A conquista da confianรงa
www.facebook.com/sicredirioparana
Avenida Antonio Canhete, 259 Presidente Prudente (SP) Fone: (18) 3344-0728
NOVA LONDRINA (PR) 2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
R295s
RECCO, Hermínio Rogério SICREDI Rio Paraná 30 anos / Hermínio Rogério Recco. Maringá (Pr.): Editora Flamma / A. R. Publisher Editora, 2018. 150p. ; 28cm ISBN: 978-85-69908-46-3 História. 2. Cooperativismo. 3. Desenvolvimento Econômico Regional. Título CDD 334 CDD 338.9
Rogério Recco rogerio@ef.jor.br / 44 99101 1451 Editora Flamma Rua Flamengo, 544 44 3041-0970 - Maringá/PR
Nova Londrina, no extremo-noroeste do Paraná, viu surgir uma cooperativa de crédito em meio a muitas dificuldades, há 30 anos. E graças ao espírito visionário e determinado de sua gente é que os desafios foram superados ao longo dessas três décadas, consolidando uma instituição que opera em dois Estados, onde agrega 40 mil associados e contribui decisivamente para o desenvolvimento das regiões.
Conselho de Administração (2015-2019)
Conselho fiscal (2017-2019)
DIREÇÃO E GESTÃO
Jorge Bezerra Guedes (presidente)
Pedro Paulo de Mello (vice-presidente) Ademir Paulino
Anísio Roberto
Carlos Roberto
Fernando César
Ferrarini
de Campos
Muniz Caires
Torrezan
Henrique Okada
Inês Watanabe
José Antonio
Vitor Ropelato
de Souza
Spinardi Moia
Conselho Fiscal (2017-2019) Efetivos Carlos Roberto
José
Takayoshi
Ornelas
Antonio Félix
Joaquim Tuboni
Suplentes: Luiz Noboru
Jorge Carlos
Celso Takeshi
Ishikawa
Tamura
Haneda
76
12
Mensagem do presidente
16
Apresentação
22
Prefácio
26
Linha do tempo
PRIMEIRA PARTE
28 Origem do cooperativismo de crédito 42 Resgatando histórias 45 Um visionário 46 Fatos memoráveis 47 Nas mãos dos bancos 49 Credi, o braço financeiro 52 A economia brasileira em frangalhos 54 Fundada a cooperativa 55 Os primeiros dirigentes 56 Primeiro desafio: produtores desestimulados 58 Foi pequena a adesão 59 Uma situação incômoda 60 Enfim, em funcionamento 61 A ideia quase morreu na casca 61 O problema que respingou aqui
8
Sumário
62 “Cooperativa, não!” 63 O governo judiou 63 Uma luta renhida 64 Muitas adversidades 65 Um pesadelo, o fim do BNCC 66 Pregando no deserto 67 O setor sem apoio 68 Enfim, boas notícias 69 A Credicopagra por um fio 70 Plano Real 71
Um festival de zeros
71
Sem dinheiro na praça
72 Se correr o bicho pega... 72 Transferência de renda 73 Olivier deixa o comando 73 Pedro Paulo e Jorge assumem 75 Constituído o Bansicredi
78
SEGUNDA PARTE
81 A capitalização e o impulso 81 Cocecrer dá lugar ao Sicooper 82 Apoio governamental 86 Cooperativas no lugar no Bamerindus 87 A abertura de novas frentes
9
87 Apresentando bons resultados 88 Avanços e progressos 88 Fim da submissão ao BB 89 Um cenário incerto 89 Uma história na cooperativa 90 O sufoco de todo dia 91 Não podia confiar na tecnologia 91 Evitar as surpresas 92 Junto da comunidade 92 Capital humano 93 Em busca de novos associados 94 Cortar o cordão umbilical 95 Trilhar o próprio caminho 98 Uma boa impressão 99 A expansão do sistema 99 Abre-se um novo espaço 99 O impulso vem também da região 100 Chegando à Terra Rica 100 Jorge Bezerra Guedes assume a presidência 103 Zeca, um “desbravador” 104 Muitos desafios em Marilena 105 Quinze anos 106 O setor em alta 107 Poupança e custeio 108 A livre admissão 108 Com a força do Rabobank 109 O sucesso na comunidade 109 A inserção da cooperativa 110 Um associado que é Sicredi em tudo 113 Formação profissional 115 Sicredi avança para São Paulo 118 A necessidade de continuar crescendo
10
Sumário
118 Buscar competitividade 119 Um novo nome 120 Aprimorar e evoluir sempre 121 Grande potencial 124 Era um desejo antigo 125 A comemoração dos 25 anos 126 Ano de inaugurações 127 Em Presidente Prudente 130 Números de 2017 130 Estratégias para o crescimento 131 Contato direto com a gestão 134 Sistema consolidado no país 134 O Programa A União Faz a Vida 135 Formação 137 Dois momentos 140 Empretec 141 Encontro de Lideranças 144 Confiança se conquista 145 Cooperar, prática moderna e sustentável 152 As Agências 154 Do zero a caminho do bilhão 156 Presidentes 158 Conselheiros de administração 158 Conselheiros fiscais
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Bibliografia
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O idealismo e a realização Nossa mobilização para a criação da cooperativa de crédito fazia sentido quando analisávamos os valores destinados ao crédito rural pelos bancos, em pleno declínio
O jovem profissional médico veterinário, então com 24 anos, estava em Curi-
poderá fundar um sindicato naquela região do noroeste.
tiba-PR para tomar posse em seu novo
Mais tarde, vim a saber que havia sido
emprego visto ter sido aprovado em
designado para uma cidade chamada
concurso público na Emater-PR. Apro-
Nova Londrina.
veitou a estada na capital para se despe-
Assim conheci o Dr. Paulinho e mal
dir dos colegas da FAEP [Federação da
sabia que viria a ser um amigo e compa-
Agricultura do Estado do Paraná], pois
nheiro de tão longa jornada.
sua jornada como veterinário do Sindica-
O trabalho de extensionista na Emater
to Rural Patronal de Manoel Ribas havia
preconizava que os técnicos fossem um
acabado.
agente de desenvolvimento, cujo vetor
Ao adentrar na sala do advogado da
principal era o associativismo. Assim, nos
FAEP, foi-lhe apresentado um senhor
envolvemos na organização de grupos de
muito simpático, de fala expressiva e
jovens agricultores, criação de laticínios,
vivaz.
torneios leiteiros, organização do quadro
- Dr Jorge, quero lhe apresentar “o
social da Copagra, fundação do Sindicato
dono” de Nova Londrina... Seu nome é
Rural, clubes, associações e, consequen-
Pedro Paulo de Mello, disse o advogado
temente, na cooperativa de credito.
em tom de brincadeira. E continuou: - Ele busca informações de como 12
Nesta trajetória também conheci um homem idealista, de fala mansa, aparência
Mensagem do Presidente
Jorge Bezerra Guedes Presidente da Sicredi Rio Paranรก PR/SP
13
serena, determinado na defesa do coope-
Copagra. É preciso reconhecer: nunca
rativismo: o Dr. Olivier Grendene. Foi
nos faltou apoio em todas nossas ações.
ele o mentor de uma geração e líder do movimento que culminou na criação e
Nossa diretriz inicial tinha como objetivos estratégicos:
sustentação de nossa cooperativa Sicre-
1) buscar escala de negócios que desse
di Rio Paraná PR/SP. Seu exemplo, até
garantisse suporte às despesas do cresci-
hoje nos inspira e ilumina em momentos
mento, pois até então estávamos atrela-
de decisões importantes.
dos à cooperativa agropecuária; 2) abrir
Nossa mobilização para a criação da
o quadro social para o público urbano; 3)
cooperativa de crédito fazia sentido
ativar os inativos ou eliminar do quadro;
quando analisávamos os valores destina-
4) criar uma imagem pública própria,
dos ao crédito rural pelos bancos, em ple-
refletindo segurança, liquidez e autono-
no declínio. Também, o cenário de perda
mia; 5) buscar fontes alternativas para o
do valor da moeda por uma inflação ga-
credito rural e, 6) atrair e capacitar bons
lopante, exigia uma forma de proteção,
colaboradores.
pois os bancos se protegiam e ganhavam muito dinheiro com o overnight.
Nossa parceria com o Sistema Sicredi foi providencial, como a “mão de Deus”
Os cargos de dirigentes na Credico-
nos ajudando a encontrar os caminhos e
pagra não eram cobiçados, pois exigiam
meios de alcançar nossos objetivos. Do
grande responsabilidade e davam pouco
contrário, estaríamos atrelados a um con-
retorno e visibilidade. Como dizia um
vênio que atenderia mais a conveniên-
dirigente da cooperativa agropecuária:
cia dos bancos públicos do que o nosso
“se quiser um cargo na Copagra, tem que
desenvolvimento.
comer também a ‘carne de pescoço’, se
Pude participar da construção e apri-
referindo à Credicopagra. Comecei no
moramento do Sistema, como conse-
Conselho Fiscal, depois no Conselho de
lheiro na Central Sicredi PR/SP/RJ, e na
Administração e, por fim, passei a diretor
Confederação, com resultados que muito
-executivo em 1995.
me orgulham, pois hoje o sistema Sicredi
Ao assumir o cargo, fiz um “trato”
é modelo apresentado, discutido e visi-
com o então diretor da Copagra, Nelson
tado por cooperativas de várias partes do
Maior Bono, que me dedicaria ao cresci-
mundo.
mento da Credicopagra, mas com a con-
Nesta história passamos por momentos
dição de não haver nenhuma interferên-
de angustia e preocupação, como crises,
cia na administração e, ao mesmo tempo,
fraudes, inadimplência, insegurança pú-
ter total apoio “moral” da diretoria da
blica e jurídica, entre outras ansiedades,
14
Mensagem do Presidente
porem sempre tivemos o apoio dos conselheiros de administração e fiscal, e das assembleias de associados que participaram ativamente ao nosso chamado. Este livro narra a construção de uma empresa coletiva, a muitas mãos, passo a passo, por 30 anos relevante em nossa sociedade, com responsabilidade social e respeitando o crescimento individual de cada um dos sócios. Temos de agradecer aos sócios, colaboradores, parceiros, autoridades e colegas cooperativistas. Vislumbramos uma nova era, com maior influência das comunicações e da
Este livro narra a construção de uma empresa coletiva, a muitas mãos, passo a passo, por 30 anos relevante em nossa sociedade, com responsabilidade social e respeitando o crescimento individual de cada um dos sócios.
tecnologia, e sabemos que muito irá mudar, porém, perenemente continuaremos a nos relacionar com os nossos sócios, suprindo suas necessidades e estando juntos. Que Deus nos ajude nesta caminhada... Boa leitura!
15
Trinta anos de história Com este resgate histórico, a Sicredi Rio Paraná PR/SP deixa registrada a sua participação no desenvolvimento econômico e social das regiões onde atua e presta sua homenagem àqueles que sempre acreditaram nas conquistas do cooperativismo de crédito
Uma longa caminhada quando olhamos a construção. Algo muito recente
Ocepar e da Cocecrer (Central Sicredi PR/SP/RJ).
quando olhamos a história. Ao completar
Resgatar este momento é o maior re-
três décadas no mesmo ano em que ce-
conhecimento que uma administração
lebramos os 200 anos do nascimento de
pode fazer por aqueles que lideraram e
Friedrich Whilhem Raiffeisen, precursor
souberam deixar uma herança na região.
do nosso movimento e da nossa causa,
As pessoas e comunidades impactadas
a Sicredi Rio Paraná PR/SP continua a
serão sempre gratas, seja pelo senti-
missão de inspirar pessoas e nos presen-
do que terão ao ler esta história, pelos
teia com esta bela publicação: um resgate
benefícios gerados e, em especial, pelo
histórico repleto de ideias e sonhos.
bem que ainda está por vir. Escrever um
Tão bom rever episódios de um gru-
livro é imortalizar um pensamento, uma
po de idealizadores que escolheu Nova
história, uma causa. É também a me-
Londrina, pacata cidade do noroeste do
lhor forma de não se distanciar do ideal
Paraná, para constituir uma cooperati-
dos fundadores e renovar as promessas
va de crédito rural, sempre inspirado na
de fazer o bem em prol dos seus donos.
caminhada do Padre Theodor Amstadt,
E, nesta obra, temos a oportunidade e o
nas convicções de Ignácio Aloísio Do-
prazer de acompanhar esta caminhada.
nel e alicerçados no apoio decisivo da 16
O grande investimento na formação
Apresentação
humana, na capacitação de líderes e colaboradores propiciou a profissionalização plena desta organização que passou a ser respeitada e admirada pelas pessoas, comunidade e mercado. Forjada nas adversidades e na resistência, habilitou-se para arriscar novos desafios, ampliar suas fronteiras e ajudar na expansão e consolidação do Sicredi no noroeste do Paraná e
Escrever um livro é imortalizar um pensamento, uma história, uma causa. É também a melhor forma de não se distanciar do ideal dos fundadores
na grande região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo. Esta construção, percebida e reconhecida, hoje tem raízes e, mais que isso, tem no Sistema Sicredi o principal fator para o crescimento. Com este resgate histórico, seus líderes e executivos deixam também presente nestas páginas o legado da gratidão. Da mesma forma, deixam a percepção da relevância em compreender que cidadania é uma obra constante e um labor diário. Frentes são abertas, emoções são geradas e propósitos são renovados com um único objetivo: gerar satisfação e progresso aos seus donos e comunidades. Os homens e as mulheres que construíram os 30 primeiros anos do Sicredi Rio Paraná fizeram a sua parte. Que os anos vindouros continuem venturosos!
Manfred Alfonso Dasenbrock Presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ
17
Um futuro promissor A cooperativa seguiu um caminho de crescimento e chega aos 30 anos de atividades com uma história vencedora, fruto do trabalho e dedicação de seus dirigentes, colaboradores e cooperados
O cooperativismo de crédito, ramo que
que orientam o cooperativismo.
apresenta o maior crescimento em nú-
A cooperativa Sicredi Rio Paraná PR/
mero de cooperados no Paraná e no Bra-
SP é um exemplo da expansão do setor.
sil, é uma alternativa sólida em serviços
Sua fundação teve a participação da Co-
financeiros seguros e qualificados. Além
pagra, através do incentivo e apoio do lí-
de oferecer produtos e serviços a taxas
der cooperativista Dr. Olivier Grendene,
competitivas em comparação ao merca-
que viu na intercooperação uma oportu-
do, contribuindo para a inclusão finan-
nidade de contribuir para o crescimen-
ceira das pessoas, as cooperativas possuem
to da região noroeste do Paraná. Nesta
como diferencial a participação nos re-
época eu trabalhava na Organização das
sultados. O cooperado não é tratado ape-
Cooperativas Brasileiras (OCB), em Bra-
nas como mais um cliente, afinal, tanto
sília, quando acompanhei a determinação
seu crescimento, bem como o desenvol-
do Dr. Grendene em organizar a coope-
vimento da comunidade em que atua, faz
rativa de crédito.
parte dos propósitos da cooperativa.
Já consolidada, ela seguiu um caminho
Com investimentos constantes na pre-
de crescimento e chega, em 2018, aos
paração de seus colaboradores, as coopera-
30 anos de atividades, com uma história
tivas realizam um atendimento de qualida-
vencedora, fruto do trabalho e dedica-
de, com profissionalismo e transparência,
ção de seus dirigentes, colaboradores e
dentro de uma gestão democrática, na qual
cooperados. Pautada nos princípios do
o trabalho é fundamentado nos princípios
cooperativismo, oferecendo qualidade
18
Apresentação
Parabéns a todos que fazem parte dessa história bemsucedida, que está apenas começando e, certamente, haverá muitas conquistas e frutos a colher no futuro.
e segurança, a Sicredi Rio Paraná PR/ SP cresce visando o desenvolvimento de seus cooperados, em sintonia com suas necessidades, por meio de um relacionamento que estabelece laços de confiança. Parabéns a todos que fazem parte dessa história bem-sucedida, que está apenas começando e, certamente, haverá muitas conquistas e frutos a colher no futuro.
José Roberto Ricken Presidente do Sistema Ocepar
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20
Foto Flash
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Uma trajetória construída pela união Muitas pessoas com visão de futuro deixaram sua marca na instituição
Contar uma história envolve buscar na
considerado um homem sem criatividade
memória das pessoas o que elas passaram,
e hoje dá nome a um conglomerado de
viveram, relembrar momentos bons e
entretenimento que surgiu de um peque-
ruins, vitórias e derrotas.
no rabisco. Atualmente, a Disney lidera a
Mas a história de uma cooperativa vai muito além, pois não envolve só uma
lista de empresas de mídia mais valiosas, segundo informações da Fortune 500.1
pessoa, e sim, 40 mil. Estes associados que
E a Sicredi Rio Paraná PR/SP pode
hoje desfrutam de uma estrutura com 24
agora ser chamada de “balzaquiana”. Essa
agências, mais de 200 colaboradores e
jovem cooperativa chega à idade con-
presença em dois estados do país, podem
siderada por Honoré de Balzac como
não saber o que homens desbravadores
madura.2
fizeram em 1988, que resultou numa lin-
E assim como diria o escritor francês
da instituição que agrega resultados por
no século 19, é aos 30 anos que a mulher
onde passa. Hoje, a Cooperativa de Crédito Sicredi Rio Paraná PR/SP, é o resultado do sonho de pessoas que já não estão mais aqui para ver esta concretização. Estes empreendedores passaram por percalços, como Walt Disney, que foi 22
1 Fortune 500. Bloomberg, 2018. 2 Balzac, Honoré de (1799-1850). A comédia humana: estudos de costumes - cenas da vida privada / Honoré de Balzac; orientação, introduções e notas de Paulo Rónai. Tradução de Vidal de Oliveira. v. 3. ed. São Paulo: Globo, 2012.
Prefácio
tem experiências acumuladas e está pronta para enfrentar as mazelas do cotidiano em busca da independência. E nesta linda obra feita pelas mãos e criatividade do jornalista Rogério Recco, é possível compreender como foi construída essa instituição. Da primeira conversa em 1988 até hoje, os sinuosos
“[...] bela idade de trinta anos, ápice poético da vida das mulheres...”
percursos e a inauguração da nova Sede Administrativa 30 anos depois. Com um texto leve e divertido, ele apresenta detalhes e curiosidades que trouxeram a instituição até aqui, além de fatos marcantes para a economia que viriam a impactar diretamente o crescimento da cooperativa de crédito. O desbravar de Olivier Grendene, a vontade empreendedora de Pedro Paulo de Mello e a juventude auspiciosa de Jorge Bezerra Guedes, alguns dos personagens dessa trajetória que mudou a vida dos mesmos. E também de outras pessoas que deixaram sua marca na instituição. Balzaquiana, a Sicredi Rio Paraná PR/ SP celebra seus 30 anos em grande estilo e já projeta os próximos 30, 60, 100 anos. Confira essa jornada com detalhes de pessoas que tinham princípios de união e pensamentos no futuro. Pois o cooperativismo é assim, construído por muitas mãos, e uma primorosa história como esta fazemos JUNTOS.
Carolina Mussolini Celestino de Oliveira Assessora de Comunicação e Marketing da Sicredi Rio Paraná PR/SP Jornalista e Mestre em Letras
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O cooperativismo é assim, construído por muitas mãos, e uma primorosa história como esta fazemos juntos
24
25
LINHA DO TEMPO 12/Set
10/Out
A data da reunião em que pela primeira vez o presidente da Copagra, Olivier Grendene, defendeu a possibilidade de criação de uma cooperativa de crédito, como braço financeiro da cooperativa de produção.
Em 1995, com a proibição de os mesmos dirigentes comandarem as cooperativas de produção e de crédito, Pedro Paulo de Mello assume a presidência da Credicopagra, com Jorge Bezerra Guedes na vice-presidência e diretoria-executiva.
16/Mar
Início das atividades.
Reunião preparatória com dirigentes e associados da Copagra para discutir a fundação da cooperativa.
Conselho Monetário Nacional (CMN) autoriza a constituição de bancos cooperativos privados.
Cocecrer/RS e filiadas se unificam no Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi).
21/Nov
Fundada a Credicopagra.
Com seu crescimento, o Sicredi passa a ocupar um espaço maior na sede da Copagra, para atender também associados de outras áreas.
1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1999
16/Mar
Governo Collor extingue o Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), trazendo grandes transtornos ao setor.
26
Pedro Paulo de Mello e Jorge Bezerra Guedes são confirmados, em definitivo, pelos associados, respectivamente na presidência e vice-presidência da cooperativa.
Fato histórico:
Banco Central declara não ter impedimento à constituição de bancos cooperativos para operação múltipla.
Inaugurada a primeira agência da Credicopagra fora de Nova Londrina, no município de Marilena.
12/Dez
Cooperativas de crédito do Paraná e do Rio Grande do Sul se unem para fortalecer o recém-criado Banco Cooperativo Sicredi (Bansicredi). A Credicopagra passa a se denominar Sicredi Nova Londrina.
19/Ago
Bansicredi começa a operar em Curitiba. Aproveitando uma brecha da legislação, e com o beneplácito no Banco Central, tem início nas cooperativas de crédito rural um processo para associar representantes dos mais diversos segmentos, explorando um enorme potencial.
Linha do Tempo
Cooperativa deixa instalações da Copagra e se instala no centro de Nova Londrina. No dia 21 de novembro, comemoração dos 20 anos da cooperativa, com homenagens a ex-presidentes e lideranças.
Ao celebrar 15 anos, a cooperativa já conta com 5,6 mil associados e várias agências pela região.
2000 2002
Jorge Bezerra Guedes assume a presidência, com Pedro Paulo de Mello na vice-presidência.
2003
2007
Ao completar 30 anos, Sicredi Rio Paraná PR/SP conta com 16 agências no Paraná e 7 em São Paulo, incluindo Presidente Prudente, região onde projeta crescer fortemente nos próximos anos. São 40 mil associados, 25% dos quais já como resultado da presença em território paulista.
Celebração dos 25 anos de fundação da cooperativa, com homenagens a pioneiros, show do cantor Sérgio Reis e uma ampla perspectiva de crescimento.
2008
2011
Central Sicredi PR se funde com a Central Sicredi SP e cooperativas paranaenses são autorizadas a operar no Estado de São Paulo. Pouco depois, se soma ao grupo o Rio de Janeiro e a Central se torna Sicredi PR/SP/RJ.
2013
2018
Foi um ano intenso e a Sicredi Rio Paraná PR/SP (nova denominação da antiga Sicredi Noroeste) absorve uma área com 27 municípios no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, e abre sua primeira agência em terra paulistas, no distrito de Primavera, em Rosana.
A conquista tão esperada:
cooperativas de crédito rural são oficialmente autorizadas a operar com livre admissão. Sicredi Nova Londrina passa a se chamar Sicredi Noroeste PR.
27
Origem do cooperativismo de crédito As primeiras cooperativas de crédito ti-
vezes, visto como mais importante, pois
veram o alemão Franz Herman Schulze
as comunidades rurais alemãs eram muito
como seu precursor,
mais carentes de assistência financeira do
no ano de 1852.
Desse movimento originaram os Volks-
que o meio urbano.
bank (banco do povo), voltados para as
O cooperativismo de crédito avançou
necessidades dos donos de pequenas em-
rapidamente e logo ultrapassou as fron-
presas (comerciantes e artesãos). Tais coo-
teiras da Alemanha, Em 1865 surgia, na
perativas seguiam o modelo que passou a
Itália, o modelo conhecido como Luzzatti
ser denominado Schulze-Delitzsch.
(por ter sido implantado por Luigi Luz-
Também na Alemanha, Friedrich Wilhelm Raiffeisen constituiu em 1862, em
zatti, na cidade de Milão), caracterizado pela livre associação.
Anhausen, e em 1864, em Heddesdorf,
No continente americano, a primeira
as cooperativas de crédito rural, à época
cooperativa de crédito surgiu no Canadá
chamadas de loan societies e que, mais tar-
em 1900, na cidade de Lévis, estado de
de, assumiram o nome de Raiffeisenbank.
Quebec (colonizado por franceses), dando
Em 1900, já havia 2.083 cooperativas de
origem ao Movimento Desjardins, funda-
crédito que seguiam o modelo Raiffeisen,
do por Alphonse Desjardins e que serviu
com 265 mil associados.
de inspiração para as primeiras cooperati-
Embora Schulze possa reivindicar precedência cronológica, Raiffeisen é, muitas
28
vas instituídas nos Estados Unidos. (Portal do Cooperativismo Financeiro)
Introdução
Confiança. A palavra-mestra que nor-
Credibilidade, alicerces plantados em
teia uma cooperativa de crédito, assim
terra firme, segurança ao associado e um
como o sistema cooperativista como
futuro promissor. No ano de 2017, o
um todo, é, também, a sua principal
Conselho Mundial das Cooperativas de
matéria-prima.
Crédito (WOCCU, na sigla em inglês),
Em maior expressão na Europa, pas-
divulgou números que demonstram a
sando pela América do Norte e outras
grandiosidade do segmento. Estimou
regiões do planeta, o cooperativismo flo-
que os associados do cooperativismo de
resceu, em meados do século 19, a partir
crédito em todo o mundo já seriam mais
da necessidade da união em que grupos
de 235 milhões, responsáveis por US$ 1,4
buscaram a conquista de objetivos co-
trilhão em depósitos. Somando a eles os
muns por meio da soma de seus esforços
seus familiares próximos, chega-se, segu-
e ideais. Para isso, a base está na confiança
ramente, a cerca de um bilhão de pessoas
mútua que, com o tempo, estabelece uma
relacionadas a 68 mil cooperativas dis-
unidade sobre alicerces sólidos e torna
tribuídas em uma centena de países. Na
possível almejar a superação de desafios.
França e na Alemanha, as cooperativas
É como em uma floresta, onde, para en-
de crédito participam com 60% e 20%,
frentar as adversidades, os indivíduos de
respectivamente, dos depósitos totais do
um grupo precisam estar unidos, vigilan-
sistema financeiro. O Conselho projeta
tes e focados nos mesmos interesses.
também que a quantidade de associados
No continente europeu, especialmente, a força da união pode ser medida pela
deve ser acrescida em mais 50 milhões nos próximos anos.
sua representatividade e a intensa partici-
A solidez do cooperativismo de crédito
pação. Em alguns dos países onde o sis-
no mundo pode ser analisada, ainda, pela
tema cooperativista do ramo crédito se
forma serena como atravessou os anos de
encontra mais amplamente difundido, as
conturbada crise financeira internacional,
instituições cooperativas correspondem a
entre 2007 e 2008. Enquanto tradicionais
nada menos que 80% da movimentação
instituições de renome global se viram
financeira na soma de todas as corpora-
em apuros e algumas foram à insolvência,
ções do mercado. O associado de uma
o sistema de crédito cooperativo não ape-
cooperativa de crédito se sente mais se-
nas a tudo assistiu incólume como, com
guro, com senso de pertencimento e tem
base nesse cenário, ganhou ainda mais
consciência de que a sua instituição re-
impulso para continuar crescendo.
presenta uma conquista coletiva que levará a muitas outras.
No Brasil, a história do cooperativismo de crédito remonta há pouco mais de um 29
No Brasil, a história do cooperativismo de crédito remonta há pouco mais de um século, tendo como embrião a legendária Caixa de Economia (também chamada de Caixa Rural) que o padre jesuíta de origem suíça, Theodor Amstad, instituiu em 1902 no município gaúcho de Nova Petrópolis. 30
(fonte: http://unicredafinidade.com.br/conteudo/6/13/COOPERATIVISMO.html)
Introdução
século, tendo como embrião a legendária Caixa de Economia (também chamada de Caixa Rural) que o padre jesuíta de origem suíça, Theodor Amstad, instituiu em 1902 no município gaúcho de Nova Petrópolis. Esse modelo propagou-se pelo Estado e também por Santa Catari-
garantidor que protege depositantes e in-
na, sem conseguir um espaço importan-
vestidores, contribui com a manutenção
te no sistema financeiro nacional, onde
da estabilidade do Sistema Nacional de
as grandes corporações bancárias faziam
Crédito Cooperativo e iguala as condi-
prevalecer os seus interesses. Foi somente
ções de competitividade com os bancos
a partir dos anos 1980, alavancado pelo
comerciais.
empreendedorismo de lideranças de coo-
Em Nova Londrina, a data mais remota
perativas agrícolas, sobretudo no Paraná,
do cooperativismo de crédito na cidade
que o cooperativismo de crédito vislum-
é 12 de setembro de 1988. Foi quando
brou, enfim, um caminho para avançar e
o conselho de administração da então
desenvolver-se.
Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de
Atualmente, no país, o Sistema Sicredi
Nova Londrina (Copagra), hoje Copagra
é formado por 116 cooperativas filiadas
Cooperativa Agroindustrial, reuniu-se
em 22 Estados, com 1,6 mil agências que
para deliberar sobre assuntos relacio-
atendem a 3,8 milhões de associados e
nados à rotina da gestão da entidade e,
contam com 23,3 mil colaboradores. São
pela primeira vez, tratou da organiza-
R$ 77,3 bilhões em ativos, R$ 43,9 bi-
ção de uma ação prática para implantar
lhões de saldo em carteira de crédito, R$
uma cooperativa de crédito ligada à en-
53,4 bilhões em depósitos totais e R$ 12,8
tidade. Estavam na sala o presidente Oli-
bilhões de patrimônio líquido. O Siste-
vier Grendene, o vice-presidente Bento
ma tem a chancela do FGCoop, o fundo
Somenzari, o diretor-secretário Darci
Em Nova Londrina, a data mais remota do cooperativismo de crédito na cidade é 12 de setembro de 1988, que foi quando, em reunião da Copagra, se cogitou sobre a possibilidade de fundação da Credicopagra.
31
32
Introdução
Bertasi, os conselheiros Antonio Zot-
e falecido em 2004, faz parte do rol dos
ti Neto, Ernesto Mazzotti, José Bolivar
grandes nomes do cooperativismo para-
Garcia Léllis e Manoel Bono Belascuzas,
naense. Em suas respectivas regiões, esses
os integrantes do conselho fiscal Alfeu
homens não apenas foram precursores do
Franco Furtado, João Paulo Giacobbo
sistema, disseminando com entusiasmo
e José Teixeira de Carvalho, e o asses-
a semente do associativismo para que a
sor de cooperativismo Antonio Ferriani
comunidade rural pudesse se organizar,
Branco. O tema não corriqueiro da pauta
se fortalecer economicamente, ser digna-
mexia com o presidente Olivier Grende-
mente representada e prosperar. Com o
ne. Ele tinha em mãos, e apresentou com
seu empenho pessoal e visão de futuro,
apaixonada ênfase aos demais conselhei-
eles participaram da estruturação do coo-
ros, o exemplar recente de uma edição da
perativismo no Estado, ensejando uma
Folha de Londrina, de circulação esta-
realidade que hoje é exemplo para o país.
dual, cujo conteúdo aludia à fundação de
Olivier, o advogado e agropecuarista
várias cooperativas de crédito no Paraná.
Pedro Paulo de Mello e outros, são per-
O jornal havia sido entregue a ele pelo
sonagens a quem o destino conferiu es-
presidente do Sindicato Rural Patronal,
pecial relevância nessa história inicial. Já
Pedro Paulo de Mello, seu tradicional
haviam participado da fundação da Co-
companheiro de lida.
pagra, se engajado em outras lutas pelo
Olivier Grendene, médico e agrope-
bem da região e, ao final da década de
cuarista nascido no Rio Grande do Sul
1980, chegara o momento do cooperativismo de crédito em Nova Londrina, cabendo a eles, mais uma vez, o papel de protagonistas. Ambos tiveram a oportunidade de conviver com lideranças estaduais do cooperativismo, como Ignácio Aloysio Donel,
As lideranças do cooperativismo em Nova Londrina tiveram a oportunidade de conviver com cooperativistas obstinados, que dedicaram sua vida à estruturação do sistema no Estado, como Ignácio Aloysio Donel.
