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#1 Direção e Produção Geral Felipe Vasconcellos felipe@revistaon.com.br Produção Diego Paiva Sabrina Vasconcellos Heverton da Mata Edição Rafael Moraes rafael@revistaon.com.br Estagiários Priscila Okada Frederico Nogueira Comercial Igor Pachá igorpacha@fiobranco.com.br (24) 8864-8524 Criação Felipe Vasconcellos Robson Silva Tecnologia Vagner Lima Colaboração Aline Rickly Fernanda Tavares José Ângelo Leonardo Farroco Distribuição Petrópolis, Itaipava, Nogueira, Corrêas, Pedro do Rio e Posse Produção Gráfica WalPrint Tiragem 5.000 Foto de capa Arquivo pessoal
Fiobranco Editora Rua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ 25.803-010 Sugestão de pauta redacao@revistaon.com.br Trabalhe conosco rh@revistaon.com.br 4
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Editorial
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assadas largas na linha de chegada. Este é o título de uma matéria sobre o fundista da associação Pé de Vento que trouxe uma medalha do Pan Americano para casa. É com este ritmo de conquista e superação, que a Revista On chega em Petrópolis com um conteúdo diversificado. Histórias de amores, de luta pela vida e da alegria de cantar, compõe este primeiro cardápio jornalístico desta nova revista petropolitana. Na capa escolhemos recontar a vida de um dos médicos mais importantes da cidade: Donato D’Angelo. Uma viagem pelo tempo, quando os irmãos D’Angelo imigraram para o Brasil. De sua vida, você vai descobrir a paixão que ele tem pela ortopedia, pela esposa e família. Adoentado, luta, assim como o jovem Gabriel, para vencer o obstáculo das mazelas corpóreas. O menino, agora com 12 anos, pede dinheiro para custear seu tratamento na China. Os canarinhos de Petrópolis ecoaram suas vozes pela Europa e trouxeram de lá, o prestígio daquele povo acostumado à boa música. Da mesma forma que o Instituto dos Meninos Cantores, uma entidade filantrópica, recicla jovens coristas, a construção de uma usina, promete reciclar as sobras de obras da construção civil; tudo para beneficiar o meio ambiente, que por sua vez, garante uma paisagem exuberante para os passageiros do trem da Serra. A volta deste meio de transporte é o objeto pelo qual um grupo de instituições e pessoas físicas tem lutado em Petrópolis. Muita informação? Nada. Ainda tem mais! Dê esse primeiro mergulho conosco.
Índice 06
Opinião Roberto Wagner: A vida é feita de escolhas
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Oneir Vitor: Achado não é roubado? Helder Caldeira: Pela-sacos David Elmôr: Bandidos de Toga
Erudito tropical: os canarinhos de Petrópolis ecoam pela Europa
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Eduardo Jorge: Brinquedo Virtual
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Desenvolvimento Os investimentos e preocupações no preparo da cidade para a Copa do Mundo em 2014
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Meio Ambiente Reciclagem para o bem da natureza: nova usina terá o objetivo de reduzir o acúmulo inadequado de restos de obras
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Capa La passione di
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D’Angelo:
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a vida do médico que trouxe a ortopedia para a cidade imperial
Cotidiano A luta constante para custear o tratamento de Gabriel Thompson Lá vem o trem da Serra: o resgate da estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, a primeira ferrovia instalada no Brasil
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Cultura Casa dos sete erros: a visão assimétrica de um idealizador em pleno século 19
Carreira Banda Maurício Lago grava o primeiro CD independente Gastronomia Cláudio Gomes foi o sommelier selecionado para atender ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dois eventos distintos de Petrópolis Papo de Colecionador A cortiça do amor: família marca datas comemorativas em rolhas de vinho Esporte Giovani dos Santos da associação atlética Pé de Vento venceu as adversidades da vida e conquistou o bronze em Guadalajara Aconteceu Concurso Hípico de Inverno: o haras Massangana recebeu competidores das categorias amadora e profissional O primeiro Jazz e Blues Festival trouxe um formato inédito e concentrou grandes nomes nacionais e internacionais do gênero
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Diário de bordo O feeling da brasileira Roberta Christ Alves em Londres
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Mix O que você procura está aqui!
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Guia Livros
OPINIÃO
A vida é feita de escolhas Ao longo da vida Juan e Estela acumularam também grandioso patrimônio em obras de artes
Roberto Wagner roberto@revistaon.com.br
Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio, professor de Direito Tributário da UCP – Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.
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uan nasceu de uma família com comércio exitoso na cidade de Petrópolis. Estela, também petropolitana, é filha de uma família com escritório de contabilidade. Ele cursou engenharia civil na UCP (Universidade Católica de Petrópolis) e ela fez arquitetura no Fundão (UFRJ). Conheceram-se e casaram. Um casal ambicioso, assim poderia defini-lo. Juan fez MBA nos EUA e Estela doutorado na Inglaterra. O mundo era pequeno para o sucesso do casal. Com a vida farta em recursos, compraram apartamento na Barra de Tijuca, casa de campo em Três Rios e ainda confortável propriedade em Búzios. Só após muitos anos, Estela conseguiu que Juan a permitisse engravidar. Nasceu Lucien. Passeavam com o filho no Jeep Grand Cherokee, um dos carros da família. O jovem vivia cercado de grandes espaços: apartamento enorme, casa de campo enorme, casa de praia enorme e carro de passeio enorme. O menino foi, desde sempre, um adolescente quieto, comedido, isolado em seu computador e também um jovem silencioso. Lucien cursou Belas artes no Fundão (UFRJ) e não demorou muito expor seu talento mundo afora. Ao longo da vida, Juan e Estela acumularam também grandioso patrimônio em obras de artes. Possuíam quadros, telas, esculturas de todos os grandes artistas do mundo contemporâneo: Picasso, Matisse, Rodin etc. Já Lucien, ao contrário, era pós-moderno e um admirador da Apple, de Steve Jobs, de quem tinha todos os produtos, sempre os comprando, quando lançados nos EUA. Tudo seguia normal até que um dia, em um exame de rotina, Juan, 59, descobriu que estava com
uma doença incurável. Não passou dois meses até que, como uma avalanche, Estela, 57, também descobriu que estava com um tumor maligno no cérebro. Foram aos EUA em busca de tratamento, mas os médicos foram taxativos: − vocês não têm mais de seis meses de vida. Com medicamentos poderemos tentar atenuar o sofrimento. Unido o casal tomou uma deliberação. Iriam para Suíça praticar, ambos, a eutanásia (suicídio assistido) em uma Clínica de Zurique. Foi-lhes indicada a Clínica Dignitas, a melhor da Suíça na prática da eutanásia, que é permitida no país. Pediram a Lucien que viesse de Paris, onde morava, para contar-lhe a decisão. Ele ouviu pai e mãe e nada opôs à decisão. Passados alguns dias, o casal marcou a data para viagem e o dia da eutanásia, comunicando ambas ao filho, além de manifestarem o desejo de que fossem cremados. Lucien concordou com tudo, porém informou aos pais que estava com uma exposição artística em uma importante Galeria de Londres, de maneira que não poderia ir à Suíça na data, no entanto, se comprometia em levar às cinzas para Três Rios, como era o desejo dos pais. Juan e Estela chegaram a Zurique, um motorista os esperava no aeroporto. Quando o veículo passava numa cidadezinha pequena, aos pés dos Alpes, viram uma encantadora igrejinha com um pomposo Cristo crucificado em sua fachada. Assim, de ímpeto, mandaram o motorista parar o veículo. Desceram e perguntaram a um senhor que estava na porta da igreja: - como podemos fazer para entrar? O simpático senhor respondeu: -ela está fechada há muitos anos, ninguém mais a frequentava, dizem que será transformada em uma biblioteca pública.
Achado não é roubado? A proposta de um olhar sobre a desculpa típica dos trapaceiros
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celular se tornou um dos objetos de maior importância no dia a dia do homem moderno, porém, a maioria das pessoas que conheço já perdeu seu aparelho mais de uma vez (provavelmente porque eles estão ficando menores a cada dia). Sempre que isso acontece, nos sentimos apavorados com a perda de inúmeros contatos pessoais e profissionais, mas, por alguns dias, nutrimos uma tênue esperança de que uma boa alma o encontre e faça a gentileza de devolvê-lo. Entretanto, sabemos que este tipo de comportamento altruísta está cada vez mais raro em nossa sociedade. Na maioria das vezes, quem encontra um celular na rua nem mesmo cogita devolvê-lo ao seu dono e simplesmente troca o chip do aparelho e passa a tratá-lo com se fosse seu e, para piorar, o faz sem o menor peso na consciência, pois se sente justificado pelo aforismo popular segundo o qual “achado não é roubado”. Esta concepção está arraigada em nosso país de forma que a população como um todo acredita que aquele que encontra um objeto perdido não está obrigado a devolvê-lo. Acostumou-se a ver com naturalidade a prática do “jeitinho brasileiro”, comportamento daqueles que buscam agir da forma a lhes garantir maior proveito, sem se importar com os aspectos éticos de seus atos. Porém, o que a maioria das pessoas desconhece é esta conduta, além de imoral, é ilegal. O código civil, em seu artigo 1.233, é claro ao determinar que a pessoa que encontra um objeto perdido (como no exemplo do celular) deve, sempre, entregá-lo a quem perdeu. E não é só. A lei determina que quem recolher coisa perdida deverá ainda esforçar-se para localizar o verdadeiro dono e, caso não consiga, terá o dever de entregar o objeto a uma autoridade policial ou judiciária competente. Contudo, convém ressaltar que, se por um
lado essa lei impõe o dever de devolver, por outro, o art. 1.234 garante o direito a ganhar uma recompensa, que será de pelo menos 5% do valor do que foi entregue. Quando assistimos em um telejornal sobre a devolução de objetos perdidos, temos impressão que a honestidade se tornou tão escassa que quando alguém simplesmente cumpre a lei, acaba se tornado manchete em todo país. A verdade é que a maioria de nossos compatriotas apenas cumpre as regras que podem ensejar algum tipo de punição em caso de descumprimento. Mas engana-se aquele que acha que não pode ser punido por se apropriar de que algo que encontrou. O código penal brasileiro, em seu artigo 169, prevê um crime chamado “apropriação de coisa achada”, que se configura quando alguém encontra uma coisa perdida e a toma para si, deixando de restituí-la ao dono. A pena prevista para crime em questão é de um mês a um ano de detenção. O código penal esclarece ainda que se não for possível descobrir o proprietário da coisa, aquele que a encontrar deverá entregá-la à autoridade competente em até quinze dias, pois, do contrário, também estará cometendo este delito. Dessa forma, peço a você que lance um novo olhar sobre o “achado não é roubado”. Essa imoral conduta é contrária a lei e, mesmo não sendo propriamente um “roubo”, configura verdadeiro crime e, como tal, merece seu repúdio e aversão. Além disso, não devemos esquecer que as pequenas atitudes que tomamos, quando ninguém está vendo, são aquelas que verdadeiramente refletem o nosso caráter. Não troque sua consciência limpa por migalhas. Ainda que muitos digam o contrário, saiba que não há nada melhor que satisfação pessoal de ser honesto. Isso não se aprende nas leis. Aprende-se de berço.
Oneir Vitor Guedes oneir@revistaon.com.br
Oneir Vitor Guedes formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e, atualmente, atua como advogado e consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunista do Três Rios Online.
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OPINIÃO
Le déluge As promessas de liberação de recursos para minimizar os efeitos do desastre de janeiro, não passaram de discursos tão vazios quanto politiqueiros
Helder Caldeira helder@revistaon.com.br
Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista, colunista do Três Rios Online e autor do livro “A 1ª Presidenta”, primeira obra publicada no Brasil sobre a trajetória política de Dilma Rousseff.
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stamos às vésperas de completar o primeiro aniversário – se é que podemos chamar assim – da catástrofe provocada pelas chuvas na região Serrana fluminense. A tromba d’água, que se abateu especialmente sobre os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, provocou a maior tragédia climática já registrada no Brasil, deixando um saldo assombroso de mais de mil mortos – muitos dos quais jamais localizados – e dezenas de milhares de desabrigados. O que mudou desde então? Quase nada. Perversamente, as promessas de liberação de recursos para minimizar os efeitos do desastre e para realizar uma necessária prevenção aos tropicais chuveiros de verão que se aproximam, não passaram de discursos tão vazios quanto politiqueiros. Por uma dessas coincidências crudelíssimas, Dilma Rousseff, eleita sob o número 13, mal tinha se acomodado na cadeira presidencial do Palácio do Planalto, quando foi sacudida no 13º dia de seu governo pelo dilúvio fluminense. Na ocasião, aparentemente a “presidenta” agiu rápido, foi aos locais atingidos, definiu tarefas e anunciou a liberação imediata de recursos. Na prática, o que aconteceu foi bem diferente. Ninguém fez nada, roubaram a maior parte do pouco dinheiro liberado e, na melhor expressão portuguesa do início do século 19, “tudo está como dantes no quartel d’Abrantes”. É possível que as autoridades federais, estaduais e municipais estejam se fiando num estudo – às raias da comicidade – feito por especialistas da Coordenação de Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), segundo o qual, outra catástrofe desse nível pode levar 500
anos para acontecer novamente. Isso mesmo: outra tromba d’água só depois de 2500! Como ainda estamos a caminho de 2012, devemos ficar tranquilos. Você acredita nisso? Aposto que não. Que me perdoem esses pseudonotáveis pelo espírito pragmático, mas ao invés de pesquisas e estudos, vocês deveriam estar assistindo o remake da novela “O Astro”, um bom exercício ficcional para aqueles que gostam de brincar de adivinhação. Enquanto uns preferem brincar no papel de falsos videntes, a realidade se impõe de forma avassaladora. Ainda há milhares de desabrigados na região Serrana, muitos dos quais, diante da ausência do Estado, retornaram para o que sobrou de suas moradas e as estão reconstruindo, nos mesmos locais de alto risco. Estima-se que existem atualmente mais de 150 mil pessoas residindo em áreas sujeitas ao perigo das chuvas só nas cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. O que está sendo feito efetivamente para reduzir esses riscos? Quase nada. E os parcos recursos liberados pelos governos com essa destinação foram sugados pela corrupção municipal, fartamente divulgada pela imprensa, mas que resultou em raras implicações criminais e políticas. Da grande tragédia no 13º dia de governo Dilma, restou apenas a constatação finalística de que o Brasil não está preparado para prevenir e administrar catástrofes e a lembrança da famigerada declaração de Luís XV de Bourbon, rei da França, há três séculos: “Après moi, le déluge!” (“Depois de mim, o dilúvio!”). Não é o nosso Luiz Inácio, xará tupiniquim e outro da categoria ufana dos “bem-amados”, mas é tristemente apropriado. Será que vamos esperar mais um “déluge” para reagir? Espero que não.
“Bandidos de Toga” Comentário às declarações da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça.
