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Editorial
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ode-se dizer que o ser humano é movido por desafios? Levando em consideração a corrida do espermatozoide até a fecundação, da criança que aprende a andar, entre outros pertinentes à vida, é possível afirmar que sim. Nesta edição, pinçamos um empresário que tem se desafiado perante o mercado imobiliário em Três Rios e o tempo que divide entre os compromissos da empresa em que é presidente e a família. Os desafios de Sauro Sola são revelados em nossa capa. Conviver com a saudade de quem já se foi e tocar a vida com a ausência presente também é um prova abordada na matéria Elo interrompido. A fé, nesses casos, ajuda tanto quanto uma instituição que usa princípios religiosos para salvar jovens da dependência química. Ivete Sangalo? Isso mesmo! Parecia impossível, mas a rainha do axé vem a Três Rios e preparamos uma matéria para você saber onde e quando ela vai chegar. Não poderíamos deixar de lembrar o aniversário de Areal, cidade que, um dia, já pertenceu a Três Rios. Histórias como a de um trirriense que realizou o sonho de ser escritor e foi convidado a integrar a ALB-DF (Academia de Letras do Brasil do Distrito Federal) estão em nossas próximas páginas. Trazemos novidades como a editoria Viagem com Chek-in e Diário de Bordo, além de You Fashion e Sabores, um cardápio com pratos sofisticados apresentados por Bernadete Mattos e Luiz Cesar. Saboreie essa leitura, Salute!
Direção e Produção Geral Felipe Vasconcellos felipe@revistaon.com.br Produção Sabrina Vasconcellos Heverton da Mata Edição Rafael Moraes rafael@fiobranco.com.br Redação Priscila Okada Frederico Nogueira Comercial Ana Carolina Travassos anacarolina@fiobranco.com.br (24) 8843-7944 Criação Felipe Vasconcellos Robson Silva Colaboração Aline Rickly Bernadete Mattos Luiz Cesar Estagiário Neílson Júnior Distribuição Três Rios, Paraíba do Sul, Com. Levy Gasparian, Sapucaia e Areal Produção Gráfica WalPrint Tiragem 3.000 Foto de capa Juliane Vieira | Stúdio Click
Fiobranco Editora Rua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ 25.803-010 Sugestão de pauta redacao@revistaon.com.br Trabalhe conosco rh@revistaon.com.br
Ops! Erramos Na matéria sobre Mariela Amodeo (p. 52), título “Saltos e linhas em galope aberto”, as fotos antes e depois estão invertidas. Em “O perigo mora ao lado” (p. 30), a fisioterapeuta Roberta Padilha é, na verdade, a advogada Roberta Padilha
Índice 10 Opinião 20 Cultura 24 Lazer 29 Meio Ambiente 32 Negócio
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39 Carreira 44 You Fashion 48 Mix 50 Educação 64 Comportamento
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76 Inspiração 85 Eu sei fazer 91 Saúde 98 Cotidiano 108 Papo de Colecionador 114 Km Livre 122 Viagem 128 Sabores 130 Guia
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OPINIÃO
Henrique e suas circunstâncias Veja você que Henrique era um “chato”, buscava no fundo no fundo, a verdade
Roberto Wagner rwnogueira@uol.com.br
Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal, mestre em direito tributário - UCAM-Rio, professor de direito tributário da UCP – Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.
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enrique é um jovem contemporâneo, de maneira que vive numa época marcada por um profundo relativismo, onde tudo depende tão somente de um ponto de vista. E como diz Leonardo Boff: todo ponto de vista é a vista de um ponto. Se assim é, será a verdade apenas um ponto de vista, variante segundo a subjetividade de cada pessoa? Henrique é um rapaz incomodado com o relativismo atual. Alguns de seus amigos que gostam de refletir – e são poucos – sustentam com ele que o relativismo atual é positivo, ou seja, é maravilhoso viver numa sociedade múltipla. No entanto, Henrique retruca dizendo que essa postura pode levar à falsa ideia de que “tudo é válido”, o que fatalmente é um retrocesso social. Infinitas discussões acadêmicas nas muradas da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Enfim, Henrique é um intelectual. Em casa, é cercado por pais também formados em universidade e que, assim como ele, curtem os avanços do mundo moderno, só que, curiosamente, não nutrem os mesmos questionamentos do rapaz. Vivem a vida no aqui e agora, sem maiores indagações físicas ou metafísicas. Por exemplo, a mãe é frequentadora assídua de academia e é uma mulher de 47 anos, exuberante. Certa feita, Henrique presenciou o seguinte diálogo entre os pais. Ela reclamava do marido: você só está interessado em meu corpo! − engano seu, também sou amarradão no meu, respondeu o marido. Estas eram as circunstâncias do lar de Henrique. Virada de ano, família toda reunida, tios, tias, avós, sobrinhos e muita bebida. Todos comemoravam o início de mais um ano. No final
da festa, os estragos eram visíveis, havia gente deitada por todos os lados da casa, cada um mais ressaqueado que o outro. Logo ali, todavia, estava Henrique refletindo sobre o novo ano que se iniciara há pouco. Aproveitou que sua bela mãe se aproximou dele na varanda e, olhando para ela, falou-lhe: − estou sentindo um vazio..., e a mãe disse: − aproveite e vá malhar. − Não sei bem mãe, acho que estou com uma sensação de insegurança..., a mãe: − bobagem, vá ao shopping dar um passeio com a namorada. Henrique, então: − estou sentindo uma angústia aqui no peito, mãe. − Já sei meu filho, tome um lexotan (medicamento usado, entre outras situações, para ansiedade, tensão e outras queixas somáticas ou psicológicas associadas à síndrome de ansiedade) e após entre no twitter, no facebook e vá bater um papo, que isso passa. Veja você que Henrique era um “chato”, buscava no fundo no fundo: a verdade. Mas quem pode apresentar a verdade a ele num mundo onde sequer a questão da verdade é posta em questão. Em meio a dúvidas, foi se retirando da varanda com o cuidado de não pisotear as pessoas que jaziam “mortas”. Ao passar próximo à vó, sentada num confortável sofá, lascou-lhe um beijo na testa. A vó, meiga, segurou o braço do neto e, sem falar qualquer palavra, puxou-lhe para perto, abriu carinhosamente sua mão e colocou em sua palma, um belo crucifixo de remota data, não sem antes sussurrar-lhe ao ouvido: − foi de seu avô que era lindo e inquieto como você. Henrique, tocado com o gesto, e peito emproado, saiu a caminhar firme em meio a corpos caídos pela varanda e sala, com o crucifixo apertado em suas mãos.
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OPINIÃO
Cabo de vassoura
Não há democracia que se sustente sob um solo cuja legislação permita a candidatura de bandidos, assassinos, larápios e vendilhões. Helder Caldeira helder@heldercaldeira.com.br
Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista, colunista do Três Rios Online e autor do livro “A 1ª Presidenta”, primeira obra publicada no Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já está entre os livros mais vendidos do país em 2011. É apresentador do quadro “iPOLÍTICA” com comentários nos telejornais da Rede Record.
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STF (Supremo Tribunal Federal) acaba de aprovar, em definitivo, a vigência da lei da ficha limpa. Os ministros togados do Supremo declararam que cidadãos “ficha suja” não podem ser candidatos a nenhum cargo público eletivo a partir do pleito de outubro. Trata-se de importante e decisivo primeiro passo para varrer as baratas corruptas do cenário político brasileiro. Não há democracia que se sustente sob um solo cuja legislação permita a candidatura de bandidos, assassinos, larápios e vendilhões. Essa turma tem que ser banida mesmo e o STF decidiu o que nos parece óbvio há mais de um século! E que ninguém se engane: a toga não representa qualquer isenção política em nome da defesa do respeito aos ditames constitucionais. Um ministro do STF é escolhido pelo presidente da República (e de acordo com seus interesses!) e é legitimado após sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal (que nunca rejeitou um nome!). Não por acaso, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, à sua época, em 1990, indicou seu primo, Marco Aurélio Mello; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso indicou, em 2002, o advogado-geral da União e seu dileto amigo, Gilmar Mendes, para uma vaga de ministro; Lula foi pelo mesmo caminho e indicou, em 2009, o jovem paulista (com apenas 41 anos de idade!) José Antônio Dias Toffoli, também advogado-geral da União em seu governo e ex-assessor parlamentar e advogado do PT. Mesmo com essa polêmica sobre as indicações políticas para vestir a suprema toga e as incógnitas acerca dos critérios utilizados pelos presidentes da República para “sugerir” um “douto” nome para uma das 11 cadeiras do Supremo Tribunal Federal, a opinião pública – em especial na era digital e de poder das redes sociais – vem dando demonstrações de grande força, interação e guia para as decisões da Corte. A lei da ficha limpa é um exemplo substancial dessa potência
popular. Os políticos, por razões patentes, nunca desejaram tal legislação. Mas o então projeto de lei foi protocolado no Congresso Nacional por quase 1,5 milhão de cidadãos brasileiros que assinaram a petição histórica. Sem saída, deputados e senadores foram obrigados a aprová-lo e o presidente Lula a sancioná-lo. Ainda assim, os nauseabundos queriam aproveitar um pouco mais as mamatas e só considerar a vigência da ficha limpa a partir das eleições presidenciais de 2014. A opinião pública não recuou: sacou o cabo de vassoura e deu-lhe na cabeça das “autoridades”. Nas redes sociais, os movimentos por uma posição séria e respeitável do STF se multiplicaram e os ministros ouviram o clamor, num evidente deslocamento rumo ao reconhecimento da influência da democracia – do grego, “demo” (povo) + “kratos” (poder; força). Engana-se também quem pensa que a decisão sobre a vigência da lei da ficha limpa foi unânime entre os ministros. Apenas sete deles assim votaram. Quatro foram contra de forma retumbante: os já citados Dias Toffoli e Gilmar Mendes, o ministro Celso de Mello e o próprio presidente do STF, Cezar Peluso. Um deles, inclusive, chegou a afirmar que se tratava de uma “opinião pública momentânea” e que a lei “poderá até condenar réus da Lei Maria da Penha, já que a agressão às mulheres parece ser um esporte nacional”. Vocês acreditam nisso? Esse mesmo ministro, ao final da sessão, disse em entrevista, se referindo aos seus pares que votaram pela vigência da ficha limpa por pressão da opinião pública: “Não é função do Supremo bater palmas pra maluco dançar!” Pois bem, antes ser maluco que dança com cabo de vassoura na mão em defesa dos mais elementares princípios democráticos, do que ser um profissional que só chega ao topo da carreira mediante indicações politiqueiras e conchavos coronelistas. O Brasil não é mais um feudo! Estamos começando a limpar nossa casa política e as baratas bandidas não vão sobreviver.
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OPINIÃO
O trirriense e o trânsito Muitos motoristas se sentem com superpoderes ao entrar nos carros Oneir Vitor Guedes oneirvitor@hotmail.com
Oneir Vitor Guedes formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e, atualmente, atua como advogado e consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunista do Três Rios Online.
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trânsito em Três Rios tornou-se um assunto extremamente polêmico, capaz de transformar conversas triviais em acaloradas discussões, nas quais sobram críticas às medidas adotadas pelo poder público municipal. Contudo, um olhar atento é capaz de observar que aquela parcela dos munícipes que apresenta grande facilidade em apontar erros, é a mesma que possui uma enorme dificuldade em reconhecer sua fatia de culpa pelos problemas. O que muita gente não se dá conta é que nada adiantará a edição de uma infinidade de leis e atos administrativos pelo poder público, se o cidadão relutar em obedecer aos princípios básicos da gentileza e boa educação. Cada um tem sua parcela de culpa. Muitos motoristas se sentem com superpoderes ao entrar nos carros, como verdadeiros “Power Rangers” em seus “Megazords”. Lembram-me o episódio do desenho animado do Pateta no qual o personagem era afável e pacífico, mas ao conduzir um veículo tornava-se grosseiro e desaforado, cometendo variadas atrocidades no trânsito. Há, ainda, os motoristas que se valem usualmente do “jeitinho brasileiro”, fazendo as chamadas “baianadas” em várias situações. Quanto aos motociclistas, nota-se que muitos conduzem suas máquinas como se estivessem jogando “GTA” (famoso game, no qual o personagem vai ganhando mais pontos à medida que comete condutas indevidas), havendo na cidade até mesmo aqueles que se autodenominam “pilotos de fuga” (não são raras as cenas de imprudência por parte de alguns destes condutores). Em relação aos pedestres trirrienses, seja por pressa, preguiça ou certeza da impunidade, o fato é que muitos deles resistem em obedecer às regras de travessia segura. O desrespeito rotineiro com as faixas de pedestres
faz com que elas pareçam ter apenas uma função decorativa. O mesmo se observa em relação aos semáforos, pois grande parte dos transeuntes, aparentemente daltônicos, insiste em ignorá-los. Embora muitas atitudes dependam do governo local para sua implantação, há várias alternativas que podem ser assumidas pela própria população, como o compartilhamento de veículos em um sistema rotativo de caronas ou a compreensão de que, em uma cidade relativamente pequena, como a nossa, a melhor opção é caminhar ou utilizar um meio de transporte mais eficiente, saudável e ecológico: a bicicleta. Muitos já proferiram duras críticas às novas ciclofaixas, que provocaram uma absoluta falta de vagas de estacionamento na cidade. Contudo, com civilidade e bom senso dos munícipes, é possível até mesmo transformar este problema em solução, afinal, pedalar nos centros urbanos tem se mostrado uma tendência mundial (fenômeno denominado cicloativismo, já consolidado em países “desenvolvidos”). É preciso romper com a mentalidade de que usar o automóvel o tempo todo é um símbolo de status (influência do lobby da perversa indústria automobilística) e acabar com a atitude de muitos que costumam ir de carro, mesmo morando a apenas algumas quadras do local de trabalho. Não devemos deixar de cobrar uma postura eficiente das autoridades. Contudo, a real solução de nossos problemas de mobilidade urbana só será alcançada quando cada um se convencer da importância de seu papel na necessária melhoria do trânsito da cidade. Em outras palavras, é essencial a população adquirir novos hábitos e que “Power Rangers”, “pilotos de fuga” e “daltônicos” passem a se comportar como verdadeiros cidadãos.
OPINIテグ
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OPINIÃO
O advogado de fato e o advogado de direito
Singelas diretrizes para o aperfeiçoamento profissional e o preparo acadêmico David Elmôr david@elmorecorreaadv.com.br
David Elmôr é advogado criminalista, originário de uma das mais respeitáveis bancas de direito do Brasil (SAHIONE Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR & CORRÊA Advogados
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ecentemente, em uma conversa informal com amigos que residiram fora do Brasil, cheguei à conclusão de que em nosso país, de maneira geral, a classe dos advogados não atinge um elevado índice de respeitabilidade perante a sociedade, ao contrário do que se verifica na maioria dos lugares do mundo (ex. EUA, Europa e Japão), e isto se dá devido à má preparação científica dos mesmos e a uma postura indesejável adotada por muitos “profissionais” no mercado de trabalho. Nesta ponderação, traçamos aqui, uma breve diretriz, em oito dicas, para orientar jovens operadores do direito, de forma a demonstrar que o profissional de sucesso, respeitável e confiável, é o “advogado de fato”, e não o “advogado de direito”. O advogado de direito, geralmente, é aquele “profissional” que não trabalhou de forma efetiva na vida acadêmica, ou seja, que não estagiou de maneira produtiva, e, de certa forma, ao terminar o curso de direito, é “atirado” ao mercado de trabalho sem nenhum preparo, apenas empunhando uma carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O advogado de fato não se sedimenta da noite para o dia. Isto, tendo em vista que, para tanto, é necessário percorrer uma longa jornada, tortuosa, no entanto, extremamente gratificante àqueles que a ela se entregam. Desta forma, para se tornar um profissional de qualidade (advogado de fato) é fundamental que se tenha disciplina e personalidade para seguir os
passos adiante traçados: ESTAGIE: o quanto antes, estagie na vida acadêmica, especialmente em um escritório de advocacia com grande demanda, no qual possa conhecer as mais variadas áreas do direito, de forma a tornar aguçadas suas preferências no campo jurídico; CONHEÇA-SE: defina sua identidade com base no que você é. Identifique seus principais valores e tire partido de suas virtudes. Determine o que é ter sucesso para você. Isto é fundamental para traçar seus futuros objetivos; ESPECIALIZE-SE: cada vez mais, o cliente está à procura de especialistas, pois todos estão em busca de respostas rápidas e eficientes. A especialização conduz à confiabilidade e ao respeito, de forma a criar uma referência em seu âmbito de atuação no campo jurídico; APRIMORE-SE: quem se aperfeiçoa naquilo que gosta tem mais chances de alcançar seus objetivos. Os advogados com mais horas de prática serão sempre os melhores. “Somos aquilo que fazemos repetidamente. Portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito.” (Aristóteles) Nesse diapasão, com estas quatro orientações iniciais, denominadas como “bases para capacitação profissional”, encerra-se a primeira etapa do planejamento de carreira jurídica aqui proposta. Na próxima edição, estamparemos as quatro considerações finais, que tratarão das “bases para visibilidade profissional”. Aos amigos operadores, aos acadêmicos de direito e aos pleiteantes à carreira jurídica, até breve!
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CULTURA COMPORTAMENTO
Os bastidores de 1964 POR ALINE RICKLY
FOTOS ARQUIVO PESSOAL ZÉLIA LUÍZA MORAES GARCIA
Areal foi o palco de um dos momentos mais importantes da história do país. Em 31 de março de 1964, tropas mineiras e cariocas se encontraram na cidade que, na época, ainda não era emancipada e fazia parte de Três Rios. O encontro tinha como objetivo um confronto a fim de derrubar João Goulart, então presidente do país.
“
A cidade amanheceu repleta de soldados e canhões. Eu tinha dez anos e ia para a escola às 7h, quando me deparei com as tropas e um dos soldados me disse: ‘Volta para casa menina, não vai ter aula hoje’. Assustada, fui falar com meu pai que tinha uma oficina no centro de Areal, onde a tropa do Rio de Janeiro estava concentrada. Ele logo me pegou e levou para casa. A ordem era que todos os moradores se retirassem da região porque haveria uma guerra”. Este depoimento foi dado pela professora Fátima Castellani de Freitas, 58, moradora da cidade de Areal.
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O historiador Marcos Levi explica a conjuntura política da época, assim como a situação que o presidente João Goulart vivenciou nos últimos dias de seu mandato. “No dia 13 de março de 1964, no Rio de Janeiro, houve um comício que marcou o início da derrocada do governo de Jango. O tom do discurso levou os conspiradores de plantão a darem movimento ao golpe. Seis dias depois, em São Paulo, aconteceu a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que foi uma resposta dos setores conservadores para o comício de 13 de março. Para piorar a situação, o governo apoiou o chamado
“Motim dos Marinheiros” que ocorreu entre os dias 25 e 27 do mesmo mês. Este apoio causou descontentamento nos superiores das Forças Armadas. Depois de ser criticado abertamente pelos oficiais militares, Goulart rebateu tais críticas em discurso no Automóvel Clube do Rio de Janeiro, considerado a gota d’agua. O General Mourão Filho, que estava em Juiz de Fora, teria dito: Chegou a hora. Não podemos esperar mais um só minuto. Levi conta que havia um temor em relação à presidência de Jango, pois a classe média via nele os espectros do comunismo, um governo de esquerda, uma
CanHÕeS Os moradores jamais esperavam uma situação como esta tão próxima
nova Cuba ou uma filial da União Soviética e lembra que o contexto era o da Guerra Fria em que as questões políticas estavam bipolarizadas, ou era a favor do EUA ou da URSS. “Jango buscou, durante seu governo, adotar uma política de austeridade econômica, chocava-se com interesses populares e acabou perdendo a autoridade que líderes populistas do passado desfrutavam. O presidente se considerava um herdeiro do populismo, no entanto, as rédeas das mudanças foram perdidas pelo mandatário em meio à neblina que descia dos quartéis”, explica. E foi a partir daí que os generais Luís Guedes e Olímpio Mourão Filho, contando com o governador mineiro Magalhães Pinto, colocaram as tropas nas ruas partindo de Minas Gerais com o objetivo de alcançar o Rio de Janeiro e derrubar Jango da presidência. “Eles usavam a prerrogativa de um movimento democrático, constitucionalista que tinha como finalidade dar legalidade à política do Brasil e afastar os ares comunistas. Os militares foram conseguindo apoio de setores conservadores da sociedade brasileira na medida em que se aproximavam do Rio. Nesse contexto, estas tropas iam tomando as cidades depois de partir de Minas. Um dos pontos de tensão aconteceu em Areal, no qual as tropas a favor do governo, comandadas por Cunha Melo, poderiam ter entrado em conflito com as que eram contra”, destacou. A aposentada arealense que não quis se identificar, A. M. M., 76, presen-
ciou o fato e contou sobre os momentos de pavor que os moradores passaram. “Neste tempo eu morava com os meus avós que se esconderam no porão da casa e eu tive que ir junto, pois eles eram bem velhinhos. A minha família morava na rua Afonsina. Foi a única que não deixou a casa, o resto saiu correndo para a fazenda Velha. Em cima do viaduto havia muitos soldados. Todo mundo foi para o centro da cidade por medo e curiosidade. Todos queriam saber o que estava acontecendo. No local, estavam presentes pessoas importantes
da época como Michel Felix, José da Veiga Soares e o Padre Cirilo”, conta. João Sanseverino Sobrinho, 80, conhecido na cidade por Nino, relembra o que aconteceu naquele dia. “Na época eu já tinha o posto de gasolina, que ficou tomado pelos soldados. Recebemos um aviso que era para desocupar a cidade, mas eu não quis deixar meu estabelecimento sozinho. Eu sinceramente não sabia se ficava ou ia embora. Tinha metralhadoras por todas as partes, muitos soldados em cima dos morros, viadutos dinamitados. A população estava
trOPaS Areal foi tomada por oficiais de Minas e do rio em 1964 revistaon.com.br
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A notícia foi veiculada em jornais e revistas de todo o país apavorada”, diz. O escriturário Arildo Alves de Freitas, 63, recorda que a informação dada às pessoas é que haveria uma guerra naquele local. “Foi um alvoroço naquele dia. Quem não se trancou em casa, foi para os morros. Eu lembro exatamente do rosto de desespero dos indivíduos”, comenta. Augusto Isidore, 73, tinha uma mercearia na Posse, distrito de Petrópolis, próximo a Areal. “Sabíamos que as tropas estavam vindo, porque falaram no rádio. Então, os moradores compraram alimentos para estocar em casa. Quando os oficiais chegaram, também compraram, fiquei com as prateleiras vazias e por volta das 15h fui para casa. No meio do caminho, os soldados me impediram de passar. Expliquei que morava ali na divisa da Posse com Areal e que minha família estava sozinha e o soldado chamou um sargento que me acompanhou até a entrada da minha casa”, diz. Waldir Alves Teixeira, 75, conta que os moradores de Areal jamais esperavam que isso fosse acontecer. “O volume de informação, naquela ocasião, era muito menos do que temos hoje em dia. Sabíamos que a crise do governo era
OFICIaIS a quantidade de soldados nas ruas assustou os moradores 22
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grande e que havia um movimento das tropas de Minas, mas, de repente, quando vimos a cidade estava cheia de soldados, lotada de armas, o comércio fechou as portas, foi algo inesperado”, afirmou. A professora de história e moradora da Posse, Maria Helena Rodrigues, 65, lembra que durante a madrugada ouviu barulhos das tropas do exército, entre 2h e 3h. “Este é um episódio histórico que ficou marcado. As tropas de Minas ficaram na divisa com o Rio, nas trincheiras em Três Rios e Areal, mas felizmente não houve um tiro”, comemora. No entanto, o que deslancharia em uma guerra de brasileiros contra brasileiros foi pacificado por uma notícia que mudou tudo. “O general Cunha Melo decide não dar combate porque teria ficado ciente de que o 1º Exército havia aderido ao golpe, deixando o caminho livre para que as tropas chegassem ao Rio. Assim elas caminharam e acamparam nas proximidades do Maracanã. Assim, estava dado o golpe com a deposição de Jango, que foge do Brasil para o Uruguai para evitar que o país mergulhasse em uma guerra civil”, explica Levi. “Quando chegou a notícia de que não haveria mais guerra, fomos para o centro da cidade assistir o cumprimento dos oficiais. Felizmente acabou sem sangue, sem nada”, relatou A.M.M., enquanto José Sobrinho acabou por fazer amizade com as tropas. “Eles concordaram em não derramar sangue. Aqui eu conversei com os oficiais. Eles pagaram
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CULTURA
FOnteS arildo, Fátima e arcanjo recordam momentos vividos em 64
a gasolina e ainda almocei com eles”. Fátima de Freitas rememora que logo após o acordo entre as tropas, passou um avião deixando cair panfletos. “A população achou que era bomba, isso apavorou mais ainda, porém era apenas um material para tranquilizar os moradores de que não haveria mais confronto”, disse. Waldir explica que o general do Rio já chegou com a bandeira branca, manifestando a paz entre as tropas. A notícia foi veiculada em jornais e revistas de todo o país na época, incluindo a extinta “Fatos e Fotos”, a “Manchete” e o “Correio da Manhã”. Segundo um trecho publicado na “Revista Manchete”, o pior estaria por vir: “Se as batalhas não tivessem sido evitadas: um choque de proporções incalculáveis, com o começo em Itaipava e Pedro do Rio e o clímax na Estrada do Contorno e na Raiz da Serra, em Caxias, onde o I Exército dispunha de armamento ultramoderno e contava com posições do maior valor estratégico, para milhares de soldados. Seria possível calcular uma vitória dos mineiros, em Paraibuna; uma luta dura em Areal e uma vitória do 1º Exército – se unido – nas regiões que vão de Itaipava à baixada que liga a Raiz da Serra à Avenida Brasil”. Os jornais locais também deram a notícia nos dias 31 de março, 1 e 2 de abril daquele ano. O “Diário de Petrópolis” informou sobre o primeiro encontro das tropas em Paraibuna. “Hoje, pela manhã, houve em Paraibuna, fronteira do Estado do Rio com Minas, o primeiro contato das tropas legalistas contra os rebeldes. Não há notícias de
lInHa de treM Por todos os lados havia soldados na cidade
luta, informando-se que tropas mineiras passaram-se para as do Governo”, dizia o diário em 31 de março que também publicou uma nota a respeito da Marcha da Família que falava: “a Marcha da Família que sucederá no Rio, na próxima quinta-feira – em defesa do regime democrático, do regime e das liberdades humanas, contará com a participação de grande caravana de petropolitanos que participarão da Praça dom Pedro. A Rá-
dio Imperial poderá dar ao leitor, maiores detalhes para as adesões”. Após a notícia da renúncia de João Goulart, a “Tribuna de Petrópolis”, no dia 2 de abril, destacou a vitória das tropas mineiras. “Depois de uma noite de duras apreensões e um dia não menos apreensivo e de grande expectativa, tornou-se vitorioso o movimento revolucionário encabeçado pelo Estado de Minas Gerais, com o governador Magalhães Pinto, que conseguiu adesões de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Guanabara, Espírito Santo etc.”. Abaixo uma chamada para a adesão do I Exército: “I Exército Aderiu - O movimento revolucionário iniciado em Minas, foi marcado pelo movimento de tropas ocupando pontos estratégicos, postos de gasolina, ocupação de Juiz de Fora. Visando conter as tropas sediadas na Manchester Mineira, deslocou-se para lá o 1º Batalhão de Caçadores por ordem do comando do 1º Exército que em seguida ordenou a ida para lá do Regimento Sampaio”, informava.