33
34
Monumento em Nova Petrópolis (RS) remete às origens do cooperativismo no país. (fonte: especiais-pio.clicrbs.com.br/ maisserra/11/central.html)
35
que dedicou toda sua vida profissional
Organização das Cooperativas Brasi-
a serviço do sistema, tendo sido o pri-
leiras (OCB). Em seu período, Donel
meiro gerente da cooperativa Cotrefal,
idealizou e implantou os Núcleos Re-
a qual presidiu. Ardoroso defensor da
gionais Cooperativos, de forma a bus-
máxima participação dos cooperados
car soluções regionais para os proble-
em suas cooperativas, Donel foi con-
mas relacionados ao desenvolvimento
duzido à presidência da Organização
do sistema cooperativista, liderando a
das Cooperativas do Estado do Paraná
implantação do cooperativismo de cré-
(Ocepar) para completar o mandato de
dito rural e tendo sido presidente da Si-
Wilson Thiesen, eleito presidente da
credi Central Paraná.
36
Primeira Parte
37
Registros do perĂodo de desbravamento regional, em que a mata cedeu lugar para lavouras e pastagens e o pequeno povoado de Nova Londrina começava a se desenvolver Fotos: acervos particulares e pĂşblicos
38
39
40
Pedro Paulo de Mello
Darci Bertasi
Arnaldo José Mazzotti, com o recebido de integralização de capital, para a constituição da cooperativa
Aléssio Roman
41
Resgatando histórias No dia 15 de janeiro de 2018, em reunião histórica promovida pelo presidente da Sicredi Rio Paraná PR/SP, Jorge Bezerra Guedes, com alguns pioneiros do cooperativismo de crédito na cidade, participaram o seu vice-presidente Pedro Paulo de Mello e os produtores Darci Bertasi, Arnaldo José Mazzotti e Aléssio Roman. O objetivo do encontro – comandado pelo presidente e acompanhado também pela assessora de comunicação, Carolina Mussolini Celestino de Oliveira, e pelo ex-diretor-executivo da cooperativa, Almir Schotten -, foi o de rememorar fatos relacionados à fundação da Credicopagra, entidade que antecedeu a atual Sicredi, para resgatar a sua história.
42
Na reunião, Jorge Bezerra Guedes
competitivos e sobreviver isoladamente.
ressaltou que estavam ali alguns dos re-
Sobre Olivier Grendene, Pedro Paulo
presentantes de uma saga marcada por
recordou-se: em várias das muitas viagens
relevantes serviços prestados ao coope-
que fez em companhia do amigo, cum-
rativismo, à Nova Londrina e conquistas
prindo jornadas nas quais representavam os
que fizeram a diferença na economia re-
interesses dos produtores e dos munícipes
gional. E que suas lembranças contribui-
em reivindicações junto a autoridades, ou-
riam para restaurar a memória dos pri-
via sempre que era preciso trabalhar para a
meiros passos da cooperativa de crédito,
implantação de uma cooperativa de crédi-
fornecendo subsídios para o livro come-
to rural na cidade. “Ele insistia que a gente
morativo aos seus 30 anos de fundação.
não poderia tirar essa ideia da cabeça.”
Ao pronunciar-se, Pedro Paulo de Mello
“Olivier era um idealista, um homem
fez questão de, primeiramente, ressal-
à frente do seu tempo. Ele enxergava a
tar a importância de outro incentivador
necessidade de uma cooperativa de cré-
do cooperativismo na cidade e região,
dito. Colocou isso na cabeça e passou a
que não poderia ser esquecido: Leonar-
defender a ideia junto a outras lideran-
do Spadini. Segundo ele, Spadini foi um
ças”, comentou Arnaldo José Mazzotti.
batalhador da filosofia da cooperação,
“Numa época, os bancos queriam sair
defendendo que os produtores rurais, de
do crédito rural, pois diziam que era um
pequeno e médio portes, deveriam unir-
mau negócio para eles. Conseguir cré-
se, pois seria improvável que, num futu-
dito era difícil e os pequenos produtores
ro próximo, eles conseguissem se manter
sofriam mais”, lembrou Darci Bertasi,
Pedro Paulo de Mello destaca o trabalho realizado por incentivadores do cooperativismo, como Leonardo Spadini, “um batalhador da filosofia da cooperação”.
43
Nessa época, Nova Londrina e municípios próximos engrossavam o fluxo migratório de famílias paranaenses em direção a outras regiões do país.
ex-vice-presidente e ex-diretor-secretário
desbravamento realizado em grande par-
da Copagra entre 1983 e 1992. “Uma vez,
te por migrantes oriundos do Rio Gran-
só nos restou ir a Brasília pedir um ‘pa-
de do Sul e de Santa Catarina, além de
pagaio’ [empréstimo] ao Banco do Brasil,
paulistas e descendentes de japoneses,
pois por aqui as agências não tinham au-
“sempre houve uma sociedade de ideias e
tonomia para concedê-lo”, relatou, dan-
fortes lideranças”, acrescentou, ressaltan-
do ideia do desinteresse das instituições
do que a comunidade criou a cultura de
financeiras para com o campo. “O presi-
abraçar os projetos que propugnavam o
dente Olivier afirmava que os produtores
desenvolvimento regional, citando como
precisavam ter o seu próprio banco. Só as-
exemplos as movimentações havidas em
sim eles deixariam de ser explorados pelos
prol da organização do associativismo –
outros bancos”, disse Aléssio Roman.
uma peculiaridade do povo gaúcho - que
Não havia dúvida, entre os precursores:
traria muitos frutos à Nova Londrina.
o objetivo de contar com uma coopera-
Dessa união é que surgiram, entre outros,
tiva de crédito rural em Nova Londrina
a cooperativa Copagra, o Sindicato Ru-
seria alcançada, era só uma questão de
ral, a organização do setor de laticínios,
tempo. Mas isto demandaria muita luta,
a destilaria de álcool e a Credicopagra
o que em nada desanimava as lideranças
(hoje Sicredi Rio Paraná PR/SP, atual-
da cidade onde, segundo Pedro Pau-
mente em franca expansão pelo interior
lo de Mello, “as coisas foram feitas na
de São Paulo, onde encontra enorme po-
raça, sempre com muita garra”. Com o
tencial para continuar crescendo).
44
Olivier Grendene, médico e agropecuarista nascido no Rio Grande do Sul e falecido em 2004, faz parte do rol dos grandes nomes do cooperativismo paranaense. “Ele era um homem de espírito comunitário e generoso, que sempre atendeu muita gente que não podia pagar nada, no hospital de sua cidade. Me recordo dele como um homem sereno, uma pessoa feliz”, lembra José Roberto Ricken.
Um visionário
diesel e as construções eram quase todas rústicas, de madeira. Mas, a exemplo do
Médico e com formação em filoso-
que se via em outras regiões do Estado
fia, o gaúcho Olivier Grendene nasceu
naquela época, o povoamento se desen-
em Farroupilha no dia 2 de fevereiro de
volvia, atraindo famílias de várias partes
1926. Tão logo se graduou, partiu em
do Brasil, em especial do Rio Grande do
busca de realizar o sonho de fazer a vida
Sul e de Santa Catarina, que iniciavam
em uma região que estava sendo desbra-
comércio, o cultivo de café, a criação
vada. Foi com esse intuito que, em 1952,
de gado de corte e leite. O progresso foi
ele chegou a Nova Londrina, então dis-
acontecendo e, em 1956, Nova Londrina
trito de Paranavaí. O lugar que estava
se tornou município.
sendo colonizado pela Imobiliária Nova
Primeiro médico da cidade e também o
Londrina e tinha entre seus dirigentes
dono do primeiro hospital, Olivier Gren-
alguns conterrâneos gaúchos, não pas-
dene havia sido investido na chefia do
sava ainda de um modesto aglomerado
posto de saúde local, em 1955, pelo pre-
de casas, cercado de mata, com estradas
feito de Paranavaí, José Vaz de Carvalho.
impraticáveis, onde não se podia contar
Destacando-se por sua liderança, abra-
com energia elétrica sem os geradores a
çou a política, foi eleito vereador e, 45
poucos anos depois, a prefeito, realizando
ao retornar a Curitiba, retomando seu
no período 1964-1969 uma administra-
trabalho na Ocepar, Ricken se recorda
ção progressista.
de ter presenciado a movimentação de
Com seu idealismo, Olivier, também
Olivier e seu grupo, para a fundação da
produtor rural, esteve sempre à frente
Credicopagra. “Era um homem de espí-
das mobilizações pelo desenvolvimento
rito comunitário e generoso, que sempre
do município e região, tendo participa-
atendeu muita gente que não podia pa-
do da fundação da Copagra, entidade da
gar nada, no hospital de sua cidade. Me
qual foi vice-presidente de 1968 a 1973
recordo dele como um homem sereno,
e presidente de 1980 a 1994. Ao deixar
uma pessoa feliz.”
de depender tanto da economia cafeeira, como ocorria em seus primeiros anos, a cooperativa modernizou-se e investiu em
Fatos memoráveis
novos negócios nos quais atuaria durante muitos anos, entre os quais a produção de etanol.
O café nunca foi o forte da família Bertasi, que conheceu Nova Londrina
Como cooperativista, foram inúme-
em 1954, proveniente de Caçador (SC).
ras participações. Ele ajudou a fortale-
Quando o casal Maximiliano e Felicita
cer a Organização das Cooperativas do
concluiu a viagem rumo às terras que ha-
Estado do Paraná (Ocepar) e, em Nova
via adquirido na longínqua cidade situa-
Londrina, articulou a fundação da Cre-
da no extremo noroeste paranaense, onde
dicopagra, cooperativa de crédito rural
era difícil chegar, tinha o objetivo de li-
que, mais tarde, se tornaria a Sicredi Rio
dar com pecuária e comércio. A exem-
Paraná PR/SP.
plo de quase todo mundo na região, eles
Em depoimento para este livro, o pre-
não deixaram de ter também o seu café,
sidente do Sistema Ocepar, José Rober-
uma experiência que durou pouco, con-
to Ricken, comentou que na década de
ta Darci, um dos dez filhos. “O meu pai
1980, quando prestou serviços em Bra-
nunca gostou muito do café, o negócio
sília, na Organização das Cooperativas
dele era o boi.”
Brasileiras (OCB), recebeu por algumas
Quando chovia forte, só mesmo co-
vezes a visita de Olivier Grendene. O
locando correntes nos pneus dos veícu-
médico de Nova Londrina tinha pro-
los para trafegar pelas estradas barrentas.
priedade na Bahia e, em viagem de carro,
Ainda assim, quem se arriscava, sabia que
ao passar pela capital federal, hospeda-
poderia acabar no meio de um atoleiro.
va-se na residência do amigo. Em 1988, 46
Histórias
assim
são
comuns
no
município, incluindo a de Aléssio Ro-
chegando, se instalando e a história mos-
man e seus familiares, igualmente des-
tra que elas souberam preservar o solo, o
bravadores, e Pedro Paulo de Mello, este
seu bem maior”, observa. O tempo pas-
último nascido em São Jerônimo da Serra
sou e, quando percebeu, Pedro Paulo não
(PR). Em 1958, recém-formado em di-
queria mais ir embora de Nova Londrina,
reito, Pedro Paulo foi para Nova Londri-
onde, além de advogado, dava aulas e já
na decidido a permanecer uns dois anos
tinha virado plantador de café.
na cidade, pois não lhe passava pela cabeça criar raízes no sertão. Na faculdade em Curitiba, um dos seus professores, o
NAS MÃOS DOS BANCOS
ex-governador Bento Munhoz da Rocha Netto, que havia sido também ministro
O cooperativismo de crédito desponta-
da Agricultura, volta e meia comentava
va como a solução para o grave problema
em sala sobre os 25 mil alqueires de terras
enfrentado pela agricultura paranaense e
que estavam sendo vendidos a desbrava-
brasileira em geral, que vinha de um pro-
dores dispostos a abrir a mata e tentar a
cesso de descapitalização e endividamen-
vida numa região nova. Segundo Pedro
to. Quem recorria aos bancos teria que se
Paulo, o professor só lamentava que a
sujeitar a taxas de juros escorchantes, em
colonização em solo arenoso, típico do
meio aos descalabros ocorridos no Brasil
noroeste, implicaria no risco iminente
com a sequência dos pacotes econômicos,
de provocar erosão. “As famílias foram
a partir de 1986. Poucos anos antes, em 1982, a angústia do campo havia se traduzido em um protesto de grandes proporções, mobilizado 400 mil agricultores no Rio Grande do Sul e avançado para
Havia um grande número de instituições bancárias, mas os recursos destinados a financiar o campo eram reduzidos. Os bancos, na verdade, fugiam do crédito rural
outras regiões do país. Os bancos corriam do crédito rural e o governo parecia não saber o que fazer. As corporações financeiras eram muitas, formando um sistema poderoso, com instituições oficiais – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – e estaduais que ultrapassavam os limites de seus Estados, caso do Banco do Estado de São Paulo (Banespa) e o Banco do Estado de 47
Minas Gerais (Bemge), e privadas. Entre
isso excessivamente onerosas -, acabaram
os paranaenses, os dois mais importan-
extintas.
tes eram o Banco do Estado do Paraná
Em meio a um cenário de incertezas,
(Banestado) e o popular Bamerindus, da
a decisiva resposta paranaense, por meio
família Andrade Vieira, que chegou a ser
de suas cooperativas de produção, foi a
uma das maiores organizações bancárias
instituição de cooperativas de crédito ru-
do país, disputando espaço no mercado
ral. As três primeiras nasceram em 1981
com os seus principais concorrentes. En-
e, quatro anos depois, elas já eram dez,
tre eles o Banco Itaú, o Banco Brasileiro
coordenadas pela recém-criada Coopera-
de Descontos (Bradesco), o Unibanco,
tiva de Crédito Rural do Paraná (Coce-
o Banco Nacional (conhecido por ser
crer-PR). Em 1987, outras sete saíam do
um dos patrocinadores do piloto Ayr-
papel e os produtores de Nova Londrina,
ton Senna, que estampava a marca logo
cooperados da Copagra, tinham diante
acima do rosto, no seu famoso capacete
de si a oportunidade que não poderia ser
amarelo), o Banco Mercantil de São Pau-
desperdiçada de contar também com a
lo (ligado à Companhia Melhoramentos
sua própria instituição financeira.
Norte do Paraná), o Banco Mercantil do
No encontro com pioneiros organiza-
Brasil, o Banco Real, o Banco Comercial
do por Jorge Bezerra Guedes, Darci Ber-
do Paraná, o BIC, o Banco Boavista, o
tasi, que foi também contador e profes-
Banco Indústria e Comércio (Comind),
sor, contou que coube a ele, investido na
o Banco Garantia, o Banco Noroeste, o
função de diretor-secretário da Copagra,
Banco América do Sul, o Banco Tozan,
redigir a ata da memorável reunião de 12
o Banco Bandeirantes, o Nosso Banco, o
de setembro de 1988. Na oportunidade,
Banco Sulamericano do Brasil, o Banco
o presidente Olivier Grendene comen-
Geral do Comércio, o Banco Crefisul,
tou ter sido contatado pelo presidente
o Banco de Crédito Nacional (BCN), o
da Cocecrer-PR, Ignácio Aloísio Donel,
Banco Moreira Salles, o Banco Paulista
para que desenvolvesse esforços em sua
do Comércio e outros. Com o passar dos
região visando a criação de uma coope-
anos, as instituições menos competitivas
rativa de crédito. Olivier fez um amplo
foram sendo absorvidas, avançando-se
relato sobre a importância do cooperati-
para um processo de concentração do
vismo de crédito como forma de os pro-
crédito, enquanto outras, principalmente
dutores deixarem de ser reféns do sistema
as geridas pelos governos estaduais, uti-
bancário. Ele explicou que a Cooperativa
lizadas como cabides de emprego e para
Central Agropecuária do Paraná (Cocap,
conceder benesses a apaniguados - e por
extinta anos depois), a Organização das
48
Cooperativas do Estado do Paraná (Oce-
ao então presidente da Ocepar, Ignácio
par) e a Empresa de Assistência Técnica
Aloísio Donel, que mobilizaria dois inte-
e Extensão Rural (Emater), esta última
grantes do Comitê Pró-Constituição de
vinculada à Secretaria da Agricultura, já
Cooperativas de Crédito Rural: a advoga-
detinham muitas informações que pode-
da Mara Santana e o assessor Pedro Mar-
riam orientar na fundação da entidade em
tinez Cebrian, este último ligado à Ema-
Nova Londrina. Desde 1978, funciona-
ter. O presidente da Sicredi Rio Paraná
va na Ocepar o Comitê Pró-Constitui-
PR/SP, Jorge Bezerra Guedes, comentou
ção de Cooperativas de Crédito Rural e
que nessa época era médico-veterinário
contatos vinham sendo mantidos com as
e atuava no departamento de fiscalização
singulares, pelo interior, para apresentar
da Secretaria Estadual da Agricultura em
a proposta. A ideia era que, no futuro, as
Nova Londrina. A demanda da Copagra
cooperativas de produção contassem com
o envolvia diretamente. Jorge, que no se-
o seu braço financeiro e, dessa forma, de-
gundo grau havia feito o curso de técnico
pendessem menos dos bancos. Em 1988,
agropecuário e mais tarde seria graduado
já havia muitos exemplos práticos pelo
também em direito, tinha experiência em
Estado, de forma que, com naturalidade,
associativismo, pois já trabalhara em sin-
o tema mereceu prioridade na Copagra.
dicatos e como extensionista da Emater.
Ficou decidido pelo agendamento, em
Ele não poderia imaginar: anos depois, o
uma próxima reunião do conselho, da
destino faria dele o líder da cooperativa
visita de alguns especialistas, designados
que estava prestes a nascer.
pelo Cocecrer-PR, que pudessem es-
A mobilização dos produtores contou
clarecer sobre o funcionamento de uma
com um apoio importante, do escritório
cooperativa de crédito rural. Nessa oca-
local da Emater, onde o assessor de coo-
sião, recomendou-se que seria indispen-
perativismo Antonio Ferriani Branco,
sável, também, contar com a presença de
que prestava serviços junto a Copagra,
um representante do Banco Nacional de
começou a difundir a ideia.
Crédito Cooperativo (BNCC), o qual possuía agência em Maringá. Pedro Paulo de Mello disse ter sido
CREDI, O BRAÇO FINANCEIRO
convidado pelo presidente Olivier Grendene a fazer a coordenação do grupo de
Na tarde de 10 de outubro, a reunião
trabalho que visava a realizar os primeiros
convocada pelo conselho para inteirar-se
estudos para a constituição da coopera-
das informações para a criação da coope-
tiva. Contatos foram oficializados junto
rativa de crédito rural, atraiu dezenas de 49
participantes e foi realizada na Associa-
momento da Copagra seguir o exemplo
ção Atlética Cultural Copagra (AACC).
de outras cooperativas de produção e so-
Ata redigida pelo diretor Darci Bertasi
mar esforços para viabilizar o seu braço
registra o comparecimento de 38 coo-
financeiro. Ao ser convidado a pronun-
perados ativos, entre os quais os demais
ciar-se, Pedro Cebrian comentou resu-
integrantes dos conselhos de administra-
midamente sobre a história do sistema,
ção e fiscal (Olivier Grendene, Bento So-
destacando o seu avanço e o modelo de
menzari, José Bolivar Garcia Léllis, José
organização praticado em países como
Lopes Pires, Antonio Zotti Neto, Ivan
Alemanha, França e Holanda. Em re-
Chiamulera, Choken Zukeran, Manoel
lação ao Brasil, fez referência ao surgi-
Bono Belaskuzas, João Paulo Giacobbo
mento e a expansão das cooperativas de
e José Teixeira de Carvalho). Participam
crédito nas primeiras décadas do século,
dois convidados especiais: Pedro Marti-
trajetória que acabou sendo prejudica-
nez Cebrian, representando o Comitê
da pelo desvirtuamento que se observou
Pró-Constituição de Cooperativas de
em algumas dessas instituições, utiliza-
Crédito Rural, e o gerente do BNCC em
das para o proveito pessoal de dirigen-
Maringá, José Antonio Pizani.
tes, o que gerou desconfiança em todo
Ao abrir os trabalhos, o presidente
o setor. Segundo ele, o cooperativismo
Olivier Grendene expôs sobre a neces-
de crédito estava sendo, agora, passado a
sidade de desenvolvimento do coopera-
limpo. Os recursos para apoiar a agricul-
tivismo de crédito, relatando que seria o
tura vinham diminuindo gradativamente nos últimos anos, o custo do crédito disponível era abusivo e a inflação fora de controle inviabilizava a tomada de
Uma das lutas, na época, era pela constituição da poupança verde, para financiar a agricultura, uma vez que a poupança tradicional visava a apoiar a construção civil.
financiamentos. Explicou que uma das propostas era pela criação da caderneta de poupança verde, cujos recursos seriam canalizados para incentivar a produção, assinalando que a poupança tradicional visava, basicamente, a financiar a construção civil dos grandes centros urbanos. Pedro Cebrian defendeu reiteradas vezes que a solução para os agricultores seria o cooperativismo de crédito, mas deixou claro sobre a dimensão dos desafios
50
a enfrentar. As cooperativas de crédito
cooperativa de produção, utilizando a
tinham dificuldades para efetuar a capta-
mesma estrutura física e sob a gestão da
ção de recursos a longo prazo; o talão de
mesma diretoria.
cheques era fornecido pelo BNCC, que
Em sua participação, concluindo o
também fazia a compensação; os servi-
evento, o gerente da agência do BNCC
ços de cobrança só estavam permitidos
em Maringá, José Antonio Pizani, de-
pela já antiquada emissão de carnês e,
talhou sobre aspectos relacionados ao
por fim, a instalação de agências não era
funcionamento, bem como as formas de
autorizada, devendo restringir-se à sede
captação de recursos e as modalidades.
da cooperativa de produção. Em outras
Ficou claro aos participantes, em resu-
palavras: havia amarras demais e estímu-
mo, que a agricultura transferia ao siste-
los de menos, mas o único caminho a
ma financeiro quase todas as riquezas que
seguir era esse.
gerava. E, pior: depois retomava esses
Para melhor situar o leitor, no livro “Sicredi Paraná 20 anos” (2006), de au-
mesmos recursos, mas a custos altíssimos. Não podia continuar assim.
toria do jornalista Elóy Olindo Setti,
Com a Constituição de 1988, o Esta-
que reconstituiu os passos da organiza-
do deixava de participar na fiscalização
ção das cooperativas de crédito no Para-
das cooperativas. Elas poderiam orga-
ná a partir de 1982, praticamente tudo
nizar-se livremente, sem a interferên-
era proibido. Por conta dos problemas
cia e a autorização estatal, o que facili-
havidos no passado, as primeiras coope-
tava bastante o processo. No entanto,
rativas de crédito só podiam ser criadas
havia preocupação com essa liberdade
junto às cooperativas agropecuárias, elas
ilimitada, uma vez que além de o Es-
não tinham permissão para associar ou-
tado não mais exercer tutela sobre o
tras pessoas além dos agricultores e eram
setor, não se poderia contar com a es-
proibidas de abrir postos de atendimen-
trutura do Incra (Instituto Nacional de
to. No livro, Pedro Cebrian declarou
Cartografia e Reforma Agrária) para
que na época uma cooperativa de cré-
a tarefa de fiscalização, e muito me-
dito não podia fazer praticamente nada.
nos, do Senacoop (Serviço Nacional
“Você podia se filiar, depositar, sacar,
do Cooperativismo), que havia sido
mas não tinha talão de cheques próprio.
extinto. Cabia então ao próprio coo-
Como você vai entender uma institui-
perativismo, por meio de seus órgãos
ção financeira operando sem talão de
representativos, prestar apoio e fazer o
cheques?” Por fim, o assessor expôs que
controle de seu desenvolvimento, ou
a instituição deveria ser criada junto da
seja, a autogestão. 51
A ECONOMIA BRASILEIRA EM FRANGALHOS
haviam acreditado no plano governamental e contraído financiamentos para cultivar a safra. Naquele mesmo ano, o
No ano de 1988 a economia do Brasil
Estado foi assolado por um longo perío-
passava por enormes dificuldades, con-
do de estiagem que comprometeu a pro-
sequência da turbulenta situação criada
dução e reduziu drasticamente a já pre-
pelo governo a partir de 1986, quando,
judicada capacidade de pagamento dos
ao lançar o Plano Cruzado, promoveu
agricultores.
efeitos danosos para a sociedade brasileira em geral.
Não bastasse tudo isso, o governo editou um novo pacote de medidas ao final
Como este livro relata a história de uma
do primeiro semestre de 1987: o Plano
cooperativa de crédito, necessário se faz
Bresser, ou Cruzado II, que, a exemplo
contextualizar aquele momento. Em 27
do anterior, foi um retumbante fracasso.
de fevereiro de 1986, por meio de uma
As autoridades apostavam suas fichas no
canetada, o governo de José Sarney ten-
controle da instabilidade da economia,
tou estabilizar a economia, editando me-
insistindo no congelamento dos preços,
didas nada ortodoxas como a mudança
dos salários e dos aluguéis; de quebra,
da denominação da moeda de cruzeiro
adotaram a UPR, uma nova referência
para cruzado, o congelamento dos pre-
monetária, para o reajuste de preços e sa-
ços das mercadorias e dos salários e o fim
lários. A confusão era total. O ministro
da correção monetária. Mas a tal “varinha
da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira,
mágica” não funcionou. Em apenas 120
via a inflação ascender à absurda taxa de
dias, o ilusório alívio inicial deu lugar ao
23,2% no mês de maio daquele ano, pou-
desespero. Quando o plano foi editado,
cas semanas após tomar posse.
os bancos passaram a oferecer dinheiro
Na tentativa de diminuir o déficit pú-
a taxas mais que convidativas, de 1% ao
blico, o governo desativou o gatilho sa-
mês, e os mutuários deixavam, como ga-
larial, aumentou tributos, eliminou o
rantia, casas, propriedades rurais e outros
subsídio do trigo e adiou a construção de
bens. Tudo não passava de uma embos-
obras de grande porte. Mesmo com tudo
cada. Pouco tempo depois, com o des-
isso, a espiral inflacionária seguia firme-
controle da inflação, as taxas subiram ve-
mente e alcançava o índice assustador de
lozmente a níveis estratosféricos, levando
366% em dezembro de 1987, deixando a
muita gente à ruína.
todos desnorteados.
A situação ficou ainda pior para os
O leitor de menos idade que não vi-
produtores, caso dos paranaenses, que
venciou os episódios da década de 1980
52
talvez ache este relato um tanto exagerado, mas era exatamente assim: a situação beirava às raias do inacreditável. Em paralelo à inflação totalmente fora de controle, que corroia salários e arruinava empresas, a população era aterrorizada, praticamente todas as semanas, ou em períodos ainda mais breves, por anúncios de alta de combustível, tarifas públicas e
Em apenas 120 dias, o ilusório alívio inicial com o Plano Cruzado, em 1986, deu lugar ao desespero, uma vez que os juros subiram a taxas elevadas.
tudo mais. Nos supermercados, remarcadores de preços não tinham descanso e nas casas onde havia um freezer, os moradores tratavam de estocar o máximo de comida possível. Se alguém vendesse um
bancos eram restritivos quanto ao crédito
automóvel e ficasse por alguns dias com o
e cobravam juros muito elevados, mani-
dinheiro guardado em casa, perderia ra-
festações ocorriam em frente às agências,
pidamente de 20 a 30% do seu poder de
bem como bloqueios e passeatas de trato-
compra. Só gostavam da inflação os espe-
res em ruas e estradas. Ninguém aguen-
culadores, aqueles que, sem precisar tra-
tava mais.
balhar, deixavam seu dinheiro aplicado
Nessa época, o então presidente da Or-
e viviam de “rendimentos” ou de agio-
ganização das Cooperativas Brasileiras
tagem. Como a inflação era alta, havia a
(OCB), Roberto Rodrigues, publicou ar-
falsa impressão de que ganhavam muito
tigo em jornais para defender que a mais
também.
importante alternativa para a questão do
Entre os agricultores, crescia ainda
financiamento agrícola estava, defini-
mais o sentimento de que o setor rural
tivamente, na montagem no Brasil de
somente seria forte quando deixasse de
um sistema de crédito rural cooperativo,
depender tanto – e para quase tudo – das
à imagem do que se via nos países mais
instituições bancárias. Praticamente até
desenvolvidos. “Este é um componen-
meados de 1987, muitos produtores ain-
te de profissionalização do setor, através
da viviam sob a angústia de ver suas má-
da assunção, pela agricultura, de funções
quinas e caminhões recolhidos e proprie-
e serviços que hoje cobra do governo.
dades leiloadas. Mais do que nunca, eles
Da mesma forma que o agricultor preci-
sentiam na carne a necessidade de buscar
sa cuidar da tecnologia, da produção de
a independência. E como, na época, os
insumos que utiliza, da armazenagem e 53
da comercialização, da agroindústria e da
A saída seria fazer com que o dinheiro
exportação, é fundamental que o finan-
gerado pela agricultura ficasse nela mes-
ciamento da produção seja também por
ma e em seu único benefício fosse reverti-
ele assumido, através do cooperativismo
do. Nesse aspecto, o Paraná também dava
de crédito.” A ideia do modelo proposto
exemplo, vendo surgir várias cooperativas
era a integração horizontal e vertical. “O
de crédito rural em todo o Estado.
cooperativismo procura constituir cooperativas de crédito rural de primeiro grau ligadas a cooperativas de produção bem
FUNDADA A COOPERATIVA
sucedidas, especialmente porque a base do cooperativismo de crédito é a credibi-
No dia 21 de novembro de 1988, mes-
lidade e a confiança”, ressaltou Rodrigues.
mo com a impossibilidade de participa-
Ainda conforme escreveu o presidente da
ção do presidente Olivier Grendene e
OCB, “a mudança dos normativos hoje
com a presença de 32 pessoas, o conselho
vigentes no Banco Central que – ao di-
da Copagra se reuniu sob o comando do
ficultarem a participação das cooperativas
vice-presidente Bento Somenzari para
de crédito na câmara de compensação de
tratar do assunto que não poderia mais
cheques e ao impedirem a justa remune-
esperar. Era necessário agilizar a funda-
ração dos depósitos a prazo, entre outros
ção da cooperativa de crédito, uma vez
– inibe este movimento.” Roberto Rodri-
que possíveis mudanças no sistema regu-
gues saudava, no entanto, a tendência do
lamentador poderiam dificultar a consti-
BC de rever esses obsoletos normativos,
tuição de novas entidades. Como na reu-
asseverando: “Hoje já existe em nível de
nião anterior já haviam sido feitos todos
presidência do banco, uma comissão de
os esclarecimentos, decidiu-se pela fun-
alto nível que, em pouco tempo, deverá
dação da Cooperativa de Crédito Rural
estabelecer as bases do sistema integrado
do Noroeste Ltda., Credicopagra, esta-
de cooperativas de crédito rural, já bati-
belecendo-se que uma comissão de diri-
zado de Sicredi-BR. Aliás, não obstante
gentes e cooperados, a serem escolhidos
esses normativos, já há um florescente
pela diretoria-executiva, daria imediato
cooperativismo de crédito no país, espe-
andamento ao processo. Compareceram
cialmente no Rio Grande do Sul, onde
também à reunião os conselheiros Dar-
funciona uma central, a Cocecrer-RS, e
ci Bertasi, Antonio Zotti Neto, Manoel
em São Paulo, onde se localizam diversas
Bono Belascuzas, Choken Zukeran, Ivan
cooperativas de fornecedores de cana, e
Chiamulera, José Lopes Pires, João Paulo
da própria Cotia, entre outras”.
Giacobbo e Carlos Henrique de Araújo.
54
Bento Somenzari foi o primeiro diretor-presidente da Credicopagra, Darci Bertasi o diretor-administrativo e Olivier Grendene o diretor de crédito rural.
Cada associado subscreveu 10 mil quotas
e até a Assembleia Geral de 1990, foi for-
-partes no valor de dez mil cruzados, per-
mado por Bento Somenzari (diretor-pre-
fazendo um capital social no montante de
sidente), Darci Bertasi (diretor-adminis-
320 mil cruzados, cabendo ao engenhei-
trativo) e Olivier Grendene (diretor de
ro agrônomo Carlos Henrique de Araújo organizar a documentação que instrumentalizou a fundação da cooperativa. Ignácio Aloysio Donel, Pedro Cebrian e José Orlando Pizani também estiveram na reunião. Ao pronunciar-se, Donel ressaltou que a Copagra, então com 26 anos, havia conseguido destacar-se no cooperativismo paranaense e, certamente, isto também aconteceria com a sua cooperativa de crédito. Já Cebrian recordou-se das vezes em que esteve em Nova Londrina para orientar sobre a fundação da entidade, dizendo-se satisfeito pela concretização desse objetivo.
