Revista On #27

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#27 Editorial

U

ma citação famosa diz: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um só dia”. Embora não seja tão simples fazer com que tudo se encaixe na vida, é possível conseguir aliar o prazer ao trabalho. Quando isso acontece, os resultados são incríveis. Esta edição conta com alguns bons exemplos. Já na reportagem da capa, a história do empresário Leonardo Coelho, que transformou a paixão por motocicletas em atividade profissional, tornou-se vendedor e nos últimos 15 anos está à frente de uma das concessionárias mais reconhecidas em toda a região. Quando você virar a página, já vai encontrar um grupo de pessoas apaixonadas pela profissão que escolheram. São alguns dos profissionais que atuam no Samu em Três Rios e estão sempre prontos para salvar vidas. Conheça a rotina da equipe, os desafios do dia a dia e encante-se pelo trabalho desenvolvido por eles. Aproveitando o assunto “paixão”, como é possível completar 50 anos de casamento? Encontramos dois casais que já passaram pelas bodas de ouro e revelam o segredo de uma relação duradoura. Ainda na edição, estão os apaixonados pelo teatro em Paraíba do Sul, as senhoras apaixonadas por artesanato que transformam a arte em dinheiro, e os apaixonados por conhecimento, que buscam intercâmbios para ampliar as oportunidades no mercado de trabalho. Ah, você sabia que rir faz bem? Preparamos uma matéria para mostrar os benefícios de uma vida com mais humor. Apaixonados pela Maria Fumaça, de Paraíba do Sul, também têm espaço nas próximas páginas, assim como os que amam e colecionam orquídeas e muito mais! Boa leitura!

Índice GENTE 11 18 20 23 30 34 36 40

Cotidiano 5 perguntas Dueto Cultura Entrevista Educação Comportamento Opinião

ECONOMIA&NEGÓCIOS 45 50 56 64 66

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Comércio Empreendedorismo Capa RH Formação

BEM-ESTAR

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71 Esporte 74 Movimento 80 Saúde

COOL 89 94 96 103 116 124

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Turismo Música Meio ambiente Festas Viagens Sabores

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GENTE

cotidiano 11 5 perguntas 18 dueto 20 cultura 23 entrevista 30 educação 34 comportamento 36 opinião 40

Guerreiros

de azul POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS REVISTA ON

Para vestir o macacão, não basta querer. Funciona como uma vocação. Eles insistem que não são anjos nem heróis, mas basta soar o alarme que, em poucos segundos, partem sem saber com exatidão o que e quem está à espera da equipe. Ser samuzeiro é estar sempre pronto para fazer o que estiver ao alcance com o único objetivo de salvar vidas.

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GENTE COTIDIANO

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ada membro do Samu tem uma história diferente com a rotina do atendimento pré-hospitalar. Alguns sempre tiveram interesse, outros descobriram os prazeres e desafios da área um pouco mais tarde. Na base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Três Rios, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e condutores socorristas se revezam durante os dias da semana. Há momentos em que o espaço fica vazio, preenchido pelo silêncio. Estão nas ruas, fazendo o que está ao alcance para salvar pessoas. Há momentos em que todos estão por lá, sempre disponíveis para uma conversa. Quando se encontram, o bom humor domina a sala. “Acho que isso é um mecanismo de defesa. Como você trabalha em um local tenso e a qualquer hora pode se deparar com uma situação que mexe

REGULAÇÃO A central em Três Rios recebe os chamados de 10 municípios da região 12

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com seu sentimento, profilaticamente você fica brincando com o outro, contando piadas”, analisa Carlos Henrique Medeiros, um dos médicos intervencionistas da unidade que, apaixonado por fotografia, registra as equipes nas horas livres [algumas fotos nestas páginas foram feitas por ele!]. Uma fala quase uníssona entre os samuzeiros é: o dinheiro é consequência do trabalho, mas não é ele o principal motivador de cada novo plantão. Estão ali porque gostam. “Falo que vim ao mundo para isso, para cuidar do outro. Ser enfermeira do Samu era minha missão. Você cuida do outro, uma pessoa que você não conhece, e não espera nada em troca. Isso aparentemente não vai voltar para você, mas volta. É o que me realiza”, resume Graciele Barbosa, coordenadora de enfermagem do Samu Centro-Sul Fluminense.

“Você cuida do outro, que não conhece, e não espera nada em troca” Graciele Barbosa

Além de ter uma base, com ambulâncias e equipes de intervencionistas, a Central de Regulação Médica que atende outros nove municípios também está em Três Rios. Funciona assim: ao ligar para o número 192, você é atendido por um técnico auxiliar de regulação médica (Tarm) que faz algumas perguntas para entender qual é a sua emergência e passa as informações para o médico regulador, que entra em ação logo em seguida. Ele analisa o quadro apresentado e decide como deve ser feito o atendimento, se precisa ou não enviar uma ambulância [e qual delas deve enviar]. “A questão da decisão é muito difícil. Temos que levar em consideração vários fatores. O médico regulador não está vendo o que acontece e conversa com uma pessoa que, muitas vezes, passa angústia, não consegue explicar direito. Tenho certeza que todos os que ligam para o Samu estão precisando de um atendimento médico, mas é necessário diferenciar se é de urgência ou não”, explica André Caldas, coordenador médico do Samu Regional. Em alguns casos, quando a equipe chega ao destino, os equipamentos disponíveis na ambulância não chegam a ser utilizados. “Encontramos problemas sociais, não só do paciente, mas da família inteira. Temos que usar o coração, o bom senso, o carinho. Uma palavra que você oferece àquela pessoa já é suficiente para reverter a situação. Há casos em


HENRIQUE MEDEIROS

que não é só pegar o paciente, atender e encaminhar para uma unidade de referência, mas dar uma palavra, um apoio, conversar”, acrescenta o coordenador. Usar o coração, aliás, é algo que não deixam de fazer. No entanto, sabem controlar as emoções. “Por ser mãe, as ocorrências com crianças são mais marcantes. Sempre falo com os técnicos e enfermeiros para prepararem as ambulâncias e cuidarem delas como se alguém da família fosse entrar ali. Isso, inclusive, já aconteceu várias vezes”, comenta Graciele. O sentimento é compartilhado com outros profissionais da equipe, como o condutor socorrista Leonardo Braga, que tem dois filhos. “Mexe muito. Uma vez, peguei um garotinho com 80% do corpo queimado. Não tinha muito o que fazer naquele momento, então você tenta acalmar, pega a luva e faz uma

bolinha para distrair a criança, passa segurança para os outros. Mas, quando você sai de situações assim, você desaba, você é um ser humano”, revela. Ele é logo completado por Denis da Silva Alves, também condutor socorrista: “Temos que controlar as emoções. Se o sentimento não for controlado, não vamos conseguir ter eficiência no atendimento. No entanto, depois que passa, nós podemos chorar, conversar”. Carlos Henrique Medeiros acrescenta que situações assim são ainda mais estressantes. “Mesmo quem diz que lida bem com a emergência, acha que está lidando, não é uma verdade. A equipe que trabalha no Samu tem um diferencial: nas emergências hospitalares, tem um obstetra que faz partos de urgência, tem um pediatra que faz urgências pediátricas. Nós não escolhemos, vamos para todos os chamados”, diz o médico.

USB A unidade de suporte básico conta com um condutor socorrista e um técnico em enfermagem revistaon.com.br

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GENTE COTIDIANO HENRIQUE MEDEIROS

Há pouco tempo, quase no final do plantão, ele estava a bordo da USA (Unidade de Suporte Avançado) que foi enviada para um caso envolvendo um bebê em Paraíba do Sul. “Já estava morta há várias horas, provavelmente broncoaspirou leite e ninguém viu. Em outro caso, pegamos uma criança na entrada de Três Rios, chegamos rápido, levamos para a UPA, foi socorrida, mas não resistiu. Nesse dia, o condutor que estava comigo se afastou do grupo, ficou meio de costas para chorar sem ninguém perceber. Isso é o que mais mexe com a gente. Porém, também pegamos casos de mulheres que estão em trabalho de parto. Acho até que recebemos esses casos de forma muito gratificante. Como lidamos tanto com a morte, é gratificante para toda a equipe a oportunidade de lidar com a vida nascendo”, revela. Denis garante que os samuzeiros não são anjos nem heróis, apenas fazem o que está ao alcance para salvar vidas e são seres humanos suscetíveis aos problemas como todos os outros. “Tivemos uma grande perda no ano passado, a morte da Karla Valle [técnica em enfermagem] nos abalou muito. Cada dia que chego aqui, lembro dela. Passamos o plantão inteiro juntos, conversando durante o dia, brincando. Naquele dia, ela salvou uma vida. Ela foi embora e, no final da noite, recebemos a notícia. HENRIQUE MEDEIROS

EQUIPE Parte dos samuzeiros fotografados pelo médico intervencionista Carlos Henrique Medeiros

CUIDADO Enfermeira durante o transporte de paciente para o hospital 14

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Aquele e os dias seguintes foram os piores para todos do Samu, mas precisamos seguir em frente. No trabalho, carregamos o sentimento que ela deixou”, diz emocionado. Durante cada ocorrência, o trabalho em equipe é fundamental. “Quando estamos em ação, apenas trocas de olhares são suficientes para entender o que o outro quer”, diz Denis. “O grande desafio da medicina de urgência é que não dá tempo de você parar e pensar. O nosso negócio é na hora”, acrescenta Carlos Henrique. Como médico, ele precisa tomar diversas decisões importantes em pouco tempo. O mesmo acontece com os outros tripulantes, como o condutor-socorrista, que deve traçar as melhores rotas e prezar pela segurança da equipe e da população enquanto estão no controle das ambulâncias. “A sirene assusta, tem gente que freia na nossa frente”, alerta Leonardo. A confiança também é importante durante os trabalhos. Nas USB’s (Unidades de Suporte Básicos), por exemplo, há um condutor socorrista e um técnico em enfermagem. “Você tem que ter profissionais capacitados para avaliar o paciente. Tem que colher todas as informações e passar o quadro para o médico regulador, por rádio, para ele informar uma ação. Eu sou os olhos do médico. Tenho que olhar para a vítima e passar o que estou ven-

do. O médico está confiando em mim, na minha avaliação”, explica a técnica Gisele Amorim. Ela conta que caiu de paraquedas no Samu, mas foi uma paixão intensa. “Aprendemos todos os dias. O sentimento de dever cumprido ao deixar um paciente no hospital me deixa satisfeita”, enfatiza. A mesma sensação é descrita por outros integrantes de diversas formas. Para Graciele Barbosa, “você é visto como a luz no fim do túnel. Quando chega, as pessoas estão precisando daquele atendimento e é tudo o que elas têm no momento”. Para André Caldas, “é uma satisfação muito grande fazer

TELEMEDICINA O médico regulador passa orientações à equipe na rua


parte da família Samu e, diariamente, acolher, atender e tratar com carinho o paciente é uma coisa muito recompensadora”. Para Leonardo Braga, “é uma satisfação profissional e pessoal fazer algo por alguém como já fizeram por mim quando minha filha foi atropelada e precisou do Samu. Meus filhos têm orgulho da minha profissão”. Os condutores socorristas Filipe Lavinas e Rogério Temponi fazem coro. “É uma realização você chegar a uma ocorrência e saber o que precisa ser feito”, diz o primeiro. “Para a pessoa, somos a salvação quando chegamos até a situação. Depois do atendimento, temos uma satisfação muito grande por ter ajudado”, completa o segundo. A paixão pela profissão é tamanha que eles já criaram um termo que a define. “Todo samuzeiro sente muita ‘orgulhina’, uma palavra que criamos. Saímos das ocorrências felizes por ajudar, isso nos move”, finaliza André Caldas. O que resta dizer é TKS, samuzeiros. TKS.

“ Depois do atendimento, sentimos um satisfação muito grande por ter ajudado”, Rogério Temponi, condutor socorrista Entenda o Samu

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência completa três anos em Três Rios no mês de junho. Ele faz parte da Política Nacional de Urgências e Emergências do Governo Federal. A Central de Regulação Médica das Urgências da Região Centro-Sul Fluminense, baseada no município, atende aos municípios de Areal, Comendador Levy Gasparian, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Sapucaia, Três Rios e Vassouras. Desde a inauguração, o Samu Regional já recebeu mais de 58.500 chamadas pelo 192. Foram registrados

mais de 13.600 atendimentos pela ambulância de suporte básico (USB) e 4.200 atendimentos pela ambulância de suporte avançado (USA) de Três Rios. No período, foram computados 5.479 atendimentos com orientação do médico regulador sem envio das ambulâncias. Segundo a coordenação, o tempo resposta, que corresponde ao momento do acionamento até o local do evento, é realizado entre sete e 15 minutos, enquanto a média nacional é de 15 minutos. A nova sede do Samu em Três Rios, ao lado da UPA, está prevista para ser inaugurada em julho de 2015. Entre os planos da equipe, está a implan-

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HENRIQUE MEDEIROS

GENTE COTIDIANO

Em três anos, o Samu recebeu mais de 28 mil trotes que atrapalham o serviço dos profissionais tação do Samuzinho, um material voltado para crianças em idade escolar. “É um trabalho de orientação, um projeto nacional que leva informações sobre o Samu e procedimentos básicos de saúde para a escola. Primeiro, vamos implantar o Núcleo de Ensino Permanente para, depois, iniciar esta e outras ações”, comenta André Caldas. “O meu sonho é reunir todas as ocorrências atendidas pelo Samu (192), Bombeiros (193) e a Polícia Militar (190) em uma Central Única/Operativa. Assim, ao ligar para qualquer um destes serviços, o cidadão será atendido pela mesma central e o atendente irá encaminhar a ocorrência à instituição mais adequada”, finaliza o coordenador do Comitê de Urgência e Emergência da Região Centro-Sul Fluminense, Romero Chartuni Bandeira. Trotes atrapalham

Basta passar alguns minutos do dia na Central de Regulação para acompa-

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nhar o elevado número de trotes recebidos pelo 192. Em três anos, já foram mais de 28 mil deles. “Isso atrapalha muito. Passam ocorrências falsas e, algumas vezes, já fomos até o local informado. A pessoa cria uma situação que, aparentemente, devemos atuar e, quando chegamos, não tem ocorrência. Isso tudo atrapalha muito o nosso serviço. Enquanto a ambulância está em uma ocorrência falsa, outra pessoa que está realmente precisando terá que aguardar. As pessoas devem ter consciência que essa pessoa precisando pode ser, inclusive, um próprio familiar”, diz André Caldas. Ele enfatiza que muitos trotes são passados por crianças, por isso faz um alerta aos pais que orientem os filhos sobre o tema. Os telefones do Samu possuem identificadores de chamadas e, como todas as ligações são monitoradas, os autores de trotes estão sujeitos às penalidades previstas em lei, que variam de detenção a pagamento de multa.


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GENTE 5 PERGUNTAS

Eduardo

Buzzinari

Juiz da 1ª Vara de Três Rios, lançou o livro “Pai de menina: bem-vindo ao mundo cor de rosa” e o blog papaidemenina.blogspot.com.br. POR FREDERICO NOGUEIRA FOTO ARQUIVO PESSOAL

01 Quando percebeu que a paternidade poderia render um livro?

A ideia foi surgindo aos poucos, ao longo da gestação da minha filha Lara, como uma brincadeira entre minha esposa e eu. Eram tantas situações engraçadas e vividas de uma maneira tão especial que achei que elas mereciam ser registradas de alguma forma. Então, comecei a escrever pequenas crônicas sobre cada etapa da gravidez e, em pouco tempo, o projeto foi tomando a forma de uma espécie de manual. Passei a compartilhar os textos com alguns amigos que já eram ou também seriam papais de meninas e o resultado rendeu boas risadas. Até que um deles me disse: Adorei o seu livro! E foi aí que pensei: É, acho que isso daria um livro... 02 O livro foi escrito com diversos recursos de linguagem. Todas as situações foram, de alguma forma, vivenciadas por você ou há textos a partir de observações do cotidiano?

A maioria das situações foi genuinamente vivenciada por minha esposa e eu. O capítulo que narra a compra do bercinho pela internet e as peripécias da respectiva montagem, por exemplo, descreve exatamente o que aconteceu conosco na ocasião. Sem tirar, nem pôr. De resto, é claro que nem tudo é verdade. E muitos dos detalhes escritos foram inventados ou exagerados ao ponto de caricatura, sempre para dar um toque de humor à narrativa. 03 Quanto tempo levou desde a ideia de escrever o livro até a conclusão?

Foi bem menos do que eu imaginava. 18

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Quase todos os capítulos foram escritos em um período de quatro a cinco meses, entre o fim da gestação da minha filha e seus primeiros meses de vida. Tentei utilizar a linguagem mais coloquial possível para que o livro tivesse o aspecto de um bate-papo entre amigos, de modo a tornar a leitura leve e descontraída, o que, de certa forma, facilitou o trabalho de escrever. 04 O humor, que é ponto forte dos textos, está distante da sua atuação profissional diária. Acredita que os textos surpreendam quem conhece seu trabalho como magistrado?

Talvez sim. Mas o bacana é que isso ajuda a humanizar a figura do juiz, quase sempre identificado como um homem austero e mal-humorado, cercado pelo estigma da severidade. Por debaixo da toga, o juiz é uma pessoa como qualquer outra, com todas as paixões e fraquezas humanas. Em matéria de sentimento, não vejo diferença entre eu e o preso que me pede para dar um beijo na filha recém-nascida ao fim de uma audiência criminal. 05 E, afinal, o que é ser pai de menina?

É entrar no carrinho de uma montanha-russa, despencar numa descida vertical de 120 metros a uma velocidade de zunir os ouvidos, emendar três loopings seguidos e parar de cabeça para baixo no topo da curva. Só conhece essa sensação quem já andou numa montanha-russa cujo carrinho deu defeito no ponto mais alto de um giro em trezentos e sessenta graus e quem é pai de menina. Muitos dos quais garantem que estão de cabeça para baixo até hoje.

Muitos dos detalhes escritos foram inventados ou exagerados ao ponto de caricatura, sempre para dar um toque de humor à narrativa”


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GENTE DUETO

VENCEDORA ANA PAULA DE OLIVEIRA SOUZA SANTOS Foi diagnosticada com câncer de mama em 2012 20

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ãe de duas meninas, Maria Julia e Maria Luiza, que estão entrando na adolescência, e casada há quase 20 anos com Aristóteles, Ana Paula descobriu, em 2012, que é muito mais forte do que imaginava. Recém-contratada em uma indústria, precisou se afastar do trabalho por uma lombalgia. “Precisei ficar em casa, minha coluna travou. Nisso, deitada, apalpei meu seio e senti um carocinho. Sempre tive o hábito de fazer o autoexame, ter acompanhamento médico, então, quando falei com meu marido, pedi para pegar a última mamografia, feita oito meses antes, e não tinha nada”, lembra. Ana Paula marcou uma consulta, já pedindo nova mamografia. A descoberta do nódulo aconteceu em abril e, quando chegou julho, fez a retirada do mesmo para uma biópsia. “Quando pegamos o resultado, meu marido e eu lemos a palavra ‘carcinoma’, não sabíamos o que era. Quando entreguei ao médico, ele falou: ‘Jamais imaginaria que aquele nódulo era um câncer, mas, infelizmente, é’. E, como era agressivo, teria que tirar uma margem maior”, diz Ana Paula. Os momentos após o diagnóstico foram assim: “Na hora, o chão abre. Quando você é diagnosticada com câncer, não sei se as pessoas conseguem pensar em outra coisa a não ser na morte. Você para e pensa em quanto tempo ainda terá. Sua cabeça vira um turbilhão”. Na cirurgia, tirou um quadrante da mama e 17 linfonodos. Os piores momentos ainda estavam por vir. “Quando fui para a primeira sessão da quimioterapia, achei que já tinha vivido tudo de ruim, mas ainda precisava passar por aquela prova. Foi muito sofrimento. Entrei sorrindo e saí destruída. Muita gente vem a óbito nessa fase, não aguenta. Mas eu precisava ir, tinha que acreditar que aquilo, que parecia estar me destruindo, estava me curando”. Enquanto isso, ficava preocupada com as filhas. “Tinha duas meninas em casa, uma com 10 e outra com 12 anos. Como o pensamento da morte sempre existe, tentei ensinar minhas filhas a se virarem sem a mãe”. Durante o tratamento, o cabelo caiu e, nisso, Ana Paula viu uma oportunidade de contribuir com as pessoas ao redor. “Se eu tinha que passar por isso, passaria da melhor for-

ma que pudesse. Passei a usar bastante maquiagem, lenço e chapéus. No bairro onde moro, andava carequinha, nunca quis usar peruca. Queria até que as pessoas tivessem consciência do que é o câncer, não quis me esconder”. Foram oito sessões de quimioterapia e 30 de radioterapia. Tudo superado com o apoio da família e de amigos. “Hoje, faço uso de medicação todos os dias e, por cinco anos, tenho que tomar um comprimido, que é a parte de hormonioterapia. Para os médicos, já estou curada. Quando terminei a radioterapia e fiz os exames de rotina, o médico falou que eu estava curada”. Ela conta que a fé também ajudou a passar pela fase mais difícil da vida. “Nunca me revoltei, nunca questionei Deus por isso. É como se Ele quisesse testar minha fé. Foi isso que me motivou o tempo todo, além do amor pelas minhas filhas, meu marido, minha família”. Depois de passar pelo o câncer, ela passou a enxergar a vida de forma diferente. “Dificilmente alguma coisa me aborrece. Nada vai me levar ao limite igual eu fui durante o tratamento. Aquele foi meu limite, a dor maior, o desafio maior. Uma coisa que aprendi é que você tem que buscar a felicidade para você. O dinheiro realmente não é tudo. Se você tem um câncer, esse dinheiro não te salva. Ele pode pagar um plano de saúde, mas não salva. Também aprendi a não ‘engolir sapo’, ouvir coisas e ficar calada. Ter problemas no dia a dia faz parte, mas o que você vai fazer em relação a isso é que dá a diferença”. Hoje, ela busca a felicidade nas pequenas coisas do dia a dia. Entre os sonhos, está o de ver as filhas crescerem e o desejo de se formar. “Meu marido e eu fomos prestar vestibular para direito, mas vimos que só um poderia fazer porque as meninas eram muito pequenas. Ele fez e se formou. Agora será a minha vez, mas penso em fazer gastronomia”, finaliza a nova Ana Paula. “A vida nunca mais é a mesma. É como uma nova oportunidade para ser feliz, com nova bagagem e novos valores”.

