FB | Revista On Três Rios #05

Page 1

revistaon.com.br

|

1


2

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

3


4

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

5


70

Índice

Capa

Ronaldo Borges

10

Inspiração

A vitalidade do arquiteto, designer e pintor

Opinião

Roberto Wagner: A importância do pouco Oneir Vitor Guedes: O papel do trirriense no ressurgimento de um “ufanismo municipal” Helder Caldeira: O Príncipe Herdeiro do PT David Elmôr: Prisão ou Impunidade? Eis a questão!

18

Turismo

23

Negócio

28

Comportamento

Sebollas, a Jerusalém do “Cristo brasileiro”: entenda porque o 3º Distrito de Paraíba do Sul é importante para a história do Brasil Arte com as mãos: as artesãs trirrienses querem exportar os produtos que produzem O reinado de Cristal: Aos 2 anos, a modelo encanta as passarelas Brincando no século XXI: As crianças determinam o presente no dia 12 de outubro

35

Lazer

40

Segurança

43

Cotidiano

Os caminhos para a melhor idade: O Centro Dia oferece lazer para idosos As mulheres da Lei: Elas deixaram o lar para contribuir para segurança da cidade De passagem para um lar: O drama de jovens à espera da adoção 101 anos e um desafino: A Banda 1º de Maio busca o equilíbrio entre os músicos e a atual administração Ligação gratuita: descubra para que serve o serviço 0800 da câmara

CARLA ZAINOTTI

54 6

| revistaon.com.br

Eu sei fazer

Cômica assimétrica: Artista trirriense revela o lado engraçado das pessoas


59

Cultura

62

Moda

Vampiros: O filme que será produzido em Três Rios promete surpreender em técnica e efeitos especiais Democratização da Moda: A adaptação das lojas para atender novas classes sociais O estilo de uma jovem trirriense: Lívia de Almeida conquista o prêmio RioSul de Moda

78

Carreira

84

Saúde

A blogosfera colorida de Eduardo Marini: O jornalista do “R7” conta a trajetória de sua vida profissional desde quandon morava em Três Rios Fitness e Funcionalidades: O novo conceito em exercícios físicos para quem busca resistência corporal Os milagres da equoterapia: Essa ciência ajuda melhorar a qualidade de vida de crianças com deficiência Um ato simples para salvar vidas: Saiba porque faz falta um hemocentro na cidade

100 103

Mix

Tudo o que você procura está aqui!

Papo de Colecionador

Chá na casa da Barbie: Terezinha possui mais de 200 exemplares da Barbie. As bonecas alemãs, os elfos e os duendes compõem a coleção

116

1/2 Palavra

118

Aconteceu

Notas curiosas que circularam na mídia sobre assuntos diversos Centro Sul Negócios 2011 é recorde em volume de negócios Tour do Rio passou por Três Rios pela segunda vez

106

Esporte

Um “eco” dos shows que agitaram a festa de Levy Gasparian

Um atleta mirim com potencial de gente grande: Luan Vieira é líder no ranking na categoria infanto-juvenil. Das 70 competições que participou, esteve no pódio 60 vezes A pequena gigante Bia: A ginasta trirriense viajou para os EUA em busca de novas técnicas Montanha abaixo numa bike: Velocidade e adrenalina na pista de Downhill em Paraíba do Sul

Três Rios Expo Fest 2011 foi recorde de público

128

Diário de Bordo

130

Guia

Heiberle e Cris viajam para Cuba Livros revistaon.com.br

|

7


#5

Editorial

V

amos falar de projetos. Independente se for material, financeiro ou de vida. Dentro deste “conceito”, podemos dizer que concluímos mais um projeto On, a edição #5. Há quem ainda busca o seu, como é o caso dos jovens à espera de um lar na casa de passagem em Paraíba do Sul. Há quem já terminou vários, como é o caso de nossa “Inspiração”: o arquiteto Ronaldo Borges. Ele que pinta quadros e planeja construções é um bom exemplo de que, nesta vida, é possível fazer de tudo um pouco.

Direção e Produção Geral Felipe Vasconcellos felipe@revistaon.com.br Produção Diego Paiva Sabrina Vasconcellos Heverton da Mata Edição Rafael Moraes rafael@revistaon.com.br

Também abordamos a luta de crianças com deficiência para melhorar a qualidade de vida com a equoterapia que usa o cavalo como ferramenta. A colecionadora de bonecas agrega um valor sentimental aos brinquedos, enquanto o caricaturista trirriense coloca no papel, a visão cômica de pessoas diferentes e com projetos de vida distintos. Nessa linha de raciocínio podemos colocar dois jovens de Três Rios que buscam e estão no caminho certo para conquistar o sucesso no esporte: Beatriz Silveira na ginástica e Luan Vieira do ciclismo.

Redação Rafael Moraes Ana Paula Canedo Estagiários Priscila Okada Frederico Nogueira Comercial Diego Paiva comercial@revistaon.com.br (24) 8843-7944

Em meio a esses projetos a matéria “Os caminhos para a melhor idade” mostra o que querem aquelas pessoas que fizeram sua trajetória e agora buscam um passa tempo. As artesãs trirrienses, mesmo em grupos divididos querem exportar seus produtos e a Banda 1º de maio busca um acorde em sintonia com a paz. Mergulhe nestas páginas de experiências de vida e projetos.

Criação Felipe Vasconcellos Robson Silva Tecnologia Vagner Lima Colaboração Paula Araújo Distribuição Três Rios, Paraíba do Sul, Com. Levy Gasparian, Sapucaia, Areal e Itaipava Produção Gráfica WalPrint Tiragem 3.000 Foto de capa Lilian de Assis

Fiobranco Comunicação Rua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ 25.803-010 Sugestão de pauta redacao@revistaon.com.br Trabelhe conosco rh@revistaon.com.br 8

| revistaon.com.br

Ops! Erramos Edição # 3 Na matéria “Bom das Bocas é campeã do carnaval 2011” (p.95) está escrito que o G.R.E.S. Sonhos de Mixyricka existe há 35 anos. No entanto, o presidente da escola, Ciro Fernandes fez a correção por e-mail, quando explicou que o grêmio vai completar em 2012, 38 anos.

Edição # 4 Pág. 81, o nome do Secretário de Saúde sulparaibano está errado. O correto é Emilson Geraldo de Oliveira. Pág. 96, onde se lê Elizabeth Cardoso, leia-se Elizeth Cardoso. Pág.108, na frase em destaque, o nome correto do professor é Leonardo Costa.


revistaon.com.br

|

9


OPINIÃO

A importância do pouco

Quem sabe a importância do pouco dá menos importância a si e mais ao outro

Roberto Wagner roberto@revistaon.com.br

Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio, professor de Direito Tributário da UCP – Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.

10

| revistaon.com.br

S

eguiam de carro em direção a Três Rios. Ele ao volante pediu um chiclete “tridente” de menta à esposa. Ela abriu o invólucro, tirou um, cortou ao meio, deu uma metade a ele e mastigou a parte restante. Tocado pelo singelo gesto começou a refletir sobre a importância do pouco. Esta é a época dos excessos. Consume-se muito, joga-se muita coisa fora, até mesmo o silêncio anda em baixa. Ele é bem assim, por isso se assustou com o gesto dela, jamais partiria um chiclete ao meio, talvez até colocasse dois na boca ao mesmo tempo. Ela tem uma origem libanesa que lhe faz valorizar o pouco, e não só ela, é de família. Certa feita, o concunhado dele, que é casado com a irmã dela, por óbvio também libanesa, estava a fazer um churrasco para família – ele é exímio churrasqueiro. No churrasco nada era em vão: o pão na medida certa, o carvão colocado um a um, a carne ponderadamente exposta na grelha e ao final, um saboroso churrasco. Nem sujeira faz, é tudo ao ponto. Ele via ali, em sua frente, a importância do pouco. Seu concunhado tem lhe dado grandes lições a este respeito. Ele não sabe fazer um churrasco assim, porque para ele tudo é muito, ao contrário do seu concunhado. Hospedado em um hotel, caminhando na esteira, com um conhecido ao lado que também se exercitava, pôde ouvir a seguinte passagem. A mulher do outro, aproximou-se dele e disse: − amor, seu tênis está horrível, vou comprar outro para você! O marido respondeu de pronto: − só tenho um par de pés, espere este acabar! Mais uma lição para ele. Aquele estranho, sem o saber, acabara de ensiná-lo a importância do pouco. Hoje se compra muito desnecessariamente. Ele tem muitos tênis e sapatos. Um dia estava na Missa e viu e ouviu aquela quantidade enorme de música, de som, de barulho,

até danças, e uma longuíssima homilia do padre e pensou consigo mesmo: − como rezar e meditar em meio a tanto barulho e excessos. Percebeu que a ausência do silêncio, o exagero das falas, cantorias e danças nas missas são também sintomas do não percebimento da importância do pouco. As missas não são mais enxutas, foram contaminadas pelos excessos atuais. É muito homem e pouco Deus. Um domingo em casa, dia de piscina, ele se ofereceu para fazer uma caipiríssima para os familiares. Colocou vodka em excesso e deu um porre em alguns na primeira dose. Uns foram dormir e foi interrompida a graciosa reunião por falta de pessoas sóbrias. Sua esposa falou-lhe: − há que se colocar menos vodka, amor. Aprendeu a importância do pouco no fazimento do drink. Num desses churrascos em família, ouviu de sua cunhada: − não fiz minha unha hoje, cedi a vez para minha filha. Ela como a irmã, sabe a importância do pouco. Ceder a vez, ouvir o outro, pensar menos em seu próprio umbigo, é a revelação mais cristalina da importância do pouco. Quem sabe a importância do pouco dá menos importância a si e mais ao outro. Na parábola da multiplicação dos pães e peixes, Evangelho de Mateus 14, 19-22, Cristo após saciar a fome de mais de cinco mil pessoas, pede seus discípulos que recolham as sobras e guardem em cestos. Cristo ensina a importância do pouco. A lição cristã anda em baixa, a sociedade atual perdeu a noção do suficiente, do necessário, e com isto vive em meio aos excessos. Aquele pedaço de chiclete cortado ao meio o havia feito pensar em tantas coisas... Quando deu por si estavam em Três Rios. Ele parou o carro e foram se despedir. Ela perguntou-lhe: − você veio tão quieto na viagem, estava pensando em que? Na importância do pouco, disse. – O que é isso? Ela indagou. – Depois te conto, beijo.


revistaon.com.br

|

11


OPINIÃO

Ressurge o orgulho de ser trirriense

O papel de cada cidadão na reconquista do “ufanismo municipal”

Oneir Vitor Guedes oneir@revistaon.com.br

Oneir Vitor Guedes formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora e, atualmente, atua como advogado e consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunista do Três Rios Online.

12

| revistaon.com.br

A Esquina do Brasil”. Esta foi a afável expressão utilizada pelo então presidente Juscelino Kubitschek para designar a cidade de Três Rios, considerada como o maior entroncamento rodo-ferroviário do país. O município vivia tempos de otimismo e a favorável perspectiva se confirmava com seu bom desempenho industrial, em especial dos setores metal-ferroviário e alimentício. Os cidadãos orgulhavam-se por viver em uma terra de oportunidades, onde se produzia de veículos a salsichas enlatadas. Contudo, no final da década de 80, o “estado de bem-estar social” trirriense sofreu um baque fulminante com o fechamento de importantes empresas locais, dentre elas a Companhia Industrial Santa Matilde, que até então era a “menina dos olhos” dos munícipes. Longos anos de letargia e estagnação se seguiram, fato que acabou influenciando negativamente na formação da identidade de seu povo, o qual não tinha mais tanto orgulho da “esquina” como outrora, passando viver mergulhado em sua nostalgia. Mas, felizmente, este quadro vem sofrendo uma feliz transformação nos últimos tempos com a instalação de diversas empresas na cidade, fato que desencadeou não apenas um crescimento econômico, como também avanços nas áreas sociais, da educação e do turismo. Alguns setores, como saúde e segurança, apesar de carentes de melhorias, também já apresentam irrefragáveis reflexos deste progresso. Definitivamente, a cidade de Três Rios não é mais a mesma. Esta passando de mero entroncamento para verdadeira avenida principal, por onde passam e passarão os rumos do desenvolvimento. Esta nova onda de prosperidade está mudando a forma como o trirriense vê sua cidade, fazendo surgir em seu peito uma espécie de “ufanismo municipal”. Ufanismo (para quem faltou a aula de história) significa um patriotismo exacerbado, uma posição tomada por determinados grupos que enaltecem de forma desmedida o potencial de seu povo ou país. No nosso caso, o “ufanismo trirriense” se mostra como fruto de um nobre sentimento de civilidade e esperança que aflora em boa parte da população. Fixadas estas premissas, não vejo palavras mais adequadas que aquelas proferidas no discurso de posse do presidente americano John F. Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você,

pergunte o que você pode fazer por seu país.” Embora esta frase tenha se tornado um clichê, podemos trazê-la ao nosso contexto, chegando assim ao ponto principal de nossa sucinta explanação com um questionamento: qual o papel do trirriense na consolidação do progresso de seu município e na formação da identidade de seu povo? Acredito que cada cidadão deverá buscar a perfeição em tudo o que se propor a fazer (seja em seu trabalho, seja nas tarefas mais triviais), sendo primordial que cada um se convença de sua importância capital para o organismo social em que está inserido. Não julgue, pois, que seu trabalho ou suas atividades são insignificantes para a cidade, afinal muitas máquinas gigantescas já pararam de funcionar em razão da ruptura de uma pequena engrenagem que, de forma silente, desempenhava um papel vital no conjunto. Em outras palavras, é preciso que o cidadão trirriense tenha a convicção de que o sucesso desta nova fase municipal não depende apenas do que é feito nos gabinetes da prefeitura ou nas salas de negociações das grandes empresas. Depende, na verdade, da contribuição de cada indivíduo, que cada um busque a excelência em tudo o que faz, por menor que pareça a função desempenhada. Fazer menos o melhor que lhe é possível realizar, depõe contra si próprio e diminui o senso de dignidade de quem é criatura feita à imagem daquele que é a perfeição absoluta. Fernando Pessoa escreveu que “o perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito”. Assiste razão ao célebre escritor, porém, ainda que tenhamos consciência de nossas limitações, acredito que devamos sempre almejar a perfeição, mesmo que seja um ideal inatingível. É hora de vencer a inércia e lembrar somos passíveis de aperfeiçoamento como vasos nas mãos do oleiro. A cidade vai bem, mas de forma alguma podemos nos contentar com o “status quo”, porque o conformismo representa estagnação. E estagnação prenuncia retrocesso. Por isso, ou buscamos a perfeição e crescemos, ou regredimos. A consolidação de nosso progresso dependerá, portanto, da consciência sempre viva da possibilidade e necessidade do aperfeiçoamento contínuo de cada membro de nosso organismo social, afinal, aquele cuja imaginação já não concebe a necessidade de aprimorar-se, fatalmente, já entrou em declínio.


revistaon.com.br

|

13


OPINIÃO

O príncipe herdeiro do PT Cabral e Lindbergh sedimentaram suas trajetórias políticas de forma que o caminho à Presidência lhes seja natural

Helder Caldeira helder@revistaon.com.br

Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista, colunista do Três Rios Online e autor do livro “A 1ª Presidenta”, primeira obra publicada no Brasil sobre a trajetória política de Dilma Rousseff.

14

| revistaon.com.br

F

altando um ano para as eleições municipais, o Partido dos Trabalhadores desvelou um de seus grandes trunfos: o jovem senador fluminense Lindbergh Farias. Nascido em João Pessoa, na Paraíba, o moço fez carreira por aqui. Radicou-se no Rio de Janeiro, onde presidiu a União Nacional dos Estudantes (UNE) e liderou o famoso movimento dos “Caras-Pintadas” no processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor; elegeu-se deputado pelo PCdoB cerrando fileiras em oposição ao então presidente Fernando Henrique Cardoso; e, num movimento estratégico, se filiou ao PT e foi eleito duas vezes prefeito de Nova Iguaçu. No ano passado, com ascensão extraordinária e um histórico beijo na mão de Lula, foi eleito senador da República com mais de quatro milhões de votos. Há quem diga que já está em curso um processo de ruptura da aliança entre o PMDB de Sérgio Cabral e o PT de Lindbergh. Eu discordo. O governador não é um amador, ainda que a rima seja tentadora. Ambos tem pretensões que excedem os limites do poder estadual. Desejam ser, cada um a seu tempo e de acordo com as possibilidades e conjunturas, presidentes do Brasil. E isso não tem base em previsões fuleiras ou jactâncias medíocres. Cabral e Lindbergh sedimentaram suas trajetórias políticas de forma que o caminho à Presidência lhes seja natural. A união de Sérgio Cabral e Lindbergh Farias não foi apenas em nome da aliança nacional entre PMDB e PT, que culminou na eleição de Dilma Rousseff como a primeira presidenta da história do Brasil. Há projetos personalistas de poder nessa história. Não por acaso, o passo inicial foi a derrocada do feudo da família Garotinho, relegada a insípidos mandatos legislativos e no impudico cai-não-cai de Rosinha na prefeitura de Campos. Por óbvio, a família tentará se reerguer nas próximas eleições, mas a gordura de seu poder

estadual foi extirpada: quando não pela aliança entre o governador e o senador, pelos duríssimos processos e sentenças da Justiça. O próximo passo começa agora, em outubro de 2011. O PT já está articulando nomes fortes para concorrer às principais prefeituras fluminenses, com o objetivo de sair das urnas com vitória em, pelo menos, 30 cidades. Um bom exemplo vem de São Gonçalo, na região metropolitana, segundo maior colégio eleitoral do estado. A ex-governadora e atual deputada federal Benedita da Silva está de malas prontas e até outubro passará a deter domicílio eleitoral gonçalense, onde será candidata à prefeita em 2012. O mesmo acontecerá na maioria dos municípios, com nomes petistas despontando à disputa a partir do mês que vem. Conquistando bases municipais consideradas estratégicas, o PT fluminense antevê o desenho da disputa eleitoral para sucessão de Sérgio Cabral, em 2014. Cientes de que pactos políticos são tão frágeis quanto taças de cristal e de que o maior nome que o governador poderá dispor para substituí-lo no Palácio Guanabara é o do prefeito Eduardo Paes – este com quase nula visibilidade no interior e dependendo de um bom resultado em sua tentativa de reeleição –, o Partido dos Trabalhadores já está em franco movimento no tabuleiro de xadrez estadual. Em tempos onde voga uma espécie de realpolitik tupiniquim, nada mais justo que alcunhar o senador Lindbergh Farias como o verdadeiro príncipe herdeiro do PT. Os títulos eletivos de senador e, muito provavelmente, de governador do Estado do Rio de Janeiro são apenas uma parte da rota. Num futuro nem tão distante, veremos esse menino – porque ele ainda é um menino! – disputando a Presidência da República. E quem duvidar, que tente criar sua própria linhagem real. Porque, pelo menos no PT, já há um príncipe coroado.


revistaon.com.br

|

15


OPINIÃO

Prisão ou Impunidade? Eis a questão!

Desmistificando a nova lei de prisão, liberdade provisória e medidas cautelares

David Elmôr david@revistaon.com.br

David Elmôr é advogado criminalista, originário de uma das mais respeitáveis bancas de direito do Brasil (SAHIONE Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR & CORRÊA Advogados, Diretor Jurídico da Associação dos Aposentados e Pensionistas – AAPPS e Consultor Político.

16

| revistaon.com.br

A

reforma processual penal introduzida pela lei 12.403/2011, que entrou em vigor em 05/07/2011, vem, ao nosso entendimento, recebendo imponderadas críticas, através de comentários levianos – “ninguém vai ficar mais preso”, “com a lei da impunidade compensa ser bandido”, entre outros – gerando, por consequência, uma incerta sensação de insegurança na sociedade, o que fatalmente reforça a onipresente dúvida da população acerca da eficácia das leis brasileiras. A nova lei de prisão, liberdade provisória e medidas cautelares, talvez seja, nos últimos anos, uma das melhores e mais lúcidas normas jurídicas aprovadas pelo Congresso Nacional, haja vista que, além de provocar inovações procedimentais, alterando significativamente a sistemática do processo penal, mais precisamente, no que diz respeito ao trato das prisões, sobretudo a prisão cautelar (prisão preventiva, prisão temporária, etc.), cuidando de inserir no Código de Processo Penal – felizmente – inúmeras opções ao Juiz (medidas cautelares, fiança, etc.), antes de determinar o recolhimento de qualquer indivíduo ao cárcere, mesmo que provisoriamente; a novel legislação também revela propósitos fundamentados nos mais basilares princípios de política criminal, se apresentado como alternativa para se estancar o abarrotamento do sistema penitenciário (*com capacidade para 299 mil presos, a população carcerária nacional ultrapassou os 500 mil, correspondendo 56% aos presos com condenação definitiva, e 44% aos presos provisórios), vale dizer, historicamente fracassado em suas funções de controlar a criminalidade e promover a reinserção social do condenado. Em apertada síntese, a nova lei privilegia o Princípio da Presunção da Inocência (ou da não-culpabilidade), preconizando que todo indivíduo que estiver submetido à persecução penal, tanto na fase investigatória (inquérito policial), quanto na fase processual propriamente dita (ação penal), não será submetido à prisão preventiva (anterior à condenação definitiva) sem que haja relevante fundamento para sua decretação (ex. garantia da ordem pública), podendo então, o juiz conceder a liberda-

de provisória, substituindo a prisão por uma medida cautelar menos gravosa (ex. comparecimento periódico em juízo, para justificar suas atividades; proibição de acesso ou frequência a determinados lugares; recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalhos fixos, proibição de manter contato com pessoa determinada; etc.), caso esta se revele mais adequada e suficiente a efetividade do processo, sendo cabível ainda, sua cumulação com o pagamento de fiança, respeitando-se a capacidade econômica do envolvido. É de assaz importância ressaltar, que tais medidas só se darão nos crimes considerados menos graves pelo Código Penal, ou seja, cuja pena máxima não ultrapasse quatro anos, mantendo, portanto, as regras para decretação da prisão preventiva no que tange aos crimes hediondos, ao tráfico de drogas, a violência doméstica, entre outros considerados de maior gravidade (crimes dolosos com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos), o que, certamente, afasta o sentimento de impunidade causado na população, tranquilizando a sociedade. Em suma, indiscutível é que a política criminal sempre será a prima pobre da política social, estando indissoluvelmente ligada a ela. No entanto, uma política criminal moderna orienta-se no sentido da descriminalização e da desjudicialização, ou seja, no sentido de se contrair ao máximo o sistema punitivo do Estado, dele retirando todas as condutas antissociais que podem ser reprimidas e controladas sem o emprego de sanções criminais. Desta forma, o Estado não pode se limitar a executar uma política vagamente reformista e humanitária, devendo, com auxílio da sociedade, provocar uma transformação social e institucional para a construção da igualdade, da democracia e de modos de vida comunitária e civil mais humanos. “Educai as crianças e não será preciso punir os homens”, Pitágoras *Dados extraídos do DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional, bem como do CNJ - Conselho Nacional de Justiça.


revistaon.com.br

|

17


REVISTA ON

TURISMO

Sebollas, a Jerusalém do “Cristo brasileiro” POR RAFAEL MORAES

“Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Villa Rica aonde em lugar mais público dela será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes pelo caminho de Minas no sítio da Varginha e das Sebollas aonde o Réu teve as suas infames práticas”. O trecho da sentença de Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) demonstra o poder da coroa portuguesa no Brasil império e finda a peregrinação do homem tido como idealista libertador da colônia. Sua história se entrelaça com a de Sebollas, pequeno distrito sul-paraibano. 18

| revistaon.com.br

P

artindo do centro de Paraíba do Sul, a estrada PS-010 nos conduz, em seus 22 km ao 3º distrito, atual comunidade da Inconfidência, antes chamada de Sebollas. Em 3 de junho de 1892, o governo do estado, pelo decreto 1-A desmembrou a comunidade, anexando-a à Petrópolis. Na ocasião, o povo sul-paraibano organizou vários protestos e, em 3 de dezembro de 1896, a lei 299 mudou o nome da local para Sant’ana de Tiradentes em homenagem ao mártir. Por efeito do decreto estadual 641 de 15 de dezembro de 1938, o distrito volta ao quadro territorial de Paraíba. Desta vez, como Inconfidência. Ainda assim, até hoje o povo prefere chamá-lo pelo primeiro nome. A estrada asfaltada de curvas sinuosas cercadas por árvores e bambus mirins faz companhia aos visitantes e revelam, aos poucos, o povoado fortemente ligado à religião. As ruas de pedra deixa o cenário ainda mais próximo ao passado. A história do vilarejo começa antes mesmo de Ana Mariana Barbosa de Matos, casada com Francisco Gonçalves Teixeira, proprietários da Fazenda Sebollas, origem do primeiro nome da localidade. A propriedade dela ficava na zona por onde passava uma variante construída por Bernardo Soares Proença, personagem histórico por encurtar o caminho novo (estrada que ligava Minas ao Rio na época da extração do ouro), feito por Garcia Rodrigues Paes, cujo remanso é atribuído à origem da cidade sul-paraibana. No final do século XVIII, em suas idas e vindas de Minas Gerais, Tiradentes se hospedava na fazenda de Ana Mariana. Ela o acolhia e compartilhava, com ele, suas ideias revolucionarias e libertarias. Essa relação gerou boatos de um relacionamento extraconjungal entre os dois. Tudo desmentido por historiadores. “Desconheço completamente a informação de que ele tinha uma amante nesse distrito. Sei de algumas de suas aventuras amorosas em Ouro Preto e em São João Del-Rei”, esclarece o historiador André Figueiredo Rodrigues, Doutor em História Social pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ci-


REVISTA ON

AGENTE CULTURAL Luiz Coelho nasceu em Sebollas e sabe, na ponta da língua, a história do local

“Sebollas insere-se no contexto da história nacional, inicialmente, por sua localização no trajeto do Caminho Novo da Estrada Real”,

que também receberam despojos de Tiradentes”, revela. Historiadora e presidente da Fundação Cultural de Paraíba do Sul, Lígia Vaz se aprofunda mais nesta questão e explica: “Sebollas insere-se no contexto da história nacional, inicialmente, por sua localização no trajeto do Caminho Novo da Estrada Real, através da Variante do Proença, que

ências Humanas da USP (Universidade de São Paulo). Contudo, esta afinidade resultou em destaque na comunidade que ganhou um museu para celebrar os feitos do “Cristo brasileiro.” “A importância de Sebollas para a história da Inconfidência Mineira reside no fato de que um dos quartos [pedaços] ficou ai exposto após a sua decapitação e esquartejamento. Infelizmente, este é o único ponto que encontrei que o liga o alferes e mesmo a Inconfidência à história do distrito de Paraíba do Sul”, revelou o professor André. Sobre o reconhecimento, ele enfatiza que o local destaca-se na história de combate ao movimento. “Acredito que Sebollas merecesse maior destaque na história da repressão aos inconfidentes, assim como Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz, atual Conselheiro Lafaiete,

REVISTA ON

historiadora e presidente da Fundação Cultural de Paraíba do Sul, Lígia Vaz

RELIGIÃO A igreja de Sant’ana foi reconstruida semelhante a original da Fazenda Sebollas revistaon.com.br

|

19


LEMBRANÇA No sepulcro fica o material atribuído a Joaquim e partes do crânio de Ana Mariana

era utilizada por tropeiros com carregamento do ouro vindo das Minas Gerais até o Rio de Janeiro”. Figueiredo lançou, recentemente, o livro “A fortuna dos inconfidentes”, quando analisou mais de 12 mil documentos oficiais sobre esse movimento brasileiro. Nele, o autor afirma que as mulheres tiveram participação de destaque no movimento, que a Coroa portuguesa pouco lucrou com os sequestros dos bens inconfidentes e que o mártir não era um pobre coitado. Para Rodrigues, esses são pontos obscuros e pouco esclarecidos pelos historiadores nas aulas de história. O museu, inaugurado em 1° de abril de 1972, fica em uma pequena casa de cinco salas. Em 1971, a prefeitura de Paraíba do Sul iniciou as escavações no antigo cemitério em busca dos ossos de Tiradentes. Em 21 de abril de 1972, quando se comemorava o sesquicentenário de morte do alferes, o então prefeito Nelson Espíndola de Aguiar inaugurou o conjunto Histórico, espaço onde está abrigado o único Museu Sacro-Histórico contendo também 20

| revistaon.com.br

os restos mortais atribuídos ao Mártir da Inconfidência. Para Lígia, é a partir desse ano que Sebollas se transforma em um ponto importante. “Incorporaram oficialmente o Monumento a Tiradentes, o Museu Sacro-Histórico e a Igreja de Sant’Anna como espaços oficiais representativos da história local e da Independência do Brasil, inserindo assim a cidade de Paraíba do Sul no contexto histórico nacional”, esclarece. Em um sepulcro fica o material atribuído a Joaquim e partes do crânio de Ana Mariana. Pedaços da fazenda de Sebollas também dividem o espaço no pequeno túmulo. Na parede, fotos do dia das escavações. O quadro alegórico do revolucionário foi pintado por Washt Rodrigues. A imagem veio do acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. A figura aguça a imaginação sobre a real fisionomia desse personagem da história real.