“A área de ação fica limitada ao município sede e aos seguintes: Marilena, Diamante do Norte, Itaúna do Sul, Loanda, Santa Izabel do Ivaí, Santa Cruz de Monte Castelo, Querência do Norte, Planaltina do Paraná, Terra Rica, Amaporã, Guairaçá, Porto Rico, Nova Olímpia, São Pedro do Paraná e Tapira, Estado do Paraná.”
OS PRIMEIROS DIRIGENTES
Art. 2 do Estatuto Social O primeiro conselho de administração para gerir a cooperativa entre aquela data 55
crédito rural), sendo composto também
mãe, passava por um bom momento e te-
por José Bolivar Garcia Léllis, Manoel
ria condições de suportar por algum tem-
Bono Belascuzas e Ivan Chiamulera. Já o
po as despesas da outra entidade. A legis-
primeiro conselho fiscal teve como efe-
lação era rígida, desfavorável e de nada
tivos Pedro Paulo de Mello, João Paulo
adiantaria a obstinação das lideranças e
Giacobbo e José Teixeira de Carvalho; na
a mobilização dos produtores em torno
suplência, Choken Zurekan e José Lopes
dessa ideia, se a Copagra não pudesse as-
Pires. Ficou deliberado que, inicialmente,
segurar o seu impulso inicial.
não haveria remuneração aos seus integrantes e nem cédula de presença. Eram quase todos eles dirigentes da Copagra, com interesses recíprocos, assim como
Primeiro desafio: produtores estavam desestimulados
também os primeiros associados estavam todos ligados à cooperativa de produ-
“A Copagra patrocinou a cooperativa
ção, o mesmo ocorrendo em relação aos
de crédito e emprestou a ela o seu nome”,
funcionários. As atividades começaram,
observa o presidente da Sicredi Rio Para-
muito timidamente, em março de 1989,
ná PR SP, Jorge Bezerra Guedes. Desde
depois que no dia 14 daquele mês, por
1984 em Nova Londrina, cidade onde
meio do Decur/Recof/Seaut – 89/0245, o
se instalou para prestar serviços como
Banco Central autorizou oficialmente o
extensionista rural da Emater, à qual in-
funcionamento da sociedade, aprovou o
gressou depois de aprovado em concur-
Estatuto Social e homologou os membros
so, o então médico-veterinário era “um
eleitos para os conselhos. A adesão dos
agente de desenvolvimento”, como defi-
produtores foi pequena: apenas alguns
ne. “A gente tinha que olhar a proprie-
mais próximos à administração e também
dade rural como um todo, com foco na
os entregadores de leite, pois recebiam
organização e trabalhando fortemente
seu crédito em conta.
o associativismo”, explica. Ele se recor-
O ex-diretor Darci Bertasi recordou-se
da que, em parceria com a Copagra, fo-
na reunião histórica de 15 de janeiro de
ram estruturados grupos de agricultores
2018 que o município de Nova Londrina
e também de jovens em cada entreposto
precisava com urgência de sua coopera-
da cooperativa, nos quais os participantes
tiva de crédito para apoiar os produtores.
falavam sobre a sua realidade e ouviam
Quanto a isso não havia dúvida, Mas tal
palestras sobre gestão dos negócios, alter-
conquista só foi possível, naquele mo-
nativas de diversificação e outros temas.
mento, porque a Copagra, a entidade
“Nosso principal objetivo era ajudá-los a
56
viabilizarem suas propriedades, a maioria delas de pequeno porte.” Na época, lembra Jorge, Nova Londrina e região engrossavam o fluxo migratório de famílias paranaenses em direção a outras regiões do país. Segundo ele, muita gente estava indo ou fazia planos de ir embora e Rondônia era um dos destinos mais falados. Havia desânimo e falta de perspectivas com o fim da cafeicultura local – afetada pelo nematoide, um ver-
No início, não foi fácil. Mesmo com todas as vantagens tão propaladas do cooperativismo de crédito rural para os produtores, estes se mostravam arredios, hesitantes, demorando a apoiar a ideia.
me do solo que ataca as raízes – e o pouco retorno oferecido pela pecuária. Então, logo que chegou, Jorge integrou-se à equipe composta pelo engenheiro agrônomo Reinaldo Rocha e o assessor de
integrar o departamento de fiscalização
cooperativismo Ireno Chikajevski, mer-
da Secretaria Estadual da Agricultura em
gulhando integralmente em um trabalho
Nova Londrina, Jorge recorda-se que
no qual não havia tempo a perder: “pen-
passou a acompanhar mais atentamente a
sar o município e planejar ações imedia-
movimentação que havia em outras re-
tas para tentar conter o êxodo rural.”
giões do Estado para a fundação de coo-
Uma das saídas era fortalecer a pecuá-
perativas de crédito. Ao mesmo tempo,
ria de leite, presente em muitas proprie-
começou a participar mais da Copagra.
dades, mas com uma produtividade tão
Assim, nos anos seguintes, na fase que
baixa – não mais do que 3 litros/dia por
antecedeu a fundação da Credicopagra e
animal, em média - que nem valia a pena.
após a sua constituição, ele se converteu
Para incentivar os produtores a adotarem
em um propagador do cooperativismo,
novas técnicas e melhorar o seu desempe-
procurando dialogar com os produtores
nho, Jorge começou a organizar torneios
e conscientizá-los sobre a importância da
leiteiros, com a participação da Copagra.
ativa participação de cada um.
Dessa forma, a cooperativa estruturaria
Constituída, mas ainda sem oferecer
um laticínio, ao qual Jorge, como mé-
atendimento, a Credicopagra começou a
dico-veterinário da Emater, manteve-se
receber a integralização de capital social
diretamente envolvido.
de produtores que se associavam. Por al-
Em 1987, deixando a Emater para
gum tempo, os dirigentes e praticamente 57
toda a equipe gerencial e de colaborado-
a ideia era boa mas os produtores estavam
res da Copagra, passou a pedir aos coope-
desestimulados e pareciam não assimilar
rados que fizessem a sua ficha cadastral na
muito bem a sua necessidade de partici-
cooperativa de crédito e integralizassem
pação no ‘banquinho da Copagra’, como
capital. A lógica era que, quando final-
eles chamavam”, relembra Jorge Bezerra
mente entrasse em operação, dentro de
Guedes.
alguns meses, a entidade contaria com um volume de recursos próprios.
O desafio, portanto, se mostrava maior do que o imaginado: no trabalho para ala-
Para os dirigentes, em suas conversas
vancar a cooperativa, começou a ser per-
com os produtores, o mais importante é
cebida uma certa frieza e o afastamento
que o associado seria o dono do negó-
dos produtores, no âmbito regional, por
cio. Se houvesse sobras, estas seriam dis-
mais que lideranças respeitáveis como a
tribuídas, como no sistema cooperativista
de Olivier Grendene conferissem credi-
de produção. Contudo, deixavam claro
bilidade e prestígio à iniciativa. Mesmo
que nessa etapa inicial, como os recursos
com todas as vantagens tão propaladas do
ainda seriam muito escassos, não haveria
cooperativismo de crédito rural para os
como fazer frente aos bancos. A expec-
produtores, estes se mostravam arredios,
tativa era trabalhar firmemente e apostar
hesitantes, demorando a apoiar a ideia.
no futuro: tão logo o sistema se conso-
O motivo o leitor compreenderá logo
lidasse, provavelmente os associados se-
adiante.
riam beneficiados com crédito mais em
Cinco meses após o último encontro
conta que os custos normais de mercado.
na Copagra, em que se decidiu constituir a cooperativa de crédito, os conselheiros foram convocados para duas reuniões em
FOI PEQUENA A ADESÃO
datas muito próximas, no mês de abril. Havia motivos para preocupações.
Inesperadamente, a despeito de todos
Na primeira, na tarde de 14 de abril de
os argumentos e esforços empreendidos,
1989, eles se encontraram para que fos-
a resposta dos produtores não foi a espe-
sem colocados a par de como estava sen-
rada. Nesse início, a adesão era pequena,
do encaminhada a Credicopagra. Pre-
muito abaixo das expectativas, seguindo
sentes Olivier Grendene, Manoel Bono
num ritmo vagaroso, diferente de outras
Belascuzas, Adalberto Carbonieri, Anto-
cooperativas de crédito que iam ganhan-
nio Gomes Silva Filho, Aristides Augus-
do impulso e robustez. “A Credicopagra
to Martins, Fernando Tadashi Kamita-
acabou sendo mais ideológica no começo,
mi, João de Alencar Barbosa, Napoleão
58
Augusto Chiamulera, Tomomi Muraka-
forte dependência das cooperativas de
mi e Pedro Paulo de Mello. Nessa oca-
crédito em relação ao Banco do Brasil,
sião, fora convidado também o funcio-
seu concorrente direto. Sem autonomia,
nário Luiz Carlos Mascarello, ex-gerente
elas serviam como meras repassadoras de
da agência do Bamerindus na cidade, o
crédito do BB. Olivier comentou tam-
qual, devido a sua experiência com ins-
bém, nessa oportunidade, sobre as trata-
tituição financeira, havia sido contratado
tivas que a Organização das Cooperati-
para estruturar e fazer a gestão do novo
vas Brasileiras (OCB) vinha procurando
empreendimento. Ao explanar sobre os
manter com a Febraban (Federação Bra-
preparativos para o início das ativida-
sileira dos Bancos) para a criação de um
des, Luiz Carlos declarou que, apesar da
banco cooperativo. De qualquer forma,
pouca integralização de capital, o início
tanto no caso do BB quando da Febra-
do funcionamento não demoraria mais
ban, a sensação reinante no setor era
do que noventa dias. E, autorizado pelo
bastante incômoda: a de que se estava
presidente, informou que havia repassado
sob o controle de quem não tinha in-
1% da conta capital dos fornecedores de
teresse algum no desenvolvimento do
leite, em grande número na época, para
cooperativismo de crédito no país.
integralizar a cooperativa de crédito.
Para Jorge Bezerra Guedes, a situação era essa mesma. Na visão dele, o Banco Central não via muito progresso no coo-
Uma situação incômoda
perativismo de crédito, pois, conforme algumas lideranças do setor financeiro se
Na segunda reunião, apenas cinco dias
expressavam, imaginava-se que as coo-
depois, o presidente da Copagra e diretor
perativas de crédito não tinham dono e
de crédito rural da Credicopagra, Olivier
eram vulneráveis a desvios de finalidade.
Grendene, reportou-se, apreensivo, às
Morreriam na casca. Chegavam a duvi-
incertezas que pairavam sobre o coope-
dar de sua capacidade de organização e,
rativismo de crédito rural no Brasil. Fa-
de forma clara, a Febraban, por motivos
lando a Bento Somenzari, Darci Bertasi,
óbvios, era contrária ao desenvolvimento
Adalberto Carbonieri, Aristides Augusto
desse sistema de crédito.
Martins, Manoel Bono Belascuzas, João
Foi nesse clima que, pouco tempo de-
de Alencar Barbosa e Tomomi Muraka-
pois, a Credicopagra iniciou timidamen-
mi, ele justificou a falta de convicção que
te a sua operação, ocupando um pequeno
algumas lideranças demonstravam quan-
espaço na sede da cooperativa de produ-
to a continuidade do sistema, devido a
ção. Antes de começar, foi preciso fazer 59
um balanço contábil do período até en-
recursos próprios, de fundos e quotas de
tão, relacionar o montante das integra-
capital. E, por normas estatutárias, era
lizações efetuadas pelos primeiros asso-
obrigada a aplicar 80% desse dinheiro em
ciados, e endereçar uma carta ao Banco
crédito rural, ficando liberada para apli-
Central comunicando o início das ativi-
car os 20% restantes em empréstimos não
dades. A estrutura despertou a curiosida-
especificados.
de dos produtores.
O cooperado que abria sua conta na
Coube à Copagra ceder o espaço físico e
Credicopagra poderia operar exatamen-
provê-lo de móveis, utensílios e dos equi-
te como em um banco tradicional. Teria
pamentos necessários, fornecer material de
o seu talão de cheques e movimentaria
escritório e também os primeiros funcio-
normalmente, com depósitos e saques,
nários. Era como mais um departamento
bem como recolheria tributos e efetua-
na estrutura da cooperativa de produção.
ria o pagamento de tarifas de água e luz. Para entrar na câmara de compensação de
ENFIM, EM FUNCIONAMENTO Como acontecera em relação às demais cooperativas, o Banco Central havia aberto uma conta da Credicopagra no BNCC. O primeiro trabalho foi debitar o pouco dinheiro integralizado pelos associados, que estava no BNCC, e creditá-lo na conta capital dos mesmos, utilizando fichas, nas quais os números eram datilografados. Abertas as conta-correntes, os associados recebiam os talões de cheques for-
”Foi solicitado aos presentes divulgarem a finalidade e os benefícios que trará uma Cooperativa de Crédito Rural para a região, devendo isso ser feito através das reuniões locais e comitês educativos da Cooperativa de Produção”...
necidos pelo banco cooperativo, para movimentá-las. A Credicopagra tornouse uma prioridade para a Copagra, que canalizou todos os seus pagamentos aos cooperados via cooperativa de crédito. De início, a cooperativa trabalhava apenas com depósitos à vista e utilizando 60
(Ata número 001/89 da reunião ordinária do conselho de administração, de 8/5/89)
cheques, as cooperativas de crédito utili-
descobriu-se que o referido funcionário
zavam-se do BNCC. Por isso o talão era
havia provocado uma fraude com recur-
daquele banco. A Credicopagra, por sua
sos dos associados, o que gerou uma ação
capilaridade, fazia também o repasse de
penal e a condenação prolatada no ano
crédito rural do Banco do Brasil e, para
de 1998. A cooperativa não permitiu que
reforçá-la, a Copagra transferiu para ela
nenhum associado tivesse prejuízo, mas o
uma parte dos recursos que movimentava
episódio traria ainda mais dificuldades à
com as instituições financeiras da cidade.
viabilização da estrutura.
Até então, a Copagra supria os seus cooperados com recursos para o financiamento de insumos, pagos a prazo. O dinheiro provinha principalmente de
O PROBLEMA QUE RESPINGOU AQUI
grandes bancos, que usavam as cooperativas de produção para aplicá-lo em crédito rural.
O problema, na realidade, não se limitava ao que havia acontecido na Credicopagra e isto ficou claro na reunião histórica promovida em 15 de janeiro de 2018.
A ideia quase morreu na casca
Havia outro preocupante fator em cena. O presidente da Sicredi Rio Paraná PR/ SP, Jorge Bezerra Guedes, descreveu que
Tudo bem: se o cooperativismo de cré-
uma das principais causas dessa indife-
dito era, como foi dito reiteradas vezes,
rença teria sido o desencanto dos produ-
a única alternativa para os produtores
tores locais, em grande parte de origem
rurais não ficarem tão reféns do sistema
gaúcha, com os rumos do cooperativis-
bancário - onde os recursos para apoiá
mo no Rio Grande do Sul. Depois de
-los em seus negócios estavam cada vez
apresentar um pujante crescimento e se
mais minguados e caros -, por qual moti-
tornar referência para os demais Estados,
vo eles se mostravam relutantes em aderir
o sistema cooperativo sul-rio-granden-
à sua cooperativa?
se, antes motivo de orgulho, mergulhara
Um fato negativo poderia ter coloca-
em dificuldades, não atendera às expec-
do tudo a perder já no nascedouro da
tativas a que se propusera e isto acabou
cooperativa. Para colocá-la em funcio-
impactando a recém-nascida cooperativa
namento, fora contratado um profissio-
de crédito de Nova Londrina, município
nal experiente no sistema bancário. Pas-
onde as famílias provenientes de terras
sados alguns poucos meses, no entanto,
gaúchas eram numerosas. 61
“Cooperativa, não!”
cooperativismo no Rio Grande do Sul desgastava não apenas a Credicopagra,
“Quando a gente saía para tentar
mas o sistema cooperativista como um
convencer os produtores a abrirem
todo. Sem esquecer que as organiza-
conta na Credicopagra, eles comenta-
ções desse setor - a exemplo do que
vam sobre os problemas do cooperati-
se observara naquela difícil década
vismo no Rio Grande do Sul, que era
de 1980 com as empresas em geral -,
o mais respeitado na época. Por isso,
muitos prejuízos acumularam em ra-
a gente evitava falar em cooperativa,
zão dos graves problemas econômicos
achava melhor falar no ‘banquinho da
enfrentados pelo país, que pareciam
Copagra’”, relembrou o ex-conselhei-
não ter trégua.
ro Aléssio Roman, explicando que algumas pessoas não queriam mais nem ouvir falar em cooperativa. Segundo o também ex-conselheiro Arnaldo Mazzotti, as adesões aconteciam, não raramente, mais pela amizade e o respeito que os produtores tinham por Olivier Grendene e seu grupo, do que pelos propósitos da cooperativa. Procuravam apoiá-los em sua causa. “Mais do que uma liderança cooperativista, o Dr. Olivier era um grande e muito querido líder político”, frisou. Se por um lado muitas das famílias procedentes do Rio Grande do Sul demonstravam não nutrir a mesma con-
”Foi apresentada uma proposta para implantação de um sistema próprio de processamento de dados dos serviços da Cooperativa, uma vez que vêm sendo prestados pela Cooperativa de Produção, que tem dado preferência aos próprios serviços, deixando em atraso os da Cooperativa de Crédito”...
fiança e a boa vontade de antes com o cooperativismo, o que dizer daqueles que tinham vindo de outros Estados, como os paulistas, e relacionavam o sistema cooperativo aos gaúchos? O cenário não era nada favorável. A verdade é que a difícil situação do 62
(Ata número 002/89 da reunião ordinária do conselho de administração de 01/09/89)
O governo judiou
uma enorme perda no seu poder de troca, acumulada ao longo dos anos, como
Depois dos citados planos econômi-
efeito de uma política equivocada para
cos Cruzado e Bresser, que colocaram
o setor. De acordo com números da
a economia de pernas para o ar, o ano
Ocepar, em junho de 1986 um produ-
de 1989 começava com uma nova in-
tor precisava de 1.338 sacas de soja ou
vestida do governo, na tentativa de
2.063 sacas de milho ou ainda de 75 mil
arrumar a casa. No dia 16 de janeiro,
litros de leite para adquirir um trator
em meio ao descrédito geral, o presi-
MF-275. Poucos anos depois, em ja-
dente Sarney lançava o Plano Verão.
neiro de 1990, a diferença era abismal:
Entre as medidas anunciadas, uma lei
3.138 sacas de soja ou 5.185 sacas de
modificava o rendimento da cader-
milho para comprar a mesma máquina,
neta de poupança, promovia o con-
que custava nada menos que o equiva-
gelamento de preços e salários, criava
lente a 165 mil litros de leite.
uma nova moeda - o Cruzado Novo, inicialmente atrelado ao dólar -, e decretava o fim da OTN, ferramenta
UMA LUTA RENHIDA
que referenciava a correção monetária. E assim como já havia acontecido
O espaço em que ficava localizada a
com o Plano Bresser, o Verão tam-
Credicopagra, no interior da sede da
bém trouxera desajustes às cadernetas
cooperativa, havia sido pintado numa
de poupança, registrando perdas que
cor diferente das demais dependên-
chegavam a mais de 20%.
cias, para continuar chamando a aten-
Com a economia em constante cri-
ção dos produtores que, com o passar
se, a agricultura seguia seu curso aos
dos meses, iam se aproximando e co-
trancos e barrancos e ninguém tinha
meçando a fazer negócios. Por mais
motivos para comemorar, a não ser as
que aquela estrutura financeira fosse
instituições bancárias, que faturavam
acanhada, as agências bancárias de
mais do que nunca com a transferên-
Nova Londrina já percebiam que algo
cia da riqueza do campo para o sistema
começava a mudar. Apesar de todas as
financeiro.
dificuldades e limitações enfrentadas
No final de 1989, ao chegar ao tér-
pelo cooperativismo de crédito no
mino do seu mandato, o presidente
país até então, o movimento só fazia
José Sarney deixava uma herança que
crescer no Paraná e em outras regiões
nenhum agricultor gostaria de receber:
do país. 63
Muitas adversidades
determinação para beneficiar os produtores rurais, não fosse bem-sucedido”,
Olivier Grendene e seu grupo haviam
assevera.
se empenhado de corpo e alma em mais
Esse temor, que perdurou por algum
essa luta e sabiam de antemão que nada
tempo, começaria a dissipar-se lenta-
seria conquistado com facilidade. Esta-
mente, “mas foram muitos os trancos e
vam habituados às lutas renhidas pelo
solavancos”, reitera Jorge. Em resumo,
desenvolvimento econômico do muni-
os desafios nessa história inicial da Cre-
cípio e região e mesmo analisando que
dicopagra somente poderiam ter sido
os desafios, às vezes, pareciam grandes
superados com muita confiança e deter-
demais, nunca deixavam de acreditar. A
minação. “Chegou uma época em que só
experiência de vida conferia a ele e a seus
restou ao presidente da Copagra, Olivier
companheiros a necessária resiliência nas
Grendene, expressar a sua convicção pes-
constantes adversidades, a percepção para
soal, a sua palavra, de que a cooperativa
entender os altos e baixos de uma jornada
de crédito, mesmo tão enfraquecida, te-
na qual poucos se habilitariam a enfrentar,
ria um grande futuro se os produtores a
a assimilar conhecimentos novos mesmo
apoiassem.” Era difícil, muito difícil ser
no amargor de eventuais frustrações, a
convincente àquela altura e fazer com
vislumbrar oportunidades onde nada se
que eles continuassem acreditando no so-
podia ver e, principalmente, a confiar
nho que, para alguns, parecia irrealizável.
sempre nos frutos do trabalho em união.
Felizmente, a maior parte dos produto-
Até que a Credicopagra se estruturasse, foram muitos e os mais variados os reve-
res acreditou – e a história seguiu o seu curso.
zes dos quais foi vítima, chegando-se a
No dia 6 de fevereiro de 1990, durante
pensar, na cidade, que a cooperativa não
Assembleia Geral Ordinária, é realizada
sobreviveria.
prestação de contas do exercício 1989 e
Jorge Bezerra Guedes lembra que uma
eleito o conselho que governaria a en-
conjunção de adversidades parecia cons-
tidade até 1993, permanecendo Bento
pirar para impedir o desenvolvimento da
Somenzari na presidência, Darci Bertasi
entidade. “Olivier Grendene o seu gru-
como diretor-administrativo e Olivier
po foram colocados à prova de todas as
Grendene na função de diretor de cré-
formas. Foi um período muito sofrido
dito rural, ao lado dos demais conselhei-
e até mesmo de constrangimentos para
ros Ivan Chiamulera, José Lopes Pires e
eles, pois havia o receio de que o proje-
Gilberto Carlos Fadel. No conselho fis-
to ao qual haviam se dedicado com tanta
cal, são aclamados Pedro Paulo de Mello,
64
Luiz Valdir Moreira e Jaime Mega (efe-
emitidas e estavam a caminho da com-
tivos), Gilberto Luiz Roman, Valdir An-
pensação, já não valiam mais nada, pois
tonio Palmieri e Luiz Lúcio (suplentes).
não havia como compensá-los e foram devolvidos. Com a devolução, os credores correram atrás dos produtores emi-
UM PESADELO, O FIM DO BNCC
tentes que, por sua vez, cobravam explicações da Credicopagra. Para complicar,
No dia 16 de março de 1990, um dia
ninguém na cooperativa ou em qualquer
depois de tomar posse, o presidente Fer-
outra do Brasil, sabia informar aos asso-
nando Collor de Mello anunciava mais
ciados onde tinha ido parar o seu dinhei-
um plano mirabolante para tentar co-
ro. A confusão era geral. Só com o passar
locar a economia nos trilhos. Seria um
das semanas é que começaram a circular
novo pesadelo para a população, em que
notícias dando conta que a Organização
houve a retenção da maior parte dos re-
das Cooperativas Brasileiras (OCB) esta-
cursos que estavam em conta-corrente
va tratando do assunto junto ao governo.
e também os depositados na poupança,
Ata da AGO da Credicopagra de 23 de
congelados os preços das mercadorias e
fevereiro de 1991 registra que as medi-
salários, eliminados os incentivos fiscais
das do chamado Plano Brasil Novo, do
e reajustadas as tarifas dos serviços públi-
governo Collor, “alcançaram a todos os
cos. Entre outras medidas, Collor extin-
brasileiros e impuseram especialmente ao
guiu diversos institutos governamentais, decretando o fechamento do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), instituição de grande interesse na época para o cooperativismo e a agricultura. Sem dúvida, o fim inesperado do BNCC ampliou em muito as dificuldades para as cooperativas de crédito. De um dia para o outro, elas perderam o talão de cheques, a câmara de compensação e até a caderneta de poupança. Fácil imaginar o tamanho estrago e os transtornos que isso ocasionou aos associados, uma vez
O fim inesperado do BNCC ampliou em muito as dificuldades para as cooperativas de crédito. De um dia para o outro, elas perderam o talão de cheques, a câmara de compensação e até a caderneta de poupança
que seus talões de cheques haviam perdido a utilidade. As folhas que tinham sido 65
sistema cooperativo de crédito, às coo-
um sério dilema: elas estavam, nesse novo
perativas de produção, seus cooperados
cenário, completamente vinculadas ao
e funcionários, um duríssimo desafio. A
BB – e mais dependentes do que nunca
extinção do BNCC deixou-nos total-
de seu concorrente direto. “O novo con-
mente desamparados”.
vênio firmado é parcial, o que nos obriga
Nessa situação, as cooperativas de cré-
a diminuir o ritmo de nossas atividades,
dito ficaram à deriva e a única solução
deixando-nos poucas opções de oferta a
encontrada pela Cocecrer-PR foi fazer
nossos associados”, incluiu a ata.
um acordo com o Banco do Brasil, o que demorou vários meses para concretizarse. Elas passaram a utilizar o talão de che-
PREGANDO NO DESERTO
ques e também a câmara de compensação do BB, além de captarem poupança para
Jorge Bezerra Guedes conta que se as
esse banco. Só assim as cooperativas con-
dificuldades já eram grandes para as coo-
seguiram retomar o seu funcionamento
perativas de crédito, acabaram ficando
com alguma normalidade, mas diante de
ainda maiores após as duras medidas tomadas pelo governo Collor. “O sistema ficou muito desacreditado, o produtor não se interessava pela cooperativa de crédito, ele continuava aceitando a ideia,
...”Por mim, secretário, foram apresentadas as propostas de admissão de novos cooperados, senhores Olaf Fey, José Ribeiro de Souza, Geraldo Apolinário de Oliveira, Jorge Bezerra Guedes...”
mas não investia na estrutura. “Os dirigentes e voluntários do cooperativismo de crédito pregavam no deserto”, afirma, acrescentando que poucos aceitavam fazer parte dos conselhos de administração e fiscal, até porque deveriam assinar financiamentos em que colocavam seus bens pessoais como garantia, sem que houvesse algum incentivo ou remuneração.
(Ata número 007/91, da reunião ordinária do conselho de administração de 23/05/91)
Ao participar de uma reunião do conselho fiscal da Cocecrer, no mês de janeiro de 1992, em que foi analisado o desempenho das cooperativas de crédito, o presidente Bento Somenzari voltou muito preocupado para Nova Londrina. A Credicopagra
66
estava entre as últimas no ranking, “com
O SETOR SEM APOIO
um patrimônio líquido muito baixo e um volume de depósitos em conta-corren-
Como se previa, o plano de estabiliza-
te disponível igualmente inexpressivo”,
ção econômica não teve resultado e a in-
conforme registra a ata 013/92 da reunião
flação voltou com força total, castigando
ordinária do conselho de administração
principalmente a população das camadas
de 30.01.92. Na oportunidade, Somenzari
menos favorecidas. O Brasil vivia tempos
foi avisado de que a sua entidade iria re-
de sobressaltos e, em meio a tudo isso,
ceber em breve a visita de representantes
foram editadas novas medidas para reor-
da central: “seremos alertados que devemos
ganizar a economia, ainda mais duras,
melhorar ou então convidados a dissolver a
como a desindexação, o controle de pre-
cooperativa”, registrou.
ços e salários e novos aumentos das tarifas
Mas, sem entregar os pontos, na ata da
públicas. Na agricultura, o produtor viu
AGO realizada em 31 de março de 1992,
agravar-se o processo de descapitalização
consta que o presidente chegou a pedir aos
em que já se encontrava há anos, teve
associados que fossem “mais otimistas”,
seus ganhos reduzidos em termos reais e
pois vários deles acreditavam que com a
foi obrigado a conviver com pesadas ta-
extinção do BNCC, o sistema de crédito
xas de juros e altos custos de produção.
não se sustentaria por muito tempo.
Em 1992, a Ocepar elaborou a “Carta de
A Credicopagra, na medida de suas
Curitiba em Defesa da Agropecuária”,
possibilidades, prestou serviços essenciais,
que exigia, entre outras medidas, apoio
financiou o custeio da produção por meio
ao setor, lembrando que as cotações agrí-
do repasse e garantiu amparo aos produ-
colas estavam 30%, em média, abaixo dos
tores que pediam Proagro [Programa de
preços mínimos. Na Carta, entregue ao
Garantia da Atividade Agropecuária]. E,
governo, o presidente da entidade, Igná-
naquela mesma AGO, anunciou a inten-
cio Aloysio Donel, lembrava ainda que a
ção de abrir uma agência em Querência
queda real da renda dos produtores che-
do Norte como alternativa para alavancar
gava a 50% nos últimos dez anos. Mes-
sua operação, além de iniciar a distribui-
mo assim, os produtos agrícolas nacionais
ção de talonário de cheques especiais aos
perdiam espaço para importados por cau-
associados.
sa dos subsídios recebidos pelos produto-
Em resumo: para tentar escapar da in-
res em países concorrentes.
solvência, a cooperativa não poderia ficar
Preocupado com o efeito direto de
restrita aos cooperados da Copagra, mas
sua política equivocada para o campo,
buscar associados pela região.
que resultara na diminuição da safra de 67
alimentos, o governo lançou algumas
legais e regulamentações pertinentes. O
medidas para tentar reanimar os produ-
único obstáculo, segundo Gustavo Loyo-
tores. Nesse contexto, as cooperativas
la, seria o artigo 46 da Resolução número
continuaram sendo fundamentais, as-
1914, que precisava ser revisto para abrir
segurando o fornecimento de insumos
a legislação ao cooperativismo de crédito.
básicos e fazendo a complementação dos
Por isso, há o reconhecimento, por par-
recursos financeiros a custos suportáveis.
te do setor, de que Gustavo Loyola não só se mostrou favorável ao sistema, como determinou que os técnicos do Banco
ENFIM, BOAS NOTÍCIAS
Central preparassem os normativos, tornando esse objetivo possível.
Depois de vários anos consecutivos de dificuldades, aflições, entraves, graves problemas e uma situação sufocante que parecia não ter fim, o cooperativismo de crédito havia resistido a duras penas e a Credicopagra estava entre as organizações “sobreviventes”. No Rio Grande do Sul, no Estado de São Paulo e mesmo no Paraná, algumas delas haviam encerrado atividades, a exemplo do que acontecera também no segmento da produção. O caso mais emblemático havia sido a insolvência da Cotia, uma das maiores do Brasil na época, e outras cooperativas importantes estavam prestes a fechar as portas. No meio desse tiroteio de notícias pouco alvissareiras, uma, pelo menos, agradou as lideranças do cooperativismo de crédito. Em 1993, ao ser consultado pela
...”Apesar das tentativas, o sistema financeiro continuou submetido a constrangimentos que afetaram a rentabilidade das operações. Nós, cooperativas de crédito, pequenas e desamparadas, amarradas a convênios que restringem nossas atividades, somos dentro do sistema financeiro, as que mais sentiram os reflexos desses acontecimentos”...