Após o encerramento do episódio, a “Tribuna de Petrópolis” informou: “O Fim – O ex-Presidente João Goulart, ontem de madrugada chegou a Porto Alegre, procedente de Brasília. Na capital do Rio Grande do Sul permaneceu até pouco antes das 17h, quando outra vez tomou o avião. Anunciava-se, após, que um pedido de asilo político fora encaminhado ao Governo do Uruguai. Sem confirmação, dizia-se que João Goulart desembarcara no aeroporto de Carrasco, acompanhado de 15 generais, dirigindo-se para a Embaixada do Brasil, em Montevideo. Convém recordar que João Goulart possui diversas propriedades no Uruguai, inclusive fazendas”. Com a renúncia e a fuga para o Uruguai, o poder ficou nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili. Logo depois, houve uma eleição indireta, na qual o Congresso Nacional elegeu Humberto de Alencar Castelo Branco como primeiro General Presidente. Os anos seguintes, até 1985, foram marcados pelo regime militar.
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LAZER
“Olha que belê”!
Ivete vem aí... POR FREDERICO NOGUEIRA
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Estrela do axé faz sua primeira, e aguardada, apresentação em Três Rios
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que era um sonho distante para os fãs de carnaval, micaretas, festa e badalação, será realidade em Três Rios. Ivete Sangalo aterrissa na cidade no dia quatro de maio. É a terceira edição do TR Folia, evento já considerado o maior e mais animado por micareteiros da região Centro-Sul Fluminense. No primeiro ano, foram 12 mil pessoas. Em 2011, o público dobrou com a participação de Cláudia Leitte e da dupla Maria Cecília & Rodolfo e, para a edição 2012, os organizadores acreditam que, com a qualidade da estrutura e da organização, o campo do Entrerriense Futebol Clube terá um público recorde. A baiana, atração do primeiro dia do evento, conheceu o sucesso ainda como
vocalista da Banda Eva, em meados da década de 1990. Em 1999 começou a bem sucedida carreira solo, que já levou seu nome, sua presença marcante e alegria contagiante aos fãs de todos os cantos do país e do planeta. A fama internacional pode ser notada com a gravação de seu mais recente trabalho no Madison Square Garden, em Nova Iorque. No segundo dia, os shows ficam com a banda Jammil e Uma Noites e o cantor Naldo. Com show novo, músicas inéditas e releitura de antigos sucessos, Manno Góes e Levi Lima comandam a Jammil, que agrada os foliões por onde quer que passem. Sucessos como “Praieiro” e “Tchau, I have to
naldO O artista consegue agradar em diversos estilos: funk, hip hop, pop e romântico
CaMarOte W!One lara luz comanda as pickups no primeiro dia da folia
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CaMarOte PreMIUM O dJ Vinícius Guimarães promete não deixar a festa acabar após o show de Ivete
JaMMIl e UMa nOIteS a banda já consagrou sucessos como “Praieiro” e “Colorir papel”
go now” colocaram a banda de axé nos topos das paradas e no gosto popular. Atualmente, a música “Colorir papel” entrou na trilha sonora de uma novela. Do axé para o funk, (e por que não dizer, também, ao pop, hip hop e romântico), cantor de “Meu corpo quer você” e “Na veia”, Naldo promete deixar o público ansioso pela próxima edição.
O TR Folia 2012 conta com mega palco, pista com lounge, bares, banheiros, segurança, área para portadores de necessidades especiais em frente ao palco, praça de alimentação, posto médico e dois camarotes, W!One e Premium. Com capacidade para 1.500 pessoas cada, os ambientes são a garantia de que a festa não ter- MaPa dO eVentO mina após os shows. Foliões dos camarotes e da pista Nos camarotes, a podem ficar em frente ao palco animação fica com os DJs Lara Luz, Rafael Nazareth, Sandro Valente, Viní- recordações, lembre-se: se beber, não dirija; leve apenas o documento de identidade, cius Magalhães e Michel Souza. Nas redes sociais, o assunto já é co- o abadá, pequena quantia em dinheiro e mentado. E, para que a festa só deixe boas muitos amigos! “Se joga nessa festa!”
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R E A L I Z A Ç Ã O
LOCAL:
ESTÁDIO DO ENTRERRIENSE
Três Rios- RJ | A partir das 21h
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MEIO AMBIENTE
Realidade
Orgânica POR PRISCILA OKADA
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A preocupação com o meio ambiente e a busca por uma vida mais saudável começam a fazer parte da realidade dos brasileiros. Exatamente por isso que os orgânicos são hoje itens indispensáveis no dia a dia dos consumidores. Um projeto transforma sítios convencionais em orgânicos para abastecer o mercado já aberto para essa agricultura, apesar da pouca oferta. Um sítio sul-paraibano colhe os frutos e serve de modelo para outros agricultores.
O
dia de sol banhado por uma rápida chuva transformou a estreita rua de terra em um “mar” de lama. Foi nesse ínterim, no final do mês de janeiro, que as porteiras do sítio Recreio, localizado em Werneck, distrito de Paraíba do Sul, foram abertas para mostrar como funciona a plantação de produtos 100% orgânicos. O produtor rural Mário Sérgio Leal Cordeiro foi seduzido pelo modelo saudável de cultivar hortaliças e frutas. De origem familiar, Cordeiro conta que os 15 hectares de terra foram herdados após a morte de seu pai, Jadir Cordeiro. Diante deste triste fato, em 1996 passou a administrar o terreno. Na agricultura convencional, produzia arroz, abóbora laranja e tomate, mas utilizava adubos químicos e agrotóxicos. “Passei a cuidar de tudo, mas a falta de mão-de-obra e pouco
Os produtores interessados na agricultura orgânica devem procurar a Emater em Paraíba do Sul recurso financeiro impossibilitaram os investimentos. Continuei a pequena produção, consegui sobreviver e pagar algumas contas,” lembra e comenta a diferença atual. “Antes da produção orgânica eu não tinha rotatividade dos produtos. Era tudo em pouca escala. Hoje, eu consigo aumentar gradualmente”, revelou. A mudança na forma de plantar começou há um ano, quando o agricultor procurou a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) em
busca de um trator emprestado. Na ocasião, conheceu o técnico responsável pelas propriedades agrícolas da cidade, Pedro Paulo Florenzano Júnior. Cordeiro, então, revelou ao técnico o sonho de tornar a propriedade um lugar destinado ao turismo rural. “Queria construir um pesque e pague, alguns chalés para hospedagem e proporcionar passeios ecológicos a grupos escolares”, informou. Com pouco recurso e um sonho, o produtor estava perdido. Nesse momento, foi orientado a investir nos cuidados com a terra, antes de prosseguir com os investimentos no turismo. “O projeto do Mário começou em meados de 2010. Começamos com um trabalho de adequação da propriedade com a proteção das nascentes. Foi quando comecei a questionar porque uma propriedade tão grande não rendia lucros. Detectei, nesse tempo, revistaon.com.br
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MEIO AMBIENTE
um perfil empreendedor nele. Então, em 2011, fizemos uma análise do solo e indicamos algumas culturas. A partir daí, ele começou a plantar hortaliças e frutas orgânicas”, relata o técnico da Emater. Em decorrência da tragédia das chuvas que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro no início de 2011, impossibilitando a aplicação do projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), que doaria 110 kits a essas cidades, os materiais foram transferidos para cidades vizinhas, que se encontravam em áreas “seguras”. O projeto consiste em uma tecnologia social de baixo custo que visa o manejo agroecológico da produção. O modelo convida os produtores ao desenvolvimento sustentável, estimulando a agricultura orgânica por meio de um processo produtivo sem uso de agrotóxicos e apoiando o manejo adequado dos recursos naturais, além de incentivar a diversificação da produção e evitar o desperdício de alimentos, água e energia dos moradores locais. Identificadas entre as cidades com alta produção agrícola no estado, Paraíba do Sul, Areal, Paty de Alferes, Três Rios e Areal receberam 15 kits cada. De acordo com Júnior, Paraíba do Sul saiu na frente e assinou um convênio em parceria com o Sebrae. “Algumas dessas cidades não se interessaram pelo projeto. Fizemos de tudo para adquirir mais kits para o município. Em Paraíba, quem faz a condução agropecuária é a Emater, um convênio do município com o estado. A prefeitura não tem técnico nessa área e quem cui-
PrOdUtOr Mário Sérgio tem orgulho em mostrar a abóbora colhida da horta 30
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HOrta eM CÍrCUlO Facilita a irrigação por gotejamento, que evita o desperdício d’água
da desse segmento somos nós. A partir dos benefícios conquistados, analisamos quais produtores estariam aptos a recebê-los. O primeiro nome pensado foi o do Mário Sérgio, que já passava pela transição da agricultura convencional para a orgânica. Trabalhamos para que o sítio dele fosse a unidade modelo. Pegamos todos os conceitos do projeto, desde a aplicação na propriedade. Quando foi definido, a unidade dele já estava pronta”, relembra e informa que até o final de março, mais 30 agricultores devem aderir ao projeto, que visa abastecer a região com alimentos naturais. De acordo com o profissional, o material entregue a esses produtores consiste na instalação de uma horta, sistema de irrigação por gotejamento (elimina o desperdício de água), caixa d’água, material para a instalação de um galinheiro de 25 metros quadrados (capacidade para 120 galinhas), dez galinhas, um galo, adubo orgânico, ferramentas como carrinho de mão, tela para cercar o piquete (espaço de pastagem das galinhas), mudas de hortaliças e frutas. “Tudo para iniciar uma produção orgânica”, completa Júnior. Com o processo “limpo” em funcionamento desde novembro de 2011, quando a implantação deste novo método foi finalizada, Mário passou a produzir diversos alimentos em três hectares da propriedade. Dentre eles: alface crespa, lisa, roxa, jiló, brócolis, tomate cereja, milho comum, milho de pipoca, chuchu, abóbora menina brasileira, moranga, caravela, mandioca, couve, salsa, quiabo, pimenta, jabuticaba, banana, lichia, mexerica,
PlantIO as sementes são plantadas em recipientes antes de serem fixadas na horta
limão, maracujá, coco da Bahia, goiaba, pitanga, castanha do Pará, manga, laranja, caju, jaca e melão. Além disso, vende ovos orgânicos e adubo natural. Como resultado de todo esse processo, as vendas aumentaram, confirma o produtor. Cerca de 50 clientes já compram com Cordeiro, seja no varejo ou atacado. As formas são variadas. “Conhecidos fazem encomendas por telefone, deixo minhas hortaliças nos mercadinhos no Inema, Jatobá e no bairro Santo Antônio onde moro. Monto uma mesa em frente a minha casa e vendo tudo”, relata. De acordo com o técnico da Emater, através de uma cooperativa criada pelos agricultores sul-paraibanos, a qual inclui Cordeiro, escolas municipais detêm uma parte desses alimentos. Certificação
Mário aguarda a aprovação do selo orgânico. O objetivo é comprovar a isenção química dos produtos. Essa comprova-
o material produzido no processo e leva para análise. A partir daí, revelam se o plantio está de acordo com as normas”, informa o técnico Pedro Paulo. Produtor orgânico
rarIdade a castanha do Pará é um dos produtos cultivados
ção também garante o resultado de uma agricultura capaz de assegurar qualidade ambiental, nutricional e biológica dos alimentos. “Para você ter uma produção orgânica, existe uma legislação própria, que determina quais produtos podem ser utilizados ou não. Você tem que seguir essa legislação. Se estiver de acordo, o agricultor solicita a avaliação de empresa registrada no Ministério da Agricultura. Essa instituição avalia o projeto, colhe
De acordo com o técnico Júnior, enquanto houver interessados no cultivo natural, a Emater, em parceria com o Sebrae, vai disponibilizar kits. O requisito mínimo para quem deseja investir no modelo é possuir, no mínimo, 5.000 metros quadrados de terra, dos quais 3.000 devem ser área plana para a instalação do modelo de irrigação. “Além disso, precisa ter perfil de produtor e querer trabalhar com a cultura orgânica, além da disponibilidade de tempo. Para os que nunca tiveram contato com a terra e se interessam, conversamos para conhecer o perfil e ajudamos neste início. Para os novatos da agricultura e os que já trabalham com a terra, oferecemos cursos de aprendizagem e aperfeiçoamento”, finaliza e orienta os interessados a procurarem a Emater em Paraíba do Sul.
Diferença do produto orgânico em relação ao convencional Respeito ao ciclo das estações do ano e às características da região Colheita de vegetais na época de maturação (sem indução). Rotação e consorciação de culturas Uso de adubos orgânicos e reciclagem de materiais Tratamentos naturais contra pragas, doenças dos vegetais e plantas invasoras manejadas sem herbicidas Acesso dos animais a piquetes Alimentação orgânica e uso de práticas terapêuticas para cuidar dos animais
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Pode até parecer uma ideia audaciosa, mas ninguém pode negar que seja promissora. Afinal, plantar seringueira em Três Rios dará lucro? Um grupo de empresários e um médico apaixonado por esta cultura acreditam e se preparam para investir na árvore que produz a borracha natural.
POR RAFAEL MORAES
vertical
Produção
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O cardiologista Jones Cezar Guimarães tinha que criar uma proposta que ajudasse o meio ambiente para um programa de governo de uma campanha eleitoral, quando foi candidato. A partir desse objetivo, esbarrou na possibilidade de plantar em Três Rios e no Vale do Paraíba fluminense essa árvore amazônica. Ele não se elegeu, mas afirma que a ideia foi aproveitada pelo governo e começa a transformar a cidade em um novo polo de criação de mudas. “Da minha varanda, eu vejo todo o vale e observo a degradação. Está destruído, devastado. Então, refletindo sobre um programa de governo, uma proposta para conquistar o voto do eleitor, pensei: ‘É preciso alguma coisa para recuperar o meio ambiente, algo que também traga dividendos econômicos’”, relembra Jones o que fez em 2003. A região já foi produtora de café, virou bacia leiteira, que também perdeu força e espera, na Nestlé, a saída para reaquecer a produção. Pensando nisso, o médico cardiologista buscou na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) uma solução e conseguiu. “O técnico revelou que já havia mandado inúmeros comunicados para a prefeitura sugerindo o investimento em seringueira na região. Aquilo foi uma surpresa para mim”, conta. Ela é uma árvore de grande porte. Sua origem é da região amazônica, nas margens de rios e lugares inundáveis de mata e terra firme. “A seringueira (Hevea brasiliensis L.) é a principal fonte de borracha natural do mundo. Foi descoberta no século 18, mas somen-
te na década de 40, século 19, durante a monarquia de d. Pedro I, começou a exploração”, revela o coordenador de heveicultura da Pesagro-Rio (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro) Aldo Bezerra de Oliveira. Pesquisador em fitotecnia (técnica de estudo das plantas) com mestrado em produção de plantas, ele é cotado para coordenar o 5º polo da seringueira no estado, instalado em Três Rios. Segundo Oliveira, o polo começou a funcionar em dezembro do ano passado com a implantação de jardins clonais de produção para fornecimento de material genético recomendado para esta região. No entanto, ele completa que, “concomitantemente, será implantado um viveiro e, a partir do final deste ano, já estarão sendo formadas as primeiras mudas de seringueira, para implantação”, garante. De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Agricultura Thiago Vila Verde, as matrizes usadas nos viveiros são fornecidas por uma firma que produz pneus. “É um convênio que o governo estadual tem, no qual essa empresa se compromete a comprar toda a produção”, esclarece. Desta forma, o investimento terá retorno garantido, já que o Brasil importa 80% da borracha natural. Apesar de ser da Amazônia, em 1876, ingleses levaram cerca de 70 mil sementes para fora do país. Das plantas germinadas, parte foi plantada no Sri Lanka, onde o cultivo se expandiu por todo o sudeste asiático, responsável, hoje, por 92% da produção mundial. Além das técnicas desenvolvidas, o clima também favoreceu a planta. “Hoje o mundo produz a borracha que conso-
NEGÓCIO
vegetal Elenice de Cássia Conforto, ao explicar que o desenvolvimento depende de vários fatores, dentre os quais pode citar o tipo de clone empregado.
“O Brasil importa 80% da borracha natural”
Benefícios
JOSÉ FranCISCO O empresário já plantou mais de 10 mil árvores
me, não sobra uma tonelada de borracha. Estamos na iminência da crise de falta de borracha natural. Tem a borracha sintética, mas ela não consegue se equiparar às qualidades físicas e químicas da natural”, alerta Jones. O empresário trirriense José Francisco também aposta na ideia e plantou 10 mil pés. “Precisamos que chova para plantar mais 15mil”, contou ele na entrevista realizada em seu escritório em outubro de 2011. “Há três anos visitei a propriedade de um amigo que tem esse empreendimento e ele falou das perspectivas”, revela sobre o que lhe motivou a investir. Afonso de Souza Filho é um agropecuarista trirriense e planta seringa, mas em outra cidade. Ele tem 60 mil em Silva Jardim, município da região dos lagos a 106 km da capital. Todas são mudas novas, as mais velhas estão com pouco mais de dois anos. De acordo com Aldo, especialista da Pesagro, em geral, é preciso entre seis e sete anos, “podendo ser antecipado conforme o trato dispensado nas práticas culturais recomendadas”. “Para que uma planta esteja considerada apta a entrar em sangria [processo de extração do látex], conforme critérios já estabelecidos na literatura, ela deve ter uma circunferência mínima de 45 cm medida a 1,3 metros acima do nível do solo”, esclarece a doutora em biologia 34
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O investimento é alto e o retorno só pode ser mensurado após seis anos de cuidados. No entanto, os mais otimistas garantem que as expectativas são facilmente superadas. “Você imagina uma floresta aqui em Três Rios, já que, se juntar com Paraíba do Sul, haverá uma área de 50 mil hectares para isso. Uma floresta dessas é espetacular, ela muda o clima aqui da região. Provavelmente vai cair a temperatura, quando estiverem com produção máxima após os seis anos.”, diz, animado, Jones. No entanto, de acordo com alguns pesquisadores, é preciso avaliar a situação. “De maneira geral, a sensação térmica próxima às árvores é melhor. Porém, a contribuição para uma temperatura amena é certo exagero”, discorda o pesquisador científico e especialista em melhoramento genético da seringueira, Paulo de Souza Gonçalves. De acordo com Elenice, todas as plantas precisam realizar um processo denominado fotossíntese, que consiste na conversão de dióxido de carbono em açúcares. Para isso,
JOneS O cardiologista é uma das pessoas que acreditam na heveicultura trirriense
ela precisa abrir os microscópicos poros presentes em suas folhas para capturar o carbono e, é neste momento, com o poro aberto, que a água vai ser liberada para a atmosfera. “Deste modo, todas as plantas movimentam fantásticas quantidades de água a qual irá causar, sem dúvida alguma, um aumento na umidade relativa e um decréscimo na temperatura ao redor desta planta, numa alteração que chamamos de microclimática (...). Para avaliar até onde vai o raio de influência desta alteração, medidas podem ser feitas com uso do aparelho termo higrômetros, mas eu não venderia esta ideia de modo tão simplista”, conclui. Crédito de carbono
Para o planeta, o aumento na absorção de CO2 se tornou necessária para minimizar o efeito estufa. Diante disso, a plantação de seringueira também contribuirá neste sentido, visto a necessidade fisiológica da planta, cujo resultado é maior quantidade de oxigênio no ar. Assim, empresas que poluem e não têm como minimizar os efeitos em detrimento ao meio ambiente, podem comprar esses créditos de produtores. “Ela vai produzir oxigênio que pode ser vendido como créditos de carbono, além de poder fazer o plantio de maracujá, pinhão manso para produzir biodiesel e ainda criação de ovelhas sem lã”, afirma o otimista Jones. Para entender, de fato, como funciona e porque existe esse crédito, vamos voltar ao Protocolo de Kyoto. Assinado em 1997, determinava, dentre outros pontos, que os países participantes, o que inclui o Brasil, deveriam reduzir em 5,2% a emissão de gases, comparando os resultados registrados em 1990. O efeito estufa faz parte do planeta e, graças a ele, a Terra é mais quente do que o espaço e tem a temperatura ideal para que os seres vivos sobrevivam, no entanto, o aumento de dióxido de carbo-
eXtraÇÃO O látex começa a ser retirado após seis anos
no no ar, retém o calor em nossa atmosfera, elevando a temperatura do planeta. Para países cumprirem as metas do Protocolo de Kyoto, comprar os créditos de carbono de países que diminuíram suas emissões foi a solução encontrada. Assim, os produtores podem se cadastrar em entidades internacionais para começar a vender esses títulos.
tHIaGO VIla Verde Segundo o secretário de Meio ambiente e agricultura a produção será absorvida por uma empresa de pneus
além e explica que, “em geral, a seringueira se desenvolve bem em solos profundos, não pedregosos. Três Rios se encontra com a maioria dos solos latossólicos vermelhos e amarelos, que apesar da baixa fertilidade, com a tecnologia disponível, é possível a formação de seringais altamente produtivos”, garante. O processo de produção
Mal das folhas
Apesar dos benefícios serem tentadores, há uma doença que pode ser considerada a mais temerosa e devastadora das seringueiras: o mal das folhas. “Ela é ocasionada pelo fungo Microcyclus ulei. A proliferação deste fungo é beneficiada pela alta umidade relativa do ar, ou seja, em locais mais secos e áridos ele não causa problema algum”, explicou o biólogo Rodrigo Daud. Ainda de acordo com ele, causa problema principalmente em cultivos no sul da Bahia, uma vez que lá é plantado em sistema de monoculturas e a umidade é elevada. Entretanto, o clima em Três Rios é considerado bom para este plantio. É possível criar “clones adaptados a todo o tipo de clima, porém, é sempre bom plantar em zonas próprias. As cidades de Silva Jardim e Três Rios estão dentro de um bioma bem receptivo à seringueira”, diz o agropecuarista Afonso. O coordenador de heveicultura da Pesagro-Rio Aldo Bezerra foi mais
Para garantir todo esse resultado, os empresários tropeçam em outra barreira: a falta de mudas. Aldo revela que “este tem sido, historicamente, um dos obstáculos ao desenvolvimento da he-
veicultura no Estado do Rio”, entretanto, garante que o governo está desenvolvendo um programa de produção de mudas de seringueira, com previsão da capacitação de viveiristas em diversas regiões, inclusive Três Rios. O empresário José Francisco cedeu um espaço em sua fazenda para a produção de mudas. Com esse investimento, espera-se produzir 1 milhão por ano, meta a ser alcançada até 2014. O preparo das mudas é totalmente manual. O processo pode levar até dez meses para ser concluído. Cultiva-se uma planta originada de semente, que passa a ser chamada de porta-enxerto.
aFOnSO SOUZa ele tem 60 mil árvores plantadas na cidade de Silva Jardim revistaon.com.br
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NEGÓCIO
JardIM ClOnal aqui as mudas são preparadas
Posteriormente, em um jardim clonal, serão retiradas ´borbulhas´, que são brotos axilares, ou seja, um “tecido meristemático existente na base de uma folha. Ele tem capacidade de originar outros tipos de textura e é anexado, através de um corte, à base do porta-
-enxerto”, explica a bióloga Elenice de Cássia. Em uma etapa seguinte, a parte superior do porta-enxerto é removido, para se criar o broto, originando um caule de onde sairão folhas. A sangria é uma outra técnica, usada depois de seis anos, quando a árvore já está pronta para produzir. É uma atividade manual especializada, pois o seringueiro tem que ter treinamento para executar o processo com precisão, o que envolve ângulo de corte, inclinação adequada para que o látex não escorra fora do risco e tenha uma profundidade que atinja o maior número de vasos sem danificar a parte que promove a reposição. “Sangrias mal feitas comprometem a saúde da árvore e reduzem a vida útil delas”, complementa Elenice. Depois de extraído, o látex vai para
a indústria, onde pode se transformar em uma infinidade de produtos: mais de 3.000 diferentes. “Isto significa que aquele dióxido de carbono que foi sequestrado pelas plantas para a fotossíntese vai continuar guardado, não sendo liberado de volta para a atmosfera”, explica a bióloga. Parece muito, mais ainda há mais uma vantagem. No final do ciclo produtivo, ou seja, 40 anos depois, a seringueira ainda pode fornecer sua madeira para a indústria moveleira. Apesar de todo conhecimento científico empregado com técnicas de plantio, é a natureza que fornece a borracha usada nos principais meios de transporte. Prova de que ainda há uma luz no fim do túnel para que essa produção vertical cresça a favor da natureza que tanto dá sem receber nada em troca.
Etapas da produção
6º anO - COlHeIta Os seringueiros começam a sangria (extração do látex)
4º MÊS - enXertO neste momento une-se a planta nascida da semente com a geneticamente selecionada
CUltIVO dO POrta-enXertO esta fase envolve a preparação a partir de sementes de polinização natural 36
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10º MÊS - PlantaÇÃO Os clones são instalados no terreno para se desenvolverem
40º anO - SUBStItUIÇÃO as árvores não produzem mais e são transformadas em madeiras para indústria moveleira
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CARREIRA
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Na peleja para brilhar LUCIO LUNA
POR RAFAEL MORAES
FOTOS RICK
Gisele Bündchen, Paulo Zulu, Alessandra Ambrósio, Isabeli Fontana, Jesus Luz... As inspirações são muitas. O sucesso e a fama mexem com o ego e fazem parte do sonho de muitos jovens pelo país, afinal, quem não quer ter a beleza valorizada, ganhar dinheiro e ainda ser conhecido? Jovens de Três Rios e região se dedicam a essa curta carreira rumo às passarelas.
