O Tal do Brigadeiro

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O Tal do Brigadeiro Meg Cabot



O Tal do Brigadeiro



Meg Cabot

O Tal do Brigadeiro


Copyright © 2015, Meg Cabot Todos os direitos reservados.

F1994i Cabot, Meg O Tal do Brigadeiro / Meg Cabot - Rio de Janeiro: Blucher, 2015 44 p. ; il. , 19,5cm x 19,5 cm ISBN: 10-20130130-06-4 1. Culinária 2. Receitas 3. Chocolate 4. Gastronomia 5. História


Dedico este livro à Princesa Amelia Mignonette Grimaldi Thermopolis Renaldo, Princesa de Genôvia


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SUMARIO Capítulo 1

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Segunda Guerra Mundial

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Brigadeiro Eduardo Gomes

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O Negrinho Gaucho

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A Nova Era do Brigadeiro

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Capítulo 2

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MySweet Brigadeiro, Nova York

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Brigadeiro Bakery, Nova York

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Made With Love, MIAMI

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Mary’s Brigadeiro, Toronto

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Capítulo 3

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O Brigadeiro Nas Artes

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A Arte do Brigadeiro nas Festas

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O Brigadeiro Sem Leite

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O Brigadeiro Pet

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Capítulo 1

A Historia Mais Doce Que Ja Existiu O brigadeiro é um dos, se não o maior, doce brasileiro. Desde que éramos pequenos ele sempre estava presente nas nossas festinhas de aniversário e nas festinhas dos nossos amiguinhos enfeitando a mesa do bolo.



Segunda Guerra Mundial Alguns acreditam que o brigadeiro foi inventado no Brasil depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na época, produtos como leites, ovos e açúcar eram bem difíceis de serem encontrados para se fazer receitas de doces então, aqueles que queriam comer um docinho acabavam ficando só na vontade. Entretanto, os produtos enlatados, incluindo o leite condensado – inventado pelo norte-americano Gail Borden Jr. em 1853 como uma alternativa eficaz para o transporte e armazenamento do leite e que só fez sucesso quando adotado na alimentação dos soltados durante a guerra civil americana (1861-1865) chegando assim nas mãos de Henry Nestlé –, estavam disponíveis para consumo. Foi aí que alguém, de quem não se sabe a identidade, teve a brilhante ideia de misturar o leite condensado com chocolate, dando origem assim ao que conhecemos hoje como brigadeiro. Uma curiosidade interessante é que os primeiros carregamentos de leito condensado chegaram ao Brasil a partir de 1890 e inicialmente eram utilizados apenas como bebida (reconstituído com água), em substituição ao leite fresco, cujo abastecimento se revelava irregular, especialmente no inverno ou quando certas doenças atingiam as vacas. O leite Milkmaid, que ninguém conseguia pronunciar direito, acabou sendo chamado de “o leite da moça”, porque na embalagem havia a figura de uma vendedora de leite. Tempos depois, após campanhas de reposicionamento do produto, o leite condensado chegou à cozinha como ingrediente para o preparo de doces. O alimento ganhou então uma força extraordinária entre as donas de casa, transformando-se em um produto indispensável nos lares brasileiros.


Brigadeiro Eduardo Gomes Então inventaram o nosso querido brigadeiro, mas ele ainda não tinha um nome. E segundo alguns relatos, a mistura de leite condensado e chocolate só recebeu este nome por causa do Brigadeiro Eduardo Gomes (1896-1981). Eduardo pertencia a União Democrática Nacional e concorria à presidência da República em 1945, disputando o lugar com o militar Eurico Gaspar Dutra do Partido Social Democrático. Bom, nós já sabemos qual foi o resultado das eleições naquela época, mas Eduardo Gomes e seu slogan “Vote no Brigadeiro que é bonito e solteiro” realmente ficaram na boca do povo. Em 1950, ele voltou a disputar a presidência, perdendo novamente a eleição, daquela vez para Getúlio Vargas. O termo brigadeiro refere-se a uma patente das Forças Aéreas Brasileiras e por causa do candidato Eduardo Gomes, que era brigadeiro da Aeronáutica, o nosso doce tipicamente brasileiro acabou herdando este nome. Mas a ligação de Eduardo ao docinho de leite condensado e chocolate que tanto amamos possui várias versões que envolvem as eleitoras fãs do candidato e as festas da campanha eleitoral. Acredita-se que mulheres que trabalhavam na campanha do candidato distribuíam o docinho para arrecadar votos ao invés do tradicional “santinho”, panfleto distribuído para os eleitores durante o período eleitoral e que trazem os dados do candidato para a votação. Outros dizem que fãs de Eduardo, moradoras do Pacaembu, bairro de São Paulo, organizavam festas para promover sua candidatura e arrecadar fundos. Outra versão também diz que mulheres do Rio de Janeiro, engajadas na candidatura de Eduardo Gomes, vendiam o doce para ajudar na campanha. Existe ainda aqueles que afirmam que Heloísa Nabuco, integrante de uma tradicional família carioca que apoiava o candidato, quis homenagear o amigo e

