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Pela primeira vez e publicada uma foto de E. Huet, fundador do Institute Nacional de Educagao de Surdos
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V do Surdos brasileiros se
depara com a emblematica figura de E. Iluet . Como podemos encontrar nas paginas da Revista Espago do INES, em sua edigao especial de 1997 sobre a Historia do INES, de autoria da historiadora Solangc Rocha , “ Ernest Iluet, frances, professor de Surdos, tambem Surdo, chegou ao Brasil em fins de 1855 com a intengao de abrir uma escola para pessoas Surdas” ( p. 5) Mas em outras publicagoes pode-se encontrar dados um pouco diferentcs: “ A educagao de deficientes auditivos teve inicio no seculo XIX gragas a Eduard Huet, professor frances que chegou ao Rio de Janeiro em 1855” ( Antonio Carlos Almeida , p. 20). Mas, afinal , o nome do fundador do INES era Ernest ou Eduard ? No arquivos do INES nao existe res-
posta para essa questao, ja que sempre os documentos a ele referentes aparecem como E. Iluet!!! Fotos tambem nunca foram en contrados, o que deixa o misterio ainda mais saboroso. Antonio Campos Abreu, ex- presidente e atual vice - presidente da FENEIS tern pesquisado bastante sobre esse importante personagem da historia dos Surdos, mas nunca tinha conseguido uma resposta que o satisfizesse. E sabido que E. Huet foi fundador da primeira escola para Surdos no Mexico ( in La realidad bicultural de Sordos e hispanohablantes, por Boris Fridman Montz, 1999), apesar de haver afirmagao em um livro de Perelo e Tortosa , “ Surdo Mudez” , citado pela mesma Revista Espago acima mencionada , em sua pagina 7, “ No final de 1861, depois de um acordo financeiro, Huet cede ao go-
verno seus direitos e vai embora (...) consta que ele foi para o Mexico lecionar para os Surdos. No Mexico havia um instituto fundado porseu irmao, tambem Surdo, Adolphe Huet .” Quando esteve na Venezuela para o Encontro Latino-Americano de Surdos da WFD/ Federagao Mundial dos Surdos, aproveitou a companhia do Surdo represen tante do Mexico para tentar desvendar a charada. Para sua surpresa, o Surdo Cesar Ernesto Escobedo Delgado e um grande pesquisador em historia dos Surdos e presi dente do Grupo de Lingua de Sinais Mexicano. O mais incrivel e que ele tinha a copia de uma inedita foto de Eduard Huet, alem de uma pcquena biografia do mesmo! Assim , em primeira mao, os leitores da Revista da FENEIS poderao conhecer o rosto do fundador do INES, Eduard Huet e saber uma pouco mais sobre sua vida .
EDUARD HUET ( 1827- 1822 ) por Cesar Delgado
KI asceu em Paris, Franga , no ano de 1822. Aos
l ^ldozeanos ficou Surdo em
conseqiiencia de sa ja falasse frances, alemao e portu rampo. Embora gues, apos tornar-se Surdo, aprendeu espanhol . Pertencia a nobreza , era Conde. Casou -se em 1851 com uma dama alema chamada Catalina Brodeke e emigrou para a Corte Portuguesa no Bra sil em 1852, mesmo ano em que fundou a Escola do Rio de Janeiro para a educagao de Surdos ( Nota do Editor: Nesse ponto existe uma possivel falha, ja que o INES dispoe de documentos oficiais atestando a chegada de Huet em 1855), a instancias do Impera dor Dom Pedro II, sendo diretor e professor. Em 1854 nasce na America sua primeira filha , Maria e, em 1856 nasce seu filho Pedro Adolfo, afi lhado do Imperador do Brasil, Pedro II. Algumas pessoas na Cidade do Mexico tinham *** interesse em que se iniciasse a educagao para pessoas Surdas no Mexico (...) Em 1865, o governo do Presidente Juarez enviou uma carta, para a cidade do Rio de Janeiro, ao sr. Luis G . Villa y Alacazar, convidando o Professor Eduardo Huet , diretor da Escola de Surdo dessa cidade, a ir a Cidade do Mexico com o objetivo de organizar e dirigir uma escola para Surdos, oferecendo- lhe todas as facili dades e apoio para realizar tal tarefa (Nota do Edi tor: Mais uma vez podemos perceber que existe uma discrepancia quanto as datas, 1861 ou 1865?). Dom Eduardo Iluet aceitou o convite com entusiasmo e mandou seus filhos a Franga , onde continuariam
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sua educagao, como era costume na epoca. Sua filha iria para um convento e seus filho estudaria com os irmaos maristas. Chegou ao Mexico no comego de 1866 e encon trou o panorama politico mudado (...) A escola comcgou com a inscrigao de tres criangas. Dizem as cronicas que, em janeiro de 1867, as tres criangas foram apresentadas em exame publico, com a presenga de autoridades da cidade, dos vereadores e dos particu lars que financiavam o projeto. O exame foi classificado de notavel, visto que em pouco tempo as crian gas davam sinais de inteligencia (...).”
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Antonio Campos Abreu ( direita ) e Cesar Delgado no Encontro da WFD
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m Diretor Presidente: Antonio Mario Sousa Duarte Diretor Primeiro Vice-Presidente: Antonio Campos de Abreu Diretor Segundo Vice-Presidente: Max Augusto Cardoso Heeren Diretor Administrativo: Walcenir Souza Lima Diretor Administrativo Adjunto: Silvia Sabanovaite Diretor Financeiro: Moises Gazale Diretor Financeiro Adjunto: Candido Lara Ribeiro Naves Neto CONSELHO FISCAL 1° Membro Efetivo e Presidente: Carlos Alberto Goes 2° Membro Efetivo e Secretarial Alzira Elaine de
Carvalho 3 ° Membro Efetivo: Delvan Cesar de Souza Fernandes 1° Membro Suplente: Luiz Dinarth Faria 2° Membro Suplente: Luiz Geraldo F A Neto dos Reis 3 ° Membro Suplente: Benedito Andrade Neto
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DIRETORES REGIONAIS Diretor Regional da Feneis Porto Alegre-RS: Marcelo Silva Lemos Diretora Regional da Feneis Porto Alegre-RS: Marianne Stumpf Representante Regional da Feneis Sao Paulo: Maria Ines da Silva Vieira Representante Regional da Feneis Sao Paulo: Moryse Vanessa Saruta COMISSAO EDITORIAL Setor de Comunica ao - SECOM Editora e jornalista responsavel: Clelia Regina Ramos (MT 2538)
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Secretaria de Reda ao e Anuncios: Rita de Cassia L. Madeira Editora ao: FA Editoragao Eletronica Ltda. Fotolitos: Quadratim Impressao: Imprinta Tiragem: 5.000 exemplares
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numero
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2002
Sumario
FEDERACAO NACIONAL DE EDUCAgAO E INTEGRAgAO DOS SURDOS .
Ano IV
Se des
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0 Surdo escreve
Editorial por Antonio Mario de Sousa Duarte Cartas do Leitor
Pesquisa: Feneis responde por Emeli Marques
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Informatica para Surdos
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Centro de Documentagao
24 26 27 30 31 33 34
Cultura
GPLIBRAS
Livros Surdocegos Congresso
Suplemento Infantil
Artes
Pagina do Interprete
Perfil Noticias Regionais Confira Enderegos Importantes e Filiadas
Espeaais
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Surda vence concurso nacional do PRO - LER Empresa de legenda oculta organiza painel sobre legendagem na televisao
23 25 25 29
Surdo Gaucho conheceu mais de 30 paises de bicicleta Trabalhando com Adolescentes Surdos
Premio ABRH -Minas Surdos: um olhar sobre as praticas de educagao
Esta edi ao da Revista da FENEIS contou com o patrocimo da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por indica ao do vereador Otavio Leite
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Janeiro 2002 - revista da Feneis
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SURDO
ESCREVE
0 Surdo escreve IAntonio Carlos Cardoso Ail eu nome e Antonio Carlos Cardoso, sou Surdo l ^ lprofundo, filho de pais ouvintes. Nasci Surdo numa familia de classe baixa na Cidade de Machados, interior do Estado de Pernam buco. Meus pais so perceberam a surdez quando eu estava com um ano de idade. Sou o filho cagula numa familia de quatro filhos, sendo dois homens e duas mulheres. Uma de
Inclusao
escolar e Inclusao social: conhe am a opiniao de quern vive essa experiencia .
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Coordenador do Dept 0 de LIBRAS da ASSPE, Instrutor de LIBRAS e Assessor da Diretoria da ASSPE
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revista da Feneis Janeiro 2002
minha irmas tern surdez leve. Lembro que durante loda minha infancia nao conseguia comunicar meu pensamento e meus desejos para meus proprios pais, como tambem nao conseguia compreender o que eles queriam de mim . Com meu irmao nao consigo me comunicar ate hoje. Com minhas irmas, no entanto, a relagao e diferente, comunicamo- nos sem grandes dificuldades, talvez porque elas sempre estiveram disponiveis e interessadas na minha maneira diferente de ser e comunicar- me. Ja conclui o 2° grau de Contabilidade e Magisterio, trabalhei como monitor de LIBRAS na Escola Padre Antonio Henrique. So iniciei a escolaridade aos doze anos de ida de, quando vim do interior para Recife atraves do meu pai que nos ajudou , a mim e minhas irmas. Hoje, minha irma Surda trabalha com pintura em tecidos e a outra (ouvinte) e professora e ja trabalhou com criangas numa escola para Surdos. Minha primeira escola foi Especial para Surdos. La , estudei aproximadamente 7 anos, saindo de la na oitava serie, em junho porque precisava traba lhar. As classes eram formadas por 12 alunos aproxi madamente. A metodologia utilizada era a Comuni cagao Total; os professores utilizavam a comunica gao oral/gestos para ensinar os conteudos. Matema tica eu compreendia bem , mas as outras disciplinas sempre tive muita dificuldade. Minha irma ( professora ) geralmente me ajudava , mas conclui a oitava serie sem aprender o que os professores ensinaram . Apesar de naquela escola os professores nao utilizarem a Lingua de Sinais verdadeira em sala , os Surdos que la estudavam a utilizavam e foi assim que eu aprendi Sinais; praticamente em dois meses eu ja sabia me comunicar na minha propria lingua com meus amigos Surdos. Na escola sempre foi muito dificil aprender, apesar de toda vontade que eu tinha , a comunicagao en tre os Surdos e os professores, em geral , nao acontecia porque nos nao falavamos a mesma lingua. O Segundo Grau ou Ensino Medio (como fa lam atualmente) iniciei numa Escola Publica Esta dual , mas nao tive sucesso, fui reprovado, nao con seguia aprender o que as professoras ensinavam . Sempre me achei uma pessoa inteligente que poderia aprender com certa facilidade, mas percebia
que os professores nao tinham paciencia , nem con digoes de me ensinar. Nessa escola nao encontrei apoio nenhum dos professores de sala , nem professores preparados para ajudar os professores de sala (os itinerantes ). Da escola desisti no 2 a semestre de 1985 porque nao tinha a menor chance de aprender naquelas condigoes. Por outro lado, consegui um trabalho numa firma particular de construgao civil como desenhista projetista . Este emprego foi conseguido pela diregao da escola onde eu estudava. Tratava -se de um estagio de dois anos. La havia Surdos trabalhando e o chefe sabia comunicar-se um pouco conosco, sabia gestos e alguns Sinais. A relagao era boa. Apos os dois anos como estagiario, assinei a carteira como funcionario do quadro da empresa, com os mesmos direitos dos demais funcionarios. Perma neci neste trabalho durante onze anos e la aprendi a desenhar instalagoes eletricas, hidraulicas e telefonicas. Sai deste emprego em 1997 quando a empresa, infelizmente, faliu . Sempre achei importante estudar e tinha von tade de continuar aprendendo. Resolvi retornar para a escola sete anos depois e optei pelo curso de conta bilidade numa Escola Publica Municipal. Nesta escola a experiencia foi diferente, pois contei com a ajuda de professoras itinerantes (que alem de nos ajudarem a compreender os assuntos dados pelos professorcs em sala, orientam toda a Escola sobre como trabalhar e ensinar os Surdos que ali se encontram ). La , conclui o curso de contabilidade em 1998 e passei a utilizar os conhecimentos que aprendi como Tesoureiro da ASSPE . Comecei a freqiientar a ASSPE desde 1986, aos 18 anos de idade, a convite de um amigo Surdo. Antes de conhecer a ASSPE tinha poucas amizades, nunca consegui ter amigos ouvintes. Minha familia nunca participou comigo dos encontros na ASSPE . Gosto muito de freqiientar a ASSPE . Comecei apenas participando, depois fui chamado para atuar como membro fiscal, depois como tesoureiro adjun to e adquiri experiencia . Passei a tesoureiro titular da ASSPE, tambem instrutor da LIBRAS da ASSPE. Acho muito importante a ASSPE na minha vida . Hoje, sou casado com uma pessoa Surda que tambem atua com criangas Surdas como monitora, temos uma filha ouvinte, e diferente da minha experi encia vivida enquanto crianga, sinto que minha familia atual compreende e comunica -se mutuamente. Minha filha e bilingue, teve a LIBRAS como lingua materna e o portugues oral simultaneamente
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EDITORIAL
Inclusao pressupoe respeito as
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isso, no caso
do Surdo , inclui a lingua e a cultura .
(atraves dos avos, lios ouvintes). E cla qucm nos aju da intermediando nossa comunicagao com as pessoas ouvintes, com ela aprendemos um pouco mais sobre o mundo ouvinte tambem . E isso, pra mim , e in clusao. Ao longo da vida aprendi bastante, mas nem scmpre foi a escola quc me propiciou estes conheci mentos. Aprendi principalmente com aqueles que conhecem a minha lingua , a maioria sao Surdos ou in terpretes da Lingua de Sinais. Ainda em 1998, recebi um importante convite para trabalhar com criangas e adolescentes Surdos numa Escola Piiblica Municipal que tentava implan tar uma proposta bilingiie para Surdos. Esta experiencia despertou -me o intcresse pcla educagao, na perspectiva de quern ensina (o professor). Por isto, resolvi cursar magisterio (a nivel de Segundo Grau ) numa Escola Publica Municipal , quero aprender mais e mais e defender a inclusao, nao apenas escolar, mas social . No entanto, acho que algumas condigoes sao necessarias para quc o Surdo usufrua disto efetivamente.
Enfrentei , na propria pele, as dificuldades de estar numa sala onde nao compreendia os conheci mentos ali trabalhados, onde o professor apenas fa lava horas e horas e eu nao conseguia acompanhar nada , nem as atividades propostas, calendario de tra balhos e provas, etc. Ainda enfrento dificuldades e apesar de saber o quanto sou e fui ajudado pelo professor itinerante,
acho que ele nao e suficiente para a inclusao do Surdo no ambiente escolar. Inclusao pressupoe respeito as diferengas e isso, no caso do Surdo, inclui a lingua e a cultura . Diante disto, acredito que o melhor para o Surdo sera con tar com a presenga de um interpretc em sala de aula . Hoje, percebo que a sociedade vem desenvol vendo e discutindo as ideias inclusivas e que lenta mente percebemos mais respeito pelas diferengas, no entanto, nao podemos parar; e preciso continuar ca minhando, promovendo encontros onde o Surdo tenha direito a expressar-se na sua lingua , pois so ncla e possivel colocar os sentimentos, as ideias e sua posigao diante do mundo. Cl
Editorial Editorial Editorial IAntonio Mario Sousa Duarte
r com grande satisfagao que chegamos aos quinze tanos de existencia!
