revistaon.com.br
|
1
2
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
3
4
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
5
Índice 10 Opinião 18 Cultura 23 Meio ambiente
52
30 Segurança 41 Eu sei fazer 49 Saúde 52 Carreira 66 Empreendedorismo
112
76 Economia 90 Comportamento 106 Papo de colecionador 112 Inspiração 116 Educação 121 Mix 124 Esporte 130 Aconteceu 132 Diário de bordo 134 Guia
76
revistaon.com.br
|
7
#7 Direção e Produção Geral Felipe Vasconcellos felipe@revistaon.com.br Produção Sabrina Vasconcellos Heverton da Mata
Editorial
S
eis publicações se passaram e a Revista On lança a edição #7 para comemorar o aniversário do primeiro ano em Três Rios. Retrospectiva 2010, Josemo Corrêa de Mello, Claudia Leitte, Shopping Américo Silva, Ronaldo Borges e Zé Roberto Padilha foram as anteriores, um projeto que se iniciou muito antes da primeira capa. Aproveitando o crescimento do município, nesta edição mostraremos dados concretos de investimentos feitos em Três Rios nos últimos anos. A matéria Evolução Sucessiva vem reforçar a expansão em diversos
Edição Rafael Moraes rafael@revistaon.com.br Redação Priscila Okada Frederico Nogueira Comercial Ana Carolina Travassos comercial@revistaon.com.br (24) 8843-7944
seguimentos. O reaquecimento da indústria que apresenta números positivos aliados às novas contratações do comércio, cujo movimento de pessoas de outras regiões culminou em um aumento na arrecadação dos comerciantes. Nesta matéria também será possível saber o que tem sido feito em educação, turismo e saúde. Os resultados não são só observados nestas áreas públicas, já que “em cada esquina” é possível ver um novo empreendimento imobiliário se erguer. Houve uma valorização dos imóveis e para registrar essas mudanças, a imprensa trirriense tem
Criação Felipe Vasconcellos Robson Silva Tecnologia Vagner Lima Colaboração José Ângelo Costa Aline Rickly Estagiário Neílson Júnior Distribuição Três Rios, Paraíba do Sul, Com. Levy Gasparian, Sapucaia e Areal Produção Gráfica WalPrint Tiragem 3.000
Fiobranco Editora Rua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ 25.803-010 Sugestão de pauta redacao@revistaon.com.br Trabalhe conosco rh@revistaon.com.br
Ops! Erramos Na última edição, a coluna do Roberto Wagner foi publicada sem o último parágrafo. Para conter a curiosidade de todos, o trecho a seguir finaliza a história iniciada na revista anterior: “Eles continuaram a viagem e chegaram a Clínica Dignitas no topo dos Alpes Suíço. Foram recebidos por uma dedicada equipe médica, fizeram exames, assinaram documentos de praxe e os médicos disseram que estavam à disposição
do casal para quando quisessem. Juan e Estela pediram para que antes assistissem juntos a um show do grupo irlandês U2. Vontade feita, o casal de mãos dadas se submeteu ao procedimento de eutanásia perpetrado pelos zelosos médicos. Contavam-se mais de sete dias e Lucien ainda não havia ido a Zurique buscar as cinzas dos pais. Sua exposição em Londres foi muito elogiada pela crítica.”
acompanhado esse ritmo. Nesta onda de crescimento a Revista On tem buscado novas técnicas e profissionais especializados para garantir a qualidade de informação que chega às ruas trirrienses. Para manter este padrão On, escolhemos a edição de aniversário, para revelar, na capa, essa façanha que a cidade passa em meio a uma crise mundial. Embora a nossa matéria principal trate do presente, buscamos a importância do passado guardado no único museu rodoviário do Brasil em Levy Gasparian que está de portas fechadas. Empresas que fazem parte desse crescimento econômico, mas pensam no futuro criando ferramentas para diminuir os impactos ambientais e vendem crédito de carbono para quem ainda não consegue preservar o planeta. Os exageros do fim de ano registrados na balança e aquelas mulheres que abusaram do álcool durante a vida e buscam a abstinência, também são temas de reportagens especiais para esta edição. Assim como o AA (Alcoólicos Anônimos) e o Capsad
(Centro de atenção psicossocial- álcool e drogas) ajudam quem quer se livrar do vício, um trirriense dedica a vida em ajudar pessoas em situação de risco. Sua profissão é a solidariedade. Decidir a profissão para vida é tão difícil quanto escolher um cônjuge para levar ao altar? Nós vamos dar a dica para não errar na hora de optar pelo curso certo no vestibular e ainda mostrar o depoimento de quem já está vivendo esse difícil momento. Para dar uma força a quem precisa de foco para estudar, a determinação de Ivani Gomes, maratonista trirriense que chega à frente, mas corre atrás de incentivo para persistir no esporte, é um exemplo a ser seguido. É quase isso, porque nas páginas a seguir, ainda tem muito mais informação. Preparamos o que a região tem de melhor para você, leitor. Nesta edição de aniversário caprichamos ainda mais para garantir essa nossa parceria que já dura um ano. A festa é nossa, mas o presente é seu. Boa leitura!
OPINIÃO
Compro, logo existo
Nelson Rodrigues dizia que “o dinheiro compra até o amor verdadeiro”
Roberto Wagner rwnogueira@uol.com.br
Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio, professor de Direito Tributário da UCP – Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.
10
| revistaon.com.br
E
telvina é uma bela mulher, moderna, despojada, arrojada, destemida, nada detém Etelvina. Cursou psicologia na Estácio e como era de se esperar, não deu certo, preferiu a função de gestora da logística de sua casa. Casada com um empresário que ficou rico no ramo imobiliário, Etelvina nem de longe lembra aquela adolescente que viveu grandes dificuldades financeiras. Seu marido, como todo rico, é um sovina no trato com o dinheiro e Etelvina, inteligente que só ela, bem sabe driblar a sovinice do esposo. Sua tática é a seguinte: na frente dele ela é uma sovina também, discute cada centavo pago na mesa de um jantar no restaurante, questiona pedreiros e pintores na reforma do apartamento, não contrata sequer arquiteto para suas obras, Etelvina é a “arquiteta”, o que o marido adora. Na troca dos carros da família, Etelvina está sempre à frente apurando preços aqui e acolá, fazendo aquela média com o marido. Etelvina, em frente ao marido, é uma mulher comedida, sequer compra alguns pertences para ela. Em passeios o marido fala-lhe: - amor, leva uma coisinha para você. Etelvina de pronto responde: - estou precisando de nada não. O marido adora. Porém, pelas costas Etelvina se transforma em outra mulher. Seu lema é comprar, comprar, comprar e comprar, não sabe nem o que, só sabe que quer comprar. Armani, Louis Vuitton, Tommy Hilfiger, Versace, Carolina Herrera, Dolce & Gabbana, Pucci e Cavalli, todas estas marcas fazem parte da vida de Etelvina e de seus filhos. Etelvina compra, logo existe. O marido, como sói acontecer com os homens, nada percebe, afinal, Etelvina sabe como comprar
e o melhor, despistar as aquisições em excesso. Quando sai com os filhos, quase é preciso dois carros para trazer as compras, pois Etelvina não mede esforços para agradar seus filhos e sua volúpia pelo consumo. Até mesmo o marido anda etiquetado de cabo a rabo, só não tem a noção de quanto isto o custa, não tem ou não quer ter, fato que escapa ao conhecimento deste que vos fala. Etelvina vive com habilidade esta sua vida dupla, ao lado do marido uma defensora dos interesses financeiros da família, uma guerreira em favor do aumento do patrimônio; longe dele, uma perdulária contumaz entregue ao gasto desenfreado das etiquetas do mundo atual. Seu paraíso: os shoppings centers, preferencialmente, ao lado de suas filhas mulheres que também herdaram da mãe, o gosto pelas compras de alto valor. Etelvina, o marido e os filhos formam uma família feliz. Nelson Rodrigues dizia que “o dinheiro compra até mesmo, amor verdadeiro”. Meu caro leitor, não posso sequer fazer ilações sobre a veracidade do amor de Etelvina por seu esposo, o dinheiro como poderoso paliativo de nossas dores existenciais, às vezes, mascaram nossos sintomas, de maneira que como não sou psicanalista, nunca pude sindicar os sentimentos mais profundos de Etelvina. Superficialidades lá, superficialidades cá. Num dia desses, Etelvina foi ao shopping Iguatemi fazer compras, e após amealhar embrulhos e sacolas a vendedora a indagou: - Senhora qual será a forma de pagamento? Etelvina respondeu: - Cartão. Dois cartões, aliás, um que meu marido vê, e outro que ele não vê. Etelvina, além de tudo tinha o fino sentido de humor, afinal, a vida sem um sorriso não vale a pena. Sorrio, logo existo!
revistaon.com.br
|
11
OPINIÃO
Viva o fim do mundo! Encare o suposto “apocalipse” de 2012 como um instrumento a seu favor Oneir Vitor Guedes oneirvitor@hotmail.com
Oneir Vitor Guedes formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e, atualmente, atua como advogado e consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunista do Três Rios Online.
I
nvasões alienígenas, profecias antigas, tempestades solares, asteróides em rota de colisão com a Terra... Junte todos esses ingredientes e o resultado será a teoria mais popular da internet atualmente. Você já deve ter se deparado com uma infinidade de previsões apocalípticas relacionadas a este ano e provavelmente concluiu que toda essa história não passa de um artifício capcioso para vender livros e garantir a bilheteria dos filmes de Hollywood. Com isso, você chegou à conclusão de que o seu ano de 2012 será igual a todos os outros, afinal não há motivos para viver como se estivesse prestes a enfrentar o armagedom. Contudo, com esse pensamento você está desperdiçando uma grande oportunidade em sua vida. Vamos supor, apenas por minuto, que o mundo que conhecemos deixará de existir no fim de 2012. Por certo você tentaria aproveitar o resto de sua vida ao máximo, desenterraria sonhos antigos e buscaria realizar aquelas coisas que sempre quis fazer. Ora, não seria incrível? Por isso, venho propor um trato a você: mesmo que tenhamos a convicção racional de que todas as previsões falharão, vamos viver esse ano como se acreditássemos que ele será o nosso último, pondo em prática aqueles desejos que, por algum motivo, sempre acabamos deixando para depois. Caso aceite minha proposta, é hora de pensar no que você realmente gostaria de fazer se tivesse apenas mais um ano de vida. Voaria em um balão? Faria uma tatuagem? Compraria aquele ferrorama que você sonhava em ter na infância? Faria um
outdoor gigante para expressar um pensamento? Ajudaria uma organização em que acredita? Viajaria para um local que sempre sonhou conhecer? Nadaria nu? Colocaria em prática uma ideia antiga, que sempre quis realizar? Sejam quais forem as suas metas, das mais simples às mais ambiciosas, em 2012 viva como se o mundo fosse mesmo acabar. É sua oportunidade de sair do “status quo” e sair em busca de coisas que para outros poderão parecer sem importância, mas para você terão um enorme significado. Este nosso fim do mundo hipotético também será o empurrão que faltava para dizermos àquelas palavras que já deveríamos ter dito. Talvez você precise pedir perdão para alguém que magoou. Agradecer aquela pessoa que te ajudou no início de sua jornada. Arrepender-se de seus pecados diante de Deus ou simplesmente dizer “eu te amo” para alguém que, embora saiba disso, há muito tempo não ouve essas palavras saindo da sua boca. Chega de protelar os velhos planos, chega de adiar aquilo que já deveria ter sido feito. Encare o suposto apocalipse de 2012 como instrumento a seu favor, como ponto de partido para uma necessária mudança em sua rotina. É importante que você não tenha medo de arriscar, pois independente do que aconteça, é natural que ocorram arrependimentos no meio do caminho. Sempre vamos achar que podíamos ter mais tempo, sempre vamos desejar mais um dia. Sabendo disso, só podemos fazer o que qualquer ser racional faria nessa situação: aproveitar enquanto é possível.¹
¹Se você gostou deste texto e realmente pensa em colocar seus planos em prática, recomendo a leitura do livro “100 coisas para fazer [antes de morrer]”, de Michael Ogden & Chris Day 12
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
13
14
| revistaon.com.br
OPINIÃO
Incorretíssimo Ao contrário do que muitos pensam, ser politicamente correto não é uma vantagem, apesar das palavras que constituem a expressão provocarem uma ilusão contrária.
O
politicamente correto é um veneno que está ganhando força no Brasil do século 21. E o pior: por aqui estamos adotando uma variação tergiversa desse modelo de comportamento, que só serve para emboscar e matar qualquer sociedade que pretenda ousar o caminho do desenvolvimento e da contemporaneidade. Povos reféns do politicamente correto criam gerações sedimentadas pela hipocrisia e pela conivência com toda sorte (ou azar!) de malfeitos, como gosta de dizer dona Dilma, ao se referir à banda corrupta de seu governo. Ao contrário do que muitos pensam, ser politicamente correto não é uma vantagem, apesar das palavras que constituem a expressão provocarem uma ilusão contrária. Um excepcional exemplo dos prejuízos causados à sociedade pelos ditos corretíssimos pode ser observado nos livros de história do Brasil recheados de fábulas e ficções grotescas sobre o país varonil. No processo de fabricação desse espírito grandioso, foram inventadas indiscriminadamente tradições, heróis e mitos. Alguns deles, inclusive, são risíveis, dignos das grotas do nauseabundo. Vejamos o caso de alguns renomados escritores brasileiros, endeusados por mitos politicamente corretos sobre suas biografias e pela intelectualidade de suas palavras. No entanto, há muito sobre eles que é propositalmente soterrado sob um pacote de bondades e genialidades. Grandes autores também escrevem e pensam bobagens, ora bolas! Machado de Assis, considerado por muitos como o maior nome da literatura nacional, foi censor do Império. Esse é só um exemplo. Há outros, bem piores e comprometedores. O baiano imortal Jorge Amado defendia publicamente Hitler e Stálin. O escritor e antropólogo Gilberto Freyre defendeu com brilhantismo a miscigenação como uma agradável particularidade
brasileira em sua badalada obra-prima “Casa Grande & Senzala”. No entanto, antes da publicação, ele desejava o gradual embranquecimento de nosso povo, chegando a afirmar que “o Brasil deveria seguir a Argentina e clarear a população”. E foi muito além: em sua dissertação de mestrado para a Universidade de Colúmbia, nos EUA, Freyre elogiou o “esforço dos cavaleiros da Ku Klux Klan (...) uma espécie de maçonaria guerreira”, grupo racista que, naquele tempo, executou sumariamente milhares de negros norte-americanos. No campo político, as mentiras são ainda maiores. Hoje temos no poder uma presidente que foi guerrilheira nos anos de chumbo da ditadura militar. Ela e tantos de seus companheiros gostam de bradar que lutaram pela liberdade. Mentira! Os guerrilheiros não lutavam por liberdade. O objetivo final dessas células era transformar o Brasil em outra ditadura. Em momento algum o projeto era o reestabelecimento das liberdades democráticas. Aliás, estamos vivendo hoje uma espécie de ditadura baseada num duvidoso socialismo tropical. Quem estiver disposto a jogar tomates no politicamente correto, não pode deixar de ler o best-seller “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (Editora Leya, 2011, 368 páginas, R$ 39,90), um livro tão sério quanto extraordinário, escrito pelo jovem e genial jornalista Leandro Narloch, após vasta pesquisa bibliográfica e documental. Entre as histórias que contei aqui e tantas outras, o leitor pode se deleitar com pérolas comprovadas como: Zumbi de Palmares tinha escravos; Santos Dumont não inventou o avião; a origem da feijoada é europeia; o mineiro Aleijadinho não passa de um personagem literário; e muito mais. Trata-se de uma leitura imperdível e deliciosa. De minha parte, afirmo categoricamente: prefiro ser politicamente incorreto. Incorretíssimo, de preferência.
Helder Caldeira helder@heldercaldeira.com.br
Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista, colunista do Três Rios Online e autor do livro “A 1ª Presidenta”, primeira obra publicada no Brasil sobre a trajetória política de Dilma Rousseff.
revistaon.com.br
|
15
OPINIÃO
Dano material presumido A possibilidade de comprovação do dano material através da presunção relativa
David Elmôr david@elmorecorreaadv.com.br
David Elmôr é Advogado Criminalista, originário de uma das mais respeitáveis bancas de direito do Brasil (SAHIONE Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR & CORRÊA Advogados
16
| revistaon.com.br
E
m 2003, quando ainda militava nos quadros do Sahione Advogados, me deparei com um caso que versava sobre o “extravio definitivo de uma bagagem não registrada, causado por uma companhia aérea”. Logo, pairava uma dúvida: Se para indenização do dano material (perda dos bens) é necessário a sua estrita comprovação; como poderíamos valorar o conteúdo de uma bagagem não registrada? Para melhor entendimento desta questão, é importante ressaltar que, diferentemente do dano moral (não patrimonial, presumido, íntimo a personalidade e dispensa a prova do prejuízo), o dano material (patrimonial, economicamente avaliável) não pode ser presumido, exigindo-se assim, a comprovação do prejuízo suportado, para que seja realizada a reparação. Portanto, em casos análogos ao trazido à baila, o dano moral (dor, frustração, constrangimento, etc.) é incontestável, porque decorre do próprio fato (presume-se), e o dano material é indubitável, porque deriva da perda definitiva da bagagem (comprova-se). Contudo, imperativo se faz quantificar o prejuízo do conteúdo da mala, ou seja, de algo que não se pode pormenorizar (não comprovado), mas que se sabe que existe, daí a presunção relativa. Atualmente, é possível encontrar na jurisprudência uma grande quantidade de julgados acerca desta matéria, sendo que, a maioria propõe que, para se mensurar o dano material, é necessário que o julgador faça uma estimativa (razoabilidade e proporcionalidade), e, de acordo com o seu livre convencimento, arbitre um valor indenizatório, observando a condição social e econômica do envolvido (o que uma pessoa de tal padrão aquisitivo teria consigo em sua bagagem). A “regra de arbitramento por estimativa” nos parece evasiva para se encontrar o valor do dano material relativamente presumido, pois, sua aplicação pode gerar uma violação ao princípio da igualdade.
O CDC (Código de Defesa do Consumidor) é a lei específica e exclusiva para esta matéria, assim, nesta seara, nenhuma outra lei poderá se sobrepor ou subsistir. Logo, é por isso que o Poder Judiciário afasta os argumentos das companhias aéreas, quando realizam suas defesas com esteio em outras legislações que lhes são mais favoráveis (Convenções de Varsóvia e Montreal, Código Brasileiro de Aeronáutica, etc.). No entanto, o CDC não trás instrumentos que possibilitem a valoração do prejuízo nestes casos. Desta forma, outra legislação pode coexistir com o CDC, especialmente, nos pontos em que não haja incompatibilidade, em respeito a uma regra de hermenêutica denominada “diálogo das fontes”. A Convenção de Varsóvia possui uma tabela denominada “responsabilidade tarifada” (ex. a empresa paga ‘x’ dólares por kg de bagagem; ou, ‘y’ dólares por pessoa), com a intenção de limitar a obrigação das companhias aéreas em casos de indenização por perda de bagagem, inclusive, no que diz respeito às bagagens registradas (conteúdo comprovado e quantificado), o que é impedido pelo CDC. Todavia, no que diz respeito às bagagens não registradas, extraviadas em definitivo, resta indispensável à aplicação subsidiária da Convenção de Varsóvia ao CDC, com a finalidade de se empregar parâmetros (responsabilidade tarifada) à valoração do dano material presumido (quantificação do conteúdo não comprovado). Por derradeiro, insta salientar, que quando desenvolvi esta tese, aqui singelamente abordada, a tratava como “dano material tácito”. Recentemente, a matéria foi alvo de debate em um seminário de direito do consumidor, ocasião em que o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Superior Tribunal de Justiça, sugeriu-me a denominação “dano material presumido”, que, como pode ser observado, foi acatada de imediato.
revistaon.com.br
|
17
CULTURA
Abre-alas que os blocos vão
passar POR PRISCILA OKADA
FOTOS REVISTA ON
Os blocos tornaram-se uma característica do carnaval carioca, principalmente no Centro-Sul Fluminense. Em Três Rios, por onde eles passam, arrastam centenas de foliões e esbanjam alegria no maior feriado brasileiro. Diferentemente das escolas de samba, sobrevivem de ajudas menores e eventos para arrecadação de dinheiro.
Q
uando o assunto é carnaval, as notícias que mais saem nas mídias relatam a realidade das escolas de samba, dos recursos repassados e todo o glamour que as envolve. Dessa vez, fomos atrás de alguns blocos da região para saber como está a preparação para a folia e a expectativa para o carnaval 2012. De acordo com o presidente da Liest (Liga Independente das Escolas de Samba Trirrienses), José Rodrigues, em 2011, as agremiações ficaram sem espaço para organizar e montar a estrutura para as apresentações. “A cidade está crescendo demais e os galpões que eram utilizados nesse período, para os ensaios e montagem das alegorias, não podem ser usados. Essa é a dificuldade encontrada pelas escolas e os blocos no município”, conta, revelando que existem planos para que o município ganhe um espaço semelhante à Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, onde abriga as agremiações e oferece suporte aos grupos carnavalescos. De acordo com Rodrigues, alguns grupos deixam para os últimos dias sua organização. Muitas pessoas, até hoje, têm dificuldade em diferenciar os de embalo e os de enredo. O primeiro é análogo às escolas, possuem um samba, embora normalmen18
| revistaon.com.br
te este seja mais curto que o do grêmios recreativos. As agremiações, especialmente dos grupos inferiores, evoluíram de blocos de enredo antes de pedirem filiação à Associação das Escolas de Samba. Em Três Rios, duas escolas do grupo C saíram de blocos de enredo: o Portal do Samba e o Império da Vila. Os de embalo são ligados a bairros ou a instituições da cidade. Não têm compromisso organizacional e desfilam sem competição. Sua característica principal é o uso de uma camiseta padrão que, a cada ano, está relacionada a um tema e se utilizam de músicas inéditas para seus desfiles. De acordo com o presidente da Liest, o carnaval de Três Rios é considerado o mais importante do interior do estado do Rio de Janeiro. Durante os últimos anos, com o investimento, o evento vem atraindo pessoas de outras cidades que visitam o município e os grupos que antigamente arrastavam, em sua maioria, os foliões somente dos bairros, hoje contagiam a quem passa por eles. É o caso do tradicional Bloco do Galo, do bairro Cantagalo, que pretende inovar no desfile, geralmente, na segunda-feira da semana festiva. Neste ano, o tema escolhido pelo grupo vai homenagear a época natalina. “Já estamos confeccionando as renas e
Pentacampeão, o carnavalesco do Bloco do Galo, Marcos Antônio Travassos, diz ter orgulho do trabalho que desenvolvem alguns adereços”, revela o carnavalesco Marcos Antônio Travassos. Como já foi citado, a sobrevivência desses pequenos grupos, depende em sua maioria de arrecadações, promovidas pela comunidade envolvida. Para isso, Travassos explica que, há muitos anos, pouco tempo antes da data, camisetas com o nome do bloco são produzidas para arrecadar fundos que, diferente das escolas, são menores. Além disso, ele informa que são realizados bingos e rifas na comunidade. Em relação ao patrocínio, diz conseguir alguns, mas espera que outras pessoas se interessem em ajudar. Segundo o carnavalesco, cerca de 1.500 foliões costumam sair no grupo. No dia do desfile, existe uma premiação para a melhor agremiação. O Bloco do Galo é pentacampeão na categoria. “Muitas pessoas me perguntam se não queremos virar escola de samba. Essa nunca foi nossa intenção, mas gostamos muito de saber que
caprichamos em nosso desfile”, ressalta. Outro grupo trirriense, chamado Pagodão do Samba, também está na corrida para terminar seus adereços até a festividade. O carnavalesco Salvador explica que os adereços saem, mesmo, nos últimos dias. Sobre os fundos de arrecadação, ele revela que recebe ajuda da liga e promove a venda das camisetas do grupo. De acordo com Rodrigues, o carnaval de Três Rios conta com três categorias carnavalescas dividas em grupos, assim como acontece nos desfiles do Rio de Janeiro e de São Paulo. Para ajudar cada grupo, ele explica que há um valor simbólico estipulado, mas nem todos cobram. “No caso dos blocos, tentamos ajudar no que podemos”, afirma. Atualmente, em Três Rios, existem aproximadamente 11 blocos que saem na segunda-feira de carnaval, são eles: Os que Bebem Não Vieram, Unidos do Palmital, Enverga Mas Não Quebra, Galo, Barão, Auê, Unidos do São Carlos, Unidos do Barros Franco, Pagodão do Sacode, Portão Vermelho, Sassarico e Total Flex.
Os blocos desfilam na segunda-feira de carnaval Em Comendador Levy Gasparian, o Unidos do Morro, único cadastrado pela prefeitura desde 2009, a cada ano tenta resgatar o carnaval da cidade. “Em 2006, quando iniciamos uma batucada em dia de carnaval, Levy não tinha mais blocos, os mais antigos já tinham se extinguido e, a partir daí, as pessoas começaram a se animar com a nossa movimentação e, de pouco em pouco, foram fazendo fantasias e se juntando ao grupo. Sem muito recurso, sugeriram que nos registrássemos para conseguir uma verba. Em 2009, conseguimos nosso cadastro e, hoje, somos referência na cidade”, conta o vice-presidente, Pedro Paulo Pereira Costa, que esse ano vai homenagear, em seu enredo, a velha guarda dos antigos carnavais gaspariense. “Para quem gosta de blocos, esse ano pretendemos arrastar muitas pessoas com a
gente”, finaliza, convidando foliões para a festividade na cidade. Em Levy, outro grupo pode ser visto nas ruas durante o evento, o bloco do Grotão, que em tamanho menor, ainda precisa de ajuda em sua estrutura e em instrumentos musicais. Em Areal e Sapucaia, até o fechamento da matéria, os grupos ainda aguardavam aprovação orçamentária quanto à participação das cidades no carnaval. Em janeiro de 2011, as fortes chuvas provocaram grandes danos nos municípios e, segundo as secretarias de comunicação, a prioridade é reestruturar as cidades e as famílias atingidas pelas enchentes. Em Areal, aproximadamente seis blocos costumam sair nas ruas: Fazenda Velha, Que Delicia, DR, Academia Areal, Flash Dance e Amazonas. Apesar da falta de recursos, ainda existe centenas de pessoas comprometidas com o carnaval. Desta forma, só resta cair na folia e se deixar levar pelos arrastões. Os interessados em ajudar os grupos, podem passar nas secretarias de cultura de cada cidade, onde serão encaminhados aos representantes dos blocos.
revistaon.com.br
|
19
Motores desligados
Esta é a situação que se encontra o Museu Rodoviário de Comendador Levy Gasparian POR ALINE RICKLY
Ú
nico da América Latina e está de portas fechadas. O prédio é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), de propriedade do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), mas, há 20 anos, vem sendo cuidado pela prefeitura da cidade. Há cerca de três meses, por decisão da prefeitura, foi suspensa a visitação porque o espaço precisa de reformas imediatas. O secretário de turismo, Hélvio Leite Miguel, disse que o prédio foi fechado por medidas de segurança. “O estado em que ele se encontra é precário, precisa urgentemente de uma reforma para que volte ao normal e continue trazendo turistas para Levy. As viaturas estão enferrujadas e o assoalho está afundando, o que traz risco aos frequentadores. Já montamos um projeto de revitalização e modernização, mas precisamos de apoio para custear as obras. É um patrimônio que, 20
| revistaon.com.br
FOTOS ARQUIVO PMLG
O secretário de Turismo de Levy, Hélvio Miguel, disse que as viaturas estão enferrujadas e o assoalho está afundando, o que traz risco aos frequentadores fechado, deixa de trazer em média 4.000 visitantes por mês para a região”, explica. Localizado na praça João Werneck, antiga estrada União e Indústria, no distrito de Monte Serrat, em Paraibuna, o edifício foi construído no estilo de um chalé francês, em 1856. O prédio fica onde era uma das 12 estações de “muda de cavalos”. Quando o imperador d. Pedro II viajava de Petrópolis a Juiz de Fora, trocava os animais usados nas diligências em um revezamento
que se repetia a cada hora. Ele foi construído em estrutura de madeira e alvenaria, tijolos maciços e telhado em folhas de metal de cor clara. Atualmente, a oitava estação desapareceu, dando espaço ao museu. No seu acervo está disposto um composto de diversificadas peças que contam a história das rodovias brasileiras. Lá estão preservadas máquinas usadas na construção da União e Indústria, alguns marcos
FACHADA Museu Rodoviário de Levy é o único da América Latina
CULTURA
O espaço abriga máquinas usadas na construção da estrada União e Indústria de pedra, antigas máquinas a vapor, que foram utilizadas na abertura e conservação das primeiras rodovias brasileiras, além de medalhas e chafarizes de pedra, ônibus, jeeps, tratores, a moto Harley-Davidson de 1947, um troller, cadeirinha de arruar, maquete de tropeiros do século 19, placas de inauguração das principais estradas do país, quadros de personalidades históricas como d. Pedro II, Getúlio Vargas, Mariano Procópio, Tiradentes, dentre outros e a diligência usada na viagem inaugural do imperador. Com o passar dos anos a estrada original foi sendo alterada e alguns trechos passaram a fazer parte da BR-040, enquanto outros foram pavimentados. Alexçandro Santana, conhecido como Neneco, trabalha no museu há 20 anos. “Já fui diretor, guia e hoje sou guarda municipal. Tive outros empregos, mas esse eu afirmo que faço porque gosto”, garante. Alexçandro considera bom e emocionante o seu trabalho. “Isso é a minha vida, tenho medo de sair daqui”, diz. Apesar do rico e diversificado acervo, o museu encontra-se em condições precárias, principalmente as peças a céu aberto.
