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Artigo

O USO DA ARTE COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DA HISTÓRIA INDÍGENA E AFRO-BRASILEIRA Por Gleici Vidal Osório e Girlane Santos da Silva

RESUMO: Este trabalho tem como proposta discutir a utilização da Arte como ferramenta metodológica para o ensino de História Indígena e Afro-brasileira com os alunos do Ensino Médio da Escola Estadual professor Jorge Karam Neto. Visa com isto promover um debate a cerca desta temática, pois, como profissionais da educação, é de conhecimento público que o ensino sempre está relacionado há outras ciências, ou seja, a integração de saberes. Por saber que a Arte tem uma relação direta com a história, como podemos ver no pioneiro estudo da arte da Educação, Ana Mae Barbosa (1936), no qual seus estudos defendem a Abordagem Triangular que consiste em conhecer a história, fazer arte e saber apreciar uma obra. Dessa forma, isto conduz o aluno a conhecer a história para produzir e refletir resultados críticos. Assim, esta pesquisa surgiu a partir da necessidade de se criar formas que envolvessem e aguçassem a curiosidade dos discentes para temas históricos, regionais. Palavras Chaves: Arte, Ensino de História, História Indígena e Afro-brasileira.

Introdução

A

partir da conquista pleiteada por movimentos sociais relacionados à valorização do papel do negro na sociedade brasileira e problemáticas ligadas aos direitos dos povos indígenas, bem como à concepção sobre a atuação de ambos na formação da identidade nacional e outras questões referentes ao protagonismo dessas populações, têm-se a aprovação da Lei 10.639/03 e posteriormente a 11.645/8, que impõe a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Indígena, em especial nas disciplinas de Gnarus Revista de História - UFAM - FEVEREIRO - 2020

educação artística, literatura e história brasileira em todos os estabelecimentos educacionais no país nos níveis fundamental e médio. Assim, a necessidade por utilizar práticas e metodologias de ensino que abordem essa temática tornou-se latente por parte dos educadores, tendo em vista que seu papel como mediador de conhecimento é fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Com isso, essa pesquisa surge como uma reposta para as demandas relacionados aos conteúdos que abarquem o teor da lei, pois a desvalorização e depreciação dessas populações ainda


GNARUS- UFAM - 65 encontra-se presente no cotidiano de alunos, à medida que renegam ou encobrem seus traços, origens e crenças, afinal as heranças deixadas por esses indivíduos estão presentes até hoje na literatura, cultura, arquitetura e vários outros aspectos que estão presentes no cotidiano1. O objetivo desse artigo é apresentar a arte como uma ferramenta de ensino de história utilizada na Escola Estadual Professor Jorge Karam Neto, situado na Zona Leste de Manaus, para um corpo de aluno do Ensino Médio, no intuito de se trabalhar com a valorização da história e da cultura dessas populações, a partir da produção de pinturas e produção de quadrinhos que narram lendas típicas desses sujeitos. Afinal, pensamos a arte como um instrumento de integração de saberes, pois “o representar com a imaginação o mundo da natureza e da cultura e o exprimir sínteses de sentimentos estão incorporados nas ações do produtor da obra artística. ”2 Com isso, essa pesquisa procura, além de expor os resultados de um trabalho atividade multidisciplinar, promover uma discussão acerca de um histórico das Leis 10.639/03 e 11.645/08, como também realizar uma reflexão sobre o papel do professor, da História e da Arte para o Ensino.

O papel do professor no contexto atual Durval Muniz3, ao refletir sobre a constituição de uma narrativa histórica envolvendo o passado e a produção de uma historiografia, afirma que esta está carregada de sentidos e eventos que o historiador, como um tecelão, busca fabricar vários itens com cuidado e paciência na sua atividade. Dessa forma, revela que o saber histórico é como 1 CONCEIÇÃO, 2019, p.2 2 FERRAZ; FUSARI, 2010, P.21 3 MUNIZ, 2017.