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Durante todo esse tempo scmpre buscamos re presentar da melhor forma possivel os interesses da comunidade Surda brasileira e merecer o voto de confianga que nos deram . Nossa mcta foi e sempre
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Diretor- presidente da Feneis
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sera a de promover a melhoria da qualidade de vida dos Surdos em todo pais. Os caminhos que trilhamos nao foram faceis mas conseguimos um crescimento expressivo gramas aos esforgos e cooperagao de todos os envolvidos com a nossa causa . Estamos buscando cada vez mais direcionar a atengao do poder publico para os Surdos, pois en tendemos que parcerias com essas entidadcs de aha
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relevancia sao o meio mais eficiente e eficaz de abran ger a sociedade como um todo. Como exemplo do rcsultado destes esforgos, lembramos do curso de forma ao de instrutores Surdos, financiado pelo MEC , que aconteceu em Brasilia em agosto desse ano (ver mais sobre esse assunto na edigao da Revista da FENEIS numero 12) cujos agentes multiplicadores formados naquela ocasiao ja capacitaram sessenta turmas em seus estados de origem . Para que possamos continuar buscando sem pre a otimiza ao de nossas agoes, contamos com o empenho de toda a diretoria , dos conselhos con sultivo e fiscal, funcionarios, familiares e profissi onais, aos quais deixo aqui meus sinceros agradeci -
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anos da FENEIS
Em maio
Aguardem !!! JR
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CARTAS
LEITOR
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CARTAS DO LEITOR Sao Paulo/ SP Aconteccu no dia 11 de dezembro de 2001, no auditorio do Centro Universitario Assun ao, cidade de Sao Paulo, a Cola ao de Grau da Faculdade no qual eu terminei o curso de Matematica. A cerimonia estava otima e fiquei emocionado! Realmente nao acreditava que aconteceria em minha vida! A interprete Simone Fontes traduziu para mim o que professores, coordenador, diretora e colegas falavam durante a cerimonia . Todos colegas do curso de Matematica estavam presentes e vestindo suas becas, todos muito alegres. Teve um grupo de cantores que faziam uma musica maravilhosa e deixaram os colegas emocionados, pois todos se formaram, como eu , lutando e batalhando para conseguir essa meta . O orador Marcelo Rodrigues, em sua mensa gem me deixou surpreso e emocionado, dizendo: Existent algumas coisas que nao podemos deixar de falar, ha urn personagem que merece destaque . Na nossa vida, como em um verdadeiro filme de agao, quando ternos que reproduzir as cenas usarnos todos os recursos possiveis: desenhos, falas, sons! Agora imaginem assistir a urn filme sern sorn e sent legenda, e o que e rnelhor, entender as cenas e se esforgar ao rndximo para poder cornparlilhar conosco... E corn muito orgulho que parabenizamos nosso amigo Neivaldo.. Eu nao esperava aquela homenagem e ate professores e colegas bateram pal mas para mim e tambem o publico, pois sou o pri meiro Surdo a entrar na faculdade lutando ate o fim do curso, que nao teve interprete de Lingua de Si nais na sala de aula. Eu me esforcei muito, lendo os livros e os colegas me ajudaram, isso foi muito sacri ficio em minha vida , mas valeu a pena. A coisa mais linda e que fiz um TCC - Traba lho de Conclusao do Curso, com o tema â&#x20AC;&#x153; Ensinando Matematica para Surdosâ&#x20AC;? . Todos gostaram e tirei nota dez! Agrade o ao orientador prof . Daniel, a amiga e professora de Surdos Maria Ines e aos colegas Sur dos que me orientaram para o trabalho ficar bem organizado. O professor me pediu para expor na bibli oteca da Faculdade para que outros possam conhecer como e ensinar os Surdos. Como me formei em Matematica , meu sonho e dar aulas para alunos Surdos, pois a comunicagao entre professor Surdo e aluno Surdo facilita muito mais e alunos poderao obter informaqoes importan tes durante a aula e tambem aprenderem a me seguir e ter coragem para serem batalhadores e en trar na faculdade. Sei que sou como um exemplo para os Surdos.
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Agora vou sentir falta das aulas pois me acostu mei a trabalhar muito e estudar muito. Tambem vou sentir falta dos colegas que me faziam companhia e me ajudavam muito. Muito obrigado a todos e o que desejo de coragao.
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Neivaldo Zovico
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Sao Paulo/ SP
Neivaldo em sua formatura
Saudagoes! Nos, da equipe da AdefAV, queremos agradecer o destaque dado a Surdocegueira na Revista da FENEIS, e o desejo expresso no artigo Sessao especial, pagina 14, do ultimo numero, de estar incluin do os Surdocegos em noticiarios dessa importante publicagao. A Revista da FENEIS e uma das poucas publi cagoes da area , que se mantem na ativa e cada vez mais atendendo as necessidades do Surdo. Parabens! Por esse motivo nos entusiasmou a decisao da inclusao do Surdocego, uma vez que as mais recen tes pesquisas vem apontando para a necessidade de se estar avaliando a populagao Surda quanto a visao, pelas possibilidades dessa populagao apresentar di ficuldades tambem visuais (Mary Guest, novembro 2001, RJ ) . Colocamo- nos a disposiqao para informa oes na area da Surdocegueira , assim como as familias da AdefAV se oferecem para depoimentos sobre suas experiences com seus filhos. Solicitamos divulgaqao da nossa instituicao, que podera ser de utilidade para os seus leitores. A FENEIS de S. Paulo tern sido sempre solicita as necessidades da area, assim como temos recebido as atengoes das FENEIS de Minas Gerais c Rio de Janeiro, nos encontros de Surdocegos, familias e profissionais. Agradecidos e certos de sua atenqao, Atenciosamente,
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Ana Maria de Barros Silva/ Consultora da AdefAV Av. Lacerda Franco, 253 Bairro Cambuci Sao Paulo/SP 01536-000 Telefax: (11) 3342-2108 adefav@ aol .com
Rio de Janeiro/ RJ Keila Sampaio Loureiro/ Surda
Uma poesia para a REVISTA DA FENEIS
Silencioso coragao No fundo do meu coragao Meu coragao e silencioso E doce no profundo do meu coragao Grito a voz da natureza: amo . Meu desejo dentro do meu coragao do mundo inteiro , Meu coragao jamais acaba, e injinito longe.
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P ESQ U ISA
Perguntas sobre a questao da Surdez: Feneis responde I Emeli Marques M uitas sao as perguntas que nos chegam, com freIMquencia , sobre questoes relacionadas, prin-
lingua nao so constroi o nosso pensamento, como tambem nos constroi enquanto sujeitos, nos identificando em nossas
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historicopoliticosoriais."
I Mae de Surdo, Mestranda em Linguistica Aplicada / UFRJ , membro do GPLIBRAS/ FENEIS
cipalmente , ks pessoas Surdas e sua educagao . Questoes que se constituent , ainda , em duvidas e inquietagoes para alguns, polemicas para outros, ou j £ resolvidas e ultrapassadas para outros, nao constituindo para este ultimo grupo , ks vezes, como assunto necessdrio para ser discutido e apresentado . Mas o certo 6 que essas perguntas continuam ate hoje sendo colocadas em vdrios Wf6 runsw . As consideragoes que faremos aqui tern por base uma ideologia que entende as pessoas Surdas como elas proprias se percebem , quando entre seus pares, isto e, em sua Comunidade, normais, Surdos, e nao como pessoas deficientes. Consideramos que a surdez traz conseqiiencias negativas, quando a socieda de, nao reconhecendo seus direitos, priva os seus portadores das condigoes necessarias ao desenvolvimento dos mesmos, conforme as exigencias da sociedade moderna . A principal privagao e a que diz respeito a aqui sigao natural de uma lingua. E um fato, a maioria das criangas Surdas nascem de pais ouvintes, e a con seqiiencia disso, em uma sociedade que nao aceita a diferenga , e a privagao da aquisigao natural da lin guagem , em seu sentido mais amplo. As criangas Surdas ficam a merce dos muitos encaminhamentos dos adultos ouvintes, feitos na diregao do seu desen volvimento lingiiistico, com base no modelo majori tario, a lingua das pessoas que ouvem . Resultado: atraso na aquisigao natural de uma determinada lin gua , aquisigao de rudimentos de lingua , e na maioria das vezes, nem chegam a adquirir, plenamente, nenhuma lingua em toda a sua vida . Adquirir lingua e uma condigao imprescindi vel para a nossa sobrevivencia como seres humanos, na sociedade em que vivemos. A humanidade ja vi veu sem ela em seus primordios. Hoje, sabe-se, cien tificamente, que ao nasccrmos ja herdamos de nossos antepassados a capacidade para adquirir o que denominamos de linguagem e o seu aspecto mais sofisticado: a lingua , que a priori e compreendida , tao somente, como sendo um instrumento para a comunicagao. Mas, a lingua e muito mais do que isso. Ela consiste em um sistema sofisticado e complexo de regras e aplicagoes em relagao ao seu uso que nao sao aprendidos em sala de aula, e sim na interagao social entre os pares que a utilizam . E a lingua que
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expressa e ao mesmo tempo constroi o nosso pensa mento, sendo mediadora da construgao e desenvol vimento de todo conhecimento humano. Estudiosos da area , L .S. Vygotsky por exemplo, diz que o pensamento e linguagem desenvolvem -se paralelamente do nascimento aos dois anos e meio, mais ou menos. A partir dai lingua e pensamento caminham juntos, um subsidiando o outro em seu desenvolvimento. A lingua nao so constroi o nosso pensamento, como tambem nos constroi enquanto sujeitos, nos identificando em nossas relagoes historico- politico-sociais. Precisamos adquirir uma lingua naturalmente, como nossa primeira lingua , para que possamos adquirir uma segunda , uma terceira , uma quarta lingua . Quando adquirimos varias linguas, iremos, naturalmente, eleger uma , como sendo aquela at raves da qual melhor nos identificamos como su jeitos situados historicamente, aquela, atraves da qual melhor nos expressamos afetiva e confortavelmente, em quaisquercircunstancias. Poderiamosdizer: a lin gua do coragao. Essa sera a nossa lingua materna . Esse e um DIREITO que enquanto ouvintes temos garantia natural, mas temos negado esse direito aos Surdos. Enganam -se aqueles que pensam ser a lin gua da mae, a lingua natural, para qualquer pessoa , Surda ou ouvinte, pode nao ser. Nao importando em que ordem a adquirimos, se primeira , segunda etc. O importante e, se a adquirimos naturalmente. E, in sistent os estudiosos sobre a necessidade dessa aqui sigao se dar na fase considerada ideal para essa apren dizagem , quer dizer, nos primeiros anos de vida. As linguas estao carregadas de componentes proprios da pessoas que as usam . Por exemplo, quan do nos, os ouvintes, lcmos nos poemas "... e o farfa lhar das folhas das mangueiras, levavam -me de volta a minha infancia ja esquecida ” ou e “ o sussurrar da brisa em meus ouvidos, eram como lindas cangoes de ninar...” . So podemos entender esses significados porque vivemos essa experiencia auditiva , e ela im pregna todos os nossos conceitos, os quais sao expresses, atraves da lingua . Essas vivencias podem ser expressas de formas diferentes de acordo com o gru po social ao qual pertencemos e ondc construimos nossos simbolos, nossos significados. Queremos nos referir, aqui, ao que denomina -se Cultura. A lingua revela uma determinada cultura, isto e, uma forma de perceber, conceber o meio em que vivemos, e essa cultura , ainda e perpassada por varias outras, que vao constituindo nosso universo pessoal e social. Es-
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Janeiro 2002
- revista da Feneis
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P ESQ U ISA sas experiences podcm estar perpassadas por experiences semelhantes dc outros grupos, mas elas terao sempre componentes impares que pertencem somente a um determinado grupo. Lcmbramos aqui os esquimos que possuem palavras diferentes para nomear a cor branca. O que para nos sao suficientes dois ou tres vocabulos, para os esquimos essa experi ence e determinante em relagao a distingao de varios “ tons” de branco. Se existem linguas diferentes, existem , tambem , culturas diferentes. Todas essas consideragoes estao baseadas nos estudos das linguas orais. Elas poderao ser melhor compreendidas pelo estudo desse assunto em bibliografia propria . Sugiro aqui o seguinte autor: JOHN LYONS. Seu titulo sobre esse assunto e LINGUAGEM E LINGUISTICA: UMA INTRODUQAO, Editora Guanabara . Sobre os estudos de L . S . Vygotsky sugerimos o A FORMAQAO SOCIAL DA MENTE, Editora Martins Fontes.
Passaremos agora , as questoes que chegam constantemente a FENEIS:
existem h nguas diferentes, existem, tambem , culturas diferentes."
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OQUEESURDEZ ? Essa resposta sera dada de acordo com os estu dos de Luis Behares porque e a que consideramos satisfatoria do ponto de vista da nossa ideologia em
relagao a nao deficiencia do individuo Surdo. “ Uma pessoa Surda e aquela que, por ter um deficit de audigao, apresenta uma diferenga com respeito ao padrao esperado e, portanto, deve construir uma identidade em termos dessa diferenga para integrar-se na sociedade e na cultura em que tiasceu ” Luis Ernesto Behares e pesquisador na Universidade De La Republica do Uruguai, no Instituto de Linguistics de La Facultad de Humanidades y Ciencias de La Educacion . QUAL A DIFERENGA ENTRE SURDO E DEFICIENTE AUDITIVO ? O termo utilizado para referir -se as pessoas
Surdas no passado, nao muito distante, e que ainda permanece no imaginario coletivo era Surdo- mudo. Inclusive o atual Instituto Nacional de Surdos, aqui no Rio de Janeiro, ja foi assim nomeado com placa visivel a sua frente: Instituto Nacional dos Surdos Mudos, ate ao inicio da decada de 80. Essa foi a decada do fortalecimento do oralismo ( ideologia baseada na capacidade inata do ser humano, para apren dizagem de lingua ) . O inatismo - tambem chamado de mentalismo e racionalismo - e a teoria que na linguistica americana tern seu mais importante defensor em Noan Chomsky, a qual “ acredita que a lin guagem serve para a expressao do pensamento; que os seres humanos sao dotados de nascenga (isto e, geneticamente) da capacidade de formar alguns con ceitos ao inves de outros; e que a formagao de con ceitos e uma condigao previa para para a aquisigao do significado das palavras” .
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revista da Feneis - Janeiro 2002
Ele argumentou que “ a natureza da linguagem e o processo de aquisigao da linguagem tern caracteristicas tais que os torna inexplicaveis a nao ser com base no pressuposto de que existe uma faculdade inata de aquisigao da linguagem .” - essas ideias ga nham espago na educagao de Surdos em todo o mun do, pois traziam o entendimento de que todo e qual quer ser humano podia adquirir lingua . E a lingua assim considerada pelos educadores ate essa epoca , no Brasil, era a lingua de modalidade oral auditiva, com enfase na expressao oral . O que foi um grande equivoco, em nossa visao, pois na mesma epoca em que as ideias de Chomsky estavam sen do difundidas, outro lingiiista , tambem americano, W. C. Stokoe, ja estudava e descrevia as Linguas de Sinais e langando em 1960 “ Sign Language Structure: An Outline of The Visual Comunication Systems of the American Deaf ” , Nova York: University of Buffalo Press, que comprova cientificamente, que a Lingua Americana de Sinais e uma lingua, tanto quanto as demais linguas orais. Os metodos com enfase na modalidade oral da lingua portuguesa proliferaram no Brasil (a partir da decada de 50), vindos da Franga , da Holanda , da Italia , da Alemanha , e finalmente dos Estados Uni dos. O INES possui um registro desse “ bum " oralista em um filme apresentado pelo entao jovem apresen tador Cid Moreira . Poucos sabem que o Brasil , tambem , tevc seu proprio metodo da chamada corrente oralista . Esse metodo e denominado “ METODO NATURAL GLOBAL ORAL DIRETO DEDUTIVO” de Conceituagao e Estruturagao de Linguagem . Foi organizado, desenvolvido e aplicado, durante 50 anos, por um professor do Instituto Nacional de Educagao de Surdos - aposentado, por forga da ditadura militar, cm 64 prof . Geraldo Maria Magela Cavalcanti, ainda vivo, residente em Niteroi . O auge desse metodo no INES foi nas decadas de 60 e 70, ressurgindo, atraves de um grupo de novas professoras na area , cm 80. De todos os demais metodos orais de ensino, era o unico que discutia a importance da mimica (como era entendida a Lingua de Sinais nessa epoca ), para a aprendizagem de uma forma gcral , e, tam bem para a aquisigao da lingua oral. Mas, voltemos ao nosso assunto. Ao confirmar -se a possibilidade de a pessoa Surda falar com a voz abre-se espago para diversas iniciativas no sentido de torna - lo “ humano” , entre elas, a obrigatoriedade da “ fala ” . Apesar de o conhecimento sobre a capacidade do Surdo falar com a voz ja existisse ha muitos seculos, e so no final do seculo dezenove, com o chamado Congresso de Milao, que as Linguas de Sinais passam a ser proibidas em todo o mundo, como forma de comunicagao, en tre os Surdos, entre Surdos e ouvintes, e principal mente, no ensino, que passou a ser ministrado em lingua oral (ai comega a decadencia pessoal e coleti va, academica e profissional das comunidades Surdas europeias que ja haviam conquistado sua ascen sao social como cidadaos).
