Programa inédito para inclusão de Pessoas com Deficiência (PCD)
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Diálogo com Sérgio Luz
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Os últimos meses estão no Giro de Notícias
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Rio
CONSELHO CURADOR
Priscila Ferraz Soares
Presidente do Conselho Curador
Flavia Silva
Clarissa Oliveira da Silva
Nercilene Santos da Silva Monteiro
Ana Claudia de Andrade Souza Leão
Stella Regina Carletti
Roberto Pierre Chagnon
CONSELHO FISCAL
José Orbilio de Souza Abreu
Presidente do Conselho Fiscal
Sonáli da Silva Mota
Vânia Conceição Dornellas Buchmuller
DIRETORIA EXECUTIVA
Cristiane Sendim
Diretora executiva
Mansur Ferreira Campos
Diretor financeiro
Marcelo do Amaral Wendeling
Diretor administrativo
Vanessa Costa
Diretora técnica
CONEXÃO FIOTEC-FIOCRUZ
Informativo institucional da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec).
Todo o conteúdo pode ser reproduzido, desde que citada a fonte.
EDIÇÃO
Janaina Campos
REVISÃO
Gustavo Amaral
REDAÇÃO
Clara Tavares, Gustavo Amaral e Rosa Andrade
DIAGRAMAÇÃO
Francisco Tebet
FOTOS
Fiocruz Imagens, Adobe Stock, Acervo Fiotec, Freepik. DÚVIDAS OU SUGESTÕES? ENTRE EM CONTATO CONOSCO comunicacao@fiotec.fiocruz.br www.fiotec.fiocruz.br / fiotecfiocruz Acompanhe nossas redes sociais!
Caro(a) leitor(a),
Os 27 anos da Fiotec estão na reportagem de capa da edição nº 36 do Conexão Fiotec-Fiocruz. Conheça a trajetória da instituição, entenda sua atuação em parceria com a Fiocruz e confira os depoimentos daqueles que a constroem todos os dias: seus profissionais.
O pesquisador Sérgio Luz é o personagem da coluna Diálogo com , explicando a metodologia e apresentando resultados já alcançados com um larvicida para controle da população de Aedes aegypti , o mosquito transmissor da dengue, zika e Chikungunya.
O Conexão nº 36 ainda convida você a conhecer o programa inédito desenvolvido pela Fiotec para contratação e inclusão de Pessoas com Deficiência (PCD).
Recentemente, a instituição e unidades Fiocruz receberam esses profissionais em eventos marcados pelo acolhimento e troca de experiências. Enquanto o Giro de Notícias reúne para você as principais notícias dos últimos meses.
Tenha uma ótima leitura! Gerência de Comunicação Institucional
SUMÁ RIO
O novo
Espaço do Coordenador
Inclusão de PCDs na prática
Reportagem de capa: 27 anos de Fiotec
Diálogo com Sérgio Luz 16
Giro de Notícias
‘Não basta contratar, é preciso desenvolver um projeto’
Fiotec atua na contratação de profissionais PCD em programa inédito que garante inclusão na prática, promovendo um ambiente realmente diverso
Por Gustavo Amaral “R
espeitar a vida, a dignidade humana, a diversidade e o meio ambiente”. “Valorizar as pessoas, promovendo uma cultura plural e inclusiva”. A Fiotec iniciou 2025 determinada a transformar, ainda mais, seus valores institucionais em iniciativas reais, tornando seu ambiente de trabalho verdadeiramente diverso. Nos últimos meses, a instituição concluiu a admissão de 34 profissionais PCD para atuação em sua administração, na sede da Fiotec. Em março, existe a previsão de contratação de mais dois trabalhadores.
Essas admissões fazem parte de um esforço coletivo da Fiotec e Fiocruz, por meio de sua Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa). Somando o administrativo da instituição e unidades da Fundação Oswaldo Cruz, mais de 85 profissionais PCD já foram contratados. Em março, esse número pode alcançar 110 trabalhadores atuando nos campi da Fiocruz.
Raquel Raad, gestora de Pessoas da Fiotec, enfatiza que a chegada desses profissionais vem acompanhada por uma série de iniciativas para garantir um acolhimento verdadeiro, que desde o primeiro momento promova sua inclusão. “Já definimos, junto à nossa equipe de Diversidade, a disponibilização de uma trilha de conhecimento na plataforma Alura.
