Revista On #29

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#29 Editorial

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sonho de todo apaixonado por futebol é que seu clube tenha um time de craques para fazer bonito, vencer campeonatos e agradar todos. Trocando o campo e a bola pela sala de cirurgia e os exames, foi isso que conseguimos fazer na capa desta edição. Reunimos alguns dos melhores e mais antigos profissionais da saúde em Três Rios, reconhecidos pela população, para celebrar o dia do médico. Nilson Arêas, Renato Muniz, Rodolfo Martello e Ivson Ribas contam os motivos de dedicarem suas vidas [e muitos finais de semana] para salvarem outras vidas. Apresentam os desafios e prazeres da profissão escolhida, as trocas e aprendizados que acontecem em cada consulta com pacientes e fazem questão que dizer que não são deuses nem fazem milagres, como muitas pessoas acreditam nas horas mais difíceis. Por falar em horas difíceis, imagine ser convocado para uma guerra? Já na próxima página, conheça o Eduardo, um senhor de 95 anos, trirriense de coração que foi para o combate na Segunda Guerra Mundial. Cheio de lembranças, esbanja alegria de viver após ficar em um ambiente cheio de mortes. Celebrar a medicina é celebrar a vida. Nas próximas páginas, há outras boas formas de celebrar a vida: pela música, pela pintura, pelos desafios e conquistas profissionais, pela maternidade que chega mais tarde, pela mudança do corpo... Vire a página , celebre a vida, o conhecimento e as boas histórias. Boa leitura!

Índice GENTE 11 18 22 26 30 36

Personagem Entrevista Educação Cotidiano Opinião Capa

ECONOMIA&NEGÓCIOS 47 52 54 57 62

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Indústria Mercado de trabalho RH Empreendedorismo Cidade

BEM-ESTAR

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65 Esporte 70 Movimento 72 Saúde

COOL 81 84 88 92 100

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História Artes Música Viagem Sabores

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GENTE

personagem 11 entrevista 18 educação 22 cotidiano 26 opinião 30 capa 36

MEMÓRIAS DE UM

EXPEDICIONÁRIO POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS REVISTA ON

Ele chegou aos 95 anos cheio de histórias para contar. Na memória, carrega fatos que fazem parte da história do mundo. Eduardo Alves de Souza fez parte da Força Expedicionária Brasileira que participou da Segunda Guerra Mundial e conta, até hoje, os oito meses vividos no campo de batalha.

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GENTE PERSONAGEM

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xistem algumas formas de aprender história. Uma delas, aquela que pode ser considerada a melhor, é buscar direto com quem a vivenciou. Cerca de 25 mil homens da Força Expedicionária Brasileira participaram da Segunda Guerra Mundial. Ou seja, milhares de vidas foram marcadas por um acontecimento de alcance mundial. Alguns daqueles homens, inclusive, perderam suas vidas longe de casa. Um dos que participaram da guerra é o Eduardo Alves de Souza, que acaba de completar 95 anos de idade e está sempre disposto a relembrar os momentos vividos antes, durante e após a batalha. Ele é um dos dois únicos expedicionários vivos em Três Rios, cidade que teve 21 homens enviados ao combate. Nascido em Matias Barbosa, mudou-se com a família para Três Rios aos 14 anos. “Era uma época que aqui tinha quatro automóveis, hoje são 40 mil”, comenta com bom humor. Aos 19, foi trabalhar em Paraíba do Sul e, em seguida, foi convidado para gerenciar um laticínio em Secretário, Petrópolis. Com 22 anos, viu seu nome escrito em um jornal. Estava na lista dos convocados para o Exército. Passou pelos quarteis de Deodoro, São Paulo e Natal, onde ficou por quase dois anos. Ao voltar para o Estado do Rio, logo chegou a notícia: estava entre os brasileiros que iriam para a guerra. O ano era 1944 e os momentos que antecederam o embarque são narrados com uma lem-

ONTEM E HOJE Eduardo em dois momentos bem diferentes da vida 12

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95 ANOS A nova idade chegou no início de outubro

“Guerra é uma desgraça, você não consegue imaginar”, Eduardo Alves

brança quase recente. “O trem que levou a gente de Deodoro para o cais do porto foi como um comboio levando para o matadouro. O marechal Dutra foi ali despedir de nós. De madrugada, o navio deu aquele apito e nós fomos embora. Não sabí-

CERTIFICADOS Ele coleciona homenagens e diplomas de reconhecimento

amos para onde nem quem voltaria. Era uma tristeza ver aquele navio com umas 5.000 pessoas. Fiquei na Itália durante oito meses em campo de batalha”. Uma pergunta que poucos podem responder: Como é saber que está a caminho da guerra? “É doloroso”, ele afirma e logo completa: “Eu vim aqui despedir do papai e da mamãe. Sabia que embarcaria naquela semana, mas não tive coragem de falar para eles. Não falei nada, despedi normal sabendo que poderia não voltar”. A guerra começou em setembro de 1939, quando as forças alemãs de Adolf Hitler invadiram a Polônia. O Brasil de-

IDENTIFICAÇÃO Os expedicionários precisam ficar com as placas em todos os momentos


AMIZADE Eduardo e Ubaldino foram juntos para a guerra e ainda se encontram

clarou guerra aos italianos e alemães em 1942, quando Getúlio Vargas estava no poder e fez acordo com os Estados Unidos após alguns ataques a navios brasileiros enquanto buscava aumentar o prestígio do país junto aos norte-americanos. No ano seguinte, a Força Expedicionária Brasileira foi montada e, em 1944, as tropas brasileiras foram enviadas. Na Europa, os soldados brasileiros ajudaram no processo de libertação da Itália, parcialmente dominada pelos alemães. No meio de tudo isso, estava Eduardo. “Vivi oito meses como defunto, como um morto. Em uma guerra, você tem que estar assim para não se preocupar. Se ficar preocupado com a sua vida, você morre. Vi centenas de mortes, defuntos jogados em valões. Guerra é uma desgraça, você não consegue imaginar o que é a guerra”, declara. Ele conta que sua função no campo de bata-

Eduardo afirma que foi fundamental viver a guerra cheio de sonhos lha era rádio operador e tira duas placas de metal do bolso. “Isso você usava no pescoço noite e dia, nunca tirava. Se morresse, um desse fazia o enterro e o outro chegava para a família. Nem para tomar banho podia tirar”. Ele revela que não sofreu nada fisicamente, nenhum ferimento. “Um dia, estava em um buraco muito apertado. Era tão apertado que precisei tirar o cinto de guarnição e deixar fora. Um morteiro acertou esse cinto”, lembra. Foram muitos momentos de tensão, todos ainda guardados na memória: “Os aviões

FEB Parte do grupo de militares brasileiros após a Segunda Guerra revistaon.com.br

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GENTE PERSONAGEM

CASAMENTO Dagmar e Eduardo estão juntos há 70 anos

LAR, DOCE LAR Com a família que cresceu a partir da filha Regina

sobrevoavam dias e noites direto. Uma vez, o nosso avião nosso estava voando na zona alemã. Eles o acertaram e caiu pertinho da gente. Quando caiu, pegou fogo, o piloto chegou sem fala. Quando tinha morteiro, era uma coisa louca. Você coloca a mão no ouvido por achar que está saindo sangue de tanto eco do

canhão. Hoje, quando ouço trovoada, me sinto até mal. Foram oito meses perto da morte”, relembra. No período, os momentos de alegria surgiam quando chegavam cartas da família. “Na guerra, é bom viver sonhando”, completa. A guerra chegou ao fim em 1945. “Quando acaba, você nasce outra vez”,

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diz. No entanto, ele revela uma história ouvida nos acampamentos: “Diziam que, se a guerra não tivesse acabado, estávamos prontos para ir ao Japão. Se fôssemos, não voltaria ninguém”. Após 12 dias de viagem no navio, todos os sobreviventes estavam de volta. “O Brasil não precisava ter participado da guerra.


GRANDE FAMÍLIA No registro, os familiares que chegaram a partir da filha Neide

O Exército tem 40 ou 50 divisões, fomos com apenas uma. Foi só para constar. Já chegamos, também, com uma situação bem melhor, no final da guerra”, analisa. A vida pós-guerra

Entre as cartas que recebia na Itália, algumas eram mais que especiais. Pouco antes de ser convocado para o Exército, Eduardo conheceu Dagmar, então com 14 anos, em Petrópolis. Foi uma paixão daquelas arrebatadoras, que nem mesmo uma guerra no meio da história seria capaz de destruir. Ao ser convocado para a guerra, Eduardo avisou à amada e ao sogro da partida. “Naquela época, enquanto ele esteve fora, não faltavam pretendentes. Muitos falavam para eu deixar de ser boba porque ele

DANÇA Um dos programas que fazem parte dos momentos de lazer

morreria por lá. Eu só ficava ouvindo, até que dei uma resposta assim: ‘se eu tiver que casar com você, vai ser. Se tiver que ser com ele [Eduardo], vai ser com ela, mas que vou esperar, isso vou’”, conta, aos risos, a esposa. Dagmar esperou por Eduardo e, quando ele retornou, se casaram após três meses. Estão juntos há 70 anos! Foram apenas duas filhas, Neide e Regina, mas a família cresceu rápido, com netos, bisnetos e tataranetos. Ele foi proprietário de bar e armazém em Três Rios depois da guerra, até ser nomeado fiscal do Ministério da Agricultura. Em 1980, reformou pelo Exército como segundo tenente. Cheio de energia, coleciona homenagens recebidas ao longo dos anos, inclusive o título de “mister glamour”, conquistado em eventos de dança da terceira idade, um hobby do casal. Dos tempos de guerra sobraram lembranças e uma amizade que ainda faz parte da rotina de Eduardo. Nas manhãs de terças e quintas-feiras, recebe a visita de Ubaldino Rodrigues Pires, de 94 anos, o outro expedicionário morador de Três Rios, também cheio de histórias para contar. Nos encontros, o jogo de baralho mantém as mentes sempre ativas. “Nós tínhamos 21 pracinhas na cidade, mas só restamos nós dois vivos. Em Petrópolis, que havia mais de 50, acho que estão apenas quatro. De Juiz de Fora, saíram mais de 200, hoje são 20 vivos. Acredito que 95% dos expedicionários já embarcaram”, finaliza esbanjando simpatia e bom humor. revistaon.com.br

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PUBLIEDITORIAL

RANKING ISTOÉ/AUSTIN RATING ELEGE

TRÊS RIOS ENTRE AS 50 MELHORES CIDADES DO PAÍS FOTOS DIVULGAÇÃO

Levantamento feito com todos os 5.570 municípios brasileiros elegeu as cidades mais bem sucedidas em mais de 500 indicadores

A

s práticas de gestão aplicadas em Três Rios acabam de receber mais um reconhecimento nacional. Após serem eleitas por duas vezes consecutivas pelo Sebrae como empreendedoras, elas colocaram o município no ranking “As melhores cidades do Brasil 2015”, lançado pela Editora Três. A Revista Istoé e a Austin Rating mapearam os 5.570 municípios brasileiros para o levantamento de dados socioeconômicos que permitissem, ao final, construir um ranking oficial das boas práticas desenvolvidas e aplicadas no país. Três Rios foi uma das 50 cidades premiadas, ao lado de outras como Congonhas (MG), Curitiba (PR) e Itajaí (SC).

“É no município que se forma a cidadania”, Gilberto Kassab, ministro das Cidades

A cerimônia de entrega dos prêmios aconteceu em São Paulo, na noite de 17 de setembro, e reuniu prefeitos, empresários, políticos e autoridades de todo o país e contou com as presenças do vice-governador de São Paulo, Márcio França, representando o governador Geraldo Alckmin, e do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, que falou sobre a importância de reconhecer as práticas de gestão que ajudam a

transformar o Brasil. “Aqui, através destes vencedores, podemos ver os avanços sociais e econômicos do povo brasileiro. É no município que se forma a cidadania”, afirmou o ministro. Já o vice-governador de São Paulo afirmou que o prêmio é uma honra muito grande. “Trata-se de uma homenagem justa para as pessoas que se sacrificam ocupando funções públicas tão difíceis”, disse Márcio França. O ranking “As melhores cidades do Brasil de 2015” está publicado no anuário da Revista Istoé que chegou às bancas de todo o Brasil no início de outubro. O levantamento inédito foi feito com base em quatro pilares principais: Fiscal, Digital, Econômico e Social. O economista chefe da Austin Rating, Alex Agostin, afirmou


KASSAB E FARAH O ministro das Cidades ao lado do prefeito de Três Rios

CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO José Ricardo e Vinicius Farah receberam o prêmio em São Paulo

EMOÇÃO O prefeito faz questão de dividir o prêmio com a população

que, para chegar aos indicadores, a Austin desenvolveu uma estrutura para analisar os números durante seis meses. Entre os índices analisados, Três Rios obteve destaque nos investimentos em Saúde e Educação, que credenciaram a cidade para estar entre as 50 melhores do país. O prefeito de Três Rios, Vinicius Farah, foi receber o prêmio junto ao vice-prefeito, José Ricardo Salgueiro, e destacou a importância de um estudo tão aprofundado. Para ele, os resultados

apontam municípios referências em determinadas áreas que passam a servir como modelos de gestão e, assim, influir de forma positiva no desenvolvimento do país e na qualidade de vida dos cidadãos. “É mais uma premiação que dividimos com os trirrienses. É um estímulo para continuarmos trabalhando cada vez mais. Com muita alegria, divido esse prêmio com cada trirriense que acredita que podemos buscar a excelência em pequenas e grandes ações. Divido, também, com toda

a equipe de governo e com a Câmara de Vereadores”, declarou o prefeito. Ele ainda lembrou que, até pouco tempo, o município era apresentado de forma negativa no cenário nacional, tendo sido, inclusive, citado na grande mídia como exemplo de um município que não oferecia perspectivas para sua população. “Estar entre as 50 melhores consagra nossas ações e nosso desafio de continuar crescendo e realizando, mesmo num momento crítico que o Brasil enfrenta”, afirmou Vinicius Farah.

AÇÕES DO GOVERNO EM 2015 - A FORÇA DO MUNICÍPIO DIANTE DE DESAFIOS - Realização de eventos como Carnaval; Centro-Sul Negócios e Festival de Dança; - Entrega dos 226 apartamentos no bairro Barros Franco - Programa Minha Casa, Minha Vida; - Inauguração da nova Biblioteca Municipal; - Inauguração do Parque Municipal e Deck para o rio Paraíba do Sul; - Reforma da Praça Manoel Pinheiro, na Vila Isabel; - Reforma da Praça da Jaqueira; - Reforma do Jardim de Infância Carlos Ribas; - Nova Praça no Triângulo, ao lado do Samu; - Reforma das Escolas municipais nos bairros Boa União, Monte Castelo e no distrito de Bemposta; - Inauguração do novo Samu, em sede própria; - Início das Obras do Canal de Drenagem de águas Pluviais, na entrada da Vila Isabel; - Inauguração do DPO de Bemposta; - Implantação do Sistema de Taxímetro no município; - Torre de celular em Bemposta; - Realização do 4º Concurso Público da atual gestão; - MEC e Ministério da Saúde aprovam a qualidade da Saúde no município para implantação da Faculdade de Medicina; - Conquista de novas grandes empresas - Yujin Railway Equipment e General Eletric, que vêm somar às 1.958 empresas abertas em Três Rios desde 2009; - Novos PSFs do Triângulo e Moura Brasil; - Investimentos no Saaetri na ordem de R$ 4 milhões em equipamentos e estações de tratamento e adutoras em vários pontos do município; - Decreto de Economicidade - com redução 20% nos salários do Prefeito, vice-prefeito e cargos de confiança; além de redução nos contratos de prestação de serviços; - Conquista do Prêmio Isto é “As 50 Melhores Cidades do Brasil”.


“FOI UMA GRANDE DESCOBERTA DO NOSSO GRUPO DE GENEALOGIA, MAS É MUITO TRISTE PARA NÓS DE TRÊS RIOS” POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

A pesquisadora trirriense Cinara Jorge fez uma descoberta que, quando foi divulgada, caiu como uma bomba na cidade. Parte da história local conhecida pode estar errada. Os restos mortais da Condessa do Rio Novo, que deveriam estar na Capela Nossa Senhora da Piedade, em Três Rios, têm grandes e reais chances de nunca terem saído de Londres, onde ela faleceu.

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ondessa do Rio Novo é mais que o nome da principal avenida de Três Rios. Mariana Claudina Barroso Pereira é considerada a fundadora do município. Ela doou terras da maior fazenda que tinha para os escravos libertos, ação tomada antes mesmo da Lei Áurea. “Ela se preocupou com o futuro dessa terra”, comenta Cinara Jorge. A pesquisadora, autora do livro “Pioneiros dos Três Rios - A Condessa do Rio Novo e sua gente”, conta como chegou à nova informação sobre o passado da nobreza trirriense.

De onde partiu a ideia de um possível furo na história da Condessa?

Quando estava escrevendo o livro “Pioneiros dos Três Rios - A Condessa do Rio Novo e sua gente” sempre estive baseada em documentos. Quando fui escrever sobre a vida da Condessa, descobri, no arquivo histórico do Itamarati, que ninguém nunca soube que ela tinha contratado uma mulher para ser sua dama de companhia na viagem até Londres. O cônsul do Brasil na Inglaterra solicitou que essa mulher, Isabel, fizesse uma carta para contar como foi a morte da Condessa. Ela conta tudo. Diz que levou a Condessa nas vésperas de morrer para assistir uma missa e confessar e que ela inalou clorofórmio para a cirurgia, que era o método de anestesia, mas não aguentou e faleceu. Escreve tudo o que aconteceu depois, até mesmo algumas passagens com o Dr. Randolpho Penna, médico e marido da sobrinha da Condessa que a acompanhou durante a doença. No entanto, ela não falou em que cemitério a Condessa foi enterrada. E ela saberia...

Sim, mas por algum lapso, não contou. Mais tarde, encontrei um jornal de agosto de 1885 dizendo que um navio havia trazido os restos mortais da Condessa e, como ninguém apareceu para receber, o comandante deixou a urna no armazém do cais do porto. Fiquei apavorada com isso. O Visconde de Entre-Rios, irmão da Condessa e já idoso, ficou muito bravo com essa notícia. Mandou uma carta para o jornal dizen-


GENTE ENTREVISTA

do que não sabia que os restos estavam sendo trazidos de Londres. Ele ainda diz assim “isso deve ser coisa daquele meu genro, Dr. Randolpho, com quem eu não me dou”. Logo depois, mandou buscar os restos mortais no cais do porto, então, a Condessa teria ficado três anos enterrada em Londres. Só dois anos depois, em 1887, o túmulo na Capela Nossa Senhora da Piedade ficou pronto e foram feitas as cerimônias fúnebres. Encontrei uma notícia no jornal de 1887 dizendo que, no momento das cerimônias, abriram o caixão e lá dentro só havia um esqueleto sem dentes e sem cabelo. Me apavorei com aquilo também. Procurei o Selmo Sabino, que foi médico legista aqui em Três Rios, e ele falou que, em sete anos, dentes e cabelos não teriam acabado. Naquele momento comecei a pensar em ir até Londres para descobrir onde os restos mortais ficaram antes de chegarem ao Brasil. Amigos do Colégio Brasileiro de Genealogia começaram a me ajudar na busca por documentos. Conseguimos o registro de óbito e, por meio do comandante Luiz Sérgio Vaz Pereira, da Marinha, até o manifesto de carga do navio que teria trazido os restos da Condessa. Não encontrou nada e me respondeu assim: “é impossível que uma nacional investida de um título de nobreza viesse de um continente a outro sem autorização do consulado”. Isso me corroía, não conseguia entender. Os amigos pesquisadores fora muito importantes nesse caminho?

Muito! E não chegávamos ao local onde ela teria sido enterrada. Até que lancei um pedido na nossa lista de genealogistas na internet. Pedi que alguém que fosse até Londres me ajudasse a pesquisar nos locais. Um amigo, diplomata, disse que mora em Londres, ele está na embaixada brasileira na Inglaterra. Contei a história para ele, trocamos muitas informações, até que, ao ligar o computador na manhã do dia 4 de setembro, tinha um e-mail dele. O assunto era “Ela está aqui”. Eu não consegui abrir, a emoção foi muito forte. Peguei aquele e-mail, fechado ainda, e mandei para a nossa presidente do Colégio Brasileiro de Genealogia.

Liguei para ela e pedi que lesse para mim. Ele dizia que havia encontrado a sepultura. Eu queria encontrar, mas pensava que encontraria datas de sepultamento e exumação. Mas na ficha só havia data de enterro, ele disse que não houve exumação. Fotografou a igreja ao lado, o cemitério, a entrada da catacumba, um corredor e o local do caixão dela. Está intocado. Então, até aquele e-mail, o objetivo era saber apenas o local em que ela foi enterrada antes de ser exumada?

Eu achava que encontraria o local que foi enterrada e exumada. Os ingleses são muito organizados, rigorosos, os registros são perfeitos. Esperava encontrar uma ficha de cemitério dizendo que ela foi enterrada em tal data e exumada em outra data. Não esperava encontrar uma ficha só de enterro, sem exumação. Reconheço que foi uma grande descoberta do nosso grupo de genealogia, mas é uma descoberta muito triste, principalmente para nós trirrienses, é uma decepção saber que nossa querida Condessa não está aqui. Isso transforma o seu livro?

Transforma porque, no livro, eu conto até essa parte do jornal que diz que não tinha cabelos nem dentes, deixo no ar essa questão como ficou para mim. Então, agora, em outra edição, vamos ter que contar essa história toda. Mas tenho que esperar a história terminar. A função do pesquisador termina aqui, com o encontro desses restos mortais. Agora, todo mundo pergunta quando vai vir e quem vai trazer. Mas isso eu não sei. Eu não posso, não sou descendente da Condessa nem investida de autoridade para fazer esse traslado, mas sei que o governo está interessado em fazer o translado. O próprio prefeito disse que isso é importante porque Três Rios não pode viver em cima de uma história que não existiu. O secretário de cultura também já disse que iria começar a tomar as providências. Não imediatamente para trazer a Condessa. O primeiro passo é examinar o que está enterrado na Capela Nossa Senhora da Piedade, saber se é ou não a Condessa. A Valdirene Ambiel revistaon.com.br

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GENTE ENTREVISTA

[arqueóloga] já se interessou por essa história e está para vir, ainda esse ano, e começar a fazer os trabalhos de identificação. Por que aconteceu essa confusão?