“Dificilmente alguma coisa me aborrece”, Ana Paula


F

oi no segundo semestre de 2013 que Lúcia descobriu a força que tem, o que surpreendeu, inclusive, quem já a conhecia há muito tempo. “Muitos me achavam frágil, achavam que eu não fosse dar conta, encarar da forma que encarei. Foi uma surpresa para a maioria das pessoas próximas”, garante. Tudo começou em setembro daquele ano. Quando a primavera dava as caras no hemisfério sul, Lúcia entrava em uma estação turbulenta. “Já tive nódulo no seio e retirei, sempre fiz os exames regularmente, principalmente após minha mãe passar por um câncer. Mas, naquela mamografia de rotina, não teve jeito. Intuitivamente, achei que seria diferente, mas ainda havia uma esperança de ser como o anterior”, lembra. Após os exames iniciais e a retirada no nódulo, o diagnóstico oficial mostrava um câncer na mama. “Fiquei muito nervosa, é desesperador. Quando você tem a certeza, seu chão abre, é uma loucura, você não sabe o que vai acontecer, fica meio perdida. Se bem que a minha preocupação maior não era comigo, mas com quem estava em volta”, garante. Ela acredita que acompanhar o processo de tratamento da mãe a deixou mais preparada para passar pela doença. Além disso, conta que a terapia e a arteterapia que já fazia foram fundamentais para passar bem por todo o processo, que incluiu quimioterapia, radioterapia e muitos desconfortos. “Foi e está sendo importante ter esse apoio”, afirma. Do tratamento, ela não quis entender profundamente, confiou na capacidade da equipe médica que a atendeu. Na segunda sessão de quimioterapia, os cabelos começaram a cair. “Mas eu não queria ver os cabelos caindo, então raspei, tinha certeza que faria isso. Tomei essa decisão e não sofri por isso. Coloquei uma prótese e fiquei bem contente”. Ela conta que os efeitos colaterais da quimioterapia eram sentidos nos dois dias seguintes às sessões e viu seu corpo inchar. “Não me incomodei com a imagem, o mais importante sempre foi a cura. Lembro da primeira sessão de

“Não me desespero com qualquer coisa”, Lúcia

POR FREDERICO NOGUEIRA

quimioterapia, fui até feliz para fazer, não fui com uma sensação de medo. Quando o remédio estava entrando, acreditava que era a cura chegando”. Para Lúcia, o pior momento foi receber o diagnóstico. “Fiquei perdida. Depois consegui me conscientizar do que estava acontecendo, vi que tinha uma saída. Mas não tem jeito, o primeiro pensamento é o de morte, não tem outra visão, é sempre preocupante. Porém, a vida transforma depois de um câncer. Não queria ter passado por isso para ter essa lição, mas passei e, hoje, vejo as coisas mais leves. Depois daquele susto, sempre acho que tudo tem solução, não me desespero com qualquer coisa”, comenta. Pela doença, ela conta que não chorou muito. A força que teve para superar os desafios chamou sua atenção. “Sempre fui muito medrosa, muito teimosa, tinha medo de agulha, de tudo. Foi uma surpresa para mim passar pelo câncer desta forma. Acho que foi a lição da minha mãe que me fez ser forte. Não sou muito de reclamar, então, ninguém me viu como se eu tivesse nesse processo” Como o tratamento dura cinco anos, Lúcia ainda acompanha de perto pessoas que passam pelos momentos que ela passou e está sempre disposta a compartilhar o positivismo, entre outras dicas. “Indico, sempre, a terapia. Quando falam da minha força, sempre falo que tem um pouco de mim, mas tem, também, a ajuda da terapia. Fugir da quimioterapia não dá, o paciente precisa, mas o terapeuta é opcional e eu indico” Família e amigos foram importantes no processo. “Foi o momento em que me abri mais. Não deixei de sair, aconteceu até o contrário. É fundamental ter o apoio dessas pessoas. Embora ninguém saiba exatamente sobre o câncer, eles sabem dar apoio, um telefonema que alguém dava era um ânimo a mais. Tenho tanta gente para agradecer que não posso nem citar para não faltar alguém”, conta com bom humor. Abrir este capítulo da vida e compartilhar sua história tem um motivo: “Sempre penso em ajudar, contribuir. Então, pode ser que alguém leia alguma coisa aqui que vai ajudar, vai se identificar”, finaliza.

VENCEDORA LÚCIA MONNERAT DE SOUZA Foi diagnosticada com câncer de mama em 2013 revistaon.com.br

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GENTE CULTURA

O renascimento de

um jovem centenário POR TATILA NASCIMENTO SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA FOTOS REVISTA ON

Reinaugurado em 2014, o Theatro Municipal Mariano Aranha, em Paraíba do Sul, carrega décadas de histórias memoráveis, iniciadas em 1880 com a obra para a construção de um prédio de grande porte, que abrigaria o Theatro Gymnástico Parahybano. Ao longo dos anos, muitos artistas passaram e passam pelo espaço, deixando seus nomes gravados na história cultural do município. revistaon.com.br

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GENTE CULTURA

O professor de teatro Leonardo Cunha diz que uma das possibilidades encontradas no fazer teatral é estabelecer a relação olho no olho 24

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PMPS

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pós ser inaugurado em 12 de outubro de 1892 como “Theatro Gymnástico Parahybano” e ser palco de dezenas de apresentações, as atividades foram encerradas poucos anos depois. Em outubro de 1914, o prédio reabriu as portas como “Cine Iris”, passando por uma reforma de ampliação e tornando-se espaço para apresentações teatrais, cinematográficas e bailes carnavalescos. “A partir de 1930, nossa plateia aplaudiu artistas de renome nacional, como Ary Barroso. Foram períodos de glória para os sul-paraibanos. Durante a Segunda Guerra Mundial, os espetáculos foram interrompidos, só retornando o movimento após a guerra. No fim dos anos 50, o espaço passou a se chamar ‘Cine Popular’, mas encerrou suas atividades logo a seguir”, explica a museóloga Ligia Vaz. Ela conta que, após reformas na década de 1960, o prédio recebeu o nome de “Teatro Procópio Ferreira”, mas as atividades foram encerradas mais uma vez. Com o fechamento, o prédio ficou abandonado durante 40 anos. Esse fato contribuiu para sua deterioração arquitetônica, restando apenas ruínas em um local totalmente descaracterizado. Em 2004 aconteceu uma minuciosa reconstrução do prédio para mais uma inauguração, agora com o nome de “Theatro Municipal Mariano Aranha”. A presidente da Fundação Cultural de Paraíba do Sul, Veronica Rocha, explica que o teatro municipal é aberto a qualquer grupo de teatro que queira se apresentar, como, também, a eventos de cunho cultural, palestras e shows. Entre os eventos realizados na última década no teatro, Verônica destaca a mostra “Paraíba Cena Sul”, que, nos dois últimos anos, leva artistas de

FESTIVAL Reuniu jovens e adultos no final de 2014 para apresentação de cenas curtas

renome nacional ao município. “Estamos sempre pensando em oferecer as atividades com preços populares e acessíveis, sendo que a maioria é gratuita. No evento, já tivemos a presença de artistas como Armando Babaioff, Johnny Massaro, Ícaro Silva e Daniela Fontan. Recebemos também o ‘Circuito das Artes’, com espetáculos teatrais gratuitos de grandes companhias”. Uma atividade realizada no teatro é a oficina teatral, que há mais de um ano vem proporcionando acesso e conhecimento sobre a arte para os moradores. Para o teatro ter movimento, os artistas são fundamentais. Há mais de um ano, o ator e diretor teatral Leonardo Cunha ministra uma oficina que proporciona conhecimento sobre a arte para cerca de 100 alunos. “Gosto muito de ter uma relação de troca com eles. O aprendizado deve ser constante e nos dois sentidos. Sempre temos jogos teatrais em nossas aulas, afinal, teatro é um jogo em que estamos em todo momento nos relacionando com o outro. Uma das possibilidades encontradas no fazer teatro é estabelecer esta relação olho no olho, algo que as mídias digitais têm nos privado”, diz. Allafy Costa, 12 anos, é um dos alunos. Ele conta que soube do projeto no início de 2014. “Sempre tive vontade de fazer teatro, então, esperei abrir o período de inscrições. No início, deu um pouquinho

de vergonha, mas passou. A aula é bastante divertida, fazemos muitas atividades”. O jovem ainda enfatiza a importância de ter um teatro na cidade. “É cultura e ainda serve para incentivar as pessoas a fazerem teatro, pois é muito legal e ensina bastante, além de ajudar na timidez”. Para Verônica, que também é atriz, a cultura é a base para que o ser humano se desenvolva e questione o meio em que vive, ampliando suas ideias. “Facilitar e difundir essa possibilidade é obrigação de qualquer gestor cultural. Aos poucos, as aulas de teatro estão abrangendo mais cidadãos e criando um gosto especial pelo olhar para nosso interior-pessoal e coletivo, estando cada vez mais visível na população essa transformação”.

ESPAÇO Está aberto para grupos teatrais e eventos culturais


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OFICINAS Grupos como este são alguns dos responsáveis por manter o teatro em movimento

O diretor teatral José Amâncio trabalha com a arte no município desde 1976. Ele lembra que a reinauguração do prédio foi um marco para a cidade. “Antes de tudo, foi importante pela rica e bela histó-

ria do teatro sul-paraibano. Também pela homenagem ao ícone do teatro local, meu eterno amigo Mariano Aranha e, é claro, pela peça de sua autoria, dirigida pelo próprio e protagonizada por mim. Para

um ator e diretor que viu, durante longos anos, aquele espaço totalmente esquecido, não há felicidade maior”. Rouse Santana está no teatro há 15 anos e relembra que, antes da reforma, os ensaios e as apresentações eram feitas em uma boate da cidade, na praça, nas casas de algum dos atores e, também, em um clube. Ressalta que eram bem simples, não havia aparato técnico, logo, a reinauguração representou uma nova fase. “O maior prazer que tivemos foi saber que, a partir daquela data, teríamos um lugar digno para nossas apresentações e um lugar confortável para nosso público. Quando falaram em restauração do teatro na cidade, a alegria foi muito grande, havia uma enorme expectativa. Ao grande artista Mariano Aranha, excelente escritor e ator, ficou a incumbência de escrever um texto para ser apresentado no dia da inauguração. A peça se chamava ‘A Morte pelo Tóxico’. Eu tive o prazer de

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ARQUIVO PESSOAL

GENTE CULTURA

“Dar acesso à cultura na cidade do interior é o melhor caminho para que a educação seja completa”, Rouse Santana, atriz

LEONARDO CUNHA Afirma que um teatro municipal tem a possibilidade de preservar a cultura e a memória da cidade

fazer parte deste espetáculo”, comenta. Como o teatro apresentou espetáculos gratuitos durante um período, Rouse afir-

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ma que isso aproximou a população da arte. “Recebemos público que nunca tinha ouvido falar em teatro, crianças que se es-

pantaram com a primeira visita. Lembro que os carros de som passavam nos bairros distantes convidando as pessoas para visitarem o teatro. Isso foi muito bom e era gratificante. Dar acesso à cultura em uma cidade do interior é o melhor caminho para que a educação seja completa”. Para Leonardo, a arte proporciona a fruição de múltiplas linguagens sem importar onde isso acontece e ter um teatro municipal reformado é a possibilidade de preservar a cultura, a arte e a memória da cidade. Para isso, garante que é fundamental que o espaço seja vivo, com atividades que atraiam


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DIRETOR TEATRAL José Amâncio trabalha com arte no município

VERÔNICA ROCHA Acredita que a cultura é base para que o ser humano se desenvolva

os cidadãos e valorize os artistas e os futuros artistas da cidade. No final de 2014, foi realizado um festival de esquetes. O professor explica que a ideia surgiu a partir de outras experiências vivenciadas por ele. “Temos que nos preocupar em incentivar o gosto pelo teatro. Uma das formas é permitir que o aluno assista e apresente. Assim, vamos formando atores e plateia. Estamos no começo apenas, mas o trabalho em Paraíba do Sul foi muito importante para identificarmos que existe uma moçada que está vindo com muita vontade de que as coisas aconteçam. Quem trabalha com teatro sabe que o fazer teatral vai muito além de decorar um texto. Estes alunos não só apresentaram, mas escreveram suas histórias, ajudaram na montagem, criaram figurinos e colaboraram para que fossem dois dias de apresentação com casa cheia e novas descobertas. A sensação após o festival foi, sem dúvida, animadora, muitos ficaram eufóricos com as respostas de amigos e familiares presentes”, diz Leonardo Cunha. Sobre o festival, Allafy diz que se emocionou e que foi gratificante ver o

teatro completamente lotado. “Fui escolhido para fazer o personagem que dormia durante a cena, pois eu dormia de verdade nas primeiras aulas porque era muito cedo [risos]. No dia, fiquei muito nervoso, mas, ao mesmo tempo, foi muito legal. As pessoas riram muito enquanto me apresentava, isso foi ótimo. Quero continuar fazendo as aulas e me apresentando na minha cidade e no nosso teatro”. Com mais de 20 peças e apresentações realizadas no teatro, José Amâncio afirma que a reforma foi importante, pois a partir dela, além de poder contar com o espaço, formaram-se outros grupos teatrais, criando oportunidades para as pessoas que gostam da arte, sem falar nas exposições, nos recitais e outros eventos que atualmente são realizados. “Somente quem trabalha com a arte entende o que vou dizer: é indescritível a sensação de ver o teatro cheio e saber que isso é na sua cidade. Com o teatro, muitas portas se abriram para aquelas pessoas que não têm acesso à arte fora do nosso município, criando, desta forma, uma socialização cultural muito grande dentro da nossa cidade”, finaliza emocionado. revistaon.com.br

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“FILHO NÃO É UM BONEQUINHO QUE VOCÊ COMPRA, BRINCA E, NA HORA QUE FICA MAIS VELHO, JOGA FORA” POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS REVISTA ON

Nos últimos 15 anos, Sônia José Francisco de Sousa acompanha bem de perto a rotina do Conselho Tutelar em Três Rios. Atual presidente do órgão, que terá nova eleição para conselheiros em outubro, ela aponta que a ausência dos pais na vida dos filhos gera grande parte dos casos que chegam às suas mãos.

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pós 15 anos, Sônia prepara-se para deixar de vez o Conselho Tutelar. No período, ficou apenas um mandato fora e acompanhou muitos casos de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados. Ela garante que fez muitos amigos, mas, também, alguns inimigos. “Quando você ouve uma pessoa falando mal de um conselheiro, pode ter certeza que ela estava errada quando passou por nós”, diz.

Por que quis fazer parte do Conselho Tutelar?

Antes, trabalhava com adolescentes na igreja, fazia seminários antidrogas, estava envolvida com estas questões. Então, a secretária de Assistência Social perguntou se eu não tinha interesse em concorrer. Entrei, gostei da causa e não saí. Agora, estou no último mandato. Como acontece a escolha dos conselheiros?

Através dos votos da comunidade. Qualquer pessoa que tenha seu título de eleitor pode votar, é aberto para todos. Quando começou, não era assim, precisava fazer uma inscrição. Depois passou a ser aberto. Os eleitores são poucos, normalmente, porque não se interessam muito, mas, agora, acho que a próxima eleição terá uma participação maior. Vai acontecer ao mesmo tempo em todo o país, então a questão vai ganhar mídia. Normalmente, quantos concorrem?

Não são muitos, é um número menor que antigamente. Até por ser um trabalho que tem que ter vocação. Você trabalha, primeiro, com o coração. Tem gente que diz que temos que trabalhar sem pensar em dinheiro, mas, hoje em dia, não podemos trabalhar de graça e a remuneração aqui em Três Rios é muito pouca. Tem lugares menores que é mais alta. Somos cinco conselheiros e todos recebem um salário mínimo, com descontos, e precisamos estar disponíveis diariamente. Além disso, o conselheiro tutelar fica muito exposto em diversos tipos de situações. Então, tem que trabalhar com amor. O Conselho Tutelar não é um emprego. 30

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GENTE ENTREVISTA

E o que é o Conselho Tutelar?

Ele foi criado para defender a criança e o adolescente quando seus direitos estão sendo violados. Muitas vezes as pessoas não entendem. Quando veem uma criança na rua, por exemplo, chamam o Conselho. Mas a criança e o jovem tem o direito de ir e vir, então, se está incomodando, é importante chamar os pais primeiramente. Se não vamos, ainda ficam falando mal. Nós criamos muitos amigos nessa jornada, mas, também, muitos inimigos. Agora, quando tem um pai que não leva a criança ao médico ou não se preocupa em levar para a escola, pode nos chamar, o Conselho atua porque são direitos dela sendo violados. Quando um vizinho ou a escola fazem algo que tira o direito da criança, também vamos atuar, e é isso que as pessoas ainda confundem um pouco. Falam que temos que sair de madrugada. Mas sair para onde? Onde estão os pais? Não podemos tomar conta 24 horas. Qual é a atuação do Conselho após encontrar casos com problemas?

Notificamos os pais e conversamos com o adolescente ou a criança. Se as coisas persistirem, fazemos um relatório e mandamos para o Ministério Público. O primeiro passo é sempre conversar. O Conselho Tutelar foi criado para isso, para mediar, para não deixar que tudo vá direto ao MP. Agora, quando tentamos várias vezes e a situação não muda, não tem jeito, é necessário dar o próximo passo. A maioria consegue ser resolvida com as conversas?

Tem muitos que conseguimos. Em alguns casos, os pais nem ligam tanto, mas o jovem fica com medo das consequências. Sempre falamos a verdade para eles. Tem pais que chegam e dizem que trouxeram o filho só para darmos um susto. Ninguém aqui é bonito, mas não chegamos a tanto para assustar [risos]. Aqui não damos susto, falamos a verdade, as consequências que ele pode ter se continuar agindo daquela forma. Muitos jovens e crianças obedecem. O importante é ouvir sempre todos os lados, porque também tem muitas crianças espertas que inventam coisas.

Quais casos mais chegam ao Conselho em Três Rios?

Ultimamente são os casos com adolescentes em brigas na rua, casos que nem são muito com a gente. Acima de 12 anos, pode registrar na delegacia, mas não querem envolver. Brigas em portas de colégios estão acontecendo demais, está virando rotina. Eles estão filmando, combinam antes e já ficam preparados. Não conseguimos prevenir casos assim, só chegamos após os fatos acontecerem. Somos cinco conselheiros, mas quantas escolas há na cidade? Quantas praças? Não conseguimos vigiar todos os lugares ao mesmo tempo. Inclusive, fiscalizar nas ruas não é um trabalho do Conselho Tutelar. Claro, se tiver, por exemplo, uma criança perdida, vamos até lá ou a polícia traz até nós. Mas, vigiar quem está matando aula é função dos pais, não nossa. Por que acha que a população confunde essas funções?

Não querem ter trabalho. Se você for até a delegacia registrar um caso assim, vai ter que voltar depois, vai para o fórum, vai ter que voltar para responder. Algumas vezes, os adolescentes são vizinhos, colegas, não querem se indispor. Aí jogam os casos no Conselho, que acaba sendo um para raios. São poucos os que entendem de verdade a nossas funções. Também pega muitos casos de jovens com drogas?

Sim, muitos. Alguns encaminhamos para o CAPS-AD [Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas], para tratamento. Outros casos, encaminhamos para o Ministério Público. A droga, em si, não é com o Conselho Tutelar. Nós atuamos, mas não vamos atrás. Como vamos chegar e falar que tem uma boca em algum lugar? Vamos ter que provar e podemos sofrer processos logo depois. Além da questão de segurança. Quando a mãe vem com a criança ou o adolescente, nós conversamos, perguntamos se querem se tratar. Muitos querem. Quando eles chegam sozinhos para pedir ajuda, é porque o bicho já está pegando, tem alguém atrás deles. Preferem ser internados que ficar nas ruas. revistaon.com.br

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GENTE ENTREVISTA

Esses problemas são gerados em casa ou têm outros pontos de início?

Na maioria das vezes, sim. Não vou falar que são todos, mas falo uma coisa que muitos pais ficam com raiva. Os pais, hoje, não dão limites aos filhos. Quando está pequeno e pede as coisas, os pais dão. Se o filho do vizinho tem, o dele também tem que ter. Mas a nossa situação financeira está difícil, então, vai chegar uma hora que não pode comprar tudo que ele quer. Tem que passar a dizer não. Nisso, eles se revoltam e partem para a rua, infelizmente. Quando chegam aqui e falam dos problemas dos filhos, nós levantamos algumas possibilidades. Mas os pais não admitem que os filhos estão fazendo alguma coisa errada. Quando o filho briga na escola, quem provocou foi o outro, nunca é o dele. Em muitos casos com crianças que agridem, elas são filhas de pais violentos, que brigam em casa. Sempre temos que mostrar que a conversa é um caminho possível. São famílias desestruturadas?

Eu já não digo que são desestruturadas porque, para eles, aquela forma é uma estrutura. Para nós, é desestruturada, mas, para eles, não. Tem crianças que passaram por aqui, cresceram e, hoje, têm filhos que são criados na mesma estrutura dos pais. Tem crianças que já tiveram várias madrastas ou padrastos. Cada pessoa tem uma forma diferente de criar, já começa por aí. Eu tenho uma, você outra. Se colocarmos uma criança aqui no meio, ela fica perdida. Então, quando uma pessoa casa e pensa em ter filhos, tem que analisar muito a situação. Filho não é um bonequinho que você compra, brinca e, na hora que fica mais velhinho, você joga fora e compra outro. Tem que pensar. Então, em alguns casos, a pessoa quer separar e diz que quer viver a vida. Mas, e aquelas crianças que já estão ali? O ambiente já começa a ficar diferente. A gravidez precoce contribui com isso...

Hoje está demais, mas, para parte da sociedade, está sendo considerada normal. Eu não acho normal. Tem crianças de 11 e 12 anos que vão para a rua à noite, onde estão os pais? 32

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Tem alguns lugares na cidade que são mais críticos, com mais casos que chegam ao Conselho?

Não, é a cidade inteira. Podem pensar que o centro está livre, mas não está. Colégios estaduais, municipais e particulares, todos têm problemas. O certo é o colégio resolver dentro dele, por isso muitas situações não chegam até nós. Mas acontece em qualquer lugar. Os filhos são iguais. Da porta de casa para fora, quando se juntam, ou são todos santos ou não são, quando um faz o outro também quer fazer. Ao longo dos anos, os jovens passaram a temer menos o Conselho Tutelar?

Não é o Conselho, é a Justiça. Eles já chegam na frente de promotor e respondem, brigam com a mãe na frente de promotor. Policial vai chegando e ele fala para não colocar a mão. Aqui, chega, bate o ombro, nós estamos falando e eles abaixam a cabeça. Muitos não respeitam ninguém, não entenderam que não são donos dos narizes deles. Temos que tomar muito cuidado, se não gostarem das respostas que damos, eles aprenderam a atravessar a ponte [ir ao fórum] e contar a versão deles na Justiça. Está difícil ser conselheiro?

Muito. Com essa geração que está aí... Se essa turma que vai concorrer não vier com coração aberto e cabeça fria, não vai aguentar. Algum caso marcou mais sua vida no Conselho?

Muitos casos. Já teve caso de morte, pai que bateu em neném até matar. Teve outra morte de um menino que foi atropelado em uma passagem de ano. Ligaram, fui sem saber o que encontrar, achando que o menino estava machucado. Cheguei lá e ele estava no necrotério. São coisas assim, muitas situações horríveis que temos que ver. Como lidar com tudo isso?

Tem que ter muita fé em Deus. Nós precisávamos ter um psicólogo, todos os conselheiros. Tem dia que você vai para casa e nem quer conversar. Se eu passar


na rua e alguém falar que sou uma conselheira que não vale nada, pode saber que estava errado quando veio aqui. Também deve ter muitos casos com finais felizes...

Fico muito alegre quando entro em um mercado, em uma loja, e vejo um adolescente que passou por aqui e está trabalhando. Tem uma menina, por exemplo, que me deu dor de cabeça, eu vivia na delegacia por ela, e está trabalhando. Quando vejo, se me cumprimentar, eu retribuo. Acho que a pessoa não tem que ficar marcada, o Conselho existe para amenizar problemas e fazer jovens de bem. Algum dos direitos das crianças é o mais violado?

Ultimamente é o de escola. Os pais saem para trabalhar, mas precisam ir ao colégio de vez em quando saber como está o filho. De alguns anos pra cá, temos a ficha do aluno infrequente nas escolas. Quando passa de um determinado índice de ausência, vamos atrás para fazer a criança retornar. Os pais falam que chamam o filho para ir para a escola, saem para trabalhar e ele volta para a cama. Mas tem que ir até a escola, gente, acompanhar os resultados do filho. Na maioria das vezes, a ausência do jovem na escola é negligência dos pais. Sei que todo mundo tem que trabalhar, mas tem que arrumar uma solução, pedir ao vizinho para observar se o filho saiu de casa, por exemplo. A população contribui com o Conselho Tutelar?

Sem a denúncia da população, nós não adivinhamos. Ficamos aqui, mas só vamos atrás dos casos por meio de denúncias. Pode vir aqui, ligar e tentamos solucionar. Ainda participam pouco, menos que deveriam. Tem ligações que falam de casos que acontecem há dois ou três anos, já poderiam ter nos informado. Para fazer a denúncia, pode ligar para o Disque 100, vai nos ajudar muito. Hoje, qual é a estrutura do Conselho em Três Rios?