P ESQ U ISA O advento da industrializagao e a necessidade de produgao para o consumo, e podemos citar aqui sem medo de equivoco, o auge da audiologia com Alexander Graham Bell propiciaram a chegada dos “ acessorios” , os aparelhos auditivos para uso dos Surdos, como para o uso pelos professores ouvintes no ensino, reforgando o enfoque do “ ouvintismo” para os Surdos, na tentativa de torna - los mais parecidos com os humanos ouvintes. Porque humano e portador de audigao, e, assim , torna -se “ mais facil ” serem aceitos pela sociedade dos humanos. A decada de 80, no seculo XX, vem trazer o termo deficiente auditivo contrapondo-se aos termos Surdo- mudo, Surdo, os quais carregavam , no imagi nario dos educadores ouvintes toda uma carga pejorativa e nao humana. Assim , todas as pessoas Surdas, independente de seu tipo ou grau de surdez passaram a ser denomina das, em documentos do governo, bem como pelos professores ouvintes, e os pais “ esclarecidos” , isto e, aqueles que acompanhavam as informagoes, e nao aceita vam a surdez dos seus filhos ( porque a sociedade, tam bem , nao aceitava ), de deficientes auditivos. Esse termo ainda e utilizado ate hoje por aqueque les nao acompanharam , ou nao quiseram acom panhar as discussoes sobre o direito dos Surdos de serem sujeitos bilingues, mas, principalmente, nao acompanharam a participagao das proprias pessoas Surdas nessa discussao, os quais insistiram em se auto-denominar Surdos. E nesse sentido nos precisamos introduzir, aqui, os estudos de Carol Padden - pesquisadora Surda americana - que inicia os primeiros conceitos sobre o ser Surdo, a Comunidade e a Cultura Surda. Com ela vem o termo Surdo com maiuscula denominando aquela pessoa que sendo Surda - qualquer tipo ou grau - pertence a comunidade Surda , tern uma iden tidade, principalmente, de aceitagao da sua surdez, tern uma lingua e conseqiientemente uma Cultura Surda . Surdo com minuscula passa a denominar pessoa Surda que nao tern uma identidade Surda , nao pertencendo a uma Comunidade Surda. Para maiores esclarecimentos verificar em Carol Padden e T. Humphries: “ Deaf in America - Voices from a Culture” . Cambridge , Massachusetts, London , England : Harvard University Press, 1988. A comunidade Surda opta por denominar-se como Surdo. Essa tern sido a posigao da FENEIS. O que nao impede de haver Surdos com perdas auditivas nao profundas (quando falamos em surdez pro funda, estamos falando de perda bilateral, com uma media de 90 decibeis para baixo, nas frequences de recepgao da voz humana ), e que preferem denomi narem -se de deficientes auditivos. Estes, dependen do do grau de perda podem adquirir, naturalmente, atraves da audigao (com aparelho de amplificagao sonora), a modalidade oral da lingua , vindo a apresentar problemas na aprendizagem da leitura e da
escrita; outros se beneficiarao dos aparelhos auditi vos para essa aprendizagem , necessitando de muito esforgo nessa tarefa , para que apresente um resultado razoavel na aquisigao da modalidade oral da lingua . E, os Surdos profundos que mesmo com sofisticados aparelhos, excelentes professores e fonoaudiologas, gastarao muito do seu tempo diario, e muito esforgo, afirmamos, sofrerao para apresentarem um resultado tardio e insatisfatorio na proficiencia lin giiistica da modalidade oral e escrita da lingua ma joritaria .
Do ponto de vista tecnico, ainda ha os ensurdecidos, aqueles que perderam a audigao apos ja terem ouvido e aprendido, naturalmente, a lingua oral au ditiva . Nao e possivel generalizar a surdez, nem tampouco os potenciais dos individuos. A LINGUA DE SINAIS INTERFERE NA AQUISI( A 0 DA FALA ? Parece que a pergunta e: A Lingua de Sinais
prejudica o aprendizado da fala ? Ou , a Lingua de Sinais impede o aprendizado da fala ? A fala e uma modalidade oral da lingua dos ouvintes, portando e uma lingua . Nunca se disse, ou se propagou sobre o prejuizo que uma determinada lingua pudesse causar sobre uma outra , para os ou vintes. Muito pelo contrario, os ouvintes sao estimu lados a aprenderem varias linguas, nao e mesmo? A nao ser em situagoes de imposigao de poder, de dominio entre os povos, em que uma das formas de opressao era, entre outras, a proibigao da lingua do dominado, e a obrigatoriedade de aprendizagem e uso da lingua do opressor, do dominador. Foi assim com o latim , no Imperio Romano, foi assim com as linguas dos nossos antepassados brasileiros, de nominados pelos opressores de “ indios” . Nesse caso a lingua imposta foi o Portugues que “ tornou -se” a nossa lingua . Sao esses os casos de interference de uma lingua sobre a outras. Sabe-se, que, para apren der uma segunda lingua, e necessario que se tenha uma primeira , adquirida naturalmente. A aquisigao de uma segunda lingua se apoiara , cognitivamente, na primeira, isto e, eu me sirvo dos conhecimentos adquiridos atraves da minha primeira lingua, para adquirir outros conhecimentos, inclusive, aprender outras linguas. Assim se dara tambem com a lingua de sinais. Se adquirida na epoca devida so trara beneficios a aprendizagem , seja o que for. Maiores esclarecimentos consultar em : A PALAVRA QUE TE FALTA - Lingiiistica , Educagao e Surdez, de Regina Maria de Souza , Editora Martins Fontes, 1998 - Sao Paulo; ver tambem o artigo da lingtiista Eulalia Fernandes: “ O som: esle ilustre des conhecido” , em Atualidade da Educagao Bilingiie para Surdos, Editora Mediagao, Carlos Skliar (org.), 1999. Porto Alegre.
"Sabe-se,
que, para aprender uma segunda lingua, e necessario que se tenha uma primeira, adquirida naturalmente."
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Continua no proximo numero
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G P LI B RAS
Capacitagao de Professores Interpretes de LIBRAS
No periodo de 26/11/01 a 10/12/01 foi
realizado, no INES - Rio de Janeiro, o primeiro Curso para Capacitagao de Professores Interpretes de LIBRAS , sob a responsabilidade pedagogica deste Institute e administragao da FENEIS.
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revista da Feneis Janeiro 2002
Coube as SEDUCs indicar os profissionais cursistas. Ao todo participaram deste Curso 62 Cursistas, destes 54 representavam as 27 Unidades da Federagao, em media dois por Estado. Os demais profissionais foram indicados pelo INES, num total de 07, e pela FENEIS, que fez uma indicagao. A prin cipal condigao para a participagao centrou -se no fato do professor estar atuando na rede publica e possuir dominio de LIBRAS. O Curso foi desenvolvido com as seguintes DISCIPLINAS / ATIVIDADES: • I Iistorico dos Movimentos de Cidadania e Educa gao dos Surdos no Brasil e no Mundo: Lingua de Sinais/ LIBRAS; I Iistorico do INES; Politicas Pu blicas e Legislagao. • Implicagoes Socio - Culturais da Surdez: Auto Estima do Cidadao Surdo e sua Capacidade Comunicativa e Relagoes Familiares e Mercado de Trabalho. • Introdugao a Lingiiistica e a Gramatica da Lin gua de Sinais: Lingua e Linguagem; Gramatica da LIBRAS e Conhecimento da Estrutura e Gra matica da LIBRAS • Atuagao do Interprete em Lingua de Sinais: Perfil Profissional; Codigo de Etica do Profissional nas atividades de Interpretagao • Oficina: Interpretagao de diferentes maneiras; Postura do Interprete; Conversagao; Interprete de Ligagao outras formas de interpretagao ( noticia rios, palestras, entrevistas e reunioes) • Estagio de Interpretagao • Avaliagao das Disciplinas Teoricas e de Pratica de Interpretagao Espera -se que estes profissionais, a partir de agora , alem de professores de alunos Surdos, tambem atu em em suas Unidades Escolares como Interpretes de LIBRAS, intermediando a comunicagao entre seus alu nos Surdos e a Comunidade Escolar Ouvinte. Atraves deste Curso, constatamos que o MEC/ SEESP, as SEDUCs e o INES vem cumprindo, com empenho , suas responsabilidades quanto a implementagao de agoes que visem garantir a igual dade de direitos em relagao as minorias. A FENEIS, agregadora de agoes em prol da ga rantia dos direitos do Surdos, alem de ter assumido a responsabilidade de administrar este Curso, agra dece, muito especialmente, as Senhoras Professoras Cursistas, por terem participado desta Capacitagao como Interpretes de LIBRAS. Reconhecemos o em penho impar das alunas que participaram e, mais que isso, desejamos que, a partir de agora, a Comu -
nidade Surda possa reconhecer, tambem , o esforgo e desempenho dessas profissionais. Este e um fato historico que nao podemos deixar de comemorar e que so foi possivel com a vontade e desprendimento das Senhoras. A todas, nosso muito obrigado! Para darmos continuidade ao PROGRAMA NACIONAL DE APOIO AO SURDO, e necessario que as alunas aprovadas fagam os seguintes encaminhamentos: • Deem ciencia aos seus respectivos dirigentes edu cacionais sobre o andamento do Curso. • Quaisquer outras duvidas ou necessidades posteriores, que por ventura surgirem relativas a parte administrativa deste Curso, poderao ser encami nhadas a FENEIS, por telefone, FAX, E- mail ou
Correios. • Entrem em contato com os Surdos que foram ca pacitados como Instrutores/Agcntes Multiplicadores de LIBRAS (ver listagem com a Secretaria de Educagao local ), em Curso realizado em Brasilia, em agosto de 2001 , pelo PROGRAMA acima cita do. Conforme e do conhecimento das Secretarias de Educagao, os Surdos que: - receberam habilitagao como Instrutores e/ou Agentes Multiplicadores, deverao ministrar cursos de LIBRAS para a comunidade ouvinte, organizando-se, para tanto, duas turmas; - os que foram habilitados como Agentes Multiplicadores deverao ministrar curso de capacitagao para novos Instrutores Surdos e
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nos locais onde os Surdos receberam somente declaragao de participagao, a orientagao do PROGRAMAS e para que grupos de conversa gao e de estudos sejam organizados, de modo que, Surdos e ouvintes tenham oportunidades, atraves das interagoes, de conhecer melhor a lin gua de sinais local, permitindo a essas pessoas Surdas familiarizarem -se com uma forma , mais sistematizada , de ver a sua propria lingua . Sa bemos que o nivel de escolaridade dos mesmos, na maioria das vezes, nao permite que fagam isso sozinhos, cabendo aos professores contribuirem para o aperfeigoamento das habilidades destes Surdos em ministrarem o ensino da LIBRAS. Finalizando, agradecemos, em nome da Comu nidade Surda Brasileira , o empenho demonstrado por todos aqueles que direta ou indiretamente contribu iram para a realizagao desta Capacitagao de Professores Interpretes de LIBRAS. Esperamos que conti nuem engajadas na luta pelas conquistas dos direi tos de cidadania dos Surdos.
LIV R0S
Meu primeiro livro apresento entrevistas, calendarios, noticias, e dicas para toda comunidade Surda no Brasil. Aconteceu no dia 10 de novembro o langamen -
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terceiro da direita para a esquerda A Juventude - 0 Carnaval e o Rio de Janeiro
Celso Badin
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- e amigos no langamento do livro
ru, Celso Badin, 24 anos, sou Surdo, nao sou Sur-
t do- mudo, nasci e cresci em Sao Paulo. Nao tenho problemas com ninguem , so nao consigo ouvir e falo um pouquinho. Eu lenho um grande sonho: gostaria de escrever outros livros e ser jornalista . Atualmente sou editor responsavel do Jornal do Surdo - www. jornaldoSurdo . saopaulo . net , onde
to do meu livro: A Juventude - O Carnaval e o Rio de Janeiro , que eu fiz mais ou menos cinco anos atras. Demorou porque estavamos arrumando os textos e corrigindo a lingua portuguesa. Eu sempre fiquei sabcndo que os autores Surdos americanos vendiam livros. Pensei que no Brasil ti vesse um autor Surdo, mas nao. Quero ser autor, sim!!! Gosto de experimentar, lutar, esforgar- me e ten tar aprender sobre a profissao de escritor. Muitos pen sam que eu nao conseguiria passar para outras coi sas, mas consegui . Vou estudar na faculdade de jornalismo, sei que e muito dificil, mas vou aprender bastante com lingua portuguesa e comunicagao. Tenho um grande sonho, que e ajudar Surdos e ouvintes tambem fornecendo mais informagoes, noticias, contar as historias dos livros e outros. Hoje, tenho orgulho de ser autor, pois /1 Juventude - O Carnaval e o Rio de Janeiro e meu primeiro livro. O primeiro livro no Brasil, o autor Surdo escreveu suas historias com um personagem Surdo e ou tros personagens ouvintes para pularem o carnaval no Rio de Janeiro. R$ 10,00
Vendas:
j _Surdo@ hotmail .com www.aureaeditora .com . br
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Livro Infantil para Surdos e Ouvintes ii Editora Mercado, de Porto Alegre, esta langan do um livro diferente: TIBI E JOCA, uma historia de dois mundos. A obra mistura desenhos (de autoria de Marcos Cena ) , Lingua Portuguesa e a Lingua de Sinais. Para as criangas Surdas, a composigao dos elementos visuais e narrativos do livro vai possibilitar uma leitura direta , facil e prazerosa, e, para as cri anqas ouvintes, a historia de Tibi e Joca vai ajudar na compreensao da realidade e do universo dos Surdos. Um universo diferente e fascinante. O langa mcnto aconteceu dia 12 de setembro na cidade de Caxias do Sul . Claudia Bisol (31 anos) psicologa e professora universitaria e a autora do livro. “ Conheci os Surdos trabalhando na Associagao Educacional Helen Keller. Aprendo com eles sobre sua experiencia, seu modo de ser, sua cultura '\ declarou . A colaboragao mais importante para que o livro traduzisse com fidelidade o mundo dos Surdos foi a de Tibiriqa Maineri ou simplesmente Tibi, como e conhecido. Tibi e Surdo e ha 8 anos trabalha como
instrutor de LIBRAS na Escola Municipal Helen Keller, em Caxias do Sul . Alem as sugestoes importantes para o livro, Tibi acabou emprestando seu nome para um dos personagens principais da historia . Uma das grandes questoes da Educagao hoje e a inclusao do portador de necessidades especiais. “ Para que isso possa ocorrer de forma mais adequa da precisamos conhecer as diferengas, compreendelas e aceita -las” . Este livro vai ajudar nesta compreensao pelos pais ouvintes, pelas pessoas Surdas, pelos profissionais da educagao e da saude, por toda a sociedade. Claudia Bisol Fone ( 54 ) 9974 6191 ( 54) 3025 3846 E - mail: claudiabisol@ aol.com Editora Mercado Aberto Rua Dona Margarida , 894 Navegantes CEP 90240 -610 - Porto Alegre RS Fone: ( 51) 3337 4833 FAX ( 51) 3337 4905 www. mercadoaberto.com . br mercado@ mercadoaberto .com . br Janeiro 2002
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ESPECIAL
Surda vence concurso nacional do PRO-LER f
Fundado em agosto de 1959 , o ILES/ Institute Londrinense de Educagao de Surdos foi uma escola oralista ate meados da decada passada , quando passou a aceitar gradativamente a LIBRAS em sala de aula . A partir de 1997, adotou a filosofia bilingue para os seus mais de 300 alunos Surdos de Londrina e arredores.
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A Surda Cleusa Camargo de Oliveira, ex-aluna do Instituto, e Instrutora de LIBRAS da escola a partir de 1997, desde 1999 vem desenvolvendo um projeto de leitura com os estudantes de Educagao Infan til , Ensino Eundamental ( primeiro e segundo ciclos) e Classe Especial (alunos com multipla deficiencia ). Estudante aplicada , Cleusa sempre entendeu que sua facilidade nos estudos vinha de uma boa li gagao com os livros que cultivava desde muito jovem . E percebeu que os alunos Surdos do ILES nao freqiientavam a Biblioteca e nao se interessavam por leitura em geral . “ A leitura para eles e um desafio, pois tern que lidar com a lingua escrita , mas a meta e nunca desistir. Quanto mais eles lercm , mais informados esta rao e mais amplos serao seus vocabularios e conseqiientemente os trabalhos com a escrita em sala poderao ser mais acessiveis” , afirma Cleuza .
