11-Gnarus11-Artigo-De Norte a Sul fundamentalismo religioso e intervenção na política nacional

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Artigo

DE NORTE A SUL: FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO E INTERVENÇÃO NA POLÍTICA NACIONAL Por Max David Rangel Cassin RESUMO: Pretende-se com esse artigo, analisar o discurso fundamentalista entre os pentecostais brasileiros, observando a origem desse discurso no fundamentalismo religioso norte-americano do início do século XX e seus reflexos nas agendas políticas no Brasil, que culminou na eleição de Jair Messias Bolsonaro a presidente da República com apoio maciço dos pentecostais. É um pesquisa bibliográfica, onde usamos literaturas, como “Os demônios descem do Norte”, de Delcio Monteiro de Lima que fala sobre a influência dos EUA na política no Brasil; artigos que focam sobre o fundamentalismo norte americano; notícias que mostram como isso é real em nossa sociedade nos dias atuais e vídeos, mostrando trechos de discursos dos televangelistas norte americanos que influenciaram as igrejas protestantes brasileiras.

O surgimento do fundamentalismo e sua influência no pentecostalismo norteamericano

A

origem em um embate teológico no Princeton Theological Seminary, no final do século XIX, onde teólogos presbiterianos de linha conservadora

pesar de terem surgido na mesma época,

fundamentalismo

pentecostalismo

não

podem

e ser

tratados como sinônimos, embora

se posicionaram contra o método científico denominado Alta Crítica,2 método usado para contestar certas doutrinas bíblicas. Sendo

assim,

teólogos

conservadores

possuam pontos em comuns naquilo que eles entendem como inegociáveis e fundamentais à fé cristã. O termo “fundamentalismo”1 teve 1 Patrocinados por empresários que comungavam com suas ideias, esses teólogos produziram uma série de livretos, em doze volumes, intitulados The Fundamentals: A Testimony of Truth – daí a origem do termo fundamentalismo. Esses volumes compunham as seguintes doutrinas fundamentais: O nascimento virginal de Jesus, a sua ressurreição literal, física, a inerrância do texto sagrado, quanto aos seus manuscritos originais, promessa da ressurreição do corpo dos que crêem,

a segunda vinda iminente e física de Cristo. Os textos eram defesas de alguns pontos da fé cristã que os teólogos conservadores consideravam inegociáveis, combatendo a relativização da aplicação do método histórico-crítico de análise. “O fundamentalismo foi organizado para fazer oposição às tendências liberais nas escolas religiosas e nas igrejas evangélicas.” CHAMPLIN, 2008 p. 828. 2 “Alta Crítica” é o exame dos textos bíblicos que vá além dos próprios textos em si, como a questão do autor, a data, a forma da escrita, as ideias envolvidas, as doutrinas ensinadas e etc.

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justificaram uma suposta urgência de reação em

humana e certa decadência moral, vivendo assim

defesa da ortodoxia cristã, iniciando a defesa da

uma lógica dualista e entrando em embate com

bíblia como única fonte irrefutável de verdade

aquilo que eles acreditam que ameaçam sua

histórica, científica e a única fonte de acesso a

fé, como as questões voltadas à legalização do

Deus.

aborto, direitos dos homossexuais, darwinismo, comunismo, Estado laico, entre outros. Seus

Devido a algumas lacunas doutrinárias no movimento

pentecostal

posicionamentos condizem com o espírito dos

norte-americano,

Pilgrims Fathers5 que chegaram ao Novo Mundo

dogmas fundamentalistas foram usados para

acreditando ser a nova “terra prometida” e por

preenchê-las. Esses dogmas, uma das marcas

isso desejavam estabelecer um país dentro dos

da denominação, faz com que ambos os grupos

preceitos bíblicos. Era o sonho de fabricar o reino

concordem com os pontos que eles entendem

de Deus na Terra.

como fundamentais e inegociáveis da fé cristã. A A maioria dos pentecostais, assim como

base da doutrina pentecostal é o batismo com o Espírito Santo, através da experiência mística do

os

fundamentalistas,

faz

análises

bíblicas

falar em outras línguas.3

baseadas em linha teológicas pré-milenaristas6 e dispensacionalistas,7 que influenciam a sua