Estamos na Casa dos Conselhos, temos geladeira, computadores para os

conselheiros e um carro doado pelos Direitos Humanos. A casa não é uma estrutura boa porque todos os conselhos funcionam aqui e nós precisamos de sigilo. Tem pessoas que chegam até a porta, encontram a recepção cheia e não entram, os outros podem ver e comentar na rua. Então, precisávamos de uma casa para nós. Nosso salário é um salário mínimo, com descontos. Em outros municípios, mesmo menores, os conselheiros ganham mais que nós. A falta de segurança também é um problema. Há pouco tempo, uma mulher, no centro da cidade, trancou duas conselheiras dentro do apartamento, não queria deixar saírem. Só conseguiram depois de muitas conversas. É um risco. Quando é um lugar bem perigoso, ligamos para o Batalhão e eles prontamente nos ajudam, mas não podem ficar disponíveis 24 horas para nós. Agora, deveríamos ter um guarda municipal aqui e não temos. Ele mesmo poderia nos acompanhar, uma farda já intimida um pouco. Após 15 anos, o que ficará mais marcado na sua vida?

Que as pessoas deveriam dar mais valor, mas não dão. Não temos o respeito que deveríamos ter, essa é a realidade. Quando entrei no Conselho, o promotor e o juiz da época falavam que nós somos autoridade, mas não somos vistos assim. Tudo de bom que sai na cidade, o Conselho é o último a receber ou nem chega a receber. Não somos reconhecidos, e não falo da parte financeira. As autoridades deveriam nos olhar com bons olhos e não olham. A delegada da nossa cidade é excelente, nos trata como se fôssemos da família dela. A Dr.ª Mara, juíza, também. Mas as autoridades [políticas] não olham assim. Chega ao final do seu último mandato com o dever cumprido?

Eu queria a melhoria do Conselho Tutelar, mas é difícil. Para os adolescentes e as crianças, o que eu pude fazer, eu fiz. Consegui. O que esteve ao meu alcance, eu fiz. E continuo fazendo até janeiro. Depois, vou continuar na igreja, em conselhos de paróquia, entre outros, vou continuar movimentando. revistaon.com.br

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GENTE EDUCAÇÃO

O novo velho acordo ortográfico

A unificação da ortografia não implica a uniformização ou unificação da língua em qualquer de seus aspectos

Daniela Samira da Cruz Barros danielasamira@globo.com Linguista; pós-doutora em Sociolinguística e Dialetologia; pesquisadora e professora adjunta de Língua Portuguesa do Instituto Três Rios da UFRRJ.

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o momento em que finalmente o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa passa a ser obrigatório em Portugal, depois de mais de seis anos em vigor no Brasil, vale relembrar a trajetória deste imbróglio da nossa língua moderna, retomando alguns dados, porém num texto mais teórico do que os de costume nesta coluna. Historicamente, a Língua Portuguesa abrange três ciclos ortográficos: a Ortografia fonética (século XIII a XVI); o Ciclo pseudoetimológico (século XVI a 1904) e a Fase simplificada (1904 até o Novo Acordo Ortográfico). Portugal realizou a reforma proposta pela Fase Simplificada em 1911, mas os entendimentos com o Brasil para uma ortografia comum só teriam início em 1924 e culminariam em 1931 com a adoção, pelo Brasil, da ortografia simplificada. Todavia, a norma ortográfica vigente no Brasil até a o Novo Acordo era essencialmente a do Formulário Ortográfico, aprovado pela Academia Brasileira de Letras em 1943, ou seja, uma norma instituída aqui mesmo em solo tupiniquim. Em 1945, Brasil e Portugal negociariam um novo acordo, que foi seguido por Portugal, mas não ratificado pelo Congresso brasileiro. Só em 1971, a ortografia vigente no Brasil incorporaria algumas das alterações previstas no Acordo de 45, como a supressão do acento circunflexo diferencial. As ortografias portuguesa e brasileira, apesar de semelhantes, não são uniformes, cada país segue normas próprias. O problema foi agravado a partir de 1975 com a independência política das ex-colônias do Ultramar português. Apesar dos problemas que acarreta, é natural que, sendo falada por mais de 200 milhões de falantes, dispersa por localidades tão diversas, a língua portuguesa apresente diferenças razoáveis. A retomada dos entendimentos visando

à unificação resultou no Acordo Ortográfico de 1990 que só entraria em vigor após ratificado por todos os países signatários, ainda em número de sete, pois o Timor-Leste ainda não constava da lista da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, agora com oito membros. Tal exigência foi alterada por nova deliberação em 2004, que definiu a entrada em vigor do acordo com o depósito dos instrumentos de ratificação por apenas três países signatários. Convencidos de que a inexistência de uma ortografia comum cria dificuldades de natureza linguística, política, pedagógica e econômica (por que não?), as negociações para efetivar o Novo Acordo foram iniciadas por Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. O Novo velho Acordo (de 1990), ratifica o privilégio do fundamento fonético em detrimento do etimológico, é o critério da pronúncia que justifica a existência de grafias duplas e a supressão das consoantes “mudas” ou não articuladas. Apesar de nos parecerem grandes as mudanças propostas, no Brasil, as alterações atingem aproximadamente 0,5% das palavras e nos países que adotam a ortografia de Portugal, o percentual é de 1,6%. Talvez o mais importante seja esclarecer que a unificação da ortografia não implica a uniformização ou unificação da língua em qualquer de seus aspectos (vocabulário, construção gramatical, pronúncia). As variedades de uso fazem parte da língua e jamais estão sujeitas aos efeitos de atos normativos emanados de qualquer autoridade pública. Assim, cinquenta, continua com /u/ pronunciado, apesar da queda do trema; ideia e voo perderam mesmo o acento... E o hífen? Todos perguntam! Parece-me uma questão desnecessariamente emergente e demasiadamente irônica, ninguém sabia as regras antes, por que tanta preocupação agora?


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GENTE COMPORTAMENTO

Bodas de amor

e muita paciência POR ANA PAULA BISSOLI

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Em tempos de “amores líquidos”, como define o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, torna-se emocionante encontrar histórias de casais que ultrapassam cinco décadas. Dois casais contam como um casamento pode chegar às bodas de ouro e revelam que paciência é fundamental. 36

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V DINA E LANDER No dia do casamento (ao lado) e em registro mais recente

inhos são conhecidos por serem uns dos poucos alimentos que, com o passar do tempo, ficam melhores. Tornam-se mais maduros, mais densos e saborosos. Não seria o mesmo que acontece com os casamentos? Pelo criativo convite de bodas de ouro do casal Bernardina e Lander Bastos, sim! A metáfora está impressa em um rótulo que envolve uma pequena garrafa de vinho e convida para a celebração. O casal começou a namorar ainda na juventude, em Anta, distrito de Sapucaia, onde nasceram. Antes disso, eram apenas conhecidos. “Você não se lembra da primeira vez que a gente se viu, não.”, diz Lander para a esposa, mais conhecida como Dina, que está em sua frente. Logo ele explica: o pai da Bernardina a levou, ainda criança, até a casa da família de Lander para uma consulta com o primo da mãe dele, que era médico e estava de visita. Amor à primeira vista ou não, o fato é que, anos depois, por volta dos 18 anos, Lander tomou coragem e abordou a moça

São 58 anos juntos e, segundo Lander e Dina, o segredo para tamanha longevidade é a paciência na saída de um circo que visitava a cidade. “Fui andando, coloquei a mão para trás e ele a segurou. Foi assim que começou.”, conta uma risonha dona Dina, que se diverte ao lembrar a história. Cinco anos depois, em 1957, se casaram apenas no civil por conta da diferença de religião. Bernardina é católica, Lander é evangélico. Mas isso não impediu que fizessem uma pequena recepção na casa da mãe da noiva. A partir de então, moraram em vários lugares devido às mudanças profissionais de Lander. Chegaram a Três Rios em 1971, depois que ele foi transferido de um emprego que havia conseguido na Caixa Econô-

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GENTE COMPORTAMENTO

“Acho que o sofrimento e a dificuldade também fazem aumentar a nossa união, um serve de apoio para o outro”, Terezinha Mockdece

TEREZINHA E GETÚLIO O casamento aconteceu em janeiro de 1957, data que eles não esquecem

mica do Rio Grande do Sul. A família já estava completa, com os dois filhos do casal nos primeiros anos de vida: Mirian, a filha mais velha que faleceu precocemente, aos 41 anos, e Landerson, que está com 59 anos. “A chegada dos filhos foi uma coisa muito boa, porém, melhor ainda é a chegada dos netos.”, delicia-se Dina. Pâmela e Guilherme, os gêmeos Gustavo e Rodolfo e a neta mais velha Marcela, além do bailarino Carlos Henrique Bonforte, filho de consideração do casal, estão sempre presentes na casa, seja em uma visita nos fins de semana ou para um agrado dos avós. A casa continua sendo a mesma que adquiriram 38

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quando se fixaram na cidade, o que é motivo de orgulho para a família, já que Lander construiu sozinho, com as próprias mãos. Em 2007 comemoraram os 50 anos de casados com a cerimônia e a festa que não tiveram no casamento, com um representante de cada religião, um padre e um pastor. São 58 anos juntos e, segundo eles, o segredo para tamanha longevidade é a paciência. Uma resposta quase uníssona acompanhada de risadas pela sinceridade um do outro, conquistada há tantos anos. Esta realmente parece ser a chave para o bem-estar do relacionamento, já que foi a mesma resposta de por outro casal, Terezinha e Getúlio Mockdece, casados

há 57 anos. “Eu acho que, antes de tudo, a gente tem que saber renunciar determinadas coisas, procurar compreender o outro. Apesar de tudo que nós passamos, das preocupações, acho que ficamos ainda mais unidos. Acho que o sofrimento e a dificuldade também fazem aumentar a nossa união, um serve de apoio para o outro.”, explica Terezinha. O casamento aconteceu em 4 de janeiro de 1957, data lembrada por Getúlio sem a menor dificuldade, apenas um ano após o início do namoro. O primeiro filho, Sérgio Henrique, nasceu dez meses depois de casados. Em quatro anos e meio, já tinham quatro filhos: além do mais velho, nasceram Myrian, Antônio e Luis Guilherme. Uma grande responsabilidade para o jovem casal. A esta altura, Terezinha estava com 28 anos e Getúlio com 31. Anos depois, ainda vieram Mariclara e Marianne. “Nós tivemos filhos logo depois do casamento. Nós discordávamos na hora de criar e tudo, mas nenhum grande problema. Getúlio sempre foi muito paciente com as crianças, muito amigo, brincava muito com elas. Todo final de semana a gente viajava por aqui por perto. Era uma adesão tão grande que saíamos com a Kombi, todos os domingos, com 16 crianças. Os vizinhos mandavam os filhos com a gente.”, relembra Terezinha. Elogios não faltam. Mesmo sutilmente, eles estão lá. Terezinha, por exemplo, só chama Getúlio de “meu bem” e ele não disfarça o orgulho das conquistas da esposa, desde quando ela subia a pé os morros de Juiz de Fora para dar aulas até a criação da própria escola de dança. A decisão partiu dela e foi apoiada pelo marido, que precisou se acostumar com a ideia da esposa ficar menos tempo dedicada às tarefas do lar e, vez ou outra, precisar viajar para fazer cursos. Na parte da noite, estavam sempre juntos, acompanhando


BODAS DE OURO O casal durante a festa para celebrar os 50 anos de união

as tarefas escolares dos filhos na mesa da sala, que continua no mesmo lugar. “O pensamento daquela época era não

deixar a esposa trabalhar. Depois de certo tempo, fomos perdendo essa mentalidade”, explica Getúlio. “Mas ele sempre me

deu muita cobertura, sempre me deu muito apoio.”, completa Terezinha. Para quem se acostumou, desde cedo, com a casa cheia, a saída dos filhos para a faculdade fora da cidade representou, para Getúlio e Terezinha, como se voltassem ao período de recém-casados, sozinhos na casa. Mas a calmaria não durou muito tempo. Assim como Lander e Dina, a casa dos Mockdece é a mesma que criaram os filhos e, hoje em dia, também é “um lugar de passagem”, como caracterizou Terezinha. “É muito movimentado, igual casa da sogra mesmo. Todo mundo vem fazer um lanche aqui”, se diverte. Os dois casais acreditam que ainda é possível um relacionamento completar meio século de existência nos dias de hoje. “O casamento é igual uma planta. Todo dia tem que retirar aqueles matinhos que impedem o crescimento, regar, colocar adubo... e no casamento é o amor!”, poetiza Dina. Entre metáforas de vinhos e plantas, os dois pares comprovam a felicidade encontrada no companheirismo. E haja paciência!

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GENTE OPINIÃO

ELAS E NÓS POR ROBERTO WAGNER

Renan ficava aterrorizado com a ausência de desejo de maternidade em sua mulher. Anieli dizia: leia Machado de Assis que você me entenderá!

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uliana adora tirar fotos, selfies e mais selfies, viaja com o namorado, não para estar com ele, mas sim, para tirar selfies com ele. João é mais um brinquedinho seu, assim como o seu Iphone 6 e sua GoPro Hero 4 Black. Um dia foram para Polinésia Francesa e, no primeiro dia de viagem, Juliana foi assaltada e ficou sem o Iphone e a GoPro. O passeio acabou na hora. João contra argumentava com a beleza real do local, praias inimagináveis... Juliana, irada esbravejava: “real, natureza, praias, você e seus argumentos naturebas... chatura sem fim... que me adianta isso sem meu Iphone e minha GoPro... quero que antecipe já nossa viagem de volta...”. João, vencido, marcou a viagem de retorno para o dia seguinte. Igor é casado com Márcia há 20 anos. É o tipo mulherengo monogâmico, sonha com todas, mas só acasala com a sua, quando consegue, por evidente. Mas, a sua Márcia não tem mais apetite sexual. Márcia só tem ‘apetite’ para academia, corridas e bicicletas. Seu mundo é o exercício físico, a adrenalina que alega tanto lhe dar prazer. Para o marido, sobram os calos dos pés e das mãos. Márcia, inclusive, recrimina Igor em sua letargia e pensamento único: sexo. Igor preferia uma mulher flácida e com culotes largos a uma mulher atlética e frígida. Mas, Márcia não é mais flácida e nem tem mais ancas largas. Com o passar do tempo e tantos exercícios, Márcia minguou. Isolado em seu desejo do passado, nas poucas vezes em que faz sexo com a esposa triatleta, pensa na sua cunhada, irmã idêntica de Márcia, que nunca fez exercício e possui gordurinhas na cintura. Aniele e Renan casaram-se após cinco anos de namoro. Foram para Europa, onde ela cursaria seu doutorado em macroeconomia. Renan aproveitou a estadia para aperfeiçoar o inglês e para fazer cursos de analista de sistemas. Após três anos voltaram ao Brasil, os dois muito bem empregados. Compraram o primeiro apartamento financiado e um carro novo para cada um. Vida de bons restaurantes, muitas viagens e compras. Mas, Renan sempre pedia a Anieli um filho, só um filho. Anieli, quando namorada, fugia desse assunto, e, agora, depois de casada, alegava querer liberdade e não filhos. Ela sempre pragmática, argumentava com ele: 40

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“filhos custam caro, dificultam o relacionamento de marido e mulher, atrapalham a carreira e afundam a existência do casal”. Renan ficava aterrorizado com a ausência de desejo de maternidade em sua mulher. Anieli dizia, - leia Machado de Assis, que você me entenderá! O avô levou a netinha para passear no parquinho do bairro. Praça linda, repleta de árvores, balanços, brinquedos, pássaros, pista de caminhada, pedalinhos etc. A netinha conduzia uma bicicleta ainda com rodinhas, uma bolsinha com suas maquiagens e seu avô levava o Galaxy TAB S da Samsung, também dela. Deu duas voltinhas de bicicleta na praça, parou, tomou um refrigerante com o vô, acessou a bolsa de maquiagem e, após, guardou tudo e pegou ansiosa seu tablet das mãos do vô. Ele, com pouca intimidade nas novas tecnologias, sugeriu a neta que desse mais algumas voltas de bicicleta. A neta, muito carinhosa, disse ao avô: “vovô, por favor, brinca sozinho um pouquinho, porque agora estou muito ocupada, tá!”. A mulher se arrumando no closet da suíte e o marido lendo o caderno de esportes do Globo de domingo. Droga, droga! Que foi mulher? Essa calça não está mais servindo em mim, era só isso que me faltava, já estou sem a menor vontade de ir nesse aniversário de criança (insuportável!) e, ainda, essa calça não me entra. O marido com o jornal aberto: “talvez você precise perder uns quilinhos”. Está me chamando de gorda, né? Não, eu disse perder uns quilos para entrar na calça, só. Se preciso “perder peso” é porque estou gorda, não me venha com desculpas, por favor! Querida, me ouça, não é bem assim, você pode estar magra, perder peso, e ficar mais magra, é isso que estou tentando te dizer. Mas você sequer olhou para mim, está fundado nesse inferno de jornal, como pode me avaliar? Eh, mulher, você tem dificuldade para entender o que eu digo. Está me chamando de burra? Não falta mais nada, gorda e burra! Basta, Marcelo, basta! Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador de Areal/RJ, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio e advogado tributarista. rwnogueira@uol.com.br


O (DES)AJUSTE POR HELDER CALDEIRA

O disparo inflacionário não é resultado do consumo, ele brota do aumento dos preços controlados pelo governo

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os últimos meses, os brasileiros foram submetidos ao bombardeio de informações propositalmente controversas sobre a necessidade de um tal ajuste fiscal. Trata-se da maior mentira já contada à nação. O único objetivo é criar um factoide capaz de justificar os descalabros promovidos pelos governos petistas de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Como dizer aos cidadãos que eles terão de arcar com todo monumental prejuízo deixado pela incompetência, pela ineficiência e, principalmente, pelo maior volume de corrupção já visto numa democracia ocidental? Deu-se, portanto, a criação do suposto ajuste fiscal, que teria a missão de economizar cerca de R$ 70 bilhões em 2015. É fácil detectar a mentira. O primeiro passo foi escalar alguém para ser o boi de piranha da história. Fingindo contrariedade, Dilma nomeou Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e toda estrutura de comunicação do Palácio do Planalto foi utilizada para vender ao país a ideia de que um único homem seria responsável pelos dias difíceis que estavam por vir. Escalado aquele que seria o capeta, a santinha ficou livre para autorizar o aumento assustador nas contas de luz, a explosão dos preços dos combustíveis e a abertura da bocarra dos impostos. Por óbvio, tudo na cota do cramunhão Levy, porque a impoluta Dilma segue encastelada e ajoelhada, orando para que os brasileiros tenham dias melhores e “trabalhando fortemente para superar a crise”. Papo furado! Até agora, o tal ajuste fiscal só está atingindo o bolso cada vez mais vazio dos cidadãos trabalhadores. Basta dizer que, em momento algum, o governo Dilma cogitou a possibilidade de enxugar a absurda e pouco competente máquina administrativa, a começar por uma tesourada nos inacreditáveis 38 ministérios e 110 mil cargos comissionados. A folha de pagamento do Governo Federal é uma monstruosidade. Conforme dados oficiais do Ministério do Planejamento, o Tesouro Nacional gastou em 2014 a bagatela de R$ 240 bilhões apenas para pagar salários, aposentadorias e pensões dos 2,2 milhões de servidores federais ativos e inativos, perfazendo uma remuneração individual média de R$ 10 mil mensais. Algum corte? Nada. Nadinha!

Outro bom exemplo de que esse tal ajuste fiscal é uma falácia para enganar trouxas vem exatamente da política econômica adotada. Argumentando ser um remédio amargo para combater a inflação galopante, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou em 0,5% a taxa básica de juros (Selic) pela quinta vez consecutiva, alcançando estratosféricos 13,25%, deixando um viés de nova alta para a próxima reunião e conduzindo o Brasil para o topo da lista, com os maiores juros do planeta. O impacto é imediato não apenas na vida dos cidadãos, mas, principalmente, nos cofres públicos. Em matemática simples, cada vez que Banco Central eleva a taxa Selic em 0,5%, o gasto do governo com pagamento de dívidas cresce cerca de R$ 10 bilhões. Desde a reeleição da presidente Dilma, os juros saltaram de 10,75% em outubro de 2014 para os atuais 13,25%. Ou seja, esse aumento de 2,5% causará um rombo de aproximadamente R$ 50 bilhões em 2015. Fica ainda pior quando consideramos o fato de que o aumento da taxa de juros é visivelmente ineficaz no combate ao tipo de veneno que está intoxicando a inflação. O disparo inflacionário não é resultado do consumo que, aliás, está em queda vertiginosa. Ele brota do aumento dos preços controlados pelo governo, tais como combustíveis, remédios e energia elétrica, portanto, não cedendo ao sabor da taxa básica de juros. Resumindo a ópera, enquanto os cidadãos sérios e honestos do Brasil são roubados diuturnamente por uma quadrilha instalada no poder central, o tal ajuste fiscal não passa de uma engenharia para enxugar. Não a máquina pública, a gastança desenfreada, as lambanças petistas e a corrupção institucionalizada. O (des)ajuste enxuga gelo. Enquanto a mentira prevalece, Lula e Dilma não precisam assumir a responsabilidade: o povo brasileiro, na verdade, está pagando pela roubalheira protagonizada pelo PT e sua base aliada. Pelo menos, por enquanto não é crime bater em panelas. Por enquanto. Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista e colunista do portal Revista On. É autor dos livros “A 1ª Presidenta” e “Águas Turvas”. helder@heldercaldeira.com.br revistaon.com.br

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GENTE OPINIÃO

AÇÃO REVISIONAL DE JUROS BANCÁRIOS POR DELTON PEDROSO BASTOS JR

Um meio judicial para continuidade da empresa durante reestruturação financeira

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enho me deparado com inúmeros clientes, principalmente do comércio, procurando nossos serviços em razão do alto endividamento. Vejo que o problema mais recorrente é que os investimentos feitos requisitaram a necessidade de buscar auxílio da entidade financeira para que pudessem ser feitos, com a esperança de que a estabilidade financeira do Brasil se mantivesse por muitos anos. Porém, não foi o que ocorreu. O dinheiro sumiu, as vendas diminuíram e, como consequência disso, os valores a serem pagos mensalmente fazem com que a própria existência da empresa encontre-se em risco. A tentativa de diminuição dos valores que deve pagar mensalmente, podendo se valer do acordo extrajudicial para redução das parcelas e ampliação do prazo de pagamento, é um passo muito importante para o empresário. Ou, então, escolher o caminho do Judiciário, com o envio para um profissional capacitado para apurar as cobranças indevidas, os juros e multas que se tornem abusivos e, então, interpor ação nesse sentido. Com a ação revisional de juros bancários, o foco principal é a redução dos valores, solicitando ao juízo que conceda uma antecipação de tutela, que nada mais é que a ordem judicial, no início do processo, para que o estabelecimento bancário comece 42

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a cobrar valores menores e não proceda à negativação do nome da empresa enquanto a ação estiver em curso. Nesse caso, pode ser estabelecida, ainda, a realização de depósitos em conta judiciária dos valores que o empresário entende como devidos. O processo tem seu prosseguimento normal, com a apresentação de defesa, manifestação sobre a mesma e, então, chega-se à fase de perícia, onde é designado perito da área contábil e de confiança do juízo para apurar a irregularidade, ou não, das taxas de juros, tarifas, multas e comissões de permanência. Feita a perícia, se localizada a cobrança de maneira incorreta, é determinada a devolução em dobro dos valores, com base no Código de Defesa do Consumidor, afinal, a relação existente entre o banco e a empresa é de consumo, já que o banco é fornecedor de serviços e a empresa é seu destinatário. Finalizo esse texto voltando a ressaltar que o mais importante ao empresário é garantir a continuidade de sua empresa e, nesse sentido, a apuração acerca de cobranças indevidas que venham a ser sofridas é de suma importância para o futuro do negócio. Delton Pedroso Bastos Junior é advogado, sócio-fundador da Bastos Juris Advocacia e membro da Associação Brasileira dos Advogados Tributaristas. deltonbastos@bastosjuris.com.br


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ECONOMIA&NEGÓCIOS comércio 45 empreendedorismo 50 capa 56 rh 64 formação 67

Uma Vila de

possibilidades POR ANGÉLICA GARCIA

FOTOS REVISTA ON

Bairro mais populoso de Três Rios, a Vila Isabel tem seu comércio cada vez mais fortalecido. Com o crescimento imobiliário, também há novos espaços para a abertura de empresas. Bom para os moradores, excelente para os investidores.

