MÃOS QUE SALVAM SÃO AS MESMAS QUE SE UNEM PARA FAZER UMA COOPERATIVA CUJA HISTÓRIA SE ESCREVE COM GRANDES CONQUISTAS.
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O CAMINHO DO TEMPO
Rogério Recco
Com participação de Miguel Fernando Perez Silva e Diniz Neto
Caminhante, são teus rastros o caminho, e nada mais; caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar. (António Machado, 1875-1939, poeta espanhol)
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá PR., Brasil)
R295c
Recco, Rogério O caminho do tempo / Rogério Recco. -- Maringá : Gráfica Regente, 2010. 184 p.: il. color.
Capa Nilcilei Leite (Unimed) Projeto
ISBN: 978-85-905820-1-4 1. Unimed - Maringá, PR - História. 2. Unimed Maringá, PR - Medicina. 3. Unimed - Maringá, PR Pioneirismo. I. Recco, Rogério. II. Silva, Miguel Fernando Perez, colab. III. Diniz Neto, colab. Título. CDD 21.ed.610.98162
Editoração André Renato Bacarin Av. Carneiro Leão, 135, 9º andar, conjunto 902, telefone (44) 3028-5005 Cep 87014-010, Maringá, PR www.flammacom.com.br
Os
versos do poeta, na página ao lado, falam sobre o valor que existe no simples ato de seguir em frente. O caminhante faz o caminho, o coração faz o tempo, o homem descreve a sua trajetória.
Nesse contexto, o cooperativismo possibilita realizações e conquistas que se por um lado encantam e surpreendem pela rapidez com que acontecem, de outro seriam impensáveis individualmente. É o caso da Unimed Regional Maringá, fruto da soma de ideais e da organização de uma classe em torno de objetivos comuns. No papel, a proposta e o funcionamento de uma cooperativa são simples; na prática, nem tanto, eis que se torna preciso romper tradições, costumes e superar desconfianças até que a semente germine e dê origem a uma planta viçosa. E se hoje a Unimed Regional Maringá é uma árvore imponente, de raízes bem fincadas, que oferece muitos frutos, isto se deve em parte ao espírito pioneiro e destemido de empreendedores que, enfrentando inúmeras dificuldades, seguiram em frente sem esmorecer. No dia 5 de agosto de 1982, um grupo de 40 médicos reuniu-se na sede da Sociedade Médica, ainda no oitavo andar do Edifício Atalaia, centro da cidade, para formalizar em assembleia geral a fundação da cooperativa. De lá para cá, foi preciso perfazer um caminho rumo ao futuro, repleto de grandes desafios e aberto à medida em que as passadas iam acontecendo, refletindo a bravura da natureza humana e a força do trabalho em cooperação. Este livro tem o propósito de perpetuar, de forma resumida, as primeiras três décadas de história da cooperativa e sua gente. Para isso, foram consultados documentos e ouvidas muitas pessoas que participaram dessa jornada. No entanto, seria um desperdício produzir um trabalho dessa natureza sem que se aproveitasse a oportunidade de fazer o mesmo com a própria evolução histórica da medicina na cidade, iniciada há pouco mais de seis décadas. A riqueza de informações ainda disponíveis, grande parte obtida junto a personagens que aqui chegaram na época do desbravamento, torna ainda mais atraente o conteúdo deste livro, constituindo um documento que servirá como fonte de consulta para as gerações do presente e do futuro. Vale a pena retroceder no tempo e, no caso de Maringá, cidade tão jovem, rememorar fatos, personagens e saber como tem sido importante e decisiva a contribuição da classe médica para o seu desenvolvimento e a melhor qualidade de vida da população. Durval Francisco dos Santos Filho
Presidente
Bendito o que vem em nome do Senhor
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Sumário
DÉCADA DE 1940
46 - Borba Cortes, o primeiro secretário de Saúde 47 - As mudanças e a resistência
14 - A história da cidade que foi plantada em meio ao sertão
48 - Um médico na prefeitura
16 - Chegam as primeiras famílias
49 - O surto de pólio produzia tragédias
17 - Os britânicos e sua obra
50 - O médico que fez nome no futebol
18 - Vocação para progredir
51 - Cooperativismo x mercantilismo
20 - Dr. Lafayette e a Clínica Santa Cruz
52 - A primeira Unimed em Santos
21 - A fundação da Sociedade Médica
DÉCADA DE 1970 DÉCADA DE 1950 56 - Ideia se espalha, mas com nomes diferentes 24 - A classe médica se organiza 25 - Afinal, quanto é? 26 - Casa de Saúde e Hospital Maringá 28 - A Santa Casa
56 - As primeiras Unimeds no Paraná 57 - A primeira UTI em Maringá
60 - Médicos de origem japonesa e sua participação 60 - O Hospital Paraná impulsionou uma saudável concorrência
29 - Os primeiros hospitais 30 - A higiene precária, fonte de doenças 31 - Paciente e médico, uma relação afetiva
DÉCADA DE 1980
32 - Congraçamentos 32 - A saga de um recém-formado
64 - A fundação da Unimed Maringá
33 - Eram só 22 médicos
65 - Os precursores
34 - A terra da prosperidade
68 - Nélson, o primeiro presidente
35 - Gerardo Braga disputa a eleição
71 - Documentos históricos
36 - As Jornadas Médicas
72 - A primeira sede
37 - Lepra e doença venérea
73 - Fortalecer a cooperativa 75 - A prestação verbal e o desabafo 76 - O segundo mandato
DÉCADA DE 1960
78 - Said, o segundo médico na prefeitura 78 - A criação do curso de Medicina na UEM
40 - Um período de grandes mudanças na Saúde 41 - O Hospital Santa Rita 44 - O milagre e a surpresa
79 - A homenagem aos primeiros médicos 81 - A cooperativa cresce 82 - Em tempos de inflação “galopante”
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Sumário
DÉCADA DE 1990
133 - 2006 começou com ousadia 134 - As ATIs são um grande sucesso
88 - Tempos de profissionalização 89 - Ainda muita coisa manual 90 - O final de um ciclo 91 - Reynaldo, o segundo presidente 93 - Medidas para o crescimento, com várias frentes 94 - Primeiros resultados 95 - O Unimed Air 98 - A primeira Copa Unimed 99 - Novas medidas, 15 anos, nasce a Unicred 100 - A certificação ISO e o desenvolvimento 101 - O Plantão Musical 103 - O primeiro movimento de oposição
135 - Galgando posições entre as melhores 139 - Presidente é o Empresário do Ano 140 - Nos 25 anos, a Galeria de Presidentes
142 - Um dos cooperados mais antigos, ainda em atividade 144 - 2008: a inauguração do PA 150 - Estrutura e serviços oferecidos 152 - 2009/2010: anos de superação 154 - “A Unimed é a âncora do médico” 157 - Crescer, o desafio de sempre 158 - Uma cooperativa cada vez mais forte 159 - Futuro, realinhar o foco da Saúde 161 - O Marketing, aproximando pessoas 164 - A cidade, um centro de excelência 166 - Final
DÉCADA DE 2000 106 - João Maria, o terceiro presidente 107 - A afirmação entre os cooperados 108 - Oposição feroz e o rigor da ANS 109 - Números em alta 110 - Momento de abrir a cooperativa 112 - A Copa Unimed se consolida 114 - 20 anos com várias conquistas 115 - Os pontos marcantes da gestao 117 - Expressiva expansão 118 - Durval, o quarto presidente 122 - 2003: novos desafios 125 - O presidente Lula exalta o cooperativismo 126 - Em 2004, entre as maiores do Estado 127 - O embate Unimed e hospitais da cidade 130 - 2005: o futuro Pronto Atendimento
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ANEXO 168 - Responsabilidade socioambiental 174 - Quem fez a história da Unimed Maringá 178 - Um olhar sobre a Unimed no Brasil 179 - Referências/agradecimentos
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A DÉCADA DE 1940
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A história da cidade que foi plantada em meio ao sertão O povo foi chegando e “empurrando” a floresta; no mato se buscou a madeira para levantar as casas e, em lugar das grandes árvores, o solo cor de sangue abriu espaço para lavouras enfileiradas de café
O
que, afinal, estava acontecendo?
A mansidão daquele mundo verde chegara ao fim. Estranhos ruídos misturavam-se à barulheira natural da selva e a inquietação era visível. Bichos saíam de suas tocas, correndo sem rumo, enquanto insetos enxameavam, enroscando-se em cortinas de teias por entre paredões e cipoais. Alvoroçados, macacos, bugios e saguis faziam tropel, papagaios sobrevoavam a selva em bandos, sem descanso, povoando um céu salpicado de tucanos, gra-lhas, arapongas, jacus e gaviões, todos assustados.
No chão úmido e escuro, tamanduásbandeira buscavam refúgio, tatus se mantinham escondidos, veados saltitavam desorientados, felinos faziam festa com as caças vulneráveis, queixadas atropelavam o que encontrassem e quatis subiam para as copas das árvores, em companhia de preguiças. No alto das figueiras e também dos guaritás, gurucaias, jequitibás, perobas, paus d'álho e aroeiras, circundadas de palmiteiros, a galhada se fundia como coisa única e sem fim, abrigando ninhadas e famílias numerosas de animais de inúmeras espécies. Nos riachos, antas, capivaras e ariranhas procuravam a proteção das águas claras, repletas de dourados e cascudos, num dia em que os sapos coaxavam enlouquecidos e as cobras não se arriscavam a sair de seus esconderijos. Condenado a desaparecer aquele santuário densamente habitado por in-
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setos, abelhas, besouros, borboletas, pirilampos e joaninhas, que transitavam entre bromélias, orquídeas, flores multicoloridas e frutos de todos os sabores. Formigas em efervescente corrição, odores que se misturavam, chiados infernais de cigarras, grilos e besouros, guinchos e uivos que se propagavam aos quatro ventos. Paraíso que parecia impenetrável, transpirando um mormaço sufocante, plantas espinhentas que se entrelaçavam e nuvens de mosquitos prontos para o ataque. Os donos da mata agora eram outros e eles estavam chegando para se apossar. Cada pedacinho da selva havia sido esquadrinhado e dividido em lotes. Não muito longe, uma barulhenta movimentação afugentava a fauna. O que se ouvia eram golpes sistemáticos, em série e multiplicados que se seguiam, o tempo todo, por estrondos intensos e
O que antes havia sido um mundo verdejante e tomado de vida, estava agora arrasado
abafados. Era a derrubada, cujo impacto de grandes árvores ao chão faziam tremer espelhos d'água. Espécimes caíam sob a força organizada de um grande exército de foiceiros e machadeiros, homens empreitados para devastar o sertão. Eles internavam-se na mata em várias frentes com o propósito, qual um campo de batalha, de enfrentar e abater o que estivesse à frente. Debatiam-se contra a vegetação rasteira, emaranhados de paus e, principalmente, troncos de árvores. Só gigantescos jequitibás, figueiras e paus d'alho, símbolos da terra fértil, iam ficando para trás, porque demandavam um trabalho mais demorado. Quando possível, aproveitava-se a madeira de lei abundante, que seguia para
serrarias. Mas como pouco valia, pois não se dava conta da quantidade, compensava muitas vezes limpar de uma vez o terreno lançando mão uma arma implacável, o fogo. Então, aquele santuário de grandes muralhas naturais e durante milênios protegido por um denso sistema vegetal de quarenta metros de altura, ruía ao crepitar das chamas que se propagavam rapidamente, devorando uma floresta inteira em poucos dias. O imenso volume de madeira, ramos e galhos, associado à grossa cobertura de matéria orgânica sobre a superfície, alimentava línguas incandescentes que pareciam vulcanizar a noite, avermelhando o horizonte como se o dia estivesse a raiar. E quando
finalmente o sol despontava, com seus raios enfraquecidos pelo intenso nevoeiro que custava a dissipar, podia-se ver que a selva imponente havia perdido lugar para um território carbonizado e coberto por uma mortalha de cinzas, em meio a um sem número de tocos fumegantes. O que antes havia sido um mun-do verdejante e tomado de vida, estava agora arrasado, deixando ver em suas entranhas a terra cor de sangue, o motivo da cobiça.
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Chegam as primeiras famílias
versões acessíveis a um povo devotado ao trabalho e a sacrifícios, cujos olhos se enchiam de brilho com a terra de magnífica fertilidade, própria para o plantio de café.
Varando picadas, chegava uma família ali, outra acolá, a erguer toscos ranchinhos. Eram, enfim, os proprietários. Gente que viveria assim, por enquanto, do que conseguissem cultivar e manter: um pouco de milho, feijão, arroz, mandioca, verduras, frutas, galinhas e porcos. Sem falar do alimento colhido na floresta ao derredor, do palmito e da caça que se podia achar facilmente. Matavam-se bichos para comer e também por que essa era uma das poucas di-
Covas na terra crua se abriam para engravidar o chão com as sementes do cafezal que cresceria vistoso e começaria a produzir em dois ou três anos. Tudo ia acontecendo dessa forma, apressadamente, transformando a paisagem da região. No dia 10 de novembro de 1942, em plena “Marcha para o Oeste”, a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), detentora de 515 mil alqueires paulistas de terras que havia adquirido
do Estado (ampliadas depois para 547,2 mil), e no curso de um grande projeto de colonização, lança a pedra fundamental de um futuro núcleo chamado “Maringá”. Para isso, alguns veículos apinhados de dirigentes, funcionários e compradores de terras, acercam-se da primeira construção levantada no lugar, um pequeno e rústico hotel, com suas paredes de madeira úmida e telhado coberto de pequenas pranchas de palmito. Inicialmente chamado de Campestre, o estabelecimento teve o nome mudado algum tempo depois para Maringá. Era um ponto perdido e obscuro de uma região que, nessa época, pertencia ainda ao município de Apucarana.
10 de novembro de 1942: lançada a Pedra Fundamental de Maringá
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Os britânicos e sua obra
paulistas e mineiros a buscar uma vida melhor no sertão paranaense, repleto de oportunidades para quem tivesse coragem e disposição.
Fundada em 1925 e dirigida por britânicos, a CTNP já havia realizado a primeira etapa da colonização, que começara por Londrina em 1932, chegando a Mandaguari (antiga Lovat) e imediações no final da década. Nessas regiões, só o que se podia avistar era café, lavouras a perder de vista, resultado de uma febril e pacífica ocupação. A empresa vendia as propriedades, geralmente lotes compridos, ligados a uma estrada na cabeceira e a uma água nos fundos. Os compradores adquiriam as terras com facilidade para pagar, comprometendo-se a saldar os débitos ao longo de vários anos com parte da produção de café. Mas a primeira providência a tomar era, justamente, “limpar” o terreno, eliminar o que restara de mato. Depois de esgotar a primeira etapa, que foi Londrina e região, a “Marcha para o Oeste” previa abrir e colonizar outras três áreas, sendo a primeira polarizada por Maringá (o que começou a acontecer na década de 40), Cianorte (nos anos 50) e Umuarama (anos 60).
A chegada dos primeiros proprietários havia ocorrido poucos anos antes, no final da década de 30, começando pelo Lote 1-A, que pertenceu a um religioso alemão, o padre Michael Emil Clement Scherer. Em suas terras ele ergueu uma capela ao estilo alsaciano consagrada a São Bonifácio e concluída em 1939. O padre Emílio, como era conhecido, foi o primeiro habitante e, também, o primeiro a plantar café. Em sua propriedade, durante anos, na falta de outra igreja para o povo professar a fé, ele celebrou as primeiras missas, casamentos e batizados.
Agora, nem bem a Companhia planejara Maringá e muitas famílias já davam o ar da graça, atraídas pela propaganda que se fizera por praticamente todo o País, para não dizer em todo o mundo. Viveriam por muito tempo no desconforto e na precariedade, mas eram muitas as esperanças em relação ao futuro do lugar. Em plena Segunda Guerra, o Brasil passava por um momento de incertezas, sem grandes perspectivas, o que levava principalmente
Em 1938, pequenos lotes no meio da mata fechada foram adquiridos por José e Helena Guisso, Herbert e Laurinda Krause, José Munhoz e Maria Coleone Marto, Manoel e Eliza de Oliveira, Silvino Fernandes Dias e Helena Fregadolli Dias, e Júlio R. Vilella. Entre 1939 e 1941, 37 famílias fixaram-se em áreas rurais sempre com o propósito de vencer o sertão e plantar café.
Das terras férteis e avermelhadas brotava um cafezal de encher os olhos, que impulsionou a colonização O CAMINHO DO TEMPO |
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Vocação para progredir O primeiro morador do patrimônio que se formaria ao redor do hotel foi um pernambucano de Garanhuns chamado José Inácio da Silva, que ficaria conhecido como “Zé Maringá”. Em seguida, Vitório Balani instalou a primeira serraria, de propriedade da CTNP. E mais gente foi chegando: José Jorge Abrão, Antonio Carniel, Durval Francisco dos Santos, Mário Siqueira Jardim, Hilário Alves, Aniceto
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Gomes da Silva, Severino Gomes da Silva, Cecílio Lima, José Sampaio, João Tenório Cavalcanti, José Pedro Antunes, Pedro Righeto, José Sampaio Cadidé, João Limeira, Sila Soares e outros. O caminho do tempo faz uma ligação com dois desses personagens dos mais antigos da história da cidade, Vitório Balani e Durval Francisco dos Santos, respectivamente avô materno e pai de um médico chamado Durval Francisco dos Santos Filho, que 61 anos mais tarde assumiria a presidência da Unimed Regional Maringá. Mas este é um assunto que
trataremos oportunamente. Vamos prosseguir na história. Cercado de mata virgem, o lugar logo começou a progredir. José Jorge Abrão montou uma casa comercial, Hilário Alves uma loja de tecidos, Durval Francisco dos Santos uma máquina de arroz, Mário Siqueira Jardim uma farmácia e Aniceto Gomes da Silva uma padaria. Formou-se um pequeno núcleo de 8 quadras com casas e comércio no lugar hoje conhecido como “Maringá Velho”. Era ali o ponto final do projeto de coloni-
zação da companhia, o “fim da picada”. Entre os estabelecimentos comerciais podia contar-se a Casa Monte Cristo, de Dario e Jayme Bernardelli, a Casa Rodrigues & Salgueiro, de David Rodrigues Ferreira e Domingos Salgueiro, a Casa Rabello, de David Rabello de Oliveira, a Casa São Jorge, de Nassib Haddad, a Casa Planeta, de Ângelo Planas, a Casa Aliberti, de Santo e Carlos Aliberti, a Casa Moreno, de Ariovaldo Moreno, a Casa Hilário, de Hilário e Modesta Alves, a Casa Moreira, de Napoleão Moreira da Silva, a Casa Anete, de Boanerges de Oliveira Fernandes, a Casa da Lavoura, de Braz José Jorge, o Restaurante Verdadeiro, de João Verdadeiro, o Hotel Guaíra, de Otávio Perioto, a Pensão Luzitana, de José Tozzo, a Pensão e Restaurante Carniel, de Antonio Carniel.
Detalhe do “Maringá Velho”; embaixo, um ônibus trazendo mais gente
“Maringá, Maringá, despois que tu partiste tudo aqui ficou tão triste...” Consta que foi a senhora Elizabeth, mulher do escocês Arthur Thomas, diretor da CTNP, quem sugeriu a denominação “Maringá” para o povoado, a propósito da famosa canção do compositor e médico Joubert de Carvalho, grande sucesso no rádio. Mas há quem afirme que isto se deu porque o contingente de trabalhadores empreitado na derrubada das matas, geralmente de origem nordestina, já chegava cantarolando ou ficava a assoviar a melodia durante o trabalho, o que chamou a atenção dos dirigentes da empresa. Os nordestinos, em sua maioria, chegavam sem a mesma ambição que movia paranaenses, paulistas, mineiros, catarinenses, gaúchos e imigrantes de várias
nacionalidades, como japoneses, italianos, espanhois e portugueses. Calejados pelo sofrimento, como a fome que os consumia em suas terras de origem, eram sertanejos que vinham para cumprir extenuantes jornadas manejando foices ou machados. Desembaraçavam os lotes com admirável vigor, colocando tudo abaixo, enfrentando a selva de peito aberto, obstinados e sem receio, para que os donos cultivassem suas roças.
Aos braçais, que se lançavam contra a mata, o custo era alto. Não raro, feriamse com as próprias ferramentas, eram surpreendidos por cobras ou, golpeando árvores, acabavam atingidos por paus soltos que, com a vibração das pancadas, se desprendiam das copas. Alguns prostravam-se febris, acometidos de doenças disseminadas por insetos, enquanto outros tantos padeciam de alergias pelo contato com a floresta.
Numa região em desbravamento, acidentes podiam acontecer a todo momento. Se de um lado a diversidade de pessoas era grande, assim como os desafios que enfrentavam para iniciar a vida em um lugar tão inóspito, de outro não havia médicos para socorrê-los. O CAMINHO DO TEMPO |
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O PRIMEIRO MÉDICO
O primeiro médico a chegar a Maringá foi o baiano Lafayette da Costa Tourinho, formado em 1923 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Ficara sabendo das oportunidades que existiam no Norte do Paraná, onde o número de profissionais era ainda reduzido, e chegou a trabalhar por algum tempo em Cambé. Em seu consultório, na Clínica Santa Cruz, que foi o primeiro hospital de Maringá, construído inteiramente de madeira na antiga rua Jumbo (que hoje tem o nome do médico), ele atendia diariamente filas enormes de gente subnutrida, mal dormida e exausta pelo trabalho estafante das derrubadas e das roças em formação. No começo da colonização de Maringá, além de jovens cirurgiões dentistas diplomados, a cidade recebeu os chamados dentistas práticos. Com formação acadêmica, o primeiro a chegar foi Henrique Pinto Pereira, que atuou no Maringá Velho de 1946 até meados da década seguinte. Ele tinha muito trabalho e, a exemplo do médico precursor, a ambição de fazer o “pé de meia”. Mas, sem poder contar com grande parte da população, que já era desdentada, ele ocupava seu dia fazendo extrações para livrar as pessoas de terríveis dores de dente, além de obturar e ganhar
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dinheiro providenciando dentaduras, um luxo para poucos. De coração generoso, bem falante e brincalhão, ele não se importava em “pendurar” os honorários de suas consultas e receitas, que caíam no esquecimento. Também no ano de 1946 instalou seu consultório o dentista prático Primo Monteschio, que havia chegado dois anos antes.
Depois do dr. Lafayette, outros médicos fixaram-se no povoado que em 10 de maio de 1947, enfim, foi oficialmente fundado ou “inaugurado” pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP). A empresa, sucessora da Companhia de Terras Norte do Paraná, passou a ser controlada em 1944 por empreendedores brasileiros, os senhores Gastão de Mesquita Filho e Gastão Vidigal.
Os pioneiros enfrentaram dificuldades. Como não existia energia elétrica, o equipamento era diferente: regulava-se a cadeira a pedal, tocavase o motor com o pé, a “luminária” era a própria janela e a esterilização precisava ser feita com fogareiro à querosene. Acredite: havia também, nessa época, vendedores que, com suas maletas esgarçadas, batiam de porta em porta oferecendo dentaduras. Para os “banguelas”, geralmente pessoas muito simples, era uma chance de voltar a mastigar. As “pererecas”, de todos os tamanhos e para qualquer idade, podiam ser pagas em suaves prestações.
Gerência de Patrimônio Histórico do Município de Maringá
O dr. Lafayette e a Clínica Santa Cruz
Na farmácia do seu Mário Jardim, entre “água sersa”, “pó pa taio”, “glostora”, “melhorar” e outros produtos procurados pelo povo simples, achavam-se medicamentos diversos, mas em menor número do que suplementos polivitamínicos e minerais. Ouvindo emissoras de rádio, cujas ondas eram captadas de muito longe, o povo ouvia “reclames” como: “Para deter a tosse noturna de uma criança ou de um adulto, espalhe Vick Vaporub generosamente sobre a planta dos pés e, em seguida, calce as meias. É extremamente calmante e reconforta, enquanto dormem”. Nas propriedades rurais, crianças, jovens, adultos e velhos podiam contrair enfermidade de um dia para outro e ir a óbito porque não havia muito o que fazer. Surtos de febre amarela eram denunciados pela mortandade de macacos, conforme relata o escritor Ildeu Manso Vieira em seu “Jacus e Picaretas”, fazendo vítimas principalmente entre as famílias que viviam isoladas e não havia como chegar logo ao patrimônio, sobretudo quando de períodos chuvosos, em que as estradinhas ficavam encharcadas e, para complicar, as árvores pendiam com o peso da água, praticamente fechando os acessos. Em “Preciosas Memórias”, editado em 2010, Silvano Silva fala de uma constipação forte e virulenta na década de 1940, que chamavam de “gripe asiática”. E cita que o tifo também fazia vítimas. A presença de médicos era indispensável em um lugar assim. Mesmo com práticas populares de cura, tão comuns e arraigadas na cultura das famílias, a população demandava atendimento especializado de emergência.
Além de acidentes, doenças graves e situações naturais em que infelizes se viam à beira da morte, atritos aconteciam principalmente entre os trabalhadores, que se agrediam ao menor desentendimento, com facas, paus ou armas de fogo. Contendas eram comuns, também, na zona do meretrício, onde a mis-
tura de paixões e cachaça quase sempre acabava em tragédia. Quando da fundação, Maringá estava dividida em três povoações: o lugar hoje
conhecido como “Maringá Velho”, que recebera as primeiras famílias, casas e estabelecimentos comerciais, o “Maringá Novo”, para o qual foi desenvolvido o projeto de uma moderna metrópole com ruas e setores cuidadosamente planejados, e a Vila Operária. Com o passar dos anos, em razão da venda de terrenos e a expansão para os lados, é que o lugar foi unificandose e adquirindo um perfil de cidade. Uma explicação. A partir de 1942, temendo que o desenvolvimento do primeiro núcleo se transcorresse de forma desorganizada, devido a grande procura, a companhia decidiu proibir a venda de lotes urbanos e, ao mesmo tempo, encomendou a Jorge de Macedo Vieira, um reconhecido urbanista de São Paulo, a planta de uma cidade para 200 mil habitantes. Em 1948, quando Maringá foi elevada à categoria de Vila de Mandaguari (município ao qual passou a pertencer em 1947), a parte nova era conhecida como “cidade fantasma” porque havia a obrigatoriedade de o comprador do terreno levantar uma casa comercial ou residência, que ficavam vazias por algum tempo.
A fundação da Sociedade Médica No dia 15 de dezembro de 1949, alguns médicos liderados pelo dr. Lafayette decidiram se unir e fundar a Associação Médica de Maringá. Para isso, buscaram orientação junto ao presidente da Associação Médica de Londrina (AML), o dr. Justiniano Clímaco da Silva, a quem recorriam eventualmente. Presidida pelo próprio dr. Lafayette, a Associação teve também, como fundadores, os médicos José Gerardo Braga, Galileu Pasquinelli Filho, Waldemar Prandi, José Hauari e Ivaldo Borges Horta. Até então, além da Clínica Santa Cruz, do dr. Lafayette, havia no Maringá Velho o Hospital São Paulo, do dr. Waldemar Prandi.
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A DÉCADA DE 1950
Acervo L. L. Luz
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A classe médica se organiza Alguns profissionais, sem sucesso, disputaram a prefeitura nas primeiras eleições; uma época em que jipes e cavalos eram indispensáveis
A
carência de vitaminas A, complexo B e D, cálcio-fosfórico, ferro e iodo, era um espanto, segundo relata Jorge F. Duque Estrada, em seu livro “Terra Crua”. As pessoas confiavam e estavam habituadas mesmo era tratar com curandeiros, milagreiros e rezadeiras, que faziam preparados com ingredientes colhidos na mata, como raízes, ervas, paus, folhas e cascas. Qualquer um aceitava de bom grado que um parente, vizinho ou mesmo um desconhecido lhe recomendasse infusões,
emplastros, unguentos, essências, xaropes, azeites quentes, garrafadas e toda a sorte de simpatias para combater males como quebrantos, lombrigas, nefluxos, constipações, cobreiros, espinhela caída, nó nas tripas e até mesmo piolhos, dordolhos, tirícias, perebas e firideiras. Da mesma forma, era comum que crianças viessem ao mundo pelas mãos de parteiras, mulheres conhecedoras da vida, rústicas e abençoadas. O pioneiro Antenor Sanches lembra
que o benzimento mais famoso era feito pelo agricultor Artur Montagnolli, dono de um sítio na Estrada Patu. Quase todos os dias, multidões acorriam à sua porta em busca de ajuda, que ele nunca se negava a prestar. E tornou-se especialmente conhecido porque conseguia dar fim à erisipela, infecção de pele causada por uma bactéria: fazia um círculo em volta e as feridas desapareciam. Montagnolli era muito procurado, também, para receitar garrafadas contra todo tipo de doenças.
Só mesmo a cavalo
Os médicos Galileu Pasquinelli e Leandro Lobão Luz durante procedimento cirúrgico, sob a luz de um farolete. (Acervo L. L. Luz)
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Dono de um pequeno hospital em Atalaia, o médico Said Felício Ferreira, que mais tarde se mudaria para Maringá onde foi prefeito em duas oportunidades, utilizou inúmeras vezes esse meio de transporte para atender doentes e fazer partos na zona rural. Havia lugares onde nem o jipe chegava. A revista da SMM, editada quando dos 50 anos da entidade, em 1999, relata que, naquela cidade, “as cirurgias noturnas eram acompanhadas à distância por um grande número de curiosos que ficavam num bar em frente, comentando o possível sucesso ou fracasso da operação. A avaliação dependia muito do tempo em que as velas do centro cirúrgico ficavam acesas. Quando escurecia a sala de cirurgia os frequentadores do boteco sentenciavam: 'a operação foi um sucesso'. Mas quando a luz demorava a se apagar, o comentário era outro: 'hoje parece que o doutor se enrolou', dizia o dono do estabelecimento, olhando para a freguesia que balançava a cabeça em sinal de concordância.
HONORÁRIOS MÉDICOS A vigorar a partir de 1º de março de 1951
Injeção na cama Aplicar injeção era algo, aliás, não muito simples quanto isto precisava ser feito à noite, com pouca ou quase nenhuma luz. O pioneiro Antonio Mário Manicardi conta que o dr. Lafayette já sentia o peso da idade quando, certa ocasião, foi levado à casa de uma pessoa enferma, no início da noite, para medicá-la. Ao lado do doente, num quarto semi-escuro, aplicou uma injeção e recostou-se na cadeira, onde adormeceu. Só depois de ser acordado é que o médico soube, pelo paciente, que a tal injeção não havia sido aplicada em seu braço, como deveria. E, sim, na cama.
O dr. Raul A primeira eleição para prefeito ocorreu no dia 9 de novembro de 1952, dois anos antes de a cidade ser elevada à comarca. Entre os quatro candidatos, um era médico, o dr. Raul Meurer Moletta, que concorreu pelo PSP e ficou em quarto lugar. O pleito foi vencido por Inocente Villanova Júnior, do PTB, seguido de Valdemar Gomes da Cunha, da UDN, e por Ângelo Planas, do PR. Apesar de rejeitado pelos eleitores na primeira eleição municipal, o dr. Raul Moletta, com suas longas barbas avermelhadas, era um médico querido e popular, que costumava receitar na rua, nos bares ou dentro de um jipe, sem cobrar um tostão de ninguém.
• Consulta durante o dia..............C R$ • Consulta durante a noite............C R$ • Consulta aos domingos, feriados e dias santos.........................C R$ • Visita diurna no perímetro urbano...C R$ • Visita noturna no perímetro urbano..C R$ • Visita no sítio durante o dia.......C R$ • Visita no sítio durante a noite.....C R$ • Atestados...........................C R$ • Conferência na cidade...............C R$ • Parto normal durante o dia..........C R$ • Parto normal durante a noite........C R$ • Parto operatório (fórceps ou versão).... CR$ • Placenta retida.....................C R$ • Sangria.............................C R$ • Pequena cirurgia....................C R$
50,00 100,00 100,00 100,00 200,00 100,00 mais R$ 20,00 por 200,00 mais R$ 20,00 por 50,00 200,00 a CR$ 300,00 1.000,00 1.500,00 2.500,00 1.000,00 400,00 300,00
km km
Honorários de especialistas não estão incluídos na tabela. Maringá, 17 de fevereiro de 1951. Assinado: drs. Álvaro Barcelos Sant'Anna, Álvaro Luiz Lofgren, Francisco Valias, Galileu Pasquinelli Filho, Itagyba Nogueira de Sá, José Gerardo Braga, José Hauari, José Silva Soares, Lafayete da Costa Tourinho, Luiz Lemos Quaglia, Manoel Neto Leite, Pedro Chagas, Raul Moleta, René Bond, Silvio Bognoldi e Waldemar Prandi.
Afinal, quanto é? Como os médicos de Maringá trabalhavam sem uma referência de honorários, pois cada um utilizava critérios próprios, 16 deles uniram-se e em 17 de fevereiro de 1951 levaram a conhecimento público uma tabela para tentar padronizar os valores. Uma segunda tabela (ao lado) foi elaborada no dia 1º de setembro de 1954.
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Casa de Saúde e Hospital Maringá No ano de 1951, no dia 14 de novembro, a Lei 790/51, assinada pelo governador Moyses Lupion, finalmente desmembra Maringá de Mandaguari, criando o município com área de 486.527 quilômetros quadrados e três distritos (Iguatemi, Floriano e Ivatuba). Até então, Mandaguari concentrava o judiciário, o legislativo o executivo e, também, a autoridade policial. No chamado "Maringá Novo", o primeiro hospital foi a Casa de Saúde e Maternidade Maringá, construído de madeira e inaugurado no dia 12 de abril de 1948 pelos médicos José Gerardo Braga e Ivaldo Borges Horta. Juntamente com sua esposa, dona Luíza que, por falta de enfermeiras, o auxiliava nos partos, o dr. Gerardo prestou atendimento sem
O acidente e o "incidente” O médico Galileu Pasquinelli deixou registrado na revista da SMM que Inocente Villanova Júnior foi fazer um comício no distrito de Floriano e levou dois caminhões lotados de eleitores. Na volta, um dos veículos tombou. Os feridos foram todos levados para o Hospital São José, onde a mãe de Pasquinelli coordenava o trabalho das enfermeiras. Por recomendação do filho, ela começou a aplicar morfina nos que esperavam a vez de serem atendidos. Ao levar a agulhada, um homem que estava com a roupa toda suja de sangue, reclamou: "dona, eu não estou ferido. Sou apenas o motorista da ambulância". Mas já era tarde.
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distinção de classes. Com o passar do tempo, contratou um enfermeiro, João Pinto, mais conhecido por João Penicilina, e treinou a zeladora para auxiliar quando fosse necessário. Mineiro de Visconde do Rio Branco, onde
nasceu em 1911, o médico tornou-se uma pessoa influente na cidade, onde participou de movimentos políticos e eleições. Já o dr. Ivaldo Borges Horta gostava da agricultura e da pecuária, investindo em uma fazenda na região.
O aviador Sobre Pasquinelli, há uma outra passagem. A exemplo de alguns pioneiros bem sucedidos naquela época, ele era possuidor de um pequeno avião e gostava, algumas vezes na semana, de pilotá-lo. Mas não descuidava do hospital. E para ser avisado de uma emergência enquanto estivesse lá em cima, o médico orientava seus funcionários a chacoalharem um lençol quando sobrevoasse o estabelecimento.
Mudando de profissão Quando uma cafetina paraguaia de nome Acuí Acuaçu, muito conhecida em Maringá, acidentou-se com o automóvel carregado de prostitutas e várias delas, feridas, foram parar em um dos hospitais da cidade, as ajudantes do local ficaram tão impressionadas com a delicadeza do tratamento dispensado pela mulher às suas pupilas, que pelo menos duas delas decidiram acompanhá-la e, é claro, mudar de profissão.
O "santo” Por sua vez, consta que o dr. Waldemar Pranti, médico bastante conceituado, era também um líder político e, na condição de udenista, foi um dos articuladores da candidatura do xará Waldemar Gomes da Cunha à prefeitura de Maringá, em 1951. No livro "Terra Crua", Jorge F. Duque Estrada relata que "certo dia, com ares misteriosos, o dr. Waldemar disserame que 'tinha a chave da vitória do seu candidato'. É claro que fiquei curioso de saber o que seria a tal 'arma secreta', mas procurei dissimular meu interesse. Ávido por querer revelar a sua obra, o dr. Waldemar convidou-me a acompanhá-lo até o hospital. Lá, sério e ainda misterioso, levou-me até um quarto nos fundos. Abriu a porta com enorme chave e fez-me entrar. Havia, no centro do quarto, algo encoberto por um lençol. Ele, pegandome pelo braço, levou-me até perto da 'coisa' e retirou o lençol. Vi, espantadíssimo, um gigantesco busto modelado em barro de olaria de Waldemar Gomes da Cunha. Estava em cima de uma espécie
de andor, como um santo prestes a sair em procissão. - Que tal? perguntou-me. Magnífico, não há dúvida. Será que passa na porta? Waldemar Prandi franziu a testa e só então reparou que o "andor" e seu "santo" não passavam na porta. É que os artistas não olham esses detalhes de pouca importância...”
Na foto, o movimento nas ruas na primeira eleição de Maringá.
Médicos participativos Ainda na eleição de 1952, o dr. José Mário Hauari, um dos primeiros médicos da cidade, figurou entre os 9 vereadores eleitos, representando o Partido Republicano. E, por pouco, não foi o primeiro presidente da Câmara, sendo preterido na última hora em favor de Arlindo de Sousa. Como se vê, a classe médica teve participação importante na história inicial de Maringá, a começar pela própria denominação do município, inspirada na famosa canção de Joubert de Carvalho, ele também um médico. Mais tarde, a presença do dr. Lafayette e de outros profissionais
pioneiros contribuiu para a melhor qualidade de vida da população. A classe teve participação ativa, também, na fundação de clubes sociais e de serviço, entidades assistenciais e, como se viu, engalanou-se até mesmo na primeira eleição para a prefeitura de Maringá.
A música “Maringá”, que deu origem ao nome da cidade, foi composta pelo famoso Joubert de Carvalho (esq.), que era médico; na outra foto, o pioneiro Ivaldo Borges Horta
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Dois momentos: a construção e, já numa segunda etapa, a ampliação do hospital
A Santa Casa Já no início dos anos 1950, Maringá dava sinais de que se transformaria em um importante centro médico-hospitalar. Foram surgindo várias clínicas e, ao mesmo tempo, hospitais. Em 1953, dom Geraldo Sigaud, bispo diocesano de Jacarezinho - à qual a cidade estava subordinada - viabilizou a implantação de uma Santa Casa de Misericórdia, montado em um grande barracão de madeira, onde antes funcionava um salão de baile. Em seguida, vários outros surgiram: São José (precursor do Modelo), Santa Helena, Santa Lúcia, Santa Rita, São Marcos...
po de religiosos enfermeiros da ordem dos irmãos da Misericórdia de Maria Auxiliadora, sediada na Alemanha, que havia sido banido da China pelo governo comunista de Mao Tse-Tung. Eles só falavam em inglês, chinês e, é claro, alemão. Três anos mais tarde, em 1956, a Santa Casa recebia as irmãs missionárias do Santo Nome de Maria.
O primeiro bispo cita que quando chegou, em 1957, o hospital contava com dois médicos; Carlos Asinelli e um alemão chamado Thilo Hüne. Com o passar dos anos, a equipe foi acrescida de outros profissionais, como a primeira anestesista da cidade, Mitizy Villanova, e sua irmã, a pediatra Thelma Villanova Kasprowicz - ambas filhas do Dom Jaime Luiz Coelho, o primeiro prefeito, Inocente primeiro arcebispo de MarinVillanova Júnior -, o clínico gá, relata que o pároco da engeral Saulo Virmond e o ortotão Igreja Santíssima Trindapedista Aloysio de Lima Basde (hoje a Catedral Metrotos, que por 18 anos prespolitana Nossa Senhora da tou serviços ali. Não muito Glória), padre João Janssen, Dom Jaime tempo depois, dom Jaime foi o fundador da Santa Casa, Luiz Coelho doou o hospital, que pertendedicando-se à sua implantação. Naquele mesmo ano, chegou à ci- cia à Diocese, para aquela ordem redade, para cuidar do hospital, um gru- ligiosa.
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O médico ortopedista Aloysio de Lima Bastos, que integrou a primeira equipe de profissionais da Santa Casa, e de cuja trajetória falaremos mais adiante, tinha ainda em 2010, quando foi entrevistado para este livro, uma relação das primeiras pessoas que trabalharam na Santa Casa. Da China, entre alguns outros, vieram os religiosos Acario e Inácio, ambos com 60 anos aproximadamente; da Alemanha, o irmão Norberto, na faixa de seus 45 anos (que nos tempos da Guerra havia sido aviador noturno da Luft Waf, a força aérea alemã) e três irmãs enfermeiras: Adelinde, que atuava junto aos internados, Conradina, no centro cirúrgico, e Calixta, na maternidade. O dr. Aloysio conta que os irmãos e irmãs eram tratados, respectivamente, por "bruder" e "suester". O "bruder" Norberto, muito versátil, foi também o mestre de obras da edificação, cuja frente dava para a rua Néo Alves Martins, sendo que a planta havia sido trazida da Alemanha. Por costume adquirido na Luft Waf, ele tinha permissão para consumir bebidas destiladas, enquanto os outros, como legítimos alemães, preferiam cerveja.
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1 - Hospital São Paulo, 2 - Corpo de gestores da Santa Casa de Maringá, 3 - Hospital e Maternidade Maringá, após ampliação, 4 - Hospital São José (cujo nome mudou depois para Modelo) 5 - Clínica Dr. Waldyr Coutinho, uma das construções mais arrojadas dos anos 50
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Doentes eram deixados na portaria Thelma Villanova Kasprowicz, médica pediatra formada pela Universidade Federal do Paraná, foi a introdutora da hidratação venosa na cidade. Até então, só se fazia aqui hidratação oral e, raramente, subcutânea. Como os recursos laboratoriais na cidade eram mínimos, os médicos se valiam de exames clínicos e da observação da cor, odor e características específicas para chegar a um diagnóstico. "No caso de quem atendia na Santa Casa, a situação se complicava um pouco mais, porque doentes eram deixados na portaria por seus parentes e muitas vezes o médico atendia sem saber nada sobre o paciente, nem ao menos o mal que o acometia", cita a edição especial de 50 anos da Sociedade Médica de Maringá. Na mesma publicação, Thelma disse que eram comuns a violência e os maus tratos dos trabalhadores por parte de fazendeiros. E sua irmã, a dra. Mitizy (casada com o dr. Robinson Menon, o primeiro cirurgião de tórax da cidade), registra que, não raro, os profissionais da saúde tinham que apelar para cavalos se quisessem chegar logo ao destino. Isto porque as estradas de terra, que já eram ruins, ficavam ainda piores quando chovia. A própria dra. Thelma costumava ir
sangue O Negativo e, no mesmo instante, apareceu um pai com o filho, que havia ferido a cabeça com uma serra elétrica. De imediato, ela Segundo ela, difteria, sainstalou os frascos no menino rampo, desnutrição e vermie convocou uma equipe ménose eram o que mais acometiam as crianças. Conforme Thelma Villanova dica, que conteve a hemorragia e fechou o corte. Não fosse relato que fez à Revista TradiKasprowicz isso, a criança teria morrido. ção (edição de abril de 2010), em reportagem de Donizete de Oliveira, Passados 10 anos, um homem, uma mucerta vez uma mãe chegou apressada lher e seus dois filhos foram ao consultócom o filho ao consultório dela: "Meu rio da médica. Ele disse: "Sou aquele filho precisa fazer cesariana!". De tanta menino que cortou a cabeça, e a senhora lombriga, formou-se uma bola na barriga salvou". "Por coisas assim, a gente vê que da criança. O tratamento para eliminá-las tudo vale a pena." durou um mês. Além da Santa Casa, a Vila Operária As lombrigas eram tão grandes que ganharia também nessa época a Clínica assustavam a criançada. Naquela época, Santo Agostinho, situada na Avenida os pais punham medo: "Cuidado me- Brasil, que foi o primeiro manicômio da nino, você pode criar rabo!" Quando a cidade, conforme cita o historiador João lombriga saía pelo ânus, os pequenos Laércio Lopes Leal. imaginavam que a ameaça havia se cumprido. "Vi muito isso no consultóA antessala do prefeito, não raro, firio", recorda-se. cava acumulada de pessoas febris, tuberculosas, algumas com feridas à Os presos doavam sangue e a dra. mostra, mulheres grávidas e até mesmo Thelma retribuía com alimentos. Um dia loucos. Bradavam por remédios, comida, chegou à Santa Casa com dois litros de dinheiro ou passagens gratuitas. fazer atendimento, nos domicílios, valendo-se de uma égua.
A higiene precária, fonte de doenças A falta de higiene por parte da população era um problema crônico. O lixo se amontoava em todos os lugares e o gado era abatido à beira de um córrego, sendo a carne transportada em carroças
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descobertas e chegando aos açougues sem o menor cuidado, ou seja, sujas de poeira e infestadas de moscas. Além disso, a saúde da população estava em risco, também, porque não havia
nenhum controle e o "matadouro" recebia bois e porcos doentes. Como não existia saneamento básico, Maringá era considerada um "vulcão" de
fossas negras que poluíam poços e contaminavam a população. "O Norte do Paraná está cercado por um cinturão de cidades ameaçadas por moléstias epidêmicas, por falta absoluta de saneamento, nas quais, de um momento para outro, poderá eclodir grave problema profilático", escreveu Jorge Duque Estrada em seu livro. Essa realidade podia ser constatada pelos laboratórios de análises clínicas. Segundo o médico Joel Vieira Gonçalves, que chegou a Maringá na segunda metade dos anos 1960 para trabalhar no Laboratório Santo Antônio e, mais tarde, montou o seu, o Laboratório São Lucas, os exames de fezes apresentavam um índice elevado de parasitoses devido a falta de saneamento básico. Por isso, havia muita gente com anemia. A alimentação altamente calórica era também uma fonte de doenças. Na zona rural, principalmente, comia-se muita
banha, fritura, carnes e isso impactava na saúde. Não raro, pessoas com problemas sérios ocasionados por alimentação inadequada, sofriam infartos ou tinham morte súbita sem que as causas fossem compreendidas pelos familiares.
No começo, os médicos enfrentavam dificuldades ante a escassez de recursos. Eles sofriam diante da falta de infraestrutura da cidade: a energia elétrica, para se ter ideia, só começou a chegar em 1952, ainda assim para poucos bairros e à base de barulhentos geradores movidos a óleo diesel que funcionavam durante algumas poucas horas do dia e da noite. O fornecimento de energia podia ser interrompido durante cirurgias e o trabalho continuava à luz de velas. Como não estavam aparelhados, era preciso improvisar quase tudo nos hospitais, desde respiradores, usando-se garrafas plásticas, até locais para atendimento. E para que o único equipamento de Raio-X da cidade pudesse funcionar, o dr. Osvaldo Barros de Aguiar, devido a radiação, mandava evacuar a sala de espera sempre que precisava "bater uma chapa". E, quando acionado, parecia o estouro de uma bomba.
Paciente e médico, uma relação afetiva O relacionamento afetivo entre médico e paciente era, para alguns, preponderante na cura do doente. Na edição especial de 50 anos da SMM, o dr. José Usan deixou registrado com saudade o tempo em que nasciam fortes relações de amizade entre as duas partes. O médico Durval de Oliveira Cabral conta que, certa vez, uma senhora lhe trouxe do sítio uma sacola com frutas e verduras como manifestação de apreço por terlhe salvo a vida. Era comum os pacientes, em reconhecimento pelo trabalho e dedicação dos médicos, presentear-lhes com frutos, galinhas, porcos... Sobre isso, o médico Sérgio Doveinis diz que
não há como esquecer a amizade duradoura que se formava com as famílias, "algo que foi desaparecendo com o avanço da tecnologia e a mercantilização da medicina". Não raro, acontecia de alguém ser portador de um bilhete escrito em garranchos pelo agricultor humilde, enviado ao consultório de um médico de seu conhecimento na cidade. No reduzido e sofrível texto, preparado geralmente em papel encardido, um ou dois dias antes, ele pedia que o doutor fosse até seu o sítio para consultar um filho ou a mulher, que estavam enfermos. Sem
demora, o médico subia em seu jipe e encarava a estradinha barrenta em consideração ao conhecido. Dono do Hospital Santa Lúcia, o dr. Michel Felippe afirmou certa vez não esquecer os momentos emocionantes que a medicina lhe proporcionou: "Deixei de ser médico e virei homem de negócios. Mas nada foi tão marcante na minha vida quanto a convivência com pacientes e colegas médicos no hospital. Ao optar pelo setor de revenda de automóveis, o dr. Michel entregou o Santa Lúcia para os amigos Ricardo Plépis e Willian Watfe. O CAMINHO DO TEMPO |
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Congraçamentos A classe médica e seus familiares encontravam-se com frequência em eventos sociais reservados para a elite daquela incipiente Maringá da época, como os bailes do Aeroclube, iluminados com gerador a diesel. Não havia televisão e quase nada o que fazer nos finais de semana, de modo que o congraçamento incluía outras categorias profissionais, como a dos advogados. Nos primeiros tempos do Aeroclube, que depois se tornaria um clube popular, o piso era de terra batida mas nem por isso os casais deixavam a elegância de lado. Certa vez, estando na cidade, o diretor da Companhia Melhoramentos, Hermann Moraes Barros, foi convidado a comparecer a um baile. Lá chegando, sob um vistoso paletó de couro, surpreendeu-se ao ver que os médicos, todos eles, o aguardavam de "smooking". Antes de a noitada começar, o piso de terra era rapidamente molhado para evitar a poeira, o que acabava sendo inevitável ante o pisoteio. Por isso, de vez em quando, com o ambiente tomado pelo incômodo pó fino, o baile precisava ser interrompido para que serviçais, munidos de providenciais regadores, fizessem o seu trabalho.