Prefiro dizer que não sei. Sem documentos, sem histórias. Como não tenho documento, prefiro dizer que não sei. Quando estudamos a vida de um personagem e seus familiares, você começa a entender a personalidade e o caráter de cada um. Então, de acordo com esses estudos, acabei conhecendo bastante essas pessoas envolvidas na vida da Condessa. Com isso, tenho minhas desconfianças, mas prefiro não dizer porque não tenho comprovações e é muito feio falar mal de morto. Ela deixou um testamento que, a cada nova descoberta, parece que foi menos cumprido...

A maior parte não foi cumprida. O que se observa que foi cumprido foi o que interessava financeiramente. Simples desejos dela, como deixar os restos mortais repousando juntos com os dos seus pais e do marido na Capela Nossa Senhora da Piedade não foram. Os restos do marido dela ainda estão no Rio de Janeiro, nunca foi providenciado esse traslado para cá. A Prefeitura já enviou um ofício para a Casa de Caridade pedindo para tomar a frente disso, mas ainda não teve resposta. Um simples pedido de uma mulher que fez tanto não foi atendido. Então, fico pensando assim: se não trouxeram o Visconde, que está ali no Rio de Janeiro, será que vão conseguir trazer a Condessa, que está lá no outro continente? Espero firmemente que sim, acho que pedidos de morto a gente tem que atender, principalmente quando são possíveis e tão simples. Sua relação com a Condessa ficou muito abalada após a descoberta?

Há dias que estou mais do lado de lá do que de cá. Penso nisso o dia inteiro. Sábado fui até a capela do Cantagalo e me surgiu uma ideia. A notícia que fala do esqueleto sem dentes e sem cabelos conta que o caixão era de zinco. Mas, o 20

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caixão que vemos lá é de madeira. Pode ter sido construído um caixão de madeira depois? Sim, mas não aquele, ele é mais novo. No mesmo momento, pensei onde estaria o túmulo do Visconde, irmão da Condessa. Ele está lá, mas não sei onde. Ele foi o último nobre a morrer, morreu aqui e ninguém queria gastar dinheiro com placa. Então, ou ele está junto com o pai, a mãe e a esposa ou junto com a Condessa. Talvez seja aquela urna que está lá, que não é do século 19. Assim que descobriu o fato, fez questão de contar para todos. Por que essa decisão?

Primeiro porque fiquei muito feliz. Segundo porque estávamos vivendo uma história que não existia. Terceiro porque o trirriense precisa saber quem foi essa mulher, o altruísmo, a visão que tinha, o despojamento. Como ela abraçou essa cidade, como foi boa para os escravos quando dividiu a fazenda em lotes. Acho importante para o povo trirriense saber quem foi a Mariana Claudina Barroso Pereira. Você chega na Argentina, eles sabem a história do país, falam sobre Perón, aquelas lutas, a tríplice aliança. Você chega em Portugal, todos os portugueses conhecem a história de dom Pedro, há estátuas dele. Em outros países que tive a felicidade de conhecer, a história é sempre muito lembrada. Não somos nada sem a nossa história, um país sem memória não tem futuro. Precisamos saber mais sobre nossa história municipal, estadual e nacional. Quais os próximos passos para o retorno dos possíveis restos mortais?

Depende das autoridades. Primeiro, precisa fazer o exame de DNA. Sabe que eu até torço para esse exame dar positivo, dizer que é ela que está aqui? Seria legal. O que eu tinha que fazer, já fiz. Consegui declaração do cemitério, foto do caixão. Pode ser que o caixão lá esteja vazio e que o cemitério esteja errado. Eu prefiro, sim, que nada disso tenha acontecido e que ela realmente esteja aqui, na capela.


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GENTE EDUCAÇÃO

O que uma língua uniu

só outra língua separa Se não falássemos a mesma língua, certamente já teríamos perdido um pouco da brasilidade que nos é própria e coletiva

Daniela Samira da Cruz Barros danielasamira@globo.com Linguista; pós-doutora em Sociolinguística e Dialetologia; pesquisadora e professora adjunta de Língua Portuguesa do Instituto Três Rios da UFRRJ.

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á levantamos aqui vários aspectos da variação da Língua Portuguesa, sobretudo do Português do Brasil, e já ficou claro que há que se extinguir, definitivamente, o preconceito linguístico, afinal, um brasileiro não pode ser estigmatizado porque fala “diferente” dos outros. Ao contrário, reconhecer essa diferença devia nos trazer orgulho ao vislumbrarmos que nosso país, de dimensões continentais, é muito rico em variação linguística e que, apesar disso, vivemos em paz. Paz? O que isso tem a ver? Sim, paz! Porque a língua pode unir ou separar os povos. Vejam o caso da Espanha, por exemplo, com uma língua oficial e três co-oficiais num mesmo - e nem tão grande quanto o nosso - território, onde catalães e espanhóis (só eles são?) não toleram sua divergência linguística e muitas vezes nem a variação trazida pelo visitante estrangeiro. Explico: experimente ir à Catalunha e falar castelhano ou ir à “Espanha” e falar catalão! Provavelmente não será muito bem recebido! Chega a ser inadmissível chamar (na prática, claro) de Espanha apenas parte do território e do povo que ali reside se se trata de uma mesma nação... então catalães, bascos e galegos não são espanhóis? Viram como a língua separa? O reino espanhol só continua unido porque ainda mantém a monarquia, concentradora, unificadora, soberana, neste caso. Agora vamos pensar no Brasil, um país com dimensões continentais e cheio de variação linguística. Mas aqui se fala a mesma língua, não são línguas diferentes! Isso mesmo, este é o ponto! Aqui se fala a mesma língua, de norte a sul, de leste a oeste. Ou seja, aqui, a

língua une os povos. Se não falássemos a mesma língua, já não seríamos uma nação tão grande em termos geográficos, não teríamos o que nos unisse do Oiapoque ao Chuí e, certamente, já teríamos perdido um pouco da brasilidade que nos é própria e coletiva. Então, o chiado carioca (“meixmo”, “seixta-feira”, “arroix” em vez de mesmo, sexta-feira e arroz) não deve ser estigmatizado, assim como o jeitinho mineiro de falar não pode ser visto como errado por encurtar as palavras (“mês”, “pó pô pó?” e “ó po cê vê” em vez de mesmo, pode por pó? e olha para você ver), o baiano não pode ser taxado de preguiçoso porque fala “mole” ou “cantado” e o goiano não pode ser chamado de caipira porque fala “meu amoR”, “caRne” ou “poRta” (com R mais marcado) e muito menos porque morre de saudades “du Goiás”. Toda essa variação deve ser motivo de orgulho para nós, brasileiros, e, por isso mesmo, deve ser respeitada em sua totalidade. Somos uma nação cuja língua única, em suas mais diversas variedades, reflete nosso vocabulário rico, nossa cultura múltipla, fascinante e tolerante! E reflete paz porque apesar da geografia extensa e da variação linguística, entendemo-nos de norte a sul, sem maiores dificuldades. A ortografia existe para manter única a variedade padrão de uma língua. Então, deixemos a fala variar livremente, sem preconceitos, degustemo-nos com nossas diferenças linguísticas, engrandecemo-nos com nossos falares (sotaques, dialetos), sejamos únicos na brasilidade e múltiplos nas variedades linguísticas. Afinal, o que a língua une ninguém separa.


INVASÃO DOS ROBÔS POR ANA PAULA BISSOLI

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Calma, é uma boa invasão! Alguns professores da região encontraram uma maneira de conquistar o interesse dos alunos pelas ciências exatas. Ao mesclar o ensino da robótica ao conteúdo tradicional, eles conseguem o maior envolvimento dos estudantes nas disciplinas. Além de mostrarem possibilidades para o futuro profissional, os projetos desenvolvidos já receberam prêmios.

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iver em um mundo onde robôs fazem parte do dia a dia é cada vez mais uma real possibilidade. O que parecia só ficção já é realidade em todo o planeta e, inclusive, em lugares que você nem possa imaginar, como Três Rios. Na cidade, equipamentos assim já são

concebidos e montados por jovens estudantes de robótica, que são apresentados à ciência dentro das salas de aula. Inserida no currículo das escolas de maneira interdisciplinar, a robótica apareceu como uma forma de deixar os alunos mais interessados no conteúdo regular das lições. Ainda é uma prática

restrita a poucos locais de ensino, como o Colégio Municipal Walter Franklin e o Centro Vocacional Tecnológico (CVT). A iniciativa partiu dos próprios professores das instituições, como Fabiano Pereira, que ensina física no C.M. Walter Franklin. De acordo com ele, não há orientação para ensinar robótica nos revistaon.com.br

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GENTE EDUCAÇÃO

colégios. “Por mais que a gente tenha robótica no nosso cotidiano, não tem nenhuma brecha para podermos trabalhar”. O que resta aos educadores é apresentar o conteúdo de maneira independente, em complemento às lições da grade escolar. “O que faço é à parte, não dou robótica nas minhas aulas, infelizmente. Gostaria muito que tivesse metodologia de ensino, de pesquisa, coisa que não tem na escola”, lamenta Fabiano. No ano passado, ele foi procurado por um grupo de oito alunos do ensino médio interessados em participar da Feira de Ciências, Tecnologia e Inovação (FECTI) no Rio de Janeiro. Mas, antes, eles precisavam passar em uma seleção municipal. O desafio era desenvolver um projeto na área tecnológica. Seis meses depois e com cinco integrantes a menos, o projeto estava pronto: um robô, uma plataforma autônoma, ou seja, sem o uso de controle remoto. A ideia era aplicar isso em algum lugar, que logo foi pensado. “O aeroporto já é uma coisa confusa. Mesmo com placas e sinalização, as pessoas têm dificuldade em se encontrar. Desenvolvemos uma plataforma em que você dá o comando, o destino que deseja ir, e ela guia você”, explica o professor. O grupo passou na seleção dentro da cidade e, em novembro, partiu rumo à

PROFESSORES Paulo e Rafael desenvolvem pesquisas e inserem a robótica nas aulas do CVT 24

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Os educadores apresentam o conteúdo de maneira independente, em complemento às lições da grade escolar feira estadual. Chegando lá, os alunos se viram entre outros jovens, alguns vindos de escolas particulares, outros de federais, mas nenhum estudante de colégio municipal como eles. Como se já não fosse um trunfo apenas o fato de superar todas as dificuldades e chegar à competição com um projeto de ponta, eles ainda conseguiram mais: o prêmio de primeiro lugar. “Foi surpreendente”, declara Fabiano que, apesar de já ter participado da FECTI e de tantas outras feiras, partilhou com os alunos a emoção da conquista. Além do prêmio, o resultado com a experiência não poderia ser mais proveitoso: um dos alunos que participou do projeto ganhador está cursando engenharia da computação com bolsa na Universidade Católica de Petrópolis e os outros dois cursam computação no Cederj. Para Fabiano, a maior conquista é ver os alunos já encaminhados na área que pretendem desempenhar na graduação, o que é o principal motivo de defender o ensino de robótica nas escolas. “Acredito que trabalhar com isso no colégio é super vantajoso. Com essa atitude, esta-

mos adiantando o horizonte, facilitando a escolha dos alunos com um contato inicial. O quanto antes puder mostrar a realidade para eles, melhor. Assim, já saem com uma bagagem maior na área científica e não passam aperto ao ingressarem em uma faculdade de ponta”, defende Fabiano. O mesmo pensa os professores Paulo Azevedo e Rafael Souza. Assim como Fabiano, os dois inseriram a robótica nos cursos que lecionam no Centro Vocacional Tecnológico. Eles consideram a área em crescimento e justificam isso, principalmente, pela diminuição do investimento financeiro com a empreitada. “É uma área promissora e ficou popular de dez anos para cá. Antigamente, para você trabalhar com robótica, tinha um custo inicial de R$ 2.000. Ainda é caro para o Brasil, porque tudo é importado, mas você já compra um kit por R$ 150”, explica Paulo. O kit citado foi o mesmo usado com os alunos no Walter Franklin. A diferença é que Paulo e Rafael conseguiram baratear ainda mais os projetos ao utilizarem materiais recicláveis como matéria prima dos robôs. Mesmo com apenas um ano, a iniciativa já deu resultados positivos. Segundo os professores, é perceptível a diminuição da evasão do curso. “Matérias muito teóricas, como cálculo e engenharia, têm uma defasagem muito grande e precisamos desses profissionais. Foi verificado que, em escolas que trabalham com o ensino de robótica entrelaçando com algo que eles devem estudar na parte teórica ou que vai ser importante pra formação deles, aumentou o nível de interesse e a capacidade de assimilação cognitiva”, afirma Rafael. E ele sabe o que está falando, afinal a mudança de metodologia será retratada no projeto de conclusão da pós-graduação do profissional. O professor Paulo Azevedo também conta com trabalhos na área. Além da graduação em informática, atualmente


MOTIVAÇÃO Fabiano com os alunos do Colégio Municipal Walter Francklin e o prêmio conquistado

desenvolve uma tese ligada à robótica no mestrado. Trata-se de um laboratório online com materiais didáticos disponíveis para qualquer pessoa acessar. “A ideia é tornar a robótica e todos os aprendizados

ligados à área mais próximos do ensino habitual nos colégios”, explica. A boa notícia é que o projeto já pode ser aplicado no ensino. Cerca de 60 professores do Cederj serão treinados por meio des-

te laboratório online. Isso significa que, em breve, os alunos terão mais professores capacitados a levar a robótica para as salas de aula. Segundo Paulo e Rafael, com mais professores lecionando robótica, é possível que mais alunos se interessem pela área. Eles acreditam que a ciência pode ajudar a solucionar a carência de profissionais na área de ciências exatas, algo que relacionam à falta de interesse e estímulo da disciplina nas salas de aula. “Na robótica, você consegue trabalhar com mecânica, eletrônica e informática ao mesmo tempo. Então, no mínimo, você está apresentando três áreas aos alunos, além de ser um trabalho desenvolvido em grupo, o que ajuda, inclusive, no mercado de trabalho”, defendem. E, ainda, há o encantamento inicial dos alunos, lembrado pelos professores como o responsável por despertar o interesse da classe. “Eles ficaram fascinados de pegar uma coisa obsoleta e dar vida a ela”, finaliza.

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GENTE COTIDIANO

NAS ONDAS DO

RÁDIO POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS REVISTA ON

Eles são apaixonados por rádio. Tão apaixonados que escolheram colocá-lo de vez na rotina. Se as vozes são marcantes e reconhecidas facilmente, seus rostos passam, muitas vezes, despercebidos nas ruas. Sempre em busca de informações úteis ao público, mantêm uma relação com ouvintes que apenas quem é radialista consegue explicar.

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ocê tem costume de ouvir programas de rádio? Seja pela internet, pela televisão ou até mesmo pelo bom e velho rádio [o original!], milhões de pessoas mantêm uma relação próxima com o veículo de comunicação. Ao longo dos anos, principalmente nas últimas décadas, o meio passou por grandes transformações, seja em relação ao conteúdo ou ao público e ao modo de comunicar. O rádio faz parte do cotidiano. Se não do seu, certamente de alguém que você conhece. Quais vozes mais marcaram sua relação com o rádio? Quais são os timbres inesquecíveis? Quem foi sua companhia no momento certo, mesmo sem saber? Se você acompanha ou já acompanhou programas de rádio em Três Rios, com certeza vai reconhecer algum dos nomes a seguir. Simone Assumpção, Guilherme Medeiros e Alexandre Mauro descobriram os prazeres de “olhar o rádio pelo lado de dentro”. A história de Simone com o veículo começou em casa. Filha de Odilon Gomes Assumpção, um dos mais conhecidos radialistas da história da cidade, ela ainda guarda os ensinamentos profissionais passados pelo pai. Simone assumiu os microfones pela primeira vez quando Odilon teve um problema de saúde. “Antes disso, já frequentava o programa dele aos sábados. Quando precisei assumir o programa, foi muito difícil, estava carregada por uma emoção. Ele pediu que eu fizesse porque não podia faltar o compromisso com os ouvintes”, lembra. A partir daquele momento, foram 17 anos seguidos na Rádio 3 Rios, emissora para a qual retornou há quatro anos. Ela conta que desde o início do antigo programa quis imprimir uma personalidade própria. “Meu pai sempre foi meu espelho para fazer rádio, mas precisava ter o meu estilo”, acrescenta, citando, também, ser admiradora de Hebe Camargo e que fazer teatro foi de grande importância para aprender a se virar ao vivo. A radialista sempre usou o bom humor para cativar o público e, com a intimidade criada com os ouvintes, coleciona histórias emocionantes na carreira. “Lembro de uma menina que ligou para minha casa e disse que ia cometer suicí-

dio. Ela era ouvinte e, como eu era sua companhia pelo rádio, entrou em contato comigo. Fiquei ao telefone com ela, conversando, até que consegui convencer a não fazer isso. Meu pai sempre dizia que temos que ter muito respeito pelo microfone, que pode ser um canhão ou uma rosa, milhares de pessoas te ouvem e guardam aquilo que você falou. Ele perguntava se eu queria mudar o mundo e, ao mesmo tempo, dizia que não conseguiria. Mas, casos em que conseguimos ajudar, são emocionantes”. O mesmo teatro que ajudou Simone a ter ainda mais desenvoltura nos microfones foi útil para Alexandre Mauro. Formado em torneiro mecânico, sempre gostou do rádio, mas não pensava em trabalhar nele. Quando estava morando em Juiz de Fora e queria voltar para Três

“Meu pai sempre dizia que temos que ter muito respeito pelo microfone, ele pode ser um canhão ou uma rosa”, Simone Assumpção

Rios, pediu uma oportunidade de estágio na Rádio Regional. “O Márcio Luiz me deu a oportunidade e acabei me apaixonando pela profissão”. Começou aos 19 anos, com programas musicais. Interrompeu a carreira quando passou a apresentar um programa de TV local e vender motos em uma concessionária. Mas o rádio falou mais alto e ele voltou. “Participava dos debates na 87 FM, até que fui convidado para comandar o programa provisoriamente e estou até hoje”, comenta. No retorno, conheceu de perto outra vertente da profissão. “Eu queria fazer uma coisa mais séria, acho que o rádio tem que comunicar, passar informação. O rádio precisa servir como utilidade pública, ter notícias locais. Ele sempre me fascinou por isso, pela possibilidade de comunicar com as pessoas.”, acrescenta. revistaon.com.br

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GENTE COTIDIANO

“As pessoas entendem o rádio como um companheiro”, Guilherme Medeiros

GUILHERME MEDEIROS Mudou-se para Três Rios com o objetivo de ficar seis meses e já está há dez anos

“Ele sempre me fascinou pela possibilidade de comunicar com as pessoas”, Alexandre Mauro

Alexandre não pensa em deixar novamente a profissão e ainda brinca com o motivo de não querer voltar para a TV: “Lida com imagem, vou ter que fazer exercícios, ficar magrinho, já o rádio não precisa disso”, explica aos risos. Para o programa diário que apresenta, ele precisa estar bem informado, mas garante que é difícil. “As informações chegam ao mundo todo, para todas as pessoas, em tempo real. Então, nossa responsabilidade aumentou, as pessoas já têm muitas informações até mesmo antes de nós e, algumas vezes, até ligam para nos corrigir”. Desde que voltou para o rádio, Simone também deixou o entretenimento e passou a fazer parte de um dos programas mais antigos da emissora. “É a mesma função que meu pai teve, durante muitos anos, ao lado do Luiz Carlos Silva. São tantas notícias sérias e difíceis que, durante o programa, tentamos dar outro dinamismo, descontrair com os ouvintes. Acredito que até mesmo o público tenha ficado mais jovem nos últimos anos. O que é importante saber é que as pessoas vão lembrar de você por muito tempo a partir das coisas que você fala ao microfone”. 28

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Guilherme Medeiros, dono de outra voz conhecida nas manhãs de Três Rios, descobriu o rádio quase por acaso, em Vassouras. “Quando criança, eu falava em ser caminhoneiro. Até que, certa vez, um locutor, amigo do meu irmão, ligou para minha casa para convidá-lo a participar de uma rádio comunitária. Falei que ele não estava e se poderia ser eu. Pedido feito e aceito. Estava com 16 anos e foi meu primeiro contato profissional com uma rádio. Era rádio comunitária, eu colocava músicas e falava entre uma e outra. Com o tempo, comecei a buscar referências para aprender mais”, lembra. Gostou tanto que, tempos depois, montou uma rádio própria. Quando

ALEXANDRE MAURO Já deixou o rádio por alguns anos, mas voltou à profissão

teve uma chance de atuar em uma rádio maior, em Três Rios, não perdeu tempo e aceitou o convite. “Tinha vaga na FM 107, larguei a rádio em Vassouras, larguei a família, os amigos e vim. Minha ideia era ficar seis meses para ter o registro profissional de radialista e voltar para a minha rádio. Mas esses seis meses já se transformaram em dez anos”. Desde o primeiro contato com o rádio, soube que era aquilo que gostaria de fazer por toda a vida. Quando mudou-se para Três Rios, a paixão ficou ainda maior. “As pessoas entendem o rádio como um companheiro. O povo trirriense é muito apaixonado pelo veículo, percebi isso assim que cheguei. O carinho do ouvinte é impressionante”, afirma. Ele ainda revela que é tímido em público, mas, quando está no estúdio, consegue falar para milhares de pessoas e não se incomodar. Além dos programas de entretenimento, Gui Medeiros era operador de áudio do programa comandado por Luiz Carlos Silva. “Aquele foi o momento que considero como divisor de


SIMONE ASSUMPÇÃO A paixão pela profissão surgiu em casa, observando o pai

ODILON Inspiração para a filha, foi um dos radialistas mais conhecidos da cidade

águas da minha carreira. Comecei a ter contato e conhecer muitas pessoas. Ainda tinha o Lulu, o contato diário, ver a forma como ele fazia rádio. Isso passou a me encantar. Ele fazia um editorial todos os dias que saía da cabeça,

não escrevia nada. Quando ele faleceu, foi meu pior momento profissional. O primeiro dia que cheguei e ele não estava foi difícil. Depois disso, outras pessoas assumiram o programa até que fui convidado para isso”.