Os

fundamentalistas,

assim

como

os

pentecostais,4 se enxergam como representantes de Deus na Terra, reiterando o discurso da maldade 3 Baseado na leitura bíblica do livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 2, o texto aborda o momento em que os discípulos de Jesus começaram a “falar em outras línguas”. A doutrina pentecostal afirma que essas línguas são a evidência do batismo com o Espírito Santo, quando a pessoa recebe um revestimento de poder para poder suportar algumas aflições do mundo. Há um embate teológico sobre as línguas, seriam elas línguas humanas ou celestiais? Seria uma xenolália ou uma glossolalia? Glossolalia é o ato de falar em línguas celestiais e xenolália é um termo grego para “linguagem estranha”. Porém, a doutrina pentecostal acredita que essa experiência mística se trata de uma glossolalia. PEARLMAN, 2008. p. 68-72. 4 Pentecostais são todas aquelas denominações oriundas do movimento pentecostal norte americano. Aqui no Brasil ela é divida no que chamamos de três ondas: 1º onda: Pentecostais clássicos (Congregação Cristã do Brasil e Assembleia de Deus) que foram os pioneiros do movimento pentecostal no Brasil. 2º onda: Deuteropentecostal (Deus é Amor, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja O Brasil Para Cristo), essa igrejas foram formadas por ex-obreiros das pentecostais clássicas, depois de uma divisão da primeira onda. 3º onda: Neopentecostais (Igreja de Nova Vida, Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça, Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus e etc.), essa onda se iniciou no Brasil com a chegada da Igreja de Nova Vida, tendo como seu fundador o canadense Robert McAlister, trazendo junto consigo a Teologia da Prosperidade, teologia oriunda dos EUA.

5 “Foram os primeiros ingleses protestantes a emigrarem para a América do Norte e lá fundarem as primeiras colônias, que, a posteriori, deram origem aos Estados Unidos da América. Esses imigrantes partilhavam da fé puritana (resultante do calvinismo que se desenvolveu na Inglaterra) e, assim como os católicos ingleses, eram perseguidos, no século XVII, pela monarquia absolutista anglicana. Essas perseguições acabaram por levá-los a sair dos domínios britânicos.” Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/ historia-da-america/peregrinos-mayflower.htm> Acesso em 01/05/2020. 6 “O pré-milenarismo é a asserção de que haverá uma futura era áurea, mas que para tanto será mister o aparecimento pessoal de Cristo, o qual inaugurará o milênio”. CHAMPLIN, 2008 p. 370. “Segundo alguns intérpretes, envolve períodos de tempo durante os quais Deus estaria tratando com os homens de maneiras específicas.” Baseado no conceitos de dispensação de Scofield, que foi a que mais se propagou, temos sete dispensações na Bíblia, que seria dividas da seguinte maneira: 1) Inocência (no Éden), 2) Consciência (entre a Queda e o Dilúvio), 3) Governo Humano (entre Noé e Babel), 4) Promessa (de Abraão ao Egito), 5) A Lei (de Moisés a João Batista), 6) Igreja ou Graça (de Cristo até o arrebatamento dos crentes) e 7) O Milênio. CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filos2008 p. 186.

7 “Segundo alguns intérpretes, envolve períodos de tempo durante os quais Deus estaria tratando com os homens de maneiras específicas.” Baseado no conceitos de dispensação de Scofield, que foi a que mais se propagou, temos sete dispensações na Bíblia, que seria dividas da seguinte maneira: 1) Inocência (no Éden), 2) Consciência (entre a Queda e o Dilúvio), 3) Governo Humano (entre Noé

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GNARUS - 36 maneira de enxergar a política, a sociedade e a

a pregar para soldados americanos em

história. O debate que se iniciou no final do século

acampamentos na Coréia, insistindo sempre

XIX como teológico, inevitavelmente chegaria a

que a Guerra Fria era, na verdade, uma

questões de políticas públicas, visando questões

confrontação entre uma cultura fundada

sociais de uma forma em geral.

na palavra de Deus e o comunismo, religião

Acreditando que os EUA estava se afastando dos valores bíblicos e da ideia dos pais peregrinos, sentiam que o cristianismo estivesse vivendo uma forte ameaça. Com isso, fizeram investimentos em programas televisivos, a partir de 1950, e ampliaram o alcance dos programas radiofônicos, sendo

combativos

ao

discurso

contra

o

comunismo, a degradação moral da sociedade e contra métodos de interpretações bíblicas diferentes do que era usado por eles, acreditando estarem com a missão de levarem a sociedade de volta a Deus. A partir de 1979, os canais televisivos dos EUA8 como CBS, NBC e ABC, fizeram uma reestruturação em suas programações para poder atender os anseios dos televangelistas. Com isso, alcançaram uma audiência de aproximadamente 60 milhões, durante as horas de transmissão desses programas diários. Os mais populares desses televangeslistas, com suas mensagens fundamentalistas, foram Pat Robertson, Jimmy Swaggart e Billy Graham, sendo este último o de maior prestígio no país, chegando a influenciar a política dos EUA e um dos mais combativos no meio religioso a favor do anticomunista. Segundo Cecília Azevedo: Estrela