Esse conteúdo vai dialogar diretamente com as necessidades que o profissional PCD terá na equipe em que está chegando, o ajudará nesse começo de jornada” De acordo com Raquel, a equipe de recursos humanos da Fiotec acompanhará de perto esses profissionais, promovendo encontros mensais com o grupo em que poderão ser compartilhadas suas experiências e desafios.
A Casa de Oswaldo Cruz (COC) é uma das unidades que receberam, recentemente, Pessoas com Deficiência (PCD) com as mais diversas formações. De acordo com sua vice-diretora de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Nercilene Monteiro, entre elas há biólogos, físicos, pedagogos, historiadores, jornalistas, atores, produtores culturais e profissionais de Tecnologia. “A maior parte deles atuará em atividades dedicadas ao público que visita o Museu da Vida, mas teremos grupos alocados também nas áreas de Tecnologia da Informação, Gestão de Pessoas e Finanças”, detalhou.
As iniciativas de inclusão compartilhadas por Raquel alcançam também esses profissionais contratados pela Fiotec para atuação em unidades da Fiocruz. A gestora conta que esse trabalho está contribuindo com uma aproximação ainda maior da equipe de Pessoas da instituição com as unidades da Fundação, em um programa que pretende criar oportunidades para ainda mais pessoas.
“Tenho participado de muitas reuniões e uma delas foi com a equipe da Coordenação de Diversidade [Cedipa] da Fiocruz. Nesses encontros eu tenho a oportunidade de explicar como desenvolvemos esse projeto, de que maneira a Fiotec atua e como a parceria com as unidades da Fiocruz é essencial para fazer tudo dar certo”
Um olhar amplo pela inclusão
Aspectos importantes para a garantia de ambientes de trabalho inclusivos estão sendo analisados de forma simultânea a contratação dos profissionais PCD. Raquel menciona a necessidade de adaptações na sede da Fiotec, apesar de o prédio já contar com rampa de acesso, elevador para cadeirantes ou pessoas com dificuldade de locomoção, e sistema sonoro para situações de emergência. “Já estamos mobilizando a equipe de Segurança do Trabalho da Fiotec para visitar também as unidades da Fiocruz e fazer um diagnóstico completo das adaptações necessárias nesses ambientes”.
Trabalho feito em parceria
Em unidades que já receberam profissionais PCD contratados pela Fiotec, como a COC/Fiocruz e Escola de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), foram realizados eventos de acolhimento com a participação da equipe de Pessoas da fundação de apoio. “Nessas ocasiões eu fui acompanhada por representantes da nossa equipe de Diversidade, até para os colegas da Fiocruz as conhecerem, e apresento brevemente o projeto, seus objetivos. Mas, principalmente, tiro dúvidas dos profissionais sobre suas contratações e vínculo de trabalho”, explica Raquel.
Nercilene, que além de vice-diretora da COC atua como conselheira na Fiotec, ressalta que com essas contratações a Fiocruz e sua fundação de apoio passam a mensagem de que as instituições acreditam no potencial de cada um desses profissionais. Para a gestora, todos têm condições de contribuir com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, desenvolvendo novas competências e atitudes: “Fiocruz e Fiotec apoiam os valores da diversidade e inclusão, então ao admitir profissionais com deficiências diversas no quadro de trabalhadores, transformam esses valores em ações concretas e institucionais. Nós vamos aprender muito com essas pessoas e elas conosco”.
Fiotec celebra
27 anos de legado de inovação e comprometimento com a saúde pública
Em março a Fiotec comemora 27 anos de existência, uma trajetória que reflete seu compromisso com a ciência, a saúde pública e o desenvolvimento de projetos inovadores e transformadores. Fundada em 1998 sob o nome de Fensptec, com o objetivo de apoiar a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), a Fiotec passou a ser oficialmente reconhecida em 2002, quando se transformou em uma fundação de apoio a todas as unidades da Fiocruz.
Desde então, tem desempenhado um papel central na execução de projetos de grande relevância, tanto no Brasil quanto no exterior. Quer conhecer essa história?
Lado a lado com a Fiocruz
Em 2005, a relação entre a Fiotec e a Fiocruz foi consolidada com a assinatura do primeiro convênio, detalhando os termos da parceria entre as duas instituições. Desde essa formalização, a fundação se tornou uma peça-chave no apoio à execução de projetos de pesquisa, inovação e programas de saúde pública, sempre com o foco no bem-estar da população.
A parceria entre as duas entidades foi e tem sido fundamental para o sucesso de diversos projetos, que têm contribuído significativamente para o avanço do desenvolvimento científico e a implementação de políticas públicas de saúde no Brasil e em outros países.