Guilherme aceitou, embora com medo de não ter o que falar durante duas horas de programa. Hoje, consegue até ultrapassar o horário quando é possível. Aprendeu a ser âncora e fomentar debates no programa. Acredita no potencial de transformador social que o rádio tem. “Acho que o rádio precisa voltar a ser rádio, ele perdeu muito nos últimos anos, inclusive ouvintes. Consegue se aliar muito bem com outros meios de comunicação, mas perdeu a essência. Até mesmo na questão da música, precisamos descobrir novas formas de chegar ao ouvinte. As pessoas têm acesso fácil a todos as músicas que quiserem, então a música não é o que me traz ouvinte, é o conteúdo. É isso que precisamos buscar”, analisa. Há poucos meses, o rádio foi responsável por uma emoção muito particular na vida de Guilherme, dentro de casa. “Minha filha, de seis anos, me chamou e disse que tinha um assunto particular para falar comigo. Chegou perto e disse que quer trabalhar no rádio. Foi bom demais ouvir aquilo”, finaliza.

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GENTE OPINIÃO

CPMF novamente? POR ROBERTO WAGNER

Agora em meados de setembro, perdemos o nosso “grau de investimento”, deixamos de pertencer a um seleto grupo de economias confiáveis, pois o grau de investimento é um indicador de baixa probabilidade de calote da dívida pública.

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m meio a grave crise de receitas e aumento de despesas, a CPMF (Contribuição provisória - ou permanente? - sobre movimentação financeira) voltou a ser o foco principal do governo federal. Mais um novo tributo a sangrar o bolso do cidadão, para encher a caixa d’água furada do estado brasileiro. A carga tributária do Brasil em relação ao PIB (Produto interno bruto), segundo dados da OCDE (Organização para cooperação do desenvolvimento econômico), de 2012, era de 35,85% do PIB para uma população de 202 milhões de habitantes. É verdade que há países com carga tributária mais alta que a nossa, a citar França, 44,2%, com 65 milhões de habitantes, e Itália, com 42,9% com 65 milhões de habitantes, aproximadamente. Mas, quem já visitou estes países, sabe muito bem a diferença visível entre o serviço público que é prestado ao cidadão contribuinte em relação ao nosso pífio aparato protetivo estatal. Muitos dizem que o nosso país tem uma população muito grande se comparado aos países desenvolvidos, daí a alta carga tributária frente ao insuficiente retorno dos impostos no dia a dia do cidadão. Todavia, os EUA (Estados Unidos da América) possuem uma população de 313 milhões de habitantes (dados sempre aproximados) e uma carga tributária, segundo a OCDE, em 2011, de 25,1% do PIB, enfim, muito menor que a nossa. Alguém aí já visitou os EUA? É preciso desenhar? Ou estamos explicados sobre a qualidade de vida lá e cá? Agora, em meados de setembro, perdemos o nosso “grau de investimento”, ou seja, deixamos de pertencer a um seleto grupo de economias confiáveis, pois o grau de investimento é um indicador de baixa probabilidade de calote da dívida pública. O grande vilão da perda? O nosso desequilíbrio fiscal que consiste em gastar mais do que arrecadamos. Consequências? A citar uma como amostragem: deixar de fazer parte do portfólio de investimentos dos ricos fundos de pensão dos países desenvolvidos representa a diferença entre contar com um fluxo estável de recursos de longo prazo

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para os investimentos produtivos e ficar à mercê do capital especulativo e volátil de curtíssimo prazo. Sabe-se que os bilionários fundos de pensões não podem aplicar em países que estão fora do “grau de investimento”, portanto, inseridos “no grau especulativo” como acontece com o Brasil, atualmente. Desde 2008, pertencíamos ao seleto grupo, hoje, não mais. Evidente, se o governo é confiável, o setor privado também se beneficia com acesso a financiamento mais abundante e a um custo mais baixo. Países e empresas detentoras da nota máxima AAA (no grau de investimento) podem tomar dinheiro pagando juros baixíssimos, ao redor de 1% ao ano para uma operação com vencimento em dez anos. Para o Brasil, cuja nota foi rebaixada por uma importante agência de risco (Standard & Poor’s), a taxa para uma operação semelhante, feita em dólares, poderá chegar de 5% a 10% na captação de recursos estrangeiros. Sem captação de recursos externos, restou ao governo tentar meter a mão em nosso bolso, novamente. Felizmente, vozes autorizadas estão se posicionando contra mais um tributo (a CPMF). Destaco o Prof. Dr. Ricardo Lodi, coordenador do Mestrado e Doutorado da UERJ, que disse em sua página no Facebook: “Sou contra a CPMF pois as qualidades a ela atribuídas possibilitarão, no futuro, a tributação do ato de respirar, de andar na rua, ou de exercer uma profissão independentemente dos recursos daí originados. Tudo isso passaria a ser admitido diante de uma destinação nobre, cujo cumprimento é de difícil controle social. Sou contra a CPMF pois aprofunda o caráter regressivo do sistema tributário, em que os pobres são mais tributados do que os ricos. E mais desigualdade no Brasil não posso aceitar em nome do ajuste fiscal que não sacrifica o topo da pirâmide”. Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador de Areal/RJ, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio e advogado tributarista. rwnogueira@uol.com.br


Suruba de caquis POR HELDER CALDEIRA

Por aqui, confundimos liberdade de opinião com conhecimento

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limentar símbolos não é um fenômeno recente. O efeito simbólico é muito mais poderoso que qualquer outro artifício real. Comunicar esses símbolos com isenção e dignidade é o grande desafio desta primeira metade do século XXI. Tarefa difícil, especialmente num tempo quando o acesso maciço às redes sociais tirou o ser humano do armário e concedeu-lhe a fulgência do direito à opinião. No entanto, aquilo que poderia ser um grande passo para o desenvolvimento intelectual, em países como Brasil revela-se a mais retumbante vanguarda do atraso. Por que me refiro especificamente ao Brasil? A resposta é simples: por aqui, confundimos liberdade de opinião com conhecimento. Nossa fraqueza de caráter e de convicções, nossos achismos beócios, conseguiram transformar o número de visualizações, curtidas e compartilhamentos em fatores determinantes do que é ou não é realidade. Até o ilustre jornalismo brasileiro está cedendo a manchetes de duvidosa credibilidade - mas, de grande impacto entre os seres conectados - e vendendo caqui por tomate na feira livre da comunicação. É bom deixar claro: o achismo é pior que a ignorância. Muito pior, devo dizer. Vejamos o caso atualíssimo do êxodo muçulmano para a Europa. A primeira - e óbvia - reação dos líderes europeus foi a rejeição. Temendo impactos econômicos e sociais e assombrados pela maré montante do terrorismo, endureceram as regras para concessão de asilo aos refugiados, imediatamente seguidos pela maioria dos países de outros continentes. O vertiginoso crescimento do tráfico humano e o naufrágio diário de barcos superlotados não foram suficientes para sensibilizar os europeus, tampouco o resto do mundo. O que faltava? Era preciso um símbolo a ser cravado nas páginas da História da Humanidade. Ele veio na manhã do dia 03 de setembro de 2015, quando a jornalista turca Nilüfer Demir fotografou o corpo do menino sírio de três anos de idade morto nas areias da praia de Bodrum. Em questão de minutos, a imagem comoveu o mundo. Ao redor do planeta, os semideuses do poder, travestidos de arautos humanitários, utilizaram os veículos de comunicação para exigir dos países europeus a abertura de suas fronteiras. Até o Papa argentino entrou na onda e disse que iria garantir asilo aos refugiados. Mas, deixou claro: apenas duas famílias seriam abrigadas nos 440.000 m² do Vaticano, pois, no mundo

em que vivemos, discurso é uma coisa e realidade é outra. Por aqui, o assunto ficou resumido às lágrimas. Nenhum veículo de comunicação teve a decência de esclarecer que a origem desse catastrófico êxodo está na manutenção do poder de ditadores facínoras na África e no fracasso absoluto do Oriente Médio por conta do fanatismo religioso de seus povos e governantes. Talvez seja um mea culpa, afinal, o esquerdismo de botequim do Brasil é grande financiador dessa barbárie. Assinamos tratados de cooperação com os partidos socialistas árabes de Bashar al-Assad (Síria) e Saddam Hussein (Iraque); Lula festejou acordos babilônicos com os lunáticos Mahmoud Ahmadinejad (Irã) e Muammar Gaddafi (Líbia); e foi a presidente Dilma Rousseff quem perdoou a dívida de R$ 2 bilhões de 12 ditaduras africanas companheiras, além de propor relações diplomáticas com os terroristas do Estado Islâmico. Com nauseabunda desfaçatez, os brasileiros compartilharam a foto do menino sírio, chorando sua morte e culpando a Europa pela desgraceira. Memória fraca, esqueceram que há alguns meses o país do carnaval celebrou o sanguinário ditador Teodoro Obiang e sua Guiné Equatorial, que lidera os rankings de tráfico humano, trabalho escravo e exploração sexual. De lá, milhares estão fugindo em busca do eldorado europeu. Mas, na Marquês de Sapucaí, o disfarce bem pago transformou o sangue africano derramado em belíssimos carros alegóricos coloridos, plumas brilhosas e a vitória da escola de samba Beija-Flor. Disso, ninguém lembra, né?! Desinformação e canalhice: 10, nota 10! O simbolismo que carregava a imagem daquela criança inocente morta na praia turca mudou os rumos da História. Se para melhor ou pior, só tempo será capaz de revelar. Fato é que, todas as vezes que o ser humano permitiu o exílio da razão pela força de símbolos dramáticos, o final foi terrível. Nosso estúpido espetáculo de achismos transformou a tragédia em excrescente proselitismo ideológico. Nossos jornais, revistas e telejornais, cínicos e irresponsáveis, venderam ao público faminto uma suculenta salada de tomates. Infelizmente - e garantindo aqui uma manchete de simbolismo brutal - era apenas uma suruba de caquis. Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista e colunista do portal Revista On. É autor dos livros “A 1ª Presidenta” e “Águas Turvas”. helder@heldercaldeira.com.br

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GENTE OPINIÃO

O direito do trabalho brasileiro e a “proteção” ao trabalhador POR DELTON PEDROSO BASTOS JR

O empregado, na verdade, faz um empréstimo ao Governo, que aplica uma atualização irrisória sobre tais valores

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sses dias são de incrível turbulência econômica e política e, vendo os pacotes de medidas do Governo para tentar diminuir o déficit público, vi, entre uma delas, a recriação da CPMF, com seu direcionamento para a previdência, já que esta, segundo o próprio Governo, estaria “quebrada”. Em razão de tal fato, me lembrei de uma leitura que fiz junto à página do Facebook “Geração de Valor”, onde um empresário brasileiro, que atualmente mora nos EUA, traça parâmetros entre a legislação trabalhista brasileira e a americana, demonstrando que, apesar dos direitos trabalhistas naquele país serem infinitamente menores que os brasileiros, todos os dias, milhares de imigrantes, inclusive de nosso país, cruzam a fronteira buscando melhores oportunidades de trabalho, sem se importarem com a atividade que será desempenhada e, muito menos, com o protecionismo do Estado. Não estou fazendo nenhum tipo de defesa de um lado ou outro, mas minha formação voltada para a advocacia empresarial me faz ter mais experiência na visão do empresário, que é massacrado pelo Governo com a enorme carga tributária e tem seu poder de concorrência violado em razão da gama de encargos sociais e trabalhistas que deve responder mensalmente. Dois dos pontos mais interessantes são exatamente a previdência “quebrada” e o FGTS, sendo que ambos geram encargos mensais tanto ao empregador quanto ao empregado. Neste 32

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ponto entra a pergunta: Como assim do empregado, já que o empregador é responsável pelo recolhimento da maior parte do INSS e pela integralidade do FGTS? Na verdade, esse é um grave engano do trabalhador, já que a realidade dos fatos é que tanto o percentual do INSS do empregador quanto o FGTS são parcelas que o empregador deixa de repassar ao empregado, já que tem que as recolher ao Governo. Ou seja, o empregado, na verdade, faz um empréstimo ao Governo, que aplica uma atualização irrisória sobre tais valores, ao passo que, com relação ao INSS, a grande parte dos trabalhadores sequer sabe se conseguirá um dia receber em decorrência da grande mudança que vem ocorrendo na Legislação Previdenciária. Somente a título de curiosidade, o saldo de FGTS é atualizado com base na TR (acumulado 2014 em 0,8592%) acrescida de juros de 3% ao ano. Ou seja, enquanto o FGTS rende 3,8592% ao ano, a poupança rende 7,02% (acumulado 2014). Talvez fosse a hora dos trabalhadores brasileiros se erguerem contra os excessivos encargos trabalhistas e sociais que impedem o crescimento dos empregos e da produção industrial para que, finalmente, deixem de ser os financiadores do Estado e passem à condição de realmente protegidos. Delton Pedroso Bastos Junior é advogado, sócio-fundador da Bastos Juris Advocacia e membro da Associação Brasileira dos Advogados Tributaristas. deltonbastos@bastosjuris.com.br


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FLĂ VIO DUARTE

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MAIS MÉDICOS POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

É quase impossível encontrar um trirriense que não conheça ao menos um dos profissionais que estão na foto. Em homenagem ao dia do médico, quatro deles, que fazem parte da história da medicina em Três Rios, estão reunidos para contar a rotina da profissão, as evoluções técnicas e procedimentos e os momentos mais marcantes vividos com a medicina.

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encontro dos quatro médicos para as fotos que ilustram a capa e as próximas páginas foram feitas na noite de uma quarta-feira. O primeiro a chegar foi Renato. Logo em seguida, Ivson. Pouco tempo depois, Rodolfo se juntou aos colegas e, por fim, Nilson completou o time. Não parecia, mas todos estavam no fim de um dia cheio de atendimentos, seja em consultórios ou hospitais. Em um ambiente com quatro médicos, assuntos relacionados à profissão seriam naturais. E aconteceram. No entanto, quando são médicos e conhecidos de longa data, os assuntos logo ganham leveza. Passam da medicina para o futebol em questão de segundos. Perguntam sobre o jogo da noite e fazem avaliações rápidas de times e jogadores. Se a profissão é cheia de tensões cotidianas, eles sabem como, quando e onde aliviá-las. Já havia entrevistado todos antes da sessão de fotos. Para confirmar, pergunto ao Ivson se ele é o mais novo do grupo. Ele confirma, mas Renato não perde tempo em completar a informação: “E eu sou o mais velho. Mesmo assim, sou o único que não tem cabelos brancos”, conta, garantindo os risos de todos para, logo em seguida, também contar que foi quem mais passou por intervenções cirúrgi-

cas. Entre cada sequência de fotos, eles conversavam, brincavam e recordavam momentos vividos juntos. Foram muitos momentos e histórias! Naquele estúdio [e aqui nas páginas] estão reunidos alguns dos mais importantes profissionais da saúde que fazem parte da história de Três Rios. Cada um com sua especialidade, todos têm em comum o fato de dedicarem grande parte da carreira à população da região, inclusive com encontros frequentes no Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição. Alguns são pioneiros na área, outros contam que não puderam acompanhar de perto o crescimento dos filhos. Alguns são filhos da terra, outros adotaram a cidade e por ela foram adotados. Em quatro histórias, que muitas vezes se encontram, estão profissionais reconhecidos por milhares de pacientes. A palavra medicina tem, em sua origem, outra que significava “saber o melhor caminho”, exatamente um consenso entre os quatro médicos. Cada um sabe que não é capaz de oferecer milagres, mas faz o possível para cada paciente com o conhecimento adquirido e os equipamentos disponíveis. Renato Muniz, Nilson Arêas, Rodolfo Martello e Ivson Ribas estão nas próximas páginas e contam os prazeres e desafios da profissão escolhida, além de dividirem as lembranças de momentos marcantes vividos na carreira. Com isso, mostram que, mais que apenas médicos, são seres humanos que descobriram a missão de salvar vidar. revistaon.com.br

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FLÁVIO DUARTE

GENTE CAPA

Renato Muniz

Ortopedista Médico há 42 anos

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ascido em Campos e criado em Niterói, encontrou aquela que seria sua esposa e companheira de toda a vida em Cantagalo e optou por Três Rios para exercer a profissão escolhida ainda muito cedo e formar a família. Sempre quis ser médico. “Ou jogador de futebol profissional”, completa. Iniciou os estudos em 1967, na Universidade Federal Fluminense. A decisão pela ortopedia surgiu por volta do terceiro ano de faculdade. “Sempre pensei muito nessa área por causa do trauma, do esporte. Como sempre pratiquei, convivi muito com lesões esportivas, então já estava focado em seguir nessa especialidade”. O período de residência médica, ainda em Niterói, foi de grande aprendizado. Renato estava no lugar certo e no momento certo para aprender tudo o que fosse possível. “Peguei a época da construção da ponte Rio-Niterói, ninguém faz ideia dos acidentes de trabalho em uma obra como aquela. Eram três ou quatro kombis cheias de pacientes todos os dias que chegavam ao hospital. Nosso plantão era só de 12 horas, ninguém aguentava plantão de 24 horas. Fazia quatro ou cinco cirurgias por plantão. Foi uma grande escola de traumatologia, tudo o que você pensar em trauma, vi ali”, recorda. A mudança para Três Rios aconteceu em novembro de 1975, quando estava casado há apenas cinco meses. A cidade só tinha um ortopedista e Renato foi convidado para atuar como médico da Previdência Social. Trabalhava no hos-

pital da Polícia Militar, em uma clínica e havia acabado de passar em um concurso para ser professor. Mesmo assim, tomou a decisão de mudar para o interior. “Foi um desafio, mas é uma decisão que você precisa tomar para se desvincular de coisas que limitam sua profissão. Se eu continuasse em Niterói, não teria asa própria. Vim para voar sozinho”, resume. Quando chegou, encontrou mais um desafio no setor de emergência. “Peguei o período das obras da BR-040, era outra loucura. Nessa época, só havia eu e o Olavo [Torreão] de ortopedistas para atender uma grande demanda. Pegamos acidentes grandes, nos dividíamos, com os enfermeiros, entre a sala de cirurgia e o ambulatório, durante dez horas seguidas. Se você perguntar qual fratura de qual osso nunca tratei, acho que não tem”.

FORMATURA Registro da dança com a mãe, Zuleica, que acompanhou toda a jornada

CASAMENTO Ao lado de Janne, que conheceu quando ainda estava na faculdade

PIONEIRO Renato foi um dos primeiros ortopedistas do Estado a usarem a artroscopia

Se você perguntar qual fratura de qual osso nunca tratei, acho que não tem”

“Precisamos saber que somos seres humanos, não somos Deus” 38

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Além dos plantões no hospital, continuou como médico da Previdência, atendeu na Casa de Saúde Santa Isabel [o mesmo lugar onde está o atual consultório] e criou, com amigos médicos, o Centro Clínico. Além disso, ainda foi professor em Vassouras Os plantões, com o passar do tempo, foram reduzidos e tomou, há poucos meses, a decisão de parar definitivamente com as cirurgias. “O estresse é muito grande. Salvar a perna, salvar o braço, salvar a vida, foram muitos casos. Quando chegam, temos que tomar decisões naquela hora, não dá tempo de pensar duas vezes. É desafiante, mas muito gratificante ver a situação, tomar decisões importantes e, tempos depois, ver a pessoa reestabelecida. Agora parei com a medicina de urgência, não só pela exigência dela, mas pela minha condição física. No entanto, faria tudo novamente”, afirma. Renato Muniz acompanhou de perto da evolução das técnicas utilizadas e sempre teve facilidade para coloca-lás em prática. “A cirurgia por vídeo foi uma revolução”, comenta. Lembra que, quando estava na faculdade, ainda não havia tomografia e foi um dos primeiros ortopedistas do estado a realizarem cirurgias artroscópicas. “Foi uma grande revolução, mas, vale lembrar, antes não fazíamos com monitor e câmera, era no olho. Quando comprei o aparelho, em São Paulo, cheguei em casa falando com a minha esposa que naquela maleta estava o novo Volkswagen, pelo preço que tinha na época”. Mesmo com as evoluções, ele acredita que novas pesquisas, tratamentos e equipamentos ainda vão

PRIMEIRA NETA Renato e Janne com Luísa

EM FAMÍLIA Festa ao lado dos filhos Gustavo, Roberta e Leonardo

proporcionar mais conforto aos pacientes. Em uma conta rápida, chega à conclusão de já ter atendido muito mais que 200 mil pessoas ao longo da carreira. No contato com o paciente, ele garante que é importante transmitir segurança. “A relação precisa ter certo jogo de cintura e, com o tempo, aprendemos. Precisa haver empatia, ele entrega a vida em nossas mãos. Quando você trabalha em emergência, o objetivo é resolver os problemas, fazer tudo o que estiver ao alcance, mas precisamos saber que somos seres humanos, não somos Deus. Os familiares dos doentes também precisam entender isso. Na medicina, há duas situações problemáticas: ou você fica humilde demais ou você fica achando que é Deus, e isso é um perigo. A única diferença do médico para o paciente é que nós estudamos coisas diferentes”, analisa. Após 42 anos de profissão, Renato acredita que há uma hora para parar, mas não sabe quando ela chegará. “O cansaço chega e o problema é que você perde o elã, a dedicação que o paciente precisa. Quando você deixa de poder se dedicar como a profissão exige, é hora de parar. Ainda não chegou, mas não está muito longe. São 42 anos direto e, como vejo que há colegas mais novos fazendo bem feito, sei que a população continuará bem atendida. Chega uma hora que é para cuidar dos netos”, brinca. Renato formou, com a empresária Janne Sauerbronn Muniz, uma família com três filhos, Leonardo, Gustavo e Roberta, e, hoje, duas netas. Com Leonardo, aliás, que é cirurgião plástico, Renato já dividiu por algumas vezes o espaço no centro ci-