Aeroclube: referência da sociedade da época
Contudo, em noites de muito calor, a poeira se misturava ao suor e, na contradança, as mãos suadas dos pares deixavam seus trajes ainda mais sujos. Com suas famílias, os médicos gostavam de participar também das festas juninas organizadas pelo comerciante Ângelo Planas, que se tornaram tradicionais. E, habitualmente, se encontravam ainda no antigo Bar Lord Lovat, construí-
do pela própria Companhia na Avenida Tiradentes, onde o divertimento ficava por conta da música de qualidade e o espaço para dança.
A saga de um recém-formado Por que um médico se sentia atraído a vir para Maringá? E o que o levava a aventurar-se por estradinhas terríveis e perigosas? Formado em 1948 pela então Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, o cuiabano Aloysio de Lima Bas-
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tos, especializado em ortopedia, residiu e trabalhou alguns anos em Guararapes (SP) antes de transferir-se no ano de 1954 para Maringá, já casado com dona Dulce Perin Bastos, que cursava Farmácia na mesma instituição. Naquela cidade paulista ele conheceu várias pessoas que também se mudariam para o muni-
cípio emergente do Norte do Paraná, entre as quais o empresário Ermelindo Bolfer, que teve participação importante no processo de desenvolvimento local, e Nélson Gaburo, por vários anos gerente do antigo Banco Noroeste. O dr. Aloysio conta que Maringá era
Nessa viagem inicial, que "uma estrela fulgurante", da fez de carro, ele pernoitou em qual muito se ouvia falar no Londrina, onde não conseguiu Estado de São Paulo. E quando achar um mísero catre para esteve pela primeira vez na acomodar-se, pois os hotéis, cidade em 1952, se encantou pausadas e pensões estavam com o intenso movimento nas completamente lotados. Afliruas, os inúmeros caminhões to, recorreu a um hospital onde mudança que via chegando, Aloysio de Lima de, apresentando-se como o espírito determinado das Bastos médico, esperava encontrar pessoas, a vocação regional para o trabalho e as muitas oportunida- acolhida, mas não obteve receptividade. O único jeito então, conta, foi passar a des oferecidas a quem quisesse investir.
noite no banco da praça para, na manhã seguinte, seguir em direção a Campo Mourão, onde alguns amigos realizavam investimentos em terras. Demorou um dia inteiro para vencer a estrada poeirenta que enveredava por um imenso túnel de árvores. Mesmo quando os motoristas não tinham tanta visibilidade, ilustra o dr. Aloysio, ninguém podia parar no meio do caminho sob pena de ser atingido pelo veículo que, porventura, viesse atrás.
Eram só 22 médicos Quando chegou, havia 22 médicos trabalhando na cidade. Ele foi o 23º. Nessa época, alguns dos profissionais mais antigos, como o dr. Lafayette, e outros, já haviam deixado a medicina ou ido embora. O dr. Aloysio relaciona, primeiro, os médicos que atuavam no Maringá Velho: • Augusto Pinto Pereira, clínico geral, proprietário do Hospital São Paulo, que era bastante participativo, tendo presidido a Sociedade Médica de Maringá e, entre outros, o Clube Hípico; • Waldemar Prandi e Manoel Neto Leite, clínicos gerais e cirurgiões, que atendiam na mesma clínica; • Francisco Valias e Murilo Jaime Leon Peres (irmão do ex-governador Haroldo Leon Peres), Luiz de Carvalho e José Hauari, todos clínicos gerais. No Maringá Novo: • o cirurgião e parteiro José Gerardo Braga, o cirurgião Ivaldo Borges Horta e o pediatra José Silva Soares, todos do Hospital Maringá; • o radiologista Osvaldo Aguiar, cujo Raio X ficava na rua Aquidaban (hoje Néo
Alves Martins); • Silvio Bognoldi, clínico geral, cujo consultório ficava na Avenida Curitiba; • Galileu Pasquinelli Filho, clínico geral, proprietário do Hospital Modelo; • Aron Galperin, otorrinolaringologista; • Waldyr Coutinho, também otorrino, que atendia em uma sala na esquina das Avenidas Brasil com São Paulo; • Michel Felippe, cirurgião, dono do Hospital Santa Lúcia; • Hofez Zacharias Beile, anestesista; • Leandro Lobão Luz e Ricardo Plepis, clínicos gerais;
Na realidade, no início, praticamente todos os médicos eram clínicos gerais, faziam de tudo. A especialização foi acontecendo aos poucos, com o surgimento de hospitais bem mais estruturados, caso da Santa Casa de Misericórdia e do Santa Rita, dotados de centros cirúrgicos e equipes de enfermeiros mais gabaritados.
A esse grupo se incluíam também os médicos lotados no Centro de Saúde que funcionava em um prédio construído nos fundos da antiga catedral de madeira: Renê Bond, Helenton Borba Cortes e Julieta de Souza, todos clínicos gerais. O CAMINHO DO TEMPO |
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A terra da "prosperidade” O dr. Aloysio conta que mantinha o consultório "na cidade" e uma pequena clínica ao lado da atual Praça Manoel Ribas, um local ainda muito ermo. Ali, instalou um pequeno gerador de energia elétrica de 6 cavalos, movido a diesel, que dava até para fornecer eletricidade aos vizinhos. Para isso, o barulhento motor era acionado ao entardecer e desligado por volta das 22 horas, após três piscadas propositais, o sinal para que os moradores se apressassem em acender lampiões e lamparinas. A clínica, no entanto, não prosperou e foi fechada em 1957, porque exigia gerenciamento e o médico
reclamava que, ao fazer isso, não conseguia manter seu foco na profissão. Ele reitera que Maringá era a "terra da prosperidade", sendo cuidada com especial desvelo por parte da Companhia Melhoramentos, que a considerava a "menina dos olhos". A empresa se preocupava até mesmo com o pó das ruas, mantendo um caminhão-tanque para jogar água em sistema de "chuveirinhos". A propósito, muitas donas de casa ficavam atentas à passagem esse caminhão antes de estender roupas em varais, pois a umidade diminuía o risco de uma lufada de poeira
colocar todo o trabalho a perder. Os madeireiros faziam uma classe forte e um grande número de instituições bancárias se espalhava pela cidade, lembra o médico, sendo que o desenvolvimento teve impulso ainda maior em 1953, com a chegada da estrada de ferro. "A estratégia da Companhia para alavancar o progresso de uma região era, principalmente, a ferrovia, onde a construção dos trilhos ficava parada por algum tempo", relata. O dr. Aloysio diz que em 1955 os cafezais do Norte do Paraná foram fustigados por outra forte geada, mas os produtores, como sempre, não se deixavam abater. E, a partir de 1958, começou a colher boas safras nos 40 mil pés de sua propriedade. Ele e dona Dulce tiveram cinco filhos, sendo que Luzia Helena, a primogênita, foi uma das três primeiras psicólogas de Maringá. Em 1978, trinta anos após a formatura, ele decidiu abandonar a profissão. Maringá no início da década de 50: intenso movimento
Os dentistas e a AMO Em 1953, Maringá contava com 25 dentistas, segundo reportagem de Murilo Gatti na edição de maio de 2010 da Revista ACIM. "Sentia-se a necessidade de maior união da classe, objetivando principalmente o aprimoramento profissional e o cadastramento dos dentistas, para o afastamento dos falsos", conforme cita o histórico de criação da Associação Maringaense de Odontologia (AMO). E dois anos depois de fundada a associação, em agosto de 1955, foi realizada a 1ª Jornada Odontológica de Maringá.
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Protesto contra a "baixaria" Ainda na década de 1950, a sociedade de Maringá, representada por médicos, advogados, madeireiros e empresários em geral, liderou um manifesto em defesa da família e também para protestar contra o baixo nível da política no município, até então repleta de denúncias e agressões. "Se hoje reclamamos dos políticos, a situação naquela época não era muito diferente", conta o dr. Aloysio Bastos, enfatizando que muitos dos que participaram do movimento apresentaram seus nomes para concorrer à Câmara Municipal e, com isso, deram início às suas carreiras políticas. Foi o caso, entre outros, de Silvio Barros e Ulisses Bruder, e dos médicos Luiz de Carvalho e Jorge Sato.
A contestação
Gerardo Braga disputa a eleição Com prestígio na cidade, o médico José Gerardo Braga disputou a segunda eleição para a prefeitura municipal, em 1955, vencida pelo comerciante Américo Dias Ferraz (gestão 1956-1960). Do pleito participaram também o advogado Haroldo Leon Peres e o comerciante Otávio Periotto. Uma de suas promessas seria construir um hospital regional na cidade. Durante a campanha, o ex-governador paulista Ademar de Barros, pretenso candidato à presidência da República, compareceu a um comício de Américo. Na oportunidade ele teria afirmado que Maringá não precisava de um doutor na prefeitura, e sim de “um homem simples”. A derrota nas urnas foi uma decepção para o dr. Gerardo que, desiludido, sepultou a carreira política.
O cardiologista Mário Lins Peixoto, que chegou a Maringá em 1961, conta que o médico foi seu paciente. Como o estado de saúde dele exigia cuidados, chegou a encaminhá-lo para uma cirurgia em Curitiba, onde havia mais recursos. Mas ele não era de se cuidar. Com outros sócios, o dr. Gerardo adquiriu um hospital em Japurá e mais dois em outra região. Durante anos levaria a vida viajando entre essas cidades. A correria o levou ao primeiro infarto. Sobreviveu, mas foi orientado a reduzir a carga de trabalho, instalando uma pequena clínica na Avenida São Paulo em Maringá. O segundo infarto o levou em 1976. Uma escola estadual, situada na Avenida 19 de Dezembro, e uma creche, na rua Santa Joaquina de Vedruna, emprestam o nome do médico, em reconhecimento ao seu trabalho na cidade. O médico em seu gabinete
Em 1959, a Sociedade Médica defendeu seus associados de uma campanha feita pela União Maringaense dos Estudantes Secundários para forçar desconto nas consultas de quem tivesse carteirinha da UMES. Na verdade, a diretoria da SMM se mostrou disposta a dialogar com os estudantes, mas antes de qualquer discussão eles foram para um jornal e anunciaram o benefício como conquista consumada. A atitude precipitada irritou a diretoria da Sociedade Médica, que decidiu contestar as ações da agremiação. O CAMINHO DO TEMPO |
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As Jornadas Médicas Na década de 1950, memoráveis Jornadas Médicas reuniam profissionais durante um ou dois dias para conferências com especialistas renomados. Esses eventos, que aconteciam em Maringá no Salão Amarelo do elegante Grande Hotel, atraíam também médicos de Londrina e outras cidades da região. Da mesma forma, não raro, tais encontros, que tratavam dos mais diversos ramos da medicina e visavam oferecer a oportunidade de um aprimoramento, eram realizados na chamada "Capital do Café" com a presença de vários maringaenses. O médico Mário Lins Peixoto considera de importância fundamental para o aperfeiçoamento dos profissionais a vasta gama de congressos e jornadas
médicas promovidos desde o final dos anos 50. Jornada como a de outubro de 1957, quando estiveram aqui, entre outros, "papas" da medicina, como os doutores Paulo Barros, do Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro, e Renato de Toledo, livre docente da Escola Paulista de Medicina.
Mário Lins Peixoto
Em outubro de 1958, a V Jornada Médica trouxe em sua Sessão Científica o tema Discinesias Biliares, com a participação de especialistas de renome nacional, entre os quais os doutores José Vilela Pedras (RJ), Paulo de Almeida Toledo (SP) e Oscar Aisengart (Curitiba). A Jornada Médica de 1959 terminou
com um grande baile no Salão Amarelo do Grande Hotel, animado por Ernanie e seu Conjunto, de São Paulo. Muitos outros congressos e jornadas ocorreram ao longo dos anos, contribuindo decisivamente para o aprimoramento técnico-científico dos profissionais.
Na Sociedade Médica, o dr. Mário Lins Peixoto fez parte de uma diretoria que tinha Décio Casarin, Waldemar Rodrigues de Lima, Walter Ferreira da Silva e Ivaldo Borges Horta. Segundo ele, o dinamismo da SMM foi importante para elevar Maringá à condição de um dos maiores centros médicos do interior do país.
Crescimento surpreendente A cidade crescia a um ritmo alucinante. Com o grande afluxo de pessoas em direção ao "novo eldorado", como propalava a CMNP no País e em várias partes do mundo, Maringá encheu-se rapidamente de casas e estabelecimen-
Recepção a autoridade no aeroporto: Cidade em efervescência
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tos comerciais, tornando-se o epicentro de uma grande onda de ocupação territorial e desenvolvimento alavancada pelas riquezas do café. Era impressionante o tráfego aéreo, a exemplo do que ocorria em cidades vizinhas, como tam-
bém se apresentava fora de qualquer padrão o movimento de caminhões. Se de um lado o posto de combustíveis de Alfredo Moisés Maluf, na Avenida Brasil, era um dos campeões de venda da Esso em toda a América do Sul, a cidade surpreendia pela velocidade com que as coisas aconteciam, tornando-se, por exemplo, sede de bispado com apenas 9 anos. Em 1958, o médico Jorge Sato, que na década de 1970 seria um dos mais destacados deputados estaduais da história política do município, fundou o Hospital São Francisco, juntamente com o dr. Toshio Kohatso. O estabelecimento foi uma espécie de precursor do Hospital Paraná.
Lepra e doença venérea A ocorrência de uma quase epidemia trouxe para Maringá, em 1957, o médico Sebastião Rodrigues Pimentel, recémformado em Recife (PE). Aprovado em concurso federal, ele havia sido designado para cuidar de leprosos no Norte do Paraná. Ao chegar, encontrou uma barricada intransponível dos doentes contra as terapias prescritas para mal tão assustador. Revoltados com a internação e o confinamento compulsórios, os doentes reagiam com previsível agressividade a qualquer aproximação da autoridade sanitária. 'Eu cheguei a ter cano de espingarda encostado no meu rosto por doentes que se recusavam ao tratamento. Aos poucos, fui quebrando a resistência, fazendo-os compreender que vim para ajudá-los e que os métodos de tratamento que eu trazia não incluíam sanatórios ou qualquer outro tipo de violência', lembra Pimentel. E como haveria ele de esquecer aquele doente de
espingarda na mão em uma casa de Paiçandu, tentando evitar a aproximação do médico? 'Foram momentos de tensão, só aliviados com muita conversa', recorda. A vinda de Sebastião Pimentel para Maringá marca uma nova era no tratamento de leprosos. Com ele veio a sulfa, substância que liberou os doentes do confinamento e deu a eles uma nova esperança de cura", cita a publicação da SMM. O médico Joel Vieira Gonçalves relata que o Brasil evoluiu muito no controle de enfermidades como a lepra e, também, da tuberculose. Nos tempos em que cursou medicina em Ribeirão Preto, ele se recorda que era comum ver leprosos pela rua. Procurar médicos, no entanto, poderia levar a grandes constrangimentos, como era o caso daqueles que contraíam doenças venéreas e se viam em
palpos de aranha, temerosos da inevitável exposição. Nos tempos em que a zona do meretrício fervilhava de fre-quentadores excluindo, é claro, senhores casados, que não se prestavam a uma coisa dessas... volta e meia alguém acabava acometido de gonorréia, en-fermidade cujo tratamento não poderia contar, é claro, com os préstimos de operosas rezadeiras e, muito menos, da incerteza das simpatias. Os mais pre-venidos recorriam logo a uma dolorosa injeção de bezetacil, mas a saída para muitos deles, quando a doença já es-tava em estágio mais avançado, era procurar atendimento especializado, que se podia achar somente no consultório do dr. Benedito Furquim, no Edifício Atalaia. O problema maior es-tava em se apresentar ali sem que o prédio todo, sempre atento, ficasse sabendo, sobretudo se a "vítima" fosse conhecida.
A capital? Bem... Se alguém abordasse um dos muitos paulistas que aqui chegavam, perguntando-lhe qual o nome da capital do Paraná, certamente ele diria: Curitiba. Embora correta, a resposta soaria com perdoável e compreensível estranheza. Na cidade que prosperava, e que havia sido planejada por uma empresa sediada em São Paulo, contava-se mais de uma dezena de instituições bancárias paulistanas, sem dizer que grande parte dos
comerciantes tinha vindo do Estado vizinho. Curitiba não era uma referência de fato, como capital, mesmo porque a Rodovia do Café, construída pelo governador Ney Braga para integrar o Norte ao Sul do Estado, só ficaria pronta em 1964. Por isso, durante muito tempo, a população de Maringá, como também a de Londrina, Mandaguari e todas as outras cidades dos chamados Norte Pioneiro, Norte Novo e da região
Noroeste, vivia sob a influência de São Paulo. Era para lá que ia fazer compras e, também, o destino de muitos pacientes, recomendados por médicos a especialistas da capital e de Campinas. Quando o doutor dizia: "É melhor buscar tratamento em São Paulo", o paciente podia ter certeza de que as coisas, para o seu lado, não estavam nada bem.
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A DÉCADA DE 1960
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Um período de grandes mudanças na Saúde Governo militar institui o sistema previdenciário, avança a medicina “mercantilista” e a classe médica integra-se de forma exemplar no cooperativismo
O
ortopedista Hiran Mora Castilho chegou a Maringá em 1959, dois anos após garantir o diploma na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba. Encontrou uma cidade que tinha tudo para acontecer, mas com muitas deficiências e atrasos. A água para consumo das famílias ainda provinha de poços, a energia elétrica não atendia toda a população, asfalto e calçadas quase não se via e toras eram amontoadas no canteiro central das ruas. Na Avenida Brasil, entre o então Posto Maluf e a atual Praça “do Peladão” (que assim ficou conhecida devido ao monumento do homem nu ali colocado em 1972 para homenagear o desbravador pobre), os donos de terrenos eram obrigados pelo
poder público, como já se falou, a construir casas ou estabelecimentos comerciais que, em sua maioria, ficavam fechados. Um dos precursores da ortopedia em Maringá, juntamente com o pioneiro Aloysio de Lima Bastos e o dr. José Carlos Dias de Toledo, o dr. Hiran casou-se naquele mesmo ano de 1959 com dona Iná e começou a vida clinicando em um pequeno consultório na Avenida Brasil, pouco abaixo do Posto Maluf. Na época, conta, 20% das pessoas que atendia eram indigentes e os demais 80% pagavam de acordo com suas possibilidades, geralmente após a safra de café. “Confiava-se no fio do bigode”, disse, acrescentando que as despesas com far-
mácia, da mesma forma, eram quitadas uma única vez no ano. Como havia feito residência no Hospital das Clínicas de São Paulo, em 1958, acumulara experiência. “A formação médica, naquela época, não podia prescindir de hospitais filantrópicos, como as Santas Casas, que atendiam principalmente pessoas sem recursos”, acrescentou. No ano seguinte, junto com a irmã, a obstetra e ginecologista Iorfinda Mora, e o marido dela, o cirurgião Francisco Caponi, foi adquirido um amplo terreno ao lado de onde seria a citada Praça “do Peladão”. Na verdade, cedido pela Companhia Melhoramentos em troca de um
O desbravamento e o manuseio de ferramentas podiam ocasionar acidentes, conforme lembra o médico Hiran Mora Castilho
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Os primeiros médicos do Santa Rita foram Francisco Caponi de Melo, Iorfinda Mora (ambos na foto, na entrada do hospital), Iran Mora Castilho, Alfredo Garcia, Alber de Brito, Murilo Narciso, Nélson de Brito e Fumyia Horita
terreno que a irmã possuía em Marialva, cidade onde mantinha há anos um pequeno hospital de madeira e havia desistido de construir um mais moderno. O objetivo dos três sócios em partes iguais seria, agora, levantar um hospital de porte médio na promissora Maringá, mas quando correu a notícia da construção, recorda-se o dr. Hiran, algumas pessoas disseram que seria “loucura” fazê-lo em um local tão afastado do chamado “Maringá Novo”. Mesmo assim, em 1960, o Hospital Santa Rita começava a atender, contando com um centro cirúrgico adaptado (onde também se faziam partos), uma lavanderia, cozinha, 15 quartos e dois apartamentos. “O hospital não era um investimento, mas um instrumento de trabalho”, ressalta
o médico, lembrando que todos os demais hospitais que cresceram junto com a cidade, tinham esse perfil. As receitas, no início, eram minguadas, porque se de um lado um em cada cinco pacientes não tinha como saldar a conta, outros 40% “só podiam pagar alguma coisa” e dos restantes 40% dos atendidos é que provinham os recursos para manter o estabelecimento e pagar os funcionários. A existência do hospital numa época em que uma vasta região padecia com a escassez de especialistas em ortopedia, acabou alavancando o Santa Rita. Com o desbravamento e a derrubada do mato a pleno vapor, muitos acidentes ocorriam, como fraturas e esmagamentos. O corte do palmito, em especial, era muito
perigoso, pois o tronco comprido podia ricochetear ao cair, atingindo trabalhadores. Por sua vez, as péssimas condições das estradas propiciavam a ocorrência de acidentes, inclusive de ônibus, com dezenas de vítimas sendo trazidas para socorro em carrocerias de caminhão. “Saindo de Maringá, só havia esse tipo de atendimento em Londrina”, lembra o dr. Hiran. No entanto, além de urgências e emergências em traumatologia, o hospital estava preparado para atender o que fosse preciso, incluindo cesarianas, apendicites e até mesmo enxertos de pele. Médicos foram contratados, entre os quais os drs. Alfredo Garcia e Alber de Brito e, com o tempo, o Santa Rita se tornou o maior hospital da cidade. O CAMINHO DO TEMPO |
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Muitos sofriam do mal de chagas Por ordem cronológica, o primeiro cardiologista a atuar em Maringá foi o dr. Pedro Wiedman, permanecendo poucos anos na cidade; o segundo, o dr. Mário Lins Peixoto, que chegou em 1961, sendo o mais antigo ainda em atividade. Nessa época, o dr. Durval de Oliveira Cabral, com formação no Instituto Dante Pazzaneze, de São Paulo, atendia a região e eventualmente Maringá. Formado em Recife (PE) e com residência no Rio de Janeiro (RJ), o dr. Mário
Dava medo veio trabalhar na cidade que progredia sob a égide do café, o chamado “ouro verde”. Ao chegar, o cardiologista encontrou, de fato, um lugar que oferecia muitas oportunidades, mas a medicina era ainda incipiente. “O médico se utilizava mais do chamado 'juízo clínico'”, comenta. Ele se recorda que o mal de Chagas era um problema comum naquela época. Como parte da população, principalmente a do campo, vivia em casas precárias, ficava exposta ao bicho “barbeiro”.
Surtos na região de Londrina Diferente do que aconteceu em Maringá, onde os primeiros hospitais foram construídos por médicos, em Londrina a primeira casa de atendimento que ficou conhecida como “hospitalzinho”, foi erguida pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) em 1936. Um ano antes a cidade enfrentava um surto de febre O “hospitalzinho”, o primeiro, de 1936 amarela, identificado após a morte de um cidadão suíço em vacinar a população. A epidemia foi juRolândia. As jornalistas Maria Luísa gulada, porém 32 pessoas morreram. Hoffmann e Patrícia Piveta registravam Sobre essa epidemia, o médico Osvaldo no livro “Certidões de Nascimento da Dias, delegado de higiene, teria sofrido História: o surgimento dos municípios do coação por parte pela Companhia para eixo Londrina - Maringá” (organizado que a mesma não chegasse ao conhecipelo prof. Paulo César Boni, 2009), que mento público, pois as vendas de lotes de Arthur Thomas, diretor da CTNP, mandou terras poderiam diminuir. Como o mématerial recolhido para análise, o qual dico foi firme e resistiu, acabou removido apresentou resultados conclusivos. Foi pelo governo do Estado. Tempos depois, providenciado, então, um laboratório comentou que, se acobertasse o surto, para o preparo da vacina e organizada “teria assinado o estado de óbito da uma missão para percorrer a mata e cidade”.
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“O sertão em si causava medo, por seus males insidiosos”, citou o jornalista Widson Schwartz, em “Pérolas - claras e obscuras - da história de Londrina”, que fez parte daquele mesmo livro. Já nos primeiros anos havia índices elevados de mortalidade, contribuindo a precariedade das “estradas” e o raro transporte, que impediam a busca de assistência médica. Se chovesse, uma viagem a Jataí (22 km), podia demorar 10 horas. Febre amarela silvestre, malária, febre tifóide, gastroenterites, disenteria bacilar, além de acidentes em derrubadas de mata, eram os maiores males da época. De infecções intestinais resultava um alto índice de natimortos e óbitos na primeira infância. Londrina contava com médicos de formação desde 1933 que, com seu trabalho, substituíram as benzedeiras. Eles atuavam numa época em que não existia energia elétrica, fazendo cirurgias sob a luz do lampião. Muitas leis elaboradas nos anos trinta diziam respeito à saúde pública. Uma delas, a Lei 37, de 3 de novembro de 1937, discorria sobre a profilaxia antivenérea: “A preocupação com a saúde dos moradores leva à ‘Instalação do Posto de Profilaxia Anti-Venérea’”. Uma cidade esteticamente bem apresentada e com moradores saudáveis servia como um cartão de visita aos brasileiros e estrangeiros que vinham para Londrina conhecer a tal terra produtiva que a CTNP divulgava nos cartazes de propaganda de venda de terrenos. Em 1939, pioneiros comandados por Arthur Thomas, Willie Davids e Antonio Camargo Ferraz fundaram uma sociedade beneficente, posteriormente denominada Irmandade da Santa Casa de Londrina, que deu origem ao primeiro grande hospital da região.
Said, o 33º médico O dr. Said Felício Ferreira chegou em 1960 e foi o 33º médico a se estabelecer na cidade. Já em 1962, fundou o Hospital São Marcos. “Havia um poder aquisitivo grande, o que permitia uma cobrança razoável pelos atendimentos particulares. Dessa forma, como não existia saúde pública, os hospitais conseguiam atender
bastante gente através do que chamávamos de cotas sociais”, lembrou ele, em depoimento à Revista ACIM (edição de maio de 2010), em reportagem de Murilo Gatti. Na avaliação do médico, um dos aspectos que ajudou a consolidar Maringá como polo regional, tanto na medicina
como em outras áreas da economia, foi a implantação do asfalto no entroncamento rodoviário. “Na década de 1960, o então governador Paulo Pimentel asfaltou as estradas que ligam Maringá a Paranavaí, Campo Mourão e Umuarama, o que foi importante para o desenvolvimento do município.”
Cena comum: caminhões carregados com madeira do sertão
Viajando em caminhão de tora
José Luiz Coelho Gomes
Formado em 1960 pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, o médico cardiologista José Luiz Coelho Gomes conta que se sentia atraído a tentar a vida no Norte do Paraná, do qual muito ouvia falar. Aos 23 anos, sozinho, resolveu conhecer Londrina e, chegando à cidade, em conversa com médicos, foi orientado a visitar pequenas localidades da região que ainda não contavam com um profissional de saúde. Como tinha pouco dinheiro, aceitou ir de carona num caminhão de tora até Guaraci, mas conta que
o lugar não lhe agradou. De lá, foi para Santa Fé e, resolvido a ficar por ali, subiu em outro caminhão de tora para retornar a Londrina, a fim de buscar suas coisas. Foi em cima da carga, exposto à poeira. “Fiquei uma sujeira só”, recorda-se. Ao passar por Astorga, que tinha na época uns 2 ou 3 mil habitantes, o jovem José Luiz teve uma agradável surpresa. Mesmo naquele estado, foi reconhecido por um amigo, Fernando Furtado, um capixaba que já estava há bastante tempo no Paraná. Fernando, dono de uma máquina de café, o convenceu a ficar em Astorga. O CAMINHO DO TEMPO |
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Ali, instalou uma clínica e conta que, no primeiro mês, sequer havia juntado dinheiro para pagar o aluguel. Mas, ao final de seis meses, já tinha o bastante para comprar um carro zero, um Dolphine. Como ele possuía preparo e conhecimento para atuar em outros ramos da medicina, trabalhou como pediatra, fez partos, socorreu muita gente que havia se ferido em derrubadas de mato e realizou inúmeras operações. Em quatro anos, já clinicava em um pequeno hospital, o São José, construído em sociedade com o futuro sogro, o dr. José Soares, o primeiro médico da cidade. Em 1965, casou-se
com Sônia, com que tem duas filhas. Certa ocasião, ao atender a um menino desfalecido, o dr. José Luiz percebeu que ele estava, na verdade, engasgado com uma lombriga. Após a retirada do verme com uma pinça, a criança reanimou-se em poucos instantes, o que muito impressionou seus familiares. Devido a esse fato, por uns tempos, a fama de “benzedor” perseguiu o médico, o que ensejou-lhe brincadeiras por parte um colega de Maringá, o dr. Roberto Feres que, em tom alegre, sempre fazia menção ao “benzimento”, quando o encontrava.
O milagre e a surpresa Convencido das possibilidades que o município de São Jorge do Ivaí, no Paraná, poderia oferecer a um médico em início de carreira, o dr. Antonio Mestriner decidiu transferir-se do Rio de Janeiro, onde formou-se em 1957, pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, para esta pequena cidade em 1961, onde permaneceu por três anos, passando posteriormente para Maringá. Ele estava de férias em sua cidade natal, Ribeirão Preto, quando foi convidado pelo dr. Isac Felippe para conhecer Maringá. Não havia asfalto de Marialva até esta cidade e, como chovia, ficaram atolados. O dr. Michel Felippe, irmão de Isac, e que dirigia o Hospital Santa Lúcia, foi de jipe rebocar o carro do irmão, um Aero Willys. Como o hospital de uma cidade próxima, São Jorge do Ivaí, necessitava de um cirurgião geral, foi feita ao dr. Mestriner (que havia terminado a residência em cirurgia, na Santa Casa do Rio de Janeiro) uma irrecusável proposta de trabalho pelo saudoso dr. Raul
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Acima, a antiga Faculdade de Medicina do Brasil, demolida durante o regime militar e, ao lado, o hospital de São Jorge do Ivaí; ao lado, o médico Antonio Mestriner, com assistentes, durante cirurgia
A vida profissional em Maringá No ano de 1964, o dr. Antonio Mestriner passou a trabalhar em Maringá no antigo Hospital Santa Cruz (situado à Rua Santos Dumont, 3452, em sociedade com o saudoso dr. Ruy Ferreira, que era seu colega de turma. Casado com a Sra. Mafalda Giroldo Mestriner em 1968, neste mesmo hospital nasceram seus três filhos, de cujos partos normais participou. Posteriormente passou para o Hospital e Maternidade Maringá e, por fim, juntamente
com os médicos Paulo Jacomini e Euclides Manzotti, construíram a Casa de Saúde Santa Helena, na Av. Cidade de Leiria. Conta o dr. Mestriner que, naquela época, ficava-se permanentemente de plantão, pois no início não havia bip, nem celular e muitas vezes iam buscá-lo no escuro do cinema por meio do lanterninha ou no Maringá Clube, para um atendimento urgente. Foi um grande incentivador do parto normal e acha exagerado hoje o grande número de cesarianas. Trabalhou desde
uma época em que ainda não existia o ultrassom e só se conhecia o sexo do recém-nato ao nascer. Em março de 1984, passou a atender os segurados da Unimed: seu consultório era na Rua Néo Alves Martins, 3401, onde ainda hoje funciona a Clínica Santa Helena, em conjunto com o dr. Paulo Jacomini e o Dr. Euclides Manzotti. Posteriormente passou a fazer parte dessa o dr. Durval Francisco dos Santos Filho, que veio reforçar o seu quadro médico.
Martins. Em São Jorge, exerceu a profissão durante três anos, onde fez clientela e muitos amigos. Como havia sido também assistente da cadeira de Obstetrícia na Maternidade Escola, incentivava sempre suas pacientes a tentarem o parto normal e, em casos de cesarianas, utilizava a incisão transversal em contraposição à vertical, ainda comum no Paraná. Com isso, as mulheres poderiam ocultar as cicatrizes se quisessem usar um biquini, por exemplo, o que seria impensável de outra forma. Em São Jorge, o médico teve algumas experiências inesquecíveis. Uma delas, quando foi acordado por alguém que havia sido enviado às pressas por uma parteira. Precisaria ir a um sítio, com urgência, prestar atendimento a um parto em que a parteira não conseguia dar jeito. Tratava-se de um "parto pélvico com a cabeça derradeira”, desses em que a criança estava com o corpo de fora, porém mantendo-se presa à mãe pela cabeça. Apesar dos esforços e tentativas frustradas da parteira tentar
puxar a criança pelos pés, sem resultado. Depois de colocar a mãe, uma rústica trabalhadora rural, em posição para facilitar o parto pélvico, o médico flexionou a cabeça do bebê fazendo uma ma-nobra adequada para o caso e, com isso, libertou a cabeça, retirando a criança, que foi colocada sobre a cama, sem qualquer sinal de vida. O que ocorreu em seguida, no entanto, foi considerado um milagre, pois o recém-nascido, após algum tempo inerte, deu um leve gemido que, ao ser percebido, passou imediatamente a ser reanimado. Para o médico, a mãe, a parteira e os presentes, foi emocionante e surpreendente verificar que a criança sobrevivera, para alegria de todos. No outro dia, ainda muito impressionado, o médico decidiu retornar ao local para avaliar como a mãe e a criança estavam passando. Mas outra notícia o surpreenderia ainda mais: a pobre mãe, que lhe parecera tão feliz, havia doado o filho para uma mulher que tinha ido embora dali, o mesmo ocorrendo com a parturiente. Assim, jamais se soube do
destino da mãe e daquela criança cuja vida fora salva em meio a tanta emoção e esforço.
Antonio Mestriner
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Borba Cortes, o primeiro secretário de Saúde
Foi redator de O Jornal, sócio fundador do Rotary Club em 1952, fundador do Ambulatório Médico Odontológico Oswaldo Cruz em 1955, professor de Ciências Naturais no Ginásio de Maringá, integrante da Loja Maçônica da Justiça, entre outras atividades. Suplente de vereador na eleição de 1960, foi convocado e assumiu o cargo. Nesse mesmo ano, aceitou ser o primeiro secretário de Educação, Saúde e Assistência Social de Maringá, instalando-se no Posto de Saúde localizado nos fundos da Catedral.
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Em 1962, o dr. Borba Cortes foi agraciado com o título de cidadão Benemérito da Maçonaria Paranaense e, de 1965 a 1966, atuou como governador do Rotary Clube do distrito rotário 463. Com o apoio de diversos colegas, fundou o Clube do Médico de Maringá em 1967, foi correspondente de alguns periódicos especializados de nível nacional, prestou serviços como médico chefe do Instituto Médico Legal (IML) de Maringá e, em 1968, concorreu ao cargo de vice-prefeito. Nos anos de 1969, 1970 e 1971, já com especialização em Medicina Legal, o dr. Borba Cortes participou de diversas bancas examinadoras da Faculdade de Direito de Maringá, da qual, em 1973, tornou-se professor orientador. Manteve seu consultório durante muitos anos na Rua Joubert de Carvalho, 393. Atuou na profissão durante 42 anos ininterruptamente, vindo a falecer em 8 de fevereiro de 1988. Em 1990, o então prefeito Ricardo Barros criou, em parceria com a Fundepar, a Escola Municipal Dr. Helenton Borba Cortes no Parque Residencial Aeroporto.
Homem de múltiplas atividades, chefiou também o Instituto Médico Legal (IML). Nesta página, seu consultório e vários objetos pessoais
Gerência de Patrimônio Histórico do Município de Maringá
O médico Helenton Borba Cortes era um homem incansável, de atividades múltiplas. Curitibano, formado em 1946, ele chegou a Maringá no dia 7 de abril de 1951, com a idade de 31 anos, para instalar o Posto de Higiene ligado à Secretaria de Saúde Pública do Paraná. Nesse mesmo ano, torna-se sócio da Sociedade Médica, onde foi secretário geral e orador. Já casado com dona Giorgina, união da qual nasceram 7 filhos, ele conseguiria mais tarde um terreno para a construção definitiva do Centro de Saúde.
As mudanças do sistema de saúde no Brasil Para melhor entender os acontecimentos da década de 1960, quando o regime militar chegou ao poder e promoveu muitas mudanças, é preciso voltar no tempo e rememorar a evolução do sistema de saúde no Brasil. Em 1930, Getúlio Vargas cria o Ministério do Trabalho. Três anos depois, começa a promover a fusão das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) nos famosos IAPs, os Institutos de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), dos Industriários (IAPI), dos Comerciários (IAPC) e assim por diante. Os IAPs eram autarquias centralizadas no
governo federal e supervisionadas pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, como então se chamava. Ocorre que as CAPs e os IAPs, além das aposentadorias e pensões, prestavam o único tipo de assistência médica disponível aos assalariados, que, entretanto, excluía os trabalhadores rurais e informais urbanos. Durante as décadas de 1940 e 1950, poucos Estados e municípios dispunham de serviços de saúde voltados ao atendimento das necessidades da população; as famílias pobres ou
Em Maringá, resistência As mudanças impostas pelo governo federal encontraram resistência junto aos médicos de Maringá, retratando o sentimento da classe em praticamente todo o País. O processo foi tumultuado, no início, porque não havia organização, a burocracia atrapalhava e os médicos se sentiam desorientados. Por isso, a Sociedade Médica de Maringá, representante da categoria, defendia que se protelasse o máximo possível para que a medicina previdenciária fosse implementada. Embora não se vissem muitos necessitados na cidade naquela época, a Maçonaria mantinha um ambulatório para prestar atendimento gratuito e fazer a distribuição de medicamentos. Mas com o passar dos meses, os dois maiores hospitais de Maringá, a Santa Casa e o Santa Rita, começaram a polarizar o
atendimento segundo as normas estabelecidas pela Previdência, o que gerou desconforto em relação aos hospitais menores e as clínicas. A Santa Casa ficou com a exclusividade no atendimento ao Fundo Rural, o Funrural, ou seja, aos agricultores e seus dependentes, enquanto o Santa Rita e, em menor escala os demais, o restante do atendimento previdenciário. Nessa época, a equipe da Santa Casa, classificada por especialidades, era composta pelos médicos Robson Menon (cirurgião), Mitzy Villanova Menon (anestesista), Saulo Virmond (clínico geral), Thelma Villanova Kasprowicz (pediatra), Aloysio de Lima Bastos (ortopedista), Carlos Antonio Azinelli (obstetra e clínico geral) e Jurema Jorge (obstetra e ginecologista).
indigentes, em função disso, só podiam contar com instituições filantrópicas. Essas e outras deficiências levaram à unificação da legislação referente aos IAPs por meio da Lei Orgânica da Previdência Social, em 1960. A união dos IAPs no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) ocorreria em 1966, no bojo das reformas administrativa, fiscal e financeira introduzidas pela ditadura militar. O INPS passou a ser responsável pela assistência médica dos trabalhadores formais.
Movimento contra o Samdu No mês de agosto de 1963, o dr. Waldyr Coutinho se insurgiu, em nome da Sociedade Médica de Maringá, contra o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU), imposto pelo ministro do trabalho, Amaury Silva, aos médicos de todo o Brasil. Coutinho bombardeou o SAMDU nos microfones e nas páginas dos jornais locais. O programa previa plantões de 24 horas, quando a Sociedade Médica defendia jornadas de 4 a 5. O cardiologista Mário Peixoto foi um dos que procuraram a imprensa para protestar.
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Uma campanha pela ética Sempre firme em seus propósitos, a Sociedade Médica de Maringá tomou a iniciativa de lançar, em 1961, uma campanha a favor da ética entre os profissionais médicos e os prestadores de serviço, promovendo uma assembleia no dia 31 de maio no Grande Hotel Maringá. A condição fundamental para que a campanha acontecesse era o apoio unânime dos médicos associados. Na oportunidade, instituiu-se um compromisso de honra, explicitado em documento que
estabelecia “a união de todos os componentes da Sociedade Médica de Maringá em torno dos ideais comuns de dignificação da profissão médica, e acima de quaisquer interesses individualistas”... “unindo seus esforços aos da Sociedade Médica, no sentido de que todos os serviços médicos da cidade se pautem pelas únicas normas condizentes com a ética profissional”. Ao mesmo tempo, firmou-se um compromisso de honra entre os diretores de hospitais, radiolo-
Um médico na prefeitura Em 1964, um médico se elege prefeito de Maringá: Luiz Moreira de Carvalho, sucessor de João Paulino Vieira Filho. Nessa época, a prefeitura ocupava um edifício de madeira em um terreno localizado fora da área destinada ao Centro Cívico. No ano de 1967, o prefeito solicitou ao escritório Bellucci Luiz Moreira Arquitetos o projeto para o Paço Munide Carvalho cipal e Praça Cívica. A construção foi executada em uma primeira etapa, compreendendo-se o subsolo e o gabinete do prefeito, sendo a obra completada nas duas administrações seguintes. O primeiro arcebispo de Maringá, dom Jaime Luiz Coelho, define Luiz de Carvalho como “um homem muito correto”, em cujo período o principal cartão postal da cidade, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Glória, contou com um grande apoio para a sua construção. Iniciada em 1957, a obra tinha avançado pouco até então. O impulso dado pelo prefeito possibilitou que o monumento, o décimo maior do mundo em altura, com 124 metros, fosse inaugurado em 1972, quando a cidade completou 25 anos. Depois de Luiz de Carvalho, o prefeito foi Adriano José Valente, que deu início a pesados investimentos em obras de saneamento básico por toda a cidade, o que foi mantido e incrementado pelo seu sucessor, Silvio Barros.
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gistas, analistas e especialistas em geral, “lavrado no interesse exclusivo da ordem do exercício profissional da medicina em Maringá, do bom atendimento dos doentes que nos procuram e da retribuição justa e equânime dos serviços por nós prestados à população”. Uma das decisões foi a de não atender paciente enviado por médico que tenha se recusado a endossar o protocolo interprofissional dos médicos da Sociedade Médica de Maringá.
O surto de pólio produzia tragédias em ortopedia na Universidade da Califórnia, em São Francisco, com estágio no Instituto de Reabilitação e Fisioterapia de Nova York, o dr. José Carlos era um médico altamente preparado para esse tipo de intervenção. Em entrevista concedida no dia 1º de maio de 2010, ocasião em que deslocouse de Eldorado (MS) para receber homenagens em Maringá, o dr. José Carlos relata, com os olhos marejados, que mais de 300 crianças passaram pela cirurgia “que lhes devolveu a autoestima”.
Certa vez, aproveitando a passagem da equipe do Santos F.C. pela cidade, o médico conseguiu ter acesso ao elenco e, após uma apresentação da proposta da ANPR, Pelé, sensibilizado, na foto com os jogadores Mauro e Carlos Alberto, o autorizou a utilizar sua imagem em campanhas
Acervo pessoal dr. José Carlos D. Toledo
No início da década de de que conseguissem voltar a 1960, quando a poliomielite se locomover com a ajuda de vitimava um grande número aparelhos. de crianças em todo o Brasil, Maringá e outras cidades do A fundação da ANPR foi preNorte e Noroeste do Estado cedida de uma grande mobiliapresentavam uma quantidazação na cidade que, além do de elevada de ocorrências. dr. José Carlos, contou com a José Carlos Atingidas pela enfermidade, participação dos médicos Luiz Dias de Toledo elas morriam ou ficavam com Sader, seu “partner” na clínica sequelas, pois ainda não havia vacinação ortopédica que mantinha na Avenida Brapreventiva como se faz nos dias de hoje. A sil, Célio Ferraz Serpa, então secretário de vacina Sabin, testada em humanos em Saúde do município, e o proprietário do 1957, só seria licenciada cinco anos mais Hospital Santa Lúcia, Michel Felippe, que tarde. presidiu a campanha. A esse grupo se juntaram, entre vários outros colaboradoEm 1961, após sugestão dada por seu res, o advogado Adriano José Valente e colega de turma, Dalton Paranaguá, o algumas senhoras da sociedade, como a médico ortopedista José Carlos Dias de professora Pivene Piassi de Moraes e doToledo chega a Maringá, vindo de Ribei- na Eugênia Coutinho Meller. Funcionanrão Preto. Ele teria papel dos mais im- do inicialmente ao lado do Hospital Maportantes no enfrentamento da pólio. ringá, em local cedido pelos médicos Dois anos mais tarde, articula a fundação Ivaldo Borges Horta e Francisco Valias de da Associação Norte Paranaense de Rea- Rezende, a associação começou a acolher bilitação (ANPR), cuja proposta era ope- crianças do município e região para a rearar crianças portadoras de sequelas, a fim lização das cirurgias. Tendo vindo de uma bolsa de estudos na National Exchance Service de Washington e pós-graduação
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Médico que fez nome no futebol Pouco tempo depois de começar a trabalhar em Maringá, o dr. José Carlos Dias de Toledo aceitou convite para ser o médico do Grêmio Esportivo Maringá, a equipe de futebol da cidade. “Pé quente”, participou de conquistas memoráveis, como o bicampeonato paranaense em 1963 e 1964 e o Torneio “Robertinho”, de âmbito nacional, em 1969. Três histórias sintetizam a sua passagem pelo esporte, ao qual esteve ligado por doze anos. No ano de 1965, durante partida contra o Arapongas no Estádio Willie Davids, pelo estadual, o goleiro Adilson, do time adversário, deixou o campo com fratura exposta. Requisitado, o dr. Toledo fez do vestiário do Grêmio o seu ambulatório e o atleta, poucos meses depois, estava apto a jogar. Ainda na década de 1960, fazendo partida amistosa contra o Grêmio, a seleção da Romênia perdeu de 4 a 2 em Maringá, num jogo em que o seu goleiro Adamache sofreu afundamento do malar (zigoma) direito, em disputa de bola com o centroavante Ademir Rodrigues. Então, devidamente autorizado pelo superin-
O Grêmio Maringá em 1965: vários títulos importantes na década tendente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), Mozart Di Giorgio, o dr. Toledo teve a oportunidade de operá-lo na Clínica Zacarias, de propriedade de Naby Zacarias. Satisfeito, o goleiro enviaria cartões postais ao médico brasileiro, agradecendo o atendimento prestado. Sabendo que o centroavante Itamar Bellasalma havia sido dispensado pelo Palmeiras, que o considerara acabado para o futebol, o dr. Toledo decidiu ir a Marília avistar-se com o jogador. Acreditando que o atleta ainda tinha potenci-
al, trouxe-o para Maringá onde, inicialmente, enfrentou dura resistência por parte dos dirigentes do Grêmio. Mas com o aval do médico, Itamar foi contratado e, no campeonato estadual de 1977, ele não só foi o artilheiro disparado da competição, como o autor do gol que deu o título daquele ano ao time. Em 1981 ele se muda para Eldorado (MS), onde mantém clínica ortopédica e se torna pecuarista. Calcula que, ao longo de sua carreira, tenha atendido a mais de 53 mil pacientes, média de mil por ano.