O santuário pacato Se não fosse o colégio em frente e o cantar dos pássaros, seria impossível ouvir barulho. A zeladora Elvira Cristina Fernandes de Carvalho trabalha no museu há oito anos e só vê benefícios para sua comunidade. “É muito importante para nós, pois vêm visitantes de vários lugares. Todo ano o prédio é reformado e a escola também”,

conta. Ela também aponta a limpeza e conservação das ruas como outras vantagens. Orgulhosa, revela sorrindo, o grande movimento nos fins de semana, quando recebe turistas de Petrópolis, Rio de Janeiro e até estrangeiros. Sobre o inglês explica: “Geralmente eles já vêm com intérprete”. Luiz Coelho, 66, nasceu em Sebollas. Atualmente mora no centro de Paraíba do Sul. No entanto, ainda mantém vínculo familiar e profissional com aquela terra. Ele, que se considera um historiador por experiência, dedicou-se ao estudo da localidade e sabe, na “ponta da língua”, a história donde nasceu. Hoje, é um agente no centro Cultural Maria de Lurdes Tavares Soares e por ser autodidata, é responsável por contar a história da cidade, na qual o 3º Distrito está inserido, aos visitantes. Para o secretário de Turismo Adriano de Oliveira Silva, apesar de distante, o local é bem divulgado. “Pode perguntar em qualquer lugar, qualquer cidade da região; todo mundo conhece.” Ainda que tranquilo, o 3º distrito recebe turistas constantemente. Em junho foram 215. Uma média de 54 pessoas por fim de semana, dias em que o movimento aumenta. Em abril, o pequeno museu chega a abrigar 1.000 visitantes. Ainda de acordo com o secretário Adriano, a proximidade com Petrópolis, Três Rios, Paty do Alferes e Areal facilita o acesso. REVISTA ON

REVISTA ON

TURISMO

MUSEU Foi inaugurado em 1° de abril de 1972


REVISTA ON

REVISTA ON

lusitana, à qual a brasileira estava ligada pelos laços de sangue”, acredita o professor. Figueiredo Rodrigues também defende que ao ser enforcado, esquartejado e decapitado em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, Tiradentes estava careca e sem pelos no rosto. “Raspar as barbas e cortar os cabelos fazia parte do ritual de morte de um condenado pela justiça”. Segundo o Doutor, uma forma das pessoas olharem e reconhecerem a face do condenado à morte. Em sua pesquisa, revela terem apreendido lâminas de barbear na cela após a execução.

Religiosidade

GUARDA A farda do alferes Tiradentes permanece impecável

O “Cristo brasileiro” Ideias revolucionárias, vários seguidores e uma morte trágica. Tiradentes foi enforcado por manter sua posição no propósito que defendia. A imagem de barba grande e cabelos longos também foi questionada pelo Doutor em História Social André Figueiredo Rodrigues. Ele conta que não existe nenhum retrato deste herói brasileiro feito por quem o tivesse conhecido pessoalmente. Desta forma, explica as imagens divulgadas em livros de história com idealizações que buscam acentuar sua semelhança com as representações de Jesus Cristo. Para ele, o único elemento que o distingue do “filho de Deus” é a corda no pescoço. “Essa escolha não foi casual. Após a Proclamação da República, o país necessitava de heróis para legitimar o regime político que surgia. Executado pelo governo português, Joaquim encarnou o papel de mártir que incorporava as culpas, dores e sonhos do povo, já que era o mais popular das vítimas da monarquia

Além da imponente farda do alferes, a qual permanece impecável em uma vitrine, o museu em Sebollas abriga em seu acervo, imagens religiosas de madeira datadas no século XVIII. O altar pertencente à antiga capela do local e uma pia inglesa de metal da fazenda de Anna Mariana Barbosa estão entre os objetos. A igreja ainda é muito presente na localidade onde Tiradentes fazia suas pousadas. A tradicional festa em louvor à Sant’ana, padroeira de Inconfidência, acontece no mês de julho. A comemoração é uma das mais antigas e tradicionais da região. Procissões religiosas, leilões e bandas regionais compõem a programação.

21 de abril Todo ano uma grande festa comemora o dia do alferes Joaquim José da Silva Xavier. Em 2011 as homenagens foram acompanhadas pelo monólogo “Joaquim José – mártir com fé” do ator Amarílio Carvalho. O evento teve início às 8h com uma missa na Igreja Matriz da Paróquia de Sant’ana de Inconfidência. A Guarda Municipal, alunos da rede municipal de ensino e banda Marcial de Paraíba do Sul participaram da comemoração.

O fracasso mineiro Partindo de uma ótica mais ufanista, a presidente da Fundação Cultural observa a manifestação mineira como o início da

O ALFERES Ele foi um elo entre Sebollas e a história do Brasil

república brasileira. “Foi um dos mais importantes movimentos sociais da história. Serviu para induzir o movimento republicano e, mais tarde, o fortalecimento da Identidade Nacional, enaltecendo os atos revolucionários do mártir da Independência”, defende. “A Inconfidência Mineira fracassou”, afirma o professor André. Conforme defende, Joaquim foi preso pelo que acreditava e morreu por assumir a culpa dos demais. “Isto o torna herói. Enquanto os demais presos negavam participação, ele assumiu o crime de rebelar-se contra o poder português em Minas Gerais. Defendia a liberdade, morreu por causa dela”, finaliza. Herói ou não, de fato Tiradentes foi fundamental para a história nacional, enquanto Sebollas era uma passagem na peregrinação desse mártir brasileiro. revistaon.com.br

|

21


22

| revistaon.com.br


NEGÓCIO

Arte com as mãos POR PRISCILA OKADA

Referência na região, artesãs trirrienses buscam divulgar cada vez mais seus trabalhos ao acompanhar novas tendências.

N

em todos nascem com o dom para arte, mas para aquelas que recebem a graça, uma outra visão de enxergar o mundo pode transformar o simples no diferenciado. Foi assim, que um pequeno grupo da cidade de Três Rios, começou a idealizar o processo de crescimento do artesanato local. Através de um projeto do governo nos anos 70, chamado Mobral (Movimento brasileiro de alfabetização), que objetivava a erradicação do analfabetismo no país, outros incentivos foram oferecidos aos alunos, como a oportunidade de geração de renda através da arte. Na época, impulsionado pela atual secretária da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), Jeanette Aguiar, e prefeitura, todos que apresentavam algum talento para práticas manuais, tinham a oportunidade de expô-las em barracas montadas na praça São Sebastião, no centro da cidade. Com o sucesso da feirinha das artesãs, outras

pessoas começaram a se interessar pela atividade. Apesar de o artesanato trirriense ter sido iniciado há 30 anos, apenas em 2001, o grupo buscou a legalização de suas atividades, quando foi registrada a associação de Artesãos de Três Rios, mais conhecida como Arte Nossa. Com a formalização da instituição, o município, que sempre os apoiou, presenteou-lhes com a inauguração, em 2006, do Centro Cultural Generozo Portella, espaço destinado à exposição e venda do artesanato local. O principal objetivo da Arte Nossa, desde então, foi incentivar a participação desse grupo nas feiras e eventos que possibilitam a divulgação do artesanato trirriense, além de motivá-los para atualização através de cursos e palestras. O espaço oferece produtos diversificados como bordados, pinturas decorativas em madeira, pintura em tecido, bonecas de pano, bolsas, bijuterias, luminárias em bambu e produtos de material reciclado.

revistaon.com.br

|

23


REVISTA ON

AMIGAS Elisabete R.Coutinho, 59 e Maria Concebida Fernandes,68

Para a presidente da associação Arte Nossa, Heloisa Silvino dos Santos, 60, as vantagens de ser ter um espaço como o centro cultural são inúmeras. “Temos um centro como referência. Participamos de todos os eventos promovidos pelo Sebrae e secretaria de Cultura e Turismo. Muitas vezes, as pessoas não adquirem nossos produtos em um primeiro momento, mas como sabem que temos esse espaço, acabam comprando em outra ocasião”, revelou. Ainda de acordo com a presidente, o grupo tem buscado focar na modernidade ao acompanhar as tendências atuais de vendas. Questionada sobre os valores da população, que enxerga o artesanato como produto de exposição e não de compra, ela é categórica: “No início muitas pessoas vinham para cá com essa visão, mas hoje em dia, o artesanato esta sendo muito procurado, é comercialização mesmo, é quem consegue produzir tem uma visão do mercado artesanal. Mesmo quem entrou aqui apenas para passar o tempo, está se adequando e acompanhando o ritmo da casa”, salientou. Dos 35 associados que iniciaram o movimento, somente 17 permaneceram em atividade na Arte Nossa. Alegando carência nas vendas, esses dissidentes montaram uma nova associação em 2008, chamada de Pura Arte. Eles começaram com oito associados que faziam parte do primeiro grupo [Arte Nossa]. A presidente [Pura 24

| revistaon.com.br

“Para mim é uma opção de vida. Você poder colocar o seu sentimento na arte, mostrar para a sociedade do que é capaz, é como ler o mundo diferente”, Artesã Elisabete Coutinho,59

Arte], Lucimar Gomes Machado Rocha, 47, conta que só o amor pela arte não é o bastante, pois para alguns integrantes, o único meio de renda provém das vendas do artesanato. “Eu trabalho por amar o que eu faço, mas quero ver retorno, quero vender. Lá no centro cultural (esquina da rua da Maçonaria com a Nelson Viana), eu não vendia como aqui (rua 14 de dezembro). Por ser uma loja comum de frente para a rua e com vitrine, as pessoas entram muito mais”, explica. Ainda de acordo com Lucimar, é muito importante a participação dos artesãos nas feiras culturais, pois além de impulsionar o aumento de negócios, os produtos ganham mais visibilidade. “Precisamos de um incentivo maior, para que todos possam participar de mais eventos fora da cidade”, acrescentou. De acordo com o secretário de Cultura e Turismo, Marcos Pinho, o poder públi-

co tem apoiado o artesanato por meio da cessão de espaço permanente da Casa do Artesão e garantido espaços para comercialização dos produtos em todos os eventos turísticos promovidos pela prefeitura. “Eventos como os que acontecem na praça São Sebastião e a Expo Fest, são exemplos do investimento neste setor”, garante Pinho. Indagado sobre a possível volta da feirinha do artesanato na praça São Sebastião, o secretário revela que há uma previsão para o início de setembro, quando serão montadas 30 barracas personalizadas para os artesãos do município. A feira acontecerá quinzenalmente no mesmo local. Ainda de acordo com o Marcos, serão preparadas oficinas de capacitação em técnicas de empapelamento (esta técnica consiste em fazer canudos de papel bem apertados que, ligados um ao outro com amarrilhos ou fita adesiva, servem para fazer uma estrutura), criando produtos que representem a história do município. O Sebrae que auxilia os artesãos há 10 anos oferece capacitação com os cursos de formação de preço, desenvolvimento de equipes, chefia e liderança, atendimento ao cliente e técnicas de vendas. Além disso, desenvolve projetos que inserem o artesanato local nas principais feiras da


“Eu trabalho por amar o que eu faço, mas quero ver retorno, quero vender”, presidente da associação Pura Arte, Lucimar Gomes Machado Rocha, 47

região como Centro Sul Negócios, Festival Gastronômico, Feira do Lavradio no Rio de Janeiro, Feira Mãos de Minas em Belo Horizonte e Salão de Natal em Três Rios. Para a recém-aposentada, Elisabete Coutinho, 59, que desde a infância acompanhou sua mãe e sua avó nessa arte, viu na atividade, a oportunidade de fugir da ociosidade e complementar sua renda. “Para mim é uma opção de vida. Você poder colocar o seu sentimento na arte, mostrar para a sociedade do que é capaz, é como ler o mundo diferente”, descreveu.

Apesar de enxergarem a exportação como um objetivo, as artesãs já selecionam tendências que estão em alta, objetivando romper as barreiras nacionais. “Nosso plano é modificar o trabalho para exportar. Essas participações em feiras são um treinamento para ajudar o desenvolvimento do grupo. Um exemplo é a nossa presença na Feira Gastronômica de Três Rios. Vamos focar nossos trabalhos no tema proposto pela feira e personalizar de acordo com o evento. Assim, caminharemos para a modernização do artesanato”, acredita Heloísa, presidente da associação Arte Nossa. Para Lucimar, presidente da Pura Arte, ainda falta alguns subsídios para ganharem novos espaços. “Não chegamos a exportar, mas muitas pessoas nos procuram para personalizar produtos, que são levados como presente para pessoas em outros países” revela.

REVISTA ON

Futuro do Artesanato

TRICÔ A boneca é um dos produtos das artesãs

revistaon.com.br

|

25


a p r e s e n t a :

04 ,0VE5MeBR0O6

DE NO Estádio do Entrerriense - Três Rios/RJ

OS MAIORES ARTISTAS DO BRASIL NA MELHOR FESTA DO ANO! 26

| revistaon.com.br


SEX

04

GUILHERME & SANTIAGO

A PARTIR DE

21 HORAS

DOM JORGE

SÁB CAPITAL

05 INICIAL

06 & MATEUS A PARTIR DE

18 HORAS

A PARTIR DE

21 HORAS

CAMAROTE

04/11

Van Storck P A T R O C Í N I O

05/11 MARCELO CIC

06/11

FELIPE SENNE

ww w.tr popser ta nejo. com.b r @trpopsert

/trpopsertanejo revistaon.com.br

|

27


COMPORTAMENTO

LUZ NA PASSARELA

O reinado de

Cristal POR PAULA ARAÚJO

ARQUIVO PESSOAL

Oitenta e oito centímetros de altura, olhos verdes, cabelos loiros, 13 kg e manequim 2/3 anos. Medidas perfeitas? Para uma modelo infantil, sim. Conheça Cristal Botelho, a menina que, aos 2 anos, vai representar o Rio de Janeiro em um concurso nacional de misses.

28

| revistaon.com.br


P

ular, correr, desenhar, pintar, cantar e dançar são atividades corriqueiras para uma criança de 2 anos, mas as brincadeiras de Cristal Botelho passeiam pelo universo da moda e da beleza. A menina, que nasceu em Petrópolis no dia 7 de novembro de 2008, carrega no peito a faixa de Miss Destaque da Beleza Baby 2010, representando o Estado fluminense. Quando ainda tinha apenas alguns meses de vida, sua mãe, a profissional de marketing Carine Botelho, 25, já era parada por pessoas na rua 16 março, onde a família morava, na Cidade Imperial, para admirar a pequena. Foi a partir daí que Carine e seu marido, o publicitário Pedro Lopes, 24, começaram a procurar informações sobre trabalhos e agências de modelos. “Inicialmente a agenciamos em uma empresa de Copacabana, no Rio de Janeiro”, conta a mãe. Com apenas 1 ano, Cristal estampava o comercial de uma conhecida marca de cosméticos. Hoje, a menina pode ser contratada para diversos trabalhos em agências espalhadas pelo país, como São Paulo e Rio

“Com apenas 1 ano, Cristal estampava o comercial de uma conhecida marca de cosméticos”

Grande do Sul. A loirinha de 88 centímetros, sorriso carismático, olhos verdes e covinhas na bochecha leva uma vida aparentemente normal. Prodígio, ela sabe todas as letras do alfabeto, as cores, conta até 20 e também está sendo alfabetizada em inglês. Para dar conta de tantas tarefas, a mãe explica que planeja a rotina da filha de forma a não pressioná-la, baseando-se, inclusive, em livros para educá-la. Na parte da manhã, Cristal fica em casa e para cada dia da semana ela tem um quadro com horários e brincadeiras diferentes. É nessa parte do dia que participa

do que Carine chama de “hora de aprender”, momento em que lhe é ensinado algo novo, como um número ou uma palavra em inglês. Depois do almoço, na maioria das vezes feito com os pais, ela vai para a escola. À noite, tem horário para jantar, tomar banho, ouvir uma estória e dormir. A psicóloga Bonnie Matioli, especialista em psicologia médica e pós-graduada em psicanálise e em políticas e pesquisas em saúde coletiva, ressalta que os pais investem nos seus filhos um ideal de ser e direcionam a educação de acordo com que pensam ser o melhor. Ela afirma que momentos de descontração e aprendizado, como os realizados com Cristal, são essenciais. “A criança precisa se sentir livre, brincar, aprender, se expressar e questionar”, argumenta. Agora, a família, que atualmente mora em Areal, se prepara para um novo desafio: o concurso Destaque da Beleza Brasil, que ocorrerá em novembro deste ano. Sobre os treinos, Carine explica que não há uma rotina específica. “Ensaiamos apenas quando ela pede ou quando o dia do desfile está se aproximando”, diz. Para ela, que garante não impor nada à filha, os ensaios não passam de uma “brincadeira de ser miss”. “Assisto a desfiles e a treinamentos de crianças da mesma idade pela internet e a programas de TV, para aprender as coreografias e transmiti-las para a Cristal e ela me imita. Com o tempo, aprende a fazer os movimentos sozinha. É muito divertido e ela nem percebe que é um treino”, afirma. Do ponto de vista psicológico, Bonnie atenta que é preciso investigar se tal ação é de fato uma vontade da criança ou se ela busca a aprovação de alguém. Conforme a diretora nacional do concurso, Ladi Jobim, na categoria Baby, na qual Cristal está inserida, é avaliada a desenvoltura, a espontaneidade e a graciosidade. “O evento tenta identificar a criança com mais potencial para trabalhos como modelo e socialmente integrada, que se adaptem rapidamente aos ambientes e sintam alegria quando estão em lugares cheios e com agitação”, esclarece. Além de Cristal, o Rio de Janeiro também terá o seu representante masculino, Bryan Gabriel, vencedor do Mister Destaque da Beleza. revistaon.com.br

|

29


ARQUIVO PESSOAL

COMPORTAMENTO

PRODÍGIO A menina sabe o alfabeto, as cores, contar até 20 e também está sendo alfetizada em inglês

Ainda que proporções e padrões estéticos, assim como a moda e os produtos específicos para cuidar da aparência vejam no público infantil um alvo de consumo cada vez maior, a possível frustração quanto ao fato de não atingir determinados critérios preestabelecidos pela sociedade não preocupa a mãe da modelo. Carine é taxativa ao dizer que todos estão vulneráveis à imposição midiática pela beleza, independentemente de seguir ou não a carreira artística. “Deixo claro para a Cristal que não é preciso ser igual ao outro para ser bonito, que isso faz parte da nossa individualidade. No momento, o charme dela é ser criança”, enfatiza a profissional de marketing. A psicóloga ouvida por nossa equipe recomenda que os pais fiquem atentos a essas exigências de modo a não reforçá-las. “Quando isso acontece na infância pode ser prolongado até a vida adulta, tendo sérias consequências”, ressalva. Vencendo ou perdendo uma campanha ou um concurso, a menina sempre é presenteada pelos pais, seja com uma escova de dentes nova, embrulhada em um papel chamativo, seja com um brinquedo mais caro. Pedro e Carine dizem deixar cla30

| revistaon.com.br

ro para a pequena, em palavras e gestos, que sentem orgulho dela. Matioli chama a atenção para o que denomina como “sistema de recompensas”. “A superproteção não permite que os filhos se deparem com as frustrações, impedindo-os de lidar com o sofrimento, com a angústia e com as perdas.” Para Ladi, o apoio e o estímulo dos familiares, sem pressão ou compromisso em ser o melhor, acaba por moldar o comportamento e o comprometimento, determinantes para uma carreira de sucesso. O que se nota é que o futuro de Cristal está sendo traçado desde bebê. Todo o dinheiro recebido por cada trabalho é depositado em uma poupança em seu nome e ela terá acesso à quantia quando completar 18 anos. Além do dinheiro conquistado, se um dia as luzes se apagarem na passarela por onde passar, a menina poderá ter uma única certeza: seus pais a apoiarão em qualquer decisão. “Estamos encaminhando a Cristal para uma profissão e ela vai poder escolher segui-la ou não. A vida é cheia de opções e a minha filha terá acesso a todas. O que queremos é vê-la feliz”, completa Carine, que já pensa em, um dia, agenciar a filha mais nova, Mel, nascida em julho.


revistaon.com.br

|

31


COMPORTAMENTO

Brincando no SHUTTER STOCK

século XXI POR PRISCILA OKADA

Está chegando o Dia das Crianças. Com a proximidade desta data, surgem também as dúvidas dos pais em achar o presente ideal para os seus filhos. Os pequenos evoluíram com o tempo, os brinquedos mudaram e brincadeiras ganharam outros sentidos.

Q

uem não se lembra da cantiga de roda “Atirei o pau no gato”? Um dia, certamente, a brincadeira já fez parte de sua vida. As crianças, em roda, vão dançando e saltitando no ritmo das sílabas. No final, todos gritam “miau!” e se agacham. Depois levantam e começam tudo novamente. Hoje em dia os pequeninos ainda brincam de roda, mas o que querem mesmo, quase sempre tem a ver com novidades publicadas na tv e outras mídias. A tecnologia agregou novos valores e deixou de lado a criatividade das crianças que, quando ainda não existia brinquedos, inventavam meios para se divertirem. Os anos passaram e os computadores, os games tridimensionais, bonecos falantes e interativos, ganharam a vez. É mais comum ver jovens em lojas de departamento querendo algo que não seja um brinquedo, e que geralmente são cobiçados por adultos. Celulares, roupas de marca e joias estão nos pedidos. 32

| revistaon.com.br

Por trás dessas mudanças no comportamento infantil, a psicóloga Suzane Guedes Xisto, especialista em desenvolvimento humano, explica o desencadeamento dessas modificações de valores e objetivos. Para ela, conceitos, gostos, preferências e escolhas, mudam com interações que as pessoas vivenciam. Dessa forma, escolhas são influenciadas pelo meio social em que a criança vive. Para a profissional, a indústria do consumo acaba por destituir o valor afetivo do brinquedo devido à sua possibilidade de troca inesgotável, e quando não há uma orientação dos pais e reflexão sobre essa lógica de mercado, acaba-se tendo a necessidade maior de compra.

“É muito importante que as famílias sejam reflexivas a estas questões. Com certeza, a escolha do presente será mais assertiva e proporcionará efeitos também em longo prazo”, psicóloga Suzane Guedes Xisto.

Por exemplo, se a cada dia experimento uma coisa nova e interessante que ultrapasse a anterior, passo a desejar a


REVISTA ON

nova’’, afirma à profissional. A psicóloga dá exemplos de como os brinquedos tinham uma interação emocional e diz: “Antigamente, as crianças e pais produziam juntos os brinquedos, propiciando uma oportunidade lúdica incentivada pela relação, vinculando ao brinquedo um valor afetivo.” Sobre a atitude dos pais em ceder às vontades dos filhos, Suzane enfatiza que muitas vezes os genitores têm a necessidade de suprir suas faltas e acabam se entregando a essa lógica de consumo desenfreada. Ela observa que muitos deles são interessados em dosar esse comportamento, mas apresentam dificuldades em ir contra a esse costume. A psicóloga dá uma dica nesta data. “É muito importante que as famílias sejam reflexivas a estas questões. Com certeza, a escolha do presente será mais assertiva e proporcionará efeitos também em longo prazo.”, alerta. Gerente de uma loja de brinquedos em Três Rios, Aparecida Haubrick, 42, revela uma forte tendência nos últimos tempos. Para ela, os pais de hoje tentam suprir os filhos com presentes que eles tinham vontade de ter na infância e que não puderam ganhar. “Muitos compram um presente na tentativa de agradar o filho e se auto presentear’’, acredita. Para a gerente, mesmo com toda evolução e mudança no gosto das crianças, brinquedos ainda são os mais pedidos. Outra visão sobre compras é analisada pela vendedora de celulares, Monique Estevão, 24. Para ela, muitas vezes os clientes [pais] optam pela tecnologia, por acreditarem que seja mais necessário do que um brinquedo. “Hoje, os progenitores trabalham fora e passam o dia longe dos filhos. Por isso, acabam cedendo a vontade dos herdeiros cada vez mais cedo, pensando na necessidade e em um jeito de manter

JOGOS INFANTIS As papelarias da cidade estão preparadas para conquistar as crianças

“Já tenho um celular, agora só falta eu ganhar um notebook. Só não sei se vai ser agora ou no Natal”, estudante Flávia Coelho.

uma proximidade com eles”, acredita. Pais trirrienses demonstraram facilidade para ceder às vontades dos filhos. Esse é o caso da dona de casa, Angélica Lavinas Silva, 34. Ela disse comprar sempre que pode uma lembrancinha para a sua filha. “Ela acabou de ganhar uma bicicleta e já estou pensando no presente do Dia das crianças”, confessa a mãe carinhosa ao lado da filha. Ao entrevistar estudantes entre 5 e 12 anos, uma surpresa: a maioria ainda prefere ganhar brinquedos neste dia. Tiago Macedo, 9, é um desses. “Não ligo tanto para presentes, mas quando eu ganho, prefiro brinquedos. Quero muito um patins nesse Dia das Crianças’’, confessou. Diferente da adolescente Flávia Coelho,12, que já não liga tanto para bonecas como antes e está de olho em presentes mais adultos. “Já tenho um celular, agora só falta eu ganhar um notebook. Só não sei se vai ser agora ou no Natal”, conta sorrindo.