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ECONOMIA & NEGÓCIOS COMÉRCIO

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ão é à toa que a Vila Isabel tem o busto da Mãe Preta em um dos lugares com mais movimento. Assim como a sabedoria popular diz que sempre há espaço no coração de uma mãe, o território do bairro também não para de receber novos moradores e investidores, em especial na última década. O crescimento do número de moradores é um fator fundamental para alavancar a economia do bairro. Com mais de uma dezena de divisões geográficas e quase metade da população do município, a Vila Isabel, embora próxima ao centro da cidade, passou a atender a demanda dos moradores com mais conforto e a mesma qualidade encontrada fora. Alguns exemplos são agência bancária, casa lotérica, restaurantes, supermercados, sapatarias, oficinas, farmácias, academias, escolas públicas e particulares, ponto de atendimento do Saaetri e lojas de utilidades.

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CRESCIMENTO Grande número de novos edifícios residenciais é um dos fatores que colaboram com o comércio


Entre os motivos que levaram Bia Lima a montar um negócio na Vila Isabel está o valor do aluguel Neste contexto está a loja de Fabiane Lima. Após sair do emprego em um comércio de eletrodomésticos, Bia Lima, como é conhecida, optou por ter o próprio negócio e, em novembro de 2014, inaugurou a loja de roupas. “Inicialmente, a intenção era abrir uma loja no Centro, mas optei pela Vila Isabel por dois motivos: primeiro porque o valor do aluguel é muito mais barato e, segundo, como resido na Vila Isabel, facilitou muito a minha vida, pois eu tenho um filho pequeno. Tem dado certo, as clientes sempre estão conferindo nossas novidades”, diz. Ela conta que algumas clientes, inclusive, não são moradoras do bairro, mas de outros ou do Centro. “Focamos na moda plus size porque há carência no mercado. Elas conseguem ser atendidas no calçado, mas na roupa ainda deixa a desejar. Temos modelagens para todas, mas nosso foco é o mercado plus size. Elas estão aprovando nossas roupas”, garante a empresária que ainda afirma que parte do dinheiro investido na loja já retornou. As irmãs Fernanda e Amanda Lemos também aproveitaram o bom momento do comércio da Vila Isabel para investirem em um negócio

familiar. Após fecharem, há cinco anos, uma padaria perto da Praça da Mãe Preta por não conseguirem manter o negócio, observaram que os bons tempos estavam de volta. Há dois anos voltaram a investir no setor, com uma nova padaria. “Graças a Deus, temos conseguido levar nosso negócio. Temos uma boa freguesia. Atualmente, o cenário está diferente de alguns anos atrás, quando tivemos que fechar”, analisa Fernanda. Além das irmãs, que se revezam no atendimento, o estabelecimento tem mais cinco funcionários. “Gostamos de trabalhar com este ramo. É gratificante ver o reconhecimento dos clientes e, por isso, trabalhamos para aumentar as opções de produtos para melhor atender”, informa. O bairro não fica restrito aos pequenos negócios. Nos últimos dez anos, as duas maiores redes de supermercados da cidade abriram filiais na Vila Isabel. “Quando observamos o desenvolvimento econômico e habitacional que se firmava no bairro, vislumbramos a oportunidade de negócio e aproveitamos o momento para instalar uma filial atendendo à demanda

BIA LIMA Inaugurou a loja em novembro de 2014 e já tem retorno do investimento revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS COMÉRCIO

local e não nos arrependemos”, garante Leandro Loures, sócio proprietário de um dos supermercados. Se a situação está positiva atualmente, é importante ressaltar que nem sempre foi assim. Porém, mesmo com os desafios, alguns comerciantes nunca deixaram bairro. Quando Valdir Coelho de Miranda inaugurou sua loja de roupas, há 30 anos, o cenário era diferente. “Não somos os mais antigos do bairro, mas somos um dos mais. Antes, trabalhávamos somente com jeans, mas há 10 anos aumentamos nosso mix de produtos para atrair

MUDANÇAS A loja de Valdir Coelho precisou passar por transformações para continuar no mercado 48

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clientes. Tivemos que mudar porque as exigências mudam. A realidade do comércio há 20 anos era completamente diferente. Não tínhamos tantas lojas como hoje, o comércio concorrente era bem menor. Já houve época que tivemos oito ou nove funcionárias na loja e todas trabalhavam muito. Hoje, são apenas quatro. O comerciante precisa ir se adaptando”, explica. O segredo para resistir ao tempo, ele garante que é o atendimento. “Infelizmente, temos muitos clientes que reclamam de atendimento em Três Rios, mas conseguimos fidelizar nossa clientela exatamente

O bairro não fica restrito aos pequenos negócios, as duas maiores redes de supermercados da cidade abriram filiais na Vila Isabel

pelo tratamento diferenciado. Temos clientes que se tornam amigos pela cordialidade. Além disso, como abrimos crediário próprio da loja, as clientes acabam retornando sempre, o que é nosso foco”. Diferente do que aponta o crescimento habitacional do bairro, Valdir encara as mudanças com cautela. “Estamos vendo muitas construções, muitas obras, mas muitas pessoas não mudaram para a Vila Isabel de fato. Prova disso é que, desde outubro, as vendas despencaram de forma espantosa. Vamos esperar a concretização das obras para ver se o movimento de vendas realmente aumentará. Mas a queda nas vendas não é só aqui, temos uma loja no Centro e nela as vendas também recuaram”, resume. Valdir diz que já viu o comércio do bairro crescer, estagnar, avançar, regredir, pegar novo fôlego e voltar a crescer. “Nós gostamos daqui. Apesar de muitas pessoas preferirem comprar no Centro, nós também geramos empregos, pagamos impostos e estamos lutando para proporcionar o crescimento do bairro”, finaliza.


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ECONOMIA & NEGÓCIOS EMPREENDEDORISMO

A arte de aumentar a renda POR MAYARA STOEPKE

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Poderia ser apenas uma paixão, um passatempo. Porém, algumas pessoas transformam o artesanato em fonte de renda. Mesmo com as dificuldades para atingir o mercado consumidor, que tem um comércio variado à disposição, artistas de Três Rios e Paraíba do Sul não desanimam e buscam mais conhecimento para desenvolverem trabalhos ainda melhores.

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“A facilidade de pagamento e o preço baixo das casas de utilidades fizeram com que nossas vendas caíssem muito”, Heloísa dos Santos

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e acordo com dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,5 milhões de brasileiros transformaram o artesanato em pequenos negócios em 2012. Juntos, esses microempreendedores movimentaram mais de R$ 50 bilhões naquele ano. Na região, o cenário não seria diferente, também há microempreendedores que profissionalizaram a paixão pelo artesanato, o que passa a ser, como consequência, uma fonte de renda. Porém, ainda são poucos os ar-

QUALIDADE E BELEZA As características atraem clientes em busca de itens diferentes

tistas que conseguem viver exclusivamente deste tipo de trabalho. Uma análise da Comissão Temática do Conselho Municipal de Cultura de

Três Rios, representada por Marli Biaggi e Alcione Costa, mostra que, apesar de possuir um número grande de pessoas ligadas ao artesanato, a cidade

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ECONOMIA & NEGÓCIOS EMPREENDEDORISMO

ARTE NOSSA Grupo de artesãos expõe e comercializa suas criações no espaço diariamente

não tem uma identidade cultural que reflita nessa modalidade. Em registros do departamento municipal de cultura, o artesanato já era reconhecido por instituições na década de 1970 e, quando o movimento começou, os artesãos não contavam com um local próprio para exposição dos trabalhos. Assim, os artistas participavam de eventos públicos para divulgação dos produtos. Moradores de Comendador Levy Gasparian e Areal, ainda distritos, também faziam parte dos encontros. Em 1990, com apoio da Secretaria de Assistência Social, os artesãos trirrienses ganharam barracas para exposição dos produtos na Praça São Sebastião e, no mesmo período, surgiu a primeira associação, a “Arte Nossa”, presidida atualmente por Heloisa dos Santos. Em seguida, a Associação Pura Arte Trirriense, que tem Aurora Serpa Malafaia como presidente, foi formada. Assim, os artistas locais começaram a organização do setor para melhores chances e oportunidades de transformar o artesanato em profissão. Na Praça São Sebastião, centro de Três Rios, está a sede da Arte Nossa, onde os membros comercializam diariamente seus produtos. Heloísa dos Santos, professora aposentada e presidente da associação, explica 52

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que a maioria dos artesãos não vive unicamente do artesanato, mas é uma forma de complementar a renda e ter algum tipo de atividade. “O artesanato vem de família, meu avô fazia arreio para cavalo com couro e madeira, meu pai também trabalhava com a arte. Minha mãe lidava muito com tecido, então essa habilidade sempre existiu”, explica. Professora infantil, Heloísa aproveitava os conhecimentos nas salas de aula, mas garante que nunca conseguiu viver exclusivamente como artesã. Antes da instalação na praça, a associação tinha como sede o Centro Cultural, onde viveu o auge das vendas, que chegavam ao faturamento de R$ 4.000 por mês. Sentiram a queda com a inauguração de uma loja nas proximidades. “A facilidade de pagamento e o preço baixo das casas de utilidades fez com que as nossas vendas caíssem muito. Porém, essas lojas têm pilhas de produtos iguais. Os produtos artesanais são peças exclusivas e ainda existem muitas pessoas que valorizam isso. O tempo que investimos nas peças não tem valor”, acredita Heloísa. Uma oportunidade recente para aquecer as vendas foi o aniversário de 90 anos da Matriz São Sebastião, em abril, quando o grupo focou na produção de peças que marcaram a data.

Assim como em todo segmento, no artesanato também é preciso inovar para conseguir destaque. Para isso, os profissionais ficam atentos às oportunidades de aprendizado que surgem. “Já fomos, pelo Sebrae, a várias feiras na Marina da Glória (Rio de Janeiro), em Belo Horizonte, entre muitas outras para nos atualizar, ter outros olhares para o artesanato e ficar ainda mais profissionalizados”, ressalta Heloísa. A Feirartri - Feira de Artesanato Trirriense - cumpre o papel de incentivar e divulgar os trabalhos. Criada há 25 anos para estes objetivos sejam alcançados de forma gratuita para os profissionais, ela conta com 20 barracas para exposição dos produtos duas vezes por mês na Praça São Sebastião e é organizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Para participar, é necessário ser morador da cidade e ser cadastrado em uma fila de espera que conta, hoje, com 20 pessoas. “Quando existe uma vaga, pedimos para que o artesão traga um produto feito por ele. Acontece uma avaliação e, em seguida, caso aprovado, ele tem a oportunidade de participar da feira, sempre respeitando o regulamento”, explica Mariana Strzoda, representante da Secretaria. Enquanto isso, a antiga estação de trem de Paraíba do Sul abriga a associação dos artesãos do município, que conta com 16 profissionais e mais de 3.000 itens produzidos. Joana Pereira, presidente, e sua vice, Yolanda Gorito, explicam que, com a falta de atrações turísticas na cidade, a queda nas vendas foi inevitável. Joana está há 20 anos na associação, criada em março de 1988 com a finalidade de reunir os artesãos da cidade. Assim como em Três Rios, elas também colocam a paixão pela arte

VARIEDADE Até mesmo doces caseiros são vendidos nos espaços dedicados ao artesanato


“A associação já vendeu muito. Na época que tinha o passeio de trem, colocávamos 1.000 turistas aqui dentro”, Joana Pereira

YOLANDA E JOANA As artesãs contribuem com a cultura local por meio das artes

em primeiro lugar, já que o lucro não é grande. “A associação já vendeu

muito. Na época que tinha o passeio de trem, colocávamos cerca de 1.000

turistas aqui dentro. Depois que o passeio acabou e com a situação atual do país, a queda caiu consideravelmente”, pondera Joana. A artesã e professora aposentada conta, ainda, que a loja da associação não aceita cartões de crédito por falta de estrutura financeira, o que contribui ainda mais com a queda das vendas e o aumento da concorrência. Apesar da queda nas vendas, ela acredita que as pessoas valorizam, cada vez mais, a arte, o que motiva e contribui para o desenvolvimento dos artistas.

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FLÁVIO DUARTE

ECONOMIA & NEGÓCIOS CAPA

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Os saltos

do Coelho POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Não foram poucas as barreiras pelas quais ele teve que passar para alcançar o sucesso em 23 anos no mercado de motos. Filho de um caminhoneiro e uma dona de casa, Leonardo Coelho começou a trabalhar ainda jovem. De vendedor de motos a empresário reconhecido pela atuação no segmento, ele garante que os saltos foram cheios de cuidados, com erros e acertos pelo caminho. Quinze anos depois e com posição e destaque no mercado, ele já tem novos planos e quer mais desafios. revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS CAPA

O

escritório na empresa tem itens que resumem a vida de Leonardo de Oliveira Coelho. Um enorme quadro com imagens do piloto Ayrton Sena, seu ídolo, fica atrás de uma mesa feita com peças de moto. Capacetes utilizados em diversos anos de viagens, miniaturas de carros e motos, certificados de cursos, bonecos de personagens que marcaram a infância, fotos com familiares... Tudo distribuído em prateleiras. Além disso, um grande brasão do motoclube que criou e fundou talhado em madeira nobre completa a decoração. Em uma sala cheia memórias, a cadeira fica vazia. É na parte da frente da loja, com fácil acesso aos clientes, que Léo fica durante o expediente. “O atendimento sempre foi e sempre será um diferencial, algo que cobro e exijo que seja com excelência. Quando ficava no escritório, só via o que acontecia pelas imagens das câmeras. Reparei que precisava ficar mais na cara do cliente, na parte da frente”, explica. Vendedor nato, ele garante que as experiências e aprendizados do passado foram e ainda são fundamentais para o desenvolvimento como empresário. Trirriense, criado na Rua Barão de Entre-Rios, o nascimento de Leonardo foi uma surpresa para os pais, Wilson Dário Coelho e Maria do Carmo de Oliveira Coelho. O casal já tinha três filhos adolescentes, João Carlos, Marilson e Marcelo, quando a notícia da nova gravidez chegou. “Esperavam que viesse uma menina para dar uma quebrada, mas veio mais um menino”, conta Leonardo aos risos. Sempre atento à família, ele destaca que também é membro da família Kopke, tradicional na cidade.

PAIS Leonardo Coelho entre a mãe, Maria do Carmo, e o pai, Wilson, já falecido 58

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A vocação empreendedora surgiu cedo. Ainda na escola, Léo montou uma banca de aluguel de jogos do Atari

“Meus avós paternos eram Norival Costa Coelho e Elisabeth Kopke Coelho, os maternos são João Joaquim de Oliveira e Anna Fada Oliveira”. As lembranças da infância são as melhores possíveis, afinal, a rua era o quintal de casa. “Fazia parte da ‘galera da muquiça’, como era chamada a turma do BNH daquela rua. Existia uma disputa com os meninos dos outros BNH’s, coisa de criança. Fico triste quando passo na rua e não tem ninguém, estão todos em casa”, analisa. A criação rígida que teve e os valores adquiridos desde cedo são marcas do passado ainda muito presentes. “Havia um respeito muito grande, apenas com o olhar eu já abaixava a cabeça”, completa. A vocação empreendedora começou cedo. Com um amigo, montou uma banca de aluguel de jogos do Atari na escola. “Desde cedo fiz questão de ganhar meu próprio dinheiro, então, com 11 ou 12 anos, já lavava o caminhão do meu irmão, o João, para receber por isso. Ele foi meu segundo pai, me levava para viajar de caminhão e, por isso, até hoje gosto de viajar de carro à noite, acostumei”, lembra com saudades. O irmão mais velho faleceu de forma precoce, em 1989. “Foi uma perda muito grande, até hoje sentimos muito”, acrescenta. “Quando perdemos o João, os outros dois filhos já estavam casados, meu marido viajava muito e o Leonardo ainda estava em casa, sol-

teiro, com 17 anos. Então, o Léo foi minha companhia no momento de dor, esteve perto o tempo todo. Há vezes que até confundo os dois, até hoje, porque eles tinham gostos muito parecidos, como a admiração pelo Ayrton Senna”, conta a mãe. Ainda na adolescência, Leonardo trabalhou em uma loja de motos, onde ajudava a lavar e montar motos. Em seguida, teve uma passagem pela loja de materiais de construção gerenciada pelo irmão Marilson e por uma empresa de corretora de seguros. “Foi quando recebi um convite para trabalhar na antiga loja da Yamaha, chamada Bol D’or. Sempre fui fã da marca e todo o meu começo de vendas foi ali, aprendi muito. Quando um dos proprietários saiu do negócio, eu também saí. Logo recebi um convite da loja Shop Moto Car, uma multimarcas”, recorda. Quando um dos sócios deixou o negócio e o outro quis vender a loja, Leonardo acreditou que era a hora de arriscar e começar a empreender. “Vendi meu carro, juntei o dinheiro que tinha guardado e parcelei o valor restante. Não tinha condições de comprar a loja com o estoque, então peguei vazia. Aos poucos, os conhecidos e amigos foram deixando carros e motos para vender. O começo foi difícil, mas as pessoas conheciam meus irmãos e viam que tinha credibilidade. No fundo da loja, montei um lavador para aumentar a renda”.

IRMÃOS Com Marcelo e Marilson, que acompanham até hoje a vida profissional do caçula

SAUDADES O irmão João Carlos faleceu em 1989 e é considerado um ídolo pelo empresário


“Sem minha equipe, não sou nada”, Leonardo Coelho

seguia dormir. Fizemos uma reunião na fábrica, com um representante, e acertamos que pagaríamos parcelado. Foi o momento mais difícil, houve concessionárias que fecharam”, lembra o empresário que, sobre a atual crise do país, desabafa: “As pessoas falam que vai quebrar o mercado. Fico preocupado, mas digo que nada mais me abala, já passei por muitas coisas”. Crescimento

Leonardo afirma que a Yamarios alcançou um espaço que ele não conseguia imaginar e coloca a excelência no atendimento como fator fundamental para o sucesso. Formado em marketing e contabilidade, diz que os cursos da Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e Dale Carnegie ajudaram a aprimorar os processos diários, dentro e fora da empresa. “Tem uns dez anos que trabalho com metas semanais e mensais para toda a equipe. Quero que todos ganhem melhor, então, precisamos fazer um trabalho em conjunto para todos estarem felizes. Sem minha equipe, não sou nada. Não sei consertar motos, entendo pouco de peças e faturamento, então preciso deles para a empresa fazer bonito”, diz. Jovane de Sousa Ferreira está no setor administrativo da Yamarios desde a inauguração, uma relação que deve ultrapassar a aposentadoria. “Conheci o Léo ainda na an-

tiga concessionária Yamaha, Bol D’or, na época ele era vendedor. Quando ele abriu a loja e me chamou, não tive dúvidas em aceitar. Daqui a dois anos vou aposentar, mas quero continuar na equipe. Acompanho o crescimento da marca com muito orgulho e destaco a mudança da sede como o momento mais marcante”, diz o colaborador. Inaugurada na Rua Manoel Duarte, a Yamarios mudou para a Rua Nelson Viana há menos de cinco anos, um espaço mais amplo que oferece mais conforto e serviços aos clientes. “Além disso, é a rua das concessionárias. Quando inaugurei a Yamarios, havia um mezanino e eu pulei de lá para comemorar. Na mudança, fui repetir a cena e fiquei dois dias com a coluna travada”, comenta aos risos. A Yamaha tem, em Três Rios, um cenário atípico. “Em cada 100 motos vendidas, 50 são da Yamaha. O Market Share da marca na cidade é muito superior à média encontrada no país. Um representante de uma concorrente já veio até nós para conversar e entender como chegávamos a esse resultado. Não tem segredo, o diferencial é que coloco o umbigo no balcão”, revela. Foi por isso que, em certo momento, Leonardo precisou pisar no freio como investidor. “Tive a oportunidade de abrir uma concessionária em Barra do Piraí. Como precisava estar nos dois lugares, vi que já não conseguia fazer um trabalho bonito como estava fazendo. Resol-

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No final da década de 1990, Leonardo soube que abriria uma concessionária de outra grande marca de motos, logo, sua loja perderia volume de vendas. “Foi a hora de dar meu pulo. Pedi ajuda ao meu irmão Marcelo para fazer uma carta para a Yamaha, peguei recomendações e consegui a concessão da marca para abrir uma unidade. No final de 1999 comecei a montar a estrutura. Em 2000, fechei a outra empresa e inaugurei a Yamarios”. Ele garante que não sabia ser capaz de empreender naquela época e teve medo, afinal, era um negócio novo, diferente da empresa anterior. “O que valeu muito foi ter o nome limpo, coisa que meu pai sempre prezou. Ele sempre falou que você vem uma vez só na vida, então deve prezar pelo nome. Já minha mãe sempre disse que tudo o que é feito na escuridão da noite é descoberto no clarão do dia. Guardo essas duas lições e fico arrepiado quando lembro”, comenta. Ao longo dos anos, erros e acertos transformaram Leonardo em um empreendedor de sucesso. “Nunca tive ajuda financeira, então, quando dizem que sou pão duro e choro preços, é verdade. Sei de onde vem o dinheiro, então choro o preço, o prazo e ainda peço brinde. Pedir, podemos à vontade, não podemos é roubar”, brinca. Em 15 anos de Yamarios, ele já passou por bons e maus momentos à frente do negócio. De cada experiência, carrega um aprendizado. “Em 2003, veio uma crise muito grande no Brasil. Várias concessionárias passaram por dificuldade, devendo à fábrica. Eu estava nesse meio. Não era um valor tão alto, mas não con-

EQUIPE O empresário credita grande parte do sucesso da marca aos profissionais que vestem a camisa da Yamarios

15 ANOS Com estoque para atender todos os públicos, a concessionária representa o resultado dos sonhos de Leonardo revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS CAPA

vi, ao invés de crescer, voltar atrás, vendi a concessionária em Barra do Piraí e fiquei com a de Três Rios”. Antes de começar a atuar na Yamarios, todo colaborador passa por um treinamento amplo, sempre com o objetivo de não cometer erros no atendimento ao cliente. Todo o cuidado rendeu a classificação Diamante à oficina, a maior possível. Como está sempre próximo aos clientes, o empresário dá lugar ao vendedor sempre que é necessário. “Não admito que o cliente entre na loja e fique sem atendimento. Então, se os vendedores estão ocupados, eu vou até o cliente, atendo e vendo. Há seis meses estou sem gerente de vendas, mas passei a ocupar esse cargo e estou dando conta. Vender é o que mais gosto”, afirma. Visionário e sempre em busca de novidades, Leonardo já pensa no próximo salto. “Quero, ainda este ano, inaugurar uma náutica no espaço ao lado da Yamarios. Será a Yamarios Náutica, já há muitas pessoas com jet-skis e barcos a motor usufruindo de muitas represas na região, é uma necessidade”, finaliza. Motos e filantropia

A história com motocicletas surgiu antes mesmo de começar a trabalhar diretamente com elas. Tanta paixão resultaria na fundação de um motoclube, o primeiro de Três Rios. “Sempre gostei de viajar de moto e ajudar instituições da cidade. No final de 1999 vi a necessidade de montar um motoclube. Como já acompanhava outros, conhecia de perto como funcionava. Um amigo, Carlos Fuchs, de Paraíba do Sul, juntamente com outros amigos, disseram que me ajudariam. Assim, criei e fundei o ‘100 Fins do Asfalto’. Ninguém paga mensalidades, é um motoclube bem familiar”, aponta. Ele conta que as viagens e a filantropia são os principais objetivos do grupo. Os ganhos com o Moto Route, evento anual organizado em Três Rios que volta a ser realizado na Beira Rio na edição 2015, são usados para ajudar instituições da cidade. “É um dos motoclubes mais respeitados de toda a região. Somos 42 integrantes e todos chegam junto quando é necessário”. Ajudar ao próximo é algo que Leonardo sente prazer em fazer. “Lanço vá60

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MOTOCLUBE O empresário com os amigos do “100 Fins do Asfalto “ após arrecadação de itens para doação

rias campanhas com frequência. Não é para aparecer, porque não preciso disso. É porque acredito que, se cada um fizer um pouco, não vamos ter problemas no país. Quando coloco na rede social que, por exemplo, fiz uma doação de 100 litros de leite para o asilo, logo surgem outras doações, é uma motivação”, afirma. Com isso, há um desejo que poucos conhecem, inspirado em uma ação do ídolo Ayrton Senna. “Penso no Instituto Leonardo Coelho, para ajudar idosos. Ao morrer, quero que meu dinheiro seja investido assim. Tenho um carinho muito grande por idosos e nunca achei legal deixá-los abandonados”, comenta. Sempre com a necessidade de buscar novidades, organizou, em 2014, o primeiro

Léo é criador e fundador do motoclube 100 Fins do Asfalto e do AMB Antigomobilistas de Três Rios Encontro de Veículos Antigos de Três Rios e se prepara para repetir o evento, em 16 de agosto. “Arrecadamos 700 quilos de alimentos com os participantes, que foram doados para instituições. Como no primeiro o resultado foi excelente, já estou imaginando que a Beira Rio vai ficar pequena”, aposta. Parar por aí? Que nada... ele já pensa em um campeonato de voo livre na cidade!

