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Ensaio
DIÁLOGO ENTRE AS DUAS CULTURAS Por: Adílio Jorge Marques
E
m um mundo um tanto quanto conturbado,
apaixonam pela proclamação do conhecimento
confesso que ainda sou profundamente
humano ao longo do tempo.
crente na capacidade transformadora do
ser humano, principalmente por causa daquela que considero a mãe de todos os saberes, a Filosofia. Claro é que abracei, também, outra musa, tão importante para mim quanto a primeira. No caso, lembro de Urânia, representante da Astronomia e para muitos das demais ciências exatas que se seguiram, pois, enquanto símbolo, tal musa é coroada de estrelas e, com as mãos, segura um globo celeste que parece fazer medir. Outras vezes, Urânia
surge
com
muitos
instrumentos
matemáticos ao redor. Assim, iniciei-me seguindo os caminhos da Física.
Brasileira de Filosofia fiz homenagem a dois eminentes Professores, a saber, Roque Spencer Maciel de Barros (1927-1999) e Luiz Antônio Barreto (1940-2012). Ambos tiveram na prática da e
da
Filosofia
Spencer
Maciel
de
Barros,
historiador, educador, jornalista e filósofo brasileir o, foi um teórico da educação em nosso país, defendendo, em discursos, a escola pública e atingindo repercussão com suas ideias a partir da segunda metade da década de 1950. Escola pública de qualidade, eis algo que todos os que trabalham na educação buscam. Destacou-se politicamente pela proposta contra todo e qualquer tipo de totalitarismo. Roque Spencer construiu a sua imagem de homem e de mundo debatendo-se entre os limites da natureza e a afirmação da liberdade.
Ao tomar posse na cadeira 45 da Academia
História
Roque
notada
atividade
universitária e de pesquisa. Ambos construíram estradas inspiradoras para a minha formação, pois beberam na fonte inefável da musa Clio da História. Como ela, traçaram pergaminhos de sabedoria e marcaram o caminho daqueles que também se
Na época, passávamos por momentos difíceis em nosso país, ainda uma nação em busca de afirmação cultural, intelectual e política, e no mundo, com a Guerra Fria. Como disse Roque Spencer, sabemos que não há democracia sem cidadania, e que democracia é a elevação da cidadania à sua mais alta
expressão.
hodiernamente,
Por pois
tal assim
condição
lutamos
chegaremos
na
autonomia dos indivíduos. Lutamos ainda hoje contra a barbárie e a indignação que sentimos após fatos absurdos que se repetem em nosso cotidiano. Gnarus Revista de História - VOLUME VIII - Nº 8 - SETEMBRO - 2017
G N A R U S | 180 Temos deste pensador também a firmeza das
pensamentos mostram bem o que um amante da
convicções, pois isto pressupõe acreditar no poder
Filosofia pode sentir, mesmo estudando outras
das ideias que, antes de ser um empecilho, devem
ciências:
concorrer para melhorar o convívio humano. Disso tirei, também, uma lição para a vida: a prática da dialógica, do discurso da liberdade de saberes e de pensar que permite aceitar, por exemplo, que um
“... a recordação de Heráclito é a minha recordação do filósofo de Éfeso, estreitamente ligada ao fim de minha adolescência, à minha formação e à definição de minha imago mundi, que envolve também – e naturalmente – uma imago hominis”.
físico possa ser também um historiador, e vice-
Roque Spencer estava também influenciado pelo
versa, claro. E eis aí o meu caso. Grandes mentes da
filósofo alemão Max Scheler, conhecido por seu
nossa história mostram que a liberdade de ideias
trabalho
não faz de um estudioso das muitas tradições um
ética e antropologia filosófica. Da mesma forma a
profissional pior do que aqueles que optaram,
alma de Roque Spencer, mesmo ainda jovem, foi
também livremente, pelo aprofundamento em um
tocada pela eterna discussão filosófica entre
único saber.
