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Artigo
A CONSTRUÇÃO DA SANTIDADE E A CAVALARIA MEDIEVAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Por Leilane Araujo Silva. Resumo: Em nossa pesquisa, procuramos demonstrar a existência de elementos militares e de santos como guerreiros nas hagiografias do século XIII a partir de reflexões a cerca de elementos da cavalaria medieval presentes nos quatro relatos de santos militares presentes na obra de Jacopo de Varazze conhecida como Legenda Áurea. Contudo, apresentaremos nessa comunicação nossas conclusões historiográficas sobre a pouca disponibilidade de pesquisas relacionando cavalaria e santidade com base nas nossas conclusões obtidas a partir do nosso trabalho de conclusão de curso em história.
Introdução
O
Entretanto, o intuito deste trabalho é fazer presente trabalho está baseado nas
algumas ponderações sobre santidade e cavalaria e
conclusões obtidas a partir da pesquisa
apresentar alguns trabalhos produzidos sobre essas
realizada para a nossa monografia
temáticas, em virtude de apenas o historiador
intitulada de Santidade Armada: uma análise sobre
Bruno Gonçalves Álvaro havia dedicado sua
os traços guerreiros na hagiografia do século XIII
atenção à pesquisa sobre os santos militares e da
que faz uma análise comparativa da presença da
pouca disponibilidade de historiografias a cerca da
temática militar na produção hagiográfica do
relação entre a santidade e a cavalaria.
século XIII com base nos relatos hagiográficos de São Jorge, São Sebastião, São Longino e São
A Construção da santidade
Mercúrio assinalando assim a presença de aspectos
O culto dos santos teve início na Antiguidade
militares presentes na cavalaria medieval e do
clássica com o culto aos mártires, que na
discurso legitimador do que identificamos como
perspectiva cristã por eles terem morrido como
“Santidade Armada”,1 presente nas hagiografias do
seres humanos seguindo Cristo e empenhados com
século XIII.
lealdade na sua palavra, entraram no paraíso,
1É
descrita muito próxima da realidade militar de combate presente na Idade Media.
G N A R U S | 13 tiveram a vida eterna e passaram a servir como
mudanças
na
realidade
monástica
e
que
intermediários entre o céu e a terra.
influenciaram no aumento e na propagação do
Na Idade média a concepção de santidade era
culto aos santos, que abrange não apenas
marcada pela convicção de que o santo é marcado
anacoretas e monges, pois ele engloba sobretudo
desde o seu nascimento pela graça divina e que a
outras personalidades eclesiásticas, como bispos.
sua existência entre os homens era para atestar a
Em vista disso, o culto aos santos passou de um
sua santidade através da manifestação de suas
evento religioso e social concentrado em figuras e
virtudes e para interceder pelos homens perante
vivências que estão distantes, que eram lembradas
Deus.
através dos seus cultos e suas relíquias que eram
De acordo com o historiador André Vauchez o
vistas como capazes de prolongar por assim dizer a
culto dos mártires populariza-se através do santo
presença física no presente dos santos para que eles
patrono que baseia as suas características nas
fizessem a intervenção e auxilio aos homens, para
mesmas noções de uma relação de clientela, ou
se concentrar em modelos mais próximos e que
seja, na lealdade do protegido e no dever de
eram considerados mais aptos a terem suas vidas
proteção por parte do patrono em relação a quem
imitadas.
a ele se recomendou. Porém foi a partir do século VII e com maior
Algumas particularidades da Cavalaria Medieval
intensidade no século X que surgiu como modelo
Partilhamos da mesma opinião que Cláudio de
de santidade santos pautados na nobreza, devido o
Cicco em A Igreja Católica, as Ordens de Cavalaria
fortalecimento da união entre a nobreza e o clero,
e os Templários2 quando afirma que existem três
houve
por
documentos que nos servem de base para o
desempenharem a função de cristianizar o seu
conhecimento sobre a Cavalaria. O primeiro
povo.