Evolução da Previdência Social no Brasil 1923 - CAPs (Caixas de Aposentadorias e Pensões) 1930 - IAPs (Institutos de Aposentadorias e Pensões) 1933 - IAPM (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos) 1934 - IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários e IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários) 1936 - IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários) 1938 - IAPETEC (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transporte e Carga) 1941 - IPASE (Instituto de Pensões e Assistência aos Servidores do Estado) 1953 - CAPFESP (Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e de Empresa do Serviço Público) 1960 - (IAPFESP (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos) 1966 - (Fusão de todos os IAPs no INPS (Instituto Nacional de Previdência Social)
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Cooperativismo x mercantilismo
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A primeira Unimed em Santos Até o final da década de 1960, o Brasil passava por uma profunda reforma da Previdência Social, deixando um vácuo na medicina assistencial, o que criou um ambiente propício para o surgimento de diversos modelos de atendimento médico
O
livro “Unimed, 40 anos de cooperativismo médico no Brasil”, editado em 2007, relata que até 1966 havia vários Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), cada qual responsável pelo atendimento de uma categoria profissional, como comerciários, bancários e industriários, entre outras. Em novembro daquele ano, um decreto-lei federal reuniu os seis IAPs no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que mais tarde viria a se transformar no Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), extinto em 1990 para dar lugar, finalmente, ao Sistema Único de
um modelo global, o convênioempresa, que consistia na retenção de 10% do salárioO governo tentava unificar mínimo de cada empregado e a assistência médica, o que de cada dependente inscrito. acabou não ocorrendo. O As organizações acrescentasistema não oferecia qualidavam um valor à porcentagem de nem comportava o grande retida e terceirizavam o sernúmero de brasileiros que Edmundo viço de saúde para empresas necessitava de atendimento. Castilho especializadas. Assim, nascia a A sociedade estava acostumada à medicina particular e à assistên- medicina de grupo, logo vista como cia médica oferecida por instituições danosa para a relação médico-cliente de caridade ou as santas casas de mi- por interferir com objetivo de lucro, e como ameaça à autonomia e à própria sericórdia. sobrevivência da atividade liberal da Para aliviar a situação, o INPS criou medicina. Saúde (SUS).
Tudo começou com um visionário Na cidade de Santos (SP), o médico Edmundo Castilho, um paulista de Penápolis formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba (PR), despontava como um incansável defensor de uma medicina em que os profissionais não ficassem à mercê de empresas mercantilistas. Líder nato, que sempre procurou lutar por tudo o que queria na vida, ainda na mocidade, com seu espírito irriquieto e sonhador, ele preferiu deixar a tranquila situação de filho de fazendeiro em sua cidade, onde o pai era um próspero criador de bois, para realizar o
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desejo de ser médico. “Esquece que sou o seu pai”, disse-lhe o contrariado genitor, em tom definitivo, entregandolhe nas mãos um maço de dinheiro. Ao rapaz, que já estava em São Paulo, só restou encarar o desafio de batalhar por um emprego para se manter e pagar o cursinho. Não se deu mal: determinado, atuou em uma empresa de transporte da Matarazzo na Avenida Água Branca e, por algum tempo, foi locutor na Rádio Excelsior. Após ser aprovado em medicina na capital paranaense, o estudante refez os laços com o pai e, durante o período em que esteve na universidade, tornou-se um hábil
articulador político. No sexto ano, à frente do diretório acadêmico, organizou uma grave por causa de alunos excedentes e teve ativa participação na UNE, a União Nacional dos Estudantes, cuja sede ficava no Rio de Janeiro. Em suas viagens para a então capital federal, o atrevido Castilho não deixava por menos: insistia em ser recebido por ninguém menos que o presidente da República, Juscelino Kubstchek de Oliveira. Queria protestar contra a falta de recursos para a conclusão do hospital das clínicas, em Curitiba. Em uma de suas tentativas, foi recebido pelo presidente, que lhe assegurou a verba.
Formado, o jovem médico Edmundo Castilho decidiu continuar no Paraná, indo trabalhar, já casado, na cidade de Apucarana, que apresentava intenso desenvolvimento e a possibilidade de ganhar dinheiro. Lá, o casal adoeceu e
A ideia se cristaliza
ficou por pouco tempo. Em resumo, transferiu-se para Santos, onde o dr. Castilho empregou-se no Iapatec e no IAPM. Com sua experiência na militância política, em apenas três anos foi eleito pre“Nos primeiros meses as coisas não ansidente do Sindicato dos Médicos. davam, ninguém entendia nada e não tínhamos dinheiro para publicidade, então era boca-a-boca e amigos”, disse o médico. Como tudo o que é novo, a Unimed suscitava dúvidas, reunia 100 médicos e nem perativa sem saber nada sobre coopera- todos acreditavam, tanto que até mesmo tivismo. Disse-lhe o amigo: “Você está no oposição havia. O médico Nestor Biscardi, um dos fundadores da cooperativa de Sancaminho certo, é isso aí mesmo”. tos, lembra que o início “foi muito difícil”, “O cooperativismo é uma sociedade porque os profissionais e as empresas não aberta, sem fins lucrativos e que busca acreditavam no sistema: “O dinheiro não fazer justiça social. Ela surge de um sonho era suficiente para pagar os médicos. Houda humanidade, como uma forma de ve até um episódio interessante. Um dos humanização do capitalismo”, afirmou o colegas apareceu na sede e disse: 'ou vocês me pagam ou levo esta máquina de esdr. Castilho. crever embora'. Ele pôs a máquina debaixo O objetivo era justamente evitar a in- do braço e foi saindo. Tivemos que correr termediação da medicina de grupo, res- atrás dele”. peitando a autonomia dos medicos e o Aos poucos, no entanto, a estrutura foi atendimento em consultórios. Eles se se consolidando e sementes eram lançapropunham a oferecer a mesma qualidade de assistência aos diferentes níveis das em várias regiões do País. Para Biscarprofissionais das empresas, dos direto- di, o exercício da chamada medicina liberes aos funcionários mais simples. O ral estava associado a uma qualidade meconceito era complementar o trabalho lhor da assistência prestada: “Os médicos associados, sendo os proprietários, recedo INPS. beriam a justa remuneração por seu trabalho em troca de um alto padrão de atendimento aos usuários. Mas quando começou a Unimed em Santos, achávamos que aquele movimento ia se restringir à nossa região, não se esperava um crescimento marcante como esse”.
A saída: o cooperativismo O grande problema era a medicina mercantilista. Os hospitais começaram a se assanhar para se fechar e praticar essa medicina, em que os profissionais acabavam preteridos em favor do lucro. Disse o dr. Castilho: “Tínhamos que encontrar uma maneira de impedir essa situação”. Então, ele idealizou uma estrutura baseada na cooperação, na ética e no respeito aos usuários, seguindo orientações de um conhecedor dessa matéria, o amigo Dr. Francisco de Toledo Pizza, que na época presidia em São Paulo o montepio do cooperativismo, o Montecooper. “Nos encontramos justamente no momento em que ele soube que eu estava cogitando encontrar alguma saída para a situação de exploração dos médicos pelas empresas mercantilistas”, acrescentou. Ainda antes de conversar com o Dr. Pizza, o dr. Castilho havia imaginado uma coo-
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A DÉCADA DE 1970
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Ideia se espalha, mas com nomes diferentes Com isso, o sistema ficou unificado e fortalecido. E contra as cooperativas, como era de se esperar, se insurgiu a medicina mercantilista, e houve até briga
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om o tempo, a Unimed propagou-se para outros Estados, além de São Paulo: Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nessa história toda, o “pulo do gato”, segundo o próprio dr. Castilho, é que todas elas ficaram unificadas e fortalecidas em um sistema.
nome Medminas; no Paraná, Medpar; em Santa Catarina, Medsan. Depois, houve uma convenção em Campinas, quando se propôs que todas utilizassem a denominação Unimed e os dois pinheirinhos estilizados, como é até hoje, organizando um grande guardachuva.
Nestor Biscardi, um dos fundadores em Santos, observa que no início nem todas as cooperativas usavam o nome Unimed. Em Belo Horizonte, preferiam o
Mas as coisas não eram nada fáceis. Contra as cooperativas, como era de se esperar, se insurgiu a medicina mercantilista. Contudo, a aprovação de uma
lei de previdência privada moderna, no Congresso, garantiu fôlego para que a Unimed seguisse adiante, mesmo com a revolta declarada de alguns que se sentiam contrariados em seus interesses. O dr. Castilho que o diga: “Foi uma revolução e uma revolução sem morte não existe. Teve um caso concreto de violência, um médico que vivia anunciando que se cruzasse comigo ia enfiar o braço (...) até que um dia ele veio com tudo e nos agarramos. Foi um 'pega pra capar'”.
Surgem as federações e as primeiras Unimeds no Paraná Na década de 1970, o país via desenvolver-se, significamente, a saúde complementar, fazendo surgir cinco modalidades diferentes de assistência médica: medicina de grupo, cooperativas médicas, autogestão, seguro-saúde e plano de administração. Foi nesse período que fundaram-se as primeiras federações: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A do Paraná nasceu em 18 de agosto de 1979 por quatro cooperativas: Londrina, Curitiba, Ponta Grossa e Guarapuava. Por fim, a Confederação Nacional das Cooperativas Médicas, a Unimed do Brasil, nasceu em 1975 em meio a mais uma disputa: informados sobre a intenção da Associação Médica
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Brasileira (AMB) de fundar uma confederação e assumir o seu comando, alguns dirigentes de federações anteciparam-se e criaram a confederação por meio de um protocolo de intenções. Isto tudo uniformizou e ensejou o mesmo padrão a todas as cooperativas. A criação da Unimed Santos, portanto, não apenas serviu de modelo para o restante do Estado e do País, como inspirou diversos países que convidavam seus precursores a apresentar essa experiência cooperativista, que se propagava aos quatro ventos. Assim, por mais de 40 anos o idealiza-
dor da Unimed trabalhou dia e noite para a realização de seu sonho, a criação de um sistema de prestação de serviços médicos de qualidade para a população, sem que os profissionais fossem explorados. E, apesar do grande reconhecimento que tem nesse meio, sendo merecedor de muitas homenagens, o dr. Castilho deixa escapar uma ponta de tristeza, que vem justamente da vida em família. Sua mulher é quem diz: ele foi um marido e pai ausente. Mas realizou um grande trabalho: “Larguei mão de tudo pela Unimed, parei de operar, parei de ganhar dinheiro. Mas não tenho arrependimento. Eu cumpri a minha missão”.
Acervo: Unimed Paraná
Acima e ao lado, respectivamente, as primeiras sedes em Curitiba e Londrina
Começo difícil As duas primeiras cooperativas Unimed no Paraná foram as de Londrina e Curitiba, implantadas apenas quatro anos depois da de Santos, em 1971. Sementes que germinaram em solo ávido. Os londrinenses criaram a sua no dia 11 de março, depois que oito médicos se reuniram na Associação Médica e se comprometeram a convencer outros profissionais a
participar. “A administração de uma cooperativa era um desafio para quem estava acostumado com o sistema mercantil ou empresarial normal. A mentalidade cooperativista não era facilmente assimilada por quem foi formado num ambiente de competição e especialização. Por isso, foi muito difícil o começo
da Unimed Londrina”, disse José Gouveia, administrador que redigiu a ata da primeira assembleia e durante três décadas gerenciou a entidade. Na capital, 23 fundadores subscreveram a ata de instalação a 6 de agosto. E outras Unimed surgiram no Paraná, entre as quais a de Ponta Grossa, em 1978.
A primeira UTI em Maringá Em Maringá, ainda no ano de 1971, um grupo de médicos ligados a insuficiência respiratória, problemas hemodinâmicos e distúrbios metabólicos, reuniram-se e autorizados pelo Hospital Santa Rita, formaram ali uma Unidade de Terapia Intensiva. Uma sala terceirizada aos médicos Mário Lins Peixoto, Cláudio Sandri (cardiologistas); Valdemar Rodrigues de Lima (pneumologista e cirurgião torácico) e Fábio Junqueira Vilela Pedras (anestesiologista). Essa primeira UTI de Maringá contava com três leitos, sendo fundamental o trabalho das enfermeiras Nair Nunes e
Elza Thomé Gumieri, que tinham experiência com o respirador Bird-Mark7. Foi um avanço para Maringá. Em 1975, a direção do hospital assumiu a administração das UTIs. Nessa época, o Santa Rita contava com o seguinte corpo clínico: dr. Fábio Junqueira Vilela Pedras (anestesiologista), drs. Mário Lins Peixoto e Cláudio Sandri (cardiologista), drs. Alfredo Garcia e Francisco Caponi (gastroenterologia e cirurgia. Geral), drs. Walter Álvaro da Silva e Iorfinda Mora (ginecologia), drs. Nélson de Brito, Oswaldo Rodrigues Truite e Douglas Antonio Jozzolino
(neurologia e neurocirurgia), drs. Hiran Mora Castilho, Alber de Brito e Fumiya Horita (Ortopedia), dr. Murilo Narciso (pediatria), drs. Aleudo Santana, Hélio Pozzobon e Marcelo de Paula Eduardo (urologia), e João Belczack Neto (angiologia e cirurgia Vascular). O dr. Mário Lins Peixoto explica: o conceito das UTIs ainda era recente no país, existindo apenas no exterior a partir da década de 1960. Depois do Santa Rita em Maringá, de cujo trabalho também participou, ele estruturou uma UTI na Cardioclínica para dar apoio às cirúrgicas cardíacas. O CAMINHO DO TEMPO |
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Maringá, a oportunidade Como o marido Edmundo Especializada em ginecoloera funcionário do Banco do gia e obstetrícia, a dra. Késia Brasil, a vinda para Maringá foi conta que, inicialmente, por uma contingência na vida da ser muito jovem e haver poudra. Késia Pimentel Albuquercas médicas em atividade, teve que, formada pela Faculdade que conquistar a confiança das de Ciências Médicas do Recife. clientes e também dos outros Eles chegaram no dia 5 de juprofissionais. Mas orgulha-se A dra. Késia: na nho de 1973, atraídos por uma cidade desde 1973 por jamais ter precisado assiregião que oferecia muitas nar o atestado de óbito de uma oportunidades. Na época, a Universida- paciente. de Estadual de Maringá (UEM) estava começando e o marido, formado em CoNa época em que atuou na Santa municação Social, pensava em aprovei- Casa, o movimento, recorda-se, era 50% tar a chance de prestar serviços à insti- de indigentes e 40% de Funrural, ou seja, tuição. Mas, se dependesse só da mé- pacientes que vinham do campo. dica, ela bem que gostaria de ter feito, Atendia, em média, por mês, 45 partos e antes, um curso sobre infertilidade em cesáreas, trabalhando dia e noite. De Campinas, o que acabou não dando quando chegou até hoje, calcula que certo. Em Maringá, apaixonaram-se pela mais de 6.200 crianças nasceram ascidade. sistidas por ela.
A própria dra. Késia, quando grávida de oito meses, à espera do segundo filho, entrou em trabalho de parto durante uma consulta e, mesmo assim, se dispôs a fazer mais um atendimento antes de dirigir-se ao hospital. E, não raro, nos finais de semana, por falta de uma ajudante, se obrigava a levar consigo a filha Adriana, juntamente com um colchonete e brinquedos, enquanto em casa o marido ficava com o outro filho, Moisés. Os dois hoje são médicos, clinicando em Maringá na área da dermatologia no mesmo endereço da mãe. Em abril de 2007, ela recebeu o título de Cidadã Benemérita de Maringá, por proposição da vereadora Márcia Socreppa, em reconhecimento ao seu trabalho.
O Dr. Etelvino quase virou nome de parque Médico que chegou a Maringá na década de 1960, proveniente do Norte Pioneiro do Paraná, onde já havia exercido por bastante tempo a profissão, o dr. Etelvino Bueno de Oliveira, viúvo, passou a prestar atendimento no Posto de Tracoma que existia na cidade. O tracoma, por ser uma doença oftálmica altamente contagiosa, de etiologia bacteriana, causadora de comprometimentos na córnea e na conjuntiva, exigia muitos cuidados. E como Maringá recebia, ainda naquela década, contingentes de imigrantes japoneses, autoridades sanitárias julgaram providencial a instalação de uma unidade de atendimento local. Profissional respeitado, o dr. Etelvino conquistou prestígio entre a população.
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Ocorre que após a sua morte, o município quis prestar uma homenagem ao médico, sugerindo seu nome à reserva onde é hoje o Parque do Ingá, e que ainda não tinha essa denominação.
polêmica. E, em vez de Parque Dr. Etelvino Bueno de Oliveira, o nome ficou, simplesmente, Parque do Ingá.
No entanto, a existência de ingazeiros naquele recanto levou o jornalista Antonio Augusto de Assis, do jornal Folha do Norte, a desfechar uma campanha sugerindo que a municipalidade adotasse, isto sim, a denominação Parque do Ingá, simples e de fácil lembrança, justificando ainda que a sonoridade rimava com o nome da cidade. Coube ao vereador Antonio Facci apresentar o projeto que acabou com a
O Parque do Ingá em foto de 2010
O popular dr. Naby Com clínica instalada na rua Joubert de Carvalho, o dr. Naby Zacarias, que tinha vindo de Paraíso do Norte, onde mantinha uma casa de saúde, era um médico popular e querido em Maringá. Mesmo assim, não conseguiu eleger-se nas ocasiões em que tentou ser vereador e prefeito. Um dia, o dr. Naby foi procurado por um candidato a deputado federal que pediu o seu apoio. Antes de dar a resposta, o médico disse que gostaria de
Previdência testar a popularidade do candidato, convidando-o para que juntos fossem ao Atlântico, um grande salão de danças que existia na Avenida Mauá. Em um local tão popular, que vivia abarrotado de gente, o dr. Naby entrou com o sujeito a tiracolo e, sem demora, começou a receber afagos, cumprimentos e abraços. Mas só ele. Ao final de uma volta completa pelo salão, já tinha a resposta, dada em tom lacônico: “Olha, se eu que sou conhecido não consigo me eleger, imagina você...”
Na década de 1970, foi instituído o Ministério da Previdência e Assistência Social, e o INPS foi desmembrado em três: o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas), que arrecadava e administrava os recursos; o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) e o próprio INPS (criado em 1966), agora restrito a calcular, conceder e pagar os benefícios previdenciários e assistenciais.
O homem acabou desistindo.
A distração O engenheiro agrônomo Marino Hideo Akabane, que durante anos trabalhou na Cocamar e em duas outras cooperativas da cidade, recorda-se que o antigo Hospital São Francisco, situado na Avenida Parigot de Souza, centro de Maringá, era todo de madeira, pequeno e com instalações rústicas. “Mais se parecia com uma pensão.” Foi ali, no final dos anos 1970, que levou a esposa para dar à luz o primeiro filho, cujo nascimento ficou sob os cuidados do dr. Massaki Murata, um defensor do parto normal. Como era época de Copa do Mundo, Marino se recorda que havia um cor-
redor comprido no interior do hospital, onde foi instalada uma televisão para que se pudesse assistir aos jogos da seleção. Compenetrado na partida, o agrônomo, que esperava pelo nascimento do filho, acabou perdendo a noção de tempo. E nem percebeu que o próprio dr. Murata, a partir de determinado momento, tinha se juntado ao grupo de torcedores. Só pouco mais tarde, ao se dar conta disso é que, enfim, saltou de sua cadeira e ficou sabendo que o parto já havia acontecido há algum tempo e estava tudo bem.
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Médicos de origem japonesa e sua participação Filho de japoneses estabelecidos em São José da Bela Vista (SP) para trabalhar na agricultura, o médico Benedicto Ogava, nascido em 1930 e formado em 1957 pela Faculdade Federal Fluminense do Rio de Janeiro, foi o primeiro médico nissei a estabelecer-se com um consultório em Maringá. Isto aconteceu em 1960, após ter sido designado pelo antigo Departamento Nacional de Endemias Rurais (Deneru) para atuar no combate à esquistossomose no norte do Paraná. A doença, que o povo simples chamava de “barriga d’água”, ocorria mais intensamente nos municípios de Jataizinho, Ibiporã e Jacarezinho. Em Maringá, onde não havia essa enfermidade, o dr. Benedicto, especializado em clínica e cirurgia geral, atuou principalmente no tratamento da parasitose intestinal. O propósito, quando ele veio ao norte paranaense, era regressar tão logo desse por terminada a sua missão. Mas o final da história foi outro. Encantado com as perspectivas oferecidas pela cidade, o médico demitiu-se do serviço público e abriu um consultório na Avenida Brasil. Ele só não foi o primeiro profissional “japonês” da área de saúde, porque já havia na cidade o Hospital São Francisco, construído alguns anos antes pelos médicos Jorge Sato e Toshio Kohatsu. Com seu conhecimento e versatilidade, o dr. Benedicto dedicou-se a tratamento domiciliar na zona rural, atendendo crianças, idosos e fazendo partos. Além de muita verminose e infecção intestinal, deparava-se com inúmeros casos de difteria, perdendo a conta de quantas crianças conseguiu salvar. Da morte livrou também uma enorme quantidade de crianças acometidas do Mal de Simioto, a tal “doença do macaco”, causada por infecção que levava a um quadro tão grave
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de desidratação que as pessoas mais humildes, por compreensível ignorância, acreditavam não existir cura.
pre foi grande na cidade e região. O dr. Benedicto conta que Kazumi Taguchi, uma das lideranças entre as famílias de origem oriental, é quem intermediava os contatos: “ele ajudava muito o pessoal, especialmente aqueles que necessitavam de atendimento fora de hora”.
Viajava de jipe, como todo mundo, enfrentando estradas barrentas. Foi numa dessas que, um dia, estreando um re- Benedicto Ogava luzente Dolphine, atolou e preO médico fala com orgulho dos vários cisou dormir na casa de um paciente a quem tinha ido ver. Trabalhou no Hospital reconhecimentos que recebeu. Em 1957, Santa Cruz e, o lado de Jorge Sato, que recém-egresso do curso de Medicina, foi considerava “um excelente cirurgião”, agraciado com diploma de honra ao mériprestou serviços no Hospital São Francis- to por contribuir, com seus serviços, para a co. Em 1973, aceitou convite de Said Fe- prevenção da cegueira no país. Durante a lício Ferreira para atuar como ginecologis- década de 1970, atuou no esclarecimento ta e obstetra no Hospital São Marcos, onde da população sobre a necessidade de uma o que não faltava era serviço. Tanto que, adequada dieta alimentar e, como cidacerto dia, entre 1975 e 1976, recorda-se dão, no apoio a movimentos de alfabetizade ter atendido a 127 pacientes. Ao todo, ção. Em 1987, com 25 anos de profissão na ao longo da carreira que decidiu encerrar cidade, foi um dos profissionais homenana década de 1980, calcula ter passado geados pela Sociedade Médica de Maringá por suas mãos 53 mil pessoas, realizando e, no ano de 2008, com 50 anos de carpelo menos 5 mil partos. Entre seus pa- reira, fez jus ao diploma de mérito ético cientes, como era de se esperar, muitos de profissional, concedido pelo Conselho Reorigem japonesa, cuja comunidade sem- gional de Medicina.
O Hospital Paraná impulsionou uma saudável concorrência Graduado em 1968 pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o médico Minao Okawa chegou preparado a Maringá em 1971, onde passou a prestar serviços em cirurgia geral, gastroenterologia endoscópica digestiva, cirurgia oncológica e videolaparoscópica. Foi um dos primeiros profissionais de saúde da cidade a ter residência médica e pós-graduação juntamente com Pedro Barros, da Santa Casa, e Milton Cury, do Hospital
São Marcos. No início, com suas poucas economias, o médico chegou a morar alguns meses em uma sala improvisada no Edifício Atalaia, em companhia do amigo Kemel Jorge Chammas. Atuou nos hospitais Modelo e São Francisco, formou clientela e foi construindo uma carreira bem sucedida. Anos depois, já na condição de sócio do Hospital São Francisco, ao lado de
1.200 leitos. Um sonho. PoMurata Massaki e Hiromi Yarém, ao bater os olhos na planmaguchi, o dr. Minao planejou ta sobre a sua mesa, a arquitea expansão do estabelecimenta Irene, aquela mesma do Mito, cujo projeto foi apresentanistério da Saúde, foi tão ou do para aprovação junto ao mais intempestiva quanto da Ministério da Saúde em Braoutra vez: “Vocês estão mais sília. “Vocês estão loucos”, disloucos ainda”, considerando, se-lhes a arquiteta de nome Minao Okawa agora, o projeto superdimenIrene, conforme lembra o mésionado. Diante disso, em vez dico, para espanto de todos. A justificativa era de que não valeria a pena de um prédio único e tão alto, o hospital investir na ampliação de um hospital que foi levantado em três amplas alas interlisequer ofereceria estacionamento, “mas gadas por rampas suaves, para 350 leitos. naquela época ninguém pensava nisso, A cotização entre 23 médicos fundadores tanto que nenhum hospital da cidade permitiu que a construção fosse executatinha estacionamento”, argumentou o dr. da, penosamente, sem recorrer a finanMinao. Nascia a ideia de construir um ciamentos. E para o início das atividades, moderno hospital, sendo, para esse fim, em 1983, o hospital contou com equipamontado em 1976 no Centro Médico Nilo mentos trazidos do velho São Francisco, Cairo um escritório para cuidar do assun- que seria demolido. Quando da inaugurato. Presidida por Minao Okawa, uma co- ção, lembra o dr. Minao, não faltava quem missão contava também com os présti- achasse que o empreendimento seria um mos dos médicos Paulo Lima e Nélson “elefante branco”. Mas, em vez disso, reBagatin, este último na função de presentou um grande avanço para a metesoureiro. Ao mesmo tempo em que se dicina de Maringá e região, criando novas co-meçou a procurar um terreno, um referências e obrigando os demais hoscurso de administração hospitalar foi pitais a modernizarem-se, o que o médico viabilizado pelo Sebrae junto ao Grupo chamou de “uma saudável concorrência”. Ele fez questão de destacar que, nos priSão Camilo de São Paulo. meiros anos do hospital, foi de grande imAparecia, tempos depois, a oportuni- portância o trabalho e a presteza das irdade para a compra de um terreno, que mãs do Sagrado Coração de Jesus, coorpertencia aos sócios Jud Nicolau e Edu denadas pela irmã Brígida. O hospital foi o Affonso Almeida. A pedida, que correspondia a um “dinheirão” para a época, “coisa talvez de uns 80 milhões de cruzeiros”, valor do qual o dr. Minao não se recorda precisamente, foi coberta com um cheque mediante prazo para que os sócios do empreendimento se cotizassem.
primeiro a ter como responsável uma profissional graduada em Administração Hospitalar: Rosely de Oliveira Zerbetto. UNIVERSIDADE – O dr. Minao Okawa ressalta a importância para Maringá e região o início do curso de Medicina na UEM, engajando-se desde logo no ensino médico, lecionando no Bloco 79 a disciplina de técnica operatória. Com orgulho, mostra seus diplomas de mestrado e doutorado e seus olhos brilham quando menciona dezenas de médicos especialistas que foram seus alunos. Hoje, ele é docente adjunto da Faculdade de Medicina da UEM, sendo por vários anos seguidos, inclusive em 2010, homenageado com o nome da turma. UNIMED – Um dos fundadores da Unimed Maringá, o dr. Minao foi o seu primeiro auditor, analisando contas hospitalares nos prontuários. Recebia para essa missão uma consulta Unimed ao mês, a título de pró-labore. “Poucos acreditavam na cooperativa, muitos tinham seus pacientes particulares”, relata o médico, que é cidadão benemérito de Maringá, cidadão honorário do Paraná, membro da Academia Paranaense de Medicina e merecedor de inúmeras homenagens. “O meu maior patrimônio, mesmo, é a família”, finaliza o dr. Minao, que é casado com uma maringaense, união da qual nasceram dois filhos - um deles médico. O Hospital Paraná, que representou um
O arquiteto Aldo Matsuda, sob o assessoramento de Domingos Fiorentini, projetou um edifício de 14 andares para
grande avanço, foi inaugurado em 1983
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A fundação da Unimed Maringá Cooperativa começou modestamente, tomando como referência a de Londrina, que já era um sucesso
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o dia 5 de agosto de 1982, um grupo formado por 40 médicos reuniu-se na sede da Sociedade Médica de Maringá, no Edifício Atalaia, situado na rua Joubert de Carvalho, 623, 8º andar, salas 801/2. Em pauta, a criação de uma cooperativa voltada à prestação de serviços profissionais, nos moldes das que haviam surgido e continuavam a florescer em várias regiões do País, inclusive no Paraná, e a aprovação de seu estatuto social, elaborado de conformidade com a Lei 5.764 de 16 de dezembro de 1971. Congregar os serviços dos médicos cooperados, proporcionando-lhes condições para a execução de seu trabalho, e também a defesa econômica e social dos profissionais, eram os principais objetivos. Pouco tempo antes, ao participar de um encontro sobre cooperativismo em Londrina, o presidente da então Cooperativa de Cafeicultores de Maringá (Cocamar), Constâncio Pereira Dias, um cooperativista entusiasmado, procurou despertar a atenção de alguns médicos, amigos seus, para o que apregoava ser uma interessante novidade. Constâncio, que faleceu em 1999, tinha a convicção de estar disseminando a semente de uma nova cooperativa em Maringá. E foi o que aconteceu. O primeiro endereço da cooperativa
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foi um pequeno espaço onde funcionava a Sociedade Médica de Maringá (SMM), no Edifício Atalaia. Ficou registrado na ata inaugural, segundo o artigo 22º do Estatuto Social e Regimento Interno da Unimed: “A Assembleia Geral, Ordinária ou Extraordinária, é o órgão supremo da Cooperativa, dentro dos limites legais e estatutários, tendo poderes para decidir sobre os negócios relativos ao objeto da sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e suas deliberações vinculam a todos, ain-
da que ausentes e discordantes”. De acordo com o artigo 32º do Estatuto Social e Regimento Interno, “a Assembleia Geral Ordinária reunir-se-á, obrigatoriamente, uma vez por ano, no primeiro trimestre civil”. Basicamente, a função da Assembleia Geral Ordinária é deliberar sobre a prestação de contas. Em relação à Assembleia Extraordinária, o artigo 34º estabelece que a mesma “realizar-se-á sempre que necessário e poderá deliberar sobre qualquer assunto de interesse da Cooperativa, desde que mencionado no Edital de Convocação”.
Foi Constâncio Pereira Dias, entusiasmado cooperativista, quem convenceu amigos médicos a irem conhecer em Londrina uma experiência nessa área. Ao lado, o edifício Atalaia, no centro de Maringá, onde a Sociedade Médica cedeu espaço em suas instalações para abrigar a primeira sede da cooperativa recém-fundada
Londrina, a referência Naquela época, pouco ainda se sabia sobre o funcionamento de uma cooperativa, mas os médicos Nélson Couto de Rezende e José Carlos Fernandes prontificam-se a ir a Londrina para ver de perto a tão bem falada Unimed. De lá, onde foram recebidos por Fernando Barreto, um de seus diretores, eles voltaram tão empolgados e convencidos a fundar a Unimed Maringá que, em poucas semanas, a proposta receberia o apoio de dezenas de profissionais. Naquela data, portanto, houve a assembleia de instalação da cooperativa e cada um dos membros fundadores subscreveu 400 quotas-partes no valor de 5 mil cruzeiros. O médico José Carlos Fernandes foi nomeado por aclamação para dirigir a assembleia, que teve na função de secretário o dr. Robson José da Silva Souza. Na oportunidade, o primeiro Conselho de Administração, com mandato de quatro anos, foi composto por Nélson Couto de Rezende, José Carlos Fernandes, Julio Meneguetti Neto, Robson José da Silva Souza, Armando Rodrigues Cabelera, Riuzi Nakanishi, Dacymar Caputo de Carvalho, Urbano Pastana e Antonio Carlos Pupulin. E, por indicação dos integrantes, foi eleita a primeira diretoria, formada por Nélson Couto de Rezende, no cargo de presidente, José Carlos Fernandes, secretário, e Julio Meneguetti Neto, superintendente. Nessa mesma oportunidade, foi eleito o Conselho Fiscal, integrado por Paulo Roberto Curi Frascarelli, Lúcio Esteves, Osvaldo Bertoldo da Silva, Paulo Afonso de Almeida Machado, Everaldo Ramos França e Paulo Moia Guirello.
Médicos fundadores • Adécio Cândido da Rocha
• Nélson Aparecido Bagatin
• Adaelson Alves da Silva
• Nélson Couto de Rezende
• Ângela da Silva Lima
• Neudair Fernando Sanches
• Antonio Carlos Pupulim
• Nilson Didoni
• Antonio Carlos Schreiner
• Osvaldo Bertoldo da Silva
• Armando Rodrigues Cabelera
• Paulo Afonso de Almeida
• Dacymar Caputo de Carvalho
Machado
• Derli Antonio Bernardi
• Paulo Maia Guirello
• Everaldo Ramos França
• Paulo Roberto Cury
• Gilberto Giampá Scheibel
Frascarelli
• Glicério Pereira de Souza
• Paulo Roberto Donadio
• Hiran Mora Castilho
• Paulo Henrique de Lima
• Hiromi Yamaguchi
• Raul Bendlin Filho
• Ivaldo Meneguetti
• René Guilherme Schreiner
• José Carlos Fernandes
• Riuzi Nakanishi
• José Carlos Souza Castanho
• Robson José da Silva Souza
• Julio Meneguetti Neto
• Urbano Pastana
• Lourenço Tsunetoni Higa
• Tadeu Penteado Virmond
• Lucio Esteves
• Valdemar Rodrigues de Lima
• Masaiti Satake
• Valentin Constant Sella
• Minao Okawa
• Takumi Takaoka
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Elis Regina, Itaipu, ET, “Thriller”... A Unimed Maringá era apenas uma ideia no papel em meio a dificuldades e muitas incertezas. O ano de 1982, no Brasil e no mundo, ficou marcado por acontecimentos como a perda da cantora Elis Regina, a inauguração da Hidrelétrica de Itaipu, a realização de eleições diretas gerais (menos para a presidência da República), a Guerra das Malvinas, o lançamento do filme “ET, o Extraterrestre”, e do álbum “Thriller”, de Michael Jackson. Na Espanha, com três gols de Paolo Rossi, a seleção italiana eliminava a do Brasil da Copa do Mundo, causando grande comoção nacional.
Grudados ao t elefone
O dr. Júlio Men eguetti Neto, p rimeiro superintendente da Unimed Mar ingá, conta que no início os méd icos eram arre dios à ideia de se criar uma co operativa. “Ele s não demonstravam muito intere mados ao sistem sse pois estavam acostua tradicional”, afirma. Então, ele, o dr. Nélso n e o dr. José C Dr. Júlio arlos passaram dias grudados ao telefone, lig M en eguetti Neto ando para toda classe médica a da cidade, tent an do reunir um gr a fundação. “F upo que viabili oi uma tarefa ca zasse nsativa, mas co Júlio, cuja fam n seguimos”, diz ília havia cheg o dr. ado a Maringá 1940 para plant no final da déc ar café. ad a de “A dedicação d e pessoas com o o dr. Nélson e fundamental p o dr. José Carlo ara que, depois s foi , a U nimed fosse em dificuldades e m frente, pois hav uito pouca parti ia cipação”, comp leta.
Um avanço
ica”
Uma “coisa ún
1973, Maringá desde em , za u So a lv iva n José da Si u uma alternat o nt se re p O médico Robso re nimed e além do rgimento da U a vez maiores d ca s o conta que o su n la p o, paporque existiam zavam o médic ri ei rc te s re para a classe, la cu u que criando de saúde parti m. “Se imagino ia mais, hospitais er u q to an u q . Foi numa podiam e a essa situação te en gando quando fr o d n ze ande a estaríamos fa força muito gr a m u m a Unimed nos co o eu, estava entrand e o surpreend e u u q q to fa em m ca U o .” ép es, tamGolden Cross lares, os client cu ti ar p s o e u q ndo diz, foi operativa, faze co a a ar p am bém entrar nção. Além nica, sem disti ú a is co a m u edade dela o apoio da Soci ve te e ad d ti en n condisso, a ue o dr. Robso q o , gá in ar M e Médica Médica de vel. “A Sociedad sá en p is d in u o o médico sider uição política, it st in a a av nt er de represe m grande pod u a h n ti e o, d como um to l à ideia. o um apoio tota Robson Souza: d an d o, çã za ili mob mobilização
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“O coopera tivismo represe ntou um avanço para os médicos porque organizou uma maneira de prestar atendimento de qualidade ao público. “É uma socialização da medicina, porque o usuário paga um preço fixo, tabelado. E é a saída para o médico. Basta ver que todos querem ser cooperados”. A afirmação é do dr. Carlos Alberto Ferri, que chegou à região em 1973, vindo de Curitiba, fixou-se na cidade de Marialva. Foi por algum tempo diretor do Inamps em Maringá e, hoje, é diretor administrativo do Hospital Metropolitano, em Sarandi. À época da fundação da Unimed Maringá, ele conta que ficou interessado em participar. Mas, inicialmente, a cooperativa congregava apenas médicos de Maringá. Só mais tarde, com a expansão da área de atuação, é que ele pode, enfim, fazer parte do quadro de cooperados.
“Uma forma de o médico ter voz ativa” Embora estivesse trabalhando na cidade desde 1961, o cardiologista Mário Lins Peixoto não fez parte do grupo que articulou a fundação da Unimed. Mas, logo depois, tornou-se cooperado: “Nós sabíamos que a cooperativa era importante para agregar os médicos, uma forma de o médico poder ter voz ativa dentro de uma assembleia, poder questionar, o que não acontece com outros planos de saúde, em que as deliberações vêm de cima para baixo e o profissional não pode falar nada”. O dr. Mário cita que a medicina se apoia em três pilares: arte, ciência e tecnologia. “A arte é a base fundamental do conhecimento, do diálogo com o paciente e o exame físico. É possível estabelecer a melhor conduta, sem expor muitas vezes o paciente a exames desnecessários. Assim, no meu ponto de vista, entendo que a tecnologia veio para auxiliar o raciocínio do médico e não substituí-lo”, observa. E acrescenta: “a Unimed é uma criação necessária e inteligente, pois somente através do cooperativismo o médico ganha força diante dos outros planos de saúde”.
Início em 1983 No dia 4 de junho de 1983, finalmente, foi realizada uma Assembleia Geral na própria sede da SMM para deliberar sobre o início das atividades da cooperativa, evento que contou com a presença de dirigentes de outras Unimeds no Paraná e de um ilustre convidado: o dr. Edmundo Castilho, então presidente da Unimed do Brasil, que fez uma palestra sobre a realidade desse ramo do cooperativismo no País.
Mário Lins Peixoto: em Maringá desde 1961
O primeiro transplante renal que chegou a Maringá, o Em abril de 1983, no mesmo ano em uado quatro anos antes urologista José Francisco da Silveira, grad protagonista de um fato pela USP em Ribeirão Preto (SP), foi icina local. Ao lado do tamespecialmente relevante para a med realizou pelo SUS o primeiro bém urologista Mário Eduardo Facio, na cidade, procedido no transplante renal de que se tem noticia . A atividade médica de Hospital e Maternidade São Marcos ecendo serviços cada vez Dr. José Francisco Maringá evoluía a passos rápidos, ofer da Silveira eficiando a pacientes que melhores e mais sofisticados, ben ica, como Paulo Nunes, o sofriam de insuficiência renal crôn lidade de a sua função renal e recuperando a qua primeiro transplantado, normalizando vida. e Ivaldo os cirurgiões vasculares João Belczak Nesse episódio pioneiro, participaram raes. Mo Votto Pereira e Martinho Fernandes de Meneguette, e os nefrologistas Almério dr. José spectiva para os pacientes”, citou o “Foi aberta com isso uma nova per terceiro o o do tempo, Maringá consolidou-se com Francisco, enfatizando que, ao longo nto, que remal do Estado. Ele acredita, no enta mais importante centro de transplante os, de órgã de ica sobre a importância da doação falta ainda uma divulgação mais sistemát maneira a conscientizar o público. Unimed , o dr. José Francisco é cooperado da Docente do curso de Medicina da UEM ensejou a perativa, participou da comissão que praticamente desde a fundação da coo Tiradentes, ão se instalasse no Centro Comercial oportunidade para que a administraç 7 e 2008. em 1991, e foi conselheiro fiscal em 200
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Nélson, o primeiro presidente Foram as possibilidades oferecidas pelo Norte do Paraná que trouxeram para a região o jovem médico anestesista Nélson Couto de Rezende, natural de Bom Jesus de Itabapoana, município situado na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo. O mais velho de uma família de seis irmãos, nascido em 29 de abril de 1937, certa vez ouviu do pai, um humilde caminhoneiro, que não teria como ajudá-lo a custear seus estudos no curso de medicina, que pretendia fazer. Sem abalar-se, ele conta que não apenas conseguiu manter-se, como apoiar outros irmãos, obtendo seu diploma de médico em 1962 na Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro. Na virada do ano de 1963, durante plantão no Samdu (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência), da Previdência
Social, ele soube que o médico Antonio Godinho Machado, dono de um pequeno hospital em Itambé, incipiente cidadezinha paranaense que sequer aparecia no mapa, procurava um anestesista. Interessado, decidiu enfrentar a estrada em um longo percurso feito de Kombi, desde o Rio, para conferir de perto a oportunidade oferecida em Itambé. Ao chegar, a decepção: o lugar não passava de um pequeno amontoado de casas, com algumas poucas ruas descalças e poeirentas. Para quem vinha de uma grande e bem servida metrópole que até 1960 era a capital do País, a minúscula Itambé, desprovida até mesmo de ener-gia elétrica, onde cafezais e a bucólica floresta eram só o que se podia enxergar pela janela dos
“Fazer um pé de meia e voltar” O médico, que nunca tinha avistado, até então, uma casa de madeira, abrigou-se no próprio hospital e, no inverno do mesmo ano, viu de perto os estragos causados por uma forte geada, que arruinou as lavouras de café. Sozinho, pelo menos, ele não ficaria por muito tempo: ainda em 1963, casou-se com a farmacêutica Laurita Ferreira Pinto, igualmente recém-graduada, com quem havia se enamorado nos tempos da Universidade Federal Fluminense. Juntos, decidiram trabalhar alguns anos no Paraná com o propósito de fazer um “pé de meia” e, assim que possível, retornar para o Rio. De Itambé, que já tinha quatro médicos, Nélson e Laurita se transferem para a vizinha Floresta, distante poucos quilômetros, onde não havia nenhum. Quando contratou pedreiros para levantar uma pequena casa na localidade, feita obviamente de madeira de peroba extraída das matas circunvizinhas, o casal intrigou-se ao observar, no término da obra, que a mesma não possuía banheiro em
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ranchos, a impressão não foi das melhores. Mas Nélson se encorajou a ficar: o dr. Godinho, para segurar o anestesista, ofereceu um salário quatro vezes maior do que ele poderia conseguir no Rio. Então pensou: para começar a vida, mesmo com privações e sacrifícios, até que estava razoável. Ficou. A propósito, a energia elétrica demandada pelo hos-pital era fornecida somente em casos de emergência pelo Banco Brasileiro de Descontos S.A., cuja agência ficava na vizinhança. O banco contava, para isso, com um pequeno e barulhento gerador movimentado a óleo diesel.
seu interior e, sim, uma “casinha” do lado de fora. Ao ser indagado por que não construíra um banheiro dentro da moradia, como deveria ter sido feito, o pedreiro explicou com sua simplicidade que todas as casas eram iguais àquela. Ou seja: com “casinha” do lado de fora. E, sobre o fato de não ter previsto sequer uma privada convencional, e apenas um pequeno buraco no chão para o chamado “tiro direto”, ele declarou, para surpresa do casal, nem saber do que se tratava.
Leishmaniose Nélson e Laurita residiram um ano na casa, local onde ele também prestava atendimento. Nessa época, segundo o médico, as emergências mais comuns eram partos no meio rural, problemas gastrointestinais decorrentes da falta de higiene da maior parte da população, alergias devido aos mosquitos, pneumonias, ataques cardíacos, acidentes com ferramentas na roça e rodoviários provocados pela intensa poeira que encobria a visão dos motoristas no trecho entre Maringá e Campo Mourão. Além de Floresta, costumava receber chamados para atender emergências em Ivatuba, Engenheiro Beltrão e até mesmo em Campo Mourão. “A vida era extremamente rústica e difícil. E muita gente, devido a proximidade da mata, padecia de leishmaniose”, comenta o médico, que ficou especialmente conhecido em Floresta por tratar uma menina acometida de Edema de Quincke, caracterizado por um forte inchaço facial. Acreditando que a filha não sobreviveria, o pai ficou tão esfuziante ao vê-la recuperar-se após o atendimento, que saiu à rua, de casa em casa, para exaltar a capacidade do profissional e recomendá-lo.
Cena comum: as cidades, naquela época, surgiam em meio à mata e praticamente todas as construções eram de madeira
O convite: trabalhar em Maringá Em 1964, o casal recebe a visita de um médico proeminente em Maringá, o dr. Said Felício Ferreira, dono do Hospital São Marcos, que o convida a integrar sua equipe de anestesistas. Naquela época, a cidade contava, dentre outros, com hospitais que existem até hoje, como o Santa Rita, o Maringá e a Santa Casa de Misericórdia, e alguns que desapareceram, caso do Santa Cruz, na rua Santos Dumont, do São Vicente, na esquina da Avenida São Paulo com a rua Santos Dumont, do Modelo (onde hoje é o Maringá Shopping) e do São Francisco, na atual avenida Parigot de Souza.
tigo IAP, bancários, comerciários, particulares em geral e indigentes, estes últimos uma cota que todos precisávamos honrar.”
Colega do dr. Nélson, o dr. Fábio Junqueira Villela Pedras, mineiro, havia chegado a Maringá em 1956, após concluir os estudos no ano anterior, no Rio de Janeiro. Já casado, ele também enfrentou com a esposa as dificuldades iniciais de uma cidade que nenhum tipo de conforto tinha a oferecer, residindo por muito tempo em casa de madeira. “Era um terror”, resume, referindo-se ao frio, às constantes geadas, ao lamaçal quando Em Maringá, no Hospital São Marcos, chovia, e a poeira das ruas. “O asfalto só Nélson Couto de Rezende fez parte ini- chegou em 1973”, recorda-se. O dr. Fábio cialmente de um time de conta que começou a particianestesistas integrado pelos par da Unimed logo após a funmédicos Fábio Junqueira dação por considerar que “o Villela Pedras, Alípio Miguel cooperativismo é a melhor opJaime e João Celso Costa Reis. ção para um médico”. E cheEle lembra que, até então, gou, inclusive, a fazer parte da não havia atendimento públiCooperativa Paranaense dos co da forma posteriormente Anestesiologistas, Copan, conO dr. Fábio universalizada pelo INSS. vencido de que “sozinho não Villela Pedras “Atendíamos usuários do anse faz muita coisa”. O CAMINHO DO TEMPO |
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A medicina de grupo O dr. Nélson se recorda que, na década de 1960, começou a aparecer em São Paulo a medicina de grupo, estipulando um valor a ser cobrado do paciente e que remunerava muito mal os profissionais. Funcionava mais ou menos assim: um grupo de médicos se juntava para mercantilizar a saúde. Só mesmo quando havia a extrema necessidade, por exemplo, de um cardiologista, é que este era autorizado. Da mesma forma, se o médico mandasse mais de um paciente por semana para atendimento, podia ser dispensado. Os detentores dessas empresas ganhavam muito dinheiro mas a relação com os médicos e os pacientes ficava em desequilíbrio, lembra Nélson, com ampla vantagem para os proprietários.
No Ministério da Agricultura Em Maringá, no entanto, no início da década de 80, ainda não se sabia direito o que era medicina de grupo e, muito menos, o significado da sigla Unimed.
No começo, tudo difícil Com a cooperativa instalada em 1983, começou-se a trabalhar e, feito o contato com o Ministério, uma funcionária informou que um técnico seria enviado para analisar a viabilidade econômica da cooperativa, pré-requisito para a concessão do registro. O técnico apresentou-se poucos dias depois e sua primeira impressão foi que a cidade tinha porte compatível para sediar uma sociedade assim. A Unimed começou com seus quarenta médicos associados, mas parte deles mantinha-se ainda indiferente à proposta. E, entre os hospitais, havia quase um consenso de que a cooperativa, pelo menos até aquele momento, não se fazia necessária.
Fechar contratos “Tínhamos pressa em fechar alguns contratos, senão a coisa poderia desandar”, lembra o dr. Nélson que, para isso, juntamente com outros companheiros de diretoria, começou a movimentar-se para fazer palestras sobre previdência social em clubes de serviço da cidade, como os Rotary e os Lions. O objetivo era esclarecer a sociedade e fornecer subsídios para formadores de opinião. “A ideia da Unimed era boa demais para morrer na praia e havia o sério risco de que isto acontecesse”, conta. O esforço inicial foi compensado com a conquista do primeiro contrato, enfim, junto ao antigo Banco Nacional S.A., cuja agência ficava na confluência da Avenida Getúlio Vargas com a rua Néo Alves Martins, onde havia 19 funcionários.
O dr. Nélson recorda-se que para a instalação da Unimed Maringá foi exigido um número mínimo de 20 médicos e, se confirmada a diretoria, o registro da cooperativa deveria ser feito imediatamente junto ao Ministério da Agricultura. Isto mesmo. Ele se diverte ao ressaltar que o sistema cooperativista estava ligado, nessa época, ao Ministério da Agricultura, incluindo o ramo médico.