Parmênides e Heráclito, pré-socráticos que nos
sobre fenomenologia,
Uma passagem simbólica dessa “dualidade” entre
legaram duas formas diferentes de compreender e
ciências exatas e ciências humanas, triste corrente
resolver “o problema da posição do homem no
de oposição entre ideias que atravessa o oceano
cosmos”. Heráclito propôs para a eternidade do
acadêmico, está em um relato do próprio Roque
mundo conhecido que não entramos no mesmo rio
Spencer na sua obra “Razão e Racionalidade”. Ele
duas vezes. Tudo muda e se transforma.
descreve que nos idos de 1945, perto do final da
Parmênides, ao contrário, diz que o ser é unidade e
Segunda Guerra Mundial, com 18 anos de idade,
imobilidade e que a mutação não passa de
fazia o último ano do antigo curso clássico, antes de
aparência, propondo a permanência do ser na
entrar para a o curso de Filosofia, no qual viria a
criação.
graduar-se Bacharel pela Faculdade de Filosofia,
Movimento ou permanência? Questão de escolha
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo
ou de convivência filosófica? Devemos mesmo
(USP). Spencer tinha compromisso interior com
escolher ciências exatas ou ciências humanas?
várias disciplinas, para muitos um excesso de rigor,
Voltemos...
contraposição ao nosso atual momento de quase total desleixo institucional para com a boa educação e a cultura. Assim, Spencer estava na época a debruçar-se sobre várias disciplinas: Matemática, Física, Química, Biologia, História, Geografia, Grego, Latim, e ainda estudava ardentemente a Filosofia. Havia de fazer um trabalho para o final do curso e, influenciado pelos horrores
da
2ª
Grande
Guerra
e
pelo
existencialismo, decidiu fazê-lo sobre a angústia. Tendo como principal referência o pensamento de Heráclito, importante filósofo pré-socrático, seus
Spencer dedicou praticamente toda sua vida à atividade educativa, algo marcante para a minha trajetória.
Sua
preocupação
pedagógica
ultrapassava as paredes da universidade. Através dos jornais e dos livros propôs-se a educar toda a sociedade brasileira, defensor da vontade de transmitir o conhecimento adquirido para todos. Este é outro ponto afeito à minha pessoa. Penso que a divulgação histórica, filosófica e científica deva ser promovida com ações as mais diversas, visando atingir os diferentes públicos, ainda mais, repito, Gnarus Revista de História - VOLUME VIII - Nº 8 - SETEMBRO - 2017
G N A R U S | 181 em um país como o nosso, carente de uma
verdadeiro
educação de qualidade. Diversificar e espargir o
dogmatismos, poderia ser dispensado para todos.
saber, um vetor possível de transformar o ensino de
Uma nova escola poderia surgir, pois ciência,
ciências e a própria sociedade. Formar divulgadores
cultura e intelectualidade davam as mãos para a
é
ambiente
configuração de um novo corpo filosófico.
acadêmico, pois o preparo de uma nova linguagem
Comenius pensava a educação como instrumento
permite melhor compreensão, também para o
de salvação das almas pecadoras e decaídas, e
palestrante, do assunto que será explorado
também pensou na pacificação política da
adequadamente. Quanto mais culto e diversificado
sociedade convulsionada pelo conflito entre
o interlocutor, mais qualidade terá o diálogo com o
católicos e protestantes.
também
fundamental
para
o
público. Um
exemplo
saber,
não
condicionado
por
Remeto-me agora à história do acadêmico Luiz dessa
importância
dada
à
Antonio Barreto, anterior ocupante da cadeira 45
divulgação é a passagem do Sputinik 1 nos céus dos
na ABF. Este eminente sergipano também possuiu
Estados Unidos, após o seu lançamento em 4 de
formação múltipla e bem ampla. Trago, neste
outubro de 1957. O primeiro satélite artificial
momento, as palavras do historiador e conterrâneo
provocou verdadeira comoção naqueles que viam,
Jorge Carvalho do Nascimento: “Olhar para o
pela primeira vez, um objeto construído pelo
legado de Barreto é ficar diante de um amplo
homem capaz de realizar uma órbita controlada e
panorama no qual produção intelectual e ação
calculada antecipadamente. Esse fato e a guerra
cultural nunca se dissociam, posto que uma fosse
fria produziram forte transformação no ensino de
movida pela outra, ao mesmo tempo em que
Ciências nos EUA, capaz de influenciar milhares de
também a impulsiona, demonstrando o quanto ele
jovens a buscar uma nova formação científica.
foi capaz de correlacionar a reflexão com a
Temos como resultado um novo país, uma nova
realidade que viveu. Pesquisou práticas de vida dos
economia. Eu mesmo tenho como a mais antiga
indivíduos, adequando sempre teoria e prática”.
lembrança de vida um programa na TV sobre a descida do homem na Lua.