Comegou entao a levar livros escolhidos por ela para a sala de aula e os recontava em LIBRAS, mostrando figuras, fazendo brincadeiras, incentivando a participagao da garotada . Mas seu objetivo era levar os alunos a escolherem seus proprios livros e para isso era necessario que eles passassem a freqiientar a biblioteca . Com o apoio da diregao da escola, as “ aulas” de biblioteca passaram a acontecer sistematicamen te durante o periodo das aulas, com a duragao de 50 minutos. Para cada nivel escolar Cleuza utiliza dida ticas especiais, trabalhando com os pequenos apenas com fabulas, que sao depois recontadas pelas crian gas atraves de desenhos, colagens ou ate mesmo em brincadeiras e jogos. Os alfabetizados iniciam o tra balho de leitura propriamente dita juntamente com a interpretagao atraves de teatro, deixando para que o professor de lingua portuguesa venha a aproveitar os textos lidos em futuras produgoes escritas. Tanta criatividade e persistencia tern sido recompensada com uma modificagao radical nos habitos escolares dos estudantes, que agora freqiientam a biblioteca por sua propria vontade, em horarios di ferentes, escolhendo livros e ate entrando na fila de espera para ler os textos mais apreciados por todos! Esse e o maior premio para Cleuza. Mas a excelencia do projeto nao passou despercebido pela Fundagao PRO- LER , em seu premio anual de incentivo a leitura e Cleuza foi contempla da com o terceiro lugar nacional, com sabor de pri meiro lugar, ja que e a primeira vez que um projeto ligado aos Surdos e premiado. Quern quiser conhecer detalhes do trabalho podera entrar em contato diretamente com o ILES: Tel.: ( 43) 323-7054 ou Fax.:(43) 325-7054
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FAPERJ financia CD- ROM em LIBRAS e portugues A Fundagao de Amparo a Pesquisa do mEstado do Rio de Janeiro/FAPERJ esta
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financiando a produgao de seis CD - ROM ' s com Textos Classicos da Literatura em LIBRAS e Portugues, dando prosseguimento a pesquisa de mais de oito anos desenvolvi da por Clelia Regina Ramos sobre a tradu gao de textos literarios para a LIBRAS. Com mestrado e doutorado realizados na Facul dade de Letras da UFRJ , a pesquisadora , que nos ultimos anos vem trabalhando em con junto com a Instrutora Surda Marlene Pe-
reira do Prado, explica que o material podera ser utilizado nao so por estudantes do ensino fundamental, medio e ate universi tarios, mas qualquer Surdo que tenha al guma proficiencia em LIBRAS. Os CD’s aprescntarao os textos em portugues ( paragrafos) com a LIBRAS correspondente ao lado, podendo o Surdo avan gar ou voltar o texto a seu criterio. Havera tambem uma especie de dicionario (glossa rio) para mostrar o Sinai correspondente a palavras desconhecidas ou dificeis. Segun -
do criterios do tradutor Surdo e do interprete responsavel (trabalhando em conjunto), algumas “ Notas do Tradutor ” senurao para explicar possiveis dtividas. Com langamento previsto para maio, o primeiro volume da colegao sera “ALICE NO PAIS DAS MARAVILHAS” traduzido da versao original com mais de 200 paginas, texto normalmente conhecido em diversas adaptagoes para criangas, mas que na realidade e uma obra de alto nivel literario e devera ser muito bem aproveitado por todos os que puderem le-la .
ESPECIAL
Empresa de legenda oculta organiza painel sobre legendagem na televisao llelena Dale Couto, Fonoaudiologa e fundadora S I da Arpef apresentou slides explicativos sobre o que e o closed caption; seu surgimento, regulamenta -
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Foi realizado na PUC do Rio de Janeiro no dia 10 de dezembro o IPAINEL SOBRE CLOSED CAPTION NO BRASIL / TELEVISAO PARA TODOS, organizado pela ARPEFe CPLCentro de Produgao de Legendas. A professora Maria Candida Bordenave da PUC-RJ, dirigindo a Mesa, informou o objetivo do Encontro e apresentou os discursantes, cujas palestras a Revista da FENEIS apresenta resumidamente a seguir:
gao e sua trajetoria nos EUA e em outros paises; fez consideragoes sobre programas e comerciais legen dados e sobre a iniciativa das empresas (americanas, canadenses e, agora , brasileiras) em legendar, independentemente de lei; forneceu informagoes importantes quanto ao numero de programas legendados em horario nobre e sobre a quantidade de televiso res, vendidos, ja capacitados para receber legenda ( nos EUA e Brasil ); dissertou sobre a trajetoria e regulamentagao do closed caption no Brasil , dos progra mas legendados e da inauguragao, neste ano, do “ Teleton ” , programa do SBT e fez suas considera goes finais, mencionando que a conquista do closed caption na televisao representa um marco politico, social , educacional e cultural na vida dos Surdos bra sileiros e que a ARPEF se sente orgulhosa de estar participando ativamente deste processo. Andrea Tissenbaum , substituindo Laci Barca, Diretora de Projetos Sociais da Globo que por moti vos de forga maior nao pode comparecer, fez uma explanagao sobre os ganhos educacionais e sociais do closed caption . Falou sobre o novo processo de legendamento on line ( Voice Recognition ) da Globo, da pretensao de se legendar novelas para o ano de 2001 e da previsao do closed caption para o Sitio do Pica -Pau Amarelo ano que vem . Falou do orgulho que sente pela iniciativa e exibiu , na Integra , carta da Feneis e da Arpef, publicada pelo jornal O Globo em , na qual agradecem , em nome da comunidade Surda , a Rede Globo de Televisao pelo closed caption nos programas. Romeu Paris Filho, Diretor Operacional do , SBT fez explanagao sobre o interesse e as atividades do SBT na area social . Citou uma pesquisa em que o closed caption beneficiaria 24 milhoes de pessoas, nu mero equivalcnte a populagao do Uruguai , Chile e Bolivia juntos. Acredita, e o SBT viabiliza , no closed caption ate para os comerciais, pois existem “ comerciais maravilhosos” que merecem , tambem , serem compreendidos pelos Surdos. Afirmou que o SBT pretende, ate 2002, estar com quase a totalidade de sua programagao legendada com closed caption, in clusive novelas. Wagner Medici, Diretor da Steno do Brasil fa lou sobre o processo closed caption on -line; apresentou a estenotipista que estava transcrevendo todo o evento em closed caption aberto para o telao e deu a palavra ao Sr. Adeloni de Miranda , da Procuradoria Geral de
Belford -Roxo, que discursou sobre a implantagao do closed caption nos tribunais e que ate o ano que vem espera ter implantado o closed caption nas escolas. Renato Dale Couto, diretor do CPL - Centro de Produgao de Legenda , falou da importancia do closed caption para os Surdos, idosos ensurdecidos, criangas em fase de alfabetizagao, da expansao do mercado de trabalho que beneficiaria muitos profissionais. Disse acreditar que os grandes anunciantes possam investir nos comerciais, ja que o Surdo tam bem e consumidor. Convidou a plateia a se colocar um pouco como Surdo e exibiu um trecho do filme “ Central do Brasil ” , sem audio, legendado com closed caption . Eduardo Leite, Diretor da Agenda Drei Marc, diz que a perspectiva e muito boa , viavel e ha grande interesse do mercado de teves a cabo (televisao fechada ) no legendamento em closed caption . Que nas abordagens com seus clientes (a Drei Marc legenda quase 100 % dos Telecines 1 , 2, 3, 4 e 5) a recepgao tern sido muito boa . Ainda estao estudando uma forma de exibigao, se cobrem a legenda aberta , ou se colocam o closed caption em paralelo com a legenda aberta , so transcrevendo as informagoes nao- literais, indicagao do personagem , etc.... Sergio Rezende, diretor de cinema e da agen da Morena Filmes, falou do processo e do custo que seria legendar uma pelicula . Mencionou que a RioFilme, distribuidora dos filmes nacionais, poderia se interessar e arcar com esses custos, estudar ci nemas e sessoes em que poderiam ser exibidos, em exibigoes especiais, tendo em vista que estaria beneficiando sete milhoes de pessoas, um publico quase igual ao do cinema que e de sete milhoes e meio. Nelson Pimenta , instrutor de Libras e ator, LSB Video, falou da importancia do closed caption para os Surdos; da sua experiencd , quando morou dois anos nos EUA, ao ver todos os programas legendados, imaginando o que seria isso para o Brasil . Que, inici almente, tinha um pouco de dificuldade para ler e reconhecer algumas palavras, mas que seu vocabula rio enriqueceu muito. '
Material fornecido pela Arpef
ARPEF- Associagao de Reabilitagao e Pesquisa Fonoaudiologica RUA DEZENOVE DE FEVEREIRO, 163 BOTAFOGO - CEP: 22280-030 - RJ TELEFAX: (21) 2542-6994 E-MAIL: arpef @ arpef .org. br www.a rpef .org. br Janeiro 2002
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SURDOCEGOS
Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Multiple)
Deficiente Sensorial SURDOCEGUEIRA:
O Grupo se organizou realizando: A - Encontros Nacionais: 1° e 11° Encontro de Surdocegos( l 997/98) 1° Encontro de Familias (1998) 1° Encontro de Institutes e Profissionais(1998).
0 FUTURO E AGORA!
Embora essa educaqao ja exista no Brasil ha 30 anos somente a partir dos anos 90, com incentivo dc organizaqoes estrangeiras como:Programa Hilton Perkins ( USA) ,ONCE/ ULAC (Espanha/ Uruguai ) , POSCAL (Suecia ) e SENSE International ( Inglaterra ), profissionais, pais e Surdocegos foram capacita dos para abertura de novos programas. Hoje com o Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Multiplo Deficiente Sensorial, fundado em 1997 por pais, profissionais e Surdocegos, novos rumos comeqaram a surgir. Nas experiences somadas percebemos que as dificuldades eram iguais, falta de divulgagao, preparagao de profissionais, a necessidade de levantarmos o numero de Surdocegos no Brasil, e outras; en tao decidimos unir esforqos para que o atendimento ao Surdocego pudesse se expandir.
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B - Encontros Regionais: 1°, 11° e IIP Encontro da Regiao Sul de pais, profissionais e Surdocegos( l 997/98/99).
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C - Elabora ao, impressao e divulgaqao de: Folhetos informativos sobre surdocegueira (1998) Cartaz sobre a pessoa surdocega (2000) Jornal sobre Surdocegueira (Toque.... “ Maos que falam ” ) 1999/2000.
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D - 0 lanqamento da Semana Nacional da pessoa Surdocega “ Maria Francisca da Silva ” que ocorrera todo ano na 3a semana de novembro em homenagem a primeira educadora brasileira - Nice Tonhosi Saraiva.
ALFABETO MANUAL PARA SURDOCEGO
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GRUPO BRASIL DE APOIO AO SURDOCEGO E AO MULTIPLO DEFICIENTE SENSORIAL
SURDOCEGOS
Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Multiplo Deficiente Sensorial
Rua Baltazar Lisboa , 212 Vila Mariana CEP 04110 -060 Sao Paulo-SP Telefax: (11) 5579 -0032 grpbrasil @ ssol. com . br
Diretorias Regionais: Centro Oeste Marilena dos Santos Fone ( 41) 345-9844 Sul Maria Ines Petersen Fone ( 41) - 345-9844 Sudeste Denise Teperine Dias Fone ( ll ) 5579 -0032 Norte Dalvanise de Farias Duarte Fone ( ll ) 5579 - 5438 Nordeste Regina Maria de Jesus Fone ( ll ) 5579 5438
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Diretoria Executiva: Diretor- Presidente Shirley Rodrigues Maia Diretor - Vice- Presidente Maria Ines Petersen Diretor- Financeiro Marcia Maurilio de Souza Secretario Rafael Soar Diretor-Administrativo Susana M . M . Araoz Diretor -Social Claudia Sofia Indalecio Pereira
O Grupo Brasil tem por missao “ Promover a qualidade de vida e ampliagao de servigos para a pessoa Surdocega e para a pessoa com multipla defi ciencia sensorial, informando, conscientizando e reconhecendo a Surdocegueira como uma deficiencia linica , e a multipla deficiencia sensorial com as suas especificidades, mobilizando e envolvendo orgaos pu blicos, privados e a sociedade em diregao a coopera gao com as entidades que abragam essa causa ” !
O Grupo Brasil estabeleceu como meta prin cipal para o desenvolvimcnto de seus projetos os seguintes topicos: • Curso de capacitagao e formagao de profissionais; • Edigao semestral do Jornal; • Reunioes em diversos locais, para unir, esclarecer e fortalecer os trabalhos existentes; • Divulgagao de nogoes gerais sobre Surdocegueira; • Definigao/ Classificagao/ Comunicagao.
Associagao Brasileira de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multiplos Defidentes Sensoriais - ABlclPASCeM HIST0RIC 0
N 0SSAS METAS
Do desejo dos pais de conquistarem melhorias para a rotina de vida de seus filhos ... As dificuldades enfrentadas com as noticias das limitagoes de nossos filhos nos causam extrema an siedade, scntimentos de impotencia, confusao e uma responsabilidade por vezes sufocante; mas nada e maior do que nosso desejo de conquistar a melhoria e evolugao deles, onde veTdadeiras peregrinagoes levam a muitos centros de diagnostics, exames, avaliagoes na busca incessante de servigos especializados. Para buscar forgas, organizaram a Associagao de pais ... A uniao das familias com caracteristicas semelhantes e um forte apoio no processo de adaptagao a dificil realidade de “ familia tambem especial ” . O enfrentamento de preconceitos e busca pelos direi tos mais fortes. Como devemos ser ... As Associagoes de Pais devem ter magia , devem ser locais perfeitos para sermos verdadeiros, para sermos apoiados quando estamos cansados e para apoiarmos a outros quando estamos otimistas. Devem ser locais perfeitos para se colaborar com os educadores, academics e representantes do governo, podem facilitar os contatos para interpreta gao da inquietude dos nossos filhos, dos seus desejos, sonhos e necessidades. Engajados cnfrentamos a ardua tarefa de conscientizar a comunidade e autoridades das difi culdades tao extremas vivenciadas por nos, familia . Quando comegou ? Criada em 17/04/1999, tendo o apoio de pais de criangas portadoras de surdocegueira e multipla deficiencia sensorial ja atendidas em instituigoes brasileiras.
Quais os objetivos ? • Agrupar, auxiliar e orientar os pais e outros mem bros da familia. • Promover agoes para que alcancem o mais pleno
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desenvolvimento que seja possivel. Garantir seus direitos como cidadaos, tendo em conta suas diferengas. Solicitar e colaborar em campanhas de prevengao Censos demograficos que possibilitem conhecer a populagao com multipla deficiencia. Divulgar e lutar por servigos especializados de educagao e saude. Divulgar a surdocegueira com uma deficiencia singular. Mostrar o papel fundamental da familia na edu cagao e futuro do filho.
ONDE ESTAMOS ? Nossas familias reunem -se nas entidades onde seus filhos sao atendidos, temos familias em Sao Pau lo (Capital ), Sao Jose dos Campos (SP), Curitiba ( PR) , Umuarama ( PR), Florianopolis (SC), Brusque (SC), Santa Maria ( RS) , Pato Branco ( RS), Doura dos (MS), Barreiras ( BA), Ji - Parana ( RO).
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Nosso enderego: Rua Baltazar Lisboa, 212 Sao Paulo/SP Telefone: (11) 5083.2721 E mail.Abrapascem@ hotmail.com e/ou vase@ ulbrajp.com . br e/ou reimar221@ hotmail .com
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CONGRESSO
Interior paulista organiza encontro de Surdos nor iniciativa da APAS/ Associaqao de Pais e Amigos de Surdos de Jaboticabal, aconteceu no dia 29 de setembro na sede da entidade o r
wl ° Encontro de Surdos de Jaboticabal e Regiao ” Com a coordenagao da Surda Daniela Farinelli ( monitora de LIBRAS da entidade) e dos Surdos Alexandra Vasconcelos Mota e Mauricio Alencar de Araujo, o evento contou com a participaqao de Surdos das cidades de Jaboticabal, Monte Alto, Matao e Pitangueiras. No encontro os Surdos discutiram temas relativos a educaqao, ao trabalho, ao lazer, ao direito as informaqoes, entre outros. Urn dos pontos mais importantes na discussao foi com relaqao a “ Inclusao Escolar ” . Para os participantes a melhor forma de inclusao e representada pela cria ao de escolas especiais para os Surdos. Vejam a seguir as conclusoes do encontro.