AVÔ Maria Antônia e Luisa tomam conta dos fins de semana de Renato

rúrgico. “Mudar para Três Rios foi bom até para acompanhar meus filhos crescendo. Conseguia levá-los e buscá-los na escola quase todos os dias, coisa que seria impossível se continuasse na cidade grande. Consegui exercer a profissão com uma base familiar muito boa, minha esposa sempre deu forças quando precisei, sempre esteve junto comigo”, confessa. Feliz com a profissão e com a família, precisou parar com o futebol, que o acompanhou durante toda a vida, após uma cirurgia na coluna. Renato fez parte até do time da Polícia Militar, jogou no Maracanã e foi artilheiro do campeonato de veteranos de Três Rios. Vascaíno nos bons e maus momentos do clube, ele descobriu um novo prazer: a gastronomia. “Sempre gostei, agora estou começando a me envolver mais. Médico tem a mão boa”, finaliza. revistaon.com.br

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FLÁVIO DUARTE

GENTE CAPA

Rodolfo Martello Neurologista Médico há 40 anos

A

s paredes cheias de quebra-cabeças montados já denunciam: naquele consultório há alguém que tem a atividade como hobby preferido. Encaixar peças para formar as imagens é o passatempo preferido de Rodolfo Martello. Petropolitano, filho de um bancário e uma dona de casa, tem cinco irmãos e a vocação para a medicina começou a ser despertada a partir das observações do trabalho do tio, o ginecologista e obstetra João Fidélis, um dos fundadores da Casa de Saúde Santa Isabel, em Três Rios. Já a escolha pela neurocirurgia e neurologia, ele não tem explicação, simplesmente aconteceu. Formado na UFF em 1975, logo foi convidado para trabalhar em Três Rios, na Casa de Saúde Santa Isabel, onde iniciou sua atividade realizou aquela que pode ter sido a primeira neurocirurgia de tumor cerebral na cidade. A partir de 1978, entrou para o corpo clínico do Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde mantém atividades até hoje. A vida profissional do médico ficou dividida, durante 30 anos, entre Três Rios e Petrópolis. No período, acompanhou as evoluções proporcionadas pela tecnologia que transformaram completamente a medicina, principalmente na sua área de atuação. “É como comparar a medicina de antigamente com o telefone que ficava preso à parede. Tudo se transformou, a evolução foi gigantesca”, comenta. Ele ressalta que, em Três Rios, ainda

A medicina representa minha vida, eu vivo dela o dia inteiro”

“Com a evolução da medicina, conseguimos ter diagnósticos mais claros e certos” 40

Revista On Outubro & Novembro

NOVA FASE Os netos aproveitam cada momento livre ao lado do avô

FORMATURA Rodolfo cursou medicina na UFF, em Niterói

há coisas que não consegue fazer por falta de infraestrutura e tecnologia de ponta, mas já houve evoluções grandes com a tomografia, ressonância magnética e unidade de terapia intensiva, por exemplo. “Apesar dessas deficiências, conseguimos resolver a maioria dos problemas relacionados a trauma craniano e raquimedular, tratamento dos aneurismas cerebrais, tratamento dos tumores cerebrais, hemorragias cerebrais e AVC”, afirma. Quando começou a atuar profissionalmente, ele lembra que havia dificuldade até mesmo em fazer diagnósticos. “Havia grandes dificuldades na área. Com a evolução da medicina, principalmente na área de neuroimagem, conseguimos ter


FILHOS Rafael, Ricardo e Rodrigo escolheram profissões na área da saúde

diagnósticos de problemas que, antes, não sabíamos o que eram. Muitas vezes, o paciente ficava sem um diagnóstico definitivo, sendo só comprovado, muitas vezes, na autópsia. Então, essa revolução tecnológica representa um avanço enorme”. Até hoje, Rodolfo está constantemente de sobreaviso e pode ser chamado a qualquer hora do dia ou da noite para uma emergência no hospital de

CASAMENTO O médico ao lado da esposa, Ana Maria Pessoa

FAMÍLIA Mesmo com as ausências pela rotina da profissão, os filhos e a esposa sempre apoiaram Rodolfo

Três Rios. “A rotina cansa. Mas, enquanto tiver pique e vontade de fazer o que gosto, vou continuar. Não estou pronto para o dia de parar, esse pensamento é muito distante” ,acrescenta. Mudar para Três Rios em 1975 foi uma decisão certa, Rodolfo acredita. Apesar de todas as dificuldades encontradas, conseguiu desenvolver o serviço de neurocirurgia e neurologia no HCNSC, sendo considerado um centro de referencia para região. A escolha pela medicina também é outra decisão sem arrependimentos. “A medicina representa minha vida, eu vivo dela o dia inteiro. Muitas vezes a família reclama da falta de assistência, a maioria dos médicos conhece bem essa reclamação. Fiquei por anos seguidos sem tirar férias, ultimamente consigo tirar 10 ou 15 dias. Se não fosse a paixão, já tinha parado há muito tempo. Tem que fazer o que você gosta, do contrário, você desiste rápido”. Rodolfo teve, com Ana Maria Pessoa de Souza, três filhos que, mesmo conhecendo de perto os desafios da profissão, decidiram seguir carreiras na área da saúde. “O Rodrigo fez cirurgia plástica, Ricardo faz parte de emergência e UTI e o Rafael é dentista, seguiu área de saúde pública. Talvez tenham seguido por verem o pai trabalhando e, hoje, entendem, com seus filhos, os motivos da ausência do pai no passado”. No consultório, Rodolfo recebe, principalmente, pacientes com queixas de dores de cabeça. No entanto, uma curiosidade: ele raramente sofre com tais dores. “É uma doença praticamente mundial e, na maioria

dos casos, não é de origem orgânica, mas de origem funcional, do estresse do dia a dia”, explica. Além disso, ainda revela existir, com frequência, as confusões de pacientes e médicos em relação às atribuições dos neurologistas e psiquiatras. “Muitos pacientes que chegam ao meu consultório apresentam problemas de ordem comportamental, que deveriam ir ao psiquiatra. No entanto, dizem ‘mas eu não sou maluco’ e, por isso, chegam ao neurologista. A neurologia trata mais das lesões estruturais do cérebro, já a parte comportamental fica com a psiquiatria, mas muita gente ainda não consegue separar”, explica. Ao analisar a carreira construída, Rodolfo Martello sente-se satisfeito. “Consegui chegar em um patamar bastante aceitável do desenvolvimento, de poder ajudar a resolver os problemas dos pacientes. Na maioria das vezes acertamos, algumas vezes erramos e, com os erros, procuramos avaliar o que ocorreu e corrigir para evitar que aconteça novamente . É importante ressaltar que a medicina não é uma ciência exata, são muitas as variáveis em jogo no atendimento de um paciente, principalmente nas áreas de maior complexidade, como neurologia e neurocirurgia. Falhas acontecem. É como no futebol: você treina para acertar um pênalti, mas erra em alguns jogos. Até os melhores erram pênaltis. Quando escolhi a medicina, sabia que seria assim. Medico não é Deus e, portanto, está sujeito às falhas. O importante é saber reconhecer os possíveis erros e tenta corrigir”, finaliza. revistaon.com.br

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FLÁVIO DUARTE

GENTE CAPA

Nilson Arêas

Angiologista Médico há 38 anos

O

tempo ensinou uma lição importante que Nilson faz questão de transmitir: “O médico precisa chegar ao paciente. Não existe consulta de dois minutos, é fundamental ouvir, conversar, o paciente tem muitas coisas a dizer. Sou do tempo em que não tínhamos exames para fazer diagnósticos, então aprendemos a escutar”. Trirriense, filho de Nelson e Nair Arêas, faz questão de dizer que os avós Manoel e Umbelina Araújo foram seus “pais orientadores”. Aos 10 anos, já trabalhava na sapataria do pai, o que considera importante para sua formação. No entanto, a vocação de Nilson não era para o comércio, mas para a medicina. O curso e a especialização foram feitos em Juiz de Fora, mas ele sempre teve o objetivo claro de voltar para a cidade natal. A escolha pela angiologia e cirurgia vascular aconteceu quando ele se aprofundou na doença que acometia o avô. Em paralelo, encontrou o médico que o tratava como professor da universidade. “Falo que a especialidade me escolheu. Foi a escolha certa, repetiria o mesmo trajeto”, afirma. Para

Construir uma carreira de quase quatro décadas só foi possível com o apoio da minha família”

“Falo que a especialidade me escolheu. Foi a escolha certa, repetiria o mesmo trajeto” 42

Revista On Outubro & Novembro

COM ARTHUR O neto é o mais novo xodó do médico

ESPECIALIDADE Nilson diz que a angiologia o escolheu durante o curso

explicar a especialidade, ele compara o aparelho circulatório do corpo com o encanamento de uma casa. Ao voltar para Três Rios, Nilson tornou-se o único na especialidade para atender a população. Encontrou no Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, onde está há 36 anos, o lugar certo para ajudar pessoas. “Nós quatro nos encontramos em muitos plantões. Sem esse hospital, certamente nossas carreiras seriam bem diferentes. Para uma cidade de interior, era um privilégio ter profissionais de especialidades que são raras, isso já antes da década de 1980”, pondera. Ele sente-se privilegiado por fazer parte de uma geração que conquistou a maior evolução tecnológica de todos os tempos. O computador, a ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética proporcionaram um grande salto no conhecimento do mundo científico. “Na época que formei, não tínhamos acesso aos livros de fora do país. Só conseguíamos quando alguém viajava e trazia para copiarmos. Hoje, assino revista americana e leio pelo computador ao mesmo tempo em que o mundo inteiro”, analisa. Embora esteja sempre


aberto a colocar em prática as novidades, ressalta a importância de ter vivido a medicina sem as tecnologias atuais. Durante 30 anos, Nilson foi o único angiologista e cirurgião vascular no hospital do município. “Isso em um período que havia muito mais emergências para a especialidade. Hoje diminuiu bastante porque as rodovias melhoraram, o número de acidentes é menor”. Com tamanha demanda, foram constantes as ausências de casa, até mesmo nos finais de semana. “Mas eles sempre entenderam. A medicina é fundamental na minha vida, é uma paixão, mas construir uma carreira de quase quatro décadas só foi possível com o apoio da minha família”, diz Nilson. Com orgulho, ele ainda conta que está com a companheira de todos os momentos da vida, a psicanalista Zilene Torno Arêas, sua “eterna namorada”, há quase 50 anos. Embora ainda tenha uma jornada de trabalho diária de 12 horas, entre consultório, Hospital de Clínicas e HTO Dona Lindú, ele já consegue mais tempo com a família aos finais de se-

ETERNA NAMORADA Nilson e Zilene completam 50 anos juntos em 2015

EM CASA O angiologista com a esposa e o casal de filhos, Paloma e Hugo

mana. “No hospital, ampliamos o serviço de angiologia e cirurgia vascular para, também, endovascular, graças às presenças dos médicos Paloma Arêas e Diogo Leite. Já realizamos as cirurgias por via endovascular dos mem-

bros inferiores, diminuindo muito as cirurgias abertas”, ressalta. O sobrenome igual já denuncia o parentesco. Paloma é filha de Nilson. “Trabalhar com ela é uma benção. Sou muito feliz e gratificado por ter alguém da minha família que escolheu a mesma especialidade. Foi até uma surpresa, não imaginava que ela seguiria esse caminho e, hoje, também aprendo muito com ela. Nosso outro filho, o Hugo, seguiu para outra área, é um ótimo engenheiro elétrico e já nos deu um neto, o Arthur”, diz emocionado. Com hábitos simples, Nilson pratica tênis há quatro anos e conta ter uma boa coleção de músicas em casa, que vai de MPB ao clássico, passando por jazz e chorinho. Ele ainda cita Miguel Couto ao definir a profissão escolhida: “Ele diz que, na medicina, às vezes curamos, frequentemente aliviamos a dor, mas o objetivo maior é consolar. Todo paciente precisa de muita atenção”. Com isso, parar de exercer a medicina é algo que nem chega perto dos pensamentos... “Com os anos, a resistência física diminui, mas o nível de conhecimento e de experiência é muito grande. Então, é um desperdício enorme parar, isso é uma paixão. É gratificante poder ajudar o nosso semelhante”, finaliza. revistaon.com.br

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FLÁVIO DUARTE

GENTE CAPA

Ivson Ribas

Urologista Médico há 30 anos

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ara Ivson, a definição é assim: “Medicina é uma coisa que você vive intensamente. É diferente de ter apenas um trabalho, é muito mais que isso, é uma arte. Médico é sempre chato, onde estão dois ou três, com certeza estão falando de medicina”. Nascido em Três Rios, é filho do médico ginecologista Ivan Ribas de Oliveira e da Ivete, que até hoje, aos 84 anos, acompanha a carreira do filho. A convivência com o pai durou pouco, Ivan faleceu quando Ivson ainda estava na adolescência. No entanto, deu tempo de entender que era a medicina que queria para toda a vida. Ainda cedo, mudou-se com a família para São Paulo, só retornou para Três Rios aos 11 anos, onde terminou os estudos iniciais. Quando chegou o período do vestibular, a medicina já era uma certeza. Começou o curso em Volta Redonda e concluiu no Rio de Janeiro. A especialização surgiu por acaso. Ou por destino. “Minha formação foi toda como cirurgião, mas queria ter alguma especialização. Curiosamente, encontrei um amigo, da mesma turma, quando ele estava indo fazer a inscrição para a residência médica em urologia no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio. Ele me convenceu a fazer a inscrição e nós dois passamos. Naqueles dias vinha pensando muito no meu pai, estava fazendo falta uma opinião

Aquele período nas Forças Armadas tem reflexos até hoje na minha vida profissional”

“As trocas com o paciente no consultório são mágicas, só os médicos sabem o que é esse contato” 44

Revista On Outubro & Novembro

LAZER O motociclismo faz parte da vida de Ivson desde a juventude

VOCAÇÃO O médico especializou-se em urologia quase por acaso

que poderia ser dele sobre qual caminho seguir. Mas aconteceu esse encontro, me encantei pela especialidade”, lembra. Com grande bagagem de conhecimento teórico, conta que na residência pode aprender a prática em semanas com até 90 horas de trabalho. Concluída a especialização, prestou concurso para as Forças Armadas, com o mesmo amigo. Mais uma vez, passaram. Mais uma vez, o destino mostrou para onde Ivson deveria ir. Além de servir no Hospital Naval, passou pela experiência de servir, durante um ano e meio, embarcado. Foram mais de 120 mil milhas percorridas. “Foi uma experiência


muito boa, de grande aprendizado. Não especificamente na especialidade, mas para a vida. Aquele período tem reflexos até hoje na minha vida profissional”. Após seis anos na Marinha, pediu demissão, acreditou que era hora de voltar para casa. Recomeçou a carreira em Três Rios no ano de 1992. “Duas pessoas foram muito importantes nesse retorno, os médicos Fernando Quinteros e Alcendino de Almeida Junior, os urologistas que a cidade tinha naquele momento”, comenta Ivson, que, pelo forte envolvimento com a medicina, participou da fundação da Unimed e tornou-se membro do Conselho Regional de Medicina, além de coordenar a seccional do Conselho na região. Ivson já perdeu a conta de quantos Natais, Réveillons e aniversários passou longe de casa, em plantões. Conta que é impossível se desligar totalmente da medicina, principalmente quando sabe que tem pacientes internados ou com cirurgias marcadas para os próximos dias. “Tem que estar sempre pronto para tomar decisões rápidas, instantâneas. Você pode repetir a mesma cirurgia várias, mas uma nunca será como a outra. Opero cálculos renais com frequências, mas cada cirurgia é única”, exemplifica. Quando olha para trás, confessa que chega a rir ao analisar as mudanças ocorridas na especialidade com o passar do tempo. “Olhando agora, o que fazíamos antes parece medieval”, brinca. Cita a endoscopia como um avanço para a extração de cálculos renais. Se antes, para tal procedimento um paciente precisava passar longos dias em recuperação, hoje o cenário é bastante diferente. “Aqui em

FILHOS Arthur e Beatriz são motivos de orgulho para o médico

PASSEIOS A cada desafio superado nas estradas, ele faz planos para novos

ESPOSA Sônia acompanha o marido nas aventuras sobre duas rodas

Três Rios já usamos, há algum tempo, o laser. Começas aqui com a cirurgia endoscópica em 1998 e, hoje, fazemos todas as modalidades existentes. O paciente opera na parte da manhã e, horas depois, já está caminhando”, enfatiza. Acompanhar a evolução, ele garante que foi fácil. Inclusive, tem uma teoria: “Sempre achei que, como jogava videogame com meu filho, isso me ajudou no processo de adaptação com as videocirurgias, com a noção espacial”. No entanto, ter passado pelos métodos anteriores, ele acredita ser uma vantagem. “É uma vivência muito grande. Se precisar fazer uma cirurgia aberta, vou saber como deve ser feita. Até por isso, as residências médicas ainda precisam ensinar essa parte da medicina aos alunos, mesmo com toda a tecnologia disponível”. Ivson ainda se surpreende com casos que chegam até suas mãos. “Acabei de chegar de uma cirurgia que fui imaginando

que seria uma situação, mas aconteceu totalmente diferente”, comenta durante a entrevista. Embora tenha adquirido muita experiência e esteja apto a resolver casos com os recursos disponíveis, faz questão de frisar que médicos não são deuses. “Lidamos com casos que não conseguimos resolver. Aprendi a lidar com isso no dia a dia, com sensibilidade. Muitas vezes as famílias dos pacientes esperam milagres, mas não posso oferecer isso. Medicina é uma profissão de meio, não de fim. Você nunca vai encontrar um médico que garanta a cura, ele vai dizer que vai empregar o que tiver de melhor para ter o melhor resultado possível”. O contato com cada paciente, ele também garante que é de grande aprendizado. O segredo é saber ouvir cada um e, com a condução correta da conversa, consegue chegar ao que quer. “As pessoas são carentes, então essa intimidade no consultório é uma coisa mágica, só os médicos sabem o que é esse contato, essa troca”, destaca. Casado com a Sônia desde a época da Marinha, ele é pai de um casal de jovens, Arthur e Beatriz. “Nenhum demonstrou aptidão para a medicina, mas isso nunca me incomodou. Ele escolheu administração, enquanto ela ficou com o direito”, comenta. Longe dos plantões desgastantes e desafiantes há alguns anos, Ivson encontra outros desafios no motociclismo, outra paixão de longa data, e tem planos de novas viagens que ainda não foram concluídos. “Achei que fosse envelhecendo e tendo mais tempo livre, mas foi ao contrário”, finaliza com bom humor. revistaon.com.br

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Revista On Outubro & Novembro


ECONOMIA&NEGÓCIOS indústria 47 mercado de trabalho 52 rh 54 empreendedorismo 57 cidade 62

MÁQUINAS SEMPRE LIGADAS POR TATILA NASCIMENTO

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS TATILA NASCIMENTO

Só quem é empresário conhece de perto os desafios para um negócio manterse ativo. Enquanto algumas empresas são abertas e fechadas em pouco tempo, outras superam até mesmo sonhos e expectativas. Em Paraíba do Sul, duas indústrias se destacam pelo tempo no mercado, superação de momentos difíceis e sucesso alcançado. revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS INDÚSTRIA

Q

uanto tempo dura uma empresa? Há um segredo de como encontrar o sucesso em um empreendimento? A gerente executiva do Sesi/ Senai de Três Rios, Dannielle Pereira, explica que, em geral, a perenidade e o sucesso das empresas é causado por um conjunto de fatores que impulsionam o negócio e que possibilitam que ele se reinvente. “A presença de comportamento empreendedor pela alta direção, planejamento prévio adequado, processos de gestão empresarial eficientes, visão de mercado e uma gestão participativa são fatores críticos para o sucesso de qualquer negócio”, aponta. A falta de tais fatores pode causar a mortalidade da empresa, mas ainda existem os fatores estruturantes que também atrapalham, como a insuficiência de políticas públicas de apoio aos pequenos negócios e dificuldades decorrentes da conjuntura econômica. A resposta mágica para tais questões não existe, mas há casos inspiradores de empresas e empresários que vencem os desafios do tempo. “Cada vez que penso na história da fábrica, volto para a infância e a adolescência”. Repleto de lembranças, Jorge

de outra fábrica que estava parada. Então, eles compraram e montaram aqui [em Paraíba]. Aquilo durou pouco tempo, eram equipamentos bem antigos. Nesse período, eu, que tinha saído para estudar, voltei e assumi a fábrica, montada em 1971. No início, foi difícil demais”. Jorge assumiu a empresa aos 25 anos e, como o produto não era conhecido no mercado, aponta como momento marcante o crédito conseguido no banco para construir o galpão. “Na época, tínhamos uma Kombi, colocávamos os doces nela e saíamos para vender. Acabamos comprando a parte dos sócios e ficamos eu e meu pai. Depois, ele saiu também e eu assumi definitivamente. Quando começamos, eu passava a maior parte do meu tempo dentro da Kombi, não importava o dia e a hora”. Com o tempo, os produtos se tornaram bastante diversificados, inclusive com a linha diet, e chegam em praticamente todo o Estado do Rio de Janeiro, inclusive no hospital da Marinha. “A Marinha do Brasil se interessou pelos nossos produtos. Nós somos um grande fornecedor de doces, tanto da Marinha Mercante como da Naval. Isso também ajudou bastante a desenvolver produtos em lata para oferecer a eles”, destaca Jorge.