A partir de 2009, com a qualificação da Fiotec como Organização Social (OS), a fundação passou a atuar de forma mais independente, assumindo a gestão de diversos projetos com maior autonomia. Um dos marcos dessa fase foi a parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro para administrar a UPA de Manguinhos, que se tornou um dos principais serviços de saúde para a população da região.
Essa gestão também esteve integrada ao projeto Teias-Manguinhos, uma iniciativa que buscava a melhoria da qualidade de vida nas comunidades vizinhas à Fiocruz, por meio da promoção de saúde, educação e desenvolvimento social.
A década seguinte representou uma
fase de expansão e consolidação para a fundação. Em 2012, foi inaugurado o escritório regional da Fiotec em Brasília, ampliando a presença da instituição no cenário nacional. No mesmo período, a construção de uma sede própria começou a ser discutida.
Até então, a fundação estava localizada dentro do prédio da Expansão da Fiocruz, mas em 2015, a Fiotec inaugurou sua nova sede no campus Maré, no Rio de Janeiro. Esse novo espaço proporcionou melhores condições para o desenvolvimento e execução de projetos, refletindo o crescimento e a maturidade da fundação.
Atualmente, a Fiotec conta com uma
diretoria colegiada composta pela Diretoria Executiva, Diretoria Financeira e de Integridade, Diretoria Administrativa e Diretoria Técnica.
Segundo Cristiane Sendim, diretora executiva, esse modelo de governança prevê um mandato de quatro anos, um período relativamente curto para planejamento e execução. Diante desse cenário, a gestão busca dar continuidade às ações bem-sucedidas, ampliando seu escopo conforme as demandas institucionais e mantendo uma interação estratégica com a Fiocruz.
Além disso, Cristiane comentou que um dos pilares fundamentais da gestão é garantir um ambiente interno integrado, inclusivo e motivador, promovendo a colaboração entre as equipes e fortalecendo a cultura organizacional. “Esse compromisso não apenas contribui para a sustentabilidade da Fiotec, mas também cria um espaço favorável à inovação e à melhoria contínua dos processos”, disse.
Quer saber mais? Leia na nossa revista Conexão Fiotec-Fiocruz nº30.
Nesse contexto, a diretora diz que o planejamento estratégico (Pepar 20232027) desempenha um papel essencial, pois permite alinhar as ações da Fiotec às necessidades em constante evolução da Fiocruz.
Com o crescimento e a ampliação das atividades, é ainda mais necessário contar com um planejamento estruturado, que auxilie na definição de prioridades, na otimização de recursos e na adaptação ágil às novas demandas.
Impacto para o Brasil e o mundo
Ao longo desses 27 anos, a Fiotec tem se destacado pelo apoio a projetos de grande impacto para a saúde pública e a ciência. Entre alguns destaques, está o Método Wolbachia, desenvolvido para o controle de arboviroses no Brasil, como dengue, zika e chikungunya. A instituição também tem sido uma parceira fundamental na implementação da Profilaxia PréExposição (PreP), que tem contribuído de forma significativa para a prevenção da transmissão do HIV/Aids no País.
Outro projeto de grande relevância é o consórcio CUIDA Chagas, uma iniciativa para erradicar a transmissão da doença de Chagas de mãe para filho durante a gestação. A Fiotec tem trabalhado lado a lado com a Fiocruz e outras instituições para levar a cabo pesquisas e programas voltados ao controle e erradicação dessa doença.
No campo da saúde pública internacional, nos destacamos pela contribuição na resposta à pandemia de Covid-19. Durante os momentos mais críticos da crise sanitária, a Fiotec apoiou diversos projetos de combate ao coronavírus e seus efeitos na sociedade.
A instituição foi a responsável pela gestão financeira do programa Unidos contra a Covid-19, que reuniu instituições das esferas pública e privada para o fortalecimento de ações em resposta à emergência de saúde.
Números que comprovam o impacto
da Fiotec
Os números de 2024 reforçam a relevância e o impacto do trabalho feito pela instituição.. Com cerca de 500 colaboradores na administração central e mais de 11,5 mil profissionais atuando diretamente em seus projetos, a Fiotec tem mostrado sua capacidade de gerenciar e apoiar grandes iniciativas.