BRINQUEDOS ANTIGOS X ATUAIS

Atari Game

Play Station, Nintendo Wii

Playmobil, Caça Pirata, Pula pirata

Barbie, Ben 10, Justin Bieber

Pião, Ioiô, Mola Maluca

Moto elétrica

Fogão, Moranguinho

Shrek, Max Steel, Avatar

Comandos em Ação, Caixa Registradora

Life revistaon.com.br

|

33


34

| revistaon.com.br


LAZER

Os caminhos para a melhor idade POR ANA PAULA CANEDA

SHUTTER STOCK

“Eu não tinha este rosto de hoje. Assim calmo, assim triste, assim magro. Nem estes olhos tão vazios. Nem o lábio tão amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas. Eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil. Em que espelho ficou perdida a minha face?” A citação “Retrato” de Cecília Meireles que fica exposta em uma das paredes do Centro Dia para Idosos é perfeita para definir o espaço criado, especialmente, para atender a melhor idade.

revistaon.com.br

|

35


REVISTA ON

LAZER

TRABALHOS Uma das atividades preferidas pelos idosos, a pintura

L

ocalizada na margem direita do rio Paraíba do Sul, em meio à paz e tranquilidade do horto municipal em Três Rios, a sede do Centro Dia para Idosos promove atividades voltadas para a melhor idade e conta com 17 profissionais especializados para assessorar 20 idosos, entre homens e mulheres. A Revista On fez uma visita ao local e colheu relatos emocionantes de funcionários e alunos, que demonstraram, além do respeito, um carinho recíproco. Criado em 2003 com a missão de promover a inclusão social, cidadania e qualidade de vida, a unidade pertence à estrutura administrativa da secretaria municipal do Idoso e da Pessoa com Deficiência de Três Rios e está cadastrada no Conselho Nacional de Entidades de Saúde (CNES). Não há muitos critérios para participar do projeto. A família entra em contato com a equipe do Centro Dia e a avaliação começa com a visita de uma assistente social à residência do idoso. Em seguida, ele passa por uma junta médica que vai definir as atividades que pode participar. De acordo com o coordenador Vagner 36

| revistaon.com.br

“Se não tiver amor não produz”, Joel Melo, animador cultural

Carneiro, 59, há dois anos no projeto, “o Centro pode receber pessoas ativas e semi-dependentes, aquelas que possuem alguma limitação, mas conseguem fazer atividades básicas sozinhas”. A iniciativa é da família, “eles ficavam sozinhos em casa, ociosos. Os familiares precisam sair para trabalhar, e na maioria dos casos, não tem condições de arcar com os custos de um cuidador”, enfatiza Vagner. Alguns chegam um pouco “ariscos”, como define o coordenador. “Muitos não querem vir no começo, depois que interagem com os outros, não deixam de participar das atividades”, explica. O Centro possui uma rotina seguida à risca, uma van busca e leva os idosos nas residências após o término das atividades. Todos os dias uma enfermeira afere

a pressão e em seguida eles começam as atividades culturais, aulas de pintura e artesanato ministradas por dois animadores culturais que se revezam semanalmente. Nas datas comemorativas realizam atividades temáticas. A maioria das vezes peças teatrais encenadas pelos próprios alunos. As refeições são elaboradas por uma nutricionista e o almoço é sempre servido ao meio dia. Alguns ajudam a cuidar da horta, cultivada nos fundos da unidade. Uma professora de educação física cuida das atividades recreativas, e constantemente, todos os velhinhos são acompanhados por uma nova avaliação médica. A equipe é composta por um geriatra, duas fisioterapeutas, uma dentista, uma psicóloga e uma fonoaudióloga. “Se não tiver amor não produz”. A frase do animador cultural Joel Melo, 60, define o trabalho realizado no projeto. Melo se formou em artes há seis anos. Ele está desde 2005 no projeto e fala emocionado das experiências vivenciadas com os alunos ao lembrar-se da vontade de viver de Generosa, 107, que faleceu em agosto de 2010, vítima de uma complicação pul-


REVISTA ON

DEDICAÇÃO O coordenador Vagner com alguns alunos na sala de artesanato

monar. Antônio Luiz da Silva, 54, conhecido como “Tunico”, também animador cultural, está no Centro Dia desde 2003. Para ele, o trabalho se torna gratificante, quando possibilita “melhorar a condição de vida de idosos que eu conheci na infância, quando eles ainda eram jovens”, complementa. Ana Conceição Rosa, 94, é a mais velha do grupo. Com a voz baixa, mas firme, relembra o período que esteve afastada da unidade. “Fiquei fora por um mês para me tratar de uma virose. Achei que fosse morrer, quando voltei foi uma alegria”, revela a emoção de retornar as atividades enquanto acabava os últimos detalhes da flor de papel na sala de artes. Muitos idosos presenteiam os familiares e amigos com as peças de artesanato que produzem no centro. Aulício de Souza, 83, conhecido como “Coca”, mostra uma de suas pinturas. “Meu neto não acreditou que foi eu quem fez o quadro quando cheguei com ele em casa”, brinca o ex-alfaiate que exerceu o ofício até novembro de 2010. Ele só parou de trabalhar por causa de um problema de má

“Fiquei fora por um mês para me tratar de uma virose. Achei que fosse morrer, quando voltei foi uma alegria”. Ana Conceição Rosa, 94 anos

circulação nas mãos. Quando algum idoso passa mal, é levado na companhia da enfermeira, até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e a família é avisada imediatamente. Com isso, essas pessoas ficam sob cuidados de parentes durante o tratamento e retorna às atividades assim que receber alta. O Centro Dia recebe pacientes encaminhados pelo Planeta Vida, sempre que o atendimento, deste, está sobrecarregado. Para os especialistas, com as atividades, é possível inserir mais uma vez essas pessoas na sociedade. “O idoso fica muito recluso e tende a depressão, a se isolar. As

atividades e o convívio com outras pessoas gera um bem-estar muito grande e auxilia em qualquer tratamento”, enfatiza a fisioterapeuta Ana Carla Louzada Villeta, 30, que faz parte da equipe da unidade há um ano.

Idosos no país O último censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro Geografia e Estatística) aponta para um perfil mais envelhecido do país. Em 2050 para cada 100 crianças de 0 a 14 anos, existirão cerca de 170 idosos. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) lançou o estudo “Condições de funcionamento e infraestrutura das instituições de longa permanência para idosos no Brasil”. No primeiro parágrafo, a pesquisa levanta o seguinte questionamento: quem ficará com a responsabilidade de cuidar desses idosos? A família ou as instituições públicas? De acordo com a assistente social do Centro Dia, Aline Helena de Oliveira, 30, o projeto foi desenvolvido com o objetivo revistaon.com.br

|

37


REVISTA ON

REVISTA ON

LAZER

CUIDADO MÉDICO Hélcio atendendo Dona Luiza thomáz, 73

de apoiar a família e evitar a institucionalização; abrigo ou asilo. “Hoje as famílias estão menores e precisam trabalhar cada vez mais”. Devido ao aumento na expectativa de vida do brasileiro, o país tem um grande número de idosos e, muitos, com núcleo familiar desagregado e poucas condições de sobrevivência. De acordo com o médico geriatra Hélcio Serpa, “o governo está incentivando a criação de projetos que possam minimizar cada vez mais a falta de estrutura social e econômica”. Nesses locais [projetos], além de alimentação, o indivíduo tem educação, lazer e atendimento médico, “regalias” cuja grande parcela passou a vida sem. “Na unidade, essas pessoas têm acesso a essa dignidade, eles têm carinho e afeto, o que muda a expectativa de vida. Uma pessoa com 85 anos passa a ter mais vontade de viver”. O médico enfatiza: por mais que a família dê atenção, não é possível estar o tempo todo ao lado do idoso. “Durante o horário de atendimento do Centro, há sempre alguém prestando serviços a eles, sentindo as mesmas dores ou simplesmente ouvindo as suas histórias”. A média de permanência do idoso nesse local é de três meses. Passado esse período ele tem alta, mas pode continuar na unidade, de acordo com a necessidade 38

| revistaon.com.br

da família ou se a junta médica indicar a permanência para algum tratamento. Isso é o que ocorre com a maioria dos frequentadores. Quando o idoso tem alta é fundamental que a família dê continuidade ao processo iniciado no projeto. “Quando o trabalho é realizado com uma equipe multidisciplinar, consegue-se um ganho muito grande”, enfatiza o médico Serpa ao ressaltar a importância do serviço. “O grupo de pessoas necessitadas no Brasil é muito grande. Os países desenvolvidos se preparam para dar suporte aos seus idosos, enquanto nos subdesenvolvidos não há um preparo profissional e familiar, por ainda ser uma ciência nova no país”, complementa o geriatra. Em julho deste ano, Três Rios sediou a III Conferência Regional da Pessoa

“o governo está incentivando a criação de projetos que possam minimizar cada vez mais a falta de estrutura social e econômica” Hélcio Serpa - Médico Geriatra e Professor Universitário

VONTATE DE VIVER Ana Conceição mostra orgulhosa o seu trabalho

Idosa, quando foram debatidos projetos e leis para melhorias nas estruturas do segmento. Em depoimento à Revista On, na ocasião, o secretário do Idoso e da Pessoa com deficiência, Wiliam César Alves Machado, enfatizou a importância do evento e da criação de projetos como o Centro Dia para Idosos. “Quanto mais engrossam os seguimentos populacionais, precisam ser maiores as reservas de disponibilidade e de recursos financeiros e logísticos para a implementação de políticas para atender a sociedade”, disse e acredita que “o pontapé inicial foi a criação da secretaria do Idoso e da Pessoa com Deficiência no município”.


revistaon.com.br

|

39


SEGURANÇA

Fem: as mulheres da lei POR RAFAEL MORAES

Leve brilho nos lábios, cabelos bem penteados, brincos nas orelhas. Aparatos que se destoam do coldre preso à cintura. As fem, denominação dada às policiais femininas, defendem a manutenção da ordem pública, sem sair do salto, ou melhor, do coturno, tipo de bota usada por militares em atividades de combate.

O

38º Batalhão da Polícia Militar tem no efetivo 313 policiais, responsáveis pela segurança de Três Rios, Paraíba do Sul, Sapucaia, Comendador Levy Gasparian e Areal. Doze mulheres compõem a equipe trirriense. Já no Estado, elas são numericamente mais representativas. Dos 39.920 PMs, 2.119 são mulheres. Dez estão em cargos de comando ou chefia. Em Três Rios, as fem, têm tratamento igualitário, comparando com policiais masculinos. O cabo Alexandre Vieira da Cruz destaca a importância delas em abordagens na rua quando há uma pessoa do sexo feminino na ocorrência. “Nesses casos, uma busca pessoal só poderá ser realizada por uma mulher”, explica. Sobre a convivência no ambiente de trabalho, só elogio. “Hoje, a mulher tem conquistado um grande espaço em todos os meios. Exemplo maior é a presidenta do 40

| revistaon.com.br

Brasil. Na PM não seria diferente. Nosso trabalho é o mesmo, somos policiais.”, reforça o cabo. Marcos Henrique Arruda entrou na Polícia Militar em 1985. Hoje, é subtenente e chefe da P5, setor de relações públicas. Ele também não vê diferença em trabalhar com uma policial feminina. “É normal, me sinto à vontade. Não tenho nenhuma restrição quanto a isso, até porque a formação é a mesma”, garante. Com suas peculiaridades, cada uma explica como e quando decidiu entrar nessa profissão, antes voltada para os homens. A soldado Naira Olivetti, 32, há sete anos na corporação, acredita que, como em todas as profissões, o espaço conquistado atualmente foi ocupado aos poucos. “Trabalhamos em igualdade de condições”, assegura. “Temos os mesmos direitos e deveres de qualquer policial”, conta a soldado Denise, 31, cujo sobrenome não foi revelado.

Complementando o cabo Da Cruz, Naira argumenta sobre a transposição da barreira do sexo. Para ela, o preconceito que existia anteriormente em profissões até então consideradas aptas somente para homens, agora está se extinguindo. “Isso se deve ao empenho e desenvoltura que nós, mulheres, desenvolvemos”, conclui. O tratamento igualitário entre eles e elas também supõe riscos iguais. Rotas nas madrugadas frias de inverno e perseguições a bandidos estão entre as obrigações da função. Mesmo com essas “desvantagens”, o que levaria essas mulheres a trocarem o mercado de trabalho mais pacato pelo serviço militar? Naira percorreu esse caminho pelos exemplos familiares. Já para Denise, foi a estabilidade do serviço público que “falou mais alto”. O comandante do 38º BPM, Marcus Vinicius, está na polícia há 27 anos. Co-


“Hoje, a mulher tem conquistado um grande espaço em todos os meios, visto a presidenta do Brasil. Na PM não é diferente. Nosso trabalho é o mesmo, somos policiais.”, Alexandre Vieira da Cruz, cabo da PM

mandou várias mulheres em outros batalhões e também já foi subordinado de uma fem. Sobre a incorporação delas na instituição, foi enfático ao observar o assunto. “Vejo com profissionalismo”, disse.

Respeito dentro e fora do 38º As entrevistadas relembram o início, quando passavam mais tempo nas ruas. Acerca do trabalho externo, tanto Denise quanto Naira, em uma resposta quase ensaiada, apontaram que o respeito pela corporação estava acima do sexo em um trabalho mais ostensivo. “Tem que haver o respeito, independentemente de quem esteja dentro da farda”, reforça Denise. O risco é encarado por essas mulheres como uma particularidade efêmera, visto o objetivo maior que se propuseram a fazer. “Temos a responsabilidade sobre vidas desconhecidas”, salienta a soldado. “O risco existe em todas as profissões, só que na polícia é iminente”, observa Naira. Para essas mulheres da lei, sair da PM não está em seus planos. “Não pretendo sair. Pelo contrário, quero permanecer aqui. Embora a polícia seja criticada e desvalorizada, é imprescindível para o bem-estar social”, finaliza Denise, policial há cinco anos.

História da Polícia Militar No século XIX, a segurança pública era executada pelos chamados quadrilheiros, grupos formados por “bons homens do reino”. Eles eram armados com lanças e bastões e responsáveis pelo patrulhamento das vilas e cidades da metrópole portuguesa, cujo modelo foi estendido ao Brasil colonial. Eles cuidavam do policiamento das 75 ruas e alamedas da cidade do Rio.

Na época, como consequência da campanha napoleônica de conquista do continente europeu, a família real portuguesa, juntamente com sua corte, decidiu se mudar para o Brasil. Aqui chegando, a corte instalou-se no Rio de Janeiro, iniciando a reorganização do Estado no dia 11 de março de 1808, ano de nomeação dos ministros. Com a chegada dessa “nova população”, os quadrilheiros não eram mais suficientes para fazer a proteção da corte, com cerca de 60 mil pessoas, das quais a metade era composta por escravos. Em 13 de maio de 1809, dia do aniversário do príncipe regente D. João VI, criou-se a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia da Corte. Depois de inúmeras mudanças de nome e passadas algumas décadas e também o Brasil colonial, em 1960, a capital do país foi transferida para Brasília e a cidade do Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, passou a ter o nome de Estado da Guanabara. Até então, a instituição, que naquela cidade era denominada Polícia Militar do Distrito Federal, passou a ser chamada PMEG (Polícia Militar do Estado da Guanabara). No restante do território, a PMEG já havia ganhado o nome de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, isso em 1920. Em 1974, o governo federal decidiu reunir os dois Estados por meio da lei complementar nº 20, que determinou a fusão em 15 de março de 1975. Ainda segundo essa lei, a nova unidade federativa receberia o nome de Estado do Rio de Janeiro e, consequentemente, as duas instituições policiais militares foram fundidas. Surgiu então a PM como conhecemos hoje, com seu Quartel General no antigo Quartel dos Barbonos, no Centro da capital fluminense. revistaon.com.br

|

41


42

| revistaon.com.br


REVISTA ON

COTIDIANO

De passagem para um lar POR RAFAEL MORAES

No Brasil são mais de 20 mil crianças e adolescentes que moram em instituições como a Casa de Passagem de Paraíba do Sul.

FUTURO O menino que sonha ser policial, deseja, por enquanto, voltar para casa

Nós vamos embora hoje tio?”, a indagação é do garoto G. S., 7 anos. Ele e o irmão A. S., 9, estavam na Casa de Passagem “Dr. Nuno Soares Vaz Filho” em Paraíba do Sul quando a Revista On esteve no local para conversar com os jovens. Na ocasião, havia menos de 15 dias que tinham chegado. De acordo com uma fonte ligada à instituição, eles foram tirados da mãe que se prostituía para usar crack. Na hora em que a polícia chegou ela fugiu levando o terceiro filho, recém-nascido. Os casos que aportam lá se divergem pela idade, nome e endereço dos meninos [só recebe meninos. As garotas são acolhidas pelas irmãs de caridade] cujo único desejo e voltar para casa, mesmo

sendo por adoção. Entre tantos nomes, alguns casos como os irmãos dos quais o pai matou a mãe e os fez juntar os pedaços e o jovem à beira de completar 18, idade limite para permanecer no local, sugerem estudos para entender melhor a cerne das famílias “modernas” e essas instituições que tem a função de proteger, acolher, buscar um novo lar e ainda proporcionar, para estes jovens, uma sensação de família, mesmo que ainda guarde na lembrança uma imagem deturpada e marcada pela violência física, sexual ou psicológica. Casa de Passagem é um tipo de abrigo temporário para jovens até os 18 anos incompletos. Todos os hóspedes estiveram em situação de risco pessoal e social, seja

dentro ou fora do meio familiar. O principal objetivo é prezar pelo atendimento qualificado em busca da autonomia, cidadania e restituição de direitos violados, com base no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/1990). O mais velho dos irmãos citados no início da matéria é um dos inúmeros casos. Quando chegaram, a simplória televisão era algo novo para A. S., 9. Quando questionado sobre a família, o menino muda de fisionomia e o sorriso dá lugar a um semblante fechado. As mãos demonstravam o quanto incomodava tocar no assunto. De cabeça baixa, o jovem que sonha em ser policial no futuro, vê no presente apenas incertezas sobre seu lar. Nesta casa há 10 leitos dos quais oito revistaon.com.br

|

43


REVISTA ON

COTIDIANO

IRMÃOS Os jovens até brigam, mas ficam unidos na espera por um lar

estão ocupados. No mesmo dia da entrevista, uma criança de três anos era aguardado. Responsável pela Casa de Acolhimento Temporário, Carlos Alexandre da Cunha, tem orgulho de mostrar a dispensa cheia de mantimentos, fraudas, leite para as crianças e os freezers abarrotados de carne. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) divulgaram, em 2004, um estudo sobre os abrigos e traçaram um perfil das entidades pesquisadas. De acordo com os dados, 68,3% são não governamentais e 67,2 % são mantidas por entidades religiosas. Assim, como a Casa de Passagem de Paraíba do Sul é mantida pela prefeitura, apenas 30% das instituições pesquisadas são bancadas pelo poder público.

“Há cinco anos não tínhamos colégio para matriculá-los”, responsável pela Casa de Acolhimento Temporário, Carlos Alexandre.

Creas Em Paraíba, os jovens são alimentados e vestidos além de participarem de atividades fora da instituição. “Aqui tudo é de porta aberta. Há cinco anos não tínhamos colégio para matriculá-los. O povo dizia: ‘É da casa de passagem, então não tem vaga’”, desabafa Carlos sobre o preconceito que as crianças ainda sofrem. Apesar disso, todos estão matriculados em colégios públicos.

Os conselheiros

A conselheira tutelar Daiane Dias tra44

| revistaon.com.br

balha incessantemente na averiguação de denúncias e fiscalização de crianças em situação de risco. Dias foi empossada no dia 28 de julho e garante que o volume de serviço é muito grande. Só em julho foram 45 atendimentos. Ela revela que as principais ocorrências são de “maus tratos físicos, principalmente em meninos, além da exposição ao tráfico de drogas e abandono”. Com base no ECA( Estatuto da Criança e do Adolescente), ela alerta que só o fator financeiro não influencia na retirada da criança. De acordo com o levantamento do Ipea, a carência de recursos materiais da família responsável corresponde por 24,1% dos motivos de ingresso em abrigos. Abandono pelos pais são 18,8%. Já a dependência química foi a causa de 11,3% das crianças estarem em casas como a de Paraíba do Sul. “Só agimos quando a criança está em risco. Quando não há nenhuma perspectiva de vida”, completa. Em um primeiro momento, o conselho tutelar procura alguma pessoa com um vínculo familiar para abrigar esses jovens até uma decisão judicial. “Na ausência dessas pessoas, eles são levados para a Casa de Passagem”, explica Daiane. Quando uma criança é encaminhada para este local, a instituição aciona o Creas (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) que faz uma visita na casa das pretendentes à guarda da criança. Junto deles há uma comissão da justiça para averiguar se os jovens serão bem amparados.

A realidade dentro da entidade se contrapõe ao sofrimento no lar. Fato demonstrado no olhar de cada indivíduo quando o assunto em questão é a família. Alguns esperam por uma adoção. Como é o caso de D. M., 17, cujo tempo na instituição se finda em janeiro de 2012. Ele que vive na Casa há quatro anos, busca uma oportunidade de emprego para, uma vez fora da Casa, conseguir manter-se. Atualmente faz curso de estofador e mostra orgulhoso, os puffs que já produziu para vender.


“Só agimos quando a criança está em risco. Quando não há nenhuma perspectiva de vida”, conselheira tutelar Daiane Dias

De acordo com o regimento de onde mora, o prazo máximo para os jovens ficarem é de 90 dias, “mais do que isso o secretário de Bem Estar Social têm que autorizar, porque essa permanência tem um custo para o município”, explica Alexandre ao demonstrar preocupação com a situação do jovem, já que 18 anos é a idade máxima para ficar abrigado. “Não sei o que vou fazer. É impossível chegar janeiro e colocá-lo para fora”, completa. M. A., 14 e M. P, 20, estão no abrigo há seis anos. Há mais de quatro [anos] ninguém da família veio vê-los. Irmãos, eles passaram por problemas complica-

dos dentro de casa. Ainda de acordo com a fonte ligada à instituição, o pai dos jovens matou a mãe e está preso. O rapaz de 20 anos ficou com sequelas psicológicas e conta com a promessa do irmão de protegê-lo quando tiverem que sair do local. O psicoterapeuta Douglas Cardoso Alves é o coordenador do Creas sulparaibano e explica: “o rompimento do laço simbiótico que a relação mãe e filho impõem, por natureza, em curso normal já é sofrido, então imaginem quando isto se dá de forma abrupta, como ocorreu com alguns desses meninos. Inevitavelmente o sentimento de desamparo promove uma dificuldade de resolução de conflitos, traduzindo em dificuldades de aprendizagem, inserção e integração social”, contextualiza. De acordo com ele, em casos somatizados os sintomas transcendem ao físico chegando a patologias crônicas e limitadoras. Para minimizar esses estragos, o Centro de Referência disponibiliza uma equipe para orientação jurídica, psíquica e

social, através dos seus técnicos que, semanalmente, acompanham os casos com a finalidade de ajustar os laços familiares para a reinserção dos acolhidos. “Eles chegam só com a roupa do corpo, sem documento nenhum, normalmente, escoltados por policiais armados. Eles não querem vir, os pais também não querem que eles venham. Acompanhados por um conselheira tutelar e um oficial de justiça, choram muito; é uma situação ruim e triste de se ver”, disse Carlos Alexandre. Ele, de certa forma, assumiu o papel de pai, mãe, amigo e confidente desses jovens que estão aflorando a sexualidade em meio a tantas turbulências na puberdade. Tudo isso, sem esquecerem o futuro que bate a porta sem uma certeza da vida. Por ser um lugar de passagem, todos se toparam “por acaso”, mas fazem desse encontro ou desencontro, uma grande família. *Para preservar a identidade dos jovens, seus nomes foram abreviados.

revistaon.com.br

|

45


ASSESSORIA PMLG

REFORMA Os alunos ganharam salas e carteiras novas

Governo de Levy Gasparian revitaliza todas as escolas da rede municipal

46

| revistaon.com.br

ASSESSORIA PMLG

C

om recursos próprios, a Prefeitura de Comendador Levy Gasparian está investindo na melhoria das escolas da rede municipal, reformando e ampliando os prédios com intervenções que visam garantir mais qualidade e conforto aos alunos e profissionais da área educacional. A primeira localidade beneficiada foi Mont’Serrat, onde o governo construiu a nova Escola Municipal Nossa Senhora do Monte Serrat. Inaugurada em abril de 2010, substitui o antigo prédio que há muito tempo não oferecia condições favoráveis ao ensino e aprendizagem. Com salas de aulas climatizadas, amplas e seguindo os padrões exigidos pelo Ministério da Educação, a obra foi reali-

PLANTA Fachada escola São João Batista

zada com recursos próprios da prefeitura. O mesmo acontece na reforma e ampliação das escolas Salathiel Machado da

Fonseca, localizada em Afonso Arinos, Lia Gutsch - Gulf e São João Batista – Centro e também com as intervenções re-


ASSESSORIA PMLG

PUBLIEDITORIAL

ASSESSORIA PMLG

E.M. SALATHIEL MACHADO As obras já estão na fase final

REFORMA Novo visual para a Escola Municipal Lia Gusth

alizadas junto a Creche Meninos de Jesus. Iniciada em outubro de 2010, a reforma e ampliação da Escola Municipalizada Salathiel Machado da Fonseca incluiu climatização natural através da utilização de telhas termoacústicas, ampliação do refeitório, salas de aula, laboratório de informática, corredores de acesso e área de lazer. Também foi criada a bibliote-

ca, implantado um projeto paisagístico e construída de rampas de acesso. Aliás, a acessibilidade está presente em todas as obras realizadas pelo governo municipal. No caso da Escola Municipal Lia Gutsch, iniciada em janeiro de 2011, a reforma atinge também a quadra anexa com reforma dos vestiários, construção de cobertura e troca do aramado entre outras interven-

ções. Segundo o prefeito Cláudio Mannarino, a obra em questão envolve ainda a reforma e ampliação das salas de aula, revitalização da fachada e da área de jardim, arborização, climatização, além do acesso que será totalmente reformado. Maior escola da rede municipal, a E.M. São João Batista que atende 670 alunos (da educação infantil ao 9º ano do ensino médio), incluindo a turma multisseriada (adultos que cursam do 1º ao 5º ano do ensino fundamental), entrou em obras recentemente. Neste caso, o prefeito informou que a reforma, ampliação e revitalização atingirá todo o prédio, incluindo a fachada, construção de três novas salas de aula, auditório e cobertura do pátio, além de pintura, reparos nas redes elétrica e hidráulica. Enfim, as intervenções são necessárias para garantir aos estudantes, professores e pessoal de apoio, a devida estrutura para um ensino de qualidade. São mais de R$ 1 milhão de recursos próprios, investidos pelo governo gaspariense na revitalização das escolas da rede municipal numa demonstração da importância que o prefeito Cláudio Mannarino dá à educação e da seriedade com que atua à frente da administração municipal, revertendo taxas e impostos em obras para benefício direto da população. revistaon.com.br

|

47


ARQUIVO

COTIDIANO

APRESENTAÇÃO Sala Cecília Meireles em 2006

BANDA 1º DE MAIO

101 anos e um desafino POR ANA PAULA CANEDA

“O Grêmio Musical 1º de Maio, fundado em 1º de maio de 1910 pelos senhores Carlos dos Santos Vidal, Severino José Ferreira, Ernesto Silvio de Mattos, Manoel Carlos Gomes, José Araújo Gama, Antônio Eleotério e Luiz da Silva Cordeiro, considerado de Utilidade Pública Municipal através da lei nº 512, de 08/08/1949 e de Utilidade Pública Estadual através da lei nº 346, de 27/07/1960, é uma sociedade sem fins lucrativos, com sede própria situada na rua Padre Conrado (antiga Marechal Floriano) nº 170, no Município de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, composta de sócios sem distinção de nacionalidade, idade, sexo, raça ou religião”. Esse é o artigo 1º do Estatuto do Grêmio Musical 1º de Maio.