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CARREIRA REVISTA ON
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dificuldade para os jovens modelos é pertinente à profissão, um pouco mais que às demais, principalmente se estiverem longe de grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo. Para superar todas essas barreiras, quem já conseguiu um espaço dá a dica: “o segredo é cuidar da aparência, correr atrás e, acima de tudo, não desistir”, orienta a trirriense Tamires Luzia Lopes Coelho Mendes, 20 anos. Atualmente a estudante de direito mora em Juiz de Fora e diz levar a carreira como hobby. “Como sabemos, os polos de moda de verdade são Rio e SP”, explica ela que já desfilou no Fashion Days (evento de moda juiz-forana), Mostra de Inverno, Campanha da Cromia Cultwear e Zine Cultural, todos na cidade mineira. Ela começou em 2008, quando surgiu o TR Fashion, em Três Rios. Ricardo Mello foi um dos organizadores do evento e já agenciava jovens quando,
aGÊnCIa ricardo Mello trabalha com jovens modelos há mais de 15 anos
A beleza conta, mas não é o único quesito avaliado, diz Ricardo Mello
Tamires, junto com outros 19 modelos, foi selecionada por um olheiro da agência 40 graus Models. Apesar de representar modelos há 15 anos, foi em 2011 que Mello criou a agência junto com a sócia Morgana Martins da Silva. Atualmente, a empresa recebe 30% do valor dos trabalhos e o restante, 70%, fica para o profissional. A agência trirriense funciona como a mola propulsora para iniciantes. “Fazemos um workshop. Estamos produzindo a quinta edição que começou agora em março. É bem legal, a procura é grande e as meninas gostam”, conta. Geralmente é neste momento que é feita a seleção dos melhores. A beleza conta, mas não é o único quesito avaliado. “Tem que ter presença... às vezes o modelo é muito bonito, mas quando vai fotografar não fica bem. Do mesmo modo, tem modelo que chega aqui e nem tem estilo, mas quando se arruma e fotografa, nos deixa de boca aberta”, explica Mello. 40
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artHUr FOrteS aos 17, ele está está no mercado há dois anos
A influência das mães é importante, mas também tem lado negativo. Segundo Morgana, o principal objetivo é despertar o interesse do jovem, mas “se ele não quiser, esquece. Às vezes tem o corpo ideal, mas é o pai e mãe que quero, observa. Saulo Neves, 18, diz ter se decido por esta profissão há um ano. “Eu tinha entrado na academia e percebi que meu preparo físico estava bom e resolvi procurar uma agência para saber se havia a possibilidade. Tenho amigos que faziam entrevistas, sessões de fotos e me deu vontade também”, conta. Aos 17 anos, Arthur Fortes Carneiro já está no mercado há dois anos. Além da ambição de crescer neste meio disputado e da ajuda da família, é preciso ter força de vontade para ainda vencer a distância até os grandes centros. Apesar de ainda jovens, demonstram ter maturidade para enfrentar a concorrência com os pés no chão. Otimista, Saulo enxerga os desafios com outros olhos. “É um mercado amplo. Não é monótono, tem sessões de foto e desfiles. Não vale a pena ganhar algo sem ter uma luta, uma batalha. É preciso algum esforço para obter o que almeja na vida”, complementa. Ainda assim, é preciso romper a barreira da distância. “No interior, temos menos oportunidades”, revelou a modelo
Thaisa Toledo Piza, 20. Para Ricardo, é preciso estar disposto a enfrentar as grandes cidades. “Se ficar aqui é complicado, pois a concorrência é muito grande. Se uma agência do Rio, por exemplo, liga para fazer um teste, até o candidato chegar lá, já fizeram contato com vários outros que se apresentam na frente. Mesmo morando na capital já é difícil, tem que perseverar muito”, alerta. Apesar do devaneio de alguns, os que têm os pés no chão trabalham e buscam realizar seus sonhos cientes de que, apesar da vontade e esforço empenhado, existe a possibilidade de não alcançar o sucesso e aí, só uma segunda alternativa mais sólida para garantir o sustento e a estabilidade para o resto da vida. “A carreira de modelo é muito rápida. Quando não são os tops, tem que se garantir no futuro depois”, orienta Ricardo. Pensando nisso, Tamires Mendes uniu o sonho de ser modelo e a oportunidade
de cursar direito em Juiz de Fora. Thaisa Piza leva essa questão ainda mais a sério. Formada em gestão ambiental ano passado, diz que vai começar o técnico em segurança do trabalho. “Um sonho grande é cursar veterinária”, revela. Saulo vai prestar o vestibular no próximo ano. “O objetivo agora é medicina”, almeja. Ainda no ensino médio, Arthur já sabe em qual curso vai se graduar e importância da vida acadêmica. “É uma forma de me precaver”, afirma ele que diz gostar da engenharia. O sonho de conseguir um espaço em meio a tantas estrelas já brilhantes, às vezes fica meio distante e logo vem a vontade de desistir. Tamires já pensou em abandonar essa carreira várias vezes, mas “a dificuldade só faz ficar mais interessante para seguir em frente”, acredita ela que conquistou seu espaço com muita persistência. Por isso, é importante o auxílio da família, como explica Ar-
Alguns jovem buscam a formação acadêmica como um segundo plano, caso a carreira de modelo não decole
SaUlO neVeS O arealense se dedica à profissão há um ano
thur, que também já titubeou perante os percalços do caminho. “Quando pensei nisso, tive pessoas do meu lado que me deram muito apoio e me incentivaram”. Thaisa foi mais firme e garante: “nunca pensei em desistir... Um dia pode estar indo tudo muito bem, em outro nem tanto, mais nada de desistir quando se tem um sonho”, pondera. Se você tem boa aparência, fica bem nas fotos e não tem medo de enfrentar desafios e não renuncia o seu objetivo fácil, fique esperto, pois talvez esteja perdendo a oportunidade de entrar na peleja pelo seu brilho. Para isso, siga os conselhos de Tamires Mendes. “Tive sorte, mas principalmente fui determinada e não desisti. A minha dica para quem quer seguir nesse mercado é tentar, tentar e tentar. Se não der, beleza! Pelo menos não vai ficar se perguntando: ‘será que teria dado certo?’” revistaon.com.br
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Veludo é tendência para o inverno 2012 Ele foi marcado como forte tendência para o Outono Inverno 2012, sendo cotado como tecido da vez para vestidos, saias, conjunto, macacão e em detalhes de algumas peças. Isso porque na última edição do SPFW e Fashion Rio, o Veludo esteve presente nas passarelas das grifes Agatha, Animale, Huis Clos, Reinaldo Lourenço, Lino Villaventura e Mario Queiroz, agregando ainda mais sofisticação às coleções.
Fonte: http://www.portaisdamoda.com.br
Entre os calçados, mocassim vem como grande aposta Scarpins, mocassins e coturnos serão os sapatos mais simples da temporada. Com cores escuras e saltos mais baixos, o calçado preferido das mulheres não muda muito em sua forma, porém os detalhes vêm no calcanhar e na lateral, com combinações cromáticas. Já o mocassim, que saiu do armário masculino, vem como grande aposta com o conhecido salto plataforma. E o bom e velho coturno continua o mais básico da lista, sem muitas mudanças e com seu estilo bem casual e urbano.
Fonte: http://www.temdicas.com
Maquiagem aposta em cores do verão A moda de maquiagem para o inverno de 2012 já está começando a ser apresentada, trazendo nuances fortes e uma ideia inovadora. Para esta temporada, que pede mais frieza nas produções, a proposta é burlar as regras e apostar em cores mais características do verão. Apesar desta ousadia em misturas, a compatibilidade entre as tonalidades faz toda a diferença no resultado final. Garantindo muito glamour, a moda traz cores como o roxo, laranja e rosa, dando vida e cor à estação da sobriedade.
Fonte: http://clubebatom.com.br
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EDUCAÇÃO
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Aprendendo na prática
POR ALINE RICKLY
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Uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) garante que o profissional que optar pelo curso técnico tem 38% mais chance de conseguir um trabalho com carteira assinada e salários 12,94% maiores. Nesta matéria vamos listar alguns benefícios desconhecidos pela população e que muitas vezes dão lugar ao preconceito.
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m estudo publicado pela FGV, entitulado “Curso técnico aumenta chance de carteira assinada”, em 2010, revela que estes cursos aumentam em 48,2% as chances de conseguir um trabalho (formal ou não), 38% com carteira assinada, além de possibilitar salários 12,94% maiores, se comparados aos que não têm uma formação técnica. Dentre as vantagens apresentadas pela educação técnica, está o tempo de duração, que não costuma ultrapassar dois anos. Além disso, os preços são mais acessíveis e a expectativa de alcançar o mercado de trabalho em menor tempo, é maior. A variedade é grande. Gastronomia, moda, beleza, design, meio ambiente, segurança, turismo e hotelaria, comunicação, telecomunicações, saúde, petróleo e gás, química, enfermagem, radiologia, segurança do
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Os preços dos cursos técnicos são mais acessíveis e favorecem o aumento da demanda
trabalho e instrumentação cirúrgica, estão entre tantos outros que são oferecidos por instituições públicas ou privadas. Luiz Otávio da Silva Castanheira, coordenador de um curso particular em Três Rios, ressalta que a busca por cursos técnicos tem crescido muito. “Percebemos um aumento entre 2009 e 2011, principalmente nas áreas de enfermagem e segurança do trabalho. Mas, reparamos também que os cursos técnicos em ge-
ral estão mais valorizados e aquecidos”, revelou. Ele também aponta o valor e o tempo, como atrativos para novos alunos. “Geralmente podem ser concluídos entre um ano e meio e dois anos, embora aqui seja medido por número de horas. O de segurança no trabalho, por exemplo, requer cumprimento de 1.200 horas. Através da conclusão desta etapa, é possível ter acesso a vagas e o mercado enxerga melhor estes profissionais”, acredita Luiz, que aposta no aumento da demanda devido ao crescimento que Três Rios vem apresentando nos últimos tempos. O supervisor comercial de uma unidade privada de Petrópolis, Elmir Chaia, acredita que a credibilidade em relação aos tecnólogos aumentou nos últimos anos. “Hoje em dia, a cultura do diploma universitário não é tão importante como
COOrdenadOr luiz Otávio conta que a procura por cursos técnicos aumentou em 2011
há tempos atrás, o que dá lugar a quem procura por um curso técnico, no qual o aluno já aprende a teoria e a prática juntas. Creio que estamos vivendo a era da especialização, quando a pessoa ser técnica em alguma coisa facilita uma contratação mais rápida”, diz. Só em Petrópolis a instituição tem matriculados cerca de 850 alunos. “A maioria vem do ensino médio, mas temos até aposentados”, comenta Elmir. Rômulo Ferreira da Silva, 23, concluiu o ensino médio em 2005 e logo optou por fazer o curso de técnico em química, oferecido por uma escola petropolitana gratuitamente. “Para ingressar é preciso fazer uma prova de conhecimento geral. Depois de aprovado, fazer uma avaliação de química e, se passar, tem uma entrevista para selecionar os alunos. No total, foram dois anos de curso. Foi
benéfico porque assim eu pude dar aulas particulares até passar para uma universidade pública. Agora estou em uma área totalmente diferente. Faço faculdade de arquitetura e urbanismo na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que sempre foi um sonho, mas vejo alguns amigos de classe na minha frente por terem feito cursos técnicos nas áreas de construção ou relacionados a softwares que utilizamos na graduação. Acho que é importante escolher o campo para atuar e, antes ou durante a faculdade, optar pela educação profissional, pois é
Elmir Chaia acredita que estamos vivendo a era da especialização onde o diploma de técnico facilita na hora da contratação
fundamental ter maturidade nas primeiras atuações no ramo”, aconselha. Elizabeth Varejão é proprietária de uma farmácia de manipulação em Petrópolis e, há mais de cinco anos, contrata os técnicos formados em química. “Alguns alunos já vêm com alguma ideia em técnicas de laboratório e proporcionamos que eles façam o estágio exigido (240 horas) aqui. Depois, passamos para o contrato de
enSInO eM PetrÓPOlIS O curso de gastronomia oferece uma cozinha industrial para os alunos aprenderem a prática revistaon.com.br
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EDUCAÇÃO
experiência e, em seguida, efetivamos. É uma oportunidade para o primeiro emprego. Estamos bem satisfeitos com o resultado”, destaca. Um caso contrário ao de Rômulo foi o da jovem Eveliny Storti, 23. Em 2007 ela escolheu a área de publicidade e propaganda para cursar. Uma escolha baseada na paixão por produção de eventos, mas em 2011 resolveu trancar a faculdade. “Chegou uma hora que percebi que não era exatamente o que eu queria e fui procurar algo mais técnico. Como gosto muito de assuntos relacionados à moda resolvi fazer um curso de estética e estou amando. Estou aprendendo esfoliação, máscara de argila, massagem relaxante facial, extração, entre outras coisas. Quero aprimorar esta parte, me especializar e montar um espaço relacionado a tudo isso no futuro”, comenta. A professora Analice Ninhaus de Freitas, técnica em estética há dez anos, afirma que é um ramo que precisa gostar muito. “É preciso dedicação, aperfeiçoamento e esforço. Acho importante que os profissionais desta área assinem uma revista de estética, que frequentem feiras, congressos onde sempre acontecem lançamentos de cosméticos e são lugares ideais para pesquisarem e aprenderem. O campo para esta profissão é muito grande, o profissional sai daqui habilitado para trabalhar em hotéis, spas, pousa-
CUrSO de eStÉtICa as alunas petropolitanas aprendem esfoliação, extração e outros métodos de cuidados com a pele
aValIaÇÃO a professora analice ninhaus orienta suas alunas do curso de estética a se aperfeiçoarem constantemente
Segundo dados divulgados pelo Censo 2010, a matrícula na educação profissional cresceu 46% das, em casa ou salas. A perspectiva em relação ao mercado de trabalho é muito atraente, pois os alunos conquistam o diploma em linfoterapia, o que permite oferecer drenagem linfática pré e pós cirúrgica”, esclarece Analice. Mas, mesmo com o mercado aqueci-
do e com perspectiva de aumento devido aos eventos que acontecerão no país nos próximos anos, ainda existem jovens que possuem receio ao optar pelos cursos técnicos. Anna Carolina Nascimento Hang, 18, acabou de terminar o ensino médio e ainda não tem certeza da carreira que vai seguir. “Não quero entrar para uma faculdade só por entrar e, na minha cabeça, fazer um curso tecnológico sempre foi visto como caminho de preguiçoso”. No entanto, a jovem não descarta a possibilidade. “Por incrível que pareça, por diversos motivos, e um deles é o valor das mensalidades, agora penso na possibilidade de seguir o caminho do ensino profissional. Primeiro porque é mais rápido, segundo porque é mais barato e, por fim, porque hoje entendo que podem ser tão bons quanto uma graduação”, relata. Tanto em Três Rios quanto em Petrópolis, há possibilidades de cursos gratuitos. O diretor da área de educação profissional da Rede Federal em Petrópolis, Paulo Bittencourt, acredita que a maior vantagem para quem pensa neste ramo como opção é a inserção precoce no mercado de trabalho. “Aqui disponibilizamos a formação em telecomunicações. É uma área promissora e em franco crescimento, o que explica a procura surpreendente por este campo amplo, diversificado e disputado”, garante. Já na cidade trirriense, uma escola oferece enfermagem, radiologia, instrumentação cirúrgica, segurança do trabalho e eletrotécnica. Mayra de Oli-
CUrSO de CaBeleIreIrO a instituição privada de ensino em Petrópolis disponibiliza o material que o aluno precisa
lIVrOS O material didático é um importante aliado para quem procura especialização e aprendizado
veira Chaves, mantenedora da escola, comenta que a procura por qualificação está cada vez maior. “Com o grande crescimento da cidade, com tantas empresas vindo, a população sente necessidade de se qualificar. Nos dias atuais, as empresas abrem mais vagas para candidatos de nível técnico do que para os que possuem ensino superior. O aluno
se forma no curso e já vai trabalhar com um bom salário”, afirma. A pedagoga Patricia Bastos, 26, acredita que partindo de um olhar mais sócio-histórico, os cursos técnicos surgiram para tapar buracos sérios, ligados à exclusão social. “Eles trazem uma herança de um tempo em que era preciso capacitar para o crescimento do país, ou seja, uma
ideia inicial era somente habilitar a mão de obra que invadia o processo de industrialização. Desta forma, a educação e os princípios sérios de cidadania, autonomia e política, acabaram perdendo espaço, o que, em contrapartida, não favorecia a todos. Os mais desfavorecidos é que estavam colocando a mão na massa para o desenvolvimento e não tiveram a oportunidade de usufruir das maravilhas do avanço industrial. Atualmente, a educação profissional conquistou o seu espaço e foi legitimada. Com isso, não cumprem mais o papel de educar (como se pretendia anteriormente), mas de capacitar”, enfatiza. Segundo dados divulgados pelo Censo 2010, a matrícula na educação profissional cresceu de 780,1 mil em 2007 para 1,1 milhão em 2010, ou seja, uma ascendência de 46% no período. Para o Ministério da Educação, este comportamento está em sintonia com as políticas, no sentido de fomento ao fortalecimento, expansão e melhoria da qualidade deste segmento no país.
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PUBLIEDITORIAL
Evolução na sua carreira FOTOS DIVILGAÇÃO
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om forte crescimento e a instalação de empresas, Três Rios tem chamado atenção de empreendedores de todo o Brasil. O empresário Cláudio Santana motivou-se por essa expansão e acreditou no potencial da cidade. Ele investiu na franquia da Evolute Cursos Profissionalizantes. A história da Evolute começa em março de 2008, quando os amigos Alexandre Loureiro de Andrade e Vinicius Almeida Carneiro decidiram somar suas experiências de uma década em gestão, coordenação, comercialização e, em especial, captação de alunos em escolas de cursos de informática e profissionalizantes em cidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Assim, abriram a primeira escola chamada de Futura Treinamentos, em Taubaté-SP. O sucesso da escola foi grande e a rede tornou-se a maior de cursos profissionalizantes do Vale do Paraíba paulista. Ao observar que era notório o crescimento em estrutura, faturamento, quantidade de escolas próprias e, sobretudo, a mudança radical do padrão de vida dos sócios-proprietários da rede. Em 2011, vários funcionários, investidores, empresários, inclusive proprietários de escolas de outras redes, começaram, espontaneamente,
eStrUtUra O curso tem a capacidade de atender 900 alunos
FranQUIa a unidade três rios é a terceira instalada no estado fluminense
a consultar os diretores da empresa a respeito da possibilidade de abrir uma escola conveniada ou franqueada à rede Futura Treinamentos. Este foi um sinal para dar início ao projeto que vinham desenvolvendo e enriquecendo a medida que abriam uma nova escola própria: a expansão da rede em nível nacional através do sistema de franquias. Após as devidas formatações, planejamentos, estudos, estruturação de uma sede exclusiva para o atendimento ao franqueado, gestão da rede e fortaleci-
COnFOrtO as salas são refrigeradas, amplas e com um aluno por computador
mento de sua equipe com profissionais de finanças, pedagogia e vendas, chegou-se ao entendimento de que seria importante a mudança da marca Futura Treinamentos para viabilizar a expansão da rede no país. A partir de então, nasceu a Evolute Cursos Profissionalizantes. O empresário Cláudio Santana possui a unidade de Lorena em São Paulo, primeira franquia da rede. Após dois anos de pesquisas, encontrou em Três Rios, a oportunidade ideal para o seu mais novo investimento. “Através de minha esposa, conheci Três Rios e, ao longo desses últimos anos, observando
POP IdIOMaS na evolute o inglês é interativo e rápido
o seu crescimento, enxerguei a oportunidade ideal para investir na cidade e vir morar aqui”, revelou. Inaugurada no dia 27 de fevereiro, a unidade Três Rios é a terceira instalada no estado fluminense. Já na primeira semana, após um período de divulgação, a escola matriculou 120 alunos. A unidade trirriense foi aberta como uma “franquia mista”, modelo de negócios que agrega as escolas Evolute Cursos Profissionalizantes e POP Idiomas (bandeira de idiomas do Grupo V.A.), para operação na mesma unidade. Trata-se de um modelo desenvolvido para gestores e franqueados que querem am-
eSPaÇO Os alunos podem desfrutar de um amplo ambiente com lan House para consultas antes ou depois das aulas
pliar as oportunidades e rentabilidade do negócio. Assim será possível expandir o mix de cursos ofertados. Com capacidade para 900 alunos, a empresa oferece o que há de melhor em infraestrutura com salas climatizadas, treinamentos individualizados com um aluno por micro, início imediato, sem a necessidade de esperar fechar turmas. Outro diferencial são os horários e dias adaptados à necessidade de cada estudante. Os professores altamente treinados dão ao aluno uma composição ideal para o seu aprendizado. O certificado do curso, emitido em conformidade com a lei de diretrizes e bases da educação, proporciona o reconhecimento nacional. Cláudio destaca que a unidade disponibiliza conexão de internet via wireless
PUBLIEDITORIAL
PrOFISSIOnaIS Os colaboradores são os mais qualificados do mercado
VISÃO após pesquisas, o empresário Cláudio Santana encontrou em três rios o lugar ideal para investir
e dispõe de sistema de energia ligado em nobreak por meio do qual alunos e o operacional da escola podem salvar seus trabalhos e arquivos sem perda de dados numa eventual queda de energia elétrica. Além disso, revelou que a instituição faz uso de uma política de encaminhamento ao mercado, que consiste em absorver no próprio curso os que mais se destacaram e reaproveitá-los na empresa. O Grupo V.A. tem na sua equipe de colaboradores profissionais especialistas
em pedagogia, marketing, franchising (franquias), administração e TI (Tecnologia da Informação), a fim de que seja fornecido um serviço de excelência aos alunos, clientes, parceiros e franqueados da rede. A Evolute atua em três estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Atualmente, a rede é composta por 23 escolas e 6.000 alunos. O sistema de ensino da unidade tem como base um software interativo. O método Evolute é individualizado, dinâmico, simples, prático, objetivo e apresentado de forma a preparar os alunos para o mercado de trabalho. A metodologia utilizada consiste em quatro etapas: interatividade, livro didático, exercícios virtuais e testes. Associada da ABF
A ABF (Associação Brasileira de Franchising) concedeu, no dia 28 de fevereiro, à rede de franquias Evolute Cursos Profissionalizantes a filiação ao seu quadro de associados, o que demonstra a credibilidade e confiabilidade do sistema. A ABF é uma entidade sem finalidade lucrativa, cuja missão é representar, defender e promover o sistema de franchising em todo o Brasil.
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EDUCAÇÃO
Os traços da
sabedoria POR ALINE RICKLY
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Uma vida repleta de estudos, dedicação ao ensino e à educação do município de Areal. Aos 81 anos, Dilma Araújo Abdu conta um pouco da sua história e transmite os conhecimentos adquiridos na vida.
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ascida em 19 de fevereiro de 1931 na Fazenda de Cataguá, em Bemposta, Dilma relata sua vida e carreira na educação. A aparência revela os traços e as marcas de quem lutou pelos ideais e, apesar das dificuldades encontradas, conquistou seus objetivos. Quando criança, aprendeu a ler e a escrever em casa com a ajuda da mãe. Logo depois, o pai construiu uma sala coberta de sapê, com uma única janela, constituída de bancos grandes, que servia para que moradores da localidade completassem o ensino da 1ª à 3ª série. Foi assim que Dilma despertou o interesse pelos estudos. “Desde pequena gostava muito de ler e escrever. Naquele tempo o material didático era feito através de folhas de papel almaço comprados no armazém. Minha mãe costurava para prender as folhas como um caderno. Todas as turmas ficavam reunidas na mesma sala, tanto os que estavam aprendendo a ler, quanto os maiores que estudavam outros assuntos”, recorda. Depois de concluir a 3ª série na fazenda, Dilma foi estudar em um colégio interno em Petrópolis, onde cursou o normal e o científico. Em 1952, quando
A professora rememora os tempos em que o material didático era feito com folhas de papel almaço comprados no armazém e costurados pela mãe para prender as folhas como um caderno voltou para Bemposta, inscreveu-se em um concurso estadual e passou em nono lugar. Como havia duas vagas para o município de Areal e pelo privilégio da boa colocação, foi convocada para assumir uma classe de alfabetização. Neste período começou a dar aulas paralelamente a 15 alunos de sete anos e 15 que cursavam o 5º ano primário (com idades que variavam de 14 a 15 anos). “Eu tinha que, ao mesmo tempo, alfabetizar e ensinar regra de três, pois as turmas ocupavam a mesma sala”, conta. Dilma lembra um fato curioso de quando entrou para o magistério. “Eu não sabia fazer o câmbio (a conversão de moeda de um país para
o outro), nunca havia aprendido isso na minha vida. Quando precisei ensinar aos alunos, tive que recorrer à diretora da escola para aprender”, rememora. No início da carreira a professora garante que era uma mistura de emoções. “Alegria, apreensão e nervosismo. Pela falta de experiência, tudo ao mesmo tempo. Mas foi assim que nasceu minha paixão pela educação que norteou todas as horas e anos da minha vida”. Ela já ocupou diversos cargos dentro da área educacional. Foi professora, diretora e passou por auxiliar de direção. “Quando recebi a proposta para ser diretora, tinha 28 anos e tive receio de não conseguir atingir todos os objetivos que na época o colégio propunha. Era a única escola do distrito de Areal, até então pertencente a Três Rios”. Mas, como demonstração de sua capacidade, conseguiu não apenas atender às expectativas, como permanecer no cargo durante 33 anos e ainda inserir cursos como o segundo segmento do ensino fundamental, o ensino para educação de jovens e adultos, a especialização em técnico de contabilidade e a classe especial que atendia às pessoas com algum tipo de deficiência. revistaon.com.br
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Para suprir as necessidades impostas pela profissão, foi preciso investir na especialização e Dilma não poupou esforços. Graduada em história, pedagogia e letras e pós-graduada em suplência (educação de jovens e adultos), educação infantil e supervisão e gestão educacionais, a professora conseguiu atender a demanda oferecida e conquistar diversos prêmios como forma de reconhecimento ao seu empenho. Dentre eles, a Medalha Anchieta pelo governador Moreira Franco, pelos relevantes serviços prestados à educação;
Cidadã Arealense, no ano de 2000; Comenda do Mérito legislativo Manoel José Soares (Gente que Faz – 2005); Oscar da Educação Professor Nota 10; Medalha de Honra ao Mérito Mariano Procópio em seu centenário, além de duas bibliotecas com seu nome e um prêmio internacional que são as três corujas vindas dos Estados Unidos, cujo significado é o cumprimento de três etapas da educação. Posteriormente, quando deixou a direção da escola, foi supervisora educacional em redes de ensino em Três Rios e Areal, além de ter sido gerente educacional do NEC – Núcleo de Educação e Cultura. Tempos depois, começou o trabalho em outra escola arealense, onde foi secretária e deu aulas até 1994, quando um acidente interrompeu sua carreira. “Eu não gosto de lembrar. Foi quando eu e meu marido chegamos na casa
em Araruama e eu fui acender a luz. O gás estava vazando e logo pegou fogo no cômodo e no meu corpo. Eu desmaiei e fui levada para o hospital em Caxias, onde passei quatro meses internada. Fiz mais de 100 implantes no corpo. Com certeza, sobreviver foi um milagre”. Após a queimadura, Dilma se aposentou da sala de aula, mas não suspendeu seu interesse por leituras e assuntos ligados ao ensino. Em 2001, outro motivo de tristeza foi o falecimento do seu marido, Nilton Abdu. “Ele era um homem de inúmeras qualidades. Grande parceiro, amigo e companheiro nas lutas pelos ideais. Até hoje não me acostumei com a ausência dele. É uma imagem muito presente, muito viva dentro da casa, das gavetas, da alma mesmo. Posso dizer que, às vezes, me sinto solitária”, diz emocionada. Durante toda sua trajetória, as palavras que sempre lhe acompanharam foram as de seu pai. “Ele dizia que o principal na vida de todo mundo é a educação e a instrução”, relembra. “Agora, basta que as pessoas percebam que a educação não é um processo estático, mas dinâmico. Hoje em dia temos mais facilidades devido às novas tecnologias. Acredito que o professor, em breve, será apenas um orientador porque a variedade dos novos meios é muito grande. O professor precisa estar preparado para acompanhar essas mudanças”, completa. Leila Rinaldi, 73, foi aluna e colega de profissão de Dilma. “Lembro per-
SaBedOrIa as três corujas vieram do Governo dos estados Unidos como reconhecimento aos serviços prestados à educação
leItUra aos 81 anos a professora ainda é apaixonada por adquirir novos conhecimentos
aCerVO Sua estante guarda livros e recordações dos tempos passados
PrÊMIOS a professora foi reconhecida por diversas instituições pela sua luta pela educação ao longo dos anos
dIPlOMa em 2000, dilma foi presenteada com o título de cidadã arealense
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feitamente quando ela me dava aulas de geografia e história dos anos 50 e 60. Depois foi minha companheira de trabalho. Excelente professora, tratava os alunos com respeito. Durante muito tempo a lecionadora foi, junto à outras pessoas, o alicerce do Colégio Machado de Assis. Ela sempre ajudou aos que se dedicavam à educação. Posso afirmar, sem dúvida nenhuma, que ela é um dos maiores exemplos”, elogia Leila.