REALIZAÇÕES A primeira edição do Encontro de Veículos Antigos foi um sucesso e Léo já prepara novidades para a segunda, que acontece em agosto


Assim Leonardo é definido por Flávio Duarte, amigo há mais de três décadas. Estudaram juntos na Escola Nossa Senhora de Fátima, se distanciaram e voltaram e fortalecer a amizade no ano 2000. “Ele consegue juntar todo mundo, unir amigos. O Léo é um líder, sempre tem ideias legais e puxa as pessoas junto”, comenta Flávio. Com o nascimento da filha de Flávio, os amigos também passaram a ser compadres. “Ao escolher alguém para apadrinhar um filho, você pensa naquelas pessoas que vão agir na sua falta. E, quando o Léo perdeu o irmão, vi como ele passou a cuidar dos sobrinhos com muito zelo. Foi a escolha certa”, afirma. Amigo desde as brincadeiras nas ruas, Gustavo “Coca” também exalta a amizade com Leonardo. “É amigo dos momentos tristes e dos felizes. São poucos os que podemos citar como amigos de verdade, e ele é um dos meus. Costumo dizer que é o irmão que Deus escolheu para minha vida. Quando chego para desabafar ou pedir ajuda, ele sempre para o que estiver fazendo para me dar atenção. Pelo olhar ou pela voz, ele entende o que preciso”, diz Gustavo. O pai, já falecido, acompanhou parte da história de sucesso da Yamarios. A mãe acompanha diariamente as conquistas do filho. “Todos os dias ele vem almoçar comigo”, revela Maria do Carmo. Ela lembra que, quando o filho caçula começou a trabalhar, levava seu almoço todos os dias na loja. “Trabalhava sozinho, não podia parar”, acrescenta. Maria ainda conta que o filho a leva para diversos eventos, inclusive aqueles relacionados ao mundo das motos. “Ele tem um bom coração, é uma pessoa extremamente bondosa”, diz. O irmão Marcelo acrescenta que sente orgulho pela posição que todos alcançaram, já que têm origem em uma família humilde. “Sabemos o quanto é difícil chegar a algum lugar no país. Todos conseguimos prosperar. Isso tem muito a ver com o que nossos pais ensinaram. Generosidade, alegria e amizade são as pala-

Léo é o irmão que Deus escolheu para mim”, Gustavo Coca

FLÁVIO DUARTE

“Agregador de almas”

CASAMENTO O casamento ainda é uma novidade para Leonardo que subiu ao altar com Marcela em janeiro de 2014

vras que definem o Léo”, afirma o irmão. Um fato em comum entre todos os amigos, Leonardo destaca com bom humor: “Muitos achavam que eu não casaria, aliás, nem eu esperava por isso”. Após relacionamentos longos, encontrou a pessoa certa para dividir a vida e chegar ao altar. “Ainda está sendo uma novidade. Como fui batizado na Igreja Católica, minha mãe pediu que casasse na Igreja de São Sebastião. A Marcela é uma grande parceira, amiga, viaja de moto comigo, uma guerreira”, conta. A história do casal, como conta Marcela do Valle Bissoli Coelho, começou de forma inesperada e com insistência do marido. “Conhecia só o nome dele pelas propagandas da Yamarios, mas não sabia quem era. Certa noite, em um restaurante, chamei pelo meu primo, que tem o mesmo nome, e ele respondeu. Falei que não era com ele e pronto. Nos dias seguintes, ele quis marcar um encontro. Após algumas tentativas, aceitei e começamos a namorar”, lembra. Seis meses depois, estavam noivos. “O Léo é carismático, muito agradável e engraçado, isso me fez enxergar com outros olhos”, acrescenta. Até chegar o dia do casamento, 11 de janeiro de 2014, o casal já tinha marcado outras quatro datas e desistido. Há um ano e meio casados, Marcela observa que Leonardo passou a ser mais tolerante e paciente. “É a pessoa que amo, que está do meu lado, um companheiro inseparável. Se preocupa comigo, me dá segurança, ouve

minhas tristezas e é meu porto seguro”, garante. Com o filho de Marcela, ela conta que Leonardo se preocupa e dá toda a atenção necessária. “Quando estão juntos, são duas crianças brincando. Hoje, acho que a única coisa que falta para ele alcançar nessa vida é ter um filho, que ele quer muito. Ele já alcançou tudo de bom que Deus pode dar para uma pessoa”, destaca. Aos 41 anos, Leonardo Coelho garante que quer melhorar a cada dia: “Nunca espero que saia tudo certo para fazer cada vez melhor”. É apaixonado pela cidade natal e não pensa em mudanças: “Já tive a oportunidade de sair, mas não consigo. O povo de Três Rios é cativante”. É, ainda, diretor da Câmara de Dirigente Lojistas: “Buscamos muitas coisas legais para beneficiar a cidade e o comércio”. Acredita em Deus, frequenta a igreja Metodista e faz orações diárias. “Sou um evangélico que acredita em Maria, poucos tem essa concepção. Acho que ninguém nasce sem mãe”. Gosta de boliche, kart, patinação no gelo, voo livre... “Eu gosto de adrenalina, aproveitar a vida e estar com os amigos”. Mudou o estilo de vida há dois anos “Tenho uma alimentação balanceada, são 300 gramas de comida no almoço e no jantar. Faço uma hora de malhação e uma hora de caminhada todos os dias”. Ainda tem planos para o futuro: “Fazer uma viagem de moto até o Chile, visitar a Rote 66 e a Disney, mas tudo tem sua hora”, finaliza. revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS RH

Liderança Nível 5 Comportamento e atitudes desse líder contribuem para a conquista de grandes resultados

Josy Pinheiro josy@progenth.com.br Psicóloga organizacional com MBA em gestão estratégica de pessoas e gestão empresarial pela FGV. Sóciadiretora da Pro-Genth Talentos Humanos, coach e consultora estratégica de diversas empresas dos setores de serviços, atacado, varejo e indústria.

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H

oje sabemos que as empresas buscam identificar e formar líderes que têm a capacidade de encantar e mobilizar pessoas e equipes. Nos debates empresariais, o que tem sido ressaltado é a dificuldade de encontrar profissionais altamente comprometidos com resultados e pessoas. Fator preocupante, tendo em vista que somente esses podem conseguir para suas empresas patamares superiores de sustentabilidade. Há 15 anos, o renomado professor da Universidade de Harvard, Jim Collins, lançou um livro que se tornou sucesso no mundo dos negócios, denominado “Empresas Feitas para Vencer” (Editora Campus). Essa obra, que se tornou obrigatória nos grandes centros acadêmicos e no meio empresarial, traz a visão de um indivíduo que influencia através de sua grande capacidade de trabalho e humildade. Ele abre mão de méritos pessoais, fazendo esses valerem para as pessoas envolvidas na conquista das metas e dos objetivos por ele propostos. Trata-se do Líder Nível 5. O comportamento e atitudes desse líder contribuem de fato para a conquista de grandes resultados e responde o motivo de algumas empresas se tornam excelentes, enquanto outras boas ficam pelo caminho. Collins ressalta que, apesar de serem ambiciosos, obstinados e implacáveis, com foco na busca da excelência, são disciplinados e modestos. A equação, segundo o autor, é a seguinte: Pessoas certas (cultura, caráter e competência) + Humildade + Forte vontade profissional = Sucesso

Quanto à hierarquia, ele classificou os líderes empresariais em cinco níveis: Nível 5 Líder excelente: Constrói excelência através da humildade pessoal e determinação profissional. Nível 4 Líder eficiente: Tem um alto grau de comprometimento. Tem visão e estimula seus funcionários a produzirem mais. Nível 3 Gerente competente: Organiza pessoas e recursos para que os resultados sejam atingidos. Nível 2 Membro da equipe que contribui: Contribui com a sua capacidade individual para que o grupo cresça e seja capaz de alcançar seus objetivos. Nível 1 Indivíduo altamente capaz: Contribui individualmente com talento, conhecimento e bons hábitos de trabalho.

O líder excelente entende que o seu sucesso será resultado do êxito da organização em que está inserido. Trata-se de uma consequência e não de sua meta principal. O maior objetivo desses líderes é o de criar uma organização excelente. Os líderes nível 5, além de todos os atributos positivos destacados, também cuidam da formação de sucessores. Trabalham para que a organização prospere. Querem que ela seja reconhecida e tenha uma postura vencedora, mesmo estando sob a liderança de outras pessoas, não necessariamente a dele.



ECONOMIA & NEGÓCIOS FORMAÇÃO

INTERCAMBIAR POR DIEGO PATRICK

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Estudar ou trabalhar fora do país já passou pela sua cabeça? O que acha de passar por novas experiências e aprender com outras culturas, povos e países e, ainda, praticar uma língua estrangeira? Com o intercâmbio, é possível ampliar os horizontes e fomentar ainda mais a carreira.

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onhecer novas possibilidades, abrir a mente, conferir novas tendências, outros hábitos e costumes e, além de toda a parte séria, aproveitar o tempo para se divertir e encantar com a cultura. Uma jornada repleta de novidades para expandir a mente e enriquecer a vida profissional. Fazer um intercâmbio [ou mais!] amplia as oportunidades no mercado de trabalho e transforma a vida. Danielle Carolina de Lima Pereira, de 25 anos, é estudante de engenharia civil e passou um mês em Fort Lauderdale, na Flórida, Estados Unidos, para estudar o idioma. Ela garante que a experiência resultou em mais conhecimento e grande

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Para Débora Toledo, é importante que o estudante pesquise sobre o país, a cultura e os hábitos locais bagagem cultural. “Eu quis ter experiências com culturas e povos diferentes. Foi muito pouco tempo, mas gostei de conhecer pessoas de outras nacionalidades, como, por exemplo, meus amigos, que tinham costumes bem distintos”, conta. O professor de inglês Gabriel Guimarães Gama, 28, também aprendeu muito quando foi estudar o idioma na Inglaterra. “Fiz um seminário para aprender novas técnicas de ensino e, ao mesmo tempo, melhorar meu uso da língua. Passei três semanas lá, a maior parte do tempo em Broadstairs, uma cidade bem pequena no sul do país. Aos finais de semana, conheci outras cidades próximas, como Canterbury, centro religioso do país e, claro, Londres. Depois dos estudos, tirei uma semana de turismo por alguns luga-

res da Europa, como Edimburgo, Paris, Bruxelas, Amsterdã e, principalmente, Highland, onde fiz o passeio de barco no Lago Ness”, comenta. Débora Toledo, gerente de uma agência de viagens e intercâmbio em Três Rios, dá algumas dicas: “Assim que a escolha pelo destino, escola e curso for realizada, é importante que o estudante pesquise sobre o país, se informe sobre a cultura e hábitos, converse com pessoas que já estiveram no local e até as que já passaram pela experiência do intercâmbio para conseguir obter dicas que são sempre valiosas”. Para ela, além de ser importante buscar informações sobre o país de destino, a verificação de toda a documentação deve ser feita com antecedência para garantir melhor aproveitamento. “É importante conferir os documentos que o país exige para a entrada, como passaporte, tipo de visto, necessidade de vacina, coberturas do seguro viagem e, por fim, fazer o câmbio para a moeda local, ficando atento às cotações para fazer a troca aos poucos”, salienta. Débora conta que os estudantes têm muitas opções de acomodação durante

FLÓRIDA Danielle (de blusa laranja) com amigos estrangeiros em Lauderdale revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS FORMAÇÃO

ESCÓCIA Gabriel durante o passeio no Lago Ness, em Highland

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o intercâmbio, no entanto, a maioria fica em casas de famílias ou residências estudantis. Ainda segundo a gerente, os destinos mais procurados são Canadá, Estados Unidos, Irlanda e Inglaterra. Um curso de inglês na escola Global Village, em Toronto, por exemplo, durante três semanas, custa a partir de R$ 4.840, incluindo acomodação e traslados. “Outra vantagem é que o jovem executivo ou estudante poderá combinar as férias em programas de lazer e de estudo, conjugando a mesma viagem e o tempo disponível para as duas atividades, como, por exemplo, destinar duas semanas para o estudo e outras duas semanas para passear”. Em Dublin, capital da Irlanda, a turismóloga Marjolie Helena Nunas Rocha, 23, vive uma rotina típica de estudantes de intercâmbio. No país desde julho de 2014, a jovem trabalha e estuda inglês. “Viajei com o intuito de adquirir fluência no idioma o mais rápido possível, mas acabei fazendo um curso de barista e, também, aprendendo


algumas técnicas de preparo do café. Com isso, expandi minhas opções de emprego e, morando em um país frio, aprendi a amar café e chá”, brinca. Ela conta que trabalhou como babá por algum tempo na casa de uma família irlandesa para aperfeiçoar os conhecimentos da língua. “Morando com eles e trabalhando diariamente, tendo que me comunicar apenas em inglês, fui aprendendo com mais rapidez e facilidade”. Para Marjolie, sua profissão exige o conhecimento de outros idiomas. “Sempre quis estar dentro de uma cultura e conhecer outros países e, como sou formada em turismo, estudar fora é uma grande oportunidade”, aposta. Porém, a permanência da estudante na Irlanda termina em pouco tempo. Marjolie retorna ao Brasil em julho de 2015. “Eu me matriculei em um curso com duração de seis meses de aulas, o que me permitia ficar mais meio ano de férias morando tranquilamente no país. As viagens que pude fazer, tanto pela Irlanda quanto pela Europa, foram maravilhosas porque a facilidade para viajar é incrível. Se pudesse, faria intercâmbio em um lugar diferente todo ano”, revela. De acordo com José Carlos Coelho, consultor estratégico empresarial e coach, as experiências que o intercâmbio pode oferecer contribuem com a vida pessoal e a vida

“A pessoa que desfrutou de um intercâmbio e deu o melhor de si obtém atenção diferenciada quando conta sua história de vida”, José Carlos Coelho profissional da pessoa. “Vivemos em um mundo globalizado onde o conhecimento e o relacionamento se tornaram importantes diferenciais humanos, portanto, neste caso, agregar aprendizado, cultura e novos valores ao currículo pode se transformar em grande vantagem competitiva”, garante. Para José Carlos, o aprendizado adquirido fora do país de origem ajuda o indivíduo a crescer, ampliar sua mente, vivenciar outra linguagem, identificar melhor seus pontos fortes e pontos a serem melhorados, além de acelerar sua maturidade profissional e estabelecer um novo ciclo de amizades e rede de relacionamento. “A pessoa que desfrutou de um intercâmbio e deu o melhor si, em busca de conhecimentos, terá maiores chances de colocar em prática algo novo e, assim, obter atenção diferenciada de outros quando contar sua nova história de vida”, finaliza.

UM ANO DE INTERCÂMBIO Marjolie na Irlanda, onde estuda e trabalha revistaon.com.br

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BEM - ESTAR esporte 71 movimento 74 saúde 80

Eles não andam, eles patinam! POR MAYARA STOEPKE FOTOS REVISTA ON

Na infância, andar de patins é pura diversão, mesmo que esteja acompanha por alguns tombos. A boa notícia é que a prática também pode ser muito divertida com o passar dos anos. Há quem nunca tenha abandonado e aqueles que redescobrem o prazer de deslizar pelas ruas sobre rodas. Mas, afinal, por que é tão bom juntar os amigos e patinar por aí?

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BEM-ESTAR ESPORTE

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ntes de tudo, uma curiosidade: registros indicam que, em 1750, o belga Joseph Merlin teve a ideia de construir um objeto que pudesse deslizar no solo como os patins de gelo faziam sobre o gelo. Depois de vários experimentos, ele conseguiu! Criou os patins com rodas. Aliás, era apenas uma roda em cada pé. Para apresentar a novidade, calçou o invento e entrou no salão de uma festa tocando violino. Sem freios e ainda sem muita habilidade, Joseph caiu, como você deve imaginar. Apesar de ser uma boa ideia, ela não agradou rapidamente. Só com o passar do tempo os patins caíram no gosto da população e, em muitos países, viraram febre. Bem mais tarde, a patinação foi reconhecida como modalidade esportiva. Além de proporcionar a socialização, patinar também queima 400 calorias em meia hora. Há quatro anos, Maria José França passou por um problema grave de saúde que a deixou com algumas sequelas. Como parte do tratamento de uma tontura permanente, especialistas indicaram a prática de atividade física com os patins. Em novembro de 2014, ela conheceu a atividade que transformaria sua vida. “Eu adoro andar de bicicleta, mas, com a vertigem, é perigo-

AMIGAS E PATINADORAS Camila e Gislene começaram juntas com o intuito de se divertirem 72

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GRUPO DE PATINADORES Zezé (de camisa amarela) quer incentivar a prática em Areal

so. Comecei a caminhar, mas acho chato. Foi quando uma fonoaudióloga indicou os patins e eu me apaixonei”, conta a aposentada. Os patins forçam o equilíbrio do labirinto. A melhora, ela diz, ainda é pouca, porém, quando está em cima dos patins, a vertigem desaparece. “Eu foco em um ponto e sigo sem vertigem”, explica. A atividade a fez renascer e, além de

ser uma terapia e tratamento para a saúde, proporciona conhecer novas pessoas, criando laços de amizade, e apresentar a modalidade para pessoas que têm curiosidade. Para ela, os patins significam liberdade. “Eu comecei a patinar por orientação médica, hoje patino por prazer”. A falta de um local apropriado na cidade onde mora, Areal, faz com que Zezé não tenha uma frequência definida para a prática. “Os lugares que temos são uma rua no centro da cidade, onde mais ando, a quadra da escola do bairro Gaby e o CIEP”, conta. A patinadora explica que descobriu, na cidade, muitas pessoas que têm vontade de patinar, mas não têm companhia. Assim, começou uma campanha para reunir adeptos à atividade e criar um grupo. Para suprir essa carência, se uniu ao grupo petropolitano Patins Petrópolis. Com esse reforço, ela conseguiu organizar um encontro de patinadores na cidade com o intuito de apresentar os benefícios a mais pessoas. “Além disso, ainda existe preconceito. Algumas vezes, a garotada me vê andando de patins, olha para mim e deixa a entender que a atividade não é para pessoas mais velhas”, explica a luta para desmitificar a atividade. Além do preconceito com a idade, ainda há quem pense que é uma atividade


“Na Beira Rio, em Três Rios, é possível encontrar algumas pessoas andando de patins aos domingos”, Gigi Galdino

exclusiva para as mulheres, o que é um grande engano. Luciano de Freitas patina desde os sete anos de idade e explica que a atividade garante condicionamento físico, equilíbrio, força, habilidade e queima de gordura localizada. “Patinar é um esporte muito bom, já que trabalha todos os grupos musculares do nosso corpo, proporcionando condicionamento físico e queima de calorias”, ressalta. Assim como no caso de Zezé, Luciano explica que em Três Rios também não existem locais apropriados para a prática do exercício, o que dificulta que novos integrantes ingressem. “Gostaria muito que houvesse investimento público em uma pista adequada só para os patinadores”, resume a necessidade. Quanto aos valores dos patins, Luciano aconselha que as pessoas comecem com os mais baratos e, em seguida, invistam em equipamentos mais caros, que proporcionam mais conforto, agilidade e, claro, um gasto maior de energia. Foi o que fizeram as amigas Camila Cabral e Gislene Galdino, professoras de educação física. Gislene conta que, quando criança, a atividade era febre. Com o tempo, a febre passou, mas está de volta e, há um ano e meio, ela também retomou a atividade. “Voltei a patinar como lazer, para termos um momento de descontração fora do trabalho. Depois, fomos percebendo que os patins proporcionam uma atividade maravilhosa, já que mexemos com o corpo todo. Você queima caloria ao mesmo tempo em que treina a perna e tem contração abdominal, é uma atividade bastante completa”, conta. Pouco tempo após o retorno, ela já sente melhorias na disposição física. As amigas também buscam mais adeptos à atividade. “Na Beira Rio, aos domingos, é possível encontrar algumas pessoas andando, principalmente as

LUCIANO DE FREITAS Sente falta de um lugar específico para a prática em Três Rios

crianças, que trouxeram de volta essa febre”. O local apropriado ainda é o maior obstáculo para que mais pessoas se juntem com esta finalidade, mas Gislene garante que a liberdade que a atividade proporciona é o que motiva as pessoas a experimentarem e se apaixonarem. Para Camila não é diferente. Ela conta que, durante a infância, os patins fizeram parte de muitas brincadeiras e o sentimento é de nostalgia “Dão certa insegurança porque você não tem estabilidade nenhuma. Os primeiros minutos dão medo, mas, depois, você acaba relaxando”, diz. Além de ser uma excelente atividade, ela diz que é um momento em que as lembranças da infância retornam. “Quem nunca andou tem vontade de experimentar e, quem já andou, também tem vontade de retornar”, brinca. A professora de educação física explica que os benefícios são os mesmos de todas as atividades e, para quem nunca teve alguma experiência, existe um cansaço normal de membros inferiores, mas, com o passar do tempo, as pernas ficam mais fortes. “É uma ótima atividade aeróbica. Além disso, tem um fator psicológico”, explica. Sentiu vontade de patinar? Então vá em frente! Corpo e mente agradecem. revistaon.com.br

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BEM-ESTAR MOVIMENTO

Balanço energético Nossa composição corporal está diretamente ligada à diferença entre a ingestão e o gasto de calorias ao longo do nosso dia

Juliana Fajardo jufajardo@hotmail.com Formada em educação física, pós-graduada em ginástica e coordenadora do Comitê Olímpico Brasileiro. Foi campeã estadual, brasileira e sul-americana como treinadora de ginástica artística.