da

militância

evangélica

anticomunista, em 1950 Billy Graham chegou e Babel), 4) Promessa (de Abraão ao Egito), 5) A Lei (de Moisés a João Batista), 6) Igreja ou Graça (de Cristo até o arrebatamento dos crentes) e 7) O Milênio. CHAMPLIN, 2008 p. 186. 8 Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=AOaoohsuews. Acesso em 07/05/2020

diretamente inspirada pelo demônio, que declarara guerra ao Altíssimo. Os cultos pirotécnicos de Graham, com forte apelo nacionalista, incluíam a venda de bônus de guerra, recolhidos ao som do hino nacional, e até mesmo a apresentação de um cavalo, de nome “McArthur”, que se ajoelhava diante da cruz. 9 A análise de Daniel Rocha (2011) mostra uma visão diferente sobre Graham Embora a origem de Graham seja no ambiente do fundamentalismo clássico e suas pregações tratassem de temas e abordagens caras aos fundamentalistas, como a ênfase conversionista e a defesa dos family values, seu destaque midiático e sua popularidade romperam, de certa forma, com a postura contracultural do “gueto” fundamentalista. Segundo Marsden (2001, p. 227), “Graham was part of a larger effort of many fundamentalist Protestants who, having found themselvs now as cultural outsiders, were working to become insiders again”. Suas boas relações com as grandes denominações protestantes tradicionais (acusadas de liberais pelos fundamentalistas) e, até mesmo, com católicos o fizeram ser visto com suspeita por outras lideranças fundamentalistas mais tradicionais que o acusavam de ecumenismo, entre outros “desvios teológicos”. Nesse contexto, Graham e os que seguiam sua linha de atuação passaram a ser conhecidos como neo-evangelicals ou simplesmente evangelicals. 10

9 AZEVEDO, p. 117, 2001. 10 ROCHA, 2011.

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GNARUS - 37 Devido ao seu destaque nos programas televisivos, Graham teve acesso à Casa Branca e proximidade com os presidentes estadunidenses, entre eles, Dwight Eisenhower, John F. Kennedy, Richard Nixon, Ronald Reagan e Bill Clinton. Com o primeiro, ministrou o culto de posse e logo depois batizou Eisenhower, na própria Casa Branca. O vislumbre por um projeto de cristianização evangélica do Estado foi ficando em evidência e ganhando força através da aproximação dos religiosos aos presidentes norte-americanos; suas pregações se voltavam para os temas das crises sociais e políticas, que só poderiam ser resolvidas se os EUA se voltassem para Deus.

país. Vieram para o país na 3ª classe do navio “Clement”, em 19 de novembro de 1910, e encontraram o Brasil vivendo a recente experiência da República, e as normativas sobre o Estado Laico.13 Aqui se mantinham financeiramente não apenas com os trabalhos de Berg, mas também pelas provisões enviadas pelas igrejas suecas. No

princípio,

os

missionários

sofreram

perseguição religiosa por parte das igrejas históricas14 e católica,15 mas isso não desanimou os suecos, pois em seu país de origem já haviam passado por algo parecido, e aqui no Brasil, foram favorecidos pela constituição que protegia a

Entre as décadas de 1960 e 80, houve um alto

liberdade religiosa.16 Por esse motivo, há indícios

investimento dos pentecostais estadunidenses

de elogios por parte dos missionários ao governo

com envio de missionários11 e evangelistas norte-

republicano. 17

americanos12

para o Brasil, com o intuito de

evangelizar além da fronteiras norte-americanas. Isso fez com que os cristãos protestantes brasileiros, principalmente os pentecostais, no final da Guerra Fria, absorvessem o discurso anticomunista dos missionários norte-americanos. Discurso esse herdado dos fundamentalistas estadunidenses.

Os inimigos que vêm do Norte Gunnar Vingren e Daniel Berg, fundadores da

13 Em 1810, com a coroa portuguesa já no Brasil, Dom João VI assinou o Tratado de Comércio e Navegação com o Reino Unido. Nesse acordo foi dada a garantia de liberdade de culto aos ingleses em terras portuguesas (incluindo o Brasil), com algumas ressalvas: era proibido a eles converter a população portuguesa, seus locais de cultos não poderiam ter aspectos de templo religioso e não poderiam manifestar sua fé publicamente. Na Constituição de 1824, foi conferido à Igreja Católica o título de religião oficial do Império. Entretanto, quando Dom Pedro II se tronou imperador do Brasil em 1840, estabeleceu uma política de liberdade religiosa, devido às suas inclinações anticlericais e liberais, adotando assim uma política semelhante a dos países vizinhos que já haviam se tornado repúblicas e visando também o incentivo de imigrantes protestantes. Em 1891, já na República, houve uma nova constituinte e na constituição definiram a separação entre a igreja e o Estado. E. GONAZÁLEZ, 2010. p. 286