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ecentemente, a corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, causou grande polêmica ao asseverar que existem “bandidos de toga infiltrados no Poder Ju-
diciário”. A assertiva manifestada pela ministra do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) teve o condão de estampar sua indignação com a investida da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), que através de uma ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade, proposta perante o STF (Supremo Tribunal Federal), pleiteia suprimir a resolução n.º 135/2011 (dispõe sobre a uniformização de normas relativas ao procedimento administrativo disciplinar aplicável aos magistrados, acerca do rito e das penalidades, e dá outras providências) publicada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), isto, com a finalidade de limitar a competência – atuação - deste órgão, impedindo-o de investigar e punir juízes acusados de corrupção e ineficiência, note-se, antes que as corregedorias dos Tribunais de Justiça dos Estados façam este trabalho de apuração e julgamento. Certamente, as declarações emergidas pela corregedora fundamentam-se, sobretudo, na resistência que os juízes mais conservadores manifestam em face do controle externo (investigativo e punitivo) executado pelo CNJ, o que, de fato, revela o irrefutável corporativismo existente na magistratura brasileira, mormente no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Ocorre que, tais alegações causaram uma sonora insatisfação na classe dos magistrados, provocando, inclusive, a manifesta oposição do presidente do Supremo Tribunal Federal, e também presidente do CNJ, Ministro Cézar Peluso: “em quarenta anos de magistratura, nunca havia lido uma coisa tão grave”. Com a devida vênia e respeito, sem adentrar as questões acerca da constitucionalidade da resolução n.º 135/2011, tendo em vista que a referida matéria será oportunamente desdobrada e decidida pelo STF, ou seja, apenas no intento de descortinar as explanações da ministra Eliana Calmon, cabe salientar, que a respectiva corregedora jamais tentou desmoralizar o Poder Judiciário, que é, incontestavelmente, o menos corrupto de todos os poderes. Todavia, é inegável que também é o menos investigado. Nesta
ponderação, ao nosso sentir, a ministra não se apresenta como perseguidora de juízes por sua atuação rigorosa em processos disciplinares, haja vista que, no exercício de suas atribuições no CNJ, apenas faz valer as regras e sanções que, na maioria das vezes, não são aplicadas pelas corregedorias dos Tribunais Estaduais, devido à costumeira prática corporativista que vigora na classe. Os magistrados não devem tomar como ofensa as declarações da corregedora, pois, como cediço, infelizmente a corrupção alcança todos os níveis e setores da sociedade, não estando tal classe imune a este problema, sendo bem verdade, que os juízes que cometem ilegalidades representam uma ínfima minoria neste universo, ademais, a apuração dos desvios cometidos enaltece a própria magistratura nacional, vale dizer, fundamental a garantia da ordem pública e a consolidação do estado democrático de direito. Por oportuno, impende notar, que deste mal, o “micro-sistema” do Centro-Sul Fluminense não padece, tendo em vista o comprometimento e a lisura sempre presente no atuar de nossos magistrados, valendo citar alguns nomes: Ronald Pietre, Luiz Fernando Ferreira de Souza Filho, Luiz Olímpio Mangabeira Cardoso, Eduardo Buzzinari Ribeiro de Sá, Elen de Freitas Barbosa, Mara Grumbach, entre outros. As manifestações de repúdio às práticas espúrias e incertas sempre serão válidas no seio das mais diversas classes profissionais, principalmente, naquelas que, mais do que nunca, estão sujeitas a apreciação subjetiva da população (ex. advogados, servidores públicos, policiais, políticos, entre outros). No entanto, cabe a cada qual, como profissional e membro da sociedade, se manter incólume e ilibado, a fim de manter imaculada, também, a sua entidade classista ou qualquer que seja o órgão que atue. A idoneidade deve derivar da própria obrigação de cada indivíduo, resultante de um juízo extraído do plexo entre os chamados “direitos e deveres”, e não, desta ou daquela instituição pública ou privada, ou pessoa, que possua poder de polícia para fiscalizar e punir os homens de acordo com seu comportamento em sociedade, ou mesmo, em razão de suas atribuições e responsabilidades profissionais. Em suma, honestidade não é virtude, é obrigação!
David Elmôr david@revistaon.com.br
David Elmôr é advogado criminalista, originário de uma das mais respeitáveis bancas de direito do Brasil (SAHIONE Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR & CORRÊA Advogados, Diretor Jurídico da Associação dos Aposentados e Pensionistas – AAPPS e Consultor Político.
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OPINIÃO
Brinquedo virtual Em agosto, uma pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revelou que quase 31 milhões de usuários estão conectados no “Facebook”, superando assim o “Orkut”, que já foi o preferido dos brasileiros
Eduardo de Oliveira eduardo@revistaon.com.br
É coordenador do curso de jornalismo da Universidade Estácio de Sá (Campus Petrópolis). Jornalista, mestre em ciência política
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No que você está pensando agora?” Esta é a principal pergunta do “Facebook”, o maior site social em número de adeptos no Brasil. Em agosto, uma pesquisa do Ibope revelou que quase 31 milhões de usuários estão conectados no site, superando assim o “Orkut”, que já foi o preferido dos brasileiros – mas que agora conta com “apenas” 29 milhões de usuários. O total de registrados no Facebook se aproxima da metade do total de internautas no país (77,8 milhões) e é mais que o dobro obtido pelo também queridinho “Twitter”, com seus 14,2 milhões de usuários. Essa busca em massa pelo site de relacionamentos sugere uma outra pergunta: afinal, no que toda esta gente está pensando? Acredito que a resposta, para uma grande maioria, é: entretenimento. É verdade que sites como o Facebook oferecem facilidades: “encontrar” velhos amigos, dividir opiniões sobre produtos e serviços, discutir política, encontrar a “alma gêmea”, divulgar campanhas, fazer publicidade ou simplesmente partilhar imagens e anedotas... – são incontáveis formas de interação. E tudo isso acontece num padrão de visibilidade que no passado era restrito às celebridades, mas que hoje está ao alcance de qualquer um com acesso à web. Uma ferramenta com a qual a humanidade, ao longo de cinco milênios de história, sequer poderia ter sonhado – e que está diante de nossos olhos, diariamente, nos últimos oito ou dez anos. Mas esse maravilhoso canal de comunicação, que são os sites de relacionamento, não parece ser mais do que um grande brinquedo coletivo. Longe de mim querer competir com o Ibope, eu não fiz pesquisa alguma – mas, ao ler as mensagens no
“Face”, a impressão que fica é de que as informações realmente úteis ou relevantes não passam de 1% do total. A grande maioria tem a ver com uma grande diversão, ou festa virtual, onde todos falam, todos se escutam e não se chega a nenhuma conclusão. E toda a mensagem de grande repercussão, que cria vários comentários, que muita gente “curte”, é sempre “importantíssima” – mas só até que seja postada uma outra, daqui a alguns segundos. Nada contra o site social. E menos ainda contra a diversão. Ou o direito individual de escolher como se divertir ou se comunicar. Mas, falando a sério: se tirarmos do Facebook as anedotas, os “pensamentos profundos” dos usuários, seus comentários sobre atividades banais e cotidianas, imagens curiosas ou engraçadas e outras futilidades... o que resta? Bem pouco. A mídia convencional faz muito alarde sobre, por exemplo, movimentos sociais ou manifestações organizadas através das redes sociais – esquecendo do mais importante: que a motivação dessas iniciativas não depende de Facebook, Orkut e nem de internet. A sociedade se comunica melhor com essas ferramentas, é claro. Mas elas não criam nem ensinam nada de novo. Aumentou-se a visibilidade, diminuíram-se as distâncias – e, ainda assim, a principal “preocupação” parece ser a curiosidade sobre a vida alheia; a maneira de se apresentar perante a coletividade; entreter-se. Ora, essas preocupações existem, no mundo “real”, desde que o mundo é mundo... Movido pela obrigação profissional, curiosidade e por uma enxurrada de e-mails de amigos, conhecidos e desconhecidos que diariamente chegavam, há alguns meses “aderi” ao Facebook. Achei divertido, sim. Mas esperava que o site fosse (como alguns colegas asseguravam) mais que entretenimento, exibicionismo pessoal e publicidade. Ledo engano: são estes os “temas” predominantes e o conteúdo realmente relevante é ínfimo. O fato de o site eventualmente servir a iniciati-
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DESENVOLVIMENTO
De olho em
2014
POR ALINE RICKLY
Desenvolvimento 茅 a palavra chave dos pr贸ximos anos 12
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MATHEUS QUINTAL
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“Temos atributos que são exigidos, como estar a 60 km de um aeroporto internacional. Contamos com uma boa rede de hotéis, estamos a uma altitude de 900 m e possuímos bons hospitais que podem atender turistas e atletas. Por estes motivos tenho a segurança de que seremos escolhidos”, secretário de Esportes e Lazer, Carlos Alberto Lancetta
INVESTIMENTOS O secretário de Esportes, Carlos Lancetta, estima um montante de R$ 100 milhões
prestes a buscar crescimento econômico feito pela captação de recursos dos pagamentos das taxas à cidade. Indiretamente melhora a infraestrutura urbana, a segurança pública, a cultura, o turismo, tudo o que gera uma maior quantidade de empregos, além de divulgar a cidade para o mundo. Será um salto de qualidade no cotidiano do petropolitano”, enfatiza o secretário. Lancetta esclarece que os investimentos para a Copa do Mundo em 2014 serão DIVULGAÇÃO
Copa do Mundo no Brasil ainda está longe, mas cidades vizinhas ao Rio de Janeiro, local que irá sediar a final dos jogos, já começaram a se preparar para receber delegações e turistas. Petrópolis não ficou fora dessa e já iniciou seus investimentos nas áreas de hotelaria, de turismo, esporte, transporte, entre outros. Depois de passar pela terceira fase para ser sede de treinamento e aclimatação para os eventos, a cidade aguarda as próximas etapas. O processo de seleção abordou, em primeira instância, o credenciamento das cidades, depois o preenchimento dos pré-requisitos e, por último, as visitas técnicas feitas por técnicos da FIFA. Até então, Petrópolis foi aprovada. Agora faltam mais duas etapas, o primeiro é o cumprimento das exigências técnicas e, o segundo, a assinatura dos termos de compromisso. O secretário de esportes e lazer, Carlos Alberto Lancetta, afirma estar confiante. “Temos atributos que são exigidos, como estar a 60 km de um aeroporto internacional. Contamos com uma boa rede de hotéis, estamos a uma altitude de 900 m e possuímos bons hospitais que podem atender turistas e atletas. Por estes motivos, tenho a segurança de que seremos escolhidos”, acredita Lancetta. Este evento irá contribuir para o crescimento da cidade imperial de diversas maneiras. “É um desenvolvimento da cidade como um todo. Quando você traz uma atividade esportiva, consequentemente, está
FUTEBOL O centro de treinamento será construído no Vale do Carangola
da iniciativa privada, contrário ao que a maioria das pessoas pensam. “Esta verba, estimada em mais de R$ 100 milhões, será investida através de parcerias e recursos advindos das leis de incentivo municipal, estadual e federal”, destaca. Um dos órgãos que contribuem para tornar Petrópolis uma cidade apta para ser centro de treinamento é o MEP – Movimento Esportivo de Petrópolis. João Henrique Areias, coordenador de negócios, conta que o objetivo é transformar a cidade em referência esportiva nacional e internacional. “Para atingirmos esta finalidade, precisamos da cooperação de outras empresas, como as de luz, água e telefone. Temos que oferecer uma boa estrutura para quem chegar pela primeira vez em Petrópolis”, assegura. Entre os principais benefícios gerados está o estímulo aos jovens a prática de esportes. Segundo Areias, é uma forma de afastar os adolescentes das drogas. Além disso, é uma plataforma completa de comunicação, pois envolve, publicidade, relações públicas, promoções e endomarketing, que contribui para a visibilidade da cidade em outros países. Para se adequar às exigências de infraPetrópolis
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DESENVOLVIMENTO
VALE DO CARANGOLA Será composto por centro de treinamento e formação de futebol com quatro campos. Um deles com arquibancada para 1.000 pessoas
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hospedaria que comporta mais de 4.000 pessoas e ainda tem novos leitos sendo construídos. A maior parte dos nossos hotéis estão nos distritos que tem potencial de crescimento”, comenta o presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Bruno Wanderley, 42. Bruno também destaca que será necessária uma preparação da cidade para receber o maior número de turistas. “O ideal seria criar um ou dois centros de convenções para que ajude a manter o número de visitantes antes e depois da Copa. Também construir novos parques, iniciativas que fazem a cidade crescer e se manter depois de um grande evento”, completa Bruno. Segundo o presidente do Convention,
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estrutura, as obras já teriam que ter começado, pois são instalações que demoram de seis a nove meses para ficarem prontas. O Centro Olímpico, também previsto, precisa ser decidido nesse trimestre, conforme explica Areias. Entre as obras sugeridas pelo MEP estão: um estádio de futebol na BR-040, com capacidade para 20 mil pessoas e um Centro Esportivo no Vale do Carangola, composto por centro de treinamento e formação de futebol com quatro campos, sendo um deles com arquibancada para 1.000 pessoas para os jogos das divisões de base e escola. Nesta lista se inclui o alojamento para 100 atletas, reforma do estádio Atílio Marotti e Casa do Atleta, na Rua Montecaseros, com um espaço capaz de atender 60 esportistas de futebol e atletismo. Outro projeto é um centro de treinamento de futebol e de atletismo no Parque Municipal de Petrópolis, em Itaipava. Além disso, um núcleo de ginástica artística no Quitandinha, onde atualmente funciona uma gráfica. E, para receber um acontecimento do porte da Copa, não adianta apenas investir em estádios e centro de treinamentos, é preciso toda uma organização não só nas cidades que irão sediar os jogos, mas também nas que estão ao redor. Uma boa rede hoteleira para receber as pessoas que vem de fora faz parte dessa estrutura. De acordo com a Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, a cidade concentra 90 hotéis, incluindo o Centro Histórico e os distritos. “Nós temos hoje uma rede de
não adianta criar novos leitos nos hotéis apenas para um determinado período. Ele salienta a importância de manter a cidade em movimento mesmo depois desse evento. “Temos que nos espelhar em Gramado, no Rio Grande do Sul, onde não há baixa temporada e é isso que Petrópolis tem tudo para se tornar”, acredita. José Carlos Eloy, 56, é proprietário de um hotel em Itaipava e já tem planos para inaugurar mais um em 2013. “A intenção é receber pessoas do país e de fora, em nossas acomodações. Acredito que Petrópolis será um destaque não só na Copa como nas Olimpíadas e nós estamos prontos para receber os turistas”. Com um investimento de R$ 45 milhões, os dois hotéis podem receber cerca de 800 pessoas. Mas não se pode falar em investimento sem aliar às novas tecnologias. A cidade já conta com internet wireless gratuita em alguns dos pontos turísticos, como o Palácio de Cristal, a Praça da Liberdade e a Rua Teresa. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, também está em andamento a inserção da internet sem fio no Museu Imperial. Outra iniciativa que visa beneficiar a cidade imperial é a duplicação da BR-040 que irá diminuir a viagem do Rio de Janeiro a Petrópolis em 20 minutos. Também está incluída na obra da concessionária que administra a rodovia, a abertura de um túnel de cinco quilômetros. A previsão é de que as melhorias comecem em 2011 e terminem até 2013. Ao longo do túnel, haverá ventilação mecânica, acostamentos e
CONSTRUÇÃO Este é o projeto para o Parque de Exposições em Itaipava
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PARQUE MUNICIPAL EM ITAIPAVA O estádio de atletismo, piscina olímpica e hotel fazem parte do projeto
galeria de interligação com a pista de descida. Na saída do túnel, haverá um novo acesso para Petrópolis e a estrada ganhará um viaduto sustentado por cabos de aço. Com as obras, o pedágio será transferido do Km 104 para o Km 102. De acordo com a administradora, a obra é orçada em R$ 670 milhões e vem ao encontro das preparações do estado para receber a Copa, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Segundo a concessionária, a antiga subida será preservada e se transformará numa estrada parque, voltada para turismo ecológico, educação ambiental e lazer. Quanto ao transporte, a ideia é resgatar a Estrada de Ferro Príncipe do Grão – Pará, que liga o Alto da Serra, em Petrópolis, a Vila Inhomirim em Magé. A previsão é de que a linha férrea entre em operação antes de 2014 e atenda mais de 1.000 pessoas por dia, uma média de 400 mil por ano. O percurso poderá ser feito em menos de 30 minutos. Também faz parte dos planos, a implantação de um heliporto público em local estratégico do município para atender à demanda dos visitantes mais exigentes e de maior poder aquisitivo. O objetivo é proporcionar facilidades para acolhimento de urgência do poder público e da população em geral. Para atender os turistas nos hospitais, a secretaria de saúde irá manter um sistema de plantão permanente de médicos nas duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) no Centro e no bairro Cascatinha, além do hospital Municipal Nelson de Sá
Earp, no pronto socorro Leônidas Sampaio e no hospital Alcides Carneiro. O turismo será resgatado através de uma reestruturação do circuito Ecorrural Caminhos do Brejal, uma importante área de produção agrícola que fica no distrito da Posse. O local conquistou, em março de 2011, o primeiro lugar no edital “Talentos do Brasil Rural”. A região também é conhecida por ter sido sede da primeira Área de Proteção Ambiental criada no país. Há a ideia, também, de estruturar os atrativos turísticos no Vale do Bonfim a fim de ressaltar seus aspectos históricos, naturais e culturais, o circuito de Araras e do Taquaril, com as mesmas finalidades. No entorno do Centro Histórico, a pretensão é revitalizar o Parque Cremerie, antiga Cremerie Buissom, uma importante fábrica de queijos fundada em 1878. Em 1976, ela foi transformada em parque público e é um local muito procurado, mas requer reformas imediatas para permitir a exploração de suas potencialidades. Diante do tempo que falta para esse evento futebolístico, a intenção é articular ações que viabilizem a candidatura do município como cidade satélite. Esta iniciativa tem como mérito principal, contribuir para o desenvolvimento de Petrópolis de forma a atrair turistas nacionais e internacionais, capacitar a mão de obra existente e transformar a cidade em destino potencial em receptividade aos visitantes. Quem sabe, alocar as seleções alemãs ou italianas, já que ambas foram imigrantes que viveram na cidade imperial. Petrópolis
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MEIO AMBIENTE
Reciclagem para o bem do meio ambiente POR JOSÉ ÂNGELO FOTOS REVISTA ON
Nova usina será implantada com a proposta de reduzir o acúmulo inadequado de restos de obras, contribuindo para a preservação ambiental
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iniciativa nasce com a missão de minimizar um dos problemas crônicos de Petrópolis, o acúmulo de entulhos oriundos da construção civil. Os restos das construções ficam espalhados por todos os cantos da cidade. O meio ambiente agradece, pois quase sempre há registros de detritos de obras jogados em áreas urbanas, terrenos baldios, dentro dos rios e nas encostas, causando um enorme desequilíbrio ecológico. O município da serra fluminense é conhecido pelo forte turismo e pelas belezas naturais, daí a importância de se instalar a usina de reciclagem de resíduos sólidos, que será construída no aterro sanitário de Pedro do Rio. A Comdep (Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis), firma responsável pela coleta de lixo, foi a escolhida para administrar o empreendimento. Segundo o presidente da empresa, Anderson Luiz Juliano, a ideia é de que os pedaços de concreto descartados se transformem em derivados como bloquetes e outros materiais que serão reutilizados na manutenção de ruas e praças públicas.