ARQUIVO PESSOAL DE DILMAR ABDU
ARQUIVO PESSOAL DE DILMAR ABDU
netOS atualmente possui oito netos e uma bisneta
MatrIarCa dilma acompanhada dos filhos, genros e nora
A filha, Dilmar de Araújo Abdu Mesquita, além de seguir os passos da genitora na área da educação, acredita que sua mãe alcançou o grande sonho, que era ser educadora, e que nem as dificuldades, foram suficientes para fazê-la desistir. Já Nasta Abdu, outra filha, diz que, como mãe, Dilma sempre ensinou o caminho mais correto, equilibrado e ponderado. “Na profissão, ela se destacou com uma vida inteira dedicada à educação. Nas
últimas décadas poucas pessoas se dedicaram tanto e com tamanho êxito nesta área, afinal, não é à toa o carinho e reconhecimento que recebe de todos os que são ligados ao ensino na região”, exalta. A neta Larissa Abdu Mesquita, acrescentou ser “uma honra muito grande para mim e para todos os meus primos ter uma avó que tanto contribuiu, com competência, na formação de diversos profissionais que hoje atuam em nosso meio”.
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ECONOMIA COMPORTAMENTO
À flor da pele POR FREDERICO NOGUEIRA
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Na Revista On, você já conheceu meninas que se tornaram mães ainda jovens, já viu histórias de pessoas portadoras do vírus da Aids, já conheceu algumas profissionais do sexo e o mercado de brinquedos sexuais, cada vez mais utilizados. Com tantos temas ligados à sexualidade em volta, em todos os meios de comunicação, natural que o interesse pelo assunto aconteça cada vez mais cedo. Mas quando o corpo está preparado para a primeira relação? E a mente? Sexo com menor sempre pode levar à cadeia? Se você está com o desejo à flor da pele ou conhece quem esteja, fique por dentro do assunto.
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s depoimentos que você encontra nesta matéria são reais. Os nomes não. Estes foram retirados da obra “Engraçadinha”, de Nelson Rodrigues, como forma de homenagem ao centenário do dramaturgo, jornalista e escritor, autor de “A vida como ela é”. As características dos personagens não têm qualquer tipo de ligação com as dos entrevistados. A letra seguinte aos nomes é a inicial real dos entrevistados. Como foi sua primeira vez? Foi cedo? Tarde? No momento certo? Você se arrepende? Nos depoimentos ao longo da matéria, algumas histórias sobre a primeira vez. A perda da virgindade, um momento que para muitos é um marco na vida, está acontecendo cada
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A questão envolve a sociedade, hábitos, costumes e, principalmente, a cabeça do jovem vez mais cedo. Viagem para a casa de amigos, em casa enquanto os pais estão fora ou no banheiro de uma festa. Os cenários são os mais diferenciados e as situações também. O início da vida sexual envolve mais que um corpo preparado. Pediatra e nefrologista pediatra, José Ricardo Neves Barros explica. “Se analisarmos friamente a questão, sabemos que uma vez que a menina tenha ovu-
lação e o organismo masculino tenha ereção, é sinal que já estão prontos para a reprodução. Mas o ser humano é mais complicado, envolve outras questões. Não é só o físico que deve estar preparado. É uma questão mais delicada”. A questão delicada envolve a sociedade, hábitos, costumes e, principalmente, a cabeça do jovem. Uma primeira relação sexual pode deixar marcas para o resto da vida. Marcas, estas, boas ou ruins. A psicóloga e neuropsicóloga Soraya Ribas de Souza Delgado, mostra sua visão. “Percebemos que ainda não estão preparados. Apesar de todas as informações disponíveis, os adolescentes ainda fazem sem proteção, acham que podem tudo e que nada vai acontecer”.
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OrIentaÇÃO O pediatra José ricardo vê a necessidade de conversas sobre prevenção às doenças e gravidez
A psicóloga mostra preocupação com a sociedade que se transforma cada vez mais rápido. “Hoje, uma menina de 12 anos já está saindo. Na minha época, ainda brincava de boneca. Uma criança de seis anos já está erotizada, observo isso pelas roupas que vestem. A mídia explora isso, também, através das danças e músicas. Quando chegam aos 12 anos, ainda há aquele amor platônico, em muitos casos, por alguém, como um artista. Isso é natural. Mas muitos se lançam nessa vida sexual sem preparo”, diz Soraya. Para ela, um dos maiores problemas da iniciação sexual nesta idade, em alguns casos, é o tratamento do outro como objeto. “Nessa fase, os hormônios estão funcionando muito, o corpo está cheio de desejo e, hoje, está tudo muito ligado ao corpo. Não há o afeto, o amor”. A iniciação sexual acontecendo mais cedo faz com que a prevenção às doenças e à gravidez seja feita antes. José Ricardo conta que “a Sociedade Brasileira de Pediatria está recomendando a vacinação contra o HPV a partir dos nove anos de idade. Por volta dessa idade, as crianças já estão ligadas nessas mudanças que começam a acontecer e as perguntas surgem. A transição da pré-adolescência para a adolescência acontece muito rápido. O melhor a ser feito é esclarecer todas as dúvidas em família. Se os jovens buscarem as respostas só com os amigos, pode ser que elas não sejam tão completas como deveriam”, diz ele que começa a viver, em casa, o processo. Pai, ele conta a primeira vez que a filha de 11 anos
rva
l V. buscou o assunto. “Quando ela estava “Foi –2 c 2a o sand m a p estudando reprodução humana na esnos r o un i m por s dia a de u cola, trouxe o livro para mim e ficou l m s vista á. Eu tin na casa amigo na minha frente esperando o que eu . Ela , ma ha 1 d ele prim s 5 iria dizer. Temos que deixar tudo eira foi naqu anos, c e eu tam estava p vont asvez. bém onhe ele d muito claro, não pode haver pua bom de, curt Tomei a ia que c cia a ga estava o i dores nessa hora. Já conversamos , r nha mas hoj a menin iniciativ nversam ota de vida a e a o muitas vezes e ela sabe o que é . p s v N o e pe , r j ã virge o q c m, fi laro. Ac que não o foi pla ue bateu la sexo e as consequências do ato”. n h cou mais o que el foi a me ejado. F a Soraya também vê a impora, m lhor o nerv da m i osa q esmo tância da família. “Alguns pais i n ue e u”. ão send têm dificuldade em ver que os o filhos estão crescendo. Procuram-me e tenho que mostrar isso. Se os
De acordo com a psicóloga Soraya, alguns pais têm dificuldade em ver que os filhos cresceram
Margarida J. –
16 anos “Foi com 16 anos. Já tínhamos intimidade , ficava pelada na frente dele e sempre fazíam os outras ‘brincadeirinh as’. Aquilo foi um ‘bônus’. Por também se r a primeira vez dele, não fiquei nervosa. Não acho que há uma ida pais não passam a tratá-los como ado- exata para de lescentes, esses jovens passam a men- caso, foi co isso e não me arrependo. No meu m a pessoa certa. Na morávamos há tir. Pais precisam ouvir, aconseum bom tempo e ain da estamos juntos. Ac lhar. Adolescentes não são muito ho que sempre quis faz er. Sempre fui curio de falar, mas, ainda assim, os sa, mas a preocupação com consequências pais precisam orientar”. foi maior. Foi tudo na ho ra certa”. Rita Calainho é mãe de
Beatriz, Gabriela e Clara, de 15, 14 e 10 anos, respectivamente. Aos 30 anos, teve a primeira filha com 14 anos, o que faz com que o tema seja tratado de forma especial em casa. “Fui mãe muito nova, então isso me assusta um pouco. Mas conversamos muito sobre o assunto e já falei diversas vezes como funciona. Criei as meninas de uma maneira bem natural,
aFetO Para a psicóloga Soraya, as pessoas se enxergam como objetos
20 co C. – Odori ação sentia atr az e u q i b .F ce anos per mpletar 20 anos ira 3 1 a h o n e c ti “Quando . Guardei isso até pais. Minha prim ue s s u oq en por hom e contei para me s. Não foi do jeit ma u e u s q um ano eu há alguns me va ficando com Lá, c ta . s te vez acon mas foi boa. E i para uma boate le, , u de a f v imagina dia brigamos e o. Fui para a casa ia. tr m u u io eriênc pessoa, e conhec de ter essa exp r e b e eira b a comecei estava na hora ter a minha prim as e a u r , a q p nte m achava esperado m mais importa r te ia r e Eu pod ual com algué nsa e só”. sex ma tra relação do. Foi u n e p e r r a não me
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nte porta ernos m a i c 8 ão isa t a pessoa nto, .–1 o c H uma time imo com iciar e estar a de sen o. Meus Zóz n i ê s u i c té a omig Prec em q a vo “Par a vida, t o certo. nteceu c ocham. A . Só t o a u na s momen não ac am e deb avançad ”. a o c d á n n t n i e , c rto es ta ho. Ai es, br e já omento z n d e i a r v d a i s c m os, à ue a or o amig ia fala q uando f l q famí u saber o v eu
trÊS GeraÇÕeS rita (no centro) com a mãe, Lourdinha, e as três filhas
deixando que elas fossem crianças, com brincadeiras de boneca. Esse assunto de sexualidade surgiu de forma também espontânea”. As filhas contarão para ela quando acontecerem as primeiras transas? “Acho que uma vai contar para a outra e me falarão juntas”, acredita. A mãe de Rita, Lourdinha Calainho, descreve como recebeu a notícia da gravidez da filha. “Para mim foi um susto. Acho que ela poderia ter curtido mais a vida se não tivesse filhos tão cedo. Mas, por outro lado, a notícia de uma gravidez, com a chegada de uma nova vida, trouxe muita alegria. Ela começou a namorar o pai das crianças quando tinha 12 anos”, diz a jovem avó de 52 anos. Segundo Lourdinha, o assunArlete to sempre foi conversado na casa dela, M. – 2 0 ano mas a filha contou quando aconte“Minha s primeira ceu a primeira vez? “Eu perguntei mulher. vez foi ao N e ela respondeu que sim”. nem sen unca tive relaçã s 17 anos, com ti o um O pediatra diz que e rolou. vontade. Conhe sexual com hom a cia A e “precisamos evitar banalizar tava com iniciativa parti ela há uma sem m, u a m o sexo, mas [que], hoje em era, e, c uita curiosida de mim, porqu na e eslaro, tin de, quer dia, está difícil. As relações ha muit ia tende m s aber com a atr uit humanas mudaram muito”. O rando m o mais. Fui fa ação. Mulher s o ee ze es pensamento é completado pela Essa sin mo. Defino co ndo carinho e nagarmo algo tonia co psicóloga. “É necessário construir ntinua a m lhor com a r avilhos té ho o passar relações com afeto. Hoje, muitos do temp je e tudo ficou o. meo”. vêem os outros como objetos. Pensam que se um não quer ficar com ele, outro vai querer. Se não está bom, troca. Isso, no futuro, pode gerar relações 5 anos Letícia M. – 1 . Conhecom um cara de 21 “Foi com 13 anos, mas não , os am os. Nós ficáv an is do há e el A ci não fose disse que se eu era um namoro. El o. Não ig m co a e, terminav se ao motel com el ve dor te z, ve ra vel a primei dá ra ag to ui m i he ac ha virginsó queria tirar min e el e qu u ce re pa e va prepao porque não esta nd pe re ar e M . de da que foi, te para ser do jeito en lm na io oc em da ra tempo, eaça. Depois de um am rta ce a um b so que era igo. O que achava m co ou in rm te e el migo”. jo dele de transar co se de o só a er , or am
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falhas, sem esse afeto”. Para uma mulher, por exemplo, Soraya diz que todos os homens poderão ser vistos, também, como objetos. “Se você tem uma primeira relação com uma pessoa que gosta, ela está unida à afetividade e os resultados serão melhores. Mas se não tem, se é um objeto, não é uma relação”, finaliza. Famílias quebradas
As relações sem afeto podem gerar famílias quebradas. E são destas famílias que partem os principais casos que chegam ao conselho tutelar de Três Rios. Eliane Alves Esteves e Sônia José Francisco de Souza fazem parte da equipe que tenta resgatar e mostrar os direitos aos jovens. “Nós temos, na cidade, meninas se prostituindo com seis e oito anos. Precisa ver as palavras que elas usam. Tivemos, também, um caso de um menino de 13 anos que abusou de outro de cinco. Somos do conselho desde 2000. De lá até hoje, mudou muito a estrutura de família, a forma de educar filhos”. Segundo Eliane, algumas “mães levam as filhas novas como companhia para o baile funk. Lá, as duas disputam o mesmo homem. E ele, claro, vai preferir a mais nova. As famílias estão quebradas e, com isso, geram novas famílias quebradas”, avalia. Sônia diz que, ao contrário do que possa parecer, os casos de famílias com problemas que geram outros, não acon-
A conselheira tutelar Eliane Alves pergunta: “Que pais serão esses meninos e meninas que têm a vida sexual ativa com vários parceiros?” tecem apenas nas classes sociais mais baixas. “Muitas coisas ficam escondidas quando isso acontece nas classes mais altas, mas acontece também”. “Que pais serão esses meninos e meninas que têm a vida sexual ativa com vários parceiros? Em vários casos há uma prostituição enrustida. As próprias prostitutas dizem que estão perdendo dinheiro. Os mais velhos estão conseguindo meninas novas na rua, então por que pagariam por outras mais velhas? Outro dia, veio uma mãe até nós falando que a filha estava fora de casa e não queria retornar. A menina disse que foi a mãe quem a expulsou por não ter chegado no horário em casa. Mas não foi um atraso de uma hora, foram dois dias. Ela estava em um sítio, em uma festa com empresários onde acontecia de tudo”, conta Eliane. A maior parte dos casos de meninos menores que chegam ao conselho, relacionados à sexualidade, são jovens que estão se descobrindo homossexuais. “Chegam aqui e já estão, cedo, se prostituindo. Converso mostrando que ele deve ser respeitado, não deve se prostituir. A primeira coisa que fazem
COnSelHeIraS tUtelareS eliane e Sônia já tiveram casos de crianças fazendo sexo aos 6 anos
é abandonar a escola, então aconselho a retornar. Depois, quem conta para as mães a orientação sexual dos filhos somos nós, eles pedem”, conta Eliane, que afirma que os pais devem ser responsáveis pela educação. “Pai tem que ser amigo dos filhos, ter respeito. Não deve ser coleguinha. Deve educar. Quando um pai chega dizendo que não consegue dominar o filho, acabou tudo”. Idade do consentimento
A prática de atos sexuais com menores de 14 anos é considerada crime de estupro ou atentado violento ao pudor, mesmo que o jovem tenha consentido. Em razão da idade, a lei presume que ele não tenha maturidade ou consciência suficiente para tal consentimento. Cada país possui uma legislação sobre o assunto. Quem explica é Oneir Vitor Guedes, advogado e consultor jurídico nas áreas cível e criminal. “Na Espanha e Argentina, a idade de consentimento é 13 anos. Na China, Itália e Portugal o consentimento de uma pessoa para ter relações sexuais é válido desde os 14 anos. No Uruguai e na França, esta idade sobe para 15 anos. Na Jamaica e Rússia, 16. O país com a idade de consentimento mais conservadora é a Tunísia, onde o sexo só é permitido após os 20 anos. No extremo oposto, há países como a África do Sul, onde a ‘age of consent’ é apenas 12 anos”. No Brasil, a idade é 14 anos e não 18, como alguns confundem. “As leis brasileiras referentes à idade de consentimento mudaram de acordo com a evolução dos costumes. O Código Imperial estabelecia a presunção de violência nos atos sexuais com menores de 17 anos. Mais tarde, com a proclamação da república, esta presunção de violência caiu para os 16 anos. Finalmente, o código penal em vigor baixou a idade do consentimento para 14 anos”, explica Oneir. Ainda assim, há crime nos atos sexuais com jovens entre 14 e 17 anos em situações especiais, como no assédio praticado na relação professor/aluno e no em caso de sexo pago. O ato sexual com menor de 14 anos deixa o infrator sujeito a pena de 8 a 15 anos de reclusão. revistaon.com.br | revistaon.com.br
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De bem com o trabalho FOTOS DIVULGAÇÃO
Desconforto no ambiente de trabalho afeta a produção da empresa e a vida do colaborador. Ele pode ter um motivo. Nós encontramos uma solução.
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eres humanos não são robôs programados para exercer todo e qualquer tipo de tarefa. Durante o trabalho, corpos e mentes precisam ser utilizados para executar as atividades necessárias, seja, por exemplo, uma secretária que fica o dia inteiro sentada na frente de um computador ou um carregador de caixas em um supermercado. Para uma interação saudável entre equipamentos e usuários, surge uma palavra que talvez você ainda não conheça: ergonomia. Luciano Guimarães, fisioterapeuta, é gerente de saúde do INQV (Instituto Nacional de Qualidade de Vida)
VIda PeSSOal O trabalho ergonômico contribui, inclusive, para maior satisfação do colaborador dentro e fora da empresa
e explica a palavra, indo além de um simples significado, mas chegando ao bem-estar dos profissionais. “Em sua atividade de trabalho, o ser humano interage com os diversos componentes do sistema, com os equipamentos, ferramentas, instrumentos e mobiliários, formando interfaces sensoriais, energéticas e posturais, com a organização e com o ambiente. Cabe à ergonomia modelar essas interações e buscar formas de adequação para o desempenho confortável, eficiente e seguro face às capacidades, limitações e demais características da pessoa em atividade ou de um determinado tipo de trabalho”.
A ergonomia modela a interação dos homens com as máquinas e busca formas de adequação para o desempenho confortável dos trabalhos De acordo com o profissional, todas as organizações necessitam de um estudo ergonômico para melhorar o sistema operacional ou organizacional, embora sejam mais comuns em empresas que tem processo de produção em grande escala, indústrias, redes de supermercado e transportadoras. Iluminação, temperatura, acústica, postura e outros pontos devem ser observados na empresa onde você presta serviços ou coordena. A relação ergonômica irá realizar a gestão de pessoas e processos com a finalidade de mantê-los produtivos e eficientes em seu pleno potencial físico, mental, psicossocial e organizacional, com o propósito de melhorar a relação homem-máquina e produção. Se sua empresa está com problemas, pode ser que este venha da relação abalada entre seus colaboradores e seus equipamentos. Se está causando desconforto à sua saúde, também pode ser devido à falta de uma
PUBLIEDITORIAL
reSUltadOS Melhorias são observadas logo após os pontos onde há falhas começarem a ser desenvolvidos
da produção, evolução da qualidade do trabalho, redução de ‘turn-off’ e de passivos trabalhistas para empresas. O tempo de resultados é variável, podemos obter melhoras a curto prazo, para pequenas modificações físicas, e a longo prazo, para grandes mudanças físicas e/ou organizacionais e de processo”, finaliza Luciano, que é, também, especialista em gerência de projetos. Além de contribuir com sua empresa dessa forma, o INQV atua nas seguintes áreas:
PratICIdade as atividades acontecem na sede da empresa que busca o apoio do InQV
atividade ergonômica bem desenvolvida. Mas como saber quais mudanças sua empresa necessita? Luciano tem a resposta. “É um estudo minucioso sobre a organização seguido da formulação de um relatório que dá origem a um projeto gerenciado do início ao fim que visa a identificação dos pontos que não atendem adequadamente às condições ergonômicas. O estudo dos três pilares básicos da ergonomia, que são o operacional/Físico, o organizacional e o cognitivo/Psíquico, leva a entender o processo da empresa como um todo para
possibilitar a modificação do sistema de trabalho de forma realista e efetiva”. Ainda parece distante? Acredite, não está mais. O Instituto Nacional de Qualidade de Vida chega à região, já com clientes de porte nacional e pode atender à sua empresa. O primeiro contato acontece através de uma visita técnica. Cada organização recebe uma orientação diferenciada, devido às particularidades a serem observadas. “O resultado primordial que procuramos oferecer é a melhora da situação de trabalho, que gera uma otimização
Fisioterapia do trabalho; Palestras na área de saúde; Ginástica laboral; SGI (Sistema de Gestão Integrado); Avaliações pós-afastamentos do INSS; Avaliação e implantação de sistema de gestão; Implantação de sistema de coleta seletiva e gerenciamento de resíduos; Licenciamentos ambientais. As atividades acontecem na empresa. Para agendar uma visita, fazer a avaliação e transformar sua empresa, entre em contato pelos telefones (32) 8424-0582 / (32) 9195-1271 ou envie um e-mail para: inqv.luciano@gmail.com.
COMPORTAMENTO
CARTAS E BÚZIOS
Senhoras do futuro POR PRISCILA OKADA
FOTOS REVISTA ON
Há quem acredite e quem não acredite nelas, mas o fato é que estão espalhadas por toda a parte apresentando adivinhações do presente e do futuro. O mistério é tão envolvente que inspirou até mesmo um dos grandes escritores de nossa literatura brasileira, Machado de Assis, a escrever o livro “A Cartomante”. Conheça a vida de quem pratica essa atividade em nossa cidade.
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entro do movimento espiritualista brasileiro, é cada vez maior o número de pessoas que recorrem aos chamados pais de santo, videntes, sensitivos, médiuns, adivinhos e outros tipos de indivíduos dotados de alguma capacidade extra-sensorial. Muitos desses videntes têm seus consultórios particulares, onde realizam sessões de atendimento a pessoas que os procuram. A maioria desses profissionais, se é que podemos assim nos referir, cobra pelas suas sessões e muitas pessoas pagam felizes pela oportunidade de ter frequentado o seu espaço de atendimento. No bairro do Triângulo, em Três Rios, encontramos a primeira personagem que faz o uso das cartas de tarô em adivinha70
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ções. Eliane Pires, 53, encontrou nesse recurso, uma maneira de ajudar pessoas que chegam até ela e apresentam algum tipo de aflição e curiosidade em saber algo sobre o presente e o futuro. Indagada sobre sua religião, ela revela: “Sou umbandista fundamentada no espiritismo”, e conta, resumidamente, detalhes, que ajudarão a entender um pouco mais essa religião que, segundo ela, muitos têm preconceitos. De acordo com Pires, nessa doutrina, existe um reino encantado dos céus chamado Aruanda, um espaço mítico onde se preza a paz, a liberdade e a sabedoria. Existe um povoado espiritual de idosos, jovens e crianças que visitam a Terra para acalentar o coração aflito dos humanos. Invocados por meio de orações, leituras bíblicas, cânticos e toques de tam-
bores, esses seres divinos deslocam-se de sua morada celeste para incorporar em alguns filhos de fé e, por intermédio deles, operar curas físicas e espirituais. Conhecidos na Umbanda como a idade de pretos-velhos, caboclos e crianças, eles seriam espíritos de luz que, um dia, foram humanos e, depois de uma vida de sofrimentos e provações, desencarnaram e tornaram-se ajudantes dos orixás (os deuses das energias cósmicas) e de Olorum (ou Zambi), o criador do Universo. Se você está se perguntando por que uma pessoa que recebe essas entidades precisa se utilizar de cartas para realizar atendimentos, ela responde: “Praticamente toda a minha família é dessa religião e são sensitivos. Quando eu era criança, acompanhava minha tia jogando cartas e
gostava de observar. Até que, um dia, antes dela revelar o que elas diziam, eu me antecipei em fazer a leitura, mesmo sem nunca ter aprendido os princípios e os significado dos símbolos que nelas são gravadas. Parece que as cartas são usadas como um objeto para preservar os médiuns, é algo que até hoje analiso e acho confuso”, confessa. Desde criança, a cartomante lembra que ouvia ruídos e sons que outras pessoas não escutavam. A partir daí, sua tia, que também era espírita, lhe deu suporte para desenvolver sua mediunidade. Atuando há 25 anos com cartas, revela que os atendimentos acontecem nos fundos de sua casa, em um quarto construído especificamente para a realização das consultas. Nele, existe uma enorme mesa onde abriga várias imagens de santos. Segundo Pires, diariamente ela lhes oferece velas em sinal de respeito e devoção. A consulta é sigilosa, somente entre a cartomante e o cliente. “O tarô esotérico é constituído de 78 arcanos (cartas) e é dividido em dois grandes grupos: os arcanos maiores possuem 22 símbolos, revelam os estados latentes
A cartomante Eliane Pires revela que muitas pessoas a procuram para confirmar suas revelações das ideias e possibilidades da vida; os arcanos menores expressam os resultados e as formas das ideias, contidos no primeiro conjunto com 56 arcanos. A pessoa tira, desses 78 arcanos, cinco cartas em cinco jogadas. No final, são tiradas 16 peças do baralho cigano que resumirá tudo o que foi revelado nas jogadas anteriores”, explica como é feita a leitura. Segundo Eliane, as pessoas que chegam até ela, são indicadas por outros clientes. “Muitas pessoas importantes se consultam aqui. Algumas, depois de um tempo, entram em contato para contar sobre os fatos que aqui foram revelados e que ocorreram”, diz. Segundo ela, a procura geralmente é motivada por ciúmes, tanto de mulheres quanto
de homens. “Já teve caso do marido vir de dia se consultar e a esposa a noite, ambos motivados por ciúme”, conta. Muitos religiosos dizem que não é correto cobrar por revelações espirituais. Sobre essa prática, o argumento é de que “tenho muitos santos de devoção. Faço oferendas às entidades e, para isto, tenho um custo. Mas existem pessoas que chegam aqui e não tem uma quantia para pagar. Quando é assim eu não cobro’’, revela. Sobre a família, ela conta que dos quatro filhos, dois já apresentaram indícios dos mesmos sentidos. No momento da entrevista, os dois filhos citados estavam presentes. Ao serem abordados sobre o assunto, eles disseram reconhecer algo diferente, mas, até o momento, não sentiram a vontade de desenvolvê-los. Lidiane Pires, 33, tem receios do que possa se transformar sua vida, mas respeita a pratica da mãe. O mesmo diz o filho Victor Pires, 20, que sempre ajuda Eliane a se vestir durante os atendimentos. Para a matriarca, os dois poderiam, sim, desenvolver essa prática, pois acredita ser um dom escolhido por Deus para
deVOÇÃO eliane mantém um altar em devoção aos santos revistaon.com.br
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COMPORTAMENTO
Para a psicóloga Angelina Mondres, o ser humano procura meios espirituais como forma de autoconhecimento ajudar as pessoas aqui na Terra. “Eu leio cartas, mas ninguém lê para mim. Queria que meu filho se aprofundasse e desempenhasse essa função”, revela. A.S. não quis se identificar, mas confessou já ter procurado uma cartomante. No dia da consulta estava no período menstrual. “Uma das leituras que fizeram nas cartas foi a de que eu estaria grávida. Deixei terminar o atendimento e fui para casa totalmente desacreditada do que tinha escutado e prometi a mim mesma não voltar mais. Um mês após a consulta, minha menstruação não veio e notei que meu corpo havia mudado. O exame não deu outra coisa, estava grávida mesmo. No dia da consulta, me foi revelado que eu teria uma surpresa junto com a gravidez. Durante a ultrassonografia o médico me deu a notícia que eu aguardava gêmeos. Imediatamente me lembrei daquela surpresa que me foi falada”, contou. Em outro bairro da cidade, encontramos uma médium que faz orações em pessoas que apresentam algum tipo de doença, em quem já foi desacreditado pelos médicos ou possuem um problema não identificado. Apesar de desafiar a ciência, descreve-se como uma “benzedeira”. Para isso, utiliza os búzios para revelar a cura para os males. “Há muitos anos, as entidades desciam [incorporavam] e eu não fazia o uso das conchas. Com a idade, fui ficando enfraquecida e essa foi a maneira encontrada, por eles, para que eu pudesse continuar ajudando as pessoas. Os búzios são conchas que foram preparadas em diversos rituais, antes de serem utilizados. Primeiramente, faço uma série de orações e saudações. Eles são fechados na mão direita, a qual, sendo aberta a seguir, deixo escapá-los sobre uma mesa’’, ensina. De acordo com ela, as divindades afetam o modo como os búzios se espalham pela 72
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CartaS a cartomante simula como são feitas as previsões
mesa e, assim, mostram as respostas sobre as dúvidas que lhes são colocadas. Médium desde os 13 anos, ela conta que já ajudou muitas pessoas. Entre os casos mais recentes, citou um garoto que engoliu um pedaço de algodão. “Os médicos não identificaram o que era e ao chegar até mim, joguei os búzios, que me mostraram que ele estava com uma infecção intestinal. Eles apontaram o procedimento que eu deveria seguir”, finaliza. Diferentemente de Eliane, que costuma cobrar pelas consultas, R.C. diz que apenas pede aos envolvidos que comprem o material a ser usado no procedimento de cura. A psicóloga Angelina Mondres, 52, acredita que o principal motivo a levar o ser humano a buscar ajuda nos meios espirituais, tem a ver com o autoconhecimento. “Faz parte da nossa cultura o alívio do sofrimento. Na rota da vida, vamos ainda que lentamente, aprendendo que se conhecer é um valioso instrumento de superação. Somos atraídos por caminhos que nos parecem mágicos, mas logo descobrimos que não são os oráculos que são mágicos, pois a magia está no significado, no poder de reflexão”, acredita.