“A qualidade do produto é fundamental” Jorge Fernandes

Fernandes começa a contar a história da fábrica de doces Veranista e diz que, na década de 1960, o atual espaço da fábrica, em Werneck, era ocupado pelo armazém do pai. “Naquela época, não havia supermercados como os que conhecemos hoje, apenas os armazéns. Quando esse sistema chegou ao Brasil, meu pai não viu outra alternativa a não ser fechar e mudar de ramo”. Assim, decidiu começar a fabricar doces para vender nas feiras de Três Rios e Paraíba do Sul. “Até que duas pessoas procuraram meu pai e fizeram uma proposta de parceira para montar uma fábrica. Em Três Rios, havia um equipamento 48

Revista On Outubro & Novembro

PRODUÇÃO É distribuída em todo o Estado do Rio de Janeiro

FÁBRICA DE DOCES Ainda carrega marcas de produção caseira e atesanal

VARIEDADE Jorge mostra alguns dos produtos mais conhecidos


WERNECK Foi o local escolhido para sediar o galpão há mais de 40 anos

JORGE FERNANDES Considera-se vitorioso à frente da fábrica de doces

FÁBRICA DE RENDAS FINAS Está há 64 anos em atividade em Paraíba do Sul

O segredo para manter a fábrica em funcionamento por tanto tempo ele acredita ser a qualidade dos produtos. “A pessoa tem que gostar daquilo que compra, então não vamos colocar para vender algo que o consumidor não irá aprovar. A qualidade do produto é fundamental”. Como conta, tem a sensação de dever cumprido pela história já vivida e considera-se vitorioso como empreendedor. “Algumas vezes, enfrentamos algumas dificulda-

des, até mesmo hoje em dia, mas não tem como não passar por isso. Foi a perseverança que me ajudou a passar por tudo. A pessoa permanecer no mercado até hoje, difícil como ele é, deve sentir orgulho. Acho que, para não entrar em crise, é necessário manter o que você sempre fez, principalmente na qualidade”. Adolf Arno Edelhoff também é um exemplo de empreendedorismo que supera o tempo. Presidente da Fábrica de Rendas

Finas, fundada em março de 1951 como sociedade anônima e, mais tarde, uma empresa familiar, ele explica como começou a fazer parte do negócio. “Meu tio, que era diretor industrial, foi para a Alemanha comprar as máquinas. Foi um dos maiores pedidos da fábrica naquele país, começamos com 70 máquinas. Ele convidou meu primo para trabalhar, mas estava casado, tinha filhos e não quis. Diante disso, em 1955, vim para Paraíba do Sul”.

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ECONOMIA & NEGÓCIOS INDÚSTRIA

DISTRIBUIÇÃO As rendas produzidas chegam até mesmo em outros países

TRÊS GERAÇÕES A fábrica de rendas tornou-se uma empresa familiar

Adolf Arno começou a trabalhar aos 21 anos de idade e revela que a comunicação com os operários foi difícil no início, pois estavam acostumados com um ritmo diferente do que ele queria imprimir. “Até chegaram a fazer umas brincadeiras, mas eu sempre desfazia rápido. Então, eles perceberam que não ia adiantar, entenderam que eu tinha conhecimento”, relembra. Com em toda história, a da fábrica também já teve momentos ruins, como destaca um ocorrido em 1968, quando o negócio ficou quase parado, sem pedidos. “Nós tivemos dificuldades e temos até hoje. Não é fácil, mas, com o tempo, começamos a comprar máquinas auxiliares para diminuir a mão de obra, o que não deixa de ser um custo extra. Valeu muito tudo o que vivemos porque, mes-

A atividade que precisava de três funcionários, hoje precisa de apenas um. Uma das mais recentes foi a alinhadeira. Quando recebemos o fio de algodão em cones, temos que passar para o carretel e, depois, colocar na máquina. Hoje, a máquina faz isso sozinha, um trabalho que era feito manualmente em um hora passou a ser realizado em 10 minutos”. Adolf Neto aponta que o desafio atual é manter a competitividade em um mercado recessivo e com a concorrência chinesa. “A China é o maior vilão para nós. Mas, acho que pela qualidade, mesmo com as máquinas antigas, superamos. Porém, o preço é complicado. A qualidade deles não é tão boa, mas o preço é muito barato. Agora estamos em um caminho de aceitação melhor por nossa qualidade”, completa Adolf Arno. Trabalhar em família é algo que Adolf Neto gosta. “O meu avô não chegou para ser presidente da fábrica, ele veio ser técnico industrial e foi subindo escadas até a presidência. Trabalhar com meu avô e meu pai é uma motivação para continuar me empenhando cada vez mais”. Com mais de 1.400 modelos diferentes de rendas e mais de 500 clientes ativos em todo o Brasil e 10 exportadores, Adolf Neto tem o foco em uma direção como principal item para manter um negócio ativo com o passar dos anos. A direção escolhida, como no caso da fábrica de doces, é a qualidade. “Não podemos abrir mão disso ou vamos entrar no mercado comum. Fora isso, é necessário ter uma administração correta, sempre valorizando nossos clientes”, finaliza.

QUALIDADE Avô e neto acompanham de perto os processos da fábrica 50

Revista On Outubro & Novembro

“Nós tivemos dificuldades e temos até hoje, manter uma indústria por 64 anos não é para qualquer um”, Adolf Arno Edelhoff

mo com as passagens ruins, no geral está tudo bem. Acho que nenhuma indústria daqui de Paraíba do Sul tem 64 anos. Isso não é para qualquer um”, destaca. Adolf Edelhoff Neto, que atua na empresa há três anos seguindo os passos do avô e do pai, completa dizendo que, ao longo dos anos, eles evoluíram com o mercado. “Começamos a comprar um maquinário mais tecnológico.


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ECONOMIA & NEGÓCIOS MERCADO DE TRABALHO

AGORA É QUE

SÃO ELAS

POR DIEGO PATRICK

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA FOTOS REVISTA ON

O número de mulheres em cargos de liderança está em constante crescimento no mundo. Seria a intuição aguçada, a cautela na tomada de decisões ou a capacidade de executar várias tarefas ao mesmo tempo? Independente da resposta, o cenário já está bem diferente do passado e o mercado só tem a ganhar.

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or que ter mulheres no comando de empresas? Uns dizem que a flexibilidade e a persistência são as principais vantagens, outros juram que a experiência em saber dosar razão e emoção é fator decisivo. Líderes afirmam: mulheres se dão melhor com problemas e conflitos. Será? Segundo artigo publicado por Villela da Matta, fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, trata-se de um caso cada vez mais comprovado no ambiente de trabalho. Para ele, muitas empresas buscam líderes femininas pelo fato de que, quando os resultados são observados a longo prazo, apresentam ótima vantagem competitiva. “Em muitos setores, ter mulheres no comando é de grande ajuda, já que elas, 52

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em muitos casos, são mais pacientes e persistentes, além de possuírem mais comunicação fluída e visão detalhada”, explica. No escritório de uma rede de postos de combustíveis e restaurantes em Paraíba do Sul, Ionara de Mello apresenta-se como um exemplo das mudanças no mercado de trabalho. Ela está na empresa há 21 anos, começou como auxiliar de escritório e, com 15 anos de trabalho, conquistou o cargo de diretora executiva. “Alguns vão achar que não somos capazes de assumir determinada função, mas sempre confiei em meu potencial e não me permiti abalar”. Para ela, que só fica tranquila com a certeza de que os negócios estão correndo bem, a comunicação é de extrema importância no ambiente corporativo. “Busco

aprender com meus colaboradores e eles comigo, estamos em constante aprendizado”. A diretora é direta em relação à luta das mulheres para assumirem cargos de liderança nas companhias. “Como há bons homens que administram, há mulheres que fazem a mesma coisa”, afirma. Apesar do crescimento, ainda são poucas as empresas que admitem mulheres em cargos de chefia. O Brasil, por exemplo, é o terceiro país com menos mulheres no comando, ficando atrás apenas da Alemanha e do Japão, segundo dados da pesquisa “Women in Business 2015”, feita pela Grant Thornton. De acordo com o estudo, mais da metade das companhias brasileiras não têm mulheres líderes, o que denota constante queda na ocupação


ELANE E SABRINA As irmãs se tornaram líderes do próprio negócio

IONARA DE MELLO Há seis anos, está no comando de uma rede de postos de combustíveis

dessas funções nos últimos quatro anos. Em 2012, somente 26% não tinham funcionárias com liderança. Já em 2013 e 2014, os números migraram para 33% e 47%, respectivamente. A maior apuração negativa ficou para este ano: 57%. Das executivas entrevistadas em todos os países, a maioria afirmou que o cuidado com a educação dos filhos é a principal razão pela qual as mulheres têm mais dificuldades para crescer profissionalmente quando comparadas aos homens. Entre as entrevistadas da África, a temática do preconceito foi apontada com mais frequência: 40% das participantes disseram que o simples fato de ser mulher é um obstáculo. Já na América Latina, a questão de gênero é o maior problema para 19% das executivas. A pesquisa também mostra que as mulheres, uma vez líderes, acabam se concentrando em posições de suporte: 27% delas estão no RH e apenas 9% são CEOs. Segundo Josy Pinheiro, psicóloga organizacional e coach, a maioria das mulheres está em setores administrativos. “Elas estão mais direcionadas para essa área, mas estamos tentando mudar o pensamento de alguns gestores para contratarem mulheres para a produção. No entanto, hoje a mulher tende a ser mais estressada que o homem por conta da rotina, não é fácil conciliar tudo”, analisa. Os resultados da Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho, feita em fevereiro deste ano, foram mais positivos. De acordo com o estudo, houve crescimento no número de mulheres em cargos de li-

derança. Em 2009, 23% dos postos eram ocupados por elas e, em 2015, a porcentagem passou para 27,8%, quase 5% a mais em cinco anos. Entretanto, na mesma pesquisa, concluiu-se que os profissionais do sexo masculino ainda seguem ganhando remuneração maior em comparação ao sexo oposto nesses cargos: R$ 18.976,74 contra os R$ 16.530,35 das mulheres. A diferença era ainda maior em 2009: eles ganhavam, em média, R$ 15.136,78, enquanto elas R$ 11.411,21. Ainda que Sheryl Sandberg, da Facebook Inc., e Marissa Mayer, CEO da Yahoo! Inc., tenham atingido o sucesso em suas funções, os homens ainda detêm a maioria dos empregos na área de tecnologia. No entanto, além dos postos de comando em empresas, já há um número considerável de mulheres que empreendem sozinhas, por conta própria. Sabrina Travassos e Elane Guimarães são irmãs e, agora, sócias. No ano passado, se uniram e inauguraram uma livraria em Três Rios. Uma decisão arriscada, mas satisfatória, já que se tornaram chefes do próprio negócio. “Da decisão à inauguração, abrimos a loja em 21 dias, queríamos dedicar tudo o que a gente sabe para algo nosso”, revela Sabrina, que só pensou na ideia após descobrir o que realmente gosta de vender. Para Elane, fazer várias coisas ao mesmo tempo é uma característica muito comum das mulheres. “Ambas somos compradoras, vendedoras, financeiro e gerente, é importante sermos multitarefa”, finaliza. revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS RH

Momento de refletir:

Que líder sou eu?

Um líder moderno e eficaz desenvolve um estilo flexível, adaptável, adequado aos processos e às emoções nas mais diversas áreas situacionais.

Josy Pinheiro josy@progenth.com.br Psicóloga organizacional com MBA em gestão estratégica de pessoas e gestão empresarial pela FGV. Sóciadiretora da Pro-Genth Talentos Humanos, coach e consultora estratégica de diversas empresas dos setores de serviços, atacado, varejo e indústria.

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odos os profissionais que ocupam cargos de liderança ou que se intitulam líderes devem perguntar a si próprios, nesse momento de necessárias expertises: qual é o meu estilo como líder? Que melhor decisão devo tomar? Enfim, que líder sou eu? Estímulos importantes gerados por essas perguntas podem provocar em cada líder gestor, responsável e diferenciado, uma profunda reflexão e diagnóstico sobre o seu verdadeiro eu, como autoridade e influenciador de pessoas, seja de forma positiva ou negativa. O que percebemos em algumas empresas ou instituições são talentos humanos desperdiçados em seu potencial, por diversos motivos, principalmente por inadequação de apoio, acompanhamento e direcionamento contínuo por parte dos chamados multiplicadores. Assim, não integrados ao ambiente, ficam limitados em seu aprendizado, desempenho e engajamento em benefício dos negócios que foi contratado para ser e estar envolvido. Incansáveis são os esforços das grandes empresas para ampliar, através de treinamentos e programas sistemáticos de aprendizado, a visão de suas lideranças, a fim de que estes consigam enxergar seus pontos fortes e os pontos para mudanças. Essa última análise é a mais importante, pois o faz entender que está longe das competências e habilidades ideais e desejadas, pois suas responsabilidades nas tomadas de decisões definem carreiras e o futuro de muitos, podendo garantir ou não até mesmo a prosperidade daqueles que sonham e almejam crescimento e desenvolvimento, porém necessitam de sua avaliação, conhecimentos globais e sensi-

bilidade como líder e gestor decisivo. Um líder moderno e eficaz desenvolve um estilo flexível, adaptável, adequado aos processos e às emoções nas mais diversas áreas situacionais. Daniel Goleman, autor da Teoria da Inteligência Emocional, sugere que a liderança seja entendida como um comportamento estratégico, portanto deve ser adotado por todos no meio organizacional. Os estilos de liderança autocrata, burocrata e paternalista já tiveram seus conceitos repensados há tempos, quando no surgimento da chamada gestão estratégica de pessoas. Mais recentemente surgiram os estilos participativo, servidor e o holístico, sendo esses dois últimos os mais adotados nas empresas de caráter mundial, onde os líderes desenvolvem um pensamento sistêmico, orgânico, com uma percepção e visão voltada para o todo das pessoas e dos negócios. Esses estilos são fortalecidos através da inteligência emocional, criada por Goleman, subdivididos em cinco processos: autoconhecimento, autocontrole, automotivação, empatia e habilidades sociais. Em diferentes níveis, todos são utilizados de acordo com as demandas de cada particularidade. Na prática, sabemos que um bom líder é aquele capaz de avaliar cada vértice da situação para empreender iniciativas e atitudes adequadas e, assim, solucionar os problemas que afetam diretamente sua equipe, sua empresa e tudo que está relacionado a sua responsabilidade. “Aquele que conhece os outros é sábio, aquele que conhece a si próprio é iluminado”. (Lao Tze)


apresenta

ESPAÇOS INTEGRADOS, NOVA CONCEPÇÃO PARA SALAS E COZINHAS FOTOS DIVULGAÇÃO

A quebra da parede que divide os espaços transforma o ambiente

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uando pensamos em receber amigos ou reunir a família, sempre temos na memória que as pessoas acabavam se dividindo entre cozinha e sala. Antes, isso era possível porque as casas ou apartamentos eram maiores e seus ambientes mais amplos. Atualmente, os empreendimentos imobiliários estão cada vez menores e já está difícil acomodar todos em um mesmo espaço. Com isso, cada vez mais as pessoas quebram a parede que divide a sala e a cozinha para ampliarem os ambientes, descobrindo um novo espaço que acolhe e integra todos. Essa tendência vem acompanhada de um estilo que atende aos espaços mais informais, com maior praticidade e flexibilidade, modificando os costumes das pessoas. Um exemplo é que, antigamente, era comum receber visitas para jantar já com a mesa pronta. Hoje, a ideia de receber alguém permeia uma interação maior. O anfitrião e o convidado participam juntos do preparo do jantar, tornando o processo mais interessante e divertido. Nessa nova concepção projetual, do novo modo de morar e receber, alguns cuidados devem ser adotados. Em nossos projetos, avaliamos e destacamos os pontos que trazem a identidade do cliente, como a escolha dos revestimentos de piso e parede, detalhes de rebaixo de gesso e iluminação, composição dos mobiliários e acabamentos da sala e cozinha que passaram a estar em um mesmo espaço. Cores e Revestimentos

A composição deve ser harmônica, cores contrastantes ou complementares,

e devem conversar com os revestimentos e mobiliários. Equipamentos e eletrodomésticos

Invista em eletrodomésticos, eles aparecerão a todo tempo! Além disso, não podemos esquecer de usar coifas e depuradores, eles minimizam o cheiro e são itens imprescindíveis para que o uso de dois espaços distintos possam ser integrados. Iluminação

Além da continuidade do piso, o teto é um meio de integração dos dois ambientes. Invista em luminárias frias e quentes. Frias para a cozinha e quentes para a sala, porém com spots semelhantes ou que tenham uma linguagem parecida. E, claro, use uma ou mais luminárias pendentes, elas darão um ar acolhedor à mesa de jantar. Decore!

Brinque com quadros de avisos, eles darão um ar divertido à cozinha, não só para avisos cotidianos, mas para relaxar desenhando enquanto espera um prato ficar pronto, por exemplo. Brinque e exponha tipos de louças diferentes. A criatividade e a flexibilidade podem aparecer e serem destaque no uso da cozinha. Para aqueles que ainda têm receio de uma integração 100%, vale à pena pensar em uma cozinha e sala semi-integradas, como portas de correr que abram e fechem os dois ambientes, além de inúmeras soluções projetuais que aparecem com o desenvolvimento do relacionamento entre cliente e arquiteto.

Para conhecer mais os projetos da Tektos: 21 3177-1710 24 98136-1800 tektos.com.br facebook.com/tektosprojetoseobras revistaon.com.br

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GASTRONOMIA

EM ALTA POR TATILA NASCIMENTO

FOTOS REVISTA ON

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

Nos últimos anos, Três Rios recebeu novos investimentos no mercado gastronômico. Empresários, com ou sem experiência anterior no segmento, contam os motivos de escolherem a cidade e os desafios de gerir negócios que, mesmo com dificuldades na economia nacional, não veem o número de clientes diminuir de forma significativa.

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ECONOMIA & NEGÓCIOS EMPREENDEDORISMO

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uando surge uma oportunidade, é bom estar preparado para agarrá-la e colher bons resultados. Isso vale muito nos negócios. Alessandro Ramos conta que tomou a decisão de investir no mercado gastronômico após muitas viagens com a família por conta de trabalhos. A cada novo lugar conhecido, também descobria novos sabores. Apesar de muito concorrido, ele comenta que o setor é, de certa forma, avesso às crises, já que alimentação e saúde são áreas de necessidade primordial. “Nos últimos anos, observamos no noticiário econômico essa mudança de hábito do brasileiro, que passava cada dia a comer mais fora de casa. Então, entrar nesse mercado foi a união da paixão por comer bem com uma oportunidade econômica na área”, explica. Decidido pelo investimento, começou, junto com a família, a pensar em um modelo inovador e economicamente viável. “Vimos no Rio de Janeiro alguns restaurantes que trabalhavam com um sistema diferente dos serviços por quilo na hora do almoço, aliando velocidade no atendimento e uma apresentação dos pratos saborosa e bonita”. O restaurante foi inaugurado em janeiro de 2013 e a escolha por Três Rios

SERVIÇO Uma preocupação de Alessandro foi unir pessoas capacitadas para a equipe

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aconteceu porque a cidade centraliza o atendimento aos moradores de toda a região. “Foi uma escolha bem natural por entendermos o potencial econômico do município e pelo desejo de participar do seu crescimento. Antes de inaugurar, vivemos um desafio. Tínhamos que achar o ponto, transformá-lo para atender o que pretendíamos e, o mais importante de tudo, encontrar as pessoas certas que dessem alma às ideias rascunhadas no papel”.

ALESSANDRO RAMOS Apaixonado pelo ramo, aproveitou a oportunidade de investimento

“Foi uma escolha bem natural por entendermos o potencial econômico do município”, Alessandro Ramos

O restaurante funciona diariamente com um sistema que tem, no cardápio, dois pratos executivos fixos, três pratos que variam e duas opções que mudam a cada semana. No jantar, os clientes podem contar com um cardápio à la carte. Para Alessandro, o segredo do sucesso passa pelo planejamento e a realização com consciência e colaboração de to-

dos. “Em um negócio, não há espaço para zona de conforto e estabilidade. Então, é importante ter em mente que todos os dias teremos que ser melhores e oferecer propostas novas que encantem aqueles que nos visitam. Temos que estar sempre prontos a fazer nosso melhor, independente do cenário macroeconômico que houver”. O casal Leandro de Paula e Natália Ponciano também decidiu inovar e investir no mercado local. Eles contam que sempre tiveram vontade de investir

RESTAURANTE Foi inaugurado em janeiro de 2013


na gastronomia e, após uma viagem, decidiram por uma creperia. Entre pesquisas e testes, o processo durou oito meses. “O primeiro desafio foi chegar ao ponto da massa, depois à escolha dos recheios. Tudo foi feito em casa, com nossos familiares e amigos testando”, explica Natália. Como não estavam acostumados com o segmento, o início do negócio teve algumas dificuldades. “Nossos trabalhos não têm nada relacionado com comida, eu sou biomédica, o Leandro é veterinário. Então, a dificuldade foi exatamente entender como tocar um comércio alimentício”. Eles ressaltam que o ambiente ficou como imaginavam e que os

CREPES Leandro e Natália buscaram algo para inovar no setor

NOITE O movimetno noturno já é grande no município

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ECONOMIA & NEGÓCIOS EMPREENDEDORISMO

VAGNER E VANESSA Os irmãos decidiram investir no mercado trirriense quando a oportunidade surgiu

“Fazemos questão de cumprimentar os clientes e perguntar se foram bem servidos”, Leandro de Paula

MODELOS A cidade conta com diferentes tipos de atendimento

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clientes tornam-se amigos do casal. São mais de 500 pessoas atendidas por semana, entre os que vão ao local e os que recebem os pedidos por delivery. Para Leandro, a qualidade e o bom atendimento são primordiais para o sucesso de um negócio. “Fazemos questão de cumprimentar os clientes quando chegam, perguntar ao final se foram bem servidos e bem atendidos, gostamos de ter um feedback”. Além dos crepes, os proprietários agregaram outras opções ao cardápio, como caldos, omelete recheado, escondidinho e batata belga. “Tínhamos uma expectativa de que iria dar certo, mas acho que deu muito certo. No dia da inauguração, em 2014, já percebemos isso. Os amigos e nossas famílias foram essenciais para o nosso negócio estar funcionando. Somos muito gratos a todos eles”, completa Natália. Vanessa Garcia também faz parte do grupo de pessoas que resolveram in-

vestir na gastronomia em Três Rios. O marido abriu um restaurante em Xerém e, pouco tempo depois, tiveram a oportunidade de lançarem outra unidade no Shopping Américo Silva, recém-inaugurado. “Como seria difícil ele conciliar os dois restaurantes, pela distância, surgiu a ideia de virmos eu e meu irmão. Moramos em Petrópolis, éramos do ramo de farmácia e resolvemos arriscar”. Após a inauguração em Três Rios, em maio de 2013, ela e o irmão, Vagner Garcia, passaram por um momento difícil no estabelecimento. “Nós já tínhamos ido embora para Petrópolis e nos ligaram dizendo que o restaurante estava pegando fogo. Realmente, foi uma dificuldade grande, estava funcionando há dois meses apenas. Então, foi um período muito curto para acontecer um acidente daquele tamanho, mas graças a Deus conseguimos superar”, lembra. Ela conta que, após o primeiro restaurante do marido, descobriu que bom sabor e bom atendimento fazem a diferença. “Recebemos muitos elogios sobre isso. Sempre tem um de nós aqui e isso é importante, passamos a conhecer os clientes pelo nome, saber suas preferências”, aponta. Para a empresária, a maior dificuldade durante períodos de economia conturbada é manter o preço acessível aos que almoçam todos os dias fora de casa. A expectativa inicial oi superada. Ela revela que atendem, atualmente, o dobro de clientes que imaginaram no início. “Chegamos a um município que não conhecíamos, então fizemos uma estimativa de ter em torno de 150 pessoas por dia e, aos poucos, aumentar. Mas já recebemos até 300 por dia, ou seja, expectativa superada”. No entanto, é importante frisar que em todos os ramos de negócios o planejamento é fundamental, como explica a analista do Sebrae Lorraine Serpa: “Deve estudar o mercado, o público-alvo e o ponto, por exemplo. Tudo deve estar no planejamento. Quando o futuro empresário faz um plano de negócio, ele consegue diminuir os riscos de não dar certo”, indica, ressaltando que o Sebrae oferece consultorias para o plano de negócios.