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“Vamos dar um destino nobre a tudo isso, favorecendo a cidade de um modo geral”. Para isso, parte destes resíduos deverá ser entregue à prefeitura e a outra metade vendida no mercado. “Com a reciclagem, deixaremos de ter este tipo de lixo em qualquer lugar”, frisa o diretor. Para o diretor técnico da companhia, Jorge Luiz Plácido, restos de construções deixados nas margens dos rios, misturam-se ao acúmulo sedimentar de areia e reduz a força da correnteza. A partir de agora, este processo será evitado. “Isso vai diminuir muito a quantidade de entulho e a expectativa é de que esse problema
“Com a reciclagem, deixaremos de ter este tipo de lixo em qualquer lugar”, presidente da Comdep, Anderson Juliano
ANDERSON O presidente da Comdep mostra o folder do Disque Entulho
acabe. Quem ganha é a cidade e o meio ambiente”, destaca. Plácido revela ainda outro dado interessante. Há um sistema na máquina impedindo que a poeira seja expelida no ar. “É uma atividade pouco poluidora. Temos um sistema com água que vai pulverizar a poeira”, explica o diretor técnico. O engenheiro civil e ex-secretário de Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento
e Agricultura de Petrópolis, Nelson Sabra, é mais enfático quando se fala sobre a usina e suas vantagens para o setor ambiental. Segundo ele, é preciso que haja gestão administrativa e operacional para que o processo de reutilização das sobras de construções ocorra satisfatoriamente e a natureza não seja afetada. “O ideal é a utilização de usinas de reciclagem, com capacidade acima do volume coletado, diariamente nas cidades, evitando a necessidade de se valer de aterros sanitários. O reaproveitamento do material constitui-se em um sistema sustentável”, diz. É necessário, entretanto, que o ciclo de reutilização seja completo, pois além do entulho, há outros produtos que merecem total atenção e também colaboram com os danos ao ambiente, assim explica Sabra. “Temos algumas variáveis para a coleta. O lixo hospitalar é recolhido em condições especiais e incinerado. O lixo domiciliar não reciclável é coletado em caminhões compactadores e levado para o aterro sanitário, cujo consórcio está em curso. Por fim, o material reciclável, que é recolhido em caminhões basculantes, normalmente terceirizados, são compactados pela Comdep e vendidos pelas Cooperativas de Reciclagem”. As ONGs
A reportagem da Revista On consultou representantes da organização não governamental Delegacia do Verde para falar sobre o assunto. Nela, atua o professor e pesquisador do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Faculdade de Geologia da UERJ, Cleveland Maximino Jones, que possui uma opinião não muito positiva sobre o assunto. “Eu transmito uma mensagem não tanto otimista, pois estas não são muito perspicazes. As pessoas não se interessam e não há uma vigília coibindo o despejo destes resíduos”, acredita o especialista que coordenou o programa de diagnóstico sócio-ambiental e descomissionamento do Aterro Municipal de Jardim Gramacho.
“Falta educação e precisa de um controle. Por isso, tem que cobrar quando há entulho jogado em qualquer canto”, pesquisador, Cleveland Jones
Ele também dirigiu projetos ambientais e de remediação em países como a Venezuela e o Uruguai. Para ele, diferentemente do que ocorre nos grandes centros urbanos, a maioria das construções de Petrópolis é realizada dentro de imóveis particulares onde não há efetivamente um monitoramento por parte dos órgãos responsáveis. “A questão é que estamos discutindo um problema em pequena escala e é difícil controlar isso porque não há fiscalização. São muitas obras de menor proporção. Seja lá o que for, ela [a usina de reciclagem] só poderá atender a entulhos por construções maiores”, acredita. Uma das soluções para reverter este panorama, segundo o pesquisador, seria investir mais em programas de educação ambiental na tentativa de orientar a população. “Falta educação e precisa de um controle. Por isso, tem que cobrar quando há entulho jogado em qualquer canto. A
ESPECIALISTA Cleveland não é muito otimista sobre a preservação do meio ambiente
COLETA Escavadeira retira o entulho de um canteiro de obra
conscientização é importante, mas o fiscal da prefeitura tem que multar. As pessoas fazem qualquer demolição e acham que o entulho é como o lixo comum. Portanto, é importante uma campanha dentro do órgão regulador orientando a sociedade”, ressalta Cleveland Jones. “O que falta é uma política de resíduos sólidos, mas isso ainda está em discussão”, acrescenta. Na opinião do secretário de meio ambiente Leandro Vianna, um dos principais benefícios da usina é que ela poderá gerar a redução de entulhos em rios e córregos, evitando-se, assim, inundações na época das chuvas. Além disso, a unidade deverá reduzir os gastos excessivos com desassoreamento de leitos. “Os entulhos da construção civil são normalmente descartados de forma inadequada, ou seja, nas margens dos rios, em terrenos baldios, ou até mesmo na própria rua”, destaca. Para ele, essa indústria só pôde ser implantada porque a população tem correspondido ao programa “Disque Entulho”, criado em 2009. Através deste canal, são recolhidos escombros de pequenas intervenções particulares, além do lixo verde. “O reaproveitamento e a transformação desse material em produto para pavimentação e outros derivados e sua utilização em obras públicas, também será uma das vantagens, contribuindo assim para a redução no uso de recursos naturais”, finaliza o secretário Leandro Vianna.
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CULTURA
CASA DOS SETE ERROS
A visão assimétrica de um idealizador em pleno século 19 POR FERNANDA TAVARES FOTOS REVISTA ON
Vestígios de um tempo em que a cultura e a história faziam parte do dia a dia e alimentavam a imaginação dos adoradores das artes. Foi retratando o gosto peculiar pela eternização de imagens e sonhos que o brasileiro José Tavares Guerra construiu, na cidade Imperial, em 1879, a Casa da Ipiranga, conhecida popularmente como casa dos sete erros. Praticamente intocada, a construção, tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) recebe hoje visitantes que se encantam com a preservação do lugar e com os encontros de música, peças teatrais e exposições, que tornam o famoso ponto turístico um cenário inesquecível.
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osé Tavares Guerra era afilhado do Barão de Mauá, o célebre industrial, banqueiro e político brasileiro do século 19. E foi por sugestão do padrinho que, até os seus 18 anos, ele estudou na Inglaterra, além de viajar por vários países. Em 1879, ao voltar ao Brasil pouco após a morte do pai, importante exportador de café, o financista começou a construir a história da Casa da Ipiranga. De volta à sua terra, encontrou a mãe triste – o que o incentivou a construir uma residência “di18
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ferente”, para espantar a solidão da família. “Foi meu bisavô que arquitetou toda a estrutura da casa. A motivação foi distrair a mãe dele que estava sofrendo a perda do marido. Através das pinturas, artes e imagens, ele encontrou uma forma de perpetuar a história e as preferências da família”, explica Celso Vieira de Carvalho, 49, bisneto de Tavares Guerra e presidente da ONG Cultural Casa da Ipiranga. Foi o próprio financista quem criou o esboço da obra. O engenheiro alemão Karl
Spangenberger, por sua vez, executou todas as vontades – e mesmo as excentricidades – no planejamento da construção. Ao contrário de outros ricaços da época, que erguiam palacetes em Petrópolis no estilo francês de arquitetura, José Tavares Guerra escolheu o padrão inglês hoje denominado Queen Vitória, a rainha britânica, que marcou o século. Na escolha de materiais, o requinte mostra um pouco da visão cosmopolita do idealizador: o papel de parede que reveste alguns salões tem pigmentos
Em paralelo, detalhes dos afrescos mostram pinturas de ninfas, crianças, anjos, elementos míticos e do cosmos, revelando o gosto eclético do idealizador, que, em pleno século 19, profundamente marcado pelos avanços tecnológicos, já se interessava pelos mistérios da mitologia, astrologia e religiosidade CASA DA IPIRANGA A riqueza das pinturas da sala de jantar
“Através das pinturas, artes e imagens, Tavares Guerra perpetuou a história e as preferências de sua família”
NOBREZA Móvel construído com madeira portuguesa
de ouro; há azulejos ingleses; lareiras em mármore de carrara; revestimento de jacarandá até o teto e também piso com o já então raro pau-brasil. A decoração está à altura do cenário: espelhos de cristal belgas; lustres franceses; cadeiras em estilo Luis XV e, na charmosa sala de jantar, uma mesa para 18 lugares, além de móveis ornados com mármore português. Outros cômodos, ricamente decorados com austeros móveis em madeira-de-lei, contrastam com os afrescos coloridos: são imagens pitorescas, da Àsia, Àfrica e Europa, uma escolha que também era resultado das viagens de Tavares Guerra. Ele as desenhou, usando a memória, e as repassou ao pintor Carl Schäefer. O alemão precisou de nada menos que dez anos para concluir as obras de arte que ainda hoje ornamentam as paredes e tetos da residência. Além das lembranças de homem do mundo, o financista fez com que também seus cinco filhos fossem retratados nas paredes dos corredores da casa. Em paralelo, detalhes dos afrescos mostram pinturas de ninfas, crianças, anjos, elementos míticos e do cosmos, revelando o gosto eclético do idealizador, que, em pleno século 19, profundamente marcado pelos avanços tecnológicos, já se interessava pelos mistérios da mitologia, astrologia e religiosidade. “Já na época da construção, a casa chamava atenção pelo tamanho e por ter sido
muito bem projetada. É difícil encontrarmos exemplares arquitetônicos tão autênticos quanto os que guardamos aqui. A casa mantém intactos os seus 11 quartos, cinco salões, dois banheiros, uma sala de banho, duas copas, uma cozinha, uma adega e lavanderia”, explica Celso. Por causa disso, a Casa da Ipiranga, tombada pelo Iphan, é considerada uma das quatro propriedades privadas no Brasil do século 19 intocadas”. “Meu lugar preferido na casa é a sala de jantar. Aqui, posso imaginar como eram os encontros daquela época, rodeados de charme e história”, devaneia Celso. Ela também se destaca pela visão abolicionista de seu construtor. “Tavares Guerra era contra o uso de mão de obra escrava e, por isso, contratou imigrantes alemães para a construção. Os trabalhadores eram remunerados e isso nós comprovamos quando encontramos um bloco com as anotações dos gastos da casa, pagamento dos empregados e dos produtos da despensa”, comentou o herdeiro. A propriedade guarda ainda mais detalhes surpreendentes: foi a primeira casa de Petrópolis (e uma das primeiras do Brasil) a ter luz elétrica a partir de 27 de julho de 1896 e a possuir o primeiro relógio de torre na cidade, instalado na fachada da cocheira, onde funciona, atualmente, um requintado bistrô. Mas, apesar de toda opulência, é o exterior da casa o que mais chama atenção dos historiadores e visitantes: a fachada do palacete, dividida em duas, sugere que se trata de uma construção geminada – ou Petrópolis
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CULTURA
LUXO Detalhe da pintura em papel de parede com fios de ouro
seja, duas “casas” semelhantes, unidas lado a lado com as mesmas características. Mas é só uma impressão: há diferenças significativas entre o lado direito e o esquerdo, o que fez surgir o apelido de “casa dos sete erros”. Celso, no entanto, explica que não há erro algum: “Apesar de ser conhecida assim, isso não é verdade. Como Tavares Guerra era revolucionário e moderno para a sua época, construiu a casa de uma forma muito diferente na sua parte externa. Foi uma modernidade e isso, até hoje, incita histórias na cidade”, contou Celso. Inspirado em um artigo do inventor da fotografia, o francês Nicéphore Niépce, ele concebeu a fachada do palacete baseado na ideia de assimetria: como os dois lados do rosto não são idênticos, uma casa também deveria preservar diferenças. E, com um pouco de atenção,
elas podem ser notadas nas torres, sacadas e janelas. Esta fachada está no centro de jardins projetados por August Glaziou, o paisagista oficial de dom Pedro II, responsável também pelos projetos da Quinta da Boa Vista, do Campo de Santana e do Passeio Público do Rio de Janeiro. Apesar de ainda haver muitos projetos de Glaziou no Brasil, o jardim da Casa da Ipiranga é o único que não sofreu qualquer mudança. Lá fica uma capela, construída como forma de pagamento de uma promessa feita por Tavares Guerra a Nossa Senhora da Conceição. “Depois do nascimento de seu primeiro filho, meu bisavô fez uma promessa pedindo para que a santa lhe desse uma filha. Para agradecer, ele construiu uma capela, no jardim e prometeu que sua fi-
lha se casaria nela. A filha, minha avó, se casou na capela, mas infelizmente, Tavares Guerra não participou da cerimônia, pois morreu antes. Apesar de ter tido um vida de obras realizadas, morreu muito novo, com 46 anos, apenas”, conta Celso. Nem as pinturas míticas, nem a capela evitaram que a casa fosse conhecida como mal-assombrada. O sóbrio estilo Queen Vitória talvez tenha inspirado esta fama, conhecida por gerações de petropolitanos. Mas Celso é categórico: “Costumo dizer que a casa é bem assombrada, pois foi feita por amor e com muita dedicação e carinho pelo meu bisavô. A família dele e as gerações que a seguiram sempre foram muito felizes nessa casa. Por isso, afirmo com toda a certeza que as energias que habitam a casa da Ipiranga são boas, alegres e encantadoras”, disse. Para o presidente do IHP (Instituto Histórico de Petrópolis), o historiador Luiz Carlos Gomes, essa construção é uma peça fundamental no patrimônio de Petrópolis: “Independentemente da idade da casa, o importante é sempre valorizar que os jardins foram projetados por um importante paisagista da época da monarquia, o que completa o cenário de patrimônio da cidade. Além disso, ao longo dos tempos, ela deixou de ser moradia para abrigar importantes cenários culturais, através de exposições de esculturas de grandes nomes das artes brasileiras e mostras de móveis de antiquários famosos. É importantíssima a preservação desse lugar, porque é por meio desse cuidado que a história vem passando de geração para geração e está sendo contada para petropolitanos e turistas”, disse.
