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Ensaio
INDIVIDUALISMO NORTE AMERICANO: REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA E A CULTURA DOS ESTADOS UNIDOS. Por: Lucas Schuab Vieira
Resumo: Tendo em vista que a sociedade americana se apresenta como uma sociedade capitalista desde seu início, e sendo, individualista baseada na ideologia do esforço individual, no trabalho, na ética, no mérito, na competitividade e em toda uma visão de mundo protestante. Este ensaio tem por objetivo iniciar uma reflexão sobre a questão do individualismo Norte Americano. Pretende-se mostrar como que o individualismo se configura como um importante elemento de influência na cultura e no modo de vida Estadunidense e seus desdobramentos na história da nação em seus mais diferentes aspectos e momentos. Palavras-Chave: História, Estados Unidos, Individualismo. Abstract: Given that American society is presented as a capitalist society since its inception, and being individualistic based on the ideology of individual effort, work, ethic, merit, competitiveness and a whole vision of the Protestant world. This paper aims to launch a reflection on the issue of North American individualism. It is intended to show how that individualism is configured as an important element of influence in the culture and way of life US and its development in the nation's history in its different aspects and moments. Keywords: History, United States, Individualism.
O
s termos individualismo e coletivismo
indivíduo, tendo esse que se subordinar a uma
começaram a ser utilizados por filósofos
autoridade superior, neste caso, o rei. (CIOCHINA;
políticos ingleses dos séculos XVIII e
FARIA, 2008).
XIX. Na visão ideológica daquele tempo o individualismo era sinônimo de liberalismo, propagando ideais como a liberdade máxima do indivíduo, a possibilidade de pertencer a vários grupos e de deixá-los quando quisesse e a participação igual de indivíduos nas atividades de grupos;
no
polo
oposto,
encontrava-se
o
autoritarismo, que anulava a liberdade do
Mas ainda, as teses individualistas veiculadas pela Revolução Americana, isto é, o fato dos homens serem iguais e de terem todos, o direito de procurarem alcançar a felicidade, a par dos ideais em que se fundamentou a Revolução Francesa, nomeadamente a liberdade e a igualdade, acarretaram ao surgimento de reações e de ideais
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coletivistas, que se opunham a influência nociva dos
identidade pessoal tem como ponto de partida os
direitos individuais no bem-estar da comunidade e
méritos, os atributos e as realizações pessoais.
da sua estrutura social. (CIOCHINA; FARIA, 2008).
(HOFSTEDE, 1980, apud, CIOCHINA; FARIA, 2008)
Segundo Ferreira (2009), John Lock influenciou para além de seu tempo o ideário das revoluções americana e francesa, sobre determinou a própria constituição da teoria da democracia liberal –
Podemos perceber, portanto, que nas sociedades individualistas
os
objetivos
pessoais
são
privilegiados em detrimento dos do grupo ao qual o indivíduo pertença.
estabelecendo os princípios de congruência entre
Um primeiro ponto relevante para se pensar o
governo e sociedade civil e estipulando os limites
individualismo se encontra no trabalho de
da ação do Estado – bem como determinou o
Frederick Jackson Turner, sob o título O significado
espaço da comunidade política nacional como o
da fronteira na história americana, nesse texto o
espaço por excelência da razão democrática, tal
autor argumenta que a fronteira é geradora de
como firmaram os antigos clássicos da Hélade.
individualismo e que um dos seus efeitos mais
Como contratualista e liberal democrático, sua
importante foi fomentar a democracia tanto nos
obra teve grande influência sobre as ideias
EUA como na Europa. (TURNER, 1893).
posteriores.
Claude Fohlen (1981, p. 285) na esteira de Turner
Na definição de Hofstede, a característica central
chama a atenção para o fato de que na fronteira o
do individualismo é constituída pelo fato dos
homem vive isolado e tem que enfrentar situações
indivíduos serem independentes uns dos outros.
muito diferentes, exigindo habilidades muito
Hofstede enfatiza a prevalência dos direitos sobre
desenvolvidas e reações originais em relação à vida
as obrigações, a preocupação com a própria pessoa
civilizada do leste. A tendência é antissocial, hostil
e a família imediata, a autonomia pessoal e a auto
a qualquer controle, especialmente controle direto.
