FB | Revista On Petrópolis #05

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Editorial

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os campinhos do bairro Boa Esperança para o Petropolitano Football Club e, de lá, para o Botafogo e o Fluminense. O que ninguém poderia imaginar era que, em pouco tempo, um seria o lateral direito e o outro esquerdo do clube inglês Manchester United. Agora, direto da Inglaterra para a capa da Revista On #5, você vai conhecer a história dos gêmeos petropolitanos Fábio e Rafael. O talento foi descoberto quando ainda eram crianças e viviam uma realidade difícil e humilde. Hoje, os dois desfrutam de um mundo surreal, quando cada gol é uma vitória. Esta edição também veio para esquentar a temporada fria da região. Período ideal para quem curte o clima das montanhas, acompanhamos uma escalada e contamos, com detalhes, a sensação de sentir adrenalina nas alturas. Para os apaixonados por cerveja, também tem novidade boa por aí. É a produção artesanal, feita em casa, que tem um sabor diferente, ideal para beber com os amigos e que qualquer pessoa pode produzir. Dê uma bisbilhotada no passo a passo. No passado, também poderá conferir detalhes da segunda guerra mundial. Lembranças que um petropolitano guarda em um galpão exclusivo para sua coleção. Por falar em coleção, muitos têm enormes quantidades de roupas, mas quando chega a hora de ir a um evento, quem nunca se perguntou com que roupa ir? Confira dicas de moda para caprichar no look neste inverno. Não nos esquecemos do dia dos pais, que já está próximo. Bravos e rabugentos? Nada disso! Descobrimos que a relação entre pais e filhos está cada vez mais próxima. Alguns trabalham juntos e saem para se divertir. As próximas páginas ainda abordam as pessoas populares na internet, o Museu de Cera como opção de turismo na cidade e muito mais. Fique de olho no lance, nas próximas páginas e no conteúdo inteligente.

Direção e Produção Geral Felipe Vasconcellos felipe@fiobranco.com.br Produção Sabrina Vasconcellos Heverton da Mata Edição Rafael Moraes rafael@fiobranco.com.br Redação Aline Rickly Frederico Nogueira Comercial Bárbara Caputo barbara@fiobranco.com.br (24) 8864-8524 Criação Felipe Vasconcellos Robson Silva Estagiário Neílson Júnior Colaboração José Ângelo Costa Kitty D’Angelo Leonardo Farroco Leticia Knibel Distribuição Petrópolis, Itaipava, Nogueira, Corrêas, Pedro do Rio e Posse Produção Gráfica WalPrint Tiragem 5.000 Foto de capa Shutterstock

Fiobranco Editora Rua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ 25.803-010 Telefone (24) 2252-8524 Email sac@revistaon.com.br 4

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Boa leitura!

Ops! Erramos

Na edição anterior, a matéria sobre a Pé de vento (p. 44) retratou a falta de apoio aos atletas. Porém, quando foi publicada, a equipe já contava com o patrocínio da Caixa.


Índice 6 12

Online

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Turismo

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Comportamento

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You Fashion

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Inspiração

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Design e Decoração

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Eu Sei Fazer

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Saúde

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Papo de Colecionador

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Esporte

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Diário de Bordo

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Guia

EZIO PHILOT / CIA FOTOGRÁFICA

ARQUIVO PESSOAL / BRUNO WANDERLEY

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REVISTA ON

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Opinião

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OPINIÃO

Desejos

Na vida, meu filho, tem que se acostumar a respeitar as coisas dos outros e jamais se apropriar daquilo que não nos pertence de direito.

Roberto Wagner rwnogueira@uol.com.br

Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio, professor de Direito Tributário da UCP – Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.

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consagrado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado (“O Globo”, Segundo Caderno, 03/06/2012), radicado em Paris, passou longos períodos registrando em fotos a miséria, as doenças e os fracassos da humanidade no projeto denominado “Êxodos”, premiado em todo mundo. Esgotado ao final de sua tarefa, por ter testemunhado e registrado “tanta violência e desespero” pelo mundo, passou por um período complicado. Saiu do buraco existencial ou foi “salvo” pelo projeto “Gênesis” onde se propôs fotografar as áreas do globo não afetadas pela civilização. E virou novamente um otimista ao encontrar quase metade do planeta em estado genuíno, descontaminado. Angelino era um atuante promotor de justiça, membro do Ministério Público Estadual. Na caçada e na denúncia dos criminosos sempre foi implacável. Corria em suas veias o sangue da justiça e da defesa da sociedade contra as mazelas do crime, organizado ou não. Nesta função granjeou reconhecimento e prestígio na sociedade local. Até que um dia, passou por uma breve doença que o fez repensar a vida. Quando recuperado tomou uma decisão inesperada. Pediu demissão do cargo público, filiou-se a um partido político e se candidatou a prefeito de sua cidade, queria dar mais de si à sociedade que tanto o admirava. Angelino era jovem, bonito e muito simpático. Rapidamente entendeu como funcionava a política. Elegeu-se, foi aclamado pela população. Chegando ao poder, agiu conforme o poder, só que com um detalhe – era convicto em sua vocação. Em sua equipe só um era credenciado a receber os “agrados” do poder, nada entrava ou saía dos cofres públicos sem o “agrado” do chefe. No entanto, Angelino, homem inteligente e perspicaz, jamais se aproximava dos esquemas, tinha quem o fizesse por ele. A cidade prosperava e a vida de Angelino também. Com poucos anos de mandato já era proprietário de vários imóveis na cidade, coisa que anos de Ministério Público não o permitiu.

Era casado com uma linda mulher, todavia, assim como o bíblico profeta Davi era insaciável. Adorava mulheres jovens e, quando as queria, havia outro credenciado na equipe de seu governo que se encarregava de levar as selecionadas para um encontro amoroso com ele. Iam em carros separados e, acabado o enlace amoroso, o subordinado de Angelino levava a eleita de volta para seus domínios. Bonito e poderoso, não tinha dificuldade na escolha e aceitação de suas “presas”. Pelo contrário, havia mais oferta do que procura. Em casa, Angelino era rigoroso na educação de seus dois filhos. Certa feita, a esposa comentou com ele que o filho mais novo estava reiteradamente trazendo para casa pertences de outros amiguinhos e, algumas vezes, até objetos de alto valor. Angelino, de portas trancadas, teve uma conversa séria com o menino e o explicou, detalhadamente, o respeito que ele devia ter pela coisa alheia. – Na vida, meu filho, tem que se acostumar a respeitar as coisas dos outros e jamais se apropriar daquilo que não nos pertence de direito – pontuou Angelino. Ele era assim, um típico homem público, convicto. Ademais um homem de fé, devoto de Santa Rita de Cássia. Possuía em seu gabinete na prefeitura um enorme quadro de Chico Xavier que se destacava a qualquer olhar menos atento. Invariavelmente ia à missa de domingo com sua esposa e comungava a eucaristia. Ia também a quase todos cultos evangélicos da cidade e, quando lá estava, convivia bem com a inexistência da oração Ave-Maria e a não aceitação da intercessão dos Santos. Ah! Também adorava festas. Em sua cidade geralmente estava em festas junto ao povo e, no exterior, em companhia dos empreiteiros, que eram seus melhores amigos. Enfim, dois homens, Sebastião Salgado e Angelino, dois desejos. Como diz Jesus: “se alguém ouve as minhas palavras e não as guarda, eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo, 12,47).


TROCA-TROCA

Considerações sobre um direito do consumidor

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lém de Cidade Imperial e capital da cerveja, Petrópolis já se firmou como um importante centro comercial, sobretudo nos polos da Rua Teresa e Itaipava, que atraem compradores (atacadistas e varejistas) de todo o país. E, como em qualquer cidade que tem o setor de vendas aquecido, surgiram aqui incontáveis processos judiciais nos quais consumidores insatisfeitos alegam ter sofrido alguma violação em seus direitos. Um dos momentos que mais gera discussões é o da troca de mercadorias. Por isso, é importante que todos compreendam bem o que diz a lei sobre o assunto. De início, é preciso esclarecer que não existe venda sem garantia, porque a própria lei define um prazo no qual o fornecedor do produto é obrigado a providenciar a reparação das imperfeições do item comprado. A loja pode conceder uma garantia maior, mas o que importa é que o prazo para troca ou conserto nunca será inferior ao estipulado pela lei¹ . Conforme preceitua o CDC (Código de Defesa do Consumidor), este prazo varia de acordo com o tipo de mercadoria comprada: se for um produto durável (como um brinquedo, um celular ou um eletrodoméstico) será de 90 dias; se for um produto não durável (como um cosmético ou um alimento) o prazo será de 30 dias. Esse período de tempo é válido mesmo que o defeito seja aparente ou facilmente perceptível e só começa a ser contado a partir de sua constatação pelo comprador. Caso a mercadoria contenha um problema oculto (que existe, mas demora a se manifestar), o prazo da garantia legal só começa a valer quando o problema é identificado.

O CDC também determina que o fornecedor deva providenciar o conserto em até 30 dias após a comunicação do defeito pelo comprador. Caso ele não efetue a devida reparação neste período, o consumidor poderá optar por uma das três opções: a substituição do produto por outro da mesma espécie, a restituição imediata da quantia paga ou abatimento proporcional do preço. Situação distinta ocorre nos casos em que o consumidor requer a troca de uma mercadoria sem defeito. Se o consumidor adquiriu o item pessoalmente no estabelecimento comercial, o lojista não será obrigado a trocar a mercadoria que esteja em perfeitas condições. A loja poderá (o que é facultativo) aceitar a troca do produto, mas fará isso somente se quiser, como tática para conquistar a simpatia do cliente. Por outro lado, se o produto foi comprado à distância, via internet ou telefone, o comprador tem o “direito de arrependimento”, mesmo que o produto não apresente qualquer problema, direito este que pode ser exercitado no prazo de até sete dias após a entrega² . O consumidor nem precisa justificar o porquê da devolução da mercadoria, já que o exercício deste direito não está sujeito a qualquer condição³ . Os comerciantes devem compreender que cumprir a lei e facilitar a troca é uma estratégia que aumenta a fidelidade do consumidor e pode ser uma boa oportunidade de conquistar um novo cliente. Por outro lado, os compradores devem desempenhar seu papel com honestidade nesta relação, pois, ao contrário do adágio popular, o consumidor nem sempre tem razão.

Oneir Vitor Guedes oneirvitor@hotmail.com

Oneir Vitor Guedes formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atua como advogado e consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunista do Três Rios Online.

1 - Muitos comerciantes afirmam que produtos em liquidação não podem ser trocados, mesmo que sejam constatados defeitos futuramente. Porém, o lojista não pode ignorar a lei e se negar a reparar os defeitos não declarados, bem como aqueles que estavam ocultos no momento da compra e só foram descobertos em momento posterior. 2- Você certamente já escutou o famoso bordão das propagandas televisivas: “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”. Na verdade, toda empresa que vende produtos por telefone ou internet está obrigada, por lei, a devolver o dinheiro do cliente que demonstre insatisfação em até sete dias após a compra. Logo a frase “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta” não é um benefício dado pela empresa e, sim, uma obrigação imposta por lei. 3- Os valores que já houverem sido pagos pelo comprador que desistiu do produto deverão ser integralmente devolvidos, inclusive corrigidos monetariamente. Além disso, os gastos com transporte ou frete não poderão ser abatidos do valor a ser restituído, pois toda empresa que vende à distancia, deve arcar com os riscos de seu empreendimento. revistaon.com.br

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OPINIÃO

FALSOS ‘PETROPURITANOS’

Perversas mentiras são repetidas de quatro em quatro anos, disfarçadas de promessas palanquistas, e seus resultados posteriores ao processo eleitoral não conseguem deixar a linha paralela à nulidade.

Helder Caldeira helder@heldercaldeira.com.br

Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista, colunista do Três Rios Online e autor do livro “A 1ª Presidenta”, primeira obra publicada no Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já está entre os livros mais vendidos do país em 2011. É apresentador do quadro “iPOLÍTICA” com comentários nos telejornais da afiliada da Rede Record em Diamantino/MT.

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véspera de uma eleição municipal, Petrópolis não foge à regra da politicagem brasileira: faltam cidadãos verdadeiramente comprometidos com a cidade e sobram colarinhos brancos e saias-justas bradando firulas e posando de falsos “petropuritanos”. Desde que me entendo por gente, um dos pontos nevrálgicos da Cidade Imperial sempre foi o caos da mobilidade urbana, seja pela deficitária malha de ruas e avenidas para um número cada vez maior de veículos, seja pelo surreal sistema de transporte público, ou mesmo pelas dificuldades impostas pela geografia. Perversas mentiras são repetidas de quatro em quatro anos, disfarçadas de promessas palanquistas, e seus resultados posteriores ao processo eleitoral não conseguem deixar a linha paralela à nulidade. O prefeito garante que não há recursos nos cofres municipais; o diretor-presidente da Concer vai pelo mesmo caminho e afirma que a concessionária não tem dinheiro suficiente; os vereadores não têm poder, nem querer, para realizar mudanças; a intervenção nas empresas de ônibus parece ter piorado o sistema; e o governo fluminense e a União sequer conseguiram atender, dezoito meses depois, as demandas urgentes provocadas pela tragédia de 2011. Acreditar em quem? Enquanto isso, fala-se abertamente sobre a necessidade de aumentar os impostos petropolitanos para financiar supostas mudanças que nunca conseguem sair do papel. Da mesma forma, a concessionária da BR-040 no trecho Rio/Juiz de Fora anuncia que só realizará a essencial ligação Bingen/Quitandinha (prevista como obrigatória no contrato de concessão) se lhes for permitido um aumento expressivo nas tarifas de pedágio. Não são mais que acintes à inteligência da população.

Adrede de canalhas que pretendem utilizar essa arrecadação para garantir desvios de recursos que bancam as contas partidárias em ano eleitoral. Em outra instância, um vereador viu-se obrigado a parar na delegacia para registrar ameaças de morte sofridas, logo após denunciar fraudes na validação de vales-transportes em empresa de ônibus sob intervenção. A propósito, logro no sistema de bilhetagem eletrônica é uma cumbuca expressiva de corrupção nas cidades brasileiras, rendendo altas cifras aos bandidos infiltrados em órgãos públicos. Basta dizer que uma das acusações que pesa sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira é justamente a criação de uma máfia que hoje domina o sistema de bilhetagem dos transportes públicos no Distrito Federal. Os petropolitanos seguem no papel de figuração, títeres de uma turma que alardeia mudança e renovação, mas que não consegue ultrapassar os limites umbilicais da relação de manutenção das mamatas. Roubam para poder investir pesado em campanhas panfletárias de reciclagem das suas imagens, chamuscadas desde os tempos de Pedro II. Por lamentável, poucas coisas mudam efetivamente. Quase nada, na verdade. Ao fim e ao cabo, esses figurões de sempre já desfilam pelas ruas e avenidas congestionadas e esburacadas em busca de votos, sem qualquer vestígio de vergonha na cara, quiçá de compromisso político com uma Petrópolis no limiar da subsistência. Não se engane: cada santinho que você receber nesses meses de campanha significa diretamente um buraco a mais nas vias, um médico a menos nos postos de saúde e a ameaça cada vez maior ao bolso suado do contribuinte. Estampadas nos panfletos, as caras dos falsos “petropuritanos” podem até parecer quase belas. Bonitinhas, mas ordinárias, diria Nelson Rodrigues.