documento seria as “Canções de Gesta” escritas na
nobres
que
foram
santificados
A sacralização dos nobres foi extinta no século XI
França por “Chanson de Roland” que narra histórias
a partir da reforma empreendida pela Igreja com o
dos cavaleiros, foi feito um estudo baseado nessas
intuito de purificar-se do poder laico, a partir disso
canções sobre a vida do cavaleiro por Léon Gautier
a vida sacerdotal voltou a ser modelo de santidade,
no livro La Chévalerie.
na qual predominava o voto de pobreza e
O segundo documento são as Regras das Ordens
humildade, mas para eles serem reconhecidos
da Cavalaria conforme Cicco essas regras nos
como santos eles seriam investigados de acordo
mostram o que significava o ideal que era proposto
com as leis da canonização.
para os indivíduos que entravam para as Ordens de
Acreditamos que a história da santidade e a
Cavalaria, a exemplo o livro da Ordem da Cavalaria
criação do culto dos santos estão profundamente
de Raimundo Lúlio que é considerado um tratado
ligados a relação, se não exclusiva, mas pelo menos privilegiada entre a vida monástica e a santidade, devido as modificações na sociedade que geraram
Cláudio de. A Igreja Católica, as Ordens de Cavalaria e os Templários. Em https://tradicaocatolicaes.wordpress. 2CICCO,
com/2011/09/09/as-ordens-de-cavalaria-e-os-templarios/ acessado 04 de maio de 20158 ás 20:03h.
G N A R U S | 14 sobre a ética cavaleiresca.
integrantes.
E o terceiro são os sermões
disso
da Idade Média, pois
passaram a ter uma
existem
oportunidade
de
ascensão
ao
podemos
sermões
que
vislumbrar
o
A
os
partir plebeus
social
ideal de vida e da época
pertencerem
referente à cavalaria.
cavalaria.
à
Acreditamos que numa
Na Cavalaria havia um
tentativa de restabelecer o
código que devia ser
equilíbrio perdido a partir
decorado
da queda do Império
iniciação na Ordem, ele
Romano e num momento
é um código simples e
em
que
não
praticamente
havia
Selo dos Templários
uma
antes
da
de fácil memorização, pois nessa época poucas
autoridade centralizada, mas que se desenvolvia o
pessoas sabiam ler e escrever, por isso ele contém
regime feudal de pequenos reis ou suseranos com
apenas dez mandamentos.
vastas terras apesar de não ter nenhuma
Os mandamentos eram o de que o cavaleiro
salvaguarda contra os assaltantes, a Cavalaria teve
deveria crer em Deus, ele tinha que proteger os que
início como uma autoridade de fiscalização social.
acreditavam em Deus, respeitar os mais fracos,
Com a criação da Cavalaria a entrada dos
amar o seu país, nunca recuar perante o seu
indivíduos a essa ordem era feita por uma
inimigo, fazer guerra contra os inimigos da fé, ser
cerimônia, conhecida como a entronização ou
fiel a palavra dada, ser liberal e generoso e por fim,
iniciação na Ordem da Cavalaria, que era
ser o campeão do direito e da justiça contra o mal e
compreendida como um sacramento que seria
a injustiça.
recebido e que só poderia ser dado por alguém que
A vida do cavaleiro era uma vida relativamente
já foi sacralizado, ou seja, somente um cavaleiro
comum, pois apesar de gozar de privilégios
poderia transformar em um cavaleiro quem não o
especiais sua vida cotidiana decorria normalmente
fosse.
de acordo com a sua posição social. A guerra e o
O ingresso na cavalaria tinha como pré-requisito
torneio faziam parte da atividade normal de um
a entrada não obrigatória, pois ele não poderia ser
cavaleiro, o torneio servia como treinamento para
forçado por ser visto como um sacramento, para a
uma guerra e distração já a guerra era a ocasião
própria instituição era uma indignidade alguém ser
para mostrar o valor do cavaleiro, por isso a
forçado. Além disso, alguém que tivesse sido
qualquer momento que visse uma pessoa sendo
acusado de qualquer traição jamais poderia ser
humilhada ou oprimida deveria tomar a sua defesa.
admitido à Cavalaria.