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A inclusao que queremos por Daniela Farinelli
Jl Mirna (ouvinte) e presidente da
APAS
m (Associagao de Pais e Amigos de Surdos de Jaboticabal -SP) . A Daniela (Surda ), o Alexandra (Surdo) e o Mauricio (Surdo) foram responsaveis para explicar sobre “ A in clusao que queremos” . Na APAS, 25 Surdos e 6 ouvintes das cidades de Jaboticabal, de Monte Alto, de Pitangueiras e de Matao participaram do encontro. As pessoas foram divididas em tres grupos, com a coordena ao de Daniela , Alexandra e Mauricio. No meu grupo tinha 8 Surdos e 1 ou vinte, eu expliquei muito sobre “ A inclusao que queremos” . Nos dissemos: #
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Daniela Farinelli no Encontro
Daniela foi aprovada no Vestibular 2002 para Pedagogia da Faculdade Sao Luiz, de Jaboticabal. Parabens!
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Queremos s6 as escolas especiais para os Surdos! Nessas cidades nao tern escolas especi ais para os Surdos, so escolas de ouvintes. Em Jaboticabal e em Matao, nas escolas so tern uns deficientes auditivos. Em Monte Alto, na escola tern dois deficientes auditivos e na APAE, os Surdos queriam so deficiente auditivo. Em Pitangueiras nao tern escola de deficiente auditivo, Leandro (Surdo) sempre vem par Jaboticabal para estudar na escola com os Surdos, mas ja passou todas as series.
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- Queremos trabalhar! Nessas cidades os Surdos gostam de trabalhar e precisam ga nhar o dinheiro para comprar algumas coi sas, viajar e outros. Em Jaboticabal, na escola onde estao os Surdos (de ouvintes), as Surdas gostam trabalhar na oficina de arte (voluntarias) e os Surdos gostam pouco porque eles queriam ganhar dinheiro (e dificil, nao ha vagas). Em Monte Alto, os Surdos pararam de trabalhar na oficina de arte porque o governo nao pagou o salario. Eles queriam traba lhar com os ouvintes. O Carlos (Surdo de Matao) me disse, por exemplo, que ele trabalha com o pai (dono de uma fabrica de sapato) . La , os em pregados sempre provocam e riem dele. O Carlos sempre esta sozinho e trabalha mui to, mas Carlos queria que os ouvintes fizessem igual a ele e trabalhassem mais. - Queremos lazer com os Surdos! O Iuri (Surdo de Jaboticabal ) esta feliz porque na APAS existe muito lazer com Surdos como Festa do Hawaii, Festa de Natal, churrascos, viagens, jogos de volei e outros. Mas passear as vezes e dificil, porque as fa milias dos Surdos nao deixam os jovens passearem , ir a festas e outros. O Leandro (Surdo de Pitangueiras) as vezes vem ate Jaboti -
cabal para passear com os Surdos. La em Pitangueiras nao tern como encontrar os Surdos ( poucos Surdos) O Carlos (Surdo de Matao) esta triste, porque ele ja convidou os Surdos e os ouvintes para sua festa de ani versario (churrasco) e os Surdos de Matao nao foram na festa . Carlos as vezes vem em Jaboticabal junto com Andre (Surdo) para passear. Nas cidades de Monte Alto e de Matao nao tern associates de Surdos. O Sandro (Surdo de Monte Alto) falou assim : “ Os Surdos nao passeiam, jogam , via jam e outros porque ninguem ajuda eles, mais facil os Surdos ter seu lazer junto com os ouvintes. - Queremos que TV, familias,
professores,
amigos aprendam a LIBRAS . N6s quere mos muito que as familias falem a LI BRAS , 6 muito importante para comuni caqao . Em Monte Alto e em Matao os Surdos tern paciencia, porque as professoras e a coordenadora falam e sabem pouquinho a LI BRAS. Os Surdos queriam aprender melhor a LIBRAS, e dificil alguem saber tudo da LIBRAS para poder ensinar os ouvintes. O Rogerio (Surdo de Jaboticabal ) esta feliz porque a familias dele sabia pouco a LIBRAS e esta aprendendo agora .
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- Queremos
assistir na TV as novelas com legenda oculta ! - Queremos o telefone para Surdos! A APAS ja comprou um telefone para Surdos. Em Monte Alto e em Matao, os Surdos nao conhecem objetos para Surdos: telefone para Surdos, despertador para Surdos, campanhia para Surdos, relogio para Surdos e outras coisas. Eu ja expliquei sobre objetos para os Surdos entao eles se assustaram , porque nao sabiam e nao conhecem , mas agora eles sabem! Efl
OLA AMIGUINHOS!!!!!
Desta vez o SUPLEMENTO INFANTIL resolveu dar um presente para a
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criangada que vai durar muito!!!
0 DOMINO SINALIZADO!!!!!! Vire a pagina, siga as instru oes ( se precisar de ajuda,
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pe?a para um adulto) e APROVEITE!!!!
TERESA CRISTINA DOS SANTOS
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DOMINO SINALIZADO Instru oes: 1- Cole um papelao ou papel duro sob as paginas Se for possivel cole um adesivo transparente sobre elas.
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2- Encontre as pe$as do domino: 0,0/ 04/0, 2/0, 3/0, 4/ 0, 5/0, 6 / 1, 1/ 1, 2/ 1, 3/ 1, 4/ 1, 5/ 1, 6/ 2 , 2/ 2 , 3 / 2, 4/ 2, 5/ , 2 , 6 / 3 , 3/ 3, 4/ 3 , 5/ 3 , 6/ 4, 4/ 4, 5/ 4, 6 / 5, 5/ 5, 6/ 6 , 6 / 3 - Recorte as pecas e brinque bastante.
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MENSAGEM PARA OS PAIS E PROFESSORES
APRENDER JOGANDO E BRINCANDO
nensando na importancia das experiencias que devem ser oferecidas a I crianga e acreditando que a relagao adulto-crianga deve estar implantada sobre fortes bases afetivas e que a Lingua de Sinais deve estar presente nessa relagao, tive o desejo de elaborar brincadeiras em LIBRAS para as changas Surdas. Nesses quatro anos de trabalho no Suplemento Infantil da Revista da FENEIS e com minha experiencia em sala de aula como professora de Surdos em Sao Paulo percebi que tambem os jogos tradicionais poderiam ser adaptados para a LIBRAS com muito proveito para todos. Desejo que estes jogos, cujo primeiro, o DOMINO SINALIZADO, estamos publicando nessa edigao da Revista da FENEIS, estimule a cooperagao mutua entre o adulto e a crianga, gerando construgao do conhedmento e a aquisigao da Lingua de Sinais, tanto por parte do aluno quanto do
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OBJETIVOS DO JOGO aquisigao dos Sinais dos numeros construgao do conceito de numero reconhedmento dos direitos alheios e respeito as regras do jogo desenvolvimento da atengao e disdplina estimulagao da construgao de esquemas logico da soma e subtragao Se voce se interessar por mais sugestoes de atividades como o DOMINO SINALIZADO, entre em contato! tecasantos @ uol com.br Q
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INFORMATICA
Informatica para Surdos I Andrea de Oliveira Giovanella Botelho Pereira
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Voce sabia? A Internet nasceu em 1969, por uma rede do Departamento de Defesa Norte-Americano, foi quan do a Guerra Fria pairava no ar, grandes computadores espalhados pelos Estados Unidos armazenavam informagoes militares estrategicas, em fungao do perigo de um ataque nuclear sovietico. Durante duas decadas, a Internet ficou restrita ao ambiente academico e cientiflco. Em 1987, pela primeira vez foi liberado seu uso comercial nos EUA, em 1992 a rede eletronica de computadores virou moda para milhoes de pessoas que nela “ circulam ” .
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A importancia em conhecer mais sobre o Museu da Informatica www. museudocomputador.com . br www. mnt.org . br www. mci .org.br (J
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& Supervisors do Curso de Informatica da Feneis/ RJ
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0 casal Surdo: Rodrigo e Janise Meu nome e Rodrigo Campos Simao, sou instrutor Surdo de Informatica , sou casado com a Janise
(tambem que e instrutora Surda de Informatica ) e nasci no Rio de Janeiro. A minha vida na informatica comegou aos 21 anos, conheci o computador PC com monitor verde que era apenas sistema Operacional DOS. Hoje tenho 32 anos e senti que a Informatica e o meio mais importante do mundo, para todos que utilizam os computadores e a tecnologia . Tornei - me instrutor Surdo, na Dataprev do Rio de Janeiro, com o apoio da Feneis em 1999. Atualmente , trabalho como instrutor na Dataprev e Feneis durante 3 anos. Ja dei aula para Surdos em Maceio - AAPPE durante uma semana no ano de 2001 . Fago parte do grupo de pesquisa de Informatica da FENEIS, para desenvolver a metodologia de ensino, participo dos encontros dos Surdos de Informatica e utilizo a nova Lingua Brasileira de Sinais especifica em Informatica . Hoje me sinto satisfeito em ser instrutor Surdo, pois me preocupo com todos os Surdos, precisam aprender mais de Informatica , porque o mercado de trabalho esta crescendo muito, por causa dos com putadores, pego que todos os Surdos voltem a estu dar e a aprender mais sobre a Informatica , pois a tecnologia esta avangando cada dia mais. Abrago para todos.
ATENgAO !!! SURDOS VIRTUAIS! CONVERSEM CONOSCO! INFORMAgOES E DUVIDAS SOBRE INFORMATICA Responsavel do Curso: SANDRA LUCIA RABELO VIEIRA e Coordenadora da Informatica: ANDREA GIOVANELLA E- MAIL: seinfo@ vento.com.br
Ilustragoes: Vanessa Santos Alves de Sousa Janeiro 2002
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Nasrimento da FENEIDA I Clelia Regina Ramos
A FENEIDA foi
oficialmente fundada em 1978, apos algumas reunioes organizadas por iniciativa de profissionais ouvintes bastante atuantes na epoca , em especial a professora Alpia Couto; professora Rosita Edler, que na epoca tinha o cargo de Secretaria de Estado de Educagao e Cultura / RJ ; professora Ivete Vasconcelos ( IN ES/ CLinica Santa Cecilia , responsavel pela divulgagao da filosofia da Comunicagao Total no Brasil) , Esmeralda Sterling , representando a APADA de Niteroi.
Segundo as atas das reunioes, o encontro que teria dado origem ao desejo de se fundar uma associ agao a nivel nacional aconteceu no INES , em uma reuniao do entao chamado Projeto Integragao, no dia 23 de junho de 1977, com a presenga do professor americano Steve Mathis. Reune-se, entao, em 29/08/1977, tambem no INES , o grupo do Projeto Integragao, quando a entao diretora do Instituto Nossa Senhora de Lourdes, Heloisa Nascimento Araujo, faz o relato de seu com parecimento a IV Conferencia Mundial de Surdos na Dinamarca (com 284 inscritos de 31 paises) . Segundo ela , um dos temas mais discutidos no encon tro foi a questao da familia dos Surdos. Surge a proposta da reuniao do Projeto Integragao com a APADA de Niteroi (Associagao de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos) e outras instituigoes ligadas aos Surdos. O proximo encontro acon tece em setembro (dia 29, no INES) , ja com a presenga de representantes da APAS (Associagao de Pais e Amigos dos Surdos), APADA ( de Niteroi ) e do vice- presidente da Federagao Nacional das APAEs (Associagao de Pais e Amigos dos Excepcionais) . A presenga de um representante das APAEs, entidade caracterizada pelo trabalho com deficientes mentais, gerou no grupo polemica , que se estendera por al guns encontros. Na realidade, a proposta trazida pelo vice- presidente da FENAPAEs e que acontecesse uma unifi cagao das entidades ligadas aos “ deficientes da audiocomunicagao ” sob a tutela da Federagao por
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Ata de Assembleia da FENEIDA ( parte )
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ele representada. “ Sobre este assunto falou a professora Alpia Couto dizendo ser esta a sugestao dada pelo Cel . Borba , formando assim uma unica federa gao, apenas com Departamentos que se dediquem as diferentes areas de excepcionalidade” . Em novo encontro (dia 7/11, na Associagao de Assistencia a Crianga Surda , em Vila Isabel ) , apos seria discussao sobre o conceito de excepcionalidade, cujo relato em ata nao deixa claro qual o posiciona mento dos presentes, a professora Alpia Couto faz um relato sobre sua recente participagao em um Congresso em Paris, no qual o envolvimento dos pais na educagao dos Surdos e a estimulagao precoce foram os temas mais importantes. Finalmente, na reuniao seguinte (28/11/1977) na sede da Uniao dos Professores do Estado/Niteroi, por sugestao do Professor Geraldo Cavalcanti (APADA de Niteroi ), decide-se pelo envio de correspondence as entidades de Surdos sobre o proposito de se criar uma Federagao Nacional. Mais uma vez o grupo se reune em Niteroi, no dia 10 de dezembro, em uma reuniao preparatoria ao grande en contro que acontecera dois dias depois no INES. Com a presenga da Federagao Brasileira de Surdos, Federagao Carioca de Surdos-Mudos, As-
sociagao Alvorada de Surdos, Associagao dos Surdos do Rio de Janeiro e dos membros do Projeto Integragao, delineiam -se os propositos da futura en tidade, que se decide pela nao filiagao a FENAPAEs. Alguns nomes sao sugeridos para a mesma , como FEBRAS ( Federagao Brasileira de Surdos) , IBRAS ( Instituto Brasileiro de Surdos), ABRAS (Associagao Brasileira de Surdos). Vale lembrar que, no ano seguinte, com a FENEIDA ja criada , surge a proposta do padre Vicente Burnier de se mudar o nome da entidade para Federagao Brasileira de Surdos, em uma tentativa de se retomar a associagao fundada em 1930 e que ele tentava reerguer desde 1971. Mas ainda nao havia chegado a hora ... Na reuniao seguinte (17/02/1978) com a presenga de representantes de associagoes de Surdos inicia -se a elaboragao dos estatutos da entidade, cul minando em 27/05/1978 com a eleigao de sua pri meira diretoria . Como e possivel observar nesse breve relato cronologico, foi decisiva para a fundagao da FENEIDA a participagao dos Surdos em um determinado mo menta, o que nao foi mantido ate alguns anos depois, talvez pelo fata que tanto esta primeira diretoria eleita , quanto as seguintes, eram constituidas basicamente por ouvintes. No proximo numero: Fundagao da FENEIS
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ESPECIAL
Surdo Gaucho Conheceu mais de Trinta Paises de Bidcleta i
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J oje ele tem 45 anos. Mas desde muito jovem esse
I I Surdo e apaixonado por bicicletas e por viagens. Assim, aos 11 anos, quando perdeu em um acidente seus pais adotivos, duplamente orfao pois ainda bebe fora abandonado pelos pais, resolveu que daria a volta ao mundo pcdalando. Ja cm 1968 ele iniciaria essa aventura , aqui no Brasil . Segundo ele afirma , aprendeu a falar (atraves da leitura labial), a ler e a escrever sozinho... Tornou -se um pintor de letreiros e cartazes, o que passou a garantir seu sustento mesmo durante as via gens, ja que o patrocinio, quando existe e sempre pequeno. Certamente e uma pessoa de muita forqa interior, pois em 1977 iniciou a primeira etapa de sua jornada , e, em tres anos, conheceu o Uruguai, Argentina , Chile, Paraguai e Bolivia. Em 1980, com 24 anos, partiu para a nova aventura, que durou 12 anos! Percorreu 137 mil quilometros e conheceu o Equa dor, Colombia (onde foi roubado duas vezes e ate sequestrado!), Venezuela , Panama , Mexico, EUA, Canada, Japao, Coreia do Sul , Nova Zelandia , Australia e varios paises da Europa . De todas as viagens ele faz questao de trazer documentaqao para provar sua visita, sejam fotos ou mesmo documentos oficiais. Como pode-sc ver na foto abaixo, sua biciclcta reboca uma especie de bail, totalmente construido
por ele e que foi sendo aperfeiqoado nesses anos de viagem. Alem dos adesivos dos patrocinadores ( postos de gasolina , postos da policia rodoviaria, empresas), Julio Cesar de Mello carrega sua cama , televisor, ventilador, relogio digital e ate janelas! Seus apa relhos domesticos funcionam com a ajuda de seis baterias instaladas no veiculo. Oralizado, o gaucho nao domina a LIBRAS com perfei ao, ate mesmo porque sua vida errante o im pede de manter relacionamento com comunidades Surdas por muito tempo. Mesmo assim , aprecia estar na companhia de outros Surdos e busca estar em contato das escolas de Surdos ou associates de Surdos por onde passa. Julio vai permanecer no Rio de Janeiro ate maio deste ano, hospedado na Associagao Alvorada .