CASO YOKI: UMA METODOLOGIA DE RETROCESSÃO DO DIREITO PENAL O julgamento, a condenação e aplicação da pena segundo a vingança privada

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ecentemente, a sociedade brasileira ficou atemorizada com a brutalidade do assassinato do diretor executivo de exportações da Yoki, Marcos Matsunaga, morto e esquartejado por sua mulher, Elize, no dia 19 de maio. Matsunaga, formado em administração pela Fundação Getúlio Vargas, uma das melhores faculdades do país, conheceu Elize no ano de 2004, através de um site na internet, no qual garotas de programa oferecem seus serviços por elevados preços. Em 2006, ainda na condição de amante, Elize começou a cursar a faculdade de direito. Depois de alguns anos de relacionamento intenso, o empresário abandonou a primeira mulher e a filha pequena para viver o novo amor. Em 2009 eles se casaram. Ele (Marcos), um profissional respeitado, nascido em uma família nobre de São Paulo, com educação rígida; ela (Elize), uma menina sem pai, de família pobre do interior do Paraná, sem êxito como técnica em enfermagem, virou prostituta. Segundo o relato de pessoas próximas ao casal Matsunaga, eles “viviam como em um conto de fadas”, sendo Marcos um verdadeiro cavalheiro, um homem “à moda antiga”. Os tempos de felicidade duraram até o dia 17 de maio, a ocasião em que Elize descobriu, por meio de um detetive particular, que o marido mantinha um relacionamento extraconjugal. Ela estava no Paraná visitando a mãe. Dois dias depois (19 de maio) retornou para São Paulo, onde o casal residia em um apartamento de 500 m2, em uma área nobre da cidade. Por volta das 19h, após colocar a filha recém-nascida para dormir no segundo pavimento da cobertura duplex, Elize dispensou a babá e iniciou uma discussão veemente com o marido, questionando-o sobre seu relacionamento amoroso fora do casamento, ocasião em que Marcos a insultou. Naquele momento, ela sacou uma pistola 380 de uma gaveta da sala e disparou a uma distância de 1,5 m contra a cabeça de Marcos Matsunaga, matando o executivo. Na manhã do dia seguinte (20 de maio), depois de constatar o enrijecimento do corpo e a conse-

quente redução da vazão de sangue, o que reduz o seu derramamento, Elize iniciou o processo de esquartejamento, utilizando uma faca com lâmina de 30 cm. Ao que tudo indica, ela empregou seus conhecimentos de enfermagem, pois sabia exatamente onde os cortes deveriam ser feitos, de modo a facilitar seu trabalho, vale dizer, realizado em quatro horas apenas. A prática funesta levada a efeito por Elize Matsunaga caminhou em sentido contrário às lições que lhe foram ministradas durante a faculdade de direito, pois sua conduta cruel, própria de um tribunal inquisitivo, julga, condena e penaliza a morte de um ser humano que sequer teve a possibilidade de se defender, revelando uma metodologia punitiva de cunho repressivo, aplicada tão somente nos primórdios da civilização, a vingança penal. Esta foi marcada pelo poder e pela religião que, na evolução do direito penal, durante os tempos se dividiu em vingança privada, vingança divina e vingança pública, até chegarmos ao conceito atual do Estado como ente imparcial regulador das relações humanas (jurídicas) e solucionador dos conflitos surgidos na sociedade. O conceito atual nasceu inicialmente na Roma Antiga, sendo aperfeiçoado por grandes pensadores como Montesquieu (O Espírito das Leis, de 1748), Jean-Jacques Rousseau (O Contrato Social, de 1762) e Cesare Beccaria (Dos Delitos e Das Penas, de 1764). Elize Matsunaga, paranaense de 30 anos, passará um longo tempo na prisão, pois será submetida à ação penal sujeita ao procedimento do tribunal do júri, quando o Ministério Público provavelmente irá lhe imputar a prática delituosa prevista no art. 121, §2.º (homicídio qualificado – pena de reclusão de 12 a 30 anos) combinado com o art. 211 (destruição, subtração ou ocultação de cadáver – pena de reclusão de 01 a 03 anos), na forma do art. 69 (concurso material – cumulação de penas), todos do código penal, e, além disso, não terá direito a qualquer tipo de herança. A solução de conflitos cabe ao Poder Judiciário. É impossível se fazer justiça com as próprias mãos!

David Elmôr david@elmorecorreaadv.com.br

David Elmôr é Advogado Criminalista, originário de uma das mais respeitáveis bancas de direito do Brasil (SAHIONE Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR & CORRÊA Advogados

Fontes utilizadas: “O Globo”, “Folha de S.Paulo” e “Revista Veja” revistaon.com.br

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OPINIÃO

CULPA DO “GESTOR” Ao invés de um “novo modelo”, o cliente/consumidor quer o de sempre: qualidade e preço

Eduardo de Oliveira eduardojorge.com@gmail.com

Coordenador do curso de jornalismo da Universidade Estácio de Sá (Campus Petrópolis). Jornalista, mestre em ciência política

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quela pequena gentileza que a empresa oferecia e que foi suspensa; aquela cortesia que acompanhava um serviço e que desapareceu; aquele pequeno desconto e aquele serviço personalizado que sumiram; aquele “agrado” que a empresa fazia a seus funcionários e não faz mais... Quando essas pequenas vantagens desaparecem e o cliente/ consumidor tenta descobrir os motivos, chegará quase sempre à mesma resposta, que não admite réplicas: “É por causa do novo modelo de gestão”. Ou, ainda, “foi determinação do gestor”. O cliente/consumidor é leigo. Não sabe o que é “gestão”. Nem quem são os tais “gestores”. Entende, com alguma imprecisão, que este nome genérico abrange a definição de profissionais que, no passado, denominavam-se gerentes, administradores, controladores, chefes, supervisores e que o conceito de gestão sugere não apenas funções – mas, supostamente, algo novo, moderno, inovador, diferente. Sou um cliente/consumidor. Meus conhecimentos nas ciências da administração (aliás, “gestão”, certo?) situam-se, portanto, abaixo de zero. Limitam-se apenas àquilo que qualquer freguês sabe. E sei que o conceito de gestão está, sim, sustentado em um campo do saber acadêmico-científico que antigamente nós, os leigos, denominávamos simplesmente administração. Obviamente, sei também que há inúmeros administradores, gerentes, chefes e controladores bastante competentes – e que, por imposição dos tempos, são hoje definidos genericamente como gestores. Mas não é a esses profissionais que me refiro. Refiro-me aos “gestores”. Assim, com aspas. Refiro-me àqueles que, assumindo este “título” moderno, querem equiparar-se aos administradores de verdade. Convenhamos, é bem mais “bonito” assinar-se gestor, não é? Parece denotar uma suposta sintonia com os rumos mais modernos da condução de negócios ou pessoas. Neste contexto, incontáveis burocratazinhos orgulhosamente têm se definido como “gestores”. O funcionário que porventura tenha subido um degrau na hierarquia torna-se, automatica-

mente, “gestor” de alguma coisa. Qualquer boy de luxo que se pretende, “antenado com o mercado”, assina como “gestor”. Outro dia ouvi de um uma afirmação que chega ao paroxismo da indefinição: “Todos nós somos gestores de alguma coisa” (!). Este tipo de “gestor” cria situações inesperadas. Aqui e ali surge, por exemplo, uma taxa inédita, por qualquer motivo inimaginável. Um serviço prestado ou produto elaborado por cinco funcionários é assumido por um único. O atendimento piora, a qualidade cai. Mas, no fim do mês, o “gestor” vai anunciar aos quatro ventos que, graças à sua iniciativa, a empresa onde trabalha aumentou seu lucro em, digamos, 1,2% (afirmação amplamente amparada por formidáveis e coloridos gráficos em PowerPoint). Pouco importa se a empresa vai fechar as portas daqui a um ano: até lá o “gestor” estará em outro canto, comemorando sua própria genialidade. Afinal, ele “bateu metas”, porque cortou despesas e foi mais rígido com os devedores. Aliás, tal como administradores competentes já fazem há séculos. A diferença é que o “gestor” corta também no essencial, compromete a qualidade do produto/serviço, perde clientes/fregueses, aumenta os lucros rapidamente para perder em longo prazo e justifica qualquer crítica com a irrespondível expressão: é o “novo modelo de gestão”. Já vimos situações parecidas. Assim como, aos olhos do leigo, o “gestor” atualmente substitui o administrador. Há vários anos, as empresas “modernas” deixaram de ter funcionários, substituídos por “colaboradores”. Essa bobagem, que é trocar nomes sem mudar atribuições ou resultados, não se limita, obviamente, ao mundo dos negócios. Faz lembrar, por exemplo, um ex-prefeito de Petrópolis, “gestor” antes do título virar moda, que em algumas canetadas acabou com todos os morros e favelas da cidade. Todos foram rebatizados, por decreto, como “comunidades”. Em casos assim os franceses talvez dissessem que “quanto mais se muda, mais se é a mesma coisa”. Mas talvez não. Às vezes a “mesma coisa” pode ser pior.


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ONLINE

PERFIL

POPULAR POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Eles não aparecem diariamente na tela da televisão e seus rostos não estampam capas de revistas ou manchetes de jornais nas bancas do país. Mesmo assim, são cheios de contatos em suas redes sociais. Seus comentários geram discussões e chamam atenção de outros internautas. Para você curtir, comentar e compartilhar, encontramos alguns dos perfis mais populares da região.

F

oi por volta de 1995 que Yuri Padilha Sánchez teve seu primeiro contato com a internet e o novo mundo virtual em Três Rios. Hoje, empresário e lutador, ele está com 31 anos e recorda os momentos difíceis passados no início desta nova era. “Fico até arrepiado. De raiva”, brinca. “A conexão era discada e sempre tinha alguém em casa para falar ‘sai da internet Yuri, quero telefonar’. Agora a facilidade é enorme, a velocidade é incrível, fora os preços e planos que ajudam. E foi anunciada a 4G. Vou amar! Já acordo conectando meu celular e durmo com ele do lado”, afirma. Em seu perfil no Facebook, ele tem pouco mais de 5.200 amigos. Ele é enfático ao afirmar que não há como viver sem a rede. “Uso para qualquer coisa que seja. Procurar um lugar, ver a programação de um teatro ou cinema, notícias do Vascão, Facebook, e-mail, MSN, Skype, Orkut. Comecei usando o ICQ e sou um dos últimos sobreviventes do antigo Flog Brasil. O meu ainda existe, tem anos e anos de fotos, nunca tiraria do 12

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ar”. O único que o lutador não curte é o Twitter. “Chega de vícios, já são muitas coisas para conectar todos os dias”. De acordo com Ana Luiza Mano, psicóloga do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática) da PUC-SP, a popularidade na vida virtual é, muitas vezes, reflexo da vida real. “Por exemplo, se você conhece uma pessoa em uma festa, quando chegar em casa vai procurá-la nas redes sociais”. Para ela, as relações construídas ou mantidas nos meios eletrônicos podem ser tão verdadeiras como as que existem fora deles. “Se você investe sentimento e se importa com a pessoa, passa a ser indiferente se ela está do seu lado ou distante”. Ana Luiza ainda explica que o tempo que uma pessoa fica conectada não é o prejudicial, mas as consequências que pode gerar na vida real. “Você pode ficar conectado uma ou 12 horas direto e não te afetar. Mas, se passa a atrapalhar seu trabalho, sua família, sua escola, deve ficar atento”. Para Viviani Corrêa Teixeira, mestre e doutoranda em sociologia política pela Universidade Federal de Santa Catari-

YURI PADILHA SÁNCHEZ | 31 ANOS 5.200 amigos no facebook também possui: MSN, Orkut, Skype, flog

ANA KAYE | 54 ANOS 4.800 amigos no facebook também possui MSN


ANDRÉ LUIZ ANDRADE MATHIAS ROSA | 23 ANOS 3.200 amigos no facebook

na, é essencial entender que, no espaço das redes sociais virtuais, os reflexos do mundo real e as vidas paralelas convivem juntos e a internet deve ser vista como um bem público da humanidade. “Deve servir como depositório de saberes, divulgação e compartilhamento de informações e como uma forma de conhecimento colaborativo. Através das redes sociais é possível denunciar governos corruptos, casos de exploração de populações oprimidas; divulgar tecnologias alternativas e de baixo custo, descobertas científicas na área de saúde e muitas outras peculia-

ridades. Isso porque a grande rede, ainda é uma mídia não controlada [salvo em alguns países] pelo Estado e empresas privadas de comunicação”. A pedagoga e jornalista Ana Kaye, moradora de Petrópolis, garante: “Amo meus amigos do Facebook e deixo minha página bem linda para eles”. Aos 54 anos, ela tem pouco mais de 4.800 amigos na rede social e afirma que é impossível conhecer todos, mas sabe a origem de cada um. “Sou a mesma pessoa no mundo real e no virtual. Quando estou feliz, todos sabem, quando estou triste, compartilho com todos”. Suas postagens e o número de contatos já renderam histórias curiosas e emocionantes. “Recebi uma mensagem que dizia ‘você me incomoda, sua alegria me incomoda e ao mesmo tempo me contagia’. Fiquei muito emocionada. Tenho uma amiga que é espancada por seu companheiro e tento ajudá-la. Outra está grávida e os pais não sabem. Converso todos os dias e dou conselhos”. André Luis de Andrade Mathias Roza, também de Petrópolis, é estudante de di-

reito e está com 23 anos. Já passou dos 3.200 amigos no Facebook. “Sempre tem aquela pessoa que te conhece de vista e adiciona. Mas este número é alto porque conheço muitas pessoas. Sempre que vou a um lugar, encontro um conhecido. Já aconteceu de ir, por exemplo, para Porto Seguro e encontrar um amigo de Petrópolis”. Curtir, seguir, compartilhar. Os verbos passam a ter novos sentidos enquanto a rede cresce e ganha mais adeptos. “É um espaço ‘aberto’ a discussões. Algumas redes sociais lembram arenas públicas. Através destes espaços, é possível captar as várias tendências de opinião pela possibilidade de interação entre os usuários”, afirma Viviani Corrêa Teixeira. Tantos amigos e contatos virtuais, facilidades e confortos na palma das mãos, significa que o ser humano está em processo de robotização? Ana Luiza garante que não. “A relação através de meios eletrônicos não substitui, nem substituirá a interpessoal. Ela complementa, traz coisas novas, é um ‘algo a mais’”.