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criou o doce, ligeiramente diferente da versão atual – pois recebia recheio de doce de ovos –, e o denominou com a patente do candidato. Além dessas versões, há outra, considerada um tanto duvidosa e possivelmente espalhada pelos adversários políticos do candidato, dizia que o tiro desferido em Eduardo Gomes em 1922, durante a revolta dos 18 do forte de Copacabana havia atingido seus testículos e como o docinho não levava ovos... As festas eleitorais eram muito disputadas pela população e com o sucesso do nosso docinho as pessoas logo começaram a chamar os amigos para irem comer o “docinho do Brigadeiro” que alguns diziam ser “o preferido do Brigadeiro”.

A História Mais Doce Que Já Existiu

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O Negrinho Gaucho No Rio Grande do Sul o brigadeiro é conhecido como “negrinho”. Os gaúchos dizem que o delicioso docinho teria sido inventado lá e que seu nome seria este porque sua criadora, possivelmente uma dona de casa muito loira, achou exótica a aparência marronzinha da guloseima e resolveu chama-lo de assim. Atualmente, o estado é o único que ainda chama o doce de “negrinho”. Há aqueles que acreditam que antes do brigadeiro ser chamado por este nome, ele era conhecido como negrinho. Vindo a mudar apenas por causa do candidato Eduardo Gomes. Já outros acreditam que o doce foi criado apenas na época da eleição vindo a receber o nome que conhecemos até hoje. De qualquer forma e para nossa felicidade, uma boa alma criou essa maravilhosa iguaria que preencheu nossa infância com seu saber e sua magia.


A Nova Era do Brigadeiro Inicialmente, o brigadeiro era enrolado apenas em uma camada fina de açúcar, vindo a receber o granulado de chocolate somente mais tarde. Mas apesar de seu delicioso sabor e sua tamanha popularidade, o doce sempre foi considerado um doce de festa de criança e por conta disso sua receita nunca foi tão valorizada. Ficando restrita apenas às panelas domésticas e perdendo seu prestígio com o passar do tempo. Aos poucos todo o encanto do nosso brigadeiro foi sendo esquecido se tornando só mais um no meio de tantos outros doces que fazem parte de nossas vidas. Mais aí, em 2007, eis que surge alguém para salvá-lo da amargura e do esquecimento e trazê-lo de volta para nossas vidas e nossos corações. Criando assim o brigadeiro gourmet, uma vertente do brigadeiro tradicional que procura fazer receitas mais artesanais com ingredientes de qualidade e defendendo o respeito pelo doce, como já falado aqui, que é tão brasileiro quanto qualquer um de nós. E foi pelas mãos da doceira Juliana Motter, que é jornalista formada, mas abandonou a carreira para seguir a gastronomia, que o brigadeiro foi resgatado, repaginado e ganhou lugar de destaque na confeitaria nacional. Recebendo ingredientes de qualidade e apresentação cuidadosa e ganhando finalmente seu espaço como doce nascido, criado e valorizado em seu próprio país. Juliana sempre teve um interesse pelo brigadeiro e desde pequena, chegando até a ganhar o apelido de “Maria Brigadeiro”, atual nome de sua loja. Aos seis anos de idade cozinhava com sua avó um receita caseira do doce que levava leite condensado artesanal, manteiga caseira e raspas de puro chocolate no lugar do granulado artificial Mais do que a receita, ela aprendeu com a avó, que era doceira, o respeito pelo doce. Ainda na infância, chegou a vender alguns brigadeiros para as amigas da es-