MOVIMENTO A praça de alimentação do shopping fica cheia no horário do almoço

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ECONOMIA & NEGÓCIOS CIDADE

NÔMADES

MODERNOS POR DIEGO PATRICK

FOTOS REVISTA ON

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

Seja por melhores salários ou por mais chances de alcançar o sucesso na carreira, muitas pessoas saem diariamente da cidade onde moram e vão para outras. Apesar das dificuldades, encontram motivos que fazem a rotina valer a pena.

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ômades eram aqueles que, por viverem da caça e da pesca, andavam de um lugar para outro frequentemente em busca de melhores condições de sobrevivência. Depois de milhares de anos, esse fluxo de andança parece continuar, mas de forma diferente e com objetivo bastante diferente da pré-história. É a chamada migração pendular, que faz parte da vida de muitas pessoas que se deslocam diariamente para terem mais oportunidades. Embora seja mais frequente em grandes centros urbanos, esse conceito de deslocamento está presente no cotidiano das pessoas economicamente ativas em todas as regiões do país. Acordar mais cedo e chegar em casa mais tarde faz parte da rotina de quem quer prosperar desta forma. Mairce Igreja da Silva trabalha no comércio de Três Rios e mora em Paraíba do Sul, trajeto feito diariamente por ônibus. Para ela, que prefere estar dentro de um mercado competitivo, o único problema é o tempo do percurso que faz 62

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da residência ao local de trabalho. “Encontrei melhores oportunidades fora da minha cidade e a única desvantagem é o tempo da viagem, porque pego dois ônibus para chegar, mas pretendo continuar me deslocando enquanto houver maior expectativa de crescimento”, revela.

“Pretendo continuar me deslocando enquanto houver maior expectativa de crescimento”, Mairce da Silva

Segundo dados da última pesquisa de satisfação realizada por uma empresa de transporte coletivo intermunicipal que atua na região, em dezembro de 2014, 28% dos passageiros entrevistados viajavam por motivo de trabalho

entre os municípios de Paraíba do Sul e Três Rios. O estudou também mostrou que, entre esses lugares, os horários de pico do transporte de ônibus estão compreendidos nos intervalos de 6h às 9h, saindo de Paraíba do Sul, e de 16h às 19h, partindo de Três Rios, quando, geralmente, começa e termina a jornada de trabalho, respectivamente. O tempo gasto no trânsito foi tema de pesquisa realizada pelo Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mostrou que, no Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total das que trabalhavam fora do domicílio) levavam de 6 a 30 minutos para chegar ao trabalho e, 7 milhões (11,4%), mais de uma hora. No mesmo ano, do total de 59,6 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche, 55,2 milhões (92,7%) estudavam no próprio município onde moravam. A região Sudeste obteve o maior número de pessoas que se deslocavam com a intenção de estudar: 2 milhões (8,5%), a maioria em São Paulo.


MAIRCE DA SILVA Encontrou melhores oportunidades fora da cidade de origem

LEONARDO PELICARTO Afirma que as vantagens em se deslocar diariamente superam as desvantagens

Por não serem transferências permanentes, esses fluxos populacionais não chegam a ser considerados migração, mas, tanto no trânsito quanto nas calçadas, o movimento é intenso, principalmente nas chamadas “horas do rush”. Uma curiosidade: esses deslocamentos começaram com as transformações causadas pelo avanço da industrialização no Brasil, que provocaram mudanças na distribuição demográfica e, consequentemente, concentraram a população em metrópoles e periferias. Três Rios faz parte da microrregião homônima que abrange os municípios

de Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul e Sapucaia, além de outros municípios bem próximos, inclusive de Minas Gerais. Milhares de pessoas dessas localidades migram diariamente para Três Rios com o intuito de trabalharem ou estudarem [ou os dois!]. Morador do município de Chiador, o jornalista Leonardo Pelicarto Gonçalves sai de casa, de segunda a sexta-feira, rumo ao trabalho em Três Rios. Especialista em mídias sociais, ele conta que encontrou boas oportunidades para exercer sua função na cidade. “Escolhi Três Rios por causa da minha graduação, minha cidade, por ser menor, não oferece meios para que eu possa trabalhar e desenvolver minhas habilidades”, comenta. Os municípios são próximos, mas as viagens cotidianas tornam-se longas. “Pego o ônibus e sigo direto para Três Rios, mas, com as paradas nos pontos no caminho, a viagem demora muito mais”. Para Leonardo, o tempo gasto no deslocamento atrapalha, mas as vantagens compensam. “É sempre bom conhecer pessoas novas e criar laços de amizade, adoro aquele contato diário”. Sobre buscar oportunidades fora da região, Leonardo afirma estar focado no emprego atual. “Gosto do que faço, então ainda trabalharei em Três Rios durante os próximos anos”, finaliza. revistaon.com.br

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BEM-ESTAR esporte 65 movimento 70 saúde 72

UMA PEDRA NO

CAMINHO POR MAYARA STOEPKE

FOTOS REVISTA ON

Situada em Mont Serrat, distrito de Comendador Levy Gasparian, a formação rochosa em granito conhecida como Pedra de Paraibuna encanta turistas e aventureiros em busca do melhor que a natureza pode proporcionar. Com trilhas leves, é possível conhecer o local que teve grande participação no Caminho do Ouro. revistaon.com.br

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BEM-ESTAR ESPORTE

DIVERSÃO GARANTIDA O grupo da Igreja O Brasil para Cristo pretende voltar em breve 66

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ARQUIVO PESSOAL

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uando o assunto é aventura, diversão e natureza, a região conta com trilhas e visuais incríveis ainda pouco explorados. Um lugar que chama a atenção de moradores locais e turistas é a Pedra de Paraibuna, localizada em Mont Serrat, distrito de Comendador Levy Gasparian. Com 890 metros de altitude e um paredão de 400 metros, deslumbra quem pratica alpinismo. Aliás, uma equipe vem fazendo o trabalho de mapear e instalar grampos para a prática da atividade que, em breve, estará em funcionamento, assim como o voo livre. A pedra já é explorada por visitantes há mais de 30 anos e Alexçandro Santana, conhecido como Neneco, guia turístico e secretário de turismo de Comendador Levy Gasparian, garante que investimentos estão previstos para o local poder receber um número ainda maior de pessoas. A Pedra de Paraibuna é o ponto mais alto da região. “Lá de cima você consegue avistar Juiz de Fora, Rio das Flores, Valença, Três Rios, Paraíba do Sul, toda essa região”, explica Neneco. No local ainda é possível encontrar onça, lobo-guará, macacos, entre outros animais silvestres, apesar das perdas ambientais que aconteceram nos últimos anos. Embora seja uma atração pouco divulgada, o número de turistas vem crescendo e isso acontece porque as belezas naturais e fatores históricos chamam a atenção. “O turismo aqui está começando a movimentar a economia da cidade e a previsão é que isso aumente”, aponta o secretário.

AVENTUREIROS Felipe e Daniela costumam explorar as belezas naturais da região

Com o projeto de transformar o local em um parque ecológico, vários trabalhos de preservação serão feitos com mais investimentos. “O projeto em andamento é o de transformar o local no Parque Municipal Pedra do Paraibuna. A partir do momento que criarmos essa reserva, a ideia é fazer uma união com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). As pessoas apreendem animais silvestres aqui em Levy e mandam para outras cidades, mas poderíamos ter esses animais no parque, valorizando a região, tudo legalizado”, adianta. Outro objetivo do projeto é contribuir de forma mais

Com 890 metros de altitude e um paredão de 400 metros, a Pedra de Paraibuna deslumbra quem pratica alpinismo efetiva com a conscientização ambiental, uma vez que alguns visitantes ainda deixam lixo jogado no caminho, e com o combate aos incêndios que afetam a vegetação. “No ano passado, perdemos muita mata em um incêndio que durou uma semana e meia, é lamentável, fez um estrago considerável”, aponta. A Pedra de Paraibuna era um ponto de referência do Caminho do Ouro que contorna quase toda a formação. Por isso, existem mitos sobre o local, como as lendas sobre bandidos que se escondiam ali, sobre soldados que vigiavam o caminho e até sobre pedras preciosas. Além disso, há muitas histórias que os moradores mais antigos costumam contar, como sobre a “Mãe de Ouro”. A caminhada dura em torno de 1h30. O pastor José Reinaldo Duarte, da Igreja O Brasil para Cristo, conheceu o ponto turístico em uma reportagem na televi-


GUIA TURÍSTICO O passeio conta com segurança e informação

são e logo pensou em levar um grupo de jovens para fazer um passeio junto à natureza. “O trajeto foi bem tranquilo, talvez precisássemos de um preparo melhor, mas conseguimos chegar”, brinca. José Reinaldo acredita que locais como a Pedra de Paraibuna devem ser mais valorizados e conhecidos pela população. “O passeio é ótimo e pretendo voltar em breve com um grupo maior”, ressalta. O guia alerta que a subida deve ser feita acompanha pelos profissionais, pois existe o risco de se perder no local.

TRILHA LEVE Considerada com poucos riscos, dura em torno de 1h30

Existem lendas sobre bandidos que se escondiam ali, sobre soldados que vigiavam o caminho e até sobre pedras preciosas

Os serviços prestados pelos guias custam R$ 100 por grupo de até 25 pessoas e funcionam todos os dias. Ao contratar o profissional, o turista pode conhecer a história do local e garantir um passeio sem riscos. O contato deve ser feito com a Prefeitura de Comendador Levy Gasparian. Felipe Senra e Daniela Garonete também já reuniram os amigos e partiram para a Pedra de Paraibuna. Daniela é de Mont Serrat e também acredita que o lugar ainda é pouco divulgado, assim como outros pontos turísticos do distrito. Em sua segunda visita ao local, garante que, apesar de ser um trajeto de fácil acesso, existem desvios que podem confundir. Acompanhados por um guia, a diversão do grupo foi garantida. “O visual é maravilhoso, dá sensação de paz, equilíbrio e renova as energias. Eu recomendo o passeio e acredito ser importante explorar mais o local e suas belezas”, finaliza com o convite. revistaon.com.br

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BEM-ESTAR MOVIMENTO

Esportes sem limites SHUTTERSTOCK

O esporte pode transformar vidas, todos nós somos capazes de superar qualquer adversidade

Juliana Fajardo jufajardo@hotmail.com Formada em educação física, pós-graduada em ginástica e coordenadora do Comitê Olímpico Brasileiro. Foi campeã estadual, brasileira e sul-americana como treinadora de ginástica artística.

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odos conhecem os benefícios que a atividade física promove para a saúde e o bem-estar e isso não é diferente para as pessoas com deficiência. Nos últimos anos, a atividade física tem sido reconhecida como um poderoso instrumento de promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência e um mecanismo facilitador da inclusão. A prática de esportes entre essas pessoas tem sido utilizada no processo de reabilitação e está sendo cada vez mais difundida por obter efeitos positivos para a saúde física, mental e social do indivíduo praticante. A pessoa com deficiência que se envolve constantemente em atividades físico-esportivas conquista uma vida mais saudável, melhora a percepção da imagem corporal e o reforço da autoestima, itens imprescindíveis para a melhora da qualidade de vida, a qual deixa de ser representada apenas como uma vida sem doenças e passa a incluir, por exemplo, a satisfação pessoal em todos os aspectos. É válido destacar ainda que o bem-estar psicológico pode promover comportamentos saudáveis, uma vez

que pessoas com deficiência superam obstáculos e se tornam otimistas quanto a seu futuro, tornando-se mais propensas a adotar hábitos mais saudáveis e conscientes. A escolha de uma modalidade esportiva pode depender, em grande parte, das limitações, potencialidades e preferências esportivas. Atualmente, 95% das deficiências podem ser atendidas por algum esporte e temos ainda alguns outros esportes em desenvolvimento para atender certas demandas. O esporte paralímpico brasileiro já é considerado “potência mundial” e tem como meta nos Jogos Olímpicos Rio 2016 o quinto lugar no quadro de medalhas, um exemplo bastante palpável de como o esporte pode transformar vidas, além de ser a comprovação de que todos nós somos capazes de superar qualquer adversidade. Muitas vezes reclamamos de acordar cedo para treinar, da rotina cansativa, do clima etc. e acabamos deixando que as desculpas nos impeçam de praticar alguma atividade. Mas, para alguns atletas, não existe tempo ruim e nem mesmo uma deficiência é capaz de vencê-los.


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A MATERNIDADE

MAIS TARDE POR TATILA NASCIMENTO

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

A gravidez é um dos momentos mais marcantes na vida da mulher. Se a regra, no passado, era engravidar cedo, ainda jovem, hoje o cenário é bastante diferente. O aumento da expectativa de vida e as oportunidades profissionais fazem com que a maternidade chegue mais tarde. Embora casos assim exijam mais cuidados, o amor não tem idade para acontecer.

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Foi uma mistura de susto e alegria”. Assim Vera Carvalho define a notícia da gravidez aos 45 anos. Ela conta que o intervalo da primeira filha para segunda foi de oito anos e, embora quisesse mais um, não tinha coragem de tentar a nova gravidez. “Quando engravidei do Gustavo, já tinha a Camila, que é a mais velha, e a Carol, que já estava com 14 anos, então foi um susto. Porém, ao mesmo tempo eu fiquei muito feliz quando soube que era um menino. A torcida era tão grande na família que foi uma explosão de felicidade. Ele está com dois anos e veio para trazer uma alegria tremenda”. Ela conta que sempre conversava com o médico sobre o peso da idade. “Ele sempre falava assim: ‘se você tiver a primeira gravidez após os 40 é preocupante. Mas, a partir do momento que você já teve outra, requer cuidados como qualquer gestante. Somente vai demandar mais atenção’”, relembra. Na primeira consulta, foi solicitado um

BEM-ESTAR SAÚDE

“Não tive cuidados extraordinários, trabalhei durante os nove meses” Vera Carvalho

exame de sangue e o resultado indicou que ela estava com a glicose alta, o que a diagnosticou com diabetes gestacional. “Fiz a dieta recomendada e, em menos de oito meses, o açúcar já estava normalizado. Não tive cuidados extraordinários, trabalhei durante os nove meses. Pela idade, senti diferença, o corpo já está mais cansado, tudo que você sente vai vir com um pouco mais de excesso. A gente fica mais sensível, então, qualquer coisinha assusta, mesmo que não tenha risco. Sempre tem aquela pessoa que te chama de louca e fala ‘depois de 14 anos, você vai ter outro filho?!’. Mas há aquelas que abraçam e isso é muito bom”.

VERA CARVALHO Com o filho Gustavo, que está com dois anos de idade

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BEM-ESTAR SAÚDE

gestação tranquila aos 37 anos. A servidora pública lembra que a notícia da gravidez foi uma grande surpresa, embora quisesse muito ser mãe. “Fiquei muito feliz e extremamente emocionada quando soube que estava grávida da Melissa. Não fiz nenhum tratamento diferenciado. Minha médica disse que toda gravidez de gestantes com mais de 35 anos é sempre de risco, mas isso não mudou a rotina do acompanhamento pré-natal”. Para Elisângela Martins, que planejou a segunda gravidez, a surpresa foi ainda maior: aos 41 anos, estava grávida de gêmeos. “Quando eu soube, fiquei muito assustada. Chorei muito dentro do consultório. Não imaginava que fossem dois. Fui ao médico para ver um sangramento e o resultado foram dois bebês. Depois que voltei para casa, fui assimilando melhor, mas demorou um pouco para ficha cair”. Durante a gestação, ela precisou de cuida-

“Filhos são sempre bemvindos em qualquer fase da mulher”, Francis Coelho

rúrgico, precisei de repouso, mas nunca pensamos em desistir. Passados alguns dias, chegou a boa notícia: Miguel estava ali, que alegria ouvir aquele coraçãozinho batendo forte”, relembra. Francis define a gravidez como controlada. “Por trabalhar em Três Rios e no Rio de Janeiro, devido ao tempo de viagem sentada, trânsito e outras coisas, senti certo desconforto. Isso pode ter contribuído para uma pequena dilatação prematura uterina, que foi controlada com medicações”. Ela acredita que não há época certa para ter filhos. “Eles são sempre bem-vindos em qualquer fase da mulher, desde que queira exercer a profissão mais nobre que existe: a de ser mãe, pois é o maior e melhor presente de Deus”. Luciana Tagliate [na primeira foto da matéria] também conta que teve uma 74

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FRANCIS COELHO A enfermeira sentiu diferenças entre as duas gestações REVISTA ON

A enfermeira Francis Coelho engravidou pela segunda vez aos 38 anos. Com 18 anos de diferença entre as gestações, ela notou que as mudanças ocorreram tanto fisicamente quanto emocionalmente. “A Amanda está com 22 e o Miguel com quatro. Na gravidez dela, ganhei muito peso no final, enquanto na do Miguel fui ganhando peso gradualmente. Mas nas duas gestações fiquei enorme”, conta. Ela explica que, por estar muito envolvida em projetos profissionais, adiou a gestação. “Desde a adolescência, sonhava com um casal de filhos. Queria isso para a minha vida e vivi essa expectativa até a chegada de cada um deles. A gravidez do Miguel foi bem planejada. Já estou com meu esposo há mais de 10 anos, queríamos um filho e aquele era um bom momento. Porém, eu tive gestação com ovo anembrionado, significa que não havia nada dentro. Depois do procedimento ci-

ELISÂNGELA MARTINS Aos 41 anos anos, ficou grávida de gêmeos


“Toda mulher, independentemente da idade, deve procurar o médico antes de engravidar” Elizangela Ponte, ginecologista

COM MIGUEL Francis considera a maternidade como uma nobre profissão

dos especiais, precisou fazer repouso absoluto. “Foi uma gravidez que eu não pude fazer muito esforço, não podia

varrer, não podia fazer exercícios físicos, justamente por ser uma gravidez de gêmeos. Ou seja, uma gravidez que exige mais cuidados”. Ao analisar as duas gestações, ela encontra pontos de diferença. “A gravidez da Sara [primeira filha] foi muito tranquila e eu era mais nova. Era outro pique, isso acaba pesando também. Agora, com a Laura e o Pedro, que estão com um ano, já estou com uma idade mais avançada e, por serem dois, é pesado. Eles são diferentes, os dois são mais agitados, é muito serviço, muita roupa para lavar e passar, o cuidado é dobrado. Mas, em contrapartida, é uma experiên-

cia única e muito boa. Apesar de todo o trabalho, eu não me vejo sem eles. Encheram a casa”, completa. A ginecologista Elizangela Ponte explica que casos de gravidez após os 35 anos podem aumentar os riscos de bebês com problemas cromossômicos. Segundo ela, também há mais riscos da mulher desenvolver hipertensão e diabetes durante a gestação. No entanto, ressalta que a maioria das mulheres acima da faixa etária tem gestações normais e bebês saudáveis. “Toda mulher, independente da idade, deve procurar o médico antes de engravidar. É importante fazer exames de rotina e uma avaliação clínica. É recomendado o uso de ácido fólico três meses antes da concepção e durante os três primeiros meses gestacionais para diminuir o risco de malformação do sistema nervoso central do bebê. Até os sete meses de gestação, as consultas são mensais. No sétimo e oitavo meses, passam a ser quinzenais e, daí em diante, até a hora do parto semanais”, finaliza.

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A VIDA MAIS LEVE POR MAYARA STOEPKE

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde revela que o índice de brasileiros acima do peso cresce e já atinge mais da metade de população. Dese total, 17,9% são obesos. Esses dados começam a explicar o número de cirurgias bariátricas feitas no Brasil, que aumentou 10% de 2013 para 2014. No entanto, para chegar à cirurgia, não basta apenas querer.