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INVESTIMENTO

SEGURO FOTOS DIVULGAÇÃO

Quem não gostaria de ter dinheiro rendendo a cada mês? Para fazer o “milagre da multiplicação”, a maioria das pessoas aposta em poupanças sem saber que existem alternativas no mercado que vão além das expectativas.

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m 2010 surgiu, em Petrópolis, um novo empreendimento que traz inúmeras possibilidades para fazer aquele dinheirinho que você tem guardado aumentar. O objetivo é proporcionar mais resultado que a tradicional poupança e permite várias façanhas para a renda crescer com a segurança de uma assessoria personalizada. A Hiperion Invest surgiu da união de três jovens ex-bancários com a finalidade de oferecer algo melhor em relação a investimento. A equipe é formada por ex-funcionários de bancos comerciais, caracterizados pelo bom atendimento e de grandes players de mercado, como TOV e XP Investimentos, que atuam principalmente na área educacional e operacional. Pela qualidade do serviço que presta, atualmente a Hiperion possui 318 clientes. “Quando os primeiros investidores perceberam o resultado positivo, foi inevitável começassem a se espalhar. Acaba que o próprio cliente traz mais gente”, afirma o assessor de investimento Luiz Arnaldo das Neves Oliveira. 16

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A empresa fornece o serviço tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. O objetivo da Hiperion Invest, de acordo com o assessor, é ser, até 2014, a maior gestora de recursos do interior do Estado do Rio de Janeiro. Entre os Serviços oferecidos estão a carteira administrada, renda fixa, o tesouro direto, câmbio, clubes de investimento, ações e fundos de investimentos em parceria com a Órama (empresa especializada em fundos). “Começamos com carteiras

RENDIMENTO As aplicações no mercado financeiro mostram-se cada vez mais rentáveis

administradas em bolsas de valores. O cliente queria aplicar um dinheiro na bolsa, mas não sabia como e nós fazíamos para ele. A nossa ideia é tentar um rendimento melhor e fazer a monitoração do risco do investidor, protegendo de eventuais oscilações do mercado”, comenta Luiz. A renda fixa se destaca, conforme o assessor, por ser o título com menor risco no mercado, ou seja, a probabilidade de perder dinheiro é quase nula. “É menos arriscado do que colocar o dinheiro embaixo do colchão”, diz. O rendimento também é melhor que a poupança. A empresa oferece, com exclusividade, o Star Cash, um cartão que carrega 17 moedas diferentes e facilita a vida de quem vai viajar para o exterior. Ele é o primeiro cartão pré-pago multimoedas do Brasil. É seguro, econômico e prático. A pessoa pode, em caso de roubo ou perda, bloquear imediatamente, além de poder acompanhar a movimentação de qualquer lugar. O Star Cash é isento da cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), sem taxa de adesão e não proporcio-


“A Hiperion Invest surgiu da união de três jovens exbancários com a finalidade de oferecer algo melhor em relação a investimento” na surpresas com a variação cambial, pois o câmbio é fechado no momento da carga no cartão, antes da viagem. A Hiperion, em parceria com a Órama, oferece fundos de investimento exclusivos, como BTG Pactual Hedge. A proposta é dar ao varejo acesso a fundos antes limitados aos milionários clientes de private bank que, mesmo em período de crise, [os fundos] renderam mais de 10,33% somente em 2012. Não existe faixa etária, nem público definido, qualquer pessoa pode investir na bolsa. “Quando o cliente chega aqui fazemos um levantamento do perfil dele para achar o serviço ideal”, explica Luiz. Entre as vantagens da Hiperion Invest estão o baixo custo de investimento, a garantia e o fato de ser mais rentável que a poupança, já que há a possibilidade de faturar até quatro vezes mais. Cliente desde o início, Luiz Alberto Jacob é procurador do estado e aprova o atendimento prestado. “Até hoje não tenho o que reclamar a respeito da honesti-

DIFERENCIAL A empresa oferece aos clientes atendimento de excelência

dade e seriedade deles”, elogia Jacob. O executivo do grupo Votorantim, Pablo Cucco, investidor no mercado de capitais há aproximadamente um ano, acredita que o atendimento de excelência é o carro chefe da Hiperion Invest. “Além de tudo, a empresa apresenta bons resultados, o que é muito importante. Hoje, invisto um pequeno valor em ações e basicamente em renda fixa que são operações com risco menor”. Para o investidor, bons números fazem a diferença. Com autorização dos principais órgãos no mercado de capital como a CVM – Comissão de Valores Mobiliários, a Hiperion Invest tem como principal objetivo ser

A empresa oferece o Star Cash, um cartão multimoedas pré-pago que carrega até 17 moedas diferentes e não possui taxa de adesão mais que uma assessora de investimento, ao oferecer, ao cliente, a oportunidade de conhecer o mercado e com ele se relacionar de maneira segura.

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TURISMO

UM ENCONTRO COM A

HISTÓRIA E A FICÇÃO POR JOSÉ ÂNGELO COSTA

FOTOS REVISTA ON

Imagine um lugar onde estão reunidas importantes figuras que marcaram a trajetória política e cultural do Brasil. Agora, pense na possibilidade de ver bem de pertinho os personagens do cinema internacional. Este espaço já existe, é o museu de Cera de Petrópolis. Um espaço único que encanta a mente de quem o visita.

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I

naugurado em setembro de 2011, o ponto turístico é constituído por padrões artísticos internacionais de hiper-realismo, ou seja, personagens que marcaram a história política, cultural e social do país e do mundo são retratados através de bonecos feitos de cera. É o único do Brasil com esta técnica. Ao todo, são 14 esculturas distribuídas na casa de dois pavimentos localizada na rua Barão do Amazonas, no centro histórico de Petrópolis. Logo na entrada, o visitante se depara com o mais famoso aviador do mundo, o brasileiro Alberto Santos Dumont. Vestindo o inseparável chapéu e trajado com o terno que sempre usava em suas viagens, o inventor do dirigível foi esculpido com pelos verdadeiros e os olhos que também parecem reais. Na outra sala do imóvel, estão dois representantes da família Real: o imperador d. Pedro II e a princesa Isabel. Em ambos, os detalhes da genética como imperfeições na pele, veias e unhas são facilmente observados. Além disso, todas as estátuas foram reproduzidas de acordo com tamanho natural dos seus respectivos personagens. Outras figuras importantes como o cantor baiano Gilberto Gil, o cientista Albert Einstein e o diretor e cineasta inglês Alfred Hitchcock, responsável pela produção dos filmes “O Corvo” e “Psicose”, não poderiam faltar neste audacioso projeto idealizado pelos sócios e produtores culturais Bruno Villas Bôas e Renato Bomtempo. “Um dia, estávamos conversando e surgiu a ideia. Depois, pensamos de forma mais concreta no assunto”, afirmou Bruno. Ele explica que, para a implantação deste tipo de negócio, foi necessário um intenso trabalho de pesquisa e, é claro, a experiência de já ter conhecido locais semelhantes no exterior. “Decidimos fazer aqui porque, na época, descobrimos que o fluxo de turismo para esse tipo de atividade não existia na capital (Rio de Janeiro) e que Petrópolis era mais apropriada”. Bruno Villas Bôas revela que durante o levantamento dos dados, verificou-se que o Museu Imperial é um dos mais visitados e o mesmo estudo designou o município como melhor local para a instalação. Após dois anos tratando com o governo federal que o empreendimento seria ícone de

enfim, as figuras fossem enviadas e trajadas adequadamente. Com os modelos prontos para a exposição, todo cuidado é pouco. “Temos que manter a temperatura ambiente de 26°C , limpar e não deixar que toquem nas estátuas porque senão podem sofrer algum dano”, explica Evelyn Louise, gerente do museu. De acordo com ela, os manequins chegaram em partes. “No estúdio, o Henry Alvarez prepara a cabeça de cada personagem, que é o mais importante, e tem os moldes prontos das mãos. Por isso demora até cinco meses para ficar pronto”, salienta Evelyn. O diferencial SANTOS DUMONT O aviador com a sua famosa roupa utilizada nas viagens pelo mundo

exibição turística e não peças para venda ou negociação, os sócios conseguiram a liberação e a importação das figuras. Antes, porém, personagens vivos tiveram que autorizar suas representações por meio de bonecos de cera além de disponibilizar todas as informações pessoais, entre as quais idade, altura, cor dos olhos e peso.

Além da perfeição com que são produzidas as esculturas, o grande diferencial do Museu de Cera é a oportunidade do público interagir diretamente com cada pessoa retratada. Na sala onde estão os dois integrantes da família Real, por exemplo, foi ambientado o cenário da época como se fosse um dos cômodos do antigo palácio de verão de d. Pedro II. O turista pode sentar em uma das cadeiras colocadas e tirar fotografias ao lado do imperador e da princesa

Produção das estátuas

Concluída esta etapa, todo o material foi encaminhado para o estúdio “Alvarez Wax Production”, localizado na Califórnia, nos Estados Unidos. Nele, o artista Henry Alvarez preparou as esculturas de cera com métodos hiper-realistas e em tamanho normal. Com mais de 43 anos de experiência neste tipo de trabalho, Henry produz os bonecos se aproximando cada vez mais da textura e aparência da pele. Até hoje ele fornece modelos de alta qualidade para museus e colecionadores de todo o planeta. “A experiência dele é da indústria cinematográfica de Hollywood. No Brasil, não temos registro de nenhum profissional que utilize essa técnica, por isso tudo foi feito pelo Henry”, ressalta Bruno Villas Bôas. Desde o processo inicial de produção ao término do serviço, foram aproximadamente cinco meses de espera para que,

CAPITÃO JACK SPARROW O personagem principal do filme Piratas do Caribe é um dos mais apreciados por crianças e adultos revistaon.com.br

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TURISMO

Na opinião da carioca Maria Gusmão, o que mais impressiona no espaço cultural é a perfeição com que são reproduzidas todas as esculturas de cera

A atração turística foi claramente inspirada no “Madame Tussauds”, que está em 12 cidades no mundo, além de Londres, capital da Inglaterra. Ele deslumbra todos

os públicos, entre crianças, jovens e adultos. A pequena Ester Luna, de apenas sete anos, veio do Rio de Janeiro e ficou fascinada com o que viu. “Gostei, é fantástico esse museu. Tem várias estátuas e a do Batman foi a mais interessante. Também adorei a máscara dele e me amarrei no Superman”, disse a menina entusiasmada. Também da capital fluminense, Marcelo de Souza soube do local apenas quando chegou a Petrópolis para visitar outros pontos turísticos. “Estava passeando por aqui e fiquei curioso. Aproveitei a oportunidade para conhecer”. O carioca, que estava acompanhado da mulher e dos filhos, aprovou a mais nova iniciativa implantada na região serrana do Estado, pois acredita ser necessária a sua existência como opção de entretenimento. “Acho que chama muita gente aqui e sempre é bom ter esse atrativo. Essas coisas só vemos em países do exterior”, afirmou. As principais características do corpo humano, como manchas na pele, unhas, barba, cabelo e olhos chamou a atenção de Maria Gusmão. Ela e o marido estiveram no município em novembro de 2011 para acompanhar a exposição das peças. “Excelente.

INTERATIVIDADE Os visitantes podem compor um dueto com o cantor Gilberto Gil

CENÁRIO Retratar a ambientação de cada personagem é um atrativo a mais para os turistas

PERFEIÇÃO O empresário Bruno Villas Bôas mostra a riqueza de detalhes das características humanas presentes nos bonecos de cera

Para o empresário Bruno Villas Bôas, uma das ideias é retratar a história do Brasil e do cinema, fazendo com que o público interaja com o ambiente Isabel. “Essa foi outra ideia nossa. Fazer cenários que tenham relação com a história dos personagens, porque Petrópolis é uma cidade histórica. Você participa do contexto”, acredita o empresário Bruno Villas Bôas. Em outra parte da casa, onde está o cantor Gilberto Gil, o visitante poderá subir no pequeno palco montado e, até quem sabe, fazer um dueto com o músico baiano. A iniciativa está trazendo bons resultados para o novo espaço cultural. Somente no primeiro mês de funcionamento, o local recebeu mais de 3.000 visitas, entre grupos de escolas e excursões. “Até agora, todo mundo está falando bem. Gostam daqui. Temos um retorno muito bom, além das expectativas”. Bruno revela que para fazer as figuras expostas no museu foi preciso basear-se em fotografias e de20

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talhes como a proporção dos objetos presentes nas imagens assim como o tamanho de cada um deles foi levado em conta. “Veja que na escultura de dom Pedro, ele estava com a mão em uma cadeira e daí, tivemos que tirar as medidas desse móvel para representar a posição dele. Todos eles saíram através de fotos”, salientou. Contemplando todas as idades


tados. Uma maravilha”. Diversos usuários do Facebook postaram fotos na rede social ao lado dos bonecos. Investimentos futuros

HOMENAGEM O ator Christopher Reeve foi o escolhido para representar o super homem na escultura de cera

O que achei mais próximo da realidade foi o Gilberto Gil. Agora o capitão Jack Sparrow está fantástico”, exclama se referindo ao pirata vivido pelo ator Johnny Depp. Curiosamente, a turista afirma ser amiga de um casal petropolitano que não tinha

conhecimento do museu. A moradora do Rio diz ter descoberto a existência dele ao acessar a internet e lamenta a ausência dos familiares nesta viagem. “Se o meu neto estivesse aqui, ia adorar tudo isso. Todos os personagens estão muito bem apresen-

Entre as imagens artísticas e fictícias, encontram-se ainda o mais popular presidente da República do Brasil, o ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, além da atual governante Dilma Rousseff. O Dr. Emmett Brown, da trilogia “De Volta Para o Futuro”, o vilão Pinguim do filme “Batman”, e o super atrapalhado Mr. Bean, interpretado pelo comediante britânico Rowan Atkinson, compõe o elenco. A tendência é que outras celebridades façam companhia a eles. Os sócios acreditam que daqui a alguns anos, o museu seja composto por até 40 esculturas de cera. Para isso, entretanto, a área física deverá ser ampliada. “Temos essa pretensão. Acho que o Pelé e o Ayrton Senna podem ser incluídos nesta proposta”, finalizou Bruno Villas Bôas.

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QUASE IRMÃOS POR ALINE RICKLY

FOTOS REVISTA ON

Eles vivem juntos, dividem o mesmo espaço em casa, às vezes até no trabalho. Nos finais de semana saem para tomar um chopp ou para curtir uma balada. Parecem irmãos, mas essa relação é entre pais e filhos.