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Surdos viajam pelos Estados Unidos de bicicleta divulgando a Lingua de Sinais A DWSSF ( Deafway Student Scholarship Fund / M m F u n d o de Bolsas de Estudo Caminho Surdo ) , entidade norte -americana de patrocinio a atividades de Surdos, esta organizando seu pri meiro evento esportivo nesse ano de 2002: Cycling Across the USA ( Viagem de bidcleta
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pelos Estados Unidos) .
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0 passeio acontecera entre os dias 12 de maio e 8 de julho, entre Los Angeles e Washing ton D.C. ( capital dos Estados Unidos) , sendo que a chegada esta prevista exatamente no dia
da abertura do DEAF WAY II, 0 maior evento da comunidade Surda para esse ano de 2002. Serao vinte Surdos dias percorrendo de bi cicleta sete estados americanos: California , Arizona , Novo Mexico, Texas, Arkansas, Tennessee e Virginia , sendo que emcada parada os esportistas estarao em contato com as associates de Surdos locais e participando em diversas ativi dades de divulgagao da Cultura Surda e da Lin gua de Sinais Americana ( ASL).
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Festival de Historias Teatro em Lingua de Sinais I Reportagem e foto : Jose Luiz Martins
pom apoio da Secretaria Estadual da Cultura de
W Sao Paulo, aconteceu nos dias 20 e 21 de novembro de 2001 , o II Festival de Contaqao de Historias cm LIBRAS. No ano passado o evento reuniu 200 pessoas e foi feito em um dia so, este ano foi hem diferente, foram sete escolas que participaram, levando os conta dores, totalizando um numero de quase 1000 pessoas. A abertura do evento foi feita pcla representan te surda da FENEIS-SP, Moryse Vanessa Saruta , que falou sobre a importancia do festival para divulgar a Cultura Surda . A iniciativa do evento partiu da Coordenadora dos voluntarios da EENEIS-SP, Hosana Zacaro, c com o trabalho desenvolvido pelos voluntarios Tarcisio Soja e Claudia Pereira, o evento foi um su cesso, conseguindo lotar um dos auditorios do teatro Sergio Cardoso em Sao Paulo. A Feneis cedeu uma interprete de LIBRAS, Andrea , que interpretava al guns avisos e o nome dos contadores, pois o objetivo foi que a maior parte do festival fosse em Lingua de Sinais e nao na Lingua Portuguesa. A Escola Especial para Crian as Surdas - Fun da ao dos Rotarianos, conseguiu uma doa ao de li vros, da editora Brinque Book, que foram sorteados durante os dois dias de festival . A empresa Panco forneceu deliciosos biscoitos doces de polvilho. Algumas escolas da rede publica e privada se organizaram para conseguir transporte, e assim foi possivel a participagao de quase todos os alunos das escolas. Muitas pessoas que sabiam do evento e fica ram curiosas foram assistir, ate mesmo os atores que estavam atuando em outra pe 'a em cartaz no outro
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Contador de Historias atuando em espetaculo do Festival
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auditorio do Teatro Sergio Cardoso compareceram . Foi realmente muito interessante ver o teatro lotado de pessoas se comunicando com as maos e captar a alegria dos Surdos participando de um evento cultu ral como este. O festival teve infcio as 13 horas e terminou as 16 h 30, com direito a meia hora de intervalo, para que todos pudessem fazer um breve lanche. A imprensa presente ficou maravilhada com o evento e o festival foi exibido no Jornal do Boris Casoy, TV RECORD e no Jornal da Cultura , TV CULTURA . Jornalistas do Jornal da Tarde tambem estiveram presentes, e a Secretaria Municipal de Educaqao Especial ( DOT) foi a responsavel pela ilu mina ao e filmagem de todo o festival . No primeiro dia o Festival foi voltado para o publico infantil, crian as de 5 a 13 anos se reveza ram no palco contando historias como “ Branca de Neve ” , “ Cinderela ” e “ Bela Adormecida ” , e no final um grupo de instrutores da FENEIS chamaram al gumas crianqas no palco e brincaram de adivinhar historias, estimulando a crianqa usar sua criatividade. A surpresa final foi o belo teatro apresentado por, Ricardo Quiuotaca Nakasato, Sylvia Lia , Sandro dos Santos Pereira , Iris Pedrosa de Oliveira , Cristiano de Castro Assumpqao Koyama e Elomena Barbosa de Almeida, que representou a bruxa . O teatro dos instrutores foi tao interessante que as crian as nao desviavam o olhar um so segundo, eles realmente en cantaram a plateia. O segundo dia foi dedicado ao publico jovem , que variava entre 11 a 19 anos, e as historias contadas pelos alunos cram mais longas e podia-se ver com detalhes as expressoes faciais e corporais que represen tavam enquanto contavam as diferentes historias. Durante o intervalo, o publico deu muita risa da com Sandro Pereira , que e um excelente ator con tando varias piadas em sinais. Ao final do Festival , os instrutores Ricardo, Sil via , Iris, Sandro, subiram ao palco e fizeram algu mas brincadeiras improvisadas e finalizaram com uma homenagem aos organizadores do evento. “ Estou muito feliz que este festival aconteceu , sou ouvinte e tenho uma filha Surda igual a voces, e espero que cada ano o festival seja melhor ” , disse Hosana Zacaro. “ E muito importante que as pessoas respeitem a Lingua de Sinais, porque e a lingua propria dos Surdos” , disse Tarcisio. “ Todas as pessoas ouvintes precisam entender que e importante conhccer a Cultura Surda ” , diss Claudia .
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ESPECIAL
Trabalhando com Adolescentes Surdos > Olga Nelyze Bruno Olga e membro do Grupo Petropolitano de Psicologia Fenomenologica
Existential; Psicoterapeuta de adolescentes , com especializagao em atendimento a criangas e adolescentes Surdos . Telefone para contato: ( 24 ) 2231- 3794
) Psicologa - Psicoterapeuta
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meu consultorio, ha algum tempo, venho tra -
tbalhando com adolescentes Surdos e, em conse-
quencia, suas familias. O adolescente Surdo chega com todas as questoes pertinentes a sua idade: medos, angustias, duvidas, mudangas repentinas de humor. Traz consigo, tambem , questoes de adapta gao e de comunicagao decorrentes da surdez e pelo fato de viver em um mundo de ouvintes. Em sua maioria sao pessoas que, por apresentarem uma ma neira diferente de comunicagao, sofreram ou sofrem em casa ou na escola ( principalmente se frequentam a escola regular) dificuldades de se expressarem , de compreenderem , de se fazerem compreendidos, prin cipalmente se frequentam a escola regular. Sentem se estrangeiros com outra lingua e cultura. Com o inicio desse trabalho veio, entao, a necessidade de , alem do material tradicional de ludoterapia , falar a mesma lingua deles e de conhecer e reconhecer um pouco de sua cultura . Precisei conhecer a lingua de sinais para viabilizar um melhor contato entre nos. Em nossos encontros tam bem utilizamos a linguagem oral, leitura labial, pa -
pel e caneta , se preciso for. O importante e diminuir, o mais possivel, nossas diferengas de expressao. No momento que esse adolescente sente-se aceito, compreendido e reconhecido como Surdo, e ten -
do o direito de se-lo, cresce, escolhe, sofre, arrisca , e se langa mais feliz e consciente de suas possibilida des. Reconhece-se Surdo. 0 trabalho com a familia, se indicado, pretende ser de conscientizagao da necessidade de apoio, aten gao, amor e da importancia nao somente de ensinar aquela crianga a falar. Muitas vezes, faze- lo falar torna -se ideia fixa. Esquece-se de viver junto, olhar o ceu , perceber o outro, admirar o mar... Aceita - lo como pessoa Surda e, para a familia , muito dificil. Quando acontece, colher os frutos e delicioso e gra tificante. No transcorrer do processo psicoterapico, tra balhamos as questoes pessoais de adolescentes, leva dos pela crenga de que “ sem o outro o homem nao e ” , e que, portanto “ o ouvir ” , tao em questao para o Surdo e aqueles que o rodeiam , se faz naturalmente quando ha o verdadeiro “ encontro” .
Premio ABRH-Minas
As melhores praticas em gestao
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A Associagao Brasileira de Recursos Humanos flMG, em incentivo a formagao e ao aperfeigoa mento integral do ser humano no trabalho, para que este esteja preparado para as constantes mudangas, atuando com competencia e eficacia dentro das organizagoes instituiu , no ano de 2001, premiagao das melhores iniciativas de trabalho na area de gestao de pessoas. Os funcionarios da Feneis/ MG , Adriana Meirelles de Mello, gestora de pessoas, e Renato Costa Nunes, gerente administrativo e financeiro, foram contemplados com o primeiro lugar da categoria profissional do Premio “ As Melhores Prdticas em Gestao de Pessoas” com o trabalho “ No Limiar da Inclusao Social ” , que discorre sobre sua forma de gestao. O texto inscrito para concorrencia trata das pra ticas adotadas pela dupla em sua trajetoria pela FENEIS, desde a inauguragao do Escritorio Regional de Minas Gerais ate a presente data . Foram apresentados dados em forma de graficos de acompanha mento, tanto do numero de vagas conseguidas para
os Surdos, como da evolugao de seu desempenho profissional, sendo ainda anexadas fitas de video com entrevistas dos funcionarios Surdos e depoimentos de gestores de contratos. i
Os criterios observados pelos seis avaliadores foram os seguintes: • Atualidade e Importancia do Tema; • Grau de Inovagao e Qualidade do Conteudo; • Abrangencia no Ambito da Organizagao; • Beneficios esperados Para a Organizagao e Para a Sociedade; • Resultados alcangados ou Aplicabilidade.
Renato e Adriana recebendo o premio
A solenidade de entrega aconteceu no dia 5 de dezembro no Luminis Espago Empresarial, durante a festa de confraternizagao da ABRH e contou com uma palestra do jornalista Paulo Henrique Amorim . Naquela ocasiao a dupla manifestou seus agradeci mentos pela autonomia concedida e apoio de toda a diretoria e funcionarios da Federagao, que proporci onam oportunidades para que o trabalho possa ser realizado com eficiencia e manter sua continuidade. PARABENS FENEIS / MG ! PARABENS
ADRIANA E RENATO!
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Bienal do Mercosul: um olhar Surdo I Carolina Hessel
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uma exposiqao gigante de Artes dos paises do Mercosul - com obras de artistas do Brasil, Argenti na , Chile, Uruguai, Bolivia , Paraguai , Peru . Assim como Sao Paulo tern sua Bienal, aqui , Porto Alegre/ RS, tambem tern a sua Bienal. A tercei ra comeqou cm outubro e foi ate o dia 16 de dezem bro. Eu trabalhei como monitora num dos locais, a CIDADE DOS CONTAINERS (aqui a Bienal acon tece em cinco locais diferentes, cada um com uma monitora Surda ) . Na cidade dos containers, onde eu trabalhei, as obras foram montadas dentro de quarenta e quatro containers (desses de navio). As pessoas podiam en trar na maioria dos containers. Eu atendia aos visitantes Surdos que visitaram a Bienal. Sinto como e dificil existir monitores Surdos para atender os Surdos, porque faz muitos anos que vou a lugares como exposiqoes, shows, teatros, varios lugares, e nunca tinha alguem para poder me explicar, me traduzir, uma pessoa Surda trabalhan do que pudesse se comunicar direto com os Surdos. Sinto orgulho em trabalhar como monitora para Surdos, acho uma grande realizaqao! Assim , explico as obras de arte para os Surdos, vejo o que eles acham e percebem . La apareceram escolas de Surdos e ate alunos ouvintes que fazem curso de LIBRAS. Eles foram la
pra aprcnder mais LIBRAS comigo. Achei que era uma boa oportunidade para alunos ouvintes pratica rem Lingua de Sinais num ambiente de verdade. Ja houve Surdos que nao gostavam de ver exposiqao de Artes, porque nunca tiveram alguem expli cando arte para eles. Por isso acho importante ter alguem como monitora, para mudar esta situaqao! La na Bienal algumas obras tinham video com musica , som . Essas obras os Surdos nao gostavam muito, nem eu , porque e impossivel entender o que o artista queria dizer. Mas outras obras os Surdos gostavam muito, como a obra Miragem , de Marcia Xavier, brasileira , porque se podia entrar dentro do ambiente e a visualidade era o mais importante para nos, Surdos. Por exemplo, nesta obra, as paredcs eram de acrilico e o chao fazia de conta que era a propria cidade de Porto Alegre, com o rio Guaiba . Quando ficava na Bienal , as vezes pensava que nao podia ficar perto do publico ouvinte, porque eles ficavam me perguntando se eu podia explicar, mas era impossivel eu me comunicar. Entao eu mostrava meu cracha onde esta escrito SURDA. O publico olha va espantado, tambem pensava o que sera que eu estava fazendo la no Bienal. Por isso geralmente eu ficava perto do outro monitor assim ficava mais sossegada .
Tambem aconteceu na lojinha que vende produtos da Bienal , uma vendedora me chamou desesperada . Eu fui la pra ver o que tinha acontecido, mas era moqa Surda bem capaz na comunicaqao, que queria saber preqo de um produto. A vendedora pediu para eu traduzir como eu fosse interprete para Surdos! Eu expliquei para ela que podia se comunicar direto com a moqa Surda . Ela podia apontar preqo ou escrever num papel. Eu nao sou interprete, sou apenas monitora de Surdos, interprete geralmente e ouvinte, ne? De qualquer jeito, ela valorizou nossa presenqa la. Muita gente ouvinte pensava que era interprete para Surdos, pensava varias coisas erradas. Tambem me apresentavam como se eu fosse “ Surda - muda ” , o que me deixou indignada! Claro, eu interrompi a apresentaqao, falei que sou apenas Surda . Outro dia, houve visita de grupo de cegos e al guem me chamou perguntando se eu tinha experien ce para atender pessoas cegas, imagine... Para o Surdo, se comunicar com o cego e mais dificil ainda! Esta pessoa falou que eram “ deficientes visuais” . Sera que ela pensa que eu sou , entao, “ deficiente auditiva” ? Muitos ouvintes vieram falar comigo que que-
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INTERPRETE
riam aprender LINGUAGEM DE SINAIS. Entao, eu dizia , com a voz meio “ estragada ” , que e LINGUA DE SINAIS, nao e LINGUAGEM DE SINAIS; me perguntavam por que nao e linguagem , eu respondia: sera que e LINGUAGEM PORTUGUESA ? Com isso, vou terminando minha historia sobre minha experiencia na III Bienal do Mercosul . Acho que valeu a pena mesmo, aprendi mais coisas e gostei, apesar que foi cansativo, porque o meu local de trabalho era aberto, ao ar livre, podia pegar sol direto, como se fosse um deserto quente! As vezes sentia que estava no Senegal , na Africa... Espero que a proxima BIENAL em Sao Paulo tenha monitor (a ) e que todos os lugares aceitem monitores Surdos, seria bem melhor, bem descontraido... ne?! Se alguem quiser entrar em contato comigo, meu email e shcarol @ terra .com . br Carolina Hessel - Porto Alegre - RS
Pagina do Interprete Programa de Formagao para Formadores de Interpretes de Lingua de Sinais A World Federation of the Deaf/ WFD (Federa m g a o Mundial dos Surdos/FMS) que tern , dentro de seu piano de agao para os anos 1999 a 2003, como #
uma de suas metas desenvolver os servigos de interpretagao e formagao de interpretes de lingua de si nais, promoveu o Programa de Formagao para Formadores de Interpretes de Lingua de Sinais, ocorrido de 13 a 17 de novembro de 2001, em Montevi deo no Uruguai . Organizado pela WFD, Secretaria Sulamericana da WFD (Venezuela) , Centro de In vestigagao e Desenvolvimento para a Pessoa Surda e Escola de Lingua de Sinais Uruguaia e de Formagao de Interpretes (ambas do Uruguai ), patrocinado pela UNESCO e em colaboragao com a Associagao Dina marquesa de Surdos, Associagao Finlandesa de Surdos, Confederagao Nacional de Surdos da Espanha , Associaqao de Surdos do Uruguai e Instituigao Kolping (Centro de Capacitagao e Alojamento, Uruguai ) , contando com a participagao de um representante Surdo e um ouvinte para cada um dos dez paises. O Brasil foi representado pela lider Surda e di retora da FENEIS Marianne Rossi Stumpf e pela interprete Maria Cristina Pires Pereira . Resumidamente o que ocorreu nesta semana foi o seguinte:
13 de novembro
• “ O que e um Interprete de Lingua de Sinais ?” e “A interpretagao de Lingua de Sinais como Pro fissao” : Asger Bergmann , Dinamarca. • “ As Investigagoes de Lingua de Sinais e os Pro-
cessos de Interpretagao” : Dra . Graciela Alisedo, Argentina .