Cultura e história em um mesmo espaço Há 12 anos, o antigo palácio de Tavares Guerra é a sede do Centro Cultural Casa da Ipiranga. Nesse período, ela já foi o palco para 628 shows de música clássica e popular, realizados, em geral, na sala de jantar. Além disso, ela também é sede de apresentações de peças e exposições. “Como sou produtor musical e cantor, fico muito feliz em ver que a casa da minha família oferece essa opção de música de qualidade para os visitantes e petropolitanos. Aqui já se apresentaram grandes nomes como César Maranhão, Lô Borges e Cláudio Nucci. Já tivemos também exposições nos jardins das esculturas de Maurício Bertes, Cleide Tostes, Cristina Salgado, Marcelo Lago e Clara Cavendish”, comemora Celso. A Casa da Ipiranga também apresenta uma performance teatral permanente chamada “Velhota Cambalhota”, que é baseada na troca de correspondências entre os Condes de Lajes e a família Imperial. Para conhecer a Casa da Ipiranga, é necessário pagar R$ 8. Estudantes e idosos acima de 60 anos pagam meia entrada. Crianças até sete anos não pagam. As visitações guiadas ocorrem de quarta á segunda-feira, das 12h às 18h. 20
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CULTURA
Erudito tropical
POR LEONARDO FARROCO
Meninos Cantores de Petr贸polis conquistam p煤blico europeu com repert贸rio brasileiro
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tradição do Coral de Meninos Cantores de Petrópolis vem desde 1942. Em sua trajetória, o grupo conquistou plateias nacionais e internacionais. A Revista On foi conferir como é a preparação e qual é a receita de sucesso deste que é um dos principais corais do Brasil. O Instituto de Meninos Cantores de Petrópolis funciona em um prédio no Centro da cidade. Dentro de seus corredores, chega um momento em que não é preciso pedir informações para encontrar a sala de ensaios: basta prestar atenção no som do coro que se propaga. Ao se aproximar, a música fica cada vez mais clara, trazendo paz para os ouvidos. O responsável por cuidar das vozes das crianças, é o maestro Marco Aurélio Lischt. A carreira musical do regente começou no próprio coral: quando criança, ele também foi um menino do Instituto. Após concluir o curso de Canarinho, Lischt manteve o interesse pela área e se formou na Escola de Música da UFRJ. O maestro também aprimorou seus conhecimentos durante um período de cinco anos na Alemanha, onde estudou e participou de festivais. A experiência de Lischt agora é compartilhada com os jovens petropolitanos. O resultado desta união conquista plateias do Brasil e de outros países. A apuração técnica e elementos da música brasileira foram os ingredientes necessários para o sucesso da turnê realizada na Europa em setembro deste ano. Os Canarinhos de Petrópolis participaram de oito concertos e duas missas em cidades da Áustria, República Tcheca e Alemanha. Nas apresentações, o grupo usou REVISTA ON
“A apuração técnica e elementos da música brasileira foram os ingredientes necessários para o sucesso da turnê realizada na Europa em setembro deste ano”
EXPERIÊNCIA O maestro Marco Aurélio Lischt já foi aluno do Instituto de Meninos Cantores
um repertório de música sacra brasileira com composições do século 19 e contemporânea. “Levamos um programa bastante exigente em termos de técnica, com muitas dissonâncias. Um repertório bem ousado em termos de música clássica”, conta o maestro. O público se impressionou com as apresentações, pois elementos da música latino-americana não são comuns na música sacra. “Vieram falar comigo ‘há muito tempo que a gente ouve coros de meninos vindos de vários lugares do mundo, mas vocês apresentaram uma proposta totalmente diferente do que estamos acostumados a ouvir’”, relembra orgulhoso. O desempenho do grupo na Alemanha foi tema de uma crítica publicada no jornal Frankfurter Neue Presse, de Frankfurt,
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PRESTÍGIO Apresentação do coral durante a turnê na Europa
TURNÊ Apresentação na Catedral de Dresden, na Alemanha
onde uma professora de música apontou que “os jovens cantores não se deixaram intimidar pelos sons dissonantes e a complexidade rítmica das peças, apresentando-se com grande maestria”. A experiência também permitiu mostrar que o Brasil não é só o país do futebol e do Carnaval, mas que também há espaço para outras formas de manifestações artísticas. Além de promover a cultura brasileira, a viagem também foi uma oportunidade para os coralistas conhecerem culturas diferentes. Treinamento e dedicação
Após a entrevista, a turma volta para a rotina normal de ensaios. O maestro dá revistaon.com.br Petrópolis|
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CULTURA
“Além de se preocupar com os detalhes técnicos da música, também é essencial manter o interesse da turma” culdades? Ao ser questionado sobre isso, Lischt não pensa duas vezes para responder: “se você tem amor e carinho pelo que faz, sabendo conduzir de forma que todos entendam, você consegue cativá-los, mesmo com música contemporânea, que muitas vezes é difícil de entrar no ouvido”. Música para a vida
RITMO As apresentações na Europa usaram repertório com ritmos europeus e brasileiros
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instruções para os coralistas sobre a próxima etapa de treinamento: o tom usado, quais partes do coral vão participar e em que pontos os alunos podem realizar a respiração. Com os dedos levantados, Lischt observa se os garotos estão prontos para começar. A expressão no rosto dos alunos mostra a atenção com que eles
esperam o sinal para começar. Quando o maestro realiza o primeiro movimento com os dedos, as vozes começam a entoar em sincronia o trecho da música sacra. Ouvidos leigos podem não perceber nada além de uma canção que enche a sala de paz, mas para os ouvidos treinados do maestro, qualquer coralista fora do tom ou atrasado soa como um grito. Tão logo alguma perturbação é encontrada, os alunos recebem o sinal para parar e são orientados sobre quais pontos devem corrigir. É assim, com paciência e dedicação em cada etapa que o grupo lapida os integrantes até que todos estejam prontos para uma apresentação. A receita para o sucesso
RECONHECIMENTO O trabalho do coral surpreendeu a audiência europeia
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Para o maestro Marco Aurélio, o desempenho do grupo “depende muito da leva de novos cantores que vão estar no coral. Depende da ação do regente para, com as dificuldades ou facilidades que os cantores têm, saber como tratar ou dar determinado enfoque a uma obra”. Além de se preocupar com os detalhes técnicos da música, também é essencial manter o interesse da turma, para que “não fique uma coisa cansativa, maçante e chata”, conta o maestro. Mas como enfrentar as difi-
Como diria Nietzche, “sem música, a vida seria um erro”. Ainda que a maior parte dos alunos sigam carreiras sem relação com a atividade musical, as lições aprendidas no coral os acompanham ao longo da vida. A experiência a frente do coral permite ao maestro apontar qual é a maior herança que os alunos levam para o resto da vida: “Eu acho que o principal aprendizado é o espírito de grupo. Saber trabalhar em conjunto, em comunidade”. Outra característica que os alunos levam para a vida, mesmo fora da música, é o senso crítico para avaliar produtos artísticos, pois os estudos de teoria musical proporcionam bases sólidas para julgar a elaboração de uma obra. Mesmo durante o curso, segundo o maestro, já é possível perceber o efeito que a convivência e rotina musical têm sobre as crianças. “Muitos pais já chegaram para mim dessa forma: ‘depois que meu filho entrou no coral ele mudou da água para o vinho, ele está mais calmo, carinhoso, ele já não briga tanto com os irmãos’. Resultado do trabalho da música”, acredita. O Instituto
O Coral dos Canarinhos e das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis são mantidos pelo Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, uma entidade filantrópica, de caráter cultural, sem fins lucrativos e de utilidade pública Federal, fundada
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OPORTUNIDADE Os coristas puderam conhecer outras culturas durante a viagem
em 1942. A tradição do coral atravessa gerações. Ao olhar para trás, os jovens encontram diversas realizações: o grupo já realizou seis turnês internacionais que incluem, além da Europa, os Estados Unidos e a Venezuela. Das viagens, quatro apresentações em audiências, foram
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com a presença do Papa. Outras marcas do coral foram participações ao lado de algumas das principais orquestras sinfônicas do país: a brasileira, a da USP e a da Petrobrás. Para fazer parte do coral, é necessário passar por um processo seletivo realizado
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anualmente, aberto para crianças de todas as escolas da cidade. Para participar, o candidato deve ter oito anos e estar na terceira série do ensino fundamental. Não é obrigatório ter experiência anterior com música. A seleção avalia atributos como qualidade vocal, disciplina, afinação e ritmo. Uma vez aprovadas, as crianças passam a frequentar o Curso de Aprendiz de Canarinho, que possui duração de um ano, onde recebem formação musical básica. Os jovens que se adaptam à rotina de treinamento e que demonstram gosto pelo canto passam então para um dos corais do Instituto de Meninos Cantores de Petrópolis: as Meninas dos Canarinhos, sob a regência do maestro Marcelo Vizani; ou dos Canarinhos, com o maestro Marco Aurélio Lischt. Os alunos podem continuar no coral até completarem 18 anos, uma oportunidade de desenvolverem a percepção e competências musicais. A rotina é participar dos ensaios na parte da manhã, almoçar e estudar na parte da tarde.
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R. Dezesseis De MaRço, 327 | Tel: (24) 2231-8610
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ARQUIVO PESSOAL
COTIDIANO
FAMÍLIA Gabriel ao lado dos pais Silvio e Márcia
Mobilização por uma vida melhor POR JOSÉ ÂNGELO
FOTOS REVISTA ON
População, mídia e familiares de Gabriel Thompson Schanuel Bastos se unem para arrecadar a verba destinada ao tratamento de células-tronco na China. A Revista On ouviu o depoimento das pessoas envolvidas no movimento que mobilizou Petrópolis.
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campanha “Gabriel rumo a China” demonstrou a solidariedade da população petropolitana em favor do menino Gabriel, hoje com 12 anos. Aos sábados, os familiares do menino que tem paralisia cerebral, se reúnem em uma tenda montada no calçadão do colégio Dom Pedro II, na rua do Imperador. O objetivo é arrecadar fundos para o tratamento de células-tronco na China, cujo valor chega a R$ 110 mil. O montante inclui alimentação, hospedagem, transporte, intérprete e o próprio tratamento em si. As pessoas que circulam pelo local acabam comovendo-se com a situação da criança e contribuem com doações em 26
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“A gravidez e os exames foram normais, mas demorou muito para ser feito o parto”, explica a mãe Márcia Schanuel Bastos
dinheiro. A ação em benefício de Gabriel não conta apenas com o esforço da família, pois a imprensa da cidade também tem desempenhado um papel fundamental na divulgação da causa. Márcia Schanuel Bastos conta que o filho obteve paralisia cerebral após a falta de oxigenação no nascimento. Tanto
ela quanto o marido não esperavam que isso pudesse ocorrer. “A gravidez e os exames foram normais, mas demorou muito para ser feito o parto. Ele ficou 40 dias na UTI e depois começou a fazer o tratamento de equoterapia e fisioterapia que é muito importante, mas lento”, relata. Desde então, Márcia e Silvio iniciaram uma luta contra o tempo para proporcionar melhor qualidade de vida para o menino. Foi através de uma reportagem sobre células-tronco, exibida no programa “Fantástico”, da “Rede Globo”, em 2009, que as oportunidades surgiram. “Soubemos do caso de uma menina do Recife que foi para a China e a partir daí, começamos a pesquisar sobre
VOLUNTÁRIOS Cleo, Laércio, Márcia e Sulvo na tenda do Gabriel
o assunto”, lembra. Além disso, Márcia conversou com pessoas ligadas a outros pacientes com o mesmo problema e, em 2010, decidiu organizar um movimento para custear a viagem para o outro lado do mundo. Rifas de camisas de times de futebol, almoços, jantares dançantes, eventos sociais em clubes da cidade e bingos. Tudo isso foi proporcionado com a ajuda de voluntários para angariar verba. “Ano passado, toda a cidade ajudou e até pessoas de fora. São Paulo, Sul do país, Minas e Três Rios”, comenta Márcia Schanuel. Com o dinheiro no bolso, a família partiu rumo a China, onde permaneceu por 45 dias. Para os pais do menino os resultados foram satisfatórios. “Os médicos perceberam uma mudança no Gabriel, mas acho que a melhoria foi no dia a dia. Antes, ele sempre tinha pneu-
TENDA A barraca montada no calçadão do Colégio Dom Pedro
monia, gripe, dor de ouvido e agora, a imunidade mudou. Ele consegue abrir as mãos e se alimenta melhor”, explica. A necessidade de se fazer novas aplicações de células-tronco de cordão umbilical, pelo fato de agirem no organismo por um ano, mobilizou mais uma vez os petropolitanos que continuam colaborando com depósitos em dinheiro, doações de roupas para venda, eventos em clubes sociais e a divulgação em rádio e televisão. “As pessoas se interessam muito pelo caso dele e se propõem a nos ajudar”, destaca. Assim, como da primeira vez, será preciso arrecadar R$ 110 mil. Desta vez, o tratamento será feito em duas etapas, uma delas, aqui no Brasil. “Vamos descansar após o retorno da China e no dia 28 de novembro começa a terapia intensiva aqui mesmo, mas ainda não sabemos se será em São Paulo, Rio ou Recife”. Diante de todo esse movimento de união solidária, também foram registra-
“Foram registrados casos de pessoas que se passaram por colaboradores da campanha para ganhar dinheiro”
dos casos de pessoas que se passaram por colaboradores da campanha para ganhar dinheiro em benefício próprio. A partir de denúncias, os familiares descobriram que um homem vendia rifas dizendo ser para o Gabriel e que uma mulher estaria oferecendo fotos da criança no terminal Itaipava. “Ela não tinha dia e nem hora certa pra fazer isso. Soubemos de gente que estava passando uma lista nas ruas pedindo ajuda. Nós chegamos a comunicar a polícia, mas é difícil pegar”, explica Márcia Schanuel. Já Silvio Bastos, comenta que em uma ocasião, um homem se passou por ele vendendo canetas. “Ele entrou com crachá da campanha dentro do ônibus. O cara chorou e
CONTRIBUIÇÃO Jovem deposita moeda de R$ 1,00 em urna colocada para ajudar Gabriel
tudo”, denuncia. Para Bastos, nada disso supera o empenho de promover melhores condições de vida ao filho. “Isso dá mais força para prosseguirmos. Quando faz equoterapia ou a Márcia não pode ficar aqui, eu venho. Nos sábados é mais tranquilo porque todos nós estamos reunidos”, salienta. O radialista Laércio Junior, da “Rádio Imperial”, é um dos principais colaboradores da ação social, pois atua junto com os pais do garoto, desde o início. Para ele, a etapa inicial do movimento foi mais fácil porque Petrópolis estava em período eleitoral. “Hoje, eu estou vendo certa dificuldade”, avalia. Ele ainda destaca o trabalho feito por todos os setores da sociedade. “O papel da imprensa em mostrar a situação do Gabriel foi importantíssimo e todas as TVs e rádios abriram muito espaço para isso. Os clubes da cidade também deram importância e a classe artística ajudou”. Laércio comentou um ponto sobre a campanha. Em frente à tenda do Gabriel, no calçadão do Cenip, foi colocada uma urna para que os transeuntes depositem R$ 1, caso fosse do interesse deles. O radialista enfatizou que especialmente as crianças e os cidadãos mais pobres se dispõem em ajudar. “Quanto menos as pessoas têm, mais se sensibilizam com o Gabriel. Da mesma forma que têm a dificuldade financeira, as pessoas se colocam no lugar dos pais. Um garoto pobre chegou com um pote de paçoca e deu o dinheiro que provavelmente ele ganhou com a venda. Têm pessoas que não poPetrópolis
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ANIMAÇÃO Grupo teatral Tindolelê anima a campanha do Gabriel
dem doar, mas se comovem”, exemplifica. A apresentadora de televisão, Cléo de Marco, também abraçou o movimento solidário. Ela parabeniza a iniciativa da sociedade, entretanto, critica a falta de atenção do poder público e da classe empresarial. “A ajuda do povo é inigualável, mas o que decepciona são os políticos. Os empresários também poderiam ajudar mais. Essa é uma campanha séria. Qualquer pessoa que chega na barraca, a Márcia mostra o extrato bancário e explica como é feito todo o tratamento da criança. O Governo Federal deveria ter um fundo para ajudar essas mães”, afirma. Análise do Especialista
O médico Luiz Felipe Pinto Duarte é neurofisiatra infantil desde 1973 e filho de Júlio Pinto Duarte, médico pioneiro no desenvolvimento da reabilitação nos casos de paralisia cerebral. De acordo com ele, esta doença não inibe, necessariamente, os movimentos no corpo. “É cerebral porque não afeta só o cérebro e sim outras estruturas do sistema nervoso central. Esse comprometimento é devido 28
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ESPECIALISTA Para o neurofisiatra infantil, Luiz Felipe Pinto Duarte, essa doença afeta o cérebro e outras estruturas do sistema nervoso central
a uma série de causas, sejam de natureza circulatória, infecciosa, traumática”, explica o neurologista. Segundo Luiz Felipe, esta doença do encéfalo é crônica e não evolutiva, contudo, os distúrbios podem piorar o controle do movimento com a falta de reabilitação. “Em casos mais leves, observa-se atraso no desenvolvimento
sensório psicomotor. De outra maneira, a lesão da estrutura do encéfalo é permanente, isto é, não tem recuperação, mesmo com a denominada reabilitação neurofuncional. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e o tratamento, melhor são os prognósticos, principalmente nos casos leves e moderados”, comenta. O neurofisiatra lembra que o atendimento de pessoas com paralisia cerebral deve ser multi e interdisciplinar e de preferência em centros de reabilitação que congregam profissionais da área da reabilitação especializada. A obtenção dos resultados depende da formação do médico, dos terapeutas e da condição terapêutica. Como instrutor do conceito “Bobath”, tipo especial de tratamento neurofuncional, Luiz Felipe considera que os familiares de pacientes portadores da doença devem estar conscientes do verdadeiro diagnóstico para que se obtenha resultados satisfatórios. “Nos casos mais graves e naqueles após longo tempo de tratamento sem sucesso, as deformidades do sistema muscular, articular e ósseo devem ser corrigidos cirurgicamente. Novas técnicas terapêuticas, ainda em pesquisa, têm sido preconizadas para certos casos de paralisia cerebral havendo a necessidade do controle neurofisiátrico continuamente. Os exames complementares para esta doença são essenciais para se definir o melhor tratamento”, ratifica. Ainda de acordo com o especialista, o tratamento torna-se eficaz quando é realizado diariamente, se possível, duas vezes ao dia, o que seria um regime terapêutico de internato ou semi-internato estando nas possibilidades sócio-financeiras das pessoas e do entendimento dos sistemas públicos de saúde. Como ajudar o Gabriel Doações Banco: Itaú Agência: 7965 Poupança: 01230-0/500 Gabriel Thompson Schanuel Bastos Informações: (24) 2280-0663 e (24) 8838-7184, com Márcia ou Silvio.