experiência mística do movimento pentecostal

14 Igrejas protestantes históricas são as denominações que têm uma ligação histórica direta com a Reforma Religiosa, de 1517, e que são adeptos a Teologia Reformada. As denominações históricas são: Luteranos, presbiterianos, anglicanos, batistas, congregacionais e metodistas. BARROS, Angélica. Infográfico: a árvore evangélica. Revista de História da Biblioteca Nacional. ano 8, n. 87, p. 23, dezembro de 2012. ALENCAR, 2010. p. 19.

norte americano, cuja doutrina era difundida no

15 ALENCAR, 2010. p. 19.

Assembleia de Deus (AD) no Brasil em 1911, eram missionários de origens suecas que, antes de virem para o país, tiveram uma breve passagem nos Estados Unidos da América, passando pela

11 LIMA, 1987. Capítulo 3 (Versão Digital). 12 Missionários norte-americanos a serviço da CIA é assunto desde 1960. Disponível em: https://www.gospelprime.com. br/missionarios-eua-espioes-cia/. Acesso em 20/11/2019.

16 Artigo 72, parágrafos, 4º, 5º, 6º e 7º da Constituição de 1891. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/ fed/consti/1824-1899/constituicao-35081-24-fevereiro-1891532699-publicacaooriginal-15017-pl.html> Acesso 19/11/2019. 17 ALENCAR, 2010. p.20.

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GNARUS - 38 Berg e Vingren não concordavam com ideia

aproveitou a situação e enviou ajuda financeira

de a igreja ser ligada ao Estado, por acreditarem

para a AD brasileira, o que acabou contribuindo

que a correlação causou danos ao seu país de

para criar e reforçar laços.

origem. Os missionários defendiam a concepção das “igrejas-livres”, e por esse motivo, igualmente pelo fato de serem estrangeiros em solo brasileiro, não se envolviam com as questões políticas, pois o período que aqui se estabeleceram foi uma fase tensa na história da República brasileira. 18

Em 1930, Gunnar Vingren, que era o principal líder da denominação, perdeu a liderança nacional, e a partir disso, não teve mais forças para impedir o avanço dos missionários pentecostais norteamericanos, que passaram a ter forte influência na AD brasileira.

Os missionários conseguiram expandir a denominação Assembleia de Deus por todo o Brasil, desenvolvendo lideranças regionais, entre pessoas simples e excluídas, fundando igrejas e mantendo-as sob a liderança geral de Vingren, iniciando essa ampliação acompanhando a construção da linha férrea Belém-Bragança. 19

O livro, O Diário do Pioneiro (ANO), registra que Vingren começou a ter dificuldades relacionadas à liderança da igreja brasileira21

no trabalho

missionário com os obreiros locais, deixando subentendido que esse problema remetia-se ao fato de sua esposa, Frida Vingren, tomar a liderança da igreja em momentos de sua ausência.

Os suecos mantinham um pequeno vínculo

Em uma carta para o pastor Samuel Nyström,

com a AD norte-americana que se resumia apenas

Vingren comentou que o problema relacionava-

ao nome da denominação.20 Porém, os líderes

se às mulheres22 serem ordenadas como pastoras,

pentecostais estadunidenses tinham interesse

o que era costume no movimento pentecostal

em ter um vínculo maior com a AD brasileira, o

norte-americano e sueco.

que não era bem visto pelos missionários suecos em virtude das missões que faziam em território brasileiro.

A partir desse momento, a AD dos EUA fez empréstimos financeiros para a AD brasileira. Uma dessas ajudas foi para a construção da Casa

Com o início da Primeira Guerra Mundial,

Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), que

a igreja de Estocolmo não conseguia enviar o

é a responsável por elaborar e produzir material

sustento financeiro para os seus missionários

didático e literário de linha doutrinária pentecostal

no Brasil, devido às travessias de navios pelo

no Brasil, até os dias de hoje.