BÚZIOS através do jogo das conchas, r.C. conduz o ritual
Já para a psicanalista Zilene Torno Arêas, o ser humano, quando sai à procura da preleção de outra pessoa, busca garantir reconhecimento, motivado pelo desamparo. “O próprio ser humano tem as respostas de que precisa”, completa. Ainda assim, “há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”. É com o trecho descrito por um dos personagens do livro “A Cartomante”, de Machado de Assis, que deixamos essa reflexão.
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Os desafios de
Sauro Sola POR RAFAEL MORAES
Com um jeitinho pacato, apareceu na sala de reuniões da empresa em que é presidente, um jovem homem de sotaque carioca e sangue italiano. Em quase uma hora de entrevista, o único momento em que não se demonstrou nervoso foi quando o bate-papo enveredou para os números da instituição a qual é responsável. O que para qualquer pessoa seria difícil guardar a infinidade de valores, para Sauro Sola é como cantar a canção predileta. 76
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JULIANE VIEIRA STÚDIO CLICK
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traBalHO atento aos detalhes, Sauro garante não admitir erros, visto a responsabilidade de manter a credibilidade de décadas
ção por esse motivo principal. O segundo foi a proximidade de casa. Prestei três vestibulares: UFRJ, Cândido Mendes e PUC. Na Federal do Rio passei para economia e nas duas últimas, passei em administração e a PUC foi a faculdade que me atraiu”, disse com a tranquilidade de quem pôde escolher onde estudar. O caçula da união entre Carlo e Paola Dallari Sola, ainda tem dois irmãos, Paolo, o mais velho, e Carla, a do meio, os quais renderam elogios. “Sauro é um parceiro ideal na vida pessoal e profis-
“Sauro é movido pelo trabalho e novos desafios”
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uando surgiu a missão de escrever sobre o mais novo executivo trirriense – Sauro Sola, a informação de que era muito tímido, me deixou com receio, já que na comunicação é preciso se estabelecer uma relação mútua. Assim, nesta mistura de nervosismo dele e ansiedade minha, começamos a construir um diálogo que mostra o outro lado do presidente da Sola Construtora. Ele nasceu em 1974. Ano marcado por conflitos no mundo, implantação de governos militares e alternância de presidente no país. Época agitada, contrária ao comportamento do pacífico bebê Sauro, cujo nome faz referência à maneira grega de escrever Saul – nome de personagens do novo testamento, inclusive do apóstolo Paulo. Também em 74, os Rolling Stones, ídolos dele, gravaram o clássico “It's Only Rock'n'Roll”. Deixando a história de lado, em um passado não tão longe, o então jovem trirriense se formou no colégio Santo Inácio. Depois cursou administração de empresas na PUC e, logo em seguida, fez MBA em finanças no Ibmec. O desejo era pela economia, outra área das exatas ligada aos números, em um sobe e desce de ações. No entanto, como o irmão Paolo já havia se tornado economista, preferiu optar pela administração. “Teoricamente, deveria fazer outra coisa. Eu escolhi administra-
anGra dOS reIS a foto registra o réveillon em família. Pausa para dar atenção ao filho Pedro, à esposa Fernanda e ao primogênito Felipe 78
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sional. Um homem fiel aos seus ideais, corretíssimo nas atitudes, muito trabalhador, humilde quando tem dúvidas. Sinto-me extremamente fortalecido junto a ele para enfrentarmos os 'leões' do dia a dia, que não são poucos”, esbravejou Paolo que trabalhou um período na mesma sala com o irmão. “Tínhamos poucas divergências, coisas de irmãos, mas nossa sintonia no trabalho é muito boa”, confessou o caçula. Carla, única mulher, focou seu discurso na família. “Tenho nos meus irmãos o sentimento de apoio, amizade, companheirismo e muito orgulho de fazer parte do trio”, garante. Da infância, lembrou-se das travessuras com as crianças vizinhas à família. “Minha mãe fazia lanche para nós”, recorda. Para suavizar o clima da entrevista perguntei se o jovem executivo tinha uma bebida preferida e a resposta veio como a de um somelier. “Cerveja é para comemorar com os amigos em dia de sol. Uísque é bebida de festa, casamento e noitada. O vinho é para dividir com a esposa”, teoriza o que parece
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“Sauro é um parceiro ideal na vida pessoal e profissional”, Paolo Sola
O presidente atenÇÃO em meio aos compromissos da empresa, o jovem executivo sempre reserva um tempo para a família
Atualmente Sauro assumiu a função máxima da Construtora, antes ocupada pelo pai, Carlo Sola. Apesar de ter se formado em uma área em que pudesse ser absorvido pelo grupo, ele garante que nunca houve pressão para isso. “Existia uma vontade muito grande. Tivemos, em casa, uma pessoa [Carlo Sola] muito batalhadora, com uma filosofia muito forte de trabalho e família. Isso nos foi passado desde muito cedo. Com 11 anos, passava as férias escolares dirigindo trator na empresa. Isso serviu para nos sinalizar o caminho da labuta”, acredita em um dos motivos para se dedicar ao máximo no trabalho. Aliás, essa é, segundo ele, uma das filosofias aprendidas com o pai. “En-
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funcionar. Aos 38 anos e casado com a administradora de empresas Fernanda Salama Monteiro de Castro Sola, Sauro é pai de Felipe, 5 anos, e Pedro, 2. O relacionamento do casal já dura 12 anos. “Ele é primo das minhas duas melhores amigas. Nosso primeiro encontro foi em uma festa de aniversário de uma delas”, contou Fernanda. Em casa não consegue se desligar da empresa, mas perde um pouco da seriedade na companhia dos filhos. “Ele é um bom pai. Apesar de a Construtora tomar grande parte de seu tempo, ele procura sempre recompensá-los com carinho e amor. Ajuda muito na educação e nunca esteve ausente. Os meninos o consideram o principal ‘super herói’. Quando ele chega do trabalho, é sempre uma festa”, revelou Fernanda. Sauro explica que criou uma rotina para se dedicar à esposa, aos filhos e à família. “Geralmente, à noite, por volta de 20h, é o momento para dividirmos como foi o dia de cada um”, diz com a certeza de quem sabe separar o tempo cronometrado, o qual um executivo tem que se adaptar. “No fim de semana conseguimos dar mais atenção à família”, completa.
tendi a importância do compromisso com a palavra, com as atitudes, comprometimento com o que está fazendo, de mergulhar fundo, se dedicar e investir em educação”, revelou. Para Fernanda o único defeito dele é ser perfeccionista. No entanto, visto de outra ótica, esse “defeito” se torna uma qualidade fundamental para quem é responsável pela segurança dos moradores que vivem em prédios construídos pela empresa. Mesmo com todo esse encargo, o que o preocupa, segundo ele, são outros fatores. “Hoje temos 350 colaboradores, ou seja, nossas decisões, de uma forma ou outra, podem ajudar ou prejudicar a vida de 350 famílias. Na Bahia, temos 1.000 funcionários”, completa ao fazer referência a outra empresa comandada por Paolo, cuja sede fica no Nordeste. Características
FaMÍlIa Carlo Sola sentado ao centro. em pé Paolo, Carla e Sauro Sola
Um jovem com a incumbência de manter o nome da família. Assim, com humildade e generosidade, qualidades atribuídas a ele pela esposa, honestidade, transparência e vontade de trabalhar, pelo irmão Paolo. Sauro sabe o que significa ser o presidente da empresa, mas com os pés no chão afirma: “Se tivermos um problema sério em uma obra, vamos denegrir décadas de trabalho. Isso não pode e não vai acontecer. Estamos aqui para que isso não ocorra nunca. Por isso nos cercamos dos melhores profissionais. Tanto na engenharia, quanto nas demais áreas da empresa”. revistaon.com.br
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“Justo e correto com os sentimentos e com as pessoas”, garante a irmã Carla. “Se me perguntarem se nossa empresa tem o melhor corpo técnico da região, afirmaria, sem a menor dúvida, que tem”, diz ele orgulhoso da equipe. Sua forma de comandar reflete no entusiasmo dos funcionários. “O dia a dia é muito fácil, pois estamos tratando de uma pessoa simples, que gosta do que faz. A cobrança por resultados é grande, as metas são arrojadas, porém é nítida a valorização dos colaboradores”, confidenciou o diretor comercial Reinaldo Gomes, há dois anos na Sola Construtora. A empresa
VIdaBella Com lançamento em 2012, o novo empreendimento será o maior já construído pela Construtora Sola e vai atender a classe a
para o Brasil”, contou Sauro. Inicialmente, Zoello ficou alguns meses aqui e, logo em seguida, trouxe a mulher e os dois filhos, Elisabetta e Carlo Sola. No Brasil começaram com uma produção caseira de produtos alimentícios. “Minha vó fabricava, meu REPRODUÇÃO
A história da marca, pode-se dizer que começou há muito tempo. Foi em 1949 que o italiano Zoello Sola, avô de Sauro, vivia com sua experiência na produção de linguiça, mortadela e salsicha e trabalhava em uma empresa como representante comercial. “Ele foi para a segunda Guerra, ficou preso em campo de concentração em países muito gelados como a Rússia, por exemplo. Isso culminou em um problema sério, pois quando ele voltou, estava com má circulação nas pernas. Ao procurar um médico, foi orientado a mudar para um país tropical, o que possibilitaria uma melhora na saúde. Assim, decidiu vir
pai a ajudava e meu avô vendia. E foi assim, na sala de uma casa que tudo começou. A empresa foi crescendo e quando Carlo Sola assumiu, foi mais agressivo e proporcionou o desenvolvimento conhecido por todos”, completou. A Sola Construtora é uma derivação disso, pois enquanto Carlo estava concentrado na empresa alimentícia, tinha outras atividades, inclusive a construção civil, um ramo que ele sempre gostou. “A Construtora nasceu dessa época, quando ainda erámos incorporadores (compravam o terreno, terceirizavam a construção e vendiam). A Sola Empreendimentos que precedeu a nossa atual empresa, até 1999 também atuou como incorporadora. Em 2003, começamos a fazer todo o processo, desde a fundação até a entrega da chave”, salienta o presidente. Novo projeto
VIla nOVa 8 até então, era a maior obra entregue pela Construtora. agora abrirá espaço para o Vidabella 80
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Sauro é movido pelo trabalho e novos desafios. Agora tem uma planta ousada que promete revolucionar a cidade com o maior prédio de Três Rios. Até então, O “Vila Nova 8” foi o maior empreendimento entregue pela empresa
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VIla nOBre O conjunto habitacional está em construção e também é um desafio de Sauro
“Nossas decisões, de uma forma ou outra, podem ajudar ou prejudicar a vida de 350 famílias”, explica o jovem executivo Sauro Sola sobre o compromisso social com os colaboradores com 160 unidades e 29 lojas. “O ‘Vidabella’ é novo e revolucionário por vários motivos: primeiro porque vai ser o mais alto da cidade. Segundo, será o maior em volume de metros quadrados construídos em Três Rios. Arriscaria em dizer que, em um raio de 50 km não há nenhum empreendimento desse porte. É um marco para a empresa, pois até então só atuávamos para baixa/média renda e agora também vamos atender a classe A”, salienta Sauro. Outro diferencial, segundo ele, será a ausência de administração da obra por condomínio. “Quanto mais a obra dura, nesse sistema, mais cara ela é,
maior é a taxa de administração, então não apostamos nesse modelo”, defende. Com essa nova proposta, explica ele, o cliente vai pagar um valor fixo, independente do tempo em que o empreendimento for erguido. “Vamos trabalhar com vários bancos para financiamento. Da fundação até a entrega dos apartamentos, serão 30 meses. Não tem nenhum projeto desse porte aqui na cidade”, aposta. Além disso, as unidades serão financiadas em até 300 meses com juros que podem chegar a 12% ao ano. “Isso é inédito”, acredita o presidente. O prédio será construído próximo à praça JK, Centro da cidade. “É uma área tranquila, próximo a tudo, não tem barulho e é segura. Próximo à Câmara Municipal e ao Corpo de Bombeiro”, concordou o diretor comercial Reinaldo Gomes. Hoje a empresa possui terrenos que garantem espaço para construção de novos empreendimentos até 2017. Até lá, o presidente já tem outro desafio, concluir 5.000 unidades. Em 2012, vai oferecer 1.000 moradias. “É nossa meta para este ano”, afirmou Sauro. Pretensões como esta têm sido confirmadas e
transformadas em resultados. “Crescemos o faturamento em cinco vezes, se compararmos 2011 com 2009. Isso é um desafio imenso. Em 2008 tínhamos 30 funcionários e agora multiplicamos por 11. Engenheiros aumentaram por seis", relatou Sauro Sola. Ele não atribui o crescimento da empresa só ao seu trabalho, mas sim ao grupo. Como filosofia, acredita na frase, segundo ele, dita por Carlos Brito, presidente da Anheuser-Busch InBev: resultado é igual a sonho mais cultura corporativa e gente. “Olhamos para as pessoas com muito carinho, pois a maior riqueza da empresa são nossos colaboradores. Temos essa frase escrita em nossa sede, para que todos possam incorporá-la na vida. Acho que é a fórmula para o sucesso”, completou. O próximo sonho é romper as barreiras geográficas e Paraíba do Sul é o primeiro fora de Três Rios, no entanto, os olhares Sola também estão voltados para o mercado de Petrópolis, Areal, Pedro do Rio e Juiz de Fora. “Em 2020, queremos ser os maiores e melhores do interior do Estado do Rio de Janeiro”, almeja o eterno novo executivo sonhador, Sauro Sola. revistaon.com.br
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EU SEI FAZER
VIDA EM PALAVRAS
A poesia prevalece POR FREDERICO NOGUEIRA
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Quando era criança, ele não sabia “que as flores, com o tempo, perdem a força e a ventania vem mais forte”. Mas descobriu, ainda cedo, que é capaz de fazer qualquer vento trazer de volta as pétalas. E viu, ainda, que poderia florear, com palavras, a vida de outras pessoas. Ele tem o dom de poetizar. No prefácio de seu primeiro livro publicado, está que “poetizar é ir além da emoção”. Este é o momento de ir além das poesias e conhecer André Pullig.
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ascido em Petrópolis, em 1976, André Luiz Pullig Viana se mudou, ainda nos primeiros dias de vida, com a família, para Três Rios. A infância, ele divide em três momentos. O primeiro, até os quatro anos, onde estão brincadeiras como pular no colchão de molas do tio Neco. “Eu gostava muito. Lembro-me, também, de um fotógrafo que registrou minhas travessuras na casa da minha avó, Sebastiana. Comecei a tentar tocar violão neste período e a primeira música que aprendi a tocar e cantar foi ‘Noturno’, do Fagner”, relembra. E é desta canção o trecho que você viu no início da matéria. Na segunda parte da infância, a fase mais difícil: a separação dos pais, Sin-
valdo e Maria das Graças. Aos sete anos, retomou a vida normal de criança, conforme ele diz. “Dessa fase estão gravadas na memória as inúmeras brincadeiras com meus primos. Aprontávamos muito. Nadávamos no córrego que cortava o quintal da casa da nossa avó. Fazíamos show de calouros. Eu jogava futebol no BNH do América. Quanta saudade dessa época”, recorda. Por gostar de aprender coisas novas e de ir atrás de desafios, nos tempos de escola tinha mais trabalho com as ciências exatas. “Por isso, mais tarde, cheguei a começar o curso de matemática, no CEDERJ, mas fui vencido pela matéria e desisti”, conta. Se a dificuldade estava nos números, a facilidade estava nas
“Na minha Terra tem estrelas E três fulguram principais São meus três rios, meus amores Três belezas naturais” (Trecho de “Canção aos Três Rios”)
aulas de português e história. “O gosto por esta última veio da competência de uma professora, Odete. Ela nos ensinava de uma forma tão especial que parecia conversar conosco. Podíamos participar com opiniões ou dúvidas, enquanto ela
FOtO HIStÓrICa andré entre outros membros da alB-dF revistaon.com.br
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EU SEI FAZER
POSSe andré durante o discurso na alB-dF
“Ó cidade reluzente! Enalteço-te alegremente Por aqueles que nos legaram Tua história de valor Com orgulho e com coragem Em tua mais tenra idade Entre-Rios te chamaram” (Trecho de “Três Rios, Minha Terra”)
ensinava com tamanha maestria”. Aos 15 anos, André começou a escrever poesias. “Foi quando tive contato com os autores românticos. Os versos de ‘Se se morre de amor’, de Gonçalves Dias, ficaram gravados para sempre em minha alma. Minha professora de literatura daquela época, Simone Brum, teve grande influência em minha vida literária. Me incentivou a criar os primeiros versos e os corrigia com muita paciência”, explica o escritor, que teve como inspirações primárias, as paixões da adolescência. Não é apenas o “coração alado” da canção de Fagner que pode buscar novos rumos; a vida de André também. Hoje, morando em Brasília, um dos entusiasmos para continuar escrevendo é o amor pela 86
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esposa, Simone Oliveira, com quem está casado há três anos. “A poesia ajudou a conquistá-la e continua a ajudar, pois esse processo precisa ser diário”, confessa. Do casamento anterior, nasceram, também, fontes de inspiração: os filhos Davi, 9, e Miguel, 4. Com Simone, se tornou pai de coração da enteada, Letícia, 17, e aumentou a família, com Guilherme, de um ano. A mudança para o Distrito Federal, onde está há quatro anos, aconteceu devido à carreira que Pullig escolheu. Ele é Segundo-Sargento na Marinha do Brasil. “Meu primo Airies e meu tio Anathálio, que já eram marinheiros, me incentivaram a ingressar. Hoje tenho 17 anos de carreira”, diz o escrevente que, antes de chegar à capital do país, morou por três anos em São Pedro da Aldeia. Ele tem dois livros de cabeceira, a Bíblia Sagrada e o Itinerário de Pasárgada, de Manoel Bandeira, mas quando precisa contar seus autores preferidos, a lista é quase sem fim. “Leio até bula de remédio. Gosto de Homero, Sófoles, Camões, Cervantes, Stendhal, Shakespeare, Drummond, Vinícius de Moraes, Graciliano Ramos, ...e gosto de leitura crítica e teórica sobre literatura”, finaliza. Com tantas inspirações para escrever, você consegue imaginar que André jogou no lixo muitos poemas que fazia? “Em 2005, alguns amigos do Curso de Formação de Sargentos, viam, constantemente, eu rabiscar um papel e, logo depois, jogar fora. Descobriram que eram poesias e incentivaram-me a registrá-las. Teve um que se ofereceu como guarda dos poemas”, conta. Ali começava a surgir a ideia de lançar o primeiro livro. “Eles me convenceram. Depois, encontrei outros amigos de Três Rios e de fora, que, ao longo da vida, sempre me ajudaram e encorajaram”, agradece André que, em 2009, publicou o “Poetizar”, uma “miscelânea de poesias que leva à descoberta de que o amor verdadeiro nunca morre, de que a paixão está sempre acesa e de que o desejo é eterno”, conforme escreveu Rosiley Bertini no prefácio da obra. Em 2010, criou o livro educativo “Literatura Lúdica – Manoel Bandeira no Reino da Pasárgada” (que, até o fechamento da edição, aguardava a autorização dos direitos autorais para ser publicado). Em
“Antes e agora Tu és minha aurora Meu riso Infinito Tudo em você Me dá pleno prazer” (Trecho de “Para Sempre”)
2011, lançou, em Brasília e em Três Rios, o “Cancioneiro”, também com poesias. Agora, o escritor prepara uma edição bilíngue com 50 poemas e termina um romance voltado para o público juvenil. “As histórias das personagens deste livro se cruzam sempre em torno do poder que os sonhos têm de nos libertar ou nos fazer adormecer em nossos próprios pensamentos e desejos”, resume. Para publicar um livro, André conta que não é fácil e é necessário conhecer os caminhos para se chegar até um editor. “Quando se trata de poesia e quando o autor não tem uma reserva monetária, o grau de dificuldade aumenta. É interessante conseguir um agente literário e participar de concursos em âmbito nacional. Livros premiados têm mais facilidade para conseguir contratos em editoras. Firmar parcerias também é interessante para o escritor que está começando, além do uso da internet que é, hoje, a principal ferramenta para divulgação do trabalho literário”.
InSPIraÇÕeS A esposa e o filho mais novo são duas das fontes de inspiração do poeta
PaI Miguel e davi já demostram interesse pela leitura
Com tamanha sensibilidade para enxergar a vida e com seus trabalhos bem recebidos pela crítica, surgiu um convite que o deixou sem a principal ferramenta de um escritor. “Após uma apresentação que fiz em um sarau, em Brasília, o professor e escritor Jorge Amâncio, imortal da ALB (Academia de Letras do Brasil), me apresentou à Vânia Diniz e seu esposo, Paulo Diniz. Ela, presidente da ALB-DF, disse que ficou impressionada com minha apresentação e completou com ‘vou te indicar para a Academia’. Na hora, este poeta ficou sem palavras”, diz ele que, emocionado, aceitou o convite. Vânia, ao escrever o prefácio de “Cancioneiro”, registrou, com suas palavras, o instante que antecedeu o convite. “Realmente me emocionei ouvindo-o enquanto transmitia com sentimento alguns poemas, um dos quais tinha como musa sua mulher que eu tive o prazer de conhecer”. O título de Membro Imortal da ALB-DF foi recebido no dia 23 de agosto de 2011, quando tomou posse como membro efetivo da cadeira 21, tendo o es-
CertIFICadO O comemorado diploma da alB-dF
critor Joanyr de Oliveira como Patrono. No dia, André foi convidado para fazer o pronunciamento em nome dos escritores imortais diplomados e empossados. “Quase fui abatido pela enorme emoção que me apoderou. Passou na minha cabeça, em poucos instantes, um filme de toda minha vida. Lembrei-me da infância em Três Rios e de tantos outros momentos. Depois daquele dia, minha existência nunca mais seria esquecida. Gostaria que muitas pessoas pudessem estar comigo naquele momento, mas não puderam. Quem sabe, um dia, eu não possa reunir todos para um grande espetáculo em Três Rios?”, espera o poeta, que se sente privilegiado e com grande responsabilidade por fazer parte da ABL-DF. Ainda em 2011, o reconhecimento veio, também, na posse como Membro Benemérito na Academia de Letras de Taguatinga, com o recebimento de uma Moção de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal e com a exposição de seus livros na 30ª Feira do Livro de Brasília. Aos 34 anos, com curso superior de Letras ainda por finalizar, André, que está no centro político do país, vê a necessidade de ações que melhorem a educação. “Valorização do professor, revisão de currículos escolares e a própria condição do acesso à educação são pontos que merecem atenção. Quando aprendemos a fazer boas escolhas, temos condições de reclamar direitos”, diz. O marinheiro e escritor também ministra palestras sobre a vida e a obra de Manuel Bandeira, além de participar de oficinas literárias. Sempre que pode, retorna à Três Rios, onde mora parte da família. “Tenho uma história, lembranças maravilhosas e um grande amor por essa cidade”. O amor fica explícito em alguns de seus poemas, como em “Canção aos Três Rios”, inspirado na “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. A ventania continua forte. E a inspiração também. Diz a primeira canção da vida do “cancioneiro” André Pullig que “nessa estrada, só quem pode me seguir sou eu, sou eu, sou eu”. Ora, pura ilusão! Ele é um poeta que sabe compartilhar as flores do mundo com quem o quiser seguir. Vale a pena se deixar “poetizar”. revistaon.com.br
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PAPO DE COLECIONADOR
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SAÚDE
Pragas de casa própria
POR FREDERICO NOGUEIRA
FOTOS REVISTA ON
Mesmo na era digital, as crianças ainda se encantam com os pequenos caracóis ou caramujos de jardins. De forma poética, são pequenos moluscos que carregam a própria casa por onde rastejem. As pequenas mãos mais atrevidas pegam essas conchas e acham graça quando o bichinho se esconde. Entre os gastrópodes, classe onde estão diversos moluscos, um deles está ganhando destaque e entrando em quintais e casas: é o Achatina fulica. Conheça sem colocar as mãos.