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Lá vem o
trem da Serra POR ALINE RICKLY
Luta, sonho, esperança e determinação. Quatro palavras definem o que diversas instituições buscam há mais de oito anos. O resgate de uma parte da primeira ferrovia instalada no Brasil, a Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, extensão da Estrada de Ferro Mauá - construída por Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá - é indicada como solução para o transporte e opção para o turismo.
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OUTRORA O trem subindo no meio da Serra
Estado do Rio de Janeiro), entre outros. Todas estas organizações batalham em prol da reativação da estrada de ferro. É uma alternativa turística e de transporte, além de ser uma causa que vai trazer movimento e benefícios para Petrópolis”, destacou Isabela. Uma das vantagens geradas é que, para ser cidade sede da Copa em 2014 e das Olimpíadas em 2016, Petrópolis precisa de no mínimo dois modais de acesso e hoje só conta com o rodoviário. As alternativas são os transportes aéreo, marítimo ou ferroviário. “Não dá para vir de avião, nem de barco, então a única opção é o trem”, acrescentou Isabela. Dois estudos já foram realizados para constatar a probabilidade da reconstrução desta via férrea. Um deles foi feito pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e é considerado um projeto de viabilidade técnico-econômico e o outro foi feito pelo presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, Antônio Pastori. “O meu inte-
O caminho da Estrada de Ferro Príncipe do GrãoPará ainda existe, alguns reparos são necessários, basta apenas investir em um trecho de seis quilômetros de trilhos que liga a Serra da Estrela, em Petrópolis, à Vila Inhomirim, em Magé.
resse pela volta da Grão-Pará aumentou em 2003, quando eu comecei o Mestrado em Economia. Eu trabalhava no BNDES, no Departamento de Transportes e Logística e tinha acesso a muitas informações que possibilitavam uma análise da recuperação dessa ferrovia. A defesa foi em 2007 e consegui mostrar que reinstalando os seis quilômetros de trilhos do plano inclinado da Serra da Estrela, seria possível restabelecer a conexão ferroviária com o Rio de Janeiro, pois da Raiz da Serra até a Estação Barão de Mauá (que fica no centro do Rio), ainda existem 49 km de trilhos numa linha subutilizada”, comentou. Para Pastori, a utilização da estrada de ferro é a alternativa lógica para os congestionamentos. “Quando morava em Petrópolis e ia para o Rio, perdia horas preciosas no trânsito”, diz. O presidente da AFPF também ressalta que o projeto mostra que, para resolver a situação caótica do transporte público, será necessária a combinação com outros modais, sendo que aqueles sobre trilhos são as melhores
AFFONSO ZARLOTTI FILHO
ideia começou na rodovia, dentro de um táxi que seguia viagem de Petrópolis para o Rio. O caminho da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará ainda existe, alguns reparos são necessários, basta apenas investir em um trecho de seis quilômetros de trilhos que liga a Serra da Estrela, em Petrópolis, à Vila Inhomirim, em Magé. Esta foi a sugestão que o taxista Osmar Cabral, 73, apresentou ao prefeito da cidade em 2003. Osmar levava, como de costume, o empresário que trabalha com projetos de interiores ferroviários – Otávio Henrique Ilha Campos, 54, ao Rio e conversavam muito durante o trajeto. Dali surgiu o sonho de ver a ferrovia reativada. Esta proposta encantou boa parte da sociedade petropolitana. “O trem vai levar os passageiros até o Rio. É um meio de transporte que não pega engarrafamento, não tem pedágio, a pessoa vai poder deixar o carro em casa e quando descer do trem pode pegar um metrô, ou seja, ela fica livre do trânsito”, explicou Osmar. Otávio é engenheiro e também se entusiasmou com o parecer do taxista. “Trabalho há 35 anos com transporte ferroviário de passageiros e considero esta iniciativa muito importante para Petrópolis. Os ônibus não são preparados para trafegar naquele tipo de caminho do meio da serra, são muitas curvas fechadas e existe o perigo constante de Ws. O meio de condução sobre os trilhos é o correto, vários países já descobriram isso, menos o Brasil. Restaurar a Príncipe do Grão-Pará é resgatar a história do país, já que ela faz parte da primeira ferrovia que foi instalada aqui”, enfatizou Otávio. Ainda em 2003 surgiu o GAPP (Grupo de apaixonados por Petrópolis), liderado por Osmar. Em 2008 foi montado pelo Comtur (Conselho Municipal de Turismo), o intitulado GT- Trem coordenado pela funcionária do Museu Imperial, Isabela Verleun. Juntos reuniram forças ao vincular todos os órgãos que lutam para restabelecer a ligação ferroviária Petrópolis – Rio. “O GT- Trem conta com 20 instituições, entre elas o IPHAN (Instituto Histórico e Artístico Nacional), o GAPP, a AFPF (Associação Fluminense de Preservação Ferroviária Regional Petrópolis), a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), a Firjan (Federação das Indústrias do
DESASTRE Em 1963, um acidente deixou três mortos Petrópolis
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ANTÔNIO PASTORI
OBRAS Viaduto da Grota construido em 1982
FOTO ATUAL Cerca de 250 famílias terão que ser removidas do leito da Grão-Pará
opções. “A Europa descobriu isso a dezenas de anos”. Em 2008, alunos da FGV (Fundação Getúlio Vargas), fizeram uma pesquisa chamada “A volta do Trem da Serra” na qual foi verificado que 83% da população quer o trem de volta. Além dessa pesquisa existe um manifesto na internet [manifestolivre.com.br] com 2.750 assinaturas e depoimentos favoráveis. “A ideia não é que seja utilizada a “Maria Fumaça” do passado, mas sim modernos trens elétricos, rápidos, seguros, confortáveis e não poluentes”, exaltou Pastori. Rachel Wider, 21, é formada em turismo e confia que esta conexão trará benefícios diversos para a cidade. “É a existência de um novo meio de transporte para participar ativamente da Copa e das Olimpíadas que não é afetado diretamente pelos problemas de tráfego. Do ponto de vista turístico temos outras vantagens, como a criação de um atrativo que se encaixa perfeitamente na economia da experiência, que visa oferecer aos visitantes emoções únicas dentro de uma viagem. Com o caminho de ferro em atividade, teremos, então, duas possibilidades: o atendimento daqueles que precisam chegar à 32
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cidade e não querem utilizar o transporte rodoviário. Teremos um forte produto turístico que, com uma adequada gestão, poderá atingir tanto segmentos de um público mais seleto com a criação de vagões específicos, como também uma maneira única de conhecer a Cidade Imperial e a beleza da Serra”, acredita. Tendo em vista a aproximação destes dois eventos de grande porte que serão realizados no Estado, a Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016, a ideia é que o trem seja ligado ao sistema da SuperVia, chegando à Estação Barão de Mauá e ao Maracanã sem enfrentar trânsito, nem lotação. Cada vagão irá suportar 120 passageiros e vai possibilitar a mobilidade humana. Segundo o diretor de Turismo Aníbal Duarte, este será um diferencial no âmbito do Estado. “O governador Sérgio Cabral sancionou em 2010 uma lei que declara a reativação da Príncipe do Grão-Pará como de interesse econômico e turístico para o Rio de Janeiro. Este é um investimento de R$ 70 milhões que, na medida em que o Termo de Cooperação Técnica for assinado e os recursos financeiros forem viabilizados pelo governo do Estado, poderemos ter a expectativa de concretização até 2014”, afirmou. Ainda assim, não há ainda previsão para o início das obras visto que é necessária uma elaboração dos projetos de engenharia para subsidiar as etapas seguintes do processo de concretização da reativação. Mas para dar início a esta ação é preciso a assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e os municípios envolvidos. Petrópolis já enviou este termo assinado na qual declara a integral concordância para o restabelecimento da ferrovia. A Prefeitura de Magé ainda não enviou o termo. A Revista On tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação do município, mas não obteve sucesso. Outra medida a ser tomada está relacionada ao mapeamento das famílias que ocupam irregularmente o leito da Grão – Pará. Isaac Kayat, 77, é o coordenador administrativo da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária - Núcleo Regional/ Petrópolis e também integrante do GAPP. Para ele, é indispensável que seja feito um levantamento da população que construiu suas casas no entorno da linha
férrea, assim como uma fotografia aérea daquele espaço. “Nós buscamos este objetivo porque será vantajoso. Nós somos idealistas porque lutamos, reagimos e brigamos, tudo por acreditar que esta medida é a mais correta a ser tomada. O investimento será alto, mas é um meio de transporte mais barato além de ser menos poluente”. A respeito das famílias irregulares, Isabela Verleun concorda que mesmo não sendo obrigatória a indenização, é necessário dar um destino digno a essas pessoas, seja em dinheiro ou dispor de um terreno para que sejam construídas casas populares. “A gente entende que a prefeitura tem outras obrigações, mas é nosso papel transformar isso numa prioridade”, argumentou. Se depender dos moradores o projeto sai o mais rápido possível, como explica a presidente da Ammes (Associação de Moradores do Meio da Serra), Balkis Zarlotti, 40. “A maioria das pessoas que residem aqui no Meio da Serra são favoráveis à volta do trem. No começo eles estavam com receio porque o novo realmente assusta, mas após algumas reuniões que fizemos para explicar a totalidade do estudo, foi aceito mais facilmente. Com o restabelecimento desta via podemos falar em crescimento, opção para o turismo, sem contar no investimento na comunidade que é tanto carente como pequena e simples”. O aposentado Célio Roberto Gastaldo, 65, é morador do Meio da Serra e concorda que será uma iniciativa positiva para o turismo, no entanto, não deixa de mencio-
“O meio de condução sobre os trilhos é o correto, vários países já descobriram isso, menos o Brasil. Restaurar a Príncipe do Grão-Pará é resgatar a história do país, já que ela faz parte da primeira ferrovia que foi instalada aqui”, empresário, Otávio Campos
Dados Históricos
A Estrada de Ferro Mauá foi inaugurada no dia 30 de abril de 1854 em seu trecho inicial, num espaço de 14,5 km. Mais tarde foi prolongada, chegando a 15,19 km. O intervalo ferroviário seguia da Estação Guia de Pacobaíba (antiga Estação Mauá), no atual município de Magé, até MEMBROS DO GAPP Fragoso. A extensão até Raiz da O taxista Osmar Cabral junto com o coordenador Serra (Vila Inhomirim ou administrativo da associação Fluminense de Preservação Fragoso) se deu em 1856, Ferroviária - Núcleo Regional Petrópolis, Isaac Kayat onde se iniciaria a subida por cremalheira (entre os trilhos uma peça metálica que encaiBrasil, D. Pedro II. xa numa parte do trem) para Petrópolis e A estrada de ferro esteve ativa por Areal. mais de 80 anos. Ela fazia o transporte de Em 19 de fevereiro de 1883 aconteceu cargas e passageiros pela mata atlântica. a inauguração da Estrada de Ferro Prínci- Porém, no dia 5 de novembro de 1964, o pe do Grão-Pará. No total, eram percor- ramal ferroviário foi considerado antiecoridos 6 km e na primeira viagem contou nômico e o tráfego foi suspenso. Na ocacom a presença do ilustre Imperador do sião os trilhos foram arrancados.
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nar que a rodovia facilitou muito a vida de quem mora na região, pois o trem transitava em poucos horários, já os ônibus têm toda hora. “Quando foi extinta a Príncipe do Grão-Pará o país estava vivendo um momento conturbado, os ferroviários viviam em greve”, lembrou. Célio também recordou que estava presente na última viagem daquele vagão. “Eu tinha ido me alistar, na época tinha 17 anos e quando voltei veio a notícia de que não teria mais o trem. No dia seguinte eu tinha que voltar ao batalhão e felizmente já havia uma lotação para fazer o transporte dos passageiros”, relembra. Com estudos prontos e com o número de pessoas envolvidas neste projeto, acredita-se que, em breve, Petrópolis contará com mais este meio de transporte, relembrando tempos antigos e, ao mesmo tempo, almejando o desenvolvimento. “É uma obra que se faz em menos de um ano. Nós somos muito ativos e temos muitas pessoas engajadas para que este sonho se realize. Tratamos desse assunto com o coração”, finaliza Kayat.
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La passione di Donato D'Angelo POR RAFAEL MORAES
Ele nasceu em Petrópolis no ano de 1919 e com apenas 20 anos formou-se pela Faculdade Fluminense de Medicina. Foi chefe de clínica do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do hospital Santa Teresa. Pai de seis filhos, avô de 17 netos e oito bisnetos, dedicou a vida à medicina e aos estudos para o avanço da ortopedia, sua especialidade. Médico e amigo da família do cantor Roberto Carlos, Donato D’Angelo se tornou referência na cidade petropolitana onde mora com a esposa Wanda, com quem é casado há 66 anos.
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história de Donato começa muito antes de seu nascimento, quando o pai - João Giovani D’Angelo -, um o imigrante Italiano, chegou ao Brasil. Depois de firmar moradia e ver um mercado de trabalho atrativo, trouxe os irmãos para a cidade imperial. De carregador de caixa a empresário, João se casou com Catharina Kling, uma descendente direta dos Alemães colonizadores de Petrópolis. Esse matrimônio resultou em apenas um filho, o pequeno Donato. Ele é casado há 66 anos com Wanda D’Angelo, 84, a qual ainda mantém um respeito imensurável pelo marido. “A boda de ouro já ficou para trás há 16 anos [risos]”, se diverte. “Nós erámos novos [quando casaram]. Fomos apresentados na confeitaria do meu sogro que ficava na atual rua do Imperador, antiga rua XV de novembro. Essa confeitaria era frequentada pela alta sociedade carioca que vinha passar o verão em Petrópolis. Getúlio Vargas, por exemplo, sempre ia lá fazer um lanche”, relembra. Segundo
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“Apaixonado por medicina, o jovem ingressou na faculdade aos 14 anos.”