Atlântico. Mediante a situação, a AD dos EUA

Entre as décadas de 60 e 80, os pentecostais

18 ALENCAR2010.p. 42.

estadunidenses

19 ALENCAR2010.p. 69.

e

20 No ano de 1912, ume pequena igreja de Findlay, Ohio, passou a se chamar Assembly of God, nome esse dado pelo pastor Thomas King Leonard. Em 02 de abril de 1914, em Hot Springs, foi fundado o Concílio Geral da Assembleia de Deus nos Estados Unidos da América. Aqui no Brasil, o nome Missão de Fé Apostólica não teve boa aceitação por parte dos nordestinos, tendo o nome mudado para Assembleia de Deus ainda em 1914, segundo relatos de Manoel Maria Rodrigues. Porém, o nome só foi registrado em Cartório em 11 de janeiro de 1918, pelos seus fundadores. ARAUJO, 2011. pp.17, 18.

concentrações de massas em estádios23

evangelistas

enviaram para

o

Brasil,

missionários realizando e

21 VINGREN, 1973.p.162. 22 VINGREN, 1973.p. 195. 23 Público lotou o estádio do Pacaembu, em São Paulo, para ouvir Billy Graham. Disponível em: http://m.acervo.estadao. com.br/noticias/acervo,publico-lotou-pacaembu-para-ouvirbilly-graham-,13133,0.htm. Acesso em 14/05/2020.

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GNARUS - 39 ginásios.24 Enviou também literatura teológica

tapes do programa de Swggart, com filmagens

norte-americana, o que de certa forma incutiu

realizadas em sua igreja nos Estados Unidos.

nos assembleianos brasileiros a ideia dos valores

Tanto Jimmy29 quanto Billy30 foram responsáveis

da América cristã.

por grandes mobilizações em massa, realizadas

25

Em seus discursos os evangelistas norteamericanos diziam ser um povo escolhido por Deus, usando como base o discurso da prosperidade financeira do país (o que geraria a Teologia da Prosperidade nas décadas seguintes), mostrando que isso dava a eles condições de salvar o mundo e que o território dos Estados Unidos da América era a nova terra prometida, usando a mesma a história de Israel, de acordo com a bíblia, no Antigo Testamento,26 assim como os pais peregrinos pensavam.

da AD no Brasil para a realização do evento. Os pregadores eletrônicos norte-americanos, e seus discursos fundamentalistas que foram importados para o Brasil, influenciaram os pentecostais a se envolverem com a política partidária nacional e negociar concessões de canais de rádios e TV, doações de terrenos, materiais de construção, cestas básicas, recursos públicos e etc. 31 Tendo em vista a Constituinte de 1988, a princípio, os assembleianos não tinham nenhum

Os missionários se mostravam superiores aos cristãos de outros países e usavam frases de desprezo e inferioridade aos países socialistas e comunistas,27 sempre colocando em destaque os EUA, dizendo que o fato de serem um país próspero era o sinal que Deus estava com eles. 28 Billy Graham e Jimmy Swaggart se tornaram figuras populares, principalmente no período da redemocratização no Brasil, tendo um dos canais televisivos brasileiros, Bandeirantes, transmitindo

24 O canadense bispo Robert McAlister foi convidado pelo pastor estadunidense, Lester Sumrall, da Assembleia de Deus dos EUA, para participar de uma das suas cruzadas no ginásio do Maracanãzinho. Disponível em: http://www.invbotafogo. com.br/sobre-nos/historia/ Acesso em: 14/05/2020. 25 GOMES, José Ozean. Da objeção ao reconhecimento: uma análise da política eclesiástica da Assembleia de Deus brasileira com respeito à educação teológica formal (19431983). Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de São Paulo. 26 Algumas dessas mensagens estão disponíveis em plataformas digitais pela internet. 27 Billy Graham falando contra o comunismo em uma de suas mensagens. Billy Graham talks about communism. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=xcn5T6NsTtw> Acesso 20/11/2019. 28 MARTELLI, 2009. p. 10.

no Maracanã, recebendo todo apoio estrutural

projeto político de poder, e o discurso que era feito para justificar a entrada da igreja na política era o da liberdade religiosa. Fazia-se, muitas vezes, o uso de discursos anticomunistas para causar medo,32 assim como os fundamentalistas estadunidenses, e com isso, impulsionar os membros da denominação a votar nos candidatos que eram escolhidos pela cúpula da igreja, alienando politicamente os membros das igrejas 29 Disponível em https://www.sbb.org.br/hotsites/bibliade-estudo-do-expositor/ministerio-de-jimmy-swaggart-nobrasil/. Acesso 07/05/2020. 30 Disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=4umH6-hBPuE. Acesso em 07/05/2020. 31 No final da década de 1980, foi denunciado um esquema de corrupção que favorecia o governo Sarney, onde muitos deputados pentecostais estavam envolvidos, pois fizeram do parlamento um “balcão de negócios”, recebendo assim cargos públicos, verbas federais e concessões de canais de rádio e televisão. DANTAS, Bruna Suruagy do Amaral. Religião e Política: Ideologia e Ação da “Bancada Evangélica” na Câmara Federal. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – PUC-SP. São Paulo, 2011.p. 25. 32 Antes do golpe militar de 64, o discurso dos parlamentares protestantes era apenas anticatólico, justificando pela luta da liberdade religiosa. Já na redemocratização, o discurso anticatólico e anticomunismo. MARIANO; PIERUCCI, 1992. Essa questão de usar o “medo” como um instrumento no meio pentecostal, está presente em muitos dos seus ensinos, e até mesmo em sua teologia. Exemplo disso é o ensinamento sobre dízimos e ofertas.