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A agência do antigo Banco Nacional (o primeiro cliente) funcionava nas instalações acima, na Av. Getúlio Vargas, hoje ocupadas pela Caixa
O certificado de autorização de funcionamento concedido pelo Ministério da Agricultura saiu em 8 de abril de 1983
Detalhe da ficha de matrícula do cooperado Ivaldo Meneguette, de número 002, que foi o primeiro profissional a associar-se; o número 001 pertence à própria cooperativa
O certificado de registro na OCEPAR em 12 de setembro de 1983
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A primeira sede Foi com o pagamento da primeira mensalidade, feito pelo Banco Nacional, que a diretoria encorajou-se a alugar uma sala pequena, na Avenida Parigot de Souza, quase na esquina com a Avenida Brasil, para acomodar a sede. E, com o que sobrou, foi adquirida uma mesa, algumas cadeiras, e contratado um funcionário, Celso Akira, para se encarregar de todo o serviço. Foi nessa época que Maria Lindalva Veríssimo, uma cearense que havia migrado com a família para o Paraná com apenas três anos de idade, deixou de trabalhar na clínica do dr. Rui Ferreira para ser admitida como funcionária da Unimed. Casada, dois filhos, ela já havia prestado serviços, por sete anos, na residência do dr. Nélson, que a recomendou. Pessoa alegre e bem disposta, “dona” Maria fazia de tudo um pouco: limpeza, café,
Com a TV Cultura, propaganda As dificuldades e as incertezas do início foram sendo superadas com novos contratos. Um dos mais importantes, segundo o dr. Nélson, foi com a TV Cultura, já afiliada da Rede Globo, sendo 50% do valor em forma de permuta. Tal acordo, apesar de representar pouco financeiramente, permitiu que a Unimed Maringá fizesse, por bastante tempo, propaganda diária e em horário nobre na televisão, alcançando assim grande parte da população do município e região, o que a tornou mais conhecida e respeitada.
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Foi alugada uma sala quase na esquina das Avenidas Parigot de Souza e Brasil entregas de correspondências, o que precisasse. Ela se recorda que a Unimed foi instalada num local onde antes funcionava um laboratório. Quando foi conhecer o lugar, levou um susto: só havia um balcão
e uma máquina de escrever, pois a mesa e as cadeiras chegariam depois. E algumas xícaras, deixadas pelos funcionários do laboratório, que foram de muita serventia.
“Quase do zero” “Começamos quase do zero, tudo muito precário”, disse “dona” Maria, que comprou a primeira garrafa de café. Dois meses depois, a segunda garrafa para o chá. A bandeja para servir às visitas precisou ser de plástico, mais barata, pois não havia dinheiro para uma de inox. Tudo era contado e controlado: 1 quilo de café, 1 quilo de açúcar, um detergente, dois rolos de papel higiênico... A funcionária diz que custou a acreditar que aquela empresa teria futuro. Ainda mais quando ouvia os diretores, principalmente o dr.
Nélson, comentando que a Unimed iria crescer. Mas ela matutava, cheia de interrogações: como é que uma coisa tão pequena assim, sem recurso algum, poderia enfrentar gigantes como uma Golden Cross, uma companhia poderosa e tão conhecida no Brasil inteiro?
Dona Maria Veríssimo
E conta que foi organizada uma equipe de vendedores para oferecer planos de saúde. Eles iam de casa em casa, a pé. Para chegar a bairros mais distantes, embarcavam em circulares. No fim do dia, chegavam cansados, meio desanimados.
Fortalecer a cooperativa Mas a Unimed Maringá não ficou apenas na dependência dos contratos junto a empresas e os planos de saúde com pessoas físicas para crescer. Se quando da instalação os hospitais mantiveram-se reticentes em relação a essa estrutura, considerando-a “desnecessária” naquele momento, agora a situação era outra. Temerosos quanto aos rumores de que a medicina de grupo estava para ser implantada com toda a força em Maringá, proprietários de hospitais organizaram-se com o propósito de levantar um aporte financeiro para fortalecer a cooperativa. “Esse empréstimo que eles nos concederam foi decisivo para o futuro da entidade”, disse o dr. Nélson, explicando que com tais recursos foi reforçada a equipe de funcionários e adquiridos móveis e equipamentos para o escritório, incluindo máquinas de escrever mais modernas, além de uniformes para o pessoal. “Os quatro primeiros anos foram muito difíceis, mas chegamos a cerca de 2 mil usuários e conseguimos consolidar a cooperativa”, afirmou o então presidente. Ele observa que, nesses quatro primeiros anos, nenhum dos diretores recebeu remuneração pelo seu trabalho, as viagens eram feitas em seus carros e às próprias expensas, ou seja, sem reembolso com combustível, refeições ou hospedagem.
Determinação, luta constante “Sempre trabalhamos muito focados na determinação de nunca ficar devendo nada a ninguém, muito menos a médicos e a hospitais. Se isto acontecesse, ficaríamos desmoralizados”, comentou o dr. Nélson, lembrando que somente após os quatro primeiros anos a diretoria passou a ser remunerada mensalmente. Terminado o mandato, foi realizada no início de 1986 a Assembleia Geral Ordinária para a prestação de contas, que reuniu dezenas de participantes em um dos salões do Hotel Deville. Como a diretoria decidiu fazer, de uma única vez, a apresentação dos exercícios 1983, 1984 e 1985, pedindo ao funcionário Agnaldo Luiz Pinheiro que fizesse a exposição e os comentários sobre os números, alguns cooperados argumentaram que seria interessante, primeiramente, examinar os balanços antes de os mesmos serem submetidos à aprovação. Por conta disso, a prestação foi adiada para uma outra oportunidade, enquanto os presentes decidiram articular a formação de um Conselho Fiscal, que foi composto por seis integrantes, sendo três efetivos (os cooperados Antonio Carlos Pupulim, Kemel Jorge Chammas e José Usan Torres Brandão) e três suplentes (Riuzzi Nakanishi, Ricardo Plépis Filho e Martinho Fernandes Moraes). Sobre o outro assunto da pauta, a reforma do Estatuto Social, a assembleia pediu que cópia do mesmo fosse distribuído aos cooperados, para uma votação futura.
O dr. José Carlos A dedicação, o envolvimento e a preocupação quanto ao futuro da cooperativa foi tão grande que quando os hospitais decidiram fazer o aporte à Unimed, o vice-presidente dr. José Carlos Fernandes sugeriu que os três dirigentes também se cotizassem e fosse feito um depósito na mesma quantia. Filho do pioneiro maringaense Álvaro Fernandes e de Maria Elisa Castanho Fernandes, nasceu em 1942 em Laranjal Paulista (SP) e cursou medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR), diplomando-se em 1972. Estabelecido em Maringá, foi o primeiro cirurgião pediatra da cidade, trabalhando em vários hospitais. Presidiu a Sociedade Médica de Maringá (1980 a 1982), foi médico legista no Instituto Médico Legal (IML) de Maringá, um dos fundadores da Unimed, o primeiro presidente do Sindicato Médico de Maringá (1991 a 1994) e docente do curso de medicina da UEM, sendo o principal articulador para a estruturação de uma biblioteca no Hospital Universitário. José Carlos Fernandes faleceu no dia 3 de julho de 2004.
O dr. José Carlos Fernandes, vice-presidente O CAMINHO DO TEMPO |
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Detalhe de um dos primeiros balanรงos da cooperativa
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Prestação verbal O médico Kemel Jorge Chammas lembra que a diretoria trabalhava corretamente, mas poderia haver falhas por falta de experiência. Durante a Assembleia, a prestação de contas foi feita verbalmente, sem um detalhamento técnico por escrito que permitisse aos cooperados melhor compreensão. Segundo ele, o presidente mostrou-se sensível e assegurou liberdade para que os interessados se manifestassem. No dia 5 de dezembro, para melhor embasar seu parecer, o Conselho Fiscal recorreu à Assocep (Associação de Ori-
entação das Cooperativas Paranaenses), sediada em Curitiba. Constituída em 1971, essa entidade atuava na formação e treinamento de pessoas envolvidas com cooperativismo, pesquisa, informação e auditoria. Era uma espécie de suporte técnico, contábil e administrativo para as cooperativas. Na oportunidade, os membros do conselho solicitaram à Assocep um diagnóstico da situação operacional, administrativa e financeira da Unimed Maringá, sendo atendidos prontamente. Nos dias 8 e 9 de janeiro, um auditor examinou todas as contas e não encontrou nenhu-
ma irregularidade, exceto o fato de o Conselho de Administração não ter realizado a prestação anual do seu balanço. Cogitou-se então, entre o Conselho Fiscal, a possibilidade de contratação de uma auditoria externa, mas um dos cooperados, o dr. Waldyr de Oliveira Coutinho, durante uma das reuniões para analisar o assunto, levantou-se e disse que isso era desnecessário, pois além do fato de a Unimed estar fazendo um bom trabalho, não havia nenhuma irregularidade grave.
Em 1987, o desabafo No dia 7 de julho de 1987, foi realizada uma Assembleia Geral com a presença de dirigentes de várias instituições ligadas ao setor no Paraná e no País. Para a composição da mesa dos trabalhos, além do presidente Nélson Couto de Rezende, foram convidados o sr. Ronoel Martinelli, do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Senacoop), o dr. Reginaldo Ferreira Lima, da Confederação das Unimeds de São Paulo, o dr. Manoel Stenghel Cavalcanti, presidente da Federação das Unimeds do Paraná, o dr. Fernando Barreto, presidente da Unimed de Londrina, e o dr. Antonio Carlos Pupulin, presidente da Sociedade Médica de Maringá. Em seu pronunciamento, o presidente da Unimed Maringá destacou que, embora constituída em 1982, a cooperativa iniciou suas operações em 1983 “com extremas dificuldades materiais, devido aos parcos recursos financeiros de que dispunha. Só era possível manter uma modestíssima estrutura
administrativa sustentada, muitas vezes, pela generosidade de alguns cooperados e dos estabelecimentos hospitalares (...) Somente em 1985, já fortalecida por contratos mais expressivos, a Unimed pode firmar uma equipe de maior gabarito profissional para estruturá-la”. Nessa oportunidade fez-se, finalmente, a apresentação dos balanços contábeis referentes aos anos anteriores, tendo o presidente ressalvado que, em 1983, embora com os primeiros 5 contratos de prestação de serviços, a receita não fazia frente aos custos “e era inviável a formação de uma estrutura administrativa capaz de evitar erros na formalização dos trâmites legais”. “Tínhamos então somente dois empregados”, continuou ele, “e os assuntos legais e fiscais ficavam a cargo de um modesto escritório de contabilidade, que nossas reduzidas disponibilidades permitiam, então, contratar”. “Em 1984, tivemos algum progresso,
conseguindo um total de 31 empresas. Pudemos dispor, então, de 4 empregados. Todavia, nossa fragilidade financeira continuou a se refletir na estrutura administrativa. Nesse ano, foi de enorme valia para a sobrevivência da Unimed, a compreensão dos hospitais, laboratórios, clínicas radiológicas, enfim, e de todos os profissionais ligados ao nosso ramo, que além de tolerarem uma eventual demora no pagamento de nossas contas, com frequência reafirmavam a sua confiança no sistema cooperativo que estávamos tentando implantar. Em 1985, fizemos um contrato com a UEM. Não foi um bom contrato do ponto de vista financeiro, porém teve grande mérito de divulgar, definitivamente, o nome da Unimed entre a população da cidade. Assentamos as bases de nossa estrutura administrativa e a equipe então contratada buscou, junto ao Senacoop, uma melhor orientação para a regularização da situação existente.” O CAMINHO DO TEMPO |
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Prestígio incontestável Em 1986, acrescentou o então presidente, o prestígio da Unimed junto ao público usuário já era incontestável. A carteira de contratos somava 82 empresas, algumas das quais relacionadas entre as maiores do seu ramo no País. “Passamos a constituir, verdadeiramente, uma barreira que evitava a prosperidade, em nossa região, de empresas mercantilistas, que praticavam a medicina de grupo”, frisou.
Dr. Nelson e o segundo mandato Nesse ano, houve a eleição dos Conselhos de Administração e Técnico para o período 1987/1991 e dos componentes do Conselho Fiscal do exercício 1987/ 1988. Conforme decisão do plenário, a eleição ocorreria por aclamação e, de forma unânime, o presidente Nélson Couto de Rezende foi reconduzido ao seu segundo mandato na presidência da cooperativa. O Conselho de Administração foi integrado, também, por Raul Bendlin Filho, vice-presidente e Neudair Fernando Sanches, superintendente. Na condição de vogais, João Maria da Silveira, Armando Rodrigues Cabelera, Carlos Antônio Pupulim, Júlio Meneguetti Neto, Robson José da Silva Souza, e Riuzi Nakanishi. Para o Conselho Técnico, Ivan
Murad, Miguel Zurita Neto e Giancarlo Sanches (efetivos), Joel Gonçalves, Edu Affonso de Almeida e Carlos A. Ferri (suplentes). E, para o Conselho Fiscal, Hélenton Borba Côrtes, Ricardo Plépis Filho e Adherbal Bazanella (efetivos), Alber de Brito, Nélson Aparecido Bagatin e Edson Podolan (suplentes). O médico Kemel Jorge Chammas enfatiza que a firme atuação do Conselho Fiscal, naquela época, ofereceu suporte para que a Unimed aprimorasse os seus serviços. “Foi um trabalho proativo e demos a nossa contribuição”, observa ele, ressaltando que “a atuação de um Conselho Fiscal livre e atuante só traz benefícios para uma sociedade”.
Pouca gente, muito trabalho As dificuldades enfrentadas pela Unimed em seus primeiros anos podem ser mensuradas em números. Em 1982, quando foi fundada, apenas um funcionário havia para trabalhar na preparação da cooperativa e, no ano seguinte, ao entrar em atividade, dois se desdobravam para dar conta do recado. A duras penas, a equipe foi ampliada para três integrantes em 1984 e para quatro em 1985, sendo considerada extremamente enxuta. Somente em 1986, com o aumento do número de contratos e a forte demanda de serviços, a quantidade do efetivo foi readequada para 11 e aumentou um pouco mais a seguir, sendo assim mesmo pequena. Foi contratado, para gerente administrativo, Roberto Tavares Galiano e, para a
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função de contador, Agnaldo Luiz Pinheiro. Roberto, que havia atuado em algumas empresas da cidade, como a concessionária de veículos Dama, possuía um histórico de competência e disciplina. Mas, assim mesmo, ao ser admitido, não escapou de ouvir a cartilha do presidente, que lhe fez três determinações em especial: 1ª nada de “caixa 2”; 2ª total transparência em tudo e, 3ª um fluxo de caixa eficiente, com pagamento rigorosamente pontual de todos os compromissos. A funcionária Maria Kracheski, admitida em abril de 1986, integra até hoje a equi-
pe de colaboradores. Quando ela passou a trabalhar na cooperativa, a sede ainda ficava na Avenida Parigot de Souza, onde um salão era dividido em dois: um, maior, para acomodar os diversos setores e, outro, bem menor, para a diretoria. Na época, o expediente começava às 7h30 e se estendia até às 11h45, quando fechava para almoço. Em seguida, das 13h00 às 17h45.
Maria Kracheski
Maria ajudava no caixa e também na folha de pagamento, sendo que o departamento de pessoal estava sob a responsabilidade do contador Agnaldo Luiz Pinheiro. Além do gerente Roberto Tavares Galiano, estavam lá o chefe de serviço Celso Akira Inokuma, o
faturista João Prestes, o trio de recepcionistas formado por Cacilda Eliane Correia, Maria Gorete Sposito e Maria de Jesus Spejo, a “faz de tudo” dona Maria Veríssimo e a sobrinha dela, Marly, que se encarregava de serviços externos. E mais: Antonio Carlos Borghi, Alfredo, Rosemeire e Vânia, que executavam trabalhos gerais, e Dorival Ferrão, encarregado das vendas. Os diretores Neudair Fernando Sanches e Joel Vieira Gonçalves encaravam montes de cheques e documentos para assinar, e não se pode dizer que havia dificuldades, segundo Maria: mesmo com a
inexistência de computadores, tudo era organizado e funcionava bem. O livro caixa, com a rotina de entradas e saídas, se fazia manualmente, com papel carbono, em duas vias, sendo uma delas destinada para a contabilidade. As carteirinhas, assim como todas as correspondências, eram datilografadas. E cada usuário tinha uma pasta que se podia encontrar rapidamente, pois guardava-se em ordem alfabética num arquivo. Como cada beneficiário tinha direito a quatro consultas anuais, estas já eram deixadas prontas, o que reduzia a espera no balcão. Maria Kracheski conta que gostava da
maneira como o gerente Roberto Galiano trabalhava. Ele era organizado e demonstrava preocupação com os funcionários. À época, como praticamente não havia benefícios, a não ser o uniforme, ele idealizou uma espécie de “caixinha” com um pequeno percentual sobre a venda de planos de saúde, cujo resultado, ao final de um mês, era rateado entre a equipe. Segundo Maria, o controle do “caixinha” se fazia em um papel quadriculado. O gerente, que não participava da distribuição, conseguiu também que os funcionários tivessem assistência médica prestada pela cooperativa, caso adoecessem.
Com os contratos aumentando, foi necessário procurar um espaço mais amplo para acomodar a equipe em constante crescimento, bem como prestar um atendimento melhor e mais confortável aos associados. Depois de alguns anos na Avenida Parigot de Souza, o novo endereço da cooperativa seria a confluência da Avenida Tiradentes com a rua Padre Marcelino Champagnat, ao lado do Colégio Marista (onde hoje funciona um restaurante). Nessa época, estava em construção, na esquina das avenidas Paraná e Tiradentes, o Centro Comercial Paraná, que seria, no futuro, a sede da cooperativa
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Said na prefeitura Como prefeito, o médico Said Felício Ferreira teve um papel importante no desenvolvimento da saúde pública oferecida em Maringá, conforme cita a Revista ACIM, edição de maio de 2010: “Quando assumi a prefeitura em 1983, não havia hospital público e o atendimento ambulatorial era feito em apenas dois postos de saúde. A alternativa foi improvisar algumas casas e
fizemos 20 pequenos postos de saúde para o atendimento preventivo”, conta. E para solucionar o problema de um hospital público, Said afirma ter buscado uma parceria com a UEM. “Através de um convênio com a universidade, construímos a primeira etapa do hospital universitário de Maringá (HUM). No começo o
governo do Estado não aceitou a ideia do HUM, mas depois passou a prover os recursos para a manutenção do hospital”, recorda. Said Felício Ferreira foi eleito duas vezes para a prefeitura: a primeira na gestão 1983-1988 e a segunda no período 19931996.
A criação do curso de Medicina na UEM O curso de Medicina na Universidade de residência no País. Estadual de Maringá (UEM) foi criado em agosto de 1987 e a existência do Na época, o governo estadual foi HUM foi importante nesse sentido. O contra, alegando que a UEM, mantida médico Robson José da Silva Souza, que pelo erário, precisaria fazer um investifez parte do grupo inicial e foi o primeiro mento inicial muito alto. A determinasuperintendente do HUM, conta que ele ção do prefeito, apoiada por inúmeras e outros profissionais, entre os quais o entidades representativas do município médico Paulo Roberto Donadio, viaja- e região, foi decisiva para que o curso ram para diversas universidades no País fosse implantado. Coube a Said Ferreira a fim de verificar currículos e a honra de ministrar a aula colher subsídios. Nessa époinaugural. ca, o reitor da UEM era o professor Fernando Ponte de A propósito dos 20 anos do Sousa. A implantação do curso, transcorridos em 2007, curso aconteceu em maio do o doutor em Medicina Roano seguinte. “Criou-se a berto Zonato Esteves, profesideia [de instituir o curso] UEM sor associado e seu coordenaporque era um alavancar imdor, registrou em artigo puportante para a cidade e também por- blicado no Informativo da UEM que “O que o curso de medicina dá status”, disse curso (...) foi criado em um momento de o dr. Robson, salientando que tanto o grande discussão sobre o modelo da reitor quanto o prefeito se empenharam saúde no Brasil. Naquele período, o Brasil muito nesse sentido. De início, eram 20 viveu a Constituinte, a criação do SUS, a alunos por ano e apesar das dificuldades discussão de novos ramos da Educação iniciais, o conteúdo era considerado de Superior e sobre novas Diretrizes Curalto nível, tanto que os alunos de Ma- riculares; portanto, não é estranho que o ringá, não raro, obtinham aprovação em nosso curso tenha nascido com uma proalguns dos mais disputados concursos posta de um curso inovador, com ênfase
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na formação humanística e no papel social do médico. Apesar de bem intencionado, esse projeto previa a formação de profissionais para um sistema que sonhávamos, mas que ainda não tinha concretude. Assim, ele foi muito criticado e, por falta de apoio local e de condições macroestruturais, acabou dando lugar e um modelo tradicional de formação médica, mais de acordo com aquele entendido pela sociedade da época para formar médicos.” O médico Marco Antonio Rocha Loures, cooperado da Unimed Maringá desde os primeiros anos, enfatiza que a criação do curso de Medicina na UEM, cercado de polêmica no início, consolidou Maringá como uma referência médica no Estado. “Com ele, a cidade tornou-se um referencial para Estados como o Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso e até Rondônia”, observa. Para Rocha Loures, que presidiu a Sociedade Médica de Maringá em 1985 e 1986, “se o departamento de Medicina foi dispendioso no início, assegurou mais tarde um retorno muito grande, em forma de prevenção e tratamento”.
Uma homenagem comovente No dia 29 de maio de 1987, a Sociedade Médica de Maringá, presidida pelo dr. Antonio Carlos Pupulim, reuniu-se no Clube Olímpico para recordar um pouco da história da medicina na cidade e prestar uma homenagem a 43 profissionais com mais de 25 anos de atuação. A nostalgia veio à tona, conforme retrata a edição de número 68 da Revista Tradição, editada pelo jornalista Jorge Fregadolli: “Os velhos tempos em que Maringá não tinha luz elétrica, não tinha telefone, não tinha asfalto. Os desafios da poeira e do barro. As dificuldades de comunicação. O heróico atendimento à peãozada que chegava de toda a parte para derrubar o mato e semear lavouras. A cordialidade entre as famílias pionei-
ras. Os fatos pitorescos da política local em sua primeira fase. A necessidade de improvisar recursos para tratar todos os tipos de pacientes, desde aqueles que apareciam de madrugada com a barriga furada de faca até aqueles com graves problemas cardíacos. E dava-se jeito para tudo. Em 1949, nascia a Sociedade Médica de Maringá. Presidente: Lafayette da Costa Tourinho; vice-presidente: Gerardo Braga; secretário: Galileu Pasquinelli Filho; tesoureiro: Waldemar Prandi; 2º tesoureiro: Alceu Hauare; orador: Manoel Neto Leite.” De lá, até então, a Sociedade teve os seguintes presidentes: Lafayette da Costa Tourinho, Gerardo Braga, Sílvio Bonoldo, Ivaldo Borges Horta, Augusto Pinto
Pereira, Propício Caldas Filho, Frederico Chalbaud Biscaia, Fábio Villela Pedras, Robinson Menon, Said Felício Ferreira, Carlos Antonio Asinelli, Waldyr de Oliveira Coutinho, Mitzy Villanova Menon, Hiran Mora Castilho, Naby Zacarias, Décio Casarin, Douglas Antonio Jozzolino, Durval de Oliveira Cabral, Roberto Feres, Mauro Pedro da Cunha, Milton Cury, Oswaldo Rodrigues Truite, Robson José da Silva Souza, José Carlos Fernandes, Raul Bendlin, Marco Antonio Rocha Loures e Antonio Carlos Pupulim. Os médicos homenageados: Adherbal Bazzanella, Aloysio de Lima Bastos, Antônio Mestriner, Arílio Sérgio Soares, Arnor Silvestre Vieira Júnior, Benedito Furquim, Benedicto Ogava, Carlos Amé-
A partir da esquerda: Frederico Chaubaud Biscaia, Benedito Furquim, Sebastião Rodrigues Pimentel, Leandro Lobão Luz, Galileu Pasquinelli, Iorfinda Mora, Ricardo Plépis, Waldyr Coutinho, Pedro Bochnia, Ivaldo Borges Horta, Fábio Villela Pedras, Helenton Borba Cortes e Aloysio de Lima Bastos O CAMINHO DO TEMPO |
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rico Moraes da Silva, Elidir D'Oliveira, Fábio Junqueira Villela Pedras, Fred José Poralla, Frederico Chalbaud Biscaia, Galileu Pasquinelli Filho, Helenton Borba Cortes, Iorfinda Mora, Itizo Nishimura, Ivaldo Borges Horta, João Celso Lopes Manso da Costa Reis, Leandro Lobão Luz, Maurílio de Oliveira, Mitzy Villanova Menon, Paulo Jacomini, Pedro Bochnia, Ricardo Plepis, Robinson Menon, Said Felício Ferreira, Sebastião Rodrigues Pimentel, Waldyr de Oliveira Coutinho, Walter Ferreira e William Watfe. Também foram homenageados, embora não estivessem presentes à cerimônia, os seguintes médicos: Alfredo Garcia, Alípio Miguel Jaime, Antonio Carlos Asinelli, Eduardo Froes da Mota Filho, Francisco Caponi de Melo, Francisco Valias Rezende, Herbert da Silveira Reis, Hiran Mora Castilho, Jorge Sato, Luiz Moreira de Carvalho, Ruy
Ferreira, Walter Álvaro da Silva, Salim Haddad, Thelma Villanova Kasprowicz, Antonio Godinho Machado, Gastão Natal Simone e Mário Lins Peixoto. O dr. Antonio Celso Nunes Nassif não pode comparecer à solenidade, visto que na ocasião estava em Cascavel, cumprin-
do compromisso assumido há meses. Em razão disso, pediu ao dr. Marco Antonio Rocha Loures que o representasse oficialmente, bem como a Associação Médica do Paraná e que levasse a mensagem de cumprimentos enviada em nome da diretoria, aos colegas homenageados, cujo teor é o seguinte:
édica de à Sociedade M e un se ná ra s de Médica do Pa édicos com mai m s ao s da ta “A Associação es serão pr menagens que de. Maringá nas ho , como sional nessa cida is of pr o ci cí menagem, pois er ho ex a id de ec os er an m 25 frentado e vida alguma, de édico, tendo en m o Trata-se, sem dú sm ri ei on presentam o pi la época. profissionais, re inerentes àque es ad ld cu fi di as s superado toda s colegas e os pelos demai id ec nh co re os mento, seus mérit egria e congraça al de o ch Hoje têm, portan fe rão um programadas da as festividades aringaenses.” to de todos os m
A Constituição de 1988 A maior transformação do sistema de saúde brasileiro ocorreu pela promulgação da Constituição de 1988 que instituiu o conceito de seguridade social e criou um novo paradigma para atuação do Estado nessa área, ao estabelecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele foi definido como o conjunto de ações e serviços de saúde pública de órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais da administração direta e indireta e fundações mantidas pelo poder público com a participação da iniciativa privada possível, mas em caráter complementar. O SUS previa universalidade, equidade e integralidade da assistência de saúde inspirado no National Health Service (NHS), sistema de saúde pública britânico. Atualmente, o SUS atende a mais de 140 milhões de brasileiros.
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Participação era pequena O médico Neudair Fernando Sanches terceiro dermatologista de Maringá, depois dos drs. Sebastião Rodrigues Pimentel e Paulo Roberto Peixoto - diz que a classe médica, no início, não era muito participativa. “Para se ter uma ideia, para você conseguir fazer uma Assembleia Geral Ordinária, que já era marcada previamente e precisava ter no mínimo 10 cooperados, nós tínhamos que ficar ao telefone ligando para o colega vir. Era muito difícil eles entenderem o movimento que estava se criando naquela época. Foram entender muito tempo
depois”, relata.
fechava o contrato”.
Promover o crescimento Ele acrescenta que como da cooperativa era um objenão havia um departamento tivo que se perseguia a todo de vendas bem estruturado, momento. “Havia a necesos próprios diretores se emsidade de trazer mais emprepenhavam na busca de emsas, e de trazer também mais presas para oferecer serviços. Neudair usuários”, lembra o dr. Neu“Era uma coisa ainda empíriSanches dair. “Conseguindo um bolo ca, bem simples, o corpo a corpo mesmo.” Quando percebia-se o maior, você dividia e sobrava mais painteresse, lembra o médico, dois ou três ra cada um. Então, a nossa preocupadiretores iam lá conversar, “acertava-se ção sempre foi com o crescimento”, tudo mais ou menos, e aí o vendedor ia e completa.
Ânimos renovados, crescimento Iniciando com ânimos renovados, a segunda gestão deixava para trás um período dos mais difíceis, como foi relatado, próprio do pioneirismo, em que a consolidação de uma estrutura, quase sempre, impõe sacrifícios e percalços. Não havia sido diferente com a Unimed Maringá que, aos poucos, ganhava musculatura e já era uma instituição reconhecida e de credibilidade em Maringá. Tanto que o número de usuários, por volta de 2 mil, se multiplicaria nos anos seguintes. Várias empresas tornaram-se clientes, mas a maior corporação econômica da cidade, a cooperativa Cocamar, havia montado ainda em meados da década de 1970 um bem servido departamento de assistência médico-social para atendimento aos quadros de funcionários e cooperados, que não paravam de crescer. Para isso, o presidente Constâncio Pereira Dias - aquele mesmo que sensibilizou médicos a conhecerem a Unimed
em Londrina e desenvolver uma iniciativa semelhante em Maringá - havia trazi-do no final da década de 1970 um médico de Guaranésia (MG), o cirurgião vascular Sílvio Delorenzo, para montar o departamento. Um ano depois, Delorenzo decidiu retornar para Minas e, em seu lugar, deixou os colegas Joaquim Lunardelli, Adécio Cândido da Rocha e José Ramos Martins.
produtores estava acostumada a receber tratamento paternalista. Para a Unimed, essa estrutura representou um forte concorrente, pois atendia a uma parcela da população pagante muito apreciada pelos médicos. Como o departamento ficou caro demais, os atendimentos foram transferidos para o Bamerindus, dono de uma companhia bastante competitiva na época. Ou seja: a Cocamar, sem deixar de ter a sua área médica, “terceirizou” grande volume de serviços que, numa segunda etapa, passariam para a Unimed.
Segundo Lunardelli, que assumiu a gerência do departamento, essa prestação de serviço - oferecida a preços que obedeciam a tabela da Associação Médica Brasileira - era usada como um chafariz para que a cooperativa atraísse cooperados. Só que, em poucos anos, o número de usuários (cooperados e familiares) foi aumentando de maneira vertiginosa, chegando a 30 mil, sem que a cooperativa tivesse o esperaJoaquim do retorno, pois a maioria dos Lunardelli
Formado em 1974 no Rio de Janeiro, o médico Joaquim Lunardelli, especializado em ginecologia e obstetrícia, tinha chegado a Maringá no ano de 1977. Por mais de dez anos ele chefiou esse setor na cooperativa.
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Nos tempos da inflação “galopante” Na segunda metade dos anos 1980, quando a economia brasileira era colocada à prova ante o estouro da inflação e a sequência de pacotes econômicos malsucedidos, muitas empresas de todos os portes sucumbiam, com seus planejamentos arruinados, e todas as demais, sem exceção, passaram por apuros. Nessa época, quando a Cocamar resolveu substituir o Bamerindus pela Unimed Maringá, usuários até então habituados ao paternalismo no atendimento, reclamavam que eram obrigados a aguardar algum tempo para serem atendidos. Recebendo queixas, o dr. Joaquim Lunardelli as repassava para o dr. Nélson que, sem outra alternativa, após conversar com a diretoria, decidiu que o melhor seria rescindir o contrato. Em resumo,
pouco tempo depois aqueles serviços foram extintos pela Cocamar e os usuários, em grande parte, acabaram retornando para a Unimed, pela confiança que a cooperativa inspirava e onde sabiam poder encontrar um atendimento de qualidade. Com o antigo Atacadão, uma grande empresa do ramo atacadista de Maringá, a cooperativa detectou, certa vez, um problema com um de seus 400 funcionários, o qual havia emprestado sua carteira para que um terceiro pudesse consultar-se. Como determinava o estatuto da cooperativa, o usuário foi sumariamente desligado, mas isso fez com que o diretor de Recursos Humanos da companhia intercedesse junto à direto-
ria na Unimed, no sentido de reconsiderar sua decisão, o que foi acatado. “Fizemos isso para demonstrar que havia boa vontade. Um posicionamento irredutível em nada ajudaria e nunca mais tivemos nenhum problema com aquela empresa”, explicou o então presidente. Sobre o estilo do presidente de comandar a entidade, o médico Robson José da Silva Souza, fundador e ex-diretor, pontua que ele sempre teve um estilo muito afável. “Nunca foi uma pessoa rigorosa, ou capaz de magoar alguém. Da mesma forma, jamais foi um homem vingativo, pelo contrário: passava uma sensação de tranquilidade e sabia conquistar respeito.”
Planejamento, impossível; mas as contas estavam em ordem Segundo o dr. Nélson, os anos de turbulência na economia, com o descontrole da inflação, foram ruins mas ao mesmo tempo favoreceram a Unimed Maringá. Ruins porque a administração enfrentava o permanente desafio de manter as contas em ordem, uma tarefa que exigia intensa dedicação e cuidados porque os reajustes nos preços de praticamente todos os produtos ocorriam todos os dias. “Não era possível estabelecer o planejamento de um único dia, chegava-se no final da tarde e a situação era diferente da do início da manhã”. Ao mesmo tempo,
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perdiam-se as referências dos valores dos honorários médicos, o que gerava insegurança e descontentamento entre os profissionais. Sem falar que, na ponta do usuário, não havia como evitar os reajustes constantes das tarifas. O lado favorável de tudo isso para a cooperativa foi que um número cada vez maior de pessoas aderiu à Unimed, de um lado estimuladas pelas próprias empresas onde trabalhavam e, de outro, mais conscientes da necessidade de contar com um plano de saúde abrangente e confiável. Desde quando consolidou-se como
cooperativa prestadora de serviços médicos, a Unimed Maringá passou a oferecer um benefício direto para toda a população em geral, embora isso não fosse percebido pela maior parte das pessoas. A instituição acabou, involuntariamente, ordenando o balizamento dos valores cobrados pelos médicos, de modo que a classe médica de Maringá teve que adequar-se às referências estabelecidas pela cooperativa. Com isso, se alguém quisesse determinar seus honorários em níveis mais elevados, certamente ficaria sem pacientes.
“O sr. Roberto, um pai” “Um pai”. É dessa forma que Márcia Maria Faria Pereira, admitida em março de 1989 com a idade de 24 anos, define a maneira como o gerente Roberto Galiano tratava a equipe de funcionários. “Uma pessoa exigente, mas atenciosa com todo mundo”, completa. Ela admite que nem sabia direito o que era Unimed quando assumiu como recepcionista. À época, os colaboradores não passavam de 15 e, entre outros, estavam Celso Akira, que chefiava o setor de vendas, Maria Veríssimo, Marlene Veríssimo, Dirceu Nunes, Maria de Jesus, Maria Kracheski e João Prestes. Conta que “os boletos pagos tinham que ser ticados um a um”, e também que “ficava dias datilografando contratos e correspondências”, tarefa em que, modéstia de lado, se considerava bastante ágil. Pouco tempo depois, por falta de espaço físico, a sede foi transferida para uma casa maior na Avenida Cidade de Leiria, onde Márcia passou da recepção
dor.” Mas como a população não tinha, ainda, a cultura de possuir plano de saúde, era preciso fazer o “beabá”. “A gente seguia de circular para as cidades vizinhas e, não raro, andava o dia inteiro sem vender nada”, conta Márcia. Márcia Maria Até então, todos tinham saPereira lário e mais comissão. “Se fosse depender só da comissão, ninEm 1997, após um “empurrão” do ge- guém aguentaria”, garante. A terceirizarente Roberto, Márcia deixou de ser fun- ção abriu um novo horizonte profissiocionária para compor a equipe terceiri- nal, mas impôs sacrifícios, lembra: acazada de vendas, que ficara sob a respon- baram-se os benefícios, como o custeio sabilidade da empresa Ânima. Quando da gasolina para quem usava o próisso aconteceu, ela passou a integrar um prio veículo, e foi cortado o plano de time de vendedores que contava, ainda, saúde. com os préstimos de Maria Cristina RiCom o tempo, Márcia Pereira firmoubeiro, Renata Adriane Monteschio, Adilson Corona, Carlos Ninno, Rose Apa- se como vendedora, onde desenvolveu recida Silva e Cleide Bono. “Quando essa seu potencial. “Hoje, a concorrência é turma saía para a rua, fazia de tudo: en- grande, mas a Unimed se transformou tregava papel e ia aos bairros para dis- em um sonho de consumo”, afirma ela, tribuir folders com o carimbo do vende- que diz orgulhar-se de seu trabalho. para o faturamento. Nessa época, os contratos de pessoas físicas e jurídicas ainda eram misturados. Mas como a cooperativa crescia em ritmo acelerado, decidiu-se separá-los e ela ficou responsável pelos clientes que se enquadravam como pessoas físicas.
“Uns 20 funcionários” Loyde Sacramento é uma das colaboradoras com mais tempo de casa. Ela foi admitida no dia 19 de dezembro de 1989 para a função de assistente administrativa e a sede da Unimed, onde trabalhavam “uns 20 funcionários”, ficava na Ave-nida Cidade de Leiria. Todos estavam di-retamente ligados ao gerente administrativo Roberto Tavares Galiano que, segundo ela, era uma pessoa rigorosa “que gostava de ver tudo em absoluta ordem”. Como o primeiro executivo da cooperativa, “ele deu o rumo”.
Por orientação do gerente, tudo ainda era feito à mão, os colaboradores eram identiinclusive correspondências”, ficados, nos documentos, conta. apenas pelas letras iniciais de seus nomes. Assim, por muito Como a Unimed já tinha tempo, Loyde foi a “LS” resum grande conceito na cidaponsável por tarefas como code, pessoas procuravam para tações de preços, que precisaadquirir planos de saúde. E toLoyde vam ser feitas junto a três emdos os funcionários, se quisesSacramento presas fornecedoras. Depois, sem, podiam fazer vendas aos com seu jeito simples, paciente e aten- interessados, ganhando uma comissão. cioso, ela foi aproveitada no atendimen- A própria Loyde vendeu para familiares, to aos clientes que se dirigiam ao balcão amigos e a vizinhança, que faziam a opda cooperativa. “Naquele tempo, quase ção entre apartamento e enfermaria. O CAMINHO DO TEMPO |
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Mudando novamente A sugestão foi trazida por um dos médicos cooperados, o dr. José Francisco da Silveira, que, juntamente com outros médicos, era dono de um terreno na confluência das Avenidas Tiradentes e Paraná, onde estava sendo construído um grande edifício, o Centro Comercial Paraná. Em visita à diretoria, Silveira fez um convite para que a Unimed se instalasse no local, ocupando algumas salas e até mesmo pavimentos, se necessário. Fatores como a disponibilidade de amplo espaço, a segurança, a modernidade das instalações e a vantagem de o prédio estar localizado em uma região de fácil acesso ao público, que seria atendido com mais comodidade, acabaram convencendo os diretores. No entanto, como o edifício ainda estava em obras e demoraria quase dois anos para ficar pronto, decidiu-se transferir a sede provisoriamente para um outro local: a Avenida Cidade de Leiria.
Casa que abrigou a sede da Unimed antes da transferência, em definitivo, para o Centro Comercial Tiradentes
O crescimento assustava Dr. Nélson conta que quando a cooperativa começou a crescer, ficou bastante preocupado diante da falta de experiência de sua equipe, ainda enxuta. Como dar conta, afinal, do célere ritmo de expansão? Uma de suas primeiras providências foi buscar no mercado de trabalho profissionais de reconhecida capacidade para o gerenciamento, de forma que o crescimento acontecesse com controle e organização. Para não dar margem a nenhum
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tipo de dúvida, os pagamentos efetuados pelos usuários dos planos de saúde, durante muitos anos, somente eram aceitos em cheque, recusandose as quitações em espécie. Só mesmo quando surgiram os carnês, no final da década de 1980, é que foi possível pagá-los em bancos. Por outro lado, a emissão de cheques por parte da Unimed Maringá só poderia ser feita com a assinatura de dois diretores. “Éramos muito rigorosos em relação a esses cuidados, não queríamos ter problemas”, disse o então presidente.
Administração firme A Unimed havia decolado, sendo considerada um sucesso sob todos os aspectos e trabalhando sempre em sintonia com a Sociedade Médica de Maringá. Administração firme e correta, participação cada vez maior de um quadro de médicos cooperados e em constante crescimento, uma base de usuários bem atendida e em forte expansão. Ao término do segundo mandato, para se ter ideia, o plano de saúde já contava com mais de 12 mil maringaenses. Um número respeitável. Com prestígio em toda a região, a Unimed Maringá serviu de referência para o surgimento de cooperativas similares, como foi o caso da Unimed Paranavaí e da Unimed Marechal Cândido Rondon, fundadas em 1989, que se utilizaram dos conhecimentos e da experiência acumulada pelos maringaenses.
Memória: acima, o Hospital Santa Cruz, que existia na rua Santos Dumont; ao lado, a Casa de Saúde Santa Helena, na Avenida Cidade de Leiria
A vinda, para um evento em Maringá, do especialista Eurícledes de Jesus Zerbini, cirurgião que, em 1968, fez o primeiro transplante do coração. Ele cunhou a frase com a qual seria lembrado: “a lenta tartaruga vive muito mais tempo que o ligeiro coelho”
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A DÉCADA DE 1990
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Tempos de profissionalização Nélson é reeleito para o terceiro mandato e, em um período de dez anos, a Unimed Maringá teria três presidentes
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m 1991, Nelson Couto de Rezende foi reeleito para seu terceiro e último mandato à frente da Unimed Maringá, integrando um Conselho de Administração do qual fizeram parte Joel Vieira Gonçalves (vice-presidente), Antonio Carlos Pupulin (superintendente), e os vogais: Neudair Fernando Sanches, Marcos Victor Ferreira, Reynal-
do Rafael José Brovini, Belo João Araújo, Raul Bendlin Filho e João Maria da Silveira. No Conselho Fiscal, renovável anualmente, Armando Rodrigues Cabelera, Durval Francisco dos Santos Filho, Ivaldo Meneguette, Natal Domingos Gianotto, Dagmar Roque Sotier e Edison Zangale de Azevedo. E, no Conselho Técnico, para o período 1991-1994, Riuzi Nakanishi,
Cilson Pinheiro de Moraes, Ariel Arthur, Giancarlo Sanches, Ivan Murad e Elidir de Oliveira. O vice-presidente Joel Vieira Gonçalves cita que havia ficado para trás o período de amadorismo na administração da cooperativa. “Os tempos eram outros, tínhamos que nos profissionalizar”.
Área de abrangência ampliada Dois anos mais tarde, o Estatuto foi alterado para que a Unimed abrangesse outros municípios, além de Maringá e os distritos de Floriano e Iguatemi: Ângulo, Astorga, Atalaia, Doutor Camargo, Floraí, Floresta, Iguaraçu, Itambé, Ivatuba, Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Nova Esperança, Ourizona, Paiçandu (incluindo o distrito de Água Boa), São Jorge do Ivaí e Sarandi. A cooperativa se desenvolvia, assim, de maneira exemplar: em 1994, foram formados os Comitês de Especialidades e, no mesmo ano, fundada a Associação dos Funcionários da Unimed Maringá (Afum). Já eram cerca de 40 mil usuários.
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Nélson Couto de Rezende: sua liderança e serenidade muito contribuíram para o fortalecimento da cooperativa
Ainda muita coisa manual Mas a modernização foi quando da liberação de guias para os acontecendo. O trabalho clientes”, comenta ele. À época, além de contábil diário sintetizado Adriano, os recepcionistas eram Janete em planilhas, ainda escritas à Piassa, Doraci Augusto, Fábio Melo, mão, seguiam para uma Regina Macedo, Regina Santos, Cleber empresa prestadora de servi- dos Santos e as coordenadoras Tereços da cidade, a Cetil Infor- zinha Tazima e Cacilda Eliane. “Era só esMargareth mática, onde tudo era digita- sa turma para atender mais de 40 mil Valente do e, enfim, inserido num ar- clientes”, mencionando ainda que a quivo de computador. Diaria- equipe da recepção ficava praticamente Segundo Margareth, os funcionários mente, a Cetil remetia um relatório à o dia inteiro em pé e não havia senhas recém-admitidos tinham que fazer um Unimed para que fosse procedida a para o atendimento, como hoje. Até pequeno estágio, inicialmente, em to- conferência. então, a Unimed toda contava com uma dos os setores, a fim de conhecer bem a equipe de 64 funcionários, segundo ele, Ainda em 1992 e início de 1993, a dos quais “uns 2/3 mulheres”. sistemática de trabalho. Ela passou pela recepção (onde as guias de consulta Unimed enfrentava dificuldades para precisavam ser feitas à mão e, ao final, pagar em dia os cooperados e hospitais, Nos anos seguintes, com o crescirecebiam um carimbo enorme para libe- pois a economia brasileira estava em mento da cooperativa, os sistemas foração), o caixa e já seguiu direto para a frangalhos após o malsucedido Plano ram evoluindo e Adriano passou para o contabilidade, onde quase tudo ainda Collor, o que levou à retomada da infla- setor de Pós-Vendas, assumindo o conera feito manualmente. O controle ban- ção em níveis altíssimos. trole do pagamento de comissões e a cário, por exemplo, com os respectivos conferência das propostas vendidas. Ele Margareth se recorda que a coopera- conta que se comercializava um número débitos e créditos, utilizava uma ficha amarela, enquanto o fluxo de caixa era tiva só adquiriu computadores próprios grande de planos, mas, ao mesmo anotado em uma folha de papel ao maço no final de 1993, o que facilitou bastante tempo, um número elevado de clientes e o movimento financeiro diário se fazia os serviços. pedia desligamento por diversas razões. no livro caixa. Contudo, não demorava e aqueles que Admitido em outubro de 1994, haviam saído retornavam. “Muitos eram Adriano Valentim de Souza relata atraídos por planos mais baratos. Só que que a recepção, o priquando precisavam, descomeiro setor onde foi briam que a cobertura era trabalhar, era formamuito restrita”, lembra. da por 9 ou dez pessoas que se utilizavam Adriano, que chegou à de apenas dois comsupervisão de administração putadores. “Por causa de contratos, permaneceu na disso, muita coisa tiUnimed até 2009, quando nha que ser guardada Adriano Valentin integrou a equipe terceirizana cabeça mesmo da de vendas. de Souza Foi em outubro de 1992 que Margareth Aparecida Valente, atual gerente de controladoria, ingressou na cooperativa para o cargo de auxiliar de contabilidade. Sob a gerência de Roberto Galiano, o contador da época era João Carlos Veloso.
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O presidente (centro), ao lado dos diretores Antonio Carlos Pupulim e Joel Vieira Gonçalves
Fim de um ciclo Ao deixar a presidência em 1995, Nélson Couto de Rezende continuou na diretoria comandada por Reynaldo Rafael José Brovini por mais um mandato, agora como superintendente. Em seguida, ainda muito entusiasmado com o cooperativismo, transferiu-se com a família para Curitiba, onde por três mandatos ocupou a vice-presidência da Federação Estadual das Cooperativas Médicas Unimed. Ao lado do presidente Orestes Pullin, construiu a moderna sede da Federação, no interior da qual foi homenageado ao emprestar seu nome para o Centro Cultural. Em 2006, quando completou 69 anos, na eminência de ser indicado como candida-
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to natural a presidente, ele decidiu abrir mão do cargo para ter mais liberdade e dedicar-se à família, retornando para Maringá. Com Laurita, teve três filhos: o médico Marcelo, o advogado e antiquário Marcos André e o advogado Nélson Júnior. Na entrevista que concedeu para a elaboração deste livro, no dia 26 de novembro de 2009, ele afirmou que, se pudesse voltar atrás, faria tudo novamente: cursar medicina, vir para a pequena Itambé na época do desbravamento, casar-se com Laurita e participar da fundação da Unimed Maringá.