realização. Neste sentido, a construção da
G N A R U S | 57 E o coletor de impostos era considerado um representante da opressão. Segundo Fohlen, esse individualismo encarnou nos capitães da indústria dos fins do século XIX, continuadores da tradição da fronteira. E ainda que o individualismo tenha sobrevivido enquanto ideal, os indivíduos em luta uns contra os outros, às voltas com espaços e problemas cada vez mais vastos, reconheceram a necessidade de colaborar sob a égide dos mais fortes. É, portanto, isso que explica a ascensão desses capitães da indústria, cujo talento soube concentrar o capital para dominar os recursos fundamentais da nação. (FOHLEN, 1981, p. 285). A tradição, em todo o caso, perpetuou-se e teve sempre consequências políticas, como a revolução americana. Segundo Turner (1893) “a liberdade individual se confundia por vezes com a ausência de qualquer governo efetivo”. Esse individualismo explica
igualmente
as
dificuldades
no
estabelecimento de um governo forte no início da Guerra de Independência e a adoção da constituição. (FOHLEN, 1981, p. 285). Conforme
foi
mostrado
acima,
derivam da ausência de um espirito cívico altamente desenvolvido. Esse individualismo dominante, funcionando para o bem e para o mau, é, segundo Turner, uma das
podemos
características da fronteira, ou características que
perceber a validação da argumentação de Turner
afloram em qualquer lugar por causa da existência
de que o individualismo de fronteira promoveu,
da fronteira, e se constitui em uma das
desde o começo, a democracia. Frederick Jackson
características notáveis que o intelecto americano
Turner (1893) alerta nos ainda que essa
deve à fronteira.
democracia, nascida da terra livre, forte no egoísmo e individualismo, intolerante em relação à experiência administrativa e a educação, e levando a liberdade individual além de seus limites apropriados, tem também seus perigos tanto quanto seus benefícios. Segundo Turner, o individualismo
na
América
complacência
em
relação
permitiu aos
uma
assuntos
governamentais, tornando possível o sistema de espoliação e todos os males manifestos que
O individualismo também pode ser percebido como diretamente relacionado à democracia nos EUA. Em A Democracia na América Tocqueville atribuirá às leis e aos hábitos dos norte americanos, portanto à história e ao caráter e espirito dos colonizadores, o fator decisivo da democracia e da liberdade nos Estados Unidos. O individualismo puritano foi capaz de preservar e desenvolver formas de sociabilidade e instituições políticas e
G N A R U S | 58 democráticas e, verdadeiramente, republicanas.
Conforme indicam Adorno, Sartre e outros, o
Tendo como ponto chave a descentralização.
intolerante, preconceituoso ou racista, inventa o
Segundo Florenzano, Tocqueville também soube
objeto de sua intolerância, ódio, agressão, podendo
captar, com genialidade, as sequelas e perigos da
ser
democracia: o individualismo, a massificação e a
surpreendente. Sem perder que aquele que
alienação (embora segundo Florenzano, ele não
marginalizado ou estigmatizado desenvolve uma
usasse esta última palavra). (FLORENZANO, 1999).
consciência social singularmente sensível, fina,
O cerne da filosofia de governo americana e da filosofia de governo inglesa é o indivíduo. O indivíduo é a fonte de governo. Tem seus direitos e
negro,
árabe,
judeu;
por
diferente,
arguta, incomoda; traduzindo se geralmente em mais lucidez, maior discernimento, o que é também diferente e surpreendente. (IANNI, 2004, p. 24).
liberdades na sociedade: o direito de cultuar sua fé,
O individualismo como ideologia se vê ameaçado
de falar e escrever, de tocar seu próprio negócio, de
nas primeiras décadas do século XX com o ganho de
escolher seu próprio ofício, de casar-se com quem
força no cenário internacional de ideologias
quiser, de prover sua família como desejar, sem ser
oposta. Os autores Nevins e Commager (1986, p.
perturbado pelo Estado. O objetivo subsequente de
467) chamam a atenção para o surgimento no
seu governo, de sua sociedade e de sua economia
período entre guerras de uma ameaça não
permanece sendo a criação e proteção de homens
simplesmente militar aos EUA. Os Estados Unidos
livres. (NEVINS; COMMAGER, 1986, p. 468).
haviam
Outro ponto em que se percebe a influência do individualismo é na determinação da forma em que se estabelecem as relações sociais e até mesmo raciais. Segundo Octavio Ianni, a personalidade, a sensibilidade
e
a
subjetividade
do
racista
enfrentado
ameaças
militares
anteriormente e saíram vencedores. Não haviam conhecido ainda a derrota ou a desmoralização. Não podiam acreditar que surgira uma nova filosofia que repudiava e combatia seu modo de vida e seus valores herdados.
desempenha um papel importante na trama das
Os americanos tornaram-se apreensivos quando a
relações e das formas de sociabilidade. Na fábrica
natureza do totalitarismo tornou-se clara. A
da
a
filosofia totalitarista subordinava o indivíduo ao
individualização e o individualismo, a competição e
Estado ou à raça. Nos sistemas fascista e nazista o
o êxito pessoal, o status socioeconômico e a
indivíduo tinha uma importância relativamente
classificação social, formam-se personalidades
pequena, sendo imperceptíveis suas liberdades,
democráticas e autoritárias, tanto quanto estóicas e
seus direitos, suas propriedades, suas ambições e
apáticas, egoístas e altruístas, neuróticas e
esperanças, suas relações sociais e familiares.
psicóticas. Sendo que esses traços, ou estruturas de
Portanto, contra a filosofia totalitarista, como a da
personalidade, às vezes exercem uma função
Itália, a da Alemanha e a do Japão, opôs-se outra
decisiva no modo pelo qual o indivíduo em causa se
diretamente diferente. (NEVINS; COMMAGER,
relaciona com o “outro” ou os “outros”, tomados
1986).
como
sociedade
burguesa,
estranhos,
abrangendo
exóticos,
diferentes,
irreconhecíveis, ameaças. (IANNI, 2004, p. 24, grifos do autor).