A cavalaria passou a ser valorizada e a ter
A entrada dos indivíduos na cavalaria no início era
prestigio, o que possibilitou a aristocracia fazer uso
independente da condição social e todos tinham as
de seu prestigio a partir de sua aproximação, pois
mesmas obrigações e direitos, pois o que era levado
ser cavaleiro nesse período passou a ser sinônimo
em conta era a força guerreira e o maior número de
de pureza religiosa e ser título nobiliárquico, por
G N A R U S | 15 mais simples que fosse.3 Com o reconhecimento da
fossem protegidos, elaborou-se a cultura de
cavalaria na sociedade a aristocracia passou a
incumbir na figura do cavaleiro medieval a
tomar para si própria o título de cavaleiro e isso
proteção destas categorias sociais.
culminou no século XIII numa absorção por completo da cavalaria pela
aristocracia.4
De acordo com o que pudemos perceber, acreditamos que a Igreja conseguiu inserir no seio
Segundo Jean Flori depois dessa aproximação a
da cavalaria elementos dá ética cristã através do
cavalaria passou a ser entendida em duas esferas a
que consideramos como a sacralização da cavalaria.
militar e social-religiosa, pois a Igreja também se
Pois, após o século XI a Igreja passou a sugerir a
aproximou da cavalaria na forma de recrutamento
sacralização da cavalaria por meio de cerimônias,
de cavaleiros de diversas localidades para proteção
sagrações, ritos litúrgicos, bênçãos no ato da
de seu território frente às incursões de normandos
entrega das armas e na função do cavaleiro em
no sul da Itália e ao tentar por meio de diversos
defender a fé cristã, com o intuito de que a ética
procedimentos inserir elementos da ética cristã na
cristã dentro da cavalaria auxiliasse no controle das
ideologia cavaleiresca.
ações cavalheirescas.
Acreditamos que um desses elementos está
Em suma, a sacralização do cavaleiro medieval a
presente na opinião de Cicco quando ele diz que
nosso ver se dá através da tentativa da Igreja de
acredita que a Igreja com o propósito de segurar o
regular e canalizar a violência desses cavaleiros a
ardor guerreiro dos cavaleiros, que tinha uma
seu favor, impondo a eles o respeito por um “tempo
grande influência nesse período, proibiu a guerra
sagrado” e conduzindo-os para contribuir na defesa
na quaresma por ser considerada um período de
da Igreja e seu patrimônio, assegurando a sua
oração e esse período passou a ser conhecido como
independência e o seu poder material, bem como
a “trégua de Deus”, além disso, passou a ser
afirmando o seu magistério sobre a sociedade.
proibido o ataque de clérigos, mulheres e crianças
Enfim, acreditamos que a formação do ideal
que ficou conhecido como a “paz de Deus” e foi
cavaleiresco na Idade Média esteve intimamente
decretado que a guerra deveria ser travada num
ligada à ética cristã, pois no decorrer dos séculos a
campo, chamado “campo de batalha” com o intuito
Igreja a partir de diversos modos regularizou,
de evitar ao máximo que a população seja atingida
regulamentou e controlou o meio guerreiro de
e ferisse assim gravemente o Código da Cavalaria.
certa forma.
E na opinião de Cyro de Barros Rezende Filho em
Guerra e poder na sociedade feudal5 diz que em um esforço para proteger os elementos indefesos da sociedade feudal, a Igreja mobilizou-se em decretos que proibiam os combates entre senhores em determinados dias da semana, como Domingo.