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á alguns anos existia uma ligação vertical entre pais e filhos, mas atualmente essa concepção mudou e toma cada vez mais rumos horizontais. Admiração, respeito, carinho, amor e companheirismo regem este relacionamento. Eles trabalham juntos, saem para se divertir e curtir a noite. São, acima de tudo, grandes amigos. A oficina do Carlos Augusto Pinto da Fonseca, 80, ou do Guto como é mais conhecido, foi fundada em 1971 com o apoio dos filhos que, na época, eram adolescentes, mas já se interessavam por carros. “Quando eram pequenos e faziam arte, eu levava para a oficina para lavar peças, por fim acabaram gostando”, disse. Guto se aposentou e passou o negócio para os filhos Marcelo Pinto da Fonseca, 54, e Luiz Gustavo Pinto da Fonseca, 53. “A nossa convivência sempre foi ótima. O Guto é muito tranquilo. Nós crescemos dentro da oficina, então nunca tivemos interesse em fazer outra coisa, o que gostamos é de mecânica”, diz Marcelo. Sobre os benefícios 22

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Atualmente, pais e filhos são, acima de tudo, grandes amigos

em trabalhar em família ele cita o fato de já conhecer o jeito de pensar e agir. Curiosamente os netos do Guto também despertaram o interesse pelo negócio do avô e lá estão pais, filhos e netos no mesmo ambiente. Diogo Fonseca, 25, é o filho mais velho do Marcelo. Desde pequeno ia com o pai para a empresa e, com 12 anos, começou a trabalhar. Ele acredita que esta situação tem pontos negativos porque acaba misturando um puxão de orelha que leva na oficina com a relação em casa, mas que os pontos positivos se sobressaem. “Meu pai é meio durão, mas a gente se entende. Ultimamente ele anda mais tranquilo”, diz. Sobre os benefícios

Diogo confessa: “trabalhar com o pai tem algumas regalias, o salário é bom. Já pensei em fazer outras coisas, comecei a faculdade de engenharia e tranquei, porque gosto de carros e de estar aqui”, afirmou. Durante a entrevista, um fato que chamou a atenção foi na hora da tomada de uma decisão, Diogo contrariou a opinião do pai e resolveu a situação, o que mostra que agora são os netos que tomaram as rédeas do empreendimento. Marcelo diz que o fato deles serem mais novos ajuda, porque eles têm mais ideias. “Eu também já estou meio aposentado”, brincou. A psicóloga Célia Regina Carvalho Machado da Costa acredita que o fato de pais e filhos trabalharem juntos tem os prós e contras. Na opinião dela, se o pai tiver um caráter autoritário pode ofuscar a carreira do filho. “É uma relação de cima para baixo. O pai não quer crítica. Neste caso não é saudável”, destaca. Porém, concorda que, atualmente, há relações mais igualitárias e trabalhar junto é um caminho conveniente para não ter que abrir o pró-

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COMPORTAMENTO


FAMÍLIA O fundador da oficina com seus filhos e netos que agora comandam a empresa

ARQUIVO PESSOAL

prio negócio. A também psicóloga, Isis Kronemberg Marinho, destaca que não depende do lugar, mas do diálogo que possuem um com o outro. “Se a conversa for fácil, será em casa, no trabalho ou numa festa. Mas se não for, os problemas aparecerão independente da atividade”. Mas não é só no trabalho que pais e filhos se encontram. Afinal, todos tem um momento de distração. Este é o caso da fotógrafa Ana Clara Silveira. Ela ajuda o pai nos negócios desde os 18 anos e também sai para barzinhos, isso quando não se encontram em boates. “Nosso relacionamento é muito tranquilo, ele foi meu primeiro patrão. Trabalhei três anos em outros lugares e agora voltei para assumir a agência de turismo dele. Claro que rolam os momentos de estresse, mas, no geral, nos entendemos bem”, relata. Para Ana Clara, a proximidade no ambiente de trabalho facilita a exposição dos problemas que, consequentemente, se resolvem mais rápido. “Você não fica sem jeito de falar a verdade, nem tenta contornar os problemas. A intimidade de pai e filha faz com que eu tenha liberdade de falar sem medos. Isso talvez seja uma desvantagem em algumas horas. Seja um pedido para fazer algo totalmente fora da sua função, ou do seu horário”, sinaliza. Respeito e admiração são elementos

RESPEITO Thaís passou a enxergar o pai de maneira diferente com o passar do tempo

PRÓS E CONTRAS Célia acredita que trabalhar com o pai nem sempre é a melhor opção

que o tempo traz. Os pais da Thaís Mello Borges se separaram quando ela tinha um ano. Até os quatro, a jovem se recorda de ver o pai apenas nos finais de semana. “Ele sempre trabalhou muito. Não conheço ninguém com a caixa de e-mail mais cheia de trabalho e com a cabeça lotada de tarefas. Dizer que eu gosto disso é mentira, mas reconheço que é pelo meu futuro e da minha irmã”, diz. Ela conta que o relacionamento com o pai melhorou ao longo dos anos e, foi a partir do próprio amadurecimento que passou a enxergá-lo de outras maneiras. “Antes eu o via com

distanciamento e hoje com muito mais proximidade. Acho que o principal é o respeito mútuo referente à personalidade e pontos de vista. “Meu pai é sinônimo de segurança e certeza. Encontro nele tudo que preciso. Está sempre presente nas ocasiões importantes”, diz. Isis ressalta um fator importante relativo à infância. “Não podemos deixar de fora o fato de que o vínculo no trabalho ou em festas será decorrente de toda a história que a família já viveu junta. O modo de interagir, desde cedo, é a base para a construção da convivência durante a vida”. Isis também destaca a importância da diferença de gerações e do convívio, pois o pai já viveu muito mais experiências do que o filho, por exemplo. “O pai pode se tornar um bom ouvinte e conselheiro, já que também conhece a história do filho. Esta pode ser uma relação acolhedora e compreensiva. Ele fica por dentro das novidades, sendo convidado a estar em contato com tudo que a geração mais nova traz”, afirma. Para finalizar, Isis remete à volta dos mais velhos no mundo dos mais novos. “Quando os filhos são crianças, o pai brinca de novo, quando são adolescentes, são impelidos a lembrar da sua própria adolescência, paixões. É como uma fonte da juventude que permite constante renovação”.

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YOU FASHION

COM QUE ROUPA QUE EU VOU? POR ALINE RICKLY

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ma blusa fina por baixo, outra mais grossa por cima, um casaco, meia calça, jeans, cachecol, botas, luvas e, ainda, uma boina só para garantir. Ufa! Quanta roupa! No inverno, o importante é não sentir frio, mas, também, estar sempre atenta às mil maneiras de compor um look sem perder a sofisticação. Segundo a designer de moda Natalia Vanzillota, todo mundo fica mais chique neste período. Ela dá algumas dicas de peças fundamentais como a tradicional calça legging. “É uma tendência que está

DESIGNER DE MODA Natalia dá dicas sobre quais peças escolher nesta estação 24

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em alta por suprir a necessidade de uma boca mais reta. Temos o costume de usar casacos volumosos e, por isso, o ideal são as calças com as bocas finas. Mas é preciso estar atenta e optar por uma blusa comprida para não ficar vulgar”, aconselha. A designer indica as roupas que não podem faltar no guarda-roupa durante o inverno. “Jaquetas de couro, lenços, botas de cano alto, pashiminas e echarpes ajudam a driblar o frio”, garante. A petropolitana Daniela Vecchi, 23, se considera básica, mas nesse período do ano, investe nos lenços coloridos para realçar o look. “Sempre opto por um sobretudo ou um casaco mais quente. Por baixo, uso um cashmere liso e um lenço para dar um realce. Gosto de jeans, botas de cano alto e, claro, o salto também é sempre grande porque dá uma sofisticação a mais”, afirma. A jovem confessa que difícil mesmo é escolher uma roupa para um evento social com exigência de traje fino. Aí, segundo ela, o jeito é inovar. Nestas ocasiões, Natalia recomenda os vestidos de festa de manga comprida ou as calças de alfaiataria, cetim ou veludo com uma blusa de tecido nobre. “Pode até usar vestido tomara que caia ou de alcinha, desde que tenha uma echarpe ou um bolero de renda. Em situações como estas, vale destacar a importância do preto que é sempre elegante”, lembra. A estilista Julia Maria Cogliatti desta-

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“Eu já corri de vento em popa. Mas agora com que roupa? Com que roupa que eu vou. Pro samba que você me convidou?” Noel Rosa, em sua canção, faz alusão a uma frase popular e que as mulheres, particularmente, adoram. Afinal, quem nunca se perguntou com que roupa sair de casa? E, no frio, estar arrumada e não congelar parece uma missão impossível na teoria, mas, na prática, acontece o inverso, pois o que vemos diariamente nas ruas é um verdadeiro desfile de moda.

BÁSICA A petropolitana Daniela gosta de investir em lenços e cachecóis para aquecer o visual

ca que o inverno está bem colorido. “O frio está brilhante, rendado e com modelos para todos os gostos”. Outra tendência que já está presente nas vitrines e nas ruas são as jaquetas chamadas “perfect”. “Elas não saíram de moda, pelo contrário, ganharam novos materiais como o couro metalizado e camurça”, diz. A estilista ressalta, ainda, as calças parecidas com pijamas, como a saruel ou a boyfriend, que também estão com tudo. E agora, já sabe com que roupa você vai neste inverno?


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INSPIRAÇÃO

JOGO DUPLO POR FREDERICO NOGUEIRA

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No dia 8 de julho de 1990, aconteceu a final da Copa do Mundo de Futebol realizada na Itália. A Alemanha Ocidental, treinada por Franz Beckenbauer, levou o título. Brasileiros desanimados com a atuação da seleção canarinho não poderiam imaginar que no dia seguinte ao término da competição o futuro já ganharia reforços para os campos. Nasciam, em Petrópolis, os gêmeos Fábio e Rafael. Dos campos da Serra para a Inglaterra e a Seleção Brasileira, duas inspirações para torcedor nenhum colocar defeito.

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Eu cheguei até a chorar. Eu ganhava um salário e minha esposa também. Ela foi ao médico fazer ultrassom e, quando chegou, disse ‘preto, eu estou grávida. Mas de gêmeos’. Fiquei pensando como faríamos para cuidar de duas crianças. E já tínhamos um filho. Mas se Deus deu, sabia que também daria força para criar”. Assim começa a história de Fábio e Rafael Pereira da Silva nas palavras do pai, José Maria da Silva. O emprego que lhe rendia um salário era o de caseiro em um sítio, onde a esposa também trabalhava. “Na época era muito difícil, não tínhamos muitas condições”, concorda Laurinda Aparecida Pereira da Silva, a mãe dos gêmeos. Com dificuldade para conciliar os trabalhos no sítio com os desafios de cuidar das três crianças, mudaram o endereço do emprego. “Encontramos um sítio em Boa Esperança, onde só eu trabalharia e ganharia o triplo de antes. Ficamos lá mais de seis anos”, conta José.

Os irmãos começaram a jogar futebol no sítio onde o pai trabalhava como caseiro E foi nesse sítio que Fábio e Rafael começaram a praticar o esporte que transformaria a vida dos jovens e da família anos mais tarde. No campinho da residência, os irmãos, parceiros desde o útero materno, brincavam e mostravam a paixão pelo futebol. “Eles desciam para o campo e voltavam cheios de lama, iguais uns porquinhos. Chegavam quietinhos em casa com medo de bronca, tomavam banho e logo depois lá estavam eles de novo, do mesmo jeito”, revela o pai. Com 22 anos recentemente completados, eles recordam o início. “Com quatro ou cinco anos, alguns amigos do pessoal da escolinha do Clube Boa Esperança nos viram jogando e chamaram para o clube. Não tínhamos chuteira nem nada, mas ganhamos. Com essa idade já jogávamos no meio da garotada de 12”, conta Fábio, sem deixar de lado as respostas em plural que seguiriam durante boa parte da entrevista. De lá, os meninos foram para o Petro-

politano, para jogar futebol de salão. “Sempre falaram que seria bom para ganhar um pouco mais de técnica”, diz Fábio. “Salão é bom para aprender, mas sempre gostamos mais de campo”, completa Rafael. Ainda no clube, também passaram a jogar no Botafogo. Em um primeiro momento, houve dificuldade para os irmãos se apresentarem diariamente no clube do Rio de Janeiro. “Minha mãe não tinha condições de levar, não tenho vergonha nenhuma de falar isso”, afirma Fábio. A permanência no time da estrela solitária aconteceu porque o treinador decidiu buscá-los em casa para treinar. Depois da passagem pelo Botafogo, time do coração dos irmãos, eles chegaram ao Fluminense. Antes de serem jogadores do Tricolor das Laranjeiras, este já havia sondado os gêmeos, mas o pai disse que não havia condições de levá-los todos os dias e, devido à idade, eles não poderiam morar na concentração. “O Botafogo quis dar casa para a nossa família morar mais perto, mas meu pai já tinha dado a palavra ao Fluminense de que iríamos para lá no ano seguinte”, conta Fábio. Em Xerém, chegaram aos 11 anos para jogar no pré-mirim e morar na concentração, mesmo com a pouca idade, mas com enormes sonhos. “Eles saíam de casa às 5h30 para ir à escola. De lá, iam direto para o Fluminense. Quando voltavam, tinham jogos no Petropolitano e retornavam por volta das 21h. Não tinha condição de continuar dessa forma, então pedi para deixar eles lá. Disseram que não havia perigo”, lembra o pai. A mãe também recorda o período. “Quando eles foram, claro que ficava preocupada, mas nunca deixei que percebessem”. Rafael acredita que uma decisão tomada na chegada ao Fluminense foi fundamental para o que vive hoje no mundo da bola. “Cheguei jogando como meia e fui colocado na lateral direita pelo treinador. Acho que isso ajudou bastante. Talvez se tivesse ficado naquela posição, hoje não estivesse jogando. A competição para jogadores de meio de campo é muito maior que para lateral”. Para Fábio, um gol logo após a chegada ao clube foi marcante. “Foi em um jogo contra o Flamengo, em uma final. Foi ótimo porque, assim que chega, o jogador precisa firmar, mostrar que tem um bom revistaon.com.br

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INSPIRAÇÃO

DISCURSO A brincadeira foi feita na primeira convocação de Fábio

INÍCIO Um raro registro de Fábio e Rafael ainda na concentração do Fluminense

futebol”, cita, sem esquecer, ainda, das partidas que antecederam o convite para o Manchester United. “Estávamos na China, jogando contra um time russo. Eles eram favoritos, mas nós jogamos muito bem”. Se o convite para jogar fora do país não tivesse surgido, será que hoje estariam no time principal do Fluminense? “Futebol a gente nunca sabe, tem muita gente boa”, explica Fábio. Foi um olheiro do time inglês que entrou em contato com eles e a família. Neste período, os dois estavam na Seleção Brasileira Sub-15, que liberou apenas um, o Rafael, para iniciar os testes no Manchester. Semanas depois, Fábio também foi. Os garotos viajavam esporadicamente para a Inglaterra e continuavam no Fluminense. Com 16 anos, assinaram o contrato, mas, pela idade, não poderiam participar dos jogos. “Foi aí que meu pai parou de tra-