OCB, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, declarou que nada tinha contra a pretensão do sistema cooperativo brasileiro de constituir um banco múltiplo, desde que observadas as normais 68
(Trecho do relatório de administração de 1992)
Recorda-se que com a extinção do
contava até então com 607 associados, a
BNCC em 1990, o cooperativismo bra-
assessora jurídica da Cocecrer-PR, Mara
sileiro havia ficado à deriva, sem o seu
Santana, explicou que estava em anda-
banco. E as cooperativas de crédito rural
mento uma reforma estatutária para que
dependiam excessivamente do Banco do
aquela central assumisse o gerenciamento
Brasil, que demonstrava não ter interesse
do Sistema de Crédito Rural Cooperativo
em apoiar o desenvolvimento do sistema.
(Sicredi) no Estado, onde operavam 32
Desde então, as cooperativas passaram a
cooperativas. Seria um passo importante
articular-se com o objetivo de constituir
também, segundo ela, para fortalecer e
um banco próprio.
ampliar os serviços oferecidos.
Os ventos pareciam, mesmo, ter mudado de direção. Em 1992, por decisão de todas as cooperativas, a antiga Cocecrer
A Credicopagra por um fio
-RS e suas filiadas haviam se unificado com a denominação de Sistema de Cre-
O sonho de contar com um banco pró-
dito Cooperativo, Sicredi. Tal episódio
prio impunha exigências às cooperativas
teria especial relevância para o futuro do
de crédito, que deveriam melhorar o seu
cooperativismo de crédito no Brasil, por-
patrimônio líquido, sob pena de enfren-
que se começava a trabalhar o embrião de
tarem ainda mais dificuldades. Era o caso
um banco para o setor.
da Credicopagra, que vinha apresentando
Em 1992, Pedro Paulo de Mello e Jorge Bezerra Guedes são eleitos membros efetivos do conselho fiscal da cooperativa. E, no dia 24 de março de 1993, completada a gestão liderada por Bento Somenzari, um novo conselho é aclamado em AGO, agora sob a presidência de Olivier Grendene, tendo como companheiros o diretor-administrativo Manoel Bono Belascuzas, o diretor de crédito rural Valdir José Veit e outros três integrantes: Adalberto Carbonieri, Jorge Bezerra Guedes e Pedro Paulo de Mello.
Há o reconhecimento, por parte do setor, de que o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, teve atuação importante no sentido de que o segmento cooperativista pudesse contar com um banco próprio.
No ano de 1994, ao participar como convidada da AGO da Credicopagra, que 69
entidade. Mas como conseguir isso, em meio a tantas adversidades? A situação era desesperadora.
”Hoje a Credicopagra conta no mercado de investimentos, com as poupanças RDC (Recibo de Depósito Cooperativista) a prazo fixo, o Fundo de Aplicação Diário, o “Fundão” e, para meados do primeiro semestre de 1994, teremos o commodities. Por não ser um banco, e sim uma cooperativa de crédito, foram grandes as conquistas”...
Em relação ao banco, a mesma ata registra que a circular 229 de 05/10/94 da Cocecrer-PR, informava da realização de um concurso interno entre a central, suas filiadas e funcionários, para escolher a denominação e a sigla da instituição prestes a ser fundada.
O PLANO REAL Nesse mesmo ano de 1994, o presidente Itamar Franco conseguiria, finalmente, organizar e implementar um programa de estabilização econômica com resultados duradouros, iniciado oficialmente no
(Trecho do relatório de administração de 1993)
dia 27 de fevereiro. A Medida Provisória 434 havia instituído a Unidade Real de Valor (URV), estabelecido regras de conversão e uso de valores monetários, iniciado a desindexação da economia e determinado o lançamento de uma nova
resultados negativos seguidamente. A
moeda, o Real. Foi o mais amplo progra-
cooperativa “sangrava”, parecia conde-
ma econômico já realizado, e tinha como
nada a desaparecer. “Para a Credicopagra
objetivo principal o controle da hipe-
se viabilizar é preciso que haja cresci-
rinflação. Utilizava-se de diversos ins-
mento de nosso patrimônio líquido, que
trumentos econômicos e políticos para a
é muito baixo”, relata a ata de número
redução da inflação que chegara a 46,6%
31 da reunião ordinária do conselho de
em junho de 1994, época de lançamento
administração de 07/10/94, mencionan-
da nova moeda. A idealização do proje-
do a necessidade de conscientizar os as-
to, a elaboração das medidas do governo
sociados para que eles capitalizassem a
e a execução das reformas econômica e
70
monetária contaram com a contribuição
janeiro de 1989, quando a moeda en-
de vários economistas, reunidos pelo en-
colheu mais três zeros e virou Cruzado
tão ministro da Fazenda e futuro presi-
Novo; pouco tempo depois, em 16 de
dente da República, Fernando Henrique
fevereiro de 1990, voltava a ser Cru-
Cardoso. Era o conjunto de medidas de
zeiro, mantendo os zeros. E passou a
estabilização econômica mais eficaz da
chamar-se Cruzeiro Real a partir de 10
história, combatendo a inflação, recupe-
de agosto de 1993, perdendo três zeros.
rando o poder de compra da população
Por fim, desde 1º de julho de 1994, a
e remodelando os setores econômicos
mudança em definitivo para Real.
nacionais.
SEM DINHEIRO NA PRAÇA UM FESTIVAL DE ZEROS Se por um lado o Plano Real conserParece piada, mas não é. Os livros re-
tou a economia, de outro os produtores,
gistram o tamanho descalabro da eco-
mais uma vez, tiveram que assumir um
nomia brasileira num período de apenas
ônus muito pesado. Inacreditavelmen-
29 anos, entre julho de 1965 e junho de
te, as medidas não previam preservar o
1994. Em tão curto espaço de tempo, a
segmento rural, que já vinha debilitado
inflação acumulou 16 dígitos e um per-
em razão dos desastrados pacotes an-
centual inacreditável de 1,1 quatrilhão
teriores. O maior problema estava nos
por cento. Os brasileiros perderam a
contratos de financiamentos assinados
noção do tamanho desses números por-
antes de junho de 1993, em que os to-
que, a cada reforma monetária ocorrida
madores foram prejudicados pela cor-
a partir de 1986, eram eliminados três
reção da Taxa Referencial (TR) plena.
zeros do valor da moeda, totalizando
Isto significa que, por exemplo, o agri-
doze.
cultor que tomou dinheiro emprestado
Com o Plano Real, o Brasil acertou
em 28 de abril de 1993, em vez de seu
sua economia e acabou com as cons-
débito ser corrigido dessa data até o fi-
tantes mudanças do dinheiro. Para se
nal do mês em 2,5%, foi atualizado com
ter ideia, de 1986 a 1994, a moeda teve
a TR plena do mês, de 28,22%.
cinco denominações. Até 28 de feverei-
Por outro lado, a retração do crédito
ro de 1986, vigorava o Cruzeiro que,
rural se acentuava: o governo prometia
naquela data, perdeu lugar (e três ze-
muito, mas dinheiro que é bom, os pro-
ros) para o Cruzado; isso foi até 15 de
dutores não viam a cor. Isso pressionava 71
as cooperativas de produção, obrigadas
frustração de safra.
a achar meios de financiar a venda de
Configurava-se o que ficou conhe-
insumos básicos aos cooperados e tam-
cido como “boca do jacaré”: o des-
bém as de crédito, caso da Credicopa-
compasso entre o brutal aumento dos
gra, que não podia fazer muita coisa,
custos e a forte redução na capacidade
mas ajudava o quanto possível.
de pagamento. Essa defasagem entre as despesas e a receita agravou ainda mais a descapitalização do setor. Muitas coo-
SE CORRER O BICHO PEGA...
perativas, que já vinham sofrendo por causa dos planos anteriores, passaram
Os pequenos e médios produtores
por sérias dificuldades e provavelmente
precisavam aguardar até o final do pra-
não sobreviveriam não fosse pelos pro-
zo de plantio para saber como arranjar
gramas implantados nos anos seguintes,
o total de recursos que necessitavam.
à custa de muita pressão do setor, como
O jeito, para muitos deles, que esta-
securitização [tornar uma dívida com
vam sendo socorridos em parte pelas
determinado credor em dívida com
cooperativas, era completar com as
compradores de títulos no mesmo va-
próprias reservas ou, em último caso,
lor], Pesa (Programa Especial de Sanea-
recorrer aos bancos e sujeitar-se aos
mento de Ativos) e Recoop (Programa
juros altos. Para complicar ainda mais,
de Revitalização de Cooperativas de
os preços dos principais produtos agrí-
Produção).
colas, como soja e milho, estavam em queda no mercado internacional, o que aumentava muito o risco de não con-
Transferência de renda
seguirem quitar os seus compromissos financeiros, sobretudo se houvesse uma
Se
as
cooperativas
de
produção
Configurou-se o que ficou conhecido como “boca de jacaré”: o descompasso entre o brutal aumento dos custos e a forte redução na capacidade de pagamento.
72
cambaleavam, as de crédito a elas atre-
de seis na diretoria da cooperativa de
ladas, balançavam para o mesmo lado.
crédito. O médico pioneiro em Nova
De acordo com o livro “Ocepar 35
Londrina, que havia entrado para a his-
anos”, o plano econômico, em sua fase
tória como o terceiro prefeito da cida-
inicial, foi extremamente prejudicial ao
de e se consolidado entre as lideranças
setor produtivo. Nesse período, ainda
mais respeitáveis do cooperativismo
segundo a publicação, a maior parte dos
paranaense, estava passando o bastão:
informes produzidos no ano de 1995
era o momento de abrir espaço para que
trouxe reportagens e estudos relaciona-
outros dessem seguimento ao trabalho.
dos à crise do setor agropecuário. Uma
Com seu entusiasmo contagiante e uma
das manchetes era: “TR [Taxa Referen-
admirável capacidade realizadora, havia
cial] tira R$ 3,6 bilhões do campo”. E,
dedicado muitos anos de sua vida à cau-
segundo uma reportagem, a renda da
sa cooperativista. Confiante, não tinha
agricultura brasileira havia encolhido
dúvida: tanto a Copagra quanto a Cre-
R$ 5,6 bilhões.
dicopagra ficariam em boas mãos. Oli-
A aflição era tamanha que, em julho
vier apresentara sua renúncia na AGO
de 1995, eclodiu o movimento “Eu não
de 31 de março daquele ano, justifican-
posso plantar – marcha sobre Brasília”,
do que precisava cuidar da saúde, apro-
quando cerca de 600 caminhões esta-
veitando que o diretor-secretário Valdir
cionaram nas ruas centrais da capital
José Veit também pedira desligamento.
federal, o que motivou um pronuncia-
As atas das Assembleias Gerais Ordi-
mento raivoso do presidente Fernando
nárias demonstram que Olivier sempre
Henrique Cardoso em cadeia de rádio e
pensou, primeiro, na saúde da coopera-
televisão, no qual chamou os produto-
tiva de crédito, dispensando pró-labore
res de “caloteiros”. Na mesma oportu-
e ajudas de custo, no que foi seguido
nidade, anunciou recursos para as coo-
pelos demais conselheiros.
perativas liberarem aos seus cooperados.
OLIVIER DEIXA O COMANDO
Pedro Paulo e Jorge assumem
O ano de 1995 foi de mudança no co-
Na cooperativa de crédito, assumia
mando da Credicopagra. O presidente
temporariamente a presidência, Pedro
Olivier Grendene completava o seu ci-
Paulo de Mello e, na vice-presidência,
clo de 14 anos à frente da Copagra e
encarregando-se também do cargo de 73
diretor-executivo, uma jovem liderança
não se sensibilizavam diante da necessi-
cooperativista: Jorge Bezerra Guedes.
dade de capitalização da estrutura para
Pedro Paulo fizera parte do Conse-
que a mesma tivesse fôlego e pudesse
lho Fiscal em 1988 e 1989 e depois, em
cumprir sua finalidade. Por outro lado,
companhia de Jorge, em 1992 e 1993.
contava-se apenas com 3 funcionários e
Ambos integraram, também, o Conse-
havia 16 contratos de financiamentos,
lho de Administração de 1993 a 1995.
todos de reduzida monta, com cerca de
Jorge esclarece que em 1995, com a
R$ 200 mil em depósitos. Por sua vez, o
Copagra em dificuldades financeiras, o
crédito rural era diminuto, pois não se
Banco Central havia estabelecido uma
fazia o repasse de outros bancos, exceto
norma vedando que a mesma diretoria
o que já era escasso, do BB. “Havia 296
continuasse à frente das cooperativas
associados, a maioria inativa. Após uma
de produção e de crédito, como vinha
análise criteriosa de cada uma das fichas
acontecendo até então. E, por sugestão
cadastrais, decidimos pela eliminação
do conselheiro Nélson Bono Maior, ele
de muitos deles, restando 176 que par-
e Pedro Paulo foram convidados para
ticipavam ativamente ou apresentavam
compor a diretoria, cujo mandato se
potencial para permanecer na coopera-
encerraria no ano seguinte.
tiva”, relata Jorge.
Antes de assumir o comando da coo-
Na sequência, teve início um traba-
perativa, a nova direção fez duas exi-
lho mais incisivo, de corpo a corpo,
gências: contar com o apoio total e ir-
na busca de novos associados e pelo
restrito do Conselho, e a garantia de, sob qualquer hipótese, haver ingerência na administração.
ACELERAR Diante da concordância dos demais, foram investidos em suas funções e já sabiam que seria preciso, sem mais delongas, tomar medidas para reestruturar a entidade que vinha operando de forma mínima, mantendo-se à base de pequenas tarifas e juros. Os associados, em grande parte, estavam inativos e 74
A cooperativa tinha apenas 3 funcionários e 16 contratos de financiamentos, todos de reduzida monta. Eram 296 associados, em sua maior parte inativos.
convencimento dos que permaneceram no quadro social, para que participassem mais efetivamente da instituição.
um crescimento mais consistente. Para Pedro Paulo de Mello, a autorização do governo federal para a cons-
Pedro Paulo de Mello, à época pro-
tituição de bancos cooperativos foi um
dutor rural, pecuarista, membro da Fe-
marco, enfim, para a independência e
deração da Agricultura do Estado do
o desenvolvimento do setor. Quanto
Paraná (Faep) e dirigente do Sindicato
isto aconteceu, segundo ele, as centrais
Rural de Nova Londrina, ressalta que
já haviam evoluído, estavam amadure-
a cooperativa vinha se mantendo, até
cidas em seus objetivos e confiantes de
então, mais pela amizade e a credibi-
que esta seria uma conquista definiti-
lidade de seus dirigentes. “A partir do
va para a sobrevivência e o futuro das
momento em que entramos, foi dado
cooperativas.
foco ao negócio.” “Não havia remuneração no primeiro ano e nem cédula de presença. Entramos com a cara e a coragem, certos de que daria tudo certo”, comenta Jorge.
CONSTITUÍDO O BANSICREDI Ainda em 1995, o cooperativismo de crédito comemora a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), que autoriza pela primeira vez na história do país a constituição de bancos cooperativos privados, tendo como acionistas exclusivamente as cooperativas de crédito. Era constituído o Banco Cooperativo Sicredi S.A. (Bansicredi). Nesse ano que assinala a permissão para o funcionamento de bancos cooperativos, o Paraná contava com aproximadamente
“Havia 296 associados, a maioria inativa. Após uma análise criteriosa de cada uma das fichas cadastrais, decidimos pela eliminação de muitos deles, restando 176 que participavam ativamente ou apresentavam potencial para permanecer na cooperativa” (Jorge Bezerra Guedes)
32 mil produtores associados a cooperativas de crédito, setor que passou a ter 75
Ao lado, ata de constituição da Credicopagra, a cooperativa que serviu de embrião para a atual Sicredi Rio Paraná PR/SP. Na outra foto, a sede da Copagra, que por vários anos abrigou as modestas instalações da entidade (veja nos detalhes). Muitas reuniões foram realizadas junto aos produtores cooperados, para disseminar a ideia e buscar adesões, que ocorreram em um período de grandes dificuldades. Em 1995, Pedro Paulo de Mello e Jorge Bezerra Guedes assumem o comando da Credicopagra, respondendo, respectivamente, e a vice-presidência e diretoria executiva.
76
77
Segunda Parte
Resolução do Conselho Monetário Nacional, de 1995, que autorizou a criação do Bansicredi. 80
A capitalização e o impulso rumo a novos tempos
o médio R$ 360,00 e o grande R$ 480,00. Com isso, a cooperativa passaria a ter recursos para implementar as suas ativida-
No dia 30 de março de 1996, quando
des com mais desenvoltura. De acordo
foi completado o mandato tampão da
com Mello, valeu a pena, pois em apenas
diretoria, a Credicopagra promoveu As-
três anos, só com a economia que fizeram
sembleia Geral Ordinária na Associação
ao deixar de pagar as taxas cobradas em
Atlética e Cultural da Copagra. Entre os
empréstimos tomados junto ao sistema
itens da pauta, a eleição do novo Conse-
bancário, os produtores “amortizaram” a
lho de Administração, com a permanên-
integralização.
cia, agora em definitivo, de Pedro Paulo de Mello na presidência e Jorge Bezerra Guedes na vice-presidência, incluindo Nelson Bono Maior como diretor-secre-
COCECRER DÁ LUGAR AO SICOOPER
tário, e os demais conselheiros: Miguel Rubens Tranin, Shoei Yamauchi e Jair São João.
Outro assunto da pauta foi a exigência do sistema de autogestão que, por meio
Na oportunidade, foi dado um passo
da Resolução 2.193/95 do Conselho Mo-
crucial para o fortalecimento da coope-
netário Nacional (CMN), determinava
rativa. O presidente fez a leitura de uma
a filiação das cooperativas de crédito ao
moção, em que cobrou o compromisso
Sistema Integrado de Crédito Cooperati-
dos associados de, finalmente, capitali-
vo do Paraná – Sicooper Central, antigo
zarem a sua instituição. Diante da apro-
Cocecrer-PR. Competia à nova central
vação da matéria, ocorrida após acalo-
coordenar e supervisionar as atividades
rado debate, a integralização foi feita de
financeiras e administrativas das coope-
acordo com a classificação da estrutura
rativas de crédito. Com isso, todas deve-
fundiária dos associados, em quatro pa-
riam adotar a sigla Sicooper, seguida de
gamentos iguais. Aquele que se enqua-
uma identificação regional. No caso, a
drasse como mini-produtor deveria capi-
Credicopagra passou a ser denominada
talizar R$ 120,00, o pequeno R$ 240,00,
Sicooper Noroeste. 81
Com a filiação, a cooperativa com-
relevância para o desenvolvimento na-
prometeu-se a praticar “todos os atos e
cional, os governantes anteriores haviam
operações que constituem seus objetivos
menosprezado. No entanto, demorou
sociais, compondo o sistema de crédi-
muito até que o presidente FHC desse a
to cooperativo do Paraná”. Da mesma
esperada atenção ao campo. De qualquer
forma, a Sicooper Noroeste outorgava à
forma, o Brasil estava iniciando um ciclo
central poderes para integrar por si pró-
positivo de sua história, com a estabili-
pria ou por convênio o serviço de com-
zação da economia e o fim da inflação,
pensação de cheques. Ficava explícito,
o que permitiu ao setor produtivo e aos
ainda, que isto importava “solidariedade
demais segmentos da sociedade, traba-
até o limite das quotas-partes subscritas
lharem com planejamento.
pela cooperativa”.
Após contatos com o Banco Regional
Em resumo: a constituição do Sicooper
de Desenvolvimento do Extremo-Sul
Central instituiu o programa de autoges-
(BRDE), em Curitiba, cujo diretor na
tão das cooperativas de crédito rural do
época era Fernando Fontana, os dirigen-
Paraná, por meio de serviços padroni-
tes da Sicooper Noroeste comemoraram
zados de normatização, assessoria, auto-
outra conquista para a cooperativa. Foi
fiscalização, inspeção e, eventualmente,
celebrado um convênio no qual o BRDE
intervenção. No ano seguinte, em data
passou a efetuar, por meio da entidade,
de 3 de dezembro, a Credicopagra tem
o repasse de recursos financeiros para os
sua denominação alterada para Sicooper
produtores de cana-de-açúcar associados
Noroeste.
da Copagra, a qual havia investido em uma destilaria de álcool. Em tão pouco tempo, os dirigentes da
APOIO GOVERNAMENTAL
cooperativa de crédito haviam conseguido sedimentar uma base mais firme de
Jorge Bezerra Guedes menciona que,
sustentação e qualificado o quadro as-
nesse ano, Fernando Henrique Cardoso
sociativo, preparando a instituição para
se elegeu para a presidência da República
aproveitar as oportunidades que estavam
estabelecendo cinco prioridades básicas
por vir. Em setembro de 1996, eles inau-
de seu governo, apresentando-as, figura-
guram a primeira agência fora de Nova
tivamente, nos dedos de sua mão direita.
Londrina, na cidade de Marilena.
Um desses dedos, conforme prometido,
No dia 3 de junho de 1996 é aber-
seria o efetivo apoio à agricultura, seg-
ta em Porto Alegre a agência matriz do
mento da economia que, apesar de sua
Banco Cooperativo Sicredi. Em 13 de
82
dezembro, as cooperativas dos Estados do
Sicredi funcionando a todo vapor em
Paraná e do Rio Grande do Sul se unem
Porto Alegre e Curitiba, ocorreu o que já
para fortalecer o banco, tornando-o, as-
vinha sendo planejado há tempos: a inte-
sim, uma instituição interestadual.
gração de grande parte das cooperativas
O efervescente ano de 1997 promete.
de crédito ao Sicredi, à exceção de algu-
Em 19 de agosto, começam as atividades
mas que precisavam ainda sanar dificul-
do Bansicredi em Curitiba e, no dia 22
dades financeiras ou preferiram perma-
de dezembro, começam a operar a sede
necer independentes. No dia 6 de maio,
própria do Sicredi-RS e do Bansicredi em
a Sicooper Noroeste se associa ao Sistema
Porto Alegre. No mesmo ano, já estavam
Sicredi, tornando-se sócia do Bansicredi,
bem encaminhadas as tratativas com as
o que leva a uma nova mudança de sua
centrais das cooperativas de crédito do
denominação, agora para Sicredi Nova
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para
Londrina. Nesse mesmo mês, é inaugu-
adesão ao sistema.
rada a segunda agência da cooperativa,
Em 1998, com o Banco Cooperativo
no município de Diamante do Norte.
O BRDE, sob direção de Fernando Fontana (foto), passou a fazer o repasse a produtores de cana-deaçúcar da Copagra, por meio da cooperativa de crédito, o que representou uma importante conquista.
83
Com o Sistema Sicooper substituindo a Cocecrer, a cooperativa alterou sua denominação para Sicooper Noroeste. E, pouco mais tarde, aderiu ao Sistema Sicredi, tornando-se Sicredi Nova Londrina (veja a foto da Copagra, que incluiu em sua fachada a identidade visual da instituição de crédito). Logo que assumiu, a nova diretoria adotou a política de abrir agências pela região, começando por Marilena e, logo depois, Diamante do Norte
84
85
Cooperativas assumem o lugar do Bamerindus
movimentações voltadas ao desenvolvimento regional. Esse banco, no qual os clientes recebiam um atendimento quase
Mas, enquanto o banco cooperativo
informal, baseado muitas vezes na amiza-
vislumbrava um horizonte promissor,
de dos atendentes com o público, acabou
uma das instituições financeiras mais
arrastado por uma onda de insolvência
conhecidas do mercado, desaparecia,
de instituições financeiras pelo país afora,
deixando aberta uma lacuna para ser
o que culminou com a absorção de seus
aproveitada para o desenvolvimento e a
ativos por um banco multinacional, o
expansão do cooperativismo de crédito.
HSBC.
Foi quando, em março de 1997, os clien-
Assim, quando as agências do extin-
tes do Bamerindus levaram um susto. O
to Bamerindus foram abertas, agora sob
Banco Central havia decretado interven-
a logomarca do banco inglês, o atendi-
ção naquele que, até poucos anos, dis-
mento, por melhor que fosse, não ofere-
putara os primeiros lugares no ranking
cia a mesma proximidade de antes, o que
do sistema financeiro nacional. Com
fez com que o agricultor, como de resto a
suas campanhas de valorização do Para-
população habituada ao modelo anterior,
ná, o Bamerindus identificava-se e tinha
tivesse dificuldades em adaptar-se. Esse
grande empatia com a população em to-
fato, somado ao distanciamento das insti-
das as regiões do Estado, onde, além de
tuições oficiais, como o Banco do Brasil,
prestar os seus serviços, engajava-se em
fez com que muita gente, principalmente os pequenos produtores rurais, preferisse trabalhar com as cooperativas de crédito, a esta altura já consolidadas. No caso do Bamerindus, os paranaenses se sentiam
A quebra do Bamerindus abriu um largo espaço que foi sendo incorporado naturalmente pelo cooperativismo, caracterizado pela sua capilaridade na agropecuária.
donos, até porque o slogan era “o banco da nossa terra”. O distanciamento do BB era de origem prática, pois como esse banco não tinha interesse em pulverizar o crédito rural para um grande número de agricultores de pequeno porte, a função foi herdada pela cooperativa de crédito, já bem inserida na comunidade. O BB escolhia os grandes produtores, aqueles que não precisavam de dinheiro, enquanto
86
a cooperativa celebrava os pequenos e médios. A quebra do Bamerindus abriu
APRESENTANDO BONS RESULTADOS
um largo espaço que foi sendo incorporado naturalmente pelo cooperativismo,
O relatório de gestão de 1997 da Si-
caracterizado pela sua capilaridade na
credi Nova Londrina já apresentava
agropecuária.
resultados mais auspiciosos. O total de ativos, de R$ 873,105 milhões, era 45% maior que os R$ 601,493 milhões de
A abertura de novas frentes
1996, período também em que o número de associados aumentou 23%, de
Para completar o ano de 1997, as coo-
315 para 387.
perativas do Paraná e do Rio Grande do
Para melhor atender, o espaço da
Sul complementam o processo de inte-
cooperativa de crédito foi redimensio-
gração do Sicredi em ambos os Estados,
nado na sede da Copagra, realizou-se
sendo que o Bansicredi iniciava opera-
a aquisição de equipamentos de infor-
ções em terras paranaenses. Neste perío-
mática destinados aos terminais caixa e
do, as instituições cooperativas promove-
extratos, bem como de guichês para as
riam uma mudança do seu foco, até então
agências de Nova Londrina e Marilena,
estritamente rural, para um mais amplo,
treinamento de funcionários e, por fim,
de olho no crédito mútuo de livre admis-
reuniões para motivar a maior partici-
são, como veremos adiante.
pação de associados de Marilena e Dia-
Contando a partir de agora com o seu
mante do Norte.
próprio banco, o sistema cooperativista de crédito avançava e Jorge Bezerra Guedes não restringia sua participação à Sicredi Nova Londrina. Dedicando-se integralmente à cooperativa, foi convidado a participar da Central, onde poderia acompanhar de perto o desenvolvimento do setor em nível estadual, estar ao lado das demais lideranças e vislumbrar oportunidades para fortalecer cada vez mais a cooperativa. Já em 1996 ele fez parte do
O desempenho da cooperativa ainda era relativamente modesto, mas superior ao de outras singulares, inclusive as sediadas em grandes cidades do Estado
conselho fiscal e, em 1997, do conselho de administração. 87
O desempenho da cooperativa ainda
Fim da submissão ao BB
era relativamente modesto, mas superior ao de outras singulares, inclusive as
Com o Bansicredi, o cooperativismo
sediadas em grandes cidades do Estado.
de crédito deixou, finalmente, de utilizar
Em 1997, devido aos revezes sofridos, a
a câmara de compensação de cheques do
cooperativa de Irati havia sido anexada
Banco do Brasil, acabando com a cons-
pela instituição vizinha, enquanto a de
trangedora submissão das cooperativas de
Londrina foi liquidada e as de Maringá
crédito ao banco oficial e eliminando os
e Goioerê passavam por intervenção da
altos custos com a operação. De acordo
Sicredi Central para reestruturação.
com Pedro Paulo de Mello, nas negociações com o BB, a justificativa de sempre
AVANÇOS E PROGRESSOS
era que as cooperativas davam prejuízo ao banco. Em 1997, cada lançamento efe-
Um comparativo entre o período de
tuado na câmara de compensação do BB
cinco anos, compreendido de dezem-
custava não menos que R$ 0,69, despesa
bro/1994 a fevereiro/1998, demonstrava
essa que, na soma de um ano, represen-
avanços importantes. Os empréstimos
tava pesado encargo ao cooperativismo,
totais haviam saído de R$ 121,3 mil para
ainda em seu início.
R$ 477,9 mil; os depósitos a prazo e à vis-
Jorge Bezerra Guedes observa que nes-
ta, de R$ 40,1 mil para R$ 593,9 mil; o
sa época a Sicredi Nova Londrina já es-
patrimônio líquido, de R$ 106,5 mil para
tava mais estruturada, ganhava prestígio
R$ 276,9 mil; o capital social, de R$ 19,9
regional, cumpria o seu papel, mas era
mil para R$ R$ 105,9 mil, e os recursos
preciso avançar mais. O atendimento aos
administrados, de R$ 146,7 mil para R$
cooperados da Copagra era fundamental,
870,2 mil. No mesmo período, a relação
mas não poderia restringir-se a eles, o que
entre despesas fixas e recursos adminis-
limitava a sua perspectiva de crescimen-
trados havia caído de 6,4% para 1,5%.
to. Essa realidade era a mesma das outras
Localizada em uma região com 13
cooperativas de crédito e as suas lideranças
municípios que movimentavam R$ 113
estavam convictas: se tal situação perdu-
milhões e possuíam 6.711 proprietários
rasse por muito tempo, todas as conquistas
rurais (segundo dados de 1996 da Secre-
anteriores teriam sido em vão. “Não dei-
taria da Agricultura e do Abastecimento),
xamos de cumprir a legislação, claro, mas
a Sicredi Nova Londrina começava a pla-
entendemos que se fazia necessário adotar
nejar o seu futuro, sonhando com a meta
uma postura mais ousada, pois não quería-
de chegar a 30% desse montante.
mos mais continuar sendo vistos como o
88
‘banquinho da Copagra’”, explica.
acautelou-se e implementou um regi-
Quando completou dez anos de ativi-
mento interno para normatizar e padro-
dades, em 1998, a Sicredi Nova Londrina
nizar os processos organizacionais e seus
já estava mais fortalecida e com índices
procedimentos operacionais, bem como
ascendentes, em formato de degraus.
profissionalizar os recursos humanos, me-
Entre dezembro de 1997 a dezembro de
lhorar a produtividade e trazendo mais se-
1998, os ativos subiram de R$ 873,1 mil
gurança. Estabeleceu-se uma cartilha com
para R$ 1,384 milhão.
rígidos padrões para a concessão de crédito, prezando pela reciprocidade, liquidez, garantia e diversificação de risco.
UM CENÁRIO INCERTO
No mês de dezembro de 1999, Santa Mônica recebe a sua unidade e, em Nova
Aos poucos, a instituição conquistava a
Londrina, seria inaugurado um espaço de
confiança e a participação dos produtores,
atendimento mais amplo na sede da Copa-
mas a economia brasileira passava por di-
gra, para atendimento aos cooperados des-
ficuldades, com a crise cambial, enquanto
ta e também os associados de outras áreas
fatores internacionais corroboravam para
que ingressavam na cooperativa de crédito.
criar uma situação de incertezas, o que
No ano seguinte, o distrito de São José do
exigia cautela por parte do cooperativis-
Ivaí, em Santa Isabel do Ivaí, passa a contar
mo de crédito como um todo, visando
com um posto avançado. Em outras duas
a preservar o patrimônio dos associa-
cidades seriam abertas as portas em 2001:
dos. Nesse ambiente, o Sistema Sicredi
Querência do Norte e Terra Rica.
Uma história na cooperativa
Além de sua sede em Nova Londrina, a cooperativa já contava com agências em Marilena, Diamante do Norte, Santa Mônica, São José do Ivaí, Querência do Norte e Terra Rica.