14 de novembro • Apresentagao, por parte de cada um dos representantes, dos programas de formagao de interpretes de lingua de sinais e os servigos de interpretagao em cada um dos paises e visita a Escola de Lingua de Sinais Uruguaia (CINDE ). 15 de novembro • “ O Processo de Interpretagao: que Habilidades devo Ensinar aos Futuros Interpretes para que este tenha Lugar ?” : Asuncion Mancebo Barrios, Espanha e Luis Morales, Uruguai.
• Grupos de trabalho: Surdos: “ A Formagao de Usuarios ” : Asger Bergmann , Dinamarca Ouvintes: “ Certificagao e Registro de Interpretes para Pessoas Surdas” : Asuncion Mancebo Barrios, Espanha . • Conclusoes dos grupos de trabalho. 16 de novembro • “ Pautas para o Programa de Formagao de Interprete de Lingua de Sinais” : Isabel Pastor, Uru guai . • Grupos de trabalho e apresentagao das conclu soes de cada grupo. 17 de novembro • Grupos de trabalhos para elaborar o documento final , apresentado aqui na sua versao integral e certificado pela Federagao Mundial de Surdos, Janeiro 2002
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INTERPRETE na figura de seu representante, o Surdo Asger Bergmann e pelas duas coordenadoras do encon tro Isabel Pastor e Asuncion Mancebo. Agora cada uma das pessoas que participou deste evento e uma multiplicadora de todas as questoes debatidas e acordadas em termos de America do Sul . Uma rede de comunicagao foi elaborada para mantermos o contato e nos apoiarmos no desenvol vimento e aplicagao das metas propostas. As palestras foram otimas e esclarecedoras, as discussoes foram muito produtivas e a troca de experiences foi riquissima. Cada uma das pautas que foi desenvolvida tern varios desdobramentos e deve
ser debatida pelo grupo de interpretes, formadores de interpretes e comunidade Surda usuaria dos servigos de interpretagao. Isto e trabalho de muito tem po, que nao se esgota aqui. Estaremos, aos poucos, provocando a reflexao atraves da publicagao de arti gos e reunioes, onde nos for possivel, colocando- nos a disposigao da FENEIS e das entidades representa tivas de Surdos e interpretes. Sobre isto tambem se debate na lista brasileira de discussao dos interpretes de lingua de sinais (' http:/ / www. grupos.eom . br/ grupos/ interprete-de- libras) . Maria Cristina Pires Pereira ('mcpp66(// terra.com . br) Marianne Rossi Stumpf ( stumpffc qbnet .com . br)
Principals conclusdes e recomendaqoes Montevideo Uruguai - 13 a 17 de Novembro de 2001 rtespeitando as caracteristicas e situagao de cada
i\ um dos paises participantes, conclui-se em pri-
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Maria Cristina ( esquerda ) e Marianne
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meiro lugar que e necessario, principalmente: a . Que a comunidade de pessoas Surdas seja consciente da importancia de sua propria lingua e dos Interpretes profissionais. b. Que as Associates e Federates de pessoas Sur das sejam fortalecidas em todos os aspectos, por si mesmas, e com o apoio de organismos publi cos e internacionais. c. Que em todos os paises se reconhega a Lingua de Sinais a nivel oficial . d . Que exista reconhecimento da profissao e titulagao de Interprete de Lingua de Sinais. e. Que exista reconhecimento da profissao e titulagao de formador de Interpretes de Lingua de Sinais. E logo, no terreno da capacitagao e formagao: • Que se de importancia equivalente a Lingua de Sinais e a Lingua Oficial do pais. • Que os programas de formagao incluam um estudo sistematico de ambas as linguas. • Que se estimule e favorega a garantia a primeira lingua. • Que se destine maior tempo a investigagao lin gtiistica com respeito a Lingua de Sinais. • Que a comunidade de pessoas Surdas assuma um papel protagonico nos processos de investigagao, junto com os especialistas. • Que exista um trabalho conjunto ente interpretes e pessoas Surdas na formagao de futuros in terpretes e de futuros formadores de interpretes. • A elaboragao, execugao e avaliagao dos progra mas de formagao devem ser conceitualmente interculturais e interdisciplinares. • Que os centros de formagao de interpretes fagam o intercambio de suas metodologias e experien cias, dinamicamente. • Preferivelmente as Federagoes ou Associagoes
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deveriam , em fungao de sua capacidade e interesse, liderar os cursos. Que exista uma base de lineamentos gerais para planejar um curso de Lingua de Sinais como, por exemplo: a ) objetivos; b) conteudos; e) tempo; d ) metodologia; e) atividades; i ) materiais e recursos; g) avaliagao; h ) continuagao e pratica. Que os quatro paises que atualmente dispoem de cursos de Lingua de Sinais e de formagao de in terpretes (Argentina, Brasil, Colombia e Uruguai) prestem seu apoio aos paises que ainda nao con tain com estes cursos ( Bolivia , Paraguai, Chile, Equador, Peru e Venezuela ) para o qual cada um dos primeiros quatro designara a duas pessoas: uma ouvinte e outra Surda , especialistas em formagao, que sirvam como formadores, assessores e consultores dos futuros agentes multiplicadores de cada um dos seis paises. Os criterios para selecionar os agentes multiplicadores deverao ser desenvolvidos. A Federagao Mundial de Surdos designara um especialista que sera o coordena dor de todo este processo. Os agentes multiplicadores, com a ajuda do especialista coordenador, contribuirao para o esta belecimento de um programa de capacitagao em Lingua de Sinais e outro de Formagao de Interpretes em cada pais. Estes programas poderao aplicar-se de forma seqiiencial ( primeiro um depois o outro) ou paralelamente (ambos progra mas de uma vez, considerando que, por exem plo, os interpretes empiricos sejam os primeiros alunos dos cursos de Formagao de Interpretes). O acompanhamento deste processo se dara entre os quatro paises e o especialista coordenador. Os usuarios devem conhecer o codigo etico pelo qual se rege a interpretagao. Que a Federagao Mundial dos Surdos continue respaldando estes processos.
ESPECIAL
Surdos. um olhar sobre as praticas de educagao I Tibiriga Maineri \J olhar sobre as praticas de educagao
Este encontro ofereceu aos participan tes oficinas que abordaram as seguintes
aconteceu nos dias 27, 28, e 29 de setembro
tematicas:
Seminario Nacional - Surdos: um
de 2001 na Universidade de Caxias do Sul UCS - na cidade de Caxias do Sul/ Rio Grande do Sul e foi uma realizagao da Prefeitura Municipal, promovido pela Secretaria Mu nicipal de Educagao. Este encontro ocorreu porque os instrutores Surdos buscam compartilhar as experiences e aprofundar uma reflexao criti ca sobre o espago profissional , politico, pedagogico, social e cultural para a pratica em educagao. Este seminario teve como objetivos: • Socializar Metodologias pedagogicas de ensino utilizadas pelos Surdos na edu cagao; • Troca de experiences sobre o trabalho dos Surdos em Lingua de Sinais; • Debater o curso de capacitagao do instrutor Surdo para educagao; • Profissionalizar o instrutor Surdo como trabalhador em educagao. No encontro contamos com palestran tes de varios locais do Brasil que estudam sobre o trabalho desenvolvido com o Surdo. Palestrantes:
• Tibiriga Maineri ( RS) • Marianne Rossi Stumpf • Gladis Perlin ( RS)
• Wilson
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Ensino atraves da Lingua de Sinais Praticas na sala de aula Praticas na creche
• • •
Toledo Londrina Curitiba
Ensino da escrita em Lingua de Sinais Poesia e Teatro
• Rio de Janeiro • Minas Gerais
Escrita e Leitura
• Ceara • Sao Paulo • Maranhao
Cabe salientar que a lingua oficial do seminario foi a Lingua Brasileira de Sinais, neste evento nao foi programado interprete para o Portugues. Contamos com a participagao de pessoas de varias cidades do Brasil como: • Rio Grande do Sul Caxias do Sul Canoas Porto Alegre Gravatai Novo Hamburgo Pelotas Rio Grande
Torres Passo Fundo Santa Maria
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Flores da Cunha Bento Gongalves Santo Angelo Erechim Carazinho Sapiranga Esteio Canela Nova Petropolis
• Tibiriga Vianna Maineri • Natacha Soares • Margarete Cardoso • Gustavo Perazzolo • Gladis Perlin • SMED • Escola Municipal de Ensino
Miranda ( RS )
• Antonio Abreu de Campos ( MG ) Nelson Pimenta ( RJ ) Rosani Suzin ( PR )
Chapeco Camboriu Florianopolis
Itajai Palhoga
Sao Jose Criciuma
Alagoas
• Sao Paulo • Para Foi realizado avaliagao do encontro onde se obteve um bom aproveitamento de todos os temas abordados. Isto nos estimula a continuar lutando pela melhora da educa gao de Surdos, bem como a desenvolver pesquisas na area metodologica para o ensino da lingua de sinais. Agradecemos a todos os participantes que fizeram de nosso encontro um sucesso. Contamos com uma comissao organizadora que foi incansavel durante todo o evento. Sao eles:
• Santa Catarina ( RS )
• Gisele Rangel ( RS) • Luciane Rangel Rodrigues ( RJ ) • Patricia Liza F. Pinto ( MG )
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• Parana
Fundamental Helen
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Este Grupo desenvolveu os seguintes temas:
• Cultura Surda • Praticas em Educagao • Ensinando na sala de aula
Formagao para a Edu cagao Professor - Instrutor
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SEMINARIO
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Participantes do Seminario
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Moises Gazale
REVISTA DA FENEIS: Quando e onde nasceu ? MOISES GAZALE: Dia 19 de agosto de 1952 , no Rio de Ja neiro/ RJ . RF: Nasceu Surdo? MG: Nao. Aos 4 anos tive sarampo e perdi a audigao. Meus pais foram os primeiros a perceber que eu havia ensurdecido. Eles me levaram ao medico e os testes demonstraram que eu estava Surdo. RF: Voce tern outros Surdos na familia ? MG : Nao. Somos sete irmaos: quatro homens e tres mulheres. So eu sou Surdo. RF: Conte- nos um pouco sobre sua vida escolar. MG: Eu frcquentei desde os 4 anos e ate os 16 anos, quando terminei o antigo curso “ ad missao” ( uma especie de cursinho para in gressar no ginasial ) , uma escola particular em Copacabana , especial para Surdos, Cen tro de Estudos Saul Carneiro (Assistencia Pedagogica aos Deficientes da Audigao ) , dirigida pelo famoso professor Jorge Mario Barreto. RF: Quantos alunos a escola tinha ? Era permitido o uso da LIBRAS? MG : Eramos uns 50 Surdos. A escola era oralista . Naquela epoca , aqui no Brasil, acreditava -sc que a Lingua de Sinais poderia prejudicar o Surdo, essas coisas. As familias tambem acreditavam nisso. Mas, claro, escondido nos usavamos a LIBRAS. RF: Ai voce parou de estudar? MG: Nao, fui para o INES fazer o ginasial. Mas naquela epoca meu pai ja estava doen te, vindo a falecer em 1970. Tive que aban donar os estudos para ajudar meus irmaos na loja de roupas da familia , na Rua da Ca rioca . Eu ficava no caixa , pagava contas, fa zia o controle das mercadorias. Conseguimos manter a loja ate 1974, quando ela foi ven -
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dida . Passei entao a vender bijuterias “ de porta em porta ” , mas nao deu certo. Em 1977 consegui uma vaga como Digitador no Citibank, passando depois para Auxiliar de Contabilidade do Setor de Open Marketing, e ao mesmo tempo voltei a estu dar, para terminar o 2° grau , por exigencia do Citibank . Em 1990, o entao presidente Collor realizou mudangas na economia e essa parte de operagoes bancarias teve uma queda mui to grande. O banco comegou a dispensar todo mundo. Tive muita sorte pois um amigo me chamou para trabalhar com ele em outro setor, mais ligado ao cadastramento ao cli ente na agenda. Tres anos depois, com a internet cada vez mais utilizada , tambem esse setor teve que diminuir. Acabei fazendo acordo com o banco e, em 1993, sai do Citibank. Eu estava muito cansado com tudo o que estava acontecendo, estava mesmo deprimido. Com mais de 40 anos, achei que seria dificil conseguir trabalho. Mas tive sorte e um amigo do Bank of Boston me convi dou para trabalhar como digitador la . Apesar de isso significar uma volta ao meus tem pos de juventude, aceitei e fui para o setor de Cambio (compra e venda de moedas estrangeiras). Em 1995 , mais uma vez a economia mudou e o nosso presidente Fernando Ilenrique Cardoso estabelcceu a paridade entre o real e o dolar. Lembram -se: um para um ? Quern ia comprar dolar ? Pois e , ninguem ...Fomos todos dispensados... Nessa epoca comecei a fazer o Curso de Instrutor de LIBRAS aqui na FENEIS e adorei . Aproveitei entao para dar uma vira da na minha vida profissional e passei a en sinar a nossa Lingua de Sinais para os ou vintes... Adorei! RF: Quer dizer que com 43 anos voce teve coragem para mudar sua vida profissional totalmente? MG: Eu sou uma pessoa decidida. Imagine que em 1986 resolvi parar de fumar os qua tro magos de cigarro por dia que consumia desde os 14 anos e consegui! Nao me arrependo de ter me tornado instrutor de LI BRAS. Em 1996 eu me tornei Coordenador Nacional do Curso de LIBRAS, onde permaneci ate 1998 . Ensinei LIBRAS na ADINES ( Associagao dos Docentes do INES) , na FENEIS, em escolas para Surdos
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em Resende e Angra dos Reis, enfim , nunca mais me faltou trabalho! RF: E sua vida familiar? Voce e casado com uma Surda , certo? MG : Em 1975 resolvi visitaro INES para ma tar as saudades e acabei conhecendo a Patricia que o estava visitando pela primeira vez. Foi nesse dia que vi a Patricia pela primeira vez. A Patricia estudava na “ Gavea ” (como e conhecido no Rio de Janeiro o Instituto Nossa senhora de Lourdes/ INOSEL). E foi nesse dia que me apaixonei por ela . Amor a pri meira vista, como se diz, nao e? E foi tam bem a primeira vez que me apaixonei... Nos casamos em 1983, depois de umas “ idas e vindas” . Nossos pianos eram de esperarmos uns dois anos antes de encomendarmos um bebe. mas... um mes depois descobrimos que ela estava gravida! As familias ficaram preocupadas, mas nos ficamos tranqiiilos. Para nos se o bebe nascesse Surdo ou nao tanto fazia . Nasceu a Alessandra com muita saude e ouvinte. Resolvemos entao encomendar mais um para fazer companhia . Nasceu entao a . Renata tambem ouvinte. RF: Quais sao seus pianos para o futuro? MG: Em primeiro lugar agradego a DEUS, o grande responsavel, por ter saude, tranqiii lidade e luz para que pudesse completar seis anos trabalhando pela FENEIS. Meus pia nos para o futuro incluem se DEUS quiser : lutar pela aprovagao e reconhecimento da LIBRAS a nivel nacional; auxiliar na cria gao de uma universidade so para Surdos a exemplo da Gallaudet; realizar melhorias no nosso patrimonio que e a FENEIS e por fim a criagao do Museu da Historia e Cultura dos Surdos, na FENEIS. Afinal, temos uma historia bonita, engragada , sofrida e emocionante para mostrar e contar. RF: Agora vamos a uma parte tradicional dessa coluna Perfil. Sonho? MG: Sonho em me aposentar (daqui a 4 ou 5 anos) e poder descansar ( risos). Mas de verdade pretendo continuar trabalhando e o meu grande sonho e ver minhas duas filhas formadas e trabalhando. RF: Alguma tristeza ? MG : Nao poder mais estar com meu pai, que esta no ceu . E tambem o fato que meu sogro teve derrame, esta muito doente. Isso me en tristece muito. RF: Orgulho. MG. Minha esposa Patricia e minhas filhas. RF: Arrependimento. MG: Nao ter feito faculdade.