DILIGÊNCIA Era na Mazeppa que d. Pedro II fazia suas viagens de Petrópolis a Juiz de Fora
PARTE EXTERNA As roupas usadas pelos operários da época estão se deteriorando do lado de fora do Museu
CARROS Os automóveis usados no século passado também fazem parte do acervo cultural
De acordo com o secretário Hélvio, o Dnit deveria ser encarregado da reforma. A Revista On entrou em contato com o departamento que, por e-mail, sugeriu o contato com a SPU (Secretaria de Patrimônio da União) no Ministério do Planejamento, que seria a responsável por todo o patrimônio da União, porém a assessoria informou que o espaço faz parte de um contrato de cessão ao Dnit e, por ser tombado pelo patrimônio histórico, é este que detém os direitos de preservar e restaurar, caso necessário. Em contato com o Iphan, não foi possível uma resposta, visto o recesso de fim de ano. Rildon Luiz da Silva, trabalha com ho-
telaria e reside em Levy Gasparian há oito anos. “O Museu Rodoviário é algo que vale a pena visitar e viajar nas lembranças que ele traz. É uma aula de história do século passado, pois abriga as máquinas usadas para pavimentar a União e Indústria, entre tantos outros objetos que remetem aos anos anteriores”. Dono de um hotel na região, Luiz Homem de Faria Filho, diz que a ocupação em seu empreendimento diminui com o fechamento do local. “Esta é uma característica das mais antigas que temos aqui em Levy, é toda uma história descritiva. Um patrimônio cultural que devia ter mais sensibilidade por parte do governo. É o único Museu da América Latina e está esperando por obras que nunca acontecem, assim como outros patrimônios municipais que mereciam ser restaurados”, comenta. O secretário de Cultura, Wellington Soares explicou que o Museu está parcialmente fechado porque parte do assoalho cedeu devido à corrosão dos barrotes. “Após a conclusão da reforma, o espaço estará completamente aberto. Foi publicada no Diário Oficial a doação com encargos do Museu Rodoviário de Comendador Levy Gasparian ao Dnit para a restauração e preservação. O departamento tem até dois anos para a conclusão das obras. A ação aconteceu por intermédio da ministra Planejamento, Orçamento e Gestão, Mirian Belchior”, relatou Wellington. A Revista On tentou entrar em contato com o Dnit novamente, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. revistaon.com.br
|
21
22
| revistaon.com.br
MEIO AMBIENTE
Crédito do futuro POR FREDERICO NOGUEIRA
FOTOS REVISTA ON
Caso tenha dormido na aula de geografia, preste atenção. Em 1988, aconteceu a primeira reunião com cientistas e líderes de países para uma discussão acerca das mudanças climáticas no planeta. Dois anos depois, foi constatado que o dióxido de carbono (CO2), emitido por queima de combustíveis fósseis, é o principal causador das transformações no clima. Passada a Eco-92 e mais alguns anos, foi assinado, em 1997, o protocolo de Kyoto, onde as nações desenvolvidas assumiram o compromisso de reduzir a emissão de gases. Para ninguém “sair perdendo”, foram criados os créditos de carbono. E empresas da região já começam a utilizar esta “moeda ecológica”.
N
o fim do ano passado, o mundo acompanhou a 17ª reunião da COP (Conference of Parties), um encontro anual dos países que assinaram um acordo na Eco-92 sobre mudanças climáticas. Na edição de 2011, a conferência realizada em Durban, na África do Sul, definiu o segundo período de execução do protocolo de Kyoto, visto que o atual termina este ano. O novo, sem adesão da Rússia, Japão e Canadá, vai até 2017 e pretende garantir uma redução, até 2020, que varia entre 25% e 40% de gases causadores do efeito estufa emitidos por parte dos países envolvidos no acordo. Essas metas têm relação com os níveis de 1990. Neste mesmo encontro, foi apresentado um documento onde consta que dez países são responsáveis por dois terços das emissões globais. Os primeiros são China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão. O Brasil aparece na sexta posição, seguido por Alemanha, Canadá, México e Irã. Para a nova fase de Kyoto,
a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou que o país adotará, pela primeira vez, metas obrigatórias de redução dos gases causadores do efeito estufa. “O Brasil irá trabalhar para que possamos negociar um novo instrumento legalmente vinculante, baseado nas recomendações da ciência e que inclua todos os países para o período imediatamente pós 2020”, disse ela em seu discurso. O Brasil já trabalha para a redução da emissão de gases. Isso pode ser visto, inclusive, em empresas da nossa região. Duas cerâmicas implantaram, entre outros projetos, o sistema de créditos de carbono. Uma delas está localizada em Bemposta e a outra, quase centenária, em Paraíba do Sul. Sócio-diretor na cerâmica de Bemposta, Cedenir Fernando Barbosa Lima conta como iniciou o projeto. “Começamos com um consultor que passou orientações. Até hoje, são feitas vistorias. Trocamos o combustível fóssil por resíduos de madeiras para a geração de energia nos
O Brasil é o sexto maior emissor de gases do efeito estufa fornos. Temos, também, um equipamento para esta queima que veio da França. Não foi barato, mas é válido, pois a região terá uma qualidade de vida muito melhor”, diz. Já a empresa sul-paraibana, que, em 2004, havia iniciado o plantio de 20 mil mudas de eucalipto, dois anos depois co-desenvolveu o projeto de troca de combustíveis, que culminou com a geração dos créditos de carbono e melhoria na sociedade. Alice Vicente Franklin, gestora financeira da cerâmica, mostra o resultado. “Entre 2006 e 2009, tivemos uma redução na emissão de 25.326 toneladas de CO2”. O crédito de carbono foi uma solução encontrada para que os países diminuam a emissão de gases e não tenham as economias abaladas. “É uma unidade de revistaon.com.br
|
23
MEIO AMBIENTE
A redução de emissões gera créditos que podem ser vendidos
RESISTÊNCIA Para Thiago Vila Verde, a consciência ambiental agrega valores à gestão das empresas
neutralização de carbono. Cada crédito corresponde a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida para a atmosfera por uma empresa, organização ou pessoa física. As ações para redução dos gases causadores do efeito estufa contribuem para o clima e para o meio ambiente. Esse esforço para a redução de emissões, gera créditos que podem ser vendidos para empresas, organizações ou pessoas físicas que não conseguiram reduzir suas emissões, ou seja, é como se eles ‘patrocinassem’ a redução de gases por um terceiro”, explica Mirna Kragulj, representante da Sustainable Carbon, co-desenvolvedora de projetos do tipo. Mas o que é o efeito estufa? Mestre em Gestão Ambiental, Thiago Vila Verde explica a atual situação climática do planeta.
CERÂMICA Etapas de produção dos tijolos são pensadas de forma a agredir menos o meio ambiente 24
| revistaon.com.br
“O efeito estufa é natural. Sem ele, a temperatura média do planeta seria de -18ºC, ou seja, precisamos que exista. Mas o ser humano está aumentando a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e, com isso, acontece o aquecimento global. O sol ilumina o planeta e garante o aquecimento da crosta terrestre através dos raios ultravioletas. Parte desta radiação precisa retornar ao espaço pois, caso contrário, aqueceria demais. Porém, como está havendo uma grande concentração de gases, parte destes raios não retornam e ficam presos na barreira formada por eles, o que está causando o aquecimento da Terra. Por isso, a importância da redução dos gases de efeito estufa, como o CO2”, explica. Em 1998, foi criada, no Tocantins, com a missão de estudar a mudança climática e desenvolver soluções sustentáveis com a participação ativa das comunidades, a ONG Instituto Ecológica. Lá, foi desenvolvida a metodologia do carbono social, para mostrar que o meio ambiente oferece boas condições de vida para as comunidades que dele dependem, desde que sejam protegidas. Aplicando o conceito em indústrias de cerâmica vermelha, foi criada a Sustainable Carbon que, hoje,
SELO Os caminhões da cerâmica levam o selo do carbono social e atraem clientes com consciência ambiental
já contribuiu com a validação de 33 projetos, que podem ter o Markit Environmental Registry, o registro global que proporciona transparência necessária e credibilidade. Mirna explica as principais iniciativas. “No Brasil, desenvolvemos a maioria dos projetos de redução de emissões com pequenas e médias empresas da indústria ceramista que produzem produtos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas para a indústria da construção local”. Para um resultado positivo, as mudanças precisam ir além do espaço físico de produção. “Quando falamos em empresa, dentro dos muros falamos em segurança do trabalho, mas, a partir do momento que ela emite algum tipo de efluente, seja líquido, particulado, fumaça, etc., e vai para fora, começamos
CERTIFICADO A cerâmica sul-paraibana reduziu em mais de 26 mil toneladas a emissão de CO2
Segundo Thiago Vila Verde, as novas gerações já chegam com uma consciência ambiental que as antigas não tinham a falar de sistema de gestão ambiental, que está preocupado com a comunidade como um todo”, explica Vila Verde. As mudanças da comunidade onde as indústrias estão inseridas, também fazem parte do projeto que gera os créditos de carbono. “Aqui, por onde nosso caminhão passa, temos um caminhão pipa que lava a rua. Se esquecermos da parte social, uma parte do processo não funciona. Já vendemos os créditos por duas vezes e, agora, está sendo feita uma nova avaliação que mostrará quantos temos para uma nova negociação”, explica Fernando, que completa dizendo que os caminhões da cerâmica possuem o selo do projeto, o que chama atenção e atrai novos compradores. Clientes, estes, cada vez mais exigentes. “As novas gerações estão chegando com muito mais consciência ambiental que as antigas. Isso gera consumidores exigentes com relação à essa questão. Por isso, as empresas que elaboram projetos sustentáveis têm, e terão cada vez mais
ETAPAS A consciência ambiental está, também, nos plásticos e madeiras das embalagens
APARATO Em Bemposta, um equipamento importado foi necessário para reduzir os danos ao meio ambiente
destaque no mercado”, argumenta Vila Verde que, além de ser secretário de Meio Ambiente de Três Rios, desenvolve projetos de sistemas de gestão e encontra resistências quando frisa o benefício ao ambiente: “algumas vezes preciso reforçar a questão financeira, falar da economia que haverá no futuro. Alguns ainda mudam as empresas sem pensar no meio ambiente, apenas na parte econômica, mas essa consciência está sendo modificada”, diz. Fundada em 1919, a cerâmica localiza-
da em Paraíba do Sul entende a mudança no perfil dos compradores. “Com o passar do tempo, o cliente passou a não só querer comprar um tijolo e, sim, um produto que proporcione redução de custo em sua obra, reduzindo os desperdícios e aumentando a produtividade. Atualmente, produzimos mais de 40 tipos de tijolos, inclusive os que podem reduzir o consumo futuro de energia do nosso cliente”, revela Alice Vicente Franklin. A cerâmica de Bemposta, que já serviu como unidade de demonstração do Projeto Conservação de Energia na pequena e média indústria do Estado do Rio de Janeiro, recebeu um prêmio nacional de conservação e uso racional de energia em 2004 e ficou com o 1º lugar no Rio de Janeiro do Prêmio Sebrae Eco eficiência, também em 2004, mas continua em busca de soluções sustentáveis, garante Fernando. “Estamos fazendo testes para usar os resíduos da perfuração dos poços de petróleo do Pré-Sal”. Em Paraíba do Sul, o pensamento ecológico é motivo de comemoração. “Temos orgulho de, com a redução, valorizar o ambiente de trabalho, a comunidade local, os colaboradores e nossos clientes. O grande retorno que temos é o orgulho de contribuirmos para o futuro do nosso planeta através da redução da emissão de CO2 no meio ambiente”, finaliza Alice. revistaon.com.br
|
25
26
| revistaon.com.br
MEIO AMBIENTE
Amor às águas sul-paraibanas POR ALINE RICKLY
FOTOS REVISTA ON
“Nosso Paraíba do Sul, fonte de muitas riquezas, já foi limpo e caudaloso, tá morrendo com certeza, que Minas, São Paulo e Rio, se unam com grande brio, lutando em sua defesa”. As palavras do arquiteto urbanista, Josemar Coimbra, mostram que é necessário cuidar do rio para que ele não morra.
S
egundo estatísticas realizadas pela guarda fluvial sul-paraibana, só em 2010 foram retirados 950 sacos de lixo com isopor, chinelo, sapato, garrafa pet, brinquedos, entre outros. Foi realizada a soltura de 2.000 peixes juvenis que mediam de 13cm a 15cm. Foram plantadas 2.031 mudas de ingá, jamelão e sangue de adraga. Dez capivaras foram recolhidas, frutos da caça predatória, e 29 redes de pesca ilegal foram apreendidas. Pelos números, a conclusão é clara: Em tempos de desmatamento, poluição e quei-
madas, encontrar cidadãos que cuidam da natureza é algo que chama a atenção. Em Paraíba do Sul, quatro guardas fluviais são responsáveis por manter as margens limpas. Eles realizam mutirões para retirar o lixo que vem de fora, fiscalizam atividades ilegais e zelam pelo bem estar da flora e da fauna na região. Criada em 27 de agosto de 2003 com o objetivo principal de preservar o rio e os recursos naturais, a patrulha fluvial composta por José Adyr, Rodnei Alves, Shirley da Silva e Manoel Rivello, contribui para o bem do meio ambiente. As ações
desenvolvidas pelos inspetores beneficiam não só as pessoas, que respiram um ar mais saudável, como também os animais que se sentem seguros naquele lugar. O secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, Luiz Carlos Garrido, conta que em maio de 2007 foi assinada a lei municipal 2.553. Ela garante a proibição da caça e pesca predatória, além de dar poder à guarda fluvial de coibir essas práticas. “Eles apreendem material de caça ilegal e patrulham o rio nos seus 32 km, entre a divisa de Vassouras e Três Rios. Contam com o apoio de pessoas revistaon.com.br
|
27
MEIO AMBIENTE
NINHAL Em 2010 e 2011, as garças usaram o rio Paraíba do Sul para terem seus filhotes
“Em maio de 2007 foi assinada a lei municipal 2.553. Ela garante a proibição da caça e pesca predatória, além de dar poder à guarda fluvial de coibir essas práticas” que fazem denúncias e facilitam o trabalho da equipe”, diz Garrido. Segundo José Adyr, muitas pessoas abusavam na localidade. “Aqui tinha muita gente que explorava a pesca como renda complementar”, comenta. Quando a patrulha recebe denúncia, eles possuem o apoio da polícia militar. “É um serviço de grande importância, pois eles também fiscalizam toda e qualquer atividade que acontece nas margens do rio e das ilhas, como construções irregulares, desmatamento, poluição, etc.”, acrescenta o secretário Luis Carlos. Além disso, os guardas cuidam do reflorestamento no entorno do rio e da recuperação da mata ciliar. Periodicamente, é realizado um mutirão de limpeza nas margens do rio com o apoio de voluntários. No período de cheias dos rios, a guarda ainda dá apoio às famílias ribeirinhas e conta com a ajuda do corpo de bombeiros. “No caso de acidentes e afogamento, nós 28
| revistaon.com.br
também auxiliamos a Defesa Civil e a polícia”, complementa José Adyr. Em 2009 houve a invasão de garimpeiros em locais onde não há acesso por terra. De acordo com Garrido, para a retirada das embarcações, a patrulha foi fundamental. Na região, a guarda conta com o ajuda da população que encara com muita simpatia o trabalho realizado por eles. Quando as pessoas são pegas jogando lixos no rio ou poluindo, os profissionais têm o poder de notificar o cidadão e comunicar a fiscalização. “Eles estão sempre atuantes e fazem com que a comunidade se sinta mais segura para um passeio de barco ou uma atividade de lazer em volta do rio, porque sabem que se acontecer um imprevisto eles podem contar com a se-
PATRULHA O trabalho realizado pela equipe contribui para um meio ambiente mais puro
gurança da guarda fluvial”, diz Garrido que acredita na fiscalização como forma de prevenção de delitos. Josenir de Freitas, 73, é aposentado e um dos pescadores do rio. Ele diz que pratica a atividade de forma legal desde que era criança. “Toda folga que tenho, estou dentro d’água. Pesco 3 kg de peixes por semana que servem para o consumo”, conta. As multas para quem infringir a lei da caça e da pesca são pesadas e podem chegar a R$ 3.500 se a guarda florestal for comunicada. Rodnei afirma que o trabalho é bem dinâmico. Para ele, a questão da prevenção a crimes ambientais e atividades irregulares que degradam o meio ambiente é satisfatória. Já Manoel acredita que é importante o auxílio que a equipe presta aos pescadores e a limpeza que realizam. Shirley está há cinco meses no grupo e é a única mulher. Quanto ao trabalho, garantiu não ter medo de água. “Já conhecia o serviço realizado pela patrulha antes e gosto de estar aqui. Quando fui chamada não pensei duas vezes”, diz. O comandante, Paulo Celso Soares da Silva, também é a favor e elogia o trabalho da equipe. “A meu ver, é uma atividade de muita importância para o município, pois, além de estar atenta às oscilações do rio Paraíba do Sul, ela também previne que a população retire árvores em volta do rio e fazem o plantio de mudas. Alguns dos nossos guardas municipais trabalham na patrulha”, explicou. De acordo com José Adyr, para ser membro da guarda é necessário ter o
“Periodicamente, é realizado um mutirão de limpeza nas margens do rio com apoio de voluntários” Rio Paraíba do Sul
EFETIVO Guardas Fluviais junto ao secretário de Meio Ambiente de Paraíba do Sul
perfil, gostar da natureza, saber nadar e ter paixão pela preservação. O secretário de Meio Ambiente Luis Carlos, acredita que: “Se cada cidade tomasse conta do seu trecho do rio, na totalidade, ele estaria mais preservado”.
E para encerrar nas palavras de Josemar Coimbra: “E você que joga no rio / Entulho, lixo e sujeira/ Pense sempre duas vezes / Antes de fazer a besteira / Levante alto sua voz / Da nascente até a foz / Da Bacaína a Mantiqueira.”
O rio Paraíba do Sul banha os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Formado pela ligação dos rios Paraitinga e Paraibuna, tem sua nascente mais afastada da foz, na Serra da Bocaína, em São Paulo, com o nome de rio Paraitinga. Ele recebe o nome Paraíba do Sul na confluência com o Paraibuna, na represa. O Paraíba do Sul percorre um total de 1.137 km, desde a nascente até a foz em Atafona (São João da Barra), no norte fluminense. Foi no Paraíba do Sul que encontraram a estátua de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em meados de 1717.
revistaon.com.br
|
29
SEGURANÇA
O perigo mora ao lado POR PRISCILA OKADA
FOTOS REVISTA ON
SHUTTERSTOCK
Já parou para pensar que um simples ato do seu dia a dia pode se transformar em um grande pesadelo? A todo momento acontece algum acidente doméstico, aliás, nesse exato momento eles devem estar acontecendo em algum lugar do Brasil. Todo cuidado é pouco nos afazeres de casa e, por isso, profissionais dão as dicas de como evitar esses percalços.
H
á quem pense ser uma bobagem pensar ou ficar imaginando que atos rotineiros possam ocasionar grandes acidentes dentro de uma casa. Mas a real situação é mais grave do que se pode imaginar e a mídia divulgar. Nesse exato momento em que você está lendo essa matéria, o gás de cozinha de sua casa pode estar vazando, um fio desencapado pode dar início a um incêndio. Tantas coisas podem ocorrer numa residência, que é difícil enumerá-las. O ferroviário aposentado, Jair Anastácio Gomes, 86, sabe bem sobre o que estamos falando, e relembra um fato ocorrido com ele em 2005, quando preparava o café da manhã e sofrera um acidente motivado por uma cafeteira elétrica. “Depois de abastecer a cafeteira com água e pó de café, conectei o plugue na tomada, poucos 30
| revistaon.com.br
Por conta de um acidente com uma cafeteira elétrica, Jair teve sua glote fechada e foi submetido a uma traqueostomia segundos após, observei que a água não estava circulando, parecendo que estava entupido, então desconectei o cabo da energia elétrica e soprei no tubo, daí, com o choque térmico, houve um retorno imediato de água fervente, que penetrou através de minha boca até a traqueia. A dor foi quase insuportável, fiquei meio tonto em vias de perder os sentidos”, lembra Gomes. Prevendo que em pouco tempo perderia a fala,
tentou contato com seus filhos por telefone e embarcou no primeiro ônibus de Paraíba do Sul, onde se encontrava, com destino a Três Rios a procura de socorro médico. “Já em observação médica, aconteceu o que era previsto, entrei em choque, não sentia e nem via mais nada. Por conta do edema, minha glote fechou e os médicos tentaram introduzir uma sonda pela minha boca, sem sucesso”, relata o sofrimento e conta como foi o desfecho. “Tive que ser transferido para o hospital e, ainda no pronto-socorro, fui submetido a uma traqueostomia (procedimento cirúrgico no pescoço que estabelece um orifício artificial na traqueia, abaixo da laringe, para emergências que comprometam a respiração), no qual voltei a respirar”, finaliza Gomes, que hoje escreve e compartilha sua experiência com outras pessoas.
revistaon.com.br
|
31
SEGURANÇA
LEMBRANÇAS Jair lembra e simula o acidente em que quase perdeu a vida
De acordo com informações do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), no Brasil não existem estatísticas sobre acidentes domésticos, porém, acredita-se que os índices sejam bem altos, especialmente envolvendo crianças e idosos. Um levantamento do Ministério da Saúde revela que os acidentes domésticos são as principais causas de morte de pessoas com até 14 anos. “Todos os ambientes residenciais apresentam riscos de acidentes, sendo a cozinha e o banheiro verdadeiros campos minados”, diz o cabo do Corpo de Bombeiros e técnico de enfermagem Marcelo Eugênio de Almeida. Concordando com os índices, Almeida fala sobre os acidentes mais comuns envolvendo crianças. “Obstrução de vias aéreas por ingestão de pequenos objetos como bolas de gude, moedas e balas. Crises convulsivas são muito comuns. Crianças mexendo em panelas, água quente, óleo, fogo também são”, ressalta. O bombeiro acredita que muitos destes acidentes acontecem porque as crianças estão desempenhando as tarefas que deveriam ser feitas pelos adultos. É válido destacar os acidentes que envolvem velas acesas dentro de casa e os vazamentos de gás de cozinha. Luciana Silva, mãe de três crianças, vivenciou, recentemente com o seu filho caçula, Lucas, um 32
| revistaon.com.br
Evitar mesas de centro, tapetes, móveis amontoados ou qualquer tipo de obstrução no deslocamento dos idosos, são dicas do ortopedista Bruno de Araújo acidente ocasionado por uma vela. “Em um dia de chuva, acabou a luz e acendi velas por toda a casa. No dia não aconteceu nada, mas no dia seguinte, na primeira oportunidade, meu filho resolveu brincar de acender vela. O resultado dessa história vocês podem imaginar. Se a casa não pegou fogo, alguém se queimou e, nesse caso, ele ficou ferido. Queimou os dedinhos e chorou por longos dias. Ainda bem que a queimadura foi superficial”, compartilhou. A fisioterapeuta Roberta Padilha, conta como evitou que esses acidentes ocorressem dentro de sua casa com os filhos, Eduardo, de 3, e Felipe, de 1 ano. “Desde que o Eduardo começou a engatinhar, providenciei protetores plásticos para todas as tomadas lá de casa e quando começou a andar, coloquei protetores de silicone em todas as quinas das mesas. Achei importan-
te, também, instalar uma grade de ferro na porta da cozinha (uma portinha presa por pressão que pode ser encontrada em sites comerciais) para evitar que ele entrasse na cozinha e se acidentasse, por exemplo, ao esbarrar no forno, ou mesmo mexer em panelas quentes”, aconselhou. Ainda de acordo com Padilha, outra questão deve ser levada em conta: a hora do banho. “Desde que tirei as crianças da banheira e passei a dar banho no banheiro, em pé, por volta da idade de 1 ano e meio, tenho sempre o cuidado de deixá-los de chinelinho para não escorregarem dentro do box”, completa e finaliza lembrando de uma história ocorrida com uma amiga de seu filho. Ela quebrou o braço ao escorregar dentro de um box enquanto tomava banho. Luxações, arranhados e hematomas causados por tombos são muito comuns e o ortopedista Bruno de Araújo, explica a diferença dos dois tipos de gravidade que os envolve. A primeira são as de baixa energia, que segundo Araújo são casos mais frequentes, como quedas de pequenas alturas, escorregões em pisos molhados, ferimentos cortantes causados por faca de cozinha e, principalmente, pequenas queimaduras. Os já considerados de alta periculosidade, de acordo com ele, são os de queda de grandes alturas, como cair de uma laje e ro-
SALVANDO VIDAS Para o bombeiro Marcelo Eugênio de Almeida, falta sensibilidade dos pais no cuidado com as crianças
ESCORREGÃO O simples fato de lavar o quintal pode provocar ferimentos como os de Camila Santos
lamentos de escadas. Nessas situações, existe a possibilidade de ocorrer fraturas múltiplas e lesões graves na coluna. A estudante Camila Santos, 23, conta
como foi o tombo, que a deixou com hematomas durante várias semanas, em um dia de limpeza doméstica. “Eu lavava a varanda de minha casa, quando, sem perceber, desci apressada uma das rampas de acesso à residência. Eu não tinha tirado todo o sabão e ao passar levei um grande escorregão que me deixou arranhões e hematomas por todo o corpo’’, lembra. O ortopedista faz um alerta aos idosos, que são os que mais sofrem com acidentes do lar. “Geralmente os idosos, por restrições da própria senilidade e dificuldade visual, sofrem quedas com frequência e, mesmo sendo traumas de baixa energia, podem resultar em fraturas dos punhos e do quadril”, fala e explica que nesta faixa etária, existe uma condição que é a osteoporose, doença responsável por ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Encerrando, ele dá algumas dicas que podem ser úteis no dia a dia para cuidar dos idosos. “Evite mesas de centro, tapetes, móveis amontoados ou qualquer tipo de obstrução no deslocamento dos idosos. A instalação de corrimão nas escadas e
banheiros e o aumento da iluminação do ambiente podem contribuir muito para a segurança deles. Tais medidas podem evitar acidentes que, em muitos casos, necessitem até mesmo de um tratamento cirúrgico. Em casos de emergência, o bombeiro Marcelo orienta que a melhor solução é evitar a automedicação e pedir ajuda a um profissional. “Ligar para pedir socorro a uma ambulância ou corpo de bombeiros é o mais adequado sempre”, completa. Além dessa orientação, Almeida fala sobre os trotes que são passados diariamente e que comprometem os serviços prestados. “Use o telefone com responsabilidade, pois uma informação bem passada e com calma faz com que quem estiver do outro lado da linha possa entender o que está acontecendo para melhor orientar ou mandar o socorro especializado. Lembre-se que trote é crime e quem o fizer estará sujeito às medidas legais e devidas punições. Além disso, um telefone ocupado por trote pode impossibilitar o socorro de quem realmente está precisando. Pode ser um parente seu’’, finaliza.
revistaon.com.br
|
33
pinkbiju.com.br
3x
ros
s/ ju
Shopping Américo Silva *aceitamos todos os cartões de crédito inclusive Bramil Afinidade 34
| revistaon.com.br
SEGURANÇA
Elementos surpresa POR FREDERICO NOGUEIRA
FOTOS REVISTA ON
“Na defesa pessoal, 90% é prevenção, 5% reação e 5% ação”. Para sua segurança nas ruas, a atenção ao que acontece ao redor pode diminuir os riscos de um ataque surpresa. Para treinar sua atenção, esse texto permite que você aprenda técnicas que contribuem com sua segurança e apresenta o perito em defesa pessoal Enoque Freitas. Para treinar mais ainda sua atenção, essa matéria pode ser lida de três formas diferentes.
revistaon.com.br
|
35
“
SEGURANÇA
Filme é ficção, a rua é uma realidade. Desconfie de tudo e de todos. Suspeito não tem cara. Pode ser homem, mulher, branco, negro, jovem, idoso, bonito ou feio”. As palavras são de Enoque Freitas. Ele é perito em artes marciais, defesa pessoal e ações táticas. Em uma primeira conversa, ao conhecer a formação que possui, não é difícil imaginar que estamos em frente a um herói saído de filme ou seriado norte-americano. Porém, com um pouco mais de conversa e atenção, descobre-se que, diferente dos personagens, ele tem um coração, o que fica muito claro, principalmente, quando o assunto é a família. Conhecendo Enoque, elementos surpresas surgem na história do décimo filho de um casal de comerciantes, nascido e criado na baixada fluminense. Fique atento ao texto e conheça um pouco mais este “homem de honra”.