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amos pensar no nosso metabolismo como uma balança de dois pratos: de um lado estará tudo o que gastamos e, do outro, tudo o que ingerimos. Nossa ingestão energética é a soma de todos os alimentos e os líquidos (calorias) que ingerimos durante o dia, e o gasto energético é a soma da energia gasta para as funções vitais (taxa metabólica basal) e atividade física diária. O balanço energético será a diferença proveniente de nossas escolhas alimentares e atividades praticadas, podendo ser positivo, negativo ou neutro. Se nossa ingestão energética é superior ao gasto energético, nosso organismo acumula essas calorias extras como gordura. Um exemplo simples: se ingerirmos 100 calorias a mais por dia, ao final de um ano isso corresponderá a 4 kg de gordura corporal, o que caracterizará balanço energético positivo. Quando equilibramos o balanço energético, ou seja, quando o gasto e a ingestão estão na mesma proporção, ocorre manutenção no peso corporal. Mas, antes de comemorarmos o que parece caracterizar balanço energético neutro, precisamos avaliar a qualidade da ingestão de alimentos e o grau de atividade praticada para, só então, pensarmos se estamos nos mantendo em um estágio saudável. Se o gasto calórico está mais alto que a nossa ingestão, temos um déficit de calorias e o nosso corpo utiliza a energia armazenada para suprir esse

déficit energético, levando à perda de peso. Um saldo de 500 calorias a menos por dia, resultará, em uma semana, na perda de 0,5 kg corporal, caracterizando balanço energético negativo. Para cada indivíduo, a quantidade necessária de calorias diárias é diferente porque fatores genéticos, fisiológicos e psicológicos devem ser levados em consideração. A idade, altura, sexo, massa muscular e atividades diárias, por exemplo, também influenciam no gasto calórico. Em virtude da grande quantidade de variáveis que devem ser controladas, torna-se imprescindível um acompanhamento com educador físico e nutricionista, especialistas que conseguirão estruturar todo o processo para que o balanço energético esteja de acordo com os seus objetivos, contribuindo também para reforçar a qualidade dos alimentos ingeridos e a importância da prática regular de exercícios físicos. Assim, podemos dizer que a nossa composição corporal está diretamente ligada à diferença entre a ingestão e o gasto de calorias ao longo do dia. Emagrecer ou engordar é resultado direto dessa conta. Engordamos porque estamos ingerindo mais calorias do que gastamos; mantemos nosso peso estável porque ingerimos uma quantidade de calorias equivalente ao gasto; e, finalmente, emagrecemos porque nosso metabolismo está gastando mais calorias do que ingerimos. Embora pareça simples essa matemática, precisamos colocá-la em prática no nosso dia a dia.



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PUBLIEDITORIAL

Tratamento completo

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Conheça o espaço clínico que reúne diversas especialidades da área odontológica e oferece todos os benefícios disponíveis atualmente.

Corpo clínico Dr.ª Viviane Monteiro Malheiros CRO 25318 RJ Especialista em ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares; Mestranda em ortodontia pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic - SP Dr.ª Fernanda de Andrade CRO 29284 RJ Odontologia intrauterina e para bebês, especialista em estética e implantes Dr.ª Rafaelle Oliveira CRO 28025 RJ Clínica geral, periodontista, especialista em implantes e reabilitação estética; Credenciada em aplicação de botox Dr.ª Renata Chimeli Lopes Domingues CRO 32983 RJ Clínica geral e preventiva, especialista em estética Dr. Rodrigo Freitas CRO 27795 RJ Especialista em implantes e cirurgia oral menor Dr.ª Hanascha Moura CRO 38170 RJ Especialista em endodontia

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ECO - Espaço Clínico Odontológico - surgiu da ideia de concentrar em um só ambiente as diversas especialidades odontológicas, atendendo às necessidades de todos os pacientes. Os principais pilares da ECO são o bom atendimento e uma equipe diferenciada, onde a amizade, a admiração mútua e a partilha de uma filosofia comum dão ao paciente a confiança que procura. O paciente é tratado com respeito, carinho e responsabilidade. “Por meio de um trabalho árduo e muita aprendizagem, nos tornamos referência de uma odontologia master em nossa cidade, com resultados surpreendentes e atendimento personalizado”, afirma Viviane Monteiro,

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BEM-ESTAR SAÚDE

Para dar fim

ao desconforto POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS REVISTA ON

Técnica minimamente invasiva para tratamento de casos de disfunção da articulação temporomandibular, a artroscopia já é realizada por profissionais em Três Rios e coleciona bons resultados em pacientes da região. SHUTTERSTOCK

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s palavras são complicadas para quem não está por dentro da área de saúde, no entanto, entender o que é a articulação temporomandibular (ATM) e como a técnica artroscópica pode solucionar algumas disfunções que surgem nela pode ser o que falta para ligar o sinal de alerta e buscar auxílio médico. O otorrinolaringologista Pedro Paulo Carvalho da Silva recebe, diariamente, pacientes que chegam ao consultório com queixas que, após avaliações e exames clínicos, revelam quadros de disfunção da ATM. “Alguns já chegam com a suspeita, mas a maioria diz que está com dor de ouvido acompanhada por algum outro sintoma, como zumbido e sensação de abafamento, quase

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O otorrinolaringologista Pedro Paulo Carvalho da Silva recebe pacientes com quadros de disfunção da ATM diariamente no consultório sempre acompanhada por dor. Faço a avalição do caso, vejo que não há lesões, não há quadro de otite, e identifico, por meio de exames clínicos, um quadro de disfunção na articulação”, explica. Além destes, outros sinais de desgaste são dores de cabeça, estalos durante o movimento da mandíbula, cansaço muscular durante a mastigação e limitação ao abrir ou fechar a boca. De acordo com o profissional, a maioria dos casos de disfunção surge a partir de problemas na oclusão, com o processo de mastigação realizado de forma incorreta, mas ressalta que o bruxismo e até mesmo casos de ansiedade podem afetar a articulação. “Algumas vezes, há apenas disfunção da musculatura, em outros é da articulação. Os casos são diferentes e devem ser avaliados individualmente. Em muitos, o uso de placa miorrelaxante e tratamentos clínicos mais simples solucionam, porém, quando há um desgaste grande da articulação e nenhum dos métodos alcançam o


ESPECIALISTAS Alexandre Junqueira e Sérgio Jannotti já realizaram dezenas de cirurgias artroscópicas de ATM

resultado, o paciente chega ao tratamento cirúrgico”, esclarece. Entre os tratamentos cirúrgicos está a artroscopia, técnica já utilizada na ortopedia para reparar ligamentos rompidos e tratar inflamações de articulações como dos joelhos e ombros. No caso da ATM, a cirurgia artroscópica é indicada quando os tratamentos convencionais não chegaram ao resultado esperado e não é necessária uma cirurgia aberta. A técnica é pouco invasiva e trata-se de um procedimento por videoartroscopia. Em Três Rios, os cirurgiões bucomaxilofaciais Alexandre Junqueira Marques e Sérgio Jannotti realizam o procedimento no Hospital

CIRURGIA Já é realizada em Três Rios e o paciente pode voltar para casa no mesmo dia

de Clínicas Nossa Senhora da Conceição e obtém bons resultados com os pacientes. “Ela vem sendo uma excelente alternativa para casos em que uma desarmonia articular é diagnosticada por meio do exame de ressonância magnética. É uma cirurgia minimamente invasiva. A partir de dois pequenos furos próximos à orelha, conseguimos ver a articulação e introduzir os instrumentos para a cirurgia”, explica Jannotti. A cirurgia é sempre realizada em ambiente hospitalar, com anestesia geral. Na maioria dos casos, o paciente retorna para casa no mesmo dia. “O pós-operatório é bem mais confortável que o de uma cirurgia tradicional, também chamada de ‘aberta’”, acrescenta Alexandre Junqueira que faz, ainda, um alerta: “Embora seja um tratamento moderno com bons resultados, a artroscopia não substitui os tratamentos tradicionais, como as placas miorrelaxantes, reabilitações, medicamentos, fisioterapia, controle do stress, entre outros”, finaliza. Como nem todos os casos precisam ou podem ser tratados desta forma, é importante sempre passar por avaliação de um dentista, que definirá o procedimento mais adequado. revistaon.com.br

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PUBLIEDITORIAL

Inovação tecnológica

e cuidados especializados FOTO DIVULGAÇÃO

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Conheça as vantagens do aparelho ortodôntico autoligado, uma das especialidades da Odonto Unic

epois que conheceu Três Rios, Thiago Fernandes não teve dúvida de que era o lugar certo para inaugurar uma clínica odontológica. Formado em odontologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em Ortodontia, ele acreditou no potencial da cidade e insituiu a OdontoUnic - Odontologia Integrada. Há cinco anos no mercado, a clínica dispõe de recursos inovadores e atendimen-

ORTODONTIA DE RESULTADOS O profissional apresenta as vantagens do aparelho ortodôntico autoligado

tos que vão desde a profilaxia infantil às reabilitações mais complexa. Sempre em busca de inovações para oferecer melhores tratamentos aos clientes, Thiago acrescentou um novo recurso da área ortodôntica para ser oferecido na clínica: o aparelho ortodôntico autoligado. A tecnologia dispensa o uso de ligas elásticas e, além de ser mais higiênica, aumenta a qualidade e otimiza a duração do tratamento. “Com o aparelho, a movimentação dentária é facilitada, o resultado é mais rápido e, por utilizar forças mais suaves, torna-se bastante confortável”, explica. A ausência das “borrachinhas” diminui o acúmulo de bactérias e evita problemas como cáries, mau hálito e cálculo dentário. Como cada caso é diferente do outro, a metodologia é aplicada de forma personalizada em cada paciente. “Nem todo caso é igual ao outro, por isso respeitamos a espessura e o comprimento do lábio, assim como a altura do sorriso de cada paciente, por exemplo, para que tenhamos melhor resultado”, enfatiza o profissional. O tratamento com o aparelho autoligado, a longo prazo, pode sair mais barato que

o realizado com o antigo método. As vantagens são diversas e o paciente se sente mais confiante com a otimização do tempo de atendimento e maior conforto. O aparelho possui as versões metálica e estética (quase imperceptível), o que permite ao paciente escolher o que melhor caberá no bolso. Aliar tecnologia e refinamento técnico com qualidade é uma especialidade da OdontoUnic que já conquistou centenas de moradores da região em busca de sorrisos perfeitos e mais qualidade de vida.

24 2251-3158 facebook.com/clinicaodontounic OdontoUnic - Odontologia Integrada Rua Pref. Walter Franklin, 163 - Sala 4 Centro - Três Rio - RJ


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BEM-ESTAR SAÚDE

Rindo

à toa POR MAYARA STOEPKE

FOTO REVISTA ON

Você é uma pessoa que vê problemas em tudo e vive de mau humor ou convive bem com eles e faz de tudo para estar feliz? Saber lidar com momentos ruins da vida não é fácil. Segundo especialistas, olhar os pontos positivos não é apenas um “bom conselho”, mas algo indispensável para o seu bem-estar.

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BEM-ESTAR SAÚDE

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omeçar bem o dia e terminar mal. Acordar mal humorado e terminar o dia feliz. Deixar aquele problema sério influenciar em todo o resto, respingando até no trabalho. Descontar insatisfações internas em outras pessoas. Não se conformar quando algo dá errado. Ou simplesmente entender que tudo tem uma razão e, com os problemas, amadurecer. Como você reage diante dos percalços que a vida e o dia a dia colocam à sua frente? O tema é discutido e estudado por especialistas em todo o mundo e ganha destaque ao mostrar que pessoas bem humoradas têm qualidade de vida melhor. O estudo é recente e surgiu há 20 anos, quando o norte-americano Norman Cousins publicou o livro “Anatomia de uma doença”, contando um caso de cura pelo riso. Ao contrair uma doença degenerativa nos anos 60, Cousins resolveu que não ficaria no hospital para virar uma estatística. Saiu e hospedou-se em um hotel próximo com autorização dos médicos. Observado por uma enfermeira e com quase todo o corpo paralisado, reunia amigos para assistir programas de “pegadinhas” e seriados cômicos na TV. Gradualmente, recuperou-se até voltar a viver e trabalhar normalmente. Hoje, há médicos que defendem a risada como parte do tratamento de enfermidades. Os trabalhos de grupos como “Doutores da Alegria” provam que

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“O tratamento para ser feliz é simples e está ao alcance de todos, sugiro doses diárias de risos”, Pedro Schmitz

os resultados podem surpreender. Aliás, foi assim que surgiu a “risoterapia”, termo que define a terapia através do sorriso e que existe desde a década de 1960. O americano Hunter Adams, conhecido como Patch Adams, já implantava o método em hospitais e escolas desde a sua época de estudante. Era comum vê-lo atender seus pacientes com nariz vermelho ou peruca de palhaço. O psicólogo Pedro Schmitz explica que ter bom humor significa viver a plenitude e, antes de tudo, é a expressão de que o corpo está bem nos aspectos biopsicossociais. Ou seja, quando rimos, nosso corpo responde de forma positiva a uma ação, o que beneficia a saúde “Quando estamos bem humorados, nosso organismo libera a produção de endorfinas, que são os hormônios responsáveis pelo relaxamento. Quanto mais bem humorado você fica, maior será o seu bem-estar. O indivíduo mal humorado libera hormônios como a adrenalina, que causa palpitação, arritmia cardíaca, mãos frias, dor de cabeça, dificuldades na digestão e irritabilidade. Com isso, suas relações interpessoais ficam abaladas. Na verdade, ninguém gosta de conviver com um indivíduo mal humorado”, explica o especialista. Uma pesquisa da Universidade de Loma Linda, na Califórnia (EUA), afirma que o riso pode reduzir o risco de doenças cardíacas. Uma equipe de pesquisadores separou dois grupos de pessoas que tinham sofrido um ataque cardíaco e recebiam cuidados médicos. O primeiro grupo via vídeos de humor durante 20 minutos diariamente. Um ano depois, esse grupo apresentou uma queda de 66% da proteína C-reativa, que é um marcador da inflamação e do risco de problemas cardiovasculares. A queda da substância no outro grupo foi de apenas 26%. Como conclusão, as pessoas que riram mais tiveram o risco de problemas cardíacos reduzido significativamente.


Mágoas e tristezas baixam a imunidade e podem provocar infartos, derrames e, até mesmo, o câncer

PSICÓLOGO Pedro Schmitz aponta que o bom humor deve ser um exercício diário

Mágoas e tristezas baixam a imunidade e podem provocar infartos, derrames e, até mesmo, o câncer. Pedro acrescenta que, como uma pessoa não pode sentir-se ansiosa, irritada ou triste quando está rindo, o riso ajuda a recarregar as energias. “O tratamento para ser feliz é simples e está ao alcance de todos, sugiro doses diárias de risos. Exatamente, rir é o melhor remédio para curar mágoas e tristezas, amenizar angústias e decepções. Devemos fazer do bom humor um exercício diário em nossas vidas para que possamos viver com mais leveza e aproveitar tudo de melhor que a vida nos oferece”, aconselha. Ao passar por grandes dificuldades, é natural vivenciar momentos de muita tristeza, afinal, ficar triste, chorar e ter angústia é inevitável para qualquer

indivíduo, porém, o riso dissolve emoções angustiantes. O bom humor muda a perspectiva, permitindo ver situações de modo mais realista e menos ameaçador. “Não existe uma fórmula mágica para aprender a ter bom humor nem como buscar o bom humor nos momentos de crise. Entendo que pessoas bem estruturadas emocionalmente, que possuem uma boa base familiar, com autoestima elevada, conseguem manter o bom humor e o otimismo com mais facilidade”, acrescenta Pedro Schmitz. Pessoas bem humoradas e mais otimistas, que olham a vida de forma mais positiva, possuem uma capacidade imunológica melhor que as pessoas com mau humor. O psicólogo vai além e afirma que, em alguns casos, pode ser necessário apoio profissional para ajudar a superar os momentos de tristeza, com a psicoterapia. Que tal ser feliz? Os problemas sempre vão existir, mas é fundamental saber lidar com eles e aproveitar ao máximo os bons momentos que a vida proporciona.

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COOL

MANINHO DIAS

turismo 89 música 94 meio ambiente 96 festas 103 viagem 116 sabores 124

Trilhos de histórias POR TATILA NASCIMENTO SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA FOTOS REVISTA ON

Em 1930, a Maria Fumaça era o principal meio de locomoção usado para o trajeto entre Três Rios e Japeri. A locomotiva tinha capacidade para 48 passageiros. Com o passar do tempo, perdeu sua função original e tornou-se atração turística em Paraíba do Sul. Desativada atualmente, ela marcou muitas vidas e deixa uma constante esperança pelo retorno das atividades.

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COOL TURISMO

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ESTAÇÃO CAVARU Uma das paradas do trem, ela está em processo de reforma

mais tarde, encerrariam novamente. Uma das histórias mais curiosas e marcantes que envolvem a ferrovia aconteceu em 1960 e é conhecida como “o assalto ao trem pagador”, ocorrido entre os ramais Japeri e Paes Leme. Na época, como explica Luiz Carlos, não havia um sistema ban-

cário como o que conhecemos hoje, então, o trem era usado para fazer os pagamentos dos funcionários da Rede. Certa vez, um bandido chamado Tião Medonho e alguns comparsas assaltaram ao trem. Em uma tarde de pagamento, os bandidos levaram 27 milhões e 600 mil cruzeiros e mataSECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DE PARAÍBA DO SUL

historiador Luiz Carlos Coelho é um dos que guardam boas recordações da Maria Fumaça. “Andei muito no trenzinho, era muito legal. Além de nos transportar, era um passeio ecológico muito bonito. Antigamente, era usada como um dos meios de transporte mais seguros e rápidos. Depois, passou a ser um passeio turístico, as pessoas saíam vibrando. Chegavam muitas pessoas de fora só para passear, uma delas foi o Rogério Marinho, irmão do Roberto Marinho, da Globo, com a família. Eles adoraram, eu os acompanhei no dia e fui contando a história de cada estação”, relembra. Ele explica que o trem, que saía de Três Rios e fazia paradas em Paraíba do Sul, Werneck, Cavaru, Paty do Alferes, Miguel Pereira e Japerí, foi desativado em 1965, após a Revolução de 64. Ainda de acordo com o historiador, a locomotiva foi reinaugurada em 27 de setembro de 2003, já como atração turística. Para isso, saía da estação central, em Paraíba do Sul, chegava até Cavaru e retornava, porém, uma ação judicial a fez parar. No ano seguinte, voltou a ter atividades, que,

MARIA FUMAÇA Assim era a locomotiva quando funcionava e atraía turistas para o município 90

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RICARDO NASCIMENTO

LUIZ CARLOS COELHO Conta que o trem era um dos meios de transporte mais seguros e rápidos da época

DENISE BRASIL Moradora de Paraíba do Sul, afirma ser um passeio maravilhoso

ram um senhor, morador da cidade, que estava no trem. “A polícia começou a perseguir o Tião Medonho, achando que ele fosse o mentor da ação. Porém, o mentor era um ‘playboy’ morador do Rio de Janeiro que não gostava de trabalhar. Entre os assaltantes, foi combinado que nenhum deles gastaria o dinheiro durante cinco anos para evitar suspeitas. Porém, o mentor

do grupo começou a gastar de maneira muito extravagante. Diante disso, Tião Medonho mandou chamá-lo e o matou”, conta Luiz Carlos. Mas a história ainda não terminaria ali. Um dos outros assaltantes, certa vez, bebeu além dos limites e gritou pelas ruas que tinha participado da ação. Como consequência, também foi assassinado por Tião. Ele continua: “Certa vez, quando an-

“Sinto muita saudade, brinco que vou morrer se ela não voltar a funcionar”, Yolanda Gorito

dava pela cidade, Tião foi surpreendido pela polícia, que disparou vários tiros. Muito ferido, foi levado para o hospital, mas não resistiu. A esposa, depois de ser pressionada, revelou o local que estava escondida a parte do dinheiro”, finaliza. Porém, a maioria das histórias relacionadas ao passeio de trem tem finais felizes e inesquecíveis. Denise Brasil, moradora de Paraíba do Sul, afirma ser um passeio maravilhoso. “Ao longo do trajeto, víamos várias paisagens rurais. A viagem durava cerca de três horas e, durante esse tempo, nós conhecíamos um pouco da história da cidade. A esperança que tenho é que o trenzinho volte. Com a volta dele, Paraíba do Sul ganha

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COOL TURISMO

TRECHO Parte do caminho percorrido pela Maria Fumaça em Paraíba do Sul

no seu todo”. Entre muitas viagens realizadas, Denise lembra um fato ocorrido

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com uma amiga. “Tenho belas recordações. Em uma de nossas viagens, minha

amiga conheceu um italiano. Eles começaram a namorar, noivaram, se casaram e, atualmente, moram na Itália”. O agente de viagens e guia turístico Sebastião Rodrigues conta que apresentou o passeio a muitos turistas, principalmente do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense. “Todas as pessoas gostavam. Nas viagens marcadas para esse roteiro, o ônibus sempre saía com todos os lugares vendidos. Comentavam que, com o passeio na Maria Fumaça, podiam vivenciar uma época que deixou saudades, lembravam as viagens realizadas no passado com destino ao interior”, diz. Sebastião viveu de perto as emoções dos turistas. “Uma senhora, que nasceu em Werneck e mudou-se para o Rio, matou a saudade da região. Também lembro de outra que, abraçada ao marido, se emocionou muito com o passeio, disse que foi em um passeio de trem que conheceu seu amor eterno”, relembra. A artesã Yolanda Gorito também aguarda o retorno da Maria Fumaça.


DENIS DE ABREU É um dos incentivadores para a volta da Maria Fumaça

“É um ótimo passeio. Sinto muita saudade, brinco que vou morrer se ela não voltar a funcionar. Ela é importante para tudo no município. Quando funcionava, ficava lotado. Até hoje aparecem pessoas procurando pelo passeio. Como ganhou fama nacional, sempre há pessoas procurando”. Denis de Abreu é um dos incentivadores para o retorno das atividades. “Me interesso por isso há muito tempo. Fiz um passeio de trem em São João Del Rei e voltei todo entusiasmado. Mostrei vídeos e fotografias ao prefeito da época, falei da importância de um projeto assim no município. No início, pareceu uma ideia meio louca, mas, depois de implantada, tivemos um resultado bastante positivo”, relembra. Com o atrativo desativado há mais de cinco anos, o trecho de 14 km por onde passa o trem encontra-se abandonado. A estação ferroviária do Centro, ponto de partida do passeio, foi reformada. Já a estação de Cavaru passa por reforma. Enquanto isso, a locomotiva também começa a receber manutenção com o intuito de voltar a funcionar com segurança, porém, em

uma data ainda não definida. Denis afirma que, como são necessários investimentos altos para o funcionamento da Maria Fumaça, o processo para o retorno é longo e difícil. “Andei várias vezes no trem, trouxe pessoas do Rio de Janeiro para passear. Além de ser um passeio maravilhoso, isso é uma mola propulsora para o município. Com o passeio, há aumento na rede hoteleira, restaurantes, artesanato, fluxo de pessoas entrando e saindo do município, os postos de gasolina vendem mais e tudo gera mais empregos. Temos uma infinidade de possibilidades turísticas em Paraíba do Sul. A partir do projeto do trem, projetamos outras coisas”. Sebastião Rodrigues também reforça a ideia. “Como guia, posso afirmar que a paralização do trem prejudicou muito o turismo em Paraíba do Sul. Sabemos que o turismo gera receita para a cidade, incrementa o comércio, cria mais empregos e mais frentes de trabalho. Não podemos esquecer que, com o incremento do turismo, surge a valorização da região, o que atrai novos investidores e empresários”, conclui. revistaon.com.br

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COOL MÚSICA

Matemática terrorista Ainda sobre os impostos que corroem, comem e furtam os nossos talentos musicais... Márcio Simões de Assis marciosassis@gmail.com Graduado em administração de empresas com habilitação em marketing pela UVA (Universidade Veiga de Almeida) e MBA em gestão empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

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exemplo do violoncelo e a matemática terrorista da edição anterior continuam e servem para todos os produtos comercializados em nosso país. O ICMS, para nós do Estado do Rio, quando a mercadoria vem de fora, vai destacado nas notas fiscais o total de 12% do valor da mercadoria. Dependendo do produto, tem o IPI, que pode variar de 5% a 15% do valor da mercadoria. Os impostos federais, em torno de 8% a 10%, como Contribuição Social, PIS, Confins, etc. Há outras variáveis: no frente, geralmente 50% do valor total é de impostos; assim como nas contas de telefone e energia elétrica. Os encargos sociais, 103,4% por funcionário. Nesta sopa de letras amarga, temos pela frente, ainda, ao financiar a nossa compra no comércio, os maiores juros do planeta. Os juros dos cartões no país estão em torno de 300% ao ano. Faz lembrar a era Sarney. Inflação alta e juros nas estrelas. O violoncelo é um instrumento clássico de cordas friccionadas. O valor final no Brasil é o custo correspondente

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à compra de três do mesmo modelo na China ou Estados Unidos. Isso mesmo, compra-se três lá com o mesmo valor que aqui só paga um. Imagina na montagem de uma orquestra! É possível montar três com os custos lá de fora, enquanto aqui teremos apenas uma. Tento passar uma matemática clara, mesmo sendo injusta, terrorista e cruel. Nós, brasileiros, só sabemos pagar e não avaliamos e analisamos o custo Brasil. Apenas engolimos o que nos entregam por sermos pacíficos e ricos em paciência. Aprender a tocar bem este instrumento demanda um bom tempo, indico que procure um bom professor. Se fosse um custo acessível, não tenho dúvidas que teríamos muitas apresentações para agradar nossa audição. O música precisa ter um ideal, seja para tocar determinada peça, apresentar um concerto, participar de uma competição ou entrar em uma orquestra ou escola. Ter um ideal ajuda a praticar e dá motivação, mesmo sabendo que o custo final é injusto. Se tivéssemos três vezes a infraestrutura destes países, eu ficava quieto neste contexto...