Em 2024, a fundação apoiou mais de 1.700 projetos e gerenciou anualmente mais de 1.000 iniciativas, refletindo sua expertise em lidar com a diversidade e complexidade das
500
colaboradores
na administração profissionais atuando diretamente em projetos
11,5 mil
Orgulho em ser Fiotec
Na Fiotec, cada trajetória conta uma história de dedicação, crescimento e pertencimento. O orgulho em fazer parte dessa fundação está presente em cada colaborador. A seguir, compartilhamos alguns depoimentos que refletem esse sentimento:
“Cheguei à Fiotec, então Fensptec, em novembro de 2000 e a partir de março de 2001 passei a coordenar o Contas a Receber. Atuei como usuário chave na implantação do SAP, um marco em nossa história, e por volta de 2010 atuei no núcleo GPD (Gestão de Processos e Documentos) vinculado à área de Tecnologia da Informação.
A partir de 2011 integrei a equipe da Gestão da Qualidade, matéria em que me especializei (tenho também especialização na área de educação corporativa) e em 2019 retornei à área financeira da Fiotec, agora na coordenação da Tesouraria. Atualmente, março de 2025, tenho a matrícula mais antiga da Fundação.
São 25 anos de muitos desafios! A Fiotec é meu segundo emprego. Meu tijolinho está na edificação da nossa fundação e isso, para mim, é um orgulho imenso. É uma organização com pilares muito sólidos na integridade e transparência e isso nos encarrega manter essas bandeiras sempre bem altas”
Mauro Jesus, Gerência Financeira e Contábil
“Fui contratado pela Fiotec como jovem aprendiz no final de 2023 e fui surpreendido pelo ambiente incrivelmente acolhedor e amigável. Essa experiência tem sido a oportunidade ideal para o meu desenvolvimento, tanto no âmbito profissional, com um aprendizado prático e contínuo, quanto no pessoal, ao conviver com equipes que valorizam o respeito, a diversidade e a colaboração.
Atualmente, atuando como assistente de logística, posso afirmar que é extremamente gratificante fazer parte de uma fundação que não apenas valoriza as pessoas, mas também se preocupa com o meio ambiente e com o impacto positivo que podemos gerar na sociedade”
Luiz Felix, Gerência de Logística
“A Fiotec se tornou um marco na minha vida, porque é a primeira vaga afirmativa que ocupo após descobrir meu diagnóstico de autismo aos 35 anos. A recepção e o acolhimento aqui foram transformadores, vim de um mercado em que era bastante desvalorizado e aqui não me sinto ocupando uma cota, e sim respeitada como profissional. Somente agradecer!”
Ana Carneiro, Gerência de Pessoas
“A Fiotec ocupa um lugar especial no meu coração, pois representa meu primeiro emprego com carteira assinada como mulher trans. Essa conquista só foi possível graças à existência de uma vaga afirmativa, que permitiu que meu corpo tivesse acesso a esse espaço. Sem dúvida, é uma realização imensa para mim, e sou profundamente grata a essa fundação.
Sinto-me profundamente acolhida e realizada por atuar em uma área com a qual me identifico tanto: Diversidade e Inclusão. A Fiotec é, para mim, uma segunda casa, onde me sinto segura e valorizada. E isso só é possível porque a instituição acredita na diversidade e investe nessa pauta. De fato, eu só tenho a agradecer”
Céu Pozzali , Gerência de Pessoas
“Trabalho na Fiotec desde 2006, quando fui contratado após prestar serviços como consultor de TI. De lá para cá, crescemos e evoluímos, com desafios e aprendizados para todos. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história e do que a Fiotec representa para a sociedade.
E você, que está chegando agora: seja bem-vindo! Dê o seu melhor e saiba que este é um lugar que te dará orgulho de trabalhar, onde você poderá crescer profissionalmente e como pessoa”
Alexandre Silva Tecnologia da Informação
A Fiotec segue forte, consolidando-se como um pilar no apoio à pesquisa científica e à transformação do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros programas essenciais para a sociedade. Vamos juntos!
Sérgio Luz é coordenador do projeto Auto Disseminação de larvicida para o controle de Aedes , da Fiocruz Amazônia em parceria com a Fiotec, fundamental para o controle de arboviroses, como dengue, Zika e Chikungunya.
Quer saber mais? Confira a entrevista na íntegra:
por Clara Tavares
Em primeiro lugar, vamos entender o escopo do projeto. Você pode explicar para os nossos leitores?