IRMÃO MAIS VELHO Na foto com Rafael, Luiz Henrique diz que, embora mais novos, os gêmeos são ótimos conselheiros 28

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balhar, embora não quisesse. Já tínhamos condições de permitir isso, o salário já era bom”, lembra Fábio. Emprestados ao clube carioca e apenas treinando, José Maria entrou em contato com o Manchester e disse que, se era para treinar, seria melhor que já fosse na Inglaterra. Assim, a família se mudou no início de 2008. Fábio lembra que no início as dificuldades foram amenizadas por estarem todos juntos. Se o Brasil é o país do futebol, a Inglaterra não fica atrás, como observou Rafael. “Os caras são apaixonados. Se tiver jogo no Natal, o estádio enche. Se isso acontece no Brasil, acho que não lotaria. As pessoas vão para praia, festas, tem opções. Lá não”. Fábio também percebeu diferenças culturais. “O que me chama atenção é a limpeza nas ruas. Eu adoro o Brasil, mas se as pessoas se preocupassem mais com

o meio ambiente, seria ótimo. As pessoas sujam, mas são elas que usam também. Sinto essa diferença”. Com o talento, a fama seria inevitável. “Logo no início, fiz uma partida muito importante, com boas jogadas e começaram a reconhecer nas ruas. A mídia esportiva inglesa é forte. Quando dão moral para um jogador, dão mesmo”, lembra Rafael. A internet minimiza a saudade dos amigos que ficaram na Serra, mas sempre que voltam de férias, não deixam de encontrá-los pessoalmente. Um deles é o estudante de educação física Leonardo Victório Barcellos, 22. Léo, como é chamado, jogava no Serrano enquanto Fábio e Rafael estavam no Petropolitano. “O conhecemos como adversário há 15 anos. Depois fui jogar com eles no Petrô e fomos para o Fluminense”. Da época em que jogavam em times

NOVA FAMÍLIA Segundo a esposa Karla, Rafael está se transformando com o nascimento da pequena Eduarda

MUDANÇAS Fábio e a esposa Bárbara, acreditam que a mudança para Londres será positiva


Fábio acaba de ser emprestado para o Queens Park Ranger, onde poderá jogar mais

RAFAEL RIBEIRO / CBF

INGLATERRA Jogar fora do país sempre foi um sonho, mas não imaginavam que seria realizado tão rápido

PARTIDA Fábio na disputa pela bola no jogo contra Costa Rica

RAFAEL RIBEIRO / CBF

RAFAEL RIBEIRO / CBF

opostos, ele recorda o que ouvia antes das partidas. “Eles se destacam desde pequenos. Falavam que o jogo seria contra o time dos gêmeos, afinal, um jogava atrás e outro na frente, parecia mesmo que a equipe só tinha eles”. O amigo sente-se emocionado por saber que em alguns momentos contribuiu com o sucesso deles, afinal, o futebol é um esporte coletivo, mas não deixa de citar as diferenças entre os irmãos. “São jogadores velozes, fortes. O Rafael é muito tático, sabe a posição dele, o lugar que ele tem que estar. O Fábio já é um pouco mais brasileiro, vai para o ataque. Em minha opinião, é até mais habilidoso”. O irmão mais velho da dupla, Luiz Henrique Pereira da Silva, 28, considera a agressividade e a determinação dos irmãos em campo como responsáveis pelo sucesso. Fora das quatro linhas, ele também elogia. “Ajudam toda a família, e a quem eles podem. São mais novos que eu, mas sempre dão conselhos”. Sobre as diferenças entre um e outro, ele é objetivo: “Fábio é mais calmo e o Rafael mais explosivo”. No time comandado por Sir Alex Ferguson, Rafael teve a missão de substituir um ídolo da torcida, Gary Neville, que anunciou a aposentadoria no início de 2011. Já Fábio disputava a vaga titular com um dos melhores laterais esquerdos do mundo, Patrice Evra. Com isso, um recente acontecimento marca a jovem e promissora carreira dos irmãos: a primeira separação. Enquanto Rafael renovou o contrato no Manchester até 2016, Fábio ficará um

ano emprestado ao Queens Park Rangers, para ganhar mais experiência e retornar aos Red Devills. Mas a mudança, ao contrário do que possa parecer, não foi motivo de tristeza. “Não sabemos o que esperar, mas acho que vai ser bom, ele vai estar perto, em Londres, dá para visitar. Sabíamos que um dia isso ia acontecer”, afirma Rafael. “Futebol é muita prática, vou sair para jogar mais”, garante Fábio ao demonstrar a ciência de que, no momento, é o irmão que está em destaque. “Hoje é ele, antes fui eu. Somos muito parecidos. Isso muda muito, é futebol, sempre será assim”, finaliza. Para o futuro, os dois não escondem o desejo e a vontade de retornar ao Brasil. Fábio quer terminar os estudos [parou no Ensino Médio], pois sabe que a carreira de futebol tem prazo de duração. “Espero que esse dia esteja longe ainda, mas não sei o que fazer depois. Talvez continue no meio do futebol. Se ficar, quem sabe vire treinador ou preparador físico do Fluminense. Tenho muito carinho pelo clube”. Rafael também sonha jogar no país natal. “Não que seja mais gostoso, mas é diferente”, diz. Fábio também tem o desejo, mas coloca os pontos positivos e negativos na balança. “Se pagasse salário igual, eu viria. Mas no Brasil, tem clubes que o cara fica três meses sem receber. Lá não, no dia certo o dinheiro está na conta”. Sem data certa para este sonhado retorno, os irmãos aproveitam a boa fase e vivem o sonho de muitos garotos. E já se adaptaram a esta realidade. “Quando encontrei pela primeira vez com Cristiano Ronaldo, por exemplo, foi estranho. Mas hoje não, já é normal, ele é um jogador como eu, a gente brinca, dou tapa na cabeça”, exemplifica Rafael, que tem como ídolos Roberto Carlos e Cafú, “talvez por jogarem na mesma posição”, diz. Fábio admira Ronaldo por sua postura dentro de campo. “Fez muita coisa pelo Brasil, alavancou o nome para fora”. E as emoções não ficam restritas aos dois, como conta o pai. “Quando o Manchester foi campeão inglês, eu estava lá no campo. Fico meio sem graça porque é diferente. Tem o lugar onde ficam as famílias dos jogadores e lá eu estava. Quando acabou, desci e fiquei olhando, por uma grade. Um deles me pegou e me levou para o meio do campo. Foi muita emoção”.

TREINO Marcelo e Rafael na Gávea antes das Olimpíadas revistaon.com.br

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RAFAEL RIBEIRO / CBF

INSPIRAÇÃO

FOTO OFICIAL Rafael foi titular no jogo do Brasil contra a Argentina

A seleção brasileira

dia. “Acredito que vai ter uma nova oportunidade para meu irmão. Futebol é esporte de fases. É um sonho jogar na Seleção com ele, ao mesmo tempo”, garante Rafael, que esteve na lista de pré-convocados para seleção olímpica deste ano e, no dia 5 de julho, viu seu nome entre os 18 convocados pelo técnico Mano Menezes para as Olimpíadas de Londres. “É uma emoção muito grande. Vou fazer o possível para conquistar este título inédito para o país”, disse.

Rafael e Fábio, assim como milhares de garotos, sonhavam vestir a camisa da Seleção, mas não poderiam imaginar que chegariam lá. “Acho que meu pai acreditava mais que eu”, diz Rafael. Quem também esperava por este dia era o irmão mais velho, Luiz Henrique. “Depois que chegaram ao Manchester, já sabia que era apenas uma questão de tempo até estarem na seleção principal”. O primeiro a ser convocado foi Rafael, em 2010, para um amistoso contra a seleção dos Estados Unidos, mas não chegou a atuar. Em outras convocações, no mesmo ano, também não teve a chance de mostrar sua arte nas quatro linhas. Em 2011, foi a vez de Fábio vestir a camisa amarela. Participou das partidas contra a Costa Rica e o Gabão. Já este ano, no final do primeiro semestre, Rafael foi novamente convocado para amistosos. No último, contra a Argentina, foi o que permaneceu mais tempo atuando. “Foi um jogo bom. Poderia ter sido melhor, claro, mas acho que não fui mal”, acredita. Assim como você deve imaginar que seria interessante ter os dois atuando juntos pela Seleção, eles esperam por este

Essa família é muito unida

RAFAEL RIBEIRO / CBF

Se a pouca idade dos irmãos não foi barreira no mundo do esporte, muito menos seria fora dele. Precoces profissionalmente, os dois também já são casados. Fábio foi o primeiro. A esposa, Bárbara da Costa Pereira Souza da Silva, o conheceu quando ele estava no Fluminense, através de um amigo em comum. O pedido de casamento apareceu após uma das primeiras idas de Fábio para a Inglaterra. “E eu aceitei. Primeiro casei por procuração e, depois, na Catedral, em Petrópolis”. Para ela, o marido é ótimo, embora não negue que, como em todo relacionamento, existam as briguinhas de casal.

PREPARAÇÃO Rafael e Neymar durante exame de sangue antes dos Jogos Olímpicos 30

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PAIS Laurinda e José Maria apoiaram a carreira dos filhos e não tiveram dúvidas ao acompanhá-los

Para a mudança recente, Bárbara só tem pensamentos positivos. “Espero que dê tudo certo para ele. Além disso, vamos estar perto do resto da família, será um ótimo período”. Rafael também conheceu a esposa na época do Fluminense, mas o relacionamento só aconteceu tempos depois, como conta Karla Malafaia. “Foi quando eu tinha 12 anos e ele devia ter 13. Mas não falava muito com ele, conversava mais com o Fábio. Foi quando ele estava na Inglaterra que começamos a nos falar através da internet”. Do relacionamento nasceu Eduarda, no início deste ano. A filha, segundo Karla, está modificando o marido. “Ele é teimoso, mas amoroso. Era mais turrão, mas está cada vez melhor. O nascimento da Duda o fez amolecer ainda mais”, garante. Durante grande parte da permanência dos gêmeos na Inglaterra, toda a família dividiu o mesmo teto. Isto é, eles, as esposas, os pais, o irmão Luiz Henrique, a cunhada Débora e a filha do casal, Rafaela. Nos últimos tempos, os pais estavam cuidando da nova casa, em Petrópolis. Com a mudança de clubes de Fábio, o irmão mais velho o acompanhará em Londres, enquanto Rafael continua morando com os pais no mesmo local, segundo José Maria. Orgulhos de uma multidão de torcedores ingleses, eles prometem dar ainda mais orgulho aos brasileiros fanáticos pela Seleção sempre que forem convocados convocações. Mas, antes dos olhares vindos de todos os cantos, os gêmeos Fábio e Rafael são motivos de alegria para a família, que sonhou junto e viveu cada desafio com eles. Se as palavras do pai abriram o texto com a revelação de seu choro após a notícia da chegada dos filhos, nada mais justo que também aparecerem aqui. Desta vez, as lágrimas que podem escorrer são por motivos diferentes. “Não é porque são meus filhos, mas eles são muito bons. Chegaram a um dos maiores clubes do mundo, mas ainda são aqueles garotinhos, humildes, que brincavam no campo e ficavam cheios de lama. Hoje trazem muita alegria”, diz José Maria. Também, com esse nome, não teria como Deus deixar de dar as forças que pediu há 22 anos. E o futuro... Bem, o futuro a Ele pertence, como diz o ditado. Por falar nisso, não acredite muito naquele sobre um raio não cair duas vezes no mesmo lugar.


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DESIGN E DECORAÇÃO

ANTIGOS E

MODERNOS POR LETICIA KNIBEL

FOTOS REVISTA ON

Os móveis antigos deixaram de ser itens apenas de colecionadores e se tornaram peças chave na decoração de ambientes.

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s pessoas sempre buscaram aplicar no dia a dia a rapidez e praticidade que as atividades demandam. Com o tempo, isto refletiu também na decoração de um espaço. Móveis e objetos que facilitam a organização e a limpeza passaram a ser itens prioritários, mas da mesma maneira que esta tendência minimalista na decoração chegou e se padronizou, ela está, aos poucos, mudando. A ideia agora é mesclar o antigo com o moderno, ou seja, adaptar ambientes com antiguidades, com aspecto reformulado, porém, rico em detalhes, que “contenham” uma história e que sejam facilmente harmonizados com peças modernas ou, até mesmo, as substituindo. No entanto, para tal empreendimento, é preciso avaliar alguns aspectos básicos dos móveis antigos, entre eles: tamanho, formato, a cor da madeira e entalhes, para não transformar um ambiente chique em algo pesado, com excesso de informação visual. Para o designer de interiores Rodrigo Emmel, o que chama a atenção nas peças antigas não é a especificidade. Segundo ele, tudo vai depender do gosto da pessoa que vai adquirir e não do objeto em si. O designer ainda explica que essa relação com o objeto é algo que varia também com o estilo do ambiente a ser decorado. Entretanto, complementa, para quem já possui conhecimento sobre antiguidade, o valor, a qualidade, a época e quem a confeccionou são fatores fundamentais na hora de comprá-la. “Uma das vantagens de ter uma destas peças é poder modificá-la, adaptando ao gosto pessoal e ao ambiente, por exemplo, ao mudar a cor da madeira, ao trocar um puxador, ao colocar um vidro ou um espelho por cima, entre outras opções”, revela Emmel. “Atualmente há interferência por parte dos arquitetos e decoradores em comprar peças antigas e refazê-las com uma nova ‘leitura’, mais moderna. Por exemplo, pegar uma cômoda bem escura e transformá-la com uma tinta vermelha, amarela ou azul, resulta em um diferencial no objeto, no ambiente e, consequentemente, ao transportá-lo para a casa de um jovem (perfil do cliente que procura por este tipo de decoração), ele terá uma peça antiga e moderna ao mesmo tempo,” conclui o designer.