Algumas considerações acerca da simbologia presente no armamento do cavaleiro Pudemos perceber a existência de relação
simbólica entre os objetos usados pelos cavaleiros e um significado relacionado à sacralidade deles. Jean Flori sugeri que objetivo dessa relação é
Para garantir que fieis, crianças, freiras, idosos 3FLORI,
Jean. 2010, p. 185-188. In: CRUZ, Paulo Christian Martins Marques da. Algumas questões sobre a sacralização da cavalaria no Ocidente Medieval. VII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro Latino Americano
de Iniciação Cientifica Júnior, Universidade do Vale do Paraíba, 2013. 4FLORI, Jean. A cavalaria: a origem dos nobres guerreiros da Idade Média. São Paulo: Madras, 2005. p. 113-123. 5REZENDE FILHO, Cyro de Barros. Guerra e poder na sociedade feudal. São Paulo: Ática, 1995.
G N A R U S | 16 inculcar
na
cavalaria
as
regras
de
um
por ela seria salvo. Ao ser cravada no infiel, o
comportamento que coloque o cavaleiro a serviço
cavaleiro traçaria o desenho de uma cruz como
da Igreja e do bem, dando às armas do cavaleiro um
forma de salvação para expiar a sua alma perdida e
significado ético e religioso da mesma ordem,
desligada da palavra de Deus.
mostrando que todo cavaleiro serve ao povo e a Deus.
A lança é uma das principais armas do cavaleiro, o seu significado é visto como a verdade, pois em um
Paula Carolina Teixeira Marroni no artigo A
combate o cavaleiro deve confiar na sua lança e ela
simbologia das armas do cavaleiro medieval
não deve torcer ou quebrar já que o seu papel é o
presente no Livro da Ordem de Cavalaria, de
de derrubar e deixar fora de combate o seu
Raimundo Lúlio: a retomada saudosista da
adversário. Acredita-se que a lança combate a
importância de enfatizar valores cristãos afirma que
falsidade e que a verdade não se dobra diante
a defesa da Igreja pelo cavaleiro está representada
desta.
na relação entre as armas e a função do cavaleiro
O escudo é considerado uma arma de defesa, de
em defender a fé de Cristo. Podemos perceber isso
acordo com Lúlio o escudo é como o próprio ofício
em O livro da Ordem da Cavalaria de Raimundo
de cavaleiro, ou seja, ele representa o próprio
Lúlio,6 pois ele nos apresenta a espada, a lança, o
cavaleiro que por sua vez seria o escudo do senhor.
chapéu de ferro, a cota de malha, as calças de ferro,
Sendo assim acredita-se que como o escudo fica
a espora, a gorjeia, a maça, o escudo e seu brasão, a
entre o inimigo e o cavaleiro, este deve postar-se
sela, o cavalo, o freio e as rédeas, a testeira do
entre o Deus e o infiel.
cavalo, assim como suas guarnições, o perponte e a
A maça segundo Raimundo Lúlio é dada ao
bandeira relacionando cada um deles com
cavaleiro e representa força e coragem, ela golpeia
elementos importantes para a fé cristã de maneira
todas as armas e feri em todas as partes do corpo,
simbólica.
portanto, é considerada uma defesa ativa do
Devido à grande quantidade de armas citadas
cavaleiro, pois enquanto ele se defende também
acima e por considerar que não caberia aqui tratar
feri. Acredita-se que enquanto o cavaleiro age com
da simbologia de todas as dezoito armas,
coragem para evitar o vicio, fortifica cada vez mais
ressaltamos aquelas que mais nos chamou atenção
suas virtudes.
e serão citadas nas vidas dos santos que analisados no próximo capítulo.