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GNARUS - 40 pentecostais brasileiros, cumprindo, de certa

um presidente da República pertencente ao seu

maneira, com a política imperialista norte-

grupo, como solução aos problemas morais do país.

americana, no final da Guerra Fria, conforme

Essa perspectiva política vem sendo denunciada

relata Delcio Monteiro Lima:

por líderes evangélicos progressistas, como é

Os especialistas do Departamento de Estado americano têm dado, igualmente, reiteradas provas do seu particular interesse nessa alienação política dos pentecostais do Terceiro Mundo. No caso da América Latina, fomentam por todos os meios a passividade dos crentes, instruindo abertamente os missionários do Brasil no sentido de que seu trabalho de evangelização seja sempre norteado

pela,preocupação

de

manter

o rebanho pentecostal longe da política, dedicado somente aos misteres espirituais. A mesma doutrinação é feita junto aos pastores brasileiros que vão aos Estados Unidos para cursos de pós-graduação ou programas de intercâmbio. [...] A estratégia enfim, é não permitir qualquer tipo de militância que deságüe numa posição de antagonismo à situação dominante e possa evoluir para um estágio vulnerabilidade à contaminação esquedista.33 O discurso anticomunista ainda apresenta uma força muito grande na Assembleia de Deus, devido a toda afinidade entre essa denominação e grupos cristãos, notadamente neopentecostais, dos EUA, que manifestaram, ao longo do tempo, bastante interesse pela AD no Brasil.

A influência dos fundamentalistas estadunidenses no Brasil e o bolsonarismo

o caso do pastor Ariovaldo Ramos (ANO), que denuncia esse intento evangélico argumentando como poderia prejudicar a sociedade, inclusive, a própria igreja: Quando percebo desejos, um tanto suspeitos, de ver a nação governada por quadros evangélicos, impressionam-me com a inaptidão ao eclético. Não tenho dúvida de que nós, evangélicos, podemos oferecer à nação substancialmente contribuição para a sua administração, entretanto, tal engajamento só fará sentido se adição a um esforço conjunto que contemple todos os segmentos da sociedade. [...] É indisfarçável o crescimento do envolvimento da Igreja evangélica brasileira nas questões políticopartidárias, quanto escândalo, quanta vergonha! Isso, sem contar o desempenho de muitos dos nossos pretensos representantes. Deveria, a Igreja, envolver-se nisso? Se não, qual o caminho, a alienação? Origines, no tratado contra Celso, advoga que o cristão será tanto mais útil à sociedade, quanto mais for Igreja, advogando, assim, a separação total, o não envolvimento. Creio que o proposto pelo tão querido Pai da Igreja, do século III, não encontra mais espaço nos dias de hoje, já fomos longe demais. Mas, será que a forma que temos encontrado é a que deveríamos levar a efeito? Penso que não! Entendo que o nosso papel é cooperar com o aprimoramento da democracia e do Estado, através da pregação e da vivência de nossos postulados sobe a questão política e social. Mas, nós o temos? Perguntaria o cristão menos avisado.34

A partir da redemocratização no Brasil, sempre houve intenção por parte dos evangélicos em ter 33 LIMA, 1987. Capítulo 3 (Versão Digital).

34 RAMOS2002. pp. 70, 71, 73.

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GNARUS - 41 Ramos mostra que a Igreja evangélica tem

natural que é preciso respeitar, ligada a

muito a cooperar com a sociedade brasileira, mas

estabilidade

da

sociedade

não da forma como tem se posicionado.

estruturada

por

imagens

[...] Precisamos mesmo salvar essa nação, mas, isso, ao invés de messianismo, se fará com o compromisso de todos os cidadãos, com um governo amplamente representativo, que seja sustentado por um arco de alianças progressistas:

comprometido

com

a

erradicação da miséria e da pobreza, com o

fortemente paternais

e

familiares. O prolongamento de uma tal atitude no domínio político se deixa adivinhar. Esse tipo de crente será levado a preferir os regimes que se apóiam numa figura de autoridade indulgente, será atraído pelos sistemas hierárquicos nos quais cada um tem seu lugar se tensões nem rivalidades.36

aperfeiçoamento institucional da democracia,

O fundamentalismo torna os religiosos radicais,

com o desenvolvimento de um mercado

levando-os a fazerem conciliações da bíblia com

interno sólido, com uma política de pleno

guerras e execução sumária, não acreditando mais

emprego, com a sustentação da soberania

no amor e na humanidade de todos os homens.