O individualismo também pode ser percebido como um aspecto importante que está relacionado com o fracasso em se constituir um partido
G N A R U S | 59 socialista forte nos Estados Unidos. Lipset (2004) ao
internacionais sobre as crenças acerca das relações
estudar
norte-americano
de classe, igualdade e desigualdade, o papel do
constata o fracasso na tentativa de se criar um
Estado, o individualismo, o comunitarismo, etc.
partido socialista importante nos EUA. E atribui isso
(LIPSET, 2004).
o
excepcionalismo
a uma ideologia compartilhada pelos americanos, um espécime de americanismo, e dentre essas ideologias se encontra, por exemplo, a crença na liberdade, igualitarismo, participação popular do povo nos assuntos públicos, o laissez-faire com um mínimo
de
intervenção
do
Estado
e
o
individualismo.
individualismo como um elemento importante e afirma a sua insistência juntamente com um ante estatismo como sistema de valores, derivado do passado sectário protestante do país e de seus revolucionários,
que
implicam
uma
oposição a todo Estado coletivista ou benfeitor forte. (LIPSET, 2004, p. 113)
possui um papel importante no sentido de que tem sendo
sectária
e
fomentando
o
individualismo e o ante estatismo. A tradição política norte americana tem sido reforçada pelo compromisso religioso da maioria com as seitas “não conformistas”, e organizadas em grande parte como congregações, as quais sublinham uma relação pessoal e individualista com Deus, sem intervenção de igrejas arranjadas hierarquicamente e apoiadas pelo Estado. (LIPSET, 2004, p. 126).
igualitária,
tem contribuído com a criação de uma cultura individualista. (MOBERG, 1992, apud LIPSET, 2004 p. 146).
valores estadunidenses fomentam o livre mercado e o individualismo competitivo, e esta orientação não é congruente com a consciência de classes, o apoio aos partidos socialista ou social democrata, ou com um poderoso movimento sindicalista. (LIPSET, 2004, p. 150). Caminhando agora no sentido de algumas
antielitista,
individualista
sociedade americana é individualista. A própria constituição americana possui uma parte que reflete os direitos políticos e outra parte que reflete os direitos individuais. Tem se uma filosofia bastante liberal e individualista na constituição. Existe nos EUA uma visão individualista e ante a extensão do poder de intervenção do Estado. O direito de portar arma é um exemplo de aspecto que atinge os direitos civis, e mostra, portanto, a prioridade nos direitos individuais em contraponto aos direitos coletivos. A prioridade recai sobre a
O feito de que a tradição nacional estadunidense seja
com as tradições e a estrutura social dos EUA, que
considerações finais, vale destacar que; A lógica da
Segundo Lipset, a religião nos Estados Unidos seguido
tanto das empresas como das forças de trabalho
Lipset assinala ainda, que a estrutura social e os
Com relação aos fatores sociais o autor aponta o
valores
David Moberg relaciona os excepcionalismos
e
classicamente liberal tem frustrado os esforços por mobilizar os trabalhadores e outros, incluindo os sindicatos, em nomes de objetivos socialistas e coletivistas. Tais valores americanos são conjuntos profundos de sentimentos, muito mais estáveis que as atitudes, o que reflete nas diferenças
força do individualismo em relação ao estatismo. O individualismo nos EUA é à base da sociedade. É disseminado o apego à conquista da ascensão social por meio do sucesso pessoal e do esforço próprio. Essa sociedade individualista e competitiva prega o sucesso individual e deposita muito valor aos bens materiais. Nesse sentido há uma
G N A R U S | 60 defasagem entre a realidade e a expectativa do indivíduo. O que em algumas ocasiões faz com que o sujeito busque ascensão social sem se importar com os meios para se chegar a isso. Eles se veem como igualitários, tendo como mais importante à disposição do indivíduo. Portanto, o individualismo, como foi mostrado ao longo do texto, se configura como um dos aspectos cruciais para se entender a sociedade capitalista americana, sua cultura e, sobretudo, as suas formas e mecanismos de atuação ao longo da história. Lucas Schuab Vieira é graduado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP/Assis), mestrando em História e Sociedade pelo programa de pós-graduação em História da mesma universidade e desenvolve pesquisa sob o título “Diálogos transoceânicos: Portugal e Brasil na revista A Illustração Luso-brazileira (1856, 1858, 1859)”, sob orientação do professor Dr. José Carlos Barreiro. Bolsista FAPESP. Email: lucasschuab21@hotmail.com.
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