Reynaldo Brovini, o segundo presidente O segundo presidente da Unimed Maringá, Reynaldo Rafael José Brovini, é paulista da capital, onde nasceu em 21 de outubro de 1955, criado na cidade de Santos. De uma família de poucas posses, voltou para São Paulo em 1970, aos 14 anos, com o intuito de colocar-se no mercado de trabalho. Ingressou como contínuo na empresa Springer Admiral e, passando por várias funções, desenvolveu uma bem sucedida trajetória que o
levou, aos 21 anos, para o cargo de assistente nacional de vendas. O futuro promissor na Springer, no entanto, não o segurou quando, em 1977, foi aprovado na Faculdade de Medicina de Campos (FMC) em Campos dos Goytacazes (RJ). Desde pequeno, conta, percebia sua inclinação para ser um profissional da área de saúde, mas para completar o curso diz que precisou arranjar tempo, durante os estudos, para trabalhar e
custear a maior parte das despesas. Especializou-se em pneumologia e no dia 1º de dezembro de 1984 aceitou convite feito pelos proprietários da Clínica do Pulmão, os irmãos Paulo e Valdemar Lima, para prestar seus serviços em Maringá. Chegou à cidade casado com a também médica e colega de turma Maria Regina, com quem tem um casal de filhos: Laura e Reynaldo, que igualmente optaram pelo curso de medicina.
Intensa participação Com dois MBA (um em Marketing e outro em Gestão Empresarial), ideias, energia e muita vontade de trabalhar pela classe, o dr. Reynaldo participou do grupo que fundou o Sindicato dos Médicos de Maringá e, em 1990, foi eleito presidente da Sociedade Médica de Maringá (SMM). Nesse mesmo período, em 1989 e 1990, fez parte do Conselho Fiscal da Unimed e, em 1991, compôs, como vogal, o Conselho de Administração na terceira gestão de Nélson Couto de Rezende. O sindicato, definiu ele, “é o braço legal” da categoria, a SMM “o braço social e científico” e a Unimed “o braço econômico”.
O pneumologista Brovini assumiu a presidência da cooperativa em março de 1995
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O dr. Reynaldo já vinha sendo um ativo dirigente quando, em março de 1995, assumiu por aclamação o comando da cooperativa, para um mandato de quatro anos. Além dele na presidência, o Conselho de Administração foi formado por João Maria da Silva (vice-presidente), Nélson Couto de Rezende (superintendente) e os vogais Ariel Arthur, Kiyoiti Kuroda, Milton Cury, Moacir Manetti, Murilo Tadeu Beller e Tadeu Penteado Virmond. No Conselho Fiscal, Armando Rodrigues Cabelera, Durval Francisco dos Santos Filho, Ivaldo Meneguette, Natal Domingos Gianotto, Dagmar Roque Sotier e Edison Zangale de Azevedo. E, no Conselho Técnico, Riuzi Nakanishi, Cilson Pinheiro de Moraes, Ariel Arthur, Giancarlo Sanches, Ivan Murad e Elidir de Oliveira.
Estrutura pequena O dr. Reynaldo se recorda que ao iniciar sua administração, a estrutura da Unimed se resumia a três salas próprias e duas alugadas no Centro Comercial Tiradentes. Nessa época, eram 50 mil clientes, 313 médicos cooperados e uma equipe de 77 funcionários. E, logo que ocupou a cadeira de presidente, deu início a uma série de medidas visando a reestruturação administrativa, financeira e organizacional da cooperativa, com o fim de prepará-la para os novos tempos, que se apresentavam com muitos desafios.
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Edificado pela Construtora Orbis, o Centro Comercial Paraná, inaugurado em setembro de 1991, abriga toda a estrutura administrativa da Unimed Maringá
Medidas para o crescimento Pouco tempo antes, no mês de novembro de 1994, o dr. Reynaldo, investido na função de auditor médico, havia apresentado durante Assembleia Extraordinária algumas sugestões de medidas com o objetivo de viabilizar o crescimento da instituição. Entre delas, vedar temporariamente a entrada de novos médicos associados até que se atingisse uma relação ideal entre a arrecadação e o número de cooperados e usuários. Recomendou, também, a contratação de mais dois auditores para a auditoria hospitalar e a revisão de contas. Até o ano de 1994, quando o governo do presidente Itamar Franco implantou o Plano Real, estabilizando enfim a economia brasileira após quase uma década de desajustes e absurdos em que a inflação não dava trégua, sendo contida artificialmente para explodir com toda a força em seguida, a Unimed seguia seu curso em meio a muitas dificuldades, como era de se supor. Tentando achar uma referência monetária, a fim de que os médicos cooperados fossem preservados em relação ao valor de seus honorários, o dr. Reynaldo havia liderado a pro-
posta de criação do Coeficiente de Honorário (CH). Ou seja: uma consulta corresponderia a 80 CH, funcionando nos mes-mos moldes da URV (Unidade Real de Valor), um indexador que o governo e a sociedade adotaram antes do Real como medida de proteção contra as perdas diárias causadas pela inflação. Ainda em meio à turbulência econômica que levou muitas empresas menos preparadas à insolvência, outra proposta apresentada por ele foi a criação de um fundo de reserva com a retenção de 3% do faturamento mensal da cooperativa, rateada entre cooperados, hospitais, clínicas de Raio X, laboratórios e afins. Com isso, ao final de um ano, 36% do faturamento iria para capitalizar a cooperativa, sendo usado para os necessários investi-
mentos. A implantação dessa forma de rateio demandou estudos aprofundados sobre a lei cooperativista que, a princípio, vedava tal recurso para cooperativas de prestação de serviço como a Unimed. “Conseguir isso foi um fato raro no cooperativismo brasileiro, o que assegurou sustentação à cooperativa em um período de muitas incertezas”, afirmou. Segundo a gerente de controladoria Margareth Aparecida Valente, que em 1995 assumiu a contadoria com a saída de João Carlos Veloso, fechando o seu primeiro balanço contábil, esse rateio permitiu que a Unimed saísse, enfim, das crises financeiras que a sufocavam há anos. “Formou-se um colchão financeiro, uma reserva, que deu suporte ao crescimento da cooperativa.”
Várias frentes de trabalho Cerca de 30 medidas foram implantadas em várias frentes. Uma das primeiras providências foi a atualização do valor dos contratos que estavam defasados, mediante a adoção do sistema de faixa etária. “Para isso, procedemos a compra de carência de outros planos de saúde e, como resultado, fechamos treze contratos”, disse Brovini. Ele lembra que as Unimeds no Paraná e no restante do Brasil seguiam cada uma de um jeito até o advento da informatização. Nesse contexto, o sistema Biomeek revelou-se uma forma de gerenciamento moderna e dinâmica, que facilitou o dia-a-dia da administração e dos funcionários ao estabelecer um método padrão de trabalho que unificou a linguagem entre as unidades.
Diógenes Ferreira Romão
Sobre esse assunto, o funcionário Diógenes Ferreira Romão, admitido em janeiro de 1995, conta que começou como auxiliar na área de informática e, até então, o sistema desenvolvido por Vladimir Egoroff, que também mantinha contrato de prestação do mesmo tipo de serviço para hospitais, era bastante frágil. Nessa
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época, a Unimed contava com apenas 14 terminais chamados de “burros” por Diógenes, todos do modelo 386 “que hoje não serviriam nem para se usar em casa”. O Biomeek, em sua primeira versão “Progress” (que se resumia a liberação de guias e pagamento dos médicos) foi implantado em 1996 e, até essa época, as únicas Unimeds que não o utilizavam eram Londrina e Maringá. “Ao longo do tempo, ele foi sendo aprimorado até chegar à versão atual, o Oracle”, completou Diógenes.
mento de honorários médicos e serviços credenciados pelo sistema pró-rata. Ao mesmo tempo, foi dado início a um programa de marketing a cargo de uma agência de publicidade local, a WMM Propaganda, provisionando-se recursos da ordem de R$ 88 mil para essa finalidade. A campanha contemplaria anúncio em outdoor, rádio e televisão, bem como participação em eventos sociais e esportivos. Por fim, visando a melhoria do
Voltando a 1995, a cooperativa fechava-se, desde o mês de janeiro, à admissão de novos cooperados. Apesar disso, ficou estabelecido que poderia vir a credenciar médicos para atender especialidades em que a demanda fosse muito grande, caso de dermatologia e cirurgia cardíaca, em que ainda não havia profissionais cooperados.
atendimento aos usuários, implantou-se o serviço de remoção em ambulâncias (foto abaixo), o Unimóvel, com investimentos iniciais de R$ 44 mil. Para tanto, dispunha-se de duas ambulâncias, sendo uma delas equipada com UTI. Era criada, também, a Linha Direta, garantindo mais comodidade para a liberação de consultas e/ou exames laboratoriais. Após escolher o médico, o usuário deveria ligar para o telefone 222-7050 e obter as informações necessárias ao atendimento.
Para a função de auditores médicos, como tinha sugerido anteriormente, foram contratados os cooperados Renato Luiz Niero, Luiz Antonio Pupulim, José Ramos Martins, Maria Marta Cabral e Moacir Manetti. Então, após ser adotada a tabela AMB ano 1992, passou a ser praticado o paga-
Unimóvel: as duas primeiras unidades
Os primeiros resultados Todas essas mudanças produziram resultados. No dia 1º de agosto de 1995, durante Assembleia Geral Extraordinária (AGE), o presidente apresentou relatórios em que assinalou o crescimento da arrecadação da cooperativa e o aumento do número de usuários. Os números voltaram a merecer atenção quase quatro meses depois, no dia 27
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de novembro, em uma nova AGE, oportunidade em que a diretoria apresentou um relatório econômico-financeiro com o fluxo de caixa realizado entre o período de janeiro a outubro. Até então, as receitas eram de R$ 9.476.717,00 para um montante de despesas de R$ 9.271.147,00, um saldo positivo de R$ 205.570,00. Com isso, demonstrou-se que a cooperativa estava ganhando fôlego e conseguiria saldar to-
dos os seus compromissos, naquele ano, sem a necessidade de recorrer a financiamentos bancários. Compuseram os gastos: serviços contratados (laboratório, radiologia, litotripsia, ecocardiografia, cintilografia e radioterapia) 16,4%, serviços hospitalares 20,8%, honorários médicos (consultas, internações e cirurgias) 32,8%, despesas administrativas 14,3%, investimentos com marketing, 15%, e outros, 0,7%.
Rateios A adoção do sistema de rateio, aprovado na AGO de 1995, foi uma novidade bem aceita na cooperativa, estabelecendo-se que 52% das receitas iriam para remuneração dos cooperados, 20% ao pagamento de hospitais, 15% à cobertura de despesas administrativas, 8% para a câmara de intercâmbio, 3% ao Fundo de Reserva (com o fim de fazer frente a investimentos) e 1,5% para o Fundo de Alto Custo.
O presidente Reynaldo Brovini, o superintendente Nélson Couto de Rezende e o diretor-financeiro Joel Vieira Gonçalves entregam equipamento de som à Associação dos Funcionários da Unimed (Afum), representada pelo seu presidente Dirceu Nunes, durante evento de confraternização em 1995
Transplante de coração Paulão, pai No dia 29 de outubro, a Unimed publicava anúncio de página inteira nos jornais para informar que a família do atleta Paulão, campeão olímpico com a seleção brasileira de vôlei em Barcelona, e na época jogador da Cocamar, era cliente da Unimed. Sua esposa, Cláudia, acabara de dar à luz Paulo Henrique, o primeiro filho do casal.
Na década de 1990 foi realizado em Maringá o primeiro transplante de coração fora de São Paulo, confiado aos médicos Francisco Assis Coimbra Júnior (falecido) e Valdo Carrera. A enfermeira Hilda Maria Dágola Gouveia, atualmente responsável pela área de relacionamento de saúde da Unimed, auxiliou naquele procedimento, que foi bem sucedido.
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O Unimed Air Em algumas regiões do país, o cooperativismo de serviços médicos estava ficando para trás em relação a outros planos de saúde, que já ofereciam o serviço de remoção aérea. Para suprir essa necessidade, a Unimed Maringá buscou junto a Unimed de São Paulo um programa que havia sido recém-implantado, o Unimed Air. Para isso, a cooperativa paulistana contava com hangar próprio no Aeroporto de Congonhas e se servia de várias aeronaves: dois jatos Learjet 55 (mais velozes e com o dobro da capacidade da concorrência) e quatro helicópteros. O custo mensal para o usuário seria de R$ 1,50. Como o assunto foi discutido e aprovado em Maringá, o lançamento oficial do novo serviço foi feito no mês de dezembro de 1995, ocorrendo em grande estilo, com a compra de 3 minutos de intervalo do programa Fantástico, na TV Cultura de Maringá. No dia 14 daquele mês, com um dos Learjet trazido de São Paulo, um evento levou centenas de médicos e
convidados para o Hangar do Frigorífico Naviraí, ainda no antigo aeroporto da cidade, para apresentar o “mais rápido e melhor jato para remoção aeromédica do país”.
Comprar hospital? Terreno para a sede? Sobre comentários de que a Unimed estaria interessada na compra do Hospital Maringá, o presidente Reynaldo Brovini esclareceu em reuniões que tal informação não procedia. O que acontecera, segundo ele, foi que os proprietários daquele estabelecimento procuraram a administração da cooperativa com uma proposta de venda, mas os diretores preferiram levar esse assunto para apreciação dos cooperados em as-
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sembleia. Ao final, decidiu-se que, por enquanto, a compra de um hospital para a prestação de serviços próprios não seria feita. A mesma Assembleia também não foi favorável à compra imediata de um espaçoso terreno para abrigar a sede da cooperativa, próximo à Rua Estácio de Sá. A diretoria informou que havia uma opção de compra por R$ 200
mil e a possibilidade de parcelamento, chegando mesmo a apresentar um croqui para a construção de instalações administrativas e de atendimento, incluindo garagem para ambulâncias e estacionamento, em área de 1.500 a 1.800 metros quadrados. A construção estaria orçada em R$ 400 mil. Contudo, nem chegou a ser constituída uma comissão para levar esse assunto adiante.
Fidelidade e militância única? No início de 1996, a cooperativa se deparou com uma situação entre o seu corpo de cooperados que, se não merecesse a devida atenção naquele momento, poderia acabar representando um grande problema, pois infringia o Estatuto e o Regimento Interno. Ocorre que parte deles estava credenciada a prestar serviços, também, para outros planos de saúde que operavam na cidade, contrariando o princípio cooperativista da fidelidade e militância única. Isso preocupou os dirigentes da cooperativa, visto que, se as regras fosse aplicada ao pé da letra, muitos cooperados seriam
sumariamente eliminados do quadro social. Mas por tratar-se de uma situação que, até então, não havia sido discutida, preferiu-se agir com a necessária cautela, uma vez que nem todos os médicos cooperados estavam habituados a trabalhar segundo as normas de uma sociedade cooperativista.
O então superintendente, dr. Nélson Couto de Rezende, defendeu a necessidade de se implantar a militância única, embora reconhecendo que as dificuldades iniciais, para isso, seriam grandes, “principalmente porque muitos colegas dependiam de outros convênios”.
Consciência cooperativista De qualquer forma, aquela situação serviu como uma arrancada para o fortalecimento da consciência cooperativista. Mesmo porque, segundo o presidente Reynaldo Brovini, a Unimed se consolidaria, com o passar do tempo, como a principal provedora da classe médica em Maringá e região. Foi a participação na cooperativa, por exemplo, que possibilitou aos médicos, clínicas e hospitais, segurança e uma receita garantida para que pudessem investir e buscar aprimoramento profissional. No mês de setembro, uma nova AGE foi convocada para discutir, entre outras pautas, a implantação do sistema de
atendimento 24 horas a partir de dezembro daquele ano, visando a proporcionar aos clientes, cooperados e estruturas credenciadas, mais comodidade e segurança. Com isso, o usuário teria a facilidade de poder pedir a liberação de uma consulta ou exame sem sair de casa. Para isso, ficaria com uma guia personalizada e pré-emitida, sendo somente necessário, ao fazer a ligação, mencionar o códi-go de sua carteirinha, a senha e o serviço solicitado. Por sua vez, a atendente informaria a senha de liberação e a validade. De outro lado, laboratórios e hospitais teriam também segurança para prestar atendimento em horário noturno, bem como em feriados e finais de semana.
Participação na cooperativa proporcionou aos médicos uma receita garantida para que pudessem investir e buscar aprimoramento profissional.
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Avanços Evoluindo no processo de informatização, a Unimed viabilizou o desenvolvimento de um software que tornou possível a digitação da produção do médico cooperado no seu próprio micro, para posterior gravação e entrega à cooperativa. O programa de computador, cedido gratuitamente a cada cooperado, trouxe mais agilidade administrativa e menos possibilidade de erros no fechamento da folha mensal. Em uma segunda etapa, isso foi estendido também para laboratórios e hospitais. Foi formado, ainda, um grupo de trabalho para levantar eventuais problemas nos contratos mantidos pela Unimed
Top Of Mind Em maio de 1997, quando Maringá completou 50 anos de fundação, uma pesquisa Top Of Mind apontou que para 53% das pessoas entrevistadas nas ruas da cidade, o primeiro nome que vinha à cabeça quando se pensava em plano de saúde, era Unimed.
com o mercado (como a defasagem de valores em relação à concorrência), bem como a seleção dos mesmos para atender aos interesses da cooperativa. Estudar a incorporação de novas tecnologias ao portfólio de serviços, caso das videocirurgias e medicina nuclear, era outra atribuição. Por fim, foi considerada ainda a possibilidade de implementação do sistema home care, que previa a internação domiciliar, e a incorporação de novos municípios à área de ação da Unimed Maringá para efeito de admissão de cooperados: Lobato, Uniflor, Munhoz de Melo, Flórida, Santa Fé e Colorado.
Estabilidade No dia 21 de setembro de 1997, durante Assembleia Geral Extraordinária, o presidente Reynaldo Brovini expôs que a cooperativa vivia momentos bem mais tranquilos, após conseguir a sua estabilidade econômica, somando-se a isso a boa participação dos parceiros e cooperados.
Em contrapartida, como fatores adversos, mencionou a existência de coberturas incompletas e contratos diferenciados, o descompasso com o avanço tecnológico, a redução de profissionais e de oferta de serviços de terceiros, e a demanda reprimida em algumas especialidades.
A 1ª Copa Unimed Entre os dias 7 a 15 de novembro de 1997, foi promovida em Maringá a primeira edição da Copa Unimed Escolar de Maringá, reunindo cerca de 1.400 participantes em competições de GRD, vôlei, futebol, basquete e atletismo. A Copa, cuja abertura aconteceu no Ginásio de Esportes Chico Neto, se propunha a promover um intercâmbio esportivo entre as escolas e colégios do município. Contou, nesse evento inaugural, com a participação dos
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seguintes estabelecimentos: Instituto de Educação, Colégio Santa Cruz, Escola Estadual Theobaldo Miranda Santos, Colégio Estadual Presidente Kennedy, Colégio Estadual João de Faria Pioli, Escola São Francisco Xavier, Escolinha de Atletismo da Prefeitura, Colégios Marista, Objetivo, Thomas Edson e Rui Barbosa. O Colégio Marista ficou com o primeiro lugar, conquistando 73 medalhas.
Novas medidas Segundo o presidente, havia problemas quanto às instalações físicas, o que tornava difícil a operacionalização dos setores da cooperativa, sem dizer que a diretoria, formada de apenas três membros, encontrava-se bastante sobrecarregada, o que reduzia a agilidade decisória. Então, propôs algumas medidas, como a terceirização do departamento de vendas, a adoção da lista de procedimentos médicos referentes a 1996, a incorporação de novas tecnologias aos novos contratos e a renegociação nos mais antigos, a construção ou compra de uma sede própria, a reorganização administrativa com membros do Conselho de Adminis-
tração, abertura para novos cooperados, reforma estatutária e oferta de novos serviços, entre os quais Unicred, Usimed, Home Care e Farmácia. A terceirização da área de vendas foi negociada com a empresa Ânima, de propriedade de Pedro Carlos Camporezzi, que trabalhou durante algum tempo, também, com a Unimed em Londrina. Desde então, a Ânima responde pela comercialização dos planos de saúde. Atualmente, são 19 vendedores em Maringá, sem contar os das cidades da região onde a cooperativa está presente.
A comemoração dos 15 anos Nos dias 21 e 29 de novembro de 1997, quando da comemoração dos 15 anos de fundação da cooperativa, dois eventos foram promovidos. O primeiro, um jantar dançante no Clube Olímpico de Maringá. O segundo, um show com o cantor e compositor João Bosco, no Cinema Café. Nesse ano, a Unimed Maringá totalizava a realização de 383 mil exames, 180 mil consultas, 22 mil internamentos, 9 mil cirurgias e 1.700 remoções.
A Unicred O vice-presidente João Maria da Silveira fez uma exposição aos médicos cooperados sobre a criação da Unicred, uma cooperativa de crédito voltada ao segmento dos profissionais médicos, que estava prestes a iniciar suas atividades, sendo formada inicialmente pelas cooperativas Unimed de Londrina, Maringá e Apucarana. Dela participavam, também, como dirigentes, Reynaldo Brovini, Nélson Couto de Rezende e Joel Gonçalves. No dia 10 de maio de 1997, quando Maringá completou 50 anos, a homenagem da Unimed foi veiculada em jornais
Fundada no dia 1º de setembro de 1997, a Unicred surgia com a finalidade inicial de oferecer suporte ao crescimento e ao desenvolvimento da classe médica da região. Para alavancá-la, o presi-
dente da Unimed Maringá, Reynaldo Brovini, fez um depósito de vulto: US$ 1 milhão (à época, a paridade do dólar em relação ao real era de US$ 1,00 por R$ 1,00). Aos poucos, seus serviços e benefícios chegaram a todos os profissionais de saúde e mais tarde, com autorização do Banco Central, passou a atender também empresários e empresas dos mais diversificados ramos de atividade em sua área de abrangência. Sem visar lucro e com um atendimento personalizado, a cooperativa disponibilizou aos seus cooperados um amplo leque de serviços financeiros e, nos anos seguintes, apresentou forte desenvolvimento (leia mais sobre a Unicred no Anexos na parte final deste livro).
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A conquista da certificação ISO 9002
O desenvolvimento da cooperativa
A edição de dezembro de 1998, da Revista ACIM, destacou que no mês de janeiro seguinte a Unimed receberia o certificado de qualidade ISO 9002, o que fazia da cooperativa médica de Maringá a quarta do País a adotar padrões e normas internacionais de qualidade. A certificação foi conferida pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, instituto ligado à USP (Universidade de São Paulo) com atuação reconhecida dentro e fora do Brasil. Com o processo, a Unimed aprimorava os serviços prestados aos seus 63 mil usuários de Maringá e região. E se preparava para as mudanças que o setor iria enfrentar a partir da regulamentação dos planos de saúde, que começaria a vigorar em 4 de janeiro do ano seguinte.
Em busca da sede própria No mês de novembro, durante AGE, a diretoria voltou novamente à carga com a proposta de compra de um imóvel que pudesse abrigar a sede da Unimed Maringá. O dr. Reynaldo justificou que vários imóveis e terrenos haviam sido analisados pela diretoria executiva, juntamente com integrantes do Conselho de Administração. O que mais se adequou às necessidades, segundo ele, teria sido o prédio do empreendimento denominado Boulevard Gallery, na Praça Manoel Ribas. Na reunião, o presidente apresentou as justificativas para a compra de um local mais amplo, haja vista as condições inadequadas de que alguns setores se encontravam no Edifício Centro Comercial Paraná. E também que, em breve, outros serviços seriam incorporados, co-
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mo Home Care, Medicina Ocupacional, Unicred, Usimed e farmácia. Ao decidirem, no entanto, os cooperados presentes manifestaram-se contrários a essa aquisição. Um ano mais tarde, em 30 de novembro de 1998, em um de seus últimos atos como presidente, o dr. Reynaldo oficializou a mudança realizada no artigo 34 do Estatuto Social, que elevou de 9 para 11 o número de membros no Conselho de Administração, dos quais 5 integrariam a diretoria executiva, que passou a ser composta pelos seguintes cargos: presidente, vice-presidente, diretor administrativo, diretor de mercado e diretor médico, com seis conselheiros vogais, para um mandato de quatro anos.
Com a Unimed, a classe médica organizou-se economicamente em Maringá e região e a cooperativa apresentou forte desenvolvimento ao longo dos anos. Somente na gestão do presidente Reynaldo Brovini, o quadro de usuários evoluiu de 43.392 em setembro de 1995 para 63.049 em dezembro de 1998, enquanto a receita saltou de R$ 4,718 milhões no exercício 1994 para R$ 11,701 milhões em 1995, R$ 18,928 milhões em 1996, R$ 26,137 milhões em 1997 e R$ 32,572 milhões em 1998. “Ficamos em segundo lugar no Paraná em evolução de receita”, comentou o dr. Reynaldo, que apresentou outros números para demonstrar a boa situação da cooperativa: as despesas administrativas registraram queda de 26,19% entre 1994 e 1998, saindo de uma participação de 14,17% na planilha geral de custos no início de seu mandato, para 10,46% no último ano. “Fechamos 1998 no ranking das Unimeds do Paraná com o terceiro melhor percentual no que refere a despesas com pessoal, e também a que melhor apresentou incremento no valor da consulta.
1998 63.049
R$ 32,572
43.392
R$ 4,718
Usuários
Receita (em milhões)
1995
O Plantão Musical
Escreveu o dr. Celso Barretto: “A ideia é antiga. Começou como uma brincadeira, um sonho, um delírio: fazer um disco só de médicos!? Evidenciar os talentos, a prata da casa. Mostrar o nosso outro lado... (...) E agora está pronto: o antigo sonho materializado, concluído. É gratificante vê-lo, tocá-lo. Enfim ter a coragem de tornar público o outro lado.” Em novembro de 1998, a Unimed Maringá viabilizou a gravação de um compact disc (CD) com a participação de vários médicos cooperados que, em suas horas vagas, dedicavam-se à música, como hobby. Com o título “O Outro Lado”, o CD incluiu 12 canções: “Carrossel de Natal”, interpretada por um coral de crianças, “Doce de Coco” (com Maria Teresa Coimbra), “Viramundo” (Robson Souza), “Lígia Helena” (Celso Barretto), “Sinal Fechado” (Benedito Tel), “Com que Roupa” (José Francisco da Silveira), “Sertaneja” (Belo João de Araújo), “Resposta Adrenérgica” (Rudimar Rios), “Uno” (Reynaldo Brovini), “A Rita” (Paulo Donadio), “Blues Before Sunrise” (Túlio Ravelli e Banda) e “Bachianinha n.1” (Paulo Soni).
Entre 1999 e 2000, surgiu em Maringá um grupo de música formado exclusivamente por médicos com o nome, sugestivo, de Plantão Musical. Um dos profissionais que participou desde o início é o patologista Robson José da Silva Souza. Segundo ele, a ideia de formar um grupo assim nasceu quando algumas pessoas da classe participavam de aulas de canto com a professora Lara Lovato, na antiga Associação Maringaense de Artes. Todos os anos era organizado um festival que contava com a participação de músicos do Brasil inteiro, entre eles estudantes e também grandes profissionais eruditos. Ao final de dez dias, sempre com o envolvimento de vários médicos voluntários, havia um “gran finale” que ficava na história. “Quando a professora foi embora, ficou a vontade de continuar”, conta o dr.
Robson, que, juntamente com outros profissionais, como os drs. Benedito Carlos Tel, Paulo Roberto Donadio e Maria Tereza Coimbra, manteve o núcleo inicial. A primeira apresentação foi montada na Sociedade Médica, com o repertório de Noel Rosa. Daí em diante, o Plantão Musical seguiu em frente, estimulado pelos aplausos e o incentivo de toda a classe médica, bem como admiradores de toda a cidade e região. Hoje, além do grupo de canto e instrumentistas, integrado por cerca de 15 pessoas, há também a equipe cênica e toda uma organização profissional. Bom baiano, o dr. Robson diz que gosta mesmo é de cantar. “Tenho um amplo repertório e nenhum outro médico participa tanto quanto eu”, comenta ele, acrescentando que uma vez por semana é promovido o clube do choro e uma vez por mês o casa de bamba.
Batizado de Show de MPB, médicos de Maringá se uniram, durante vários anos, para interpretar composições do poeta Vinícius de Moraes. Antes dele, compositores como Noel Rosa e Cartola já haviam sido cantados pelos doutores. “Nosso objetivo era aproximar o médico à comunidade e desmistificar a ideia de que ele estava longe da população”, explicou o diretor cultural, médico Heine Macieira. Algumas outras iniciativas tornaram-se tradicionais, como a Temporada de Teatro e o Vídeo Arte. O CAMINHO DO TEMPO |
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Nesta página, parte do portfólio desenvolvido pela WMM Propaganda, de Maringá, a primeira agência a prestar atendimento à Unimed. Acervo gentilmente cedido por Sônia Maria Martins
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O primeiro movimento de oposição A gestão do dr. Brovini se deparou com o fortalecimento de uma corrente de oposição que já vinha se manifestando timidamente há tempos, ganhou corpo e desenvoltura no segundo semestre de 1998 com um intenso processo de articulação e o objetivo era apresentar uma via alternativa ao quadro de cooperados na eleição do novo Conselho de Administração programada para março de 1999. A movimentação do grupo, com a participação inclusive do vice-presidente dr. João Maria da Silveira, surpreendeu a administração de Reynaldo Brovini, que se viu sem muito espaço e tempo para recuperar-se. Assim, a perspectiva de um inédito “bate-chapa” começou a mexer com os cooperados, desenvolvendo-se uma campanha eleitoral que, sem demora, acirrou-se, com as duas correntes saindo ao encalço de votos. Inscreveram-se, portanto, a chapa “Realização”, liderada pelo dr. Reynaldo, e a “Participação”, que tinha à frente o dr.
João Maria da Silveira. O pleito se deu no dia 29 de março de 1999, durante Assembleia Geral Ordinária realizada no Teatro Marista com a participação de 532 cooperados. Após o cumprimento da pauta, que incluiu a prestação de contas de 1998, procedida pelo auditor Mauro de Souza, da Cooproserv (Cooperativa de Serviços Técnicos Profissionais Ltda), aprovadas unanimemente pelos presentes, finalizaramse os preparativos para a eleição, cuja organização esteve a cargo de uma comissão presidida pelo dr. Oswaldo Rodrigues Truite. Para isso, três mesas foram constituídas: a primeira, presidida pelo dr. Eliezer Ceribelli e com os mesários, os doutores Johnni Oswaldo Zamponi e Adécio Cândido da Rocha; a segunda, sob a presidência do dr. Kemel Jorge Chammas e com os mesários, os doutores Edison Girardi e Nélson Aparecido Bagatin; e a terceira, presidida pelo dr. Nélson de Brito e com os mesários, os doutores Walter Álvaro da Silva e Ricardo Plépis Filho.
As três fases da medicina O dr. Reynaldo pontua que a medicina em Maringá passou por três fases distintas: a primeira, entre 1947 (quando o município foi fundado) e até por volta de 1975, quando os médicos contavam com menos recursos para trabalhar e, em razão disso, se obrigavam a desenvolver mais habilidade e destreza manuais. A segunda, até meados da década de 1990, quando começou a lidar-se com métodos de imagens, o ultrassom e houve grande desenvolvimento tecnológico em laboratórios. A terceira fase, que se estende até os dias atuais, registrou grandes mudanças e avançou, por exemplo, para o domínio de fibra ótica, sem falar dos recursos de ressonância magnética e da medicina nuclear.
Disputa equilibrada Ao final de uma eleição equilibrada, o resultado, divulgado por volta das 22h30, apontou 240 votos para a chama de oposição e 223 para a “Realização”. O comparecimento dos cooperados foi maciço e a Unimed Maringá renovava, assim, o seu Conselho de Administração, que passou a ser composto por João Maria da Silva, agora investido na função de presidente, Durval Francisco dos Santos
Filho, vice-presidente, Natal Domingos Gianotto, diretor-administrativo, Roberto Tanus Pazello, diretor de mercado, Marco Antonio Rocha Loures, diretor técnico, e os vogais Ricardo Plépis Filho, Maurício Chaves Júnior, Carlos Alberto Fernandes, Hélio Jorge Pozzobon, Wilson Toshio Kioshima, Fernando de Souza, Murilo Tadeu Beller e José Carlos Souza Castanho.
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A DÉCADA DE 2000
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Unimed Maringá, a terceira do Paraná A gestão de João Maria, o terceiro presidente, adequou a cooperativa às exigências da regulamentação imposta pela ANS aos planos de saúde, pavimentando o caminho para o seu crescimento
F
ormado em 1976 pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) em Curitiba (PR), o obstetra e ginecologista João Maria da Silveira, nascido em 25 de fevereiro de 1950 na cidade de Inocência (MS), chegou a Maringá em 1980 para reforçar a equipe do Hospital São Marcos, de propriedade do médico Said Felício Ferreira, onde atuou por alguns anos até instalar-se com clínica própria. Casado com Ângela M. da Silveira, tem um filho: João Aurélio. Na Unimed praticamente desde o seu início, o dr. João Maria integrou o Conselho de Administração da cooperativa em 1990. Foi superintendente na terceira gestão de Nélson Couto de Rezende e vice-presidente no período em que Reynaldo Brovini comandou a entidade. Quando assumiu a presidência, em 1999, trouxe consigo a experiência acumulada como participativo gestor da cooperativa e também o conhecimento adquirido durante oito anos de serviços prestados à Secretaria Municipal de Saúde. Atualmente dividindo um consultório com o médico Natal Gianotto, ele faz uma viagem no tempo na entrevista que concedeu em 24 de fevereiro de 2010 (um dia antes de completar 60 anos), para falar sobre a sua administração.
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Lembra o dr. João Maria que, no início, a classe médica local, por não ter assimilado ainda a proposta do cooperativismo e estar acostumada a atender pelo sistema particular, mostrava-se pouco receptiva à Unimed, “o que era natural”. Isto porque a remuneração não
era tão atraente quanto a do serviço público. No entanto, os honorários foram achatando após a municipalização da saúde e, com a gestão plena introduzida em 1990, os profissionais passaram a perceber valores ainda menores.
A afirmação “Ao mesmo tempo em que isto acontecia, a Unimed se firmava cada vez mais no que se refere a uma boa remuneração para os cooperados e também como prestadora de um atendimento adequado e de qualidade a quem de-pendia exclusivamente do serviço pú-blico e se sentiu desassistido”, cita. Ele enfatiza que a criação do Fundo de Reserva implantado no final da terceira e última gestão de Nélson Couto de Rezende, do qual o mentor foi Reynaldo Brovini, assegurou que a cooperativa vislumbrasse um futuro mais promissor, sem correr riscos financeiros. O valor do CH (Coeficiente de Honorário) flutuava de acordo com a realidade econômica do País, evitando que os associados sofressem perdas. Da mesma forma, o sistema de pagamento pró-rata (em forma de rateio) sempre funcionou bem. O dr. João Maria se recorda que, mesmo assim, contratos firmados com empresas estavam sujeitos a defasagens e podiam originar prejuízos para a cooperativa. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Cocamar, cujo atendimento compreendia um grande número de funcionários e associados. Para surpresa dos diretores, que esperavam por uma negociação longa e difícil, a direção da Cocamar foi extremamente receptiva, entendendo que a situação poderia colocar a Unimed em risco. Assim, não apenas aceitou corrigir valores como, por uma deliberação sua, que considerou justa e razoável, ressarciu a cooperativa das perdas financeiras que havia acumulado no período, ao honrar o contrato.
CRESCIMENTO Se a entidade, enfim, consolidou-se perante a classe médica, provendo-lhe a maior parte de seus honorários, o mesmo aconteceu com os clientes: exemplo de sucesso, sua aceitação cristalizou-se de forma indiscutível, o que abriu caminho para um ritmo ainda mais forte de crescimento. Da mesma forma, a profissionalização da gestão, a partir de 1994 e 1995, possibilitou ferramentas mais modernas que contribuíram para pavimentar o caminho a ser trilhado pela Unimed. “O usuário percebeu que a maneira de atender era a melhor e a sua satisfação se somou a do médico”, afirma o dr. João Maria, enfatizando que “hoje em dia é complicado para um médico trabalhar na cidade se ele não fizer parte da cooperativa”.
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Ano de oposição feroz e muitas dificuldades Sobre o início de sua gestão em 1999, logo após o desgastante bate-chapa, o então presidente diz que a sua diretoria deparou-se com uma situação ainda inédita na cooperativa: a de conviver com uma oposição feroz, que não permitia a menor trégua. “Nenhuma administração anterior havia passado por isso”, relatou, explicando que a sua decisão de liderar uma chapa para concorrer à eleição foi tomada porque, resumidamente, havia dificuldade de formar uma composição. “Digamos que faltou um pouco de habilidade política e a disputa nas urnas foi inevitável.”
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Mas as dificuldades para a gestão do presidente João Maria estavam só começando. Além do desafio de comandar uma cooperativa com seu quadro de cooperados dividido em função do recente embate eleitoral, foi preciso, já nos primeiros dias de trabalho, ajustar toda a estrutura da entidade ao processo de regulamentação dos planos determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Foi necessário, por exemplo, alterar completamente os contratos, bem como a gestão das carteiras, o que demandou um grande esforço de toda a equipe, sendo que a cooperativa era alvo de constante fiscalização e de ingerências por parte da ANS”, conta.
toria extremamente dedicada e de colaboradores valorosos”, conta, citando a participação, em especial, do vice-presidente Durval Francisco dos Santos Filho, e do diretor-administrativo Natal Gianotto. “Tivemos, ao mesmo tempo, um Conselho Fiscal sempre muito atuante que, às vezes, cometia exageros e chegava a ser implacável, como se ainda estivéssemos nos tempos da Inquisição”, sorri.
Segundo ele, 1999 foi um ano especialmente adverso na área da saúde devido ao surgimento de mais tributos e também para atender as inúmeras exigências da regulamentação, todas cumpridas rigorosamente, que acabou sendo o desafio mais difícil de sua administração, “superado graças ao empenho de uma dire-
Sobre a regulamentação dos planos de saúde, o Sistema Nacional Unimed, constituído por 90 mil médicos e responsável pelo atendimento de 11 milhões de pessoas em todo o país, publicou carta aberta nos jornais em outubro de 2000, dirigida aos usuários, empresários e à população em geral, para reclamar da ma-
Foram grandes as adversidades no início da gestão neira como a ANS vinha atuando. Segundo a publicação, “A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), excedendo seu papel fiscalizador de forma contrária à lei e ao bom senso, vem burocratizando e onerando a prestação da assistência médica suplementar, bem como criando falso conflito entre consumidores e fornecedores de planos de saúde, abandonando assim os próprios postulados das relações jurídicas de consumo, onde devem preponderar a harmonia e não o letígio”. O manifesto referia-se ao acréscimo de custos nos planos de saúde, o que abria espaço para a proliferação de “produtos alternativos”, cujas “operadoras” valiam-se da inexistência de um “custo ANS” para, deslealmente, concorrer com as que suportavam os pesados ônus então impostos.
Por sua vez, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), pedia pelo menos mais dois anos para que as empresas pudessem adequar-se. O receio era que os planos perdessem seus clientes ante a inevitável elevação de custos. Na visão de algumas lideranças, o grande problema da Lei 9.656, que
transformou todos os planos de saúde e operadoras, era a mudança constante das normatizações desde a sua implantação. Houve 30 modificações por medida provisória e quatro determinações da ANS. As operadoras alegavam estar pagando bitributação de PIS/COFINS e todas entraram na Justiça para corrigir
isso. Entendia-se que a mudança tinha sido muito brusca, o que afetou a saúde das operadoras. Os gastos foram aumentados com a sofisticação e tecnologia da saúde e com os impostos e taxas adicionais. Por outro lado as operadoras fica-ram desprotegidas com a demora da ANS em autorizar reajustes.
percentual máximo era de 15%).
principais conquistas em seu primeiro ano. Naquela oportunidade, o diretor Natal Domingos Gianotto havia defendido que fosse procedida uma alteração no percentual destinado ao Fundo de Reserva para investimentos, o que resultou na criação do Fundo de Alto Custo. Propôs que dos 3% destinados pelo rateio àquele primeiro Fundo, metade fosse para provisionar o Fundo de Alto Custo, garantindo um suporte a mais para a proteção da cooperativa.
NÚMEROS EM ALTA Em seu primeiro ano como presidente, o dr. João Maria apresentou um resultado que foi considerado bom para a cooperativa, com a receita operacional líquida, por exemplo, evoluindo 18,92% em relação a 1998. Como consequência, o sistema de rateio conferiu percentuais mais favoráveis para o quadro de cooperados, que tiveram 55% de participação (acima dos 52% estabelecidos em 1995), 19,38% para hospitais (ante os 20% previstos) e 10,74% a título de despesas administrativas (o
Por sua vez, o quadro de usuários apresentou incremento de 2,12%, passando de 63.049 em 1998 para 64.384 no ano seguinte. “A situação financeira da cooperativa era equilibrada mas não admitia excessos”, comenta o então presidente, que relacionou a criação do Fundo de Alto Custo (aprovada na AGE de outubro de 1999) como uma das
COMPARATIVO COM OUTRAS UNIMEDs DO PARANÁ NÚMERO DE CLIENTES CASCAVEL
LONDRINA
P. GROSSA
MARINGÁ
UMUARAMA
Dez/98
27.725
132.759
43.202
63.049
14.182
Dez/99
27.745
130.772
42.180
64.384
14.376
20
-1.987
-1.022
1.335
194
0,07
-1,50
-2,37
2,12
1,37
Mês/ano
Diferença %
Em 1999, foi aplicado reajuste sobre os planos de saúde de no máximo 7%, ao passo que em 1998 chegou a 19,5% em alguns casos
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RESULTADO OPERACIONAL (R$ mil) CASCAVEL
LONDRINA
P. GROSSA
MARINGÁ
UMUARAMA
1998
24.982
71.436
11.574
32.572
6.819
1999
28.326
80.044
12.569
38.734
7.304
Diferença
3.343
8.608
995
6.161
485
%
13,39
12,5
8,60
18,92
7,12
Mês/ano
Ainda em 1999, realizações importantes foram a manutenção do certificado internacional de qualidade ISO 9001, a assinatura de contratos com associações comerciais da região, a ampliação de cobertura para remoção aérea, a renovação de contrato com a empresa Veplan (representante comercial) e a reorganização do comitê de especialidades, dando mais ênfase à participação dos cooperados e, ao mesmo tempo, tornando a cooperativa mais democrática sob o ponto de vista do processo decisório.
ABRIR A COOPERATIVA Em 2000, um dos destaques foi a criação de um consistente Regimento Interno, com o detalhamento da funcionalidade de todas as áreas, bem como as atribuições dos 11 membros que compõem o Conselho de Administração (presidente, vice-presidente, diretor de mercado, diretor médico e os 6
conselheiros vogais). Além disso, começou-se a discutir a possibilidade de abertura do quadro social para a entrada de novos cooperados, considerando a existência de um grande número de médicos interessados, e também o fato de que a média de usuários para cada médico cooperado ficou estacionada
Diretores e colaboradores quando da recertificação ISO 9002
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em 140 no período de 1997 e 2000. Sobre este assunto, a cooperativa enviou correspondência a cada cooperado para saber a sua opinião e 78% retornaram os formulários com parecer favorável. Iniciado em 1999, o projeto de parceria com Associações, continuou em 2000, efetuando-se a assinatura de contratos com as Associações Comerciais de Sarandi, Mandaguaçu, Associações dos Funcionários Municipais de Maringá, Associação dos Fiscais (Affismar), dentre outros, o que foi fundamental para manter o crescimento. Nesse mesmo ano, a Unimed passou por uma auditoria de acompanhamento das normas ISO 9002, através da visita do auditor da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, da USP. Vários processos trouxeram mudanças na forma de operacionalizar e organizar as tarefas diárias dos diferentes setores. A recertificação ISO 9002 seria obtida em 2001.
REALIZAÇÕES A Unimed foi uma das primeiras empresas a apoiar, em Maringá, a Escola de Jardinagem, mantida pela Fundama Fundação do Meio Ambiente, presidida pelo vereador Basílio Baccarin. Em abril de 2000, um acordo seria firmado entre a cooperativa e a Escola, cuja proposta era inserir jovens aprendizes no exercício profissional da atividade. As realizações mais significativas, nesse período, foram a introdução do cartão magnético, o que trouxe rapidez no atendimento com a disponibilização de dados on line, além de diminuir o risco de fraudes e agilizar a emissão de guias; a aquisição de um novo computador central com capacidade quatro vezes maior, uma medida necessária com a chegada do novo Biomeek em Oracle; a troca do equipamento de PABX, já com o sistema de discagem direta a ramal; a implantação de clínica de fisioterapia, garantindo-se o controle de qualidade; a criação da Sala do Cooperado; a instalação da sala de reuniões e refeitório; a inauguração de um escritório de atendimento em Sarandi; a adoção de uma política de medicina preventiva, cujo objetivo era conscientizar o cliente quanto à utilização do plano de saúde; a introdução do plano de cargos e salários, e a criação de um setor específico para o gerenciamento de Recursos Humanos. Com a criação da Clínica de Fisioterapia e a futura implantação do serviço de Atendimento Domiciliar, foi necessária a mudança do setor de remoção terrestre, o Unimóvel, para a Avenida Rio Branco. Em instalações mais adequadas, o setor passou a atuar de forma integrada com a Clínica de Fisioterapia e o Home Care.
Apoio à jardinagem: beleza e inclusão social Por sua vez, para alcançar uma comunicação mais constante e direta com os clientes, começava a circular o jornal Boa Notícia Unimed, com informações sobre a cooperativa, cobertura de planos, dicas e outras. Pela primeira vez a Unimed Maringá apresentava trabalhos na Convenção Nacional, em sua 27ª edição, na cidade de Porto Alegre. Os trabalhos “Repensando a Cooperativa”, de autoria da advogada Vera Daller e dr. Maurício Chaves Júnior, e “Auditor Convidado”, “Resolutividade do Setor de Atendimento ao Público” e “Controle de Exames Auto-Gerados e Solicitados”, apresentados pelo dr. Marco Antonio Rocha Loures, permitiram mostrar e debater soluções adotadas pela cooperativa e que serviram de base para singulares que já haviam implantado modelos semelhantes.
Clínica de Fisioterapia e Home Care: novo endereço O CAMINHO DO TEMPO |
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Copa Unimed: crescimento e muitas atrações Promovida de 11 a 19 de agosto de 2000, a 4ª Copa Unimed Escolar reuniu mais de 5 mil estudantes no Ginásio de Esportes Chico Neto e contou com várias atrações. Uma delas, o jogo internacional de abertura, entre a equipe Americana Team Brazil, de Indiana (USA), e a seleção maringaense juvenil de basquetebol, vencido pela primeira por 87 a 84. Outra, a presença de Elenilson Silva, medalha de ouro nos 10 mil metros rasos dos Jogos Pan-americanos de Winnipeg e no campeonato Ibero-
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Americano. A competição, iniciada em 1997 com cerca de 2 mil competidores, atingia um porte cada vez maior, numa demonstração de sucesso. O secretário de Esportes do município, professor João Maria Mechia, destacou que a comunidade recebeu de braços abertos o evento, que já se tornava uma tradição. “A Copa Unimed vem se consolidando como um evento de alto ní-
vel técnico”, acrescentou ele. “É uma verdadeira integração entre saúde e esporte”, disse o então diretor administrativo, Natal Domingos Gianotto, enquanto o diretor médico da Copa, Marco Antonio Rocha Loures, registrou que “a competição é um incentivo ao estudante para a sua integração socioesportiva”. A Copa contou com a participação de dezenas de estabelecimentos de ensino públicos e particulares de Maringá e municípios vizinhos.
APOIO A EQUIPES E ATLETAS O incentivo ao handebol foi outro investimento da Unimed no esporte, o que fez de Maringá o principal polo da modalidade no Estado. A equipe de handebol masculino adulto tinha grande tradição e prestígio, tendo conquistado o campeonato brasileiro duas ve-
SIVAMAR Um contrato de parceria foi assinado também, com o Sindicato do Comércio Varejista de Maringá (Sivamar), assegurando um desconto de 25% para empresas associadas. O presidente da entidade, Heitor Bolela Júnior, disse que era “mais uma importante conquista para os associados”.
Convênio com a OAB
NÚMEROS
A diretoria da subseção Maringá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), firmava contrato com a Unimed Maringá. A iniciativa atendia aos mais de dois mil advogados inscritos, atuando em Maringá, Mandaguaçu, Astorga, Marialva e Sarandi.
Em nível nacional, o perfil da Unimed impressionava. Os mais de 12 milhões de usuários tinham à disposição cerca de 80 mil médicos em mais de 3 mil cidades atendidas, formando a maior rede de hospitais conveniados e mais de 3.500 laboratórios.