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cola, mas só aos 29 anos, com o surgimento dos cursos superiores de gastronomia, resolveu seguir a carreira com a qual sempre sonhou. Com ela também surgiu o termo brigadeiro gourmet que seria um brigadeiro de alta qualidade, feito com ingredientes de primeira e servido na hora. Segundo ela, “a receita do brigadeiro tradicional foi perdendo qualidade ao longo dos anos com a ajuda de itens que a gente nem desconfiava, como a margarina, o achocolatado e o granulado. Esse trio deixou o nosso brigadeiro mais doce, menos saboroso do que pode ser. Não sentimos muito porque nosso paladar é muito tolerante com o brigadeiro por ser um doce afetivo”. A variedade de sabores que antes não existiam nasceram a partir da curiosidade de Juliana que sempre misturava ingredientes à receita tradicional e atualmente possui um caderninho de receitas que ela cultivou ao longo das últimas décadas. Mais precisamente aos 10 anos ela iniciou seu caderno só de brigadeiros com chocolate branco, recheado de uva, coberto de caramelo... Aquele foi o momento crucial para o surgimento das novas versões do doce onde ela adicionava outros ingredientes a massa. Aos 15 anos seu caderno já contava com mais de 30 receitas inéditas de brigadeiro e anotações suficientes para um livro que ela publicou em 2008 chamado “O Livro do Brigadeiro”. Sua dedicação e seu carinho pelo brigadeiro vão muito mais além. As embalagens criadas por Juliana retratam esse sentimento e expressam as experiências afetivas da empresária com o doce. Como é o caso da marmita de metal, que foi a primeira embalagem da Maria Brigadeiro. De acordo com Juliana, sua avó morava numa chácara no interior e esse foi um elemento muito presente na infância dela.

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Capítulo 2

O Brigadeiro no Exterior O docinho mais saboroso de todos também já viajou para outros países e prestigiou o paladar de outras pessoas pelo mundo com seu gostinho irresistível.


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MySweet Brigadeiro, Nova York Um história inspiradora de pessoas que pararam de inventar desculpas e foram buscar uma solução. Esse é o caso das duas brasileiras que foram para Nova York e alcançaram sucesso fazendo uma coisa que a grande maioria das pessoas sabe fazer, o brigadeiro. Paula Barbosa, de 31 anos, trabalhou por oito anos no mercado de moda. Eis que ela foi para Nova York fazer um curso de negócios, e decidiu inovar ao apresentar um projeto de conclusão do curso sobre brigadeiros gourmet, ao invés de roupas. A ideia foi tão legal que ela se juntou com Christina Bhan, de 39 anos, para lançar a My Sweet Brigadeiro, em março de 2011. Além do brigadeiro tradicional de cada dia, elas fazem o docinho em sabores como pistache, amendoas, gengibre, indo para os mais exóticos como lavanda, torta de abóbora e chili. E se você achou estranho, saiba que as gostosuras da dupla já foram provadas por nomes como Al Pacino, Alessandra Ambrósio, Halle Berry e Natalia Vodianova, e ficaram tão badalados que foram parar no caderno de gastronomia do The New York Times, no canal Cooking Channel e no blog da apresentadora Oprah Winfrey. Muita gente pode dizer que elas provavelmente tiveram investimento para começar o negócio ou que a ideia não era original, mas independente desses fatores, o que é inspirador é a atitude de fazer acontecer, apenas se especializando em fazer uma coisa melhor do que o resto das pessoas, e colocando a mão na massa para tirar o sonho do papel.