T

rombone, trompete, clarinete, saxofone. O maestro ergue os braços e os músicos entoam seus instrumentos. Tão difícil reger uma banda é manter o grupo harmonioso, unido e amistoso. O Grêmio Musical 1º de Maio já não consegue mais afinar o tom. Recentemente, conflitos internos dividiram a agremiação 48

| revistaon.com.br

em duas, ameaçando a qualidade musical cultivada durante 101 anos de tradição. A escolha do 1º artigo do estatuto do Grêmio Musical foi para lembrar para qual finalidade a instituição foi criada. Fundada para homenagear os funcionários do 3º Depósito da Estrada de Ferro Central do Brasil, o grupo recebeu como primeiro nome “Banda dos Ope-

rários”. Atualmente é conhecida como Grêmio Musical 1º de Maio. Nas últimas apresentações em Três Rios, o público pôde perceber o clima de tensão entre alguns músicos e a diretoria. O atual presidente, Alceir Alcântara, afirma que o conflito começou com a demissão do maestro Devanil Gonçalves. Parte dos músicos que acompanham o


ARQUIVO

PROTESTO Músicos reivindicam cassação do atual presidente

regente afirmam que o motivo é a suspeita de que as notas que comprovam a movimentação da verba da instituição estariam adulteradas. “Foi solicitada a assembleia de prestação de contas de acordo com o estatuto. Com as cobranças notamos uma mudança na postura do presidente”, enfatiza Devanil. Os conflitos colocaram a entidade em situação de risco. Os colaboradores continuam enviando as doações, mas a subvenção enviada pela prefeitura, no valor de R$ 3.000, foi cortada. “Após o esclarecimento do caso, o envio do incentivo será retomado para o Grêmio Musical 1º de Maio. O motivo do corte foi a formação de duas Bandas. Lamentamos que uma instituição centenária esteja passando por um momento de crise”, divulgou em nota a secretaria de Cultura e Turismo através da assessoria de comunicação. Após notícias veiculadas na mídia local, surgiram especulações de que a Banda estaria com as portas fechadas. No entanto, o presidente Alceir garantiu

O conflito a normalidade no funcionamento. “Não fechamos as portas. O boato resultou na diminuição no público do baile realizado sempre na quarta-feira às 19h, uma das principais fontes de renda da instituição”, lamenta. “Quando assumi o Grêmio, muita coisa precisava ser organizada. Os colaboradores de 40 passaram para 100”, enfatiza e acrescenta que “o salão é alugado para eventos de pequeno porte. Cobramos um valor simbólico para ajudar na manutenção”. Em todos esses anos de história, passaram uma média de 40 músicos por ano, além de uma quantidade incalculável de estudantes de música. Dos maestros que regeram a agremiação, Generoso da Costa Barros é o que ficou mais tempo, foram 35 anos de dedicação. A historiadora Ezilma Teixeira escreveu, em 1990, o texto “Escuta o som. Abre o coração. É a Banda que chega”. Nele é mostrado a história do Grêmio quando completava 80 anos de fundação. A autora relata que a agremiação levou a sua música para autoridades como os presidentes Epitácio Pessoa, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, governador Amaral Peixoto, entre outras personalidades políticas. As aulas de música são ministradas por voluntários, músicos criados pela institui-

Em dezembro de 2010, os músicos solicitaram a diretoria uma assembleia para a prestação de contas. De acordo com o primeiro item do artigo 11 do estatuto do Grêmio “anualmente, na primeira quinzena do mês de abril, julgar por maioria simples de votos, as contas REVISTA ON

“Os conflitos colocaram a entidade em situação de risco”

ção. Hoje mesmo com a crise, ainda há uma procura pelas aulas. “Os músicos emprestam seus instrumentos para os alunos estudarem durante o dia. A noite são usados nos ensaios”, enfatiza o atual maestro, Marcos Doffini, 27. O acervo instrumental ficou defasado com o conflito. “Alguns músicos trazem os seus instrumentos, mas a maioria pertence à Banda. Parte dos integrantes que saíram estão em posse desses equipamentos”, ressalta Alceir. Renan Xavier Cardoso, 16, frequenta as aulas desde os 12 anos. “A música é uma distração.”, enfatiza o jovem músico que escolheu a clarineta como instrumento. “É uma terapia”, complementa Maria Beatriz dos Anjos Cézar, 70, há sete na instituição.

HISTÓRICO E NOTAS Alceir mostra a documentação da Banda 1º de Maio revistaon.com.br

|

49


REVISTA ON

COTIDIANO

ENSAIOS Mesmo com problemas administrativos, alguns músicos comparecem aos ensaios

do Grêmio, após o parecer do Conselho Fiscal”. Humberto Bueno Bello é músico e está na Banda desde 1971. Ele acredita que houve uma mudança no comportamento do atual presidente. “Ele se mostrava resistente à realização dessas assembleias”, explica. Alcântara diz ter todas as notas registradas em um livro caixa, feito por uma contadora. “O documento passou a ser usado na minha direção, antes não havia um registro oficial das contas da agremiação. Está à disposição para quem quiser conferir”, enfatiza o presidente. Há nove anos na Banda, Wilde José da Silva de Abreu, faz parte do conselho fiscal. Ele explicou que foram solicitadas as notas fiscais. “Eu avaliei e não vi nada de anormal”, relatou o músico. Após os pedidos de assembleia, algumas mudanças fugiram à estrutura do Grêmio, até então mantida dentro das normas do estatuto. Em março deste ano, as aulas de flauta doce, ministradas pela professora Karine Barros Linck da Silva, 20, foram suspensas. Na manhã de 4 de abril, o maestro Devanil Gonçalves foi exonerado do posto. De acordo com Antônio Leonardo dos Santos Majela, 20, diretor musical, para o maestro ser deposto seria necessário o consenso do di50

| revistaon.com.br

“Pretendo permanecer até a próxima eleição”, presidente Alceir Alcântara

retor musical. “Não fui consultado sobre a demissão do Devanil”, conta o músico. “Ele era um funcionário do Grêmio. Se não estivesse agindo de acordo com a instituição seria retirado do cargo. E foi o que aconteceu”, argumentou Alceir. Na noite do mesmo dia (4), uma discussão durante o ensaio levou o presidente a acionar a polícia militar. “O ensaio corria bem, quando o atual presidente pediu para que os músicos se retirassem do local”, relembra o maestro exonerado. O presidente retrucou: “o incidente começou quando perguntei aos músicos quem realmente iria participar da apresentação no 1º de maio”, data tradicional para a Banda. Alcântara desmentiu ao dizer que nesse dia “alguns músicos foram para na delegacia onde registraram um boletim de ocorrência onde consta a ausência de tumulto e grave ameaça”. Após a confusão, um edital de convocação de assembleia geral extraordinária

foi publicado em um jornal local. O documento solicitava a cassação do mandato da atual diretoria, através de uma votação que aconteceu na frente do Grêmio. “Pedimos a abertura da sede para a assembleia, realizada na rua, porque o presidente não compareceu”, afirmou Humberto. No mesmo dia foi escolhida uma comissão provisória para assumir a banda, até que uma nova eleição fosse organizada, obedecendo às normas do estatuto. A comissão entrou com o processo coletivo por danos morais e duas representações pedindo o afastamento do atual presidente. “Pelo estatuto ele não é mais o presidente”, enfatiza Bello. Cerca de 40 músicos assinaram a votação. Contudo, Alceir garante que não vai deixar o posto. “Pretendo permanecer até a próxima eleição”, enfatiza que as portas do Grêmio estão abertas para quem quiser. O presidente alega que a votação foi ilegal e que o único telegrama que recebeu “pedia para que a diretoria se retirasse da sede e entregasse as chaves”. De acordo com Artigo 11 item III do Estatuto da Banda 1º de Maio: “Julgar, com o voto concorde de dois terços dos presentes à assembleia, especialmente


REVISTA ON

SUPERAÇÃO A frase na fachada do prédio representa o desejo de todos os músicos

convocada para tal fim, o pedido de cassação de mandato de membro da diretoria ou do conselho fiscal, que cometerem infrações sociais ou penais”. De acordo com o desembargador André Andrade da séti-

ma Câmara Cível, a apelação julgada em 12 de agosto de 2011 consta que “a perda do cargo do autor (Alceir Alcântara) não podia ser decretada sem que fosse concedido direito de defesa. Não há prova, nem

sequer alegação, de que a acusação lhe foi transmitida para que pudesse apresentar defesa”. Protestos foram realizados na cidade pelos músicos que apoiam esta comissão. No 1º de Maio de 2011 enquanto um grupo se apresentava, o outro desfilava aos arredores da praça São Sebastião, exigindo a tutela da instituição. Até o fechamento desta edição, ambas as partes aguardavam o resultado da “ação de anulação de ato jurídico com reparação de danos com pedido parcial da tutela” para definir qual Banda é a verdadeira perante o poder judiciário e o estatuto do Grêmio. Duas ações, cada uma com 12 músicos, solicita uma indenização por danos morais no valor de R$ 87 mil em nome da entidade representada por Alceir Alcântara. Além disso, há o pedido de tutela da agremiação formada pela comissão, cujo presidente seria Humberto Bueno Bello, Karine Barros Linck da Silva, secretária, José Américo de Oliveira, tesoureiro e Devanil Gonçalves Filho, fiscal.

revistaon.com.br

|

51


COTIDIANO

Ligação

gratuita POR RAFAEL MORAES

SHUTTERSTOCK

Sugestões, críticas e dúvidas. Em 2011 a câmara Municipal tem inovado em serviços para os moradores de Três Rios. O 0800 é o novo elo de comunicação entre comunidade e poder público.

T

rim trim, toca o telefone. Do outro lado da linha, o aposentado Antônio Rezende Barbosa estava insatisfeito com a situação de sua rua e a dona de casa Flávia Fonseca Dutra, irritada com a Saaetri (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Três Rios) que abriu um buraco em frente sua casa e não fechou. O que os dois têm em comum? Usaram um novo serviço prestado pela Câmara Municipal de Vereadores trirriense: o 0800 282 1466. Esse canal de comunicação começou a funcionar em abril. “Reativamos agora, em nossa chegada. Estávamos estudando-o desde janeiro”, explica o presidente do legislativo, Joacir Barbaglio Pereira, o Joa. Ainda de acordo com ele, a câmara possui um software para controlar o status dessas solicitações. “Nada de apertar ninguém”, alerta sobre a relação com os órgãos cujas solicitações serão encaminhadas. De acordo com o relatório enviado pela câmara, até o dia 12 de julho, 36 ofícios foram emitidos para autoridades 52

| revistaon.com.br

relacionadas às cobranças feitas pelo telefone. No mesmo período, 22 cidadãos já tinham recebido um contato da casa de leis para monitorar o resultado das reclamações. Iluminação, capina, solicitação de limpeza e pavimentação de ruas. Estas são algumas razões dos ofícios criados através do telefone. “Fiz uma reclamação da minha rua que é cheia de buracos, cheia de mato. O vizinho colocou um caminhão com resto de asfalto e ajudou. Se não fosse isso não tinha como chegar de carro no local”, protesta Antônio Rezende Barbosa. Ele ainda não teve seu pedido atendido e não recebeu a cópia do ofício em casa, como disse o presidente Joa (“quem solicitou, recebe em casa uma cópia do ofício”). No entanto, o aposentado elogiou a iniciativa. “Fui muito bem atendido pelo 0800”. A indignação dele foi encaminhada para o secretário de obras Manoel José Vaz no dia 20 de junho. Quase três meses depois ele se diz entender que o prazo ainda é pequeno. “Acho que três meses é pouco para ser atendido”, acredita.

Flávia também não recebeu o documento. Em uma situação melhor, seu problema já foi solucionado. “Quando eu estive lá [na Câmara Municipal], queria reclamar desta empresa [Saaetri] no PROCON e saber o que eu poderia fazer enquanto contribuinte. Nesse mesmo dia, a atendente me orientou a usar o 0800”,

“Espero utilizá-lo [0800] para outras queixas, pois meu bairro está abandonado”, Flávia Fonseca Dutra, moradora do bairro Ponte das Garças

relembra. O ofício dela foi encaminhado ao diretor do Saaetri Eduardo Macedo no dia 19 de maio. “Logo a equipe da empresa esteve na rua e resolveu o problema”, contou. Fonseca já tinha feito seis recla-


REVISTA ON

“Este serviço foi importante para a casa [de leis], que está cada vez mais próxima da população”, funcionária da câmara Renata Ferreira dos Santos

sabe”, argumenta. Ele ainda justifica que “a maioria das solicitações não são tão simples de ser resolvidas, por isso que há uma demora. Não queremos colocar ‘uma faca no pescoço’”, esclarece.

Outros serviços

JOACIR BARBAGLIO Para o presidente da câmara, o serviço é uma forma de aproximar a comunidade do poder público

mações pessoalmente na autarquia, ainda assim, não havia conseguido uma resolução. Ao avaliar o 0800, a resposta também foi positiva. “Fui muito bem atendida.”, completa ao afirmar que pretende usar este canal novamente. “Espero utilizá-lo para outras queixas, pois meu bairro está abandonado”, promete a moradora do bairro Ponte das Garças. Esse atendimento é feito pela funcionária da câmara Renata Ferreira dos Santos. “Este serviço foi importante para a casa, que está cada vez mais próxima da população”, argumenta. Para o vereador Joa, a intenção é dar força aos moradores da cidade. “Muitas vezes o prefeito não

Identificação civil e emissão de carteira de trabalho. Esses dois documentos importantes também podem ser retirados pela comunidade nas dependências do poder legislativo. “Já estamos aproximando de 1.000 identidades emitidas pelo posto. Temos uma média mensal de 184 carteiras de trabalho e aproximadamente 35 identidades”, contabiliza, entusiasmada, Renata. Mais que o reconhecimento interno, ela vislumbra elogios de comunidades periféricas. “Vejo a gratidão das pessoas que moram em locais afastados como Bemposta, Habitat e “Vale dos Barões”, quando vamos até eles para facilitar a emissão”, conta. O projeto “Aluno documentado, cidadão completo” é outra oportunidade para os jovens obterem identidade e carteira de trabalho. Na prática, dois funcionários da câmara visitam colégios públicos e fazem o cadastramento. O primeiro lugar visitado foi o Cantagalo. “A intenção é atingir um bairro por vez, além de trabalhar em todos os eventos que a câmara participar. Estamos indo às comunidades pela escola. Fizemos uma reunião e sentimos que isso tem dado um bom resultado”, analisa Joacir. Trim trim, toca o telefone. Do outro lado da linha Monte Castelo, Purys, Santa Terezinha, Barros Franco, Cidade Nova, Vila Isabel, Mirante Sul... Comunidades que agora possuem e devem usar este canal para cobrar, de graça, quem recebe para servir. revistaon.com.br

|

53


EU SEI FAZER

POR RAFAEL MORAES

A sutileza dos traços e a suavidade do barulho do lápis no papel dão forma às caricaturas produzidas por Marcelo Granadeiro, um jovem trirriense de 27 anos.

54

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

55


REVISTA ON

EU SEI FAZER

FAUSTÃO Nesta foto, Granandeiro vai revelando a caricatura

T

udo começou em 1990, quando, aos 6 anos, Marcelo começou a desenhar. Com um olhar atento, a mãe, Lenir Granadeiro, incentivou o filho. “Fiz alguns cursos de desenho e pintura, depois fui fazendo sozinho e continuo desenhando”, conta ele que se profissionalizou em 2005. “Inspirei-me em um grande amigo [preferiu não revelar o nome], que já ganhou vários salões internacionais e nacionais. Ele me incentivou a participar do meu primeiro [2005] na casa de cultura Lara Alvim em Ipanema no Rio de Janeiro”, revela. Com mais de 100 trabalhos, o jovem da periferia trirriense, participa de vários concursos e tem obras espalhadas por diversas cidades. De acordo com Granadeiro, se juntar todos os seus desenhos “é possível dar a volta no quarteirão” da casa dele. A maior caricatura produzida foi de um casal carioca. “Fiz na parede da sala de um cliente do Rio de Janeiro. Ele quis uma [caricatura] dele e da mulher. Tudo no grafite. Foi o que mais ganhei. Na ocasião cobrei R$ 2.000”, calcula. O artista trirriense gosta do que faz, mas garante que a recompensa financeira, apesar de alguns trabalhos terem rendido um bom dinheiro, não é tão compensatória. “Na cidade que eu vivo, sobrevivemos com o desenho. Ganhar dinheiro é com56

| revistaon.com.br

“Na cidade em que vivo, sobrevivemos com o desenho. Ganhar dinheiro é complicado, mas dá para sobreviver sim”, Marcelo Granadeiro

plicado, mas dá para sobreviver sim”, garante. Para ele, um dos principais problemas é a falta de valorização do serviço, já que as pessoas “acham caro”. Ainda mais taxativo Marcelo acredita que “o indivíduo que não tem acesso à cultura, acaba desvalorizando algo que faz bem para o espírito e para a alma. Não podemos generalizar, mas a grande maioria permanece na ignorância, ainda.”, analisa.

Caricatura de famosos “Eu já fiz a caricatura do Fábio Júnior e Vitor e Léo”, conta orgulhoso sobre os desenhos de cantores que visitaram Três Rios. “Espero conseguir atingir mais artistas e com isso estar divulgando meu trabalho também.”, confia. Na Expo Fest 2011, Granadeiro tentou entregar uma caricatura

para o sertanejo Luan Santana, mas a produção do cantor não deixou.

Os primeiros desenhos Apesar de ter começado a desenhar cedo, Marcelo percebeu seu talento para a caricatura quando cursava desenho técnico industrial no Senai. Os modelos nesta época eram os colegas de sala. “Foi engraçado. Tinha um momento do curso que eu desenhava os alunos da turma. Eu sacaneava todos, em um bom sentido, é claro.”, recorda. O artista se formou, mas não conseguiu trabalho na área. Dentre os desenhos mais recentes está uma caricatura da namorada.

Eu na caricatura O que é preciso para fazer uma caricatura? É necessária uma foto de perfil e uma de rosto. Por quê? “Dessa forma é possível ver a estrutura, luminosidade, traços da pessoa. A foto 3x4 não dá essa liberdade para fazer um bom trabalho.”, esclarece Marcelo que gasta duas horas para concluir um retrato em preto e branco. Para imortalizar uma imagem em uma folha A4 com uma “rabiscada” no universo cômico, o investimento é de R$ 45.


REVISTA ON

A caricatura pessoal utiliza do exagero em determinadas características físicas

OS ARTISTAS Marcelo entregou as caricaturas que fez para Vitor e Léo na exposição de Três Rios em 2010

da pessoa. É muito importante extrapolar, mas sem esquecer-se de manter traços característicos que identifiquem o modelo caricaturada. A charge relata um fato ocorrido em uma época definida, dentro de um determinado contexto cultural, econômico e social específico e que depende do conhecimento desses fatores para ser entendida. Fora desse contexto ela provavelmente perderá sua força comunicativa, portanto é perecível. Justamente por conta dessa característica, a charge tem um papel importantíssimo como registro histórico. Já o cartum relata um fato universal que não depende do contexto específico de uma época ou cultura, ou seja, é atem-

“Eu já fiz a caricatura do Fábio Júnior e Vitor e Léo”, Marcelo Granadeiro

REVISTA ON

A diferença: caricatura, charge e cartum

2007 O caricaturista trirriense teve a oportunidade de expor seus trabalhos no colégio Condessa do Rio Novo

poral. Temas universais como o náufrago, o amante, o palhaço, a guerra, o bem x mau, são frequentemente explorados em cartuns. Eles podem ser entendidos em qualquer parte do mundo por diferentes culturas em diferentes épocas.

revistaon.com.br

|

57


58

| revistaon.com.br


CULTURA

Um mito que atravessa gerações POR ANA PAULA CANEDA

ODAIR GAMA JR

As histórias sobre vampiros atravessam séculos e nunca envelhecem. Até hoje, somos fisgados pelo mistério dos filmes, por enredos que seduzem jovens e adultos em qualquer parte do mundo. E é este mesmo fascínio que levou trirrienses, amantes da cultura e das artes, a desvendarem os mitos dessa criatura intrigante na produção do filme “Vampiros”.

revistaon.com.br

|

59


ODAIR GAMA JR

CULTURA

ATORES Durante a gravação o diretor observa o resultado na tela

V

ocê já assistiu a um filme sobre vampiro e ficou impressionado, tentado a colocar alho na cabeceira da cama, um crucifixo rente ao pescoço, já protegido com uma gola alta? Ao menos tentado a pesquisar na internet a origem da lenda dessa criatura eterna, que dormia durante o dia em um caixão e a noite entrava pela janela, na forma de um morcego para sugar o sangue da sua vítima? Com o passar das décadas, séculos de lendas, as histórias, em maioria com tom de suspense, foram retratadas em filmes; todos com o mesmo enredo, cada um trazendo uma criatura, que a imaginação de roteiristas e cineastas, permitia criar. Fascinado pelas histórias e dono de um acervo de filmes e livros do gênero terror, Joel São Tiago, possui uma trajetória teatral com cerca de 25 espetáculos e participações na produção de filmes como BNH em Três Rios. “As pessoas questionam sempre o meu gosto pelo suspense, dizem que não aparento gostar de filmes desse estilo”. Joel afirma que além dos filmes, gosta também da literatura, e em especial por um personagem: o vampiro. O cineasta filmou, em 2006, “Uma escolha uma renúncia”, um curta metragem de 17 minutos. Escreveu em 2007 um roteiro de um filme de terror, intitulado “Rubro prazer da Morte”. O projeto não 60

| revistaon.com.br

“Já sabemos qual o caminho seguir, a cena serviu de oficina para toda equipe” Edvaldo Freire – diretor de imagem

deu certo e o roteirista seguiu com outras produções. No mesmo ano, gravou “Paixão e Carnaval”. Ele escreveu o roteiro do filme “Vampiros” em 2009. Agora, em 2011, busca recursos para tirar o personagem do papel. Em maio deste ano, foi rodada uma cena extra na cidade, quando envolveu em média 25 pessoas entre atores e técnica. A cena foi produzida para arrecadar fundos para o longa metragem. “Faremos uma pré-estreia. Com a divulgação do projeto do filme, vamos atrás de recursos para tirar o roteiro do papel”, enfatiza o produtor em entrevista para a Revista On. A equipe que produziu a cena extra é formada por pessoas de sua confiança e que já participaram dos outros projetos do diretor. “O processo de produção do filme é amador. Todos que compõem a equipe trabalham e têm responsabilidades profissionais. Com isso disponibilizam poucas horas do dia para se dedicar ao projeto”, enfatiza Joel acrescentando

que para gravar o vídeo em maio, teve que agendar com os atores e a técnica. Tudo marcado com dois meses de antecedência. O diretor de imagem, Edvaldo Freire, já realizou outros trabalhos com Joel São Tiago. Ele enfatiza a busca constante, não só do produtor, mas também de toda a equipe, pela a qualidade. “Há todo um cuidado para que não vire uma coisa ‘Trash’ [de má qualidade]”. Para Edvaldo, o processo de produção está permitindo o amadurecimento de todos. Ele explica que a equipe está passando por um processo de conhecimento profissional interessante. Freire enfatiza que antes de “Vampiros” não havia trabalhado com o gênero terror. Ainda de acordo com ele, foi necessário um processo de pesquisa muito grande envolvendo a equipe. Edvaldo afirma que o trabalho de pós-produção é maior que qualquer outro estilo. Com um gosto a parte por animação e pós-produção, o diretor de imagem ficaria com as funções acumuladas. Ele está responsável também pelas filmagens. Às vezes é cinegrafista, contudo conta com a ajuda de Walter Matheus, responsável pelos efeitos especiais. O tempo tem sido um grande aliado para a equipe técnica, já que “até o material ser entregue para os efeitos especiais, haverá um tempo maior”, conta Freire.


ODAIR GAMA JR

Edvaldo afirma que o processo de produção do filme será mais rápido. Quando as gravações do filme começarem, o grupo estará mais preparado. “Já sabemos qual o caminho seguir, a cena serviu de oficina para toda equipe”, enfatiza. A atriz Amanda Rodrigues, 21, participou da gravação da cena extra em maio de 2011. É a primeira vez que atua em uma produção do gênero terror. Originária do teatro, acredita “no ator como uma ferramenta cabível em qualquer história. O trabalho está sendo muito válido, estou me descobrindo”. Em 2007 fez o primeiro trabalho no cinema, um longa chamado: “O valor de um momento”, com Arthur Coutinho. A cena de “Vampiros” foi gravada em duas partes, a primeira em 29 de maio e a segunda em 5 de julho. Joel afirma que o desafio não é só da busca pela qualidade técnica, pois “o grupo que movimenta, acredita que é possível realizar um filme, mesmo com todas as dificuldades econômicas”. O diretor alerta que todo o material gasto na cena, entre figurino, equipamento e até custos com transporte, foi arcado pelos integrantes da equipe. Agora esperam uma mudança para essa realidade. “Aguardamos um bom patrocínio para investir mais em equipamentos e figurino”, confessa. Participaram da gravação da cena curta o elenco: Roque Melo, Amanda Rodrigues, Marianne Mockdece, Joel São Tiago, Adam Donato, Leo Mervet, Túlio Cássio, Thainá Santos, Luan Vieira, Leandro Marcelino, Karoline Lima, Jonatan Bandeira. Grande parte da equipe possui experiência em teatro e teve participações em algumas produções cinematográficas. Ainda assim, existe os “marinheiros de primeira viagem”. “Quase toda cultura tem um vampiro”, afirma Joel, e em Três Rios não seria diferente. O filme trás um personagem com características comuns das lendas: a imortalidade, a sedução e o sangue, sempre o da vítima, lógico. De acordo com o roteirista, o filme terá em média 17 personagens fixos, e de 50 a 60 minutos de duração. A previsão de lançamento da cena extra é para outubro. “Gostaria de aproveitar o clima de Halloween”, conta São Tiago.

TRABALHO EM EQUIPE Últimos detalhes antes da filmagem

“Quase toda cultura tem um vampiro” Joel São Tiago – roteirista e diretor do filme Vampiros

Vampiros no decorrer das décadas Desde 1922 há registros de filmes com vampiros, entre eles o clássico “Nosferatu”, vindo do cinema mudo. Já na década de 30, “Conde Drácula” surgia nas telas direto do romance de Bram Stoker (1897) interpretado por Bela Lugosi em 1931, ganhando uma regravação em 1958. Na ocasião, o vampiro era interpretado por Christopher Lee. Na década de 80, os filmes com enredo vampiresco ganharam uma produção teen com “Os Garotos Perdidos”, “A hora do espanto” e “Fome de Viver”. Seguindo para os anos 90, a década foi marcada por produções épicas com a regravação de “Drácula” em 1992 e “Entrevista com um Vampiro”, sucesso de 1994. Os filmes sobre os chupadores de sangue nem sempre seguem o gênero terror ou ficção no cinema. Eles também estrelaram comédias como o longa metragem “Amor à Primeira Mordida” com Nicolas Cage e

“Procura-se um Rapaz Virgem” com Jim Carey. Hoje a Saga Crepúsculo (2008), sucesso adaptado para o cinema da escritora Stephenie Meyer, marca as telonas com a história de um vampiro apaixonado por sua presa, e encanta o público teen com o romance entre a jovem Isabella Swan e o vampiro Edward Cullen. A primeira década do século trás as produções “Blade – O caçador de vampiros” (2002), “Anjos da Noite” (2003), “Van Helsing – O caçador de Monstros” (2004), “Anjos da Noite: Evolução” (2006), “30 Dias de Noite” (2007) e a continuação da Saga Crepúsculo, com os sucessos de bilheteria, “Lua Nova” (2009) e Eclipse (2010). Dividido em duas partes, o filme “Amanhecer” é esperado pelos fãs, com estreia marcada para novembro. A segunda parte está prevista para 2012, encerrando a trajetória da saga no cinema, de acordo com a produtora Summit Entertainment. “Vampiros” – O filme do diretor, roteirista e produtor Joel São Tiago, ainda não tem data para estreia. Os atores são todos da cidade, assim como toda a equipe técnica. Apesar de usarem os padrões de Hollywood como referência, a produção trirriense não tem à disposição as verbas milionárias do cinema americano. revistaon.com.br

|

61


MODA

Democratiz ação da Moda POR ANA PAU

LA CANEDA

62

| revistaon.com.br


ANA PAULA CANEDA / REVISTA ON

A

“Comprem qualidade e questionem, porque o produto custa o valor cobrado. Avaliem se vale à pena o investimento” Paulinho Roberto

“As pessoas ainda não sabem comprar. Muitas buscam preço e não qualidade. Com isso, gastam mais e compram a mesma coisa, já que a peça não dura”, enfatiza. Para ele, a matéria prima é a mesma. O diferente está na forma de produção e acabamento. “Se os fabricantes respeitassem a legalidade, todos os produtos teriam qualidade e estariam inseridos em um padrão de preço”. De acordo com a frente parlamentar da Abit (Associação Brasileira das Indústrias Têxteis), uma das metas fundamentais de trabalho da atual gestão (2011/2014) é “combater as importações desleais e a competição desigual. Aprimorar e intensificar as ações voltadas à identificação e combate do comércio desleal. Tratamento igualitário para produtos nacionais e importados, observando leis sociais, ambientais e trabalhistas”. Quanto mais empresas, que fazem uso da responsabilidade social, ganham escala, os preços diminuem. Para Roberto, o que vai contribuir para este processo é o uso da nota eletrônica. “Ela vai nivelar a produção e, principalmente, as normas de legalidade e o compromisso do fabricante com os impostos”.