UNIÃO Os praticantes se ajudam durante todo o treinamento
Elemento surpresa é uma denominação dada a qualquer pessoa que faça uma abordagem que poderá trazer riscos a outra. Um exemplo: você está andando por uma rua, à noite, e é parado por um indivíduo que anuncia um assalto. Você não sabe o que ele pode fazer a partir daquele momento. Está pronto para situações como esta? Fique atento a esta parte do texto e conheça formas de evitar abordagens perigosas. E quem dá as dicas é alguém que entende do assunto. “Todos correm risco. Eu, mesmo com tudo o que sei sobre de36
| revistaon.com.br
A atenção de uma pessoa má intencionada, como um assaltante, está sempre voltada para o que vê e ouve
fesa pessoal e toda minha experiência, ainda corro riscos”, diz Enoque. Faixa-preta em kickboxing desde os 17 anos, com parte da vida dedicada à carreira militar, ele tem especializações na área de segurança privada, ações táticas, é formado no CETTA (Centro de Especialização de Treinamentos Táticos Avançado), fez cursos de operações táticas com facas, de guerras químicas e de contra-terrorismo, é especialista em Defense Combat System (Sistema de combate defensivo), entre outros certificados visíveis na parede da sala onde dá aulas. “A vida militar me ensinou muito, desde controle físico ao espírito de equipe. Lá, somos treinados a ignorar a dor, a fome, o frio”, diz ele, que completa. “Sabia que deveria superar tudo isso para, lá dentro, construir um nome de honra”. Quando pequeno, a arte marcial já estava presente na vida de Enoque. Com seis anos, sonhava que estava na China, desenhava bonecos de quimono e soldados saltando de paraquedas. “Se eu estivesse andando na rua e o vento batesse na folha de um coqueiro, eu me esquivava desta; se minha mãe pedisse para levar um balde d’água e molhar as plantas, arrumava uma posição que servisse para exercitar meus músculos”. Apesar de parte da paixão pelas artes marciais vir da família, ele teve uma força pessoal, que não sabe de onde surgiu, como incentivo a mais. Se a televisão é capaz de atrair a atenção de qualquer criança, com ele não foi diferente. “Me apaixonei pelos movimentos que vi em filmes do Bruce Lee. Como não tinha ninguém para treinar comigo, fazia com a minha sombra, dava socos na parede, o que me levou a ter muita agilidade”, lembra. A atenção de uma pessoa má intencionada, como um assaltante, está sempre voltada para o que vê e ouve. Por isso, uma dica dada pelo perito para diminuir o risco de ser assaltado, é que as
pessoas evitem andar com jóias, carteira, chave de carro, celular e outros itens valiosos à mostra. Se você está com a chave de um carro na mão, o criminoso saberá que você tem um veículo. Tais objetos devem estar no bolso, para que atraiam a menor atenção possível. Enoque sempre foi ligado, principalmente, a três artes marciais específicas: Kung Fu, Karatê e Kickboxing. A primeira vez que subiu no tatame para competir foi aos 11 anos com o Karatê e ficou com o segundo lugar. Participou de alguns campeonatos estaduais e, aos 17 anos, já com a faixa-preta, ingressou na vida militar. “Eu, quando criança, olhava aquela farda do exército camuflada, com a cor da nossa nação, e falava com meus pais que seria paraquedista. Quando entrei, via homens enormes, fortes e eu pesando 60 kg, pensava ‘o que estou fazendo aqui?’, mas não quis desistir”, relembra. Lá, fez cursos, foi destaque da turma à qual pertencia e chegou a dar instrução de defesa pessoal a militares. Aos 22 anos, entrou para a reserva e o caminho a seguir foi a união entre as artes marciais e a vida militar, se especializando na área de segurança. Os caminhos por onde precisamos passar até chegar em casa, também trazem riscos, mas podem ser amenizados quando se tem noção de defesa pessoal. Freitas ensina que devemos, sempre, evitar ruas escuras. Se existe um ponto de ônibus em local iluminado, por que parar em outro escuro e vazio? Se há uma rua com boa iluminação que te leve
ESFORÇO O treinamento é forte, mas, segundo os praticantes, a sensação de bemestar é maior ainda
ENSINAMENTO Para Enoque, as aulas vão além de aprender técnicas de defesa
até sua casa, passe por ela, ainda que tenha que andar mais. Caso exista apenas um caminho e este esteja escuro, não tenha nas mãos objetos de valor, como os citados anteriormente. Se notar que há alguém te seguindo, não entre em casa, pois a pessoa poderá entrar junto. Passe direto e procure ajuda. O lado competidor parou por uma questão de palavra. “Falei com minha esposa que pararia, pois ela não queria ver meu nariz sangrando, a boca inchada, essas coisas corriqueiras na vida de quem pratica esportes de contato”, diz. Há oito anos casado com Fernanda, que o conheceu quando ainda era militar, ele diz que foi o encontro perfeito. “Ela veio para dar um equilíbrio muito grande. Ela é controlada, calma, passiva. Creio que meu lado ‘leão’ da arte marcial foi domado com ajuda dela”. Foi pouco antes do casamento que Enoque adotou Três Rios como nova moradia. O motivo da vinda? Esse é um daqueles elementos surpresas ao conhecer a vida dele. Vale ressaltar que, também no ônibus, alguns cuidados devem ser tomados para garantir a segurança. É importante ter o dinheiro da passagem separado previamente, para que, ao entrar no veículo, não tenha que abrir a bolsa ou a carteira, deixar o valor que possui exposto a quem estiver entrando atrás. Dentro do coletivo, Freitas diz que é sempre melhor sentar mais próximo ao motorista. Na traseira do ônibus,
caso alguém sente ao seu lado, poderá encostar uma faca e ninguém notará. Outra vantagem de sentar mais à frente é no caso de assalto ao veículo. A fonte de dinheiro está com o cobrador. Quanto mais próximo estiver deste, mais risco correrá. Caso comece um tiroteio, abaixe-se e coloque as mãos na cabeça, como forma de proteção. A assistência de Enoque não vem apenas das técnicas que aprendeu, mas também de Deus. “Eu vim para Três Rios por uma missão. E não foi uma militar, foi uma espiritual”, diz. Membro de uma igreja evangélica, foi designado para atuar no bairro Purys, em um núcleo missionário e contribuir com a sociedade. “Costumo usar o esporte para recuperar jovens dependentes químicos que nos procuram. Quem quiser aprender princípios de vida, palavras de Deus, estamos dispostos a
S.W.A.T. Um dos mais recentes cursos, deixa Enoque preparado para operações contra-terrorismo revistaon.com.br
|
37
SEGURANÇA
“Se estiver em casa e alguém tocar a campainha dizendo que é do combate à dengue, pesquisador, vendedor, etc., exija um crachá de identificação antes de abrir a porta para a pessoa entrar” ajudar”, conta. Quando chegou à cidade, ainda não estava casado. O matrimônio aconteceu quatro meses depois e a esposa o seguiu na missão. “Na época, só tínhamos uma cama, um fogão e uma geladeira. Hoje, com nosso trabalho, já conseguimos ter uma casa própria”. Dentro de casa, você também corre riscos. Se estiver em casa e alguém tocar a campainha dizendo que é do combate à dengue, pesquisador, vendedor, etc., exija um crachá de identificação antes de abrir a porta para a pessoa entrar. Ainda para segurança no lar, Freitas conta que trancas internas são as melhores opções para os portões. Cadeados, quando trancados pelo lado de fora, mostram que não há ninguém na residência, deixando-a vulnerável. Em Três Rios, Enoque chegou sem emprego, mas, com o currículo que deixou em algumas empresas, logo foi chamado. “Foram poucos dias até começar no trabalho. Comecei em um setor e fui promovido tempos depois, passando a ser inspetor de segurança das indústrias do grupo que me contratou”, relembra. Então, tomou a decisão de sair do empre-
FAIXA-PRETA No kickboxing, Enoque ainda pretende aumentar a graduação 38
| revistaon.com.br
go e atuar integralmente na área da arte marcial e de segurança, dando aulas em uma sala. Assim surgiu seu grupo tático de defesa pessoal e combate, com cerca de seis alunos. “Terças e quintas costumo ficar 14 horas, hoje já perdi a conta do número de alunos. Dou aula para grupos ou individualmente”. Um dos alunos é Luiz Augusto Nogueira, 26 anos. “Comecei há quase um ano. O Kickboxing eu faço para ter uma saúde melhor e a defesa pessoal me ajuda também no trabalho”, diz ele que atua como vigilante patrimonial. “Quanto menos usar a arma, melhor para mim e, com essas aulas, já estou mais preparado, sei o que fazer”. Os alunos têm as mais variadas idades e profissões. “Tenho alunos de 10 anos, jovens, e até de 50 anos. São empresários, estudantes, psicólogos. Nunca é tarde para começar na arte marcial e se preparar para defender. Tenho alunos que vem de outras cidades para aprender”, revela o professor. Entre idas e vindas, o trânsito também oferece riscos. Ao se aproximar de um semáforo em local pouco movimentado e perceber que ele está fechado ou fechando, a dica é que não pare o veículo, apenas diminua a velocidade. Caso apareça alguém que seja uma ameaça, o carro estará engrenado e você terá mais facilidade em escapar do perigo. Apesar de levar a sério o trabalho, é lá que também encontra diversão, quando, em determinados momentos das aulas, há risadas e brincadeiras com os alunos. “Minha maior diversão atualmente é à três, com minha esposa e meu filho, assistindo filmes, tocando violão ou comendo pizza de vez em quando”, diz referindo-se ao pequeno Caio, “o samurai junior do papai”, que nasceu no meio do ano passado e é motivo de orgulho para Enoque. “Sempre quis ser pai, é a coisa mais maravilhosa que já aconteceu na minha vida. Me esforço para ser um bom pai. Se me perguntar o que acho mais lindo hoje, a resposta é a minha esposa amamentando meu filho. É a coisa mais linda que Deus criou, a capacidade de um ser humano dar o alimento do próprio corpo para o outro”, emociona-se. Uma última situação que você pode não perceber que existe risco, acontece
APRENDIZ Luiz Augusto está há um ano treinando e já se sente mais preparado para a profissão
durante suas longas viagens. De férias ou a trabalho, ela pode ser ótima, mas lembre-se que sua casa ficará desocupada durante este período. Neste caso, um erro é deixar a luz de fora acesa. Quem passar observará que tanto durante o dia, quanto a noite, ela está do mesmo jeito. Deixe uma luz interna acesa pois, assim, durante o dia não será percebida e à noite dará o efeito necessário. Se faz assinatura de jornal, é importante suspender o recebimento durante este período ausente. Uma pessoa má intencionada saberá, com o acúmulo do impresso na caixa de cartas ou no chão da varanda, que não há alguém recebendo. Viagens para Turquia, Texas ou Afeganistão estão no plano de Enoque Freitas. Ainda jovem, com 33 anos, pretende fazer cursos fora do país. Ele estuda erros de segurança para descobrir soluções. Ele prefere suco de melão a um refrigerante gelado. É uma pessoa séria e calma. É preocupado com a sociedade e toca violão. É apaixonado pela família e torce por todos os que passam por seus treinamentos. Quer usar sua qualificação em benefício da população. Diariamente pensa que poderia ter sido melhor no dia anterior e não foi. Com tudo isso, quando diz que correria de uma pessoa que o aborde no meio da rua e o provoque, ele deixa clara a postura que o faz ser um homem de honra. “Prefiro que ele me chame de faixa-preta medroso que meus alunos me chamem de faixa-preta violento, sou espelho para eles”, finaliza.
revistaon.com.br
|
39
PUBLIEDITORIAL
40
| revistaon.com.br
SHUTTERSTOCK
EU SEI FAZER
Profissão solidariedade POR JOSÉ ÂNGELO COSTA
FOTOS REVISTA ON
Conheça o trabalho humanitário feito por um trirriense que diz não ter medo de enfrentar a morte e que faz de tudo para salvar a vida das pessoas em situações de risco.
N
ascido em Três Rios e formado em administração, Luis Fernando dos Santos, de 50 anos, sempre se preocupou com as causas sociais e o bem-estar dos outros. Há mais de oito meses, foi convidado pelo presidente da Cruz Vermelha do Estado do Rio e o interventor da entidade na cidade de Petrópolis. Após deixar o cargo, no final do ano passado, decidiu organizar um grupo com a meta de prestar assistência humanitária a sociedade. A partir desta ideia, surgiu, no dia 15 de novembro de 2011, a equipe denominada “Força Tarefa”, reunindo socorristas que ajudaram as vítimas da tragédia causada pelas fortes chuvas na Região Serrana. O projeto reúne colaboradores, voluntários, ex-integrantes da instituição criada por Henry Dunat no século 18, e possui bases também na Posse, São José do Vale do Rio Preto e Areal. O empenho na concepção de uma ONG (Organizações não governamentais) sem fins lucrativos e de auxílio à popula-
Luis Fernando dos Santos afirma que o grupo “Força Tarefa” também auxilia o Corpo de Bombeiros em ocorrências com menor teor de gravidade ção não foi uma das mais fáceis tarefas, mas fez com que mais de 38 pessoas fossem beneficiadas logo no primeiro mês de atividade. “Apoiamos como força auxiliar o Corpo de Bombeiros. A pessoa liga para o 193 e quando o acidente é de menor gravidade ou mal subido, eles se comunicam conosco e damos um apoio. Com isso, libera a UTI deles”, ilustra. Ao contrário do que muitos pensam, não há concorrência com as instituições que tradicionalmente prestam serviços de saúde às suas respectivas comunidades. Todo o trabalho é rea-
lizado através da junção de vários grupos, objetivando assistir quem carece. O diretor do grupo afirma que a ajuda de custo é feita exclusivamente pelo setor empresarial das regiões de atuação. “Toda a ajuda nossa é particular. Nós não temos apoio de nenhum órgão público”, garante. Apesar do pouco tempo de existência, a entidade, coordenada por Luis Fernando, já colheu resultados, mas ainda assim necessita de mais investimentos para a realização das atividades. Durante a entrevista, ele revelou que em muitos casos teve que gastar do próprio bolso na tentativa de conseguir materiais e recursos. A maioria das ambulâncias usadas no dia a dia, por exemplo, foram adquiridas em ferro-velhos e, logo em seguida, reformadas e reequipadas. Outro detalhe é que os integrantes do “Força Tarefa” também precisam ser remunerados, sem falar em condução e alimentação, pois ficam 24 horas de plantão. “Nós temos a locomoção, os custos com os carros, almoço e lanche”, reforça. revistaon.com.br
|
41
EU SEI FAZER
Projetos
Uma das iniciativas do grupo criado por Luis Fernando dos Santos é o pacote de projetos sociais destinados às comunidades. Entre eles, está o “Primeira Alimentação”, com a distribuição de um kit composto por café com leite, chocolate, café e biscoitos, para as pessoas em filas de ônibus ou mesmo que estejam passando na rua, entre quatro e seis horas da manhã. O segundo e talvez mais interessante de todos, é o “Atravesse a rua e pague pedágio com um sorriso”. Neste caso, a ideia é fazer com que o pedestre agradeça a cordialidade do motorista em deixar passá-lo sorrindo para o mesmo. Já para os desempregados, é oferecido o “De volta à carteira assinada”. “São pessoas que estão sem profissão e carteira assinada e nós fazemos o teste vocacional. Depois, ocorre um treinamento para aquilo que este exame indicou. Assim que [o candidato] estiver apto, eu busco parceria com empresas para a contratação”, explica. A equipe
Encabeçado por socorristas que prestaram assistência às famílias vítimas da catástrofe provocada pelas chuvas no
EMPENHO Luis Fernando dos Santos criou o grupo “Força Tarefa” após deixar a intervenção na Cruz Vermelha de Petrópolis 42
| revistaon.com.br
AMBULÂNCIAS Todas as viaturas adquiridas pelo grupo são equipadas com macas e outros ítens utilizados na prestação de socorro em casos de acidentes
início de 2011, o “Força Tarefa” é composto atualmente por 12 pessoas que ajudam nos trabalhos humanitários. Entre elas está a auxiliar de consultório dentário Marcília Aparecida Souza. Sempre quando há ações voluntárias envolvendo a saúde bucal, ela colabora no sentindo de orientar um determinado paciente a passar o flúor e manter a higiene da boca. “Desde a tragédia, eu comecei a ajudar levando água e alimentos para os desa-
Para o voluntário Venâncio Novaes de Oliveira, o trabalho de ajuda humanitária só tem tido resultado, graças à união da equipe brigados”. Para Marcília, o diferencial da equipe é que os membros que a compõe são unidos em prol das causas sociais e o efeito deste processo pode ser sentido na pele. “Aqui não temos desunião e, portanto, somos um conjunto. As pessoas ficam muito gratas, quando amparadas por nós. Tratam-nos com carinho”, revela. Venâncio Novaes de Oliveira é portador de uma doença chamada miopia crônica e não enxergava direito. Através da ajuda oferecida por Luis Fernando, conseguiu melhorar e hoje é um dos voluntários do projeto, atuando como uma espécie de observador. Ele constata as necessidades de determinado indivíduo ou comunidade e repassa os dados ao ex-interventor da Cruz Vermelha. “Eu tenho acompanhado tudo de perto, mais como um conselheiro. Faço as avaliações, passo as informações e a relação de tudo; quantas famílias precisam ser atendidas pelo projeto”, confirma. Na avaliação de Venâncio, a tendência é de que a equipe
JÉSSICA FIGUEIREDO GUIMARÃES Para a voluntária, nunca houve registro de uma equipe que pudesse ajudar as pessoas da forma como faz o “Força Tarefa”
VOLUNTÁRIOS Venâncio Novaes de Oliveira recebeu ajuda antes de entrar para a equipe de ação humanitária
possa, cada vez mais, galgar frutos devido ao comprometimento de cada cooperador. “O trabalho está sendo desenvolvido com mais facilidade por causa da nossa união. Temos desempenhado bastante os projetos e cada um tem vontade de ajudar a população. A ideia está dando certo e creio que em 2012 possamos mostrar ainda mais a realidade”, acredita. A jovem Jéssica Figueiredo Guimarães é outra voluntária que acompanha a equipe desde o início e esteve prestando socorro às vítimas do temporal, em janeiro de 2011. Ela diz sentir-se satisfeita em poder ajudar ao próximo. “Nunca tivemos um grupo como esse e as pessoas ficam gratificadas por isso. A nossa expectativa é de que possamos crescer e agregar mais colaboradores”, acrescenta.
Quem acredita
INVESTIDORES A ONG recebe o apoio de padrinhos e empresários que apostam e acreditam no trabalho social prestado por Luis Fernando dos Santos
Hoje, Luis Fernando tem ao seu lado padrinhos, empresários e representantes de instituições religiosas que contribuem no sentido de tornar as ações dele mais simples e viáveis. O comerciante Bruno Ludovico Tavares é uma dessas pessoas que apostaram na iniciativa. Administrador de uma loja de roupas na rua 16 de Março, no Centro de Petrópolis, foi responsável pela doação de 30 blusões de resgate destinados a todos os voluntários do “Força Tarefa”. “Depois da chuva, o Luis se apresentou aqui na loja. Explicou a situação e passou a comprar roupas com a gente. Daí, trazendo-nos para dentro do que havia ocorrido, foi assim que começou”, comenta. O gerente do estabelecimento comercial, que já fazia doações para as pessoas carentes, logo identificou a seriedade no serviço realizado pelo ex-interventor e, sempre que pode, disponibiliza algum material para o grupo. “Na medida do possível, nós ajudamos sempre que eles precisam. Quando tiveram eventos na Cruz Vermelha, fomos até eles e já conhecíamos a história do Luis. O que é mais importante no grupo é que ele chega aos lugares aonde os bombeiros não vão. Tenta, de toda a forma, amparar a sociedade”, finaliza Bruno Tavares. Depois de um 2011 de desastres e conflitos pelo mundo afora, saber que existem profissionais solidários, torna bem mais fácil planejar um novo ano. revistaon.com.br
|
43
Welcome
new wizard FOTOS DIVULGAÇÃO
NOVO ENDEREÇO Com 14 salas de aula, o novo espaço tem capacidade para 800 alunos
A
história do Wizard Três Rios, começou em 2005, quando a professora e empresária Deise Grossi trouxe o curso de idiomas Alps, do mesmo grupo, para a cidade. Na época, eram dez metros quadrados distribuídos em apenas três salas de aula. Após um ano, a escola mudou de endereço para um espaço maior. Em 2007, veio a grande mudança. Com empenho e dedicação, a marca da escola deixou de ser Alps e, em um upgrade, passou para a marca Wizard. Hoje são mais de 450 alunos matriculados nos
cursos de inglês, espanhol e francês. A primeira escola Wizard de línguas surgiu em Campinas/SP em 1987, com uma metodologia totalmente peculiar, voltada para a diferenciação de cada aluno. O objetivo educacional do plano pedagógico é promover o desenvolvimento completo das comunicações: leitura, escrita, compreensão auditiva e fala. A conversação acontece desde o primeiro dia de aula, demonstrando resultados práticos e imediatos. O aluno é estimulado a se expressar livremente, vencendo suas inibições e bloqueios durante o aprendizado, resultado
ATENDIMENTO Roll de entrada ganhou requinte e conforto para as atendentes
das avançadas técnicas de neurolinguística, que desenvolvem os aspectos pessoal,
PUBLIEDITORIAL
ESPAÇO Os alunos podem ver artes espalhadas nos amplos corredores de acesso as salas de aula
MODELO A decoração segue a padronização do manual da Wizard
A Wizard é a maior rede de ensino de idiomas do mundo com mais de 1.200 unidades
INFORMATIZAÇÃO Os alunos podem usar a sala de informática para trabalhos e pesquisas
cultural e acadêmico, além de liderança e automotivação. Em sete anos de história em Três Rios, a Wizard tem o orgulho em oferecer aos seus alunos o que há de mais moderno no ensino de línguas, com competência e conforto. No dia 16 de dezembro de 2011, alunos, pais, professores e convidados prestigiaram a inauguração da nova estrutura Wizard Três Rios. Uma escola que é referência em ensino, agora também em tecnologia, acessibilidade e inovação.
Com um espaço maior, o Wizard Três Rios está no grupo seleto das 14 escolas prime do país, consideradas entre as que mais se adequam a padronização da franquia tanto em design, espaço e inovação. Hoje a escola conta com recursos e novidades que antes estavam presentes somente em grandes cidades do país. Toda a reforma foi pensada para proporcionar aos alunos, professores e visitantes uma experiência única de aprendizado. Os alunos podem desfrutar de várias novidades. Entre elas estão 14 salas de aula, a de vídeo,
informática, além da interatividade com lousas, rampa de acesso, sala e banheiro para cadeirantes, bibliotecas para professores e alunos, snack bar para lanches dos alunos, sala de espera e segurança especializada. Outra exclusividade da escola é a caneta Wizpen, desenvolvida com tecnologia de ponta para auxiliar o aluno na pronuncia do inglês. Devido à inauguração do novo espaço, todos os alunos serão presenteados com uma Wizpen. Ao todo, são mais de 1.200 escolas no mundo, distribuídos entre os Estados Unidos, Japão, México, Irlanda, Colômbia, Guatemala, Paraguai, Costa Rica, China e Panamá. A aluna Fabíola Bastos conta como foi seu aprendizado na escola. “Eu estudo inglês há bastante tempo. Iniciei no Alps até o Wizard. No entanto, em ambos, o ensino sempre foi muito dinâmico. Quando pequena, eu adorava as brincadeiras, trocadilhos, trava-línguas e músicas que
INAUGURAÇÃO As crianças curtiram a nova sala de aula
faziam com que aprendêssemos a língua de maneira extrovertida. O método Wizard facilita o conhecimento e mostra o idioma de uma forma apaixonante. Hoje em dia, sou fluente no inglês. Essa experiência que o Wizard me forneceu junto ao inglês foi o que me incentivou a procurar outras línguas dentro do curso. Já concluí o espanhol e iniciei o francês, os quais seguem essa linha de ensino muito vigorosa e ensinam o aluno a se ambientar nas mais diversas situações”. Marcelo Coelho conta o motivo que o fez voltar às salas de aula. “Eu resolvi voltar a estudar por dois motivos, em primeiro lugar para suprir uma deficiência que possuía daquela língua desde a minha infância e, também, por se tratar do idioma mais utilizado no mundo. O que me atraiu no Wizard foi flexibilidade de horário, conhecido como curso Flex, o que veio ao encontro de minhas necessidades, visto a dificuldade em disponibilizar tempo e horário para frequentar
TECNOLOGIA A sala de vídeo tem tv de lcd de 50 polegadas
WIZPEN Esta caneta auxilia o aluno no aprendizado da pronúncia correta. Matricule-se este ano e ganhe uma Wizpen
as incomparáveis aulas presenciais, em razão do exercício de minhas atividades profissionais. Mas quem já possuía satisfação em estudar no Wizard Três Rios, agora tem mais um bom motivo. A nova sede, imponente, mais espaçosa e confortável, implica em mais benefícios para todos os alunos, professores e colaboradores,” compartilha. Cursos oferecidos
A escola está com vagas abertas para inglês, espanhol e francês. Para fevereiro, turmas de mandarim e alemão serão abertas. Além desses cursos, será possível se cadastrar para turmas de italiano, português e japonês. Diferencial
Com flexibilidade, o Wizard disponiliza 40 horários semanais para adequar o curso ao melhor horário. A escola conta
também com profissionais que realizam assessoria empresarial, proporcionando uma maior comodidade para as pessoas que não tem tempo de se matricularem nos cursos. Veja quais são as modalidades que o Wizard oferece: Tots: Jogos, histórias, rimas, músicas, brincadeiras e teatro. É neste clima de bem estar que a criança aprende inglês no curso Tots. É um curso voltado para alunos entre 5 e 7 anos, considerada a melhor fase para o aprendizado de um segundo idioma. Nesta idade, o ensino se dá da mesma forma que em sua língua de origem. A comunicação oral e o desenvolvimento da leitura e da escrita são trabalhados lado a lado com atividades descontraídas, confortáveis e divertidas. Kids: Especialmente voltado para crianças com idade entre 8 e 10 anos, o curso Kids é um jeito divertido de se aprender inglês. Apesar de não faltarem brincadeiras durante o curso, o ensino é trabalhado com seriedade. As habilidades de comunicação oral, compreensão e desenvolvimentos da leitura e escrita são desenvolvidas ao longo das atividades, cuidadosamente preparadas por profissionais qualificados. Teens: A modalidade teens foi desenvolvida para atender adolescentes que desejam falar inglês fluentemente e necessitam do idioma, principalmente, como veículo de desenvolvimento acadêmico e profissional, assim como àqueles que buscam um idioma para viajar ou participar de intercâmbios educacionais. As aulas são ministradas para grupos de
PUBLIEDITORIAL
CRIANÇA A partir dos 5 anos é possível iniciar o curso de inglês em uma sala específica
EDUCADORES A empresária Deise com toda equipe de professores e funcionários do curso
dez a 16 alunos, nos horários preestabelecidos pela escola Wizard. Este curso, além de enfatizar a conversação, apresenta uma gramática direcionada, visando não só um acompanhamento escolar, como também uma preparação para exames, como o vestibular.
tes escolhem o horário que a escola disponibiliza e que melhor se ajusta às suas necessidades. Trata-se da modalidade mais tradicional dentre todas as demais.
Class: As aulas são realizadas em horários pré-determinados na própria escola. Com uma carga horária de duas horas semanais e com grupos de 10 a 16 alunos, as turmas são formadas da forma mais diversificada possível. Os estudan-
Executive: Este curso é voltado para profissionais com necessidades específicas, já que possui aulas ministradas em empresas, em horários mais convenientes. Esta modalidade é ideal para um grupo de pessoas que possuem as mesmas necessidades, como a realização de viagens de negócios ou turismo e cuja disponibilidade de tempo é escassa. O
programa de aulas segue um ritmo mais acelerado. O grupo, que pode ser formado pelos próprios alunos ou pela escola, tem aulas em locais e horários escolhidos pelos próprios alunos. Flex: As aulas seguem o ritmo, interesse e necessidades específicas de aprendizado. Nesta modalidade o aluno tem a flexibilidade de ter aulas pela manhã, à tarde ou à noite, conforme sua conveniência. Poderá avançar o curso tendo mais aulas durante a semana, ou interrompê-lo devido a compromissos. Vip: Para quem tem pressa, mas não dispõe de muito tempo livre. As aulas são individuais e personalizadas, em horário e local combinados. Aulas individuais que podem ser agendadas para serem ministradas na própria escola Wizard, no trabalho ou em outro local. O curso pode ser concluído em até seis meses, com carga de duas horas por dia para cada aula; o curso alia agilidade à alta qualidade de ensino.
