3 gnarus5 da capoeira da cidade

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Artigo

CAPOEIRA E LITERATURA: UM PANORAMA ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE. Por Hugo Sbano

Resumo O trabalho realizado tem como objetivo utilizar as fontes literárias que retratavam aparições de movimentos da capoeira no século XIX. Construindo um panorama com a nova historiografia que defende a tese de que a capoeira não é uma luta criada por negros contra o sistema escravista e que seu aparecimento se deve as grandes formações urbanas e não ao seu vínculo com o campo. Elaborando de forma sucinta uma idealização de como a sociedade via o capoeira e como ele transitava por ela.

D

iversas obras literárias registraram a

urbanas1, que ocorreram com a cidade do Rio de

presença de indivíduos praticantes de

Janeiro depois da vinda da família real e a ascensão

capoeira na capital do Rio de Janeiro.

de imigrantes.2

Obras como O Cortiço, Memórias de um Sargento de Milícias, Camélias e Navalhas são alguns registros literários que enquadram relatos históricos das atividades de capoeiragem na Corte. Foram

Através da análise das obras literárias que relatam aquela época como, por exemplo, neste artigo que visa os personagens retratados na sociedade do Rio de Janeiro no século XIX, podemos entender como a

mencionados, tanto nos jornais como nos periódicos literários, recortes de situações em que a capoeira estava interligada com as grandes movimentações

1

LÍBANO, Eugenio Carlos – A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850), P. 77 2 SILVA, Alberto da Costa - História do Brasil Nação Vol I, As marcas do período P. 30


G N A R U S | 20 presença da capoeira foi fundamental para o Brasil

Filtrando os fatos históricos e as representações

neste século. Pois, dessa forma, entendemos o que

literárias percebemos que a capoeira estabelece sua

Sandra Pesavento defende como representações

presença cotidiana na sociedade do século XIX.

construídas sobre o mundo e sua ligação com a

“Os literatos, por meio de seus textos, intencionalmente ou não, expressavam os dilemas e impasses vivenciados por sujeitos e grupos sociais em distintas situações, além de possibilitar o entendimento sobre os modos de vida, costumes e visões de mundo em um determinado período.”8

literatura3. No programa Roda Viva4 o escritor José Murilo de Carvalho relata que é extremamente necessário para um historiador realizar a leitura de obras literárias, e

Ao utilizarmos as obras literárias como fontes,

entendimento sobre um determinado momento

podemos enquadra-las para verificar que tipo de

histórico se torna mais abrangente.

mentalidade existia na sociedade e qual era a

pois através delas o campo de estudo

Segundo Sandra Pesavento toda a literatura da época

é

um

registro

histórico

sobre

uma

determinada visão que a sociedade tinha sobre

característica de um capoeirista do século XIX. Utilizando primeiro as referências fornecidas por Manuel Antônio de Almeida:

“Ser valentão foi em algum tempo ofício no Rio de Janeiro; havia homens que viviam disso: davam pancada por dinheiro, e iam a qualquer parte armar de propósito uma desordem, contanto que se lhes pagasse, fosse qual fosse o resultado. Entre os honestos cidadãos que nisto se ocupavam, havia, na época desta história, um certo Chico- Juca, afamadíssimo e temível.”9

aquele fato específico5. A grande movimentação de consumo literário de uma sociedade pode explicar seus sonhos, medos, receios e estado de mentalidade. Graças à nova variante de fontes primárias que as novas gerações de historiadores abarcaram a literatura ganha

Recortando este relato percebemos que Chico-

grande força de edificação histórica6:

“A problemática do “mundo como representação”, moldado através das séries de discursos que o apreendem e o estruturam, conduz obrigatoriamente a uma reflexão sobre o modo como uma figuração desse tipo pode ser apropriada pelos leitores dos textos (ou das imagens) que dão a ver e pensar o real. ”7

Juca deveria ser mais um valentão desordeiro como

3

PESAVENTO, Sandra Jatahy, História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 39 4 RODA VIVA. José Murilo de Carvalho. 22/09/2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=U8sM-Pwa8Sw>. Acesso em: 12, mar. 2015 5 PESAVENTO, Sandra Jatahy, História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 42 6 Idem, p. 37 7 CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações, Lisboa: Difel, 1990, p. 23-24