Brigadeiro Bakery, Nova York O doce caseiro mais popular das festinhas de aniversário também faz sucesso no exterior. Considerado tendência mundial, em 2011, pela agência de publicidade J.W. Thompson, o brigadeiro virou notícia nos anos seguintes devido ao apelo de novidade e também à versatilidade. Em outro lugar de Nova York, a guloseima fincou os pés devido ao enorme número de brasileiros que vivem na região. Uma dessas pessoas é a empresária Mariana Vieira, dona da loja Brigadeiro Bakery. Mariana mudou-se para a cidade em 2009, acompanhando o trabalho do marido. Recém-formada em um curso de gastronomia no Brasil, ela começou atuando como ‘personal chef’ em eventos privados, onde sempre oferecia brigadeiros de sobremesa. “Eu achava que dava um final feliz a toda refeição. Mas quem me ligava depois vinha somente falar do brigadeiro. Alguns faziam pedidos apenas do doce. Como aqui (EUA) os negócios são muito especializados, comecei a pensar que isso podia ser uma oportunidade”, afirmou a empresária. O momento era o mesmo em que a onda das brigaderias começava no Brasil. Mariana, que já ganhava fama por seus doces, foi convidada por um programa de televisão para apresentá-los em um episódio. “No final da filmagem, o amigo que emprestou a cozinha do seu restaurante disse que eu poderia me instalar no subsolo, se quisesse. Foi o que me fez abrir uma empresa”, relembra. Agora, Mariana está de mudança para um endereço próprio, localizado a poucas quadras do Comodo, restaurante que a abrigou em Manhattan. A empreendedora vai investir US$ 350 mil, quantia que será usada, entre outras coisas, para aumentar o número de funcionários fixos que a acompanha. A equipe produz 31,6 mil brigadeiros por mês, com picos que chegam a 64 mil unidades quando a marca

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recebe grandes encomendas. Um dos maiores clientes da marca, por exemplo, é a Restaurant Associates, empresa que organiza eventos em lugares icônicos da cidade, como o MoMa, o Lincoln Center e o Empire StateBuilding. Ao contrário do que acontece no Brasil, o maior sucesso da loja de Mariana são os doces com sabores clássicos, como o de chocolate, o beijinho e o de dois amores. Somente o de chocolate responde por quase um terço das vendas. “Como a cidade é muito cosmopolita e esse é um sabor novo, os americanos preferem começar com os tradicionais. Você não vai a Portugal e pede um prato contemporâneo de bacalhau, mas sim um prato clássico”, explicou a empreendedora brasileira.

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Made With Love, MIAMI Brigadeiro é tão bom, mas tão bom, que fica difícil entender as pouquíssimas pessoas que não gostam dessa iguaria tipicamente brasileira. E fica ainda mais difícil entender como o brigadeiro não se tornou conhecido no exterior. Mas isso tende a mudar. A gaúcha Larissa Piazzi, de 24 anos, inaugurou a Made With Love, uma brigaderia em um shopping de Miami (EUA). Normalmente os empreendedores abrem uma empresa porque há demanda. Mas no caso de Larissa, ela enxergou a possibilidade de criar seu negócio porque as pessoas se apaixonavam por seus brigadeiros à primeira vista. Larissa mora em Miami há três anos. Mudou-se para ficar mais próxima do marido, Alejandro Scholtz, um venezuelano radicado nos EUA. Formada em jornalismo, mas apaixonada por cozinhar, ela apresentou o brigadeiro para a família do marido e amigos do casal. “Eu levava brigadeiro para os aniversários, encontros e reuniões e o pessoal adorava. Adoro inventar sabores diferentes e colocar os doces em caixinhas bonitas. Comecei a dar de presente e quando eu vi já estava virando negócio”, afirmou Larissa. A Made With Love não começou com a inauguração da brigaderia. A ideia para o projeto surgiu há um ano e meio e a empresa existe desde março. “Sou formada em jornalismo, mas sempre tive planos de investir um negócio com doce. Sou uma formiga! E qual melhor doce para investir se não o meu doce favorito?”, disse. Larissa aproveitou que o marido já tinha experiência no ramo da alimentação e, juntos, resolveram tirar a ideia do papel. A princípio, ela trabalhava na cozinha de casa e vendia seus brigadeiros por encomendas e em feiras e mercados. Além disso, a presença da empresa na internet fez o trabalho da gaúcha ficar mais conhecido na cidade e a motivou a abrir um ponto fixo.