MEDICINA A foto registra a formatura na profissão que sempre sonhou 38
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ela, o lugar era o ponto de encontro dos jovens. “Na época eu tinha 16 anos e ele, entre 23 e 24 anos. Quem nos apresentou na época foi o jornalista Jacinto, um carismático colunista social. Eu era do colégio Santa Catarina e ia para o cinema com as amigas e ele [Donato] já tinha me visto, mas não tinha coragem de se aproximar”, recorda o flerte com o marido, agora adoentado por conta de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Apaixonado por medicina, o jovem ingressou na faculdade aos 14 anos. Depois de formado na Faculdade Fluminense em Niterói, foi responsável por trazer a ortopedia para Petrópolis. Aliás, este serviço leva o nome do precursor, fato que foi lembrado no dia 22 de outubro, junto com o dia do médico, quando festejaram 60 anos de ortopedia no hospital Santa Tereza. Donato também atuava no Rio de Janeiro, onde tinha uma grande clínica particular. Ela funciona até hoje, mas é gerenciada por assistentes. “Quando completou 80 anos, achou que não poderia mais realizar cirurgias, foi quando mudamos definitivamente para Petrópolis, onde ele mantinha um serviço de ortopedia e continuou trabalhando. No entanto,
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JOÃO GIOVANI E CATHARINA KLING Os pais de Donato são de famílias tradicionais na cidade imperial
APOSENTADORIA Quando completou 80 anos, Donato preferiu se afastar do trabalho na capital e se mudou definitivamente para Petrópolis
infelizmente, oito anos depois ele teve o AVC”, diz inconformada. Como professor, dava aula na faculdade de medicina de Petrópolis. Foram 40 anos repassando o conhecimento adquirido por toda vida. “Participava de muitos congressos fora do país. Conhecemos a Europa inteira, sempre participando de
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a amar o que escolhemos para fazer, pois só assim nos dedicaremos o suficiente para nos tornar bem sucedidos em nossa escolha”, disse parafraseando Donato. Wanda também garante que o reconhecimento do marido na cidade é real, uma forma de recompensar o que a família D’Angelo fez por aquela terra. “Eles construíram o Teatro D. Pedro II. A prefeitura desapropriou, porque achava que a cidade precisava dele. Meu sogro mandou chamar da Itália um homem para desenhar o prédio. Ele tem uma acústica maravilhosa. Esses irmãos, tanto fizeram por Petrópolis que há muitos anos, um prefeito deu o nome de uma rua em homenagem a família. A rua é chamada de Irmãos D’Angelo”, destaca. Prova disso foi a homenagem que recebeu: a “Medalha Koeler", instituída pela prefeitura de Petrópolis, por ocasião do centenário da emancipação. A veneração pelo marido, Wanda não esconde de ninguém. Sem muito esforço ela desenha, com suas próprias palavras, “uma pessoa muita cordata, pelo certo, foi muito companheiro com os colegas e também nutria um amor muito grande pela família. Apesar do trabalho muito intenso, quase 17 horas diária, ele sem-
RECONHECIMENTO A estante ficou pequena diante de tantas homenagens
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congressos ortopédicos. Fomos a um na Índia. Ele sempre trocava conhecimentos com médicos de outros países”, revela a esposa que sempre o acompanhava. “Moramos na Itália por um ano e meio, quando ele foi fazer um curso de especialização”. Dos filhos, apenas um se formou médico, ainda assim, preferiu as pesquisas à prática. Para alegria do avô, um neto seguiu seus passos. “Ele trabalha no hospital Santa Teresa em Petrópolis como ortopedista”, conta orgulhosa a avó que, aliás, fez questão de ressaltar o carinho que os netos e os filhos têm por Donato. “Eles têm muito orgulho do pai. Os netos o adoram. Nós tínhamos uma praxe de uma vez por mês, reunir os netos, não todos, porque variam muito de idade. Sentavam todos em um jantar no Rio. Lá eles faziam perguntas e o avô contava as histórias de sua juventude ou como médico. Então, eles ainda o têm muito presente”, afirma. Para a filha Cristiana D`Angelo, 52, a principal qualidade do pai foi “ser sempre muito correto, amar o que fazia, pois foi com muito amor e seriedade que ele exerceu a medicina”. Para a neta Rafaela, 27, a lição doutrinada pelo avô foi muito importante para a vida dela. “Ele me ensinou
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POSSE Ser membro da Academia Brasileira de Medicina é o maior orgulho de Donato D’Angelo
MEDALHAS O quadro expõe medalhas e homenagens recebidas pelo médico Petrópolis
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EXERCÍCIO DA PROFISSÃO A primeira cirurgia de Donato auxiliando outro profissional
IRMÃOS D’ANGELO Donato com o prefeito Castrioto na inauguração da rua que levou o nome da família
os congressos pelo Brasil afora, mandam o convite para que eu vá representá-lo. Não posso, mas é a vontade deles”, se defende. A entrevista, concedida no apartamento bem localizado na rua Imperatriz, foi impregnada pela presença do médico nas fotografias, medalhas e diplomas pregados na parede. Dentre os reconhecimentos conquistados, o que Donato D’Angelo
se orgulha mais, foi a eleição para a Academia Nacional de Medicina, em 1995. O rei Roberto Carlos
Dentre os inúmeros pacientes, um deles merece destaque. Donato foi o médico da família do Roberto Carlos. “Ninguém sabia, foram descobrir agora em 2005, depois de 40 anos. Foi em um REPRODUÇÃO
pre encontrava um tempo para cuidar da família. Donato sempre quis fazer a carreira a universitária, então, ele se dedicava, pois a paixão dele era a ortopedia e o progresso dessa especialidade no Brasil”, explica. Sobre os anos de matrimônio, a fórmula parece estar na ponta da língua. “Não acho muito difícil. Se você tem um amor sincero, pode vir toda tempestade que não abala. Mas isso se constrói com a convivência, com o decorrer dos anos”, revela. Dos amigos, assegura a constante presença. Wanda confessa que a sociedade de ortopedia brasileira se mantem dedicada ao Donato e a ela também. “Estão sempre, carinhosamente, se manifestando. Todos
ROBERTO CARLOS Donato e Wanda são amigos do Rei há mais de 40 anos 40
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que os exames estavam normais. “Durante um mês, fez todas as avaliações e os resultados foram ótimos”, disse. Ocupações elencadas
RECORDAÇÃO Wanda guarda na memória e nos retratos a lembrança do marido
congresso de Ortopedia em Vitória no Espírito Santo. Lá o Donato foi homenageado por representar todos os ex-presidentes das sociedades de ortopedia. Roberto foi contratado pela entidade para fazer um show de abertura do congresso. Sabendo da homenagem, ele [Roberto] fez questão de parar o show e contar um pouquinho da vida dele e como era agradecido ao Donato”, explica o episódio, Wanda D’Angelo. Ela afirma que aquela foi a primeira vez em que o cantor falou sobre isso em público.
A doença
Tudo aconteceu em um domingo. Depois de um almoço em família, “Donatinho”, como é chamado carinhosamente pela esposa, chegou bem em casa. “Fomos dormir cedo porque, na manhã seguinte, ele seria operado de catarata, mas na madrugada passou mal. Foi muito duro para todos nós. Uma coisa que acontece com muitas pessoas, ninguém pode prever”, revela descontente sobre o dia em que um AVC adoentou Donato D’Angelo. Ela ainda garante
Em sua vida profissional, exerceu os cargos de chefe do serviço de ortopedia do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários do Hospital de Ipanema (1950-1977), do Hospital São Zacharias (1949-1952) e do Hospital Santa Tereza de Petrópolis (desde 1951). D'Angelo também foi professor titular de ortopedia da Faculdade de Medicina de Petrópolis, desde 1967. Durante a década de 70, também foi docente titular da Escola de Reabilitação da Universidade Católica de Petrópolis e da Faculdade de Medicina de Teresópolis, onde exerceu a chefia do Serviço da Disciplina de Ortopedia (1973-1976). Entre os anos de 1971 a 1998, foi editor-chefe da Revista Brasileira de Ortopedia. Pertenceu às seguintes sociedades: Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Internacional de Podologia, Italiana de Ortopedia e Traumatologia e Cubana de Cirurgia Ortopédica. Além disso, é membro fundador da Sociedade Brasileira de Reumatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão e da Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia do Pé. Exerceu a presidência da Sociedade de Medicina de Petrópolis, no biênio 1963-1964. Recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, com destaque para a Medalha da Ordem do Mérito Naval, concedido pela Escola Naval (1975), o título de Médico Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, conferido pela Alerj (1991) e algumas moções Congratulatórias pela Câmara Municipal de Petrópolis, nos anos de 1971, 75, 89 e 95. Além disso, o colégio Brasileiro de Cirurgiões concedeu-lhe o título de Membro Emérito, em 1991, por suas realizações profissionais. Foram grandes conquistas em uma existência consubstanciada pela vontade de contribuir com a medicina. Um marido, pai e avô dedicado que é superestimado pela família e amigos. Diante destas qualidades, agora Donato conta com o afago constante da esposa, filhos e netos para vencer mais esta adversidade. Petrópolis
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Do mundo virtual para o real POR ALINE RICKLY
Maurício Lago: Banda petropolitana saiu do Myspace para os palcos mais badalados da cidade
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os dias atuais, o desejo de muitos adolescentes e até adultos é formar um grupo musical. Mas emplacar nesta área não é simples. Diversas bandas surgem diariamente, a competitividade é grande e conquistar uma plateia que está cada vez mais exigente, não é uma tarefa fácil. A Maurício Lago surgiu em 2007 quando o jovem Saulo von Seehausen, 23, resolveu gravar algumas músicas acústicas e postar na internet sob este pseudônimo. Na ocasião, o Myspace registrou mais de duas mil visualizações. O sucesso das canções fez com que Saulo 42
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convidasse o irmão Lucas von Seehausen, 21, e os amigos Paulo Vitor Figueiredo, 23, Pedro Fernandes, 22, e Bruno Bade, 25, para formar o grupo. Depois de algumas mudanças com os guitarristas, na qual também passou pela formação o estudante Guilherme Louro, 27, substituindo o Paulo Vitor, finalmente foi a vez de chamar Felipe Duriez, 21. “Nós começamos a ter mais contato com o Felipe porque ele constantemente ia aos shows. O fato dele gostar do nosso som influenciou na escolha, além de ser um bom guitarrista”, destacou o baixista Pedro Fernandes. Felipe conta que já era velho conheci-
“Eu já era fã e queria de alguma maneira fazer parte daquele universo que envolvia a Maurício Lago”, guitarrista Felipe Duriez
do de Lucas e Saulo, pois, haviam tocado em um festival juntos. Em 2010, foi feito o convite e Felipe participou de um teste para a ML (forma carinhosa como os amigos e fãs chamam a banda). “Havia uma fila de gente querendo tocar com eles, e,
ARQUIVO PESSOAL
ENSAIO Os irmãos Saulo e Lucas influenciados pela música desde crianças
felizmente eu fui o escolhido. Desde então, me dedico ao projeto, ajudo o Saulo com as composições, faço shows e me divirto. Eu já era fã e queria de alguma maneira fazer parte daquele universo que envolvia a Maurício Lago”. Em julho deste ano, aconteceu o lançamento do primeiro álbum independente intitulado “Champagne for the Brain”. No show de lançamento, mais de 400 pessoas entre familiares, amigos e fãs prestigiaram o trabalho dos meninos. Segundo Pedro, este foi um momento único para eles. “Depois de três anos fazendo shows e trabalhando para realizar esse ideal, ter um CD com as nossas músicas, do nosso jeito, com todo mundo presente, foi sensacional. Estamos muito felizes não só de ter chegado até aqui, mas FERNANDO CAMMAROTA
“Nas redes sociais, os números são expressivos, só no facebook e twitter são mais de 2.000 fãs, no Myspace mais de 18 mil visualizações e no Youtube cerca de 8.000 exibições”
APRESENTAÇÃO Um dos momentos mais especiais para a banda foi o show no Vilarejo
de ver que as pessoas gostam do nosso trabalho e nos apoiam o tempo inteiro”, comentou. O álbum, de composições próprias, traz o diferencial: todas as músicas são em inglês. De acordo com Saulo, esta é uma forma de conseguirem se comunicar com mais pessoas através da língua, que é universal. “O resultado final do CD ficou excelente, composto por 12 canções. O título foi uma forma de comparar o champagne, uma bebida que traz boas sensações, ao disco que também tem o objetivo de levar energias agradáveis para o cérebro”. Eduardo Pessanha, 29, foi o responsável por fazer os desenhos do encarte. “Os garotos me pediram uma arte totalmente psicodélica, seguindo algumas ideias apresentadas antes. Para ser sincero,
nunca tinha escutado eles tocando, mas as referências que me passaram foram suficientes para fazer a capa como se fosse para o meu grupo preferido e o resultado agradou a todos”, enfatizou. A banda também contou com o apoio de uma agência de publicidade que fez a diagramação e o rótulo do CD. “Nós ajudamos na divulgação, fizemos uma campanha de e-mail marketing e filipetas para divulgar o evento e, além disso, os adesivos que são vendidos pela banda”, disse um dos sócios da agência, Paulo Vitor Bernardo da Silva, 22. Por onde a Maurício Lago passa conquista admiradores. Nas redes sociais, os números são expressivos, só no facebook e twitter são mais de 2.000 fãs, no Myspace mais de 18 mil visualizações e no Youtube cerca de 8.000 exibições. A força dos amigos também é importante. “O apoio dos nossos colegas sempre foi e ainda é essencial. Eles comparecem aos nossos shows, divulgam o nosso trabalho, aplaudem a cada música, ajudam a carregar equipamentos, desenvolver novidades e tudo mais”, conta Pedro. Bruno Pereti, 20, acompanha os garotos desde o começo, até mesmo antes de o conjunto ser formado. “O cenário musical de Petrópolis já contou com bons grupos, mas poucos conseguiram fazer uma música com qualidade e buscar caminhos fora da cidade como a ML. Eu acredito que eles têm tudo para despontar no Brasil”, elogia. O pai de Saulo e Lucas, Paulo Roberto Lisboa, 56, conta que os filhos demonstraram interesse pelo mundo musical muito cedo. “O Saulo fez a sua primeira composição aos sete anos. Ele tem estilo de liderança, é firme e competente. Eram garotos arteiros, mas sempre tiveram uma queda pela música. Quando assisti ao ensaio deles, depois de ter visto o show, percebi a seriedade com que se comportam no palco. Eles valorizam o trabalho com respeito e por isso tem toda a possibilidade de dar certo”, disse o pai orgulhoso. Mas nem todo o início é simples. Lucas explica que quando começaram foi difícil arrumar lugar para tocar. Já que ninguém os conhecia. “Como somos independentes, às vezes o dinheiro fica curto. Nossa filosofia é que a banda se custeie, assim, não coPetrópolis
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FERNANDO CAMMAROTA
CARREIRA
FERNANDO CAMMAROTA
SHOW Mais de 400 pessoas prestigiaram o espetáculo
“É comum no final de alguns shows, os donos dos estabelecimentos ou técnicos de som que mal falaram conosco, vir elogiar e pedir o contato”, guitarrista Lucas von Seehausen
locamos nenhuma verba nossa. O problema é quando surge a oportunidade de tocar fora de Petrópolis, no Rio ou Juiz de Fora, por exemplo, porque temos que alugar van para ir. Uma das soluções, foi chamar alguns amigos para irem juntos. Assim, não ficou pesado para ninguém”, esclarece. “Na cidade também é complicado o fato das pessoas julgarem antes de conhecer o trabalho, principalmente porque somos muito novos. Mas é comum no final de alguns shows, os donos dos estabelecimentos ou técnicos de som que mal falaram conosco, vir elogiar e pedir o contato”, garante Lucas. O grupo já se apresentou em bares, restaurantes e nas boates mais conhecidas da região. Desde setembro de 2010 até agora, 44
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FORMAÇÃO DA BANDA Seriedade e comprometimento são características dos jovens
foram realizados 40 shows. A banda já ganhou a votação do Júri Oficial das seletivas cariocas do festival Música Alimento da Alma - MADA 2009 - e também atingiu quantidade de votos máxima no Festival de Bandas Independentes de Juiz de Fora em 2010. Led Zeppelin e The Beatles são as principais inspirações. As influências da Maurício Lago são muitas, entre elas artistas como The Beatles, Led Zeppelin, Elvis Presley e também alguns mais modernos como Lady Gaga, Katy Perry e Black Eyed Peas. Mas se fosse para dar início a um show,
Saulo confessa: “Abrir um evento no qual o Foo Figthers fosse tocar seria incrível. É como fazer uma apresentação na Cavern Club, na Inglaterra, lugar onde os Beatles começaram a carreira”. A primeira música de sucesso da ML foi a “Three Months”. Atualmente, os meninos estão em turnê com o Champagne for the Brain que destaca músicas como: Just Give Me a Second Heart, Bubble Gum Brain e Falling Faster. Em suas apresentações, o grupo mantém as principais características: o tradicional figurino (blusa social e gravata) e o primor pela energia e irreverência, inerentes ao estilo.
Petr贸polis
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SHUTTERSTOCK
GASTRONOMIA
O Paladar de
Cláudio Gomes POR JOSÉ ÂNGELO
FOTOS REVISTA ON
Nesta edição da Revista On, você vai conhecer o trabalho do sommelier petropolitano, responsável pela adega de um conceituado restaurante da cidade, um dos mais visitados.
