Página |2
Sumário Ao leitor............................................................................................................................................................................. 3 Fernando GralhaErro! Indicador não definido. Reforma Amarniana: Imaginário social no período de Akhenaton-xviiiª (1550-1070 a.c)......................................................... 5 Deise Cristina Erro! Indicador não definido. O empresariado, a Guanabara e a fusão: a complexa (re)construção de uma capital ..............................................................12 Rosane Cristina de Oliveira Práticas de cura no Rio de Janeiro Colonial .......................................................................................................................................20 Germano Martins Vieira Administrar a América Portuguesa, trajetória e perspectivas historiográficas: problematizando a história da administração na América Portuguesa ......................................................................................................................................32 Felipe Castanho Ribeiro A imagem do Rio de Janeiro de Pereira Passos nas crônicas de João do Rio ..............................................................................42 Cristiane de Jesus Oliveira Pimentel A entrada da mulher no curso técnico de química industrial da Escola Técnica de Belo Horizonte......................................52 Fábio Liberato de Faria Tavares Hernan Cortez: a conquista do México e a administração espanhola..........................................................................................57 Eron Santos Pereira Primeiros acordes distorcidos: a construção de um rock and roll brasileiro na década de 1950............................................65 Gustavo Moura Um convite a leitura de “A construção da ordem e Teatro de sombras” .....................................................................................73 Fernando Gralha Uma análise da ocupação de juízes por gênero, raça ou cor no brasil e por unidade da federação......................................76 Romeu Ferreira Emygdio As cotas nos concursos públicos, um debate oportuno ...................................................................................................................90 Renato Ferreira Duque de Caxias (1953 – 1958): a figura mítica de Tenório Cavalcanti e suas práticas coronelistas ....................................93 Jordan Luiz Menezes Gonçalves Os logradouros dos imigrantes galegos no paraíso tropical: as cadeias migratórias e as redes de solidariedade no Rio de Janeiro ........................................................................................................................................................................................... 103 Erica Sarmiento da Silva História oral, metodologia e o CMRP .............................................................................................................................................. 116 Leonardo Tavares Santa Rosa As escaramuças entre bandeirantes e jesuítas pelo gentio da terra na região do Guairá, Tape e Uruguai no período de 1602 a 1641 .................................................................................................................................................................................. 126 Miguel Luciano Bispo dos Santos Irmandades de homens pretos no Brasil Colonial.......................................................................................................................... 135 Luís Tadeu de Farias Goes Prática religiosa brasileira: entre o público e o privado ............................................................................................................... 141 Pedro Tavares
Página |3
AO LEITOR Por Fernando Gralha
C
hegamos ao terceiro número, são quase cem
mobilização que se espalhou pelo país, com reações
páginas a mais que o número anterior, mais
contrárias e a favor tanto das reformas urbanas de Passos
páginas,
mais
como a fusão da Guanabara, foram fermentadas por
trabalho, mais orgulho em mais uma viagem pelo rio do
motivações, medos e certezas que remexiam o vasto
conhecimento, o
mais
responsabilidades,
A-Letheia.1
Nesta nova viagem Rosane
patrimônio cultural e social carioca e ativaram
Cristina, Cristiane de J. O. Pimentel e Érica Sarmiento
sentimentos que ligavam homens e mulheres à história
revisitam dias vertiginosos da urbe carioca vividos em,
do país.
prosas literárias, jogadas políticas e financeiras. Suas análises instigantes situam as condições que levaram o Rio de Janeiro a ser um discurso, uma cidade a ser lida por seus vários agentes, sejam ele cariocas da gema como João do Rio, sejam estrangeiros como os galegos imigrantes do início do século XX ou sejam também, agentes políticos financeiros de meados do mesmo século que ao transformarem a Guanabara em Rio de Janeiro ditam as novas regras do jogo. O Rio ao ser lido, promove novos discursos, novos olhares, novas abordagens,
estas
tão
bem
apresentadas
aqui
determinam nossa condição de metrópole, de caixa de ressonância do Brasil para o mundo. A ampla
1
Sobre o A-Letheia ver “Ao Leitor” Gnarus, nº 1.