O convênio foi assinado pelo presidente da OAB Maringá, advogado Lélis Vieira, e pelo presidente da Unimed, dr. João Maria da Silveira. Nessa época, os advogados podiam contar com planos que ofereciam 527 médicos cooperados, 19 laboratórios em Maringá e região, 6 hospitais em Maringá e 9 na região, com 4 escritórios regionais, linha direta 24 horas, o sistema Unimóvel (transporte em caso de urgência/emergência com atendimento 24 horas) e a opção exclusiva da remoção aérea.
zes e sendo vice em quatro oportunidades. A Unimed também garantiu apoio à Amafusa, representante da cidade no futsal. Sem falar da Prova Rústica Tiradentes, e do patrocínio a competidores de modalidades como atletismo e judô.
O PREFEITO AGRADECE O então prefeito de Maringá, José Cláudio Pereira Neto, visitou em 2002 a Unimed Maringá. Acompanhado do viceprefeito, João Ivo Calefi, do secretário de Saúde, Paulo Roberto Donadio, e do secretário de Esportes, Mário Verri, ele foi recebido pelo vice-presidente da cooperativa, o médico Durval Francisco dos Santos Filho. O prefeito agradeceu à Unimed pelo apoio em projetos de interesse do município, como o patrocínio à Prova Rústica Tiradentes, bem como a equipes e atletas, além da realização da Copa Unimed Escolar.
Nessa época, a Unimed Londrina anunciava a adoção de uma solução de business intelligence (BI) para ter mais flexibilidade na combinação de dados e extrair deles informações gerenciais que servissem de suporte às decisões estratégias e à gestão de custos de prestadores de serviços e cooperados. E, em Curitiba, uma das cinco maiores do sistema Unimed brasileiro, a Unimed Curitiba profissionalizava inteiramente sua administração.
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MÉDICOS DA GRAÇA A Unimed foi uma das apoiadoras do “Médicos da Graça”, projeto desenvolvido por uma organização não governamental, a Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente Enfermo. Prestava atendimento em hospitais e em outras instituições de tratamento.
SUESPAR Economia, política, mercado, cliente, qualidade e cooperativismo foram os temas do 9º Simpósio das Unimeds do Estado do Paraná, realizado no dias 15 e 16 de junho de 2001. O evento, realizado no Teatro Calil Haddad, em Maringá, reuniu dirigentes de cooperativas do Paraná e do Brasil. O presidente da Unimed Maringá, João Maria da Silveira, agradeceu a presença dos participantes, durante a solenidade de abertura, dizendo que a realização do evento era um antigo sonho da cooperati-
va. Logo em seguida, o presidente da Unimed Paraná, Luiz Carlos Palmquist, fez um pronunciamento crítico em relação ao momento de instabilidade do país, especialmente no que dizia respeito à interferência do poder executivo da União na função legislativa, com as medidas provisórias e outras decisões de grande e unilateral efeito nas regras do mercado brasileiro. O ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, foi um dos palestrantes e o show de encerramento ficou a cargo do humorista Juca Chaves.
O 20º aniversário Em 2002, ano do 20º aniversário da cooperativa, o cartão magnético foi estendido aos municípios da região de cobertura, houve a implantação da clínica de fonoaudiologia e, como já citado anteriormente, a Unimed Maringá sediou a realização do 9º Simpósio das Unimeds do Estado do Paraná (Suespar). Ao mesmo tempo, ocorreu a efetivação do plano de cargos e salários e foi criado um programa de controle de medicina de saúde ocupacional. A garantia funeral nos planos de saúde recebeu a adesão de mais de 20 mil usuários e, no que refere ao melhor controle administrativo, foi implantado o sofisticado sistema Biomeek 2000, linguagem Oracle, que propiciou a integração dos programas de informática existentes.
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9ª edição do evento aconteceu em Maringá, com a participação de muitas lideranças
SERVIR À COMUNIDADE Para o dr. João Maria, a presidência é um cargo revestido ainda de muita conotação política e pouco técnica, em que o titular não está lá para ser servido, mas com a proposta de servir a uma comunidade. No seu caso, afirma que fugiu de “bajulações” e cumpriu o seu ciclo alcançando resultados que espelham o sucesso de sua administração. Afirma também que a porta de sua sala sempre esteve aberta para atender aos cooperados e clientes, cumprindo um longo período de permanência diária na cooperativa.
PONTOS MARCANTES Os pontos mais relevantes desse período de quatro anos foram: 1) a adequação bem sucedida da cooperativa às exigências de regulamentação dos planos de saúde, o que demandou um longo e minucioso processo que envolveu todos os setores e, ao final, garantiu excelentes resultados; 2) a relação harmônica da Unimed com prestadores como hospitais, laboratórios e clínicas. Ao contrário do que acontecia no passado, quando as renegociações eram invariavelmente difíceis, o período foi caracterizado pelo bom relacionamento e o registro de um número reduzido de queixas que, merecendo especial atenção, eram atendidas sem dificuldades; 3) da mesma forma, investiu-se na qualidade do relacionamento com a Federação das Unimeds do Paraná e com a comunidade em geral, da qual a cooperativa sediada em Maringá passou a fazer parte ativamente. Houve um estreitamento de relações com cooperativas de
outros segmentos, como a Cocamar e o Sicredi, o que levou a Unimed a participar de muitos eventos; 4) a consolidação da cooperativa de crédito Unicred, implantada no final da gestão do dr. Reynaldo Brovini, foi outra conquista importante no período em que o médico João Maria da Silveira presidiu a Unimed. Nascida com o propósito de ser o braço financeiro da Unimed, a Unicred tornou-se com o tempo uma referência para consultoria e ganho financeiro a seus cooperados. Sobre o forte crescimento da cooperativa, o dr. João Maria explicou que isto se deu por alguns fatores. Primeiro, de-vido ao bom poder de compra dos consumidores do município e da região, interessados em contar com um plano de saúde bem servido e confiável. Segundo, o empenho de uma equipe profissional de vendas, levando em conta ainda que a Unimed estava plenamente consolidada e com grande conceito no mercado. E, terceiro, o fato de a estrutura pública de saúde estar abaixo do desejável.
SERVIÇOS Até então, a Unimed oferecia os seguintes serviços: 1) CoopSaúde (um plano cooperativo de custo acessível e vantagens aos associados da ACIM, OAB, AEAM e outras entidades); 2) Clínica de Fisioterapia exclusiva aos clientes; 3) UniFono (clínica de fonoaudiologia exclusiva); 4) Projeto Pró-Vida (informações para prevenção, bem estar e melhoria da autoestima);
5) CardMed (programa que garantia descontos e vantagens em lojas e empresas da cidade); 6) Home Care (assegurando o conforto do atendimento domiciliar, nos casos em que isto era possível); 7) Plano Universitário (lançado no mês de aniversário de 20 anos da cooperativa, oferecendo condições especiais aos estudantes); 8) Descontos especiais para associados da ACIM em seus planos. O CAMINHO DO TEMPO |
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EXPANSÃO EXPRESSIVA Ao fazer a prestação de contas de sua gestão, João Maria apresentou números que indicavam um expressivo crescimento da cooperativa. A receita operacional contábil, por exemplo, saltou de R$ 32,572 milhões em 1998 para R$ 67,831 milhões em 2002, um avanço de 108%. Só para efeito de comparação, a Unimed paranaense que mais se aproxi-mou desse índice, durante igual período, foi a de Ponta Grossa, com 73,42%, à frente de Foz do Iguaçu (71,94%), Lon-drina (65,75%), Pato Branco (48,99%) e Apucarana (34,17). O número de usuários expandiu-se de 63.049 no início da gestão para 75.277 ao final, um avanço de 19%, enquanto outras cooperativas registraram decréscimo, que chegou a 27,99% em Apucarana, 17,62% em Foz do Iguaçu, 10,96% em Pato Branco, 6,17% em Pon-
ta Grossa, e 5,74% em Londrina. No mesmo quadriênio, como efeito da regulamentação dos planos de saúde, que não impôs limitações, houve um aumento de 73% no volume de consultas de 1998 para 2002. O dr. João Maria cita, ainda, uma informação que denota a melhoria do nível de satisfação dos cooperados para com a Unimed. Em 1999, quando iniciou seu mandato, apenas 154 cooperados, o equivalente a 29% do total, recebiam acima de R$ 2.500/mês a título de remuneração por serviços prestados. Em 2002, já eram 267 cooperados, ou 48% do total. Com isso, a remuneração média por cooperado, que era de R$ 2.134 em 1998, subiu para R$ 4.038 no último ano de sua gestão: um incremento de 73%.
2002 75.277
R$ 67,831
63.049
R$ 32,572
Usuários
Receita (em milhões)
1998
Ao final de sua gestão, o presidente João Maria, que já ocupava de longa data o cargo de vice-presidente da Unicred, se viu impossibilitado de continuar acumulando as duas funções, de maneira que sua decisão foi a de não candidatar-se à reeleição como presidente no pleito para o mandato 2003/2007, mas compor a chapa liderada pelo seu então vice, dr. Durval Francisco dos Santos Filho, na condição de diretor médico.
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Durval, o quarto presidente Durante AGO promovida no dia 26 de março de 2003, menos de dois meses antes de completar 50 anos, o que fez no dia 14 de maio, o médico Durval Francisco dos Santos Filho foi eleito presidente da Unimed Maringá, sucedendo ao dr. João Maria da Silveira. Como já havia acontecido no pleito anterior, em 1999, o processo eleitoral foi disputado, com duas chapas concorrendo ao Conselho de Administração: a liderada pelo dr. Durval, com o nome “Evolução Mais Unimed”, e a encabeçada pelo dr. João Paulo Bounassar, “Remuneração”. Bounassar, que já havia sido conselheiro fiscal em três oportunidades (1996, 1998 e 2001), contava em seu grupo com a participação dos médicos Benedicto Ogava, Pedro Athos Krauze, Mirian Takahashi, Ariel Arthur, Érico Diniz, Francisco Antonio Dias Lopes, José Carlos Amador, José Silveira Ferreira, Renato Luis Niero, Maria Rita Roschel, Paulo Pissioli e Sirley Vargas Cardoso. Dos 472 presentes no salão social da Sociedade Médica, 273 votaram na “Evolução Mais Unimed” e 195 na outra chapa, havendo dois votos nulos e um em branco. Além do presidente Durval, o novo Conselho foi formado por Natal Domingos Gianotto, vice-presidente; Murilo Tadeu Beller, diretor administrativo; Maurício Chaves Júnior, diretor de mercado; João Maria da Silveira, diretor médico; e mais seis conselheiros vogais: Airto Manzotti, Vera Lucia Beltran, Minao Okawa, Luiz Alberto Macedo, Abdol Karin Assef e Audo Santos.
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Em depoimento à Revista ACIM (edição de junho/2003), o dr. Durval disse que a liderança da Unimed na cidade e região havia sido possível graças a uma gestão profissionalizada, voltada para a qualidade do atendimento aos clientes, colaboradores, parceiros e cooperados. “Somos a operadora que melhor remunera os serviços médicos e o projeto é continuar melhorando os honorários”, afirmou ele, revelando que a cooperativa manteria as atividades de relacionamento com todos os seus públicos, realizando cursos, eventos e projetos de comunicação. Um deles, mencionou, o convênio firmado com a ACIM, que
estendia benefícios a todas as empresas associadas, empresários e trabalhadores. Formado em 1978 pela Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), com residência na Maternidade de São Paulo, o obstetra e ginecologista Durval Francisco dos Santos Filho é o primeiro dos presidentes da Unimed Maringá a ter nascido na cidade, sendo sua família uma das primeiras a chegar ao minúsculo povoado que surgia em 1942, ao redor do Hotel Campestre, construído pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.
A FAMÍLIA PIONEIRA
Tora seguia, nos primeiros tempos de Maringá, para a serraria de Vitório Balani, avô de Durval
Se o leitor consultar as primeiras páginas deste livro, que tratam da derrubada da mata e o movimento de chegada ao sertão bravio de um corajoso grupo de pioneiros, observará que o segundo morador do lugarejo foi o madeireiro Vitório Balani, trazido de Ibitinga (SP) em 1943 pela companhia colonizadora para instalar a primeira serraria da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná e, com ela, atender a uma forte demanda por madeira, empregada em todo tipo de construções. Fazemos então, agora, uma linha do tempo no sentido inverso, retornando ao início da década de 1940. No ano seguinte após sua chegada, convencido do futuro de Maringá, Balani incentivou o genro Durval Francisco dos Santos, casado com sua filha Elvira, a mudar-se para o povoado progressista do Norte do Paraná. Mesmo tratando-se de um lugar inóspito,
Fazer o que o pai não conseguiu: ser médico Quando menino, o filho Durval costumava ouvir do pai que, tivesse ele sido um médico, não precisaria enfrentar todos os dias aquele trabalho pesado na serraria. Isso, desde cedo, acabou despertando a atenção do pequeno Durval para a medicina, que não desanimou mesmo conhecendo as dificuldades enfrentadas pelos médicos da cidade. Os hospitais, até então, eram pequenos estabelecimentos de madeira e foi num desses, pertencente ao dr. Waldyr Coutinho, que ele foi levado, certa vez, para extrair as amígdalas. Da mesma forma, o jipe era um dos aliados para que um médico, vencendo ruas e estradas barrentas da época, conseguisse exercer a profissão. No Colégio Marista ele estudou até a quarta série, ficando dois anos, depois, em Ibitinga. Voltando a Maringá, foram mais três anos no Instituto de Educação e no Ginásio Gastão
Vidigal. Pretendendo preparar-se bem para o futuro, já acalentando o sonho de cursar medicina, Durval retornou ao interior paulista onde, em São Carlos, no Colégio Diocesano, completou o segundo grau. Os passos seguintes foram os tempos de cursinho em Curitiba, no ano de 1971, e a aprovação no vestibular em 1972. Em Maringá, com seu diploma de médico, o dr. Durval instalou-se em 1981 na Clínica Santa Helena para trabalhar ao lado do tio Paulo Jacomini e de outros dois profissionais: Antonio Mestriner e Euclides Manzotti. Prestou serviços também nos Hospitais Maringá e Brasília. Com o tempo, formou clientela, que era atendida pelo SUS ou por meio de convênios, como os do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, o que lhe permitia ser remunerado por consulta e também de forma particular.
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ainda pouco habitado e sem recurso algum, o qual só se podia alcançar por estradas muito ruins, Durval não hesitou em deixar o interior de São Paulo com a esposa e duas filhas, Sandra e Laudelina. Determinado, embarcou com a família em um caminhão movido a gasogênio (um gás obtido a partir da queima de carvão, a única opção para movimentar os motores durante o período de Segunda Guerra Mundial, em que os combustíveis foram racionados). O caminhão demorou uma semana para vencer os 500 quilômetros de distância e, ao final da longa jornada, Durval estabeleceu-se com uma pequena máquina de beneficiamento de arroz, a primeira em seu segmento.
Os Durval, pai e filho
Vitório Balani e Durval Francisco dos Santos foram sócios, depois, em uma outra serraria, a Santo Antônio, localizada onde hoje é a esquina das Avenidas Luiz
Incentivo ao parto normal O dr. Antonio Mestriner, citado nos parágrafos anteriores, lembra que a Clínica Santa Helena ficava na Avenida Cidade de Leiria e os médicos, numa época em que não havia bip e nem telefone celular, mantinham-se em plantão permanente. Ele próprio, quando ia ao cinema, tomava o cuidado de orientar o lanterninha para ir buscá-lo em meio à sessão, no caso de um chamado. Sempre procurou encorajar as mães a desistirem de cesarianas, conta, sendo que o sexo da criança somente era conhecido após o nascimento, pois ainda não havia o recurso do ultrassom. Casado em 1968 com dona Mafalda Giroldo Mestriner, tem três filhos, de
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cujos partos normais participou. Foi sócio do Hospital Santa Helena, fazendeiro e dedicado rotariano, onde desenvolveu várias iniciativas, como a criação de um prêmio para incentivar a leitura nas bibliotecas da cidade. Quando o jovem médico Durval Francisco dos Santos Filho ingressou na mesma clínica, para dar início à carreira, conta que o relacionamento foi sempre muito cordial e às vezes ambos operavam juntos. Os drs. Durval e Euclides Manzotti adquiriram a participação do dr. Antonio na clínica, no final daquela década, quando este decidiu aposentar-se.
Dr. Teixeira Mendes e Carlos Borges. Ali mesmo, em 1953, numa modesta casa habitada pela família, em meio a muitas toras, Durval e Elvira tiveram um filho, que recebeu o nome do pai. Participativo na sociedade, o pioneiro Durval foi um dos fundadores do Aeroclube de Maringá e figurou entre os primeiros dirigentes da Associação Comercial e Industrial de Maringá (ACIM), chegando a disputar, sem sucesso, uma vaga para a Câmara de Vereadores em 1956. Devotado ao trabalho na serraria, onde passava a maior parte dos dias, ele só lamentava que, na juventude, não conseguira concluir o curso de medicina depois de quatro anos de estudos na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. O sonho de ser médico precisou ser interrompido bruscamente para que, retornando a Ibitinga, ele assumisse os negócios da família.
A participação na Unimed Quando ficou sabendo da fundação e do início das atividades da Unimed Maringá, o dr. Durval admite que, a exemplo de muitos outros médicos, ficou em dúvida quanto ao futuro da cooperativa. No entanto, ao conhecer melhor suas propostas e objetivos, conscientizou-se que seria importante somar esforços e ideais para o fortalecimento da mesma. “Os médicos, de uma maneira geral, não conheciam o cooperativismo e se mostravam um pouco arredios em participar porque temiam perder a clientela que, a muito custo, haviam formado”, conta. Ele observa que em paralelo ao esforço dos primeiros diretores, que conseguiram remover as barreiras iniciais para a consolidação da Unimed, vários médicos, donos de hospitais, uniram-se para apoiar a iniciativa, o que foi fundamental. Depois de ingressar na cooperativa
em 1985 e ter sido um cooperado com ativa participação, o dr. Durval foi convidado a integrar o Conselho Fiscal em 1991, mantendo-se nessa função também no ano seguinte. Constatou, então, a seriedade da administração e as muitas dificuldades enfrentadas. Segundo ele, “os diretores eram homem corretos, mas a tarefa de conduzir uma cooperativa em constante crescimento constituía um enorme desafio”. Faltavam, por exemplo, estrutura, equipe adequada e profissionalismo. Para examinar as contas, ilustra o dr. Durval, o Conselho Fiscal tinha que se debruçar sobre folhas escritas à mão, onde funcionários anotavam as entradas e saídas do caixa. De qualquer forma, com a figura conciliadora e respeitada do dr. Nélson Couto de Rezende, seu primeiro presidente, a Unimed seguiu em frente, conquistando credibilidade. “Todos gostavam muito do dr. Nélson, era um homem de ou-
vir. Ele e vários de seus companheiros labutaram muito.” Nesses dois primeiros anos em que participou como conselheiro fiscal, o dr. Durval viu que alguns dirigentes tinham uma ligação pouco compromissada com a cooperativa, e a ela pouco dedicavam-se. Da mesma maneira, parte dos médicos cooperados, talvez por ainda não entender bem a prática cooperativista e as dificuldades do início, fazia muitas críticas. Em 1999, ele participou como vicepresidente na gestão de João Maria da Silveira e, em 2003, chegou à presidência. Na vida particular, do casamento com a também médica Josefina Correia Campos e Santos, anestesista, nasceram três filhos: Natália, Cibele e Henrique. No ano de 2006, concluiu o curso de pós-graduação em Administração Hospitalar e Serviços de Saúde, pela Univille.
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2003 Novos desafios Instalações eram acanhadas para comportar a expansão do número de clientes
A
proposta de atualizar as reservas financeiras da Unimed Maringá foi apresentada na primeira AGE, em agosto de 2003. Até então, o Fundo de Reserva somava R$ 10,266 milhões. Tal montante, mais o provisionamento para PIS/Cofins (R$ 2,870 milhões) e depósitos judiciais (R$ 4,415 milhões), perfazia um total de R$ 17,557 milhões. Como a cooperativa contava com 557 membros em seu quadro social, a distribuição da quota-parte era de R$ 31,251 mil por cooperado. Em 2001, quando o capital social atingia R$ 5,175 milhões, o valor médio por cooperado era de R$ 9,971 mil. Nesse sentido, a administração liderada pelo dr. Durval decidiu rever e atua-
lizar os valores para a entrada de novos cooperados. Só para efeito de comparação, em 1994 o valor de uma quotaparte na cooperativa era de R$ 8,00 e o médico interessado deveria adquirir um mínimo de dez, integralizando, assim, R$ 80,00. Dois anos depois, em 1996, o valor da quota-parte foi reajustado para R$ 112,00, obrigando-se o candidato a cooperado a adquirir 20 unidades, o equivalente a R$ 2.240,00. Em 1998, o valor subiu para R$ 130,00, mantendose o mínimo de 20 para aquisição, no total de R$ 2.600,00. No ano de 2001, a quota-parte passou a R$ 180,00, estabelecendo-se um mínimo de 80 para aquisição, integralizando-se, portanto, R$ 14.400,00. Dessa forma, na primeira AGE, realizada em agosto de 2003, o
Administração reviu os valores para a entrada de novos cooperados
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artigo 5º do Estatuto Social foi alterado: “O capital social da cooperativa é ilimitado quanto ao máximo, variando de acordo com o número de quotas-partes subscritas, não podendo ser inferior a R$ 801.600,00. Parágrafo primeiro: o capital é dividido em quotas-partes, cujo valor de cada quota-parte é de R$ 240,00”. O artigo 6º definiu também que o cooperado precisaria subscrever um mínimo de 167 quotas-partes do capital social, perfazendo um valor, para integralizar, da ordem de R$ 40.080,00. “Para entrar na cooperativa, o interessado deve pagar o que ela vale”, afirmou o dr. Durval, acrescentando que outra exigência imposta pelo Regimento Interno é a de participar de um curso sobre cooperativismo. Fazendo um diagnóstico da cooperativa até então, a nova diretoria citou a existência de 1.622 metros quadrados de área alugada, onde estavam alojados 135 funcionários distribuídos em seis andares do Centro Comercial Paraná, além de alguns serviços próprios prestados na Av. Rio Branco. As condições de trabalho eram consideradas inadequadas por falta de espaço físico e, com relação ao edifício, havia saturação do sistema de logística, como telefonia, informática e energia elétrica. A não existência de estacionamento, a dificuldade para a circulação de clientes que demandavam cerca de 900 atendimentos por dia em média e as restrições de horário impostas pelo condomínio para carga e descarga, criavam uma situação
que exigia providências. O alto custo com locação, a necessidade de reformas e adaptações em imóveis de terceiros, o custo de manutenção das instalações, a duplicidade de equipamentos, os serviços descentralizados com consequente aumento do número de funcionários, enfim: tudo corroborava para que especial atenção tivesse que ser dada ao objetivo de se chegar a uma sede própria. Uma ofensiva nesse sentido se justificaria, ademais, pela valorização da imagem da cooperativa e do cliente com a disponibilização de um espaço mais apropriado para atendimento, segundo argumentou o presidente. Da mesma
forma, se poderia conceber em uma área exclusiva para atendimento ao cooperado, a centralização de atividades e a ampliação dos serviços próprios, sem falar da redução de despesas administrativas e da valorização do próprio imóvel. Nessa época, outras Unimed do Paraná, dentre as quais Londrina, Cascavel, Campo Mourão e Paranaguá, já possuíam instalações próprias.
nandes Sanches e Heine Santa Rosa Macieira.
Para estudar esse assunto, uma nova comissão foi formada para a participação dos médicos Glicério Pereira Souza, Carlos Eduardo Sabóia, João Souza Filho, Edison Girardi, Kazumichi Koga, Jandyr Morandini, Helion Giovanete Pontes, Wagner Chiarella Godoy, Naudair Fer-
O grupo dedicou-se durante três meses à localização de uma área que apresentasse as características desejadas, ou seja, fácil localização e acesso e com espaço que possibilidade uma ampliação futura. Ao todo, 30 propostas mereceram estudos, das quais 14 selecionadas numa primeira fase, escolhendose três para apresentação aos dirigentes e cooperados na AGE de dezembro. Na oportunidade, optou-se pela aquisição de um terreno de 10.000 metros quadrados anexo ao da Sociedade Médica de Maringá, localizada na rua Imburana, Zona 5.
ram taxas maiores que 25. Os índices mais altos foram encontrados em mulheres entre 61 e 70 anos, que apresentavam taxa de 26. Entre os homens a situação era mais preocupante. Apesar de, em média, o IMC acima do recomendado ser encontrado entre os homens com mais de 31 anos, a taxa mais alta foi de 28 entre pessoas do sexo masculino com mais de 70 anos.
O coordenador geral do projeto, Amauro Bássoli de Oliveira, explicou que o Vida Ativa pesquisou mais de mil pessoas e tabulou cerca de 500 para esse levantamento. Desse total, 45% não puderam ser avaliadas por pertencerem a grupos de risco como diabéticos, portadoras de problemas cardíacos e obesos. Para realizar os testes, precisariam de acompanhamento médico.
VIDA ATIVA O Projeto “Vida Ativa”, lançado em outubro, resultava de parceria entre Prefeitura Municipal, Unimed e Cesumar, cuja proposta era cuidar do bem-estar da população, orientando as pessoas que faziam caminhadas pelos parques da cidade. Uma equipe não apenas avaliava a capacidade física das mesmas, mas prestava todas as orientações para uma prática saudável. Pesquisa realizada na época por profissionais de educação física com praticantes de exercícios nos parques demonstrou que mais da metade deles estava acima do peso ideal. Mesmo avaliando mais de 500 pessoas que praticavam atividades físicas assiduamente, a pesquisa, feita através de uma parceria entre Cesumar, Unimed e Prefeitura, encontrou uma situação preocupante. O Índice de Massa Corpórea (IMC) da maioria da população estava no limite ou acima dos índices recomendáveis (até 25). As mulheres acima de 21 anos apresenta-
Pesquisa realizada com pessoas que caminhavam em parques apontou que mais de metade estava com peso acima do ideal
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PLANO FAMÍLIA
FONOAUDIOLOGIA
No mês de outubro, era lançado o Plano Unimed Pró-Família, criado especialmente para proporcionar cobertura a preço acessível para as famílias. O Seguro Mensalidade, que garantia o pagamento do plano no caso de perda de renda ou emprego do titular, se apresentava como uma novidade.
Completando projeto que ampliava o atendimento aos seus clientes, a Unimed colocava em funcionamento a sua nova clínica de fonoaudiologia. A equipe foi ampliada, assim como as salas de atendimento e laboratórios. A clínica oferecia serviços especializados nas áreas de “motricidade oral”, “voz e linguagem oral e escrita”.
MBA Os desafios da administração de hospitais e clínicas levaram a empresa Trecsson, especializada em cursos de qualificação, e a Unimed Maringá, a elaborar o MBA “Administração Clí-nica Hospitalar e Serviços de Saúde”, obrigatório a partir de 2004, conforme portaria 2.225 do Ministério da Saúde. A aula inaugural aconteceu no dia 17 de outubro. Considerando que a atividade principal dos médicos é o atendimento aos pacientes, tornava-se necessário ao profissional ampliar a sua visão e conhecimentos como administrador e empreendedor, a fim de alcançar o desempenho desejado.
CIDADÃO DIGITAL Maringá entrava para a história como a cidade onde os cidadãos já nasciam, em 2003, com endereço eletrônico vitalício e intransferível. Isto porque todas as crianças já ganhavam um e-mail no ato do registro de nascimento no 1º e 2º Cartórios de Registro Civil. O projeto, pioneiro no
DROGAS, NÃO! Um concurso de frases, com o tema “Drogas, não!”, foi promovido pela Unimed em 2003, envolvendo clientes da faixa etária de 7 a 14 anos. Os vencedores receberam vários prêmios.
país, intitulado “Cidadão Digital”, foi lançado pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) com o apoio da Unimed e outras empresas. Heloisi Melchior de Souza Silva, nascida no dia 2 de outubro, foi a primeira a receber um endereço eletrônico.
COCAMAR Em abril, os cooperados da Cocamar passaram a ter acesso aos planos de saúde da Unimed, com descontos e vantagens. O convênio foi assinado entre os presidentes Luiz Lourenço (Cocamar) e Durval Francisco dos Santos Filho (Unimed).
APOIO AO TEATRO A Unimed firmou-se como uma apoiadora contumaz de apresentações teatrais na cidade. Entre as várias montagens exibidas no Teatro Calil Haddad estava “Tartufo”, um clássico de Molière, considerado o seu melhor texto, que tinha a participação de atores e atrizes como Eduardo Moscovis, Ana Lúcia Torre e Leandra Leal. A cooperativa também patrocinou o projeto Toda Quinta Tem, do departamento Cultural da Sociedade Médica de Maringá, que organizava palestras e outros eventos.
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O PRESIDENTE LULA EXALTA O COOPERATIVISMO A vinda do presidente Lula em abril de 2003 a Maringá para inaugurar um conjunto de indústrias da Cocamar, assinalou um marco no cooperativismo brasileiro. Na sede da cooperativa, o presidente garantiu, ao lado de quatro ministros, que seu governo fomentaria o desenvolvimento do cooperativismo, sistema que tinha conhecido em de-
talhes um ano antes, ao visitar a própria Cocamar. Lula afirmou ter ficado entusiasmado com a cooperativa, entendendo que o sistema, aplicado a todos os demais setores da economia, representaria mais distribuição de renda e conquistas que somente seriam possíveis com a união de forças e ideais.
Agradecimentos que marcaram
O SUCESSO DA 7ª COPA UNIMED
A família do ex-prefeito José Cláudio Pereira Neto, falecido no dia 16 de setembro, aos 51 anos, vítima de câncer, agradeceu publicamente o empenho dos médicos Dacymar Caputo de Carvalho, José Ramos Martins, a Unimed e a equipe de enfermeiros que esteve com ele até os seus últimos dias. “A vida de dona Celestina Pimentel Calil é um milagre!”. Assim expressou-se a colunista Rose Leonel, no Jornal Hoje Maringá, em agosto de 2003. Dona Celestina tinha sido desenganada e sofria de uma doença não diagnosticada. Trazida para casa pela filha Tânia e o genro Cláudio Guermandi, ela então conheceu o médico pneumologista Francisco Lopes, que empenhou-se em descobrir as causas da enfermidade e administrar uma medicação correta. Ao trabalho do dr. Francisco somou-se ao dos médicos João Batista Ruggeri, Sérgio Augusto Buchewaitz e Durval Francisco dos Santos Filho, da equipe do Home Care Life, e do diretor do Laboratório São Camilo, Leo Ruggeri. Com isso, dona Celestina recuperou-se. “Agradeço a Deus e a esses médicos maravilhosos”, disse.
Mais uma vez Maringá demonstrava sua força no esporte amador. Com a realização da 7ª Copa Unimed Escolar, foram descobertos vários novos valores em 17 diferentes modalidades esportivas. A competição foi disputada por mais de 5 mil alunos de mais de 500 equipes formada por 51 colégios participantes.
FORTE CRESCIMENTO No fechamento do exercício 2003, a cooperativa apresentou um crescimento de 20,55% em sua receita contábil, frente a 2002, passando de R$ 69,528 milhões para R$ 83,813 milhões. No mesmo período, o número de clientes evoluiu de 75.277 para 81.689, verificando-se uma receita mensal por cliente de R$ 85,50, 11% a mais que os R$ 76,97 do ano anterior. Melhora da remuneração dos cooperados: o valor médio mensal recebido por eles, em 2003, foi de R$ 4.502,00, contra
os R$ 3.811,00 obtidos no último ano. Da mesma maneira, o grupo dos que recebiam acima de R$ 2.500,00 era de 288, o equivalente a 52% do quadro, 15% a mais que a realidade de 2002. Por sua vez, a quantidade de consultas pagas atingiu 442 mil, 9% a mais que as 406 mil anteriores. A Unimed Maringá, sétima maior cooperativa da área de saúde da região Sul do Brasil, era a primeira operadora da cidade e região a adquirir uma ambulância equipada com UTI. O CAMINHO DO TEMPO |
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2004 Entre as maiores do Estado Crescimento da cooperativa já vinha acontecendo em progressão geométrica; população se sentia cada vez mais segura e satisfeita com seus serviços
O
crescimento da cooperativa ganhava velocidade. Na AGO seguinte, referente ao exercício 2004, os números eram ainda mais expressivos. O faturamento saía de R$ 83,813 milhões para superar a marca de R$ 100,085 milhões, enquanto o número de clientes chegava a 88.640 e, no mês de março, já era de 91 mil, superando os 10%, ao passo que o número de consultas pagas subiria para 489 mil. A cooperativa consolidava-se entre as maiores do Estado. Em 2004, no comparativo com outras Unimed do Paraná, Maringá se consolidava na terceira posição em número de cooperados (618), abaixo de Curitiba (3.604) e Londrina (934); em volume de clientes (88,6 mil), contra os 348,6 mil de Curitiba e 127,2 mil de Londrina; e colaboradores (161), diante dos 694 de Curitiba e dos 278 de Londrina. “A população foi se sentindo cada vez mais segura e satisfeita com a Unimed”, frisou o vice-presidente, dr. Natal Domingos Gianotto, comentando sobre o fato de o crescimento da cooperativa estar acontecendo em progressão geométrica. “Os clientes não enfrentavam problemas burocráticos para o atendimento, ao mesmo tempo em que percebiam o nível de qualidade e de responsabilidade do corpo médico”, disse. Os indicadores da cooperativa maringaense apresentavam-se bastante razoáveis. Para cada funcionário, a proporção
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era de 551 clientes, ou seja, a melhor relação no comparativo com as outras: em Curitiba era de 502 e, Londrina, de 458. Quanto às despesas administrativas, elas representavam 11,74% do faturamento total na Unimed Maringá, contra 10,77% de Curitiba e 17,10% de Londrina. A propósito, o diretor do Procon de Maringá, Rogério Calazans da Silva, encaminhou ofício à cooperativa para cumprimentar a sua diretoria “por ter demonstrado respeito para com os seus clientes, cumprindo as normas que estabeleceram o teto máximo de reajuste das mensalidades de seus planos de saúde”. A recertificação ISO 9001 e a obtenção do selo de Responsabilidade Social
O número de associados já chegava a 618, o terceiro maior quadro do Paraná
concedido pela Unimed do Brasil, foram algumas das conquistas importantes de 2004. O selo, para se ter ideia, somente havia sido conferido a 115 das 364 singulares estão existentes no País. A cooperativa havia adquirido o terreno ao lado da Sociedade Médica para construir a sua sede administrativa e instalar serviços próprios, tendo encomendando inclusive um projeto ao arquiteto Edson Cardoso. Mas tal obra não seria levada adiante. Em 2004, um fato considerado preocupante sob o ponto de vista da sobrevivência da Unimed mostrou que não se deveria, pelo menos naquele momento, direcionar todos os esforços para uma estrutura própria
Recortes de jornais retratam o embate entre a Unimed e hospitais da cidade visando a comportar sua administração. O investimento teria que ser outro. E sem muita demora. Para pressionar a Unimed a proceder um reajuste de seus honorários, os hospitais conveniados de Maringá sinalizaram com um movimento grevista que acabou sendo levado a efeito. Como não conseguiram, junto à diretoria da entidade, que a sua reivindicação fosse atendida, os hospitais, por meio da direção da greve, cogitaram a suspensão do atendimento por 24 horas. Isto somente não aconteceu, lembra o vice-presidente Natal Gianotto, porque a cooperativa resolveu ingressar na justiça e, de posse de uma liminar, garantir que os usuários não deixassem de ser atendidos.
Essa crise no relacionamento entre a cooperativa e os hospitais seria superada posteriormente, mediante a realização de concessões de ambas as partes. O Hospital São Marcos, por meio de seu diretor Said Felício Ferreira, foi um dos primeiros a abrir diálogo, seguindo-se outros. O último, o Santa Rita, cuja direção decidiu manter firmemente sua posição por mais tempo, restabelecendose, depois disso, um quadro de normalidade. Mas a imposição feita pelos hospitais, de forma tão contundente, alarmou a Unimed. E, preocupado, o Conselho de Administração reuniu-se para estudar o que fazer diante da nova e incômoda situação. A saída seria construir um Pron-
to Atendimento (PA) próprio, o que realmente acabaria acontecendo. Mas, até chegar lá, a Unimed precisou localizar uma área mais ampla, situada em região de fácil acesso na área central da cidade. A decisão, obviamente, contrariou o interesse dos hospitais, que temiam perder parte do mercado, o que ensejou acaloradas discussões, inclusive entre cooperados. Para alguns, a cooperativa não deveria construir um PA e, sim, promover a geração de trabalho para clínicas e hospitais. Para outros, no entanto, não era prudente continuar em situação de flagrante dependência, o que, com certeza, ensejaria novos conflitos no futuro. O CAMINHO DO TEMPO |
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NA COPA UNIMED O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, que depois das Olimpíadas de Atenas tornou-se um atleta de prestígio mundial, reconhecido por sua performance e por seu jeito humilde de ser, participou da abertura da 8ª Copa Unimed Escolar, carregando a tocha olímpica. Cerca de 6 mil estudantes divididos entre 300 equipes de 56 escolas das redes pública e particular de Maringá, Marialva, Sarandi, Paiçandu e Mandaguari competiram em 18 modalidades. Vanderlei acendeu a pira olímpica e proporcionou momentos de muita emoção no ginásio, sendo aplaudido por vários minutos. Ele também falou, deixando uma mensagem de incentivo aos atletas. Em suas oito edições, a Copa Unimed ultrapassava a marca de 30 mil participantes e firmava-se, cada vez mais, como um dos maiores eventos esportivos estudantis do Brasil.
O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima durante emocionado pronunciamento
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PRÓ-HANDEBOL Evitar a ociosidade das crianças e descobrir talentos para o esporte, praticando a inclusão social e motivando a cidadania. Esses foram os objetivos básicos do Projeto Pró-Handebol que a Unimed implantou em Maringá em parceria com a UEM, a Prefeitura Municipal e a Associação Maringaense de Handebol. O projeto, coordenado por professores do curso de Educação Física da universidade, trabalhou com crianças de 10 a 12 anos, em três núcleos de atividades: UEM, Vila Olímpica e Colégio Unidade Pólo, no Jardim Alvorada. Sobre esse assunto, o presidente Durval disse que a cooperativa tem intensificado suas iniciativas na área de responsabilidade social, ampliando sobremaneira o relacionamento com a comunidade. Essa prioridade levaria a Unimed a conquistar o Selo de Responsabilidade Social 2004, concedido pela Unimed Brasil e Fundação Unimed.
Em agradecimento ao apoio dado a esse esporte, a Seleção Brasileira de Handebol, que treinava na cidade, realizou visita à Unimed Maringá. A equipe, liderada pelo técnico Alberto Rigolo e pelo auxiliar técnico maringaense Valmir Fassina, foi recebida pela diretoria.
Projeto Social trabalhou com crianças de 10 a 12 anos em três núcleos de atividades
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2005 Área adquirida Num futuro próximo, clientes poderiam contar com um Pronto Atendimento e serviços próprios de alta qualidade
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vançando em seu intento, com a autorização dos cooperados concedida na 36ª AGE realizada no mês de janeiro de 2005, a administração da Unimed Maringá adquiriu uma área de 11.582 metros quadrados na Avenida Bento Munhoz da Rocha, região central da cidade. Pertencia à família Brenner Barreto. Antes da efetivação do negócio, que foi fechado ao valor de R$ 2 milhões, sendo R$ 1 milhão de entrada e dez parcelas de R$ 100 mil, a comissão instalada para tratar desse assunto havia localizado outros três terrenos na cidade: um na rua Fernão Dias, outro na Avenida Pedro Taques e outro, ainda, na Avenida Carlos Borges. Na AGE, a escolha foi unânime: 45 votos, justificada pela melhor localização, o tamanho da área e a facilidade de acesso por parte do público. Existiam ali dois velhos
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armazéns cerealistas, há muito desativados.
de R$ 9,808 milhões.
Começou-se então a pensar na formatação da estrutura, que comportaria não apenas um PA, mas o Centro Integrado de Assistência à Saúde Unimed (Ciasu), com a prestação de serviços próprios.
Durante a comemoração do Dia Internacional do Cooperativismo, no primeiro sábado de julho, a Unimed organizou evento no Centro de Tradições Gaúchas Rincão Verde em que apresentou, aos associados, o projeto do Pronto Atendimento.
Em resumo, foram projetados 10.297,77 metros quadrados de construção em três pavimentos, sendo: no térreo, Pronto Atendimento (PA), SOS, Atendimento Domiciliar (ADO) e Farmácia; no primeiro, Suporte, Diagnóstico e Oncologia; no segundo, Hospital Dia e, no terceiro, Fisioterapia, Fonoaudiologia e terraço. Essa área toda, que não contempla uma sede administrativa, resultaria em um investimento da ordem
“O foco do Pronto Atendimento é o de baixa e média complexidade”, esclareceu o presidente Durval, acrescentando que pacientes permaneceriam ali não mais que 12 horas. Ele acrescentou que o cronograma de obras previa quatro etapas de uma construção modular. Após a instalação do Ciasu nos detalhes mencionados, viria o centro administrativo, seguido do Hospital Dia e, por fim, do Hospital, este último ainda sem prazo definido.
O exercício 2005 foi uma nova demonstração do vigor e da força da cooperativa. O faturamento cresceu quase 24% sobre o montante do ano anterior, chegando a R$ 123,826 milhões, com o número de clientes atingindo 101,495 mil, 12% a mais. Na época em que a AGO foi realizada, em março de 2006, o contingente já havia passado de 105 mil, o que chamava atenção quando se comparava com outras cooperativas. Em Curitiba, o quadro crescera apenas 2% e, em Londrina, não mais que 7%. “Vendemos mais de 25 mil planos de saúde durante o ano”, comentou o presidente. O número de consultas pagas já era de 529.554, 8,28% acima das registradas em 2004,
com uma média mensal de 44.130.
ais de alto custo, impostos e banco de sangue 11,8%, laboratórios 5,3%, imagens 5,1% e fundo de investimento 1,5%. Dentre todas as Unimeds paranaenses, Maringá apresentava o índice mais satisfatório em despesas administrativas, 9,01%, contra os 10,8% de Curitiba e os 16,6% de Londrina.
Sobre a valorização do ganho médio mensal do cooperado, o incremento foi de 16,7% sobre o ano anterior, segundo ressaltou o dr. Durval, chegando a R$ 5,296 mil. Nesse mesmo ano, a diretoria enxergou a possibilidade de adiantar valores aos cooperados e fez a seguinte distribuição: 5% do quadro recebeu até R$ 2.000, 32% de R$ 2.000 a R$ 5.000 e 17% acima de R$ 5.000.
Nessa época, o Fundo de Investimento totalizava R$ 13,864 milhões e o Fundo de Alto Custo, R$ 2,629 milhões.
Os honorários médicos representaram 30% do faturamento, os hospitais 21%, ações de intercâmbio 16%, despesas com radioterapia, oncologia, materi-
No dia 5 de agosto, a Unimed completava 23 anos com cerca de 630 médicos e perto de alcançar a marca de 100 mil clientes.
ENTRE AS MAIORES A Unimed Regional Maringá subia 16 posições no ranking das maiores e melhores empresas da Região Sul do Brasil, elaborado há 15 anos consecutivos pela Revista Amanhã, de Porto Alegre, em parceria com a Price Water House Coopers Consultores. Além do crescimento constante e firme em receitas, a cooperativa ficou entre as cinco mais rentáveis em relação ao faturamento, uma conquista que demonstrava a qualidade e os resultados de sua administração. Chegou à 409ª posição em relação à receita. Apenas a Unimed e mais cinco empresas de Maringá estavam na lista.
SELO SOCIAL
PRÊMIO DE MARKETING O recebimento do 11º Prêmio de Marketing Unimed “Dr. Nilo Marciano de Oliveira” como reconhecimento ao projeto de Medicina Preventiva lançado no primeiro semestre, coroava um ano de conquistas para a cooperativa. Segundo o presidente Durval, o prêmio foi mérito da diretoria de Mercado, coordenada pelo médico Maurício Chaves Júnior, da equipe, da diretoria e do Conselho de Administração, que trabalharam na elaboração de um projeto que contou com o apoio de todos os conselhos e cooperados.
Na avaliação de 2005, a Unimed Maringá avançou ainda mais em relação a 2004, garantindo o Selo Social conferido pela Unimed Brasil. Na certificação, foi assinalado que “a cooperativa assimilou o conceito de gestão socialmente responsável, alcançando o estágio da maturidade”. Para a Fundação, “é louvável o desempenho apresentado na prática da Responsabilidade Social, estando próxima de atingir o modelo ideal”.
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“PENSE BEM” O projeto “Pense Bem” era mais uma iniciativa importante na prevenção de acidentes de trânsito, com orientações que se estendiam para a prevenção de acidentes cerebrais e da coluna. Coordenado pelo médico neurocirurgião Cármine Porcelli Salvarani, contou com o apoio da Unimed Maringá. As atividades do “Pense Bem” eram desenvolvidas com palestras, sessões de vídeo e distribuição de material com mensagens de impacto, mostrando a gravidade da situação e as maneiras mais simples de prevenção.
PARTICIPANDO DA REFORMA DO ESTÁDIO WILLIE DAVIDS Juntamente com Cocamar e Sicredi, a Unimed participou financeiramente da reforma do Estádio Regional “Willie Davids”, o que proporcionou que a cidade voltasse a receber jogos não apenas da equipe local, mas também do Coritiba e
do Paraná, que mandariam em Maringá partidas do Campeonato Brasileiro. O investimento foi de R$ 60 mil. A reabertura do Estádio ocorreu no mês de janeiro, com a partida entre o Coritiba e a Adap de Campo Mourão.
CONDUTA ÉTICA Com a presença de diretores e superintendentes, colaboradores da Unimed Regional Maringá receberam em dezembro o Código de Conduta Ética, que passou a ser uma referência pessoal e profissional a todos que integravam a equipe e também aos que interagiam com a cooperativa. O Código foi elaborado pelos membros do Comitê de Responsabilidade Social com a coordenação dos superintendentes Financeiro, Édson Ribeiro Júnior, e Administrativo, Sylvio Leite Júnior, sob a supervisão geral do diretor de Mercado, Maurício Chaves Júnior.
MÉDICOS NA ACADEMIA Um dos médicos em atividade mais antigos de Maringá, Mário Lins Peixoto é integrante desde 2005 da Academia Paranaense de Medicina, onde ocupa a cadeira número 55, que tem como patrono seu colega João Ernani Bettega. Quando tomou posse, na sede da Associação Médica do Paraná, dr. Mário foi saudado pelo dr. Professor Hélio Germiniciani, que afirmou: “O dr. Mário é um dos mais lúcidos e um dos que mais contribuíram para o avanço dos estudos científicos desse Estado”. Por sua vez, da Academia de Letras de
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Mário Lins Peixoto
João Batista Leonardo
Maringá participam três médicos, também escritores: José Usan Torres Brandão, um dos fundadores da entidade (cadeira de número 3 patrono: Alphonsus
Nelson Maimone
José Usan Torres Brandão
de Guimarães), Nélson Maimone (cadeira número 29 patrono: Menotti Del Picchia) e João Batista Leonardo (caderna número 21 patrono: José de Alencar)
2006 “Ousadia” Unimed Maringá já estava entre as que mais detinham participação no mercado, comparando com outras cooperativas paranaenses
N
As receitas do ano chegaram a R$ 147 esse ano foi realizada a implantação do SOS Unimed, com milhões, 117% maiores que as de 2003, 16.538 optantes, preparado o quando do início da gestão do presidente canteiro de obras e iniciada a construção Durval. Realizou-se, nesse período, o do PA. A pedra fundamental, lançada no repasse de sobras no montante de R$ 2,8 milhões aos cooperados, o dia 1º de junho, contou com a equivalente a 80% do ganho presença de dirigentes da coomédio do quadro social. O perativa e também do preexercício havia sido finalizado sidente da Federação Unimed com 564 integrantes, contra do Paraná, Orestes Barrozo os 499 de 2003. Medeiros Pullin, que classificou de “ousado” o projeto de Em relação ao número de construção do complexo em clientes, um salto: 111.880, Maringá: “Não são todas as registrando crescimento de cooperativas que possuem Orestes Pullin 49% ante 2003. De acordo essa mesma ousadia”.
118.880 clientes (49% a mais que em 2003)
R$ 2,8 milhões de sobras (80% do ganho médio do quadro social)
Prefeito Silvio Barros, dirigentes e lideranças no lançamento da pedra fundamental
Serviço SOS Em 2006, foi incrementado o serviço de remoção, que já era mantido desde 1995. É servido de 5 viaturas equipadas com UTI móvel e uma viatura médica, para atender aos municípios de Maringá e Sarandi. Há um médico de plantão 24 horas e uma equipe de 40 colaboradores diretamente envolvidos. São prestados 600 atendimentos/mês, em média.