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A loja da Made With Love tem o formato cart – menor que quiosques e com estrutura parecida com as instalações da Nutty Bavarian em shoppings brasileiros. Atualmente, ela não tem funcionários, mas cuida da loja junto com a sogra e faz até o marido ajudá-la na preparação dos docinhos. Os produtos da Made With Love seguem o mesmo conceito das brigaderias brasileiras, responsáveis por transformar o doce em um produto fino, feito com ingredientes de primeira linha. Assim como acontece nas lojas especializadas daqui, a empresa de Larissa vende muito mais que a versão clássica do brigadeiro. São 25 sabores, incluindo Romeu e Julieta, pistache, cappuccino e crèmebrûlée, além de brigadeiro de colher, cupcakes de brigadeiro e outros produtos. O doce é brasileiro, mas o chocolate usado na preparação de todos os produtos é suíço. Como Miami é a cidade americana com um alto número de brasileiros e que mais atrai turistas daqui, o brigadeiro não é um ilustre desconhecido. Até por isso, os objetivos da empresa eram «trazer esse sabor de infância para os brasileiros de Miami e também apresentar para os não-brasileiros o nosso doce favorito”. Mas agora, em um shopping, a empresa foca mais na segunda meta. “A maioria dos clientes não conhece o doce. Costumamos oferecer amostras e quem prova acaba se apaixonando pelo doce. Eles também se impressionam ao saber que o brigadeiro é feito a mão”, afirmo Larissa.

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Mary's Brigadeiro, Toronto A Mary tem 25 anos e é da região de Santo André-SP. Formada em Administração de Empresas, trabalhou durante sete anos na área de Recursos Humanos e um ano na Start Up ‘PIC’. Ela cresceu vendo sua mãe – Dona Branca – fazer doces artesanais incríveis para venda, mas nunca havia tido interesse por este mundo doce. Em dezembro de 2012 a Mary veio para Toronto pela primeira vez com seu noivo Canadense e ficou deslumbrada por esta encantadora cidade, e enxergou um ‘nicho’ no mercado de chocolates. Voltando ao Brasil, Mary descobriu sua paixão pela confeitaria, em especial os Brigadeiros Gourmet, e criou a então ‘Dona Branca Doçaria Artesanal’, especializada em doces artesanais com um toque especial sem perder sua originalidade. A Mary fez diversos cursos no Brasil, inclusive na ‘Chocolate Academy da Callebaut’ em São Paulo e estudos sobre o chocolate em si, em especial o Brigadeiro Gourmet que hoje deixou de ser um doce simples de festa infantil, sendo introduzido na alta confeitaria brasileira com sabores inusitados e ingredientes de excelente qualidade. Em 2014 Mary mudou-se para o Canadá com seu noivo e, após inúmeras pesquisas de mercado, nasceu a Mary’s Brigadeiro. Segundo a empresária, tudo isso é a concretização de um sonho e hoje além de ser seu projeto, se tornou um propósito que é disseminar a cultura do brigadeiro no Canadá mostrando um pouco mais da nossa cultura brasileira introduzindo-o no cotidiano dos canadenses e apresentando um novo conceito e opção para eventos, casamentos, aniversários e presentes. O diferencial da Mary’s Brigadeiro é trabalhar apenas com ingredientes de qualidade, principalmente com o chocolate belga, oferecendo mais de 15 sabores que vai desde os tradicionais até o Brigadeiro de Maple. Todo trabalho é artesanal desde

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a confecção dos Brigadeiros que são feitos horas antes da entrega até as embalagens que poderão ser customizadas para todos os tipos de eventos. Segundo Mary, os canadenses estão encantados e descrevem nosso Brigadeiro Gourmet como ‘uniqueandsophisticated’, além dos brasileiros que estão conhecendo através da Mary’s Brigadeiro a evolução deste doce tipicamente brasileiro. Os brigadeiros da Mary poderão também podem ser encontrados em lojas específicas e comprados através do e-commerce. Para encomendar, basta entrar em contato através das redes sociais, telefone ou whatsapp e também por e-mail.

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Capítulo 3

Brigadeiro de Muitas Formas Este maravilhoso doce, ídolo das crianças e recente conquistador de um espaço na alta sociedade, nos encanta com seu sabor e sua doçura não só na culinária, mas também em outros momentos da vida.



O Brigadeiro Nas Artes O brigadeiro está sempre influenciando os brasileiros e os incentivando a reproduzir toda e qualquer arte de uma forma mais doce. Na poesia, por exemplo, o brigadeiro inspira os escritores com as lembranças de suas infâncias e a sensação de ternura e carinho dos bons tempos. O docinho também muitas vezes é associado ao amor por causa do seu gosto saboroso, da vontade de “quero mais” e de ficar sempre juntinho com ele. Brigadeiro de Silvia Trevisani Gosto de brigadeiro,

Brigadeiro é um sucesso,

na colher ou na forminha

em aniversário ou evento.

de passar o dedo no tabuleiro,

Já comi brigadeiro

e disputar com a formiguinha.

até em festa de casamento.