ESTILO Um dos ‘looks’ mais procurados pela classe C

avaliam a classe com grande potencial de mercado. “A facilidade nas compras contribuiu de forma significativa para as vendas”, ressalta o empresário Paulo Cesar Simões, dono de outro estabelecimento comercial. Ele garante que 30% do seu público está inserido na classe C. Arlinda Alexandra, gerente de boutique há 38 anos acredita que “além das condições de pagamento, está o bom gosto do cliente”. Paulo Roberto Kappler defende que os preços podem cair ainda mais com a padronização da produção e este processo não está muito longe de acontecer. ANA PAULA CANEDA / REVISTA ON

classe C no Brasil compreende mais da metade da população. São 100 milhões de pessoas de acordo com o estudo inédito do Ibope. Para chegar nesse número, foram avaliadas 20 mil pessoas entre 12 e 64 anos e uma média de 200 produtos nas pesquisas realizadas nas regiões metropolitanas do país. O estudo aponta para uma nova classe com potencial para consumo e a necessidade de adaptação dos grandes mercados para atender a esta demanda. De acordo com o estudo do Sebrae, “Confecção em Jeans”, a população de baixa renda é receptiva à marcas desconhecidas, desde que o preço seja acessível e ofereça modelos atuais. “Hoje trabalhamos com grandes grifes e a média de preço para o consumidor chega à metade de um salário”, afirma o empresário Paulo Roberto Kappler Vaz. Dono de loja há 32 anos, ele diz ter sido o primeiro a usar o conceito “boutique” e comercializar itens de grandes marcas em um local fixo e fechado na cidade. “Tenho calo no umbigo por ficar atrás do balcão”, brinca quando indagado a respeito do seu conhecimento sobre o mercado da moda. O empresário acredita que a mudança no perfil do consumidor está ligado aos fenômenos industriais nos últimos anos. Para alcançar o mercado brasileiro, grandes marcas autorizavam as indústrias têxteis a fabricarem suas peças. Com a abertura do mercado para as importações no governo Collor, houve um choque nas firmas nacionais que pararam de produzir. “O país começou a receber produtos externos e as empresas quebraram. Muitos se adaptaram para não ir à falência”, acrescenta o comerciante. As manufaturas começaram a criar as suas marcas. Grandes nomes da moda ou celebridades, estrelavam as campanhas de grandes magazines, registrando a qualidade do produto. “Entenderam que era preciso produzir mais para classes C e D, com qualidade. Todos os grupos baixaram os preços focando em todas as faixas de consumo”, enfatiza Paulinho. Ele ainda afirma que 70% dos clientes estão inseridos nas classes B e C. Algumas lojas da cidade também

QUALIDADE Há diferença na confecção do produto caro para o mais barato

“Além das facilidades no pagamento, está o bom gosto do cliente” Arlinda Alexandra – gerente

O comerciante deixa a dica: “comprem qualidade e questionem, porque o produto custa o valor cobrado. Avaliem se vale à pena o investimento”. revistaon.com.br

|

63


ARQUIVO PESSOAL

MODA

O estilo de uma jovem trirriense POR ANA PAULA CANEDA

Ela está presente em todas as classes e segmentos. É o que define as peculiaridades de determinados grupos. Cada uma com uma característica representada não apenas por gosto musical ou filosofia de vida, mas também por um aspecto bastante visível: a roupa, a moda, as peças especialmente combinadas e tratadas para formar um ‘look’. Focado nas tribos do Rio de Janeiro, o Prêmio RioSul de Moda elegeu o estilo de Lívia Mello de Almeida, 21, na categoria moda feminina, como o mais próximo dos traços visuais da cidade maravilhosa.

V

encedora do primeiro RioSul de Moda, a jovem estilista de Três Rios ficou durante quatro semanas em Nova Iorque curtindo o prêmio, uma bolsa na Parsons, uma das escolas de moda mais conceituada no mundo. Com a coleção “So.Rio – Aqui eu me sinto mais brasileira”, Lívia Almeida encantou os 15 jurados, entre eles Marco Sabino, reconhecido no mundo da moda deu o voto de minerva. A estudante chegou de viagem em agosto e contou detalhes da viagem em uma das maiores capitais do mundo. “Foi uma experiência maravilhosa. Primeiro por ter sido a primeira vez em que saí do Brasil. Nova Iorque é uma cidade fasci64

| revistaon.com.br

“Foi a minha primeira experiência de confeccionar as peças e escolher como fossem apresentadas” Lívia Mello de Almeida

nante”, enfatiza. Ela ainda está estudando em uma Universidade do Rio de Janeiro. “Me formo ano que vem”, ressalta. Na Parsons, a jovem estilista pôde conviver com profissionais da área e colegas de profissão do mundo todo. “Foi um curso intensivo em que o principal objetivo

era o designer descobrir sua identidade, ou aprimorá-la, se já tivesse uma. Tudo isso montando um portfólio com os trabalhos feitos lá”, revela. Duzentos e vinte participantes disputaram o prêmio. Lívia ficou entre os 18 finalistas que mostrariam suas peças na passarela. De acordo com a estilista, o ponto de partida de sua coleção foi o sorriso. “O Rio de Janeiro continua rindo...!”. O trecho encontra-se na página do prêmio onde estão as definições da coleção da trirriense. Ela nasceu em Três Rios e em 2001, foi com a família para Itaipava, distrito de Petrópolis, mas voltou para a cidade em 2010. A jovem mora em Niterói onde


O concurso

PREMIAÇÃO A estilista recebendo o troféu e o cheque que dá direito ao curso em Nova Iork

transporte, hospedagem e produção das peças. O desfile aconteceu em outubro de 2010.Cerca de 90 peças foram apresentadas na passarela do shopping no Rio de Janeiro entre as categorias de moda feminina e masculina. Todas homenageando a cidade maravilhosa. Lívia Almeida enfatiza que o prêmio foi significativo para a sua carreira. “Além de estudar na Parsons, o prêmio teve repercussão nacional”, afirma ressaltando que, “a oportunidadede conviver com outras culturas, modos e olhares, é muito importante para profissões na área de design”. A estilista pôde participar de todo o processo de produção do evento. “Foi a minha primeira experiência de confeccionar as peças e escolher como fossem apresentadas”, ressalta.

ARQUIVO PESSOAL

O prêmio “RioSul de Moda –Novos Estilistas”, foi promovido em comemoração pelos 30 anos de um shopping no Rio de Janeiro. No foco, jovens de 19 a 30 anos, estudantes e profissionais formados de moda estilismo e modelagem. Uma comissão de jurados avaliou os ‘looks’ dos candidatos. Dentre os inscritos, 18 passaram para a última fase. De projetos no feminino e oito na categoria masculina. Todos tinham de apresentar cinco croquis com o foco no tema escolhido pela organização. Toda a estrutura do evento, desde a passarela até a maquiagem, tudo ficou por conta da organização. Os participantes arcaram com custos de

ARQUIVO PESSOAL

estuda. No currículo, registro de estágios desde o segundo período em algumas empresas de moda feminina. A primeira prática foi como monitora na faculdade. “Com os concursos ganhei muita experiência”, acredita. Desde o início focou muito em pesquisas sobre a área. Os resultados chamaram a atenção dos professores. Como consequência, as relações foram se estreitando e ela começou a receber indicações para estágios. “Eu gosto muito do curso. Desde que iniciei, os primeiros períodos foram muito legais com os trabalhos de criação e experimentação. Foram excelentes exercícios que deram base”, enfatiza a jovem. No terceiro período ganhou o primeiro concurso, quando uma peça foi confeccionada por uma loja carioca.

NOVA YORK Lívia com a turma do curso na Parsons revistaon.com.br

|

65


PUBLIEDITORIAL

Continental Pneus: a tecnologia alemã mais perto do trirriense agora é só elogios. “É a primeira vez que uso. O pneu é de primeira. Alto desempenho, muito bom”, assegura. Ele, cliente da loja há dois anos conhece as vantagens e trajetória da Continental. “É uma ótima marca, [pneu] já está em carro europeu”, conta. DIVULGAÇÃO

E

la é a 2ª maior empresa no ramo de pneus da Europa. No mundo, ocupa o 4º lugar. A empresa alemã foi inaugurada oficialmente em abril de 2006. A primeira fábrica de pneus da Continental no Brasil é uma das mais modernas do grupo. Com a abertura da fábrica em Camaçari, Bahia, foram gerados quase 3.000 empregos indiretos. Só em treinamento, até 2007 os investimentos somam R$ 6,5 milhões. A previsão da Continental é investir US$ 210 milhões para expandir a capacidade de produção de sua fábrica.

Novo Lançamento

66

| revistaon.com.br

Serrana Pneus Garantia ContiPlus Como consequência direta da tecnologia de ponta empregada na fabricação de seus produtos, a Continental está prorrogando até o dia 30 de setembro de 2011 DIVULGAÇÃO

A Continental Pneus está ampliando a sua oferta de produtos para o segmento de passeio com o lançamento do ContiPower Contact, modelo desenvolvido para o mercado latino-americano e que incorpora os mais recentes avanços da indústria voltados para a economia de combustível, segurança, robustez, rodar silencioso e conforto. O aumento do volume de borracha da banda de rodagem resulta em melhor dirigibilidade e maior tração. Na parte interna, inúmeros blocos, incisões e ranhuras irregulares conferem maior segurança em pisos molhados, minimizando o risco de aquaplanagem, bem como entregam um rodar mais silencioso e confortável ao alterar os ruídos gerados para níveis de alta frequência, não audíveis. O resultado final é um pneu que não apenas atende, mas supera as expectativas dos mais exigentes motoristas. O comerciante Marcos Vinícius Duarte de Medeiros resolveu trocar as rodas do carro. Optou por um aro maior. Neste investimento colocou o pneu Continental e

a Garantia ContiPlus, que protege contra danos causados por impactos acidentais os pneus da marca adquiridos na rede de revendas autorizadas. Ela oferece aos pneus de passeio, caminhonete, Van e comerciais aro 17,5 uma cobertura adicional de três meses ou 5.000 km, sendo que, no caso dos modelos comerciais, não há limite de quilometragem. O consumidor que adquirir nas lojas credenciadas os pneus Continental, passa a contar com essa garantia estendida. Desta forma, o motorista fica protegido nos 10 mil quilômetros ou nos seis primeiros meses contra rachadura e rasgo por acidente.

A Serrana Pneus (antiga Jacar Pneus), empresa que representa a Continental em Três Rios é responsável por atender toda região serrana do Rio. Tarefa difícil, já que a demanda de compra, tem aumentado a cada mês por causa do produto (30% mais barato se comparado ao corrente). “Nosso grande desafio é fazer a população trirriense conhecer o pneu. Depois disso, a satisfação com a qualidade do produto é garantida”, conta Fernando, proprietário da franquia. Seja de carro, van, pick-ups, caminhões ou carreta. A Serrana tem vários serviços para seu veículo. Na loja, localizada na BR 393 – Km 163, nº 210, no bairro Ponto Azul, é possível alinhar e balancear. O pacote de serviço de suspensão deixa seu carro novo. Todo o atendimento é de qualidade e o trabalho é feito com equipamentos qualificados no mercado. “Todos os profissionais foram treinados pela fábrica Continental”, explica Fernando. Outras informações ligue: (24) 2255-3904.


revistaon.com.br

|

67


68

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

69


NILIAN DE ASSIS

70

| revistaon.com.br


Ronaldo Borges

uma vida de projetos POR RAFAEL MORAES

Um traço após o outro, assim Ronaldo Rocha Borges construiu vários prédios e solidificou sua família, a carreira de designer, arquiteto, artista plástico e professor. Sua paixão: o trabalho. Ele viajou o mundo e chegou a morar nos Estados Unidos por cinco anos. Sucesso na empresa, “Stúdio Ronaldo Borges”, chega a trabalhar 14 horas diárias. Parece muito, mas ele garante que pode muito mais. Aos 67 anos, a idade não é compatível com sua vitalidade, impressa nos ambientes em que trabalha.

revistaon.com.br

|

71


ARQUIVO PESSOAL

N

ascido na cidade do Rio de Janeiro em 25 de julho de 1944. Neto de português e vascaíno pelos laços consanguíneos, Borges frequentava o estádio de São Januário, onde praticava saltos ornamentais. Ele nasceu e morou na avenida Atlântica até os 12 anos. “Foi lá que eu aprendi a nadar”, relembra. Naquela época jogava futebol de areia em um time, Radar, que ainda existe. O pai, funcionário da Petrobrás, havia sido transferido para os Estados Unidos da América, onde foi instalado um escritório de compras da estatal. Por ser filho único, acompanhou a família para a América do Norte. A adaptação não foi difícil. Nos cinco anos que esteve em Newark, maior cidade do estado Nova Jersey, aprendeu inglês, foi policial mirim e se tornou um cidadão americano. Foi lá o primeiro contato com a as artes. Com a aproximação do alistamento militar e a guerra do Vietnã, cuja convocação interrompeu a vida de vários amigos, acelerou o retorno ao Brasil. “Não achava lógico lutar por um país que não era o meu”, explica Ronaldo, que já chegou com emprego garantido. Neste momento, aos 17 anos, foi trabaARQUIVO PESSOAL

NASSER Essa foto foi registrada na inauguração do primeiro empreendimento, o curso de idiomas. Ao lado, o ex-prefeito Samir 72

| revistaon.com.br

lhar no Ibeu (Instituto Brasil Estados Unidos). O inglês fluente facilitou a atividade como professor. Atualmente conserva o diploma de Literatura Inglesa na Universidade de Michigan e Linguística na University de Illinois, ambas em cursos à distância bem mais tarde, quando assumiu a franquia de um curso de línguas estrangeiras em Paraíba do Sul. Como um parêntese na vida cheia de atividades, o então jovem Borges, com 19 anos, foi piloto de corrida. O carrinho amarelo com uma faixa preta no meio, era a máquina da escuderia Avanço. “Cada um preparava o seu carro. Cada veículo tinha uma potência diferente”, conta ele com a indiferença de quem tem muita experiência. Sua relação com Três Rios foi intermediada pela cidade sul-paraibana. “Papai adoeceu e, a conselho médico, veio para o interior, isso em 1967”, relembra. Ele administrava uma granja junto com o pai. Passado alguns anos, já no governo municipal como secretário de Planejamento e Turismo, Borges [promoveu a escavação dos restos mortais de Tiradentes e a construção do Museu da Inconfidência em Sebollas] foi convidado por um casal trirriense para montar um instituto de idiomas em Paraíba do Sul para expandir a franquia localizada em Três Rios. Este foi o primeiro empreendimento de Ronaldo. A escola fundiu-se com a trirriense e ele assumiu o comando. “Tivemos bons cursos: inglês, francês, espanhol, alemão. Era um corpo maravilhoso de professores, era uma instituição bacana com centenas de alunos”, conta.

ARQUIVO PESSOAL

ESCUDERIA AVANÇO O carro 21 era pilotado por Ronaldo Borges

SOL TECNOARTE Primeira empresa de construção

A “Sol Tecnoarte” foi outra empresa, entretanto, voltada para construção. “Comecei estudar arquitetura nos EUA. Meus primeiros ensaios técnicos foram lá”, revela arquiteto, design e construtor que nunca passou pela academia e aprendeu tudo sozinho. Ele que já teve muitos profissionais formados sob seu comando diz que o design aconteceu de forma autodidata. “Fui errando e aprendendo na prática. Meus primeiros trabalhos foram há quase 50 anos”. “Já trabalhei muito e ainda há muito que trabalhar”, diz orgulhoso o homem cujo ídolo é o Oscar Niemeyer. Ronaldo costuma dizer que o escritório fica aberto


STÚDIO RONALDO BORGES

“Já trabalhei muito e ainda há muito que trabalhar”, desabafa o arquiteto

FISSÃO “A forma abstrata sugere várias definições”, afirma Ronaldo Borges

STÚDIO RONALDO BORGES

24 horas. “Rosangela gosta de trabalhar à noite”, conta sobre a rotina da esposa, sua parceira de trabalho. Ela cuida de toda parte de confecções de decoração em tecidos. “Às vezes, quando vou dormir ela começa a trabalhar”. Dos funcionários, a denominação família não significa somente cordialidade e amizade. A maior parte deles tem um laço de sangue. Além da esposa, a irmã dela, Lilian de Assis, comanda a equipe de campo e coordena toda a parte digital. Ela trabalha com o cunhado há 20 anos, além de mais dois irmãos que também fazem parte da equipe. O relacionamento com Rosangela é o segundo casamento. Lucas, 17, é o caçula dos três filhos de Ronaldo Borges. Os dois herdeiros mais velhos, Ronaldo Júnior e Lislei são do primeiro matrimônio. Avô de seis netos, orgulha-se do filho caçula, estudante de turismo na UFJF e professor de inglês em um curso de Petrópolis.

OUSADIA O estudo de projeto na década de 60 já demonstrava a riqueza de detalhes revistaon.com.br

|

73


ARQUIVO PESSOAL

“O Stúdio de design e arquitetura de Ronaldo Borges ficou entre os dez mais influentes do estado do Rio de Janeiro”

Arte

Revista Kaza O veículo, especializado em arquitetura e design, produziu a edição Top 100, 74

| revistaon.com.br

REVISTA KAZA O arquiteto esteve em Trancoso, Bahia, em uma comemoração com os outros profissionais selecionados no Top100

quando reuniu, em 2009, os 100 escritórios mais influentes do Brasil. Criado em 1974, o Stúdio Ronaldo Borges ficou entre os dez selecionados no estado do Rio. Os frutos e o orgulho profissional ainda permeiam o jovem de 67 anos. “Acho bacana e me divirto muito. O dia que me ligaram para dizer que eu e mais nove fomos escolhidos como os mais influentes, lógico que fiquei orgulhoso”, relembra. No mesmo ano, o arquiteto esteve em Trancoso, Bahia, em uma comemoração

de quatro dias. O objetivo foi promover o encontro de todos relacionados na edição especial da revista. Para Ronaldo, essa conquista serve mais para status em sua carreira. “Nossos clientes ficaram orgulhosos pelo reconhecimento de quem conhece o assunto.”

O trabalho Para este artista, suas atividades no escritório são uma forma de relaxar e isso CARLA ZAINOTTI

Assessor de comércio exterior de uma grande indústria de Três Rios, o talento do arquiteto venceu as barreiras e foi mais útil na construção. Seja na arquitetura, no design de interiores ou como artista plástico, não há como avaliar em qual se destaca mais. Quem entra no escritório de Borges, se depara com uma tela de um anjo grande. Segundo ele, seu protetor. Velas e incensos espalhados pelo local revelam o lado esotérico do arquiteto que garante: “vejo, ouço e convivo com os elfos, os duendes, as salamandras, enfim, os elementais, responsáveis por manter o equilíbrio na terra”. Dos quadros revelados por ele, a maioria são imagens abstratas. Todos são pintados para compor seu trabalho de design. “Quando estou inspirado, consigo produzir com uma rapidez impressionante”, garante. “Pinto profissionalmente, para dar vazão a minha criatividade e para que a obra seja admirada”, explica. O número de obras, já não lembra mais – “algumas mil” - tenta enumerar. Segundo ele, já chegou a colocar em um único apartamento de cliente, 20 telas de sua autoria. A iniciação nas artes começou aos 5 anos, quando ganhou um estojo aquarela e começou a pintar. Para ele o começo foi engraçado. “Um dia, toda família estava reunida na sala e eu pintei um círculo amarelo com um ponto escuro no meio. Ninguém conseguiu decifrar. Era um queijo com uma mosca no meio. Achei que devia representar aquilo”, recorda o pintor que tem algumas obras expostas no exterior. Outras fazem parte de muitas coleções particulares.

O TRIO A cunhada Lilian, a esposa Rosangela e Ronaldo, comandam a empresa


STÚDIO RONALDO BORGES

STÚDIO RONALDO BORGES

TRIRRIENSE O carioca por nascimento recebeu o título de cidadão trirriense das mãos do vereador Betinho Barbosa

Hoje em dia há profissionais que esquecem o contato com o papel. “Não abro mão da prancheta”, confessa. Para o artista, nada substitui a alma que o criador coloca em um projeto. “É um energia que flui e passa pelo grafite e vai até o papel”, tenta explicar a sensação de ver o que um dia foi algo em branco e, depois desse processo, se transformou em algo palpável. Independente do volume ou tamanho do trabalho, “não importa que seja um traço, tudo é feito com cuidado”, destaca a postura adotada perante os desejos dos clientes.

A equipe

Ronaldo Borges

se apresenta como combustível para comandar a equipe, inspirar-se para pintar os quadros e atender os clientes. Aliás, estes são seu maior “patrimônio”, como ele mesmo define. Há 40 anos no mercado, conseguiu estreitar a relação com eles. “Foi acontecendo de maneira natural e fomos conquistando mercado, atravessando gerações e até hoje atendo os filhos e netos dos primeiros clientes que permanecem clientes. Criamos amigos”, explica. Ele acredita que toda essa cordialidade foi conquistada pouco a pouco durante essas quatro décadas de serviço. “Há uma relação de amizade”, afirma. Nesta trajetória, dificuldade para realizar os trabalhos nunca teve. A financeira encarou como adversidades naturais. “Não sou exceção”, revela.

O diferencial da empresa Para estar entre os cem mais influentes do Brasil foi preciso mais do que trabalho e dedicação para conquistar tal premiação. “Dizem os meus colegas que sou referência”, conta sorrindo em um tom modesto. O cuidado com cada rabisco no papel é, para Ronaldo Borges, o diferencial para conquistar clientes e ser notado no mercado competitivo.

EDIFÍCIO RESIDENCIAL Em fase final, o prédio se destaca pelo design futurista

CARLA ZAINOTTI

“Hoje temos muitos projetos em andamento”,

“Eu crio tudo, qualquer traço, qualquer móvel, qualquer coisa tem que partir de mim”, deixou claro sobre a inspiração de suas obras. Ronaldo, Rosangela e Lilian são os responsáveis por toda empresa. Cada um em sua área, o que parte das mãos de Borges toma forma

EQUIPE Ronaldo sentado no centro e os profissionais que o acompanham

nas imagens em 3D para que os clientes possam visualizar os detalhes. Estudos preliminares, discussões para produzir o anteprojeto, a equipe do Stúdio é formada por profissionais comprometidos com a qualidade e a destreza exigida por Borges. “Hoje temos muitos projetos em andamento”, contabiliza ao mencionar que, com o crescimento de Três Rios, a empresa está voltada para o mercado trirriense.

Um homem e vários projetos. O arquiteto, artista, design de interiores, esotérico, pai, avô, marido, cunhado, diretor, professor, ufa! Ronaldo Borges quer ir ainda mais longe. “Ainda pretendo fazer muito na vida. Tenho muito a oferecer”, analisa a sua existência sem medo de revelar o segredo: o sucesso “está na personalização de cada tarefa, independente do estilo, cor e material.” revistaon.com.br

|

75


PUBLIEDITORIAL

É possível mesmo uma lipo sem cirurgia? A Priscila Estética completa 15 anos e traz um método inovador

Essa lipo sem cirurgia tem um nome específico?

Priscila Estética – Batizamos de lipoconfort por ser confortável, sem dor e sem agulhas. Esforçamo-nos em criar algo que fosse um momento de bem-estar, mas tão eficaz quanto uma lipoaspiração.

A gordura localizada pode ser combatida com exercícios físicos?

O termo “lipo” significa gordura e tirar gordura sem cirurgia sempre foi possível, com dieta e exercícios. A grande questão não é a gordura, mas a célula onde a gordura se armazena, chamada adipósito. E onde ficam essas células em maior quantidade é onde a gordura ficará mais armazenada, ficando pronta para encher novamente. Já na lipoaspiração ou no Lipoconfort ela é eliminada.

Qual a diferença da lipoaspiração do Lipoconfort?

A diferença é justamente a cirurgia. O Lipoconfort oferece segurança e o conforto de não se expor a um ambiente hospitalar com os riscos cirúrgicos, as dores e, sem falar nas possíveis alterações que podem

Antes 76

| revistaon.com.br

ocorrer, não alcançando a estética desejada. O objetivo do lipoconfort é transformar sem nenhuma agressão.

tos estéticos evoluíram e nós da Priscila Estética evoluímos junto.

Como age de fato a lipo não cirúrgica no organismo já que a gordura não foi aspirada?

Com certeza, os resultados são surpreendentes a redução é muito relevante, porém varia a cada caso em específico. Uns reduzem mais que os outros. Após uma avaliação é proposto o tratamento que se seguido terão resultados que são garantidos por meio do certificado de garantia.

Através da bioressonância, a célula adiposa tem uma frequência própria e o equipamento é calibrado em uma frequência que rompe sua membrana. A célula morre e seus detritos eliminados por fagocitose.

Quais equipamentos que são utilizados?

Os equipamentos são importantes, mas não são como uma máquina de xérox, que é só passar por ela e pronto, o resultado é alcançado. O conhecimento científico e a diferenciação de caso faz toda diferença. Se fosse assim, eu só teria foto de resultado para mostrar agora. Contudo, desde 1999, registramos os resultados com garantia dos mesmos, a diferença é que antes algumas clientes ficavam sem foto, quando o negativo queimava (risos). Como aconteceu com a máquina fotográfica, os equipamen-

Depois

E os resultados acontecem?

A durabilidade dos resultados é o mesmo que uma lipoaspiração?

Como ambos eliminam a célula, a durabilidade é a mesma. Nossa proposta é que a transformação seja permanente por isso precisa ser prazerosa e acompanhada por uma equipe multidisciplinar zelosa e amável. O estresse e o excesso de trabalho já agride por demais, as pessoas precisam dar o devido valor a quem sempre nos acompanha e que sem ele não faríamos nada, nossa primeira casa: o nosso corpo. Rua 15 de Novembro, 402, sala 305 Edifício Zilda Matos - Centro Três Rios Telefone: 24-2252-2663 Email: falecom@priscilaestetica.com.br

Antes

Depois


revistaon.com.br

|

77


CARREIRA

A blogosfera colorida de

Eduardo Marini POR PAULA ARAÚJO

Quem acompanha os blogs do portal R7.com com certeza já se deparou com a saudação “Amado amigo da blogosfera colorida”. O rótulo foi criado pelo jornalista trirriense Eduardo Marini. Vencedor de 11 importantes prêmios da área, fã de Zico, Paulinho da Viola e Massimo Ferrari, ele já passou por veículos renomados, como “Jornal do Brasil”, “Veja” e “IstoÉ”. Depois de conhecer sua história, inspirador é apenas um dos adjetivos que podem ser atribuídos a ele.

78

| revistaon.com.br


ARQUIVO PESSOAL

feliz, onde ando de chinelo ou descalço, onde saio de casa do jeito que tenho que sair, sem ligar para o mundo.” Integrante da turma de 1983 da Universidade Federal de Juiz de Fora, a carreira jornalística começou na revista “Domingo”, com Alfredo Ribeiro e Joaquim Ferreira dos Santos, ídolo que se tornou amigo pessoal. O foca (jargão que designa o jornalista recém-formado) transitou por várias editorias, como televisão e gastronomia, até virar repórter da coluna “Gente”, do parceiro Joaquim, que na ocasião havia machucado o joelho e não podia andar muito. “Jornalista das escritas”, como se auto define, Eduardo também tem passagens pelo “Jornal do Brasil” e pela “Veja”, atuando em assuntos internacionais. Foi editor de comportamento e editor executivo da revista “IstoÉ”. A mídia impressa, inclusive, fez com que fosse finalista de 16 premiações, das quais ganhou 11, entre elas o Prêmio Esso de Informação Científica, Tecnologia e Ecológica, junto com Daniel Stycer, em 1998; o Prêmio Icatu de Jornalismo 1997; o Prêmio Senai de Reportagem 2002; e o Prêmio Alexandre Adler, sendo os dois últimos com Luiza Villaméa, a quem Marini considera uma irmã. “Somos amigos muito pessoais e temos uma cumplicidade de trabalho absurda. Uma vez por mês ela cozinha para mim na casa dela”, conta.