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com relatório da época, a Unimed Maringá era a que mais detinha participação no mercado, comparando com outras cooperativas paranaenses. Já o volume de consultas havia fechado em 591.391, 46% a mais que as 406.206 de 2002. Na oportunidade, o vice-presidente Natal Gianotto observou que a missão de diretoria executiva era, justamente, “promover trabalho e crescimento com solidez e segurança”. Nesse contexto, citou que o ganho médio mensal do cooperado no ano de 2006 havia aumentado em 23%, situando-se em R$ 6,499 mil, frente aos R$ 5,297 mil do ano anterior.
Desde 2002, a evolução chegava a 60%, estabelecendo-se valores praticamente idênticos aos da Unimed Londrina, a segunda maior do Paraná. O dr. Gianotto ressaltou também a valorização do honorário médico, da visita hospitalar, do tratamento clínico e do tratamento cirúrgico. Do total arrecadado em 2006, 31,2%, o correspondente a R$ 45,3 milhões, foram repassados aos cooperados, enquanto as despesas administrativas ficaram em 9,6%, sendo a Unimed Maringá detentora de uma das estruturas mais enxutas dentre as cooperativas de serviços médicos do Paraná. Só para se ter
uma ideia, o custo administrativo por cliente/mês era de R$ 8,83, ao passo que em Curitiba situava-se em R$ 12,07 e em Londrina, R$ 23,70. A Unimed Regional Maringá subiu 51 posições e cresceu muito, pelo quinto ano consecutivo, no ranking das “500 Grandes & Líderes da Região Sul do Brasil”, elaborado pela Revista Amanhã, de Porto Alegre, em parceria com a Price Watherhouse Coopers Consultores. Também pelo quarto ano seguido a cooperativa mostrou um forte crescimento em receitas, subindo do 5º para 4º mais rentável em relação ao faturamento.
Com o apoio da Unimed, desde o início, as ATI são um grande sucesso Em 2006, o prefeito de Maringá, Silvio Barros, assistia a um programa noturno na televisão quando viu, pela primeira vez, o funcionamento de uma academia a céu aberto na China, voltada para pessoas da terceira idade. Em Pequim, elas haviam sido implantadas em meados da década anterior e já contavam com mais de 2,5 milhões de adeptos. À frente de uma cidade reconhecida pela qualidade de vida de sua população, Barros pensou: por que não “importar” a ideia e adaptar essa academia para a realidade local? A atitude incisiva do prefeito que, de imediato, realizou estudos e passou a perseguir o objetivo de construir academias a céu aberto em praças e logradouros de Maringá, encontrou o apoio e a parceria da Unimed. Em conversa com o presiden-
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MARCA DE DESTAQUE A marca Unimed se projetou novamente como a de maior destaque no segmento saúde durante 2006, em todo o país. Na região, o mesmo aconteceu com a Unimed Regional Maringá. Pela 19ª vez consecutiva, recebeu o Prêmio Mérito Lojista, promovido pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas. Conquistou, pelo oitavo ano seguido, e pela sexta vez em nível nacional, o Top of Mind Fornecedores de RH, considerado o Oscar da área de recursos hu-manos. Academia de terceira idade: Unimed patrocinou as 20 primeiras te Durval, o prefeito obteve a garantia de que as primeiras 20 Academias de Terceira Idade, as “ATI”, como passariam a ser conhecidas, teriam o patrocínio da cooperativa. E foi o que aconteceu. Já em 2006, a prefeitura assumiu o compromisso de entregar uma ATI por mês à população. Elas alcançaram tamanha receptividade por parte do público que começaram a multiplicar-se pela região, o Estado e o Brasil. Na inauguração da ATI do Parque do Ingá, uma das maiores e mais frequentadas, o prefeito enfatizou que “as ATIs são agentes de transformação da qualidade de vida da população. Já com as primeiras ATIs os resultados estão comprovando que os exercícios melhoram a saúde das pessoas”. Considerando indivíduos com idade acima de 60 anos, constatouse uma diminuição de 30% no número de consultas e de 27% nas solicitações de anti-inflamatórios em postos de saúde situados próximos onde os aparelhos
haviam sido instalados. Na oportunidade, o presidente da Unimed reafirmou o interesse da instituição em parcerias que promovam a saúde: “sempre estaremos juntos no que é bom para o município”, disse o dr. Durval. A cooperativa fez a doação dos aparelhos. A ação se enquadrou nos princípios do programa Maringá Saudável, de promoção à saúde. Apesar da facilidade da prática dos exercícios, as pessoas são inicialmente acompanhadas por profissionais das secretarias municipais da Saúde e dos Esportes e Lazer. A grande vantagem da Academia da Terceira Idade é que o ritmo e a quantidade são determinados pelo praticante. A maioria dos aparelhos usa a força da pessoa para movimentá-lo. Além de patrocinar as 20 primeiras ATIs em Maringá, a Unimed implantou unidades similares em vários municípios de sua região de abrangência.
A cooperativa havia sido eleita, também, a marca mais confiável no segmento médico.
SELO SOCIAL A Unimed Maringá recebia, pelo quarto ano consecutivo - e com uma pontuação ainda maior que a do ano anterior - o Selo de Responsabilidade Social 2006 do Sistema Unimed, concedido apenas para cooperativas que se destacaram em projetos de responsabilidade social.
Empresa voltada à cidadania O CAMINHO DO TEMPO |
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O cooperativismo em três momentos Com a experiência de ter participado do Conselho de Administração no período 1999/2003, o médico Marco Antonio Araújo Rocha Loures afirma que o cooperativismo de profissionais médicos passou por três fases distintas em Maringá: a primeira, em que foram comuns as dificuldades para o entendimento por parte de seus objetivos, e até mesmo uma resistência dos profissionais, apesar do excelente trabalho de médicos como o dr. Nélson Couto de Rezende e o dr. José Carlos Fernandes; a segunda, em que a cooperativa começou a ser compreendida e aceita, sendo incluída aí a fase de cres-
APOIO A CICLO DE PALESTRAS Desde o início do Ciclo de Palestras CBN, em 2006, que tem trazido personalidades de renome em vários setores a Maringá, a Unimed Maringá é uma das principais apoiadoras do evento que acontece sempre no auditório do Colégio Marista, com grande afluência de público.
Hoje, complementa Rocha cimento que, ao seu ver, gaLoures, participar da cooperanhou forte impulso a partir de tiva é muito importante para 1995; e, finalmente, a terceira, qualquer médico, pois ela é em que o quadro associativo geradora de trabalho em um demonstra ter desenvolvido mercado altamente competiuma consciência cooperativistivo. Uma preocupação é com ta, sendo ao mesmo tempo as exigências cada vez maiomais interessado e, até por Marco Antônio res por parte da Agência Naisso, ainda mais crítico. Nesse Rocha Loures cional de Saúde Suplementar aspecto, afirma, o papel de or(ANS), que acrescenta novos ganismos como o Conselho Fiscal é preponderante para o sucesso de procedimentos aos planos, inclusive aluma sociedade, “sendo preciso que a sua guns de alto custo, sem verificar se, de atuação seja isenta, sem a orientação do outro lado, eles têm condições de suportá-los. Conselho de Administração”.
MEDICINA PREVENTIVA EM NOVO LOCAL O departamento de Medicina Preventiva transferiu seu atendimento para a Avenida Itororó, 277. Um local mais amplo para a prática de exercícios, com salas planejadas para avaliações físicas, nutricionais e psicológicas.
COPA UNIMED RECOLHE LEITE PARA A APAE A 11ª Copa Unimed Escolar de Maringá, aberta no Ginásio de Esportes Chico Neto, recolheu uma grande quantidade de litros de leite, entregues pelo público, que foram doados à Apae. Na soma de seus dez anos de realização, a Copa já somava 50 mil atletas participantes. Sem-
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pre com o objetivo de preparar campeões para a vida, motivando a prática regular de esportes e hábitos saudáveis, a edição de 2007 reunia mais de 4 mil atletas de 64 escolas de Maringá, Mandaguaçu, Sarandi, Paiçandu, Marialva, Ourizona, Munhoz de Melo e Mandaguari.
ATI EM FLORESTA Diante de autoridades locais, o presidente Durval fez a entrega, no mês de junho, de uma Academia de Terceira Idade (ATI) para o município de Floresta.
Alguns dos anúncios veiculados em 2006, produzidos pela Nação Propaganda
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2007 Galgando posições entre as melhores Liberação de consultas, exames e procedimentos por meio da impressão digital; uma das estruturas mais enxutas do Paraná
C
hegar aos 25 mil optantes no SOS Unimed, a aprovação da construção do Hospital Dia e o início do programa de relacionamento com o cooperado, foram algumas das conquistas de 2007. Esse último, criado pelo Núcleo de Desenvolvimento Humano, foi coordenado pela dra. Vera Lucia Beltran e patrocinado, nesse ano, pela Unimed do Brasil. Além do apoio às Academias de Terceira Idade (ATI), a Unimed Maringá desenvolvia uma série de outras iniciativas na área de responsabilidade social, como o programa Adolescente Aprendiz, Gincana Solidária, o projeto Pró-Handebol, o patrocínio à equipe de handebol da cidade e, é claro, a Copa Unimed, realizada desde 1996 e já considerada um dos maiores eventos esportivos escolares do Sul do País. A Unimed Maringá recebia o prêmio de Melhor Performance Geral do Estado, concedido pela Federação das Unimeds do Estado do Paraná. A distinção resultou de uma análise comparativa entre 20 singulares, utilizando critérios relativos ao desempenho. Em apenas cinco anos, segundo dados da Revista Amanhã, de Porto Alegre (RS), a cooperativa havia galgado 124 posições no
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ranking que avaliava as 500 maiores da Região Sul.
com uma das estruturas mais enxutas do Paraná.
A distribuição de sobras foi de R$ 2 milhões, o equivalente a 50% do ganho médio dos médicos, tendo a cooperativa fechado o ano com um faturamento de R$ 170,2 milhões, 18% a mais que o obtido em 2006. Por sua vez, o número de consultas, que gera trabalho e rendimento aos cooperados, chegou a 647,4 mil, 9,5% maior que o registrado no ano anterior. Os 564 cooperados receberam a média de pagamentos de
Ainda nesse ano, a Unimed passou a oferecer aos seus 119 mil associados a liberação de consultas, exames e procedimentos por meio da impressão digital, a chamada biometria. Foram 64 aparelhos instalados em diversas clínicas e consultórios, e a expansão contínua sendo feita gradativamente. Isso garantiu agilidade ao atendimento e reduziu o risco de fraudes.
Maringá R$ 7.076,00, contra os R$ 6.499,00 do último ano. Somando outros benefícios, como o Plano Assistencial ao Cooperado (PAC) e a Previdência Privada (instituída em 2006), a Unimed repassou R$ 53,2 milhões ao quadro de cooperados, o correspondente a 31% do total arrecadado. Já os hospitais ficaram com 21%, o intercâmbio com 19% e as despesas administrativas não passaram de 10%. Com isso, a Unimed Maringá mantevese entre as cooperativas de grande porte
Por fim, a construção do Pronto Atendimento andou a passos largos. O prédio, levantado para abrigar o novo serviço de atendimento a urgências e emergências, chegou ao final do ano nos detalhes finais para começar a funcionar. Em 2007, a Unimed Regional Maringá foi escolhida pela Unimed Paraná como a cooperativa do sistema com “Melhor performance geral no Estado”. A premiação foi realizada em Curitiba, no mês de dezembro. Segundo o presidente Durval, a premiação foi o resultado de uma análise comparativa entre 20 singulares do Estado, na qual utilizaram-se critérios relativos ao desempenho das cooperativas. “A premiação te-
ve como finalidade promover uma concorrência saudável entre as singulares, para que todas buscassem um nível melhor em seus indicadores”, conta. Foram quatro pontos avaliados: a melhoria de gestão, a melhor remuneração do cooperado, o comprometimento com a comunidade e o crescimento da cooperativa. A Unimed Regional Maringá recebeu outros dois prêmios importantes no ano: o “Melhor índice de desenvolvi-
mento” e a “Melhor em gestão de custos com responsabilidade social”. Por outro lado, o crescimento da cooperativa vem ocorrendo de forma bastante acentuada. No ranking “Grandes & Líderes”, que lista as 500 maiores empresas da região Sul do Brasil, produzido pela Editora Amanhã, de Porto Alegre, a Unimed passou a integrá-lo em 2002, na posição 467. Em 2003 subiu para o 425º lugar e, no ano seguinte, para 409º. Em 2005, ascendeu
para a 358º colocação e, em 2006 (publicado em 2007), a posição 343. Em cinco anos, portanto, subiu 124 posições entre as maiores empresas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além disso, a Unimed Maringá ocupava, desde 2004, a lista das mais rentáveis, no cálculo da rentabilidade em relação à receita. Em 2007, ficou em 50º lugar no setor de saúde, ao lado de grandes empresas do Sul.
PRESIDENTE DA UNIMED É O EMPRESÁRIO DO ANO No ano de 2007, o dr. Durval Francisco dos Santos Filho foi eleito Empresário do Ano 2007. A eleição aconteceu na sede do Sivamar (Sindicato dos Lojistas do Comércio Varejista de Maringá e Região), uma das promotoras da premiação, em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM), Associação Paranaense dos Supermercados
(Apras) e Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). A homenagem, prestada pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM), é um tradicional reconhecimento aos empreendedores de maior destaque na cidade. A premiação existe desde 1980, quando era promovida pelo
Escolha de Durval foi quase uma unanimidade
Sivamar, o sindicato do comércio varejista. A partir de 1997 a ACIM passou a ser co-promotora e em 1999 assumiu a coor-denação. Representantes de 23 entidades indicaram nomes para receber a homenagem. Ao todo, nove empresários foram indicados e Durval foi eleito entre os três que receberam o maior número de indicações. Votaram 22 representantes das entidades promotoras do prêmio e também do Sindicato dos Jornalistas, Prefeitura de Maringá, Câmara Municipal, Maringá e Região Convention & Visitors Bureau e Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem). “O prêmio contempla toda a área médica de Maringá, que hoje é um segmento vital para a economia da cidade”, disse Carlos Tavares, presidente da ACIM. “O apoio da Unimed no esporte e na área social colaborou para que o nome de Durval fosse praticamente uma unanimidade”, avaliou Tarlei Kotsifas, presidente da Apras.
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A COMEMORAÇÃO DOS 25 ANOS Para marcar a celebração dos 25 anos da Unimed, foi desenvolvido um selo comemorativo, aplicado durante todo o ano nos materiais de comunicação. “O conceito da logomarca foi criado para fazer com que a data se tornasse um marco. O ícone representa o crescimento: o passado, o presente e o futuro da cooperativa”, explicou o designer Anderson Mazei Reis, então colaborador da área de marketing que criou o selo. “Mais do que apenas história, o que se vê hoje é o caminho que se trilhou para o futuro: o crescimento a olhos vistos, a modernização dos sistemas e a construção de um novo prédio marcam o início de uma nova
fase, certamente muito promissora”, afirmou o presidente Durval, em editorial no informativo especial dos 25 anos.
O presidente e parte da equipe, em registro histórico
tes nesse começo, relembrou o presidente fundador.
ficuldades superadas com as novas normas da ANS. Segundo ele, todos devem ajudar a Unimed a continuar crescendo, em tamanho e qualidade.
Galeria de Presidentes Como parte das comemorações dos 25 anos, foi inaugurada a Galeria de Presidentes com a presença de todos que, em seus períodos, passaram pela presidência da Unimed Maringá. Cada um discorreu sobre a homenagem e a sua experiência à frente da cooperativa. Nélson Rezende contou das dificuldades dos primeiros anos, quando pouca gente em Maringá sabia o que era a Unimed. Para divulgar a cooperativa, presidente e diretores foram assíduos em reuniões de Rotary, Lions e entidades organizadas, construindo as bases da cooperativa. Médicos e hospitais foram importan-
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Reynaldo Brovini disse que estava emocionado com a homenagem. Relatou que, logo depois de assumir, foi a uma convenção da Unimed onde a cooperativa de Maringá foi relacionada entre as que enfrentavam mais dificuldades em todo o sistema. Aquele episódio motivou a todos os diretores e conselheiros, que fizeram um pacto para mudar essa situação. João Maria da Silveira falou da experiência de conduzir a cooperativa durante anos de grande crescimento. Falou das di-
Na sua vez, o presidente, Durval Francisco dos Santos Filho agradeceu a presença dos ex-presidentes, diretores e conselheiros no evento interno. Ele também apresentou dois audiovisuais, o primeiro feito nos 20 anos e o outro em 2007. Para o presidente, são importantes os registros da história da Unimed em Maringá, para que a memória do trabalho e das conquistas seja preservada.
Os presidentes
Nélson Couto de Rezende 1982 - 1995
Reynaldo Rafael José Brovini 1995 - 1999
João Maria da Silveira 1999 - 2003
REELEIÇÃO A reeleição de Durval Francisco dos Santos Filho para a presidência da cooperativa no período 2007/ 2011, se deu de forma tranquila e sem concorrência. Além dele, o Conselho de Administração foi integrado por Natal Domingos Gianotto, na função de vice-presidente e diretor-financeiro, Airto Manzotti, na de diretor administrativo, Maurício Chaves Júnior, diretor de mercado, e Aldo Taguchi, diretor médico. Como conselheiros vogais, Antônio Carlos Sanseverino Filho, Roberto Sunao Otani, João Maria da Silveira, Roberto Tanus Pazello, Fernando de Souza e José Luiz Coelho Gomes.
Durval Francisco dos Santos Filho a partir de 2003
REGISTRO DEFINITIVO No mês de agosto, a Unimed Regional Maringá recebia da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o registro definitivo para funcionamento como operadora de planos de assistência à saúde, que havia sido publicado no Diário Oficial da União número 147, apenas quatro dias antes do aniversário da cooperativa, que completava 25 anos de fundação.
A partir da esquerda: Aldo Taguchi, Airto Manzotti, Natal Domingos Gianotto, Durval Francisco dos Santos Filho e Maurício Chaves Júnior
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PERSONAGEM
Um dos cooperados mais antigos, ainda em atividade Entre os médicos mais antigos de Maringá, onde desembarcou em 1950, sendo o 13º a estabelecer-se na cidade, o dr. Leandro Lobão Luz, nascido a 8 de dezembro de 1921 em Salvador (BA), segue em plena atividade. Só no final de 2010 é que ele decidiu fechar as portas do consultório no prédio que levantou havia mais de meio século na Avenida São Paulo, centro da cidade. Aposentar-se, nem pensar: “Vou continuar atendendo, mas só ao pessoal que me chamar.” Aos 89 anos, e um dos cooperados com a idade mais alta do quadro social da Unimed Maringá, o dr. Leandro é um homem de memória cristalina: seus depoimentos são recheados de detalhes e descrições tão minuciosas que ao ouvinte permitem até “enxergar” cenas, como se estivesse à frente de uma tela. Especializado em clínica médica e técnica operatória, com amplo conhecimento geral, foi diplomado em 1946 pela Universidade da Bahia, tendo instalado um pequeno hospital no interior daquele Estado, onde trabalhou inclusive com psiquiatria. Em 1949 seguiu para o Rio de Janeiro, em busca de melhores oportunidades. Depois de passar em primeiro lugar num disputado concurso para o serviço de gastroenterologia da Santa Casa, ouviu um conselho do renomado professor Waldemar Berardinelli: “Se quiser mesmo fazer a vida com medicina, o caminho é São Paulo”. Ele não titubeou: na capital paulista, prestou novo concurso e foi admitido na Santa Casa local. Mas ali, em 1950, o destino lhe apresentaria um empolgado engenheiro da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, Aristides Souza Mello, que o convidou a visitar a “menina dos olhos” da empresa: Maringá, uma cidade que nascia no sertão paranaense. Sem hesitar, o animado médico embarcou num trem que, após longa e cansativa viagem, o deixou no fim da linha: a barrenta Apucarana. Para chegar até
O dr. Leandro Lobão Luz com o seu álbum de formatura, que data de 1946
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Maringá, distante 50 quilômetros, ajustou corrida com um taxista. Como chovia, o carro não foi além do chamado “Barro Preto”, um trecho temido da estradinha lamacenta, em meio ao cafezal, onde encalhes eram inevitáveis. Resumindo: na tal Maringá (ainda um distrito de Mandaguari), onde só estaria no dia seguinte, o cenário era pouco atraente: casinhas de madeira, lama por todo lado, luz só mesmo de lampiões e lamparinas. Foi a um hotel no chamado “Maringá Velho”, mas deu meia volta ao constatar que a cama estava inundada de piolhos; depois, no hotel “Bom Descanso”, mesmo exaurido, esperou até vagar uma das oito camas de um quarto, onde finalmente conseguiu passar a noite, não sem antes experimentar um inédito banho de balde, daqueles içados com corda, cuja água fria escorria de um chuveirinho na base. Em vez de querer voltar correndo, ficou. Na Companhia de Terras, avistou-se com Ulisses Bruder e Alfredo Nyeffeler. À época, o lugar só contava com três hospitais: o Santa Cruz, o
Maringá e o São José, todos sobrecarregados. Costinha, um baiano que era dono da popular Farmácia São Luiz, situada na Avenida Brasil, soube do médico e espalhou para a freguesia sobre a sua presença. Resultado: filas e mais filas formaram-se na porta da farmácia, onde um espantado e prestimoso dr. Leandro não se recusou a atender aquele povo pobre. Improvisou consultório na garagem e depois de dias, diagnosticou que a população sofria principalmente de males como verminose, anemia, hipertensão, doenças venéreas, pulmonares e doença de Chagas. Vendo que a cidade prometia, ele trouxe a família e decidiu tentar a vida por conta: instalou consultório no próprio “Bom Descanso” e, em seguida, aceitou convite da Companhia para ser o seu médico, ocupando-se de examinar das 4 às 7 horas, todos os dias, centenas de trabalhadores que se apresentavam para o serviço da derrubada. Às vezes, tinha que recusar uns e outros, como um sujeito acometido do Mal de Chagas que, contrariado, prometeu vingar-se. Foi por isso que o médico, prevenido, passou a carregar um revólver - acessório que, naqueles tempos, fazia parte da rude indumentária de quase todo mundo. Na verdade, o dr. Leandro nunca fez uso da arma. Em lugar disso, cultivou muitas amizades, citando entre os amigos o colega Galileu Pasquinelli Filho, “grande cirurgião”, que considerava seu mestre. Em 1954, adquiriu a data onde, em pouco tempo, levantaria o prédio que abrigou seu consultório definitivo na Avenida São Paulo. O pai Walfrido Luz, engenheiro civil em Salvador, preparou a planta e quis ajudar financeiramente na obra. Mas o filho já conseguia garantir-se bem, contando em sua rotina diária com os préstimos de Henriqueta Pereira de Araújo, uma senhora simples que transformou em zelosa “enfermeira”, a qual ficou responsável também por cuidar da féria do dia, cujo dinheiro acumulava no interior de uma lata de querosene para, em seguida, depositar na agência do Banco Noroeste. Um dia, o médico quase caiu de costas ao saber que tinha, lá, mais de 124 contos, uma fortuna. “Havia muita gente endinheirada na época, mas ninguém pagava tão bem quanto as prostitutas, que viviam com os bolsos estufados.”
O médico em seu consultório, onde atendeu por mais de 50 anos; ao lado, receita prescrita na década de 50
Ao longo de sua história, foram milhares de pacientes e cerca de 3 mil partos, dos quais pelo menos 300 cesarianas. Como se vê, história é que não falta para esse pioneiro bom de conversa que, beirando os 90 anos, não usa óculos e detesta ser chamado de senhor. “A gente se sente mais velho”, reclama o vaidoso profissional, que foi um exímio nadador na mocidade. Casado com dona Marilena, ele sorri em seguida quando fala dos 5 filhos - dos quais 2 médicos. E seus olhos brilham, especialmente, ao contar que o destino lhe preparou mais uma: depois de sete netas e uma bisneta, está todo prosa com a chegada do primeiro neto. E não é para menos.
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2008
Pronto Atendimento
A INAUGURAÇÃO Começava uma nova fase na história da cooperativa
“A
integração fez a diferença entre cooperativa e cooperados”, afirmou o presidente Durval, ao abrir o relatório referente às atividades da cooperativa em 2008. “Aproximou, interagiu e intensificou ainda mais a cumplicidade entre os profissionais que a cada dia descobrem os benefícios da palavra cooperativismo”, completou. Foi um ano importante para a Unimed Regional Maringá, até então com 718 cooperados, 350 colaboradores e 122 mil clientes, detendo nada menos que 19% da fatia do mercado, no ramo saúde, de Maringá e região. Um dos maiores destaques foi a inauguração do Pronto Atendimento (PA), ocorrido no dia 8 de março, assegurando novos processos, o que representou um novo momento para a cooperativa. Para os clientes e colaboradores, trouxe mais praticidade, um local planejado para oferecer ainda mais conveniência e para garantir melhor atendimen-
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São mais de 10 mil metros quadrados de área construída em três pavimentos
to em caso de urgência e emergência. A estrutura foi construída especialmente para oferecer uma atenção personalizada e complementar os benefícios e as vantagens de possuir o plano de saúde. O PA, ao oferecer atendimento 24 horas para adultos e crianças, recebidos por uma equipe de profissionais preparados de acordo com protocolos
internacionais, faz parte de um projeto de cen-tralização dos serviços próprios da coo-perativa em um só lugar: o Ciasu ( Cen-tro Integrado de Assistência à Saúde Unimed). A transferência para o Ciasu de outros setores ou serviços deve acontecer devagar, de acordo com as necessidades, segundo o presidente Durval: “estamos preparados para atender aos nos-
sos clientes com eficiência e rapidez”. “Ao oferecer essa nova opção, vamos proporcionar muito mais facilidade”, disse. Assegurar conforto e bem-estar foi o objetivo levado em conta desde o início do conceito arquitetônico, marcado pela modernidade. Na ala infantil, por exemplo, alegres ilustrações nas paredes criam um clima agradável.
O descerramento da fita inaugural: momento marcante na história da Unimed
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Durante o ano, o PA realizou mais de 28 mil atendimentos, com a média de 130/dia, registrando um crescimento da ordem de 10% ao mês. Pesquisa realizada pela equipe do PA junto aos clientes apontou que o índice de satisfação era de 92%, o que, segundo o Conselho de Administração, contribuiu ainda mais para a valorização da marca Unimed Regional Maringá. Nesse ano, a cooperativa atingiu o faturamento de R$ 202,955 milhões, o que permitiu realizar o adiantamento de sobras no montante de R$ 2,607 milhões, um valor que correspondeu a 60% do rendimento médio mensal de cada cooperado. Comparando com o ano de 2002, a evolução do faturamento foi de expressivos 200% frente a R$ 67,8 milhões, além de 62% a mais de clientes (dos quais 66% pessoas jurídicas) e 81,5% de crescimento em número de consultas. Com isso, o repasse médio ao cooperado subiu para R$ 7.773,00, frente aos R$ 7.076,00 do ano anterior. No total, incluindo honorários, sobras, PAC e Previdência Privada, os 619 cooperados receberam um total de R$ 63,310 milhões.
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Empreendimento valorizou fortemente a imagem da cooperativa na cidade e regiĂŁo
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Estrutura e Serviços oferecidos Cinquenta por cento dos pacientes Unimed já são atendidos no PA, com os restantes distribuídos pelos demais hospitais do município. O início de funcionamento do mesmo “impulsionou a compra de planos de saúde por parte da população”, enfatizou a coordenadora de serviços próprios, Carolina Lastra Martinez, para quem as pessoas ficaram satisfeitas com a estrutura e a qualidade do atendimento. “Foi um investimento em confiança e segurança”, acrescenta a coordenadora, explicando que a prestação de serviços próprios “é uma tendência da Unimed, uma vez que a verticalização beneficia também os médicos cooperados”. • São mantidos 82 médicos plantonistas presenciais, além de 40 outros profissionais, entre enfermeiros, técnicos em en-
Oncologia Trata-se de um serviço mais recente, que começou a ser oferecido em agosto de 2009 para ser um dos principais diferenciais da Unimed Regional Maringá. É focado no conforto do paciente, que inclui crianças. Para a sua implantação, profissionais partiram em busca de subsídios junto aos mais modernos centros de oncologia do País. A preocupação com a humanização do atendimento significou um marco de qualidade, envolvendo uma equipe multidisciplinar que conta com médicos oncologistas, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. É mantido plantão durante 12 horas do dia, de segunda a sexta-feira, com tendência de que o atendimento seja estendido ao longo das 24 horas.
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fermagem e recepcionistas.
• Raio X próprio.
• É prestado atendimento de urgência e emergência em pediatria, clínica médica e ortopedia. Se necessário atender outra especialidade, é chamado um profissional ou procedido o encaminhamento. Nenhum paciente é dispensado sem um diagnóstico de seu quadro clínico.
• Laboratório de suporte para exames laboratoriais.
• O PA atende a dor, o crônico, tomandose como exemplo uma cólica renal. Em casos assim, é feito o tratamento e o paciente encaminhado para um especialista. • As maiores demandas na área de clínica médica têm sido a ocorrência de viroses, dengue, gripes e pneumonia (todas nos períodos de inverno) e lesões leves.
• Ultrassom. • Farmácia, que funciona como suporte. • Sala de urgência e emergência para pacientes em situações mais críticas (sendo feita a estabilização com recursos de ponta e o encaminhamento a hospital, se for o caso). • São prestados 200 atendimentos por dia, em média; no início, eram 1.500/ mês. • 20% dos atendimentos referem-se a clientes da região.
Aprimorando a gestão cooperativa O Biomeek Oracle, um programa de informática adquirido junto à Federação das Unimeds do Estado do Paraná, e em uso desde meados da década anterior, apresentaria problemas de operacionalidade em 2008 que, pela sua gravidade, surpreenderam a administração da Unimed Regional Maringá. Principalmente porque a cooperativa trabalhava com sistemas que eram tidos como confiáveis, cercados de todos os cuidados. Texto publicado na Revista Ampla, editado pela Federação das Unimeds do Estado do Paraná, em sua edição número 13, de junho de 2009, cita que o Biomeek Oracle, implantado em 1991, “tem a vantagem de estabelecer um método padrão de trabalho, unificando a linguagem entre as Unimeds, melhorando o nível de
controle e agilidade na execução das atividades e gerenciamento de contratos, pagamentos a cooperados e outros procedimentos operacionais”.
detectado sem demora, não possibilitou o estorno e a imediata recuperação do numerário.
Tal fato é relatado neste livro para demonstrar como são grandes e imprevisíveis os desafios de uma administração. E também, pela forma transparente e objetiva como o assunto foi tratado junto aos cooperados, apresentar uma situação em que a falha serviu para aprimorar o processo de gestão não só em Maringá, mas em todas as cooperativas de serviços médicos do Estado.
Mesmo havendo a digitação correta das respectivas contas por parte da equipe do setor na cooperativa, o montante acabou creditado em outras, o que gerou desconfiança em relação ao sistema. Por conta disso, a Federação reavaliou o programa Biomeek e, constatada a sua vulnerabilidade, implantou um mecanismo adicional de segurança, de modo a coibir definitivamente este tipo de problema.
Ocorre que, ao se efetuar uma opção de transferência eletrônica de valores pelo sistema financeiro, o crédito se deu em contas indevidas, fato que, apesar de
Numa etapa posterior, a Unimed Regional Maringá acionou a justiça para cobrar, da Federação, o ressarcimento da perda.
Tecnologia de Informação O departamento de Tecnologia de Informação (TI) da Unimed, coordenado por Marcos Assumpção, é formado por quatro setores: service desk (atendimento ao usuário final), manutenção, desenvolvimento e infraestrutura. Segundo Diógenes Ferreira Romão, admitido em 1995 e atualmente responsável pela infraestrutura, a Unimed Regional Maringá vem passando por uma evolução tecnológica constante, o que inclui a reciclagem de conhecimentos e a troca de equipamentos pelo menos a cada dois anos.
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2009/2010 Anos de superação Unimed Regional Maringá é a que mais cresce no Paraná
C
omparando com o ano de 2008, a Unimed Maringá registrou em 2009 um incremento de 16,20% nas suas receitas, que subiram de R$ 202,9 milhões para R$ 235,9 milhões. Fazendo um comparativo com 2003, a evolução foi de 181,6%. Houve, em 2009, um crescimento de 17,5% sobre o ano anterior, em relação ao número de clientes, que chegou a 143,5 mil, quantidade que se eleva para 75,7% na comparação com 2003. E, em número de consultas, evolução de 1,34% entre 2008 e 2009, de 736,5 mil para 746,4 mil uma expansão de 68,8% desde 2003. “Foi um ano de muita superação”, relata o presidente Durval, enfatizando que a Unimed Maringá foi a que mais cresceu no Paraná. “A cooperativa contou com a integração e a força do cooperativismo para que com profissionalismo e determinação pudesse superar adversidades ocasionadas por pandemias e crise econômica, fazendo frente ao aumento dos preços dos serviços, provenientes de novas tecnologias, medicamentos e o crescimento da utilização”, afirma. “Um ano atípico”, definiu o diretor administrativo, dr. Airto Manzotti, observando que 2009 foi extremamente desafiador para a Unimed, por duas razões em especial: primeiro, os efeitos da crise econômica; segundo, os surtos de dengue e, principalmente, da chamada gripe “A”. “Tivemos um dispêndio muito grande com isso”, afirmou o diretor. A dengue, que já havia ocorrido com intensidade no ano de
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causa disso, a Unimed obrigou-se a adotar uma série de medidas de emergência para a contenção de gastos, sob pena de a cooperativa fechar o ano no vermelho. Airto Manzotti, diretor administrativo 2008, voltou com mais força ainda, seguida da gripe que alastrou-se rapidamente por todo o mundo, inclusive no Paraná, onde fez um número elevado de vítimas. “Os custos para a Unimed foram significativos, dado o maior volume de atendimento e de internações”, comenta o dr. Airto, lembrando que essa situação impactou, obviamente, todos os planos de saúde. Por
Revista Época
Para se ter uma ideia, em 2007 o índice de sinistralidade foi de 82%, subindo para 84% em 2008. Com as medidas tomadas, o índice caiu para 83% em 2009, mas sem elas, poderia se chegar a 90% e o balanço seria negativo. O presidente Durval explicou que no comparativo com outras cooperativas, as despesas administrativas, na faixa de 10,76%, ficaram abaixo de Londrina (10,96%) e Curitiba (12,31%), mantendose equilibradas. Ele citou que antigamente a cooperativa tinha menos colaboradores e clientes. Mas, seguindo os novos padrões, hoje são 430 colaboradores, dividi-
dos entre a área administrativa e o Ciasu. “Com 143 mil clientes, é normal que o custo administrativo tenha aumentado, mas mesmo que daqui a alguns anos a cooperativa tenha 200 mil clientes, o percentual de custos deve ser mantido na faixa de 10%”. Em 2009, aos 637 cooperados ativos, entre valores pagos durante o ano, compreendendo consultas, honorários médicos, procedimentos, visitas, exames etc, foram repassados, na média, R$ 8.587,00, um crescimento de 111,6% frente aos R$ 4.058,00 de 2003. Segundo o dr. Airto Manzotti, a Unimed vem crescendo fortemente nos últimos anos, “mas de forma ordenada, com planejamento e visão de futuro”. Em 2009, para direcionar o seu crescimento, uma consultoria da Fundação Unimed realizou estudos e chegou a um diagnóstico de cada área, para orientar no planejamento estratégico. O dr. Airto observou, ainda, que os investimentos na capacitação técnica do pessoal, bem como dos sistemas de trabalho, têm sido constantes “e cruciais para enfrentar tantos desafios”.
CIASU: MENOS SINISTRALIDADE Com a operação do Ciasu, a Unimed Maringá tem conseguido diminuir o índice de sinistralidade. As internações, por exemplo, são da ordem de 1%, enquanto que em outros pronto-socorros, beiram os 10%. Para o médico-coordenador Murilo Beller, além de ser o principal cartão de visita da cooperativa, o Ciasu ensejou um novo padrão de referência, por suas instalações modernas e adequadas, e também pela qualidade de sua equipe. Ali são prestados cerca de 5 mil atendimentos por mês, mantendo-se em escala crescente. “Com ele, Maringá está na dianteira no Estado do Paraná”, observou o dr. Murilo. Sobre o corpo médico, não basta que seja apenas médico e cooperado: o profissional precisa ter qualificação e submeter-se a cursos que lhe assegurem o aprimoramento constante. “A Unimed valoriza o bom desempenho profissional”, disse o dr. José Luiz Coelho Gomes, conselheiro vogal, ressaltando que a cooperativa remunera, por exemplo, a melhoria tecnológica. “Uma das políticas é estimular o cooperado a evoluir sempre”.
Em 2009, o Ciasu apresentou um resultado econômico de R$ 9,427 milhões, o que permite a seguinte leitura: se aquela estrutura não existisse, a cooperativa teria um custo para a prestação desses serviços ao redor de R$ 15 milhões/ano. “Sem o Ciasu”, ilustra o vice-presidente Natal Gianotto, “a Unimed teria um desembolso de provavelmente R$ 900 mil/ mês”. Para o diretor de mercado, Maurício Chaves Júnior, a estruturação do Ciasu foi decisiva: “hoje a cooperativa tem uma estrutura que se identifica com ela. Valorizou muito a sua imagem e abriu caminho para o crescimento”. Natal Gionotto, vicepresidente e diretor financeiro ressalta: Ciasu gera economia
GERÊNCIA FINANCEIRA Em meados de 2010, Alexsandro Vieira, graduado em Administração de Empresas e com MBA em Finanças, foi promovido a gerente financeiro da cooperativa. Admitido em 2002 para o cargo de assistente, numa época em que estava sendo implantado o sistema Microsiga para contas a pagar e receber, ele participou da criação de processos que contribuíram para a modernização dessa área.
Alexsandro afirma que “o grande desafio é a contínua evolução dos sistemas de gestão, de modo a garantir sustentabilidade às decisões da diretoria para responder ao mercado competitivo e as demandas reguladoras da Agência Nacional de Saúde”. Hoje, segundo ele, sua área foi inserida na análise de reajustes dos planos de saúde empresariais, o que se refletiu em um sucesso ainda maior nas negociações. O gerente comenta que
a agilidade é indispensável no que refere ao faturamento. Para isso, os boletos são encaminhados com a devida antecipação aos clientes pessoas físicas, enquanto que as empresas podem acessar as faturas mensais pelo sistema online, o que representa um avanço. Sobre a saúde financeira da cooperativa, Alexsandro resume: “Estruturada e sustentável, correspondendo a todas as exigências da ANS ”.
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“A Unimed é a âncora do médico” Na visão do dr. José Luiz Coelho Gomes, conselheiro vogal, os cooperados estão se conscientizando de que, sem a cooperativa, eles enfrentariam enormes dificuldades. “Temos ainda muito a desenvolver, mas ficaria mais difícil se a Unimed não existisse”, comenta o médico, certo de que parte deles acabaria nas mãos de operadoras multinacionais. Em Maringá, a Unimed transformou-se em uma marca que se identifica como saúde junto à população. “Estamos com um quadro de 150 mil clientes que, por si, representa quase metade dos habitantes de uma cidade como Maringá”, acrescenta o dr. José Luiz. Para ele, o grande desafio é manter o nível de gerenciamento de uma grande organização. No caso da Unimed, “que é compradora de risco” (a saúde dos usuários), a pergunta é: como manter uma carteira que seja a mais saudável possível? O envelhecimento da população constitui, portanto, um desafio ao processo de gerenciamento da cooperativa. Ele atribui parte do sucesso da Unimed Maringá ao fato de a classe médica de Maringá ser unida e estar engajada no fortalecimento de seus objetivos comuns. Em paralelo a isso, o nível de satisfação dos usuários, com os serviços prestados, contribui para alavancar ainda mais a cooperativa.
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UMA REFERÊNCIA Para o diretor-médico Aldo Yoshissuke Taguchi, a Unimed pode ser considerada uma referência tanto para os médicos quanto para a população, o que se deve, no segundo caso, ao fato de as pessoas poderem escolher os profissionais e o local de atendimento, sem falar da ampla gama de credenciamentos e serviços autorizados no País inteiro. De 25% a 27% da população regional procuram prevenir-se, segundo ele, possuindo um plano de saúde privado. O perfil do cliente da Unimed, ainda de acordo com o diretor, é o de um indivíduo preocupado em melhorar a sua qualidade de vida, desenvolvendo atividades com regularidade para prevenir-se em relação a doenças como diabetes e outras de origem pulmonar ou nutricional, por exemplo. Na opinião do dr. Aldo, a cidade de Maringá, mais do que ser um centro médico importante, contribui muito para que grande parte de seus habitantes adquira o hábito de investir em uma vida mais saudável. “A cidade inspira saúde e a população tem o sentimento de que é bom viver aqui.” Os principais clientes da Unimed, atualmente, são pessoas com idade acima de 59 anos, que representam 16% da carteira. Para elas, a cooperativa desen-
Aldo Taguchi, diretormédico
volve uma série de ações preventivas, voltadas a melhorar o bem-estar físico e mental. Crianças da faixa entre 1 e 3 anos de idade compõe o segundo grupo mais importante de usuários. Falando sobre os requisitos exigidos dos profissionais que se habilitam a fazer parte do quadro de cooperados da Unimed, o dr. Aldo Taguchi explica que o selecionamento é efetuado de acordo com a qualidade técnica, a especialidade e a estrutura de que dispõe para atendimento. Uma vez fazendo parte do quadro, o médico tem a oportunidade de participar de cursos de aprimoramento técnico e também de pós-graduação em medicina intensiva. “São muitas opções para a qualificação”, afirma o diretor, acrescendo que ele precisa estar em evolução.
Os principais clientes da Unimed, atualmente, são pessoas com idade acima de 59 anos, que representam 16% da carteira
GERÊNCIA DE SAÚDE Subordinada ao diretormédico Aldo Taguchi, a gerência de Saúde, cujo titular é Digmar Bertoldo Tigre, compreende os setores de atendimento e liberação, auditoria (médica, enfermagem e entrevista qualificada), revisão de contas médicas (locais e de intercâmbio) e relacionamento com o cooperado.
ao padrão e às diretrizes da cooperativa que, por sua vez, obedece a exigências da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS):
a) já na fase de liberação de guias, quando estas não DIgmar: serviço são obtidas automaticamende excelência te, o cliente é orientado a procurar a cooperativa, que verificará a sua situação; São cerca de 61,5 mil consultas/mês, em média, distribuídas para aproximadab) de acordo com uma visão estritamente 760 profissionais cooperados, das mente técnica, a auditoria médica por quais 27% geradas por intercâmbio - pa- especialidades faz a conferência prévia cientes de fora do município de Maringá, dos pedidos de procedimentos formalique acorrem ou são encaminhados à zados pelos médicos, bem como os seus cidade que é considerada uma referência valores; regional na área médica e hospitalar. c) durante os procedimentos, os paO gerente Digmar ressalta que a soma cientes recebem o devido acompanhade seis meses de consultas realizadas mento por parte de profissionais da coopela Unimed, para se ter ideia, supera o perativa; tamanho da população de Maringá, estimada em 350 mil habitantes. Sem falar, d) posteriormente, é realizada uma que todos os meses, são prestados apro- verificação para saber se os procedimenximadamente 14 mil atendimentos hos- tos foram executados conforme os pitalares em situações mais complexas. diagnósticos; A área de Saúde desenvolve uma rotina de trabalho em que filtra e concilia as demandas dos cooperados e dos clientes
Número de consultas por gênero Feminino
35.117
57%
Masculino
26.480
43%
Total
61.597
Segundo Digmar, a Unimed Regional Maringá presta um serviço de excelência aos cooperados e clientes, tanto que algumas iniciativas já serviram de modelo para que outras Unimed implantassem projetos semelhantes. Desde janeiro de 2010 o quadro social da cooperativa conta com uma sala exclusiva no “Setor de Relacionamento de Saúde”. É neste local que o cooperado e seus familiares são recepcionados e atendidos nos diversos assuntos que dizem respeito ao cooperado e a cooperativa.
e) por fim, ocorre a liberação dos pagamentos para os médicos e prestadores.
Especialidades com maior volume de consultas PEDIATRIA
12%
GINECOLOGIA E OBSTETRICIA
10%
ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
9%
CARDIOLOGIA
9%
OFTALMOLOGIA
7%
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O PRIMEIRO CONTATO Atualmente a área de atendimento e liberação de consultas conta com 58 profissionais para o primeiro contato do cliente com a cooperativa. “O encantamento com a Unimed começa quando, ao chegar, uma pessoa é acolhida com atenção e simpatia, demorando-se ali o menor tempo possível”, comenta a supervisora Janete Piassa Cantieri. “Quando alguém é recebido com um sorriso, a sua impressão inicial é das mais positivas, independente de estar em um lugar confortável ou não”, acrescenta. Por isso, ainda segundo ela, “os atendentes precisam ter flexibilidade para saber ouvir, empatia e prazer em trabalhar com o público”. E que estabelecer um padrão de atendimento pode não ser apropriado, mas, sim, “trabalhar com humanização”.
Os efeitos desse trabalho, que pode ser considerado o “cartão de visitas” da cooperativa, transparecem em pesquisa realizada junto aos clientes, na qual 92% dos quais disseram estar satisfeitos com o atendimento. Janete, que chegou à Unimed ainda quando o presidente era o dr. Nélson Cou-
to de Rezende, trabalhou em vários setores e, se antes recebia o incentivo do gerente Roberto Galiano para evoluir em sua carreira, a partir de determinado período passou a ser, ela própria, uma estimuladora de talentos na cooperativa. É o que ela diz estar fazendo agora, também, com a equipe envolvida na recepção aos clientes, “que precisa ser cada vez melhor”.
Janete: atenção e simpatia são fundamentais
Hilda, a primeira enfermeira Formada em 1982 pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e com passagem pelos hospitais Maringá e Santa Rita, a enfermeira Hilda Maria Dágola Gouveia ingressou em julho de 1995 na Unimed. Ela foi convidada pelo presidente Reynaldo Brovini para participar da implantação da Auditoria Médica, juntamente com os médicos José Ramos Martins, Luis Antônio Pupulin e Renato Luis Niero. Na condição de primeira enfermeira, Hilda acompanhava os médicos nas visitas aos clientes em hospitais. Ela fez parte, também, da equipe das primeiras ambulâncias, fazendo a remoção de pa-
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cientes de suas residências para o hospital, ou de um hospital para outro. Nesse trabalho, sentia-se gratificada, conta, ao ver que os pacientes ficavam felizes e tranquilos quando da chegada de profissionais com o uniforme da Unimed. “Era visível a satisfação deles.”
Atualmente atuando como responsável pelo relacionamento com o cliente, ela coordena uma equipe que realiza visitas técnicas, na interação entre cooperado, prestadores e a cooperativa. Hilda Maria Dágola Gouveia
Era visível, também, segundo Hilda, a maneira atenciosa dos médicos. “Sem deixar de lado o profissionalismo, e dos necessários cuidados que uma pessoa enferma requer, eles prestavam-se também a atender aos familiares com toda a atenção.”
Hilda recorda-se que em 1995 havia 35 mil clientes, número que pode ser considerado ínfimo quando comparado aos 150 mil de hoje. “É gostoso ver a cooperativa crescer e com a mesma preocupação de sempre, ou seja, focada na qualidade do atendimento”, completa.
CRESCIMENTO Para o diretor de mercado Maurício Chaves Júnior, a Unimed Maringá precisa continuar crescendo em sua base, ampliar o número de clientes. Hoje, 66% são pessoas jurídicas e 34% pessoas físicas. O negócio do plano de saúde, explica, está ligado à mutualidade: quando não se alarga a base, há o risco de poucos contribuírem. Entendendo isso, foram estabelecidas metas, entre 2003 e 2006, para chegar a 120 mil usuários e, de 2007 a 2011, a 150 mil. Depois, nos quatro anos seguintes, avançar rumo aos 200 mil. Com atuação em uma área que compreende 23 municípios do Norte e Noroeste do Paraná, a Unimed Maringá pode ser considerada “agressiva” nesse sentido: tem um share de 27% da população, enquanto outras Unimed do Paraná se situam entre 18 e 20%. A conquista de grandes empresas entre elas o Grupo Santa Terezinha, de Maringá, que possui mais de 20 mil funcionários se deu, segundo o diretor de mercado, devido à profissionalização da gestão da cooperativa, bem como a solidez da estrutura, “que inspira confiabilidade”. Além de corporações assim, a Unimed também está interessada em trazer para debaixo de seu guarda-chuva consumidores das classes C e D, que passaram a ser um mercado respeitável nos últimos anos.