nacional, conditio sine que non para que a

Conforme Leon Tolstoi:

nação ocupe espaço relevante no concerto das nações; se o mandatário de tal governo for um evangélico, ficaremos contentes por estarmos

contribuindo,

principalmente,

porque tal político terá chegado lá por sua história e não simplesmente por sua religião. [...] A Igreja não deve ter interesse em poder, mas na paz social, racial, democrática e religiosa que é fruto da justiça.35

O homem que crê no caráter divino do Antigo Testamento e na santidade de Davi, que em seu leito de morte delega a missão de matar o velho que o ofendeu, a quem ele não pode matar pessoalmente por estar ligado a um juramento (Livro 1 Reis 2.8), e muitas outras vilanias das quais o Antigo Testamento está cheio, não pode crer no sagrado amor de Cristo.37

Para entender como Jair Bolsonaro conseguiu se eleger presidente em 2018 com o apoio dos pentecostais, precisamos conhecer como funciona o voto de boa parte deles. O fato de se prenderem às leituras do Antigo Testamento de maneira fundamentalista faz com que se identifiquem com um imaginário de um líder autoritário, algo que está vivo dentro de boa parte das igrejas pentecostais na figura dos líderes. De acordo com Aline Coutrot:

Os discursos de Jair Bolsonaro estmularam o sentimento de ódio contra posicionamentos que evangélicos entendem como ameaça à fé cristã. Queiroz explica o porquê da adoção desse discurso e que muitas vezes foi pedida a volta da ditadura no país: O Reino Messiânico é em geral um reino futuro, espera-se por ele. Tanto poderá ser algo de inteiramente novo, como poderá

A fé teocêntrica, submissão a um Deus todo poderoso, dá ao crente o sentimento da sua fragilidade. Ele se insere numa ordem

reproduzir uma Idade de Ouro que já tenho existido no passado, mas em ambos os casos os mesmos caracteres de santidade 36 RÉMOND, 2003. pp. 338,339.

35 RAMOS. Nossa Igreja Brasileira. p. 70, 71.

37 TOLSTOI, 2018. pp. 78,79.

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GNARUS - 42 e perfeição. [...] É a crença na vinda de um

o apoiavam, recebendo adesão dos principais

redentor que porá o fim à ordem presente de

líderes evangélicos do Brasil e fazendo usos

coisas, universalmente ou para um só grupo,

equivocados de versículos bíblicos. A imagem do

instituindo nesse mundo uma nova ordem de

Bolsonaro como candidato ao cargo de presidente

justiça e felicidade. [...] felicidade que teriam

pode ser analisada com base no conceito de

conhecido em tempos anteriores e que então

“messianismo” de Weber e Alphandéry, conforme

seria restaurada.38

citado por Queiroz:

Devido ao discurso anti-petista pela imprensa

O messias é alguém enviado por uma

hegemônica corporativa, dos líderes evangélicos

divindade para trazer a vitória do Bem sobre

midiáticos e o fato de o governo do PT ter

o Mal, ou para corrigir a imperfeição do

abordado projetos de leis que envolviam questões

mundo, permitindo o advento do Paraíso

da homoafetividade e do aborto, fez com que

Terrestre, tratando-se, pois, de um líder

alguns evangélicos buscassem um representante

religioso ou social. O líder tem tal status não

para combater não apenas esses projetos, como

porque possui uma posição dentro da ordem

também o kit de material didático “Escola Sem

estabelecida, e sim porque suas qualidades

Homofobia”, chamado de kit-gay, e que acabasse

pessoais e extraordinárias, provadas por

com a corrupção na política nacional, por meio da

meio de faculdades mágicas ou estáticas,

democracia ou mesmo da ditadura, como muitos

lhe dão autoridade; trata-se, pois, de um

pediram naquele período.