S
ommelier é o termo francês empregado para designar o profissional especializado na conservação e degustação de vinhos. O conceito surgiu na antiguidade, quando os imperadores, reis ou nobres tinham um subordinado que experimentava um pedaço de cada comida e ingeria um gole das bebidas antes de serem apresentados ao senhor. Este indivíduo colocava sua própria vida em risco, caso os alimentos ou os líquidos fossem envenenados por algum inimigo de seu superior. Atualmente, esta ideia nem passa pela cabeça de quem também faz a degustação de vinho. A aula de história foi dada por Cláudio Gomes. Atualmente trabalha na adega de um restaurante na Vila Luiz Salvador, em Itaipava. “Tem que provar os vinhos para saber a qualidade do produto e a harmonização do mesmo na hora da venda ou no momento em que for servida uma especialidade de prato”, explica. Na prática, este profissional deve, obrigatoriamente, conhecer as técnicas 46
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“O sommelier tem que provar os vinhos para saber a qualidade do produto e a harmonização do mesmo na hora de uma venda ou no momento em que for servida uma especialidade de prato”, sommelier, Cláudio Gomes
de degustação para executar uma correta análise sensorial. Com esse propósito, é necessário exercitar-se para manter treinada a própria memória olfativa e gustativa. “Para atuar nesta área, tem que ter experiência. Temos que saber quando o vinho é apropriado para o tipo de refeição pedida pelo cliente”, esclarece. Outro detalhe interessante é que o especialista deve ter conhecimentos de vitivinicultura, enologia (ciência que estuda os aspectos referentes
ao vinho) e procedimentos de vinificação. Cláudio Gomes lembra que para exercer esta função com sucesso, é preciso se preparar em cursos oferecidos pela Associação Brasileira de Sommeliers e, quando formado, sempre se atualizar sobre as novidades do mercado e tudo o que se relaciona ao aspecto qualitativo da bebida. “Só através de concurso que recebemos o pin, um broche entregue pela associação brasileira e numerado. O meu é o 15”, comenta descontraído. Ele é um dos 37 especialistas que possuem essa certificação. Em seu currículo, está o segundo lugar do concurso na categoria regional em 2006 e o quarto lugar no concurso nacional disputado em 2009. Sua formação data de 2003, mas o primeiro contato com a área ocorreu há 15 anos, pois sempre se interessou por isso. “Fui sargento do exército por cinco anos e meio e depois tive que dar baixa. Aí veio o pensamento do que iria fazer na vida. Eu frequentava restaurante e depois trabalhei como garçon. Foi então, que tive curiosi-
teção solar, ou seja, evita queimaduras solares na pele. Além disso, combate o mau colesterol e inibe as células de gordura. Eu, por exemplo, emagreci 11 quilos, só por beber vinhos acompanhado de uma alimentação sadia”, explica. Destaque como Sommelier
ADEGA A variedade de vinhos està à disposição de clientes no bistrô onde trabalha
dade no trabalho de sommelier. Fui perguntando para os especialistas e gostei da atividade”. Hoje, além de trabalhar, orienta as aulas de cursos básicos no Rio de Janeiro e nas associações. Dicas para quem está começando
Quem pretende iniciar nesta carreira deve ficar atento, pois segundo Gomes, além da obrigação de ter que entender tudo sobre vinho, também necessita estar atento a outros aspectos. “Além da técnica, é preciso saber de onde vem o produto. Tem que conhecer a geografia do país, o clima de cada região produtora. Tudo isso influencia”, explica. De acordo com ele, aprender línguas estrangeiras também ajuda no processo de
crescimento profissional. “Hoje eu falo francês e estou estudando italiano, porque para fazer um concurso, por exemplo, tem que ter no mínimo dois idiomas”, diz. Alguns manuais de vinhos não são escritos em português, daí mais um motivo para se falar outros idiomas. À primeira vista pode parecer um trabalho simples e fácil, mas não é bem assim. A atualização é diária. “Precisamos verificar ofertas e estar em contato com os importadores. Mas, para isso, tem que haver preparo, entender tecnicamente os conceitos desta bebida. É primordial ler a Bíblia do Vinho”, aconselha. O compromisso aumenta porque adicionalmente a isso, este profissional cuida da compra, armazenamento e da rotação das adegas, além de elaborar as chamadas cartas de vinho nos restaurantes. Satisfação pessoal
DEGUSTAÇÃO O exame pelo olfato é essencial na verificação da qualidade do vinho
Cláudio Gomes afirma que a carreira tem lhe proporcionado momentos interessantes na vida, pois através dela, passou a ter contato com pessoas de vários níveis sociais e culturais. “Acho que tem isso no vinho, pois ele traz uma boa conversa, aproxima as pessoas, gerando um clima agradável para um bate papo”, destaca. Além disso, a famosa bebida trouxe benefícios para a sua própria saúde. “Em uma pesquisa feita, constatou-se que o vinho ingerido ajuda na pro-
Devido ao seu vasto currículo e experiência, Cláudio Gomes ganhou mais status ao ser o único profissional selecionado para atender ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dois eventos distintos. “Foi feita uma relação do pessoal através da Associação Brasileira de Sommeliers. Pesquisaram praticamente tudo sobre minha vida. Depois, fui o escolhido para servir vinho ao ex-presidente na casa de um empresário no Rio de Janeiro”, afirma. Na outra ocasião, já em um restaurante de Itaipava, novamente o sommelier teve a oportunidade de encontrar com Lula, que fazia uma visita política a Petrópolis. “Ele [Lula] é uma pessoa muito cativante e acolhedora. Foi um episódio muito bacana”. Cláudio diz que apesar de já ter participado de encontros com políticos, com o ex-chefe do executivo federal, foi marcante. “Fiz degustação de vinhos em reuniões com senadores e outros políticos, mas esta eventualidade foi, sem dúvida, a mais importante”, ressalta. Fases da degustação
Experimentar vinho consiste em apreciar e decodificar a maior quantidade possível de sensações que esta bebida é capaz de causar nos clientes. Por isso, a degustação feita pelo sommelier divide-se em três fases. A primeira é o exame visual, onde é avaliada a cor, tonalidade, limpidez, fluidez e transparência. O segundo aspecto é verificar se o vinho apresenta aromas abertos ou frutados e se há algum problema na bebida. E a terceira e última etapa é o teste gustativo. Nesta, analisa-se a intensidade do paladar, fazendo uma comparação com as outras fases para, enfim, dar o parecer final. “Só assim conseguiremos identificar que prato acompanharia determinado tipo de vinho”, finalizou Cláudio Gomes. Petrópolis
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PUBLIEDITORIAL
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Petr贸polis
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PAPO DE COLECIONADOR
A cortiça do
amor
POR ALINE RICKLY FOTOS REVISTA ON
SHUTTER STOCK
Pelo mundo afora existem colecionadores dos mais diversos tipos de objetos. Há quem tenha carros antigos, cachaças, relógios, chaveiros, bonés, camisas de futebol e até bonecas. Os motivos para juntar algo se devem ao carinho especial pelos objetos. Em Petrópolis descobrimos um caso a parte: um colecionador de rolhas de vinho, que começou em uma festa de Bodas de Prata. Dá para acreditar?
O
técnico em máquinas de costura, Fernando Luiz Motta, 54, começou a se interessar por vinhos há cinco anos. Desde então, decidiu guardar as tampas de cortiça das bebidas que degustava e, atualmente, contabiliza 800 rolhas que fazem parte da decoração da cozinha da casa. O início desta coleção tem a ver com o seu casamento. Nos anos 70, conheceu a mulher, Denise Alves Cataldo Motta, 51, em uma confecção onde trabalhavam. Ela no escritório e ele na manutenção das máquinas. Denise conta como eles começaram a se envolver. “Ele passou a investir no flerte, me dava carona, na época eu estudava à noite e um mês depois marcamos de ir ao cinema, foi quando resolvemos namorar”, relembra. Depois de um ano e meio de namoro, o casal resolveu noivar e, no dia 12 de setembro de 1981, se casaram. Em 1984 nasceram os primeiros filhos do casal, os gêmeos, Ector Cataldo Motta, 27, e Igor Cataldo Motta, 27. Quando os meninos completaram dez anos em 1993, nasceu Yuri Cataldo Motta, 18. 50
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Em 2006, na comemoração das bodas de prata, o casal estava em Cabo Frio e, para festejar, optaram por desfrutar um bom vinho. Esta foi a primeira vez que guardaram uma rolha, anotaram a data e levaram para casa. “Começou com uma brincadeira, não tinha a pretensão de virar um colecionador. Atualmente, tentamos não repetir os rótulos, mas o objetivo mesmo é guardar as lembranças dos momentos que comparti-
COLEÇÃO Mais de 800 rolhas enfeitam a casa de Fernando
lhamos juntos”, explicou Fernando. Ainda assim, a ideia de juntá-las surgiu quando eles viram uma garrafa cheia de rolhas e pensaram em “guardar para usar como enfeite”, disse Denise. Hoje, devido à quantidade, eles já estudam novas opções de lugar para colocar a coleção. Quando saem para jantar, nunca esquecem as tampas. “Na hora que o garçom abre o vinho, ele pega a rolha e oferece para a gente cheirar e sentir o aroma da
ARQUIVO PESSOAL
uva, logo depois a deixa em cima da mesa e aí eu pego e coloco na bolsa da Denise e levamos para casa. Os meus filhos quando bebem vinhos em outros lugares, também levam”, acrescentou Fernando. O técnico conta que, quando era jovem, colecionava figurinhas, shorts e agasalhos. Mas as rolhas são especiais. “Em cada uma delas já vem as determinadas marcações de safras e vinícolas. Esta coleção é importante porque remete ao momento em que o produto foi consumido”, comentou. Interesse por vinho virou hobbie
Fernando passou a estudar e pesquisar mais sobre a bebida quando descobriu que era hipertenso. “Sempre que tomava cerveja, sentia uma dor de cabeça no dia seguinte. Aí constatei que a minha pressão subia sem eu perceber, então resolvi parar com a cerveja e passei a me interessar mais pelo vinho até por ouvir que faz bem a saúde”, ressaltou. “Também comecei a colecionar as garrafas dos vinhos que consumia, tinha a intenção de fazer uma parede, mas depois percebi que com o tempo os rótulos iriam se desfazer e perderia o sentido. Mais tarde comprei uma adega que dificilmente fica cheia, pois, meus filhos também começaram a demonstrar interesse pela bebida e então, sempre bebemos o que compramos”, destacou Fernando. Denise está sempre ao lado, acompanha, também bebe, mas em menor quantidade. “Eu curto junto com meu marido, mas vou devagar, tomo três taças no máximo”, esclarece. Os rótulos preferidos de Fernando são os argentinos e chilenos. “Este é um hobbie caro e para beber diariamente temos que optar pelos preços mais acessíveis
ROLHA Esta foi a rolha das bodas de prata em 2006
CASAL COM OS FILHOS Todos da família, quando bebem um vinho, levam a rolha para juntar à coleção
como é o caso dos vinhos da América Latina, que eu gosto muito. O Brasil também está com uma safra boa.” Ele confessa que toma no máximo uma garrafa, mas já ultrapassou essa marca com amigos, quando detonaram sete vinhos. “A ressaca no dia seguinte foi forte”, revela se divertindo com a bebedeira. Em 12 de setembro, o casal comemorou a bodas de pérolas com a família reunida, amigos e uma boa rodada de vinhos. A cortiça
Aberta a garrafa, é logo desprezada, no entanto, poucas pessoas sabem da relevância das rolhas de cortiça. Ela surgiu em Além-Tejo, Portugal, vindo de uma árvore chamada “sobreiro”, cultivada no Sul da Europa. Esse material apresenta vantagens como impermeabilidade, elasticidade, resistência e durabilidade. Existem diversos tipos de rolhas de cortiça que são utilizadas de acordo com
“Esta coleção é importante porque remete ao momento em que o produto foi consumido”, técnico em máquinas de costura , Fernando Luiz Motta
a bebida. Segundo o sommelier, Marcos Toneli, 35, essas tampas são indicadas para vinhos que duram de 15 a 20 anos. “O vinho tem que estar em contato com a rolha, pois, é importante para o seu envelhecimento”, disse. Atualmente, a cortiça está sendo substituída por rolhas sintéticas, mas o sommelier adverte que elas não são ideais em algumas ocasiões. “A sintética foi feita para os vinhos que têm como objetivo o consumo rápido, aqueles que duram de dois a seis anos”, alertou Marcos. Petrópolis
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DIVULGAÇÃO-ARI GOMES
ESPORTE
Passadas largas na
linha de
chegada
POR JOSÉ ANGELO
O mineiro Giovani dos Santos, da associação Atlética Pé de Vento de Petrópolis, foi o único fundista do grupo a conquistar uma vaga na competição. Ele vai disputar uma medalha nos 10 mil metros de pista. O MESTRE E O PUPILO O técnico Henrique Viana posa na foto com Giovani dos Santos, que conquistou a medalha de bronze nos 10 mil metros de pista
O
atleta, de 30 anos, foi o único atleta da equipe Pé de Vento/ MEP que conseguiu a classificação para os 10 mil metros de pista nos jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México. Giovani dos Santos nasceu no interior de Minas Gerais, o maratonista integrou o grupo há dois anos, mas durante este período conquistou importantes medalhas para a cidade. Foi campeão da corrida de São Sebastião no Rio, ganhou a Meia Maratona de São Caetano, ficou em quarto lugar na São Silvestre de 2010 e segundo melhor brasileiro, além de ter conquistado a Corrida da Ponte, em 2011. A preparação para o Pan-Americano é feita desde junho deste ano no Campeonato Sul-Americano, disputado na Argentina. “Ele participou também do Troféu Brasil de Atletismo e depois teve outras competições onde conseguiu manter a marca dele”, ressalta José Cícero Eloy, companheiro de equipe. Eloy, diretor social de marketing da associação Atlética Pé de Vento é formado em Comunicação Social e Letras e acompanhou todo o trabalho de preparação do colega para a competição no México. “Ele passou a integrar a seleção brasileira no Pan-Americano. Depois ficou um mês em treinamento específico e, em setembro, foi 52
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“O atletismo te põe de igual para igual com os outros”, treinador, Henrique Viana
para a cidade de Sucri e treinou até o início dos jogos”, explica José Eloy. De acordo com ele, a vaga foi disputada em todo o país, incluindo vários integrantes da equipe petropolitana, mas apenas Giovani dos Santos foi o privilegiado. “Ao todo, eram duas vagas no Brasil e uma ficou com a gente. São Paulo ficou de fora e outros estados também e ao todo, 12 atletas da equipe estavam buscando uma chance”, diz ele que, assim como os demais atletas, realiza treinos no Parque de Exposições, em Itaipava. Henrique Viana é especialista em medicina do esporte, treinador, fundador e presidente da equipe, além de membro do conselho técnico da Confederação Brasileira de Atletismo. Ele é um dos técnicos mais vitoriosos do país, quando o assunto é sobre medalhas em corridas de fundo em torneios internacionais e olimpíadas. “Na verdade, isso não ratifica a história da associação ao longo dos anos. Das três medalhas em corrida a longa distância em
campeonatos mundiais, duas são da Pé de Vento. Daí a dificuldade de se ganhar”, comenta. Segundo Henrique, em 1994, Ronaldo da Costa conquistou a primeira medalha brasileira de bronze no atletismo, completando a prova em uma hora e 54 minutos. No ano seguinte, o maratonista Henrique Viana conquistou uma medalha em um mundial. O treinador afirma que Giovani dos Santos entrou para o grupo com o objetivo de ser um maratonista, entretanto, o início de carreira do atleta, assim como a vida pessoal, não foram fáceis. “Ele tem uma história muito interessante. Estava em situação ruim e pediu pra treinar comigo, mas não tinha resultados expressivos. Naquela época queria muito ser maratonista e no olhar dele entendi que eu era a única esperança e, por isso, estava muito determinado. Tinha um pólo de treinamento em Minas Gerais e ficou surpreso quando liguei pra ele e o chamei pra treinar. Ou seja, antes estava envolvido com álcool e problemas financeiros e adorava correr, mas não tinha resultados. Hoje, nem pensa nisso. O atletismo te põe de igual para igual com os outros”, conta o técnico Henrique Viana. Damião Ancelmo de Souza é alagoano e parceiro de equipe de Giovani dos San-
DIVULGAÇÃO-ARI GOMES
“Eu vi o Franck e foi quando entendi que queria ser igual a ele e hoje, já são dois anos e três meses de atletismo profissional”, maratonista Giovani dos Santos
NO PÓDIO Giovani dos Santos após a conquita da medalha de bronze no Pan-Americano de Guadalajara
exercícios no exército e em uma ocasião, me disseram que eu tinha porte para ser competidor”, lembra. Quando teve a oportunidade de observar outros fundistas como Franck Caldeira de Almeida, sentiu que também poderia fazer parte deste grupo e através de sua própria força de vontade em se tornar um desportista, iniciou a carreira. “Eu vi o Franck e foi quando entendi que queria DIVULGAÇÃO-ARI GOMES
tos. Ele também estava se preparando para disputar uma vaga nos jogos Pan-Americanos de Guadalajara. Em abril deste ano, os dois venceram a Corrida da Ponte Rio-Niterói após cruzarem a linha de chegada juntos e de mãos dadas. Na ocasião, a Confederação Brasileira de Atletismo reconheceu apenas Giovani como primeiro colocado, porém, ambos registraram a marca de 1h06min10. Para Damião, o colega apresenta um grande potencial e sempre será um dos favoritos em qualquer competição que disputar. “Ele tem chances no Pan-Americano e eu creio que terá um bom resultado nos jogos. Santos foi o quarto colocado na São Silvestre e superou todas as dificuldades e agora só traz bons resultados”, acredita o maratonista de 32 anos.