A equipe da sede, nessa época, era composta pelo gerente Luiz Carlos Fernandes e os colaboradores Edson Mazotti, Elaine Meneguetti, Antonio Carlos São João, Vanderlei Gonçalves de Oliveira e Agostinho Muller. Em 1998, passou a contar também com Fernando Moreira da Silva. Elaine e Vanderlei haviam sido admitidos praticamente juntos, em 1997, como 89
estagiários: ela, no mês de maio, quan-
certamente irão estranhar. Segundo Van-
do tinha 20 anos, e ele em junho, aos 17.
derlei e Fernando, a paciência era um re-
Fernando ingressou em maio do ano se-
quisito básico: após a discagem, efetuada
guinte, também como estagiário. Os três
da mesma maneira como se utilizavam
estavam começando uma carreira de fu-
os telefones mais antigos, demorava um
turo na cooperativa: atualmente, Elaine é
pouco para entrar e, conseguindo, a rede
analista de crédito rural, Vanderlei o di-
podia cair a qualquer momento. “Havia
retor-executivo e Fernando o gerente da
sempre o risco de cair quando se baixava
agência de Nova Londrina. Ela já cursava
um arquivo e, quando isto acontecia, a
administração de empresas e acabara de
gente entrava em desespero”, conta Van-
prestar concurso na prefeitura de Nova
derlei. Uma prática comum e mais segura
Londrina. E lembra que quando soube
era salvar todos os movimentos em dis-
da vaga no Sicredi, inscreveu-se entre
quete (precursor do armazenamento de
seis candidatos e foi aprovada para traba-
dados) e enviar para as agências. Como
lhar no atendimento, fazendo abertura de
a área de Tecnologia de Informação (TI)
contas, cadastros e atuando também no
ficava em Curitiba, a 600 quilômetros de
caixa. Já eles iniciaram como auxiliares.
distância, atualizar o sistema era quase
As instalações se resumiam a duas pe-
uma odisseia: arquivos cuidadosamente
quenas salas cedidas pela Copagra, em
identificados seguiam por malote, mas
sua sede. Vanderlei se recorda das dificul-
não estava afastado o risco de perderem-
dades para executar o serviço: o proces-
se ou serem danificados durante o trans-
samento dos cheques ainda era feito por
porte ou no próprio manuseio.
convênio de compensação com a câmara do BB. E, tanto ele quanto Fernando e Elaine, vivenciaram a transição do trabalho essencialmente manual para os sistemas eletrônicos, mas ainda não era fácil acessar a internet.
UM SUFOCO TODO DIA Fernando relata que fez treinamento em Curitiba para implantar o sistema de cobrança. Os leitores mais jovens 90
“Havia sempre o risco de cair [a internet] quando se baixava um arquivo e, quando isto acontecia, a gente entrava em desespero.” (Vanderlei Gonçalves de Oliveira)
NÃO PODIA CONFIAR NA TECNOLOGIA
diretor-executivo. Ele cita que o gerente de uma das agências, José Carlos Esteves, não era de dar chance para o azar. Sem po-
Mesmo com a tecnologia sendo apli-
der confiar na internet, a solução que ele
cada para agilizar e facilitar os serviços,
acabou encontrando foi carregar o pró-
não se podia confiar nela. “A gente utili-
prio computador para cima e para baixo.
zava muitos disquetes e, para se garantir,
Assim, não precisaria sujeitar-se às incer-
fazia dois backup [cópia de segurança]
tezas da rede e, ao retornar todos os dias
por dia. Na manhã seguinte, voltava o
para a sede, descarregava as informações.
backup e começava tudo do zero”, expli-
Elaine diz que no começo os cadas-
ca Fernando, enfatizando que era preciso
tros dos associados eram elaborados ma-
monitorar o maloteiro, o qual tinha hora
nualmente, na máquina de escrever. E se
para chegar e não podia ficar esperando.
lembra que em suas conversas com eles,
“Algumas vezes tivemos que ir para a es-
no dia a dia, quase todos continuavam
trada, correndo atrás dele. As coisas não
achando que a cooperativa era um ban-
eram fáceis naqueles tempos”, relembra.
co da Copagra. “Como estávamos dentro
E não eram mesmo: durante a Copa do
da Copagra, seria natural que pensassem
Mundo de 1998, quando ocorriam as
assim”, observa. A constatação dela é que
partidas da seleção brasileira, Fernando
muitos associados se sentiam orgulhosos
via o movimento minguar, a cidade fi-
ou diferenciados quando recebiam o talão
cava deserta e os demais funcionários iam
de cheques, lembrando que as folhas eram
embora mais cedo para assistir aos jogos. Só ficava ele e alguns poucos, porque não se podia deixar de fazer o fechamento e despachar os disquetes para Curitiba.
EVITAR SURPRESAS De acordo com Vanderlei e Elaine, para que a cooperativa não fosse surpreendida por uma queima de servidor, toda semana eram impressas listas com as contas-correntes dos associados e os
“O psicólogo disse que eu não poderia ficar lá no fundo, mergulhado no serviço. Tinha que ficar na frente, me comunicando com os associados” (Fernando Moreira da Silva, ao ser efetivado)
seus respectivos saldos. “Não poderíamos descuidar da segurança”, justifica o atual 91
impressas e organizadas em talões pela
CAPITAL HUMANO
própria Elaine, mediante as requisições. Um ano e meio depois de ingressarem
Jorge Bezerra Guedes ressalta que
como estagiários, Vanderlei e Elaine fo-
a formação de pessoas sempre foi uma
ram efetivados, não sem antes passar por
prioridade na cooperativa. Com a rela-
uma avaliação com a psicóloga do Sicredi,
tiva dificuldade de trazer profissionais
em Curitiba. Foi o que também aconte-
para a região, raramente se deixa de
ceu com Fernando: “o psicólogo disse que
aproveitar um estagiário que demonstra
eu não poderia ficar lá no fundo, mergu-
interesse em fazer carreira na institui-
lhado no serviço. Tinha que ficar na fren-
ção. Ele frisa que, agindo dessa forma, a
te, me comunicando com os associados”.
Sicredi Nova Londrina estruturou uma
Comunicação e desprendimento, aliás, é
equipe comprometida e se fortaleceu
que nunca faltou ao animado Fernando.
ainda mais ao longo dos anos, abrindo
Com seu talento para o canto, ele se pron-
agências em municípios vizinhos, con-
tificava a abrilhantar festas na comunida-
quistando prestígio e, entre os coopera-
de, o que representava um diferencial para
dos da Copagra, o interesse pela partici-
a cooperativa e, sem dúvida, ajudava a fo-
pação só fez aumentar, pois eles estavam
mentar o relacionamento com o público.
vendo que a cooperativa era bem administrada e dava resultados.
JUNTO DA COMUNIDADE
Há muitos exemplos de colaboradores que ingressaram como estagiários e fize-
Elaine, que trabalhou também na agên-
ram carreira na cooperativa. Entre eles,
cia de Marilena, ressalta o envolvimento
José Gôngora Dardosse, o Zeca, gerente
da cooperativa de crédito com a comuni-
regional de desenvolvimento de negó-
dade, participando, por exemplo, de festas
cios no Estado de São Paulo, e Vanessa
de igreja e de bairros. “Muitas vezes eu
Gutowski, gerente regional de desenvol-
mesmo ficava no caixa, nesses eventos”,
vimento de negócios no Paraná.
diz, enfatizando que a proximidade foi e
Zeca entrou em 1º de abril de 2000 na
continua sendo uma estratégia do Sicredi.
agência de Marilena, onde lembra que
“As pessoas, de uma forma geral, iam se
fazia de tudo. Todo dia, em determina-
simpatizando de tal forma com a coopera-
do horário, ele corria até Nova Londri-
tiva, que comunidades de regiões vizinhas
na, pertinho, para buscar os disquetes e
vinham pedir a abertura de uma agência.
atualizar os dados do movimento. Tem-
Por aí, já se tem ideia do conceito e da
pos depois, teve que incluir no roteiro
credibilidade conquistados”, afirma.
diário a agência de Diamante do Norte,
92
a 30 quilômetros. “Fazia um malote compartilhado que precisava ficar pronto até às 16 horas, quando passava o maloteiro. Era um desafio louco”, recorda-se. Dedicado, Zeca estava concluindo naquele mesmo ano o curso de administração de empresas e não tinha dúvidas: queria permanecer no Sicredi. No entanto, ao graduar-se, foi informado de que não havia vaga para ser efetivado na coopera-
A formação de pessoas sempre foi uma prioridade na cooperativa, que estruturou uma equipe comprometida e fortaleceu ao longo dos anos, abrindo agências em vários municípios da região.
tiva e, como já estava diplomado, não poderia continuar estagiário. A solução ele achou sem hesitar: decidiu começar um segundo curso universitário, de ciências contábeis, o que o habilitou a ficar. “Eu sempre tive muita confiança no futuro da cooperativa de crédito”, afirma
era concedido mediante a análise de um comitê, o que nem sempre possibilitava agilidade.
Zeca que, ao concluir o curso em 2002, foi contratado como atendente de negócios em Terra Rica. Já Vanessa entrou em 2005, como es-
Em busca de novos associados
tagiária, quando fazia o segundo ano de administração. Ao ser efetivada, passou a
A partir de 1997, apesar da exigência
trabalhar num setor no qual se desenvol-
de que somente poderiam se associar às
veria profissionalmente: começou como
cooperativas de crédito rural os produto-
auxiliar da área de crédito, passou depois
res ligados às respectivas cooperativas de
a assistente e, mais tarde, a analista de
produção, o Banco Central começou a
crédito, sendo que já em 2007 assumiu
admitir a entrada de associados represen-
a assessoria de crédito comercial e rural.
tantes de outros segmentos, por entender
Atualmente, é gerente regional de desen-
que elas ficariam muito restritas e sem
volvimento de negócios.
capacidade de desenvolvimento, uma vez
Ela se recorda que com as dificuldades iniciais da cooperativa e do próprio siste-
que havia um enorme potencial a ser explorado em cada região.
ma, que ainda não contava com o recur-
A adesão de não cooperados só era
so da tecnologia, o crédito ao associado
possível porque as cooperativas o faziam 93
como uma extensão dos serviços do Ban-
instituições”, disse, explicando que os
co Cooperativo Sicredi, incluindo o uso
tomadores em geral, incluindo os pro-
de talão de cheques dessa instituição.
dutores rurais, pagavam muito caro ao
Segundo Jorge Bezerra Guedes, no caso
contrair financiamentos.
da Sicredi Nova Londrina, os produtores
Fernando Moreira da Silva, atual ge-
rurais, em sua maioria pequenos, não pos-
rente da agência Nova Londrina, lembra
suíam aplicações e o movimento rotinei-
que logo depois de ser admitido, come-
ro com a cooperativa de crédito levaria,
çou a haver a adesão de associados de ou-
num futuro próximo, à estagnação. Por
tros segmentos da economia, e não só da
outro lado, havia na cidade e municípios
agropecuária. “Mas, pelo sim, pelo não, a
vizinhos um grande número de peque-
gente cadastrava todo mundo como pro-
nos comerciantes, empresas prestadoras
dutor rural”, conta.
de serviços e indústrias diversas, além de
Com o aumento e a diversificação do
profissionais liberais e aposentados, que
quadro de associados, foram criados grupos
não se sentiam bem atendidas pelas insti-
específicos na cooperativa, visando a pres-
tuições bancárias, as quais priorizavam as
tar um atendimento com a reconhecida
contas mais abastadas. Diante da falta de
proximidade, marca registrada do Sicredi,
um posicionamento claro do BC, a es-
conhecendo as demandas de cada qual e, na
tratégia das cooperativas foi o de come-
medida do possível, agregando valor.
çar a absorver associados de outras áreas, e não apenas do segmento rural no qual estavam inseridas. Com isso, o cooperati-
Cortar o cordão umbilical
vismo de crédito foi demonstrando a sua importância no apoio às comunidades,
Ao reunir associados também de outros
sobretudo àquelas pelas quais os bancos
ramos, tornou-se conveniente fazer uma
não se interessavam.
modificação para o acesso desse público
Em entrevista para este livro, o pre-
à agência de Nova Londrina, que ainda
sidente do Sistema Ocepar, José Ro-
funcionava no interior das instalações
berto Ricken, observou que a falta de
da Copagra. Foi aberta uma porta dire-
posicionamento do BC era proposital,
tamente para a rua. A providência era
pois já havia o entendimento por parte
válida, mas estava claro que a instituição
das autoridades, de que precisava haver
precisaria mudar-se para um local mais
um equilíbrio no sistema financeiro do
amplo, uma vez que havia a perspectiva
país. “Não se queria deixar que o crédi-
de ampliar o número de associados com
to ficasse nas mãos de algumas poucas
representantes de outros setores.
94
Jorge Bezerra Guedes recorda-se que
TRILHAR O PRÓPRIO CAMINHO
era preciso ter cautela e jogo de cintura, ainda mais porque a Copagra enfrentava
O jeito foi começar a dialogar infor-
um período de dificuldades. “Podería-
malmente com profissionais de gestão e
mos sair para um endereço mais espaçoso
cooperados da Copagra. Nas conversas,
e confortável no centro da cidade, não
o objetivo era fazê-los compreender que
havia impedimento algum nesse senti-
a cooperativa de crédito precisaria tri-
do”, comenta. No entanto, a preocupa-
lhar o seu caminho, a exemplo do que já
ção era que a saída fosse vista como um
ocorria em outras instituições do mesmo
ato de ingratidão, no qual a cooperativa
segmento, as quais estavam deixando o
de crédito, em franco desenvolvimen-
interior das cooperativas de produção e
to, estaria dando as costas para a Copa-
se transferindo para o centro da cidade,
gra, que lhe serviu de berço e deu todo
onde poderiam melhor atender aos pro-
o amparo inicial. Além disso, é claro, a
dutores e o público.
Sicredi Nova Londrina não queria perder
Desses contatos casuais, a diretoria pas-
o apoio da cooperativa de produção, com
sou a aproveitar pequenas reuniões com
seu movimento financeiro e o volume de
os cooperados para tocar no assunto,
associados.
percebendo que não havia resistência. Pelo contrário: os produtores entendiam a necessidade de expansão, vendo como muito acanhado o espaço ocupado na Copagra.
Diante da falta de um posicionamento claro do Banco Central, a estratégia das cooperativas foi o de começar a absorver associados de outras áreas, e não apenas do segmento rural no qual estavam inseridas.
Até que, em 2000, para formalizar a saída, a diretoria organizou um café da manhã com toda a equipe de dirigentes e colaboradores da cooperativa de produção. “Foi quando rompemos o cordão umbilical e a transição para o centro da cidade ocorreu de maneira tranquila”, observa Jorge. Em pouco tempo, os produtores e os demais associados já haviam se acostumado ao atendimento na agência que foi aberta na esquina das avenidas Londrina e Antonio Ormeneze.
95
A cooperativa inaugurou um espaço mais amplo ainda na sede da Copagra, onde funcionou até 2000, quando, em razão do seu crescimento, transferiu-se para o centro da cidade, na esquina das Avenidas Londrina e Antonio Ormeneze, oferecendo um atendimento de mais qualidade aos associados, que já não eram exclusivamente do segmento agropecuário. O período impôs o desafio da mudança da operação manual, com as máquinas de datilografia, para a eletrônica, com a intensificação do uso de computadores e disquetes.
96
97
UMA BOA IMPRESSÃO
mesma de sua antiga sede. “Com mais espaço, a qualidade do aten-
A colaboradora Elaine Meneguetti,
dimento melhorou bastante e a equipe foi
atual analista de crédito rural, conta que
aumentando”, frisa o diretor-executivo
nessa época estava trabalhando na agên-
Vanderlei Gonçalves Oliveira, que nessa
cia de Marilena, mas se recorda que a
época trabalhava na contabilidade.
impressão foi das melhores, na cidade e
No novo espaço, foi preciso tomar um
região. Segundo ela, com a abertura das
cuidado maior com a segurança, uma
instalações no centro de Nova Londrina,
vez que os gerentes das agências se des-
todos puderam ter uma ideia do cres-
locavam para Nova Londrina, nos finais
cimento da cooperativa e, aos poucos,
de expediente, trazendo o numerário do
o pessoal foi dissociando a imagem da
movimento. Uma das providências foi a indispensável contratação de empresas de vigilância monitorada. Na época, os riscos pareciam menores do que atualmente, mas nem por isso, quando ainda
Diante da falta de um posicionamento claro do Banco Central, Com a abertura das instalações no centro de Nova Londrina, as pessoas puderam ter uma ideia do crescimento da cooperativa e, aos poucos, foi dissociando a imagem da mesma de sua antiga sede a estratégia das cooperativas foi o de começar a absorver associados de outras áreas, e não apenas do segmento rural no qual estavam inseridas.
trabalhava na contabilidade, Vanderlei escapou de uma tentativa de assalto. Como costumava trabalhar até mais tarde, ele foi abordado por alguns homens ao sair, os quais, armados, o dominaram e exigiram a abertura do cofre. Porém, assim que adentraram à agência, a empresa de vigilância começou a ligar para checar se estava tudo em ordem. Com frieza, o sagaz funcionário explicou aos assaltantes que precisaria atender, pois caso contrário os seguranças viriam investigar. No contato telefônico, como ele deu respostas
propositalmente
desconectadas
das perguntas, a pessoa do outro lado da linha percebeu que havia algo errado e comunicou a polícia. Quando as autoridades chegaram, poucos instantes depois, os assaltantes já haviam se evadido, sem
98
levar nada. “Após o telefonema, eles saí-
três anos antes. De uma hora para outra,
ram às pressas. Acabou sendo só um sus-
um dos símbolos econômicos do Estado
to”, finaliza.
– que completava 72 anos de fundação – estava sepultado. Agora com a logo do Itaú, deixava de ser um banco paranaen-
A EXPANSÃO DO SISTEMA
se, inserido em todas as regiões e comunidades, com as quais se identificava. Esse
Se em 1999 o Sistema Sicredi contava
público, que não podia contar mais com
com o Bansicredi e 97 cooperativas no
o Bamerindus e o Banestado, estava ago-
Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do
ra sendo absorvido pelo cooperativismo
Sul e o Rio Grande do Sul, a meta era
de crédito.
chegar ao final de 2002 com pelo menos 1 milhão de associados atendidos por 900 agências, com um total de ativos de R$ 2 bilhões. Esse objetivo, se alcança-
O impulso veio também da região
do, significaria um crescimento de quase 50% no número de agências e de 157%
Ingressando para trabalhar na coopera-
na quantidade de integrantes. Chegar a
tiva em 2001, Almir Schotten chegaria à
R$ 2 bilhões em ativos, três vezes o mon-
função de diretor-executivo, cargo que
tante administrado em 1999, “traria uma
ocupou até 2018, quando se desligou para
responsabilidade ainda maior ao Sicredi”,
cuidar de projetos pessoais. Mesmo ainda
reportou na época o presidente do Ban-
não participando nessa época, ele expli-
sicredi, Ademar Schardong. A situação
ca que a expansão regional, iniciada em
agora era bem mais confortável para as
1996, era uma questão de sobrevivência.
cooperativas de crédito que, em anos an-
“Se permanecesse só com os associados da
teriores, enfrentavam dificuldades e res-
Copagra, a cooperativa ficaria limitada.
trições impostas pelo governo.
Ao mesmo tempo, havia um potencial muito grande quando se levava em conta
ABRE-SE UM NOVO ESPAÇO
as imediações de Nova Londrina”, salienta, lembrando que naquele ano havia cer-
Em 2000, a privatização do Banco
ca de 1.100 associados no total, para uma
do Estado do Paraná S.A., o Banestado,
região formada por 17 municípios e uma
comprado pelo Itaú, acabou tendo o mes-
população que somava 110 mil habitan-
mo efeito para a população paranaense
tes. “Não havia outra opção a não ser sair
que o desaparecimento do Bamerindus,
para enfrentar os grandes bancos e buscar 99
os resultados”, diz.
no município e, no começo de suas ati-
Antes de ser convidado por Jorge Be-
vidades, utilizou-se um pequeno imóvel
zerra Guedes e Pedro Paulo de Mello
na Avenida Euclides da Cunha. Com o
para integrar o seu time, Almir Schotten
interesse de um investidor em construir
se dividia entre a gerência de uma con-
instalações mais amplas, na Avenida São
cessionária Volkswagen e a carreira de
Paulo, o Sicredi mudou-se para lá e a
professor. No primeiro dia de serviço,
equipe chegou a dez colaboradores, fora
ele lembra que causou espanto aos novos
os terceiros. E, mesmo com a concorrên-
colegas ao chegar para trabalhar com seu
cia dos outros bancos, houve boa recepti-
fusca zero quilômetro, algo não acessível
vidade por parte da população, angarian-
à grande maioria da população, incluindo
do-se muitos associados nos meios rural e
os funcionários. Designado para a agên-
urbano, que totalizam 3 mil atualmente e
cia de Querência do Norte, que acabara
fazem da unidade de Terra Rica a segun-
de ser aberta, por pouco sua animação
da maior de toda a rede, só atrás de Nova
com o cooperativismo de crédito não
Londrina.
terminou ali. “No primeiro e no segundo dia, não entrou uma viva alma. Só no terceiro é que apareceu um senhor, à tarde, para fazer um depósito”, lembra. Embora
Jorge Bezerra Guedes assume a presidência
mantivesse muitos contatos junto àquela comunidade, conversando com os co-
A gestão de Pedro Paulo de Mello foi
merciantes e produtores, eram poucos,
até 2002, final do seu segundo manda-
ainda, os que se interessavam e só com o
to, quando a Sicredi Central estabeleceu
passar dos dias e semanas é que as coisas
novas diretrizes e implementou a políti-
foram acontecendo.
ca de que o presidente seguinte deveria ser o executivo da instituição. Então, de forma natural, Jorge Bezerra Guedes as-
CHEGANDO À TERRA RICA
sume o comando, com Pedro Paulo na vice-presidência. Integraram o Conselho
Um impulso decisivo para a coopera-
de Administração, também, Jorge Kazu-
tiva foi dado, segundo Almir, com a im-
mi Ito, Osvaldo Zanqueta, Pe. Ilson Luiz
plantação da agência de Terra Rica, em
da Graça, Amauri Spósito e Antonio de
novembro de 2001. Havia dois bancos
Jesus Meneguetti.
100
pelo crescimento, o desejo de ampliar horizontes...
“Não havia outra opção a não ser sair para enfrentar os grandes bancos e buscar os resultados” (Almir Schotten, exdiretor-executivo)
Histórias que vale a pena resgatar. Naturais de Vicenza, norte da Itália, dois grupos de famílias que viriam a ser parentes no Brasil, os Marcon e os Stella, cruzaram o Atlântico em 1895 no mesmo navio. Ao cabo da viagem, em terras paulistas, seguiram direto para o serviço braçal em cafezais de São João da Boa Vista e, tempos depois, sempre próximos, mudaram-se para o relevo
HISTÓRIA DE FAMÍLIA
montanhoso dos arredores de Andradas, em Minas Gerais, onde lidaram com vi-
A miscigenação de raças é uma carac-
nícola e alambique. Foi ali que Antonio
terística marcante da população brasi-
Marcon (nascido durante a travessia do
leira. Povos de todas as origens, credos
Atlântico) e Divina Stella, os avós de
e costumes para cá vieram em busca
Jorge, cresceram e se casaram.
de oportunidades. O Paraná é exemplo
Por outro lado, sempre se ouviu di-
dessa mescla: representantes de mais de
zer que, antes de tudo, o sertanejo é um
40 nacionalidades integraram-se para
forte. Sem perspectivas no lugar onde
formar a base de um Estado reconhecido
viviam, os avós paternos Pedro Bezer-
pela sua capacidade realizadora e a con-
ra Guedes e Júlia Monteiro voltaram os
vivência harmônica.
olhos para o Sul e com seus 11 filhos,
Os ascendentes maternos de Jorge
seguindo a corrente migratória, parti-
Bezerra Guedes tiveram procedên-
ram em “paus de arara” para uma lon-
cia italiana e, como tal, mantiveram-
ga viagem. Foram parar em Sertaneja,
se apegados aos seus costumes e tra-
região de Londrina, época em que no
dições. Do lado paterno, uma família
norte do Paraná o mato estava sendo
brasileira, talhada às limitações do res-
derrubado para o plantio do café. Não
sequido interior paraibano, o que fez
faltava serviço. Líder natural, Pedro se
dela uma gente destemida e preparada
compadecia com as levas de famílias
para os desafios. Entre ambas, alguns
nordestinas que iam chegando só com
pontos em comum: os fortes laços fa-
a cara e a coragem. Generoso, abrigou
miliares, o apego ao trabalho, a busca
em casa e encaminhou muitas delas. 101
EM BUSCA DO FUTURO
representam a linhagem que carrega, em seu DNA, as características peculiares da
Foi em Sertaneja que Paulo, um dos filhos de Pedro e Júlia, conheceu e se ca-
junção que moldou a personalidade dos que os precederam.
sou com Olga, filha de Antonio e Divina
Em 1965, a família se muda para São
Marcon. Como tantos outros, os descen-
João do Ivaí, onde o pai vai trabalhar
dentes de italianos haviam deixado Minas
como cerealista e motorista de cami-
para realizar o sonho de ter as próprias
nhão. Na cidade, um tio, Aparecido
terras e construir no progressista norte
Bezerra Guedes, entra para a política e
do Paraná o seu futuro. Ouvia-se que
consegue se eleger prefeito no período
aqui os povoados surgiam do dia para a
1973/76.
noite e havia espaço para todos que quiserem prosperar. Em região tão inóspita, que estava sendo desbravada, as dificul-
INÍCIO
dades para os agricultores eram grandes na mesma proporção: a mata fechada, a
Aos 13 anos, o adolescente Jorge se-
vida em meio a muitos sacrifícios e, para
gue para fazer o segundo grau no anti-
completar, as geadas que dizimavam os
go Colégio Técnico Agrícola de Can-
cafezais nas noites congelantes.
dido Mota, no Estado de São Paulo e,
Frutos da união entre Paulo e Olga,
na sequência, o curso de medicina-ve-
Jorge Bezerra Guedes (nascido em
terinária na Universidade Estadual de
14/4/1960), duas irmãs e três irmãos,
Londrina (UEL). Mesmo tão devotado aos estudos, trabalha à noite para custear as despesas. Formado, retorna para São João do Ivaí onde presta serviços
Descendentes de italianos radicaram-se no norte do Paraná, onde seu sangue se misturou ao de migrantes do nordeste brasileiro, formando uma raça forte.
como médico-veterinário autônomo no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Mais tarde em Manoel Ribas, é contratado pelo Sindicato Rural para cuidar de uma farmácia veterinária. Não demorou muito até acumular, também, a administração da entidade. Na Emater a partir de agosto de 1984, é indicado para o escritório de Nova Londrina por Nelcy Madruga, então
102
chefe em Paranavaí. Morando na mesma cidade, Jorge e
organização importante e em franco crescimento na sua região.
Pedro Paulo de Mello ainda pouco se conheciam. Naquele mesmo ano de 1985, o médico-veterinário fez uma visita à
Zeca, um “desbravador”
Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) em Curitiba, onde, casual-
Ao ser designado como atendente de
mente, o apresentaram a Pedro Paulo,
negócios na agência de Terra Rica, em
que, na oportunidade, buscava informa-
2002, José Gôngora Dardosse, o Zeca,
ções para fundar o Sindicato Rural.
não desperdiçou a chance oferecida. Depois de um ano, assumiu a gerência em Santa Mônica, onde procurou intensifi-
DEU TUDO CERTO
car o relacionamento com a comunidade, fortalecendo assim a principal carac-
Posteriormente, os dois se encontram
terística do Sicredi: a proximidade com
na Emater em Nova Londrina, onde co-
as pessoas. Sem saber, ele se tornaria,
meçam a articular reuniões com produ-
também, um “desbravador” da coopera-
tores para a organização do Sindicato.
tiva no Paraná e no Estado de São Paulo.
Começava aí uma sólida amizade e par-
Decorrido um ano em Terra Rica, re-
ceria, mas por um breve período, o mé-
cebeu o desafio de inaugurar a agência
dico-veterinário da Emater se transfere
de Cidade Gaúcha, praça que ainda não
para o escritório de Grandes Rios, pró-
conhecia. “Fui com o Almir [Schotten],
ximo a São João do Ivaí. Lá permanece
que me apresentou para as lideranças da
até o final de 1987, quando retorna para
cidade”, recorda-se. Ele tinha um pra-
Nova Londrina, já casado com Shirlei.
zo de 60 dias para atingir, na cidade, o
Agora, começava para Jorge um novo
objetivo de estruturar o quadro com 100
desafio profissional: prestar seus serviços ao departamento de fiscalização da Secretaria Estadual da Agricultura. Chegado o ano de 2002, após uma trajetória bem sucedida, Jorge ascendia à presidência da Sicredi Nova Londrina, instituição financeira que, em apenas
A história de vários colaboradores dos mais antigos, se confunde com a trajetória da cooperativa.
sete anos, saíra de uma fase ainda quase embrionária para se transformar em uma 103
sócios-fundadores, enquanto as instala-
em Querência do Norte antes de retor-
ções estavam sendo finalizadas. Segundo
nar à sua cidade onde, em 2007, Lucila
o gerente, o trabalho se resumia a con-
passou a responder pela unidade de Ma-
vidar representantes exponenciais do co-
rilena. Ela lembra que nesse seu início,
mércio e da sociedade local, a integrarem
apesar da tecnologia já estar bem mais
o quadro, fazendo um aporte financeiro
avançada que em anos anteriores, ainda
em conta capital, na época de R$ 1 mil
conheceu situações inimagináveis para os
cada um. “Não era uma tarefa simples,
dias de hoje. Um depósito, por exemplo,
consistia num trabalho de convencimen-
só cairia na conta no dia seguinte. E, a
to e de uma aposta na confiança”, explica.
exemplo das histórias relatadas anterior-
Para isso, foram várias reuniões, em que
mente por Vanderlei Gonçalves Oliveira,
repetia, com muitos argumentos, os be-
Elaine Meneguetti e Fernando Moreira
nefícios que poderiam ser trazidos à co-
da Silva, ela também sofreu agruras com
munidade pelo cooperativismo. Ao final,
os malotes que precisavam ser encami-
em meio a uma boa aceitação por parte
nhados diariamente para a central, em
de todos os setores, Zeca conseguiu fe-
Curitiba. Como se recorda, todo o mo-
char em 101 o número de sócios-funda-
vimento precisava ser gerado num arqui-
dores e a agência foi aberta.
vo e colocado em disquetes no máximo
No tempo em que esteve em Cidade
até as 16 horas. “Se passasse do horário,
Gaúcha, Zeca abriu também a agência na
o maloteiro não podia esperar e o único
vizinha Nova Olímpia, de porte menor,
jeito era sair correndo atrás dele.”
com 50 sócios-fundadores. Depois disso, foi ser gerente em Terra Rica, ocupando a função de 2006 a 2011, período em que inaugurou também as unidades de Guairaçá e São Pedro do Paraná.
Muitos desafios em Marilena Formada em pedagogia, Lucila Paiano Pilege, atual gerente da agência de Pirapozinho (SP), passou a integrar a equipe da cooperativa em 2002, como estagiária, tendo prestado serviços durante dois anos 104
Marilena é exemplo da alta aceitação do cooperativismo de crédito: a cidade tem 7 mil habitantes, dos quais 2,3 mil são associados do Sicredi.
Na tentativa de facilitar seu trabalho,
são nada menos que 2,3 mil associados. A
Lucila recorria a um caderno, onde ano-
gerente se recorda que com o fechamen-
tara códigos e atalhos para adentrar ao
to do Banestado, de uma hora para outra
sistema. Era um tempo, também, em que
a agência recebeu todos os aposentados
não havia cartão de crédito como hoje e,
que mantinham contas naquele banco.
muito menos, caixas eletrônicos; ainda se
“Foi um grande desafio absorver esse pú-
usava fax símile [reprodução, por meios
blico, pois as pessoas se dirigiam em mas-
fotomecânicos, de um texto ou de uma
sa para o Sicredi, formando longas filas e
imagem] e as impressoras eram matriciais
eram apenas 5 dias para os pagamentos.