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ntender cada etapa da gastroplastia, também chamada de cirurgia bariátrica, cirurgia da obesidade ou, ainda, cirurgia de redução do estômago, é fundamental para tomar a decisão junto ao médico. Estudos indicam que, após a cirurgia, existe uma perda média de 60% do peso original, que costuma ocorrer 76

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em até um ano e meio. A pessoa passa a sentir menos fome, pois a operação mexe com hormônios como a grelina, que regula essa vontade de comer. Essa operação é praticada no Brasil há 20 anos e o número de pessoas que se submetem a ela está em crescimento. O país já é o segundo no mundo em número operações. De acordo com o

cirurgião do aparelho digestivo e bariátrico Ivan Resende, a indicação para a cirurgia é quando a pessoa tem Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 40 kg/m² mesmo sem doenças associadas ou IMC maior ou igual a 35 com doenças relacionadas à obesidade desde que tenha feito tratamento clínico para obesidade sem resultados sig-


BEM-ESTAR SAÚDE

REBECA PERPÉTUAS Sempre teve sobrepeso e fez a cirurgia quando estava com 149 kg

nificativos. “O paciente que preencha esses critérios, mas tenha um alto risco cirúrgico, incapacidade psicológica ou abuso de álcool ou drogas, não pode ser submetido ao procedimento”, explica. Segundo o especialista, existem três tipos de cirurgia: as restritivas, as mistas e as disabsortivas. Do total de cirurgias realizadas, 35% são por videolaparoscopia, que é menos invasiva (com cinco ou seis incisões milimétricas no abdômen) e já coberta pelos planos de saúde. No Sistema Único de Saúde (SUS), geralmente é feita a cirurgia aberta, que faz um corte maior na barriga. Ivan Resende explica que todos os planos de saúde devem cobrir o procedimento segundo regulamentação da Agência Nacional de Saúde. “A obesidade é considerada doença crônica cujo tratamento com melhores resultados é o cirúrgico. Mas o abuso de substâncias calóricas, como doces, bebidas alcoólicas ou refrigerante, mesmo em pequenas quantidades, pode levar ao reganho de peso”, afirma Ivan. Como todos os procedimentos cirúrgicos, existem riscos para o paciente, mas, hoje, são baixos e inferiores aos riscos da obesidade. Quanto aos preparos para a cirurgia, ele destaca que, no pré-operatório, há necessidade de um apoio psicológico e nutricional, bem como avaliações car-

RESULTADOS No primeiro mês perdeu 10 kg e, hoje, está com 47 kg a menos

“Perdi minhas roupas e meus sapatos, mas recuperei minha autoestima”, Rebeca Perpétuas

diológicas e pneumológicas. Já no pós-operatório, os pacientes passam por um período de adaptação e progressão da dieta, iniciando com alimentação exclusiva líquida e progredindo gradualmente para pastoso e sólido em aproximadamente 30 dias. “A reversão da cirurgia, apenas as térmicas são passíveis, mas as técnicas são complexas e com maior risco que o procedimento original, logo, não devem ser realizadas, exceto em casos muito especiais”, indica. Rebeca Perpétuas faz parte do grupo de pessoas que já passaram pela cirurgia bariátrica. Ela conta que sempre teve sobrepeso e, desde a infância, fazia dietas sem resultados. Em 2013, surgiu a indicação para que fizesse a cirurgia por conta de um tumor no estômago e seu peso, que era 149 kg. “No primeiro mês, perdi 10 kg e, até hoje, foram 47 kg. Perdi minhas roupas e meus sapatos, mas recuperei minha autoestima. Essa é a melhor parte da história, pois ela fica revistaon.com.br

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BEM-ESTAR SAÚDE

VILMAR DE ALMEIDA Com medo de diabetes e pesando 123 kg aos 48 anos...

maravilhosa e nos ajuda muito em relação à queda do cabelo, quebra das unhas e a anemia”, explica a administradora. A perda de cabelo e o enfraquecimento das unhas podem acontecer em até 70% dos pacientes durante o processo de emagrecimento. Isso ocorre, geralmente, entre o terceiro e o quarto mês após a redução de estômago e se estende até o oitavo. A rápida perda de peso faz com que o organismo economize na produção de proteínas, zinco e nutrientes fundamentais para a manutenção de cabelos e unha, por isso o uso de vitaminas específicas é fundamental na fase. “Os pacientes também podem ter todos os exames normais e apresentarem esses sinais apenas pelo ‘estresse’ da perda de peso”, completa Ivan. Além da nova vida nutricional, a administradora faz atividades físicas para manter o peso. “Somos recomendados a fazer exercícios 90 dias após a cirurgia, mas isso é de médico para médico”. Agora, ela aguarda e se prepara para fazer a primeira cirurgia plástica, no braço. “Eles ficaram bem flácidos”, comenta. Mais procurada por mulheres, o número de cirurgias vem crescendo também entre os homens nos últimos anos. Vilmar de Almeida, motorista, já tinha feito várias dietas e tratamentos para emagrecer, mas engordava sempre. Além disso, apesar dos exames estarem sempre normais, tinha medo de ficar diabético. “Também estava insatisfeito com minha aparência e 78

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Vilmar de Almeida

tinha que comprar as roupas que encontrava e não as que eu gostava porque não tinha o meu número, isso já estava me deixando chateado. Quando encontrei uma amiga da minha esposa que tinha feito a cirurgia, marquei uma consulta e decidi fazer”, lembra. Com 123 kg e 48 anos, Vilmar fez a redução e passou a pesar 84 kg. “Já cheguei aos 78 kg, mas achei que estava magro demais e com cara de pessoa doente. Decidi engordar aos poucos, agora estou satisfeito com meu peso”. A primeira diferença que sentiu foi em relação às roupas, que ficaram largas. “As pessoas começaram a falar que eu tinha ficado muito bem e isso foi muito bom para minha autoestima. Sempre fiz caminhada e corrida, essas atividades ficaram mais fáceis também”. Com todos esses benefícios, ele ainda não estava satisfeito, havia restado pele flácida na barriga. “Só depois da abdominoplastia que fiz, em julho do ano passado, fiquei completamente satisfeito”. O motorista aprendeu que o pós-operatório deve ser seguido à risca, já que nos primeiros dias só foi possível

AMANDA AFONSO Sedentarismo e alimentação errada contribuíram com o ganho de peso

NOVA SILHUETA Em seis meses, a assistente de negócios perdeu 40 kg

MUDANÇA ...passou pela cirurgia e chegou aos 84 kg que desejava

“As pessoas começaram a falar que eu tinha ficado muito bem e isso foi muito bom para minha autoestima”,


beber água e água de coco em pequenas quantidades (10 ml, várias vezes ao dia). “No meio da segunda semana, não tive fome, mas comecei a ficar nervoso. Então, a nutricionista falou para eu mascar chiclete. Ela disse que o cérebro estava sentindo falta da mastigação. Depois passei a tomar um caldo de legumes cozidos com carne, sem os legumes e sem a carne, só o caldo coado. No 21º dia, pude comer uma contra coxa bem cozida, com arroz bem cozido e caldo de feijão. Foi um banquete”, brinca. Além da dieta, Vilmar passou a tomar suplementos nutricionais e, aos poucos, voltou a comer de tudo. Para ajudar a manter o peso, faz caminhada e corrida. “É interessante lembrar que a pessoa precisa fazer um acompanhamento psicológico”, completa. Amanda Afonso, assistente de negócios, também sempre teve dificuldade para manter o peso. Após a primeira gravidez, foi mais difícil recuperar o corpo. O trabalho, que não exige esforços físicos, também contribuiu para

“Tenho mais condicionamento físico, até para brincar com o meu filho ficou mais fácil”, Amanda Afonso

que ganhasse mais peso. “Além disso, nunca gostei de me alimentar muito bem, comia muita porcaria, até que chegou um ponto que a única indicação era a cirurgia”, conta. A prevenção da diabetes por obesidade também falou alto na hora de optar pela operação e o cansaço era outro fator que atrapalhava o dia a dia. A operação aconteceu quando ela estava com 120 kg e, seis meses depois, já chegou aos 81 kg. “Logo no primeiro mês eu perdi 13 kg, o que mais me deixa feliz é poder comprar roupas que antes não podia. Tenho mais condicionamento físico, já consigo cruzar a perna na hora

que sento, até para brincar com o meu filho ficou mais fácil”, conta. Apesar de não sentir fome, a vontade de comer ainda existe. “O acompanhamento psicológico é muito mais importante após a cirurgia justamente para trabalhar essa vontade de comer que ainda fica. Posso passar o dia todo sem sentir fome, mas a vontade está ali”, revela Amanda. Outro ponto do pós-operatório destacado por ela é a mudança na textura da pele, que fica mais seca. “Tomo injeção de vitamina de três em três meses, isso é para o resto da vida. Por isso, a decisão deve ser tomada com muita consciência. Isso pesa até em coisas muito pequenas. Quando vou em um aniversário, por exemplo, vejo todo mundo comendo doces e eu não posso, por isso tem que ter certeza de que quer fazer”, aconselha. Para garantir a segurança e os bons resultados, é preciso verificar se o cirurgião está credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e esclarecer todas as dúvidas relacionadas à cirurgia.

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COOL

história 81 artes 84 música 88 viagem 92 sabores 100

MATRIZ DE

HISTÓRIAS POR MAYARA STOEPKE

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Aos 84 anos, a Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, em Areal, é um ponto de encontro de histórias. Localizada no centro da cidade, é um marco da religiosidade e, pelas características modernas da construção, tornou-se cartão-postal do município.

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COOL HISTÓRIA

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as terras doadas pela família Wiechers, foi erguida a Igreja Matriz de Areal, vinculada ao Curato Eclesiástico de Sant’Ana da Cebolas. Isso aconteceu antes mesmo de Areal ser distrito de Paraíba do Sul [e muito antes de ser distrito de Três Rios]. Em 1955, desgastada e apresentando risco de desabamento, foi interditada. Após ser demolida, a igreja passou a funcionar temporariamente no salão do prédio de propriedade do almirante Belfort Guimarães, mas a Capela de Santa Rita de Cássia foi elevada a Matriz provisória. As lembranças da antiga igreja ainda permanecem na memória dos moradores mais antigos. Arlete e Arlene Freitas, irmãs que frequentam a igreja desde a infância, contam que, naquela época, as missas eram celebradas com o padre de costas para os fiéis e ainda lembram que a população foi responsável pela campanha para a construção da nova igreja, com organização de almoços, jantares, rifas, festas, leilões, desfiles infantis, entre outros. A pesquisadora e genealogista Cinara Jorge completa a história: “Quando derrubaram a igreja velha, fizeram centenas de pequenas cruzinhas com a madeira da igreja antiga. Eles vendiam esses itens, que ficavam em um pequeno pedestal, próprio para oratórios ou mesas de cabeceira. No pedestal tinha o seguinte verso: ‘Fizeram esta cruzinha da madeira que sobrou da antiga capelinha onde você se batizou’”. O ato ajudou na arrecadação de verba para a construção da nova igreja e, em 15 de setembro de 1957, foram realizadas solenidades do lançamento da pedra fundamental pelo monsenhor Francisco Gentil Costa. Na data, ainda houve missa celebrada pelo vigário titular, padre Cirilo Calaom, e participação dos “Coleirinhos”, coral que pertencia à escola filantrópica que funciona nas dependências da igreja. Antonieta da Silva, 80 anos, conta que foi a primeira pessoa a ser batizada na igreja e, junto a outras pessoas, escreveu seu nome na pedra fundamental que está embaixo do piso da nova igreja. Ela ainda lembra, com carinho, do cuidado que a mãe tinha ao ajudar nas tarefas da igreja que passaram para 82

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EM OBRAS A união dos católicos do município permitiu a construção da igreja

ENGENHEIROS E ARQUITETOS A construção ganhou aspectos modernos e foi um marco na época

ela com o decorrer dos anos. “Fiz parte das Filhas de Maria e sempre estive envolvida nos eventos. Minha mãe teve dez filhos, íamos todos juntos”, lembra. Antonieta ainda ressalta que existem peças na igreja nova que são da antiga, como bancos, quadros, castiçais, imagens de santos e até uma parte do altar. Com uma arquitetura moderna projetada por Veiga Soares, a Igreja Matriz tornou-se um marco para comunidade católica local, passando a fazer parte da vida de boa parte dos cristãos e cidadãos arealenses, com casamentos, batizados, crismas, formaturas e outras celebrações. “A nova é completamente diferente. A outra seguia a linha da época, essa chegou inovadora e foi um marco”,

PEDRA FUNDAMENTAL Deu início à nova fase da Igreja Matriz de Areal

lembra Arlete Freitas. Ela ainda conta a admiração que o padre da época tinha com a imagem de Nossa Senhora das Dores, que dá nome à igreja. “Ele afirmava nunca ter visto uma imagem que retratasse tão bem a Nossa Senhora”,


ETAPAS Para a conclusão das obras, foram feitos almoços, leilões e rifas

lembra. A imagem, inclusive, já causou comoção ao ser retirada durante algum tempo do altar alguns anos mais tarde. A cruz grande do altar veio da Itália, doada pelos padres Cirilo e João. Nas laterais internas da construção existem imagem que retratam a crucificação de Jesus desenvolvidas por um artista italiano. “Ele desenvolveu essas obras especialmente para a igreja”, conta. O lustre é outro destaque e existe desde a igreja antiga. “Ele é todo em cristal e, quando desmontaram durante a construção da igreja nova, perderam algumas partes e ninguém encontrou algo parecido para colocar no lugar”. A tradicional festa de Nossa Senhora das Dores acontece todos os anos, terminando no dia 15 de setembro. Há dois anos em Areal o padre Bruno de Leira, natural de Magé, revela que o apego dos moradores com a matriz foi algo que chamou sua atenção. “Quando cheguei, fiquei um pouco assustado por nunca ter sido padre em uma cidade, mas a população me acolheu muito bem. São todos muito cristãos”, conta. A matriz tem cerca de 20 pastorais, como a do batismo e a familiar. “Estamos retornando com a Pastoral da Acolhida, aquela que não somente fica na porta entregando folheto, mas acolhe e orienta”, explica o padre, que contabiliza mais de 100 pessoas envolvidas nos

CARTÃO POSTAL O estilo arquitetônico chama a atenção dos visitantes

INTERIOR As missas de louvor chegam a receber 700 pessoas

projetos. Jovem e com espírito renovador, padre Bruno destaca as missas de louvor, que reúnem até 700 pessoas, e garante que há projetos para restauração do local. “Convidamos uma restauradora de Petrópolis para avaliar os quadros que ficam expostos nas laterais da Igreja para restaurarmos. O orçamento está feito e, agora, vamos rumo a essa conquista com eventos promovidos pela Igreja com apoio da comunidade”. O padre ainda revela que novos projetos deverão ser divulgados em breve e devem transformar e renovar ainda mais as características da construção. Uma construção cheia de história, fé e momentos inesquecíveis para a comunidade. revistaon.com.br

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OS DONS DA

AQUARELA POR TATILA NASCIMENTO

SUPERVISテグ FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS REVISTA ON

Eles acreditam que a vida pode ser bem mais colorida, como uma obra de arte. Para alguns, テゥ hobby, para outros, uma terapia. A pintura em tela ultrapassa geraテァテオes e atrai adeptos de todas as idades.

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esde a infância, Cristina Visconti tem interesse por pintura. A advogada revela que foi uma criança que detestava ganhar bonecas, mas bastava alguém a presentear com uma caixa de lápis de cor para abrir um sorriso. Com 10 anos, já pintava e desenhava, porém, interrompeu a atividade durante a faculdade. “Assim que me formei, voltei a pintar. Eu advogava em um escritório e, nas horas vagas, pintava. Nunca larguei, mas pintava para família e para os amigos, nada profissional”, diz. A relação de Cristina com a pintura supera até mesmo a razão, como conta em uma história que vale à pena ser compartilhada. “Eu tinha um amigo de infância que era um artista extraordinário. Na época, eu tinha o cabelo comprido e falei para ele que ia cortar, eu tinha uns 13 anos. Ele disse que, antes de cortar, queria que eu posasse para ele. Fiquei nesse processo por três meses e tomei gosto pela pintura. Ele me deu o quadro e, menos de um ano depois, faleceu”. Mais tarde, Cristina teve

COOL ARTES

“O lúdico é um recurso importante para trabalhar a mente e encontrar relaxamento” Mariana Macedo, psicóloga

um sonho com o amigo. “Ele chegou de braços abertos e falou ‘oi, minha menina’. Eu fico até arrepiada ao lembrar. No sonho, respondi assim ‘Duarte, você não morreu?’. E ele continuou com ‘menina, por que está triste? Você tem um dom que Deus te deu e que você traz de muitas vidas. É dele que você vai viver e vai tirar seu sustento. Levanta a cabeça e toca sua vida para frente’. Ele me deu um abraço e eu acordei”, conta. Naquele mesmo dia, Cristina começou a pensar em fazer algo que Paraíba do Sul não tivesse e teve a ideia de dar aulas de pintura em tecido no município. “Cheguei a ter mais de 100 alunas.

PSICÓLOGA Mariana Macedo recomenda a arte por fazer bem para a saúde física mental

Depois disso, larguei a advocacia e passei a viver da arte. Formei meus filhos com isso. A maior alegria que eu tenho é ver que os 23 anos que eu lecionei rendem frutos até hoje”. Minervina Santos, 87, ensina a arte há quase 30 anos e tem uma relação com

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A CÉU ABERTO Grupo de alunos de pintura em Paraíba do Sul 86

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ALEXANDRE VIEIRA Ele pinta quando sente-se realmente inspirado

“Acho a arte um talento dado por Deus e me sinto presenteado com esse dom” Alexandre Vieira

Cultural Professora Maria de Lurdes, em Paraíba do Sul”. Ele pinta frequentemente, quando se sente realmente inspirado, e consegue encontrar sua personalidade em cada uma. “Pintei algumas paisagens brasileiras que vendi para fora do país, isso foi marcante. Acho a arte um talento dado por Deus e me sinto presenteado com esse dom. A pintura é uma verdadeira terapia, quem pinta transfere para a tela exatamente o que está sentindo no momento, seja um estresse, ansiedade ou angústia,

ARQUIVO PESSOAL

a arte que surgiu de forma diferente de Cristina. Embora sempre tenha gostado de desenhar, foi só depois da aposentadoria que passou a dedicar mais tempo ao ofício. “Morei em Três Rios e na cidade conheci minha professora. Sou aluna dela até hoje, há mais de 40 anos. Não tive dificuldade alguma desde quando comecei”, destaca. Após dez anos de estudos, ela começou a dar aulas. Quando mudou-se para Paraíba do Sul, teve a oportunidade expor suas artes na Câmara Municipal. Depois disso, começou a ser procurada por amigas interessadas em aprender. “Iniciei com cinco meninas e, hoje, mantenho um grupo grande. Atualmente, são 28 alunos, dou aulas de segunda a sexta-feira. Além da pintura em tela, Minervina também pinta porcelana, o que aconteceu após visitar uma exposição em Juiz de Fora e se encantar com a arte. A psicóloga Mariana Macedo explica que a pintura é uma oportunidade para a pessoa se expressar e dar expressões novas a conteúdos reprimidos, sendo considerada uma atividade terapêutica. “O lúdico é um recurso importante para trabalhar a mente e encontrar relaxamento, desenvolver a percepção, autoestima e criatividade. Ela ainda abaixa os níveis de angústia, estresse e ansiedade. Eu recomendo a arte porque faz bem para a saúde física e a mental”. Alexandre Vieira é outro exemplo que também demonstra aptidão para as artes desde a infância. Porém, apenas anos mais tarde colocou, de fato, a mão na massa. “Comecei a ensinar pintura em 2000, com uma turma de seis alunos no Centro

ARQUIVO PESSOAL

COOL ARTES

TERAPIA Quem pinta transfere para a tela os sentimentos

por exemplo, voltando para ela em forma de beleza e satisfação”. Minervina cita uma das últimas telas pintadas como especial. “Há pouco tempo, pintei uma Santa Ceia. Fiz dois quadros e demorei três meses. É um quadro trabalhoso, são muitos detalhes”. Ela prefere a pintura acadêmica, mais elaborada, e admira quem faz a pintura moderna. “Para mim, a pintura é uma terapia, é boa para a mente. Posso ficar horas pintando que não me canso. Quando a pessoa gosta, basta que ela inicie e comece a descobrir as coisas. Na verdade, a pintura e as cores são uma grande descoberta”, ressalta. Alexandre acredita que qualquer pessoa pode e deve pintar, mesmo porque muitas podem ter esse talento e ainda não saberem. Ele usa a técnica do copismo e os alunos se identificam com facilidade. “É muito gratificante ver a alegria e satisfação estampada no rosto de cada um deles após uma tela pintada. Lembro de alguns muito nervosos no primeiro dia de aula, com medo do trabalho não dar certo, e, ao longo do processo, se surpreenderem com a própria superação”. Já Cristina Visconti sempre cria as próprias telas a partir de inspirações que surgem em momentos diferentes, podem sair de paisagens ou sonhos, por exemplo. “Acho que todo artista que cria tem um pouco dessas loucuras, como acordar durante a noite e ir para o atelier. Mas, quando a inspiração some, eu parto para a pintura em tecido ou em cerâmica.


CRISTINA VISCONTI A artista conta que já acordou durante a madrugada para pintar

MINERVINA SANTOS Com uma das pinturas mais recentes e que considera especial

Quando crio na tela, é como um filho. Fico muito angustiada quando vendo uma tela, mas tenho que vender porque não tenho lugar para guardar tudo. Cada tela é única, mesmo que eu queira não vou conseguir copiar outra igual”. Para ela, a pintura ainda pode se

transformar durante o processo artístico, começando com uma ideia e finalizando com outra. “A pintura é a minha vida, não consigo viver sem ela. Eu sempre peço a Deus duas coisas: que eu não perca a visão nem a minha mão. No dia que não conseguir mais pegar um pincel

ou não enxergar uma tela, não sei o que vai ser de mim. A pintura é uma forma de terapia. Qualquer pessoa pode pintar. Se destaca aquele que tem um dom, mas a pintura sempre vai fazer bem, mesmo para aqueles que não vão seguir carreira profissional com a arte”, finaliza.

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COOL MÚSICA

A música que escuto toca por onde? Estamos no início do século 21 e o jeito de escutar a música está diferente Márcio Simões de Assis marciosassis@gmail.com Graduado em administração de empresas com habilitação em marketing pela UVA (Universidade Veiga de Almeida) e MBA em gestão empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

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u comprei muitos discos de vinil, no final dos anos 70. No som do toca disco, colocava a música para eu e os vizinhos escutarmos. Fiz isso muitas vezes quando me encontrava sozinho em casa ou com meus irmãos, quando compartilhava o mesmo som. Algumas vezes, a agulha agarrava, um arranhão imperceptível ao olho, mas a audição não tinha jeito... Acusava no ato. No início dos anos 80, desfiz de todos os discos de vinis quando escutei pela primeira vez o som do CD. Adquiri meu primeiro aparelho de CD, nem pensei duas vezes em substituir toda minha discoteca com esta mídia digital. No início dos anos 90, todo mês estava na Santa Ifigênia, por negócios, visitando clientes em Sampa. Lá vi o que me assustou muito: os CDs piratas. Foi algo de

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impressionar porque não demorou muito e a mesma mídia mudava o formato para mp3, onde poderia arquivar toda a coleção de uma banda ou músico, sua discografia completa cabia na palma da mão. Estamos no início do século 21, novas mudanças ocorreram e transformaram o jeito de escutar a música. De onde toca o som que escuto? Hoje temos tantas alternativas e opções de formatos de mídias que fica difícil distinguirem de onde toca a música. Temos a volta do disco vinil nesta segunda década deste século. Além do CD, pen drive, celular, gravador digital, aplicativos, internet. Podemos escolher o ritmo, a música, o músico e a banda de preferência e começar a curtir a boa música. Em suma, temos virtualmente a coleção de nossos ídolos na palma da mão, com um simples clique.