O cavalo é considerado por Lúlio uma arma, pois foi fabricado por Deus e é visto um presente do
Em suma, acredita-se que a espada é feita em
mesmo, logo é considerado a arma mais importante
semelhança à cruz e seu duplo gume confere a ela
e a que determina esta função tão nobre. Este autor
a manutenção da justiça e da cavalaria, vista como
apresenta a tese de que o cavalo coloca o cavaleiro
um símbolo cruzado de força, poder e decisão. Para
mais alto do que qualquer outro homem, indicando
Lúlio a espada simbolizava o sacrifício da morte
assim o seu papel na sociedade. E por ele ser
pela cruz, pois da mesma forma que Cristo morreu,
superior deve agir e fazer justiça em prol dos mais
o infiel morreria pela cruz formada pela espada e
fracos.
Raimom. O livro da Ordem da Cavalaria. Trad. Ricardo da costa. São Paulo: Giordano, Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramom Llull), 2000. 6LLULL,
G N A R U S | 17 A cota de malha é apontada por Lúlio como impenetrável e é vista como uma fortaleza que protege o cavaleiro por todos os lados dos vícios e faltas. Já as calças de ferro são vistas como protetoras dos caminhos do cavaleiro. Enfim,
acreditamos
que
esta
simbologia
estabelece um elo entre os elementos que fazem parte da vida do cavaleiro, como as virtudes, a verdade, a justiça, a necessidade de obediência, a honra, a luta com coragem contra os vícios, a função de se posicionar entre a igreja e os infiéis, e os elementos presentes nos valores religiosos. O que nos remete a ligação entre a Ordem da Cavalaria e a Igreja.
Breve relato sobre a Ordem dos Templários Acreditamos que a ligação entre Ordem da Cavalaria e a Igreja tornou possível à criação de uma Ordem Monástica-Militar, como a primeira experiência de monges-guerreiros, a partir da necessidade de proteção dos Estados Latinos recém-criados na Terra Santa após a Primeira Cruzada (1095-1099). A Ordem dos Hospitalários foi a primeira a surgir, eles tinham a finalidade de socorrer os peregrinos, proporcionando-lhes
escolta,
medicamentos,
sustento, abrigo e defesa em seu retorno a Europa. No entanto, percebeu-se que era necessária uma organização que além de proteger os peregrinos, ocupassem militarmente os lugares conhecidos como
“lugares
santos”
uma
vez
que
a
Constantinopla estava ameaçada pelos turcos. Diante desta necessidade surgiu no ano de 1118 a Ordem dos Templários fundada por Hugo de
Cavaleiros de Cristo, por Jan van Eyck, (1432)
G N A R U S | 18 Payens7 que era um cavaleiro francês, mas só foi
temática militar e da violência, que supomos
reconhecida pela Igreja em 1129 no Concílio de
caracterizar e aproximar-se da cavalaria medieval.
Troyes por causa do apoio do abade Bernardo de
E a partir dessa seleção fizemos a nossa pesquisa e
Claraval. Nesta instituição os cavaleiros viviam
constatamos a pouca disponibilidade de material
juntos em um mosteiro, como se fossem monges, e
especifico para consulta do nosso tema, por isso
era exigido que eles deixassem de lado os prazeres
utilizamos como base a análise da nossa fonte
mundanos e adotassem a pobreza absoluta por ser
primária e fontes secundarias, colhidas através de
obrigatório a simplicidade.
livros, revistas, artigos.
Segundo Omar Cartes em A História dos
No entanto, como o objetivo deste trabalho foi
Templários8 antes dos cavaleiros pronunciarem os
apresentar algumas ponderações sobre cavalaria e
votos para entrar na Ordem dos Templários eles
santidade bem como trabalhos sobre essas
deveriam cumprir um noviciado e somente a partir
temáticas, concluiremos o presente trabalho
do pronunciamento dos votos é que podiam ser
destacando alguns trabalhos produzidos em torno
considerados religiosos.
destas temáticas e que foram importantes para a
Cabe ressaltar que os templários pronunciavam
nossa pesquisa. Os artigos de Bruno G. Alvaro, A
os votos de castidade, pobreza e obediência e
legenda de São Jorge e a santidade cavalheiresca:
assistências aos ofícios religiosos de dia e noite
algumas reflexões que analisa a presença da
obrigatoriamente. Gostaríamos de chamar atenção
temática militar na produção hagiográfica do
ao fato de que os votos e regras dos templários são
século XIII com base na Legenda Áurea e A espada,
tipicamente religiosos.