Luiz Barreto também foi personagem muito caro a este que vos fala, pois trabalhou e promoveu
Cito, então, Iohannes Amos Comenius, professor,
atividades nas áreas as mais diversas ao longo de
cientista e escritor do século XVII, considerado o
sua vida: educação, cultura, literatura e folclore,
fundador da Didática Moderna, quando escreveu a
além de escritor, biógrafo, jornalista, historiador e
obra “Didática Magna”, influenciado que foi pelo
advogado. Como jornalista, exerceu atividades de
Renascimento. Período no qual surge a ideia de que
repórter,
a consciência humana não deveria reconhecer
secretário de redação nos mais diversos periódicos
outra autoridade que as leis da razão e da natureza.
do Brasil e do mundo. Atuou em muitos cargos de
Comenius comungava, assim, com figuras como
instituições públicas e privadas, entre os quais o de
Galileu, Copérnico, Francis Bacon, para os quais a
Assessor Cultural do Instituto Nacional do Livro
busca da verdade implicava na dúvida, na
(INL), além de trabalhar em editoras, fundações e
experimentação, e não mais na crença ou apenas na
galerias de arte. Na política, foi Secretário da
tradição que consagrava a autoridade de poucos. O
Educação e Cultura de Aracaju; Diretor do Instituto
colunista,
redator, diagramador
e
Gnarus Revista de História - VOLUME VIII - Nº 8 - SETEMBRO - 2017
G N A R U S | 182 de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal); Diretor do
Vandelli, nascido em Coimbra em 1784 e que foi
Instituto Tobias Barreto. Ocupante de Cadeira na
professor de nosso Imperador D. Pedro II, assim
Academia Sergipana de Letras, membro e orador
como de sua família, e genro de José Bonifácio de
do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
A. e Silva. Foi um momento no qual busquei
Especialista nas obras do filósofo, poeta, e jurista
desmentir a passagem célebre de Eça de Queiroz na
oitocentista Tobias Barreto, Luiz Antonio Barreto
sua obra “Notas Contemporâneas”: “Com efeito,
foi autor de diversos trabalhos sobre aquele ilustre
nós não trazemos para a Europa complicações
sergipano. Certamente, pelo legado que lhe é
importunas”. A vida do naturalista Alexandre
próprio, terá seu nome registrado na memória das
Vandelli, abandonada à margem da linha da
gerações subsequentes como uma das mais
história, deveria incomodar as mentes de sua
renomadas personalidades contemporâneas.
época, e mesmo as dos séculos seguintes.
Desta feita, Luiz Barreto refletiu para o povo
Assim, o entendimento e a influência do
aquilo que teve oportunidade de aprender, ou
pensamento ilustrado na sociedade, nas Academias
apreender, deste mundo fenomênico. Afirmo que a
e na imprensa do Brasil e de Portugal foram o meu
divulgação da Ciência e da Filosofia podem, então,
foco, dentro do recorte cronológico de meados do
ser arma eficaz contra o senso comum e os dogmas
século XVIII até o ano de 1862. Localizar a
cristalizadores que toda sociedade teima, em maior
historiografia desse período foi, e ainda é, motivo
ou menor grau, trazer consigo. Seja com pré-
de grande alegria e orgulho para mim. Tema que
conceitos, ou pós-conceitos, a mentira será
deve ser continuamente melhor construído a partir
superada pela verdade maior, encaminhada pela
do olhar luso-brasileiro e não apenas pelo olhar de
fronésis prevista pelo sábio de Estagira, Aristóteles,
outros centros europeus de historiografia. E tudo
a despeito do excessivo tomismo que assolou
isso aqui narrado não poderia deixar de ser caro à
muitas mentes ao longo dos tempos.