REFAZENDO Uma das opções é transformar as antiguidades, como este móvel, por exemplo, que foi reutilizado no banheiro

CLÁSSICO Arcas, como esta, fabricada no final de século 19, são bem-vindas em qualquer ambiente

A arquiteta Cecília Félix Paiva destaca que, antigamente, o público dos antiquários era muito restrito. Os conceitos de preservação e sustentabilidade, cada vez mais em moda, alavancaram a ideia de reutilizar móveis, espaços e objetos. “Hoje em dia, nem é preciso ir ao antiquário para obter uma antiguidade. O enredo ‘faça você mesmo’ costuma nortear alguns clientes para que eles possam dar outra cara ao artefato”, explica Paiva que vê a remodelagem de móveis antigos como uma forte corrente no design atual. Ainda de acordo com ela, dar uma nova roupagem àquele objeto esquecido num cantinho da casa, reitera conceitos do reuse, reutilize e recicle. “Acredito que um bom móvel antigo tem seu valor. O nosso trabalho é, ou não (depende do cliente), dar uma nova cara para aquele objeto de forma que seja adequado ao ambiente. Essa tendência não me parece ser passageira, em função do conceito de sustentabilidade”, esclarece

A relação com o objeto varia de acordo com o estilo do ambiente a ser decorado Cecília. Além do mais, a reutilização de determinado móvel vai além da sua função original, onde é muito comum ver antigos armários como cristaleira ou, até mesmo, uma antiga televisão funcionar como cadeira. Para Miguel Salles Filho, administrador de um antiquário, a questão do móvel antigo tem duas importantes abordagens, uma estética (subjetiva) e a outra a da qualidade (o material usado, o trabalho executado pelo ebanista, na forma como é feito o encaixe das peças). “Com isso, o bom móvel antigo pode ser considerado eterno em termos históricos”, explica Filho. Por isso o

BELEZA A riqueza de detalhes e dos entalhes feitos neste móvel demonstram o verdadeiro diferencial dos antigos

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DESIGN E DECORAÇÃO

CATRE Este pequeno leito pode ser usado em salas ou varandas, harmonizado com cadeiras e outros objetos modernos

“Para Miguel Salles Filho, administrador de um antiquário, o móvel antigo tem duas importantes abordagens, uma estética (subjetiva) e a outra da qualidade” MIL E UMA UTILIDADES Esta cômoda, de 1870, pode ser usada também como camiseiro

valor das antiguidades varia devido a estes aspectos avaliados na hora da aquisição. “Apesar da mudança constante na moda, da demanda e da produção em larga escala de itens de decoração, o móvel antigo 34

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bem feito, como as peças luso-brasileiras dos séculos 18 e 19, sempre será um artigo ‘fashion’, que nunca sai de moda, além de compor qualquer ambiente com peças contemporâneas”, conclui Salles. Ecologicamente fashion

Outra opção para quem busca beleza, qualidade e singularidade nos móveis de decoração é mandar fazer. Existem fábricas que utilizam madeira de demolição (vindas

de casarões, fazendas, prédios antigos) para confeccionar todos os tipos de objetos. Tudo feito por encomenda. Algumas lojas especializadas trabalham com esse tipo de produto. O empresário Antônio Victor Teixeira Gonçalves, responsável por uma fábrica/loja em Itaipava, vende móveis deste tipo. “O estilo mais procurado pelos clientes é o do mobiliário mineiro, mais rebuscado, detalhado, trabalhado com frisos e torneados nos pés”, ressalta. A procura por móveis feitos com madeira de demolição aumentou ao longo dos anos. Segundo o empresário, os clientes buscam por itens que ofereçam praticidade, mas tenham o aspecto e a qualidade de um móvel antigo, como peças que apresentam um estilo mais imponente, mescladas com objetos modernos. “A durabilidade, a qualidade e o estilo são algumas das características buscadas pelos compradores na hora de escolher. O valor vai variar de acordo com o projeto e o material usado na produção dos objetos”, conclui o empresário.


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EU SEI FAZER

PRODUÇÃO ARTESANAL O conceito de “faça você mesmo” existe há anos, mas sempre foi colocado em prática por poucos. Esta concepção virou moda e abrange várias produções, como as de cerveja. Apaixonados por essa bebida, produtores petropolitanos abrem suas geladeiras para mostrar o segredo por trás dessa que é uma das paixões brasileiras. PREFERIDO O estilo de cerveja mais consumido e produzido por Gustavo é o alemão

POR LETICIA KNIBEL

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quela ansiedade que bate quando chega o fim de semana é sinal de que é hora de marcar um encontro com os amigos para comemorar e relaxar. Para muitos, não há nada melhor para celebrar essa reunião do que tomar uma cerveja bem gelada. Independente da estação do ano, essa bebida continua sendo preferência nacional e ocupa lugar nas mesas e nos copos. Uma curiosidade é que ela também pode ser produzida em casa. O dentista Gustavo Holderbaum começou a produzir cerveja artesanal há dois anos. Ele conta que sempre teve vontade de fabricar em casa e resolveu fazer um curso com uns amigos, apenas por ‘hobbie’. “Construímos nosso material e, desde 2010, produzimos cerveja para consumo próprio”, contou. Esta fabricação requer uma aparelhagem específica que pode ser comprada ou feita em casa. Vale ressaltar que para a venda da bebida caseira é necessário que o equipamento seja feito em inox. “No meu caso, junto com alguns amigos, decidimos construir todos os aparelhos neces-

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sários para fazer a cerveja de maneira bem simples. Compramos panelas de alumínio e adaptamos torneiras, os maturadores (responsáveis pelo ‘envelhecimento’ da cerveja) são, na realidade, baldes de plástico, ou seja, montamos tudo”, explica Gustavo. Cada peça tem uma função específica na hora da fabricação do produto. O processo realizado pelo dentista não tem mistério. Com os ingredientes certos pode-se produzir qualquer cerveja. É importante destacar que existem vários tipos de malte e cada um irá produzir uma bebida diferente. A mistura dos cereais resulta, em muitos casos, em receitas inovadoras, de acordo com Holderbaum. Outro ingrediente fundamental é o lúpulo, que dá o amargor e o aroma ao produto. O tempo total da fabricação é de um mês. Em média, cada produção rende até 25 litros com o teor alcoólico de 4,5%, que também varia de acordo com tipo da bebida. O dentista ainda destaca que o tempo e temperatura do processo também podem mudar. “Nós desenvolvemos diferentes tipos a partir de determinadas receitas. Para entender melhor é preciso ressaltar


LÚPULO Além de dar o amargor e o aroma à cerveja, esse ingrediente faz bem à saúde, pois contém antioxidantes naturais

ACESSÓRIOS Kit básico ajuda o cervejeiro artesanal na produção

FEITO EM CASA A criatividade é um dos fatores fundamentais na hora de produzir a bebida

que existem duas ‘escolas’ principais de cerveja: a belga e a alemã.” Ainda de acordo com o dentista Gustavo Holderbaum, a alemã é a mais tradicional de todas, pois permite apenas a utilização de quatro ingredientes para produção: o malte, o lúpulo, o fermento e a água. Já a belga busca inovar e insere em seus produtos outros elementos, como frutas, durante a maturação, assim como algumas indústrias nacionais de cerveja que utilizam o trigo. “Os estilos que mais produzi até hoje são a stout (mais escura e amarga) e a red ale (avermelhada e mais doce, suave), ambas de alta fermentação, com diferença apenas no malte e no lúpulo”, conta Gustavo. As cervejas de baixa fermentação são mais consumidas e produzidas, como a pilsen, por exemplo, mas são mais difíceis de fazer artesanalmente devido ao controle de fermentação que é muito específico. O turismólogo Matheus Taboada Oliveira de Andrade, também cervejeiro artesanal, conta que já produziu diversos estilos da bebida, como porters, pales ales, ipa’s, stouts, wit’s, weiss e destaca que são muitas as diferenças das cervejas industriais para as artesanais, pois estas utilizam, diferentemente da primeira, cereais não maltados (como trigo e cevada) na composição da bebida. Além disso, proporcionam um sabor mais encorpado e o aroma mais apurado do que as produzidas industrialmente. Matheus revela que a vantagem de produzir cerveja em casa é ter um produto de

qualidade superior ao que se encontra no mercado. “A desvantagem é que quando você faz uma cerveja, tem que respeitar os tempos de fermentação e maturação, que é demorado. Porém, quando fica pronta, se torna um prazer degustar e oferecer aos amigos”, diz.

tre a bebida industrializada e a feita em casa é o cuidado, a preocupação em todo o processo, até mesmo incluir um ingrediente extra para dar um sabor especial a uma receita já conhecida. “As artesanais conquistam o público que aprecia a degustação da bebida exatamente pelo fato de ter em torno delas a ideia de algo mais restrito, de maneira especial, diferente do que estamos acostumados a encontrar em qualquer bar. Essa é a sensação que tenho ao beber a cerveja do Gustavo: algo exclusivo, feito de amigo para amigos e que tem um sabor que foge do comum”, revela Aline. Para quem tem interesse em começar esse tipo de produção, existem sites sobre o assunto, nos quais são encontrados diferentes tipos de aparelhos para fazer cerveja artesanal, incluindo as matérias-primas. O preço pode chegar a R$ 1.000. Há ainda a opção de improvisar, assim como fez Gustavo. Os sites também dão receitas e dicas sobre os tipos mais consumidos e produzidos. A Acerva Petrópolis (Associação de Cervejeiros Artesanais de Petrópolis) tem o objetivo de reunir produtores e apreciadores de cervejas para degustações, bate-papos, compras coletivas e troca de experiência, além de difundir a cultura cervejeira. Com todas essas dicas, agora é só adquirir os equipamentos, esperar a fermentação e reunir os amigos para degustar a boa cerveja caseira, mas lembre-se: se for beber não dirija!

“A cada ano aumenta o número de pessoas que buscam cursos para aprender a produzir esta bebida em casa.”

Para Luiz Felipe de Oliveira Winter, também produtor artesanal, a fabricação significa a possibilidade de apreciar de forma mais “verdadeira” a cerveja. Ao trabalhar com escalas reduzidas em um processo manual, consegue-se obter a bebida com sabores e aromas excelentes. “A quantidade de cervejeiros artesanais aumenta cada vez mais e isso tem proporcionado, felizmente, a divulgação e a consciência de que existe um mundo ainda a ser explorado, dos incontáveis estilos de cervejas”, destaca. Amiga de Holderbaum e apreciadora de cerveja artesanal, Aline Aparecida Lopes Neves destaca que a diferença en-

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SAÚDE

RESTAURANDO

SORRISOS POR LEONARDO FARROCO

FOTOS REVISTA ON

Trabalho da “Oficina de Jesus” leva recuperação e esperança a dependentes químicos

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epoimentos de dependentes químicos trazem histórias de tristeza e abandono. Além dos danos para a saúde, as vítimas das drogas também veem famílias e planos de vida se desmancharem. No lugar das pessoas amadas e dos objetivos de uma existência fica apenas a dependência. Diante desses casos, surge uma pergunta: o que é possível fazer para recuperar estas pessoas? Como trazê-las de volta para uma vida saudável? Foi com estas questões que José Carlos Medeiros Nunes, mais conhecido como padre Quinha, deu início ao trabalho da Oficina de Jesus em 1997. Dedicado às causas sociais desde a juventude, o que lhe serviu como motivação para o sacerdócio, só apresenta um “vício”: a paixão pelo Fluminense. “Começamos com o atendimento a moradores de rua dependentes do álcool”, conta o padre. As iniciativas eram realizadas junto à Pastoral da Sobriedade, um órgão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que busca combater a dependência química. O início foi modesto, com reuniões realizadas no bairro Cor-

rêas. “Os nossos encontros tinham como objetivo reacender o interesse pela vida. A resposta para o trabalho foi tão boa que o projeto cresceu, até que um dia conseguimos um sítio para expandir ainda mais nossas atividades”, conta o padre. Para conhecer de perto o trabalho da “Oficina de Jesus”, a Revista On pegou carona no carro de padre Quinha e foi visitar o sítio Nossa Senhora do Sorriso, em São José do Vale do Rio Preto, um dos lugares onde é realizado o tratamento. A estrada que faz a ligação entre o distrito da Posse e o sítio tem uma paisagem que traz a calma e o aconchego do campo. É possível ter a impressão de que a terapia já começa na viagem. O ambiente urbano gradualmente dá espaço para a natureza – da mesma forma que o asfalto dá lugar para uma estrada de terra batida. “Até que a estrada está boa hoje”, comenta com bom humor o padre, enquanto desvia de um buraco. O respeito da comunidade pelo pároco fica em evidência no caminho para o sítio: ao passar por alguma comunidade são constantes os acenos dos moradores

e buzinadas de outros carros. Após um bom pedaço de chão, chegamos ao sítio. Depois de descer do carro, Quinha é abordado por alguns internos, que lhe contam as novidades do sítio e o pedem a benção. A liberdade dos acolhidos é o que mais chama a atenção ao se chegar: não há muros ou cadeados. O que os mantém no local é a própria vontade e o desejo de melhorar. Em todo canto é possível ver as marcas do trabalho realizado. Quartos arrumados, bancos para relaxar, a paisagem enfeitada com o verde dos canteiros de uma horta e até uma oficina de marcenaria. Tudo feito pelos próprios atendidos. Após reunir os internos na capela, também construída pelos abrigados, padre Quinha dá início a uma missa. Juntos, os presentes dão as mãos e compartilham do momento de serenidade. Durante o sermão, José Carlos adapta o contexto da leitura para a realidade de luta dos dependentes e busca incentivar a perseverança na recuperação. Após a missa, o padre pergunta se alguém tem vontade de compartilhar suas revistaon.com.br

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SAÚDE

CARINHO Ao chegar, Padre Quinha é logo abordado pelos internos

experiências com outros. Não é preciso insistir para que voluntários se apresentem. Durante os depoimentos alguns chegam a se emocionar. Um rapaz, com não mais que 20 anos, toma a vez para dar seu depoimento. Ele se apresenta e diz ser de Juiz de Fora. Apesar do jeito animado de falar, sua história é bem diferente. Começa com o relato da dependência química de sua mãe e como ele também foi parar nas drogas. Após tentar tratamento em sete clínicas

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de desintoxicação, decidiu tentar o método da “Oficina de Jesus”. “Em outros lugares tomei vários remédios, até perder a conta”, relata ele, emocionado. Posteriormente, quem fala é um homem, que se apresenta como J. L., alcoólatra, e que já tentou parar duas vezes, porém teve recaídas. Em seu depoimento, aproveita para agradecer a principal lição que teve na instituição: “agora posso planejar e definir metas para minha vida. Ao sair daqui quero colocar em prática as lições que tive”. Já A., de Niterói, convida os atendidos a espalharem tudo o que aprenderam com os outros, dentro e fora do projeto: “O importante é acender uma vela dentro de ti e passar a chama para outro, multiplicar o que se aprendeu”. Ao conhecer o trabalho é possível perceber que um dia sem drogas é uma vitória para quem busca se livrar do vício. Alguns dos colaboradores são ex-pacientes que compartilham depoimentos ou ajudam na organização do local. Outros são voluntários que buscam compartilhar seu

conhecimento com os acolhidos. Uma das parceiras é a missionária Cerena Rocha, que possui experiência com agricultura sustentável e medicina natural. Ela já realizou projetos na África e em outras cidades do Brasil. Para ela, o projeto realizado pela oficina se distingue de outros que já conheceu: “A diferença do trabalho realizado aqui é que os portões estão sempre abertos. Eles não são forçados a ficar. O amor do Padre Quinha e o acompanhamento espiritual também fazem muita diferença”. O tratamento