Brigadeiro tem gosto de sol,

Brigadeiro é disputado,

de mar, nas férias de janeiro.

com a criança e com o marmanjo,

Tem aroma de girassol,

Cada um no seu quadrado,

Que delícia o brigadeiro.

Mas diante de um brigadeiro, até marmanjo vira anjo.

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Queria Que Você Fosse Brigadeiro de Panela de Mônica Raouf El Bayeh Queria fazer um convite Explicarei com cautela Queria que você fosse Brigadeiro de panela Eu te guardaria em segredo Na mais linda e polida baixela E te provaria com calma Porque a pressa o sabor atropela Mergulharia com tudo Eu e você na tigela De pequenas eternidades É que se faz uma aquarela Me lambuzaria sem culpa Jantaria à luz de vela A gente dormia juntinho De pijama de flanela Sem preocupação com forma Amor no amor se modela Aguardo a sua resposta Veja se não protela

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A música também não fica para trás. Mais uma vez o brigadeiro retorna nos fazendo lembrar aquele sabor da nossa infância e nos faz associar esse gosto que nos dá água na boca com o maior de todos os sentimentos, o amor. Ah o amor, é tão bom quanto um brigadeiro! Pronto Pra Ser Dela de Thaeme e Thiago Tudo começou de brincadeira Mas a coisa foi ficando séria De segunda a sexta-feira Baladinha com os amigos E uns pegas no cinema Tô gostando sim, tá escrito em mim... É aí que tá o problema Não queria me envolver Mas fazer o que se tá gostoso assim Não tem volta, pois não se controla O que o coração tá falando por mim... Tô, tô gostando mais que brigadeiro de panela Tá grudado em mim, Eu tô grudado mais que ela Pode até passar do ponto Porque eu já tô pronto pra ser dela

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Coisa de Mulher de Tabatha Fher Se você vier te dou um doce, brigadeiro de colher Melhor se fosse na colher de arroz para não faltar Que eu não sou de dar colher de chá Enquanto Vênus estiver na casa 2 Eu te aconselho a não deixar para depois Enquanto a lua for amiga das marés Serei só tua da cabeça aos pés E se faltar algum detalhe essencial Mesmo que isso te pareça um capricho qualquer Coisa de mulher, Só acontece quando e como a gente quer Menino vem! Vem, vem Vento corre e vai trás, trás, trás Para mim esse rapaz. Paz, paz Pra o meu coração do bem, bem, bem Menino vem, vem, vem Com essa cara de neném, nem vem Nem se arruma pega e vai, vai, vai Vaidade não convém, vem, vem

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A Arte do Brigadeiro nas Festas Como falar do brigadeiro e se esquecer de falar da forma como ele é apresentado. Aquele saboroso brigadeiro de panela que nos faz raspar tudinho até deixá-la limpa novamente. Essas e outras maneiras já deram origem há algumas ideias que foram reproduzidas naquelas festinnas da criançada. Quem nunca experimentou o brigadeiro de colher? Aquela colherada que a mamãe deixava a gente tirar do doce antes mesmo de enrolá-lo. Também não podemos esquecer o brigadeiro de copinho que é prático e não menos saboroso. Fora que vinha mais brigadeiro que o tradicional. É de dar água na boca! E com o avanço da culinária ficou possível até fazer brigadeiro no micro-ondas. Fugindo um pouco daquela ideia tradicional que a maioria de nós conhece. E o brigadeiro tamanho família, já experimentou? Como é bom aquele brigadeirão! Ele é feito como um bolo, mas é 100% brigadeiro.