NOTICIAS RF: Uma mcnsagem para os Surdos brasileiros. MG: Os Surdos precisam lutar para um futu ro melhor. Precisamos ter os mesmos direi tos que os ouvintes. E isso exige muita luta e dedicaqao! No passado a vida dos Surdos era
muito diflcil, nao tinhamos nada. Agora , aos poucos, fomos nos organizando e podemos ter orgulho e ver que ate o MEC ja aceitou a LIBRAS! Ate o Ministro da Educaqao Pau lo Renato foi la em Brasilia no curso apertar
REGIONAIS
as maos dos Surdos! Ealta agora a regula mentaqao da LIBRAS no Congresso! Vamos continuar a luta! RF: Obrigada pela bela entrevista! MG: Obrigado.
Cidade do interior do Rio Grande do Sul oferece Depoimento CUrSOS de LIBRAS A cidade dc Ijui/ RS, atraves da secretaria Muni Amcipal de Educaqao e Cultura e em parceria com a FENEIS, ofereceu a 27 professores e pais de Surdos um curso de LIBRAS PARA INICIANTES du rante os meses de outubro e novembro (total de 60 horas/aula em seis finais de semana ). O curso foi ministrado pela instrutora Surda Cristiane Ramos Muller, de Santa Cruz do Sul . As aulas aconteciam na Escola Municipal Fun damental Soares de Barros, que conta com nove Surdos em Classe Especial. Todos os participantes demonstraram muito in teresse pela continuidade de seus estudos de LIBRAS e demais questoes ligadas aos Surdos. Parabens Ijui e parabens Cristiane!
por Cristiane Ramos Muller Na cidade de Ijui/ RS, o Curso de LIBRAS, com 60 horas/aula , encerrou no dia 1 de dezembro. Esta ocorrendo uma mobiliza ao para encaminhamento de pedidos de novos cursos para o ano 2002. Eu nao me nao se cansava com as horas de via gem entre Santa Cruz do Sul e Ijui (aproximadamente 7 horas de viagem ) durante seis finais de semana . Esse entusiasmo se deveu a importancia desse tipo de curso para os Surdos, pois o apoio de um instru tor em LIBRAS em sala de aula pode significar para os alunos incluidos (ano que vem chegara a inclu sao...) a possibilidade de aprender realmente. Devo lembrar que acredito que o melhor para os Surdos e a sala especial para Surdos. Tambem participaram do cursos familiares ( total de 27 pessoas), o que e importante para a comunicaqao com o Surdo.
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Premio Educa ao/ RS 2001 vai para Escola de Surdos
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A Escola de Ensino Fundamental Frei Pacifico de
mEduca ao para Surdos recebeu um importante premio (Categoria Instituiqao) do SINPRO/ RS (SIN DICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO PRI VADO DO RIO GRANDE DO SUL ). Foram 34 votos para a escola , por seu trabalho na valorizaqao da #
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educaqao. Segundo a diretora da escola , Sandra M. I. de Souza Jockyman: “ Sentimo- nos muito honrados e felizes pelo reconhecimento de um trabalho conjunto, feito com muito amor e dedicaqao por uma equipe de profissi onais qualificados na area da surdez. Hoje a educagao de Surdos e destaque, a Cultu ra Surda e valorizada . Isto e motivo de alegria e responsabilidade para todos nos que trabalhamos na area . E o compromisso de continuarmos a desenvol ver um trabalho qualificado, alicerqado na atualiza qao, acreditando que podemos fazer sempre melhor. E como nos disse tao bem Madre Clara:‘Nada do que e feito com amor e pequeno. ’ A solenidade de entrega do trofeu Pena Libert & ria ocorreu no dia 19 de outubro de 2001, as 19 h 30 m , no Hotel Embaixador, em Porto Alegre, di ante de uma plateia de 300 convidados. O destaque
ficou por conta dos alunos da escola , com a versao do Hino Nacional em LIBRAS. Conforme a diretora do SINPRO/ RS Soraia Franke, o evento ja se tornou referenda em todo o estado como reconhecimento as iniciativas em educa ao, que seguem os principio da cidadania . Nossa homenagem e gratidao a Congregagao das Irmas Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, cm especial a Madre Clara e Frei Pacifico, que ha 45 anos fundaram esta obra tao importante para nos” .
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NOTICIAS
REGIONAIS
A educagao que
I Encontro dos Direitos dos Surdos de Niteroi reune mais de 350 inscritos fti
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f Surdos da Comissao de Apoio e da Comissao Organizadora confraternizam no final do encontro
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realizado o I Encontro dos Direitos dos Surdos, com a presenga de mais de 350 inscritos entre Surdos e ouvintes (fa miliares, profissinais da area da Surdez) e a presenga de representantes governamentais. Foram debatidos os temas: Educagao, Cultura , trabalho, Cidadania , Esporte e Lazer, Saude. Surgiram muitas ideias e ao final foi elaborada uma proposta contendo as reivindicagoes de acordo com cada tema debatido e que sera enviado a varias Secretarias e Entidades. A comunidade Surda ficou feliz por saber ter sido oficializada a LIBRAS em Niterdi!
Foi escolhido o dia 9 de novembro como “ Dia Municipal do Surdo ” . Aguardamos aprovagao. O vereador Renatinho se propos a levar o projeto a Camara . A coordenagao do encontro agradece a todos os colaboradores: FENEIS, SESC NITEROI, TELEX , EDITORA VOZES, LSB VIDEO, que com seu apoio ajudaram na grande realizagao do evento. Todos pcdiram bis, mas achamos melhor que o Encontro seja realizado de dois em dois anos, e que para o proximo Encon tro tenhamos um Forum de debate nas areas de Educagao e Saude, que foram os temas mais polemicos. Luciane Rangel fcj
Joao Pessoa sedia encontro sobre a educagao infantil para os Surdos
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Q ntre os dias 18 e
20 de janeiro estarao
t reunidos em Joao Pessoa/PB Surdos que
trabalham como instrutores e/ou educadores em instituigoes de ensino e outros espagos. Com a coordenagao da Surda Luciane Rangel, pedagoga da APADA/RJ e apoio do
Centro de Educagao Permanente para Surdos, os participantes debaterao temas de in teresse de todos e participarao de oficinas pedagogicas e troca de expericncias. No proximo numero da Revista da FENEIS divul garemos os resultados do trabalho. kj
anos da FENEIS 32
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revista da Feneis Janeiro 2002
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om o objetivo de discutir a realidade das
\# pessoas Surdas e o processo educacional
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L o dia 9 dc novembro dc 2001, no SESC | |
nos, Surdos, queremos que diz respeito a elas, com enfoque em aspectos como adequagao das escolas, cumpri mento e aperfeigoamento da legislagao, formagao profissional, relagoes com a familia e comunidade, foi realizado em Belo Horizon -
te , o CICLO DE DEBATES “ A EDUCAgAO QUE NOS, SURDOS, QUEREMOS” . Durante todo o dia 10 de dezembro,
profissionais da area da surdez e Surdos debateram e apresentaram relatos sobre o tema . Com abertura do Presidente da Assem bled Legislative do Estado de Minas Gerais, deputado Antonio Julio e discursos da Subsecretaria de Desenvolvimento Educacional do Estado, Maria Stella Nascimento, do Secretario Municipal de Educagao de Belo Horizonte, Antonio David de Souza Junior e da Diretora de Educagao Especial do Estado, Tania Guimaraes Mafia, os trabalhos foram assistidos por um publico que lotou o salao principal da Assembled Legislative do Estado. Ires Surdos brilharam em suas palestras; Karin Lilian Strobel, do Parana, falan do sobre A Identidade Cultural Surda ; Stumpf , doutoranda em Marianne Informatica na Educagao de Surdos/Universidade Federal do Rio Grande do Sul , “ Por uma Educagao Surda verdadeira ” e Amauri Valle do Amaral Junior, Coordenador do Setor de Educagao da FENEIS/MG.
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Regulamenta ao da LIBRAS
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SA 0 PAULO ( Estado) - Reconhecimento oficial da LIBRAS/ novembro JABOTICABAL/SP - Reconhecimento oficial da LIBRAS/dezembro
RIO DE JANEIRO ( Estado) - Criagao de tur mas especiais de Surdos com a presenga em sala do interprete de LIBRAS nas Universi dades Estaduais ( Anteprojeto do Deputa do Estadual Armando Jose- PSB. Em tra mitagao.)
DIVULGA
CONFIRA LIVROS
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INICIANDO A COMUNICAgAO ESCRITA Autora : Valderez Lemes
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Poster: mais de 10 unidades R $ 2 , 50 cada poster; menos de 10 unidades R $ 3 , 00 cada poster ALFABETO MANUAL DA LINGUA BRASILEIRA DE SINAI5
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EXERCITANDO A LINGUAGEM ESCRITA COM "DIAGRA MAS" Autora: Rosangela FerrerS. de Oliveira R$ 22,00 COMUNICANDO COM AS MAOS Autor: Antonio Mario Duarte
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ATUALIDADE DA EDUCAgAO BILINGUE PARA SURDOS: PROCESSOS E PROJETOS PEDAGOGICOS (2 volumes)
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A CRIANgA SURDA LINGUAGEM E COGNigAO NUMA PERSPECTIVA SOCIO INTERACIONISTA R$ 25,00 Autora : Marcia Goldfeld
VENDO VOZES - UMA VIAGEM AO MUNDO DOS SURDOS R$ 25,00 Autor: Oliver Sacks
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A SURDEZ - UM OLHAR SOBRE AS DIFERENgAS Organizador: Carlos Skliar R$ 20,00
0 SURDO EM SI MAIOR Autores: Cilmara Levy e Patricia Simonetti
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APOSTILAS • Lingua Brasileira de Sinais •Surdez, que Problema e este no Brasil?!
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Atengao
A pessoa ou entidade interessada em receber os materials que se encontram a venda na Feneis devera remeter uma correspondence informando o material desejado com a fotocopia do comprovante de deposito do Banco do Brasil, agenda 3010 - 4, Conta Corrente 30450 - 6 - Tijuca - RJ , no valor total da aquisigao. Informamos que a cada livro solicitado devera ser acrescentada a importancia de R $ 5 , 00 ( cinco reais ) referente as despesas de correio pelo envio do material para o local de entrega !
Agradecemos sua participa ao na difusao da Cultura Surda .
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Janeiro 2002 revista da Feneis
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Enderegos Importantes WEB SITE DA FENEIS NA INTERNET http:// www.feneis.com.br Visitem-nos!!!! Divulguem para os amigos!!!!! FENEIS/ RIO DE JANEIRO (MATRIZ) Rua Major Avila, 379 Cep: 20511-140 Bairro Tijuca Rio de Janeiro/ RJ PABX: ( 21) 2567 - 4800/ Fax/TDD: ( 21) 2284-7462 e - mail: ( geral) feneis@ ruralrj.com.br @ diretfns ruralrj.com.br ( diretoria ) rhfeneis@ ruralrj.com.br ( recursos humanos ) gplibras @ ruralrj.com.br ( Grupo de Pesquisa de LIBRAS e Cultura Surda Brasileira) ( setor de contabilidade) secont@ ruralrj.com.br (centra de documentagao) centrdoc@vento.com.br FENEIS / ESCRITORIO REGIONAL DE MINAS GERAIS Rua Albita, 144 Bairro Cruzeiro Cep: 30310-160 Belo Horizonte/MG Telefax: ( 31) 3225 - 0088 e -mail : feneis@ feneis.com.br
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revista da Feneis - Janeiro 2002
FENEIS/ ESCRUORIO REGIONAL RIO GRANDE DO SUL Rua Castro Alves, 442 Bairro Rio Branco Cep: 90430-130
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Caparitagao de Professores Interpretes de LIBRAS As Senhoras Cursistas Prezadas Professoras,
Estamos vivendo um momento especial na Edu cagao dos Surdos em nosso pais. Pela primeira vez, a Lingua Brasileira de Sinais ( LIBRAS) esta entran do nas Escolas Publicas, pela porta da frente, atra ves do PROGRAMA NACIONAL DE APOIO A EDUCAQAO DOS SURDOS, com apoio financeiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa gao (FNDE). O MEC/SEESP e as Secretarias de Estado de Educagao cumprem com empenho, suas responsa bilidades, quanto a implementagao de agoes que visem garantir a igualdade de direitos em relagao as minorias. Agradecemos, muito especialmente, as Senhoras Cursistas, por terem participado desta Capacitagao de Professores Interpretes de LIBRAS. Apesar das varias dificuldades enfrentadas, foi uma grande vitoria terem conseguido concluir este Curso. As falhas administrativas e pedagogicas (aulas, materiais didaticos, hospedagem , transporte, alimen tagao, etc se aquem das expectativas), poderao ser compensadas em proximos Cursos. Reconhecemos o empenho impar das Senhoras e, mais que isso, desejamos que, a partir de agora, a Comunidade Surda possa reconhecer, tambem , o esforgo e desempenho das Senhoras Professoras. Este e um fato historico que nao podemos deixar de comemorar e que so foi possivel com a vontade e desprendimcnto das Senhoras. A todas, nosso muito obrigado! Tao logo retornem aos seus Estados, sugerimos que entrem em contato com os Surdos que foram capacitados como Instrutores/Agentes Multiplica dores de LIBRAS (ver listagem com a Secretaria de Educagao local ), em Curso realizado em Brasilia, em agosto de 2001, pelo PROGRAMA acima citado. Conforme e do conhecimento das Secretarias de Edu cagao, os Surdos que: receberam habilitagao como Instrutores e/ ou Agentes Multiplicadores, deverao ministrar cursos de LIBRAS para a comunidade ouvinte, organi zando-se, para tanto, duas turmas; os que foram habilitados como Agentes Multiplicadores deverao ministrar curso de capacitagao para novos Instrutores Surdos e nos locais onde os Surdos receberam somente declaragao de participagao, a orientagao do PROGRAMAS e para que grupos de conversagao e de estudos sejam organizados, de modo que, surdos e ouvintes tenham oportunidades, atraves das interagoes, de conhecer melhor a lingua de sinais local, permitindo a essas pessoas Surdas familiari zarem -se com uma forma, mais sistematizada , de ver
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Na cerimonia de abertura do Curso, da esquerda para a direita, Vitoria Fidelis ( INES) Leila Couto ( INES) , Marlene Gotti ( MEC ) , Stny Basilio ( INES) , Antonio Mario Sousa Duarte ( FENEIS) , Monica Campelo ( INES)
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a sua propria lingua . Sabemos que o nivel de escola -
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ridade dos mesmos, na maioria das vezes, nao permite que fagam isso sozinhos, cabendo aos professores contribuirem para o aperfeigoamento das habilidades destes Surdos em ministrarem o ensino da LIBRAS. Desejamos que as Senhoras Professoras Interpretes de LIBRAS, com estes Surdos, unam esforgos para o avango de nossa lingua e conquista dos direitos de cidadania dos Surdos. Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2001
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MAX AUGUSTO CARDOSO IIEEREN Diretor Segundo Vice-Presidente da FENEIS
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Alunas do Curso e Grupo em frente ao INES
Fotos cedidas pela professora Maria Dione Monteiro Siqueira da Silva .
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A Petrobras tern um compromisso com a vida. E § isso que seus patrocfnios exprimem, seja nas artes, nos esportes e na preservagao da natureza. Assim tem sido com o Projeto Tamar, que desde 1980 ajudou a levar ao mar com seguranga mais de 4.000.000 de tartarugas- marinhas. O mesmo amor, o mesmo cuidado, o mesmo carinho, presentes nos Projetos Peixe-Boi, Baleia Jubarte e Mata Atlantica. Sentimentos e atitudes que tambem jamais serao extintos. y
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G0 VERN0 FEDERAL Trabalhando todo o Brasil em