minha pessoa, pois sou de família – e com a
Por tudo o que expus até este momento, mostro de maneira simplificada como foi a minha própria ânsia de crescimento pessoal pelos caminhos das Ciências, tanto as humanas quanto as exatas. Por sinal, em 2007, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, iniciei o meu Doutoramento em História e Epistemologia das Ciências, com ênfase no mundo luso-brasileiro. O objetivo foi o de estudar a vida e a obra de um naturalista “esquecido” pela historiografia dos dois lados do Atlântico. Concluí com sucesso a minha pesquisa em 2009, com um trabalho - transformado em livro – que focou no
cidadania – portuguesa. Mantenho, ainda hoje, a minha pesquisa na linha de História social das ideias e das relações entre alguns personagens e a sociedade luso-brasileira, tais como José Bonifácio de Andrada e Silva e o próprio Bartolomeu de Gusmão. Meus estudos seguem no sentido de perceber como as mentes da ciência impregnaram os discursos políticos e os trabalhos na educação brasileira. Exatamente como fazia Luiz Barreto com a história de Sergipe e do Brasil, e na discussão sobre a evolução do pensamento, conforme o ideário de Roque Spencer.
aprofundamento e descoberta de textos científicos
Busquei, ao longo de minha experiência
perdidos desde o século XIX pertencentes ao
acadêmica, articular a análise e compreensão dos
naturalista
personagens históricos com os processos de
luso-brasileiro
Alexandre
António
Gnarus Revista de História - VOLUME VIII - Nº 8 - SETEMBRO - 2017
G N A R U S | 183 construção das representações na História e
movimento deveria começar também na infância,
Filosofia das Ciências, buscando estabelecer
lembro ainda de Jean Jacques Rousseau. No século
relação entre identidades e memórias do mundo
seguinte, Rousseau, em sua obra “Emílio”, ou “Da
luso-brasileiro. Entendo que canalizando os meus
Educação”, concordou com Comenius em algo
esforços de pesquisa para este objeto terei a
fundamental: não interessa para a educação um
possibilidade de produzir trabalhos sempre de
aluno pleno de conhecimentos enciclopédicos, mas
melhor
contribuir,
aquele que adquiriu um desenvolvimento metódico
significativamente, tanto para com a sociedade,
da sua própria inteligência. Lembremos que a
quanto para esta Academia.
palavra grega “método” possui em si mesma a
qualidade
e
poderei
Enquanto pesquisador, preocupado com a divulgação das Ciências em geral, acredito também,
firmemente,
na
sua
importância
formadora de novos cientistas e intelectuais. Por isso, penso que o cuidado com a linguagem, seja ela escrita ou falada, deva ser primordial. Sei que a responsabilidade social é inerente a cada cidadão, e para aqueles que formam os jovens de um país que precisa encontrar a sua identidade real. Devemos ter o prazer de incentivar o esforço intelectual e conquistar novos talentos para a nossa nação.
Muitos
jovens,
se
eles
tiverem
a
oportunidade devida, se puderem passar pelo seu “momento Sputinik” em suas vidas, e com o devido acesso
às
livros,
qual o homem nasce naturalmente bom, o filósofo suíço nos diz que é preciso partir dos instintos naturais da criança/aluno para desenvolvê-los, vindo a propor algo marcante para todas as épocas: a proposta da “educação negativa”. Nesta, o papel do Professor ou orientador seria o de preservar a criança, pois ela mesma encontraria as suas aptidões. Tal ideia rousseauniana viria a substituir a “educação positiva” mais comum ainda hoje, ou seja,
aquela
que
forma
a
inteligência
prematuramente e impensadamente com o ensino sistemático de informações externas. Jean Jacques Rousseau beneficiou-se de uma
documentários – poderão despertar para o mundo
atmosfera que favorecia o pensamento racional e
fascinante das Ciências em geral. Lembro
tratou a escola como mecanismo por meio do qual
novamente: Ciências exatas ou humanas, ambas
seria viável o seu famoso contrato social. A
tratadas aqui sem distinções exclusivistas.