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O Brigadeiro Sem Leite Nenhuma festa é boa se não tiver bons docinhos, principalmente o brigadeiro. E quem está se tornando vegano sabe a dificuldade que é abandonar essas delícias açucaradas. Mas não precisa ser tão traumático e difícil este abandono, já que é perfeitamente possível adaptar as receitas para este paladar. Geralmente, a única mudança nas receitas é a troca dos ingredientes provenientes de animais pelos seus substitutos vegetais, geralmente originados da soja. Algumas coisas mudam também no modo de preparo. A jornalista Fernanda Couto criou a Formiga Brigaderia Sem Leite e se tornou empreendera, a princípio sem querer. Quinze dias após o nascimento de seu filho, Miguel, descobriu que a criança tinha alergia à proteína do leite de vaca. “Tive de mudar toda a minha alimentação, pois tudo o que eu comia chegava ao meu filho pelo leite materno. Infelizmente, não há quase opções no mercado de produtos sem leite”, conta. Amante de brigadeiro, alimento que mais sentia falta depois de dar à luz, Fernanda começou a pesquisar meios de produzir o doce em casa, utilizando matérias-primas orgânicas e livres de leite. Levou um ano para chegar à receita perfeita, à base de um leite condensado de coco que ela mesma inventou. “Quando meu filho completou um ano, em abril, ele pode comer seu primeiro brigadeiro. Fiz uma festa com 200 deles, de diversos sabores, como chocolate, capim-limão e pistache. Foi um sucesso. Minhas amigas começaram a me pedir encomendas e passei a produzir para vender”, explica. Pouco tempo depois, fechou um contrato para produção de mais de 10 mil brigadeiros para uma padaria especializada em produtos artesanais sem leite e glúten nos Jardins, em São Paulo. Para fazê-los, Fernanda tinha de escolher os fornecedores a dedo. Visitava um a um para descobrir insumos que eram produzidos “sem traços de contaminação por glúten”.

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As vendas, feitas principalmente pelas redes sociais da empresa, ganharão escala com a inauguração da fábrica, esperada para o começo de 2016. Além de eu ter desenvolvido um produto com potencial de exportação, é um doce que pode chegar a públicos diferentes, não só os alérgicos. Fernanda recebe encomendas também de veganos e até de judeus, que seguem uma dieta kosher.

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O Brigadeiro Pet Os cães são nossos companheiros para tudo! Mas o que eles amam, não dá para negar, é uma comida. É só ouvir o barulho de pratos que correm em nossa direção. Doces então, parece que o cheiro do chocolate os desperta. Mas como fazer a alegria do seu cão, sem prejudicar a saúde dele? Brigadeiros especiais para pets podem ser o mimo que você estava buscando. Isso mesmo! Depois de muita pesquisa, a empreendedora do ramo de brigadeiros gourmet, Brenda Oliveira Otero, criou a primeira linha de brigadeiros para cães, o Brigadeiro Pet. Disponíveis nos sabores: Carne & Vegetais, Frango & Cereais e Frutas, Aveia & Mel, são ótimas opções para diversificar a alimentação dos cães e deixá-los com o rabo abanando de felicidade. É tudo artesanal! Os produtos são selecionados com todo o cuidado: naturais, sem conservantes ou corantes – nada para prejudicar os animais. E o chocolate, não afeta a saúde dos cães? Como tudo é feito dentro do que a alimentação animal permite, o ingrediente principal destes deliciosos doces foi substituído pela alfarroba. Além de gosto, cheiro e textura quase iguais aos do cacau, a polpa desta vagem não tem lactose, glúten, açúcar e, principalmente, estimulantes, os causadores de malefícios para os cães. Dá para agradá-los com um mimo todo especial! O Buffet o Francês também lançou uma linha especial para pets que leva pasta de amendoim (rica em vitamina E para manter a imunidade sempre alta), manteiga (fonte de vitaminas A e D), mel (contribui com a imunidade) e aveia (fibras). Nos sabores alfarroba, maçã e abacaxi, eles podem ser encontrados em três tamanhos.

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Esse livro foi impresso em papel CouchĂŠ Fosco 120g/m2 Tipografias utilizadas: Gotham Rounded Vanilla Rio de Janeiro, 2015



O Tal do Brigadeiro conta a história desse docinho tão amado e querido pelos brasileiros. As mudanças que surgiram com o nascimento do brigadeiro gourmet e a presença deles nas artes como músicas e poemas são só algumas surpresas. Afinal, essa guloseima está conquistando até mesmo muitos corações no exterior. O livro é indispensável para quem adora culinaria brasileira, principalmente seus deliciosos doces.

ISBN 10-20130130-06-4


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