O escopo do projeto é a utilização de uma nova estratégia para controle do mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor de diversos vírus e que hoje em dia, cada vez mais, precisamos acometer, já que existem epidemias grandes correndo em todo o mundo e, principalmente, no Brasil. Apesar de termos agora as vacinas, que estão começando a chegar para a população, sem elas serem amplamente utilizadas e distribuídas em todo o País, o que podemos fazer para controle das doenças é o controle vetorial.
A estação disseminadora de larvicidas é um projeto em que a gente vem trabalhando há muitos anos na Fiocruz aqui da Amazônia, trabalhando junto com o Ministério da Saúde, com a Opas, e mostrando resultados. Ela funciona do seguinte jeito: o mosquito é atraído pela água para colocar seus ovos e, quando ele pousa, a gente tem um pote com água e um suporte que fica com larvicida, uma telazinha.
O
“Aedes vem atraído pela água, então, ele pousa nessa superfície e se impregna com partículas de larvicida. Como ele coloca ovos em vários lugares, ele leva esse larvicida que fica nas patas e em partes do corpo dele para outros criadouros. Assim, quando as partículas caem nesses locais, em outros criadouros, elas matam as larvas.
Isso é importante porque muitos dos criadouros não conseguimos identificar, já que, às vezes, se encontram nas residências fechadas ou áreas de edifícios. Dessa forma, os mosquitos se tornam aliados na distribuição dos larvicidas. E ninguém melhor do que eles mesmo para conhecer os locais onde eles gostam de botar os ovos.
Estamos fazendo diversos estudos, não só em Manaus, mas em outras áreas do Brasil, mostrando resultados de impacto entomológico e impacto também na transmissão de doenças através dessa intervenção.
Sérgio e José Joaquim, pesquisador do projeto
Como você define os critérios para estratificar as cidades brasileiras com alto risco de transmissão de arboviroses?
Existe uma metodologia na gestão dos Programas de Controle de Vigilância Epidemiológica de todos os municípios, um acompanhamento do número de casos de trabalhos entomológicos que são feitos nas áreas. A reunião desses dados proporciona aos gestores identificar as áreas onde tem mais vetor, logo, onde se tem maior possibilidade de transmissão. Se vemos que está acontecendo uma transmissão intensa em alguma área, através dos sistemas de notificação, podemos trabalhar na expectativa da construção de estratificação de áreas e de períodos de transmissão.
Junto a isso, hoje existem ferramentas muito boas que nos ajudam, como o Infodengue, da Fiocruz, que também procura fazer essa avaliação em tempo real, prevendo praticamente por semana qual é a expectativa da transmissão em cada área.
A reunião desses documentos, dessas informações, nos ajuda a selecionar as cidades e as áreas dentro dos municípios para fazer uma intervenção e, assim, controlar a transmissão e os casos de incidência de doença.
Quais são os principais desafios enfrentados ao organizar um plano operacional para intervenção nessas cidades?
Enfrentamos desafios diretamente que são, basicamente, operacionais para que a estratégia funcione. O morador aceitar receber estação disseminadora, por exemplo. Temos ciclos de manutenção, por isso, a gente precisa saber que daqui a um período poderemos ter acesso à armadilha que fica na casa da pessoa. Isso vai vir da colaboração do morador, né? Precisamos sem dúvida, de muita ajuda da população.
E para a montagem do plano operacional, também temos que entender junto com os agentes de endemias, o pessoal da vigilância local, informações das localidades. Hoje em dia enfrentamos localidades em que são inacessíveis por causa de problemas de violên-
cia, então tudo isso tem que ser levado em conta. Além desses, também tem a capacidade de cada município ter sua infraestrutura de carros, de agentes de endemias.
Esse projeto é — praticamente — uma continuidade do que a gente já vem fazendo junto com o Ministério da Saúde, a Opas, a Coordenação Geral de Arboviroses e a Secretaria de Vigilância, Saúde e Ambiente do Ministério. Agora, eles solicitaram que começássemos a implementar as estações disseminadoras em larga escala, já que elas são consideradas políticas públicas.
“Então, o principal desafio é transformar essa estratégia em uma política pública que consiga chegar aos municípios e que esses municípios consigam implementar o projeto.
Quais foram os principais resultados observados até o momento com a implementação desse projeto? Como a comunidade local tem respondido às intervenções realizadas?
Nós já instalamos três mil estações disseminadoras, por exemplo, em Brasília, em uma comunidade chamada Sol Nascente. Os resultados estão sendo muito satisfatórios através da percepção da comunidade da diminuição de mosquitos, diminuição de casos de dengue e pelo reconhecimento do trabalho dos agentes.
