder nos passes de Pelé, dribles de Piazza e o grito da multidão em Guada-

lajara, aprendi a apreciar essa, por assim dizer, a oitava arte de um povo. Povo esse que se permitiu ir às ruas sobre o protesto de olhos quase hostis, pois afinal os militares, mesmo em suas fardas, também eram o povo brasileiro e também eram torcedores, mantendose na postura da farda e um coração explosivo no peito. Olhares que passavam despercebidos sob a multidão em fanfarra, afinal de contas, “o futebol seria o momento em que é possível as pessoas violentas extravasarem coletivamente, inclusive com explosões violentas, extravasando uma agressividade que não tinha outro caminho para sair” , escrevia a revista Veja em sua edição de 17 de junho de 1970. Ditadura? Que ditadura? Para os torcedores a ordem era a desordem do

Wilson Piazza recorda os grandes momentos


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