Um share de 27% da população de Maringá
Anúncio em que se bate na tecla da qualidade.
O relacionamento com o cooperado Na Unimed desde 1999, Quando médicos candiano em que iniciou como sedatam-se a uma vaga no cretaria da diretoria, Adriana quadro de cooperados da lidera um setor com 9 colaboUnimed Maringá, o procesradores que está ligado diso burocrático é uma atriretamente ao Conselho de buição que está sob a resAdministração, Conselho Fisponsabilidade da área de cal, Conselho Técnico e aos 20 Relacionamento com o CooAdriana Maria comitês de especialidades, perado, que tem como coorGarcia respondendo também pela denadora Adriana Maria Garcia. Segundo ela, novas vagas são organização de Assembleias Gerais Ordiabertas apenas uma vez por ano e os nárias e Extraordinárias, cursos de capaproponentes, para serem admitidos, citação e eventos sociais. Sem falar, é claprecisam cumprir uma série de requi- ro, do relacionamento dos cooperados e sitos profissionais e técnicos. E, antes de seus familiares com a cooperativa. de ingressarem, submetem-se a um Uma vez fazendo parte da cooperacurso sobre cooperativismo, considerado indispensável para quem preten- tiva, os médicos são agrupados em code fazer parte de uma sociedade coo- mitês de especialidades, cada qual com perativa, realizado em programa que coordenador e secretário que ficam tem a participação da Ocepar/Sescoop. nessa função por dois anos.
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CADA VEZ MAIS FORTE As dificuldades enfrentadas inicialmente pela Unimed foram grandes, mas os médicos mobilizaram-se no sentido de preservar a entidade por entenderem que a mesma seria o futuro deles. O fortalecimento da cooperativa, sobretudo a partir de 2003, quando teve início a atual administração, se deu porque a população passou a se sentir ainda mais segura com a qualidade dos serviços oferecidos, o fato de não haver burocracia para a obtenção de guias de consultas e, também, a responsabilidade do grupo médico. O nível do profissional foi se aprimorando, ressaltando-se que para fazer parte do quadro associativo, o médico candidato a cooperado precisa residir e ter consultório há pelo menos um ano em Maringá, possuir título de especialidade e integralizar um capital de R$ 44.080,00.
Saber que há Unimed em praticamente todo lugar é uma grande vantagem adicional sob o ponto de vista do cliente. E se, em trânsito, ele eventualmente for atendido em um município não servido pela cooperativa, será posteriormente reembolsado das despesas. Nos últimos anos, com o advento do seu PA, a Unimed se fortaleceu ainda mais, sendo que embora sejam mantidos convênios com todos os hospitais da cidade, a cooperativa já não depende tanto dos mesmos, garantindo a prestação de serviços e um atendimento de alta qualidade nessa área. Aumentar o leque de serviços próprios, aliás, é uma tendência que se verifica na Unimed, inclusive, em nível nacional. O cooperativismo de serviços médi-
cos pode não ter atingido, ainda, um estágio de excelência como se desejaria, mas é indiscutível que os avanços têm sido significativos para os profissionais cooperados. Além de atuar como reguladora de mercado, estabelecendo patamares de honorários que são utilizados como referência, a cooperativa faz a distribuição de sobras anuais, concede planos de saúde para os médicos e seus familiares, e é uma grande demandadora de serviços. Em relação ao futuro, sob o ponto de vista do market share, a Unimed Maringá, quando chegar a 200 mil usuários, possivelmente estará próxima da estabilidade. Mas os desafios continuam, sobretudo, na melhoria contínua do atendimento, na manutenção da fidelidade do cliente e, também, em conseguir surpreendê-lo positivamente.
Atendimento Domiciliar Com disponibilidade 24 horas, é um serviço de desospitalização em que o paciente tem a possibilidade de completar o seu atendimento em casa, onde encontra mais chances de recuperar-se. Conta com serviços como oxigenioterapia, assistencial (medicações), fisioterapia, acompanhamento de curativos, uma equipe formada de um médico coordenador, um enfermeiro, 20 técnicos de enfermagem e quatro fisioterapeutas, e uma estrutura com 5 viaturas específicas. Recebendo sempre muitos elogios, com 90% de satisfação em pesquisa, o atendimento domiciliar começou a ser prestado em 2002, à média de 10 a 15/mês, chegando a 2010 com cerca de 100 a 140/mês.
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Serviço começou a ser prestado em 2002
Clínicas No final de 2010, uma nova estrutura com 1.600 metros quadrados, situada no 3º andar do Ciasu, contempla clínicas de fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e psicologia.
FUTURO Como já foi dito, ser assistida pela Unimed é um sonho de grande parte da população repetindo que, em Maringá, de 25% a 27% dos habitantes contam com plano de saúde privado - assim como participar da cooperativa é um privilégio para os médicos. Da mesma forma como acontece com outras atividades econômicas, o ramo da saúde almeja alcançar, no futuro, o estágio da agregação de valor. Ainda não existem meios de se mensurar o valor na área médica, ao contrário do que se vê em outras, como a telefonia. Nesta, em um passado pouco distante, o que valia era, exclusivamente, a linha telefônica, fator que fazia dela um ativo atraente para investidores, que faturavam com a especulação e o aluguel. Com o tempo, a linha perdeu seu valor, mas o bem, pela facilidade e os inúmeros atributos que oferece, é cada vez mais va-
lorizado. No cenário atual, com novos produtos seduzindo o consumidor, torna-se urgente e necessário um novo posicionamento de mercado nas diferentes áreas, o que exige metas arrojadas. As pessoas são o melhor investimento: estas por sua vez, se identificam com empresas que admiram desde, é claro, que atendam plenamente às suas expectativas.
Maurício Chaves Júnior, diretor de mercado
Segundo o dr. Maurício Chaves Júnior, esse é um movimento que começa a ser discutido mundialmente, e é explicado a seguir. Para um hospital, é importante entender que a necessidade de agregar valor em diagnóstico, padrão de leitos e tecnologia, por exemplo: “O médico precisa estar na ponta desse processo de conscientização”. Para o cliente, não adianta manter um plano de saúde apenas, visando a disponibilidade do atendimento médico. O que precisa, necessariamente, é de saúde, o que só consegue com hábitos saudáveis. A Unimed, mesmo valorizada por ele, é apenas uma das ferramentas para que se mantenha saudável. “Quem não faz isso, não tem um plano de saúde e, sim, um plano de doença. O foco está na qualidade de vida, em não ficar doente”, completa o dr. Maurício.
Realinhar o foco da saúde Editado em 2007, o livro “Repensando a Saúde”, dos especialistas norteamericanos Michael E. Porter e Elizabeth Olmsted Teisberg, lançou uma visão inteiramente nova para os sistemas de saúde e sugeriu remodelar o debate sobre a situação dos mesmos em diversos países. O que se pretende, segundo os autores, é aumentar a noção de valor para os pacientes a partir de uma análise da qualidade dos resultados em relação ao dinheiro investido. A publicação, embora focada no sistema médico norte-americano, é considerada uma das poucas a tratar do assunto com profundidade e visão global.
Aumentar a noção de valor para os pacientes, um desafio
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Focalizar o sistema de saúde na própria saúde e não na doença “Ao se medir o valor, os resultados para o paciente são multidimensionais e mais complexos do que a simples sobrevivência do paciente. O tempo de recuperação, a qualidade de vida (por exemplo, independência, dor, capacidade de locomoção e extensão da mobilidade) e bem-estar emocional durante o processo de tratamento, tudo isso conta. A importância relativa de diferentes resultados varia de indivíduo para indivíduo”. Os autores defendem: valor tem que ser mensurado para o paciente, e não para o plano de saúde, o hospital, o médico ou o empregador. Essa é uma diferença importante na prática e também uma clara tendência em relação ao futuro. Ainda hoje, grande parte da prestação dos serviços de saúde está organizada em torno de tradições e preferências dos médicos, em vez de em função do valor para o paciente, o que precisa ser corrigido e será, com o tempo. Em paralelo, vem ocorrendo melhoria de valor em nível de condições de saúde em certas áreas, embora com menos frequência e intensidade do que seria possível. Alguns exemplos: em doença cardíaca coronariana, a taxa de
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mortalidade caiu tanto desde 1965 que essa tendência responde por mais de 70% do aumento de expectativa de vida dos americanos. Embora os gastos com a medicina cardiológica tenham crescido com rapidez, o custo por procedimento tem se elevado mais lentamente do que os índices de inflação. Quanto ajustados para taxas de mortalidade melhoradas, os gastos na verdade caíram cerca de 1% ao ano. Em cirurgia de vesícula, os gastos agregados também se elevaram, porém devido ao aumento da demanda por cirurgia com laparoscopia, que envolve menos risco, é altamente bem-sucedida e tem melhorado a qualidade de vida de muitos pacientes. O procedimento praticamente eliminou os custos de internação hospitalar e reduziu em 50% o custo dos serviços dispensados pelos médicos para tratar de pedras na vesícula. Estes exemplos ilustram o potencial para alcançar melhorias no valor. Ao concluírem, os autores deixam claro que “se apresenta uma visão nova e diferente do sistema de saúde, propondo o seu realinhamento em torno de uma finalidade básica: a saúde dos pacientes.
Ironicamente, a solução está em voltar a focalizar o sistema de saúde na saúde. Imagine um mundo no qual os melhores talentos dos Estados Unidos - suas mais destacadas organizações de prestação de serviços de saúde, seus médicos e enfermeiros mais qualificados, seus melhores gestores de benefício-saúde e seus mais criativos desenvolvedores de novas tecnologias - estivessem todos focados em melhorar o valor para os pacientes e fossem recompensados por isso. Temos certeza de que muitas pessoas de talento no atual sistema de saúde abraçarão essa estrutura diferente assim que passarem os olhos nela”. Para o dr. Minao Okawa, um dos fundadores da Unimed Maringá, há preocupação quanto ao atual momento, principalmente em razão da complexidade do modelo de assistência médica oferecido. “Cada vez mais, temos que ter uma visão empresarial e esse modelo deve ser repensado. Imagino que existam neste segmento pessoas com competência para assumir a tarefa de repensar o sistema. Há uma crise na área da assistência médica que precisa ser resolvida sem demora”, disse.
O MARKETING Uma das estratégias para A gerente de Mercado Miressa aproximação e fortalecina Pizaia Bevilaqua - cuja área mento da imagem é o esporte. compreende os setores de “O esporte é o embaixador do Marketing, Comercial, Relacioque a marca pede”, define a namento com o Cliente e Relagerente, explicando que a prácionamento Empresarial -, extica esportiva está naturalplica que a imagem da Unimed mente associada a uma vida Regional Maringá foi reposicioMirna Pizaia saudável. Nessa linha, é pronada, nos últimos anos, para Bevilaqua movida há anos a Copa Uniadequar-se ao conceito “O melhor plano é viver, o segundo melhor é med, que envolve milhares de crianças Unimed”, definido pela Unimed Brasil, em Maringá e região, que começam descom foco na qualidade de vida e bem viver. de muito cedo a conhecer e a valorizar a marca. O apoio ao handebol, com mais de “Trabalhamos de conformidade com 600 crianças atendidas e que já reve-lou um guia direcionador da marca, mas te- talentos para a seleção brasileira, mos autonomia para desenvolver e im- também se encaixa nesse contexto. Por plementar campanhas publicitárias outro lado, a cooperativa associa seu noidentificadas à realidade regional”, diz. me a competições como a Prova Rústica Uma das iniciativas criadas em Maringá Tiradentes, realizada todos os anos no foi ancorada no título “Unimed de toda feriado de 21 de abril em Maringá, com a gente”, que deixa claro o seu propósito: participação de atletas de renome de qualquer pessoa, independente da ca- todo o País e até do exterior. Tudo isso mada social ou idade, pode servir-se do sem falar que a Unimed é a principal paratendimento prestado pela cooperativa. ceira da Prefeitura de Maringá na im“Estamos aproximando cada vez mais as plantação das Academias de Terceira Idapessoas da marca Unimed”, pontua de (ATI). Em 2006, quando o prefeito SilMirna. vio Barros teve a ideia de adaptar na
cidade um projeto de incentivo à qualidade de vida que já existia no Japão, a Unimed prontificou-se a financiar as primeiras 20 unidades. “A decisão foi acertada e as ATI's se transformaram em um grande sucesso, espalhando-se por cidades de vários Estados”, observa Mirna. O desafio em relação ao objetivo de ampliar a base de clientes, segundo o slogan “Unimed de toda a gente”, e abranger várias outras faixas de público, reside em conhecer a sua real necessidade, explica a gerente. Ela lembra que algumas Unimeds já tomaram a dianteira, por exemplo, em criar planos específicos para a chamada “classe C”. “Mas não pode-
“Estamos aproximando cada vez mais as pessoas da marca Unimed”
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mos importar uma experiência e implementá-la, pois há aspectos regionais que precisam ser observados”, afirma.
cação também pelo twitter, desenvolvendo ações pontuais para ampliar o número de seguidores.
O marketing, portanto, deve moldarse a esses públicos. Antes, a fórmula parecia simples, baseada em campanhas publicitárias tradicionais. Hoje, elas já não apresentam tanta eficácia, sobretudo em relação à camada jovem, mais voltada a outros meios, como o twitter e o facebook. Atenta, a Unimed Maringá foi pioneira ao implementar sua comuni-
Na área comercial, uma equipe de contatos, organizada pela empresa terceirizada Ânima, intensifica vendas de planos em duas áreas: pessoa física e empresarial. Em relação a esta última, há analistas de relacionamento que se reúnem com os gestores das empresas para que os resultados sejam os melhores possíveis.
Relacionamento com o cliente Satisfazer o cliente 100% das vezes não é uma tarefa simples. Na Unimed, há momentos em que assuntos precisam ser tratados de uma maneira ainda mais cuidadosa e com atenção personalizada. É a função do setor de Relacionamento com o Cliente, que tem como atribuição esclarecer detalhadamente em relação às cobranças, reembolsos, eventuais divergências sobre coberturas e negociações. Um outro foco dessa área é a análise de carteiras de clientes empresariais em relação ao consumo e ao custo-benefício para a cooperativa. Em 2010, foi implantada uma área exclusivamente voltada a estreitar a relação com clientes corporativos: o Setor de Relacionamento Empresarial. Conhecer, sanar dúvidas, propor o uso consciente do plano, promover ações da medicina preventiva e da saúde estão entre os desafios dessa área, que também responde pela análise e o acompanhamento da sinistralidade para aplicação do reajuste anual.
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Segundo Mirna, os números do crescimento da Unimed demonstram que se está no caminho certo. Em comparação a 2006, quando iniciou o segundo mandato do presidente Durval Francisco dos Santos Filho, o número de clientes saltou de 111.880 para 155 mil até junho/2010, uma evolução de 38,5%. Por outro lado, uma pesquisa realizada no final de 2008 pelo Datacenso apontou que 92% dos clientes estavam satisfeitos com o atendimento e os serviços oferecidos pela cooperativa.
Essa novidade agradou as empresas, que se mostraram mais satisfeitas com a cooperativa. Segundo o diretor de Mercado da Unimed Maringá, o médico Maurício Chaves Júnior, com essa mudança foi possível ficar mais próximo da realidade de cada empresa, apoiando seus dirigentes na tomada de ações preventivas em relação à saúde de suas equipes. Para o diretor, é preciso conhecer bem o cliente para incentivá-lo a tomar ações preventivas, lembrando que, hoje, 66% dos clientes da Unimed Maringá são pessoas jurídicas. “É um número bastante significativo, e temos interesse em sa-
ber que tipo de atividade cada empresa executa.” Ele dá um exemplo prático. Houve o caso de uma empresa que em poucos meses havia aumentado muito a quantidade de consultas de seu colaboradores. No mesmo período, a empresa recebeu uma grande quantidade de atestados médicos. Diante disso, a Unimed procurou seus dirigentes e, em contato com a área de Relações Humanas, foram detectadas situações que não contribuíam para a boa produção dos colaboradores. Mudanças realizadas, a situação foi controlada e o ambiente de trabalho melhorou consideravelmente.
De acordo com Chaves, no passado a cooperativa procurava o empresário somente ao fazer os reajustes periódicos. “Hoje, acompanhamos de perto a situação de cada empresa, revisamos contratos e trabalhamos de forma conjunta”, resume. “O empresário nosso cliente sabe que está investindo em um serviço de qualidade de benefícios, ele participa do processo e conhece os nossos custos. Isso deixa a relação transparente, tranquila e o cliente é fidelizado.” O nosso setor começou a operar em abril, com treinamentos e aprendizados dos profissionais. A equipe atende a 854 empresas, contabilizando mais de 102 mil vidas.
854
Criação: Ânima Lamps
empresas são atendidas, com total de 102 mil vidas
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A CIDADE, UM CENTRO DE EXCELÊNCIA Com aproximadamente mil profissionais médicos e um grande número de hospitais e clínicas cujos recursos tecnológicos não ficam devendo nada ao que existe de mais avançado no Brasil, Maringá firmou-se ao longo dos anos como um centro de excelência e com algumas peculiaridades. Ao contrário do que ocorreu em cidades de igual ou maior porte onde a área médica é também considerada uma referência, em Maringá o desenvolvimento da medicina aconteceu por obra da iniciativa privada, do empreendedorismo, e praticamente sem a participação pública. Enquanto em outras metrópoles a atividade médica cresceu quase sempre atraída - e ao redor - de uma importante universidade pública, em Maringá, desde o início da cidade, coube a médicos pioneiros a tarefa de investir na construção de seus próprios hospitais. Em determinada época da história do município, havia um grande número de hospitais, todos eles particulares, à exceção apenas da Santa Casa que, durante um período, recebeu subvenções da Alemanha. Em Maringá, o movimento foi inverso. A medicina local abraçou a Universidade, fornecendo professores para o curso de graduação. Não faz muito tempo a UEM instalou um hospital universitário e, menos tempo ainda tem o Hospital Municipal Regional.
Um dos segmentos de prestação de serviço mais dinâmicos da economia do município, a classe médica é geradora de um grande volume de postos de trabalho. Só a Unimed e os cinco principais hospitais particulares do município proporcionam mais de 3 mil empregos diretos. Número que se amplia significativamente se contados os demais hospitais, clínicas, laboratórios, empresas fornecedoras de serviços ao segmento médico e também considerando que cada profissional propicia dois empregos em média. Quanto a injeção mensal de recursos na cidade, a cooperativa e os cinco maiores hospitais respondem por uma soma não inferior a R$ 35 milhões. A impressão é que falta, ainda, divulgar melhor Maringá, esse centro de excelência na área médica. Sendo um grande polo regional localizado estrategicamente no coração do Mercosul e próximo do interior de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, a cidade, servida de boa malha rodoviária e um aeroporto com voos regulares que chegam de vários Estados, reúne condições de atrair um número cada vez maior de pessoas em busca de um atendimento de alta qualidade. Há tantos recursos, e com médicos tão capacitados e confiáveis, que é raro um cidadão local ou da região recorrer a um atendimento em grandes centros, como se fazia no passado.
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FINAL O dr. Durval Francisco dos Santos Filho, presidente da Unimed Regional Maringá, observa que a medicina evoluiu consideravelmente, sob o ponto de vista da comodidade, do conforto e, sobretudo, da qualidade dos profissionais e dos recursos tecnológicos disponibilizados. E considera que o surgimento do Sistema Unimed representou um divisor de águas para a medicina brasileira, trazendo grandes benefícios à população. “O cooperativismo, iniciado timidamente nessa área, evoluiu a tal ponto que faz do Brasil uma referência para muitos países”, acrescenta. Ele cita a realidade da Unimed Regional Maringá para demonstrar o quanto a cooperativa é importante para os profissionais médicos da cidade e região e os clientes, como também, com ações diretas e indiretas, a sua participação na melhoria da qualidade de vida da população. “O cooperativismo é um sistema diferenciado em que todos participam para o bem comum”, resume, citando que para a maior parte dos profissionais cooperados, as receitas advindas do atendimento prestado via Unimed representam cerca de 70% de seus honorários. “São valores que crescem a cada ano, na medida da participação de cada qual, possibilitando aos médicos estruturarem-se adequadamente e investirem em seu aprimoramento.” Com isso, complementa o presidente, “há uma corrida constante em busca da melhor qualidade possível, estabelecendo novos parâmetros para os diferentes ramos da medicina”. Na visão do dr. Durval, isto acontece também com a própria cooperativa, sempre desafiada a adequar-se segundo as melhores técnicas, práticas e políticas de gestão. “Ao mesmo tempo, grandes conquistas foram possíveis nos últimos anos e que permitem à Unimed Regional Maringá uma situação privilegiada no contexto nacional.” A cooperativa detém 19% de participação no mercado regional de planos de saúde, com abrangência sobre 23 municípios. São 750 médicos cooperados, mais de 150 mil clientes, 430 colaboradores, 3.100 postos de trabalho gerados indiretamente, e um faturamento superior a R$ 220 milhões. Está entre as 500 maiores empresas da Região Sul do País, segundo ranking da Revista Amanhã, além de ostentar o melhor desempenho em sua categoria, de acordo com a ANS. Da mesma forma, tem figurado próximo da lista que enumera as 150 melhores empresas para se trabalhar no País. Em Maringá, cidade que é considerada polo de excelência em saúde, tomando como base números de 2008, o poder público movimentou R$ 141 milhões nesse setor, abaixo dos R$ 143 milhões que representaram a participação da Unimed. O presidente afirma que existe uma preocupação no que refere a elevação dos custos em toda a cadeia produtiva, e concita os cooperados e colaboradores a trabalharem, cada vez mais, como corresponsáveis pelo sucesso e o futuro da organização, divulgando e defendendo-a, de modo a fortalecê-la cada vez mais. “É a Unimed de toda a gente”, ressalta, concluindo com a frase que é usada como slogan da cooperativa: “O melhor plano de saúde é viver. O segundo é Unimed”.
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Durval Francisco dos Santos Filho, presidente
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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL A Unimed Regional Maringá é detentora do Selo de Responsabilidade Social concedido pela Unimed Brasil. Um incentivo para que todas as cooperativas do sistema contribuam com a Política Nacional de Responsabilidade Social Unimed e, acima de tudo, para uma sociedade mais justa, ética e comprometida com o desenvolvimento sustentável. Na sequência, alguns dos principais projetos que desenvolve. • MEDICINA PREVENTIVA - Mantida desde o início dos anos 2000, surgiu com a proposta de oferecer informações aos clientes sobre a prática de hábitos saudáveis visando a prevenção de doenças e garantir melhor qualidade de vida. • “CANÇÃO DE NINAR” - O curso direcionado para a gestante e seu parceiro faz parte desse programa, que além dos clientes, possibilita a participação da comunidade. As futuras mães recebem orientações de profissionais de diversas áreas, como psicologia, obstetrícia, enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, odontopediatria, educação física, fisioterapia e pediatria, importantes para uma gestação tranquila. • “SEMPRE BEM” - Reuniões periódicas dividem clientes Unimed em grupos, de acordo com as patologias, dentre as quais hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. Os participantes recebem orientações nutricionais, realizam atividades físicas em ambiente externo e participam de palestras educativas ministradas por especialistas. Com isso, busca-se diminuir os agravos e as complicações de doenças crônicas. • “TEM VIDA” - Alcançar a terceira idade com entusiasmo e a alegria de viver. Contribuindo para que os clientes tenham a oportunidade de uma vida melhor, o “Tem Vida” é um plano de ação composto por práticas que incluem exercícios físicos, reeducação alimentar e atividades de socialização. O programa é acompanhado por uma equipe de profissionais em nutrição, psicologia, educação física, enfermagem e outras especialidades. Exercícios especiais e palestras sobre temas como comportamento, dentre outros, procuram despertar a atenção dos participantes para a importância da adoção de hábitos mais saudáveis. • REEDUCAÇÃO ALIMENTAR - Para os clientes Unimed é oferecido um programa que auxilia na melhoria da qualidade de vida por meio de orientações nutricionais e acompanhamento psicológico em grupo. Dessa forma, eles adquirem mais conhecimento e, eventualmente, promovem a mudança de hábitos alimentares. Para isso, têm eventos semanais com duas horas de duração em que são atendidos por psicóloga e nutricionista. Além desses encontros, os participantes contam ainda com oficinas de nutrição, oportunidade em que aprendem a pre-parar receitas com baixo teor calórico.
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Atividades resgatam o entusiasmo e a alegria de viver, contribuindo para uma vida melhor
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• SAÚDE EMPRESARIAL Após contato e a aceitação das empresas, são desenvolvidas análises de informações para que se chegue a um diagnóstico sobre as condições de saúde dos trabalhadores e, em seguida, planejadas as ações efetivas de promoção e prevenção da saúde. • CONTROLE DO ESTRESSE - Clientes participam do grupo cuja finalidade é esclarecer sobre esse processo, bem como oferecer alternativas e técnicas para prevenção e controle. • VIVER EM AÇÃO - Divulgando práticas saudáveis, que visam ressaltar a qualidade de vida, a iniciativa é voltada para colaboradores e familiares, clientes e a comunidade em geral, com atividades físicas, oficinas de artes e outras. • ACADEMIAS DE TERCEIRA IDADE - Conforme relatado, a iniciativa do poder público municipal de implantar essas academias em diversos pontos da cidade, contou desde o início com o apoio da Unimed Maringá, que fez a doação de mais de 20 unidades, sendo 10 para municípios da região. Ensejam qualidade de vida e bem estar, propiciam exercícios para relaxar, alongar e fortalecer a maioria dos músculos, sendo o ritmo e a quantidade determinados pelo praticante. A maioria dos aparelhos usa a força da pessoa para movimentá-los. • HANDEBOL SOCIAL - A cooperativa investe em projetos como o incentivo à prática esportiva, dirigida ao público jovem, em que proporciona a socialização e a integração entre estudantes de colégios municipais da periferia. Cerca de 600 crianças entre 10 e 12 anos participam da ação que é dividida em vários núcleos. O projeto da Associação Maringaense de Handebol afasta o jovem adolescente das ruas, ao mesmo tempo em que possibilita a descoberta de talentos para o esporte. Apresenta características diferenciadas em relação ao esporte para adultos, como dimensão menor da quadra, do gol e da bola. • COPA ESCOLAR UNIMED MARINGÁ - Considerada um dos maiores eventos esportivos escolares do Sul do Brasil, a Copa Escolar Unimed Maringá é um evento de integração entre os alunos da rede pública de ensino e escolas particulares, de Maringá e região, com o objetivo de promover a cidadania e incentivar a prática esportiva, em diversas modalidades. Em 2009 a competição, que é realizada anualmente desde 1996, contou com a participação de 4,5 mil estudantes. • ESTÍMULO AO JUDÔ - Apoio é dado ao projeto desenvolvido pela Associação Maringaense de Judô, dirigido para crianças e adolescentes oriundos de famílias carentes. Os atletas revelados no esporte representam o município em competições como os Jogos da Juventude (JOJUPs), os Jogos Abertos do Paraná (JAPs) e os Jogos Escolares do Paraná (JOCOPs).
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Apoio ao esporte e academia de terceira idade (ATI); marcas da Unimed
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• APOIO A PROVAS RÚSTICAS - A Unimed é tradicional apoiadora da Prova Rústica Tiradentes, realizada todos os anos no dia 21 de abril em Maringá, como forma de homenagear o mártir da Inconfidência. A cooperativa oferece suporte nos atendimentos médicos com seus profissionais e patrocina alguns dos competidores, em várias categorias. Por sua vez, a Corrida Rústica de Iguatemi Elenilson Silva “Pare de Fumar Correndo” é mais uma das iniciativas que contam com o apoio da Unimed. • PLANTÃO DA ALEGRIA - Essa ação tem a participação voluntária de formandos de vários cursos, cuja finalidade é levar humor, calor humano e entretenimento aos clientes do Pronto Atendimento. A cooperativa cede 4 horas mensais aos colaboradores para que estes, se quiserem, possam se dedicar ao projeto. • MARINGÁ MAIS VERDE - A Unimed Regional Maringá é uma das parceiras do Instituto da Árvore, que realiza o gerenciamento da arborização urbana da cidade. O projeto tem como desafio estruturar um plano visando a renovação dos exemplares mais antigos nas praças e vias, além de participar do ajardinamento de canteiros centrais, levando informação a estudantes sobre meio ambiente. • PALESTRAS - Dirigidas a diferentes públicos, é uma das ações que tem por finalidade informar e conscientizar sobre cuidados e providências em relação a temas como a prevenção à dengue e à gripe “A”. No caso de profissionais de saúde, o objetivo é oferecer subsídios para o manejo da enfermidade. • DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL ESCOLAR - Colaboradores que estudam têm recebido um importante apoio da cooperativa: um kit escolar, retirado no Departamento de Recursos Humanos, benefício extensivo aos dependentes. A campanha é resultado de um projeto de RH. • “EXALTE A VIDA” - É desenvolvida, anualmente, uma programação especial para promover saúde e bem-estar junto a comunidade. Com o tema “Exalte a Vida”, a cooperativa convida o público a praticar exercícios e a realizar caminhadas em locais como o Parque do Ingá, o Bosque II e o pátio do Estádio Willie Davids. Com isso, além de investirem na saúde, os participantes acabam fazendo novas amizades. • DOAÇÃO DE BRINQUEDOS - A campanha “Doe um Sorriso” é uma das iniciativas voltadas ao Dia das Crianças, cuja finalidade é a arrecadação de brinquedos entre os médicos cooperados, colaboradores e clientes. A instituição escolhida em 2009, o Lar Escola da Criança de Maringá, possui aproximadamente 300 meninos e meninas sob os seus cuidados.
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Convite à prática de exercícios em praças, oferecendo acompanhamento; arrecadação de alimentos e agasalhos para famílias carentes; participação em projeto de preservação do verde em Maringá e estimulo a iniciativas culturais
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CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 1982 - 1987 NELSON COUTO DE REZENDE JOSÉ CARLOS FERNANDES JULIO MENEGUETTI NETO ROBSON JOSÉ DA SILVA SOUZA ARMANDO RODRIGUES CABELERA RIUZI NAKANISHI DACYMAR CAPUTO DE CARVALHO URBANO PASTANA ANTONIO CARLOS PUPULIN 1987 - 1991 NELSON COUTO DE REZENDE NEUDAIR FERNANDO SANCHES JOÃO MARIA DA SILVEIRA ARMANDO RODRIGUES CABELERA RAUL BENDLIN FILHO ANTONIO CARLOS PUPULIN JULIO MENEGUETTI NETO ROBSON JOSÉ DA SILVA SOUZA RIUZI NAKANISHI 1991 - 1995 NELSON COUTO DE REZENDE ANTONIO CARLOS PUPULIN JOEL VIEIRA GONCALVES NEUDAIR FERNANDO SANCHES MARCOS VICTOR FERREIRA BELO JOÃO ARAUJO RAUL BENDLIN FILHO JOAO MARIA DA SILVEIRA 1995 - 1999 REYNALDO RAFAEL JOSÉ BROVINI JOAO MARIA DA SILVEIRA NELSON COUTO DE REZENDE ARIEL ARTHUR KIYOITI KURODA MILTON CURY MOACIR MANETTI MURILO TADEU BELLER TADEU PENTEADO VIRMOND
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1999 - 2003 JOÃO MARIA DA SILVEIRA DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO NATAL DOMINGOS GIANOTTO ROBERTO TANUS PAZELLO MARCO ANTONIO ARAUJO DA ROCHA LOURES RICARDO PLÉPIS FILHO MAURICIO CHAVES JUNIOR CARLOS ALBERTO FERNANDES HELIO JORGE POZZOBOM WILSON TOSHIO KIOSHIMA FERNANDO DE SOUZA 2003 - 2007 DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO NATAL DOMINGOS GIANOTTO MURILO TADEU BELLER MAURICIO CHAVES JUNIOR JOAO MARIA DA SILVEIRA (2003 2005) AIRTO MANZOTTI VERA LUCIA ALVAREZ BELTRAN MINAO OKAWA ABDOL HAKIM ASSEF LUIZ ALBERTO DE MACEDO AUDO SANTOS 2007 - 2011 DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO NATAL DOMINGOS GIANOTTO AIRTO MANZOTTI MAURICIO CHAVES JUNIOR ALDO YOSHISSUKE TAGUCHI ROBERTO TANUS PAZELLO JOSÉ LUIZ COELHO GOMES ANTONIO CARLOS SANSEVERINO FILHO ROBERTO SUNAO OTANI JOÃO MARIA DA SILVEIRA FERNANDO DE SOUZA
CONSELHO FISCAL 1982 - 1986 PAULO ROBERTO CURI FRASCARELLI LÚCIO ESTEVES OSVALDO BERTOLDO DA SILVA PAULO AFONSO DE ALMEIDA MACHADO EVERALDO RAMOS FRANÇA PAULO MOIA GUIRELLO
1991 ARMANDO RODRIGUES CABELERA DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO IVALDO MENEGUETTE NATAL DOMINGOS GIANOTTO DAGMAR ROQUE SOTIER EDISON ZANGALE DE AZEVEDO
1986 ANTONIO CARLOS PUPULIN KEMEL JORGE CHAMMAS JOSE USAN TORRES BRANDAO RIUZI NAKANISHI RICARDO PLEPIS FILHO MARTINHO FERNANDES DE MORAES
1992 DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO IVALDO MENEGUETTE JOSE EDUARDO SILVA RAMOS SANDRO SCOLARI NELSON SHIOTI SHIN IKE PAULO AFONSO DE ALMEIDA MACHADO
1987 HELENTON BORBA CORTES ALBER DE BRITO NELSON APARECIDO BAGATIN ADHERBAL BAZANELLA EDSON PODOLAN RICARDO PLEPIS FILHO
1993 IVALDO MENEGUETTE JOSE EDUARDO SILVA RAMOS MILTON EIJI YABIKU ELIEZER CERIBELLI MOACIR MANETTI CIRANO D'AVILA
1988 MARCO ANTONIO ARAUJO DA ROCHA LOURES JOSÉ USAN TORRES BRANDÃO KEMEL JORGE CHAMMAS RICARDO PLÉPIS FILHO WILLIAN SETSUMI TAGUCHI DURVAL DE OLIVEIRA CABRAL
1994 AIRTO MANZOTTI SANDRO SCOLARI ELIEZER CERIBELLI PAULO SONI MOACIR MANETTI WILSON ATSUMI OTANI
1989 MARCO ANTONIO ARAUJO DA ROCHA LOURES KEMEL JORGE CHAMMAS DERLI ANTONIO BERNARDI BELO JOÃO ARAUJO REYNALDO RAFAEL JOSE BROVINI NATAL DOMIGOS GIANOTTO
1995 ADECIO CANDIDO DA ROCHA ERICO DINIZ DA SILVA AIRTO MANZOTTI LUIZ RENATO MANFREDINI HAPNER WALTER LUIZ MORI FERREIRA WILSON ATSUMI OTANI
1990 BELO JOÃO ARAUJO REYNALDO RAFAEL JOSE BROVINI PEDRO SERGIO MORA ARIEL ARTHUR JOSÉ CARLOS DE SOUZA CASTANHO MANUEL DUARTE GILBERTO
1996 JOSÉ USAN TORRES BRANDÃO MARCO ANTÔNIO DA ROCHA LOURES ADÉCIO CANDIDO DA ROCHA KEMEL JORGE CHAMMAS RICARDO PLÉPIS FILHO JOÃO PAULO BOUNASSAR
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1997 DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO DAOUD NASSER FERNANDO DE SOUZA MAURICIO CHAVES JUNIOR ROBERTO TANUS PAZELLO NELSON SHOZO UCHIMURA 1998 MAURÍCIO CHAVES JÚNIOR DURVAL FRANCISCO DOS SANTOS FILHO ADÉCIO CANDIDO DA ROCHA CARLOS ALBERTO FERNANDES RAUL D'AUREA MORA JÚNIOR JOÃO PAULO BOUNASSAR 1999 ÉRICO DINIZ DA SILVA RAUL D'ÁUREA MORA JUNIOR JOAQUIM LUNARDELLI JOSÉ CARLOS AMADOR MOACIR MANETTI CELSO PEREIRA BARRETTO 2000 JOSE CARLOS AMADOR MOACIR MANETTI DORIVAL MORESCHI JÚNIOR JOHNI OSWALDO ZAMPONI HEINE SANTA ROSA MACIEIRA ANTONIO CARLOS MARCOLIN 2001 MOACIR MANETTI DORIVAL MORESCHI JÚNIOR JOAO PAULO BOUNASSAR ENIO TEIXEIRA MOLINA FILHO BENEDICTO OGAVA FRANCISCO ANTONIO DIAS LOPES 2002 ARMANDO HEITOR MORA HEINE SANTA ROSA MACIEIRA MOACIR MANETTI FRANCISCO ANTONIO DIAS LOPES ALTINO ONO MORAES MAURO PEDRO DA CUNHA 2003/2004 ALDO YOSHISSUKE TAGUCHI BENEDITO CARLOS TEL
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ORLANDO RIBEIRO DO PRADO FILHO MAURO PEDRO DA CUNHA FLORIVAL ZILDO VITURI HEINE SANTA ROSA MACIEIRA 2004/2005 ROBERTO SUNAO OTANI BENEDITO CARLOS TEL FERNANDO DE SOUZA ORLANDO RIBEIRO PRADO FILHO LUIZ CARLOS VARGAS ALTINO ONO MORAES 2005/2006 ROBERTO SUNAO OTANI PAULO SONI MAURO PEDRO DA CUNHA JOSÉ CARLOS AMADOR LUIZ CARLOS VARGAS ALDO YOSHISSUKE TAGUCHI 2006/2007 PAULO SONI MAURO PEDRO DA CUNHA DAOUD NASSER BENEDITO CARLOS TEL ORLANDO RIBEIRO DO PRADO FILHO HEINE SANTA ROSA MACIEIRA 2007/2008 JOSÉ FRANCISCO DA SILVEIRA OSCAR ADOLFO FONZAR PAULO SONI DAOUD NASSER MARIANE ARNS REINALDO TAVARES JUNIOR 2008/2009 WILSON ISAO KIKUCHI OSCAR ADOLFO FONZAR JOSÉ FRANCISCO DA SILVEIRA OMAR CESAR MORAES RAUL GIL VON P. RODRIGUEZ CARLOS KAZUNORI TAKANO 2009-2010 WILSON ISAO KIKUCHI CARMINE PORCELLI SALVARANI REINALDO TAVARES JUNIOR ENIO TEIXEIRA MOLINA FILHO NILSON CARLOS MORÉ
CONSELHO TÉCNICO 1987 - 1991 GIANCARLO SANCHES JOEL VIEIRA GONCALVES MIGUEL ZURITA NETO CARLOS ALBERTO FERRI IVAN MURAD EDU AFFONSO DE ALMEIDA 1991 - 1995 RIUZI NAKANISHI CILSON PINHEIRO DE MORAES ARIEL ARTHUR GIANCARLO SANCHES IVAN MURAD ELIDIR DE OLIVEIRA 1995 - 1999 GIANCARLO SANCHES FLORIVALDO ANDRE MARTELOZZO MIGUEL ZURITA NETO NELSON MAIMONE RENATO LUIZ NIERO RIUZI NAKANISHI
1999 - 2003 JOSÉ CARLOS DE SOUZA CASTANHO AIRTO MANZOTTI JOSÉ LUIZ COELHO GOMES CARLOS KAZUNORI TAKANO MURILO TADEU BELLER 2003 - 2007 JOSÉ LUIZ COELHO GOMES CARLOS ALBERTO FERNANDES ROBERTO TANUS PAZELLO MARIA FILOMENA PONTES COUTINHO E SOUZA MIGUEL ZURITA NETO CARLOS KAZUNORI TAKANO 2007 - 2011 CARLOS ALBERTO FERNANDES AUDO SANTOS MINAO OKAWA BENEDITO CARLOS TEL FRANCISCO ANTONIO DIAS LOPES ALI AHMED ABOUNOUH
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UM OLHAR SOBRE A UNIMED NO BRASIL A Unimed Brasil possui 34% de participação no mercado nacional de planos de saúde, com 15,4 milhões de clientes, segundo pesquisa Datafolha realizada em 2008. São 377 cooperativas que abrangem 74,9% do território nacional, estando presentes em 4.125 municípios. São mais de 106,9 mil médicos cooperados, 73 mil empresas contratantes, 3.286 leitos próprios e 327 mil credenciados. O número de consultas passa de 66 milhões por ano, com 1,9 milhão de internações e 138 milhões de exames complementares nesse mesmo período. As cooperativas, que geram 32 mil empregos diretos e 290 mil indiretos, faturaram cerca de R$ 20 bilhões em 2009. Atualmente, 150 milhões de brasilei-
Números do Paraná • 23 cooperativas singulares, com oito mil cooperados atuantes. • 1,250 milhão de pessoas dependem diretamente dos serviços oferecidos pelo sistema Unimed no Paraná, o que representa 10% da população do Estado, número altamente significativo. No mercado de planos de saúde, isso representaria mais de 50%. • São mantidos mais de 100 contratos de parcerias de cooperativas Unimeds com cooperativas de outros ramos.
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ros utilizam o sistema público de saúde, o SUS, enquanto outros 40 milhões usam os serviços de saúde suplementar. E o balanço que se faz da área pública ainda é constrangedor. Apesar dos avanços tecnológicos da área, a saúde pública convive com situações de precariedade e, na maioria das vezes, não consegue atender a demanda. Para algumas lideranças da área médica no Paraná, este é um drama que parece não ter fim porque falta investimento maior do governo federal. De fato, em 2007, o setor público investiu 75 bilhões de reais em saúde, 2,93% do PIB, contra 85,3 bilhões do setor privado, 3,32% do PIB, um total de 160,3 bilhões, ou seja, 6,25% do PIB, segundo dados do Datasus/ANS.
Entre as 100 marcas mais valiosas A Unimed se mantém na lista das 100 marcas mais valiosas do Brasil, conforme a quinta edição do estudo anual "As 100 marcas mais valiosas do Brasil”, divulgado em 2009. Mais do que isso, a cooperativa médica, que detém 34% de participação no mercado e cobre 83% do território nacional, está entre as 50 instituições mais valorizadas do país. Duas posições acima do estudo anterior, em 2009, este ano a operadora de planos de saúde foi classificada em trigésimo primeiro lugar do ranking, com valor estimado de R$ 2,9 bilhões.
Unicred, o braço financeiro Constituída em 1997 e iniciando seu funcionamento no mês de março de 1998, a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Médicos, Profissionais da Área da Saúde e Empresários da Região Norte do Paraná Ltda (Unicred Norte do Paraná), tem sede em Londrina e conta com 8.500 associados, dos quais 2.100 médicos. É fruto da união de médicos de Londrina, Apucarana, Maringá e Arapongas, que se integraram em uma cooperativa única. Posteriormente, houve a adesão de outras cidades: Jacarezinho, Cornélio Procópio, Campo Mourão, Cianorte, Paranavaí, Umuarama, Curitiba e Paranaguá. A instituição foi autorizada, no final de 2009, a participar da câmara de compensação, trabalhando com mais autonomia.
Atuando de maneira bastante competitiva, a Unicred isenta de tarifas os talões de cheques e foi a primeira instituição do gênero a operar uma Conta de Liquidação no Brasil, possibilitando, com isso, o acesso ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e às diversas câmaras de liquidação: Compe, Selic, CIP, Cetip e BM&F Bovespa. Sintonizada com as novas oportunidades de negócios geradas a partir da normatização das Contas de Liquidação pelo Banco Central, a Unicred Norte do Paraná apresentou e teve o seu projeto aprovado pelo Banco Central. Em virtude de ter sido a primeira Cooperativa de Crédito a solicitar a abertura de uma Conta de Liquidação no país, o projeto foi considerado como modelo pelo Banco Central.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • “À Sombra dos Ipês da Minha Terra” - 2ª edição, Maringá, 2005 (Recco, Rogério)
• “O Sonho se Faz ACIM” (Dirceu Herrero e Gilson Aguiar) • “Preciosas Memórias” (Silvano Silva)
• “Certidões de Nascimento da História: o Surgimento de Municípios do Eixo Londrina Maringá” - 1ª edição, 2009 coord. Prof. Paulo César Boni (textos de Patrícia Piveta e Maria Luísa Hoffmann)
• “Repensando a Saúde” - 1ª edição - 2007 - (Michael E. Porter e Elizabeth Olmsted Teisberg) • “Terra Crua” (Jorge F. Duque Estrada, 1951)
• “Cianorte - Suas Histórias Contadas Pelos Pioneiros” (Helena Cioffi, Irene Gimenes Praxedes, Izaura Aparecida Tomaroli Varella e Wilma Kobayashi Mesquita)
• “UNIMED CAMPINAS -1970-2000” • “UNIMED DO PARANÁ 30 ANOS” (2009)
• “Colonização e Desenvolvimento do Norte do Paraná” (Cia. Melhoramentos Norte do Paraná)
• UNIMED MARINGÁ (Acervo fotográfico e documental)
• “Jacus e Picaretas” (Ildeu Manso Vieira)
• UNIMED 30 ANOS (1997)
• “Pérolas - Claras e Obscuras - da História de Londrina (Widson Schwartz)
• “UNIMED, 40 anos de cooperativismo médico no Brasil” 1ª edição, São Paulo, 2008. (Fonseca, Cláudia)
REFERÊNCIAS DIVERSAS • Aloysio de Lima Bastos
• Midiograf (acervo)
• Anima Lamps
• Ministério da Saúde
• Associação Brasileira de Medicina em Grupo (Abramge)
• Mirna Pizaia Bevilaqua, gerente de Mercado UNIMED REGIONAL MARINGÁ
• Durval Francisco dos Santos Filho (acervo pessoal) • O Diário do Norte do Paraná • Exclam Norte • RB Sul • Folha de Londrina • Revista ACIM • Joaquim Romero Fuentes (acervo particular) • Revista Ampla • Jornal de Serviço Cocamar • Revista Mídia e Saúde • José Carlos Dias de Toledo O CAMINHO DO TEMPO |
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• Revista Saúde em Foco
• memória: http://www.unimed.com.br/pct/index.jsp? cd_canal=33714&cd_secao=46159
• Revista Tradição • Secretaria de Cultura do Município de Maringá Divisão de Patrimônio Histórico • Sociedade Médica de Maringá • Site: http://www.unimed.com.br/memoria/ museu_ arquivos/unimed_40_anos.pdf
• Site “Maringá Histórica” - http://maringahistorica. blogspot.com/ • Universidade Estadual de Maringá (UEM) Departamento de Medicina • WMM Propaganda
AGRADECIMENTOS Aos entrevistados: • Presidente: Durval Francisco dos Santos Filho e diretores Airto Manzotti, Aldo Taguchi, Maurício Chaves Júnior e Natal Domingos Gianotto. • Ex-presidentes: João Maria da Silveira, Nélson Couto de Rezende e Reynaldo Rafael José Brovini. • Médicos aposentados ou em atividade: Aloysio de Lima Bastos, Antonio Mestriner, Carlos Alberto Ferri, Celso Barretto, Fábio Villela Junqueira Pedras, Heine Santa Rosa Macieira, Hiran Mora Castilho, João Batista Leonardo, Joaquim Lunardelli, Joel Vieira Gonçalves, José Carlos Dias de Toledo, José Luiz Coelho Gomes, Júlio Meneguetti Neto, Kemel Jorge Chammas, Késia Pimentel Albuquerque, Marco Antonio Rocha Loures, Mário Lins Peixoto, Minao Okawa, Murilo Tadeu Beller, Nélson Maimone, Neudair Fernando Sanches, Robson José da Silva Souza, Said Felício Ferreira (in memorian) e Thelma Villanova Kraspowicz.
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• Gestores, colaboradores e terceirizados: Ademilson Quintino dos Santos, Adriana Maria Garcia, Adriano Valentim de Souza, Alexsandro Vieira, Carolina Lastra Martinez, Digmar Bertoldo Tigre, Diógenes Ferreira Romão, Hilda Maria Dágola Gouveia, Janete Piassa Cantieri, Loyde Sacramento, Márcia Maria Pereira, Margareth Aparecida Valente, Maria Kracheski, Maria Veríssimo, Mirna Pizaia Bevilaqua, Silvio Leite Júnior. • Historiadores: Miguel Fernando Perez Silva, João Laércio Lopes Leal e Loide Caetano. • Jornalistas: Diniz Neto, Donizete de Oliveira, Jorge Fregadolli, Messias Mendes e Murilo Gatti. • Colaboraram: Antenor Sanches, Antonio Augusto de Assis, Antonio Mário Manicardi, Dom Jaime Luiz Coelho, Marino Hideo Akabane, Patrícia Massa, Sérgio Mendes, Sônia Maria Martins Gaspar e Valter Galli.
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