Apoio da Secretaria de Esportes
Perfil do atleta Giovani nasceu em 1° de setembro de 1981 no interior do Estado de Minas Gerais e sempre foi muito pobre. Envolvido com bebidas alcoólicas e sem dinheiro, viu no esporte uma maneira de superar os desafios e vencer na vida. “Minha infância foi muito sofrida, pois tinha que estudar de manhã e trabalhar à tarde para ajudar minha família”, ressalta o maratonista. Foi através do exército que o atleta mineiro descobriu que tinha vocação para ser esportista e vontade de participar de competições nacionais e internacionais na modalidade de corrida. “Eu fazia muitos
ser igual a ele. Já são dois anos e três meses de atletismo profissional”. Neste curto período de tempo, Giovani obteve muitas vitórias e conquistou posições importantes no cenário esportivo nacional. Ficou em terceiro lugar na Meia Maratona de São Caetano, foi o quarto colocado na Corrida de São Silvestre em 2010, Campeão da Corrida da Ponte Rio-Niterói, ganhou a corrida de São Sebastião no Rio e foi o grande vencedor na categoria Elite (atletas profissionais), da oitava edição da Meia Maratona A Tribuna-Praia Grande, em Minas. Quanto a sua classificação para os Jogos Pan-Americanos, no México, Giovani dos Santos diz que não acreditava que poderia estar entre os representantes do Brasil na competição. “Na verdade foi uma surpresa. Estava treinando e ao competir na Argentina consegui me classificar e creio que agora tenho tudo para conseguir uma medalha. Viemos de competições fortes e tenho de tudo pra dar certo no Pan-Americano. O que eu quero é fazer um belíssimo treinamento e trazer uma medalha para o nosso país”, concluiu.
ATLETA Giovani dos Santos se preparando para mais um dia de treino
O secretário de esportes e lazer de Petrópolis, Carlos Alberto Lanceta, ressaltou a importância desta conquista para a cidade. “Ele é o único representante do Rio de Janeiro na equipe que vai disputar o Pan-Americano. É importante porque o esporte vive um momento capitalista. A Pé de Vento é a maior equipe formadora de fundistas. O Cruzeiro (de Belo Horizonte) também tem uma equipe forte assim como outros grupos pelo país. A cidade (de Petrópolis) precisa desse referencial da associação petropolitana porque é uma das sedes para o alojamento de delegações para a Copa do Mundo”, ressaltou. Petrópolis
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ACONTECEU
PISTA DE GRAMA Mais de 200 cavaleiros participaram
11º Concurso Hípico de Inverno POR ALINE RICKLY
FOTOS REVISTA ON
O Haras Massangana promove anualmente, desde 2000, o Concurso Hípico de Inverno. A prova atrai pessoas de diversos lugares do país, assim como competidores das categorias amadora e profissional. Além disso, contribui para o crescimento do Brejal e redondezas.
N
o mês de agosto aconteceu o 11º Concurso Hípico de Inverno do Haras Massangana. O GP (Grande Prêmio), foi conquistado pelo mineiro Pedro Paulo Lacerda. Pedro montou no Empire Cepel Sítio Chuin e completou a primeira volta da prova em 87s88 zerando a passagem. Na segunda volta a disputa foi acirrada, pois Luiz Francisco de Azevedo também tinha fortes possibilidades de vencer o GP, mas na última volta, cometeu uma falta dando a vitória a Pedro Paulo Lacerda que faturou R$ 20 mil. Esta edição do concurso distribuiu mais de R$ 100 mil. “As provas tiveram a melhor premiação em 11 anos de evento”, declarou o gerente da coordenadoria Marinho, José Francisco Alves Nascimento, 54
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conhecido como “Tamburete”. O gerente trabalha há 37 anos com hipismo e comenta que o concurso do Massangana é um dos melhores da Serra. “Aqui vemos concorrentes do Brasil inteiro, cavalos de grande porte e um grande público”, frisou. A prova tinha como objetivo reunir os amigos que deixavam os cavalos na Serra, conta o responsável pelo Haras e diretor esportivo da Sociedade Hípica, José Marcos Baptista. “Era um evento para o sábado, mas atendendo aos pedidos, se tornou um campeonato nacional que acontece em quatro dias”, diz. Neste ano, 200 cavaleiros participaram e mais de 2.000 pessoas prestigiaram o evento. O Haras esteve com lotação máxima; comporta 260 cavalos. Sylvia Maria da Glória de Mello Fran-
SALTO Duas mil pessoas estiveram presentes para assistir o concurso
co Nabuco, 76, é mãe da proprietária da coudelaria, Sylvia de Almeida Braga. Orgulhosa, diz que este é um evento muito importante. “Este concurso é o mais charmoso da Serra. Eu participo todo ano”, comentou Maria, conhecida como Vivi Nabuco. O cavaleiro Luiz Felipe de Azevedo também participou da prova. Dono de duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos, uma em Atlanta, 1996, e a outra em Sidney, 2000, foi finalista de três etapas da Copa do Mundo de Hipismo, em 1983, 1991 e 1998. “Acho que o futuro do hipismo está nesses eventos que acontecem na ‘Serra’. A Sylvia foi minha aluna e fui patrocinado pelo Haras Massangana nas duas Olimpíadas. É uma emoção muito grande participar deste concurso”, salientou. Durante os dias de competições, outras atrações levaram pessoas ao local, como o trio Perdigão Corrêa. Matias, Ignez e Franklin conquistaram a plateia ao som de choro, bossa nova, samba, bolero e muita música brasileira. “É a terceira vez que viemos aqui. Gostamos muito porque é um lugar tranquilo, onde as pessoas são muito ligadas à natureza e não possuem muita ostentação”, contou Ignez. Evento movimenta a economia da região
Direta ou indiretamente, a realização anual deste concurso favorece os produtores rurais do Brejal. Nos quatro dias, puderam expor seus produtos.
MÚSICA Trio Perdigão Corrêa conquista a plateia
VENCEDOR Pedro Paulo Lacerda conquistou o primeiro lugar e faturou R$ 20 mil
Para o produtor de escargot, Alfredo Chaves, esta é uma forma de promover o seu negócio, já que o evento concentra pessoas de alto poder aquisitivo. “Aqui nós mostramos nossos produtos, que são de qualidade, diretamente ao público-alvo”, acredita. Gerente de uma pousada, Magda Cristina de Oliveira da Silva, 41, revelou que todos os chalés foram alugados. “No período do concurso sempre registramos 100% de lotação na pousada e esse ano não foi diferente. O movimento é muito proveitoso”, concluiu. O comerciante João Garcia, 56, produz feno e chegou a enviar mais de 400 fardos para o concurso. “Eu atendo o Haras há
oito anos”, disse. Proprietário de uma casa de rações, Jorge Tadeu Castilho, 51, forneceu produtos alimentícios para os animais, além de cordas, cavadeiras, vassoura de grama, botas, entre outros artigos. “Há 13 anos, o volume de venda cresce neste período”. Jorge foi convidado a participar da entrega de medalhas. “Foi uma honra desfrutar do concurso e ainda entregar medalhas para os vencedores da categoria amador”, encerrou. O Hipismo no Brasil
A modalidade começou no Rio de Janeiro, em 1865. Luiz Jácome de Abreu Souza fundou a primeira escola de equitação no Brasil, a Escola de Equitação São Cristóvão. Jácome era capitão do Exército e muitos dos primeiros alunos de sua escola eram militares. A Sociedade Hípica Brasileira foi fundada em 1938 dando início à competição dos civis. Em 1941, foi fundada a Confederação Brasileira de Hipismo e o esporte se consolidou no Brasil. Elitista, como no resto do mundo, mas consolidado, confirma os bons resultados do Brasil em Olimpíadas, Pan-americanos e em competições internacionais.
Petrópolis
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ACONTECEU
Jazz e Blues Festival no palácio de Cristal Evento atraiu cantores internacionais POR ALINE RICKLY FOTOS CADU DIAS
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os dias 13, 14, 15 e 16 de outubro, Petrópolis recebeu a primeira edição do Petrópolis Jazz e Blues. Durante o período, os ingressos ficaram esgotados. O festival de formato inédito na cidade concentrou grandes nomes do gênero no Brasil, além de artistas internacionais. No primeiro dia, o jovem Quinteto Nu56
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clear apresentou composições jazzísticas próprias além de releituras dos grandes nomes do estilo. Em seguida, o palco foi tomado pelo swing do contrabaixista Ney Conceição, acompanhado de músicos como o baterista e percussionista Robertinho Silva, Hamleto Stamato no piano, Zé Canuto no sax e na flauta e Lúcio Vieira na bateria.
CANTORA Alma Thomas foi uma das atrações que se apresentaram no Palácio de Cristal
VIOLONISTA Marcel Powell conquistou a plateia com seu som
BIG BAND 190 Músicos da Academia de Polícia Militar do Rio de Janeiro
Já no segundo, houve a mistura entre o jazz fusion do italiano Alessio Menconi e depois o blues de Blues Groovers & Cristiano Crochemore. Ainda na sexta, houve a apresentação de uma das mais esperadas artistas do festival, a nova-iorquinha, Alma Thomas. Há sete anos no Brasil, Alma uniu seu estilo cool jazz ao tempero brasileiro e interpretou grandes canções de sua composição como “One More Take”, destaque da novela Passione, na Rede Globo. Para completar, a participação especial do flautista Red Sullivan, da Irlanda. No dia 15, a noite foi aberta pelo violo-
nista Marcel Powell, filho do grande ícone do instrumento no mundo, Baden Powell. Com sotaque próprio e temperos da influência de seu pai, Marcel fez um show solo, com canções próprias e arranjos da MPB. Para encerrar, o evento concedeu entrada franca, com apresentação da Big Band 190, composta por músicos da academia de Polícia Militar do Rio de Janeiro, que iniciou as apresentações mais cedo, às 17h, no horário de verão. Com marca registrada por suas belas interpretações em Standards de Jazz & Blues, a Big Band 190 mostrou o quanto uma
orquestra pode trazer intervenções que reúnem emoção, alegria e principalmente boa música. O grupo agitou o público com canções brasileiras e famosos temas americanos como Superstition, de Stevie Wonder. Ao finalizar as apresentações, o promotor do Petrópolis Jazz e Blues Festival, Edigar Silva, agradeceu a presença do público e atribuiu grande parte do sucesso do evento à participação da plateia e dos apoiadores. “Encerramos este festival com a certeza de que Petrópolis tem, sim, sede de bons eventos, de cultura e de boa música. Por isso, para a próxima edição, no ano que vem, vamos ampliar a estrutura para poder receber ainda mais gente e artistas de peso”, garantiu. Músico que fez parte da plateia, Mariano San Roman, 31, considerou excelente a iniciativa de promover um evento como este na cidade. “Com mais frequência do que a gente gostaria, Petrópolis precisa desse tipo de acontecimento. Acho importante a participação de artistas daqui. A organização do Jazz e Blues foi bem legal. Como músico, espero que esse festival vingue e traga esse hábito novamente para a cidade. Fiquei feliz de ver o lugar lotado todos os dias”, comentou.
PÚBLICO Evento ficou lotado todos os dias
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Roberta Christ Alves O Feeling de uma brasileira Abroad
T
alvez muitos já tenham escrito sobre a Inglaterra e as riquezas do Reino Unido, mas me sinto segura e honrada ao poder relatar a experiência vivenciada por mim na grande Londres ou, como muitos a reconhecem, a “cidade business”. A Inglaterra e um país rico e diversificado. Na minha estadia em Londres, tive contato com indianos, muçulmanos, turcos, poloneses e muitos brasileiros. Cabe aqui uma pequena observação: “o contato com brasileiros não atrapalha o desenvolvimento do seu inglês, desde que você esteja dedicado e empenhado no seu objetivo. Já o contato com os ingleses foi mínimo, talvez por eles terem representado o percentual mínimo no meu círculo de estudos e ter sido a escola, o local onde eu passei a maior parte do meu tempo. Ao chegar na Inglaterra, o “feeling” era um mix de ansiedade, felicidade, uma pitada de medo e a expectativa de que essa viagem se tornasse a melhor da minha vida. Apesar do fato de estar em uma experiência inédita, mantive a tranquilidade e consegui a maturidade para entender que nem todos podem ter a mesma oportunidade e eu era uma privilegiada. A primeira impressão ao chegar na casa da família inglesa não foi das melhores: a limpeza não era 100%, ganhei um gato de estimação, a comida tão diferente e os moradores não trocavam mais do que seis palavras diárias
comigo. Mas o objetivo era o estudo, por isso, mantive o foco e evolui em direção ao que realmente importava: o aprimoramento do inglês. O tempo sempre ajuda e aqui não foi diferente. A cada dia que passava, me sentia mais segura e apta a viver em um país, ate então, desconhecido. Londres é uma grande capital e como todo lugar possui pontos positivos e negativos, os últimos muitas vezes não ressaltados pelos ingleses. Uma cidade “business”, onde as pessoas estão correndo de um lado para o outro o tempo inteiro, não são os mais hospitaleiros ao lidarem com estrangeiros, talvez até mesmo por uma questão cultural, mas que, para nós brasileiros, faz a total diferença, já que somos conhecidos pela receptividade calorosa. Em adição, problemas corriqueiros, como em diversos centros: fechamento de metro por numero excessivo de pessoas, lentidão de ônibus, protestos em resposta a política e/ou desigualdades sociais, mudanças climáticas repentinas e outros. Problemas?? Não, apenas características comuns de grandes centros comerciais, muitas vezes mascaradas, provando que apesar do máximo desenvolvimento, não existe pais perfeito. O grande ponto positivo e que aqui você se veste da maneira mais extravagante e inusitada e ninguém perde tempo olhando para você. O mais im-
portante em Londres não e a aparência, mas sim as habilidades e conhecimentos, até porque, as preferências materiais não irão influenciar no desenvolvimento social de uma pessoa ou lugar. Vir para Londres e uma ótima oportunidade para quem deseja progredir na linguagem inglesa e fazer parte do desenvolvimento de diferentes culturas. A experiência não só contribuiu para o meu amadurecimento pessoal e profissional, mas também despertou o orgulho por ser brasileira e viver em uma nação calorosa e sempre feliz, apesar de todas as dificuldades.
Faça como Roberta Christ Alves e conte suas viagens pelo mundo afora. Para participar envie um e-mail: diariodebordo@revistaon.com.br. Ah! Não se esqueça de mandar as fotos com as legendas, assim poderá compartilhar sua experiência conosco. 64
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GUIA LIVROS
Aproveite as nossas dicas de leitura. Você tem dois meses até a próxima Revista On.
Steve Jobs - A Biografia Autor: Walter Isaacson Editora: Companhia das Letras Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias Valor: R$ 39,90
Rock in Rio Autor: Luiz Felipe Carneiro Editora: Globo Categoria: Música Valor: R$ 29,90
O Livro dos Livros Autor: Dennis Trevor Editora: Sextante Categoria: Religiões Valor: 29,90
Infinito: Os Imortais Autor: Alyson Noel Editora: Intrínseca Categoria: Romance Preço: R$ 22,90
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O livro, baseado em mais de quarenta entrevistas com Jobs ao longo de dois anos e entrevistas com mais de cem familiares, amigos, colegas, adversários e concorrentes, narra a vida atribulada do empresário extremamente inventivo e de personalidade forte e polêmica, cuja paixão pela perfeição e energia indomável, revolucionou seis grandes indústrias: a computação pessoal, o cinema de animação, a música, a telefonia celular, a computação em tablet e a edição digital. Numa época em que as sociedades de todo o mundo tentam construir uma economia da era digital, Jobs se destacava como o símbolo máximo da criatividade e da imaginação aplicada à prática.
A história da edição inaugural de 1985, juntamente com a das subsequentes realizadas no Brasil, em 1991 e 2001, é o objeto de estudo investigado com lupa por Luiz Felipe Carneiro em Rock in Rio – A história do maior festival de música do mundo. O autor pesquisou mais de 2.000 artigos e entrevistou os principais organizadores do festival (incluindo Roberto Medina, o “pai” do evento), além de dezenas de artistas e jornalistas, em busca dos mais marcantes e inusitados episódios de cada edição.
Depois da invasão dos babilônios, o povo de Israel começou a criar um livro que reunia sua história, suas lendas, canções e profecias, de modo que sua cultura não se perdesse. Então um líder surgiu, aquele que muitos acreditavam ser a realização das profecias descritas no Antigo Testamento. Jesus de Nazaré se tornou importante para seus seguidores e várias pessoas escreveram sobre sua vida, seus ensinamentos e seus milagres.
Após derrotarem seus inimigos mais temidos, Ever e Damen começam uma nova jornada para que ele se livre do veneno em seu corpo. Se encontrarem o antídoto, finalmente serão capazes de viver a paixão pela qual anseiam há séculos. A busca, porém, leva-os a um terreno desconhecido e pavoroso - as profundezas de Summerland. Lá, eles descobrirão a origem obscura e inimaginável de seu relacionamento e serão obrigados a encarar uma dolorosa verdade: o destino tem motivos para mantê-los separados. Agora, o futuro irá depender de uma única decisão, que poderá pôr em risco tudo o que eles têm. Inclusive a eternidade.
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