INFÂNCIA ‘cheia de bagunça’, ele guarda lembranças de suas professoras

ARQUIVO PESSOAL

Primeiro, quero agradecer a honra de ter sido escolhido para esta matéria, porque eu acho que não sou p&%$* nenhuma, um nada, um m@#!§.” É assim, com essas palavras, que Eduardo Marini começa a entrevista. Por trás da modéstia e de uma aparência um tanto robusta, apesar da fisionomia pacata, o jornalista vai revelando seu lado divertido e apaixonado, tanto pela família quanto pela profissão. Aliás, por pouco Marini não assumiu as salas de cirurgia de algum hospital. Na época em que prestou vestibular, ele passou no curso de medicina e pretendia ser cirurgião plástico. “Mas, graças a Deus, mergulhei no jornalismo. Acho que não sei fazer outra coisa”, conta ele que teve medo de não ingressar no mercado, afirmando ser “completamente inseguro”. Mas, talento não se explica, tanto que sua vida tomou um rumo totalmente diferente da dos seus irmãos, Christian e Luciane, que são músicos. Na opinião de Eduardo, “a literatura é uma arte melhor que a música” e ele jamais pensou em se aventurar entre palcos, partituras e composições. “Mesmo tendo um gosto muito refinado para música, jeito acho que ele não leva. No entanto, não conheço ninguém tão competente em conseguir o que quer”, diz a irmã. As recordações da infância e da adolescência de “muita bagunça”, como ele descreve, se misturam com as das professoras Cora Pena, Elma Medeiros e Morena, sua mãe, já falecida. “Meu irmão sempre esteve longe de ser ‘malandro’ [risos]. Sempre foi ‘caxião’, sempre gostou de estudar muito e foi assim em tudo o que fazia”, diz Christian Marini. Luciane completa: “Éramos uma quadrilha, uma facção, um defendendo o outro [risos]”. Apesar de não viver mais em Três Rios (atualmente Eduardo Marini mora em Cotia, São Paulo), é na terra natal que está o seu verdadeiro lar. “Eu amo tanto essa cidade que fico até emocionado, tanto que não fico sem voltar, não consigo me desligar nunca. Três Rios é meu reinado pessoal”, afirma. “É o lugar onde me sinto em casa,

Quando questionado sobre a sensação de receber prêmios tão importantes, a despretensão vem à tona mais uma vez. “Posso dizer que nenhum cara da minha geração foi finalista em tanta coisa. Mas, quer saber, eu não estou nem aí para tudo isso. Porque o jornalismo não é passado, é presente e futuro. Serve para currículo? Claro que serve. Mas eu não fico pensando muito nisso não. Na verdade, fico até incomodado quando as pessoas me lembram disso.” Torcedor assíduo do Flamengo, o es-

“Posso dizer que nenhum cara da minha geração foi finalista em tanta coisa”, EDUARDO MARINI

diz Marini sobre os prêmios conquistados. revistaon.com.br

|

79


ARQUIVO PESSOAL

CARREIRA

INSPIRAÇÃO FAMILIAR Ao lado do pai na formatura da sobrinha mais nova, que seguiu a carreira de Eduardo

porte é sem dúvida um dos assuntos que mais atraem o profissional da comunicação. Eduardo, que já foi comentarista do canal esportivo ESPN, ficou 60 dias do outro lado do mundo, em 2000, mais especificamente em Sydney, na Austrália, onde realizou a cobertura dos jogos olímpicos. “Foi o maior desafio da minha vida”, revela. Durante o período, ele perdeu um dente e precisou se consultar com um dentista local. Lá, também teve a oportunidade de fazer amigos, conhecer o interior do país, dormir em lugares simples e com pouco conforto e aprimorar seu inglês. “Foi um inferno, mas me salvei bem, aprendi muito. Amo os desafios da profissão”, acrescenta. Outro trabalho que merece destaque é a edição de um livro oficial do governo sobre os jogos Pan-Americanos no Brasil, no ano de 2007. Anteriormente, Marini havia sido convidado para editar um material do Ministério do Esporte a pedido de uma agência particular. Uma pessoa ligada à entidade governamental já o tinha observado e acabou indicando o trirriense para o serviço. Semanas depois, ele esteve com um representante do órgão federal, que propôs o trabalho e Eduardo aceitou. “Acho que foi fruto do que eu havia feito 80

| revistaon.com.br

“Três Rios é meu reinado pessoal”, afirma Eduardo

antes para o ministério”, acredita. Nosso personagem parece mesmo não temer os reptos impostos pelo jornalismo, afirmando encarar qualquer editoria. Prova disso é seu atual cargo: repórter especial do grupo Record e blogueiro do portal “R7.com”. Foi o universo virtual que proporcionou o surgimento da saudação “Amigo da blogosfera colorida”, modo como denomina o ambiente em que estão inseridos os blogs. A linguagem exigida na transição das redações para o mundo on-line foi uma das dificuldades encontradas. Mas Eduardo, que se considera um “set tecnológico”, logo se adaptou e agora é um amante da função. “Para mim, que achava que tinha que ser intelectual, está sendo um baita desafio e, ao mesmo tempo, uma baita satisfação ter que encontrar a linguagem para conversar com essa galera que, afinal de contas, já manda em um trilhão e cem bilhões de reais na pa-

rada do PIB do país, não é mesmo?”, fala referindo-se à participação da classe C na sociedade. No blog, tem total liberdade para escrever sobre os temas de sua preferência, o que não o impede de aceitar sugestões do grupo empresarial sobre a elaboração de um texto que trate de algo que está em voga, o que ainda não aconteceu. Para ele, o blogueiro consegue chegar mais perto de seu público, principalmente quando se tem um grande portal por trás, como é o seu caso. Pós-graduado em propaganda e marketing pela ESPM-RJ, Eduardo Marini explica que lecionar é uma das suas “paixões supremas”. Ele, que foi professor de jornalismo impresso na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, dividiu as salas de aulas com nomes como Marco Antônio Araújo, Domingos Fraga e Marcelo Coelho. “Tinha orgulho de pertencer àquele timaço de professores. Só feras e eu ali, compondo o meio de campo”, opina. Marini deixou a função por “absoluta falta de tempo”, mas garante retornar no próximo ano. Defensor do diploma para a valorização da profissão, ele diz que se sentiu incomodado com a não exigência do


ARQUIVO PESSOAL

ESSO Marini recebendo o Prêmio. Apesar da importância, ele não gosta de comentar sobre o assunto

documento para atuar na área. “Se você me perguntar se alguém precisa fazer faculdade para ser bom jornalista, eu diria que não. Mas se você me perguntar se a dignidade e a evolução da profissão precisam de proteção para os formados, eu diria que sim”, argumenta. Sua vocação influenciou a caçula das três sobrinhas, filhas de Luciane, Íris Marini. “Com mãe professora, avó professora, tio e tia jornalistas, o hábito da leitura e a apreciação das letras e da Língua Portuguesa foi consequência e, obviamente, ele faz parte disso”, afirma a recém-formada. Eduardo, no entanto, discorda. “Pelo o que tenho visto, sinto que ela é melhor jornalista do que eu. Mais organizada, mais dedicada, mais séria, mais competente, enfim.” Quando não está envolvido em algum trabalho da Record, o blogueiro assume outro papel na vida profissional, o de dono de uma empresa de comunicação, consultoria e projetos em jornalismo. A “A8 Mãos Comunicação e Multimídia” leva este nome por ser feita justamente a oito mãos, as de Eduardo, da esposa e também jornalista Renata Pedrozo, com quem está há 20 anos, do enteado Luan e da filha Isadora, de 8 anos. “O nome

é uma brincadeira com as nossas mãos. Não quero ser uma sobra para a Isadora. Ela ainda é muito pequena e tudo isso acaba sendo muito pesado”, declara ao ser questionado se acredita que a filha poderá seguir os seus passos. Aliás, o segundo nome da pequena é Morena, em homenagem à mãe. Maria José Barbosa Marini, mais conhecida como Dona Morena, figura querida e admirada por todos os que conviveram com ela. Para Eduardo, foi difícil lidar com o falecimento da matriarca e confessa que a vida passou a fazer pouco sentido para ele. “Queria morrer, de verdade. Cheguei até a conspirar por isso. Depois, com o tempo, fui melhorando. Acho que a Dona Morena foi a luz de um foguetório que passou entre nós.” Ainda que com tantas conquistas alcançadas na vida, o jornalista acha complicado afirmar se é ou não um homem realizado, mas tem certeza de que é “um dos caras mais sortudos da face da Terra” e recebeu “três vezes mais o que merecia”. Um sonho? “Poder voltar a viver no apartamento de Três Rios, minha terra amada, trabalhando e dormindo em casa. Deus me deu um monte de coisas e vai me dar isso também”, responde. revistaon.com.br

|

81


82

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

83


SAÚDE

Fitness e funcionalidade POR PAULA ARAÚJO

A ditadura da beleza não dá descanso e a mídia enfatiza formas perfeitas e pessoas aparentemente saudáveis o tempo todo. Para manter o corpo em equilíbrio e a saúde em dia, um novo conceito em exercícios físicos está conquistando adeptos academias afora, trata-se da atividade funcional.

84

| revistaon.com.br


“O exercício funcional melhora a postura, o equilíbrio, a coordenação, além de deixar o corpo mais apto para a rotina diária” Tiago Vasconcelos, personal trainer

que treina uma criança de 10 anos. Porém, o personal acrescenta que quem já fez alguma atividade tende a ter mais facilidade, devido à memória física que o corpo adquire. Matheus Abreu, 16, joga tênis desde os 6 anos de idade e estava na sua primeira aula durante a visita da Revista On ao Espaço Fitness. “Jogar tênis é mais fácil”, disse ele ofegante após uma hora de treino. Para o adolescente, o funcional irá ajudá-lo no desempenho como atleta, além de manter o bem-estar físico e a saúde. “Acredito que vou ganhar condicionamento, equilíbrio, força e agilidade”, disse. Para começar qualquer atividade é preciso que o aluno passe por uma avaliação médica e de aptidão física. “Além

dos testes tradicionais para analisar as capacidades de resistência cardiorrespiratória, força, resistência e flexibilidade, atualmente a avaliação funcional passa a ser utilizada nos aspectos relacionados à qualidade de movimento, incluindo mobilidade, estabilidade e assimetria muscular”, esclarece o site do Instituto Mauro Guiselini. O perfil de quem busca esse novo fitness também é diferente. São pessoas que levam em conta a satisfação, a saúde e um melhor desempenho, indo além das exigências físicas impostas pela mídia e pela sociedade. É o caso do contador Fabiano Corrêa de Castro, 24, que desde abril optou pela atividade funcional. “Quero eliminar peso e além da parte aeróbica, os exercícios funcionais são bem diversificados. Já tinha ouvido sobre o estúdio [Espaço Fitness], mas ainda não tinha acesso”, conta ele que treina todos os dias. “O maior diferencial é o acompanhamento do profissional, que identifica o objetivo do aluno e atua de forma individual”, acrescenta. O professor Marcel Costa, também do espaço trirriense, enfatiza a questão dos modismos nas academias e ressalta que o exercício é uma questão de bem-estar e qualidade de vida. “Procuramos não apeREVISTA ON

E

squeça as caretas feitas por quem costuma “puxar ferro” e aulas repetitivas e ensaiadas. Um novo fitness está mexendo com os corpos nos estúdios e academias do país. Imagine não precisar fazer esforço ou sentir incômodo para agachar, sustentar algum objeto ou simplesmente levantar os braços. Pois essas atividades triviais são o principal alvo de quem pratica o chamado exercício funcional, uma modalidade que está se popularizando depois de ser aplicada especialmente em esportistas e atletas de alta performance. Diferentemente da musculação convencional e das aulas de exercícios localizados, o funcional contempla equipamentos desenvolvidos para alcançar determinado objetivo utilizando o peso do próprio corpo. A ideia é atingir a funcionalidade corporal de modo a realizar as atividades do dia a dia com mais eficiência. A prática atua em mais de um grupo muscular ao mesmo tempo, como os paravertebrais e o core - região lombar e abdominal onde se encontra o ponto de equilíbrio de cada indivíduo -, ao contrário da musculação, que age isoladamente nos músculos periféricos, dando, visivelmente, a sensação de se estar “forte”. Segundo a página do Instituto Mauro Guiselini na internet – entidade que leva o nome do professor e mestre em educação física Mauro Guiselini, autor de 22 livros na área -, os exercícios com isolamento muscular são praticados por quem quer obter músculos fortes e bem delineados; já os funcionais servem para dar agilidade e potência, aumentando a capacidade de se movimentar bem. “O exercício funcional melhora a postura, o equilíbrio, a coordenação, elimina e combate as dores laborais, além de deixar o corpo mais apto para a rotina diária”, explica o personal trainer Tiago Vasconcelos, do Espaço Fitness, em Três Rios. Outro diferencial do método é que ele pode ser praticado por qualquer pessoa, em qualquer idade e sem riscos, “desde que o exercício seja executado corretamente e bem orientado”, alerta Vasconcelos,

FABIANO CORRÊA Desde abril optou pela atividade funcional revistaon.com.br

|

85


REVISTA ON

SAÚDE

COMBINAÇÃO Quem não pretende abandonar os métodos tradicionais pode unir com o treinamento funcional

“Tentamos convencer os alunos de que exercitar-se é algo que vai colaborar para uma vida mais saudável no futuro” Marcel Costa, professor

nas trazer os alunos para o estúdio, mas convencê-los de que exercitar-se é algo que vai colaborar para uma vida mais saudável no futuro, mantendo-os em movimento o ano todo”, diz ele a respeito daqueles que procuram uma atividade somente em períodos sazonais. O público da academia que oferece a modalidade em Três Rios é bem dividido entre os gêneros. Dentre as mulheres, está a comerciante Grasiella Oliveira Vieira Leal, de 31 anos. Ela, que já havia praticado exercícios físicos anteriormente, garante que o sistema funcional é bastante eficaz. “Não tem como ‘enrolar’, pois o professor nos monitora o tempo todo. Minha qualidade de vida melhorou como um todo. Acordo mais animada, 86

| revistaon.com.br

mais disposta e meus movimentos diários estão bem melhores”, apontou. Em três meses de prática, Grasiella perdeu 3 kg de gordura e ganhou outros três de massa muscular. Para quem não pretende abandonar os meios já consagrados de exercitar o corpo, é possível combinar a forma tradicional com o treinamento funcional, intercalando as duas modalidades. Vale ressaltar que o segundo não é recomendado para quem apenas quer adquirir massa magra. “Esse tipo de atividade tem uma hipertrofia muscular limitada, pois não aplica a sobrecarga da musculação”, explica Tiago. No entanto é uma boa opção para aqueles que têm como meta perder peso, por meio da realização de circuitos de alta frequência. Marcel conta que, durante os treinos, uma pessoa pode perder mais de 700 calorias.

Equipamentos e exercícios Um dos aparelhos usados é o TRX (treino em suspensão), surgido do preparo dos Seals - grupo de elite da marinha americana, o mesmo que atuou na morte de Osama Bin Laden - como forma de

exercitar os soldados em qualquer lugar com um único equipamento. O TRX faz do peso do praticante uma resistência variável e baseia-se na força e na propriocepção, termo que descreve a percepção corporal e inclui a consciência da postura, do movimento, das partes do corpo e das mudanças no equilíbrio, além de englobar as sensações de movimentação e de posição articular. Outro instrumento é o bosu, uma espécie de bola cortada ao meio, utilizada principalmente para exercícios de equilíbrio. “Só de subir no bosu você já trabalha a estabilidade do quadril”, afirma Vasconcelos. Uma bola que pesa 5 kg, chamada medicine ball, e outra que quica sem uma direção ordenada também fazem parte do treinamento, que, feito de forma personalizada, de acordo com o objetivo de cada pessoa, pode ser voltado para melhorar os movimentos de um esporte específico, como faz o tenista Matheus. Para elaborar o programa de treinamento, o profissional precisa focar exatamente na meta de cada aluno, devendo saber se ele deseja melhorar o desempenho das atividades cotidianas, a estética ou o


concentração, não há limite de exercícios. “Depende da criatividade de cada instrutor e daquilo que se pretende trabalhar”, explica o professor Tiago. REVISTA ON

rendimento, no caso de um esportista. Outro fator interessante é que, como os aparelhos são desenhados para exigir mais do aluno, atuando no equilíbrio e na

RESISTÊNCIA Além da força e do equilíbrio, objetivo do funcional é levar qualidade de vida aos praticantes

anos 70

anos 80

anos 90

anos 2000

Até o início da década de 70, as academias eram frequentadas predominantemente por homens e a atividade oferecida era quase sempre a musculação. Esse nome surgiu para quebrar o preconceito em torno halterofilismo e até mesmo para atrair as mulheres para a atividade.

A febre do bem-estar físico invadiu as academias nos anos 80. A influência dessa nova onda fitness foi marcada pelo lançamento do primeiro vídeo da série “Workout”, da atriz Jane Fonda. Foi nessa época que a ginástica aeróbica se tornou responsável pela explosão de mulheres nas academias.

Com a abertura do mercado externo, as academias viram-se obrigadas a modernizar seus aparelhos, bem como suas estrutura, aulas e tendências. Influenciadas pela Europa e pelos Estados Unidos, as academias do Rio e de São Paulo, principalmente, incorporaram aparelhos eletrônicos de musculação (uma coqueluche na época), desenvolvidos a partir da fusão da informática e da tecnologia.

Seguindo a linha wellness, a evolução do fitness caminhou para treinamentos que combinam força, equilíbrio e flexibilidade, culminando em um bom condicionamento físico, saúde e equilíbrio da mente. Foi assim com o método pilates e, mais recentemente, com a atividade funcional.

revistaon.com.br

|

87


88

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

89


SAÚDE

Os milagres da

equoterapia POR ANA PAULA CANEDA

Considerada por especialistas como uma medicina nova no tratamento de doenças, a equoterapia é uma prática antiga. Há registros de que em 458 a 377 a.C. as atividades eram realizadas por cavalheiros para melhorar o tônus muscular. A informação está no livro “Das Dietas” do grego Hipócrates de Loo. Hoje a prática equestre é usada em pessoas de todas as idades. O procedimento envolve uma equipe multiprofissional.

90

| revistaon.com.br


REVISTA ON

A

“A marcha do cavalo é a mais parecida com a do ser humano”, explica a fisioterapeuta Ana Helena Ferreira.

TRATAMENTO INTERDISCIPLINAR Mailson precisa do apoio da fisioterapeuta Ana Helena

movimentos são realizados durante meia hora de exercícios. “O cérebro começa a associar os movimentos estimulando o sistema nervoso”, explica a fisioterapeuta Ana Helena Ferreira. A equoterapia começa com a interação com o cavalo. “Diferente de um ambulatório, o ambiente favorece o tratamento”, enfatiza Ana. Cada criança responde de uma forma diferente e não

há como estabelecer um tempo exato para esse procedimento. “A marcha do cavalo é a mais parecida com a do ser humano. Só da criança estar nele, já está sendo tratada. É um animal que está o tempo todo em movimento”, destaca a fisioterapeuta. Ainda assim, todo paciente deve passar por uma junta médica que vai avaliar se ele tem reais condições de iniciar a terapia. É aconselhado que o diagnóstico seja feito por profissionais das áreas de saúde e educação. Essa terapia é contra indicada em pessoas com problemas de convulsões, cardiopatia e síndrome de down, casos em que o portador pode apresentar instabilidade cervical. A prática é indicada em doenças genéticas, neurológicas, ortopédicas, mentais, distúrbios psicológicos, comportamentais, de aprendizagem e linguagem. O procedimento também é eficaz em sequelas de traumas e cirurgias. Muitos pais não sabem como lidar REVISTA ON

Equoterapia é uma ciência interdisciplinar que utiliza o cavalo para atuar nas áreas da saúde, educação e equitação. Ela engloba profissionais da psicologia, fisioterapeutas e o equitador que cuida do animal. Um grupo que visa melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Em Três Rios, a atividade é praticada na Apae há sete anos. Lá atendem jovens alunos da instituição na unidade no bairro Ponte das Garças. Os resultados são quase imediatos e o tratamento é dividido em três fases. Na primeira etapa classificada como hipoterapia, a criança é mais dependente, precisa da companhia dos profissionais para realizar os exercícios. Na segunda, o paciente está mais independente com domínio do animal. Assim, dependem menos da equipe que continua com os estímulos. Esta fase é denominada pré-educativa. A terceira é caracterizada como esportiva. O jovem continua estimulado, mantém o domínio completo do animal, contudo, agora realiza exercícios característicos do hipismo. “Nossos alunos tiveram uma melhora significativa após o início das atividades com o cavalo”, enfatiza a psicóloga e coordenadora do projeto na Apae, Neidicéia Soares da Costa Silva. A prática esportiva só não é mais completa por falta de espaço. Assim, fica inviável executar todos os exercícios que o hipismo dispõe. A equipe de equoterapia da Apae é formada por três fisioterapeutas, uma psicóloga, uma fonoaudióloga, um equitador e pelos guias: Gilson Amaral Araújo, 40, e Gilberto Alves Silvério, 26. Eles eram alunos, evoluíram no tratamento e agora contratados, ajudam a turma. A atividade exige todo o corpo. Contribui para a coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade e revigora os músculos. Desde o primeiro contato com o cavalo até a última etapa, a terapia oferece ao paciente novas formas de socialização, autoconfiança e auto-estima. “Trabalha também limite, segurança e estabilidade. No caso do autista, que está sempre se isolando, é uma maneira de trazê-lo para o convívio social”, acrescenta Neidicéia. Cerca de 2.800

INDEPENDENTE Sozinho no cavalo, Ibson recebe a atenção do fisioterapeuta e equitador José Eduardo revistaon.com.br

|

91


REVISTA ON

SAÚDE

“A terapia melhorou a postura da minha filha”, enfatiza Cláudia Lúcia Rodrigues dos Santos

ANA PAULA CANEDA / REVISTA ON

TRATAMENTO Bárbara tem dificuldades para aprender e começa a sessão já na parte pedagógica

com a criança. “A evolução do filho com o tratamento permite uma aproximação com a família. Mesmo sem o cavalo é importante que o aluno continue recebendo os estímulos em casa”, aconselha Neidicéia. Atividades com a bola, o bambolê e pedagógicas podem ser realizadas sem o animal. Mailson Luiz Eulálio, 23, tem um retardo mental avançado e foi detectada uma cegueira temporária. Ele participa das atividades com auxílio integral da fisioterapeuta Ana Helena. “Até aos quatro anos ele era uma criança normal, andava, falava, corria, jogava bola e não apresentava os sintomas. Os médicos fizeram pesquisas, mas ainda não identificaram o que causou tudo isso”, declara a mãe Lucia Maria Bastos Luiz, 49. “O Mailson está mais forte mesmo sem a mobilidade nesses três meses de tratamento”, analisa a psicóloga. Hoje, segundo ela, Eulálio já consegue perceber a movimentação em sua volta.

Portador da Síndrome de Down Leve, Ibson Carvalho Silva Luccas, 6, esta na segunda etapa do procedimento. Ele não possui características marcantes da síndrome como base nasal mais larga, boca e orelhas pequenas e excesso de pele na nuca. O jovem começou a estudar na escola da Apae e hoje frequenta o pré-escolar em uma escola municipal. O tratamento já fez um ano. “Os resultados foram imediatos, meu filho é muito esperto. As vezes ele enrola, mas quando quer, fala com clareza”, revelou a mãe Andresa Simões de Carvalho Silva, 27. Cláudia Lúcia Rodrigues dos Santos, 35, é mãe de Bárbara Victória dos Santos Teodo, 5. A gravidez dela foi normal. Entretanto, foi no parto que a situação complicou. A menina ficou sem oxigenação. “Ela tem dificuldades para aprender. Começou a andar aos três anos. A terapia melhorou a postura da minha filha”, enfatiza a dona de casa. Na terceira fase, Natália Daniela Gomes da Silva, 15, tem o domínio total do cavalo. Atualmente, executa alguns exercícios de equitação sozinha. A jovem, que tem um leve retardo metal ocasionando por um défit de atenção, faz atividades que antes não conseguia. “Hoje eu consigo pular corda. Antes não conseguia manter o equilíbrio”, conta.

DEDICAÇÃO Alunos e a equipe da equoterapia da Apae 92

| revistaon.com.br


No início, as atividades eram realizadas em um espaço cedido para a Apae, em uma fazenda próxima ao morro do cemitério, no centro da cidade. Há quatro anos ganharam uma sede própria localizada na rua Santa Maria, s/n, no bairro Ponte das Garças em Três Rios. A maioria dos alunos vão acompanhados pelos pais e os outros chegam através do transporte da instituição, que busca e leva os jovens em casa. Os cavalos, apelidados pelos alunos de “Apolo” e “Fuscão”, foram doados. Eles são mantidos por empresários e poder público municipal. Nos grandes centros urbanos esse recurso custa R$ 200 por 30min de terapia. Atualmente, 70 alunos são beneficiados com o tratamento gratuito em Três Rios.

Regulamentação das práticas

A equoterapia só foi reconhecida como método de reabilitação de pessoas com deficiências em sessão plenária de 09 de abril de 1997 pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). A Ande-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia) tem o domínio da criação do termo, registrada no INPI do Ministério da Indústria e comércio sob o Nº 819392529. Até hoje, realiza pesquisas focadas na área e é a pioneira no uso do cavalo para fins terapêutico e educacional no país. Ande é uma associação de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, com atuação em todo o território nacional com sede em Brasília. Ela também é filiada à entidade internacional FRDI (“The Federation Riding Disabled International”), como membro pleno. A entidade também atua com consultoria técnica em equoterapia da Sociedade Brasileira de Medicina Física e de Reabilitação.

REVISTA ON

Equoterapia em Três Rios

APOIO FAMILIAR Lúcia Maria sempre acompanha o filho Mailson nas sessões

revistaon.com.br

|

93


As ferramentas do campo dentro da cidade

DIVULGAÇÃO

A loja dispensa comentários. Sua estrutura é capaz de atender todos os tipos de clientes: locais ou regionais. O ambiente moderno e sofisticado contrasta, de forma perfeita, com o propósito do empreendimento. São mais de três mil itens disponíveis para animais de pequeno ou grande porte. Além de medicamentos, as seções de cutelaria e pesca, diversificam os produtos para facilitar sua vida.

A LOJA Localizada na praça Salim Chimelli e com estacionamento próprio, a Agrotech dispõe de 150m² para atender seus clientes. Com o Agrotech Delivery, você vai receber seu produto em casa com atendimento personalizado

D

epois de 15 anos no mercado atacadista, a Agrotech inaugurou, em agosto, a primeira loja varejista. São 150 m² e 30 funcionários para atender os clientes do campo e da cidade. Com um sistema gerencial inovador, a loja, localizada na praça Salim Chimelli, 165, possui um horário diferenciado para melhor atender quem busca produtos de qualidade para

94

| revistaon.com.br

“Oferecemos para nosso cliente um programa gerencial que ajuda a equilibrar a alimentação dos animais”, explica Vasconcelos, proprietário da loja

animais de todos os tamanhos. “Estamos abertos de 07h30 as 18h para servir os profissionais do campo que, geralmente, acordam cedo”, explica o gerente da loja José Carlos. A novidade é a linha para pet, pássaros, pesca, jardinagem, ferramentas, além do Agrotech Delivery. Com esse serviço, você vai receber seu produto em casa com atendimento personalizado.


MAIS DE 3.000 ITENS A loja é setorizada para facilitar a localização dos produtos

RODRIGO VASCONCELOS RODRIGUES O empresário e médico veterinário trabalha com consultoria em viabilização de projetos agropecuários

dos serviços prestados pelo veterinário Rodrigo Vasconcelos. “Continuamos com os serviços que eu prestava antes, no entanto, vimos a necessidade de nos estruturar e entrar de vez no mercado varejista. Além disso investimos em tecnologia e hoje, oferecemos para nosso cliente um programa gerencial que ajuda a equilibrar a alimentação dos animais”, explica Vasconcelos, proprietário da loja.

A equipe Veterinários, vendedores externos e inter-

nos. “Todos os funcionários estão capacitados para manter a qualidade do atendimento na loja. Eles conhecem todos os produtos e são treinados para ajudar e facilitar o trabalho de nossos clientes”, garante José Carlos. Faça uma visita e confira o que há de novo na Agrotech. Com certeza você vai se sentir no campo mesmo que esteja no centro da cidade. O telefone da loja é 2252-0890, mas não precisa ligar para agendar uma visita, há sempre um profissional a sua espera.