Após passar por um processo de triagem e avaliação, os atendidos são encaminhados para um dos sítios da “Oficina de Jesus”, onde recebem o tratamento durante seis meses. Neste período, eles passam por diversas etapas, cada uma com um objetivo definido. “Trabalhamos com o querer de nossos atendidos. O primeiro passo é assumir sua condição de dependente e ter


FRUTOS DO TRABALHO A capela foi construída pelos acolhidos

vontade de melhorar”, explica Maria Luísa Soares, responsável pelo atendimento psicológico na instituição. Um detalhe que chama a atenção é que toda a estrutura é fruto do trabalho dos internos. Durante o tratamento, é desenvolvida a laboraterapia, processo onde o paciente é mantido ocupado, desenvolvendo tarefas. “Realizamos atividades para devolver disciplina e rotina. O período que passam durante o uso de drogas, os faz perder estes hábitos”, explica a psicóloga. Em suas estadias, os acatados redescobrem valores e talentos que antes foram deixados de lado pela dependência. Aprendem a controlar seus impulsos e a viver sem depender das drogas para sorrir. O processo busca prepará-los para voltar à vida em sociedade, pois o vício também afeta aspectos de comportamento, como explica a psicóloga: “por causa do período de dependência, muitos deles ficam desorientados, sem planos. Um dos nossos objetivos é fazer que eles saiam daqui sa-

VIDA NO CAMPO Entre as atividades da instituição, está o zelo por uma horta

bendo o que fazer.” Padre Quinha aponta que um dos objetivos atuais da instituição é reduzir ao máximo o número de recaídas. Para isso, o trabalho da “Oficina de Jesus” também busca o apoio das famílias. Uma vez por mês, os parentes vêm visitar a instituição em um ônibus. Além de matar a saudade, o momento também permite que os laços dos atendidos se fortaleçam. “Buscamos conscientizá-los do valor do ser humano. Muitos deles perderam o contato com seus parentes, por isso buscamos restabelecer estes vínculos”, conta Quinha. É justamente a reaproximação entre entes queridos, que, segundo o padre, permitiu colocar um apelido carinhoso para o local de atendimento: “apesar do sítio se chamar Nossa Senhora do Sorriso, abreviamos para ‘Sítio do Sorriso’, justamente para homenagear as famílias que já conseguimos restaurar”, completa. Em novembro de 2011, em função do trabalho realizado pela oficina e de outros projetos sociais, Padre Quinha recebeu a maior condecoração da Câmara Municipal de Petrópolis, a Medalha Koeller. No mesmo mês, também recebeu o prêmio João Canuto, promovido pelo Instituto Humanos Direitos, ao lado de outras personalidades como o ator Marcos Palmeira e o cineasta Cacá Diegues. Novos desafios

O crescimento do trabalho também veio acompanhado de novos desafios. A primeira mudança foi o local de origem. No início, a maior parte deles era do Centro de Petrópolis, mas atualmente a “Oficina de Jesus” recebe pedidos para acolher pessoas até de outros estados. Outra mudança foi o tipo de vício. Nos primeiros anos o atendimento era feito para dependentes do álcool, mas depois passou a acolher usuários de drogas ilícitas também. Antes restrito a grandes centros urbanos, agora o crack também encontra usuários em cidades do interior. Dados do Ministério da Saúde mostram que entre os anos de 2005 e 2010 houve um crescimento de 58% no número de usuários da droga, chegando a mais de 600 mil em todo o país. A droga cria uma dependência mais forte do que a do álcool e demanda mais trabalho na recuperação.

ACREDITAR Além de apoio psicológico, também há o suporte religioso

Atualmente, apenas homens são atendidos, mas padre Quinha conta que existe demanda para o atendimento a mulheres - o que ainda não foi possível colocar em prática por restrições financeiras. Fé restauradora

Os pacientes possuem histórias e origens variadas. Diferentes lugares, classes sociais distintas. Alguns possuíam emprego e família construída. Outros tomaram a rua como suas casas já na adolescência. Ainda assim, é possível encontrar um ponto em comum entre todas as histórias: o vício. O projeto busca criar outro ponto em comum entre os atendidos: a fé. Para a oficina, não basta apenas deixá-los longe das drogas. Também é necessário que eles estejam em paz para que não sintam vontade de procurar o vício novamente. Durante suas visitas ao sítio, padre Quinha busca dar atenção individual para os internos. Ouvir suas angústias, entender seus problemas. É dessa forma que ele acredita criar uma relação onde possa dizer aquilo que gostariam e precisam ouvir. Do lado amargo do mundo, a rotina da maior parte deles dá lugar a um pedaço mais doce da vida, apresentado pelo padre. O trabalho também mostra que, durante o percurso de recuperação, não estão sozinhos: os outros atendidos também estão lá, compartilhando experiências e apoio. Para Cerena Rocha, parte do trabalho é mostrar aos atendidos que eles são capazes de serem felizes: “aqui é inserida uma semente que vai brotar, pois foi plantada com muito amor”. revistaon.com.br

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PAPO DE COLECIONADOR

A HISTÓRIA ATRAVÉS DE COLEÇÕES POR JOSÉ ÂNGELO COSTA

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Para quem é apaixonado por antiguidades, aí vai uma curiosidade: desde 2004, Petrópolis conta com o Pátio 42. O espaço abriga um vasto acervo composto por inúmeros objetos utilizados pelas gerações antigas e que hoje estão restaurados e permanecem preservados por Fernando Morelli. São peças que marcaram não apenas a Segunda Guerra Mundial, mas também fatos mais próximos do petropolitano, como o trem subindo a Serra.

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ascido e criado no bairro Bingen em 19 de novembro de 1954, Fernando Morelli é, antes de tudo, um apaixonado pela história da Segunda Guerra Mundial e por antiguidades. Foi justamente este gosto peculiar que o motivou a se tornar colecionador de diversos objetos, muitos dos quais utilizados por milhares de pessoas, em diferentes épocas e países. Todo o acervo permanece reunido no galpão de 160 metros construído e administrado por ele na rua Coronel Duarte da Silveira. O local, aliás, é conhecido como Pátio 42, mas o desígnio desta nomenclatura tem uma explicação. A terminologia pátio 42

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Quando se mudou para apartamento, Fernando Morelli não tinha onde deixar suas peças e foi aí que decidiu construir um espaço para abrigar a coleção foi escolhida com o intuito de imaginar o espaço como um estacionamento e o número 42 é uma recordação ao ano em que o Brasil entrou no segundo maior conflito ocorrido no mundo.

Morelli garante não se lembrar do exato momento em que começou a colecionar as relíquias, entretanto, alega que, desde cedo, já demonstrava admiração pelo ramo. Em 1998 tornou-se sócio do Imperial Jeep Club, o primeiro clube de viaturas militares da América Latina. A partir daí, passou a viajar para vários lugares participando de eventos internacionais relacionados ao tema. Mais tarde, comprou um veículo militar e com todo o material que já havia juntado ao longo dos anos decidiu montar o atual Pátio 42. “Eu morava em casa e logo em seguida fui para um apartamento. Depois vendi a casa, o sítio e senti falta de ter as minhas


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PAPO DE COLECIONADOR

THOMAS EDISON Um espaço foi reservado para a história do inventor do fonógrafo com cilindros

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Fotografias e objetos de soldados durante o conflito

coisas. Daí construí três galpões. Aluguei dois e fiquei com este pequeno pra mim. Foi quando começou essa parafernália”, pontua. Ao construir o galpão, o aposentado, que demonstra ser detalhista e prioriza a organização, reservou um espaço diferenciado para os itens que compõem o acervo. De acordo com ele, em cada canto há uma história distinta como, por exemplo, a do bairro Bingen, onde os descendentes de famílias tradicionais e de imigrantes que colonizaram a região doaram fotografias e objetos antigos. Em outra parte do paiol, e talvez uma das mais interessantes de toda a coleção, encontra-se o registro da Segunda Guerra Mundial. Fernando Morelli recebeu o material cedido pelo filho do sargento alemão Ferdinand Von Wieser, um paraquedista do exército nazista que, ao término do conflito, fugiu

para o Brasil e se instalou em Petrópolis, na Fazenda Inglesa. O arquivo possui imagens de Ferdinand na Alemanha, medalhas, isqueiro e uma foto dele na companhia de Adolf Hitler, de quem recebeu uma carta. Quanto à participação dos brasileiros na guerra, o restaurador possui fotografias, itens usados pelos soldados e até um mapa com os nomes de todos os homens convocados que não retornaram ao país. Há ainda outras peças como um barril, que segundo Morelli, na época era jogado de paraquedas com o intuito de abastecer os tanques de guerra. Há também uma bomba de gasolina da empresa Texaco, a primeira a fornecer este combustível para os Estados Unidos durante o confronto militar global. “Essa bomba deve ter umas quatro ou cinco no mundo. Antes de ter posto de gasolina, alguém que tinha

uma farmácia ou um armazém vendia nas casas. Essa bomba é raridade. Ela foi fabricada entre 1908 e 1918”, revela. Segundo o colecionador, o intuito do acervo é reunir pessoas, amigos e trocar experiências, além de mexer com a imaginação dos visitantes incentivando-os a “viajar” pelo passado. Para os mais velhos, é uma forma de recordar a infância, como o próprio Morelli tratou de fazer. Quando garoto, diz ter trabalhado em uma oficina mecânica e por isso, decidiu juntar uma infinidade de ferramentas utilizadas na manutenção de automóveis. “Eu fui trabalhar com o mecânico Arlindo Deister e foi ele quem me ensinou todo esse capricho que tenho aqui hoje, porque a oficina dele era assim”. Como não poderia ser diferente, o restaurador também registrou um dos mais importantes acontecimentos da história de Petrópolis: a chegada do trem à cidade. Criativo, montou no topo do galpão o trilho com a miniatura de uma locomotiva e o apito que informava a chegada deste meio de transporte.

DIVULGAÇÃO

HISTÓRIA No acervo, também constam marcas de produtos tradicionais

IDEALIZADOR Fernando Morelli sempre gostou de antiguidades 44

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NÃO PODERIA FALTAR As bombas de gasolina são do início do século 20

Marcas e produtos tradicionais

Um ponto incomum na coleção exposta no Pátio 42 é a diversidade de assuntos históricos nele representados. Rótulos de tradicionais produtos geralmente adquiridos em armazéns e mercadinhos, entre os quais “Quaker”, “Láctea”, “Royal” e “Neston”, despertam a atenção de quem tem a oportunidade de conhecer o lugar, inaugurado em 2004. As pessoas podem recordar o tempo em que a pimenta era vendida em pó, algo que nos dias


Velhas amizades

de hoje não acontece mais. Fernando Morelli também compila marcas de bebidas apreciadas em todo o mundo, tais como a Coca-Cola, onde teve a proeza de conseguir o primeiro modelo de garrafa lançado no mercado, além, é claro, da boa e velha cerveja Bohemia. Esforço próprio

Aposentado desde 1998, Morelli garante nunca ter recebido a ajuda de ninguém na montagem do galpão e gastou do próprio bolso na aquisição das peças que compõem a vasta coleção. Nas palavras do ex-tratorista, a maioria do material foi comprada e poucos objetos foram doados. “A cada dia vem um e te oferece uma coisa, enquanto outros não têm lugar para guardar e acabam deixando comigo. Muitos não vendem porque têm pena. Então doam”, revela. Chateado, lembra não ter tido apoio dos familiares, principalmente dos dois filhos, que jamais visitaram ou demonstraram qualquer tipo de interesse pelo hobby do pai. Conta ainda que a mãe está muito idosa e não há como ele dedi-

RARIDADE Artefatos do sargento nazista Ferdinand Von Wieser que fugiu para Petrópolis

car todo o tempo ao Pátio 42. Já a atual namorada, segundo ele, não liga muito para este tipo de coisa. A prioridade do acervo, portanto, é apenas proporcionar momentos agradáveis de bate-papo com as pessoas mais próximas. “Não abro isso aqui ao público. Só para as confraternizações dos amigos.”

O industrial Jorge Alberto Grotz é amigo de infância do colecionador e também demonstra ser admirador pessoal dele. Praticamente um irmão, assim como define. Tendo a chance de acompanhar de perto o projeto criado por Fernando Morelli, acredita que a ideia, a qual classifica como genial e inovadora, é uma forma de resgatar o passado e ainda serve de exemplo para outros petropolitanos. Grotz lembra que em determinada ocasião, uma senhora que visitava o espaço se impressionou ao ouvir a música do extinto programa jornalístico “Repórter Esso”, transmitida por um antigo rádio adquirido pelo colega restaurador. Na verdade, o equipamento está fora de uso, mas através de músicas no celular, Morelli simula o funcionamento do aparelho. “É um passado mais recente para quem viveu a época do Esso ou da radionovela”, salienta. Para Jorge, momentos como este fazem do Pátio 42 um local apreciado por muitos e do colega, um homem empreendedor. “Ele é apaixonado por aquilo ali e uma pessoa do bem. Faz isso com prazer”, concluiu.

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ESPORTE

ADRENALINA

NAS ALTURAS POR ALINE RICKLY

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Lá em cima tudo fica mais belo, mais fascinante e traz a sensação de um momento único de paz e tranquilidade em contato com a natureza. Seja em uma escalada ou caminhada, o montanhismo leva aos praticantes a vontade de querer sempre mais. Embarque nesta aventura pelos pontos mais altos de Petrópolis, afinal a temporada está aberta!