8

AlMENDRA, Renata Silva – Entre Apartes e Quiproquós: Teatro e malandragem na capital do império, p.15 9 ALMEIDA, Manuel Antônio de – Memória de um Sargento de Milícias, p.76


G N A R U S | 21 muitos outros que existiam naquele século, todavia,

estruturam o tipo capoeira da época. Suas atividades

Chico-Juca no decorrer da história se enquadra nas

de baderna, habilidades em confrontos bélicos e

características dos temidos capoeiras:

qualidades

“O Chico-Juca era um pardo, alto, corpulento, de olhos avermelhados, longa barba, cabelo cortado rente; trajava sempre jaqueta branca, calça muito larga nas pernas, chinelas pretas e um chapelinho branco muito à banda; ordinariamente era afável, gracejador, cheio de ditérios e chalaças; porém nas ocasiões de sarilho, como ele chamava, era quase feroz. Como outros têm o vício da embriaguez, outros o do jogo, outros o do deboche, ele tinha o vício da valentia. Mesmo quando ninguém lhe pagava, bastava que lhe desse na cabeça, armava brigas e só depois que dava pancadas a fartar é que ficava satisfeito; com isso muito lucrava: não havia taverneiro que lhe não fiasse e não o tratasse muito bem.”10

sedutoras

registram

as

grandes

características do capoeira do século XIX e da sua mentalidade12. Notamos que a presença do personagem já estava vinculada ao cotidiano da sociedade. Entretanto, ao passar dos anos, um sentimento de medo vai tomando conta da população que não estava interligada com os capoeiras, que eram temidos, valentes

e

muita

das

vezes

mortais.

Esses

personagens vão transformando a cidade carioca em duas13. A terra carioca recebeu uma grande massa populacional de vários locais e inclusive, de maior importância, os negros vindos da África.

Ao decorrer da obra, Chico-Juca é requisitado para A capoeira tem uma grande ligação com os

resolver um problema pessoal de cunho amoroso do personagem

chamado

Leonardo

que

estava

necessitado das habilidades de combate e confusão que o mestiço sabia aplicar. Entretanto, dentro do

escravos, pois mais do que uma prática de pessoas marginalizadas, negras, mestiças e pobres ela estava atrelada e arraigada às práticas escravas14. Segundo Carlos Eugênio Líbano, a capoeira tem

diálogo na leitura é que enquadramos o personagem como um capoeira:

uma relação total com a expansão do meio urbano e

“Estava na porta da taverna sentado sobre um saco quando apareceu-lhe o Leonardo. - Olá mestre Pataca! Disse ele apenas o viu, pensei que ainda estava de xilindró tomando fortuna por causa da cigana... - É mesmo por causa desse diabo que te venho procurar. - Homem, cabeçada e murro velho sei eu dar, porém fortuna! Nunca tive tal habilidade. - Não se trata de fortuna, disse-lhe o Leonardo baixinho, trata-se de pancada velha.11 Observamos que a relação de atitudes, vestimentas e questões, tanto biológicas como psicológicas, 12 10 11

Idem, p. 76 Ibidem, p. 77

LÍBANO, Eugenio Carlos – A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850), P. 36 13 Idem, p.232 14 Ibidem, P.126


G N A R U S | 22 sua criação foi estabelecida através da necessidade

para solucionar alguns problemas, exemplo disso, a

que o escravo de ganho possuía de sobreviver ao dia

Revolta dos Mercenários e a Guerra do Paraguai17.

a dia nas ruas da cidade.

Efeito esse que criou um grande fortalecimento

Qual necessidade existia para um escravo desenvolver um método de sobrevivência nas terras cariocas? A rixa dos próprios negros vindos de

sobre a presença que a capoeira tinha como força bélica da época. O medo estava registrado dentro da população:

Os escravos de ganho tinham como ofício principal

“Além disso, o Rio revelava-se uma cidade ameaçadora, mormente nesse horário tardio. A área era insegura, e pos capoeiristas, quase sempre mulatos ou mestiços, estavam por todos os lados, demonstrando estar permanentemente interessados em se confrontar com alguém18.”

as atividades de lucro na cidade15, essas atividades

À noite as ruas da cidade carioca ganhavam uma

davam ao escravo uma livre movimentação nas ruas,

presença mais fortificada das práticas de capoeira.

facilidade para trocar informações com seus

Não incomum os confrontos pessoais eram, em sua

semelhantes

confrontar

maior parte, resolvidos ao véu dos ares noturnos,

determinados desafetos. Também não esquecendo

pois os praticantes poderiam se movimentar e fugir,

que pela necessidade de pagamento ao senhor, os

caso fosse necessário, com maior facilidade.

diversas partes do continente africano, reforçadas pelas novas tendências de superioridade de um escravo contra o outro, são alguns dos fatores que impulsionaram uma relação de conflito entre eles.

e

também

para

escravos em diversos momentos lutavam entre si para dominarem os pontos lucrativos da cidade, por exemplo, as fontes de água, locais de feira e com maior aglomeração social para obter bons lucros16.