“solidariedade orgânica” (termo cunhado pelo
retomo
–
forma, mantendo o seu pensamento, segundo o
palestras,
Também
informações
concepção de “encontrar um caminho”. Dessa
Comenius,
um
pensador
sintonizado com a modernidade ao aconselhar que as crianças e os jovens deveriam aprender a investigar com método. Para Comenius, todo mestre deveria incentivar as crianças – e estamos
filósofo de Genebra para descrever o tipo de relação social próprio da sociedade moderna capitalista) tornar-se-ia realidade somente se os indivíduos passassem pelo processo de formação e de socialização que começava na infância.
falando de século XVII – a chegar às suas próprias
Tudo o que acabei de descrever, até este
conclusões, partindo da observação direta da
momento, mostra a minha carreira interpenetrada
natureza e menos dos livros.
pelos mais diversos interesses, pois vejo a formação
Mantendo a perspectiva de que o homem necessita ser formado em sua cultura, e que este
humana como um cristal multifacetado que não pode se permitir limitar devido a interesses de uma Gnarus Revista de História - VOLUME VIII - Nº 8 - SETEMBRO - 2017
G N A R U S | 184 época ou de ideais políticos. Defendo a liberdade
enquanto representantes da Academia no âmbito
de trabalho em campos diversos, explorando a
das Ciências e da tecnologia, torna-se mais do que
diversidade de nossa alma, de nossa formação.
nunca fundamental para a semeadura sólida do
Penso como Rousseau também quando ele nos
saber.
apresenta, citando outra passagem de sua obra “Emílio”, que a educação deve transformar o ser egoísta do mundo em um ser que saiba viver coletivamente.
Encerro com a lembrança de uma publicação de 1959, o ensaio “As duas culturas e uma segunda leitura”. Este texto inaugurou, naquele ano, um fértil debate sobre o distanciamento progressivo
E, ainda, trago aqui as palavras de Norberto
entre as Ciências naturais e as Humanidades. No
Bobbio sobre a tolerância e a manutenção dos
entender de seu autor, o físico e romancista Charles
valores dialógicos entre os intelectuais, no prefácio
Percy
de “Itália Civile”, escrito em 1963. Diz Bobbio:
empobrecimento
“Aprendi a respeitar as idéias alheias, a deter-me
tornando-os ignorantes nas Ciências naturais ou, ao
diante do segredo de cada consciência, a
contrário, da cultura humanística. Uma assimetria
compreender antes de discutir, a discutir antes de
notável que distingue a percepção social de ambos
condenar”.
os campos. Trabalhar nessa “assimetria” notável é a
Apesar de todos os reveses de nossa nação ao longo de décadas, eu acredito ser de grande valia o contato
da
visão
dos
provoca
um
intelectuais,
minha busca acadêmica, navegando por áreas aparentemente não relacionáveis.
Adquirimos visão mais social daquilo que a Ciência
de Isaac Newton ou de Cesar Lattes (importante
e a Filosofia representam. No caso, lembro a
Físico brasileiro) tanto quanto de Machado de Assis
divulgação
a
ou de Candido Portinari? Penso que não. Todos são
interdisciplinaridade e divulgar o que a academia
muito importantes, em suas múltiplas facetas, para
gera como pesquisa. Isto é, para mim, determinante
a humanidade.
a
mundo
afastamento
Deixo aqui breve reflexão. Poderíamos prescindir
da
o
tal
“extra-acadêmico”.
para
com
Snow,
informação,
superação
de
buscando
desafios
históricos
relacionados com a cultura e a educação. Essa abertura
pode
contribuir
bastante
para o
pesquisador, na medida em que o objeto de estudo do acadêmico passa a ser observado e questionado pelas novas e originais perspectivas do público. Enquanto pesquisadores, penso ser importante que estejamos disponíveis, pacientemente, e prontos
para
compreender
o
trabalho
do
jornalismo e do público em geral, buscando uma didática quase comeniana ou rousseauniana. A presença da nossa voz nos meios de divulgação,
Faço também das minhas palavras finais o apelo formativo de Charles Snow aos educadores e estudantes de seu tempo, a década de 50 do século XX, ouvintes da palestra que deu origem ao supracitado livro “As duas culturas”: “Cultivem mentes criativas, capazes de enfrentar os desafios contemporâneos na sua geração. Trabalhem para a manutenção de um mundo mais equilibrado, permitindo, desta forma, que haja beleza e compaixão”.
Belas palavras estas que não envelhecem, e que são, para mim, a razão de ser, também, da mãe Filosofia!
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