REALIZAÇÃO O casal de empresários comemoram a nova conquista
Novo endereço Rua Duque de Caxias, 408, Centro, Três Rios - RJ Telefone: (24) 2252-0887
48
| revistaon.com.br
Sexualidade artificial
POR ALINE RICKLY
FOTOS REVISTA ON
Nada melhor do que surpreender o parceiro e sair da rotina. O stress do dia a dia pode deixar o prazer em segundo plano, por isso, a ajuda de alguns “brinquedinhos” garante “um gás” a mais no relacionamento. Mergulhe neste mundo da imaginação onde tudo é possível e conheça, de perto, as novidades que os sex shops disponibilizam. revistaon.com.br
|
49
SAÚDE
D
izem que entre quatro paredes, vale tudo. Essa máxima popular parece um clichê, mas é a receita ideal para apimentar a relação. Entre os remédios certos para evitar o arrefecimento na hora H, estão óleos, géis, roupas íntimas comestíveis e até preservativos com sabores exóticos. Tudo para alimentar fantasias e contribuir para uma vida sexual mais prazerosa. Os mais empolgados se devaneiam em roupas menos comuns. Até aí nenhum problema, entretanto, produtos de uso interno e de maior contato com a pele podem causar alergia e, por isso, são necessários cuidados básicos para não estragar o que era para ser um incrível momento a dois. A jornalista Renata Muros Rubim, 46, decidiu abrir uma loja de lingerie em Petrópolis. Ela conta como foi que os artigos de sex shop começaram a chegar a seu estabelecimento. “Foi sugestão na época de uma sócia que eu tinha, quando ia adquirir os produtos morria de vergonha, mas com o tempo percebi que era uma coisa legal. Hoje em dia vou até com o meu marido comprar”, diz. Renata, atualmente lida com mais naturalidade, ela vende todos os tipos de objetos de uma forma bem discreta, pois, aparentemente, para quem olha de fora, é uma loja normal de lingerie. “Eu não queria que meu negócio tivesse a cara de um sex shop, acredito que as pessoas gostam de discrição. É muito interessante lidar com essa parte, a maioria que vem aqui é por indicação”, esclarece Renata. De acordo com a jornalista, os clientes são variados, de todas as idades, alguns homens, embora as mulheres comprem mais. “Eu percebo muitas vezes que os namorados puxam as companheiras para
ARTIGOS É possível encontrar diversos tipos de produtos para todos os gostos 50
| revistaon.com.br
A jovem Fernanda da Silva teve problemas com o uso de bolinhas explosivas e, após usá-las, precisou consultar um ginecologista. Alergia, ardência e pele irritada foram os principais sintomas após o uso do produto
FANTASIAS A jovem Cecília Correa acredita que os artigos de sex shop servem para inovar
entrar e elas ficam com vergonha. Os casais mais novos preferem as coisas mais simples, enquanto os mais velhos optam pelos produtos mais sofisticados”, afirma. Para a estudante petropolitana Cecília Côrrea, 22, é uma experiência válida. A jovem confessa que já usou as famosas bolinhas explosivas e óleos. Segundo ela, o resultado foi bom, porém depois teve problemas na hora de urinar. “Acredito que é muito legal principalmente para casais que estão há muito tempo juntos. É uma forma de inovar e sair da rotina”, acredita. A estudante ainda acrescenta que embora no momento tenha sido legal, depois ela ficou assustada com os efeitos. “Dois dias depois de usar as bolinhas a minha urina ainda estava saindo azul, me assustei na hora, mas depois passou”, conta. Fernanda da Silva, 27, passou por uma situação parecida com o mesmo produto, mas o caso foi mais sério. No dia seguinte, a jovem começou a sentir coceiras, ardência e a pele ficou irritada. Imediatamente procurou um médico para tratar. “O líquido da bolinha ficou saindo aos poucos e causou transtorno. Quando procurei o especialista ele me receitou uma ducha vaginal que limpou os restos do artigo que ficaram lá dentro. Também tive que usar um creme por 12 dias e só depois disso que melhorou. Isto eu não uso mais, porque fui alertada de que tenho a flora muito sensível”, relatou. Segundo Françoise Padula, titulada em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo e
especialista em sexualidade humana pela USP, os objetos devem ser usados com os devidos cuidados de higiene. “O ideal é evitar os produtos de dispersão vaginal, pois, podem agredir a microflora vulvar, tais como óvulos ou géis de odor”, assinala. A especialista ressalta que estes artigos podem causar uma alergia ou até mesmo uma infecção por cândida, um fungo que causa coceira e irritação além de corrimento na mulher. A dica é a seguinte: “quando usar este tipo de produto, teste antes em pequenas doses para verificar assim o risco de sintomas alérgicos. Mas de qualquer forma, não é recomendado o uso intravaginal de produtos líquidos com muitos corantes ou perfumes, pois estes acarretam no desequilíbrio do ambiente vaginal e podem vir a proliferar bactérias e fungos”, alerta Françoise.
VENDEDORAS Raquel e Alessandra levam o trabalho na esportiva e indicam os produtos aos clientes
PRODUTOS Em Três Rios, a loja disponibiliza óleos, bolinhas explosivas, algemas, entre outros
Françoise Padula é especialista em sexualidade humana pela USP e indica o uso dos artigos em pequenas doses para verificar a possibilidade de reação alérgica A profissional afirma que a busca por produtos de sex shop é comum nos dias de hoje e que funcionam para criar, no casal, uma nova motivação visto que esquenta os namoros e traz novidades aos relacionamentos mais estáveis. “Não há necessidade de ter vergonha ao procurar uma loja com estas características, mesmo que seja só por curiosidade. Vemos algumas mulheres que ainda possuem restrição, mas para solucionar este problema existem estabelecimentos voltados apenas para o público feminino, o que facilita o acesso às mais tímidas”, acredita. Em Três Rios, as vendedoras de um sex shop se divertem enquanto explicam sobre os produtos mais procurados. Alessandra dos Santos Andrade, 31, trabalha no ramo há um ano e Raquel Siqueira, 30, há oito meses. “Vendemos muito géis com sabores. Os que esquentam saem muito. Anestésico, redutor de canal, próteses, anéis, algemas, fantasias e camisinhas de vários tipos e tamanhos também são muito
procurados”, explica Raquel. Elas dizem ainda que muitas pessoas demonstram timidez. “Tem gente que passa na frente da loja umas quatro, cinco vezes até entrar, mas existem as mais desinibidas também”, confessa Alessandra. As vendedoras asseguram que os clientes sempre voltam satisfeitos e que é raro ter reclamação. Um único episódio, conta Raquel, foi uma cliente que o parceiro usou o produto incorretamente e teve que se apressar para retirá-lo. Não são só as mulheres que gostam de diferenciar as relações. O jovem de Paraíba do Sul, G.L.S., 27, diz que gosta muito quando as parceiras querem inovar no sexo. “Acho que na cama tudo é válido e o que vier para aquecer a hora H é sempre melhor. Já tive namoradas que usavam fantasias, calcinhas comestíveis e gostei muito”, revela. A trirriense que também não quis se identificar T.C.S.O, 24, confessou a sua maior compra: calcinhas e sutiãs. Entretanto, confidenciou já ter comprado bolinhas explosivas e um par de algemas de pelúcia rosa para dar de presente a uma amiga que ia casar. “Esta é uma maneira de tornar a “brincadeira” ainda mais divertida”, destaca. Segundo a assessoria de imprensa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não há regulamentação específica para produtos de sex shop. A agência só regulamenta produtos que tenham alguma finalidade para uso em saúde, como preservativos e géis lubrificantes. Já os óleos em geral, são registrados como cosméticos e só devem ser usados como hidratante e para refrescar. A assessoria deixou claro que estes tipos de óleos com registro da Anvisa, não podem ter indicação de uso para fins sexuais. Cada indivíduo deve tomar os cuidados necessários, mas é claro, sem deixar o prazer de lado, como explica Françoise. “Os casais devem procurar alimentar o desejo sexual de sua maneira. O que sabemos é que não existem regras ou certezas quanto à eficácia da busca destas lojas para isso. É importante que ambos estejam de acordo e tenham resultados positivos com esta medida adotada. Mas, caso não seja esta a forma de buscar o prazer ou ter a resposta esperada, é indicado a procura de outras formas de melhorar ou estimular a libido do casal”, receita a especialista. revistaon.com.br
|
51
CARREIRA
Saltos e linhas em
galope aberto POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Ela e o mar, Mariela. Com esse nome, poderia ter uma forte ligação com as ondas e uma carreira de sucesso no surfe ou, quem sabe, dentro de uma embarcação, como um navio. Mas o esporte da vida de Mariela Amodeo é outro, o hipismo. Embarcações? Bem, ela embarcou na arquitetura. Se alguns podem montar a cavalo e outros montarem projetos de design, por que não unir os dois? Pode parecer difícil. Mas é ela, a Mariela.
52
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
53
CARREIRA
M
ariela Amodeo nasceu em Bauru, São Paulo, mas os pais já moravam no Rio de Janeiro. Como grande parte da família estava na cidade do interior paulista, nas férias era para lá que viajava. Foi nesse tempo, nas fazendas, que começou a carreira no hipismo. “Desde os quatro anos eu já montava sozinha e a brincadeira com meus primos era correr atrás do gado e saltar o que tivesse pela frente”, recorda. Aos oito anos participou da primeira competição. Foi esta, também, a única vez que a mãe, Maria Bernadete a viu competir. “Ela ficava muito tensa”, diz Mariela. O pai, José Gracia Junior, por não ter muito contato, nunca a viu nas provas. Sobre as dificuldades, a maior se deve ao alto custo do esporte. “Minha família não tinha recursos para eu competir nas categorias de base. Tinha que ficar na cerca e aprender olhando os campeões. Tentava fazer como eles, mas sem um bom cavalo, era praticamente uma missão impossível. Mas às vezes dava certo.”, lembra. Ela acredita que o esporte deveria ser mais popular no Brasil. “Nos países da Europa, o hipismo é como o nosso futebol. Na Bélgica, por exemplo, já vi cocheira no lugar de garagem. A pessoa não tem carro, mas tem dois cavalos de salto”, diz ela que, fora do país, chegou a competir na Argentina, França, Holanda, além da citada Bélgica. Nas competições, são julgadas, entre outras, a disciplina e a elegância da dupla formada pelo cavaleiro ou amazona e o cavalo ou égua, enquanto realizam uma série de movimentos e saltos. Com a vontade de aprender tudo isso, Mariela precisava estar na escola. “Era tranquilo porque eu montava depois das aulas e competia nos finais de semana. Sempre fui uma aluna regular, do tipo que passava com média oito”, explica. Com 18 anos, a jovem se casou com um banqueiro. O casamento durou quatro anos. Logo depois, na Sociedade Hípica Brasileira, no Rio de Janeiro, conheceu Felipe Amodeo, com quem se casou em 1997. Advogado renomado, Felipe foi presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Hipismo Brasileiro e fa54
| revistaon.com.br
COMPETIÇÃO Mariela tem importantes títulos no hipismo
leceu em 2005. Ele está diretamente ligado à escolha de Mariela pela arquitetura. O salto para outros projetos começou em 1998. “Tudo partiu de uma brincadeira do Felipe, apaixonado por arquitetura. Ele dizia que iria se aposentar e que eu teria que sustentar a casa. Com todo poder de convencimento dele, acabei me apaixonando também por essa profissão”, diz ela, que se formou em design de interiores
“Minha família não tinha recursos para eu competir nas categorias de base. Tinha que ficar na cerca e aprender olhando os campeões”. Mariela Amodeo
DEPOIS ...A sala após passar pela criativa Mariela
ANTES Uma sala antes de passar por Mariela Amodeo...
e, depois, em arquitetura e urbanismo. Após o nascimento do filho, diminuiu o ritmo no hipismo e a arquitetura passou a ter mais tempo. Morando em um condomínio hípico a poucos quilômetros do centro de Três Rios, escolheu a cidade para residir em busca de qualidade de vida. “Adoro a simpatia dos trirrienses”, completa. Por isso, na cidade também está a sede da empresa. Além de ter trabalhos no município, suas criações já chegaram ao Rio de Janeiro e Itaipava. Parte do processo de criação é feito de forma solitária. “Gosto desse momento de descobertas e soluções nos projetos. Depois de pronta essa parte, passo para um assistente o trabalho metódico de plantas
de execução. Atualmente estou trabalhando sozinha, porque ainda não consegui ninguém em Três Rios para fazer essa parte”. Admiradora de Richard Meier, Zaha Hadid, Peter Eisenman, Santiago Calatrava e Tadao Ando, nomes brasileiros da arquitetura também fazem parte da lista de preferências. “Gosto muito das linhas curvas do Niemeyer, das grandes sacadas do Paulo Mendes da Rocha e da genialidade de Janete Costa”, cita. Se definindo modernista nos projetos que faz, com gosto por linhas retas e limpas, ela gosta de ambientes claros e com boa circulação. “Me preocupo muito com sustentabilidade e procuro trabalhar ventilação e ilumi-
nação natural em todos os meus projetos. Ofereço sempre opções por materiais ecológicos e adoro quando os clientes podem compartilhar esse pensamento”. O gosto pela filosofia fica explícito quando Mariela compara as duas carreiras. “A beleza do cavalo é como a beleza da arquitetura. Quanto mais simples, mais elegante. Acredito que a boa arquitetura é como um bom cavalo. Deve ser bem estruturada, ter linhas suaves e personalidade. As dificuldades são iguais em todas as profissões. Para conseguir se firmar em uma carreira, acredito ser necessária muita persistência e uma dose de sorte”. Os amigos feitos no tempo de amazona, ela diz que nunca serão esquecidos e
PROJETO As ideias de Mariela estão nesta sala da presidência de uma empresa revistaon.com.br
|
55
FABIOLA MEDEIROS
CARREIRA
PREMIAÇÃO Em uma das competições, Mariela ganhou um carro
que o esporte sempre estará nela. Aos 39 anos, dos quais 30 deles foram dedicados ao hipismo, ela diz que “a amazona agora está em galope aberto em direção a bons projetos”. Um projeto inesperado surgiu quando a reportagem já estava quase finalizada. Mariela acaba de comprar um cavalo na Bélgica. “Decidi voltar a competir quando estava arrumando meus troféus com meu filho e ele disse: ‘mamãe, eu não sabia que você era tão campeã! Ensina-me a saltar com cavalo?’ ”. A escolha por um cavalo europeu, ela explica. “Lá, estão os melhores do mundo, assim como nós temos os melhores jogadores de futebol. Para ser
INFÂNCIA Desde pequena, a cena acima já existia na vida de Mariela
“No Campeonato Brasileiro de Sênior, meu filho tinha 8 meses e foi para o pódio comigo. Esse foi um prêmio duplo”, Mariela Amodeo
competitivo, é preciso ter um bom cavalo, afinal ele faz 50% do trabalho”.
Porém, desta vez, o esporte não será praticado com a pretensão de competir nas categorias mais altas. Ela segue em galope aberto rumo à arquitetura e a uma loja que está abrindo. Mas nada impede que no futuro, ela, que mesmo longe do mar, sem navio ou prancha, já tendo realinhado as velas para receber ventos de outra direção, volte a fazer reajustes e encare as categorias do hipismo que lhe renderam o título de “mamãe tão campeã”. “Minha intenção é fazer o esporte como hobby, mas nunca se sabe...”, diz ela, a Mariela.
A força da amazona em seus principais títulos
56
Campeã Brasileira de Proprietário Top
2002
Campeã Brasileira de Amazonas
2006
(principal campeonato Brasileiro, com premiação de um carro para o vencedor)
Campeã do Serra & Mar
2006
Campeã Brasileira Sênior Top
2008
| revistaon.com.br
2003
2004
revistaon.com.br
|
57
Tempo para a saúde FOTOS DIVULGAÇÃO
O
ano está começando. “Saúde para dar e vender?” A academia está em dia? A falta de tempo ou a idade avançada não são mais desculpas para deixar de lado os cuidados com o corpo. A hora de começar a sair do sedentarismo é agora. Os benefícios são para sempre. Comemorando 31 anos de atividades em Três Rios, a Teludi Academia oferece à população as mais variadas opções de exercícios físicos para deixar o corpo pronto para curtir o verão nas praias e piscinas, e, antes de tudo, colocar a saúde em dia. E o melhor, não é necessário ficar horas suando para conseguir os resultados.
ERGOMETRIA Exercícios aeróbicos reduzem o risco de doenças cardíacas
Trinta minutos de atividades por dia são suficientes para uma saúde melhor Se o tempo está curto, Márcio Wogel, diretor da academia e professor de educação física, tem a solução. “Em função da falta de tempo, que é a maior arma usada pelas pessoas para não praticarem atividades físicas, nós pensamos em programas específicos com tempos menores. Trinta minutos por dia, na hora do
SPINNING Na aula de ‘ciclismo indoor’ é possível queimar calorias e contribuir com a saúde
almoço, são suficientes. Não pode ser nesse horário? Venha antes de ir para o trabalho ou quando sair”, convida, afirmando que os resultados são garantidos, ao contrário do que alguns ainda podem pensar. “Entra em nossa cabeça que, para ter efeito, precisamos ficar várias horas na academia. Mas não! Condensamos as aulas e, os programas montados, dão os resultados esperados”. Com vários planos no catálogo, um que conta com 11 tipos de aulas, merece destaque. Este é o Teludi Fitness, que contribui com todas as partes do corpo. Márcio resume dizendo que “os resultados vêm através de estímulos diferentes”. Tais estímulos são feitos, além de aulas clássicas como musculação, localizada e alongamento, por atividades do Body Systems. Única da região a contar com o sistema, a academia oferece au-
PUBLIEDITORIAL
Idade não é desculpa. O programa Bem-Estar foi pensado para maiores de 45 anos las como a de Body Vive, que melhora o condicionamento e a flexibilidade. Outra aula disponível é a de Body Pump. Paula Martins Schmitz, educadora física por formação, é responsável pela aula. “Ela atende ao público que não se identifica com a musculação. É uma aula coletiva e utilizamos músicas, uma para cada atividade, onde trabalhamos peito, costas, bíceps, tríceps, etc.”, diz a professora sobre a aula que queima até 600 calorias. Outras atividades disponíveis do sistema são o Body Step, que auxilia no emagrecimento e melhora a coordenação motora; o RPM, que aumenta o condicionamento cardiovascular, além de tonificar as pernas, quadril e glúteos; e o Power Jump, que aumenta a força muscular dos membros inferiores e gera gasto calórico de até 700K/cal. Diogo da Matta também é formado em educação física e atua na academia como personal trainer, professor de Spinning e Localizada. “Esta trabalha força, resistência muscular, cardiovascular, coordenação e flexibilidade. Além dos benefícios no corpo, há as vantagens para a mente. Por ser feita de forma coletiva, a aula se transforma, também, em um compromisso social”, diz o professor. Ele ainda explica que, apesar de ser feita em grupo, é
BODY PUMP Aula queima até 600 calorias
LOCALIZADA Embora em grupo, Diogo observa as necessidades individuais de cada aluno
necessário que o profissional esteja atento às particularidades de cada aluno. O programa de personal tem atividades, como o próprio nome explica, direcionadas à individualidade de quem o busca. Na academia, todos os profissionais são capacitados a oferecerem o serviço. Bem-Estar
Se a falta de tempo não é um pretexto, quem dirá a idade avançada. Pensando nessa outra desculpa, a Teludi Academia criou o programa Bem-Estar. Ele é indicado para homens e mulheres acima dos 45 anos que não praticam atividades físicas e grupos especiais, de hipertensos e diabéticos.
BEM-ESTAR João Batista (de branco) conta que já não consegue ficar sem praticar atividades físicas
O programa conta com avaliação física e nutricional, aulas de Body Vive, alongamento, musculação e caminhadas indoor e outdoor. As atividades previnem dor lombar, fadiga, depressão, ansiedade e obesidade. O acompanhamento físico é constante. Aos 78 anos, João Batista de Oliveira retornou às atividades físicas há nove meses. “O médico recomendou. Todos os meus exames estavam normais, meu único problema era a condição física. Eu não conseguia amarrar os sapatos de manhã, agora já consigo, as aulas dão resultado”, diz ele, que não praticava atividades desde a juventude, quando jogava basquete. Professores capacitados, pacotes especiais, área virtual para marcação de aulas e ambiente exalando saúde e beleza. Tudo contribui para a frase que João Batista usou para definir o local. “Eu estou viciado nisso, não posso mais deixar de vir”. Como esse faz bem, busque o vício das atividades físicas e cuide da saúde. Ah, e a estética ainda agradecerá. Praça da Autonomia, 102, Centro Três Rios – RJ (24)2252-3354 www.teludiacademia.com.br Segunda a sexta: 06h às 22h Sábado: 09h às 13h
CARREIRA
Rumo à chegada POR PRISCILA OKADA
FOTOS REVISTA ON
“Há muita gente que corre, sem entrar numa corrida... Quem corre por gosto não se cansa. E há quem se canse e não corre”. É com o trecho da poesia de Zeni Nuni que ilustramos os caminhos traçados de uma mulher que não teve medo de arriscar e ir atrás dos seus verdadeiros sonhos em uma verdadeira corrida da vida. Ela é Ivani Gomes, nossa maratonista trirriense. 60
| revistaon.com.br
A
triz, modelo, médica, enfermeira, esses são alguns dos sonhos de profissão de muitas crianças quando pequenas. Ao entrevistar a única maratonista de Três Rios, nos deparamos com quem nunca sonhou com essas profissões, tampouco reinar nas pistas de corridas. De origem pobre, sem muitos recursos, Ivani Gomes, 50, sempre trabalhou para conseguir o seu sustento. Operária padrão, cumpria com os seus compromissos. “Carismática e dedicada”, características descritas por uma de suas irmãs, Genir Gomes. Essa alegria e dedicação de encarar a vida e o trabalho, a levou a conhecer, de maneira inusitada, o caminho das corridas. Foi em uma festa organizada por uma empresa em que trabalhou. Gomes conta que foi convidada a participar de um concurso de dança, cujo objetivo era premiar o funcionário que aguentasse dançar até ao final da festa. “O resultado foi que ganhei esse ‘prêmio’ e foi muito divertido”, lembra-se rindo da situação. Após a festa de comemoração, Ivani foi informada por um de seus amigos, que haveria uma corrida em Santana do Deserto, Minas Gerais. Parece loucura, mas foi esta a primeira disputa da atle-
AQUECIMENTO Todos os dias Ivani se levanta às 7h para treinar
Ivani conquistou sua primeira corrida calçando sandália de salto alto
ta trirriense. O evento era uma corrida onde o atleta tinha que percorrer 14 km de estrada de chão até a linha de chegada. Sem ter a dimensão da distância a ser alcançada, Ivani conquistou a prova chegando em primeiro lugar na categoria amadora e na segunda colocação geral. O destaque geral fica por conta de sua revelação após contar sua vitória. “Eu venci a corrida de salto alto. Estava arrumada na festa e do jeito que saí fui para a corrida”, conta. Divorciada, Ivani revela que encontrou no esporte a maneira de esquecer os problemas sentimentais. Com isso, se dividiu entre as máquinas de costura de uma confecção e as pistas por um longo tempo. “Eu tinha uma hora de almoço, tirava 30 minutos para treinar, 10 minutos para ir até minha casa, 10 minutos para comer e 10 minutos para o retorno ao meu posto na malharia”, recorda-se.
MEDALHAS A maratonista coleciona 400 medalhas em 22 anos de carreira
Devido a idade, as provas curtas não tiveram vez em sua trajetória, por ter um tempo mínimo a ser batido. Gomes começou a se inscrever em outras corridas, as de longa distância como maratonas e ultramaratonas, com extensões superiores a 40 km de prova. Na sua estreia na Super Maratona do Rio Grande do Sul em 1996, bateu o recorde da prova, chegando 11 minutos antes da maratonista cotada para vencer a prova. De acordo com ela, um ano antes, participou da corrida de São Silvestre em São Paulo cujo percurso era de 15 km. “Fui a nona geral na categoria”, lembra. De 1996 a 2011, contabiliza mais de 400 medalhas e participação em aproximadamente 700 corridas. Com o corte de funcionários na empresa onde trabalhava, Ivani foi demitida. “Nessa época, eu já participava de várias corridas, foi quando procurei ajuda. Consegui um patrocinador na cidade que passou a ajudar com as inscrições, a roupa e as viagens”, explica a atleta que hoje ainda recebe ajuda desse mesmo patrocinador. Para a maratonista, a dificuldade maior na prática do esporte está justamente na questão financeira. “Tenho essa ajuda, mas tenho contas a pagar, preciso me alimentar bem e participo das maratonas por categoria. revistaon.com.br
|
61
CARREIRA
A atleta é tricampeã da Ultramaratona de Rio Grande de 1996, 2000 e 2004
Geralmente, não tem premiação”, desabafa. O maior prêmio conquistado foi de R$ 2.000. “Meu patrocínio tem uma cota, que é principalmente para provas regionais e nacionais”, completa. Além dessa premiação, Ivani se recorda de outro bom prêmio que recebeu nas marato nas: uma viagem para a Argentina. “Nesse período fiquei sabendo que teria uma maratona no país e fui justamente nessa época”, conta. Ao ser questionada sobre a falta de patrocínio público, ela esclarece. “Como não participo de competições em equipe, não tenho a ajuda da prefeitura que disponibiliza o transporte para equipes esportivas”, responde. A atleta revela que alguns comerciantes contribuem com pequenas quantias e, grata, conta que a cada corrida que vence, circula pela cidade mostrando troféus e medalhas. Todos os dias, se levanta às 7h e corre aproximadamente 1h30. Em quilometragem ela revela. “Com esse tempo, corro entre 15 e 21 km”. Grande parte dos atletas são acompanhados por técnicos esportivos, mas devido a falta de recursos, ela sempre trabalhou sozinha. “Eu mesma me treino, já acostumei. Ao longo desses anos, adquiri experiência. Se tivesse técnico hoje, acho que me atrapalharia”, brinca. A trirriense é tricampeã da Ultramaratona de Rio Grande (1996, 2000 e 2004). No dia 13 de novembro participou da corrida de Rua do Sesi em Juiz de Fora (MG) e foi um dos destaques do evento ao conquistar o 5º lugar geral e o 2º em sua categoria. Em 2011, Ivani participou do Desafio das seis Maratonas e conseguiu participar de sete de 42 km e uma super maratona de 50 km. A última competição aconteceu em São Paulo no dia 31 de dezembro, na corrida de São Silvestre, quando chegou em segundo lugar em sua categoria e em 129º na colocação geral, finalizando suas conquistas em mais um ano. 62
| revistaon.com.br
TREINAMENTO Diariamente, Ivani chega a percorrer 21 km
História da Maratona A Maratona é uma das mais antigas modalidades praticadas no mundo. Diz a lenda grega, que a modalidade surgiu no sacrifício de um herói. O grego Pheidíppides percorreu 40 quilômetros entre as cidades de Maratona e Atenas, ambas na Grécia, para levar a notícia da vitória grega sobre os persas no ano 490 a.C.. Ao concluir o duro percurso, o soldado anunciou: “vencemos a batalha” e depois morreu. Atualmente, o recorde mundial pertence ao etíope Haile Gebrselassie, que no dia 28 de setembro de 2008 estabeleceu o tempo de 2h03min59s na Maratona de Berlim. Apenas um brasileiro já obteve esse recorde: Ronaldo da Costa em 1998, também em Berlim, com 2h06min05s. O Brasil atualmente tem apenas seis maratonas: Florianópolis (19 de abril), Porto Alegre (24 de maio), São Paulo (31 de maio), Rio de Janeiro (28 de junho), Foz do Iguaçu (27 de setembro) e Curitiba (22 de novembro).
revistaon.com.br
|
63
PUBLIEDITORIAL
64
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
65
SHUTTERSTOCK
EMPREENDEDORISMO
Sonho americano POR PRISCILA OKADA
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Mais de 28 milhões de imigrantes legais e ilegais vivem nos Estados Unidos. Os dados retirados do consulado americano no Brasil retratam o sonho de muitas pessoas. Algumas pretendem fazer fortuna, enquanto outras pensam apenas em conseguir uma vida mais digna, entretanto, a maioria acaba não conseguindo realizar esse objetivo. Um trirriense teve esse sonho e conseguiu chegar além dele.