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orvalina da Conceição Silva mora no Caixa D’água e tem 62 anos. Nascida e criada no bairro, um novo problema apareceu em seu quintal. “São os caramujos africanos. Não tem muito tempo que chegaram. Dizem que foi um morador que trouxe alguns de Volta Redonda e, agora, são vários”, conta. O problema no terreno de Dorvalina tem sido comum em outros lares trirrienses. O Achatina fulica, caramujo-gigante-africano, como o nome popular já indica, veio da África. No Brasil, foi introduzido como uma alternativa econômica ao escargot, na região Sul do país, na década de 1980. Por não ter predadores naturais e se reproduzir rapidamente, o crescimen-
O caramujo-giganteafricano foi introduzido no Brasil como alternativa ao escargot to de sua população foi inevitável e já é considerado uma praga em quase todo o território nacional. Além de causar danos às plantações, sua secreção pode ter dois microorganismos capazes de infectar seres humanos e causar doenças. Em Três Rios, o ano e local de chegada do caramujo foram identificados. E a suspeita de Dorvalina está certa. Saulo
Paschoaletto de Andrade é biólogo e coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde no município. Ele conta que a primeira notificação feita pela população aconteceu em 2002. “Em nossas pesquisas, identificamos que um morador do Caixa D’Água trouxe alguns para usar na pescaria. Quando não quis mais, jogou no córrego que passa próximo a casa dele. Depois disso, eles começaram a se reproduzir. Por isso, lá foi o primeiro bairro a ter contato com o caramujo africano”. Ainda segundo Saulo, os bairros Barros Franco e Monte Castelo foram os seguintes, porém, hoje já são encontrados até no distrito de Bemposta. Para identificá-los, o biólogo conta algumas características a serem obserrevistaon.com.br
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SAÚDE
Dois parasitas que podem ser encontrados na secreção do caramujo são prejudiciais aos humanos vadas. “Ele tem algumas características peculiares, uma delas é o formato da concha. O caramujo de jardim tem aquele formato de caracol, já o africano tem uma ponta, como se fosse uma casca de sorvete e tem, também, uma cor diferente. O Achatina fulica fica bem maior e tem a casca mais escura”. Sua reprodução acontece obrigatoriamente em lugares úmidos, pois precisam de ambientes assim para locomoção e alimentação. “Algumas pessoas reclamam que eles só aparecem quando chove. E isso acontece mesmo. Eles ficam enterrados e, quando começa o período das chuvas, saem. Nesse tempo embaixo da terra, formam uma proteção e não perdem muita água para o ambiente. É quase como uma hibernação”, comenta Saulo. As bananeiras são locais propícios ao aparecimento do molusco. O risco que esse tipo de caramujo traz às pessoas se deve a dois parasitas que podem ser encontrados em sua secreção: o Angiostrongytus costaricensis e o Angiostrongylos cantonensis. O primeiro causa angiostrongilíase abdominal, que pode resultar em morte por perfuração intestinal. Já o segundo, causa um tipo
de meningite que tem casos registrados, principalmente, na Ásia. No Brasil, o Ministério da Saúde não tem casos notificados das doenças transmitidas através do contato com os caramujos, porém, fora do país já foram encontrados. “Se não tivesse o problema dos parasitas, você poderia deixá-lo na mão, mas não é possível saber qual tem e qual não tem. Outro problema é que eles vivem também no esgoto e podem carregar outras doenças”, diz Saulo. Mas, ainda assim, o secretário municipal de Saúde, Luiz Alberto Barbosa, faz uma ressalva. “Mesmo sem casos notificados, é importante não descartarmos qualquer possibilidade no decorrer de alguma sintomatologia”.
COnCHa a cor escura facilita a identificação deste tipo
BananeIraS a planta é um dos locais preferidos dos caramujos
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VeGetaIS eles destroem plantações e as verduras devem ser lavadas antes do consumo
COntatO Para eliminar os moluscos é necessário usar uma proteção
UMIdade Estes moluscos podem ficar enterrados e saírem apenas em períodos chuvosos
VIGIlÂnCIa aMBIental eM SaÚde Saulo comenta que o primeiro caso de caramujo-gigante-africano em três rios foi comunicado em 2002
Ele comenta como são feitos os trabalhos de prevenção na cidade. “Esses casos são identificados e o trabalho é feito paralelamente naquela comunidade que buscou ajuda. Desenvolvemos um conjunto de ações. Não é um hospedeiro comum no município, mas já observamos um número crescente e intensificamos, dentro dos bairros, um trabalho de educação
quanto a isso, que mostre a importância da observação dos próprios moradores e das notificações”, explica Luiz Alberto. Saulo diz que a Vigilância começará o controle químico da praga ainda neste semestre, mas que, por enquanto, o serviço feito é o de orientação à população. “O principal é que não deixe a mão diretamente em contato com o caramujo. A pessoa precisa pegar uma sacola ou uma luva, recolher e colocá-lo em uma lata. Após isso, deve-se jogar um pouco de sal e tampar a lata. Esta pode ser descartada em lixo comum ou enterrada”. O biólogo comenta, ainda, os erros cometidos por quem quer exterminar rapidamente os animais. “Não adianta pegar o caramujo e enterrar, porque ele vai sair da terra. Também não adianta quebrar a casca, pois podem ter ovos ali que ainda se manterão vivos. Queimar também não é o ideal, o cheiro não é agradável. E não é bom jogar o sal diretamente no caramujo, pois, com isso, haverá salinização do solo”, informa. Fora os problemas que podem ser cau-
sados diretamente aos humanos, há os indiretos. Suas conchas, caso não seja feito o processo correto e fiquem jogadas no meio ambiente, podem acumular água e se transformarem em focos de reprodução do Aedes aegypti, transmissor da dengue. Como se alimentam de vegetais, é importante que as verduras sejam sempre lavadas, pois, em um terreno com considerável concentração dos caramujos, é grande a possibilidade de algum deles já ter passado pela plantação. A comercialização do molusco é ilegal em território brasileiro, conforme mostra o texto de um parecer técnico feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 20 de janeiro de 2003, sobre o controle e erradicação do Achatina fulica. Em suas considerações finais, o documento diz que “existem grandes possibilidades de se conseguir a sua erradicação” e, na conclusão, traz o seguinte: “O nosso parecer é de que a atividade comercial utilizando-se do molusco A. fulica está à margem da legislação, portanto é uma atividade ilegal”.
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SAÚDE
Só
depende da
POR FREDERICO NOGUEIRA E RAFAEL MORAES
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A Organização Mundial de Saúde reconhece a dependência química como uma doença. Além dos prejuízos à saúde dos usuários, gera problemas sociais e familiares. Enquanto alguns dizem que o vício não tem cura ou que é necessário um tratamento de choque para o retorno à vida limpa, há quem use um meio menos científico. Uma instituição trirriense, localizada em uma zona rural, usa a fé como ferramenta fundamental quando alguém decide dizer não às drogas.
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oi em um dia 13 de junho que começaram as atividades naquele lugar. Coincidência ou não, este é o dia dedicado a Santo Antônio. Sua figura aparece, normalmente, com o menino Jesus no colo. Moças solteiras retiram o bebê dos braços do santo à procura de um marido. Outros invocam o nome de Antônio em busca de coisas perdidas. Há, ainda, a tradição dos pãezinhos que, guardados, são promessas de alimento durante todo o ano. Aquele lugar, se observarmos atentamente, é uma metáfora real de todas essas representações. Como o menino, homens saem dos braços das famílias. Estão lá em busca de
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algo que perderam no meio do caminho e, quando encontram, passa a ser o alimento que move a vida que recomeça. Aquele lugar é um sítio, em Três Rios, que recupera dependentes químicos. O projeto começou há três anos e meio por iniciativa de dois homens que estavam envolvidos com drogas e queriam se livrar do vício. O terreno onde está a casa pertence a um deles. O sigilo quanto ao lugar, nome dos fundadores e dos internos é uma política para preservar a integridade dos envolvidos e garantir a segurança. O processo de abandono do vício acontece diariamente, com uma rotina que começa às 6h30. Gessi dos Santos
é um dos responsáveis pela administração do espaço, que funciona com a ajuda de voluntários. “Uma pessoa que usa drogas, não tem horário para nada, não tem disciplina e aqui ela aprende a ter. Não temos trabalhos de terapia ocupacional, temos a laborterapia. São atividades que mantém as cabeças ocupadas. As tarefas são distribuídas toda semana e cada um sabe o que fazer”. Entre as atividades diárias que acontecem no sítio, estão momentos de oração, terços, agradecimentos e missas. Um dos cultos católicos do mês, dedicado aos recuperados, é celebrada por José Carlos Medeiros Nunes, conhecido como
padre Quinha, que desenvolve projeto semelhante em São José do Vale do Rio Preto. Nos últimos domingos do mês, são celebradas as missas da família, com sacerdotes missionários do Verbo Divino. Tanta ligação com a fé tem uma explicação no método usado para o tratamento. “O nosso remédio é a oração. Eles precisam entender que existe Jesus, que cura, salva e liberta. A evangelização é a chave da recuperação aqui”, conta Gessi. Psiquiatra e psicanalista, Gerson Rangel Brasil, que atua no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Álcool e Drogas de Paraíba do Sul, diz já ter observado o principal fator que leva uma pessoa a sair da dependência. “Ninguém muda se não tiver o desejo de mudar e essa vontade tem que ser conquistada, o que pode ser feito com a ajuda do autoconhecimento. Não acredito que a repressão pura e simples ou a medicalização resolvam o problema. Neste caso [do sítio], trata-se de uma tentativa de ajudar os dependentes a superarem o vício através de métodos sem procedimentos médicos e psicológicos. Não acredito que possamos chamar isso de terapia, mas de tentativas de ajudar. Isto pode funcionar para alguns casos, mas acredito que não para todos os dependentes”, acredita. O uso de medicamentos na instituição acontece em casos específicos. “Quando alguém chega muito agitado, já traz o remédio e administramos o uso. Com o tempo, observando a melhora, tiramos a medicação. Se essa pessoa ficar dopada durante toda a internação, não vai ter força para lutar contra as drogas. A luta é deles, de cada um. Bordados, pinturas ou joguinhos, eles não fariam, por isso nossa opção pela laborterapia. O lucro dos trabalhos volta para eles”, explica Gessi. Os atendidos podem ficar hospedados lá por seis meses. Márcio Brandão Pinto, também psiquiatra e psicanalista, acha que tratamento sem medicamentos não surte o resultado esperado. “A reclusão está indicada para que o usuário se afaste geograficamente da droga, mas por si só não é suficiente. O sofrimento do sujeito diante da abstenção sem uma ‘compensação’ com medicamentos específicos torna-
-se insuportável. Os trabalhos domésticos e o ensino religioso são auxiliares importantes no tratamento, mas sozinhos são ineficazes”, defende. No entanto, quem melhor pode contar os resultados do sítio de recuperação são as pessoas que já se reconheceram
Segundo Gessi, o remédio usado no tratamento é a oração
dependentes e buscaram o local como ajuda para o renascimento. M. K., 18 anos, é um dos exemplos. Há pouco mais de dois meses na instituição, começou a usar maconha aos 12 anos. Com 15 conheceu a cocaína e depois chegou ao crack. “Teve um dia que usei bastante, me deu uma depressão e uma vizinha me trouxe até o sítio”. Morador de um bairro de Três Rios, a influência para começar a usar entorpecentes estava a poucos passos do portão de casa. “Na minha rua acontece tráfico, cresci nesse meio. A maioria dos mo-
radores usa. Minha mãe sempre falou, instruiu para não usar, mas entrava por um ouvido e saía pelo outro”. Ele admite que ainda sente falta “de um baseado”. Do crack, que fumava 30 pedras por dia, acha que já está livre. Quando sair, sabe que será difícil lutar, mas demonstra força de vontade em vencer. “Quero continuar meus estudos, fazer um curso técnico. Já tive problema na justiça, fui enquadrado como usuário. Dá uma depressão ver os colegas se formando e você parado. Tenho irmãos e, olhando para eles, fortes, e eu fraco, todo acabado, também deprime”, confessa o jovem que ainda não chegou ao ensino médio. O sentimento de vergonha, quase o impediu de contar que vendia drogas no bairro onde mora. “Chegava a ganhar R$ 600 por carga que o ‘cara’ [traficante] me dava para vender. Se eu não usasse, ganhava mais ainda. Chegavam pessoas para trocar câmeras digitais por drogas”. Ele ainda conta que mulheres queriam trocar o produto por sexo. “Mas eram tão judiadas as meninas que nem valia a pena”, relembra. “Vendia para gente da cidade toda, até playboy chegava de carro”, diz alertando sobre pessoas que alimentam essa demanda. Por estar envolvido com os atos ilegais, ele relembra um momento. A vontade pela mudança de vida surgiu quando a mãe encontrou uma arma dentro de casa. “Ela chegou a ir na casa do traficante, dono da arma”. O jovem se mostra preocupado com a atual situação das drogas na cidade. “Lá perto da minha casa está um inferno. Tem um cara que tem só um colchão em casa. Vendeu tudo por causa do vício. Outros viciados usam drogas lá, com ele. Tem gente vendendo fio de cobre para trocar por crack”. Outro interno do sítio é F. O. N., de Cataguazes/MG, que tem 55 anos. Chegou à cidade através de uma irmã que já buscava instituições para internação dele. Após passar por outra instituição e não se adaptar, chegou ao sítio há três meses e o caminho das drogas foi semelhante ao de M. K.. “Comecei aos 22 anos com maconha, por influência de colegas, depois passei a usar cocaína e, há dois anos e meio, conheci, infelizmente, o maldito revistaon.com.br
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crack. Por causa dele estou aqui”, admite. Hoje, F. O. N. considera o lugar como a própria casa. “Aqui aprendi a orar, pois não sabia. Hoje sei o que é ter fé. Peço a Deus que eu consiga sair dessa vida”. Ele conta que está pensando em ir embora do sítio, apesar do tempo de permanência ainda não ter chegado ao limite e não acreditar estar apto a voltar para a cidade natal. “Queria completar o tempo, mas não estou conseguindo conviver com algumas pessoas. Se estou me sentindo incomodado, acho melhor me retirar do que continuar e atrapalhar a recuperação de outros, além da minha. Pretendo voltar e, depois, sair mesmo, começar a vida do zero e nunca mais saber de drogas. Quero ajudar algum asilo ou creche, não posso ficar com a cabeça vazia”. V. L. A., 26 anos, chegou ao sítio através da Pastoral da Sobriedade. Ficou durante 21 dias e buscou outro lugar. “Fui para outra instituição porque minha mãe e eu achamos que seria melhor um lugar com terapeutas e psicólogos. Mas não me adaptei e retornei há quatro meses. Faltava alguma coisa que aqui estou encontrando”.
Um dos internos conta que era ruim ver os amigos se formando enquanto ele usava drogas
Os irmãos do jovem também são dependentes químicos. Um deles está livre do vício, e o outro, mais novo, ainda faz uso diariamente. “Fumei maconha uma vez e não gostei. Então, dez dias depois, me chamaram para usar crack. Durante um ano foi legal, não tinha consequências. Com um pouco mais de tempo, ficou mais pesado. Gastava R$ 3.000 por mês com drogas, usava 60 pedras por dia”, lembra. Quando sair da clínica, ele sabe que a luta continuará. “Acho que pronto nunca vou estar. Tenho que acordar e pensar naquele dia. Preciso pensar no ‘só 96
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por hoje’. Alivia a forma de levar a vida”. A família é fundamental para a recuperação, mas será ela, a culpada pelo início da dependência? F. O. N. não vê os genitores como responsáveis pelo seu vício. “Meus pais fizeram tudo de bom para mim, mas não aproveitei. Comecei a faculdade de Letras e parei. Não estou aqui por descaso deles. Tinha emprego, podia ter um carro, mas a droga não deixava. Podia ter comprado várias coisas, mas não consegui”. V. L. A. também concorda. “Não foi culpa dos amigos, nem dos meus pais. Fui muito bem educado. Nunca fui rico, mas nunca faltou nada. Sou o único responsável por ter entrado no mundo das drogas”. Para a psicóloga Carina Duque Valle, a droga provoca curiosidade e esse é um dos motivos para o início da dependência. “O jovem busca novas experiências, testa seus limites, imagina uma vida regada a prazer. Existem vários motivos que levam ao uso de drogas. Não é uma culpa que pode ser atribuída unicamente aos pais, já que fatores ambientais e psicológicos também influenciam. Liberdade exagerada, falta de limites, negligência, falta de diálogo com os filhos podem ser fatores predisponentes para o envolvimento com drogas. Assim como o inverso, bom relacionamento, diálogo aberto e confiança são essenciais para ajudar um filho na prevenção e tratamento da dependência química”. F. S. está em tratamento devido à bebida alcoólica. “Pensava que tinha amigos. Enquanto tinha dinheiro, tinha pessoas ao redor. Tudo era motivo para eu beber. Tentava escapar dos problemas assim, mas não resolvia”. Ele assume que o erro foi dele e que não há culpados. “Uma vez, gastei R$ 700, de 14h às 2h, só com bebidas. Pagava para todos os que se diziam meus parceiros”. A família também teve papel fundamental no início da recuperação. “Pedi minha mãe para procurar ajuda. Vi que não estava conseguindo mais viver bem do jeito que estava”. Carina mostra os sinais aos quais os pais devem estar atentos. “As mudanças repentinas de comportamento e os sinais físicos, como olhos vermelhos, dedos amarelados, secreção nasal contínua, são alguns dos sinais de que o filho pode estar
usando drogas. Há, ainda, a agressividade e irritabilidade, alterações no apetite, insônia ou hipersônia, afastamento de amigos antigos, sair sem avisar onde está indo ou mentir a respeito, mostrar desinteresse pelos estudos ou outras atividades de lazer que costumava gostar, são as principais mudanças de comportamento que devem ser observadas”.
A droga provoca curiosidade e esse é um dos motivos para o início da dependência
Os efeitos das drogas, quem passa pelo sítio já conhece, mas Gerson Rangel explica. “Em geral os efeitos resumem-se em inibição do funcionamento mental, euforia e alucinações. Em geral, os danos ao cérebro ocorrem a longo prazo, deixando o usuário com os reflexos prejudicados, reduzindo a capacidade de raciocínio lógico, causando letargia, desinteresse pelas coisas. Entretanto, o maior estrago é mesmo de natureza psicológica, porque o uso contínuo e prolongado das drogas traz um enorme prejuízo à vida social e afetiva, tornando os indivíduos embrutecidos, anestesiados para os afetos e as emoções”. Não por milagre, mas pela força de cada um, os homens são devolvidos ao colo das famílias. Reencontram a vida e levam um novo alimento, a fé. Com três irmãos esperando por ele em casa, M. K. conta que tem medo de voltar e cair novamente. V. L. A. quer retomar o emprego ao lado do pai e viver um dia de cada vez. F. O. N., anseia saber o que é ter fé, e quer mostrar o mesmo caminho para outras pessoas. F. S. quer encarar o mundo para ver se está mesmo livre do vício do álcool. Estes são os “Antônios” de um novo tempo que buscaram a recuperação e encontraram seus próprios “santos protetores” naquele lugar cuja simples estrada de terra cercada de bambú mirim, guarda a forma de evitar as drogas através da fé.
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interrompido POR PRISCILA OKADA
FOTOS REVISTA ON
São poucas as situações que causam tanto desconforto quanto a morte. Ainda que seja inevitável e faça parte do curso natural da vida, ao acontecer próximo à família ou grupo de amigos, não há quem fique indiferente. Mas existem mães e filhos que tiram deste sofrimento a energia necessária para continuar “de pé” e apoiam quem passa por situação semelhante.
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enhuma palavra é suficiente para descrever a dor da perda de uma mãe ou de um filho. E é na solidariedade, no apoio a quem está sofrendo, que muitas famílias que perderam seus entes queridos encontram forças para recomeçar a vida e seguir em frente. A dona de casa Maria José de Souza perdeu a filha mais velha há 15 anos e hoje segue sua vida e compartilha a história. De acordo com Maria, foi em um dia aparentemente normal que Andreia saiu do trabalho para visitar uma amiga, que acabara de perder o namorado. Ironia do destino? No caminho, um ônibus ultrapassava outros veículos, quando se chocou contra o carro onde ela estava acompanhada de um amigo. A batida foi tão grande que o carro foi arrastado por quilômetros. Os dois morreram na hora. “Nesse dia, perguntei se queria que o 98
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pai a levasse, mas não quis”, se recorda e relata um fato intrigante. “Anos antes, conheci a doutrina espírita, que me fez entender a vida e compreender a morte. A impressão que tenho, é que isso era para me preparar para essa separação”, acredita. De acordo com Maria, não existe religião capaz de imunizar uma pessoa do sofrimento neste momento, mas ela é fundamental para confortar e dar força. “Quando soube da notícia, me recordo que entrei na minha casa, bati o portão e pedi ajuda a Deus. Ele certamente me ouviu, porque tirei forças de onde não tinha para seguir até o final do seu sepultamento”, crê. Dias após a partida de Andreia, Maria conta que recebeu uma carta psicografada de sua filha, dizendo que estava bem, acalmando-a. “Eu tenho duas filhas e sempre combinei com elas desde criança, que onde elas estivessem deveriam se comunicar. Isso foi feito por ela
após a morte”, revelou emocionada. Para a dona de casa, perder um filho é a situação mais triste do mundo. “A lei natural é os filhos sepultarem seus pais.”, finaliza e frisa a importância da união da família e dos amigos, que sempre se fizeram presentes nos momentos mais difíceis. Apesar de saber que a vida deveria seguir esse percurso, Priscila Souza dos Santos, 22, conta que a dor de perder uma mãe é indescritível. “Há seis anos que ela se foi e parece que tudo é recente ainda. Minha mãe fazia tudo, era muito religiosa e amiga”, recorda. Professora particular, Ruth Souza dos Santos faleceu aos 56 anos, vítima de uma infecção após a retirada de um câncer no intestino. Com a retirada do tumor, os médicos e a família acreditavam em sua recuperação, mas não foi o que ocorreu. “Ela pegou uma infecção hospitalar e lutou por um mês para sobreviver, mas não re-
ARQUIVO PESSOAL
leMBranÇa emilia em seu aniversário de 18 anos, um ano antes de sua morte
sistiu”, relata. Hoje, Priscila tenta seguir sua vida, trabalha, estuda, namora, mas convive com saudade eterna. “É difícil, ainda bem que tenho uma família unida”, conta e finaliza dizendo que a data mais difícil é o dia das mães. “Você vê as pessoas se mobilizando para comprar presentes e não posso mais fazer isso, me pego pensando sempre. Não tenho quem cuide de mim como ela cuidava, só quem passa por isso sabe”, conclui. Perder uma filha no auge de sua juventude parece ser o pesadelo para qualquer mãe. Emília Maria Garcia de Melo Villaça viu sua filha lutar pela vida durante seis meses antes de falecer. Com 19 anos, a jovem que tinha o mesmo nome da mãe, teve um tipo de anemia considerada rara, chamada aplástica (ocorre quando a medula óssea produz em quan-
tidade insuficiente os três diferentes tipos de elementos figurados do sangue: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Quando não tratada, tem uma taxa média de sobrevivência inferior a dez meses devido a infecções e hemorragias. A causa pode ser congênita ou de causas adquiridas). “O tratamento teria alguma chance se minha filha mais nova tivesse compatibilidade para fazer um transplante de medula, pois nesse caso só pode ocorrer através de uma irmã, mas infelizmente não era”, divide a contadora que até hoje busca informações sobre os avanços da doença. “Minha filha era muito querida, recebeu toda ajuda possível, tanto dos amigos, família e de toda equipe médica”, lembra. Religiosa e de uma família muito unida, Villaça atribui a sua força a essas pessoas. Emília aconselha as mães que passam pela mesma situação. “Tentem viver um dia após o outro. O trabalho é muito bom para ocupar a mente”, compartilha e acredita que um dia possa encontrar a filha novamente. Após cinco anos, Villaça tenta voltar suas atenções para a filha mais nova. Quanto às lembranças: “serão eternas, o diário que ela escreveu pra mim durante o tratamento, leio sempre. Ela era um anjo de menina, boa filha, sobrinha, irmã, neta, amiga, profissional. Vai estar sempre presente”, finaliza. A perda da mãe ou de um filho, independentemente de suas causas, é uma das experiências mais radicais na vida de uma pessoa. “Morremos um pouco também”, explica a psicóloga Helena Souza. “Carregamos a mãe dentro de nós e elas os filhos, incapacitados de um rompimento.” Sentimentos de medo, culpa e até de libertação mesclam-se nessa perda. Vive-se uma contradição radical: a morte rompe um elo que, a rigor, é inquebrantável. “Por mais traumática que seja essa experiência, acredito que a sensação de buraco fecha, sim”, opina a psicóloga. “Principalmente quando há uma rede familiar disposta a fornecer apoio e carinho.” Fé
alÉM da VIda após uma semana da morte, Maria José recebeu uma carta pscicografada da filha
É nela que o teólogo e pastor Neilson Flaudivio dos Santos acredita que as pessoas devem se agarrar. “Quando a pessoa
crê em Deus, há um preenchimento, um consolo dessa perda. Ela passa a ter uma paz e tranquilidade. O sentimento de perda é individual de cada um”, define. Para o pastor, é notável identificar a intensidade da fé de cada pessoa nesse momento. “Em um sepultamento, você nota essa falta em quem não tem essa tranquilidade e conhecimento, através do desespero. Quem tem muita fé, apesar de passar pela mesma dor, é confortado pelo saber”, acredita. O sofrimento, segundo ele, está ligado a todo ser e todos devem saber que a hora de cada um irá chegar. O religioso fala sobre as datas comemorativas tão temidas por quem perdeu um
FOrÇa Pastor neilson Flaudivio fala sobre o poder da fé para ajudar amenizar o sofrimento da perda
ente querido. “Existem pessoas que querem passar a data do dia das Mães em branco. Eu diria que é importante refletir nesse dia e agradecer por ter vivido e ter tido a presença da mãe ou do filho, no tempo em que lhe foi permitido. É preciso entender essa realidade e conversar com os filhos sobre essa possibilidade. Ninguém esta preparado, mas devemos conhecer mais a passagem da vida e dar valor. Tantas mães estão abandonadas em asilos, filhos são doados e jogados no lixo. É difícil sim, mas é possível entender. É preciso ter essa vontade de entender. Deus não nos criou para a morte, e sim para a vida eterna”, finaliza. revistaon.com.br
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AREAL
Vinte anos após a emancipação Após duas tentativas frustradas, o município conquista o tão sonhado status de cidade em 1992 POR ALINE RICKLY
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á 20 anos, a população arealense teve motivos para comemorar. O então 4º distrito de Três Rios havia conquistado a emancipação na terceira tentativa, no dia 10 de abril de 1992. Hoje, apesar de todas as dificuldades encontradas durante este tempo, a cidade é vista como um bom lugar para viver e ideal para turismo de veraneio. Para quem pensa que o lugarejo só surgiu há vinte anos, está muito enganado. Há registros de que Areal já existia, embora com outro nome, por volta de 1700. Barra do Rio Preto, como era conhecida na época, foi habitada pelo major José Vieira Afonso (responsável pela construção do cemitério de baixo) junto à esposa Rita Maria de Jesus e, curiosamente, pelo major Júlio Frederico Koeler. No livro de Pedro Gomes da Silva, “Capítulos de história de Paraíba do Sul”, é abordado que em Areal já existiam casas, moinhos, engenhocas e cafezais. O nome surgiu devido à praia de
O nome surgiu devido à praia de areia que existia no local da atual igreja areia que existia no local da atual Igreja, em frente à casa de parada das viaturas, carroças, diligências e outras de tração animal. Quando as pessoas eram indagadas em que ponto iriam parar, diziam que o destino era o qual havia um areal. Nos arquivos históricos guardados pela Secretaria de Cultura é possível compreender como era a cidade anos atrás por fotografias que imortalizaram o lugar. O que hoje é chamado de Barateza, antes era uma fazenda pertencente à família Wiechers, responsável por ceder o terreno onde, hoje, fica a Matriz Nossa Senhora das Dores. Nícia Wiechers Lourenço, 86, nasceu em 1925 no município. “Aqui onde moro era uma fazenda do meu avô.