DIVULGAÇÃO

A Agrotech ainda conta com uma sede na rua Santo Antônio, 285, no Triângulo. Lá existe outra estrutura completa com transporte, galpão e distribuição própria para atender toda região serrana do estado do Rio de Janeiro. Um dos motivos para ingressar no mercado varejista foi a procura dos produtores de pequeno porte pelos serviços da Agrotech. Consultoria e viabilização de projetos de equinocultura de lazer e esporte, bovinocultura de produção de leite, carne, genética, ovinocultura, caprino cultura, piscicultura são alguns

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

PUBLIEDITORIAL

EQUIPE Profissionais capacitados para prestar o melhor atendimento

SOCIL

(24) 2252-0890

MALBRAN HORSE

revistaon.com.br

|

95


96

| revistaon.com.br


SAÚDE

Um ato simples para

salvar vidas

POR ANA PAULA CANEDA

A transfusão de sangue é usada em casos de cirurgia ou acidente, quando o trauma ocasiona uma perda considerável do fluido corpóreo vital. Em casos de doenças como a anemia falciforme e leucemia, o paciente precisa receber o sangue com mais frequência. Falando assim parece que são poucos os casos em que o procedimento é utilizado, mas no Brasil, ainda há escassez de material nos hemocentros e hemonúcleos espalhados pelo país. O que resolveria este problema é o simples ato de doar sangue.

S

ão 27 unidades especiais para a coleta e transfusão de sangue no Rio de Janeiro e interior do estado. Em Petrópolis o Núcleo de Hemoterapia do Hospital Santa Teresa envia o material coletado para Nova Friburgo, Rio de Janeiro e Três Rios, que por sua vez, atende a demanda de pacientes das cidades de Areal, Sapucaia, Paraíba do Sul e Levy Gasparian. Só em Três Rios são realizadas uma média de 170 transfusões por mês. Os motivos são inúmeros, mas o principal é suprir o sangue perdido durante os procedimentos cirúrgicos. Para continuar abastecendo a região, são realizadas campanhas de doação de sangue em Petrópolis. O apoio das autoridades locais e principalmente dos colaboradores de entidades públicas como a prefeitura e da Comdep (Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis) é fundamental. Os projetos de divulgação são

elaborados de acordo com o calendário e datas comemorativas como: carnaval, dia das mães, páscoa, dia dos Pais, Natal, Ano Novo e, principalmente, no dia Mundial da doação de sangue em 14 de junho. “Nesses períodos, os índices de doação aumentam consideravelmente”, revelou a coordenação do Núcleo de Hemoterapia do Hospital Santa Teresa através da assessoria de comunicação. O foco da divulgação é obter um estoque regular para atender a demanda transfusional por um determinado tempo. Toda iniciativa é definida de acordo com as características dos serviços atendidos. A quantidade de reserva “corresponde ao consumo real, acrescido de uma margem de segurança estabelecida pela coordenação do Banco de Sangue. A base é a demanda de transfusão dos últimos seis meses”, acrescentou a assessoria. Para manter suas “economias” são

necessárias 900 doações por mês, número ideal para a unidade. As metas estão quase no alcance da equipe do [hospital] Santa Teresa depois de ter firmado uma parceria com empresas privadas, Guarda Municipal, aeronáutica, Senac, Exército, e de campanhas feitas por Igrejas da região. “Perfeito seria uma média de 38 doações por dia”, enfatiza o comunicado. O atendimento do Banco de Sangue Santa Teresa funciona das 7h às 14h de segunda à sexta-feira e das 7h às 11h nos sábados. Pacientes portadores de anemia falciforme, em tratamento oncológico e Talassêmicos (possuem defeitos genéticos no sangue), frequentemente necessitam de transfusão. Quando o fenótipo é raro (aqueles cujo tipo de sangue tem fator Rh negativo) dificulta ainda mais a procura de doadores, caso estes não estejam cadastrados no sistema. Outro problema revistaon.com.br

|

97


SECRETÁRIO DE SÁUDE Luiz Alberto Barbosa fala da importância do Hemonúcleo para a região

“Ainda não existe a coleta na cidade, o material é colido em Petrópolis e transportado para o município” Luiz Alberto Barbosa – secretário de Saúde de Três Rios

BANCO DE SANGUE Alessandro Custódio esta sempre peprarado para realizar a transfusão

A transfusão O auxiliar do banco de sangue, Alessandro Custódio, relata que o processo é simples. Uma amostra do sangue do paciente é coletada assim que ele dá a entrada no hospital após ser identificada a necessidade do procedimento. O técnico avalia qual o tipo sanguíneo, DIVULGAÇÃO

é que a prática da doação ainda é vista com preconceito e possui alguns tabus criados pela falta de informação. Em Três Rios há um projeto em fase de acabamento para ampliar o abastecimento do material na região. Está prevista para janeiro do próximo ano a inauguração do Hemonúcleo trirriense.

Na sede, cerca de 30 funcionários, entre médicos hematologistas, enfermeiros e técnicos especializados, “vão atender em média 20 pessoas por dia. O número pode aumentar de acordo com a necessidade”, afirma a coordenadora da unidade, Christiane Dias Gatti Castro. A parte final da obra foi avaliada em R$ 400 mil. “Os custos com o empreendimento ficou por conta da secretaria de Saúde do Estado. O município vai arcar com a manutenção do local e folha de pagamento dos funcionários”, afirma Luiz Alberto Barbosa secretário de Saúde. A construção começou em 2001 e só foi retomada em 2010. Tanto o secretário quanto a coordenadora do Núcleo de Hemoterapia, não sabem explicar o motivo da interrupção. O atendimento ainda é feito no HCNSC (Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição) e é terceirizado. “Ainda não existe a coleta na cidade, o material é colido em Petrópolis e transportado para o município”, reforça Luiz.

REVISTA ON

REVISTA ON

SAÚDE

encaminha a bolsa de sangue para o setor. “Hoje, no estoque, temos três bolsas com o sangue O negativo. Isso é raro acontecer”, afirma o funcionário enfatizando a importância da doação. No HCNSC encontramos Nilda Pereira da Silva, 75. A idosa passou por uma cirurgia, teve algumas complicações devido à diabetes e pressão alta. Ela precisou da transfusão de sangue. “Não tivemos dificuldades para encontrar o tipo dela”, lembra Genusa Aparecida da Silva, 28, nora da paciente. A idosa não estava em condições de falar. Grandes campanhas serão realizadas assim que o Hemonúcleo for inaugurado. O objetivo é incentivar a doação de sangue em Três Rios. “O processo seletivo e a compra de equipamentos já foram feitos, agora só falta capacitar estes profissionais”, enfatiza Christiane, que está finalizando o curso de “Gestão de Hemocentros”.

A doação

DOADORES Oficiais doam sangue no Hospital Santa Teresa 98

| revistaon.com.br

Qualquer um pode doar, desde que esteja com a saúde em dia. Manter um estilo de vida saudável é um dos determinantes para ser um doador em potencial. “Essa corrente precisa de você. Doe sangue”, este é o lema da campanha nacional de incentivo à doação de sangue de 2011, do Ministério da Saúde e Governo Federal.

Hemocentro, Hemonúcleo e Núcleos de Hemoterapia


DIVULGAÇÃO

CAPANHA EM PETRÓPOLIS Oficiais doam sangue no Hospital Santa Teresa

Hemonúcleo e Núcleo de Hemoterapia são responsáveis pela coleta, processamento e distribuição do sangue na região. O Hemocentro coordena as atividades dessas unidades no estado ou região e ainda realiza os exames sorológicos, quando são avaliados se a bolsa de sangue está apta para a doação. Lá também é verificada a presença do vírus do HIV e Hepatite. Ao todo são seis hemocentros, quatro hemonúcleos e 17 núcleos de hemoterapia que abastecem os hospitais do interior. Só na capital Rio de Janeiro,

“O processo seletivo e a compra de equipamentos já foram feitos, agora só falta capacitar estes profissionais” Christiane Dias Gatti Castro - farmacêutica e bioquímica

além do Hemorio, são 12 unidades especializadas para a realização da Coleta e transfusão de sangue.

Condições para doar sangue Aspecto saudável e declaração de bem-estar geral; Idade entre 18 e 67 anos. Podem ser aceitos candidatos à doação de sangue com idade de 16 e 17 anos, com o consentimento formal do responsável legal. Em caso de necessidades tecnicamente justificáveis, o candidato cuja idade seja inferior a 16 anos ou superior a 68 anos somente poderá ser aceito após análise pelo médico do serviço de hemoterapia. É preciso ter o peso mínimo de 50 kg. Candidatos com peso abaixo de 50 Kg podem ser aceitos após avaliação médica e desde que respeitados critérios específicos estabelecimentos na Portaria 1.353/11, que estabelece o novo regulamento Técnico de Procedimentos Hemoterápicos. A identificação é indispensável. Quando for doar, leve um documento com foto, válido em todo território nacional; revistaon.com.br

|

99


Agora vocĂŞ sabe onde encontrar

100

| revistaon.com.br


revistaon.com.br

|

101


REVISTA ON

CONSTRUÇÃO

Na Certa inaugura loja em Três Rios A casa própria é o sonho de consumo de muitos brasileiros e se não for possível comprá-la pronta, o jeito é investir em terrenos e materiais de construção. Obra para qualquer finalidade, seja construir ou reformar, dá trabalho, e a cada dia surgem no mercado novas tecnologias que garantem a qualidade do serviço em um tempo menor, sem falar na variedade dos produtos para o acabamento, parte final do trabalho que vamos ver todos os dias.

P

ensando no conforto e na praticidade, a loja de varejo presário destaca a importância da mão de obra especializada, no segmento da construção, especializada no acaba- “Não estamos em busca apenas de um vendedor e sim de um mento, foi inaugurada em Três Rios em julho. A Na consultor. Tem que ser diversificado e entender de paginação e Certa disponibiliza um amplo espaço, além de ven- de projeto”. A princípio o estabelecimento conta com o auxílio dedores e representantes de grandes marcas especializadas em de funcionários das filiais de Petrópolis e Itaipava, mas a intenacabamento para atender o ção é de que o quadro público. de colaboradores seja Durante a inauguração, a completo com pessoas funcionária pública Nelise da cidade. Tolledo, 50, que estava a Representantes da “é um segmento diferenciado, a cidade só procura de um orçamento CDL (Câmara de Diritem a ganhar” para iniciar a reforma de gentes Lojistas) de Três Ricardo Rocha – presidente CDL Três Rios seu imóvel aprovou o esRios compareceram à paço: “O preço está bom inauguração e enfatie os materiais são de quazaram a importância lidade”. A loja vai acirrar a concorrência neste segmento. O da loja para o setor. “É um segmento diferenciado. A cidade resultado será melhores preços e vantagens para os clientes, só tem a ganhar”, analisa presidente da CDL, Ricardo Rocha. que ganham também na qualidade. De acordo com o gerente Luiz Cláudio Marques, a rede petroPara Gustavo Terra, dono da rede, Três Rios está crescendo politana possui uma filial em Itaipava e viu em Três Rios, a consideravelmente e ganhando destaque na região, fator mo- oportunidade que precisavam para expandir. “Não trouxemos tivador para a expansão do negócio. “Nos próximos 6 meses para a cidade uma concorrência desleal. Viemos somar para o calculamos a geração de aproximadamente 25 empregos nes- segmento e atender os clientes de Três Rios da melhor maneira ta filial, entre carregadores, motoristas e vendedores”. O em- possível com um trabalho diferenciado”, finaliza. 102

| revistaon.com.br


PAPO DE COLECIONADOR

Chá na casa da Barbie POR RAFAEL MORAES

REVISTA ON

Cabelos loiros, pele clara e roupas perfeitas. Com este perfil, a Barbie (boneca criada por Ruth Handler, esposa de Elliot Handler, fundador da empresa norte-americana Mattel) encanta milhões de crianças mundo afora. Em Três Rios, a colecionadora de bonecas também se encantou com ela e, aos 75 anos, possui mais de 200 exemplares.

revistaon.com.br

|

103


PAPO DE COLECIONADOR

Elfos, bruxas e duendes Além das Barbies e bonecas alemãs, objetos raros de sua coleção, figuras esotéricas como elfos, bruxas e duendes complementam o acervo. “Gosto de bruxinhas. Tenho dois magos e um elfo flautista. A Salamandra é a senhora do fogo. O senhor dos tempos controla o Sol, a chuva, a Lua, os ventos”, enumera ao falar da característica dos personagens. “Comprei-o [elfo flautista] há muitos anos, quando

“A coleção completa meio século neste ano”

ainda não terminou. No dia da entrevista, ela aguardava um novo exemplar que havia encomendado. Forte indício de que o quarto terá de se alargar mais um pouco. “Até hoje continuo comprando, só não sei onde vou colocar”, diz. Para a jovem senhora, a coleção é um hobbie. É o que lhe ajuda a relaxar. “Quando estou cansada, sento nesse chão e fico aqui.” Mas não é só isso. Será que com tantos brinquedos não dá vontade de voltar à época de criança? Ela responde. “Brinco, eu adoro minhas bonecas. Isso aqui é minha paixão [risos]”. Sempre com um sorriso no rosto, ela detalha a história de cada peça, o que, de 104

| revistaon.com.br

eu morava em Itaipava. Lá tinha um casal que fazia. Dizem que quando vai uma pessoa ruim em sua casa ele toca uma música. Quem tem sensibilidade e percepção, ouve”, acredita. A maçã na estante dos duendes é para manter as superstições, mas aguça a curiosidade aliada ao fato de estar exposta há dois meses. “Se não estivesse aqui já teria estragado”, salienta Terezinha.

REVISTA ON

fato, é o determinante na hora da compra. “Para eu adquirir uma nova peça, ela tem que dizer algo para mim. Tem que ‘falar’ qualquer coisa pelo rostinho dela”, explica Terezinha, que guarda a primeira boneca de sua coleção, presenteada pela mãe. “É uma coisa tão bem feita. Tem mais de 60 anos. Os olhinhos nunca ficaram feios e os cabelos também. Eu guardo isso com muito carinho, tenho muito cuidado com ela”, revela. Tanto apreço exige uma técnica quando recebe uma criança em casa. “De vez em quando eu compro umas [bonecas] mais simples e quando vem criança eu dou para ela”, garante o resultado positivo.

ELFOS A Salamandra, senhora do fogo, o Flautista e o Senhor dos tempos posam para a foto

REVISTA ON

N

a casa grande, de quintal enorme, as bonecas de Tereza F. têm um quarto só para elas. Todas estão em perfeito estado e, a maioria, dentro das caixas originais. “A maioria está protegida por causa da poeira. Abro e guardo tudo outra vez. Deixei todas protegidas”, conta sobre a superproteção sem esconder o sentimento pelos objetos. “Sou apaixonada pelas Barbies.” Atualmente, a ex-cantora lírica e professora universitária aposentada não sabe quantas tem, mas guarda o nome da maior parte da coleção, que completa meio século neste ano. “Eu comecei quando morava no Rio. Era professora universitária na Cinelândia. Na ocasião existia a Mesbla, um magazine da época. Foi lá que começaram aparecer as Barbies e eu fiquei encantada com elas. Nessa época, eu tinha 25 anos [risos]”, relembra. Depois da primeira aquisição, Terezinha, como é chamada pelos mais próximos, continuou comprando e não parou mais. “Eu gostei e fui comprando, comprando, comprando e fiquei apaixonada”, revela a aposentada que já se dedicou a fazer roupas para suas bonecas. A coleção

A PRIMEIRA BONECA Tereza F. carrega no colo a primeira boneca que ganhou da mãe


ARQUIVO MONICKIE URBANJOS

QUASE REAL Um boneco com este demora até 15 dias para ficar pronto

Bebês Reborns

REVISTA ON

“Dizem que em São Paulo há pessoas que fazem bonecas de clientes, baseados em fotografias de infância. Preciso conseguir uma fotografia minha. É perfeito. É você nenezinho”, conta animada a colecionadora. A artista reborn Monickie Ürbanjos cria essas réplicas. A construção das réplicas demora 15 dias e o preço varia entre R$ 1.400 e R$ 5.000. Para a riqueza nos deta-

lhes, Monickie conta a fórmula. “Acredito que o segredo está nos anos de estudos, de erros e acertos, em técnicas desenvolvidas em viagens, encontros internacionais com outras artistas, além da dedicação totalmente voltada para arte reborn”, confessa. Nesse método, a perfeição é tamanha que consegue confundir qualquer pessoa. “Uma vez levei um nenê (reborn) para uma cliente ver. Na volta, passei no shopping e precisei deixá-lo no carro (dentro do bebê conforto) por apenas cinco minutos. Quando menos esperava fui anunciada no shopping para comparecer ao carro como se fosse uma mãe desnaturada que havia esquecido seu filho”, lembra a artista sobre o incidente, que reuniu segurança, gerência, clientes, e bombeiros, prestes a quebrar o vidro do carro. “Imagina a minha cara para explicar que não era de verdade”, finalizou.

A maior colecionadora do mundo

PELÚCIA O gatinho é um dos xodós da colecionadora

Bettina Dorfmann é alemã. Também obcecada pela Barbie, entrou para o Guinness Book por sua gigante coleção. De acordo com o livro dos recordes deste ano, ela possui mais de 7.200. Dona da maior coleção mundial, Dorfmann entrou para Guinness em fevereiro de 2010, mas pretende quebrar sua própria marca e obter 10.000 bonecas. revistaon.com.br

|

105


ARQUIVO PESSOAL

ESPORTE

Um atleta mirim com potencial de gente grande POR ANA PAULA CANEDA

Muitos atletas no país dividem o mesmo sonho: viver do esporte. As dificuldades aparecem para todos os anônimos, cada um vivendo em uma realidade onde predomina o potencial e o dinheiro. Superação, determinação e persistência são palavras que definem um jovem atleta na busca incessante para manter-se no ciclismo.

L

íder no ranking na categoria infanto-juvenil, das 70 competições que participou até agora, Luan Vieira, 13, esteve no pódio 60 vezes. Ele, estudante da sétima série da rede pública de ensino em Três Rios, é um dos 10 atletas da ACT (Associação Ciclística Trirriense), que participam de campeonatos pelo país, quando conseguem angariar fundos para as despesas nas viagens. O promissor atleta descobriu o gosto pelo esporte aos 11 anos, quando participou, pela primeira vez em 2009, de um evento ciclístico promovido pelo técnico e fundador da ACT, Adayr Aparecido de 106

| revistaon.com.br

Souza (Tuchê). Na competição, Luan conquistou o primeiro lugar e em seguida foi convidado para fazer parte da associação onde treina com mais nove companheiros para as competições que somam pontos no ranking da Fecierj (Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro). Em depoimento para a Revista On, o jovem ciclista, quando indagado sobre o futuro, ficou pensativo e só mencionou o que buscava atualmente. “Dedicar aos treinos e buscar pontos para continuar no topo do ranking pelo menos até o final do ano. Mas não penso em outra carreira a não ser o ciclismo”. Luan afirmou que

já pensou em desistir do esporte. Para ele, o momento mais crítico foi quando a equipe não pôde participar do Brasileiro em Londrina (PR) este ano por falta de verba para o transporte.“Treinamos duro e acabamos não competindo, por falta de dinheiro para o combustível”. A despesa só não é maior porque o alojamento para os atletas é custeado pela Confederação Brasileira de Ciclismo na maioria das etapas. Mesmo com algumas dificuldades financeiras, a família do esportista o incentiva nas competições ao contribuir para as viagens da equipe. “É um orgulho muito grande vermos o Luan no lugar mais alto


REVISTA ON

“Treinamos duro e acabamos não competindo por falta de dinheiro para o combustível”

Incentivos para o esporte

GERAÇÕES DE CICLISTAS O técnico Tucnhê e o atleta Luan Vieira

dos destaques é Allison Queiroz, 16. Ele corre na categoria junior. Há menos de um ano na equipe, conquistou a Copa das Cidades e a Copa Light; atualmente é o segundo no ranking. “Allison está na segunda colocação porque só disputou uma etapa da Copa. O carro quebrou na estrada e só conseguimos chegar a Campos no segundo dia da competição”, declarou o técnico. A oficina de Tuchê também é a sede da associação, enquanto o técnico atende ao público e ensina aos alunos o ofício, os atletas, em meio a peças e bicicletas de clientes, preparam o equipamento. A Revista On flagrou Allison separando o material para o treino. O jovem preparava a sapatilha enquanto Juan Picolli, 14, também competidor da categoria Junior, chegava de um treinamento. “Todos são de alto nível, mas precisam de uma estrutura melhor para deslanchar”, afirmou

Em julho deste ano, Três Rios sediou a Copa Brasil de Vôlei Feminino Mirim, com a presença de atletas do estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo e de uma torcedora especial. Xuxa Meneghel, veio a cidade assistir aos jogos da filha, Sasha Meneghel, 13, pela seleção Carioca. O município também recebeu o Tour do Rio, um evento ciclístico Internacional com a presença de atletas do Brasil e mais nove países. Projetos de incentivo ao esporte foram criados. Um deles funciona no Planeta Vida, cujo foco é a ginástica olímpica e atende crianças e jovens de todas as idades. O secretário executivo do ministério do Esporte, Waldemar de Souza, esteve em Três Rios, também em julho, para anunciar a “Praça da Juventude”. “O esporte é uma ferramenta fundamental para a formação do cidadão, promove saúde, qualidade de vida e contribui com outras áreas como a segurança pública, quando tiramos esses jovens da rua”, enfatiza o secretário. Cerca de R$ 2 milhões serão investidos na obra, 150 profissionais do esporte e áreas afins, entre fisioterapeutas, professores de educação física e técnicos vão

ARQUIVO PESSOAL

Luan Vieira, 1º no ranking Fecierj, categoria infanto-juvenil.

do pódio, superando todas as dificuldades”, afirmou o padrasto do ciclista, Irove Victório Junior, 34. O competidor mora com ele (Irove), a mãe, Luciene Vieira Moreira, 34, e com os irmãos Yuri Vieira Moreira dos Santos, 15 e Yan Vieira Bello Victorio, 5. “O Luan tem muita responsabilidade com os seus horários, e ainda tem seus compromissos em casa”, adicionou o padrasto. O ciclismo é considerado pela classe, um esporte elitizado, pelos altos custos com equipamentos, manutenção, gastos com equipe técnica e transporte dos materiais. A busca por patrocinadores é o principal objetivo dos atletas, já que este esporte não é tão popular no país do futebol. “Praticamos por teimosia”, brinca Tuchê, que trava constantemente uma batalha contra as dificuldades para manter os jovens ciclistas no caminho do esporte, financiando, do próprio bolso, a maioria das viagens. Além dos treinos, o técnico oferece aulas de manutenção de bicicletas, “um estágio”, como ele refere. “Além de arrumar o equipamento eles estão aprendendo um ofício”, enfatiza. Para essa categoria é preciso de investimento alto. De acordo com o treinador, um bom equipamento custa em média R$ 5.000. “As nossas bicicletas são mantidas através da doação de peças. O desafio é conseguir um bom patrocínio, que dê para cobrir as despesas com transporte”, afirma Tuchê. A ACT foi fundada há dois anos e é uma associação oficial. Assim é possível “reduzir os impostos de quem abraçar a causa”, enfatizou Adayr, responsável pelo treinamento de alunos entre 10 a 16 anos, nas categorias: infanto-juvenil e junior, ambas com líderes no ranking. Um

o técnico. No mesmo dia, Rafael Walter, 12, chegava à oficina para o seu primeiro dia.

TROFÉU Resultado do esforço do jovem atleta revistaon.com.br

|

107


108

| revistaon.com.br


ARQUIVO PESSOAL

ESPORTE

COMPETIÇÃO O atleta em uma das provas que disputou em Três Rios

trabalhar no local. A previsão de início é para dezembro. No total, será usada uma área de 7.600m² próxima à Santa Matilde. Estima-se a geração de 200 empregos e a previsão para inauguração é para julho de 2012. De acordo com o secretário de Esporte e Lazer do município, José Roberto Lopes Padilha, a prefeitura repassa R$ 360 mil por ano, dinheiro distribuído entre os projetos de incentivo ao esporte na cidade. “O projeto Qualivida recebe o maior benefício, de R$156 mil, pois engloba o Planeta Vida, Planeta Cidadão e Ciep Morada do Sol”. Padilha explicou que o restante da verba é dividido entre: o América Futebol Clube, a equipe de basquete, futsal, campeonato municipal de Futebol

Amador, Federação de Ciclismo, competições de motociclismo, entre outros. Para os atletas do pedal é repassado um montante de R$ 55 mil por ano. Deste, R$ 12 mil é dividido entre o Clube de Ciclismo e Associação Ciclística Trirriense. “Cada instituição organiza duas provas no ano”, ressalta o secretário de Esportes sobre o destino da verba. Os R$ 43 mil restantes são enviados para a federação da categoria a qual, por sua vez, transmite o valor em 10 parcelas de R$ 4.300 em equipamentos para as entidades.

Bicicletas no país No Brasil, a bicicleta já circulava em grande número em 1895 no Sul e em São

“Não é só no esporte que faltam incentivos. Nas cidades brasileiras também há necessidades de estruturas para os ciclistas”

Paulo. Não há registros oficiais de quem trouxe o veículo para o país, só relatos de que ela teria vindo com os imigrantes europeus no final do século XIX. O primeiro representante nacional em uma competição internacional foi Antônio Prado Junior em 1904 no Campeonato Mundial de Velódromo, realizado em São Paulo. Na época ele conquistou o sexto lugar. A primeira federação criada no país foi em São Paulo, em 1925. A Federação de Ciclismo de São Paulo organizou, no mesmo ano, competições com grandes clubes da época. Os jogos Olímpicos de Berlin na Alemanha em 1936 marcou a estreia do Brasil no esporte com os atletas Ricardo Magnani, Dertônio Ferrer e Hermógenes Netto. O primeiro campeonato brasileiro foi promovido em Porto Alegre em 1938. A bicicleta, para muitos, é considerada um meio de transporte. No Brasil, estima-se que 65 milhões desse veículo circule pelas ruas. Destas, 50% são usadas como transporte alternativo, substituindo veículos que degradam o meio ambiente. Cerca de 37% do total estão nas mãos de crianças e apenas 17%, são utilizadas pelos adultos para recreação e lazer. Apenas 1% da frota serve-se para a prática esportiva. Não é só no esporte que faltam incentivos. Nas cidades brasileiras também há necessidades de estruturas para os ciclistas. O país tem apenas 600 quilômetros de vias para o uso exclusivo das “duas rodas”, o que leva muitos a dividirem as vias públicas com veículos automotivos, aumentando os riscos e o número de acidentes.A lei que regulariza a bicicleta no trânsito exige o uso de capacete, campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, isso sem mencionar o espelho retrovisor do lado esquerdo. revistaon.com.br

|

109


RAFAEL MORAES / REVISTA ON

ESPORTE

110

| revistaon.com.br


A pequena gigante

Bia POR PRISCILA OKADA

A ginasta de Três Rios se destaca na modalidade artística e se torna a grande aposta da cidade para participar das próximas olimpíadas. A jovem viajou para os EUA, onde conheceu a campeã Jessica Lopez, atualmente entre as dez melhores do mundo.