O
início da música interpretada por Caetano Veloso “Soy louco por ti América”, resume a vontade dos milhares de brasileiros que já pensaram ou embarcaram rumo aos Estados Unidos. Facilidade. Esta é a principal razão que os imigrantes apontam quando decidem se tornar cidadãos norte-americanos. A história de Ricardo Zainotte, 44, poderia ser confundida com tantas narrativas espalhadas pelo o mundo. Mas além de sonhar, ele conseguiu trilhar uma realidade mais expressiva, a de vencer profissionalmente e conseguir independência em outro país. Ex-comprador e vendedor de farinha, na cidade de Três Rios, viu seu negócio ruir no governo Fernando Henrique Cardoso em 1996, quando o Brasil teve o maior índice de inadimplência. Com a empresa fechada, a alternativa vista por ele, foi a de seguir os 66
| revistaon.com.br
Ex-vendedor de farinha, embarca para os Estados Unidos, torna-se grande empresário no país e retoma negócios no Brasil
EMPREENDEDOR Ricardo Zainotte saiu do Brasil em 1996 sem saber o que ia fazer e hoje é um conceituado empresário de turismo
mesmos passos de seu irmão que já morava em Orlando, na Flórida. “Fui sem saber o que ia fazer, consegui um visto de turista e embarquei’’, lembra. Ao chegar, sem falar inglês, o empresário imediatamente iniciou o processo de aprendizagem, por meio do convívio diário com os americanos no trabalho. “Aprendi a falar do jeito que eles gostam, depois fui para uma escola para aprender a gramática”, comenta. Mas antes disso, até para ir ao supermercado era uma
revistaon.com.br
|
67
EMPREENDEDORISMO
FROTA A empresa conta com carros de passeios e veículos executivos que atendem turistas e empresários brasileiros
tarefa difícil. “Costumo dizer que a pessoa vira uma criança de novo, tendo que aprender a andar e a falar de novo” relembra. Casado e pai de uma filha, o brasileiro disse que, para sua herdeira, alfabetizada nos Estados Unidos, esse processo foi mais tranquilo. Orgulhoso, não deixa de falar sobre a conquista dela, que aos 16 anos, por obtenção de boas notas, adiantou seus estudos e atualmente cursa medicina na Flórida. Seu primeiro emprego foi na construção civil, onde permaneceu por pouco tempo. Trabalhou como gerente de restaurante e foi chamado para atuar no marketing de uma loja de cosméticos da Flórida, onde continuou por seis anos. “Meu serviço era viajar pela América do Sul, incluindo o Brasil, obtendo contato com agências de turismo, fazendo propaganda para as pessoas irem comprar na loja”, conta. Após esse tempo, o espírito empreendedor de Zainotte falou mais alto. Arriscou abrir o seu próprio negócio, uma empresa de transporte em 2003. Observador, atinou que a cidade recebia muitos turistas brasileiros, mas grande parte deles não dominava o inglês e, por isso, existia um desconforto em contratar os serviços de um americano. “Peguei o dólar a R$ 3,50. Todo mundo me chamou de doido, mas eu comprei um carro, vim para o Brasil, comecei a visitar as agências de viagem e fui conseguindo meu espaço bem devagar”, lembra. 68
| revistaon.com.br
A empresa que começou pequena, já conta com uma frota de quatro veículos de passeios e carros executivos, que atendem não só o público de turismo, mas também de negócios. “Só não estou maior por causa da dificuldade com a mão de obra. Muitos motoristas estão ilegais e os que são legalizados não conseguem carteira de motorista. Então você fica meio restrito ao crescimento”, completa. Em 2005, quando os EUA passou pela queda no mercado imobiliário, foi o ano de maior crescimento para o empresário. “Só eu acreditei nesse crescimento. Os outros brasileiros que tinham empresas de transportes não acreditavam no Brasil. Eu fui o único e me mantive. Hoje atendo as maiores empresas brasileiras de turismo”, orgulha-se. Brasileiros nos Estados Unidos
De acordo com o consulado americano, existem 10 milhões de imigrantes ilegais nos EUA. Diferente de Ricardo, que viajou com o visto de turista e mais tarde conseguiu o visto de permanência (Green Card), muitos atravessam diariamente as fronteiras do México com o país de forma ilegal. O empresário explica como é ser legalizado. “A pessoa se torna cidadão com todos os direitos de um americano”. Estima-se que haja aproximadamente
350 mil brasileiros residindo somente na jurisdição do consulado-geral do Brasil em Nova York, que engloba os estados de Connecticut, Delaware, Nova Jersey, Nova York, Pensilvânia, além do Arquipélago das Bermudas (protetorado britânico). A estimativa do Ministério das Relações Exteriores é de que residam 1.280.000 brasileiros em toda a nação norte-americana. Somente em 2010, mais de 8.800 brasileiros se naturalizaram nas terras do Tio Sam. Investimentos no Brasil
Com a consolidação de sua empresa e capital nos Estados Unidos, Zainotte não parou de pensar em sua terra natal. Acompanhando o crescimento trirriense nos últimos anos, decidiu investir novamente. Comprou terrenos, apartamentos e, com o conhecimento adquirido na loja de cosméticos, abriu uma empresa especializada na área em Três Rios e já ruma à inauguração de um segundo empreendimento em Vitória, Espírito Santo. De acordo com ele, o fato de ter permanência americana facilita o processo de exportação. “Comigo estando fora do país, consigo manter a loja atualizada com o que é lançado lá fora. Tem um produto de cabelo que foi lançado há cinco meses aqui no Brasil e há um ano eu já tinha. Eu tinha clientes como médicos e juízes que vinham na minha loja para com-
prar esse produto”, conta. O empresário faz uma reflexão e compara investimentos feitos aqui no Brasil e nos Estados Unidos. “Hoje venho a Três Rios a cada 40 dias e observo, pelo crescimento da minha empresa, que vivemos um bom momento. Quando eu saí daqui, a diferença era absurda, quase de 1.000%. Hoje essa realidade mudou. Os EUA passam por um momento difícil, mas ainda é o país do dinheiro. Lá você ganha um salário digno, por pior que seja, você consegue comprar, investir, claro que hoje tem que trabalhar bem mais”, conclui ele sobre o medo de ser atingido pela crise. “É uma ameaça sim. Eu trabalho com convenções. Orlando tem um centro de convenções que é o segundo maior dos EUA. Atualmente, eventos que atraiam 70 mil participantes caíram para 12 mil. Isso abala o transporte, hotel e restaurantes. A máquina trabalha a todo vapor, reduz ou para. Nesse caso ela reduziu,” revelou. Aos que pensam em seguir os mesmos caminhos do empresário, ele deixa a dica. “A primeira coisa que eu digo a essas pes-
TURISTAS Diariamente Ricardo busca brasileiros nos aeroportos americanos
soas, é que elas tenham foco, sem desviar dele. Se você acreditar e não desviar do objetivo, nada pode te deter”, aconselha. Vontade de voltar ao Brasil não falta a Ricardo, e isso faz com que ele invista cada vez mais aqui, já pensando no futuro. Um
pouco antes de encerrar esta matéria, a Revista On foi informada de que o empresário adquiriu dois estabelecimentos no ramo alimentício em Três Rios. Provando, mais uma vez, que o trirriense não para e seus sonhos vão além do americano.
revistaon.com.br
|
69
EMPREENDEDORISMO
AMBULANTE
Trabalho a céu aberto POR FREDERICO NOGUEIRA
FOTOS REVISTA ON
“Chapéus, sapatos e roupas usadas, quem tem?”. Já ouviu isso? Sim, a frase saiu do seriado “Chaves”, aquele que muitos amam e outros tantos odeiam. Essas foram as palavras usadas pelo clássico personagem “Seu Madruga”, quando se aventurou nas vendas de, além dos itens citados, panelas, abajur e, até mesmo, uma bola de boliche. Fora da televisão, você já deve ter esbarrado com vendedores ambulantes e, quem sabe, comprado seus produtos ou serviços. Vamos dar uma volta pelas ruas da cidade e conhecer alguns destes que têm calçadas e praças como locais de trabalho.
V
endedores ambulantes são aqueles que vendem serviços ou mercadorias em espaços públicos. São vendedores de doces, pipoqueiros, engraxates. Aqueles que comercializam balões em forma de personagens de desenhos, brinquedo para fazer bolhas de sabão ou despertam o desejo das crianças de pular em uma cama elástica. Eles fazem a alegria dos adultos com CDs, DVDs e perfumes. As donas de casa, enquanto aguardam o ônibus, não resistem aos coadores de café, alicates 70
| revistaon.com.br
e tesouras para unha. Enquanto algumas pessoas que ganham a vida dessa forma têm a permissão para prestar os serviços em local público, outras trabalham sem qualquer tipo de licença. O objetivo aqui não é mostrar quem está ou não trabalhando de forma ilegal, mas o de conhecer as pessoas que encontramos diariamente nas ruas. A fiscalização em Três Rios é feita por agentes da secretaria de Ordem Pública. “Muitos dos ambulantes são de fora da cidade, que vêm pelo momento de crescimento
Acostumado a trabalhar por conta própria, Evaldo não quer ser funcionário do município. Somos satélite de cidades vizinhas e uma parte das pessoas que buscam emprego aqui e não conseguem, vai para as ruas fazer comércio. Quando encontramos alguém, durante nossas
operações, fazendo comercialização de um produto em via pública que não tenha autorização, damos uma notificação para que retire o produto em um tempo determinado. Quando encontramos a mesma pessoa novamente, ainda sem autorização, apreendemos o material e doamos, quando possível”, explica Alexandre Mansur, secretário da pasta. Em meio a espanadores coloridos, Evaldo Lopes da Paz, 38 anos, passa de loja em loja oferecendo seus produtos. Paulista, começou a trabalhar como ambulante em 1991, sempre com materiais de limpeza. “Acostumei a trabalhar por conta própria, não quero ser funcionário. Compro em São Paulo e vendo em cidades do Vale do Paraíba, do sul de Minas, Vale do Aço e Espírito Santo. Costumo ficar 20 dias fora de casa”. A opção pela profissão, ele explica. “Não estudei muito. Pelo que estudei, sei que se for para uma firma não vou ganhar o mesmo que ganho. Parei na 6ª série. Já tentei voltar, mas não consegui”. Ele trabalha cinco dias por semana e diz que não gosta de vender aos sábados. Com o ofício, já comprou um carro e pretende adquirir um terreno para construir a casa própria. Durante a conversa, uma cliente aparece. “Quanto está o espanador?” O vendedor, com seu papo, tem a resposta
Camila Correa diz que não consegue emprego em firmas por não ter terminado os estudos pronta. “Tá R$ 12, mas dá pra fazer por R$ 10”. A moça não compra e Evaldo comenta que naquela manhã as vendas não estavam muito boas como das outras vezes que passou pela cidade. Ele disse que deve continuar na profissão por mais dois ou três anos, mas pretende fazer um curso e abrir um salão, onde atuará como cabeleireiro, na Zona Leste de São Paulo. Única representante do sexo feminino na matéria, Camila Correa de Sousa tem 18 anos, mora em Três Rios e, quando a encontrei, estava no segundo dia do primeiro emprego. Ela vende iogurtes congelados, daqueles que estão amenizando o calor dos trirrienses. Para cada unidade vendida, ganha R$ 0,10. No dia anterior, foram 304 vendidos. “Coloco currículo nas firmas e não consigo emprego. Sempre pedem que tenha estudos, cursos e eu não tenho. Estudei até o primeiro ano do ensino médio”, diz. No momento, ela pretende continuar como ambulante, mas
SONHO DE BELEZA Evaldo pretende sair da rua e ser cabeleireiro daqui a três anos revistaon.com.br
|
71
EMPREENDEDORISMO
quer retornar às salas de aula. “Agora não posso porque tenho uma filha pequena de dois anos, mas quero voltar e fazer um curso. Ainda não pensei em qual, mas tenho interesse por advocacia. Acho tão bonito uma mulher advogada. Sei que é difícil, mas vou tentar”, garante a jovem. Quer ouvir uma música? Marcos Valetim tem para oferecer! Aos 37 anos, estava em um ponto de ônibus no centro da cidade com diversos CDs expostos e uma caixa de som para convencer os clientes. “Tem sete anos que comecei a vender. Sou cantor, comecei vendendo os meus CDs e passei a vender de outros cantores também”. De Duque de Caxias, ele compra no Rio de Janeiro e passa por diversas cidades vendendo os produtos por R$ 10. Os clientes gostam por serem músicos conhecidos há muito tempo no meio evangélico. E as músicas dele? “Meu CD é muito procurado. É tão bom que já acabou, só vou ter mais em março”, se orgulha o cantor ambulante. Se a fome chegar, a solução também está na rua. Samuel Vargas de Oliveira vende empadas e pastéis de forno. De Teresópolis, ele mora na cidade há dois anos. “Vim com a família para cuidar da minha sogra, que morava no asilo. Cheguei aqui e não tinha trabalho para mim. Minha esposa já fazia salgados, então passei a vender na rua. Tenho que trazer só os assados, mas ela faz outros tipos que podem ser encomendados. Funciono
ADVOGADA Camila estava no segundo dia do emprego, mas seu objetivo é estudar Direito 72
| revistaon.com.br
COCO GELADO Diogo fez o empreendimento crescer e, ainda hoje, fica nas ruas
como vitrine”, diz. Samuca, como é conhecido, conta que o trabalho rende cerca de R$ 60 por dia. Mas, tirando os gastos, sobra metade da renda mensal como lucro. “Viver só disso não dá. Tem um buffet que encomenda sempre salgados com minha esposa”, revela. Tereza é uma das clientes. Chegou para comprar duas bandejas de empada. “Compro com ele há muito tempo. Conheci passando por aqui uma vez, levei para casa, todos gostaram, então passei a comprar sempre”, diz. As empadas, segundo ela, são tão gostosas, que às vezes não encontra. “Semana passada, mandei minha filha buscar aqui, mas ela ficou no mercado e quando chegou aqui não tinha mais”. Samuel sabe as datas que tem um lucro maior. “Vendo melhor do dia 1º ao dia 15. Aos sábados, o movimento também é sempre melhor”, diz ele, que mata a fome dos moto taxistas, como Júnior e Marcelo, que dividiam uma bandeja de pastel de forno. Está com sede? Com muito calor? Se não encontrar a Camila do iogurte, com certeza encontrará Diogo Lincoln Resende ou uma das suas carrocinhas de água de coco. Já trabalhou descarregando caminhões e como taxista, mas há 10 anos é vendedor ambulante. “Comecei trabalhando para um rapaz, vendendo água de coco aqui na cidade. Após um mês, ele foi para o Rio de Janeiro e fiquei com a
Em Três Rios, cerca de 400 pessoas estão em busca de formalização carrocinha”. Com o tempo, Diogo passou a comprar outras unidades e, atualmente, tem uma “frota” com 10 delas espalhadas pelas ruas. “A população acostumou a tomar água de coco durante o inverno, mas a época que mais vendo é entre setembro e março”. Hoje, aos 30 anos, ele é procurado para uma novidade que surgiu com o crescimento da cidade. “Outro dia, uma empresa me contratou para ficar na festa deles. Todos os funcionários que quisessem, podiam pegar a água”. No futuro, ele pretende expandir o negócio para cidades vizinhas, como Paraíba do Sul e Levy Gasparian. O passeio termina por aqui, após um iogurte de morango, algumas empadas e uma água de coco. Aquele mesmo “Seu Madruga” do início, disse, outra vez, que “não existe trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar”. Depois de andar um pouco e encontrar tantos sonhos em exemplos de quem descobriu, nas ruas, uma forma de ganhar a vida, a certeza é que não existe trabalho ruim, o ruim é quando alguém não tem sonhos para realizar.
Caminho para legalização
O CANTOR Marcos Valentim só terá seus CDs novamente em março
Em julho de 2009 entrou em vigor a figura do microempreendedor individual. Foi criado para pessoas que trabalham por conta própria e querem formalizar um pequeno negócio, com benefícios e deveres. Pagando os tributos, os direitos previdenciários ficam garantidos. O empreendedor formalizado como MEI deve ter receita bruta anual de até R$ 36 mil, não ter sócio, não abrir filial e pode ter um funcionário que recebe até um salário mínimo mensal ou piso da categoria. Porém, a obtenção do CNPJ e a inscrição na Junta Comercial, resultados do processo, não garantem que o vendedor ambulante terá autorização para comercializar produtos ou serviços em espaços públicos. “Nós os dividimos por área, sem causar um transtorno no local. Por exemplo, estudamos uma praça e vemos a quantidade de ambulantes que podem ficar ali sem que prejudique o urbanismo e o bem-estar da população que precisa passar pelo local”, explica Alexandre Mansur, sobre a atual situação em Três Rios.
Para quem pretende se legalizar, ele conta como proceder. “Antes de ir ao Sebrae e iniciar o processo do microempreendedor individual, a pessoa deve passar nas secretarias de Fazenda e de Ordem Pública para saber da viabilidade do local onde pretende estabelecer sua carrocinha ou banca de produtos”. Na atual gestão, Mansur diz que já houve 50 autorizações para exercício da profissão em ambientes públicos. “Chego a ter 400 pedidos de pessoas querendo se formalizar e ter um lugar fixo, mas não podemos liberar. Se acontecer isso, a cidade ficará desordenada”, explica. Para o futuro, o secretário conta que há um projeto, ainda em fase de estudo, para a criação de uma área destinada aos ambulantes, o que permitiria mais vagas. Um resultado da fiscalização que acontece no município surgiu alguns dias após a apuração da matéria, quando o portal Três Rios Online colocou em sua página principal uma notícia sobre a “Operação Choque de Ordem”. Uma foto mostrava o material apreendido horas antes. Ele pertencia a um dos vendedores ambulantes que você acabou de conhecer.
revistaon.com.br
|
73
74
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
75
Evolução sucessiva POR FREDERICO NOGUEIRA E RAFAEL MORAES
Dados do Censo 2010 mostram que a população de Três Rios passou de 71.976, em 2000, para 77.503, mas o crescimento da cidade vai além deste número. São novas empresas, oportunidades, questões a serem pensadas e a necessidade de novos olhares. Embora Três Rios viva um amplamente divulgado “momento mágico”, o desenvolvimento acontece como fruto de trabalhos de um passado recente e com a atenção especial voltada a problemas que possam surgir.
76
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
77
RAFAEL CERQUEIRA
ECONOMIA
VALE DO PARAÍBA Foto aérea mostra o centro da cidade
S
e Três Rios fosse um ser humano, teria encontrado na terceira idade seus melhores dias. Seria um senhor que, após ter uma história de sucesso no meio da vida e passar por uma crise pessoal, encontrou o incentivo para continuar a viver e voltar à boa forma. Aos 73 anos, a cidade é considerada uma das mais promissoras do Estado do Rio de Janeiro, embora esteja localizada a duas horas da capital, não tenha a economia baseada em poços de petróleo, nem belas paisagens praianas que componham seu visual. A famosa “esquina do Brasil” volta a ter grande movimento. A “princesa do Vale do Paraíba” passa a receber olhares de todos os cantos. Quem esteve fora e está de volta à cidade, com certeza se surpreendeu pela quantidade de obras públicas e novos investimentos imobiliários. As ruas vazias da cidade, antes pacata, deram lugar a um município voltado para turismo de negócios, oportunidades de trabalho e polo educacional na região. “Este é um reflexo do trabalho que nossa equipe tem desempenhado. No entanto, não há uma fórmula para este sucesso atual. 78
| revistaon.com.br
Com o ICMS de 2%, as empresas são atraídas para a cidade O que posso adiantar é que temos trabalhado muito para isso. Aproveitamos o que tínhamos de melhor no governo passado e buscamos novos investimentos para a cidade”, conta o atual prefeito Vinicius Medeiros Farah. O professor e economista Celso Jacob governou a cidade entre 2001 e 2008, quando o crescimento do município passou a ser notado. Um dos principais setores que recebeu atenção especial durante o período foi o da educação. “Muitos falavam comigo que queriam emprego, não educação. Mas eu explicava que, para ter um emprego bom, seria necessário investir na educação. Quando uma empresa toma a decisão de contratar alguém, não aceita qualquer um. A população precisa estar pronta para as vagas, precisa estar profissionalizada”. Foi neste período que a cidade começou a receber cursos superiores e técnicos. Enquanto isso, Celso iniciava o processo que culminaria na chegada de novas indústrias. “Fizemos um trabalho de
infraestrutura para receber os empresários. Eles não chegam porque a cidade é simpática ou o prefeito é bonito, mas, sim, porque encontram base e segurança para investir. Enxergam a perspectiva de bons negócios. A redução do ICMS foi importante, mas sozinha não resolveria. Existem outros municípios na região que possuem o mesmo incentivo, mas não têm essas condições para recebê-los”, diz, citando a Lei Rosinha. Em 2005, a governadora Rosinha Garotinho sancionou a lei nº 4.533, de 04/04/2005, que “dispõe sobre a política de recuperação econômica de municípios fluminenses e dá outras providências”, conforme diz o texto. Esta cita alguns municípios do estado onde os estabelecimentos industriais passam a ser beneficiados com a redução do ICMS de 19% para 2%. Para a inclusão de Três Rios, o projeto dizia que “de fato, diante dos importantes benefícios concedidos, não resta outra alternativa às empresas, que a preferência recaia sobre aqueles municípios cujo tratamento é diferenciado, fazendo com que os municípios de Três Rios e Paraíba do Sul por suas proximidades à aqueles municípios beneficiados por esta lei, deixe de ser atrativos, fato que vem ocorrendo com certa frequência, uma vez que duas empresas nos últimos quatro meses optaram em se instalar em
COMUNICAÇÃO PMTR
Sapucaia depois de todos entendimentos estabelecidos com o município de Três Rios”. Para Júlio Cezar Rezende de Freitas, secretário de Indústria, Comércio e Trabalho, o início do desenvolvimento aconteceu entre 2002 e 2003, antes da citada lei. “Nessa época não havia iniciativas dos governos, municipal e estadual, para restabelecimento da vocação natural da cidade, que eram os setores ferroviário e metal-mecânico. Grupos de empresários se reuniram para resolver a situação. Durante dois anos, foram feitas reuniões e, a exemplo do que existe no setor automotivo em Resende e do naval em Angra dos Reis, foi criado, aqui, o programa ‘Rio ferroviário’, que dá incentivo fiscal do Estado do Rio para toda a cadeia produtiva do setor. Foi a partir deste momento que a cidade começou a viver a recuperação industrial”. O prefeito Vinicius Farah relembra os momentos que antecederam o desenvolvimento. “Nossa cidade viveu, nas últimas décadas, o que, hoje, diagnosticamos claramente como o impacto da concentração excessiva em três grandes indústrias que sustentavam a economia local. Tempos difíceis foram experimentados quando estas empresas, em seus processos de falência, fecharam mais de 12 mil postos de trabalho, levando o município à estagnação econômica e social por mais de 20 anos. O comércio, com foco no varejo local, teve impacto direto nas vendas e foi testemunha do desespero de muitos chefes de família”, recorda ele que, neste período, entrava na vida pública, como vereador. Carlos Malta é presidente do Sindicato dos
CENTRO O desenvolvimento pode ser notado pelo número crescente da população
Comerciários de Três Rios, Levy Gasparian, Paraíba do Sul e Areal, e mostra o impacto do desenvolvimento do município no setor, responsável pela manutenção da economia durante os anos difíceis do município. “Havendo mais empregos na região, haverá, consequentemente, maior número de consumidores. Isso gera maior número de vendas e a necessidade de novas vagas para vendedores.” Malta revela que a região conta com 5.000 comerciários e, destes, 1.000 são sindicalizados. Um recente levantamento da Jucerja (Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro) de Três Rios, mostrou que, apenas em outubro do ano passado, foram contabilizados 116 atendimentos, dos quais 36 correspondem à entrada de abertura de novas empresas. Em outubro de 2010, foram constituídas 29 instituições empresariais. Ainda segundo os dados divulgados, entre outubro de 2010 e outubro de 2011, a Junta trirriense contabilizou 519 processos de abertura de empresas. Tal crescimento começou a ser possível, entre outros fato-
IGREJA DE SÃO SEBASTIÃO Localizada no centro da cidade, é um dos cartões-postais
res, devido ao governo ter buscado informações sobre empresas em fase de expansão e interessadas na implantação de novas unidades. Farah conta as vantagens que Três Rios teve a oferecer. “Logística de escoamento para todo o território nacional, proximidade aos centros de fornecimento de recursos humanos, matérias-primas e insumos, alto nível em segurança, excelente malha bancária e institucional, estímulos patrimoniais, incentivos à ocupação dos Distritos Industriais e apoio em infraestrutura, além de incentivos fiscais municipais e estaduais. Tudo isso veio contribuir para o fortalecimento do comércio, que vem atraindo interesse de grandes redes e fortalecendo os comerciantes locais”. O pensamento é logo completado por Júlio Cezar. “A última grande conquista que tivemos foi a Nestlé. Corremos atrás e fizemos contatos para convencer a diretoria da empresa a vir para cá. O mu-
revistaon.com.br
|
79
REVISTA ON
APOIO ÀS NOVAS EMPRESAS Para Júlio Cezar é importante colocar compradores próximos a produtores de matérias-primas
EDUCAÇÃO Celso Jacob baseou o desenvolvimento econômico na qualificação profissional
nicípio se preparou ao longo dos anos para receber esses investimentos. Sempre se falou que Três Rios é a esquina do Brasil, mas ninguém havia olhado para essa esquina como tem acontecido hoje”, finaliza, citando a célebre frase de Juscelino Kubitschek. Teófilo Henrique Pereira de Paula, coordenador de Ciências Econômicas do ITR/UFRRJ (Instituto Três Rios/ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), explica: “é uma combinação entre o bom desempenho da economia nacional e as políticas de cunho regional que vem sen80
| revistaon.com.br
Entre outubro de 2010 e 2011, a Junta Comercial trirriense contabilizou 519 novas empresas do adotadas. As chances de sucesso na implementação de políticas de incentivo local tendem a aumentar num cenário de crescimento econômico. As políticas locais desempenham um papel decisivo quando uma empresa toma a decisão de um novo empreendimento. Três Rios parece estar aproveitando bem as oportunidades do momento”. Teófilo destaca, ainda, que a localização do município é, de fato, um forte atrativo para os investidores. “Este é um elemento de competitividade para as empresas, uma vez que impacta diretamente na estrutura de custos. A proximidade em questão reduz os custos de transporte, tanto de insumos quanto de produtos finais. Em suma, a associação destes fatores é que explica o atual cenário de crescimento. De forma isolada, dificilmente teríamos este resultado”, finaliza. Para contribuir ainda mais com a chegada de novos investidores, o governo busca auxiliar de forma a facilitar os próprios empresários. “O benefício fiscal é para quem adquire matéria prima dentro do Estado do Rio de Janeiro. Se o material está fora, gera custos. Então, estamos conseguindo trazer empresas que vendem para outras que estão aqui, o que também favorece a chegada de novas”, Explica o secretário de Indústria e Comércio. Um dos resultados do processo de crescimento da cidade pode ser visto em José Bianchi Junior, engenheiro industrial. Trabalhando há 23 anos no ramo de embalagens plásticas, mora em São Paulo e passa 26 dias do mês em Três Rios, onde atua como gerente industrial há um ano e meio. “Vejo oportunidades em várias áreas, como na comercial, já que, com a chegada de novas empresas, peças de reposição serão necessárias; na educacional, para cursos profissionalizantes e de complementação profissional; de saúde, em unidades de pronto
atendimento, hospitais, clínicas e farmácias e no setor financeiro, com instituições de investimentos na cidade e para quem está começando”, enumera. Outro recém-chegado ao município é Vinicius Silveira Marques, administrador e sócio-diretor de uma indústria de vidros planos para construção civil. Natural do Rio de Janeiro, ele sentiu a diferença entre o grande centro e o interior. “Um ponto positivo que percebi quando cheguei aqui, foi o acolhimento do povo trirriense, o que certamente contribuiu muito para minha adaptação”. Assim como José Bianchi, Vinicius vê novos negócios surgindo. “Penso que o mercado imobiliário tem, e terá por longo prazo, um crescimento exponencial. O setor hoteleiro apresenta uma gama de oportunidades. O setor de entretenimento também apresenta uma janela a ser aberta, seja através de eventos, como os que estão sendo realizados, ou através de novos negócios e franquias”. Rafael Chapinoti também chegou com os novos ares do desenvolvimento. Instalou sua empresa em Três Rios em 2007, sendo uma das precursoras do “grande boom”. Hoje ela conta com 105 colaboradores. “O interesse pelo local surgiu com o incentivo fiscal e pela prefeitura, que mostrou comprometimento com as empresas que viessem para a cidade”, diz ele, que ainda citou as vantagens apon-
VINICIUS FARAH De acordo com o prefeito, a logística de escoamento para todo o território nacional ajuda atrair novas empresas
COMUNICAÇÃO PMTR
REVISTA ON
ECONOMIA
LUANA MOURA
Três Rios vai receber um aterro sanitário no município, cujo projeto prevê ainda a aquisição de equipamentos e ações de educação ambiental
NESTLÉ A empresa é a promessa para reaquecer a bacia leiteira da região
muita sensibilidade e vontade de transformar metas em realizações, estamos conseguindo grandes conquistas. Todas as áreas estão recebendo investimentos. Educação, cultura, lazer, esporte, saúde, meio ambiente, promoção social, segurança pública, obras, transportes e infraestrutura estão crescendo na mesma velocidade”. Sobre as reclamações de buracos nas ruas que chegam diariamente nos veículos de imprensa, a secretaria de Obras e Habitação informa que o “Programa Asfalto para Todos” contemplará mais de 300 ruas em todos os bairros, se tornando o maior programa de pavimentação já realizado na história de Três Rios. “Serão duas frentes de trabalho, reunindo equipes de Obras, Serviços Públicos, Transportes, Saaetri e Meio Ambiente. O cronograma foi aberto no final COMUNICAÇÃO MPTR
tadas por Farah. “Estar em Três Rios ajuda a empresa ficar presente num polo industrial em grande expansão, em manter nossa forte atuação em todo o estado. A empresa acredita que estamos em um novo ciclo que veio para crescer com a região”, completa Chapinoti. Embora satisfeito com a escolha, Rafael aponta problemas a serem solucionados. “As vias do centro da cidade quase sempre estão engarrafadas e também é necessário resolver a dificuldade de achar locais para estacionamento público. Outro ponto muito importante, e que precisa ser resolvido pelos empresários, é a rede hoteleira da cidade, com poucos leitos, que já não atendem a demanda e as exigências dos hóspedes atuais”. Ele aponta, ainda, que restaurantes e opções de lazer são outros campos a serem expandidos. Ciente dos problemas que ainda existem, Vinicius Farah comenta o papel do poder público na decisão das questões. “Certamente não será possível resolver todos os problemas estruturais de 73 anos de história de um município. Mas, com
de 2011 no bairro Moura Brasil e segue para Ponto Azul, Ponte das Garças, Pilões, Triângulo, Vila Isabel, Rua Direita e Morro do Ataulfo. Ao mesmo tempo, outra frente atende os bairros Monte Castelo, Caixa D´Água, Cantagalo, Santa Terezinha, Cidade Nova, Boa União, Mirante Sul e Purys. Dentro desta subdivisão, a partir dos bairros citados, todos as localidades no entorno serão atendidas”, diz a nota enviada para a redação. Com o aumento do número de pessoas e empresas, cresce, também, o volume de lixo produzido. Com isso, a preocupação com as formas de descarte dos resíduos surgiram e um aterro sanitário já foi projetado. “A implantação e operacionalidade do aterro estão sendo geridas por meio de Consórcio Público Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos na região. O objetivo é a implantação e operação do sistema de tratamento dos resíduos através da construção de aterro sanitário no município, cujo projeto prevê ainda a aquisição de equipamentos e ações de educação ambiental. Recebendo investimentos na ordem de R$ 7 milhões, Três
INDÚSTRIAS Com as condições adequadas, município atrai investidores e gera empregos revistaon.com.br
|
81
COMUNICAÇÃO PMTR
ECONOMIA
UPA A unidade de Três Rios é referência no estado
82
| revistaon.com.br
investimos em programas de qualificação profissional como o Projovem Trabalhador e Cursos Técnicos Profissionalizantes que todos os anos inserem no mercado de trabalho milhares de profissionais capacitados”, disse o prefeito. A saúde é um problema de todo o território nacional, uma fatal realidade trirriense, mas as USF (Unidades de Saúde da Família) dos bairros, prestam o primeiro atendimento aos pacientes. Segundo nota da secretaria, “as USFs possuem atendimento programado por meio de agendamento das consultas para atender demandas de grupos prioritários (diabéticos, hipertensos e outros) para acompanhamento pelas equipes. Em casos específicos, após o atendimento, os pacientes são encaminhados para os serviços especializados. Os encaminhamentos são enviados para a coordenação
COMUNICAÇÃO PMTR
Rios foi a cidade definida pelo Governo do Estado por sua localização estratégica e por oferecer uma área de 67.278,22 m²”, diz o comunicado enviado pela secretaria de Meio Ambiente. Teófilo Henrique mostra o principal ponto positivo do desenvolvimento da cidade. “Verificamos uma elevação da renda. No entanto, a importância do planejamento e do acompanhamento dos desdobramentos do processo não pode ser esquecida. Destaco o caso da fábrica da Nestlé. Existe uma grande expectativa quanto à reativação da bacia leiteira do município. Penso que, de fato, as oportunidades estão colocadas, mas, ao mesmo tempo, a exploração deste potencial, em sua plenitude, dificilmente será alcançada sem o devido suporte aos produtores”. Por isso, para preparar não apenas produtores de leite, mas, sim, qualquer um que esteja disposto a se beneficiar com o crescimento econômico da cidade, os investimentos na educação continuam sendo feitos. A rede municipal conta com 10,5 mil alunos, que estão divididos em educação infantil, básica e, até mesmo, em um curso de idiomas gratuito. O município conta, ainda, com cursos superiores, entre privados e públicos, como no caso do campus da UFRRJ, com investimento de R$ 8 milhões do Governo Federal. “Fazendo jus à estratégia de reverter a descrença do jovem na potência de nossa economia,
da Estratégia de Saúde da Família, que agenda o atendimento e repassa para as USF. As equipes de saúde da família informam ao paciente a data e horário agendado para as consultas especializadas por meio das visitas domiciliares realizadas pelos agentes comunitários de saúde”. Ainda assim, existem reclamações como a de Ruth Rodrigues, 69 anos, que a Revista On encontrou no posto de saúde central, enquanto aguardava a consulta para o filho. “Não está boa. Às vezes, quando precisamos de um especialista, temos que esperar dois ou três meses”. Em termos estatísticos, nos últimos três anos, a Saúde contabilizou 248.298 consultas realizadas por médicos nas Unidades Básicas de Saúde, 276.216 realizadas por especialistas e 171.770 na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Inaugurada no final de 2009, ela tem funcionado como uma das melhores em conceito do Estado do Rio de Janeiro. Com as transformações em todas as áreas já citadas, a cultura também está em avanço. Depois do resgate do Carnaval, a cidade experimenta o ressurgimento da exposição que, em 2011, levou ao parque de exposições aproximadamente 300 mil pessoas nos cinco dias de festa. No ano passado, a cidade contou com as primeiras edições de festivais nacionais de dança, música e teatro. “Desde a sua criação, na atual gestão municipal, a secretaria de Cultura e Turismo recebe, analisa e coloca em prática projetos de artesanato, música, teatro, artes plásticas, dança e todas
VIADUTO No centro acontece a mais visível obra no momento
EVOLUÇÃO DO EMPREGO EM TRÊS RIOS
Pessoas
12.025
13.000 12.000 11.000 10.000
9.082
8.566
8.773
7.428
8.937
9.000 8.000
7.156
7.000
6.209
6.000 5.000 2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
(Fonte: MTE/ Cadas tro geral de admitidos e demitidos)
as manifestações culturais que, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, serão multiplicados na proporção do talento da população trirriense. O turismo local
Anos
vem recebendo fortes incentivos, especialmente através da elaboração do projeto de sinalização turística e da criação do Polo Gastronômico, que atualmente reúne os
empresários do setor em ações que visam principalmente atender à forte demanda do setor, como fator de geração de emprego e renda”, diz a nota enviada pelo setor. Com tudo o que aqui foi mostrado, Vinicius Farah exibe sua satisfação ao pensar no futuro de Três Rios. “Um município que hoje abriga grandes empresas como a Nestlé, estabeleceu bases fortes para seu crescimento. Com tudo isso é possível antecipar que, em um futuro próximo, o município estará fortemente capitalizado, graças à arrecadação de impostos provenientes das empresas que hoje se instalam na cidade”. “Parado na esquina” é apenas uma letra de funk ou um passado já remoto. O movimento não para na esquina do Brasil. Se fosse um senhor de 73 anos, olharia para o passado e veria que tudo foi necessário para que pudesse sorrir hoje. E o melhor, olharia para a herança que fica para as próximas gerações. Afinal, esta é ou não é a melhor idade?