Na obra de J. Natale Netto, Camélias e Navalhas, também são retratados a grande presença das maltas de capoeira relacionada com as atividades do período

regencial.

Momento

este,

deveras

A mentalidade da época registrada no livro de

complicado, da política da corte que passava por

Manuel Antônio de Almeida exemplifica que existia

diversos conflitos, em sua maior parte, pela

uma relação entre os praticantes de capoeira e a

necessidade de uma decisão entre qual caminho

sociedade.

político o Brasil iria seguir19. Ocorrendo nesse

Demonstração

essa,

muito

bem o

momento uma maior preocupação por conta de

personagem Leonardo tinha ao recrutar os serviços

existirem duas maltas de capoeiras que possuíam um

de desordem do Chico-Juca.

grande poder nas ruas. As cores brancas da malta

evidenciada,

feita

pela

necessidade

que

A relação que existia entre a sociedade e as práticas de capoeira eram bem presentes. Inúmeras foram às vezes em que os membros do Estado tiverem que recrutar as habilidades dos capoeiras 15

SILVA, Alberto da Costa - História do Brasil Nação Vol I, As marcas do período, P. 45 16 LÍBANO, Eugenio Carlos – A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850), P. 111

17

SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Nossa História. Golpes de Mestres,p.19 18 NATALE, Netto J. Camélias e navalhas: histórias de amor e sexo num cenário de grandes modificações políticas e sociais no Brasil do final do século XIX, p.49 19 GOMES, Flávio dos Santos. Negros e política (1888-1937), p.18


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- Canalha! Berrou possesso. E ia precipitarse em cheio sobre o mulato, quando uma cabeçada o atirou no chão.

dos Nagoas e o vermelho dos Guayamus ficariam visíveis e costumeiros pelos anos do século XIX20:

“No jornal eram comuns os comentários sobre a capoeira, e Teodoro sabia que, de certa forma, a cidade era dominada por dois grandes grupos de capoeiristas: os nagoas, ligados aos monarquistas do Partido conservador, e os guaiamus, adeptos dos republicanos do Partido Liberal. Os primeiros usavam como distintivo, a cor branca; os segundos, a vermelha.21”

- Levanta-te, que não dou em defuntos! Exclamou o Firmo, de pé, repetindo a sua dança de todo o corpo.

O confronto e o pavor, demonstrados pelos

As atividades das maltas possuíam uma grande e

membros que estavam presenciando o conflito,

conturbada ação na sociedade. O medo era

retratam o temor causado pelo capoeira quando

alastrado de forma quase que potencial dentro da

este entrava em ação. Era costumeiro o uso dos

cidade do Rio de Janeiro. Não muito incomum era a

golpes peculiares, registrados na época, como a

grande presença de capoeiras nas forças policiais ou

cabeçada, a rasteira, o pontapé e a tapoa24. A

de certa forma da mão leve que o Estado tinha

navalha era outra das grandes e mais perigosas

quando o assunto era controlar a presença e

surpresas dos capoeiristas, uma das armas mais

O outro erguera-se logo e, mal se tinha equilibrado, já uma rasteira o tombava para a direita, enquanto da esquerda ele recebia uma tapona na orelha.”23

O pânico e medo eram

temidas, pois a grande habilidade que os capoeiras

características causadas na população evidentes na

tinham ao utilizar este objeto era o temor da

aparição que o personagem Firmo tem registrado no

sociedade. Armamento este que foi anexado pela

livro O Cortiço:

cultura

movimentação da

capoeira22.

“– Dar-te um banho de fumaça, galego ordinário! Respondeu Firmo, frente a frente; agora avançando e recuando, sempre com um dos pés no ar, e bamboleando todo o corpo e meneando os braços como preparado para agarrá-lo.

escrava

através

da

aglutinação

dos

portugueses marginalizados que foram inseridos no mundo da capoeira:

“Então o mulato, com o rosto banhado de sangue refilando as presas e espumando de cólera, erguera o braço direito, onde se viu cintilar a lâmina de uma navalha.