fruto de uma tecelagem partilha de universo cultural. Em suma, carregada de significados e concepções que descrevem sua realidade. Assim como Marc Bloch4 que nos chama atenção para a observação histórica, no qual o historiador será aquele que tenta reconstruir um passado que este não presenciou, a partir dos resultados que conhece e de suas experiências. Em síntese, ambos nos conduzem para uma interpretação de uma produção histórica que contempla interpretações, muitas vezes, veladas por nossas experiências e compressão do mundo; com isso, o saber que produzimos está marcado por nossas interpretações e concepções. Dessa maneira, refletir sobre o papel do professor de história no processo de ensino/ aprendizagem é necessário pensá-lo como um agente mediador do conhecimento, aquele que observa o processo histórico e inquieta seus alunos a partir das indagações promovidas por ele, que muitas vezes, é aquele que acende a faísca da curiosidade no aluno, além de ser o indivíduo que conduz o discente a novos caminho rumo ao saber, como afirma Paulo Freire (1921-1997), isto é, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção5, ou seja, o docente não é apenas um mero transmissor, o professor precisa do discente, não mais como ouvinte, mas ser participativo do ensino (FREIRE, 1996)6. 4 BLOCH, 2001.

5 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996. P.12 6 Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. Por isso é que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo alguém. Do ponto de vista democrático em que do processo de conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar

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GNARUS-UFAM - 66 Atualmente, essa é a visão do docente, mas vale salientar que nem sempre foi dessa forma, durante muito tempo o docente era visto como o único detentor de conhecimento, o que falava era tomado como a verdade, não se tinha olhar do profissional que faz a ligação entre o conhecimento e indivíduo e a troca de saberes. Por essa razão, defendemos o ensino/ aprendizagem de trocas e entendemos o professor atual como o grande incentivador do saber. No entanto, não é um trabalho fácil, porque é um dos profissionais menos valorizado no país, e fora os vários empecilhos, muita das vezes, ele vira companheiro da frustração por querer fazer algo que melhore suas aulas e isso não é permitido. Quando falamos dessa forma, parece que estamos sendo pessimistas sobre a profissão, mas não, apenas estamos querendo esclarecer a falta de preparo de muitas profissionais. Um problema que começa na academia, onde percebemos muitos recém-formandos saírem despreparados para uma vida real, que muitas das vezes estão longe das teorias trabalhadas na universidade. Claro não podemos generalizar, percebemos que existem estudiosos preocupados com a temática, isto é, disposto a debater novas formas de ensino/aprendizagem que ajudem o trabalho do professor, como podemos analisar na obra: Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas, que surgiu do “V encontro Nacional Perspectiva de ensino de História”, em 2004, organizados pelos autores Ana Maria Monteiro, Arlette Medeiros Gasparello, inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente me situo, mas também do ponto de vista da radicalidade metafísica em que me coloco e de que decorre minha compreensão do homem e da mulher como seres históricos e inacabados e sobre que se funda a minha inteligência que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto – alguma coisa – e um objeto indireto – a FREIRE, Paulo, 1996. p.12

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Marcelo de Magalhães. Os artigos do livro fala das formas que o ensino se apresenta no Brasil7, mostrando um preocupação ao tema. Este é o diálogo que queremos defender, para assim preparar o futuro docente para o mais próximo possível das realidades, principalmente na formação do professor que irá ministrar as aulas, na educação básica em escolas públicas, porque a linha entre o que deveria ser e a vida real é grande. Podemos até ter um preparo para o ensino libertador, crítico e reflexivo, mas esbarramos no sistema, que nos obriga a um ensino muitas vezes tradicional, ou seja, àquelas aulas expositivas em forma de monólogo, cansam o aluno e o professor. Para tentamos ter uma prática de ensino/aprendizagem crítica e reflexível, o papel do professor é fundamental, por essa razão trazemos a nossa experiência docente na ideia de sermos o facilitador.