[compostas por uma ou mais linhas ver-
Mas rapidamente nos adaptamos”, diz,
ticais de agulhas, que ao colidirem com
assinalando que atualmente chega a 900
uma fita impregnada com tinta, seme-
o número de aposentados.
lhante a papel químico, imprimiam um ponto por agulha]; ao mesmo tempo, as agências não contavam com portas gi-
Quinze anos
ratórias – sinal de que o sentimento de insegurança era muito menor que o de
Ao completar 15 anos em 2003, a Sicre-
nossos dias – e algumas coisas bastante
di Nova Londrina contava com a agên-
corriqueiras ficaram, igualmente, para
cia bem instalada em sua cidade-sede e
trás: entre elas, as máquinas de datilo-
atendia também com unidades em Que-
grafar, que pareciam imprescindíveis, a
rência do Norte, Loanda, Marilena, San-
Polaroid [um tipo de câmera fotográfica
ta Mônica, Terra Rica, São José do Ivaí,
de revelação instantânea, empregada em
Planaltina do Paraná e Cidade Gaúcha (as
vistorias] e o lápis de carpinteiro – veja
duas últimas inauguradas em 2003). Os
só – com o qual, pressionando o grafite
números do desempenho nesse exercício
sobre a superfície em relevo, se obtinha
não deixavam dúvidas quanto a prosperi-
num papel os números do chassis de um
dade da cooperativa, que ia acontecendo
veículo.
em ritmo rápido: cerca de 1,5 mil novos
Por muito tempo, inclusive, Lucila fez
associados, elevando de 4.1 mil para 5,6
questão de continuar preparando o cafe-
mil; uma equipe de 50 colaboradores;
zinho na agência de Marilena, onde co-
crescimento de 65% em recursos admi-
mandou uma equipe de 8 colaboradores,
nistrados (a 4ª melhor posição no ranking
antes de transferir-se para Pirapozinho. E,
entre as 25 cooperativas filiadas ao Sicredi
para se ter ideia da importância do Sicredi
no Paraná); 3,4 mil operações de crédito,
para a cidade, que tem 7 mil habitantes,
das quais R$ 2,6 milhões de crédito rural; 105
sobras brutas de R$ 432 mil e expansão
de crédito”, comenta. “São recursos da
de 61,5% do patrimônio líquido, que
região que ficam na própria região, pro-
chegava a R$ 2,7 milhões.
movendo o seu desenvolvimento.”
O exercício era representativo não só
Ele explica que o forte crescimento no
pela passagem dos 15 anos da instituição,
período se deve a esse fator e também,
mas pelo aperfeiçoamento de produtos e
claro, à confiança conquistada junto às
serviços oferecidos, entre os quais a co-
comunidades, à transparência no relacio-
municação online, plano de saúde Uni-
namento com os associados. Inclui, ainda,
med Paranavaí, cobrança automática,
a profissionalização do quadro de colabo-
consórcios, seguros, cartões e outros.
radores, mantido com uma estrutura mí-
Jorge Bezerra Guedes conta que, a
nima e apostando na formação de pessoas.
exemplo do que acontecia em coopera-
Sem deixar de lado o diferencial de sem-
tivas do sistema, a Sicredi Nova Londri-
pre do Sicredi: o atendimento prestado de
na promovia campanhas de capitalização
forma que os associados se sintam donos
com grande êxito nas cidades. Essas ações
da cooperativa e não meros clientes.
ajudavam a divulgar e a atrair novos associados, fortalecendo ainda mais a cooperativa. Aproveitando a oportunidade dos
O SETOR EM ALTA
seus 15 anos, por exemplo, foram sorteadas sete motocicletas entre os associados
O cooperativismo de crédito brasilei-
que fizessem aplicações. “As campanhas,
ro registrava um crescimento notável.
bem como a capitalização das sobras,
As cooperativas já eram 1.454 em 2003.
possibilitaram acumular uma boa reserva
Nesse ano, o segmento captou R$ 5,7
que é revertida aos associados em forma
bilhões em depósitos e realizou operações de crédito no montante de R$ 5,2 bilhões. Mesmo assim, um volume pequeno, apenas 1,12% do crédito escoado pelo sistema financeiro nacional.
Com a cooperativa de crédito, os recursos da região ficam na própria região, promovendo o seu desenvolvimento.
Nesse ano, os associados já podiam fazer suas transações financeiras via internet, graças a um investimento de R$ 70 milhões realizado na modernização de todo o sistema de informática, ligando, online, as cooperativas integrantes do sistema. Esse novo momento do
106
Sicredi foi definido como um “divisor
do cooperativismo de crédito e 65%
de águas”, crucial para manter o seu de-
dos recursos da poupança rural seriam
senvolvimento. No ano anterior, para
reinvestidos em benefício do próprio
se ter ideia, enquanto o sistema finan-
campo. O sistema lançou uma cam-
ceiro registrou crescimento de 12% em
panha de capitalização, com outdoors,
depósitos à vista, no Bansicredi essa ex-
veiculações na mídia e folheteria ao
pansão foi de 47%.
público, que premiou os poupadores.
Em meados de 2003, o Sicredi se tor-
O balanço de 2004 da Sicredi Nova
nava o sistema financeiro presente no
Londrina aponta para números anima-
maior número de municípios do Paraná,
dores. “O crescimento de nossa coo-
segundo levantamento divulgado pelo
perativa foi fantástico. Analisando o
Banco Central. Contava com 231 uni-
período de dez anos, em 1994 tínha-
dades de atendimento em 196 localidades
mos R$ 196,8 mil de recursos admi-
e se apresentava, também, como a única
nistrados, ao passo que em junho/2004
instituição existente em 36 municípios
contabilizamos R$ 22,839 milhões, o
(o Banco do Brasil tinha um número
que representou um crescimento de
maior de agências, 234, mas em número
11,504%”, destacou o relatório de ges-
de municípios menor, 179). Demonstra-
tão, ressaltando-se que esse índice foi o
va, assim, que tinha sabido aproveitar as
maior de toda a região norte/noroeste e
oportunidades deixadas pelo Bamerindus
o 5º entre todas as cooperativas Sicredi
e o Banestado.
do Paraná. E, mesmo com a exclusão de 912 associados, por inatividade, houve um aumento do quadro social de 5.608
POUPANÇA E CUSTEIO
para 6.359, uma expansão de 13,3%. Outra novidade: a partir de agos-
No ano seguinte, o Sicredi oferecia
to de 2005, os associados já poderiam
mais uma opção própria de investi-
contar com linhas de custeio agrícola
mento para o produtor: a poupan-
para todas as culturas de verão, ofere-
ça rural, autorizada pela resolução
cidas em condições especiais, além de
3.188 do Banco Central. Até então,
linhas de investimento de longo prazo.
as cooperativas de crédito não po-
Dentre as opções de custeio ofereci-
diam oferecer essa modalidade de in-
das, com recursos próprios equalizados
vestimento aos seus associados, res-
pelo governo federal, encontravam-
tringindo-se a aplicações de curto e
se as destinadas a pequenos e médios
longo prazos. Era mais uma conquista
agricultores. 107
A LIVRE ADMISSÃO
no dia 19 de setembro daquele ano, a instituição passou a ser denominada Sicredi
Enfim, a conquista tão esperada. No
Noroeste PR.
mês de abril de 2007, a resolução 3.106
Para a gerente regional de desenvolvi-
do Banco Central autoriza as cooperati-
mento de negócios,Vanessa Gutowski,
vas de crédito a admitirem associados de
a resolução do Banco Central represen-
outros ramos, e não apenas do segmen-
tou um divisor de águas para o Sicredi,
to agropecuário, sem qualquer restrição.
ao abrir uma margem muito grande de
Com isso, a cooperativa alterava o seu
atividades. Ela explica que como a coo-
Estatuto Social. De acordo com Jorge
perativa se baseia no tripé associado, cré-
Bezerra Guedes, a então Sicredi Nova
dito e captação, a medida contribuiu para
Londrina deixava de estar focada em um
fortalecer o sistema.
segmento apenas, para atuar livremente em todos os setores da sociedade. Um dos benefícios da atuação livre seria a maior
COM A FORÇA DO RABOBANK
estabilidade econômica. Se o agronegócio passasse por uma crise, por exemplo,
O Sicredi e o Rabo Financial Institu-
isto afetaria a cooperativa apenas parcial-
tions Development RD, braço de desen-
mente ou na proporção do que esse setor
volvimento do grupo holandês Rabo-
representava para a entidade. Com isso,
bank, firmaram em 2010 um acordo de parceria, pelo qual este último adquiriu participação de 30% do Banco Cooperativo Sicredi S.A., empresa consolidada pela Holding Sicredi Participações S.A. Segundo o presidente da Sicredi Parti-
Em recursos administrados, o crescimento da cooperativa apresentou a excepcional marca de 11.504% no período de dez anos, entre 1994 e 2004.
cipações e Central Sicredi PR/SP, Manfred Dasenbrock, a parceria inaugurava uma nova fase de oportunidade de negócios, direcionados a atender as necessidades dos associados. “A experiência internacional do grupo holandês vai contribuir para a evolução dos negócios cooperativos em áreas como agronegócio, leasing e crédito mobiliário, por exemplo”, declarou Dasenbrock.
108
O sucesso do Sicredi na comunidade
é tudo: “Nossa equipe de colaboradores está presente em todos eles, prestando ajuda voluntária”. A respeito desse envol-
Admitida em 2006 como estagiária na
vimento, Mírian destaca que os profissio-
agência de Terra Rica, Mírian Senson
nais “se vestem de Sicredi e passam a ter
Martinez foi caixa, atendente, encarrega-
também, na cidade, o sobrenome Sicre-
da do atendimento e gerente de pessoa
di”, para eles, um motivo de orgulho. A
jurídica (PJ) até setembro de 2011, quan-
gerente conta que desde o início passou
do passou a responder pela unidade. “So-
a ser chamada por “Mírian do Sicredi” e
mos a segunda maior em depósitos a pra-
lembra que a cooperativa realiza vários
zo e recursos administrados”, orgulha-se
programas para a disseminação e o maior
Mírian, sublinhando os 30% de partici-
conhecimento do cooperativismo de cré-
pação no mercado local, percentual esse
dito, como o “Crescer e Pertencer”.
que se mantém firme mesmo diante do
A gerente comenta também que Ter-
acirramento da concorrência com a che-
ra Rica foi a primeira agência da coo-
gada de outras instituições financeiras à
perativa a ser implantada por meio do
cidade, nos últimos anos.
sistema em que sócios-fundadores de-
O diferencial no atendimento e a inser-
positam capital antes da abertura das
ção na comunidade estão entre as razões
instalações. No caso, 26 sócios, entre
que, segundo Mírian, justificam o sucesso
pessoas físicas e jurídicas, aportaram
do Sicredi. Segundo ela, uma cooperativa
cada um, na época, R$ 1 mil. “Isto re-
de crédito consegue ser um banco, mas
presentou um salto”, relembra.
um banco, por suas características, jamais conseguirá oferecer o mesmo que uma cooperativa de crédito. Por outro lado,
A INSERÇÃO DA COOPERATIVA
“quem não é visto não é lembrado”, diz ela, frisando que o Sicredi é um dos prin-
“Tudo o que acontece na comunidade,
cipais apoiadores dos eventos promovi-
tem Sicredi”, afirma o gerente da agência
dos junto a população, como a Festa do
de Nova Londrina, Fernando Moreira da
Padroeiro (Santo Antônio) e outras ati-
Silva. Desde 2001 na função, ele lidera
vidades da igreja católica, bem como da
uma equipe de 12 colaboradores que aten-
Associação Comercial e do Rotary Club,
dem a 3,6 mil associados – dos quais 90%
entre outros. Os copos plásticos, os aven-
pessoas físicas, compondo um quadro com
tais e os guardanapos com a logo Sicredi
atividades diversificadas. A participação da
estão em todos os lugares, mas isso não
cooperativa no dia a dia dos moradores se 109
Um associado que “é Sicredi em tudo”
A gerente da agência de Terra Rica, Mírian Senson Martinez, destaca que os profissionais “se vestem de Sicredi e passam a ter também, na cidade, o sobrenome Sicredi”. Ela, por exemplo, é a Mírian do Sicredi.
O sucesso da agência de Nova Londrina junto à população pode ser avaliado pela satisfação de associados como Tatsugi Sugawara, de 83 anos, pioneiro na cidade, onde reside desde 1960. “Sou Sicredi em tudo”, afirma, explicando fazer parte da cooperativa há quase 20 anos, mantendo ali todos os seus negócios. Muito querido dos colaboradores, ele diz fazer da instituição a sua segunda casa, onde sempre aparece para tomar café e colocar a conversa em dia. Quando ele tinha três anos, sua família trocou o Japão pelo Brasil, sem falar uma
dá de diferentes maneiras, segundo Fer-
única palavra em português, para tentar a
nando: as tradicionais festas de igreja e
vida em lavoura no interior de São Paulo.
escolas, as promoções no seminário, no
Já adulto, aos 25, Tatsugi participou de
hospital e na Apae (Associação dos Pais
uma nova e definitiva mudança: os pais,
e Amigos dos Excepcionais), incluindo
ele e mais dois irmãos resolveram apro-
as campanhas Natal Vida, a exposição
veitar a chance de ter as próprias terras no
Expo Nova e eventos organizados pela
promissor município que surgia no extre-
Associação Comercial. “Temos um ca-
mo noroeste do Paraná. “Meus pais so-
lendário repleto”, afirma, lembrando
nhavam em conquistar uma vida melhor
que a participação mantém fortalecidos
para a família”, conta, explicando que em
os laços entre as partes, sendo a presença
Nova Londrina conseguiram progredir se
da cooperativa de crédito celebrada pelo
dedicando à cultura mais importante do
município e região, também, por regu-
Paraná naquela época. “Devemos muito
lar o mercado financeiro. “A concor-
ao café”, sublinha. Quando chegaram,
rência, mesmo as agências dos grandes
havia na cidade a Casa Japonesa, onde
bancos, se veem na obrigação de seguir
eles e muitas outras famílias compravam
o Sicredi como um balizador de taxas e
mantimentos, sinal de que a comunidade
tarifas”, explica.
nipônica era representativa na região.
110
Ainda hoje, o alegre e simpático Tatsugi, que todo mundo conhece e gosta de conversar, se mantém na atividade rural, mas seu negócio, desde o declínio da cafeicultura, tem sido a pecuária de corte. Com orgulho, o produtor ressalta que ele e os irmãos criaram e encaminharam 15 filhos, dos quais seis dele e de dona Majiko, com quem se casou em 1961. São
Muito querido dos colaboradores, ele diz fazer da instituição a sua segunda casa, onde sempre aparece para tomar café e colocar a conversa em dia.
três homens e três mulheres, “todos com diploma”, que já lhes deram cinco netos. Para ele, a cooperativa, da qual já foi conselheiro fiscal, “é fruto do trabalho
associados. “É um exemplo de parceria”,
honesto e um bom negócio para os as-
diz ela, mencionando também algumas
sociados, não tem burocracia, impulsio-
empresas da cidade que, igualmente,
na a região e ainda ajuda a comunidade”.
confiaram na cooperativa e não têm do
Outro diferencial, completa, é que “os
que queixar. É o caso da Karam’s Estofa-
associados conhecem desde o atendente
dos, dirigida por Fábio Kato e sua espo-
ao presidente, está tudo em casa”.
sa Sueli que, graças ao apoio do Sicredi, realizaram investimentos para expansão da fábrica. Tanto Fábio quanto o agen-
Quem coopera, cresce
te Cleocir se tornaram tão próximos da instituição que, atualmente, desempe-
Em Terra Rica, o ex-funcionário do Banestado, Cleocir Luiz Possebon, se
nham também a função de coordenadores de núcleos.
tornou um agente credenciado da cooperativa de crédito no mesmo ano de
EMPREENDER
inauguração da agência na cidade, em 2001, depois de firmar convênio para
Em Marilena, o dono do Buffet Serve
receber boletos. Parceiro desde o início,
Bem, Wanderson Cleiton Dim, também
sua participação só fez aumentar e, hoje
encontrou no Sicredi o apoio que preci-
em dia, segundo a gerente local Mírian
sava para desenvolver a empresa. Com
Senson Martinez, Cleocir se destaca en-
sua paixão pela gastronomia, ele come-
tre os maiores agentes Sicredi, atuando
çou o buffet em 2006, modestamente,
como um facilitador no atendimento aos
aplicando economias acumuladas ao 111
longo de anos de trabalho no Japão. Co-
OPORTUNIDADE
meçou a preparar festas e obteve linhas de crédito para promover uma expansão
Ainda em Marilena, a dentista Inês
contínua. Tanto que hoje ele é dono
Watanabe precisava achar um terre-
também da Evolution, empresa espe-
no mais bem localizado na cidade, para
cializada em prestação de serviços gerais
instalar seu consultório. Encorajada pelo
para festas e eventos de todos os por-
Sicredi, ela passou a procurar um bom
tes, mas não pretende parar por aí. Seu
terreno e o encontrou, por um valor que
próximo passo é implantar um buffet
foi financiado pela cooperativa em 60
infantil, incluindo espaço para locação,
meses. Nesse espaço, ela viria a construir
já sabendo onde encontrará apoio para
as instalações para atender sua clientela,
continuar crescendo.
além de 3 salões para alugar e ainda, na parte de cima, um amplo apartamento. “Estamos muito inseridos na comunida-
MUDOU A VIDA
de e interessados no desenvolvimento das pessoas e das empresas”, conta Lucila, que
O Sicredi foi mais que uma coopera-
cita também o exemplo do produtor rural
tiva de crédito para Jonas Martins Pe-
Antonio Apolinário Neto e de seu filho
reira, dono de frutaria e mercearia em
Adilson. O pai havia sido tomador de
Marilena. Há anos, com um caminhão
crédito na cooperativa e, decorridos al-
pequeno, ele viajava para buscar mer-
guns anos, o relacionamento esfriou. Era
cadorias em Maringá. Certo dia, inte-
o ano de 2007 e, percebendo a situação,
ressado em trocar de veículo, adquiriu
Lucila foi em busca de resgatá-los, infor-
uma cota de consórcio de pesados e,
mando a eles que tinham disponível um
numa conversa com a gerente Luci-
crédito aprovado: era só usar. Com isso,
la Paiano Pilege, acabou mudando o
satisfeitos pela consideração, ambos vol-
rumo de sua vida. A sugestão dela foi
taram a ser associados ativos, utilizando o
que, com um caminhão maior, Jonas
recurso para compra de gado.
poderia adquirir mais mercadorias para si e tornar-se, ao mesmo tempo, fornecedor das demais frutarias e mercados
“Associados são donos”
da cidade e região. Deu certo: a bordo de um caminhão baú, ele cresceu na
A gerente da agência de Terra Rica,
atividade e até já construiu uma casa
a segunda maior da Sicredi Rio Para-
nova, do jeito que a família sonhava.
ná PR/SP, Mírian Senson Martinez,
112
lembra: “Não somos uma instituição
DUAS DÉCADAS
bancária e, sim, uma cooperativa, da qual os associados são os donos”, sa-
Ao chegar aos seus 20 anos em 2008, a
lientando que, diferente dos bancos, os
Sicredi Noroeste se solidificara como um
recursos movimentados pela institui-
orgulho regional, crescendo e se aprimo-
ção ficam na região para promover o
rando. Nesse exercício foi inaugurada a
seu desenvolvimento.
agência de Loanda e reinaugurada a de
Vimos anteriormente também que
Terra Rica. No dia 21 de novembro da-
o cooperativismo de crédito havia
quele ano, um jantar marcava a passagem
conseguido ocupar o espaço de duas
do aniversário, oportunidade em que a
tradicionais instituições com capila-
cooperativa expressou seu reconheci-
ridade no Estado, que atuavam mui-
mento e gratidão a três ex-presidentes:
to proximamente junto aos clientes e
Bento Somenzari, que dirigiu a entida-
falavam a linguagem paranaense. O
de entre 1988 e 1993; Olivier Grende-
fim do Bamerindus e depois do Ba-
ne (in memoriam), que a comandou de
nestado ofereceu ao Sicredi a opor-
1993 a 1995; Pedro Paulo de Mello, de
tunidade de construir esse relaciona-
1995 a 2002; e Jorge Bezerra Guedes,
mento junto aos diversos públicos, o
que assumiu a presidência em 2002. Fo-
que a cooperativa soube fazer com
ram homenageados, também, João Paulo
propriedade e naturalidade. Aos pou-
Koslovski, presidente da Ocepar; Miguel
cos, a população foi conhecendo a sua
Rubens Tranin, presidente da Copagra,
forma de atuar, a proposta da coope-
a “cooperativa mãe”, e Luiz Carlos Fer-
ração, a flexibilidade e a informalidade
nandes, um dos primeiros colaboradores.
no atendimento. As pessoas descobriram que, no Sicredi, deixavam de ser clientes comuns para se tornar associa-
Formação profissional
das, com uma administração próxima, respeitada e conhecida. Nesse jeito Si-
De acordo com a gerente de Terra
credi, o associado passou a ser recebi-
Rica, Mirian Senson Martinez, sua agên-
do de uma forma bem mais amigável
cia se destaca por ser também um centro
e informal, sendo chamado pelo nome,
de formação profissional para o Sicredi,
contando com todo o leque de serviços
revelando talentos, vários dos quais apro-
oferecidos pelas instituições financeiras
veitados na Superintendência Regional
e firmando cada vez mais uma relação
(Sureg) em Nova Londrina. Em relação
baseada na confiança.
ao crescimento da equipe, ela menciona a 113
“Há pouco mais de 20 anos a Sicredi era só uma ideia e, hoje, uma realidade. Naquela época, poucas pessoas acreditavam que poderia dar certo. Hoje, está aí a cooperativa de crédito instalada em vários municípios, participando da vida da comunidade e, de modo especial, daqueles que fazem parte dela. E creio que nossos filhos vão usufruir deste legado construído pelo esforço das pessoas que acreditaram que o sonho poderia ser realizado.” Arnaldo José Mazzotti, um dos associados fundadores, em depoimento publicado no relatório 2008.
“A Sicredi Noroeste tem feito um trabalho fantástico e muito importante. Hoje estamos vendo os resultados da semente plantada há 20 anos, quando o cooperativismo dava os primeiros passos. A Sicredi Noroeste é um exemplo de um trabalho vigoroso que vem frutificando e com certeza vai continuar sendo uma grande alavanca para o setor produtivo do nosso Estado.” João Paulo Koslovski, presidente da Ocepar, em depoimento publicado no relatório 2008.
oportunidade oferecida por treinamentos
especialistas da Fundação Getúlio Vargas
constantes e também a disponibilização
(FGV).
de cursos de pós-graduação, como o mi-
O ex-diretor-executivo Almir Schotten
nistrado em 2012/13 na área de “Desen-
observa que a Sicredi Rio Paraná PR/SP
volvimento Humano de Gestores”, com
chegou a 2018 com uma equipe de 204
114
colaboradores qualificados e comprometidos, cujo padrão de profissionalismo se tornou uma referência. “Eles estão preparados para explorar todo o potencial de crescimento do Sicredi, uma vez que os desafios nunca cessam: a renovação do quadro de associados é um processo natural, incluindo aí o espaço para a maior participação das mulheres e também dos jovens na cooperativa.”
O Paraná fica pequeno e o Sicredi avança para São Paulo
Em 2008, eram 10.842 associados distribuídos em 13 agências no Paraná. Havia um crescimento consistente ano após ano
A Sicredi Noroeste cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos, em ritmo
tempo depois de sua fundação, estava
impressionante. De 2003, quando com-
consolidada. Era um dos principais agen-
pletou 15 anos, até 2008, ano em que
tes do desenvolvimento econômico da
comemorou duas décadas de existência,
região, apoiando um grande número de
a cooperativa evoluiu e chegou a esse úl-
produtores rurais, empresários, comer-
timo ano com recursos totais de R$ 65,7
ciantes de todos os tamanhos, profissio-
milhões (contra R$ 50 milhões de 2007)
nais liberais, aposentados e uma quan-
e um quadro de 10.842 associados (ante
tidade cada vez maior de jovens, parte
8.801 do ano anterior) distribuídos por
deles estudantes ou sucessores em negó-
13 agências em municípios localizados
cios da família.
no extremo noroeste do Paraná. Mesmo
Jorge Bezerra Guedes destaca como
com a preocupante crise financeira inter-
decisões relevantes que possibilitaram
nacional, a cooperativa apresentara cres-
essa realidade: 1) a abertura do quadro
cimento de 31%, e rentabilidade de 9%
social para a associação de pessoas de ou-
do patrimônio líquido.
tros segmentos, e não restritas apenas aos
A instituição, que em seu início passou
cooperados da Copagra; 2) a associação
por muitas incertezas, dificuldades e só
ao Banco Cooperativo Sicredi, em vez
começou a operar, efetivamente, algum
de criar um banco próprio do Paraná; 3) 115
Lideranças e centenas de convidados participaram da comemoração dos 20 anos da cooperativa de crédito, em 2008. A partir da esquerda, Pedro Paulo de Mello, Miguel Tranin, João Paulo Koslovski e Jorge Bezerra Guedes. Na outra foto, Pedro Paulo de Mello, Almir Schotten, Luiz Carlos Fernandes, Vanderlei Gonçalves de Oliveira e Jorge Bezerra Guedes
116
117
o fato de dirigentes e colaboradores te-
realizadas mais de 12 mil operações de
rem decidido por uma atuação firme no
crédito que totalizaram acima de R$ 86
mercado, sem medo, buscando o cres-
milhões (dos quais R$ 14,3 milhões para
cimento, a autonomia, e a excelência
o segmento rural, atendendo associados
operacional.
da agricultura familiar, bem como produtores de outras áreas e pecuaristas). No dia 11 de setembro, era inaugurada a
A necessidade de continuar crescendo
agência de Santa Cruz de Monte Castelo, a primeira da cooperativa a contar com instalações próprias. E, em outubro de
“O ano de 2009 não deixará saudades
2010, foi aberta a de Santa Isabel do Ivaí.
para a economia regional”, registrou o presidente Jorge Bezerra Guedes em sua apresentação no relatório de gestão, lem-
BUSCAR COMPETITIVIDADE
brando que os efeitos da crise financeira internacional fizeram-se sentir durante o
No entanto, havia uma preocupação
ano com a queda da renda da agricultu-
que só fazia aumentar na mesma inten-
ra, comércio e agroindústrias. Segundo
sidade. Para que o leitor possa enten-
ele, foram despendidos “consideráveis
der melhor, importante relembrar que
esforços” para conter os índices de ina-
no Paraná o cooperativismo de crédito
dimplência na carteira de crédito, assim
como um todo, por meio do Sistema Si-
como gerir de forma parcimoniosa as
credi, crescia a passos muito acelerados e
despesas correntes e, por outro lado, me-
as cooperativas de menor porte, por mais
lhorar as receitas com produtos e serviços
bem administradas e eficientes que fos-
disponíveis aos sócios, incluindo premia-
sem no cumprimento de seus objetivos,
ção na comercialização de consórcios en-
não conseguiam ter a mesma competiti-
tre as cooperativas do Paraná.
vidade das grandes. Estas iam ocupando
Jorge lembra que a Sicredi Noroeste
rapidamente as áreas de atuação, abrindo
estava sólida e no caminho certo, com 14
novas agências e robustecendo os seus
unidades de atendimento, tendo cresci-
números, num cenário que exigia o mes-
do 5% em recursos administrados no ano
mo padrão de agressividade das médias
de 2009, 17% em número de associados
e pequenas cooperativas, sem o qual elas
(eram 12.748, contra 10.842 de 2008),
não sobreviveriam.
24% em patrimônio líquido e 117% em
“As coisas iam acontecendo muito
captações de poupança. Nesse ano, foram
depressa e não havia tempo a perder”,
118
lembra o presidente, assinalando que a
paranaenses passaram a operar no vizinho
Sicredi Noroeste foi ficando encurralada
Estado de São Paulo e pouco mais tarde,
em sua região e sem opção territorial para
também, no Rio de Janeiro, subdividin-
continuar promovendo a expansão. En-
do-se as regiões. Nesses dois Estados, por
quanto isso, começava a se tornar comum
uma questão cultural, o cooperativismo
no cooperativismo de crédito paranaense
de crédito, assim como o de outros ra-
– incluindo o Sistema Sicredi - um fato
mos, não se desenvolvia nos mesmos
previsível: a fusão entre as corporações,
moldes do Paraná, onde é considerado
com as grandes absorvendo as de menor
um modelo nacional, e a maior parte da
porte. Não havia como ser diferente.
sua população permanecia à mercê do
Jorge Bezerra Guedes conta que em
sistema financeiro tradicional.
reuniões com lideranças do setor, che-
A então Central Sicredi Paraná, presidi-
gou a ser aconselhado a admitir a possi-
da por Manfred Alfonso Dasenbrock, se
bilidade de uma junção com uma grande
tornaria a Central Sicredi PR/SP e, logo
cooperativa que já havia se instalado bem
depois, Central Sicredi PR/SP/RJ. Segun-
na fronteira de sua área de atuação. Seria
do ele, a abertura de um amplo espaço
essa uma tendência irreversível, pois com
territorial nesses dois Estados, pelo seu
o passar do tempo a Sicredi Noroeste iria
imenso potencial e praticamente tudo ain-
perder velocidade de crescimento e, ob-
da por fazer, “constitui uma oportunidade
viamente, deixaria de ser competitiva.
extraordinária para o crescimento do cooperativismo de crédito”. Com sua capacidade de gestão, expertise, transparência e
A SOLUÇÃO
larga experiência na superação de desafios e conquista de resultados, o Sistema Si-
A vigorosa expansão do Sistema Sicredi,
credi organizou-se, planejando prestar a
a necessidade de ocupar novos espaços em
mesma qualidade de atendimento e cres-
outras regiões e a sua atuação exemplar no
cer nas novas regiões, além de continuar
Paraná, onde promove o desenvolvimen-
fortalecendo a sua presença no Paraná.
to econômico regional e está presente em muitos municípios, acabaram trazendo a solução tão procurada pela Sicredi No-
UM NOVO NOME
roeste e outras cooperativas do Estado que tinham a mesma preocupação.
Com isso, a Sicredi Noroeste, até então
Por meio de uma autorização do Banco
detentora de uma região compreendida
Central, em 2011, cooperativas de crédito
por 17 municípios no extremo noroeste 119
paranaense, onde mantinha 16 agências,
números expressivos. O número de asso-
absorveu 27 municípios do chamado
ciados já chegava a 16.449, os depósitos
Pontal do Paranapanema, em São Paulo,
totais atingiam R$ 68,9 milhões, os re-
atualmente centralizados pela cidade de
cursos administrados somavam R$ 115,5
Presidente Prudente, a 230 quilômetros
milhões, as operações de crédito eram de
de Nova Londrina. A cooperativa havia
R$ 73,5 milhões e o crédito total conce-
amealhado uma importante área territo-
dido de R$ 148,9 milhões.
rial a explorar, promover sua expansão e
Mais do que tudo isso, havia agora a
ampliar horizontes, o que levou a uma
expectativa de expansão para uma região
mudança de sua denominação para Sicre-
nova e carente de cooperativismo de cré-
di Rio Paraná PR/SP. “Estamos somando
dito, segundo observa a gerente regional
forças com o Estado de São Paulo para
de desenvolvimento de negócios, Vanes-
buscar o desenvolvimento das duas re-
sa Gutowski, acrescentando: “Foi o início
giões. São Paulo é carente de nossos pro-
de um novo tempo para a cooperativa”.
dutos e serviços”, comentou o presidente Jorge Bezerra Guedes durante Assembleia Geral Extraordinária realizada dia 8
Aprimorar e evoluir sempre
de dezembro de 2011, para oficializar a expansão. A cooperativa encerraria 2011 com
O Sistema Sicredi passava por transformações importantes em sua organização operacional e política, para elevar ainda mais a imagem de excelência em relação ao sistema financeiro. “A Sicredi Noroeste cumpre a sua missão na região, buscando ser a diferença nas regiões onde
“Estamos somando forças com o Estado de São Paulo para buscar o desenvolvimento das duas regiões. São Paulo é carente de nossos produtos e serviços” (Jorge Bezerra Guedes)
atua”, citou Jorge no relatório de gestão daquele ano, lembrando a premissa básica de “crescer em quantidade e qualidade, e proporcionar resultados financeiros e sociais para a cooperativa e os seus associados”. Ao mesmo tempo, mais de 350 associados participavam de estudos do programa “Crescer”, que visa a qualificar a participação no programa “Pertencer”, de organização do quadro social,
120
implantado em 2012. A instituição se so-
financeira local. No caso de Nova Lon-
bressaía, ainda, por algumas conquistas
drina, esse índice supera os 30%. “O po-
no Sistema Sicredi, como o 3º lugar na
tencial é grande, sem dúvida”, diz, ex-
venda de produtos da campanha “Dono
plicando que cada cooperativa, além de
da Copa Sicredi”, o 2º na comercializa-
desenvolver o seu trabalho nas regiões
ção de consórcios, o 3º em seguro de vida
tradicionais, onde tem suas raízes, precisa
e 2º entre as que apresentavam os melho-
buscar oportunidades em outras para ace-
res índices de auditoria.
lerar o crescimento.