revistaon.com.br
|
83
PUBLIEDITORIAL
GRANJA BRASIL RESORT
Confiança no desenvolvimento de Petrópolis FOTOS DIVULGAÇÃO
Em breve, mais um empreendimento do Granja Brasil Resort estará pronto na melhor localização de Itaipava. Oportunidade única para quem busca um excelente investimento com alta valorização imobiliária.
I
taipava tem experimentado o crescimento econômico nos últimos anos. O reflexo está nas vendas do comércio e na valorização de imóveis. O preço do metro quadrado pode ser comparado ao de bairros de alto padrão na capital do estado. Nos últimos cinco anos o setor imobiliário registrou valorização de até 30% no preço dos imóveis. Segundo o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro, o metro quadrado em Itaipava já custa R$ 4.500. Em aproximadamente três semanas de divulgação do novo residencial do Granja Brasil Resort, 100 unidades já foram vendidas. Os apartamentos são cerc-
DIFERENCIAL Em um único local você econtra preço, qualidade e segurança
CONFORTO O Granja Brasil conta com um hotel cinco estrelas
INVESTIMENTO Em aproximadamente três semanas 100 unidades foram vendidas
cados pela Mata Atlântica, em um local privilegiado em Itaipava, com excelente infraestrutura e comodidade. A poucos metros, é possível encontrar bancos, restaurantes, shoppings e concessionárias de carros. É perfeito para pessoas que priorizam qualidade de vida, boa moradia, lazer ou investimento para renda. As obras do novo empreendimento devem ser concluídas em até 30 meses, antes do inicio da Copa do Mundo de Futebol, em 2014. O prédio será construído no terreno do Granja Brasil Resort, em um complexo que já conta com mais de 400 residências. Para quem adquirir esse investimento, poderá desfrutar de uma ampla variedade em lazer que inclui piscina semi olímpica, infantil, hidromassagem, saunas, fitness center, centro de tênis, quadra poliesportiva, campo de futebol society, quadra de vôlei de praia, churrasqueira, pista de corrida, Spa e escola bilíngue João de Barro.
Sem deixar de falar do centro gastronômico, onde se encontram os melhores restaurantes da região, como o Club do Filét, o restaurante Deck, restaurante Wine Store e o Chez Bonbon. Para aqueles que apreciam um bom vinho, oferecemos umas das maiores e renomadas adegas da região, a Quinta do Escanção, com mais de 5.000 garrafas e mais de 1.000 rótulos. Visitantes também podem conferir o Clarion Itaipava, o hotel cinco estrelas do Granja Brasil Resort, já em funcionamento. Com certeza, o Granja Brasil é um conceito de vida, localizado em uma das regiões mais aconchegantes da serra carioca, porque morar ou investir em algo junto a Mata Atlântica e com uma estrutura completa para a família, é uma experiência única. Preço excelente, qualidade, segurança e certeza de retorno. Visite-nos e conheça o que há de melhor em complexos residenciais para o seu futuro investimento. www.granjabrasil.com.br
86
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
87
Câmara Municipal de Areal devolveu mais de R$ 300 mil ao executivo FOTOS ASSESSORIA
A
Câmara Municipal de Areal devolveu aos cofres públicos, a quantia de R$ 319.779,41 (trezentos e dezenove mil setecentos e setenta e nove reais e quarenta e um centavos), referente à economia e responsabilidade quanto ao uso do dinheiro público pela casa de Leis durante o ano de 2011, dentro do orçamento previsto. A devolução foi feita no dia 29 de dezembro de 2011 pelo presidente da câmara, José Adilson Soares (PP), o Adilson Golden Cross, à secretaria de Fazenda e Planejamento. Segundo o presidente da câmara, “a devolução foi possível devido à excelente utilização dos materiais de consumo e outras medidas que contaram com a colaboração de todos os vereadores, funcionários e assessores. Usamos apenas o 88
| revistaon.com.br
que foi necessário para o bom andamento do trabalho legislativo”. Adilson ainda ressaltou que o dinheiro foi muito bem concebido pela câmara e a devolução do que sobrou, faz parte do processo de regimento do Poder Legislativo. “Se sobrar dinheiro vamos devolver tudo novamente, porque o dinheiro é do povo e não pode haver sobras no serviço público”, afirmou. Fala-se em devolução de dinheiro porque o orçamento da câmara é mantido por recursos encaminhados pela prefeitura, conforme o que é de direito do legislativo, dentro dos percentuais. Ao fazer a entrega, o presidente fez algumas sugestões ao executivo a serem empregadas a partir dos recursos devolvidos, como a aquisição de um terreno para construção de uma escola e de uma quadra coberta, bem como de um
PROBIDADE “Se sobrar dinheiro vamos devolver tudo novamente”, garante o presidente da câmara, José Adilson Soares
PUBLIEDITORIAL
RESTITUIÇÃO A câmara arealense devolveu R$ 319.779,41 aos cofres públicos
PSF (Posto Saúde da Família) no bairro Portões. “Tudo irá depender do entendimento do executivo, mas esperamos ser atendidos neste pedido”. Para o prefeito Laerte Calil, esta contribuição é muito importante “primeiro porque todo e qualquer valor que a prefeitura arrecada é muito bem investido. Segundo porque demonstra a seriedade da administração do presidente José Adilson Soares, como gestor da Câmara Municipal de Areal. Como cidadão, tenho que cumprimentar os vereadores pela seriedade do trabalho e pela gestão financeira que vem sendo feita”.
E em relação às propostas, Laerte disse que há atenção aos pedidos feitos pelos vereadores, pois o que vem sendo demonstrado pela atual legislatura é uma verdadeira parceira em prol do município. “Nós temos um cronograma com prioridades estabelecidas, mas há boas chances daquele local ser contemplado, sem falar que sempre respeitamos e procuramos atender as sugestões da câmara”. Para o presidente José Adilson, o valor devolvido à prefeitura, uma quantia significativa, demonstra o trabalho sério que vem sendo feito pela Casa Legislativa. Um serviço de seriedade e responsa-
bilidade, fruto do empenho e comprometimento de todos os vereadores, da mesa diretora, funcionários e assessores. “É um momento de muita alegria, pois por um lado vemos que o dinheiro da câmara está sendo bem administrado, sem exageros e desperdícios. Por outro, é bom poder colaborar com o executivo, que poderá investir esse montante [mais de R$ 300 mil] em melhorias para a cidade e para a população. E é isso que esperamos que aconteça, pois é o Poder Legislativo trabalhando para o desenvolvimento de Areal”, salienta José Adilson.
Câmara Municipal de Areal De portas abertas para o cidadão arealense As reuniões da câmara retornam no dia 15 de fevereiro e acontecem às segundas e quartas-feiras, sempre às 19h. A participação da população é fundamental para o crescimento de nossa cidade! Participe das reuniões. Acesse: www.cma.rj.gov.br revistaon.com.br
|
89
SHUTTERSTOCK
COMPORTAMENTO
As reféns do
álcool
POR RAFAEL MORAES
Elas são mais de 97 milhões no Brasil. Em Três Rios, o número de mulheres aumentou 8,7% entre 2000 e 2010, conforme os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Geralmente são vaidosas. Com suas unhas bem arrematadas e cabelos cuidadosamente penteados, combinam a roupa da moda com a cor do sapato, chinelo, tamanco, rasteirinha ou qualquer outro aparato dos pés. Quando uma foge a esse perfil, algo está errado. A falta de zelo com a casa, o corpo, além da perda de confiança pelos familiares, são as principais características dessas mulheres reféns do álcool.
A
h! O primeiro gole. A “branquinha” no copo é uma tentação e o ingrediente perfeito para comemorar as vitórias e o único remédio para terminar um dia estressante no serviço ou, quem sabe, para fugir dos problemas diários. Seja este ou aquele, as dependentes do álcool usam as adversidades da vida para justificar o fracasso diante ao vício que culmina em conflitos sociais e comorbidades incuráveis. A pesquisadora Ivanira de Souza Araújo é mestre em sociologia pela Universidade de São Paulo. Em sua tese, apresentada em 2008, mostra que o Brasil apresenta mais de 5 milhões de dependentes e o consumo de bebidas alcoólicas é o principal fator de redução da expectativa de vida. “Atualmente, um terço dos estudantes declara sua iniciação à bebida entre os 10 e 12 anos. Na década passada a média de iniciação era de 14 anos”, revela. Para defender sua ideia, ela escolheu as salas do AA (Alcoólicos Anônimos), pois aponta que seus frequentadores admitem sua condição de dependentes. Apesar de não focar em 90
| revistaon.com.br
jovens e mulheres, a pesquisadora deixou o alerta sobre a necessidade futura de um estudo sobre esses casos. O Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira revela que “o consumo nocivo de bebida é responsável por cerca de 3% de todas as mortes que ocorrem no planeta, incluindo, desde cirrose e câncer hepáticos, até acidentes, quedas, intoxicações e homicídios”. A dependência química é um transtorno biológico, psicológico e social, ou seja, “o transtorno de dependência de substâncias psicoativas (listado no CID-10 - Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde) é um conjunto de fenômenos comportamentais, mentais e físicos que se desenvolvem após repetido consumo, ou seja, age no sistema nervoso central, alterando o funcionamento cerebral”, explica a psicóloga especialista em psicoterapia psicodinâmica breve, Daniela Faria. Ainda de acordo com ela, a síndrome de dependência está associada ao desejo de utilizar a bebida e à dificuldade de controlar o consumo, apesar das suas consequên-
cias negativas. A camareira aposentada A.A.S., 66 anos, e a vendedora L.A.A.V., 30, são personagens que passam ou já passaram por esta doença. O nome dessas mulheres foi abreviado para manter em sigilo suas identidades. Na da entrevista, realizada no dia 18 de outubro, A.A.S. comemorava um mês que estava em tratamento no Capsad (Centro de atenção psicossocial- álcool e drogas) em Três Rios. L.A.A.V., é adepta ao AA, uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver um problema comum e ajudar outros a se recuperarem do vício. O alcoolismo é considerado uma doença que não tem cura, no entanto, com auxílio de terapias e até mesmo de remédios, o paciente consegue se manter sóbrio. “É fator de risco para a morte prematura e incapacidade no mundo. Produz violência, atingindo as faixas etárias mais jovens em ambos os sexos e soma uma grande quantidade de gastos em ações e serviços públicos de saúde para o atendimento desta morbidade.
revistaon.com.br
|
91
REVISTA ON
COMPORTAMENTO
PERSISTÊNCIA Na sala cheia, as duas mulheres se destacam dentre a maioria masculina
Traz sofrimento psíquico tanto ao usuário como a todos de sua convivência”, revela a especialista em pesquisa na temática do uso de Álcool e Drogas pela CICAD/Organização dos Estados Americanos, Delma Perpétua Oliveira de Souza. Perpétua desenvolveu uma pesquisa com as adolescentes em Cuiabá, Mato Grosso. Ela verificou maior consumo de bebida no sexo feminino entre as que trabalham, relacionadas aos homens. Sobre o Levantamento Nacional, realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas, 35% dos adolescentes consomem bebidas alcoólicas ao menos uma vez no ano. O mesmo trabalho aponta que começar a beber em idade precoce é um fator importante em problemas futuros relacionados ao vício. Contextualizando para a realidade trirriense, L.A.A.V., começou a beber aos 15 anos. “Bebia eventualmente com colegas. Era aquela farra e foi se agravando, aumentando a compulsão. Depois conheci a droga”, conta ela que tem três filhos. Em sua família, o vício do marido só agravava ainda mais a doença. “Os problemas relacionados ao consumo de bebida exercem profundo efeito sobre a família do alcoolista. O cônjuge e os filhos são os que mais sofrem. Eles nunca sabem qual será o comportamento do alcoolista ao sair de um bar”, elucida a doutora Delma Perpétua. Ainda de acordo com ela, a imprevisibilidade do que irá acontecer gera estresse e resulta em um abalo das relações na dinâmica familiar. “Pode surgir ansiedade, autoestima baixa. Geralmente 92
| revistaon.com.br
as crianças apresentam baixo rendimento escolar. Na adolescência, comportamentos inadequados, entre eles, violência e uso de drogas, pois os intensos conflitos centrados no álcool produzem, nas crianças e adolescentes, atitudes conflitantes”, completa. “O alcoolismo é reflexo de uma perturbação social profunda com consequências pessoais e sociais amplas”, completou Ivanira de Souza Araújo em sua pesquisa. “Quando íamos para os botequins, eu levava minhas filhas. Elas eram pequeninas. Ficávamos tarde da noite nos bares. Enquanto não fechava, não saíamos. Às vezes ficavam com fome”, conta a vendedora ao confessar ter perdido um apartamento por causa da bebida alcoólica. Depois de três anos e quatro meses de abstinência, diz ter conseguido realinhar a vida e recuperar o tempo perdido. “Agora tenho uma casa própria, tenho um carro, mercadoria para vender. Antes, eu passei fome. Minhas filhas já comeram farinha com água. Comia pão puro. Meu armário vivia vazio. Minha geladeira só tinha água”, relembra os tempos difíceis. Alcoólicos Anônimos
“Trim, trim, trim”, toca o sino e começa a reunião. O AA mais parece uma reunião religiosa. No entanto, o que menos importa é a classe social, cor ou crença. Para os frequentadores, basta a vontade de se recuperar do vício. Lá, a luta é por mais 24 horas de sobriedade. No dia em que a
Revista On visitou o grupo, o marido de L.A.A.V., conduziu a reunião. Na plateia, cuja maioria era homens, apenas duas mulheres destoavam os espectadores. Em cada depoimento, a certeza da recuperação e a confirmação de que viver preso ao álcool, não é uma boa opção para nenhum problema. Os 12 passos, os 12 conceitos e as 12 tradições são as “regras” a serem seguidas para se obter uma boa recuperação. “Um alcoólatra é sempre um alcoólatra”, disse um homem durante sua participação. “Quando eu vejo uma mulher bêbada na rua, vejo o meu retrato”, disse a vendedora de forma mais aberta, visto o ambiente propício, sobre a situação dos demais. Ela encontrou no AA, o remédio para interromper esse mal. Entretanto, foi através da vontade que o marido tinha em parar de beber, que ela confiou nesta filosofia. “Eu a conheci no réveillon de 2000”, disse o marido que também não quis se identificar. Retrucado com a pergunta: sóbrio? “Estava bêbado [risos]”, respondeu. Neste instante, o depoimento da mãe, empresária e esposa, se tornou ainda mais forte. Talvez uma forma de demonstrar o quanto quer distanciar as lembranças da vida no álcool. “Só tinha vexame. Sempre crise de ciúmes. Brigávamos muito, quebrava tudo. Eu quem era agressiva. Quando ele bebia [marido], nunca ficou agressivo, nunca me bateu. Ele chegava em casa e apagava, mas eu brigava”, explica. “Aqui [AA] estamos protegidos. Há um poder maravilhoso. Tudo que eu perdi, ganhei em dobro”, garante. A camareira aposentada A.A.S., preferiu buscar ajuda no Capsad no centro de Três Rios. “Minha vizinha ligava para minha filha que ficava preocupada. Eu prometia que ia parar, mas não conseguia. Até que desta última vez não teve jeito. Ela disse: ‘mamãe, vou procurar uma internação para senhora’. Daí eu disse que queria muito parar. Pedi esse tratamento, pois estava de mais”, conta ela que estava no primeiro mês de tratamento. Para a moradora do bairro Vila Isabel, foi depois de completar 50 anos que começou a ter pressão alta. Ela atribui a hipertensão ao uso do álcool, mas o desgaste na relação familiar foi um dos fatores preponderantes para buscar ajuda. “Ficava bêbada, sem comer, sem tomar um banho, sem nada. Eu ficava até 15 dias
bebendo direto porque eu tenho cartão de crédito, então adquiria várias garrafas de uma vez no mercado”, contou. Ainda de acordo com ela, “comprava essas garrafas de 500 ml e bebia tudo. Se eu ficasse tonta, deitava, mas se conseguisse ficar de pé, bebia a outra.” “Eu ficava em coma alcoólico. As pessoas me chamavam em casa e nada. Eu ficava como uma morta”, alerta ela que não se cuidava. “A minha filha me abandonava. Meu ex-marido que me ajudava, me abdicava”. “O Capsad é um dispositivo clínico do município que atende a rede sócio assistencial e é uma ferramenta que trabalha com a estratégia de cuidado da redução de danos do ministério da Saúde”, explicou a psicóloga coordenadora do Capsad em Três Rios, Octávia Cristina Barros. Criado em 2009, o centro de atenção psicossocial chegou a registrar no primeiro ano 312 usuários de álcool. Pelo levantamento da instituição, em fevereiro de 2010, foram identificados 514 dependentes. Des-
tes, 67, ou seja, 13% eram mulheres. Em setembro deste mesmo ano, foram mais 236 novos cadastrados. Entre janeiro e setembro de 2011, a procura pelo tratamento chegou a 35%, neste grupo estão incluídos homens e mulheres. A.A.S. confia no trabalho desempenhado na instituição e luta para recuperar o que o aguardente lhe roubou: a confiança das pessoas. “Eu só tive prejuízo. A bebida me tirou tudo. Tirou-me o caráter, o crédito. As pessoas não têm credibilidade em mim”, disse emocionada em meio às lágrimas. AA x Capsad
Apesar da recuperação não ser fácil, há mais de duas formas de acompanhamento e tratamento. De acordo com a especialista em psicoterapia psicodinâmica breve, Daniela Faria, são eles: médico/medicamentoso, psicológico e social. O AA e o Caps usam técnicas e ferramentas destes recursos citados por Faria, entretanto, há uma
diferença entre os dois. Ainda assim, não é possível dizer qual é o mais eficaz que o outro, visto que cada pessoa traz consigo uma particularidade. “Têm pessoas que se identificam mais com o AA, outras se identificam mais com o Caps. Um é abstinência total e outro é redução de danos”, explica a coordenadora do Capsad, Barros. “Inicialmente, não exigimos que o usuário fique em abstinência. Nosso objetivo é alcançá-la, mas nós trabalhamos com a diminuição do uso, gradativo. Muitos não conseguem interromper imediatamente, desde sua chegada. Então, reduzindo aos poucos, muitos conseguem ficar abstêmios”, completa. Para Daniela Faria, o AA “é uma opção de tratamento bastante eficaz para a dependência de álcool”. A instituição, cujo tratamento consiste em reuniões de mútua ajuda, segue a filosofia dos 12 passos. “São passos simples, mas muito importantes, como admitir que tem uma doença, admitir que precisa de tratamento, fazer reparações com as pessoas que porventura tenha pre-
revistaon.com.br
|
93
COMPORTAMENTO
judicado”, elucida. A irmandade foi criada em 1938 por Bill Wilson e Robert Holbrook Smith, conhecido como Dr. Bob. Atualmente, são mais de 97 mil grupos locais em 150 países. Os dois foram dependentes da bebida na década de 30. O AA, embora não seja uma, assimilou e incorporou aos seus princípios básicos, alguns dos ensinamentos espirituais e morais, comuns a todas as denominações religiosas. “Essa crença em um poder superior que ofereça suporte, conforto e direcionamento, além da possibilidade de fazer parte de um grupo ou instituição religiosa, pode ser de grande ajuda no momento de abrir mão da droga, de escolha e reestruturação de vida”, completa Faria. O tratamento
Apesar da preocupação de especialistas sobre o consumo de álcool entre as mulheres, elas ainda sofrem mais precon-
94
| revistaon.com.br
ceitos e demoram a procurar ajuda. Ainda assim, a coordenadora do Capsad, Octávia Cristina, garante que “os alcoolistas têm mais adesão ao tratamento, diferente dos usuários de outras drogas. Normalmente, quando eles têm o desejo de tratar e estar de uma forma diferente no mundo, vêm pela via do desejo e aparecem com frequência ao Centro, não faltam não”. Um estudo realizado pela Uniad (Unidade de Pesquisa em Àlcool e Drogas) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), concluiu que mulheres usuárias que desistiram do tratamento no primeiro mês, quando comparadas às não desistentes, fizeram mais uso de fermentados ou associação com destilados, embora tenham diminuído a quantidade de doses por semana. Esse trabalho analisou o prontuário de indivíduas que procuraram, pela primeira vez, o tratamento da Uniad entre 2000 e 2006. Também foi identificado o predomínio de desempregadas, solteiras e pessoas de baixo nível de instrução. O artigo ainda revela
a importância de não se restringir o tratamento à farmacologia. O álcool nos cromossomos XX
“A metabolização da bebida e de outras substâncias psicoativas, ocorrem de maneira mais lenta nas mulheres do que nos homens”, esta afirmação está no artigo produzido pela Uniad. Ele também informa que elas são mais susceptíveis aos prejuízos associados ao seu consumo, mesmo ingerindo níveis mais baixo de álcool. Elas também associam, com mais frequência, transtorno de personalidade, depressão, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade e alimentares ao alcoolismo. Apesar de inúmeros fatores contra, a facilidade de conseguir a bebida, associada à emancipação financeira e social, quando caem perante o vício, tendem a viver no anonimato e retardam a procura por ajuda, o que, de fato, as tornam ainda mais reféns do álcool.
revistaon.com.br
|
95
96
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
97
PUBLIEDITORIAL
Cabelo danificado? Conheça a plástica dos fios!
S
eu cabelo está detonado? Não se preocupe, pois ele ainda não é um caso perdido. A indústria japonesa de cosméticos desenvolveu uma técnica que repõe proteínas perdidas nos fios. É a requeratinização capilar, mais conhecida como plástica dos fios. Quem dá a notícia é Taiane de Araújo Coelho, proprietária do Salão Dicas de Beleza, em Três Rios. “É um processo que nutre internamente cada um dos fios de cabelo, deixando-os macios, brilhantes e maleáveis”, explica. Taiane esclarece que, dependendo da situação dos cabelos, ou seja, se estão com os fios ressecados pela chapinha, desbotados pelo sol, opacos por causa do secador, tingidos ou com permanentes, a Antes
hidratação e o banho de creme podem não ser suficientes para recuperar o desgaste sofrido pela fibra capilar. “A hidratação repõe a água perdida, mas atua apenas na superfície, que já está sem proteínas, sem umidade natural, sem brilho, áspero e sujeito a rompimentos. Já a queratinização preenche o fio com queratina, encorpando-o”. Ela ainda frisa que é necessário consultar um profissional para avaliar a necessidade do tratamento, que pode ser feito, inclusive, em gestantes e crianças. Cliente do salão em Três Rios, Aline Araújo Barbosa, 30 anos, se mostrou satisfeita com os resultados da plástica. “É imediato, já saí com o cabelo lavado. O cabelo fica natural, brilhoso, sedoso, Depois
EMPRESÁRIAS Mãe e filha, Cláudia e Taiane são as responsáveis pelos salões nas duas cidades.
sem o frizz. As pessoas nem acreditam que não fiz nada. Já indiquei o tratamento para várias pessoas”, revela. O salão em Três Rios está funcionando há um ano. Em Paraíba do Sul, a história já tem 20 anos. Além dos serviços de tratamento capilar, o salão conta com manicures e pedicures. Taiane disse que o público masculino cresce a cada dia e, também, faz a plástica dos fios. Portanto, não se desespere. Dicas de Beleza tem a solução! Três Rios Rua Maestro Costa Barros, 39 lj 02 Telefone: (24) 2252-0188
NOVIDADE O tratamento repõe as proteínas perdidas
Paraíba do Sul Praça Carlos Canellas Leal, 100 - Santo Antônio Telefone: (24) 2263-1655
POR ALINE RICKLY
SHUTTERSTOCK
Presos à balança
COMPORTAMENTO
FOTOS REVISTA ON
Três rabanadas, 445 kcal; uma taça de champagne, 85 kcal; dois pedaços de leitoa, 408 kcal; uma lata de refrigerante, 137 kcal, uma fatia de panettone, 300 kcal. As festas acabam, o tempo passa, mas as gordurinhas ficam após o final de ano, o que leva boa parte da população a começar o ano novo de mal com a balança.