História e Arte para o Ensino Primeiramente falaremos do ensino de história, como exposto anteriormente, em 2004, onde ocorreu o “V encontro Nacional Perspectiva de ensino de História”, e dos trabalhos apresentados que resultaram na obra Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas, na qual os trabalhos demonstram a preocupação com o ensino da disciplina história. Em suma, traz o diálogo de uma história em processo de constituição que permite uma relação com diversas perspectivas, tornando o ensino mais plural. Em outras palavras, “O fato de o campo se constituir de forma interdisciplinar possibilita o diálogo com diferentes enforque 7 MONTEIRO, Ana Maria F.C. GASPERELLO, Arlette Medeiros. MAGALHÃES (Org). Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro Mauad X: FAPERJ. 2007.


GNARUS- UFAM - 67 e perspectivas de análise”,8 de modo que a história pode ser trabalhada juntamente com outros saberes. Outra obra que podemos analisar quanto a preocupação com ensino de história e as práticas saiu do “II encontro Nacional Perspectiva de ensino de História”, em que se evidencia o saber histórico na sala de aula, organizada por Circe Bittencourt9, que apresenta como o ensino é um desafio para professores. Assim, ela fala das necessidades e dificuldades na utilização de diferentes recursos, como o observado em um dos textos intitulado “História e Dialogismo da Antonia Terra”, onde há uma discussão à respeito da relações da história com a arte, em que o aluno usa a obras como fonte, e vivencia seu tempo de aprendizagem, ao mesmo tempo em que analisa o documento10. Partindo desse ponto, legitimamos a relação da história com a arte, pois o fazer artístico leva o aluno a buscar entender seu meio e contexto daquilo que é visto ou retratado. Nesses estudos apresentados, percebemos que poderíamos usar a arte de forma para o ensino/aprendizagem de história, mas procuramos estudos no campo das artes que também legitimasse o alinhamento ideal. Sendo assim, no primeiro momento na 8 MONTEIRO, Ana Maria F.C. GASPERELLO, Arlette Medeiros. MAGALHÃES. 2007. p.07 9 BITTENCOURT, Circe (Org). O saber histórico na sala de aula. 7 ed. São Paulo, Contexto, 2002. 10 A introdução de estudos de desvendar as múltiplas relações diálogicas incorporadas às obras humanas, amplia a oportunidade dos alunos conhecerem contextos históricos complexos, que se expandem em ressonância no tempo que se materializam em obras e acontecimentos. Possibilitam, ainda, escaparem de explicações casuais, e simplistas, indo de encontro a construções de olhares substanciosos, recheados de referências culturais, contexto históricos (...) Isto é, orienta-se por um roteiro de pesquisa e de investigação que esbarra em épocas, vozes e contextos que emergem de muitos recantos, de muitas gerações, que ressoam, ainda, no presente, já que é no presente que os alunos estão falando, dialogando, construindo um novo enunciado, uma nova obra. (BITTENCOURT, 2002, p. 103).

graduação de artes, percebemos que os conhecimentos da história e da arte tinham uma relação direta. O primeiro contato com esse conceito foi nas aulas de Fundamentos da Educação em Artes, ao conhecer a abordagem triangular defendida pela pesquisadora, Ana Mae Barbosa (1936), em Teoria e prática da Educação Artística (1975). Ela diz que o indivíduo precisa conhecer a história, fazer arte e saber apreciar uma obra,11 levando-nos a pensar como poderíamos casar as duas disciplinas e trabalhar as questão interdisciplinar, revelando uma preocupação a respeito do ensino/aprendizado em artes, na qual, muitas vezes é olhado sem importância ou até mesmo como não fosse uma profissão. O segundo contato, tivemos em teorias que demonstram a relação arte/história, como na tese Processos Socioartísticos Em Moacir Andrade: Estilo E Artes Plásticas Na Amazônia12, de 2018, do professol Valter Mesquita. Neste estudo, ele revela três dimensões em que está o artista, e que podem ser chamadas de estruturas, elas são: a dimensão formal, à qual é visível aos olhos de quem observa e é através dela que conseguimos chegar nas demais, como a dimensão histórica, dimensão sociocultural; essas que estão inseridas no contexto histórico e meio que cerca o indivíduo. Partido dessa premissa, percebemos mais uma vez a ligação das duas disciplinas.