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Os encantos

das orquídeas POR MAYARA STOEPKE

FOTOS REVISTA ON

São mais de 55.000 espécies e muitos apaixonados por plantas que podem chegar a valores altíssimos. Assim é o mundo das orquídeas. Lindas, despertam sentimentos em quem as cultiva e coleciona. Para entender como esse amor floresce, é preciso deixar-se levar pela beleza e os encantos que elas proporcionam.

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ara a ciência, as orquídeas são plantas da família Orchidaceae e pertencem à ordem Asparagales, uma das maiores famílias de plantas existentes no mundo. Colômbia, Equador, Nova Guiné e Brasil são alguns dos países com maior número de espécies. A América do Sul, aliás, detém mais de 45% das espécies do planeta, sendo a maioria delas epífitas, que vivem agarradas em troncos de árvores. Diferente do que muitas pessoas ainda acreditam, as orquídeas não são parasitas, não tiram alimento do tronco que habitam, explica Cinara Jorge, pesquisadora que coleciona as plantas desde 2004 em sua chácara. Conhecidos como orquidófilos, os apaixonados pelas plantas adquirem técnicas e conhecimentos específicos sobre diversas espécies. Apesar de não se julgar uma orquidófila, Cinara é fascinada pelos processos de desenvolvimento e cultivo da planta. “Essa variedade de cultivo e, principalmente, a beleza das flores, apaixonam qualquer um. O Brasil é um dos países que mais apresentam variedade de orquídeas, mas, mesmo assim, pessoas trazem plantas do exterior e conseguem fazer daqui um bom habitat para elas”, explica. Em sua chácara, coleciona cerca de 200 plantas com características muito diferentes. Algumas são perfumadas,

COOL MEIO AMBIENTE

outras não; algumas florescem por dois meses, outras por apenas um dia; existem orquídeas que gostam de água, outras nem tanto. “É uma flor que exige muito amor e entendimento. Perdemos plantas por falta de conhecimento na cultura delas e, neste caso, precisamos entender que não é porque ‘não tenho mão boa’ e, sim, porque ‘comprei uma orquídea e tentei cultivá-la em local errado’. Precisamos ter espécies que se darão bem com o clima e o local que lhe oferecemos”, ressalta. Já Ivan Ribas é um orquidófilo de carteirinha, como conta, desde 2005. O contador é encantado pelas plantas desde a infância e cultiva, em casa, cerca de 2.000. Ele brinca que se denomina um “orquidoido”, já que até música coloca para as plantas escutarem. “Elas me escolheram, não fui eu que escolhi gostar delas”, diz. Ivan acrescenta que orquídeas não são apenas para locais com clima frio, é possível cultivá-las em Três Rios, basta prestar atenção a alguns cuidados. Para aperfeiçoar a paixão, conhecer novas técnicas, adquirir novas plantas e conhecer outros orquidófilos, Ivan participa de feiras por todo o Brasil com frequência. Fundou a Associação Trirriense de Orquidófilos (Atrios), que tem como principal objetivo a aproximação entre os orquidófilos e as pessoas inte-

IVAN RIBAS O apaixonado por orquídeas se denomina um orquidoido revistaon.com.br

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COOL MEIO AMBIENTE

Ivan Ribas ressalta que há mais de 3.000 espécies em extinção ressadas em obter mais conhecimentos sobre o cultivo da planta. Desde 2008, orquidófilos de Três Rios, Paty do Alferes, Miguel Pereira, Vassouras, Matias Barbosa e Simão Pereira realizam eventos e atividades relacionadas ao tema, como exposições de orquídeas, palestras, cursos sobre cultivo e, principalmente, tornam pública a necessidade de preservação do meio ambiente para que as orquídeas não sejam extintas. Na região, anualmente há exposições de orquídeas em Três Rios e Levy Gasparian. “A ideia da exposição é difundir a cultura da orquidofilia e acabar com o mito de que orquídea é um parasita. Lá, falamos não só das orquídeas, mas, também, de outras plantas”, conta Ivan, que atua na organização do evento em Três Rios. A próxima edição acontece entre o final de julho e o início de agosto, no Independência Clube. Em seu orquidário, Ivan também possui orquídeas resgatadas por ele e por parceiros. A queimada é uma tragédia ecológica citada por Ivan que resulta na extinção de espécies.

MEIRELLES Lida com orquídeas há mais de 50 anos e diz que orquidófilos se diferenciam de colecionadores 98

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“Já são mais de 3.000 em extinção. O primeiro fator é o desmatamento, o segundo engloba as queimadas e, em terceiro, as áreas alagadas”, afirma. Além disso, ainda revela que há coleta ilegal na natureza. “Existe um programa da Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua) junto com a OrquidaRio e Associação Orquidófila de Niterói, onde vamos com máquinas fotográficas e GPS em territórios para acharmos as plantas. Fotografamos e marcarmos no GPS para, em outro período, voltarmos e vermos como esse planta está. É um processo de preservação e é importante conscientizar as pessoas sobre a coleta ilegal”, explica. Aderaldo Alves, conhecido como Meirelles, é cultivador, comerciante e colecionador de orquídeas. Proprietário de um orquidário em Werneck, ele tem a vida dedicada às plantas. Tudo começou quando trabalhava com a fabricação de vasos em cerâmica. Em seguida, abriu o próprio negócio e, com muitos contatos de orquidários pelo Brasil, começou a comercializar a planta. “Há uns dez anos virei cole-

BELEZA A planta é procurada por colecionadores e para decoração


ARQUIVO PESSOAL

“Você viaja pelo mundo com as orquídeas, há plantas do Japão, da China, do México, nos envolvemos com diversas culturas”, Aderaldo Alves

CINARA JORGE A pesquisadora coleciona as plantas desde 2004

cionador de orquídeas porque a cultura delas é fascinante. Elas te levam a uma profundidade muito grande, já que são muitas espécies com cuidados e peculiaridades. Você viaja pelo mundo, tem planta do Japão, da China, do México, e acaba se envolvendo em várias culturas”, explica. Na coleção, tem 200 espécies e mais de 3.000 plantas. Segundo ele, é possível adquirir uma orquídea a partir de R$ 10, podendo chegar a valores inestimáveis. “Quando comecei a lidar com as orquídeas, essas plantas eram direcionadas às pessoas de classe A. Hoje é diferente, qualquer pessoa pode ter uma orquídea”, afirma. Ele viaja pelo Brasil para participar de feiras

como representante de um orquidário centenário de Petrópolis e, assim, amplia o conhecimento. Na Parque Municipal de Três Rios, na margem direita do Rio Paraíba do Sul, Cinara Jorge conta que plantou, com Taninha Righi, 77 mudas e a maioria vingou. A pesquisadora ressalta a importância de uma informação aos que têm uma orquídea: ao notar que a planta está morrendo, deve amarrá-la em um tronco rugoso para que possa se agarrar, deixar crescer suas raízes e, assim, salvá-la. Ela finaliza com uma ideia: “Amarre orquídeas nas árvores das suas calçadas e teremos uma cidade muito mais bonita e humanizada”.

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Anoratta Moda e Estilo comemora primeiro aniversário FOTOS DIVULGAÇÃO

IGOR VINAGRE

Ateliê apresenta modelo inovador de atendimento na região

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pós trabalharem juntas no comércio, as amigas Lígia Mattos, Rosi Araújo e Renata Hagge tornaram-se sócias e apostaram em um negócio próprio. Com a intenção de suprir necessidades que conheciam como consumidoras no mercado de Três Rios, elas inauguraram a Anoratta Moda e Estilo. Criado em 2014, o ateliê, que tem um grande diferencial na forma de atendimento, completou o primeiro ano com um coquetel para as clientes. “Em um encontro informal entre nós, cogitamos a possibilidade de termos um lugar que conhecesse as necessidades do cliente e tivesse um estilo mais intimista para atender de forma plena”, explica Lígia. Para isso, as amigas criaram um espaço com foco em consultoria de moda fe-

minina para auxiliar clientes em combinações de peças e estilo para cada ocasião. “Criamos a Anoratta para que o cliente se sinta à vontade e, ao entrar, perceba que o lugar é diferente. Trazemos roupas e acessórios pensando no cliente. Ligamos, avisamos sobre os looks e então o atendimento acontece, que pode ser na residência ou no ateliê”, acrescenta. Com as possibilidades oferecidas, a Anoratta conquistou de vez a simpatia do público. Nos atendimentos, as profissionais sugerem peças que combinam com o estilo de cada cliente, além da indicação dos acessórios. “Não vendemos uma peça, mas o conceito do look. Mesmo que a cliente não compre tudo, fica sabendo o que vai combinar melhor com as peças adquiridas”, diz. As empresárias consideram que o pri-

meiro ano do Ateliê Anoratta Moda e Estilo foi satisfatório. “O retorno nesses últimos meses vem crescendo cada vez mais. A quantidade de pessoas que não conheciam o nosso serviço e passam a conhecer só aumenta e, quando vêm pela primeira vez, procuramos conhecer suas preferências e anotamos para que possamos melhor atendê-las posteriormente”, explicam. Com um público bem definido, formado por mulheres que buscam tendências atuais, a marca oferece looks para todos os gostos, com tamanhos do PP ao XG. “Hoje, as pessoas vêm aqui não só para comprar, mas para conversar e buscar auxílio. Foi um somatório de coisas boas ao longo desse ano. Agora, só esperamos crescer juntas nos próximos anos. Aqui funciona o trabalho em equipe, ele é essencial”, finaliza Lígia.


COOL ACONTECEU

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COOL FESTAS

Um convite ao encanto POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS REVISTA ON

Um convite para uma ocasião tão importante como o casamento deve ser feito em grande estilo, certo? Para fugir dos tradicionais, colocando a personalidade do casal no papel, mãe e filha, ambas com muito talento para as artes, passaram a oferecer convites personalizados de uma forma que ainda não era vista na região. Aceite este convite e encante-se com os resultados.

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COOL FESTAS

CATARINA HUMMEL A artista plástica sempre gostou de fazer convites para os amigos

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“O encantamento é grande porque em Três Rios ainda não havia oferta de convites artesanais”, Catarina Hummel

MICHELLE HUMMEL No computador, desenvolve artes gráficas para o casal

trabalho. Catarina é artista plástica, Michelle é publicitária. Uniram as mentes criativas e as habilidades artísticas para, entre outros projetos, desenvolverem convites que são a cara dos casais. “Sempre fiz convites para dar aos amigos e, com isso, uma amiga me convidou para fazer os do casamento do filho. Nisso, um cerimonialista conheceu meu trabalho e passou a indicar. Foi um começo inusitado e estou ainda estranhando, mas este encantamento surgiu porque em Três Rios ainda não havia quem fizesse convites artesanais”, diz Catarina. Diferente dos convites tradicionais, feitos integralmente em gráficas, os artesanais são criados individualmente. “Tem um carinho envolvido, o cuidado de um por um”, acrescenta. No início, até mesmo a parte de dentro dos convites, com informações sobre os noivos, era feita à mão por Catarina. No entanto, ao unir o processo manual à tecnologia, a filha passou a desenvolver a parte gráfica interna, inclusive brasões, e a mãe faz todos os acabamentos manualmente.

casamento é um momento muito importante na vida de todos os casais. Para ser inesquecível e tudo sair como sempre sonharam, é necessário muito trabalho, com pesquisas intermináveis, visitas, fechamento de contratos com profissionais... E não são poucos os detalhes a serem pensados. A cor da festa, música, luz, mobiliário, locação, buffet, alianças e, entre outras dezenas de itens, estão os convites. Eles são o primeiro contato dos amigos e familiares com o grande dia. Cerimônia e festa são emocionantes, porém, que tal começar a emocionar os convidados com bastante antecedência, já na entrega dos convites? A possibilidade de personalização destes itens tem chamado a atenção dos casais. Catarina e Michelle Hummel são, além de mãe e filha, companheiras de

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FILHA E MÃE Michelle e Catarina desenvolvem as características dos convites com os noivos

Elas contam que, neste momento, as noivas são mais encantadas que os noivos e, na maioria das vezes, tomam a decisão, sempre ouvindo o futuro marido, a mãe, irmãs, amigas... “Ela conta a história do casal, fala sobre a decoração da festa e começa a sugerir, dar ideias. Juntamos com as nossas, mostramos diversos modelos que já fizemos e, com isso, chegamos ao resultado que será produzido. Durante todo o processo, ficamos em comunicação, os casais acompanham tudo, mesmo que por fotos enviadas pelo celular”, conta Michelle. Para tudo sair como planejado, elas dizem que as primeiras conversas devem ser iniciadas três meses antes da entrega dos convites. “Um é sempre diferente do outro. São pérolas, rendas, diversos tipos de papeis, ou seja, uma possibilidade infinita para utilizar, o que deixa o casal doido. Sempre chegamos ao consenso,

DETALHES Cada convite recebe atenção especial das profissionais

usando o que eles gostam e o que vai ficar bom. Por exemplo, há itens e cores que não combinam, então, acabamos fazendo uma consultoria”, diz Catarina. O maior desafio é encontrar alguns tipos de materiais, já que a maioria não é encontrada na cidade. “Quando falta, sempre deixo os noivos tranquilos e continuo buscando. Caso não tenha mesmo jeito, mudamos para um plano B, por isso é importante começar com antecedência”, acrescenta a artista plástica. Ela revela ter carinho por todos os convites que faz e pelos casais que confiam no trabalho. Mesmo depois de tantos convites produzidos, elas ainda se surpreendem com as criações. “As pessoas, quando veem, não acreditam que sejam feitos em Três Rios, não sabem que há pessoas que fazem. Minha mãe trabalha com papel vegetal, faz furos de um em um, o que é um trabalho muito difícil de ser encontrado, fica como uma renda. Todos que pegam acham muito diferente. É um trabalho muito emocional, por isso o cuidado é importante”, comenta Michelle. “Os olhos das pessoas enchem mesmo de lágrimas de emoção”, completa Catarina, enquanto revela não poder pegar muitos para produzir ao mesmo tempo justamente para não perder a característica artesanal. Criar os convites é uma arte. Entregar aos convidados é ter a certeza de emocioná-los [e emocionar-se] bem antes... revistaon.com.br

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SHUTTERSTOCK

PUBLIEDITORIAL

Inglês do CCAA

Excelência comprovada pelo TOEFL ITP Escola de idiomas oferece a aplicação do exame mais reconhecido do mundo em três unidades na região

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e você quer estudar no exterior, já deve ter ouvido alguém falar em TOEFL, o “Test of English as a Foreign Language”, que é uma certificação reconhecida internacionalmente, usada para medir o conhecimento de inglês por não nativos da língua. O exame funciona como uma verdadeira porta de entrada para cursos de graduação, pós-graduação e aprimoramento da língua inglesa. O TOEFL ITP é desenvolvido pela ETS, maior empresa educacional de desenvolvimento de testes e pesquisas do mundo. O CCAA é o que melhor prepara o aluno ao longo do curso para o exame, com exercícios baseados no próprio teste, além de outros similares. Tanto que o TOEFL ITP foi incorporado à grade do curso. As unidades CCAA, a partir desse ano, passarão a aplicar a prova, que acontecerá em novembro. As inscrições já estão abertas! Quem faz o teste TOEFL ITP?

• •

Candidatos ao Programa Ciência sem Fronteiras Estudantes que planejam cursar o ensino superior no exterior

• • •

Candidatos aos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado em universidades brasileiras Estudantes da língua inglesa que desejam monitorar a evolução no idioma Professores de inglês das redes particular e pública e de cursos de idiomas que desejam melhorar o curriculum; Estudantes que desejam fazer cursos online de uma instituição de ensino no exterior

do Sul e Itaipava. A inscrição deve ser feita até o dia 15 de setembro de 2015, na secretaria do curso. Para mais informações sobre o calendário de provas, procure a unidade CCAA mais próxima. Quanto custa o teste TOEFL ITP?

Para quem é aluno do CCAA, ao final do curso de inglês (Teen/ Adult nível 11), o exame é gratuito. Para não alunos, consulte as condições para realização do exame nas unidades do CCAA.

Quem aceita as pontuações do teste TOEFL ITP?

É utilizado em mais de 2.500 instituições em 47 países, com mais de 600 mil aplicações anuais. Empresas e programas de bolsa de estudo podem exigir o teste. Onde e quando posso fazer o teste TOEFL ITP?

A prova será realizada na primeira quinzena de novembro de 2015 nas unidades do CCAA em Três Rios, Paraíba

ccaa.com.br/toefl Três Rios - 24 2252-1672 Rua Prefeito Walter Franklin, 123 - Centro Paraíba do Sul - 24 2263-3332 Pr. Marquês de São João Marcos, 87 - Centro Itaipava - 24 2222-3484 Estrada União e Indústria, 9.060 - Sl. 101


COOL FESTAS

Desde sempre

e para sempre POR DIEGO PATRICK SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA FOTOS FLÁVIO DUARTE

Eles são da mesma cidade, estudaram juntos na infância e na adolescência, se formaram na mesma turma da faculdade e, após 15 anos de namoro, uniram-se em uma cerimônia que foi muito além dos sonhos do casal.

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COOL FESTAS

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e Paraíba do Sul, o casal Tirany Junior e Ingrid Stefani é uma obra do destino. Ambos nasceram em 1980, ela em 15 de setembro e, ele, em 19 de abril. Ela, criada em um sítio distante até os cinco anos de idade, mudou-se com a família para um bairro próximo ao centro da cidade quando foi estudar no Colégio Cenecista Sul Paraibano. Ele, que passou a infância brincando nas ruas do bairro Santo Antônio, ganhou o mesmo destino quando chegou o período de ir para a escola. Suas famílias se conheciam, mas os pequenos ainda não. Ingrid conta que, no primeiro dia de aula na nova escola, se encantou com “o menino fofo do canto da sala”, como lembra. “Eu cheguei e o achei bonitinho, mas nada disse. Era muito tímida e ele também não me notava. Guardava aquele sentimento puro e infantil só para mim e apenas sonhava acordada com aquele garotinho, imaginando que um dia eu seria a sua namorada”. Na terceira série, ela começou a perceber as tentativas de aproximação de Tirany que chegavam em forma de recadinhos. Porém, a timidez atrapalhou. “Eu contava para ninguém porque todas as menininhas gostavam dele e eu tinha vergonha de falar e todos rirem de mim”, brinca.

TIRANY E INGRID A história do casal começou bem cedo, ainda na infância 108 Revista On Junho & Julho

Foi em 1995, quando estavam com 14 anos, que a primeira aproximação aconteceu Foi em 1995, quando estavam na oitava série e com 14 anos, que a primeira aproximação aconteceu, durante um baile. Tirany, mesmo muito tímido, tomou coragem e convidou Ingrid para dançar. Ao som de “Sereia”, do Lulu Santos, o casal se beijou pela primeira vez. Para Ingrid, aquele gesto e aquela situação significavam muito. “Sou da época em que dançar música lenta, receber flores e andar de mãos dadas eram coisas muito românticas”. Perderam o contato quando foram cursar o ensino médio. Ela em Juiz de Fora, ele em Três Rios. Porém, durante um sábado de carnaval, o casal se reencontrou em Paraíba do Sul. “O Jardim Velho era o lugar mais movimentado, todo mundo se encontrava lá à noite, e o carnaval acontecia no Clube Social. Em uma dessas festas, ele pegou a cerveja que minha amiga havia ficado de comprar e trouxe até mim para puxar papo. Foi muito engraçado”, lembra. Ingrid conta que Tirany tentou conquistá-la na-


“Ele me fez ser mais leve e eu dei um pouco de responsabilidade para ele, porque somos bem diferentes”,

PREPARATIVOS Ingrid buscou profissionais da região para o casamento

quele momento. “Ele queria ficar comigo na mesma noite, mas eu não aceitei”. Para Tirany, Ingrid era a garota certa e ele não podia desistir. “Fui determinado porque sabia o quanto ela era e é especial. Sou privilegiado por tê-la encontrado. Ela mudou a minha vida”, revela. “Detesto quando ele fala que tudo o que quer consegue”, brinca Ingrid, que se diz uma pessoa mais tranquila após conhecê-lo. “Ele me fez ser mais leve e eu dei um pouco de responsabilidade para ele, porque somos bem diferentes. Sempre fui mais responsável, séria e, ele, mais solto, tranquilo”, conta. Sem saberem, Tirany e Ingrid prestaram vestibular para o curso de direito da

Ingrid

mesma universidade, em Nova Friburgo, no ano de 1999. Mas a coincidência não para por aí! Ambos escolheram a mesma pensão para morar. “Achava que só eu tinha escolhido essa cidade, não é comum pessoas irem estudar lá. Por isso, não imaginava que ele estaria perto de mim, mas acabamos ingressando juntos, na mesma turma”. Após o primeiro dia na pensão, Ingrid já começou a olhar de forma diferente para Tirany. “Ele começou a ser muito amigo e, então, começamos a estudar as matérias juntos”. Mas foi durante uma festa que ele revelou seus sentimentos a ela. “No dia [da festa], ele virou e falou: ‘Quer saber a verdade? Eu gosto de

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COOL FESTAS

Ingrid conta que foi pedida em casamento quatro vezes por Tirany você, mas você nem liga para mim’. Fiquei muito feliz com o que ouvi”, brinca. Para Ingrid, aquela declaração ainda não bastava... “Comprei uma garrafa de vinho pra bebermos na viagem até Nova Friburgo, pois havíamos passado o fim de semana com nossa família em Paraíba do Sul. A garrafa ajudou muito, porque tomei coragem e falei tudo o que sentia por ele. Eu disse: ‘não sei dos seus sentimentos por mim, mas estou completamente apaixonada por você’. Ele não respondeu, mas me deu um beijo e eu entendi tudo”. Ufa! Quando voltaram, em 22 de agosto de 1999, já eram namorados. “Descemos em Nova Friburgo de mãos dadas e recebi flores e cartões na mesma semana”, conta. Na formatura da faculdade, completaram cinco anos de namoro. “Após a formatura, fomos trabalhar no Rio de Janeiro. Dividíamos um apartamento com mais dois amigos, mas com o tempo eles foram embora e nós ficamos sozinhos”. Nessa época, ambos já falavam sobre casamento. “Ele tinha certeza que que-

FESTA Aconteceu de uma forma que superou as expectativas dos noivos 110 Revista On Junho & Julho

ria casar, mas eu tinha medo. Em 2012, no meu aniversário, ele me deu um anel de noivado. Ficamos noivos sem saber quando casaríamos”, comenta. Após 10 anos morando na capital fluminense, o casal resolveu retornar a Paraíba do Sul e, em 2013, o pedido oficial de casamento surgiu. “Na verdade, foram quatro pedidos. O primeiro foi no Rio, no meu aniversário. Depois, no Natal com a família. Em seguida, em Nova Friburgo, onde começamos a namorar e, por último, em Machu Picchu, no Peru, durante uma viagem com os amigos”. Ao voltar da viagem, o casal iniciou a busca por fornecedores para a realização da cerimônia e da festa, em Paraíba do Sul. A cidade foi escolhida por estar perto das pessoas mais importantes para ambos. “Eu queria contratar pessoas da região, porque vi que conseguiríamos profissionais de qualidade”. Ingrid tinha um sonho: “Queria casar na natureza, de preferência debaixo de uma árvore. Então, encontramos o


LOCAL A cerimônia aconteceu no Cacheiras de Cavaru Eco Resort

Cachoeiras de Cavaru Eco Resort, em Paraíba do Sul. Quando vi uma árvore, chorei de emoção. Sabia que seria lá”. O hotel fechou para a realização do casa-

mento e todos os convidados de fora da cidade se hospedaram para os três dias de comemoração. “Foi mais do que eu sonhava e mais do que esperava”, revela.