Por isto mesmo é fecundo aproximar outros assuntos que comparecem nesta edição, dentre eles a afirmação dos movimentos negros em dois artigos que com certeza vão dar bons debates, o do Advogado e professor Renato Ferreira e o de Romeu Ferreira, Tecnologista Informação Geográfica Estatística no IBGE que transitam pelos meandros das lutas sociais do movimento negro em nossa sociedade, que por sua vez se tornaram formas de expressar o pertencimento deste grupo em uma comunidade coletiva. Neste mesmo caminho das batalhas pela inclusão, temos o trabalho de Fábio Liberato, através dele percebemos nas mulheres de
Página |4 Minas a força e personalidade de gênero tantas vezes
narradores. E só para lembrar, “Narrar nos remete para
sufocadas na poeira da história.
narro (fazer conhecer, contar) um verbo derivado de
Germano Martins, Miguel Luciano e Luís Tadeu nos
gnarus, que significa ‘que conhece’, ‘que sabe’.
levam a viajar por tempos coloniais, nos quais tradições
Fundamentalmente, narrar é levar ao conhecimento
simbólicas que passaram a ser esgrimidas com
e também ‘contar’, ‘dizer’. Gnarus tem a mesma raiz
intensidade por índios, escravos, senhores, doentes,
etimológica de nosco, conhecer, tomar conhecimento,
médicos, sangradores, jesuítas, bandeirantes e todo uma
começar
gama de personagens que desenharam os primeiros
Acrescentando o prefixo cum a nosco, temos o verbo
contornos e cores do Brasil e suas instituições como a
cognoscere, que significa “conhecer”. Narrar é
Igreja, bandeiras, aldeias, quilombos, escolas e muito
essencialmente
mais, todos com a certeza na frente e a história na mão.
conhecimento é um nascer, um surgir algo que não
Além do Brasil temos a América, Felipe Castanho e Eron Santos fazem uma boa dupla acidental, pois seus trabalhos de certa maneira nos levam a pensar as origens da América e a forma como a História faz esta análise, um excelente exercício de leitura, teórico e prático. A Gnarus antes de tudo é um ponto de encontro de História, neste uma miríade de possibilidades de trabalhos, escritas e discursos flutuam no pequeno universo deste número, além dos já aqui citados uma viagem pelo Egito antigo através das letras da Professora Deise Cristina, um olhar sobre os acordes do Rock Brasileiro e Estadunidense em trabalho de Gustavo Moura, uma entrada nos estudos do místico e rico mundo das religiões brasileiras em artigo apresentado por Pedro Tavares, um retrato de uma polêmica figura histórica nacional, Tenório Cavalcanti e toda sua energia política são analisados em excelente trabalho de Miguel Luciano. E para finalizar apresentamos as já tradicionais colunas do CMRP, na qual Leonardo Tavares discorre sobre os processos de elaboração e pesquisa da História oral no Centro de Memória de Realengo e Padre Miguel e em nossa resenha do mês, o livro escolhido foi um clássico da historiografia nacional, “A construção da ordem e Teatro de sombras”. Enfim, retornamos a fazer o mesmo convite que fizemos nos dois números anteriores, venham ler nossos
a
conhecer,
“levar
aprender
o
a
conhecer.
conhecimento”.
O
havia, o conhecer é um gerador de nascimentos. É esta nossa ambição em mais uma empreitada, narrar a História, fazer conhecer, dar voz a professores e alunos, divulgar a produção acadêmica historiográfica e estimular a produção do fazer conhecer, da construção da memória, que nos livre do esquecimento, do não ser. Esperamos que nos acompanhem nesta nova viagem pelo rio da A-Letheia.