N
ão dá para negar que final de ano é um período em que todo mundo se excede. São doces, salgados, aquela ceia de dar água na boca. Não tem como não se entregar às delícias da mesa e satisfazer os desejos. No entanto, o resultado final é considerado ruim por boa parte das pessoas. As novas calorias dão muito trabalho para esvaecerem e, por este motivo, homens e mulheres recorrem a diversos tipos de dietas e exercícios físicos para perder os quilinhos a mais que ganharam em dezembro. Janeiro é mês de férias, verão e calor, tudo o que remete a praia, clubes e piscinas, mas para frequentar esses lugares é necessário estar em forma. A nutricionista Nathália Pinho, 23, acredita que o ideal é esquecer os exageros do final do ano e começar de novo com uma nova dieta.
De acordo com Nathália Pinho, é importante seguir uma dieta balanceada durante o ano inteiro “O principal é manter uma alimentação adequada e balanceada em qualquer época do ano”, orienta. Já Hortência Bonato que também é nutricionista, acredita que o melhor a se fazer é investir numa alimentação mais leve. “Evitar frituras, salgados, doces e alimentos industrializados, como biscoitos recheados e refrigerantes”, completa. Outro fator importante é aliar a dieta à prática de exercícios físicos, como alerta a educadora física Michele Yamamoto,
27. “Atividade física ajuda a controlar o peso ao utilizar as calorias em excesso que seriam armazenadas como gordura. Fazer exercícios regularmente ajuda a atingir e a manter o peso ideal. A malhação pode incluir caminhadas, corridas ou outros esportes, como também pode agregar atividades cotidianas como afazeres domésticos, trabalhos no jardim ou caminhar com o cachorro”, explica. A jovem Fernanda Rabello, 27, há cerca de quatro meses procurou uma academia para perder peso e se matriculou na aula de capoeira para ajudar a emagrecer mais rápido. “Pretendo dobrar o número de horas em que estou na academia este ano, pois tenho como meta ficar magrinha. Além disso, vou procurar uma nutricionista para começar o ano com uma dieta apropriada, que me faça comer na hora certa os alimentos”, comenta. Ferrevistaon.com.br
|
99
COMPORTAMENTO
nanda confessa que nas festas de fim de ano abusa do panettone. “Tem pratos que só têm graça em datas típicas. Panettone só tem graça no Natal”, brinca. Outra iniciativa que a jovem irá apostar neste novo ano é a drenagem linfática que, junto com a reeducação alimentar e os exercícios físicos, auxiliam na perda de peso. Elaine Cristina de Oliveira, 34, é fisioterapeuta e conta como a drenagem colabora com quem está em uma dieta. Para a especialista, esta é uma forma de acionar o sistema imunológico, o que ajuda as defesas do organismo e, assim, contribui para o emagrecimento, aliado a outros métodos. Elaine esclarece que a drenagem linfática não elimina a gordura localizada propriamente dita, mas que é responsável por eliminar os líquidos e as toxinas acumuladas, o que diminuem as medidas do corpo. No entanto, ela deixa claro que o sistema linfático e os rins não têm capacidade de filtrar a gordura. “É importante ressaltar que a drenagem contribui para a eliminação da celulite e é contraindicada a pacientes que sofrem de insuficiência renal, trombose, hipertireoidismo e portadores de tumores no sistema linfático”. O publicitário Igor Fernandes, 21, escolheu emagrecer apenas através da alimentação. Ele é um dos adeptos a dietas constantes, mas deixa escapar que no final do ano abusa das lentilhas e das cerejas. No dia a dia, diz evitar doces, carboidratos e gordura em excesso. “Só nessa eu já perdi 8 kg em um mês e pretendo continuar assim em 2012”, aspira. Igor diz que quando vai a um restaurante self service, come salada com frango ou peixe, mas às vezes opta até por fast-food, quando escolhe sanduíche de carne grelhada e suco. Segundo Hortência, uma boa dica é aumentar o consumo de legumes e verduras. “É legal diferenciar, já que uma alimentação bem colorida fornece diversos minerais e vitaminas ao organismo. Não se pode esquecer, também, que beber muito líquido é essencial. A preferência é água para evitar desidratação, mas sucos naturais também valem. E por falar em frutas, elas são ideais como opção de lanche. Fácil, rápido e saudável”, recomenda a nutricionista. Nathália Pinho concorda com Hortência. De acordo com ela, ingerir bastante líquido 100
| revistaon.com.br
EXERCÍCIO Fernanda pretende aumentar as horas de academia em 2012
JUMP A jovem tem como principal meta emagrecer
BICICLETA Exercícios físicos contribuem para o bem estar e é um forte aliado para quem quer perder peso
ajuda a limpar o organismo. “Mate e guaraná natural também são indicados porque ajudam a acelerar o metabolismo e assim a queimar as calorias”, confirma. Para Pinho, abusar das saladas de folhas é uma opção, visto que são refrescantes, ricas em fibras e dão mais saciedade, o que ajuda a controlar o apetite. “As folhas mais escuras são ricas em minerais e têm poucas
calorias, assim você pode comer à vontade”. A especialista destaca que o consumo de três a cinco porções de frutas ao longo do dia contribui para um funcionamento melhor do organismo. “Frutas da estação e com mais fibras como a maçã, a pera e o mamão, por exemplo, são as mais adequadas”, acrescenta. A endocrinologista, Kalina Massi No-
Para a educadora física Michele Yamamoto, os exercícios físicos englobam tanto o esporte quanto atividades domésticas. Até caminhar com o cachorro vale.
PERSISTÊNCIA Marília Sacramento vive constantemente em dieta por motivos de saúde
velino, também cita a importância de beber muito líquido depois das festas de fim de ano. “No período pós-festas, as pessoas devem se preocupar em se desintoxicar, porque há um excesso na ingestão de carnes gordurosas, açúcar e álcool. Por isso, é recomendado beber muita água e isotônicos”, alerta. A endocrinologista faz uma ressalva quanto a necessidade de procurar um médico nutricionista antes de começar qualquer dieta, porque, através dele, será elaborado um cardápio balanceado e sem os riscos de uma dieta carente em vitaminas e minerais essenciais. “É extremamente perigoso seguir receitas da moda e de revistas, porque elas são personalizadas e podem causar desequilíbrios alimentares e carências nutricionais”. Outro problema relacionado a seguir qualquer tipo de dieta é quanto ao quadro clínico de cada paciente. “Ao procurar um médico, serão solicitados os exames para detectar problemas relacionados à obesidade e má alimentação, como alterações nas taxas de colesterol, glicose e ácido úrico. Além disso, serão pesquisadas doenças tireoidianas, adrenais, ovários micropolicísticos e outras patologias que contribuem para o ganho de peso”, explica Kalina. O analista de marketing digital, Rodolffo Cabral de Moraes, 24, foi mais radical quando resolveu emagrecer. O jovem pesava 84kg, já perdeu 13kg e pretende chegar aos 68kg no carnaval. “Tem cinco meses que estou na dieta com acompanhamen-
to de uma nutricionista. Não como carne vermelha e estou há um ano sem comer frango, só como frutos do mar e proteína de soja como bacalhoada e camarão. Nos finais de ano, eu admito que não resisto às rabanadas e às sobremesas, mas é certo de que começo 2012 dando continuidade à minha dieta”, garante. O analista concilia o regime com a prática de exercícios. Duas vezes por semana joga futebol e também se dedica à corridas. Já a professora de português Marília Sacramento, 42, teve que aderir à dieta por motivos mais sérios. Ela sofre de hipertireoidismo, ovário policístico e deficiência da glândula supra-renal e por isto vive constantemente em dieta. No período de fim de ano, a professora tenta manter a alimentação equilibrada, toma refrigerante diet, escolhe um chester, arroz e salada, mas não resiste a uma rabanada, uma fatia de panettone e a bacalhoada. “Devido a minha dificuldade em perder peso, tive que me acostumar a estar sempre de dieta. É uma coisa para a vida inteira e uma forma de manter a qualidade de vida”. Marília pretende comprar uma esteira agora em 2012. Há oito anos, parou de ir à academia e sente falta da prática de exercícios físicos. A nutricionista Nathália Pinho, lembra que é fundamental todas as pessoas se alimentarem a cada três horas, evitando um período de jejum muito prolongado, pois assim o organismo funciona melhor e o metabolismo também. Outro conselho é evitar o consumo excessivo de carboidratos, como arroz, batatas, pães e massas em geral, principalmente no período da noite, depois das 18h. Através da adequação entre exercícios físicos e uma alimentação equilibrada durante todo o ano, é possível emagrecer de forma saudável e comer as delícias das festas de fim de ano sem culpa. revistaon.com.br
|
101
PUBLIEDITORIAL
PROJETOS DANÇANTES
Bailarinos brilhantes FOTOS DIVULGAÇÃO
C
om 41 anos de atividades completados em Três Rios, a Escola de Dança Maria Emília tem divulgado a arte de diversas maneiras na cidade. Hoje conta com diversos projetos e subprojetos que, além de proporcionar a dança para pessoas com menos recursos, qualifica e lança verdadeiros profissionais no mercado. Pioneiro na escola, o projeto “Três Rios Dançantes” foi criado em 2001, quando realizava em sua sede, aulas de dança para 40 crianças da rede pública de ensino e visava a criação de um produto artístico que contasse a história de Três Rios. Durante os dez anos de trabalho, o projeto ofereceu para crianças e jovens de baixa renda aulas de balé, canto coral, acrobacia aérea, dança contemporânea, de rua, do ventre e acompanhamento psicológico. O “Três Rios Dançantes” cresceu e se consolida em diferentes subprojetos: Projeto Atitude: desenvolve aptidões em artes e atitudes sustentáveis para
80 crianças e jovens entre 8 e 13 anos da rede pública do município de Três Rios (Escola Municipal Margaretha Schöeller e Escola Municipal Modesta Sola). Qualificação profissional: formação em balé para crianças e jovens de baixa renda. Atualmente, dez beneficiados. Parceria com as Obras Sociais Madre Palmira Carlucci: aulas de jazz para 15 crianças. Grupo de Dança Sacra Maria da Assumpção: beneficia 30 crianças e jovens na comunidade da Morada do Sol, na Vila Isabel.
COREOGRAFIA DE RAFAEL PITTA Em 2011, a escola participou dos principais festivais nacionais
Mais de uma centena de crianças e jovens já participaram do projeto. Nos últimos anos, foram preparados 16 alunos para os Exames da Royal Academy of Dance. Destes, três alunos prestaram exames profissionais, sete preparados como monitores e oito alunos encaminhados
PROJETO ATITUDE Oitenta crianças são beneficiadas pela dança
para Cias de Dança da cidade e também de outros estados. A da Royal Academy of Dance de Londres cumpre um papel importante no segmento, pois emite a escolas de dança, certificado internacional profissionalizante por meio de exames anuais. Na cidade, a Escola Maria Emília é a única credenciada da academia a qualificar profissionais de dança. Para manter-se como referência na dança em Três Rios, a escola investe constantemente no aperfeiçoamento de
seus professores, seja prestando exames da Royal, seja fazendo cursos anualmente em grandes centros, como Joinville, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Clara Mockdece está em Londres para receber o Certificate in Ballet Teathing Studies (CBTS) do curso de professor da Royal Academy e para se qualificar em outros cursos. As novas inscrições do projeto 2012 começaram no dia 9 de janeiro e podem ser feitas através do telefone (24) 2252-2477.
FACHADA DA ROYAL ACADEMY OF DANCE
A Escola Maria Emília é a única credenciada em Três Rios revistaon.com.br
|
103
104
| revistaon.com.br
PUBLIEDITORIAL
revistaon.com.br
|
105
PAPO DE COLECIONADOR
Relíquias de aluguel POR PRISCILA OKADA E RAFAEL MORAES
FOTOS REVISTA ON
Para muitos, ter um carro pode ser um demonstrativo de poder aquisitivo, status ou necessidade. Para o nosso pequeno colecionador de veículos, é amor, é lembrança. As preciosidades desse apaixonado por carros não passam de cinco, mas sua dedicação e relação com essas raridades do século passado o fazem um colecionador.
E
m sua ampla garagem, Antônio de Souza Teixeira, 81, guarda três tesouros. O trirriense por opção conserva seus carros e história particular de cada um. Ele revela que há 50 anos mantém os veículos em sua residência. Petropolitano, Antônio traz de criança o gosto pela mecânica, que acredita ter adquirido ao ver o pai, caminhoneiro, consertar seus veículos. Tais recordações, segundo ele, podem ter sido a influência para as funções que exerceu durante muitos anos como ajudante em oficina mecânica e taxista. Como motorista, comprou seu primeiro carro, um Buick 1938, da General Motors. A paixão pelo veículo era tão grande que o colecionador o trocou, seis vezes, por modelos mais novos, até chegar no de 1955 que mantém até hoje. O Buick surgiu como um fabricante independente de automóvel, a ‘Buick Motor Company’, incorporada em 19 de maio de 1903 pelo escocês-americano David Dunbar Buick. Mais tarde, a empresa foi vendida para William Durant, em 1904, que, após a aquisição, se tornou o maior fabricante de carros da América. 106
| revistaon.com.br
Hoje, a marca mantém essa posição na linha GM. O público alvo eram clientes com desejo de um carro confortável, mas não eram ricos o suficiente para permitir um Cadillac. Ela é uma das mais antigas marcas em todo o mundo, como a Mercedes-Benz, Renault, Peugeot e Cadillac. De acordo com Teixeira, os carros tiveram que ser reformados, pois se encontravam em estado de degradação. O ex-soldador da rede ferroviária de Leopoldina, utilizou os aprendizados da profissão para a conservação dos veículos. “Eu sempre reformei os meus carros. Quando era mais novo, trabalhei em uma oficina de rolamentos de motores, era ajudante e recuperava bateria de carros”, complementa. Teixeira detém um modelo Hudson 1950, vermelho e conversível, que, segundo ele, é o único no Brasil. “Existem outros modelos da marca, mas desconheço que haja outro conversível igual ao meu”, acredita. A Hudson foi uma das pioneiras, após a Ford, a posicionar o motorista do lado esquerdo do veículo com as alavancas de câmbio e do freio à sua direita. Também foi ágil em adotar em seus motores a par-
Os veículos colecionados há mais de 50 anos podem ser alugados para casamentos tida elétrica, lançada em 1912 pela Cadillac. Também lançou o freio duplo, com um segundo reservatório que só entrava em ação quando o pedal era pisado a fundo. Seu motor de seis cilindros em linha podia atingir maior rotação e obter mais potência. Após a interrupção para o esforço da guerra entre 1942 e 1945, a Hudson voltou a produzir automóveis. Dos quatro veículos que o colecionador armazena, o modelo Taunus, de fabricação alemã, chama atenção pelas modificações. “Eu não gostava de alguns detalhes e modifiquei a frente e a traseira”, conta. O Taunus foi o primeiro carro da Ford genuinamente alemão. Um projeto local e não uma adaptação dos modelos americanos. Em 1952 ele recebeu uma carroceria completamente nova, tornando-se novo de acordo com a sua época.
BUICK A marca é um das mais antigas em todo o mundo
HUDSON O modelo conversível é o único do Brasil segundo o colecionador
Sobre o uso dos veículos, ele afirma que três dos quatro veículos que mantém em sua coleção, estão em perfeita condições de uso e costuma usar para passear. “As pessoas sempre olham quando eu passo na rua”, revela. O quarto carro do colecionador é um Opala, que ainda está em recuperação. Aposentado desde 1983, Teixeira garante que ainda não parou, já que nunca abandonou a profissão. “Faço serviço de solda, recupero roda de carro de alumínio e motor de moto”, pontua. Viúvo, ele tem
oito filhos, 12 netos e três bisnetos. Dentre os filhos, apenas o mais velho possui a mesma fascinação por carros antigos. “Ele tem um Opala 1974 de duas portas. Quando tenho que fazer uma viagem longa, costumo usá-lo”, compartilha. Fabricado durante mais de duas décadas, o Chevrolet Opala tornou-se símbolo de longevidade no mercado brasileiro. O automóvel foi oficialmente apresentado ao público em 19 de novembro de 1968. Primeiro veículo de passeio projetado e construído pela GMB, o Chevrolet Opala
era um automóvel de porte médio destinado às classes A e B, perfeitamente adequado às condições gerais de pavimentação, clima e topografia encontradas no país. Quanto ao valor pago pelos automóveis, Antônio lembra que o Buick azul foi comprado por R$ 3.000. As ofertas de compradores são constantes, mas ele é enfático. “Não vendo por nenhum valor e, se pensasse em vender, não fecharia por menos de R$ 150 mil”, confidencia. Negócios
Com os carros em condição de uso, surgiram as oportunidades. Atualmente, Antônio aluga suas máquinas para casamentos. O colecionador é procurado durante essas solenidades. “Costumo cobrar até R$ 350 para dirigir e levar a noiva até a igreja” conta e lembra-se de um casal que morava nos Estados Unidos, cuja família era de Três Rios. “Casaram-se duas vezes e, no segundo casamento, contrataram meus serviços”, finaliza o colecionador que está em plena atividade.
revistaon.com.br
|
107
108
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
109
110
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
111
De Três Rios para a Grécia POR ALINE RICKLY
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Música, dança e passarela. Este é o mundo de Jefferson Luiz da Silva, que há oito anos vive na Grécia, onde foi atrás do seu sonho para conquistar seus objetivos.
112
| revistaon.com.br
N
ascido em 14 de dezembro de 1976, em Três Rios, Jefferson Luiz da Silva se interessou cedo pela vida artística. Aos nove anos fez o primeiro curso de teatro, participava de peças, desfiles em escola de samba e, anos mais tarde, participou de um grupo de pagode na cidade, fez figurações em novelas da “Globo” e, como modelo, invadiu as passarelas. Em 2003 foi convidado por uma amiga a ir para a Grécia trabalhar na área que tanto gostava. “Mãe, eu vou investir no que eu gosto”, foram as palavras que ele usou quando aceitou o convite. Sandra Maria Silva dos Santos, 60, contou que, na época, quando o filho partiu, ela sofreu muito, entrou em depressão, mas, ao mesmo tempo, estava feliz por ele seguir o caminho que almejava. “Sempre fomos só eu e ele. Morro de saudades, só o vejo uma vez por ano, mas o sucesso dele é tudo para mim. Infelizmente, criamos filhos para o mundo. A dança está no sangue, é de família”, acredita. A mãe acrescenta que, desde criança, Jefferson sempre participava de tudo o que era ligado à arte. “Ele sempre foi bom aluno na escola. Por mim seria bombeiro, mas não teve jeito. Ele gostava era
PASSARELA Lak Cavalas e Marc By Marc Jacobs são grifes que Jefferson já representou
“Mãe, eu vou investir no que eu gosto”, disse Jefferson quando aceitou ir para a Grécia. de música, desfiles e teatro. Começou a fazer capoeira aos quatro anos e até hoje não parou. Quando pequeno, estava sempre jogando bola”, recorda. Sandra lembra o dia em que seu filho descobriu que ia ser pai. “Na hora ele ficou assustado, mas depois encarou numa boa”. Em Três Rios, o artista estava sempre procurando eventos para promover. Por muitos anos realizou o “Consciência Negra”, o qual reunia negros trirrienses, corria atrás de patrocínio e “era um sucesso”, como explica Sandra. “Agora ele faz este mesmo evento na Grécia, no mesmo dia da consciência negra aqui no Brasil. Já tem três anos que ele promove lá e sempre diz que fica lindo”. Nas terras gregas, Jefferson lidera um grupo variado de show de capoeira, axé, forró e samba, além de ser cantor. “Nunca me formei em nada, mas aprendi e sou doutor em todas essas áreas”, garante ele. Uma vez por ano, Jeff – apelido dado pelos amigos e familiares - vem ao Brasil visitar a família: mãe, tios, amigos e a filha, de 11 anos. “Minha família é tudo para mim, fico aqui vivendo um dia após o outro, louco para chegar a hora de voltar”, disse ao confessar que não consegue ficar mais de um mês no Brasil. Às vezes, apenas algumas semanas. O plano agora é voltar definitivamente para o país. “Quero lançar minha música e meus projetos aí no Brasil. Se tudo der certo, ainda neste ano”, revela. Mesmo assim, a mãe não acredita que o filho volte. “Ele já fez o berço na Grécia, tem o círculo de amigos, a vida pronta lá, talvez seja mais fácil eu ir para lá. Por ele, faço tudo, até mudar de vida na idade que estou”, garante. Durante a entrevista, Sandra se emocionou e disse estar muito feliz por falar no filho que , segundo ela, é sua grande razão de viver. Mas nem tudo são flores. Pelo caminho, Jefferson esbarrou com algumas di-
MODELO FOTOGRÁFICO Por algum tempo o jovem se dedicou ao mundo da moda
ficuldades, principalmente por não ter na Grécia, uma base, um apoio. “Tive que buscar tudo sozinho e sem falar a língua do país. É muito ruim estar longe da família, mas a vida na Europa, com certeza, me fez crescer ainda mais. Porém, se eu pudesse, mudaria amanhã para perto dos meus familiares”. Hoje, ele fala quatro línguas: inglês, espanhol, grego e português. Jefferson comemora seu sucesso. “A vida me deu tudo o que eu precisava para aprender e alcançar meus sonhos. Sempre fiz planos para a vida artística. Atualmente, me sinto realizado na vida, pois conquistei muitas coisas, o que falta mesmo é alcançar o sucesso no meu país. Quero ser útil a minha pátria”, anseia. Para o jovem, a música é a forma de expressar a vida. “Ela faz você sonhar, revistaon.com.br
|
113
CAPOEIRA O esporte é a vida de Jefferson
querer, chorar, amar...”, declama. Atualmente, Jefferson já não participa de desfiles como antes. “Meu início na vida artística foi graças às passarelas em várias cidades do Brasil. Depois, continuei na carreira de modelo aqui na Grécia, mas o mercado para negros aqui é muito pequeno. Ainda assim, fiz muita coisa boa para estilistas considerados no mundo inteiro como Lak Cavalas, Marc by Marc Jacobs, Dmitris Strepkos, entre outros. Agora não tenho tempo para me dedicar tanto a esta carreira. Trabalho em vários lugares que
MÚSICA Na Grécia o jovem canta em shows 114
| revistaon.com.br
Atualmente o jovem se sente realizado na vida, mas lamenta que ainda falta alcançar o sucesso no Brasil são distantes uns dos outros”, conta. Jeff tem prazer por descobrir culturas diferentes. “A capoeira, em minha concepção, é uma lição de vida, onde peguei os ensinamentos como exemplo para o meu comportamento no cotidiano. Disciplina, educação, cuidados com o corpo e também a forma de amar, respeitar e fazer o bem. A capoeira me forneceu raízes eternas e devo tudo isso ao saudoso Diolézio. Além da luta e da arte que envolve, tiro dela toda uma experiência de vida”, declara. Pela Europa, o artista já visitou a Grécia inteira, Turquia, Portugal, Espanha e Itália, agregando valores a sua cultura. Sua rotina é mesmo de um artista. “Eu levanto de acordo com a hora que durmo, na maioria das vezes durmo pouco, porque vou tarde para a cama e tenho que acordar cedo para reuniões de classes. As tardes, eu divido entre ensaios e aulas. Uma ou duas vezes por semana aproveito para assistir a programação
FAMÍLIA Jefferson sente saudades da sua mãe que está no Brasil
da TV do Brasil. Toda segunda é dia de “Enzzo Cuba”, onde faço minha noite brasileira. Nos fins de semana, sempre trabalho a noite, exceto domingo que é o dia de ir a um restaurante brasileiro comer a feijoada da tia Rose”, relata. Mesmo longe Jefferson afirma viver o Brasil o tempo inteiro. Tem amor por ser brasileiro e seu maior objetivo de vida no momento é retornar para casa. Para encerrar, ele diz em grego: “S’ayapo Brazilia”, que significa, te amo Brasil!
revistaon.com.br
|
115
EDUCAÇÃO
O que você vai ser quando
crescer? POR ALINE RICKLY
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Esta é a pergunta que assusta milhares de jovens no pré-vestibular. Muitos ainda não escolheram a profissão e sofrem a pressão de todos os lados na hora de optar pela atividade que vai exercer por toda a vida. Escolher uma profissão é um tema bastante complexo, pois envolve muitos valores e, frequentemente, gera diversos conflitos. Afinal, deve proporcionar prazer, dinheiro ou status na sociedade?