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REVISTA ON

É uma mistura de alívio, satisfação, felicidade. No meu caso, geralmente só assimilo a experiência depois de algum tempo. É algo tão pessoal que não pode ser colocado em palavras. Para mim, nem sempre chegar ao topo é a finalidade. Há casos em que é obrigatório, não só por desejo, mas como a única forma de escapar com vida. São as escaladas conhecidas como ‘alpinas’. Nestas, os escaladores fazem a ascensão de rotas complexas e sem grandes possibilidades de descida pela via de subida. Daí a obrigatoriedade do topo para acessar a rota de descida. Nestes casos, ele é especial”, diz Marcel Leoni Pacheco, 35. Desde criança o inspetor de controle de qualidade industrial se interessa pelas montanhas. Aos seis anos subiu pela primeira vez com o pai e o primo. Depois ele confessa que continuou o esporte mesmo escondido dos pais, mas sempre na companhia de amigos. “Em 1993 fiz um curso básico de escalada em rocha através do

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EQUIPAMENTOS Alguns itens são indispensáveis para os praticantes de escalada

FREIO Quem fica na base controla a corda para o que está subindo 48

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CEP (Centro Excursionista Petropolitano). Foi quando esta modalidade passou a ser o meu estilo de vida e principal atividade”, conta. Ele diz que escalar nunca foi rotina. “Quem gosta de verdade aproveita todas as oportunidades que se apresentam. Na vida agitada que vivemos, acabamos por não dispor de muito tempo para estas atividades diferenciadas. Mas não basta querer, outros fatores são fundamentais, como as condições climáticas favoráveis.” Para Marcel, a altura não é o mais importante. O inspetor já escalou vias com mais de 1.000 metros, mas diz que é a complexidade e a beleza que atraem de verdade. “Claro que a altura também é legal, pois, quanto mais alto, mais amplo é o visual.” O estudante de biofísica Felipe Moraes Lucena, 20, também é fanático por tudo o que envolve as rochas e as montanhas. O jovem começou a fazer trilhas também aos seis anos, mas se apaixonou mesmo quando fez a travessia Petrópolis – Teresópolis com o pai e o irmão. Ele já chegou a escalar quatro vezes por semana, porém a rotina mudou devido aos compromissos do dia a dia. Contudo, os finais de semana são sempre reservados às aventuras. “É uma sensação fantástica, ainda mais quando se trata de um cume que só pode ser atingido escalando. Um sentimento de realização, de recompensa, além do visual único e belíssimo que as montanhas proporcionam”. Especificamente na escalada, alguns equipamentos são de extrema importância como a baudrier (cadeirinha), o freio, a corda dinâmica (para evitar quedas), diversos mosquetões (anel metálico que possui um segmento móvel, chamado gatilho, que se abre para permitir a passagem da corda), sapatilhas especiais (aderentes e precisas), capacete e um saco de magnésio (para secar o suor das mãos). A ausência deles pode implicar em acidentes e, por este motivo, os materiais devem ser usados com segurança. Segundo Marcel, são artefatos muito especiais. “Eles são desenvolvidos, fabricados e testados sob uma legislação muito rigorosa. Seu manuseio requer conhecimento específico e treinamento qualificado, para sua melhor performance e, principalmente, para evitar imprevistos”, explica.

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ESPORTE

SEGURANÇA Felipe Almeida mostra os equipamentos necessários antes de começar a escalar

De acordo com o vice-presidente da Femerj (Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro) Julio Mello, o montanhismo, assim como todo esporte praticado na natureza, tem uma parcela de risco. “Qualquer montanha é um território desconhecido e selvagem, por isso todo praticante deste tipo de esporte deve estar ciente dos perigos, já que ninguém está isento de um raio cair, uma árvore tombar, uma rocha rolar ou até de um contato com algum animal peçonhento. O mais importante neste tipo de atividade é a formação e experiência do praticante”. Julio explica que a prática desta atividade requer planejamento e conhecimento do ambiente. “É um esporte de risco calculado, onde as regras devem ser respeitadas assim como os limites (físico e técnico) por parte do praticante”, diz. O vice-presidente alerta que, na maioria das vezes, os acidentes têm causa humana, como incapacidade técnica e psicológica, inexperiência, distração, negligência de normas de segurança e até mesmo o clima desfavorável. Julio ainda acrescenta que Petrópolis é uma das cidades que atrai um número grande de montanhistas. “Seja por sua beleza contemplativa de paisagens sem igual, pelos desafios de suas grandiosas montanhas ou pela exuberância do am-


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biente e riquezas da fauna e flora”, avalia. O período entre maio e outubro é considerado mais indicado para praticar o esporte, “pois são os meses mais secos do ano, com temperaturas mais amenas, o que torna mais agradável o contato com a natureza”, destaca. O diretor técnico do CEB (Centro Excursionista Brasileiro) Horácio Ragucci informa que a instituição possui atualmente 300 associados. “Geralmente os praticantes tem idade entre 12 e 75 anos e o número entre homens e mulheres é equivalente”, completa. Entre as principais montanhas da cidade, cita a Pedra do Cortiço, do Retiro, Alcobaça, Açu e Alto da Ventania. O diretor ressalta que, para este tipo de esporte, um bom preparo aeróbico é indispensável, assim como estar acompanhado de um guia. “Se a proposta for escalar, é indicado efetuar previamente um curso básico onde serão ministradas as técnicas essenciais para garantir a segurança”, enfatiza. As trilhas de montanha também são bastante exploradas nesta época do ano. Só no Parnaso (Parque Nacional Serra

ABERTURA DE VIA Em alguns casos os escaladores optam por dormir na rocha

dos Órgãos) há um aumento de 560% nas visitações no período entre abril e setembro. Segundo o chefe de setor de uso público do parque, Leonardo de Frei-

tas, a procura está relacionada à menor incidência de chuvas na região. “Mas as trilhas ficam abertas à visitação durante todos os meses do ano”, acrescenta.

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ERNESTO V. CASTRO

ESPORTE

ARQUIVO PESSOAL

ARQUIVO PESSOAL NINO AMBROSINI

ERNESTO V. CASTRO

AÇU No parque nacional, a vista ao amanhecer e entardecer impressiona os visitantes

CABEÇA DE CACHORRO Marcel se dedica ao esporte desde os seis anos de idade

SERRA DOS ÓRGÃOS Durante a temporada de montanhismo a procura pelos pontos mais altos aumentam

PEDRA DO SINO Na alta temporada, o parque nacional registra um aumento de 560% nas visitações

O atleta Nino Ambrosini, 24, aproveitou o mês de maio para se aventurar pela quarta vez no Açu, mas também é adepto a subir outras montanhas como o Morro do Boné, Castelinho e o Cortiço. “Além da caminhada como exercício, podemos desfrutar do ar puro da natureza e do deslumbrante visual lá em cima. É uma sensação de paz e tranquilidade”. O jovem diz que chegou a pegar 2ºC na madrugada. “Neste período, o clima fica mais seco e não tem muito perigo de raios e chuvas fortes”, afirma. Os interessados em conhecer a atividade podem procurar, em Petrópolis, o CEP (Centro Excursionista de Petrópolis). Na sede, há uma programação mensal de tri-

lhas, caminhadas e escaladas. Além disso, anualmente acontecem cursos para guias. Agora que você já conhece os riscos e pôde ter noção dos bons fluidos que a montanha traz, é só preparar os equipamentos, procurar um guia e curtir a adrenalina nas alturas.

assim como o andinismo é praticado nos Andes, da mesma forma o himalaismo é o praticado no Himalaia (Everest, K2, etc..)”. Ele ainda explica que o termo alpinismo é muito falado porque o esporte começou nos Alpes, França, com a conquista do Mont Blanc (8 de agosto de 1786). O vice-presidente também concorda que Petrópolis é um ótimo lugar para escalar. “Depois de ter rodado por todo o Brasil, posso afirmar que a cidade é, sem dúvida, a ‘Meca’ da escalada no Brasil. É inexplicável que tenhamos as mais lindas montanhas e tão poucos frequentadores. Escaladores do mundo todo sempre afirmam isso ao conhecer nossas paredes”, elogia.

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Curiosidades

Julio Mello esclarece algumas dúvidas sobre a prática do montanhismo. “Este é um nome geral da atividade esportiva que engloba escalada e caminhada (com ou sem dormida na montanha). Algumas pessoas falam em alpinismo referindo-se a atividade, porém, ele é o praticado nos Alpes,


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VIAGEM DIÁRIO DE BORDO

México Capital Cidade do México Área 1.972.550 km² População 113,7 milhões Moeda Peso mexicano Fuso horário GMT -6

Quando ir

A temporada principal é de dezembro a maio. Em março tem o “Spring Break” ideal para quem gosta de festas alucinantes. Eu fui em abril. Como chegar

Os voos mais em conta são os da Copa Airlines. Porém, faz escala no Panamá. Onde ficar

Flamingo Resort. Os quartos são de frente para o mar, amplos e bem equipados. Além da localização, é próximo a vários bares e shoppings. Onde comer

Gostei muito do ambiente e da comida do La Madonna no Shopping La Isla. Além deles estive no Puerto Madero e no animadíssimo Margaritaville. O que fazer

Visitar Playa del Carmen, Xcaret, Cozumel, Tulun e Xe-ra. Para quem tem mais tempo, vale a ida a Chichén-Itzá, a maior ruína da civilização Maia. A noite de Cancun é uma loucura e as casas Coco Bongo, Señor Frog’s e Dady’o são incríveis. Dica

Usar muito protetor solar e um bom sombreiro. 52

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Bruno Wanderley DE VOLTA A CANCUN

T

rabalho com turismo desde 1995 e isso implica em ter pouco tempo para grandes e longas viagens. Pelo meu estilo de vida, na maioria das vezes busco uma viagem onde a beleza natural sobreponha a vida urbana e, neste momento, acabo de voltar de um lugar especial, que conheci no réveillon de 1996 e jurei um dia voltar. Cancun no México. Um único detalhe seria suficiente para voltar lá 1.000 vezes: a cor do mar do Caribe. Uma variedade de tonalidades de azul com uma transparência impressionante. Ok, mas não fica só por aí: os mexicanos criaram um lugar para turista algum botar defeito. A beleza natural se mistura com perfeição das centenas de resorts, shoppings, restaurantes, casas noturnas e parques temáticos interligados por estradas perfeitas, sinalizadas e onde tudo funciona com precisão. Impressiona muito bem quem trabalha com turismo. O período mínimo para ficar ali é de oito noites para aproveitar ao máximo e compensar o tempo perdido com avião e aeroporto. Na verdade, se eu voltar, vou dividir meu pacote em duas regiões: Cancun e Playa del Carmen, na Riviera Maya, que é um sonho. Em Playa del Carmen, que fica a aproximadamente 50 minutos de carro de Cancun, você pode escolher entre mega resorts ou pousadas charmosas. Vá de pousadinha. Lá me lembra muito, muito mesmo, Porto de Galinhas, em Pernambuco, uma mistura de ruas cheias de lojinhas, restaurantes, bares e milhares de pessoas de todos os cantos do mundo, um mar alucinante e dezenas de resorts nas proximidades. Tudo limpo e arrumado. Dali, estamos muito perto do fantástico e imperdível parque de Xcaret, lugar onde você perde ao menos um dia inteiro.


Também de Playa sai o ferry boat que vai para a alucinante ilha de Cozumel, paraíso do mergulho e dona da segunda maior bancada de corais do mundo. E lá se vai mais um dia inteiro. Com mais 30 minutos de carro chegamos nas incríveis ruínas Maias de Tulun, as únicas que ficam junto ao mar. Que mar... Os Maias sabiam das coisas. Ainda podemos dividir o dia e curtir o ecológico Parque de Xe-ra, ou seja, um dia reservado para ficar de papo para o ar na própria Playa del Carmen e mais três dias para Xcaret, Cozumel, Tulun e Xera. Isso porque eu passei por cima de várias outras atrações que não tive nem tempo de conhecer. Se você não tem filho pequeno esqueça qualquer pacote de hotel, afinal, ninguém fica trancado por ali. Os outros três dias eu dedicaria para Cancun, sua praia, seus shoppings, sua vida noturna e para fazer uma coisa que só descobri no dia de ir embora: uma empresa permite a você pilotar o carro dos seus sonhos em autódromo fechado a um valor convidativo. Ferrari, Lambos e outros monstros estão a sua disposição para momentos que só estão ao alcance de poucos mortais no nosso querido Brasil. Ah, esqueça a ideia de ter dias tranquilos de descanso, lá você não tem tempo para isso. Perdi inclusive duas noites inteiras de sono e nem sei onde foram parar. A mais importante dica é usar muito protetor solar e um bom sombreiro!

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GUIA

Música

Cinema

TRIBO DE GONZAGA A banda petropolitana apresenta, em seus shows, um trabalho autoral e de resgate aos ritmos nordestinos da música brasileira. Muito mais que forró, o grupo recria os clássicos de Luiz Gonzaga com arranjos modernos. As influências dos integrantes vão do jazz ao rock, do blues ao choro, da MPB ao Manguebeat. O grupo é formado por Gabriel Tauk (baixo elétrico, compositor, produtos e multi-instrumentista), Guido Martini (voz e violão, além de compositor), Toni Magdalena (voz e triângulo), Bruno Guimarães (flautas e sax), Guto Menezes (cavaquinho e viola caipira), Alexandre Pereira (zambumba) e Anderson Maia (percussão). O primeiro disco “De mudar o coração de cada um”, vendeu mais de 3.000 exemplares. Recentemente a banda lançou o segundo CD intitulado “Venha ver o sol”, com apresentação no Palácio de Cristal para mais de 600 pessoas. Para conhecer mais facebook/tribodegonzaga | myspace.com/tribodegonzaga

DVD ENSAIO EM CORES

50 ANOS DE ESTRADA

Ana Carolina interpreta músicas de nomes consagrados como Djavan e Lenine, além de canções inéditas. A banda que a acompanha é composta apenas por mulheres. (R$ 29,90)

O concerto comemora 50 anos de estrada de Erasmo Carlos. O pai do rock brasileiro e rebelde romântico ainda recebe Roberto Carlos e Marisa Monte. (R$ 32,90)

OS PENETRAS (ANDRUCHA WADDINGTON – 2012)

Com estreia prevista para este segundo semestre de 2012, o filme “Os Penetras” conta com Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, duas revelações do humor, como protagonistas. Dirigido por Andrucha Waddington, o longa mostra as aventuras passadas por Marco e Beto, personagens de Marcelo e Edu, respectivamente. Os dois se conhecem às vésperas de um réveillon no Rio de Janeiro e são completamente opostos. Um é festeiro e animado, enquanto o outro é tímido e inseguro. Na busca do amor de Beto, os dois passam por diversas aventuras. Entre situações engraçadas, alguns planos funcionam e muitos outros servem para arrancar risadas dos espectadores. O elenco tem as participações especiais de Andréa Beltrão, Mariana Ximenes, Luis Gustavo e Susana Vieira.

Livros NOITE EM CLARO Martha Medeiros apresenta uma mulher que escreve sua história em uma noite de insônia. Um convite à reflexão em uma leitura agradável. (L&PM, R$ 5)

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GUIA DE ESCALADAS DE PETRÓPOLIS

BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR

Luciano Bender e Paulo Loureiro descrevem as vias de escalada em todo o município. São mais de 200 vias, distribuídas por 33 montanhas da cidade. (R$ 49)

O livro é inspirado na tradicional história da branca de neve e os sete anões. Esta nova versão promete tirar o fôlego dos leitores. (Novo conceito, R$ 29,90)

FALA SÉRIO, PAI! Thalita Rebouças apresenta Armando, o pai de Malu. O texto vai desde a descoberta de que estava “grávido” até a saída da filha de casa. (Rocco, R$ 24,70)


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