No centro havia o casarão que foi demolido para a construção da estrada. Meu pai, José Lourenço, foi responsável pela vinda da luz elétrica para a região e também trouxe o primeiro cinema”, relembra. Nícia conta, também, que, na época, nos intervalos dos filmes no cinema, a banda do seu pai fazia apresentações. “Minha mãe tocava piano, meu irmão violino e meu pai pistão. O cinema funcionou por bastante tempo”. Para a moradora, o lugar que reside desde que nasceu é excelente. “Sempre gostei de morar aqui. A gente se acostuma e eu me apego com facilidade. Certamente muita coisa mudou, em certo ponto para melhor porque progrediu, mas sinto falta daquele tempinho bom de sossego”, diz. Arlete Alves de Freitas, 70, conta que a iluminação pública era precária na época. “Eu me lembro que tudo era feito cedo porque depois que escurecia não tinha como fazer mais nada. A gente vivia a base de lampiões. Quando a luz elétrica chegou ainda era restrita e meio revistaon.com.br
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amarelada. As roupas eram lavadas nos rios, que na ocasião possuíam águas cristalinas. Banho era na bacia, a gente esquentava a água para se banhar. Os que tinham maior poder aquisitivo possuíam banheiras em suas residências. Em todas as casas havia fogões à lenha, aqui temos um até hoje. A ida à estação de trem era a diversão dos moradores. O surgimento de casas foi quando acabou o tráfego de trem”, rememora. Arlete fez parte do grupo que lutou pela emancipação da cidade e acredita que esta vitória atendeu às expectativas dos arealenses. “A gente passava de casa em casa para pedir que as pessoas votassem pela emancipação. No dia da votação ficamos apreensivos porque era necessário certo número de pessoas a favor. Lembro-me bem que eram 12h e quase ninguém tinha votado ainda, mas, felizmente, no final conseguimos conSECRETARIA DE CULTURA DE AREAL
enCHente em 2011, areal sofreu com as inundações
Arlete de Freitas conta que para conseguir a emancipação, um grupo passava de casa em casa para pedir votos
SECRETARIA DE CULTURA DE AREAL
IGreJa a antiga matriz precisou ser demolida ao enfrentar problemas com formigueiros
quistar o objetivo. Agora os recursos da cidade ficam aqui”, destaca. Outro ponto lembrado pela moradora foi quando surgiu a BR-040. “A população achava que a cidade ia acabar, porque os comércios que existiam eram basicamente para atender os motoristas que vinham de longe. Mas o que nos surpreendeu foi o surgimento de outros tipos de estabelecimentos e melhorou muito. Antes, para comprar roupas tínhamos que ir a Três Rios ou Petrópolis. Mas, com todas as dificuldades, esta é uma região que eu não troco por lugar nenhum no mundo”, afirma. Ex-prefeito da cidade, José Francisco Sobrinho, 89, considera Areal um local muito bom de viver, pela tranquilidade que proporciona. “Vim para cá em 1945 a
BarateZa nos anos passados, o centro da cidade era uma fazenda pertencente à família Wiechers 102
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trabalho e aqui me estabeleci, casei e tive dois filhos e dois netos. Lembro que, nos velhos tempos, o trem que vinha de São José do Vale do Rio Preto parava aqui para fazer baldeação das pessoas que iam para Petrópolis ou Rio de Janeiro. Tinha também o famoso Hotel Marinho (que ficava no prédio onde é a atual prefeitura). Este hotel era a menina dos olhos da cidade. Trazia muitos turistas que passavam o verão aqui. Com a emancipação melhorou muito a estrutura da região. A administração agora é feita aqui, não dependemos de pedir a Três Rios mais. Os recursos da cidade atendem melhor aos interesses da população. Hoje, dentro das possibilidades, Areal está bem situada. A gente sempre espera que fique melhor, mas já está bem assim”, garante. Para o atual prefeito, Laerte Calil de Freitas, a emancipação foi importante para toda a população. “Era um desejo da comunidade, queríamos buscar o crescimento e melhorar nossa qualidade de vida”, destaca Laerte, que nasceu na cidade. O prefeito aponta as dificuldades
enfrentadas pelo município durante estes 20 anos. “O início não foi tão bom. Tivemos problemas durante um período com muitas dívidas. Não teve um planejamento para que o município se sustentasse em longo prazo. Também faltaram investimentos nas escolas, postos de saúde e transporte. Em 2004, quatro prefeitos assumiram a prefeitura, o que contribuiu para estagnar a economia do município”, lamenta. Mas nos últimos anos vem apresentando crescimento e desenvolvimento. Segundo Laerte, hoje pode-se dizer que há um equilíbrio financeiro com controle das despesas e que certamente houve um desenvolvimento econômico nos últimos anos. “Várias empresas já manifestam interesse em se instalar na cidade, além das que já estão aqui. Desta forma, há uma maior geração de emprego e renda. A maior conquista re-
centemente foi a criação do Parque Industrial, com 500 mil metros quadrados, que suporta de cinco a seis empresas de médio a grande porte. Esta cidade é maravilhosa também por sua posição geográfica. É perto de Minas Gerais e da cidade do Rio de Janeiro”, elogia.
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Para o prefeito Laerte, a cidade está na rota do desenvolvimento
eX-PreFeItO aos 89 anos, José Francisco Sobrinho e sua esposa, Ilda andrade do nascimento, esperam que a cidade continue melhorando
Octavio Yamazaki é diretor industrial de uma empresa que pode ser considerada nova no município. A fábrica, de origem francesa, se estabeleceu no país após perceber o potencial do Brasil nos segmentos em que atua: dermocosmético e farmacêutico. “Aqui em Areal encontramos uma fábrica com o mesmo perfil comercial que o nosso, então resolvemos investir. Inicialmente, em 2006, compramos 70% da empresa e em 2009 adquirimos os 30% restantes”. Entre as vantagens destacadas por Octavio está a localização. A cidade do Rio de Janeiro significa, junto a São Paulo, 60% a 70% dos compradores da empresa. Ele também apontou a boa condição de logística, com rodovia de acesso, como outro ponto positivo. Nas contratações, segundo ele, a preferência é por arealenses. “Recentemente a empresa fez um investimento de R$ 4 milhões
eMPreGaBIlIdade Cinquenta por cento dos trabalhadores da firma francesa recentemente instalada são de areal FABIO GIANNINI
InVeStIMentO O estabelecimento de empresas de grande porte na região, movimenta a economia e gera empregos
FABIO GIANNINI
FABIO GIANNINI
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PreFeItO laerte acredita que em 20 anos, finalmente, pode-se dizer que areal virou cidade
CreSCIMentO a empresa tem a intenção de ampliar sua estrutura, o que vai favorecer a cidade de areal
para construir um centro de distribuição na área adquirida, mas a perspectiva é aumentar, o que vai gerar mais empregos para a região”, enfatiza Octavio. Em 2011, um acontecimento marcou a vida de muitos moradores. As chuvas de 11 de janeiro, que inundaram Areal, levaram a prefeitura a ter que fazer investimentos urgentes para amenizar a situação das pessoas que sofreram com a enchente. “Foi um momento muito difícil para a história da cidade. Desestruturou os planejamentos, até hoje tem efeitos negativos e trouxe muito prejuízo material. Felizmente não tivemos vítimas, o que já é uma grande vitória”, comenta Laerte. Um ano depois, ainda em fase de recuperação, o chefe do executivo afirma que, apesar das eventualidades, é possível comemorar o fato de que a cidade está preparada para o crescimento. “Estamos na rota do desenvolvimento. Hoje, a população pode planejar a vida, o que não acontecia antes”. revistaon.com.br
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Trirrienses atrás
das grades POR ALINE RICKLY
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Mais de 300 prisões foram registradas em Três Rios em 2011. Números expressivos se pensar em uma média de 25 por mês
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motivo das detenções em Três Rios está relacionado ao tráfico de drogas, mas aparecem também grandes índices de furtos a residências e comércio, violência doméstica e sexual contra crianças. A maioria dos presos são homens, de 20 a 30 anos e com baixa escolaridade. Geralmente não possuem o ensino médio completo. A 108ª DP (Delegacia de Polícia) não fica com os presos, mas os encaminham para bases da Polinter, na Baixada Fluminense, no Grajaú, entre outras. Esses detentos ficam longe das famílias que, muitas vezes, têm dificuldades para visitá-los. Na maioria das vezes, os presos ficam poucas horas na 108ª DP. No máximo, ficam dois dias até ser providenciado o transporte e a vaga na Polinter.
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Em Três Rios, a 108ª DP não fica com os presos das famílias De acordo com a delegada titular, Claudia Teresa Nardy Abbud, em Três Rios a maioria dos crimes de homicídio são qualificados, o que leva à pena de 13 a 30 anos de prisão. Outro fator indicado pela delegada é a respeito da lesão corporal culposa no trânsito, que tem crescido nos últimos anos. Claúdia explica que a maior preocupação, e prioridade, está relacionada com os crimes dolosos contra a vida e crimes de homicídios, embora estes te-
nham diminuído. “Trabalhamos com a intenção de elucidar a autoria e finalizar o procedimento com remessa à justiça o mais rápido possível. Em 2010, de sete casos de homicídio, seis foram elucidados, só faltou o caso Jéssica [universitária de São Paulo assassinada em Três Rios naquele ano], que ainda está sendo trabalhado. É importante destacar que crimes de homicídio não são arquivados”, diz. A delegada afirma que a repressão ao tráfico e outros delitos aumentou porque a cidade conta com o monitoramento por câmeras, além do apoio das polícias militar e civil, além da guarda municipal. “Qualquer movimento suspeito, a polícia se dirige ao local e tem tido êxito nas prisões. Os lugares em que fazemos mais apreensões são:
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Centro da cidade, Vila Isabel, Purys e Caixa D’água”, informou. Segundo o juiz Luiz Fernando Ferreira de Souza Filho, do Fórum de Paraíba do Sul, as prisões na região são as mais variadas e os prazos variam de acordo com os processos, os crimes, penas e se já houve sentença ou não. “Não há diferença de tratamento de presos desta ou daquela região, mas de delitos praticados”, elucida. A juíza Elen de Freitas Barbosa, do Fórum de Três Rios, enfatiza que o tráfico de drogas é, hoje, o crime com maior incidência na cidade. “Por este motivo estou fazendo uma campanha para ajudar uma clínica para tratamentos de dependentes químicos na cidade. O lugar está sendo construído por uma igreja, mas precisa crescer já que o número de dependentes no local é muito grande”, explicou. O advogado criminal David Elmôr também indica o tráfico de drogas como maior causa que leva a deter indivíduos na cidade, seguido dos crimes
ClaUdIa aBBUd A delegada indica o tráfico de drogas como maior índice de prisões em três rios
enquadrados na Lei Maria da Penha. “Em alguns casos, de acordo com o delito, é concedida a liberdade provisória, que leva em conta os antecedentes e a gravidade do crime, porém no caso do tráfico de drogas não há liberdade provisória”, explicou. Elmôr deixa claro que só trabalha com a verdade e que o segredo para conseguir êxito em um julgamento é provar, do ponto de vista técnico, a incerteza quanto ao fato. “Não se pode condenar ninguém sem a certeza da materialidade da autoria. Devemos conseguir chegar ao ponto de interrogação que gere uma incerteza e, neste caso, a lei é clara ao dizer que, na dúvida, decida-se a favor do réu”. Para o advogado, nem sempre a vitória é sinal de absolvição. “Se você cometeu um crime, tem que pagar por ele. O que eu faço é traçar o perfil criminológico do cliente para manter as condutas éticas”, diz. Em 2011, o criminalista atendeu 16 casos em seu escritório. A maioria relacionada ao tráfico de drogas. Ape-
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De acordo com a juíza Elen de Freitas Barbosa, a pena referente ao tráfico de drogas pode ser aumentada se for praticado com a utilização de menores, nas proximidades de escolas, hospitais, entidades sociais, culturais e recreativas
nas um era latrocínio, dois homicídios qualificados e um furto qualificado, um dano cumulado com corrupção de menores, um estelionato e uma receptação [receber bens de forma ilícita]. O criminalista afirma que o sistema carcerário no país é fracassado. Ele defende a ideia de que deveria ser dividido por crimes. “Uma alternativa para diminuir a superlotação nos presídios é reduzir o percentual de prisão cautelar [antes da condenação]. Atualmente, está quase ultrapassando o índice das condenatórias”. O aposentado que preferiu não se identificar, A.C.S, 65, teve o filho preso em 2011. O jovem foi preso com uma plantação de maconha em seu sítio. “A polícia chegou na minha casa e levou meu filho algemado após receber denúncia e comprovar que existia pés de maconha em casa. Eu não sabia de nada, porque ele cultivava no alto do morro. Eu tenho plantações de flores e ele me ajuda, então, entende bem de cultivo. Foi uma sensação muito ruim porque eu sabia que ele não comercializava. Plantava para o próprio consumo e, ainda assim, ficou quatro meses na 106
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prisão e foi difícil achar um advogado competente que conseguisse provar que ele era usuário e não traficante”, disse ele que conseguiu a liberdade do filho. A.C.S. fala sobre o drama que passou durante o tempo em que seu filho esteve encarcerado. “Vivemos uma realidade de presídios lotados, com mais de 80 pessoas ocupando a mesma cela. Meu filho ficou em Belford Roxo. Tive grandes gastos com advogados, viagens para visitá-lo, sem contar o estado em que ele saiu de lá: magro, com sintomas de hepatite A e doenças de pele. Não sei nem explicar a agonia que dá, desestrutura tudo. Eu já não dormia mais, não tinha vontade de comer, porque sabia que ele não tinha isso lá”, relatou. Após os quatro meses, o Ministério Público descaracterizou o crime de tráfico para uso, o qual a pena não pode ser de prisão. “Diante desta situação, meu filho agora tem que prestar serviços durante quatro meses, uma vez por semana”, contou. De acordo com a bacharel em direito Isabella Nogueira, 22, o artigo 28 da lei de tráfico 11.343 deixa claro que: “quem adquirir, guardar, tiver
em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, será submetido às penas de advertência como prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”, explica. A juíza Elen acrescenta que, para a fixação da pena referente ao tráfico de drogas, é considerada a quantidade e o tipo de entorpecente assim como a função do réu no tráfico, as características da pessoa e as circunstâncias da prisão. “A pena também pode ser aumentada se o tráfico for praticado com a utilização de menores, nas proximidades de escolas, hospitais, entidades sociais, culturais e recreativas”, completa. Em seguida a juíza destaca as penas para os outros crimes que acontecem constantemente na cidade. “Para o crime de furto, a punição é de um a quatro anos, porém, se o crime for qualificado, ou seja, quando é praticado por duas ou mais pessoas, com abuso de confiança, rompimento de obstáculo, mediante fraude, com emprego de chave falsa, a
pena pode variar entre dois e oito anos. Neste caso de furto, seja simples ou qualificado, como não há violência ou grave ameaça contra a pessoa, a prisão pode ser substituída por penas restritivas de direito como a prestação de serviços na comunidade, prestação pecuniária [referente a pagamentos em dinheiro], limitação de fim de semana, tendo em vista que, geralmente, a prisão é mantida apenas para os que não são primários, ou seja, que possuem condenações anteriores”, disse. De acordo com a juíza Elen, em crimes sexuais contra a criança a punição é de seis a dez anos, mas se o crime for praticado contra vítima entre 14 e 18 anos passa a ser de oito a 12 anos e, se o abusado tiver idade inferior a 14, o criminoso pode pegar de oito a 15 anos de cadeia. “Aquele que mantém relação sexual ou pratica ato libidinoso com menor de 14 anos, mesmo que consentido, se encaixa em crime hediondo”, esclarece. A situação fica ainda pior se os delitos forem praticados por pais, tutores, padrastos, tios, cônjuges, em-
pregadores, irmãos ou companheiros”. Na lesão corporal decorrente de violência doméstica, a reclusão varia de três meses a três anos e não há substituição da prisão. “A Lei Maria da Penha traz várias medidas que visam proteger a mulher. Dentre elas, afastamento do agressor do
lar, proibição de contato através de qualquer meio de comunicação, suspensão do direito de visitação, fixação de alimentos. Se as medidas forem descumpridas, pode ser determinada a prisão preventiva do agressor, o que na prática funciona muito bem”, explicou Elen.
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Nos PAPO DE COLECIONADOR
mínimos detalhes POR FREDERICO NOGUEIRA E RAFAEL MORAES FOTOS REVISTA ON
O toque do celular inicia o processo de revelação da personalidade do colecionador-personagem desta edição: uma música no estilo heavy metal. A preferência pela cor preta e pouco tempo de um bom papo são suficientes para entender. Tratar-se de um clássico motociclista, membro, inclusive, de um motoclube. Embora a coleção seja ligada à velocidade, seu uso não acontece nas estradas, apenas em sua estante.
S
érgio Ricardo Lima de Moura é membro do segundo maior motoclube do país. Sua coleção tem características opostas à primeira (e já preconceituada) imagem dos motociclistas na mente da maior parte das pessoas: homens e mulheres grandes, fortes, sem qualquer sentimento no coração e nenhuma mudança de humor. Ele reúne pequenas e singelas miniaturas de automotores. Aos 42 anos, o comerciante recorda o início da paixão. “Comecei com as miniaturas de carros que estão no Espírito Santo. Meu pai começou com a coleção de aeromodelos e, quando surgiu a oportunidade, viajou para fora do país e lá viu a miniatura de uma caminhonete perfeita. Minha mãe começou a questionar essa nova paixão dele, então, a coleção foi passada para meu 108
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A coleção é formada por 73 carros e 30 motos, além de aviões irmão e, mais tarde, para mim”. São 73 diferentes automóveis e mais de 30 pequenas motos, além de aviões. Entre as motos, está uma Harley-Davidson Night Rod, sua preferida. Quando precisa aumentar a coleção, a escolha do item seguinte passa por uma criteriosa avaliação. “Tem que ser perfeito, alguns carros não têm uma réplica exata. Compro todos da mesma marca e tenho a ficha técnica de cada um”. Por falar na preferência de Sérgio, uma versão 2012 do modelo real acaba de ser lançada. Seu
valor é próximo a US$ 15 mil. Casado há nove anos, diz que “convivência é uma faculdade de administração”. Tem três filhos: Arthur, 16, Júlia, 5, e Rafaela, 1. A segunda já mostra interesse pela coleção do pai. Sua preferida é uma moto com detalhes na cor rosa. “Quando enjoar, dá para mim”, pede a menina em um tom quase de ordem. Ele diz que, para escapar das crianças em determinadas horas do dia, iniciou um processo de arrumação da casa. “Comecei a organizar um quarto para guardar as miniaturas e, como preciso estudar, é lá o ‘recanto do guerreiro’, por enquanto”. O estudo que se refere trata-se do curso de Direito, iniciado há menos de um ano. Os modelos de carros da coleção, que, olhando por cima lembram uma concessionária, vão de clássicos internacionais a modelos brasileiros. São
exemplares como os do espanhol Hispano Suiza H6C, Galaxie, Kombi, Brasília, Uno, Bugre e Opala. Entre os aviões, estão modelos como o UH-60A Black Hawk, F4U-1D Corsair, F14 Tomcat e o Supermarine Spitfire. Este último, um caça britânico que fez o primeiro vôo em 1936, ficou famoso na Segunda Guerra Mundial, como o único aliado que operou durante todo o conflito. A paixão pela liberdade sobre rodas, sejam com duas, três ou quatro, também existe em escala ampliada na garagem. “Tenho um triciclo e duas motos. Isso já vem de família”, diz orgulhoso ao contar que o carro vermelho na garagem foi comprado pelo pai, quando ainda era 0km”. De acordo com Sérgio o pai dele ainda possui uma Variant desde 1974, comprou um carro novo com a
BrInQUedO de Verdade O triciclo revela o lado motociclista do colecionador
COnCeSSIOnÁrIa a riqueza de detalhes dá a impressão de um pátio com veículos reais
SOB O OlHar dO dOnO Sérgio organiza e observa sua frota de miniaturas
promessa de não ser vendido. Sobre a participação no motoclube e o gosto pelo motociclismo, poucas palavras são usadas para explicar. “Está na veia. É como comer jiló, não entendo como as pessoas fazem isso”. Na mesma tentativa de descrever a paixão, ele continua. “É indescritível. O barulho da moto, o cheiro de gasolina, as amizades sinceras. Relações apenas pela amizade, não pelo que os outros têm”. Dizem que coração de mãe sempre cabe mais um. Coração de colecionador também é assim. Outra paixão de Sérgio
são os animais. Ele adotou um dogue alemão e história é interessante. “Fui fazer um serviço em uma casa e vi o cão lá, sendo maltratado. Pedi à dona para trazer para casa e cuidar. Ela disse que não, pois ele havia comido as galinhas daquela propriedade e deveria sofrear até morrer. Quando fui cobrar o serviço, dei um preço muito mais caro e disse que poderia pagar menos se me desse o cachorro. Assim foi feito”, lembra. Anos mais tarde o animal morreu por conta de uma doença. Dos pets ainda moram com a família, o pinscher já é um idoso com 13 anos e
dÊ OlHO na COleÇÃO A filha Júlia já espera receber um dos itens do pai quando este cansar da coleção revistaon.com.br
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PAPO DE COLECIONADOR
MOtOS Paixão em tamanho real, conquistou, também, em escala reduzida
HarleY daVIdSOn O modelo night rod é o preferido de Sérgio
a gata, ainda jovem, esbanja simpatia. A curiosidade fica no nome da felina. Apesar de fêmea, se chama “gata”, estranho, mas é isso mesmo. Sua chegada na família também aconteceu casualmente. “Ele estava em uma rodovia em Ipatinga (MG) se desviando dos carros. Minha irmã, Sandra, parou o carro no meio do trânsito e a resgatou”, conta.
Flamenguista, daqueles que têm o escudo do time impresso até no relógio na parede da casa, ele não se sente sozinho no mundo com seu gosto por coleções. “Acho que todos têm um lado colecionador. Sempre que vejo novidades, compro, não consigo segurar a vontade. Agora, descobri uma loja em Petrópolis que já me interessa, com novos itens”. Para fazer jus à fama de motociclista, segundo ele, um crânio faz parte da decoração do quarto.
PreFerÊnCIa da FIlHa O detalhe rosa da moto foi o responsável por conquistar Júlia
Miniaturas pelo mundo
FerrarI réplica da máquina usada por Felipe Massa tem lugar entre os carros de Sérgio
PerFeIÇÃO Os detalhes dos automóveis são observados na hora da compra 110
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Colecionar miniaturas de automotores é uma paixão mundial. Todos os anos notícias sobre o tema são publicadas, divulgadas e conhecemos grandes coleções. Foi o caso de Scotty Gillogly, de Atlanta, nos EUA. Em 2008, com pouco mais de 3.000 automóveis em seu acervo, ele as colocou em leilão e faturou cerca de R$ 1,4 milhão.
MOdelOS Clássicos e recentes, os variados tipos de carros são guardados com cuidado
nO ar Modelos clássicos de aviões também estão guardados no “recanto do guerreiro”
Os colecionadores são tão fanáticos por lançamentos de novos modelos e pelo tema de forma em geral, que existem clubes para a classe, lojas especializadas e sites que reúnem informações dedicadas aos amantes desta modalidade. Para alguns, o dinheiro não é um limite para a paixão, quando arrecadam exemplares raros por valores altos. Em rápida busca por sites de vendas, alguns são encontrados por R$30, porém, também existem modelos que ultrapassam R$2.000.
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PUBLIEDITORIAL
Surge um novo bairro em Três Rios
VendaS Corretores capacitados estão no local para prestar atendimento aos futuros moradores
FOTOS DIVULGAÇÃO
Próximo ao centro da cidade, a melhor notícia vem agora: você pode morar lá!
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crescimento de Três Rios é notável. São empresas e pessoas chegando, gostando e ficando. A princípio, os bons ventos são favoráveis, mas o município está preparado para acolher estes novos moradores e deixar que os filhos da terra possam escolher viver sem a agitação típica de uma cidade em evolução? Agora sim! Em primeiro de março, aconteceu o lançamento do Residencial Park dos Ipês. Localizado a três quilômetros do centro, 1.869 lotes foram divididos em uma área de 97 hectares. Foram seis meses de planejamento pela Shangri-Lá Empreendimentos até que os terrenos estivessem disponíveis. Perto da natureza, o cronograma da obra conta com a instalação de rede de água, esgoto, energia elétrica, ruas com asfalto e iluminação pública. São três visuais que os moradores poderão aproveitar: um voltado para o vale do rio Paraibuna, com vista para as corredeiras; outro voltado para a represa do Clube Caça e Pesca; e um terceiro da BR-040. O residencial fica a 700 metros da rodovia. As vendas já começaram e os futuros
moradores já podem conhecer o espaço. Após tantos benefícios, se estiver pensando que este investimento está distante de sua realidade, está enganado. Os lotes têm parcelas a partir de R$199. A diferença entre valores mais altos e mais baixos não acontece por um lote ser maior que o outro, mas pela localização e conformação do solo. Assim que o terreno é adquirido, a casa própria já pode começar a ser planejada e construída. Para o pagamento, não há restrição cadastral nem a necessidade de comprovação de renda. O financiamento próprio pode ser feito em até 180 meses. Totalmente legalizado, aprovado pela prefeitura e registrado no cartório, o Residencial Park dos Ipês é indicado para você, que busca melhorar a qualidade de vida de toda a sua família. O sonho da casa própria fica ainda mais agradável cercado pela natureza e distante do agito urbano. Para outras informações e visitas ao local, ligue para (24) 2255-4183 ou entre em contato através do e-mail parkdosipes@shangri-la.com.br. Enquanto Três Rios cresce, seus sonhos se realizam no Park dos Ipês.
natUreZa O ambiente é cercado por verde e próximo ao rio Paraibuna
eStrUtUra O residencial tem energia elétrica, rede de água, asfalto e iluminação no cronograma da obra
PreÇOS Os valores também atraem a chegada de moradores ao novo espaço
Barganha
desonesta POR RAFAEL MORAES
FOTOS REVISTA ON
Juntar dinheiro, passar aperto. Cada moeda poupada aproxima ainda mais do carro desejado, mesmo que não seja 0 km. Na verdade, o quanto ele já andou não importa muito se o ar não funciona, o motor está ruim, a parte elétrica está comprometida ou a marcha está agarrando. Problemas como estes transformam o grande sonho em pesadelo. Por isso, é fundamental conhecer os principais pontos a verificar, quando aparecer um carro para comprar.