Importante apontar que ainda não estamos trabalhando os dados técnicos de quantos
Créditos fotografia: Michell Mello
mosquitos ou como diminuiu, ainda não chegamos nessa fase. Mas, só de receber essa devolutiva dos agentes e da comunidade, da percepção que eles estão tendo no dia a dia, isso já é muito satisfatório. Então, são esses os principais resultados que a gente está trabalhando.
Existem planos futuros para expandir ou adaptar esse projeto em outras regiões do Brasil?
Sem dúvida nenhuma! Esse projeto tem uma intenção — e uma meta inicial — de 75 mil estações disseminadoras nas cidades do Brasil, que são indicadas pela Secretaria de Vigilância, Saúde e Ambiente e pela Coordenação Geral de Arboviroses. Queremos trabalhar nessa dimensão.
Devido à essa necessidade de ter uma escala maior, para chegar em outras partes, foi importantíssimo a parceria junto com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), que nos ajudou a desenvolver um instrumento dentro do que a gente já vinha trabalhando.
Uma coisa é, quando começamos o trabalho, quando fazíamos mil estações disseminadoras, era praticamente um artesanato feito à mão. Agora, é necessário atender a demanda de um Brasil inteiro. Então, graças a essa parceria, temos mais de 65 mil estações sendo distribuídas pelo País que têm um padrão de eficiência testado e confirmado.
Créditos fotografia: Michell Mello
de notícias
ONS
Representantes da Fiotec participaram de uma videoconferência que teve como objetivo reunir os parceiros contemplados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em 2024 com projetos que utilizaram recursos oriundos de renúncia fiscal. A Fundação gere um projeto contemplado pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), com recursos originados em deduções de imposto de renda.
Ambientação
No dia 3 de fevereiro, Cristiane Sendim, diretora da Fiotec, fez parte da mesa de abertura da sessão de boas-vindas de profissionais PCD no Museu da Vida Fiocruz. O evento reuniu os 20 profissionais contratados pela Fiotec para atuação no próprio museu e foi uma oportunidade de recebê-los em um espaço de acolhimento, incentivando a troca de afeto e experiências.
Saiba mais
Confira
Visibilidade Trans
No dia 5 de fevereiro, a Fiotec realizou um evento em celebração ao Mês da Visibilidade Trans com a participação de Bárbara Aires, secretária da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz), e Ralph Duccini, poeta e produtor. O evento teve como objetivo ampliar o debate sobre a diversidade de gênero e promover a conscientização sobre os desafios enfrentados pela população trans no Brasil.
CNPq
A Fiotec revalidou, em janeiro, seu credenciamento no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com essa renovação, a instituição mantém a isenção de impostos na importação de bens destinados à pesquisa, conforme previsto na Lei nº 8.010/90, beneficiando projetos desenvolvidos pela Fiocruz.
Alternativas e Uso de Animais nas Ciências
Entre 31 de agosto e 4 de setembro, o Rio de Janeiro receberá as atividades do 13º Congresso Mundial sobre Alternativas e Uso de Animais nas Ciências da Vida, evento que será realizado pela primeira vez em um país da América do Sul. A Fiotec, por meio de sua equipe de Projetos Internacionais, apoia a gestão de um projeto criado para viabilizar o planejamento e execução do evento.
Saiba mais
Entenda Veja
Confies
A 7ª edição do Congresso do Conselho Nacional de Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies) reuniu mais de 500 representantes de fundações e organizações públicas. Com o tema “Fundações no Apoio ao Brasil do Futuro: neoindustrialização, inovações tecnológicas e sociedade”, o evento se destacou pelo debate sobre o papel das instituições de apoio à pesquisa no contexto de uma nova industrialização no país.
Fique por dentro
Revitalização
A Escola Municipal Joaquim Fontes, na Cidade de Deus, foi revitalizada. Iniciativa faz parte do projeto Verde que te Quero Ver, uma parceria entre o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), a Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec) e o Grupo Alfazendo, que visa fortalecer as escolas municipais da região, pensando no desenvolvimento sustentável e na saúde integral.
Responsabilidade Social
A Fiotec recebeu o Selo de Responsabilidade Social do Tribunal de Justiça do Estado do Rio por sua atuação em 2024.O reconhecimento é dado a instituições parceiras do TJRJ ao promover a inclusão e o acesso ao trabalho de adolescentes em situação de vulnerabilidade social.