Jerônimo, esbravecido pelo insulto, cresceu para o adversário com um soco armado; o cabra, porém deixou-se cair de costas, rapidamente, firmando-se nas mãos, o corpo suspenso, a perna direita levantada; e o soco passou por cima, varando o espaço enquanto o português apanhava no ventre um pontapé inesperado.

Fez-se uma debandada em volta dos dois adversários, estrepitosa, cheia de pavor. Mulheres e homens atropelavam-se caindo uns por cima dos outros. Albino perdera os sentidos. Piedade clamava, estarrecida e em soluços, que lhe iam matar o homem. A das Dores soltava censuras e maldições contra aquela estupide de destriparem por causa de entrepernas de mulher25.” Notamos dentro destes registros literários grandes

20

SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Nossa História. Golpes de Mestres,p.18 21 NATALE, Netto J. Camélias e navalhas: histórias de amor e sexo num cenário de grandes modificações políticas e sociais no Brasil do final do século XIX, p.206 22 MATTOS, Augusto Oliveira. Guarda Negra, A redentora e o Ocaso do Império, p.96

informações sobre como era vista e temida o uso das 23

AZEVEDO, Aluísio- O Cortiço, P.125 SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Nossa História. Golpes de Mestres,p.19 25Idem, p.126-127 24


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parecia responder à música bárbara que entoavam lá fora os inimigos.26”

armas e das artes da capoeira pela sociedade da época. Existiam muitos outros talentos e atividades que os capoeiristas exerciam dentro da sociedade, porém o que mais assustava a população em si não era somente a presença desses indivíduos. O fato de que ao arrumar confusão com um praticante, os membros da sua malta também iriam ser os inimigos

Notamos que a grande formação das maltas de capoeira traziam uma identidade de pertencimento aos seus harmoniosos grupos, pois em sua maior relação

era

de

criar

um

sentimento

de

pertencimento e identidade frente as novas situações que foram ocorrendo no Rio de Janeiro e na sua sociedade.27

do desafeto criado. Registrando esta situação Aluízio Azevedo relata o acontecimento em outra parte do seu livro, após o confronto entre Jerônimo e Firmo, o

Conclusão

português recuperado da navalhada que levou no primeiro combate vai buscar revanche e consegue liquidar o seu oponente amoroso, entretanto ao matar Firmo, seu outro companheiro de malta,

O grande impacto da evolução urbana também foi registrado nas obras literárias a partir do momento em que a cidade vai crescendo e a capoeira vai se unindo a população em expansão.

Porfiro junta sua malta para ir atrás do português e aí temos um registro de como era um confronto de maltas visto de acordo com a mentalidade do escritor:

“Mas, no melhor da luta, ouviu-se na rua um coor de vozes que se aproximava das bandas do Cabeça de Gato. Era o canto de guerra dos capoeiras do outro cortiço, que vinham dar batalha aos carapicus, para vingar com sangue a morte de Firmo, seu chefe de Malta. Mal os carapicus sentiram a aproximação dos rivais, um grito de alarma ecoou por toda a estalagem e o rolo dissolveu-se de um improviso, sem que a desordem cessasse. Cada qual correu à casa, rapidamente, em busca do ferro, pau e de tudo que servisse para resistir e para matar. Um só impulso os impelia a todos; já não havia ali brasileiros e portugueses, havia um só partido que ia ser atacado pelo partido contrário. Os que se batiam ainda há pouco emprestavam armas uns aos outros, limpando com as costas da mão o sangue das férias. Agostinho, encostado ao lampião do meio do cortiço, cantava em altos berros uma coisa que lhe

Arraigada a formação da cidade, como defende o historiador Carlos Eugênio Líbano, a capoeira possuía fatores que estabeleciam uma relação de sedução com seus praticantes, por exemplo, o sentimento de inclusão dentro de uma camada social, sentimento de pertencimento este que estava estabelecido

no

grupo

de

capoeiragem

(posteriormente a sua malta), o temor que o indivíduo criava dentro da sociedade e suas regalias frente ao seu senhor, afinal era fundamental para o senhor ter um escravo que sobrevivesse nos climas tensos em que a cidade estava:

26 27

AZEVEDO, Aluísio- O Cortiço, p.190-191 GOMES, Flávio, Negros e política, p. 41


G N A R U S | 25 com padrões de hierarquia que era estabelecido na Corte30. Segundo Pesavento, podemos entender uma sociedade de acordo com a sua literatura:

“A literatura é tomada a partir do autor e sua época, o que dá pistas sobre a escolha do tema e de seu enredo, tal como sobre o horizonte de expectativas de uma época31.” Observando as obras literárias identificamos que a capoeira tinha muito mais um papel de interesses de cunho territorial e status do que uma simples luta/dança, criada pelos negros escravos para lutar como forma de resistência contra as garras da

“Para os escravos, a complacência senhorial logicamente era bem-vinda. Ter um escravo capoeira não era tão mal para o dono. Em um clima de violência urbana crônica - como vimos nos idos do período joanino -, as habilidades da capoeira forjavam um cativo que sabia se defender, podia ir para as ruas com mais segurança de que voltaria inteiro, em vez de um débil boçal, incapaz de entrar numa turbulenta fila de chafariz.28 Assim, como é sugerida pela historiadora Sandra Pesavento, a relação de aproximação entre a Literatura e a História estrutura que ambas guardam distintas possibilidades de serem interligadas para analisarmos o mundo real29.

Através

dessas

obras, podemos buscar outras formas de entender como a nova historiografia retrata os estudos a respeito das práticas e desenvolvimentos da capoeira no Rio de Janeiro. Sua aparição está diretamente ligada com os meios sociais urbanos, o sentimento

de

pertencimento

e

a

relação

senhor/escravo que existiam dentro da sociedade

28

LÍBANO, Eugenio Carlos – A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850), p.502 29 PESAVENTO, Sandra Jatahy, História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 80

escravidão. Hugo Sbano é Graduado no curso de Letras Português/Literatura e História- Faculdades Integradas Simonsen. Vinculado ao Gelhis (Grupo de Estudos da Licenciatura em História).

Referências ALMEIDA, de Manuel Antônio. Memórias de um sargento de milícias - São Paulo: Melhoramentos Ltda Ed., 2011. NATALE, Netto J. Camélias e navalhas: histórias de amor e sexo num cenário de grandes modificações políticas e sociais no Brasil do final do século XIX. - Barueri, SP: Novo Século Editora, 2012. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. Porto Alegre: L&PM, 1998. GOMES, Flávio dos Santos. Negros e política (18881937). - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural – 2. ed.2.reimp- Belo Horizonte: Autêntica, 2008. SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850) 2ª ed. rev. E ampl. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2004. 30

FARIA, Sheila de Castro- Identidade e comunidade escrava: um ensaio 5 31 PESAVENTO, Sandra Jatahy, História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 83


G N A R U S | 26 MATOS, Augusto Oliveira. Guarda Negra: a redemptora e o acaso do império. - Brasília: Hinterlândia Editorial, 2009. ALMENDRA, Renata Silva. Entre apartes e quiproquós: teatro e malandragem na capital do império. – Brasília: Hinterlândia Editorial. 2009. SILVA, e Alberto da Costa. História do Brasil Nação: 1808- 2010: Volume 1: Crise colonial e independência (1808-1830). – Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. CARVALHO, de José Murilo. História do Brasil Nação: 1808-2010: Volume 2: A construção nacional (1830-1889). – Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. SCHWARCZ, Lilia Moritz. História do Brasil Nação: 1808-2010: Volume 3: A Abertura para o mundo (1889-1930). – Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

MOURA, Jair. Evolução, apogeu e declínio da capoeiragem no Rio de Janeiro, Cadernos Rioarte Ano I nº 3. Rio de Janeiro: 1985. SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada instituição, os capoeiras no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coleção Biblioteca Carioca, Prefeitura do Rio de Janeiro, 1994. MARCOS, Luiz Bretas "Navalhas e Capoeiras – Uma Outra Queda", Ciência Hoje – Especial República, Rio de Janeiro, n. 59, novembro de 1989. SOARES, Carlos Eugenio Líbano. Nossa História. Golpes de Mestres. Biblioteca nacional, São Paulo, 2004. FARIA, Sheila de Castro. - Identidade e comunidade escrava. Um ensaio. CNP. 2006. 122-146. CHARTIER, Roger. A história Cultural: entre práticas e representações, Lisboa. Difel 1990.


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