J
ovens entre 17 e 18 anos. Esta é a faixa etária que os alunos geralmente concluem o ensino médio e partem para decidir o que serão quando crescerem. Meninos e meninas na correria do vestibular, um ano de muita pressão, muitos estudos e concentração. Alguns não passam de primeira e têm que tentar de novo, e de novo, até conseguir. Será que esta é a hora certa para decidir a profissão que vai exercer para sempre? De acordo com o MEC (Ministério da Educação), só em 2011, foram mais de 6 milhões de inscrições no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Para a psicóloga Letícia Rinaldi, 38, a primeira medida a ser tomada deve ser a orientação vocacional e, depois disso, a escolha do curso. Já para o psicólogo 116
| revistaon.com.br
De acordo com o MEC, o Enem de 2011 registrou mais de 6 milhões de inscrições Alex Ramos, 30, esta é uma fase em que os jovens não possuem certeza absoluta do curso para o qual se inscreverá. “Muitas pessoas sequer conhecem a fundo as áreas para as quais são aprovadas, portanto, é bastante frequente que os calouros universitários migrem para outros cursos”, explica ele. Alex acrescenta que dificilmente existirá uma forma milagrosa para saber qual é a melhor profissão e a mais perfeita para
cada indivíduo. “O sucesso profissional não é o resultado de uma equação de matemática, mas algo muito mais complexo e sujeito a infindáveis interferências. O melhor que o vestibulando pode fazer é escolher um curso que tenha afinidade com suas habilidades pessoais. Por exemplo, se tem mais facilidade para lidar com a lógica dos números ou com a subjetividade da filosofia e avaliar os seus interesses, se gosta de atividades ao ar livre, de trabalhar sozinho ou em grupo. Há pessoas que se sentem inseguras em relação à qual profissão se dedicar e, para isso, pode ser útil participar das sessões de orientação com especialistas da área, na qual existem diversas formas de orientar e, em geral, contribuem para que o estudante perceba melhor e consiga fazer uma
revistaon.com.br
|
117
EDUCAÇÃO
O psicólogo Alex Ramos acredita que muitas pessoas nem conhecem as áreas para as quais são aprovadas no vestibular escolha consciente”, conclui o psicólogo. A estudante petropolitana Thaís Mello Borges, 19, concluiu o ensino médio em 2011 e se baseou nas matérias que melhor se destacava na escola, quando resolveu selecionar a área de direito. “Para ter certeza na escolha do curso, pesquisei sobre a carreira, remuneração e o estilo de vida. Acho que é muito importante ter uma rotina agradável e trabalhar naquilo que realmente gosto”, disse. Thaís estudou em um colégio preparatório para o vestibular com carga horária integral, com intervalo de duas horas para o almoço. “Quando chegava em casa, aproveitava para descansar”, conta. A aluna afirma sofrer pressão dela mesma quando o assunto é passar para uma boa faculdade. “Meu pai sempre me mostrou o caminho para ter sucesso na vida, incluindo o modo correto de estudar, com dedicação, foco e persistência, mas ele nunca me obrigou a nada. Eu demorei um pouco a seguir este rumo, mas agora levo a sério. A pressão que me coloco é devido à concorrência para entrar em uma universidade públi-
VESTIBULANDO A não ser em vésperas de provas, Caio não deixa de sair para estudar 118
| revistaon.com.br
TURMA Caio com os colegas da escola que também prestaram vestibular
ca”, garante. Para conquistar um sonho é necessário abrir mão de algumas coisas. Thaís explica que deixava de sair para estudar. “Festas, barzinhos e sociais com os amigos têm todo fim de semana, portanto, não é sacrifício passar este tempo estudando para o vestibular, pelo contrário, eu estudo com prazer”, revela. Em relação ao namoro, a jovem destaca que é possível conciliar, mas que deve existir compreensão da necessidade de estudar. “Estudo não é traição, você apenas está cuidando do futuro que deseja viver”, enfatiza. Caio Reis Mattos, 17, diz que não deixa de sair, exceto em vésperas de provas e simulados, mas acredita que é necessário saber dosar as coisas. Ele pretende cursar engenharia de petróleo e só chegou a essa conclusão depois de constatar as oportunidades de inserção no mercado de trabalho, além da remuneração. “Durante o ano de 2011 defini um número mínimo de horas de estudo por dia, que foi de três horas. A partir daí tentei manter as matérias em dia, reforçando o que foi dado na aula pela manhã e dando atenção especial ao que eu julgava ser importante”, contou. O jovem também sonha em passar para uma universidade pública. A UFF (Universidade Federal Fluminense) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) são as favoritas. O aluno diz que não sofre pressão dos pais, a não ser a cobrança normal em relação a boas notas, bons desempenhos e esforço. Para se sentir mais preparado, Caio fez curso de inglês, aulas
JOVEM Thaís Borges consegue conciliar o namoro com os estudos
extras de humanidades, como história, geografia e filosofia e também de redação. O professor de português e literatura do ensino médio, Leandro Magrani, 28, dá aulas em escolas de Três Rios e Petrópolis. Leandro explica que o vestibular é uma etapa decisória na vida de muitos que se sujeitam a passar por ele. “Decisória porque pode fazer com que o indivíduo mude sua vida em todos os sentidos, principalmente na parte profissional. É dever do professor ter cautela ao trabalhar com seus alunos para que estes separem a responsabilidade nos estudos das possíveis frustrações. É o corpo docente que aponta os caminhos para os alunos e também indica algumas adversidades, uma delas, a reprovação no vestibular, assim como os incentiva a serem determinados, que
tenham compromisso com os estudos. No entanto, também é fundamental que o professor mostre ao aluno que é indispensável ser paciente e reconhecer que os erros são apenas vírgulas e não pontos finais”, esclarece. Seguindo ainda a posição de Leandro, as últimas décadas tornaram a vida midiática e imediatista, o que dificulta, pois, a reflexão nos dias atuais tornou-se uma situação supérflua e isso impõe ainda mais desafios ao profissional que ensina. Mas é necessário a adequação aos meios. “Tendo a tecnologia como suporte, o professor pode fazer com que os alunos se interessem ainda mais pelos estudos. Cativar os estudantes nunca foi uma missão fácil e, por isso, é preciso determinação para conseguir alcançar este objetivo”, complementa. A pedagoga, Cristiane Manzini, 37, concorda com Leandro e adverte sobre a necessidade do aluno possuir interesse nos estudos. “É importante que ele veja esta atitude como parte de sua vida. Em função do excesso de informações, facilmente encontrado na internet, jornal, TV ou revista, a escola precisa despertar, nos jovens da atualidade, o desejo de aprender. Isto não se inicia no ensino médio, mas nas séries iniciais. O professor pode e deve incentivar os alunos a pesquisarem assuntos do dia a dia, do seu interesse e mostrar, de forma lúdica, a importância disso”, adverte. Yuri Soares, 17, também terminou o ANA CLARA SILVEIRA
PROFESSOR Leandro Magrani com os alunos petropolitanos
ESTUDANTE Julia Silveira completou o ensino médio em 2011 e pretende cursar biomedicina
ensino médio em 2011 e está prestando vestibular para o curso de ciência da computação. “Não foi uma escolha fácil, desde o início de 2011, venho considerando outras opções como física e engenharia, mas com o tempo decidi por ciência da computação”. Yuri prestou vestibular para UFF, UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), além das que aderem ao Enem, como a UFRJ. “O mais conveniente seria estudar em Juiz de Fora, por ser uma cidade próxima”, destacou. O jovem não sofre pressão dos pais. “Muitas vezes a pressão vem de nós mesmos. As incertezas, angústias e renúncias da vida de um vestibulando são alguns fatores que nos gera cobrança”. Júlia do Carmo Silveira, 17, escolheu a área de biomedicina e partiu do princípio de que gosta das matérias relacionadas ao curso. “Estudo, em média, duas horas por dia, além das aulas no colégio. Para a Universidade de Petrópolis já passei em primeiro lugar, mas ainda estou tentando a UFF, a UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e UFRJ; com preferência pela última”. A jovem afirma não sofrer pressão dos pais em relação aos estudos. A mãe, Silvia Vilela do Carmo Silveira, 45, se considera fora dos padrões por não cobrar dos filhos que se dediquem na escola. “A Julia foi muito empenhada, se dedicou, se esforçou ao longo do ano e não só no período que antecedia às provas. Eu cheguei ao ponto de pedir até que ela parasse de estudar um pouco para descansar. O importante é que ela alcançou bons
Segundo o professor Leandro Magrani, é o corpo docente que indica os caminhos para os alunos e, também, algumas adversidades, dentre elas, a reprovação no vestibular resultados no Enem e já foi aprovada para uma faculdade”, disse. Luciana Manzini é formada em psicopedagogia diferencial pela Puc-Rio. Ela acredita que os alunos devem intercalar os estudos com atividades que tragam prazer. “É importante ver que o vestibular é apenas um caminho para a escolha profissional e, caso o aluno não passe na primeira vez, ele poderá refazer num outro momento”. Luciana explica que a maturidade é essencial e auxilia na escolha da profissão e que o papel dos pais é fundamental neste período em que o aluno está prestando vestibular. “Os pais devem dar todo o apoio que o filho necessitar. É preciso respeitá-lo quanto à escolha que fez e não deixar que ele fique somente ligado à prova. É necessário tirar o foco do estudo em alguns momentos, para que ele busque outras atividades também. O estudante deve passar pelo momento do vestibular como mais uma etapa e não parar a vida, porque está se dedicando somente ao vestibular”, alerta. revistaon.com.br
|
119
Cliente da Hélio Dutra ganha carro em sorteio da CDL FOTOS DIVULGAÇÃO
N
o dia 26 de dezembro, aconteceu o sorteio da campanha de Natal da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Três Rios. Para o prêmio mais esperado, um carro 0 quilômetro. O cupom sorteado mostrava que, além de ajudar a construir o sonho da casa própria, a Hélio Dutra Materiais de Construção contribuiu com o sonho do carro novo. A sorteada foi a professora Rozemary Curcio de Almeida. Dois dias depois, a ganhadora compareceu à loja para receber as chaves do carro. “Eu não pensei que ia ganhar. No momento que fizeram o sorteio do computador eu ficava dizendo meu nome e, no fim, o computador não saiu para mim.
Então fui embora antes do sorteio do carro”, lembra. Ela ainda contou que tinha depositado apenas 12 cupons. Localizada no coração de Três Rios, a loja completará, em maio, 55 anos de um trabalho que começou com a chegada do casal Hélio e Martha Dutra à cidade. A história da pioneira no ramo de materiais de construção continua com a dedicação de seus filhos, Welington e Ricardo. Com amplo show room, que conta com produtos de alta qualidade para atender as obras desde a fundação até o acabamento, a Hélio Dutra Materiais de Construção pensa no conforto dos clientes e oferece estacionamento, entrega programada na região, variadas formas de paga-
GANHADORA Rozemary recebeu as chaves do carro na loja onde fez a compra
SHOW ROOM Produtos de alta qualidade para as obras dos sonhos
TRADIÇÃO Completando 55 anos em Três Rios, a loja oferece estacionamento para o conforto dos clientes
mento e uma equipe de vendas experiente. No final deste ano, uma nova campanha de Natal movimentará o comércio da cidade. Até lá, arrume a casa para esperar o carro que pode ser seu.
Rua Manoel Duarte,188, Centro Três Rios - RJ Tel: (24) 2251-6500
Agora você sabe onde encontrar Silvia Estima Relógio Euro RL2035MB2P
R$ 272,00 em até 6X (24) 2255.1319
Mirella Anabela Via Marte
10x de R$ 14,99 redemirella.com.br
Recarregue Center Recarga de Cartucho Jato de tinta
a partir de R$ 14,90 e recarga de Tonner
a partir de R$ 49,90 (24) 2251.5724
Maria Antonieta Blusa Renda - Folic Cod. 47814
4X de R$ 82,45 (24) 2252.2540
Pinkbiju Pulseira de madeira
R$ 5,99 (24)2255.1031 pinkbiju.com.br
revistaon.com.br
|
121
122
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
123
ESPORTE
DESAFIOS X SONHOS
Bola nos pés e uma ideia na cabeça POR FREDERICO NOGUEIRA
FOTOS REVISTA ON
A maioria dos meninos tem o mesmo sonho: ser jogador de futebol. Com Herivelto não foi diferente. Com uma carreira que atravessou o oceano por diversas vezes, ficou conhecido e conquistou respeito por parte de muitas pessoas, o que pode ser observado em alguns dos encontros na rua para a produção desta matéria. Hoje, o sonho de ser jogador de futebol continua. Desta vez, em dezenas de outras cabeças. Agora, com o apito na boca e prancheta na mão, o atleta sonha cada um deles.
H
erivelto da Silva Moreira foi criado no bairro do Triângulo, em Três Rios e já nasceu apaixonado pelo futebol. Uma inspiração para ele era o tio, Gilmar, que foi jogador profissional no Botafogo. Ainda cedo, brincava com a bola em qualquer espaço que encontrasse, até que passou a integrar o Verona, time de um amigo. Em seguida, o Independente do Triângulo F.C., criado por outro tio, foi um dos primeiros destinos. “Na escola, quando os professores perguntavam o que eu gostaria de ser, sempre respondi que seria jogador de futebol”, lembra. Como o bairro passou a ficar pequeno para a vontade de Herivelto, ele migrou para a equipe Canarinhos, time trirriense. Deste, foi para o América, onde esteve no time que venceu a 1ª Copa da Amizade da CBF. O Entrerriense sempre foi o rival do América, mas foi para o Carijó que ele mudou tempos depois. Foi lá que surgiu a primeira grande oportunidade. “O Fluminense veio fazer uma partida, eu estava com 15 anos. Me escolheram, juntamente com outros dois meninos, para ir para às Laranjeiras. Joguei no infantil, juvenil e no primeiro ano de juniores. Na época, o 124
| revistaon.com.br
Entre idas e vindas, o trirriense jogou por nove anos em Portugal treinador era o Zé Roberto Padilha. Pude jogar no Maracanã no último jogo do campeonato e até fazer o gol do empate de 4 x 4 com o Vasco”, recorda. Após rápida passagem pelo time cruz maltense, surgiu o convite para jogar no C.S. Marítimo, de Portugal. “No começo foi aquela alegria, o sonho realizado, jogar na Europa muito cedo, mas depois chegou a saudade. Na equipe, havia muitos brasileiros. Apesar do idioma ser um pouco diferente, dava para entender bem e, em resumo, a experiência foi boa”, conta. Com a equipe, conseguiu duas presenças na taça UEFA, foi finalista na Copa de Portugal, participou de inúmeros campeonatos internos e internacionais. Nos jogos, encontrava com Deco, Ricardo Carvalho e outros nomes de sucesso no futebol português. Neste clube, ficou por seis anos e meio
e, em seguida, passou pelo União de Leiria . “Nesta época, tive meu primeiro empresário. Seria uma passagem rápida e um salto para um grande clube. Mas houve mudança de treinadores, meu empresário brigou com a diretoria e isso acabou chegando até mim”. Foi através do treinador Paulo Autuori, no ano 2000, que surgiu a oportunidade de voltar ao Brasil para jogar no Cruzeiro. E, mais uma vez, outra surpresa desagradável, conforme Herivelto diz. “Abri mão do contrato no Leiria para voltar ao país. Eles concordaram, mas não avisaram que tinham problema na FIFA. Todos os jogadores estavam bloqueados para transferências internacionais, por isso meu certificado não foi emitido. Fiquei no Cruzeiro apenas por dois meses, sem jogar, e acabei voltando para Portugal”, relembra, acrescentando que, meses depois, Felipão assumiu o time e foi campeão da Copa do Brasil. “Eu poderia ter ficado, minha carreira poderia ter tomado outro rumo”. Se, em Três Rios, ele havia trocado o América pelo Entrerriense, na volta para Portugal foi parar no principal rival do Marítimo, o Nacional. “No início eu me sentia um estranho no ninho e via algu-
ARQUIVO PESSOAL
CARREIRA Jogando em Portugal, Herivelto ganhou reconhecimento dos torcedores
mas pessoas com certa resistência à minha chegada”. Até hoje Herivelto é reconhecido em Portugal, principalmente na Ilha da Madeira. “Fiz o gol do título que classificou o Marítimo para a Taça UEFA, faltando cinco minutos para terminar o jogo contra o Porto. Esse gol é sempre muito lembrado”. Em 2001, o atacante foi para a Inglaterra, para jogar no Walsall. Lá, duas dificuldades. “Quando o treinador começou a falar, lembrei da minha quarta série no colégio Entre-Rios. Lembro de perguntar para a professora por que deveria aprender inglês se não iria para a Inglaterra”. A língua foi, aos poucos, superada. A outra
dificuldade foi a grande diferença entre os estilos de futebol. “Em Portugal era um futebol mais corrido e, na Inglaterra, era mais de ‘chutão’. Eu não achava divertido. A bola saía no goleiro, que jogava para o lateral, e chutava lá na frente. Eu ficava lá no meio. Quando a bola chegava até mim, passava pelo primeiro adversário, mas vinha o segundo e fazia falta”, diz. Por lá, ficou um ano e meio. Foi neste país que a vida financeira começou a melhorar. Nas férias, vinha para o Brasil. E, aqui, o futebol dava um tempo para os assuntos do coração. “Foi amor à primeira vista”, fala sobre o encontro com a esposa, Viviane. “Foi uma coisa muito legal, muito
forte. Ficamos juntos aqui por duas semanas, depois retornei para a Inglaterra, voltei mais 10 dias, começamos a namorar e o fruto dessa história é nossa Ana Luiza, que está com oito anos”. Antes do nascimento da filha, Herivelto estava na Grécia para jogar no Ionikos. Neste período, uma decisão que mudou mais uma vez o rumo da carreira. “Eu não conseguia ficar longe da minha filha e resolvi dar um tempo no futebol. Fiquei um ano e meio inativo e as coisas não voltaram a ser como antes. Mas não me arrependo. Naquele momento, minha prioridade era minha filha e não minha carreira”, conta o orgulhoso pai que, durante uma das entrevistas, precisou buscar a filha na aula particular, dar almoço e levá-la para a escola. “Minha carreira praticamente encerrou aos 28 anos”, diz. Mas, depois disso, ainda voltou a jogar na Inglaterra e na Coréia do Sul. Retornando ao Brasil, fez temporadas semestrais em pequenos clubes, como os distantes Potigar de Mossoró e Baraúnas. Entretanto ainda tem, na carreira, passagem pelos vizinhos Paraíba do Sul F.C. e Tupi. O último clube que passou, em 2010, foi o Luziânia, de Brasília. O sonho de realizar sonhos
“Eu queria passar o que já tinha vivido, trabalhando o correto para ter frutos”, conta sobre o objetivo do trabalho na escolinha que iniciou há cerca de um
EQUIPE Uma das turmas treinadas pela equipe de Herivelto revistaon.com.br
|
125
ESPORTE
ano no Social Olímpico Ferroviário de Três Rios. “Os meninos chegam lá e querem saber quando será o coletivo, então tenho que explicar que antes eles precisam aprender o básico”, explica. A equipe da escolinha é formada por ele e outros três professores. Na verdade, escolinha é um apelido. Ela é, oficialmente, uma academia de futebol de base. Um dos membros da equipe é Ian da Silva Pinho, 25 anos. “Fazemos o trabalho e nem esperamos por um resultado rápido, mas acontece. Têm garotos que chegam sem saber correr com a bola e, hoje, já jogam. Mesmo aqueles que não serão jogadores profissionais, terão capacidade de jogar aquelas peladas de final de semana de uma forma diferenciada”, explica Ian. Com cerca de 100 alunos, incluindo algumas meninas, o número não para de aumentar. No dia da visita ao treinamento, por exemplo, chegaram quatro novos rapazes para participar do treino. Dentre eles estava Maicon Haubrick, de 16 anos. “Estou vindo para ver se consigo um futuro melhor, meu colega me chamou. Quero seguir carreira no futebol. Espero que consiga arrumar alguma coisa”, diz o jovem. Essa “alguma coisa” à qual Maicon se refere é a chance de mostrar seu trabalho em um clube grande, assim como Herivelto teve no passado. Do grupo, alguns meninos já conseguiram a sonhada chance. Marlon da Silva Timóteo, 14, é
PROMESSA Marlon foi observado e conseguiu vaga no Inter 126
| revistaon.com.br
EM CAMPO Enquanto se enfrentam, os meninos mostram as melhoras que conseguiram na escolinha
um desses exemplos. “Eu via meu irmão treinar. Meu pai também me incentivou e comecei a gostar de futebol”, garante. No meio do segundo semestre de 2011, foi escolhido, junto com um colega, para fazer teste no Internacional. “Eu cheguei com sorriso no rosto em casa e meu pai adivinhou o que tinha acontecido. Fui para lá, fiquei um mês fazendo teste e voltei para terminar a escola. Volto para a temporada 2012 e devo ficar o ano inteiro”, explica. O outro escolhido não passou para o Inter, mas conseguiu uma vaga no Porto Alegre. Para Marlon, a maior dificuldade é a saudade de casa e da família. No entanto, sabe que essa distância é necessária e será recompensada. “A saudade é uma coisa que dá e passa, a recompensa vem no final. Vou conseguir trazer felicidade para os meus pais”, acredita a jovem promessa. Espelho para os novos atletas durante os treinamentos, Herivelto também se vê em cada história. “Futebol é uma entrega. Tem que querer muito. Fui para Portugal com 18 anos, nunca tinha andado de avião. Quem quer o futebol de verdade tem que querer 200%. Alguns desses meninos da escolinha já têm essa característica, determinação, com família estruturada, sabem muito bem o que querem”, completa o professor. Família é tão importante que alguns pais e mães acompanham o treinamento. Paulo César Pereira de Campos, de
APOIO FAMILIAR Paulo César acompanha o sonho do filho
48 anos, passou, além da paixão pelo futebol, o nome para o filho, que está com 15 anos. “Já conhecia o Herivelto. Meu filho estava no Volta Redonda F.C., mas trocou a diretoria da base de lá e não estou conseguindo manter ele em alojamentos. Ele já passou em outros testes, mas a dificuldade financeira não contribui. Sorte ele tem, e é bom. O que estiver ao meu alcance, faço para ajudar. Família é para isso”, conta o pai. O valor social do projeto, o treinador
A receita para uma carreira de sucesso no esporte, Herivelto resume em poucas palavras: “Futebol é uma entrega”
INSTRUTORES Ian e Herivelto são alguns dos responsáveis pelos treinamentos dos jovens
explica. “O menino que hoje está lá, é o mesmo que, daqui a alguns anos, será uma pessoa de bem. Por mim, teríamos mais de 1.000 alunos, mas ainda não conseguimos abraçar todos”. Herivelto conta com parcerias de empresas no projeto e
planeja que pessoas físicas ou jurídicas, apadrinhem alunos e colaborem com a mudança da sociedade através do esporte. “Descobrir talentos é detalhe”, finaliza. “O futebol me proporcionou muitas coisas, visitei lugares que nunca ima-
ginei. Cheguei em países que conhecia apenas através dos livros de história”, conta o ex-jogador. São experiências como esta que o projeto quer promover. Uma última pergunta mostra que o menino sonhador continua ativo dentro do homem responsável, preocupado com a sociedade, paizão, marido, filho dedicado e boa praça. Se surgisse um convite muito bom para voltar a ser jogador na Inglaterra, Herivelto aceitaria? “Sim, acho que sim. Mas a escolinha não acaba mais. Cada menino que sair para um clube será minha felicidade”. Ainda tem muita bola para rolar. Então, como diz alguém que você já ouviu na TV, haja coração!
revistaon.com.br
|
127
128
| revistaon.com.br
revistaon.com.br
|
129
ACONTECEU
Inaugurada a fábrica da Nestlé em Três Rios A promessa é de gerar 1.000 empregos diretos e indiretos POR RAFAEL MORAES
FOTOS LUANA MOURA
S
ão 20 mil m² e um investimento de R$ 163 milhões que prometem reaquecer a produção de leite em Três Rios e região. A inauguração aconteceu no dia 18 de novembro na própria empresa, localizada às margens da BR 040, e reuniu empresários, políticos e o presidente, Ivan Zurita. Esta é a 31º fábrica no Brasil. No evento, Zurita revelou o porquê Três Rios foi a cidade escolhida. “O prefeito foi mais agressivo e mostrou o potencial da bacia leiteira”, contou. Ainda de acordo com ele, a empresa oferece apoio técnico aos produtores locais. O objetivo é fomentar a produção da cidade, pois a estrutura tem capacidade de receber 200 mil litros de leite por dia. “Este é um compromisso da Nestlé alinhado ao con130
| revistaon.com.br
ESTRUTURA São 20 mil m² localizados às margens da BR 040
EXPECTATIVA Na plateia, prefeitos, secretários municipais, vereadores e empresários
SIRENE O toque coletivo simbolizou o início oficial das atividades
ceito de criação de valor compartilhado, plataforma mundial de responsabilidade social da companhia que busca aliar o desenvolvimento sustentável do negócio à geração de valor para as comunidades onde a empresa está presente”, aponta. O prefeito Vinicius Farah lembrou que a bacia leiteira ajudou a sustentar a
cidade antes da década de 80 e depois ficou estagnada. “Independentemente dos empregos gerados [1.000 diretos e indiretos] e dos impostos, o melhor é o ressurgimento da bacia leiteira...A história de Três Rios começa a mudar a partir de hoje”, enfatizou Farah. O chefe do executivo estadual, Sérgio
Cabral também esteve presente e contou com a companhia do vice-governador Pezão, além de alguns secretários e o senador Lindbergh Farias. “A nova fábrica da Nestlé consolida a diversificação da economia do nosso Estado, que tem atraído um mix de investimentos extraordinários de setores diferenciados. Além disso, é o aprofundamento da presença da indústria de transformação no Rio de Janeiro”, afirmou Cabral. Nesta primeira fase, o empreendimento começa a produzir leites líquidos. A capacidade total de produção da nova fábrica será de 124 mil toneladas de produtos por ano. “Vamos começar com 200 mil litros e já contamos com 400 produtores na região. Esperamos chegar rapidamente a um milhão de litros, essa é nossa meta. Já iniciamos a produção da linha Sollys e dos leites Ninho e Molico líquidos e vamos começar, em março, a produção do Nescau líquido. A produção dessa fábrica abastecerá também os estados de Espírito Santo e Minas Gerais, além de parte de São Paulo. Ou seja, nós queremos e necessitamos de leite e mais leite”, disse o presidente da Nestlé Brasil, Ivan Zurita. revistaon.com.br
|
131
Diário de bordo com
Lucas Peralta, Marcelo Rocha, Sérgio Zamboni e Pedro Henrique Neves
A
tenção passageiros da Revista On! A partir de agora os convido para acompanhar nossa viagem para Buenos Aires, Argentina, realizada no mês de novembro de 2011 por Lucas Peralta, quem lhes escreve, Marcelo Rocha, Sérgio Zamboni e Pedro Henrique Neves. Entretanto, antes de embarcarmos rumo às cômicas histórias, recordações e, claro, os “perrengues” quase sempre normais em viagens, quero dedicar o “check-in” desses relatos de nossa expedição rumo à terra de D10S, à toda equipe Fiobranco de
Comunicação e agradecer-lhes o convite para participarmos dessa, criativa editoria da revista, que é um sucesso em nossa cidade, muito obrigado! Retomando o foco para nossa viagem, em primeiro momento já nos deparamos com um fato marcante que quase interrompeu esse grande sonho de realizar essa viagem, planejada por nós há algum tempo: problemas com documentação. Ingressamos no balcão de check-in do aeroporto internacional do Rio de Janeiro no feriado do dia 15 de novembro e todos, até então, obtiveram
sucesso em suas documentações e realizaram seus respectivos check-ins também com sucesso. Entretanto, eu, Lucas Peralta, apresentei minha carteira de identidade e esta apresentava alguns rasgos em função do tempo e, também, de mau uso, reconheço. Imediatamente, após a entrega da carteira, a funcionária da empresa pela qual viajaríamos não autorizou meu embarque com tal documentação. Naquele momento um filme me veio à cabeça, além daque-
132
| revistaon.com.br
le sentimento: “O sonho acabou para mim!” O clima de frustração e constrangimento tomou conta de todos, e aquela euforia e alegria para o embarque foram substituídas pelo silêncio e preocupação. Não embarquei na terça-feira, diferentemente do restante do grupo, e regressei a Três Rios com um sentimento de impotência de não poder resolver o transtorno, por ter sido feriado naquele dia e um sensação de derrota, pois, até então, eu não enxergava possibilidade
de embarcar e via o sonho cada vez mais longe do meu alcance. Porém, aos poucos, eu, com o apoio de meus pais, meu irmão, e de todos meus familiares, começamos a planejar alguma manobra que me permitisse embarcar numa outra data. Voltei ao Rio de Janeiro na mesma terça-feira com meus pais e pernoitei na cidade maravilhosa, para que na primeira hora da manhã de quarta eu pudesse procurar algum órgão público que me permitisse a retirada de uma nova documentação. Assim foi feito e, após muitos esforços de meus familiares, consegui uma nova identidade em perfeitas condições.
Finalmente, na quinta-feira, em companhia de meu pai, após termos passado a noite no aeroporto, embarquei e não via a hora de encontrar com Sérgio, Marcelo e Pedro Henrique para colocarmos em prática tudo aquilo que planejamos para nossa viagem. Após cerca de três horas e meia de vôo, desembarquei em solo argentino no aeroporto internacional de Ezeiza. Aliviado, e louco para conhecer o país que sempre idolatrei por conta do futebol e meu maior ídolo, o argentino Dom Diego Armando Maradona.
Faça como este grupo de amigos e conte suas viagens pelo mundo afora. Para participar envie um e-mail com sua história para: diariodebordo@revistaon.com.br. Ah! Não se esqueça de mandar as fotos com as legendas, assim poderá compartilhar sua experiência conosco.
revistaon.com.br
|
133
GUIA
Música
Cinema
AS CANÇÕES (Eduardo Coutinho – 2011)
GARAGEM AFINADA A banda foi criada em 2008, com seis músicos. Atualmente, integram a Garagem Afinada, Pablo Belisário (voz), Deco Mariano (violão) e Vitor Santos (gaita). Ela surgiu quando músicos e amigos de uma igreja começaram a tocar MPB e Bossa Nova. O nome foi dado por Deco, após resolverem, de fato, se transformarem em uma banda e realizarem todos os ensaios em uma garagem. Nelson Sargento, ícone do samba e tio do vocalista, criou o bordão da banda em um comentá-
rio: “Os meninos são bons pra chuchu”. Entre as influências, estão Djavan, Leila Pinheiro, Lenine, João Bosco, Gilberto Gil, Tom Jobim e Elis Regina. Atualmente, estão em fase de “amadurecimento” para conclusão do primeiro álbum. Já apresentaram os shows “Novas Raízes” e “Mineirice Carioca”, este último com colaboração de Felipe Carretiero. Recentemente, participaram do I Festival Nacional de Música de Três Rios. Para ouvir, acesse: http://palcomp3.com/ garagem-afinada/
DVD SAMBÔ Não é apenas uma roda de amigos tocando samba. Eles vão além e criam versões para clássicos do rock, como de Janis Joplin, James Brown e Led Zeppelin. (R$ 24,90)
CHITÃOZINHO E XORORÓ - SINFÔNICO Com o maestro João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica, Chitãozinho e Xororó apresentam seus sucessos com arranjos únicos, emocionantes e inesquecíveis. (R$ 29,90)
Eduardo Coutinho volta às telonas com uma das coisas que melhor sabe fazer: colocar pessoas comuns e suas histórias como as grandes atrações da obra. Após ouvir moradores em “Edifício Master” e histórias reais contadas ou encenadas em “Jogo de cena”, o documentarista lança “As canções”. Quem não tem uma música que lembra o pai, a mãe, o primeiro amor ou uma viagem? A pergunta “alguma música já marcou sua vida?” serviu como convocação para que pessoas contassem suas histórias diante da câmera. No filme, são mostrados 18 depoimentos escolhidos. Um jovem que canta uma música para o pai, já morto, como pedido de desculpa; um homem que chora ao cantar para a mãe de 85 anos; outro que canta ao recordar a história de amor. As músicas servem como forma de ver a própria vida e recordar cada momento. Como esperado, as músicas de Roberto Carlos foram as mais recordadas. Enquanto o filme acontece, o “maestro” Eduardo Coutinho, aos 78 anos, rege a plateia que esbarra em emoções semelhantes. Qual é a música que marcou sua vida?
Livros 64 Fernanda Pompeu apresenta 64 histórias de ficção, bem-humoradas e amargas, envolvendo situações em torno de uma paisagem histórica, o golpe militar de 1964. (Brasiliense, R$ 19,90)
134
| revistaon.com.br
CANCIONEIRO Segunda reunião de poesias de André Pullig, mostra a constante evolução do poeta e reafirma seu talento e paixão pela escrita. (Thesaurus, R$ 25)
OS INDECENTES:
CRÔNICAS SOBRE AMOR E SEXO Os canalhas têm alguma função? E os homossexuais escondidos? O que acontece com uma mulher que trai? Reflexões relacionadas à sexualidade em 100 crônicas de Stella Florence. (Rocco, R$ 28)
AS ESGANADAS Uma mulher gorda é assassinada. Jô Soares revela o criminoso no início da obra. O restante do livro traz as confusões dos investigadores para chegar ao assassino. (Companhia das Letras, R$ 29,90)
revistaon.com.br
|
135
136
| revistaon.com.br