líder essencialmente carismático. Assim, age

Ataques às minorias foi uma das formas de Bolsonaro ganhar força eleitoral em sua campanha. Sobre isso, Queiroz afirma: Justamente porque contém “ideias muito definidas” de como sanar as imperfeições, o messianismo não é crença passiva e inerte de resignação e conformismo; apontando para a possibilidade de um futuro melhor, pode levar – e em certas circunstâncias leva – os homens a se congregarem para conseguir, por meio da ação, os benefícios que almejam. O messias só merecer este título na medida em que uma coletividade diligente o reconhece como líder. 39 Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro fez o seu discurso de campanha pautado na questão da moralidade, conforme a necessidade dos que

graças ao seu dom pessoal apenas, colocandose fora ou acima da hierarquia eclesiástica ou

civil

existente,

desautorizando-a

ou subvertendo-a, a ruptura de ordem estabelecida podendo ser breve ou de longa duração. 40 Jair assume um posicionamento de alguém enviado por Deus para executar uma missão, que seria acabar com um suposto mal que advinha do PT, além das pessoas alinhadas à política de esquerda e todas as pautas progressistas que estivessem em trâmite para serem aprovadas. Para cumprir a missão Bolsonaro foi escolhido por apresentar um discurso de que não tinha envolvimento com corrupção política, e que não era a favor da ordem estabelecida na política nacional. Nesse ínterim entra em cena um sujeito

38 QUEIROZ. Messianismo no Brasil e no Mundo... pp. 8, 10. 39 QUEIROZ. Messianismo no Brasil e no Mundo... p. 15.

40 QUEIROZ. Messianismo no Brasil e no Mundo... p. 5.

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GNARUS - 43 chamado Silas Malafaia, pastor e presidente da

os de forma a justificar seus próprios discursos:

Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), que, semelhantemente a Billy Graham nos EUA, possui influência entre os pentecostais brasileiros e tem acesso aos governantes do Brasil, desde o período do governo Lula. Sua abordagem foi fundamental para que os pentecostais direcionassem seus votos para Jair Bolsonaro. Existe um vídeo no canal oficial do pastor, no

E foi adversário de Israel, por todos os dias de Salomão, e isto além do mal que Haddad fazia; porque detestava a Israel, e reinava sobre a Síria (I Reis 11.25). E depois dele se levantou Jair, gileadita, e julgou a Israel vinte e dois anos.

Youtube, que tem o título “Porque você deve

E tinha este trinta filhos, que cavalgavam

votar em Bolsonaro?”.41 Isso fortaleceu a imagem

sobre trinta jumentos; e tinham trinta cidades, a

do candidato.

que chamaram Havote-Jair, até ao dia de hoje; as

À declaração de Malafaia, sucederam outras como as do líder da Igreja Universal do Reino de

quais estão na terra de Gileade. E morreu Jair, e foi sepultado em Camom (Juízes 10.3-5).

Deus (IURD), bispo Edir Macedo, e do presidente

Pelos fatos citados acima e por defender

da Convenção Geral das Assembleias de Deus

pautas políticas conservadoras, Bolsonaro se

(CGADB), pastor José Wellignton Bezerra.

tornou para os evangélicos o “messias”, aquele que iria salvar a família tradicional, restaurar a moral, a ética e os bons costumes, acabar com o comunismo e acabar com as pautas do aborto

Considerações finais

e do homossexualidade, sendo essas as mesmas

Vivemos momentos difíceis no Brasil, onde temos visto o Estado ser aparelhado pela religião, baseando sua agenda apenas em pautas morais, recebendo o apoio expressivo por parte dos pentecostais, justamente devido às leituras bíblicas pautadas em interpretações equivocadas, conforme os fundamentalistas norte-americanos. Muitos

líderes

evangélicos

pautas42 usadas pelos fundamentalistas norteamericanos do início do século passado. Vimos como anos de investimento por parte da AD dos EUA acabou nos levando a ter o governo que temos nos dias de hoje, e que, lamentavelmente, fizeram dessa governança sua religião.

usaram

interpretações do Antigo Testamento, com visões milenaristas, para justificar o voto em Jair Bolsonaro ao invés de Fernando Haddad, em suas reuniões religiosas e em suas redes sociais, afirmando que Haddad, diferente de Bolsonaro, era inimigo do “povo de Deus”. Para tanto, descontextualizaram versículos bíblicos usando41 Silas Malafaia Oficial. Pastor Silas Malafaia comenta: Porque você deve votar em Bolsonaro? 2018. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=4uBxAl-rPyw. Acesso em 02/12/2019.

Max David Rangel Cassin é Bacharel em Teologia, licenciado em História e mestrando em História pela UNIVERSO 42 Mais do que as pautas estarem parecidas, não houve rupturas, e sim ampliação das mesmas até hoje. Como a movimento dos homossexuais veio sofrendo mutação ao longo do tempo criou-se a sigla LGBT, isso a partir de 1988, pois entendiam que o termo “gay” soava como uma rejeição da falsa dicotomia homossexual / heterossexual. Uso aqui o termo “homossexualidade”, pois era a forma como os fundamentalistas se dirigiam aos assuntos concernentes a homoafetividade em sua época, evitando assim o erro de anacronismo.

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