O ex-diretor-executivo Almir Schot-
No interior paulista, era necessário co-
ten ressalta que “nenhuma organização
meçar do marco zero. Do lado paranaen-
econômica ou cooperativa sobrevive se
se do Rio Paraná, o sistema cooperativista
não continuar evoluindo”, até porque
de crédito estava consolidado, reconheci-
os custos fixos não param de subir. E,
do e crescendo de forma rápida. Mas no
no caso das cooperativas de crédito, essa
lado paulista, a mudança era da água para
necessidade é ainda maior, uma vez que
o vinho e ele não passava, ainda, de um
elas estão inseridas em um mercado alta-
ilustre desconhecido.
mente concorrido, onde operam grandes corporações bancárias.
Almir se recorda que em uma viagem de reconhecimento, ao dialogar com a autoridade de um município daquela região, explicou que a cooperativa pla-
GRANDE POTENCIAL
nejava abrir uma agência ali e expôs os
Almir lembra que no Paraná, como um todo, ainda há muito espaço para a expansão do cooperativismo de crédito, onde esse sistema representa pouco mais de 10% do montante financeiro total. No Brasil inteiro, a média era inferior a 4% em 2018. Mas em algumas cidades paranaenses, especialmente as de pequeno porte, a expressividade da participação é bem maior, com percentuais que ultrapassam os 50%, em muitos casos, lem-
Se de um lado o sistema cooperativista de crédito era reconhecido por parte da população paranaense e estava consolidado, no interior de São Paulo ele não passava ainda de um ilustre desconhecido
brando que em tantas outras a agência Sicredi é, não raro, a única instituição 121
Em 2011, a cooperativa absorveu parte da região do Pontal do Paranapanema, no vizinho Estado de São Paulo, que tem como sua principal referência a cidade de Presidente Prudente (foto). A expansão oferece a tão esperada oportunidade para que a instituição impulsione ainda mais o crescimento, levando sua experiência, produtos e serviços para um grande número de municípios ávidos pela chegada do cooperativismo de crédito. Rodrigo Braga
122
123
benefícios que proporcionaria à popu-
A gerente regional de desenvolvimento
lação. Essa liderança não apenas desco-
de negócios, Vanessa Gutowski, salienta
nhecia a proposta do cooperativismo de
que apesar das diferenças culturais em re-
crédito, como duvidou de sua existência.
lação ao cooperativismo que haviam de um lado a outro do Rio Paraná, ambas as regiões (extremo-noroeste paranaen-
UM DESEJO ANTIGO
se e oeste paulista) possuem pontos em comum, entre os quais o mesmo tipo de
Mas já, de longa data, produtores do
solo arenoso e semelhança em relação ao
Paraná que mantinham negócios em mu-
clima, além de se situarem nas extremida-
nicípios dessa região paulista e estavam
des dos Estados. “O próprio desafio eco-
acostumados a lidar com cooperativas de
nômico dessas regiões é muito parecido”,
crédito e de produção agropecuária, rei-
pontua.
vindicavam a presença delas, justificando
O avanço para território paulista foi re-
que se sentiriam mais seguros e apoiados.
forçado com o chancelamento de 2012,
Em 2003, por exemplo, o produtor ru-
por parte da Organização das Nações
ral Roberto Junqueira, ligado na época
Unidas (ONU), como o Ano Interna-
à Copagra, associou-se na agência de
cional das Cooperativas. Um ano es-
Diamante do Norte (PR) e solicitou que
pecial, que para o Sicredi representou a
a cooperativa de crédito estudasse a pos-
continuidade das transformações na ala-
sibilidade de expandir sua atuação para o
vancagem de negócios, na infraestrutu-
Pontal do Paranapanema, onde os pro-
ra tecnológica, no portfólio à disposição
dutores estavam desassistidos. A demanda
dos associados e na governança. “Para o
requereu uma consulta ao Banco Central
cooperativismo, 2012 significou o reco-
que, alegando tratar-se de áreas diferen-
nhecimento de sua força no desenvol-
tes, não autorizou.
vimento da sociedade”, sintetizou Jorge
Agora, com o trânsito livre e desimpe-
Bezerra Guedes.
dido, e depois de inaugurar em 2011 mais
Vanessa cita que havia um problema,
uma agência no Paraná (em Planaltina do
em especial, a superar no interior de São
Paraná), a Sicredi Rio Paraná PR/SP mar-
Paulo: a desconfiança de algumas pessoas
charia firme em terras paulistas. Naquele
em relação ao próprio cooperativismo,
mesmo ano, chega a Primavera, no mu-
devido a um histórico negativo deixado,
nicípio de Rosana, já pensando nas trata-
principalmente, por organizações ligadas
tivas para implantar outras duas, em Pre-
ao setor produtivo.
sidente Epitácio e Presidente Venceslau. 124
Com
essa
dificuldade
a
mais,
certamente não seria uma tarefa simples
em parceria com o Comafen (Consórcio
viabilizar a implantação de unidades por
Intermunicipal da APA Federal do No-
meio de sócios-fundadores, como se fazia
roeste do Paraná) e prefeituras, aprofun-
no Paraná. “No entanto, não havia ou-
dando o debate sobre o encaminhamento
tra maneira, a gente tinha que fazer um
das propostas de desenvolvimento regio-
trabalho de formiguinha”, conta Vanessa,
nal. O evento contou com a presença do
lembrando que foi necessário desenvol-
governador Beto Richa. E, prestando ho-
ver um esforço muito maior no sentido
menagem a um de seus principais funda-
de conseguir apresentar o Sicredi às co-
dores, a cooperativa instituiu a premiação
munidades e conquistar a sua confiança,
“Medalha Olivier Grendene de Coope-
até chegar à cotização financeira. Para
rativismo” para reconhecer o trabalho
isso, eram convidadas pessoas de referên-
daqueles que fizeram o sistema crescer.
cia para reuniões em que elas passavam a
Por sua vez, o programa “A União Faz
conhecer a cooperativa e o seu modelo de
a Vida” foi ampliado para as cidades de
governança. Mesmo assim, nas primeiras
Terra Rica, Santa Mônica e Santa Cruz
conversas, as adesões eram pequenas.
do Monte Castelo, realizando-se ainda a reinauguração da agência de Diamante do Norte, agora em instalações mais am-
A comemoração dos 25 anos
plas e confortáveis. Para completar, os associados foram agraciados com um show
Os 25 anos da cooperativa, completados em 2013, foram marcados por um
do cantor Sérgio Reis, coroando um ano de êxitos e expansão.
crescimento vertical, “fortalecendo seus
“Nesses 25 anos, nossa maior meta foi
números e preparando-se para o traba-
dotar a cooperativa de um modelo de
lho de expansão no Estado de São Pau-
gestão que pudesse garantir a sua perpe-
lo com segurança e energia”, conforme
tuidade”, comentou no relatório de 2013
frisou o presidente em sua mensagem no
o presidente Jorge Bezerra Guedes. Ele
relatório de prestação de contas. Em sín-
acrescentou: “testemunhamos vários pro-
tese, foi registrado um crescimento anual
cessos de liquidação, fusão ou incorpora-
de ativos totais de 21,2%. Nesse ano, em
ção de cooperativas, seja de crédito ou de
que a instituição contava com 23 mil
produção, que deixaram tristes histórias
associados, 140 colaboradores e R$ 170
de desgaste junto ao público”.
milhões em recursos administrados, foi
A comemoração dos 25 anos aconte-
promovido o 5º Encontro de Lideranças
ceu no dia 22 de novembro, iniciando
da Região Extremo Noroeste do Paraná
pela homenagem a 11 fundadores da 125
cooperativa, que permaneceram ativos ao
da campanha de capitalização que sor-
longo desse período: José Bolivar Garcia
teou uma caminhonete S10 (ganha pelo
Lellis, Pedro Paulo de Mello, José Lopes
associado Osmar Orfanelli, de São Pedro
Pires, Luiz Valdir Moreira, Napoleão
do Paraná) e 17 aparelhos de televisão de
Augusto Chiamulera, Rudi José Schimd,
40 polegadas – um para cada unidade de
Aléssio Roman, Arnaldo José Mazzotti,
atendimento, na época.
Nelson Bono Maior, Mauro Bernardelli, Raimundo Gomes de Lucena e José Jorge Machado. Todos receberam a medalha
ANO DE INAUGURAÇÕES
Olivier Grendene. Após o evento, os associados foram re-
Em 2014, o atual gerente regional de
cebidos no Centro de Tradições Gaúchas
desenvolvimento, José Gôngora Dardos-
Três Fronteiras de Nova Londrina, para
se, o Zeca, vai para Presidente Venceslau
o show de Sérgio Reis. Milhares de as-
com a missão de implantar a unidade lo-
sociados de todas as unidades de atendi-
cal por meio do sistema de sócios-funda-
mento da cooperativa presenciaram gra-
dores. Ao final de um dedicado trabalho,
tuitamente o espetáculo.
alcançou seu objetivo, com a adesão de
Fechando o ano, foi realizado no dia
154 sócios que aportaram o montante
30 de dezembro o sorteio dos prêmios
de R$ 4 mil cada um. “A comunidade
R$ 34,505
159
milhões era o patrimônio
Era o número de
líquido da cooperativa em 2014,
colaboradores em 2014,
com crescimento significativo
ano em que
sobre os R$ 27,469 milhões
foram realizadas
do ano anterior e os R$ 22,848 milhões de 2012.
336 horas de treinamento.
126
entendeu a proposta e abraçou o Sicredi”,
à cooperativa paranaense, incluindo a
conta, lembrando o apoio recebido de
agência de Presidente Prudente, locali-
empresários como os do grupo Leonardi
zada na Avenida Manoel Goulart, 505-1,
e também do comerciante Edmilson Sca-
no cruzamento das principais Avenidas
lon, ligado ao Rotary Club.
(Manoel Goulart e Coronel Marcon-
O ano de 2014 marcaria a abertura de
des), que contava com 1,9 mil associados.
unidades de atendimento em Presidente
“Com a entrada de Presidente Prudente
Venceslau e Presidente Epitácio, no mês
em nossa área de atuação, a cooperativa
de março, e Teodoro Sampaio, em agos-
ganha em escala, números, representati-
to E, em 2016, inaugura as de Pirapozi-
vidade e abre muitas possibilidades para
nho e Mirante do Paranapanema.
se expandir ainda mais pelo Estado de São Paulo”, afirmou o presidente. Com isso, a cooperativa passou a somar
Em Presidente Prudente
44 municípios em sua área de atuação, dos quais 27 no Estado de São Paulo e 17 no
Ainda em 2016 a cooperativa conse-
Paraná. No ano de 2016 seria ultrapassado
guiria realizar o sonho de instalar-se em
o montante de R$ 300 milhões em ati-
Presidente Prudente, o maior municí-
vos totais, com crescimento de 24,7% em
pio e também o polo do oeste paulista,
recursos administrados, no comparativo
mas até fincar sua bandeira ali foi preciso
com o ano anterior. Houve aumento de
tempo e superar várias etapas de uma in-
21,2% em aplicações de poupança, che-
trincada negociação.
gando a R$ 10 milhões. Por outro lado,
Jorge Bezerra Guedes explica que ha-
foi registrada a participação de 2.812 as-
via na cidade uma cooperativa consti-
sociados em reuniões assembleares de
tuída por profissionais de odontologia, a
prestação de contas, o equivalente a 10%
Odontocred, que havia aderido ao Siste-
do quadro social.
ma Sicredi. Depois de enfrentar dificul-
A Sicredi Rio Paraná PR/SP chegou a
dades, a instituição foi incorporada pela
2017 com 23 unidades de atendimento,
Sicredi Centro Oeste, sediada em Marília
sediadas em Diamante do Norte, Mari-
(SP), cooperativa cujos associados têm
lena, Nova Londrina, Santa Mônica, São
forte presença na área da saúde.
José do Ivaí, Querência do Norte, Terra
Contudo, a Central Sicredi PR/SP/RJ
Rica, Loanda, Planaltina do Paraná, Ci-
promoveu uma reorganização das áreas
dade Gaúcha, Nova Olímpia, Amaporã,
de ação das singulares que ali operavam
Guairaçá, Santa Cruz de Monta Castelo,
e 10 municípios passaram a pertencer
Santa Isabel do Ivaí e São Pedro do Paraná, 127
O presidente Jorge Bezerra Guedes e grupo de colaboradores com o cantor Sérgio Reis, que se apresentou na comemoração dos 25 anos da Sicredi Rio Paraná, já uma importante organização voltada ao desenvolvimento econômico regional, assumindo protagonismo ao promover iniciativas como o encontro de senhoras, em que se debateu a relevância do papel feminino no apoio aos negócios familiares, o Empretec (em parceria com o Sebrae), para estimular o empreendedorismo, e o Encontro de Lideranças, que tem como objetivo a busca por soluções para explorar as potencialidades da região.
128
129
agregação de valores e também o aumen-
NÚMEROS EM 2017
to da base de associados. Em São Paulo, a cooperativa enxerga muito espaço para des-
36,4 mil associados
bravar e crescer em termos horizontais. Para
196 colaboradores
ocupar seu território, o objetivo é instalar
45 novas contratações
agências nos próximos anos em municípios
R$ 382 milhões em ativos
com população acima de 10 mil habitantes,
R$ 208 milhões em crédito
o que fomentará a captação de associados e
R$ 6,5 milhões em resultado
a oferta de seus produtos. Para os próximos cinco anos, de acordo com o presidente, a perspectiva é de um crescimento de 30% em
em terras paranaenses; Primavera, Presi-
média, considerando apenas o lado paulista,
dente Epitácio, Presidente Venceslau,
com a abertura de duas agências a cada ano.
Teodoro Sampaio, Pirapozinho, Mirante
“Quando chegamos, a participação do coo-
do Paranapanema e Presidente Prudente,
perativismo de crédito como um todo, na
no Estado de São Paulo. São mais de 40
região, era de 0,6%; atualmente, só o Sicredi
mil associados atraídos pela possibilidade
detém 1,3% desse mercado”, comemora.
de gerar crescimento coletivo.
Para fortalecer cada vez mais sua pre-
Com isso, mesmo tendo iniciado suas
sença, a cooperativa formaliza parcerias
operações no Estado de São Paulo ape-
com entidades de classe, organizações e
nas em 2011, aquela região já representa
cooperativas agropecuárias, entre as quais
25% de toda a movimentação financeira
a paranaense Cocamar, que também che-
da cooperativa, o mesmo acontecendo
gou à região naquela mesma época. O
em relação ao número de associados: em
presidente comenta que logo ao instalar-
2018, a quantidade de integrantes paulis-
se em terras paulistas e implantar o seu
tas já se aproximava de 10 mil.
sistema de trabalho, a reação do mercado foi positiva: finalmente, na visão local, o
Estratégias para o crescimento
cooperativismo de crédito começava a atuar com mais profissionalismo. Quando uma cooperativa de crédito se
O presidente Jorge Bezerra Guedes expli-
instala em uma comunidade, segue dire-
ca que, diante dessa nova realidade, as estra-
trizes de inclusão financeira e de fomento
tégias de crescimento da Sicredi Rio Para-
à economia local, e não apenas mercado-
ná PR/SP passaram a ser duas. No Paraná,
lógicas, como um banco. Dessa forma, a
o foco é a expansão vertical, por meio da
instituição materializa oportunidades de
130
acesso ao crédito e a outros produtos e
entidades e instituições estão entre as ca-
serviços financeiros, gerando efeitos mul-
racterísticas do Sicredi, em seu envolvi-
tiplicadores no desenvolvimento social e
mento com os setores de atividade, além
econômico. Exemplos disso são a forma-
do apoio e participação em eventos locais.
lização de atividades, o resgate da cidadania, a geração de empregos e o aumento
CONTATO DIRETO COM A GESTÃO
da renda. Contribui também para o fortalecimento econômico das comunidades a
Mas o relacionamento não fica por aí.
distribuição de sobras, que faz com que os
No caso da Sicredi Rio Paraná PR/SP,
recursos permaneçam na região, aumen-
desde 2005 são mantidas caixas receptoras
tando a capacidade de desenvolvimento.
em todas as agências, para que os associa-
Por fim, o polo de Presidente Pruden-
dos possam expressar-se, escrevendo co-
te representou um novo divisor de águas
mentários, sugestões e críticas que levem
para a cooperativa. Tanto que, em 2018,
à melhoria dos serviços. Outro contato
a Sicredi Rio Paraná PR/SP criou para
direto de comunicação com a gestão é a
aquela região uma nova Superintendên-
ação denominada Café com o Presidente,
cia Regional (Sureg).
que reúne lideranças especialmente con-
A inserção em uma comunidade, como
vidadas - além de colaboradores e conse-
já visto, inicia pela conquista da confian-
lheiros -, oportunidade em que se faz um
ça de um grupo de sócios-fundadores. O
detalhamento sobre determinado assunto
passo seguinte é a estruturação da agên-
e são sanadas dúvidas. O presidente Jorge
cia e o treinamento dos colaboradores.
Bezerra Guedes toma a iniciativa, ainda, de
Tudo pronto, a operação do atendimento
divulgar pessoalmente produtos e serviços
é divulgada amplamente por meio de um
da sua cooperativa, por meio do aplicati-
esforço de comunicação, utilizando várias
vo de conversas em grupo. Tudo isso sem
plataformas. As parcerias com empresas,
falar das assembleias e reuniões de rotina. Projeto da nova Sureg
131
O Sicredi (detalhe da sede e agência em Nova Londrina) desenvolve programas para educação infantil, atividades solidárias, aprimoramento do quadro de colaboradores e a gestão é próxima do quadro associado, com a realização de iniciativas periódicas para estreitar o relacionamento e sanar dúvidas, como o Café com o Presidente.
132
133
Sistema consolidado no país Com seu crescimento, as cooperativas de crédito do Sistema Sicredi cumprem
Em 2017, a Central Sicredi PR/SP/RJ atingiu a marca de 1 milhão de associados.
com as metas estabelecidas no planejamento estratégico da Central, cujo foco é o aumento da base de associados e a evolução dos depósitos para ampliação das carteiras de crédito.
e um modelo de gestão eficiente estão
Para tanto, as cooperativas condu-
contribuindo para que o Sicredi cres-
zem diferentes projetos com suas equi-
ça acima do mercado. Em outubro de
pes, para aprimoramento dos resultados,
2017, a Central Sicredi PR/SP/RJ atin-
como treinamentos corporativos, ações
giu a marca de 1 milhão de associados.
de marketing, campanhas de endomar-
O montante corresponde a quase um ter-
keting, ações de aproximação com as
ço do total de associados registrados em
comunidades (entre os quais o Progra-
todo o Brasil, 3,6 milhões de cooperados,
ma A União Faz a Vida), a ampliação da
até então.
participação dos associados na gestão da cooperativa pelos Programas Crescer e Pertencer, entre outras que diferenciam as atividades das instituições financei-
O programa A União Faz a Vida
ras cooperativistas das demais. No Sicredi, a utilização de produtos
Na área de atuação da cooperativa, o
financeiros como conta-corrente, cartão
Programa A União Faz a Vida começou
de crédito, investimentos, seguros e con-
a ser articulado no ano de 2008, come-
sórcios, trazem benefícios aos associa-
çando por Nova Londrina, quando Pre-
dos,pois os resultados de uma cooperativa
feitura, Secretaria de Educação e Facinor
de crédito são repassados proporcional-
(Faculdade Intermunicipal do Noroeste
mente ao volume das suas operações e
do Paraná) aceitaram o desafio de serem
reinvestidos no lugar onde vivem, forta-
parceiros na sua implantação.
lecendo a economia da região.
O lançamento ocorreu no dia 7 de abril
A cada ano, o cooperativismo de crédi-
de 2009, durante cerimônia que contou
to vem se consolidando no país. As op-
com a presença de autoridades, lideranças
ções eficazes de crédito e investimento
e educadores do município, oportunidade
134
em que foi firmado o termo de parce-
com o objetivo de vivenciar gestos de
ria entre a Prefeitura e o então Sicredi
carinho, solidariedade e afeto e levar à
Noroeste e também a proposta de apoio
percepção da criança o valor dessa ação
da cooperativa Copagra no programa,
aos beneficiados.
que, inicialmente, atendeu 5 escolas, 990 crianças e 80 educadores.
PESQUISA FORMAÇÃO
Já em 2010, no ano de desenvolvimento do programa, além das oficinas
A partir daí, iniciou-se a formação dos
de formação, a assessoria pedagógica in-
educadores no município, que ficou a
tensificou seus trabalhos, orientando 14
cargo da Facinor (Faculdade Intermu-
projetos nas escolas. Nesse mesmo ano,
nicipal do Noroeste do Paraná), respon-
em que o programa completava uma dé-
sável pela assessoria pedagógica, com
cada e meia em âmbito nacional, o Sicre-
três professoras habilitadas pelo Cenpec
di realizou uma pesquisa para acompa-
(Centro de Estudos e Pesquisas em Edu-
nhar o processo de desenvolvimento e a
cação, Cultura e Ação Comunitária), No
presença dos valores de cooperação e ci-
ano seguinte intensificou-se a forma-
dadania junto ao público-alvo, crianças
ção, por meio de oficinas de capacita-
e jovens, conduzido por uma instituição
ção, quando foram desenvolvidas ações
especializada e reconhecida nacional-
de integração do grupo, promovendo-
mente, a Fundação Carlos Chagas.
se socialização, expedição investigativa, comunidade, aprendizagem, trabalho com projetos e reuniões com a direção das escolas municipais.
Em Nova Londrina, os resultados apontaram: • Diálogo - os alunos reconheceram a importância do saber ouvir as ideias dos demais em situações que não envolvem conflitos de
SOLIDARIEDADE
interesse; • Solidariedade - os estudantes va-
Os primeiros resultados começaram
lorizaram a importância e o pra-
a surgir já no primeiro ano de realiza-
zer no trabalho de equipe e enfa-
ção do programa, com ações solidárias
tizaram que em uma equipe todos
desempenhadas pelos professores, fun-
têm os mesmos direitos e deveres,
cionários e alunos junto a comunidade,
em situação de igualdade; 135
• Diversidade - eles reconhece-
EDUCADORES
ram que há pessoas diferentes em vários aspectos e que devem ser respeitadas;
Em 2012, foi promovido um momento de descontração entre os educadores,
• Justiça - os alunos concordaram
com a apresentação de uma peça teatral
com os princípios gerais de que
a cargo da equipe HPimentel; houve,
devemos agir de acordo com as
ainda, 12h de oficinas de aprendizado
leis e que situações de violência
aos educadores, 40h de assessoria a proje-
prejudicam a todos;
tos nas escolas, execução de 32 projetos,
• Empreendedorismo - os estu-
construção do portfólio e a ação coope-
dantes valorizaram atitudes em
rativa “Cooperar para alegrar” que re-
que as pessoas se sintam responsá-
sultou na arrecadação de 2 mil peças de
veis pelo ambiente em que vivem.
roupas, além de brinquedos, calçados e cestas básicas que beneficiaram 111 fa-
Com a divulgação da pesquisa, em 2011,
mílias carentes. As doações foram obtidas
a cooperativa reuniu lideranças e autori-
pelos alunos, educadores, colaboradores e
dades da comunidade para compartilhar
parceiros do programa.
o resultado, buscando a conscientização e comprometimento de todos na melhoria do nível das crianças nas dimensões apre-
DESTAQUE
sentadas. Nesse mesmo ano a cooperativa desenvolveu um trabalho especial com gestores escolares e educadores.
Nesse mesmo ano, o sistema cooperativista comemorou em todo o mundo, o Ano Internacional das Cooperativas e dentre as ações programadas, as crianças expressaram seu sentimento sobre cooperação e cooperativismo por meio da
Os resultados começaram a aparecer já no primeiro ano de realização do programa A União Faz a Vida.
produção de textos e desenhos, sendo que um desses desenhos, de autoria uma aluna, foi escolhido para compor o cartão de Natal da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). Muito trabalho marcou o ano de 2013. Houve a adesão das creches do município, atendendo-se assim a 100% da rede
136
municipal, em alunos e professores, com
Marcossi e Supermercado Sobral, que
8 escolas envolvidas, 103 educadores e
abraçaram a causa e contribuíram para o
1.150 crianças e a adesão da empresa Su-
sucesso da iniciativa. O lançamento nos
permercado e Auto Posto Castelli como
novos municípios aconteceu em 3 de fe-
apoiadora. Foi possível, também, dobrar
vereiro, sendo um ano dedicado exclu-
a carga horária de assessoria nas escolas
sivamente à capacitação dos professores.
para garantir mais proximidade do pro-
Já em Nova Londrina, foi dada sequência
fessor na execução do projeto. Por ou-
aos trabalhos, incluindo no calendário de
tro lado, realizou-se uma palestra moti-
ações a 1ª Gincana Cooperativa, com o
vacional reunindo todos os funcionários
envolvimento dos pais na vida escolar dos
da área da educação, sendo que numa
filhos e para marcar a comemoração da
avaliação local junto aos professores, che-
semana da família. Teve início, também,
gou-se como resultado a uma alta satisfa-
um trabalho da “abelhinha itinerante”
ção com o programa, havendo no quadro
com o objetivo de demonstrar o convívio
de assessoria pedagógica a formação de
do aluno com alguém diferente e o exer-
mais um assessor. Em resumo, foram rea-
cício dos valores praticados no programa.
lizados 30 projetos, prestadas homenagens ao dia das crianças e dos professores e articulados três novos municípios para
DOIS MOMENTOS
implantação do programa, favorecendo a sua ampliação na cooperativa.
Nada menos que 183 projetos foram realizados em 2015, com mais de 168
CRESCIMENTO
horas ofertadas aos educadores dos 4 municípios, entre capacitação e assessoria a
Foi dado um salto importante em 2014.
projetos. O ano ficará marcado por dois
Houve a expansão do programa para os
momentos, em especial. No primeiro,
municípios de Santa Mônica, Santa Cruz
um grupo de 38 alunos da Escola Muni-
de Monte Castelo e Terra Rica, soman-
cipal Isolde Julieta Andreatta, abrilhantou
do 31 entre escolas e creches envolvi-
a abertura do encontro Interestadual dos
das, 4.511 crianças participantes e 377
programas A União Faz a Vida e Coo-
educadores, além da inclusão de duas
perjovem, na cidade de Curitiba, com
Apae, uma de Santa Mônica e outra de
uma apresentação. No segundo, foi pro-
Santa Cruz de Monte Castelo. Nessa úl-
movida uma noite de Natal, que reuniu
tima cidade, contou-se com 3 apoiado-
cerca de 2 mil pessoas de Nova Londrina
res: Hipermercado Marcossi, Auto Posto
em frente ao Sicredi para assistir a uma 137
Nas fotos, detalhes do grande envolvimento promovido pelo Programa A União Faz a Vida em municípios da região da Sicredi Rio Paraná, para levar, com enorme sucesso, informações a educadores e estudantes.
138
139
exibição do Coral de Natal das crianças do Programa A União Faz a Vida, composto por 63 crianças de 7 a 10 anos. Em 2016, foram realizados 169 projetos, em 23 escolas, 315 educadores e 3.352 alunos envolvidos no Programa. Os professores participaram das oficinas de capacitação, encontros e aplicaram os
O Sicredi engajou-se no esforço visando a impulsionar o desenvolvimento regional, assumindo protagonismo.
conteúdos em sala de aula, computandose 120 horas entre formações e assessorias.
NOVA FASE Os novos municípios são Querência do No ano seguinte, foi dada continuida-
Norte e Guairaçá, no Paraná, e Teodo-
de ao trabalho apenas no município de
ro Sampaio, em São Paulo, incluindo-se
Santa Cruz de Monte Castelo. Aconte-
também o colégio Sesi (Serviço Social
ceram 77 projetos, 12 horas de formação
da Indústria) de Loanda (PR).
de educadores e 315 horas dedicadas a orientação de projetos. A coordenadora local recebeu habilitação para um maior entendimento de cada etapa da metodo-
Empretec estimula o empreendedorismo
logia do programa. Houve, ainda, um momento de descontração com todos
Para o desenvolvimento e maior sucesso
os educadores no início do ano letivo,
empresarial de seus associados, a coope-
apoiando uma campanha que resultou
rativa promoveu junto ao Sebrae (Servi-
na arrecadação de 184 livros infantis
ço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-
direcionados para escolas e um encerra-
nas Empresas) a realização do Seminário
mento dos trabalhos do ano nas escolas e
Empretec, específico para comerciantes
em praça pública.
de Nova Londrina. O Empretec é uma
Neste mesmo ano em que houve a
metodologia da Organização das Nações
perda de 3 municípios, o Sicredi teve a
Unidas (ONU) que busca explorar carac-
alegria de receber outros 3, por iniciativa
terísticas de comportamento empreende-
do poder público, marcando-se o início
dor, bem como identificar novas oportu-
dos trabalhos em 2 de fevereiro de 2018.
nidades de negócios.