ARQUIVO PESSOAL

UOL.COM.BR

Q

uem vê o sorriso largo, pele aveludada e postura delicada da menina Beatriz Silveira, 12, não imagina sua capacidade em se equilibrar diante de tantos aparelhos que a prática esportiva possibilita. A jovem iniciou sua carreira aos 7 anos e hoje, é considerada a maior promessa de Três Rios para as olimpíadas de 2016 em Londres. Seu desempenho em campeonatos estaduais e nacionais motivou a instalação da ONG Qualivida na cidade. Em 2009, foi campeã estadual e vice-campeã nacional da categoria. A ginasta faz seus treinamentos no Espaço Planeta Vida, onde abriga o Centro de Treinamento de Ginástica Artística Três Rios – projeto desenvolvido em parceria com a ONG Qualivida, coordenada pela educadora física Georgette Vidor. No início de agosto deste ano, a menina embarcou para Denver- capital do Colorado estado norte-americano. Lá, fez um intercâmbio na The International Gymnastics Academy of the Rockies Tigar, umas das mais conceituadas academias de ginástica artística dos Estados Unidos. Durante duas semanas, Bia e a sua equipe, composta pela treinadora Juliana Fajardo, 27, e as treinadoras Aline Ribas e Heine Araujo ex-ginasta da Seleção Brasileira e coordenadora Técnica da ONG Qualivida, puderam acompanhar o trabalho do professor brasileiro, Nilson Medeiros que está nos EUA há anos. Ele

INSPIRAÇÃO Da esquerda para direita, as ginastas Daniele Hypolito e Jade Barbosa. Beatriz tem as duas como exemplos a serem seguidos

treina a ginasta Jessica Lopez que está entre dez melhores do mundo. Segundo Juliana, o convite para esta viagem surgiu quando Medeiros fez um intercâmbio no Brasil, pela Seleção Brasileira de Ginástica no Clube Regatas do

“Se depender da minha vontade e da minha força de vontade chegarei sim às olimpíadas”, Beatriz Silveira, 12.

EUA Professora Juliana Fajardo, Beatriz , professoras Heine Araújo e Aline Ribas na academia de Danver revistaon.com.br

|

111


ARQUIVO PESSOAL

ESPORTE

BEATRIZ A ginasta recebe ajuda de sua professora no exercício de solo

ARQUIVO PESSOAL

Flamengo. A coordenadora da Qualivida Georgette, ao notar que seria uma boa oportunidade tanto para os professores do projeto quanto para a atleta mirim ter uma experiência fora do país. Vidor mediou esse encontro, que de acordo com Juliana, foi um aprendizado muito grande para ela, que pôde acompanhar o trabalho de outros treinadores e para a Beatriz, donde, pela primeira vez, teve contato e foi avaliada por profissionais renomados. Para a jovem, a viagem além de ter sido um grande passo para a sua carreira, foi muito bonita. “Tudo na cidade era lindo, outro mundo. A estrutura do clube era muito boa e tinham muitos alunos. Além disso, o técnico nos ajudou bastante, corrigindo erros e orientando sobre técnicas

BEATRIZ SILVEIRA Exercício de trave 112

| revistaon.com.br

que eu ainda não conhecia”, relatou Beatriz. A ginasta também falou de suas musas inspiradoras do esporte. “Sou fã da Daniele Hypólito e Jade Barbosa. Se depender da minha vontade e da minha força de vontade chegarei sim às olimpíadas”, revelou. Durante a passagem pela academia de Denver, outra surpresa foi o encontro com a família Shchennikov. Todos os quatro membros da família estão inseridos na ginástica. Alex Shchennikov recentemente foi um dos treinadores Seleção Nacional, no Centro de Treinamento Olímpico de Colorado Springs. A esposa dele, Katia Shchennikova foi ginasta treinada por Natasha Tokareva uma das estrelas na Equipe Nacional Russa. Polina, a filha, é ginasta de Elite do Nacional Júnior EUA Equipe de Treinamento, enquanto a outra filha, Alyona, está na equipe TOPS Nacional. Para a treinadora da Beatriz, o encontro com a jovem Polina Shchennikov foi indescritível para o amadurecimento e confirmação dos seus ideais como ginasta. O resultado final desse intercâmbio foi bastante satisfatório para Fajardo. “Os treinadores gostaram muito do trabalho dela e mostraram alguns pontos que pode-

mos melhorar. Agora tudo vai depender de sua evolução técnica e fatores psicológicos e físicos que influenciam bastante. Os treinamentos estão voltados para que ela alcance a competições de 2016”, revela Juliana. O secretário municipal de Esportes, José Roberto Lopes Padilha, afirma que todas as fichas estão apostadas na jovem. Para ele, é a atleta mais qualificada para chegar as Olimpíadas. “Até 2012, acredito que a Bia, entre no ranking das 10 melhores atletas da cidade e consiga receber a mesma ajuda financeira do governo federal que atletas como o nadador César Cielo e a saltadora Maurren Maggi recebem atualmente. Esses subsídios podem variar entre R$ 365 a R$ 15 mil”, revela. Ainda de acordo com Padilha, todos os atletas não pagam nada para participar dos treinamentos do projeto. “Todos os custos com transporte, pagamentos de professores e treinamento saem do bolso do convênio entre a prefeitura e o governo do estado”, explica. A ginasta trirriense estuda em escola particular e o projeto da Qualivida, inicialmente, tinha como objetivo atender crianças de escolas públicas. “A treinadora Georgette, com muita visão no esporte, chegou à conclusão que, fazendo


ARQUIVO PESSOAL

essa seleção e não abrindo espaço para crianças de escolas particulares, poderia perder um grande talento. Foi assim que a Beatriz pôde participar desse projeto e mostrou toda sua capacidade”, concluiu. Se depender de apoio em sua carreira, ela já é medalhista olímpica. A atleta, filha de uma professora de balé, desde cedo já era vista pendurada pelas barras de apoio na sala de dança, onde sua mãe dava aulas. Adriana Silveira, 39, conta que o fato de conviver com o mundo da dança, auxiliou sua filha a desenvolver mais elegância, postura, musicalidade, flexibilidade e beleza coreográfica em suas séries de solo e trave, a qual, para ela, é um diferencial. Questionada sobre a força da família aos filhos que optam pelo esporte, a mãe da Bia reforça: “o apoio dos pais é fun-

FAMÍLIA Da esquerda para direita, o irmão Pedro, irmã Alice, mãe Adriana, irmã Luiza e o pai Carlos Alberto

damental, pois a rotina de uma ginasta de alto rendimento não é muito fácil. Muitas horas de treino, algumas abdicações (escolhas que devem ser feitas muito cedo), dores, mãos machucadas.

A família tem que estar sempre por perto, para incentivar nos dias mais difíceis, aplaudir nas vitórias e mostrar que nem sempre tudo ocorre da maneira que esperamos, mas que, com perseverança e determinação, tudo é possível”, revela Adriana. A mãe da jovem não demonstrou anseios quanto ao futuro da filha. “Não me assusta tanto, pois a Beatriz é uma menina muito madura e determinada com o que quer. Ela está nas mãos de grandes profissionais, com competência e seriedade no trabalho que realizam. É um orgulho muito grande para nós deixá-la criar asas e voar, ganhar o mundo com a ginástica. Como ela sempre diz: ‘Vou ser uma grande ginasta, viajar muito e conhecer o mundo com o esporte’”, finaliza Adriana.

revistaon.com.br

|

113


ESPORTE RADICAL

Montanha abaixo numa bike POR FREDERICO NOGUEIRA E RAFAEL MORAES

Trilhas irregulares, terra, pedras no caminho, saltos e muita descida. Por este percurso passa o praticante de Downhill, modalidade do Mountain Bike, que consiste em ‘descer montanhas’, como diz a tradução, usando uma bicicleta. Para vencer as provas, é preciso ser o mais rápido. Para praticar, não é preciso ir longe.

N

ascido na Califórnia, Estados Unidos, o Downhill é um esporte radical onde o atleta precisa descer montanhas com vários obstáculos no caminho em tempos curtos. A modalidade se espalhou pelo mundo e ganhou vários adeptos, com bicicletas e equipamentos que podem custar mais de R$ 15 mil. No estado do Rio de Janeiro, uma das pistas está onde muita gente nem imagina: no Parque Salutaris em Paraíba do Sul. A cidade tem uma descida com aproximadamente 1.200 metros, há menos de 1 km do centro da cidade. Um dos responsáveis pela construção do caminho foi Luis Cláudio Pureza do Nascimento, o Kati, comerciante sul-paraibano e praticante de ciclismo desde a infância. “Eu tive a ideia de construir o trajeto de Paraíba do Sul há mais de dez anos. Alguns amigos me ajudaram e, hoje, só cuido, buscando o aperfeiçoamento a cada ano”, diz ele, que, há dois anos não participa de competições por causa da operação de duas hérnias de 114

| revistaon.com.br

É muito técnica, o que me ajuda na hora de encarar competições em outros lugares. Herlon Gabriel Coutinho, piloto

disco lombares e uma luxação esternoclavicular. Para Kati, cada rota de descida é única e, a de Paraíba, tem características que a fazem ser considerada uma das melhores do país. “Já competi em várias cidades e nunca são iguais. As rotas dentro de floresta são as mais perigosas, como em Petrópolis, Nova Friburgo e Campos do Jordão, pois sempre tem árvores no meio do caminho e raízes altamente escorregadias”, completa. Quem compartilha a mesma opinião é o

atleta Alexandre Theophilo da Silva, praticante de Moutain Bike e Downhill há mais de 10 anos. “A diferença é sempre o tipo de solo. Esta tem muitas pedras e é bastante inclinada, mas tento regular a bike para um melhor rendimento”, diz ele que, além de usar o trajeto para treinar, faz dele um passeio, já que “do topo do morro, o visual é muito bonito”. Recém chegado, o mecânico Herlon Gabriel Coutinho está há pouco mais de um ano no Downhill. “Uso a pista para treinar. É muito técnica, o que me ajuda na hora de encarar competições em outros lugares. Acredito que qualquer um que esteja disposto a treinar, consegue bons resultados no esporte, basta dedicação”, diz o novo atleta que, com pouco tempo, já possui bons resultados em competições estaduais. Bons resultados, aliás, é o que não faltam a nenhum deles. Kati foi o vencedor da primeira prova de Cross Country em Campos do Jordão no estado de São Paulo em dezembro de 1988. Ele é também

ROGÉRIO SMITH VIEIRA

ESPORTE


ROGÉRIO SMITH VIEIRA

Campeão da categoria Master B do Downhill Rio 2006. Alexandre Theophilo ficou com o primeiro lugar na categoria Elite do IV Downhill Astolfo Dutra, que aconteceu em agosto. Já Gabriel conseguiu o terceiro lugar da categoria Juvenil na 6ª Etapa do Carioca de Downhill em Rio das Flores. Caio Rudá, montador de bicicleta, usa o trajeto para treinar e já conseguiu um importante título no esporte. Foi vice-campeão brasileiro de Downhill em 2010 na categoria S30. Para ele, o esporte, além de troféus e medalhas, proporciona conquistas “tão legais quanto estas, que são as amizades e o respeito”. Quanto ao que ainda falta na pista, os atletas tem o mesmo pensamento. “O ideal seria a construção de um teleférico para levar os atletas até o topo, onde acontece a largada. Com isso, Paraíba do Sul se tornaria uma cidade realmente turística”, diz Kati. Para Rudá ainda “falta apoio financeiro para buscar novas conquistas”, realidade de grande parte dos esportistas no país.

Montanha das Olimpíadas Segundo o assessor de esporte da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer de Paraíba do Sul, Denis Pereira Mendes, o trajeto está aberto a quem quiser praticar. “O Parque Salutaris, onde está a descida, pertence à prefeitura e tem guardas que dão segurança ao local. Hoje, a cidade tem muitos jovens adeptos ao esporte”, conclui. A cidade sul-paraibana ainda pode participar diretamente nos Jogos Olímpicos de 2016. “Estamos na fase de seleção das cidades para pré-treinamento das equipes que participarão dos jogos. Se passarmos vamos fazer publicidade para vender nossos espaços, a partir de janeiro, aos países que tem as modalidades que podem ser praticadas aqui. Dentre elas estão o Cross Country e BMX. A pista de Cross nós já temos e a de BMX vamos construir se formos selecionados”, disse Andréia Pereira, coordenadora de esportes sobre outras modalida-

REINVINDICAÇÃO O único pedido é o teleférico

des exploradas por atletas locais. Até o fechamento desta edição, o resultado da seleção não havia sido divulgado.

revistaon.com.br

|

115


1/2 PALAVRA

1/2

PALAVRA Assuntos curiosos despertam a nossa atenção a todo momento, seja na ciência, na saúde, no cotidiano ou na política. Confira alguns temas que rodaram o mundo e merecem o nosso destaque.

365 dias de maquiagem de uma vez Dupla de artistas holandesa passa nove horas maquiando modelo. Sabe aquela sua dose diária de maquiagem? Imagina que loucura seria reunir toda make que você usa durante um ano de uma vez no seu rosto?! Esta foi a ideia dos artistas holandeses lernert Engelberts e Sander Plug. A dupla passou nove horas aplicando base, blush, sombra e gloss na modeloHannelore knuts, e claro, registraram tudo isso em vídeo. Com sete potes de base dois blushs, duas sombras e três batons doados pela marca de maquiagem Ellis Faas, a modelo ficou irreconhecível. FONTE: TPM

Chimpanzé criado como humano Em 1973, o chimpanzé Nim foi separado de sua mãe com poucas semanas de vida e levado aos cuidados de outra mãe, uma humana. Nascido no centro de pesquisa de primatas de Oklahoma, o pequeno macaco foi o personagem principal de uma experiência com a intenção de provar que a linguagem dos homens poderia ser aprendida por seu parente mais próximo. Parece ficção, mas aconteceu e virou o documentário Project Nim. FONTE: GALILEU

116

| revistaon.com.br

Abacaxi gigante é patrimônio histórico O estado de Queensland (Austrália) transformou em patrimônio histórico o centro turístico em forma de abacaxi gigante. Segundo as autoridades locais, o abacaxi de 16 metros de altura tem atraído milhões de visitantes desde sua abertura, em 1971. O abacaxi gigante, que fica localizado em Nambour, no estado de Queensland, é utilizado, por exemplo, para reuniões, casamentos e conferências. FONTE: G1


1/2 PALAVRA

Outdoor feito de plantas absorve poluição do ar

Primeiro carro voador do mundo deve começar a ser vendido em 2012

Que tal divulgar sua marca e, ao mesmo tempo, contribuir para o combate ao aquecimento global? Essa foi a “sacada publicitária” da Coca-Cola, em parceria com a ONG WWF (World Wildlife Fund), que recentemente colocou um outdoor vivo no cruzamento de duas movimentadas avenidas da cidade de Makati, nas Filipinas. O cartaz publicitário forma a imagem de uma garrafa de Coca-Cola utilizando, apenas, mudas de Fukien, uma planta, mais conhecida como Carmona, no Brasil, capaz de absorver poluição atmosférica e, assim, diminuir a quantidade de CO2 no ar.

O primeiro veículo aéreo e terrestre do mundo recebeu permissão de segurança rodoviária e já pode ser comercializado. Os criadores do Transition Roadable Aircraft, que deve custar 160 mil euros (cerca de R$ 350 mil) vão utilizar pneus especiais, que não irão pesar na hora de decolar com o carro. Em vez de utilizar janelas de vidro, o veículo contará com painéis feitos de policarbonato, que é mais leve e tem menos probabilidade de quebrar ou estilhaçar. A permissão concedida pela administração americana de segurança ao tráfego nas estradas vai permitir que o primeiro carro voador do mundo comece a ser vendido.

FONTE: SUPER INTERESANTE

FONTE: INFO ABRIL

revistaon.com.br

|

117


ACONTECEU

FOTOS ROGÉRIO CERQUEIRA E RICHARD PLAY

Centro Sul Negócios 2011 é sucesso mais uma vez

POR PRISCILA OKADA

T

rês Rios sediou a décima primeira edição da maior feira de negócios do centro sul fluminense. O evento ocorreu entre os dias 13 e 16 de julho no campo do Entrerriense Futebol Clube. A feira aconteceu por meio de uma parceria entre o Sicomércio Três Rios com Sistema Fecomércio, prefeitura, Sebrae, Senac e Sesc. Nesta edição, 250 expositores participaram do evento, incluindo alguns de outros estados, que trouxeram novidades numa área de 5.500 m². Os visitantes puderam encontrar uma programação empresarial direcionada aos profissionais que buscam por desenvolvimento, bem como uma variada programação cultural com dança, música, teatro e desfiles de moda. Além disso, os tradicionais salões de produtos e serviços, artesanato, moda e beleza, indústria e institucional foram mantidos. A principal mudança deste ano foi o tamanho do evento que cresceu 500 m². O salão da construção, inexistente nos anos anteriores, teve espaço reservado para a construção civil. Empresas de arquitetura, lojas de materiais de construção, construtoras que apresentaram lançamentos imo118

| revistaon.com.br

biliários e agentes financeiros, fizeram atendimentos às pessoas com interesse em adquirir a casa própria e reformar o imóvel.

“Em conversa com expositores, muitos comentaram a satisfação com os resultados obtidos”, presidente do Sicomércio, Júlio Cezar Rezende.

A Rodada de Negócios contou com a participação de empresas nunca antes inseridas no evento. Empresas de prestação de serviços e fabricação de plásticos foram novidades. Os pequenos empreendimentos tiveram a oportunidade de mostrar todo seu potencial para as grandes organizações. Para este ano, as expectativas giram em torno de um aumento de 10%, atingindo a faixa dos R$ 15 milhões. Segundo o

presidente do Sicomércio Três Rios, Júlio Cezar Rezende de Freitas, a edição desse ano ultrapassou todas as expectativas. “Em conversa com expositores, muitos comentaram a satisfação com os resultados obtidos. Ainda estamos tabulando o resultado da pesquisa, mas com certeza o volume de negócios gerados irá ultrapassar o da última edição, principalmente os números da Rodada de Negócios”. Para a gerente da Cia do Livro, Sabrina Travassos, a participação no Centro Sul Negócios foi bastante positiva: “Conseguimos captar novos clientes e a nossa expectativa que foi apenas divulgar o institucional da empresa, nos surpreendeu quando as vendas começaram a surgir. Veio como um complemento da nossa ação na feira.”

História do Centro Sul Negócios A feira nasceu em 2001 como uma rodada de negócios. Três Rios passava por um momento econômico deficitário por conta da perda de algumas empresas. O comércio também estava em decadência. O evento surgiu como uma forma de movimentar a cidade. Tudo começou com 50 expositores em um local pequeno.


revistaon.com.br

|

119


RICHARD PLAY

ACONTECEU

TOUR DO RIO Chegada dos atletas em Três Rios

Tour do Rio passou por Três Rios pela segunda vez

M

aior competição de ciclismo da América Latina, pela segunda vez, esteve em Três Rios. E foi na cidade, que pela primeira vez, um ciclista brasileiro venceu uma das etapas do Tour, acumulando pontos para o seu credenciamento para as Olimpíadas de Londres em 2012. O ciclista brasileiro Rafael Andriato, que corre pela equipe Petroli Firenze, da Itália, venceu a 2ª etapa do Tour do Rio 2011 em um percurso de 161 quilômetros entre Volta Redonda e Três Rios. Em 2010, Andriato já havia deixado claro seu desejo de quebrar o tabu brasileiro no Rio de Janeiro. A competição de ciclismo internacional desse ano percorreu longos 808,5 quilômetros entre serra e litoral viajando por cinco dias entre os cinco municípios que sediaram as etapas: Angra dos Reis, 120

| revistaon.com.br

Três Rios, Friburgo, Cabo Frio e Rio de Janeiro. Na classificação geral do evento, a equipe colombiana EPM-Une foi campeã da segunda edição do Tour do Rio, que terminou no dia 31 de julho. O time, apesar de não ter ficado entre os dez melhores na quinta e última etapa, totalizou um tempo de 56h08m39s e terminou em primeiro lugar na classificação geral. Por dois minutos e 46 segundos de diferença, o Brasil ficou em segundo com a equipe paulista Funvic/Pindamonhangaba, enquanto a americana Jamis Sutter Home Pro Cycling, com o tempo de 56h32m38s, terminou na terceira posição. Com a soma de pontos do Tour do Rio no ranking da UCI (União Ciclística Internacional), o Brasil conquistou quatro vagas para as Olimpíadas de Londres 2012. O técnico da DataRo e da seleção

RICHARD PLAY

POR PRISCILA OKADA

TOUR DO RIO Vencedores da segunda etapa que aconteceu em Três Rios


RICHARD PLAY

brasileira, Hernandes Quadri, elogiou o desempenho dos brasileiros durante os cinco dias de disputa. A estrutura do evento foi o que mais chamou atenção de todos os que participaram e receberam a competição. Uma comitiva com quase 600 profissionais de apoio, segurança e organização asseguraram o sucesso mais uma vez da competição de 2011. Dentro da disputa, um projeto chamou atenção de todos, O Adeus Rodinha, destinado ao público infantil, fez com que crianças que esperavam pela passagem dos ciclistas, aprendessem normas de trânsito, orientações para o desenvolvimento da psicomotricidade, controle de autoestima e conquista da segurança através do uso de bicicletas. O Tour do Rio surge como estímulo ao ciclismo brasileiro, com ações para formar uma nova geração de atletas na modalidade que mais distribui medalhas olímpicas.

TOUR DO RIO 2ª ETAPA 1º lugar Rafael Andriato, 2º Edgardo Simon e em 3º Roberto Pinheiro

revistaon.com.br

|

121


ACONTECEU

Um “eco” dos shows que agitaram a festa de Levy Gasparian POR FREDERICO NOGUEIRA

Exposição ecológica de Levy Gasparian chega à sua terceira edição com público recorde

122

| revistaon.com.br


E

cologia e diversão. Esse foi o propósito da Eco Levy 2011. A terceira edição do evento aconteceu de 4 a 7 de agosto no Pátio de Exposições de Levy Gasparian. Com stands, onde o público pode conhecer empresas que atuam com produtos ecologicamente corretos e exposição de artesanato local e de cidades vizinhas, o frio não fez o público ficar parado. O evento, com entrada gratuita, recebeu visitantes da região.

FOTOS LUANA MOURA E ROGÉRIO CERQUEIRA

Na abertura, o sertanejo dos irmãos César Menotti e Fabiano já mostrava o que aconteceria nos próximos dias: um recorde de público do evento. Na sexta-feira (5) foi a vez da Marrom se apresentar. “Garotos marotos”, jovens e adultos, pessoas de todas as idades estiveram presentes no show de Alcione. O público se juntou, no sábado, à ‘Camila’, ‘Janaína’ e ‘Daniela’ e cantou com Biquíni Cavadão em um dos shows da noite. Falcão e Os Loucomotivos completaram a festa. Vocalista do

Biquini, Bruno Gouveia postou mensagem em seu twitter após o show: “Voltando pra casa com o dia nascendo depois de um show que foi até às 5h15! Valeu Levy Gasparian-RJ” No último dia do evento, covers dos palhaços Patati e Patatá se apresentaram para as crianças durante a tarde. A noite de encerramento ficou com a Banda Cine e, logo após, Leonardo de Freitas e Fabiano, que levou o mesmo estilo musical da abertura ao público que compareceu na Eco Levy 2011.

revistaon.com.br

|

123


ACONTECEU

Três Rios Expo Fest 2011 foi recorde de público POR FREDERICO NOGUEIRA

Nos cinco dias do evento, a terceira edição da Três Rios Expo Fest movimentou a cidade com artistas nacionais.

E

ntre os dias 10 e 14 de agosto, Três Rios recebeu visitantes de diversas cidades, o que pôde ser observado nas placas dos veículos que se aproximavam do Parque Municipal de Eventos, palco da terceira edição da Expo Fest – Festival de Inverno 2011. O primeiro dia contou com o show gospel do Ministério Trazendo a Arca. No segundo dia, abertura oficial, um público de 70 mil pessoas deu uma fugidinha até o evento para conferir uma das úl-

124

| revistaon.com.br

timas apresentações do grupo de pagode Exaltasamba, em um show de quase duas horas de duração. A dupla Leonardo de Freitas e Fabiano também se apresentou, no Palco 2 com o sertanejo universitário. O final de semana começou com a apresentação da cantora de axé Daniela Mercury que, ao receber uma edição da Revista On, soltou a frase: “Melhor on do que off”. No Palco 2 a apresentação foi de Breno B. A Companhia de Rodeio Tony Nascimento esteve presente todos os dias.


FOTOS ROGÉRIO CERQUEIRA E RICHARD PLAY

revistaon.com.br

|

125


ACONTECEU

126

| revistaon.com.br


Antes do Charlie Brown Jr. subir ao palco, o cantor Chorão compareceu à Beira Rio e participou da inauguração da pista de skate, anunciada um ano antes quando esteve no mesmo palco. Com versos como “o melhor presente Deus me deu, a vida me ensinou a lutar pelo que é meu”, o grupo animou o público, que ficou, em grande parte, até o fim do segundo show, do grupo Forfun. Com músicas do recente álbum “Alegria Compartilhada”, os rapazes seguiram o que manda o título do álbum, agradando a quem lá esteve. A Expo Fest que teve dois camarotes, espaço dedicado à mostra de pro-

dutos da economia local, seminários, exposição de artesanato, exposição de orquídeas e praça de alimentação, chegou ao fim com o show mais aguardado e cercado de mitos. O show começará às 17h? Os portões serão fechados? Sem os mitos se tornarem verdades, o “meteoro” Luan Santana subiu ao palco e, com um show de aproximadamente uma hora e 30 minutos, finalizou o evento. Lágrimas das fãs, gritos, corrida por autógrafos. Grandes shows, gente bonita, recorde de público. Sinais que ajudaram a perceber que Três Rios teve a mais cheia e esperada Expo Fest de sua recente história. revistaon.com.br

|

127


Catedral de Hava

na

Heiberle e C

ris no centro

128

avana

ico H r 贸 t s i h o r t n e C

| revistaon.com.br

hist贸rico


a para

enfeitad o ã ç a c Edifi e julho 26 d

Castelo Três Reis do M

orro

revistaon.com.br

|

129


GUIA LIVROS

Aproveite as nossas dicas de leitura. Você tem dois meses até a próxima Revista On.

Identidade Roubada Autor: Chevy Stevens Editora: Sextante Categoria: Literatura Estrangeira / Policial Valor: R$ 23,90

A Primeira Presidenta Autor: Helder Caldeira Editora: Face Categoria: Política Valor: R$ 29,90

A alegria é a prova dos nove Autor: Oswald de Andrade Editora: Globo Categoria: Literatura Brasileira Poesia Valor: R$ 22,00

O Que a Vida Me Ensinou Autor: Washington Olivetto Editora: Saraiva Categoria: Administração Adm. de Vendas e Marketing Valor:R$ 21,90

130

| revistaon.com.br

/

Era para ser um dia como outro qualquer na vida de Annie O’Sullivan. A corretora de imóveis levanta da cama com três objetivos: vender uma casa, fazer as pazes com a mãe e não se atrasar para o jantar com o namorado. Naquele domingo, aparecem poucas pessoas interessadas em visitar o imóvel. Quando Annie está prestes a ir embora, uma van estaciona diante da casa e um homem sorridente vem em sua direção. A corretora tem certeza de que será seu dia de sorte. Mas o inferno está apenas começando. Sequestrada por um psicopata, Annie fica presa durante um ano inteiro em um chalé nas montanhas, onde vive um pesadelo que deixará marcas profundas.

Da menina que desejava ser bailarina à implacável ministra-chefe da Casa Civil e sua ascensão à Presidência da República. A trajetória política de Dilma Rousseff, uma mulher extraordinária que tornou-se a primeira presidenta do Brasil. O contexto histórico e político, o percurso, os atos e os fatos que construíram sua brilhante e meteórica carreira pública são narrados na atualíssima obra do escritor e articulista político Helder Caldeira, lançada pela Editora Faces.

A alegria é a prova dos nove é uma tentativa de lançar um olhar retrospectivo e globalizante sobre a vida e a obra de Oswald de Andrade (1890-1954), autor que, sem dúvida alguma, melhor que ninguém incorporou as contradições de seu tempo, seja nas idas e vindas de sua vida pessoal, seja nas suas opções estéticas ou políticas. De menino rico e mimado, filho de uma das maiores fortunas de São Paulo, Oswald terminou seus dias numa precária situação, “emaranhado em dívidas”. Entre a abastança e a precariedade, o escritor experimentou de tudo, sempre buscando um sentido para a existência humana.

No mais novo livro da coleção “O que a vida me ensinou”, Washington Olivetto conta a sua trajetória de vida e como se tornou um dos mais consagrados publicitários brasileiros, trazendo, neste livro, lições e experiências vividas durante todos esses anos de carreira. Não perca essa oportunidade de conhecer as melhores lições aprendidas por Olivetto, que se tornou uma grande referência na publicidade.


revistaon.com.br

|

131


132

| revistaon.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.