a lança e a cruz: reflexões acerca da presença da
Em suma, acreditamos que a formação e a
militia na Legenda áurea através das vidas de São
instituição da Ordem dos Cavaleiros Templários é o
Jorge e São Mercúrio que visa apontar a presença
ponto culminante da sacralização da imagem do
de
cavaleiro da Idade Média, que teve seus feitos no
hagiografias. Esses dois artigos foram de extrema
campo de batalha e na mentalidade coletiva
importância para a nossa pesquisa pois eles
refletindo nesta instituição como artífice da
abordam de forma mais especifica a temática
Cristandade e protetor da mesma.
trabalhada por nós.
elementos
da
cavalaria
medieval
nas
Consideramos os livros, História e Historiografia
Conclusão
sobre a Hagiografia Medieval organizado por Igor
Devido às transformações ocorridas na Igreja em
Salomão Teixeira, essa obra reúne um conjunto de
especial no século XIII, às hagiografias passaram a
texto de alguns pesquisadores com abordagens
ser adotadas nas pregações e serem utilizadas como
variadas, que pesquisam sobre os relatos da vida
exemplos a ser seguido com o intuito de lutar
dos santos produzidos no período medieval.
contra os infiéis e combater as heresias. Em vista
A cavalaria: a origem dos nobres guerreiros da
disso, estabelecemos como critérios de seleção as
Idade Média deJean Flori que apresenta uma
hagiografias que apresentam elementos da
síntese de pesquisas realizadas de cunho histórico e
7CICCO,
Cláudio de., Op. cit. Omar. A História dos Templários. Disponível emhttp://www.ostemplarios.org.br/txt/bib/b2120407112954. pdf Acessado em 04 de maio de 2014 ás 20h:15min. 8Cartes,
G N A R U S | 19 literário a respeito da nobreza, das guerras e da mentalidade medieval no qual o ideal cavaleiresco foi constituído.
A sociedade Cavaleiresca de Georges Duby, neste livro Duby nos apresenta as origens da cavalaria, como a ideia de nobreza uniu-se a cavalaria. EA
cavalaria da Germânia Antiga á França do século XII de Dominique Bartthélemy que discute a definição de cavalaria, o quanto da nossa imaginação sobre a cavalaria faz parte da literatura. Gostaria de sublinhar que as discussões abordadas neste livro são importantes para quem pretende tecer comentários sobre a cavalaria. Enfim,
supomos
que
Hagiografia& História: reflexão sobre a Igreja e o fenômeno da santidade na Idade Média Central. . Rio de Janeiro: HP Comunicação
Editora, 2008. SILVA, Leila Rodrigues da. Reflexões sobre a
construção de um herói no discurso hagiográfico. O caso frutuoso de Braga na Vita Sancti Fructuosi. In: PINTO, Ana Paula; SILVA,
João Amadeu Carvalho da; LOPES, Maria José; GONÇALVES, Miguel António (orgs.). Mitos e Heróis: a expressão do imaginário. Braga: Aletheia, Publicação da Faculdade de Filosofia, UCP, 2012. TEIXEIRA, Igor Salomão. História e Historiografia sobre a Hagiografia Medieval. Igor Salomão Teixeira (org.). São Leopoldo: Oikos, 2014.
contribuímos
significativamente para trazer a tona um novo enfoque sobre a relação entre cavalaria e santidade e destaque para as pesquisas sobre essas temáticas. Leilane Araujo Silva é Graduada de História pela Universidade Federal de Sergipe e integrante do Vivarium – Laboratório de Estudos da Antiguidade e do Medievo (Núcleo Nordeste). E-mail: leila_rapunzel@hotmail.com
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