50 ANOS DE CANÇÕES POR MAYARA STOEPKE

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Com 65 anos de idade e 50 deles dedicados à música, Wander Leal integra a classe artística de Três Rios e é apaixonada por todas as formas de arte. O economista abre sua vida e conta a paixão por proporcionar música às pessoas.

A

utodidata, estudioso e praticante de meditação há 30 anos, Wander Leal nasceu em Sapucaia e mudou-se para Três Rios aos nove anos de idade. Antes disso, ele já conhecia de perto a música e sabia que ela o acompanharia para sempre. Seu pai era bandolinista e o primeiro instrumento que teve foi um pandeiro. Wander lembra que a família fazia reuniões constantes para tocarem chorinhos e baião. Ainda pequeno, ao chegar à nova cidade, Wander conheceu o professor Carmo Nunes dos Santos. “Ele foi um segundo pai para mim”, destaca. Aos 12 anos, ganhou o primeiro saxofone, instrumento que é sua grande paixão. Com total apoio da família, conciliou os estudos acadêmicos com os de música e, assim, ingressou do Grêmio Musical 1° de Maio. No local, começou a ensaiar com o maestro Duarte, aos 15 anos. “Nesse período, recebi um

“A música sempre acaba me puxando”, brinca Wander

convite de um amigo para montar um conjunto e começamos a ensaiar”. Começou logo em seguida a tocar em bailes profissionalmente, no entanto, por não conseguir conciliar a nova atividade com o Grêmio Musical, precisou se afastar deste, onde retornaria mais tarde, como maestro. Após a escola, iniciou o curso técnico em contabilidade e foi para o quartel. Na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), entrou na banda de cornetas. “Colocaram na polícia, mas eu não tinha nada a ver com aquilo. Como tinha a carteira da Ordem dos Músicos, procurei uma companhia que tinha banda, mas era só de corneta”, lembra. Fez o

curso de fanfarra e, quando voltou para Três Rios, foi trabalhar no colégio Entre Rios, onde fundou a fanfarra e a biblioteca, outra grande paixão. “Quando fui fazer o cursinho, voltei para o Colégio Ruy Barbosa, onde regi a banda por 10 anos”, completa. Ainda na música, regeu bandas de outras escolas, foi diretor musical do G.R.E.S. Bambas do Ritmo e professor da Faetec. Ao terminar o cursinho, passou no vestibular para economia em Juiz de Fora e “deu um tempo” na música. Até os 24 anos, quando ingressou na universidade, Wander conciliou os estudos, o trabalho e a música, mas não tinha pretensão de ganhar dinheiro e viver como músico. Ele conta que a arte sempre o completou, mas que é apaixonado pela profissão escolhida. “A música me sacrificava um pouco. Chegava o final de semana, minha família viajava e eu não podia. Eu queria ler um pouco e não podia. Então, tinha revistaon.com.br

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REVISTA ON

COOL MÚSICA

BANDA LEAL Os netos Alyssa, Dominik e Mathew brincam com instrumentos

“A música tem que me trazer leveza e não obrigações” Wander Leal

isso e não era o que eu queria. A música tem que me trazer leveza e não essas obrigações”, analisa. Tornou-se compositor e teve uma surpresa. Tavito e Tibério Gaspar estiveram na cidade para prestigiar um festival que Wander participou e lhe fizeram o convite de ir para o Rio de Janeiro fazer música com eles. “Eu ia ao Rio e via os músicos famosos, muito bons, e a vida era muito corrida, muita loucura, eu não quis isso”, confessa e logo garante que não se arrependeu da decisão.

BANDA S.O.S. SOUND OF SOUL Integrou e fez participações em diversas bandas 90

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ARRANJO Aos poucos Wander dá vidas às canções

Trabalhou em indústrias, prestou consultorias e, aos poucos, foi se envolvendo novamente com a música quando mudou-se para Natal [aos 30 anos e casado, passou em um concurso do Ministério da Saúde e foi transferido para a capital do Rio Grande do Norte]. “A música sempre acaba me puxando”, brinca. Sem campo para sua música, focou na profissão até que amigos foram descobrindo o talento e, quando viu, já estava novamente tocando em bandas de bailes e jazz. “Nessa banda tinha uma cantora, um percussionista e eu. De repente, vieram mais dois músicos e começamos a desenvolver um ‘jazz nordestino’. A Acarajazz ficou famosa e tocávamos muito no Nordeste”, destaca. Em 1995 ele retornou para Três Rios. “Senti que era a hora de voltar”. Passou

INÍCIO O músico ganhou aos 12 anos o primeiro saxofone

“Olha que a poesia é filosofia entre a prosa dos versos e as noites do dia”, trecho da composição “Purifique-se pelo pecado!”

a dar aulas de música na Faetec e encontrou novos músicos, muita coisa havia mudado. Ele também mudou. Cursou pós-graduação em psicopedagogia e psicomotricidade e também trabalha com balanceamento muscular. “Eu aplicava tudo isso em minhas aulas de música e nas empresas que trabalhava. Sempre busquei unir meus aprendizados”, afirma. Durante os 50 anos de música, fez muitos amigos. Um deles é Robertho Azis, que destaca a admiração por Wander. “É um músico de muitas qualidades. Talentoso instrumentista e parceiro. Somamos por inúmeras vezes o palco nas noites. Há cinco anos ele soma com seu talento e brilho as apresentações do coral e muito me orgulha em tê-lo como amigo pessoal e profissional”, destaca Robertho, regente do Coral Municipal de Três Rios. Grandes ídolos inspiraram Wander durante a carreira. Assim que começou a tocar saxofone, lembra com muito carinho de Manito, da banda Os Incríveis, e do saxofonista Moacir Silva, que seguia o estilo romântico. “São muitos os artistas que eu admiro e o Brasil tem muita coisa boa. Aqui em Três Rios mesmo tem um flautista, o Josias, filho do maestro Carmo


FAETEC Regeu a banda da instituição e também deu aulas

Nunes. Ele gravou a novela Chiquinha Gonzaga, o Norton Nascimento só fazia mímica. Eu nem me atrevo a tocar perto dele porque é muito bom”, brinca. Em 2012, quando o Grêmio Musical 1º de Maio passava por problemas financeiros, Wander formou, com amigos músicos, a banda Pé de Moleque para, juntos, arrecadarem fundos para a banda

BANDA PÉ DE MOLEQUE Formada em 2012 com amigos músicos de Três Rios

centenária. “A música me humanizou, me fez conhecer pessoas e lugares. Até em relação às minhas outras atividades ela contribui muito”, ressalta. Poeta e letrista, sua visão em relação à música é outra, “Meu foco é como compositor”. É assim que enxerga a possibilidade profissional forte e em alta no segmento. Segundo ele, na cidade ainda faltam incentivos para os

músicos. Enquanto isso, carrega o sonho de colocar em prática um projeto que envolve a gravação de um CD com vários artistas, e assim, proporcionar a possibilidade de levar as composições trirrienses para fora da cidade. “Foi assim com muitos artistas que ninguém conhecia, até que um artista famoso ouviu uma música e lançou o seu sucesso”, finaliza.

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VIETNÃ

POR BERNARDO VERGARA

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Localização Sudeste da Ásia Área 331,114 km² Capital Hanói Idioma Vietnamita Religião Budismo População 92 milhões de habitantes Clima Tropical / sub tropical Moeda Dongue Vietnamita

Há vida após a guerra Após 40 anos do cessar fogo do maior e mais sangrento conflito armado da segunda metade do século 20, o Vietnã renasce da guerra, vence seus traumas, reestrutura sua base econômica e social e se desenvolve a passos largos, sempre olhando para frente. As mudanças atuais são reflexos inspiradores de um passado cruel, sangrento e que nenhum vietnamita faz questão de reviver.

PALÁCIO DA REUNIFICAÇÀO EM HO CHI MINH

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MEMORIAIS DE GUERRA

O

país que, por muito tempo, chamou a atenção do mundo por conta de guerras em busca de independência e liberdade, hoje chama a atenção pela gana e obstinação com que se reconstrói e se desenvolve fisicamente, economicamente e, principalmente, emocionalmente. Entre todas as mazelas que uma guerra deixa para um povo, o fator emocional é um dos mais relevantes e de maior dificuldade de recuperação. O recomeço não é instantâneo, normalmente tem um preço alto e se torna algo não realizável. Como passar por cima de tantos traumas e perdas? O povo vietnamita passou, reestabeleceu suas origens, organizou seu sistema de forma integrada e colhe frutos saborosíssimos. A Guerra do Vietnã, que perdurou de 1959 até 1975, e opôs a parte norte do país, apoiada pela União Soviética, contra a parte sul, apoiada pelos EUA, culminou em uma das guerras mais sangrentas que o mundo presenciou. No final da guerra, o Vietnã do Norte se declarou vitorioso, tomou a cidade de

“Como passar por cima de tantos traumas e perdas?” Saigon e realizou a retirada das tropas norte-americanas do país. No ano seguinte, mais precisamente em 2 de julho de 1976, o país foi reunificado sob o regime comunista, aliado da União Soviética. Em palavras claras, naquele momento o Vietnã voltou a possuir uma identidade própria e homogênea e o exército norte-americano foi vencido e sofreu sua maior derrota militar da história. Até os dias de hoje, há debates sobre quão incrível e improvável foi a vitória de um exército belicamente tão fraco e limitado perante o outro. O fator determinante para a vitória do lado mais frágil foi a estratégia adotada. Falando em estratégia, mais uma vez ela foi bem desenvolvida e posta em prática, dessa vez para dar a volta por cima e botar o país nos trilhos do desenvolvimento. Daquela guerra que tanto subrevistaon.com.br

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“A força e obstinação do povo venceram a guerra e as limitações impostas pelo homem...” traiu e dividiu famílias, vidas e sonhos, deu-se início um período de reconstrução, concretização e prosperidade. Sim, prosperidade social, dignidade pessoal, possibilidade de novos sonhos e retorno de sorrisos que por anos foram censurados sob rifles e canhões de guerra. Até a chegada dos dias prósperos atuais, o país passou por anos difíceis, enfrentou uma realidade econômica complicada, chegou a ter uma taxa de inflação na casa de 700%, carência no abastecimento de artigos de primeira necessidade e, ainda, bloqueio de relações comerciais com países capitalistas. Eram muitos os problemas e muitas as limitações impostas pela guerra, mas aquele cenário era passível de mudança e o povo estava unido em um mesmo ideal.

MUSEU DA GUERRA EM HO CHI MINH

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Revista On Outubro & Novembro

PALÁCIO DA REUNIFICAÇÃO EM HO CHI MINH

No final dos anos 80, o país adotou uma forma de governo inspirada em moldes soviéticos e chineses e, após implementar uma série de reformas políticas, entre elas a abertura de mercado, a grande virada teve início. Dali em diante, grandes conquistas começaram. O país se tornou o segundo maior exportador de arroz do mundo, ganhou força e relevância na exploração do café, começou a reduzir drasticamente a inflação, chegando aos dias atuais a uma taxa de menos de 3% ao ano. Hoje apresenta um crescimento de PIB na casa de 7% ao ano, reduziu com relevância o índice de pessoas que viviam abaixo da linha de pobreza, aumentou a taxa de crianças matriculadas na escola, reduziu o percentual de analfabetismo e, ano a ano, obtém melhoras no desenvolvimento humano. Difícil acreditar que, partindo de um cenário tão sombrio e sem esperanças, chegaria a uma realidade tão bonita e digna. A força e obstinação do povo ven-


TARDES DE RELAXAMENTO NO GRANDIOSO LAGO HOAN KIEM

ceram a guerra e as limitações impostas pelo homem, possibilitando uma nova forma de olhar a vida por parte do povo vietnamita. O retorno dos sorrisos mais puros como forma de expressão mostra

que sempre há um recomeço, até em situações de guerra. Ao leitor da Revista On, fica minha indicação pelo aprofundamento da história recente desse incrível país que ressurgiu após a guerra.

QUANDO IR Entre novembro e abril, período para evitar a complicada e perigosa temporada de monções e furacões.

sopa picante Bun bo e a Pho, de macarrão de arroz com carnes e especiarias.

COMO CHEGAR

Voando pela companhia Qatar airways (qatarairways. com) do Rio de Janeiro a Hanói, com escala na cidade de Doha no Qatar, a partir de R$ 5.500. ONDE FICAR Em Hanói, sugiro se hospedar na região turística de Old Quarter, mais precisamente nas redondezas do Lago Hoan Kiem. Minha sugestão de acomodação é pelo Tirant Hotel (tiranthotel.com), com diárias na faixa de R$ 240. Já em Ho Chi Minh, a sugestão é na região do famoso Mercado Ben Thanh. Sugiro o hotel Paradise Saigon boutique hotel (paradisesaigonhotel.com), com diárias na faixa de R$ 300. ONDE COMER Em Hanói, sugiro o badalado Restaurante Wild Rice (Rua Pho Ngo Thi Nham, 6) de culinária típica local. A sugestão é pelo típico rolinho primavera vietnamita e pelo macarrão Pho Xao, com legumes e camarões. Em Ho Chi Minh, o restaurante Quan An Ngon (Rua Pasteur, 160), também especializado na culinária vietnamita. Não perca a

O QUE FAZER Em Hanói, explore o grandioso e central lago Hoan Kiem e sua margem badalada e cercada por restaurantes; o agitadíssimo Old Quarter e sua rotina louca; o interessante Museu da Literatura, construído em homenagem a Confúcio; e, por fim, a bela Catedral católica de St. Joseph. Em Ho Chi Minh, não deixe de realizar um passeio pelo delta do Rio Mekong, adentrar ao histórico Palácio da Reunificação, explorar o muito interessante e pesado Museu da Guerra e viver de perto um pouco da Guerra do Vietnã percorrendo os Túneis de Cu Chi. ANTES DE VIAJAR Turistas brasileiros precisam de visto de turismo para entrada no país. O visto pode ser conseguido na embaixada vietnamita, em Brasília, ou pela forma mais rápida e indicada, chamada Visa On Arrival, para casos em que a entrada no país é realizada por aeroportos. QUEM LEVA A empresa betrip solução em viagens. Para mais informações sobre roteiros, datas e valores: (24) 22202494 e (24) 98829-2645. revistaon.com.br

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Revista On Outubro & Novembro


COOL DIÁRIO DE BORDO

ITÁLIA CAPITAL ROMA IDIOMA OFICIAL ITALIANO POPULAÇÃO 60,74 MILHÕES MOEDA EURO

QUANDO IR Primavera/verão, entre abril e setembro, quando os dias são mais longos e é possível aproveitar mais, pois o sol se põe por volta das 20h. COMO IR Existem voos diretos para Roma e Milão, que são as melhores opções para quem pretende ficar poucos dias. São aproximadamente 10 horas de voo, oferecido pela empresa Alitalia. ONDE FICAR Em Roma, é importante escolher um hotel próximo à estação Termini, que é a principal estação de trem da cidade. E, ainda, pertinho do metrô. Isso torna a locomoção pela cidade mais fácil. ONDE COMER Não é difícil encontrar bons restaurantes. Geralmente o menu fica exposto na porta do estabelecimento, então fica fácil escolher e analisar preços. A comida no país não é cara. Come-se bem e paga-se pouco. DICAS Com três meses de antecedência, comece a estudar o país, os costumes e a cultura, a comida e, principalmente, os riscos presentes. Aprenda um pouquinho do idioma, mesmo que tenha o inglês na ponta da língua. Isso fará muita diferença. Assista filmes, ouça músicas... Posso dizer que irá amadurecer sua audição para a língua. Tenha um bom guia de viagem da cidade de Roma e de toda a Itália sempre em mãos.

CINQUE TERRE - MANAROLA

Taís Calixto

na Itália

A

frase “um dia eu ainda vou à Itália” se transformou em “estou indo para a Itália”! Sempre tive o sonho de conhecer o mundo. Penso que o mundo é muito grande para ficarmos no mesmo lugar a vida toda. Então, na virada do ano, meu pensamento foi: em 2015 vou fazer a viagem dos meus sonhos! Planejei tudo com calma. De início, convidei algumas amigas para me acompanharem, mas, por motivos de agenda, ninguém poderia ir comigo. Então, surgiu a principal questão: será que dá para viajar sozinha? Fiquei nessa inquietude por dias, pesquisando sobre tudo, o que fazer e, principalmente, o que não fazer para que desse tudo certo no final. Resolvi arriscar e optei por ouvir meu chamado que dizia: Vai! Tomei coragem e escolhi o destino. Roma. Minha paixão. Sempre amei história e estava pronta para conhecer o berço de tudo. Para espanto dos amigos e família, estava embarcando nessa sozinha. Alguns me felicitaram e, da mesma forma, revistaon.com.br

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COOL DIÁRIO DE BORDO

BASÍLICA DE SÃO PEDRO

outros se assustaram e criticaram, mas, para mim, não importava. Apenas a vontade de alcançar meu sonho bastava. Foram sete dias de viagem. Desembarquei em Roma, onde foi minha base, e visitei Vaticano, Florença, La Spezia e Cinque Terre. Em Roma, pude entender o que torna a cidade tão magnífica. O fato de andar pelas ruas e ter a sensação de entrar em um livro. São ruínas de 2.000 anos que impressionam. Se perder pelas ruas, sabendo que vai encontrar algo incrível

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Revista On Outubro & Novembro

MUSEU VATICANO

sem esperar, é a mágica do negócio. Panteão, Coliseu, Fórum Romano, as Piazzas, os artistas de rua... E, ainda, observar as pessoas, o que dá a impressão de que o mundo todo estava ali. Florença é encantadora, primeiro pelo fato de ser o berço do renascimento. Ao caminhar pelas ruas apertadas da cidade, é impossível não pensar no passado, imaginar Leonardo da Vinci, Michelangelo, Maquiavel e Dante andando pelas ruas como pessoas normais. Segundo, de um lado estão violinos e truques


FÓRUM ROMANO

COLISEU VISTO POR DENTRO

de mágica, do outro está a modernidade das Ferraris. O desafio é tentar fotografar o Duomo, pois, de tão grande, não cabe em uma só foto. Maravilhoso! Vaticano, o mais impressionante de todos. Cruzar a linha que te leva até a Praça de São Pedro, conhecer a Basílica de São Pedro e, ainda, ver o papa Francisco. Não dá para descrever. É um misto de arte, religião, poder e fé! A perfeição está presente naquele lugar. Tenha tempo para conhecer os museus do Vaticano, eu esqueci da vida lá dentro. Entrar na Capela Sistina e admirar o precioso trabalho de Michelangelo é algo indescritível. Não dá vontade de sair. La Spezia e Cinque Terre são regiões litorâneas ao norte da Itália. É possível fazer em um dia, de trem, barco ou andando. De trem é muito prático, pois pode descer em todas as Cinque Terre, quantas vezes quiser. Manarola, Monterosso, Vernazza, Corniglia e Riomaggiore. Difícil dizer qual a mais bonita. Vale à pena conhecer. No final, o sentimento foi de saudade, a sensação de que tinha feito a escolha certa. Tudo o que vi e vivi naqueles dias me deram muito conhecimento e felicidade. Venci meus medos, realizei meu sonho e voltei rica de espírito. Todos os caminhos me levaram até Roma! revistaon.com.br

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COOL SABORES

De Bauru para o mundo

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RODRIGO ALVES / WIKIMEDIA COMMONS

F

eito de diversas formas, com direito à polêmica em torno de sua verdadeira receita, o sanduíche bauru possui admiradores espalhados por todo o mundo, principalmente na cidade que o batiza. Eu, Bernadete, sou bauruense, apaixonada pela cidade natal e pelo sanduíche. Em meados de 1937, o estudante de direito Casemiro Pinto Neto, bauruense que morava em São Paulo, era frequentador assíduo do Bar Ponto Chic, localizado no Largo Paissandu, muito famoso na época. Certa vez, Casemiro, conhecido pelo apelido “Bauru”, chegou ao bar e pediu ao chapeiro que abrisse um pão francês, retirasse o miolo e recheasse com queijo mussarela derretido em água. Como se lembrou de ter lido sobre a importância de ingerir proteínas, ainda pediu ao chapeiro que incluísse fatias de rosbife. Também pediu algumas rodelas de tomate, para completar. Ele adorou o resultado e passou a pedir sempre a mesma receita. Os amigos experimentavam, gostavam e pediam ao chapeiro que fizessem um sanduíche “igual o do Bauru”. Assim foi nomeado aquele sanduíche, que tornou-se um símbolo da cidade do interior paulista. Tempos depois, a receita foi acrescida de rodelas de picles de peino, chegando a sua forma definitiva. Como cidadã de Bauru, me sinto na obrigação de passar adiante a verdadeira história do sanduíche, ensinar a fazê-lo e convidar a todos para que o experimentem. Você nunca mais vai esquecer esse sabor!

PAISSANDU Fachada do bar onde o sanduíche foi criado

Bauru original INGREDIENTES

Fatias de tomate Fatias de picles Fatias de rosbife Queijo mussarela Pão francês

MODO DE PREPARO

Corte o pão ao meio, no sentido horizontal, e retire o miolo da parte superior. Derreta o queijo em banho-maria e coloque nesta parte do pão. Na parte inferior, coloque de cinco a seis fatias de rosbife, três rodelas de tomate e três rodelas de picles. Simples, rápido, prático e muito saboroso, ele está pronto!


JCLICK

RODRIGO ALVES / WIKIMEDIA COMMONS

Bernadete Mattos Consultora graduada em gastronomia bemattos1@gmail.com BAURU Recente simples, rรกpida e muito saborosa

Luiz Cesar Apresentador do programa Papo Gourmet, no Canal 5 luizcesarcl@uol.com.br

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Prefah Engenharia (24) 2252-2076 Proteger (24) 2255-3812 Real Info (24) 2252-0150 Risata (24) 2255-1110 Rit Odontologia (24) 2252-4619 Riverside (24) 2255-2644 Rota 197 (24) 2252-1905 Sabor Definido (24) 2252-3884 Santa Isabel Diagnóstico por Imagem (24) 2252-1170 santaisabeldiagnostico.com.br

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