Realizada no dia 13 de setembro de 2014, a cerimônia foi organizada por Flávio Barbosa, teve a decoração do petropolitano Luciano Reis e os comes e bebes da Fátima Buffet. A música “Sereia” serviu de abertura para a celebração. Ainda entre os parceiros escolhidos para o grande dia, Zoraide foi a responsável pelos bem-casados, Flávio Duarte pelas fotos e pelos ensaios trash the dress e pré-wedding, e Priscila Leal foi a responsável pela maquiagem e cabelo de Ingrid. Após se casarem, Tirany e Ingrid viajaram para um lugar especial. “Queríamos um bangalô e descobri um no Brasil que nos agradou: o Nannai Beach Resort, em Porto de Galinhas. Escolho esses lugares para as minhas realizações porque acredito que Deus está na natureza. Peço a Ele muitos anos de vida e saúde para formarmos uma linda família, que é o meu maior sonho e, sem dúvida, o bem mais precioso que há nessa vida”, finaliza.

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COOL FESTAS

Estilo Melissa POR DIEGO PATRICK

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS NESSA GARCIA

“Que não seja imortal, mas que seja infinito enquanto dure”. Assim brinca Melissa, que faz questão de aproveitar cada momento da vida com ares de Vinícius de Moraes. Isso não foi diferente na comemoração de seus 15 anos. Com quase oito horas de duração, a festa reuniu cerca de 600 convidados em um ambiente romântico e descolado. 112 Revista On Junho & Julho


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lém da rotina de estudante do primeiro ano do ensino médio, Melissa Nasser da Silva, nascida em 16 de maio de 2000, faz aulas particulares, estuda inglês e ainda encontra tempo para ler, escrever, tocar violão e acompanhar séries e telenovelas. Embora seja caseira, a jovem não dispensa idas ao cinema. “Adoro filmes brasileiros de comédia, como ‘Qualquer Gato Vira-Lata’, e minhas amigas sempre me convidam para assistir aos que estão em cartaz porque sabem que vou aceitar”, comenta. Apaixonada por jornalismo e pelas artes cênicas, a estudante ainda não sabe o qual faculdade vai cursar. “Sempre quis fazer teatro e escrever, mas a profissão de atriz é incerta, você pode ou não conseguir ser bem-sucedida”. Ela, que sempre fez balé, descobriu uma paixão em suas apresentações de dança. “Fiz balé por muito tempo e me apresentava todos os anos no teatro e, mais do que dançar, eu gostava de ficar no palco”. No celular, Melissa escreve notas e escuta música no quarto. “Lá eu estudo,

Dedicada em tudo o que faz, Melissa cuidou de cada detalhe da festa de 15 anos ao lado da mãe escrevo, leio, canto, toco, durmo... Costumo dizer que meu quarto me conhece, ele é uma inspiração para mim”. Por gostar de escrever histórias, como poesias e crônicas, a jovem vê no jornalismo a chance de fazer o que gosta. “Queria algo que se aproximasse da escrita e meus professores me sugeriram esse curso, eu sempre gostei daquela parte crítica”. Apesar da vocação para a comunicação, Melissa não deixa de se interessar pelos negócios da mãe, Cláudia Nasser. “Gosto de administração e de lidar com pessoas, eu fico bastante nas lojas, peregrino por elas diariamente”. Ela revela que muitos a questionam sobre uma das

MELISSA COM A MÃE Cláudia acompanhou de perto a organização da festa

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lojas de sua mãe: uma franquia de calçados com o seu nome. “Muita gente me pergunta se o meu nome é por causa da loja ou vice-versa, mas eu digo que não, que é mera coincidência”. Para Cláudia, o mais bonito disso tudo é a ausência de cobranças. “Independente do que ela escolher, eu vou achar lindo e dar apoio”, diz. Dedicada em tudo o que faz, Melissa cuidou de cada detalhe da festa de 15 anos ao lado da mãe. A escolha do tema, do buffet, dos vestidos e da parte técnica foi

DANÇA Com o pai, a música escolhida foi “A Thousand Years” 114 Revista On Junho & Julho

Ao som de “A Thousand Years”, Melissa dançou a primeira valsa com o pai feita com toda a atenção para que desse tudo certo. Desenvolvida por Andréa Kapps, a decoração seguiu as sugestões de Melissa, que pediu que a mesma refletisse sua personalidade. “Sempre fiz [festas] e queria que essa tivesse a minha cara, com um toque de romantismo, tons suaves de rosa e muitas flores”. Segundo Cláudia, Andréa foi essencial para que tivesse tranquilidade com os preparativos. “A personagem mais importante foi ela, que cuidou dos mínimos detalhes e me indicou ótimos profissionais”, revela a empresária, que preparou uma surpresa especial para a filha. “Ela é fã da atriz Juliana Paiva, então eu entrei em contato com a agência e acabei falando com a mãe dela, que me prometeu uma mensagem em vídeo para colocar no dia. Mas, devido à correria, eu não abri o e-mail na véspera. Foi até melhor, porque minha filha estava emocionada demais na festa. No dia seguinte, eu mostrei e ela ficou muito feliz com a surpresa, porque já não esperava mais nada”. Uau! Haja coração! Usando os vestidos confeccionados por Nina Trezza, a aniversariante curtiu a festa em grande estilo. “Queria que os três tives-

sem a cara da festa. O primeiro eu usei para receber os convidados, o segundo para a valsa e o terceiro para celebrar”, conta. Ao som da canção “A Thousand Years”, da cantora Christina Perri, Melissa dançou a primeira valsa com o pai, o empresário Américo Silva, e recebeu um belo anel de presente. As letras “Photograph” e “Give Me Love”, do britânico Ed Sheeran, acompanharam os passos da jovem com o padrasto e o padrinho, e “Love Me You Like Do”, da inglesa Ellie Goulding, fez do momento com seu melhor amigo o mais romântico da festa. Os ensaios ficaram por conta do cerimonialista Flávio Barbosa, que instruiu passos sem marcação exagerada. Homenageada em vídeo feito pelas melhores amigas, Melissa conta que se surpreendeu. “Isso mudou a maneira como as vejo, porque eu não esperava, chorei bastante”. Para a avó, Sônia, todos os momentos foram emocionantes. “Minha neta recebendo aquelas homenagens me fez chorar, principalmente quando a vi dançando com o pai”. Para fotos e vídeos, Nessa Garcia foi a escolhida. “As fotos do book e o vídeo foram feitos no sítio do vovô, eu me sentei com o violão e registramos o momento, foi maravilhoso”, conta a debutante. Realizada no dia 9 de maio, na Ilha di Capri, em Três Rios, a festa contou com o buffet de Adriane Guerra, velas de Márcia Nina, bolo e doces de Zoraide, topo do bolo de Fatinha Esteves, doces finos de Débora e Vânia, bem-vividos da Liana, bebidas da


COOL FESTAS

DENNIS DJ Melissa e as amigas curtiram o show do artista na festa

Mix Premium, drinks do Jpetrusbar Petrucio e comida japonesa do Japa Temaki. Os convites produzidos pela Tamoio Debutantes tiveram o brasão delicado desejado por

Melissa, enquanto o cerimonialista Flávio Barbosa cuidou dos chinelos de lembrança para as amigas que quisessem largar o salto. Cláudia conta que não havia disponibi-

lidade do local para o dia do aniversário da filha, 16 de maio, mas que a antecipação trouxe benefícios. “Foi até bom trocarmos, porque a noite estava com um luar encantador, que atribuiu mais romantismo à festa”. Para ela, todos os profissionais contratados se superaram. “O sucesso da festa depende dos nossos parceiros e eles estavam de coração. Isso eu tenho que agradecer a Deus, porque o que mais importa é o amor das pessoas com a gente”. O aniversário começou às 21h, terminou por volta das 4h30, contou com cerca de 600 convidados e apresentou o show do Dennis DJ. “Gosto muito do Dennis, assim como muitas pessoas. Ver que todas curtiram foi a melhor parte”, revela Melissa, que ficou no palco e afirma que seu desejo era que todos estivessem lá, mas que existia um número de pessoas estabelecido para o local. Para a jovem, a comemoração pode ser descrita como inesquecível. “É como eu disse: a graça dos finais felizes é a certeza de como chegaremos a eles”, finaliza.

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COOL CHECK-IN

INHOTIM

POR BERNARDO VERGARA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

País Brasil Estado Minas Gerais Cidade Brumadinho Área 140 hectares Inauguração 2006 Clima Tropical

União perfeita entre a arte e a natureza Um projeto arrojado, sonhador e visionário, assim é Inhotim. O maior museu a céu aberto do mundo, além de ser uma das grandes referências em arte contemporânea da atualidade, é tipicamente brasileiro e começa a ser explorado pela nossa gente. A combinação harmônica entre a arte contemporânea e a natureza resulta em um grandioso projeto que exala ensinamentos culturais, educativos e de cidadania.

A COMPANHIA DELA TORNOU O LUGAR AINDA MAIS ESPECIAL

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OS FAMOSOS FUSQUINHAS COLORIDOS

O

impacto de um sonho na vida das pessoas é algo impressionante! Sim, digo isso porque recentemente fui extremamente impactado ao visitar o museu de arte contemporânea de Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Algo tão grandioso, audacioso e visionário. Assim posso chamar um dos mais fantásticos museus de arte que vi em todo o mundo. E olha que nas minhas andanças já me deparei com um bocado de museus de tirar o fôlego. Como explicar uma relação tão familiar e entrosada entre a arte e a natureza? Difícil traduzir em palavras a sensação de se sentir tão pequeno e especial ao mesmo tempo. Essa foi a minha sensação ao me deparar com aqueles jardins impecáveis, lagos de água verde esmeralda e aquelas milhares de palmeiras gigantescas ao meu redor, que me conduziam às galerias de arte recheadas de obras incríveis. Aquele cenário, que por si só já se traduzia em filme, ainda me propiciou situações extremamente especiais ao levar meus pais durante a primeira vi-

“Algo tão grandioso, audacioso e visionário. Assim posso chamar um dos mais fantásticos museus de arte que vi em todo o mundo” sita e meu amor, Amanda Furtado, no retorno mais recente ao museu. Sem palavras para os dois momentos vividos no museu. Tive a mesma sensação de prazer, engrandecimento e curiosidade a cada passo dado em ambas as visitas. Não tenho a menor dúvida que os que estiveram ao meu lado levaram de lá sensações no mínimo tão intensas quanto as minhas. Vamos entender um pouco mais sobre esse projeto tão curioso e instigante. Dos sonhos de seu idealizador, o mineiro e meu xará Bernardo Paz, nasceu, em meados da década de 80, em uma propriedade particular, a ideia inicial que culminaria no maior museu a céu aberto do mundo. O projeto foi iniciado com revistaon.com.br

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COOL CHECK-IN

objetivos de paisagismo, tomou forma e vida pelas mãos do renomado paisagista Roberto Burle Marx e, a partir dali, nunca mais parou de se reinventar. Após a estrutura de paisagens desenvolvida, o espaço começou a tomar forma cultural e receber as edificações que receberiam as obras de arte. Por fim, em paralelo à construção das edificações, se desenvolveu o belíssimo acervo botânico do lugar. Dessa forma, em meados de 2006, o Museu de Inhotim abriu suas portas para a visitação do público e nunca mais fechou, chegando, hoje, a números incríveis e inacreditáveis. Na área de aproximadamente 140 hectares, o museu abriga aproximadamente 22 galerias de arte, mais de 500 obras de arte de uma centena de artistas de nacionalidades distintas e um jardim botânico com mais de 4.500 espécies de plantas nativas e exóticas, sendo que 850 são de espécies de palmeiras de diferentes partes do mundo.

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EXPLORANDO OS BELÍSSIMOS JARDINS DO PARQUE


“Não há como ficar inerte à combinação de cultura, informação e natureza de forma tão integrada e bem estruturada” Para que tudo funcione perfeitamente para os 300.000 visitantes que por ali passam todos os anos, 1.000 trabalhadores da região de Brumadinho se revezam em turnos para a garantia do bom funcionamento do museu. Se referir ao nível de serviço entregue como bom é quase desmerecer o trabalho, visto que as estruturas de manutenção, limpeza, informação e serviços entregues são de padrão europeu, de tão alto nível. O apelo gerado pelo projeto é capaz de atingir públicos distintos, atendendo aos amantes da arte contemporânea, aos amantes da natureza e, ainda, aos amantes do paisagismo.

Não há como ficar inerte à combinação de cultura, informação e natureza de forma tão integrada e bem estruturada. Quando cheguei ao local pela primeira vez, entendi os motivos do tamanho entusiasmo das pessoas que recomendam o museu. Eu fui mais um que foi tocado pela forte energia depositada e desenvolvida naquele local. Recomendo aos leitores da Revista On um final de semana cultural na cidade de Brumadinho, com dois dias de exploração pelo Museu de Inhotim. Aquele lugar é capaz de aflorar o lado cultural até em pessoas que o desconhecem. Até a próxima!

QUANDO IR O ano todo. O parque funciona durante toda a semana, exceto às segundas-feiras. De terça até sexta, funciona de 09h30 às 16h30. As sábados, domingos e feriados, de 09h30 às 17h30.

três opções muito boas. O Restaurante Tamboril, que está integrado aos jardins de Inhotim e serve culinária internacional; o Restaurante Oiticica, com vista para um belíssimo lago, que serve comida brasileira variada; e o Bistrô Bar do Ganso, de ambientação assinada pelo designer Paulo Henrique Pessoa e cardápio semelhante ao do Restaurante Tamboril.

COMO CHEGAR Partindo do Rio de Janeiro, a distância aproximada é de 453 km via BR-040 e BR-381. Com partida de São Paulo, a distância aproximada é de 541 km via BR-381. Por fim, com partida de Belo Horizonte, a distância é de 60 km via BR-262. ONDE FICAR Sugiro hospedar na pousada Dona Carmita (www.pousadadonacarmita.com.br), que está na rodovia MG-040, km 49, 1.508, Brumadinho. A pousada tem localização privilegiada, estrutura de chalés bastante confortável e um buffet de café da manhã inesquecível de tão variado e bem servido. ONDE COMER

O museu conta com

VALORES Terças e quintas-feitas: R$ 25. Sextas-feiras, sábados e domingos: R$ 40. Nas quartas-feiras a entrada é gratuita. LOCALIZAÇÃO O museu está na Rua B, número 20, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. QUEM LEVA A empresa betrip solução em viagens. Para mais informações sobre roteiros, datas e valores, entre em contato pelos telefones (24) 2220-2494 e (24) 98829-2645. revistaon.com.br

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COOL DIÁRIO DE BORDO

LESTE EUROPEU Países Polônia, República Tcheca, Áustria, Hungria e Eslováquia Cidades Varsóvia, Cracóvia, Breslavia, Praga, Bratislava, Viena e Budapeste Idiomas Polonês, tcheco, alemão, húngaro e eslovaco

QUANDO IR?

Entre os meses de junho e agosto, quando a temperatura passa de 20ºC. COMO CHEGAR?

Saindo do Brasil, a melhor forma é de avião para uma das maiores cidades da região (Budapeste, Viena ou Varsóvia). Para economizar é importante ficar atento em promoções das companhias Low Coast européias e pesquisar uma ponte aérea mais barata. ONDE FICAR?

Todas as cidades possuem hotéis e hosteis que podem ser encontrados pelo site Booking. Se vai com um grupo de amigos, uma opção é avaliar se o aluguel de um apartamento fica mais em conta.

BUDAPESTE CASTELO DE BUDA

ONDE COMER?

Há muitas comidas locais bem tradicionais e diferentes do resto da Europa. Procurar por restaurantes que oferençam estes pratos é outra maneira de conhecer melhor os países. DICAS

Para evitar surpresas, o ideal é comprar as passagens de ônibus entre as cidades antecipadamente (Companhias Student Agency, Eurolines e Polski Bus) e deixar todas as datas bem planejadas. E, por mais afiado que seja o seu inglês, ele não será o bastante, terá que usar e abusar das mímicas. 120 Revista On Junho & Julho

Gabriel Faza no Leste Europeu Pouco tempo e muitas cidades para visitar. A viagem começou na Polônia e passou por mais quatro países. As descobertas foram incríveis e inesquecíveis...


ÁUSTRIA BIBLIOTECA NACIONAL

N

ossa viagem ao Leste Europeu surgiu de uma conversa entre cinco amigos. Por estarmos estudando em Portugal, gostaríamos de aproveitar os dias do recesso de Páscoa para conhecer um lugar novo. Por serem muitas cidades e um tempo apertado, precisamos planejar cada detalhe para que pudéssemos

CASTELO DE PRAGA VISTO DA CHARLES BRIDGE

aproveitar ao máximo, mas posso garantir que o Leste já foi apaixonante no planejamento. Semanas depois embarcamos rumo a Breslavia (Polônia), onde tudo começaria. Impossível não se encantar com cada uma das cidades. A Breslavia e suas lendas de duendes, representados por pequenas estátuas que se espalham por todo can-

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COOL DIÁRIO DE BORDO

VIENA JARDINS DE SCHLOSSPARK SCHÖNBRUNN

to. Praga (República Tcheca) e suas construções que provam, a cada momento, que todas as escadas e ladeiras valem a pena para olhar a cidade de cima. Viena (Áustria) e suas construções que assistiram desde um dos mais importantes discursos de Hitler até as mais belas músicas de Mozart. Budapeste (Hungria) e suas belezas divididas entre as margens do rio Duna, onde

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BUDAPESTE PISCINAS DE ÁGUAS TERMAIS

você pode relaxar em uma piscina de água termal ou em um passeio noturno de barco admirando a cidade. Cracóvia (Polônia), que prova que é uma pequena cidade com grandes histórias. Bratislava (Eslováquia) e seu belo castelo. E Varsóvia (Polônia), com seus lindos prédios, praças e igrejas. Porém, alguns lugares são essenciais para quem deseja


BUDAPESTE ESPELHO D’ÁGUA DO PARLAMENTO HÚNGARO

fazer esse roteiro. Praga e seus prédios formam uma cidade linda e com um clima único, com o belo Castelo de Praga, de onde é possível observar cada detalhe da cidade. Em Budapeste, as piscinas de águas termais formam uma atração à parte, principalmente para quem deseja visitar a região durante o inverno, quando a temperatura chega a ser negativa e neva. A Cracóvia é pequena e charmosa, como toda cidade do interior. É possível observar a cultura daqueles que ali vivem e provar ótimas comidas da culinária polonesa, como o pierogi. Porém, ao se afastar do centro da cidade, é possível fazer uma visita guiada aos maiores campos de concentração nazista, Auschwitz e Berkanau, que é como entrar em um livro de história e ter a dimensão de que toda aquela crueldade realmente aconteceu. Lá também é possível visitar a Mina de Sal, com suas catedrais subterrâneas e suas imagens e esculturas. Mas, o mais importante é aproveitar cada detalhe do Leste e se deixar encantar por toda a sua pluralidade. revistaon.com.br

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COOL SABORES

Um recanto de história, amor e sabor

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udo começou há alguns anos, quando Beto Chocolate, músico profissional, foi convidado a tocar, com o Trio Ecoforrologia, no Restaurante Barril 21, onde a proprietária, Tanea Mara, queria fazer um show. Feito o contato e acertados os detalhes, tudo transcorreu normalmente, mas algo surgiu entre Beto e Tanea. Certo dia, no Bar Atrás da Moita, em Três Rios, Beto Chocolate foi divulgar seu CD “Violão & Voz”. Neste bar, aproximadamente 11 anos após o primeiro encontro, Beto e Tanea se reencontram e as afinidades culturais e gastronômicas afloraram, além de um sentimento de muito amor e carinho. Com esse amor, surgiu uma nova era entre suas vidas. A Casa du Chocolate, em Sapucaia, transformou-se em um pub que uniu a música do Beto com os sabores da Tanea. O sucesso foi imediato! O pub passou a atender clientes durante o dia e o local tornou-se pequeno. Em pouco tempo, conhecerem e se mudaram para um espaço maior, onde era uma chácara. Pronto, o sonho começou a se materializar e, então, foi criado Recanto bet@nea - Sabores do Brasil.

Nesse espaço, criaram um restaurante com comidas típicas brasileiras e uma horta orgânica, com caramoela, taioba, bertalha, ora-pro-nobis e vários outros temperos e hortaliças usados nos pratos que servem, dando a sensação de estarem no quintal de casa aos clientes. Beto e Tanea conseguiram reunir uma gama de serviços de qualidade, como restaurante, artesanato, exposições, brechó,

PROFISSIONAIS Kenia, Tanea e Beto no Recanto bet@nea

ESPAÇO Fica na Praça da Árvore, em Sapucaia , e reúne uma gama de serviços

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pizzaria com serviço de entrega bet@nea delivery , comida de botequim, música ao vivo, rodízio de pizza, jogos e filmes. Eternos admirados da arte e culinária, eles recebem os clientes como excelentes anfitriões em Sapucaia, na Praça da Árvore Grande [Rua Dr. Antônio Aguiar, nº 15 - (24) 99255-9391 e 99241-2850]. Tanea sugere um prato rápido, prático e delicioso: Arroz de Marimbondo! Bom apetite!

Arroz de Marimbondo INGREDIENTES

3 xícaras de chá de arroz cozido 2 xícaras de chá de carne seca cozida, limpa e bem desfiada 1 cebola média cortada em cubos 4 dentes de alho cortados em cubinhos 3 colheres de sopa de azeite Pimenta dedo de moça Sal a gosto Bacon cortado em cubos pequenos Cheiro verde

MODO DE PREPARO

Em uma panela, coloque o bacon e deixe fritar até que ele reduza e solte toda a gordura. Reserve no recipiente que irá servir. Acrescente o azeite, a cebola e deixe murchar. Acrescente o alho e deixe dourar. Reserve no recipiente que irá servir. Coloque a carne seca desfiada e frite até ficar crocante. Acrescente um pouco de sal se achar necessário. No recipiente, misture o arroz, a carne seca frita, o bacon, a cebola com o alho, a pimenta dedo de moça. Arrume o prato e salpique cheiro verde. Pronto para servir!


JCLICK

Bernadete Mattos Consultora graduada em gastronomia bemattos1@gmail.com INGREDIENTES Muitos deles saem direto da horta org창nica do Recanto

Luiz Cesar Apresentador do programa Papo Gourmet, no Canal 5 luizcesarcl@uol.com.br

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Parceiros desta edição A Imperatriz (24) 2255-1111 Andrêsa Campos (24) 2220-2393 Anoratta (24) 2252-4954 API Systems (24) 2255-3481 apisystems.com.br

Barão Boutique de Carnes (24) 2252-9673 Betrip Solução em viagens (24) 98829-2645 betrip.com.br

Bramil (24) 2251-6000 bramil.com.br

Carlos Alberto Poggianella (24) 2255-3041 Carmindo Guimarães (24) 2255-2065 CCAA (24) 2252-1672 ccaa.com.br

Centro Médico Santa Catarina (24) 2255-0605 Cine Show (24) 3348-3181 redecineshow.com.br Cross Fit (24) 2252-1997 Cultura Inglesa - Três Rios (24) 2252-3626 cultura3rios.com.br

CVC (24) 2252-3734 Eco Odontológico (24) 2252-0599 Edivania Gonçalves (24) 98801-9676 Élégance (24) 2255-1446 Escola de Dança Maria Emilia (24) 2252-2477

Espaço

Michely Bilheri (24) 2252-6299 Espaço Saúde e Bem Estar (24) 2252-6635 Estética Ester (24) 2252-0597 FR Móveis Planejados (24) 2255-2491 Gizarte (24) 2252-1088 Granbery (32) 2101-1805 granbery.edu.br

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