Uma experiência docente Ao primeiro contato com a educação básica pública, o choque entre a realidade de uma escola com zonas carentes e a formação acadêmica é latente. As aulas são diferentes 11 BARBOSA, Ana Mae. Teoria e prática da Educação Artística. São Paulo: Cultrix, 1975. 12 LOPES, Valter Frank de Mesquita, Processos Socioartísticos Em Moacir Andrade: Estilo e Artes Plásticas na Amazônia, 2018 (Tese de doutorado - UFAM).

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GNARUS-UFAM - 68 de tudo que pensamos e idealizamos, quem olha de fora, e nunca experimentou uma sala de aula, pode até questionar se o professor na sua formação não passou por um estágio que o ajudasse para não se chocar com a realidade. Há nisso uma diferença considerável entre a Universidade e a realidade escolar, que mesmo tendo o estágio, ao assumir o espaço escolar como mediador de conhecimento, o contraste é impactante, pois percebese a desvalorização e a falta de recursos financeiros. Paralelo a esse cenário, no atual contexto, ser professor é algo desafiador, afinal têm-se presenciado ataques ferozes aos docentes; como também, presenciar crianças e adolescentes sem perspectiva de futuro, sem vontade de estudar, que não conhecem ou não reconhece suas raízes étnicas. Com isso, para tentar mudar essa realidade, a necessidade por ferramentas e práticas educacionais que valorizem traços afrobrasileiros ou indígenas torna-se fundamental no contexto educacional. Por essa razão, falaremos da nossa experiência vivida na Escola Estadual Professor Jorge Karam neto, situada na zona leste de Manaus. Nessa escola, notou-se a necessidade de aprofundamento de temáticas ligadas ao campo da história indígena e afro-brasileira, não que os alunos nunca tenham ouvido sobre, mas como não despertou interesse, não se importaram e nem lembravam, pois, ao serem questionados em algumas aulas, as respostas eram: “Já ouvir falar, mas não lembro”; “Não achei importante”. Em síntese, eram histórias tristes e era visível o desconforto por alguns, pois os temas traziam discussões a respeito de características que uns aparentavam não querer ter. Percebi que teria de fazer algo para mudar Gnarus Revista de História - UFAM - FEVEREIRO - 2020

essa realidade, mas não sabia como. Até que em umas das reuniões do corpo docente, tomei conhecimento sobre atividades pedagógicas feita na escola, uma espécie de feira, chamada de Workshop com temas como países, literatura, e envolvia artes, culturas e histórias; enfim temas colhidos anualmente, e despertava o interesse do aluno. Então passado essa feira, no mesmo ano soube que havia projetos de iniciação cientifica, como o chamado PCE, financiado pela Fapeam, e assim fiz um primeiro sobre a temática da abolição, ainda em 2016, com resultado satisfatório, mas que atingiu poucos alunos. No ano de 2017, não fiz projeto, mas umas das professoras coordenadora do Pérola negra, que era uma apresentação cultural feita na escola, chamou-me para fazer algumas oficinas. Fiz e tive a ideia de usar a arte no ano seguinte. E em 2018 voltei com o projeto PCE, uma continuação do projeto passado, mas agora, envolvendo a arte, em que incluía oficinas, entrevistas com artistas de raízes afrobrasileira e uma apresentação cultura em parceria com a professora Lidiana Canto, apoio dos professores Charles Pereira e Ana Carolina Nunes. A atividade foi um sucesso e com alcance maior percebemos a maior aceitação dos alunos sobre suas raízes. Em resumo, foi bastante recompensador perceber em alunos que não se aceitavam como negros, uma mudança, isto é, estavam se reconhecendo. Em 2019 iniciamos um novo projeto do PCE, financiado pela Fapeam, que não só trabalha a cultura afro-brasileira, mas também a cultura indígena, porque percebi que era um tema pouco conhecido e comentado pelo os alunos. Por essa razão, a proposta da pesquisa que estou coordenando esse ano