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SHUTTERSTOCK
CARREIRA KM LIVRE
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acilidade de financiamento, redução de impostos, além da paixão brasileira têm favorecido o crescimento do comércio de veículos automotores. Essa ascendência implica na realidade trirriense. De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o mercado brasileiro de veículos novos registrou alta de 6,91% nas vendas de agosto em relação a julho de 2011. A frota trirriense passou de 24,6 mil em janeiro para 26,4 mil em dezembro do ano passado, um aumento de 6,97%, de acordo com o Detran-RJ (Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro). No primeiro mês do ano, a Fenabrave registrou o crescimento de vendas em 8,85% comparando os primeiros dias úteis de 2012 com o mesmo período do ano passado no país. Evitar problemas na hora de comprar um carro usado não é impossível, mas a pressa e a má conduta de alguns vendedores podem comprometer o negócio. Nesta empreitada é preciso seguir procedimentos como: verificar a documentação, procedência, consultar um mecânico de confiança e optar por uma empresa recomendada a uma pessoa física. O auxiliar de escritório Josué Santos de Souza cometeu vários erros e teve grandes problemas quando resolveu trocar o carro antigo por um mais novo, confortável, de olho no ar condicionado. Ele mal sabia que a comodidade conquistada se transformaria em uma grande dor de cabeça. Tudo começou em 2010, quando trocou o carro adquirido em uma con-
CreSCIMentO O mercado brasileiro de veículos registrou alta de 6,91% nas vendas
Josué Santos Souza errou na negociação e teve problemas por nove meses cessionária autorizada por um modelo mais recente. “Queria outro com mais opções, principalmente que tivesse um ar condicionado, pois viajo muito, tenho crianças e queria alívio do calor”, contou Josué. Em um sábado foi procurar um novo veículo e encontrou o “ideal” em uma empresa – “minha esposa não queria que fôssemos ate lá, devido reclamações de colegas e outras pessoas que já tinham sido clientes, mas, eu, afoito para trocar nosso carro, acabei não escutando”, confessou o erro. Assim, o veículo 2005/2006, vermelho, quatro portas era tudo que ele procurava. Apesar da má referência da loja, o que já é um desacerto, ele ainda cometeu outro: “levei o carro para um mecânico, o qual eu não trabalhava e, com pressa, ele entrou no carro, acelerou bastante e forte, viu que não saía fumaça do escapamento e me disse que, superficialmente, o carro estava ok!”, contou. Segundo o auxiliar, o mecânico ainda garantiu que seria um bom negócio, pois a loja de onde era o carro, resolveria qualquer problema, mas não foi isso que aconteceu. Fechado o negócio, na primeira semana com o veículo recém-comprado, começaram os problemas. O ar condi-
deCePÇÃO depois de nove meses, Josué Santos de Souza conseguiu seu dinheiro de volta em uma negociação ruim
cionado vazava água no interior. De volta à empresa, o veículo ficou para manutenção e no mesmo dia foi entregue com a promessa de estar solucionado o defeito, entretanto nada foi consertado. “No outro dia, quando tornei a ligar o ar condicionado, a mesma situação”, revelou. Novamente, outra tentativa de resolver o problema terminou em irritação, quando, em uma viagem para o Rio, o problema retornou. A solução encontrada foi trocar o carro e Josué optou por outro modelo de fabricante diferente, o que só piorou a situação, pois o carro vazava óleo da direção hidráulica, o ar também não funcionava, havia fumaça no escapamento e a ausência de parafusos em uma das rodas o preocupava. Depois de todo esse tempo, a solução foi encontrada: “Nove meses de angústia, resolvi dar um basta definitivo e pedi meu dinheiro de volta”. O auxiliar de escritório recebeu o valor pago, no entanto, gastos com telefone e o IPVA que havia pagado, não foi reembolsado. Com o dinheiro na mão, foi até uma autorizada e comprou outro carro, desta vez sem problemas e com uma lição aprendida: “é revistaon.com.br
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KM LIVRE
“É importante não se aventurar e comprar carros em lugares desconhecidos e em outra cidade atraído só pelo preço”, empresário multimarcas Flávio Gameleira
preciso procurar uma empresa que tenha nome no mercado e sempre buscar informações sobre ela”, ressalta. Isso é o que vendedores, empresários e juristas garantem ser a grande sacada. O empresário Flávio Gameleira orienta: é “importante não se aventurar e comprar carros em lugares desconhecidos e outra cidade atraído só pelo preço. Preço hoje não é tudo. Atendimento e credibilidade são importantes”. Felipe Santos é vendedor há dois meses e já conhece o público que atende na empresa em que trabalha. “Eles buscam carros em bom estado de conservação, além de optar pela credibilidade da loja, que dê segurança e, além da venda, tenha um pós venda também”. Gerente de veículos seminovos de uma concessionária autorizada em Três Rios, Arnaldo Marques Júnior explica que, onde trabalha, fazem uma triagem dos carros que chegam como resultado de troca. “Fazemos uma classificação e o que não ‘serve’ para revendermos, des-
arnaldO MarQUeS JÚnIOr Gerente de uma concessionária autorizada, ele explica que em sua empresa é feita uma triagem antes de oferecer veículos aos clientes 116
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cartamos junto ao mercado e só ficamos com veículos em perfeitas condições para negociação”, garante. Dono de uma loja multimarca, Flávio também destaca o processo que sua empresa usa para garantir qualidade nos veículos. “Procuramos revender carros conhecidos ou que adquirimos na troca por outro. Temos parcerias com concessionárias de outras cidades”, revela. Ainda segundo ele, existe todo um processo de conservação antes do carro ser exposto no salão. “Chegando aqui, ele é levado para uma oficina credenciada, onde é examinado para verificar se é preciso arrumar algo e depois volta para nossa empresa, onde é feita a higienização: lavagem do interior, inclusive, os bancos”, explica. Para quem se aventura em comprar um carro de uma pessoa física, o vendedor José Mauro Graça Feio alerta sobre veículos recuperados de enchente. “Tem muitos modelos com o chassi embaixo do carpete. Em alagamentos, quando o carro é salvo, depois de dois ou três anos, o número some e é remarcado. Essa remarcação é muito burocrática e isso demora, geralmente, seis meses”, complementa ao lembrar que isso desfavorece o preço do bem. Para evitar esses tipos de problemas, concessionárias, sejam autorizadas ou não, usam um sistema que permite acompanhar toda a trajetória do veículo. “Fazemos uma consulta que fornece
um histórico desde quando saiu da fábrica”, explica Flávio Gameleira. O bacharel em direito Jair Moisés de Barros já comprou carro de uma pessoa física e não teve uma boa experiência. O último veículo que trocou, optou por ir até uma agência de confiança para não ter dor de cabeça. “Aconselho negociar junto a uma concessionária, pois ela, com certeza, dará toda garantia para o negócio e, se necessário for, terá como buscar seus direitos junto aos órgãos competentes”, orienta.
JOSÉ MaUrO Para o vendedor de uma concessionária autorizada, é preciso tomar cuidado para não comprar veículos recuperados de enchentes
eXeMPlO Jair Moisés já passou por uma experiência ruim na hora da comprar um carro, mas aprendeu a lição e se diz satisfeito com o atual
adVOGada Gláucia Corrêa explica que os carros usados são adquiridos no estado em que se apresentam e, por isso, é importante observar os defeitos
MUltIMarCaS Flávio Gameleira garante que em sua empresa, os veículos passam pelo mecânico e são higienizados antes de serem expostos no salão
Advogada especialista em responsabilidade civil e direito do consumidor, Glaucia da Costa Corrêa representa os interesses de diversas empresas do segmento automobilístico. Segundo ela, os principais problemas envolvem as documentações, os defeitos íntimos aos veículos e os juros cobrados nos finan-
ciamentos, que também devem ser avaliados em uma negociação. Ela também salienta a peça chave nesta relação: o vendedor. “Uma empresa que tem compromisso com os consumidores e com o país, sempre mantém seus prepostos qualificados, com constante aperfeiçoamento, garantindo assim, o direito à informação clara e adequada acerca dos produtos e serviços a serem adquiridos”, explica. Conforme garante Flávio Gameleira, é isso que procura fazer em sua empresa. “Treinamos para isso, desde a abordagem ao cliente. Nosso colaborador procura orientar o comprador dentro da necessidade que está procurando”. O vendedor José Mauro trabalha em uma concessionária autorizada e garante não tentar convencer, mas orientar. “Às vezes o cara é um vendedor e um automóvel duas portas, básico e com ar, resolve. Hoje, o povo quer um ar que anda”, complementa. As dicas são preciosas e vale colocá-las em prática. “Os veículos automotores usados são adquiridos no estado, ou seja, na condição em que se apresentam naquele momento. Então, é importante observar os defeitos”, orienta a advogada Gláucia Corrêa.
CHeCKlISt O quadro traz algumas atitudes que minimizam o risco de erros na hora de negociar aSPeCtOS FÍSICOS Os locais iluminados e à luz do dia são melhores para ver defeitos; Ondulações e pequenos amassados na lataria e a diferença nas quinas do capô são sinais de que o carro tenha sido batido; Bolhas na pintura: sinal de ferrugem;
dOCUMentaÇÃO Polícia rodoviária Federal www.dprf.gov.br/nadaconsta
• É possível verificar infrações do veículo, apontadas pela instituição;
detran http://www.detran.rj.gov.br
Balance o veículo para testar o amortecedor. Se balançar várias vezes, a peça pode estar comprometida; O chassi é a identificação mais importante. Abra o capô, confira se os números são os mesmos do documento. Eles devem estar em boas condições. O 10º dígito indica o ano de fabricação do veículo, podendo ser representado por letra (exceto “I”, “O”, “Q” ou “Z”) ou o algarismo (exceto “0”); Examine todos os comandos: faróis, limpadores de parabrisas, desembaçador, setas, luz de freio, velocímetro, pisca-alerta, buzina e indicador de temperatura; Água embaixo do tapete é sinal de problemas na vedação dos vidros e portas;
• Verifica pendências no IPVA, multas no estado e fora dele;
Secretaria de Fazenda http://www.fazenda.rj.gov.br
• Atesta ausência ou não de débitos com IPVA;
denatran denatran.serpro.gov.br
• Consulta pendência dos veículos
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VIAGEM CHECK-IN
Ciao Milano POR DIEGO RAPOSO
FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Para quem esta na área de design, decoração e arquitetura, a feira Milano se mostra como um divisor entre o que há de mais novo e o que já era. Alguns dias depois da feira, já podemos observar as nossas vitrines “tupiniquins” tomando as formas e cores que foram mostradas na feira.
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Stand da Kartell revistaon.com.br
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VIAGEM CHECK-IN
MIlÃO entrada da feira
COnVIdadOS eSPeCIaIS Irmãos Campana, designers brasileiros, participam todos os anos da feira
Milão região Lombardia Área 182 km² População 1,3 milhão data de Fundação 600 a.C. densidade Demográfica 7.190 (hab. por km²) temperatura média anual 18 °C
Quando ir
Abril, quando acontece a feira Como chegar
O preço médio de uma passagem Rio x Milão fica em torno de R$2.000 comprando com antecedência. Em cima da hora: - Airfrance - R$7.500, KLM – R$3.200 Onde ficar
Hotel The Ralph Suites & Dependence (www.theralphmilano. it), o preço médio é de 240 euros, mas 124
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A
feira acontece sempre em abril na cidade de Milão, na Itália. Este ano acontece entre 17 e 22. Além deste, a cidade se prepara para o evento com pocket shows nas grandes lojas de grife. As galerias de arte fazem curadorias incríveis e têm vários roteiros programados para circular pela cidade. Uma boa dica é dar uma espiada nas lojas da Via Tortona, aproveitando, também, um happy hour nos canais ali perto, no bairro de Porta Gênova. Temos também vários eventos brasileiros lá, a Casa Shopping (loja de móveis e decorações no rio) sempre prepara um coquetel. A feira é destinada aos profissionais da área e comerciantes de todo o mundo, e é de graça para o público no último dia. O passe da entrada pode ser reservado pela internet ou comprado na bilheteria com apresentação de cartão comercial. Existem passes para um, três ou cinco dias de feira. O evento é dividido em grandes pavilhões, com setores clássico, moderno, contemporâneo, de iluminação e Satellite. Se você não se programar com uma lista do que deseja visitar, provavelmente, vai ser perder no meio aos stands. O que mais gosto e acho que é uma boa dica para quem está em busca do que realmente há de mais novo, é visitar o pavilhão Satellite, onde jovens designers expõem suas criações em busca de prospectar empresas que financiem seu trabalho. Lá não tem nem metade da estrutura das grandes marcas mas, com certeza, é possível encontrar um profissional genuíno. Nós, brasileiros, ainda estamos acanhados. Lembro-me de ter visto, em 2011, apenas dois jovens brasileiros por lá. Se já andou bastante e está a fim de badalar em um lugar moderninho e com uma galera legal, pegue o metrô até a estação Duomo. Em uma rua lateral à catedral fica o Straf, os drinks não são dos mais baratos, mas pagando um drink, você tem direito a fazer seu pratinho e aproveitar os aperitivos grátis. Vale lembrar aos iniciantes que a noite começa cedo em Milão. Se você é daqueles finos que curtem um ambiente exclusivo com uma decoração única, vale uma visita ao bar da grife Dolce&Gabanna, o GOLD. Lá, tudo que reluz pode ser ouro! Não deixe também de visitar a área do Brera e dos canais que tem ótimas opções de restaurantes e barzinhos. no período da feira este valor costuma dobrar. Este hotel é bem pequeno e tem um conceito de atendimento mais personalizado. Fica à disposição dos hóspedes uma infinidade de serviços para tornar a estadia mais confortável. Caso você goste de cozinhar tem uma cozinha equipada com o que há de mais moderno e com ingredientes à sua disposição. Também pode contar com a ajuda do personal chef do hotel. Onde comer
Bar da grife Dolce&Gabanna
http://www.dolcegabbana.it/martini/ O que fazer
Straf - http://www.straf.it/ Lugar bom para badalar antes de viajar
Turistas brasileiros não precisam de visto para ingressar nos países da União Europeia por até 90 dias. Além do passaporte, com validade mínima de seis meses, é obrigatório o seguro internacional de viagem, com cobertura mínima de 30 mil euros.
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ESPORTE DIÁRIO DE BORDO VIAGEM
Peru Capital Lima Área 1.285.220 km² População 29,4 milhões (estimativa 2010) Moeda Novo Sol – S/ 1,00 = R$ 0,64 Fuso Horário
GMT-5
Bolívia Capital La Paz (sede do governo),
e Sucre (capital constitucional e judicial) Área 1.098.581 km² População 10,9 milhões (estimativa 2010) Moeda Boliviano – Bs 1,00 = R$ 0,24 Fuso Horário GMT-4
Quando ir
Entre maio e setembro, por ser a temporada sem chuvas. Como chegar
Passagem aérea Rio de Janeiro - Lima / Lima – Cusco / Cusco – Rio de Janeiro – Em média R$ 1.150 (Companhia Lan - http://www.lan.com) Ônibus de Cusco para Puno e de Puno para Copacabana – em média R$ 15. Onde ficar
Hostel Pariwana em Cusco – Quarto duplo: R$ 60 Hostel Backpackers Family House, em Lima – Quarto duplo: R$ 50 Hospedagem Hotel Utama, em Copacabana/ Bolívia – Quarto duplo: R$ 70 Onde comer
Lima: Sanduicheria La Lucha (sanduíches típicos) Cusco: Cafe Ayllu (cozinha local) Cusco: Restaurante Tupananchis (cozinha local, com destaque para os pratos que acompanham truta peruana) Copacabana: Cafe Bistrot (cozinha local) Valor da refeição: entre US$5 e US$8 por pessoa 126
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Bernardo Vergara, Paulo Brandão e os incas
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oi tudo iniciado em um papo de academia de musculação, entre um exercício e outro. Eu, Bernardo Vergara, perguntei ao Zé Paulo se tinha algum interesse em desbravar Machu Pichu comigo. Digo desbravar porque a proposta era mais do que um simples turismo e incluía uma caminhada de quatro dias e 42 km pela trilha inca até a Porta do Sol, onde teríamos a visão das ruínas. Ao receber a proposta, o Zé Paulo se mostrou animado e comprou a ideia. Alguns dias depois já tínhamos as passagens definidas e a decisão de explorar, ainda, Lima e Cusco, no Peru, Copacabana e o Lago Titicaca, na Bolívia. A partir dali, era só aguardar e colocar as botas na estrada. No dia 23 de janeiro de 2011 decolou o nosso avião. Ao chegar em Lima, onde tínhamos uma escala longa, fomos em busca de um taxista e negociamos um ‘city tour’ pela capital peruana. O taxista escolhido por nós era uma sumidade e nos deu uma visão muito bacana da cidade, com direito a paradas e fotos pelos principais pontos turísticos, além de bons papos e histórias. Terminamos a jornada comendo sanduíches típicos muito gostosos. De volta ao aeroporto, aguardamos nosso vôo em direção a Cusco. O que fazer
Exploração da trilha inca. Período: quatro dias e três noites – R$ 600 (inclui entradas dos parques, alimentação, guia e barracas para dormir) Tour para Ilha do Sol, em Copacabana/ Bolívia – R$ 20 por pessoa (incluiu barco e entrada na ilha) antes de viajar
Seguro saúde para viagem de oito dias (em média R$ 95 na Intercare). Passaporte válido e
vacina contra febre amarela. Para realizar a trilha inca, existem taxas de entrada e estada nos parques. É necessário marcar, no mínimo, com três meses de antecedência, pois o parque tem o limite diário de 500 pessoas (incluindo os carregadores e guias) Material necessário para realizar a trilha: Mochila de camping, botas impermeáveis, saco de dormir (que pode ser alugado com os guias), roupas térmicas, lanterna, protetor solar e repelente.
Na manhã seguinte já estávamos alojados em um albergue muito bacana no centro de Cusco, onde começaríamos a conhecer brevemente aquela cidade. Após um dia de muita caminhada, fotos e descobertas, conhecemos, no albergue, dois brasileiros e um alemão que nos levariam para uma boate. Na manhã seguinte, iniciamos nossa expedição e os 42 km de caminhada que tínhamos pela frente. De cara fomos apresentados ao nosso pelotão, liderado por uma guia peruana chamada Frihda e que tinha, ainda, brasileiros e um grupo argentinas bem animadas. Cruzada a ponte que dava acesso ao início da trilha, foi iniciada uma jornada de muitas descobertas, amizades, histórias, cultura e muito cansaço. Rapidamente, tínhamos virado uma família. Juntos, dividimos refeições, brindes, momentos de cooperação, fotos, jogos de cartas regados a Pisco Sauer (aguardente destilada de uvas moscatel com elevado teor de açúcar) e muitas histórias. As noites não terminavam sem esses jogos com as argentinas
em nossa barraca. Aqueles quatro dias nos ensinaram muito, já que, a todo momento nos víamos sendo surpreendidos por situações novas. Ao chegar ao cume da montanha, deparamos com uma visão quase que inacreditável. Eu diria que uma das paisagens mais lindas e impressionantes que já tinha visto. Observar de perto aquelas construções em pedra e entender um pouco mais sobre os Incas era algo sem palavras. Ainda retornamos a Cusco para mais três dias de muitas descobertas, amizades, refeições regadas a trutas e baladas. Posteriormente, conhecemos a cidade de Copacabana e o Lago Titicaca em território boliviano. Expedição, essa, também muito bacana, com destaque para as paisagens da Ilha do Sol e o visual de cima do calvário. Após essa etapa, voltamos a Cusco para aguardar o avião de volta ao Brasil. Essa viagem foi bastante marcante para nós, não só pela cultura e conhecimento adquiridos, mas pelas histórias vividas e compartilhadas!
restaurante la lucha em lima, Peru
Igreja dos Jesuítas em Cusco, Peru
Grupo reunido e pronto para iniciar a exploração da trilha inca
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SABORES
Carpaccio di Cipriani Finíssimas fatias de carne crua, com uma maionese temperada com limão, creme de leite, molho inglês, sal e pimenta branca moída.
PORÇÃO PARA UMA PESSOA
60 ml de maionese fresca 3 colheres de creme de leite 1 colher de chá de mostarda ou gotas de limão 1 colher de chá de molho inglês Pimenta branca moída 300g de Carpaccio (fatias finas) Rúcola para guarnecer
BEBIDA
Para acompanhar, o Bellini. Essa bebida também foi criada por Giuseppe Cipriani. Em sua composição: três pêssegos frescos batidos no liquidificador e 200 ml de prosecco gelado. O preparo é fácil. Basta despejar os pêssegos batidos num copo gelado. Depois encha com prosecco e sirva imediatamente.
N
a gastronomia mundial existem pratos que ultrapassam o tempo e se tornam lendários. Um deles é o prato italiano Carpaccio, criado no famoso Harry´s Bar em Veneza, Itália. No ano de 1930, o americano Harry Pickering, com sua tia e o namorado dela, hospedaram-se no luxuoso Hotel Europa-Britannia, em Veneza, para uma temporada de férias. Frequentavam diariamente o Bar, onde Giuseppe Cipriani preparava drinks para os clientes. Passados dois meses, a tia e o namorado desapareceram depois de uma briga e abandonaram Harry com uma dívida imensa. Logicamente, ele deixou de frequentar o local. Cipriani percebeu que o problema de seu cliente e amigo era financeiro. Com pena desse jovem americano, colocou à sua disposição o dinheiro que havia poupado. Com esse montante, Harry pagou as despesas com o hotel e cruzou o Atlântico de volta a sua terra. Tempos depois o jovem regressou, saldou sua dívida e como forma de agra128
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o Tiziano. No entanto, a criação mais famosa é o Carpaccio. Ele foi inventado para a cliente e amiga Condessa Amália Nani Mocenigo, que teve prescrição médica de uma dieta rica em carne crua, para curar sua anemia. Hoje, embora esse prato seja servido com diferentes molhos, encontra-se em quase todos os cardápios italianos e em vários países. É com muito carinho que brindamos você com as receitas originais do Carpaccio e do Bellini. Salute!
Bernadete Mattos Consultora graduada em gastronomia bemattos1@gmail.com Luiz Cesar Turismólogo estudioso da culinária brasileira luizcesarcl@uol.com.br
JULIANE VIEIRA STÚDIO CLICK
decimento, entregou-lhe mais 30 mil liras. Era capital mais que suficiente para, juntos, poderem abrir o bar que Cipriani tanto sonhava... O bar foi batizado de Harry´s Bar, na Via Vallaresso, número 11.323, próximo ao embarcadouro de San Marco. Logo, o Harry`s se transformou em um sucesso. Dentre os frequentadores famosos estão: Orson Welles, Aristóteles Onassis, Truman Capote, Peggy Guggenheim, Charlie Chaplin, Barbara Hutton e mais cabeças coroadas da Europa como Afonso 13 da Espanha, Rainha Guilhermina dos Países Baixos, Rei Paulo da Grécia e até mesmo Lady Diana e o Príncipe Charles. Entre as criações preparadas por Giuseppe Cipriani, encontram-se bebidas simples, mas geniais como o Bellini e
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GUIA
Música
Cinema
O Artista
(Michel Hazanavicius – 2011)
COntrOlCÊ Criada a partir de uma reunião de amigos, a banda Controlcê apresenta canções de pop rock em covers de bandas consagradas e trabalha músicas próprias. Com dois singles lançados, “O sonhador” e “Resposta”, a Controlcê ganha cada vez mais espaço nos palcos e no mundo virtual, através das redes
sociais. Formada por Renan Borges (vocais), Marcus Lima (bateria), Reinaldo Carvalho (guitarra) e Luis Otávio (baixo), a banda prepara novidades para o ano de 2012. Entre elas, novas músicas e gravação de um clipe. Para ouvir, acesse: http://www.myspace.com/controlceband
DVD dUaS FaCeS JaM SeSSIOn
tÂnIa Mara aCÚStICO
Comemorando 40 anos de carreira, Alcione gravou o show com as presenças de Áurea Martins, Djavan, Emílio Santiago, Lenine, Maria Bethânia e Martinho da Vila. (R$29,90)
Um show apenas para convidados, contou com as participações de Paula Fernandes e da dupla Fernando & Sorocaba. No repertório, canções inéditas como “Amor infinito” e “Roda gigante”. (R$29,90)
Um filme mudo e em preto e branco. A produção francesa “O Artista”, de Michel Hazanavicius, levou a estatueta de melhor filme na última edição do Oscar. Ambientado na Hollywood dos anos 20, o filme conta a história de George Valetin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo que se recusa a participar de produções faladas. Ele acaba se apaixonando por Peppy Miller (Bérénice Bejo), nova musa do cinema falado. A queda da bolsa de 1929 e o surgimento de novas técnicas de produção de vídeo estão presentes no filme, que mostra, de forma divertida e emocionante, a decadência do cinema mudo. Os críticos veem a obra como uma homenagem aos artistas do cinema mudo e à história do cine mundial. Simples, cômico, musical, emocionante. Mesmo não sendo tão atraente para os dias atuais, esteticamente falando, “O Artista” mostra que é capaz de acordar um lado adormecido nos fãs da sétima arte e levar prazer com muito pouco. Afinal, há ótimos perfumes em pequenos frascos.
Livros a arte da PaQUera É preciso saber se relacionar nos dias de hoje. Thiago de Almeida e Daniel Madeira reuniram conceitos, resultados de pesquisas e conhecimento sobre o assunto para tornar o ato da sedução algo mais simples. (Letras do Brasil, R$32)
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a InVenÇÃO de HUGO CaBret Hugo é um menino órfão que vive escondido na central de trem de Paris dos anos 1930. Ele guarda um incrível segredo, que é posto em risco quando o dono da loja de brinquedos cruza o caminho do garoto. (Edições Sm/ Lafonte, R$33,90)
O MenInO dO PIJaMa lIStradO
Uma fábula sobre amizade em tempos de guerra. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama. Entre elas está Shmuel. (Companhia das Letras, R$26,90)
O SeGredO de lUÍSa Luísa tem a com a ideia de abrir uma empresa para vender a deliciosa goiabada que sua tia produz. Fernando Dolabela ensina tudo o que é preciso saber para ir do sonho ao mercado. (Sextante/GMT, R$29,90)
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