140
DETALHES
participou desta edição foi o empresário Wanderson Dim, já citado neste li-
Por ser uma capacitação eminente-
vro. O presidente da cooperativa, Jorge
mente comportamental, a iniciativa pro-
Bezerra Guedes, lembra que na época
porciona aos seus participantes, além de
Dim demonstrava vontade de ter um
melhoria no desempenho empresarial,
negócio próprio, pois havia retornado
mais segurança na tomada de decisões,
recentemente do Japão: “Ele participou
ampliação da visão de oportunidades.
do Empretec e hoje possui duas empre-
São 60 horas de capacitação em seis dias
sas, uma de organização de eventos e
de imersão, na qual o participante é de-
um buffet”.
safiado em atividades práticas, cientifi-
O Empretec é executado pelo Sebrae
camente fundamentadas que apontam
em parceria com o PNDU (Programa das
como um empreendedor de sucesso age,
Nações Unidas para o Desenvolvimento
tendo como base algumas características
e a ABC/MRE (Agência Brasileira de
comportais, entre elas: oportunidade e
Cooperação, do Ministério das Relações
iniciativa, persistência, riscos calculados,
Exteriores). Com sua metodologia alta-
exigência de qualidade e eficiência, com-
mente interativa e experimental, inclui
prometimento, busca de informações,
palestras, exposições em vídeo, dinâmicas
estabelecimento de metas, planejamento
individuais e em grupo.
e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança. Tendo esse perfil comportamental, o participante se autoavalia,
Encontro de Lideranças apresenta resultados
identificando seus pontos fortes e fracos, e novamente é desafiado a adotar uma
Para debater os desafios e oportunida-
postura que reforce suas potencialidades
des nos municípios localizados no extre-
e corrija as fraquezas.
mo noroeste do Paraná, a Sicredi Rio Paraná PR/SP idealizou há mais de 15 anos o Encontro de Lideranças, hoje deno-
CASE
minado Encontro de Desenvolvimento Regional, que já teve sete edições desde
Conforme já dito, a primeira edição do Seminário em Nova Londrina, foi
2007 e é realizado a cada dois anos, em períodos não eleitorais.
realizada por iniciativa da Sicredi Rio
Entre os assuntos prioritários na agen-
Paraná PR/SP. E um dos associados que
da estão o desenvolvimento do turismo, 141
indústria, cadeia produtora do leite e saú-
Aprendizagem Comercial (Sesc-Senac,
de pública.
em fase de licitação); criação de uma uni-
O evento é coordenado pela Sicredi
dade do Serviço Social da Indústria (Sesi)
Rio Paraná PR/SP e na última edição, em
em Loanda; duplicação da BR-376 (no
2017, contou com a parceria, na sua or-
trecho entre Maringá e Paranavaí, em
ganização, das seguintes entidades: Aimes
fase de conclusão); tratamento oncológi-
(Indústrias de Metais Sanitários de Loan-
co ambulatorial em Paranavaí (Unimed
da e Região), Fiep (Federação das In-
com clínica montada/ atendimento pelo
dústrias do Estado do Paraná), Amunpar
SUS (Consórcio Intermunicipal de Saú-
( Associação Dos Municípios do Noroes-
de) na Santa Casa/ Hospital do Câncer
te do Paraná), Cacinpar (Coordenadoria
de Barretos com presença mais forte na
das Associações Comerciais e Industriais
região (Centro de Diagnóstico em Nova
do Noroeste do Paraná), Acil (Associação
Andradina-MS); incentivo à qualidade
Comercial de Loanda), Codetea (Co-
dos produtos das Indústrias de Metais Sa-
legiado de Desenvolvimento do Terri-
nitários de Loanda (Através do APL de
tório das Águas), Comafen (Consórcio
Metais Sanitários de Loanda); instalação
Intermunicipal da APA Federal do No-
de um posto de fiscalização da Polícia
roeste do Paraná), Copagra Cooperativa
Rodoviária Estadual na divisa interesta-
Agroindustrial, Emater (Instituto Para-
dual em Diamante do Norte; instalação
naense de Assistência Técnica e Extensão
da reitoria da Unespar em Paranavaí
Rural), Facinor (Faculdade Intermunici-
(ocorrida em 27/01/2015); organização
pal do Noroeste do Paraná), Retur (Rede
da atividade turística, inclusive na ver-
Turismo Reginal), Sebrae PR (Serviço
tente rural, com festas culturais tradicio-
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
nais (a Retur tem feito esse trabalho com
Empresas - Paraná), Senar (Serviço Na-
municípios de G-6/criada a Câmara Téc-
cional de Aprendizagem Rural) e muni-
nica – Codetea). Ao mesmo tempo, for-
cípio de Loanda.
mação de consórcios para gerir patrulhas mecanizadas – estradas vicinais e rurais (o Comafen, em convênio com o go-
CONQUISTAS
verno do Estado, instituiu a Patrulha do Campo, programa que funcionou bem
Deste a primeira edição, em 2007, várias
por mais de um ano); companhia inde-
propostas se transformaram em conquis-
pendente da Polícia Militar em Loanda;
tas: criação de uma unidade do Serviço
estruturação do conselho gestor da APA
Social do Comércio/Serviço Nacional de
de Ilha Grande (o mesmo foi reativado,
142
as câmaras técnicas implantadas e se deu
com a possibilidade, dependendo de uma
início ao Plano de Manejo, enquanto
análise); melhoria da cadeia produtiva do
o Conselho da APA Federal das Ilhas e
leite, da saúde e do turismo (estão con-
Várzeas do Rio Paraná e o Conselho do
templadas no Plano do Território da Ci-
Parque Nacional de Ilha Grande estão
dadania, três câmaras: Leite, Saúde e Tu-
ativos, trabalhando, movendo moções e
rismo); criação de cursos EAD (Ensino a
atividades). Outros pleitos: instalação de
Distância) pela Universidade Aberta do
uma unidade descentralizada da Marinha
Brasil (UAB) que tem 555 polos, sendo
do Brasil em Porto Rico; inclusão da Ro-
37 no Paraná; revisão do Zoneamento
dovia Beira-Rio (Diamante do Norte a
existente e do plano APA Federal (ainda
Querência do Norte) no plano de obras
não há um zoneamento bem determina-
rodoviárias (a ordem de serviço foi au-
do, mas o Comafen, o ICMBio e demais
torizada pelo governador Beto Richa no
parceiros, têm feito os levantamentos ne-
dia 6 de outubro de 2017, no trecho Por-
cessários para se desenvolver o Plano de
to Rico – Porto São José); regulamentar e
Manejo. Esse documento irá regulamen-
fiscalizar a pesca (os órgãos responsáveis,
tar as atividades dentro da APA Federal e
entre os quais IAP, ICMBio e Polícia
zonear sua área); viabilizar uma extensão
Ambiental, vêm promovendo a fiscaliza-
de Universidade e cursos profissionali-
ção da pesca no Rio Paraná, seguindo as
zantes para Terra Rica (Unicesumar e
diretrizes nacionais e estaduais.
Fael).
SETORES
NOVAS PROPOSTAS
Trabalha-se, também, para a criação da
•
Criação de emprego e renda, unir
Associação de Municípios do Extremo
forças para atrair grandes empre-
Noroeste (12 unidades), em estudo pelo
sas industriais para a região; atrair
governo do Estado (Consórcio Coma-
agroindústrias
fen/Atividades Intermunicipais); realiza-
matéria-prima regional; conce-
ção de melhorias no saneamento básico
der incentivos para cerâmicas e
(coleta de esgoto, apoio das lideranças à
fecularias existentes, bem como
criação do curso de medicina em Parana-
para processadoras de frango de
vaí (foi feita uma sensibilização em toda
corte; diagnosticar as aptidões
a região, apresentando-se a reivindicação
regionais; fortalecer o consórcio
ao Ministério da Educação, que sinalizou
entre os municípios do território
para
aproveitar
143
•
“encontro das águas”; criação de
região noroeste; melhor sinaliza-
cursos profissionalizantes; fortale-
ção em rodovias e alargamento
cer o campus arenito, da Universi-
da PR-82; reativar o aeroporto
dade Estadual de Maringá (UEM),
de Umuarama, o que beneficiaria
com cursos noturnos; instalação
uma grande região; pleitear redu-
de um posto avançado do Institu-
ção de impostos estaduais; pro-
to Nacional de Seguridade Social
mover melhorias na segurança;
(INSS) em Cidade Gaúcha;
criação do pelotão da polícia em
reabertura da unidade frigorifica
Querência do Norte;
em Cidade Gaúcha; implantação
•
•
escola em tempo integral; ligação
de frigorífico de peixes; incentivo
da PR218 ao Mato Grosso do Sul,
à criação de cooperativas;
via Icaraíma.
fortalecimento da representatividade política, com candidatos da região que apresentem potencial
Confiança se conquista
eleitoral, de acordo com pesquisa; •
reuniões e visitas ao governo de
Em 2015, a Central Sicredi PR/SP/RJ
forma conjunta; realizar campa-
publicou o livro “A Construção da Con-
nhas pelo voto regional; viabili-
fiança – 30 Anos de Histórias”, escrito
zar uma representação do Sebrae
por Domingos Pellegrini, em que rela-
em Cidade Gaúcha; participa-
ta um pouco da história e do dia a dia
ção ativa de prefeitos e vereado-
de Joana D’Arc Balbino dos Santos, que
res; obras em conjunto e outras; atuação conjunta em áreas como saúde, turismo, esporte e projetos agropecuários; •
regionalização da saúde em Loanda; maior aproximação do território/consórcio com os municípios; maior divulgação das ações regionais; divulgar os resultados do encontro em redes sociais e outras; obras para estruturar o setor de turismo; divulgar oportunidades e pontos fortes de negócios na
144
Encontro de Desenvolvimento Regional, que já teve sete edições desde 2007 e é realizado a cada dois anos, em períodos não eleitorais.
há 17 anos prestava serviços à Sicredi em
cooperativa de crédito da América Lati-
Nova Londrina.
na, fundada em 1902 em Nova Petrópolis (RS), se mantém em plena atividade e mais forte do que nunca. O movimento
NOME DE SANTA
cooperativista de crédito conquistou amplitude mundial.
“Joana D’Arc Balbino dos Santos nem
Esse modelo inspirador, transparente e
desconfia porque a mãe lhe deu esse
centrado no ser humano e na coopera-
‘nome de santa’, mas duma coisa tem
ção entre pessoas, não teria mais espa-
certeza: ‘Nome e sobrenome não fazem
ços para crescer no Brasil? Certamente
ninguém, o que faz a gente é o que a
que sim, uma vez que os recursos gera-
gente faz’. E, na Sicredi Rio Paraná PR/
dos pela cooperativa de crédito perma-
SP de Nova Londrina, no extremo no-
necem na sua região de origem, distri-
roeste do Paraná, todos confiam que às
buindo riqueza e criando empregos nas
oito em ponto, todo dia, o ‘café da Joa-
comunidades.
na’ vai estar prontinho para um bom co-
A participação do cooperativismo de
meço de dia, ‘chova canivete ou faça sol
crédito em nosso país ainda é muito pe-
de rachar mamona’. Na parede da sala
quena quando comparada às relevantes
do presidente da cooperativa, onde é
presenças do segmento cooperativista de
entrevistada, há um grande quadro com
crédito em economias maduras da Euro-
foto do Papa João Paulo II, cujas pala-
pa Ocidental e da América do Norte.
vras estampadas ali parecem encomen-
Inserido nesse contexto, o Sicredi –
dadas para Joana: ‘A confiança não se
instituição financeira cooperativa com
conquista pela força, nem é obtida pelo
mais de 3,7 milhões de associados em 22
discurso. É preciso merecer a confiança
Estados e no Distrito Federal – tem con-
com gestos e fatos concretos.’
tribuído para o crescimento sólido e sustentável do cooperativismo de crédito. Pioneiro e referência nacional e inter-
Cooperar, uma prática moderna e sustentável
nacional pela organização em sistema, com padrão operacional e utilização de marca única, o Sicredi conta atualmente
Quem poderia imaginar que em 1902
com 116 cooperativas de crédito filiadas,
foi trazido para o Brasil um modelo
presentes em 1.187 municípios, sendo
de negócio que até hoje é considera-
que em 204 deles é a única instituição fi-
do moderno e sustentável? A primeira
nanceira atuante. 145
Palavras mais que atuais, cooperar e
de crescimento para todos e o associado,
compartilhar são princípios inerentes
por ser dono do negócio, também colhe
ao cooperativismo, que têm o poder de
benefícios diretos e indiretos.
transformar nossa sociedade e contribuir
Além disso, a cooperativa de crédito
para a construção de um futuro melhor,
tem total interesse na saúde financeira
pois ao mesmo tempo em que os objeti-
de seus associados e consegue competir
vos comuns dos associados são alcançados
no mercado financeiro com taxas e juros
e suas necessidades atendidas, a comuni-
mais justos. Tais fatos estão ligados, ainda,
dade é beneficiada com o desenvolvi-
aos diferenciais de relacionamento próxi-
mento local, promovido pela geração de
mo, consultoria customizada, concessão
valor econômico, social e ambiental das
de crédito consciente, entre tantos outros.
cooperativas de crédito.
Vale ressaltar, por fim, que as coope-
Quais os benefícios que eu tenho ao me
rativas de crédito são sociedades de pes-
associar a uma cooperativa de crédito?,
soas, e não de capital, o que significa que
poderia indagar o leitor. A resposta co-
qualquer associado, independentemen-
meça pela participação dos resultados da
te do valor que possui em capital social,
sua cooperativa, e essa participação estar
tem os mesmos direitos e deveres que os
diretamente relacionada com o que o as-
demais. Por conta disso, o cooperativis-
sociado gera de receita para ela. E isso não
mo de crédito é um modelo econômico
tem a ver com a quantia que ele tem na
e social que atua de forma extremamente
sua conta, mas o quanto utiliza de produ-
democrática e inclusiva.
tos e serviços, gerando mais rentabilidade à cooperativa de crédito. O conceito é o
146
Existe algo mais moderno e sustentável do que isso?
As cooperativas de crĂŠdito sĂŁo sociedades de pessoas, e nĂŁo de capital, o que significa que qualquer associado, independentemente do valor que possui em capital social, tem os mesmos direitos e deveres que os demais. 147
Mês de referência: Dezembro
123.187,72
1993
1994
148
1998
1999
1.683.902,74
1.145.570,45
782.072,08
578.693,27
334.582,82
290.001,29
171.346,30
130.553,78
102.727,36
54.163,17
162.766,73
2000 2001
3.155.608,13
2.588.075,59
1.943.399,90
1.583.101,55
1.358.608,27
953.157,62
478.867,06
17.021.778,69
12.551.496,61
9.928.721,79
7.823.007,41
6.608.644,61
4.987.162,19
2.391.878,13
VALORES EM DÓLARES
24.593.264,08
18.860.150,21
15.100.761,46
10.908.337,60
8.937.082,93
6.640.306,31
3.109.407,07
3.227.709,02
1997
2.530.906,31
1996
407.919,76
1995
2.506.800,65
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.954.956,02
1.229.787,03
794.780,34
443.937,71
173.240,87
81.901,71
38.432,81
45.900,80
18.758,26
10.609,09
13.130,97
73.796,10
DEPÓSITOS
298.111,90
233.743,99
84.666,55
1992
268.774,72
79.406,90
1991
244.746,77
46.800,15
1990
223.993,94
27.883,82
1989
155.515,36
3.462,14
ATIVOS TOTAIS
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
18.832,45
15.346,80
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1998
1999
2000 2001
2009 a 2017, veja números nas páginas seguintes
115.988,16
139.093,87
SOBRA ANUAL 306.888,76
14.403.682,68
9.108.590,96
6.645.405,65
3.723.762,63
3.154.969,54
2.410.717,15
2.351.608,75
1.874.798,21
1.473.425,86
1.130.058,49
885.261,32
610.277,93
272.529,93
206.482,50
1.039.249,27 1.258.408,85
139.502,92
99.087,76
106.344,83
91.571,86
52.933,86
31.048,08
23.564,92
14.096,23
14.008,64
14.467,63
2.892,07
3.508,57
912.148,81
385.486,86
490.204,35
421.013,96
399.267,06
173.122,27
139.835,14
267.073,98
25.755,48
5.670,85
12.058,34
43.670,85
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
257.017,47
189.291,53
149.183,52
96.960,35
78.950,18
41.466,20
30.543,32
1997
28.177,84
13.217,67
38.136,40
30.116,90
6.509,91
12.778,82
1989
12.017,68
37.438,97
CAPITAL SOCIAL
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
149
ANO
ASSOCIADOS
2007
COLABORADORES 120
8.933
2008
84
10.809
2009
94
12.453
2010
89
14.260
2011
114
16.449
2012
133
19.830
2013
132
23.375
2014
156
25.878
2015
166
28.278
2016
195
33.315
2017
208
36.496
2018
215
40.000
Indicadores ANO
PATRIMÔNIO (R$/MIL)
(US$/MIL)
31/DEZ
ATIVOS (R$/MIL)
(US$/MIL)
31/DEZ
CRÉDITO (R$/MIL)
(US$/MIL)
31/DEZ
SOBRAS (R$/MIL)
(US$/MIL)
2007
7.478
4.224
54.491
30.777
31.668
17.886
886
500
2008
9.117
3.902
73.601
31.505
43.708
18.709
742
318
2009
11.336
6.513
73.685
42.338
46.628
26.792
1.221
702
2010
14.296
8.584
104.161
62.544
53.672
32.228
2.065
1.240
2011
17.716
9.448
121.728
64.918
73.664
39.285
1.815
968
2012
22.848
11.184
147.712
72.305
96.731
47.350
2.876
1.408
2013
27.469
11.729
178.722
76.312
109.488
46.750
3.320
1.418
2014
34.505
12.993
206.798
77.872
127.164
47.885
5.136
1.934
2015
42.048
10.770
245.779
62.952
137.362
35.183
6.225
1.594
2016
50.304
15.438
301.658
92.576
152.446
46.784
4.589
1.408
2017
58.627
17.726
382.302
115.590
184.843
55.888
6.564
1.985
150
31/DEZ
Dólar em 31/dez
3,904 3,307
EM R$
3,259
2,656 2,342
2,336 1,875 1,771 2007
1,740
1,665
2009
2010
2008
2012
2013
2014
2015
2016
2017
(R$/MIL)
(US$/MIL)
31/DEZ
POUPANÇA (R$/MIL)
(US$/MIL)
31/DEZ
CAPITAL SOCIAL (R$/MIL)
(US$/MIL)
2007
11.328
6.398
4.040
2.282
5.417
3.060
2008
10.095
4.321
6.692
2.864
6.794
2.908
2009
11.190
6.430
9.962
5.724
8.411
4.833
2010
15.682
9.416
13.840
8.310
10.135
6.086
2011
16.880
9.002
19.592
10.449
12.189
6.500
2012
25.002
12.238
24.383
11.935
15.528
7.601
2013
29.941
12.784
38.183
16.304
18.167
7.757
2014
31.354
11.807
44.504
16.759
22.148
8.340
2015
39.787
10.191
47.664
12.208
26.441
6.772
2016
44.089
13.530
57.801
17.739
33.565
10.301
2017
58.507
17.690
88.412
26.732
38.100
11.520
ANO
DEPÓSITOS À VISTA
2011
2,043
31/DEZ
151
As agências
Amaporã (PR)
Cidade Gaúcha (PR)
Diamante do Norte (PR)
Guairaça (PR)
Loanda (PR)
Marilena (PR)
152
Mirante do Paranapanema (SP)
Nova Londrina (PR)
Nova Olímpia (PR)
Planaltina do Paraná (PR)
Pirapozinho (SP)
Presidente Epitácio (SP)
153
As agĂŞncias
Presidente Prudente (SP)
Presidente Prudente (SP)
Presidente Venceslau (SP)
Primavera (SP)
QuerĂŞncia do Norte (PR)
154
Santa Cruz do Monte Castelo (PR)
Santa Isabel do Ivaí (PR)
Santa Mônica (PR)
São José do Ivaí (PR)
São Pedro do Paraná (PR)
Sureg (Superintendência Regional)
Terra Rica (PR)
Teodoro Sampaio (SP)
155
Do zero a caminho do bilhão Entre os mais antigos colaboradores, o Vanderlei, a Elaine, a Lucila, o Zeca, o Fernando, a Mírian e a Vanessa construíram sua história na Sicredi Rio Paraná e, ao mesmo tempo, perpetuam seus nomes na história da cooperativa, que saiu praticamente do zero e está a caminho do bilhão. Mais do que uma instituição financeira cooperativa, a Sicredi Rio Paraná é feita de gente – a equipe de colaboradores e as dezenas de milhares de associados - que se irmana em uma grande força do bem, cujo objetivo é desenvolvimento econômico nos mais diversos setores, em municípios e regiões onde ela mantém suas operações.
Elaine Meneguetti
156
Vanderlei Gonçalves de Oliveira
Lucila Paiano Pilege
JosĂŠ GĂ´ngora Dardosse (Zeca)
Fernando Moreira da Silva
Mirian Senson Martinez
Vanessa Gutowski
157
Diretorias Sicredi Rio Paraná PR/SP 1988-2018
PRESIDENTES Bento Somenzari ................................... 1988-1993 Olivier Grendene .................................. 1993-1995 Pedro Paulo de Mello ............................ 1995-2002 Jorge Bezerra Guedes ............................ desde 2002
CONSELHEIROS DE ADMINISTRAÇÃO José Bolívar Garcia Lelis ........................ 1988-1990 Olivier Grendene .................................. 1988-1995 Manoel Bono Belaskuzas ...................... 1988-1990 Ivan Chiamulera .................................... 1988-1993 Gilberto Carlos Fadel ............................ 1990-1993 José Lopes Pires ..................................... 1990-1993 Adalberto Carbonieri ............................ 1993-1995
158
DIREtorias
Jorge Bezerra Guedes ��������������������������� 1993-1995/1995-1999/19992002/2002-2005/2005-2008/20082011/2011-2015/2015-2019 Pedro Paulo de Mello ��������������������������� 1993-1995/1995-1999/19992002/2002-2005/2005-2008/20082011/2011-2015/2015-2019 Choken Zukeran ................................... 1995-1996 Luiz Valdir Moreira ............................... 1995-1996 Nélson Bono Maior ............................... 1996-1999 Jair São João ........................................... 1996-2002 Miguel Rubens Tranin .......................... 1996-2002/2005-2008 Antônio de Jesus Meneguetti ................ 1999-2011 Jorge Kazumi Ito ................................... 1999-2007 Amauri Spósito ...................................... 2002-2005 Pe. Ilson Luiz da Graça ......................... 2002-2011/2011-2015 Osvaldo Zancheta .................................. 2002-2005 Eduardo de Arruda Camargo ................ 2005-2007 Kleber Hudson Canassa ........................ 2005-2007 Elmerindo Volpato ................................ 2005-2011 Anísio Roberto de Campos ................... 2007-2011/2011-2015/2015/2019 Fábio Hiromitsu Kato ........................... 2008-2008 Aulo Koichi Sato ................................... 2005-2007 Paulo Sérgio Vieira ................................ 2011-2015 Ana Lúcia Bezerra ................................. 2011-2015 José Antonio Spinardi Moia .................. 2007-2011/2011-2015/2015-2019 José Antonio Bonvechio ....................... 2011-2015 Ademir Paulino Ferrarini ...................... 2007-2011/2011-2015/2015-2019
159
Carlos Roberto Muniz Caires ............... 2015/2019 Fernando César Torrezan ..................... 2011-2015/2015-2019 Henrique Okada .................................... 2015-2019 Inês Watanabe de Souza ....................... 2015-2019 Vitor Ropelato ....................................... 2015-2019
CONSELHEIROS FISCAIS José Lopes Pires ..................................... 1988-1990 José Teixeira de Carvalho ..................... 1988-1990 Jaime Mega ............................................ 1990-1991 Valdir Antonio Palmieri ........................ 1990-1991 Fernando Tadashi Kamitani ................. 1991-1992 Gilberto Luiz Roman ............................ 1990-1992 Hilário Bono Maior ............................... 1991-1992 Jucelino Félix Farina .............................. 1991-1992 Arnaldo José Mazzotti ........................... 1992-1993 Jorge Bezerra Guedes ............................ 1992-1993 Pedro Paulo de Mello ............................ 1988-1991/1992-1993 Afonso Palma ......................................... 1993-1994 Dario Alves Ribeiro ............................... 1993-1994 Miguel Rubens Tranin .......................... 1993-1994 Nazareno Francisco Sampaio ................ 1993-1994 Paulo Montanher ................................... 1992-1994 Choken Zukeran ................................... 1988-1990/1994-1995
160
DIREtorias
João Correia ........................................... 1995-1995 Luiz Valdir Moreira ............................... 1990-1993/1994-1995 Roberto Cristovan Scolaro .................... 1994-1995 Aloísio Rodrigues Viana ....................... 1995-1996 Jair São João ........................................... 1995-1996 Mirani Ribeiro da Silva ......................... 1995-1996 Antonio Geraldo Farina ........................ 1996-1997 Sérgio Henrique dos Reis ...................... 1997-1998 Henrique Palma Filho ........................... 1997-1998 Luiz João Antonio ................................. 1996-1998 Antonio Santos Pires ............................. 1994-1996/1997-1999 Antônio de Jesus Meneguetti ................ 1992-1999 Aristides Augusto Martins ..................... 1997-1998/1999-2000 Gilberto de Ângelo ................................ 1999-2000 Shozo Kita .............................................. 1999-2000 Antônio Sérgio Reinaldo ...................... 1999-2001 José Ernesto Giacobbo .......................... 1995-1999/2000-2001 Guiichi Suzuki ....................................... 2000-2001 Maurício Amorim Pereira ..................... 2000-2001 Anézio Mazzotti .................................... 2001-2002 Pe. Ilson Luiz da Graça ......................... 2001-2002 Ernandes Luiz da Graça ........................ 2001-2002 Winycius Edgar Rosa ............................ 1999-2000 Cláudio Aparecido R. Siqueira ............. 2000-2002 Gilson Inácio de Brito ........................... 2001-2003 Ana Lúcia Bezerra Fernandes ............... 2002-2003/2005-2009
161
Gênis de Souza Pim ............................... 1998-2000/2002-2003 Gino Aita ............................................... 2002-2003 Dirceu Luiz Prigol ................................. 2002-2004 João Paulo Giacobbo ���������������������������� 1998-1990/1991-1992/19931994/2002-2004 João Laurindo da Paixão ....................... 1996-1997/1989-1999/2003-2004 Eduardo Arruda Camargo .................... 2003-2004 Márcio José Ferreira .............................. 2003-2004 Paulo Sérgio Vieira ................................ 2003-2005 Ciro Nishiyama ..................................... 2004-2005 Aulo Koichi Sato ................................... 2004-2005 Euzébio Reginato .................................. 2004-2005 Manoel Fernandes Guedes .................... 2004-2005 Henrique Domingues ........................... 2005-2006/2007-2008 Tatsugi Sugawara .................................. 2005-2006/2008-2009 Ronaldo Schotten .................................. 2005-2009/2010-2013/2013-2015 Silvio Antonio Pires .............................. 2005-2006 Maronildo Donizete Carnezi ................ 2005-2006 Edivam Capelim .................................... 2005-2006 Inês Watanabe de Souza ....................... 2005-2006 Anísio Roberto de Campos ................... 2005-2006 Éder de Oliveira .................................... 2007-2008 José Spinardi Moia ................................. 2007-2008 Fábio H. Kato ........................................ 2007-2008 Jorge Kazumi Ito ................................... 2008-2009
162
Vítor Ropelato �������������������������������������� 2008-2009/2009-2010/20102013/2013-2015 Kleber Hudson Canassa ........................ 2008-2008 Ana Lúcia Bezerra Fernandes ............... 2008-2009/2009-2010 Osvaldo Zancheta .................................. 2009-2010/2010-2013 Luiz Noboru Ishikawa ������������������������� 2009-2010/2010-2013/20132015/2015-2017/2017-2019 Nilson Lopes de Souza .......................... 2009-2010 Carlos Roberto Ornelas ������������������������ 2009-2010/2010-2013/20132015/2015-2017/2017-2019 Vanda Luzia das Neves Pereira ............. 2010-2013 Geraldo Mateus Vicente ........................ 2013-2015/2015-2017 Ailton José Mendonça ........................... 2013-2015 José Augusto Félix ................................. 2015-2017/2017-2019 José Carlos Massatoshi Sekine ............... 2015-2017 Gilberto de Ângelo ................................ 2015-2017 Joaquim Takayoshi Tuboni .................. 2017/2019 Jorge Carlos Tamura ............................. 2017-2019 Celso Takeshi Haneda ........................... 2017-2019
163
Coordenadores de núcleo em atividade Efetivos Severino Justi Murilo Giglio de Souza Edmar Rocha Junior Delci Mazzotti Silvestre Pereira de Carvalho Jose Jorge Machado Sonia dos Santos Paseto Franco Alecio Guirau Jose Maria de Sousa Eneil dos Santos Barros Dirceu Luiz Prigol Flavio Renan Valerio Torrezan Jose Wilson Moreira Silva Osvaldo Sales De Santana Filho Fabio Hiromitso Kato Cleoacir Luiz Possebon Osmar Pavão Gilberto Hidekazu Kondo Nelson Barbosa da Silva Aulo Koichi Sato Antonio Boeing Elmerindo Volpato Maria Esmeralda da Silva Machado Alcides Paschoal Ailton Bonadio Costa Sandro Cezar Borsari Marrega Marcelo Crepaldi João de Paula Edi de Oliveira Gomes Jessica Emanoele Pereira Costa Araújo Lindalva Aparecida Barros de Souza Flavio Aguiar Penteado Carlos Valério Ailton José Mendonça Roberto Cristovan Scolaro
164
Joao Claudio Miquilin Celso Serenato Manoel Alves Ferreira Filho Marcos Alberto Lopes Arruda Carlos Roberto de Carvalho Leitão Fabio Martins de Carvalho Vallentim Zaneri Grion Manuel Renato Pereira Maria Regina Pietro S. Bonfim da Silva João Ademir Brisquiliari Demico Roberto Carlos Nunes Ivelise Akemi Kasae Fudo Cleber Junior Regasson Wadir Olivetti Junior Charles do Vale Novaes Junior 1º Suplentes Everson de Souza Augusto Monteiro Silva Luiz Agostinho Abramoski Alan da Silva Martins Wanderson Clayton Dim Sergio Sussunu Aoyague Arnaldo José Mazzotti Genis de Souza Pim Olivio Boos Junior Bruna Moreira Leite Claudio Aparecido Rodrigues Siqueira Edney Luiz Mardegam Rosalina Rodrigues Dos Santos Maria Helena R. de Assis Joaquim Marlene Malaman Sued de Paiva Barbosa Renato Ferreira dos Santos Junior Jurandir Jorge Leite Ademir Pessini
Willian Garcia Pugas Maria Schuroff Vandresen Celso Ribeiro Bone Pedro Soares Ferreira Henrique Domingues Jose Carlos Naressi Maria Aparecida Ferrarini Furlan Paulo Vinicius Bortolani Milani Tiago Bruno Maronez Ruiz Jose Roberto Sabatini Antonio Ferreira Valderrama Cleverson Herminio Moritz Rakoski Jose Americo Tonzar Ricardo Kouji Miyoshi David José Machado Caetano Silvano José Francisco Patrao Luiz Arlei Francisco Nienkoetter Ivanildo Passarelli Edileia Gonçalves do Nascimento Gargan Benedito Francisco da Silva Ailton Nonato Dorca Maria Trevisan da Silva Augusto Cesar Rodrigues de Carvalho Fabiana da Silva Guedes Edney Paulo Carrijo Maria José de Almeida Francielli Lucio Ferreira Heraldo Borghi Rosely Alves de Lima Augusto Anzai Andreia Silvia Yoshino de Osti 2º Suplentes Bernadete Vieira de Oliveira de Sales Mateus Henrique Viotto Bem Marcio Duessmann Joao Batista Antonio
Silvestre Reinaldo de Souza Efraim Rafael da Silva de Goes Antonio Gimenes Miron Antonio dos Santos Pires Erley Tassone Vieira Tania Lima das Graças Marcola Fernando Henrique dos Santos Guedes Salete Aparecida Hoesel Schwertz Elizio Nunes Jose Antonio Savoldi Nelson Maciel Claudiney Bezerra Pereira Nelson Antonio Schuroff Ivo Boni Ambrozio Volpato Neto Dirceu Aparecido Furlan Eliandra Zardo Munhoz Dorival Alvim Anderson Douglas Raphael Griffo Clovis Teixeira de Souza Marcos Marin Valdecir Rodrigues dos Santos Marcio Luiz Rinaldi Nave Vera Lucia Gloss Rodrigues Diglio Cesar Gomes Delatorre Tarik Roberto Amado Rafeh Ronerval Gonçalves Clodoaldo Guermandi Juliana Cicera Rodrigues de Arruda Diogo Fagner Leite dos Santos Americo Takaaki Kojo Milton Agostinho Francisco Ana Maria de Menezes Marco Antonio Zorzeto da Silva Nelson Massayuki Akashi Izabel Fatima Tenorio Martins Vera Lucia Pereira Lima
165
ReferĂŞncias
Colaboradores deste livro
166
•
- Atas dos Conselhos de Administração e Fiscal
•
- Relatórios de Gestão
•
- Sicredi 20 anos – Eloy Olindo Setti
•
- Ocepar 35 anos – Eloy Olindo Setti
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- “A Construção da Confiança” – (2015) – Domingos Pellegrini
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- A Ousadia que Faz Acontecer” – 2009 – Rogério Recco
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Jorge Bezerra Guedes (presidente)
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Pedro Paulo de Mello (vice-presidente)
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Vanderlei Gonçalves de Oliveira (diretor-executivo)
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José Gôngora Dardosse (gerente regional de desenvolvimento de negócios)
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Vanessa Gutowski (gerente regional de desenvolvimento de negócios)
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Carolina Mussolini (assessora de Marketing e Comunicação)
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Tábata Mieli Furlan (assessora de Desenvolvimento Cooperativista)
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Fernando Moreira da Silva (gerente de Agência)
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Lucila Paiano Pilege e Mírian Senson Martinez (gerentes de agências)
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Elaine Meneguetti (analista de crédito)
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Tatsugi Sugawara (associado)
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Darci Bertasi (sócio fundador)
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Arnaldo José Mazotti e Aléssio Roman (associados e ex-dirigentes)
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Almir Schotten (ex-diretor-executivo)
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Manfred Alfonsus Dasenbrock (presidente Central Sicredi PR/SP/RJ) e
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José Roberto Ricken (presidente Sistema Ocepar)
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Copyright 2018 – Sicredi Rio Paraná Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial desta obra desde que seja mencionada a fonte. A reprodução total necessitará de autorização, por escrito, da cooperativa de crédito. Todos os direitos reservados desta edição 2018 à Sicredi Rio Paraná. Idealização Jorge Bezerra Guedes Coordenação editorial Carolina Mussolini Celestino de Oliveira Pesquisa e redação Rogério Recco Diagramação Andrea Tragueta Projeto Gráfico Sinergia Casa Editorial Foto da capa Regis Gentil Scota Colaboração Luz Própria