GNARUS- UFAM - 69 foi que os alunos escolhidos para o projeto pesquisassem sobre a história e cultura afrobrasileira, como também a indígena, para aplicar na elaboração de uma revista em quadrinhos sobre lendas afro e Amazônicas. E para isso nos baseamos em teóricos como Lopes (2018), Barbosa (1976) e Terra (2002). Os alunos já iniciaram suas atividades e para escolha dos seus ilustradores da revista, organizaram uma oficina de pintura, ministrado pelos artistas plásticos Will Barbosa e Junior Gonçalves, com o tema “Lendas Amazônicas e afro”. A próxima etapa consistirá em palestras nas salas de 1ª ano, 2ª e 3 ª anos, para falar sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena, preconceito e leis. A última fase é a construção da revista e uma apresentação cultural com a participação do corpo discente escolar. Com base nos estudos feitos, trazemos a nossa experiência do uso da arte como ferramenta para o ensino da história afro-brasileira e Amazônica, na qual apresentamos que é possível o uso de outras disciplinas como auxiliares para o processo de ensino e aprendizagem, através da interdisciplinaridade.

Considerações Finais Evidenciamos que o projeto desenvolvido na Escola Estadual Jorge Karam, em Manaus, procurou contribuir para a fomentação de um aluno dotado de consciência histórica, cultural e valorização da sua identidade étnico racial, à medida que foi detectado um processo de desvalorização desse reconhecimento, desmitificando assim estereótipos que reduzem afrodescentes e indígenas a uma parte não significativa da sociedade. Segundo Mônica Lima (2006), o ensino

de história da África, afro-brasileiro e povos indígenas são essenciais para a compreensão da própria historicidade e identidade do povo brasileiro, considerando que o fluxo de escravos africanos que veio para o Brasil chega a 40% dos 11 milhões de indivíduos que vieram para as Américas e assim “(...) fez com que amplas áreas do planeta mantivessem contatos permanentes e sistemáticos com a África, num ir e vir de pessoas, ideias, tecnologias, ritmos, visões de mundo.”13, além dos povos tradicionais que aqui habitavam antes de 1500. A ausência de uma reflexão sobre uma identidade étnica e racial logo nos primeiros contatos, apontam no mínimo para uma ausência de uma discussão mais assídua no que concerne a Lei 10.639/03 e 11.645/08 e sua obrigatoriedade no ensino público regular. Assim, a execução de atividades envolvendo outras ferramentas e práticas de ensino e aprendizagem são fundamentais para compreensão do processo de formação e aceitação de uma identidade étnico-racial, consequentemente, no reconhecimento dos aspectos da cultura e religiosidade negra e indígena que estão presente no seu cotidiano. Gleici Vidal Osório é Professora concursada da Secretária de Estado e Educação – SEDUC e da Secretária Municipal de Educação, possui graduação em História pelo Centro Universitário do Norte (Uninorte) e em Artes pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Girlane Santos da Silva é Graduanda do curso de História da Universidade Federal do Amazonas e membro do Grupo de EstudosGea da Universidade Federal do Amazonas e do Polis – Núcleo de Pesquisa em Políticas, Instituições e Práticas Sociais.

13 LIMA, 2008, p.71

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GNARUS-UFAM - 70 Referências ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado: ensaios de teoria da história. Bauru, SP: EDUSC, 2007. BARBOSA, Ana Mae. Teoria e prática da Educação Artística. São Paulo: Cultrix, 1975. BLOCH, Marc. Apologia da História ou Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. BITTENCOURT, Circe (ORG.) e outros. O saber histórico na sala de aula. 7 ed. São Paulo, Contexto, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996. P.12. FUSARI, Maria Felisminda de Rezende e; FERRAZ, Maria Heloisa C. de T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez Editora, 2002. LIMA, Mônica. História da África: temas e questões para a sala de aula. CADERNOS PENESB. ISSN: 1980-4423. Nª 7 (2006), p. 68 – 101. LOPES, Valter Frank de Mesquita, Processos Socioartísticos em Moacir Andrade: Estilo E Artes Plásticas Na Amazônia, 2018 (Tese de doutorado - UFAM) MONTEIRO, Ana Maria F.C. GASPERELLO, Arlette Medeiros. MAGALHÃES (Org). Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro Mauad X: FAPERJ. 2007.

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